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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL DESACETILAÇÃO DE XANTANA: INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO ELLEN PORTO PINTO Pelotas, 2005.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL

DESACETILAÇÃO DE XANTANA: INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO

ELLEN PORTO PINTO

Pelotas, 2005.

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ELLEN PORTO PINTO

DESACETILAÇÃO DE XANTANA: INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO

DISSERTAÇÃO apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências.

Orientadora: Prof.a Dr.a Claire Tondo Vendruscolo

Co-Orientadora: Dr.a Lígia Furlan

Pelotas, 2005.

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Dados de catalogação na fonte: Ubirajara Buddin Cruz – CRB-10/901 Biblioteca de Ciência & Tecnologia - UFPel

P659d Pinto, Ellen Porto

Desacetilação de xantana: influência no comportamento reológico / Ellen Porto Pinto ; orientador Claire Tondo Vendruscolo ; co-orientador Lígia Furlan. – Pelotas, 2005. – 95f. ; il. – Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Área de concentração: Microbiologia. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2005.

1.Xantana. 2.Xanthomonas campestris. 3.Desacetilação.

4.Comportamento reológico. I.Vendruscolo, Claire Tondo. II.Furlan, Lígia. III.Título.

CDD: 576.162

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BANCA EXAMINADORA: Prof.a Dr.a Claire Tondo Vendruscolo Dr.a Lígia Furlan Dr.a Angelita da Silveira Moreira Prof.a Dr.a Francine Ferreira Padilha

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Dedico...

Aos meus queridos pais, Egon e

Lourdes, pois sem eles nada seria

possível.

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AGRADECIMENTOS

A Deus que meu deu força para superar as dificuldades e que mesmo nos

momentos mais difíceis fez com que eu nunca desistisse.

Aos meus pais por todo amor, apoio e dedicação.

Aos meus familiares e amigos pelo carinho, amizade e incentivo.

Ao Thiago pelo amor e compreensão.

À Universidade Federal de Pelotas pela oportunidade de realizar o curso de

Pós-Graduação.

À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) pela concessão da bolsa de estudos.

À Professora Dr.a Claire Tondo Vendruscolo pelos ensinamentos e

oportunidade concedidos para a realização do trabalho e ao longo do curso.

À Professora Dr.a Lígia Furlan pela valiosa orientação, disponibilidade,

atenção e apoio concedidos durante a execução e desenvolvimento do trabalho.

À Dr.a Angelita da Silveira Moreira pelos conhecimentos transmitidos desde

o início das minhas atividades no Laboratório de Biopolímeros.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia

Agroindustrial pelos ensinamentos transmitidos.

Ao Professor Dr. César Rombaldi pela disponibilização do espectrofotômetro

e aos colegas do Laboratório de Biotecnologia de Alimentos pelo auxílio na

utilização do equipamento.

À Técnica de Laboratório Geneci pela colaboração prestada durante a

realização do trabalho.

À Déia pelo carinho, amizade, atenção e auxílio; pois mesmo antes do nosso

nascimento já compartilhávamos vários momentos e até hoje continuamos trilhando

os mesmos caminhos.

Aos colegas do Centro de Biotecnologia, em especial aos amigos do

Laboratório de Biopolímeros: Carol I, Bilica, Ruti, Sabrina, Timm, Clarice, Lu, Carol II

e Rudah pela amizade, incentivo diário e cooperação.

E a todos que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para a

realização deste trabalho.

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“Só acreditando chegamos lá”.

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SUMÁRIO Lista de Figuras ......................................................................................................... 11

Lista de Tabelas ........................................................................................................ 13

Resumo ..................................................................................................................... 15

Introdução Geral ........................................................................................................ 17

Hipótese .................................................................................................................... 18

Objetivo Geral ........................................................................................................... 18

Objetivos Específicos ................................................................................................ 18

Revisão de Literatura ................................................................................................ 19

1. Xantana .............................................................................................................. 19

2. Produção de Xantana ........................................................................................ 20

3. Estrutura ............................................................................................................. 21

4. Influência das Condições de Fermentação ........................................................ 23

5. Modificações da Xantana ................................................................................... 25

6. Propriedades Reológicas da Xantana ................................................................ 28

7. Técnicas de Caracterização da Xantana............................................................ 31

1º Artigo ..................................................................................................................... 36

Resumo ..................................................................................................................... 36

Abstract ..................................................................................................................... 37

1 Introdução .......................................................................................................... 41

2 Material e Métodos ............................................................................................. 42

2.1 Biopolímero ...................................................................................... 42

2.2 Purificação do Biopolímero............................................................... 42

2.3 Modificação Química ........................................................................ 43

2.4 Determinação de Sódio e Potássio .................................................. 43

2.5 Avaliação da Viscosidade ................................................................ 44

2.6 Determinação do Grau de Acetilação ............................................... 44

2.7 Determinação do Grau de Piruvatação ............................................ 45

2.8 Análise Espectroscópica no Infravermelho ...................................... 46

2.9 Análise Estatística ............................................................................ 46

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3 Resultados e Discussão ..................................................................................... 47

3.1 Teores de Sódio e Potássio ............................................................. 47

3.2 Viscosidade ...................................................................................... 48

3.3 Grau de Acetilação ........................................................................... 53

3.4 Grau de Acetilação vs Viscosidade .................................................. 55

3.5 Grau de Piruvatação ........................................................................ 57

3.6 Espectroscopia no Infravermelho ..................................................... 59

4 Conclusões ........................................................................................................ 60

5 Referências ........................................................................................................ 61

2º Artigo ..................................................................................................................... 66

Resumo ..................................................................................................................... 66

Abstract ..................................................................................................................... 68

1 Introdução .......................................................................................................... 67

2 Material e Métodos ............................................................................................. 68

2.1 Microrganismo .................................................................................. 68

2.2 Produção do Biopolímero ................................................................. 68

2.3 Purificação do Biopolímero............................................................... 69

2.4 Modificação Química ........................................................................ 69

2.5 Determinação de Sódio e Potássio .................................................. 70

2.6 Avaliação da Viscosidade ................................................................ 70

2.7 Determinação do Grau de Acetilação ............................................... 71

2.8 Determinação do Grau de Piruvatação ............................................ 72

2.9 Análise Espectroscópica no Infravermelho ...................................... 72

2.10 Análise Estatística ........................................................................ 73

3 Resultados e Discussão ..................................................................................... 73

3.1 Teores de Sódio e Potássio ............................................................. 73

3.2 Grau de Acetilação ........................................................................... 74

3.3 Viscosidade ...................................................................................... 75

3.4 Grau de Acetilação vs Viscosidade .................................................. 78

3.5 Grau de Piruvatação ........................................................................ 80

3.6 Espectroscopia no Infravermelho ..................................................... 81

4 Conclusões ........................................................................................................ 82

5 Referências ........................................................................................................ 83

Conclusões Gerais .................................................................................................... 89

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Abstract ..................................................................................................................... 90

Referências ............................................................................................................... 89

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Estrutura primária da xantana........................................................... 24

FIGURA 2 Reação esquemática de desacetilação da xantana.......................... 28

FIGURA 3 Viscosidade (mPa.s) vs taxa de deformação (s-1) das soluções

aquosas a 1% (m/v) de xantana natural (dialisada e não dialisada)

e submetida a diferentes condições de desacetilação...................... 46

FIGURA 4 Viscosidade (mPa.s) vs taxa de deformação (s-1) das soluções

aquosas a 1% (m/v) de xantana desacetilada com concentração

de solvente de 0,01mol L-1 (concentração de biopolímero de 0,5%)

em diferentes tempos e temperaturas............................................... 51

FIGURA 5 Grau de acetilação (%) vs viscosidade (Pa.s) da xantana

comercial, xantana comercial dialisada, xantana comercial

dialisada desacetilada com concentração de 0,01mol L-1 dos

diferentes álcalis e concentração de biopolímero 0,5 e 1%, a

25ºC................................................................................................... 54

FIGURA 6 Grau de acetilação (%) vs viscosidade (Pa.s) da xantana comercial

dialisada desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio

(concentração de biopolímero 0,5%) em 45 e 65ºC por 3, 6, 9 e 12

horas.................................................................................................. 55

FIGURA 7 Espectros na região do infravermelho, em pastilha de KBr: xantana

comercial dialisada, xantana desacetilada com 0,01mol L-1 de

hidróxido de amônio e xantana desacetilada com 0,01mol L-1

hidróxido de sódio (concentração de biopolímero de 0,5%)............. 58

FIGURA 8 Viscosidade (mPa.s) vs taxa de deformação (s-1) dos biopolímeros

desacetilados sintetizados pela Xanthomonas campestris pv pruni

cepa 101............................................................................................ 76

FIGURA 9 Viscosidade (mPa.s) vs taxa de deformação (s-1) dos biopolímeros

sintetizados pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101 77

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desacetilados com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio, a 25 e

45ºC....................................................................................................

FIGURA 10 Grau de acetilação vs viscosidade da xantana sintetizada pela

Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, dialisada,

desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de potássio, hidróxido

de sódio e hidróxido de amônio......................................................... 78

FIGURA 11 Espectros na região do infravermelho, em pastilha de KBr: xantana

sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101

dialisada, desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e

desacetilada com 0,01mol L-1 hidróxido de sódio.............................. 81

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Teores de sódio e potássio (%) da xantana comercial, xantana

comercial dialisada e xantana comercial dialisada desacetilada

com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e concentração de

biopolímero de 0,5%.......................................................................... 45

TABELA 2 Viscosidade (mPa.s) a 25ºC das soluções aquosas a 1% (m/v),

das xantanas recuperadas das soluções de 0,5% e 1% após

diferentes condições de desacetilação.............................................. 47

TABELA 3 Viscosidade (mPa.s) a 25ºC das soluções aquosas a 1% (m/v) da

xantana desacetilada com 0,01mol L-1 do álcali e concentração de

biopolímero de 0,5%.......................................................................... 49

TABELA 4 Viscosidade (mPa.s) a 25ºC das soluções aquosas a 1% (m/v) da

xantana desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e

concentração de biopolímero de 0,5% em diferentes tempos e

temperaturas de reação.................................................................... 50

TABELA 5 Teores de grupos acetil (%) da xantana comercial, xantana

comercial dialisada e xantana comercial dialisada desacetilada

com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e concentração de

biopolímero de 0,5 e 1%.................................................................... 52

TABELA 6 Teores de grupos acetil (%) da xantana comercial dialisada

desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e

concentração de biopolímero de 0,5% em diferentes tempos e

temperaturas de reação.................................................................... 53

TABELA 7 Teores de grupos piruvato (%) da xantana comercial, xantana

comercial dialisada e xantana comercial dialisada desacetilada

com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e concentração de

biopolímero de 0,5 e 1%, a 25ºC....................................................... 56

TABELA 8 Teores de grupos piruvato (%) da xantana comercial dialisada

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desacetilada com 0,01mol L-1 hidróxido de amônio e concentração

de biopolímero de 0,5% em diferentes tempos e temperaturas de

reação................................................................................................

56

TABELA 9 Teores de sódio e potássio (%) da xantana sintetizada pela

Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, dialisada e

desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e

concentração de biopolímero de 0,5%.............................................. 73

TABELA 10 Teor de grupos acetil (%) da xantana sintetizada pela

Xanthomonas campestris cepa 101, dialisada e desacetilada com

0,01mol L-1 de álcalis e concentração de biopolímero de

0,5%................................................................................................... 77

TABELA 11 Viscosidade (mPa.s) a 25ºC da solução aquosa a 1% (m/v) da

xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa

101, dialisada e desacetilada com 0,01mol L-1 de álcalis e

concentração de biopolímero de 0,5%, a 25 e 45ºC......................... 74

TABELA 12 Teor de grupos piruvato (%) da xantana sintetizada pela

Xanthomonas campestris cepa 101, dialisada e desacetilada com

0,01mol L-1 de álcalis e concentração de biopolímero de

0,5%................................................................................................... 79

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RESUMO PINTO, Ellen P. Desacetilação de xantana: influência no comportamento reológico. 2005. 95f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Reações químicas podem ser efetuadas para remoção dos grupos acetil da cadeia lateral da molécula da xantana. Esta mudança estrutural do biopolímero pode ser conseguida através da reação de desacetilação, tornado-se uma opção para potencializar seu comportamento reológico. Primeiramente, a fim de adequar um método para remoção dos grupos acetil, utilizou-se uma xantana comercial; estudou-se a influência dos parâmetros de reação sobre o teor de acetilação e qualidade do biopolímero resultante. As reações de desacetilação foram conduzidas com variação dos parâmetros: concentrações do biopolímero e álcalis, tempo e temperatura. Foram efetuadas análises dos teores de sódio e potássio, do grau de acetilação e piruvatação, da viscosidade e espectroscopia no infravermelho das amostras. Observou-se que a purificação do biopolímero pela técnica de diálise propiciou uma remoção parcial dos íons sódio e potássio e que estes íons influenciam na viscosidade da xantana. A propriedade de pseudoplasticidade foi mantida após a modificação química do biopolímero. A viscosidade da xantana aumentou com o incremento da concentração de álcali empregada na reação de desacetilação, exceto quando foi empregado hidróxido de potássio. A concentração do biopolímero utilizada para efetuar a reação de desacetilação praticamente não influenciou na viscosidade das soluções. As maiores viscosidades (680 e 910mPa.s a 10s-1) foram observadas utilizando a base fraca hidróxido de amônio nas concentrações de 0,005 e 0,01mol L-1, respectivamente; sendo superior a xantana comercial adicionada de sais (430mPa.s a 10s-1). O grau de acetilação e a viscosidade da xantana diminuíram na medida em que se utilizou uma base mais forte (0,01mol L-1) e maior tempo (12 horas) e temperatura (65ºC) na reação de desacetilação. O grau de piruvatação da xantana modificada quimicamente não variou, conseqüentemente, não está relacionado à viscosidade nas condições testadas. A xantana comercial desacetilada apresentou viscosidade 53% superior a xantana adicionada de sais com a utilização dos seguintes parâmetros de reação: 0,5 e 1% de biopolímero, 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio, 25ºC por 3 horas. No entanto, a remoção de grupos acetil maior que 10% proporciona um decréscimo de 55% da viscosidade. Os melhores parâmetros selecionados na primeira etapa foram utilizados para estudar a influência da desacetilação nas propriedades da xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, efetuando as mesmas análises. A purificação do biopolímero propiciou uma remoção parcial dos íons sódio e potássio. A maior viscosidade (1170mPa.s a 10s-1) foi observada com a utilização de hidróxido de amônio decrescendo à medida que foi empregado hidróxido de potássio

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(591mPa.s a 10s-1) e sódio (490mPa.s a 10s-1). Verificou-se que a viscosidade praticamente manteve-se constante quando a temperatura de reação aumentou de 25ºC para 45ºC, contudo, o teor de grupos acetil decresceu. O emprego de hidróxido de amônio na reação de desacetilação proporciona uma melhoria de 24% na viscosidade da xantana, no entanto, a remoção de grupos acetil é mais eficiente com a utilização de hidróxido de sódio obtendo-se uma redução de 81% destes grupos. O grau de piruvatação da xantana não variou e, conseqüentemente, não influenciou na viscosidade das xantanas desacetiladas. Os parâmetros de reação ideais para a xantana comercial também foram adequados para a xantana produzida pelo patovar pruni cepa 101, proporcionando a obtenção de um biopolímero desacetilado com qualidade reológica.

Palavras-chave: Xantana. Desacetilação. Comportamento Reológico.

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INTRODUÇÃO GERAL

Biopolímeros microbianos são uma fonte potencial de polissacarídeos com

notáveis e diferenciadas propriedades. A xantana é um heteropolissacarídeo

biossintetizado por bactérias do gênero Xanthomonas durante processo

fermentativo. A maioria de suas aplicações é originária dos benefícios funcionais que

proporciona, e esta funcionalidade é conseqüência direta de sua singular estrutura

molecular.

Sua utilização industrial está baseada nas suas características físicas, ou

seja, na sua habilidade de alterar as propriedades básicas da água e na sua

capacidade de espessamento, estabilização, emulsificação, suspensão e gelificação

quando associada com outros polissacarídeos (MANRESA et al., 1987). Soluções de

xantana possuem alta viscosidade em baixas concentrações, boa estabilidade em

uma ampla faixa de temperatura, pH e concentração de sais (ROCKS, 1971;

COTTRELL; KANG, 1978). Por estas razões a xantana tem sido bastante

empregada na indústria alimentícia, petrolífera, farmacêutica, cosmética, têxtil, de

papéis e tintas (SUTHERLAND, 1993).

A produção de novos polissacarídeos através de processos biotecnológicos

envolve altos custos com programas de triagem de cepas e com a adequação do

sistema de produção. Portanto, a busca por novos compostos pode ser dificultada

pelo tempo necessário e infinidade de testes que devem ser aplicados, já que a

qualidade depende da genética e das condições operacionais utilizadas. Assim, uma

alternativa viável seria a modificação pela ação química da estrutura molecular dos

compostos existentes, a fim de obter-se materiais com novas propriedades e usos

diferenciados.

Reações químicas podem ser efetuadas para remoção dos grupos acetil e

piruvato da cadeia lateral da molécula da xantana. Segundo alguns autores, a

proporção destes substituintes influencia nas propriedades reológicas do

biopolímero (SLONEKER; JEANES, 1962; SANDFORD et al., 1977; SMITH; PACE,

1981; CHEETHAM; NORMA, 1989; TAKO; NAKAMURA, 1984).

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18

A desacetilação é uma reação de hidrólise alcalina que remove os grupos

acetil presentes na cadeia lateral da xantana. Esta mudança estrutural é realizada

no biopolímero após sua obtenção, ou seja, no produto final. Esta modificação pode

ser uma opção para potencializar suas características reológicas, ou ainda ser

utilizada em estudos de sinergismo e “crosslinking” com outros polissacarídeos,

estabelecendo novas aplicações para este biopolímero.

HIPÓTESE

Mudança química por desacetilação da xantana potencializa suas

propriedades reológicas.

OBJETIVO GERAL

Avaliar os parâmetros de reação para a desacetilação de uma xantana

comercial, proveniente do patovar campestris, e a sintetizada pela bactéria

Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliar o efeito da temperatura, tempo de reação, concentrações dos

biopolímeros e álcalis na reação de desacetilação;

• Estudar a influência na viscosidade dos íons sódio e potássio presentes

na xantana comercial, xantana sintetizada pela cepa 101 e desacetiladas;

• Avaliar a viscosidade dos biopolímeros;

• Determinar os teores de acetil e piruvato dos biopolímeros;

• Analisar pela técnica de espectroscopia vibracional de absorção no

infravermelho os biopolímeros desacetilados.

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REVISÃO DE LITERATURA

1. XANTANA

Polissacarídeos são macromoléculas naturais formadas pela polimerização

de monossacarídeos ou seus derivados, unidos por ligações glicosídicas. São

substâncias de alto peso molecular, que durante a biossíntese, apresentam maior

facilidade de combinações possíveis. Isto permite a formação de ramificações com

diversos tipos de monossacarídeos com diferentes configurações (BOBBIO, F.;

BOBBIO, P., 1992).

Estes compostos podem ser provenientes de plantas aquáticas (ágar,

alginato e carragena); de plantas terrestres, oriundos da própria estrutura (celulose,

pectina e amido), das sementes (goma guar e locusta), de exudatos (goma arábica,

karaya e tragacante); e de microrganismos (xantana, dextrana e gelana) os quais

são conhecidos como biopolímeros (BOBBIO, P.; BOBBIO, F., 1992).

Polissacarídeos microbianos podem ser homopolissacarídeos, compostos

por um único monossacarídeo, ou heteropolissacarídeos, quando sua estrutura

contiver diferentes monossacarídeos. Além dos carboidratos, muitos polissacarídeos

deste tipo ainda podem conter substituintes orgânicos e inorgânicos como

componentes de sua estrutura (SUTHERLAND, 1994).

A produção de biopolímeros para o uso comercial por fermentação,

comparada com a extração de gomas de plantas superiores e algas, bem como os

polímeros sintéticos, oferece vantagens que incluem: a ampla diversidade de

biopolímeros produzidos por microrganismos; a produção, em quantidade e com alta

qualidade, independente das condições climáticas, conduzidas por fermentações

bem controladas e utilizando matéria-prima de qualidade constante; manipulação da

composição do produto e suas propriedades através de alterações nas condições de

fermentação (PACE; RIGHELATO, 1981).

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20

A habilidade de sintetizar polissacarídeos é amplamente encontrada entre

espécies microbianas. Microrganismos como bactérias e fungos são capazes de

produzir três tipos de carboidratos poliméricos quanto à localização morfológica:

polissacarídeos extracelulares, que podem ser encontrados como uma cápsula que

envolve a célula microbiana (capsulares) ou como uma massa amorfa secretada

para o meio externo (livres); polissacarídeos estruturais, que fazem parte da parede

celular; ou polissacarídeos intracelulares (SUTHERLAND, 1982).

Bactérias do gênero Xanthomonas pertencem à família Pseudomonaceae,

apresentam-se como bastonetes retos e isolados, móveis por flagelo único polar,

gram negativas e estritamente aeróbias. Os microrganismos deste gênero são

fitopatogênicos, com exceção da Xanthomonas maltophilia.

Este gênero de bactérias é capaz de produzir polissacarídeos, embora

algumas espécies o façam mais eficientemente como a X. fragariae, X. oryzae e X.

campestris. Entre esta última espécie citada destacam-se os patovares pruni,

phaseoli, malvacearum, carotae, citrumelo e juglandis (HAYWARD, 1993).

Xantana foi à denominação dada ao heteropolissacarídeo extracelular livre,

produzido durante o processo de fermentação aeróbia de bactérias do gênero

Xanthomonas (LILLY, 1958).

2. PRODUÇÃO DE XANTANA

Na condução de uma fermentação, o preparo do inóculo e a fermentação

propriamente dita são as principais fases do processo. Na primeira, multiplica-se o

microrganismo em quantidade suficiente e em condições adequadas para assegurar

seu desenvolvimento na etapa seguinte (CADMUS et al., 1978; GARCÍA-OCHOA et

al., 2000).

O processo de fermentação pode ser realizado utilizando substratos sólidos

ou em meio líquido. A fermentação líquida em cultivo submerso é a mais comumente

utilizada por ser de fácil controle, possibilidade de variação do meio de cultivo, fácil

esterilização do meio, aeração estéril menos dispendiosa e a superfície bacteriana

fica inteiramente exposta ao meio facilitando as trocas metabólicas (REGULY, 2000).

Este tipo de processo pode ser efetuado de maneira descontínua ou

contínua. No procedimento descontínuo ou em batelada o cultivo de bactérias é

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adicionado a um meio contendo os substratos necessários ao desenvolvimento do

microrganismo e são fornecidas as condições ideais para que as reações

aconteçam. No momento em que a concentração do produto atinge o valor máximo

o processo é terminado. Em escala laboratorial este método pode ser realizado em

agitadores orbitais ou em bioreatores. Nos agitadores orbitais apenas pode-se

controlar a temperatura, o tempo e a agitação do processo fermentativo, enquanto

que em bioreatores o controle é mais rigoroso sendo possível monitorar outros

parâmetros como pH e a concentração de oxigênio dissolvido. Ao passo que no

sistema contínuo, a operação é realizada adicionando-se continuadamente o meio

esterilizado que contém o substrato, enquanto os produtos de reação são removidos

sem a interrupção do processo.

A fermentação contínua fornece vantagens, em relação à técnica em

batelada, pois proporciona alta produtividade, o biopolímero formado pode ser obtido

sob condições fisiológicas altamente padronizadas e conseqüentemente pode

apresentar características físicas e químicas mais uniformes. Problemas com a

agitação, que muitas vezes, durante o processo pode ser insuficiente e com a

manutenção da esterilidade do sistema, podem ser citados como desvantagem

(SUTHERLAND, 1990).

O caldo resultante da fermentação contém o biopolímero, células, residual

de nutrientes e outros metabólitos (GARCÍA-OCHOA; CASAS; MOHEDANO, 1993).

O método específico de purificação a ser utilizado é determinado pelo uso final do

polissacarídeo. As principais etapas do processo de recuperação são a remoção das

células microbianas, precipitação do biopolímero, secagem e moagem (GALINDO,

1994). Nas formulações comerciais de xantana muitas vezes são adicionados sais,

predominantemente sais de potássio, mas também podem ser utilizados sais de

cálcio e sódio na forma de cloretos, para facilitar a solubilização, aumentar a

viscosidade e manter a estabilidade (JEANES; PITTSLEY; SENTI, 1961; MORRIS,

1996).

3. ESTRUTURA

A xantana produzida pela Xanthomonas campestris pv campestris, patovar

utilizado industrialmente, apresenta uma estrutura primária composta de repetidas

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unidades pentassacarídicas, formada por unidades de glicose, manose e ácido

glicurônico, na proporção 2,8:3,0:2,0, além dos grupos acetil e piruvato

(SLONECKER; JEANES, 1962).

A cadeia principal da xantana consiste de unidades de β-D-glicose ligadas

na posição 1 e 4, que conferem rigidez à molécula. A estrutura química da cadeia

principal é idêntica à da celulose. A cadeia lateral é composta de β-D-manose-

(1→4)-β-D-ácido glicurônico-(1→2)-α-D-manose, ligados ao carbono 3 dos resíduos

de glicose da cadeia principal. A unidade terminal de β-D-manose pode apresentar

resíduos de ácido pirúvico ligados nas posições 4 e 6. O grupo acetil pode estar

ligado na posição 6 da unidade de α-D-manose (JANSSON; KEENE; LINDBERG,

1975; MELTON et al., 1976). Algumas manoses externas podem conter ainda um

segundo grupo acetil, como está ilustrado na Figura 1 (STANKOWSKI; MUELLER;

ZELLER, 1993). Estes substituintes podem estar ligados em variáveis proporções à

cadeia lateral, dependendo da cepa, das condições de crescimento bacteriano e dos

parâmetros que são empregados no processo de produção deste biopolímero

(CADMUS et al., 1976). Esta variação do grau de substituição tem sido explicada

pela baixa estabilidade química relativa de ambos os substituintes (DENTINI;

CRESCENZI; BLASI, 1984). As cadeias laterais conferem solubilidade em meio

aquoso (SUTHERLAND, 1994, 2001) e juntamente com os ácidos pirúvico e acético

concedem ionicidade a xantana, que além de aumentar a solubilidade também estão

relacionadas à conformação molecular (SHATWELL et al., 1990; SHATWELL e

SUTHERLAND, 1991).

A estrutura secundária da xantana tem sido investigada e dois modelos,

hélice simples e hélice dupla, são atribuídos para sua conformação em solução.

Morris (1977) propôs que a xantana em solução existia como uma estrutura

ordenada de hélice simples e que a cadeia lateral permanecia dobrada ao longo da

cadeia principal, tornado-se uma molécula linear rígida. No entanto, Stokke,

Elgsaeter e Smidsrod (1986), em seus estudos, sugeriram que a estrutura da

xantana apresentava-se como uma hélice dupla.

A molécula de xantana pode exibir uma conformação ordenada ou

desordenada em solução. Estudos têm demonstrado a existência de uma transição

da estrutura ordenada para desordenada, e isto ocorre por mudanças no pH, força

iônica e temperatura (MORRIS, 1995). Os grupos acetil e piruvato da molécula do

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polissacarídeo influenciam na mudança conformacional e diferenças são facilmente

observadas nas preparações de xantana com diferentes proporções destes

substituintes. A presença dos grupos acetil na estrutura da xantana tem um efeito

estabilizante da forma ordenada do polissacarídeo, entretanto, os grupos piruvato

produzem um resultado oposto. Isto pode ser atribuído à repulsão eletrostática entre

os grupos piruvato. De modo inverso, as interações apolares dos grupos metil e

acetil apresentam um efeito de estabilização (SHATWELL et al., 1990).

FIGURA 1 - Estrutura primária da xantana. Fonte: MOLECULAR, 2005.

4. INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE FERMENTAÇÃO

Mudanças no processo de fermentação, como a utilização de diferentes

espécies, patovares e cepas de Xanthomonas, composição do meio e condições

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operacionais podem ocasionar variações na estrutura molecular do biopolímero

sintetizado.

As espécies e patovares da bactéria utilizados no processo de fermentação

influenciam na composição do biopolímero formado. Slonecker e Jeanes (1962)

reportaram que a xantana comercial sintetizada pela Xanthomonas campestris pv

campestris é composta de glicose, manose, ácido glicurônico, grupos acetil e

piruvato. Lowson e Symes (1977) relataram a presença de ramnose e xilose nos

polissacarídeos produzidos pelo patovar juglandis e phaseoli, respectivamente. A

xantana sintetizada pelo patovar pruni apresenta o monossacarídeo ramnose em

sua composição (SOUZA; VENDRUSCOLO, 1999).

Uma ampla variação no grau de piruvatação e acetilação de amostras de

xantana tem sido observada, quando numerosas cepas de Xanthomonas são

utilizadas para a produção do biopolímero (SUTHERLAND, 1981). Variações na

composição da xantana ocorrem em produtos provenientes de certas cepas

mutantes em que as cadeias laterais foram eliminadas (TAIT; SUTHERLAND, 1989).

A manutenção da cultura é importante para a estabilidade do processo de

produção de xantana. Entretanto, quando variações no tamanho das colônias da

bactéria ocorrem, são notadas mudanças no nível de substituição do grupo piruvato

na molécula do biopolímero (CADMUS et al., 1978).

O meio padrão para a produção de xantana contém fontes de carbono,

nitrogênio, íons fosfato, magnésio e elementos traços. Variações na composição

deste meio influenciam na estrutura do biopolímero produzido. Davidson (1978)

relatou maior substituição de grupos piruvato e menor conteúdo de acetil quando a

fonte de nitrogênio foi um nutriente limitante, porém Kennedy et al. (1982)

descreveram um aumento no grau de piruvatação quando a concentração de

nitrogênio foi aumentada. No entanto, nenhuma relação foi encontrada entre o grau

de piruvatação e a composição do meio por Trilsbach e seus colaboradores (1984).

A temperatura na qual a xantana é produzida tem significante impacto na

sua estrutura. Cadmus et al. (1978) e Shu e Yang (1990) concordaram que um

máximo de conteúdo de piruvato é obtido cultivando a bactéria a 27ºC. No entanto, o

conteúdo de acetil e piruvato diminuiu levemente quando ocorreu um aumento na

temperatura de cultivo (GARCÍA-OCHOA et al., 2000; CASAS; SANTOS; GARCÍA-

OCHOA , 2000).

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Diferentes autores têm estudado o efeito do tempo de fermentação na

estrutura molecular da xantana. Tait, Sutherland e Clarke-Sturman (1986), Casas,

Santos e García-Ochoa (2000) e García-Ochoa et al. (2000) descreveram que a

concentração de acetil aumenta com o tempo de fermentação. Entretanto, o efeito

sobre o grau de piruvatação não está esclarecido o suficiente. Holzwarth (1979),

Flores, Torres e Galindo (1994), Casas, Santos e García-Ochoa (2000) e García-

Ochoa et al. (2000) apontaram um aumento da concentração de piruvato com o

tempo, embora outros autores não tenham observado nenhuma mudança

(TRILSBACH et al., 1984; TAIT; SUTHERLAND; CLARKE-STURMAN, 1986).

O peso molecular do biopolímero também é afetado por mudanças nas

condições operacionais. Este aumenta na ausência de limitação de oxigênio

(PETERS et al.,1993; FLORES; TORRES; GALINDO,1994) e com o tempo na

fermentação descontínua (GARCÍA-OCHOA et al., 2000; CASAS; SANTOS;

GARCÍA-OCHOA, 2000).

5. MODIFICAÇÕES DA XANTANA

Além das mudanças que podem ocorrer com a estrutura do polissacarídeo

durante seu processo de obtenção, modificações genéticas e químicas podem ser

efetuadas para o melhoramento das propriedades da xantana.

Métodos genéticos comuns podem ser utilizados na bactéria Xanthomonas

para modificação de sua rota biossintética, ou ainda, os substituintes da cadeia

lateral podem ser geneticamente controlados para a produção de polissacarídeos

com propriedades diferenciadas (BETLACH et al., 1987). Cepas mutantes

produtoras de xantana sem ácido glicurônico e grupos piruvato podem ser

construídas, bem como, com alto conteúdo de piruvato. A xantana em que o grupo

piruvato foi aumentado possui uma alta viscosidade em baixas concentrações

(SANDFORD et al. 1977), além de sua maior tolerância a elevados níveis de sais

(PHILLIPS et al., 1985).

Hassler e Doherty (1990), relataram que dois genes são responsáveis pela

acetilação dos resíduos de manose interna, e que tanto a manose interna como a

externa pode ser acetilada. Na xantana comercial, os resíduos de manose externa

que não são piruvatados podem ser acetilados (STANKOWSKI; MUELLER;

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ZELLER, 1993). A acetilação diminui a viscosidade da xantana (HASSLER;

DOHERTY, 1990), e o máximo de viscosidade pode ser conseguido pelo bloqueio da

acetilação e aumento da piruvatação (HARDING; CLEARY; IELPI, 1994).

Técnicas de engenharia genética estão sendo empregadas para desenvolver

polissacarídeos baseados na xantana. Polissacarídeos com unidades trissacarídicas

que não possuem o ácido glicurônico em sua estrutura, exibem propriedades únicas

como alta viscosidade em relação a xantana sem modificação. Polissacarídeos com

unidades tetrassacarídicas isentos dos resíduos de manose terminais, apresentam

baixa viscosidade quando comparados com a xantana produzida por cepas não

modificadas, e similar viscosidade a xantana não piruvatada (VANDERSLICE et al.,

1989).

Outra alternativa para o melhoramento das propriedades da xantana é

modificar a sua estrutura quimicamente. Potenciais modificações incluem oxidação e

redução, mudando seus substituintes, alterando a cadeia lateral do polissacarídeo,

ou transferindo outras moléculas para a estrutura do biopolímero (BORN;

LANGENDORFF; BOULENGUER, 2002).

Os grupos acetil e piruvato podem ser eliminados da cadeia lateral da

xantana através de reações químicas. O grupo piruvato pode ser facilmente

removido submetendo o biopolímero a um meio ácido; normalmente utiliza-se ácido

oxálico (HOLZWARTH; OGLETREE, 1979) ou ácido trifluoroacético (BRADSHAW et

al., 1983) em temperatura elevada. No entanto, o grupo acetil é retirado da molécula

da xantana em meio básico (JEANES, 1974), onde é comum utilizar hidróxido de

sódio (DENTINI; CRESCENZI; BLASI, 1984), hidróxido de amônio (SHATWELL et

al., 1990) ou hidróxido de potássio (SLONECKER; JEANES, 1962) através de

métodos bastante variados.

A reação de desacetilação consiste em uma hidrólise alcalina, onde o grupo

éster que está ligado à α-D-manose da cadeia lateral da xantana é deslocado pelo

álcali havendo formação de sal e álcool (MORRISON, 1996), como está ilustrado na

Figura 2.

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FIGURA 2 - Reação esquemática de desacetilação da xantana.

Fonte: AUTOR.

Muitos estudos estão sendo feitos com xantana modificada quimicamente

por desacetilação, com relação à influência nas suas propriedades e seu sinergismo

com outros polímeros. A xantana interage com galactomananas, como goma locusta

e guar, para formar soluções com viscosidade expressivamente maior do que a

esperada para os polímeros individualmente (ROCKS, 1971). A remoção química do

grupo acetil da molécula da xantana aumenta o sinergismo com estes polímeros,

pois o grupo acetil contribui para associação intramolecular e a cadeia lateral torna-

se mais flexível depois da desacetilação favorecendo a interação entre gomas

(TAKO; NAKAMURA, 1984, 1985).

No entanto, a influência dos grupos acetil na viscosidade da xantana ainda

não está bem esclarecida. Relatos da literatura demonstram que a viscosidade da

xantana pode ser melhorada através da remoção destes grupos (SLONECKER;

JEANES, 1962; TAKO; NAKAMURA, 1984), no entanto, outros não verificam

nenhum efeito nas propriedades reológicas do biopolímero (BRADSHAW et al.,

1983; CALLET; MILAS, RINAUDO, 1987; SHATWELL et al., 1990; SUTHERLAND;

TAIT, 1992).

Álcali+ CH3OH

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6. PROPRIEDADES REOLÓGICAS DA XANTANA

Reologia é a ciência que estuda o fluxo e a deformação da matéria; para

este estudo são aplicadas tensões ou deformações no material e são analisadas as

suas respostas. A deformação é a medida da mudança de forma de um corpo

(BRETAS; SCURACCHIO, 2003). A propriedade reológica de interesse nos sólidos é

a sua elasticidade, e no caso dos líquidos é a sua viscosidade. Contudo, existem

materiais que não podem ser diferenciados facilmente em sólidos ou líquidos, e

nestes casos sua propriedade é a viscoelasticidade (SHAW, 1975).

Viscosidade é a capacidade do fluído de resistir ao escoamento, tal

resistência é causada pelo atrito interno das partículas (NAVARRO, 1997). A

viscosidade de uma solução polimérica é uma função do tamanho, forma e

conformação que adotam suas moléculas no solvente. Assim sendo, soluções de

biopolímeros são dispersões ou agregados de moléculas hidratadas, e seu

comportamento reológico é determinado pelo tamanho, forma, facilidade de

deformação ou flexibilidade, e presença e magnitude das cargas elétricas nessas

moléculas hidratadas ou agregados (BEMILLER; WHISTLER, 1996).

6.1 Influência da Taxa de Cisalhamento, Temperatura, Pressão e Tempo

A viscosidade dos biopolímeros pode ser significantemente afetada por

variáveis como a taxa de cisalhamento, temperatura, pressão e tempo de aplicação

do cisalhamento. Os fluídos podem ser newtonianos, ou seja, dependentes da

temperatura e pressão; ou não-newtonianos, os quais são dependentes do

cisalhamento aplicado e do tempo de sua aplicação (RAO, 1977). As soluções de

xantana são não-newtonianas e pseudoplásticas (ROCKS, 1971), fenômeno que é

caracterizado pela diminuição da viscosidade à medida que aumenta a taxa de

deformação aplicada ao sistema.

Esta característica da xantana facilita, por exemplo, operações de

bombeamento durante a produção de um alimento e faz com que produtos como

coberturas para salada fluam com facilidade das embalagens. A pseudoplasticidade

aumenta as qualidades sensoriais realçando o sabor e a sensação bucal percebida

durante a ingestão de um alimento (KATZBAUER, 1998). A xantana exibe

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viscosidade baixa em taxas de cisalhamento entre 50 e 200s-1, valores equivalentes

à mastigação, fazendo com que o produto alimentício pareça menos viscoso ao

paladar e o sabor seja mais bem percebido (CHALLEN, 1994).

6.2 Influência dos Grupos Acetil e Piruvato

Como o conteúdo de acetil e piruvato presente na cadeia lateral da xantana

é variável conforme os parâmetros utilizados durante seu processo de produção,

inúmeras pesquisas têm sido realizadas com relação à influência destes grupos na

viscosidade da xantana.

Alguns estudos são compatíveis com a hipótese de que os grupos acetil e

piruvato melhoram a viscosidade da xantana. Segundo Slonecker e Jeanes (1962) a

remoção dos grupos acetil da xantana sintetizado pela Xanthomonas campestris pv

campestris cepa NRRL B-1459 promove um melhoramento das suas propriedades

físicas; por exemplo, o incremento de sua viscosidade na presença de sais.

Sandford et al. (1977) analisaram amostras de xantana procedentes de diferentes

cepas de Xanthomonas campestris com diversos graus de piruvatação, onde

concluíram que as xantanas com alto conteúdo de piruvato (4,0-4,8%) são mais

viscosas do que as com baixo conteúdo (2,5-3,0%), especialmente na presença de

sais. Smith e Pace (1981) examinaram xantana comercial com variados teores de

piruvato, provenientes de diferentes empresas, e verificaram que um alto teor de

piruvato proporcionou um aumento na viscosidade quando cloreto de potássio foi

adicionado nas soluções isentas de sais. Cheetham e Norma (1989) modificaram

quimicamente uma amostra de xantana comercial através da remoção dos grupos

piruvato e confirmaram as observações feitas por Smith e seus colaboradores. Tako

e Nakamura (1984) removeram os grupos acetil de uma amostra de xantana

comercial comparando o biopolímero natural e o desacetilado, onde observaram que

o material desacetilado apresentou uma alta viscoelasticidade em altas

concentrações. No entanto, a viscoelasticidade da xantana desacetilada decresceu

com o aumento da temperatura.

Em contraste com estes relatos, Bradshaw et al. (1983) preparam xantana

com vários conteúdos de acetil e piruvato oriundos de uma única xantana comercial,

e demonstraram que não houve mudança de viscosidade entre as diferentes

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amostras analisadas. Callet, Milas e Rinaudo (1987) avaliaram soluções de xantana

modificada quimicamente através da remoção parcial dos grupos piruvato e acetil,

onde verificaram que estes substituintes não afetaram a viscosidade das soluções.

Igualmente, amostras de xantana provenientes de diferentes cepas de Xanthomonas

campestris com vários graus de acetilação mostraram viscosidades similares

(SHATWELL et al., 1990; SUTHERLAND; TAIT, 1992).

6.3 Influência da Adição de Sais e Mudanças de pH

Os sais influenciam na viscosidade das soluções aquosas de xantana.

Segundo Jeanes, Pittsley e Senti (1961), a adição de 0,1% de cloreto de sódio ou

cloreto de potássio aumenta a viscosidade das soluções aquosas de xantana em

concentrações de biopolímero entre 0,2% e 0,5%. Isto é resultado da estabilização

da estrutura ordenada da xantana pelo aumento da associação intermolecular. No

entanto, concentrações de biopolímero abaixo de 0,2%, a adição de sais causa leve

diminuição na viscosidade. Rocks (1971) relatou que soluções contendo 0,5% de

xantana têm a viscosidade aumentada com a adição de traços de sais Este

comportamento também foi verificado por Smith e Pace (1982), que atribuíram este

efeito à redução das dimensões moleculares resultando na diminuição das forças

eletrostáticas.

Muitos biopolímeros apresentam mudanças na viscosidade da solução

quando o pH é alterado. Entretanto, a viscosidade das soluções de xantana não é

influenciada por mudanças de pH entre 1 e 11, na presença de 0,1% de cloreto de

sódio (MORRIS, 1984).

6.3 Influência da Temperatura e Concentração do Biopolímero

Soluções de polissacarídeos exibem uma acentuada diminuição da

viscosidade com o aumento da temperatura, no entanto, a xantana adicionada de

sais pode manter sua estrutura ordenada e sua viscosidade até cerca de 100ºC.

Além disso, soluções de xantana que não contém sais mostram um aumento

anômalo da viscosidade durante o aquecimento, antes do esperado decréscimo

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(JEANES; PITTSLEY; SENTI, 1961). García-Ochoa et al. (2000) constataram que a

viscosidade das soluções de xantana depende da temperatura na qual a viscosidade

foi mensurada, onde ocorre uma diminuição da viscosidade com o aumento da

temperatura; e da temperatura de dissolução da amostra, que apresenta um

comportamento diferenciado. A viscosidade diminui com o aumento de temperatura

até 40ºC, entre 40 e 60ºC um aumento é observado, e acima de 60ºC ocorre

novamente um declínio da viscosidade. Isto pode ser explicado pelas mudanças

conformacionais na molécula da xantana, que muda de uma forma ordenada (em

baixa temperatura de dissolução) para um estado desordenado (em alta temperatura

de dissolução) (MORRIS, 1977; MILAS; RINAUDO; TINLAND, 1979; GARCÍA-

OCHOA; CASAS, 1994).

As soluções de xantana são altamente viscosas mesmo em baixas

concentrações (ROCKS, 1971). Segundo García-Ochoa et al. (2000), a viscosidade

das soluções de xantana aumenta com a concentração do biopolímero. Atribui-se

este comportamento a interação molecular, aumentando a dimensão efetiva da

macromolécula e o peso molecular.

7. TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DA XANTANA

Para caracterizar o biopolímero xantana diferentes parâmetros devem ser

levados em consideração, como a estrutura química, conteúdo de acetil e piruvato,

peso molecular, estrutura secundária e comportamento reológico (BORN;

LANGENDORFF; BOULENGUER, 2002).

O grupo acetil é um componente estrutural do polissacarídeo sintetizado por

bactérias do gênero Xanthomonas e sua proporção na cadeia polimérica influencia

nas propriedades do biopolímero. Diferentes técnicas podem ser utilizadas para

mensurar acetil em xantana, como titulação, método do ácido hidroxâmico e

espectroscopia vibracional de absorção no infravermelho. No método de titulação a

xantana deve ser previamente hidrolisada sobre condições alcalinas. O conteúdo de

acetil é determinado pela titulação do produto hidrolisado com o ácido resultando em

ácido acético. O conteúdo de acetil é igual à proporção entre a quantidade de álcali

utilizado para neutralizar o ácido acético formado e o número de unidades

monoméricas pentassacarídicas (SLONEKER; JEANES, 1962; RINAUDO et al.,

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1983). Qualquer material ácido presente que possa reagir com o álcali pode interferir

no método. O grupo piruvato pode se decompor sobre condições ácidas produzindo

ácido acético, resultando em uma interferência positiva (TAYLOR; NASR-EL-DIN,

1993).

A reação entre ésteres e hidroxilamina produzindo ácido hidroxâmico tem

sido aplicada com sucesso para análise de muitos tipos de ésteres. A reação entre o

grupo éster da xantana com hidroxilamina à temperatura ambiente produz ácido

hidroxâmico. O ácido hidroxâmico forma com o íon férrico um complexo insolúvel

vermelho, entretanto, o ácido acetohidroxâmico proveniente dos grupos acetil

secundários forma um complexo solúvel vermelho que absorve luz em 520nm

(HESTRIN, 1949; MCCOMB; MCCREADY, 1957). Este método possui precisão de

±2% e não requer uma prévia hidrólise dos grupos acetil da xantana para sua

determinação (TAYLOR; NASR-EL-DIN, 1993).

A espectroscopia no infravermelho tem sido aplicada para determinação de

acetil em xantana em diversos estudos realizados por muitos autores (RINAUDO et

al., 1983; TAKO; NAKAMURA, 1988, 1989; TAKO, 1991, 1992; PAKDEE, 1995).

Esta técnica pode ser utilizada para identificação de compostos, na determinação de

grupos funcionais e nos estudos da estrutura molecular. A espectroscopia no

infravermelho estuda a transição das vibrações moleculares (KAWANO, 2003), e

modificações nestas vibrações resultam na absorção de luz na região do

infravermelho (MORRISON, 1996). A freqüência ou o comprimento de onda de uma

absorção depende das massas relativas dos átomos, das constantes de força das

ligações e da geometria dos átomos. As posições das bandas são expressas

atualmente em número de onda, cuja unidade é o centímetro inverso. No entanto, a

intensidade das bandas pode ser expressa em porcentagem de transmitância ou

absorbância. A radiação infravermelha corresponde à parte do espectro

eletromagnético situada entre as regiões do visível e microondas. A parte mais

estudada é a região de absorção no infravermelho médio que corresponde a faixa de

400 a 4000cm-1.

As vibrações moleculares podem ser classificadas como deformações axiais

ou angulares. Uma vibração de deformação axial é um movimento rítmico ao longo

do eixo da ligação que faz com que a distância interatômica aumente e diminua

alternadamente. As vibrações de deformação angular correspondem a variações

ritmadas de ligações que têm um átomo em comum ou o movimento de um grupo de

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átomos em relação ao resto da molécula. Estas vibrações podem ser simétricas ou

assimétricas. O modo simétrico corresponde a um movimento de contração e

alongamento em fase, que não produz mudança no momento de dipolo da molécula

e é inativo no infravermelho. No modo assimétrico o movimento de estiramento

ocorre fora de fase, ou seja, uma das ligações se estende e a outra se contrai,

alterando o momento de dipolo, sendo ativo no infravermelho.

É possível obter espectros de gases, líquidos e sólidos no infravermelho. Os

sólidos são examinados geralmente na forma de pó em suspensão ou de disco

prensado. As suspensões são preparadas pela moagem completa do sólido seguida

da adição de óleo de moagem e o pulverizado é examinado como um filme fino entre

placas planas de sal. Na técnica do disco prensado, a amostra é misturada por

moagem com brometo de potássio seco e pulverizado, sendo prensada em moldes

especiais sob pressão até formar um disco. Pode-se utilizar também disco prensado

de KBr, onde a amostra e o composto são moídos separadamente para evitar

possíveis interações químicas, e após são homogeneizados. A mistura de KBr com a

amostra é colocada em uma miniprensa, onde aplica-se pressão para formar um

disco fino e transparente.

A reação de desacetilação provoca modificações em certos grupos

funcionais presentes na estrutura molecular da xantana. Estas mudanças podem ser

detectadas através da espectroscopia vibracional de absorção no infravermelho, pois

cada grupo funcional apresenta vibrações em determinado comprimento de onda,

originando bandas de absorções características. Os espectros do biopolímero

xantana apresentam bandas entre 3400 e 3200cm-1, referentes ao grupo hidroxila

em ligação com o hidrogênio; em 2926cm-1, relativa à deformação axial assimétrica

do grupo metileno; próxima a 1375cm-1, correspondente à deformação angular

simétrica das ligações de C–H do grupo metila; entre 1650 e 1550cm-1, equivalente à

deformação axial assimétrica do ânion carboxilato; entre 1750 e 1715cm-1, referente

às vibrações de deformação axial da ligação C=O de ésteres e entre 1300 e

1000cm-1, à deformação axial da ligação C–O dos ésteres (SILVERSTEIN;

WEBSTER, 2000).

O ácido pirúvico é um composto amplamente distribuído na natureza como

um intermediário metabólico, fazendo parte da constituição de muitos compostos de

origem biológica. Este componente foi encontrado no polissacarídeo sintetizado pela

Xanthomonas campestris pv campestris cepa NRRL B-1459 por Slonecker e Orentas

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34

(1961). Sua determinação em xantana pode ser realizada pelo método enzimático

que utiliza a lactato desidrogenase ou pelo colorimétrico onde é usado o composto

2,4-dinitrofenilhidrazina. A técnica enzimática foi discutida detalhadamente por

Duckworth e Yaphe (1970), baseado no trabalho de Hadjivassiliou e Reider (1968).

O grupo piruvato da xantana deve ser primeiramente hidrolisado utilizando ácido

oxálico ou ácido clorídrico diluído. O método é específico, requer de 3 a 5mg do

biopolímero e é facilmente executado (TAYLOR; NASR-EL-DIN, 1993).

O método da 2,4-dinitrofenilhidrazina tem sido usado amplamente na

determinação de piruvato em xantana (KOEPSELL; SHARPE, 1952; SLONECKER;

JEANES, 1962; SLONEKER; ORENTAS, 1962; CHEETHAM; PUNRUCKVONG,

1985; SHATWELL et al., 1990). O ácido pirúvico presente na xantana reage com

2,4-dinitrofenilhidrazina produzindo derivados 2,4-dinitrofenilhidrazona os quais são

mensurados colorimetricamente. Este método requer 2mL de amostra contendo

aproximadamente 2g/L de xantana hidrolisada e reprodutibilidade de 2%. A maior

desvantagem da técnica é o grande número de etapas envolvidas (TAYLOR; NASR-

EL-DIN, 1993).

Os grupos acetil e piruvato podem ainda ser mensurados simultaneamente

através de cromatografia líquida de alta eficiência (CHEETHAM; PUNRUCKVONG,

1985) ou por ressonância magnética nuclear (RINAUDO et al., 1983).

Os sais podem ser adicionados na xantana produzida industrialmente para

aumentar sua viscosidade ou sua capacidade de solubilização, entre os quais os

sais de sódio e potássio são os mais freqüentemente utilizados (KANG; PETTIT,

1993; MORRIS, 1996). Como exercem influência nas propriedades do biopolímero,

torna-se necessário determinar sua concentração nas amostras que servirão de

base para estudos laboratoriais. O potássio pode ser medido através de análise

titrimétrica, que se baseia na determinação do volume de uma solução de

concentração conhecida que reage quantitativamente com um volume conhecido da

solução que contém a substância a ser determinada. O potássio pode ser

mensurado por titulação de precipitação, que está fundamentada na combinação de

íons para formar um precipitado simples. O potássio pode ser precipitado por um

excesso de solução de tetrafenilborato de sódio na forma de tetrafenilborato de

potássio. O excesso de reagente é determinado pela titulação com solução de

nitrato de mercúrio. Entretanto, os íons potássio e sódio são comumente

determinados pela técnica de espectroscopia de emissão de chama. Quando uma

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solução com um composto metálico, for aspirada por uma chama, forma-se um

vapor que contém átomos do metal. Alguns destes átomos do metal, no estado

gasoso, podem ser promovidos a um nível de energia suficientemente elevado para

que ocorra a emissão da radiação característica do metal como, por exemplo, a

radiação amarela característica que colore as chamas dos compostos de sódio.

Nesta técnica utiliza-se fotômetro de chama, onde a intensidade da radiação filtrada

de uma chama é medida com um detector fotoelétrico. O filtro, interposto entre a

chama e o detector (célula fotoelétrica), transmite apenas um raia intensa do

elemento. Em um equipamento simples o ar, a uma certa pressão, entra no

atomizador, e a sucção assim provocada arrasta a solução da amostra para o

atomizador, onde há a mistura com a corrente de ar, na forma de uma névoa fina,

que entra no combustor. No combustor há uma pequena câmara onde o ar encontra

o gás combustível injetado no combustor, sob pressão, e ocorre a queima. A

radiação da chama passa através de uma lente e de um filtro ótico que só dá

passagem à radiação característica do elemento investigado; esta radiação atinge a

fotocélula e a resposta é medida num sistema apropriado com um painel digital

(VOGEL, 1992).

Além das análises químicas da xantana, características físicas como suas

propriedades reológicas são importantes determinantes do comportamento

molecular e de sua aplicação final. A viscosidade é uma medida direta da qualidade

do fluído e fornece importantes informações sobre mudanças fundamentais de sua

estrutura durante um determinado processo (SHAW, 1975). A determinação

experimental do comportamento reológico pode ser realizada utilizando

equipamentos como viscosímetros e reômetros. Os reômetros são instrumentos

mais sofisticados onde podem ser mensuradas várias propriedades reológicas, um

maior número de parâmetros podem ser controlados e permitem a automatização

das sucessivas medidas e avaliação dos dados.

Apesar das excelentes propriedades da xantana, é preciso buscar

alternativas para potencializar sua qualidade reológica estabelecendo novas

utilizações para este biopolímero. Portanto, pesquisas são necessárias para

aperfeiçoar a produção de derivados de xantana através da adequação de uma

metodologia adequada para modificação deste polissacarídeo, para predizer e

caracterizar suas propriedades e identificar novas aplicações.

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1º ARTIGO

DESACETILAÇÃO QUÍMICA DE XANTANA: PARÂMETROS DE REAÇÃO

E. P. Pinto1; L. Furlan2; C. T. Vendruscolo3

1Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - UFPel 2UFPel/Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado - EMBRAPA

3Laboratório de Biopolímeros - Centro de Biotecnologia - UFPel

Universidade Federal de Pelotas, CP 354, CEP 96010-900, Pelotas, RS, Brasil

RESUMO

Apesar da complexidade da molécula da xantana é possível modificar sua estrutura e conseqüentemente suas propriedades. Este biopolímero apresenta diferentes grupos funcionais os quais são passíveis de modificação química. Com o objetivo de adequar um método para remoção dos grupos acetil da xantana, a fim de verificar a influência dos parâmetros de reação sobre o teor de acetilação e qualidade do biopolímero resultante, reações de desacetilação química foram conduzidas com variação dos seguintes parâmetros: concentrações do biopolímero e álcalis, tempo e temperatura. As reações de desacetilação consistiram na hidrólise do biopolímero em condições alcalinas. As reações foram realizadas com duas concentrações de xantana (0,5 e 1%) e três concentrações de álcali (0,0025; 0,005 e 0,01mol L-1), sendo utilizados hidróxido de amônio, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio. Depois de estabelecidas estas condições, foram estudados os parâmetros temperatura e tempo de reação. Os experimentos foram executados em duas temperaturas (45 e 65ºC), com tempos de reação de 3, 6, 9 e 12 horas. Foram efetuadas análises dos teores de sódio e potássio, do grau de acetilação e piruvatação, da viscosidade e espectroscópica vibracional de absorção no infravermelho das amostras. Observou-se que a purificação do biopolímero pela técnica de diálise propiciou uma remoção parcial dos íons sódio e potássio e que estes íons influenciam na viscosidade da xantana. A propriedade de pseudoplasticidade foi mantida após a modificação química do biopolímero. A viscosidade da xantana aumentou com o incremento da concentração de álcali empregada na reação de desacetilação, exceto quando foi empregado hidróxido de potássio. A concentração do biopolímero utilizada para efetuar a reação dedesacetilação praticamente não influenciou na viscosidade das soluções e no grau de acetilação. As maiores viscosidades (680 e 910mPa.s a 10s-1) foram observadas

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utilizando a base fraca hidróxido de amônio nas concentrações de 0,005 e 0,01mol L-1, respectivamente; sendo superior a xantana comercial adicionada de sais (430mPa.s a 10s-1). O grau de acetilação e a viscosidade da xantana diminuíram na medida em que se utilizou uma base mais forte (0,01mol L-1) e maior tempo (12 horas) e temperatura (65ºC) na reação de desacetilação. O grau de piruvatação da xantana modificada quimicamente não variou, conseqüentemente, não está relacionado à viscosidade nas condições testadas. A xantana comercial desacetilada apresentou viscosidade 53% superior a xantana adicionada de sais com a utilização dos seguintes parâmetros de reação: 0,5 e 1% de biopolímero, 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio, 25ºC por 3 horas. No entanto, a remoção de grupos acetil maior que 10% proporciona um decréscimo de 55% da viscosidade.

Palavras-chave: Xantana comercial. Desacetilação. Parâmetros de reação.

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CHEMISTRY DEACETYLATION OF XANTHAN: REACTION PARAMETERS

E. P. Pinto1; L. Furlan2; C. T. Vendruscolo3

1Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - UFPel 2UFPel/Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado - EMBRAPA

3Laboratório de Biopolímeros - Centro de Biotecnologia - UFPel

Universidade Federal de Pelotas, CP 354, CEP 96010-900, Pelotas, RS, Brasil

ABSTRACT Despite complexity of the xanthan molecule it is possible to modify its structure consequently and its properties. This biopolymer presents different functional groups that are possible of chemical modification. With the objective to adjust a method for removal of the acetyl groups of the xanthan, in order to verify the influence of the parameters reaction about degree of acetylation and quality of the resultant biopolymer, reactions of chemical deacetylation had carried out with variation of the following parameters: biopolymer and alkalis concentrations, time and temperature. The deacetylation reactions consisted in hydrolysis of the biopolymer in alkaline conditions. The reactions were realized with two concentrations of xanthan (0.5 and 1%) and three alkali concentrations (0.0025; 0.005 and 0.01mol L-1), using sodium hydroxide, ammonium hydroxide and potassium hydroxide. After established these conditions, the parameters temperature and time of reaction had studied. The experiments had executed in two temperatures (45 and 65ºC), with times of reaction of 3, 6, 9 and 12 hours. Analyses of the content of sodium and potassium, of the degree of acetylation and pyruvatation, of the viscosity and infrared spectroscopic were realized in the samples. It was observed that the purification of the biopolymer by dialysis technique propitiated a partial removal of the irons sodium and potassium and that these irons influence in the viscosity of the xanthan. The pseudoplasticity property was kept after of the chemical modification of biopolymer. The viscosity of the xanthan increased with the increment of the alkali concentration used in the deacetylation reaction, except when was used potassium hydroxide. The concentration of the biopolymer used in the deacetylation reaction practically did not influence in the viscosity of the solutions and acetylation degree. Biggest viscosities (680 e 910mPa.s in 10s-1) were observed using the ammonium hydroxide 0,005 and 0,01mol L-1, respectively; superior the xanthan added of salts (430mPa.s in 10s-1). The degree of acetylation and the viscosity of the xanthan decreased when used a stronger alkali (0,01mol L-1) and bigger time (12 hours) and temperature (65ºC) in the deacetylation reaction. The degree of pyruvatation of the modified xanthan did not

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vary, consequently not related to viscosity in the conditions tested. Deacetylated commercial xanthan showed 53% superior viscosity a xanthan added of salts with the use of the following reaction parameters: 0.5 and 1% of the biopolymer, 0.01mol L-1 ammonium hydroxide, 25ºC for 3 hours. However, a bigger removal of acetyl groups that 10% provide a 55% decrease of viscosity.

Keywords: Commercial xanthan. Deacetylation. Reaction parameters.

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1 INTRODUÇÃO

Biopolímeros são produtos microbianos, biodegradáveis, que podem ser

manufaturados comercialmente através de tecnologias modernas e fornecem

alternativas para outras gomas tradicionais (SUTHERLAND e TAIT, 1992;

SUTHERLAND, 2001).

Bactérias do gênero Xanthomonas são responsáveis pela biossíntese do

polissacarídeo extracelular denominado xantana. A utilização industrial deste

polissacarídeo deriva de suas propriedades físico-químicas (SUTHERLAND, 1994).

A cadeia principal da xantana consiste de unidades de β-D-glicose ligadas

na posição 1 e 4, que conferem rigidez à molécula. A estrutura química da cadeia

principal é idêntica à da celulose. A cadeia lateral é composta de β-D-manose-

(1→4)-β-D-ácido glicurônico-(1→2)-α-D-manose, ligados ao carbono 3 dos resíduos

de glicose da cadeia principal. A unidade terminal de β-D-manose pode apresentar

resíduos de ácido pirúvico ligados nas posições 4 e 6. O grupo acetil pode estar

ligado na posição 6 da unidade de α-D-manose (JANSSON; KEENE; LINDBERG,

1975; MELTON et al., 1976). Algumas manoses externas podem conter ainda um

segundo grupo acetil (STANKOWSKI; MUELLER; ZELLER, 1993). Estes

substituintes podem estar ligados em variáveis proporções à cadeia lateral,

dependendo da cepa, das condições de crescimento bacteriano e dos parâmetros

que são empregados no processo de produção deste biopolímero (CADMUS et al.,

1976). As cadeias laterais conferem solubilidade em meio aquoso (SUTHERLAND,

1994, 2001) e juntamente com os ácidos pirúvico e acético concedem ionicidade a

xantana, que além de aumentar a solubilidade também estão relacionadas à

conformação molecular (SHATWELL et al., 1990; SHATWELL e SUTHERLAND,

1991).

Apesar da complexidade da molécula da xantana é possível modificar sua

estrutura e conseqüentemente suas propriedades. Este biopolímero apresenta

diferentes grupos funcionais os quais são passíveis de modificação química.

Alterações nos níveis dos substituintes acetil e piruvato podem afetar

significantemente as características reológicas da xantana (HARDING; CLEARY;

IELPI, 1994), embora existam divergências em relação à influência destes

componentes na viscosidade do biopolímero. Alguns autores consideram que estes

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grupos aumentam a viscosidade da solução (SLONEKER; JEANES, 1962;

SANDFORD et al., 1977; SMITH; PACE, 1981; CHEETHAM; NORMA, 1989; TAKO;

NAKAMURA, 1984), já outros reportam que o acetil e piruvato não alteram a

viscosidade (BRADSHAW et al., 1983; CALLET; MILAS; RINAUDO, 1987;

SHATWELL et al., 1990; SUTHERLAND; TAIT, 1992). Portanto pesquisas são

necessárias para elucidar o verdadeiro papel destes radicais nas propriedades

reológicas da xantana, a fim de identificar novas aplicações para este biopolímero.

Vários autores (HOLZWARTH; OGLETREE, 1979; BRADSHAW et al., 1983;

DENTINI; CRESCENZI; BLASI, 1984; TAKO; NAKAMURA, 1984; COVIELLO et al.,

1986; CALLET; MILAS; RINAUDO, 1987; SHATWELL; SUTHERLAND, 1991;

LOPES et al.; 1992) têm descrito distintas metodologias para a reação de

desacetilação química da xantana. No entanto, nenhum estudo detalhado, até o

presente momento, foi realizado para demonstrar, efetivamente, a influência dos

parâmetros de reação sobre o teor de desacetilação e a qualidade reológica do

biopolímero resultante, de modo a estabelecer uma metodologia para esta reação.

Sendo assim, objetivando adequar um método para remoção dos grupos acetil da

xantana, reações de desacetilação química foram conduzidas com variação dos

seguintes parâmetros: concentrações do biopolímero e álcalis, tempo e temperatura.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Biopolímero

Xantana comercial (Jungbunzlauer) finamente particulada (200mesh) foi

utilizada para o desenvolvimento deste experimento.

2.2 Purificação do Biopolímero

Soluções de xantana a 2% (m/v) foram dialisadas, sob agitação, em água

deionizada durante 48 horas a 4ºC, em membranas semipermeáveis de celulose

regenerada, com “cut-off” de peso molecular de 12.000-16.000D e porosidade de

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24A°; a troca da água foi realizada três vezes ao dia. Após, as soluções de

biopolímeros foram secas em estufa a 56ºC e o material resultante triturado em

moinho de disco. As xantanas purificadas foram consideradas como padrão para

realização do experimento.

2.3 Modificação Química

As reações de desacetilação consistiram na hidrólise do biopolímero em

condições alcalinas. As reações foram realizadas com duas concentrações de

xantana (0,5 e 1%) e três concentrações de álcali (0,0025; 0,005 e 0,01mol L-1),

sendo utilizados hidróxido de amônio, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio.

Frascos Erlenmeyers (250mL) contendo 125mL de cada solução,

respectivamente, foram incubados em agitador orbital (New Brunswick Scientific,

model Innova 4230), a 300rpm, a 25ºC por 3 horas.

Depois de otimizados os primeiros parâmetros de reação: concentrações do

biopolímero e álcalis empregados, foram estudados os parâmetros de temperatura e

tempo de reação. Para tal finalidade, os experimentos foram realizados em duas

temperaturas (45 e 65ºC), com tempos de reação de 3, 6, 9 e 12 horas.

Para todos os tratamentos, as soluções foram neutralizadas com 2mol L-1 de

ácido clorídrico. Os biopolímeros foram recuperados por precipitação com etanol

96ºGL na proporção de 1:4 (v/v). Estes foram secos em estufa a 56ºC até atingir

peso constante e triturados em moinho de disco (Fritsch, Pulverisette).

Complementarmente foram conduzidos ensaios em que as amostras foram

dialisadas após a desacetilação química como descrito anteriormente.

Todas as reações experimentais foram realizadas em triplicata.

2.4 Determinação de Sódio e Potássio

As amostras para análise dos íons sódio e potássio da xantana comercial,

xantana comercial dialisada e xantana comercial desacetilada com 0,01mol L-1 de

hidróxido de amônio (0,5% de biopolímero) foram preparadas segundo a AOAC

(1987). Os íons foram mensurados segundo ASTM (1981), através da técnica de

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espectroscopia de emissão de chama em Fotômetro de Chama Cole Parmer Model

2655-00.

2.5 Avaliação da Viscosidade

A determinação da viscosidade das soluções aquosas de xantana

desacetilada nas diferentes condições de reação foi comparada com a viscosidade

de amostras de xantana comercial dialisada e não dialisada. Esta análise foi

utilizada como uma pré-seleção para a determinação da melhor condição de

desacetilação.

As soluções de xantana a 1% (m/v), em água deionizada, foram agitadas por

2 horas, aquecidas a 60ºC por 20 minutos e deixadas em repouso à temperatura

ambiente por 24 horas (XUEWU et al., 1996).

A determinação da viscosidade das soluções aquosas foi mensurada em

reômetro HAAKE RS150, no modo rotativo, a 25ºC. Foi utilizado sistema de cilindros

coaxiais, sensor DG41, taxa de deformação 0,01-100s-1, tempo de cada ensaio de

300 segundos, totalizando 50 pontos de aquisição.

2.6 Determinação do Grau de Acetilação

A determinação quantitativa de grupos acetil da xantana comercial dialisada,

não dialisada e modificada quimicamente foi realizada através de análise

colorimétrica.

Para a elaboração da curva padrão foi utilizado 0,1089g de β-D-glicose

pentacetato, a qual foi dissolvida através de aquecimento em 5mL de álcool etílico e

o volume foi completado para 100mL com água destilada. Foram transferidos 1, 2, 4,

5 e 7mL desta solução para balões volumétricos de 50mL e o volume foi completado

com água destilada. Alíquotas de 5mL destas soluções padrões representam 60,

120, 240, 300 e 420µg de acetil. Em um balão volumétrico de 25mL foram

adicionados 1mL da solução de cloridrato de hidroxilamina 37,5% (m/v), 1mL da

solução de hidróxido de sódio 94% (m/v), 5mL da solução padrão contida em cada

balão volumétrico de 50mL, preparado anteriormente, 5mL de solução metanólica

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ácida 70,4% (m/v) e o volume final foi completado com solução de perclorato férrico.

A solução estoque de perclorato férrico foi preparada com 1,93g de cloreto férrico,

5mL de ácido clorídrico concentrado e 5mL de ácido perclórico 70%, os quais foram

evaporados em banho-maria quase até a secagem. Após evaporação, os 6mL

restantes foram transferidos para um balão volumétrico de 100mL e o volume foi

completado com água destilada. Transferiu-se 60mL da solução estoque para um

balão volumétrico de 500mL e o volume foi completado com metanol absoluto

resfriado. A prova em branco foi preparada com 5mL de água destilada. Após 5

minutos, foram realizadas as leituras em espectrofotômetro (Pharmacia Biotech

Ultrospec 2000) no comprimento de onda máximo de 520nm.

Para o preparo das amostras foi utilizado 0,1g de xantana a qual foi

dissolvida sobre vigorosa agitação em 25mL de solução de cloridrato de

hidroxilamina 37,5% (m/v) e 25mL de hidróxido de sódio 94% (m/v). Foram

transferidos 2mL desta solução para balão volumétrico de 25mL onde foram

adicionados 5mL de água destilada e 5mL de solução metanólica ácida 70,4% (m/v),

sendo o volume final completado com solução de perclorato férrico. Após 5 minutos

foram realizadas as leituras em espectrofotômetro a 520nm. Todas as reações

experimentais foram realizadas em triplicata (MCCOMB; MCCREADY, 1957).

2.7 Determinação do Grau de Piruvatação

A determinação quantitativa de grupos piruvato da xantana comercial

dialisada, não dialisada e modificada quimicamente foi realizada através de análise

colorimétrica.

Para a elaboração da curva padrão foi utilizada uma solução estoque 0,1mol

L-1 de piruvato de sódio. Por diluição, prepararam-se soluções nas concentrações de

0,01; 0,025; 0,05; 0,1; 0,2; 0,3; 0,4 e 0,5mmol L-1. A partir dessas, transferiu-se 1mL

para tubos de ensaio. A prova em branco foi preparada com 1mL de água destilada.

Em cada tubo foram adicionados 1mL da solução 2,4-dinitrofenilhidrazina, 1mL de

água destilada, os quais foram agitados e acondicionados em banho-maria a 37ºC

por 10 minutos e após foram resfriados imediatamente. Em seguida, foram

adicionados 5mL de hidróxido de amônio 0,6mol L-1 em cada tubo. As leituras foram

realizadas em espectrofotômetro a 420nm.

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46

A hidrólise das amostras foi realizada utilizando solução de xantana a 1%

em ácido clorídrico 2mol L-1, em banho-maria a 80ºC por 16 horas. Foram

transferidos 2mL do material hidrolisado para um tubo de ensaio e adicionados

18mL de água destilada. A prova em branco foi preparada com 2mL de ácido

clorídrico 2mol L-1 e 18mL de água destilada. Foram transferidas alíquotas de 1mL

da solução anterior para tubo de ensaio realizando três repetições. A cada tubo

foram adicionados 1mL da solução 2,4-dinitrofenilhidrazina, 1mL de água destilada,

os quais foram agitados e posteriormente acondicionados em banho-maria a 37ºC

por 10 minutos e então resfriados imediatamente. Em seguida, foi adicionado 5mL

de hidróxido de amônio 0,6mol L-1 em cada tubo. As leituras foram realizadas em

espectrofotômetro a 420nm. A metodologia empregada foi baseada no trabalho

SLONECKER e ORENTAS (1962), com modificações. Todas as reações

experimentais foram realizadas em triplicata.

2.8 Análise Espectroscópica no Infravermelho

Os espectros de infravermelho da xantana comercial dialisada, desacetilada

com 0,01mol L-1 de hidróxido de sódio (0,5% de biopolímero) e desacetilada 0,01mol

L-1 de hidróxido de amônio (0,5% de biopolímero), foram obtidos dos compostos

pastilhados em brometo de potássio - grau espectroscópico, na faixa de 4000 -

400cm-1 em um espectrofotômetro FTLA 2000 BOOMEN, para observação dos

grupos funcionais.

2.9 Análise Estatística

A análise estatística dos dados dos teores de grupos acetil e piruvato foi

realizada através do teste de Kruskal-Wallis, admitindo nível de significância de 5%.

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47

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Teores de Sódio e Potássio

A xantana utilizada comercialmente é adicionada de sais, tendo como

finalidade facilitar a sua solubilização e aumentar sua viscosidade (JEANES;

PITTSLEY; SENTI, 1961; MORRIS, 1996). Portanto, a xantana comercial

empregada nos ensaios laboratoriais foi submetida a um processo de purificação. A

técnica de diálise foi utilizada para remoção de sais do biopolímero.

Os teores de sódio e potássio da xantana comercial, dialisada e

desacetilada, estão ilustrados na Tabela 1. A xantana analisada apresentou maior

teor de sódio (2,82%) do que de potássio (1,98%). A técnica de diálise empregada

para purificação das amostras do polissacarídeo propiciou uma remoção parcial

destes íons. Em relação a xantana comercial não purificada, o teor de sódio foi

reduzido 9,2% e 61,7% na xantana dialisada e desacetilada com hidróxido de

amônio, respectivamente. No entanto, houve uma maior redução no teor de potássio

que foi de 16,7% na xantana dialisada e 65,7% no biopolímero desacetilado com

hidróxido de amônio.

TABELA 1 - Teores de sódio e potássio (%) da xantana comercial, xantana comercial dialisada e xantana comercial dialisada desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e concentração de biopolímero de 0,5%

Biopolímeros Sódio (%) Potássio (%)

XC 2,82 1,98 XCd 2,56 1,65 XCD NH4OH 1,08 0,68 XC: xantana comercial XCd : xantana comercial dialisada XCD: xantana comercial dialisada desacetilada

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48

3.2 Viscosidade

Todas as soluções aquosas de xantana analisadas apresentaram

comportamento pseudoplástico, como mostra a Figura 3. Em concordância com

estes resultados, Bradshaw et al. (1983) demonstraram que a pseudoplasticidade da

xantana comercial (Keltrol), amostra utilizada em seu estudo, permaneceu inalterada

após a modificação química.

FIGURA 3 - Viscosidade (mPa.s) vs taxa de deformação (s-1) das soluções aquosas a 1% (m/v) de xantana natural (dialisada e não dialisada) e submetida a diferentes condições de desacetilação.

Pela análise reológica observou-se que a viscosidade da xantana comercial

dialisada diminuiu (170mPa.s a 10s-1) em relação à amostra não purificada

(430mPa.s a 10s-1), provavelmente devido à eliminação dos sais de sódio e potássio

que são incorporados nas preparações comerciais. Segundo Whitcomb (1978), a

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viscosidade do polissacarídeo purificado é inferior a xantana comercial sem

purificação. Borges (2004), observou comportamento similar avaliando amostras de

xantana comercial da mesma procedência que a utilizada neste experimento.

A viscosidade das soluções aquosas de xantana modificada quimicamente

aumentou com o incremento da concentração do álcali empregado, exceto no

biopolímero desacetilado com hidróxido de potássio 0,0025mol L-1 e 0,005mol L-1,

onde a viscosidade praticamente manteve-se. Portanto, definiu-se que a melhor

concentração da base para a reação de desacetilação foi de 0,01mol L-1, conforme

ilustra a Tabela 2. Resultados similares foram encontrados por Bradshaw e

colaboradores (1983), que utilizaram 0,015mol L-1 de hidróxido de potássio para

remoção dos grupos acetil da xantana comercial (Keltrol).

TABELA 2 - Viscosidade (mPa.s) a 25ºC das soluções aquosas a 1% (m/v), das xantanas recuperadas das soluções de 0,5% e 1% após diferentes condições de desacetilação

Biopolímeros Taxa de Deformação (s-1)

10 30 60 100 0,5% 1% 0,5% 1% 0,5% 1% 0,5% 1%

XC 430,0 430,0 180,0 180,0 110,0 110,0 76,9 76,9 XCd 170,0 170,0 67,5 67,5 41,0 41,0 29,8 29,8 XCD H2O 170,0 170,0 63,6 63,6 37,7 37,7 26,5 26,5 XCD KOH a 290,0 300,0 115,0 110,0 64,8 57,0 44,6 36,7 XCD KOH b 280,0 250,0 97,1 93,9 50,7 49,4 32,4 33,0 XCD KOH c 420,0 480,0 160,0 180,0 82,0 97,4 51,1 61,3 XCD NaOH a 200,0 170,0 72,8 67,4 40,6 41,1 27,6 29,4 XCD NaOH b 250,0 230,0 92,5 78,8 47,7 42,5 31,2 28,5 XCD NaOH c 410,0 390,0 170,0 160,0 100,0 98,5 70,6 70,3 XCD NH4OH a 370,0 360,0 140,0 130,0 74,9 71,7 50,0 48,2 XCD NH4OH b 680,0 540,0 230,0 200,0 120,0 120,0 82,4 79,3 XCD NH4OH c 910,0 920,0 350,0 350,0 190,0 180,0 130,0 120,0 a: 0,0025mol L-1, b: 0,005mol L-1, c: 0,01mol L-1 XC: xantana comercial XCd : xantana comercial dialisada XCD: xantana comercial dialisada submetida a 300rpm durante 3h, em solução aquosa (branco da acetilação)

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De acordo com a Tabela 2, pode-se verificar que a concentração do

biopolímero utilizada praticamente não influenciou na viscosidade das soluções

aquosas de xantana.

As viscosidades das soluções aquosas foram influenciadas pelo álcali

utilizado nas reações de desacetilação. Viscosidades mais elevadas foram obtidas

com a utilização da base fraca (hidróxido de amônio) e os menores valores foram

observados com o emprego de base forte (hidróxido de sódio).

Na maioria das condições testadas as xantanas desacetiladas apresentaram

viscosidade superior a xantana dialisada, demonstrando que a desacetilação sob

agitação a temperatura ambiente em determinadas condições, pode incrementar a

viscosidade da xantana.

Pela análise dos resultados observou-se que as melhores viscosidades

foram obtidas utilizando hidróxido de amônio 0,005 e 0,01mol L-1 (concentração de

xantana 0,5 e 1%), sendo superiores a xantana comercial adicionada de sais,

demonstrando a excelente qualidade do biopolímero desacetilado. O biopolímero

desacetilado com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio apresentou viscosidade 53%

superior a xantana comercial sem purificação.

Com base nos resultados da triagem dos parâmetros de reação, selecionou-

se a concentração do biopolímero (0,5%) e concentração do álcali (0,01mol L-1),

para verificação da influência da reação de desacetilação na viscosidade da

xantana. Também foi realizada a purificação, via procedimento de diálise, dos

biopolímeros obtidos após a modificação química, com a finalidade de remover os

sais que ainda pudessem estar presentes. Comparando-se as amostras submetidas

ao processo de diálise inicial e final com as amostras que apenas foram purificadas

inicialmente, foi constatado que a viscosidade das soluções aquosas de xantana foi

mantida, comprovando que os dados obtidos neste estudo são apenas devido à

reação de modificação química a que o biopolímero foi submetido. No entanto, as

amostras desacetiladas que não foram purificadas apresentaram viscosidade

superior as demais, comprovando a influência dos sais presentes na xantana

comercial (Tab.3).

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TABELA 3 - Viscosidade (mPa.s) a 25ºC das soluções aquosas a 1% (m/v) da xantana desacetilada com 0,01mol L-1 do álcali e concentração de biopolímero de 0,5%

Biopolímeros Taxa de deformação (s-1)

10 30 60 100 XC 430,0 180,0 110,0 76,9 XCd 170,0 67,5 41,0 29,8 XCDs KOH 860,0 340,0 180,0 120,0 XCDi KOH 420,0 160,0 82,0 51,1 XCDf KOH 420,0 170,0 97,2 68,5 XCDs NaOH 710,0 270,0 140,0 89,1 XCDi NaOH 410,0 170,0 100,0 70,6 XCDf NaOH 410,0 160,0 96,8 67,8 XCDs NH4OH 1040,0 370,0 200,0 130,0 XCDi NH4OH 910,0 350,0 190,0 130,0 XCDf NH4OH 890,0 300,0 180,0 130,0

XCd: xantana comercial dialisada XCDs: xantana comercial desacetilada XCDi: xantana comercial dialisada desacetilada XCDf: xantana comercial dialisada antes e após desacetilação

A Tabela 4 ilustra a influência do tempo e temperatura utilizados na reação

de desacetilação química da xantana. Comparando as temperaturas de 25 e 45ºC,

verificou-se que praticamente não houve uma grande mudança na viscosidade das

soluções aquosas de xantana desacetilada; com a temperatura de 65ºC obteve-se

biopolímeros desacetilados de viscosidade inferior aos demais tratamentos. Com

base nestes resultados, foi estabelecida a temperatura de 25ºC como ideal para a

desacetilação química.

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TABELA 4 - Viscosidade (mPa.s) a 25ºC das soluções aquosas a 1% (m/v) da xantana desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e concentração de biopolímero de 0,5% em diferentes tempos e temperaturas de reação

Biopolímeros Taxa de deformação (s-1)

10 30 60 100 XCD 25ºC 3h 910,0 350,0 190,0 130,0 XCD 45ºC 3h 951,0 358,0 195,0 129,0 XCD 45ºC 6h 889,0 323,0 174,0 115,0 XCD 45ºC 9h 756,0 284,0 155,0 104,0 XCD 45ºC 12h 703,0 265,0 146,0 97,4 XCD 65ºC 3h 713,0 269,0 151,0 104,0 XCD 65ºC 6h 707,0 274,0 151,0 101,0 XCD 65ºC 9h 673,0 275,0 154,0 103,0 XCD 65ºC 12h 644,0 268,0 153,0 104,0

XCD: xantana comercial dialisada desacetilada

A Figura 4 mostra os dados de viscosidade da xantana desacetilada em

diferentes tempos e temperaturas de reação. O tempo de reação também exerceu

efeito sobre a viscosidade do biopolímero. Houve um decréscimo da viscosidade à

medida que se aumentou o tempo de reação de 3 para 12 horas. Portanto,

constatou-se que três horas para reação de desacetilação foi suficiente para obter

um biopolímero com qualidade reológica. Entretanto, alguns autores (TAKO;

NAKAMURA, 1986; CHOWDHURY; LINDBERG; LINDQUIST, 1987; CALLET;

MILAS; RINAUDO, 1987; LOPES et al., 1992; PAKDEE et al., 1995; GOYCOOLEA;

MILAS; RINAUDO, 2001) preconizam tempos maiores para reação de desacetilação,

como 16, 18 e 24 horas.

Em se tratando da análise econômica de um processo de modificação

química, tenta-se otimizar as condições de reação de tal forma que contribuam para

as características que são almejadas para um material com menor custo. Logo, a

determinação dos parâmetros tempo e temperatura são fundamentais para qualquer

processo dessa natureza.

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FIGURA 4 - Viscosidade (mPa.s) vs taxa de deformação (s-1) das soluções aquosas a 1% (m/v) de xantana desacetilada com concentração de solvente de 0,01mol L-1 (concentração de biopolímero de 0,5%) em diferentes tempos e temperaturas.

3.3 Grau de Acetilação

A Tabela 5 apresenta a variação do grau de acetilação entre as amostras de

xantana comercial, xantana comercial dialisada e xantana comercial dialisada

desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de potássio, hidróxido de sódio e

hidróxido de amônio com concentração de biopolímero de 0,5 e 1%.

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TABELA 5 - Teores de grupos acetil (%) da xantana comercial, xantana comercial dialisada e xantana comercial dialisada desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e concentração de biopolímero de 0,5 e 1%

Biopolímeros Acetil (%) Desvio Padrão XC 4,1 A 0,0635 XCd 4,0 AB 0,0808 XCD KOH 0,5% 1,4 AB 0,0755 XCD NaOH 0,5% 1,3 B 0,0693 XCD NH4OH 0,5% 3,6 AB 0,0000 XCD KOH 1% 1,4 AB 0,0693 XCD NaOH 1% 1,3 AB 0,0635 XCD NH4OH 1% 4,0 AB 0,0862 XC: xantana comercial XCd : xantana comercial dialisada XCD: xantana comercial dialisada desacetilada * Valores seguidos de letras iguais não diferiram pelo teste de Kruskal-Wallis em nível de significância 5%

Pela análise do teor de acetil das amostras verificou-se que estes variaram

de 4,1 a 1,3%. Slonecker e Jeanes (1962) encontraram o conteúdo de grupos acetil

de 4,6% para o biopolímero sintetizado pela Xanthomonas campestris NRRL B-

1459, cepa utilizada na produção industrial de xantana. O mesmo grau de acetilação

foi encontrado para uma amostra de xantana comercial (Taiyo Kagaku Co. Ltd) por

Tako e Nakamura (1984). Bradshaw et al. (1983) avaliando xantana comercial Keltrol

proveniente da Kelco encontraram 4,1% de acetil.

O grau de acetilação diminuiu a medida em que foi utilizada uma base mais

forte na reação de desacetilação. Ao utilizar hidróxido de sódio houve uma redução

de 67,5% do conteúdo de acetil em relação a xantana comercial dialisada. No

entanto, quando foi empregado hidróxido de amônio apenas 10% dos grupos foram

removidos (Tab.5), verificando-se então que a melhor condição de modificação

química seria com a utilização de 0,01mol L-1 de hidróxido de sódio, onde obteve-se

o maior grau de desacetilação.

A Tabela 6 apresenta os teores de acetil da xantana submetida a

desacetilação com a variação do tempo e temperatura de reação.

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TABELA 6 - Teores de grupos acetil (%) da xantana comercial dialisada desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e concentração de biopolímero de 0,5% em diferentes tempos e temperaturas de reação

Biopolímeros Acetil (%) Desvio Padrão XCD 45ºC 3h 3,4 A 0,0866 XCD 45ºC 6h 3,1 AB 0,0693 XCD 45ºC 9h 2,9 AB 0,1674 XCD 45ºC 12h 2,2 AB 0,0000 XCD 65ºC 3h 3,3 AB 0,0173 XCD 65ºC 6h 2,9 AB 0,1767 XCD 65ºC 9h 2,5 AB 0,0173 XCD 65ºC 12h 2,0 B 0,0586 XCD: xantana comercial dialisada desacetilada

* Valores seguidos de letras iguais não diferiram pelo teste de Kruskal-Wallis em nível de significância 5%

Conforme os dados apresentados verificou-se que à medida que o tempo de

reação aumentou de 3 para 12 horas houve uma diminuição no teor de acetil das

amostras, não sendo considerado significativo ao nível de 5%. Os biopolímeros

desacetilados a 65ºC apresentaram um menor grau de acetilação do que os

desacetilados a 45ºC. Isto pode ser explicado pelo fato que o aumento do tempo e

temperatura favorecem a reação de hidrólise do biopolímero aumentando, portanto,

o grau de desacetilação.

3.4 Grau de Acetilação vs Viscosidade

A xantana desacetilada com hidróxido de sódio apresentou os menores

valores de viscosidade (410mPa.s a 10s-1) e grau de acetilação (1,3%), ou seja,

maior teor de desacetilação, quando comparada com o biopolímero submetido à

reação de hidrólise com hidróxido de amônio, onde os valores encontrados para

viscosidade e grau de acetilação foram de 910mPa.s a 10s-1 e 3,6%,

respectivamente (Fig.5). Embora as reações com bases mais fortes como hidróxido

de sódio e hidróxido de potássio propiciem uma reação mais efetiva em termos de

desacetilação, resultando em uma diminuição do grau de acetilação, este

decréscimo não contribui para um incremento da viscosidade.

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XC XCd KOH 0,5% NaOH 0,5% NH4OH 0,5% KOH 1% NaOH 1% NH4OH 1%0

2

4

6

8

10G

rau

de A

cetil

ação

(%)

Acetil Viscosidade

0

2

4

6

8

10

Vis

cosi

dade

(Pa.

s)

FIGURA 5 - Grau de acetilação (%) vs viscosidade (Pa.s) da xantana comercial, xantana comercial dialisada, xantana comercial dialisada desacetilada com concentração de 0,01mol L-1 dos diferentes álcalis e concentração de biopolímero 0,5 e 1%, a 25ºC.

Analisando as amostras desacetiladas em diferentes tempos e temperatura

de reação observou-se que à medida que a viscosidade diminuiu, com o passar do

tempo de reação, houve um decréscimo no conteúdo de acetil. Este comportamento

foi verificado tanto na temperatura de 45ºC como em 65ºC. Tempos maiores de

reação favorecem a hidrólise do polissacarídeo, porém com detrimento da qualidade

reológica da xantana, fator que deve ser considerado no processo de desacetilação

(Fig.6).

0,43 0,17

3,6 4,0

0,42

1,3 1,4 1,3

0,39

4,0

0,92

0,4

0,91

1,4

0,48 0,41

4,1

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45C 3h 45C 6h 45C 9h 45C 12h 65C 3h 65C 6h 65C 9h 65C 12h0

2

4

6

8

10G

rau

de A

cetil

ação

(%)

Acetil Viscosidade

0

2

4

6

8

10

Vis

cosi

dade

(Pa.

s)

FIGURA 6 - Grau de acetilação (%) vs viscosidade (Pa.s) da xantana comercial dialisada desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio (concentração de biopolímero 0,5%) em 45 e 65ºC por 3, 6, 9 e 12 horas.

3.5 Grau de Piruvatação

A xantana comercial utilizada neste experimento apresentou 3,6% de grupos

piruvato (Tab.7). Holzwarth e Ogletree (1979) encontraram conteúdo de piruvato de

3,1% na xantana Keltrol, entretanto para este mesmo biopolímero Bradshaw et al.

encontraram 4,3%. Shatwell e Sutherland (1991) verificaram 4,4% de piruvato na

xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv campestris cepa 646.

0,95

2,5

0,89 0,67

2,0

0,64

2,2

0,70

3,3

0,71

2,9

0,70

3,4 3,1 2,9

0,76

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TABELA 7 - Teores de grupos piruvato (%) da xantana comercial, xantana comercial dialisada e xantana comercial dialisada desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e concentração de biopolímero de 0,5 e 1%, a 25ºC.

Biopolímeros Piruvato (%) Desvio Padrão XC 3,6 A 0,0404 XCd 3,7 A 0,1217 XCD KOH 0,5% 3,5 A 0,1457 XCD NaOH 0,5% 3,8 A 0,0551 XCD NH4OH 0,5% 3,5 A 0,0493 XCD KOH 1% 3,7 A 0,0924 XCD NaOH 1% 3,5 A 0,0551 XCD NH4OH 1% 3,7 A 0,0802 XC: xantana comercial XCd : xantana comercial dialisada XCD: xantana comercial dialisada desacetilada * Valores seguidos de letras iguais não diferiram pelo teste de Kruskal-Wallis em nível de significância 5%

A avaliação da piruvatação da xantana desacetilada mostrou que o teor de

grupos piruvato não foi afetado significativamente pelas reações de desacetilação,

conforme está ilustrado nas Tabelas 7 e 8. Conseqüentemente, não está relacionado

à viscosidade (Tab.2). Comprovando que a reação de desacetilação empregada nos

biopolímeros não causou mudanças nos grupos piruvato.

TABELA 8 - Teores de grupos piruvato (%) da xantana comercial dialisada desacetilada com 0,01mol L-1 hidróxido de amônio e concentração de biopolímero de 0,5% em diferentes tempos e temperaturas de reação

Biopolímeros Piruvato (%) Desvio Padrão XCD 25ºC 3h 3,5 A 0,0493 XCD 45ºC 3h 3,7 A 0,0608 XCD 45ºC 6h 3,7 A 0,0814 XCD 45ºC 9h 3,4 A 0,1345 XCD 45ºC 12h 3,5 A 0,1300 XCD 65ºC 3h 3,5 A 0,2787 XCD 65ºC 6h 3,6 A 0,1002 XCD 65ºC 9h XCD 65ºC 12h

3,53,8

A A

0,1179 0,3443

XCD: xantana comercial dialisada desacetilada

* Valores seguidos de letras iguais não diferiram pelo teste de Kruskal-Wallis em nível de significância 5%

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59

3.6 Espectroscopia no Infravermelho

A técnica de espectroscopia vibracional de absorção no infravermelho foi

realizada com o objetivo de comprovar a eficiência da reação de desacetilação

através do desaparecimento da banda de absorção característica de certos grupos

funcionais. A figura abaixo apresenta os espectros de absorção da xantana

comercial dialisada, xantana desacetilada com hidróxido de amônio e xantana

desacetilada com hidróxido de sódio.

De maneira geral, os espectros das amostras de xantana apresentaram uma

banda forte e larga em 3416cm-1, referente ao grupo hidroxila (OH) em ligação de

hidrogênio e em 2922cm-1, relativa à deformação axial assimétrica do grupo metileno

(CH2). A deformação angular simétrica das ligações de C–H do grupo metila (CH3)

apresentou uma banda em 1373cm-1. Entretanto, em 1253cm-1, verificou-se uma

banda de deformação axial da ligação C–O dos ésteres e em 1618cm-1, pela

deformação axial assimétrica do ânion carboxilato.

A deformação axial da ligação C=O de ésteres é caracterizada por uma

banda em 1730cm-1. Pela análise dos espectros, verificou-se que a xantana

dialisada e a desacetilada com hidróxido de amônio possuem esta banda. No

entanto, no espectro da xantana desacetilada com hidróxido de sódio esta banda

não aparece, comprovando que ocorreu uma maior desacetilação deste biopolímero.

Os ésteres de metila apresentam uma banda em 1250cm-1. Esta banda foi

visualizada na xantana dialisada e desacetilada com hidróxido de amônio, contudo

sua intensidade decresceu na amostra desacetilada com hidróxido de sódio. A

espectroscopia vibracional de absorção no infravermelho propiciou a confirmação da

remoção dos grupos acetil da xantana que também foi detectada através da análise

química.

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FIGURA 7 - Espectros na região de infravermelho, em pastilha de KBr: xantana comercial dialisada, xantana desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e xantana desacetilada com 0,01mol L-1 hidróxido de sódio (concentração de biopolímero de 0,5%).

4 CONCLUSÕES

O processo de desacetilação altera as propriedades da xantana comercial. A

viscosidade e o grau de acetilação do biopolímero foram influenciados pelo álcali e

sua concentração, tempo e temperatura empregados durante a reação. Os sais que

podem estar contidos nas preparações comerciais afetaram a viscosidade do

biopolímero desacetilado. O grau de piruvatação da xantana modificada

quimicamente não variou, conseqüentemente, não mostrou relação com a

viscosidade.

O biopolímero desacetilado apresentou viscosidade 53% superior a xantana

adicionada de sais com a utilização dos seguintes parâmetros de reação: 0,5 e 1%

de biopolímero, 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio, 25ºC por 3 horas. No entanto, a

remoção de grupos acetil maior que 10% proporcionou um decréscimo de 55% da

viscosidade.

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2º ARTIGO

INFLUÊNCIA DA DESACETILAÇÃO NAS PROPRIEDADES DO BIOPOLÍMERO SINTETIZADO PELA Xanthomonas campestris pv pruni CEPA 101

E. P. Pinto1; L. Furlan2; C. T. Vendruscolo3

1Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - UFPel 2UFPel/Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado - EMBRAPA

3Laboratório de Biopolímeros - Centro de Biotecnologia - UFPel

Universidade Federal de Pelotas, CP 354, CEP 96010-900, Pelotas, RS, Brasil

RESUMO

Diversas espécies e patovares da bactéria Xanthomonas são capazes de produzir, em abundância, o polissacarídeo de alto peso molecular denominado xantana. Além das diferenças que podem ocorrer com a estrutura química deste biopolímero através da utilização de variadas condições de produção, modificações químicas podem ser realizadas para alteração de sua estrutura molecular e conseqüentemente de suas propriedades. O presente trabalho tem como finalidade estudar a influência da desacetilação nas propriedades da xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101. O biopolímero foi produzido através de fermentação aeróbia em incubador agitador, após foi purificado através da técnica de diálise, sendo utilizado como padrão para as posteriores reações químicas. Para as reações de desacetilação foram utilizadas soluções de xantana 0,5% (m/v) em 0,01mol L-1 de hidróxido de sódio, hidróxido de potássio e hidróxido de amônio e submetidas a 300rpm, 25ºC, por 3 horas. A solução de xantana 0,5% (m/v) em 0,01 mol L-1 de hidróxido de amônio foi testada na temperatura de 45ºC por 3 horas. Foram efetuadas análises dos teores de sódio e potássio, do grau de acetilação e piruvatação, da viscosidade e espectroscopia vibracional de absorção no infravermelho das amostras. Observou-se que a purificação do biopolímero pela técnica de diálise propiciou uma remoção parcial dos íons sódio e potássio. A escolha do álcali empregado na reação de desacetilação influenciou na viscosidade das soluções de xantana. A utilização de bases mais fortes torna mais efetiva a desacetilação. Entretanto, as maiores viscosidades foram obtidas com a utilização de bases mais fracas. Verificou-se que a viscosidade e o grau de acetilação praticamente manteve-se constante quando a temperatura de reação aumentou de 25ºC para 45ºC. O teor de acetilação diminuiu a medida em que se empregou base mais forte. A modificação química não proporcionou mudanças no teor de

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piruvatação, portanto a mudança de viscosidade foi devida a desacetilação. O emprego de hidróxido de amônio na reação de desacetilação proporciona uma melhoria de 24% na viscosidade da xantana, no entanto, a remoção de grupos acetil é mais eficiente com a utilização de hidróxido de sódio obtendo-se uma redução de 81% destes grupos.

Palavras-chave: Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101. Desacetilação.

Propriedades reológicas.

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INFLUENCE OF DEACETYLATION IN PROPERTIES OF THE BIOPOLYMER

SINTETIZED BY Xanthomonas campestris pv pruni STRAIN 101

E. P. Pinto1; L. Furlan2; C. T. Vendruscolo3

1Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - UFPel 2UFPel/Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado - EMBRAPA 3Laboratório de Biopolímeros - Centro de Biotecnologia - UFPel

Universidade Federal de Pelotas, CP 354, CEP 96010-900, Pelotas, RS, Brasil

ABSTRACT

Various species and pathovars of the Xanthomonas bacterium are capable to produce, in abundance, the polysaccharide of high molecular weight denominate xanthan. Besides differences that to happen with the chemical structure this biopolymer by utilization of conditions production diverse, chemical modified are realize to alteration of molecular structure and consequently their properties. This work has finality to study the influence of deacetylation in the properties of the xanthan synthesized by Xanthomonas campestris pv pruni strain 101. The biopolymer was produced through dialysis technique, which was utilized how standard to posterior chemical reaction. For deacetylation reaction was used 0,5% (w/v) xanthan solution in 0,01mol L-1 sodium hydroxide, potassium hydroxide and ammonium hydroxide and submitted 300rpm, 25ºC, for 3 hours. The 0,5% (w/v) xanthan solution in 0,01 mol L-1 ammonium hydroxide was tested in 45ºC for 3 hours. Analyses of the content of sodium and potassium, of the degree of acetylation and pyruvatation, of the viscosity and infrared spectroscopic were realized in the samples. It was observed that the purification of the biopolymer by dialysis technique propitiated a partial removal of the sodium and potassium irons. The choice of alkali employed in deacetylation reaction influenced in viscosity of the xanthan solutions. The high viscosity (1170mPa.s in 10s-1) was observed with the use of ammonium hydroxide decreased with the used of potassium (591mPa.s in 10s-1) and sodium hydroxide (490mPa.s in 10s-1). Verified that the viscosity and the degree of acetil groups was maintained constant when the temperature of reaction increased of 25ºC to 45ºC. The utilization of ammonium hydroxide in the deacetylation reaction provide 24% increase in the xanthan viscosity, nevertheless, the removal of acetyl groups is more efficient with the utilization of sodium hydroxide obtained 81% reduction of

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these groups. The chemical modified not provided alteration in pyruvatation degree, thus the pyruvate groups not influenced in viscosity of deacetylated xanthan.

Keywords: Xanthomonas campestris pv pruni strain 101. Deacetylation. Rheological

Properties.

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1 INTRODUÇÃO

A xantana é um importante biopolímero produzido por bactérias gram-

negativas do gênero Xanthomonas, quando submetidas a condições adequadas de

meio, aeração, pH e temperatura. Diferentes espécies deste gênero, tais como, X.

oryzae, X. maltophilia, X. fragariae e X. campestris; entre outros patovares desta

última espécie citada como o campestris, pruni, juglandis e phaseoli, produzem

eficientemente este polissacarídeo extracelular de alto peso molecular (HAYWARD,

1993). Xanthomonas campestris pv pruni, bactéria fitopatogênica, é agente causador

da mancha bacteriana em espécies do gênero Prunus, “Prunus Bacterial Spot”, que

afeta o desenvolvimento de espécies como pessegueiros, ameixeiras e

amendoeiras. Sua fitopatogenicidade está relacionada com a qualidade e

quantidade de xantana produzida (CIVEROLO; HATTING, 1993).

Comercialmente, o biopolímero xantana é sintetizado pela Xanthomonas

campestris pv campestris, sendo constituído de glicose, manose, ácido glicurônico,

ácido acético e ácido pirúvico (SLONECKER; JEANES, 1962). Entretanto, outros

componentes têm sido relatados em polissacarídeos sintetizados por outros

patovares e espécies. A xantana produzida pela Xanthomonas campestris pv

juglandis apresenta em sua constituição ramnose (LOWSON; SYMES, 1977). Souza

e Vendruscolo (1999) e Moreira et al. (2001) detectaram a presença deste

monossacarídeo no biopolímero sintetizado pela Xanthomonas campestris pv pruni.

A principal característica apresentada pela xantana, e de grande interesse

comercial, é sua habilidade de modificar a reologia ou o comportamento de fluxo das

soluções; contudo, suas propriedades reológicas são influenciadas por vários fatores

como sua estrutura molecular, presença de sais, pH, temperatura e concentração do

biopolímero.

As propriedades exibidas pela xantana são determinadas por sua

composição química, ligação e arranjo molecular, bem como distribuição do peso

molecular (PAPAGIANNI et al., 2001). Estas características podem ser alteradas por

mudanças na espécie, patovar ou cepa, condições de crescimento e parâmetros

utilizados durante o processo de produção do biopolímero (CADMUS et al., 1976).

Entretanto, a estrutura sacarídica básica da xantana, apesar de poder sofrer

modificações, é normalmente conservada, enquanto que o conteúdo dos grupos

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68

ligados a esta estrutura, como acetil e piruvato, pode variar bastante (PINCHES;

PALLENT, 1986).

Alterações da estrutura do biopolímero podem ser conseguidas

intencionalmente também através de mudanças químicas ou genéticas. A xantana

pode ser modificada quimicamente através da reação de desacetilação, onde ocorre

a remoção dos grupos acetil presentes na cadeia lateral da molécula. Variações

nestes grupos podem exercer um efeito nas propriedades do biopolímero e

conseqüentemente em suas aplicações (SLONECKER; JEANES, 1962; TAKO;

NAKAMURA, 1984).

Relatos da literatura descrevem que essas mudanças químicas têm sido

efetuadas principalmente com a xantana comercial (CHEETHAM; NORMA, 1989;

BRADSHAW, 1983; TAKO; NAKAMURA, 1984; CALLET; MILAS; RINAUDO, 1987),

cuja procedência é o patovar campestris. No entanto, existe a necessidade de

desvendar o comportamento da xantana sintetizada por outros patovares, em

relação às alterações químicas de sua estrutura. Portanto, o presente trabalho tem

como finalidade estudar a influência da desacetilação nas propriedades da xantana

sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Microrganismo

A xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni foi

utilizada para o desenvolvimento deste experimento.

2.2 Produção do Biopolímero

A cepa foi mantida através de repiques mensais em placas de Petry

contendo ágar SPA, incubadas a 28ºC por 48 horas e estocadas a 4ºC.

O processo de fermentação de Xanthomonas campestris envolve dois

estágios: crescimento celular e produção do biopolímero. Erlenmeyers de 250mL,

contendo 40mL do meio líquido YM (HAYNES; WICKERHAM; HESSELTINE, 1955),

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69

foram inoculados com 108UFC.mL-1. Estes foram incubados em agitador orbital (New

Brunswick Scientific, modelo Innova 4230), a 150rpm e 28ºC por 24 horas. Após o

período de multiplicação celular, o cultivo foi transferido para erlenmeyers de 250mL

com 45mL de meio MPII (CADMUS et al., 1978 modificado por VENDRUSCOLO et

al., 2000). A produção do biopolímero foi realizada por fermentação aeróbica em

batelada, em incubador agitador, nas condições: 28ºC, 200rpm por 72 horas

(SOUZA; VENDRUSCOLO, 1999).

O meio fermentado foi centrifugado para remoção de células em centrífuga

(Sorvall Instruments, RC-5C) a 16.000xg a 4ºC por 30 minutos (VENDRUSCOLO,

1995). Ao sobrenadante foi adicionado etanol 96ºGL na proporção de 1:4 (v/v) para

recuperação dos biopolímeros. Estes foram secos em estufa a 56ºC até atingirem

peso constante, após foram pesados e triturados em moinho de disco (Fritsch,

Pulverisette).

2.3 Purificação do Biopolímero

Soluções de xantana a 2% (m/v) foram dialisadas, sob agitação, em água

deionizada durante 48 horas a 4ºC, em membranas semipermeáveis de celulose

regenerada, com “cut-off” de peso molecular de 12.000-16.000D e porosidade de

24A°; a troca da água foi realizada três vezes ao dia. Após, as soluções de

biopolímeros foram secas em estufa a 56ºC e o material resultante triturado em

moinho de disco. As xantanas purificadas foram consideradas como padrão para

realização do experimento.

2.4 Modificação Química

Inicialmente, as melhores condições de concentração de álcali e

biopolímero, tempo e temperatura de reação selecionadas nos experimentos feitos

com xantana comercial foram testadas para o biopolímero sintetizado pela cepa 101

de Xanthomonas campestris pv pruni.

Para as reações de desacetilação foram utilizadas soluções de xantana

0,5% (m/v) em 0,01mol L-1 de hidróxido de sódio, hidróxido de potássio e hidróxido

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70

de amônio. Os frascos foram incubados em agitador orbital (New Brunswick

Scientific, model Innova 4230), a 300rpm, a 25ºC, por 3 horas. Posteriormente, a

solução de xantana 0,5% (m/v) em hidróxido de amônio 0,01 mol L-1 foi testada na

temperatura de 45ºC por 3 horas, condição selecionada na segunda etapa do estudo

com xantana comercial.

Para todos os tratamentos, as soluções foram neutralizadas com 2mol L-1 de

ácido clorídrico. Os biopolímeros foram recuperados por precipitação com etanol

96ºGL na proporção de 1:4 (v/v). Estes foram secos em estufa a 56ºC até atingir

peso constante e triturados em moinho de disco (Fritsch, Pulverisette).

Todas as reações experimentais foram realizadas em triplicata.

2.5 Determinação de Sódio e Potássio

As amostras para análise dos íons sódio e potássio da xantana sintetizada

pela cepa 101, dialisada e desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio

(0,5% de biopolímero) foram preparadas segundo a AOAC (1987). Os íons foram

mensurados segundo ASTM (1981), através da técnica de espectroscopia de

emissão de chama em Fotômetro de Chama Cole Parmer Model 2655-00.

2.6 Avaliação da Viscosidade

A viscosidade das soluções aquosas de xantana sintetizada pela cepa 101

de Xanthomonas campestris pv pruni dialisada e não dialisada foi comparada com

ao biopolímero desacetilado nas diferentes condições de reação.

As soluções de xantana a 1% (m/v) em água deionizada foram agitadas por

2 horas, aquecidas a 60ºC por 20 minutos e deixadas em repouso à temperatura

ambiente por 24 horas (XUEWU et al., 1996).

A determinação da viscosidade das soluções aquosas foi mensurada em

reômetro HAAKE RS150, no modo rotativo, a 25ºC. Foi utilizado sistema de cilindros

coaxiais, sensor DG41, taxa de deformação 0,01-100s-1, tempo de cada ensaio de

300 segundos, totalizando 50 pontos de aquisição.

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2.7 Determinação do Grau de Acetilação

A determinação quantitativa de grupos acetil da xantana sintetizada pela

cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni dialisada, não dialisada e modificada

quimicamente foi realizada através de análise colorimétrica.

Para a elaboração da curva padrão foi utilizado 0,1089g de β-D-glicose

pentacetato, a qual foi dissolvida através de aquecimento em 5mL de álcool etílico e

o volume foi completado para 100mL com água destilada. Foram transferidos 1, 2, 4,

5 e 7mL desta solução para balões volumétricos de 50mL e o volume foi completado

com água destilada. Alíquotas de 5mL destas soluções padrões representam 60,

120, 240, 300 e 420µg de acetil. Em um balão volumétrico de 25mL foram

adicionados 1mL da solução de cloridrato de hidroxilamina 37,5% (m/v), 1mL da

solução de hidróxido de sódio 94% (m/v), 5mL da solução padrão contida em cada

balão volumétrico de 50mL, preparado anteriormente, 5mL de solução metanólica

ácida 70,4% (m/v) e o volume final foi completado com solução de perclorato férrico.

A solução estoque de perclorato férrico foi preparada com 1,93g de cloreto férrico,

5mL de ácido clorídrico concentrado e 5mL de ácido perclórico 70%, os quais foram

evaporados em banho-maria quase até a secagem. Após evaporação, os 6mL

restantes foram transferidos para um balão volumétrico de 100mL e o volume foi

completado com água destilada. Transferiu-se 60mL da solução estoque para um

balão volumétrico de 500mL e o volume foi completado com metanol absoluto

resfriado. A prova em branco foi preparada com 5mL de água destilada. Após 5

minutos, foram realizadas as leituras em espectrofotômetro (Pharmacia Biotech

Ultrospec 2000) no comprimento de onda máximo de 520nm.

Para o preparo das amostras foi utilizado 0,1g de xantana a qual foi

dissolvida sobre vigorosa agitação em 25mL de solução de cloridrato de

hidroxilamina 37,5% (m/v) e 25mL de hidróxido de sódio 94% (m/v). Foram

transferidos 2mL desta solução para balão volumétrico de 25mL onde foram

adicionados 5mL de água destilada e 5mL de solução metanólica ácida 70,4% (m/v),

sendo o volume final completado com solução de perclorato férrico. Após 5 minutos

foram realizadas as leituras em espectrofotômetro a 520nm. Todas as reações

experimentais foram realizadas em triplicata (MCCOMB; MCCREADY, 1957).

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2.8 Determinação do Grau de Piruvatação

A determinação quantitativa de grupos piruvato da xantana sintetizada pela

cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni dialisada, não dialisada e modificada

quimicamente foi realizada através de análise colorimétrica.

Para a elaboração da curva padrão foi utilizada uma solução estoque 0,1mol

L-1 de piruvato de sódio. Por diluição, prepararam-se soluções nas concentrações de

0,01; 0,025; 0,05; 0,1; 0,2; 0,3; 0,4 e 0,5mmol L-1. A partir dessas, transferiu-se 1mL

para tubos de ensaio. A prova em branco foi preparada com 1mL de água destilada.

Em cada tubo foram adicionados 1mL da solução 2,4-dinitrofenilhidrazina, 1mL de

água destilada, os quais foram agitados e acondicionados em banho-maria a 37ºC

por 10 minutos e após foram resfriados imediatamente. Em seguida, foram

adicionados 5mL de hidróxido de amônio 0,6mol L-1 em cada tubo. As leituras foram

realizadas em espectrofotômetro a 420nm.

A hidrólise das amostras foi realizada utilizando solução de xantana a 1%

em ácido clorídrico 2mol L-1, em banho-maria a 80ºC por 16 horas. Foram

transferidos 2mL do material hidrolisado para um tubo de ensaio e adicionados

18mL de água destilada. A prova em branco foi preparada com 2mL de ácido

clorídrico 2mol L-1 e 18mL de água destilada. Foram transferidas alíquotas de 1mL

da solução anterior para tubo de ensaio realizando três repetições. A cada tubo

foram adicionados 1mL da solução 2,4-dinitrofenilhidrazina, 1mL de água destilada,

os quais foram agitados e posteriormente acondicionados em banho-maria a 37ºC

por 10 minutos e então resfriados imediatamente. Em seguida, foi adicionado 5mL

de hidróxido de amônio 0,6mol L-1 em cada tubo. As leituras foram realizadas em

espectrofotômetro a 420nm. A metodologia empregada foi baseada no trabalho

SLONECKER e ORENTAS (1962), com modificações. Todas as reações

experimentais foram realizadas em triplicata.

2.9 Análise Espectroscópica no Infravermelho

Os espectros de infravermelho da xantana sintetizada pela cepa 101 de

Xanthomonas campestris pv pruni dialisada, desacetilada com 0,01mol L-1 de

hidróxido de sódio e desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio, foram

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obtidos dos compostos pastilhados em brometo de potássio - grau espectroscópico,

na faixa de 4000 - 400cm-1 em um espectrofotômetro FTLA 2000 BOOMEN, para

observação dos grupos funcionais.

2.10 Análise Estatística

A análise estatística dos dados dos teores de grupos acetil e piruvato foi

realizada através do teste de Kruskal-Wallis, admitindo nível de significância de 5%.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Teores de Sódio e Potássio

Os íons sódio e potássio são encontrados na composição do biopolímero

produzido pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, pois são resíduos do

processo de síntese deste biopolímero. O íon sódio é proveniente da água utilizada

no processo produtivo. No entanto, o íon potássio é oriundo do fosfato de potássio

que é um dos componentes integrantes do meio de cultura utilizado na produção do

polissacarídeo.

A Tabela 9 ilustra os teores de sódio e potássio da xantana produzida pela

Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, dialisada e desacetilada com hidróxido

de amônio. O teor de potássio (2,51%) presente na xantana natural foi superior ao

teor de sódio (2,02%). O processo de purificação empregado removeu parcialmente

estes íons. Através da técnica de diálise houve uma redução de 40,1 e 48,2% dos

íons sódio e potássio, respectivamente. No entanto, no biopolímero desacetilado a

remoção destes íons foi maior, permanecendo apenas 0,53% de sódio e 0,69% de

potássio.

Comparando a xantana proveniente do patovar pruni com a xantana

comercial Jungbanzlauer utilizada no primeiro experimento, pode-se verificar que o

teor de potássio foi 21,1% superior na xantana sintetizada pelo patovar pruni.

Contudo, o teor de sódio foi 28,4% superior na xantana comercial, provavelmente

devido à incorporação de sais que é feita para comercialização do produto.

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Torres et al. (1993), realizaram a caracterização química da xantana

proveniente da Keltrol e outra proveniente de uma cepa variante de Xanthomonas

campestris denominada XC-E2, onde verificaram um conteúdo de sódio de 1,3 e

1,1% e potássio de 2,6 e 3,9%, respectivamente.

TABELA 9 - Teores de sódio e potássio (%) da xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, dialisada e desacetilada com 0,01mol L-1 da base e concentração de biopolímero de 0,5%

Biopolímeros Sódio (%) Potássio (%)

XC 101 2,02 2,51 XCd 101 1,21 1,30 XCD 101 NH4OH 0,53 0,69 XC 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni XCd 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni dialisada XCD 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni desacetilada

3.2 Grau de Acetilação

A Tabela 10 apresenta a variação dos teores de grupos acetil da xantana

sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, dialisada e

desacetilada com hidróxido de potássio, hidróxido de sódio e hidróxido de amônio.

Pela análise do teor de acetil das amostras verificou-se que estes variaram

de 5,3 a 1,0%. Pode-se observar que com o emprego de bases fortes a reação de

desacetilação foi mais efetiva do que com bases fracas. Houve uma redução de

grupos acetil de 81,1% quando a xantana reagiu com hidróxido de sódio, em

comparação ao decréscimo de apenas 1,9% destes grupos com o emprego de

hidróxido de amônio. O aumento de temperatura de reação não influenciou no grau

de acetilação do biopolímero.

Nos estudos realizados por Shatwell, Sutherland e Ross-Murphy (1991),

modificaram biopolímeros através da reação de desacetilação, onde utilizaram

hidróxido de amônio mais concentrado e maior temperatura de em relação à

metodologia utilizada neste trabalho. Com o emprego deste método, obtiveram uma

remoção de 71% e 79% para os biopolímeros sintetizados pela Xanthomonas

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campestris pv campestris cepa 646 e Xanthomonas campestris pv phaseoli cepa

1128, respectivamente.

TABELA 10 - Teor de grupos acetil (%) da xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris cepa 101, dialisada e desacetilada com 0,01mol L-1 de álcalis e concentração de biopolímero de 0,5%

Biopolímeros Acetil (%) Desvio Padrão XC 101 5,0 AB 0,0400 XCd 101 5,3 A 0,0451 XCD 101 KOH 25ºC 2,1 AB 0,0115 XCD 101 NaOH 25ºC 1,0 B 0,0115 XCD 101 NH4OH 25ºC 5,2 AB 0,0289 XCD 101 NH4OH 45ºC 5,1 AB 0,0300 XC 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni XCd 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni dialisada XCD 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni desacetilada * Valores seguidos de letras iguais não diferiram pelo teste de Kruskal-Wallis em nível de significância 5%

3.3 Viscosidade

A viscosidade das soluções aquosas do biopolímero sintetizado pela

Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101 diminuiu à medida que a taxa de

deformação aumentou, comportamento este denominado de pseudoplasticidade.

A Tabela 10 apresenta os dados de viscosidade da xantana produzida pela

cepa 101, dialisada e desacetilada com 0,01mol L-1 de diferentes álcalis e 0,5% de

biopolímero, a 25 e 45ºC.

A viscosidade da xantana produzida pelo patovar pruni cepa 101 na taxa de

deformação de 10s-1 foi de 727mPa.s e este mesmo biopolímero dialisado

apresentou viscosidade de 941mPa.s, na mesma taxa de deformação. Portanto, a

viscosidade do biopolímero dialisado foi superior ao não dialisado. Souza e

Vendruscolo (1999) relataram este mesmo comportamento para biopolímeros

dialisados sintetizados pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 24, onde a

diálise proporcionou um incremento de 10 vezes na viscosidade. Estes autores

explicaram que tal fato poderia ser, possivelmente, à eliminação parcial das

impurezas, tais como componentes do meio e produtos secundários, que precipitam

com o biopolímero.

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TABELA 11 - Viscosidade (mPa.s) a 25ºC da solução aquosa a 1% (m/v) da xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, dialisada e desacetilada 0,01mol L-1 de álcalis concentração de biopolímero de 0,5%, a 25 e 45ºC

Biopolímeros Viscosidade (mPa.s)

Taxa de deformação (s-1) 10 30 60 100

XC 101 727,0 294,0 164,0 109,0 XCd 101 941,0 374,0 217,0 149,0 XCD 101 KOH 25ºC 591,0 243,0 135,0 88,5 XCD 101 NaOH 25ºC 490,0 203,0 120,0 81,7 XCD 101 NH4OH 25ºC 1170,0 481,0 273,0 184,0 XCD 101 NH4OH 45ºC 1190,0 491,0 281,0 190,0 XC 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni XCd 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni dialisada XCD 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni desacetilada

A escolha do álcali empregado na reação de desacetilação influenciou na

viscosidade da xantana sintetizada pelo patovar pruni cepa 101. A maior viscosidade

foi observada com a utilização de hidróxido de amônio decrescendo à medida que

foi empregado hidróxido de potássio e sódio. O biopolímero desacetilado com

hidróxido de amônio apresentou viscosidade 24% superior (1170mPa.s a 10s-1), em

relação a xantana sintetizada pela cepa 101 dialisada (941mPa.s a 10s-1),

demonstrando excelente qualidade reológica, como está ilustrado na Figura 8.

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FIGURA 8 - Viscosidade (mPa.s) vs taxa de deformação (s-1) dos biopolímeros desacetilados sintetizados pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101.

A variação da temperatura da reação de desacetilação não influenciou na

viscosidade da xantana proveniente da cepa 101. Na Figura 9, pode-se verificar que

a viscosidade praticamente manteve-se constante quando a temperatura de reação

aumentou de 25ºC para 45ºC. Neste caso, se for considerado a economia do

processo, não existe a necessidade de empregar a temperatura de 45ºC para a

modificação química, visto que, a viscosidade é muito semelhante ao biopolímero

desacetilado em 25ºC. Tal fato também foi observado por nós em uma xantana

comercial analisada previamente nas mesmas condições (PINTO et al., dados não

publicados) ao executar a reação de desacetilação em diferentes temperaturas.

Com base nestes resultados, as melhores condições de reação para a

xantana produzida pela cepa 101 foram obtidas com a utilização de hidróxido de

amônio, 25ºC por 3 horas. Em um experimento prévio, foram estudados os

parâmetros concentração de biopolímero e álcalis, tempo e temperatura mais

adequados para execução da reação de desacetilação de uma xantana comercial;

onde se selecionou os melhores parâmetros de reação, com base na qualidade

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reológica do biopolímero obtido, para utilizar no biopolímero sintetizado pela

Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101. Constatou-se que a xantana sintetizada

pelo patovar pruni e campestris apresentaram comportamento similar em relação às

variações dos parâmetros da reação de desacetilação.

FIGURA 9 - Viscosidade (mPa.s) vs taxa de deformação (s-1) dos biopolímeros sintetizados pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101 desacetilados com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio, a 25 e 45ºC.

3.4 Grau de Acetilação vs Viscosidade

A Figura 10 mostra a comparação entre o grau de acetilação (%) e a

viscosidade (Pa.s) da xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni

cepa 101, dialisada e desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de potássio,

hidróxido de sódio e hidróxido de amônio, sendo que esta última condição foi

efetuada a 25 e 45ºC.

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XC 101 XCd 101 KOH 25C NaOH 25C NH4OH 25C NH4OH 45C0

2

4

6

8

10 G

rau

de A

cetila

ção

(%)

Acetil Viscosidade

Vis

cosi

dade

(Pa.

s)

FIGURA 10 - Grau de acetilação vs viscosidade da xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101, dialisada, desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de potássio, hidróxido de sódio e hidróxido de amônio.

A xantana produzida pela cepa 101 desacetilada com hidróxido de amônio

apresentou viscosidade superior às demais, no entanto, o teor de acetil foi de 5,2% .

A utilização de bases fortes durante o processo de desacetilação propiciou

viscosidades inferiores como 490 e 591mPa.s em 10s-1 com o emprego de hidróxido

de sódio e potássio, respectivamente. Estes polissacarídeos apresentaram os

valores de acetilação de 1,0% para reação com hidróxido de sódio e 2,1% com

hidróxido de potássio, portanto foram os mais desacetilados. A viscosidade e o teor

de acetilação mantiveram-se utilizando a base fraca em temperatura mais elevada

na reação de modificação química.

A xantana comercial utilizada nas análises prévias (PINTO et al., dados não

publicados) não modificada exibiu viscosidade de 430mPa.s em 10s-1 e grau de

acetilação de 4,1%. Em comparação, a xantana proveniente da cepa 101

apresentou viscosidade e teor de acetil mais elevados, tal fato pode ser explicado

pelas diferenças existentes na composição química destes polissacarídeos relativos

à utilização de patovares e condições operacionais distintas. A xantana comercial

0,73

2,1

0,94

5,3 5,0

0,59 1,0

0,49

5,2

1,17

5,1

1,19

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80

apresenta em sua composição glicose, manose e ácido glicurônico, enquanto que a

xantana proveniente do patovar pruni apresenta ainda o monossacarídeo ramnose.

3.5 Grau de Piruvatação

A Tabela 12 mostra os teores de grupos piruvato da xantana produzida pela

cepa 101, dialisada e desacetilada em diferentes condições. O biopolímero

sintetizado pela Xanthomonas campestris patovar pruni cepa 101 apresentou 0,8%

de grupos piruvato. Este conteúdo foi baixo em relação a xantana comercial

(Jungbunzlauer) utilizada em experimento prévio que apresentou 3,6% de grupos

piruvato.

Do mesmo modo que ocorre variação com os grupos acetil na xantana,

mudanças na proporção dos grupos piruvato também podem ocorrer. A cepa NRRL

B-1459 da Xanthomonas campestris pv campestris tem sido muito pesquisada por

vários autores que utilizaram diferentes condições de processamento e por isso

diferentes teores de piruvato têm sido publicados como 3,0 a 3,5% (SLONECKER;

ORENTAS, 1962), 2,5 a 4,7% (CADMUS et al., 1976), 0,9 a 8,5% (DAVIDSON,

1978) e 2,2 a 3,9% (TORRESTIANA; FUCIKOVSKY; GALINDO, 1990).

TABELA 12 - Teor de grupos piruvato (%) da xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris cepa 101, dialisada e desacetilada com 0,01mol L-1 de álcalis e concentração de biopolímero de 0,5%

Biopolímeros Piruvato (%) Desvio Padrão XC 101 0,8 A 0,0458 XCd 101 0,9 A 0,0231 XCD 101 KOH 25ºC 0,9 A 0,0902 XCD 101 NaOH 25ºC 0,8 A 0,0850 XCD 101 NH4OH 25ºC 0,7 A 0,0656 XCD 101 NH4OH 45ºC 0,8 A 0,0153 XC 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni XCd 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni dialisada XCD 101: xantana sintetizada pela cepa 101 de Xanthomonas campestris pv pruni desacetilada

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81

A modificação química não proporcionou mudanças no teor de piruvatação

da xantana produzida pela cepa 101, portanto os grupos piruvato não estão

relacionados com a mudança verificada na viscosidade das xantanas desacetiladas.

No entanto, ao correlacionar o teor de piruvato com a viscosidade da

xantana sintetizada pelo patovar pruni e campestris sem modificação química, pode-

se verificar que a xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa

101 apresentou uma alta viscosidade (727mPa.s em 10s-1) e baixo conteúdo de

piruvato (0,8%) em relação a xantana comercial Jungbunzlauer que apresentou

viscosidade de 430mPa.s em 10s-1 e teor de piruvato de 4,1%. Em concordância

com estes resultados Ávila, Borges e Vendruscolo (2005), verificaram uma elevada

viscosidade e baixo teor de grupos piruvato na xantana natural proveniente do

patovar pruni cepa 101.

3.6 Espectroscopia no Infravermelho

A Figura 11 mostra uma comparação dos espectros de infravermelho da

xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101 dialisada,

desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e desacetilada com 0,01mol

L-1 de hidróxido de sódio.

Os espectros da xantana produzida pela cepa 101 apresentaram uma banda

forte e larga em 3386cm-1 referente ao grupo hidroxila (OH) em ligação de

hidrogênio. A banda 2923cm-1 refere-se à deformação axial assimétrica do grupo

metileno (CH2). A deformação angular simétrica das ligações de C–H do grupo

metila (CH3) gerou uma banda em 1376cm-1. Entretanto, as bandas em 1253cm-1 e

1618cm-1 correspondem à deformação axial da ligação C–O dos ésteres e

deformação axial assimétrica do ânion carboxilato, respectivamente.

A deformação axial da ligação C=O de ésteres é caracterizada por uma

banda em 1730cm-1. Analisando os espectros, verificou-se que a xantana produzida

pela cepa 101 dialisada e a desacetilada com hidróxido de amônio apresentaram

esta banda. Contudo, no espectro da xantana desacetilada com hidróxido de sódio

houve o desaparecimento parcial desta, comprovando que ocorreu uma maior

desacetilação deste biopolímero. A região de 1250cm-1 exibe uma banda

característica dos ésteres de metila. Esta banda foi visualizada na xantana dialisada

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e desacetilada com hidróxido de amônio, contudo sua intensidade decresceu na

amostra desacetilada com hidróxido de sódio.

A espectroscopia vibracional de absorção no infravermelho propiciou a

confirmação da remoção dos grupos acetil da xantana juntamente com a análise

química. Esta técnica tem sido bastante utilizada por muitos pesquisadores em seus

estudos para comprovar a ocorrência da reação de desacetilação (TAKO;

NAKAMURA, 1988, 1989; TAKO, 1991, 1992; RINAUDO et al., 1983; PAKDEE,

1995).

FIGURA 11 – Espectros na região de infravermelho, em pastilha de KBr: xantana sintetizada pela Xanthomonas campestris pv pruni cepa 101 dialisada, desacetilada com 0,01mol L-1 de hidróxido de amônio e desacetilada com 0,01mol L-1 hidróxido de sódio.

4 CONCLUSÕES

As propriedades da xantana proveniente da Xanthomonas campestris pv

pruni cepa 101 foram influenciadas pela adição de álcali. O álcali empregado na

reação de desacetilação influenciou na viscosidade e no grau de acetilação do

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83

biopolímero. Entretanto, com a variação da temperatura de reação a viscosidade das

soluções e o grau de acetilação praticamente foram mantidos. O grau de piruvatação

não variou e, portanto, os grupos piruvato não estão relacionados com a mudança

verificada na viscosidade das soluções de xantana.

O emprego de hidróxido de amônio na reação de desacetilação proporciona

uma melhoria de 24% na viscosidade da xantana, no entanto, a remoção de grupos

acetil é mais eficiente com a utilização de hidróxido de sódio obtendo-se uma

redução de 81% destes grupos.

5 REFERÊNCIAS

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CONCLUSÕES GERAIS

• Os íons sódio e potássio foram removidos parcialmente pela técnica de

diálise, e sua presença influencia nas propriedades reológicas do

biopolímero sintetizado pelo patovar campestris e pruni.

• A propriedade de pseudoplasticidade foi mantida após a modificação

química dos biopolímeros.

• A viscosidade da xantana comercial aumentou com o incremento da

concentração de álcali empregada na reação de desacetilação, exceto

quando foi empregado hidróxido de potássio, que provocou aumento

somente com a maior concentração 0,01mol L-1.

• A concentração da xantana comercial utilizada para efetuar a reação de

desacetilação praticamente não influenciou na viscosidade das soluções e

no grau de acetilação.

• As maiores viscosidades foram observadas utilizando a base fraca

hidróxido de amônio na reação de desacetilação, sendo superior 53 e 24%

a xantana adicionada de sais proveniente do patovar campestris e pruni,

respectivamente.

• O grau de acetilação e a viscosidade da xantana diminuíram à medida

em utilizou-se uma base mais forte e maior tempo e temperatura na reação

de desacetilação.

• O grau de piruvatação das xantanas modificadas quimicamente não

variou, demonstrando que não está relacionado à viscosidade e

comprovando que estes grupos não influenciaram na reação de

desacetilação.

• Os parâmetros de reação de desacetilação ideais para a xantana

comercial também foram adequados para a xantana produzida pelo

patovar pruni cepa 101, proporcionando a obtenção de um biopolímero

desacetilado com qualidade reológica.

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ABSTRACT

PINTO, Ellen P. Desacetilação de xantana: influência no comportamento reológico. 2005. 95f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Chemical reactions are effectuated to remove acetyl groups of the side chain

of the xanthan molecule. This structural change of the biopolymer is providing through of the deacetylation reaction, to give back one option to increase it is rheological behavior. First, to adjust one method to remove acetyl groups of the xanthan synthesized by pathovar campestris, studied the influence of de reaction besides the content of acetylation and quality of the result biopolymer. The deacetylation reaction was carried out with variation of the parameters: biopolymer and alkalis concentration, time and temperature. Analyses of the content of sodium and potassium, of the degree of acetylation and pyruvatation, of the viscosity and infrared spectroscopic were realized in the samples. It was observed that the purification of the biopolymer by dialysis technique propitiated a partial removal of the irons sodium and potassium and that these irons influence in the viscosity of the xanthan. The pseudoplasticity property was kept after of the chemical modification of biopolymer. The viscosity of the xanthan increased with the increment of the alkali concentration used in the deacetylation reaction, except when was used potassium hydroxide. The concentration of the biopolymer used in the deacetylation reaction practically did not influence in the viscosity of the solutions and acetylation degree. Biggest viscosities (680 e 910mPa.s in 10s-1) were observed using the ammonium hydroxide 0,005 and 0,01mol L-1, respectively; superior the xanthan added of salts (430mPa.s in 10s-1). The degree of acetylation and the viscosity of the xanthan decreased when used a stronger alkali (0,01mol L-1) and bigger time (12 hours) and temperature (65ºC) in the deacetylation reaction. The degree of pyruvatation of the modified xanthan did not vary, consequently not related to viscosity in the conditions tested. Deacetylated commercial xanthan showed 53% superior viscosity a xanthan added of salts with the use of the following reaction parameters: 0.5 and 1% of the biopolymer, 0.01mol L-1 ammonium hydroxide, 25ºC for 3 hours. However, a bigger removal of acetyl groups that 10% provide a 55% decrease of viscosity. The best parameters selected in the first stage was used to study the influence of the deacetylation in the properties of the xanthan synthesized by Xanthomonas campestris pv pruni strain 101, effectuated the same analysis. The purification of the biopolymer propitiated a partial removal of the sodium and potassium irons. The high viscosity (1170mPa.s in 10s-1) was observed with the use of ammonium hydroxide decreased with the used of potassium (591mPa.s in 10s-1) and sodium hydroxide

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(490mPa.s in 10s-1). Verified that the viscosity and the degree of acetil groups was maintained constant when the temperature of reaction increased of 25ºC to 45ºC. The utilization of ammonium hydroxide in the deacetylation reaction provide 24% increase in the xanthan viscosity, nevertheless, the removal of acetyl groups is more efficient with the utilization of sodium hydroxide obtained 81% reduction of these groups. The chemical modified not provided alteration in pyruvatation degree, thusthe pyruvate groups not influenced in viscosity of deacetylated xanthan. Thus, the ideal parameters of reaction also was suitable to xanthan produced by pathovar pruni strain 101, provide the obtainment of a deacetylated biopolymer with rheological quality.

Keywords: Xanthan. Deacetylation. Rheological behavior.

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