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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE QUÍMICA Síntese e Espectroscopia Óptica das fases estáveis do sistema Y 2 O 3 -Al 2 O 3 dopadas com Nd 3+ e Sm 3+ Tarcio de Castro Silva Orientador: Prof. Dr. Jesiel Freitas Carvalho Goiânia 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE QUÍMICA

Síntese e Espectroscopia Óptica das fases estáveis do sistema Y2O3-Al2O3 dopadas com Nd3+ e Sm3+

Tarcio de Castro Silva

Orientador: Prof. Dr. Jesiel Freitas Carvalho

Goiânia

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE QUÍMICA

Síntese e Espectroscopia Óptica das fases estáveis do sistema Y2O3-Al2O3 dopadas com Nd3+ e Sm3+

Tarcio de Castro Silva

Dissertação apresentada ao Instituto

de Química da Universidade Federal

de Goiás como exigência parcial, para

obtenção do título de mestre em

química.

Orientador: Prof. Dr. Jesiel Freitas Carvalho

Goiânia

2013

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Agradecimentos

Ao professor Dr. Jesiel Freitas Carvalho pela orientação, dedicação e

paciência demonstrada durante toda a iniciação científica e no mestrado. Ao

professor Dr. Lauro June Queiroz Maia pela colaboração e ensinamentos

neste trabalho.

Ao professor Dr. Antônio Carlos Hernandes do Instituto de Física de

São Carlos pela ótima receptividade e apoio técnico.

Ao professor Dr. Leandro Félix Bufaiçal pelos ensinamentos sobre

refinamentos de estruturas.

Aos professores do Instituto de Química da UFG que contribuíram na

minha formação. Em especial à professora Dr. Emília pela disposição e

apoio técnico.

Aos técnicos da central analítica do Instituto de Química da UFG

Gustavo e Rangel pelos ensinamentos durante a realização das análises de

FTIR. Ao técnico Geraldo do Instituto de Física de São Carlos pelas análises

térmicas.

A Tatiane pela paciência a esforço na coleta das imagens de microscopia.

Aos amigos Alessandro, Alexandre, Antônio, Ariane, Danillo, Diego,

Fernando, Flávia, Hermínia, Lucas, Lucas Oliveira, Ludmyla, Marcelo,

Marcelo Faria, Paulo, Rafaela, Thiago Amaral, Zanine.

Aos meus pais Alcebíades e Rozely que sempre me incentivaram e

apoiaram na minha formação. Aos meus irmãos Tarcísio e Taís. Ao meu

cunhado Júlio Fernandes. Ao meu eterno tio Deilane (In memorian), que

sempre se preocupou com minha formação e a de meus irmãos. Aos meus

tios Vaterloo, Léodário, Liênio, Maria, João.

A agência financiadora Capes que possibilitou minha dedicação

exclusiva aos estudos e ao projeto.

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SUMÁRIO

Lista de figuras i

Lista de Tabelas iv

Resumo v

Abstract vi

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................1

2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS......................................................6

2.1 O método dos precursores poliméricos.....................................................6

2.2 Etapas das Sínteses..................................................................................8

2.2.1 Formação das resinas............................................................................8

2.2.2 Secagem das soluções..........................................................................8

2.2.3 Queima pirolítica....................................................................................9

2.2.4 Moagens...............................................................................................10

2.2.5 Calcinações..........................................................................................10

2.3 Caracterizações Estruturais e Ópticas....................................................11

2.3.1 Difração de raios X pelo método do pó................................................11

2.3.2 Análises térmicas.................................................................................12

2.3.3 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho com

transformada de Fourier (FTIR)................................................................................12

2.3.4 Análises de fotoluminescência.............................................................13

2.3.5 Análises de microscopia eletrônica de transmissão.............................13

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................14

3.1 Síntese e Caracterizações Estruturais....................................................14 3.2 Análises de Fotoluminescência...............................................................32

3.2.1 Matrizes YAG, YAM e YAP dopadas com Nd3+..................................32

3.2.2 Matrizes YAG, YAM e YAP dopadas Sm3+.........................................43

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4 CONCLUSÕES...........................................................................................52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................53

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i

Lista de Figuras

Figura 1.1: Célula unitária YAP (a),YAM (b) e YAG (c). Para facilidade de visualização, a célula do YAG e do YAM mostra somente alguns poliedros formados pela coordenação dos íons Al3+ e Y3+, com os íons O2-..................2

Figura 2.1: Reações envolvidas nodo método de Pechini..............................6

Figura 2.2: Etapas das sínteses dos compostos............................................7

Figura 2.3: Tratamento térmico utilizado para secagem das resinas.............9 Figura 2.4: Esboço do forno utilizado na queima pirolítica.............................9 Figura 2.5: Tratamento térmico utilizado na queima pirolítica......................10

Figura 3.1: Resina formada durante a evaporação de cerca de 80% do volume inicial de água da solução, que foi de 1L..........................................15

Figura 3.2: (a) “Puff” formado após a secagem da resina, (b) pó fino obtido por moagem em mortar de ágata..................................................................16

Figura 3.3: Pó obtido após a queima pirolítica.............................................17

Figura 3.4: Análise termogravimétrica (TGA) e térmica diferencial (DTG) da amostra PP/YAMNd1.....................................................................................19

Figura 3.5: Análise termogravimétrica (TGA) e térmica diferencial (DTG) da amostra PP/YAP............................................................................................20

Figura 3.6: Análise termogravimétrica (TGA) e térmica diferencial (DTG) da amostra PP/YAG...........................................................................................21

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ii

Figura 3.7: Análise térmica diferencial (DTA) das amostras PP/YAP (□),

PP/YAG (�) e PP/YAM (�)..........................................................................22

Figura 3.8: Difração de raios X após secagem da resina (250 °C/30min) tratamento pirolítico (700 °C/12h em N2) e calcinação em 1100 °C/3h para obtenção dos compostos YAM com diferentes composições de Nd3+ e Sm3+...............................................................................................................23

Figura 3.9: Difração de raios X após tratamento térmico dos precursores pirolítico em 1100 °C/3h para obtenção dos compostos YAG com diferentes composições de Nd3+ e Sm3+........................................................................24

Figura 3.10: Difração de raios X após tratamento térmico dos precursores pirolítico em diferentes temperaturas para obtenção dos compostos YAP com diferentes composições de Nd3+ e Sm3+................................................26

Figura 3.11: Espectros de infravermelho das amostras YAGNd05, YAGNd1, YAPNd05, YAPNd1, YAMNd05 e YAMNd1YAG, YAP e YAM......................28

Figura 3.12: Espectros de infravermelho das amostras YAG, YAP e YAM dopadas com 0,5 e 1% em Sm3+...................................................................29

Figura 3.13: Imagens de microscopia eletrônica de transmissão dos compostos obtidos pelo método dos precursores poliméricos modificado.....................................................................................................31

Figura 3.14: Espectros de excitação dos compostos com diferentes concentrações de Nd3+..................................................................................33

Figura 3.15: Diagrama parcial de níveis de energia do íon Nd3+ mostrando as transições eletrônicas observadas (Adaptado de CAMARGO, 2003)......34

Figura 3.16: Espectros de emissão fotoluminescente dos compostos YAGNd1 (a), YAGNd05 (b), YAPNd1 (c), YAPNd05 (d), YAMNd1 (e) e YAMNd (f)......................................................................................................37

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iii

Figura 3.17: Deconvolução da transição 4F3/2 → 4I11/2 dos compostos YAGNd05 e YAGNd1 (a), YAPNd05 e YAPNd1 (b), YAMNd05 e YAMNd1 (c)...................................................................................................................40

Figura 3.18: Diagrama parcial de níveis de energia representando as transições observadas para os compostos YAGNd1 (a), YAPNd1 (b) e YAMNd1 (c). Tnr – transições não radiativas................................................42

Figura 3.19: Espectros de excitação dos compostos com diferentes concentrações de Sm3+.................................................................................44

Figura 3.20: Diagrama parcial de níveis de energia do íon Sm3+. Adaptado de (Adaptado de DIEKE e CROSSWHITE, 1963).........................................45

Figura 3.21: Espectro de emissão fotoluminescente dos compostos YAMSm05 e YAMSm1..................................................................................47

Figura 3.22: Deconvolução da transição 4G5/2 → 6H7/2 dos compostos YAGSm1 (a), YAPSm1 (b) e YAMSm1 (c)....................................................49

Figura 3.23: Diagrama parcial de níveis de energia representando as transições observadas para os compostos YAGSm1 (a), YAPSm1 (b) e YAMSm1 (c). Tnr – transições não radiativas..............................................51

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iv

Lista de Tabelas

Tabela 2.1: Compostos sintetizados pelo método dos precursores

poliméricos modificado. Tr (%) corresponde a porcentagem de substituição

dos átomos de Y3+ pelos terras raras Nd3+ e/ou Sm3+. XTr é a fração molar

do terra rara por célula unitária em cada composto......................................12

Tabela 3.1: Absorção das ligações metal-oxigênio (M-O) para os compostos

das figuras 3.11 e 3.12. (ʋ estiramento simétrico). Os pequenos traços

indicam que não há modos vibracionais dos referidos poliedros na

estrutura.........................................................................................................30

Tabela 3.2: Dados referentes à transição 4F3/2 →

4I11/2 para as matrizes

dopadas com Nd3+.........................................................................................41

Tabela 3.3: Dados referentes à transição 4G5/2 → 6H7/2 para as matrizes

dopadas com Sm3+........................................................................................50

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v

Resumo

O desenvolvimento de materiais luminescentes dopados com terras

raras tem sido alvo de muitas pesquisas para aplicações em diversas áreas

como na fabricação de lasers de estado sólido, em fotônica, fabricação de

displays, aplicações médicas e outros. Matrizes no sistema Y2O3-Al2O3 têm

se mostrado interessantes para hospedar centros luminescentes. Este

sistema possui três fases cristalinas estáveis: Y3Al5O12 (YAG), YAlO3 (YAP)

e Y4Al2O9 (YAM); dentre elas, o YAP e YAG são amplamente estudadas e

utilizadas para fabricação de lasers do estado sólido. Neste trabalho,

utilizando o método de precursores poliméricos, sintetizamos essas três

fases dopadas com os terras raras Nd3+ e Sm3+ em concentrações de 0,5 e

1% de substituição de átomos de Y3+. Análises de difrações de raios X e

absorção no infravermelho confirmaram a obtenção das fases cristalinas.

Imagens de microscopia eletrônica de transmissão mostram tamanho de

grãos entre 80 e 300nm. Através das análises de fotoluminescência,

verificamos forte dependência dos espectros de emissão com as simetrias

dos sítios cristalinos das três matrizes.

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vi

Abstract

The development of rare earths luminescent materials has been

subject of many research works searching for technological applications in

the manufacture of solid-state lasers, photonic and biomedical devices,

manufacturing of displays, and others. The system Y2O3-Al2O3 has three

stable crystalline phases: Y3Al5O12 (YAG), YAlO3 (YAP) and Y4Al2O9 (YAM).

Among them, YAP and YAG are widely studied and used in the manufacture

of solid-state lasers. In this work, we used the modified polymeric precursor

method to synthesize YAG, YAP, and YAM doped with 0.5 and 1% of Nd3+

and Sm3+ ions replacing Y3+. Analysis of X ray diffraction and vibrational

spectroscopy confirmed the achievement of crystalline single phases.

Transmission electron images show grain sizes ranging from 80 to 300 nm.

We verified a strong influence of the different matrices symmetries on the

optical emission of these rare earths photoluminescent ions.

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1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de materiais luminescentes dopados com terras

raras tem sido alvo de muitas pesquisas para aplicações em diversas áreas

tecnológicas, como na fabricação de lasers de estado sólido, em fotônica,

fabricação de displays, e outros (ROMERO, 2004; PEREIRA, 2010;

PREMKUMAR, 2013). A escolha de matrizes para dopagens está

relacionada à sua aplicação. Dentre inúmeras matrizes utilizadas, destacam-

se as fases do sistema Y2O3-Al2O3.

Neste sistema, há três fases cristalinas estáveis: YAlO3 (YAP) com

estrutura perovskita ortorrômbica distorcida e grupo espacial Pnma; Y3Al5O12

(YAG) com estrutura cúbica de granada (garnet) e grupo espacial Ia3d; e o

Y4Al2O9 (YAM) com estrutura monoclínica e grupo espacial P21/c (LU, 2006;

ROMANOWSKI, 2009). Além destas, uma fase metaestável YAH com

estrutura hexagonal e grupo espacial P63/mmc, com a mesma composição

que a do YAP (YAlO3) pode ser formada durante sínteses por rotas químicas

como coprecipitação, pechini, hidrotermal e outras (SIM, 2000).

A figura 1 (a-c) mostra a célula unitária do YAP, YAM e YAG,

respectivamente. No YAP, os íons Al3+ estão no centro de octaedros

inclinados e os íons Y3+, com sítio de simetria Cs, estão distribuídos entre os

octaedros (melhor destacado na figura à direita). Estes íons estão

coordenados a 12 íons O2-, formando poliedros YO12. No YAG, os íons Al3+

formam tetraedros e octaedros regulares e os íons Y3+, com sítio de simetria

D2 estão coordenados a oito O2-, formando poliedros YO8. No YAM, os íons

Al3+ estão no centro de tetraedros regulares, os quais compartilham um O2-

para formarem tetraedros duplos. Nesta estrutura, há quatro sitos de simetria

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distintos com ocupação dos íons Y3+, denominados por Y1, Y2, Y3 e Y4,

possuindo simetria C1. Três destes íons estão coordenados a sete O2-,

formando poliedros YO7, e um íon coordenado a seis O2-, formando um

poliedro YO6.

Figura 1.1: Célula unitária YAP (a),YAM (b) e YAG (c). Para facilidade de

visualização, a célula do YAG e do YAM mostra somente alguns poliedros

formados pela coordenação dos íons Al3+ e Y3+, com os íons O2-.

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Sínteses destas fases pelo método de reação no estado sólido

requerem altas temperaturas como 1800 °C para matriz YAP, e 1700 °C

para o YAG e YAM (MARLOT, 2012; PREMKUMAR, 2013), além de longos

tempos de moagens dos óxidos precursores Y2O3 e Al2O3. Para contornar

estas dificuldades, métodos químicos como coprecipitação, hidrotermal, sol-

gel, Pechini, e outros, têm sido empregados por fornecerem melhor

homogeneidade química à níveis moleculares, supressões de fases

secundárias, reduzirem temperaturas de síntese, tamanhos de partículas e

apresentarem menor custo de produção (MATHUR, 2004; MATHUR, 2006;

CAPONETTI, 2007; SANG, 2010).

Dos sucessos existentes, Harada et al. (2001), foi o primeiro a

reportar a síntese do YAP a 1100 °C utilizando o método dos precursores

poliméricos. Posteriormente, o método foi utilizado pelos mesmos autores

para síntese das fases YAG e YAM, que se cristalizaram a 900 °C. Carvalho

et al. (2009), reportou a formação da fase YAP a 1000 °C alterando o

método pela inserção de uma rota pirolítica e processos de moagem; estas

duas alterações resultaram numa melhor homogeneidade a nível molecular

e menor tamanho de partícula do precursor amorfo, suprimindo a formação

das fases YAG e YAM durante a calcinação. Com estas alterações, Carvalho

et al. (2009) mostraram a viabilidade do método para obtenção de fase única

para o YAP em mais baixa temperatura.

O trabalho pioneiro que provocou um grande interesse nestas

matrizes como hospedeiras para íons terras raras, principalmente o YAG, foi

a fabricação do laser de Nd:YAG em 1974. Além deste, o desenvolvimento

da primeira cerâmica transparente de Nd:YAG em 1995 por Ikessue e co-

autores ganhou grande destaque. Desde então, esta matriz é a mais

utilizada do sistema Y2O3-Al2O3 devido suas propriedades como alta

estabilidade física, baixa expansão térmica, ausência de birrefringência,

excelentes propriedades ópticas e alta resistência à degradação sob alta

energia de irradiação quando ativada com íons lantanídeos (HSU, 2010;

GONG, 2013; PRADAL, 2013). Comparado ao YAG, o YAP possui algumas

características específicas de interesse, como maior tempo de vida do

estado excitado, baixo limiar laser, alta eficiência na conversão para

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4

segundo e terceiro harmônicos devido a anisotropia óptica, maior energia de

saturação, e possibilidade de dopagens em maiores concentrações de

neodímio, aproximadamente quatro vezes maior (MATKOVSKI, 1999;

NEUROTH, 1999; BOUCHER, 2002). O principal fator limitante do YAM é

sua baixa simetria comparada às duas outras matrizes citadas, o que limita

seu uso em aplicações específicas. Talvez por isso, poucas informações

estão publicadas sobre propriedades espectroscópicas dos terras raras

nesta matriz.

O neodímio é destacadamente o terra rara mais estudado nestas

matrizes. As emissões em 1,064 e 1,34 µm que correspondem às transições

do estado excitado 4F3/2 para os estados 4I11/2 e 4I13/2 possuem aplicações em

medicina, odontologia (lasers par remoção de tecido duro), na indústria

(lasers de alta potência para cortes precisos em chapas metálicas), em

telecomunicações (fibras ópticas) (CAMARGO, 2003).

O samário, um terra rara de muito interesse por suas emissões na

região do vermelho e laranja, é menos estudado nestas matrizes. As

emissões principais do samário correspondem às transições dos estados

excitados 4G5/2, 4F3/2 e 4G7/2 para os estados menos energéticos 6H5/2,

6H7/2, 6H9/2 e 6H11/2 o que o torna um elemento de interesse para dispositivos

fluorescentes, displays coloridos e lasers do estado sólido que emitem na

região do visível (URSAKI, 2012; DILLIP, 2013).

Embora hajam estudos físico-químicos sobre diferentes métodos de

síntese, propriedades estruturais e espectroscópicas das fases YAG, YAP e

YAM dopadas com íons terras-raras, há ainda muitos desafios relacionados

à preparação e propriedades dessas matrizes dopadas com terras raras. Em

particular, há pouca investigação sobre as propriedades espectroscópicas de

íons samário nestas matrizes. Kaczkan et al. (2001), investigou mecanismos

de conversão ascendente (“up-conversion”) neste íon na matriz YAG; outros

poucos trabalhos existentes restringem-se majoritariamente a matrizes

monocristalinas de YAP e YAG (ZONG, 2006).

O objetivo deste trabalho foi obter as fases cristalinas do sistema

Y2O3-Al2O3 pelo método dos precursores polimérico modificado dopadas

com íons Nd3+ e Sm3+ e comparar a influência das três matrizes na resposta

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fotoluminescente desses íons terras-raras. O processo de síntese foi

otimizado, permitindo a obtenção das fases desejadas, que foram

caracterizadas pelas técnicas de difração de raios X, espectroscopia

vibracional, microscopia eletrônica de transmissão e espectroscopia

fotoluminescente.

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CAPÍTULO 2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 2.1 O método dos precursores poliméricos

O método dos precursores poliméricos, também chamado de método

de Pechini, foi relatado pela primeira vez em 1967 por Maggio P. Pechini

(United States Patent, 1967), quando este preparou filmes finos de materiais

dielétricos como niobatos e titanatos de metais alcalinos terrosos, com a

composição à nível molecular, precisamente controlada. No método descrito

por Pechini, um ácido alfa-polihidroxicarboxílico como o ácido cítrico (agente

complexante), forma quelatos com cátions metálicos (citratos). Um poliálcool

como etilenoglicol (agente polimerizante) estabiliza as ligações entre os

citratos metálicos através de reações de poliesterificação (figura 2.1),

formando uma rede polimérica estável (resina). A combustão desta resina

resulta na remoção do material orgânico e a formação dos óxidos desejados.

Figura 2.1: Reações envolvidas no método de Pechini.

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As vantagens deste método estão na eliminação da formação de

hidroxocomplexos (requerida no método sol-gel), formação de complexos

estáveis com uma ampla faixa de pH na solução inicial e facilidade na

obtenção de óxidos complexos. No entanto, não permite o controle sobre o

tamanho e formas variadas de grãos, além disso, a formação da fase quase

sempre é acompanhada pela coalescência dos grãos (CUSHING, 2004).

Neste trabalho, introduzimos duas modificações neste método de

síntese, são elas: queima pirolítica, na qual ocorre a formação de uma rede

estável, com menor quantidade de material orgânico (permite que o

processo de calcinação seja menos energético) e redução de possíveis

formações de fases secundárias; e moagens, que reduz o tamanho de grãos

dos precursores amorfos, possibilitando a redução da temperatura para

obtenção das fases Carvalho et al. (2009). A figura 2.2 ilustra as etapas

utilizadas para obtenção dos compostos, as quais estão detalhadas na

seção 2.2.

Figura 2.2: Etapas das sínteses dos compostos.

Nd(NO3)3.6H2O ou Sm(NO3)3.6H2O + H2O

Al(NO3)3.9H2O + H2O

Y(NO3)3.6H2O + H2O Ácido cítrico + H2O 3:1 (Ác/metal)

Agitação por 24 h a 80 °C → Resina

Secagem 250 °C/30 min. → sólido negro

D-sorbitol + H2O 3:2 (D-Sor./Ác.)

Queima pirolítica 700 °C/12h – N2

Calcinação Caracterizações

estruturais e ópticas

Moagens

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2.2 Etapas das sínteses 2.2.1 Formações das resinas

As soluções iniciais foram preparadas dissolvendo os precursores

metálicos nitrato de ítrio hexahidratado (Y(NO3)3.6H2O Sigma-Aldrich

99,8%), nitrato de alumínio nonahidratado (Al(NO3)3.9H2O Sigma-Aldrich;

99,8%), nitrato de neodímio (Nd(NO3)3.6H2O Sigma-Aldrich; 99,9%) ou, de

acordo com o experimento, nitrato de samário (Sm(NO3)3.6H2O Sigma-

Aldrich; 99,9%) em água deionizada sob agitação magnética. As quantidade

de Sm e Nd foram calculadas de forma a substituir 0,5% ou 1% de íons Y3+

em cada matriz. Nessa solução inicial foi adicionada uma solução de ácido

cítrico (C6H8O7 Sigma-Aldrich ≥ 98%) com relação molar de 3:1 ácido cítrico-

metal. Esta solução foi mantida sob agitação à temperatura de

aproximadamente 80 °C. Uma solução de D-Sorbitol (C6H14O6 Sigma-

Aldrich; 98%) foi adicionada à solução dos citratos na relação molar de 3:2

de D-sorbitol para ácido cítrico, com a finalidade de promover a

polimerização dos citratos metálicos. A temperatura da solução foi mantida

entre 80 e 90 °C durante aproximadamente 20 horas para evaporação do

excesso de solvente de um volume inicial de aproximadamente 1000 mL até

aproximadamente 150 mL.

2.2.2 Secagens das soluções

As resinas formadas foram submetidas ao tratamento térmico

mostrado na figura 2.3. As amostras foram aquecidas até 250 °C e

permaneceram nesta temperatura durante 30 minutos. De acordo com

Carvalho et al. (2009) o uso de altas taxas de aquecimento pode levar à

ocorrência de processos localizados de combustão, desfazendo a

homogeneidade do material precursor. Desta forma, foi utilizada uma taxa de

aquecimento de 0,5 °C por minuto.

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9

Figura 2.3: Tratamento térmico utilizado para secagem das resinas.

2.2.3 Queima pirolítica

Este processo consiste na queima do material orgânico em atmosfera

não oxidante, neste caso N2, que levou à formação de NO(g), NO2(g) e

carbono pirolítico. Esta etapa foi realizada em um forno produzido no próprio

laboratório cujo esboço é mostrado na figura 2.4. A amostra é colocada

dentro de um tubo de alumina circundado por resistências de aquecimento,

cuja temperatura é controlada por um controlador microprocessador

(Eurotherm), que permite ajustar diferentes programas de tratamento

térmico. Nas duas extremidades do tubo há flanges de alumínio através das

quais são acopladas mangueiras que permitem o fluxo de N2(g). Durante toda

a execução do programa térmico é mantida uma pressão positiva dentro do

tubo para evitar contaminação com oxigênio. Um sistema de purga com óleo

mineral é usado na saída do fluxo de N2(g). O fluxo de saída é ajustado para

produção de uma bolha a cada 15 segundos no frasco de purga.

Figura 2.4: Esboço do forno utilizado na queima pirolítica.

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10

A figura 2.5 mostra o programa térmico utilizado na queima pirolítica.

Neste, a amostra foi aquecida a uma taxa de 0,5 °C/mim e mantida em

700 °C durante 12 horas.

Figura 2.5: Tratamento térmico utilizado na queima pirolítica.

2.2.4 Moagens

Para garantir menor tamanho e uniformidade de grãos, os amorfos

pirolíticos de todas as matrizes foram moídos usando um moinho de bolas. A

redução no tamanho dos grãos aumenta a reatividade e diminuem os

comprimentos de difusão, o que é essencial para a síntese destes

compostos, principalmente do YAP. Foram utilizadas esferas de zircônia

estabilizadas com ítria com diâmetro de 5 mm. O processo consiste em duas

etapas; primeiramente os amorfos pirolíticos são moídos a secos durante 72

horas e, em seguida, é acrescentado álcool isopropílico para moagem

durante 12 horas, visando facilitar a recuperação do pó.

Após moagem, o pó é colocado em um béquer com álcool isopropílico

para desagregação em sonicador (Sonics – Vibra Cell). Depois de

desagregado, o pó é secado em estufa a 60 °C. O material a ser calcinado

foi removido da parede do béquer.

2.2.5 Calcinações

O material pirolítico foi submetido à calcinação usando um processo

de aquecimento rápido que consiste em colocá-los diretamente em forno

pré-aquecido a 1100 °C, permanecendo nesta temperatura durante 3 horas.

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11

Este procedimento de síntese foi aplicado às matrizes YAG, YAM e YAP

dopadas com 0,5 e 1% de Nd3+ e Sm3+. A tabela 2.1 mostra os compostos

sintetizados de acordo com as etapas descritas acima.

Tabela 2.1: Compostos sintetizados pelo método dos precursores poliméricos modificado. Tr (%) corresponde a porcentagem de substituição de íons Y3+ pelos terras raras Nd3+ ou Sm3+. XTr é a fração molar do terra rara para cada unidade molecular em cada composto.

Matriz Tr (%)

Composição XTr Abreviação Nd3+ Sm3+

Y(3-Tr)Al5O12

0,5 Y2,985Nd0,015Al5O12 0,00075 YAGNd05

1 Y2,97Nd0,03Al5O12 0,0015 YAGNd1

0,5 Y2,985Sm0,015Al5O12 0,00075 YASmd05

1 Y2,97Sm0,03Al5O12 0,0015 YASmd1

Y(1-Tr)AlO3

0,5 Y0,995Nd0,005AlO3 0,001 YAPNd05

1 Y0,99Nd0,01AlO3 0,002 YAPNd1

0,5 Y0,995Sm0,005AlO3 0,001 YAPSm05

1 Y0,99Sm0,01AlO3 0,002 YAPSm1

Y(4-Tr)Al2O9

0,5 Y3,98Nd0,02Al2O9 0,0013 YAMNd05

1 Y3,96Nd0,04Al2O9 0,0026 YAMNd1

0,5 Y3,98Sm0,02Al2O9 0,0013 YAMSm05

1 Y3,96Sm0,04Al2O9 0,0026 YAMSm1

2.3 Caracterizações estruturais e ópticas 2.3.1 Difração de raios X pelo método do pó As análises de difrações de raios X (SHACKELFORD, 2008) pelo

método do pó foram realizadas em um difratômetro SHIMADZU XRD-6000

do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (IQ-UFG). Foi

utilizada radiação de Cu com comprimento de onda 1,54056 Å, tensão de 40

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12

kV e corrente de 30 mA. As estruturas dos materiais secos a 250 °C e

queimados em atmosfera de nitrogênio a 700 °C/12h (queima pirolítica)

foram analisadas com varreduras contínuas entre 10° e 60° com velocidade

de 2° por minuto. As amostras cristalinas foram analisadas com varreduras

em etapas no intervalo de 10° a 70° com passo de 0,02° e tempo de coleta

de 5 segundos.

Os padrões de difração obtidos são idênticos aos do YAG, YAP e

YAM reportados pela base de dados cristalográficos ICSD, com as fichas de

número 63650, 20090 e 4115, respectivamente.

2.3.2 Análises Térmicas

As análises térmicas (DTA-TG) (IONASHIRO, 2005) foram realizadas

no Instituto de Física da Universidade de São Paulo em São Carlos (USP -

São Carlos), o qual foi utilizado um equipamento NETZSCH STA 409C com

forno de grafite, cadinho de platina/irídio (Pt/Ir) e Al2O3 como amostra de

referência. As varreduras térmicas foram realizadas no intervalo de 25 °C a

1300 °C em fluxo contínuo de ar sintético e taxa de aquecimento de 10 °C

por minuto. As amostras analisadas foram os precursores pirolíticos (700

°C/12h em fluxo de N2) YAP, YAG e YAM, todas dopadas com 1% de

neodímio. A massa das amostras utilizada foi de 30 mg.

2.3.3 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho com

transformada de Fourier

As análises de FTIR (PAVIA, 2009) realizadas através da diluição das

amostras em KBr, previamente seco em estufa à 150 °C durante um dia, a

mistura foi homogeneizada em almofariz e prensada uniaxialmente, em

forma de pastilhas finas. Os espectros foram coletados em um equipamento

PERKIN ELMER – SPECTRUM 400 (Central Analítica – Instituto de Química

– UFG) na região de 4000 a 400 cm-1 com resolução espectral de 1 cm-1 e

50 varreduras.

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13

2.3.4 Análises de Fotoluminescência

As medidas de fotoluminescência (SOLÉ, 2005) foram realizadas no

Grupo de Física de Materiais do Instituto de Física (IF-UFG) utilizando um

equipamento HORIBA-JOBIN YVON (Fluorolog 3). Para as amostras

dopadas com Sm3+, a excitação foi realizada com lâmpada de xenônio com

potência nominal de 450 W e fotomultiplicadora R928P. As amostras

dopadas com Nd3+ foram excitadas com laser operando em e detector

InGaAs. As análises foram realizadas sob temperatura ambiente.

2.3.5 Análises de Microscopia Eletrônica de Transmissão

A microestrutura das amostras cristalinas foi analisada no Laboratório

Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução (LabMic) da UFG, instalado

no Instituto de Física. As amostras foram diluídas em álcool isopropílico e

depositadas em telas metálicas recobertas com carbono, utilizando uma

micropipeta. As imagens foram coletadas em um equipamento JEOL – JEM

– 2100 de 200 kV.

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14

CAPÍTULO 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Síntese e Caracterizações Estruturais Síntese dos compostos Nesta seção, introduzimos uma breve discussão a cerca dos aspectos

relacionados à obtenção das fases cristalinas, que englobam várias etapas.

Aqui, enfatizamos os aspectos mais importantes como: pesagem dos

reagentes, formação e estabilização da rede amorfa e tratamentos térmicos

finais. Dedicamos uma maior discussão para a síntese do YAP, que de

acordo com as dificuldades citadas e discutidas adiante, é a fase mais difícil

de obter.

Entre as etapas da rota sintética adotada, a pesagem dos reagentes

requer especial atenção devido ao controle preciso da proporção Yx:Aly para

obtenção das fases desejadas: Y4:Al2 para o YAM, Y3:Al5 para o YAG e

Y1:Al1, para o YAP. O uso de vácuo durante 15 minutos para remoção de

água adsorvida (principalmente do Y(NO3)3.6H2O que se mostrou mais

higroscópico do que o outro precursor metálico Al(NO3)3.6H2O) mostrou-se

suficiente para remoção do excesso e a manutenção original da composição

do reagente. Em sínteses anteriores, o uso prolongado de vácuo (além de

15 minutos), provocou a remoção da água de cristalização, desta forma,

excesso de Y3+ foi introduzido durante a pesagem dos reagentes e as fases

desejadas não foram obtidas, principalmente o YAP que requer controle

preciso da proporção Yx:Aly.

Para a formação e estabilização da resina, partimos de informações

prévias de CARVALHO et al. (2009), que destacou que a evaporação de

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15

cerca de 70% do volume inicial de água é suficiente para formação de tal

resina. Alguns trabalhos foram desenvolvidos no nosso laboratório variando

este volume, percebemos que o volume ideal a ser evaporado é entre 70 e

80% de água. A percepção do ponto exato da formação da resina se dá

além do volume exato de água evaporado, neste ponto, percebemos

também que a solução atinge uma coloração levemente amarelada e há a

aumento da viscosidade devido à formação do gel, formada pelos orgânicos

ácido cítrico e d-sorbitol, e os íons metálicos Al3+, Y3+ e Nd3+ ou Sm3+ (à

depender do dopante desejado).

Figura 3.1: Resina formada durante a evaporação de cerca de 80% do volume inicial de água da solução, que foi de 1L.

A secagem da resina foi outra etapa essencial para a manutenção da

homogeneidade da rede amorfa. Para mantê-la é necessário evitar a

ocorrência de combustão localizada (“hot spots”), para isso, a evaporação da

água deve ocorrer de forma lenta e branda. As condições empregadas com

taxa de aquecimento de 0,5 °C/min até 250 °C, permanecendo nesta

temperatura durante 30 minutos, foram suficientes para evitar este foco de

inomogeneidade. O resultado da secagem foi a formação de um sólido

poroso e quebradiço (“puff”) com coloração marrom escuro, como mostrado

na figura 3.2 (a).

A ocorrência de “hot spots” seria observado através de manchas

claras na superfície dos “puffs”, estas regiões seriam marcadas por

oxidações na rede amorfa a ponto de ocorrer uma pré-síntese de fases

indesejadas como, por exemplo, Al2O3 e Y2O3. A única caracterização que

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16

utilizamos para confirmar a ausência de cristalização foi através de análises

de difração de raios X, mostrada nas próximas seções. Para todos os

compostos verificamos o caráter amorfo dos “puffs”. Somente através desta

caracterização, não podemos descartar a formação de pequenas

quantidades de outras fases que não detectáveis por esta técnica. Mas, as

caracterizações das fases cristalinas por espectroscopia vibracional na

região do infravermelho (discutidas adiante), mostraram-nos a obtenção de

fase única para todos os compostos.

Figura 3.2: (a) “Puff” formado após a secagem da resina, (b) pó fino obtido por moagem em mortar de ágata.

HARADA et al. (2006) mostrou que é possível a obtenção das fases

cristalinas YAG, YAM e YAP apenas com a queima do pó resultante da

secagem da resina. No entanto, este caminho deve produzir uma reação de

combustão intensa, pois a quantidade de material orgânico ainda presente

neste pó é grande.

Um meio alternativo ao apresentado por HARADA et al. (2006), foi

proposto por CARVALHO et al. (2009), através da inserção de uma queima

pirolítica, cujas condições foram: 700 °C durante 12 horas sob fluxo de N2 e

taxa de aquecimento de 0,5 °C/min. Este tratamento assegura uma maior

homogeneidade do precursor em temperaturas mais altas, evitando a

formação de fases indesejadas em baixas temperaturas e diminui a

possibilidade de vigorosos processos de combustão.

(a) (b)

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17

Assim, decidimos utilizar um tratamento pirolítico, empregando as

mesmas condições citadas acima.

Figura 3.3: Pó obtido após a queima pirolítica.

Após este tratamento pirolítico, o pó ainda continuou com o caráter

amorfo, como mostrado na seção de caracterização por difrações de raios X.

Com isso, mostramos a viabilidade do uso deste método para a manutenção

da homogeneidade até a temperatura de 700 °C.

Desta etapa (queima pirolítica) até a síntese dos compostos,

destacamos duas etapas, são elas: processos de moagens e calcinação. O

objetivo da moagem foi diminuir o comprimento da difusão e reduzir a

barreira cinética. Acreditamos que o sucesso da obtenção da fase YAP

tenha dependência direta com o tamanho de partícula do precursor,

principalmente se há a formação conjunta das fases YAM e YAG, que se

formam em mais baixas temperaturas. Se há a formação de uma

determinada quantidade destas duas fases, a depender do tamanho dos

grãos e numa temperatura adequada, a seguinte conversão: YAM + YAG →

7 YAP torna-se possível (MEDRAJ, 2006).

Outra forma de inibir a formação dessas duas fases (YAM e YAG)

durante a síntese do YAP é a escolha do tratamento térmico. HARADA 2006

demonstrou que a inserção do precursor num forno pré-aquecido (na própria

temperatura de síntese) reduz a possibilidade da formação destas fases, isto

porque como já falado e também de acordo com as nossas análises

térmicas (discutidas na próxima seção), as fases YAM e YAG se formam em

temperaturas menores. Caso contrário, sob taxas lentas de aquecimento,

mesmo após a formação da fase YAP, as fases YAM e YAG permanecem

estáveis.

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De fato, o sucesso da obtenção da fase YAP depende de todas as

etapas citadas acima. Manter o controle estequiométrico nas etapas iniciais,

além da formação de uma rede amorfa livre de inomogeneidades foram os

desafios a serem superados pela rota sintética utilizada. Devido a estas

dificuldades, o número de trabalhos publicados sobre esta fase ainda e

pequeno. Com relação à síntese do YAM e YAG, o controle estequiométrico

e da homogeneidade, também são fatores cruciais para obtenção da fase,

no entanto, de acordo com alguns trabalhos realizados no nosso laboratório,

foi possível obter YAM (acreditamos também que a obtenção do YAG seja

possível) sem as etapas de moagem e da queima pirolítica.

Nas próximas subseções mostraremos os resultados térmicos (DTA e

TG) e estruturais (DRX e FTIR) obtidos para o precursor amorfo (também

citado como precursor pirolítico - PP). Para as fases cristalinas analisamos a

estrutura (DRX e FTIR) e também a morfologia por microscopia eletrônica de

transmissão (MET).

Análise Termogravimétrica (TGA) e análise térmica diferencial

(DTA)

As amostras analisadas foram obtidas da queima pirolítica (700 °C

durante 12 horas sob fluxo contínuo de N2) da síntese do YAMNd1,

YAGNd1 e YAPNd1. As análises foram realizadas com taxa de aquecimento

de 10 °C/min., em atmosfera de ar sintético. A massa utilizada em todas as

análises foi de 30 mg. As amostras estão nomeadas da seguinte forma:

precursor pirolítico YAM (PP/YAM), precursor pirolítico (PP/YAG) e precursor

pirolítico YAP (PP/YAP). Estas análises serviram de base para nos orientar

sobre as temperaturas necessárias para obtenção das fases cristalinas.

A análise termogravimétrica (TGA) da amostra PP/YAM está

mostrada na figura 3.4. Da derivada primeira desta curva obtemos a curva

termogravimétrica diferencial (DTG) que nos informa o início e o fim (“onset”

e “endset”) de cada evento térmico. A área de cada banda nesta curva,

delimitada por estas duas temperaturas, é proporcional às variações de

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massa em cada evento. A primeira derivada da DTG nos forneceu curvas

ruidosas, que estão mostradas nos quadros inseridos das figuras 3.4, 3.5 e

3.6. Nestas, conduzimos suavizações utilizando um polinômio de grau 2 do

tipo Savitzky-Golay com o programa Origin 8.0.

Os eventos térmicos desta amostra estão situados entre 46 °C a 245

°C e de 245 °C a 770 °C, respectivamente. O primeiro possui perda de

massa de aproximadamente 6,8%, que refere possivelmente à remoção de

água adsorvida e estrutural, e o segundo com perda de aproximadamente

48% devido a possível oxidação do carbono pirolítico (formado durante a

queima pirolítica) na forma de CO(g) e CO2(g), além de NO(g) e NO2(g).

200 400 600 800 1000 1200

40

50

60

70

80

90

100

Mas

sa (

%)

Temperatura (°C)

~48%

DTG

TGA

PP/YAMNd1

~ 6,8%

344 ººººC760 ººººC

200 400 600 800 1000 1200

Temperatura (ººººC)

1ª ª ª ª Derivada da TGA

Figura 3.4: Análise termogravimétrica (TGA) e térmica diferencial (DTG) da amostra PP/YAMNd1.

As decomposições do composto PP/YAPNd1 ocorreram em três

etapas, as duas primeiras de 40 °C até 150 °C correspondem à remoção de

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água adsorvida e estrutural e teve perda de massa de aproximadamente 9%,

e a segunda de 414 °C a 972 °C ocorre simultaneamente com perda de

massa de aproximadamente 55,3%, como mostra a figura 3.5.

200 400 600 800 1000 1200

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (ººººC)

TGA

DTG

PP/YAPNd1

~ 53,5%

~ 9%

972 º º º º C414 ººººC

400 800 1200

Temperatura (ººººC)

1 ª Derivada da TGAª Derivada da TGAª Derivada da TGAª Derivada da TGA

Figura 3.5: Análise termogravimétrica (TGA) e térmica diferencial (DTG) da amostra PP/YAP. .

As decomposições da matriz PP/YAGNd1 ocorreram em três etapas,

as duas primeiras de 70 °C até 150 °C correspondem à remoção de água

adsorvida e estrutural, e teve perda de massa de aproximadamente 9%, e a

segunda de 358 °C a 812 °C ocorreu simultaneamente com perda de massa

de aproximadamente 57%, correspondente à oxidação de carbono pirolítico.

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21

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 120020

30

40

50

60

70

80

90

100

110

M

assa (

%)

Temperatura (°C)

~57,5%

TGA

DTG

358ººººCPP/YAGNd1

~ 9%

812 ººººC

200 400 600 800 10001200

Temperatura (ººººC)

1ª ª ª ª Derivada TGA

Figura 3.6: Análise termogravimétrica (TGA) e térmica diferencial (DTG) da amostra PP/YAG.

A figura 3.7 mostra as curvas térmicas diferenciais para as três

amostras. Os principais eventos ocorreram entre 240 °C e 1200 °C. As

bandas mais intensas são observadas entre 240 °C e 1000 °C que

corresponde à oxidação do carbono pirolítico. Os picos de cristalização das

fases surgem em 928 °C para o YAMNd1, 963 °C para o YAGNd1 e 1123 °C

para o YAPNd1.

Uma análise detalhada da curva térmica do YAP destacamos dois

eventos exotérmicos que ocorreram em 910 °C e 1000 °C. O primeiro

corresponde a formação da fase metaestável YAH (YAlO3), que possui a

mesma composição da fase YAP, no entanto, possui estrutura hexagonal

(ULLAL, 2001). A formação desta fase metaestável normalmente aparece na

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síntese do YAP utilizando rotas químicas (SIM, 2000; BASAVALINGU,

2013). Com a mesma rota sintética adotada neste projeto, CARVALHO et al.

(2009) observou a formação desta fase em 908 °C.

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

910 °C (YAH)

Ex

o

1123 °C

96

3 °

C

DT

A (

u.a

.)

Temperatura (°C)

PP/YAPNd1

PP/YAMNd1

PP/YAGNd1 92

8 °

C

1000 1100

DT

A (

u.a

.)

Temperatura (°C)

Figura 3.7: Análise térmica diferencial (DTA) das amostras PP/YAP (□),

PP/YAG (�) e PP/YAM (�).

Análises de difrações de raios X pelo método do pó

De acordo com o programa térmico utilizado na síntese de cada

composto, a temperatura utilizada foi suficiente para obtenção das fases

cristalinas YAM, YAG, e YAP dopadas com neodímio e samário, como

mostrado nas figuras 3.8 (c-f), 3.9 (a-d) e 3.10 (a-d), respectivamente. Os

estágios anteriores à etapa de calcinação, ou seja, o “puff” resultante das

resinas secadas a 250 °C durante 30 minutos e os precursores pirolíticos

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23

submetidos a 700 °C por 12 horas em atmosfera de N2, não mostraram picos

de difração. Estas duas análises são mostradas somente para o YAMNd05,

figuras 3.8 (a) e (b). O comportamento amorfo foi similar para os outros

compostos nestas duas etapas das sínteses.

Inte

nsid

ad

e N

orm

aliza

da

1100 °C/3h - YAMSm1

YAM

1100 °C/3h - YAMNd1

YAM

(b)

1100 °C/3h - YAMSm05

YAM

1100 °C/3h - YAMNd05

YAM

(a)

(f)

(e)

(d)

(c)

700°C/12h - N2 - YAMNd05

10 20 30 40 50 60

250°C/30min - YAMNd05

2θθθθ

Figura 3.8: Difração de raios X após secagem da resina (250 °C/30min) tratamento pirolítico (700 °C/12h em N2) e calcinação em 1100 °C/3h para obtenção dos compostos YAM com diferentes composições de Nd3+ e Sm3+.

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24

1100 °C/3h - YAGSm05

YAG

1100 °C/3h - YAGSm1

YAG

(d)

(c)

1100 °C/3h - YAGNd1

YAG

Inte

ns

ida

de N

orm

alizad

a

(b)

2θθθθ

10 20 30 40 50 60

1100 °C/3h - YAGNd05

YAG

(a)

Figura 3.9: Difração de raios X após tratamento térmico dos precursores pirolítico em 1100 °C/3h para obtenção dos compostos YAG com diferentes composições de Nd3+ e Sm3+.

Os difratogramas 3.10 (a) e (b) mostram os resultados estruturais das

primeiras tentativas para obtenção dos compostos YAPNd05 e YAPNd1.

Nestes dois difratogramas, é evidente a obtenção do YAP como fase

majoritária, no entanto, da figura (b) identificamos 3 picos da fase YAG

posicionados em 2θ iguais a 27,781°; 29,741° e 33,348°, com este terceiro e

o mais intenso desta fase, mais evidente no quadro inserido da figura.

Por outro lado, mesmo com proporções estequiométricas corretas de

íons Y3+ e Al3+ para obtenção da fase YAP, as fases YAM e YAG podem

aparecer conjuntamente, antes mesmo da fase YAP, como foi o caso da

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síntese do composto YAPNd05, figura 3.10 (a). Neste caso, a distribuição de

forma não homogênea de íons Y3+ e Al3+ na rede amorfa e além de grandes

grãos do precursor (que aumenta a barreira cinética para a obtenção da

fase) contribui diretamente para formação das fases YAG e YAM. De acordo

com CARVALHO et al. (2009), embora seja possível a seguinte conversão

Y3Al5O12 (YAG) + Y4Al2O9 (YAM) → 7 YAlO3 (YAP), temperaturas acima de

1500 °C são necessárias (MEDRAJ, 2006), o que a torna não viável do

ponto de vista econômico e prático.

Considerando o exposto acima, em princípio atribuímos a formação

das fases indesejadas YAG e YAM na síntese do YAPNd05, ao tamanho de

grão do pó precursor. Para contornar esta situação nas sínteses dos

compostos com samário (YAPSm05 e YAPSm1), introduzimos uma

alteração na rota de síntese, o tempo de moagem dos pós precursores foi

alterado para uma semana. Isso resultou na redução no tamanho dos grãos,

levando a uma diminuição da barreira difusional para obtenção da fase.

Com esta alteração, conseguimos fase única YAP para as duas

concentrações de Sm3+ em menor temperatura (1100 ºC) e sem o

aparecimento das fases indesejadas YAG e YAM, como mostrado nas

figuras 3.10 (c) e (d).

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26

(d)

(c)

(b)

(a)(a)

(b)

(c)

(d)

2θθθθ

1300 °C/3h - YAPNd1

YAP YAG

1100 °C/3h - YAPSm1

YAP

1100 °C/3h - YAPSm05

YAP

Inte

ns

idad

e N

orm

alizad

a

20 30 40 50 60

1300 °C/3h - YAPNd05

YAP YAG YAM

33,2 33,6 34,0

2θθθθ

Figura 3.10: Difração de raios X após tratamento térmico dos precursores pirolítico em diferentes temperaturas para obtenção dos compostos YAP com diferentes composições de Nd3+ e Sm3+.

Esta mesma alteração na rota que permitiu a síntese dos compostos

YAP com as diferentes composições de samário foi adotada para as

composições com neodímio, mas neste caso não obtivemos fase única. No

entanto, como mostrado nas análises de fotoluminescência (tópico 3.2.1), a

baixa concentração de YAG presente no YAPNd1 não foi suficiente para

provocar qualquer alteração no espectro de emissão deste composto. Mas,

no YAPNd05 a concentração de YAG foi maior, e neste caso, percebemos

um pico adicional, referente à fase YAG, no espectro de emissão deste

composto (figura 3.16 (d)).

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27

Espectroscopia vibracional na região do infravermelho

A figura 3.11 mostra os espectros obtidos das análises de

infravermelho realizada nas amostras cristalinas dos compostos YAGNd05,

YAGNd1, YAPNd05, YAPNd1, YAMNd05 e YAMNd1. Todas as análises

foram feitas de modo quantitativo, ou seja, a proporção de massa das

amostras e o diluente (KBr) foi de 1/100. Foram realizadas 75 varreduras

com resolução espectral de 1 cm-1. Para facilitar a visualização, os espectros

mostram duas regiões ampliadas, são elas: de 2400 a 4000 cm-1, que

corresponde à vibrações O-H de água adsorvida e estrutural, e entre 400 e

950 cm-1 as regiões de estiramentos metal/oxigênio. Esta última região nos

fornece modos vibracionais relacionados à estrutura cristalina de cada fase.

Nas amostras YAGNd05 e YAGNd1 as bandas centradas em 724 e

792 cm-1 correspondem a estiramentos vibracionais Al-O de grupos AlO6. As

bandas centradas em 515, 565 e 691 cm-1 são características de

estiramentos Y-O e em 432 e 461 cm-1, aparecem os estiramentos de

ligações Al-O de grupos AlO4 (TSAO, 2006; MARLOT, 2012). Para estes

dois compostos não foram observados quaisquer desvios nos estiramentos

com as diferentes composições de neodímio. Os valores de todos os modos

vibracionais dos diferentes poliedros (AlO4 e AlO6) e das ligações Y-O e

estão na tabela 3.1.

Nas amostras YAPNd05 e YAPNd1 a banda mais intensa e centrada

em 682 cm-1 corresponde a estiramentos das ligações Y-O sobrepostos aos

estiramentos dos grupos AlO6. Os outros modos vibracionais das ligações

Y-O aparecem em 509 e 572 cm-1. As duas bandas centradas em 736 e

796 cm-1 na amostra YAPNd05 correspondem aos estiramentos de ligações

Al-O dos grupos AlO6 da fase YAG, isto reforça os resultados de DRX

mostrados na figura 3.9 (e), no qual aparece resíduos da fase YAG na

síntese do YAPNd05.

Como mostrado nos difratogramas da figura 3.10 (b), na síntese do

YAPNd1 apareceu uma pequena quantidade da fase YAG, no entanto, não é

observado qualquer modo vibracional desta fase no espectro de

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infravermelho do YAPNd1. Este resultado confirma a presença de maior

quantidade da fase YAG no YAPNd05 do que no YAPNd1.

Os espectros das fases YAMNd05 e YAMNd1 possuem um conjunto

de bandas além das duas principais observadas nas fases YAG e YAP. Este

conjunto está na região entre 850 cm-1 a 900 cm-1 e pode ser atribuída à

redução na simetria da fase YAM (monoclínico) em comparação com as

outras já discutidas, YAG (cúbico) e YAP (ortorrômbico).

Figura 3.11: Espectros de infravermelho das amostras YAGNd05, YAGNd1, YAPNd05, YAPNd1, YAMNd05 e YAMNd1YAG, YAP e YAM.

As análises dos compostos dopados com samário estão mostradas na

figura 3.12. Os modos vibracionais dos poliedros dos compostos YAGSm05

e YAGSm1 aparecem em regiões similares às das fases dopadas com

neodímio. Para o YAPSm05 e YAPSm1, a ausência de modos vibracionais

YAGNd1

YAGNd05

υ υ υ υ (AlO4)υ υ υ υ (Y- O)

υ υ υ υ (Y- O e AlO6)

υ υ υ υ (Y-O)

YAPNd1

YAPNd05

(YAG) 793 nm

(YAG) 736 nm

υ υ υ υ (Y-O)υυυυ (AlO4)

υ υ υ υ (AlO6)

4000 3800 3600 3400 3200 3000 800 600 400

YAMNd05

Núúúúmero de ondas (cm-1)

Tra

ns

mit

ân

cia

YAMNd1

υ υ υ υ (Al-O)

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de fases secundárias (YAG e YAM) confirmam os resultados de difrações de

raios X, mostrados na figura 3.10 (c) e (d), os quais mostram a obtenção de

fase única para estes dois compostos. As fases YAMSm05 e YAMSm1

também mostram os mesmos modos vibracionais das fases dopadas com

neodímio. A tabela 3.1 mostra os modos vibracionais e a posição dos

estiramentos observados nos compostos mostrados nas figuras 3.11 e 3.12.

Figura 3.12: Espectros de infravermelho das amostras YAG, YAP e YAM dopadas com 0,5 e 1% em Sm3+.

Apesar de todas as amostras terem sido submetidas em tratamento

térmico na temperatura de 400 ºC durante uma hora para eliminar água

adsorvida e possíveis carbonatos, os espectros acima mostram uma

υ υ υ υ (Y-O)υ υ υ υ (AlO

4)υ υ υ υ (Al-O)

AlO6)

υ υ υ υ (AlO4)

YAGSm1

YAGSm05

υ υ υ υ ((((Y-O)υ υ υ υ ((((AlO

6)

Núúúúmero de Ondas (cm-1

)

YAPSm1

YAPSm05

υ υ υ υ (AlO6)υυυυ (Y-O e

4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800

YAMSm1

YAMSm05

800 600 400

Tra

nsm

itân

cia

(u

.a.)

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30

pequena banda entre 3200 a 3700 cm-1, correspondente às vibrações de

grupos OH.

Tabela 3.1: Absorção das ligações metal-oxigênio (M-O) para os compostos das figuras 3.11 e 3.12. (ʋ estiramento simétrico). Os pequenos traços indicam que não há modos vibracionais dos referidos poliedros na estrutura.

Composto Bandas de Absorção (cm

-1)

Temp. (°C) ʋ [Al-O(AlO6)] ʋ [Al-O(AlO4)] ʋ (Y-O)

YAGNd05 (†) 1100 793 e 736 461 e 432 690, 570 e 518

YAGNd1 (†) 1100 793 e 736 461 e 432 690, 570 e 518

YAGSm05 (†) 1100 792 e 731 461 e 432 690, 570 e 518

YAGSm1 (†) 1100 792 e 731 461 e 432 690, 570 e 518

YAPNd05 (‡) 1300 682, 796 (YAG) e

736, (YAG) ─ 572 e 505

YAPNd1 (‡) 1300 682 ─ 572 e 505

YAPSm05 (‡) 1100 681 ─ 573 e 504

YAPSm1 (‡) 1100 681 ─ 573 e 504

YAMNd05 1100 ─ 900, 879, 864, 796, 763, 717, 558 e 443 717, 558 e 505

YAMNd1 1100 ─ 900, 879, 864, 796, 763, 717, 558 e 443 717, 558 e 505

YAMSm05 1100 ─ 900, 879, 864, 796, 763, 717, 558 e 443 717, 558 e 505

YAMSm1 1100 ─ 900, 879, 864, 796, 763, 717, 558 e 443 717, 558 e 505

(†) Estiramentos similares aos obtidos por Marlot et al. 2012 e Tsao et al. 2006. (‡) Estiramentos similares aos obtidos por Carvalho et al. 2009.

Análises de Microscopia Eletrônica de Transmissão

As imagens obtidas por microscopia de transmissão para os

compostos estão mostradas na figura 3.13 de (a-f). As amostras apresentam

grandes grãos devido a processos de coalescência (processo que ocorreu

para todos os compostos). Este comportamento foi observado por

CARVALHO et al. (2009) com o mesmo método de síntese e mesmo em

temperatura mais baixa como 1000 °C para obtenção do YAP. Outros

métodos de síntese por via úmida como de coprecipitação e sol-gel também

tendem a exibir este comportamento (VEITH, 1999; ZARZECKA, 2007;

MARLOT, 2012; ZHYADACHEVSKII, 2012).

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O crescimento de forma demasiada resultou na formação de grandes

aglomerados que dificultou a coleta de um único grão. Devido à dificuldade

na desaglomeração, poucas imagens mostram com confiabilidade um único

grão, o que dificultou uma contagem que fornecesse com precisão um

tamanho médio. No entanto, podemos fazer uma estimativa entre 80 nm a

300 nm. Algumas imagens como em (b) e (f) mostram planos cristalinos bem

definidos.

(a) (b)

(b) (d)

(e) (f)

Figura 3.13: Imagens de microscopia eletrônica de transmissão dos compostos obtidos pelo método dos precursores poliméricos modificado.

YAPSm05

YAPSm1

YAPNd1

100 nm

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32

3.2 Análises de Fotoluminescência

3.2.1 Matrizes YAG, YAM e YAP dopadas com Nd3+

Os espectros de excitação dos compostos dopados com neodímio

estão mostrados na figura 3.14 (a-c). A excitação foi monitorada com o

comprimento de onda de emissão fixado em 1064 nm para os compostos

YAGNd05, YAGNd1, YAMNd05, YAMNd1 e em 1070 nm para os compostos

YAPNd05 e YAPNd1, monitorando o intervalo de 550 a 850 nm. Os

comprimentos de onda monitorados correspondem à transição do estado 4I11/2 para os estados excitados 4G5/2,

2H11/2, 4F9/2,

4F7/2 e 4F5/2 + 2H9/2.

Os espectros mantêm as mesmas características com relação à

posição e forma dos picos, ou seja, não há alterações quando o dopante

(Nd3+) está inserido em diferentes concentrações na mesma matriz. Porém,

o aumento na concentração provocou o aumento das intensidades, e este

comportamento foi observado para o YAPNd1 (figura 3.14 (c)) e YAMNd1

(figura 3.14 (a)) cuja concentração de Nd3+ é maior. Para o YAGNd1 (figura

3.14 (b)), há uma pequena redução da intensidade quando comparado com

o YAGNd05. A causa desta redução não está totalmente compreendida. Há

alguns trabalhos (SHOJI, 2000; HRENIAK e STREK, 2002) que mostram

uma grande solubilidade para concentrações de até 6,6% de neodímio e

sem a ocorrência de supressão da luminescência, portanto, acreditamos que

a concentração de 1% de neodímio é baixa e não provocaria estas

supressões, que são provocadas por mecanismos como relaxação cruzada

e migração de energia. Além disso, o escopo do trabalho não é afetado pela

ausência de um estudo mais detalhado sobre o comportamento dos

compostos relacionados à concentração.

A banda de excitação mais intensa para todos os compostos, situada

entre 550 nm e 620 nm, corresponde à transição 4I9/2 → 4G5/2 é chamada de

banda sensível, devido às transições f → f nos lantanídeos (JUNG, 2009;

LEMANSKI, 2011). Desta banda, foram extraídos os comprimentos de ondas

(cujas intensidades foram maiores), para realizar a coleta dos espectros de

emissão. As linhas mais intensas dos compostos estão posicionadas em 585

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33

nm para o YAPNd05, YAPNd1, YAGNd05, YAGNd1 e em 588 nm para o

YAMNd05 e YAMNd1.

λλλλemi

= 1064nm

λλλλemi

= 1064nm

λλλλemi

= 1070nm

4F

5/2

2H

9/2

4F

7/2

4F

7/2

4F

9/2

4F

9/2

4G

5/2

4G

5/2

YAPNd1

YAPNd05

4G

5/2

4F

5/2

2H

9/2

(b)

4F

5/2

2H

9/2

YAMNd1

YAMNd05

4F

7/24F

9/2

YAGNd1

YAGNd05

(a)

550 600 650 700 750 800 850

Inte

ns

idad

e R

ela

tiva

λ λ λ λ (nm)

(c)

Figura 3.14: Espectros de excitação dos compostos com diferentes concentrações de Nd3+.

À priori, monitoramos a emissão de cada composto excitando com os

comprimentos de onda citados, porém, as análises mostraram que a

excitação com lâmpada de xenônio com potência nominal de 450 W

produziu espectros ruidosos e com baixa intensidade. Devido à baixa

resolução espectral destas análises, substituímos esta fonte (lâmpada) por

uma fonte laser com emissão em 804 nm.

O bombeio com 804 nm excita os estados mais energéticos, 2G7/2 e 4G5/2. A ocupação destes estados é seguida por transições não radiativas,

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que populam o estado emissor 4F3/2. Deste nível observam-se transições

radiativas para os estados de menores energias 4I9/2, 4I11/2,

4I13/2 e 4I15/2,

como mostrado na figura 3.15.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

184G

5/2

2G

7/2,

4F

3/2

4I15/2

4I13/2

4I11/2

En

erg

ia (

x1

03 c

m-1)

4I9/2

Nd3+

Figura 3.15: Diagrama parcial de níveis de energia do íon Nd3+ mostrando as transições eletrônicas observadas (Adaptado de CAMARGO, 2003).

As figuras 3.16 (a-f) mostram os espectros da emissão dos compostos

com as diferentes concentrações de Nd3+. As análises foram realizadas no

intervalo de 850 nm a 1400 nm referentes às transições do nível emissor 4F3/2 para os estados de mais baixas energias 4I9/2,

4I11/2 e 4I13/2. Os espectros

foram normalizados utilizando o pico mais intenso do nível 4I11/2.

Para o YAGNd1 (a) e YAGNd05 (b), a transição eletrônica 4F3/2 →

4I11/2 é composta por dois grupos de linhas entre 1040 e 1300 cm-1

(GRUBER, 2004). Estes grupos possuem 10 linhas bem definidas que

mantém a mesma forma e relação de intensidade entre as duas

composições de Nd3+. Dentre essas linhas destaca-se a posicionada em

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1064 nm. A forma e a relação de intensidade obtidas aqui são similares aos

obtido por HRENIAK e STREK (2002) em nanocerâmicas e monocristais.

Considerando a substituição dos íons Y3+ pelos íons Nd3+, há sítios

com a mesma simetria na célula unitária do YAG. Então, é de se esperar

que todos os íons Nd3+ experimentem o mesmo campo cristalino e que as

emissões partam de íons que estão em sítios idênticos. A forma e posição

dos picos de emissão do YAGNd05 e YAGNd1 corroboram com este

argumento, pois não observamos quaisquer alterações nos espectros de

emissão destes dois compostos.

O espectro de emissão do YAPNd05 (c) e YAPNd1 (d) possui 9 picos

bem definidos para a transição mais intensa (4F3/2 → 4I11/2), os quais mantém

a mesma forma e relação de intensidade para as duas concentrações de

Nd3+. As outras duas transições, 4F3/2 → 4I9/2 (850 a 950 nm) e 4F3/2 → 4I13/2

(1300 a 1400 nm), possuem poucos picos definidos devido a baixa

intensidade e sobreposição de linhas, porém, exibem o mesmo

comportamento em relação à forma e intensidade. As posições dos picos e a

relação de intensidade são similares aos obtidos por ROMERO et al. (2004).

Uma das principais alterações no espectro do YAPNd05 (d) em

comparação com o YAPNd1 (c), surge com o aparecimento da fase

secundária YAG. De acordo com o difratogramas da figura 3.9 (e), há uma

pequena fração desta fase no YAPNd1, no entanto, não observamos

nenhum pico desta fase secundária na emissão do YAPNd1. Para o

espectro do YAPNd05 observamos um pico de baixa intensidade centrado

em 1061,8 nm (destacado no quadro inserido da figura 3.10 (b)),

correspondente à fase secundária YAG, isto nos permite afirmar que parte

dos íons Nd3+ estão incorporados nesta fase, e além disso, ela está presente

em maior concentração no YAPNd1 do que no YAPNd05. Como mostrado

no difratogramas da figura 3.10 (a), há também uma pequena fração de YAM

(indicado pelo símbolo � e posicionado em 30,8°) no YAPNd05, no entanto,

não observamos qualquer pico de emissão associado a fase no espectro do

YAPNd05.

Comparando com os compostos YAGNd05 e YAGNd1, os picos mais

intensos do YAPNd05 e YAPNd1, posicionados entre 1060 e 1090 nm,

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36

estão mais espaçados em relação aos picos mais intensos do YAGNd05 e

YAGNd1, isto torna-se uma vantagem para possível aplicação como laser

sintonizável.

Os espectros dos compostos YAMNd1 (e) e YAMNd05 (f) possuem

cinco picos definidos que mantém a mesma forma, no entanto, há uma

ligeira mudança na relação de intensidade entre os três picos mais intensos

(centrados em 1055 nm, 1069 nm e 1073 nm). Os demais picos da

transição 4F3/2 → 4I11/2 aparecem com menor resolução e intensidade na

região entre 1010 e 1135 nm. Segundo ROMANOWSKI et al. (2009), isto

pode ser explicado devido à sobreposição de linhas associadas com

transições individuais entre níveis de energia dos íons Nd3+ localizados em

diferentes sítios.

Como mostrado na figura 1.1 (c), o YAM possui quatro sítios de

simetria distintos para os íons Y3+ (nomeados de Y1, Y2, Y3 e Y4). Como

esperado, as linhas adicionais surgem da soma da contribuição individual de

cada sítio de simetria. O perfil dos espectros YAMNd1 (e) e YAMNd05 (f),

nos indica que mesmo com o aumento na concentração do dopante, não há

favorecimento na ocupação de algum sítio em específico, pois aqui também

não há alteração na forma dos espectros.

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37

YAGNd1

λλλλexc = 804 nm

λλλλexc = 804 nm

λλλλexc = 804 nm

λλλλexc = 804 nm

λλλλexc = 804 nm

YAMNd1

YAMNd05

YAPNd05

YAPNd1

λλλλexc = 804 nm

4I9/2

4I11/2

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

4I13/2

1020 1040 1060 1080 1100 1120 1300 1320 1340 1360 1380 1400

λ λ λ λ (nm)

Inte

ns

ida

de

No

rma

liza

da

YAGNd05

860880900920940

(f)

1061,8 nmYAGNd

Figura 3.16: Espectros de emissão fotoluminescente dos compostos YAGNd1 (a), YAGNd05 (b), YAPNd1 (c), YAPNd05 (d), YAMNd1 (e) e YAMNd (f).

A fim de se investigar com maiores detalhes a influência de cada

matriz na emissão do neodímio, conduzimos deconvoluções nos espectros

de maior concentração do dopante. Essas deconvoluções são mostradas na

figura 3.17 (a), (b) e (c) para o YAGNd1, YAPNd1 e YAMNd1,

respectivamente. A linha contínua corresponde ao espectro experimental, a

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38

linha com círculos ao ajuste do espectro experimental e as linhas mais finas

às deconvoluções.

Como esperado, o número de desdobramentos de subníveis Stark

exibe uma dependência direta com a simetria local do íon dopante. O

número máximo de separação para cada configuração 2S+1LJ é dado por

2S+1, quando J é um número inteiro, e J+1/2 quando J é um semi-inteiro

(SOLÉ, 2005). Então, para o nível emissor 4F3/2 do neodímio, esperamos um

total de dois subníveis, pois J é igual à 3/2. Para cada um destes subníveis,

deve haver seis transições para o estado 4I11/2, pois para este J é igual a

11/2, totalizando doze transições do nível emissor 4F3/2 para o nível de

menor energia 4I11/2.

Estas doze transições são esperadas para os íons Nd3+ inseridos nas

três matrizes YAG, YAP e YAM. Porém, o número observado de

desdobramento de subníveis Stark foi 11 para o YAGNd1 e YAPNd1, e 20

para o YAMNd1, como mostrado na figura 3.17 (a), (b) e (c)

respectivamente.

GRUBER et al. (1999) na análise dos níveis de energia do Nd3+ em

cerâmicas de YAG observou 6 desdobramentos do nível 4I11/2, os mesmos

indicados na figura 3.17 (a) pelos números 3, 4, 6, 7,10 e 11. Neste caso, o

resultado pode ser atribuído pela coleta dos espectros em baixa

temperatura, 8 K. Quando a temperatura diminui, a intensidade na emissão

para alguns subníveis do estado 4I11/2 (devido à transição 4F3/2 → 4I11/2)

diminui (ROMANOWSKI, 2009).

No YAPNd1 (b), obtivemos o mesmo número de desdobramentos de

subníveis Stark do que o YAGNd1. Na célula unitária do YAP também há

somente um único sítio de ocupação do Y3+. Este sítio tem simetria Cs e

está coordenado a 12 O2-. As posições dos picos e a relação de intensidade

são similares ao obtido por ROMERO et al. (2004).

No YAMNd1 (c) observamos cinco linhas mais intensas marcadas

pelos números 6, 8, 9, 10 e 11, e outras de menores intensidades,

totalizando 20 linhas de emissões. Isto nos indica que as emissões do

neodímio no YAM possivelmente surgem de mais de um tipo de sitio distinto,

pois o número de linhas esperadas é de 12.

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39

ROMANOWSKI et al. (2009) observou espectro similar com análise

realizada em temperatura ambiente, para nanocristais de YAM com

concentração de 0,5% de Nd3+, e somente os quatro picos mais intensos,

enumerados na figura 3.17 (c) por 7, 10, 11 e 13 foram observados quando a

análise foi realizada em 10 K. Estes quatro picos obtidos foram idênticos aos

obtidos quando ele realizou a mesma análise para monocristais com a

mesma composição de Nd3+. Deste resultado, eles supõem que, mesmo

quando inserido numa matriz de baixa simetria, com quatro sítios

cristalograficamente distintos, os íons Nd3+ ocupam somente um sítio, pois a

contribuição dos outros é mínima para provocar qualquer alteração nas

linhas de emissões.

Em princípio, podemos levantar duas hipóteses: primeiramente, o

número de subníveis desdobrados do nível 4I11/2 é função do número de

sítios distintos nas matrizes, ou seja, quanto maior a possibilidade de se

alocar em diferentes sítios, maior é o número de subníveis que surgem. De

fato, se considerarmos o YAG e YAP (que possuem somente um único sítio

de simetria) as diferenças entre seus sítios consistem no número e o

comprimento das coordenações Nd-O. Essas diferenças parecem provocar o

deslocamento dos picos e também mudanças nas suas intensidades. Porém

o número de subníveis desdobrados permaneceu o mesmo. Segundo, de

acordo com o espectro do YAMNd1 (c), o neodímio deve estar ocupando

mais de um sítio pois há uma diferença de oito linhas de emissões entre o

valor observado e o esperado. Em adição, como cada sítio é diferente um do

outro, cada um terá linhas distintas, podendo algumas coincidir. Então,

mesmo se a emissão surgir de dois sítios, alguns subníveis podem estar

sobrepostos, e resultar em uma menor quantidade de linhas em relação ao

valor esperado.

A contribuição dos diferentes sítios do YAM na emissão de terras

raras, ainda está sobre investigação, e definir em qual dos sítios a

contribuição é maior, ainda é um desafio.

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40

(b)

54321

6

7

65

1110

11

109

98

87

6

4

5

4

3

3

1 2

2

1

1

λλλλexc = 804 nm

λλλλexc = 804 nm

λλλλexc = 804 nm

(a)

1040 1050 1060 1070 1080 1090 1100 1110 1120 1130

(c)

Experimental - YAGNd1

Ajuste

Deconvoluçõesõesõesões Experimental - YAPNd1

Ajuste

Deconvoluçõesõesõesões Experimental - YAMNd1

Ajuste

Deconvoluçõesõesõesões20

1918171615

141312

1110

98

7

Inte

ns

idad

e

λ λ λ λ (nm)

Figura 3.17: Deconvolução da transição 4F3/2 → 4I11/2 dos compostos YAGNd05 e YAGNd1 (a), YAPNd05 e YAPNd1 (b), YAMNd05 e YAMNd1 (c).

A tabela 3.2 mostra o número de subníveis esperados, o valor obtido

experimentalmente, bem como o comprimento de onda de cada subnível e

seu valor em energia para a transição 4F3/2 → 4I11/2 nos compostos YAGNd1,

YAGNd05, YAPNd1, YAPNd05, YAMNd1 e YAMNd05.

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41

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42

A figura 3.18 mostra o diagrama parcial de energia para a transição 4F3/2 → 4I11/2 dos íons Nd3+. A quantidade de subníveis Stark desdobrados

para as três matrizes dopadas com 1% de neodímio está representada por

linhas horizontais e estão entre 1,7 e 2,5x103 cm-1. A flecha curva representa

transições não radiativas (Tnr) que são responsáveis pela população do

nível emissor 4F3/2. Deste nível emissor, que está desdobrado em subníveis

(representados por I e II), osbserva-se transições radiativas para os

subníveis do estado menos energético 4I11/2.

1,6

1,7

1,8

1,9

2,0

2,1

2,2

2,3

2,4

2,5

2,6

2,7

2,8

2,911,5

11,6

11,7

4I11/2

4I11/2

4I11/2

YAMYAP

En

erg

ia (

x10

3 c

m-1

)

YAG

Tnr4F

3/2III

Figura 3.18: Diagrama parcial de níveis de energia representando as transições observadas para os compostos YAGNd1 (a), YAPNd1 (b) e YAMNd1 (c). Tnr – transições não radiativas.

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43

3.2.2 Matrizes YAG, YAM e YAP dopadas Sm3+

Os espectros de excitação das matrizes YAG, YAM e YAP dopadas

com 0,5 e 1% de Sm3+ estão mostrados na figura 3.19. A excitação foi

monitorada com o comprimento de onda de emissão em 616 nm para os

compostos YAGSm05 e YAGSm1, 600 nm para o YAPSm05 e YAPSm1, e

603 nm para o YAMSm05 e YAMSm1 no intervalo de 330 a 600 nm. O

comprimento de onda monitorado corresponde à transição do estado 6H7/2

para os estados excitados 4K17/2, 6P5/2,

6P7/2, 6P3/2,

6P5/2, 4G9/2,

4I9/2, 4I11/2 e

4I13/2, 4G7/2,

4F9/2 e 4G5/2 (GRUBER, 1999; DILLIP, 2013). Os três níveis

emissores do samário 4G7/2, 4F3/2 e 4G5/2 estão indicados por pequenas setas

nos quadros inseridos, que mostram a região ampliada entre 500 e 570 nm.

Em relação à forma dos espectros, não observamos mudanças na

excitação do YAPSm05, YAPSm1, YAMSm05 e YAMSm1. Para o

YAGSm05 aparece uma larga banda entre 410 a 500 nm que pode ser

devido a absorção de algum defeito na matriz.

A linha mais intensa da banda de excitação de cada espectro, situada

entre 390 nm a 410 nm, referente ao estado 6P3/2, foi utilizada na excitação

dos compostos. Os valores destas linhas são iguais a 404 nm para o

YAGSm05 e YAGSm1, 405 nm para o YAPSm05 e YAPSm1 e 403 nm para

o YAMSm05 e YAMSm1.

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44

500 510 520 530 540 550 560 570

500 510 520 530 540 550 560 570

500 510 520 530 540 550 560 570

6P3/2

λλλλemi = 600 nm

λλλλemi = 616 nm

YAPSm1

YAPSm05

4K

17

/2 6P5/2

6P7/2

6P3/2

6P5/2

4G9/2

4I9/2 + 4I11/2 + 4I13/2

λλλλemi = 603 nm

6P

7/2

6P

5/2

4K

17

/2

6P

5/2

4I9/2 + 4I11/2 + 4I13/2

YAGSm1

YAGSm05

Inte

ns

ida

de

No

rma

liza

da

350 400 450 500 550 600

4K

17

/2

6P

5/2

6P

7/2

4I9/2 + 4I11/2 + 4I13/26P

5/2

6P3/2

YAMSm1

YAMSm05

λλλλ (nm)

4G

5/2

4F

3/2

4G

7/2

4G

7/2

4F

3/2

4G

5/2

4G

5/2

4F

3/2

4G

7/2

Figura 3.19: Espectros de excitação dos compostos com diferentes concentrações de Sm3+.

A energia do comprimento de onda utilizado nas excitações de todos

os compostos excita os elétrons para o estado mais energético 6P3/2, que

seguido por transições não radiativas populam o nível emissor 4G5/2. Deste

estado observa-se transições radiativas para os estados de menores

energias 6H11/2, 6H9/2,

6H7/2 e 6H5/2, como mostrado na figura 3.20.

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45

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

266P

3/2

4H

11/2

4H

9/26H

7/26H

5/2

En

erg

ia (

x1

03

cm

-1)

4G

5/2

Figura 3.20: Diagrama parcial de níveis de energia do íon Sm3+. Adaptado

de (Adaptado de DIEKE e CROSSWHITE, 1963).

.

A figura 3.21 (a-f) mostra os espectros de emissão dos compostos

com diferentes concentrações de Sm3+. As análises foram realizadas no

intervalo de 500 nm a 750 nm referentes às transições do estado excitado 4G5/2 para os estados de mais baixas energias 6H5/2,

6H7/2, 6H9/2 e 6H11/2. As

matrizes foram excitadas utilizando lâmpada de xenônio com potência

nominal de 450 W. Os espectros foram normalizados utilizando o pico mais

intenso do nível 6H7/2, que está posicionado em 616 nm para os compostos

YAGSm1 (a) e YAGSm05 (b), 600 nm para o YAPSm1 (c) e YAPSm05 (d) e

603 nm para o YAMSm1 (e) e YAMsm05 (f).

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46

Assim como nas matrizes dopadas com neodímio, a dopagem com

samário para duas concentrações (0,5 e 1%) não modificou a forma dos

picos e suas relações de intensidades. A principal diferença surge na

posição dos picos. O pico principal do YAGSm1 e YAGSm05, posicionado

em 616 nm, está deslocado em relação aos outros compostos, que estão

posicionados em 600 nm para o YAPSm1 (c) e YAPSm05 (d) e 603 nm para

o YAMSm1 (e) e YAMSm05 (f). Ainda para os compostos YAGSm, os picos

referentes à transição 4G5/2 → 6H7/2, localizados entre 585 e 630nm, possuem

melhor resolução e estão melhor definidos, enquanto que para os outros

compostos há uma maior sobreposição de linhas de emissões.

Os picos mais intensos do YAPSm1 (c) e YAPSm05 (d), posicionados

em 600, 602 e 608 nm, estão deslocados para comprimentos de ondas

menores em relação aos compostos YAGSm. Para o YAMSm1 (e) e

YAMSm (f), os picos mais intensos, posicionados em 603, 612 e 615 nm,

estão deslocados para comprimentos de ondas maiores.

As principais diferenças para o YAMSm1 (e) e YAMSm05 (f) em

relação aos outros compostos surgem da maior sobreposição das linhas de

emissões do estado 6H11/2, e o intenso pico posicionado em 567 nm,

pertencente ao estado 6H5/2. A hipótese levantada sobre a possibilidade de

ocupação em diferentes sítios do YAM para os íons neodímio, também é

válida para os íons samário, pois aqui também há maior sobreposição de

subníveis em relação aos compostos YAGSm e YAPSm.

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47

YAGSm05

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

λλλλexc = 403 nm

λλλλexc = 403 nm

λλλλexc = 404 nm

λλλλexc = 404 nm

λλλλexc = 405 nm

6H

11/2

6H

9/2

6H

7/2

YAGSm1

YAPSm1

6H

5/2

λλλλexc = 405 nm

(f)

Inte

nsid

ad

e N

orm

alizad

a

500 550 600 650 700

YAPSm05

YAMSm1

λ λ λ λ (nm)

YAMSm05

Figura 3.21: Espectros de emissão fotoluminescente dos compostos YAGSm1 (a), YASmNd05 (b), YAPSm1 (c), YAPSm05 (d), YAMSm1 (e) e YAMSm (f).

A figura 3.22 mostra as deconvoluções dos espectros de emissão dos

compostos YAMSm1 (a), YAPSm1 (b) e YAGSm1 (c). Devido às

similaridades na forma, posição e relação de intensidade entre os picos,

para as duas concentrações de samário, escolhemos as matrizes com a

maior concentração. A linha contínua corresponde ao espectro experimental,

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48

a linha com círculos ao ajuste do espectro experimental e as linhas mais

finas às deconvoluções.

De acordo com o valor de J+1/2 para o nível emissor 4G5/2, o valor

esperado de subníveis é três para todos os compostos. Cada um destes três

subníveis terá transição de forma radiativa para quatro subníveis, pois J é

igual e quatro para o estado menos energético 6H7/2. Então, o total de linhas

de emissões esperadas é igual a 12. No entanto, o valor obtido

experimentalmente foi de 8 para o YAGSm1 (a) e YAGSm1 (b), 10 para o

YAPSm1 (c) e YAPSm05 (d), e 9 para o YAMSm1 (e) e YAMSm05 (f). Todos

os valores observados ficaram aquém do valor calculado, até mesmo para o

YAM que possui quatro sítios cristalograficamente diferentes.

O número menor de subníveis observados em relação aos esperados

sugere que em todas as matrizes (YAG, YAP e YAM), está ocorrendo

sobreposição dos mesmos. E esta sobreposição possivelmente é mais

intensa para o YAM que possui quatro sítios cristalograficamente distintos.

Ainda para o YAMSm1, a quantidade de desdobramentos sugere que a

emissão deve resultar de um valor médio entre os sítios, isto se

considerarmos que não haja ocupação preferencial.

Outra possível explicação para o menor número de subníveis

observados surge de duas possibilidades: o nível emissor 4G5/2 pode não ter

se desdobrado em três subníveis (J é igual a 3), ou então estes três

subníveis podem estar sobrepostos, como mostrado nos quadros inseridos

nos espectros de excitação (figura 3.19). A condução de uma análise mais

precisa ficou impossibilitada devido à baixa intensidade e sobreposição das

bandas nestes espectros.

A tabela 3.3 mostra os números de subníveis esperados na transição 4G5/2 → 6H7/2, os valores obtidos, bem como a posição de cada subnível e

seu valor proporcional em energia em cm-1.

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49

λλλλexc = 404 nm Experimental - YAGSm1

Ajustes

Deconvoluçõõõões

76

5

4

32

1

8

7

6

5

4

32

1

(a)

(b)λλλλexc = 405 nm

Experimental - YAMSm1

Ajustes

Deconvoluçõõõões

Experimental - YAPSm1

Ajustes

Deconvoluçõõõões

109

8

Inte

nsid

ad

e

590 600 610 620 630

(c)

9

8

76

5

4

321

λλλλ (nm)

λλλλexc = 403 nm

Figura 3.22: Deconvolução da transição 4G5/2 → 6H7/2 dos compostos YAGSm1 (a), YAPSm1 (b) e YAMSm1 (c).

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51

A figura 3.23 mostra o diagrama parcial de energia para a transição 4G5/2 → 6H7/2 dos íons Sm3+. A quantidade de subníveis Starks desdobrados

para as três matrizes dopadas com 1% de samário está representada por

linhas horizontais e estão entre 0,7 e 1,8x103 cm-1. A flecha curva representa

transições não radiativas (Tnr) que são responsáveis pela população do

nível emissor 4G5/2. Deste nível emissor, osbserva-se transições radiativas

para os subníveis do estado menos energético 6H7/2.

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

1,8

1,9

En

erg

ia (

x1

03

cm

-1)

YAMSm1YAPSm1YAGSm1

4G5/2

6H

7/2

18

19

Tnr

Figura 3.23: Diagrama parcial de níveis de energia representando as transições observadas para os compostos YAGSm1 (a), YAPSm1 (b) e YAMSm1 (c). Tnr – transições não radiativas.

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52

CAPÍTULO 4 CONCLUSÕES Obtivemos com sucesso as fases estáveis do sistema Y2O3-Al2O3

dopadas com 0,5% e 1% dos terras-raras neodímio e samário. O método

mostrou-se eficiente para as fases YAG e YAM dopadas com diferentes

concentrações de neodímio e samário, no entanto, a obtenção da fase única

YAP para as concentrações de 0,5 e 1% de Sm3+ requereu alteração

adicional como maior tempo de moagem. Esta alteração possibilitou a

obtenção destas duas fases com 200 °C a menos do que a utilizada com as

composições de neodímio.

As análises de emissão fotoluminescente dos terras raras neodímio e

samário nas diferentes matrizes, apresentaram resultados particulares para

cada meio hospedeiro, com a tendência no aumento de linhas de emissões

com a diminuição da simetria. Estas linhas de emissões, não mostraram

dependência com a concentração de terras raras, sendo função somente

dos diferentes ambientes cristalinos.

Com relação às perspectivas futuras, é de grande importância realizar

medidas de conversão ascendente de energia (“up-conversion”) para os

compostos com Sm3+, pois este terra rara mostra conversão de radiação

infravermelha para radiação na região visível. Além disso, realizar um estudo

detalhado do efeito da concentração dos dopantes nas matrizes, produzindo

amostras com diferentes concentrações das estudadas neste trabalho e

realizar medidas de tempo de vida do estado excitado em função do tipo de

matriz e íon dopante Nd3+ e Sm3+.

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