UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM...

68
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ANÁLIA CIRQUEIRA MILHOMEM ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS DA NEUROCISTICERCOSE EXPERIMENTAL E PERFIL DE CITOCINAS EM CAMUNDONGOS C57BL/6 Goiânia 2017

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

E SAÚDE PÚBLICA

ANÁLIA CIRQUEIRA MILHOMEM

ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS DA

NEUROCISTICERCOSE EXPERIMENTAL E PERFIL DE

CITOCINAS EM CAMUNDONGOS C57BL/6

Goiânia

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

ii

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

iii

ANÁLIA CIRQUEIRA MILHOMEM

ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS DA

NEUROCISTICERCOSE EXPERIMENTAL E PERFIL DE

CITOCINAS EM CAMUNDONGOS C57BL/6

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em

Medicina Tropical e Saúde Pública da

Universidade Federal de Goiás para

obtenção do Título de Mestre em

Medicina Tropical e Saúde Pública.

Área de concentração: Patologia.

Orientador: Prof.º Dr.º Ruy de Souza

Lino Júnior.

Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Juliana

Reis Machado e Silva

Goiânia

2017

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

iv

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

v

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

vi

Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública

da Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aluno (a): Anália Cirqueira Milhomem

Orientador (a): Profº Dr. Ruy de Souza Lino Júnior

Membros:

1. Ruy de Souza Lino Júnior

2. Milton Adriano Pelli Oliveira

3. Mauro Cunha Xavier Pinto

4. Fernanda Cristina Alcântara dos Santos

5. Aline Araújo Freitas

6. Mara Rúbia Nunes Celes

Data: 15/03/2017

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

vii

A Deus por ser comigo;

À minha mãe, por acreditar nas minhas conquistas e no meu crescimento

intelectual.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

viii

AGRADECIMENTO

À Deus sobre todas as coisas, por me conceder vida a cada amanhecer, por me dar

forças e sempre me mostrar que é Ele quem me guia, à Ele toda honra, poder e glória.

Ao meu orientador Prof.º Dr.º Ruy de Souza Lino Júnior pela confiança e

credibilidade em mim depositadas. Pelos conselhos, companheirismo, pela forma

irreverente e singular de orientar e por sempre me fazer refletir novos caminhos,

novos desafios.

À minha co-orientadora Prof.ª Dr.ª Juliana Reis Machado e Silva por acreditar no

meu potencial e pelo auxílio no delineamento experimental deste trabalho. Por

sempre se mostrar solícita a me ajudar e não medir esforços para extrair o melhor

de mim.

A toda minha família, tias, primos, avós e sobrinhos, mas principalmente à minha

mãe Erotides Cirqueira por mesmo longe conseguir acalmar meu coração em

momentos de turbulências e incertezas. Por sempre acreditar em mim e me

encorajar a ir sempre mais longe.

Ao meu namorado Felipe Gonçalves de Souza Camargos por sempre me oferecer

o que preciso, apoio, presença, carinho, amor, calma e tranquilidade. Obrigada

por estar presente sempre.

Ao Laboratório de Citocinas especialmente ao Prof.º Dr. º Milton Adriano Pelli

de Oliveira e a Pollyana por possibilitarem a realização do ELISA, além de

demonstrarem dispostos a sanar dúvidas sempre que necessário.

Ao LAERPH – Laboratório de Estudos da Relação Parasito Hospedeiro

especialmente à Prof.ª Marina Clare Vinaud e a Guaraciara pela disponibilidade

em emprestar instrumentos e em auxiliar no uso dos mesmos possibilitando que o

homogenato encefálico fosse produzido.

Aos colegas do Laboratório de Patologia Experimental, principalmente Amanda,

Vera, Hidelberto, Renato e Advaldo, pela amizade, companheirismo, apoio

técnico e convívio diário.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

ix

Á Vânia, ex-colega de laboratório e eterna amiga, pela prontidão em me ajudar

sempre que necessário.

Aos professores que compuseram minha banca de qualificação, Prof.º Dr. º

Milton Adriano Pelli de Oliveira, Prof.ª Dr.ª Juliana Reis Machado e Silva e

Prof.ª Dr.ª Aline de Araújo Freitas que facilitaram a melhoria deste trabalho com

suas sugestões e críticas construtivas.

Aos professores do PPGMTSP – Programa de Pós-Graduação em Medicina

Tropical e Saúde Pública pelo auxílio no desenvolvimento do meu conhecimento

científico e do meu censo crítico.

Aos funcionários do IPTSP/UFG de forma geral, Kariny, José Clementino, Alex

pela atenção e competência.

Aos funcionários do Biotério do IPTSP/UFG pelo cuidado com os camundongos

e pela competência.

Ao CNPq pela bolsa de estudos concedida e pelo financiamento da pesquisa, o

que possibilitou o desenvolvimento da mesma.

A todos que contribuíram direta e indiretamente para o meu crescimento pessoal

e profissional.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

x

SUMÁRIO

TABELAS, FIGURAS E ANEXOS ............................................................................................ xi

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................ xiii

RESUMO ................................................................................................................................... xiv

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1

1.1 Complexo teníase/cisticercose ...................................................................................... 1

1.2 Neurocisticercose humana .................................................................................................. 3

1.3 Taenia crassiceps .............................................................................................................. 10

1.4 Modelos experimentais de cisticercose: intraperitoneal, subcutâneo e neurocisticercose. 12

1.5 Susceptibilidade e resistência de camundongos BALB/c e C57BL/6 na cisticercose

experimental. ........................................................................................................................... 16

2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 19

3 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 20

3.1 Objetivo geral: .................................................................................................................. 20

3.2 Objetivos específicos: ....................................................................................................... 20

4 MÉTODOS .............................................................................................................................. 21

4.1 Princípios éticos ................................................................................................................ 21

4.2 Manutenção de ciclo ......................................................................................................... 21

4.3 Infecção e eutanásia dos animais ...................................................................................... 21

4.4 Preparo do Homogenato encefálico .................................................................................. 22

4.5 Análise histopatológica ..................................................................................................... 22

4.6 Cultura das células do baço ............................................................................................... 23

4.7 Ensaios Imunoenzimáticos (ELISA) ................................................................................. 24

4.8 Análises estatísticas .......................................................................................................... 24

5 RESULTADOS ........................................................................................................................ 26

5.1 Análise histopatológica ..................................................................................................... 26

5.2 Análise de citocinas sistêmicas ......................................................................................... 29

5.3 Análise do peso dos baços ................................................................................................ 32

5.4 Análise de citocinas in situ ............................................................................................... 32

5.5 Análise do peso do cérebro ............................................................................................... 34

6 DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 35

7 CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 42

ANEXOS..................................................................................................................................... 52

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

xi

TABELAS, FIGURAS E ANEXOS

Tabela 1: Processos patológicos gerais encontrados em camundongos C57BL/6,

inoculados ou não com cisticercos viáveis de T. crassiceps aos 90 DAI ...................... 27

Figura 1: Ciclo biológico da Taenia solium .................................................................... 2

Figura 2: Endemicidade da Taenia solium em 2015 ....................................................... 3

Figura 3: Fotomicroscopia de encéfalo humano evidenciando os diferentes estágios de

desenvolvimento do cisticerco de T. solium ................................................................... 5

Figura 4: Ciclo biológico da Taenia crassiceps ............................................................ 11

Figura 5: Fotomicrografia dos processos patológicos gerais encontrados em

camundongos C57BL/6, inoculados com cisticercos viáveis de T. crassiceps aos 90 DAI

........................................................................................................................................ 28

Figura 6: Mesoscopia dos encéfalos de camundongos C57BL/6 inoculados ou não por

cisticercos de T. crassiceps ............................................................................................ 29

Figura 7: Concentração sistêmica das citocinas IL-4, IL-10 e IFN-γ, entre diferentes

estímulos utilizados na suspensão de células do baço de camundongos C57BL/6 dos três

grupos analisados ........................................................................................................... 30

Figura 8: Porcentagem do peso do baço em relação ao peso do camundongo dos grupos

experimentais CT saudável, CT cirúrgico e INF ........................................................... 31

Figura 9: Concentração das citocinas IL-4, IL-10 e IFN-γ no encéfalo (in situ) de

camundongos C57BL/6 dos grupos experimentais CT saudável, CT cirúrgico e INF, 90

dias após inoculação ...................................................................................................... 32

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

xii

Figura 10: Análise do peso da porção encefálica reservada para produção de

homogenato em camundongos C57BL/6 inoculados ou não com cisticercos viáveis de

T. crassiceps .................................................................................................................. 34

Anexo 1: Aprovação do CEUA-UFG............................................................................ 55

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

xiii

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

Ag – Antígeno

CD – Do inglês: Cluster of Differentation

Con-A – Concanavalina A

CSF – Flúido cerebrospinal

CT – Controle

DAI – Dias após inoculação/infecção

ELISA – Do inglês: Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay

EUA – Estados Unidos da América

H&E – Hematoxilina-eosina

IFN-γ – Interferon gama

IgE – Imunoglobulina E

IL – Interleucina

INF – Infectado

KO – Do inglês: Nokaute

MHC – Complexo Principal de Histocompatibilidade

MN – Células mononucleares

NCC – Neurocisticercose

NK – Do inglês: Natural Killers

NO – Óxido nítrico

OMS – Organização Mundial de Saúde

ORF – Ontario Research Facilities

PBS – Tampão fosfato-salino

SBF – Soro Bovino

SNC – Sistema Nervoso Central

TGF-β – Fator de crescimento transformador β

Th – Linfócitos T helper

TLR2 – Do inglês: Toll Like Receptor 2

TNF – Fator de Necrose Tumoral

Treg – Linfócitos T reguladores

WT – Do inglês: Wilde Type/selvagem

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

xiv

RESUMO

A neurocisticercose (NCC) é uma das doenças negligenciadas pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), e a infecção parasitária que mais acomete o Sistema Nervoso

Central (SNC) em todo o mundo. Dessa forma, faz-se necessário aprofundar os

conhecimentos quanto a sua imunopatogênese e fisiopatologia com o intuito de elucidar

mecanismos pelos quais a NCC provoca lesão tecidual nos pacientes infectados. Com o

advento desta necessidade a busca por formas de facilitar o estudo experimental desta

doença surgiram, e hoje, a utilização da espécie de cisticercos de Taenia crassiceps está

bem difundida no meio científico. O objetivo deste trabalho foi descrever os processos

patológicos gerais e o perfil de citocinas sistêmicas e in situ em camundongos C57BL/6,

após inoculação intracraniana de cisticercos viáveis de T. crassiceps. Para isso foram

utilizados três grupos experimentais: controle saudável, controle cirúrgico e grupo

infectado. Após 90 dias de infecção foi realizada eutanásia dos camundongos e

posteriormente foi realizada análise histopatológica dos encéfalos, cultura de células do

baço, produção de homogenato e ELISA para dosagem de IL-4, IL10 e IFN-γ. A análise

histopatológica dos encéfalos permitiu comprovar a presença do cisticerco, nos

ventrículos laterais ou na região extraparenquimal, presença de infiltrado inflamatório

mononuclear (MN) ao redor do parasito, microgliose e meningite discretas. As análises

dos perfis imunes sistêmico e in situ dos camundongos infectados não apresentou

diferenças estatisticamente significativas entre os grupos analisados, o que nos fazer

deduzir que o cisticerco exerce imunomodulação buscando sua sobrevivência, além do

que se beneficia também do imunoprivilégio cerebral. Em conclusão, correlacionando

os aspectos imunes e histológicos descritos após as análises realizadas, podemos sugerir

que a infecção por cisticercos de T. crassiceps em camundongos C57BL/6, desencadeia

resposta inflamatória com a presença infiltrado inflamatório MN, meningite e

microgliose.

Palavras-chave: neurocisticercose experimental, doenças negligenciadas, Taenia

crassiceps.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

xv

ABSTRACT

Neurocysticercosis (NCC) is one of the diseases neglected by the World Health

Organization (WHO), and the parasitic infection that most affects the Central Nervous

System (CNS) throughout the world. Thus, it is necessary to deepen the knowledge

regarding its immunopathogenesis and physiopathology in order to elucidate

mechanisms by which NCC causes tissue injury in infected patients. With the advent of

this necessity the search for ways to facilitate the experimental study of this disease has

arisen, and today, the use of the cysticercus species of Taenia crassiceps is well diffused

in the scientific environment. The objective of this work was to describe the general

pathological processes and the profile of systemic and in situ cytokines in C57BL / 6

mice after intracranial inoculation of viable cysticerci of T. crassiceps. Three

experimental groups were used: healthy control, surgical control and infected group.

After 90 days of infection, mice were euthanized and histopathological analysis of the

brain, spleen cell culture, homogenate production and ELISA for IL-4, IL10 and IFN-γ

were performed. The histopathological analysis of the encephalus allowed to verify the

presence of cysticercus in the lateral ventricles or in the extraparenchymal region,

presence of mononuclear inflammatory infiltrate (MN) around the parasite, microgliosis

and meningitis. The analysis of the systemic and in situ immune profiles of the infected

mice showed a predominance of Th2-type response, with high IL-4 concentration, low

IFN-γ and IL-10 levels modulating the two responses, but mainly Th1. The in situ

cytokine dosage was similar between the experimental groups, which leads us to

conclude that the cysticercus exerts immunomodulation for its survival, in addition to

which it also benefits from the cerebral immunoprivilege. In conclusion, correlating the

immune and histological aspects described after the analysis, we can suggest that T.

crassiceps cysticercosis infection in C57BL / 6 mice triggers an inflammatory response,

a predominance of Th2 type profile with MN inflammatory infiltrate presence,

Meningitis and microgliosis.

Key words: experimental neurocysticercosis, neglected diseases, Taenia crassiceps.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Complexo teníase/cisticercose

A teníase é definida como o parasitismo humano pela fase adulta do cestódeo

Taenia solium ou Taenia saginata; enquanto que a cisticercose é definida pelo

parasitismo da fase larval da T. solium em suínos e humanos. Ambas são consideradas

doenças parasitárias negligenciadas segundo a Organização Mundial de Saúde

(OMS/WHO) (NASH; MAHANTY; GARCÍA, 2013; CANTEY et al., 2014; WHO,

2015). No ciclo biológico da T. solium (Figura 1), o ser humano se comporta como

hospedeiro definitivo ao ingerir carne de porco malcozida e contaminada, adquirindo

teníase por meio do desenvolvimento do verme adulto em seu intestino o que possibilita

a eventual liberação de proglótes grávidas no meio ambiente através das fezes. Quando

os ovos de T. solium encontram-se no meio ambiente, passíveis de contaminar

alimentos e água, ocasionalmente porcos podem infectar-se, por serem hospedeiros

intermediários desse parasito, ou seja, abrigarem a sua fase de reprodução assexuada;

uma vez no trato digestório de suínos, os ovos de T. solium evaginam-se e passam a ser

chamados de oncosferas, penetram a mucosa intestinal do animal e alcançam as regiões

pelas quais tem tropismo, geralmente a musculatura esquelética; ao instalar-se recebem

o nome de larva metacestóide ou cisticerco. O ser humano pode desempenhar papel de

hospedeiro paratênico da T. solium, ou seja, abrigar uma forma do parasito que não se

desenvolverá; o cisticerco. Quando o homem assume esse papel e ingere ovos do

parasito em água ou vegetais contaminados, o mesmo desenvolve a cisticercose

(heteroinfestação); dependendo do local de instalação do cisticerco, a doença recebe um

determinado nome, sendo a mais comum e mais grave delas, a neurocisticercose (NCC),

quando o cisticerco se aloja no sistema nervoso central (SNC) do ser humano

(FLISSER, 1991).

Outras formas de aquisição de cisticercose são a auto infestação interna e externa,

ambas restritas a indivíduos portadores de teníase. A primeira ocorre quando há a

regurgitação e imediata deglutição de ovos, os quais rompem-se no estômago por ação

do suco gástrico e liberam os embriões que penetram o intestino delgado, alcançam a

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

2

circulação e instalam-se no tecido neural; e a autoinfestação externa também em

portadores de teníase, por meio de mãos contaminadas (FLISSER, 1991; DANTAS et

al., 1999; TAKAYANAGUI; LEITE, 2001).

Figura 1: Ciclo biológico da Taenia solium

Fonte: Adaptado de http://www.cdc.gov/dpdx/cysticercosis/index.htmL

O complexo teníase/cisticercose incapacita e leva à óbito milhões de pessoas

todos os anos, representando uma necessidade médica importante que permanece não

atendida, recebendo pouco investimento em pesquisa, tratamento, controle e prevenção;

o que a classifica como uma doença negligenciada (CANTEY et al., 2014). Todos esses

fatores somados à economia desfavorecida dos países onde a T. solium é endêmica

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

3

dificultam a identificação e o tratamento das doenças causadas por esse parasito, a partir

do momento em que para que se tenha um diagnóstico confiável das mesmas, há

diversos obstáculos, como a baixa sensibilidade de testes sorológicos, a falta de

infraestrutura e disponibilidade de tomografias computadorizadas e ressonâncias;

exames que facilitariam a identificação de cisticercos no tecido neural de pacientes com

NCC (NASH; MAHANTY; GÁRCIA, 2013).

1.2 Neurocisticercose humana

A NCC é a infecção parasitária que mais acomete o SNC, é a principal causa de

epilepsia adquirida em todo o mundo, o que representa, em média, 29% das pessoas

com epilepsia em países endêmicos (WHO, 2015; CANTEY et al., 2014; CARPIO &

ROMO, 2014). A Organização Mundial de Saúde (WHO, 2015) estima que pelo menos

50 milhões de pessoas no mundo têm epilepsia, e que cerca de um terço de todos os

casos ocorrem em regiões onde a infecção por T. solium é endêmica (Figura 2).

Figura 2: Endemicidade da Taenia solium em 2015.

Fonte: Adaptado de http://www.who.int/taeniasis/Endemicity_Taenia_Solium_2015.jpg?ua=1

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

4

A NCC se manifesta de diferentes formas no hospedeiro humano, na maioria dos

casos, ela é assintomática, mas quando sintomática, leva a convulsões (80%), cefaleia

(38%), déficits neurológicos focais (16%), declínios cognitivos (5%) e sinais de

hipertensão intracraniana (12%). Essas manifestações clínicas são dependentes de fatos

relacionados tanto com o parasito (tamanho, localização, estágio de desenvolvimento)

quanto com o hospedeiro (resposta imune do mesmo) (SCIUTTO et al., 2007;

CARABIN et al., 2011; GARCÍA; NASH; DEL BRUTTO, 2014; FOGANG et al.,

2015). A grande diversidade das formas clínicas variam de completa ausência de

resposta imune (NCC assintomática com cisticerco viável modulando a resposta imune)

à intensa resposta inflamatória (NCC sintomática com cisticerco inviável)

(CÁRDENAS et al., 2011; TUERO et al., 2015; FLEURY et al., 2016).

Quanto aos estágios de desenvolvimento do cisticerco, este apresenta-se

polimorfo (Figura 3), pois quando alcança o SNC do hospedeiro o mesmo se encontra

em sua fase viável, ou seja, na etapa vesicular, a qual se caracteriza por uma vesícula de

membrana transparente, contendo um escólex invaginado rodeado de um líquido

translúcido. Após esta fase, o cisticerco está susceptível à ação do sistema imune

humano, podendo se manter viável por anos ou começar a sofrer degradações

gradativas. A primeira característica de involução do cisticerco é a necrose da larva e

degeneração hialina do escólex o que deixa o líquido vesicular mais turvo,

esbranquiçado, classificando essa fase como etapa vesicular coloidal. Após essa fase, há

progressão da involução do cisticerco para fase granular, com a diminuição da vesícula

e a granulação do escólex, até a calcificação, chegando a etapa final de degradação do

parasito, a nodular calcificada. É comum encontrar cisticercos em diferentes fases de

degradação no mesmo hospedeiro (LINO-JÚNIOR et al., 2002; GUIMARÃES et al.,

2009; FOGANG et al., 2015).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

5

Figura 3: Fotomicroscopia de encéfalo humano evidenciando os diferentes estágios de desenvolvimento

do cisticerco de T. solium. A – Etapa vesicular/ PAS; B – Etapa vesicular coloidal/Hematoxilina férrica;

C – Etapa granular nodular/ H&E; D – Etapa nodular calcificada/ H&E. Objetiva de 50x em todas as

fotomicrografias.

Fonte: Adaptado de Lino-Júnior, 2000.

O organismo humano imunologicamente competente, quando entra em contato

com algum patógeno, gera uma resposta imunológica inata ou natural e adaptativa ou

adquirida objetivando a destruição do patógeno. A eficácia protetora ou patogênica da

resposta inata depende grandemente da geração de fenômenos inflamatórios

inespecíficos localmente na vizinhança do patógeno, enquanto a da resposta imune

adaptativa repousa sobre uma proliferação clonal seletiva sistêmica de células linfoides

e posterior diferenciação efetora das células Th1, Th2, Treg, Th17, dentro outros perfis

recém descobertos; com a produção subsequente de várias citocinas, ou de células

plasmáticas com produção de anticorpos específicos (ABBAS et al., 2017; SCIUTTO et

al., 2007; TURVEY et al., 2009).

A imunidade inata é a primeira linha de defesa do organismo e fazem parte dela

as barreiras anatômicas e fisiológicas, as células e os componentes humorais (TURVEY

et al., 2009). Apesar de possuir alguns mecanismos de defesa envolvendo macrófagos

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

6

classicamente e alternativamente ativados, células NK, mastócitos, neutrófilos e

eosinófilos, estes possuem especificidade baixa reconhecendo os patógenos por um

número limitado de receptores, chamados de receptores de reconhecimento de padrões

(PRRs) (HOLZL et al., 2008). No entanto, este número limitado de receptores é

compensado pelo reconhecimento de componentes microbianos chamados de padrões

moleculares associados à patógenos (PAMPs) que são compartilhados pela maioria dos

grupos de agentes patogênicos (TURVEY et al., 2009). Quando em contato com

helminto, os fagócitos da imunidade inata secretam substâncias microbicidas para

destruir organismos que são muito grandes para serem fagocitados. Entretanto, muitos

desses parasitos possuem o tegumento espesso, o que os torna resistentes a este

mecanismo (ABBAS et al., 2005).

A imunidade adquirida é ativada e desenvolvida apenas após a exposição ao

antígeno e envolve componentes celulares e humorais, sendo os linfócitos T e B, as

principais células que compõem esta resposta; possui grande diversidade de receptores,

sendo estes, muito específicos; o benefício desta diversidade é que esta imunidade

reconhece praticamente qualquer tipo de antígeno (ABBAS et al., 2005; TURVEY et

al., 2009). Esta é caracterizada por perfis de células T que utilizam de diferentes

mecanismos com a intenção de matar o parasito quando a imune inata não foi capaz de

fazê-lo. Vários perfis imunes de células T já foram descritos, os primeiros foram os

perfis Th1 e Th2 (MOSMANN et al., 1986; MOSMANN & SAD, 1996); e

posteriormente os demais, Th17 e T regulador (Treg) (BOYTON et al., 2002).

A diferenciação de linfócitos Th em Th1, Th2, Th17 ou Treg ocorre a partir de

uma célula T naive precursora ou T auxiliar periférica (Thp), em resposta aos estímulos

fornecidos pela célula apresentadora de antígenos (APC) no momento da apresentação

do mesmo (BOYTON et al., 2002; ANSEM et al., 2009). O perfil Th1 é caracterizado

pela produção de IFNℽ, através da fosforilação dos fatores de transcrição STAT-4 e T-

bet, por estímulo de IL-12; e está envolvido na imunidade celular à patógenos

intracelulares, mas também estimula alguns anticorpos; com posterior ativação de

macrófagos classicamente ativados (BOYTON et al., 2002; ANSEM et al., 2009). O

perfil Th2 permite a produção de IL-4, IL-5 e IL-13 e participa na imunidade humoral,

ou seja, produção de anticorpos em infecções helmínticas e outros patógenos

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

7

extracelulares; além de estimular a produção de macrófagos alternativamente ativados.

Este processo é ativado pelo estímulo de IL-4 à célula T naive que leva à transcrição do

fator STAT-6 e expressão de GATA-3 (ANSEM et al., 2009).

O perfil Th17 é induzido por TGFβ, IL-6, IL-21 e IL-23, e requer ativação de

um fator de transcrição chamado RORɣt e a fosforilação do fator STAT-3. O perfil

Th17 é caracterizado pela produção de IL-17 e IL-22 e participa na defesa contra

bactérias e fungos extracelulares, principalmente na superfície de mucosas (CHEN et

al., 2007). Por fim, o perfil Treg que é responsável por regular/modular os demais perfis

para que haja efetivo controle das infecções e prevenção de doenças autoimunes através

do controle dos potenciais efeitos patogênicos dos perfis efetores (VIGNALI et al.,

2008; SHEVACH 2009). O perfil Treg é desencadeado pela estimulação por IL-10

principalmente, IL-12 e TGFβ1 de células T naive, que acarreta na fosforilação dos

fatores de transcrição STAT-5 e Foxp3, resultando em produção de IL-10 e TGFβ1

(HORI et al., 2003; FONTENOT et al., 2003). Este perfil exerce função supressora

sobre as respostas Th1 e Th2 (KANANGAT et al., 1996; KIM et al.,2007).

A imunidade adquirida frente à muitas infecções helmínticas, é geralmente

mediada pela ativação de linfócitos Th2, a qual resulta na produção de anticorpos IgE e

na ativação de eosinófilos. Este quadro é atribuído à capacidade dos helmintos de

estimular a subpopulação de linfócitos Th2 através da alta secreção de IL-4 e IL-5. Os

anticorpos IgE produzidos ligam-se à superfície do helminto e os eosinófilos se aderem

aos seus receptores, sendo ativados e liberando grânulos com enzimas que destroem o

parasita (ABBAS et al., 2005; HEWITSON et al., 2009).

As lesões na SNC induzem imunossupressão sistémica, que é caracterizada por

desvio sistêmico para um padrão de citocinas do perfil Th2 que resulta em aumento da

neuroproteção e regeneração, além de expansão de células Treg que produzem IL-10

e/ou TGFβ (SCIUTTO et al., 2007; TERRAZAS 2008; JACKSON et al., 2008). No

entanto, a resposta imunológica sistêmica na NCC raramente foi explorada em relação

às várias formas clínicas da infecção. A escassa informação relatada não coincide

totalmente entre os estudos. A falta de coincidência pode estar apontando para a

heterogeneidade da NNC ou para diferenças significativas nos critérios de inclusão dos

estudos de casos em NCC (SCIUTTO et al., 2007).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

8

É importante ressaltar que dentro do quadro de NCC, a resposta imune e

inflamatória do organismo humano parece se estabelecer de forma peculiar, sob

interferência do imunoprivilégio cerebral, o qual afeta diretamente a forma como o

cisticerco gera inflamação e alterações no microambiente cerebral, este pode ser um dos

fatores que tornam a NCC tão polimórfica e heterogênea. O cérebro, assim como outros

órgãos, é considerado imunoprivilegiado, por possuir mecanismos e componentes que

buscam minimizar a resposta imune frente à infecções, inflamações e distúrbios

neurológicos, como a barreira hematoencefálica, os astrócitos, a circulação

intracerebral; além de produção de citocinas imunossupressoras, neuropeptídios,

limitação da expressão de MHC classe I e II, proteínas reguladoras do complemento e

inibidores de células NK (FERGUSON; GRIFFITH, 1997; CARDONA et al., 1999;

SIETSKE et al., 2000).

A presença do cisticerco viável de T. solium no tecido encefálico de seres

humanos desencadeia aumento local de células inflamatórias através das principais vias

de infiltração leucocitária (vasos parenquimais e do espaço subaracnóide e plexo

coroide) (RANSOHOFF et al., 2003). Dentro do SNC os parasitas podem se instalar no

parênquima encefálico, no espaço subaracnóide, no sistema ventricular (DEL BRUTTO,

2014) de forma menos frequente podem ser encontrados também no tronco cerebral

(DEL BRUTTO, O; DEL BRUTTO, V, 2013) e na medula espinhal (CÁRDENAS et

al., 2016).

Em 2015 pesquisadores testaram e provaram a hipótese de que a resposta imune

e inflamatória frente à NCC está diretamente relacionada à localização do parasito e às

manifestações clínicas da infecção. Foi comparada a resposta imune do hospedeiro na

NCC subaracnóide, caracterizada por um crescimento descontrolado da membrana do

parasito, com a NCC parenquimatosa, associada com granulomas e calcificações;

comparando com um grupo controle não infectado que combinavam em idade e sexo

com os pacientes infectados; Concluindo que a localização da infecção influencia a

natureza da resposta imune periférica e que, a NCC subaracnóide tem um ambiente

imunológico mais regulatório do que a NCC parenquimatosa, entretanto, não puderam

determinar se este estado regulador na doença subaracnóide é a consequência de uma

resposta anti-inflamatória (ou reguladora) mais intensa do que a observada na NCC

parenquimatosa (TUERO et al., 2015).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

9

Cisticercos na fase vesicular no parênquima encefálico induzem pouca reação

inflamatória, presença de poucos fibroblastos e discreta gliose. Na fase vesicular

coloidal normalmente estão rodeados por infiltrado inflamatório com linfócitos,

neutrófilos, monócitos e células gigantes do tipo corpo estranho, além de fibroblastos e

fibras colágenas (LINO-JÚNIOR et al., 2002; DEL BRUTTO, 2014; FLEURY et al.,

2016).

Durante a fase vesicular coloidal há a predominância de uma resposta imune

Th1 (FLEURY et al., 2016). O edema regride quando os parasitos entram em fase

granular e nodular calcificada, onde aparecem rodeados de células mononucleares

(MN), que estão associadas à gravidade da doença, uma vez que a intensa inflamação

passa a causar danos graves no parênquima do hospedeiro, onde finalmente, o parasito

passa a se caracterizar por um nódulo fibroso rodeado por uma intensa gliose

astrocitária com proliferação microglial (LINO-JÚNIOR et al., 2002; DEL BRUTTO,

2014; FLEURY et al., 2016).

Os tipos de células mais abundantes no infiltrado em torno do parasito nas duas

últimas fases evolutivas são plasmócitos, linfócitos B e T, macrófagos e mastócitos.

Citocinas do perfil Th1 são predominantes e incluem IFN-γ e IL-18; citocinas do perfil

Th2, como IL-4, IL-13 também estão presentes, assim como as do perfil Treg como IL-

10 e TGF-β (FLEURY et al., 2016).

Essa característica de inflamação branda no início da infecção e mais intensa

conforme ela progride, se deve aos mecanismos de imunomodulação por parte do

cisticerco que possui diversas formas de evadir à resposta imune do hospedeiro,

protegendo-se e permanecendo viável por mais tempo. Uma dessas formas é

possivelmente a alta diferenciação de linfócitos Treg no local de instalação do parasito,

o que limita a neuroinflamação na NCC (FLEURY et al., 2016); esta hipótese foi

testada in vitro e in vivo onde cisticercos viáveis foram capazes de induzir um fenótipo

tolerogênico e particular de células dendríticas, o que por sua vez induziu a

diferenciação de linfócitos Tregs, o que favorece o prolongamento da doença e diminui

a possibilidade de agressão ao cisticerco (ADALID-PERALTA et al., 2003); outra

forma de induzir a produção de linfócitos Tregs é através da produção de IL-10 e TGF-

β, por indução dos cisticercos (FLEURY et al., 2016).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

10

Outra forma de evasão do sistema imune pelo cisticerco é através da liberação

de fatores imunomoduladores que promovem a geração de macrófagos alternativamente

ativados (FLEURY et al., 2016); Sob condições experimentais, tem sido referido que os

macrófagos alternativamente ativados podem mediar o controle da neuroinflamação

pela regulação positiva do receptor de tipo Toll 2 (TLR2); Sendo os TLR2 um dos

responsáveis por exacerbar a resposta inflamatória no microambiente do SNC, essa

regulação se dá com a intenção de minimizar a intensidade dessa resposta e

consequentemente os danos ao tecido encefálico (GUNDRA et al., 2011).

No espaço subaracnóide a reação inflamatória é intensa, causada pela instalação

do parasito nas meninges, composta por exsudado celular denso com fibras colágenas,

linfócitos, células gigantes e eosinófilos; aumento dos níveis de IL-5, IL-6 e IL-10

(FLEURY et al., 2016); a disseminação dessa reação pode danificar o quiasma óptico e

os nervos cranianos. É possível que esse quadro cause hipertensão intracraniana,

convulsões parciais e sinais neurológicos focais como declínio cognitivo e motor

(TAKAYANAGUI, 2013; DEL BRUTTO, 2014).

O cisticerco ventricular gera uma reação inflamatória quando em contato com o

plexo coroide ou com a parede do ventrículo. Nesses casos o revestimento ependimário

interrompido pode sobressair para as cavidades ventriculares e bloquear o trânsito do

fluido cerebrospinal (CSF), causando hidrocefalia; este bloqueio pode ser físico, pelo

próprio cisticerco. Esse tipo de NCC ocorre em cerca de 20-40% dos casos, e suas

características inflamatórias e obstrutivas são muitas vezes fatais, tendo, assim como a

NCC subaracnóide, a sintomatologia mais grave dessa parasitose (CHAVARRIA et al.,

2005; KOTHA, 2013; DEL BRUTTO, 2014; FLEURY et al., 2016).

1.3 Taenia crassiceps

Devido à alta semelhança antigênica com a T. solium, a T. crassiceps é utilizada

de forma experimental; é uma espécie de helminto da família Taenidae, ordem

Cyclophyllidae e classe Cestoda (FREEMAN, 1962; AROCKER-METTINGER et al.,

1992; MAILLARD, 1998). Em sua fase adulta o verme se aloja no intestino delgado de

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

11

canídeos como raposas, coiotes e cães domésticos; sendo estes considerados

hospedeiros definitivos desse parasito (Figura 4).

Eventualmente estes canídeos liberam em suas fezes, proglótes grávidas repletas

de ovos férteis, os quais são posteriormente ingeridos pelos hospedeiros intermediários,

os roedores. O embrião hexacanto eclode do ovo no trato digestório desses animais e

penetra a mucosa; alcança a circulação linfática e se instala em órgãos ou cavidades. As

áreas pelas quais este estágio embrionário tem mais tropismo são o tecido subcutâneo e

as cavidades pleural e abdominal onde desenvolve a larva metacestóide ou cisticerco

que se multiplica por diversos brotamentos formados a partir de sua membrana externa.

Sendo o hospedeiro definitivo predador do intermediário, estes ingerem os cisticercos e

desenvolvem o verme adulto, completando o ciclo biológico do parasito (SHIMALOY

& SHIMALOY, 2003).

Figura 4.: Ciclo biológico da Taenia crassiceps, com seus hospedeiros: (1) canídeos como hospedeiros

definitivos; (2) ovo presente nas fezes; (3) roedores como hospedeiros intermediários; (4) cisticerco; (5)

mamíferos como hospedeiros paratênico como o homem, lêmures e animais domésticos.

Fonte: Adaptado de Vinaud et al., 2007.

Apesar de raro é possível encontrar relatos de cisticercose por T. crassiceps em

seres humanos, quando este se comporta como hospedeiro paratênico, casos restritos à

indivíduos imunocomprometidos, os quais, podem ocasionalmente ingerir o cisticerco

em água ou alimentos contaminados, este migra para vários locais como fígado, SNC,

intraocular, intrapleural e região subcutânea (FREEMAN, 1962; DEBLOCK &

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

12

PETAVY, 1983; DYER & GREEVE, 1998; BROJER et al., 2002; VINAUD et al.,

2007).

A manutenção do ciclo da cepa ORF de T. crassiceps em laboratório para fins

experimentais é considerada acessível, uma vez que este patógeno se reproduz de forma

assexuada com boa reprodutibilidade, não desenvolve escólex, o que impede o

desenvolvimento do verme adulto; a produção demanda pouco investimento financeiro,

pode ser manuseada por qualquer profissional com treinamento rápido e fácil, além de

demandar pouco espaço físico. De forma oposta, infecções experimentais com T. solium

(e seus diferentes estágios larvais) poderiam trazer graves consequência ambientais,

com a possibilidade de disseminação de ovos com potencial infectante. Assim, a

multiplicação de cisticercos de T. crassiceps em laboratório, com condições controladas

e padronizadas, abre boas perspectivas para seu uso, como produção de antígenos

heterólogos e modelos experimentais (VAZ et al.,1997; GUSSO, 2000).

A resposta imune e sistêmica frente à infecção por T. crassiceps está pouco

descrita na literatura em modelos de NCC; entretanto Moura et al., 2015 descreveram

que em camundongos BALB/c a infecção por T. crassiceps desencadeou predomínio de

perfil Th1.

1.4 Modelos experimentais de cisticercose: intraperitoneal, subcutâneo e

neurocisticercose.

Diante da importância epidemiológica da NCC e da necessidade de maiores

estudos sobre esta doença, métodos de estudo foram criados para elucidar dúvidas

quanto às características da doença e de que forma ela poderia ser melhor tratada e

consequentemente diminuir as taxas de incapacitação e de mortalidade dessa

enfermidade. O primeiro obstáculo para entender a fisiopatologia da NCC é manter o

ciclo do parasito em laboratório, uma vez que a T. solium necessita de suínos para

completar seu desenvolvimento, exigindo uma infraestrutura ampla, alto custo para

manutenção desses animais, profissionais capacitados para o manuseio, dentre outras

condições específicas. Diante desta problemática e com o desenvolvimento de estudos

nesta área; surgir a possibilidade de trabalhar com uma cepa de parasito que fosse

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

13

antigenicamente semelhante a T. solium afim de reproduzir a NCC em modelos animais,

facilitando a compreensão desta doença tão antiga, mas ao mesmo tempo tão pouco

elucidada e perigosa.

Assim, a utilização da cepa Ontario Research Facilities (ORF) de T. crassiceps

que induz experimentalmente a NCC está amplamente difundida no meio científico,

uma vez que, esta demonstra-se como uma cepa de fácil manutenção, reprodução

assexuada e alta semelhança antigênica com a T. solium (VAZ et al., 1997;

ESPÍNDOLA et al., 2000, 2002). Prova disto é a existência de diversos estudos que

utilizam T. crassiceps com diferentes objetivos e evidenciam, cada dia mais sua

eficácia: como modelo experimental de NCC (MATOS-SILVA et al., 2012;

HAMAMOTO et al., 2016) como substrato para o desenvolvimento de testes

sorológicos que objetivam diagnosticar a NCC tanto em humanos como em modelos

animais (BUENO et al., 2000a, 2000b; PARDINI et al., 2001, 2002; PERALTA et al.,

2002, 2010; SILVA et al., 2015) e para desenvolvimento de vacinas contra cisticercose,

inicialmente, em modelos animais (TOLEDO et al., 1999; SCIUTTO et al., 2013a,

2013b).

Atualmente existem cinco tipos diferentes de modelos para NCC experimental.

O de Cardona et al (1999), MATOS-SILVA et al (2012), Verastegui et al (2015), Fleury

et al (2015) e Hamamoto et al (2016). O primeiro foi desenvolvido nos EUA por

Cardona et al (1999), utilizando camundongos BALB/c fêmeas infectadas com

Mesocestoides corti. Este trabalho foi pioneiro na área de NCC e foi o responsável por

desencadear o desenvolvimento de diversos outros trabalhos aprofundando o tema,

como a análise do papel dos linfócitos Tɣδ (CARDONA et al., 1999, 2002, 2003)

expressão e distribuição dos receptores Toll-Like (MISHRA et al., 2006) a migração de

leucócitos para o SNC (ALVAREZ & TEALE, 2006, 2008) estudo das proteínas do

complexo juncional (ALVAREZ & TEALE, 2007a, 2007b) estratégias de evasão imune

do hospedeiro pelo cisticerco (ALVAREZ; RIVERA; TEALE, 2008) o papel dos

macrófagos alternativamente ativados (MISHRA; GUNDRA; TEALE, 2011;

GUNDRA et al., 2011) a função dos granulócitos na infecção (MAKEPEACE et al.,

2012); além de incentivar o desenvolvimento de outros modelos.

Posteriormente, no Brasil, nosso grupo de pesquisa desenvolveu um modelo de

NCC experimental utilizando cisticercos de T. crassiceps em camundongos das

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

14

linhagens BALB/c e C57BL/6 e caracterizamos a reação inflamatória desencadeada por

ela, descrevendo que os animais BALB/c são mais susceptíveis à NCC experimental

quando comparados com os C57BL/6 (MATOS-SILVA et al., 2012). Observaram

também que a presença de IL-4 na resposta inflamatória frente ao cisticerco instalado

pode estar relacionada com a exacerbação da mesma e destruição precoce do cisticerco,

uma vez que, após infectarem animais KO para IL-4, perceberam que os camundongos

nesta condição apresentaram menor intensidade no infiltrado inflamatório, assim como

menor ventriculomegalia e perivasculite (Matos-Silva, 2011).

Em 2015 foram desenvolvidos outros dois novos modelos experimentais para

NCC, um no Peru, por Verastegui et al (2015), com a inoculação de oncosferas ativas

de T. solium em ratos, e o outro no México, por Fleury et al (2015), através da

inoculação de oncosferas ativas de T. solium no espaço subaracnóide cerebral de suínos

jovens.

Verastegui et al (2015) descreveram que os ratos infectados desenvolveram

cisticercose no SNC depois de 4 meses, sendo os cisticercos encontrados no

parênquima, nos ventrículos ou na região meningo-cortical. Apesar de não haver

dependência de dose para a eficácia da infecção, a idade do animal era crucial para o

sucesso. A análise histológica evidenciou ao redor do cisticerco: colágeno, infiltrado

inflamatório, perivasculite, angiogênese e alteração de consistência do tecido.

Já Fleury et al (2015) perceberam que após a inoculação de oncosferas ativas em

suínos, houve a indução da NCC nesses animais; após 4 meses de infecção e posterior

eutanásia dos animais, os cisticercos tiveram suas características macroscópicas e

microscópicas descritas. A maioria dos cisticercos (60,3%) foram classificados como

calcificados ou caseosos e microscopicamente estavam cercados por resposta

inflamatória exacerbada com infiltrado MN e expressão elevada de CD80, CD106,

CD69 e IL-10; expressão moderada de IL4, TNF-α, e CD54, baixa expressão da IL-17 e

IL-6.

O mais recente modelo experimental para NCC foi desenvolvido por Hamamoto

et al (2016). Os quais simularam radiologicamente e morfologicamente a NCC

racemosa/racêmica ou extraparenquimal em ratos, por meio da inoculação de cistos de

T. crassiceps. Após ressonância magnética e avaliação histológica, os autores deste

trabalho confirmaram que os achados são semelhantes aos encontrados na NCC

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

15

recêmica humana, incluindo aumento das cisternas basais, hidrocefalia e infiltração

inflamatória através do ependima e do plexo coróide em espaços de ocupados por

líquido cefalorraquidiano.

Freitas et al., (2012) descreveram modelo de cisticercose subcutânea utilizando

também T. crassiceps. Este estudo tinha por objetivo avaliar as alterações

histopatológicas e imunológicas, que se seguiram à inoculação deste parasito, no tecido

subcutâneo de camundongos C57BL/6. Microscopicamente, granulomas formados por

neutrófilos e macrófagos foram observados nos locais de inoculação. A concentração,

no soro, de IFN-γ aumentou ao longo do curso da infecção, enquanto que a

concentração IL-4 aumentou durante o período de transição da fase inicial (7-30 dias

após infecção - DAI) à fase tardia (60-90 DAI) da infecção. Por fim, este trabalho

possibilitou descrever que a destruição do parasito parece estar associada a um aumento

de IFN-γ, uma vez que o aumento da concentração dessa citocina está diretamente

relacionada com o aumento do número de parasitos mortos; o que sugere que uma

resposta do tipo Th1 é importante no controlo do parasito.

Por outro lado, o modelo de cisticercose subcutânea desenvolvido por Gaspar;

Sakai; Gaspari (2014) foi realizado por meio da injeção de 50 cisticercos sem

brotamento (T. crassiceps) que gerou a formação de uma bolha de ar na região dorsal de

camundongos BALB/c. Aos 7 e 30 DAI os camundongos foram eutanasiados e tiveram

o fluido da bolsa recolhido para determinar o número de células acumuladas e as

concentrações de IFN- γ, IL-2, IL-4, IL-6, IL-10 e de óxido nítrico (NO). Este modelo

induziu nível elevado de IFN-ɣ e alta produção de NO em relação à carga do parasito. A

bolsa de ar fornece uma cavidade conveniente que permite estudar os aspectos

imunológicos celulares da T. crassiceps, permitindo demonstrar que este modelo é uma

ferramenta alternativa para a avaliação das características imunitárias de infecção por

este parasito.

Por ser o modelo de indução de cisticercose mais antigo, há inúmeros relatos de

inoculação intraperitoneal em diferentes animais, com diversas espécies de parasitos. Os

que mais contribuem para esse trabalho e serão citados aqui são os modelos de Toenjes

& Kuhn (2003) e Zepeda et al (2010). Toenjes & Kuhn (2003) inocularam

intraperitonealmente cisticercos de T. crassiceps em camundongos da linhagem

BALB/c e para determinar a produção de citocinas (IL-4, IL-10 e IFN-γ) realizaram

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

16

ELISA sanduíche com o sobrenadante da cultura de células do baço, de nódulo linfático

mesentérico (MLN) e das células do exsudato peritoneal (PECs) e diante dessas análises

puderam encontraram um perfil de resposta mista (Th1/Th2) frente à cisticercose,

levando a um controle maior do desenvolvimento parasitário; estes achados foram

baseados na descrição de altos níveis séricos de IL-4 na fase inicial da infecção e de

IFN-ɣ na fase tardia. Essas citocinas também foram altamente produzidas por PECs em

resposta a estimulação antigênica específica.

Em seu modelo de cisticercose intraperitoneal Zepeda et al (2010) inocularam

cisticercos de T. crassiceps em camundongos BALB/c fêmeas e analisaram por

citometria de fluxo as células inflamatórias peritoneais; além de investigar a existência

de apoptose por ensaio de TUNEL, a atividade de caspase-3 por imunofluorescência, a

possível fragmentação do DNA por eletroforese e análise da densidade das células

peritoneais por microscopia eletrônica de transmissão. Ao fim das análises, os autores

descreveram uma importante diminuição contínua de linfócitos CD4+, CD8+ e CD19+,

e um aumento de eosinófilos e macrófagos durante todo o tempo de infecção. A

apoptose de eosinófilos foi quantificada durante o período experimental com um pico a

6 DAI (67,27%) e outro aos 12 dias (92,3%) além e uma redução significativa de

linfócitos CD4+, CD8+, CD19+ nesse dia experimental. A atividade da caspase-3 no

fluido peritoneal, a fragmentação de DNA de células peritoneais e a apoptose de

eosinófilos e monócitos foram encontrados. Os autores sugerem que a diminuição

dramática de linfócitos T e B peritoneais e o elevado nível de apoptose de eosinófilos

em camundongos infectados por T. crassiceps podem ser fatores importantes da

imunossupressão observada na cisticercose intraperitoneal.

1.5 Susceptibilidade e resistência de camundongos BALB/c e C57BL/6 na

cisticercose experimental.

É importante ressaltar as diferenças existentes entre a resposta inflamatória, o

perfil celular e de citocinas de diferentes linhagens de camundongos, frente a

cisticercose experimental. Fragoso et al (2008) fizeram um estudo retrospectivo de seus

próprios registros, nos últimos 14 anos em cisticercose experimental intraperitoneal por

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

17

T. crassiceps e perceberam que em 16, de 17 diferentes linhagens de camundongos, as

fêmeas são mais frequentemente infectadas e transportam carga individual parasitária

maior que os machos, o que evidencia um maior potencial dos machos em conter o

crescimento do cisticerco. No mesmo ano Terrazas (2008) relatou que os camundongos

da linhagem BALB/c são particularmente suscetíveis à infecção com T. crassiceps, com

uma predominância da resposta imune Th2. Por outro lado, os camundongos da

linhagem C57BL/6 são conhecidos por terem uma resistência genética à infecção por

este parasito com predomínio de uma resposta mista Th1/Th2. Corroborando com

Toenjes & Kuhn (2003) que observou nos animais da linhagem BALB/c, um perfil de

resposta anti-inflamatória e, em camundongos C57BL/6, o perfil de resposta observado

é mais pró-inflamatório.

Ao analisar a cinética da resposta inflamatória na cisticercose subcutânea

induzida em camundongos C57BL/6 e BALB/c, por T. crassiceps, Freitas et al (2012)

observaram que os camundongos BALB/c são mais susceptíveis à infecção por T.

crassiceps uma vez que nesses animais foi encontrado um maior número de cisticercos

na cavidade peritoneal ou no nódulo subcutâneo, quando comparado com a outra

linhagem estudada. O número de cisticercos encontrados nos animais C57BL/6 não foi

apenas menor que nos BALB/c, como também, estes estavam em estado de calcificação,

demonstrando que o sistema imune desses animais desencadeou uma morte mais eficaz

e mais rápida desse parasito.

Os achados acima citados corroboram com Matos-Silva et al (2012) (NCC) e

Pereira et al (2016) (cisticercose subcutânea) os quais observaram que os camundongos

BALB/c, são menos eficientes em destruir precocemente o parasito, permitindo sua

propagação e que apresentam intensidade inflamatória maior na fase aguda da infecção,

caracterizada pelo predomínio de células polimorfonucleares e macrófagos. Enquanto a

linhagem de camundongos C57BL/6 é mais capaz de provocar a morte do parasito, com

intensidade inflamatória na fase mais tardia da infecção com menos alterações e lesões;

com predomínio de células MN, portanto, é considerada mais resistente à cisticercose

por T. crassiceps. Portanto a resistência de camundongos C57BL/6 à cisticercose por T.

crassiceps foi confirmada na cisticercose subcutânea e intraperitoneal; e sugerida na

encefálica (NCC). O que é possível perceber com as análises citadas é que as

cisticercoses subcutânea e intraperitoneal desencadeiam perfis imunes diferentes dos

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

18

observados na NCC, afetados diretamente pela linhagem de camundongos utilizada e

pelo sexo dos mesmos.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

19

2 JUSTIFICATIVA

A importância de estudar a NCC está bem evidenciada na literatura, uma vez

que é uma doença negligenciada, leva a óbito e incapacita milhares de pessoas em todo

o mundo; além de ser a principal infecção parasitária que acomete o SNC em todo o

mundo. Essa importância se torna ainda mais evidente quando se nota a emersão dessa

doença, uma vez que, a cada ano aumentam-se os casos notificados da mesma em

regiões não endêmicas, em países desenvolvidos; e junto a este fato, nota-se também o

aumento das taxas de emigração, o que é um fator determinante para a disseminação da

NCC em países não endêmicos, estando disponível diversos relatos de casos sob esta

condição na literatura.

Na NCC humana as lesões teciduais encontradas são diretamente dependentes

do estágio de desenvolvimento e do local de instalação do parasito, além da intensidade

da resposta imune do hospedeiro frente ao parasito. Assim como observado nos

modelos animais, os seres humanos também parecem apresentar certa resistência ou

susceptibilidade à NCC, uma vez que alguns indivíduos apresentam lesões teciduais

graves quando o cisticerco se aloja no parênquima encefálico, enquanto outros

desenvolvem a NCC assintomática na mesma condição.

Em modelos experimentais a linhagem de camundongos C57BL/6 é mais

resistente à cisticercose intraperitoneal e subcutânea quando comparada com a BALB/c.

Nosso estudo, visa descrever as lesões encefálicas na linhagem de camundongos

C57BL/6 e avaliar a resposta imune sistêmica e in situ frente à inoculação de cisticercos

de T. crassiceps; sendo o primeiro trabalho a fazer essa descrição nesta linhagem.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

20

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral:

Descrever as lesões teciduais e o perfil de citocinas sistêmicas e in situ de

camundongos C57BL/6, após inoculação intracraniana de cisticercos viáveis de T.

crassiceps.

3.2 Objetivos específicos:

✓ Descrever as lesões encefálicas causadas pela inoculação ou não de cisticercos

viáveis de T. crassiceps;

✓ Descrever o perfil de citocinas IFN-ℽ, IL-4 e IL-10 sistêmicas e in situ de

camundongos infectados ou não com cisticercos de T. crassiceps;

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

21

4 MÉTODOS

4.1 Princípios éticos

Este estudo obedeceu às normas estabelecidas pela Sociedade Brasileira de

Ciências em Animais de Laboratório; foi aprovado pela Comissão de Ética do Uso de

Animais (CEUA/UFG) protocolo nº 065/2015.

4.2 Manutenção de ciclo

A manutenção da cepa ORF de T. crassiceps, foi realizada por passagens

sucessivas intraperitoneais, a cada 90 dias, em camundongos fêmeas BALB/c de 8 a 12

semanas de idade, desde 2002, de acordo com Vaz et al (1997). Esta cepa é mantida no

Biotério do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de

Goiás (IPTSP/UFG).

4.3 Infecção e eutanásia dos animais

Para o delineamento experimental foram utilizados camundongos da linhagem

C57BL/6 WT (Wild type) fêmeas com 8 a 12 semanas de idade, pesando entre 20-30

gramas (n=34). Estes foram divididos em três grupos: controle saudável (CT saudável),

controle cirúrgico (CT cirúrgico) e infectados (INF), em apenas um dia experimental

(90 DAI). Os grupos CT cirúrgico e INF foram sujeitos a mesma metodologia inicial:

foram pesados e anestesiados intraperitonealmente com uma solução de Cetamina 100

mg/mL e Xilazina 20 mg/mL na proporção de 0,1mL/10g; após tricotomia dos pelos da

porção superior da cabeça seguida por antissepsia com iodo tópico, uma incisão

longitudinal e mediana na pele e tecido subcutâneo foi realizada, com lâmina de bisturi,

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

22

para expor a superfície do crânio. O orifício de trepanação foi realizado com uma broca

diamantada (44,5mmX2mm) movida por micromotor (LB100 – Beltec) (MATOS-

SILVA et al., 2012).

O grupo INF recebeu de 3 a 5 cisticercos viáveis de T. crassiceps

intracranialmente, enquanto o grupo CT cirúrgico foi inoculado com 10µL de salina

estéril, ambos com 2-3 mm de profundidade; e em seguida, o orifício de trepanação foi

fechado com massa plástica estéril (Jeltrate®) e a incisão com cola instantânea

(MATOS-SILVA et al., 2012). O grupo CT saudável foi utilizado como controle

positivo das metodologias realizadas, e eram equivalentes em idade aos animais

inoculados.

Aos 90 DAI, os camundongos dos grupos CT cirúrgico e INF foram

eutanasiados por deslocamento cervical e tiveram seus encéfalos e baços retirados.

Imediatamente após a retirada dos baços, foi realizada a pesagem desse órgão e a

cultura de células dos mesmos. Os encéfalos foram cortados no local da perfuração para

inoculação, as porções anteriores foram fixados em paraformaldeído 4%, por 24 horas e

posteriormente em solução alcoólica 70% para análise histopatológica. Enquanto que as

porções posteriores foram congeladas à -80ºC para produção de homogenato e dosagem

de citocinas in situ.

4.4 Preparo do Homogenato encefálico

Após extração, o fragmento de tecido encefálico reservado para esta

metodologia foi congelado à -80ºC. Posteriormente foi preparada a solução utilizada

para sonicar o tecido. A solução era composta de Tris HCl, NP40 1% (SIGMA) e

inibidor de protease (MACHADO et al., 2014).

4.5 Análise histopatológica

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

23

A análise histopatológica foi realizada com fragmentos de tecido encefálico

cortados em matriz para corte de cérebro de camundongos (Insight®) fixados em

paraformaldeído 4% e solução alcoólica 70%, desidratados em álcoois, diafanizados em

xilol, incluídos em parafina, confeccionados blocos e posterior confecção de cortes com

4 µm de espessura. Os fragmentos foram capturados em lâminas de vidro e

posteriormente, corados pela técnica de hematoxilina-eosina (H&E) (LINO-JR et al.,

2002).

Os processos patológicos gerais analisados no tecido do hospedeiro, em todos os

grupos experimentais, foram: meningite, edema parenquimal e perivascular, hiperemia,

perivasculite, infiltrado inflamatório, microgliose, ventriculomegalia, alterações no

hipocampo, coroidite, ependimite, hemorragia, perda de tecido no local da inoculação e

compressão do hemisfério com desvio da linha média. Foram descritos e classificados

de forma semi-quantitativa, seguindo os seguintes critérios: ausente (quando não

compromete o tecido do hospedeiro) e atribuído score = 0; discreto (com

comprometimento de até 25% da área) e atribuído score = 1; moderado (de 26 a 50%) e

atribuído score = 2; e acentuado quando há acima de 50% de comprometimento e

atribuído score = 3 (LINO-JR et al., 2002; MATOS-SILVA et al., 2012). Foram

considerados todos os achados de todos os camundongos, em todas as intensidades para

considerar as características patológicas de cada grupo experimental.

4.6 Cultura das células do baço

Após a eutanásia os baços removidos foram pesados e transferidos para uma

placa de Petri com 2mL de RPMI. O órgão foi macerado e as células em suspensão

foram lavadas duas vezes por centrifugação (10 minutos à 10ºC). O sobrenadante foi

descartado e as células obtidas foram homogeneizadas no vortex e posteriormente

incubadas com solução concentrada de lise para hemácias (TRIS HCl 17mM e Cloreto

de Amônio 0,144M em água milli-Q) à 37ºC por 5 minutos. Ao fim do tempo

necessário o meio de cultura RPMI completo suplementado com 10% de Soro Bovino

Fetal (SBF) inativado, 200 mM de L-glutamina, 100 U/mL de penicilina, de 100 mg/mL

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

24

de estrepmicina e 50 mM de 2-mercaptoetanol. As células foram novamente lavadas

duas vezes e ressuspendidas com RPMI completo.

Para contagem das células foi realizada uma diluição de 1/10 com azul de

Tripan, permitindo quantificação e análise da viabilidade celular por meio de uma

câmara de Newbauer em Microscópio óptico. A concentração das células foi ajustada

para 5x106 células/mL em RPMI completo. Um mililitro de suspensão do baço de cada

amostra foi adicionado à concanavalina-A (20µL a 250µg/mL), ou extrato antigênico de

cisticercos viáveis de T. crassiceps (25µL a 50µg/mL), ou não receberam estímulo;

foram acondicionados à 36ºC em estufa com 5% de CO2 durante 48 horas. Após este

período o sobrenadante foi recolhido e utilizado para a quantificação de IFN-γ, IL-10 e

IL-4 por meio de ensaio Imunoenzimático (ELISA).

4.7 Ensaios Imunoenzimáticos (ELISA)

As citocinas IL-4, IFN-ɣ e IL-10 foram quantificadas por ELISA sanduíche de

acordo com as instruções do fabricante (BD OptEIA™), a partir do homogenato

encefálico. Para a dosagem de IL-4 e IL-10 foram utilizados os kits Mouse IL-4 ELISA

(Lote: 26389) e Mouse IL-10 ELISA (Lote: 20169) Set BD OptEIA™ (BD Biosciences,

San Diego, CA) enquanto que para a dosagem de IFN-ɣ as microplacas para ELISA

High biding foram sensibilizadas com 80µL de anticorpo monoclonal para IFN-ɣ

(5μg/mL do clone XMG 1,2 em PBS). A densidade optica foi detectada por leitor de

microplacas Thermo Labsystems, com filtros específicos para cada citocina (OLIVEIRA

et al., 2000).

4.8 Análises estatísticas

Os processos patológicos gerais analisados histopatologicamente foram

submetidos à teste estatístico por meio do programa Sigma Stat 2.3. Foi utilizado o teste

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

25

de Mann-Whitney uma vez que as variáveis qualitativas foram transformadas em

quantitativas. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando

p=0,05.

Para análise estatística da porcentagem do peso dos baços dos camundongos

infectados e controles, foi elaborado um banco de dados eletrônicos no programa

Microsoft Office Excel (2007) relacionando o peso do camundongo ao peso do baço.

Por meio do programa GraphPadPrism 5.0 aplicou-se o teste ANOVA, pois, as

variáveis tinham distribuição normal. Comparou-se as diferenças estatísticas entre os

grupos, as quais foram consideradas estatisticamente significativa quando p≤0,05.

Para análise estatística das dosagens de citocinas sistêmicas e in situ também foi

elaborado um banco de dados eletrônico no programa Microsoft Office Excel (2007).

Em seguida, as variáveis foram testadas utilizando o programa GraphPadPrism 5.0, uma

vez estabelecida a distribuição e a variância foi aplicado os testes: teste-t ou Mann-

Whitney, ANOVA ou Kruskal-Wallis e foram consideradas estatisticamente

significativas quando p≤0,05.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

26

5 RESULTADOS

5.1 Análise histopatológica

A análise histopatológica dos encéfalos permitiu avaliar as consequências do

procedimento cirúrgico e da infecção de camundongos C57BL/6 com cisticercos viáveis

de T. crassiceps. Um único observador realizou esta análise, de forma independente e

sem interferência. Os processos patológicos gerais encontrados foram listados e

descritos quanto à sua intensidade na Tabela 1. Foram observadas lesões e alterações

teciduais que estariam relacionadas com o procedimento cirúrgico ou que fossem

especificamente reacionais à presença do cisticerco.

Os processos patológicos encontrados que apresentaram diferenças

estatisticamente maiores no grupo INF quando comparado com o grupo CT cirúrgico

foram: meningite (p=0,05), edema parenquimal (p=0,05), infiltrado inflamatório MN

(p=0,05), microgliose (p=0,05) e compressão dos hemisférios (p=0,001) (Figuras 5 e 6).

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

27

Tabela 1: Processos patológicos gerais em camundongos C57BL/6, inoculados ou não com cisticercos

viáveis de T. crassiceps aos 90 DAI.

Processo Patológico

CT cirúrgico Mediana

(min.-máx.)

INF Mediana

(min.-máx.)

P

Meningite 0 (0-0)

0 (0-1)

0,05*

Edema parenquimal 0 (0-1)

1 (0-3)

0,05*

Hiperemia 0 (0-0)

0 (0-1)

0,153

Perivasculite 0 (0-0)

0 (0-2)

0,154

Infiltrado inflamatório (MN)

0 (0-0)

0 (0-2)

0,05*

Microgliose 0 (0-1)

0 (0-2)

0,05*

Edema Perivascular 0 (0-0)

0 (0-1)

0,462

Ventriculomegalia 0 (0-0)

0 (0-3)

0,154

Alterações no hipocampo

0 (0-0)

0 (0-3)

0,263

Coroidite 0 (0-0)

0 (0-0)

1

Ependimite 0 (0-0)

0 (0-0)

1

Perda de tecido 0 (0-2)

0 (0-3)

0,972

Compressão 0 (0-0)

2 (0-3)

0,001*

Legenda: CT = controle; INF = infectado; MN = células mononucleares; * = diferenças estatisticamente

significativas (p≤0,05). n = 10 grupo CT cirúrgico; n = 15 grupo INF.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

28

Figura 5: Fotomicrografia dos processos patológicos gerais encontrados em camundongos C57BL/6,

inoculados com cisticercos viáveis de T. crassiceps aos 90 DAI. A – Meningite discreta no grupo INF

(seta); B – Edema parenquimal acentuado no grupo INF (seta); C – Perivasculite moderada no grupo INF

(seta); E – Microgliose moderada no grupo INF (setas). Escala de 100µm em A, B e D; Escala de 50µm

em C. CT = controle; INF = infectado. H & E. n = 15 no grupo INF.

A compressão dos hemisférios cerebrais com consequente deslocamento da

linha média, a qual foi ocasionado pela instalação e crescimento do cisticerco, tanto na

região meningo-cortical como nos ventrículos laterais, foi encontrada de forma

expressiva em todos os camundongos (n=15) do grupo INF. Os camundongos que

compõem o grupo CT cirúrgico não apresentaram tal alteração, o que pode ser

observado na Figura 6.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

29

Figura 6: Mesoscopia dos encéfalos de camundongos C57BL/6 inoculados ou não por cisticercos de T.

crassiceps. A – Ausência de compressão dos hemisférios em camundongo do grupo CT cirúrgico; a seta

evidencia a perfuração do cérebro, com discreta perda de tecido local, provocada pela inoculação B, C e

D – Compressão dos hemisférios, deslocamento da linha média, do hipocampo e dos ventrículos laterais,

em camundongos do grupo INF (seta); Em D a seta evidencia a presença do cisticerco no ventrículo

lateral. CT = controle; INF = infectados. H & E (escala=1mm). n = 10 grupo CT cirúrgico; n = 15 grupo

INF.

5.2 Análise de citocinas sistêmicas

Como qualquer interferência na homeostase de um organismo leva à uma reação

do sistema imune, buscamos analisar a expressão de três importantes citocinas (IL-4,

IFN-ℽ e IL-10), características de três diferentes perfis imunes (Th2, Th1 e Treg

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

30

respectivamente) frente às circunstâncias experimentais delineadas neste estudo. Esta

análise foi realizada de forma sistêmica e in situ. Para a análise sistêmica foi realizada

cultura de células do baço dos camundongos que compõem os três grupos

experimentais; a suspensão de células obtida no fim deste procedimento foi utilizada

para realizar ELISA a fim de dosar as concentrações das citocinas de interesse.

Na Figura 7 há a comparação entre os diferentes estímulos à suspensão de

esplenócitos em cultura nos três grupos estudados. Quando analisadas as diferenças

estatisticamente significativas na dosagem de IL-4 o grupo CT saudável – meio

apresentou menor dosagem que o grupo CT cirúrgico – meio e que o grupo INF - meio,

onde o p<0,0001; as amostras estimuladas com Con-A ou com Ag não apresentaram

diferenças estatisticamente significativas entre os grupos analisados. Quando analisada a

dosagem de IL-10, o grupo CT saudável - meio apresentou menor dosagem em relação

ao grupo CT cirúrgico – meio e e INF – meio com p=0,0043; as amostras estimuladas

com Con-A ou com Ag não apresentaram diferenças estatisticamente significativas

entre os grupos analisados. Na dosagem de IFN-ℽ os grupos não estimulados, ou

estimulados com Con-A ou com Ag não apresentaram diferenças estatisticamente

significativas entre si.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

31

Figura 7: Concentração sistêmica das citocinas IL-4, IL-10 e IFN-γ, entre diferentes estímulos utilizados

na suspensão de células do baço de camundongos C57BL/6 dos três grupos analisados. CT = controle;

Meio = sem estímulo; Con-A = Concanavalina A; Ag = extrato antigênico de cisticercos viáveis de

Taenia crassiceps. Resultado estatisticamente significativo quando p≤0,05, ANOVA.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

32

5.3 Análise do peso dos baços

Como os grupos experimentais apresentaram alterações nas citocinas sistêmicas

após o procedimento cirúrgico, analisamos se essas alterações refletiram no peso do

baço desses camundongos. O grupo INF apresentou maior porcentagem do peso do

baço em relação ao peso do camundongo quando comparado com os demais grupos,

onde p<0,0001 (Figura 10).

Figura 8: Porcentagem do peso do baço em relação ao peso do camundongo dos grupos experimentais

CT saudável, CT cirúrgico e INF. CT = controle; INF = infectados. Resultado estatisticamente

significativo quando p≤0,05, ANOVA. n = 9 grupo CT saudável, n = 10 grupo CT cirúrgico e n = 15

grupo INF.

5.4 Análise de citocinas in situ

A análise das dosagens in situ (Figura 9) foi realizada para avaliar a expressão

das citocinas citadas frente à infecção por cisticercos viáveis de T. crassiceps, a análise

foi realizada entre os três grupos experimentais. Observando a figura 9 encontrou-se que

houve diferença estatisticamente significativa na dosagem de IFN-ℽ entre o grupo CT

saudável com o grupo CT saudável e os grupos CT cirúrgico e INF, onde o p=0;

entretanto, as outras comparações realizadas em todas as citocinas não apresentaram

diferenças significativas.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

33

Figura 9: Concentração das citocinas IL-4, IL-10 e IFN-γ no encéfalo (in situ) de camundongos C57BL/6

dos grupos experimentais CT saudável, CT cirúrgico e INF, 90 dias após inoculação. CT = controle.

Resultado estatisticamente significativo quando p≤0,05; ANOVA.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

34

5.5 Análise do peso do cérebro

O encéfalo dos camundongos de todos os grupos experimentais foi retirado após

eutanásia; os mesmos foram cortados em matriz de corte encefálica no local da

inoculação e pesados. Esta porção encefálica pesada foi reservada para produção de

homogenato e posterior dosagem de citocinas por ELISA. Os dados obtidos após

pesagem foram organizados em banco de dados no programa Microsoft Excel (2016) e

posteriormente a eles foi aplicado o teste de ANOVA no programa Graph Prisma 5.0. A

Figura 10 permite-nos observar que os grupos experimentais analisados não

apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si quanto ao peso da

porção encefálica utilizada para produção de homogenato; mesmo o grupo INF tendo

apresentado peso relativamente maior que os demais grupos.

Figura 10: Análise do peso da porção encefálica reservada para produção de homogenato em

camundongos C57BL/6 inoculados ou não com cisticercos viáveis de T. crassiceps. CT = controle; INF =

infectados. Resultado estatisticamente significativo quando p≤0,05, ANOVA.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

35

6 DISCUSSÃO

Os mecanismos pelos quais as lesões provocadas pelo cisticerco se desenvolvem

no SNC dependem de uma combinação de diversos fatores, mas principalmente, o local

de instalação do parasito e a resposta imuno-inflamatória do hospedeiro (DEL

BRUTTO, 2014; FOGANG et al., 2015), a qual é mediada por citocinas produzidas por

células residentes e infiltrantes, ativadas por antígenos do cisticerco, principalmente as

micróglias (SOTELO & MARIN, 1987; GARCIA et al., 2014).

Após análise histopatológica, descrevemos que os camundongos do grupo INF,

apresentaram microgliose com intensidade moderada, enquanto os do grupo CT

cirúrgico com intensidade discreta. A micróglia é uma célula imune fagocítica residente

no SNC, considerada estável e que, por possuir propriedades dinâmicas, é a célula

responsável pela homeostase do SNC. Estas características estão presentes em cérebro

saudável, entretanto, uma vez em que este microambiente regulado é modificado por

estímulos externos ou alterações patológicas, a micróglia é rapidamente ativada. Uma

vez ativada, esta diminui seus processos e altera a dinâmica de seus ramos e marcadores

de superfície. Além disso, o seu número é progressivamente aumentado em torno do

local da lesão, o que é denominado de microgliose (ALLIOT; GODIN e PASSAC,

1999; LI & ZHANG, 2016).

Os cisticercos que inoculamos instalaram-se nos ventrículos ou na região

extraparenquimal/meningo-cortical e desencadearam resposta inflamatória discreta, com

pouco infiltrado inflamatório MN e quando presente próximo ao parasito; meningite

discreta quando o helminto se instalava em contato com esta membrana. Os relatos na

literatura descrevem discreto infiltrado inflamatório mononuclear ao redor do cisticerco

quando este está viável no SNC (RODRIGUES JR et al., 2000; LINO-JÚNIOR et al.,

2002; DEL BRUTTO, 2014; FLEURY et al., 2016).

Nossos achados histopatológicos corroboram com os de Matos-Silva et al., 2012

que induziram NCC intraventricular experimental por cisticercos de T. crassiceps em

camundongos C57BL/6. Os animais apresentaram infiltrado inflamatório discreto à

moderado e predominantemente composto por células MN; além de microgliose, edema

parenquimal e meningite discretas. É importante ressaltar que esses resultados foram

encontrados em camundongos equivalentes aos usados neste estudo, em idade,

linhagem, gênero, parasito utilizado e tempo experimental, entretanto há diferença entre

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

36

o local de instalação do cisticerco, uma vez que no nosso estudo houve instalação

predominantemente na região meningo-cortical.

A compressão dos hemisférios ocasionada pela presença e pelo crescimento do

cisticerco foi bastante expressiva nos camundongos utilizados neste estudo. A principal

consequência deste processo é o aumento da pressão intracraniana, o que pode levar à

obstrução do CSF em alguns casos e ao edema em diferentes graus (APUZZO et

al.,1984; KHADE et al., 2013), provavelmente a presença de edema parenquimal nos

grupos experimentais deste trabalho, mesmo aos 90 DAI, se deve a esse processo de

compressão.

Uma vez que a barreira hematoencefálica dos camundongos submetidos à

experimentação foi afetada ocasionando afrouxamento, no momento da inoculação, a

presença do cisticerco permite que seus antígenos de membrana e os liberados por ele,

entrem nos capilares desta barreira e alcancem outras regiões, assim como permite

também o influxo de células inflamatórias (RANSOHOFF et al., 2003). Esse

mecanismo permite que haja a ativação de resposta imune sistêmica que reflete nas

células de defesa que compõem o baço desses camundongos. A análise das citocinas de

forma sistêmica não apresentou diferenças estatisticamente significativas entre os

grupos analisados, mas se houvesse provavelmente caracterizaria predomínio de

resposta imune com perfil Th2, devido à alta concentração de IL-4 no grupo INF em

relação a expressão de IFN-ɣ.

Esta possibilidade de resultado complementaria os achados de Moura et al.,

2015 os quais realizaram inoculação intracraniana de cisticercos viáveis de T. crassiceps

com posterior análise sistêmica e in situ das mesmas citocinas aqui discutidas,

distinguindo-se deste estudo quanto à linhagem de camundongos utilizada. Como já foi

citado, encontramos alta concentração de IL-4 sistêmica enquanto Moura et al., 2015

descreveram alta dosagem de IFN-ℽ sistêmico, ou seja, camundongos BALB/c

apresentam resposta predominantemente Th1 frente à presença do cisticerco, enquanto

que camundongos C57BL/6 apresentaram predomínio de resposta Th2 e lesões mais

brandas, protegendo o hospedeiro de danos neurológicos graves e degradantes.

O IFN-ℽ é produzido principalmente por células NK durante a resposta imune

inata e por linfócitos T CD4+ do tipo Th1 durante a resposta imune adquirida. É

considerada a principal citocina ativadora de fagócitos para que estes tenham um

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

37

aumento na sua capacidade microbicida (MARTINEZ; HELMING; GORDON, 2009).

Enquanto que a IL-4 está relacionada à um perfil Th2 da resposta imune adquirida e

com a ativação e expansão de plasmócitos, secreção de IgE, eosinófilos, mastócitos e

basófilos (ANTONY et al., 2007); está também relacionada com a ativação de

macrófagos alternativamente ativados, os quais têm menor potencial microbicida

(MOSSER; EDWARDS, 2008).

Analisando nossos resultados sistêmicos com os de Moura et al., 2015, é

possível inferir a tendência da linhagem de camundongos C57BL/6 à resistência pela

infecção por T. crassiceps, enquanto que a linhagem BALB/c tende a caracterizar

susceptibilidade. Descrevemos no presente trabalho o predomínio de perfil imune Th2

em camundongos C57BL/6 fêmeas enquanto Moura et al., 2015 descreveram o

predomínio do perfil Th1 em camundongos BALB/c fêmeas. Nossos resultados

corroboram com Fragoso et al., 2008 que revisaram modelos de cisticercose

intraperitoneal por T. crassiceps que descreveram este mesmo perfil de susceptibilidade

e resistência entre essas linhagens; além de descrever também que o camundongo fêmea

de 16 diferentes linhagens é mais permissivo ao crescimento parasitário.

É possível estabelecer correlação entre os resultados encontrados não apenas

com a NCC experimental, mas também com outros trabalhos que induziram cisticercose

subcutânea, como o de Freitas et al., 2012, Lima, S. B. 2014 e Gaspar; Sakai; Gaspari,

2014, além de Toenjes & Kuhn (2003) que inoculou cisticercose intraperitoneal, o tipo

de cisticercose mais difundido no meio científico.

Em nosso trabalho, descrevemos baixa dosagem de IFN-ℽ, fato que associado às

descrições histopatológicas, nos permite sugerir que a pouca expressão desta citocina

está relacionada com a resistência da linhagem C57BL/6 à cisticercose e à destruição

tardia do cisticerco. Estes resultados corroboram com os de Freitas et al., 2012 que

induziram cisticercose subcutânea em camundongos C57BL/6 convencionais e IFN-ℽ -

KO concluindo que a presença de IFN-ℽ na cisticercose subcutânea induz resposta mista

Th1/Th2, desta forma, a morte do parasito poderia estar ocorrendo por aumento da

atividade microbicida de macrófagos, via eixo Th1 ou por mecanismos Th2 clássicos;

enquanto que com a ausência de IFN-ℽ, há o favorecimento do crescimento parasitário e

o desenvolvimento de resposta imune sistêmica Th2. Corroboram também com o de

Gaspar; Sakai; Gaspari (2014) que inocularam cisticercos de T. crassiceps no

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

38

subcutâneo de camundongos BALB/c e constataram que este modelo induziu nível

elevado de IFN-ɣ e alta produção de NO.

Descrevemos também a alta dosagem de IL-4 sistêmica no grupo INF,

acreditamos que esta citocina está relacionada com a proteção tecidual e

consequentemente a minimização das lesões, apesar de manter a viabilidade do parasito

por mais tempo devido seu baixo potencial microbicida na ativação de macrófagos

alternativamente ativados (MOSSER; EDWARDS, 2008). Estes achados corroboram

com Lima, S. B. 2014 que induziu cisticercose subcutânea com cisticercos de T.

crassiceps em camundongos BALB/c convencionais e IL-4 KO, onde os animais

apresentaram maior intensidade de lesões, e menor resolução da inflamação, com

ausência de cura, mesmo aos 90 DAI, na presença de IL-4. Entretanto, a deficiência de

IL-4 direcionou a inflamação para um maior potencial microbicida, destruição do

parasito já nos primeiros dias de infecção e redução significativa de eosinófilos e

predomínio de resposta imune do tipo Th1.

O modelo intraperitoneal que pode ser correlacionado com este estudo é o de

Toenjes & Kuhn (2003) que utilizaram cisticercos de T. crassiceps em camundongos

BALB/c, descrevendo perfil misto de resposta imune (Th1/Th2) com a dosagem de

altos níveis de IL-4 e IFN-ℽ. Provavelmente por conta da localização da inoculação, os

resultados de Toenjes & Kun, distinguiram-se dos encontrados no presente trabalho,

mas ainda assim permitem correlaciona-los, no ponto em que na fase mais tardia da

infecção há diminuição dos níveis de IFN-ℽ, assim como relatamos neste estudo.

Neste trabalho realizamos a análise da porcentagem do peso do baço em relação

ao peso do camundongo, em todos os grupos experimentais, após procedimento

cirúrgico ou não. Encontramos diferença estatística entre os grupos CT saudável e INF e

entre os grupos CT cirúrgico e INF, onde o grupo INF apresentou maior porcentagem

de peso do baço em ambos os casos, acreditamos que isto se deve ao fato de ter sido o

grupo que recebeu o cisticerco, e provavelmente o que mais reagiu de forma imune a

esse procedimento. Esses resultados nos permitem sugerir que houve reação local no

baço desses animais, provavelmente o aumento da ativação celular neste órgão por

conta da infecção intracraniana refletiu no aumento do peso do mesmo.

A dosagem de citocinas in situ não apresentou resultados estatisticamente

significativos, uma vez que a concentração das citocinas analisadas foi semelhante em

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

39

todos os grupos experimentais, supondo que aos 30 DAI o quadro imune fosse

diferente, podemos inferir que o cisticerco provavelmente exerce imunomodulação para

permanecer viável à longo prazo. Para confirmar essa hipótese de possibilidade de

diferente perfil imune não só in situ, mas também sistêmico, há a necessidade de

repetição dos experimentos, com estabelecimento de dias experimentais progressivos.

Corroborando com a ausência de diferenças estatisticamente significativas entre os

grupos na análise in situ apresentamos a mesma ausência na análise do peso encefálico

destes animais.

Os antígenos do cisticerco estimulam a produção de anticorpos e a liberação de

mediadores químicos que, na maioria das vezes, são insuficientes na tentativa de

destruir o metacestóide, pois ao mesmo tempo em que este parasito ativa estas reações,

ele também modula a ação destes componentes imunes, com o objetivo de manter-se

viável por mais tempo (HICKEY et al., 1991; CAMPANELLA et al., 2002; JACKSON

et al., 2008). Podemos atribuir este resultado à imunomodulação pelo cisticerco bem

como à interferência do imunoprivilégio do cérebro refletindo no comprometimento

deste tecido.

O cisticerco desempenha esta imunomodulação com o auxílio de diferentes

mecanismos, entre eles: diferenciação de células em linfócitos Treg limitando a

neuroinflamação na NCC e favorecendo um ambiente supressivo (ADALID-PERALTA

et al., 2003; FLEURY et al., 2016); liberação de fatores imunomoduladores que

promovem a geração de macrófagos alternativamente ativados (GUNDRA et al., 2011;

FLEURY et al., 2016) e pelo próprio aproveitamento do imunoprivilégio cerebral

(TREVOR et al., 1994).

O cérebro, assim como olhos, testículos e ovários, é considerado órgão

imunoprivilegiado, este é um termo aplicado à órgãos que têm uma relação única com a

resposta imunitária. Estes locais amenizam a propagação da inflamação, uma vez que,

mesmo episódios pequenos, podem ameaçar a integridade e funcionalidade do órgão

(SOTELO & MARIN, 1987; GARCIA et al., 2014b); tal mecanismo se deve à fatores

passivos, como à presença da barreira hematoencefálica e a circulação intracerebral; e

ativos como produção de citocinas imunossupressoras, neuropeptídios, limitação da

expressão de MHC classe I e II, proteínas reguladoras do complemento e inibidores de

células NK, os quais também contribuem para este privilégio (FERGUSON;

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

40

GRIFFITH, 1997; SIETSKE et al., 2000). Na NCC, o imunoprivilégio do cérebro

parece comporta-se como fator protetor para os possíveis danos teciduais ao parênquima

encefálico, mas também como ajudante do cisticerco na evasão ao sistema imune,

favorecendo o prolongamento da vida deste parasito (GIMSA, MITCHISON,

BRUNNER-WEINZIERL, 2013)

Assim como nós, Moura et al., (2015) também não encontraram diferenças

estatisticamente significativas na dosagem de citocinas in situ após indução de NCC

experimental em camundongos BALB/c. Entretanto descreveram concentração maior de

IFN-ℽ do que de IL-4, o que foi descrito de forma oposta neste estudo, confirmando o

predomínio de resposta Th1 em camundongos BALB/c e de Th2 em C57BL/6. Moura

et al., 2015 atribuiu seus resultados presença de poucas células inflamatórias no sítio de

infecção e à diluição da amostra.

A dosagem de IL-10, tanto sistêmica quanto in situ, avaliadas neste estudo, nos

permite deduzir que esta citocina está presente e provavelmente ativada modulando as

respostas, tanto Th1 como Th2. A IL-10 é um potente inibidor de apresentação

antigênica e de produção de mediadores e citocinas pró-inflamatórias de macrófagos,

células dendríticas e células Th1; tem um papel regulador importante sobre a resposta

inflamatória do hospedeiro durante a infecção; a inflamação é essencial no início da

resposta ao patógeno, mas se não for controlada pode resultar em complicações

inflamatórias graves (TERRAZAS et al., 1998; MOSSER & ZHANG, 2008; HEDRICH

& BREAM, 2010). Além de ser capaz de ativar linfócitos T regulatórios diminuindo o

dano tecidual (TERRAZAS, 2008). Dessa forma, no presente estudo, a produção de IL-

10 pode contribuir para a sobrevivência do parasito, ou seja, para o estabelecimento de

uma infecção persistente.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

41

7 CONCLUSÃO

Concluímos que a infecção por cisticercos viáveis de T. crassiceps em

camundongos C57BL/6 após 90 dias de infecção, desencadeou resposta inflamatória

com presença de meningite, microgliose, infiltrado inflamatório MN, edema

parenquimal e compressão dos hemisférios cerebrais em diferentes intensidades.

Entretanto as análises de citocinas sistêmicas e in situ nestes animais não permitiu

avaliar diferenças estatisticamente significativas entre os grupos experimentais

analisados.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

42

REFERÊNCIAS

ABBAS, K. A; LICHTMAN, H. A. 2005. Imunologia celular e molecular. Guanabara

Koogan, Elsevier Editora, São Paulo.: 368-372

ADALID-PERALTA L. et al. Cysticerci Drive Dendritic Cells to Promote In

Vitro and In Vivo Tregs Differentiation. Clinical and Developmental Immunology. v.

2013.

ALLIOT, F. GODIM, I. PASSAC, B. Microglia derive from progenitors, originating

from the yolk sac, and which proliferate in the brain. Developmental Brain Research. v.

117, n. 2, p. 145–152. November 1999.

ALVAREZ J. I. & TEALE J. M. Breakdown of the blood brain barrier and blood-

cerebrospinal fluid barrier is associated with differential leukocyte migration in distinct

compartments of the CNS during the course of murine NCC. Journal of

Neuroimmunology. v. 172, n. 1-2, p. 45-55, May 2006.

ALVAREZ J. I. & TEALE J. M. Differential changes in junctional complex proteins

suggest the ependymal lining as the main source of leukocyte infiltration into ventricles

in murine neurocysticercosis. Journal Neuroimmunology. v. 187, n. 1-2, p. 102-113,

July 2007a.

ALVAREZ J. I. & TEALE J. M. Evidence for differential changes of junctional

complex proteins in murine neurocysticerosis dependent upon CNS vasculature. Brain

Research Reviews. v. 1169, p. 98-111, September 2007b.

ALVAREZ J. I. & TEALE J. M. Multiple Expression of Matrix Metalloproteinases in

Murine Neurocysticercosis: Implications for Leukocyte Migration Through Multiple

Central Nervous System Barriers. Brain Research Reviews. v. 1214, p. 145-158, June

2008.

ALVAREZ J. I.; RIVERA J.; TEALE J. M. Differential Release and Phagocytosis of

Tegument Glycoconjugates in Neurocysticercosis: Implications for Immune Evasion

Strategies. PLoS Neglected Tropical Diseases. California, v. 2, n. 4, April 2008.

ANSEM, D. SPILIANAKIS, C. G. FLAVEL, R. A. How ate Th1 and Th2 effector cells

made? Curr. Opin. Immunol 21:153-160. 2009

ANTONY, R. M. et al. Protective immune mechanisms in helminth infection. Nat. Rev.

Immunol., v. 7, p. 975–987. 2007

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

43

APUZZO, M. L. J.et al. Surgical considerations in the treatment of intraventricular

neurocysticercosis: an analysis of 45cases. Journal of Neurosurgery. v. 60, p. 400–407.

1984.

AROCKER-METTINGE E. et al. Taenia crassiceps in the anterior chamber of the

human eye. A case report. Klinische Monatsblätter für Augenheilkunde. v. 201, n. 1, p.

34-37, July 1992.

BROJER C. M. et al. Cerebral cysticercosis in a Woodchuck (Marmota monax). Journal

of Wildlife Diseases. Lawrence, v. 38, n. 3, p. 621-624, July 2002.

BUENO E. C. et al. Neurocysticercosis: Detection of IgG, IgA and IgE antibodies in

cerebrospinal fluid, serum and saliva samples by ELISA with Taenia solium and Taenia

crassiceps antigens. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. São Paulo, v. 58, n. 1, p. 18-24,

March 2000b.

BUENO E. C. et al. Specific Taenia crassiceps and Taenia solium Antigenic Peptides

for Neurocysticercosis Immunodiagnosis Using Serum Samples. Journal of Clinical

Microbiology. Washington, v. 38, n. 1, p. 146-151, January 2000a.

BOYTON, R. J. ALTMANN, D. M. 2002. Is selection for TCR affinity a factor in

Cytokine polarization? Trends Immunol 23:526-529.

CAMPANELLA, M. et al. Flow cytometric analysis of inflammatory cells in ischemic

rat brain. Stroke. v. 33, n. 2, p. 586-92. February, 2002.

CANTEY, P. T. et al. Neglected Parasitic Infections in the United States: Cysticercosis.

The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. Atlanta, v. 90, n. 5, p. 805-

809, May 2014.

CARABIN, H. et al. The relationship between neurocysticercosis and epilepsy: an

endless debate. PLoS Neglected Tropical Diseases. California, v. 5, n. 5, May 2011.

CÁRDENAS G. et al. Impact of Taenia solium neurocysticercosis upon endocrine

status and its relation with immuno-inflammatory parameters. International Journal for

Parasitology. Austrália, v. 42, n. 2, p. 171-176, February 2011.

CÁRDENAS G. et al. Spinal Taenia solium cysticercosis in Mexican and Indian

patients: a comparison of 30-year experience in two neurological referral centers and

review of literature. European Spine Journal. v. 25, n.4, p. 1073-1081, April 2016.

CARDONA A. E. & TEALE J. M. Gamma/delta T cell-deficient mice exhibit reduced

disease severity and decreased inflammatory response in the brain in murine

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

44

neurocysticercosis. The Journal of Immunology. v. 196, n. 6, p. 3163-3171, Setember

2002.

CARDONA A. E. et al. Development of an Animal Model for Neurocysticercosis:

Immune Response in the Central Nervous System Is Characterized by a Predominance

of γδ T Cells. The Journal of Immunology. v. 162, n. 2, p. 995-1002, January 1999.

CARDONA A. E.; GONZALEZ P. A.; TEALE J. M. CC chemokines mediate

leukocyte trafficking into the central nervous system during murine neurocysticercosis:

role of gamma delta T cells in amplification of the host immune response. Infection and

Immunity. Washington, v. 71, n. 5, p. 2634-2642, May 2003.

CARPIO, A.; ROMO, M. L. The relationship between neurocysticercosis and epilepsy:

an endless debate. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v. 72, n. 5, May 2014.

CHAVARRIA A. et al. Relationship between the clinical heterogeneity of

neurocysticercosis and the immune-inflammatory profiles. Clinical Immunology. v.

116, n. 3, p. 271-278, September 2005.

CHEN, Z. LAURENCE, A. O’SHEA, J. J.Signal transduction pathways and

transcriptional regulation in the control of Th17 differentiation. Semin. Immunol

19:400-408. 2007.

DANTAS, F. L. M. R. et al. Cisticercose intramedular. Arquivos de Neuro-Psiquiatria,

São Paulo, v. 57, n. 2ª, Junho 1999.

DEBLOCK S. & PETAVY A. F. Hepatic larvae of cestode parasites of the vole rat

Arvicola terrestris in Auvergne, France. Annales de Parasitologie Humaine et

Comparée. v. 58, n. 5, p. 423-437, 1983.

DEL BRUTTO O. H. Neurocysticercosis. The Neurohospitalist. v. 4, n.4, p. 205-212,

October 2014.

DEL BRUTTO O.H. DEL BRUTTO V. J. Isolated brainstem cysticercosis: A review.

Clinical Neurology & Neurosurgery. v. 115, n. 5, 507-511, May 2013.

DYER N. W. & GREVE J. H. Severe Cysticercus longicollis cysticercosis in a black

lemur (Eulemur macaco macaco). Journal of Veterinary Diagnostic Investigation. v. 10,

n. 4, p. 362-364, 1998.

ESPÍNDOLA M. N. et al. Excretory/secretory antigens (ES) from in-vitro cultures of

Taenia crassiceps cysticerci, and use of an anti-ES monoclonal antibody for antigen

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

45

detection in samples of cerebrospinal fluid from patients with neurocysticercosis.

Annals of Tropical Medicine and Parasitology. v. 96, n. 4, June 2002.

ESPÍNDOLA M. N. et al. Production of Monoclonal antibodies anti-Taenia

crassiceps cysticerci with cross-reactivity with Taenia solium antigens. Revista do

Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. São Paulo, v. 42, n. 3, May/June 2000.

FERGUSON, T. A. GRIFFITH, T. S. A vision of cell death: insights into immune

privilegie. Immunological Reviews. v. 156, n. 1, p. 167-184. April 1997.

FLEURY A. et al. Immunopathology in Taenia solium neurocysticercosis. Parasite

Immunology. EUA, v. 38, n. 3, March 2016.

FLEURY A. Taenia solium: Development of an Experimental Model of Porcine

Neurocysticercosis. PLoS Neglected Tropical Diseases. California, v. 9, n. 8, August

2015.

FLISSER, A. Taeniasis-cysticercosis: an introduction. Southeast Asian Journal Tropical

Medicine and Public Health. Bankok, v. 233, n. 5, December 1991.

FOGANG, Y. F. et al. Managing neurocysticercosis: challenges and solutions.

International Journal of General Medicine. Auckland, v. 8, p. 333-344, October 2015.

FONTENOT, J. D. GAVIN, M. A. RUDENSKY, A. Y. 2003. Foxp3 programs the

development and function of CD4+ CD25+ regulatory T cells. Nat Immunol 4:330-336.

FRAGOSO G. et al. Preferential Growth of Taenia crassiceps Cysticerci in Female

Mice Holds Across Several Laboratory Mice Strains and Parasite Lines. Journal of

Parasitology. v. 94, n. 2, p. 551-553, April 2008.

FREEMAN R. S. Studies on the biology of Taenia crassiceps (Zeder 1800)

Rudolphi, 1810 (Cestoda). Canadian Journal of Zoology. Ottawa, v. 40, n. 6, p. 969-

990, 1962.

FREITAS A. A. et al. Kinetics of the Inflammatory Response in Subcutaneous

Cysticercosis Induced in Mice by Taenia crassiceps. Journal of Comparative Pathology.

v. 147, n. 2-3, p. 267-274, August/October 2012.

GARCIA H. H.; NASH, T. E.; DEL BRUTTO, O. H. Clinical symptoms, diagnosis, and

treatment of neurocysticercosis. The Lancet Neurology. V. 13, n. 12, p. 1202-1215,

December 2014.

GARCIA, H. H. et al. Immunology of Taenia solium taeniasis and human cysticercosis.

Parasite Immunology. v. 36, n. 8, p. 388-96. August 2014.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

46

GASPAR E. B.; SAKAI Y. I.; DE GASPARI E. A mouse air pouch model for

evaluating the immune response to Taenia crassiceps infection. Experimental

Parasitology. Washington, v. 137, p. 66-73, February 2014.

GIMSA, U. MITCHISON, N. A. BRUNNER-WEINZIERL, M. C. Immune Privilege as

an Intrinsic CNS Property: Astrocytes Protect the CNS against T-Cell-Mediated

Neuroinflammation. Mediators Inflamm. V. 2013, n. 2013. August 2013.

GUIMARÃES R. R. et al. Neurocisticercose: Atualização sobre uma antiga doença.

Revista Neurociências. São Paulo, v. 18, n.4, p. 581-594, August 2009.

GUNDRA U. M. et al. Increased Disease Severity of Parasite-Infected TLR2−/− Mice

Is Correlated with Decreased Central Nervous System Inflammation and Reduced

Numbers of Cells with Alternatively Activated Macrophage Phenotypes in a Murine

Model of Neurocysticercosis. Infection and Immunity. v. 79, n. 7, p. 2586-2596, Jule

2011.

GUSSO, R. L. F. Estudo comparative dos antígenos de Cysticercus longicollis e

Cysticercus cellulosae no imunodiagnóstico da neurocisticercose humana. Dissertação

(Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, 2000.

HAMAMOTO FILHO, P. T. Taenia crassiceps injection into the subarachnoid space of

rats simulates radiological and morphological features of racemose neurocysticercosis.

v. 33, n. 1, p. 119-123, September 2016.

HEDRICH, C. M. & BREAM, J. H. Cell type-specific relation od IL-10 expression in

inflammation and disease. Immunologic Research. v. 47, n, 1-3, p. 185-206. 2010.

HICKEY, W. F. Migration of hematogenous cells through the blood-brain barrier and

the initiation of CNS inflammation. Brain Pathol. v. 2, p. 97-105. January, 1991.

HEWITSON, P. J. GRAINGER, R. J. MAIZELS, M. R. Helminth immunoregulation:

The role of parasite secreted proteins in modulating host immunity. Mol Biochem

Parasitol. 167:1-11. 2009.

HOLZL, M.A. et al. Host antimicrobial proteins as endogenous immunomodulators.

2008. Immunol Lett 15:119 (1-2).

HORI, S. NOMURA, T. SAKAGUCHI, S. Controlo f regulatory T cell development by

the transcription fator Foxp3. Science 299:1057-1061.2008.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

47

JACKSON, A. J. et al. Review eries on helminths, imune modulation and the hygiene

hypothesis: Immunity against helminths and immunological phenomena in modern

human populations: coevolutionary legacies? Immunology 126:18-27. 2008.

JACKSON, F. Nutrition and immunity of nematodes of livestock. Parasite

Immunology. v. 30, n. 2, p. 61-62. February 2008.

KANANGAT, S. et al. Disease in the scurty mouse is associated of cytokine genes. Eur.

J. Immunol 26:161-165. 1996.

KHADE, P. et al. What is the utility of postoperative antihelminthic therapy after

resection for intraventricular neurocysticercosis? World Neurosurery. v. 79, p. 558–567.

2013.

KIM, H. P. et al. CREB/ATF-dependent T cell receptor induced Foxp3 gene

expression.: A role for DNA methylation. J. Exp. Med. 204:1543-1551. 2007.

KOTHA V. K. Migration of intraventricular neurocysticercus after ventriculostomy.

Asian Journal of Neurosurgery. v. 8, n. 1, p. 54-56, Jan-Mar 2013.

LI, T. & ZHANG, S. Microgliosis in the Injured Brain. The Neuroscientist. v. 22, n. 2,

p. 165 –170. 2016.

LIMA, SARAH BUZAIM. Avaliação da resposta inflamatória local e sistêmica em

modelo experimental de cisticercose subcutânea por Taenia crassiceps nas linhagens

BALB/c convencional e deficiente para o gene de IL-4. Dissertação (Mestrado –

Patologia) — UFG. Goiânia. 2014.

LINO-JÚNIOR R. S. et al. Características evolutivas do Cysticercus cellulosae no

encéfalo e no coração humanos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

Uberaba, v. 35, n. 6, p. 617-622, novembro/dezembro 2002.

MACHADO J. R. et al. Immunopathological Aspects of Experimental Trypanosoma

cruzi Reinfections. Journal of Biomedicine and Biotechnology, v. 2014, p. 1-9, 2014.

MAILLARD H. et al. Taenia crassiceps cysticerci and AIDS. AIDS. v. 12, n. 12, p.

1551-1552, August 1998.

MAKEPEACE B. L. Granulocytes in Helminth Infection - Who is Calling the Shots?

Current Medicinal Chemistry. Cambridge, v. 19, n. 10, p. 1567-1586, April 2012.

MARTINEZ, F. O. HELMING, L. GORDON, S. Alternative activation of

macrophages: an immunologic functional perspective. Annu Rev Immunol. v. 27, p.

451-83. 2009.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

48

MATOS-SILVA H. et al. Experimental encephalitis caused by Taenia

crassiceps cysticerci in mice. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. São Paulo, v. 70, n.4, p.

287-292, February 2012.

MATOS-SILVA, HIDELBERTO. Neurocisticercose intraventricular experimental:

análise da resposta inflamatória. Dissertação (Mestrado – Patologia) — UFG. Goiânia.

2011.

MISHRA B. B.; GUDRA U. M.; TEALE J. M. STAT6−/− mice exhibit decreased cells

with alternatively activated macrophage phenotypes and enhanced disease severity in

murine neurocysticercosis. Journal Neuroimmunology. v. 232, n. 1-2, p. 26-34, March

2011.

MISHRA B. B.; MISHRA P. K.; TEALE J. M. Expression and distribution of Toll like

receptors in the brain during murine neurocysticercosis. Journal of Neuroimmunology.

v. 118, n. 1-2, p. 46-56, December 2006.

MOSSER, D. M. EDWARDS, J. P. Exploring the full spectrum of macrophage

activation. Nat Rev Immunol. v. 8, p. 958-969. 2008

MOSSER, D. M. ZHANG, X. Interleukin-10: new perspectives on na old cytokine.

Immunological Reviews. v. 226, p. 205-218. 2008.

MOSMANN, T. R. & SAD, S. 1986. The expanding universe of T cell subsets: Th1,

Th2 and more. Immunol Today 17(3): 142-156.

MOSMANN et al. 1986. Two types of murine helper T cell clone. J. Immunolo 136(7):

2348-2357.

MOURA, V. B. L. et al. Cellular immune response in intraventricular experimental

neurocysticercosis. Parasitology. v. 143, p. 334–342. 2015.

NASH, T. E.; MAHANTY, S.; GÁRCIA, H. H. Neurocysticercosis — More Than a

Neglected Disease. PLoS Neglected Tropical Diseases. California, v.7, n. 4, April 2013.

OLIVEIRA, M. A. P. et al. Leishmania sp: Comparative study with Toxoplasma gondii

and Trypanosoma cruzi in their ability to initialize IL-12 and IFN-g synthesis.

Experimental Parasitology, Estados Unidos, v. 95, p. 96-105, 2000.

PARDINI A. X. et al. Cysticercus Antigens in Cerebrospinal Fluid Samples from

Patients with Neurocysticercosis. Journal of Clinical Microbiology. Washington, v. 39,

n. 9, p. 3368-3372, Setember 2001.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

49

PARDINI A. X. et al. Use of Taenia crassiceps Cysticercus Antigen Preparations for

Detection of Antibodies in Cerebrospinal Fluid Samples from Patients with

Neurocysticercosis (Taenia solium). Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology.

v. 9, n. 1, p. 190-193, January 2002.

PERALTA R. H. et al. Taenia crassiceps cysticerci: Characterization of the 14-kDa

glycoprotein with homologies to antigens from Taenia solium cysticerci. Experimental

Parasitology. Washington, v. 124, n. 3, p. 295-300, March 2010.

PERALTA R. H. S. et al. Evaluation of an antigen from Taenia crassiceps cysticercus

for the serodiagnosis of neurocysticercosis. Acta Tropica. v. 83, n. 2, p. 159-168,

August 2002.

PEREIRA I. M. et al. Experimental Subcutaneous cysticercosis by Taenia crassiceps in

BALB/c and C57BL/6 mice. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.

São Paulo, v. 58, n. 55, May 2016.

RANSOHOFF R. M.; KIVISAKK P.; KIDD G. Three or more routes for leukocyte

migration into the central nervous system. Nature Reviews Immunology. v.3, n.7, p.

569-581, July 2003.

RODRIGUES JR, V. et al. Interleukin-5 and interleukin-10 are major cytokines in

cerebrospinal fluid from patients with active neurocysticercosis. Brazilian Journal of

Medical and Biological Research. v. 33, n. 9. Ribeirão Preto September 2000.

SCIUTTO E. et al. Development of the S3Pvac Vaccine Against Murine Taenia

crassiceps Cysticercosis: A Historical Review. The Journal of Parasilogy. Washington,

v. 99, n. 4, p. 693-702, August 2013b.

SCIUTTO E. et al. Development of the S3Pvac Vaccine Against Porcine Taenia solium

Cysticercosis: A Historical Review. The Journal of Parasilogy. Washington, v. 99, n. 4,

p. 686-692, August 2013a.

SCIUTTO, E. et al. The immune response in Taenia solium cysticercosis: protection

and injury. México, v.29, n. 12, December 2007.

SHEVACH, E. M. Mechanisms of Foxp3 T regulatory cell-mediated supression.

Immunuty 30:636-645. 2009.

SHIMALOV V. V. & SHIMALOV V. T. Helminth fauna of the red fox (Vulpes vulpes

Linnaeus, 1758) in southern Belarus. Parasitology Research. v. 89, n. 1, p. 77-78,

January 2003.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

50

SIETSKE, A. et al Extensive genetic alterations of the HLA region, including

homozygous deletions of HLA class II genes in B-cell lymphomas arising in immune-

privileged sites. Blood. v. 96, p. 3569-3577. 2000.

SILVA L. F. et al. Relevant peptides of Taenia crassiceps for the diagnosis of bovine

cysticercosis by immunoblot. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia.

Belo Horizonte, v. 67, n. 3, p. 891-898, May/June 2015.

SOTELO, J. & MARIN, C.. Hydrocephalus secondary to cysticercotic arachnoiditis. A

long-term follow-up review of 92 cases. Journal of Neurosurgery. v. 66, n. 5, p. 686-9.

June 1987.

TAKAYANAGUI O. M. Neurocysticercosis. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. São

Paulo, v. 71, n. 9, September 2013.

TAKAYANAGUI, O. M.; LEITE, J. P. Neurocysticercosis. Revista da Sociedade

Brasileira de Medicina Tropical. Uberaba, v. 34, n. 3, May/June 2001.

TERRAZAS L. I. The Complex Role of Pro- and Anti-Inflammatory Cytokines in

Cysticercosis: Immunological Lessons from Experimental and Natural Hosts. Current

Tropics in Medicinal Chemistry. v. 8, n. 5, p. 383-392, March 2008.

TERRAZAS, L. I. et al. Shift from na early protective Th1-Type imune response to a

late permissive Th2-type response in murine cyticercosis (Taenia crassiceps). Journal

Parasitology. v. 84, p. 74-81. 1998.

TOENJES S. A. & KUHN R. E. The initial immune response during experimental

cysticercosis is of the mixed Th1/Th2 type. Parasitology Research. v. 89, n. 5, p. 407-

413, March 2003.

TOLEDO A. et al. Towards a Taenia solium Cysticercosis Vaccine: an Epitope Shared

by Taenia crassiceps and Taenia solium Protects Mice against Experimental

Cysticercosis. Infection and Immunity. Washington, v. 67, n. 5, p. 2522-2530, May

1999.

TREVOR, O. et al. Inflammatory cytokines in the brain: Does the CNS shape immune

responses? Immunology Today. v. 15, n.12, p. 566-571. December 1994.

TUERO E. et al. A Comparative Study of Peripheral Immune Responses to Taenia

solium in Individuals with Parenchymal and Subarachnoid Neurocysticercosis. PLoS

Neglected Tropical Diseases. California, v. 9, n. 10, October 2015.

TURVEY, S. E. et al. Innate Immunity. J Allergy Clin Immunol: 1-9.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

51

VAZ A. J. et al. Immunoblot with cerebrospinal fluid from patients with

neurocysticercosis using antigen from cysticerci of Taenia solium and Taenia

crassiceps. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. Atlanta, v. 57, n.

3, p. 354-357, 1997.

VERASTÉGUI M. R. et al. Novel Rat Model for Neurocysticercosis Using Taenia

solium. The American Journal of Pathology. v. 185, n. 8, p. 2259-2268, August 2015.

VIGNALI, D. A. COLLISON, L.W. WORKMAN, C.J. How regulatory T cells work.

Nat. Ver. Immunol 8:523-532. 2008.

VINAUD, MARINA CLAIRE. Vias do metabolismo energético e respiratório em

cisticercos de Taenia crassiceps in vivo e seu estudo in vitro sob a ação de fármacos

anti-helmínticos. (Tese – Parasitologia) — UFG. Goiânia, 2007.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Disponível em: <http://

http://www.who.int/taeniasis/en/>. Acesso em: 20 junho 2016.

ZEPEDA N. et al. Decrease of peritoneal inflammatory CD4(+), CD8(+), CD19(+)

lymphocytes and apoptosis of eosinophils in a murine Taenia crassiceps infection.

Parasitology Research. v. 197, n. 5, p. 1129-1135, October 2010.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

52

ANEXOS Anexo 1 – Aprovação da CEUA

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS …¡lia... · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ... 2017 . iv . v . vi ... Figura 7: Concentração

53