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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS ALAN VINICIO MARIANO DA SILVA MARINHO COMPETITIVIDADE: UMA ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA (2000-2011) VARGINHA/MG 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

ALAN VINICIO MARIANO DA SILVA MARINHO

COMPETITIVIDADE: UMA ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE

TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA (2000-2011)

VARGINHA/MG

2014

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ALAN VINICIO MARIANO DA SILVA MARINHO

COMPETITIVIDADE: UMA ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE

TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA (2000-2011).

Trabalho de conclusão de curso apresentado

ao Instituto de Ciências Sociais Aplicadas

da Universidade Federal de Alfenas, como

requisito parcial à obtenção do titulo de

Bacharel em Ciências Econômicas com

Ênfase em Controladoria.

Orientadora: Prof.ª. Dra. Alinne Alvim

Franchini

VARGINHA/MG

2014

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ALAN VINICIO MARIANO DA SILVA MARINHO

COMPETITIVIDADE: UMA ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE

TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA (2000-2011).

A banca examinadora abaixo-assinada

aprova a monografia apresentada como

parte dos requisitos para obtenção do

título de Bacharel em Ciências

Econômicas com Ênfase em

Controladoria da Universidade Federal

de Alfenas.

Aprovado em: 23 de Julho de 2014.

Prof.ª Dra. Alinne Alvim Franchini Assinatura:

Instituição: Universidade Federal de Alfenas

Prof.ª Ms. Juliana Souza Scriptore Assinatura:

Instituição: Universidade Federal de Alfenas

Prof. Dr. Thiago Caliari Silva Assinatura:

Instituição: Universidade Federal de Alfenas

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pela presença constante na minha vida, e que sem Ele

não conseguiria percorrer essa caminhada.

Agradeço a meus avôs, Vicente e Meire, que foram à base para o meu

crescimento pessoal e profissional, e pelo apoio contínuo, dedicação e amor, se hoje sou

o que sou, grande parte devo a vocês, me tornei um homem melhor graças aos seus

ensinamentos e agradeço por Deus ter me colocado na vida de vocês, os melhores avós

que poderia ter; a minha mãe, Joelma, agradeço pelos ensinamentos de amor e pela

presença e apoio que sempre tive ao seu lado e que sem ele não conseguiria ter chegada

ao final desta etapa.

Agradeço aos meus irmãos, Ítalo e Talita, que sempre torceram pelo meu

sucesso; a meu pai, José, que sempre incentivou a meus irmãos e a mim a batalharem

por aquilo que desejavam.

Agradeço aos meus amigos em especial a Kerolyn e a Aline que sempre tiveram

presentes na minha vida em praticamente todas as etapas marcantes da minha vida.

Agradeço aos meus amigos de sala que tive o prazer de conhecer e dividir novas

histórias, especialmente a Marilia, Camila e Marcia, que foram a minha base para que

essa jornada fosse mais fácil, por aguentarem meus maus humores, que eram muitos, e

principalmente por chamar minha atenção quando era necessário. Também agradeço a

Rafaela, Tais e Luciene por estarem sempre ao meu lado dando o seu apoio em todos os

momentos difíceis, obrigado por tudo meninas; e por fim, aos companheiros de

república, Thais e Géssem, que tive o prazer de dividir essa jornada.

Agradeço à professora Pamila Siviero, por ter feito parte de uma etapa da minha

vida acadêmica, e que se hoje consegui chegar ao final desse ciclo, uma grande parte

agradeço a você.

Gostaria de agradecer, de maneira especial à minha orientadora, Alinne

Franchini, por aceitar me orientar e ter paciência no meu caminhar, principalmente com

esse projeto que tinha muitos obstáculos no começo, meio e fim, e obrigado por seu

apoio incondicional, e por sempre estar presente para solucionar e ajudar na elaboração

deste trabalho. Meu sucesso é em grande parte fruto teu.

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RESUMO

A partir da trajetória da indústria brasileira, o objetivo deste trabalho foi apresentar

inicialmente a evolução do conceito de competitividade com a finalidade de contribuir

para o melhor entendimento do desempenho comercial brasileiro. Para isso o presente

trabalho buscou analisar a competitividade do setor da Indústria de Transformação para

o período entre 2000 e 2011, através de indicadores de desempenho, a fim de evidenciar

o comportamento comercial brasileiro, através da pauta exportadora, sua importação e

produção bruta. Para tal foi utilizado os indicadores de desempenho, Coeficiente de

Exportação, Coeficiente de Penetração de Importações e Taxa de Auto-Suprimento para

mostrar a dinâmica industrial do setor. Os resultados do estudo indicam que o setor da

Indústria de Transformação pode ser considerado pouco competitivo, devido à trajetória

dos coeficientes analisados.

Palavras-chave: competitividade, indústria de transformação, dinâmica industrial,

indicador de desempenho.

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ABSTRACT

From the trajectory of the Brazilian industry, the purpose of this work was initially

present the evolution of competitiveness in order to contribute to a better understanding

of the Brazilian trade performance. For this, the present study aimed to analyze the

competitiveness of manufacturing industry sector in the period between 2000 and 2011,

through performance indicators, in order to show the Brazilian market behavior through

the export basket and imports and gross production. For such performance indicators,

Export Coefficient, Coefficient of ImportPpenetration and Rate of Self-Supply was used

to show the dynamics of the industrial sector. The results of the study indicate that the

sector of the manufacturing industry can be considered less competitive because of the

trajectory of the coefficients analyzed.

Keywords: competitiveness, the manufacturing industry, industrial dynamics,

performance indicator.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Competitividade em função de estratégias de redução custos e/ou

diferenciação de qualidade de produtos.......................................................................... 17

Gráfico 1 - Evolução da Participação Da Indústria de Transformação Brasileira no PIB

(1947 a 2013). ................................................................................................................. 35

Gráfico 2 – PIB por setores da Economia Brasileira em 2013. ...................................... 37

Gráfico 3 – Pauta Exportadora e Importadora da Indústria de Transformação, em US$

FOB, preços constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-2011. ........ 43

Gráfico 4 - Exportação, Importação e Valor Bruto da Produção, em US$ FOB, preços

constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-2011. ............................. 45

Gráfico 5 - Evolução do comportamento das exportações dos cinco setores de maior

representatividade no PIB industrial, em US$ FOB, preços constantes (ano base 2000 =

100), no cenário nacional, 2000-2011. ........................................................................... 47

Gráfico 6 - Evolução do comportamento das importações dos cinco setores de maior

representatividade no PIB industrial, em US$ FOB, preços constantes (ano base 2000 =

100), no cenário nacional, 2000-2011. ........................................................................... 49

Quadro 1 – Classificação dos Setores da indústria brasileira segundo o ECIB. ............ 28

Tabela 1 - Valor Adicionado da Indústria de Transformação por Setores no Brasil em

2011. ............................................................................................................................... 38

Tabela 2 - Coeficiente de Exportação do setor da Indústria de Transformação, preços

constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-2011. ............................. 50

Tabela 3 - Coeficiente de Penetração de Importações do setor da Indústria de

Transformação, preços constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-

2011. ............................................................................................................................... 53

Tabela 4 - Taxa de Auto-Suprimento para a Indústria de Transformação, preços

constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-2011. ............................. 55

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

C&T – Ciência e Tecnologia

CNAE - Comissão Nacional de Atividades Econômicas

CNI – Confederação Nacional da Indústria

CONCLA - Comissão Nacional de Classificação

DCEE - Departamento de Competitividade, Economia e Estatística

DEEE - Departamento de Competitividade, Economia e Estatística

ECIB – Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira

FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FUNCEX - Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial

IPTI – Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação

ISI – Industrialização Substitutiva de Importação

MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

NCM – Nomenclatura Comum do MERCOSUL

OECD - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PI – Política Industrial

PIA – Pesquisa Industrial Anual

PIB – Produto Interno Bruto

PT – Política Tecnológica

TAS - Taxa de Auto-Suprimento

VA – Valor Adicionado

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10

2 OBJETIVO ................................................................................................................ 11

2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 11

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 12

3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 12

3.1 Competitividade ....................................................................................................... 12

3.2 Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia ............................... 22

3.3 Competitividade e o caso brasileiro.......................................................................... 26

3.4 Indústria de Transformação ...................................................................................... 34

4 METODOLOGIA E FONTE DE DADOS .............................................................. 39

4.1 Metodologia .............................................................................................................. 39

4.1.1 Coeficiente de Exportação ..................................................................................... 39

4.1.2 Coeficiente de Penetração de Importações ............................................................ 40

4.1.3 Taxa de Auto-Suprimento ..................................................................................... 40

4.2 Fonte de Dados ......................................................................................................... 41

5 ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................................. 42

5.1 Dinâmica Industrial do Setor de Transformação ...................................................... 43

5.2 Análise da competitividade pelos índices de desempenho ....................................... 50

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 56

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ......................................................................... 59

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1 INTRODUÇÃO

O estudo da competitividade está associado a vários fatores importantes no

processo de desenvolvimento de um país. Visando avaliar a competitividade de um

segmento de produção brasileiro, a presente pesquisa analisa o setor da Indústria de

Transformação, e sua relevância em termos de participação no comércio internacional.

Sabe-se que a indústria brasileira, até a década de 1980, passava por uma fase de

crescimento acelerado devido ao desenvolvimento econômico brasileiro, e detinha uma

participação expressiva no Produto Interno Bruto (PIB). Dentro desse setor destaca-se a

atuação da Indústria de Transformação.

Além de possuir uma representatividade no PIB, a Indústria de Transformação

também é responsável pela maior parcela do valor da produção industrial, sendo está

última composta também pela Indústria Extrativista Mineral e pelos Serviços Industriais

de Utilidade Pública (SIUP).

No entanto, após a década de 1980, o cenário internacional era conturbado. De

acordo com a FIESP (2014), destaca-se o segundo choque do petróleo, a consequente

crise da dívida que o Brasil e outros países emergentes passaram e a aceleração da

inflação doméstica. Todos esses fatores contribuíram para que houvesse uma mudança

na estrutura da produção industrial no PIB, resultando na estagnação da Indústria em

geral.

Especificamente no que diz respeito à Indústria de Transformação, desde

meados da década de 1980, assiste-se a uma redução da sua participação em termos do

PIB. Nesse sentido, a inter-relação da expressividade no PIB com informações sobre as

exportações e importações da Indústria de Transformação, juntamente com a evolução

do valor da produção industrial, é útil para demonstrar a competitividade do setor no

comércio internacional.

Porém, a noção de competitividade não é apresentada da mesma forma pelos

vários autores e, de acordo com Haguenauer (1989), as diferenças de opiniões resultam

de bases teóricas e percepções que cada autor julga ser fundamental para a dinâmica

industrial.

Em uma visão mais geral, a competitividade, segundo Coutinho (1993), pode ser

vista como a produtividade das empresas ligada à capacidade dos governos, ao

comportamento da sociedade e aos recursos naturais. É construída e medida por

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indicadores nacionais e internacionais, permitindo conquistar e assegurar fatias do

mercado internacional, ou seja, a competitividade é fundamental para determinar a

dinâmica industrial de cada setor e os meios que ela utiliza para se assegurar com

expressividade no mercado que atua.

Considerando que a competitividade pode ser analisada por meio de vários

conceitos e definições, o presente trabalho busca explorar, de maneira sucinta, a análise

de alguns conceitos como: conceito de desempenho; conceito de eficiência; preço e

qualidade; tecnologia; salários e, produtividade. O enfoque será a competitividade

determinada através do índice de desempenho, que em sua definição corresponde à

participação no mercado realizada por uma firma ou um conjunto delas, em um

determinado momento no tempo.

Especificamente, o trabalho irá analisar a competitividade do setor da Indústria

de Transformação no cenário brasileiro e sua participação no mercado internacional

entre 2000 a 2011.

O trabalho está organizado em 6 seções incluindo esta introdução. Na seção 2, se

encontra o objetivo desse trabalho; na seção 3 é apresentada uma discussão a respeito de

alguns elementos que se fazem úteis para a análise do tema, como Inovação, Pesquisa e

Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, assim como uma discussão acerca do tema

estudado; na seção 4 são apresentados os dados utilizados para a construção do trabalho

e sua referente metodologia; na seção 5 são analisados os resultados e, por fim, na seção

6 são apresentadas as considerações finais.

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Analisar a competitividade da Indústria de Transformação, no cenário brasileiro

e a dinâmica da pauta exportadora e importadora para o período recente (2000-2011).

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2.2 Objetivos Específicos

i. Identificar e acompanhar a performance das exportações e importações

nacionais do setor;

ii. Analisar a competitividade da Indústria de Transformação através dos

indicadores de competitividade vista pela óptica de desempenho, como o

Coeficiente de Exportação, Coeficiente de Penetração de Importação e a Taxa de

Auto-Suprimento.

3 REVISÃO DA LITERATURA

Primeiramente, serão fundadas algumas bases conceituais que se fazem

necessárias para a discussão sobre o tema. Além do conceito de competitividade, que

será o foco deste trabalho, serão abordados os conceitos de inovação, pesquisa e

desenvolvimento, ciência e tecnologia, que estão atrelados ao objeto principal.

3.1 Competitividade

A noção de competitividade não é apresentada da mesma forma pelos vários

autores e segundo Haguenauer (1989), as diferenças de opiniões resultam de bases

teóricas, percepções da dinâmica industrial e mesmo ideologias diversas e têm

implicações sobre a avaliação da indústria e sobre as propostas de políticas formuladas.

Pela análise de Haguenauer (1989), a busca pela competitividade se dá ao nível

de indústrias ou firma em um ambiente social, político e economicamente estável, de

instituições eficientes, e de políticas industriais que favoreçam, através de incentivos a

P&D e ao treinamento da mão de obra.

Para Lima, Lélis e Cunha (2013), a literatura sobre a competitividade mostra que

há distintos fatores que motivam a competitividade no âmbito internacional. A análise

pode ser através da firma, de um setor e do ambiente macroeconômico. Os autores

enfatizam que os estudos podem existir também em relação ao padrão de especialização

dos países e sua competitividade internacional.

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Silva e Batalha (1999) discorrem que a intensificação da globalização financeira,

produtiva e comercial que a economia mundial vem vivenciando, justifica, em grande

parte, o desenvolvimento de trabalhos direcionados a competitividade de produtos e

regiões.

Conforme evidencia Marzano (2011), a competitividade pode ser avaliada pela

posição relativa de um país, isto é, por seu desempenho nas transações comerciais com

o resto do mundo, o que envolve desde a existência de uma base produtiva exportadora

até a capacidade de atração de investimentos estrangeiros diretos.

Mas é possível também, segundo Marzano (2011), ver a competitividade sob o

prisma da economia interna, como a capacidade de enfrentar os desafios do comércio

internacional e ao mesmo tempo desenvolver-se, e não apenas crescer, gerando

benefícios reais, melhor qualidade de vida, maior renda, redução do desemprego. Essa

capacidade, ou o que o autor chama de vantagem competitiva, dependerá do seu grau de

inovação alcançado.

Sob o prisma da economia interna, para Bertolli e Medeiros (2003), as inovações

tecnológicas são as maiores representantes da capacidade das empresas de gerarem

lucros.

De acordo com Coutinho et al (1993), a competitividade pode ser vista como a

produtividade das empesas ligada à capacidade dos governos, ao comportamento da

sociedade e aos recursos naturais será construída e aferida por indicadores nacionais e

internacionais, permitindo conquistar e assegurar fatias do mercado.

Para Haguenauer (1989), a competitividade poderia ser definida como a

capacidade de uma indústria ou empresa, de produzir mercadorias com padrões de

qualidade específicos, de acordo com cada mercado, utilizando recursos em níveis

iguais ou inferiores aos que prevalece em indústrias semelhantes no resto do mundo,

isso durante certo período de tempo.

Considerando que a competitividade é analisada por meio de vários conceitos e

definições que dependem da perspectiva adotada por cada autor, a seguir encontra-se

uma analise da competitividade através de alguns conceitos como: conceito de

desempenho; conceito de eficiência; preço e qualidade; tecnologia; salários e,

produtividade; sendo esses fundamentais para o entendimento sobre o assunto.

Segundo os autores que privilegiam a competitividade com desempenho, essa

vertente segundo o Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira (ECIB),

realizado por Coutinho et al. (1993), se caracteriza na expressividade da participação no

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mercado realizada por uma firma ou um conjunto delas, em um determinado momento

no tempo. A participação das exportações no comércio internacional apareceria como o

montante total da mercadoria, sendo que o desempenho das exportações industriais seria

pertinente para a definição da competitividade sobre essa óptica.

Haguenauer (1989) associa a competitividade ao desempenho das exportações

industriais e trata o seu conceito como ex-post, que avalia a competitividade através de

efeitos sobre o comércio externo, ou seja, sua definição está relacionada às indústrias

que ampliam sua participação na oferta internacional, de determinados produtos.

Ainda de acordo com Haguenauer (1989), esse conceito é avaliado de uma

forma intuitiva, no qual a vantagem está na facilidade de se construir indicadores. É

considerado pela autora o conceito mais amplo de competitividade.

Para os que defendem a versão de desempenho, a variável ex-post sintetiza os

fatores preço e não preço. Estes últimos incluem qualidade de produtos e de fabricação

e outros similares, a habilidade de servir ao mercado e a capacidade de diferenciação de

produtos, fatores esses parcial ou totalmente subjetivos (FERRAZ, KUPFER E

HAGUENAUER, 1996).

Silva e Fonseca (2010) analisam que a competitividade como desempenho se

expressa na posição alcançada pela organização no mercado em um dado momento,

decorrente de uma série de fatores, que segundo os autores podem ser definidos como

preço, qualidade, grau de diferenciação dos produtos. Sendo assim, a competitividade é

analisada sobre a óptica da demanda, e o seu volume de um produto se inclui entre os

seus principais indicadores.

Em relação ao ponto de vista da Competitividade através da Eficiência, de

acordo com a ECIB realizado por Coutinho et al. (1993), buscam traduzir a

competitividade através dos indicadores de coeficientes técnicos, ou seja, a relação

insumo-produto dentro da empresa e a capacidade de transformar insumos em produtos

com o máximo de rendimento; e também através da produtividade dos fatores.

Sendo assim, segundo Kupfer (1992) o resultado se dá através de um vasto

conjunto de fatores, dentre os quais a eficiência técnica produtiva é apenas um deles e

nem sempre o mais importante.

Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1996), sob a visão da competitividade vista como

eficiência denota essa óptica sob o nome de competitividade potencial. Desse modo, os

indicadores são buscados em comparativos de custos e preços, coeficientes técnicos, ou

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produtividade dos fatores, em termos de best-practices, ou seja, de boas maneiras

verificadas na indústria internacional.

Para os que seguem a competitividade sob essa vertente, a competitividade é um

fenômeno ex-ante, isto é, reflete o grau de capacitação detido pelas firmas, que se traduz

nas técnicas por elas praticadas. O desempenho obtido no mercado seria uma

consequência inevitável dessa capacitação. Considera-se assim que é o domínio de

técnicas mais produtivas que, em última instância, habilita uma empresa a competir com

sucesso, ou seja, representa a causa efetiva da competitividade (FERRAZ, KUPFER E

HAGUENAUER, 1996).

Segundo Silva e Fonseca (2010), a eficiência é definida pela habilidade da

organização em produzir mercadorias com uma qualidade superior à de seus

concorrentes, isso de acordo com a capacitação tecnológica, gerencial, financeira e

comercial.

De acordo com Silva e Fonseca (2010) sua mensuração se dá por meio da

produtividade e técnicas de produção, ou seja, a competitividade é delimitada pelo

produtor.

De acordo com Haguenauer (1989) a definição da competitividade nesta visão

está atrelada a uma característica estrutural. Sendo assim, ela demonstra como a

capacidade de um país de produzir determinados bens igualando ou superando os níveis

de eficiência em comparação com as economias de outros países. Além disso, é descrito

que o aumento das exportações seria uma consequência da competitividade empregada

por esse modelo, e não uma expressão dele.

Pode-se dizer que há certa heterogeneidade entre as vertentes de competitividade

de desempenho e eficiência, elas podem ser definidas pelas variáveis ex-post e ex-ante,

sendo que cada uma das variáveis está associada a um conceito de competitividade.

Do ponto de vista de Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1996), ambos os enfoques

são considerados muito restritivos devido aos indicadores se comportarem até um

determinado momento, tanto desempenho como eficiência são enfoques limitados, por

serem estáticos, analisando apenas o comportamento passado dos indicadores, sem

explicar as relações que mantém a evolução da competitividade.

De acordo com Silva e Fonseca (2010) a literatura sobre a definição da

competitividade voltada apenas para o conceito de desempenho ou competitividade por

indicador de eficiência, deve ser mudada, a definição deve ser mais clara e abrangente

que ultrapasse a tendência existente no campo da microeconomia de associa-las

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somente a esses indicadores. É pontuado que outros economistas têm sugerido um

enfoque da competitividade em relação a fatores de estratégias e de padrões de

concorrência setoriais, e ainda analisam a relevância de se considerar na análise da

competitividade fatores de influências das circunstâncias ambientais.

Com o objetivo de buscar uma análise mais ampla, é apresentada pelo livro

Made in Brazil (1996) o conceito de competitividade sob a perspectiva dinâmica, no

qual o desempenho no mercado e a eficiência produtiva decorrem da capacitação

acumulada pelas empresas, que reflete as estratégias adotadas em função da

competitividade, em relação ao processo concorrencial e ao ambiente econômico onde

estão inseridas.

É nesse âmbito que a competitividade é definida como a capacidade da empresa

de formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou

conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado (FERRAZ,

KUPFER E HAGUENAUER, p.6, 1996).

Além da competitividade sobre desempenho e eficiência, outra maneira de

avaliar a Competitividade se dá através de uma análise sobre o Preço e a Qualidade.

A Competitividade seguida pela definição de Preço, de acordo com

Haguenauer (1989) consiste na verificação dos diferenciais entre os preços

internacionais e o de um país específico. A autora discorre que as indústrias

competitivas seriam aquelas cujos preços fossem abaixo do que era empregado no

comércio exterior, ou seja, essa definição estava alocada à eficiência de preços.

Ainda segundo Haguenauer (1989) o que se nota dessa vertente é que a sua

mensuração não é dada de forma homogênea entre os diferentes autores, essa distinção

se dá através de que um preço internacional dado, é diferente do preço empregado

internamente, e essa vertente possui alguns problemas a serem analisados, como é a

associação da competitividade por preços em relação à instabilidade financeira

internacional, pois torna as taxas de cambio irreais e a dificuldade em avaliar uma

paridade entre as diferentes moedas.

Para Haguenauer (1989) as exportações se submetem a essa relação entre os

preços empregados internamente e externamente para demonstrar a competividade

dentro da indústria.

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Neste sentido, a estrutura de subsídios, drawback1 e outros mecanismos de

promoção às exportações explicariam a viabilidade de um diferencial para um menor

preço externo e indicaria indústrias não competitivas, em relação ao desempenho no

comércio exterior; a situação inversa – preços domésticos inferiores - seria explicada

por dificuldades de acesso ao mercado internacional e restrições quantitativas no

comércio externo, entre outros fatores, e indicaria indústrias competitivas

(HAGUENAUER, p. 7, 1989).

Em relação à Competividade empregada do ponto de vista da Qualidade,

nota-se que no Brasil, de acordo com Haguenauer (1989) a avaliação da qualidade como

fator de competitividade exige estudos detalhados por produto; e a associação em

relação aos preços como fator engloba aspectos relacionados a custos e a rentabilidade.

É nesse contexto que Sales, Mera, Mayorga e Leite (2004) apresentam que a

implementação de uma estratégia de redução de custos ou diferenciação qualitativa de

produtos, é decisiva para o sucesso empresarial.

A Figura 1, de acordo com Melo (1998) mostra algumas estratégias

competitivas, mediante redução de custo e/ou elevação da qualidade/diferenciação do

produto.

.

Fonte: Melo 1998.

Figura 1 – Competitividade em função de estratégias de redução custos e/ou

diferenciação de qualidade de produtos.

1 De acordo com a Receita Federal e a cartilha do Ministério do Desenvolvimento Industrial e Comércio

Internacional, o regime aduaneiro especial de drawback, é um regime de apoio às exportações que tem

por base a suspensão dos tributos sobre insumos importados, quanto nas aquisições no mercado interno,

sobre insumos utilizados na industrialização de produto a ser exportado.

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Segundo a análise da Figura 1, nota-se a relação do fator custo com a qualidade,

sendo que para Melo (1998) os custos representam um fator central de competição. E os

produtos especializados, são sujeitos a diferenciações qualitativas. Deste modo, a

conclusão da competitividade ocorre com a capacidade de diferenciar produtos e reduzir

seus custos.

Haguenauer (1989) aponta que preços superiores associados a produtos com

maiores níveis de qualidade poderiam indicar maior competitividade e não inverso,

porém essa relação não se dá imediatamente, já que a definição do termo de qualidade é

a adequação que ela tem no mercado; no sentido da performance, produtos que possuem

qualidade inferior, e preços inferiores podem ser mais adequados à estrutura de renda e

de consumo de determinados países, o que não significa ineficiência produtiva.

. As transformações que ocorreram ao longo das últimas décadas, se viu a

necessidade de novas estratégias para se chegar ao sucesso empresarial, é nesse cenário

que a competitividade vista como a diversificação dos produtos e a qualidade

empregada se tornam relevante, é nesse contexto que para Sales, Mera, Mayorga e Leite

(2004) a satisfação do consumidor final é requisito indispensável. É discutida na análise

a relação da qualidade e preço, sendo que essa combinação é essencial para a ampliação

da competitividade.

Haguenauer (1989) discorre que a competitividade através dessa óptica, pode ser

vista através da produção de bens com baixos níveis de qualidade ou bens de alto nível.

A produção de bens com baixos níveis de qualidade seria competitiva desde que ela

fosse agregada a um nível compatível de utilização de recursos, no caso de baixo custo,

e sustentável em médio prazo, ou seja, isso só ocorreria se fosse garantida a

permanência de mercados específicos para essas mercadorias. Já a competitividade na

produção de bens de alto nível exigiria a existência de acordo com a autora, de sistemas

de controle de qualidade, atualização na tecnologia seria necessária, além do

desenvolvimento e produção de novos bens, no qual para garantir sua permanência no

mercado, a competitividade teria que ser analisada no tempo, no qual os produtos teriam

que ser adaptados às mudanças e níveis de exigência dos mercados de destino.

Outra forma de medir a Competitividade se dá através da Tecnologia e a sua

eficiência produtiva, associada com o processo de produção.

Essa corrente começou a ser relevante a partir das contribuições do pensamento

de Shumpeter (1997), no qual analisava o progresso técnico como chave para as

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estratégias relacionadas ao mercado competitivo, e que a tecnologia empregada na

indústria é o elemento fundamental os comércios.

Na visão de Ferraz (1989) a busca da eficiência e da competitividade só seria

alcançada por meio de inovações tecnológicas. O autor conceitua competitividade de

uma empresa como sua capacidade de definir e implementar normas tecnológicas de

funcionamento de um mercado, ou seja, de “perceber oportunidades, introduzir, difundir

e se apropriar dos ganhos auferidos pelo progresso técnico”.

É nesse contexto que a avaliação dessa capacidade a partir das seguintes

“funções tecnológicas”: sistema de pesquisa e desenvolvimento, de qualidade industrial,

de automação de base microeletrônica (inovações incorporadas aos bens de capital) e de

infraestrutura tecnológica (serviços técnicos especializados) leva a competitividade

(HAGUENAUER, p. 13, 1989).

Para Ferraz (1989) a competitividade tecnológica deve ter a presença do Estado

para assegurar à difusão de inovações, principalmente aquelas que estão associadas a

técnicas de organização, apesar da presença do Estado se fazer necessária, o autor

aponta que nesse cenário não se estará fazendo política industrial e sim política

cientifica, tecnológica e industrial.

Em relação a Variável Salário como indicador de Competitividade, apesar de

ser pouco discutida, ela associa a competitividade com choques salariais. Para

Haguenauer (1989) um exemplo seria a perda da competitividade sofrida pelos Estados

Unidos nos setores de siderurgia e automobilístico, decorrentes de aumentos salariais

obtidos através de uma estruturação forte dos sindicatos. Segundo a autora, alguns

pesquisadores avaliam essa análise através da relação entre câmbio e salário indicando a

evolução na competitividade industrial.

Rocha (1997) aponta que os salários praticados nas últimas décadas favoreceram

a competitividade do comércio nacional no exterior, o que proporcionou uma maior

penetração das exportações brasileiras nos mercados internacionais.

Esse indicador tem uma característica marcante, ora ela pode ser caracterizada

de forma positiva, ora de forma negativa.

Haguenauer (1989) ressalta que o enfoque dado à relação dos salários com o

nível de competitividade depende da visão de cada autor. Na sua análise ela discorre a

correlação positiva entre essas variáveis, no qual:

Salários reais mais altos necessariamente estimulariam as empresas a buscar

processos produtivos melhor organizados (inclusive no que tange à

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integração com fornecedores e subcontratantes), mais eficientes, modernos e

automatizados, tornando-se, como consequência, mais competitivas

internacionalmente.2

Um ponto de vista diferente do que foi apresentado por Haguenauer e é

ressaltado por Rocha (1997), que analisa a relação entre a competitividade e o salário

como uma correlação negativa. Para o autor, os baixos salários ajudaram as exportações

brasileiras a penetrar nos mercados internacionais, de maneira que a redução de salários

reais permitiu a compra de produtos nacionais no comércio exterior, porém como

resultado obteve-se uma parcela da população brasileira empobrecida, ou seja, o

aumento da competitividade nos mercados mundiais cresceu à custa do empobrecimento

da classe assalariada.

A relação entre Competitividade e Produtividade segundo Haguenauer (1989)

se diferencia da análise feita através da avaliação da competitividade por meio dos

salários, de maneira que há um consenso na literatura nesse caso, já que o aumento da

produtividade em determinada indústria de um país em relação à mesma indústria nos

países concorrentes está positivamente correlacionado com o aumento da

competitividade.

Marino (2006) descreve a produtividade como uma sincronia de estratégias das

empresas com o mercado, proporcionando um setor mais competitivo. O autor define a

produtividade como, “as grandes empresas se empenham na implementação de

programas de qualidade total, cujos resultados não só garantem a plena satisfação dos

clientes como também reduzem os custos de operação, minimizando as perdas,

diminuindo consideravelmente os custos com sérvios externos e otimizando a utilização

dos recursos existentes”.

Haguenauer (1989) discorre que existem diferentes interpretações para se

calcular a produtividade de forma competitiva. Segundo sua análise ela pode ser

calculado por uma visão, no qual se destacam as funções de produção agregadas com os

fatores, capital e trabalho, e, outra no qual há uma critica em relação à debilidade do

capital como variável agregada. Na sua análise a autora cita um artigo referente à

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) que além de

ver a produtividade medida de maneira tradicional, ou seja, no qual considera o produto

real por pessoa ocupada, apresenta também uma estimativa da produtividade total dos

2HAGUENAUER, L. Competitividade: conceito e medidas. Uma resenha da bibliografia recente com

ênfase no caso brasileiro. Texto para Discussão, n.211. Instituto de Economia Industrial – UFRJ, Rio de

Janeiro, p. 16, 1989.

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fatores, que é avaliada com base em funções de produção, para os países membros da

organização.

Ainda de acordo com Haguenauer (1989) um exemplo foi à queda na taxa de

crescimento da produtividade observada a partir dos anos 1970 nos países da OECD,

que é explicada pelo declínio na taxa de investimentos, que teve como origem através

do progresso técnico incorporado aos novos bens de capital, e pela dificuldade de

acompanhar a evolução tecnológica e pelos retornos decrescentes dos gastos em P&D.

É nesse cenário que nota-se a analogia do crescimento/declínio da competitividade

através da produtividade.

O sucesso competitivo, apontado por Coutinho et al. (1993), depende da

renovação das vantagens competitivas por parte das empresas, e o seu desempenho é

condicionado por um conjunto de fatores. Esse conjunto de fatores é representado por

três determinantes de desempenho competitivo, nos quais dois deles foram responsáveis

em proporcionar um foco de análise a nível setorial, enquanto o terceiro esteve voltado

para a análise ampla e sistêmica da estrutura industrial.

O primeiro fator decisivo do sucesso competitivo, segundo Bertolli e Medeiros

(2003) foram3:

i. Fatores empresariais (internos a empresa): são aqueles que estão sob a esfera de

decisão e através dos quais procura se distinguir dos seus competidores. A

análise dos fatores empresariais serviu para avaliar a capacitação tecnológica e

produtiva, atualização de máquinas e equipamentos, métodos gerenciais,

qualidade e produtividade dos recursos humanos e conhecimento do mercado,

além da capacidade de se adequar as suas especificidades;

ii. Fatores estruturais (internos à indústria/complexo/mercado): são aqueles que

mesmo não sendo inteiramente controlados pela empresa estão parcialmente

sobre sua área de influência e caracterizam o ambiente competitivo em que

atuam. Fazem parte desse grupo os mercados consumidores, dos graus de

sofisticação dos produtos, do padrão estrutural da indústria/complexo, das

tendências tecnológicas e do ambiente concorrencial;

3Para maiores informações sobre os fatores de desempenho competitivo, ver o Estudo da Competitividade

da Indústria Brasileira, realizado no ano de 1994 através de um consórcio de autores sob a supervisão do

Ministério da Ciência e Tecnologia.

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iii. Fatores sistêmicos: são aqueles que constituem externalidades stricto sensu para

a empresa produtiva, em que pesam variáveis macroeconômicas, politico-

institucionais, a, infraestruturais, sociais e internacionais4.

3.2 Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia

De acordo com a literatura, nota-se que nos últimos anos houve uma acelerada

mudança no contexto econômico, e nos fatores ligados ao desenvolvimento tecnológico,

científico, e industrial, em que os mesmos podem estar associados à capacidade de

Inovação que o agente econômico emprega para que se torne competitivo no mercado.

Lemos (1999) destaca que essa capacidade de inovar é fator crucial para se

chegar a um ambiente competitivo, porém para que isso aconteça é necessária à

aquisição de novas capacitações e conhecimentos, o que significa intensificar a

capacidade de indivíduos, empresas e países em aprender e transformar esse

aprendizado em fator de competitividade.

De acordo com Shumpeter (1997), o processo de desenvolvimento de um país

deve seguir através da oferta, ou seja, é o empresário que define o caminho que irá levar

ao desenvolvimento, utilizando da inovação para se chegar ao seu objetivo. Para isso,

deve-se utilizar de novas combinações e técnicas.

É com base nessas ideias que Marzano (2011), apresenta na sua análise os cinco

tipos básicos de inovação schumpeteriana5:

i. Introdução de um novo produto – com o qual os consumidores ainda não se

encontram familiarizados – ou de um novo tipo de produto;

ii. Introdução de um novo método de produção, não necessariamente baseado numa

nova descoberta cientifica que pode consistir numa nova maneira de

comercializar determinado produto;

4 Para uma visão mais detalhada sobre as variáveis que constituem os fatores sistêmicos, verificar o livro

Made in Brazil dos autores Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1996). 5SCHUMPETER, J.A. (1951). Essayson Entrepreneurs, Innovations, Business Cyclesandthe Evolution of

Capitalism. Edição de Richard Clemence.Introdução de Richard Swedberg. New Brunswick: Transaction

Publishers, 1997.

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iii. Abertura de um novo mercado, no qual o segmento manufatureiro específico do

país em questão não houvesse atuado previamente, independentemente de que

esse mercado existisse ou não;

iv. Obtenção de uma nova fonte de matérias-primas ou bens semimanufaturados,

independentemente, também, que de tal fonte existisse previamente; e

v. Reorganização de qualquer setor da indústria, mediante a obtenção (através da

formação de trustes6, por exemplo) ou a quebra de uma posição monopolística.

De acordo com Lemos (1999), muito se fala sobre inovação e seu papel sobre o

desenvolvimento econômico, e marca como ponto inicial a contribuição de Shumpeter,

que deu importância as inovações no desenvolvimento de empresas.

De acordo com Nelson e Winter (2005) há uma perspectiva central da

concorrência dinâmica de que algumas empresas se esforçam para liderar as inovações

tecnológicas, enquanto outras tentam acompanhar os sucessos das líderes por meio da

imitação.

Porém, para Dodgson (2005), a imitação não significa necessariamente uma

cópia ou um bem igual feito de maneira ilegal de produtos estrangeiros; ela pode ser

legal, não envolvendo violação de patentes ou pirataria. Eles apontam que as imitações

vão desde a cópia ilegal (falsificações), até produtos novos e inovadores e que foram

apenas inspirados por algum precursor.

A inovação das empresas privadas é o centro da análise e os lucros foram

considerados como um fator atrativo como forma de motivação, e assim desenvolver a

atividade inovadora, sendo assim o meio pelo qual as firmas inovadoras bem sucedidas

crescem e acabam se destacando em relação às demais (NELSON e WINTER, 2005).

Na literatura sobre inovações, Freeman e Soete (2008) apontam que foram feitas

tentativas de se construírem teorias sobre o processo inventivo. Segundo esses autores,

o primeiro fator pode ser definido como teoria da inovação impulsionada pela ciência

6É um tipo de estrutura empresarial na qual varias empresas que detém a maior parte do mercado,

combinam-se ou funde-se a fim de assegurar o controle desse mercado, estabelecendo preços elevados

que lhes garantem elevadas margens de lucro (ANVERSA, G. L. A. A defesa da concorrência no Brasil:

experiência histórica, fundamentos teóricos e ação do ministério Público Federal. p.22, 2004).

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(science-push), que tem um enfoque voltado para o elemento da pesquisa e da invenção;

e o segundo fator definido como teoria da inovação impulsionada pela demanda

(demand-pull), no qual é amparada através da necessidade. Apesar de haver um

predomínio de um ou outro aspecto, os autores alegam que eles podem ser

complementares e não mutuamente exclusivos.

Embora existam casos em que uma ou outra possa predominar, a evidência das

inovações aponta para a conclusão de que qualquer teoria satisfatória deve,

simultaneamente, considerar ambos os elementos (FREEMAN E SOETE, p.348, 2008).

Dessa forma:

Uma vez que as inovações técnicas são definidas pelos economistas como a

primeira aplicação ou produção comercial de um novo processo ou produto,

segue-se que a contribuição crucial dos empresários consiste em vincular as

novas ideias ao mercado. Num dos extremos, pode haver casos em que a

única inovação reside na ideia de um novo mercado para um produto já

existente. No outro extremo, pode haver casos em que uma nova descoberta

científica automaticamente gera um mercado sem qualquer adaptação ou

desenvolvimento adicional. A vasta maioria das inovações situa-se em algum

lugar entre estes dois extremos e envolve alguma combinação imaginativa de

novas possibilidades técnicas e de mercado. A necessidade pode ser a mãe da

invenção, mas a sua procriação ainda requer um parceiro.7

A inovação integra um processo social, associado à história, à cultura, à

educação, às organizações institucionais e politicas e à base econômica da sociedade e é

nesse âmbito que o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), através do Livro Branco

(2002), apresenta que nações mais bem sucedidas são as que investem de forma

contínua em Ciência e Tecnologia (C&T), obtendo no processo capacidade de inovação.

O MCT pontua que o Estado deve cumprir papel indutor e decisivo nos sistemas

de inovação, mesmo nas economias mais desenvolvidas, através do financiamento de

pesquisas e o desenvolvimento cientifico e tecnológico, e manter a infraestrutura de

ensino, pesquisa e prestação de serviços tecnológicos. O documento enfatiza que apesar

do reconhecimento da empresa como motor de inovação, não se deve omitir que esse

processo é consequência de um conjunto de habilidades coletivas muito mais amplas,

com a finalidade para gerar e difundir o novo.

Com relação ao conceito de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), Andreassi e

Sbragia (2000) apontam-na como a mais clássica das ferramentas inovativas,

influenciando no processo de inovação da tecnologia das empresas.

7FREEMAN, C.; SOETE, L. A Economia da Inovação Industrial. Campinas, SP: Editora da Unicamp,

p.348-349, 2008.

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Para Freeman e Soete (2008), durante o século XX, o principal locus da

atividade inventiva transferiu-se dos inventores individuais para os laboratórios

profissionais de P&D, isso se viu presente tanto na indústria, como em governos e até

mesmo em universidades.

De acordo com Marzano (2011), as atividades de pesquisa e desenvolvimento,

configuram uma forma de inovação, da mesma forma que o treinamento e a capacitação

de talentos ou o financiamento de risco, com a finalidade de criar conhecimento, com

criatividade, o que pode levar ou não a invenção.

Sbragia (1987) discorre que na medida em que a tecnologia torna-se um fator de

sobrevivência, competitividade e crescimento das empresas, a função de P&D cresce

em importância, e que na empresa industrial moderna, essa função é uma parte

integrante da organização.

O Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI) (2014) descreve que o

P&D é parte dos processos de geração de inovação, no qual correspondem a qualquer

atividade de pesquisa básica ou aplicada realizada com o intuito de produzir avanço dos

conhecimentos sobre produtos, serviços e processos, desde que esses mesmos avanços

sejam aplicados para o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, que

irão atender a uma demanda de um determinado setor ou mercado.

Conforme Gomes (2008), a implementação de laboratórios de P&D no Brasil,

principalmente nos setores automobilístico e indústria de equipamentos de

telecomunicações, em relação a empresas que têm sua origem e sede em outros países,

demonstram um importante desempenho no papel estratégico competitivo de produção

global. Para o autor, isso significa que:

A despeito do fato de que "as atividades estratégicas se mantenham retidas

nos países centrais, sob controle do comando corporativo" (...), mostram que

países em desenvolvimento como o Brasil também veem se tornando

importantes loci de atividades tecnológicas das empresas transnacionais que

comandam redes globais de produção.8

Nesse contexto, pode-se dizer que esse processo de atividades tecnológicas em

países em desenvolvimento vem surgindo devido às necessidades de adequações à

demanda.

Para Dodgson (2005), a respeito da Ciência e Tecnologia (C&T), elas são

vistas como ferramenta do desenvolvimento industrial, e trata-se de um meio pelo qual

8GOMES, R. Empresas transnacionais e internacionalização da P&D: elementos de organização industrial

da economia da inovação. Revista de Economia Política, vol. 28, n. 2 (110), p. 358-360, 2008.

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os países mais pobres podem diminuir a pobreza e assim conseguir se diversificar em

relação a sua produção, escapando da dependência que geralmente têm de setores rurais

e de recursos naturais.

Marzano (2011) evidencia que a ciência representa uma tentativa sistêmica de

estudar e compreender o mundo e as leis que o regem, enquanto a tecnologia pode ser

definida como o desenvolvimento, também sistêmico, com base nos resultados da

ciência, de técnicas que produzem coisas. Ainda segundo o autor, a pesquisa representa

o campo em que se desenrola a ciência, e a inovação utiliza-se de seus resultados, para

introduzir algo novo e, por conseguinte, elevar a competitividade da empresa, da região

ou do país.

Porém vale destacar que existem diferenças setoriais, em que alguns setores não

necessitam de tanta necessidade de P&D.

Nota-se ainda, que de acordo com Bertolli e Medeiros (2003), as economias que

construíram estrutura de ciência e tecnologia e desenvolvimento de novos produtos vêm

conseguindo criar condições para o catchingup, ou capacidade produtiva, tecnológico

em direção da fronteira de tecnologia.

3.3 Competitividade e o caso brasileiro

Para Silva e Laplane (1994), a dinâmica dos países desenvolvidos desde o final

da década de 1970, é caracterizada por uma dinâmica shumpeteriana, abrangendo

mudanças tecnológicas, institucionais e de estrutura de mercado. O Brasil, nessa mesma

época também apresentou mudanças na sua estrutura da dinâmica industrial.

Ainda segundo Silva e Laplane (1994), no caso brasileiro, ao longo da década de

1980, a indústria no país sofreu alguns choques sucessivos, como o ajuste recessivo,

decorrente à crise nesse período; o forte estímulo às exportações; e a retomada do

crescimento na primeira metade da década. Em relação a essa questão, o que se via era a

aceleração do crescimento no período do Cruzado; e o início da redução da proteção

tarifária com a Nova Política Industrial e o agravamento da instabilidade e da inflação,

recuperada apenas após o fim do Governo Sarney. Sendo assim, o que se observa na

indústria brasileira nessa época é uma trajetória de estagnação.

A indústria brasileira, a partir dos nos anos 1990, apresentou um processo

significativo de mudanças impulsionadas pela liberalização econômica, e é nesse

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contexto que Bonelli e Fonseca (1998) analisam a evolução da competitividade na

década atual para um melhor entendimento do desempenho comercial brasileiro.

A ideia de mudanças significativas na economia nos remete a uma frase citada

por Marzano (2011) em que expressa à opinião de Schumpeter no seguinte trecho:

Esta modificação histórica e irreversível na maneira de fazer as coisas é o que

chamamos de inovação.

O que se entende é que a inovação é determinante para o desenvolvimento da

estrutura econômica.

Os anos 1990 de acordo com Bonelli e Fonseca (1998) podem ser denominados

através dos seus ajustes em relação à orientação política industrial, decorrente do

cenário político e econômico que vinha sendo observado na década de 1980. Essa

mudança na orientação política foi essencial para o desenvolvimento da competitividade

nos setores industriais no país, principalmente com as mudanças em relação à

liberalização econômica, no qual foi fundamental para os estímulos de comportamentos

empresariais competitivos, e as políticas de privatização deveria abrir uma nova

fronteira de investimentos para o setor privado em setores com potencial de exportação

e rentabilidade.

Silva e Laplane (1994) distinguem que a reação das empresas em relação à

abertura e estagnação de mercado interno diante ao fracasso das estratégias de

estabilização do Governo Collor foi à prática de um ajuste defensivo mais intenso do

que foi empregado nos anos 1980, com redução drástica do nível de emprego provocada

pela maior especialização e racionalização da capacidade produtiva.

É nesse contexto que, entre meados dos anos 1980 e início dos anos 1990,

segundo Bertolli e Medeiros (2003), o mercado defrontou-se com dificuldades políticas

e econômicas da crise macroeconômica decorrente desse período, o que levou a uma

estrutura produtiva com desafios e limitações na realização de uma política efetiva de

direcionamento industrial, produtiva e tecnológica e principalmente limitações aos

padrões de concorrência, deste modo, a inovação se torna um instrumento importante

para a modernização das empresas nessa década.

É nesse cenário que Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira (1993),

um consórcio de autores que foi realizado sob o domínio do Ministério da Ciência e

Tecnologia, apresenta uma pesquisa sobre a competitividade industrial no Brasil na

década de 1990, com o objetivo de elaborar novas estratégias de desenvolvimento

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competitivo e propor linhas de ação necessárias à sua implementação, com a finalidade

de aumentar o debate a cerca do assunto, visando à busca pela competitividade.

Para possibilitar uma visão das politicas de desenvolvimento competitivo no que

se refere aos fatores estruturais da competitividade da indústria brasileira, segundo

Bertolli e Medeiros (2003), a contribuição do ECIB foi à classificação da indústria

brasileira em basicamente três setores, de acordo com a capacitação competitiva de cada

um desses setores.

Coutinho et al. (1993) define esses conjuntos de setores em: setores com

capacidade competitiva, setores com deficiências competitivas e setores difusores de

progresso técnico. O Quadro 1 apresenta os setores agrupados em cada categoria, e o

complexo industrial a que pertencem.

Quadro 1 – Classificação dos Setores da indústria brasileira segundo o ECIB.

Fonte: ECIB, 1993.

Setores com Capacidade Competitiva

Complexo Agroindustrial óleo de soja; café; suco de laranja

Complexo Químico petróleo; petroquímica

Complexo Metal-Mecânico minério de ferro; siderurgia; alumínio

Complexo Celulose e Papel celulose; papel

Setores com Deficiências Competitivas

Complexo Agroindustrial abate; laticínios

Complexo Químico fertilizantes

Complexo Metal-Mecânico automobilística; autopeças

Complexo Eletrônico bens eletrônicos de consumo

Complexo Têxtil têxtil; vestuário; calçados de couro

Complexo Materiais de Construção cimento; cerâmicas de revestimento; plásticos para construção civil

Complexo Celulose e Papel gráfica

Extra-complexo móveis de madeira

Setores Difusores de Progresso Técnico

Complexo Eletrônico, software informática; telecomunicações; automação industrial;

Complexo Metal-Mecânico máquinas-ferramenta; equipamentos para energia elétrica; máquinas agrícolas

Complexo Químico fármacos; defensivos agrícolas

Extra-complexo biotecnologia

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Dentro dessa classificação, a caracterização dos setores da indústria segue as

seguintes definições:

É expresso por Coutinho et al. (1993) e por Bertolli e Medeiros (2003), que os

setores com capacidade competitiva, apresentam níveis elevados de eficiência

produtiva e excelente desempenho no comércio internacional, são representados pelo

grupo produtor de commodities, produtos padronizados, de baixo valor agregado e que

enfrentam excesso de oferta mundial e estagnação de mercados, o que significa a queda

de preços no comércio externo.

Sua maior eficiência, em relação aos setores de capacidade competitiva, estava

localizada na capacitação de recursos naturais como também na boa gestão de processos

e de relativo grau de atualização tecnológica de processos, desenvolvida especialmente

durante os anos 1980 para uma maior potencialização exportadora em meio á crise do

mercado interno (BERTOLLI E MEDEIROS, 2003).

Já os setores com deficiências competitivas, de acordo com Coutinho et al.

(1993) aponta que são empresas que têm uma boa parte da sua produção considerada

pouco competitiva. Bertolli e Medeiros (2003) acentuam que empresas cujo crescimento

está focado no mercado interno, estão agrupadas nessa categoria, devido à instabilidade

macroeconômica, o que incentivou um baixo investimento do setor em competitividade.

Segundo o estudo, esse setor caracterizava o principal setor atuante no país.

Mesmo assim, Bertolli e Medeiros (2003), acreditavam que a internalização de

capacidade produtiva foram responsáveis para que levasse o país em direção da

fronteira tecnológica ligada ao desenvolvimento da produção. Entretanto, esse

desenvolvimento nunca foi aquém para colocar o país à frente de movimentos do que

eles chamam de catchingup tecnológico, ou seja, a capacidade produtiva, como

acontecia nas economias que já eram industrializadas.

Os setores difusores de progresso técnico exercem um conjunto de empresas

com deficiência competitiva. Sobre as ideias de Bertolli e Medeiros (2003), elas

representam o segmento mais afetado pela crise da economia nacional nos anos 1980.

Fazem parte desse setor empresas do complexo eletrônico, os produtos de bens de

capital do complexo metal-mecânico, a química fina e a biotecnologia.

Os setores analisados pelo ECIB (1993), excluindo os segmentos de

commodities, apresentavam deficiências competitivas ligadas ao atraso tecnológico,

principalmente presentes na década de 1980.

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Para o caso brasileiro, a literatura estudada apresenta que “durante quase trinta

anos (1950, 1960 e 1970), o país conseguiu expandir seu desenvolvimento industrial

significativamente, e enquanto que nos anos 1980 ele apresentou uma ruptura nesse

processo. A política industrial (PI) de fomento, base do processo de industrialização

substitutiva de importação (ISI), foi colocada em segundo plano e os ajustamentos da

política macroeconômica de curto prazo passaram a ser predominante na política

econômica até meados dos anos 1990. A política tecnológica (PT), no contexto do

desenvolvimento de um sistema nacional de ciência e tecnologia, foi fundamental para a

capacitação tecnológica de empresas iniciado nos anos 1970, e começou a ser

desarticulado no que será chamado de a década perdida” (BERTOLLI E MEDEIROS,

2003).

Para Silva e Laplane (1994) os anos 1990 eram caracterizados por estratégias

defensivas devido às condições adversas nas mudanças recentes do perfil de atividades

dos principais grupos empresariais brasileiros. É mencionado que dos nove maiores

grupos nacionais que, no decorrer da década de 1980, avançaram em direção a setores

intensivos em tecnologia, no qual cinco desses retrocederam intensamente nessas

estratégias, e os outros tiveram suas posições fragilizadas, conforme o agravamento da

instabilidade macroeconômica no final dos anos 1980, e principalmente devido às

mudanças institucionais que ocorreram na década de 1990. Admite-se que ao longo da

década as empresas realizaram esforços de estratégias para tentar sobreviver dentro do

mercado.

De acordo com Campos, Hidalgo e Mata (2007) a economia brasileira no

período que corresponde aos anos de 1990 a 2002 obteve um forte crescimento de

fluxos de comércio, no qual é destacado o aumento das exportações brasileiras totais e a

participação dessas exportações no PIB do país também aumentou.

A década de 1990, de acordo com Bertolli e Medeiros (2003) iniciou-se com

discursos políticos de capacitação tecnológica da estrutura produtiva nacional. Na

primeira metade da década, entre 1990 e 1993, devido à abertura comercial

indiscriminada da economia houve um forte ajuste defensivo que se tornou a tônica

“modernizante” da indústria brasileira. Após a estabilização promovida pelo Plano Real,

a partir de 1994, de acordo com os autores verificou-se o aprofundamento da abertura

econômica, e a implementação do processo das ideias da competitividade industrial no

país.

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31

Para Silva e Laplane (1994) algumas observações a cerca dos processos que

marcaram a década de 1990, se dava através dos seguintes itens:

i. Os ajustes implementados visando à sobrevivência das empresas, implicaram

cortes não reversíveis de postos de trabalho, na medida em que se concentraram

em três direções:

- redução das hierarquias, reorganização e enxugamento das estruturas

administrativas;

- reestruturação produtiva com adoção de novas técnicas de produção enxuta e

compactos e novos lay-outs, visando reduzir estoques, aumentar eficiência e

qualidade e obter flexibilidade e,

- concentração seletiva nas áreas de competência, com redução dos níveis de

agregação local e ampliação das importações de partes e componentes de custo

mais elevado.

ii. A indústria brasileira, apesar de mover-se em direção às novas formas de

organização gerencial e produtiva, o faz a partir de patamares insatisfatórios e

com velocidade insuficiente. Com exceção de um número reduzido de empresas

líderes, os grupos empresariais não parecem ainda preparados para a magnitude

dos riscos e desafios colocados pela rápida mudança tecnológica, pela forte

pressão competitiva global e pelas crescentes exigências dos usuários.

iii. O ajuste defensivo, primordialmente financeiro e de defesa das margens de

lucro, colocou em segundo plano novos investimentos em unidades fabris e

reiterou a debilidade tecnológica já presente nas estruturas empresariais em

razão das características históricas do processo retardatário de industrialização.

As empresas líderes privadas preservarem-se como negócios rentáveis e

protegerem o valor de seus patrimônios. A velocidade e a flexibilidade

demonstradas no plano financeiro desde os anos 1980 apontam para um

pronunciado instinto de sobrevivência e de aversão ao risco. O forte

desendividamento significava reduzir ao máximo o risco de insolvência, ainda

que isto implicasse um baixo ritmo de investimentos, com envelhecimento das

estruturas de produção e das linhas de produto. Exceção deve ser registrada para

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32

o caso dos setores/empresas que lograram exportar crescentemente ao longo dos

anos 1980.

iv. A não adoção de estratégias “ofensivas” de modernização do sistema

empresarial brasileiro teve por consequência:

- a estrutura dos grandes grupos nacionais não avançou em direção a um perfil

moderno de atividades de elevada densidade tecnológica e de rápido

crescimento;

- aprofundou-se o divórcio entre banco e indústria e,

- o tamanho econômico dos grupos de capital nacional praticamente não cresceu

em contraste com as grandes empresas de outros países em desenvolvimento.

v. O sentido defensivo das estratégias empresariais não deve, entretanto, ser

interpretado como paralisia e incapacidade de adaptação. Ao contrário, as

empresas reagiram com grande velocidade às oscilações do quadro econômico e

às sinalizações do sistema político-institucional, demonstrando notável

capacidade de adaptar-se e de renovar-se com vitalidade. Porém, deve-se

salientar que as medidas de ajuste adotadas pouco contribuíram para a correção

das deficiências mais graves do sistema empresarial brasileiro.

Com relação às importações, Campos, Hidalgo e Mata (2007) observaram para o

período de 1990-2002 um aumento com ênfase para as matérias-primas e bens de

capital, decorrente da valorização cambial decorrente do processo de estabilização

econômica, o que de acordo com os autores, proporcionou o barateamento dos produtos

importados relativamente aos nacionais, o que contribuiu para tornar esses produtos

importantes atrativos aos consumidores.

Esse período de importações foi descontinuado em meados de 1998, que de

acordo com Silva, Hidalgo e Mata (2007) dava sinais de fragilidade, devido à política de

bandas cambiais9, o que sinalizava uma eminente desvalorização cambial. Esse fato

veio a se concretizar nos anos seguintes, no qual houve uma queda no nível de

importação.

9Esse sistema de bandas cambiais foi adotado durante o Plano Real, pelo Banco Central do Brasil, no que

consiste no estabelecimento de uma faixa ou banda em que o câmbio flutua livremente.

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33

Entre 1998 e 2004 de acordo com Siqueira (2009) houve um crescimento da

economia nacional decorrente da expansão do comercio exterior. Porém, o autor

saliente que a partir do ano de 2005 as exportações perderam importância como fator de

indução de crescimento decorrente da valorização cambial, no qual a expansão

econômica tornou-se mais dependente da elevação dos gastos do governo, do consumo

privado, de investimentos e importações. No entanto, vale destacar que na sua análise,

evidencia a importância dos ganhos de competitividade para compensar parte do câmbio

presente no atual ciclo de crescimento econômico, seja pelo o que o autor aponta como

ganhos de produtividade e qualidade nas empresas ou de avanços em setores como

infraestrutura, educação e inovação.

É nesse contexto que Lima, Nassif e Carvalho Junior (1997) apontam a

necessidade de uma formulação de uma estratégia de diversificação de exportações,

com ações voltadas para garantir resultados de ganhos de comércio. O autor denomina

que essas ações de diversificação de exportações devem ser direcionadas a setores de

potencial gerador de economias dinâmicas de escala, como serviços de infraestrutura

nos setores de transporte, energia e comunicações.

Visando a influência do ambiente sistêmico na competitividade no Brasil, é

discutida a análise denominada de Custo Brasil, que de acordo com o Departamento de

Economia e Estatística (DEEE) (2010) pode ser entendido como o diferencial de custos

entre a indústria brasileira e seus principais concorrentes internacionais, no qual permite

avaliar as dificuldades que a industrial nacional face aos seus concorrentes estrangeiros,

tanto no mercado interno quanto mercado externo, e possibilita surgir medidas para

eliminar ou compensar seus efeitos de modo a reduzir as desvantagens competitivas da

indústria brasileira.

Ainda de acordo DEEE (2010) o detalhamento do Custo Brasil ocorre quando

for possível quantificar o custo diferencial, no qual é medido em pontos percentuais da

Receita Líquida de Vendas (RLV).

De acordo com Departamento de Competividade, Economia e Estatística

(DCEE) (2013) existem oito componentes mensurados que detalham o Custo Brasil, são

eles: i) custo de insumos básicos; ii) impacto dos juros sobre o capital de giro; iii)

impostos não recuperáveis na cadeia produtiva; iv) logística; v) encargos sociais e

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34

trabalhistas; vi) burocracia e custos de regulamentação; vii) custo de investimentos; viii)

custo de energia.10

3.4 Indústria de Transformação

Essa subseção caracteriza-se pela definição da Indústria de Transformação, e

uma análise feita com base no Panorama da Indústria de Transformação Brasileira

realizada no ano de 2014 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

(FIESP), julga-se ser o trabalho mais completo em relação ao objeto de estudo.

A definição do que é Indústria de Transformação representa é explicada a seguir

de acordo com a Comissão Nacional de Atividades Econômicas (CNAE):

Ela compreende as atividades que envolvem a transformação física, química

e biológica de materiais, substâncias e componentes com a finalidade de se

obterem produtos novos. Os materiais, substâncias e componentes

transformados são insumos produzidos nas atividades agrícolas, florestais, de

mineração, da pesca e produtos de outras atividades industriais.11

De acordo com a Comissão Nacional de Classificação (CONCLA) do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as atividades da Indústria de

Transformação ocorrem da seguinte forma:

... são, frequentemente, desenvolvidas em plantas industriais e fábricas,

utilizando máquinas movidas por energia motriz e outros equipamentos para

manipulação de materiais. É também considerada como atividade industrial a

produção manual e artesanal, inclusive quando desenvolvida em domicílios,

assim como a venda direta ao consumidor de produtos de produção própria,

como, por exemplo, os ateliês de costura. Além da transformação, a

renovação e a reconstituição de produtos são, geralmente, consideradas como

atividades da indústria. 12

No âmbito no mercado brasileiro, a Indústria de Transformação tem papel

significante no conjunto que corresponde ao total das indústrias no desenvolvimento do

Produto Interno Bruto (PIB), sendo responsável por uma parcela significante dele.

10

Para maior entendimento da mensuração dos componentes do Custo Brasil, consultar a pesquisa do

DCEE. Disponível em:

< http://www.abimaq.org.br/Arquivos/Html/DEEE/130715%20-%20Custo%20Brasil%20(III).pdf>

11

Essa descrição encontra-se no site da Comissão Nacional de Atividades Econômicas do IBGE.

Disponível em:

<http://www.cnae.ibge.gov.br/secao.asp?codsecao=C&TabelaBusca=CNAE_200@CNAE%202.0@0@c

nae@0 >

12

Idem 11

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35

A FIESP (2014) analisa o período que compreende 1947 a 2013, e entre esse

período a participação da indústria de transformação no PIB destaca-se por dois

momentos distintos. Dos anos 1950 a 1985, corresponde ao primeiro período, que marca

um crescimento, diferenciação e consolidação da estrutura industrial brasileira.

Observa-se através do texto, que é neste período que houve uma participação

significante da Indústria de Transformação no PIB, sendo essa participação mais que

duplicada, saltando de 10,8% em 1952 para 27,2% em 1985. Já no segundo período, que

começa em 1986, o que se nota é uma perda expressiva dessa participação, o que

configura em um processo de desindustrialização. Em 2013, a participação da Indústria

de Transformação no PIB cai para 13% da participação da economia industrial no país.

Observa-se que, de acordo com o trabalho apresentado pela FIESP (2014) há uma volta

aos padrões que se encontravam a participação desse setor no Governo de Juscelino

Kubitschek (GRÁFICO 1).

Gráfico 1- Evolução da Participação Da Indústria de Transformação Brasileira no PIB

(1947 a 2013).

Fonte: DEPECON/FIESP, 2014.

Uma característica levantada pela FIESP (2014), é que a perda da participação

refletiu também nos empregos formais gerados por esse setor. Durante o período de

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36

1985 a 2012, o número de empregos na Indústria de Transformação diminuiu se

comparado a outros setores da economia. É levantado que em 1986 o setor de

transformação obteve um percentual de 27,1 dos empregos formais na economia

brasileira, e que em 2012, atingiu seu menor valor de 17,2% de participação dos

empregos nesse ano.

Levy e Serra (2002) apresentam que a abertura comercial do inicio da década de

1990 teve um papel fundamental sobre o coeficiente de importação13

, principalmente na

Indústria de Transformação, que passa de 4,1% em 1991 para 13,3% em 2001. Os

autores descrevem que esse fato se deu após a apreciação do cambio principalmente no

período que corresponde entre 1995 e 1998. Porém a partir de 2002 os autores notam

que há uma diminuição no coeficiente de importação decorrido da desvalorização

cambial apresentada no ano de 2001, que o índice de importação para esse ano era de

15,6% e caiu no ano de 2002 para 11,9%, eles associam essa queda a um movimento de

estoques de produtos importados, no qual esse coeficiente responde significativamente

ao câmbio.

Em relação ao Coeficiente de Exportação da Indústria de Transformação

também teve um crescimento ao longo da década de 1990, embora em uma intensidade

menor que o coeficiente de importação. E entre 1992/93 a 1995 obteve um declínio e

um crescimento lento no ano de 1998 nesse coeficiente. Depois da mudança de regime

cambial o coeficiente cresce de forma acentuada (LEVY e SERRA, p.67-68, 2002).

Levy e Serra (2002) apontam que o coeficiente de exportação em 2001

correspondia a 14,6% e em 2002 houve um declínio desse coeficiente para 12,8%, ele

associa essa queda à diminuição das vendas para a Argentina que respondia a cerca de

20% das exportações brasileiras manufaturadas em 2000.

De acordo com Informativo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no

ano de 2013, analisa que as exportações líquidas caíram de 2012 para 2013, no qual

corresponde 0,9% em 2012 e passou a ser -0,1% em 2013.

Em relação à participação do setor de transformação no PIB, o trabalho feito

pela FIESP (2014) apresenta o valor total da parcela que essa indústria corresponde,

assim como a porcentagem de cada segmento dentro dessa indústria relacionada com a

participação no PIB.

13

Os índices de Coeficiente de Exportação, Coeficiente de Penetração das Importações serão explicados

detalhadamente vide Metodologia.

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37

O Gráfico 2 corresponde a analise feita pelo FIESP e apresenta a participação de

cada setor na construção do PIB, essa análise foi baseada nas Contas Nacionais do

IBGE, referente ao ano de 2013. Nele nota-se que a Indústria de Transformação

representa uma parcela de 13% do PIB, sendo que dentro da Indústria total é a mais

representativa. Essa Indústria total corresponde além da Indústria de Transformação,

também é constituída pela Indústria Extrativista Mineral e pelos Serviços Industriais de

Utilidade Pública (SIUP), como fornecimento de energia, agua.

Gráfico 2 – PIB por setores da Economia Brasileira em 2013.

Fonte: Retirado do trabalho realizado pela FIESP, 2014. Origem, Contas Nacionais/IBGE, 2013.

O trabalho da FIESP (2014), buscando a analisar a produção da Indústria de

Transformação em termos monetários, utilizou como base a variável do Valor

Adicionado (VA), sendo que essa variável, segundo o artigo é dada pelo resultado do

valor bruto da produção menos o custo intermediário. Para o seu cálculo utilizou-se de

dados decorrentes da Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE para o ano de 2011 e

dos dados das Contas Nacionais para o mesmo ano. Assim, aplicou-se o valor

adicionado do total da Indústria de Transformação segundo as Contas Nacionais e a

distribuição do VA entre os setores industriais da PIA.

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38

A Tabela 1 mostra com base nesses dados o valor adicionado de cada setor que

compõe a Indústria de Transformação, mostrando dentre eles o que possui maior

participação em termos monetários da economia brasileira em relação ao ano de 2011.

Tabela 1 - Valor Adicionado da Indústria de Transformação por Setores no Brasil em

2011.

Fonte: Retirado do trabalho realizado pela FIESP, 2014. Origem PIA e Contas Nacionais – IBGE (2011, último

dado disponível para a PIA).

Setores Valor

adicionado

(R$ milhões)

Participação

% do VA do

setor na

Indústria de

Transformação

Participação

% do VA no

PIB

Produtos alimentícios

76.819

14,9%

2,2%

Coque, derivados do petróleo e biocombustíveis 64.115 12,4% 1,8%

Veículos automotores, carrocerias e autopeças 60.565 11,8% 1,7%

Produtos químicos 41.020 8,0% 1,2%

Metalurgia 31.155 6,0% 0,9%

Máquinas e equipamentos 29.285 5,7% 0,8%

Produtos de minerais não-metálicos 21.742 4,2% 0,6%

Produtos de metal, exc. Máquinas e equipamentos 20.609 4,0% 0,6%

Produtos de borracha e de material plástico 19.697 3,8% 0,6%

Bebidas 19.095 3,7% 0,5%

Celulose, papel e produtos de papel 17.392 3,4% 0,5%

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 16.388 3,2% 0,5%

Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e

ópticos

13.484 2,6% 0,4%

Produtos farmoquímicos e farmacêuticos 13.396 2,6% 0,4%

Confecção de artigos de vestuário e acessórios 11.303 2,2% 0,3%

Produtos têxteis 9.900 1,9% 0,3%

Outros equipamentos de transporte, exc. Veículos

automotores

9.545 1,9% 0,3%

Artefatos de couro, artigos para viagem e calçados 8.461 1,6% 0,2%

Manutenção, reparação e instalação de máquinas e

equipamentos

6.358 1,2% 0,2%

Móveis 6.018 1,2% 0,2%

Produtos diversos 5.759 1,1% 0,2%

Produtos de madeira 5.171 1,0% 0,1%

Impressão e reprodução de gravações 4.386 0,9% 0,1%

Produtos do fumo

3.776 0,7% 0,1%

Total da Indústria de Transformação

515.441 100,0% 14,6%

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39

Com base nessas informações, nota-se que os setores de maior participação em

relação ao VA, e consequentemente no PIB, no ano analisado são: os produtos

alimentícios, que correspondem a 14,9% do VA; coque, derivados do petróleo e

biocombustíveis com 12,4% do VA da indústria; e veículos automotores, carrocerias e

autopeças com 11,8% desse valor.

4 METODOLOGIA E FONTE DE DADOS

4.1 Metodologia

Considerando que a competitividade pode ser atribuída a vários tipos de

indicadores que foram analisados no referencial teórico acima, este trabalho procura

analisar através do indicador de desempenho - no qual se expressa em participação de

mercado, caracterizado por um enfoque dinâmico relacionado, sobretudo ao

desempenho comercial – a competitividade do setor de Indústria de Transformação no

cenário nacional.

Para isso será utilizado para mensurar a competitividade desse segmento de

produção os índices de Coeficiente de Exportações, Coeficiente de Penetração das

Importações e a Taxa de Auto-Suprimento (TAS).

De acordo com Levy e Serra (2002), o Coeficiente de Penetração das

Importações refere-se à parcela do consumo aparente, ou seja, da oferta interna, que é

atendida pelas importações. Já em relação ao Coeficiente de Exportação, ele é calculado

em relação ao valor da produção. E o indicador de TAS, segundo Lirio, Pachiel e

Salazar (2007), representa a parcela da demanda interna atendida pela produção

doméstica.

4.1.1 Coeficiente de Exportação

De acordo com a CNI (2011), o Coeficiente de Exportação é calculado da

seguinte forma:

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40

VP

VXCX

(1)

Onde:

VX valor das exportações do setor industrial

VP valor da produção doméstica do setor industrial

4.1.2 Coeficiente de Penetração de Importações

O Coeficiente de Penetração de Importações segundo a CNI (2011) é dada a

partir da equação:

ConsAp

VMCPene (2)

Onde:

CPene coeficiente de penetração de importações

VM valor das importações do setor industrial

ConsAp consumo aparente doméstico do setor industrial, que é dado por:

4.1.3 Taxa de Auto-Suprimento

De acordo com Lirio, Pachiel e Salazar (2007), o índice de TAS é dado por:

ij

ij

ijD

PTAS (4)

VXVMVPConsAp (3)

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41

Onde:

ijP Produção do Brasil, por atividade selecionada.

ijD Demanda interna total, por atividade selecionada.

4.2 Fonte de Dados

Os dados utilizados nesse estudo em relação às exportações e importações

nacionais foram retirados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior,

denominado ALICEWEB, da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O presente trabalho utilizou a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a

Classificação Nacional por Atividade Econômica (CNAE) do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE). Essas duas classificações são utilizadas como um

suporte detalhado das atividades econômicas, assim como as exportações e importações.

A classificação NCM é assinada por um código de oito dígitos referente a cada

produto exportado e/ou importado, e existem seis níveis de agregação. Essa

classificação compreende há 21 seções e 96 capítulos, além de diversas posições,

subposições, itens e subitens.

De acordo com Caldas (2012) essa classificação permite agregar produtos

parecidos sob o mesmo capítulo, de modo que as exportações e/ou importações totais de

um capítulo são encontradas a partir da soma das exportações e/ou importações de cada

posição pertencente a esse capítulo. Portanto, produtos de utilidade parecidos podem ser

analisados como um agregado, podendo assim mensurar conclusões acerca do

desempenho das mesmas. Porém essa classificação não permite à distinção entre

produtos com diferentes intensidades tecnológicas, mesmo pertencendo ao mesmo

grupo de agregação, e esse fator torna-se um ponto fraco na sua análise.

Em relação à CNAE, a mesma corresponde a um instrumento de padronização

nacional de variados códigos das atividades econômicas. Assim como acontece com a

NCM, Caldas (2012) destaca que essa classificação perde a capacidade de distinguir

qual o nível tecnológico utilizado na produção das mercadorias.

O Quadros A e B presentes no Anexo correspondem às divisões presentes nas

classificações da NCM e da CNAE.

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42

Como essas duas classificações usualmente são imperfeitas, sendo incompatíveis

para se conseguir informações a respeito da dinâmica industrial, foi necessária uma

tabela de correspondência entre a NCM 2012 e a CNAE 2.014

.

Já os dados da Pesquisa Industrial Anual, que fornece os dados do Valor da

Produção, foram retirados do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA).15

Como o presente estudo foi realizado com valores a preços constantes, foi

necessária a utilização de um índice de deflação em relação às exportações, importações

e valor da produção do setor analisado. Assim, o deflator utilizado foi o Índice de

Preços por Atacado (IPA) americano, ano base 2000. Os valores da produção foram

convertidos em Dólares, por meio da taxa de câmbio média anual, cotação venda, obtida

no sítio eletrônico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

5 ANÁLISE DE RESULTADOS

Nesta seção serão apresentadas três fases da análise da dinâmica industrial do

setor de transformação. A primeira parte dedica-se a apresentação da análise da pauta

exportadora e importadora da Indústria de Transformação brasileira, juntamente com a

relação do valor da produção do setor, a fim de promover um melhor entendimento da

dinâmica industrial e sua participação em termos do comércio internacional.

Caracteriza-se em um segundo momento, a demonstração do desempenho das

exportações e importações dos cinco grupos de maior representatividade no PIB, de

acordo com a FIESP (2014), apresentado na Tabela 1 deste presente trabalho.

Finalmente, a terceira fase concentra-se na análise da competitividade do setor, por

meio dos indicadores Coeficiente de Exportação, Coeficiente de Penetração de

Importação e da Taxa de Auto-Suprimento.

14

Essa correlação é encontrada no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Disponível em: <http://concla.ibge.gov.br/classificacoes/correspondencias/atividades-economicas>

15

Os dados do valor da produção para a série de dados entre 1996 e 2007se encontram natabela 1964 -

Dados gerais das empresas industriais, segundo as indústrias extrativas e de transformação e as faixas de

pessoal ocupado. Já os dados para a série a partir de 2007 estão na tabela 1839 -Dados gerais das

empresas industriais com 1 ou mais pessoas ocupadas, segundo as indústrias extrativas e de

transformação e as faixas de pessoal ocupado (CNAE 2.0).

Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/>

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43

5.1 Dinâmica Industrial do Setor de Transformação

Em relação à primeira fase da análise, nota-se por meio do Gráfico 3, que tanto

as exportações quanto as importações cresceram entre 2000 e 2011. Porém, destaca-se

uma queda das exportações e das importações em 2009, com uma redução de 16,74% e

de 14,89%, respectivamente, em relação ao ano anterior.

É possível observar através dessa análise, que o Brasil experimentou entre 2004

e 2008 um crescimento contínuo das exportações e importações. Carneiro (2010)

destaca que essa situação está atrelada ao crescimento da demanda doméstica, além de

outros fatores, como a valorização do real.

Gráfico 3 – Pauta Exportadora e Importadora da Indústria de Transformação, em US$

FOB, preços constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-2011.

Fonte: AliceWeb (2014). Elaboração própria.

Considerando o Gráfico 3, a queda observada no ano de 2009 pode ser associada

à crise mundial que eclodiu inicialmente nos Estados Unidos em 2007-2008, que ficou

conhecida como “crise da subprime” afetando as exportações e importações desse ano.

Segundo Cano (2009), a eclosão da crise se manifestou pelo lado financeiro, só

depois atingiu o lado real da economia, o que o autor caracteriza como o consumo,

investimento. O autor destaca que o estouro financeiro ocorreu no segmento de

subprime, constituído de títulos hipotecários de famílias de baixa renda, sobre os quais

0

20.000.000.000

40.000.000.000

60.000.000.000

80.000.000.000

100.000.000.000

120.000.000.000

140.000.000.000

US

$ F

OB

Exportação

Importação

Anos

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44

emitiram derivativos para propiciar grande alavancagem de crédito. Porém, vale

destacar que para Cano (2009), esse segmento representava apenas uma parcela da crise.

Essa crise pode ser associada também à falência do banco norte-americano Lehman

Brothers.

De acordo com Carneiro (2010), pode-se destacar dois aspectos da crise. Num

primeiro momento, destaca-se o endividamento das famílias com o aumento do

consumo, e no segundo, em relação ao déficit externo e seus efeitos sobre os padrões de

comércio global.

No mercado internacional a crise afetou todos os países, que, usaram de atitudes

protecionistas para se defender e tentar se recuperar. Em termos mundiais, “[...]

comparados os primeiros seis meses de 2009 com os de 2008, as exportações sofreram

fortes quedas, como as dos EUA (-24%), Alemanha e Japão (-35%) e China (-21%), e

as deste último para Hong Kong – tradicional centro reexportador da China (-24%).”

(CANO, p. 609, 2009).

No cenário interno, as exportações da Indústria de Transformação nacional, em

2008, eram de US$ 96.716 bilhões e passaram para US$ 80.520 bilhões em 2009. Após

o ano de 2009, percebe-se uma retomada no crescimento das exportações, o que

representou uma melhora nos anos seguintes em relação a este ano, passando de US$

80.520 bilhões para US$ 91.975 bilhões em 2010 (14,22% em relação ao ano anterior),

e um novo aumento no ano de 2011 no valor de US$ 100.465 bilhões, que correspondeu

a um aumento em relação ao ano de 2010, de 9,23%.

Em relação às importações da Indústria de Transformação, as mesmas passaram

de US$ 99.017 bilhões no ano de 2008, para US$ 84.265 bilhões em 2009. Assim como

foi percebido na análise das exportações, as importações nacionais também passaram

por um crescimento nos anos seguintes, passando de US$ 84.265bilhões para US$

111.979bilhões em 2010, o que representa um aumento de 32,88% em relação ao ano

anterior e US$ 126.438bilhões em 2011, que representa um aumento de 12,91% sobre o

ano de 2010.

De acordo com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex)

(2012), o aumento das importações nos anos de 2010 e 2011 foi atribuído à valorização

cambial, ao consumo interno, aos incentivos do ICMS às importações e os juros altos.

Percebe-se que até o ano de 2007, o saldo da balança comercial da Indústria de

Transformação nacional foi positivo. A partir de 2008 houve uma retração das

exportações no cenário nacional e esse fato pode estar atrelado com o que já foi

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45

mencionado no trabalho (crise financeira de 2008). De acordo com o Instituto de

Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) (2013), esses déficits percebidos nos

anos entre 2008 a 2011 resultam principalmente da “invasão” de importados no país,

destacando que apesar do crescimento significativo das exportações a partir de 2010, as

importações cresceram mais que proporcionalmente. Essa situação pode evidenciar

relativa perda da competitividade do setor, que em um primeiro momento, apresentou

redução do espaço da produção doméstica para os produtos importados.

O Gráfico 4 apresenta a análise da dinâmica das exportações e importações da

Indústria de Transformação, em relação ao valor bruto da produção do setor.

Gráfico 4 - Exportação, Importação e Valor Bruto da Produção, em US$ FOB, preços

constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-2011.

Fonte: AliceWeb (2014) e IBGE (2014). Elaboração própria.

De acordo com o IBGE (2014), o valor bruto da produção industrial corresponde

à totalidade das transações realizadas mais as vendas efetuadas pela unidade mais as

variações dos estoques; produtos fabricados pela unidade; produtos em curso de

fabricação; e produtos fabricados por outras unidades da mesma.

Percebe-se que no ano de 2002 houve uma queda no valor da produção, a qual

pode ser associada à crise de confiança vista nesse período, que segundo Pastore,

Gazzano e Pinotti (2012) representaram bruscas interrupções de ingressos de capitais,

0

100.000.000.000

200.000.000.000

300.000.000.000

400.000.000.000

500.000.000.000

600.000.000.000

700.000.000.000

800.000.000.000

US

$ F

OB

Exportação

Importação

Valor da Produção

Anos

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46

que levaram a depreciação dos câmbios nominal e real. Os mesmos autores apresentam

que os retornos dos ingressos de capitais vão explicar a valorização cambial ocorrida em

2010 e grande parte de 2011.

Assim como foi verificado no Gráfico 3, em que assiste-se a uma queda

acentuada no valor das exportações e importações no ano de 2008, o Gráfico 4,

apresenta uma redução para o valor bruto da produção no mesmo período, decorrente do

que já foi analisado, que foi a crise financeira de 2008.

Para Pastore, Gazzano e Pinotti (2012), a reação do governo à crise de 2008 foi

provocar a redução da taxa de juros e dos superávits primários, visando estimular a

demanda agregada. Porém os autores apontam que essa política econômica surtiu efeito

no setor de serviços, que elevou sua demanda de mão de obra e foi responsável pela

queda da taxa de desemprego, o que provocou um crescimento nos salários, enquanto

que no setor industrial não houve expansão da produção. Para os autores:

A elevação dos salários combinada com a estagnação da produtividade do

trabalho na indústria levou a um aumento do custo unitário do trabalho, que

foi suficiente não somente para anular o estímulo vindo da queda da taxa real

de juros, como para levar à ampliação do hiato negativo de produto e à queda

da utilização de capacidade instalada.

Considerando o ano de 2011, percebe-se uma redução no valor da produção que

em 2010 era de US$748.298 bilhões, para US$ 677.052 bilhões em 2011, o que

corresponde a uma queda de 9,52% na produção do setor.

Em relação aos setores com maior participação no valor adicionado da Indústria

de Transformação, e consequentemente no PIB, destacam-se, segundo a FIESP (2014),

os segmentos de Produtos Alimentícios; Fabricação de coque, de produtos derivados do

petróleo e de biocombustíveis; Fabricação de Produtos Químicos; Metalurgia; e,

Fabricação de Veículos Automotores, reboques e carrocerias.

O Gráfico 5 apresenta a análise das exportações dos cinco grupos de maior

representatividade no PIB em relação ao período entre 2000 e 2011.

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47

Gráfico 5 - Evolução do comportamento das exportações dos cinco setores de maior

representatividade no PIB industrial, em US$ FOB, preços constantes (ano base 2000 =

100), no cenário nacional, 2000-2011.

Fonte: AliceWeb (2014). Elaboração própria.

Em busca do melhor entendimento do comportamento das exportações dos cinco

setores escolhidos, primeiramente vale destacar a importância representativa desses

segmentos dentro da Indústria de Transformação.

De acordo com o panorama da indústria, exposto pela FIESP (2014), e

apresentado na Tabela 1, esses cinco setores detêm a maior contribuição em valor

adicionado para a formação do PIB, com destaque para o segmento de produtos

alimentícios, que possui o maior VA para o período.

De acordo com o Gráfico 5, nota-se que os Produtos Alimentícios também

possuem maior nível de exportação dentre os cinco setores analisados. Percebe-se que

houve um crescimento contínuo no que corresponde aos anos entre 2000 e 2008,

seguido de uma estagnação no ano de 2009, e posteriormente de novo crescimento para

os anos de 2010 e 2011. De fato, esse segmento representa uma parcela significativa da

Indústria de Transformação em relação às exportações totais do setor (29,84% da

parcela do total exportado, no ano de 2011).

Os outros setores analisados sofreram uma redução no nível de exportação no

ano de 2009, porém essa retração foi mais significativa para o setor de Metalurgia, que

0

5.000.000.000

10.000.000.000

15.000.000.000

20.000.000.000

25.000.000.000

30.000.000.000

35.000.000.000

US

$ F

OB

Produtos Alimentícios

Fabricação de coque, de

produtos derivados do

petróleo e de biocombustíveis

Fabricação de produtos

químicos

Metalurgia

Fabricação de veículos

automotores, reboques e

carrocerias

Anos

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48

em 2008 detinha, em valores, um montante de US$ 14.658 bilhões, passando para US$

10.304 bilhões, em 2009. No que corresponde aos anos de 2010 e 2011, observa-se um

crescimento nos valores exportados, porém esses níveis permanecem abaixo do nível de

2008, sendo que para 2010, as exportações corresponderam a US$ 11.779 bilhões, e

US$ 14.373 bilhões para 2011.

Outro setor em que se verificou uma retração significativa no ano de 2009 foi o

de Fabricação de Veículos Automotores, reboques e carrocerias, que assim como o que

aconteceu com o setor de Metalurgia, apresentou uma recuperação em 2010 e 2011,

porém não se recuperando com relação a 2008. Essa queda observada no ano de 2009

pode ser associada à crise financeira que ocorreu nesse período. Em 2008, os valores

exportados correspondiam a US$ 10.200 bilhões e passaram para US$6.584 bilhões em

2009, em que se percebe uma redução de 35,45% em relação ao ano anterior. No ano de

2010 houve um crescimento de 39.89% em relação ao ano anterior.

Analisando a representatividade desses segmentos no valor das exportações

totais da Indústria de Transformação para o ano de 2011, que geraram em valores um

montante de US$ 100.465.840.703, as exportações dos Produtos Alimentícios

corresponderam a uma parcela de 29,84% do total exportado, sendo que seu valor foi de

US$ 29.984.019.011. Para o restante dos setores, a representatividade no total das

exportações foi de 14,30% (US$ 14.373.950.691) para o Setor de Metalurgia; 9,75%

(US$ 9.796.241.533) para o Setor de Fabricação de Veículos Automotores, reboques e

carrocerias; de 7,72% (US$ 7.763.402.628) para o Setor de Fabricação de Produtos

Químicos, e de 3% (US$ 3.022.330.795) para o Setor de Fabricação de Coque, de

produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis.

No que diz respeito à importação dos cinco setores analisados dentro da

Indústria de Transformação (Gráfico 6), salienta-se que o segmento de Fabricação de

Produtos Químicos passa a ser o mais significativo na análise.

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Gráfico 6 - Evolução do comportamento das importações dos cinco setores de maior

representatividade no PIB industrial, em US$ FOB, preços constantes (ano base 2000 =

100), no cenário nacional, 2000-2011.

Fonte: AliceWeb (2014). Elaboração própria.

Analogamente à análise do Gráfico 5, com base no Gráfico 6, as importações ao

longo do período entre 2000 e 2011, sofreram os mesmos efeitos do ambiente

econômico que as exportações, o que se nota pela retração no ano de 2009 decorrente da

crise financeira de 2008.

O único setor que não sofreu uma redução foi o segmento de Produtos

Alimentícios que no ano de 2010 correspondia à US$ 2.538 bilhões para US$ 2.654

bilhões no ano de 2009. Essa situação se dá porque esse setor é o último em que a crise

alcança devido ao seu caráter de essencialidade, ou seja, os efeitos da crise tem menor

intensidade sobre os seus produtos.

Analisando a representatividade desses cinco segmentos no comportamento das

importações totais da Indústria de Transformação relacionado ao período de 2011,

constata-se que o montante total das importações foi de US$ 126.438.821.116, sendo os

Produtos Químicos apresentaram uma participação relativa de 17,59% do total

importado, com um total de US$ 22.243.780.183. Para o restante dos setores a

representatividade no total de importações foi de 11,47% (US$ 14.498.873.329) para o

setor de Fabricação de Veículos Automotores; 7,48% (US$ 9.455.620.939) para

0

5.000.000.000

10.000.000.000

15.000.000.000

20.000.000.000

25.000.000.000

US

$ F

OB

Produtos Alimentícios

Fabricação de coque, de

produtos derivados do petróleo e

de biocombustíveis

Fabricação de produtos químicos

Metalurgia

Fabricação de veículos

automotores, reboques e

carrocerias

Anos

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Fabricação de Coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis; 5,5%

(US$ 6.961.852.227) para o Setor de Metalurgia, e de 3% (US$ 3.792.166.982) para o

setor de Produtos Alimentícios.

5.2 Análise da competitividade pelos índices de desempenho

O cálculo para os coeficientes foram realizados com base em preços constantes.

Com isso segundo CNI (2011), elimina-se os efeitos dos preços sobre a evolução dos

coeficientes, seja dos preços das exportações e importações, seja dos preços da

produção doméstica e da taxa de câmbio. Destaca-se, ainda, que o cálculo desses

indicadores a preços constantes deverá levar a resultados distintos daqueles estudos que

optam pelo cálculo por meio dos preços correntes.

O primeiro índice analisado é o coeficiente de exportação, que está expresso na

Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 - Coeficiente de Exportação do setor da Indústria de Transformação, preços

constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-2011.

(VX)1

(VP)2

(CX)3

2000 47.055.118.738 281.754.661.312 0,1670

2001 47.041.242.495 273.140.472.300 0,1722

2002 50.091.778.622 211.270.318.941 0,2371

2003 57.456.355.440 305.380.329.235 0,1881

2004 71.419.422.422 376.172.653.467 0,1899

2005 79.782.907.541 414.724.839.748 0,1924

2006 84.697.190.468 463.974.574.294 0,1825

2007 92.051.634.386 597.821.652.705 0,1540

2008 96.716.186.107 482.396.898.318 0,2005

2009 80.520.237.656 651.751.304.979 0,1235

2010 91.975.422.240 748.298.350.233 0,1229

2011 100.465.840.703 677.052.002.948 0,1484

Fonte: AliceWeb (2014) e IBGE (2014). Elaboração própria. 1 VX = valor das exportações do setor industrial em moeda americana à preços constantes.

2 VP = valor da produção doméstica do setor industrial em moeda americana a preços constantes.

3 CX = Coeficiente de Exportação a preços constantes.

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A análise do coeficiente de exportação da Indústria de Transformação reflete a

importância do mercado externo como destino para a produção industrial. De acordo

com Lirio, Pachiel e Salazar (2007), esse coeficiente é um dos indicadores mais

tradicionais na análise da competitividade internacional, a partir do qual os seus

resultados mostram para um determinando período analisado, se as exportações têm

crescido ou não, de maneira representativa dentro do setor analisado. Pode-se dizer que

quando os coeficientes estão mais próximos da unidade, mais representativa são as

exportações do setor.

Conforme os resultados observados na Tabela 2, o Coeficiente de Exportação da

Indústria de Transformação mostra uma trajetória pouco oscilante, entre os anos de

2000 e 2006, com um aumento de destaque em 2008, ano em que apresentou um

coeficiente de 0,2. No entanto, tal aumento é resultado, principalmente, da redução do

valor bruto da produção, medido em moeda americana, consequência na desvalorização

cambial em 2008.

No que diz respeito ao intervalo de tempo 2009/2011, pode-se dizer que uma

parcela dessa trajetória está associada à apreciação cambial do período. Nesse sentido, a

apreciação cambial afeta negativamente às exportações, fato que não explica totalmente

o comportamento do indicador, já que o mesmo também se explica pelo aumento do

valor bruto da produção para os anos de 2010 e 2011 em relação ao ano de 2008 (US$

482.396.898.318).

O ano de 2009, de fato, apresenta uma queda de 38,37% do Coeficiente de

Exportação em relação ao ano anterior, em que tal queda explica-se, em parte, pela

apreciação do câmbio. Vale destacar que embora a produção medida em moeda

americana tenha aumentado em comparação ao ano de 2008, tal comportamento não foi

acompanhado pelas exportações que tiveram uma retração de 16,74% em seus valores

no mesmo período.

Para o ano de 2010 observa-se uma recuperação nas exportações em relação ao

ano anterior, que foi seguida por um novo aumento para o ano de 2011. Porém, a

produção interna sofreu uma queda de 10% em 2011 em comparação com o ano de

2010, o que reflete no valor do coeficiente que passou de aproximadamente 0,12 para

0,15 em 2010 e 2011 respectivamente.

O que se nota é que apesar de uma recuperação pouco significativa no ano de

2011, o setor de transformação não é tão representativo em termos de participação de

comércio internacional, de acordo com os dados obtidos pela análise do coeficiente no

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período entre 2000 e 2011. Essa perda da competitividade pode ser evidenciada através

dos valores obtidos pelo coeficiente de exportação (próximo de zero), indicando que o

setor não detém vantagem competitiva.

O segundo índice analisado é o Coeficiente de Penetração de Importações, que

de acordo com Levy e Serra (2002), refere-se à parcela do consumo aparente, ou seja,

da oferta interna que é atendida pelas importações.

A Tabela 3 mostra o resultado do Coeficiente de Penetração da Importação

dentro da Indústria de Transformação.

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53

Tabela 3 - Coeficiente de Penetração de Importações do setor da Indústria de Transformação, preços constantes (ano base 2000 = 100), no

cenário nacional, 2000-2011.

(VM)1

(VX) (VP) (ConsAp)2

(CPene)3

2000 44.823.368.638 47.055.118.738 281.754.661.312 279.522.911.212 0,1604

2001 45.673.180.361 47.041.242.495 273.140.472.300 271.772.410.166 0,1681

2002 40.483.359.356 50.091.778.622 211.270.318.941 201.661.899.675 0,2007

2003 38.297.742.402 57.456.355.440 305.380.329.235 286.221.716.197 0,1338

2004 45.663.195.918 71.419.422.422 376.172.653.467 350.416.426.963 0,1303

2005 49.929.926.739 79.782.907.541 414.724.839.748 384.871.858.946 0,1297

2006 59.105.387.778 84.697.190.468 463.974.574.294 438.382.771.603 0,1348

2007 75.842.278.140 92.051.634.386 597.821.652.705 581.612.296.459 0,1304

2008 99.017.295.771 96.716.186.107 482.396.898.318 484.698.007.983 0,2043

2009 84.265.730.044 80.520.237.656 651.751.304.979 655.496.797.367 0,1286

2010 111.979.879.548 91.975.422.240 748.298.350.233 768.302.807.542 0,1457

2011 126.438.821.116 100.465.840.703 677.052.002.948 703.024.983.361 0,1798

Fonte: AliceWeb (2014) e IBGE (2014). Elaboração própria. 1 VM = valor das importações do setor industrial em moeda americana a preços constantes

2ConsAp = consumo aparente doméstico do setor industrial em moeda americana 3CPene = Coeficiente de Penetração de Importações.

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No caso do Coeficiente de Penetração de Importações, seus resultados podem

evidenciar uma substituição da produção doméstica por produtos importados, em que os

valores mais próximos da unidade demonstram um comportamento de substituição da

produção interna por produtos externos.

De acordo com Santos (2003,) um maior coeficiente de penetração de

importações, significa uma maior participação do valor das importações de

determinando setor no valor do seu consumo aparente, em que maior é a parcela do

mercado doméstico atendida por produtos importados, e maior a competição que as

firmas domésticas sofrem por parte dos produtores estrangeiros.

Percebe-se pela Tabela 3, que após o ano de 2008, em que se assiste a um

coeficiente de 0,2043, houve uma queda em 2009, seguida de um pequeno aumento para

o ano de 2010, no valor de 0,1286 e 0,1457, respectivamente.

Para a Indústria de Transformação nota-se que o valor das importações teve um

crescimento acelerado ao longo do período, sendo que em 2000 ele correspondia a um

valor de US$ 44.823 bilhões e passou a ter em 2011 um valor de US$ 126.438 bilhões,

com um aumento de 182%. Percebe-se que houve uma perda de competitividade dos

produtos brasileiros entre os anos 2009 e 2011, frente aos concorrentes externos.

Para o ano de 2011 observa-se que o consumo aparente teve uma retração em

relação ao ano anterior, sendo que foi de US$ 768.302 bilhões para US$ 703.024

bilhões em 2010 e 2011. Esse cenário mostra que apesar da retração do consumo

aparente, as importações persistiram em alta, o que indica a continuidade da penetração

de produtos industriais importados.

Observa-se que o Coeficiente de Penetração oscila durante o período analisado,

principalmente de acordo com valores macroeconômicos (taxa de câmbio).

Nota-se também que com o aumento desse coeficiente, pode-se dizer que o setor

está perdendo sua competitividade no cenário externo, principalmente devido ao

processo de entrada de produtos importado.

O terceiro indicador de desempenho analisado é a Taxa de Auto-Sprimento

(TAS), que de acordo com que Lirio, Pachiel e Salazar (2007), representam a parcela da

demanda interna atendida pela produção doméstica. Destaca-se que quanto maior a TAS

mais competitivo é o país, considera-se que um setor que atenda um valor acima de um

possui vantagem competitiva, ou seja, existe potencial exportador, e valores inferiores a

um indicam desvantagem competitiva, o que indica que a produção interna não

acompanha o consumo aparente ou demanda interna.

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55

A Tabela 4 apresenta os resultados para o índice da TAS do setor industrial de

transformação.

Tabela 4 - Taxa de Auto-Suprimento para a Indústria de Transformação, preços

constantes (ano base 2000 = 100), no cenário nacional, 2000-2011.

(VP) (ConsAp) (TAS)

2000 281.754.661.312 279.522.911.212 1,01

2001 273.140.472.300 271.772.410.166 1,01

2002 211.270.318.941 201.661.899.675 1,05

2003 305.380.329.235 286.221.716.197 1,07

2004 376.172.653.467 350.416.426.963 1,07

2005 414.724.839.748 384.871.858.946 1,08

2006 463.974.574.294 438.382.771.603 1,06

2007 597.821.652.705 581.612.296.459 1,03

2008 482.396.898.318 484.698.007.983 1,00

2009 651.751.304.979 655.496.797.367 0,99

2010 748.298.350.233 768.302.807.542 0,97

2011 677.052.002.948 703.024.983.361 0,96

Fonte: AliceWeb (2014) e IBGE (2014). Elaboração própria.

A Taxa de Auto-Suprimento indica a proporção da demanda interna que é

atendida pela produção, podemos observar que esse índice possui uma trajetória com

pouca oscilação.

Da maneira que em sua definição tem-se que uma Taxa de Auto-Suprimento

superior a um corresponde que o setor é competitivo, enquanto que valores abaixo de

um denominam-se setores não competitivos, percebemos que para o período analisado a

Taxa de Auto-Suprimento ficou muito próximo da unidade, mesmo que entre 2000 e

2008 seus valores foram superiores a um, esse resultado está muito próximo do que é

visto nos anos seguintes, ou seja, nota-se que a queda obtida a partir de 2009 não é tão

significativa.

Como a Taxa de Auto-Suprimento é calculada a partir do consumo aparente, e

este está relacionado com as exportações e importações como parcela da demanda

interna, pode-se dizer que como a partir de 2009 houve um aumento das importações

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em relação às exportações, esse fator contribuiu para que houvesse uma queda pouco

significativa nesse coeficiente, o que evidencia a não competitividade do setor para o

período entre 2000 e 2011.

Assim, destaca-se que as importações tiverem uma parcela um pouco

significativa em relação às exportações dentro da demanda doméstica. Nota-se que o

setor possui pouca vantagem competitiva, o que indica que a produção interna não

acompanha o consumo aparente.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do presente estudo, evidenciou-se que algumas bases conceituais se

fazem necessárias para examinar e entender o conceito de competitividade, como

aspectos ligados às inovações, pesquisa e desenvolvimento e ciência e tecnologia.

A economia brasileira a partir dos anos 1990 vem apresentando mudanças na

estrutura produtiva, decorrente da liberalização econômica, a qual permitiu melhorias na

qualidade do produto e ganhos de produtividade, o que impulsionou a evolução da

competitividade. É observado que esse cenário foi fundamental para estimular o

empresariado nacional de maneira competitiva, a fim de promover o desenvolvimento

potencial da produção interna e gerar rentabilidade. O efeito dessa medida foi visto em

setores específicos como o da indústria brasileira.

Dentro do contexto da indústria brasileira, o enfoque deste trabalhou procurou

analisar o dinamismo da Indústria de Transformação entre os anos de 2000 e 2011, já

que esse setor possui um papel significante no conjunto que corresponde ao total da

indústria geral no desenvolvimento do PIB. Assim, o objetivo foi analisar a dinâmica da

competitividade do setor da Indústria de Transformação, através dos índices de

desempenho. Para tal, foram utilizados os indicadores de Coeficiente de Exportação,

Coeficiente de Penetração de Importações e Taxa de Auto-Suprimento.

Os resultados encontrados através do Coeficiente de Exportação nos mostram

que o segmento da indústria de transformação as exportações não cresceram de maneira

representativa dentro do setor em relação à produção total, mantendo o Coeficiente de

Exportação baixo, o que significa um setor pouco representativo no mercado externo

como destino para a produção industrial. Embora assista-se uma redução deste

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coeficiente, a variação é relativamente pequena, dado que o índice passou de

aproximadamente 0,1670 em 2000 para 0,1484 em 2011 (-11,15%).

Com relação ao Coeficiente de Penetração de Importações, o comportamento do

mesmo evidencia a parcela do consumo aparente que é atendida pelas importações.

Sendo assim, para o período analisado (2000 e 2011), verifica-se que a Indústria de

Transformação passou por um crescimento no valor total das importações, o que pôde

ser verificado através da evolução do Coeficiente de Penetração de Importações, que

passou de aproximadamente 0,1604 em 2000 para 0,1798 em 2011 (12,15%).

A competitividade avaliada pelo comportamento da Taxa de Auto-Suprimento,

representa a parcela da demanda interna que é atendida pelo consumo aparente,

destacando que valores próximos da unidade representam setores que possuem

vantagem competitiva e valores inferiores a um indicam desvantagem competitiva, no

qual a produção interna não acompanha o consumo aparente. A partir da análise desse

indicador, pode-se concluir que o setor da Indústria de Transformação não possui uma

competitividade representativa, uma vez que a Taxa de Auto-Suprimento está muito

próxima da unidade.

Os resultados obtidos com a análise evidenciam que o Setor da Indústria de

Transformação aponta uma dependência sistémica, no qual a variação nos anos se

apresenta como resultado principalmente de fatores macroeconômicos, no qual as

externalidades influenciam no processo decisório como, por exemplo, a taxa de câmbio.

Desta forma, os indicadores de desempenho mostraram que a Indústria de

Transformação não é competitiva. Dentro desse cenário de perda da competitividade, de

acordo com os resultados obtidos para todos os indicadores de desempenho, pode-se

fazer um paralelo com a literatura que menciona o processo de desindustrialização, que

muito se discute atualmente. Deste modo, os riscos podem estar associados não apenas à

perda da competitividade industrial, como também ao processo de desindustrialização

no Brasil. Entretanto, tomar esse resultado como evidência do processo de

desindustrialização é uma conclusão precipitada.

De acordo com Ribeiro e Pourchet (2011), embora a valorização do câmbio,

associada a graves deficiências e restrições que afetam o ambiente econômico no Brasil,

criem um cenário cada vez mais desafiador para a indústria nacional, dois pontos são

fundamentais para subsidiar a discussão: i) o Coeficiente de Penetração de Importações

que, apesar de apresentar tendência crescente, ainda é relativamente baixo no país; e ii)

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a produção industrial doméstica continua crescendo a taxas razoáveis em quase todos os

setores.

Segundo alguns autores, como Nassif (2008) e a FIESP (2014), o processo de

desindustrialização pode ser considerado precoce e nocivo à economia no país

exatamente por estar atrelado a fenômenos negativos (como a perda da competividade

das exportações e o aumento das importações), porém em longo prazo pode se

transformar num acontecimento real.

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conhecimento/revista/rev3106.pdf>

Acessado em: Agosto de 2014.

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ANEXOS

Quadro A – Seções da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

SEÇÂO DESCRIÇÃO

I Animais vivos e produtos do reino animal

II Produtos do reino vegetal

III Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares

elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal

IV Produtos das indústrias alimentares; bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres; tabaco e seus

sucedâneos manufaturados

V Produtos minerais

VI Produtos das indústrias químicas ou das indústrias conexas

VII Plásticos e suas obras; borracha e suas obras

VIII Peles, couros, peles com pelo e obras destas matérias; artigos de correeiro ou de seleiro;

artigos de viagem, bolsas e artefatos semelhantes; obras de tripa

IX Madeira, carvão vegetal e obras de madeira; cortiça e suas obras; obras de espartaria ou de

cestaria

X Pastas de madeira ou de outras matérias fibrosas celulósicas; papel ou cartão para reciclar

(desperdícios e aparas); papel ou cartão e suas obras

XI Matérias têxteis e suas obras

XII Calçados, chapéus e artefatos de uso semelhante, guarda-chuvas, guarda-sóis, bengalas,

chicotes, e suas partes; penas preparadas e suas obras; flores artificiais; obras de cabelo

XIII Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou de matérias semelhantes; produtos

cerâmicos; vidro e suas obras

XIV

Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes, metais

preciosos, metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê), e suas obras;

bijuterias; moedas

XV Metais comuns e suas obras

XVI

Máquinas e aparelhos, material elétrico, e suas partes; aparelhos de gravação ou de

reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som em

televisão, e suas partes e acessórios

XVII Material de transporte

XVIII

Instrumentos e aparelhos de óptica, de fotografia, de cinematografia, de medida, de controle

ou de precisão; instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos; artigos de relojoaria;

instrumentos musicais; suas partes e acessórios

XIX Armas e munições; suas partes e acessórios

XX Mercadorias e produtos diversos

XXI

Objetos de arte, de coleção e antiguidades

Fonte: CNAE, 2012.

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Quadro B – Relação dos setores que correspondem a Indústria de Transformação

segundo a CNAE.

DIVISÕES CNAE

10

SETORES

Produtos alimentícios

11 Fabricação de bebidas

12 Fabricação de produtos do fumo

13 Fabricação de produtos têxteis

14 Confecção de artigos do vestuário e acessórios

15 Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e

calçados

16 Fabricação de produtos de madeira

17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel

18 Impressão e reprodução de gravações

19 Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis

20 Fabricação de produtos químicos

21 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos

22 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico

23 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos

24 Metalurgia

25 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos

26 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos

27 Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos

28 Fabricação de máquinas e equipamentos

29 Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias

30 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores

31 Fabricação de móveis

32 Fabricação de produtos diversos

33 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos

Fonte: Elaboração própria, a partir da CNAE, 2012.