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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial TESE Diagnóstico da Apropriação de Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de Pêssegos no Rio Grande do Sul Silon Junior Procath da Silva Pelotas, 2009.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial

TESE

Diagnóstico da Apropriação de Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de Pêssegos no Rio Grande do Sul

Silon Junior Procath da Silva

Pelotas, 2009.

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SILON JUNIOR PROCATH DA SILVA

DIAGNÓSTICO DA APROPRIAÇÃO DE TECNOLOGIAS ADERENTES À PRODUÇÃO INTEGRADA DE PÊSSEGOS NO RIO GRANDE DO SUL

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências (área do conhecimento: Ciência e Tecnologia Agroindustrial).

Orientador: Volnei Krause Kohls

Co-orientador:

Cesar Valmor Rombaldi

Pelotas, 2009.

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Banca examinadora: _________________________________________ Volnei Krause Kohls (Orientador) _________________________________________ Andrea de Rossi Rufato _________________________________________ Marcos Botton _________________________________________ Nelson Luis Finardi _________________________________________ Paulo Rigatto

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À minha esposa, Mônica Matias de Magalhães,

pela compreensão dos dias de ausência e amor

dedicado e à minha mãe Nara Maria dos Santos

Prockt pela importância dada à formação de seus

filhos.

DEDICO

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Agradecimentos

Ao contribuinte brasileiro que, com seu trabalho e o pagamento de impostos,

mantém uma estrutura de ensino superior pública e de qualidade, tendo

proporcionado a mim uma formação superior integral e gratuita.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Volnei Krause Kohls, pelo conhecimento

transmitido, paciência, dedicação e pela constante troca de idéias que me

proporcionaram grande crescimento pessoal.

Ao Prof. Dr. Cesar Valmor Rombaldi pelo apoio dado desde o dia em que

fazer o doutorado era apenas uma idéia até à sua conclusão, e pelo exemplo de

dedicação à ciência e busca do bem comum.

Ao Prof. Dr. Paulo Rigatto pelo auxílio na montagem das tabelas de custos e

incentivo para a realização deste e de outros trabalhos.

À Direção da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel pelo apoio aos

engenheiros agrônomos para que se qualifiquem e pela liberação para que pudesse

me dedicar à realização do curso.

Ao Setor de Transportes da Prefeitura Universitária que realizou o transporte

da equipe de pesquisa até as propriedades rurais, sempre com muito afinco.

Aos produtores de pêssego que abriram as portas de suas casas à equipe de

pesquisa e deram acesso a todos os dados de suas propriedades, sempre nos

recebendo com muito carinho.

À Embrapa, especialmente aos pesquisadores Dr. Marcos Botton (CNPUV) o

qual nos ajudou a realizar o trabalho junto aos produtores da Serra Gaúcha e Dr. João

Carlos Madail (CPACT) que auxiliou na construção do questionário e das tabelas de

custos.

À Emater, especialmente o engenheiro agrônomo Geraldo Torchelsen que

auxiliou na elaboração do questionário e no contato com produtores.

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À colega e amiga Roberta Mânica-Berto, pela companhia nas visitas aos

produtores, troca de idéias e pela ajuda durante todo o período de realização do

doutorado.

Aos amigos Getúlio Ribeiro Camargo, Rogério Antônio Freitag e Vilson Borba

Pinto pelo apoio e amizade durante todos esses anos, por tantas ajudas nas horas

difíceis e pela companhia nos bons momentos.

Aos professores da FAEM, Dr. Anderson Dionei Grutzmacher e Andrea de

Rossi que colaboraram na construção dos questionários.

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“A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo!” Peter Drucker

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Resumo

SILVA, Silon Junior Procath da. Diagnóstico da Apropriação de Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de Pêssego no Rio Grande do Sul. 2009. 104f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

A Produção Integrada de Pêssego (PIP) tem seu marco inicial no Brasil em

1999 e passados 7 anos de sua implantação, analisou-se o nível tecnológico e de

adoção desse sistema de produção junto aos produtores de pêssego. Nesse trabalho

analisou-se a apropriação do conhecimento existente, pondo em evidência os

principais fatores positivos e limitadores para sua validação. Para isso, adotou-se,

como método de estudo, a aplicação de questionário semi-estruturado junto a 20

produtores de pêssego. Coletaram-se dados relacionados à unidade de produção e

ao nível tecnológico da propriedade, no período de 2006 a 2007. Os principais fatores

apontados como limitantes para a gestão da produção integrada de pêssego são: o

incompleto conhecimento sobre a normativa, a restrita lista de agrotóxicos registrados

para a cultura, e, com grande destaque negativo, a falta de diferenciação,

popularização e remuneração para a fruta produzida sob a PIP. Os pontos

detectados como altamente positivos da PIP são: a ampla discussão e conhecimento

sobre os conceitos da PIP junto aos produtores, a identificação e validação dos

benefícios ambientais e de proteção do produtor e a redução do uso de insumos

externos, especialmente agrotóxicos e de operações de manejo do solo. Embora os

produtores não apontem fortes barreiras técnicas para a adoção da PIP no mercado

nacional, utilizam-se da pulverização de produtos não registrados para a cultura, o

que evidencia que aspectos ligados ao controle de pragas devem ser melhor

estudados. Além disso, não existe um estímulo direto ao produtor, do ponto de vista

de política pública, para que este a implante.

Palavras-chave: PIP, alimentos seguros, frutas de qualidade, sistema de produção.

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Abstract

SILVA, Silon Junior Procath da. Diagnosis of the appropriation of technologies adherent to the integrated peach production in Rio Grande do Sul. 2009. 104f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. The integrated peach production (PIP) started in Brazil in 1999. Seven years after its

implantation, the technological appropriation of this production system by peach

producers was studied. In this work, the appropriation of the current knowledge was

evaluated, highlighting the main positive factors and limitations for its implantation. For

that, a semi-structured questionnaire was applied to 20 peach producers. Data related

to the production unit and the technological level of the property over the period of

2006 and 2007 were collected. The main factors pointed out as limiting for the

management of the PIP were: the incomplete knowledge of the normative, the restrict

list of agrochemicals registered for the culture, and with high negative impact, the lack

of differentiation, popularization and higher price for the fruit produced in the PIP. The

factors pointed out as highly positive were: broad discussion and knowledge of the PIP

concepts among producers, the identification and validation of the benefits for the

environment and safety for the producer, the reduction of use of external products,

specially agrochemicals, and the reduction of soil management practices. Although the

producers did not indicate strong technical barriers to the adoption of IPP in the

domestic market, the use of pesticides not registered for the peach orchard, which

highlights issues related to control of pests should be better studied. Also from the

viewpoint of public policy, there is no incentive for producers to implement the system

of integrated production.

Keywords: PIP, safe food, quality fruits, production system.

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Lista de Figuras Figura 1 Somatório das notas dadas pelo produtor, sendo mais importante o

atributo quanto maior a nota, ao apontar o motivo pelo qual não adota a Produção Integrada de Pêssego formalizada, conforme o grau de importância em ordem decrescente, com pergunta induzida, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............................................................................................

60Figura 2 Diferenças de custo de produção de pêssego entre o sistema

convencional e o uso de tecnologias aderentes a produção integrada, com resposta induzida, de acordo com a nota atribuída pelo produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............................................................................................

67Figura 3 Principais características das novas variedades, desejadas pelos 20

produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da do Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul, com resposta induzida (2006/2007)............................................................................................

69Figura 4 Fonte de orientação para o uso de agrotóxicos, de acordo com os 20

produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............................................................................................

73Figura 5 Nota média para o trabalho realizado na cultura do pêssego atribuída

ao desempenho da Emater, UFPel e Embrapa, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............................................................................................

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Caracterização dos entrevistados quanto aos anos de estudo,

tempo de cultivo de pessegueiro e faixa etária, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

53

Tabela 2 Área de pomares de pêssego, número de cultivares e número de produtores por faixa, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................

54

Tabela 3 Cultivares, área média, freqüência e percentagem sobre a área total das 10 principais cultivares de pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................

55

Tabela 4 Principais cultivares de pêssego conhecidas pelos produtores de pêssego além daquelas que cultiva, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

55

Tabela 5 Principais características da produção integrada entendida, pelos persicultores, em comparação com a produção convencional de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

56

Tabela 6 Conhecimento das normas PIP e local onde os fruticultores obtiveram a informação sobre a tecnologia, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................

57

Tabela 7 Sistema de produção de pêssego adotado na propriedade, segundo declaração do próprio produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................

58

Tabela 8 Intenção, por parte do produtor, de realizar certificação PIP ou adotar TA-PIP e o motivo pelo qual toma a decisão, com resposta espontânea de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................

59

Tabela 9 Continuidade da produção integrada e obtenção de diferencial de preço pela adoção de TA-PIP, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)...................................................

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Tabela 10 Razões apontadas como responsáveis pela não adoção da PI de

acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

61

Tabela 11 Comparação do sistema de produção integrada e de produção convencional de pêssego quanto à proteção do ambiente, proteção do trabalhador, lucro, facilidade de manejo e economia de mão-de-obra, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

62

Tabela 12 Participação em rodadas de negócios do Banco do Brasil, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

62

Tabela 13 Exploração do mercado de pêssego in natura e principais praças para as quais são enviadas frutas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

64

Tabela 14 Características da relação entre produtor e comprador, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............

64

Tabela 15 Vantagens e motivos para adotar produção integrada apontadas espontaneamente pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

65

Tabela 16 Principais motivos para não estar na produção integrada apontados espontaneamente pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................

66

Tabela 17 Distribuição das atividades ao longo do ano nas propriedades produtoras de pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

68

Tabela 18 Substituição de pessegueiros e quais as mais interessantes para novos plantios, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................

70

Tabela 19 Perspectiva de evolução da área com pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)....................

70

Tabela 20 Produtores que pretendem diversificar o cultivo de pêssego com outras culturas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................

70

Tabela 21 Cultivos já desenvolvidos na propriedade e culturas as quais o persicultor pretende introduzir, de acordo com os 20 produtores de

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pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)...................................................

71

Tabela 22 Realização de monitoramento de pragas, tipos de armadilhas e principais pragas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................

72

Tabela 23 Grau de satisfação quanto às recomendações para a cultura, no que diz respeito ao atendimento das necessidades de produção, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

72

Tabela 24 Motivação para o uso da produção integrada e uso da caderneta de campo preconizada pela PI, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)...................................

73

Tabela 25 Existência de equipes preparadas para darem orientação em PIP e realizarem certificação na região de atuação do produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007)....................

75

Tabela 26 Opinião do produtor de pêssego a respeito das recomendações atuais para a cultura, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

75

Tabela 27 Recomendação do cultivo do pêssego a outros produtores e sistema de cultivo, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................

76

Tabela 28 Local de captação da água e de preparo da calda de pulverização, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

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Tabela 29 Destinação das embalagens de agrotóxicos e uso de EPI, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

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Tabela 30 Agrotóxicos utilizados na cultura do pessegueiro e número de agricultores que usaram, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)...................................................

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Tabela 31 Acesso aos programas governamentais de incentivo ao agricultor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

79

Tabela 32 Aspectos apontados livremente pelos produtores de pêssego como importantes para a cultura, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................

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Lista de abreviaturas e siglas

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

ATT – Acidez total titulável

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BP – Boas Práticas

BPA – Boas Práticas Agrícolas

BSE – Bovine Spongiform Encephalopathy

CCA – Comissão do Codex Alimentarius

CCAB – Comitê do Codex Alimentarius do Brasil

CNPUV – Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho

CPACT – Centro de Pesquisa de Agropecuária de Clima Temperado

Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPI – Equipamento de Proteção Individual

EMATER - Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e

Extensão Rural

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

Gap – European Retaliers Produce for Global Agricultural Practice

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia

ISO – International Organization for Standartization

FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

FINAME – Financiamento de Máquinas e Equipamentos

FOB – Free on Board

FUNRURAL – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural

HACCP - Hazard Analysis Critical Control Point

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PI – Produção Integrada

PIF – Produção Integrada de Frutas

PIP – Produção Integrada de Pêssegos

PPHO – Procedimento Padrão de Higiene Operacional

IBRAF – Instituto Brasileiro de Frutas

IC – Instrumento de Coleta

ICONE – Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais

INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social

IOBC – International Organization for Biological and Integrated Control of Noxios

Animals and Plants

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social

IR – Imposto de Renda

ITR – Imposto Territorial Rural

OIE – Organização Internacional para Saúde Animal

OMC – Organização Mundial do Comércio

OMS – Organização Mundial da Saúde

PAC – Política Agrícola Comum

PC – Produção Convencional

PROGER – Programa de Geração de Empregos

PRONAF – Programa Nacional de Agricultura Familiar

RS – Rio Grande do Sul

SAG – Sistema Agroindustrial

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAI – Serviço Nacional da Indústria

SST – Sólidos Solúveis Totais

TMA – Taxa Média de Atratividade

UFPel – Universidade Federal de Pelotas

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Sumário

1 Introdução...............................................................................................................18

1.2 Problema da pesquisa .....................................................................................23

1.4 Objetivos..........................................................................................................24

2 Revisão de literatura ..............................................................................................25

2.1 Aspectos recentes da cadeia do pêssego .......................................................25

2.2 Relação entre produção integrada de pêssego e o processo de inovação

tecnológica.............................................................................................................30

2.3. Apropriação tecnológica..................................................................................33

2.4 Negócios agroalimentares ...............................................................................37

2.5 Programas de Alimentos Seguros ...................................................................38

2.5.1 Rastreabilidade .........................................................................................39

2.5.2 Boas Práticas Agrícolas (BPA)..................................................................39

2.5.3 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) .....................40

2.5.4 Codex Alimentarius ...................................................................................41

2.5.5 GlobalGap .................................................................................................42

2.6 Barreiras tarifárias e não tarifárias...................................................................42

2.7 Vetores de oferta e demanda ..........................................................................44

2.5 Estudo de Caso ...............................................................................................46

3 Material e Método...................................................................................................47

3.1 Escolha das regiões a serem estudadas .........................................................47

3.2 Elaboração do instrumento de coleta ..............................................................47

3.3 Validação e adequação do IC..........................................................................48

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3.4 Coleta de dados...............................................................................................49

3.5 Período de realização......................................................................................50

3.6 Procedimentos de Aplicação dos Questionários..............................................50

4 Resultados e Discussão.........................................................................................52

5 Considerações gerais.............................................................................................81

6 Conclusão ..............................................................................................................85

7 Referências Bibliográficas......................................................................................87

Apêndice 1 ................................................................................................................97

Apêndice 2 ..............................................................................................................103

Apêndice 3 ..............................................................................................................104

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1 Introdução

A Produção Integrada (PI), na qual a Produção Integrada de Frutas (PIF) está

inclusa, é definida pela “International Organization for Biological and Integrated

Control of Noxios Animals and Plants (IOBC)”, como “o sistema de produção que gera

alimentos e demais produtos de alta qualidade, mediante o uso de recursos naturais e

regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes e a garantia da

sustentabilidade da produção agrícola” (ANDRIGUETO & KOSOSKI, 2004). No Brasil,

o marco da PIF está associado à implementação desse sistema na produção de

maçã, em 1998 (PROTAS, 2003), seguida pela produção de pêssegos em 1999

(FACHINELLO et al., 2005). Em 2008 estima-se que a PIF esteja implantada ou em

fase de implantação em 14 espécies frutíferas no Brasil (MAPA, 2008).

A PIF tem seus princípios voltados à proteção ambiental, em comparação às

tecnologias mais tradicionais de produção frutícola, devido, principalmente, à

diminuição e substituição no uso de agrotóxicos e ao emprego de produtos mais

seletivos aos inimigos naturais das pragas, ou seja, de menor agressividade ao

ambiente. A ela se associam as práticas complementares de proteção ambiental e do

produtor rural, sendo todas as atividades registradas e validadas, visando

proporcionar a rastreabilidade da produção.

Empresas e produtores que adotam o sistema podem ofertar produtos de

qualidade, seguros, com proteção do meio ambiente, criando um benefício extra,

constituindo-se uma externalidade positiva do sistema de produção empregado

(ALVIM, 2003). A externalidade é utilizada, em geral, como referência ao custo ou

benefício envolvendo efeitos secundários que os produtores não atenderiam, mas que

são dados pelas novas tecnologias (NELSON & WINTER, 2005).

Na PIF, cada espécie frutícola possui normas próprias. Por exemplo, para a

cultura do pessegueiro foram publicadas, em 2003, as Normas Técnicas e

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Documentos de Acompanhamento da Produção Integrada de Pêssego, sob

coordenação do Prof. Dr. José Carlos Fachinello da Universidade Federal de Pelotas.

A iniciativa foi baseada na problemática regional, na qual as práticas de manejo

convencional não contemplavam uma visão ampla do sistema e não ofereciam

segurança ao produtor, consumidor e ao meio ambiente.

Associam-se a isso, projeções que apontam para a necessidade de aumentar

em 10 vezes a produtividade dos recursos naturais nos próximos 50 anos, garantindo

a ecoeficiência e melhorias do desempenho econômico das corporações

(KIPERSTOK & MARINHO, 2001).

Além disso, no mercado global, há imposições cada vez mais restritivas, no

que concerne às importações de produtos agrícolas, tanto nos aspectos de segurança

do produto quanto ambientais. Também, precisa-se incrementar a competitividade

dos produtos brasileiros para compensar os subsídios e concessões indiretas

oferecidas pelos países da União Européia (UE) e os EUA (KIPERSTOK &

MARINHO, 2001). Há, a necessidade de novos sistemas de produção de modo a

garantir acesso pelos produtores a mercados mais exigentes e de maior poder

aquisitivo. Com isso, teria-se um aumento de área em produção usando tecnologia de

menor impacto ambiental, como por exemplo a PI, que proporcionaria, em princípio,

garantia de exportação para mercados exigentes do ponto de vista da

responsabilidade ambiental e de segurança dos produtos oferecidos ao consumidor.

Evidentemente que esses pressupostos devem ser prioritários para a oferta de

produtos nos mercados locais.

Para exportação à EU, por exemplo, entrou em vigor desde janeiro de 2005, a

normativa que restringe a importação de produtos que não possuam rastreabilidade.

Os produtos agroalimentares exportados para os EUA também devem possuir um

sistema de rastreabilidade devido à nova lei de Bioterrorismo, aprovada em 2004.

Além disso, a rastreabilidade virá associada à certificação de conformidade de

produção (FACHINELLO et al., 2004). As medidas estipuladas pela Lei de

Bioterrorismo apresentam implicações para todos aqueles que integram as cadeias de

abastecimento agroindustriais (CAMBOIM, 2003), incluindo, neste caso, o setor

frutícola.

Pode-se entender como cadeia agroindustrial os macrossegmentos de

comercialização, industrialização e produção de matérias-primas, que mantém entre

si uma sucessão de operações de transformação, relações comerciais e financeiras

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e/ou ações que asseguram a articulação das operações sendo que, em muitos casos,

essas divisões não são facilmente identificáveis (BATALHA & SILVA, 2001).

Com o objetivo de manter o acesso aos mercados internacionais, o Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o Programa de

Desenvolvimento da Fruticultura – PROFRUTA – como prioridade estratégica, e

estabeleceu, como meta principal, elevar os padrões de qualidade e competitividade

da fruticultura brasileira ao patamar de excelência requerido pelo mercado

internacional, em bases voltadas para o sistema integrado de produção,

sustentabilidade do processo e expansão da produção, do emprego e da renda

(ANDRIGUETO, 2004).

Embora as normas nacionais, quanto a PIF, sejam de adesão voluntária no

Brasil, elas tem se tornado praticamente obrigatórias, pois o produtor ou a empresa

que visa um produto diferenciado e competitivo no mercado internacional estará em

franca vantagem frente aos demais concorrentes e aqueles que não se enquadrarem,

tendem a ser postos à margem da dinâmica do comércio nacional e internacional.

Por outro lado, Cintra et al. (2004), estudando a dinâmica comercial da PIF no

Vale do São Francisco, afirmam que sua adoção ocasionou custos adicionais e

necessidade de reestruturação do sistema produtivo acarretando dispêndios onerosos

com consultoria, principalmente ao pequeno e ao médio produtor. Contudo, vários

apoios recebidos de programas governamentais colaboraram para o sucesso do

empreendimento. Como conseqüência, houve uma redução de 50% no uso de

agrotóxicos, se comparado ao sistema convencional de cultivo, proporcionando menor

pressão sobre o custo de produção e o meio ambiente, obtendo-se maior agregação

de valor ao produto sem a necessidade de transformação industrial. Deste modo, os

custos iniciais transformaram-se rapidamente em instrumentos e a região tornou-se o

principal pólo de exportação de frutas do Brasil.

Também, no contexto internacional e, mais especificamente na União

Européia (UE), a PIF é um sistema compulsório (CHEVRIN, 2002; MALAVOLTA et al.,

2003), no qual todo produto agroindustrial para consumo humano ou animal está

incluso, condicionando o acesso a mercados e à maneira pelas quais as medidas

sanitárias e fitossanitárias são formalizadas (TURINA, 2005). Portanto, o investimento

na adoção dessa sistemática torna-se requisito mínimo para o comércio de frutas e

outros alimentos nesses mercados e acredita-se que deverá se estabelecer como um

diferencial para o mercado nacional (TIBOLA & FACHINELLO, 2004).

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Associada à PIF, a rastreabilidade se constitui no complemento fundamental

para que sejam atendidas as normativas exigidas pelo mercado atacadista e varejista,

bem como satisfazer às novas demandas do consumidor, principalmente do ponto de

vista da oferta de alimento seguro, produzido com respeito ao ambiente e de

qualidade superior, protegendo o produtor rural (FACHINELLO et al., 2000;

ROMBALDI et al., 2007).

Neste contexto, a PI torna-se uma alternativa para se obter uma produção de

qualidade, pois procura equacionar os problemas pelo uso de métodos

ecologicamente mais seguros, aumentando a proteção ao ambiente sem acarretar

prejuízos à saúde humana (FACHINELLO et al., 2001). Partindo desses

pressupostos, a PIF preconiza a produção de frutas com baixo impacto ambiental,

proteção ao produtor rural, rentabilidade e segurança do ponto de vista da inocuidade

alimentar (FACHINELLO et al., 2000).

Assim, em um contexto globalizado de mercados cada vez mais exigentes,

vários fatores são determinantes para a sobrevivência de uma cadeia produtiva, que

são: preço, qualidade, inovação, diferenciação, velocidade de atendimento aos

clientes, comunicação, compromisso social com a segurança ambiental e do alimento

(PONÇANO et al., 2004).

O mercado internacional está demandando alimentos seguros (food safety) e

livres de qualquer possibilidade de causar danos à saúde humana pela contaminação

com agrotóxicos, toxinas, microorganismos, parasitas ou agentes físicos.

As barreiras não-tarifárias impostas pelos países importadores têm forçado os

países produtores a se adequarem às rígidas normas fitossanitárias e a limites

máximos de contaminação dos produtos vegetais e animais por agrotóxicos,

micotoxinas e microorganismos, o que obriga, cada vez mais, os países produtores

provarem que atendem a tais normas e requisitos através de certificações

(MARIUZZO, 2004). Assim sendo, a PIF vem se tornando ferramenta importante para

essas garantias de modo a permitir acesso aos mercados consumidores de maior

poder aquisitivo, uma vez que pressupõe um menor uso de agrotóxicos e a não

utilização daqueles que apresentam maior agressividade ambiental.

A PIF assume especial importância quando analisamos o caso da exportação

de maçã para a França, sendo que a tecnologia da Produção Integrada da Maçã

(PIM) é apontada como um dos cinco principais fatores, bem como a atitude

ambiental brasileira, como sendo estratégias para garantir esse importante mercado

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agrícola, bem como o mercado da UE (GUINDANI, et al., 2005).

Segundo Alves & Pires (2005) as barreiras não tarifárias impostas pelos EUA

às exportações brasileiras de manga, ocasionaram um prejuízo em valores

monetários de R$ 2.438,00 por hectare cultivado para exportação, o que poderia

atingir R$ 139 milhões por ano se todas as exportações da região do Vale do São

Francisco se destinassem ao mercado norte-americano e se todos os produtores

tivessem o mesmo nível tecnológico.

Dentre as análises possíveis de serem feitas quanto ao cenário externo, o fato

de que padrões ambientais elevados adotados por países importadores, como é o

caso da UE, constitui-se em barreiras não tarifárias com o fim de proteger o mercado

doméstico. Deste modo, todos os países que desejam acesso a esse mercado devem

entrar em um processo de harmonização dos padrões ambientais e de segurança,

com o objetivo de eliminar este tipo de problema (GUTIERREZ, 1997).

A não adoção de tecnologias mais rigorosas do ponto de vista da proteção

ambiental, por exemplo a PIP, como forma de não onerar a produção, comumente é

vista como uma forma de subsídio implícito às exportações (ecodumping), uma vez

que os custos da degradação ambiental não são internalizados nos produtos. Tal fato

pode levar à adoção de barreiras protetoras por parte dos importadores em relação

aos países que utilizam tecnologias agressivas do ponto de vista ambiental

(GUTIERREZ, 1997).

Como a PIF pressupõe em seu conceito a rastreabilidade dos produtos

agropecuários, é necessária a integração do produtor rural com o setor da indústria de

beneficiamento e de comercialização agrícola, que normalmente coordenam as

questões referentes à adoção de tecnologia (JUNIOR & PELEGRINI, 2000).

O fato do RS ter 50% da produção nacional, em 70% da área explorada, com

pêssego demonstra que tecnologias que venham, principalmente, aumentar o

rendimento da cultura por área sem aumento de custos na mesma proporção,

permitindo ampliar ganhos em lucratividade para o produtor rural, tendem a ser bem

aceitas. Como a produção integrada (PI) preconiza o uso racional dos insumos

agrícolas através do monitoramento de pragas, análise de solo, entre outras

ferramentas tecnológicas, pode-se inferir que a apropriação da tecnologia de PI é um

dos meios para aumentar a rentabilidade do setor.

Portanto, esta pesquisa apresenta os diversos estágios de apropriação de

tecnologias aderentes à produção integrada de pêssego e suas implicações nas

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atividades das propriedades sob estudo.

O Capítulo 2 é destinado à revisão e construção do referencial teórico que

busca fundamentar à problemática da pesquisa. No Capítulo 3, é apresentada a

metodologia utilizada na pesquisa. Por meio do método de estudo de caso, foram

analisadas 20 propriedades rurais produtoras de pêssego no Rio Grande do Sul. No

Capítulo 4, são apresentados os resultados obtidos, assim como a análise da situação

de apropriação das tecnologias aderentes à PIF nas propriedades estudadas. O

Capítulo 5 apresenta as considerações gerais deste estudo e o Capítulo 6 apresenta

as conclusões do trabalho.

1.1 Problema da pesquisa

Desde sua introdução na região, o conceito e as práticas relacionadas à PIP

vem se difundindo e sendo adotadas gradualmente pelos produtores, mas num

patamar aquém do desejado e obtido em outros setores, como o de uva de mesa,

maçã e outros. São estimuladoras deste processo a Universidade Federal de Pelotas,

que lidera tanto as pesquisas quanto a difusão do conhecimento inerente, Embrapa

CPACT, Emater-RS e Empresas Agroindustriais que, inclusive, produziram lotes

pilotos de conservas de pêssego rastreadas a partir da PIP.

Por ser um dos princípios básicos da PI fazer a rastreabilidade, a UFPel,

através do Grupo de Pesquisa em PIP, introduziu a anotação de todos os eventos da

cultura em caderneta de campo, restrição do uso de agrotóxicos não permitidos,

cobertura de solo, monitoramento e manejo de pragas, entre outros. Essa experiência

não abrangeu a totalidade de produtores e foi realizada em apenas um ano. Por isso,

alguns questionamentos se fazem necessários, como por exemplo, quanto ao

conhecimento tecnológico oriundo da PI adotada, ou seja, o conhecimento gerado

pelos centros de pesquisa que, efetivamente, foi assimilado e adotado pelos

produtores e quais as prováveis razões da adoção ou não de práticas e do sistema.

Embora, com princípios e pressupostos em consonância com as tendências

mundiais da fruticultura, supõe-se que não há massiva apropriação do sistema de PI

na produção de pêssegos. Uma das hipóteses para este fato é de que ainda há falta

de conhecimento acerca do sistema, tais como alguns procedimentos da sua

viabilidade técnica e, sobretudo, a econômica de algumas práticas recomendadas

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Ao preconizar-se a PI, busca-se, além dos pressupostos básicos do sistema,

estender o conceito para toda a cadeia produtiva, incluindo todos os produtos

derivados (pêssego in natura, conserva, suco, néctar, polpa, doces, geléias, passas,

etc.). Além disso, a tendência é a PI expandir-se a todo o sistema de produção e não

apenas à cultura frutícola específica. Assim, é necessário obter-se uma radiografia

atual da utilização do conhecimento gerado, relacionado à PIP, pelos produtores de

pêssego.

1.2 Objetivos

O trabalho teve por objetivo analisar o nível de adoção de tecnologias

aderentes à PIP, mensurar o nível tecnológico em que se encontram os produtores de

pêssego, componentes do estudo, em relação ao conhecimento existente/oferecido e

o impacto de sua adoção nos custos e na rentabilidade da propriedade, colocando em

evidência os principais fatores positivos e limitadores para a sua adoção e validação.

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2 Revisão de literatura

2.1 Aspectos recentes da cadeia do pêssego

Segundo Fachinello et al. (2000) é tendência dos mercados mundiais

exigirem, além das qualidades interna e externa das frutas, o controle sobre todo o

sistema de produção por meio de análise de resíduos nas frutas, avaliação do

impacto ambiental dos cultivos e conhecimento do histórico da cadeia produtiva. A PI,

desse modo, torna-se uma alternativa para se obter produção de qualidade, pois

procura equacionar os problemas por meio do uso de métodos ecologicamente mais

seguros, aumentando a proteção do ambiente e sem acarretar prejuízos à saúde

humana (FACHINELLO et al., 2001).

No Brasil, a Produção Integrada de Pêssego (PIP) foi iniciada em 1999

(FARIAS, 2002) e as Normas Técnicas e Documentos de Acompanhamento da

Produção Integrada de Pêssego, publicadas em 2003. Partindo dos pressupostos

acima, a PIF preconiza a produção de frutas com baixo impacto ambiental, proteção

ao produtor rural, rentabilidade e segurança do ponto de vista da inocuidade alimentar

(FACHINELLO et al., 2000).

Nunes et al. (2004), comparando pomar de pêssego “Marli” sob produção

integrada com convencional, constatou que o sistema de produção não afetou a

produtividade (ton.ha-1). Porém, o pomar conduzido no sistema de PI tinha frutas de

maior massa e calibre, sendo que a maioria das frutas foi classificada como CAT I (≥

57mm de diâmetro), enquanto no sistema de PC a maioria das frutas foi classificada

como CAT II (48 > 57 mm de diâmetro) e CAT III (≤ 48mm). Não houve diferenças

quanto à acidez total titulável (ATT), aos sólidos solúveis totais (SST), à cor e à

firmeza dos frutos. Tais resultados concordam com os obtidos por Fachinello et al.

(2003) e Fachinello et al. (2005), que, comparando produtividade e qualidade de

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pêssegos “Diamante” obtidos nos sistemas de produção integrada e convencional na

avaliação de qualidade, verificaram que houve aumento no número de frutas CAT I no

sistema PI. Na média de 5 anos, as frutas classificadas na CAT I e CAT II no sistema

PI, foram de 57,06% e 40,37%, respectivamente, enquanto no sistema PC, a média

na categoria I foi de 37,52% e na categoria II 54,33%. Os autores definiram PC como

sendo aquela conduzida da maneira usual do produtor e PIP como aquele pomar

conduzido de acordo com e as Normas Técnicas e Documentos de Acompanhamento

da Produção Integrada de Pêssego.

A importância de frutas de maior calibre fica evidente quando se projeta o

número de frutas e operários necessários para a produção de 1.000 latas/hora. No

caso das frutas de 7,0 cm de diâmetro são necessárias 3.125 frutas e 12 operários,

enquanto frutas com 5,0 cm de diâmetro demandam 10.870 frutas e 42 funcionários

para a mesma produção final (BADEJO & CALLEGARO, 2001).

Tal fato foi comprovado, também, por Rigatto (2005), em trabalho realizado

junto às agroindústrias de conserva de pêssego da região de Pelotas, verificando que

a maior qualidade da fruta era reconhecida, pelo empresário, como fator determinante

no aumento da rentabilidade e eficiência quando da predominância de frutas da

categoria I no processo de industrialização.

Fachinello et al. (2003), comparando pomar cultivado dentro das normas de

PIP com pomar cultivado da maneira usual do produtor, constataram que a PI

apresentou maior produção e número de frutas por planta. Quanto à ocorrência de

danos na colheita por insetos, doenças, pássaros e, muitas vezes, pela interação

desses, houve maior incidência no sistema PC. A análise de agrotóxicos na polpa das

frutas mostrou que ambos os sistemas estavam dentro dos limites máximos

estabelecidos pela legislação.

TIBOLA et al. (2005) também avaliaram os sistemas PI e PC durante cinco

safras (1999-2003) em pomar de pessegueiro “Diamante”, analisando aspectos

fitossanitários, incluindo pragas (grafolita, mosca-das-frutas, gorgulho e cochonilha),

ocorrência de doenças (podridão-parda, bacteriose, sarna e outras doenças) e

número de aplicações de agrotóxicos. Os resultados demonstraram que os danos por

grafolita foram de 1,11% e de 1,69%, para os sistemas PI e PC, respectivamente. Os

danos decorrentes do ataque pelo gorgulho do milho foram de 2,12% na PI e 0,86%

na PC. No sistema PI, o percentual de frutas com podridão-parda foi de 26,27% e na

PC foi de 30,55%, sendo a maior causa das perdas nos pomares. A ocorrência de

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sarna foi muito elevada na área com PC, no ano de 2003, atingindo 33,82% dos frutos

analisados. O número de tratamentos fitossanitários foi maior na PC em 1999 e 2000

e, posteriormente, houve similaridade dos resultados nos diferentes tratamentos

efetuados nos dois sistemas PI e PC. Assim, concluíram que houve, no conjunto,

melhor desempenho do sistema PI em relação ao PC.

Também, avaliando a qualidade pós-colheita de frutos de pêssego colhidos

em pomar comercial da região de Pelotas-RS nos dois sistemas de manejo (PI e PC),

Martins et al. (2002) concluíram que, no momento da colheita, os frutos do sistema

PIF apresentaram maior firmeza de polpa, ATT e melhor aparência de frutas, mas

com menores teores de SST e coloração da epiderme. Contudo, durante o

armazenamento, os frutos oriundos da PI apresentaram maior ATT e incidência de

podridões, mas não foram observadas diferenças com relação à firmeza da polpa, ao

teor de SST e as características sensoriais. As frutas produzidas em ambos os

sistemas apresentaram elevados níveis de podridões no período de armazenamento,

porém, em maior percentagem na PI.

Comparando os custos da produção integrada com a produção convencional

de pêssego de mesa “Marli”, Farias et al. (2003) encontraram custos da PC

equivalente a 190% daqueles apresentados pela PIP. Neste caso, a principal

diferença foram as despesas com agrotóxicos que representaram 70% dos custos na

PC e 46% na PI. Assim, o pomar conduzido no sistema PI apresentou redução de

custo de, aproximadamente, 25% somente com a diminuição do uso de agrotóxicos

que passou de 17 pulverizações na PC para 9 na PI. Além disso, a produção

integrada também apresentou redução de custos pela diminuição no uso de outros

insumos, como fertilizantes de base e adubação nitrogenada.

Dentre as estratégias adotadas pelos pequenos persicultores como modo de

sobrevivência ao longo dos anos, está a diversificação de culturas visando diminuir a

dependência comercial em relação à indústria, principalmente pela incerteza em

receber o pagamento do produto entregue; sendo que os principais produtos da

diversificação são: fumo, uva, citros e morango (PEÑAFIEL, 2006). Ainda de acordo

com o mesmo autor, 20% dos produtores de pêssego estavam exclusivamente

ligados à produção para indústria de conservas contra, aproximadamente, 25% que

haviam diversificado com outros cultivos e quase 50% dos produtores que adotaram

como estratégia mercadológica a produção para indústria e para consumo in natura.

Além disso, uma pequena faixa, menos de 10%, realizava trabalhos fora da

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propriedade como modo de sobrevivência.

Em 1996, o pêssego era a nona fruta mais produzida, mundialmente, (laranja,

uva, banana, maça, manga, tangerina, pêra e abacaxi) com 3% do total, mas era a

sexta mais comercializada (banana, laranja, maça, uva e pêra) entre países com 6%

do comércio mundial de frutas, sendo que a taxa média de crescimento das

exportações mundiais foi de 10% ao ano no período entre 1985 e 1995, e de 7% a.a.

no período de 1990-1995. Entretanto, menos de 10% da produção mundial de frutas é

comercializada na forma in natura (FILHO et al., 1998). Quanto ao crescimento no

mercado mundial de pêssego destaca-se a China, cujas exportações cresceram no

período 1985-1995 à taxa de 15% a.a. e as importações 29% (FILHO et al., 1998).

O Rio Grande do Sul é o principal estado brasileiro em produção e em área

plantada com um total produzido no período de 2001-2005 situado entre 109 e 123 mil

toneladas, mantendo-se com cerca de 50% da produção nacional de pêssegos, que,

no mesmo período, situou-se na faixa entre 218 mil e 235,8 mil toneladas (IBGE,

2007).

A produtividade média do RS é de 7,35 t.ha-1, e a nacional é de 9,51 t.ha-1

(IBGE, 2007). Assim, evidencia-se que existe espaço para incremento de produção

sem a incorporação de novas áreas, mas através da adoção de tecnologias que

permitam atingir patamares superiores de produtividade. Evidentemente, não basta

maior produtividade, se isso apenas for resultado de maior custo econômico e

ambiental por unidade produzida; o desafio é produzir mais com menor uso de

recursos tanto financeiros quanto ambientais. Neste contexto, a PIP assume papel

importante como proporcionadora de ganho qualitativo da produção com diminuição

do impacto ambiental da cultura.

Enquanto as exportações brasileiras de pêssego in natura são esporádicas e

experimentais, as importações, segundo dados do IBRAF (2008a), saltaram de um

total de 3,37 mil toneladas em 2003 para 6,90 mil toneladas em 2006,

correspondendo a U$ 1,87 milhão e U$ 3,87 milhões, respectivamente.

Embora, as exportações brasileiras de pêssego processado tenham diminuído

de 665,9 t no ano de 2002 para 573,4 t em 2006, o valor (FOB) saltou de US$ 493 mil

para US$ 758,7 mil (IBRAF, 2008a), o que representa menos de 0,001% do total

exportado pelo país e equivalem a 19,6% do valor das importações no ano.

As importações de pêssego processado, por sua vez, também apresentaram

queda correspondendo a um volume de 11,38 mil toneladas em 2006 e 7,05 mil

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toneladas em 2007, representando um valor FOB de U$ 8,87 milhões e U$ 6,64

milhões, respectivamente, correspondendo a uma queda de 38,37% no volume e

25,09% no valor (IBRAF, 2008 a).

O mercado internacional de frutas vem apresentando crescimento nos últimos

anos tendo passado de 65 kg.hab-1 ano-1 para 70 kg.hab-1 ano-1 segundo dados da

FAO (2007), sendo o Brasil o terceiro maior produtor do mundo, estando atrás da

Índia e da China, com cerca de 42 milhões de toneladas de frutas produzidas ao ano,

o que corresponde a 7,2% da produção mundial, cultivados em 2,9 milhões de

hectares, que em 2007 geraram 643 milhões de dólares na exportação (SOUZA,

2008).

Quanto ao comércio internacional de pêssego in natura e processado, a

participação brasileira é muito baixa, não tendo realizado exportações da fruta para

consumo in natura no ano de 2006 e de apenas 113kg em 2007; mas as exportações

da fruta processada, em 2006, corresponderam a 573,4 t, representando U$

671.079,00 e, em 2007, de 758,75 t com valor FOB de U$1,04 milhão, o que

apresenta um crescimento de 17,04% em volume e 37% em receita (IBRAF, 2008 a).

Com elevada produção de frutas, os principais problemas do Brasil são o

índice de exportação e consumo que ainda continuam insatisfatórios. O Brasil é o 10º

maior consumidor de frutas, com 47 kg per capita.ano-1, enquanto que os países

europeus representam mais que o dobro do consumo brasileiro, como é o caso da

Espanha, o maior consumidor mundial, com 120,10 kg per capita.ano-1, Itália (114,80

kg per capita.ano-1), Alemanha (112 kg per capita per capita.ano-1) e França (91,4 kg

per capita.ano-1) (SOUZA, 2008). As estimativas da Organização das Nações Unidas

para Agricultura e Alimentação, indicam que tanto o consumo mundial per capita de

frutas como o consumo brasileiro continuarão crescendo nos próximos anos, com

taxas superiores à da economia mundial e doméstica (BUAINAIN & BATALHA, 2007).

Com a competitividade cada vez maior entre os produtores rurais, a entrada

de produto importado de outros países como Chile, Argentina e Grécia, por exemplo,

o uso de tecnologias que visem à redução de custos e incremento da qualidade

assumem papel cada vez mais importante.

De acordo com o exposto por BATALHA & SILVA (2001), estudando dados da

Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, que afirmam que as principais

expectativas do consumidor em relação aos produtos agroalimentares são: qualidade,

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consumo de produtos com “marcas fortes”, exigência em termos de embalagens,

conveniência e praticidade, e a busca por produtos “mais frescos”.

Complementarmente, avaliando os principais aspectos ligados à qualidade da

fruta levados em consideração pelo consumidor de pêssego in natura, Rombaldi et al.

(2007), verificaram que os principais quesitos analisados no momento da compra, em

ordem decrescente de importância foram: preço, aparência, sabor, aroma, ausência

de resíduos de agrotóxicos e a identificação de origem, independentemente da faixa

etária, sexo, escolaridade e renda.

2.2 Relação entre produção integrada de pêssego e o processo de inovação tecnológica

Como estratégia de aumento da participação das frutas no mercado, a PIF é

apontada por Tibola & Fachinello (2004) como ferramenta importante, juntamente com

outros fatores, neles incluso a rastreabilidade, componente fundamental e

imprescindível à PI. Considera-se a PI, juntamente com a produção orgânica, como

os sistemas capazes de satisfazer às novas demandas do consumidor, principalmente

do ponto de vista de oferta de alimento seguro, produzido com respeito ao ambiente e

de qualidade superior, protegendo o produtor rural.

Evidentemente, que a validação e a apropriação dos sistemas se darão desde

que haja eficiência econômica, ou seja, a adoção de novas tecnologias que

representem qualquer tipo de inovação que, além de depender de suas necessidades,

também está relacionada com o potencial ganho econômico que possa proporcionar,

conforme observado por Santini et al. (2005). Os autores, ao estudar o processo de

inovação em diferentes cadeias agroindustriais, observaram que as estratégias de

adoção de novas tecnologias diferiam conforme impactavam no processo de

industrialização do produto agrícola, mas sempre buscando a redução de custos.

Assim, setores que atuam em ambientes mais competitivos, como aquelas

empresas agroindustriais que competem no mercado externo, não sendo este o caso

da cultura do pessegueiro, tendem a apresentar esforços de inovação mais

acentuados em um ambiente competitivo mais acirrado. Nesses casos, as inovações

são atreladas à necessidade de reduzir custos, devido ao padrão de concorrência por

preço (SANTINI et al., 2005).

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Desta forma, a PIF vem se difundindo, principalmente por trazer os conceitos

de certificação de qualidade, e tem sido fator chave para manter e ampliar a

competitividade internacional da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, bem

como para consolidar o comércio internacional de manga e uvas de mesa, garantindo

ao Brasil a conquista de posições de mais destaque (BAIARDI et al., 1999), sendo

que a PI foi o introdutor dos atributos de qualidade na fruticultura. Contudo, ressalta-

se que no Vale do São Francisco faz-se uma fruticultura tipicamente de exportação,

enquanto a persicultura do RS é voltada para abastecimento do mercado brasileiro.

A resistência da adoção da tecnologia da produção integrada na região sul do

Estado, principal produtora de pêssego para indústria é, explicada por Kohls (2004)

que afirma que nos anos recentes, esse setor tem demonstrado dificuldades para

acompanhar mudanças importantes no ambiente competitivo, como: a evolução

qualitativa da gama de produtos e novos concorrentes, mudanças nas bases das

fontes das vantagens competitivas, e ainda tecnologias de gestão e processos,

inovação de produtos, etc., os quais são fatores ou escolhas que, quando

negligenciados, expõem as empresas a situações de risco.

Tal afirmação vai ao encontro do mencionado por Waack (2000) de que a

competitividade dos sistemas agroindustriais relaciona-se à capacidade de gerir o

processo de desenvolvimento tecnológico em cada um de seus elos e no sistema

como um todo. Portanto, a inovação é a chave para a obtenção e manutenção da

capacidade competitiva.

Assim, para relacionar a cadeia do pêssego com o processo de inovação,

pode-se buscar o estudo realizado por Bresser Pereira (2006) sobre as clássicas

formas de inovação de Schumpeter, onde afirma que quem inova é o empresário e

que a característica comum das inovações não é a do aumento da produtividade, mas

da criação de vantagens que aumentam as oportunidades de lucro e viabilizam o

investimento. Em muitos casos, a vantagem é obtida através de novas tecnologias ou

de novas formas de organizar a produção, mas em outras, como na abertura de

novos mercados, não há diretamente progresso técnico, mas investimento e

desenvolvimento (SCHUMPETER, 1982).

O autor afirma que a satisfação das necessidades é o fim de toda produção e

a situação econômica dada em qualquer momento deve ser entendida a partir desse

aspecto. No entanto, as inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra,

de tal maneira que primeiramente as novas necessidades surgem espontaneamente

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nos consumidores e, então, o aparato produtivo se modifica sob a sua pressão. É o

produto que inicia a mudança econômica e os consumidores são educados por ele.

Portanto, deve-se despertar no consumidor o desejo de querer coisas novas ou que

diferem em um aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar.

A tendência das populações aumentarem o consumo de frutas, verduras e

legumes, principalmente por fatores ligados à saúde, ao bem-estar e questões

inerentes à alimentação e gestão do corpo1, existência de abundância de alimentos,

maior número de mulheres assalariadas, aumento no número de refeições fora do lar,

necessidade de praticidade do alimento, entre outros fatores, faz com que as

indústrias alimentares que desejam ampliar seu conjunto de negócios realizados

venham investir em estratégias de diferenciação com foco em inovação (LAMBERT et

al., 2005). No caso da persicultura a PI pode ser uma estratégia de diferenciação

importante, como método de produção.

As inovações “schumpeterianas”, incluso os novos métodos de produção, são

motivadas pela percepção de oportunidades de mercado transformadas em ganho

pelos agentes econômicos mais audaciosos e efetivos e têm, ainda, efeitos múltiplos

na origem do rebaixamento de custos e ganhos de produtividade e qualidade,

resultando na criação de novos setores ou no rejuvenescimento de setores existentes;

ou seja, implicam na reestruturação permanente do espaço econômico existente

(BURLAMARQUI & PROENÇA, 2003).

Para Burlamarqui & Proença (2003) a introdução de inovações não é uma

operação trivial, sendo resultado de uma conjugação entre atividade empresarial e

condições de financiamento, a qual enfrenta dois tipos de barreiras. A primeira,

relacionada pela obscuridade do futuro na medida em que o impacto (sucesso ou

fracasso) de uma inovação não tem como ser seguramente avaliado ex-ante. A

segunda, relacionada com o peso do passado (path dependence), está na origem dos

hábitos e das rotinas empresariais, durabilidade de seu capital fixo e especificidade de

seus ativos; todos potencialmente ameaçados pelas inovações.

Segundo esses autores, a noção schumpeteriana de concorrência potencial

demonstra que o fluxo permanente de novos métodos de produção e organização

concorre com os velhos em condições de superioridade, o que pode significar a

“morte” para os últimos. Com isso, para evitar a destruição, todas as empresas são

1 A expressão alimentação e gestão do corpo é empregada por Lambert et. al. (2005) para explicar os cuidados e preocupações dos indivíduos quanto a relação causa-efeito da alimentação em seu corpo.

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obrigadas, mais ou menos rapidamente, a seguir o exemplo e investir.

A importância das cadeias produtivas internalizarem o uso de tecnologias

adequadas é vista em estudo realizado pelo IPARDES (2002), comparando

subsistemas de pecuária de corte exportador e não-exportador. Verificou-se que

aqueles produtores não inseridos no mercado internacional apresentavam grandes

restrições quanto à competitividade, principalmente pela incapacidade tecnológica de

internalizar processos produtivos mais intensivos em conhecimento.

2.3 Apropriação tecnológica

A tecnologia é um corpo de conhecimentos a respeito de certas classes de

eventos e atividades, portanto, não constitui meramente uma aplicação de

conhecimentos trazidos de uma outra esfera (SZMRECSÁNY, 2006). Segundo o

autor, trata-se de um conhecimento de técnicas, métodos e projetos, e que

funcionam de maneiras determinadas e com conseqüências determinadas, mesmo

quando não se possa explicar exatamente por quê. Assim, estudando a obra de

Nathan Rosenberg, Szmerecsány (2006) defende o pressuposto de que há uma

precedência lógica e cronológica da tecnologia em relação à ciência, com a primeira

também constituindo uma forma de conhecimento, teórico e prático, e não uma

simples aplicação da segunda. Com isso, a situação normal tem sido a de que o

conhecimento tecnológico precede o conhecimento científico.

Deste modo, ao se considerar o impacto da tecnologia sobre a ciência, um

tema central, é que o progresso tecnológico desempenha um papel muito importante

na formulação da agenda subseqüente da ciência havendo fortes razões pelas quais

as relações entre a ciência e a tecnologia não podem ser adequadamente descritas

quando se visualiza a pesquisa científica aparecendo em primeiro lugar e levando

em algum momento a aplicações na tecnologia (SZMRECSÁNY, 2006). Com isso,

temos que trabalhos que visem o estudo do estado atual da PIP no campo, podem a

vir a subsidiar a realização de estudos científicos, por parte dos órgãos de pesquisa,

tendo em vista que, segundo Szmrecsány (2006), o avanço do conhecimento

freqüentemente só se dá por meio da experiência real com uma nova tecnologia em

seu ambiente operacional. Assim, pode-se considerar a PIP como a nova tecnologia,

sendo observada, neste trabalho, em seu ambiente operacional, ou seja, a

propriedade rural de produção frutícola.

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Inobstante, os impactos causados por investimentos em pesquisas podem ter,

além de efeitos econômicos, efeitos sociais, tecnológicos, científicos, ambientais ou

outros, nos indivíduos, na comunidade e na própria instituição onde se desenvolve o

projeto (FRANCISCO et al., 2001). Ou seja, pode-se considerar que a introdução da

PI na cultura do pessegueiro, além de ganhos econômicos, pode gerar ganhos

ambientais, científicos, entre outros.

Kfir (2000) menciona a importância dos órgãos de pesquisa e da transferência

de conhecimento e tecnologias destes para os setores produtivos, para o

desenvolvimento da África do Sul, mostrando que as estratégias de geração e

transferências de tecnologia foram tão importantes quanto as estratégias de mercado

adotadas. Mostrou ainda que os investimentos em infra-estrutura de pesquisa estão

diretamente relacionados com a geração de novas tecnologias, produtos e serviços,

principalmente a partir da capacitação tecnológica dos recursos humanos.

Waack (2000), por sua vez, coloca que é parte do papel político das

empresas e instituições de pesquisa participarem ativamente dos processos que

assegurem maiores lideranças e competitividade ao sistema agroindustrial brasileiro.

Observando que muitas vezes não se têm dados a respeito dos resultados das

interações universidades-empresas por não haver regulamentação de contratos e

porque estes processos de sinergia, são muitas vezes realizados em bases

individuais entre o pesquisador e a empresa.

Assim, a interação entre as instituições do sistema de ciência e tecnologia e

os mais diversos setores produtivos da sociedade é condição fundamental para o

desenvolvimento tecnológico (ZAWSLAKI, et al., 1998). Deste modo, segundo os

autores, as instituições de pesquisa podem agir no sentido de qualificação,

certificação, estudos de viabilidade, estudo de problemas técnico-gerenciais,

desenvolvimento de produtos e processos, estudos de localização, capacitação de

recursos humanos, enfim, atender às necessidades específicas do setor produtivo.

Para que tudo isto se torne realidade, baseando-se na busca de permanente

satisfação e qualidade para os dois lados do processo (instituição de pesquisa e

empresário), é necessário proceder a um amplo trabalho de levantamento do

potencial de transferência de conhecimentos das instituições para determinados

setores industriais, bem como estabelecer uma forma de apresentar a oferta existente

(ZAWSLAKI et al., 1998). Assim, se transpormos o estudo feito pelos autores, no

segmento industrial para a PIP, tem-se que é necessário estabelecer os padrões de

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referência para o perfil dos produtores do estado, bem como, produtividade, técnicas

gerenciais, tecnologias de produção usadas, nível de agregação de valor à cadeia,

nível de formação da mão-de-obra, etc, sendo fundamental consultar o empresário

rural.

Irias et al.(2004) estudando o impacto ambiental de inovação tecnológica, no

setor sementeiro, concluíram que a transferência de conhecimento da Embrapa para

produtores de uvas tropicais acarretou significativa redução no uso de pesticidas e

combustíveis, quando os produtores apropriaram-se do conhecimento gerado.

No mesmo sentido, Rèvillon et al. (2004), em estudo de caso sobre a cadeia

leiteira na França, observaram que a apropriação do conhecimento gerado pelas

instituições de pesquisa, por parte dos produtores, ocorreu em baixo grau de

apropriabilidade das novas tecnologias produtivas, o que aumentava o grau de

instabilidade do setor, favorecendo a entrada de inovadores, sendo que os autores

relacionaram este processo com a dinâmica de “destruição criadora” de Schumpeter.

Em estudo específico do setor de fruticultura, sobre a cultura do mamoeiro no

Espírito Santo, Ney et al.(2008) demonstraram que a cooperação tecnológica, entre

os atores econômicos do arranjo produtivo local, teve como catalisador a inserção da

cultura no mercado externo. Tal aspecto difere da cultura do pessegueiro que é

eminentemente de exploração do mercado nacional, não realizando exportações

significativas no período 2005-2007 (IBGE, 2007).

A questão relacionada à pesquisa na Universidade em conjunto com o setor

produtivo, é suscitada sempre quando se referem ao tema Ciência e Tecnologia.

Como a essência do processo é a mesma - a pesquisa - decorre outra questão, agora

relacionada à necessidade de interação entre ambas, com vistas a ajustar esforços

e/ou obter sinergias no desenvolvimento da ciência e tecnologia. Esta interação,

aparentemente óbvia sob o ponto de vista teórico, na prática apresenta muitas

dificuldades (FRACASSO et al., 1989).

Estudo das experiências de iteração do Instituto de Biotecnologia da

Universidade de Caxias do Sul com a comunidade, realizado por Soares (1998),

verificou que a maioria dos projetos de interação ocorre de maneira informal por

iniciativa do pesquisador e não de maneira sistêmica como política das instituições.

Relatos de estudos de casos de interação universidade-empresa são comuns

nas áreas tecnológicas, contudo na área agrária ocorrem em freqüência bastante

baixa. Isto, se deve ao fato dos empresários perceberem a universidade como um

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centro distante, enquanto os pesquisadores vêem a iniciativa privada como utilitarista,

preocupada com lucro imediato (Castro, 1989).

Dentre os casos de interação universidade-setor produtivo, que resultaram em

produtos para a iniciativa privada oriundos de parceria com grupo de pesquisa da

universidade, em uma faculdade de agronomia, está o exemplo do estudo de caso

feito por Fracasso et al. (1989). O grupo de pesquisa analisou a interação entre a

APASSUL e o Grupo de Pesquisas em Melhoramento de Plantas da UFRGS, ficando

evidente que as empresas só interagem com a universidade se puderem tirar proveito

comercial das informações científicas, se a Universidade apresentar um conjunto de

resultados que permita à empresa investir, com alguma segurança, em projeto de

pesquisa que envolva riscos. Com isso, devem haver mecanismos que conduzam

esta relação de modo que seja benéfica para ambas às partes, ou seja, o produtor só

irá adotar a PIP se visualizar nela uma oportunidade de ganho comercial.

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), por exemplo,

após conhecer o impacto de suas ações de pesquisa, estabeleceu seu programa de

transferência de tecnologia. Dentre as iniciativas neste sentido está o programa de

franquia de sementes de milho, no qual autoriza a utilização da marca BR, fornece

matrizes para síntese do híbrido comercial, transfere tecnologia, oferece assistência

técnica e controle de qualidade. As empresas por sua vez assumiram o compromisso

de comprar a semente básica, pagar royalties sobre as vendas da semente comercial

e aceitar os padrões de qualidade da Embrapa (Portugal & Contini, 1988).

Para Prest (1996) o monitoramento e a avaliação de pesquisas agrícolas

devem ser realizados de acordo com as características e peculiaridades de cada

situação, inferências a resultados obtidos por outras instituições podem levar a erros.

Contudo, afirma que existem bons roteiros, que podem servir como base para

mensuração de impactos tecnológicos e monitoramento da eficiência da aplicação

dos recursos financeiros nas atividades de pesquisa, julgando extremamente

necessário e importante que isto seja feito.

O fato de que as tecnologias possuem ciclos de vida definidos, é ilustrado por

Foster (1988). A performance de uma tecnologia, no início de sua existência é baixa.

Mas em dado momento esta cresce exponencialmente e supera os resultados de

outras tecnologias consideradas tradicionais, que já se encontram em fase de

maturidade. Assim, uma tecnologia, como um produto, tem sua vida definida pro três

fases: a de desenvolvimento, a de ajustes, crescimento e ampla exploração e uma

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outra de maturidade e superação por uma tecnologia nova.

Ribeiro (1999) afirma que precisa-se avaliar as tecnologias para saber se o

seu uso continua crescendo, se é uma tecnologia que será líder daqui a algum tempo,

ou se está caindo em desuso no mercado.

2.4 Negócios agroalimentares

Dentre os conceitos importantes para entender a dinâmica dos negócios

agroalimentares, neles inclusos os relacionados ao cultivo do pêssego apresenta-se o

de sistema agroindustrial (SAG). Segundo Zylbersztajn (2000a) os conceitos de

sistema agroindustrial apresentam como denominador comum a percepção de que as

relações verticais de produção ao longo das cadeias produtivas devem servir de

balizador para a formulação de estratégias empresarias e políticas públicas.

Segundo Wegner et al. (2005) relações verticais caracterizam-se pela

colaboração entre empresas com produtos complementares ou em fases diferentes

de uma mesma cadeia produtiva, compartilhando recursos e informações e reduzindo

riscos e incertezas. Já relações horizontais caracterizam-se pela colaboração entre

empresas que atuam na mesma fase de uma cadeia produtiva, realizando em

conjunto atividades comuns ao grupo ou atuando de forma complementar.

Cadeia agroalimentar é uma sequência de operações que conduzem à

produção de bens, sendo que sua articulação é influenciada pelas possibilidades

derivadas da tecnologia e definida pelas estratégias dos agentes que buscam a

maximização dos seus lucros. As relações entre os agentes são de interdependência

ou complementariedade e são determinadas por forças hierárquicas (MORVAN, 1985

apud ZYLBERSTAJN, 2000a). Os agentes que compõem o SAG são o consumidor, o

varejo do alimento, o atacado, a agroindústria e a produção primária (ZYLBERSTAJN,

2000a).

Outro conceito importante para entender a dinâmica do processo

agroindustrial é o da firma. Zylbersztajn (2000b), estudando o conceito criado por

Coase, afirma que esta é um conjunto de contratos coordenados que levam à

execução da função produtiva, incorporando em seu âmbito as relações de produção

comuns ao mundo da moderna organização. Portanto, a firma moderna pode ser

entendida como um conjunto de contratos entre agentes especializados que trocarão

informações e serviços entre si, de modo a produzir um bem final.

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Para Spers (2000), a firma ou sistema agroalimentar sofrem uma pressão por

coordenar-se verticalmente, possibilitando um maior controle sobre as etapas pelas

quais passam o alimento até o consumidor final, derivada da procura por alimentos

seguros fazendo com que se formem mercados cada vez mais exigentes, acarretando

uma necessidade de se aumentar a qualidade dos produtos produzidos.

2.5 Programas de Alimentos Seguros

Alimento seguro (food safety) é definido por Spers (1993) como a garantia de

se adquirir um alimento com atributos de qualidade que sejam do interesse do

consumidor, entre os quais destacam-se os ligados à saúde e à segurança. O

conceito de alimento seguro também pode ser entendido como a garantia em

consumi-lo isento de resíduos que prejudiquem ou causem danos à saúde (FAO,

2005). Assim, para Spers (2000) a segurança do alimento é uma questão de saúde

pública que deve ser tratada com a maior atenção e com adequado ambiente

institucional e organizacional.

Assim, alimento seguro diferencia-se conceitualmente de segurança alimentar

(food security), por esta última, referir-se ao abastecimento adequado da população

do ponto de vista quantitativo (SPERS, 2000).

Os programas de qualidade e de certificação surgem como alternativas para

comprovarem a inocuidade do alimento dos pontos de vista físico, químico e biológico

dando ao consumidor uma sensação de segurança quando do seu consumo. Para

Spers (2000) a demanda por certificação em alimentos não só advém dos

consumidores, mas indiretamente dos supermercados e importadores que, devido a

um expressivo poder de barganha, mercado internacional globalizado e as barreiras

não tarifárias repassam essas exigências para os demais agentes do sistema

agroindustrial, incluindo o produtor rural. Além da Produção Integrada existem outros programas de alimentos seguros, como por exemplo, GlobalGap, APPCC/HACCP, entre outros, os quais serão abordados na seqüência.

2.5.1 Rastreabilidade

A rastreabilidade, ferramenta chave na garantia de alimento seguro,

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indispensável na PIP, é o controle de todo o processo produtivo, por meio de

anotações de todas as práticas, conferindo uma maior rentabilidade e/ou acesso aos

melhores mercados, como por exemplo, o de frutas frescas comercializadas através

de grandes distribuidoras de alimentos (NAVARRO & GARCIA, 2005). Segundo os

mesmos autores, alguns comerciantes de grande porte que controlam a cadeia de

comercialização de frutas estão incluindo empresas de pequeno porte, num processo

de integração vertical, permitindo um acompanhamento melhor dos processos e mais

fácil aplicação de sistemas de rastreabilidade.

2.5.2 Boas Práticas Agrícolas (BPA) O desafio internacional da produção de frutas é a competitividade por um

mercado que demanda produtos de qualidade crescente e preços decrescentes

visando a busca de instrumentos para se diferenciar de simples commodities e criar

vantagens competitivas que permitam obter preço maior. Um grande problema é a

insuficiente inocuidade que produz danos à saúde e, por consequência, danos

econômicos à população e ao estado (ausências ao trabalho, medicamentos, etc.). Na

atualidade está se gerando uma conscientização em relação à importância de se

produzir alimentos seguros, cuidando não somente do consumidor, mas também, do

ambiente (GRASSO et al., 2006).

Ademais, o estabelecimento de níveis máximos de resíduos de pesticidas

usados na proteção de plantas, baseados nas BPA´s, proporcionam um alto nível de

proteção do consumidor, sendo primordial que haja monitoramento dos resíduos de

agrotóxicos e seus metabólitos nos alimentos comercializados (MULLER, 2007).

No Brasil, por normatização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), é obrigatório o uso de BPA´s para realização de estudos a campo visando

o estabelecimento de limites máximos de resíduos de agrotóxicos. Já foram

determinados mais de 2300 níveis máximos para mais de 100 culturas agrícolas

estudadas, sendo de suma importância a verificação da quantidade de resíduos de

pesticidas no alimento para garantia da qualidade e redução dos riscos à saúde

(GEBARA et al., 2005). No Estado de São Paulo, a adoção de um sistema de

monitoramento de resíduos de agrotóxicos que gera visita dos agrônomos da

Secretaria Estadual de Agricultura nas propriedades rurais quando da detecção de

tais resíduos em níveis elevados, tem estimulado a adoção de BPA´s pelo produtor,

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reduzindo assim o nível de resíduos em frutas (GEBARA et al., 2005).

De acordo com Grasso et al. (2006) para que se estabeleçam as BPA´s as

seguintes normas gerais devem ser seguidas: manutenção de todos os registros

quanto a escolha de materiais genéticos certificados, histórico de manejo do local de

cultivo, do solo, das práticas de irrigação, adubação, proteção de plantas, tratamentos

químicos, colheita e pós-colheita, gestão de resíduos e da saúde do trabalhador.

2.5.3 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)

No Brasil, o Projeto APPCC foi criado em 1998 a partir de uma parceria entre

a CNI/SENAI e o SEBRAE, com os objetivos de divulgar o Sistema de Análise de

Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e seus pré-requisitos (Boas Práticas -

BP e Procedimentos Padrões de Higiene Operacional - PPHO) no país, bem como

apoiar os estabelecimentos na implantação dos mesmos (VALOIS, 2002).

O Sistema APPCC e seus pré-requisitos são as ferramentas utilizadas pelos

produtores de alimentos para controlar os perigos à saúde do consumidor e conferir

qualidade aos seus produtos. O controle desses perigos deve ser efetuado em toda a

cadeia produtiva; isto porque tais perigos podem ser introduzidos ou ampliados

durante a produção nas fazendas, no momento da industrialização, no transporte, na

distribuição ou mesmo no momento do preparo do alimento, o que, aliás, é o mais

freqüente (VALOIS, 2002).

Durante o ano de 2002, foi iniciado, no Brasil, o projeto APPCC - Segmento

Campo, com a participação do SENAI e SEBRAE, sob a coordenação técnica da

Embrapa e possibilitou o desenvolvimento de ações para incrementar a produção de

alimentos seguros no campo. O Projeto APPCC - Segmento Campo gerou e difundiu

os materiais didáticos específicos para todos os níveis de profissionais. Inicialmente,

para a produção de leite, café e algumas frutas voltadas para exportação como uva,

maçã e manga. E, em seguida, para hortaliças e alguns outros produtos de

exportação e para o consumo interno. Esses materiais são usados no processo de

capacitação de consultores e multiplicadores e na implantação do sistema de

segurança nas propriedades rurais (VALOIS, 2002).

Para este autor, a divulgação e implantação do Sistema APPCC ou de seus

pré-requisitos em todo Brasil, vêm atingindo toda a cadeia produtiva e é resultado de

várias demandas, tais como: o mercado nacional e internacional que estão exigindo a

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implantação das ferramentas por seus fornecedores; as legislações internacionais e

nacionais que já obrigam as empresas de alimentos a adotarem o sistema APPCC e

seus pré-requisitos em suas linhas de produção; e, do consumidor que, cada vez mais

consciente e mais exigente, está à procura e busca alimentos mais sadios e seguros.

Para Navarro & Garcia (2005) os princípios APPCC, baseados no Codex

Alimentarius, que devem ser observados posteriormente à fase de produção agrícola

são: detectar e reduzir qualquer perigo a níveis aceitáveis, determinar os pontos

críticos de controle de cada etapa ou de etapas em que o controle seja essencial para

evitar ou reduzir o perigo ao máximo, estabelecer limites e aplicar procedimentos que

sejam efetivos nos pontos críticos e estabelecer medidas corretivas quando o

indicador mostre que um ponto crítico não está controlado.

2.5.4 Codex Alimentarius

O Codex Alimentarius é um programa conjunto da Organização das Nações

Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde

(OMS). É um fórum internacional de normatização sobre alimentos, criado em 1962, e

suas normas têm como finalidade proteger a saúde da população, assegurando

práticas equitativas no comércio de alimentos, criando mecanismos internacionais

dirigidos à remoção de barreiras não tarifárias, fomentando e coordenando trabalhos

que se realizam em normatização (CARDOSO, 2006).

Em 1980 criou-se o Comitê do Codex Alimentarius do Brasil (CCAB) que tem

por principal finalidade a participação e representação do País nos comitês

internacionais do Codex Alimentarius, bem como a utilização das normas Codex

como referência para elaboração e atualização da legislação e regulamentação

nacional de alimentos. A coordenação e a secretaria executiva do CCAB são

exercidas pelo INMETRO, sendo o Ministério das Relações Exteriores o Ponto de

Contato do Comitê Brasileiro com a Comissão do Codex Alimentarius (CAC)

(Cardoso, 2006). Para o mesmo autor, o estímulo à participação nas organizações

internacionais como ISO (International Organization for Standartization) e Codex, viria

a diminuir a possibilidade de produtos brasileiros enfrentarem a ação de barreiras

técnicas.

2.5.5 GlobalGap

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Segundo Garbutt (2005), o GlobalGap teve seu início em 1996, como

GlobalGap, cujo objetivo era desenvolver normas de regulamentação utilizando como

padrão as boas práticas agrícolas (BPA) e que pudessem ser verificadas por todas os

elos da cadeia de alimentos. Seu processo de certificação internacional utiliza as

normas ISO GUIA 65; entretanto, não é um programa oficial da União Européia sendo

de adesão voluntária e não obrigatório organizado pelo setor privado, o qual visa

harmonizar as relações B2B (agente de negócio para outro agente de negócio),

porém suas informações não chegam ao consumidor.

De acordo com Garbutt (2005), os principais motivadores da implantação do

GlobalGap foram as crises ocorridas envolvendo a segurança do alimento, como por

exemplo: BSE, Dioxina, Escherichia colli, Salmonella, etc.; atuação da mídia

informando constantemente sobre a ocorrência de problemas de contaminações em

alimentos; políticas de alimentos tímidas quanto à garantia da qualidade em alguns

países; necessidade dos varejistas em se protegerem de possíveis ocorrências por

serem a ligação entre o produtor e o consumidor; as expectativas crescentes dos

consumidores quanto à qualidade dos alimentos; o fato dos varejistas terem a

responsabilidade legal sobre o alimento que comercializam; o uso crescente de

marcas próprias pelos varejistas e ocorrência de eventos indesejados como as

contaminações que prejudicaria a imagem destes; e, a globalização da venda de

alimentos que aumenta as possibilidades de eventos indesejados (possíveis

contaminações) caso não sejam adotados rígidos controles de qualidade. Assim, o

número de países com certificação GlobalGap passou de 18 em 2002 para 65 em

2005 (GARBUTT, 2005).

2.6 Barreiras tarifárias e não-tarifárias

As barreiras não-tarifárias são restrições de quantidades, composição e

destino de produtos no comércio internacional, podendo ser citadas as quotas, os

contingenciamentos, as licenças de importação, as medidas sanitárias e

fitossanitárias, entre outras (VIEGAS et al., 2007).

Jankb, et al. (2005), afirmam que, além da necessidade de comprovação

científica para imposição de barreiras sanitárias, ressaltam: a obrigatoriedade de

verificar ou analisar riscos (risk assessment), o direito de um membro aplicar medidas

baseadas em padrões próprios que não os internacionais (desde que tenha

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fundamentos), a importância de buscar harmonizar as medidas aplicadas com base

em padrões internacionais estabelecidos pela Comissão do Codex Alimentarius, pela

Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) e Convenção Internacional de

Proteção das Plantas (CIPP) e a imprescindibilidade da transparência na adoção das

medidas. Assim, sistemas regulatórios domésticos impostos podem representar

barreiras importantes, tornando-se sérias barreiras comerciais devido a imposições

rígidas quanto a aspectos ambientais, saúde, segurança dos alimentos, etc.

(MASKUS et. al., 2001).

Entretanto, medidas sanitárias e fitossanitárias são legítimas na medida em

que visam prevenir algum dano a saúde humana, animal e a proteção de plantas

contra doenças ou pragas que possam ser introduzidas via importação de alimentos e

produtos agrícolas (DEODHAR, 2001). Embora possam minimizar a probabilidade de

introdução de novas pragas ou doenças, as normas ou acordos não conseguem evitar

totalmente sua introdução, porém, se não existisse um sistema de regulação para

minimizar a introdução de agentes etiológicos indesejados, o grau de incerteza e de

probabilidade de ocorrência de eventos danosos do ponto de vista sanitário e/ou

fitossanitário nas transações comerciais, seriam enormes (MASKUS et al., 2001).

Entretanto, Bueno & Silva (2008) estudando as exportações brasileiras de

açúcar bruto, açúcar refinado, fumo, café verde, carne de boi, carne de frango, carne

suína, farelo de soja, soja em grão, óleo de soja e suco de laranja não comprovaram

impacto das barreiras técnicas nos preços e nas quantidades, porém alertaram que as

possíveis assimetrias quanto ao poder de mercado podem ocorrer, desde que

pequenos exportadores estejam sendo prejudicados, em detrimento dos grandes.

O país que busca exportar tem que cumprir alguns requisitos exigidos pelos

países importadores, como por exemplo: realização de visitas e auditorias, análise de

riscos, oferecimento de garantia de qualidade e origem do produto, comprovação da

não-ocorrência de doenças e pragas, apresentação de certificados sanitários e

fitossanitários, rastreabilidade, entre outros (LIMA & BARRAL, 2007).

Contudo, alguns progressos vêm sendo obtidos nas negociações

internacionais. Para Jankb et. al. (2005) o Acordo Agrícola trouxe uma série de

conquistas para os países favoráveis à regulamentação do setor, entre elas:

consolidação e posterior redução dos subsídios à exportação e do apoio doméstico

aos produtores; tarifação (transformação de barreiras não-tarifárias em tarifas);

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consolidação e redução média das tarifas e, ainda, garantia de acesso mínimo e

corrente para produtos antes bloqueados pelo elevado nível de proteção.

Já Jank & Tachinardi (2005) apontam a queda das barreiras tarifárias e não

tarifárias como elemento imprescindível para a ampliação das vendas externas, a

médio e longo prazo, como forma de manutenção das altas taxas de crescimento nas

exportações de commodities industriais, dependendo, também, da abertura de

mercados e da manutenção de uma taxa de câmbio em níveis que favoreçam a

competitividade brasileira. Em trabalho realizado pelo ICONE (2003), afirma-se que

na proposta de reforma da Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia, em

discussão na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), não há

qualquer medida que facilite o acesso ao mercado europeu, o qual continuará

extremamente protegido por picos, escaladas e cotas tarifárias, além do arsenal

crescente de barreiras não tarifárias.

2.7 Vetores de oferta e demanda

Como determinante no padrão de demanda por produtos agroalimentares

está a exigência do consumidor, que vem crescendo significativamente neste aspecto.

Neves (1999) destaca como causas: o aumento do consumo fora do domicílio, a

preocupação com a questão da segurança do alimento, a tendência de um aumento

relativo na participação dos idosos na população total do país, a conveniência pelo

aumento dos lares com menor número de moradores e o aumento da participação da

mulher no mercado de trabalho preferindo produtos de fácil preparo e embalagens

fracionadas, a valorização dos aspectos culturais, regionais e exóticos, abordagem do

desenvolvimento sustentável, induzindo as empresas a focar suas estratégias nos

chamados consumidores “verdes” através de produtos “ambientalmente limpos”,

apoiando o crescimento da demanda por produtos orgânicos com selo de origem e

ausência de agrotóxicos, e os códigos de defesa dos consumidores, cada vez mais

rigorosos.

Segundo Porter (1996), as tendências em necessidades como estas, não só

afetam diretamente a demanda como também, afetam, indiretamente, a procura de

produtos por meio de indústrias intermediárias, sendo que as necessidades podem

ser criadas de uma forma inteiramente nova ou apenas intensificadas pelas

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tendências sociais.

Para Viegas (2006) levando-se em consideração as mudanças populacionais

ocorridas no Brasil, o mercado consumidor muda de perfil, apresentando nichos com

forte potencial de crescimento. Além disso, o aumento da expectativa de vida cria

novas segmentações de mercado, como os produtos funcionais, lights, dietéticos e

orgânicos. A maior participação da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho,

bem como da população urbana, são fatores que possivelmente explicam o

crescimento do consumo de refeições congeladas e vendas de pratos semiprontos.

Neste sentido, Tibola & Fachinello (2004), estudando as principais tendências

e estratégias de mercado para a fruticultura, apontaram as seguintes características

como determinantes no mercado de frutas: a) Consumidores mais informados devido

ao crescente impulso dos meios de comunicação, pregando um estilo de vida mais

saudável e informações com relação à qualidade e inocuidade dos alimentos,

concordando com Cantillano et al. (2001). Além disso, os segmentos mais jovens são

alvos de campanhas pois, possuem mesada, influenciam na compra dos pais e serão

futuros adultos, portanto poderão manter o hábito de consumir frutas. As frutas

desidratadas começam a ser consumidas durante o dia, nos intervalos do trabalho,

acompanham aperitivos e estão sendo incluídas nas merendas escolares; b) Pontos

de venda – os supermercados estão aproveitando a tendência de aumento no

consumo de frutas para oferecer seções mais atraentes, frutas mais bonitas, bem

embaladas e aparentando frescor, exigindo de seus fornecedores entregas mais

frequentes; c) embalagens – consumo de alimentos fracionáveis ou em embalagens

com pequenas quantidades, pois as famílias são menores e possibilitam um melhor

aproveitamento das frutas; d) praticidade – no Brasil, praticamente todos os hotéis

oferecem frutas frescas no café da manhã, além dos sucos, e quase todos os

hóspedes consomem frutas frescas; e) suco de frutas – aumento do consumo de

sucos se apresenta como um fenômeno mundial; e, f) frutas exóticas – crescimento

consistente na comercialização internacional de frutas de clima tropical, como goiaba,

manga e mamão.

No caso de avaliação de tendência no aumento do consumo de sucos, o

sabor pêssego é apresentado como o segundo mais preferido, ficando atrás apenas

do suco de uva, tendo apresentado no período 2006/08 um crescimento no volume de

vendas anual de 12,5%, em média (IBRAF, 2008 b).

Entretanto, Kohls (2004), estudando duas empresas do setor agroindustrial

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ligadas a cadeia do pêssego da região de Pelotas, utilizando a matriz “Importância x

Desempenho” de Slack (2002), verificou que o aspecto inovatividade, embora

considerado central para apoiar as estratégias de sustentabilidade de longo prazo, em

um mercado altamente competitivo, apresenta-se numa zona de ação urgente ou de

melhoramento.

2.8 Estudo de caso

Estudos de caso (exploratório, descritivo ou explanatório) são métodos

recomendados para compreender fenômenos individuais, organizacionais, sociais e

políticos. Auxiliam no esclarecimento dos motivos pelos quais foram tomados

decisões ou um conjunto de decisões. Além disso, parte-se do princípio de que o

estudo de caso em profundidade pode ser considerado representativo de muitos ou

mesmo de todos os casos semelhantes. Assim, o estudo de caso exploratório como

método pode ser recomendado pela sua adequação às propostas de pesquisa

empírico-analítica, realizadas para coletar as informações inexistentes sobre sistemas

de gestão da produção. Adota-se, via de regra, entrevistas orientadas

seqüencialmente por perguntas estabelecidas em um questionário previamente

elaborado, cuja ordem deve permanecer invariada para todos os públicos

entrevistados de forma a garantir homogeneidade das respostas (Yin, 2001).

Kohls (2004) estudou estratégias adotadas por agroindústrias da região sul

do Rio Grande do Sul baseado em modelos de estudos de casos de outros setores

industriais. Os estudos de casos são realizados através da aplicação de

questionários, que se baseiam nos princípios semelhantes aos adotados em

diagnósticos de planejamento estratégico e implantação de sistemas de gestão pela

qualidade, como normas NBR ISSO 9000 (ABNT, 2005) e qualidade total (PGQP,

2005); check lists para a implantação de programas de PAS, como BPF e APPCC, e

Resoluções da Vigilância Sanitária (ANVISA, 2005).

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3 Material e Método

As etapas desenvolvidas no trabalho constituíram de: 1 – escolha das regiões

do estado do Rio Grande do Sul a serem estudadas; 2 - elaboração do instrumento de

coleta (IC); 3 - validação do IC; 4 - adequação e aplicação do IC; e, 5 - análise dos

dados.

3.1 Escolha das regiões a serem estudadas

Foram escolhidas as duas regiões do Estado, Região de Pelotas e Região da

Serra do Nordeste do RS, por se tratarem dos principais pólos produtores de pêssego

do RS. A primeira, a maior produtora de pêssegos para a indústria de conservas, e a

segunda, a principal produtora e comercializadora para o mercado in natura (IBGE

2007).

3.2 Elaboração do instrumento de coleta

A fonte para coleta de dados foi a realização de entrevista com os gestores

das propriedades que constituíram o objeto de estudo. Optou-se pelo modelo de

questionário semi-estruturado com perguntas objetivas e subjetivas de modo a

permitir ao produtor a plena expressão de sua opinião/análise quanto à eficiência e

eficácia do uso das tecnologias aderentes à PIP, bem como de sua viabilidade

técnica, e levantar-se os principais pontos, cuja informação existente na literatura,

sobre PIP, não contemplava as dúvidas existentes na opinião do grupo de pesquisa.

Assim, formulou-se um questionário, utilizando a técnica de brainstorming entre os

membros do grupo de pesquisa, onde todos manifestaram livremente suas opiniões e

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idéias sem discriminação das mesmas pelos responsáveis do trabalho. Elaborou-se

47 questões para serem aplicadas aos produtores. Esse procedimento é baseado em

trabalhos prévios, como os de Reis & Forcellini (2006) e Bezerra (2002).

Trata-se de um estudo de múltiplos casos (20 propriedades), exploratório,

com uma unidade de análise (Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de

Pêssego – TA-PIP). Através desta pesquisa, procurou-se entender como ocorre a

transferência do conhecimento e dos conceitos inerentes à PIP entre as instituições

de pesquisa e os produtores, bem como identificar as principais

características/inflexões/divergências da relação pesquisador-produtor rural (YIN,

2001).

A opção por estudar-se o uso de TA-PIP, como forma de visualizar-se a

assimilação das tecnologias geradas pelas instituições e dos conceitos da PIP, por

parte dos produtores de pêssego do RS, deu-se pelo fato de não haver nenhuma

propriedade certificada PIP no Estado, quando da realização do presente trabalho.

Assim, para a realização deste estudo, conceituou-se produção convencional

de pêssego como aquela que não segue as normas gerais de BPA’s, citadas por

Grasso et al. (2006) e relatadas anteriormente. Quando essas normas gerais eram

seguidas, juntamente com características da PI contidas nas normas técnicas e

documentos de acompanhamento da produção integrada de pêssego, considerou-se

como sendo utilizado, pelo produtor, TA-PIP. Os parâmetros eram considerados de

acordo com os conceitos dominados pelos produtores, levantados durante a

entrevista e de acordo como estes declaravam as características nas quais seus

pomares enquadravam-se, quando da realização do estudo.

3.3 Validação e adequação do IC

Antes da aplicação do instrumento de coleta visando a obtenção dos aspectos

qualitativos e quantitativos da PIP, foi realizado um teste piloto com dois produtores,

um dos quais também atuante na industrialização de pêssegos, cinco professores da

UFPel, um engenheiro agrônomo extensionista da Emater e um pesquisador da

Embrapa Clima Temperado. A partir desse ensaio, reunindo as manifestações

obtidas, readequaram-se os formulários de maneira que a coleta pudesse,

efetivamente, conjugar os dados.

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3.4 Coleta de dados

A aplicação do questionário (APÊNDICE 1) foi realizada junto a 20 produtores

de pêssego, proprietários de pomares, sendo: 2 do município de Canguçu, 4 do

município de Morro Redondo, 11 do município de Pelotas e 3 do município de Bento

Gonçalves.

Fez-se a seleção dos produtores de modo a ter-se um perfil diverso, sendo 9

produtores com 10 ou menos hectares de pomar, 05 com pomares entre 11 e 20

hectares, 04 entre 20 e 50 hectares e 2 com mais de 50 hectares. Neste universo,

quanto ao relacionamento com órgãos de geração e difusão de conhecimento, optou-

se por três perfis de produtores que recebem assistência da Emater, participam de

trabalhos junto com a UFPel e/ou Embrapa e que possuem assistência das empresas

agroindustriais do pêssego, podendo um produtor se encaixar em mais de um dos

casos. E, por último, produtores sem relacionamento com essas instituições.

Nas questões estruturadas foi dada ao produtor a possibilidade de escolha

através de fichas de visão aleatória, de mais de um item, citando por ordem

decrescente de importância aqueles que mais impactam a produção de pêssego da

propriedade. Atribuiu-se nota máxima igual ao número de opções oferecidas (N); a

segunda considerada mais importante recebia nota N-1 e, assim, sucessivamente.

Fatores não apontados como importantes pelo produtor receberam nota 0 (zero) e a

importância dada ao item era a soma da nota obtida junto a todos os produtores,

considerando-se como mais importante aquele que obteve a maior soma. O

detalhamento dos formulários está em arquivo on-line no link

www.tecniagro.com.br/pip.

Durante a elaboração dos questionários, a escolha das propriedades e

realização dos testes piloto, evidenciou-se que as instituições atuantes junto aos

produtores de pêssego da região possuem uma visão distinta com relação ao nível de

adoção da PIP, pelo produtor rural, partindo da afirmação de que “todos os produtores

fazem somente produção convencional, estando completamente distantes da PI”, à

“no campo não existe mais produção convencional de pêssego, somente PI”. Essa

visão deve-se, provavelmente, pelas realidades distintas vividas pelos profissionais.

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3.5 Período de realização

Coletaram-se dados relacionados ao nível tecnológico de adoção da

produção integrada de pêssego (PIP) correspondentes às atividades realizadas no

ano agrícola 2006/2007. Essa coleta ocorreu entre 01 de dezembro de 2006 e 01 de

junho de 2007. Também foram coletados dados relativos à unidade de produção

incluindo faixa etária, tempo de atuação na atividade, área trabalhada, cultivares e

outras, como forma de se poder estabelecer relações com a PIP.

3.6 Procedimentos de Aplicação dos Questionários

O método de aplicação dos questionários escolhido foi o de entrevista pessoal.

A desvantagem do método escolhido é a necessidade de deslocamentos até as

propriedades rurais, o que faz com que o período de levantamento de dados possa se

alongar. O resultado do trabalho pode ficar comprometido pela falta de disponibilidade

de alguns respondentes, obrigando o(a) pesquisador(a) a contatá-lo(a) novamente ou

substituí-lo(a), pela recusa de cooperação dos(as) entrevistados(as) e pela percepção

ou interpretação equivocada dos(as) entrevistadores(as) (KOTLER, 1998).

A execução da aplicação dos questionários abrangeu as seguintes etapas:

coleta dos dados necessários para contatar os produtores de pêssego, agendamento,

entrega de carta de apresentação da equipe executora do trabalho, garantia de sigilo

das informações, explicação dos objetivos e entrevista para levantamento dos dados.

A etapa de coleta dos dados necessários para contatar os produtores de

pêssego envolveu solicitações feitas junto à Embrapa/Clima Temperado,

Embrapa/Uva e Vinho, Emater/Escritório Regional de Pelotas e Departamento de

Fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas/Área de Fruticultura. A partir das

informações obtidas elaborou-se uma lista de produtores específica para o presente

trabalho.

Visando esclarecer que o trabalho se baseia nos princípios da ética, antes do

início de cada entrevista, foi entregue aos entrevistados uma cópia impressa da Carta

de Apresentação (APÊNDICE 2). Após, realizou-se a leitura do Formulário de

Consentimento, no qual se solicitou a assinatura do entrevistado (APÊNDICE 3).

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Cabe ressaltar que, quando as questões provocavam dúvidas no

entrevistado, estas foram repetidas textualmente, pois a interpretação também foi

considerada como aspecto relevante na medição do conhecimento sobre o assunto.

Maiores explicações foram fornecidas somente nos casos em que o desconhecimento

ou a interpretação equivocado(a) do(a) entrevistado(a) poderia afetar a sua

participação na pesquisa. As entrevistas foram realizadas sempre pelo mesmo

entrevistador, neste caso, o autor desta tese.

O tempo de duração das entrevistas foi de duas a quatro horas. O registro

das respostas se deu sob a forma de anotação, optando-se pela não gravação das

mesmas para que o(a) produtor(a) ficasse mais à vontade. Ao final das entrevistas foi

formalizado o agradecimento aos(às) entrevistados(as) e estabeleceu-se o

compromisso de informar sobre os resultados obtidos na pesquisa.

Todos os registros obtidos estão sob a posse do autor da tese e serão

imediatamente destruídos após a aprovação e homologação do referido memorial. Em

nenhuma hipótese, mesmo durante a elaboração e avaliação do texto, serão

fornecidos os dados de pessoa física ou jurídica a quaisquer outras pessoas.

Os resultados da pesquisa serão fornecidos aos participantes através de

convite para participarem, na condição de público ouvinte, da apresentação específica

para os produtores, que deverá ocorrer em até 120 dias após a homologação da tese,

bem como recebimento de todo o texto digitalizado.

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4 Resultados e Discussão

A idade média dos responsáveis pelas propriedades de produção de

pêssegos é de 46 anos, sendo que 12 produtores possuem menos de 50 anos,

enquanto 08 possuem idade entre 51 e 60 anos (TABELA 1). Por outro lado, a

presença de apenas 4 produtores com tempo mínimo de cultivo igual ou inferior a 10

anos mostra que estes têm experiência na cultura dessa espécie, o que já era

esperado, pois, sabe-se que se trata de uma atividade que, além do aspecto

econômico, inclui valores sócio-culturais. É o caso de famílias que se identificam com

o cultivo do pessegueiro que estão sócio e geograficamente localizadas em

comunidades identificadas com essa atividade (PEÑAFIEL, 2005).

O nível de escolaridade que, segundo o documento da Confederação

Nacional da Agricultura (1999), é uma variável importante para determinar a

capacidade de se adaptar aos novos cenários do mercado, indicando se os

responsáveis estão ou não preparados para assumir outras atividades fora do meio

rural, além da capacidade de decodificar as informações pertinentes a novas

tecnologias e práticas de cultivo, é de 8,1 anos de estudo, ou seja, 1,8 vezes a média

nacional, que é de 4,45 anos. Ressalta-se que 6 agricultores, ou 30% da amostra,

apresentaram 11 ou mais anos de estudo, enquanto 8 produtores de pêssego (40%)

possuem 5 ou menos anos de educação formal (TABELA 1). Esse diagnóstico sugere

que, do ponto de vista da escolaridade, trata-se de uma situação relativamente boa

em relação à média nacional, o que propiciaria a facilidade de comunicação,

entendimento, interpretação e inclusão técnico-econômica.

Chen & Dahlman (2004), em estudo realizado para o Banco Mundial, afirmam

que um incremento de 20% na média de anos de estudo da população representa um

aumento médio de 0,15% no crescimento anual na renda das pessoas. Esse

pressuposto não foi observado por Carrão et al. (2007), que estudando proprietários

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de pequenos negócios instalados em uma cidade do interior do estado de São Paulo,

cuja economia é histórica e fortemente influenciada pelas indústrias

sucroalcooleira, metal-mecânica e pela predominância de empresas de pequeno

porte das motivações para a abertura dos negócios, os objetivos pessoais e as

dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento dos negócios encontrou uma baixa

correlação entre a escolaridade e a percepção de negócio dos entrevistados.

Contudo, não estudaram o desempenho econômico financeiro das empresas.

Tabela 1 - Caracterização dos entrevistados quanto aos anos de estudo, tempo de cultivo de pessegueiro e faixa etária, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Faixa (anos) Anos de Estudo

Tempo de Cultivo do Pessegueiro (anos)

Faixa Etária (anos)

Número de Produtores

0-5 8 0 30 ou menos 03 6-10 6 4 31-40 01

11-15 4 4 41-50 08 16 ou mais 2 12 51-60 08

Média 8,1 22 46 Total – 20 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

No estudo, seis produtores possuem cinco ou menos cultivares de pêssego e

menos de 5 hectares com a cultura. Os demais produtores, independentemente do

tamanho do pomar, apresentaram um número maior de cultivares (TABELA 2). Tal

fato acarreta maior complexidade do pomar e de suas atividades de manejo pelas

peculiaridades de cada genótipo, dificultando o estabelecimento de um padrão de

fruta para a região quanto a peso, calibre, cor de polpa, coloração da casca, entre

outros atributos. Mas, por outro lado, proporciona maiores garantias ao produtor frente

a intempéries e ampliação do período de oferta, incluindo cultivares precoces e

tardias. Além disso, o plantio de cultivares precoces permite a produção de frutas com

menor custo, visto que exigem um menor número de tratamentos fitossanitários,

tendo em vista que ficam um tempo menor expostas às intempéries, à estação de

temperaturas e umidade mais elevadas, o que favorece a ocorrência de doenças e

danos causados por insetos.

Verificou-se que, de modo geral, na região de Pelotas, os produtores que

comercializam pêssego tipo mesa, também produzem para empresas agroindustriais,

mas, o foco está centrado na indústria. Também foi observado que, na percepção dos

produtores de pêssego, o mercado de frutas para consumo in natura é visualizado,

muitas vezes, como um mercado de oportunidade eventual e não como foco da

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produção frutícola da propriedade, não estando dentro de uma estratégia de

diversificação de mercado consumidor. Excetuam-se dessa situação os produtores

que atuam, exclusivamente, com a produção de pêssegos de polpa fundente,

totalmente direcionados ao mercado in natura. Neste caso, a visão é única, ou seja,

atendimento ao atacado e varejo de frutas in natura.

Tabela 2 - Área de pomares de pêssego, número de cultivares e número de produtores por faixa, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Área dos pomares

(ha) Número de Produtores

Número de cultivares Número de produtores

2-10 9 1-5 6 11-20 5 6-10 11 20-50 4 >10 3 > 50 2

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Dentre as principais cultivares de pêssego utilizadas, há predominância

daquelas do tipo indústria em relação às de duplo propósito, que podem ser utilizadas

tanto para consumo in natura quanto para industrialização (TABELA 3), como

conseqüência do foco dos produtores da região de Pelotas, que é a venda para o

processamento das frutas. Tal fato ocorre por ser recente a exploração do mercado

da fruta in natura pelos produtores da região e por este ainda representar baixos

volumes. Embora o pêssego ‘Granada’ seja do tipo indústria é muito utilizado na

venda para consumo in natura por apresentar película com recobrimento vermelho

(EMBRAPA, 2005). Desse modo, essa cultivar tem sido comercializada em ambas as

formas, mas com volume crescente in natura. No entanto, na safra 2006/2007 houve

redução dos volumes comercializados, tendo em vista que essa cultivar floresce de

final de agosto até meados de setembro, época em que coincidiu com a ocorrência de

geadas tardias, prejudicando a produtividade de muitos pomares.

Segundo os produtores, a escolha da cultivar é feita com base nos resultados

apresentados pela Embrapa e pelas unidades de demonstração existentes na região.

Como critérios, os produtores citam que são prioritários: a) a produtividade e

regularidade de produção; b) o ciclo; c) a aparência da fruta; d) a resistência a

doenças e pragas. Nesse contexto, os produtores citaram que, além das cultivares

que já possuem, conhecem um elenco de outras cultivares, que, de alguma forma,

contemplam um ou mais critérios citados anteriormente (Tabela 4).

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Tabela 3 - Cultivares, área média, freqüência e percentagem sobre a área total das 10 principais cultivares de pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Cultivar Área média (ha) Freqüência Total (ha) % sobre área total do estudo

Granada* (M) 9,78 16 156,50 19,97 Esmeralda* (P) 9,02 14 126,25 16,10 Maciel** (P) 6,96 12 83,50 10,65 Jubileu* 6,94 12 83,25 10,63 Eldorado** (P) 5,15 10 51,50 6,58 Jade* (P) 5,72 8 45,75 5,84 Leonense** (P) 5,75 6 34,50 4,41 Sensação* (P) 3,50 9 31,50 4,03 Precocinho* (P) 14,50 2 29,00 3,68 BR6* (M) 4,14 7 29,00 3,68 Outras (14) 3,06 4 113,25 14,43 Média 7,84 5,15 - - Total - 20 784 100 * Pêsssego tipo indústria ** Pêssego tipo dupla finalidade (M)– Cultivares de ciclo médio; (P) Cultivares de ciclo precoce Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa. Tabela 4 - Principais cultivares de pêssego conhecidas pelos produtores de pêssego além daquelas que cultiva, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Cultivar Frequência Eldorado** 5 Jade* 5 Precocinho* 5 Sensação* 5 Granito* 4 Santa Áurea 4 BR2* 3 BR4 3 Chiripá*** 3 Ametista* 2 Esmeralda* 2 Granada* 2 Leonense** 2 Riograndense** 2 Outras cultivares com uma citação 19 Não conhece outras cultivares 3 * Pêsssego tipo indústria ** Pêssego tipo dupla finalidade *** Pêssego tipo mesa Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Dos 20 produtores entrevistados somente um, que vende sua produção

exclusivamente para uma empresa agroindustrial, declarou que nunca havia escutado

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falar em PIP, sendo que confundia o conceito com o de integração empresarial. O

elevado percentual de produtores com esta percepção evidencia a difusão da

informação já que 19 (95%) produtores, de alguma forma, conheciam os pressupostos

da PIF e da PIP (Tabela 5). Isso indica que a ação institucional, no que concerne a

popularização dos conceitos do conhecimento gerado, junto aos produtores, vem

atuando adequadamente. No entanto, quando se passa à validação dos conceitos

técnicos da PI, verificou-se que os produtores a relacionam, principalmente, com o

uso controlado de agrotóxicos, sendo este o aspecto mais apontado. Tal fato vai ao

encontro das afirmações de Portocarrero & Kososki (2007) que indicam a PI como

fator primordial na redução do uso de agrotóxicos e, por Tibola et al. (2005) que

obtiveram menores danos causados por insetos-praga e menor número de

pulverizações de inseticidas na PIP.

Outras características importantes também foram citadas, como uso

controlado de adubos e cobertura de solo, rastreabilidade e registro de todas as

práticas em caderneta própria. A produção convencional de pêssego, por sua vez, é

vista como uma tecnologia onde se faz uso sem controles de agrotóxicos e sem

preocupação com a proteção do solo, o que pode, segundo 10% dos entrevistados,

levar a problemas comerciais no produto (TABELA 5), mostrando que esse aspecto

deve ser mais explorado pelos órgãos de pesquisa e difusão da informação, com o

intuito de sensibilizar o produtor para a adoção da PIP.

Tabela 5 - Principais características da produção integrada entendida, pelos persicultores, em comparação com a produção convencional de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Produção Integrada Produção convencional 1 2 3 4 5 6 7 Frequência 18 4 6 4 16 4 2

% 90 20 30 20 80 20 10 1 – Uso Controlado de agrotóxicos; 2 – Uso controlado de adubação e proteção do solo; 3 – Rastreabilidade; 4 – Registro de práticas; 5 – Sem controles do uso de agrotóxicos; 6 – Solo sem proteção; 7 – Problema Comercial. Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Quanto ao conhecimento das normas da PIP, é importante observar que 14

produtores, ou seja, 60% dos entrevistados, afirmaram conhecê-las, sendo que dois

participaram da elaboração das normativas. Como principais difusores da tecnologia

foram citados a UFPel e as empresas que industrializam pêssego, seguidos por

Embrapa, Emater e outros (TABELA 6).

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Tabela 6 - Conhecimento das normas PIP e local onde os fruticultores obtiveram a informação sobre a tecnologia, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Conhece normas PIP Onde conheceu

Sim Não UFPel Embrapa Emater Empresa Outro Frequência 14 6 8 2 1 2 1

% 70 30 40 10 5 40 5 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Embora o presente trabalho aponte para o fato de que os persicultores

dominam os conceitos relativos à PIP e a maioria conheça a normativa, nenhum deles

realizou a certificação do pomar como PIP. Pelos dados obtidos, constatou-se que

eles declararam possuir produção convencional (PC) e a produção convencional

combinada com tecnologias aderentes a PIP (TA-PIP), ou produção de pêssego

utilizando tecnologias aderentes a PIP (TA-PIP) (TABELA 7). Os produtores que estão

adotando a TA-PIP na produção de pêssegos da propriedade afirmam que a

certificação só será feita se houver retorno do investimento, seja na diferenciação do

produto e/ou na remuneração. Caso contrário, afirmam que não há razões para fazê-

la. Fica evidente, por essas manifestações, a necessidade de que o mercado

(atacadista, varejista e consumidor) conheça e valorize esse diferencial. Neste caso é

muito importante a ação de políticas públicas, para conscientização do consumidor,

quanto as vantagens da PIP para que este seja indutor de demanda.

Os produtores que estão praticando os princípios técnicos da PIP, utilizando

TA-PIP, o fazem por consciência da necessidade de evolução do sistema de

produção, por haver redução dos custos com insumos, especialmente inseticidas, e

com menor número de ações no manejo do solo. Porém, é destacado por,

praticamente, todos os produtores que a mosca-das-frutas e a podridão parda, ainda,

são fatores limitantes e críticos na produção de pêssegos.

Nesse aspecto, há uma demanda chave e urgente para que estabeleçam

medidas preventivas e contínuas para estes problemas. Além do monitoramento, os

produtores sugerem trabalhos coletivos junto às comunidades e a necessidade de

haver estações de monitoramento e aviso. Também, solicitaram uma urgente adoção

do sistema de extensão de uso para princípios ativos mais eficazes no controle dessa

praga (mosca-das-frutas) e doença (podridão parda). No caso da mosca-das-frutas,

houve sugestão para que haja uma ação pública para trazer para a região a

tecnologia de produção de machos estéreis, atualmente utilizado, na região de

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Petrolina – PE.

Tabela 7 - Sistema de produção de pêssego adotado na propriedade, segundo declaração do próprio produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). PC TA-PIP PC X TA-PIP Frequência 3 9 8

% 15 45 40 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Em respostas induzidas, nas quais os produtores poderiam escolher mais de

uma alternativa quanto ao motivo pelo qual não buscam uma certificação PIP,

somente quatro informaram que pretendem certificar os pomares como PIP, mas

sinalizam para a perspectiva de ações complementares de promoção da PIP,

tornando o sistema conhecido e o produto diferenciado. Isto está condicionado à

valorização desse conceito pela indústria assim como pelo mercado consumidor,

principalmente no que concerne aos benefícios ao ambiente e à saúde dos

consumidores, resultando em melhor remuneração do produto.

Quatro produtores pretendem adotar ou manter apenas a utilização dos

conceitos, usando TA-PIP, principalmente porque a certificação não é uma exigência

do mercado brasileiro e, pelo menos por enquanto, não implica em diferencial na

remuneração do produto. Seis produtores não pretendem adotar a PIP ou seus

conceitos de maneira consistente, mesmo que não venham a certificar, por não haver

estímulo do mercado como exigência ou como remuneração pelo produto (TABELA

8).

Esse comportamento também era esperado, tendo em vista que, em geral, a

alteração do sistema de produção só se dá mediante redução de custos, aumento de

rentabilidade e/ou exigência de mercado. Nos casos em que a adoção da PI ocorreu

em sua integralidade na produção de frutas ou de outros produtos no Brasil, as

causas impulsionadoras da tomada de decisão foram baseadas na exigência do

mercado comprador, inicialmente internacional, seguida da redução de custos e

aumento da rentabilidade (FARIAS, 2002; GUERRA et al., 2007). Fato similar ocorreu

na UE, onde, em 1993, a OILB publicou os princípios e normas técnicas

(ANDRIGUETO & KOSOSKI, 2005) e a PI é compulsória (OLIVEIRA, 2005).

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Tabela 8 – Intenção, por parte do produtor, de realizar certificação PIP ou adotar TA-PIP e o motivo pelo qual toma a decisão, com resposta espontânea de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

PIP TA-PIP NÃO

Tecnologia não está pronta

Não dá retorno

financeiro

Problema grade

agrotóxicos

Se indústriaestimular

Mercado não exige

Falta Marketing

Frequência 4 9 3 3 1 5 7 1

% 20 45 35 15 15 5 25 35 5 F = formalizada, NF = não-formalizada - Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Os produtores, ao serem questionados a respeito do motivo pelo qual não

possuem interesse em certificar a PIP, destacaram, principalmente, a resposta: “o

mercado não remunera”. Ainda, como razões importantes para a não adoção, foram

citados “falta de informação”, “não possui assistência adequada na região” (apontado

por produtores da Serra do Nordeste e da Região de Pelotas) e “normas restritas

demais”. Os demais aspectos “muito caro”, “normas pouco práticas”, “sem assistência

técnica da Emater”, “não acha eficiente” e “problemas de atrativos”, não foram

considerados como principais limitantes (FIGURA 1). Um dos aspectos fundamentais

para o potencial de sucesso da PIP é o fato de que os produtores não vêem fortes

barreiras técnicas para certificar a PIP; basta o sistema proporcionar rentabilidade

continuada, do ponto de vista econômico, que os pressupostos sócio-culturais de

segurança e ambientais serão atendidos. Comportamento similar também foi

evidenciado na UE (CHEVRIN, 2002). Porém, os entraves foram rapidamente

superados com a promoção institucional da PI, divulgando e popularizando o conceito

junto às escolas, fruteiras, supermercados e feiras livres. Contudo, cabe salientar que

os produtores estudados, predominantemente, produzem pêssego para indústria,

explorando, eventualmente, em oportunidades ocasionais, o mercado da fruta in

natura, sendo que gradualmente vêm buscando explorar este segmento. Assim, de

acordo com o crescimento da importância do mercado para consumo in natura, mais

exigente que o mercado de industrialização de pêssego, poderá surgir problemas

tecnológicos não detectados pela pesquisa.

Na visão do Ministério da Agricultura e da Pesca Francês, juntamente com a

cadeia produtiva do pêssego, à semelhança do que fez com as demais espécies

frutíferas, houve massificação do conceito junto à população que reconhece, valoriza

e procura por estes produtos, embora, de modo geral, não tenham um valor de

mercado mais elevado (STERNS & CODRON, 2001). Mas, segundo o autor, o fato de

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ser o produto preferencial, garante-se a competitividade e amplia-se o espaço de

venda.

Segundo Porter (1989), não basta criar uma nova característica de valor ao

produto para o comprador se ele não percebe esse aspecto, ou seja, produtos de

valor real menor, mas largamente percebidos, podem ser mais competitivos que

outros de valor real maior, porém, imperceptíveis. Assim, é importante que o

consumidor compreenda o valor no pêssego oriundo da produção integrada para que

o produtor torne-se mais competitivo e aumente a adoção e a certificação da PIP.

Contudo, para isso é necessário a adoção de políticas públicas de modo a incentivar

a produção integrada e de conscientização do consumidor como forma de induzir a

demanda por frutas sob tal sistema de produção.

89

66

55

40

20

18

10

10

9

8

0 20 40 60 80 1

Mercado não remunera

Falta informação

Não possui assistência

Normas restritas demais

Muito caro

Normas pouco práticas

Sem assistência da Emater

Mercado não exige

Não acha eficiente

Problema de atrativos

Grau de importância

Mot

ivaç

ões

para

não

ado

tar P

IP

Figura 1 - Somatório das notas dadas pelo produtor, sendo mais importante o atributo quanto maior a nota, ao apontar o motivo pelo qual não adota a Produção Integrada de Pêssego formalizada, conforme o grau de importância em ordem decrescente, com pergunta induzida, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Visando verificar o grau de confiança por parte do agricultor na PIP, os

persicultores foram questionados a respeito da continuidade desta, tendo sido

observado que embora eles não percebam retorno no curto prazo, visualizam que é

um sistema estratégico no longo prazo; eles entendem que terá continuidade mesmo

que, atualmente, não ocorra diferenciação no preço pago ao produtor para os que

estão enquadrados dentro da PI (TABELA 9).

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Tabela 9 - Continuidade da produção integrada e obtenção de diferencial de preço pela adoção de TA-PIP, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

PIP terá continuidade ou será extinta? Obtém diferencial preço TA-PIP

Produtor Continuidade ExtintaFalta

remuneração Sim Não Frequência 13 4 3 3 14

% 65 20 15 15 70 * NS = Não sabe - Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Procurando entender os motivos pelo qual o produtor não adota a certificação

PIP destacam-se como os principais fatores: a não valorização do produto no

mercado, a concorrência do produto importado e o desconhecimento por parte do

consumidor das vantagens quanto à segurança do alimento das frutas produzidas

nesse sistema. Cinco produtores (25%) afirmaram que a adoção, mesmo parcial, dos

conceitos inerentes a PIP lhes proporcionou ofertarem frutos de qualidade superior no

mercado, mas sem o devido reconhecimento (TABELA 10). Esse resultado sugere

que sejam adotadas medidas de promoção do conceito da PIP e de “food safety”,

junto ao mercado consumidor. Tabela 10 - Razões apontadas como responsáveis pela não adoção da PI de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Mercado não valoriza

Preço produto importado

Qualidade superior

Consumidor desconhece PI

Frequência 8 3 5 5 % 40 15 25 25

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa. Para o produtor, são evidentes as vantagens ambientais e a proteção ao

trabalhador proporcionado pela adoção da PIP, em comparação com o sistema

convencional de produção de pêssegos (TABELA 11). Contudo, as vantagens

econômicas e de facilidade de manejo não são tão visíveis. No que tange à utilização

de mão-de-obra, a maioria dos produtores apontou que não vê diferença entre os dois

sistemas, sendo que neste item, um número maior de agricultores apontou o sistema

convencional como mais econômico. Como o item mão-de-obra é componente

importante do custo de produção, verifica-se uma barreira para o avanço da PIP, que

demanda maior controle de variáveis, especialmente monitoramento de insetos-praga.

Assim, na percepção da maioria dos produtores, a PIP é interessante pelo menor uso

de agrotóxicos e de insumos no manejo do solo, porém a necessidade de

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monitoramento de pragas e registro de todos os eventos são apontados como

limitantes. Essas práticas implicam numa intensificação de múltiplas atividades num

mesmo período, muitas vezes, demandando inclusão de mão-de-obra adicional.

Parece contraditório o produtor afirmar que o mercado não valoriza a

produção integrada de pêssego (TABELA 10) apontando este fator como causa do

não estímulo para sua adoção e, ao mesmo tempo, afirmar que a PI proporciona um

maior lucro para a atividade (TABELA 11). Isto ocorre porque o fruticultor percebe que

o sistema proporciona uma redução de custos pelo uso controlado de agrotóxicos e

de insumos em geral, mas há a necessidade de incorporar-se às práticas ainda não

massificadas, como é o caso do monitoramento de pragas mais freqüente,

adequações de infra-estrutura para a preparação de caldas, registro das operações,

entre outras.

Os benefícios da PIP, sob ponto de vista ambiental, foram amplamente

identificados pelos produtores que destacaram o uso racional de agrotóxicos, de

fertilizantes e o uso da cobertura de solo como grandes avanços (TABELA 11).

Associa-se a isso, o recolhimento de embalagens de agrotóxicos, mencionada como

importante avanço tecnológico e realizada pela totalidade dos produtores

componentes da amostragem.

Tabela 11 - Comparação do sistema de produção integrada e de produção convencional de pêssego quanto à proteção do ambiente, proteção do trabalhador, lucro, facilidade de manejo e economia de mão-de-obra, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Maior proteção do

meio ambiente Maior proteção do

trabalhador Maior lucro Maior facilidade de manejo

Maior economia demão de obra

PC PI SD PC PI SD PC PI SD PC PI SD PC PI SDRespostas 3 15 1 1 14 2 4 9 4 7 7 3 7 4 6

% 15 75 5 5 70 10 20 45 20 35 35 15 35 20 30Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa. SD = sem diferença.

Atingir novos mercados é muito importante para o produtor na busca da

valorização da fruta, garantia de comercialização e diminuição da dependência da

Empresa Agroindustrial e/ou do mercado local, tendo em vista que os produtores da

região de Pelotas comercializam a fruta predominantemente dentro do RS, os

produtores da Serra do Nordeste a enviam para outros estados (TABELA 13).

Contudo, apenas sete produtores, entre os componentes da amostragem, já

participaram de rodada de negócio do Banco do Brasil, onde há a presença de vários

compradores da fruta para consumo in natura. Além disso, dos treze produtores que

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63

nunca participaram das rodadas de negócios, seis não tem a intenção de participar

(TABELA 12). Tabela 12 - Participação em rodadas de negócios do Banco do Brasil, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Participação em rodadas de negócios do Banco do Brasil Intenção de participação

Produtor SIM NÃO SIM NÃO Frequência 7 13 5 6

% 35 65 25 30 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Ao analisar-se o destino da produção, verificou-se que 65% dos produtores

que compuseram a amostragem vendem frutos para o mercado de consumo in natura

(TABELA 13). Porém, excetuando-se os produtores da Serra Gaúcha e um produtor

do Município de Pelotas, que só produzem frutas para esse mercado, os persicultores

da Região Sul do RS, produzem majoritariamente para industrialização e

minoritariamente para o mercado in natura. Esse fato já era conhecido e não faz parte

do problema da pesquisa. O que se buscou, além desse diagnóstico, foi saber qual a

percepção quanto ao futuro. Nesse aspecto, constatou-se que, embora o foco ainda

esteja voltado à industrialização, duas perspectivas foram enunciadas: 1.) expansão

do mercado in natura; e, 2.) desejo de expansão de produtos derivados do pêssego,

especialmente polpa para sucos e néctares.

Os produtores da região sul do RS comercializam a fruta in natura,

principalmente com compradores de outras regiões do Estado, principalmente a

grande Porto Alegre, sendo que somente um produtor envia a fruta diretamente para

fora do RS (Tabela 13). Contudo, diferentemente dos produtores da Serra Gaúcha,

incluem intermediários no processo. Esse parece ser um dos aspectos altamente

significativos no processo de produção/comercialização da fruta, ou seja, os

produtores da Serra produzem, compram, armazenam, classificam, embalam e

comercializam pêssegos junto ao mercado varejista e consumidor, enquanto os

produtores da Região Sul do RS produzem e comercializam sua produção a

intermediários, os quais realizam as demais etapas do processo. Aqui reside um

espaço fundamental para melhoria na cadeia produtiva do pêssego da Região Sul, ou

seja, o estudo de mercado e a industrialização de produtos locais para

comercialização, seja individual ou em associação, ou em bolsa de mercadorias.

Tanto para as empresas urbanas como para as rurais pode ser visto como um

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ponto fraco a dependência total da receita de um único produto, comprador ou

mercado, podendo ser uma ameaça ao sistema produtivo a exploração de apenas um

nicho de mercado. Por outro lado a diversificação de produtos ou de mercados pode

proporcionar a manutenção do produtor quando a atividade e/ou mercado principal

entra em crise (PORTER, 1996). Desse modo, buscou-se verificar quais outros

mercados estão sendo explorados pelo persicultor. Importante o fato de que, mesmos

os produtores da região de Pelotas, eminentemente produtora de frutas para indústria

de conserva, têm buscado explorar a venda da fruta in natura, de modo a diminuir a

fragilidade gerada pela dependência de um único tipo de cliente. Embora para estes,

a região onde se localizam suas propriedades ainda seja o principal mercado, verifica-

se uma diversificação das praças atingidas. Somente os produtores da Serra do RS

afirmaram que conseguiram atingir e ofertar sua fruta em outros estados brasileiros

(TABELA 13).

Tabela 13 - Exploração do mercado de pêssego in natura e principais praças para as quais são enviadas frutas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Trabalha com

venda da fruta para consumo in

natura

Mercado para onde comercializa a fruta para consumo innatura

Produtor Sim Não Região Pelotas

Santa Maria

Serra RS

Porto Alegre

Outros RS

SP RJ MG Outros Estados

Frequência 13 7 17 2 5 4 2 4 3 3 3 % 65 35 85 10 25 20 10 20 15 15 15

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Em toda cadeia produtiva, incluindo aí as cadeias agroindustriais, é muito

importante para sua perpetuação, a questão de como se dá o relacionamento entre

seus elos. De modo geral, foi apontada como boa, por parte dos produtores, a relação

que têm com o comprador, sendo que os pontos positivos destacados foram a

realização do pagamento em dia, o preço satisfatório praticado pelo mercado e o

financiamento de terra e insumos por parte das empresas agroindustriais. Os

principais problemas citados foram: atraso no pagamento praticado pelos

compradores, preço baixo praticado, problemas de classificação da fruta nas

empresas agroindustriais e falta de caixas para o transporte (TABELA 14). Nota-se

que, enquanto alguns produtores apontam a realização de pagamento em dia e a

prática de preços adequados pelo mercado, outros apontam como pontos negativos a

baixa remuneração e os atrasos no pagamento. Essa contradição aparente ocorre

porque os produtores usam agentes de comercialização diferentes, principalmente

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65

quanto ao fornecimento de frutas para uma empresa agroindustrial (fornecem para

empresas agroindustriais distintas) ou uso de intermediários sem tradição na região,

quando do mercado da fruta in natura.

Tabela 14 - Características da relação entre produtor e comprador, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Produtor Boa Regular Ruim Paga em dia Atrasa Preço

bom Preço baixo

Problema Classificação

Falta Caixa

Financia terra e

insumos

Frequência 15 3 1 12 4 9 3 2 2 3 % 75 15 5 60 20 45 15 10 10 15

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Os principais motivos e/ou vantagens apontados pelos produtores como

motivadores para a adoção da PIP foram: maior qualidade da produção obtida e

controle da utilização de agrotóxicos e preocupações com a saúde do produtor e sua

família. Tal fato, está de acordo com o demonstrado por Nunes et al. (2004) e

Fachinello et al. (2005) que, em pomares sob PI, obtiveram frutos de maior qualidade

quanto ao diâmetro, em comparação com aqueles sob PC. Nota-se que,

espontaneamente, somente um produtor afirmou que a redução de custos foi fator

importante como resultado da adoção de tecnologias aderentes a PIP e apenas dois

afirmaram que a tecnologia é mais rentável (TABELA 15). Assim, ações que visem

demonstrar ao persicultor a maior viabilidade econômica da PIP, em comparação à

tecnologia tradicional de manejo do pomar, devem ser incentivadas de modo a

fomentar sua adoção.

Tabela 15 - Vantagens e motivos para adotar produção integrada apontadas espontaneamente pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Não fazerPIP

Maior qualidade da

produção Saúde

Quando for exigência do

mercado

Mais rentável

Garantir mercado Consciência

Economia

de Defensivos

Menor custo

Frequência 6 6

4 2

2 5 3 6 1

% 30 30

20 10

10 25 15 30 5 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

A falta de informação e a não existência de assistência adequada (Figura 1) e

a não exigência do mercado (TABELA 16), são considerados fatores limitantes para

adoção da PIP. Embora os benefícios propostos e validados sejam reais, dificilmente

haverá massificação do uso sem que haja diferenciação, seja na forma de preço final

do produto, ou na forma de apresentação.

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66

A necessidade de aquisição, colocação e observação de armadilhas,

especialmente para monitoramento de mosca-das-frutas e grafolita, foram apontadas

como práticas que implicam em maior uso de mão-de-obra e custos, já que a época

em que essa atividade é realizada coincide com a maior demanda de mão-de-obra na

propriedade. Os produtores mencionaram também que uma das dificuldades de

manejo, é a restrita lista de princípios ativos registrados para a cultura, o que implica,

em muitas vezes, à ilegalidade. De forma enfática os produtores perguntaram: “por

que há tantos produtos registrados para a maçã e não para o pêssego, se as pragas

são praticamente as mesmas e os frutos são consumidos de forma similar?”. A

demanda já é amplamente conhecida pelos órgãos regulatórios, mas não houve o

avanço desejado até o momento. A “extensão de uso” de alguns princípios ativos foi

proposta como a medida mais facilmente aplicável, mas isso ainda não foi efetuado.

Tabela 16 - Principais motivos para não estar na produção integrada apontados espontaneamente pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Frequência 8 1 1 6 2 1 2 1 1 2

% 40 5 5 30 10 5 10 5 5 10 1 – Sem motivo; 2 – Problema de atrativos; 3 – Doenças; 4 – Mercado não exige; 5 – Falta assistência; 6 – Falta de divulgação; 7 – Falta de acompanhamento e anotações; 8 – Falta de mão-de-obra; 9 – Problema da indústria; e,10 – Falta de agrotóxicos registrados. Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Comparando-se os gastos da produção convencional e da produção

integrada, os produtores apontaram como maiores economias decorrentes da adoção

de tecnologias aderentes a produção integrada em comparação ao sistema

convencional, os seguintes ítens: combustível, inseticidas e utilização de

implementos, sendo que em herbicidas e fungicidas, praticamente, não houve

diferença na opinião dos produtores componentes da amostra (Figura 2), divergindo

do encontrado por Tibola et al. (2005) que apontaram reduções significativas no uso

desses insumos. Já os itens que apresentaram maiores aumentos de custos com a

adoção da TA-PIP foram o monitoramento de pragas e outros custos (Figura 2),

principalmente devido ao fato de que, na produção convencional, o controle de pragas

é feito por calendário e não por contagem/amostragem dos insetos-praga presentes

no pomar.

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56

1930

56

272510

36 3625

454228

58

23

50

94

49

0

20

40

60

80

100

Impa

cto 

dos custos

1 2 3 4 5 6 7 8 9

TA‐PIP PC

1 = Monitoramento de Pragas 2 = Inseticidas 3 = Fungicidas 4 = Herbicidas 5 = Tempo dedicado à cultura 6 = Mão-de-obra 7 = Combustível 8 = Máquinas e implementos agrícolas 9 = Outros insumos usados no cultivo do pêssego Figura 2 - Diferenças de custo de produção de pêssego entre o sistema convencional e o uso de tecnologias aderentes a produção integrada, com resposta induzida, de acordo com a nota atribuída pelo produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

A distribuição das atividades ao longo do ano é fator importante,

principalmente como subsídio na escolha de outras atividades econômicas que

podem ser realizadas na propriedade de modo a diversificar as fontes de receita do

produtor, quanto para determinar os períodos de férias, planejamento e preparativos

para a safra seguinte. Foi evidenciado que há intensa atividade entre os meses de

maio a janeiro, sobrando apenas 3 meses no ano para descanso/férias, planejamento,

preparativos de maquinário e compra de insumos (Tabela 17). Tal fato dificulta a

associação do cultivo de pêssego com outras culturas porque não permite

compartilhamento de infra-estrutura e, por consequência, o rateio de custos. Assim,

uma estratégia interessante é a diversificação com outras fruteiras que possam

compartilhar a infra-estrutura da propriedade, quanto aos tratos culturais e aos canais

de comercialização, como: ameixas, nectarinas, maçã, uva e até mesmo caqui. Deste

modo, o produtor pode ter compartilhamento de custos, diminuição dos riscos quanto

a intempéries e variações de mercado sem um incremento tão significativo na

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complexidade das atividades de manejo da propriedade, tornando-se especialista em

fruticultura.

Em respostas espontâneas, apenas um produtor mencionou que realizava

poda verde (Tabela 17), sendo que este recebeu orientação do Grupo de Pesquisa

em Fruticultura da UFPel em anos anteriores. Este fato é semelhante ao relatado por

Tibola et al. (2007) em trabalho sobre análise de conformidade na adoção das normas

da PIP, os quais afirmam que a poda verde não vinha sendo realizada

adequadamente nos pomares da região, principalmente pela dificuldade em encontrar

mão-de-obra. Com isso, as plantas apresentam excesso de ramos no interior da copa,

prejudicando a insolação e a eficiência na aplicação dos agrotóxicos. A prática de

intensificar a poda verde tem sido preconizada como forma de melhorar a condução

do pomar e a uniformidade dos frutos. No entanto, não é uma prática de uso

popularizada.

Tabela 17 - Distribuição das atividades ao longo do ano nas propriedades produtoras de pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Distribuição da utilização de mão-de-obra na propriedade ao longo do ano

Atividade Colheita Poda Raleio Colheita Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Frequência 12 1 6 13 12 3 12 15 20 20% 60 5 30 65 60 15 60 75 100 100

1 – janeiro, 2 – fevereiro, 3 – março, 4 – abril, 5 – maio, 6 – junho, 7 – julho, 8 – agosto, 9 – setembro, 10 – outubro, 11 – novembro, 12 – dezembro. Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

As principais características buscadas pelos produtores para introdução de

novas cultivares em seus pomares são (Figura 3): tamanho de fruto, o qual é

importante para a sua remuneração tanto na indústria quanto no consumo in natura;

cor da casca; durabilidade de prateleira e formato de fruto que também são

importantes para o mercado da fruta in natura; maior rendimento na indústria; e,

precocidade, que é relevante para redução de custos, uma vez que a fruta fica menos

tempo exposta no campo, e, por conseqüência, necessita um número menor de

tratamentos fitossanitários, além de apresentar menor risco de sofrer a ação de

intempéries.

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138

113

76

62

62

58

52

50

37

37

18

0 50 100 15

Tamanho de fruto

Cor da Casca

Tempo de prateleira

Maior rendimento na indústria

Formato do Fruto

Precocidade

Outros

Cor da polpa

Período de colheita curto

Ciclo longo

Período de colheira longo

Gradu de importância

Atrib

utos

des

ejad

os p

ara

a fr

uta

pelo

pro

duto

r

Figura 3 - Principais características das novas variedades, desejadas pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da do Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul, com resposta induzida (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

A substituição de cultivares é importante para a remoção de pomares velhos

de baixa produtividade pelos de maior produtividade com pêssegos que atendam

melhor às demandas do consumidor. Neste caso, os produtores demonstraram

intenção em substituir a ‘Granada’ que, embora destinada à industrialização, tem boa

aceitação no mercado de frutos frescos (MEDEIROS & RASEIRA, 1998), mas tem

apresentado alternância de produção. As cultivares preferidas para substituí-la são as

precoces, ‘Precocinho’ e ‘Sensação’ (TABELA 18). A justificativa apresentada pelos

produtores para a preferência de pêssegos precoces é a menor necessidade de tratos

culturais.

Dentre os produtores que mencionaram ter a intenção de substituir

pessegueiros, cinco irão reduzir os pomares de ‘Granada’, dois de ‘Chiripá’ e ´Pilch´, e

os ‘Ágata’, ‘Cerrito’ e ‘Premier’, serão substituídos por outros tipos de pessegueiros.

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Tabela 18 - Substituição de pessegueiros e quais as mais interessantes para novos plantios, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Pretende

substituir Pessegueiros mais interessantes

Sim Não Sensação Maciel Outros Frequência 15 5 6 2

% 75 25 30 10 Precocinho, Olímpia, Santa

Áurea, Eldorado, Early Grande,Irajil, Jade

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Nos próximos anos prevê-se pequeno aumento da área cultivada com

pessegueiro, uma vez que 07 produtores, ou 35% dos entrevistados, possuem a

intenção de aumentar a área, principalmente para ganharem escala de produção,

aproveitando a infra-estrutura existente, uma vez que não precisam de novos

investimentos fixos e, assim, terão um custo menor por unidade de área trabalhada.

Quanto aqueles que pretendem manter a área cultivada, 60% dos entrevistados,

apontam como principal fator de estrangulamento a falta de mão-de-obra (TABELA

19).

Tabela 19 - Perspectiva de evolução da área com pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Manter Aumentar Diminuir

Frequência 12 7 1 % 60 35 5

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

A diversificação de culturas pode ser importante na garantia de renda do

produtor quando da frustração da safra do pêssego por acidentes climáticos ou

quando da baixa valorização da fruta no período de comercilização, por fatores

ligados as dinâmicas de mercado. Nota-se que 14 (60%) produtores componentes do

estudo pretendem diversificar a cultura do pêssego com outras culturas e/ou

atividades (TABELA 20). Das atividades já desenvolvidas, como parte da estratégia

de diversificação das propriedades, quatro são ligadas a fruticultura (TABELA 21),

sendo que, entre aqueles que pretendem introduzir novas atividades, há uma

predominância pela produção frutícola, mantendo o foco da propriedade.

Tabela 20 - Produtores que pretendem diversificar o cultivo de pêssego com outras culturas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). SIM NÃO

Frequência 14 6 % 70 30

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

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Tabela 21 - Cultivos já desenvolvidos na propriedade e culturas as quais o persicultor pretende introduzir, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Atividade já desenvolvida

Número de citações Atividade a ser introduzida

Número de citações

Tomate 6 Uva de mesa 5 Milho 4 Uva vinífera 5

Produção de Mudas 3 Ameixa 3

Figo 2 Caqui 3 Fumo 2 Goiaba 3

Goiaba 2 Tomate 3 Vinho 2 Figo 2

Nenhuma 5 Maça 2 Outras 13 Produção de mudas 2

Outras 7 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

A qualidade da muda é de suma importância para o desenvolvimento do

pomar; 11(55%) dos 20 produtores, declararam não usarem mudas fiscalizadas na

implantação dos pomares. Tal procedimento pode comprometer a viabilidade

econômica das propriedades caso ocorram problemas, do ponto de vista, sanitário

com estas mudas. Assim, é fundamental a introdução de atividades/programas que

possam conscientizar o produtor da importância da utilização de mudas fiscalizadas.

O monitoramento de pragas permite a realização das pulverizações quando é

atingido o nível de dano econômico em substituição ao uso do controle por calendário

e quando se pulveriza sucessivamente, sem verificação da presença dos insetos nos

pomares. Dos produtores entrevistados, somente 1 declarou não fazer monitoramento

de pragas para aqueles insetos que considera as principais pragas no pomar

(TABELA 22). Ressalta-se que o monitoramento de pragas realizado adequadamente

evita pulverizações desnecessárias, diminuindo os custos. Quanto à diminuição do

impacto ambiental da cultura, é apontado, por Tibola & Fachinello (2004), como

fundamental no sistema PI, juntamente com o uso de produtos mais específicos com

baixo efeito residual, entre outros fatores. Contudo, Tibola et al. (2007) constataram

que os produtores de pêssego realizam o monitoramento de pragas de maneira muito

diferenciada, indo desde o levantamento semanal, conforme a recomendação, até

levantamentos esporádicos.

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Tabela 22 - Realização de monitoramento de pragas, tipos de armadilhas e principais pragas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Faz monitoramento de pragas?

Utiliza armadilha para qual inseto-praga? Quais agentes etiológicos considera mais importante?

Sim Não 1 2 3 1 2 4 5 6 7 Frequência 19 1 15 16 3 17 13 2 3 1 1

% 95 5 75 80 15 85 65 10 15 5 5 1 – Mosca; 2 – Grapholita; 3 – Cidia; 4 – Cochonilha; 5 – Sitophilus; 6 – Bacteriose; 7 Podridão Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Fator preocupante para a pesquisa é que 55% dos persicultores que

compõem o estudo, considerarem as recomendações técnicas, normas PIP e

convencionais atuais para a cultura do pessegueiro, como pouco satisfatórias ou

insatisfatórias no que diz respeito ao atendimento das necessidades da cultura

(TABELA 23). Portanto, são necessários estudos para verificar os pontos de maior

carência da pesquisa em relação ao atendimento das necessidades do produtor.

Tabela 23 – Grau de satisfação quanto às recomendações para a cultura, no que diz respeito ao atendimento das necessidades de produção, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Produtor Plenamente satisfatórias Satisfatórias

Pouco satisfatórias Insatisfatórias

Frequência 1 8 10 1 % 5 40 50 5

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Sabe-se que, relacionado ao uso de agrotóxicos, tem-se uma série de

questões como, por exemplo, dosagem, regulagem dos equipamentos, condições

meteorológicas, uso de equipamento de proteção individual, eficiência e eficácia para

se atingir o alvo do controle, etc. Por isso, é muito importante uma orientação correta

e constante por parte de profissional qualificado. A principal fonte de orientação para

a pulverização de defensivos fitossanitários para os produtores estudados são os

profissionais da Emater (FIGURA 4). E, a segunda fonte mais importante sobre o uso

de agrotóxicos é o atendente da revenda, pois, sem uma orientação técnica

adequada, pode representar um fator de risco ao próprio fruticultor uma vez que,

conforme o exposto por Soares et al. (2003), os trabalhadores que têm o vendedor

como orientador na compra e no uso de agrotóxicos, têm 73% a mais de chance de

se intoxicar em relação àqueles que têm um profissional habilitado para tal.

A assistência prestada por profissionais ligados às Empresas Agroindustriais

é a terceira mais importante, principalmente devido ao perfil do produtor, basicamente

voltado à produção de pêssego tipo indústria e ao trabalho realizado por algumas

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Empresas Agroindustriais, junto com a UFPel, na divulgação da PIP e da

industrialização de lotes piloto de pêssego rastreado.

102

84

74

29

27

20

20

15

10

0 50 100 15

Técnico da Emater

Atendente Revenda

Vinculada a Indústria

Agrônomo contratado

Embrapa

Não Recebe

Próprio Agricultor tem habilitação

Universidade

Outro

Grau de importância

Assis

tênc

ia t

écni

ca e

fetiv

a

Figura 4 - Fonte de orientação para o uso de agrotóxicos, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Os profissionais que atuam na área possuem papel importante na apropriação

de qualquer tecnologia, não sendo diferente para a PI. Dos produtores que compõem

a amostragem, 60% são estimulados pelo profissional que lhe dá assistência a

adotarem a PI. Contudo, apenas 35% adotam a caderneta de campo para anotação

dos dados referentes ao pomar, sendo que esse seria o primeiro passo para que o

persicultor pudesse realizar a rastreabilidade, condição sine qua non, para ter-se uma

PIP certificada (TABELA 24).

Tabela 24 - Motivação para o uso da produção integrada e uso da caderneta de campo preconizada pela PI, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). O agrônomo ou técnico que dá

assistência o motiva para o uso da PIUsa caderneta de campo

preconizada pela PI Produtor SIM NÃO SIM NÃO

Frequência 12 8 7 13

% 60 40 35 65 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Quando solicitado aos produtores que dessem uma nota aos trabalhos

desenvolvidos pelas instituições que atuam com a cultura na região – Emater, UFPel

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e Embrapa – as notas obtidas foram bastante semelhantes, situando-se entre 7,35 e

7,40 (FIGURA 5).

Os principais aspectos levantados pelos produtores quanto ao trabalho da

Emater foram: número reduzido de profissionais para atender a demanda da região,

na opinião de oito produtores, seguido pela excelente qualidade dos técnicos que

permite ao produtor ter plena confiança nas orientações recebidas e a realização dos

financiamentos PRONAF, a qual é de grande importância para a manutenção da

viabilidade financeira das propriedades. No que concerne ao trabalho realizado pela

UFPel, foi destacada a atuação na PI, sendo levantada por sete produtores, e, outros

seis afirmaram que nunca ouviram falar dos trabalhos realizados pela Universidade na

cultura do pêssego. A Embrapa teve destacado seu papel no desenvolvimento de

novas variedades, citado por seis produtores.

Espontaneamente, ao darem a nota, os produtores citaram como áreas

carentes de conhecimento que as instituições deveriam atuar: controle da podridão-

parda e da mosca-das-frutas, estabelecimento de padrão para o pêssego da região,

resistência a pragas, variedades de coloração da casca vermelha para o mercado da

fruta in natura e novos porta-enxertos.

0

2

4

6

8

10 7,39 7,36 7,4

Not

a

Instituição

Emater UFPel Embrapa

Figura 5 - Nota média para o trabalho realizado na cultura do pêssego atribuída ao desempenho da Emater, UFPel e Embrapa, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

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Na avaliação feita sobre a existência de equipes preparadas para darem

orientação em PIP e realizarem certificação, verificou-se que e a maioria dos

produtores considera que na região onde produzem, não existem equipes aptas

(TABELA 25). É apontado como principal fator, a falta de conhecimento sobre PI e/ou

da realidade do produtor por parte dos técnicos, sendo que esses fatores em conjunto

representaram 90% daqueles persicultores que consideram não existirem

equipes/técnicos aptos para tal atividade.

Tabela 25 - Existência de equipes preparadas para darem orientação em PIP e realizarem certificação na região de atuação do produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Produtor SIM NÃO Não responderamFrequência 4 11 5

% 20 55 25 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

A adequação das recomendações para a cultura do pêssego, medida através

de pergunta aberta, foi agrupada de acordo com as características das respostas

(TABELA 26). Pode-se verificar que a maioria dos produtores considera que elas são

suficientes para o manejo da cultura e o sucesso da exploração econômica da

atividade. Assim, 65% dos produtores investigados acreditam que as recomendações

para a cultura são suficientes enquanto 35% pensam serem estas insuficientes.

Tabela 26 - Opinião do produtor de pêssego a respeito das recomendações atuais para a cultura, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Produtor Suficiente Insuficiente Frequência 13 7

% 65 35 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Verifica-se que 11 produtores entrevistados (55%), não recomendam a

persicultura como atividade a ser explorada economicamente por outros agricultores

(TABELA 27), principalmente pelos riscos pertinentes à cultura, e pela pouca

perspectiva de futuro que vêem na atividade, tendo em vista a ocorrência de muitos

plantios novos, entrada de produto importado, além dos riscos climáticos. Além disso,

dentre os produtores que recomendam o cultivo do pessegueiro, apenas um

recomenda a busca da certificação PIP. Tal fato pode parecer contraditório quando

analisamos que 60% dos produtores, que compõe o estudo, pretendem manter a área

de pêssego e 35% aumentá-la (TABELA 19) e que 60% são estimulados a adotar PI

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(TABELA 24), entretanto, esta posição reflete a não visualização, por parte do

produtor, da obtenção de ganhos adicionais em função da realização de certificação.

Além disso, estes já realizaram o investimento inicial de implantação da cultura e

possuem a estrutura necessária para explorar o empreendimento o que torna o

processo de mudança de atividade de difícil execução. Ademais, verifica-se que 70%

dos produtores do estudo pretendem diversificar suas atividades de modo a garantir

sua renda (TABELA 20), evidenciando que a especialização na cultura do pêssego

não lhes tem dado segurança, quanto a viabilidade de longo prazo da propriedade.

Ressalta-se que a safra 2006/2007, em que se fez o levantamento das

informações, a cultura do pêssego não apresentou problemas de comercialização,

uma vez que as geadas tardias fizeram com que ocorresse frustração de safra na

Serra do Nordeste Gaúcha e mesmo em algumas áreas da Zona Sul, o que elevou o

preço de venda do produto e proporcionou que uma grande parte do pêssego

indústria fosse absorvido pelo mercado da fruta para consumo in natura.

Tabela 27 - Recomendação do cultivo do pêssego a outros produtores e sistema de cultivo, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Recomendação da cultura do pêssego a outros produtores Sistema de Cultivo recomendado

Produtor SIM NÃO PC TA-PIP PIP Frequência 9 11 1 7 1

% 45 55 5 35 5 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Dentre os objetivos da PIP, encontram-se a preservação e o respeito ao

ambiente através de ações que visem minimizar o impacto ambiental da cultura.

Assim, são de grande importância tanto o local de captação de água para o pomar e

as pulverizações quanto o de preparo da calda, sendo que ambos são pontos críticos

de controle, já que vazamentos nesse momento podem levar a contaminações do

solo e dos recursos hídricos da propriedade. Além disso, o uso de água inadequada

nas pulverizações, com problemas de sólidos em suspensão, pH, etc. pode levar à

ineficiência dos produtos fitossanitários utilizados, agravando o problema existente no

pomar pelo não controle do agente etiológico, acarretando danos econômicos

importantes ao agricultor. Somente dois produtores utilizam água proveniente de poço

artesiano, sendo os locais mais importantes, como fonte de água para pulverizações,

açude, cacimba e arroio/sanga (TABELA 28), de difícil monitoramento da qualidade

da água, pela variabilidade sazonal. Além disso, essas fontes de água podem ser

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utilizadas por animais, seres humanos ou para irrigação. Outro fator importante, é que

também são de fácil contaminação por vazamentos e/ou acidentes com produtos.

Essa característica já foi apontada por Tibola et al. (2007) que verificou que em torno

de 80% dos fruticultores coletam a água através do coletor do pulverizador,

diretamente nos córregos ou açudes, ocasionando contaminações devido ao refluxo

de calda no final da captação. Também foram verificadas contaminações no momento

de preparo da calda, devido a derramamentos, muitos desses nas proximidades de

fontes d’água.

Tabela 28 - Local de captação da água e de preparo da calda de pulverização, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Local de captação de água

para o pomar* Local de preparação da calda

Produtor Açude Cacimba Arroio /sanga

Poço artesiano

Ponto fixo Galpão Açude Pomar

Frequência 14 7 2 2 7 5 2 7 % 70 35 10 10 35 25 10 35

*alguns produtores captam água para pulverização em mais de um local Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Nos últimos anos vem sendo estimulado pela indústria de agrotóxicos, poder

público, instituições de pesquisa, assistência rural, revendas, entre outros agentes da

cadeia produtiva o recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos e o uso de

equipamento de proteção individual (EPI) durante as pulverizações agrícolas. Nota-se

que ambos os objetivos foram atingidos com 100% de eficácia, pois todos os

produtores componentes da amostragem enviam as embalagens para a Central de

Recebimento e Reciclagem de Embalagens Vazias de Agrotóxicos após realizarem a

tríplice lavagem e utilizando o EPI (TABELA 29), o que representa um avanço

importante ao encontrado por Tibola et al. (2007), os quais verificaram que apenas

50% dos produtores retornavam as embalagens e 30% realizavam a tríplice lavagem.

Contudo, a realização de treinamentos em que se conscientize o produtor

sobre os perigos embutidos no uso de produtos fitossanitários, cuidados no

armazenamento e teste da colinesterase para verificar possíveis intoxicações

crônicas, viriam a contribuir na garantia da saúde do agricultor, uma vez que,

conforme Veiga (2007), muitos EPIs apresentaram problemas de projeto, havendo

uma grande discrepância entre o estado da técnica no projeto dos EPIs (melhores

práticas) e os EPIs difundidos na agricultura que, além de não protegerem

integralmente o trabalhador, ainda agravaram os riscos e perigos, pois, podem tornar-

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se fontes de contaminação por agrotóxicos. Segundo este autor, os métodos de

limpeza expõem os trabalhadores rurais a contaminações imediatas, tanto na limpeza

em si, quanto ao vestir e despir um EPI contaminado.

Tabela 29 - Destinação das embalagens de agrotóxicos e uso de EPI, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Destinação das embalagens de

agrotóxicos Usa EPI Produtor Central Sim Não

Frequência 20 20 0 % 100 100 0

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

A utilização de produtos fitossanitários pertencentes à grade de agroquímicos

da PIP é de grande importância para atingir-se novos mercados para o pêssego. Os

produtores estudados utilizaram, na safra 2006/2007, nove produtos não constantes

da grade (TABELA 30). Além disso, o produto Lebaycid, utilizado por 9(45%)

produtores componentes da amostragem, tem como ingrediente ativo a Fentiona, que

não consta na grade de agrotóxicos permitidos na PIP. Outro problema decorrente do

uso de produtos não recomendados é a falta de informação disponível ao produtor

sobre o período de carência do produto, o que pode levar a comercialização de frutas

com altos níveis de agrotóxicos. Com isso, recomenda-se a realização de novos

trabalhos de pesquisa visando o levantamento de resíduos de produtos fitossanitários

nas frutas comercializadas, tanto in natura quanto industrializadas. Outro fator que

pode ser apontado como estimulador do uso incorreto ou indevido de agrotóxicos é a

menor importância dada à ausência de resíduos de agrotóxicos para a tomada de

decisão de compra por parte do consumidor, sendo este fator, menos importante em

relação a preço, aparência, sabor e aroma, conforme apontado por Rombaldi et al.

(2007).

Assim, embora o controle de pragas não tenha sido apontado,

espontaneamente, pelos produtores como limitante para a adoção da PI, todos

realizaram ao menos uma pulverização com produto não constante da lista de

agrotóxicos recomendados pela PIP. Deste modo, torna-se importante, também, a

realização de pesquisas sobre métodos de amostragem e monitoramento da

ocorrência de insetos-praga, potencial e nível de dano econômico e alternativas de

controle para a cultura de modo a viabilizar a não adoção de produtos não constantes

da grade de agrotóxicos recomendados pela PIP.

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Tabela 30 - Agrotóxicos utilizados na cultura do pessegueiro e número de agricultores que usaram, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Agrotóxico(Marca comercial/Ingrediente ativo)

Número de produtores que usaram

Folicur* (Tebuconazol) 12 Dimetoato* (Dimetoato) 10 Lebaycid (Fentiona) 9 Captan* (Captana) 7 Perfecthion (Dimetoato) 7 Derosol (Carbendazim) 6 Dithane* (Mancozeb) 6 Manzate* (Mancozeb) 6 Amistar* (Azoxistrobina) 3 Malathion* (Malationa) 3 Rovral* (Iprodiona) 3 Bayfidan (Triadimenol) 2 Imidan (Fosmet) 2 Score (Difenoconazole) 2 Auto 100 (Ciproconazol) 1 Dimexion (Difenoconazol) 1 Dodex* (Dodina) 1 Orthocide* (Captana) 1 Triona* (Óleo mineral) 1 Zap (Tifosato + sal de potássio) 1 Outros (não lembravam o nome) 4 * Produtos pertencentes à grade de agroquímicos para PIP. Todos os produtores fizeram entre uma e duas aplicações de Glifosato no pomar - Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

O acesso a programas governamentais de crédito e/ou auxílio ao fruticultor

atinge 85% dos produtores componentes da amostra indicando a importância destas

ações para a viabilização da atividade rural (TABELA 31), evidenciando que a

existência de linhas de crédito para a realização de certificação de PI, pode ser

importante como viabilizadora de sua adoção.

Tabela 31 - Acesso aos programas governamentais de incentivo ao agricultor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Produtor PROFRUTA PRONAF Custeio

PRONAF Invest. Município

Não usa Outros

Respostas 4 13 10 1 3% 20 65 50 5 15

Finame, Proger, BNDES

Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

Dentre os principais aspectos apontados livremente pelo produtor de pêssego

como importante no desenvolvimento da cultura e na viabilidade econômica da

propriedade, estão a necessidade de novas variedades, maiores estudos para o

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controle da podridão-parda e da mosca das frutas, e o trabalho de marketing visando

aumentar o consumo do pêssego (TABELA 32).

Tabela 32 - Aspectos apontados livremente pelos produtores de pêssego como importantes para a cultura, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).

Algo não perguntado A fruticultura é uma cultura excelente de enorme potencial futuro, porém, faltamvariedades e encontrar soluções para resolver problemas relacionados às podridões.A indústria deveria dar assistência ao produtor. Divulgação para aumentar o consumo de pêssego, tanto in natura quantoindustrializado. Maior necessidade de orientação técnica. Falta marketing, atraso de pagamentos da indústria prejudicam setor, indústria semcapital de giro, políticas se concentram no produtor não contemplando os demais elosda cadeia do pêssego. Entraves burocráticos para obter financiamento para quem não tem cadastro de bompagador. Falta de mão-de-obra em quantidade e qualidade. Propaganda para incentivar o consumo de pêssego. Necessidade de melhorar a estrutura viária dos municípios. Seguro e zoneamento agrícola. Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.

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5 Considerações gerais

O amplo espectro verificado no uso da tecnologia de produção integrada de

pêssego, indo desde produtores que fazem um cultivo próximo ao convencional até

alguns que se aproximam de uma produção integrada possível de ser certificada, é

característica de uma indústria fragmentada, segundo conceito de Porter (1996). A

noção essencial de um meio competitivo fragmentado é a ausência de líderes de

mercado com influência sobre a atuação da indústria como um todo (PORTER, 1996).

Ressalta-se que toda a inovação técnica, incluindo uma nova maneira de

produzir/cultivar um produto (no presente caso, o pêssego) envolve uma incerteza,

principalmente por acarretar mudança de rotina e dúvida quanto ao resultado,

conforme mencionado por Nelson & Winter (2005). Certamente, isto acontece devido

a resistência apresentada pelos produtores em realizar a certificação da PIP, pois

esta altera a rotina em relação aos cultivos anteriores em muitos aspectos, como por

exemplo, o controle de pragas através de monitoramento e não mais por calendário,

realização de poda verde, anotações de todas as práticas em caderneta de campo e

uso somente de agrotóxicos recomendados, entre outros aspectos.

Contudo, essa característica de adoção da certificação PIP, é perfeitamente

compreensível, pois, provavelmente estejamos vivendo a fase onde ocorre o que

Nelson & Winter (2005), denominaram de aprimoramentos marginais. Neste caso

seriam a extensão de uso de agrotóxicos, surgimento na região de empresas de

certificação, consolidação das técnicas de monitoramente de pragas junto ao

produtor, entre outras.

Também é importante destacarmos a adoção da PIP sob a ótica da teoria do

desenvolvimento econômico de Schumpeter (1982), que afirma que é a conveniência

que regula a produção tecnológica e econômica, sendo que a tecnologia só

desenvolve métodos produtivos para bens procurados. Deste modo, o objetivo da

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produção tecnológica é determinado pelo sistema econômico.

Portanto, vemos que na medida em que aumentar o conhecimento sobre as

vantagens da PI pelo consumidor, esse passará a exercer uma pressão sobre a

cadeia produtiva, no sentido de que essa venha a oferecer produtos rastreados e

cultivados sob produção integrada. Nesse caso, torna-se importante a formulação de

políticas públicas, de divulgação dos benefícios da PI, de forma a estimular o

consumidor a procurar por produtos oriundos deste sistema de produção e a criação

de estruturas de apoio ao produtor rural através de crédito, assistência técnica e

geração de pesquisa, assim estimulando a adesão ao processo de certificação PIP.

Como a produção não “cria” valor, mas sim a satisfação de necessidade, a

busca de novos mercados nos quais um artigo (no caso pêssego produzido em

sistema de PI) ainda não tenha se tornado familiar e no qual não é produzido, é uma

fonte extraordinariamente rica de lucro empresarial (SCHUMPETER, 1982).

Com isso, programas que visem difundir os conceitos de PI junto ao

consumidor, objetivando a criação de demanda para o pêssego produzido nesse

sistema, permitirá aos produtores que se enquadrarem no mesmo, a obtenção de

lucros superiores em comparação àqueles que estão mais próximos de uma produção

convencional. Contudo, isto deve ser realizado, concomitantemente, com ações que

visem a solidificar os conceitos e o uso da PI junto aos produtores, principalmente,

porque aumentos bruscos de demanda podem levar ao não atendimento dessa

necessidade e à frustração por parte do consumidor.

Apesar de não existirem, dentro da amostra estudada, agricultores que

realizam produção integrada certificada, há os que estão tecnologicamente bem

próximo disso, principalmente por visualizarem vantagens técnicas, econômicas e

ambientais no sistema. Por outro lado, existem produtores que adotaram tecnologias

aderentes a PI em um nível menor, principalmente pelo fato desta não ser uma

obrigação de mercado, e há os que estão mais à margem do processo, ou seja,

distante das empresas agroindustriais e do mercado da fruta in natura que pagam os

maiores valores pelo produto. São os que utilizam as tecnologias aderentes a PI e os

conceitos de BPA’s em menor grau.

Pode ser apontado como um dos motivos da existência desse gradiente

tecnológico entre os produtores, o fato de alguns estarem mais próximos, por

contrato, das empresas que já participaram de ações de rastreabilidade de lotes

pilotos de pêssego, em conjunto com a Universidade. Mas, é necessária a realização

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de estudos mais profundos para verificar até que ponto esse fator (proximidade com a

empresa agroindustrial) influencia a adoção da PIP.

Podemos inferir que o consumidor da cadeia agroalimentar não demandará

produtos oriundos da PI caso essa necessidade de consumo não seja estimulada

pelos demais agentes da cadeia, os quais deverão ser os propulsores desta

demanda.

Os conceitos schumpeterianos, também, são úteis para explicar o motivo pelo

qual não foi encontrada produção convencional de pêssego, nos padrões anteriores a

introdução dos conceitos de produção integrada no RS, em sua plenitude, pois a

existência de novos métodos de produção e organização, vêm concorrendo em

condições de superioridade com os velhos e pode significar a “morte” para os últimos.

Deste modo, temos que as vantagens visualizadas pelos produtores na PIP em

comparação com a PC, gradualmente, levam ao seu abandono.

Aspecto importante que deve ser levado em consideração, por todos os elos

que compõem a cadeia do pêssego, é o fato de que a adoção da PI e programas de

food safety são vistos, principalmente, como tecnologias que permitem atingir

determinado mercado ou buscar melhor remuneração pelo produto ofertado, sendo

estes programas, muitas vezes, abordados ou apontados, basicamente, como

barreiras não-tarifárias, sendo uma questão encarada mais pelo aspecto político que

técnico. Assim, aborda-se esse tema somente pelos pontos de vista de acesso ou não

a mercados, remuneração do produto, aumento do custo de produção e não como

programa que colabora na preservação ambiental, diminuição do uso de insumos e

preservação da saúde, tanto do produtor quanto do consumidor e por isso deveriam

tornar-se compulsórios não só para produtos que são destinados à exportação como,

por exemplo, maçã, manga, melão, entre outros, mas para produtos que destinam-se,

em quase sua totalidade, ao consumidor nacional, como o caso do pêssego.

Com isso, devemos pensar em geração, difusão e adoção de conhecimento

científico e tecnológico compatível com as demandas do mercado, tanto nacional

quanto internacional, capaz de atender as necessidades de mercado, preservação do

ambiente e a inocuidade do alimento como mecanismo de não dano à saúde. No caso

do Brasil, pode-se considerar que as condições para que isso ocorra já estão

colocadas, uma vez que já existe, para várias culturas, o conhecimento necessário

para implementação dos programas de alimentos seguros. Tal fato ocorrerá de

maneira mais significativa quando esses programas não forem abordados só como

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mecanismos de barreiras não-tarifárias, mas como conhecimento científico e

tecnológico que visam a otimização do uso dos recursos de produção e preservação

dos mesmos e da saúde da população.

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6 Conclusão

Não há propriedades certificadas com sistema PIP. Dentre as causas

identificadas como condicionantes dessa situação estão: 1) a falta de apropriação do

conceito pelos produtores e no mercado de comercialização e consumo; 2) a não

diferenciação e valorização dos produtos in natura e processados oriundos da PIP; 3)

a carência de agrotóxicos de nova geração registrados para a cultura, e, 4) a não

remuneração do produto diferenciado, que inclui vantagens do ponto de vista de

segurança, proteção ambiental e do trabalhador.

Outros fatores importantes observados foram: 1) o fato de não estar claro ao

produtor quais são as vantagens em se realizar a certificação PIP; 2) a tecnologia PIP

necessita evoluir de modo a adaptar-se às necessidades e características do sistema

produtivo das regiões estudadas, visando viabilizar o processo de certificação; 3) o

principal ponto de estrangulamento da PIP, para que o produtor a utilize em sua

plenitude, é a grade de agrotóxicos; 4) a falta de remuneração extra e/ou exigência do

consumidor desestimulam o produtor quanto à realização da certificação da PIP; 5) é

necessário trabalho de marketing/esclarecimento ao consumidor quanto às vantagens

de se consumir frutas produzidas sob a PIP; e, 6) é necessário uma política específica

de assistência técnica e crédito e/ou suporte financeiro ao produtor de modo a

viabilizar financeiramente o processo de certificação.

Embora, na opinião dos produtores, componentes da amostra, não existam

fortes barreiras técnicas para a adoção da PIP, a utilização de um grande número de

agrotóxicos não constantes da grade de produtos recomendados, pelas normas PIP,

evidencia a necessidade da adoção da extensão de uso respaldado pela realização

de trabalhos de técnicas de monitoramento e amostragem, controle e nível de dano

econômico das principais pragas e de seletividade e eficiência de agrotóxicos. Além

disso, com o aumento da oferta de pêssego no mercado da fruta para consumo in

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natura, poderão surgir problemas tecnológicos limitantes não apontados por este

estudo, uma vez que sua amostra compreendeu predominantemente produtores

especializados na produção de pêssego para indústria conserveira, menos exigente

em qualidade que o mercado de consumo in natura. Neste caso, certamente deverão

ser avaliados realizados novos estudos sobre as tecnologias recomendadas ao setor

produtivo pela pesquisa.

Também é necessário a realização de trabalhos continuados que visem

demonstrar a viabilidade econômica da adoção da PIP e sua certificação por

empresas acreditadoras/certificadoras.

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Apêndice 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

AGROINDUSTRIAL

Nome Produtor:_____________________________________________________

Código:_______________ Data da entrevista:_____/_____/_____

Escolaridade:__________________________________

Tempo na atividade Frutícola :_______anos

1 - O senhor produz pêssego para indústria ou para consumo in natura?

( ) indústria – Área______ ( ) in natura – Área______

( ) ambos - Área e %___________________

Variedade Área Variedade Área

2 – O senhor já ouviu falar em produção integrada? ( ) Sim ( ) Não

3 – O que o senhor entende por produção integrada de pêssego e por produção

convencional?

Produção Integrada

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Produção Convencional

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

4 - Conhece as normas da Produção Integrada de Pêssegos? ( ) Sim ( ) Não

Onde conheceu?___________________________________________________

5 - O senhor possui: ( ) Produção Convencional

( ) Produção Integrada de Pêssego Certificada

( ) Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de Pêssegos

( ) Produção Convencional combinada com Produção Integrada de Pêssego Certificada

( ) Produção Convencional combinada com Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de

Pêssegos

( ) Produção Integrada de Pêssego Certificada combinada com Tecnologias Aderentes à Produção

Integrada de Pêssegos

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6 - Pretende adotar Produção Integrada Certifcada?

( ) Sim ( ) Não, pretende apenas ter TA-PIP ( ) Não, pretende continuar com

Produção convencional

Por quê?

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

7 - Por quê o senhor não adota PIP certificada? Usar fichas

( ) Normas restritas demais ( ) Não acha eficiente ( ) Problemas de atrativos

(caça-moscas) ( ) Muito caro ( ) O mercado não remunera ( ) Não possui

assistência técnica adequada na região ( ) Não possui informação suficiente a

respeito

( ) Outro: __________________________________________________________

8 – O senhor acha que a PIP terá continuidade de longo prazo ou será extinta?

9 - O senhor tem obtido um diferencial a mais no valor de comercialização entre frutos

oriundos de produção convencional e produção integrada?

( ) Sim ( ) Não

A que o senhor atribui a existência ou não de diferença de preço de comercialização

entre PI e PC?

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10 - Em sua opinião, qual dos sistemas proporciona: - maior proteção do meio-ambiente? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença

- maior proteção do trabalhador? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença

- maior lucratividade? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença

- maior facilidade de manejo? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença

- maior economia de mão-de-obra? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença

11 - Está trabalhando na venda de fruta in natura? ( ) Sim ( ) Não

Pretende? ( ) Sim ( ) Não

Para onde o senhor está vendendo a fruta?

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12 - Como é a sua relação com a indústria/comprador? Comente.

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________

13 - Qual a vantagem de estar na PI?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

14 - Por que fazer PI?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

15 - Por que não fazer PI?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

16 - O que gastava mais na PC em relação a PI? Usar fichas.

( ) monitoramento de pragas ( ) inseticidas ( ) fungicidas

( ) herbicidas ( ) tempo ( ) mão-de-obra ( ) combustível

( ) equipamentos e implementos ( ) instalações ( ) adubação

( ) serviços de terceiros ( ) EPI ( ) mudas ( ) recursos financeiros

( ) outras______________________

17 - O que gastava menos na PC em relação a PI? Usar fichas.

( ) monitoramento de pragas ( ) inseticidas ( ) fungicidas

( ) herbicidas ( ) tempo ( ) mão-de-obra ( ) combustível

( ) equipamentos e implementos ( ) instalações ( ) adubação

( ) serviços de terceiros ( ) EPI ( ) mudas ( ) recursos financeiros

( ) outras_____________________________

18 - Quanto à utilização do tempo, como é a distribuição do uso de mão-de-obra ao

longo do ano?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

19 - O senhor conhece outras cultivares de pêssego além daquelas que cultiva?

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Quais?

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________

20 - Que características o senhor busca nas novas cultivares? Usar fichas.

( ) precocidade ( ) ciclo longo ( ) período de colheita curto ( ) período de colheita

longo ( ) tamanho de fruto ( ) formato de fruto ( ) durabilidade de

prateleira ( ) maior rendimento na indústria ( ) coloração da casca ( ) cor

da polpa

21 – O senhor busca recursos de terceiros para a atividade frutícola?

( ) Sim ( ) Não

Tem conseguido pagar regularmente? ( ) Sim ( ) Não

22 - Utiliza equipamentos emprestados por outros ou empresta equipamentos para

outros produtores? ( ) Sim ( ) Não Quais?_______________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

23 - O que pensa em relação a substituir cultivares e quais as mais interessantes?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

24- Está pensando em manter, aumentar ou diminuir área? Por quê?

( ) Manter ( ) Aumentar ( ) Diminuir

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________

25 - Usa mudas certificadas? ( ) Sim ( ) Não

26 - O senhor faz monitoramento de pragas? ( ) Sim ( ) Não

- Tipos de armadilhas___________________________________________________

27 - Quais pragas o senhor considera as mais importantes?

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________

28 – O que o senhor acha das recomendações atuais para a cultura do pêssego,

quanto ao atendimento das necessidades do produtor e do mercado? ( ) plenamente satisfatórias ( ) satisfatórias ( ) pouco satisfatórias ( ) insatisfatórias

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29 - Quem lhe dá orientação para aplicação de agrotóxicos? Usar fichas.

( ) Técnico da Emater ( ) Atendente da revenda ( ) Universidade

( ) Embrapa ( ) Agrônomo contratado ( ) Não recebe

( ) O próprio agricultor tem habilitação para emitir receiturário ( ) Vizinhos

( ) Cooperativa ( ) Vinculada a Indústria ( ) Outro: ______________________

30 - O agrônomo ou técnico que lhe dá assistência o motiva para o uso da PI?

( ) Sim ( ) Não

31 – O senhor usa a caderneta de campo preconizada pela PI? ( ) Sim ( ) Não

32 – O senhor pretende diversificar a cultura do pêssego com outros cultivos?

( ) sim ( ) não Quais?_____________________________________________

33 – O que o senhor pensa sobre os trabalhos realizados pela Embrapa na produção

integrada e na produção convencional de pêssego, nos últimos 5 anos? (pergunta em

dois tempos) De 0 a 10 qual nota o senhor daria? Por quê?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

PI nota: __________ PC nota: ________ 34 – O que o senhor pensa sobre os trabalhos realizados pela Universidade Federal

na produção integrada e na produção convencional de pêssego, nos últimos 5 anos?

(pergunta em dois tempos) De 0 a 10 qual nota o senhor daria? Por quê?

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________PI

nota: __________ PC nota: ________

35 – O que o senhor pensa sobre a assistência prestada pela EMATER na produção

integrada e na produção convencional de pêssego, nos últimos 5 anos? (pergunta em

dois tempos) De 0 a 10 qual nota o senhor daria? Por quê?____________________

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________

PI nota: __________ PC nota: ________

36 - O senhor considera que na região existam equipes preparadas para darem

orientação e realizarem certificação? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ___________

____________________________________________________________________

37 - O que o senhor acha das recomendações atuais para a cultura do pessegueiro?

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____________________________________________________________________3

38 - Quanto a rentabilidade financeira, o senhor recomendaria a outro produtor entrar

na atividade da persicultura? ( ) Sim ( ) Não

Recomendaria: ( ) produção convencional ( ) produção integrada não-formalizada

( ) produção integrada formalizada Por quê?____________________

39 – Que outras atividades agrícolas e pecuárias são desenvolvidas na propriedade?

Qual a importância da renda gerada por estas para a manutenção da família em

comparação com a fruticultura?___________________________________________

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________

40 - Qual o local de captação de água para o pomar? _________________________

____________________________________________________________________

41 - Qual o local de preparação da calda?

____________________________________________________________________

42 – Qual a destinação das embalagens?___________________________________

____________________________________________________________________

43 – Usa EPI? ( ) Sim ( ) Não

44 – Usa produtos que não são recomendados na PI? ( ) Sim ( ) Não Quais?

____________________________________________________________________

45 – O senhor já participou de rodadas de negócios junto ao Banco do Brasil?

( ) Sim ( ) Não – Pretende participar? ( ) Sim ( ) Não

46 - Tem acesso a programas do governo federal / estadual / municipal para

fruticultura? Como avalia esses programas?

( ) PROFRUTA (estadual) ( ) PRODEFRUTA (federal) ( ) PRONAF

Custeio

( ) PRONAF Investimento ( ) Município_________________________________

47 - Algo importante que não foi perguntado e que gostaria de salientar? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Apêndice 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE AGRONOMIA “ELISEU MACIEL” DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

AGROINDUSTRIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL

Senhor Produtor,

Com o intuito de conhecer melhor a cadeia de produção de pêssego do RS e, assim, ajudar a promover o crescimento desta, estamos realizando pesquisa acadêmica que integra uma tese de Doutorado, que está sendo realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial (PPGCTA), na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas (FAEM/UFPel).

Este trabalho tem por objetivo analisar a situação atual dos produtores de pêssego e as perspectivas que estes têm com a cultura e se esta permitirá renda satisfatória ao agricultor e qual(is) o(s) entrave(s) para a maior adoção da produção integrada. Com este trabalho, busca-se ter maior conhecimento dos ganhos ou perdas obtidos com a adoção da produção integrada em comparação à produção convencional de pêssego. Além disso, os seus resultados podem permitir uma reflexão da situação atual do produtor de pêssego destinado à indústria e ao consumo in natura, fornecendo subsídios para formulação de políticas de apoio para a cadeia produtiva. Para evitar qualquer tipo de constrangimento, o nome do produtor, assim como as respostas dos questionários, serão estritamente confidenciais. Todos os produtores que participarem deste estudo terão acesso às informações, análises e conclusões do trabalho. Pela sua importância dentro do conjunto do sistema produtivo local, a contribuição do produtor é imprescindível para ampliar as informações que permitirão uma análise mais consistente da realidade do setor. Assim sendo, antecipadamente agradeço a vossa participação. Atenciosamente,

Silon Junior Procath da Silva Doutorando PPGCTA/FAEM/UFPel

Jorge Adolfo Silva Coordenador PPGCTA/FAEM/UFPel

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Apêndice 3

Formulário de consentimento Prezado Informante:

Por favor, leia o texto a seguir. Ele apresenta informações importantes a respeito do estudo de que você fará parte. Após isso, assine o documento, indicando que você entende a natureza desta pesquisa e que consente participar dela.

DADOS DA PESQUISA Investigador: Silon Junior Procath da Silva, doutorando, Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas – UFPel. Professor Orientador: Volnei Krause Kohls – Professor e pesquisador.

PROPÓSITO E BENEFÍCIOS Este trabalho tem por objetivo analisar a situação atual dos produtores de

pêssego, as perspectivas que estes têm com a cultura e se esta permite renda satisfatória ao agricultor e qual(is) o(s) entrave(s) para a maior adoção da produção integrada.

A pesquisa em questão é requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, a qual faz parte do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

PROCEDIMENTOS Será realizada uma entrevista pessoal em que o informante responderá um

questionário onde constam perguntas abertas (dissertativas) e fechadas (objetivas).

OUTRAS INFORMAÇÕES

A participação no estudo é de caráter voluntário. Os participantes têm a liberdade de cancelar a participação a qualquer momento. Caso haja coleta de material de áudio (gravações), este será ouvido pelo examinador e orientador. Somente estes terão acesso ao material de áudio. Este ficará de posse do examinador até o final da pesquisa sendo, posteriormente, destruído.

A identidade de todos os participantes permanecerá confidencial. Ao participar da pesquisa, será atribuído um número de identificação ao informante, de modo que o seu nome nunca seja divulgado.

DECLARAÇÃO Declaro que li e compreendi a informação acima e que aceito participar dessa

pesquisa.

Nome do Informante

Assinatura