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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE UFCSPA UNIVERSIDADE ABERTA AO SUS ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA Rita Maria Calzada Garcia PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NOS PACIENTES DIABÉTICOS PARA UMA MELHORA DO CONTROLE DE SUA DOENÇA PORTO ALEGRE 2018 Rita Maria Calzada Garcia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE

UFCSPA

UNIVERSIDADE ABERTA AO SUS

ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA

FAMÍLIA

Rita Maria Calzada Garcia

PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NOS PACIENTES DIABÉTICOS

PARA UMA MELHORA DO CONTROLE DE SUA DOENÇA

PORTO ALEGRE

2018

Rita Maria Calzada Garcia

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PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NOS PACIENTES DIABÉTICOS

PARA UMA MELHORA DO CONTROLE DE SUA DOENÇA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Saúde da Família da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Orientadora: Giovana Bacilieri Soares.

PORTO ALEGRE

2018

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4

2. ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 7

3. PROMOÇÃO DA SAÚDE, EDUCAÇÃO EM SAÚDE E NÍVEIS DE PREVENÇÃO..

..................................................................................................................................12

4. VISITA DOMICILIAR AO PACIENTE DIABÉTICO...............................................16

5. REFLEXÃO CONCLUSIVA ................................................................................. 20

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 22

7. ANEXO I: PROJETO DE INTERVENÇÃO. ......................................................... 25

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1 INTRODUÇÃO

A necessidade deste estudo surgiu a partir de uma experiência vivenciada no

Programa “Mais Médicos para o Brasil” como profissional da Estratégia de Saúde da

Família (ESF) na Unidade Básica de Saúde (UBS) Industrial no município de

Farroupilha no estado do Rio Grande do Sul. Como histórico pode-se citar a

graduação em Medicina em Julho de 1992 pela Universidade de Ciências Médicas

de Santiago de Cuba e a experiência de trabalho na Atenção Primaria de Saúde

num Consultório Médico com formação Generalista, completando três anos em

Clínica Geral. Cita-se experiência na função de médico em unidades de Urgência e

Emergência do Município 10 de Outubro de Havana em Cuba no período de 2006

até Dezembro de 2016.

O município de Farroupilha, onde foram realizadas as abordagens, é

considerado o “Berço da Imigração Italiana no Estado do Rio Grande do Sul”. As

primeiras famílias de imigrantes chegaram à localidade que denominaram Nova

Milano (atual sede do 4º distrito de Farroupilha) em maio de 1875. Os primeiros

morados de Nova Vicenza teriam sido imigrantes italianos vicentinos já assentados

na Colônia Conde D‟Eu (atual Garibaldi). Sentindo as potencialidades de

desenvolvimento da nova comunidade, esses imigrantes venderam o que possuíam

e instalaram-se na nova área. Como a mesma distava muito de Caxias do Sul e da

Colônia Dona Isabel (atual Bento Gonçalves), tiveram que criar condições de

sobrevivência, surgindo os primeiros artesões, a casa de comércio, a igreja e o

ferreiro, além de desenvolverem fortemente a agricultura (PREFEITURA

MUNICIPAL DE FARROUPILHA, 2017).

O Brasão da cidade de Farroupilha é representado através de um escudo

italiano, lembrando a origem do povo farroupilhense. Suas cores remetem a

bandeira rio-grandense: verde, amarelo e vermelho. Sendo então a Capital Nacional

da Malha, e maior produtor de uvas moscatéis do Brasil, com uma população com

estimativa do IBGE no ano de 2017 de 69.542.

A cidade vem nos mostrando um desempenho também nas atividades

industriais, como por exemplo, as metalúrgicas (R$ 389.217.000,00), papelão (R$

87.065.000,00), entre outras (PREFEITURA MUNICIPAL DE FARROUPILHA, 2017).

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A cidade abrange também uma Instituição Particular Filantrópica localizada no

centro de Farroupilha (Hospital Beneficente São Carlos), 11 Unidades Básicas de

Saúde Pública, 1 Centro de Atendimento Integrado em Saúde Mental e 1 Centro

Especializado de Saúde Pública.

Umas dessas Unidades Básicas de Saúde é a Estratégia de Saúde da

Família Industrial a qual iniciou suas atividades no ano 2002 em uma estrutura física

mais antiga, como posto médico e após foi transformado para UBS-ESF,

estruturalmente muito pequeno, com quatro salas de consultas, uma sala de

consulta odontológica, sala de vacinas, sala de enfermagem, sala de reuniões, uma

cozinha e dois banheiros, um deles comum para usuários e outro comum para

funcionários. Uma sala de espera pequena onde muitas vezes os usuários tinham

que aguardar atendimento de pé e ou fora da unidade.

Algumas mudanças internas na estrutura foram realizadas para tratar de

satisfazer as necessidades de atendimento, mas, mesmo assim, a equipe trabalhou

com muitas limitações que afetaram diretamente o trabalho, pois a recepção era

pequena para a demanda, só existia uma sala para todos os procedimentos com

pouca privacidade, com uma sala de vacinas sem as condições adequadas para

uma boa atenção, e a menor de todas as salas era o corredor que estava limitado

para passagem, não existia abrigo de resíduos, almoxarifado, depósito de lixo e sala

de nebulização. Ainda assim, sem as devidas condições necessárias a equipe fez

diversos atendimentos de urgência e emergência como administração de soro,

tratamento e controle de sintomas agudos como convulsões, febre, vômitos, dor e

entre outros.

Em Abril do ano 2017 aconteceu a mudança da unidade para outra

construção mais moderna e com melhores condições de atenção, resultado do

esforço da Secretaria de Saúde e demais instâncias do município para satisfazer as

necessidades da população. Trata-se de uma Estratégia em Saúde da Família (ESF)

de novo tipo, localizada no bairro América do mesmo município, e atende as

populações dessa localidade e de industriais, a estrutura física possui uma sala de

recepção ampla para acolher os pacientes das duas populações, seis consultórios

médicos preparados, os quais possuem acústica adequada permitindo privacidade

nos atendimentos, assim como as salas de enfermagem, sala de vacina, farmácia,

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sala de reuniões, cozinha, banheiros e recentemente inaugurou na Unidade o

serviço de Teleoftalmologia que serve de referência para a população de 49

municípios que correspondem a 5 Coordenadorias de Saúde do Estado do Rio

Grande do Sul.

Em relação aos aspectos epidemiológicos de nossa população, predomina o

sexo feminino, adulto jovem, o número de idosos é bem alto e as doenças crônicas

não transmissíveis predominantes são Hipertensão Arterial Sistêmica, Obesidade,

Diabetes Mellitus e Hipotireoidismo. Das transmissíveis, as Infecções Respiratórias

agudas e as Infecções vaginais são mais frequentes, assim como os casos de HIV e

outras DSTs; muitas de difícil adesão ao tratamento por parte dos usuários o que

dificulta ainda mais o trabalho com um aumento ainda maior de procura por

atendimentos médicos e de enfermagem na Unidade. A área é dividida em seis

micros áreas somando um total de aproximadamente 4139 usuários dentro da área

adscrita. Parte da população mora em área de invasão em condições higiênicas e

ambientais pouco favoráveis perto de indústrias e da fiação elétrica de alta tensão. O

acesso às casas é dificultado pela presença de barrancos e outras condições

irregulares, como muito lixo nos arredores. Existe consumo de drogas, álcool, baixo

nível de escolaridade, muitas crianças, adolescentes, mulheres em idade fértil, além

disso, circulam muitos animais como cavalos, cães, gatos e entre outros.

Tendo em vista que entre os problemas predominantes de saúde na nossa

população temos as doenças crônicas não transmissíveis, destacando-se a

necessidade de controle da Diabetes Mellitus e suas complicações, isso representa

um problema para a equipe de saúde porque muitos pacientes diabéticos que

cumprem com os tratamentos medicamentosos chegam à unidade de saúde para

consulta de rotina mostrando níveis altos de glicose.

No presente portfólio consta em anexo o Projeto de Intervenção educativa

feito nesses pacientes. Esse Projeto de Intervenção têm como objetivo o controle de

glicose e suas complicações através de ações educativas, orientações aos

diabéticos sobre a mudança da alimentação e estilo de vida; sendo necessário o

acompanhamento pela equipe de saúde multidisciplinar para estabelecer um

equilíbrio entre a medicação e o monitoramento da glicemia, dieta e exercícios.

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2. ESTUDO DE CASO CLINICO

Na Comunidade da Unidade Básica de Saúde (UBS) América, o problema

identificado foi o Diabetes Mellitus (DM), pois aproximadamente 15 % das pessoas

cadastradas pela equipe de saúde são portadoras de tal doença, e representa uma

epidemia mundial nos nossos dias. Analisamos que possui alguns nós críticos como

a falta de informação sobre riscos e agravos, além de hábitos e estilo de vida

errônea. É uma prioridade da atenção básica fazer ações tão importantes como a

promoção, prevenção e assistência da saúde desses pacientes. No seguinte caso

exposto evidencia o estabelecimento dessas ações de saúde.

O Paciente J.S. de 62 anos, branco, obeso, portador de Diabetes Mellitus tipo

ll (DM tipo ll) e Hipertensão Arterial (HAS), cumprindo tratamento medicamentoso,

Casado com E.S. de 61 anos. Mora com o pai idoso de 79 anos, com sequela de

AVC em março de 2017, que ficou com déficit motor, mas têm também déficit

cognitivo considerável, e a mãe de 78 anos hipertensa e diabética tipo ll com

problemas da coluna. Observamos que J.S. junto a sua esposa presta assistência a

seus pais, trabalho que acrescentou a doença da coluna dela, mais sintomas de

ansiedade e depressão.

J.S. procura assistência medica na Estratégia de Saúde da Família (ESF)

América por apresentar uma ferida na mão direita que foi feita com uma faca

cortando carne e que não cura com o tratamento indicado, na mesma unidade faz 10

dias, com curativos diários de soro fisiológico e pomada antibiótica de neomicina

com bacitracina. Queixa-se também de dor no joelho direito de leve intensidade que

aumenta ao fazer longas caminhadas, relata que pela ansiedade pelo cuidado de

seus pais não cuida sua saúde nem os hábitos alimentares, come muito e todo tipo

de alimentos. Trouxe exames indicados na consulta anterior.

Ao ser realizado exame físico completo, percebe-se Peso: 80 kg, Altura: 163

cm, Índice de massa corpórea (IMC): 30,11 kg/ Circunferência Abdominal (CA): 109

cm, Pressão Arterial (PA): 130/80 mmHg; Mão direita: Observa-se ferida de oito cm

com bordas avermelhadas e inflamados com secreção amarela. Joelho direito:

crepitação e dor aos movimentos de flexão. Exame dos pés: sensibilidade normal e

pulsos pediosos normais.

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Exames laboratoriais: Glicemia em Jejum: 182mg/dl; Hemoglobina glicosilada:

7,5; colesterol total: 240g/dl; Triglicerídeos: 220g/dl; colesterol não HDL: 32mg/dl;

colesterol LDL: 140mg/dl Creatina: 0,9MG/dl; Micro albumina na urina: 18 mcg/mg;

EQU: glicosuria +; Função hepática normal. A conduta nesta consulta foi solicitação

de Rx de joelhos; tratamento medicamentoso com antibióticos para infecção da mão

com Cefalexina (500mg) 1cp de 6/6 hrs por 7 dias, antiinflamatórios (Diclofenaco de

sódio (50mg)1cp de 8/8hrs), analgésicos (Paracetamol (500mg) 1cp de 6/6hrs),

Orientação dietética, Aumentamos doses de Metformina (850mg) de 1cp a 2cp (1cp

no café e 1 cp na janta); Sinvastatina (20mg) 1cp depois de jantar e continuar

curativos pelas técnicas de enfermagem todos os dias.

Depois de 7 dias o paciente retorna por consulta agendada, relata melhora da

dor no joelho direito e traz o Rx solicitado; Observa-se que a ferida está sem sinais

de infecção ainda não fechada; No Rx dos joelhos informa ligeira redução dos

espaços inter-articulares.

O caso foi discutido pela equipe porque comprovamos nas visitas domiciliares

que J.S. e sua esposa necessitavam ajuda. Soubemos pela agente que o paciente

não fazia uma alimentação saudável, o que estava causando descontrole das

doenças crônicas. Além disso, o pai dele possuía dificuldade para se locomover

pelos problemas motores e mentais assim como os socioeconômicos que têm a

família.

A equipe elaborou um Projeto Terapêutico Singular baseado nos seguintes

elementos diagnósticos. Assega (2015):

1. Paciente com doenças crônicas e feridas na mão que tarda cicatrização.

2. Sobrecarga de trabalho por pai acamado dependente nas atividades de vida

diária.

3. Ansiedade e Depressão.

4. Maus hábitos alimentares.

5. Familiares terem ficado doentes também para prestarem atenção ao idoso

acamado.

2.1 DEFINIÇÃO DE METAS

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-Entrevista informal com o paciente e seus familiares que promovesse a melhora da

qualidade de vida dessas pessoas.

-Atendimento da família, como controle da ansiedade respondendo a suas

necessidades básicas diárias.

-Esclarecer dúvidas sobre as patologias.

-Atividades de reabilitação com familiar acamado.

-Acompanhamento de uma equipe multiprofissional constituído por uma nutricionista,

enfermeira e fisioterapeuta com o objetivo de resolver os problemas de alimentação

de J.S. e desenvolvimento das atividades diárias de seu pai.

-Melhorar estado emocional do paciente, com seus familiares.

-Mobilização da equipe multidisciplinar nos cuidados da família (Agentes

Comunitários de Saúde, enfermeiras e visitas médicas regulares).

-Avaliação pela equipe de Saúde Mental.

-Atividades de educação em saúde para corrigir hábitos alimentares e estilo de vida.

-Diminuição de riscos de doenças por sobrecarga de trabalho.

-Contato com Secretaria de Assistência Social com vistas a compartilhar o cuidado.

-Sendo que o acamado não resolve com fisioterapia em casa, faremos

encaminhamento para o serviço de Atendimento e Internação Domiciliar (SAID) e

Fisioterapia (BOCARDO,2011).

2.2 DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES

A maior responsabilidade é da equipe da UBS e do Centro de Atenção

Psicossocial (CAPS); também da ação intersetorial Centro de Saúde, Secretaria de

Assistência Social e ações integradas pela equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da

Família (NASF).

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2.3 REAVALIAÇÃO

A mudança de necessidades e/ou objetivos do próprio paciente e família

percebidas pela equipe profissional da UBS que avaliarem se há piora de algum

desses problemas ou há melhora.

Aqui faríamos um momento de reconhecimento das falhas, mas também das

conquistas ou que o grupo da equipe, compartilha da força de superação e estímulo

para vencer novos desafios.

Após três meses de acompanhamento J.S. havia perdido 10 kg de peso com

um IMC DE 26,35 kg/·, exibe glicemia em jejum de 126 mg/dl, colesterol total de 190

mg/dl, triglicerídeos em 180 mg/dl, Hemoglobina glicosada de 6.8 %, havia fechado

a ferida da mão e o desenvolvimento familiar melhorou, a esposa e ele ficaram mais

tranquilos já que o pai teve mudanças favoráveis com o atendimento e internação

domiciliar e fisioterapia.

2.4 DISCUSSÃO

Neste caso várias doenças estão associadas à obesidade, como a HAS,

Dislipidemia, Diabetes Mellitus tipo ll, Infecções, inadequada cicatrização dos tecidos

e problemas psicológicos com alterações do estado emocional. A Obesidade e o

Diabetes mellitus ll causam resistência a insulina já que a quantidade de gordura

corporal é proporcional ao grau de resistência à insulina. J.S. mostra uma

circunferência abdominal aumentada pelo que identificamos uma obesidade

abdominal ou visceral já que se acumula as gorduras, sobre todo, em região

abdominal o que é mais frequente no homem adulto e idoso. (DUNCAN, 2013)

Quando essas três doenças (HAS, Diabetes Mellitus ll, Dislipidemia) estão

presentes junto a Obesidade, caracteriza-se pela Síndrome Metabólica (SM), tão

comum na atualidade e de grande fator de risco para os eventos cardiovasculares.

Pretenderam-se avaliar a prevalência de dislipidemia na população diabética, os

aspectos socioeconômicos também são importantes já que quando esses pacientes

residem em comunidades carentes apresenta na grande maioria das vezes um

acesso limitado aos cuidados preventivos de saúde.

Observou-se que a hiperglicemia foi um fator para o desequilíbrio lipídico e

para inadequada cicatrização de tecidos como acontece aqui. O controle glicêmico

adequado no paciente diabético está relacionado a menores taxas de

hipertriglicemia e hipercolesterolemia. O tratamento da hiperglicemia através da

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terapia medicamentosa e da mudança de hábitos de vida, atua de forma efetiva na

prevenção e no controle da dislipidemia e desta na evolução favorável sobre o

Diabetes. (BRASIL, 2006)

J.S., devido a sua hiperglicemia e obesidade e pelos maus hábitos

alimentares como de estilo de vida manifestou o desenvolvimento da Síndrome

Metabólica tendo riscos de doenças cardiovasculares; Uma vez que cumpriu com o

tratamento adequado junto às medidas de mudança da alimentação, foi possível

estabilizar o peso corporal assim como o controle das patologias que ele apresenta

e diminuir o risco cardiovascular.

2.5. CONCLUSÃO DO ESTUDO DE CASO

Ressaltamos que a grande dificuldade no tratamento dos pacientes nos quais

essas doenças estão presentes continua sendo a adesão do paciente principalmente

no que se refere a mudança do estilo de vida. Por esta razão, a atuação integrada

de uma equipe multidisciplinar composta por médico, nutricionista, educador físico,

enfermeiro, psicólogo, assistente social, farmacêutico, visando o tratamento do

paciente é altamente desejável e ajuda a prevenção da Síndrome Metabólica.

Em virtude disso, a correção do excesso de peso e de uma alimentação

inadequada são medidas obrigatórias no tratamento da SM. A adoção de uma dieta

balanceada é uma das principais medidas que deve ser individualizada para a

necessidade de cada paciente. A dieta deve estar direcionada para a perda de peso

e da gordura visceral, com o objetivo da correção das dislipidemias, da hiperglicemia

e da hipertensão arterial e consequentemente a redução do risco cardiovascular. A

atividade física deve também ser enfaticamente estimulada, sempre adequada à

faixa e ao condicionamento físico de cada indivíduo, (BRASIL, 2013)

Tendo em vista esta realidade, torna-se essencial que as ações dos

profissionais da saúde com esses pacientes e seus familiares incluam estratégias de

promoção, prevenção, assistência, restauração da saúde e de encorajamento,

fazendo interagir a responsabilidade pessoal na capacitação para o autocuidado e

melhoria da qualidade de vida.

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3. PROMOÇÃO DA SAÚDE, EDUCAÇÃO EM SAÚDE E NIVEIS DE PREVENÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis, em especial a Hipertensão Arterial e

o Diabetes Mellitus (DM) são consideradas o principal problema de saúde pública

em nossa unidade. Atualmente e como já havíamos descrito, é o DM no meu posto

de Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma situação preocupante, porque muitos

casos estão associados a sofrimento psíquico e a problemas psicossociais.

Devemos levar em conta que existe um componente psicológico relacionado a toda

e qualquer doença, as vezes atuando como entrave à adesão a práticas de

promoção de saúde ou de vida mais saudáveis. Analisamos então que existe

relação entre as doenças orgânicas e mentais, pelo que “Todo problema de saúde é

também sempre mental; Toda saúde mental é também sempre produção de saúde”

(LIMA, 2015).

Há ocorrência de grande prevalência de transtornos mentais, acerca da

influência do estado emocional em pessoas com (DM), pelo que as equipes de

atenção básica de saúde devemos apoiar esses pacientes ampliando as ações de

saúde mental na Atenção Primaria.

O diagnóstico inicial de diabetes pode ter um impacto emocional significativo

na pessoa que o recebe e sua reação será muitas vezes afetada pela história

familiar de diabetes e por outras variáveis como a personalidade e a maneira como a

informação é apresentada; tendo em conta esses aspectos estabelecemos a

promoção da saúde como estratégia essencial para proporcionar os meios para

enfrentar essa doença e lesões crônicas assim como opções disponíveis para que a

população exerça um maior controle sobre sua própria saúde e sobre o meio

ambiente e para que opte por todo o que propicie saúde (CARDOSO, 2007).

A I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em 1986, originou a

Carta de Ottawa. De acordo com esse documento “Promoção da Saúde” é o nome

dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua

qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse

processo para atingir um estado de completo bem estar físico, mental e social.

Nesse sentido, a saúde é um fator positivo, que enfatiza os recursos sociais e

pessoais, bem como as capacidades físicas. “Assim, a promoção da saúde vai para

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além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global” (OTTAWA,

1986).

No próximo caso que apresentaremos trata-se de uma paciente que recebeu

o diagnóstico de DM tipo 2 e ao conhecer que é uma doença crônica vivenciou um

estado de tensão emocional muito grande já que requererá se adaptar tanto física

quanto mentalmente. Ela com a depressão que tinha cumpria tratamento

medicamentoso, mas não tem a capacidade para garantir tudo o que tem que fazer

para o cuidado da doença em relação à nutrição, medicamentos e exercícios o que

complicou sua estabilidade física e psicológica.

4. RELATO DE CASO

Paciente de 52 anos, branca, casada, trabalhadora do frigorífico, com

Hipertensão Arterial e Depressão, realiza tratamento com Enalapril 10 mg 1cp de

12/12hrs e Fluoxetina 20 mg 1cp de manhã, Peso71 kg e Altura 158 cm, IMC: 28,44

kg/m², que se expressa de forma coerente e lógica. Observamos choro fácil e relata

que desde que recebeu o diagnóstico de DM tipo ll faz 15 dias sente indisposição

para trabalhar e só quer ficar deitada. Relata “sinto tanta tontura e sonolência que

não consigo fazer mais nada… Fico muito preocupada não consigo levar a doença

com o trabalho e casa...” Além diz que não tem apoio da família porque o esposo

dela fica mais tempo no trabalho que em casa e não tem espaço para lazer; os filhos

são adolescentes e entre os estudos e as diversões não permanecem no lar; no

entanto ela cumpria com a terapêutica farmacológica, porém mantinha hábitos de

vida prejudiciais ao controlo desses problemas de saúde.

Após a mudança da terapêutica antidepressiva de Fluoxetina(20mg) por

Paroxetina(40mg) se decidiram elaborar estratégias cognitivo-comportamentais,

abordagens psicoeducacionais assim como abordagens familiares. Também

atividades de promoção de saúde desenvolvidas para proporcionar conhecimento

para poder exercitar sua autonomia na decisão sobre sua situação de saúde.

4.1 DISCUSSÃO

Encontramos similaridade entre os dois casos apresentados no que se refere

a desenvolvimento de transtornos mentais em doenças crônicas não transmissíveis

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como o DM, destacando que há evidências da alta prevalência de demanda em

saúde mental não só em pacientes diabéticos também na população atendida na

atenção primaria sendo necessário prevenir e tratar precocemente esses estados

com intervenções dirigidas a uma população ou grupo populacional fazendo

transformação da saúde mental.

No caso relatado a paciente precisa de estratégias cognitivo-comportamentais

que promovam mudança de comportamento e aderência as recomendações, bem

como programas de educação em saúde que visam a promoção e apoio ao

autocuidado por os quais a equipe precisa ser instrumentalizada para aplicar no seu

dia a dia (BRASIL, 2013).

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) associada a um programa

psicoeducacional demonstrou uma abordagem terapêutica eficaz. Alguns autores

observaram que a simples participação de pacientes em programas educacionais

para diabéticos leva a melhoria dos sintomas mentais assim como as abordagens de

intervenção integrada (CARNEY. 1998).

Cabe à unidade de Estratégia da Saúde da Família (ESF) promover ações em

prol da promoção da saúde mental e do reconhecimento de situações de risco para

o adoecimento mental, atuando em todos os níveis de atenção, desde a promoção,

prevenção até a assistência aos casos identificados. A prevenção é um conjunto de

atitudes que devemos tomar por antecipação, de modo a evitar determinados

acontecimentos, ou seja, surge no sentido de precaução ou de evitar determinados

riscos (CZERESNIA, 2003).

O Profissional da saúde deve fazer prevenção a partir do nível de

conscientização da comunidade envolvida; de modo geral a prevenção visa,

principalmente, à promoção e manutenção da saúde da população.

Temos que ter em conta que existe a prevenção primaria: feita antes da

doença, quando os indivíduos são susceptíveis, com intuito de evitá-la, aqui são

feitas medidas de promoção de saúde como atividade física, não fumar,

comportamentos alimentares etc; Também a prevenção secundaria onde o paciente

já é doente, porém assintomático, são feitas ações de rastreio como exames

periódicos de saúde e a procura de casos por agentes da vigilância epidemiológica.

Além da prevenção terciária onde procura-se estabilizar doenças crônicas e evitar

complicações. (ANTONIO, 2010).

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Entretanto, esforços de prevenção e promoção de saúde tanto física como

mental, ajuda a detecção precoce dos transtornos mentais para aumentar a

probabilidade de intervenção precoce diminuindo positivamente o risco de uma

evolução com seqüelas residuais graves do diabetes ou outras doenças.

4.2 CONCLUSÃO

Ao considerar os diversos aspectos inerentes à complexidade da Saúde

mental nos diferentes grupos populacionais, os profissionais de saúde têm sentido

cada vez mais a necessidade de desenvolver ações psicoeducativas recorrendo

para isso ao trabalho das equipes multidisciplinares numa perspectiva de promoção

de saúde. Esta abordagem remete para uma visão holística do processo saúde

doença, reconhecendo a complexidade do seu sistema psíquico e somático e a

necessidade de informações complementares por parte de todos os profissionais de

saúde sobre o controle e prevenção dos transtornos mentais (BRASIL, 2006).

No trabalho psicológico a realizar individualmente ou em grupo, o objetivo

principal é conseguir melhor qualidade de vida, que muitos pacientes sentam que

existe um espaço em que podem conversar com outros que se encontram na

mesma situação, que partilham os mesmos medos, preocupações, problemas,

ansiedades e dificuldades para aprender estratégias a través da promoção de saúde

para lidar com as situações mais difíceis com que se comprometam no seu

quotidiano (FERREIRA, 2007).

Um maior conhecimento sobre as doenças, fatores de risco, alimentação saudável,

está relacionado com uma melhoria da qualidade de vida.

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5. VISITA DOMICILIAR NA DIABETES MELLITUS

Dentre as condições crônicas da Unidade de Atenção Básica (UBS) onde

atuamos, o Diabetes Mellitus (DM) tem se configurado como um dos principais

problemas de saúde conforme já mencionado nos capítulos anteriores,

descreveremos as práticas em relação à visita domiciliar num paciente diabético com

critérios para esse atendimento.

É sabido que o Atendimento Domiciliar (AD) é um conjunto de atividades de

caráter ambulatorial, programadas e continuadas, desenvolvidas em domicílio. O

objetivo é permitir que indivíduos que necessitem de cuidados para circunstâncias

agudas ou crônicas de saúde recebam o tratamento de qualidade no domicílio ou na

comunidade, ou facilidades em longo prazo do cuidado, sendo que a sustentação ou

cuidado para os amigos e a família, que fornecem o cuidado para seus familiares

doentes é também importante. Compreende todas as ações, sejam elas educativas

ou assistenciais, desenvolvidas pelos profissionais de saúde no domicílio do cliente,

direcionados a ele próprio e/ou os seus familiares. Desse modo abrange tanto

atividades simples como as mais complexas, incluindo assim, as modalidades visita

e internação domiciliar (LACERDA, 2006).

Visita Domiciliar é um contato pontual de profissionais de saúde com as

populações de risco, enfermos e seus familiares para a coleta de informações e

orientações. Na visita domiciliar é desenvolvido ações de orientação, educação,

levantamento de possíveis soluções de saúde, fornecimento de subsídios

educativos, para que os indivíduos tenham condições de se tornar independentes. É

considerada a atividade externa à UBS mais desenvolvida pelas equipes de saúde e

se caracteriza por permitir o cuidado à saúde de forma mais humana e acolhedora,

estabelecendo laços de confiança entre os profissionais e os pacientes.

5.1 ABORDAGEM INTEGRAL NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

A atenção domiciliar fomenta a aplicação dos princípios do SUS

(integralidade-universalidade-equidade) assumida como prática centrada na pessoa

e seu processo saúde doença. Para poder cumprir com esses princípios na atenção

domiciliar (AD) deveu no processo de trabalho da equipe priorizar a

interdisciplinaridade para cada caso ser discutido e planejado pela equipe, família e

comunidade. Na organização desse trabalho interdisciplinar o primeiro passo é a

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identificação dos pacientes elegíveis para a AD na territorialização. O segundo

passo é a classificação do AD; A modalidade AD1 destina-se aos usuários que

possuam problemas de saúde controlados com dificuldade de locomoção até a UBS

ou que necessitem de cuidados de menos complexidade. Modalidade AD2 destina-

se aos usuários que possuam problemas de saúde e que necessitem de maior

frequência de cuidado com impossibilidade física de locomoção até UBS e aos que

precisam de acompanhamento contínuo (curativos, uso de sondas, cuidados

paliativos, etc.). Modalidade AD3 destina-se aos usuários que possuam problemas

de saúde com impossibilidade física de locomoção até UBS e necessidade de maior

frequência de cuidado, acompanhamento contínuo e uso de equipamentos, exemplo

Diálise peritoneal, paracentese, etc.(BRASIL, 2012).

O terceiro passo é elaborar um plano de cuidado para cada paciente,

contendo as condutas propostas, serviços ou equipamentos, periodicidade da visita,

previsão de tempo de permanência e o papel de cada membro da equipe (BRASIL,

2012).

Na Estratégia de Saúde da Família (ESF) onde atuamos, para a realização de

uma VD, o paciente deve ser morador da área de abrangência, a familiar deve

aceitar ou desejar a assistência domiciliar, o paciente a ser visitado deve estar com

uma condição clínica comprometida ou com algum grau de perda funcional que

dependa de outra pessoa ou não consiga se trasladar até a ESF assim como deve

estar no momento da visita com um cuidador ou pessoa responsável por seu

cuidado.

A visita pode ser solicitada pelo paciente, por seus familiares, por seu Agente

Comunitária de Saúde (ACS) ou por algum membro da equipe e também por

encaminhamentos de altas hospitalares. Semanalmente são agendadas até 6 VD

nas quartas-feiras no horário das 13 horas até as 16 horas e 30 minutos.

Geralmente se beneficiam deste serviço os pacientes acamados, os idosos com

doenças crônicas que não deambulam fora de casa ou estão fragilizados, os

operados e outros como situações de emergência e acompanhamento domiciliar

periódico de pacientes pediátricos e grávidas.

Tendo em conta seus objetivos (assistencial, educativo, de avaliação, busca,

vigilância, etc.) é necessário revisar o prontuário e reunir todos os dados sobre a

pessoa ou familiar que visitará. Pode se estabelecer o espaço de tempo em que

deverá ser realizada a visita e o profissional da equipe mais indicado para avaliar a

situação trazida. É importante estabelecer se há necessidade de mobilizar outros

recursos da equipe ou externos (GUSSO, 2012).

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Demonstramos agora um acompanhamento de usuário em VD de nossa UBS:

Trata-se de um paciente de 78 anos, Obeso portador de Diabetes Mellitus (DM),

Hipertensão Arterial Crônica (HAS) e Insuficiência Cardíaca Congestiva morador da

área de abrangência com dificuldade para chegar a UBS. Mora com sua esposa de

69 anos doente de Asma Brônquica e HAS que faz crises freqüentes de asma e com

a responsabilidade de ser cuidadora de seu esposo.

A ACS solicita agendar visita domiciliar por queixas referentes à

descompensação glicêmica e dificuldade no relacionamento familiar. Na reunião da

equipe de saúde onde analisamos os pacientes a visitar no domicílio na próxima

semana nas quartas-feiras, planejamos a assistência ao domicílio envolvendo com

uma abordagem integral do paciente, fazendo revisão do prontuário e avaliando

todos os fatores associados onde olhamos riscos como a obesidade e uma

alimentação inadequada rica em calorias relatada pela ACS o que decidimos atingir

a equipe toda a atenção do paciente, organizando visitas pela nutricionista,

psicologista, odontologista e fisioterapeuta.

Na VD com a ACS e técnica de enfermagem, pudemos conhecer a relação

familiar em que o paciente está inserido. Sua esposa esquecia-se de algumas

tomadas de medicamentos e ela como cuidadora precisava ajuda também. No

momento da visita se encontrava uma das três filhas que mais perto mora a quem

falamos da importância da aderência ao tratamento para Diabetes Mellitus e outras

doenças de seu pai. Fizemos avaliação do estado geral e físico, questionamento

sobre o estado atual do paciente, aferição de Pressão Arterial e teste rápido de

glicose (HGT), indicamos exames, além de orientações sobre alimentação adequada

para DM e aconselhamentos gerais. Elabora-se um Projeto Terapêutico Singular a

partir da identificação dos fatores que influenciam a aderência ao tratamento.

A filha foi convidada a participar nos grupos de HIPERDIA para receber

educação sobre alimentação saudável para o diabético, assim como também foi

educado e motivado o paciente à adesão ao tratamento através do cuidado pela

filha. A esposa recebeu atendimento psicológico, clínico e fisioterapia respiratória

pelas doenças dela.

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Nas próximas visitas domiciliares a correção na adesão ao tratamento foi

indicada pela diminuição progressiva das glicemias capilares colhidas pelas técnicas

em enfermagem além de se observar uma melhora do sofrimento biopsicossocial

neste paciente e da família com uma abordagem centrada na pessoa através da

equipe multidisciplinar (GIACOMOZZI e LACERDA, 2006).

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6. REFLEXÃO CONCLUSIVA

Através deste trabalho foi possível concluir que neste período de vida

acadêmica, que começou com os estudos do Eixo 1, foi possível conhecer as áreas

de atuação coletiva, tanto na gestão e planejamento do labor da Unidade de Saúde

como a assistência aos pacientes. Fortalecemos a unidade em equipe conhecendo a

intersetorialidade e a necessidade de aprender mais sobre o território de

abrangência no qual atuamos, visando todas as etapas com uma melhor

organização do atendimento diário.

No campo de Saúde Coletiva foi permitido identificar os diferentes modelos de

Atenção à Saúde com sua situação de saúde para poder entender melhor o Sistema

de Atenção Primaria à Saúde, tendo em vista um adequado conhecimento para o

controle do trabalho.

Analisamos os distintos instrumentos para a organização da Atenção Primaria

da Saúde destacando a Epidemiologia e indicadores de saúde, o que admitiu avaliar

os diversos relatórios e a qualidade dos dados produzidos, e ajudou a

implementação de atividades no dia a dia de nossa Estratégia de Saúde da Família.

O Eixo 1 também consentiu introduzir e criar habilidades para compreender

ao máximo o Eixo 2 onde por meio de casos complexos, com questões relacionados

à assistência integral da saúde do idoso, crianças, adolescentes, adultos e da

mulher há possibilitado adquirir experiências para a qualidade dos atendimentos

para nossos pacientes.

A realização deste trabalho deixou identificar a realidade do principal

problema de saúde da UBS onde trabalhamos, ajudando também a registrar,

analisar e planejar estratégias para desenvolver atividades para um desempenho da

qualidade de vida, intensificando a percepção da necessidade de uma atuação

constante da equipe de saúde da família no incentivo das práticas de educação em

saúde para brindar conhecimento e esclarecer dúvidas sobre os distintos parâmetros

que levam a descontrole da Diabetes Mellitus.

Investir nas ações de promoção e prevenção em Saúde como estratégias, é

indispensável no cotidiano dos profissionais da Atenção Primaria de Saúde já que

garantida à transformação dos distintos estilos de vida dos usuários para que eles

podam ter uma qualidade de vida superior.

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Para orientar o desenvolvimento de interações efetivas é imperioso ampliar o

entendimento nas populações com baixa e media renda para os quais novos

estudos assumem grande importância.

O programa de intervenção comunitário apresentado neste estudo tive

resultados favoráveis porque produziram resultados nas mudanças de

comportamentos de risco em nível populacional e ajudou a aproveitar melhor os

recursos humanos de setor saúde assim como centralizar o tratamento no paciente

e na família, sendo que o papel central e a responsabilidade do paciente, devem ser

enfatizados no Sistema de Saúde.

Considerando-se que as doenças crônicas não transmissíveis como Diabetes

Mellitus e HAS tem um forte impacto na qualidade de vida dos indivíduos afetados,

causando morte prematura e gerando efeitos econômicos adversos para as famílias,

comunidades e sociedades em general, é necessário realizar ações efetivas,

integradas, sustentáveis, longitudinais e baseadas em evidencias para a prevenção

e controle dessas enfermidades. É preciso grande empenho por parte de todo o

pessoal da saúde para superar esse desafio. Por tanto a autopreparação diária e

cotidiana de todos os profissionais da saúde é importante para a atualização dos

seus conhecimentos e exercício competente.

O curso de Especialização em Saúde da família é uma janela útil para a

superação do médico de comunidades, permitindo melhorar o atuar ótimo desse

experto e porém garantir um melhor atendimento das populações, do uso dos

recursos e serviços fornecidos pelo Sistema Único de Saúde de Brasil.

., Ressaltamos que o curso de Especialização em Saúde da Família

contribuiu para minha formação profissional já que aprendi com a problematização

de ações cotidianas no trabalho a avaliar e desenvolver diagnósticos em situações

complexas com um abordagem integral ao paciente.

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de abril de 2018.

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ANEXO I: PROJETO DE INTERVENÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE

UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS- UNASUS

ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA

PROJETO DE INTERVENÇÃO

RITA MARIA CALZADA GARCIA

ALIMENTAÇÃO DOS PACIENTES DIABÉTICOS PARA MELHORA DO

CONTROLE DA DOENÇA.

FARROUPILHA

JULHO DE 2017

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RESUMO

O Diabetes Mellitus (DM) é um dois maiores problemas de saúde pública no

Brasil. O tratamento do paciente diabético inclui medidas medicamentosas e não

medicamentosas para estabelecer o equilíbrio do metabolismo. Este projeto de

intervenção é uma proposta de trabalhar com os pacientes diabéticos da UBS

Industriais de Farroupilha porque eles têm descontrole da sua doença mesmo que

cumprem com tratamento medicamentoso. A ação a realizar inclui o cadastramento

destes usuários no programa de atenção á diabetes o acompanhamento dos

indicadores, a formação de grupo de educação em saúde, a realização de atividades

educativas para a adesão ao tratamento medicamentoso e capacitações da equipe

multidisciplinar da UBS. Faremos eleição do grupo risco médio por ser este o grupo

com maiores problemas e se beneficiaria desta abordagem. Nosso objetivo é

alcançar um controle glicêmico adequado em pacientes diabéticos, focado na

prevenção, educação, promoção de mudanças do estilo de vida e autocuidado no

tratamento. Realizou-se revisão de literatura nos bancos de dados MEDLINE e

Biblioteca Virtual em saúde Ministério de Saúde (BVS/MS) com os descritores:

diabetes, promoção de saúde, autocuidado, educação em saúde. Demonstrou-se na

literatura a importância do controle melhor qualidade de vida glicêmico adequado e

da adesão ao tratamento não medicamentoso. A literatura confirma que essas

intervenções melhoram o controle glicêmico, previnem ou retardam o

desencadeamento de complicações agudas e crônicas. Esse projeto pretende que o

paciente tenha conhecimento sobre sua doença e assim ajuda a obter melhor

qualidade de vida.

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1 INTRODUÇÃO

Dados epidemiológicos demonstram que o Diabetes Mellitus (DM) cresceu de

modo expansivo nos últimos anos, sendo que em 1985 estimava-se haver 30

milhões de adultos com DM no mundo, a estimativa é desse número cresça, em

projeções para 2020, para 135 milhões. Este aumento se deve preponderantemente

ao maior envelhecimento populacional e pela adoção global de estilos de vida

deletérias, (Brasil, 2006).

O Diabetes Mellitus é uma doença crônica que provoca muitas complicações

sendo considerado um importante problema para os profissionais da saúde por

ocasionar perda da qualidade de vida dos pacientes. O Sistema de Saúde tem como

prioridade a atenção e prevenção do Diabetes para assim evitar sequelas das

complicações da doença.

É importante que a doença em si seja compreendida como um fenômeno uni

ou multicausal. A população precisa tomar decisões conscientes sobre mudanças de

estilo de vida para que tenha melhorias em sua saúde e é através das ações de

educação para a saúde que poderão refletir sobre o modo de vida que devem levar

e assim mobilizar os recursos disponíveis para-se manterem saudáveis. Com a

educação em saúde, os pacientes vivenciam suas realidades, permitindo uma maior

participação no processo de intervenção já que o paciente Diabético pode fazer uma

comparação das experiências vividas e da atual e assim fazer modificações na sua

vida cotidiana.

As mudanças de estilo de vida é um processo lento e mais na alimentação já

que os hábitos alimentam rios tem influenza pela cultura por ser transmitida de

geração a geração ou por instituições sociais; além disso influenciam o indivíduo a

adotar padrões inapropriados de comportamentos, tais como aversão a algum os

alimentos, crenças e supostas ações nocivas e tabus ou proibições ao uso e

consumo de certos produtos.

Com este trabalho buscamos justificar que conhecendo os comportamentos

dos pacientes Diabéticos e fazendo estratégias de intervenção, podemos incorporar

mudanças na alimentação e assim obter um controle melhor desta doença que faz

muito dano à população.

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PROBLEMA:

O controle da Diabetes e suas complicações e um problema para a equipe de

saúde. Porque muitos pacientes Diabéticos controlados com tratamentos chegam a

unidade para consultas de rotina com cifras altas de HGT?

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Intervenção educativa na mudança da alimentação de pacientes diabéticos na

unidade industriais de Farroupilha.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Identificar os pacientes diabéticos tipo 2 que mantem taxas altas de HGT.

-Identificar conhecimento dos pacientes sobre alimentação adequada para

portadores de diabetes.

-Realizar acompanhamento de pacientes com glicose elevada em jejum.

-Conhecer problemas atuais de saúde dos pacientes.

-Avaliar a saúde dos pacientes após realizarem mudanças na alimentação.

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4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A Diabetes Mellitus é uma doença crônica na qual o corpo não produz

insulina ou não consegue empregá-la adequadamente no organismo.

Mas o que é insulina? É um hormônio que controla a quantidade de glicose

no sangue. O corpo precisa desse hormônio para utilizar glicose, que obtemos por

meio dos alimentos como fonte de energia. Quando se tem diabetes, o organismo

não fabrica insulina e não consegue utilizar a glicose adequadamente. O nível de

glicose no sangue fica alto, provocando a “famosa” hiperglicemia. Se esse quadro

permanecer por grandes períodos, poderá acarretar danos nos órgãos, vasos

sanguíneos e nervos (Sociedade Brasileira de Diabetes,2006).

Outro conceito similar é o proposto pelas Diretrizes da Sociedade Brasileira

de Diabetes (SBD), ao enfatizar que o DM não é uma única doença, mas um grupo

heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, a

qual é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou ambas

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2013).

Segunda Costa (2009), a etimológica da palavra diabetes tem a sua origem

no grego, que significa atravessar. Em tempos passados, toda pessoa que excretava

urina em excesso era considerado portador de diabetes e se essa urina fosse

açucarada poderia ser diagnosticada como Diabetes Mellitus .

Para ORTIZ e ZANETTI (2000), o Diabetes Mellitus tem sido reconhecido

mundialmente como um problema de saúde pública, face aos indicadores de

morbidade e mortalidades relacionadas à patologia, como também aos custos

gerados no seu controle e no tratamento de suas complicações. É considerada uma

das principais patologias crônicas que acometem o Homem moderno e as

populações de países em todos os estágios de desenvolvimento econômico-social

(AEMS,2001).

A classificação proposta pela Associação de Diabetes (ADA) inclui quatro

classes clínicas: DM tipo 1 (DM1), DM TIPO 2 (DM2), outros tipos específicos de DM

e DM gestacional. Também há duas categorias, referidas como pré-diabéticas, que

são a glicemia de jejum alterada e a tolerância a glicose diminuída. Essas categorias

não são entidades clínicas, mas fatores de risco para o desenvolvimento de DM e

doenças cardiovasculares DCV (AMERICAM DIABETES ASSOCIATION, 2013).

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De acordo com o Ministério da Saúde o DM1 resulta primariamente da

destruição das células betas pancreáticas e tem tendência à cetoacidose. Esse tipo

ocorre em cerca de 5 a 10% das pessoas com DM. O DM2 resulta, em geral, de

graus variáveis de resistência à insulina e de deficiência relativa de secreção de

insulina. O DM2 é hoje considerado parte da chamada síndrome plurimetabólica ou

de resistência à insulina e ocorre em 90% dos usuários com DM2 (BRASIL, 2001).

O DM gestacional trata-se de qualquer intolerância a glicose, de magnitude

variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. Similar ao DM2, o DM

gestacional associa-se tanto a resistência á insulina quanto a diminuição da função

das células betas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2013).

Na maioria dos casos o DM é assintomático, cerca de 50% dos usuários

desconhecem a doença. Quando as manifestações clínicas estão presentes a

pessoa apresenta hiperglicemia, que leva à poliuria, polidipsia, polifagia perda de

peso involuntária, fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, e disfunção

erétil (BRASIL, 2006b).

O envelhecimento da população, a urbanização crescente, o sedentarismo, a

alimentação pouco saudável e a obesidade são os grandes fatores responsáveis

pelo aumento de prevalência do DM (BRASIL,2010b).

Considerando a elevada carga de morbimortalidade associada à doença, a

precaução de suas complicações é hoje prioridade de saúde pública. Na atenção

básica, ela pode ser efetuada por meio da prevenção de fatores de risco como

sedentarismo, obesidade e hábitos alimentares não saudáveis; através da

identificação e tratamento de indivíduos de alto risco para diabetes (prevenção

primária); da identificação de casos não diagnosticados de diabetes (prevenção

secundária) para tratamento e intensificação do controle de pacientes já

diagnosticados visando prevenir complicações agudas e crônicas (prevenção

terciária).

O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para

a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seu modo

de viver, o que estará diretamente ligado a vida de seus familiares e amigos. Aos

poucos, ele deverá aprender a gerenciar sua vida com diabetes em um processo

que prime a qualidade de vida e a autonomia.

O controle da DM significa manutenção dos níveis de açúcar (glicose) no

sangue tão próximos dos valores normais quanto possível, sendo necessário o

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acompanhamento por uma equipe de saúde multidisciplinar para estabelecer um

equilíbrio entre a medicação e o monitoramento do açúcar sanguíneo, dieta e

exercícios.

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5 METODOLOGIA

Trata-se de uma intervenção de natureza quanti qualitativa com estado de

análise inicial e final. A pesquisa conta com os pacientes diabéticos da UBS de

Industriais cadastrados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no Sistema de

Informação Básica (SIAB) de nossa unidade.

A captação destes usuários será realizada na UBS assim que o usuário vem a

consulta de rotina, faz HGT em jejum e se alterada, a enfermeira cadastrará no

programa de Intervenção.

Informaremos a comunidade sobre a existência do projeto de intervenção

educativa para os diabéticos, serão informados os diabéticos pela visitas

domiciliares dos agentes comunitários de saúde assim como nos grupos de idosos e

HiperDia e também na sala de espera, as pessoas envolvidas nesta atividade seriam

o médico, enfermeira, técnicos de enfermagem e ACS.

A pesquisa vai ser dividida em três momentos:

- O primeiro momento será a apresentação do projeto para a equipe de saúde

na primeira semana de agosto 2017 a fim de compartilhar os objetivos, metodologia

e resultados esperados e assim organizar a coordenação com a equipe para

apresentar todas as atividades a serem desenvolvidas com os prazos estabelecidos

e as pessoas responsáveis.

- O segundo momento será a aplicação do mini questionário de hábitos

alimentares a todos os pacientes diabéticos que irão a participar do projeto com

medição dos níveis glicêmicos dos mesmos na segunda quinzena de agosto 2017.

Neste tempo, a equipe fará o levantamento dos recursos necessários para a

execução desta atividade. Capacitaremos a equipe para realização do

hemoglicoteste em diabéticos, será aproveitado o espaço da reunião de equipe pelo

médico e enfermeira para desenvolver esta capacitação sobre a forma adequada do

controle de HGT. Utilizaremos como matéria hemoglicoteste, fitas, lancetas,

computador, canetas, e cadernos.

Treinar os ACS para a orientação de diabéticos quanto a realizar as consultas

e sua periodicidade; esta ação será desenvolvida pelo médico no início da

intervenção, sobre a importância de realização das consultas e sua periodicidade.

Os ACS serão treinados para reforçar as orientações já explicadas na consulta pelo

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médico, informa que são trimestral para os diabéticos que não tenham um bom

controle metabólico, e semestral para diabéticos com bom controle metabólico.

- O terceiro momento compreende as intervenções de educação alimentaria

que ocorrerão em 8 semanas com um encontro semanal de 45 minutos na sala de

reunião da Unidade onde faremos as palestras sobre os cuidados da alimentação do

diabético. Visa-se ensinar como elaborar uma guia de alimentação adequadamente

para quem sofre com esta doença e fazer orientações específicas voltadas á

prevenção e ao cuidado no diabetes através dos “Dez Passos para uma

Alimentação Saudável do Cadernos de Atenção Básica de Ministério de Saúde”.

Os formulários para coleta de dados inicial e final serão elaborados com base

no teste “Como está sua alimentação?” do guia alimentar de Bolso do MS com o

objetivo de buscar mudanças positivas nos hábitos alimentares dos diabéticos e seu

controle metabólico.

Para a efetividade do tratamento os hábitos de vida saudáveis são a base do

tratamento do diabetes, sobre o qual pode ser acrescido ou não o tratamento

farmacológico. Seus elementos fundamentais são manter uma alimentação

adequada e atividade física regular, evita o fumo e o excesso de álcool e estabelecer

metas de controle de peso (GUSSO, 2012).

Ao final, aplicaremos o questionário novamente, com dosagem da glicose,

para avaliar a intervenção feita nestes pacientes e elaborar conclusões.

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6 CRONOGRAMA

Procedimento Jul Ag Se Ou No De

Apresentação do projeto e entrega da listas com dados

dos pacientes para equipe em reunião da equipe.

X

Apresentação do Projeto de Intervenção ao Conselho

de Saúde da Comunidade.

x

Divulgação do projeto à população-alvo e população

em geral.

x

Capacitação da equipe da unidade de saúde para

realização dos hemoglicoteste.

X

Fazer convites aos pacientes nas reuniões de grupos,

visitas domiciliares e sala de espera, assim comonas

consultas.

x

Planejamento das sessões de educação alimentaria do

projeto.

X

Aplicação do questionário e realização dos

hemoglicoteste.

X

Atividades Educativas. x X

Analise dos resultados. X

Apresentação dos resultados e avaliação do trabalho. X

7 RECURSOS NECESSARIOS.

-.Sala

- Equipamento Multimídia

-.Prontuários dos pacientes escolhidos para atividades

-.Cadernos de Atenção Básica.

-.Profissionais envolvidos

-.Materiais para hemoglicoteste.

-.Canetas

- Computador

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8 RESULTADOS ESPERADOS

- Melhorar o estado de saúde dos pacientes diabéticos.

- Que cada paciente diabético seja responsável por mudar sua alimentação

para ter um controle da sua doença.

- Substituir alimentos inadequados pelos saudáveis.

- Melhorar o controle glicêmico.

- Prevenir complicações no estado de saúde nos diabéticos.

- Melhorar qualidade de vida.

- Garantir um envelhecimento saudável.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN DIABETES ASSOCIATION (ADA). Diagnosis and classification of

diabetes mellitus. Diabetes Mellitus Care, v. 36. 2013.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica .Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas Públicas. Plano de

reorganização da atenção à hipertensão e ao diabetes mellitus. Brasilia: Ministério

da Saúde, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Situação de Saúde -Brasil. Brasilia; 2010.

CADEI, M. S.;COSTA, T. Educação em Saúde. Rio de Janeiro: Fundação CECIER,

2009.

DATASUS. Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Atenção Básica.2015.

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