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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE LINGUAGENS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGEM GRAZIANI FRANÇA C. DE ANICÉZIO FORMAÇÃO CONTINUADA: UM CAMINHO PARA A ADEQUAÇÃO ENUNCIATIVA DOS PROFESSORES DE LÍNGUA ESPANHOLA DE MATO GROSSO CUIABÁ MT 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE LINGUAGENS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGEM

GRAZIANI FRANÇA C. DE ANICÉZIO

FORMAÇÃO CONTINUADA: UM CAMINHO PARA A

ADEQUAÇÃO ENUNCIATIVA DOS PROFESSORES DE

LÍNGUA ESPANHOLA DE MATO GROSSO

CUIABÁ – MT 2012

GRAZIANI FRANÇA C. DE ANICÉZIO

FORMAÇÃO CONTINUADA: UM CAMINHO PARA A

ADEQUAÇÃO ENUNCIATIVA DOS PROFESSORES DE

LÍNGUA ESPANHOLA DE MATO GROSSO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Estudos de Linguagem.

Área de Concentração: Paradigmas do Ensino de Línguas

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Flores

CUIABÁ-MT 2012

Anicézio, Graziani França C. de.

Formação continuada: um caminho para a adequação enunciativa dos professores de Língua Espanhola de Mato Grosso / Graziani França C. de Anicézio. - Cuiabá, MT, 2012.

171 f.: il.

Impresso por computador (fotocópia). Área de Concentração: Paradigmas do Ensino de Línguas Orientador: Prof. Dr. Sérgio Flores.

Dissertação (Mestre em Estudos de Linguagem) – Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2012.

1. Formação de professores. 2. Língua Espanhola. 3. Produção

enunciativa. I. Flores, Sérgio. II.Título.

CDU 37.011.31:811.134.2(817.1)

Ao meu esposo que esteve ao meu

lado durante todo este processo

colaborando e acreditando na

realização deste sonho.

A minha filha que mesmo sem saber,

por ser ainda pequena, foi uma das

forças que me motivaram a prosseguir.

AGRADECIMENTOS

A Deus que tem sempre me mostrado como e o que devo fazer e a cada

etapa esteve presente me orientando e confortando na hora da aflição.

Ao Dr. Sérgio Flores, por sempre estar pronto a me atender mesmo a

distância e pelas orientações que foram fundamentais para o desenvolvimento desta

pesquisa.

A banca de qualificação e defesa, Drª. Maria Inês Cox e Drª. Fabíola Sartin,

pelas contribuições que foram essenciais para a finalização desta pesquisa.

Aos meus pais, que sempre me incentivaram a estudar e me mostraram a

importância de trilhar no caminho do conhecimento.

Ao meu sogro e sogra, por acreditarem em mim, renovando minhas forças

para continuação desta jornada.

A minha amiga Jandira, por todo o apoio dado, o que me ajudou muito para

que esse sonho começasse a ser realizado.

A minha amiga Ana Raquel, que foi a ponte Cuiabá-Paraíso do Tocantins me

ajudando com textos, matrículas e tantas outras coisas.

A todos os gestores e colegas de área do IFTO-Campus Paraíso do

Tocantins, pelo apoio incondicional que dispensaram a mim.

Aos gestores do CEFAPRO/Cuiabá pelo incentivo dado no início desta

caminhada.

A todos aqueles que oraram por mim durante este processo.

"Sem a curiosidade que me move, que

me inquieta, que me insere na busca,

não aprendo nem ensino". (Paulo

Freire )

RESUMO

ANICÉZIO, Graziani França C. de. Formação continuada: um caminho para a adequação enunciativa dos professores de Língua Espanhola de Mato Grosso, 2012. 170p. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagem) - Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2012.

Esta pesquisa buscou responder o seguinte questionamento: Por que os professores

de Língua Espanhola, em sua maioria, sentem dificuldades na produção enunciativa

oral? Para essa resposta, foi realizada a aplicação de um questionário com cinco

professores da rede estadual de ensino que confirmaram essa dificuldade. Também

foi realizada uma análise dos currículos da UFMT do curso de Letras – habilitação

em Língua Espanhola – a fim de detectar as possíveis falhas na formação que

acabam por gerar essas deficiências na produção enunciativa oral. A análise

curricular mostrou que a universidade tem se centrado mais no ensino da escrita e

gramática, que já não atendem as expectativas da sociedade, que no trabalho com a

produção enunciativa. Essa pesquisa tem como inscrição teórica a Análise do

Discurso (AD) que concebe a linguagem como configuradora das práticas sociais, o

que justifica a abordagem enunciativo-discursiva como forma de adequação no

trabalho com a oralidade. Além de investigar as dificuldades na produção

enunciativa oral dos professores de Língua Espanhola e de examinar os currículos

do curso de Letras, essa pesquisa objetiva propor a Formação Continuada como um

possível caminho para amenizar as dificuldades apresentadas nesses estudos.

Palavras-chave: Formação de professores.Língua Espanhola. Produção

enunciativa.

ABSTRACT

ANICÉZIO, Graziani França C. de. Continuing Education: a path to the adequacy enunciative of Spanish-speaking teachers of Mato Grosso. 2012. 170p. Thesis (MA in Language Studies) - Postgraduate Programme in Language Arts, Federal University of Mato Grosso, Cuiabá, 2012.

This research aimed to investigate the following question: why do teachers of the

Spanish language, on its majority, have difficulties on oral enunciative production?

Searching for the answer a questionnaire was applied to 5 teachers from high

schools of Mato Grosso state which was noticed this difficulty. In addition, a

curriculum analyses from the Letters course of UFMT (Mato Grosso Federal

University) was done --- applied to the Spanish language, in order to confirm the

possible weakness on this program which ends up causing deficiencies on oral

enunciative production. These analyses revealed that the university has focused

more on the writing and grammar aspects than on oral performance which does not

satisfy the society expectation .This research has the discourse analyze as the

theoretical basis which comprehends language like the representative of social

practice, which explains the enunciative-discourse approaches as an adjustment way

for working with orality. Moreover, it investigates foreign language teachers’

difficulties on oral enunciative production and it exams the teaching graduation

curriculum to suggest teaching training program as a path to reduce difficulties that

were presented on this study.

Keywords: teachers training, Spanish Language, enunciative production.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD Análise do Discurso

AIE Aparelhos Ideológicos de Estado

Cefapro Centro de Formação e Atualização dos Professores da Educação Básica

E/LE Espanhol /Língua Estrangeira

FC Formação Continuada

FD Formação Discursiva

FI Formação Inicial

IFTO Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Tocantins

LD Livro Didático

LE Língua Estrangeira

LM Língua Materna

LNM Língua Não Materna

OCEM-MT Orientações Curriculares para a Educação Básica do Estado de Mato

Grosso

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso

LISTA DE ILUSTRAÇÓES

Gráfico 1 _ Pergunta 1: Você pode considerar que a sua graduação em

Língua Espanhola foi satisfatória? Por quê................................... 68

Gráfico 2 _ Pergunta 2: Você se sente inseguro em algum aspecto de seu

trabalho? A que você atribui a causa?.......................................... 70

Gráfico 3 _ Pergunta 3: Você tem algumas sugestões de alteração para o

programa de graduação a fim de eliminar as dificuldades

constatadas no seu desempenho profissional?

Quais?............................................................................................ 71

Gráfico 4 _ Pergunta 4: Se você pudesse alterar o currículo, em que

disciplinas você daria mais ênfase e em quais você reduziria a

carga horária?................................................................................ 74

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS – CHAVE .................................................................. 19

1.1 Conceitos da AD que norteiam a pesquisa.......................................................19

1.1.1 Abordagem enunciativo-discursiva .......................................................... 23

1.1.2Formação Discursiva, Ideologia e Formação Ideológica .......................... 25

1.1.3Sujeito, Assujeitamento e os Aparelhos Ideológicos do Estado................ 30

CAPÍTULO 2 – SUBSÍDIOS DA PESQUISA ............................................................ 35

2.1 O curso de Letras no Brasil: conhecer a história para entender a atualidade .. 35

2.2 Um breve panorama histórico da Língua Espanhola em Mato Grosso ............ 41

2.3 Currículo: concepções e objetivos ................................................................... 44

2.4 Formação Inicial e Continuada: a realidade do ensino de Língua Estrangeira 50

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS DADOS ................................................................... 58

3.1 O curso de Letras habilitação Língua Portuguesa e Espanhola na UFMT:

currículo e produção enunciativa oral .................................................................... 58

3.1.1 A análise curricular .................................................................................... 60

3.2 Apresentação e comentários sobre a análise dos questionários: em busca da

comprovação da dificuldade da produção enunciativa oral ................................ 67

3.3 Formação Continuada: uma proposta para amenizar as dificuldades de

produção enunciativa oral dos professores de Língua Espanhola ....................... 77

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 84

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 87

APÊNDICE ................................................................................................................ 94

ANEXOS ................................................................................................................... 96

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INTRODUÇÃO

Quando falamos em professores de Língua Estrangeira (LE),

entendemos que estes profissionais cursaram a faculdade de Letras por no

mínimo três ou quatro anos, e que, ao concluírem o curso, estão

completamente aptos a ensinar a língua a qual foram formados sabendo usá-la

em todos os seus aspectos e, claro, principalmente na oralidade, já que é

através dela que devem ser ministradas as aulas de formação de seus alunos.

Apesar de os professores terem passado por uma graduação e saírem

com o título de habilitados em LE, as dificuldades na expressão oral na língua

em questão são imensas. Este fato ocorre com professores de todas as línguas

estrangeiras, mas aqui meu foco será a Língua Espanhola (E/LE), devido ao

meu contato com esta língua desde 2001.

Minhas inquietações começaram quando fazia o terceiro ano do curso

de Letras. Naquele momento nós, os alunos do terceiro e quarto ano, éramos

convidados a ministrar aulas no curso de extensão da UFMT (Universidade

Federal de Mato Grosso), universidade em que cursávamos Letras, e a

primeira pergunta dos colegas era: tem que ministrar aulas falando em

espanhol? E a resposta da coordenação era positiva, pois entende-se que as

aulas de LE devem ser ministradas em LE e não em Língua Materna. A

maioria não aceitava o convite, pois alegava não ter capacidade de falar

espanhol para ministrar as aulas, e isso me intrigava muito, pois estávamos

prestes a concluir a faculdade com um título que só teria validade no papel.

Desde então, comecei a me indagar onde estaria o problema. Convites

de trabalho como professora vieram depois da faculdade e em muitos

momentos convidei alguns ex-colegas de turma para também ministrar aulas,

porém o problema era o mesmo, a dificuldade e insegurança que sentiam no

uso da língua de forma oral. Cada vez mais ficava tentando entender o que

acontecia, e me questionava sobre o tipo de formação que recebemos, e sobre

a realização de cursos paralelos como uma possível solução.

Questionava-me, ao mesmo tempo, sobre o papel da universidade que

deveria realmente formar profissionais aptos a exercerem sua profissão com

segurança sem que estes, obrigatoriamente, tivessem que buscar outros

centros de ensino. Percebi que fazer um curso de idiomas, no caso dos

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estudantes de Letras, era uma necessidade óbvia, pois aqueles que aprendiam

somente na universidade deixavam claro que não sabiam usar a língua

estrangeira com segurança.

As inquietações só aumentaram quando comecei a ter mais contato com

professores de Língua Espanhola (E/LE) através do meu trabalho como

formadora do Cefapro (Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da

Educação Básica) em 2009. Meu trabalho era o de ministrar cursos de

Formação Continuada (FC) para os profissionais de E/LE e, a cada encontro,

eu via e escutava os mesmos problemas quanto à dificuldade em falar a língua

que ensinam, e eles confessavam ministrar aula em português o tempo todo,

pois não se sentiam seguros no uso da LE.

A preocupação com o nível de proficiência destes professores se torna

ainda maior quando se trata da obrigatoriedade da oferta de língua espanhola

nas escolas de nível médio a partir de 2010, através da lei 11.161/2005, pois a

quantidade de profissionais que Mato Grosso precisa para completar o quadro

é grande.

Diante desta situação, comecei a atribuir essas dificuldades à forma de

ingresso do estudante no curso de Letras e ao currículo.

Ao ingresso pelo fato de não existir pré-requisito do conhecimento da LE

para entrar no curso de Letras. O pressuposto é que a LE seja ensinada pela

universidade desde o conhecimento básico até um nível de uso da mesma

compatível com o domínio que um professor deve ter, mas o curso tem

demonstrado um compromisso com essa sua responsabilidade aquém das

expectativas que cria, já que o currículo não demonstra contemplá-las.

Ao currículo pela necessidade que esse tem de apresentar

conhecimentos de LE que se adequem com a contemporaneidade. Ao que se

tem observado, isso não tem acontecido em sua totalidade.

Esta adequação torna-se necessária para que o ensino de LE tenha

razão de existir para os fins dos dias atuais em que condições de diversas

ordens o atravessam. Essas condições justificam o ensino de LE hoje, são

elas:

a) condições sociais: maior possibilidade de contato com as Línguas

Estrangeiras e incentivo à sua aprendizagem;

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b) condições econômicas: que facilitam as possibilidades de

deslocamento;

c) condições políticas: das quais decorre o aumento exponencial das

trocas integracionistas entre países e

d) condições tecnoculturais pela via das redes sociais: a sua

massificação de uso e a internet como um todo, possibilitando a interação entre

pessoas de nacionalidades e línguas diferentes.

Assim, com um currículo atrelado a essas condições, professores se

formarão aptos a ensinar a LE dentro da realidade atual buscando

contextualizar o ensino.

Quanto aos aspectos contextuais aos quais tenho referido, a Análise do

Discurso (AD), escola teóricaem que este trabalho está inscrito e que no

capítulo seguinte será explicitada, atribui grande importância à consideração

deles, pois são eles que propiciam comportamentos, principalmente através da

linguagem verbal. Trata-se das condições de produção que emolduram a

prática social, as relações entre os membros de um grupo social, os moradores

de uma localidade ou os habitantes de um país em função de suas

necessidades. A necessidade aqui focada é o conhecimento adequado de uma

Língua Estrangeira.

De acordo com as Orientações Curriculares para a Educação Básica do

Estado de Mato Grosso - OCEM-MT (MATO GROSSO, 2009), mudanças vêm

acontecendo na abordagem de ensino que, em consequência da cultura de

ensinar da escola, antes se limitava a decorar e reproduzir palavras e frases

através da escrita. Agora, procura-se desenvolver principalmente a expressão

oral, dado que o ensino de toda língua natural se dá em função da interação

social, além de cuidar da remissão constante a vivências do quotidiano ligando

a teoria à prática como estratégia didática. Segundo as OCEM-MT (MATO

GROSSO, 2009, p. 51) “[...] ensinar é um exercício teórico-prático que, na

contemporaneidade, perde a legitimidade se não for ligado à realidade”.

E será que o currículo do curso de Letras está pronto e adaptado a

essas mudanças? Se o currículo do curso de Letras não estiver focado na

abordagem enunciativo-discursiva, que considera o discurso uma prática social

e uma forma de interação na qual a relação interpessoal, o contexto de

produção dos textos, as diferentes situações de interação verbal, os gêneros, a

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interpretação e a produção de efeitos de sentido no interlocutor são

indissociáveis, resultará em uma formação deficiente que se reflete na prática

destes professores que reproduzem nos alunos as mesmas dificuldades. E se

o currículo não se fundamentar na abordagem enunciativo-discursiva, estarão,

então, desconsiderando as OCEM-MT (MATO GROSSO, 2009), que

sustentam a necessidade do ensino dentro desta abordagem. A abordagem

enunciativo-discursiva será tratada em seus pormenores na explicitação das

ferramentas teóricas com que serão operadas nesta pesquisa.

Flores (2010, p. 5), ao falar desta abordagem no ensino de E/LE no

estado de Mato Grosso, afirma que um dos objetivos deve ser:

Ensinar a língua em função do seu uso prático na oralidade e na escrita em busca de um nível de proficiência que torne possível a interação com indivíduos que têm essa língua como materna, o que envolve um certo e extenso espaço de tempo. (FLORES, 2010, p. 5)

Assim também, Flores (2009, p. 218) afirma que a escola tem a escrita

por vocação e as Línguas Estrangeiras eram ensinadas em função da

compreensão da escrita. A prática da oralidade vem sendo esquecida nas

escolas, pois as poucas aulas, o pouco tempo de cada aula e o número grande

de alunos em sala dificultam essa prática nas escolas.

Ainda que esses problemas se resolvessem com uma nova organização

do currículo escolar, ainda permaneceria o maior deles, a baixa proficiência de

produção enunciativa dos professores. Trata-se, como observamos, da

prevalência de professores mal preparados e, consequentemente, de alunos

com baixo rendimento como explica Almeida Filho (1992), estudioso da

Linguística Aplicada:

O ciclo vicioso que se auto abastece na formação insuficiente do professor na universidade, que engrossa a debilidade escolar do alunado e que por fim volta a alimentar a universidade precisa ser substituído por um ciclo virtuoso novo. (ALMEIDA FILHO, 1992, p. 78).

Cursar o Mestrado em Linguagem foi o caminho encontrado para que

essas inquietações pudessem ser amenizadas ou sanadas, através de estudos

e pesquisas que me trouxessem subsídios para entender melhor, e até mesmo

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sugerir propostas para o problema posto. As disciplinas que cursei contribuíram

bastante para o estudo e elaboração desta dissertação, pois trouxeram o

arcabouço teórico e reflexões que antes eram desconhecidas por mim, e pude

entrar em contato, entender e aprofundar os conhecimentos de Análise do

Discurso (doravante AD). As disciplinas que influenciaram diretamente nesta

pesquisa foram a de Formação de Professores de Língua estrangeira,

Linguística Aplicada e Análise do Discurso.

Todos esses estudos proporcionados pelo Mestrado em Linguagem

ajudarão na confirmação, ou não, da hipótese que será apresentada, bem

como no desenvolvimento dos objetivos desta pesquisa.

HIPÓTESE

Aventuro-me aqui a esboçar uma hipótese a partir de explicações que

tenho tecido para as situações que venho referindo: diversos fatores dentro da

Formação Inicial1 contribuem para a baixa proficiência oral destes profissionais,

a começar pela quantidade de aulas semanais na LE, passando pelo foco do

ensino que se aplica mais diretamente à gramática e pouco na prática oral, a

oralidade adequada à abordagem enunciativo-discursiva, a carga horária

aplicada em outras disciplinas menos relevantes e em alguns casos o baixo

nível de produção discursiva dos próprios professores.

PERGUNTAS DE PESQUISA E OBJETIVOS

Ao me indagar sobre o nível de proficiência enunciativo-discursiva oral

dos professores de E/LE, como me referi anteriormente, dúvidas e

questionamentos surgiam e a partir deles foram organizadas as perguntas de

pesquisa que apresento a seguir:

a) o que leva os professores de E/LE a apresentarem insuficiências na

sua produção enunciativa, principalmente oral?

b) de que forma o currículo do curso de Letras tem se organizado para

atender as necessidades contemporâneas?

c) dada a impossibilidade de intervir na concepção e organização do

currículo do curso de Letras, o que pode ser feito para tentar reverter o que se

1Termo usado como graduação.

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revela como insuficiências nas capacidades dos professores recém-formados

provindos desse curso e os já atuantes?

Estas perguntas serão respondidas através do desenvolvimento dos

seguintes objetivos:

a) investigar as dificuldades de produção enunciativo-discursiva oral

que apresenta alto número de professores de Língua Espanhola;

b) examinar o currículo do curso de Letras da UFMT visando detectar

os possíveis problemas, em sua organização e concepção, que levam a

formação de professores com baixo nível de proficiência oral;

c) apresentar propostas, a fim de contribuir para a reflexão e prática dos

professores de E/LE, organizando um curso de Formação Continuada com

ênfase na produção enunciativo-discursiva oral em Língua Espanhola.

METODOLOGIA DE PESQUISA

Para que os objetivos sejam alcançados se faz necessária uma

metodologia.

Mas antes, uma explicação sobre a escolha da universidade, a UFMT. A

escolha por esta universidade se deu pelo fato de ser nela que cursei minha

graduação, especialização e curso de extensão; que ministrei aulas no curso

de extensão, graduação e faço o Mestrado em Linguagem, o que me traz mais

certeza e segurança no desenvolvimento desta pesquisa.

A pesquisa é de cunho qualitativo, pois tem como característicaso

contato direto do pesquisador com seu objeto de estudo e a busca da

compreensão de fenômenos a partir da interpretação do pesquisador sobre os

fenômenos estudados (NEVES, 1996) e abordados enquanto processo.

Por ser o discurso uma construção social, não individual, e que só pode

ser analisado considerando seu contexto histórico-social, realizarei a pesquisa

observando as condições de produção do currículo e dos discursos dos

professores entrevistados, além de considerar as ideologias presentes no

currículo analisado com base em Althusser (1973).

A pesquisa está organizada em três capítulos. No Capítulo I, tratarei do

arcabouço teórico em que me inscrevo através das ferramentas que serão

postas para operar no processo de pesquisa e problematizações da linguagem,

do ensino de LE e de E/LE.

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Sendo a AD a fonte teórica da abordagem enunciativo-discursiva,

autores como Pêcheux (1997), Althusser (1973), Authier-Revuz (1998),

Orlandi(1987, 1996, 2005, 2006), Serrani-Infante (1997), Coracini (2005),

Bolognini (2001), Grigoleto (2007) e Flores (2006, 2009, 2010, 2011), dentre

outros, se constituirão como referência teórica principal dessa abordagem.

Porém, autores não inscritos na AD, como alguns pertencentes à teoria crítica

do currículo, ou abordagens críticas da linguagem, participarão também da

base referencial deste trabalho.

No Capítulo II, será tratado de forma sucinta, como se deu e como se

dão os cursos de Letras no Brasil. Em seguida, será realizado um breve

panorama sobre a Língua Espanhola no estado de Mato Grosso, focando seu

início, sua implantação, suas dificuldades e a situação atual. Estudos sobre

currículo estarão presentes neste capítulo, a fim de trazer a discussão sua

organização e de como afeta diretamente o ensino/aprendizagem. Por fim,

tratarei da Formação Inicial e Continuada, a primeira será discutida juntamente

com a organização do currículo, e a segunda como um dos caminhos para a

adequação da produção enunciativa oral dos professores de E/LE.

O Capítulo III apresenta a análise dos dados. Primeiramente, sobre o

curso de Letras com formação em E/LE na UFMT, em seguida a análise

curricular, apresentando o perfil do currículo analisado da UFMT, os resultados

obtidos e comentários dos questionários que serão aplicados a cinco

professores de E/LE de Mato Grosso, finalizando com uma proposta de

Formação Continuada através da organização de um curso.

A aplicação de mudanças na Formação Continuada de professores

parece ser a forma mais coerente para tentar amenizar as deficiências trazidas

pela Formação Inicial. Sabemos que o ideal seriam alterações no currículo da

graduação, porém dada a impossibilidade de realizarmos tais mudanças, essa

questão ficará apenas para reflexão no momento.

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CAPÍTULO 1

Conceitos chave

1.1 Conceitos da AD que norteiam esta pesquisa

[...] a importância, para a AD, de não fazer uma análise textual do texto, e sim uma análise discursiva, o que, entre outras coisas, exige esta especificação sobre o tempo histórico de cada uma das ocorrências de cada enunciado ou grupos de enunciados. (POSSENTI, 2006, p. 98).

Possenti (2006) em sua colocação acima, já nos dá pistas do que será

exposto neste capítulo. Ele se remete a alguns conceitos como os de análise

discursiva, enunciado e historicidade. Antes, será abordada a AD e suas

preocupações de análise para, então, as contribuições desta inscrição teórica

para esta pesquisa.

A AD é um campo da linguística focado na análise dos mecanismos

ideológicos em funcionamento num texto, e tem como objeto de pesquisa a

relação dialética entre produção linguística e ideologia que, juntamente com

outros aspectos, constituem o que esta disciplina considera discurso.

O surgimento da AD se deu em 1969 com Michel Pêcheux que se

preocupou com a questão da prática elitizada e isolada das ciências humanas

da época. Suas reflexões versam sobre a história das ciências humanas, o

papel da Linguística, suas crises, conquistas e contribuições que a ciência da

linguagem traz ao campo da Análise do Discurso. Fundamenta toda sua obra

no que chama de “a tripla entente” --Saussure- Marx- Freud-- Linguística-

materialismo histórico e psicanálise. (GUERRA, 2003).

Segundo Brandão (2004), Pêcheux, um dos estudiosos mais profícuos

da AD, recorre a Althusser para compreender a ideologia e a Foucault para

compreender o discurso.

O discurso resulta das relações entre os sujeitos na vida em sociedade.

Estas acontecem em consequência da busca de melhores condições materiais

de existência dentro de um contexto histórico determinado, assim temos uma

abordagem explicativa do funcionamento da linguagem embasada pelo

materialismo histórico de Marx (1848 apud MARTINS, 2008, p.25) e definindo a

20

linguagem a partir do conceito de prática social. Pêcheux (1997) concebe o

discurso na sua relação constitutiva com a história e a prática social,

considerando a ideologia em relação dialética com essa prática como geradora

e resultante.

Para Maingueneau (2007), o discurso na AD é “[...] uma dispersão de

textos cujo modo da inscrição histórica permite definir como um espaço de

regularidades enunciativas”. Orlandi (2005, p.15-16) define o discurso como

“[...] palavra em movimento, prática de linguagem (...) um objeto sócio histórico

em que o linguístico intervém como pressuposto”. O discurso, segundo Orlandi

(1987), é efeito de sentidos entre locutores, enquanto parte do funcionamento

social geral.

Assim, a prática discursiva precisa de contextualização histórica para

ganhar a inteligibilidade que possibilita que o processo interpretativo aconteça.

Discurso não é texto. Essas palavras-conceito não se relacionam por

equivalência, são conceitos distintos: texto é conceito apenas metodológico e

discurso é conceito teórico e metodológico. (ORLANDI, 1987).

O que é mais enfatizado quando os estudiosos citados acima explicam o

discurso é a sua constituição histórica. Isto resulta da consideração das

vivências do sujeito e dos discursos que o constituem como sujeito da

linguagem. O discurso, segundo Orlandi (1987), é o lugar onde se encontram a

história e a ideologia.

Orlandi (1987) também define interdiscurso como os diversos discursos

que constituem e atravessam as possibilidades enunciativas - não se constrói

de maneira regulada, mas decorre da prática social. Ele é processual e nunca

fechado, dado que resulta da dinâmica da sociedade que é constituída de

múltiplos entrecruzamentos. Assim, a trama interdiscursiva remete a discursos,

referências e explicações do comportamento.

É nesse ponto que se torna possível observar que os discursos

presentes nos currículos dos cursos de Letras são produtos de vários outros

discursos que os perpassam. Discursos de documentos como os PCN

(Parâmetros Curriculares Nacionais), as OCEM (Orientações Curriculares para

o Ensino Médio) e outros que circulam nas escolas. Além disso, os currículos

não são constituídos em si mesmos, são provenientes de outros que servem

como norteadores.

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É necessário salientar que um dos elementos básicos do discurso e,

consequentemente, da AD, são as condições de produção, elas o caracterizam

e o constituem. As condições de produção determinam o caráter do discurso,

pois ele é produzido em um tempo histórico e em um espaço social que

determinam como, para quem e/ou para que ele foi produzido.

O contexto atual das assunções do ensino de LE e de como o ensino

vem sendo construído historicamente nas universidades,o que chamamos na

ADde condições de produção, determinam o caráter dos discursos presentes

tanto nos currículos como nos sujeitos que estão ligados a ele.

A organização dos currículos nos cursos de Letras não vem atendendo

ao ensino de LE naquilo que as demandas atuais exigem, talvez por serem os

currículos constituídos de discursos que os diminuem diante das necessidades

contemporâneas. Afinal, é na escola que vemos o reflexo deste caráter

reducionista impingido às LE nas instituições de ensino. De acordo com Flores

(2009),

Quando os objetivos se obscurecem ou se nublam sendo confundidos com os meios, a ponto de não serem mencionados como tais, emerge a origem das incongruências, cujos efeitos visíveis são o divórcio entre as necessidades sociais e o trabalho da escola materializado no estudante. (FLORES, 2009, p. 217).

Flores (2009) afirma ainda que a forma como o ensino vem sendo

organizado através dos currículostem produzido um efeito inusitado: o currículo

tem se sobreposto aos objetivos, referência sinequa non da educação, a tal

ponto que a sua relevância tem se diluído a até desaparecer das pautas de

análises propositivas da educação.

Podemos afirmar que o discurso se materializa no enunciado e o

enunciado não pode e não deve ser analisado como uma frase. Ele é diferente

em sua forma. Foucault (2008) diferencia frase e enunciado exemplificando

com as formas verbais. No contexto brasileiro, se apresentadas em uma

gramática de língua portuguesa, por exemplo, em forma de uma lista dispostas

em coluna as palavras –amo, amas, ama-, não as classificaríamos como uma

frase, porém podemos dizer que há um enunciado de diferentes flexões

pessoais do indicativo do presente do verbo amar. O enunciado tem sempre

que apresentar um nexo. O enunciado é

22

[...] uma função que cruza um domínio de estrutura e de unidades possíveis e que faz com que apareçam, com conteúdos concretos, no tempo e no espaço. (FOUCAULT, 2008, p. 98).

Para considerarmos uma frase correta, interpretável ou aceitável, é

necessária a existência do enunciado. O enunciado, diferente da frase, estará

sempre supondo outros, não há um que não tenha um campo de coexistências,

efeitos, sucessões em torno de si.

A partir da compreensão do enunciado, passamos a uma instância

maior, a enunciação. Ela pode ter diferentes interpretações em diferentes

autores. Segundo Deusdará (2006), é preciso observar que a enunciação varia

de uma concepção linguística a outra discursiva. Do ponto de vista linguístico é

“[...] conjunto de atos que o sujeito falante efetua para construir no enunciado,

um conjunto de representações comunicáveis.” (CHARAUDEAU;

MAINGUENEAU, 2005, p.194 apud DEUSDARÁ, 2006).

E ainda, segundo Mussalim (2003), a enunciação pode ser concebida

como dêixis linguísticaque tem a função de pôr em funcionamento o enunciado

às circunstâncias e aos interlocutores. Sendo assim, o tempo é visto como

cronológico e o lugar em que fala o locutor é o lugar físico.

Na dêixis discursiva, o tempo e o espaço são ideológicos. Os locutores e

interlocutores são analisados em posições de formações discursivas, o tempo é

definido a partir de uma “concepção” ideológica e o lugar é definido

discursivamente (MUSSALIM, 2003, p. 375).

No arcabouço discursivo, a enunciação é compreendida como

acontecimento que articula intrinsicamente práticas de linguagem e produção

do social ancorada num dado contexto. Segundo Guimarães (1989, p.78), a

enunciação é compreendida como acontecimento sócio-histórico de produção

do enunciado. Por outro lado, Pêcheux (1997) afirma que a enunciação refere-

se às condições de produção do discurso, incluindo o sujeito e a ideologia.

Como o discurso se dá em um tempo determinado pela história, a

análise enunciativa não poderia ser outra coisa que uma análise histórica que

se preocupa em saber de que modo existem as coisas ditas. A análise

enunciativa só se refere às coisas ditas, às frases que foram pronunciadas ou

escritas e a elementos significantes que foram traçados ou articulados.

23

O dito na enunciação é trabalhado a partir da ilusão de que estamos no

controle total do que dizemos. Sãoos esquecimentos 1 e 2 de que tratam

Pêcheux e Fuchs (1997) e serão abordados mais adiantee que, por isso,

podemos selecionar e excluir conscientemente o nosso discurso. Na realidade

é esse o esforço que se faz, mas o inconsciente interfere sempre que há

trabalho com a linguagem.

Desta forma, observaremos a causa de os discursos presentes nos

currículos não atenderem ao que elesse propõem que é a formação de

professores com produção enunciativa adequada.

1.1.1 Abordagem enunciativo-discursiva

Os termos “enunciativo-discursivo” e “produção enunciativa oral”

permearão toda essa pesquisa, tornando assim, necessária uma explicação

sobre o que significam e como estarão sendo aplicados.

A “produção enunciativa oral” é uma das materializaçõesda “abordagem

enunciativo-discursiva”. A produção enunciativa, dado que se trata de um modo

de trabalho com a linguagem, também se dá no campo na escrita. O foco

dessa pesquisa é a oralidade que consiste na textualização do dizer, o que

envolve os interlocutores, o objeto do discurso e o contexto mediato e imediato

para significar, no qual formações imaginárias de Pêcheux e Fuchs (1997)

tornam-se perceptíveis.

As formações imaginárias se manifestam, no processo discursivo, através da antecipação, das relações de força e de sentido. Na antecipação, o emissor projeta uma representação imaginária do receptor e, a partir dela, estabelece suas estratégias discursivas. (FERREIRA, 2001).

A produção enunciativo-discursiva oral extrapola o ato de oralizar por

oralizar apenas como treino behaviorista ou como prática dentro da abordagem

comunicativa. Ela se insere nos conceitos de enunciação, de discurso.

Saussure (2006) explica que a língua é um sistema de signos

linguísticos, na qual o indivíduo não interfere, somente reproduz e que a fala é

a utilização da língua de forma individualizada. Para o autor, uma complementa

a outra, língua e fala, porém não podem se reunir sob o mesmo ponto de vista,

pois são interdependentes (BARBISAN; FLORES, 2008).

24

A partir dos estudos estruturalistas de Saussure, Benveniste parte do

princípio estrutural da língua, mas avança quando valoriza nela não só forma,

mas sentido. Segundo Barbisan (2006),

[...] forma e sentido não se excluem, embora sejam duas linguísticas distintas, em que uma se ocupa dos signos formais, estudados por meio de uma metodologia rigorosa, e a outra se interessa pela utilização da língua em seu uso. (BARBISAN, 2006, p. 4)

A enunciação ganha espaço e é a língua o instrumento que o locutor

utiliza para enunciar, para produzir frases que afetadas pela semântica

produzem discurso. É através do processo de produção de enunciados que a

língua se converte em discurso. Discurso é a manifestação da língua em uso.

(BARBISAN, 2006).

Ainda Benveniste (1974), afirma que o locutor se apropria do aparelho

formal da língua e se enuncia. Nesse ato ele implanta o outro, o alocutário2

diante de si. A língua passa a ter a interação entre sujeitos, começa-se a

pensar na língua dialógica que Bakthin reformula.

Para Bakhtin (apud SOUZA, 2011), o sujeito se constitui ouvindo e

assimilando as palavras e os discursos do outro, ele está imbricado em seu

meio social. Todo discurso se constitui de uma fronteira do que é seu e daquilo

que é do outro. Esse princípio é denominado dialogismo.

A abordagem enunciativo-discursiva fundamenta-se, como já referido,

na enunciação, no discurso e no caráter dialógico da língua. O termo escolhido,

enunciativo-discursiva, deve-se ao fato de que é pela enunciação que o locutor

produz discurso. Se há produção de discurso, há sujeitos e há dialogismo. É

nesse ponto, a do sujeito dialógico, que se firma a “produção enunciativa oral”

proposta como referência teórica que parte a abordagem que as OCEM-MT

(MATO GROSSO, 2009) propõem.

A produção enunciativa oral tem como ponto de partida uma concepção

de linguagem decorrente da prática social, na qual, o sujeito se expressa

tentando controlar o seu processo discursivo mediante a antecipação de

possíveis interpretações, nem sempre de modo bem sucedido, através do pré-

construído (Henry, 1975), das formações imaginárias (PÊCHEUX; FUCHS, 2Designa a pessoa a quem o locutor d ir ige um ato de fa la numa situação de

comunicação ora l.

25

1997), do interdiscurso que remete ao espaço discursivo o qual lhe é familiar

porque todos falamos a partir de um lugar enunciativo. Esse processo se dá

sempre na ilusão a qual a teoria dos esquecimentos (PÊCHEUX; FUCHS,

1997) já referida explica.

O nome dado a esta abordagem decorre de que o ensino público não se

filia às teorias da AD. As referências menos formalistas que os professores

possuem se remetem ao sócio-interacionismo, aos gêneros discursivos e à

produção textual via teoria bakhtiniana, o que evita resistências porque já

existe certa familiarização com esse fazer que através da abordagem proposta

não instaura novas ferramentas e conceitos.

Já desde as Orientações Curriculares para o Ensino Médio -OCEM

(BRASIL, 2006), vem sendo promovida a necessidade deste enfoque, não pelo

nome, mas pelo que torna possível: uma postura crítica no uso da linguagem

verbal.

1.1.2 Formação Discursiva, Ideologia e Formação Ideológica

No discurso, há a ilusão de o sujeito ser fonte de sentido, mas ela se

desfaz se atentarmos ao fato de que, para ter sentido, qualquer sequência

deve pertencer a uma Formação Discursiva (FD) que, por sua vez, faz parte de

uma Formação Ideológica determinada.

Formações discursivas são conjuntos de produções verbais que estão

ligados no nível dos enunciados e não no nível das frases (FOUCAULT, 2008).

As FDs existem a partir de enunciados que se equivalem, e buscam dar o

mesmo sentido a eles. Uma mesma palavra pode ter dois ou mais

significadosdiferentes quando analisados sob o aspecto de FDs. Partilhamos

desta concepção,e de outra muito próxima a ela, de autores como Serrani-

Infante (1997, p.3) que concebe as FDs como: “[...] condensações de

regularidades enunciativas no processo - constitutivamente heterogêneo e

contraditório - da produção de sentidos no e pelo discurso, em diferentes

domínios do saber [...]”,e Orlandi (1987) que afirma que o fato de pertencer a

outra FD muda o sentido de uma palavra. A autora completa exemplificando o

caso da palavra “necessidade” que no discurso do patrão e do empregado, por

exemplo, podem ter sentidos diferentesvisto que patrão e empregado

26

pertencem a FDs distintas. O sentido que uma mesma palavra passa a adquirir

depende das FDs em que os sujeitos estão inscritos (ORLANDI, 1987).

Este exemplo na organização educacional, no que se refere ao ensino

de LE, seria como dizer que o discurso que traz os documentos oficiais é bem

diferente do discurso apresentado na prática dos profissionais que se utilizam

destes documentos. O que está posto como teoria, na maioria das vezes, não é

possível se tornar prática, pois além das FDs distintas existem as Formações

Ideológicas.

A FD está diretamente ligada à historicidade do sujeito e às condições

de produção que são determinantes para dar os sentidos aos enunciados. O

conceito de Formação Discursiva é utilizado pela AD para designar o lugar

onde se articulam discurso e ideologia.

Foucault (2008) e Pechêux (1997) apresentam o termo Formação

Discursiva como discursos em formação, sempre em movimento, sem um início

definido nem um fim possível. Porém, para Pechêux (1969 apud ZANDWAIS,

2009, p. 29), as FDs existem historicamente no interior das classes sociais e

para Foucault (2008) as FDs são relacionadas com as formações sociais, sem

considerar a divisão de classes (CORACINI, 2005). Uma FD “[...] pode fornecer

elementos que se integram em novas FDs que se constituem no interior de

relações ideológicas (exterioridade constitutiva), que, por sua vez, põem em

jogo novas formações ideológicas”. (PECHÊUX, 1975, apud CORACINI, 2005,

p.36).

Foucault (1987 apud ZANDWAIS, 2009, p.3) acrescenta que a FD é

constituída por saberes dispersos em diferentes épocas e a investigação

acontece na emergência dos acontecimentos. Pêcheux (1997) afirma que essa

investigação é históricae que a FD está articulada a um determinado tipo de

subjetividade tomada da/na história além de estar articulada à Formação

Ideológica e às condições de produção. Para Pêcheux (1997), toda Formação

Discursiva depende das condições de produção.

O lugar que ocupa o sujeito é que determina o que ele pode e deve dizer

ou não dizer. Lugar aqui não no sentido de lugar físico, mas de lugar

ideológico, como já referido no início do capítulo. As condições de produção do

discurso também estão interligadas às relações de poder e de lugar ocupado

27

pelo sujeito do discurso e pelos interlocutores, o que leva a crença de que o

discurso remete à posição social do enunciador.

Nos documentos oficiais abordados por essa pesquisa será possível

observar a posição dos sujeitos em relação à inscrição dos discursos presentes

nos documentos oficiais. Isso será decisivo para compreendermos os efeitos

causados por eles na prática e no que pensam os professores de Língua

Espanhola. Portanto, é importante ressaltar que os enunciados mudam de

sentido segundo o lugar ideológico e as posições defendidas por quem os

empregam.

Maingueneau (1998, p. 68-9, apud LARA, 2008, p.113) postula que as

FDs são “[...] um sistema de regras que funda a unidade de um conjunto de

enunciados sócio historicamente circunscrito [...]”, e ele estuda as diferentes

Formações Discursivas que atravessam o discurso apreendendo-as na

interação, ou seja, através do ‘espaço discursivo’ em que elas seconstituem. É

na interação com o outro que a identidade discursiva é construída, a FD não é

um bloco compacto e fechado, mas se define a partir de uma incessante

relação entre si.

O funcionamento discursivo, explicado por Orlandi (1987), mostra as

marcas da ideologia presentes nas FD. Ela define o funcionamento discursivo

como uma atividade estruturante de um discurso determinado, por um falante e

para um interlocutor também determinados, com finalidades específicas

(ORLANDI, 1987, p.125). Quando acontece este funcionamento discursivo, na

relação entre os interlocutores estão em funcionamento aspectos da formação

ideológica em que estão inscritos.

A ideologia se materializa no discurso se tornando uma prática, um

mecanismo em funcionamento e não somente conteúdo. Isto porque, como

Pêcheux e Fuchs (1997) afirmam os processos discursivos não se originam no

sujeito, mas nele se realizam. Não há sujeito sem ideologia (ORLANDI, 2006).

Para tratarmos do conceito de ideologia, serão aqui apresentadas

algumas definições que contribuirão para esclarecer a concepção adotada

nesta pesquisa.

Althusser (1973) define ideologia como “[...] um sistema (que possui sua

lógica e rigor próprios) de representações (imagens, mitos, ideias ou conceitos)

dotado de uma existência e de um papel histórico em uma sociedade dada”.

28

Ele postula que as ideologias têm uma existência material, ou seja, devem ser

estudadas não como ideias, mas como um conjunto de práticas materiais que

reproduzem as relações de produção (MUSSALIM, 2003). Entende-se que na

constituição da ideologia são necessárias as condições de produção que

dependem das condições sócio-históricas. Condições de produção criam

condições para inscrever a história na ordem do discurso e o discurso no

campo da práxis de modo concreto (ZANDWAIS, 2009).

Sendo assim, é na observação da prática dos professores de LE que

aspectos ideológicos justificam esse seu fazer pedagógico inscrevendo-os em

espaços interpretativos sobre a linguagem, a LE que ensinam e sobre a sua

concepção de ensino. Dado o modo de funcionamento - oculto - da ideologia e

a sua função constitutiva do discurso, no fazer e dizer dos professores, a

ideologia que se manifesta é a que guiará para a explicação do estado dos

cursos de formação de professorese do desempenho desses profissionais

possibilitando a sugestão de propostas.

Pêcheux (1967 apud ZANDWAIS, 2009, p. 21) afirma que as ideologias

são produto da prática técnica, empírica, o “cimento” da sociedade, atuando

como condições indispensáveis à prática política. Ao introduzir o conceito de

Formação Discursiva, Pêcheux (1967 apud ZANDWAIS, 2009) confere à

ideologia não somente materialidades inscritas nas formações ideológicas, mas

também materialidades discursivastomadas na base linguística. Ele visualiza a

complementaridade da base linguística no processo discursivo porque vê o

discurso como espaço de materialização da ideologia.

Baseando-se nos estudos de Althusser (1973) sobre ideologia, Pêcheux

(1997) trata da formação ideológica como aquela que, no seio das formações

sociais, desempenha papéis desiguais que tanto podem pender para a

reprodução como para a transformação. Essa reprodução ou transformação

podem ser observadas no papel social do sujeito que será representado nos

Aparelhos Ideológicos de Estado, os quais serão tratados adiante.

Eagleton (1997) contraria o que afirma Pêcheux (1997) quanto à visão

“sociológica” de que a ideologia provê o “cimento” de uma formação social.

Segundo Pêcheux (1997), essa visão é muitas vezes despolitizadora e acaba

esvaziando o conceito de ideologia.

29

Quanto às formações ideológicas, recorremos ao que diz Pêcheux

(1997) para explicar sua constituição. Segundo ele, a formação ideológica se

dá pelo embate de forças em confronto na conjuntura característica de uma

dada formação social. É interessante ressaltar que as FIs comportam uma ou

várias formações discursivas que são mutáveis e instáveis.

Pêcheux (1997) estabelece alguns conceitos relevantes como os de

língua e discurso. Ele mostra que as materialidades destes conceitos são

distintas e, ao mesmo tempo, intercomplementares. A materialidade necessária

se dá na base linguística para a realização da ideologia, e os processos

discursivos se remeteriam aos lugares nos quais as ideologias funcionam a

partir das condições de produção produzindo efeitos de sentido.

No tocante à relação linguagem e ideologia, Orlandi (2006) explica que

[...] é necessário pensar a ideologia através da linguagem já que a materialidade da ideologia é o discurso e a materialidade do discurso é a língua [...] Não atravesso a linguagem para encontrar a ideologia, na linguagem a ideologia é. (ORLANDI, 2006, p. 3).

O discurso transpassa uma exterioridade da linguagem e abarca

elementos ideológicos e sociais. Compreendemos, portanto, que o discurso é a

materialização da linguagem e carrega consigo as manifestações ideológicas

de ordem sócio-histórica enunciadas pelos sujeitos do discurso, por isso

mesmo a AD se situa em três regiões do saber cientifico: a Linguística para

explicar os processos de enunciação; o Materialismo Histórico para explicar os

fenômenos sociais e o assujeitamento do sujeito pela ideologia e a Psicanálise

que explica a subjetividade e a relação do sujeito com o simbólico

(GUIMARÃES, 2003).

A linguagem é uma interposição necessária entre o homem e o seu

contexto mediato e imediato. Esta interposição é feita através do discurso, isto

é, pelas práticas discursivas nas quais o sujeito se insere, sendo capaz de

construir explicações do mundo, de transformar e de transformar-se.

Orlandi (2006) concebe ideologia não como “conteúdo”, mas como

prática do funcionamento discursivo e pensada através da linguagem. Também

como afirma Eagleton (1997), a ideologia não pode se esvaziar sendo

analisada somente no seu aspecto sociológico ou somente como ideia, mas

30

como um conjunto de práticas materiais que reproduzem as relações de

produção, assim como também afirma Althusser (1973).

Segundo Althusser (1973) essa reprodução das relações de produção

ocorrem dentro dos AIE (Aparelhos Ideológicos de Estado), ao qual está

inserido o sujeito que, por sua vez, é assujeitado, como explica a seguir.

1.1.3 Sujeito, assujeitamento e os Aparelhos Ideológicos de Estado

Os homens (no plural) concretos são necessariamente sujeitos (plural) na história, pois atuam na história enquanto sujeitos (no plural). Mas não há Sujeito (no singular) da história. Iria até mais longe: “os homens” não são sujeitos da história. (ALTHUSSER, 1973, p.67).

A citação de Althusser (1973) chama a atenção para dois pontos

fundamentais. O primeiro deles é quanto ao uso de “na” e “da” história.

Percebe-se que ele reforça desta forma que podemos atuar “na” história como

personagens ressaltando, portanto, a questão de pendermos para a

reprodução. O segundo ponto é o uso dos parênteses realçando “plural” e

“singular”. O autor diferencia desta forma os sujeitos do sujeito, sendo que este

último não poderá sozinho realizar transformação.

O sujeito é constituído a partir da história. Segundo Guimarães (1995), o

sujeito é que coloca a língua em movimento. A linguagem se realiza no sujeito

e ao passar de um sujeito a outro, de uma geração a outra, ela adquire caráter

histórico e constitui outros sujeitos a partir desta história. Sobre a constituição

do sujeito, Bolognini (2001, p. 99) afirma que “[...] o sujeito é constituído como

tal pela linguagem, pela linguagem de sua sociedade, de sua cultura, de sua

história, determinadas ideologicamente”.

De acordo com Orlandi (1996), o sujeito assume uma posição ideológica

no momento em que enuncia. Sua posição discursiva reflete, como já

dissemos, a Formação Discursiva em que está inscrito.

Para a AD, o sujeito é assujeitado à máquina discursiva, ou seja, às

condições de produção. A AD considera que os sujeitos só dizem aquilo que a

ideologia determina em conjunturas sócio-históricas. Portanto, o termo

assujeitado é usado pela AD para mostrar que o sujeito tem o seu inconsciente,

referido como “consciência”, “impregnado de signos ideológicos” (PÊCHEUX,

31

1986, p. 35, apud ZANDWAIS, 2009, p. 29) que adquirem forma e existência

nas relações sociais. O sujeito tem suas determinações culturais e históricas, é

constituído por discursos e possui um inconsciente que, segundo Grigoletto

(2007, p. 25), “[...] faz com que desconheça a si mesmo, como revelou Freud”.

O sujeito é uma representação, uma auto-representação a partir de

como ele percebe que é visto pelo Outro. Trata-se, por isso, de um efeito do

Outro. O sujeito “assujeitado” tem sua identidade construída através do

discurso do Outro. É isso que faz com que seja pesquisado, pois passaremos a

observar como foram e como são “formados” os professores que já atuam e

aqueles que se formarão; pesquisaremos como se configura o discurso deles

próprios e, em especial, o discurso dos currículos.

De antemão, já é sabido que entre pessoas vinculadas à formação de

professores e ao ensino de Língua Estrangeira está instaurado um discurso

que sustenta que a LE tem um espaço muito pequeno dentro da escola e que

por isso a formação em LE pode ser feita com menos intensidade e menos

ênfase na oralidade, pois o tempo em sala é curto e dificilmente os alunos

aprenderão a falar. Esse discurso imobilista, que desconsidera as demandas

sociais da atualidade, argumenta também que esse professor não precisa ter

uma produção enunciativa altamente proficiente.

Discursos como esses que afirmam que não se aprende LE na escola,

que o professor não precisa utilizar a oralidade em LE com os alunos e de que

ele nem precisa ser proficiente, nos mostram que seu discurso é carregado de

outros confirmando que ele não o produziu sozinho. Quando quem diz “eu falo”,

não é ele e sim uma instituição, uma teoria, uma ideologia, ele não é fonte do

seu próprio discurso.

Segundo Eagleton (1997, p. 194) “[...] esses sujeitos são sempre

constituídos conflitiva e precariamente, e, embora a ideologia seja “[...]

centrada no sujeito”, não é redutível à questão da subjetividade”.

A explicação de Althusser (1973) contribui para sustentar como é que o

ideológico, que está no patamar do imaginário, configura o dizer. Althusser

(1973) afirma que a ideologia é um sistema de representações que, na maior

parte do tempo, não tem a ver com a “consciência”, mas são imagens e

conceitos que se impõem como estruturas à maioria dos homens sem que se

passe por suas consciências.

32

Assim, quando se trata da autoria dos discursos, sobre de quem é a fala,

no primeiro momento temos a concepção de que ela pertence ao sujeito, de

que é opinião do próprio autor, porém não é essa a concepção da AD.

Observa-se que os discursos que giram em torno da LE proferidos pelos

professoressão discursos que começaram a produzir efeitos carregados pelos

sujeitos enquanto alunos de escola básica que mais tarde seriam alunos de

graduação e, por fim, profissionais, confirmando que o processo da construção

do discurso é também histórica.

Os “esquecimentos” dos quais Pêcheux e Fuchs (1997) tratam nos

auxiliam a compreender as ilusões que perpassam o sujeito. Nas palavras de

Mussalim (2003),

O sujeito se ilude duplamente: a) por “esquecer-se” de que ele mesmo é assujeitado pela formação discursiva em que está inserido ao enunciar (esquecimento n. 1); b) por crer que tem plena consciência do que diz e que por isso pode controlar os sentidos de seu discurso (esquecimento n. 2). (MUSSALIN, 2003, p.135).

O sujeito tem a impressão que é senhor da sua própria vontade, porém

esses esquecimentos mostram o assujeitamento ideológico que o leva a

ocupar seu lugar dentro de um grupo ou classe de uma determinada formação

social. Ele não é livre para dizer o que quer, mas ele enuncia somente aquilo

que se pode dizer dentro do determinado lugar ocupado socialmente por ele, o

lugar onde é impossível que a ideologia esteja ausente.

[...] o sujeito do discurso não poderia ser considerado como aquele que decide sobre os sentidos e as possibilidades enunciativas do próprio discurso, mas como aquele que ocupa um lugar social e a partir dele enuncia, sempre inserido no processo histórico que lhe permite determinadas inserções e não outras. (MUSALIM, 2003, p.111)

Vemos que nos documentos oficiais, como os Currículos, PCN, OCEM-

MT, OCEM e outros, os discursos são claramente colocados de acordo com o

lugar social a que eles pertencem. Tais documentos vêm de uma posição

social “acima” da posição dos professores, ainda que, antes que esses

documentos sejam legitimados, passem pela avaliação dos docentes. Essa

avaliação tem sua contribuição, mas não tem o poder de alterar questões que

estão no cerne da organização imposta pelo Estado através da sua

33

aparelhagem (ALTHUSSER, 1973). É importante, por isso, tratarmos das

posições que ocupam os sujeitos no discurso, pois isso nos ajuda a entender

como esses discursos se estabelecem e se fortalecem.

Os Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE), termo criado como

ferramenta de análise por Althusser (1973), estão diretamente ligados ao

contexto relacionado acima. Os AIE são configurados por Pêcheux (1967 apud

ZANDWAIS, 2009, p. 32) como “palcos” tanto para a perpetuação das relações

de produção, como para as relações de transformação das formações

ideológicas e das formações discursivas (ZANDWAIS, 2009).

O Estado para Althusser (1973), é como um aparelho de repressão que

age pela “violência” e cuja ação é complementada pelos AIEs que agem pela

ideologia (MUSSALIM, 2003).

[...] Althusser afirma que, para manter sua dominação, a classe dominante gera mecanismo de perpetuação ou de reprodução das condições materiais, ideológicas e políticas de exploração. É ai então que entra o papel do Estado que, através de seus Aparelhos Repressores – ARE – (compreendendo o governo, a administração, o exército, a polícia, os tribunais, as prisões et.) e Aparelhos Ideológicos – AIE – (compreendendo instituições tais como: a religião, a escola, a família, o direito, a política, o sindicato, a cultura, a informação), intervém ou pela repressão ou pela ideologia, tentando forçar a classe dominada a submeter-se às relações e condições de exploração. (BRANDÃO, 2004, p. 23).

Os AIE são concebidos e agem através da sua manifestação prática,

incluindo as práticas discursivas. E é nas práticas discursivas que a ideologia

se materializa. Dentre os AIE, interessa-nos a escola, entendida aqui como

universidade, o “palco” das representações ideológicas provenientes dos

documentos oficiais que regem a educação. Veremos nesse “palco” como são

concebidos os currículos, a afinação do discurso nele apresentado com o

discurso do Estado, e qual o resultado disso na prática, além de vermos como

está aliada à realidade e às exigências atuais neste documento e se ele

consegue atender a realidade atual tanto de professores, como de conteúdos,

métodos e organização escolar.

As condições institucionais são as que determinarão o que deve ou não

ser ensinado aos professores, o que deve ou não ser enfatizado, e muitas

34

vezes se dá pouca atenção ao que seria natural e prioritário no uso da

linguagem: a produção enunciativa oral dos futuros profissionais.

Na busca de uma proposta de Formação Continuada, a fim de reduzir as

dificuldades enunciativo-discursivas oral dos professores de LE, as ferramentas

da AD que foram aqui tratadasservirão como norteadoras para esse fim.

Porém, algumas serão mais enfatizadas devido a sua aplicabilidade direta nas

análises: Formações Discursivas, condições de produção e ideologia.

35

CAPÍTULO 2

Subsídios da pesquisa

2.1 O curso de Letras no Brasil: conhecer a história para entender a

atualidade.

Toda educação atuante e racionalmente exercida mantém com a sociedade a que serve uma relação dialética de concordância e assimilação, de crítica e de superação. Assim, a educação pode atuar também como motor do processo social, e o projeto educativo deve ser concebido em vista da realização de uma sociedade mais conforme às exigências de atualização da pessoa humana. (BOSI, 1992, p. 318).

É fundamental conhecermos mais o percurso histórico dos cursos de

Letras brasileiros para entendermos a estrutura atual dos currículos e, assim,

prosseguirmos com as análises.

É importante saber em quais condições de produçãoo processo

histórico, em todo seu percurso, se insere. Em relação ao curso de Letras no

Brasil, não é diferente. O período em que começaram as implantações dos

cursos foi o de 1934, momento em que o Brasil aprovou a nova constituição.

Ela previa transformações no campo trabalhista, econômico, político, da saúde

e educacional. Segundo Sousa (2009)

No campo educacional, o governo incentivou o desenvolvimento do ensino superior e médio. O maior objetivo era formar futuras gerações preparadas para assumir postos de trabalhos gerados com os avanços pretendidos no setor econômico. (SOUSA, 2009, p. 2)

Segundo Romanelli (2005), o Decreto de nº 19.851 de 11 de abril de

1931, que instituiu o regime universitário no Brasil estipulava a obrigatoriedade

de pelo menos três dos seguintes cursos para a constituição de uma

universidade: Direito, Medicina, Engenharia e Educação, Ciências e Letras.

Naquele momento,essas eram as carreiras consideradas de prestígio. No caso

de Letras, aquele que tinha o conhecimento das culturas e línguas,

principalmente do latim e do grego, assumia um status superior dentro da

sociedade.

36

A Universidade de São Paulo (USP) foi a primeira a passar de faculdade

para universidade, criando em 1934, a Faculdade de Filosofia, Ciências e

Letras, pelo Decreto Estadual 6.283 de 25 de janeiro de 1934. Até então

existiam apenas os colégios dos padres jesuítas e os estudos menores das

Letras Humanas (gramática, retórica, poesia), Latim, Grego e Hebraico, com

predominância do Latim como língua da cultura intelectual, estudos que podiam

ser continuados na Universidade de Coimbra. O primeiro Bacharelado em

Letras no país foi criado em 1837, no Colégio Pedro II. (FIALHO; FIDELES,

2008).

No início dos cursos de Letras nas universidades, eram realizados três

anos de Bacharelado e um ano suplementar de “Didática” para a Licenciatura.

Entendemos que a preocupação maior neste momento do curso não era formar

professores realmente preparados para lecionar, mas fazer com que os

graduados tivessem conhecimento sobre a língua e a literatura conquistando

um lugar de prestígio na sociedade.

Os cursos de Letras tinham o papel de preparar intelectuais para o

exercício das altas atividades culturais, de preparar candidatos ao magistério

do ensino secundário, normal e superior além de realizar pesquisa nos vários

domínios da língua-cultura.

A cultura quando se fala da universidade é a definida por Bosi (1992).

Se pelo termo cultura entendemos uma herança de valores e objetos compartilhada por um grupo humano relativamente coeso, poderíamos falar em uma cultura erudita brasileira, centralizada no sistema educacional (e principalmente nas universidades), e uma cultura popular, basicamente iletrada, que corresponde aos mores materiais e simbólicos do homem rústico, sertanejo ou interiorano, e do homem pobre suburbano ainda não de todo assimilado pelas estruturas simbólicas da cidade moderna”. (BOSI, 1992, p. 309).

É essa cultura, a erudita, que era a de prestígio, portanto, o curso de

Letras se inseria nela, pois o letrado era o que tinha o conhecimento de línguas

consideradas de prestígio na cultura erudita, conhecimento que poucos da

época tinham. Por isso o status do curso representava, além de conhecimento

superior, também poder.

Voltando à história e à organização do curso de Letras, existiam três

modalidades das quais provinham os professores de línguas, que eram: Letras

37

Clássicas, Letras Neolatinas e Letras Anglo-Germânicas – incluindo-se na

primeira o Português como objeto de habilitação específica. Os currículos

passaram a ser os mesmos em todo o país, a fim de seguir o modelo da

Faculdade Nacional.

Em 1962, a Universidade de Brasília (UNB) também ofertou Letras. Para

a realização do curso na USP e na UNB, foram convidados especialistas do

exterior para dar início ao ensino superior.

Segundo Paiva (2005), a primeira proposta de currículo mínimo para os

cursos de Letras foi aprovada em 19 de outubro de 1962. Ela abrangia

conjuntos de Línguas Neolatinas e incluía a aprendizagem de cinco línguas e

suas respectivas literaturas. Eram currículos densos e que deixavam dúvidas

sobre os seus resultados.

Hoje a formação pode ser dupla, no caso, a língua materna e uma língua

estrangeira e suas respectivas literaturas. Essa formação busca atender o novo

perfil do graduado em Letras que já não é mais aquele que conhece línguas e

culturas estrangeiras com o objetivo de obter status. O que se busca agora é

um licenciado, um professor que atenderá basicamente o ensino fundamental e

médio. Por isso, propõe-se apenas o ensino de uma LE, a fim de afunilar mais

o currículo.

Nas práticas e discursos de professores que obtiveram a formação

dupla, são observados resultados ineficientes, pois a carga horária para o

atendimento de toda a formação em língua e literatura é pequena além de

deixar lacunas quanto à prática de ensino e o estudo dos documentos oficiais

que vigoram nas escolas em que estes futuros profissionais irão atuar.

Essas lacunas evidenciam a defasagem entre as necessidades sociais e

o que trazem os cursos de Letras, pois o que se vê como necessidade na

escola não condiz com o que foi ensinado na universidade, gerando um grande

desconforto e insegurança ao novo professor e fazendo com que, em alguns

casos, esse profissional não permaneça na profissão.

Paiva (2005) afirma que a parte pedagógica é um vazio em muitos

destes currículos. Eles privilegiam o ensino das literaturas, gramáticas e

conteúdos teóricos que não têm ligação com a prática e acabam não

atendendo as necessidades da sociedade.

38

Apesar da resolução de 1969 que prescrevia a obrigatoriedade para a

“[...] prática de ensino das matérias sob a forma de estágio supervisionado [...]”,

poucas instituições se preocupavam com a formação profissional. Em algumas

universidades, os professores responsáveis pela prática de ensino priorizavam

um professor voltado somente para o ensino da leitura (PAIVA, 2005).

É bom lembrarmos que neste momento e até a década de 90, a leitura

era muito priorizada por ser compreendida como a forma de inserção do aluno

na língua e cultura tanto nacional como a estrangeira. Os meios de informação

giravam em torno das obras literárias, das revistas e jornais, o que reafirmava a

postura de formar prioritariamente leitores assimiladores de uma pretensa

literalidade dos textos, de sentido já dado que não deve ser “deturpado” por

“interpretações subjetivas”.

A LE teve seu ensino massificado a partir do crescimento da burguesia e

da classe média. Como necessidade de expansão dessas classes sociais,as

línguas mais estudadas eram o francês, o alemão e o inglês. Até o início do

século XX prevaleceu esta situação (FLORES, 2006a).

Nessa conjuntura, o tratamento das línguas modernas era semelhante

aos das línguas mortas em que a leitura e a escrita eram privilegiadas em

detrimento de uma oralidadesem referências formais para reproduzir, sendo

que essas línguas sobreviveram através de textos escritos.

Depois da década de 90, começa a mudar o foco em consequência das

mudanças que as tecnologias impuseram ao fazer letrado: o trabalho com

maquinário informatizado e eletronicamente mais sofisticado.

Com o avanço da tecnologia, a informática e a eletrônica,os meios de

comunicação se diversificaram muito e o acesso a eles foi se tornando mais

fácil e também mediado por letramento alto como requisito. Lidar com essa

tecnologia exige interpretação e raciocínio menos básicos. Assim sendo, a

responsabilidade pela construção e exercitação de novas capacidades é da

responsabilidade da escola.

Dada à reconfiguração das práticas sociais na contemporaneidade e em

função das novas necessidades que elas geram, cada vez mais é internalizado

pelos agentes educacionais e a sociedade como uma necessidade de repensar

o que ensinar e a qualidade da formação dos graduados universitários. O

currículo, por isso, deve ser pensado visando atender as novas demandas e

39

não ser formulado e aplicado atribuindo a ele uma finalidade imanente que

tenta desprovê-lo da sua única função natural: a de instrumento para a

consecução de objetivos.

O dinamismo da sociedade atual exige da universidade que priorize as

necessidades que as práticas sociais sinalizam, o que dará relevância aos

conteúdos, os quais, espera-se que sejam adequados para preparar os futuros

profissionais. Se a sociedade não se refletir nas instituições universitárias,

estas correrão o risco de oferecer a ela aquilo que não lhe é mais interessante

e importante.

Como as mudanças e adequações são sempre necessárias, houve um

decréscimo rápido e talvez irreversível dos estudos humanísticos tradicionais

(Grego, Latim, Filologia, Francês), o que hoje pode ser encontrados em um ou

outro currículo de Letras, como na Unicamp e na UFMT que mantêm, no curso

de Letras, o Latim como disciplina obrigatória, além da USP que oferece

Grego, Latim e Francês como habilitações de graduação.

A relação íntima entre cultura clássica e status social desapareceu na sociedade contemporânea. E a Universidade, coerentemente, foi abandonando o ensino daquelas disciplinas. (BOSI, 1992, p. 310)

Essas mudanças confirmam a ideia de que a universidade, como a

instituição escolar em geral, não funciona em sincronia simultânea com a

dinâmica das mudanças da sociedade. As instituições escolares se pautam

pelas necessidades que, explicitamente, a sociedade lhes transmite e pela

percepção das necessidades que a sociedade sinaliza via configuração do

mercado de trabalho.

As mudanças referidas acima refletem essa dinâmica de funcionamento.

A necessidade de sincronia existe, porém ela somente será alcançada quando

a Universidade oferecer, por exemplo, momentos de estudos e reflexões

acerca das propostas dos documentos oficiais que circulam nas escolas. Hoje

os cursos de Letras não se ajustam cem por cento ao que documentos oficiais

propõem, o que dificulta a prática do futuro professor.

Quanto ao alinhamento da teoria com a prática, a CNE (Conselho

Nacional de Educação) já trazia em seu texto:

40

– Fortalecer a articulação da teoria com a prática, valorizando a pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a participação em atividades de extensão. (CNE/CES/ BRASIL, Parecer 67/2003)

Em 03 de abril de 2001, foi aprovada a criação das Diretrizes

Curriculares para o curso de Letras que afirma que os profissionais de Letras

devem “[...] ter domínio do uso da língua ou das línguas que sejam objetos de

seus estudos, em termos de sua estrutura, funcionamento e manifestações

culturais [...]”. (DIRETRIZES CURRICULARES PARA O CURSO DE LETRAS,

BRASIL. 2001, p.02).

Observando os dois textos, o do Conselho Nacional de Educação e o

das Diretrizes Curriculares para o curso de Letras, infere-se que o papel

essencial da universidade é formar profissionais que tenham o conhecimento

da língua que vão ensinar e que não só tenham o domínio explicativo do seu

funcionamento, mas que também saibam usá-la e aplicá-la em seu ambiente

de trabalho, a sala de aula.

Além disso, as Diretrizes Curriculares para o curso de Letras levam em

consideração as transformações ocorridas na sociedade contemporânea e

ressaltam que à universidade não cabe apenas refletir sobre a realidade, mas

constituir espaço de cultura e criatividade capazes de intervir na sociedade.

Tratamos destes aspectos sobre como se constituíam e se constituem

os cursos de Letras e qual o verdadeiro papel do curso para entendermos

como seu funcionamento não tem atingido as verdadeiras metas que deveria

alcançar. Entre estas metas está a de ensinar e articular as exigências da

atualidade ao uso natural das línguas, em especial o uso da Língua Espanhola

que é o objetivo nesse trabalho.

Feito o primeiro panorama, o de como se organizam os cursos de Letras

no Brasil, trata-se agora de fazermos um breve panorama da Língua Espanhola

em Mato Grosso, passando da compreensão macro (Brasil) para a micro (Mato

Grosso).

41

2.2 Um breve panorama histórico da Língua Espanhola em Mato Grosso

O ensino de E/LE em Mato Grosso vem se ampliando

consideravelmente nos últimos anos. A necessidade de integração com os

países falantes da língua espanhola tem-se intensificado desde o acordo

firmado em 1994, o Mercosul, que fortalece as relações políticas e comerciais e

as relações humanas entre vários países sul-americanos.

Dos cinco países que integram o acordo, apenas o Brasil não é falante

da língua espanhola. Além disso, a proximidade dos países e o contato com as

diferenças que a relação português-espanhol propicia contribuem para reforçar

a necessidade da inclusão da língua espanhola nos currículos escolares no

Brasil. Neste contexto, Mato Grosso é um dos estados brasileiros que fazem

fronteira com países falantes da língua espanhola. A linha divisória

internacional, apenas neste estado, estende-se por 16 mil quilômetros.

Em 2005, foi sancionada a lei 11.161 que torna obrigatória a oferta do

ensino de E/LE nas Escolas de Ensino Médio de todo o país dando o prazo aos

estados de até cinco anos para a implantação da língua nos currículos

escolares.

Todas as escolas públicas e privadas a partir de 2010 devem oferecer

no mínimo, duas línguas estrangeiras modernas, uma de matrícula obrigatória

e outra de matrícula optativa para os alunos, sendo que uma das Línguas

Estrangeiras teria que ser a Língua Espanhola. Cabe ressaltar que a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) já dispunha em

seu art. 36, inciso III, sobre a oferta de uma segunda Língua Estrangeira

Moderna no Currículo do Ensino Médio. A saber:

Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: I [...]; II [...]; III – será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. (LDB, 1996, art.36, inciso III)

Devido ànecessidade da implantação, o Programa Nacional de

Formação de Professores (PROESPANHOL/MEC) procurou, dentro dos cinco

42

anos estabelecidos pela lei, criar parcerias com os estados buscando as

condições necessárias para possibilitar a formação inicial e continuada de

professores, além da aquisição de materiais didáticos.

Mato Grosso foi um dos primeiros a atingir a meta de cumprir a lei

federal citada, pois a implantação já vinha acontecendo antes mesmo da

obrigatoriedade. Diante do esforço para cumprir a lei 11. 161, o estado

deparou-se com a escassez de professores. As Orientações Curriculares para

a Educação Básica do Estado de Mato Grosso (MATO GROSSO, 2009)

atribuem essa escassez às características geográficas (longas distâncias entre

cidades) e demográficas (pouca população, mas dispersa pelo imenso

território).

A implantação da língua a curto prazodesencadeou uma série de ações,

medidas e iniciativas das autoridades educacionais. Dentre essas ações

destacamos a realização do concurso específico para a contratação de

professores de E/LE.

Dado que a Espanha é um país importante nas relações econômicas

com o Brasil, o governo do estado tem procurado ampliar, intensificar e

fortalecer o intercâmbio com o governo espanhol, com ênfase na educação e

no conhecimento técnico científico. Em 2004, o estado firmou convênio com a

Embaixada Espanhola para a qualificação continuada de professores.

O convênio acima referido implicou na assinatura de um termo de

cooperação que favorece os professores da rede pública. Assim, Mato Grosso

está a caminho de se tornar um polo de referência do ensino de espanhol na

região Centro – Oeste.

Em outubro de 2006, foi instalado o CRDE (Centro de Recursos

Didáticos de Espanhol), responsável por atender uma parcela significativa da

demanda de referências didáticas e de atualização bibliográfica do estado e da

região. Trata-se do quarto CRDE implantado no país. Esse centro oferece

recursos como microcomputadores, biblioteca, videoteca e outros materiais que

estão disponíveis ao uso de professores e alunos de língua espanhola. São

ofertados também cursos de capacitação aos professores de E/LE.

O convênio com a embaixada da Espanha tem possibilitado que os

professores do estado possam receber bolsas de estudo através da

Universidade de Granada na Espanha. As bolsas são ofertadas a custo zero

43

pela Universidade de Granada e fornece um curso de atualização de Língua e

Cultura Espanhola, alimentação, alojamento, além de uma quantia em dinheiro

para que o professor bolsista possa participar das programações culturais. As

passagens têm sido ofertadas pelo governo do estado.

Para a FC de professores que atuam no ensino de E/LE na rede pública

estadual, o estado realizou exames seletivos para a contratação de formadores

que atuam nos Cefapros (Centro de Formação e Atualização dos Profissionais

da Educação). Os Cefapros têm a função de subsidiar os profissionais no que

diz respeito à prática educativa através de cursos que respaldem suas ações a

partir dos pressupostos teóricos que abordam as questões educacionais, com

vistas ao cumprimento de suas atribuições e à melhoria da qualidade do ensino

público.

Tais ações trazem propostas específicas para os professores de cada

disciplina escolar, e no caso da Língua Espanhola, elas se referem ao

melhoramento do domínio da língua em questão, ao aprofundamento das

metodologias e didáticas e à produção e preparação de materiais didáticos.

Ainda nas ações voltadas a FC, acontece desde 2002, anualmente o

Encontro de Professores de Língua Espanhola para professores de todo o

estado. O curso conta com palestras, oficinas e minicursos ministrados por

professores conceituados do estado e professores da Embaixada da Espanha.

Em 2009, iniciou-se um curso de apostilamento com conteúdo preparado

pela UFMT para professores que fizeram curso de Letras, em outra habilitação

que não a espanhola. O objetivo do curso é aumentar a oferta de profissionais

habilitados na rede Estadual para atender o Ensino Médio em conformidade

com a lei 11.161/2005. Concluído o curso, os professores estarão aptos a

ministrarem aulas de E/LE.

Além de todas estas ações, foram publicadas as OCEM-MT (MATO

GROSSO, 2009) em parceria com a UFMT que fortalece também a língua

espanhola, pois apresenta um capítulo destinado a ela levando em

consideração o contexto estadual, fornecendo orientações que buscam

colaborar com o professor na sua prática.

As OCEM-MT (MATO GROSSSO, 2009) orientam os professores

quanto à importância e necessidade da implantação da Língua Espanhola, aos

44

aspectos da língua a serem abordados, à organização do currículo para o

ensino da língua e aos objetivos a serem alcançados.

Contudo é relevante observarmos que, ainda com todas estas ações,

muito precisa ser feito, especialmente na FI. Como alerta Nogueira (2007), que

afirma ser necessário:

[...] capacitar os professores para que possam assumir essa importante tarefa, o que não será fácil, se levarmos em conta a já conhecida formação precária a que se sujeitam nossos professores, que, na maioria das vezes, chegam ao curso de Letras com pouca ou nenhuma competência linguística na língua em que pretendem se graduar. Nesse aspecto, o país correria o risco de ver instalada em suas escolas públicas a oficialização de uma interlíngua que pode acudir às primeiras necessidades básicas do cotidiano, mas que dificilmente será aceita em contextos que exijam uma postura mais formal do falante. (NOGUEIRA, 2007, p. 2).

Assim sendo, no cuidado com a formação de professores de E/LE com

um bom nível de proficiência oral, faz-se necessário o estudo sobre currículo,

pois sua formação se sustenta a partir de sua organização e concepções que

opera em função da consecução do cumprimento de objetivos previamente

estabelecidos.

2.3 Currículo: concepções e objetivos

É evidente a diversidade de critérios que pautam as discussões sobre

currículo, porém as discussões utilizam-se das concepções e objetivos já

existentes que passam pelas teorias tradicionais de Bobbitt (1918) e Dewey

(1916), críticas de Althusser (1973), Bourdieu e Passeron (1976), Henry Giroux

(1983), Young (1989), Sacristán (2000) e Saviani (2005) e pós-críticas de Silva

(2003), Moreira e Pacheco (2002).

Serão abordadas brevemente, as concepções e objetivos existentes;

lembrando que será tomado como principal referência nas discussões sobre

currículo o pesquisador e autor de diversas obras sobre o assunto Silva (2003).

Este pesquisador já escreveu muitas obras, capítulos e artigos sobre o tema.

Além de ser uma referência sobre o assunto no Brasil, também realiza

pesquisas na linha de Estudos Culturais nos quais se aproxima da AD ao tratar

da identidade, pois ambas enfocam o sujeito da perspectiva da sua existência e

45

como efeito da prática social: disperso, fragmentado, múltiplo (HALL, 2001, p.

34-38, apud BARACUNHY, 2008).

O currículo como objeto de estudo começou a aparecer no ano de 1920

com mais intensidade nos Estados Unidose tinha ligação com a massificação

da escolarização graças à intensa industrialização. Naquele momento, o

currículo visava à busca de “eficiência” concebida dentro do contexto fabril,

dado que o momento histórico era de ostensivo crescimento industrial.

Organizava-se o ensino espelhando a organização de uma indústria.

Privilegiava-se a concepção precisa de objetivos, procedimentos e métodos em

busca de resultados quantificáveis.

No ensino de LE, eminentemente formalista, as teorizações sobre o

currículo e as perguntas que moviam a sua organização pressupunham

respostas ancoradas na concepção de linguagem prevalecente à época: a

organização linear de palavras cujo domínio garantia o bom uso. Assim, o

cumprimento de objetivos pautados numa visão de eficiência quantitativamente

concebida que tinha como referência única a indústria supria qualitativamente

as necessidades da época através do principal instrumento para isso: o

currículo.

Concordamos com Flores (2010) que afirma ser impossível pensar um

currículo que não seja precedido por objetivos, pois não se saberia para onde

ir, já que são os objetivos que determinam a existência de todo currículo.

A teoria tradicional do currículo, filiada à modernidade, acreditava na

possibilidade de ser neutra, o que foi contestado pelas teorias que se seguiram,

pois se tratava de formar o trabalhador especializado ou proporcionar uma

“educação genérica”. O seu principal representante foi Bobbit (1918) que se

baseou na teoria de administração econômica de Taylor. A base era o

pensamento mecanicista que abordava o currículo como uma questão de

organização de forma mecânica e burocrática, o que se tornou insustentável na

atualidade, pois dado o contexto econômico e social atual, o que asociedade

passou a exigir do ensino não se pauta pela reprodução mecânica excludente

da reflexão.

Podemos dizer que a questão principal da teoria tradicional se resume à

memorização de conteúdos, tudo em função de uma eficiência nos resultados

sem mediação alguma de criticidade.Mas, na segunda metade da década de

46

1960 (maio de 1968), produziram-se mudanças no sistema social na Europa

Ocidental, como efeito da situação econômica que implicava outras cobranças

da sociedade. Na educação, emergiram questionamentos que se traduziram

em críticas às concepções tradicionais sobre o currículo que vinham

funcionando sem conflito aparente.

Surge, então, a chamada teoria crítica do currículo que questiona

neutralidade desse. Um dos responsáveis pela mudança de enfoque foi

Althusser (1973), que inovou introduzindo um referente teórico, os Aparelhos

Ideológicos de Estado, que mudou o modo de problematizar a instituição

escolar. Atenta-se, então, às ideologias que fundamentam os currículos, o que

leva à análise das escolhas dos conteúdos, partindo-se do pressuposto de que

é a ideologia que os justifica.

A teoria crítica baseia-se no pensamento marxista e preocupa-se em

compreender o que o currículo faz. Parte-se da concepção de Althusser (1973)

de que primeiramente a educação está ligada à ideologia e que a escola é uma

forma utilizada pelo capitalismo para naturalizar o seu funcionamento.

Bourdieu e Passeron (1976) afirmam que o currículo está baseado na

cultura, nas práticas e referências das formações discursivas sociais

predominantes, o que faz com que as crianças de classes menos favorecidas

não dominem os códigos exigidos pela escola. Para Bourdieu (2002, p.14),

“[...]o sistema de ensino é um dos mecanismos pelos quais as estruturas

sociais são perpetuadas[...]”.

Nos dias atuais, referindo-se a objetivos paralelos da implementação

curricular, Silva (2003, p. 78) qualifica-os como “currículo oculto”, dizendo que

“[...] constitui-se daqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte

do currículo oficial explícito, contribui de forma implícita para aprendizagens

sociais relevantes”.

As ações que caracterizam o currículo oculto podem ser consideradas

positivas ou negativas. Para as teorias críticas estas ações são negativas, pois

ensinam o conformismo, a obediência e o individualismo, ou seja,

comportamentos que contribuem para a conservação sem questionamentos da

ideologia dominante. Essa postura envolve uma limitação dos teóricos inscritos

no criticismo: o funcionamento da teoria no contexto do capitalismo.

47

A teoria pós-crítica surge como ampliação do pensamento curricular

crítico. Se, na teoria crítica, a ênfase era dada à abordagem do currículo como

transmissão de ideologia, na teoria pós-crítica, a ênfase se encontra nas

discussões de identidade, alteridade, cultura, gênero, raça, etnia, sexualidade e

multiculturalismo. Isso ocorre devido àatenção dada à diversidade em função

da virada inclusiva da dinâmica do sistema capitalista como mecanismo de

autopreservação. O multiculturalismo, por isso, relativiza a ponto de excluir, na

relação entre culturas, a atribuição de superioridade.

Segundo Silva (2003),

O multiculturalismo mostra que o gradiente da desigualdade em matéria de educação e currículo é função de outras dinâmicas, como as de gênero, raça e sexualidade, por exemplo, que não podem ser reduzidas às dinâmicas de classe. (SILVA, 2003, p. 90).

A teoria pós-crítica contraria os valores propostos pelo currículo oficial

cujos pressupostos envolviam a separação entre sujeitos, a consolidação da

dominação sobre as pessoas e o exercício do controle dessas através do

individualismo e da competição. Como afirma Cerezer (2006, p.4), “[...]para

obter a igualdade, é necessária uma modificação substancial do currículo

existente [...]”. As questões do multiculturalismo fazem parte do novo repertório

educacional e estão sendo problematizadas recentemente nos currículos.

Segundo Silva (2003, p.101), “[...] é através do vínculo entre

conhecimento, identidade e poder que os temas de raça e de etnia, ganham

seu lugar no território curricular [...]”. A escuta dessa tendência, a Secretaria de

Educação de Mato Grosso iniciou um processo de Formação Continuada

através do Cefapro, com formadores que atuam na educação indígena,

quilombola e de diversidade de gênero. Tais ações visam inserir essas

discussões nos currículos das escolas do estado, sobretudo, os professores

atuantes nas formações específicas.

Silva (2003) faz uma comparação entre as teorias críticas e pós-críticas

do currículo:

[...] as teorias pós-críticas podem nos ter ensinado que o poder está em toda parte e que é multiforme. As teorias críticas não nos deixam esquecer, entretanto, que algumas formas de poder são visivelmente mais perigosas e ameaçadoras do que outras. (SILVA, 2003, p.147).

48

O que ocorre é que, com as teorias críticas e pós-críticas do currículo,

não podemos mais conceber o currículo como algo inocente e desinteressado

(Cerezer, idem). É muito pertinente a afirmação de Sacristán (2000 apud

SABAINI, 2007, p.7) sobre as teorias do currículo:

O estudo das teorias do currículo não é garantia de se encontrar as respostas a todos os nossos questionamentos, é uma forma de recuperarmos as discussões curriculares no ambiente escolar e conhecer os diferentes discursos pedagógicos que orientam as decisões em torno dos conteúdos até a “racionalização dos meios para obter e

comprovar o seu sucesso”. (SACRISTÁN, 2000 apud SABAINI, 2007, p.7)

Precisamos nos questionar sobre o que realmente é interessante estar

no currículo. Para isso, é preciso estabelecer antes os objetivos que

pretendemos. Os interesses e objetivos da sociedade e da escola

mudaramporque o contexto social mudou devido à intensificação das relações

econômicas, à interação social cada vez mais intensificada, à facilidade das

informações e do deslocamento e a outras mudanças que exigem

prioritariamente interação do indivíduo.

Por um longo período da história, os interesses se voltavam ao uso da

linguagem escrita, pautado na Língua Materna (LM), que a escola ainda utiliza

desconsiderando, no caso das Línguas Estrangeiras, que essa disciplina se

pauta por uma dinâmica diferente das de LM. Praticava-se o ensino para

decodificação de textos ereprodução, com momentos raros de discussões

como afirma Flores (2010) e as OCEM-MT (MATO GROSSO, 2009). A LM

servia principalmente de instrumento para o ensino de LE que reproduzia ideias

e interesses das elites letradas no comando da sociedade (OCEM-MT/ MATO

GROSSO, 2009), confirmando o que, segundo Althusser (1973), é o papel da

escola:reproduzir os interesses da minoria elitizada e do Estado.

A formalização da escrita é assumida como natural na escola (FLORES,

2010), o que não é extensivo ao processo natural de aprendizado de uma LE, a

produção oral. O ensino tradicional de instrumentalização da língua, a sua

gramaticalização não se adequam à atualidade. É necessário segundo Flores

(2010)

49

[...]ensinar o estudante a lidar com situações da linguagem verbal em uso com resultados satisfatórios e próximos do modo como naturalmente a toda hora ele faz com a sua LM em casa, na rua, na escola, na internet, no telefone. (FLORES, 2010, p.190).

Sobre essa forma atual de ensinar LE, as OCEM-MT (MATO GROSSO,

2009) afirmam:

Uma das maiores críticas às abordagens anteriores das línguas da pós-modernidade consiste na gramaticalização das mesmas, na sua formalização e ajuste à lógica de línguas mortas: o latim e o grego antigo. Mas nem por isso é preciso banir as explicações formais porque elas são necessárias e oportunas também dentro de um enfoque em que a oralidade deve privilegiar-se. O nível de ensino que nos ocupa é palco ideal para o recurso didático à gramática em função da concepção contemporânea de produção linguística, mas sem esquecer que o objetivo final que propomos é uma razoável proficiência oral e escrita na língua estrangeira de tal maneira que satisfaça as múltiplas possíveis necessidades que os nossos alunos terão dela. (OCEM-MT, 2009, p.67)

Flores (2010) também afirma que é necessária a restauração dos

objetivos básicos no ensino de LE na contemporaneidade e, segundo o autor,

tais objetivos são:

1. Ensinar a língua em função do seu uso prático na oralidade e na escrita em busca de um nível de proficiência que torne possível a interação com indivíduos que têm essa língua como materna [...]; 2. Propiciar o acesso dos estudantes à produção oral e/ou escrita; 3 [...]; 4. Instaurar uma postura relativizadora do que naturalmente se considera único e por isso inquestionável: a língua, a cultura, os valores, os comportamentos próprios, propiciando assim a construção de uma postura crítica; 5. Repensar e reforçar os conhecimentos próprios da LM. (FLORES, 2010, p. 5)

Para que os objetivos sejam atingidos no ensino de LE no estado,

algumas mudanças são necessárias e elas, segundo as OCEM-MT (MATO

GROSSO, 2009), vão desde aelaboração de material didático que responda à

nova concepção de linguagem e às condições particulares do estado,

passando pelo aumento da carga horária semanal para quatro horas e pela

50

reorganização das turmas em função da aula de LE, até a disponibilização de

tempo para que o professor possa se atualizar e frequentar cursos de

Formação Continuada. Da Formação Continuada trataremos adiante.

O currículo não é um conjunto de conteúdos surgidos do nada e

organizados em um sumário, ele demanda conhecimento das teorias que

permeiam a educação escolar para justificar os objetivos que pretendemos

atingir; demanda a compreensão de que ele resulta de referências ideológicas

dos diferentes grupos de educadores que o elaboram e que é necessário o

conhecimento do processo de escolha de certo conteúdo em detrimento de

outro. (LOPES, 2006 apud SABAINI, 2007, p. 2).

Na história das ideias pedagógicas, nunca houve divórcio entre o

currículo e as necessidades da prática social. O currículo ressurge na

atualidade como foco de discussões e explicações em função do período de

transição que estamos vivenciando, conhecido como pós-modernidade, o qual

ressalta as novas necessidades e pressiona a instituição escolar a supri-las.

No aspecto que justifica esta pesquisa, a formação de professores, a

remissão constante às diversas situações de uso da língua e às práticas

escolares é prioritária dentro do processo de construção de profissionais do

ensino de línguas estrangeiras em geral.

E é a formação de professores o tema abordado a seguir.

2.4 Formação Inicial e Continuada: a realidade do ensino de língua

estrangeira.

Em se tratando de formação de professores, a referência são três eixos:

a formação inicial, que é oferecida pela universidade (FI); a especializada, que

são os cursos lato sensu e strictosensu e a continuada (FC), que se estende

durante toda a carreira profissional, a ser oferecida por meio de cursos ou

realizada juntamente com a prática.

A lei 11.161/2005 trouxe mais evidências às discussões que já existiam

sobre o tipo de formação que tem recebido os professores de LE. A formação

do profissional da docência, como defende Nóvoa (1992, p.15) é “[...]mais do

que um lugar de aquisição de técnicas e de conhecimentos, a formação de

51

professores é o momento chave da socialização e da configuração

profissional”.

Disto decorre a necessidade de uma formação remissiva à prática

vivencial dos formandos com a língua, tanto do uso quotidiano da mesma em

situações preferencialmente extraescolares, quanto ao conhecimento

metalinguístico e didático.

A FI, porém, demonstra não funcionar como deveria, como um lugar de

pesquisa, questionamento, produção de conhecimento e principalmente de

reflexão sobre a profissão docente. A atitude do estudante universitário reflete

os efeitos do trabalho com aquilo que Orlandi (1996, p.15) descreveu como

‘memória metálica3’ em que, infelizmente, os ensinos fundamental e médio

continuam se apoiando para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes e a FI

tem acompanhado da mesma maneira.

Essa ‘memória metálica’ é a que dá

[...] ênfase na reprodução mecanicista que estabelece poucas conexões com causas fincadas na história, enquanto condições de produção, e por isso desconsidera a interpretação cuja pertinência é dada pelo contingencial. (FLORES, 2006b, p. 52)

Quando o ensino trilha por estes caminhos é porque o currículo que o

rege é o tradicional, no qual a reprodução é valorizada e não a reflexão e

compreensão.

Como consequência da relação do ensino universitário e necessidades

da prática social, no sentido de se remeterem dialeticamente entre si, ainda na

atualidade, a articulação entre teoria e prática espelha na tradição elitista e é,

por isso, excludente.

No caso da formação de professores de LE, essa característica, que

tanto custa a desaparecer, mostra efeitos negativos bastante aparentes, dado

que se trata de um fazer profissional que seconcretiza diretamente na

constante adequação às expectativas da vida prática. Isso envolve um nível de

qualidade na formação dos profissionais.

3A pesquisadora qual i f ica ass im o saber que não se produz pela h istor ic idade

em que a ênfase está na reprodução mecanic is ta que estabelece poucas conexões com causas ancoradas na h istór ia, enquanto condições de produção, e por isso descons idera a in terpretação.

52

Na FI, em especial a de professores de E/LE, as dificuldades

enfrentadas são muitas, e entre elas temos uma grande parcela de alunos que

ingressam no curso de Letras com desconhecimento total da língua que

pretendem lecionar ao fim do curso, o que gera algumas frustações. Esses

alunos chegam à universidade em busca de iniciar um curso básico de Língua

Espanhola e se aprofundarem nela ao longo do curso, porém isso nem sempre

ocorre, pois a universidade não concebe no currículo tempo hábil para isso.

Para que se alcance esta expectativa, a carga horária deveria ser maior

e o currículo deveria enfatizar a abordagem enunciativo-discursiva e não

privilegiar a formalização do gramaticalismo.

Trata-se de uma formação teórica e prática mais atenta ao mundo fora

das instituições universitárias. Isto porque o sujeito-professor que vem sendo

formadonos curso de Letrasnão corresponde ao sujeito-professor esperado

pela sociedade, aquele que tem proficiência enunciativa suficiente para

compreender e ser compreendido em LE. González (2004, p.1), por isso,

expressa que a forma como está organizado o ensino no nosso país faz com

que aconteça “[...] un verdadeiro milagro para formar (en la mejor de las

hipótesis) en cuatro años un hablante, investigador y profesor de lenguas”.

Outro problema relacionado à FI do curso de Letras tem sido a maneira

como é assumida a gramática ainda à moda do método direto: um conjunto de

regras que facilita a manipulação das palavras para construir frases,

dispensando toda preocupação com os sentidos do texto. A gramática deve

estar relacionada à preparação para a produção e interpretação de textos para

que o aluno encontre sentido nela.

Se o professor aprende na universidade esta gramática

descontextualizada, provavelmente é assim que ele vai ensinar em sua sala de

aula. É preciso que a universidade opere com a linguagem afinada às

necessidades sociais.

Havendo, portanto,definido com qual conceito de linguagem a

universidade e consequentemente o seu currículo devem operar, fica mais

claro entendermos que a questão do ensino da gramática como ainda acontece

hoje, apesar da produção textual ter ganhado um pouco mais de espaço, é

proveniente da concepção anterior da linguagem que não era vista como

significação e sim como código.

53

Na LM, a escrita tem papel fundamental, visto que a oralidade é

requisito preexistente no aluno, mas com a ressalva de que se trata da

oralidade não escolarizada. Isto nos encaminharia a outra problematização que

nos desviaria do foco desta pesquisa. Assim, a LE tem seguido esse molde de

ensino, pautado na escrita, sem que se observe suas particularidades e sua

forma natural que se concretiza na oralidade.

Dada à organização curricular, os conteúdos principais do curso são na

LM e em função dela, o que faz o estudante buscar subsídios da sua formação

na LM para compreender e explicar os conteúdos da habilitação em LE. Porém,

Flores (2010) alerta sobre os objetivos de ensino da LE dentro da

contemporaneidade e das exigências que a linguagem estabelece:

Assim, os objetivos que se impõem contemporaneamente ao ensino de língua estrangeira são diferentes dos tradicionais da área no contexto brasileiro. Isto, porque a dinâmica social agora é outra e as possibilidades e necessidades de interação direta ou mediada através de novas tecnologias --a informática e a telefonia móvel -- são exponencialmente maiores. (FLORES, 2010, p. 4).

Essa referência pode favorecer o entendimento de que o ensino de E/LE

deve-se fazer com o foco na produção enunciativa oral. Um professor na FI

precisa ser preparado nestes moldes para que consiga com um nível adequado

de proficiência, trabalhar nesta perspectiva posteriormente em sua sala de

aula. Para isso, o currículo precisa estar em consonância com esse fim.

Por outro lado, é sabido que, para que se trabalhe nesta nova

perspectiva de ensino na escola, é necessário haver alteração em alguns

pontos organizacionais para garantir que o trabalho seja realizado com maior

precisão. As OCEM-MT (2009) citam algumas alterações que fariam grande

diferença na forma de se ensinar a LE na escola:

Em razão dos novos objetivos da disciplina Língua Estrangeira, que também pressupõem outro enfoque da mesma, para sedimentar a produção linguística inaugural e intermediária, é preciso obedecer aos pressupostos didáticos com que conta a nossa prática de ensino. Torna-se necessário, por isso, reconsiderar o número de alunos nas aulas de língua estrangeira, bem como a sua carga horária para que os objetivos do ensino de língua estrangeira possam de fato ser concretizados. É preciso reorganizar as turmas dividindo-as por duas e dobrar a carga horária de uma vez por semana para

54

duas vezes por semana com duração de duas horas para cada uma. Os efeitos das necessidades expostas acima no aumento e/ou redistribuição do número de professores, de espaço físico e de recursos didáticos não são poucos, mas sim da maior urgência. (OCEM-MT/ MATO GROSSO, 2009, p.59)

Quanto à formação docente, também são necessárias, além da

adequação dos currículos e da adequação linguísticas destes profissionais na

FI, ações na FC. As políticas de Formação Continuada também devem estar

em consonância com os documentos oficiais garantindo assim uma preparação

adequada para que se possa explicar o que e como se deve ensinar a LE.

Mas o que é necessário para um professor de LE ter uma boa

formação?

A começar pelo multiletramento necessário à preparação de um

professor. O multiletramento consiste no letramento digital, da LM, numérico e

outros. Há também a necessidade do domínio dos três polos de formação

sugeridos por Ponte (1998). O primeiro deles é a formação científico-cultural,

por meio do qual o professor, além de ter conhecimentos específicos de sua

área, faz a integração destes com a sociedade contemporânea. Para isso, ele

precisa ter um horizonte cultural alargado e relacionar o ensino de E/LE com

outras áreas do conhecimento e com as novas tecnologias.

O conhecimento cultural é de grande importância para o professor de

E/LE, pois a língua não se constitui apenas de vocabulário e gramática, mas de

pessoas falantes do idioma que trazem toda uma cultura que justifica os usos

da língua. Por isso Flores (2006b) afirma que “[...]quanto às LNM, não há

separação possível entre língua e cultura quando se faz uma abordagem

relacional da perspectiva discursiva”. Em concordância com Bolognini (1998,

p.10 apud FLORES, 2006b) “[...] não há cultura sem linguagem e não há

linguagem sem cultura”.

O segundo polo é o conhecimento profissional que, segundo Ponte

(1998), apoia-se na própria experiência acumulada da profissão, com suas

tradições, normas e mitos, bem como o saber que vai se elaborando na

interação com outros profissionais.

O terceiro e último polo é o da identidade profissional que tem como

aspectos contribuintes de sua construção a forma como se entra na profissão e

55

a cultura profissional que é a forma como ele encara o seu cotidiano

profissional.

A FC existe em função da satisfação das necessidades contemporâneas

de readequação da escola. Nessa pesquisa, sustentamos que a FI está

divorciada das necessidades fundamentais da prática social em razão da falta

de atualização curricular devido à indefinição de novos objetivos na formação

de professores.

Segundo Nóvoa (1992),

A formação continuada deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de auto formação participada. (NÓVOA, 1992, p. 25).

Estar em formação implica um investimento pessoal, um processo de

busca de uma identidade profissional e de segurança no que se propõe

ensinar. A Formação Continuada se constrói a partir da experimentação, da

inovação e pelo ensaio de novos modos de trabalho pedagógico. Ela é

baseada na articulação entre a prática e a reflexão sobre a prática

(PERRENOUD, 1991 apud NÓVOA, 1992, p. 28) e na investigação que leva à

produção dos saberes.

A FC para professores de E/LE deve estar aliada às novas mudanças no

ensino desta língua, buscar se centrar na oralidade (na perspectiva que vem

sendo referida), na prática desta com seus pares, quando em curso de

formação, como na sala de aula. Não é incomum encontrarmos professores

que não falam a Língua Espanhola em sala, e a FC deve trabalhar formas para

que isso comece a deixar de acontecer, fazendo com que este profissional use

a LE com maior proficiência.

Foi abordada a formação através de cursos, porém é importante

ressaltar que ela não se constrói por acumulação de cursos ou de técnicas, ela

se constrói através da reflexão crítica sobre as práticas e de (re)construção

permanente de uma identidade pessoal como explica Nóvoa (1992): pensando

principalmente no aprimoramento didático.

A FC processa-se também através da troca de informações e

experiências. No caso das LE, no que tange às dificuldades que temos em

foco, a FC deve contemplar principalmente o trabalho de construção de

56

capacidades enunciativas que não foram consideradas ou foram cerceadas no

processo de FI por causa de outras prioridades concebidas no currículo.

Para que o professor se mobilize para a Formação Continuada, é

necessário que ele compreenda, de fato, seu papel na sociedade e se

desprenda de alguns pensamentos dos quais tratam Morin (2000). O primeiro

deles consiste em que o professor julga ter sido ‘formado’ e, por isso, já sabe o

suficiente. Há os que acreditam que basta conhecer sua disciplina, o que

valoriza o saber fragmentado, e há ainda os avessos às mudanças. Esses se

esquecem de que o conhecimento é construído na interação com o outro e que

não está guardado e pronto em algum lugar.

Quanto à deficiência linguística que apresentam os professores de E/LE,

Papa (2009) afirma que existem vários fatores que vão desde o desinteresse

governamental, considerado como elemento externo, à precária formação e à

capacidade de utilização da língua-alvo pelo próprio professor na sala de aula,

o que ela chama de elementos internos. Estes dois elementos, externos e

internos, são cruciais em uma formação docente, pois o professor não pode

sozinho se ‘autoformar’, ele precisa do incentivo externo que seria da parte do

governo quanto do interno que depende da interação com outros professores,

assim como de cursos e materiais que lhe tragam suporte para uma eficiente

formação.

Sabemos que não basta tentar ‘mudar’ o profissionalsem transformar os

contextos em que ele se insere. É seguindo este pensamento que se faz

necessário o estudo e as pesquisas sobre os currículos. Essas abordagens

questionadoras devem estar diretamente ligadas a possíveis mudanças no

contexto trazendo, assim, transformações e melhoras no preparo e nas práticas

dos professores.

Há urgência de transformações no currículo do curso de Letras em

consequência das quais serão impressas mudanças na Formação Continuada

de professores. Sustentamos que elas devem começar a ser aplicadas devido

aos avanços tecnológicos e à rapidez com que eles acontecem. A

necessidade de acompanhar estes avanços exige dos profissionais cada vez

mais uma formação atualizada.

O formador, o professor atuante nesse novo modelo de educação que se

defende e começa a mostrar resultados atualmente, deixa de ser o transmissor

57

do saber para ser tutor pedagógico do formando, com o papel de mediador e

orientador.

Consideramos a FC uma solução paliativa para tentarmos adequar o

ensino de E/LE às necessidades e exigências da contemporaneidade, um

ensino que se paute na interação e, consequentemente, na produção

enunciativa.

A adaptação do epílogo de um trabalho de Mary-Louise e Caven

McLoughlin (1989 apud NÓVOA, 1992, p. 31) ilustra a situação atual de Mato

Grosso quanto à formação continuada.

Já começámos, mas ainda estamos longe do fim. Começámos por organizar acções pontuais de formação continua, mas evoluímos no sentido de as enquadrar num contexto mais vasto de desenvolvimento profissional e organizacional. Começámos por encarar os professores isolados e a título individual, mas evoluímos no sentido de considerar integrados em redes de cooperação e de colaboração profissional. Passámos de uma formação por catálogos para uma reflexão na prática e sobre a prática. Modificámos a nossa perspectiva de um único modelo de formação de professores para programas diversificados e alternativos de formação contínua. Mudámos as nossas práticas de investigação sobre os professores para uma investigação com os professores e até para uma investigação pelos professores. Estamos a evoluir no sentido de uma profissão que desenvolve os seus próprios sistemas e saberes, através de percursos de renovação permanente que definem como uma profissão reflexiva e científica. (MARY-LOUISE; CAVEN McLOUGHLIN, 1989 apud NÓVOA, 1992, p.31)

Encerramos o capítulo afirmando que estas mudanças são de suma

importância, no entanto, cabe acrescentar que essas melhorias sanarão

apenas fragmentos das necessidades educacionais atuais. É preciso tempo

para que as experiências se consolidem e avaliar de forma equilibrada os

aspectos positivos e negativos

58

CAPÍTULO 3

Análise de dados

3.1 O curso de Letras - habilitação em Língua Portuguesa e Espanhola -

na UFMT: currículo e produção enunciativa oral.

“A organização de currículos não deve causar uma relação de estranheza entre os alunos e o mundo exterior à escola”. (OCEM-MT/ MATO GROSSO, 2009, p. 5)

A UFMT foi fundada em 10 de dezembro de 1970 através da Lei nº

5.647. O curso de Letras já existia antes da fundação da UFMT pelo antigo

Instituto de Ciências e Letras e funcionava no Colégio Liceu Cuiabano.

O curso de Letras ofertava no início as habilitações Português/Inglês e

Português/Francês. O curso passou por várias reestruturações, alterando a

grade curricular, visando melhor desempenho e melhor adaptação às

exigências do momento. Uma dessas reestruturações aconteceu em 1987 que

criou a habilitação em Português/Literatura e alterou a carga horária das

línguas estrangeiras passando de 60h semestrais para 90h. Em 1990, o curso

de Letras passou a ser ofertado também no período noturno. E em 2007, face

às novas Diretrizes Nacionais, novas alterações na grade aconteceram.

Essas reestruturações se dão pelas condições de produção que

apresenta cada momento. Tais condições determinam o fazer e o dizer num

tempo histórico e num espaço social.

A implantação da habilitação Português/Espanhol aconteceu através da

Resolução CONSEPE nº 48 de 01 de setembro de 1997, com início de

funcionamento em 1998. Entre os objetivos da criação do curso, estão o de

atender as necessidades relacionais com os países vizinhos em virtude do

tratado Mercosul.

Foi analisado, como composição do currículo, o Projeto de

Reconhecimento do Curso de Habilitação em Língua Espanhola e Literatura

Hispano-Americana (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 1997)

(ANEXO II), o Projeto pedagógico de 2000 (UNIVERSIDADE FEDERAL DO

MATO GROSSO, 2000) (ANEXO III), e o Projeto pedagógico de 2010

59

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 2010) (ANEXO IV),

enfatizando as ementas, programas4 e as grades curriculares presentes nestes

documentos. Seria interessante a análise dos planos de ensino, porém eles

são elaborados por cada docente que ministrará a disciplina e não foram

anexados aos projetos pedagógicos tornando difícil o acesso a eles.

Será realizado um estudo de como vem sendo organizado o curso de

Letras, em especial o de Língua Espanhola, a partir destes documentos.

Procuraremos saber se a forma de organização curricular, tanto a anterior

(2000) como a atual (2010), procura atender as necessidades atuais,

principalmente no trabalho com a oralidade. Várias interrogações serviram de

referência na busca de respostas esclarecedoras:

1. Será que a universidade proporciona de modo suficiente trabalho

com a produção enunciativa oral?

2. Se sim, como esse trabalho está organizado atualmente?

3. Consegue-se realmente formar um professor com domínio suficiente

da língua para as necessidades atuais?

Assim, a partir dos resultados que julgamos pouco alentadores dos

cursos, dada a qualidade do desempenho dos professores atuantes no ensino

fundamental público, tentaremos mostrar os possíveis motivos de

encontrarmos, em grande parte dos professores formados, dificuldade quanto à

produção enunciativa oral.

Neste trabalho, não tratamos de apresentar uma proposta curricular para

cursos de Letras, mas pretendemos, de fora da universidade, via Formação

Continuada, contribuir para compensar, no ambiente escolar público de ensino

básico, o que consideramos como desacertos daqueles cursos, a partir dos

efeitos dos diversos currículos que já foram implementados ou que estão em

funcionamento.

O currículo analisado foi o de Letras - habilitação Português/Espanhol -

da UFMT. A escolha se deveu ao fato de se tratar de uma universidade

pública, já que esta pesquisa abrange exatamente o ensino público no âmbito

4No Projeto Pedagógico de 2000 os programas não são const i tu ídos de todos

os i tens necessár ios : ident i f icação, ementa, objet ivos geral e específ icos, conteúdos (desmembramento da ementa), procedimentos, recursos d idát ic os, at iv idades d iscentes, aval iação e referênc ias (CEVIDANES, 2004) .

60

estadual. Deveu-se também ao fato de ser a universidade em que cursamos a

graduação (2001 – 2005), uma pós-graduação lato sensu (2007 – 2008) e

agora o Mestrado em Estudos de Linguagem (2010 – 2011/12), além de termos

ministrado aulas nos cursos de extensão de espanhol e aulas na graduação de

Letras, entre 2003 e 2008. Esse período de envolvimento com a UFMT soma

dez anos, o que favorece a pesquisa não só com um olhar externo, mas

também interno, recheado de vivências, convivências e experiências.

3.1.1 A análise curricular

O curso de Letras-habilitação em Português/Espanhol tem duração

mínima de 4 anos e máxima de 7 anos. A carga horária em 2000 era de 2.520h

anuais e agora com o novo Projeto Pedagógico (2010) é de 3.196h.

A princípio, vamos ao currículo do ano de 2000 por se tratar do currículo

vigente à época que nos formamos, bem como vários colegas de trabalho e

professores que hoje atuam na rede estadual e que conhecemos através dos

cursos de Formação Continuada.

O curso oferecia 420h de Língua Espanhola distribuídas da seguinte

forma:

a) Língua Espanhola I – 120h

b) Língua Espanhola II – 120h

c) Língua Espanhola III – 120h

d) Língua Espanhola IV – 60h

Dadas às dificuldades que enfrenta o graduado ao ingressar no mercado

de trabalho, consideramos essa carga horária pequena diante da quantidade

de conteúdos necessários para suprir as expectativas da escola e da

sociedade. As aulas aconteciam duas vezes por semana e cada aula era de

1h40min minutos, totalizando duzentos minutos por semana.

As ementas traziam como necessidade o desenvolvimento da

competência comunicativa oral e escrita e também aspectos gramaticais a

serem estudados. O desenvolvimento da competência comunicativa oral se

dava nos ‘programas’ (apresentado uma lista de conteúdos) através do estudo

de fonética e fonologia em Língua Espanhola I, atividades orais que tratam dos

61

problemas ao aprender uma segunda língua em Língua Espanhola IV, e nas

Línguas Espanhola II e III, nenhum tipo de trabalho com a oralidade são

apresentados (Anexo III).

Na maioria dos casos, a gramática acabava sendo a prioridade dos

professores, ainda que na ementa e programa (nos casos de Língua Espanhola

I e IV) estivesse declarado o desenvolvimento da oralidade, em poucos

momentos era oportunizado ao estudante. Além disso, o Instituto de

Linguagens oferece um laboratório de línguas com vários recursos para o

desenvolvimento de produção oral e auditiva, mas poucos professores o

utilizam.

Caberia ao docente responsável em ministrar as aulas de Língua

Espanhola dosar, articular e privilegiar momentos de produção enunciativa oral,

pois se o docente ficasse condicionado somente ao que apresenta a ementa e

o programa, a gramática seria o meio mais trabalhado. Na maioria das vezes,

pouco se produzia, e muito se reproduzia. Os conteúdos formais normalmente

escritos funcionavam como ‘receitas’ prontas sem remissão a contextos reais

do estudante.

Observa-se, então, que o que se apresenta como produção oral, na

verdade são apenas práticas isoladas de oralidade. No primeiro momento, é

ensinada a fonética e a fonologia, que são muito importantes para o

conhecimento de como se articulam os sons da língua, mas o trabalho com a

oralidade, no primeiro ano, acaba por aqui, retornando com mais algumas

práticas somente no quarto ano.

As práticas, como apresentadas nas ementas e programas do projeto de

2000 (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 2000), não são

atividades de produção, pois o estudante não precisa construir sua fala a partir

de suas ideias, opiniões e pensamentos, ele precisa somente reproduzir.

Alguns dos objetivos do Projeto Pedagógico (UNIVERSIDADE

FEDERAL DO MATO GROSSO, 2000) são:

Desenvolvimento progressivo da competência comunicativa oral e escrita;

Ênfase em fonologia, ortografia e fixação das estruturas linguísticas básicas;

Produção, leitura e análise de textos;

Prática de leitura e produção de textos;

62

Ênfase em aspectos contrastivos entre estruturas do português e do espanhol;

Relacionamento do estudo das distintas escolas gramaticais: tradicional, estrutural, gerativo-transformacional e pragmática, com a língua espanhola como língua estrangeira;

Consolidação dos estudos das estruturas linguísticas em nível avançado, considerando as variantes geográficas, sociais e profissionais; Prática oral e escrita. (PROJETO PEDAGÓGICO, 2000, p. 217)

Isso, além de outros aspectos relacionados à cultura dos países

hispanofalantes e história da Língua Espanhola.

Observa-se que o ensino da escrita padrão calcado na gramática ainda

é muito valorizado, mas, mesmo assim, pouco eficiente visto que se centra na

forma e não no uso dessa modalidade de linguagem. Flores (2010) confirma,

Por razões decorrentes de uma cultura universal de ensinar que institucionalmente está adequada às condições históricas e sociais do contexto brasileiro, os objetivos das disciplinas têm seguido uma lógica e uma estratégia organizacional que são assumidas como naturais da escola. Esta trabalha a partir da formalização e com ela, mais precisamente com a formalização através da palavra escrita. (FLORES, 2010, p. 4).

No Projeto de Reconhecimento do curso de Letras - habilitação em

Língua Espanhola, é possível observar que nas ementas das Línguas

Espanhola I, II, III e IV, existe a preocupação com a oralidade. As ementas

usam os termos práticas orais, aprimoramento da expressão oral e

conversação. Porém, no programa dessas disciplinas essa modalidade de

ensino não aparece em todos os anos de estudo. Ela está novamente na

Língua Espanhola I e IV, desaparecendo no segundo e no terceiro ano. (Anexo

II).

Mais uma vez a oralidade é trabalhada com apresentação dos fonemas,

e práticas orais, mas diferencia um pouco por trabalhar entonação. Todas

essas maneiras de trabalho com a oralidade são válidas, mas elas não podem

encerrar sem que haja produção do conhecimento da LE.

No perfil do profissional que a universidade busca formar, segundo o

Projeto de 2000 (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 2000),

observa-se:

63

a) Domínio teórico e descritivo dos componentes fonológico, morfossintático, léxico e semântico-pragmático da língua portuguesa, línguas inglesa, francesa e espanhola. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 2000, p. 229)

Não se prioriza a produção oral. Há o trabalho com os componentes

fonológicos, porém não está explicitado como trabalho de produção o que

sinaliza as tendências que prevaleciam na formação dos professores

formadores da época.

Em pesquisa realizada com cinco professores de Língua Espanhola que

atuam em Mato Grosso, constatamos através das respostas, que a maior

dificuldade enfrentada por eles hoje é a produção oral, como podemos

observar na resposta do professor B:

Acredito que a minha insegurança se dá no campo da oralidade. Certamente, isso se dê pela má estruturação das disciplinas do currículo, bem como de bom senso e boa vontade de alguns professores efetivos da academia. (Professor B)(ANEXO I-A).

Há de se observar que o sucesso da formação acadêmica não depende

exclusivamente do currículo, como afirma o professor B da pesquisa, mas

também de quem o implementa: o docente. Quando este tem a visão de que o

ensino universitário deve ser pautado nas necessidades da prática social e de

que ele, como docente, contribui diretamente na formação de um professor que

deverá possuir proficiência na língua que ensinará, o alvo do ensino

universitário, que é um professor bem formado e pronto para os desafios que

encontrará na escola, será atingido com muito mais precisão.

Quando isso não acontece, corremos o risco de gerar a sequência na

qual o professor que ensinou na FI apegado à tradição gramaticista, leva o

aluno/professor a reproduzir como natural esse enfoque no ensino básico.

No ensino da Língua Espanhola na Formação Inicial, é muito importante

que haja momentos de discussão e reflexão sobre a organização desse ensino

nas escolas, quais as particularidades que ele enfrenta, que vão desde o tempo

e quantidade de aulas, normalmente uma por semana, à própria concepção

que alunos e escola têm quanto ao que é aprender/ensinar LE na escola, o que

normalmente gira em torno de um discurso recorrente: “não se aprende LE na

64

escola”. Além disso, no ensino de E/LE há outro discurso que muitas vezes

dificulta o ensino: “aprender espanhol é fácil, é quase igual português”.

Essas discussões precisam ser tomadas na universidade para que o

futuro professor saiba como lidar com as particularidades e com esses

discursos, a fim de melhorar sua prática de ensino. Porém, pouco se discute e

o professor toma conhecimento dessas realidades já no contato direto com a

escola. Essa discussão poderá ser retomada em futuros trabalhos, pois não é o

intuito desta pesquisa que nos aprofundemos neste assunto.

A última alteração na grade, o Projeto pedagógico de 2010

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 2010)(ANEXO IV), trouxe

mudanças para o ensino de E/LE, que começaram a ser aplicadas em 2011.

Estas têm sido mais atentas à formação com ênfase na oralidade, com

aproximação da proposta enunciativo-discursiva na ânsia de atender as

expectativas da sociedade.

Nesse sentido, destacamos um dos objetivos:

Proporcionar ao aluno sólida fundamentação teórica e competente instrumentação didático-pedagógica e linguística para que o licenciado, por meio de formação geral e específica, possa exercer a profissão com competência e contribuir com uma resposta adequada às demandas da sociedade. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 2010)(ANEXO IV).

As capacidades a serem desenvolvidas que o documento apresenta

priorizam, em alguns momentos, a produção oral:

a) Compreender, avaliar e produzir textos de tipos variados em sua estrutura, organização e significado, em língua materna e em língua estrangeira; b) Produzir e ler competentemente enunciados, em diferentes linguagens e traduzir umas em outras; [...] g) Interpretar adequadamente textos de diferentes gêneros e registros linguísticos e explicitar os processos ou argumentos utilizados para justificar sua interpretação; [...] i) Articular o conhecimento teórico-conceitual em língua materna, língua estrangeira e respectivas literaturas à sua prática em sala de aula, colocando em ação os instrumentos didático-pedagógicos e lingüísticos adequados à sua realidade educacional. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 2010)(ANEXO IV).

65

É importante ressaltar que o currículo do projeto de 2010 não utiliza o

termo ‘prática’ como no anterior, mas utiliza o termo ‘produção’, demonstrando

preocupação em produzir e não em reproduzir. Também aparece nas ementas

e objetivos dos programas o termo ‘produção enunciativa’, diferente dos

currículos anteriores.

A inserção desses termos não confirma que a prática atual condiz

realmente com o que se propõe na abordagem enunciativa-discursiva. Ao

menos sinaliza para a adequação nessa abordagem a partir da análise

curricular realizada. A confirmação dessa prática só seria possível se fossem

observadas as aulas ministradas a partir desse novo currículo e a partir do

resultado que será gerado ao término dos primeiros quatro anos de seu

funcionamento. Cabe a essa pesquisa, a análise da proposta desse novo

currículo, sem a possibilidade de confirmação prática, diferenciando da análise

do currículo de 2000, no qual além das propostas foi possível observar as

práticas e os resultados delas.

Duas alterações no novo projeto são relevantes: a inserção das

disciplinas “Subsídios fonéticos e fonológicos para a produção oral em Língua

Espanhola” e “Subsídios morfossintáticos para a produção enunciativa em

Língua Espanhola”.

A primeira, com oferta no primeiro ano, tem o objetivo de trabalhar

aspectos fonológicos que geralmente dificultam a produção enunciativa oral.

Propõe-se mostrar ao formando que a proximidade da Língua Portuguesa com

Língua Espanhola pode leva-los a vários equívocos.

A segunda, com oferta no segundo ano, propõe o trabalho com os

aspectos morfossintáticos que dificultam a produção enunciativa através de

estudos contrastivos. Enfatiza a pronominalização, as vozes passivas e

analíticas e outros aspectos.

As ementas das Línguas Espanhola I, II, III e IV também sofreram

algumas alterações. O desenvolvimento da competência oral é contemplado

em todos os anos do curso, o que é possível observar tanto nas ementas como

nos objetivos específicos dos programas: “Produzir e interpretar discursos orais

e escritos em língua espanhola, na perspectiva discursivo-dialógica”.

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO, 2010)(ANEXO IV).

66

A metodologia também é baseada no enfoque discursivo valorizando as

práticas sociais, a interação.

Além das alterações referidas, o novo currículo apresenta uma carga

horária maior para o ensino de E/LE, passando de 420h para 576h assim

distribuídas:

a) Língua Espanhola I – 144h

b) Língua Espanhola II – 144h

c) Língua Espanhola III – 144h

d) Língua Espanhola IV – 144h

Ainda com todas essas mudanças o currículo continua apresentando,

em sua maior composição, aspectos gramaticais descontextualizados. Porém,

em alguns momentos, observa-se que os discursos apresentados buscam

atender as expectativas da escola e da sociedade. É possível a visualização

deles quanto à preocupação em formar profissionais que consigam produzir e

interpretar apresentando bom nível de proficiência em E/LE, como consta nos

objetivos dos programas.

Sendo os currículos analisados sob o aspecto da AD, observamos que

as Formações Discursivas, que são diretamente ligadas à historicidade e às

condições de produção são construídas pela própria história do ensino nos

cursos de Letras que tem bases gramaticalistas e traz a escrita como vocação.

As bases históricas do curso se constituem pelas condições de produção, que

no caso, privilegiavam a escrita. O Projeto de 2000 é pautado nessa FD.

Porém, as mudanças sociais e pedagógicas alteraram as necessidades.

As condições de produção atuais demandam que o ensino se centre na

produção enunciativa oral, por isso, o Projeto de 2010 é alterado em alguns

aspectos, mas não rompe por completo com o tradicional (ensino calcado na

gramática) devido a sua história e ideologias que estão impregnadas nele. A

FD presente no discurso do currículo atual é diferente da FD do anterior, pois

segundo Maingueneau (2007), a FD não é um bloco compacto e fechado, mas

se define a partir de uma incessante relação entre si.

À luz das ideias que aqui são defendidas, essas alterações podem ser

consideradas relevantes, mas a confirmação dessa opinião acontecerá apenas

67

daqui a quatro anos quando os primeiros alunos que passaram por este novo

currículo se tornarem profissionais. A nossa expectativa é que certas

dificuldades na produção enunciativa oral, tão evidentes nos professores de

hoje, sejam diminuídas e que o início do fim do ciclo de dificuldades nessa

modalidade tenha começado.

3.2 Apresentação e comentários sobre a análise dos questionários: em

busca da comprovação da dificuldade da produção enunciativa oral.

Temos comentado até as aqui dificuldades que apresentam os

professores de língua espanhola na enunciação oral. Tratamos das possíveis

causas e como elas vêm se apresentando dentro dos currículos. Torna-se

necessário, por isso, garantir nosso raciocínio com as vozes de professores

que atuam no estado de Mato Grosso.

Aplicamos um questionário (APÊNDICE I) a cinco professores que

atuam na rede estadual de ensino. O questionário consta de quatro perguntas

abertas e busca saber sobre a própria habilitação em Língua Espanhola. As

perguntas procuram saber: o que eles sugeririam ao programa de graduação

para aprimorar essa formação a partir do que eles constataram no seu

desempenho nas escolas; se eles se sentem inseguros em alguns aspectos do

trabalho com a Língua Espanhola e a que atribuem a insegurança; em que

dariam mais ênfase no currículo da habilitação e em que disciplina ou

disciplinas reduziriam a carga horária.

Dos cinco professores, três deles fizeram a graduação em Língua

Espanhola pela UFMT (entre 1996 e 2008) denominados de professor A, B e C,

um na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) em 2001, o professor D

e um na UNIVAG (Centro Universitário de Várzea Grande) em 2005, o

professor E.

Essa distribuição se tornou interessante, porque apesar serem

professores formados em universidades diferentes, nota-se que as formações

passaram praticamente pelos mesmos problemas.

Quanto aos respaldos vivencial e referencial que validam o

posicionamento dos cinco professores não revelaram contradições marcantes,

68

o que os insere na mesma formação discursiva ou em formações com

referenciais comuns.

As condições de produção dos processos de formação profissional dos

professores avalizam o que vem sendo sustentado neste trabalho. Apesar de

eles terem se graduado em três universidades diferentes e em momentos

históricos diversos. Apenas dois sujeitos da pesquisa se formaram no mesmo

período e na mesma universidade. Ainda assim os discursos se fundem na

formulação e na argumentação que indicam o funcionamento de uma

concepção comum do que é ensinar Língua Espanhola.

Vamos às apresentações das quatro perguntas e dos comentários.

a) Pergunta 1

Você pode considerar que a sua graduação em Língua Espanhola foi

satisfatória? Por quê?

60%20%

20%

Sim

Não

Em partes

Gráfico 1: Pergunta 1: Você pode considerar que a sua graduação em Língua Espanhola foi satisfatória? Por quê? Fonte: Dados coletados na pesquisa.

Diante das respostas observa-se que a maioria respondeu que a

graduação foi satisfatória. Quando explicaram o porquê, os que disseram sim

explicaram que tiveram bons professores - sem explicitar o que vem a ser um

“bom professor” - e alguns deles nativos - aparentemente considerando essa

característica determinante para ser bom profissional - o que segundo eles

exigia maior concentração e esforço para aprender, sem explicar este último

argumento.

69

O professor que considera a graduação satisfatória em partes, explicou

que aprendeu a Língua Espanhola, mas não como pretendia aprender no início

do curso – sem descrever como imaginava que seria. Ele considerou que sua

formação não pode ser considerada totalmente satisfatória por terminar com

deficiências na oralidade – o que permite inferir que nos outros aspectos foi

satisfatória.

O professor que respondeu “não” atribuiu a sua insatisfação ao fato de

não ter estudado fonética e sintaxe em Língua Espanhola e complementou

dizendo que não foi formado em Literatura Espanhola, pois as aulas, segundo

ele, quase não aconteciam.

Podemos observar, portanto, que na pergunta 1, o trabalho deficiente

com produção oral é apresentado como uma das insatisfações. Além de

perceberem a insuficiência de certas capacidades necessárias para dominar

uma LE, dadas as necessidades contemporâneas, estes professores, na

análise de aspectos que contribuiriam para o seu aprimoramento profissional,

sentiram a falta da fonética em E/LE.

Os currículos anteriores apresentavam o estudo da fonética como mais

um aspecto, sem muita relevância, junto aos outros conteúdos da disciplina de

E/LE. O novo currículo, de 2010, abre um espaço maior para esse trabalho

dispondo de 72h desse estudo. Estudar a fonética é relevante para a

aprendizagem de uma LE, pois é o momento de conhecer e contrastar os sons,

aos quais articulará na LE.

Os professores colocam que a formação em Letras não tem atendido as

exigências atuais necessárias para o conhecimento de uma LE, e que o aluno

entra no curso com a expectativa de realmente conseguir ser fluente em

espanhol. Como isso não acontece, as frustrações começam a marcar a sua

autopercepção como profissionais.

b) Pergunta 2

Você se sente inseguro em algum aspecto de seu trabalho? A que você

atribui a causa?

70

60%

0%

40%Sim

Não

Em partes

Gráfico 2: Pergunta 2: Você se sente inseguro em algum aspecto de seu trabalho? A que você atribui a causa? Fonte: Dados coletados na pesquisa.

Os professores atribuíram a insegurança a dois motivos. Um deles é a

falta de materiais didáticos como livros adequados aos diferentes públicos que

a escola pública atende, além de outros recursos didáticos. O outro motivo se

dá no campo da oralidade.

Ao serem perguntados sobre as causas de suas inseguranças,

responderam apenas sobre o segundo aspecto, atribuindo o problema à má

estruturação curricular e ao desempenho de alguns professores que, segundo

eles, deixou a desejar.

Há, portanto, a confirmação da dificuldade na enunciação oral.

Aodeclararem suas inseguranças, citam a de “falar em espanhol”. Segundo os

professores C e B,

Professor C - “Sinto-me insegura na hora de “hablar” espanhol”. Professor B - “Acredito que a minha insegurança se dê no campo da oralidade. Certamente, isso se dê pela má estruturação das disciplinas do currículo, bem como de bom senso e boa vontade de alguns professores efetivos da academia”. ”. (ANEXO I-B e ANEXO I-A).

A resposta do professor B confirma a análise curricular realizada quanto

à dificuldade de produção oral, que pode se dar pela má estruturação do

currículo.

Quando os professores respondem que sentem dificuldade em “falar em

espanhol”, infere-se que a dificuldade existe na produção de enunciados nessa

71

língua. Produzir enunciados é diferente de simplesmente falar. O ‘falar’ pode

ser pautado na reprodução de uma frase ou texto, enquanto produção de

enunciados é a elaboração do que se quer dizer e como se quer dizer

considerando o outro, pois ela se dá a partir da interação social.

Para enunciar e produzir discursos, não bastam apenas os

conhecimentos de aspectos formais da língua como morfologia e sintaxe, ou os

fonéticos e fonológicos, é preciso que considere os conhecimentos linguísticos,

“[...] mas também, a complexidade do sujeito e de sua identidade, bem como

suas representações de língua (seja a sua, seja a do outro), de nação (de

maneira análoga, a sua e a da LE)”. (DEL GREGO, 2009, p. 586).

Como nos explica Revuz (1998 apud DELGREGO, 2009, p. 586)

[...] a língua é o material fundador de nosso psiquismo e de nossa vida relacional e, por tal razão, toda e qualquer tentativa de aprender uma língua estrangeira vem modificar o que já nos está inscrito com as palavras da nossa primeira língua.

(REVUZ, 1998 apud DEL GREGO, 2009, p. 586).

c) Pergunta 3

Você tem algumas sugestões de alteração para o programa de

graduação a fim de eliminar as dificuldades constatadas no seu desempenho

profissional? Quais?

80%

20%

Sim

Não

Gráfico 3: Pergunta 3: Você tem algumas sugestões de alteração para o programa de graduação a fim de eliminar as dificuldades constatadas no seu desempenho profissional? Quais? Fonte: Dados coletados na pesquisa.

72

As sugestões apresentadas foram: que haja diminuição do acúmulo de

disciplinas para a habilitação dupla otimizando o tempo; que os professores de

didática trabalhem juntamente com o professor de E/LE aspectos relevantes

para o ensino desta língua estrangeira; que se tenha o estudo da fonética da

Língua Espanhola, da sintaxe e aulas de campo.

Na pergunta 3 os professores poderiam sugerir alterações no currículo.

Aqui foi possível observar que a maior parte dos professores concordam que a

produção oral deveria ser uma constante do início ao fim do curso e que a

fonética é essencial para o aprendizado de uma LE. Sendo assim, reafirma o

que temos dito sobre a distância entre o currículo e as necessidades atuais.

Professor D – “Penso que a Fonética da Língua Espanhola deveria ser uma constante em todos os semestres de duração do curso”. (ANEXO I-C).

Quando o professor D responde que é necessário o estudo da fonética

em todos os semestres, infere-se que a necessidade da produção oral se dá

em todos os semestres, e talvez ele tenha usado fonética como sinônimo de

produção oral.

As aulas de campo, como um dos professores colocou, deveriam

merecer maior relevância no currículo. O professor B que faz essa sugestão,

não explica de quais aulas de campo ele se refere. Portanto, é possível prever

dois tipos de aulas de campo: o contato direto com as escolas de ensino básico

e momentos de intercâmbios em países hispanofalantes.

O primeiro tipo se materializaria em um contato direto com a realidade

da escola, que seria interessante que acontecesse desde o primeiro ano do

curso, através da observação de como acontece o cotidiano escolar e como o

E/LE está inserido nesse contexto.

O estudo de uma LE, num patamar de profissionalização, precisa do

contato com falantes nativos em situações do quotidiano e isto envolve pelo

menos um período de imersão em países de Língua Espanhola. Esses

períodos poderiam ser previstos no currículo, não como mais uma disciplina,

mas como oportunidade para aqueles que quiserem e puderem participar

desse momento de imersão. No contexto mato-grossense as distâncias dos

países hispanofalantes são relativamente curtas e os custos razoáveis para o

73

público com que os cursos trabalham, tornando possível que todos ou, pelo

menos, a maioria dos estudantes participem destes períodos.

O contato direto com nativos contribuirá para a compreensão deste

outro, o qual tem estudado sobre sua língua e cultura. Não serão somente os

aspectos linguísticos que serão importantes neste contato, mas também a

compreensão da formação cultural e histórica desse sujeito.

Em relação à pergunta 3, um dos professores colocou como sugestão de

alteração do programa:

Professor A – “Os professores de didática poderiam abordar em suas aulas, juntamente com o professor de estágio de língua estrangeira em estudo, aspectos relevantes para o ensino da LE”. (ANEXO I).

Esta sugestão representa como muito tardiamente o profissional em

exercício percebe aspectos determinantes que não foram contemplados no

programa de sua habilitação.

A disciplina Didática está no currículo, porém refere-se a fundamentos

gerais da prática docente em função da língua portuguesa, o que naturalmente

não se coaduna com as necessidades do ensino de línguas estrangeiras. Isto

envolve consequências não pouco importantes no modo como o professor em

formação trata de compatibilizar dois desempenhos e duas estratégias de

ensino diferentes.

Os professores de LE nas universidades, oriundos de cursos com

características semelhantes, demonstram não contar com subsídios didáticos

necessários para suprir necessidades práticas do exercício profissional.

d) Pergunta 4

Se você pudesse alterar o currículo, em que disciplinas você daria mais

ênfase e em quais você reduziria a carga horária?

74

40%

60%

Reduziria a CH

Não reduziria a CH

Gráfico 4: Pergunta 4: Se você pudesse alterar o currículo, em que disciplinas você daria mais ênfase e em quais você reduziria a carga horária? Fonte: Dados coletados na pesquisa.

Os professores que não reduziriam a carga horária acreditam que este

não seria o caminho para a adequação do curso ao atendimento das

necessidades apresentadas.

Quando perguntados sobre em quais disciplinas dariam mais ênfase, a

maioria das respostas (80%) considerando os dois grupos, responderam que

seria na Língua Espanhola e alguns ressaltaram que seria na fonética desta

língua. Também responderam que dariam ênfase nas práticas curriculares

visando à futura aplicabilidade destas, aliando teoria à prática.

Aqueles que responderam que reduziriam a carga horária, disseram que

o fariam nas disciplinas de literaturas por julgarem de menos importância na

preparação para o ensino de LE.

Quatro dos cinco professores concordam que deveria ser dada mais

ênfase ao ensino do E/LE. As respostas dadas a essa última pergunta,

enfatizaram a necessidade da produção oral no programa.

Professor E – “Daria más énfasis en la lengua española”. Professor D – “Se isso fosse possível, proporia que todas as disciplinas do curso fossem ministradas em Língua Espanhola, não diminuiria a carga horária de nenhuma e se pudesse até aumentava a de todas mesmo aquelas referentes a Língua Portuguesa e daria mais ênfase nos aspectos fonéticos”. (ANEXO I-D e ANEXO I-C).

Percebe-se que os professores se mostram preocupados com a

produção oral, por isso o desejo de que outras disciplinas do curso fossem

75

também ministradas em espanhol, pois assim teriam maior contato com a

língua. Os aspectos fonéticos que tanto eles dão relevância estão diretamente

ligados à importância que dão a produção oral, porém utilizam o termo fonética

generalizando todo o trabalho com a oralidade.

Alguns dos professores colocaram que existem disciplinas no programa

que poderiam sofrer redução de carga horária, enquanto que a de Língua

Espanhola deveria ganhar mais espaço.

A redução da carga horária da disciplina de Literatura foi comentada por

um dos entrevistados, ao ressaltar que se pudesse diminuir o número de horas

de algumas disciplinas, o faria com as literaturas. Consideramos que a

literatura em língua estrangeira, quando em função da formação eficaz do

profissional dessas línguas, é relevante na transmissão e justificação de

referências que configuram as nacionalidades e justificam comportamentos que

se materializam contemporaneamente, inserindo-os na história. Essas

literaturas são importantes como registros da língua em usos que se afastam

do quotidiano.

Ideologicamente a Literatura é considerada essencial para o graduado

em Letras, isso porque ainda é vista com o papel de preparar intelectuais para

o exercício das altas atividades culturais, quando, na verdade, ela é

complementar para a formação.

O acesso a este tipo de referências da língua, do comportamento e da

história é necessário no processo de formação profissional, mas o seu espaço

curricular não deve afetar o foco do objetivo prático da habilitação: produção de

capacidades voltadas para a prática do ensino da Língua Espanhola. A opinião

do professor abaixo, construída a partir do senso comum, endossa o que vimos

sustentando:

Professor C – “Daria mais ênfase em Língua Espanhola e reduziria a carga horária das Literaturas. Não é por não achar importante as Literaturas, mas a realidade é que você como professor não é cobrado nessa parte, os alunos lhe cobram gramática e oralidade (pronúncia)”. (ANEXO I-B)

O espaço que a Literatura ocupa no ensino de LE nos programas dos

cursos de Letras é mais por questões tradicionais que práticas. A inserção dela

76

se dá pelo argumento de que ela é necessária para o ensino das culturas.

Segundo Valdes (1986, p.137 apud FLORES, 2006, p.3),

A afirmação de que a literatura pode ser usada para ensinar cultura é provavelmente aceita com tanta amplidão que se transformou em clichê. (...) Simplesmente é tido como dado que a literatura é componente viável nos programas de segunda língua num nível apropriado e que uma das principais funções da literatura é servir de veículo para transmitir a cultura do povo que fala a língua em que ela está escrita. (VALDES, 1986, p.137 apud FLORES, 2006b, p.3)

De acordo com Flores (2006b, p. 4) “[...] o recurso à literatura tem sido

mais para reforçar a atividade de leitura do que como meio para acessar a

aspectos da cultura-alvo”. Entende-se ao longo dos tempos que a Literatura no

ensino de LE precisa acontecer, porém ela não tem sido utilizada como objeto

principal, mas sim como pretexto para se trabalhar gramática, tradução, leitura.

Nesse sentido, endossamos as palavras de Flores (2003, p. 74-75 apud

OLIVEIRA, 2008, p. 76) quanto ao tratamento atual do literário:

a- inexiste uma concepção de literatura em função do ensino de LNM5; b- as escolhas do literário por professores, autores e coordenadores parecem obedecer a decisões voluntaristas; c- o foco dos exercícios propostos em LD6 visa mais ao lexical e à sintaxe verbal do que à produção discursiva; d- a textualidade própria do recorte e as condições de produção que o remetem à obra são desconsideradas e e- apesar de se tratar de uma produção discursiva em LNM, o relacional não é levado em conta. (FLORES, 2003, p. 74-75

apud OLIVEIRA, 2008, p.76).

O foco desta pesquisa não é mudar o currículo do curso de Letras, pois

isso foge da nossa alçada. O que vem funcionando em todo este trabalho é um

processo de problematizações que resultem em sugestões de forma a

aproximar mais o currículo da sua função: instrumento para a consecução de

objetivos em função das necessidades que a sociedade cobra da escola num

momento histórico dado.

Sendo assim, faremos aqui uma proposta de Formação Continuada (FC)

a fim de tentar compensar algumas das deficiências deixadas pela FI, mesmo

5 Verificar na lista de abreviações. 6 Verificar na lista de abreviações.

77

sabendo que esta não é a função principal da FC, mas é uma solução paliativa

diante do quadro que se mostra de dificuldades apresentadas pelos

professores de E/LE. O foco desta proposta de FC será na produção

enunciativa oral por ser um dos aspectos de atenção necessária em função do

atendimento às expectativas da escola e sociedade. Procuramos com essa

proposta minimizar as deficiências na produção enunciativa oral que foram

demonstradas aqui.

3.3 Formação Continuada: uma proposta para amenizar as dificuldades de

produção enunciativa oral dos professores de Língua Espanhola.

“[...] aprender uma língua estrangeira é afrontar um espaço silencioso no qual é preciso se inventar para dizer eu”. (REVUZ, 1998, p. 228).

Como temos argumentado, as dificuldades de produção enunciativa oral

são definidoras da qualidade do desenvolvimento de capacidades na formação

de profissionais das Línguas Estrangeiras. Grande parte dos professores

formados na habilitação de Língua Espanhola sente dificuldade em utilizar em

sala de aula. Assim, os professores evitam o recurso a ela no seu desempenho

didático e acabam dando as aulas em português.

Essa afirmação se respalda pelo contato direto com vários professores

que atuam na rede pública estadual de ensino através dos cursos que

ministramos no Cefapro além do contato com colegas de trabalho e

colegas/professores que se formaram junto conosco e agora através da

pesquisa com os professores/sujeitos do nosso trabalho.

Dada a impossibilidade de interferência no currículo da universidade,

buscando adequação às necessidades sociais atuais, a Formação Continuada

vem como meio de aprimoramento da produção enunciativa oral dos

professores de Língua Espanhola.

A FC existe em função da satisfação das necessidades contemporâneas

de readequação da escola às mudanças de condições da sociedade. As

relações diretas entre pessoas de línguas diversas facilitadas pelas recentes

tecnologias, a circulação da informação sobre o cotidiano, a política, a

78

tecnologia e os processos produtivos, tudo com uma vigência de validade que

é posta em xeque pela própria dinâmica dessa circulação exigem outro

patamar de conhecimento da Língua Estrangeira.

Pesquisadores da Linguística Aplicada coincidem na postura que se

defende neste trabalho quanto à relação entre a teoria e a prática. Leffa (2001,

p. 334), por exemplo, afirma que:

[...] a sala de aula não é redoma de vidro, isolada do mundo, e o que acontece dentro dela está condicionado pelo que acontece lá fora. Os fatores que determinam perfil do profissional de línguas dependem das ações, menos ou mais explícitas, conduzidas fora do ambiente estritamente acadêmico e que afetam o trabalho do professor. (LEFFA, 2001, p. 334)

A coincidência entre posturas se dá porque tanto a Linguística aplicada

como a AD concebem a linguagem em função social, a linguagem em uso.

A Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso (SEDUC/MT)

compreende que a FC, não é um momento único e passageiro, mas um longo

processo de desenvolvimento profissional. É necessário que o professor esteja

sempre em busca de respostas para os próprios questionamentos sobre suas

disciplinas, suas referências e atitudes, dado que assume uma postura crítica,

o que envolve a possibilidade efetiva de realizar mudanças.

Como defende Freire (1996, p. 43-44),“[...] é pensando criticamente a

prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.

É preciso lembrar que a adequação da produção enunciativa dos

professores de E/LE é importante não somente para eles próprios como

sujeitos, mas também para seus alunos porque oportuniza a eles uma

aprendizagem qualitativamente superior em sintonia com as exigências atuais.

Um de nossos princípios iniciais é que o aluno deve aprender a usar o idioma

em diferentes situações e que ele vai atribuir relevância ao seu aprendizado na

medida em que o mesmo supre suas necessidades de uso da língua.

Consegue-se criar condições para um processo de atribuição de

relevância aos conteúdos a partir do aluno, e não unilateralmente do professor,

mediante a aplicação de um trabalho didático preferencial de remissão das

atividades ao universo vivencial do estudante atendendo às suas necessidades

enunciativas.

79

Antes da elaboração da proposta, foi preciso ouvir e conhecer de que

modo estavam postos os discursos produzidos pelos professores. Percebemos

então que ferramentas da AD como a história, a ideologia e as condições de

produção nos ajudaram para a elaboração efetiva da nossa proposta.

A iniciativa que segue deve atender aos professores da rede pública de

ensino através de um curso. A forma ideal para tal seria via Cefapro, por ser

este um órgão da SEDUC/MT, que atua na FC do público referido. Assim, este

projeto foi pensado a partir da premissa de que o professor deve estar de

posse das capacidades básicas e se sentir seguro no uso da Língua Espanhola

para, em seguida, desempenhar seu trabalho didático com os alunos.

Porém, esta proposta poderá também ser executada em outros órgãos

que trabalham com Formação Continuada. É o caso do Instituto Federal de

Tocantins (IFTO), instituição onde trabalho atualmente como professora de

E/LE. O IFTO – campus Paraíso do Tocantins também promove a FC para

professores da própria instituição, como também, para professores da rede

pública estadual, sendo assim, um local onde poderá ser aplicada a proposta.

Ainda que as discussões tenham sido pensadas e pautadas na realidade

mato-grossense, nada impede que as ações sejam aplicadas a outras

realidades, pois a dificuldade na produção enunciativa oral dos professores de

E/LE infelizmente não se restringe ao contexto de Mato Grosso, mas está

presente em todo o território nacional.

Existe também a expectativa quanto à produtividade com o número de

cursistas proposto que é de vinte (20). Acreditamos ser um bom número para

desenvolvermos o trabalho com a produção enunciativa oral, pois mais

professores/cursistas poderiam prejudicar o resultado esperado.

A proposta tem a seguinte organização:

Curso: Professores de Língua Espanhola: em busca da adequação da

produção enunciativa oral.

Duração: 40h – com encontros de uma vez por semana totalizando 12

encontros de 3 horas e 1 de 4 horas (aproximadamente 3 meses) e mais 20h

de atendimento pessoal (considerando uma hora para cada cursista).

Público: Professores de Língua Espanhola que atuam na rede pública de

ensino.

80

Local: a ser organizado por polos para facilitar o acesso do professor/cursista.

Vagas: 20

Modo do curso: Presencial

Observação: antes do início do curso é importante fazer uma sondagem sobre

os melhores horários para a aplicação do mesmo.

Plano de curso

Ementa

Desenvolvimento da produção enunciativa oral em Língua Espanhola através

de atividades que envolvam situações do cotidiano.

Objetivo geral

Aprimorar a produção enunciativa oral dos professores de E/LE.

Objetivos específicos

- Propiciar momentos de reflexão sobre o uso da Língua Estrangeira, bem

como da produção enunciativa oral;

- Relevar as diferenças entre a Língua Portuguesa e a Espanhola;

- Aproximar os professores de aspectos fonéticos e fonológicos da Língua

Espanhola.

Metodologia

No primeiro momento, traremos a discussão sobre a importância de se

trabalhar um curso de produção enunciativa oral. Nessa discussão,

pretendemos ouvir os professores/cursistas sobre seus anseios e expectativas,

as dificuldades que sentem na sua prática quanto a produção oral, além de

explicitarmos os objetivos e metodologia do curso.

A metodologia consiste no desenvolvimento da produção enunciativa

oral que se baseia na detecção, na descrição e na produção. Esta sequência

busca a não reprodução imitativa, mas a produção enunciativa de

necessidades discursivas.

Para desenvolver a oralidade é preciso que o aluno não tenha medo de

falar errado, por isso, é importante que ele tome conhecimento que para a

produção de um texto oral é preciso três fundamentos: os conhecimentos

81

sistêmicos que englobam os estudos fonéticos e fonológicos; o conhecimento

de mundo que são as situações do cotidiano; e o conhecimento da organização

da estrutura de um texto, se dissertativo, narrativo. (LIMA; SCHIER, 2010)

Serão trabalhados os aspectos fonéticos e fonológicos, a fim de ressaltar

as peculiaridades da LE. Nesse momento o professor deve estar atento às

relações que os cursistas farão naturalmente quanto à relação entre as línguas

espanhola e portuguesa. O trabalho não deve ser o de imitação dos nativos,

mas de conhecimento dos aspectos fonéticos e fonológicos da Língua

Espanhola. Se o ensino for centrado na forma (na pronúncia correta), pode ser

um obstáculo para que o aprendiz se enuncie na LE.

O reconhecimento da relação português-espanhol determina o modo

como acontece a aprendizagem de E/LE. Segundo Flores (2006),

A LM está na base de todo esforço de naturalização/adequação para que o recorte discursivo em LNM possa existir enquanto acontecimento significante. Isto, quer seja privilegiando o aspecto perceptivo do uso linguístico -- a interpretação (leitura, compreensão auditiva) --, quer seja focalizando o seu lado produtivo: a produção oral e escrita. (FLORES, 2006b, p. 2).

O aprendiz de uma LE encontra na LM um instrumento para sua

aprendizagem devido ao longo percurso de sua história com sua língua.

Certamente essa história justificará dificuldades decorrentes do seu percurso

de aprendizagem e das inevitáveis marcas identitárias, que em qualquer sujeito

enunciador, vêm sempre à tona.

Não se trata aqui de um estudo aprofundado em fonética e fonologia,

mas de fazermos uma breve retomada deste assunto a fim de diminuir marcas

evitáveis do português no espanhol atenuando também as dificuldades de

interação discursiva e de compreensão. O estudo da fonética, segundo Flores

(2010) é

Una herramienta de mucha utilidad para aclarar detalles de la pronunciación en una lengua extranjera y estabilizarla para que el hablante en formación tenga referencias adecuadas (…). La misma consiste, como su nombre lo indica, en codificar los sonidos aislados, dentro de una palabra o en una cadena sonora más amplia que corresponde a grupos acentuales y fónico a partir de uno de los alfabetos fonéticos (el de la Revista de Filología Española –RFE—o el Alfabeto Fonético Internacional –AFI). (FLORES, 2010, p. 25).

82

Para muitos, o aprendizado de uma LE é algo difícil, produzir enunciados

é vista como uma tarefa árdua, pois

[...] a não inscrição do sujeito no discurso da língua estranha levaria à necessidade de criar novos enunciados nessa língua, uma vez que, nela, o sujeito não disporia de já-ditos, como na língua materna. (ROSA, 2006. p. 2).

As dificuldades na aprendizagem de LE segundo Revuz (1998, p. 216)

ocorrem porque o “Objeto de conhecimento intelectual, a língua é também

objeto de uma prática. Essa prática é ela própria, complexa”. A prática a que

ela se refere é a de troca discursiva, a de relacionar-se com os outros, na qual

põe todo o aparelho fonador em jogo.

Torna-se difícil se expressar em uma LE porque é necessário trabalhar o

corpo, os ritmos, a entonação e a memorização das estruturas linguísticas. De

acordo com Revuz (1998, p. 217) uma das hipóteses para os insucessos deve-

se a “[...] uma incapacidade de ligar estas três dimensões: afirmação do eu,

trabalho do corpo, dimensão cognitiva”.

Após um breve trabalho com fonética e fonologia, será trabalhada a

produção enunciativa a partir de recortes de uso em situações reais (notícias,

filmes, canções, entrevistas).

Nessa etapa serão introduzidos assuntos que propiciem uma interação

entre os cursistas. A interação será buscada através de propostas de debates,

posicionamentos diante de uma notícia, ou entrevista, a interpretação de

músicas e compreensão de filmes, além de assuntos pensados sob os

aspectos específicos do trabalho do professor, relacionados à escola onde

atua, aos seus alunos e às inquietações e situações que o cursista queira

abordar sobre o quotidiano. Para isso, o professor/cursista precisará se

enunciar na Língua Espanhola.

Para essas produções orais, será observada a questão da entonação,

que, sem o recurso da explicitação das palavras, externa o lado afetivo da

enunciação.

Durante o curso, está contemplado o atendimento personalizado com

agendamento de uma hora para cada cursista considerando as necessidades

detectadas por eles e/ou o professor. Dado que as dificuldades são na

produção oral, mas que cada um as apresentam em aspectos diferentes,

83

caberá ao professor colaborar diretamente na diminuição dessas dificuldades,

apontando meios em que eles possam buscar melhor desempenho.

Conteúdo programático

a) Produção enunciativa oral através de temas que propiciem a

construção da argumentação, posicionamentos e interpretações;

b) Fonética e fonologia da Língua Espanhola;

c) Entonação.

Recursos materiais

a) Computador e datashow;

b) Caixa de som;

c) Dvds, Cds;

d) Internet;

e) Cópias de textos e atividades para os cursistas;

f) Pincel, quadro branco.

Avaliação

A avaliação será contínua e se dará em vários momentos ao longo do curso.

Será através das produções orais e propiciadas pelas atividades.

84

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A finalização desta pesquisa me mostrou que o trabalho está apenas

começando e deixa um desejo ainda maior em investigar os currículos e a

formação de professores. Muitos aspectos que estão em torno dessas

questões, não puderam ser tratados nessa pesquisa para que o objetivo não

fosse desviado ficando, portanto, para outro momento.

A formação de professores é um assunto que sempre me atraiu, pois ela

é responsável pela qualidade dos profissionais em atuação nas escolas.

Existem muitas discussões em torno da formação, porém poucas ações para a

melhoria dela.

O surgimento da pesquisa se deu exatamente por esta preocupação: a

da qualidade dos profissionais que atuam e que irão atuar nas escolas. Desde

o princípio a ideia era a de investigar os motivos das dificuldades apresentadas

pelos professores de E/LE, porém não parar o trabalho na investigação, mas

propor sugestões para minimizar o problema. O trabalho não só mostra onde

se instaura o problema, mas aponta caminhos que possam amenizá-lo.

A Análise do Discurso e suas ferramentas serviram como pedras

fundamentais para esse trabalho. A compreensão de quem é o sujeito, a forma

com se dá seu assujeitamento, as ideologias que o marcam, as condições de

produção - que se dão em um dado momento histórico - capazes de inseri-lo

em uma Formação Discursiva fizeram-me entender e situar o “eu” e o “outro”

dentro do discurso.

Além disso, a compreensão de enunciado e discurso, foi essencial para

entender e justificar a necessidade da abordagem enunciativa oral.

Temos afirmado que para termos um ensino mais centrado na produção

enunciativa, o ideal seria a mudança na concepção do currículo de forma que

ele estivesse atrelado às condições da atualidade. Observa-se também que a

forma como a ‘prática oral’ tem acontecido, centrada na pronúncia imitativa do

nativo, torna-se, muitas vezes, um obstáculo para que se desenvolva a

produção enunciativa oral. As marcas da Língua Materna são inevitáveis ao se

pronunciar em LE, porém os currículos deveriam ser mais tolerantes a isso,

mostrando que se deve evitar a interlíngua e que a pronúncia como o nativo

não é a única correta e aceitável. O mais importante é que ele consiga se

85

enunciar de forma que se faça compreendido, colocando suas ideias, seus

posicionamentos sem muitas dificuldades. Dessa forma, o aprendiz se sentirá

mais encorajado a falar.

Na FI o foco no ensino tradicional ainda permanece, porém com a nova

estrutura curricular, abriu-se mais espaço para a produção enunciativa, o que

possivelmente concretizará numa formação mais próxima a atender as

expectativas da sociedade.

Na FC de professores em Língua Espanhola, algumas ações vêm

ocorrendo, mas o que percebi é que muitas continuam centradas no

tradicionalismo, privilegiando a escrita. Por isso, a preocupação dessa

pesquisa é em não só ofertar mais uma proposta de curso, mas ofertar uma

proposta de curso diferenciada que busca atender realmente as necessidades

tanto do profissional quanto da sociedade.

Durante os estudos para essa pesquisa, observei que a oralidade pode

ser trabalhada em dois principais eixos: o da reprodução e o da produção.

Observei também que muitos professores reclamam a falta do trabalho com

oralidade na FI e que essa falta reclamada, na maioria das vezes, é

relacionada a produção enunciativa. De acordo com os professores a FI oferta

alguns momentos de reprodução oral e pouco, ou não, oferece atividades de

produção, o que os faz ter dificuldades em se expressar de forma livre e segura

em E/LE.

Observei que as condições sócio-históricas é um fator determinante para

a adequação do currículo. Quando tratamos dos primeiros cursos de Letras no

Brasil e de como eles se estruturavam, percebi que foram pensados em

atender as necessidades daquele momento, no caso, se voltavam aos estudos

das línguas clássicas, o que se dava prestígio. Como as necessidades vão

mudando ao longo da história, o currículo precisa estar atento a elas e buscar

se adequar. Desde a criação dos primeiros currículos até agora, mudanças

ocorreram, porém em alguns momentos tem-se perdido o objetivo, ou o

objetivo não é o de adequação às necessidades contemporâneas.

Suponho que este trabalho tenha contribuído para os estudos

relacionados à formação de professores de E/LE e ao currículo. A experiência

vivida como professora de Língua Espanhola e formadora no Cefapro foi

enriquecedora para a realização desta pesquisa.

86

Assim, termino não com a sensação de trabalho cumprido, mas com

duas certezas: a de que há muito que fazer na área de formação de

professores e a de que este é meu começo como pesquisadora desse assunto.

87

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94

APÊNDICE

95

APENDICE I: Questionário de pesquisa

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Linguagem

Mestrado em estudos de Linguagem

Este questionário faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Formação

continuada: um caminho para a adequação da produção enunciativa dos

professores de língua espanhola do estado de Mato Grosso”. Nele você

responderá perguntas que endossará nossos estudos sobre o currículo da

universidade.

1 – Você pode considerar que a sua graduação em Língua Espanhola foi

satisfatória? Por quê?

2 – Você se sente inseguro em algum aspecto de seu trabalho? A que você

atribui a causa?

3 – Você tem algumas sugestões de alteração para o programa de graduação

a fim de aprimorar as dificuldades constatadas no seu desempenho

profissional? Quais?

4 – Se você pudesse alterar o currículo, em que disciplinas você daria mais

ênfase e em quais você reduziria a carga horária?

Muito obrigada pela sua colaboração.

96

ANEXOS

97

ANEXO I: Questionário respondido pelo professor A

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Linguagem

Mestrado em estudos de Linguagem

Este questionário faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Formação

continuada: um caminho para a adequação da produção enunciativa dos

professores de língua espanhola do estado de Mato Grosso”. Nele você

responderá perguntas que endossará nossos estudos sobre o currículo da

universidade.

1 – Você pode considerar que a sua graduação em Língua Espanhola foi

satisfatória? Por quê?

Em partes sim, não posso desvalorizar tudo que aprendi no curso, aprendi muita coisa

de verdade e o curso me foi bem proveitoso e satisfatório (pelo menos na Língua

Espanhola). Mas é bem verdade que imaginava sair da graduação bem mais

“preparada”, principalmente na parte da oralidade.

2 – Você se sente inseguro em algum aspecto de seu trabalho? A que

você atribui a causa?

Sinto-me insegura na hora de “hablar” espanhol, acredito que isso se deva ao fato de

nunca ter me esforçado muito em falar em espanhol, por vergonha ou preguiça. O

curso também deixa a desejar nessa parte, em alguns momentos.

3 – Você tem algumas sugestões de alteração para o programa de

graduação a fim de aprimorar as dificuldades constatadas no seu

desempenho profissional? Quais?

Acredito que o estudante precisa ter mais “contato” com a língua desde o início, por

exemplo, quando era caloura, meus colegas e eu praticamente corríamos atrás de um

nativo para ouvi-lo falar, por ter interesse mesmo nesse contato. Mas, ao mesmo

tempo em que corríamos atrás de um nativo, fugíamos dos professores que insistiam

para nos ouvir falar em espanhol.

Outra coisa que senti falta no curso foi um aprofundamento maior na gramática

espanhola, por exemplo, não vimos analise sintática na língua.

4 – Se você pudesse alterar o currículo, em que disciplinas você daria

mais ênfase e em quais você reduziria a carga horária?

Daria mais ênfase em Língua Espanhola e reduziria a carga horária das Literaturas.

Não é por não achar importante as Literaturas, mas a realidade é que você como

professor não é cobrado nessa parte, os alunos lhe cobram gramática e oralidade

(pronúncia).

Muito obrigada pela sua colaboração.

98

ANEXO I-A: Questionário respondido pelo professor B

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Linguagem

Mestrado em estudos de Linguagem

Este questionário faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Formação

continuada: um caminho para a adequação da produção enunciativa dos

professores de língua espanhola do estado de Mato Grosso”. Nele você

responderá perguntas que endossará nossos estudos sobre o currículo da

universidade.

1 – Você pode considerar que a sua graduação em Língua Espanhola foi

satisfatória? Por quê?

Não foi satisfatória. A minha a habilitação em Língua Espanhola foi ruim, tendo em

vista que disciplinas que julgo serem fundamentais para se compreender,

estruturalmente, qualquer Língua não foram contempladas, notadamente

Fonética,Sintaxe. Outro ponto que acredito ser relevante dizer é referente a Literatura

Espanhola: NÃO FUI FORMADA EM LITERATURA ESPANHOLA. AS AULAS QUASE

NÃO ACONTECIAM, NÃO HAVIA PROFESSOR. No entanto, devo dizer que a

disciplina de Literatura Latino-americano foi ótima.

2 – Você se sente inseguro em algum aspecto de seu trabalho? A que

você atribui a causa?

Acredito que a minha insegurança se dá no campo da oralidade. Certamente, isso se

dê pela má estruturação das disciplinas do currículo, bem como de bom senso e boa

vontade de alguns professores efetivos da academia.

3 – Você tem algumas sugestões de alteração para o programa de

graduação a fim de aprimorar as dificuldades constatadas no seu

desempenho profissional? Quais?

Aulas de campo, de Sintaxe, de Fonética, laboratório de Línguas,

4 – Se você pudesse alterar o currículo, em que disciplinas você daria

mais ênfase e em quais você reduziria a carga horária?

Bom, se pensarmos que as disciplinas que tive foram: Língua Espanhola I, II,III,IV,

Literatura Espanhola e Latino –americana, Prática de ensino de L. Espanhola, não

acredito que o caminho seja pela redução de carga horária. Talvez uma organização

que perceba as dificuldades do aluno. As mudanças devem ser feitas a partir das

necessidades reais dos alunos.

Muito obrigada pela sua colaboração.

99

ANEXO I-B: Questionário respondido pelo professor C

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Linguagem

Mestrado em estudos de Linguagem

Este questionário faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Formação

continuada: um caminho para a adequação da produção enunciativa dos

professores de língua espanhola do estado de Mato Grosso”. Nele você

responderá perguntas que endossará nossos estudos sobre o currículo da

universidade.

1 – Você pode considerar que a sua graduação em Língua Espanhola foi

satisfatória? Por quê?

Sim. Apesar de ter sido realizada em caráter de habilitação especial, ou seja,

em apenas 24 meses, como tínhamos apenas disciplinas relacionadas à língua

espanhola e às literaturas espanhola e hispano-americana, o que se configurou em

uma carga horária maior e a possibilidade de ter aulas com um corpo docente falante

nativo, e quase em sua totalidade, não falantes de português, exigiu uma

concentração e um esforço maior para aprender.

2 – Você se sente inseguro em algum aspecto de seu trabalho? A que

você atribui a causa?

Não sei se chamaria de insegurança, penso que o mais me incomoda ao

ministrar minhas aulas é a falta de recursos tecnológicos da instituição, pois na maioria

das vezes, tenho de utilizar não apenas meus próprios livros, como também meu

próprio computador, datashow, som, ou seja, carregar o aparato que deveria estar à

minha disposição nas próprias costas.

3 – Você tem algumas sugestões de alteração para o programa de

graduação a fim de aprimorar as dificuldades constatadas no seu

desempenho profissional? Quais?

Ao observar as matrizes das licenciaturas em Letras é inevitável perceber o acúmulo de disciplinas, uma vez que o aluno se habilita duplamente na língua materna e na língua estrangeira, sem esquecer as respectivas literaturas, penso que a otimização do tempo seria de grande, assim proponho:

As disciplinas de Textos Fundamentais deveriam introduzir em suas referencias os textos clássicos ou basilares da literatura de língua estrangeira em estudo, mesmo que traduzidos;

O mesmo com as teorias literárias: da narrativa e da poética, oferecer textos da literatura de língua estrangeira em estudo;

100

Os professores de didática poderiam abordar em suas aulas, juntamente com o professor de estágio de língua estrangeira em estudo, aspectos relevantes para o ensino da LE;

Nas disciplinas de lingüística dispensar atenção especial ao alfabeto fonético, com isso os alunos avançariam na produção oral.

4 – Se você pudesse alterar o currículo, em que disciplinas você daria

mais ênfase e em quais você reduziria a carga horária?

Para ser coerente com minha resposta anterior, não acredito que reduzir carga horária seja viável, pois pouco mais de 3.800 horas para uma formação dupla como a de Letras não é grande coisa.

Quanto à ênfase, esta se daria não necessariamente nas disciplinas, mas nas práticas curriculares, com proposição de atividades coerentes com o nível de conhecimento dos alunos e com a futura aplicabilidade destas, ou seja, o eterno dilema de aliar teoria à prática.

Muito obrigada pela sua colaboração.

101

ANEXO I-C: Questionário respondido pelo professor D

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Linguagem Mestrado em estudos de Linguagem

Este questionário faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Formação

continuada: um caminho para a adequação da produção enunciativa dos

professores de língua espanhola do estado de Mato Grosso”. Nele você

responderá perguntas que endossará nossos estudos sobre o currículo da

universidade.

1 – Você pode considerar que a sua graduação em Língua Espanhola foi

satisfatória? Por quê?

Sim. Fiz Graduação na Universidade Federal de Santa Catarina de 1997 a 2001.

Considero minha graduação ótima. Meus professores são ótimos também: Alai Garcia

Dinis; Luizete Guimarães Barros; Philipe Humblé; Rafael Carmorlinga; Valter Carlos

Costa; Odilia Carreirão Ortiga; Mauri Furlan; Sergio Lopes e outros que nos mostraram

e ensinaram bem muito bem não só a Língua Espanhola, mas todas as disciplinas do

curso.

2 – Você se sente inseguro em algum aspecto de seu trabalho? A que

você atribui a causa?

Se a pergunta se refere a minha atuação como professora de Língua Espanhola,

poucas foram as vezes que me senti insegura. E as vezes que isso aconteceu foram

aspectos mais da Língua Portuguesa que da Espanhola. Mas penso também que se

paramos de praticar o idioma começamos a esquecer alguns aspectos importantes,

principalmente aqueles mais específicos.

3 – Você tem algumas sugestões de alteração para o programa de

graduação a fim de aprimorar as dificuldades constatadas no seu

desempenho profissional? Quais?

Penso que a Fonética da Língua Espanhola deveria ser uma constante em todos os

semestres de duração do curso. No meu ponto de vista, a fonética é a parte mais

importante para a aprendizagem de uma Língua Estrangeira.

4 – Se você pudesse alterar o currículo, em que disciplinas você daria

mais ênfase e em quais você reduziria a carga horária?

Se isso fosse possível, proporia que todos as disciplinas do curso fossem ministradas

em Língua Espanhola, não diminuiria a carga horária de nenhuma e se pudesse até

aumentava a de todas mesmo aquelas referentes a Língua Portuguesa e daria mais

ênfase nos aspectos fonéticos.

Muito obrigada pela sua colaboração.

102

ANEXO I-D: Questionário respondido pelo professor E

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Linguagem

Mestrado em estudos de Linguagem

Este questionário faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Formação

continuada: um caminho para a adequação da produção enunciativa dos

professores de língua espanhola do estado de Mato Grosso”. Nele você

responderá perguntas que endossará nossos estudos sobre o currículo da

universidade.

1 – Você pode considerar que a sua graduação em Língua Espanhola foi

satisfatória? Por quê?

_Si, porque allá de conocimiento lingüístico, He aprendido sobre la historia de la

lengua y la cultura hispánica. Mi trayectoria fue muy buena, pues tuve buenos

profesores, Buenos compañeros de clase, incluso en mi grupo tenia un boliviano que

me ayudaba con el español mientras yo le ayudaba con el portugués, creo que por eso

siempre saque buenas notas.

2 – Você se sente inseguro em algum aspecto de seu trabalho? A que

você atribui a causa?

_Si, atribuyo a falta de materiales didácticos, pues trabajo con educación de jóvenes y

adulto (EJA) y no hay materiales específicos para esa clientela, tengo que quedar

adaptando materiales para trabajar.

3 – Você tem algumas sugestões de alteração para o programa de

graduação a fim de aprimorar as dificuldades constatadas no seu

desempenho profissional? Quais?

No, pues como he dicho, mi dificultad es falta de materiales especifico para trabajar

con mis alumnos.

4 – Se você pudesse alterar o currículo, em que disciplinas você daria

mais ênfase e em quais você reduziria a carga horária?

Daria más énfasis en la lengua española, en la lengua portuguesa y en la didáctica,

son las que más el profesor de educación básica necesita para desarrollar un buen

trabajo. Creo que las otras no tienen tantas relevancias para la enseñanza.

Muito obrigada pela sua colaboração.

103

ANEXO II

CRIAÇÃO DA HABILITAÇÃO: LÍNGUA PORTUGUESA/ LÍNGUA

ESPANHOLA DO CURSO DE LETRAS

104

105

106

107

108

109

110

111

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120

121

122

123

124

125

126

127

128

ANEXO III

PROJETO PEDAGÓGICO/2000

129

130

131

132

133

134

135

136

137

138

139

140

141

142

143

144

145

ANEXO IV

PROJETO PEDAGÓGICO/2011

146

PROJETO PEDAGOGICO

I- DADOS INSTITUCIONAIS

II -PERFIL DO CURSO DE LETRAS

O Curso de Licenciatura em Letras e suas respectivas habilitações: Português

Literatura, Português Inglês, Português Francês, Português Espanhol e suas Literaturas

tem como objetivo promover a formação científico-emancipatória do profissional que

habilita. Para tanto, busca articular ensino, pesquisa e extensão em nível de graduação e

pós-graduação.

Tem como objetivo principal, em nível de graduação, formar professores de

Língua Portuguesa e suas Literaturas, Língua Espanhola e Literaturas, Língua Inglesa e

Literaturas, Língua Francesa e Literatura para o ensino fundamental e médio.

Os objetivos fundamentais destas licenciaturas são :

● Integrar as funções da Universidade que pressupõem o envolvimento do professor

(ensino, pesquisa e extensão) com a produção do conhecimento, cujo objetivo maior é

propiciar melhores condições de vida à comunidade;

● Centralizar a formação do professor na realidade sócio-econômica e cultural do país,

de modo que o processo acadêmico a ser desenvolvido venha contribuir para que o

docente atenda às necessidades requeridas pelo contexto educacional no qual se insere;

● Proporcionar ao aluno sólida fundamentação teórica e competente instrumentação

didático-pedagógica e lingüística para que o licenciado, por meio de formação geral e

específica, possa exercer a profissão com competência e contribuir com uma resposta

adequada às demandas da sociedade;

● Formar professores capazes de adequar o universo das línguas materna e estrangeira e

de suas respectivas literaturas ao ensino;

● Desenvolver uma prática educacional que leve em conta as línguas materna e

estrangeira em suas diversas variedades, sem perder de vista a padrão, sua correção e

adequação para cada língua em questão;

● Capacitar o futuro docente para a interação da teoria à prática do ensino da língua

portuguesa e das línguas estrangeiras.

III - FORMA DE ACESSO AO CURSO

O Curso de Letras oferece vagas de acordo com as normas em vigência na

UFMT, na sua RESOLUÇÃO CONSEPE nº 14 de 01/02/1999, Art. 1º. As vagas

regulares são oferecidas, via Vestibular classificatório para os concluintes do ciclo

médio, com entrada uma vez por ano para as quatro habilitações que funcionam nos

períodos matutino e noturno, alternando-se as habilitações oferecidas em um e outro

período, de um ano para outro. Para possíveis Projetos de Curso visando à

interiorização ou o atendimento a grupos específicos está prevista a realização de

Vestibular Especial, quando a ocasião surgir.

Outras formas de acesso são possíveis: a transferência compulsória; a

transferência requerida, após submetida à análise do Colegiado de Curso e em caso de

haver vaga; convênio ou acordo cultural com outro países com previsão de intercâmbio

ou vinda de estudantes; a matricula de portadores de curso superior, conforme normas

pré-estabelecidas para vagas remanescentes do curso.

147

Com o objetivo de melhor atender às necessidades da clientela estudantil, desde

a sua criação até então, o curso de Letras passou por várias reestruturações, alterando a

grade curricular, visando melhor desempenho e melhor adaptação às exigências do

momento.

Em 1984 começaram os primeiros debates com a participação de professores e

alunos na tentativa de modificar o currículo de duas habilitações do Curso de Letras,

Português/Francês e Português/Inglês e criar uma terceira habilitação,

Português/Literaturas, uma solicitação dos alunos que não tinham interesse pela

aprendizagem das línguas estrangeiras.

Dois anos se passaram em discussões, só vindo acontecer a referida

reestruturação no primeiro semestre de 1987, quando a carga horária das línguas

estrangeiras passou de 60 horas semestrais para 90 horas, sendo incluídas também no

currículo outras disciplinas como Cultura Francesa I e Literatura Francesa IV. Foram

modificadas também as ementas dos conteúdos programáticos, tanto nas línguas como

nas literaturas. As duas habilitações passaram então a funcionar com uma carga horária

de 3.600 horas. Somente no segundo semestre daquele ano, foi implantada a habilitação

Português/Literaturas, com uma carga horária de 2.920 horas. Esta estrutura curricular

permaneceu até o segundo semestre de 1990, quando, também, por decisão de

professores e alunos, houve um enxugamento do Curso, cujo objetivo era o de oferecer

as aulas em um só período do dia, para possibilitar aos alunos a concentração das

atividades acadêmicas, permitindo-lhes trabalhar e estudar.

Esta reestruturação ainda não foi adequada para atender às necessidades da

clientela, visto que muitos alunos trabalham no período diurno. Uma vez que a

Universidade não pode perder de vista a sua função social, o Departamento de Letras

implantou então o curso noturno, a partir do primeiro semestre de 1993. Assim, o Curso

de Letras passou a funcionar em turnos alternados nos períodos matutino e noturno.

O Curso de Letras, atualmente, tem duração mínima de 4 (quatro) anos e

máxima de 7 (sete) anos e funciona com 4 (quatro) habilitações no regime seriado,

implantado em 1998.

Em 2007, face às novas Diretrizes Nacionais, o Departamento de Letras, depois de

várias discussões, reformulou o sua estrutura curricular.

IV - Competências e Habilidades:

As habilidades a serem adquiridas no Curso de Graduação em Letras da UFMT

devem preparar o futuro professor para:

a) Compreender, avaliar e produzir textos de tipos variados em sua estrutura,

organização e significado, em língua materna e em língua estrangeira;

b) Produzir e ler competentemente enunciados, em diferentes linguagens e

traduzir umas em outras;

c) Descrever e justificar as peculiaridades fonológicas, morfológicas, lexicais,

sintáticas e semânticas do português brasileira, com especial destaque para

as variações regionais e sociodialetais e para as especificidades da norma

padrão;

d) Analisar criticamente as obras literárias em língua portuguesa e em língua

estrangeira, não somente através de uma interpretação derivada do contato

148

direto com elas, mas também através da mediação de obras da crítica e da

teoria literárias;

e) Estabelecer e discutir as relações dos textos literários com outros tipos de

discurso e com os contextos em que se inserem;

f) Relacionar o texto literário com os problemas e concepções dominantes da

cultura do período em que foi escrito e com os problemas e concepções do

presente;

g) Interpretar adequadamente textos de diferentes gêneros e registros

lingüísticos e explicitar os processos ou argumentos utilizados para justificar

sua interpretação;

h) Pesquisar e articular informações lingüísticas, literárias e culturais em língua

materna e em língua estrangeira;

i) Articular o conhecimento teórico-conceitual em língua materna, língua

estrangeira e respectivas literaturas à sua prática em sala de aula, colocando

em ação os instrumentos didático-pedagógicos e lingüísticos adequados à

sua realidade educacional.

149

V - COMPARAÇÃO ENTRE AS ESTRUTURAS ANTERIOR E A PROPOSTA

ATUAL.

HABILITAÇÃO: Língua Portuguesa/Línguas Estrangeiras

1° ANO ATUAL 1º ANO FUTURO

2° ANO ATUAL 2° ANO FUTURO

LIBR

AS

144

CÓDIGO DISCIPLINAS CR CH

102-2542-0 Língua Portuguesa I 08 120

102-2546-3 Lingüística I 08 120

102-2550-1 Língua Latina 04 60

102-2551-0 Teoria da Literatura 12 180

Línguas

Estrangeiras I

08 120

501-2112-0 Educação Física 02 60

CÓDIGO DISCIPLINAS CR CH

Prática de

Leitura e

Produção de

Textos (coesão

e coerência)

08 144

Fonética e

Fonologia

08 144

Fonética e

Fonologia de

Língua

Estrangeira

04

72

Teoria da

Literatura

08

144

Línguas

Estrangeiras I

12

216

501-

2112-0

Educação

Física

60

60

Total Carga

Horária

780

CÓDIGO DISCIPLINAS CR CH

Morfologia

08 144

Lingüística I – Estudos

Pré-

sausureanos/Saussure

04

72

Línguas Estrangeiras II

08 144

Literatura Brasileira I

120 144

Literatura Portuguesa I

120 144

Psicologia da Educação 04 72

Total de carga Horária 720

CÓDIGO DISCIPLINAS CR CH

102-2543-9 Língua Portuguesa

II

08 120

102-2547-1 Lingüística II 04 60

Línguas

Estrangeiras II

08 120

102-2553-6 Literatura

Portuguesa I

08 120

102-2553-2 Literatura Brasileira

I

08 120

105-2567 Psicologia da

Educação

04 60

150

3° ANO ATUAL 3º ANO FUTURO

4° ANO ATUAL 4° ANO FUTURO

Carga horária total 3 068

HABILITAÇÃO: Língua Portuguesa/Línguas Estrangeiras ( aqui as “grades” estão separadas, pois

cada habilitação tem uma especificidade)

CÓDIGO DISCIPLINAS CR CH

102-2544-7 Língua Portuguesa

III

08 120

Línguas

Estrangeiras III

08 120

102-2556-0 Literatura Brasileira

II

08 120

Literaturas

Estrangeiras I

08 120

Optativa 04 60

106-2568-2 Didática 04 60

CÓD. DISCIPLINAS CR CH

Sintaxe 08 144

Literatura Brasileira II 08 144

Literaturas

Estrangeiras I

08 144

Línguas Estrangeiras

III

08 144

Didática 04 72

Optativa 04 72

Estágio Supervisionado

I em L.Espanhol e

L.Inglesa

08 100

Total da carga Horária 820

CÓDIGO DISCIPLINAS CR CH

102-2545-5 Língua Portuguesa

IV

04 60

102-2549-8 Lingüística IV 08 120

102-2557-9 Literatura Brasileira

III

04 60

102-2566-8 Crit. Literária e

Prod. Monográfica

08 120

106-1669-1 Estr. Func. do Ens.

De 1° e 2° Graus

04 60

102-2593-5 Prat. de Ens. de L.

Portuguesa

06 180

CÓD. DISCIPLINAS CR CH

Leituras de Bakhtin 04 72

Semântica na Construção

Verbal

08 144

Literatura Brasileira III 08 144

Crítica Literária 04 72

ORG. e Fundamentos da

Educação Básica (antiga

Estrutura)

60

72

Estágio Supervisionado II em

Língua Portuguesa

10 200

Total Carga Horária 704

151

HABILITAÇÃO: Língua Portuguesa/Língua Estrangeira

4° ANO ATUAL /ESPANHOL 4° ANO FUTURO/ESPANHOL

CÓDIGO DISCIPLINAS CR CH

102-2545-5 Língua Portuguesa

IV

04 60

102-2584-4 Língua Espanhola

IV

04 60

102-2587-0 Literatura Espanhola

II

04 60

102-2588-9 Literatura Norte –

Americana

08 120

106-1669-1 Estr. Func. do Ens.

De 1° e 2° Graus

04 60

102-2593-5 Prat. de Ens. de L.

Portuguesa

05 150

102-2564-1 Prat. De Língua

Espanhola

05 150

CÓD. DISCIPLINAS CH CH

Leituras de Bakhtin 60 72

Língua Espanhola IV 60 72

Literatura Espanhola II 60 72

Literatura Norte –Americana 120 144

ORG. e Fundamentos da

Educação Básica

60 72

Estágio Supervisionado II

em Língua Portuguesa

200

Estágio Supervisionado II

em Língua Espanhola

100

Total da Carga Horária

152

EMENTAS E PROGRAMAS

EMENTAS HABILITAÇÃO: LÍNGUA PORTUGUESA/LÍNGUA ESPANHOLA

ANTERITOR NOVO

LINGUA PORTUGUESA I (120 horas)

EMENTA

Reflexão sobre linguagem, língua,

heterogeneidade dialetal. Leitura e prática de

produção de textos acadêmicos. Caracterização e

organização do texto dissertativo-argumentativo.

Estudo de tópicos da gramática da norma culta.

Trabalho com as normas da ABNT.

Prática de Leitura e Produção de Textos (144H –

08 CRÉDITOS)

EMENTA:

Prática de leitura e produção de textos de diferentes

esferas da comunicação humana: literária,

jornalística, científica, publicitária, burocrática,

entre outras. Estudo aprofundado de textos da

ordem do argumentar, privilegiando-se a produção

de pequenos ensaios e artigos acadêmicos. Revisão

das normas gramaticais e normas da ABNT a partir

da produção textual dos alunos.

LÍNGUA PORTUGUESA II (120 horas)

EMENTA

Estudo da funcionalidade das palavras do

português numa perspectiva sintático-semântíco-

discursiva. Exame sistemático dos processos de

formação e flexão das palavras do português.

Revisão da claásificação de palavras proposta pela,

a gramática tradicional. Proposição de

classifícaçõès alternativas a partir de postulados

das várias teorias lingüísticas.

MORFOLOGIA (144H)

EMENTA

Estudo da funcionalidade das palavras do português

numa perspectiva sintático-semântico-discursiva.

Exame sistemático dos processos de formação e

flexão das palavras do português. Revisão da

classificação de palavras proposta pela gramática

tradicional. Proposição de classificações

alternativas a partir de postulados das várias teorias

lingüísticas.

153

LÍNGUA PORTUGUESA III (120 horas)

EMENTA

Objeto da Sintaxe. Sintaxe do período simples.

Sintaxe do período composto. Revisão crítica da

sintaxe das relações proposta pela gramática

normativa do português.

SINTAXE (144h)

EMENTA

Objeto da Sintaxe. Sintaxe do Período Simples.

Sintaxe do período composto. Revisão crítica da

sintaxe das relações propostas pela gramática

normativa do português. Da gramática da frase para

a gramática do texto.

LÍNGUA PORTUGUESA IV (60 horas)

EMENTA

Textualidade. "Teorias Textuais: percurso e

momentos. Coesão. Coerência. Os fatores de

textualidade externas ao texto. O estudo da

textualida.de e o ensino de Língua Portuguesa.

LEITURAS DE BAKHTIN (144h)

EMENTA

As concepções de linguagem. A concepção

interacionista de linguagem. A análise Dialógica do

Discurso. A Análise do Discurso de Linha

Francesa. A Análise Crítica do Discurso.

LINGÜÍSTICA I (120 horas)

EMENTA

Estudos lingüísticos da antigüidade clássica à

época contemporânea: as posições filosóficas,

normativas, historicistas e descritívas acerca da

linguagem. Conceitos teórico-metodológicos da

lingüística saussurearia. Foriologia: ciência piloto

da lingüística do século XX. Cisão entre a fonética

e a fonologia. Foriologia: objetos, princípios

metopológícos, conceitos e interface com outras

ciências.

FONÉTICA E FONOLOGIA

EMENTA: Fonologia: ciência piloto da lingüística

do século XX. Cisão entre a fonética e a fonologia.

Fonologia: objetos, princípios metodológicos,

conceitos e interface com outras ciências. Aspectos

fonológicos do falar cuiabano.

LINGÜISTICA II (60 horas)

EMENTA

A concepção de sintaxe no escopo de diversas

correntes gramaticais: a sintaxe na gramática

clássica greco-romana, na gramática geral, na

gramática tradicional, na gramática estruturalista e

na gramática gerativo - transformacional. Exame

de dados da sintaxe do português.

LINGÜÍSTICA I – ESTUDOS PRÉ-

SAUSSUREANOS E SAUSSUREANOS (72 H)

EMENTA: A lingüística como ciência: conceitos e

delimitações da área. A gramática comparada e sua

evolução. Os neogramáticos. A lingüística

saussureana: conceitos teórico-metodológicos. A

influência da teoria saussureana nos estudos

lingüísticos posteriores.

LÍNGUA LATINA (60 horas)

LÍNGUA LATINA (72 horas)

154

EMENTA

Morfossintaxe nominal e verbal. Leitura de

pequenos textos latinos.

EMENTA

Morfossintaxe nominal e verbal. Leitura de

pequenos textos latinos.

TEORIA DA LITERATURA (180 horas)

EMENTA

Gênerõs literários: o poético. O poema, a poética e

as espécies líricas mais comuns. A linguagem

poética. Os elementos do poema: verso, ritmo,

metro, estrofe e som; imagens, temas e motivos.

Estrutura e significação. Método, e técnicas de

análise e interpretação do poema. O gênero

narrativo. Narrativa de ficção. O problema, da

verossimilhança. Espécies de ficção. Teoria do

conto e do romance. Discurso narrativo.

Elementos da narrativa: assunto, enredo, fábula e

motivo; personagens e caracterização; tempo e

espaço; modos de narração e foco narrativo.

Narrativa e sociedade.

TEORIA DA LITERATURA (144 horas)

EMENTA

Gênerõs literários: o poético. O poema, a poética e

as espécies líricas mais comuns. A linguagem

poética. Os elementos do poema: verso, ritmo,

metro, estrofe e som; imagens, temas e motivos.

Estrutura e significação. Método, e técnicas de

análise e interpretação do poema. O gênero

narrativo. Narrativa de ficção. O problema, da

verossimilhança. Espécies de ficção. Teoria do

conto e do romance. Discurso narrativo. Elementos

da narrativa: assunto, enredo, fábula e motivo;

personagens e caracterização; tempo e espaço;

modos de narração e foco narrativo. Narrativa e

sociedade.

LITERATURA PORTUGUESA I (120 horas)

EMENTA

Periodização da Literatura Portuguesa. O

trovadorismo - tipos de cantigas e os Cancioneiros.

O Humanismo - a crônica histórica de Fqmão

Lopes, o teatro de Gil Vicente. Classicísmo -

Camões, épico e lírico. O Barroco - poesia e

teatro. Arcadismo - Bocage. Romantismo -

Almeida Garret, Alexandre Herculano, Camilo

Castelo Branco.

LITERATURA BRASILEIRA I (144 horas)

EMENTA

Das origens ao Romantismo. O período colonial: os

textos literários elou informativos. Barroco: ecos na

produção literária brasileira. Ideologia e estética no

Arcadismo. Da Ilustração ao Pré-Romantismo. As

gerações da poesia romântica: nacionalista; egótica;

condoreira. Manifestaoes da prosa romântica.

LITERATURA BRASILEIRA I (120 horas)

EMENTA

Das origens ao Romantismo. O período colonial:

os textos literários elou informativos. Barroco:

ecos na produção literária brasileira. Ideologia e

estética no Arcadismo. Da Ilustração ao Pré-

Romantismo. As gerações da poesia romântica:

nacionalista; egótica; condoreira. Manifestaoes da

prosa romântica.

LITERATURA PORTUGUESA I (144 horas)

EMENTA

Periodização da Literatura Portuguesa. O

trovadorismo - tipos de cantigas e os Cancioneiros.

O Humanismo - a crônica histórica de Fqmão

Lopes, o teatro de Gil Vicente. Classicísmo -

Camões, épico e lírico. O Barroco - poesia e teatro.

Arcadismo - Bocage. Romantismo - Almeida

Garret, Alexandre Herculano, Camilo Castelo

Branco.

LITERATURA BRASILEIRA II (120

horas)

EMENTA

LITERATURA BRASILEIRA II (144

horas)

EMENTA

155

Período realista no Brasil: o Realismo; o

Naturalismo; O Pamasianismo. Manifestações do

Simbolismo na Literatura Brasileira. O Pré-

Modemismo. Correntes da Vanguarda Européia -

influências no Brasil. Modernismo: a Semana de

22 e seus prolongamentos. A Geração de 30.

Período realista no Brasil: o Realismo; o

Naturalismo; O Pamasianismo. Manifestações do

Simbolismo na Literatura Brasileira. O Pré-

Modemismo. Correntes da Vanguarda Européia -

influências no Brasil. Modernismo: a Semana de 22

e seus prolongamentos. A Geração de 30.

PRÁTICA DE ENSINO DE LINGUA

PORTUGUESA

(Língua Portuguesa/Línguas Estrangeiras - 150

horas)

(Língua Portuguesa/Literatura - 180 horas)

EMENTA

A atividade de leitura na escola: o trabalho com o

texto - escolha, compreensão, vocabulário e

interpretação. A atividade de produção de texto na

escola: a finalidade, a proposta, a correção. A

atividade de análise lingüística: a epilingüistica e a

metalingüística. O estágio supervisionado.

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO

ENSINO DE 1º e 2º GRAUS (60 horas)

EMENTA

Sociedade, cultura e educação: interdependêncía.

Análise da educação brasileira no contexto sócio-

político-económico no periodb de 1930 aos dias

úteis. O Ensino Básico na Lei 9.394 de 20/12/96.

Perspectivas atuais do Ensino Básico: objetivos do

Ensino Básico em seus significados sócio-políticos

e educacionais; aspectos currículares básicos no

ensino de 1° e 2° Graus resultantes das influências

sócio-político-econômicas; aspectos legais do

ensino de 1º Grau e sua relação com outros níveis

de énsintrna realidade de Mato Grosso. A Unidade

Escolar: estrutura e funcionamento. A Formação

do Professor das Séries Iniciais do 1º Grau criação

e desenvolvimento dos Cursos de Magistério; a

Formação do Professor nas LDBs; o Estatuto do

Magistério em Mato Grosso.

ORG. e Fundamentos da Educação

Básica(antiga Estrutura)

EMENTA

Sociedade, cultura e educação: interdependêncía.

Análise da educação brasileira no contexto sócio-

político-económico no periodb de 1930 aos dias

úteis. O Ensino Básico na Lei 9.394 de 20/12/96.

Perspectivas atuais do Ensino Básico: objetivos do

Ensino Básico em seus significados sócio-políticos

e educacionais; aspectos currículares básicos no

ensino de 1° e 2° Graus resultantes das influências

sócio-político-econômicas; aspectos legais do

ensino de 1º Grau e sua relação com outros níveis

de énsintrna realidade de Mato Grosso. A Unidade

Escolar: estrutura e funcionamento. A Formação do

Professor das Séries Iniciais do 1º Grau criação e

desenvolvimento dos Cursos de Magistério; a

Formação do Professor nas LDBs; o Estatuto do

Magistério em Mato Grosso.

LÍNGUA ESPANHOLA I (120 horas)

E M E NTA

Desenvolvimento progressivo da competência

comunicativa oral e escrita. Enfase em fonologia,

ortografia e fixação das estruturas lingüísticas

LÍNGUA ESPANHOLA I (144 horas)

Ementa:

- Desenvolvimento progressivo de competência

enunciativa oral e escrita;

- Ênfase em fonologia, ortografia e fixação das estruturas

lingüísticas básicas;

- Leitura e produção de textos;

156

básicas. Produção, leitura e análise de textos.

Noções sobre os valores culturais dos povos de

fala hispánica.

- Noções sobre os valores culturais dos povos de fala

hispânica.

LÍNGUA ESPANHOLA II (120 horas)

EMENTA

Aprofundamento dos conhecimentos da estrutura

lingüística em nível intermediário. Estudos da

história da língua espanhola, sua variedade e

unidade na atualidade e dialetos peninsulares.

Prática de leitura e produção de textos.

LÍNGUA ESPANHOLA II (144 horas)

Ementa:

- Aprofundamento dos conhecimentos da estrutura

lingüística em nível intermediário.

- Estudo da história da língua espanhola, sua variedade e

unidade na atualidade e dialetos peninsulares;

- Leitura, análise e produção de textos.

LINGUA ESPANHOLA III (120 horas)

EMENTA

Consolidação das diversas estruturas lingüísticas

em nível intermediário e pós-intermediário. Ênfase

em aspectos contrastivos, entre estruturas do

português e o espanhol. Relacionamento do estudo

das distintas escolas gramáticais: tradicional,

estrutural, gerativotransformacional e pragmática,

com a língua espanhola como língua estangeira-

leitura e produção de textos.

LINGÜÍSTICA II (72h)

EMENTA

A gramática tradicional, a gramática formal e a

gramática funcionalista. A Sintaxe na Teoria

Gerativo-Transformacional. Principais pressupostos

teóricos da gramática gerativo-transformacional. A

virada paradigmática na Lingüística: os estudos

voltados para a “parole” ou “uso lingüístico”. A

enunciação e o enunciado para Benveniste. As

categorias de pessoa, tempo e espaço. As correntes

da pragmática: o pragmatismo americano, a teoria

dos atos de fala e os estudos da comunicação.

LÍNGUA ESPANHOLA IV (60 horas)

EMENTA

Consolidação dos estudos das estruturas

lingüísticas em nível avanzado, considerando as

variantes geográficas, sociais e profissionais.

Prática oral e escrita. Estudo de elementos

inetodológicos do ensino da língua espanhola.

Análise e produção de textos.

LÍNGUA ESPANHOLA IV (144 horas)

Ementa:

- Desenvolvimento da competência enunciativa oral e

escrita;

- Leitura, análise e produção de textos;

- Relação entre os tempos e modos verbais.

LITERATURA ESPANHOLA I (120 horas)

EMENTA

A língua e a cultura na Espanha Medieval e o

Renascimento até o Século XVIII: "mester de

juglaria e mester de clerecia". A prosa, o teatro e a

lírica tradicional. A renovação formal e temática

da Renascença. O “Século de Oro”. O Barroco e o

pensamento da Ilustração.

LITERATURA ESPANHOLA I (144 horas)

Ementa: a península ibérica: a Espanha medieval. A

época dos Reis católicos. Auge y decadência do império

espanhol. A cultura da “Edad de Oro” O despotismo

ilustrado do século XVIII. A cultura do século XVIII.

LITERATURA ESPANHOLA II (60

horas)

EMENTA

LITERATURA ESPANHOLA II (72 horas)

Ementa: a Espanha moderna: a literatura espanhola

durante os séculos XIX e XX: a filosofia romântica e sua

repercussão nas letras; a renovação literária no século

157

A língua e a cultura espanhola durante os séculos

XIX e XX. A filosofia romántica e seu impacto

nas letras, a renovação literária no século XX. As

vanguardias. As gerações do 98, 27, 50, 80 e 90.

XX: “geração de 98”, grupo poético do 27, narrativa de

após-guerra civil, narrativa dos anos 50, gerações novas:

anos 80 – 90 – 2000.

LITERATURA LATINO-AMERICANA I (120

horas)

EMENTA

A literatura pré-hispánica colonial e da

independencéa até o século XX. A conquista da

América e seu impacto nas culturas clásícas

americanas; os conquistadores como cronistas. Os

defensores dos indios. Renascença e Barroco. O

século XIX. A independencia americana e seu

impacto nas letras. Romantismo, literatura

"gauchesa". Parnasianismo e simbolismo. O

modernismo e as vanguardas poéticas. O real

maravilhoso e a “nova novela”.

LITERATURA LATINOAMERICANA (144 horas)

Ementa: a literatura colonial e da independência até o

século XX: a conquista da América e seu impacto nas

culturas clássicas americanas: os conquistadores como

cronistas e os defensores dos índios; a literatura colonial;

o barroco americano. O período da independência e sua

repercussão nas letras nacionais; poesia e prosa

modernista; Regionalismo. Surgimento de uma nova

literatura americana a partir dos anos 40. Influência do

existencialismo francês e dos romances anglo-saxões. O

boom literário latino-americano; o pós-boom e a

narrativa atual.

CERVANTES E “O QUIXOTE” (60

horas)

EMENTA

Biografia de Cervantes como testemunha de uma

época. Sua obra literaria. Leitura e estudo de “O

QUIXOTE”.

Analise das passagens mais representativas.

Importancia de "O QUIXOTE" no

desenvolvimento do romance moderno.

CERVANTES E “O QUIXOTE” (72

horas)

EMENTA

Biografia de Cervantes como testemunha de uma

época. Sua obra literaria. Leitura e estudo de “O

QUIXOTE”.

Analise das passagens mais representativas.

Importancia de "O QUIXOTE" no desenvolvimento

do romance moderno.

ESPANHOL PARA FINS ESPECÍFICOS

(60 horas)

EMENTA

Estudo de aspectos relativos ao ensino da língua

espanhola, priorizando uma ou mais habilidades

lingüísticas ou uma área específica.

ESPANHOL PARA FINS ESPECÍFICOS

(72 horas)

EMENTA

Estudo de aspectos relativos ao ensino da língua

espanhola, priorizando uma ou mais habilidades

lingüísticas ou uma área específica.

PRÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA

ESPANHOLA (150 horas)

EMENTA

Análise dos métodos de ensino da língua

espanhola e sua aplicação em sala de aula; análise

de livros didáticos e pesquisas recentes sobre o

processo de adquisíção da língua espanhola em

falantes de língua portuguesa. Reflexão sobre o

ensino de Lingua Espanhola nas escolas de 1° e 2°

grau a partir de pesquisa e levantamento dp

situação. Vivencia de atividades docentes.

FILOLOGIA ROMÂNICA (60 horas)

FILOLOGIA ROMÂNICA (72 horas)

158

EMENTA

Esclarecimentos de fatos e fenômenos lingüísticos

pelo histórico comparativo.

EMENTA

Esclarecimentos de fatos e fenômenos lingüísticos

pelo histórico comparativo.

SEMIÓTICA (60 horas)

EMENTA

O estudo da significação e interpretação dos

processos simbólicos. Os sistemas semióticos e

sua sistematização. Semiótica da Cultura. As

estratégias semio-lingüísticas da interpretação.

SEMIÓTICA (72 horas)

EMENTA

O estudo da significação e interpretação dos

processos simbólicos. Os sistemas semióticos e sua

sistematização. Semiótica da Cultura. As estratégias

semio-lingüísticas da interpretação.

PSICOLINGÜÍSTICA (60 horas)

EMENTA

Definida dentro de um modelo comunicacíonal: a

função semiótica da linguagem e o processo da

informação. Implicações na aquisição do código

escrito e oral. Aplicações no ensino de línguas.

PSICOLINGÜÍSTICA (72 horas)

EMENTA

Definida dentro de um modelo comunicacíonal: a

função semiótica da linguagem e o processo da

informação. Implicações na aquisição do código

escrito e oral. Aplicações no ensino de línguas.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO (60

horas)

EMENTA

Domínio dos modelos alternativos de

homem/mundo e as implicações de ordem

pedagógica frente às escolas: com portamentalista,

cognitivista e humanista, compreensão e gênese de

cada escola psicológica sem perder de vista que

uma complementa a outra, fornecendo subsídios

para a fundamentação didática.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO (72

horas)

EMENTA

Domínio dos modelos alternativos de

homem/mundo e as implicações de ordem

pedagógica frente às escolas: com portamentalista,

cognitivista e humanista, compreensão e gênese de

cada escola psicológica sem perder de vista que

uma complementa a outra, fornecendo subsídios

para a fundamentação didática.

DIDÁTICA (60 horas)

EMENTA

Reflexões teórico-práticas sobre os fundamentos

do processo de ensino/aprendizagem subjacentes

às Tendências Pedagógicas da Educação

Brasileira; o Planejamento de Ensino e suas

principais perspectivas, as implicações deste na

organização e implementação do trabalho

pedagógico na escola e na sala de aula; a

compreensão da avaliação escolar como elemento

de democratização do ensino.

DIDÁTICA (72 horas)

EMENTA

Reflexões teórico-práticas sobre os fundamentos do

processo de ensino/aprendizagem subjacentes às

Tendências Pedagógicas da Educação Brasileira; o

Planejamento de Ensino e suas principais

perspectivas, as implicações deste na organização e

implementação do trabalho pedagógico na escola e

na sala de aula; a compreensão da avaliação escolar

como elemento de democratização do ensino.

159

INTRODUÇÁO A FILOSOFIA (60 horas)

EMENTA

Com base nas pesquisas genealógicas

desenvolvidas por Michel Foucault estudar o

modo como os seres humanos são individualizados

e se transformam em sujeitos na modernidade.

Caracterizar essa individualidade em sua

constituição como objeto do saber e resultado das

relações de poder, e como sujeito de uma

identidade que assume como própria.

INTRODUÇÁO A FILOSOFIA (72 horas)

EMENTA

Com base nas pesquisas genealógicas

desenvolvidas por Michel Foucault estudar o modo

como os seres humanos são individualizados e se

transformam em sujeitos na modernidade.

Caracterizar essa individualidade em sua

constituição como objeto do saber e resultado das

relações de poder, e como sujeito de uma identidade

que assume como própria.

PCC LÍNGUA ESPANHOLA (50 HORAS)

LÍNGUA PORTUGUESA (LP) / LÍNGUA

ESPANHOLA (LE)

ano LP 50h - Fonética e Fonologia

LE 50h -

ano LP 50h - Morfologia , ou

Fundamentos da Comunicação

Humana

LE 50h -

ano LP 50h - Sintaxe

LE 50h -

ano LP 50h - Leituras de Bakhtin, ou

Semântica na Construção Verbal

LE 50h -

Estágio Supervisionado I em LP

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM LÍNGUA

ESPANHOLA (400 horas)

Ementa: Análise dos métodos de ensino da língua

espanhola e sua aplicação em sala de aula; análise de

livros didáticos e pesquisas recentes sobre o processo de

aprendizagem da língua espanhola em falantes de língua

portuguesa.

Reflexão sobre o ensino de Língua Espanhola nas escolas

de Ensino Fundamental e Ensino Médio a partir de

pesquisas e levantamento da situação. Vivência de

atividades docentes.

160

COORDENAÇÃO DE ESPANHOL CURRÍCULO DA LICENCIATURA

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA CRÉDITOS ANO

Língua espanhola I 144 8 1º

Subsídios fonéticos e fonológicos para a

Produção oral em Língua espanhola 72 4 1º

Língua espanhola II 144 8 2º

Subsídios morfossintáticos para a produção

Enunciativa em língua espanhola 72 4 2º

Língua espanhola III 144 8 3º

Literatura espanhola I 144 8 3º

Língua espanhola IV 144 8 4º

Literatura espanhola II 72 4 4º

Estágio supervisionado 400 8 4º

Prática como componente curricular 400 1º, 2º, 3º e

Atividades complementares 200 1º, 2º, 3º e

161

LÍNGUA ESPANHOLA I (144 horas)

Ementa:

- Desenvolvimento progressivo de competência enunciativa oral e escrita;

- Ênfase em fonologia, ortografia e fixação das estruturas lingüísticas básicas;

- Leitura e produção de textos;

- Noções sobre os valores culturais dos povos de fala hispânica.

Objetivos:

Geral

- Promover um ambiente favorável ao aprendizado e desenvolvimento das habilidades de

produção e interpretação nas/das modalidades oral e escrita.

Específicos

- Adquirir noções da cultura dos povos de língua espanhola;

- Conhecer teoria referente à fonologia, ortografia e estruturas lingüísticas básicas da língua

espanhola básica;

- Relacionar os conhecimentos adquiridos com a futura prática em sala de aula;

- Produzir e interpretar discursos orais e escritos em língua espanhola, na perspectiva

discursivo-dialógica.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Crenças/discursos sobre aprendizagem de Língua Estrangeira;

- Noções iniciais da língua espanhola: importância do espanhol no cenário internacional;

países em que é língua oficial; variedade lingüística; semelhança com a língua portuguesa;

- Ortografia (alfabeto) e Prosódia (entonação);

- Noções de Fonética;

- Regras de acentuação;

- O nome e seus modificadores e complementos: substantivos, artigos, adjetivos,

demonstrativos;

- O verbo e seus modificadores e complementos: verbos, advérbios e pronomes;

- Conjugação verbal: formas regulares e irregulares nos tempos do Modo Indicativo;

- Verbos pronominais;

- Preposição e regência;

- Perífrases (casos mais recorrentes);

- Gerúndio;

- Marcadores temporais;

- Conectores frasais e discursivos;

- Formas de comparação e intensificação;

- Pronominalização (Objeto direto, Objeto indireto)

- Funções comunicativas;

- Vocabulário por campo semântico de interesse dos alunos;

- Gêneros textuais: resenha.

PROCEDIMENTO DE ENSINO

Metodologia baseada nos enfoques nocional-funcional, comunicativo e discursivo: leitura e

compreensão de textos; aulas expositivas e dialogadas; atividades individuais e em grupo.

RECURSOS

162

Aparelhos: televisão, Data-show, DVD, vídeo-cassete, som;

Laboratório de línguas;

Laboratório de Informática;

Bibliotecas: Setorial, Central e Hemeroteca;

07) BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ARIAS, Sandra Di Lullo (2000): Espanhol Urgente para brasileiros. 6. ed., Rio de Janeiro:

Campus.

ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas.

Campinas SP: Pontes, 1993.

_____. O professor de Língua Estrangeira em Formação, Campinas, SP, Pontes, 1999.

ALVAR EZGUERA, M. (director). Diccionario Manual VOX ilustrado de la lengua

española. Barcelona , 1996.

AMORIM, Vanesa. Cem aulas sem tédio: sugestões práticas dinâmicas e divertidas para o

professor de língua estrangeira. Santa Cruz: Padre Réus, 1998.

BARCELOS, Ana Maria Ferreira. Crenças sobre aprendizagem de línguas,

Lingüística Aplicada e ensino de línguas. In: Linguagem & Ensino, v.7,

nº1, 20004. p.123-156.

BELLO, P. et all. Didáctica de las segundas lenguas. Estratégias y recursos básicos.

Madrid: Santillana, 1990.

BRIONES, Ana Isabel, FLAVIAN, Eugenia e FERNÁNDEZ, Gretel Eres.

Español Ahora . v.1,2,3. SP: Moderna, 2003.

BRUNO, Fátima Cabral e MENDOZA, Maria Angélica. Hacia el Español. Curso de

Lengua y Cultura Hispánica. (Níveis: Básico, Intermedio, Avanzado). 5.ed, SP: Editora

Saraiva, 2001.

FANJUL, Adrian Pablo. Gramática Passo a Passo. São Paulo: Moderna, 2006.

GELABERT, Mari José; MARTINELL, Emma; HERRERA, Manuel; MARTINELL,

Francisco. Repertorio de funciones comunicativas del español. Niveles Umbral, Intermédio

y Avanzado. Madrid: SGEL, 1996.

HERMOSO, A. González. Gramática de español lengua extranjera. España: Edelsa, 2003.

_____. Conjugar es fácil en español de España y de América . Madrid:

Edelsa, 1997.

MAINARDI, Beatriz Novick e GASPARINI, Pablo Fernando. Puentes:

catorce puntos claves para que los brasileños optimicen s u español . São

Paulo: SBS Editora. 2000.

MATTE BON, F. (1992): Gramática comunicativa del español (I). De la lengua a la idea.

España: Edelsa.

MILLANI, Esther Maria et al. Listo: español a través de textos. São Paulo:

Santillana/Moderna, 2005.

NIKOLIC, Vesna e CABAJ, Hanna. Estou ensinando bem? Estratégias de auto-avaliação

para professores. (trad.) Milton Camargo Mota. SP: Loyola, 2001.

SECO, Manuel. Gramática esencial del español. España, 1996.

SEDYCIAS, João (org.) O ensino do espanhol no Brasil: passado, presente, futuro. São

Paulo: Parábola, 2005. [Série Estratégias de Ensino]

VÁZQUEZ CUESTA, Pilar. Gramática Portuguesa. Madrid: Grados, 1981.

Universidad de Alcala de Henares. Dicionario Señas Espanhol. SP: Martins Fontes Editora.

2000.

Universidad de Salamanca. Dicionário Salamanca de la lengua española.

163

08) AVALIAÇÃO

- Bimestrais, em forma de avaliações escrita e oral:

- Atividades gramaticais e de análise gramatical, individuais e/ou em grupo;

- Verificação de leitura de livro e contos.

- Apresentações orais.

LÍNGUA ESPANHOLA II (144 horas)

Ementa:

- Aprofundamento dos conhecimentos da estrutura lingüística em nível intermediário.

- Estudo da história da língua espanhola, sua variedade e unidade na atualidade e dialetos

peninsulares;

- Leitura, análise e produção de textos.

03) OBJETIVOS

Geral

- Desenvolver em igual medida a capacidade de compreensão e expressão escrita bem como

de compreensão e expressão oral.

Específicos

- Ampliar o vocabulário e o domínio das estruturas lingüísticas, em especial os modos

Subjuntivo e Imperativo e demais composições verbais;

- Refletir sobre os conteúdos estudados com vistas ao ensino.

- Estabelecer uma relação entre os tempos verbais, de acordo com o avanço dos modos

estudados.

- Conhecer o processo de evolução da língua espanhola, bem como suas variantes

peninsulares e americanas, a fim de obter uma maior possibilidade de compreensão dos

textos literários que serão estudados nas disciplinas subseqüentes do curso de Letras /

Língua Espanhola.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Modos e tempos verbais;

- Modo Subjuntivo

- Modo Imperativo;

- Usos dos pronomes complementos (pronominalização dupla, pronominalização afetiva)

- Correspondências entre os tempos e modos verbais;

- Estilo direto e indireto;

- Perífrases;

- Elementos históricos sobre a origem do espanhol: línguas romances;

- Dialetos peninsulares na atualidade e variantes lingüísticas da América Latina;

- Yeísmo, Seseo, Leísmo, Voseo, Gauchesco, Lunfardo, situações de bilingüismo;

- Funções comunicativas;

- Vocabulário por campo semântico de interesse dos alunos.

- Produção de texto.

PROCEDIMENTO DE ENSINO

164

Metodologia baseada nos enfoques nocional-funcional, comunicativo e discursivo: leitura e

compreensão de textos; aulas expositivas e dialogadas; atividades individuais e em grupo,

debates sobre temas relevantes.

RECURSOS

Aparelhos: televisão, Data-show, DVD, vídeo-cassete, som;

Laboratório de línguas;

Laboratório de Informática;

Bibliotecas: Setorial, Central e Hemeroteca.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ALVES, Adda-Nari e MELLO, Angélica. Mucho. v.único. 1.ed., SP: Editora Moderna,

2000. (Ensino Médio)

ARIAS, Sandra Di Lullo (2000): Espanhol Urgente para brasileiros. 6. ed., Rio de Janeiro:

Campus.

ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas.

Campinas SP: Pontes, 1993.

_____. O professor de Língua Estrangeira em Formação, Campinas, SP, Pontes, 1999.

ALVAR EZGUERA, M. (director). Diccionario Manual VOX ilustrado de la lengua

española. Barcelona , 1996.

AMORIM, Vanesa. Cem aulas sem tédio: sugestões práticas dinâmicas e divertidas para o

professor de língua estrangeira. Santa Cruz: Padre Réus, 1998.

BARCELOS, Ana Maria Ferreira. Crenças sobre aprendizagem de línguas,

Lingüística Aplicada e ensino de línguas. In: Linguagem & Ensino, v.7,

nº1, 20004. p.123-156.

BELLO, P. et all. Didáctica de las segundas lenguas. Estratégias y recursos básicos.

Madrid: Santillana, 1990.

BRIONES, Ana Isabel, FLAVIAN, Eugenia e FERNÁNDEZ, Gretel Eres.

Español Ahora . v.1,2,3. SP: Moderna, 2003.

BRUNO, Fátima Cabral e MENDOZA, Maria Angélica. Hacia el Español. Curso de

Lengua y Cultura Hispánica. (Níveis: Básico, Intermedio, Avanzado). 5.ed, SP: Editora

Saraiva, 2001.

FANJUL, Adrian Pablo. Gramática Passo a Passo. São Paulo: Moderna, 2006.

GELABERT, Mari José; MARTINELL, Emma; HERRERA, Manuel; MARTINELL,

Francisco. Repertorio de funciones comunicativas del español. Niveles Umbral, Intermédio

y Avanzado. Madrid: SGEL, 1996.

HERMOSO, A. González. Gramática de español lengua extranjera. España: Edelsa, 2003.

_____. Conjugar es fácil en español de España y de América. Madrid: Edelsa, 1997.

MAINARDI, Beatriz Novick e GASPARINI, Pablo Fernando. Puentes:

catorce puntos claves para que los brasileños optimicen su español . São

Paulo: SBS Editora. 2000.

MATTE BON, F. (1992): Gramática comunicativa del español (I). De la lengua a la idea.

España: Edelsa.

MILLANI, Esther Maria et al. Listo: español a través de textos. São Paulo:

Santillana/Moderna, 2005.

NIKOLIC, Vesna e CABAJ, Hanna. Estou ensinando bem? Estratégias de auto-avaliação

para professores. (trad.) Milton Camargo Mota. SP: Loyola, 2001.

ROMANOS, Enrique e CARVALHO, Jacira Paes de. Expansión. Español en Brasil. Ensino

Médio. v.único. SP: Editora FTD, 2002.

165

SECO, Manuel. Gramática esencial del español. España, 1996.

SEDYCIAS, João (org.) O ensino do espanhol no Brasil: passado, presente, futuro. São

Paulo: Parábola, 2005. [Série Estratégias de Ensino]

VÁZQUEZ CUESTA, Pilar. Gramática Portuguesa. Madrid: Grados, 1981.

Universidad de Alcala de Henares. Diccionario Señas Espanhol. SP: Martins Fontes

Editora. 2000.

Universidad de Salamanca. Diccionario Salamanca de la lengua española.

Sites para busca em espanhol: Terra e Yahoo.

08) AVALIAÇÃO

- Bimestrais, em forma de avaliações escrita e oral:

- Atividades gramaticais e de análise gramatical, individuais e/ou em grupo;

- Verificação de leitura de livro e contos.

- Apresentações orais;

- Seminário sobre as variantes lingüísticas da Língua Espanhola.

LÍNGUA ESPANHOLA III (144 horas)

Ementa:

- Desenvolvimento da competência enunciativa oral e escrita;

- Leitura, análise e produção de textos;

- Relação entre os tempos e modos verbais.

OBJETIVOS

Geral

- Capacitar o aluno, futuro professor, ao uso e análise de estruturas em nível pós-

intermediário.

Específicos

- Revisar os conteúdos gramaticais, associando-os à futura prática em sala de aula.

- Produzir e interpretar discursos orais e escritos em língua espanhola, na perspectiva

discursivo-dialógica;

- Enfatizar aspectos das gramáticas da língua portuguesa que têm influência na língua

espanhola;

- Desenvolver a análise de estruturas lingüísticas e valores enunciativos de nativos, a partir

de material autêntico, escrito e oral.

04) CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Revisão: Modos Indicativo, Subjuntivo e Imperativo; colocação pronominal; Discurso

indireto;

- Verbos de cambio;

- Usos de frases adverbiais;

- Elementos de textualidade: coesão e coerência;

- Voz passiva;

- Orações de relativo;

- Orações coordenadas e subordinadas.

- Análise contrastiva, lexical, morfossintática e semântica entre português e espanhol;

- Produção de texto por meio de gêneros.

166

06) RECURSOS

Aparelhos: televisão, Data-show, DVD, vídeo-cassete, som;

Laboratório de línguas;

Laboratório de Informática;

Bibliotecas: Setorial, Central e Hemeroteca;

07) BIBLIOGRAFIA BÁSICA

- ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Dimensões Comunicativas no Ensino de

Línguas. Campinas SP: Pontes, 1993.

_____. O professor de Língua Estrangeira em Formação, Campinas, SP, Pontes, 1999.

ALVAR EZGUERA, M. (director). Diccionario Manual VOX ilustrado de la lengua

española. Barcelona , 1996.

BELLO, P. et al. Didáctica de las segundas lenguas. Estratégias y recursos básicos.

Madrid: Santillana, 1990.

GELABERT, Mari José; MARTINELL, Emma; HERRERA, Manuel; MARTINELL,

Francisco. Repertorio de funciones comunicativas del español.Niveles Umbral, Intermédio y

Avanzado. Madrid: SGEL, 1996.

GONZÁLEZ ARAÑA, Corina; HERRERO AÍSA, Carmen. Manual de gramática española.

Gramática de la palabra, de la oración y del texto. Madrid: Ed. Castalia, 1997.

HERMOSO, A. González. Gramática de español lengua extranjera. España: Edelsa, 2003.

HERNÁNDEZ, Guillermo. Análisis gramatical. Teoria y práctica. Madrid: SGEL, 1990.

_____. Conjugar es fácil en español de España y de América . Madrid:

Edelsa, 1997.

MAINARDI, Beatriz Novick e GASPARINI, Pablo Fernando. Puentes:

catorce puntos claves para que los brasileños optimicen su español. São

Paulo: SBS Editora. 2000.

MATTE BON, F. (1992): Gramática comunicativa del español (I). De la lengua a la idea.

España: Edelsa.

MILLANI, Esther Maria et al. Listo: español a través de textos. São Paulo:

Santillana/Moderna, 2005.

MORENO GARCÍA, Concha. Curso Superior de Español. MADRID: SGEL;1999.

SECO, Manuel. Gramática esencial del español. España, 1996.

SEDYCIAS, João (org.) O ensino do espanhol no Brasil: passado, presente, futuro. São

Paulo: Parábola, 2005. [Série Estratégias de Ensino]

VÁZQUEZ CUESTA, Pilar. Gramática Portuguesa. Madrid: Grados, 1981.

Universidad de Alcala de Henares. Dicionario Señas Espanhol. SP: Martins Fontes Editora.

2000.

Universidad de Salamanca. Dicionário Salamanca de la lengua española.

Sites para busca em espanhol: Terra e Yahoo.

08) AVALIAÇÃO

- Bimestrais, em forma de avaliações escrita e oral:

- Atividades gramaticais e de análise gramatical, individuais e/ou em grupo;

- Verificação de leitura de livro, contos e/ou textos autênticos.

- Apresentações orais.

167

LÍNGUA ESPANHOLA IV (144 horas)

Ementa:

- Desenvolvimento da competência enunciativa oral e escrita;

- Leitura, análise e produção de textos;

- Relação entre os tempos e modos verbais.

OBJETIVOS

Geral

- Reforçar o recurso a ferramentas metalingüásticas e meta-enunciativas favorecendo a

construção de uma explicação didática dos processos formulativos e argumentativos na

língua estrangeira em função do seu início de desempenho profissional.

Específicos

- Revisar os conteúdos gramaticais, associando-os à futura prática em sala de aula.

- Produzir e interpretar discursos orais e escritos em língua espanhola, na perspectiva

discursivo-dialógica;

- Enfatizar aspectos das gramáticas da língua portuguesa que têm influência na língua

espanhola;

- Desenvolver a análise de estruturas lingüísticas e valores enunciativos de nativos, a partir

de material autêntico, escrito e oral.

- Reconhecer a legitimidade do recurso à língua materna.

- Aperfeiçoar a produção de textos em língua espanhola.

04) CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Revisão: Modos Indicativo, Subjuntivo e Imperativo; colocação pronominal; Discurso

indireto;

- Verbos de cambio;

- Usos de frases adverbiais;

- Elementos de textualidade: coesão e coerência;

- Voz passiva;

- Orações de relativo;

- Orações coordenadas e subordinadas.

- Análise contrastiva, lexical, morfossintática e semântica entre português e espanhol;

- Produção de texto por meio de gêneros.

- Tradução

06) RECURSOS

Aparelhos: televisão, Data-show, DVD, vídeo-cassete, som;

Laboratório de línguas;

Laboratório de Informática;

Bibliotecas: Setorial, Central e Hemeroteca;

07) BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas.

Campinas SP: Pontes, 1993.

168

_____. O professor de Língua Estrangeira em Formação, Campinas, SP, Pontes, 1999.

ALVAR EZGUERA, M. (director). Diccionario Manual VOX ilustrado de la lengua

española. Barcelona , 1996.

BELLO, P. et al. Didáctica de las segundas lenguas. Estratégias y recursos básicos.

Madrid: Santillana, 1990.

FLORES PEDROSO, Sergio. Tradução e ensino de línguas não-maternas. Letras & Letras.

V.

22. (51-72) ISSN: 0102-3527.

--------- Leitura, literatura e tradução: a necessidade de adequações no ensino de línguas não-

maternas. Revista Brasileira de Lingüística Aplicada. V. 6, nº1. (11-25)

GELABERT, Mari José; MARTINELL, Emma; HERRERA, Manuel; MARTINELL,

Francisco. Repertorio de funciones comunicativas del español.Niveles Umbral, Intermédio y

Avanzado. Madrid: SGEL, 1996.

GONZÁLEZ ARAÑA, Corina; HERRERO AÍSA, Carmen. Manual de gramática española.

Gramática de la palabra, de la oración y del texto. Madrid: Ed. Castalia, 1997.

HERMOSO, A. González. Gramática de español lengua extranjera. España: Edelsa, 2003.

HERNÁNDEZ, Guillermo. Análisis gramatical. Teoria y práctica. Madrid: SGEL, 1990.

_____. Conjugar es fácil en español de España y de América . Madrid:

Edelsa, 1997.

MAINARDI, Beatriz Novick e GASPARINI, Pablo Fernando. Puentes:

catorce puntos claves para que los brasileños optimicen su español. São

Paulo: SBS Editora. 2000.

MATTE BON, F. (1992): Gramática comunicativa del español (I). De la lengua a la idea.

España: Edelsa.

MILLANI, Esther Maria et al. Listo: español a través de textos. São Paulo:

Santillana/Moderna, 2005.

MORENO GARCÍA, Concha. Curso Superior de Español. MADRID: SGEL;1999.

SECO, Manuel. Gramática esencial del español. España, 1996.

SEDYCIAS, João (org.) O ensino do espanhol no Brasil: passado, presente, futuro. São

Paulo: Parábola, 2005. [Série Estratégias de Ensino]

VÁZQUEZ CUESTA, Pilar. Gramática Portuguesa. Madrid: Grados, 1981.

Universidad de Alcala de Henares. Dicionario Señas Espanhol. SP: Martins Fontes Editora.

2000.

Universidad de Salamanca. Dicionário Salamanca de la lengua española.

Sites para busca em espanhol: Terra e Yahoo.

08) AVALIAÇÃO

- Bimestrais, em forma de avaliações escrita e oral:

- Atividades gramaticais e de análise gramatical, individuais e/ou em grupo;

- Verificação de leitura de livro, contos e/ou textos autênticos.

- Apresentações orais.

SUBSÍDIOS MORFOSSINTÁTICOS PARA A PRODUÇÃO ENUNCIATIVA EM

LÍNGUA ESPANHOLA (72 horas)

EMENTA:

Abordagem descritiva e prática de aspectos morfossintáticos da língua espanhola que

dificultam a produção enunciativa dos falantes de língua portuguesa porque decorrem da

169

extrema proximidade entre ambas as línguas, assim afastando os formandos do nível de

correção enunciativa a que se aspira na formação de professores da língua estrangeira. Os

tópicos serão considerados sobre uma base contrastiva.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

A pronominalização.

Pronominalização do objeto direto.

Pronominalização do objeto indireto

Pronominalização dupla.

Pronominalização afetiva.

Regência em verbos e expressões equivalentes. Ex.: Parecerse a, ser responsable de.

Perífrases verbais.

A voz passiva.

Voz passiva analítica. Ex.: Vários visitantes fueron entrevistados.

Voz passiva pronominalizada. Ex.: Se entrevisto a vários visitantes.

Ativação da voz passiva. Ex.: A vários visitantes los entrevistaron.

A expressão hipotética. Ex.: Si fuera (fuese), llegara (llegase, llegaría)

Alternâncias e equivalências: voy, fuera, fuese, iría.

Equivalências das construções com infinitivo em português.

BIBLIOGRAFIA

Bom, F. M. Gramática comunicativa Del Español. 2 Tomos. Madrid: Edelsa, 1998.

Díaz, R. F. Prácticas de gramática española para hablantes de portugués. Dificultades

generales, Cuadernos de prácticas de Español/LE. Madrid: Arco/Libros, S.L., 1999.

Fanjul, A. Gramática de español paso a paso. São Paulo: Moderna, 2005.

Llorach, E. A Gramática española. Madrid: Espasa Calpe, 1992.

Milani, E. M. Gramática de español para brasileños. São Paulo: Ed. Saraiva, 1999.

Real Academia Española. Esbozo para una nueva gramática de la çlengua española. Madrid:

Espasa-Calpe, 1982.

Vázquez Cuesta, Pilar. Gramática portuguesa. Madrid: Grados, 1981.

SUBSÍDIOS FONÉTICOS E FONOLÓGICOS PARA A PRODUÇÃO

ORAL EM LÍNGUA ESPANHOLA (72 horas)

EMENTA:

Abordagem descritiva e prática de aspectos fonológicos da língua espanhola que dificultam

a produção enunciativa oral dos falantes de língua portuguesa porque decorrem da extrema

proximidade entre ambas as línguas, assim afastando os formandos do nível de correção

enunciativa a que se aspira na formação de professores da língua estrangeira. Os tópicos

serão considerados sobre uma base contrastiva.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

1. O timbre das vogais em língua espanhola.

1.1 Vogais orais e nasais.

2. Os encontros vocálicos.

2.1 Ditongos.

2.2 Hiatos.

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3. Alguns sons com dificuldade recorrente.

3.1. A variação oclusivo-fricativa do B, D e G.

3.2 O som do “S” e a ligação entre palavras.

3.2.1 O “S” aspirado. Outras variantes.

3.3 O “R”.

3.4 O “LL” e o “Y”. Variantes.

3.5 O “X”.

4. Encontros consonânticos: BD, MN, PT, DM, TM (ausência de som parasita).

5. Os grupos acentuais e os grupos fônicos.

6. A curva tonal em orações asseverativas e interrogativas.

7. A aliteração.

BIBLIOGRAFIA

Alarcos Llorach, E. Fonología Española. Madrid: Gredos, 1981.

Callou, Dinah; Leite, Yonne. Iniciação à fonética e à fonologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Editores, 1990.

Díaz, R. F. Prácticas de fonética española para hablantes de portugués. Dificultades

generales, Cuadernos de prácticas de Español/LE. Madrid: Arco/Libros, S.L., 1999.

http://www.uiowa.edu/ãcadtech/phonetics/spanish/frameset.htlm

http:www.liceu.uab.es/~joaquim/home.htlm

Masip, Vicente. Fonética do Espanhol para brasileiros. Barcelona: Difusión, 1998.

------------------ Gente pronuncia bien. Curso de pronunciación española para brasileños.

Barcelona: Difusión.

Señas: Diccionario para la enseñanza de lengua española para brasileños. Ed. Martins

Fontes. São Paulo, 2000.

Vázquez Cuesta, Pilar. Gramática portuguesa. Madrid: Grados, 1981.