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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE SAUDE COLETIVA Análise da função pulmonar em trabalhadores de indústrias de cerâmica no município de Várzea Grande – MT, 2010. Viviane Aparecida Martins Mana Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato-Grosso para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. Clóvis Botelho Cuiabá 2011 PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE SAUDE COLETIVA

Análise da função pulmonar em trabalhadores de indústrias de cerâmica no município de Várzea Grande – MT, 2010.

Viviane Aparecida Martins Mana

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva da

Universidade Federal de Mato-Grosso

para obtenção do título de Mestre em

Saúde Coletiva.

Orientador: Prof. Dr. Clóvis Botelho

Cuiabá

2011

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Análise da função pulmonar em trabalhadores de indústrias de cerâmica no município de Várzea Grande – MT, 2010.

Viviane Aparecida Martins Mana

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva da

Universidade Federal de Mato-Grosso

para obtenção do título de Mestre em

Saúde Coletiva.

Orientador: Prof. Dr. Clóvis Botelho

Cuiabá

2011

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DEDICATÓRIA

A minha família. Meus pais que sempre batalharam pela educação e formação dos filhos; meus irmãos que mesmo distantes sempre acreditaram em mim; meu esposo que sempre esteve ao meu lado; e principalmente ao meu filho Matheus que é minha maior inspiração de vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me confiar a vida e a sabedoria dos homens.

Ao Prof. Dr. Clóvis Botelho por sua humildade, carinho, respeito e pelos conhecimentos

que me proporcionou.

Ao Prof. Dr. Ageo Mario Cândido da Silva pela grande ajuda durante minha análise

estatística, sempre com paciência e sabedoria.

Aos Profs. Drs. João Henrique G. Scatena, Luíz Cesar Nazário Scala e Delma Perpetua

Oliveira de Souza pelas contribuições ao meu trabalho e pelos conhecimentos

proporcionados.

Ao amigo Eder de Souza Faria pela determinação com os exames de espirometria, pela

humildade e dedicação a este trabalho.

Aos acadêmicos de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá, Rafael Cavallini, Gardeny

Santos Muniz e Joceane Angelim Barbosa pela grande contribuição na coleta dos dados.

A todos os ceramistas de Várzea Grande que contribuíram com esta pesquisa.

Aos funcionários do Instituto de Saúde Coletiva, Hailton e Jurema, pela paciência e

carinho nos atendimentos.

Aos colegas de turma que apesar do rápido tempo que passamos juntos, boas

recordações deixaram.

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Mana VAM. Análise da função pulmonar em trabalhadores de indústrias de cerâmica

no município de Várzea Grande-MT, 2010. [dissertação de mestrado]. Cuiabá: Instituto

de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso; 2011.

RESUMO

Introdução - Os trabalhadores de indústrias de cerâmica, durante o desenvolvimento de

suas atividades, estão expostos direta ou indiretamente a diversos fatores de risco que

acarretam patologias ao aparelho respiratório, tais como poeira e produto químico

(desmoldante). Para avaliação da função pulmonar destes indivíduos o exame de

espirometria é um importante teste que auxilia na identificação e quantificação dos

distúrbios respiratórios. Objetivo - Analisar a função pulmonar em trabalhadores de

indústrias de cerâmica no município de Várzea Grande-Mato Grosso. Métodos - Estudo

transversal, realizado com 183 trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de

Várzea Grande-MT. Para identificação dos fatores sócio-demográficos, fatores

ambientais e do tabagismo foi utilizado um questionário estruturado e para avaliação da

função pulmonar foi realizada a espirometria. Foram realizadas análises descritiva,

bivariada e regressão múltipla de Poisson, utilizando-se os programas Epi-Info 2000

versão 3.5.1, SPSS versão 15.0 e STATA versão 8.0. Resultados – Os trabalhadores em

sua maioria são do sexo masculino (94%) e com idade média de 32,5 anos (DP+10,2)

predominando indivíduos com idade até 39 anos (74,9%). A prevalência de

sintomáticos respiratórios foi de 44,9% (82/183), sendo 14,8% (27/183) portadores de

sintomas considerados como graves e 30,1% (55/183) sintomas não graves. Associação

de função pulmonar alterada foi encontrada entre as variáveis tempo de exposição e

substância inalada. Os trabalhadores com 4 ou mais anos de exposição apresentaram

prevalência 99% maior que os indivíduos com tempo de exposição de até 3 anos

[RP=1,99 (1,05-3,77)]; os indivíduos que inalaram poeira e desmoldante apresentaram

mais alteração da função pulmonar [RP=2,97 (1,09-8,10)]. Conclusão – A alteração da

função pulmonar nos trabalhadores avaliados está relacionada ao maior tempo de

exposição (4 anos ou mais) e à inalação de poeira e desmoldante. Não houve

associações com significância estatística entre as demais variáveis e alteração da função

pulmonar.

Descritores: Saúde do trabalhador; espirometria; doença pulmonar ocupacional.

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Mana VAM. Análise da função pulmonar em trabalhadores de indústrias de cerâmica

no município de Várzea Grande-MT, 2010. [dissertação de mestrado]. Cuiabá: Instituto

de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso; 2011.

ABSTRACT

Introduction - Workers in ceramic industries, while developing its activities are

directly or indirectly exposed to several risk factors that lead to respiratory diseases,

such as dust and chemical (release agent). For the pulmonary function evaluation of

these individuals the spirometry test is an important test that helps identify and quantify

respiratory disorders. Objective - Assessing lung function in ceramic industries workers

in the municipality of Várzea Grande - Mato Grosso. Methods - Cross-sectional study

with 183 workers in ceramic industries in the municipality of Várzea Grande-MT. For

socio-demographic factors identificator, environmental factors and smoking was used to

a structured questionnaire and pulmonary function assessment was performed

spirometry. Were analyzed with descriptive and bivariate Poisson multiple regression,

using Epi-Info 2000 version 3.5.1, SPSS version 15.0 and STATA version 8.0. Results

- The workers are mostly male (94%) and mean age of 32.5 years old (SD +10.2)

predominantly individuals aged 39 years (74.9%). The prevalence of respiratory

symptoms was 44.9% (82/183) and 14.8% (27/183) patients with symptoms considered

serious and 30.1% (55/183) symptoms are not severe. Association of lung function

changed was found between the variables of time of exposure and substance inhaled.

Employees with four or more years of exposure were 99% higher prevalence than

subjects with an exposure time of up to 3 years [PR = 1.99 (1.05 to 3.77)], individuals

who had inhaled dust and mold release more changes in pulmonary function [PR = 2.97

(1.09 to 8.10)]. Conclusion - The pulmonary function changes in workers assessed is

related to exposure time (4 years or more) and the inhalation of dust and mold release.

There was no statistically significant associations between other variables and changes

in pulmonary function.

Keywords: Occupational health; spirometry, occupational lung disease.

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................

1.1 Política de Saúde do Trabalhador no Brasil....................................................

1.2 Indústria de Cerâmica e Processo Produtivo ..................................................

1.2.1 Processo produtivo ................................................................................

1.2.2 Substâncias inaladas ..............................................................................

1.3 Doenças Pulmonares ocupacionais e sintomas respiratórios..........................

1.3.1 Silicose .................................................................................................

1.3.2 Asbestose ..............................................................................................

1.3.3 Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas.........................................

1.3.4 Asma Ocupacional ...............................................................................

1.3.5 Sintomas respiratórios...........................................................................

1.4 Espirometria ...................................................................................................

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2 OBJETIVOS........................................................................................................

2.1 Objetivo geral..................................................................................................

2.2 Objetivos específicos .....................................................................................

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3 MÉTODO.............................................................................................................

3.1 Tipo, local e universo de estudo .....................................................................

3.2 Critérios de Inclusão.......................................................................................

3.3 Coleta de Dados..............................................................................................

3.3.1 Aplicação do Questionário...........................................................................

3.3.2 Espirometria.................................................................................................

3.4 Variáveis de Estudo ........................................................................................

3.4.1 Variável Dependente..............................................................................

3.4.2 Variáveis Independentes........................................................................

3.4.3 Identificação dos tipos de sintomas respiratórios...................................

3.5 Processamento de Dados e Análise Estatística ..............................................

3.6 Encaminhamentos...........................................................................................

3.7 Considerações Éticas.....................................................................................

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4 RESULTADOS....................................................................................................

4.1 Análise Univariada..........................................................................................

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4.2 Análise Bivariada............................................................................................

4.3 Análise Multivariada.......................................................................................

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5 DISCUSSÃO........................................................................................................ 43

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CONCLUSÕES ..................................................................................................

RECOMENDAÇÕES..........................................................................................

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 53

APÊNDICE..........................................................................................................

1- Questionário com questões para a identificação dos sintomas

respiratórios, fatores de exposição ocupacional e freqüência do

tabagismo..................................................................................................

2- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..........................................

3- Tabelas de 13 a 21.....................................................................................

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LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figuras

Figura 1 -

Ilustração de argila fluvial ..................................................................

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Figura 2 - Estoque de massa cerâmica pré-preparada em galpão coberto de uma indústria de cerâmica vermelha...................................................

16

Figura 3 - Visão do forno tipo chama reversível (forno abóbada)....................... 16

Figura 4 - Vista lateral do forno Hoffmann.......................................................... 17 Figura 5 - Fluxograma básico do processo produtivo.......................................... 18

Figura 6 - Espirômetro de volume modelo selado em água................................. 24

Figura 7 - Ilustração de um pneumotacômetro do tipo Fleisch............................ 24 Figura 8 - Diagrama de capacidades e volumes pulmonares............................... 25

Figura 9 - Modelo de espirômetro de fluxo e realização do teste por um paciente................................................................................................

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Quadros

Quadro 1 - Índices espirométricos......................................................................... 25

Quadro 2 - Quantificação da gravidade da lesão pulmonar................................... 27

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características sócio-demográficas dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.....................

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Tabela 2 - Características do ambiente de trabalho das indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.........................................

37

Tabela 3 - Tabagismo em trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010..............................................

37

Tabela 4 - Doenças respiratórias em trabalhadores de indústrias de cerâmicas do município de Várzea Grande/MT, 2010.........................................

37

Tabela 5 - Sintomas respiratórios em trabalhadores de indústrias de cerâmicas do município de Várzea Grande/MT, 2010.........................................

38

Tabela 6 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de função pulmonar alterada segundo as características sócio-demográficas dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010..............................................

39 Tabela 7 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de função pulmonar alterada segundo as características do ambiente de trabalho dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010..............................................

40 Tabela 8 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de função pulmonar alterada segundo o tabagismo dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010................................................................................

40 Tabela 9 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de função pulmonar alterada segundo doenças respiratórias dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010................................................................................

41 Tabela 10 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de função pulmonar alterada segundo os sintomas respiratórios graves e não graves dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010..........................

41 Tabela 11 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de presença de sintomas respiratórios segundo o tabagismo dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010................................................................................

41 Tabela 12 - Modelo final de regressão de Poisson para função pulmonar alterada

em trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010................................................................................

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SIGLAS UTILIZADAS

ART – Asma Agravada pelo Trabalho

ATS – American Thoracic Society

Bd – Broncodilatador

CA – Corpos de Asbesto

CI – Capacidade Inspiratória

CNST – Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador

CO – Monóxido de Carbono

CPT – Capacidade Pulmonar Total

CRF – Capacidade Residual Funcional

CV – Capacidade Vital

CVF – Capacidade Vital Forçada

DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

LOS – Lei Orgânica da Saúde

PFE – Pico de Fluxo Expiratório

PIB – Produto Interno Bruto

PNAB – Política Nacional de Atenção Básica

PST – Programa de Saúde do Trabalhador

SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do

Trabalho

SUS – Sistema Único de Saúde

VC – Volume Corrente

VEF1 – Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo

VR – Volume residual

VRE – Volume de Reserva Expiratória

VRI – Volume de Reserva Inspiratória

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1- INTRODUÇÃO

Trabalhadores são todos os homens e mulheres que exercem atividades para seu

próprio sustento e ou de seus dependentes, qualquer que seja a forma de inserção no

mercado de trabalho, no setor formal e informal da economia. Estão incluídos nesse

grupo todos os indivíduos que trabalharam ou trabalham como: empregados

assalariados; trabalhadores domésticos; rurais; autônomos; temporários; servidores

públicos; trabalhadores em cooperativas e empregadores, particularmente os

proprietários de micro e pequenas unidades de produção e serviços, entre outros.

Também são considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não

remuneradas, participando de atividades econômicas na unidade domiciliar; o aprendiz

ou estagiário e aqueles temporária ou definitivamente afastados do mercado de trabalho

por doença, aposentadoria ou desemprego (BRASIL, 2004).

A Medicina do Trabalho centrada na figura do médico, orienta-se pela teoria da

unicausalidade, ou seja, para cada doença um agente etiológico. Transplantada para o

âmbito do trabalho, vai refletir-se na propensão a isolar riscos específicos e dessa forma

atuar sobre suas conseqüências, medicalizando em função de sintomas e sinais ou

quando muito os associando a uma doença legalmente reconhecida. Entretanto, a Saúde

Ocupacional avança numa proposta interdisciplinar, com base na Higiene Industrial,

relacionando ambiente de trabalho - corpo do trabalhador. Incorpora a teoria da

multicausalidade, na qual um conjunto de fatores de risco é considerado na produção da

doença, avaliada através da clínica médica e de indicadores ambientais e biológicos de

exposição e efeito. Os fundamentos teóricos a partir do modelo da História Natural da

Doença estendem-se a indivíduos ou grupos, numa interação constante entre o agente, o

hospedeiro e o ambiente, significando um aprimoramento da multicausalidade simples

(MINAYO-GOMEZ e THEDIM-COSTA, 1997).

Já a Saúde do Trabalhador, numa proposta mais atualizada, é um campo

específico da área da saúde pública, que procura atuar através de procedimentos

próprios com a finalidade de promover e proteger a saúde de pessoas envolvidas no

exercício do trabalho. Ela se constrói por meio de desenvolvimento de ações de

vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à

saúde do trabalhador e/ou da organização e prestação da assistência aos trabalhadores,

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compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma

integrada no Sistema Único de Saúde - SUS (BRASIL, 2001).

1.1- Política de Saúde do Trabalhador no Brasil

Entre as décadas de 30 e 80, a assistência à saúde da população trabalhadora era

atribuição das empresas e da Previdência Social. A regulamentação e controle das

condições e ambientes de trabalho eram exclusivamente atribuições do Ministério do

Trabalho (LACAZ, 1996). As ações de saúde do trabalhador têm as suas raízes no

processo histórico das lutas sociais deflagradas no Brasil a partir da década de 1970,

porém ações mais pragmáticas começaram a ganhar corpo apenas na década de 1980

nos governos municipais de ênfase política democrática (LOURENÇO e BERTANI,

2007). Pode-se perceber uma relação entre a redemocratização do Estado brasileiro no

decorrer dos anos de 1980 e a mudança de postura política no enfrentamento dos

eventos agressivos à saúde no trabalho. Segundo VILELA (2003), nessa época foram

constituídas as primeiras ações de saúde do trabalhador no âmbito do SUS por meio dos

Programas de Saúde do Trabalhador (PST) em vários municípios.

Segundo LACAZ (1996), a década de 1980 representa um marco histórico para a

saúde do trabalhador, pois este passa a ser reconhecido como sujeito possuidor de saber

e não mero consumidor de serviços de saúde. O autor enfatiza ainda o papel substancial

da Constituição Federal de 1988, precedida pela VIII Conferência Nacional de Saúde e

pela 1ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador (I CNST), em 1986, na

assistência universal ao trabalhador acompanhada da prevenção e da intervenção nos

ambientes de trabalho. Mais tarde, a discussão sobre a responsabilidade do SUS na

intervenção sobre os processos de trabalho foi debatida na II CNST (1994) e ampliada

na III CNST, de 2005 (LOURENÇO e BERTANI, 2007).

A Constituição Federal estabelece parâmetros legais para o campo da saúde do

trabalhador no SUS. Seu artigo 200 estabelece a ampliação do atendimento do SUS para

além da intervenção no corpo ou suas partes, evolui para a intervenção nas causas e,

inclusive, nos ambientes de trabalho, como verificado no inciso II “executar as ações de

vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador” e no inciso

VIII “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o trabalho”

(BRASIL, 1988).

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No Brasil, esse conceito foi internalizado no arcabouço jurídico-institucional da

saúde, inscrito nos artigos 196 e 200 da carta constitucional de 1988 e na

regulamentação do SUS pela Lei Orgânica da Saúde - LOS (Lei nº 8.080, de 19 de

setembro de 1990). No seu artigo 6º é conferida à direção nacional do SUS a

responsabilidade de coordenar a política de saúde do trabalhador. A LOS orienta a

execução das ações voltadas para a saúde do trabalhador, o parágrafo 3º do artigo 6° a

define como: “Um conjunto de atividades que se destina, por meio das ações de

vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e a proteção da saúde do

trabalhador, assim como visa a recuperação e a reabilitação dos trabalhadores

submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho”. A LOS também

orienta práticas de saúde que buscam religar o conhecimento fragmentado por meio de

ações interdisciplinares e intersetoriais, contextualizando o processo saúde-doença nos

ambientes de vida e de trabalho, com a finalidade de concretizar o direito à saúde (DIAS

et al., 2009).

A organização do sistema de saúde brasileiro, na atualidade, está norteada pelo

Pacto pela Saúde e em Defesa do SUS, desde o inicio de 2006. O componente Pacto

pela Vida definiu como prioridade a consolidação da atenção básica de saúde como eixo

ordenador das redes de atenção a saúde do SUS, financiada pelas três esferas de gestão

do SUS, para atender as necessidades de saúde da população e conseguir a equidade

social. A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) define as estratégias para sua

operacionalização e consolidação (BRASIL, 2006; BRASIL, 2007). A Portaria nº.

325/GM, de 21 de fevereiro de 2008, estabelece em seu artigo 1º prioridades, objetivos

e metas do Pacto pela Vida para 2008, sendo uma das prioridades a Saúde do

Trabalhador (BRASIL, 2008).

1.2- Indústria de Cerâmica e processo produtivo

1.2.1- Processo produtivo

A indústria de cerâmica merece destaque no cenário nacional, possuindo em

torno de 5.500 empresas que faturam, anualmente, R$ 6 bilhões, o que representa 4,8%

da indústria da construção civil, a qual, por sua vez, segundo dados da Associação

Nacional de Cerâmica (ANICER, 2009), corresponde a 7,3% do Produto Interno Bruto

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(PIB) nacional. Em 2010 ocorre um crescimento destas indústrias, chegando a cerca de

7 mil empresas que compõem o setor e chegam a faturar até R$ 9 bilhões (ANICER,

2010). Do total das indústrias de cerâmica vermelha, cerca de 36% fabricam telhas

cerâmicas.

Conceitualmente, pode-se definir a cerâmica como qualquer material inorgânico,

obtido geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas. São várias as

matérias-primas das quais se podem produzir artigos cerâmicos. A principal delas é a

argila, definida como um material natural, terroso e fino que ao ser misturado com água

adquire certa plasticidade, tornando-se fácil de ser moldado.

O primeiro passo do processo produtivo das indústrias de cerâmica é a extração

da argila. Em geral são utilizadas as argilas consideradas comuns, pois são de fácil

extração, normalmente, argilas fluviais depositadas em terrenos aluviais (locais

protegidos nas denominadas planícies de inundação durante o período das enchentes),

em geral, chamadas argilas de várzea (Figura 1).

Figura 1 – Ilustração de argila fluvial (MENDES, 2007).

Após a extração, ela passa por um período de estocagem em pátio coberto

(Figura 2). Após a estocagem, é preciso dosá-las de acordo com o produto a ser

fabricado. A dosagem é feita por volume, mediante pá carregadeira, isto é, pá

mecânica. Esse método é bastante ineficiente, mas o investimento na preparação de

massa, com dosagem por peso, é elevado, inviabilizando sua adoção para as cerâmicas

nacionais, em termos genéricos. Os ceramistas que dão importância à preparação

adequada da massa cerâmica sabem que não é essencial trabalhar com as melhores

argilas, mas, sim, com massa argilosa o mais constante possível.

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Figura 2 – Estoque de massa cerâmica de uma indústria de cerâmica vermelha (MONTEIRO, 2009).

A dosagem e a umidificação/homogeneização das matérias-primas são

imprescindíveis para o ceramista, cuja meta é perda zero e imperfeições zero. Depois de

prensado em máquinas apropriadas para retirar o excesso de água, o objeto é seco,

sendo que a secagem das peças se dá em secadores estáticos, semicontínuos ou

contínuos. O ciclo de secagem varia de 18 a 24 horas. Em seguida ele é cozido em alta

temperatura, de onde resulta o produto acabado (ANDRADE, 2002). Neste último, as

argilas passam por um processo de queima ou sinterização, podendo chegar a uma

temperatura de aproximadamente 950ºC (GONÇALVES, 2007). Com relação à queima,

os fornos mais usuais são os de sistema intermitente (operam por batelada), tipo chama

reversível, circulares, com quatro a seis fornalhas perimetrais, conhecidos por forno

abóbada (Figura 3).

Figura 3 – Visão do forno tipo chama reversível (forno abóbada).

Existem também os fornos contínuos, de fogo móvel, tipo Hoffmann de

câmaras, representados na Figura 4. Com relação ao carregamento (enforna) e

descarregamento (desenforna) esse tipo de forno também é intermitente.

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Figura 4- Vista lateral do forno Hoffmann

O combustível utilizado na queima é a lenha oriunda de manejo florestal. As

empresas com secadores artificiais e que necessitam de geração de calor, além do

aproveitado da zona de resfriamento dos fornos, também consomem biomassa nas

fornalhas. Existem empresas que utilizam combustíveis fósseis.

As telhas e os tijolos são colocados nos fornos, em uma quantidade aproximada

de 20.000 peças. Após o preenchimento dos fornos, estes são fechados por uma “porta”

constituída de argila e piçarra. Os produtos então são queimados no período de 36

horas, sendo que nesse processo os fornos apresentam temperatura variando de 280ºC

na base do forno a 950ºC na abóbada.

Após o processo da queima, as entradas dos fornos são quebradas e então são

utilizados ventiladores para resfriar os fornos e os produtos por 12 horas. Após este

período, os trabalhadores retiram os produtos do interior do forno, que apresenta

temperatura variando de 70º à 90º, e os encaminham para o pátio da fábrica, no qual são

classificados, ficando disponíveis ao consumidor.

O conhecimento prévio das principais características cerâmicas das matérias-

primas e das impurezas presentes nas argilas, aliado ao investimento no preparo

adequado da massa cerâmica é tão importante quanto a aquisição de um forno de última

geração (MONTEIRO, 2009).

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Segue abaixo a representação esquemática do processo produtivo (Figura 5).

Figura 5 – Fluxograma básico do processo produtivo

1.2.2- Substâncias inaladas

Durante os processos realizados nas cerâmicas, os trabalhadores no decorrer de

suas atividades inalam partículas de poeiras que podem depositar-se nas vias aéreas e

interferir com os mecanismos de defesa do pulmão ou depositar-se na intimidade das

pequenas vias aéreas e eventualmente contribuir para o desenvolvimento das doenças

pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC). O pulmão pode ainda servir de porta de

entrada para a circulação sistêmica, com comprometimento de vários órgãos

(BAGATIN et al., 2006).

Os trabalhadores de cerâmica, durante o desenvolvimento de suas atividades,

estão expostos direta ou indiretamente a diversos fatores de risco que acarretam

patologias ao aparelho respiratório, tais como a poeira proveniente na matéria prima ou

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dos produtos fabricados e o produto químico (desmoldante) constituído de óleo diesel.

O contato ocorre quando o produto é usado para untar as formas das máquinas que dão

molde às telhas e tijolos ou quando o mesmo entra em estado de combustão aquecido

pelas chapas das máquinas liberando no ar inúmeras substâncias tóxicas no ambiente,

destacando o monóxido de carbono – CO (GIODA e AQUINO, 2003). A inalação do

monóxido de carbono presente nas indústrias pode acarretar lesões nas vias áreas

superiores e inferiores. Nesta situação, as vítimas apresentam a dispnéia como principal

sintoma respiratório presente, destacando-se que o tipo de exposição, o tempo ou ainda

a predominância dos mecanismos de ação das substâncias no trato respiratório

determinam as diferentes evoluções das lesões inalatórias (SOUZA et al., 2004).

Os trabalhadores que inalam a poeira podem apresentar comprometimento da

função respiratória, que pode desencadear diversos agravos respiratórios como rinite,

sinusite, asma, entre outros. Entretanto, a inalação crônica de gases como o monóxido

de carbono e vapores pode causar por via sistêmica lesões de vários órgãos e sistemas,

como o fígado e a medula óssea (BAGANTIN et al., 2006).

A poluição ambiental aparece como uma característica das indústrias de

cerâmicas uma vez que no processo de queima do produto é possível observar alto

índice de fumaça, cinza e materiais particulados e irritantes primários das vias aéreas

superiores e olhos, resultantes dos vários tipos de materiais utilizados na alimentação

dos fornos. Para minimizar esse quadro, é indicada a utilização de filtros nas chaminés e

máscaras com elementos filtrantes adequados. Deve existir sistema de ventilação e/ou

exaustão adequado para evitar a concentração de contaminantes nas áreas de produção e

estocagem (CARDOSO, 2009).

1.3- Doenças pulmonares ocupacionais e sintomas respiratórios

O termo pneumoconiose é largamente utilizado quando se designa o grupo

genérico de pneumopatias relacionadas etiologicamente à inalação de poeiras em

ambientes de trabalho. Excluem-se dessa denominação as alterações neoplásicas e as

reações obstrutivas como asma, bronquite e enfisema (CAPITANI e ALGRANTI,

2006)

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Seguem abaixo as principais doenças pulmonares ocupacionais dos

trabalhadores de cerâmicas.

1.3.1 – Silicose

A silicose é uma doença respiratória tipicamente ocupacional, caracterizada por

provocar alteração irreversível em toda estrutura alveolar e intersticial. No Brasil, o

numero estimado de trabalhadores potencialmente expostos a atividade de risco é

superior a seis milhões (ALGRANTI, 2001). A doença predispõe o organismo a uma

serie de co-morbidades pulmonares e extrapulmonares, como tuberculose, enfisema,

limitação crônica ao fluxo aéreo, doenças auto-imunes e câncer de pulmão (CALVERT

et al., 2003).

O processo fisiopatológico inicia-se quando a sílica inalada atinge o

parênquima pulmonar, atraindo células fagocitárias e de defesa (macrófagos, monócitos,

eosinófilos, neutrófilos e linfócitos) para o local, ocasionando a liberação de substâncias

quimiotáxicas e também fibrogênicas, cuja ação desencadeia o desenvolvimento da

lesão silicótica. Esta é constituída por camadas de tecido hialino, seguindo-se reação

tecidual caracterizada pela presença de granuloma e fibrose intersticial (HAMADA et

al., 2000).

Os riscos da inalação de poeira com sílica podem estar presentes em uma ampla

variedade de situações, incluindo as indústrias de cerâmica. Os indivíduos com silicose

podem não apresentar alterações funcionais nas fases iniciais, evoluindo para um padrão

obstrutivo, restritivo ou misto. Nos casos mais avançados de fibrose, ou na presença de

enfisema, há importante redução da capacidade de difusão de monóxido de carbono

(TERRA FILHO e SANTOS, 2006).

O diagnóstico da silicose baseia-se na história de exposição à sílica e nas

alterações radiológicas. A espirometria não é útil para o diagnóstico de silicose,

servindo apenas para avaliar a presença de alteração funcional, sendo para tal o exame

recomendado (BAGATIN et al., 1995). Não existem padrões de disfunção típicos em

silicose, sendo que a detecção de alterações funcionais precoces é tecnicamente muito

difícil, pois a doença se inicia nas vias aéreas distais. Na silicose simples, sem outras

doenças associadas, geralmente a espirometria é normal. Na doença mais grave,

ocorrem dois efeitos na função pulmonar; fibrose causando restrição e desenvolvimento

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de enfisema secundário causando hiperinsuflaçao e redução do fluxo aéreo (PEREIRA

et al., 1996).

1.3.2- Asbestose

Asbestose é definida como uma fibrose intersticial difusa dos pulmões como

conseqüência da exposição ao asbesto. As características clínicas tanto quanto

histopatológicas da fibrose são semelhantes a outras causas de fibrose intersticial,

excetuando-se o achado de fibras ou corpos de asbesto (CA) no tecido pulmonar, além

das quantidades comumente encontradas na população em geral. Sintomas de asbestose

incluem tosse e dispnéia e estertores basilares inspiratórios. Alterações funcionais

respiratórias podem ocorrer numa percentagem de casos e incluem anormalidades nas

trocas gasosas, um padrão restritivo ou obstrutivo devido à doença de pequenas vias

aéreas. O tabagismo frequentemente é referido pelos portadores de asbestose, sendo

detectado em 50-70% destes pacientes (CAPELOZZI, 2001).

O asbesto ocorre no pulmão em duas formas. A maioria do mineral encontra-se

como fibras não-revestidas, forma na qual ele é inalado. Uma minoria de fibras adquire

um envoltório por proteína férrica, sendo então chamada de corpo de asbesto, uma

forma específica de corpo ferruginoso (CHURG e GREEN, 1989).

O diagnóstico histológico final de asbestose inclui a identificação de fibrose

intersticial difusa em tecido pulmonar, acrescido da presença de dois ou mais CA em

cortes de tecido de 1cm2. Para tal diagnóstico, é necessário verificar a ausência de

câncer ou outras tumorações (CONSENSUS REPORT, 1997).

1.3.3 – Doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC)

A DPOC é uma condição que se caracteriza pela limitação crônica ao fluxo de

ar, causada por inflamação crônica dos brônquios (bronquite crônica) e/ou por perda da

elasticidade do pulmão por enfisema pulmonar (DUNCAN et al., 2004).

A doença é resultante da interrelação entre os elementos externos e a resposta

individual que desencadeia a resposta inflamatória, conduzindo às alterações

patológicas responsáveis pelo quadro clínico e evolução da doença. Dentre os fatores

externos mais conhecidos, destacam-se: inalação de fumaça do cigarro, exposições

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ocupacionais, fumaça de lenha e gases irritantes. Porém, o tabagismo é o principal

agente etiológico da bronquite crônica e do enfisema pulmonar, contribuindo com cerca

de 80 a 90% para o aparecimento da patologia (BAGATIN et al., 2006).

Esses pacientes apresentam as características de obstrução de vias aéreas e

destruição das paredes alveolares com consequente hiperinsuflação pulmonar. Assim,

com a evolução da doença, os portadores de DPOC cursam com um encurtamento

diafragmático e, consequentemente, com uma má relação comprimento-tensão para

gerar a pressão de contração adequada, levando a um aumento do trabalho respiratório e

intensificação da sensação de dispnéia (NICI et al., 2006).

Na avaliação da função pulmonar destes trabalhadores, a espirometria também é

o método aceito como imprescindível para o diagnóstico da DPOC. A relação entre

volume expiratório forçado no primeiro segundo e capacidade vital forçada

(VEF1/CVF) inferior a 70% confirma o diagnóstico de DPOC quando na presença de

história e fator de risco compatível (GLOBAL STRATEGY FOR THE DIAGNOSIS,

2003).

1.3.4 - Asma Ocupacional

Definida como obstrução reversível ao fluxo aéreo e/ou hiperreatividade

brônquica devida a causas e condições atribuíveis a um determinado ambiente de

trabalho. A asma agravada pelo trabalho (ART) ou asma agravada pelas condições de

trabalho é a asma previamente existente, assintomática ou não, que se agravou devido a

uma exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos (BERNSTEIN et al., 1993;

VANDENPLAS e MALO, 2003).

O exame de espirometria na asma é compatível com limitação ao fluxo aéreo de

tipo obstrutivo: VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo)/CVF

(capacidade vital forçada) menor que 80%, sendo que a espirometria pode ser normal no

período intercrises. Os exames de função pulmonar informam sobre a intensidade da

limitação ao fluxo aéreo, sua reversibilidade e variabilidade. A espirometria é útil para

diagnóstico, monitorização clínica e avaliação da resposta ao tratamento. O VEF1 pós-

broncodilatador é o melhor parâmetro espirométrico para avaliar mudanças em longo

prazo na função pulmonar, sendo um indicador de progressão da doença. A medida do

pico de fluxo expiratório (PFE) serve para avaliar a variabilidade da obstrução; auxilia a

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monitorização clínica e a detecção precoce de crises, especialmente em pacientes com

baixa percepção dos sintomas de obstrução. É também útil no diagnóstico de asma

ocupacional (SBPT, 2006; BATEMAN et al., 2008)

1.3.5 – Sintomas respiratórios

Segundo TARANTINO (2002), os sintomas respiratórios mais comuns das

doenças respiratórias como DPOC e asma são: Tosse - pode ser seca ou produtiva

(expectoração); Expectoração - eliminação de secreção da árvore brônquica; Dispnéia

(falta de ar) - dificuldade de respirar, podendo o paciente ter consciência desse estado;

Sibilância ou chiado - ruído predominante na fase expiratória da respiração, geralmente

produzidos nas vias aéreas inferiores, e quase sempre acompanhado de dispnéia;

Ronqueira - ruídos mais grosseiros predominantemente, produzidos nas vias aéreas

superiores; Obstrução nasal - congestão das fossas nasais, com ou sem secreção

(coriza); Coriza - secreção produzida nas vias aéreas superiores, podendo ser hialina ou

amarelada/esverdeada; Irritação na garganta - dor de garganta e irritação da região da

faringe; Disfonia ou rouquidão - mudança no timbre da voz, traduzida como alterações

nas cordas vocais /laringe; Ardor ou queimação retro esternal - irritação/inflamação da

traquéia, muito comum na asma e trequeítes inespecíficas.

1.4 – Espirometria

A espirometria é um teste de avaliação funcional que auxilia na prevenção,

identificação e quantificação dos distúrbios respiratórios. Trata-se de um teste onde se

faz a avaliação das condições mecânicas do pulmão e da caixa torácica com base em um

traçado representativo dos volumes ou fluxos de ar inspirados ou expirados durante

manobras respiratórias específicas (ATS, 1995; PEREIRA, 2002).

De acordo com o seu sinal primário, os espirômetros podem ser classificados em

espirômetros de volume ou espirômetros de fluxo. Os espirômetros com deslocamento

de volume são simples, porém, devido à movimentação das partes mecânicas, as forças

de inércia, fricção e o efeito da gravidade devem ser minimizados para que as medidas

dos volumes sejam exatas e precisas. Dependendo do modelo, podem apresentar

desvantagens quanto ao seu transporte, limpeza, vazamento, etc. Alguns exemplos de

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espirômetros de volume são: selado em água (campânula), de pistão e de fole (ATS,

1995; PEREIRA, 2002).

A Figura 6 ilustra um modelo tradicional de um espirômetro selado em água.

Figura 6: Espirômetro de volume modelo selado em água (GUYTON e HALL, 1996).

Os espirômetros de fluxo são geralmente aparelhos menores e mais leves, mais

dependentes da eletrônica, podem ser limpos e desinfetados de forma mais simples. O

fluxo pode ser mensurado a partir da diferença de pressão através de um tubo com

resistência conhecida (pneumotacômetro), como é ilustrado na Figura 7, pela medição

da mudança de temperatura ou transferência de calor de um fio eletricamente aquecido

(anemômetro), ou pela contagem do número de giros por unidade de tempo de uma

pequena turbina (turbinômetro) (PEREIRA, 2002; QUANJER, 2004).

Figura 7: Ilustração de um pneumotacômetro do tipo Fleisch. O fluxo (V’) é mensurado pela diferença entre as pressões (P1 e P2), divididas pela resistência (R) do conjunto de capilares do tubo. O volume (V) é originado da integral do fluxo no tempo (QUANJER, 2004).

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A Figura 8 mostra um espirograma com as mudanças de volumes e capacidades

sob condições diferentes de respiração. A capacidade pulmonar é a combinação de

alguns volumes. Os fluxos são medidas de volume no tempo. As descrições das siglas

são apresentadas no quadro 1.

Figura 8: Diagrama de capacidades e volumes pulmonares.

Quadro 1. Índices espirométricos Sigla Índice Descrição

VC Volume corrente Vol. de ar de uma respiração normal

VRI Volume Reserva Inspiratória Vol. extra de ar que pode ser inspirado acima do volume corrente.

VRE Volume Reserva Expiratória Vol. extra de ar que pode ser expirado depois de uma expiração corrente normal por uma expiração forçada.

VR Volume Residual Vol. de ar que resta nos pulmões depois de uma expiração forçada.

CI Capacidade Inspiratória VC + VRI

CRF Capacidade Residual Funcional VRE + VR

CV Capacidade Vital VRI + VC + VRE. Quantidade máxima de ar que pode ser respirado.

CVF Capacidade Vital Forçada CV com esforço máximo de expiração, a partir do ponto de máxima inspiração.

CPT Capacidade Pulmonar Total CV + VR.

Fonte: GUYTON e HALL (1996)

Para a análise das medidas espirométricas de cada indivíduo, é necessário

compará-las com valores espirométricos de normalidade, denominados valores de

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referência. Esses valores são provenientes de equações, obtidas de um grupo

populacional representativo, com um número razoável de indivíduos sem doença

pulmonar e não-fumantes. Os valores de referência variam conforme o sexo, idade,

estatura, raça, peso e fatores técnicos. No sexo masculino os valores são 20% superiores

em relação ao feminino; estes valores atingem máximos aos 20 anos no sexo feminino e

aos 25 anos no sexo masculino; são maiores em indivíduos mais altos. Na raça negra

são encontrados valores menores de volume expiratório forçado no primeiro segundo

(VEF1) e capacidade vital forçada (CVF). Em indivíduos obesos ocorre redução do

volume de reserva expiratório (VRE), volume residual (VR) e VEF1, redução da

capacidade residual funcional (CRF), capacidade vital (CV), capacidade pulmonar total

(CPT) e CVF. Em relação aos fatores técnicos devem-se levar em conta os instrumentos

de medida, postura do indivíduo, observador, procedimento, programas

computadorizados, temperatura e altitude (DRUMOND et al., 2009).

Devido às diferenças nos valores de referência para a função pulmonar, não há

equações recomendáveis que possam ser aplicadas a todas as populações de pacientes.

Essas diferenças entre as equações em relação aos valores teóricos são tão relevantes

que a American Thoracic Society (ATS) recomenda que, para cada grupo populacional,

sejam escolhidas equações próprias para uma melhor adequação às diferentes realidades

(CRAPO e MORRIS, 1989; AMERICAN THORACIC SOCIETY, 1991).

A quantificação da gravidade da lesão pulmonar é dividida em 3 graus de

distúrbio ventilatório obstrutivo e restritivo, sendo eles: leve, moderado e grave, como

apresentado no quadro 2. Nos distúrbios obstrutivos a referência para classificação é o

VEF1 e no restritivo é a CVF. A relação VEF1/CVF (%) pode ser utilizada

conjuntamente com o VEF1 (%) para graduar o distúrbio ventilatório obstrutivo (SILVA

et al., 2000).

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Quadro 2. Quantificação da gravidade da lesão pulmonar

DISTÚRBIO OBSTRUTIVO RESTRITIVO

GRAU VEF1 (% do previsto)

VEF1/CVF (%) CVF (% do previsto)

Leve 60-LI (79) 60-LI (79)

Moderado 41-59 51-59

Grave ≤ 40 ≤ 50

Fonte: PEREIRA (2002)

A grande incidência de sintomas respiratórios em indivíduos expostos a

determinados agentes poluentes no ambiente de trabalho fomentou o interesse por esta

pesquisa, a qual teve por objetivo analisar a função pulmonar em trabalhadores de

indústrias de cerâmica no município de Várzea Grande-Mato Grosso. Neste processo de

trabalho, número elevado de substâncias são utilizadas para a produção da matéria

prima, além da presença de poeira, desmoldante e outras substâncias tóxicas como o

monóxido de carbono suspensos no ar inalado, que podem ser possíveis causadores de

patologias respiratórias.

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2- OBJETIVOS

2.1- Geral

Analisar a função pulmonar em trabalhadores de indústrias de cerâmica no

município de Várzea Grande-Mato Grosso.

2.2- Específicos

• Avaliar a associação entre os fatores sócio-demográficos e fatores

individuais com a alteração da função pulmonar dos trabalhadores.

• Avaliar a associação entre as características do ambiente de trabalho com a

alteração da função pulmonar dos trabalhadores.

• Analisar a associação entre o tempo de exposição às partículas de poeiras e

desmoldante com a alteração da função pulmonar dos trabalhadores.

3 - MÉTODO

3.1 – Tipo, local e universo de estudo

Foi realizado estudo transversal e analítico, envolvendo trabalhadores de

indústrias de cerâmica. O local do estudo foi o município de Várzea Grande/MT, onde

existem 18 indústrias de cerâmica, sendo 3 especializadas na fabricação de telhas e

tijolos, e as demais somente na produção de tijolos. Apesar de o município dispor de 18

empresas para interesse desta pesquisa, apenas 6 delas concordaram em participar do

estudo. O principal argumento dos responsáveis pelas empresas para não aceitar a

participação foi que a produção estava em alta e mesmo à parada por um tempo

pequeno poderia causar prejuízo para a empresa.

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3.2 - Critérios de inclusão

Foram incluídos no estudo 183 trabalhadores das cerâmicas do município de

Várzea Grande que concordaram em participar da pesquisa, independentemente do

sexo, tempo de serviço, função ou setor de trabalho. A coleta de dados foi realizada no

período de março a maio de 2010. Antes do início do estudo, o projeto de pesquisa foi

apresentado aos responsáveis pelas empresas de cerâmica do município de Várzea

Grande-MT.

Os critérios de inclusão neste estudo foram:

a - Estar trabalhando em cerâmicas do município de Várzea-Grande e estar

desempenhando funções relacionadas na indústria no momento da pesquisa.

b - Trabalhadores maiores de 18 anos de idade.

c - Concordar em participar do estudo, mediante assinatura do termo de consentimento.

d - Trabalhadores que não apresentam patologias respiratórias graves e não gestantes.

Além dos critérios citados acima, durante a realização do exame foram tomados

alguns cuidados para não ocorrer interferência nos resultados, conforme PEREIRA

(2002). Para realização da espirometria, o trabalhador não poderia ter apresentado

infecção respiratória nas últimas 3 semanas (gripe, resfriado, bronquite e pneumonia) e

não ter feito uso de broncodilatadores de ação curta por 4 horas e de ação prolongada

por 12 horas antes dos testes. Foi orientado também a não ingerir café e chá nas últimas

6 horas, não fumar 2 horas antes do exame, não ingerir álcool 4 horas antes do exame e

evitar refeições volumosas 1 hora antes dos testes.

3.3 – Coleta de dados

3.3.1- Aplicação do Questionário

Foi utilizado para a coleta dos dados um instrumento (Apêndice 1) que contém

questões sobre as características sócio-demográficas; características do ambiente de

trabalho; tabagismo: fumante regular, ex-fumante e não fumante; doença respiratória; e

sintomas respiratórios (graves e não graves). Este instrumento foi baseado no

questionário de sintomas respiratórios do Medical Research Council (versão de 1976,

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Grã Bretanha), que vem sendo utilizado pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de

Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO / SP.

Inicialmente foi realizado um pré-teste do instrumento de coleta dos dados,

sendo o mesmo aplicado em um grupo de trabalhadores de cerâmicas, diferente do

incluído neste estudo, para verificar problemas de compreensão e interpretação das

perguntas do questionário. Este pré-teste foi feito após a aprovação do projeto pelo

Comitê de Ética em Pesquisa.

A aplicação do questionário foi realizada por auxiliares de pesquisa, sob

orientação direta da pesquisadora. Estes auxiliares foram treinados, destacando cada

item do questionário:

1º questões que indagam as características sócio-demográficas;

2º características do ambiente de trabalho;

3º tabagismo: fumante regular, ex-fumante e não fumante;

4º doença respiratória e sintomas respiratórios (graves e não graves).

Os questionários foram aplicados no próprio ambiente de trabalho dos

indivíduos em horários combinados com os responsáveis pelas indústrias de modo a não

comprometer a produção.

3.3.2 - Espirometria

Para a avaliação da função pulmonar nas indústrias de cerâmica, foi utilizado o

espirômetro Marca Ferraris, ano 2008, série 2008K3155, com calibração diária, sete

litros de capacidade e registro gráfico direto em conformidade com critérios da ATS

(American Thoracic Society). Esse equipamento é um espirômetro que permite traçar

curvas de expiração forçada e de ciclos respiratórios basais, a partir das quais são deter-

minados os valores dos parâmetros referentes à função do sistema respiratório. O

aparelho é considerado adequado, segundo os critérios da ATS, para a avaliação das

provas de função pulmonar (AMERICAN THORACIC SOCIETY, 1991; PEREIRA et

al., 2007).

A espirometria foi realizada por um técnico especializado logo após a entrevista

pela pesquisadora, numa média de dez a quinze exames diários. Os testes foram

realizados após 5 a 10 minutos de repouso do trabalhador, os mesmos foram realizados

com o trabalhador na posição sentada com o tronco ereto, com a cabeça em posição

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neutra e fixa, os mesmos foram pesados e medidos com roupas leves e sem sapatos.

Eles foram orientados a inspirar profundamente até a capacidade pulmonar total (CPT) e

expirar o mais forte e rápido possível até o volume residual (VR). Todos os

participantes receberam estímulo verbal para máximo esforço durante toda a manobra,

sendo a expiração interrompida ao final de 6 segundos, após atingir um platô. Foi

colocado um clipe nasal e a boca foi acoplada devidamente ao bocal, evitando-se o

vazamento de ar. Após os esclarecimentos devidos, iniciaram os registros gráficos,

seguindo as recomendações preconizadas pela ATS (American Thoracic Society).

Para obtenção da curva ideal, foi solicitada a cada trabalhador a realização de no

mínimo três manobras de capacidade vital forçada (CVF). A CVF e o volume

expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) aceitos foram os melhores valores de

cada trabalhador, respeitando os critérios de aceitabilidade segundo o consenso

brasileiro de espirometria. O fluxo expiratório entre 25-75% (FEF25-75) foi derivado da

curva com melhor soma do VEF1 com a CVF (DUARTE et al., 2007).

Os parâmetros analisados foram CVF, VEF1, FEF25-75 e o índice de Tiffeneau

(VEF1/CVF × 100). Após análise destes parâmetros os trabalhadores foram

categorizados conforme Quadro 2.

A Figura 9 ilustra um modelo de espirômetro de fluxo e como o teste de

Espirometria deve ser realizado.

Figura 9: Modelo de espirômetro de fluxo e realização do teste por um paciente. Disponível em

www.nlm.nih.gov/medlineplus/.

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3.4 - Variáveis de Estudo

3.4.1 - Variável dependente

- Alteração da função pulmonar: foi obtida pelo exame de espirometria.

3.4.2 - Variáveis independentes

- Características sócio-demográficas: Sexo - Feminino e masculino; Idade em anos-

até 39 anos , ≥ 40 anos; Raça - branca e não branca; Anos de estudo: até 4 anos, 5 anos

e mais; Estado Civil: solteiro e casado; Piso Salarial: até 1 salário, > 1 salário mínimo;

Renda familiar per capita: até ½ salário mínimo e > do que ½ salário mínimo.

- Características do ambiente de trabalho: Ocupação: foram consideradas seis

atividades básicas na indústria de cerâmica, sendo cinco delas na área de produção da

indústria: forneiro, resquenteiro/queimador, classificador, operador de linha de

produção e servente geral. E uma delas na área administrativa, onde foram incluídos os

trabalhadores que realizam suas atividades nos escritórios da indústria, estando

separados da área de produção. Tempo de exposição: tempo de trabalho nas cerâmicas,

o que significa tempo de exposição à poeira e ao produto químico, sendo categorizado

em até 3 anos, 4 anos ou mais. Jornada de trabalho diária: considerados o período em

que o trabalhador realiza suas atividades diárias, sendo dividido em duas categorias: até

8 horas diárias e mais de 8 horas diárias.

- Tabagismo: Fumante: incluiu os trabalhadores que fumam, fazendo uso regular do

cigarro; Ex-fumante: trabalhadores que usaram o cigarro durante algum tempo na vida

e pararam há mais de um mês; Não fumante: indivíduos que nunca experimentaram o

cigarro e aqueles que experimentaram e não gostaram.

- Substâncias inaladas durante o processo produtivo: Poeira: material particulado

proveniente da matéria prima (argila) ou dos produtos fabricados na indústria. Produto

químico: o desmoldante, constituído de óleo diesel usado para untar as formas que dão

molde às telhas e tijolos.

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3.4.3 – Identificação dos tipos de sintomas respiratórios

- Sintomáticos gerais: variável dicotômica com as categorias, sim para presença de

pelo menos um dos sintomas questionados (tosse seca, expectoração, chiado no peito,

dispnéia, espirros, coriza e ronqueira) e não para ausência de sintomas.

- Sintomáticos graves: variável dicotômica com as categorias, sim para a presença de

pelo menos um dos três sintomas respiratórios decorrentes de comprometimento de vias

aéreas inferiores elencados no questionário (chiado no peito, dispnéia e ronqueira) e não

para a ausência de sintomas respiratórios graves.

3.5 - Processamento de dados e Análise Estatística

Para análise dos dados foram utilizados os programas Epi-Info 2000 versão 3.5.1

(análise exploratória e bivariada), SPSS versão 15.0 e STATA versão 8.0 (análise

multivariada).

A análise dos resultados constituiu-se da distribuição de freqüência absoluta e

relativa das variáveis. Foi realizada análise univariada, bivariada e multivariada dos

dados. Buscou-se verificar relação entre as variáveis independentes (características

sócio-demográficas, características do ambiente de trabalho, tabagismo, sintomas

respiratórios e doenças respiratórias) e a atividade ocupacional dos trabalhadores. A

presença de confundimento (confounding) foi investigada através de modelos

estratificados comparando-se razões de prevalências brutas com razões de prevalências

ajustadas, segundo a metodologia de Mantel-Haenszel. Utilizou-se o teste de Qui-

quadrado para razões de prevalências com intervalo de 95% de confiança pelo método

de Mantel-Haenszel (IC95%), ou o Exato de Fisher, quando indicado.

Na terceira fase foi construído um modelo de regressão multivariada de Poisson

que fosse capaz de controlar simultaneamente o efeito das diversas co-variáveis, onde a

variável resposta alteração da função pulmonar foi utilizada, tendo-se estimado o efeito

de cada um dos vários fatores de exposição, ao mesmo tempo em que se controlava o

efeito de todas as demais variáveis. Para análise multivariada, foram incluídas no

modelo as variáveis estudadas na análise bivariada que apresentaram um p-valor igual

ou inferior a 0,20 na explicação das diferenças entre a presença ou não de alteração da

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função pulmonar e as demais variáveis independentes estudadas, sendo excluídas do

modelo aquelas que não apresentaram significância estatística (p>0,05). As variáveis

sexo, faixa etaria e tabagismo foram cosideradas, a priori, como importantes para o

ajustamento do modelo de regressão, tendo sido mantidas no modelo final

(KLEINBAUM, 1998).

3.6- Encaminhamentos

Como a maioria das empresas envolvidas no estudo não dispunha de Serviço

Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), quando

foram identificados trabalhadores com alterações importantes da função pulmonar, com

necessidade de acompanhamento médico, os mesmos foram encaminhados ao médico

especialista para realizar o tratamento adequado.

3.7- Considerações éticas

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Júlio Muller (CEP/HUJM) sob o protocolo nº 744/CEP-HUJM/2009,

autorizando a pesquisa que teve início em março de 2010.

Cada trabalhador recebeu o termo de consentimento livre e esclarecido conforme

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que foi assinado por todos que se

dispuseram a participar do estudo após prévia explicação do conteúdo da pesquisa

(Apêndice 2). Este foi informado acerca do caráter sigiloso dos dados obtidos e da

possibilidade de desistir livremente em qualquer momento do estudo.

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4- RESULTADOS

Dentre as 18 empresas de cerâmica do município de Várzea Grande-MT, existe

um total aproximado de 480 trabalhadores. E entre as 6 que concordaram em participar

do estudo, somaram-se 232 funcionários. Destes, 183 (78,8%) participaram do presente

estudo. Houve recusa de 3 trabalhadores (1,29%) e férias/licença de 11 (4,74%) e os

demais que não participaram (15,1%) foram excluídos devido a falhas no

preenchimento do questionário e à impossibilidade de realização do exame de

espirometria (não conseguiram realizá-lo devido à dificuldade no entendimento do

teste).

Abaixo estão apresentadas as análises univariada, bivariada e multivariada da

variável dependente e independentes relevantes para o estudo.

4.1 – Análise Univariada

A distribuição dos trabalhadores das indústrias de cerâmica estudados, segundo

as variáveis sócio-demográficas encontra-se na Tabela 1. A maioria de trabalhadores era

do sexo masculino (94%), com predomínio de idade até 39 anos (74,9%), raça não

branca (69,4%) e casada (69,9%). Em relação à quantidade de anos estudados houve

uma maior prevalência de indivíduos que estudaram 5 anos e mais (72,1%). O piso

salarial predominante foi de até 1 salário mínimo (57,4%), com quase metade dos

participantes (48,1%) com renda familiar per capita de menos de ½ salário mínimo.

Quando avaliadas as características do ambiente de trabalho (Tabela 2), foi

encontrada uma menor prevalência de trabalhadores classificados como forneiros

(20,2%). Entretanto, quando analisado o tempo de exposição, 76% dos trabalhadores

responderam que tiveram tempo de exposição mais curto com até 3 anos. Também

houve uma predominância de trabalhadores com jornada de trabalho diária de até 8

horas (92,9%) e a maioria (69,4%) dos trabalhadores relatou a inalação de poeira e

desmoldante durante a jornada de trabalho.

A prevalência de fumante regular entre os trabalhadores de indústrias de

cerâmica do município de Várzea Grande – MT foi de 26,2% (Tabela 3), sendo o

restante do grupo de ex-fumantes (23,0%) e não fumantes (50,8%).

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Dos trabalhadores estudados, 96,2% relataram não apresentar doença

respiratória (Tabela 4). Todavia, a Tabela 5 mostra que muitos deles (44,9%) são

sintomáticos respiratórios, sendo 14,8% portadores de sintomas considerados como

graves (dispnéia, chiado e ronqueira) e 30,1% portadores de sintomas não graves (tosse

seca, tosse com catarro, espirros, coriza, ardor nasal).

Tabela 1 - Características sócio-demográficas dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Características sócio-demográficas N (%)

Sexo Masculino 172 94,0 Feminino 11 6,0 Total 183 100 Faixa etária Até 39 anos 137 74,9 40 anos e mais 46 25,1 Total 183 100 Raça Branca 56 30,6 Não branca 127 69,4 Total 183 100 Estado Civil Solteiro 55 30,1 Casado 128 69,9 Total 183 100 Anos de estudo Até 4 anos 51 27,9 5 anos e mais 132 72,1 Total 183 100 Piso salarial Mais de 1 salário mínimo 78 42,6 Até 1 salário mínimo 105 57,4 Total 183 100 Renda familiar per capita Até ½ salário mínimo 88 48,1 Mais de ½ salário mínimo 95 51,9 Total 183 100

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Tabela 2 - Características do ambiente de trabalho das indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Características do ambiente de trabalho N (%)

Ocupações dos trabalhadores Outros 146 79,8 Forneiro 37 20,2 Total 183 100 Tempo exposição Até 3 anos 139 76,0 4 anos ou mais 44 24,0 Total 183 100 Jornada de trabalho diário Até 8 horas 170 92,9 Mais de 8 horas 13 7,1 Total 183 100 Substâncias inaladas Outros 56 30,6 Poeira e desmoldante 127 69,4 Total 183 100

Tabela 3 - Tabagismo em trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Tabagismo N (%)

Fumante 48 26,2 Não fumante 93 50,8 Ex-fumante 42 23,0 Total 183 100

Tabela 4 - Doenças respiratórias em trabalhadores de indústrias de cerâmicas

do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Doenças Respiratórias N (%)

Não 176 96,2

Sim 7 3,8

Total 183 100

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Tabela 5 - Sintomas respiratórios em trabalhadores de indústrias de cerâmicas do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Sintomas Respiratórios N (%)

Não 101 55,1 Sintomas não graves 55 30,1 Sintomas Graves 27 14,8 Total 183 100

4.2 – Análise Bivariada

A prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC) da função

pulmonar alterada segundo as características sócio-demográficas dos trabalhadores de

indústrias de cerâmica encontram-se na Tabela 6. Não foi observada diferença

estatisticamente significativa quanto ao sexo (p>0,05), apesar de a ocorrência de

alteração da função pulmonar em indivíduos do sexo masculino ter sido 91% maior

[RP=1,91 (0,29-12,78)]. Após agrupamento dos trabalhadores em duas faixas etárias

também não foi observada diferença estatisticamente significante (p>0,05) da função

pulmonar entre indivíduos com idade inferior e superior a 40 anos, apesar dos

indivíduos com 40 anos e mais possuírem 63% mais de alteração da função pulmonar

que os indivíduos mais jovens [RP=1,63 (0,85-3,15)]. Com relação à raça [RP=1,07

(0,53-2,19)], estado civil [RP=1,47 (0,67-3,21)], escolaridade [RP=1,05 (0,52-2,14)],

nível salarial [RP=1,02 (0,53-1,97)] e renda familiar per capita [RP=0,88 (0,68-1,12)]

não houve diferença estatisticamente significante de alteração da função pulmonar

(p>0,05).

A prevalência, RP e IC da função pulmonar alterada segundo as características

do ambiente de trabalho dos trabalhadores de indústrias de cerâmica encontram-se na

Tabela 7. Existe maior percentual de alteração da função pulmonar entre os forneiros

quando comparada à de outras ocupações industriais nas cerâmicas [RP=1,87(0,97-

3,63)], porém a diferença não é estatisticamente significante (p>0,05). Nota-se também

que os trabalhadores com maior tempo de exposição (4 anos ou mais) apresentaram

prevalência de alteração da função pulmonar 99% maior que os indivíduos com tempo

de exposição de até 3 anos [RP=1,99 (1,05-3,77)], tendo sido esta diferença

estatisticamente significante (p-valor=0,036). Quanto à jornada de trabalho diária não

foi observada diferença estatisticamente significativa da função pulmonar entre o grupo

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que trabalha até 8 horas e mais de 8 horas diárias. Porém, no segundo grupo existe uma

maior prevalência de alteração da função pulmonar [RP=1,40 (0,49-3,99)]. Quando se

analisou a substância inalada no ambiente de trabalho, os indivíduos que inalam poeira

e desmoldante apresentaram 197% mais alteração da função pulmonar [RP=2,97 (1,09-

8,10)], tendo sido este resultado estatisticamente significante (p-valor=0,012).

Em relação ao tabagismo, a Tabela 8 informa que indivíduos fumantes

apresentaram maior prevalência de alteração da função pulmonar quando comparados

aos ex-fumantes [RP=1,38(0,66-2,88)], porém esta diferença não foi estatisticamente

significativa (p>0,05).

Tabela 6 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de função pulmonar alterada segundo as características sócio-demográficas dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Características sócio-

demográficas n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Sexo Feminino 1/11 9,1 1,00 - Masculino 30/172 17,4 1,91(0,29-12,78) 0,414* Faixa etária Até 39 anos 20/137 14,6 1,00 40 anos e mais 11/46 23,9 1,63 (0,85-3,15) 0,146** Raça Branca 9/56 16,1 1,00 Não branca 22/127 17,3 1,07 (0,53-2,19) 0,835** Estado Civil Solteiro 7/55 12,7 1,00 Casado 24/128 18,8 1,47 (0,67-3,21) 0,320** Anos de estudo 5 anos e mais 22/132 16,7 1,00 Até 4 anos 9/51 17,6 1,05 (0,52-2,14) 0,874** Piso salarial Mais de 1 salário mínimo 13/78 16,7 1,00 Até 1 salário mínimo 18/105 17,1 1,02 (0,53-1,97) 0,932** Renda familiar per capita

Mais de ½ salário mínimo 20/95 21,1 1,00 Até ½ salário mínimo 11/88 12,5 0,88 (0,68-1,12) 0,124**

* Teste exato de Fisher ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel

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Tabela 7 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de função pulmonar alterada segundo as características do ambiente de trabalho dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Variáveis n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Ocupações dos trabalhadores

Outros 21/146 14,4 1,00 Forneiro 10/37 27,0 1,87(0,97-3,63) 0,067** Tempo exposição Até 3 anos 19/139 13,7 1,00 4 anos ou mais 12/44 27,3 1,99 (1,05-3,77) 0,036** Jornada de trabalho diário

Até 8 horas 28/170 16,5 1,00 Mais de 8 horas 3/13 23,1 1,40 (0,49-3,99) 0,382* Substâncias inaladas Outros 4/56 7,1 1,00 Poeira e desmoldante 27/127 21,3 2,97 (1,09-8,10) 0,012*

* Teste exato de Fisher ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel

Ao se analisar a associação entre a presença de doença respiratória e alteração da

função pulmonar no grupo estudado (Tabela 9), não se observou diferenças

estatisticamente significantes (p>0,05).

Em relação à prevalência de alteração da função pulmonar segundo a presença

de sintomas respiratórios (Tabela 10), elegendo o grupo que não apresentou sintomas

como sendo de comparação, obteve-se que a prevalência de sintomáticos graves foi

12% maior que não graves [RP=1,12 (0,45-2,71)], apesar da diferença entre os dois

grupos não ser estatisticamente significante (p>0,05).

Tabela 8 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de função pulmonar alterada segundo o tabagismo dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Tabagismo n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Não fumante 14/93 15,1 1,00 Ex-fumante 7/42 16,7 1,10 (0,48-2,54) 0,811** Fumante 10/48 20,8 1,38 (0,66-2,88) 0,388** ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel

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Tabela 9 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de função pulmonar alterada segundo doenças respiratórias dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Doenças respiratórias n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Sim 1/7 14,3 1,00 Não 30/176 17,0 1,19 (0,18-7,5) 0,662* * Teste exato de Fisher

Tabela 10 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de função pulmonar alterada segundo os sintomas respiratórios graves e não graves dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Sintomas respiratórios n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Não 17/101 16,8 1,00 Sintomas não graves 9/55 16,4 0,97 (0,46-2,03) 0,940** Sintomas graves 5/27 18,5 1,12 (0,45-2,71) 0,517* * Teste exato de Fisher ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel

Finalmente, a associação entre a presença de sintomas respiratórios em

ceramistas tabagistas (Tabela 11) mostrou que os indivíduos ex-fumantes apresentaram

maior prevalência de sintomas respiratórios do que os não fumantes [RP=1,11 (0,48-

2,54)] e quando comparado o grupo de fumantes com não fumantes nota-se 38% a mais

na prevalência de sintomas respiratórios [RP=1,38 (0,66-2,88)]. Contudo, as diferenças

não foram estatisticamente significantes (p>0,05).

Além das variáveis trabalhadas neste item, outras associações foram feitas, cujas

tabelas são apresentadas no apêndice 3.

Tabela 11 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de presença de sintomas respiratórios segundo o hábito tabágico dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Tabagismo n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Não fumante 14/93 15,1 1,00 Ex-fumante 7/42 16,7 1,11 (0,48-2,54) 0,811** Fumante 10/48 20,8 1,38 (0,66-2,88) 0,388** ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel

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4.3 – Análise Multivariada

Foi aplicada a regressão de Poisson com variância robusta recomendada para

estudos de prevalência. Quando se fez o ajuste por sexo, faixa etária e tabagismo,

observou-se que as variáveis que se mantiveram preditoras para a alteração da função

pulmonar foram o tempo de exposição de 4 anos ou mais [RP=1,84 (1,00-3,39)] e a

inalação de poeira e desmoldante [RP=3,07 (1,00-9,41)] (Tabela 12).

Tabela 12 - Modelo final de regressão de Poisson para função pulmonar alterada em trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Variáveis RP IC 95% p valor

Tempo exposicao 4 anos ou mais / até 3 anos 1,84 (1,00 – 3,39) 0,050 Substâncias inaladas Poeira e desmoldante /outros 3,07 (1,00 – 9,41) 0,050

Ajustado por sexo, faixa etária e tabagismo.

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5- DISCUSSÃO

5.1 – Características sócio-demográficas

Inicialmente a discussão está focada nas características sócio-demográficas dos

trabalhadores. No estudo realizado, observou-se que a maioria dos trabalhadores foram

predominantemente do sexo masculino (94%), concordando com estudos elaborados

por BAGATIN et al. (1995); PIVETTA e BOTELHO (1997), CARNEIRO et al. (2002),

CASTRO et al. (2004) e RONDON et al. (2011). Esta presença majoritária de homens é

compatível com as características da mão-de-obra exigida para este tipo de trabalho, o

qual requer grande força física. A população feminina neste estudo apresentou relação

com trabalhos administrativos ou em maquinários de linha de produção, onde a

atividade ocupacional não exige força física excessiva.

Com relação ao sexo e gravidade da lesão pulmonar causada pela exposição

ocupacional, alguns estudos realizados a partir da base de dados do Relatório Anual de

Informações Sociais, verificaram uma tendência de aumento em termos absolutos de

1.470 mil homens expostos a sílica no ano de 1985 para mais de 2 milhões de

trabalhadores expostos em 2001 (RIBEIRO et al., 2008). A distribuição por sexo

mostrou 59% das internações entre homens e 41% entre as mulheres. No entanto, no

período da vigência da CID 10 ocorre um aumento para 67% no sexo masculino,

ocasionando um predomínio de internações entre homens, fator este que pode ser

explicado pelos processos de trabalhos relacionados à mão de obra masculina, como nas

minerações. Porém, processos geradores de pneumoconioses encontram-se também

presentes no sexo feminino, como por exemplo, a indústria têxtil de amianto, com forte

presença feminina (CASTRO et al., 2005).

A população neste estudo foi composta em sua maioria por indivíduos jovens,

com idade média de 32,5 anos (DP+10,2) predominando indivíduos com idade até 39

anos (74,9%), a prevalência de jovens reforça que o trabalho pesado é difícil para os

indivíduos mais velhos, pois os mesmos já não têm força e condições físicas adequadas

para realizá-lo. Foi observado que a maioria dos homens mais velhos que desempenham

funções na linha de produção destas indústrias trabalha há mais tempo nas mesmas, e

pela própria idade, muitas vezes lhe são designadas atividades mais leves como

serventes gerais ou cargos de supervisões. Estes achados corroboram aqueles do estudo

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de PIVETTA e BOTELHO (1997), no qual a média de idade foi de 26,2 anos; o de

FERREIRA et al. (2008) que encontraram média igual a 21,5 anos. Contudo,

BAGATIN et al. (1991a) e CASTRO et al. (2004) demonstraram em seus estudos

populações com média de idade acima das aqui referidas, na faixa de 48,5 anos e 42

anos respectivamente. Neste estudo, a maioria dos trabalhadores avaliados foi composto

pela raça não branca e casados, concordando com os achados de CASTILHOS et al.

(2006) que demonstram um perfil de trabalhadores com predomínio de raça negra e

parda, e PICOLOTO e SILVEIRA (2008) com predomínio de indivíduos casados.

Nas cerâmicas avaliadas, ocorre maior prevalência de indivíduos com 5 anos e

mais de estudo (72,1%), porém, observou-se que a quantidade de anos estudados não

interferiu na função pulmonar nos indivíduos desta pesquisa [RP=1,05 (0,52-2,14)].

Apesar da maioria destes indivíduos apresentarem algum estudo, notou-se que muitos

deles não sabiam ao menos escrever o nome, mesmo os mais jovens. Isso pode ser

explicado pelo elevado percentual de indivíduos de baixa renda, que necessitam iniciar

o trabalho precocemente para prover o sustento da família, não restando assim, tempo

para dedicação aos estudos. Estes achados diferem dos estudos de RIBEIRO et al.

(2002), SENHORINHO et al. (2005), CASTILHOS et al. (2006) e COSTA et al.

(2007), que descrevem que baixa escolaridade apresenta-se associada à alteração

respiratória. Segundo COSTA et al. (2004), trabalhadores com poucos anos de estudo

tem a chance aumentada de presença de alteração da função pulmonar. Entretanto,

PICOLOTO e SILVEIRA (2008) relataram que grande parte dos trabalhadores que

realizam atividades em área de produção (50%), apresenta o ensino médio, concordando

com os achados encontrados nessa pesquisa.

Seguindo a discussão, foi observado que apesar do trabalho pesado e desgastante

que realizam, o piso salarial predominante entre estes trabalhadores foi de até 1 salário

mínimo (57,4%). Os baixos salários podem ser explicados pelo tipo de atividade que

executam, ou seja, apesar do desgaste físico, não existe a necessidade de estudo e

qualificação. Dentre os trabalhadores que apresentaram os melhores salários, estão os

que trabalham nos setores administrativos, na maioria das vezes os proprietários das

indústrias, que não apresentam atividades integradas com a área de produção. Nestas

atividades laborais, a ocupação de forneiro merece destaque quanto à variação salarial,

pois o piso salarial mensal está relacionado ao número de fornadas realizadas

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diariamente. Além disso, este é o cargo com maior rotatividade de funcionários, pois o

trabalho é pesado e realizado em temperaturas muito altas.

Em relação à renda familiar per capita, foi identificado que 48,1% dos

trabalhadores referem-na abaixo de ½ salário mínimo, o que os caracteriza em pobreza

extrema (MEDICI, 2001). Este achado, condiz com dados de CASTILHOS et al. (2006)

que demonstrou em seus estudos que trabalhadores apresentam renda per capita mensal

igual a um terço do salário mínimo. Desta forma, estes trabalhadores, apresentam

dificuldade para manter as necessidades básicas da família, devido aos recursos

financeiros insuficientes.

5.2 – Função pulmonar alterada e características do ambiente de trabalho

Neste estudo foi encontrada associação entre alteração da função pulmonar com

maior tempo de exposição (anos trabalhados nas cerâmicas). A análise dos resultados

mostra que os trabalhadores com tempo de exposição de 4 anos ou mais apresentaram

prevalência de alteração da função pulmonar 99% maior que os indivíduos com menor

tempo de exposição [RP=1,99 (1,05-3,77)]. Sabe-se que quanto maior o tempo de

exposição aos fatores de risco (poluentes do ar respirado), maior será a prevalência de

aparecimento de doença respiratória. Estes dados são concordantes com os estudos de

CASTRO et al. (1992), SOUZA e QUELHAS (2003) e CASTRO et al. (2004), que

demonstram que o tempo de exposição é importante para o surgimento dos agravos

respiratórios. Contudo, em relação à jornada de trabalho diária não foi observada

diferença na função pulmonar [RP=1,40 (0,49-3,99)] entre o grupo que trabalha até 8

horas e mais de 8 horas diárias. Estes resultados são concordantes com o estudo de

CASTRO et al. (2004) e COSTA et al. (2007). Também não foi encontrada associação

de alteração da função pulmonar com a atividade exercida pelo ceramista,

possivelmente pela dispersão dos poluentes em todo ambiente de trabalho e não

acometendo somente aqueles com maior grau de exposição.

Em relação à inalação de material particulado durante a atividade ocupacional,

foi observado um dado importante à saúde dos trabalhadores avaliados. A maioria deles

(69,4%) relatou a inalação de poeira e desmoldante (produto químico) durante a jornada

de trabalho, sendo que os indivíduos que inalam poeira e desmoldante apresentaram

197% mais alteração da função pulmonar quando comparados àqueles que não estão

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expostos à inalação destas substâncias (administrativos e trabalhadores do pátio externo

à linha de produção) [RP=2,97 (1,09-8,10)], isso reforça que o sistema respiratório pode

ser prejudicado pela exposição ocupacional a agentes poluentes.

Isso também foi encontrado em alguns estudos que demonstraram que a

indústria de cerâmica é preocupante quanto à possibilidade de exposição de

trabalhadores a material particulado presente no ar (poeira respirável) devido ao fato de

expor os trabalhadores a riscos respiratórios (LIMA e CAMARINI, 2003). Além disso,

os trabalhadores que inalam o produto químico proveniente do óleo diesel usado nas

indústrias de cerâmica apresentam-se susceptíveis ao comprometimento da função

pulmonar, propiciando o desencadeamento de diversos agravos respiratórios como

rinite, sinusite, asma, entre outros (BAGATIN e NEDER, 2006).

Outra explicação para a presença da associação entre exposição ocupacional e

alteração da função pulmonar nestas empresas foi que os trabalhadores, em sua maioria,

relataram fazer o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) como máscaras e

luvas. Porém, durante a fase da coleta de dados não foi observada a utilização destes

equipamentos pela maioria dos funcionários. Isso pode ser um fator agravante, pois sem

a proteção o trato respiratório está mais suscetível a lesões, podendo ser explicada a

associação da exposição à poeira e desmoldante com a alteração da função pulmonar

nestes indivíduos. Segundo SOUZA e QUELHAS (2003), os trabalhadores devem

sempre usar o equipamento de proteção respiratória individual a fim de evitar

exposições mesmo por curtos períodos de tempo.

Como já foi citado, os trabalhadores de cerâmicas apresentam-se expostos a

fatores de risco como: inalação de poeiras e produto químico, que possuem a capacidade

de se dispersar por todo ambiente da fábrica, atingindo os trabalhadores dos diversos

setores da indústria, com possibilidade de desenvolver agravos respiratórios que se

manifestam no trabalhador no decorrer da exposição. Entretanto, quando se avalia o

ambiente de trabalho, é importante levar em conta a história ocupacional com o

detalhamento das atividades profissionais do indivíduo, produtos presentes na sua

função e também no ambiente que o cerca, processo produtivo, ritmo de trabalho, carga

horária, riscos percebidos e periodicidade de manuseio de substâncias suspeitas, pois a

relação temporal entre a exposição suspeita e o quadro clínico é de fundamental

importância para o estabelecimento de associação entre causa e efeito (ALGRANTI,

2001).

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5.3 – Função pulmonar alterada e tabagismo

Como a presença do tabagismo é condição conhecida para alteração da função

pulmonar, sendo uma variável de confusão, torna-se importante a sua discussão. Neste

estudo, a prevalência de fumante regular foi de 26,2%. Indivíduos fumantes

apresentaram uma maior prevalência de alteração da função pulmonar quando

comparado ao não-fumante, porém sem significância estatística [RP=1,38(0,66-2,88)].

Isso pode ser explicado pela prevalência de indivíduos jovens, o que caracteriza tempo

de tabagismo curto. Este resultado reforça a idéia de que o risco de doença respiratória

e a alteração da função pulmonar têm relação com longo tempo de tabagismo. O que

também foi encontrado nos estudos de TORRES e GODOY (2004) e CARAM et al.

(2009). Este achado também foi observado no estudo de BAGATIN et al. (1991b) e de

COSTA (1992), os quais, ao analisar a influência do tabagismo, observaram que os

fumantes tinham função pulmonar pior que os não fumantes.

Entretanto, no estudo de PIVETTA e BOTELHO (1997) foi demonstrado que os

sinais de bronquite, sintomas respiratórios e as alterações funcionais em trabalhadores

de marmorarias encontram-se associados mais ao tabagismo do que à exposição à

poeira. Esta diferença talvez possa ser explicada pelas características das populações

estudadas, principalmente pela diferença no tipo de indústria avaliada.

Em outro estudo, onde foi analisada a relação do fumo e o passado de

tuberculose com exposição á sílica, PINTO (2001) observou que não houve alteração

dos valores espirométricos dos 59 trabalhadores estudados. Entretanto, KENNEDY et

al. (1985) estudando a função pulmonar em indivíduos expostos ao fumo e poeira,

percebeu que a associação dos dois era mais deletéria que o fumo sozinho. Além disso,

muitos relatos na literatura referenciam o efeito sinérgico do tabagismo e poeiras

minerais, especialmente em trabalhadores expostos ao asbesto, como o descrito no

estudo de KAMP (2009).

Já no estudo de MOREIRA et al. (2008) que descreve e analisa sintomas

respiratórios e alterações espirométricas em pacientes portadores de doença pulmonar

obstrutiva crônica (DPOC), com história de exposição à fumaça de lenha e de tabaco,

foi observado que o percentual de obstrução brônquica grave e muito grave foi

significantemente maior no grupo exposto ao tabaco (44,1%) que no grupo exposto

somente à fumaça de combustão de lenha (11,8%; p=0,006), concluindo que os

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sintomas respiratórios e alterações da função pulmonar compatíveis com DPOC foram

observados mais intensamente no grupo exposto ao tabaco. Isso reforça o fato de que o

tabagismo é um dos mais importantes problemas de saúde pública, sendo que o cigarro

mata mais que a soma de outras causas evitáveis de morte como cocaína, heroína, álcool

e outros (MENEZES, 2004).

5.4 – Doenças respiratórias, sintomas respiratórios e função pulmonar alterada

Muitos profissionais da área de saúde desconhecem ou subestimam a etiologia

ocupacional das doenças respiratórias, resultando em subnotificação dos casos e

ausência de caracterização do nexo causal entre o trabalho e o diagnóstico do

trabalhador. Portanto, o reconhecimento do nexo entre doença respiratória e a ocupação

do trabalhador doente é importante para viabilizar estratégias que previnam a exposição,

favoreçam o prognóstico, possibilitem compensações para o trabalhador afetado, e

permitam modificações do ambiente de trabalho que minimizem o impacto na saúde dos

trabalhadores sob risco (KUSCHNER e STARK, 2003; BAGATIN e NEDER, 2006).

Fato observado durante a realização da coleta de dados deste estudo foi que as

indústrias avaliadas não dispunham de Serviço Especializado em Engenharia de

Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Assim não existem profissionais da área

de saúde (médicos, enfermeiros, etc) responsáveis pela segurança e prevenção de

doenças nestas empresas, o que pode gerar deficiência nas orientações sobre saúde a

estes trabalhadores, como, por exemplo, a importância do uso de máscaras de proteção

individual, o que poderia gerar menores complicações respiratórias decorrentes da

exposição ocupacional a agentes poluidores.

Apesar da falta de uma política de saúde adequada nestas empresas, a maioria

dos trabalhadores não relatou presença de doença respiratória. Este fato pode ser

explicado pela grande rotatividade de funcionários e pela prevalência de indivíduos

jovens nestas indústrias, ou seja, o curto tempo de exposição associado a baixas idades

não são suficientes para causar lesões pulmonares graves. As lesões pulmonares têm

relação direta com o tempo e a qualidade da exposição (CASTRO et al., 2004).

Apesar da ausência de relatos de doença respiratória estabelecida na população

estudada, a alta prevalência de sintomáticos respiratórios encontrada foi marcante.

Dentre os trabalhadores de cerâmicas estudados, 44,9% relataram sintomas

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respiratórios, sendo 14,8% deles portadores de sintomas considerados como graves

(dispnéia, chiado e ronqueira) e 30,1% sintomas não graves (tosse seca, tosse com

catarro, espirros, coriza, ardor nasal). Isso denota presença de agravos respiratórios

ainda não diagnosticados e com prognóstico imprevisível, pois os trabalhadores não têm

a devida consciência do risco a que estão sendo expostos.

Sabe-se que os trabalhadores de cerâmicas estão susceptíveis às alterações do

trato respiratório devido à exposição ocupacional a determinados agentes poluidores

(ALGRANTI, 2001). Todos eles devem ser acompanhados e seus sintomas valorizados,

principalmente aqueles que poderiam ser indicadores de doenças mais importantes –

agressões às vias aéreas inferiores – aqui considerados como sintomas graves (dispnéia,

chiado e ronqueira). Estes trabalhadores deveriam ser orientados com bastante firmeza

sobre o uso de equipamentos de proteção individual, pois muitos sabem que deveriam

ser usados e poucos o fazem.

Na literatura existem muitos estudos que abordam a presença de sintomas

respiratórios relacionados à exposição ocupacional, muitos deles com dificuldades

técnicas de comprovação do nexo causal (DEUS FILHO, 1982; CASTRO et al., 2004).

Destaca-se o estudo de LEMLE et al. (1994) em que foram avaliados 72 trabalhadores

expostos a poeiras em uma pedreira no Rio de Janeiro e, apesar de 65,3% apresentarem

sintomas respiratórios, o que mais explicou a presença de sintomas foram os

antecedentes respiratórios de morbidade pulmonar e o tabagismo e em menor grau, a

exposição ocupacional à poeira.

Entre os ceramistas deste estudo, apesar da alta prevalência de sintomas

respiratórios, não foi encontrada diferença estatística que associasse estes sintomas à

alteração da função pulmonar. Estes dados diferem do estudo de RONDON et al.

(2011), que apesar de ter sido realizado nas mesmas empresas de cerâmica do presente

trabalho, revelou maior prevalência de sintomáticos respiratórios gerais (78%), com

35% deles sendo sintomáticos respiratórios graves. Esta diferença em parte pode ser

explicada pela variação sazonal, ou seja, o estudo citado foi realizado entre os meses de

agosto a setembro, que são os meses em que a qualidade do ar atmosférico piora muito -

ausência de chuvas, pouca velocidade dos ventos e maior número de focos de

queimadas (BOTELHO et al., 2003; CPTEC/INPE, 2010), favorecendo a maior

prevalência de sintomas respiratórios.

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Quanto à avaliação da função pulmonar na presente pesquisa, dos 183

trabalhadores que realizaram a espirometria, em 152 deles o resultado foi normal e em

31 foi encontrada uma pequena redução do FEF25-75%, caracterizando, segundo

PEREIRA (2002), obstrução leve de vias aéreas periféricas de médio e pequeno porte.

Este dado coincide em parte com o estudo de HERVAL et al. (1980), que realizaram a

espirometria para avaliação da função pulmonar em 101 ceramistas expostos à sílica e

identificou que os trabalhadores permaneceram com volumes, capacidades e fluxos

normais, concluindo que as alterações ventilatórias são mais tardias e de caráter

obstrutivo e que o componente restritivo só ocorre nos casos graves.

Existe na literatura uma divergência entre os estudos realizados, ou seja, muitas

variações nos dados espirométricos encontrados. FLORÊNCIO et al. (1989) avaliaram

através do teste de exercício a função cardiorrespiratória de 43 ceramistas, ativos ou

aposentados, com diagnóstico de silicose pulmonar, encontrando provas funcionais

respiratórias no repouso alteradas em apenas 14 trabalhadores. Entretanto, COWIE et al.

(1998) avaliaram 242 mineiros expostos à sílica e foi encontrada uma perda média de 75

ml/ano do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) em toda a

população. Um padrão de perda similar foi encontrado quando se analisou a capacidade

vital forçada (CVF) e a capacidade de difusão pulmonar.

Em outro trabalho que objetivou analisar os distúrbios ventilatórios de 59

trabalhadores portadores de silicose, foi encontrado 42,1% de indivíduos normais,

43,9% com distúrbio ventilatório obstrutivo, 7% restritivo e 7% misto. Os pacientes

com silicose complicada apresentaram uma redução significativa nos índices

espirométricos (VEF1, CVF) em relação àqueles com silicose simples (PINTO, 2001).

Finalizando a discussão sobre as diferenças encontradas nos dados

espirométricos entre os estudos ocupacionais de exposição à sílica, CASTRO et al.

(2004), em estudo transversal com 457 trabalhadores expostos à poeira de sílica,

encontraram na espirometria 10% com redução da CVF, 5,5% com redução do VEF1 e

14,9% com redução da relação VEF1/CVF. Contudo, LOPES (2008), analisando 44

trabalhadores expostos à sílica, encontrou na espirometria 61,4% de distúrbios

obstrutivos. Estes resultados podem ser explicados pela diferença da população

avaliada, sendo que nestes estudos os indivíduos foram avaliados em ambulatórios,

onde existe a procura médica pelo fato de estar apresentando algum sintoma, o que

explica a grande prevalência de alteração da função pulmonar.

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6- CONCLUSÕES

1- A maioria dos trabalhadores das indústrias de cerâmica era do sexo masculino (94%).

A maior parte composta por indivíduos jovens, com idade média de 32,5 anos (+10,2).

Com relação à raça, a maior prevalência foi da não branca (69,4%) e a maior parte deles

eram casados (69,9%). Em relação ao número de anos estudados houve uma maior

prevalência de indivíduos que estudaram 5 anos e mais (72,1%). O piso salarial

predominante foi de até 1 salário mínimo (57,4%), com quase metade dos participantes

(48,1%) com renda familiar per capita de até ½ salário mínimo.

2- A prevalência de fumante regular entre os trabalhadores de indústrias de cerâmica foi

de 26,2%. Indivíduos fumantes apresentaram uma maior prevalência de alteração da

função pulmonar quando comparado ao ex-fumante [RP=1,38(0,66-2,88)], porém esta

diferença não foi estatisticamente significativa (p>0,05).

3- A maioria dos trabalhadores relatou não apresentar doença respiratória (96,2%). E

muitos deles são sintomáticos respiratórios, sendo 14,8% deles portadores de sintomas

considerados com graves e 30,1% sintomas não graves. Porém, com relação à presença

de doença respiratória e sintomas respiratórios, não foi observada diferença estatística

significativa da função pulmonar.

4- No modelo final de análise, ajustado por sexo, faixa etária e tabagismo, observou-se

que as variáveis que se mantiveram preditoras para a alteração da função pulmonar

foram o tempo de exposição de 4 anos ou mais [RP=1,84 (1,00-3,39)] e a inalação de

poeira e desmoldante [RP=3,07 (1,00-9,41)]. As outras variáveis não mostraram

significância estatística relacionada à alteração da função pulmonar.

5- Os resultados encontrados são importantes para as políticas de saúde, principalmente

relacionadas à saúde do Trabalhador. Por outro lado, eles suscitam a necessidade de que

sejam realizadas outras pesquisas sobre o tema, com maior número de trabalhadores,

para obtenção de mais dados referentes a disfunções respiratórias em trabalhadores de

cerâmica.

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7- RECOMENDAÇÕES

O processo de realização deste trabalho bem como o contexto dos resultados

apresentados dá o embasamento para as seguintes recomendações:

1- Que as empresas se adéquem às normas e políticas estabelecidas, no que tange às

condições adequadas de trabalho.

2- Que todos os trabalhadores destas empresas, que atuam nos setores da produção

usem os Equipamentos de Proteção Individual recomendados durante a jornada de

trabalho, principalmente a máscara, reduzindo o risco de lesão pulmonar.

3- Que as empresas avaliadas proporcionem aos seus funcionários a realização de

exames clínicos rotineiros e de exame de espirometria periódicos e não apenas em

situações esporádicas como no caso desta pesquisa.

4- Que à medida do possível, as empresas adotem inovações tecnológicas no processo e

na infra-estrutura produtiva. É importante que os empresários e os trabalhadores

reconheçam que a modernização do processo produtivo associada à preocupação com a

saúde e bem estar do trabalhador são também geradores de maior rendimento e lucro.

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APENDICES

Apêndice 1 - Questionário de Sintomas Respiratórios e Exposições Inalatórias Ocupacionais. Vou fazer algumas perguntas sobre sua respiração. Sempre que possível, eu gostaria que você respondesse “SIM” ou “NÃO”. Todas as suas respostas serão confidenciais e usadas somente para esta pesquisa. Obrigado(a) pela sua disposição em participar! Nº...................................ENTREVISTADOR ..........................DATA......../......../........... EMPRESA....................................................................................FONE..........................

1-CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS

Identificação do trabalhador................................................................... 1A) Sexo: 1-( ) Feminino 2- ( ) Masculino 1B) Idade........................................... 1C) Data de Nascimento......../.........../.............. 1D) Raça: 1-( )branca 2-( ) não branca 1E) Estado Civil: 1-( ) Solteiro 2- ( ) Casado 1F) Anos estudado 1-( )até 4 anos 2- ( ) 5 anos e mais 1G) Piso salarial 1-( )Até 1 salário mínimo 2-( ) mais de 1 salário mínimo 1H) Quantas pessoas vivem na residência: ................................................... 1I) Renda Familiar.........................

2- CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE DE TRABALHO

2A ) Ocupação na indústria 1- ( )Forneiro 2- ( ) Resquenteiro 3- ( ) setor administrativo 4- ( ) Classificador 5- ( ) Servente Geral 2B) Tempo de exposição 1- ( ) até 3 anos 2-( ) 4 anos ou mais 2C) Jornada de trabalho diário ? 1-( ) Até 08 horas 2- ( ) mais de 8 horas 2D) Na atividade que desenvolve você inala frequentemente? 1- ( ) poeira 2- ( ) desmoldante (agente químico) 3- ( ) nenhum

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3- TABAGISMO 3. Em relação ao uso do cigarro, você se considera: 1. Fumante regular; 2. Ex-fumante; 3. Não fumante 3A) FUMANTE REGULAR 1) Com que idade você começou a fumar regularmente, ou seja, a fumar todos os dias? 1- ( )< 15 anos 2-( ) 15 – 20 3-( ) 21 – 25 4-( ) 26- 30 5- ( ) > 30a nos 2) Você acha difícil largar definitivamente o cigarro? 1- ( ) Sim 2- ( ) Não 3- ( ) Não Sei 3) Quantos cigarros fuma por dia? 1- ( ) até 10 2-( ) 11 a 20 3- ( ) mais de 20 3B) EX-FUMANTE 1) Por quantos anos fumou cigarro? 1- ( ) menos de 1 ano 2- ( ) 1 a 5 anos 3- ( ) 5 a 10 anos 2) Em média, quantos cigarros por dia você fumava? 1- ( ) Até 10 2- ( ) 11 a 20 3- ( ) Mais de 20 3)Com que idade você tinha quando parou totalmente de fumar cigarros? 1- ( )< 15 anos 2-( ) 15 – 20 3-( ) 21 – 25 4-( ) 26- 30 5- ( ) > 30anos

4-EXPOSIÇÕES INALATÓRIAS OCUPACIONAIS

Agora eu vou fazer algumas perguntas sobre seu trabalho. Sempre que possível, eu gostaria que você respondesse “SIM” ou “NÃO”. Todas as suas respostas serão confidenciais e usadas somente para esta pesquisa. 4A) Hoje, Você está apresentando alguns destes sintomas respiratórios? 4A1) Tosse seca ( ) Sim ( ) Não 4A2) Tosse com catarro ( ) Sim ( ) Não 4A3) Chiado no peito ( ) Sim ( ) Não 4A4) Falta de ar (dispnéia) ( ) Sim ( ) Não 4A5) Espirros ( ) Sim ( ) Não 4A6) Coriza ( ) Sim ( ) Não 4A7) Obstrução nasal (nariz entupido) ( ) Sim ( ) Não 4A8) Ardor nasal ( ) Sim ( ) Não 4A9) Disfonia ou rouquidão ( ) Sim ( ) Não 4A10) Irritação na garganta ( ) Sim ( ) Não 4A11)Irritação nos olhos ( ) Sim ( ) Não 5) Apresenta alguma doença respiratória? 1- ( ) Sim 2- ( ) Não Se sim, qual?______________________________________________________

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Apêndice 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

“ANÁLISE DA FUNÇÃO PULMONAR EM TRABALHADORES DE INDÚSTRIAS

DE CERÂMICA NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA GRANDE- MT EM 2010”.

A aluna Viviane Aparecida Martins Mana RG.27823279-6 SSP/SP do Programa

de Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso estará

realizando a pesquisa intitulada: “Análise da Função Pulmonar em Trabalhadores de

Indústrias de Cerâmica no Município de Várzea Grande MT em 2010”, tendo como

objetivo analisar a função pulmonar em trabalhadores de indústrias de cerâmica no

município de Várzea Grande - Mato Grosso, identificando as possíveis alterações

obstrutivas ou restritivas da função pulmonar nestes indivíduos. Todas as emergências e

casos que necessitarem de acompanhamento médico serão encaminhados relatórios para

as autoridades locais e direcionados ao médico do trabalho da empresa para solicitação

de exames mais detalhados e acompanhamento periódico dos casos para que o

trabalhador não venha a desenvolver maiores complicações da função pulmonar. O

estudo será realizado em todas as indústrias de cerâmicas no Município de Várzea

Grande – MT, no qual todos os funcionários das indústrias serão convidados a participar

da coleta de dados, sendo inicialmente aplicado questionário previamente elaborado,

contendo questões gerais sobre o trabalhador, e após será feita avaliação da função

pulmonar através da espirometria. A presente pesquisa será realizada nos meses de

março a maio de 2010. Os resultados serão tabulados e analisados para determinação

dos resultados sendo divulgados apenas em reuniões de caráter científico e /ou

publicações em meios especializados, sem a menção nominal ou outra forma de

identificação dos trabalhadores.

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Discuti com Viviane Aparecida Martins Mana (mestranda) sobre a minha

decisão em participar desta pesquisa. E ficaram claros para mim quais são os propósitos

da pesquisa, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as

garantias de confidencialidade e de esclarecimento permanentes. Ficou claro também

que minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente em participar

desta pesquisa e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou

durante o mesmo, sem penalidades, prejuízos ou perda de qualquer beneficio que possa

ter adquirido com essa pesquisa.

Eu___________________________________________________________________

RG:_____________________ Nascido no dia _____/______/_____, Sexo: ( )M ( )F

Residente______________________________________________________________,

Bairro_____________________________ Cidade______________________________ CEP____________________________Telefone ( )____________________________, Declaro que após ter sido convenientemente esclarecido (a) pelos pesquisadores, consinto em participar da amostragem do projeto de pesquisa em questão, por livre vontade sem que tenha sido submetido(a) a qualquer tipo de pressão. _________________________________ Participante da pesquisa (voluntário) __________________________________ Viviane Ap. Martins Mana (pesquisadora) __________________________________ Prof. Dr. Clovis Botelho (orientador) Endereços para contatos: Viviane Ap. Martins Mana Pesquisadora – Instituto de Saúde Coletiva/UFMT Av. Fernando Corrêa da Costa, s/n Coxipó – Cuiabá / MT Tel: (065)3615-8881 Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller- UFMT CCBS I – Campus UFMT Av. Fernando Correa da Costa Coxipó – Cuiabá - MT Tel: (65) 3615-8254

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Apêndice 3 – Tabelas de 13 a 21.

Tabela 13 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de sintomas respiratórios segundo as características sócio-demográficas dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Características sócio-demográficas

n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Sexo Feminino 3/11 27,3 1,00 Masculino 79/172 45,9 1,68 (0,63-4,48) 0,186* Faixa etária Até 39 anos 61/137 44,5 1,00 40 anos e mais 21/46 45,7 1,02 (0,71-1,47) 0,894** Raça Não branca 55/127 43,3 1,00 Branca 27/56 48,2 0,89 (0,64-1,25) 0,539** Estado Civil Casado 54/128 42,2 1,00 Solteiro 28/55 50,9 0,82 (0,59-1,15) 0,278** Anos de estudo Até 4 anos 22/51 43,1 1,00 5 anos e mais 60/132 45,5 0,94 (0,65-1,36) 0,778** Piso salarial Mais de 1 salário mínimo 32/78 41,0 1,00 Até 1 salário mínimo 50/105 47,6 1,16 (0,83-1,61) 0,376** Renda familiar per capita

Mais de ½ salário mínimo 34/95 35,8 1,00 Até ½ salário mínimo 48/88 54,5 0,65 (0,47-0,91) 0,011**

* Teste exato de Fisher ** Chi-square de Mantel-Haenszel

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Tabela 14 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de sintomas respiratórios segundo as características do ambiente de trabalho dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Variáveis n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor Ocupações dos trabalhadores

Outros 62/146 42,5 1,00 Forneiro 20/37 54,1 1,27 (0,89-1,80) 0,206** Tempo exposição Até 3 anos 59/139 42,4 1,00 4 anos ou mais 23/44 52,3 1,23 (0,87-1,73) 0,254** Jornada de trabalho diário

Até 8 horas 75/170 44,1 1,00 Mais de 8 horas 7/13 53,8 1,22 (0,71-2,07) 0,497** Substâncias inaladas Poeira e desmoldante 55/127 43,3 1,00 Outros 27/56 48,2 0,89 (0,64-1,25) 0,539**

** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel

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Tabela 15 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de sintomáticos graves e não graves segundo as características sócio-demográficas dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Características sócio-demográficas

n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Sexo Masculino 26/79 32,9 1,00 Feminino 1/3 33,3 0,98 (0,19-5,04) 0,703* Faixa etária Até 39 anos 18/61 29,5 1,00 40 anos e mais 9/21 42,9 1,45 (0,77-2,72) 0,264** Raça Branca 8/27 29,6 1,00 Não branca 19/55 34,5 1,16 (0,58-2,31) 0,658** Estado Civil Solteiro 9/28 32,1 1,00 Casado 18/54 33,3 1,03 (0,53-2,00) 0,913** Anos de estudo Até 4 anos 5/22 22,7 1,00 5 anos e mais 22/60 36,7 0,61 (0,26-1,43) 0,178* Piso salarial Mais de 1 salário mínimo 10/32 31,3 1,00 Até 1 salário mínimo 17/50 34,0 1,08 (0,57-2,06) 0,797** Renda familiar per capita

Até ½ salário mínimo 15/48 31,3 1,00 Mais de ½ salário mínimo 12/34 35,3 1,12 (0,60-2,09) 0,702**

* Teste exato de Fisher ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel

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Tabela 16 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de sintomáticos graves e não graves segundo as características do ambiente de trabalho dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Variáveis n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor Ocupações dos trabalhadores

Outros 19/62 30,6 1,00 Forneiro 8/20 40,0 1,30 (0,67-2,51) 0,441** Tempo exposição Até 3 anos 18/59 30,5 1,00 4 anos ou mais 9/23 39,1 1,28 (0,67-2,42) 0,458** Jornada de trabalho diário

Mais de 8 horas 2/7 28,6 1,00 Até 8 horas 25/75 33,3 0,85 (0,25-2,88) 0,580* Substâncias inaladas Poeira e desmoldante 15/55 27,3 1,00 Outros 12/27 44,4 0,61 (0,33-1,12) 0,122**

* Teste exato de Fisher ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel Tabela 17 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de sintomáticos graves e não graves segundo o tabagismo dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Tabagismo n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor Não fumante 12/43 27,9 1,00 Fumante 8/22 36,4 1,30 (0,62-2,71) 0,487** Ex-fumante 7/17 41,2 1,48 (0,70-3,11) 0,323** ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel

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Tabela 18 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de sintomáticos graves segundo as características sócio-demográficas dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Características sócio-demográficas

n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor

Sexo Feminino 1/11 9,1 1,00 Masculino 26/172 15,1 1,66 (0,24-11,14) 0,496* Faixa etária Até 39 anos 18/137 13,1 1,00 40 anos e mais 9/46 19,6 1,48 (0,71-3,08) 0,288** Raça Branca 8/56 14,3 1,00 Não branca 19/127 15,0 1,04 (0,48-2,24) 0,905** Estado Civil Casado 18/128 14,1 1,00 Solteiro 9/55 16,4 0,85 (0,41-1,79) 0,688** Anos de estudo Até 4 anos 5/51 9,8 1,00 5 anos e mais 22/132 16,7 0,58 (0,23-1,46) 0,174* Piso salarial Mais de 1 salário mínimo 10/78 12,8 1,00 Até 1 salário mínimo 17/105 16,2 1,26 (0,61-2,60) 0,337** Renda familiar per capita

Mais de ½ salário mínimo 12/95 12,6 1,00 Até ½ salário mínimo 15/88 17,0 0,74 (0,36-1,49) 0,401**

* Teste exato de Fisher ** Chi-square de Mantel-Haenszel

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Tabela 19 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC 95%) de sintomáticos graves segundo as características do ambiente de trabalho dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Variáveis n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor Ocupações dos trabalhadores

Outros 19/146 13,0 1,00 Forneiro 8/37 21,6 1,66 (0,79-3,49) 0,188** Tempo exposição Até 3 anos 18/139 12,9 1,00 4 anos ou mais 9/44 20,5 1,57 (0,76-3,26) 0,222** Jornada de trabalho diário

Até 8 horas 25/170 14,7 1,00 Mais de 8 horas 2/13 15,4 1,04 (0,27-3,93) 0,600* Substâncias inaladas Poeira e desmoldante 15/127 11,8 1,00 Outros 12/56 21,4 0,55 (0,27-1,09) 0,091**

* Teste exato de Fisher ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel Tabela 20 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de sintomáticos graves segundo o tabagismo dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Tabagismo n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor Não fumante 19/135 14,1 1,00 Fumante 8/48 16,7 1,18 (0,56-2,53) 0,664** Ex-fumante 7/42 16,7 1,18(0,54-2,62) 0,679** ** Chi-quadrado de Mantel-Haenszel Tabela 21 - Prevalência, razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC

95%) de sintomáticos graves segundo doenças respiratórias dos trabalhadores de indústrias de cerâmica do município de Várzea Grande/MT, 2010.

Doença respiratória n / N Prevalência RP (IC 95%) p-valor Sim 0/7 0,0 1,00 Não 27/176 15,3 Indefinido 0,320* * Teste exato de Fisher

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