UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE … · meu refúgio e meu amigo, ... Aos poucos e...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA JULIANA SANTOS MADRUGA DE LUCENA PRODUÇÃO E MANEJO DE OVINOS NA FAZENDA MOURÃO, JATAÍ - GO CUIABÁ 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

CURSO DE ZOOTECNIA

JULIANA SANTOS MADRUGA DE LUCENA

PRODUÇÃO E MANEJO DE OVINOS NA FAZENDA MOURÃO, JATAÍ - GO

CUIABÁ 2016

JULIANA SANTOS MADRUGA DE LUCENA

PRODUÇÃO E MANEJO DE OVINOS NA FAZENDA MOURÃO, JATAÍ - GO Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Profa. Dra. Maria Fernanda

Soares Queiroz

CUIABÁ 2016

Ao meu pai Vagner Madruga de Lucena (in memoriam),

À minha mãe Ana Lucia Barbosa dos Santos,

Dedico.

AGRADECIMENTOS

A Deus pela perseverança, coragem, e determinação para iniciar e concluir o

curso de zootecnia.

Ao meu pai Vagner Madruga de Lucena (in memoriam) que sempre apoiou

minhas escolhas, e mesmo na dele me mostrou sempre o melhor caminho, pai você

foi essencial na minha vida, obrigada pelas broncas, pelos cascudos, pelo carinho,

cuidado, pelas jantas mirabolantes e paciência me ensinando a dirigir, pelo incentivo

para entrar na faculdade, por ter me dado a notícia de que eu tinha passado, e

acima de tudo obrigada pela companhia e por ser sempre presente enquanto pôde,

agradeço à Deus por ter me dado a dádiva de ter nascido sua filha. Eu te amo para

sempre.

À minha mãe Ana Lucia Barbosa dos Santos por ser minha amiga acima de

tudo, por me ensinar a pensar no meu futuro, a agradecer pela vida e a dar valor na

minha família e amigos de verdade, obrigada pelo carinho, pelos tapas e broncas,

pelos ensinamentos sobre a vida e sobre Deus, por me incentivar a tomar o melhor

caminho e pelos muitos conselhos que quando eu não ouvia me arrependia, você é

minha motivação para crescer e dar sempre o melhor que eu posso. E obrigada pelo

investimento, te amo mais que tudo na vida.

Aos meus irmãos Igor e Vanessa, pelo carinho, apoio, pelas brigas também,

que nos fazem crescer e aprender, obrigada por sempre estarem ao meu lado

mesmo nos momentos de estresse, vocês me ensinam um pouco mais a cada dia.

Ao meu namorado Gustavo Milanello, por ser meu amor, meu companheiro,

meu refúgio e meu amigo, por me incentivar a correr atrás do que eu quero, pela

paciência e por sempre cuidar de mim, obrigada por estar ao meu lado em horas

difíceis da minha vida e, claro, nos momentos de alegria. Obrigada pela ajuda nos

estudos durante a faculdade.

Às minhas queridas amigas “Najas”: Kamila Macedo, Júlia Rodrigues,

Ronyatta Weich, Renata Ropelato, Anna Luz Netto e Tamara Boaventura, por

sempre estarmos ao lado uma da outra, comemorando as vitórias ou sofrendo com

as dores, obrigada pelo ombro amigo, pelos desabafos, pela amizade sempre

presente, pela companhia e muitas conversas e conselhos.

Aos poucos e bons amigos que eu fiz nesses anos de curso, Maurício, Daniel

Méc, Evelyn, Indayá, Rafão, Monge, Calixto e Mariana Rosa, obrigada pelas

caronas, pelos dinheiros emprestados, hospedagens, churrascos, cervejas,

companheirismo, conselhos, segredos compartilhados, noites e madrugadas de

estudo, enfim, por de alguma forma contribuírem para que meus dias fossem

melhores, com certeza os levarei para toda a vida.

Às minhas amigas de vida Letícia e Fabrícia, que mesmo de longe estão

sempre por perto me apoiando e incentivando o meu melhor.

Aos amigos da PROPeq-UFMT, que eu pude conviver durante um ano e três

meses em que trabalhei lá, uns mais, outros menos tempo, obrigada pelos

ensinamentos, que mesmo não sendo na área do curso contribuíram muito para

minha formação, e obrigada também pela amizade.

Ao meu professor e amigo Carlos Eduardo Avelino Cabral, pela paciência e

pelos ensinamentos tanto na área profissional quanto pessoal, que levarei para

sempre comigo, obrigada pela amizade e por me proporcionar entendimentos sobre

a palavra de Deus.

À minha orientadora Maria Fernanda Soares Queiroz, pela ajuda com o

estágio final e com o trabalho de conclusão, obrigada pelos ensinamentos, pelos

puxões de orelha e por acreditar em mim.

Aos demais professores do curso de zootecnia, Lívia, Janessa, Alexandra,

Márcio, Heder, Sânia, Oscarlina, Nelcino, Janaína, Joadil, Vânia, Isis, e todos os que

me ensinaram durante o curso, alguns mais de um semestre, obrigada. “Feliz é

aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.

Ao senhor Saul Ferreira Moura Filho, pela oportunidade de estágio em sua

propriedade, pela hospitalidade e bom tratamento sempre presente, na propriedade

eu pude adquirir aprendizado tanto na área profissional quanto na pessoal,

aprendizado esse que apenas nas aulas teóricas da faculdade não seriam possíveis.

Obrigada também à Raquel Moura, médica veterinária da Fazenda pela ajuda e

compreensão, aos funcionários da fazenda Mourão, Beto e Dinho pelos

ensinamentos, pelas trocas de conhecimentos e toda a ajuda durante o estágio,

vocês foram essenciais ao meu aprendizado, à Gidelma, pela companhia, pelas

conversas, almoços, cafés da manhã e pela máquina de lavar roupa. Obrigada à

todos por tornarem os meus dias longe de casa menos difíceis.

À Universidade Federal de Mato Grosso por possibilitar a realização do sonho

de me formar.

“De tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem

as fontes da vida”.

Provérbios 4:23

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Vista exterior do galpão de alojamento dos animais de pista .............. 11

Figura 2. Vista exterior do galpão de alojamento dos animais de pista .............. 11

Figura 3. Vista exterior do galpão de alojamento dos animais confinados ........ 12

Figura 4. Vista exterior do galpão de alojamento dos animais confinados ......... 12

Figura 5. Cercas e divisões das baias ................................................................. 13

Figura 6. Cochos no confinamento ...................................................................... 13

Figura 7. Cochos nas baias dos animais de pista ............................................... 14

Figura 8. Fenário e bebedouro ............................................................................ 14

Figura 9. Piso e cama das baias .......................................................................... 15

Figura 10. Misturador de ração ............................................................................ 15

Figura 11. Triturador ............................................................................................ 16

Figura 12. Fêmea Santa Inês .............................................................................. 17

Figura 13. Machos Dorper ................................................................................... 18

Figura 14. Baia com o sistema Creep-feeding ..................................................... 19

Figura 15. Cordeiros se alimentando no Creep-feeding ...................................... 19

Figura 16. Cordeiros na baia de confinamento com média de 38 quilogramas... 20

Figura 17. Balança ............................................................................................... 21

Figura 18. Cocho de sal mineral .......................................................................... 22

Figura 19. Concentrado adquirido ....................................................................... 22

Figura 20. Casco com grande crescimento ......................................................... 23

Figura 21. Casco de animal com a doença Foot-rot ............................................ 24

Figura 22. Casco de animal com a doença Foot-rot ............................................ 24

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2. OBJETIVO........................................................................................................ 2

3. REVISÃO ........................................................................................................ 3

3.1 CONFINAMENTO....................................................................................... 4

3.1.1 INSTALAÇÕES E MANEJO.................................................................... 5

3.1.2 MANEJO SANITÁRIO............................................................................ 6

3.1.3 MANEJO NUTRICIONAL........................................................................ 9

4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO ............................................................................ 10

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO .......................................... 17

6. CONCLUSÕES ............................................................................................... 26

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 27

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 28

RESUMO

A ovinocultura vem sendo uma área bastante explorada no Brasil devido ao aumento

da demanda por esses animais, e o rápido retorno econômico verificado pelos

produtores do setor. O confinamento de cordeiros com utilização de creep-feeding

pode ser uma opção vantajosa pelo acréscimo nos índices produtivos já existentes,

garantindo um produto de alta qualidade. A verminose é um problema que acomete

a grande maioria das produções de ovinos, e pode acarretar em grandes perdas

econômicas, mas a correta construção de instalações e um manejo adequado com

treinamento de pessoal, pode reduzir o problema. Objetivou-se neste trabalho relatar

o manejo e a criação de ovinos de corte, e descrever também as atividades

realizadas durante o estágio realizado na Fazenda Mourão localizada na zona rural

do município de Jataí-GO, durante o período de 01 a 30 de agosto de 2016

totalizando 200 horas. Para se obter sucesso tanto na produção quanto na venda de

animais, é preciso ter uma equipe de confiança que trabalhe bem e seja competente,

é necessário acompanhamento de profissionais formados na área, e que tenham

bom relacionamento com toda a equipe.

Palavras-chave: confinamento, cordeiro, manejo sanitário, práticas de manejo.

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1. INTRODUÇÃO

A ovinocultura é destinada tanto à exploração econômica quanto à

subsistência de famílias nas zonas rurais, e se faz presente em quase todos os

continentes. Esta ampla distribuição da espécie se deve ao seu grande poder de

adaptação a diferentes climas, vegetações e relevos.

A produção de ovinos vem sendo uma área bastante explorada no Brasil, em

função do crescimento da demanda pela carne desses animais, na qual a carne de

cordeiro tem sido a mais visada pelos consumidores pelo sabor mais suave, e pelos

produtores pelo rápido retorno econômico (FAO, 2007).

Na década de 1990 a ovinocultura brasileira passou por transformações,

houve aumento da produção de animais com a finalidade de corte em diminuição

aos animais para produção de lã, aumento do poder aquisitivo e abertura do

comércio internacional, que trouxeram um cenário propício para a reestruturação da

cadeia da ovinocultura (VIANA, 2008).

Produtores de bovinos têm percebido que a ovinocultura é uma produção de

menor custo, utilizando menor área por animal, e no caso dos ovinos de corte

confinados, menor tempo na propriedade, o que reduz significativamente os gastos

principalmente com alimentação, fator de maior custo em uma produção.

A busca pela maior produtividade em menor tempo e com menos custos tem

feito com que muitos dos produtores busquem novas alternativas para melhoria dos

resultados. Uma opção que vem sendo vantajosa neste caso é o confinamento de

cordeiros, com utilização de creep-feeding e a mamada controlada, o que faz

também com que as fêmeas voltem a ciclar mais rapidamente, favorecendo assim a

produção de mais animais. Outra vantagem conhecidamente citada do confinamento

é a possível redução de índices de mortalidade e infestação por verminoses e

doenças dos cascos.

Além disso, a intensificação da produção com a utilização de confinamento,

proporciona acréscimo aos índices produtivos já existentes, garantindo também um

produto de alta qualidade ao consumidor (BARROS et al., 2003).

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2. OBJETIVO

Relatar e discutir a produção e o manejo de ovinos de corte da fazenda

Mourão, no estado de Goiás, como parte dos requisitos para graduação no Curso de

Zootecnia.

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3. REVISÃO

Uma das primeiras espécies de animais domesticadas pelo homem foram os

ovinos, podendo ser retirado deles, alimento (carne e leite) e proteção, pelo uso da

lã. A ovinocultura é destinada tanto à exploração econômica quanto à subsistência

de famílias nas zonas rurais, e se faz presente em quase todos os continentes. Esta

ampla distribuição da espécie se deve ao seu grande poder de adaptação a

diferentes climas, vegetações e relevos.

A criação de ovinos no Brasil tem crescido na última década, devido à

tradição na atividade e cultura da população ao aumento da demanda. Segundo a

FAO (2007), a demanda nos países em desenvolvimento tem sido influenciada pela

urbanização, crescimento demográfico, e mudanças em hábitos alimentares e nas

preferências dos consumidores.

De acordo com Sorio (2010), na região Centro-Oeste o crescimento da

atividade produtiva da ovinocultura é um exemplo de oportunidade aos órgãos de

pesquisa e desenvolvimento na região e organizações que apoiam a ovinocultura no

país. Dados do IBGE do ano de 2012 afirmam que o crescimento do setor na região

merece destaque e atenção das instituições de apoio ao setor, pela instalação de

indústrias de abate e processamento nos três estados e no Distrito Federal, e

crescimento do rebanho em toda a região. Os produtores de gado bovino têm

percebido que a ovinocultura pode ser uma criação mais rentável, mas ainda há

restrição em relação aos abatedouros que não são específicos para a espécie, e

existem muitos abates clandestinos, o que dificulta o registro real de abate dos

animais.

Desde a década de 1990 a ovinocultura passou por transformações, pelo fato

do uso de materiais sintéticos substituir o uso da lã, houve aumento da produção de

animais com a finalidade de corte, aumento do poder aquisitivo, abertura do

comércio internacional, que trouxeram um cenário propício para a reestruturação da

ovinocultura (VIANA, 2008).

3.1 Confinamento

Maximizar a capacidade produtiva do ovino e, em consequência, o desfrute dos

rebanhos, vem se tornando prioridade mundial. Sendo assim, o confinamento se

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torna uma estratégia importante para o sistema produtivo ovino, pois permite uma

produção de carne de melhor qualidade durante a época seca, o qual é o período de

menor disponibilidade de alimentos e promove um rápido retorno do investimento.

A intensificação da produção proporciona um acréscimo aos índices produtivos já

existentes, garantindo também um produto de alta qualidade ao consumidor

(BARROS et al., 2003). Tal intensificação tem como principal vantagem a

antecipação do abate, devido ao alto valor nutricional fornecido aos animais

confinados, e pode ser realizada em uma área menor, 1 a 1,5m² por animal segundo

GARCIA (2010), o que permite menor gasto energético pelos animais, além de

redução de infestações por verminoses e de manqueira.

No Brasil, o consumo da carne de cordeiro está em desenvolvimento, sendo,

portanto, fundamentais estudos que possam estabelecer o peso ideal de abate.

Urano et al. (2006), afirmaram que a terminação de cordeiros em confinamento é

uma alternativa rentável tanto para os produtores quanto aos consumidores, pois

permite um rápido retorno e a introdução no mercado de animais de melhor

qualidade e acabamento.

3.1.1 Instalações e manejo

Segundo Guimarães Filho et al. (2009), as instalações consistem nas partes

cobertas, cercas, bebedouros, cochos, saleiros e camas, elas devem ser

confortáveis, oferecer abrigo e segurança aos animais e praticidade, durabilidade e

economia ao produtor de ovinos. Para as cercas podem ser utilizados arame liso ou

farpado, varas de madeira, telas ou até pedras. As instalações para ovinos devem

conter bebedouros, cochos e saleiros nas baias e piquetes; devem ainda ter brete

com seringa e tronco, pedilúvio, esterqueira, isolamento, quarentenário e cercado

maternidade (este último exceto em locais que fazem apenas a terminação dos

cordeiros).

O mesmo autor indica que os cochos e bebedouros podem ser móveis ou

fixos e feitos de metal, cimento, ou tubos de PVC (policloreto de vinil), ou

aproveitando materiais disponíveis como tambores de plástico e pneus, e pelo

menos os bebedouros devem ser limpos todos os dias.

O isolamento é destinado aos animais doentes, principalmente os que

estejam com doenças contagiosas, deve se localizar distante dos outros animais,

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enquanto a quarentena é destinada aos animais recém-chegados à propriedade no

caso de compra ou volta de exposições, e lá devem permanecer por 30 a 60 dias em

observação (GUIMARÃES FILHO et al., 2009).

O manejo geral consiste na organização da produção, limpeza das

instalações e dos cochos, casqueamento e descorna quando necessários,

fornecimento do alimento nos horários corretos, e fornecimento correto de vitaminas

e minerais, que é essencial para um bom desempenho dos animais confinados.

3.1.2 Manejo sanitário

O manejo sanitário consiste em práticas utilizadas pelos produtores, para

evitar ou reduzir o índice de doenças no rebanho, fazendo com que se evitem

prejuízos na criação. Algumas das principais práticas de higiene e profilaxia incluem

a limpeza dos cochos não deixando alimento estragado, velho ou fezes, limpeza dos

bebedouros diariamente, varredura do galpão ou aprisco todos os dias, e

desinfecção mensalmente com creolina e/ou vassoura-de-fogo.

A observação do rebanho todos os dias é essencial, visto que um ovino sadio

apresenta energia (ativo), apetite normal, pelos brilhantes e lisos, fezes em forma de

síbalas (bolotas), urina de coloração própria, ruminação frequente e a temperatura

corporal entre 38 a 40°C (DE SÁ, 2001). Um animal que apresente abatimento,

isolamento do rebanho, olhos anêmicos, queda de apetite ou apetite depravado

(comer plástico, metal, areia) queda de pelos, pelos sem brilho, fezes pastosas e/ou

com mau cheiro e sangue, urina escura ou vermelha, temperatura corporal acima de

40°C e atraso no crescimento pode estar apresentando sintomas de alguma doença,

por isso é muito importante a observação e conhecimento do rebanho.

A quarentena é importante, pois, animais recém-chegados podem apresentar

doenças que podem se manifestar, por isso ficam em observação durante 30 a 60

dias, e se o animal não apresentar nenhum sintoma se junta ao restante do rebanho.

Assim como a quarentena, o isolamento assegura que animais já doentes não

transmitam a doença para os outros animais, ou até para os humanos no caso de

zoonoses (doenças dos animais transmissíveis à humanos), e se recuperem

totalmente, para então voltarem ao rebanho.

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Parasitos gastrintestinais (verminoses) são a principal fonte de prejuízos aos

produtores de ovinos, que vão de redução no ganho de peso até a mortalidade do

animal. A infecção ocorre durante o pastejo, devido aos animais adultos infestados

com o parasita adulto no trato gastrintestinal eliminarem fezes contendo uma grande

quantidade de ovos. As larvas eclodem e sofrem mudas (L1, L2 e L3),

posteriormente, as larvas infectantes (L3) abandonam o bolo fecal, e o animal, ao

pastejar se infecta por via oral. As larvas no estágio infectante podem permanecer

por meses nas pastagens dependendo das condições climáticas. No tubo digestivo

as larvas sofrem mudas e atingem a maturidade sexual cerca de 20 a 30 dias após a

ingestão.

A observação frequente dos animais auxilia na identificação de animais

infestados com a utilização do método Famacha, que consiste em verificar a

coloração da mucosa ocular do animal. A coloração esbranquiçada é indicativo de

anemia, o que pode indicar infestação por nematoides. Apatia, edema

submandibular e diarreia também podem ser sintomas de infestação por verminoses

(OLIVEIRA et al., 2007).

A vermifugação (aplicação de anti-helmínticos/vermífugos) visa o controle das

verminoses no rebanho e deve ser feita com cautela, pois, de acordo com Chagas et

al. (2013), o uso indiscriminado de vermífugos pode acarretar em aceleração da

resistência dos parasitos ao grupo químico de medicamentos, além disso, a

ineficácia pode ocorrer por aplicação incorreta do anti-helmíntico. O mais sensato a

se fazer é avaliar os animais individualmente e medicar se necessário, visto que

tratamentos em todo rebanho são necessários apenas em casos de grandes

infestações.

Problemas nos cascos são frequentes em animais que pastejam, dependendo

da época do ano e clima da região, pois os cascos ficam úmidos o que os deixam

propícios à infestação pelas bactérias causadoras da pododermatite (Foot-rot ou

podridão dos cascos), que causa grande dano ao animal (OLIVEIRA, 1999) e é uma

das doenças de maior importância econômica, podendo causar elevado prejuízo ao

produtor, portanto é sempre importante a prevenção, com casqueamento e

observação frequente dos animais do rebanho.

A doença é contagiosa e se inicia com uma inflamação na região interdigital

do casco, posteriormente ocorre a produção de secreção com odor desagradável e

exsudato necrótico, características estas que causam dor aguda e induzem à

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claudicação severa (manqueira) e à necessidade de tratamento intensivo

(DAVIES et al., 1999), o que dificulta a locomoção. O animal se alimenta menos e

ocorrem perdas produtivas. O tratamento consiste em casqueamento para exposição

das lesões seguido da aplicação tópica de antissépticos como iodo, sulfato de cobre

10%, sulfato de zinco 10% e formalina 10%, pois favorece o contato dessas

substâncias com os agentes causadores das lesões.

A linfadenite caseosa é uma doença infectocontagiosa, de caráter crônico,

causada pela bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis, que se manifesta

clinicamente pela presença de abcessos ou caroços purulentos ou caseosos nos

linfonodos superficiais, e em menor frequência nos linfonodos internos e órgãos

(MEDEIROS et al., 2000).

A contaminação se dá por contato entre os animais, ou destes com materiais

contaminados com a secreção advinda dos abcessos (LEITE et al., 2002). Para o

tratamento convencional, deve-se drenar os abcessos por completo, e cauterizar

quimicamente com iodo (Nozaki, 2000), utilizando luvas de proteção. Após isso se

descarta todo o material utilizado não permitindo que a secreção atinja o ambiente,

pois é extremamente contagioso. Em criatórios pouco cautelosos pode ocorrer

ruptura dos nódulos transmitindo a bactéria para os animais sãos (HOLSTAD, 1986).

O ectima contagioso, também conhecido como dermatite pustular contagiosa,

é uma enfermidade debilitante de ovinos e caprinos, e que ocasionalmente acomete

o homem (HAIG & MERCER, 1998). A doença é causada pelo vírus “orf”, que possui

distribuição mundial, e afeta principalmente ovinos jovens, nos quais produz lesões

inflamatórias proliferativas ao redor da boca e das narinas, as lesões são

progressivas e debilitantes, reduzindo a capacidade dos animais se alimentarem

(HAIG, 2006; FLEMING & MERCER 2007), acarretando queda na produção, queda

no ganho de peso e até a morte do animal (MACÊDO et al., 2008), além do prejuízo

ao produtor.

A disseminação do ectima contagioso é rápida e pode ocorrer pelo contato

direto entre animais ou pelo contato com crostas das lesões que ficam no ambiente.

Animais lactentes podem transmitir o vírus para os tetos e úbere de suas mães,

acarretando no desenvolvimento de lesões mamárias, e da mesma forma, animais

que possuem lesões nos tetos podem transmitir o vírus para os cordeiros que estão

sendo amamentados (FLEMING & MERCER, 2007).

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O período de incubação da doença varia entre dois e seis dias, e as lesões

progridem pelos estádios de eritema, máculas, pápulas, vesículas, pústulas e

crostas. As lesões crostosas são proliferativas e, frequentemente, apresentam

rachaduras e sangramento, podendo predispor à infecções secundárias e miíases. A

resolução das lesões nas infecções primárias, geralmente ocorre em quatro a seis

semanas, enquanto que em reinfecções a resolução é mais rápida (HAIG, 2006;

FLEMING & MERCER 2007).

3.1.3 Manejo nutricional

Na alimentação de cordeiros em acabamento se preconiza o estímulo desde

o período da amamentação, a partir de 10 a 15 dias de idade, visto que neste

período há uma ótima conversão alimentar destes animais, e a maneira mais fácil e

mais utilizada para tal finalidade é o creep-feeding (BUENO et al., 2007), que

consiste em um cocho separado, onde apenas os cordeiros têm acesso. Ainda

segundo Bueno et al. (2007), nesses cochos podem ser utilizados farelo de soja,

milho, algodão e outros que contenham 18% a 20% de proteína bruta e boa

palatabilidade. O consumo aumenta gradativamente de acordo com a redução da

disponibilidade de leite da mãe.

O sorgo é citado entre as opções de forrageiras com bom valor nutritivo, ele

pode ser utilizado tanto para produção de grãos como de forragem para pastejo ou

conservação (feno e silagem). Esta cultura produz silagens com boas características

fermentativas e se destaca por ser um volumoso com uma concentração adequada

de carboidratos solúveis, essenciais na fermentação lática. Depois do milho, o sorgo

é a cultura anual mais importante para a produção de silagem, pois possibilita uma

alta produção por unidade de área, ou seja, economicamente viável e mais

vantajosa, possui bom valor energético e níveis médios de proteína bruta, cerca de

8%. Outra característica importante do sorgo é a boa adaptação às variadas

condições de clima e de solo (LIMA et. al., 2008). A silagem de sorgo tem

importância estratégica, pois quando é produzida com base nos princípios básicos

para obtenção de silagem de boa qualidade apresenta valor nutritivo equiparado ao

da silagem de milho e com a principal vantagem do menor custo de produção, uma

vez que a produtividade do sorgo é maior que a do milho.

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Em um confinamento deve ser fornecido um concentrado energético de boa

qualidade para que o ganho de peso seja elevado e permita, portanto, que os

animais sejam eficientes e diminuam o seu tempo de criação dentro da propriedade.

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4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO

O estágio curricular final foi realizado na Fazenda Mourão, localizada na zona

rural do município de Jataí - GO, no período de 01 a 30 de agosto de 2016,

totalizando 200 horas.

A propriedade possui 7.000 ha entre lavoura, animais bovinos e ovinos. Para

os ovinos são destinados 1.500 ha. Dentre os segmentos da propriedade estão as

criações de ovinos de corte e animais de alto valor genético, puros de raça, para

exposição. A criação dos animais de corte existe há aproximadamente 30 anos, e

dos animais para exposição há 12 anos. A Fazenda Mourão existe há mais de

30 anos, o proprietário é o Sr. Saul Ferreira de Moura Filho, ele, sua família e equipe

administram as propriedades que além da Fazenda Mourão inclui outra destinada à

criação de bovinos e plantação de milho e soja localizada em Chapadão do

Céu - GO.

São criados animais das raças Santas Inês, Dorper e mestiços. No período do

estágio o número de animais na propriedade era 50 machos e 150 fêmeas Puras de

Origem (P.O.) Santa Inês, 14 fêmeas e 10 machos P.O. Dorper e 30 cordeiros

mestiços confinados. Os animais são alojados em dois galpões de alvenaria. Para

isso é utilizada uma propriedade que antigamente era uma fábrica de tecidos e foi

adaptada aos ovinos, onde hoje existem 23 baias que abrigam os animais de pista

em um galpão (Figuras 1 e 2) e 8 baias que abrigam os animais confinados para

abate em outro galpão (Figuras 3 e 4). A baias têm 8x8 metros quadrados cada,

e acomodam em média 30 animais em função do tamanho da linha de cocho.

Em cada baia há cocho, bebedouro e fenário.

As cercas, porteiras e separações das baias são feitas de madeira (Figura 5),

os cochos são feitos de tambores de plástico cortados ao meio, emendados com

arame formando uma fileira, no confinamento ficam localizados ao lado de fora das

baias e rente ao chão (Figura 6), no galpão destinados aos animais de pista, os

cochos são localizados dentro das baias e a uma altura de 30 centímetros do chão,

o que não é indicado, pois os animais precisam se ajoelhar, causando ferimento nas

pernas (Figura 7).

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Figura 1. Vista exterior do galpão de alojamento dos animais de pista

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 2. Vista exterior do galpão de alojamento dos animais de pista

Fonte: Arquivo pessoal

Os bebedouros de água são feitos com canos de PVC (policloreto de vinil),

possuem boias de enchimento e são limpos todos os dias, enquanto os fenários são

feitos de ferro, com canzis e revestidos com uma tela de arame para evitar que

o animal prenda a cabeça na grade e se machuque (Figura 8).

12

Figura 3. Vista exterior do galpão de alojamento dos animais confinados

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 4. Vista exterior do galpão de alojamento dos animais confinados

Fonte: Arquivo pessoal

O piso das baias é de chão batido (cimento), cobertos por camas de pó de

serra e feno (feno que cai dos fenários e feno antigo) (Figura 9).

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Figura 5. Cercas e divisões das baias

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 6. Cochos do confinamento

Fonte: Arquivo pessoal

14

Figura 7. Cocho nas baias dos animais de pista

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 8. Fenário e bebedouro

Fonte: Arquivo pessoal

A propriedade possui um galpão onde contém equipamentos para mistura de

ração e um triturador de forragem (Figuras 10 e 11), onde também é armazenada a

ração pronta e o feno de Panicum maximum cv. Massai (capim Massai) que é feito

na propriedade de Chapadão do Céu - GO e enviado à Fazenda Mourão em

Jataí - GO.

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Figura 9. Piso e cama das baias

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 10. Misturador de ração

Fonte: Arquivo pessoal

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Figura 11. Triturador de feno

Fonte: Arquivo pessoal

A silagem de sorgo era armazenada ao lado do galpão de confinamento

e também produzida na propriedade de Chapadão do céu – GO.

Durante o período de estágio as atividades eram realizadas de segundas

a sextas-feiras, das 07:00 as 17:00 horas, e aos sábados das 08:00 as 16:00 horas

com duas horas de intervalo para o almoço. Aos domingos os funcionários

revezavam as folgas.

A equipe de trabalho da fazenda Mourão era composta por três funcionários

e uma estagiária.

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5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO

A fazenda Mourão trabalha, em um de seus segmentos, com ovinos de corte

para venda, com a utilização de cruzamento de animais da raça Dorper com a raça

Santa Inês (Figuras 12 e 13) e este cruzamento é feito na propriedade situada em

Chapadão do Céu - GO, por meio de monta natural (macho Dorper e fêmea

Santa Inês) utilizando animais puros das raças oriundos da própria fazenda.

De acordo com Santos et al. (2006), os mestiços de raças locais, como a

Santa Inês com a raça Dorper apresentam alto grau de adaptabilidade às regiões

tropicais e semiáridas do Brasil e, segundo Amaral et al. (2011), os cordeiros

cruzados apresentam desenvolvimento mais precoce e podem ser abatidos com

mais músculos e mais gordura em menor tempo. A fazenda Mourão, então, faz a cria

e a terminação de cordeiros para abate.

Figura 12. Fêmea Santa Ines

Fonte: Arquivo pessoal

Após o nascimento dos cordeiros, aos 15 dias de idade destes, as mães são

retiradas de perto dos cordeiros durante o período da manhã, voltam a ficar juntas

no horário do almoço, e são retiradas novamente até o final da tarde, este manejo

recebe o nome de mamada controlada. A mamada controlada tem o objetivo de

permitir que os cordeiros mamem, mas, ao mesmo tempo, criem uma certa

independência da mãe, para que possam ser incitados a consumir a alimentação

sólida ao mesmo tempo em que possibilitam que suas mães recuperem o escore

18

corporal mais rapidamente após o parto, já que não exigem que sua alimentação

seja exclusiva do leite produzido por elas.

Após 15 dias, quando os animais já estão com um mês de vida, as mães são

retiradas durante o dia todo e os cordeiros consomem ração à vontade.

Figura 13. Machos Dorper

Fonte: Arquivo pessoal

A mamada controlada também é uma alternativa para se reduzir o intervalo

de partos, pois ao retirar o cordeiro, estimula-se a ovelha a entrar novamente e mais

rapidamente em cio. Um intervalo entre partos curto possibilita a ocorrência de uma

nova concepção precocemente, então reduzindo a duração deste intervalo,

consequentemente, melhora-se a eficiência reprodutiva e a produtividade do sistema

(ASSIS et al., 2011). Tal manejo é realizado durante um período de 3 meses, onde

os cordeiros mamam nos horários em que as mães estão nas baias, portanto

mamam até os 3 meses de idade.

Além de mamar, os cordeiros se alimentam com alimentação sólida no

sistema de creep-feeding (Figuras 14 e 15), onde dentro das baias há uma área

19

delimitada, com um cocho exclusivo para os cordeiros, onde é fornecido um

concentrado que atenda às exigências dos animais.

Figura 14. Baia com o sistema Creep-feeding

Fonte: Arquivo pessoal Figura 15. Cordeiros se alimentando no creep-feeding

Fonte: Arquivo pessoal

O sistema de creep-feeding é uma maneira prática de suplementar

a alimentação dos bezerros na fase de aleitamento, o que potencializa o ganho de

peso ainda nesta fase, fazendo com que o cordeiro já desmame mais pesado,

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reduzindo seu tempo de abate e sua permanência na fazenda, reduzindo, portanto,

os custos com tais animais.

As mães pastejam nos períodos em que são retiradas das baias, isto é,

enquanto estão separadas dos cordeiros.

Após este período de 90 dias as crias são transportadas para a propriedade

situada em Jataí-GO, onde foi realizado o estágio. Acredita-se que o transporte de

animais jovens pode acarretar perdas produtivas ocasionadas pelo estresse da

viagem ou lesões físicas aos animais, contudo, durante o período de estágio não

foram observados muitos casos com este problema na propriedade.

Ao chegarem à Fazenda Mourão em Jataí – GO, os animais são confinados

para que o abate seja realizado o mais breve possível, ainda enquanto cordeiro,

o que na propriedade ocorre com o peso mínimo de 40 quilogramas e, devido ao

manejo da propriedade, em média aos 4 a 5 meses de idade (Figura 16).

Figura 16. Cordeiros na baia de confinamento com média de 38 quilogramas

Fonte: Arquivo pessoal

Os animais permanecem confinados até serem comercializados.

A comercialização ocorre após o comprador ir até a propriedade e escolher o animal,

o qual então é pesado para verificar se está no peso mínimo de abate (Figura 16) e

então são combinados o valor e a data de entrega. A comercialização é feita tanto

de animais vivos quanto de animais abatidos.

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Figura 17. Balança

Fonte: Arquivo pessoal

No confinamento são fornecidos (diariamente às 07:00 e às 17:00 horas para

todos os animais) em torno de 500 a 800 g de ração por animal ao dia, divididos em

duas refeições, pela manhã e final da tarde enquanto o fornecimento de silagem de

sorgo e sal mineral é à vontade (Figura 18).

Os ingredientes do concentrado fornecido a esses animais são: calcário

calcítico, casca de soja moída, cloreto de sódio (sal comum), farelo de soja, fosfato

bicálcico, melaço, farelo de trigo, óleo de soja degomado, farelo de arroz, ureia

pecuária, agalmatolito, cloreto de amônia, antioxidante, promotor de crescimento e

eficiência alimentar, vitaminas A, D e E, óxidos de magnésio e zinco, leveduras

(Sacharomyces cerevisae), iodato de cálcio, sulfatos de ferro, de manganês e de

cobalto, proteinatos de zinco, de cromo, de cobre e de selênio. O concentrado

é adquirido pronto da empresa Comigo (Figura 19), em Jataí, e na propriedade

é adicionado a ele o milho moído. A ração era misturada ao milho moído uma vez na

semana ou quando acabasse o estoque armazenado.

Tradicionalmente a silagem de milho é o volumoso mais utilizado em

confinamentos, mas a silagem de sorgo tem menor custo (alta produção por unidade

de área) e destaca-se por possuir adequada concentração de carboidratos solúveis,

bom valor energético e níveis médios de proteína bruta (cerca de 8%), além de

possuir uma boa adaptação às condições de solo e clima variadas (LIMA, 2008).

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Figura 18. Cocho de sal mineral

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 19. Concentrado adquirido

Fonte: Arquivo pessoal

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Também foi realizado o corte do casco de animais que foram julgados

necessários, em um mês de estágio foram casqueados em média 6 animais, pois

não houve muita necessidade, apenas uma ovelha apresentou grande crescimento

dos cascos, manqueira e, quando casqueada, apresentou início de Foot-rot em uma

pata (Figuras 20, 21 e 22).

Os animais de pista eram frequentemente casqueados pelos funcionários,

mas como eram animais de alto valor comercial o casqueamento não podia ser

realizado pela estagiária, o que poderia ocasionar erros e prejudicar o aprumo.

Foi realizada a vermifugação em todos os animais confinados durante

o período de estágio apenas uma vez, tais animais estavam pesando em média

38 quilogramas.

Figura 20. Casco com grande crescimento

Fonte: Arquivo pessoal

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Figura 21. Casco de animal com a doença Foot-rot

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 22. Casco de animal com a doença Foot-rot

Fonte: Arquivo pessoal

Também pôde ser realizada como atividade de manejo sanitário dos animais

durante o estágio a retirada de um ectima na face de um cordeiro com um mês,

utilizando-se luvas, e foi aplicado iodo a 10%.

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Foi possível, ainda, presenciar e auxiliar a retirada de um abcesso de

linfadenite caseosa na face de uma ovelha, foram utilizadas luvas e lâmina

descartáveis e foi realizada a aplicação de iodo a 10% no local do abcesso e todo

o material utilizado foi descartado.

Foi realizada também aplicação de suplementos minerais e medicamentos

como cálcio, ferro, e anti-inflamatórios em animais que apresentavam necessidade.

Durante o estágio houve morte de animais as quais foram: um cordeiro por

aplicação incorreta de vermífugo. O funcionário relatou que aplicou dose alta, mas

superdosagem de vermífugo não ocasiona morte, portanto, suspeita-se de aplicação

no momento errado (tardiamente) ou até mesmo a não aplicação, e o animal já

estava em estado crítico de verminose; um cordeiro foi esmagado pela mãe; um

outro cordeiro com dois dias de vida, morreu após o parto gemelar, no qual já havia

ocorrido um natimorto e retenção de placenta; duas ovelhas adultas eradas

(10 anos) e uma outra ovelha foi atingida por um coice de um potro e morreu dias

depois. Todos estes animais foram tratados quando necessário, com aplicação de

medicamentos e isolamento do restante do rebanho, mas não houve resultado.

O índice de mortalidade na fazenda pode ser considerado baixo se baseado nas

mortes ocorridas no período de estágio.

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6. CONCLUSÕES

O manejo correto na ovinocultura é muito importante para que se tenha

sucesso na produção e foi possível observar que apesar de alguns improvisos e a

falta de recursos no momento em que alguns problemas surgem no cotidiano de

uma propriedade produtora de ovinos não inviabilizam a produção comercial de

ovinos com qualidade.

A oportunidade de aprender e ainda colocar em prática conhecimentos

adquiridos durante a graduação foi possível durante o período estagiado.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estágio possibilitou a aplicação prática dos conhecimentos

teóricos adquiridos durante o curso. Com o manejo prático foi possível observar que

nem sempre o que se aprende na teoria é seguido na prática em uma produção, por

exemplo, medidas das instalações, indicações quanto ao uso de medicamentos e

materiais, horários de alimentação ou até mesmo cuidado imediato com o animal

que apresente algo de errado, mas foi percebido que de alguma maneira as

“práticas erradas” ocasionalmente funcionam e, que sempre é feito o que se pode

com os recursos existentes.

Foi uma experiência muito enriquecedora, o contato com os animais é muito

extremo e de certa maneira cria-se uma afeição a eles o que nos possibilita

reconhecê-los e identificar quando algo está errado em seu comportamento.

Foi possível aprender sobre medicamentos e qual aplicação (músculo ou veia) é

melhor utilizável em cada caso.

As relações interpessoais também acrescentaram significativamente, os

funcionários responderam a todas as perguntas feitas, e atenderam as solicitações

quando possível, além da amizade e troca de conhecimentos e gentilezas.

Também foi possível aprender que o acompanhamento de um profissional da

área é extremamente importante para o bom desenvolvimento da produção, pois há

diversas situações em que a indicação do profissional é imprescindível.

A experiência foi maravilhosa, e entre os maiores aprendizados no estágio

está trabalhar com os animais de pista (de alto valor genético), incluindo treiná-los;

pesar os animais e mexer em balanças de fazenda; casquear os animais, o que é

bem difícil; aplicar medicamentos e em qual parte do corpo e como aplicar; e

principalmente aprendi que um bom patrão é aquele que escuta seus funcionários e

sabe valoriza-los.

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REFERÊNCIAS

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