Jornal Da Várzea Dez 2014
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Jornal da VrzeaA luta continua
So Paulo - Dezembro / 2014
Arte e Cultura na Kebrada 2014 - pg. 3
Futebol na vrzea - pg. 8
Uma associao de moradores a caminho - pg. 7
Luta pelo transporte na Vila Itaim - pg. 4
Patrocnio:
Passando a bola Pg. 8
Futebol na Vrzea por Vinicius Fernandes
O futebol de vrzea surgiu a partir da
prtica do esporte em campos abertos,
geralmente localizados em encostas de
rios. Por esse motivo, surgiu o nome
futebol de vrzea. Existem muitos
jogadores profissionais que comearam
sua carreira jogando peladas nos
campinhos de terra. Um exemplo o
ex-morador do bairro e jogador Fabrcio
dos Santos Silva, conhecido no bairro como Fal.
No ano de 2005, Fal fez um teste para o time da
Portuguesa e passou. Em 2006, passou pelo sub-
20 do So Paulo e em 2007 pelo Corinthians.
Atualmente, Fabrcio joga no time de base como
lateral esquerdo do Internacional.
Um pouco de histria
O futebol de vrzea deu origem a muitos grandes
clubes e por isso importante para a histria e para
a ascendncia do futebol dentro das comunidades.
O esporte tem um papel fundamental e
pedaggico, alm de ocupar muitos jovens que se
no praticassem uma atividade fsica poderiam se
envolver com coisas ruins.
O esporte tambm tem o papel de aproximar as
pessoas mostrando que uma atividade repleta
de identidade e particularidades e fazendo com
que as famlias de torcedores e jogadores
acabem se conhecendo e dividindo suas
histrias, muitas vezes at se ajudando de
alguma forma e fortalecendo o vnculo
perifrico.
Imag
ens:
Vin
iciu
s Fe
rnan
des
-
EXPEDIENTE
Jornal da Vrzea um projeto de jornalismo comunitrio do Jardim Pantanal e demais vilas da vrzea
que existe desde 2013.
Nosso objetivo trazer informaes sobre o nosso bairro para todos os moradores da regio. Sabemos
que os assuntos que realmente importam para ns no saem nos grandes jornais, pois estes esto
apenas a servio daqueles que os financiam, ou seja, os governos e as grandes empresas, que doam
dinheiro para os donos dos jornais e em troca no podem ter seus interesses contrariados. Estes jornais
no representam a opinio do povo e ainda ajudam a distorcer fatos e omitir informaes importantes
quando convm. Por isso, criar um jornal de bairro to importante. S assim conseguimos criar uma
voz verdadeiramente coletiva. A comunicao uma importante ferramenta de luta e com ela podemos
falar mais e ser mais ouvidos. Por isso, contamos com a participao de todos para que nosso jornal
contribua para construirmos uma comunidade cada vez mais fortalecida.
Quem quiser contribuir
com sugestes e crticas ou
ajudar a construir o jornal,
entre em contato conosco.
Esta publicao de toda a
nossa comunidade!
Blog:
comunicadoresdavarzea.
wordpress.com
E-mail:
comunicadoresdavarzea@
gmail.com
EXPEDIENTE - pg. 2 O QUE T PEGANDO? - Arte e Cultura na Kebrada - pg. 3 FIQUE DE OLHO - Vila Itaim: a luta pelo transporte - pg. 4 e Uma associao de moradores a caminho - pg. 7 PASSANDO A BOLA - Futebol de vrzea - pg. 8 T BOMBANDO - Funk na periferia - pg. 6 JORNAL DA VRZEA INDICA - O Caador de Pipas - pg. 5
T bombando Pg. 7ndice Pg. 2lugar.
Por ltimo e no menos importante, preciso observar como muitas letras de funk ganham
repercusso por serem machistas, por exporem
a mulher como uma mercadoria, um objeto fcil
de se comprar e at mesmo um ser inferior, que
pode sofrer violncia verbal e fsica como se fosse
normal. Temos o exemplo na msica do Mc Guime
e Mc Lon que fala da mulher como mercadoria:
Contando os plaque de 100, dentro de um
Citron,
Ai nois convida, porque sabe que elas vm.
(...)
melhor no falta com respeito
suja o meu nome perante a favela
que eu te deixo esticada no cho
So msicas que mostram a mulher como algum
cheio de interesses, que se deixam levar por
qualquer um que tiver um carro caro, ou for rico,
e mostram a mulher como um saco de pancada,
que no tem valor algum, e submissa ao homem
por natureza. Mulheres so ofendidas, e expostas
em muitas letras de funk como algum sem valor.
E voc? O que acha do funk e de todos os estilos
que existem dentro desse ritmo? Escreva para
o Jornal da Vrzea contando pra gente a sua
opinio!
Os moradores do Jardim Pantanal iniciam uma nova histria de trabalhos coletivos e engajamento poltico, principalmente nas reas de regularizao fundiria, projetos de esporte, lazer e sade, Educao e Cultura, assim como trabalho com idosos.O Instituto Alana uma das instituies de maior expresso da vrzea do Rio Tiet, mas deixou de financiar projetos na regio porque mudou o foco do trabalho. Com o fim do atendimento aos adolescentes e idosos em 2013, formou-se uma comisso de moradores que se reuniu para debater as demandas de equipamentos de cultura e recreao negligenciadas pelo poder pblico e buscar apoio para elaborar projetos. Esse esforo resultou na retomada dos trabalhos com os idosos e aulas de capoeira para as crianas e jovens, atendendo tambm pessoas com necessidades especiais, na quadra da comunidade. Ao mesmo tempo, o Instituto Alana fomenta a participao de um grupo de tcnicos na formao de uma associao de bairro, com a finalidade de elaborar propostas de regularizao fundiria para
o Jardim Pantanal. A comisso de moradores se uniu com o grupo de tcnicos do Alana e uma agremiao de pessoas do bairro em 2014 para fundar a esperada Associao de Moradores e Amigos do Jd. Pantanal. (AMOJAP). Ainda est no incio de uma nova histria e falta mais participao dos moradores. Venha conhecer e participar! Endereo: Rua Borboleta Amarela, 481 - Sala 03 (Provisrio).Contatos: Presidente: 954405637 954871138 Projetos em andamentos:- Capoeira s teras e sextas 20h na quadra- Aulas de dana de salo s segundas no galpo do Alana- Atividade com os idosos s teras e quintas na quadra 9h; e tera e sexta no galpo do Alana.As atividades com os idosos e de dana so realizadas por uma agente cultural que tem apoio da prefeitura.-As reunies ordinrias da Associao ocorrem toda segunda quarta-feira do ms s 19h no Instituto Alana, Erva do Sereno, 608.
Uma nova Associao nasce no Jd. Pantanal: Associao de Moradores e Amigos do Jd. Pantanal(AMOJAP)por Adriano Abreu e Victor Hugo Ortiz Filho
Fique de olho
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Ningum pode negar a importncia do funk e
seu trao cultural marcante nas comunidades.
Gostando ou no, as pessoas veem que o funk
tem cada vez mais adeptos e por isso importante
ver os dois lados deste estilo musical. Um
o que serve como um meio de comunicao,
marcado por letras que expressam as dificuldades
do cotidiano, os sentimentos de revolta, o amor
pela comunidade, como uma fuga da realidade
que os cerca, ou at mesmo uma reflexo sobre
esta realidade. Um exemplo a msica do Mc
Serginho que diz assim:
Era trabalhador, pegava o trem lotado
Tinha boa vizinhana, era considerado
E todo mundo dizia que era um cara maneiro
Outros o criticavam porque ele era funkeiro
O funk no motivo, uma necessidade
pra calar os gemidos que existem nessa cidade
O outro lado o que aborda a ostentao, o
que virou moda, jovens, homens e mulheres em
busca de algo que os faam bem, que os faam
entrar em um mundo que vendido diariamente
nos comerciais, propagandas e na mdia em geral.
Ah, funk pra mim a forma de expresso da
comunidade e tambm a forma de falar que no
s rico que pode ostentar que pode ter tnis
e roupa cara, diz MC Helder, que participa do
Passinho do Romano.
Funk da pefireria uma fuga para as dificuldades
existentes, ento eles pregam a ostentao hoje
para mostrar que tm algo, afirma Nara Justino.
Para Denis Gois, a ostentao j est na nossa
cultura desde sempre porque afinal vivemos numa
sociedade capitalista. A sociedade e os meios de
comunicao (TV,internet) nos mostram hoje em
dia que mais importante ter bens materiais e
ostentar pra todo mundo do que ser uma pessoa
com dignidade e carter.
O funk ostentao tem uma raiz no hip-hop
gangster dos EUA e como um carinha que curte
funk aqui no Brasil pode ostentar uma roupa de
marca se no tem nem um reboco na parede de
casa? Pode-se chamar o funk ostentao de algo
sem o menor bom senso, afirma Denis.
Sabemos que alguns conseguem um
reconhecimento e crescem na carreira de Mc,
como Mc Gui e Mcguime, mas a grande maioria
escreve letras e canta sobre coisas que nunca teve
um contato direto, mas que as mdias mostram a
eles todos os dias, como carros caros, manses,
roupas ou lugares interessantes.
O funk uma realidade cada vez mais presente e necessria
de resistncia em locais onde os espaos culturais para os jovens
no chegam. Por meio do funk, os jovens conseguem fazer
suas festas e curties improvisadas em qualquer
ARTE E CULTURA NA KEBRADA 2014Um dos maiores eventos de grafitti de So Paulo acontece aqui, no Jardim Maia
Funk na periferiapor Raquel Marques e Cristina Fernandes
T bombando Pg. 6 O que t pegando? Pg. 3
O Arte e Cultura na Kebrada um evento que
promove a integrao do grafite, da msica, do
teatro e de diversas linguagem artsticas: tudo com
o intuito de trazer lazer e cultura pra quebrada.
O evento j est na sua 8 edio. Se voc perdeu
este ano, fique ligado para participar do prximo!
Para mais informaes acessar o Facebook: Arte e
Cultura na Kebrada.
Imag
ens:
Com
unic
ador
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a V
rze
aArte: Cristina Fernandes
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Fique de olho Pg. 4
A bem verdade, preciso salientar que os poderes pblicos esto cada vez mais se retirando do setor dos transportes coletivos em benefcio da iniciativa privada (Jlia Falivene Alves)
A luta popular em Vila Itaim sempre reivindicou melhorias de vida para a populao local. Uma das lutas histricas por um transporte coletivo que atenda os moradores da baixada como so chamadas as pessoas que moram em Vila Itaim. No incio da dcada de 1980 os moradores s tinham uma linha circulante que ia at a Praa da S, e que s foi conquistada depois de madrugar junto Secretaria de Transportes. Hoje apenas duas linhas de nibus circulam na Vila, uma a 273 J que sai do Jardim Romano at a Penha; a outra a 2769 que vai do Jardim Romano at o Tatuap. J para a Regio de So Miguel Paulista tem um micro-nibus circulando.
Recentemente, no ms de Outubro, houve uma Reunio
com a Secretaria de Transportes de So Paulo (SPTRANS) onde os moradores Valdenor Pereira, Jos Nascimento e Renan Silva
buscavam mais uma linha de nibus para seus bairros.
O morador Renan Silva queria apoio em sua luta para ter uma linha de nibus que fosse at Guarulhos, para Vila Nova Itaim; enquanto Valdenor Pereira, que representa a Associao de Moradores de Vila Itaim (AMVI), e Jos Nascimento buscavam uma linha que sasse do Jardim Romano para Itaquera, passando por Guaianazes.
As orientaes apontaram para que se redigisse um novo ofcio, pedindo prolongamento da linha de micro-nibus que sai do Hospital Santa Marcelina e vai at Guaianazes. Esta linha circularia at o Jardim Romano, no mais na Vila Itaim pois a cooperativa que fazia esta linha anteriormente na Vila estava mais preocupada em agilizar suas corridas do que servir populao. Alm disso, a enchente foi mais um pretexto para que no circulassem mais. As controvrsias do transporte continuaram quando houve a insinuao da retirada da linha Tatuap da Vila. A SPTRANS estava alegando que os moradores tinham como usar apenas o trem, porm muitas mes se servem desta linha para deixar os filhos em creches e moradores descem em pontos anteriores ao metr; lembrando que a Linha Jardim Romano at o Terminal A.E. Carvalho foi retirada sem nenhum motivo justo. Alm disso, temos que esperar que o novo terminal para Itaquera esteja pronto para que haja lugar para colocar a linha Jardim Romano Metr Itaquera. Certamente um novo ofcio ser feito com as alteraes necessrias e os moradores tm que estar ativos nesta luta.
VILA ITAIM: a luta pela dignidade no transportepor Luciene Torquato Chaves e Valdenor Pereira
Ilust
ra
o: G
razy
, par
a M
PL
Jornal da Vrzea indica Pg. 5
por Vivian Samara
O Caador de Pipas conta a histria de dois
meninos, Amir e Hassan. O primeiro um menino
rico de Cabul, no Afeganisto, enquanto Hassan
filho do empregado de seu pai. Porm, mesmo
nessas circunstncias os dois formam uma grande
amizade, que passar por grandes provaes com
o passar do tempo.
O autor consegue expor muito bem o personagem
de uma criana e assustador perceber que
Amir, o narrador, humano, cheio de falhas e
imperfeies, sendo que estas acabam levando
muitos problemas e tristezas para eles, assim como
acontece em nosso dia a dia tambm. notvel o
quanto o autor consegue demostrar como certas
vezes a viso de algum sobre outras pessoas e
suas atitudes com elas podem causar grandes
mudanas e graves injustias.
Tambm importante conhecer e explorar uma cultura no muito
conhecida por ns, afinal a maioria dos livros que temos so mais ligados Europa e aos Estados Unidos. Alm
disso, possibilita entender mais sobre esses pases que so vistos
como diferentes, muitas vezes como potncias terroristas. Para quem quer saber mais sobre o Oriente Mdio este
livro um deleite.
A passagem do tempo e amadurecimento dos
personagens aumenta a histria e o modo como
o autor transmite isso muito bom, alm do fato
de que sua escrita fluida nos fora a terminar o
livro em poucas horas. Ademais, a construo da
trama e as crticas que o autor faz com a forma que
os outros pases acabam interferindo diretamente
e indiretamente no Afeganisto e os estragos que
isso causou populao s fazem melhorar o livro
como um todo.
Assim, esse um livro que vale a pena ser lido por
todos porque tocante e extremamente lindo.
um daqueles livros que despertam tantas emoes,
chega a ser doloroso falar sobre ele. Apesar de ser
amarga, a histria faz perceber que a vida nem
sempre tem um final feliz, mas pode ter um final
que no seja to triste.
Boa leitura!
O Caador de Pipas - Khaled HosseiniEditora Nova Fronteira