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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA RESTRIÇÃO ALIMENTAR E GANHO COMPENSATÓRIO EM NOVILHAS DAS RAÇAS SINDI E GUZERÁ LEILSON ROCHA BEZERRA AREIA – PB DEZEMBRO - 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

RESTRIÇÃO ALIMENTAR E GANHO COMPENSATÓRIO EM NOVILHAS

DAS RAÇAS SINDI E GUZERÁ

LEILSON ROCHA BEZERRA

AREIA – PB DEZEMBRO - 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

RESTRIÇÃO ALIMENTAR E GANHO COMPENSATÓRIO EM NOVILHAS

DAS RAÇAS SINDI E GUZERÁ

LEILSON ROCHA BEZERRA

AREIA – PB DEZEMBRO - 2009

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LEILSON ROCHA BEZERRA

RESTRIÇÃO ALIMENTAR E GANHO COMPENSATÓRIO EM NOVILHAS

DAS RAÇAS SINDI E GUZERÁ

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto – Orientador Principal Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros Prof. Dr. Marcelo de Andrade Ferreira

AREIA – PB

DEZEMBRO – 2009

Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, do qual participa a Universidade Federal Rural do Pernambuco e Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia.

Área de Concentração: Produção Animal

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Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da

Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, campus II, Areia - PB

B574r Bezerra, Leilson Rocha.

Restrição alimentar e ganho compensatório em novilhas das raças Sindi e Guzerá. / Leilson Rocha Bezerra. - Areia: UFPB/CCA, 2009.

101 f.

Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2009.

Bibliografia.

Orientador: Severino Gonzaga Neto.

1. Novilhos – raça Sindi – restrição alimentar 2. Novilhos – raça

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Aos meus pais,

Francisco Bezerra e Maria Perpétua, pela incansável luta em educar e amar;

À minha esposa, Karla Nayalle pelo companheirismo, dedicação e amor.

A minha irmã, Maria Augusta, uma verdadeira batalhadora. Esta vitória pertence ao amor que vocês comigo compartilharam, tornando um sonho realidade,

Dedico.

Aos meus avôs(In memorian) e avós, pelos ensinamentos de férias; A Josefa (sogra), Kaline e Dunga (cunhados), pela forte torcida; Aos Tios José Rocha, Antônio Neto, Francisco Rocha, Francisca Alcides, Jaime, Vilani, Terezinha, Chicão, Edmar, Dedé e Cicão (In memorian), pelo carinho dedicado; Aos todos os primos de sangue e de tabela; Aos amigos Zaqueu e Marguepson pela torcida; A todos os irmãos Demolay e a família Macônica; A todos os amigos, com carinho,

Ofereço.

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AGRADECIMENTOS

Ao Grande Arquiteto do Universo, nosso pai eterno, pela luz, coragem e

sabedoria e por todas as minhas conquistas;

Ao meu orientador, Prof. Severino Gonzaga Neto, pela oportunidade de fazer

parte da família Areia, o conhecimento compartilhado, a formação profissional e o

companheirismo e amizade de todas as horas;

Aos irmãos Helton, Emannuel e Sebastião Júnior, pelo acolhimento em sua casa

onde nos tornamos verdadeiros irmãos, um carinhoso obrigado;

Ao Prof. Aderbal Marcos de Azevedo Silva, também responsável pela minha

formação, agradeço a confiança, firmeza e amizade de sempre;

À Profa. Solange Absalão Azevedo (in memorian), a quem acompanhei e

admiro, um ser humano especial, pela constante disponibilidade e amizade, agradeço de

coração;

À Universidade Federal da Paraíba, por ter me recebido no PDIZ, ao CNPQ pela

concessão da bolsa de e e N-NH3 (0 e 3h) estudo e ao BNB/Fundeci pelo financiamento

da pesquisa;

À EMEPA, nas pessoas do seu então presidente Dr. Miguel Barreiro e, em

especial aos pesquisadores da Estação de Alagoinha, Dr. Paulo Leonardo, Dr. Rômulo

Albuquerque, Dr. Saulo Vilarim, Dr. Valdemir, Dr. Rubens e demais pesquisadores,

pela oportunidade de realização do experimento e, a Sherman, por seu esforço e

amizade durante o experimento;

Ao Prof. Ariosvaldo Nunes de Medeiros, pelos ensinamentos, diálogos e o

empenho na melhoria do nosso Curso, muito obrigado;

À Profa. Patrícia Givisiez, pela ajuda com o material de laboratório;

A Profa. Ângela Maria Vieira Batista e ao Prof. Marcelo de Andrade Ferreira da

UFRPE, pelas contribuições durante a qualificação;

A Profa. Juliana Oliveira e ao Prof. Edson Mauro, pelas contribuições na

realização do experimento, além da amizade dedicada, agradeço de coração;

Ao Prof. Dr. Paulo Sérgio de Azevedo, pela amizade, os ensinamentos de todos

os dias e mais intensamente na qualificação, muito obrigado;

A todos os professores do PPGZ e do PDIZ, pelos ensinamentos e pela

convivência agradável no decorrer do curso, agradeço muito;

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Aos Professores e colegas da UFPI/CPCE: Lindenberg Sarmento, Edson, Mauro,

Enéas, Júlio, Batista, Jamile, Regiane, Carlo Aldrovandi, Sinevaldo Moura, Ney

Rômulo, Marcos Jácome e Jacira Torreão, pelas sugestões e contribuição com a tese,

agradeço; Oportunamente, também agradeço aos demais colegas da UFPI, pelo trabalho

e pela amizade compartilhada;

Ao colega de pós-graduação e amigo Ebson Cândido por ter compartilhado

tantos dias de trabalho e de amizade em Alagoinha, agradeço de coração, pois sem você

o projeto não teria sido possível;

Ao irmão e amigo Tobyas Mariz, exemplo de profissional, sempre disposto a

ajudar e colaborar;

Aos colegas que fizeram e fazem parte da Família Gonzaga: Tobyas (o

primogênito), Thiago Tobata, Sidnei, George, Jean, Robinho, Bruninha, Gilmar,

Jônatan, Bruno, Junior, Cibely e Andréa, companheiros de Alagoinha que foram

importantes na execução de alguma e até de todas as etapas do trabalho, pela

colaboração, experiência compartilhada, pelas noites em claro na avaliação do

comportamento dos animais, pela amizade, que serviu dentre outras coisas para o

crescimento pessoal e profissional de todos;

Aos amigos da minha turma de doutorado de 2007: Marcelo, Josimar,

Rosângela, Jully, Cicília, Faviano, Carolyny Batista pela amizade e companheirismo,

meu muito obrigado;

Aos amigos da pós-graduação: Darklê Luiza, Wirton, Serjão, Wellington,

Mateus, Ana Sancha, Cláudia, Maurício, Zé Fábio, Henrique Parente, Valdi Lima,

Lígia, Tiago Araújo, Danúsio, Araken, Ana Cristina, Alexandre Amorim, Juçara,

Janaína Arruda, Luciana Porangaba, pelos momentos de risadas e estudo

compartilhados durante a vida de Doutorado, muito obrigado;

Aos demais colegas e amigos da pós-graduação, cujos nomes não citarei, para

que não cometa injustiça ao esquecer de alguém;

À Dona Maria das Graças Medeiros, da Secretaria do PPGZ/PDIZ, pelo pronto

atendimento e pela amizade;

À José Alves, Charllys, Antonio Costa e Duelo, do Laboratório de Nutrição

Animal, pela ajuda necessária às análises laboratoriais;

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Enfim, a todas as pessoas que contribuíram para que este trabalho pudesse ser

realizado, mas que aqui não estão citados por falha de memória, mas não do coração,

porém, todos especiais por tornarem esse sonho uma realidade.

Muito Obrigado!

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BIOGRAFIA DO AUTOR

LEILSON ROCHA BEZERRA – Filho de Francisco Luiz Bezerra Vieira e Maria

Perpétua Rocha Vieira nasceu em Iguatú, Ceará, em 04 de novembro de 1981, onde

concluiu o ensino médio em 1999, no Centro Educacional Ruy Barbosa. Em março de

2000, ingressou como graduando no Curso de medicina Veterinária, no Centro de Saúde

e Tecnologia Rural da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que passou a ser

Universidade Federal de Campina Grande, o qual concluiu em abril de 2005. Quando

acadêmico, desenvolveu pesquisa na área de Patologia Clínica Veterinária com a linha

de pesquisa Perfil Hematológico, orientado pelo Profº Adriano Fernandez, de quem foi

monitor no programa de Bolsas de monitoria por três anos. Concluiu o mestrado em

novembro de 2006, pelo CSTR/UFCG, no qual foi bolsista do CNPq, desenvolvendo

sua pesquisa na área de Nutrição de Ruminantes, sob a orientação do Prof. Dr. Aderbal

Marcos de Azevedo. Em março de 2007 ingressou no curso de Doutorado Integrado em

Zootecnia (UFPB⁄UFRPE⁄UFC), sob a orientação do Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto.

Em julho de 2008 efetivou-se pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus

Professora Cinobelina Elvas (CPCE) no Curso de Zootecnia, na área de Nutrição e

Produção de Animais Ruminantes, onde atualmente é professor Efetivo da Coordenação

de Zootecnia, lecionando Disciplinas de Nutrição de ruminantes e Bovinocultura de

Leite.

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SUMÁRIO

Página Lista de Tabelas........................................................................................................ xi Resumo Geral........................................................................................................... xiii Abstract.................................................................................................................... xv Considerações Iniciais.............................................................................................. 1 Referencias Bibliográficas....................................................................................... 5 Capítulo 1 - Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Novilhas das Raças Sindi e Guzerá.............................................................................................

6

Referencial Teórico.................................................................................................. 7 Zebu de Duplo Propósito................................................................................ 7 Restrição alimentar x Ganho compensatório................................................. 9 Perfil Metabólico............................................................................................ 14 Estimativa da Produção de Proteína Microbiana baseada nos derivados de

purina..............................................................................................................

19 Balanço de Nitrogênio.................................................................................... 22

Referências Bibliográficas....................................................................................... 24 Capítulo 2 - Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Fêmeas Sindi

Pré-Púbere.........................................................................................

30 Resumo..................................................................................................................... 31 Abstract.................................................................................................................... 32 Introdução................................................................................................................. 33 Material e Métodos................................................................................................... 34 Resultados e Discussão............................................................................................ 41 Conclusões................................................................................................................ 54 Referências Bibliográficas....................................................................................... 55 Capítulo 3 - Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Fêmeas

Guzerá Pré-Púbere............................................................................

59 Resumo..................................................................................................................... 60 Abstract.................................................................................................................... 61 Introdução................................................................................................................. 62 Material e Métodos................................................................................................... 63 Resultados e Discussão............................................................................................ 69 Conclusões................................................................................................................ 81 Referências Bibliográficas....................................................................................... 82 Considerações Finais e Implicações...................................................................... 85

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LISTA DE TABELAS

Capítulo II - Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Fêmeas Sindi Pré-

Púbere

Tabela 1. Composição química dos ingredientes da dieta experimental, com base na matéria seca, nos períodos de restrição alimentar e realimentação....

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Tabela 2. Participação dos ingredientes e composição química da dieta

experimental dos animais com base na matéria seca, nos períodos de restrição alimentar e realimentação.........................................................

37 Tabela 3. Médias e coeficientes de variação dos consumos médios diários

(kg/dia, %PV e g/kg0,75) de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos não fibrosos (CNF) e matéria mineral (MM) de fêmeas Sindi pré-púbere submetidas a períodos de restrição alimentar e realimentação........................................................................

42 Tabela 4. Médias e coeficientes de variação das concentrações séricas de

proteína totais, albumina, uréia, globulinas, glicose, colesterol, cálcio, fósforo, magnésio e creatinina de fêmeas Sindi pré-púbere submetidas a períodos de restrição alimentar e realimentação...................................

44 Tabela 5. Médias e coeficientes de variação do peso inicial (kg/dia), peso final

(kg/dia) e ganho de peso médio diário (kg/dia), eficiência alimentar, conversão alimentar e índice de compensação (%) em peso vivo e em peso0,75 de fêmeas Sindi pré-púbere submetidas à períodos de restrição alimentar e realimentação........................................................................

48 Tabela 6. Médias e coeficiente de variação do nitrogênio (N) ingerido,

nitrogênio (N) excretado na urina, nitrogênio (N) excretado nas fezes, balanço de nitrogênio (N), estimativa da produção dos compostos nitrogenados microbianos (Nmic) e N-NH3 (0 e 3h) de fêmeas Sindi pré-pubere em função dos níveis de restrição e da posterior realimentação................................................................................

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LISTA DE TABELAS

Capítulo III - Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Fêmeas Guzerá

Pré-Púbere

Tabela 1. Composição química dos ingredientes da dieta experimental, com base na matéria seca, nos períodos de restrição alimentar e realimentação....

65

Tabela 2. Participação dos ingredientes e composição química da dieta

experimental dos animais com base na matéria seca, nos períodos de restrição alimentar e realimentação.........................................................

66 Tabela 3. Médias e coeficientes de variação dos consumos médios diários

(kg/dia) de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos não fibrosos (CNF) e matéria mineral (MM) de fêmeas Guzerá pré-pubere em função dos níveis de restrição e da posterior realimentação...........................................................................

71 Tabela 4. Médias e coeficientes de variação das concentrações séricas de

proteína totais, albumina, uréia, globulinas, glicose, colesterol, cálcio, fósforo, magnésio e creatinina de fêmeas Guzerá pré-púbere submetidas à períodos de restrição alimentar e realimentação................

73 Tabela 5. Médias e coeficientes de variação do peso Inicial (kg/dia), peso final

(kg/dia), ganho de peso médio diário (kg/dia), eficiência alimentar, conversão alimentar e índice de compensação (%) em função do peso

vivo e do peso metabólico de fêmeas Guzerá pré-púbere submetidas a períodos de restrição alimentar e realimentação.....................................

76 Tabela 6. Médias e coeficiente de variação do nitrogênio (N) ingerido,

nitrogênio (N) excretado na urina, nitrogênio (N) excretado nas fezes, balanço de nitrogênio (N), estimativa da produção dos compostos nitrogenados microbianos (Nmic) e N-NH3 (0 e 3h) de fêmeas Guzerá pré-pubere em função dos níveis de restrição e da posterior realimentação.................................................................................

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Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Novilhas das Raças Sindi e

Guzerá

RESUMO GERAL

Objetivou-se determinar o efeito de diferentes níveis de restrição alimentar e da posterior realimentação em fêmeas zebu de duplo propósito. Foram conduzidos dois experimentos paralelos utilizando 36 animais, sendo 18 da raça Guzerá e 18 da raça Sindi, distribuídas em três grupos segundo o regime alimentar: alimentação ad libitum

durante todo experimento; alimentação restrita em 20% da matéria seca na fase de restrição alimentar e ração ad libitum na fase de realimentação e alimentação restrita em 40% da matéria seca na fase de restrição alimentar e ração ad libitum na fase de realimentação. Em ambas as raças, na fase de restrição alimentar, o consumo de matéria seca decresceu com o aumento do nível de restrição, influenciando também a redução do consumo dos outros nutrientes. Em consequência à redução da ingestão, as concentrações séricas de proteínas totais, albumina, globulina, uréia, glicose, cálcio e fósforo apresentaram-se inversamente proporcionais à restrição aplicada. Tanto na raça Sindi quanto na Guzerá, não houve diferença no consumo e na concentração sérica dos nutrientes na fase de realimentação. Os animais do grupo controle da raça Sindi chegaram ao final da fase de restrição alimentar com peso semelhante, ao grupo 20% de restrição e ambos com peso superior ao grupo 40%. Na raça Guzerá, à medida que se aumentou o nível de restrição, reduziu-se o peso final. Em ambas as raças, na fase de restrição, o ganho de peso médio diário do grupo controle não deferiu dos animais que recebiam alimentação restrita em 20% e foi maior que o grupo restrito em 40%. Já na fase de realimentação, o grupo 40% de restrição obteve maiores taxas de ganho de peso, como manifestação do ganho compensatório parcial, pois em nenhuma das raças os animais conseguiram atingir o peso final do grupo controle. Tanto na raça Sindi quanto Guzerá, os animais do grupo submetido a 40% de restrição apresentaram melhor conversão alimentar quando comparado ao grupo controle, indicando maior eficiência do grupo, quando em ganho compensatório. Em ambas as raças, no período de restrição alimentar, o nitrogênio ingerido, excretado na urina e nas fezes, o balanço de nitrogênio, o nitrogênio retido e o N-NH3 decresceram com os níveis de restrição adotados. Na fase de realimentação nenhuma das variáveis foram influenciadas. A restrição alimentar em 20% e 40% pode ser adotado como prática de manejo nutricional para períodos de escassez de alimento tendo em vista o ganho compensatório dos animais.

Palavras-chave: Alimentação, derivados de purina, desempenho, metabolismo, sangue

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Feed Restriction and Compensatory Growth in Heifers Guzerá and Sindi race

ABSTRACT

This research was developed to evaluate the effect different levels restricting feed and of the subsequent re-alimentation periods in dual purpose zebu females. It were conducted two experiments parallels utilizing thirty six animals, 18 Guzerá and 18 Sindi, distributed into three groups according to the alimentary regime com six animals for group: feed ad libitum during total experiment; restricted feed 20% of the dry matter in the phase restricting feed intake and ration ad libitum in the phase re-alimentation; group 3 - restricted feed 40% of the matter dry in the phase restricting feed intake and ration ad libitum in the phase re-alimentation. In both races, in the phase feed restriction, the dry matter intake decreased with the increase of the restriction levels, influencing the reduction in intake of other nutrients. Which the restriction feed was applied the serum concentrations of total proteins, albumin, globulin, urea, glucose, calcium and phosphorus were inversely proportional at the level of restriction during. The Sindi and Guzerá race, there was no difference in intake and serum concentrations nutrients in the phase re-alimentation. The animals in the control group in the Sindi race achieved the end of feed restriction phase with similar weight to the group 20% feed restriction and both presented higher weight than 40% group. In the Guzerá race, as increased the restriction level the final live weight was reduced. In both races, in the phase feed restriction, the weight gain mean daily in the control group there was no difference in the animals 20% feed restriction and was higher than the group feed restriction 40%. However, in the phase compensatory feed, the group 40% feed restriction achieved higher weight gain rates, as results of the manifestation of the partial compensatory growth, however any group achieved the final weight control group. In the both Sindi and Guzerá race, the animals group 40% feed restriction presented better feeding convection when compared to the control group, indicating your better efficient, when in compensatory growth. In both races, in feed restriction phase, it was observed that intake N, nitrogen excreted in feces and urine, nitrogen balance, nitrogen retention and N-NH3 reduced by the restriction level. In the re-alimentation phase any the variables were influenced. The feed restriction in 20% e 40% can be adopted as a practice nutritional management for feed privation period a view the compensatory growth of animals.

Keywords: Blood, feed, metabolism, performance, purine derivates

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A seleção simultânea de animais para produção de carne e leite e o

desenvolvimento de sistemas de produção que satisfaçam a ambos os objetivos podem

ser importantes para a exploração das raças zebuínas de dupla aptidão e para

considerável parte dos criadores em nosso país.

A importância de selecionar raças tropicais de dupla função para a

sustentabilidade da pecuária nas regiões semi-árida vem contribuindo com o sucesso da

elevada eficiência da exploração de leite e carne na cadeia produtiva do Agronegócio, já

que são animais mais resistentes a problemas comuns na cadeia produtiva da

bovinocultura.

O Brasil destaca-se como um dos cinco países de maior efetivo bovino no

mundo, com um rebanho estimado em 206 milhões de cabeças, onde aproximadamente

28 milhões estão presentes na região Nordeste e cerca de um milhão na Paraíba (IBGE,

2006). Porém, grande parte deste rebanho tem aproveitamento aquém do seu verdadeiro

potencial, justificado pelas constantes sazonalidades ocorridas na região semi-árida,

agravado pela utilização de raças pouco adaptadas as condições da região.

A bovinocultura é uma das atividades agropecuárias mais enraizadas na cultura

dos produtores familiares do semi-árido, tendo se dado por intermédio dos “cascos do

boi” e da bravura dos vaqueiros a ocupação do espaço sertanejo nordestino. Entretanto,

a exploração dessa espécie exige do produtor estratégias de manejo alimentar que

atendam as exigências produtivas dos animais sem extrapolar as bases de custos da

alimentação do rebanho. Por esse motivo, torna-se necessário cada vez mais, a

realização de pesquisas com enfoque nos alimentos forrageiros ou programas

alimentares alternativos, mas que mantenham os níveis produtivos do rebanho em

patamares economicamente viáveis.

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Segundo Roehsig (2006), o resultado de um sistema de alimentação pode ser

considerado um objetivo ou uma consequência, o primeiro quando as práticas

alimentares visam uma meta de produção e o segundo quando o indivíduo baseia a

produção em sua oferta de alimentos, aceitando grandes flutuações na produção,

fazendo ajustes quando a produção chega a um ponto crítico. Dessa forma, é comum

observarmos práticas alimentares na bovinocultura que não atendem aos requerimentos

nutricionais dos animais, ou ainda, que superestimam as exigências destes animais

tornando a atividade onerosa e sem retorno financeiro.

Nas situações caracterizadas anteriormente, o aporte ou excesso de nutrientes

podem causar um desbalanço nutricional, gerando desequilíbrio entre os ingressos de

nutrientes no organismo, seu metabolismo e os egressos. Como consequências, podem

surgir doenças da produção (Contreras, 2000), ou mesmo diminuição da eficiência

produtiva e reprodutiva, acarretando prejuízo para a atividade e, por conseguinte,

comprometendo a cadeia produtiva.

A eficiência de utilização dos alimentos é um dos principais fatores nutricionais

a afetar a rentabilidade das propriedades, já que as perdas resultantes do processo

digestivo são expressivas. Desta forma, minimizar as perdas que ocorrem durante a

digestão e o metabolismo de nutrientes pode ser um meio de aumentar o retorno do

capital investido na atividade leiteira.

Os animais ruminantes podem experimentar períodos alternados de abundância e

escassez de alimentos. Diversos experimentos demonstram que quando o alimento volta

a ser disponível em quantidade suficiente após um período de restrição alimentar, as

taxas de crescimento dos animais tornam-se mais aceleradas e excedem àquelas dos

animais que já estavam bem alimentados durante o mesmo período, devido a um

impulso fisiológico denominado ganho compensatório (Almeida et al., 2001).

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A busca de alternativas para reduzir custos de produção e garantir maior

competitividade é um ponto importante na sustentabilidade de qualquer atividade

econômica. Dessa forma, a restrição alimentar é uma prática comum na criação de

bovinos jovens com o objetivo de explorar o crescimento compensatório, este pode ser

definido como qualquer limitação, tanto na qualidade, como na quantidade na

alimentação do animal, capaz de induzir um crescimento inferior a seu crescimento

normal (Boin & Tedeschi, 1997). Para Hoch et al. (2003), quanto maior a intensidade

dessa restrição, maior a redução nas taxas de crescimento que podem até ficar negativas.

O crescimento compensatório ocorre em situações nas quais os animais são

expostos a um estresse nutricional com determinada intensidade por algum tempo e, em

seguida, lhes é dado acesso a um nível de alimentação superior, denominado de

realimentação. Deve-se ressaltar que a restrição alimentar quantitativa em fêmeas

objetivando o ganho compensatório, somente é desejável quando a quantidade oferecida

para atingir o melhor ajuste da quantidade ingerida proporcione o melhor ganho de peso

sem causar danos de ordem reprodutiva e que reduza os custos com alimentação.

Mediante o interesse pelo aprofundamento de conhecimento na temática acima

abordada e o diagnóstico de escassez na literatura, tornam-se necessários alguns

questionamentos sobre as consequências da restrição alimentar, principalmente, no que

se refere à periodicidade (contínua ou temporária), à exploração do crescimento

compensatório (presente ou ausente), à fisiologia do animal (concentrações séricas de

nutrientes e metabolismo ruminal) entre outros aspectos que possam refletir sobre a

rentabilidade do sistema de produção. Outro fator de extrema importância é o

conhecimento a cerca do atendimento das exigências dos animais, pois tanto o excesso

quanto a escassez de nutrientes é prejudicial ao desenvolvimento produtivo e

reprodutivo dos animais, além de alterarem negativamente a rentabilidade da atividade.

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Com isso, pretende-se apresentar um referencial teórico com uma abordagem

geral sobre a restrição alimentar e o crescimento compensatório bem como causas e

consequências (Capítulo I). Em seguida, serão apresentados mais dois capítulos: o

capítulo II trata do efeito da restrição alimentar e posterior ganho compensatório no

desempenho, perfil metabólico e Balanço de nitrogênio de fêmeas Sindi na fase pré-

pubere. Na seqüência, o capítulo III refere-se às fêmeas Guzerá, analisando-se as

mesmas variáveis do capítulo II. Por fim, são realizadas as considerações finais e

algumas implicações sobre o assunto abordado. A partir desta tese pretende-se avaliar a

aplicação da restrição alimentar seguida de uma resposta compensatória como prática de

manejo para novilhas Sindi e Guzerá.

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CAPÍTULO I _____________________________________________________

Referencial Teórico

Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Novilhas das Raças

Sindi e Guzerá

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REFERENCIAL TEÓRICO

Zebu de Duplo Propósito

O rebanho brasileiro de bovinos zebuínos é composto por diversas raças puras e

mistas, cada uma com suas particularidades e que se adaptam aos diversos sistemas de

produção encontrados no país.

A atividade pecuária bovina, embora tenha permitido, no decorrer da última

década, a permanência de muitas famílias no meio rural, tem vivenciado momentos de

estagnação e de descapitalização acentuada das propriedades. As dificuldades que na

maior parte são técnicas e econômicas têm levado muitos pecuaristas a abandonarem a

atividade. Entretanto, modelos de duplo propósito podem reduzir os custos por litro de

leite e aumentar o lucro do produtor.

As pesquisas de raças e sistema de produção de dupla finalidade são

inexpressivas no Brasil. Faltam estudos econômicos e fisiológicos sobre a importância

destas raças, pois vai além da vida produtiva da vaca, já que uma exploração mais

intensiva pode acarretar problemas graves de desordens nutricionais e diminuir a vida

produtiva dos animais.

Neste contexto, destacam-se raças Sindi e Guzerá, por apresentar duplo

propósito (leite e carne), alta eficiência alimentar e reprodutiva, precocidade e bom

desempenho produtivo. Em contrapartida, possuem grande variação nas características

leiteiras, reprodutivas e de peso que, aliados ao desinteresse de muitos produtores,

fazem com que a atividade não tenha um rendimento econômico capaz de propiciar que

uma matriz bovina produza um bezerro a cada ano (Lobo et al., 2000). Esses animais

possuem diferente capacidade de reserva energética, mantendo melhor o seu peso

durante o período de gestação, já que possuem uma menor produção leiteira quando

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comparados aos europeus, justificado por uma partição diferente de nutrientes que ainda

não está bem elucidada.

Leite et al. (2001) afirmam que, dentre os zebuínos, o Sindi é o grupo genético

de função mista oriundo dos pré-desertos da Ásia, e excelente adequação produtiva às

condições do semi-árido, podendo viabilizar a criação de bovinos nas áreas secas do

Nordeste brasileiro, pois, além do pequeno porte e da rusticidade, apresenta

considerável produção. Além disso, esses animais demonstram melhor tolerância à

radiação solar, elevada tolerância à infestação por carrapatos, facilidade para caminhar e

melhor desempenho reprodutivo.

A raça Guzerá também merece destaque, genótipo criado na Índia, há milênios,

com objetivo de produção de leite e tração, foi introduzido no Brasil no final do século

XIX, sendo predominante até a década de 30. A partir daí, foi intensamente utilizada em

cruzamentos com outras raças, como é o caso do Guzolando, bem como influído

geneticamente na população mestiça.

Apesar do enfoque na produção de carne ter sido a tônica nos primórdios do

zebu, a raça Guzerá, em particular, no Brasil, possui relatos de animais com produção

leiteira elevada. Segundo Lobo et al. (2000), as características leiteiras são as que mais

contribuíram para a resposta genética no objetivo de seleção. Dessa forma, os esquemas

de seleção incluindo características de leite são mais eficientes que os esquemas de

corte. Esforços individuais de preservação e multiplicação de vacas superiores,

identificadas na maior parte das vezes através de controle leiteiro seletivo, foram feitos

por vários criadores até os inícios dos anos 90 (Melo & Penna, 2000).

É necessário valorizar esse recurso genético disponível para a exploração no

semi-árido brasileiro pois, além de bem adaptado a partir de sua origem, suporta bem as

variações edafoclimáticas, apresentando mesmo em épocas secas, invejável condição

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corporal e boa produção de leite e carne. É sabido que a suplementação com

concentrados aumenta a produção em vacas de alta produção e que este fornecimento é

compensado pelo alto potencial de produção. Porém, os mecanismos pelos quais os

animais zebu de duplo propósito conseguem resistir à períodos de escassez de

alimentos, com menor perda de peso e menor comprometimento da atividade

reprodutiva ainda não estão bem elucidados. Estes períodos de restrição alimentar

impostos pela sazonalidade e menor produção qualitativa e quantitativa das forrageiras,

na maioria das vezes, são acompanhados de compensação do peso quando os animais

reestabelecem a alimentação normal e devem ser exploração como prática de manejo

para que o produtor consiga manter seu rebanho e obter maior lucro com a atividade

(Alves, 2003).

Restrição Alimentar x Crescimento Compensatório

O crescimento de um animal é um fenômeno biológico complexo, bastante

estudado, porém ainda não perfeitamente esclarecido, apresentando magnitude variável.

A ação dos hormônios e de fatores externos, principalmente a alimentação, permite que

os indivíduos manifestem diferentemente a sua herança genética de crescimento. Após o

nascimento, o crescimento pode ser ajustado em uma curva sigmóide, ou seja, o

crescimento pós-natal é lento, mas aumenta rapidamente, desacelerando a partir da

puberdade, até estágios mais avançados, quando a taxa de crescimento é reduzida (Grant

& Helferich, 1991). Porém, isto apenas ocorre em situações nas quais existem

limitações impostas pelo meio permitindo que o indivíduo expresse todo seu potencial.

Na fase de pós-puberdade, porém, ocorre uma desaceleração do crescimento por fatores

fisiológicos que ainda não são bem entendidos.

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No Brasil, a maioria dos rebanhos é caracterizada por apresentar um nível

nutricional inadequado, mesmo os menos exigentes do ponto de vista genético, como é

o caso dos animais zebuínos de dupla aptidão. Aliada a isso, a busca por alternativas

para reduzir custos de produção e garantir maior competitividade é um ponto importante

na sustentabilidade de qualquer atividade econômica. Na criação de ruminantes, recorre-

se a alternativas como: restrição qualitativa com diferentes teores de proteína, restrição

alimentar e exploração do crescimento compensatório e utilização de dieta única com

restrição quantitativa (Yáñez, 2002).

O estresse nutricional, definido como qualquer limitação, tanto na qualidade,

como na quantidade da alimentação do animal, apresenta como consequência um

crescimento inferior ao crescimento normal (Boin & Tedeschi, 1997), sendo

proporcional a intensidade desse estresse, podendo as taxas de crescimento tornarem-se

negativas (Hogg, 1991).

Segundo Wilson & Osbourn (1960), o crescimento de um animal pode ser

retardado se um nutriente qualquer da dieta faltar, principalmente se energia e proteínas

estiverem limitando o ganho em peso; como o animal apresenta pequenas reservas

protéicas, a restrição de proteína geralmente promove maiores danos do que a

energética.

Após a restrição, ao acabar a injúria alimentar e reiniciar uma alimentação

adequada, os animais poderão apresentar taxas de crescimento acima do normal (Doyle

& Lesson, 2001). Este fenômeno é conhecido como crescimento compensatório e já está

incorporado no mercado americano de confinamentos, onde animais com condição

corporal melhor têm desconto em relação a animais mais magros.

A primeira comprovação da existência de crescimento compensatório em

bovinos foi demonstrada há mais de cinco décadas, após a realização de um

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experimento onde no inverno foi fornecido feno aos animais, provenientes de dois

estágios de maturidade da forrageira e, conseqüentemente, com valores nutricionais

diferentes, proporcionando aos bovinos que consumiram feno de alta qualidade maior

ganho de peso no inverno ao se comparar com bovinos alimentados com feno de baixa

qualidade (Bohman, 1955).

Dentre os fatores mais importantes que influenciam na magnitude do

crescimento compensatório destacam-se a idade do animal no início da restrição, a seve-

ridade e a duração do período de estresse nutricional e a natureza da restrição alimentar

(Alves, 2003).

De acordo com Ryan (1990), bovinos restringidos nutricionalmente antes de três

meses de idade tendem a não apresentar crescimento compensatório, podendo ficar

permanentemente raquíticos, não atingindo o mesmo peso à maturidade de animais que

não sofreram restrição alimentar.

A resposta do animal no período de realimentação vai depender também da

quantidade de alimento ingerido neste período. Os resultados encontrados na literatura

são controversos quanto ao consumo alimentar, após o término da restrição.

Segundo Ryan (1990), há trabalhos em que o consumo aumentou após o

restabelecimento da alimentação normal, porém em outros não houveram alterações no

consumo. Segundo Hogg (1991), a ingestão de alimentos é variável durante as três a

quatro semanas após o período de restrição alimentar e, geralmente, é maior no grupo

que sofre restrição até o final da realimentação. O NRC (1996), apesar de discutir o

efeito da restrição alimentar no consumo de alimentos, não inclui no modelo de ingestão

nenhum fator para incorporar o efeito do crescimento compensatório.

Fontes et al. (2007) afirmaram que o consumo médio diário de matéria seca dos

animais nos tratamentos em que a dieta foi fornecida ad libitum (controle e ganho

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compensatório) foi maior (P<0,05) no período de restrição alimentar, refletindo em

maior peso corporal dos animais. Entretanto, no período de realimentação houve maior

consumo alimentar nos primeiros 28 dias de realimentação nos animais alimentados ad

libitum, como resposta compensatória à restrição ocorrida no primeiro período.

Valente (2006) observou o consumo de 7,92 kgMS/dia no grupo submetido à

restrição alimentar e 8,05 kgMS/dia no grupo alimentado à vontade durante

experimento envolvendo restrição alimentar e ganho compensatório.

Segundo Hoch et al. (2003), após um período de restrição alimentar há um

aumento de consumo dos animais durante a fase de realimentação. Este aumento

varia de 3 a 24% dependendo de experiências e as variações são, em parte, relacionados

a gravidade da restrição alimentar, mas também resultam das diferenças ocorridas no

desenvolvimento do aparelho digestivo durante a fase de desnutrição.

Cerdótes (2007), trabalhando com animais da raça Nelore submetidos a período

de restrição alimentar, observou maiores consumos de matéria seca, proteína bruta e

fibra detergente neutro em animais submetidos a restrição alimentar, não detectando

diferença para consumo de matéria seca em %PV no período de realimentação entre

animais restritos e alimentados a vontade.

Costa et al. (2007) utilizando novilhas Pardo-Suíças puras, com cinco meses de

idade e peso inicial de 200 kg, também observaram menores consumos de matéria seca,

fibra detergente neutro no período de restrição alimentar (1º ao 90º dia).

Tolla et al. (2003) submeteram novilhos a restrição alimentar e ganho

compensatório e os consumos médios de matéria seca dos animais restritos (-15, -20, e -

25% em relação a mantença) durante o período de restrição foram 3,22, 1,40, 1,22 e

1,02 kg/dia, respectivamente. Todos os animais receberam alimentação ad libitum,

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durante o período de compensação e, assim, o consumo aumentou para 4,78, 4,26, 4,46

e 4,78 kg / dia, respectivamente, não diferindo entre os tratamentos.

Segundo Ryan (1990), o animal pode apresentar compensação completa, parcial

ou não apresentar compensação após um período de subnutrição ou restrição alimentar.

A taxa de compensação geralmente varia de 50 a 100%. Quando a compensação é

completa, a taxa de compensação chega à 100% (Hornick et al., 2000). No caso de

compensação completa, o animal submetido à restrição chega ao final do período de

realimentação com peso semelhante aos animais que receberam alimento à vontade e o

ângulo de inclinação da curva de crescimento dos animais que passaram por restrição é

maior do que o dos animais que não passaram por restrição. Na compensação parcial, o

ângulo de inclinação da curva de crescimento dos animais que passaram por restrição é

maior do que o dos animais que não passaram por restrição, mas não o suficiente para

que o mesmo atinja o peso dos animais com alimentação à vontade.

Valente (2006) submetendo novilhas à restrição alimentar observou no período

de realimentação uma diferença de 15,9 kg de peso acumulado em favor do lote que

passou por restrição alimentar.

Hornick et al. (1998) submeteram Novilhas a 135 dias de restrição alimentar e

dois períodos distintos de realimentação (260 e 275 dias) observando maiores taxas de

ganho de peso (1,37 e 1,50kg/dia, respectivamente) nos animais que passaram mais

tempo em ganho compensatório.

Fontes et al. (2007) trabalhando com novilhos mestiços Holandês-Gir

observaram que os animais submetidos a um período de restrição alimentar ganharam

mais peso na fase inicial do período de realimentação, como conseqüência do ganho

compensatório.

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Arrigoni et al. (1998) em experimento com bovinos jovens em confinamento,

relataram que foram necessários 61 dias para compensação dos animais, fato este

explicado pela menor necessidade de energia metabolizável para mantença e pela dieta

contendo de 12 a 15% de proteína bruta. Já Valente (2006), afirma que as novilhas

tiveram uma demora de 132 dias para não haver diferença (P>0,05) de peso, ou seja,

atingir a compensação total.

Durante a fase de crescimento compensatório, o metabolismo do animal

continua a ser adequado a uma baixa ingestão alimentar, enquanto animais não são (ou

pouco) restritos. O metabolismo energético basal do animal permanece baixo e aumenta

lentamente daí em diante, no ajustamento ao novo regime. Neste período, a eficácia da

utilização da energia e da proporção proteína/energia aumenta, enquanto que as

necessidades energéticas para o crescimento permanecem baixa (Carstens et al. 1991), o

que explica o maior ganho de peso dos animais.

A manifestação do crescimento compensatório está na dependência de uma série

de fatores e suas interações, o que justifica uma variabilidade muito grande na

magnitude da resposta animal frente aos períodos de restrição alimentar. Os estudos dos

mecanismos metabólicos e hormonais podem ajudar a compreendermos melhor os

processos metabólicos ocorridos quando submetemos animais a períodos de restrição e

realimentação. Dessa forma, o conhecimento das concentrações séricas, urinárias e

ruminais dos nutrientes bem como o balanço da utilização dos mesmos poderão

esclarecer melhor a influência desses fatores e suas interações sobre a manifestação do

crescimento compensatório, principalmente quando se considera aos fatores fisiológicos

envolvidos.

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Perfil Metabólico

A composição bioquímica do plasma sangüíneo reflete a situação metabólica dos

tecidos animais podendo avaliar as lesões teciduais, transtornos no funcionamento de

órgãos, adaptação do animal diante de desafios nutricionais e fisiológicos e

desequilíbrios metabólicos específicos ou de origem nutricional (Diaz González, 2001).

Segundo Diaz González e Scherer (2002), o estudo da composição bioquímica

do sangue é de longa data, principalmente vinculado à patologia clínica em casos

individuais. Na década de 1970, Payne e colaboradores, em Compton (Inglaterra),

ampliaram a utilização deste estudo mediante o conceito de perfil metabólico, isto é, a

análise de componentes sangüíneos aplicados a populações. O trabalho de Payne,

aplicado inicialmente a rebanhos leiteiros, foi ampliado a outras espécies, com

aplicações práticas no manejo alimentar (Payne & Payne, 1987).

González (2000) diz que a composição bioquímica do sangue reflete de forma

confiável o equilíbrio dos nutrientes nos tecidos animais, de forma a poder avaliar

lesões teciduais, transtornos no funcionamento dos órgãos, adaptação do animal diante

de desafios nutricionais e fisiológicos e desequilíbrios metabólicos específicos ou de

origem nutricional.

Os desequilíbrios nutricionais que afetam os rebanhos são produzidos em função

do aporte e/ou da utilização dos alimentos que não são capazes de preencher as

exigências de manutenção, gestação ou produção. Quando esses desequilíbrios são de

curta duração e não são muito severos, o metabolismo animal compensa-o utilizando

suas reservas corporais. Quando o desequilíbrio é severo ou moderado e persistente, o

animal esgota suas reservas corporais e ocorrem as chamadas doenças de produção

(Herdt, 2000).

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Deve-se ressaltar que embora o perfil metabólico de bovinos com carência

nutricional já tenha sido relativamente bem estudado no exterior, especialmente em

gado leiteiro, quase nada foi realizado em nossas condições, principalmente no que diz

respeito ao gado zebuíno de dupla aptidão, em fase de crescimento e, portanto há uma

grande carência de dados sobre estas raças nas condições semi-áridas.

O número de variáveis potencialmente mensuráveis no perfil metabólico é

ilimitado. Mas, na prática, opta-se por parâmetros que se tenha conhecimento sobre a

fisiologia e a bioquímica, o que permite a interpretação dos resultados. Geralmente,

busca-se abordar os parâmetros nutricionais envolvidos no perfil energético, perfil

protéico e perfil mineral que podem fornecer subsídios suficientes a cerca das dietas

fornecidas, bem como o seu aproveitamento dentro do organismo animal.

Para a avaliação do status energético, entre os autores consultados não existe

uma variável de eleição. Geralmente recomenda-se a avaliação da glicose, dos ácidos

graxos livres (AGLs) e de corpos cetônicos (González, 2000; Herdt, 2000).

O colesterol é necessário como precursor dos ácidos biliares, os quais fazem

parte da bile, e dos hormônios esteróides (adrenais e gonadais). Os estrógenos,

sintetizados a partir de colesterol, afetam a complexa inter-relação das funções

hipofisárias, tireoidiana e adrenal. Portanto, os níveis de colesterol podem dar uma

indicação indireta da atividade tireoidiana. Os níveis de colesterol são indicadores

adequados do total de lipídios do plasma, pois corresponde a aproximadamente 30 % do

total (Diaz González & Scherer, 2002).

Entre vários metabólitos usados como combustível para oxidação respiratória, a

glicose é considerada a mais importante, sendo vital para funções tais como, o

metabolismo do cérebro e na lactação. O nível de glicose sangüínea pode indicar falhas

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a homeostase, como ocorre em doenças tais como a Cetose (Diaz González & Scherer,

2002).

Maruta (2005) observou diminuição da glicemia no decorrer do período de jejum, sendo

esta queda mais intensa quanto mais prolongado foi o tempo de abstenção alimentar.

No trabalho de Sucupira (2003) foi observado que a subalimentação energética intensa e

prolongada provocou marcante hipoglicemia no término do período experimental, porém os

valores ainda se encontravam dentro do intervalo considerado normal pelos autores clássicos.

Yambayamba et al. (1996), trabalhando com bezerras submetidas a dietas com restrição

energética por 95 dias, verificaram nos primeiros 20 dias uma queda significativa de 14% para a

glicose e no dia 48, uma queda significativa de 16% em relação ao controle. Já em relação aos

ácidos graxos não esterificados, nos primeiros 20 dias ocorreu um aumento significativo de 65%

e no dia 48, um aumento significativo de 109% em relação ao controle, demonstrando que

durante o período de restrição alimentar, há um deslocamento no balanço energético, pois a

redução na concentração de glicose sérica torna os ácidos graxos a principal fonte de energia.

Valores semelhantes também foram encontrados por Hornick et al. (1998), trabalhando

com 16 bovinos Belgian Blue em fase de crescimento submetidos a restrição alimentar por 419

dias, obtiveram uma queda de 15% na concentração de glicose quando comparado com o grupo

controle.

Segundo Lima (2005), a carência de energia prolongada de bovinos em crescimento

desencadeou acentuada diminuição do peso vivo, do consumo de alimentos, da glicemia e

menor síntese de ácido propiônico no rúmen.

Na avaliação do perfil protéico, de uma forma geral, a determinação de uréia, albumina,

globulina e proteína total séricas são indicadores úteis (Payne & Payne, 1987). Dirksen et al.

(1993) comentam que os componentes bioquímicos sangüíneos mais comumente determinados

que representem o metabolismo proteico são as proteínas totais, a uréia, a albumina e as

globulinas. Hoch et al. (2003) relataram que a uréia diminuiu com a aplicação de restrição

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alimentar em bovinos e que os animais recuperaram seu valores sérico pouca horas após a

realimentação.

Para avaliação do perfil nutricional de minerais, as alterações dos eletrólitos no

sangue podem fornecer diagnóstico mais decisivo quando correlacionado com suas

concentrações na dieta consumida (Moraes et al., 2000).

Como indicadores do perfil metabólico mineral, são considerados os níveis

sanguíneos de cálcio, fósforo, sódio, potássio, magnésio, manganês, ferro, cobre, zinco

e cobalto (González, 2000). O fósforo, segundo Mcdowell (1999), constitui a carência

predominante em bovinos a campo e, é conveniente que o seu estudo seja realizado em

conjunto com o cálcio (Ca) (Underwood & Suttle, 1999). Os ossos, por serem locais de

reserva de Ca e P, constituem a principal indicação para seu monitoramento (Mcdowell,

1999).

Atualmente, com o avanço das pesquisas, têm-se procurado estabelecer o perfil

metabólico das mais diferentes espécies de animais, já que há uma enorme variação dos

constituintes sanguíneos, mesmo quando se trata de uma mesma espécie e até mesmo

dentro de uma mesma raça, porém se comparando animais com idades diferentes, sexos

diferentes, vivendo em regiões com diferentes condições de manejo sanitário e,

principalmente, nutricional. Além disso, a nutrição de ruminantes pode ser considerada

mais complexa que a nutrição de monogástricos, devido à anatomia do trato digestivo,

os microrganismos presentes no rúmen que fermentam alimentos fibrosos e sintetizam

nutrientes, principalmente proteína e algumas vitaminas (Barcelos et al., 2001). Assim,

o conhecimento dos processos ocorridos no rúmen, principalmente no que diz respeito à

produção de proteína microbiana auxiliarão no entendimento dos mecanismos

envolvendo a restrição alimentar e o ganho compensatório.

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Estimativa da Produção de Proteína Microbiana Baseado nos Derivados de Purina

Os ruminantes com expressiva atividade fermentativa pré-gástrica evoluíram há

14 milhões de anos e seu sucesso no processo evolutivo tem sido atribuído à existência

de uma relação simbiótica com os microorganismos ruminais, em que os animais

contribuem com alimento e habitat, enquanto os microorganismos fornecem ácidos

graxos voláteis e aminoácidos formados a partir de substratos que não seriam

aproveitados (fibra e nitrogênio não protéico-NNP) pelo animal hospedeiro (Valadares

Filho & Pinna, 2006).

As exigências protéicas dos ruminantes são atendidas mediante a absorção

intestinal de aminoácidos provenientes, principalmente, da proteína microbiana

sintetizada no rúmen e da proteína de origem alimentar não-degradada no rúmen

(Valadares Filho & Pinna, 1995).

A mensuração da produção de proteína microbiana é dificultada pelo

envolvimento de três populações distintas (bactérias, fungos e protozoários) que

constantemente, são expostas à pressão de seleção de seu habitat, sendo frequentemente

alteradas.

A determinação da contribuição da proteína microbiana constitui uma

importante área de estudo na nutrição protéica de ruminantes, sendo que a estimativa da

contribuição da proteína microbiana no fluxo intestinal de proteína está incorporada aos

sistemas de avaliação de proteína, já em uso em vários países (Chen & Gomes, 1992).

Em condições normais, o aumento do consumo de matéria seca eleva a taxa de

renovação dos fluídos ruminais. Maiores taxas de renovação de líquido no rúmen

indicam melhor eficiência do processamento fermentativo devido ao desenvolvimento

do maior número de microorganismos por unidade de substrato disponível, tornando a

degradação do alimento mais rápida, com menor tempo de retenção ruminal e

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proporcionado maior consumo de matéria seca (Yahn et al., 2007; Taylor-Edwards et

al., 2009). Já em condições onde existe carência, o que é comum nas fases pré e pós-

parto, nas quais os animais possuem uma exigência nutricional alta e estas exigências

quase nunca são atendidas, há uma alteração na fermentação ruminal e na taxa de

passagem do alimento pelo rúmen.

Ensminger (1987) afirma que animais submetidos à carência nutricional têm seu

apetite diminuído e, portanto, é esperado que tal quadro altere as taxas de passagem, de

renovação de líquidos no rúmen e conseqüentemente a fermentação ruminal. Embora

seja consenso que a subalimentação interfira na cinética e na fermentação ruminais,

Chilliard et al. (1998) acredita que nos casos de subnutrição pode ocorrer

diminuição na degradabilidade da dieta decorrente e uma das explicações possíveis para

a tal redução é a limitação da atividade microbiana que ocorre nestes casos, todavia isso

não está esclarecido pela literatura.

Diversos métodos que quantificam a produção de compostos nitrogenados

microbianos incluem na metodologia a utilização de marcadores internos e externos que

necessitam de intervenção cirúrgica para implantação de fístulas nos animais, causando

desconforto e muitas vezes infecção, o que pode alterar os resultados.

O método de estimativa de proteína microbiana pelos derivados de purina não

utiliza animais fistulados e nem determina o fluxo de seca no abomaso, ao contrário dos

métodos que se baseiam em marcadores microbianos (Chen & Gomes, 1992).

Pesquisas recentes confirmam a relação entre produção de proteína microbiana e

excreção urinária de derivados de purina (Oliveira et al., 2001; Silva et al., 2001;

Mendonça et al., 2004), assumindo-se que a absorção de purinas estaria condicionada à

quantidade de proteína microbiana, estimada a partir da excreção urinária dos derivados

de purinas: alantoína, ácido úrico, xantina e hipoxantina.

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Orellana-Boero et al. (2001) e Gonzales-Ronquillo et al. (2003) confirmam a

relação entre o fluxo duodenal de bases purinas e a excreção dos derivados de purina.

Assim, o fluxo de nitrogênio microbiano pode ser calculado a partir das quantidades de

purinas absorvidas, que são estimadas a partir da excreção urinária de derivados de

purina (Chen & Gomes, 1992).

Dessa forma, a análise de compostos urinários, comumente utilizados na

medicina humana, pode ser empregada no estudo de nutrição de ruminantes. Porém, o

método da excreção de derivados de purinas requer coleta total de urina, o que torna a

técnica laboriosa. Para contornar isto, tem sido utilizado coleta de amostras spot de

urina. Isto se torna possível porque dados da literatura têm demonstrado que a excreção

de creatinina é constante, em função do PV dos animais (Oliveira et al., 2001; Silva et

al., 2001), proporcionando o cálculo da excreção urinária diária do animal a partir de

uma só coleta ou coleta spot.

O método de estimativa de proteína microbiana pelos derivados de purina além

de ser menos laborioso, quando comparado com outras técnicas convencionais,

representa uma metodologia simples para o entendimento da dinâmica ruminal,

implicando maior confiabilidade (Silva et al., 2001).

Neste sentido, a utilização da excreção total de derivados de purina para estimar

a produção de proteína microbiana, parece ser uma alternativa viável, quando

comparada com as técnicas invasivas, com é o caso da fistulação de animais

principalmente, por se tratar de uma técnica que não necessita de intervenção cirúrgica,

resultando em melhor bem-estar para os animais e resultados mais fidedignos.

Balanço de Nitrogênio

A quantificação dos nutrientes presentes nos alimentos fornecidos para bovinos

proporciona melhor conhecimento do seu valor nutritivo. Isso possibilita adequar as

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dietas a cada categoria animal, tornando-as mais eficientes, e racionalizar a utilização

dos recursos nos sistemas de produção.

A avaliação do balanço de nitrogênio no animal e da concentração de uréia no

soro e na urina permite a obtenção de informações a respeito da nutrição protéica dos

ruminantes, o que pode ser importante para evitar prejuízos produtivos, reprodutivos e

ambientais, decorrentes do fornecimento de quantidades excessivas de proteína ou da

inadequada sincronia energia-proteína no rúmen (Pessoa et al. 2007).

Vários fatores que afetam a síntese de proteína microbiana no rúmen têm sido

abordados por diversos autores, como o teor e a fonte de N e de carboidratos na dieta, a

taxa de diluição ruminal, a freqüência de alimentação, o consumo de alimento, a relação

volumoso:concentrado, a ensilagem, os ionóforos e o teor de minerais como P, S e Mg

na dieta (Pereira et al., 2001; Pereira et al. 2007).

Pessoa et al. (2009) encontraram maior excreção de nitrogênio nas fezes e na

urina em dietas onde o consumo de nitrogênio também foi mais elevado. Tamém

relataram que o consumo de nitrogênio aumentava com o aumento do teor de proteína

bruta da dieta, corroborando com os estudos de Ítavo et al. (2002), Cavalcante et al.

(2006) e Rennó et al. (2008).

As bactérias do rúmen podem incorporar aminoácidos em proteína microbiana

ou fermentá-los como fonte de energia. A fermentação de aminoácidos também origina

amônia ruminal. Como o crescimento microbiano é dependente do suprimento de

carboidratos fermentáveis, os produtos finais do metabolismo de proteínas são

influenciados pela disponibilidade de carboidratos. Quando o ATP originado da

fermentação de carboidratos está disponível, os aminoácidos podem ser incorporados

em proteína microbiana. Se o ATP não é suficiente para permitir a síntese protéica, os

aminoácidos serão fermentados como fonte de energia e a amônia se acumulará. Se a

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produção de amônia no rúmen é superior à sua taxa de incorporação microbiana, será

absorvida e o aumento da atividade de reciclagem da uréia no fígado e rim é necessário

para proteger o animal do seu efeito tóxico (Nocek & Russell, 1988).

A determinação das concentrações de amônia no rúmen permite o conhecimento

do desbalanceamento na digestão de proteína, pois, quando ocorrem altas concentrações

de amônia, pode estar havendo excesso de proteína dietética degradada no rúmen e, ou,

baixa concentração de carboidratos degradados no rúmen.

Para quantificação da excreção do N por meio da urina e fezes, há necessidade

do conhecimento do volume urinário diário e da produção de matéria seca fecal. O

volume urinário pode ser obtido por meio de coleta total de urina (Chen & Gomes,

1992), ou por métodos alternativos, como a coleta “spot” de urina, que consiste numa

única amostragem de urina, geralmente quatro horas após o fornecimento de alimentos

aos animais. Nessa metodologia, o volume urinário é calculado, dividindo-se a excreção

diária de creatinina por sua concentração na amostra de urina, visto que a excreção de

creatinina é constante e não é influenciada por tratamentos experimentais (Valadares et

al., 1999).

A manipulação da dieta no sentido de melhorar a utilização de nitrogênio (N)

pelos microorganismos do rúmen é, portanto, indispensável para uma melhor eficiência

do crescimento bacteriano e está diretamente relacionada à solubilidade da proteína

dietética e à retenção de N pelo animal. Aliado a isso, está o conhecimento sobre as

concentrações séricas dos nutrientes protéicos, energéticos e minerais de animais

submetidos a períodos de escassez de alimentos, bem como a forma como esses animais

podem suportar e, quando possível, contornar esses períodos de restrição alimentar.

Vários são os fatores relacionados ao estudo da mesma e de provável crescimento

compensatório, bem como suas causas e consequências.

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Algumas características relacionadas como o aumento no consumo de alimento,

mudanças nas exigências energéticas de mantença, praticamente, sem alteração da

eficiência líquida, mudança na proporção de proteína e gordura no ganho de peso,

redistribuição dos tecidos adiposos, com menos gordura subcutânea, metabolismo

ruminal, etc. Os dados disponíveis até agora não nos permitem um entendimento mais

completo sobre este fenômeno. Além disso, não existem comprovações que dietas

formuladas com base em sistemas de exigências nutricionais internacionais atendam aos

requerimentos das raças zebu de duplo propósito aqui abordadas.

Essas estratégias de desempenho podem ser ferramentas úteis para os produtores

acometidos pela forte sazonalidade. Porém, é necessário o conhecimento de como elas

ocorrem, podendo, assim, aproveitar-se do ganho compensatório nas condições

brasileiras.

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CAPÍTULO II

_____________________________________________________

Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Fêmeas Sindi Pré-Púbere

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Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Fêmeas Sindi Pré-Púbere

RESUMO

O estudo foi conduzido para determinar o efeito de diferentes níveis de restrição

alimentar e da posterior realimentação em fêmeas Sindi pré-púberes. Foram utilizadas

18 fêmeas, com idade inicial de 21 meses e peso médio de 211,7 kg, distribuídas em três

grupos segundo o regime alimentar: grupo controle – alimentação ad libitum durante

todo o experimento; grupo 2 – alimentação restrita 20% da matéria seca na fase 1 e

ração ad libitum na fase de realimentação; grupo 3 – alimentação restrita 40% da

matéria seca na fase de restrição e ração ad libitum na fase de realimentação. Na fase de

restrição alimentar, de maneira geral, o consumo dos nutrientes diminuiu com o

aumento do nível de restrição. Em consequência a redução da ingestão, as

concentrações séricas de proteínas totais, albumina, globulina, uréia, glicose, cálcio e

fósforo apresentaram-se inversamente proporcionais ao nível restrição. Não houve

diferença no consumo e na concentração sérica dos nutrientes na fase de realimentação.

Os animais do grupo controle chegaram ao final da fase de restrição alimentar com peso

semelhante ao grupo 20% de restrição e ambos obtiveram peso final superior ao grupo

40%. Na fase de restrição, o ganho de peso médio diário do grupo controle não deferiu

dos que recebiam alimentação restrita em 20% e foi maior que o grupo restrito em 40%.

Porém, na fase de realimentação, o grupo 40% de restrição obteve maiores taxas de

ganho de peso e melhor conversão alimentar, como manifestação do ganho

compensatório parcial, já que nenhum dos grupos restritos conseguiram atingir o peso

final do grupo controle. No período de restrição alimentar, o nitrogênio ingerido,

excretado na urina e nas fezes, o balanço de nitrogênio, o nitrogênio retido e o N-NH3

decresceram com os níveis de restrição adotados. Na realimentação nenhuma das

variáveis do balanço de nitrogênio foram influenciadas. A restrição alimentar em 20% e

40% pode ser adotada como prática de manejo nutricional tendo em vista o ganho

compensatório dos animais.

Palavras-chave: Concentração sérica, nitrogênio, peso, realimentação, zebu

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Feed Restriction and Compensatory Growth in Sindi Females before Puberty

ABSTRACT

This research was developed to evaluate the effect different levels restricting feed and

of the subsequent re-alimentation periods in dual purpose zebu females. Eighteen

females with initial age 21 months and mean weight 211.7 kg were distributed into three

groups according to the alimentary regime com six animals for group: feed ad libitum

during total experiment; restricted feed 20% of the dry matter in the phase restricting

feed intake and ration ad libitum in the phase re-alimentation; group 3 - restricted feed

40% of the matter dry in the phase restricting feed intake and ration ad libitum in the

phase re-alimentation. In the phase restricting feed, generally, the nutrients intake

decreased with the increase of the restriction levels. Consequently in the intake

reduction, the serum concentrations of total proteins, albumin, globulin, urea, glucose,

calcium and phosphorus were inversely proportional at the level of restriction. There

was no difference in intake and serum concentrations nutrients in the phase re-

alimentation. The animals in the control group achieved the end of feed restriction phase

with similar weight to the group 20% feed restriction and both presented higher weight

than 40% group. In the phase feed restriction, the weight gain mean daily in the control

group there was no difference in the animals 20% feed restriction and was higher than

the group feed restriction 40%. However, in the phase compensatory feeding, the group

40% feed restriction achieved higher weight gain rates, as results of the manifestation of

the partial compensatory growth, as any restricted group achieved the final weight

control group. In the feed restriction phase, it was observed that intake N, nitrogen

excreted in feces and urine, nitrogen balance, nitrogen retention and N-NH3 reduced by

the restriction level. In the re-alimentation phase any the variables in the nitrogen

balance were influenced. The feed restriction in 20% e 40% can be adopted as a practice

nutritional management for feed privation period a view the compensatory growth of

animals.

Keywords: Nitrogen, re-alimentation, serum concentration, weight, zebu

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INTRODUÇÃO

A utilização de raças zebuínas de duplo propósito, como é o caso da Sindi, ainda

é inexpressiva no Brasil. O pouco conhecimento técnico de produtores (que ainda usam

o empirismo em seus sistemas de criação), a carência de trabalhos científicos voltados

para esta região e a exploração de genótipos inadequados resultam em altos custos para

produzir e baixos preços de venda dos produtos, impedindo que a atividade tenha o

devido destaque no setor agropecuário.

A eficiência de utilização dos alimentos é considerada o principal fator

nutricional que afeta a rentabilidade das propriedades bovinas. Isso porque as perdas

resultantes do processo digestivo são e parte delas está relacionada ao processo de

digestão nos ruminantes, resultante do metabolismo ocorrente nos segmentos do trato

gastrintestinal e influenciado pela quantidade e qualidade do alimento consumido

(Miller & Wolin, 2001).

O crescimento compensatório é um fenômeno que ocorre com animais que, após

uma fase de restrição alimentar, com a retomada de níveis adequados, apresentam um

ritmo de crescimento de forma mais intensa. Ele está na dependência de uma série de

fatores e suas interações, o que justifica uma variabilidade muito grande na magnitude

da resposta animal frente aos períodos de restrição alimentar. Os estudos dos

mecanismos metabólicos e hormonais podem ajudar a compreendermos melhor os

processos metabólicos ocorridos quando submetemos animais a períodos de restrição e

realimentação (Hoch et al., 2003). Dessa forma, o conhecimento das concentrações

séricas, urinárias e ruminais dos nutrientes bem como o balanço da utilização dos

mesmos poderão esclarecer melhor a influência desses fatores e suas interações sobre a

manifestação do crescimento compensatório, principalmente quando se considera aos

fatores fisiológicos envolvidos.

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Nesse contexto, objetivou-se determinar o efeito de diferentes níveis de restrição

alimentar e da posterior realimentação em fêmeas Sindi pré-púberes.

MATERIAL E MÉTODOS

Local, duração e condições climáticas do experimento

O experimento foi conduzido de junho a outubro de 2008, na Estação

Experimental de Alagoinha-PB. A duração do experimento foi de 127 dias, sendo sete

dias para adaptação dos animais às dietas e as instalações, setenta dias de restrição

alimentar com base no consumo à vontade do grupo controle e 50 dias de

realimentação.

O clima da área, segundo a classificação de Köppen, é do tipo As' (quente e

úmido) com chuvas de outono-inverno. As características climáticas coletadas através

de uma mini estação meteorológica instalada nas baias experimentais durante o período

experimental apontaram temperaturas mínimas e máximas de 20,02 e 28,62ºC

respectivamente, temperatura média de 24,18ºC, umidade relativa do ar média de

62,26% e precipitação pluvial de 481,4 mm.

Animais, tratamentos e instalações

Foram utilizadas 18 fêmeas Sindi com idade média inicial na fase de restrição

alimentar de 21 meses e peso corporal médio de 211,7 kg. Após a restrição, iniciou-se a

fase de realimentação, onde os animais apresentaram peso inicial de 253,1 kg.

Os animais foram distribuídos em três grupos, com seis animais cada, de forma

que na fase de restrição foram gerados dois níveis de restrição alimentar em relação ao

grupo que se alimentava ad libitum, a saber: grupo 1 (Controle): fêmeas alimentadas

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com quantidade de matéria seca à atender 100% das exigências nutricionais para um

ganho de 700 g/dia, segundo NRC (1996); grupo 2: fêmeas alimentadas com quantidade

de matéria seca à atender 80 % das exigências nutricionais do grupo controle; grupo 3:

fêmeas alimentadas com quantidade de matéria seca à atender 60% das exigências

nutricionais do grupo controle; na fase de realimentação todos os animais receberam a

mesma dieta, à vontade.

Antes do início do experimento, os animais foram vermifugados, distribuídos

aleatoriamente de acordo com o nível de restrição e alojados em galpão, com baias

individuais com 7,5 m2, providas de comedouro e bebedouro.

Manejo alimentar e pesagem dos animais

O arraçoamento dos animais foi realizado a vontade no grupo controle, duas

vezes ao dia, às 7:00 e às 15:00 horas sendo 40% ofertado durante a manhã e 60%

durante a tarde com disponibilidade irrestrita de água. Os animais dos grupos 20% e

40% de restrição também foram alimentados nos mesmos horários e proporções. Para o

grupo controle, a quantidade de ração fornecida diariamente foi ajustada de acordo com

o consumo do dia anterior de modo que houvesse sobras em torno de 20% do total

fornecido, para que fosse garantido consumo à vontade.

Os ingredientes utilizados nas dietas (capim elefante, raiz de mandioca, farelo de

milho, farelo de soja, uréia e mistura mineral) foram processados e fornecidos na forma

de ração completa.

Foram coletadas amostras quinzenais representativas dos componentes da dieta

fornecida, sobras e fezes, sendo elaboradas amostras compostas da dieta e das sobras,

por animal e por período, que foram congeladas para análises posteriores.

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A composição química dos ingredientes encontra-se na Tabela 1 e a participação

dos ingredientes e composição química da dieta experimental de cada período com base

na matéria seca encontra-se na Tabela 2.

Tabela 1. Composição química dos ingredientes da dieta experimental, com base na

matéria seca, nos períodos de restrição alimentar e realimentação.

Restrição alimentar

Nutrientes (%) Capim elefante

Raiz de mandioca

Farelo de milho

Farelo de soja

Matéria seca (MS) 26,00 38,30 88,90 85,55 Matéria Mineral (MM) 11,06 3,20 2,36 6,91 Proteína bruta (PB) 6,15 3,83 12,19 45,23 Extrato etéreo (EE) 2,17 1,27 5,47 1,19 Fibra em detergente neutro (FDN) 71,23 17,98 16,36 14,84 Fibra em detergente neutro cp1 67,39 11,72 12,98 8,13 Fibra em detergente ácido (FDA) 42,55 9,74 8,07 8,29 Carboidratos não fibrosos (CNF) 13,23 79,98 67,00 38,54

Realimentação

Nutrientes (%) Capim elefante

Cana de Açúcar

Farelo de milho

Farelo de soja

Matéria seca (MS) 26,89 24,49 86,26 86,45 Matéria Mineral (MM) 10,98 4,56 1,45 6,84 Proteína bruta (PB) 4,11 3,93 10,13 44,41 Extrato etéreo (EE) 1,78 1,14 5,37 1,71 Fibra em detergente neutro (FDN) 78,65 58,06 13,55 14,82 Fibra em detergente neutro cp1 71,74 49,20 9,87 10,73 Fibra em detergente ácido (FDA) 49,26 37,33 4,54 9,99 Carboidratos não fibrosos (CNF) 11,39 41,17 73,18 36,31 1 Corrigida para cinzas e proteína

As determinações de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), nitrogênio total

(NT), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido

(FDA) foram realizadas segundo Silva & Queiroz (2002), sendo a proteína bruta (PB)

obtida pelo produto entre o teor de nitrogênio total e o fator 6,25. Os carboidratos não-

fibrosos (CNF) foram calculados de acordo com Weiss (1999), como: CNF (%) =100 –

(%FDNcp + %PB + %EE + %cinzas).

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Tabela 2. Participação dos ingredientes e composição química da dieta experimental

dos animais com base na matéria seca, nos períodos de restrição alimentar e

realimentação.

Ingredientes (%)

Restrição Alimentar Realimentação Capim elefante 28,00 17,70 Raiz de mandioca 35,31 - Cana de açúcar - 41,29 Farelo de milho 24,70 30,00 Farelo de soja 9,10 7,52 Uréia 1,28 1,49 Sal mineral 1,61 2,00 Composição química (%) Matéria seca 51,64 50,70 Matéria Mineral 5,43 4,77 Proteína bruta 13,82 12,93 Extrato etéreo 2,51 2,52 Fibra em detergente neutro 31,69 43,07 Fibra em detergente neutro cp1 26,95 36,78 Fibra em detergente ácido 18,10 26,24 Carboidratos não fibrosos 52,00 43,00 1 Corrigida para cinzas e proteína

Diariamente, foram registradas as quantidades dos alimentos fornecidos e das

sobras dos alimentos, para estimativa do consumo. Na fase de restrição, os animais

foram pesados individualmente, após jejum de sólidos de 14 horas, em intervalos de 15

dias. Na fase de realimentação, a pesagem foi realizada a cada 10 dias para avaliação do

Índice de Compensação, segundo metodologia de Wilson & Osbourn (1960) para

quantificar a intensidade da compensação do peso dos animais ao longo da

realimentação, de acordo com a Equação Índice = (A-B)/A, onde A corresponde ao peso

dos animais que não sofreram restrição durante parte do experimento e B aos grupos

que sofreram restrição (20 e 40% no caso deste experimento) em um período e logo

após foram realimentados.

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Coleta e processamento de amostras de sangue, fezes, urina e líquido ruminal

A cada duas semanas foram coletadas amostras de sangue, sempre na terceira

hora após a alimentação das novilhas, através da venipuncão da jugular externa,

utilizando-se tubos de ensaio de 10 mL sem anticoagulante para a obtenção de soro e

agulha esterilizada do tipo 10x25.

As amostras foram mantidas à temperatura ambiente e, aproximadamente três

horas após foram centrifugadas, por 10 minutos a 250 G para a obtenção do soro. Este

último foi aliquotado e armazenado à –20º C, em microtubos plásticos até que fossem

realizadas as análises bioquímicas.

As determinações bioquímicas sangüíneas foram realizadas com Kits

bioquímicos do tipo LABTEST® em espectrofotômetro de absorção de luz, marca

AMS® e com métodos colorimétricos: proteína total (Biureto), albumina (Verde de

bromocresol), uréia (Urease-Labtest), glicose (GOD-Trinder), colesterol (Enzimático-

Trinder), cálcio (azul de metiltimol), fósforo (azul de metiltimol), magnésio (magnésio

calmagita) e creatinina (picrato e acidificante).

Foram coletadas amostras spot de urina por micção espontânea no 60º dia

(restrição alimentar) e no 115º dia de experimento (realimentação), aproximadamente 4

horas após o fornecimento da alimentação da manhã e alíquotas de 10 mL foram

diluídas com 40 mL de H2SO4 a 0,036N. Estas amostras tiveram o pH ajustado para

valores inferiores a três para evitar destruição bacteriana das bases purinas urinárias e a

precipitação do ácido úrico. Posteriormente, foram armazenadas a -20oC até serem

submetidas à determinação de creatinina, uréia, alantoína e ácido úrico.

As análises de uréia e creatinina na urina foram feitas segundo os métodos

diacetil modificado e com uso de picrato e acidificante (Kit LABTEST®),

respectivamente, com uso de espectrofotômetro de absorção de luz. As análises de

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alantoína e ácido úrico foram realizados pelo método colorimétrico, conforme técnica

de Fujihara et al. (1987).

A partir da excreção média diária de creatinina, obtida no experimento em

mg/kg PV/dia, e da concentração de creatinina (mg/L) na amostra spot de urina, foi

estimado o volume diário de urina. Esse volume foi utilizado para calcular as excreções

estimadas diárias de uréia, alantoína e ácido úrico de cada animal.

O balanço de compostos nitrogenados foi obtido pela diferença entre o total de

nitrogênio ingerido e o total excretado nas fezes e na urina. As excreções diárias

estimadas de N-uréia na urina foram calculadas pelo produto das concentrações

urinárias de uréia pelo volume urinário estimado, multiplicado por 0,466

correspondente ao teor de N na uréia. Nas fezes foi realizada coleta total para

determinação das excreções diárias estimadas de N-uréia. A determinação do nitrogênio

total nas fezes e na urina foi realizada segundo metodologia descrita por Silva &

Queiroz (2002).

A excreção total de derivados de purina foi o resultado da soma das excreções

urinárias de alantoína e ácido úrico. A partir daí foram calculadas as purinas

microbianas absorvidas (X, mmol/dia), utilizando a seguinte equação (Verbic et al.,

1990): Y= 0,85X + 0,385PV0,75, em que 0,85 é a recuperação de purinas absorvidas

como derivados de purina na urina e 0,385PV0,75 representa a contribuição endógena

para a excreção de purinas.

O fluxo intestinal de compostos nitrogenados (N) microbianos (Y, gN/dia) foi

calculado em função das purinas absorvidas (X, mmol/dia), utilizando-se a equação: Y

= (70X)/(0,83 x 0,134 x 1000), em que 70 representa o conteúdo de N nas purinas

(mgN/mmol); 0,83, a digestibilidade das purinas microbianas; e 0,134, a relação N-

purina:N total nas bactérias (Valadares et al., 1999).

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As coletas de líquido ruminal para determinar as concentrações de N-NH3 foram

realizadas imediatamente antes do fornecimento da alimentação da manhã e 3 horas

após, por meio de sonda esofágica, aproximadamente, 50 mL de líquido ruminal e

filtrado em gaze. Adicionou-se, a cada amostra, 1 mL de solução de H2SO4 1:1, para

armazenamento a -5oC, determinando posteriormente as concentrações de Nitrogênio

Amoniacal (N-NH3). As concentrações de N-NH3 nas amostras do líquido ruminal

foram determinadas pelo Método de Kjeldahl mediante destilação com hidróxido de

potássio 2 N.

Delineamento Experimental

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três

tratamentos e seis repetições por tratamento, totalizando 18 parcelas. Para análise dos

metabólitos utilizou-se o esquema de análise em parcelas subdivididas no tempo, com

os níveis de restrição na parcela principal e o tempo de coleta nas parcelas secundárias.

Dessa forma, as variáveis referentes ao desempenho e produção de proteína microbiana

foram submetidas à análise de variância e teste de médias utilizando-se o procedimento

GLM, enquanto que as variáveis referentes às concentrações metabólicas séricas dos

nutrientes utilizou-se o procedimento MIXED, ambos do programa SAS (SAS, 2000).

Os modelos estatísticos podem ser representados como segue: Yij = µ + ri + eij, em que:

Yij = valor observado j do nível de restrição i; µ = média geral; ri = efeito do nível de

restrição i; eij = erro aleatório associado a cada observação. Para os metabólitos, em que

se considerou o tempo na sub-parcela o modelo pode ser descrito como: Yijk = µ + ri +

αij + tk + (rt)ik + eijk, em que: Yijk = = valor observado j do nível de restrição i no tempo

k; µ = média geral; ri = efeito do nível de restrição i; αij = efeito residual das parcelas,

caracterizado como erro (a); tk = efeito do nível k do tempo; (rt)ik = efeito da interação

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do nível de restrição i com o nível k do tempo; eijk = efeito residual das sub-parcelas,

caracterizado como erro (b). Na presença de efeito de tratamento, a comparação entre as

médias dos tratamentos foi realizada pelo teste de Tukey a uma significância de 5% para

todos os testes realizados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na fase de restrição alimentar, de maneira geral, o consumo de matéria seca

(CMS) e seus constituintes diminuiu com o aumento da restrição, independentemente da

unidade utilizada (Tabela 3). Esse menor consumo dos grupos submetidos à restrição

alimentar (20 e 40%, respectivamente) ocorreu pela menor quantidade de ração

fornecida, em que os animais tinham seu consumo regulado em função da MS ingerida

pelo grupo controle (consumo à vontade). Os consumos de proteína bruta (PB), fibra

detergente neutro (FDN), carboidratos não fibrosos (CNF) e matéria mineral (MM)

também decresceram, corroborando com os resultados encontrados por Cerdótes (2007)

em um experimento de restrição alimentar em bovinos da raça Nelore. Normalmente,

estes nutrientes refletem o mesmo comportamento verificado para a ingestão de MS, em

kg/dia (Silva et al., 2002), pois estas frações são constituintes da MS dos alimentos

O consumo dos animais foi inversamente proporcional à severidade da restrição,

ou seja, quanto maior o percentual de restrição, menor o consumo. Tolla et al. (2003)

também verificaram redução no consumo de alimento de acordo com a severidade da

restrição aplicada. Costa et al. (2007) utilizando novilhas Pardo-Suíças puras, com

cinco meses de idade e peso inicial de 200 kg, também detectaram menores consumos

de MS, FDN no período de restrição alimentar (1º ao 90º dia).

O resultado do CMS em função do peso vivo mostra que o consumo do grupo

20% está de acordo com o NRC (1996), que prevê um consumo de 2,5 a 2,9% do PV

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para fêmeas pré-púbere com média de 235 kg, entretanto, o consumo do grupo 40% de

restrição esteve abaixo do recomendado.

Tabela 3. Médias e coeficientes de variação dos consumos médios diários (kg/dia, %PV

e g/kg0,75) de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente

neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE),

carboidratos não fibrosos (CNF) e matéria mineral (MM) de fêmeas Sindi

pré-púbere submetidas a períodos de restrição alimentar e realimentação.

Restrição Alimentar

Consumo de Nutrientes Níveis de Restrição

CV% P 0 % 20 % 40 %

Matéria Seca (kg/dia) 8,18ª 6,13b 4,60c 12,40 <0,0001 Matéria Seca (%PV) 3,40ª 2,65b 2,09c 5,75 <0,0001 Matéria Seca (g/kg0,75) 133,85a 103,55b 80,69c 7,22 <0,0001 Proteína Bruta (kg/dia) 1,17ª 0,96b 0,79c 12,22 <0,0001 Proteína Bruta (%PV) 0,49ª 0,41b 0,33c 5,04 <0,0001 Proteína Bruta (g/kg0,75) 26,07a 25,27b 24,55c 6,66 <0,0001 Fibra detergente neutro (kg/dia) 3,12ª 2,52a 1,89b 12,87 <0,0001 Fibra detergente neutro (%PV) 1,29ª 1,09b 0,86c 6,74 <0,0001 Fibra Detergente Ácido (kg/dia) 1,23ª 1,11a 0,83b 12,25 <0,0001 Extrato Etéreo (kg/dia) 0,26ª 0,19b 0,14b 13,67 <0,0001 Carboidratos não fibrosos (kg/dia) 3,28ª 2,32b 1,73c 12,56 <0,0001 Matéria Mineral (kg/dia) 0,46ª 0,37b 0,28c 12,11 <0,0001

Realimentação Matéria Seca (kg/dia) 7,82 7,93 7,32 8,75 0,4762 Matéria Seca (%PV) 3,43 3,52 3,42 15,01 0,8234 Matéria Seca (g/kg0,75) 133,14 136,56 130,97 12,33 0,7739 Proteína Bruta (kg/dia) 1,01 1,03 0,99 6,57 0,4596 Proteína Bruta (%PV) 0,49 0,51 0,54 13,13 0,6117 Proteína Bruta (g/kg0,75) 19,02 20,03 20,70 10,44 0,5362 Fibra detergente neutro (kg/dia) 3,23 3,36 3,08 11,58 0,5769 Fibra detergente neutro (%PV) 1,42 1,49 1,44 16,71 0,8155 Fibra Detergente Ácido (kg/dia) 2,06 2,25 2,39 13,37 0,4526 Extrato Etéreo (kg/dia) 0,20 0,21 0,21 8,04 0,3437 Carboidratos não fibrosos (kg/dia) 3,79 3,74 3,52 5,51 0,2195 Matéria Mineral (kg/dia) 0,48 0,49 0,45 8,96 0,5411

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de Probabilidade (P >0,05);

O consumo de MS e PB do grupo alimentado à vontade esteve acima do

recomendado pelo NRC (1996). Isso ocorreu, provavelmente devido os animais estarem

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sendo superalimentados e que os animais do grupo 20% de restrição não terem sofrido

restrição.

Na fase de realimentação, não houve diferença (P>0,05) entre os grupos para os

consumos de nenhum dos nutrientes estudados e nenhuma das formas expressas,

ilustrando consistentemente as respostas compensatórias dos grupos anteriormente

restritos (20 e 40%) já que o suprimento de alimento foi semelhante entre os grupos, no

período de realimentação. A restrição poderá acarretar ou não em compensação de

ganho de peso e aumento no consumo alimentar, porém no período de realimentação os

animais irão retomar o consumo normal de nutrientes já que no caso do presente

experimento a restrição foi quantitativa. Tolla et al. (2003) e Costa et al. (2007) também

não verificaram aumento no consumo de nutrientes durante o ganho compensatório.

As variações ocorridas no consumo alimentar dos animais na fase de

realimentação estão, em parte, relacionadas com a gravidade em que ocorre a restrição

alimentar, mas também resulta de diferenças no desenvolvimento do aparelho digestivo

durante a restrição. Ryan et al. (1993) constataram que a diferença na quantidade

ingerida, entre animais realimentados e o grupos controle, varia de acordo com o tempo

e a severidade de restrição, podendo não haver diferença entre o consumo de nutrientes

dos grupos.

Na fase de restrição alimentar, as concentrações séricas de proteínas totais,

albumina, globulina, uréia, glicose, cálcio e fósforo apresentaram-se inversamente

proporcionais (P<0,05) à porcentagem de restrição (Tabela 4).

Tabela 4. Médias e coeficientes de variação das concentrações séricas de proteína

totais, albumina, uréia, globulinas, glicose, colesterol, cálcio, fósforo,

magnésio e creatinina de fêmeas Sindi pré-púbere submetidas a períodos de

restrição alimentar e realimentação.

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Restrição Alimentar

Variável Níveis de Restrição

CV% P 0% 20% 40%

Proteínas Totais (g/dl) 7,00a 5,76b 4,64c 16,86 <0,0001 Albumina (g/dl) 3,35a 2,89b 2,09c 11,31 <0,0001 Globulinas (g/dl) 3,65a 2,87b 2,55c 27,17 <0,0001 Uréia (mg/dl) 54,48a 49,56b 43,38c 12,68 <0,0001 Glicose (mg/dl) 60,00a 57,07b 54,01c 16,16 0,0002 Colesterol (mg/dl) 101,24 99,73 98,41 13,85 0,8223 Cálcio (mg/dl) 10,74a 9,51b 8,56c 10,53 <0,0001 Fósforo (mg/dl) 5,50a 4,94b 4,37c 10,55 <0,0001 Magnésio (mg/dl) 2,03 1,88 1,87 14,07 0,3714 Creatinina (mg/dl) 1,53 1,57 1,54 17,93 0,8750

Realimentação Proteínas Totais (g/dl) 7,08 6,90 6,76 3,71 0,1307 Albumina (g/dl) 3,47 3,56 3,36 8,82 0,5356 Globulinas (g/dl) 3,61 3,33 3,39 13,70 0,5813 Uréia (mg/dl) 52,45 53,31 55,11 7,69 0,1481 Glicose (mg/dl) 61,65 60,51 60,31 12,20 0,3779 Colesterol (mg/dl) 101,96 95,55 101,85 11,91 0,6179 Cálcio (mg/dl) 10,86 10,61 10,25 6,66 0,2141 Fósforo (mg/dl) 5,40 5,56 5,34 6,94 0,2416 Magnésio (mg/dl) 1,96 2,20 2,33 8,81 0,1472 Creatinina (mg/dl) 1,40 1,53 1,48 20,31 0,7421

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de Probabilidade (P >0,05);

Observou-se que a restrição imposta aos animais provocou redução (P<0,05) do

consumo de MS e como conseqüência de outros nutrientes (FDN, FDA, PB, EE, CNF,

MM). A deficiência de um ou mais nutrientes na alimentação pode ser refletida e

monitorada através das concentrações séricas dos nutrientes. Os desequilíbrios

provocados entre os nutrientes que ingressam no organismo animal, sua

biotransformação e a eliminação das substâncias resultantes podem ocasionar alterações

no metabolismo animal. Quando esses desequilíbrios são de curta duração e não são

muito severos, o metabolismo pode compensar utilizando as reservas corporais, como

ocorreu no presente experimento. Se for mais grave, o animal pode esgotar suas

reservas corporais, não havendo compensação metabólica (Wittwer, 2000; Ford & Park,

2001).

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Entre as possíveis alterações provocadas pela redução do consumo alimentar

está a diminuição do ácido propiônico no tecido hepático provocando mudança da

neoglicogênese pela utilização de glicerol, lactato, alguns aminoácidos e conseqüente

diminuição na glicemia dos animais. Nesta fase, os ácidos graxos não esterificados

podem se tornar a principal fonte de energia do organismo (Yambayamba et al., 1996).

Assim como neste experimento, Hoch et al. (2003) também detectaram

diminuição do nível de glicose quando o tempo de restrição prolongou-se. Com a

redução da glicose sérica, os animais mobilizam ácidos graxos do tecido gorduroso

durante a restrição alimentar, permitindo, que o uso de proteína e energia seja poupado.

Porém, caso o animal seja submetido à severa e gradual deficiência de energia, existirá

grande mobilização de proteína muscular na tentativa de manter a homeostase

energética, e em especial do teor de glicose sangüínea. Neste caso o animal deixa de

depositar tecido muscular o que inibe o seu desenvolvimento. No presente experimento,

em nenhum momento, os animais deixaram de ganhar peso, o que nos permite concluir,

analisando em conjunto com o consumo que os níveis de restrição adotados não foram

severos. Assim que submetidos à realimentação, os animais recuperaram seus valores

séricos protéicos e de glicose. Hoch et al. (2003) também detectaram que a

concentração de uréia e glicose do plasma recuperam seus valores após poucas semana

de realimentação.

O comportamento sérico da uréia acompanhou os resultados encontrados por

Herdt (2000), visto que é reconhecido que o oferecimento de dietas com baixos teores

de proteína bruta provoca queda significativa nas concentrações séricas de uréia, o que

demonstra a importância dos teores de uréia como indicador do status protéico.

O aumento na concentração de uréia (P<0,05) observado desde o período de

restrição até o período de ganho compensatório refletiu em aumento da síntese hepática

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resultante do nitrogênio microbiano aumentado pela produção no rúmen em

consequência do maior aporte de aminoácido no fígado e de origem alimentar

(Huntington et al., 2004). O aumento da concentração de glicose depois da

realimentação ocorreu, provavelmente, como resultado de uma produção ruminal mais

alta de ácido propiônico, associado à maior concentração da entrada de nutrientes.

As concentrações séricas de cálcio e fósforo reduziram (P<0,05) com a restrição

alimentar. Como a dieta era formulada com níveis corretamente correlacionados para

evitar antagonismo, a causa da redução dos níveis séricos foi a diminuição na ingestão

dos minerais devido a restrição, já que houve uma redução significativa (P<0,05) do

consumo de matéria mineral influenciada pelo nível de restrição. A deficiência

prolongada destes dois minerais poderá acarretar em diminuição do tamanho corpóreo

do animal como também comprometer o início da vida reprodutiva. Além disso, a

diminuição na concentração destes minerais pode diminuir a digestibilidade ruminal da

matéria orgânica e da parede celular da forragem consumida (Taylor et al., 2008).

Deve-se observar que o controle do metabolismo do fósforo está associado ao do

cálcio e que uma forte relação deve ser mantida para o controle da homeostase destes

dois elementos. De acordo com os valores de cálcio e fósforo observados neste

experimento, a relação cálcio:fósforo obtida nos grupos ficaram entre 1,9:1 e 2,2:1

respectivamente, e demonstram uma adequada proporção desses minerais para a idade

(Mcdowell, 1999).

Não houve diferença (P>0,05) entre os grupos (0, 20 e 40%) nas concentrações

de colesterol, magnésio e creatinina em nenhuma das fases experimentais. Os valores

destes nutrientes para todos os tratamentos permaneceram praticamente constantes. Os

dados aqui apresentados indicam que, durante todo o período experimental, o balanço

de colesterol e magnésio foi adequado (Taylor et al., 2008; Bezerra, 2006).

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Para Hoch et al. (2003), as adaptações do metabolismo energético e protéico

permitem que o animal possa fazer melhor uso dos alimentos o que é mais raro e

conservar isto na fase inicial da realimentação, o que torna o organismo mais eficaz para

usar nutrientes. Os processos de melhor utilização dos nutrientes, dependentes da

ingestão alimentar, são regulados pelos hormônios insulina, imunoglobulinas e

hormônio do crescimento, resultando em menor requerimento energético e síntese de

proteína muscular. Como consequência destes eventos pode haver diminuição do

crescimento e do ganho de peso como também comprometimento do início da vida

reprodutiva. Ou ainda, quando o desequilíbrio provocado pela ausência de algum

nutriente é severo ou moderado e persistente, o animal esgota suas reservas corporais e

ocorre a doença. No presente experimento, os animais suportaram bem o período de

restrição e não foi observada presença de transtornos metabólicos nos animais bem

como animais em estado patológico.

Houve influência da severidade da restrição (P<0,05) no peso final e ganho de

peso médio diário dos animais (Tabela 5). Os grupos controle e submetido a 20%

tiveram peso final superior ao grupo 40% de restrição. A restrição em 20% do ofertado

não influenciou (P>0,05) o peso final e o ganho de peso diário dos animais se

comparados com os animais alimentados à vontade, assim como ocorreu com o

consumo de matéria seca. Apesar da alimentação restrita em 20%, os animais

apresentaram taxas de ganho dentro dos níveis nutricionais recomendados pelo NRC

(1996).

Tabela 5. Médias e coeficientes de variação do peso inicial (kg/dia), peso final (kg/dia),

ganho de peso médio diário (kg/dia), eficiência alimentar, conversão

alimentar e índice de compensação (%) em peso vivo e em peso0,75 de

fêmeas Sindi pré-púbere submetidas à períodos de restrição alimentar e

realimentação.

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Restrição alimentar

Variável Níveis de Restrição

CV% P 0 % 20 % 40 %

Peso Inicial (kg/dia) 211,33 214,67 207,50 8,46 0,3552 Peso Final (kg/dia) 264,90a 253,13a 233,27b 11,58 0,0319 Ganho de Peso Médio Diário (kg/dia) 0,699a 0,616a 0,460b 16,59 0,0463 Conversão Alimentar1 11,70a 9,95b 10,00b 14,95 0,0119

Realimentação Peso Final (kg/dia) 289,60a 283,53a 267,60b 10,83 0,0416 Ganho de Peso Médio Diário (kg/dia) 0,598b 0,608ab 0,686a 14,64 0,0219 Conversão Alimentar1 15,95b 13,04b 10,06a 26,17 0,0251 Compensação em Peso Vivo (%) - 98 93 8,37 0,5667 Compensação em Peso 0,75 (%) - 99 94 7,54 0,6754

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de Probabilidade (P >0,05); 1CA em kg MS/kg GPD.

O grupo controle chegou ao final da fase de restrição com um peso 12% acima

do peso final dos animais que recebiam uma alimentação restrita em 40%. Tanto o

grupo controle como o 20% de restrição apresentaram ganho de peso médio

significativamente maior (P<0,05) que o grupo que recebia 40% a menos de alimento

(%MS). O ganho de peso médio dos animais do grupo controle foi em torno de 35%

superior ao grupo que possuía a alimentação restrita em 40%.

Segundo Wilson & Osbourn (1960), o crescimento de um animal pode ser

retardado se um nutriente qualquer da dieta faltar e, principalmente, se energia e

proteína estiverem limitando o ganho em peso. O menor consumo de nutrientes

observado neste experimento refletiu na diminuição dos teores séricos das proteínas e da

glicose, o que provavelmente acarretou em menores ganhos de peso e peso final dos

animais em que a restrição foi mais severa, já que consumos superiores aquele de

mantença, disponibilizam mais nutrientes para a deposição de tecidos, ou seja, a

proporção de nutrientes utilizados para mantença por conseqüência é menor.

Hoch et al. (2003) relatam que animais carentes ganham menos peso porque

reduzem suas exigências nutricionais basais a fim de diminuir suas taxas metabólicas e

tentando economizar nitrogênio, utilizando-a intensamente para produção de energia, o

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que poderia ser explicado pela diminuição no volume sérico de proteínas nos bovinos

submetidos à restrição.

Na fase de realimentação, o ganho de peso médio diário dos animais submetidos

à 40% de restrição foi superior (P<0,05) ao grupo controle, e ambos os grupos não

diferiram (P>0,05) do grupo 20% de restrição. O peso final do grupo controle não

diferiu (P>0,05) dos animais que foram submetidos a 20% de restrição, e ambos os

grupos tiveram peso final superior (P<0,05) ao do grupo 40%. Isto ocorreu devido à

eficiência do grupo 40% em converter MS e energia consumida em ganho de peso

durante a realimentação, o que pode ter sido conseqüência da diluição das exigências de

mantença (Hoch et al., 2003).

Ryan et al. (1993) submeteram novilhos da raça Hereford com média de idade

de 9-10 meses, a um período de restrição alimentar de 89 dias. Durante este período os

novilhos perderam cerca de 20% do peso ou o equivalente a 41kg de perda em relação

ao peso inicial. Mas, ao final de 11 meses os bovinos conseguiram obter totalmente o

peso perdido, de forma que, ao final do experimento, não houve diferença significativa

entre os grupos comprovando o efeito compensatório.

Apesar do maior ganho de peso, os animais submetidos a 40% de restrição

chegaram ao final do experimento com o menor peso vivo. Analisando o índice de

compensação, pode-se observar que todos os grupos experimentais apresentaram

compensação entre 93 e 99%, não tendo havido diferença (P>0,05) entre os níveis de

restrição. Ambos os grupos (20 e 40%) apresentaram elevadas taxas de compensação.

Segundo Ryan (1990) a compensação pode ser completa, onde a taxa de ganho

superior do crescimento compensatório consegue compensar plenamente o menor

desempenho do período de restrição, ou compensação parcial, onde as taxas mais

elevadas de ganho da compensação não são suficientes para recuperar o que deixou de

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ser ganho no período de restrição. No caso deste experimento pôde-se observar que

nenhum animal atingiu o valor de 100% que corresponderia à compensação total.

Observa-se que o grupo submetido à restrição em 20% esteve mais próximo da

compensação total, apesar de não haver diferença significativa (P>0,05) entre os grupos.

As dietas utilizadas neste experimento foram baseadas no NRC (1996), porém

acredita-se que animais zebuínos de dupla função possuem um sistema de partição de

nutrientes diferente e isso pode ser observado quando analisamos os resultados

encontrados neste experimento, onde apesar de aplicada uma restrição de 20% os

animais chegaram ao final do experimento com um peso semelhante, assim como, um

ganho de peso semelhante (P>0,05) ao do grupo controle que tinha suas necessidades

atendidas para um ganho de 700 g/dia.

A conversão alimentar na fase de restrição foi maior (P<0,05) no grupo controle

e não diferiu (P>0,05) entres os grupos submetidos à restrição. Na fase de

realimentação, o grupo 40% de restrição apresentou melhor (P>0,05) conversão

alimentar, que é um reflexo do ganho compensatório. Poucos são os resultados

referentes à aplicação de restrição alimentar e os resultados obtidos neste ensaio

indicam bons valores de conversão alimentar para todos os grupos, pois mesmo o

tratamento onde se foi aplicada a maior restrição (40%), apresentou médias semelhantes

às encontradas por outros autores que trabalharam com animais zebuínos (Mendes et al.,

2005; Seixas et al., 2006).

O consumo, as excreções urinária e fecal, o balanço de nitrogênio, o nitrogênio

retido, o nitrogênio microbiano e o nitrogênio amoniacal antes da alimentação foram

influenciados (P<0,05) pelos níveis de restrição adotados (Tabela 6).

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Tabela 6. Médias e coeficiente de variação do nitrogênio (N) ingerido, nitrogênio (N)

excretado na urina, nitrogênio (N) excretado nas fezes, balanço de nitrogênio

(N), estimativa da produção dos compostos nitrogenados microbianos (Nmic)

e N-NH3 (0 e 3h) de fêmeas Sindi pré-pubere em função dos níveis de

restrição e da posterior realimentação.

Restrição alimentar

Variáveis Níveis de Restrição

CV% P 0% 20% 40%

N ingerido (g/dia) 731,25a 600,00b 493,75c 8,34 0,0123 N urinário (g/dia) 80,43a 53,40b 38,01c 22,67 0,0446 N fecal (g/dia) 348,07a 283,80b 219,22c 17,25 0,0234 Balanço N (g/dia) 302,75a 262,80b 236,52c 20,45 0,0269 % nitrogênio retido1 41,40b 43,80b 47,90a 10.21 0,0340 N mic (g/dia) 269,44a 199,37b 172,56c 6,58 0,0001 N-NH3 0h (mg/100ml) 6,66a 4,54a 3,61b 22,04 0,0127 N-NH3 3h (mg/100ml) 8,35a 6,79b 6,41b 23,53 0,0256

Realimentação N ingerido (g/dia) 631,25 643,50 618,75 6,70 0,5709 N urinário (g/dia) 117,41 122,26 113,23 24,17 0,2956 N fecal (g/dia) 328,45 310,81 306,90 17,22 0,8131 Balanço N (g/dia) 185,39 210,43 198,62 18,66 0,9888 % nitrogênio retido1 29,36 32,70 32,10 11,46 0,7394 N mic (g/dia) 288,42 297,20 289,94 3,14 0,0544 N-NH3 0h (mg/100ml) 5,68 5,53 5,56 27,92 0,1161 N-NH3 3h (mg/100ml) 9,38a 8,64a 6,71b 29,03 0,2406

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de Probabilidade (P >0,05); 1Balanço de N/Ingestão de nitrogênio

O consumo de nitrogênio decresceu (P<0,05) influenciado pelo menor consumo

de proteína bruta dos grupos submetidos à restrição alimentar. A diminuição no

consumo de matéria seca e nitrogênio podem influenciar negativamente os fluxos de

nitrogênio dietético e microbiano (Yan et al. 2007). A excreção de nitrogênio na urina e

nas fezes foi maior (P<0,05) nos animais alimentados à vontade e diminuiu com a

intensidade da restrição, fato relacionado à magnitude do consumo de nitrogênio.

A excreção urinária média de nitrogênio do grupo controle em relação ao

respectivo consumo médio totalizou 11% do consumido. Já os grupos 20 e 40% a

excreção urinária em relação ao consumo totalizaram 8,9 e 7,7%, respectivamente.

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Observa-se uma diminuição do percentual de excreção urinária em relação ao

consumido. Pereira et al. (2007) detectaram excreções urinária (8,65%) de nitrogênio

em relação ao consumido por bovinos semelhantes aos encontrados neste experimento.

Para Yan et al. (2007), a excreção de nitrogênio na urina e nas fezes está

diretamente relacionada à concentração de proteína bruta na dieta e a ingestão de

nitrogênio pelo animal e uma das estratégias mais efetivas para reduzir a excreção de

nitrogênio é manipular a sua concentração dietética. Dessa forma a restrição alimentar

pode ser uma ferramenta eficiente para reduzir a eliminação de nitrogênio pelas fezes e

urina, desde que não prejudique o desempenho do animal.

O balanço de nitrogênio também foi influenciado (P<0,05) pelos níveis de

restrição, onde os grupos sem restrição, 20% e 40% apresentaram valores médios de

302,75; 262,80 e 236,52g/dia respectivamente, o que está relacionado ao aumento no

consumo de nitrogênio e nas excreções de nitrogênio nas fezes e na urina.

A porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio consumido

também foi influenciada (P<0,05) pelas dietas, em que o grupo mais restrito apresentou

maior retenção de nitrogênio em relação aos grupos controle e 20%, que não diferiram

entre si. O balanço de nitrogênio positivo também é um indicativo que houve retenção

de proteína no organismo animal, proporcionando condições para que não ocorresse

perda de peso dos animais experimentais (Zanton & Heinrichs, 2008). A retenção de

proteína no organismo animal proporciona condições para ganho de peso dos animais,

contando-se com os requerimentos de energia satisfeitos. Taylor-Edwards et al. (2009),

Pereira et al. (2007) e Valkeners et al. (2004) verificaram que a maior ingestão de

compostos nitrogenados resultou em maior retenção de N no organismo animal.

Na fase de restrição, observou-se diminuição na produção de N-microbiano em

função dos níveis de restrição (P<0,05), em que o maior nível de restrição (40%)

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apresentou as menores médias (P<0,05). Esse resultado pode estar relacionado ao fato

de os animais terem apresentado comportamento similar para o consumo de MS (em

kg/dia), conforme descrito por Yan et al. (2007). Desse modo, os animais que

consumiram mais nutrientes apresentaram maior síntese ruminal de microrganismos. De

acordo com Valkeners et al. (2004), o nitrogênio retido no rúmen desempenha

importante papel pois torna-se disponível para os microorganismos e permite para a

contínua sincronização de nitrogênio e energia como substrato.

O balanceamento entre o suprimento de nitrogênio e energia para os

microrganismos ruminais tem sido proposto como mecanismo para aumentar a captura

do nitrogênio ruminalmente degradável e melhorar o crescimento microbiano (Pereira et

al., 2007). Portanto, uma maior disponibilidade de nutrientes, conseqüente de uma

maior ingestão também promove uma maior eficiência na síntese de proteína

microbiana, melhorando com isso o desempenho dos animais. Desse modo, aqueles

animais que consumiram mais nutrientes (grupo controle) apresentaram maior síntese

ruminal de microrganismos.

Na fase de realimentação, não houve efeito (P>0,05) dos níveis de restrição nas

variáveis analisadas no balanço de nitrogênio. A excreção urinária média de N em

relação ao respectivo consumo médio totalizou 18,6; 19 e 18,3% do consumido pelos

grupos controle, 20 e 40%, respectivamente. Isto era esperado já que os animais

consumiam a mesma dieta nessa fase. Ruiz et al. (2002) também observaram excreção

urinária e fecal em torno de 15 e 49% respectivamente.

As concentrações de nitrogênio amoniacal (N-NH3) do líquido ruminal antes

(0h) e após (3h) a alimentação foram influenciadas (P<0,05) pelos níveis de restrição

utilizados. Os animais do grupo restrito em 40% da alimentação apresentaram

concentrações de N-NH3ruminal (0h) inferiores (P<0,05) às concentrações dos grupos

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controle e 20% que não diferiram entre si. Já três horas após a alimentação, os grupos

submetidos à restrição apresentaram concentrações inferiores às do grupo controle. Os

grupos submetidos à restrição apresentaram valores abaixo de 5 mg N-NH3/100 mL de

líquido ruminal, que é mencionado como valor mínimo para que a concentração de N-

NH3 não fosse limitante para o crescimento microbiano. Esta redução ocorreu pela

menor oferta de alimento o que pode ter reduzido o transito de alimento, taxa de

passagem e até pico de nitrogênio ruminal.

Na fase de realimentação não houve diferença (P>0,05) entre os grupos para

valores de N-NH3 no líquido ruminal. Firkins et al. (2007) afirmaram que a

concentração do N-NH3 ruminal é um preditor da eficiência de conversão de nitrogênio

dietético em nitrogênio microbiano, estando ainda correlacionado com a concentração

de uréia sérica.

A aplicação da restrição alimentar diminuiu a ingestão de alimento e

consequentemente os níveis séricos de nutrientes e a disponibilidade de nitrogênio

amoniacal, porém não prejudicou microflora microbiana, apesar de ter resultado em

redução no desempenho do animal.

CONCLUSÕES

Apesar da restrição alimentar em 20%, as novilhas Sindi mantiveram o consumo

de matéria seca segundo o recomendado pelo NRC (1996), não reduzindo o ganho de

peso diário e o peso final em relação aos animais alimentados à vontade. Já as fêmeas

submetidas a 40% de restrição obtiveram melhor conversão alimentar e maior ganho de

peso no período de realimentação. Portanto, ambos os níveis de restrição (20 e 40%)

podem ser adotados como prática de manejo nutricional de fêmeas jovens Sindi

propiciando aos animais elevada compensação parcial.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO III _____________________________________________________

Restrição Alimentar e Ganho Compensatório em Fêmeas Guzerá Pré-Púbere

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Restrição Alimentar e Ganho Compensatório de Fêmeas Guzerá Pré-Púbere

RESUMO

O estudo foi conduzido para determinar o efeito de diferentes níveis de restrição

alimentar e da posterior realimentação em fêmeas Guzer pré-púberes. Foram utilizados

18 animais Guzerá, com idade inicial de 21 meses e peso médio de 268,1 kg,

distribuídas em três grupos segundo o regime alimentar: alimentação ad libitum durante

todo experimento; alimentação restrita em 20% da matéria seca na fase de restrição

alimentar e ração ad libitum na fase de realimentação; e alimentação restrita em 40% da

matéria seca na fase de restrição alimentar e ração ad libitum na fase de realimentação.

Na fase de restrição alimentar, o consumo de matéria seca decresceu com o aumento do

nível de restrição, influenciando a redução do consumo dos outros nutrientes. Na fase de

realimentação, o grupo 40% de restrição consumiu mais matéria seca (% PV) e proteína

bruta (peso0,75) que o grupos alimentado ad libitum. As concentrações séricas de

proteínas totais, albumina, globulina, uréia, glicose, cálcio e fósforo apresentaram-se

inversamente proporcionais ao nível de restrição. Não houve diferença as concentrações

dos nutrientes na fase de realimentação. Na fase de restrição, à medida que se aumentou

o nível de restrição, reduziu-se o peso final dos animais, porém o ganho de peso médio

diário dos animais do grupo controle não deferiu dos animais que recebiam alimentação

restrita em 20% e foi maior que o grupo restrito em 40%. Na fase de realimentação, o

grupo 40% de restrição obteve a maior taxa de ganho, diferindo dos grupos controle e

20%. Em ambas as fases, os animais do grupo submetido a 40% de restrição obtiveram

maior conversão alimentar, diferindo estatisticamente do grupo controle. No período de

restrição alimentar, o nitrogênio ingerido, excretado na urina e nas fezes, o balanço de

nitrogênio, o nitrogênio retido e o N-NH3 decresceram com os níveis de restrição

adotados. Na fase de realimentação nenhuma das variáveis foram influenciadas. A

restrição alimentar em 40% pode ser adotada como prática de manejo nutricional de

fêmeas jovens Guzerá em períodos de escassez de alimento, seguido de ganho

compensatório.

Palavras-chave: Ganho compensatório, metabólitos, nitrogênio, nutrição, zebu

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Feed Restriction and Compensatory Growth in Guzerá Females before Puberty

ABSTRACT

This research was developed to evaluate the effect different levels restricting feed and

of the subsequent re-alimentation periods in Guzerá females. Eighteen females with

initial age 21 months and mean weight 211.7 kg were distributed into three groups

according to the alimentary regime com six animals for group: feed ad libitum during

total experiment; restricted feed 20% of the dry matter in the phase restricting feed

intake and ration ad libitum in the phase re-alimentation; group 3 - restricted feed 40%

of the dry matter in the phase restricting feed intake and ration ad libitum in the phase

re-alimentation. In the phase restricting feed, the dry mater intake decreased with the

increase of the restriction levels, influencing the reduction in intake of other nutrients.

In the phase re-alimentation, the 40% restricted feed group intake more dry matter

(%BW) and crud protein (weight0,75) that the group ad libitum fed. The serum

concentrations of total proteins, albumin, globulin, urea, glucose, calcium and

phosphorus were inversely proportional at the level of restriction. There was no

difference in serum concentrations nutrients in the phase re-alimentation. In the phase

restricting feed, as increased the restriction level the final live weight was reduced, and

the weight gain mean daily in the control group there was no difference in the animals

20% feed restriction and was higher than the group feed restriction 40%. In the phase

compensatory feed, the group 40% feed restriction achieved higher weight gain rates,

statistically differing of the control and 20% groups. In both phase, the animals group

40% feed restriction presented better feeding convection differed in the control group.

In the feed restriction phase, it was observed that intake N, nitrogen excreted in feces

and urine, nitrogen balance, nitrogen retention and N-NH3 reduced by the restriction

level. In the re-alimentation phase any the variables were influenced. The feed

restriction in 40% can be adopted as a practice nutritional management for feed

privation period a view the compensatory growth of animals.

Keywords: Compensatory growth, metabolites, nitrogen, nutrition, zebu

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INTRODUÇÃO

A utilização de raças tropicais de dupla função para a produção tanto de leite

quanto carne, tem contribuído para a sustentabilidade da pecuária nas regiões semi-

árida, já que estes são animais mais resistentes a problemas comuns na cadeia produtiva

da bovinocultura. Apesar do enfoque na produção de carne ter sido a tônica nos

primórdios do zebu, a raça Guzerá, em particular, no Brasil, desde o início deste século,

possui relatos de animais com produção leiteira elevada (Melo & Penna, 2000).

A criação de bovinos na região Nordeste impõe aos animais, em estado natural,

experimentar períodos alternados de abundância e escassez de alimentos, muitas vezes

como consequência da quantidade de forragem disponível e até da qualidade do

alimento fornecido. Aliado a isso, a eficiência de utilização dos alimentos é um dos

principais fatores nutricionais a afetar a rentabilidade das propriedades pecuárias, já que

as perdas resultantes do processo digestivo são expressivas.

Diversos experimentos demonstram que animais submetidos à restrição

alimentar, quando o alimento volta a ser disponível em quantidade suficiente, suas taxas

de crescimento tornam-se mais aceleradas e excedem aquelas dos animais que vinham

sendo bem alimentados durante o mesmo período, devido a um impulso fisiológico

denominado ganho compensatório (Almeida et al., 2001; Hoch et al., 2003). Todavia,

quando isto acontece com fêmeas, é desejável que a quantidade oferecida para atingir o

melhor ganho de peso não cause danos de ordem reprodutiva, reduzindo os custos com

alimentação sem prejudicar a fêmea. Para isso, é importante se fazer o acompanhamento

metabólico destes animais a fim de reduzir estes problemas. Nesse sentido, a dosagem

das concentrações séricas dos nutrientes é uma ferramenta eficiente, já que o sangue

reflete bem o estado nutricional dos animais.

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Objetivou-se determinar o efeito de diferentes níveis de restrição alimentar e da

posterior realimentação em fêmeas Guzerá pré-púberes.

MATERIAL E MÉTODOS

Local, duração e condições climáticas do experimento

O experimento foi conduzido no período de junho a outubro de 2008, na Estação

Experimental de Alagoinha-PB. A duração do experimento foi de 127 dias, sendo sete

dias para adaptação dos animais às dietas e as instalações, setenta dias de restrição

alimentar e 50 dias de realimentação.

O clima da área, segundo a classificação de Köppen, é do tipo As' (quente e

úmido) com chuvas de outono-inverno. As características climáticas coletadas com o

auxilio de uma mini estação meteorológica instalada nas baias experimentais durante o

período experimental apontaram temperaturas mínimas e máximas de 20,02 e 28,62ºC

respectivamente, temperatura média 24,18ºC, umidade relativa do ar média de 62,26% e

precipitação pluvial de 481,4 mm.

Animais, tratamentos e instalações

Foram utilizadas 18 fêmeas da raça Guzerá com idade média inicial na fase de

restrição alimentar de 21 meses e peso corporal de 268,17 kg. Após a restrição, iniciou-

se a fase de realimentação, com os animais apresentando peso inicial médio de 316,0

kg.

Os animais foram distribuídos em três grupos, com seis animais, de forma que

na fase de restrição alimentar foram gerados dois níveis de restrição em relação ao

grupo que se alimentava ad libitum, a saber: grupo 1 (Controle): as novilhas eram

alimentadas com quantidade de matéria seca à atender 100% das exigências nutricionais

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para um ganho de 700 g/dia, segundo NRC (1996); grupo 2: as novilhas eram

alimentadas com quantidade de matéria seca à atender 80% das exigências nutricionais

do grupo controle; grupo 3: as novilhas eram alimentadas com quantidade de matéria

seca à atender 60% das exigências nutricionais do grupo controle; na fase de

realimentação todos os animais receberam a mesma dieta.

Antes do início do experimento, as fêmeas foram vermifugadas, distribuídas

aleatoriamente de acordo com o nível de restrição e alojadas em galpão, com baias

individuais com 7,5 m2, providas de comedouro e bebedouro.

Manejo alimentar e pesagem dos animais

O arraçoamento dos animais foi realizado a vontade no grupo controle, duas

vezes ao dia, às 7:00 e às 15:00 horas sendo 40% ofertado durante a manhã e 60%

durante a tarde com disponibilidade irrestrita de água. Os animais dos grupos 20% e

40% de restrição também foram alimentados nos mesmos horários e proporções. Para o

grupo controle, a quantidade de ração fornecida diariamente foi ajustada de acordo com

o consumo do dia anterior de modo que houvesse sobras em torno de 20% do total

fornecido, para que fosse garantido consumo à vontade.

Os ingredientes utilizados nas dietas (capim elefante, raiz de mandioca, farelo de

milho, farelo de soja, uréia e mistura mineral) foram processados e fornecidos na forma

de ração completa.

Foram coletadas amostras quinzenais representativas dos componentes da dieta

fornecida, sobras e fezes, sendo elaboradas amostras compostas da dieta e das sobras,

por animal e por período, que foram congeladas para análises posteriores.

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A composição química dos ingredientes encontra-se na Tabela 1 e a participação

dos ingredientes e composição química da dieta experimental de cada período com base

na matéria seca encontra-se na Tabela 2.

Tabela 1. Composição química dos ingredientes da dieta experimental, com base na

matéria seca, nos períodos de restrição alimentar e realimentação.

Restrição alimentar

Nutrientes (%) Capim elefante

Raiz de mandioca

Farelo de milho

Farelo de soja

Matéria seca (MS) 26,00 38,30 88,90 85,55 Matéria Mineral (MM) 11,06 3,20 2,36 6,91 Proteína bruta (PB) 6,15 3,83 12,19 45,23 Extrato etéreo (EE) 2,17 1,27 5,47 1,19 Fibra em detergente neutro (FDN) 71,23 17,98 16,36 14,84 Fibra em detergente neutro cp1 67,39 11,72 12,98 8,13 Fibra em detergente ácido (FDA) 42,55 9,74 8,07 8,29 Carboidratos não fibrosos (CNF) 13,23 79,98 67,00 38,54

Realimentação

Nutrientes (%) Capim elefante

Cana de Açúcar

Farelo de milho

Farelo de soja

Matéria seca (MS) 26,89 24,49 86,26 86,45 Matéria Mineral (MM) 10,98 4,56 1,45 6,84 Proteína bruta (PB) 4,11 3,93 10,13 44,41 Extrato etéreo (EE) 1,78 1,14 5,37 1,71 Fibra em detergente neutro (FDN) 78,65 58,06 13,55 14,82 Fibra em detergente neutro cp1 71,74 49,20 9,87 10,73 Fibra em detergente ácido (FDA) 49,26 37,33 4,54 9,99 Carboidratos não fibrosos (CNF) 11,39 41,17 73,18 36,31 1 Corrigida para cinzas e proteína

As determinações de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), nitrogênio total

(NT), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido

(FDA) foram realizadas segundo Silva & Queiroz (2002), sendo a proteína bruta (PB)

obtida pelo produto entre o teor de nitrogênio total e o fator 6,25. Os carboidratos não-

fibrosos (CNF) foram calculados de acordo com Weiss (1999), como: CNF (%) =100 –

(%FDNcp + %PB + %EE + %cinzas).

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Tabela 2. Participação dos ingredientes e composição química da dieta experimental

dos animais com base na matéria seca, nos períodos de restrição alimentar e

realimentação.

Ingredientes (%)

Restrição Alimentar Realimentação Capim elefante 28,00 17,70 Raiz de mandioca 35,31 - Cana de açúcar - 41,29 Farelo de milho 24,70 30,00 Farelo de soja 9,10 7,52 Uréia 1,28 1,49 Sal mineral 1,61 2,00 Composição química (%) Matéria seca 51,64 50,70 Matéria Mineral 5,43 4,77 Proteína bruta 13,82 12,93 Extrato etéreo 2,51 2,52 Fibra em detergente neutro 31,69 43,07 Fibra em detergente neutro cp1 26,95 36,78 Fibra em detergente ácido 18,10 26,24 Carboidratos não fibrosos 52,00 43,00 1 Corrigida para cinzas e proteína

Diariamente, foram registradas as quantidades dos alimentos fornecidos e das

sobras dos alimentos, para estimativa do consumo. Na fase de restrição, os animais

foram pesados individualmente, após jejum de sólidos de 14 horas, em intervalos de 15

dias. Na fase de realimentação, a pesagem foi realizada a cada 10 dias para avaliação do

Índice de Compensação, segundo metodologia de Wilson & Osbourn (1960) para

quantificar a intensidade da compensação do peso dos animais ao longo da

realimentação, de acordo com a Equação Índice = (A-B)/A, onde A corresponde ao peso

dos animais que não sofreram restrição durante parte do experimento e B aos grupos

que sofreram restrição (20 e 40% no caso deste experimento) em um período e logo

após foram realimentados.

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Coleta e processamento de amostras de sangue, fezes, urina e líquido ruminal

A cada duas semanas foram coletadas amostras de sangue, sempre na terceira

hora após a alimentação das novilhas, através da venipuncão da jugular externa,

utilizando-se tubos de ensaio de 10 mL sem anticoagulante para a obtenção de soro e

agulha esterilizada do tipo 10x25.

As amostras foram mantidas à temperatura ambiente e, aproximadamente três

horas após foram centrifugadas, por 10 minutos a 250 G para a obtenção do soro. Este

último foi aliquotado e armazenado à –20º C, em microtubos plásticos até que fossem

realizadas as análises bioquímicas.

As determinações bioquímicas sangüíneas foram realizadas com Kits

bioquímicos do tipo LABTEST® em espectrofotômetro de absorção de luz, marca

AMS® e com métodos colorimétricos: proteína total (Biureto), albumina (Verde de

bromocresol), uréia (Urease-Labtest), glicose (GOD-Trinder), colesterol (Enzimático-

Trinder), cálcio (azul de metiltimol), fósforo (azul de metiltimol), magnésio (magnésio

calmagita) e creatinina (picrato e acidificante).

Foram coletadas amostras spot de urina por micção espontânea no 60º dia

(restrição alimentar) e no 115º dia de experimento (realimentação), aproximadamente 4

horas após o fornecimento da alimentação da manhã e alíquotas de 10 mL foram

diluídas com 40 mL de H2SO4 a 0,036N. Estas amostras tiveram o pH ajustado para

valores inferiores a três para evitar destruição bacteriana das bases purinas urinárias e a

precipitação do ácido úrico. Posteriormente, foram armazenadas a -20oC até serem

submetidas à determinação de creatinina, uréia, alantoína e ácido úrico.

As análises de uréia e creatinina na urina foram feitas segundo os métodos

diacetil modificado e com uso de picrato e acidificante (Kit LABTEST®),

respectivamente, com uso de espectrofotômetro de absorção de luz. As análises de

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alantoína e ácido úrico foram realizados pelo método colorimétrico, conforme técnica

de Fujihara et al. (1987).

A partir da excreção média diária de creatinina, obtida no experimento em

mg/kg PV/dia, e da concentração de creatinina (mg/L) na amostra spot de urina, foi

estimado o volume diário de urina. Esse volume foi utilizado para calcular as excreções

estimadas diárias de uréia, alantoína e ácido úrico de cada animal.

O balanço dos compostos nitrogenados foi obtido pela diferença entre o total de

nitrogênio ingerido e o total excretado nas fezes e na urina. As excreções diárias

estimadas de N-uréia na urina foram calculadas pelo produto das concentrações

urinárias de uréia pelo volume urinário estimado, multiplicado por 0,466

correspondente ao teor de N na uréia. Nas fezes foi realizada coleta total para

determinação das excreções diárias estimadas de N-uréia. A determinação do nitrogênio

total nas fezes e na urina foi realizada segundo metodologia descrita por Silva &

Queiroz (2002).

A excreção total de derivados de purina foi o resultado da soma das excreções

urinárias de alantoína e ácido úrico. A partir daí foram calculadas as purinas

microbianas absorvidas (X, mmol/dia), utilizando a seguinte equação (Verbic et al.,

1990): Y= 0,85X + 0,385PV0,75, em que 0,85 é a recuperação de purinas absorvidas

como derivados de purina na urina e 0,385PV0,75 representa a contribuição endógena

para a excreção de purinas.

O fluxo intestinal de compostos nitrogenados (N) microbianos (Y, gN/dia) foi

calculado em função das purinas absorvidas (X, mmol/dia), utilizando-se a equação: Y

= (70X)/(0,83 x 0,134 x 1000), em que 70 representa o conteúdo de N nas purinas

(mgN/mmol); 0,83, a digestibilidade das purinas microbianas; e 0,134, a relação N-

purina:N total nas bactérias (Valadares et al., 1999).

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As coletas de líquido ruminal para determinar as concentrações de N-NH3 foram

realizadas imediatamente antes do fornecimento da alimentação da manhã e 3 horas

após, por meio de sonda esofágica, aproximadamente, 50 mL de líquido ruminal e

filtrado em gaze. Adicionou-se, a cada amostra, 1 mL de solução de H2SO4 1:1, para

armazenamento a -5oC, determinando posteriormente as concentrações de Nitrogênio

Amoniacal (N-NH3). As concentrações de N-NH3 nas amostras do líquido ruminal

foram determinadas pelo Método de Kjeldahl mediante destilação com hidróxido de

potássio 2 N.

Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três

tratamentos e seis repetições por tratamento, totalizando 18 parcelas. Para análise dos

metabólitos utilizou-se o esquema de análise em parcelas subdivididas no tempo, com

os níveis de restrição na parcela principal e o tempo de coleta nas parcelas secundárias.

Dessa forma, as variáveis referentes ao desempenho e produção de proteína microbiana

foram submetidas à análise de variância e teste de médias utilizando-se o procedimento

GLM, enquanto que as variáveis referentes às concentrações metabólicas séricas dos

nutrientes utilizou-se o procedimento MIXED, ambos do programa SAS (SAS, 2000).

Os modelos estatísticos podem ser representados como segue: Yij = µ + ri + eij, em que:

Yij = valor observado j do nível de restrição i; µ = média geral; ri = efeito do nível de

restrição i; eij = erro aleatório associado a cada observação. Para os metabólitos, em que

se considerou o tempo na sub-parcela o modelo pode ser descrito como: Yijk = µ + ri +

αij + tk + (rt)ik + eijk, em que: Yijk = = valor observado j do nível de restrição i no tempo

k; µ = média geral; ri = efeito do nível de restrição i; αij = efeito residual das parcelas,

caracterizado como erro (a); tk = efeito do nível k do tempo; (rt)ik = efeito da interação

do nível de restrição i com o nível k do tempo; eijk = efeito residual das sub-parcelas,

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caracterizado como erro (b). Na presença de efeito de tratamento, a comparação entre as

médias dos tratamentos foi realizada pelo teste de Tukey a uma significância de 5% para

todos os testes realizados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de restrição alimentar, os consumos de matéria seca (MS) e proteína

bruta (PB) (kg/dia, %PV e PV0,75), fibra detergente neutro (FDN), extrato etéreo (EE),

carboidratos não fibrosos (CNF) e matéria mineral (MM) (kg/dia) foram influenciados

(P<0,05) pelos níveis de restrição aplicados (Tabela 3). À medida que se aumentou o

nível de restrição, os consumos destes nutrientes diminuíram. O menor consumo de MS

dos grupos submetidos à restrição ocorreu pela menor quantidade de ração fornecida aos

mesmos, cujo consumo foi regulado em função da matéria seca ingerida pelo grupo

controle (20 e 40%, respectivamente), o que também influenciou a redução na ingestão

dos outros nutrientes. Costa et al. (2007), submetendo novilhos ao sistema crescimento

compensatório também observaram menores consumos de MS e FDN (kg/dia, %PV)

durante o primeiro período de restrição, confirmando o previamente estabelecido.

Observou-se que a ingestão de matéria seca foi 27% menor no grupo restrito em

20% e 45% menor no grupo restrito em 40%. Clarck et al. (2007) em seu trabalho,

relataram que ao submeterem bovinos à redução em 20% da ingestão de matéria seca,

poderão reduzir o padrão normal de fermentação ruminal sustentável e alterar as perdas

de nutrientes através das fezes.

Para o consumo de fibra em detergente ácido (FDA) (kg/dia) e de FDN (%PV),

houve diferença (P<0,05) apenas entre os grupos controle e 40% de restrição sendo

ambos semelhantes ao grupo 20% de restrição.

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Tabela 3. Médias e coeficientes de variação dos consumos médios diários (kg/dia) de

matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),

fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos não

fibrosos (CNF) e matéria mineral (MM) de fêmeas Guzerá pré-pubere em

função dos níveis de restrição e da posterior realimentação.

Restrição Alimentar

Consumo de Nutrientes Níveis de Restrição

CV% P 0 % 20 % 40 %

Matéria Seca (kg/dia) 9,66ª 7,13b 5,35c 8,65 <0,0001 Matéria Seca (%PV) 3,17ª 2,48b 1,96c 5,94 >0,0001 Matéria Seca (g/kg0,75) 132,57a 102,10b 79,87c 6,32 >0,0001 Proteína Bruta (kg/dia) 1,34ª 1,15b 0,86c 8,64 >0,0001 Proteína Bruta (%PV) 0,63ª 0,47b 0,37c 4,75 >0,0001 Proteína Bruta (g/kg0,75) 26,65a 19,33b 15,11c 5,57 >0,0001 Fibra detergente neutro (kg/dia) 3,36ª 2,75b 2,06c 10,05 >0,0001 Fibra detergente neutro (%PV) 1,10ª 0,95a 0,76b 8,67 >0,0001 Fibra Detergente Ácido (kg/dia) 1,28ª 1,22ab 0,92b 15,18 >0,0001 Extrato Etéreo (kg/dia) 0,12ª 0,09b 0,07c 7,39 >0,0001 Carboidratos não fibrosos (kg/dia) 3,91ª 2,72b 2,04c 9,03 >0,0001 Matéria Mineral (kg/dia) 0,57ª 0,44b 0,33c 8,76 >0,0001

Realimentação Matéria Seca (kg/dia) 8,33 8,05 8,01 3,59 0,5712 Matéria Seca (%PV) 2,84b 2,95b 3,08a 5,16 0,0480 Matéria Seca (g/kg0,75) 117,53 119,85 123,61 4,17 0,0639 Proteína Bruta (kg/dia) 1,18 1,17 1,14 3,51 0,3016 Proteína Bruta (%PV) 0,39b 0,43ab 0,45a 6,44 0,0249 Proteína Bruta (g/kg0,75) 16,16b 17,60ab 18,16a 5,42 0,0298 Fibra detergente neutro (kg/dia) 3,86 3,71 3,76 5,07 0,6033 Fibra detergente neutro (%PV) 1,32b 1,35ab 1,44a 4,39 0,0166 Fibra Detergente Ácido (kg/dia) 2,56 2,78 2,92 9,83 0,3367 Extrato Etéreo (kg/dia) 0,18 0,19 0,19 4,64 0,6703 Carboidratos não fibrosos (kg/dia) 3,48 3,42 3,31 3,26 0,1601 Matéria Mineral (kg/dia) 0,58 0,56 0,56 3,78 0,5595 Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de Probabilidade (P >0,05);

Para Mertens (2001) uma redução no nível de fibra efetiva na dieta, resulta em

uma série de eventos que ocorrem em cascata: menor mastigação pelo animal, menor

secreção de saliva “tamponante”, mudança nas populações microbianas, redução na

relação acetato:propionato (A:P).

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No período de realimentação, não foi observado diferença (P>0,05) entre os

grupos para o consumo de nutrientes em kg/dia. Entretanto, quando analisados em

função do PV, no grupo 40%, o consumo de MS, PB e FDN foram maiores (P<0,05)

que no grupo que não sofreu restrição alimentar e ambos os grupos não diferiram

(P>0,05) do grupo submetido a uma restrição de 20% do consumido. Aumento na

ingestão em relação ao peso vivo significa uma proporção maior do alimento sendo

usado para ganho. Este maior consumo pode ser explicado pelo fato do aparelho

digestivo do organismo ter recuperado o seu pleno potencial, fazendo com que a

ingestão aumentasse em comparação com os animais que não sofrem restrição, sob a

dependência do sinergismo de sinais hormonais, impulsionando o metabolismo a

provocar aumento da proteína (Hoch et al., 2003).

Não foi observado diferença (P>0,05) quando a MS foi analisada em função do

peso metabólico. Tolla et al. (2003) também não observaram diferença no consumo

alimentar dos animais no período de realimentação. Estas variações ocorridas estão

relacionadas com a gravidade da restrição alimentar (Ryan et al.,1993), mas também

resultam de diferenças no desenvolvimento aparelho digestório durante a restrição. Esta

afirmação corrobora com os resultados deste experimento, já que não foi verificado

diferença entre os grupos controle e grupo em que a restrição foi menos severa (20%).

Na fase de restrição alimentar, observou-se que as concentrações séricas de

proteínas totais, albumina, globulina, uréia, glicose, cálcio e fósforo decresceram

(P<0,05) quando se aumentou a severidade da restrição. Já na fase de realimentação,

não foi verificada diferença (P > 0,05) entre os grupos para as concentrações séricas dos

nutrientes analisados (Tabela 4).

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Tabela 4. Médias e coeficientes de variação das concentrações séricas de proteína

totais, albumina, uréia, globulinas, glicose, colesterol, cálcio, fósforo,

magnésio e creatinina de fêmeas Guzerá pré-púbere submetidas à períodos

de restrição alimentar e realimentação.

Restrição Alimentar

Variável Níveis de Restrição

CV% P 0% 20% 40%

Proteínas Totais (g/dl) 7,07a 5,88b 4,78c 7,72 0,0001 Albumina (g/dl) 3,39a 2,90b 2,19c 12,48 0,0001 Globulinas (g/dl) 3,68a 2,98b 2,59c 15,83 0,0001 Uréia (mg/dl) 54,98a 49,95b 44,16c 10,55 0,0001 Glicose (mg/dl) 63,64a 56,51b 50,37c 14,51 0,0001 Colesterol (mg/dl) 100,38 101,50 103,53 9,98 0,2774 Cálcio (mg/dl) 10,87a 9,36b 8,85c 15,99 0,0001 Fósforo (mg/dl) 5,53a 4,76b 4,32c 10,64 0,0001 Magnésio (mg/dl) 1,98 1,97 1,87 11,89 0,1113 Creatinina (mg/dl) 1,58 1,56 1,45 16,97 0,1967

Realimentação Proteínas Totais (g/dl) 7,08 6,76 6,92 3,85 0,1850 Albumina (g/dl) 3,35 3,52 3,31 6,19 0,1390 Globulinas (g/dl) 3,73 3,24 3,61 9,58 0,0564 Uréia (mg/dl) 52,91 58,82 54,91 10,48 0,2364 Glicose (mg/dl) 65,55 66,78 63,11 10,86 0,6664 Colesterol (mg/dl) 96,15 104,65 107,2 8,73 0,1153 Cálcio (mg/dl) 10,36 10,78 10,61 7,05 0,7213 Fósforo (mg/dl) 5,15 5,11 5,30 7,25 0,6745 Magnésio (mg/dl) 2,18 2,20 1,91 11,64 0,1124 Creatinina (mg/dl) 1,71 1,71 1,45 12,99 0,0708

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de Probabilidade (P >0,05);

Em ruminantes, a redução na ingestão de alimento por um período poderá

acarretar alterações na fermentação de ruminal (Chelikani et al., 2004), no equilíbrio de

eletrólitos e nas concentrações séricas dos nutrientes (Cole, 2000). Os animais

necessitam de processos de adaptação para manter a homeostase e não apresentarem

como consequência distúrbios metabólicos. Entre estas interações estão as relacionadas

à entrada de nutrientes, onde uma vez que se restringe a quantidade de nutrientes

ingerida pelo animal haverá um desequilíbrio ruminal e um desbalanço da utilização de

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proteína como também da relação proteína:energia. Esta situação é mais evidente ainda

quando se observa o efeito do crescimento compensatório sobre o metabolismo (Ford &

Park, 2001).

Observou-se que a restrição imposta aos animais provocou redução do consumo

de MS e como conseqüência de outros nutrientes (FDN, PB, EE, etc.). Este menor

consumo pode ter gerado deficiência de energia e mobilização de proteína corpórea na

tentativa de manter a homeostase energética, em especial do teor de glicose sanguínea.

Variações dos componentes do perfil metabólico sanguíneo podem estimar o processo

de adaptação metabólica à novas situações fisiológicas ou de alimentação como é o caso

da restrição. Amstalden et al. (2002) também detectaram redução nas concentrações

plasmáticas de glicose, ao submeter bovinos de corte à jejum prolongado.

Sucupira (2003), submetendo garrotes à carência prolongada, verificou

diferenças (P<0,05) nos teores séricos de proteína total entre o grupo que recebia baixas

concentrações de energia na dieta e o grupo controle. Quando o animal é submetido à

severa e gradual deficiência de energia, existirá mobilização de proteína muscular na

tentativa de manter a homeostase energética, em especial do teor de glicose sanguínea

(Hoch et al., 2003).

O comportamento sérico da uréia acompanhou os resultados encontrados por

Herdt (2000), visto que é reconhecido que o oferecimento de dietas com baixos teores

de proteína bruta provoca uma queda significativa nas concentrações séricas de uréia,

demonstrando assim a importância dos teores de uréia como indicador de status

protéico nos casos de subnutrição.

A recuperação das concentrações séricas de glicose depois da realimentação

ocorreu, como resultado de uma produção ruminal mais alta de ácido propiônico,

associado com uma maior concentração da entrada de carboidratos. A redução no

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consumo alimentar de carboidratos não fibrosos reduz o propionato e traduz uma

mudança na utilização da neoglicogênese e diminuição global na glicemia nos animais

(Yambayamba et al., 1996). Durante a restrição de alimento, há uma troca no equilíbrio

de energia devido a níveis reduzidos de glicose no sangue, e com isso a utilização de

ácidos graxos se torna a fonte principal de energia (Chelikani et al., 2004).

A redução das concentrações séricas de cálcio e fósforo (P<0,05) ocorreu devido

à baixa ingestão destes dois minerais e caso esta diminuição seja muito severa e

prolongada poderá refletir em menor desenvolvimento do tecido ósseo e problemas

reprodutivos, pois animais jovens apresentam uma maior eficiência na absorção desses

minerais em decorrência da alta taxa de desenvolvimento ósseo (Mcdowell, 1999). Vale

ressaltar que o controle do metabolismo do fósforo está associado ao do cálcio e que

uma forte relação deve ser mantida para o controle da homeostase destes dois

elementos. De acordo com os valores encontrados neste experimento, a relação

cálcio:fósforo obtida para os grupos ficaram entre 1,9:1 e 2,2:1 respectivamente, e

demonstram uma adequada proporção desses minerais para a idade (Taylor et al., 2008).

As concentrações séricas de colesterol, magnésio e creatinina não diferiram

(P>0,05) entre os grupos ao longo de todo o período experimental. O balanço de

magnésio durante o experimento foi adequado, uma vez que o nível sérico desse

elemento manteve-se praticamente constante. Os níveis de creatinina refletem boa

atividade renal, do ponto de vista semiótico e homeostática (Bezerra, 2006).

Observaram-se relações significativas entre entrada de nutrientes dietéticos e

concentrações de alguns metabolitos no sangue. Em geral, as concentrações de glicose

plasmática, proteína total, albumina e nitrogênio ureico séricos estão relacionadas com

as entradas dietéticas de energia e proteína bruta, respectivamente. Estes relações são a

base do uso prático de testes de perfis metabólicos e nos permitem fazer um

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acompanhamento dos eventos metabólico ocorridos.

Na fase de restrição alimentar, à medida que aumentaram os níveis de restrição,

o peso final diminuiu, havendo diferença entre os três grupos experimentais (P<0,05).

Tabela 5. Médias e coeficientes de variação do peso Inicial (kg/dia), peso final (kg/dia),

ganho de peso médio diário (kg/dia), eficiência alimentar, conversão

alimentar e índice de compensação (%) em função do peso vivo e do peso

metabólico de fêmeas Guzerá pré-púbere submetidas a períodos de restrição

alimentar e realimentação.

Restrição alimentar

Variável Níveis de Restrição

CV% P 0 % 20 % 40 %

Peso Inicial (kg) 270,83 270,33 263,33 6,73 0,0820 Peso Final (kg) 333,37a 308,43b 284,00c 8,78 0,0325 Ganho de Peso Médio Diário (kg/dia) 0,776a 0,664ab 0,607b 15,67 0,0435 Conversão Alimentar1 12,44b 10,73ab 8,81a 32,96 0,01

Realimentação Peso Final (kg) 365,43a 343,80a 329,93b 6,24 0,0233 Ganho de Peso Médio Diário (kg/dia) 0,641b 0,707b 0,918a 17,89 0,0367 Conversão Alimentar1 12,99b 11,38ab 8,72a 27,54 0,2318 Compensação em Peso Vivo (%) - 95 94 8,34 0,4098 Compensação em Peso 0,75 (%) - 96 93 8,13 0,5621 Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de Probabilidade (P >0,05); 1CA em kg MS/kg GPD;

Os animais do grupo controle apresentaram valores de peso final superiores em

8% em relação ao grupo restrito em 20% e 15% em relação ao grupo restrito em 40%.

Segundo Wilson & Osbourn (1960), o crescimento de um animal pode ser retardado se

um nutriente qualquer da dieta faltar, principalmente se energia e proteínas estiverem

limitando o ganho em peso. Como o animal apresenta pequenas reservas protéicas, a

restrição de proteína geralmente promove maiores danos do que a energética. Este fato

pode ser comprovado ao observar o consumo e a análise das concentrações séricas de

proteínas e energia.

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Na fase de restrição alimentar, o ganho de peso médio diário dos animais do

grupo controle não diferiu (P>0,05) ao daqueles animais que recebiam alimentação

restrita em 20% e foi maior (P<0,05) que o grupo 40% de restrição. Isto é reflexo de

consumos superiores ao necessário para mantença, disponibilizando mais nutrientes

para a deposição de tecidos (Hoch et al., 2003). Não houve diferença (P>0,05) entre o

ganho de peso dos animais dos grupos restritos.

Na fase de realimentação, os animais do grupo 40% de restrição apresentaram o

maior ganho de peso médio diário do experimento (0,918 kg/dia) diferindo (P<0,05) dos

animais dos grupos controle e restrito 20%, em resposta compensatória resultante da

restrição dietética. A compensação ocorre devido a vários mecanismos que levam ao

aumento de peso do animal, em comparação com o crescimento continuo (grupo

controle).

Para Hoch et al. (2003), durante a fase de crescimento compensatório, o

metabolismo do animal continua a ser adequado a uma baixa ingestão alimentar,

enquanto animais não são restritos. O metabolismo energético basal do animal

permanece baixo e aumenta lentamente, ajustando-se ao novo regime. Dessa forma, a

eficácia da utilização de energia e proteína aumenta, enquanto que as necessidades

energéticas para o crescimento permanecem baixas, o que explica o maior ganho de

peso dos animais.

Ryan (1990) relata ainda que o ganho de peso corporal mais acelerado se dá em

decorrência do rápido aumento inicial do tamanho dos órgãos internos metabolicamente

ativos e da maior retenção de água nas fibras musculares que antecede a deposição mais

intensa de proteína nos músculos.

A energia restrita na fase de restrição proporcionou um menor ganho de peso nas

fêmeas, fazendo com que estas ganhassem menos peso que o tradicional quando os

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animais são alimentados normalmente. A realimentação permitiu um retorno para o

ganho de peso normal. O consumo de energia maior que o necessário para manutenção

causou uma maior proporção de energia consumida para estar disponível para o

crescimento, resultando em crescimento compensatório. Estes resultados corroboram

com Ryan (1990), Ford & Park (2001), Hoch et al. (2003) e Tolla et al. (2003).

Em ambas as fases, os animais do grupo submetido a 40% de restrição

apresentaram melhor conversão alimentar (P>0,05) quando comparado com o grupo que

não foi submetido à restrição, não havendo diferença (P>0,05) destes grupos para o

grupo 20% em nenhuma das fases, indicando maior eficiência do grupo mais restrito,

quando em ganho compensatório. A conversão alimentar foi expressivamente melhor

durante a realimentação nos animais submetidos à restrição, indicando a possibilidade

de manipular o consumo por um período visando diminuir a relação entre o ganho de

peso e o consumo de MS do período seguinte, obtendo-se um consumo mais econômico

e sem prejuízos no peso corporal.

Analisando o índice de compensação (% peso vivo e peso 0,75), observa-se que

todos os grupos experimentais apresentaram compensação próxima a 100% não

havendo diferença (P>0,05) entre os níveis de restrição. Apesar de não ter ocorrido

compensação total, ambos os grupos (20 e 40%) apresentaram elevadas taxas de

compensação. Segundo Ryan (1990) a compensação é completa quando a taxa de ganho

superior do crescimento compensatório consegue compensar plenamente o menor

desempenho do período de restrição, ou compensação parcial, onde as taxas mais

elevadas de ganho da compensação não são suficientes para recuperar tudo que deixou

de ser ganho no período de restrição.

Hoch et al. (2003) afirmam que o período de restrição alimentar irá retardar o

crescimento do animal, mas, após retorno a uma alimentação normal, o crescimento é

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geralmente compensado. Quando o animal regressa a uma dieta não restrita, pode-se

seguir uma fase de compensação. A compensação parcial ocorreu neste experimento

para ambas as restrições (20 e 40%), porém apenas o grupo 40% apresentou maior

ganho de peso em relação ao grupo não restrito no período de realimentação sugerindo

que estes animais tiveram um aumento rápido no armazenamento de energia ou uma

taxa mais lenta de diminuição em energia desperdiçada depois da realimentação.

O efeito do crescimento compensatório sobre o metabolismo do nitrogênio (N)

foi observado em diversas pesquisas (Ford & Park 2001; Ruiz et al., 2002; Valkeners et

al., 2004; Yan et al., 2007). No presente trabalho, no período de restrição alimentar,

verificou-se que o consumo, a excreção urinária e fecal, o balanço de nitrogênio, o

nitrogênio microbiano e o nitrogênio amoniacal decresceram (P<0,05) com os níveis de

restrição aplicados (Tabela 6).

O consumo de N (g/dia) decresceu (P<0,05) com os níveis de restrição devido à

restrição estar em função consumo de matéria seca. A diminuição no consumo de

matéria seca e nitrogênio podem influenciar negativamente os fluxos de N dietético e

microbiano (Yan et al. 2007).

A excreção de nitrogênio na urina e nas fezes foi maior (P<0,05) nos animais

alimentados à vontade e diminuiu com a intensidade da restrição, fato relacionado à

magnitude do consumo de nitrogênio. Segundo Yan et al. (2007), a excreção de

nitrogênio na urina e nas fezes está diretamente relacionada à concentração de proteína

bruta na dieta e a ingestão de nitrogênio pelo animal e uma das estratégias mais efetivas

para reduzir a excreção de nitrogênio é manipular a sua concentração dietética.

Portanto, a restrição alimentar poderá ser uma ferramenta eficiente para reduzir a

eliminação de N pelas fezes e urina desde que não prejudique o desempenho do animal.

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Tabela 6. Médias e coeficientes de variação do nitrogênio (N) ingerido, nitrogênio (N)

excretado na urina, nitrogênio (N) excretado nas fezes, balanço de nitrogênio

(N), estimativa da produção dos compostos nitrogenados microbianos (Nmic)

e N-NH3 (0 e 3h) de fêmeas Guzerá pré-pubere em função dos níveis de

restrição e da posterior realimentação.

Restrição alimentar

Variáveis Níveis de Restrição

CV% P 0% 20% 40%

N ingerido (g/dia) 837,50a 718,75b 537,50c 29,25 <0,0001 N urinário (g/dia) 84,16a 71,87b 52,46c 19,67 0,0005 N fecal (g/dia) 419,25a 366,92b 268,26c 21,33 0,0056 Balanço N (g/dia) 344,09a 279,96b 216,78c 20,06 0,0047 % nitrogênio retido1 41,08 38,91 40,33 17,55 0,0837 N mic (g/dia) 285,99a 243,20b 169,43c 2,54 <0,0001 N-NH30h (mg/100ml) 6,95a 4,72b 4,33b 21,06 0,0161 N-NH33h (mg/100ml) 8,33 7,98 8,12 18,80 0,1314

Realimentação N ingerido (g/dia) 737,50 731,25 712,50 3,79 0,3182 N urinário (g/dia) 100,3 87,01 104,73 23,12 0,2352 N fecal (g/dia) 328,92 334,91 321,33 18,29 0,7530 Balanço N (g/dia) 308,28 309,33 286,44 17,33 0,5263 % nitrogênio retido1 41,80 42,30 40,19 15,32 0,5691 N mic (g/dia) 286,13 293,32 285,27 4,01 0,4133 N-NH30h (mg/100ml) 5,24 5,45 5,76 20,37 0,2833 N-NH33h (mg/100ml) 10,24 9,75 9,32 17,76 0,1110

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de Probabilidade (P >0,05); 1Balanço de N/Ingestão de nitrogênio

A excreção urinária média de N em relação ao respectivo consumo médio foi

semelhante entre os grupos e totalizou 10,05; 10,00 e 9,76% nos grupos controle, 20 e

40% de restrição, respectivamente. Nas fezes os valores também foram semelhantes e

variaram entre 49,91 no grupo onde a restrição foi mais severa (40%) e 51,05 % no

grupo 20% de restrição. Pereira et al. (2007) observaram excreções urinária e fecais

(8,65% e 41,50%, respectivamente) semelhantes a encontradas neste experimento.

O balanço de nitrogênio diminuiu (P<0,05) com os níveis de níveis de restrição

aplicados, onde os animais cuja alimentação foi restrita em 40% apresentaram os

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menores valores. O balanço de nitrogênio positivo é um indicativo que houve retenção

de proteína no organismo animal, proporcionando condições para que não ocorresse

perda de peso dos animais experimentais (Zanton & Heinrichs, 2008). Taylor-Edwards

et al. (2009), Pereira et al. (2007) e Valkeners et al. (2004) detectaram que a maior

ingestão de compostos nitrogenados resultou em maior retenção de N no organismo

animal. Entretanto, não foi verificada diferença (P>0,05) entre a retenção de N dos

grupos experimentas durante todo o experimento. A retenção de proteína no organismo

animal proporciona condições para ganho de peso dos animais, contando-se com os

requerimentos de energia satisfeitos.

Observou-se diminuição nas produções de N-microbiano em função dos níveis

de restrição (P<0,05), onde no maior nível de restrição (40%) foram observados as

menores médias (P<0,05). Esse resultado pode estar relacionado ao fato de os animais

terem apresentado comportamento similar para o consumo de MS (em kg/dia). Desse

modo, os animais que consumiram mais nutrientes apresentaram maior síntese ruminal

de microrganismos. Além disso, a restrição alimentar a que os animais foram

submetidos pode ter resultado em deficiência de peptídeos e/ou aminoácidos para o

crescimento microbiano. A produção de N microbiano apresentou valores máximos no

grupo controle e valores mínimos para os grupos submetidos a 40% de restrição.

A maior disponibilidade de nutrientes, consequente de uma maior ingestão

também promove uma maior eficiência na síntese de proteína microbiana, melhorando

com isso o desempenho dos animais, pois a disponibilidade de energia e N no rúmen

parecem interagir positivamente com o nível de ingestão determinando, acima de tudo,

maior eficiência na síntese de proteína microbiana (Firkins et al., 2007).

No período de restrição alimentar, as concentrações de N-NH3 antes da

alimentação (0h) foram menores (P<0,05) nos grupos submetidos à restrição alimentar

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que no grupo controle, e não diferiu (P>0,05) entre os níveis de restrição. Firkins et al.

(2007) afirmaram que a concentração do N-NH3 ruminal é um preditor da eficiência de

conversão de N dietética em N microbiano, estando ainda correlacionado com a

concentração de uréia sérica.

Na fase de realimentação, não foi observado efeito (P>0,05) dos níveis de

restrição nas variáveis analisadas no balanço de nitrogênio. Isto era esperado já que os

animais consumiam a mesma dieta nessa fase.

A aplicação da restrição alimentar diminuiu a ingestão de alimento e

consequentemente os níveis séricos de nutrientes e a disponibilidade de N amoniacal,

porém não prejudicou microflora microbiana, apesar de ter resultado em redução no

desempenho do animal. Porém, depois de retomada a realimentação normal os animais

submetidos à restrição apresentaram um ritmo de crescimento de forma mais intensa

que ocorreria caso eles tivessem tido crescimento contínuo. Com isso, uma parte do

crescimento que deixou de se efetuar no momento de restrição foi compensado durante

o período de crescimento compensatório.

CONCLUSÕES

A restrição alimentar em 40% pode ser adotada como prática de manejo

nutricional de fêmeas jovens Guzerá em períodos de escassez de alimento, seguido de

ganho compensatório. Animais submetidos a 40% de restrição tiveram melhor

conversão alimentar e maior ganho de peso no período de compensação, porém havendo

96 e 93% de compensação do peso para os grupos 20 e 40% de restrição,

respectivamente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES

O conhecimento dos verdadeiros níveis nutricionais de animais zebu de dupla

função é essencial para o melhor desempenho produtivo e econômico do rebanho, e

devem ser fidedignos às condições de ambiente em que os animais são explorados. No

entanto, ainda são insipientes as informações de níveis nutricionais adequados para

bovinos Zebu de dupla aptidão criados em outros sistemas de produção, bem como os

efeitos da restrição alimentar e do ganho compensatório sobre a produção desses

animais.

Embora essas raças estejam adaptadas às condições climáticas do Nordeste

brasileiro, elas não são refratárias a problemas de efeito nutricional, que pode afetar

qualquer espécie que habita esta região. Acredita-se que com os resultados obtidos neste

trabalho, juntamente com os de futuras pesquisas nessa área, atenderão as demandas de

conhecimento, contribuindo para o fortalecimento da cadeia produtiva.

Tem-se como principal fator limitante do agronegócio da bovinocultura, o

desconhecimento dos verdadeiros níveis nutricionais desses animais, que muitas vezes

tem suas exigências superadas por adotar tabelas de outros genótipos, trazendo

consequências sobre o crescimento, estabilização e otimização da exploração dessa

cultura no semi-árido.

Uma menor ingestão com ganhos de peso diários semelhantes ou até maiores

reflete em mais dinheiro no bolso do produtor, seja pela redução de custos com a

alimentação ou pelo melhor desempenho dos animais. A imposição de um período de

restrição alimentar pode ser viável quando temos a possibilidade de tirar proveito de um

maior crescimento na realimentação. Uma oportunidade de aproveitamento do ganho

compensatório muito interessante para as condições brasileiras seria um uso mais

racional de pastagens, em vez de nos preocuparmos com estratégias de suplementação.

Porém, Para usarmos essas estratégias, há necessidade de sabermos, para cada situação,

qual o resultado esperado em termos de crescimento compensatório.

A inserção dos pequenos produtores é fundamental para qualquer segmento do

agronegócio e isso somente vai acontecer quando houver uma maior profissionalização

desta atividade, com apoio dos governantes e um maior interesso dos produtores.

Sugere-se a implementação de um programa a nível regional utilizando raças

mais adaptadas fazendo com que esse produto seja mais valorizado que outras

importadas.