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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial
TESE
Diagnóstico da Apropriação de Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de Pêssegos no Rio Grande do Sul
Silon Junior Procath da Silva
Pelotas, 2009.
SILON JUNIOR PROCATH DA SILVA
DIAGNÓSTICO DA APROPRIAÇÃO DE TECNOLOGIAS ADERENTES À PRODUÇÃO INTEGRADA DE PÊSSEGOS NO RIO GRANDE DO SUL
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências (área do conhecimento: Ciência e Tecnologia Agroindustrial).
Orientador: Volnei Krause Kohls
Co-orientador:
Cesar Valmor Rombaldi
Pelotas, 2009.
Banca examinadora: _________________________________________ Volnei Krause Kohls (Orientador) _________________________________________ Andrea de Rossi Rufato _________________________________________ Marcos Botton _________________________________________ Nelson Luis Finardi _________________________________________ Paulo Rigatto
À minha esposa, Mônica Matias de Magalhães,
pela compreensão dos dias de ausência e amor
dedicado e à minha mãe Nara Maria dos Santos
Prockt pela importância dada à formação de seus
filhos.
DEDICO
Agradecimentos
Ao contribuinte brasileiro que, com seu trabalho e o pagamento de impostos,
mantém uma estrutura de ensino superior pública e de qualidade, tendo
proporcionado a mim uma formação superior integral e gratuita.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Volnei Krause Kohls, pelo conhecimento
transmitido, paciência, dedicação e pela constante troca de idéias que me
proporcionaram grande crescimento pessoal.
Ao Prof. Dr. Cesar Valmor Rombaldi pelo apoio dado desde o dia em que
fazer o doutorado era apenas uma idéia até à sua conclusão, e pelo exemplo de
dedicação à ciência e busca do bem comum.
Ao Prof. Dr. Paulo Rigatto pelo auxílio na montagem das tabelas de custos e
incentivo para a realização deste e de outros trabalhos.
À Direção da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel pelo apoio aos
engenheiros agrônomos para que se qualifiquem e pela liberação para que pudesse
me dedicar à realização do curso.
Ao Setor de Transportes da Prefeitura Universitária que realizou o transporte
da equipe de pesquisa até as propriedades rurais, sempre com muito afinco.
Aos produtores de pêssego que abriram as portas de suas casas à equipe de
pesquisa e deram acesso a todos os dados de suas propriedades, sempre nos
recebendo com muito carinho.
À Embrapa, especialmente aos pesquisadores Dr. Marcos Botton (CNPUV) o
qual nos ajudou a realizar o trabalho junto aos produtores da Serra Gaúcha e Dr. João
Carlos Madail (CPACT) que auxiliou na construção do questionário e das tabelas de
custos.
À Emater, especialmente o engenheiro agrônomo Geraldo Torchelsen que
auxiliou na elaboração do questionário e no contato com produtores.
À colega e amiga Roberta Mânica-Berto, pela companhia nas visitas aos
produtores, troca de idéias e pela ajuda durante todo o período de realização do
doutorado.
Aos amigos Getúlio Ribeiro Camargo, Rogério Antônio Freitag e Vilson Borba
Pinto pelo apoio e amizade durante todos esses anos, por tantas ajudas nas horas
difíceis e pela companhia nos bons momentos.
Aos professores da FAEM, Dr. Anderson Dionei Grutzmacher e Andrea de
Rossi que colaboraram na construção dos questionários.
“A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo!” Peter Drucker
Resumo
SILVA, Silon Junior Procath da. Diagnóstico da Apropriação de Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de Pêssego no Rio Grande do Sul. 2009. 104f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
A Produção Integrada de Pêssego (PIP) tem seu marco inicial no Brasil em
1999 e passados 7 anos de sua implantação, analisou-se o nível tecnológico e de
adoção desse sistema de produção junto aos produtores de pêssego. Nesse trabalho
analisou-se a apropriação do conhecimento existente, pondo em evidência os
principais fatores positivos e limitadores para sua validação. Para isso, adotou-se,
como método de estudo, a aplicação de questionário semi-estruturado junto a 20
produtores de pêssego. Coletaram-se dados relacionados à unidade de produção e
ao nível tecnológico da propriedade, no período de 2006 a 2007. Os principais fatores
apontados como limitantes para a gestão da produção integrada de pêssego são: o
incompleto conhecimento sobre a normativa, a restrita lista de agrotóxicos registrados
para a cultura, e, com grande destaque negativo, a falta de diferenciação,
popularização e remuneração para a fruta produzida sob a PIP. Os pontos
detectados como altamente positivos da PIP são: a ampla discussão e conhecimento
sobre os conceitos da PIP junto aos produtores, a identificação e validação dos
benefícios ambientais e de proteção do produtor e a redução do uso de insumos
externos, especialmente agrotóxicos e de operações de manejo do solo. Embora os
produtores não apontem fortes barreiras técnicas para a adoção da PIP no mercado
nacional, utilizam-se da pulverização de produtos não registrados para a cultura, o
que evidencia que aspectos ligados ao controle de pragas devem ser melhor
estudados. Além disso, não existe um estímulo direto ao produtor, do ponto de vista
de política pública, para que este a implante.
Palavras-chave: PIP, alimentos seguros, frutas de qualidade, sistema de produção.
Abstract
SILVA, Silon Junior Procath da. Diagnosis of the appropriation of technologies adherent to the integrated peach production in Rio Grande do Sul. 2009. 104f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. The integrated peach production (PIP) started in Brazil in 1999. Seven years after its
implantation, the technological appropriation of this production system by peach
producers was studied. In this work, the appropriation of the current knowledge was
evaluated, highlighting the main positive factors and limitations for its implantation. For
that, a semi-structured questionnaire was applied to 20 peach producers. Data related
to the production unit and the technological level of the property over the period of
2006 and 2007 were collected. The main factors pointed out as limiting for the
management of the PIP were: the incomplete knowledge of the normative, the restrict
list of agrochemicals registered for the culture, and with high negative impact, the lack
of differentiation, popularization and higher price for the fruit produced in the PIP. The
factors pointed out as highly positive were: broad discussion and knowledge of the PIP
concepts among producers, the identification and validation of the benefits for the
environment and safety for the producer, the reduction of use of external products,
specially agrochemicals, and the reduction of soil management practices. Although the
producers did not indicate strong technical barriers to the adoption of IPP in the
domestic market, the use of pesticides not registered for the peach orchard, which
highlights issues related to control of pests should be better studied. Also from the
viewpoint of public policy, there is no incentive for producers to implement the system
of integrated production.
Keywords: PIP, safe food, quality fruits, production system.
Lista de Figuras Figura 1 Somatório das notas dadas pelo produtor, sendo mais importante o
atributo quanto maior a nota, ao apontar o motivo pelo qual não adota a Produção Integrada de Pêssego formalizada, conforme o grau de importância em ordem decrescente, com pergunta induzida, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............................................................................................
60Figura 2 Diferenças de custo de produção de pêssego entre o sistema
convencional e o uso de tecnologias aderentes a produção integrada, com resposta induzida, de acordo com a nota atribuída pelo produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............................................................................................
67Figura 3 Principais características das novas variedades, desejadas pelos 20
produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da do Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul, com resposta induzida (2006/2007)............................................................................................
69Figura 4 Fonte de orientação para o uso de agrotóxicos, de acordo com os 20
produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............................................................................................
73Figura 5 Nota média para o trabalho realizado na cultura do pêssego atribuída
ao desempenho da Emater, UFPel e Embrapa, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............................................................................................
74
Lista de Tabelas
Tabela 1 Caracterização dos entrevistados quanto aos anos de estudo,
tempo de cultivo de pessegueiro e faixa etária, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
53
Tabela 2 Área de pomares de pêssego, número de cultivares e número de produtores por faixa, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................
54
Tabela 3 Cultivares, área média, freqüência e percentagem sobre a área total das 10 principais cultivares de pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................
55
Tabela 4 Principais cultivares de pêssego conhecidas pelos produtores de pêssego além daquelas que cultiva, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
55
Tabela 5 Principais características da produção integrada entendida, pelos persicultores, em comparação com a produção convencional de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
56
Tabela 6 Conhecimento das normas PIP e local onde os fruticultores obtiveram a informação sobre a tecnologia, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................
57
Tabela 7 Sistema de produção de pêssego adotado na propriedade, segundo declaração do próprio produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................
58
Tabela 8 Intenção, por parte do produtor, de realizar certificação PIP ou adotar TA-PIP e o motivo pelo qual toma a decisão, com resposta espontânea de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................
59
Tabela 9 Continuidade da produção integrada e obtenção de diferencial de preço pela adoção de TA-PIP, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)...................................................
60
Tabela 10 Razões apontadas como responsáveis pela não adoção da PI de
acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
61
Tabela 11 Comparação do sistema de produção integrada e de produção convencional de pêssego quanto à proteção do ambiente, proteção do trabalhador, lucro, facilidade de manejo e economia de mão-de-obra, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
62
Tabela 12 Participação em rodadas de negócios do Banco do Brasil, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
62
Tabela 13 Exploração do mercado de pêssego in natura e principais praças para as quais são enviadas frutas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
64
Tabela 14 Características da relação entre produtor e comprador, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)............
64
Tabela 15 Vantagens e motivos para adotar produção integrada apontadas espontaneamente pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
65
Tabela 16 Principais motivos para não estar na produção integrada apontados espontaneamente pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................
66
Tabela 17 Distribuição das atividades ao longo do ano nas propriedades produtoras de pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
68
Tabela 18 Substituição de pessegueiros e quais as mais interessantes para novos plantios, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................
70
Tabela 19 Perspectiva de evolução da área com pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)....................
70
Tabela 20 Produtores que pretendem diversificar o cultivo de pêssego com outras culturas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................
70
Tabela 21 Cultivos já desenvolvidos na propriedade e culturas as quais o persicultor pretende introduzir, de acordo com os 20 produtores de
pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)...................................................
71
Tabela 22 Realização de monitoramento de pragas, tipos de armadilhas e principais pragas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................
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Tabela 23 Grau de satisfação quanto às recomendações para a cultura, no que diz respeito ao atendimento das necessidades de produção, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
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Tabela 24 Motivação para o uso da produção integrada e uso da caderneta de campo preconizada pela PI, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)...................................
73
Tabela 25 Existência de equipes preparadas para darem orientação em PIP e realizarem certificação na região de atuação do produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007)....................
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Tabela 26 Opinião do produtor de pêssego a respeito das recomendações atuais para a cultura, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
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Tabela 27 Recomendação do cultivo do pêssego a outros produtores e sistema de cultivo, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)..............................................................
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Tabela 28 Local de captação da água e de preparo da calda de pulverização, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
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Tabela 29 Destinação das embalagens de agrotóxicos e uso de EPI, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
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Tabela 30 Agrotóxicos utilizados na cultura do pessegueiro e número de agricultores que usaram, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007)...................................................
79
Tabela 31 Acesso aos programas governamentais de incentivo ao agricultor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
79
Tabela 32 Aspectos apontados livremente pelos produtores de pêssego como importantes para a cultura, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).......................................................................................
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Lista de abreviaturas e siglas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
ATT – Acidez total titulável
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BP – Boas Práticas
BPA – Boas Práticas Agrícolas
BSE – Bovine Spongiform Encephalopathy
CCA – Comissão do Codex Alimentarius
CCAB – Comitê do Codex Alimentarius do Brasil
CNPUV – Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho
CPACT – Centro de Pesquisa de Agropecuária de Clima Temperado
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPI – Equipamento de Proteção Individual
EMATER - Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e
Extensão Rural
FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
Gap – European Retaliers Produce for Global Agricultural Practice
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia
ISO – International Organization for Standartization
FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
FINAME – Financiamento de Máquinas e Equipamentos
FOB – Free on Board
FUNRURAL – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural
HACCP - Hazard Analysis Critical Control Point
PI – Produção Integrada
PIF – Produção Integrada de Frutas
PIP – Produção Integrada de Pêssegos
PPHO – Procedimento Padrão de Higiene Operacional
IBRAF – Instituto Brasileiro de Frutas
IC – Instrumento de Coleta
ICONE – Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais
INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social
IOBC – International Organization for Biological and Integrated Control of Noxios
Animals and Plants
IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IR – Imposto de Renda
ITR – Imposto Territorial Rural
OIE – Organização Internacional para Saúde Animal
OMC – Organização Mundial do Comércio
OMS – Organização Mundial da Saúde
PAC – Política Agrícola Comum
PC – Produção Convencional
PROGER – Programa de Geração de Empregos
PRONAF – Programa Nacional de Agricultura Familiar
RS – Rio Grande do Sul
SAG – Sistema Agroindustrial
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAI – Serviço Nacional da Indústria
SST – Sólidos Solúveis Totais
TMA – Taxa Média de Atratividade
UFPel – Universidade Federal de Pelotas
Sumário
1 Introdução...............................................................................................................18
1.2 Problema da pesquisa .....................................................................................23
1.4 Objetivos..........................................................................................................24
2 Revisão de literatura ..............................................................................................25
2.1 Aspectos recentes da cadeia do pêssego .......................................................25
2.2 Relação entre produção integrada de pêssego e o processo de inovação
tecnológica.............................................................................................................30
2.3. Apropriação tecnológica..................................................................................33
2.4 Negócios agroalimentares ...............................................................................37
2.5 Programas de Alimentos Seguros ...................................................................38
2.5.1 Rastreabilidade .........................................................................................39
2.5.2 Boas Práticas Agrícolas (BPA)..................................................................39
2.5.3 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) .....................40
2.5.4 Codex Alimentarius ...................................................................................41
2.5.5 GlobalGap .................................................................................................42
2.6 Barreiras tarifárias e não tarifárias...................................................................42
2.7 Vetores de oferta e demanda ..........................................................................44
2.5 Estudo de Caso ...............................................................................................46
3 Material e Método...................................................................................................47
3.1 Escolha das regiões a serem estudadas .........................................................47
3.2 Elaboração do instrumento de coleta ..............................................................47
3.3 Validação e adequação do IC..........................................................................48
3.4 Coleta de dados...............................................................................................49
3.5 Período de realização......................................................................................50
3.6 Procedimentos de Aplicação dos Questionários..............................................50
4 Resultados e Discussão.........................................................................................52
5 Considerações gerais.............................................................................................81
6 Conclusão ..............................................................................................................85
7 Referências Bibliográficas......................................................................................87
Apêndice 1 ................................................................................................................97
Apêndice 2 ..............................................................................................................103
Apêndice 3 ..............................................................................................................104
1 Introdução
A Produção Integrada (PI), na qual a Produção Integrada de Frutas (PIF) está
inclusa, é definida pela “International Organization for Biological and Integrated
Control of Noxios Animals and Plants (IOBC)”, como “o sistema de produção que gera
alimentos e demais produtos de alta qualidade, mediante o uso de recursos naturais e
regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes e a garantia da
sustentabilidade da produção agrícola” (ANDRIGUETO & KOSOSKI, 2004). No Brasil,
o marco da PIF está associado à implementação desse sistema na produção de
maçã, em 1998 (PROTAS, 2003), seguida pela produção de pêssegos em 1999
(FACHINELLO et al., 2005). Em 2008 estima-se que a PIF esteja implantada ou em
fase de implantação em 14 espécies frutíferas no Brasil (MAPA, 2008).
A PIF tem seus princípios voltados à proteção ambiental, em comparação às
tecnologias mais tradicionais de produção frutícola, devido, principalmente, à
diminuição e substituição no uso de agrotóxicos e ao emprego de produtos mais
seletivos aos inimigos naturais das pragas, ou seja, de menor agressividade ao
ambiente. A ela se associam as práticas complementares de proteção ambiental e do
produtor rural, sendo todas as atividades registradas e validadas, visando
proporcionar a rastreabilidade da produção.
Empresas e produtores que adotam o sistema podem ofertar produtos de
qualidade, seguros, com proteção do meio ambiente, criando um benefício extra,
constituindo-se uma externalidade positiva do sistema de produção empregado
(ALVIM, 2003). A externalidade é utilizada, em geral, como referência ao custo ou
benefício envolvendo efeitos secundários que os produtores não atenderiam, mas que
são dados pelas novas tecnologias (NELSON & WINTER, 2005).
Na PIF, cada espécie frutícola possui normas próprias. Por exemplo, para a
cultura do pessegueiro foram publicadas, em 2003, as Normas Técnicas e
19
Documentos de Acompanhamento da Produção Integrada de Pêssego, sob
coordenação do Prof. Dr. José Carlos Fachinello da Universidade Federal de Pelotas.
A iniciativa foi baseada na problemática regional, na qual as práticas de manejo
convencional não contemplavam uma visão ampla do sistema e não ofereciam
segurança ao produtor, consumidor e ao meio ambiente.
Associam-se a isso, projeções que apontam para a necessidade de aumentar
em 10 vezes a produtividade dos recursos naturais nos próximos 50 anos, garantindo
a ecoeficiência e melhorias do desempenho econômico das corporações
(KIPERSTOK & MARINHO, 2001).
Além disso, no mercado global, há imposições cada vez mais restritivas, no
que concerne às importações de produtos agrícolas, tanto nos aspectos de segurança
do produto quanto ambientais. Também, precisa-se incrementar a competitividade
dos produtos brasileiros para compensar os subsídios e concessões indiretas
oferecidas pelos países da União Européia (UE) e os EUA (KIPERSTOK &
MARINHO, 2001). Há, a necessidade de novos sistemas de produção de modo a
garantir acesso pelos produtores a mercados mais exigentes e de maior poder
aquisitivo. Com isso, teria-se um aumento de área em produção usando tecnologia de
menor impacto ambiental, como por exemplo a PI, que proporcionaria, em princípio,
garantia de exportação para mercados exigentes do ponto de vista da
responsabilidade ambiental e de segurança dos produtos oferecidos ao consumidor.
Evidentemente que esses pressupostos devem ser prioritários para a oferta de
produtos nos mercados locais.
Para exportação à EU, por exemplo, entrou em vigor desde janeiro de 2005, a
normativa que restringe a importação de produtos que não possuam rastreabilidade.
Os produtos agroalimentares exportados para os EUA também devem possuir um
sistema de rastreabilidade devido à nova lei de Bioterrorismo, aprovada em 2004.
Além disso, a rastreabilidade virá associada à certificação de conformidade de
produção (FACHINELLO et al., 2004). As medidas estipuladas pela Lei de
Bioterrorismo apresentam implicações para todos aqueles que integram as cadeias de
abastecimento agroindustriais (CAMBOIM, 2003), incluindo, neste caso, o setor
frutícola.
Pode-se entender como cadeia agroindustrial os macrossegmentos de
comercialização, industrialização e produção de matérias-primas, que mantém entre
si uma sucessão de operações de transformação, relações comerciais e financeiras
20
e/ou ações que asseguram a articulação das operações sendo que, em muitos casos,
essas divisões não são facilmente identificáveis (BATALHA & SILVA, 2001).
Com o objetivo de manter o acesso aos mercados internacionais, o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o Programa de
Desenvolvimento da Fruticultura – PROFRUTA – como prioridade estratégica, e
estabeleceu, como meta principal, elevar os padrões de qualidade e competitividade
da fruticultura brasileira ao patamar de excelência requerido pelo mercado
internacional, em bases voltadas para o sistema integrado de produção,
sustentabilidade do processo e expansão da produção, do emprego e da renda
(ANDRIGUETO, 2004).
Embora as normas nacionais, quanto a PIF, sejam de adesão voluntária no
Brasil, elas tem se tornado praticamente obrigatórias, pois o produtor ou a empresa
que visa um produto diferenciado e competitivo no mercado internacional estará em
franca vantagem frente aos demais concorrentes e aqueles que não se enquadrarem,
tendem a ser postos à margem da dinâmica do comércio nacional e internacional.
Por outro lado, Cintra et al. (2004), estudando a dinâmica comercial da PIF no
Vale do São Francisco, afirmam que sua adoção ocasionou custos adicionais e
necessidade de reestruturação do sistema produtivo acarretando dispêndios onerosos
com consultoria, principalmente ao pequeno e ao médio produtor. Contudo, vários
apoios recebidos de programas governamentais colaboraram para o sucesso do
empreendimento. Como conseqüência, houve uma redução de 50% no uso de
agrotóxicos, se comparado ao sistema convencional de cultivo, proporcionando menor
pressão sobre o custo de produção e o meio ambiente, obtendo-se maior agregação
de valor ao produto sem a necessidade de transformação industrial. Deste modo, os
custos iniciais transformaram-se rapidamente em instrumentos e a região tornou-se o
principal pólo de exportação de frutas do Brasil.
Também, no contexto internacional e, mais especificamente na União
Européia (UE), a PIF é um sistema compulsório (CHEVRIN, 2002; MALAVOLTA et al.,
2003), no qual todo produto agroindustrial para consumo humano ou animal está
incluso, condicionando o acesso a mercados e à maneira pelas quais as medidas
sanitárias e fitossanitárias são formalizadas (TURINA, 2005). Portanto, o investimento
na adoção dessa sistemática torna-se requisito mínimo para o comércio de frutas e
outros alimentos nesses mercados e acredita-se que deverá se estabelecer como um
diferencial para o mercado nacional (TIBOLA & FACHINELLO, 2004).
21
Associada à PIF, a rastreabilidade se constitui no complemento fundamental
para que sejam atendidas as normativas exigidas pelo mercado atacadista e varejista,
bem como satisfazer às novas demandas do consumidor, principalmente do ponto de
vista da oferta de alimento seguro, produzido com respeito ao ambiente e de
qualidade superior, protegendo o produtor rural (FACHINELLO et al., 2000;
ROMBALDI et al., 2007).
Neste contexto, a PI torna-se uma alternativa para se obter uma produção de
qualidade, pois procura equacionar os problemas pelo uso de métodos
ecologicamente mais seguros, aumentando a proteção ao ambiente sem acarretar
prejuízos à saúde humana (FACHINELLO et al., 2001). Partindo desses
pressupostos, a PIF preconiza a produção de frutas com baixo impacto ambiental,
proteção ao produtor rural, rentabilidade e segurança do ponto de vista da inocuidade
alimentar (FACHINELLO et al., 2000).
Assim, em um contexto globalizado de mercados cada vez mais exigentes,
vários fatores são determinantes para a sobrevivência de uma cadeia produtiva, que
são: preço, qualidade, inovação, diferenciação, velocidade de atendimento aos
clientes, comunicação, compromisso social com a segurança ambiental e do alimento
(PONÇANO et al., 2004).
O mercado internacional está demandando alimentos seguros (food safety) e
livres de qualquer possibilidade de causar danos à saúde humana pela contaminação
com agrotóxicos, toxinas, microorganismos, parasitas ou agentes físicos.
As barreiras não-tarifárias impostas pelos países importadores têm forçado os
países produtores a se adequarem às rígidas normas fitossanitárias e a limites
máximos de contaminação dos produtos vegetais e animais por agrotóxicos,
micotoxinas e microorganismos, o que obriga, cada vez mais, os países produtores
provarem que atendem a tais normas e requisitos através de certificações
(MARIUZZO, 2004). Assim sendo, a PIF vem se tornando ferramenta importante para
essas garantias de modo a permitir acesso aos mercados consumidores de maior
poder aquisitivo, uma vez que pressupõe um menor uso de agrotóxicos e a não
utilização daqueles que apresentam maior agressividade ambiental.
A PIF assume especial importância quando analisamos o caso da exportação
de maçã para a França, sendo que a tecnologia da Produção Integrada da Maçã
(PIM) é apontada como um dos cinco principais fatores, bem como a atitude
ambiental brasileira, como sendo estratégias para garantir esse importante mercado
22
agrícola, bem como o mercado da UE (GUINDANI, et al., 2005).
Segundo Alves & Pires (2005) as barreiras não tarifárias impostas pelos EUA
às exportações brasileiras de manga, ocasionaram um prejuízo em valores
monetários de R$ 2.438,00 por hectare cultivado para exportação, o que poderia
atingir R$ 139 milhões por ano se todas as exportações da região do Vale do São
Francisco se destinassem ao mercado norte-americano e se todos os produtores
tivessem o mesmo nível tecnológico.
Dentre as análises possíveis de serem feitas quanto ao cenário externo, o fato
de que padrões ambientais elevados adotados por países importadores, como é o
caso da UE, constitui-se em barreiras não tarifárias com o fim de proteger o mercado
doméstico. Deste modo, todos os países que desejam acesso a esse mercado devem
entrar em um processo de harmonização dos padrões ambientais e de segurança,
com o objetivo de eliminar este tipo de problema (GUTIERREZ, 1997).
A não adoção de tecnologias mais rigorosas do ponto de vista da proteção
ambiental, por exemplo a PIP, como forma de não onerar a produção, comumente é
vista como uma forma de subsídio implícito às exportações (ecodumping), uma vez
que os custos da degradação ambiental não são internalizados nos produtos. Tal fato
pode levar à adoção de barreiras protetoras por parte dos importadores em relação
aos países que utilizam tecnologias agressivas do ponto de vista ambiental
(GUTIERREZ, 1997).
Como a PIF pressupõe em seu conceito a rastreabilidade dos produtos
agropecuários, é necessária a integração do produtor rural com o setor da indústria de
beneficiamento e de comercialização agrícola, que normalmente coordenam as
questões referentes à adoção de tecnologia (JUNIOR & PELEGRINI, 2000).
O fato do RS ter 50% da produção nacional, em 70% da área explorada, com
pêssego demonstra que tecnologias que venham, principalmente, aumentar o
rendimento da cultura por área sem aumento de custos na mesma proporção,
permitindo ampliar ganhos em lucratividade para o produtor rural, tendem a ser bem
aceitas. Como a produção integrada (PI) preconiza o uso racional dos insumos
agrícolas através do monitoramento de pragas, análise de solo, entre outras
ferramentas tecnológicas, pode-se inferir que a apropriação da tecnologia de PI é um
dos meios para aumentar a rentabilidade do setor.
Portanto, esta pesquisa apresenta os diversos estágios de apropriação de
tecnologias aderentes à produção integrada de pêssego e suas implicações nas
23
atividades das propriedades sob estudo.
O Capítulo 2 é destinado à revisão e construção do referencial teórico que
busca fundamentar à problemática da pesquisa. No Capítulo 3, é apresentada a
metodologia utilizada na pesquisa. Por meio do método de estudo de caso, foram
analisadas 20 propriedades rurais produtoras de pêssego no Rio Grande do Sul. No
Capítulo 4, são apresentados os resultados obtidos, assim como a análise da situação
de apropriação das tecnologias aderentes à PIF nas propriedades estudadas. O
Capítulo 5 apresenta as considerações gerais deste estudo e o Capítulo 6 apresenta
as conclusões do trabalho.
1.1 Problema da pesquisa
Desde sua introdução na região, o conceito e as práticas relacionadas à PIP
vem se difundindo e sendo adotadas gradualmente pelos produtores, mas num
patamar aquém do desejado e obtido em outros setores, como o de uva de mesa,
maçã e outros. São estimuladoras deste processo a Universidade Federal de Pelotas,
que lidera tanto as pesquisas quanto a difusão do conhecimento inerente, Embrapa
CPACT, Emater-RS e Empresas Agroindustriais que, inclusive, produziram lotes
pilotos de conservas de pêssego rastreadas a partir da PIP.
Por ser um dos princípios básicos da PI fazer a rastreabilidade, a UFPel,
através do Grupo de Pesquisa em PIP, introduziu a anotação de todos os eventos da
cultura em caderneta de campo, restrição do uso de agrotóxicos não permitidos,
cobertura de solo, monitoramento e manejo de pragas, entre outros. Essa experiência
não abrangeu a totalidade de produtores e foi realizada em apenas um ano. Por isso,
alguns questionamentos se fazem necessários, como por exemplo, quanto ao
conhecimento tecnológico oriundo da PI adotada, ou seja, o conhecimento gerado
pelos centros de pesquisa que, efetivamente, foi assimilado e adotado pelos
produtores e quais as prováveis razões da adoção ou não de práticas e do sistema.
Embora, com princípios e pressupostos em consonância com as tendências
mundiais da fruticultura, supõe-se que não há massiva apropriação do sistema de PI
na produção de pêssegos. Uma das hipóteses para este fato é de que ainda há falta
de conhecimento acerca do sistema, tais como alguns procedimentos da sua
viabilidade técnica e, sobretudo, a econômica de algumas práticas recomendadas
24
Ao preconizar-se a PI, busca-se, além dos pressupostos básicos do sistema,
estender o conceito para toda a cadeia produtiva, incluindo todos os produtos
derivados (pêssego in natura, conserva, suco, néctar, polpa, doces, geléias, passas,
etc.). Além disso, a tendência é a PI expandir-se a todo o sistema de produção e não
apenas à cultura frutícola específica. Assim, é necessário obter-se uma radiografia
atual da utilização do conhecimento gerado, relacionado à PIP, pelos produtores de
pêssego.
1.2 Objetivos
O trabalho teve por objetivo analisar o nível de adoção de tecnologias
aderentes à PIP, mensurar o nível tecnológico em que se encontram os produtores de
pêssego, componentes do estudo, em relação ao conhecimento existente/oferecido e
o impacto de sua adoção nos custos e na rentabilidade da propriedade, colocando em
evidência os principais fatores positivos e limitadores para a sua adoção e validação.
2 Revisão de literatura
2.1 Aspectos recentes da cadeia do pêssego
Segundo Fachinello et al. (2000) é tendência dos mercados mundiais
exigirem, além das qualidades interna e externa das frutas, o controle sobre todo o
sistema de produção por meio de análise de resíduos nas frutas, avaliação do
impacto ambiental dos cultivos e conhecimento do histórico da cadeia produtiva. A PI,
desse modo, torna-se uma alternativa para se obter produção de qualidade, pois
procura equacionar os problemas por meio do uso de métodos ecologicamente mais
seguros, aumentando a proteção do ambiente e sem acarretar prejuízos à saúde
humana (FACHINELLO et al., 2001).
No Brasil, a Produção Integrada de Pêssego (PIP) foi iniciada em 1999
(FARIAS, 2002) e as Normas Técnicas e Documentos de Acompanhamento da
Produção Integrada de Pêssego, publicadas em 2003. Partindo dos pressupostos
acima, a PIF preconiza a produção de frutas com baixo impacto ambiental, proteção
ao produtor rural, rentabilidade e segurança do ponto de vista da inocuidade alimentar
(FACHINELLO et al., 2000).
Nunes et al. (2004), comparando pomar de pêssego “Marli” sob produção
integrada com convencional, constatou que o sistema de produção não afetou a
produtividade (ton.ha-1). Porém, o pomar conduzido no sistema de PI tinha frutas de
maior massa e calibre, sendo que a maioria das frutas foi classificada como CAT I (≥
57mm de diâmetro), enquanto no sistema de PC a maioria das frutas foi classificada
como CAT II (48 > 57 mm de diâmetro) e CAT III (≤ 48mm). Não houve diferenças
quanto à acidez total titulável (ATT), aos sólidos solúveis totais (SST), à cor e à
firmeza dos frutos. Tais resultados concordam com os obtidos por Fachinello et al.
(2003) e Fachinello et al. (2005), que, comparando produtividade e qualidade de
26
pêssegos “Diamante” obtidos nos sistemas de produção integrada e convencional na
avaliação de qualidade, verificaram que houve aumento no número de frutas CAT I no
sistema PI. Na média de 5 anos, as frutas classificadas na CAT I e CAT II no sistema
PI, foram de 57,06% e 40,37%, respectivamente, enquanto no sistema PC, a média
na categoria I foi de 37,52% e na categoria II 54,33%. Os autores definiram PC como
sendo aquela conduzida da maneira usual do produtor e PIP como aquele pomar
conduzido de acordo com e as Normas Técnicas e Documentos de Acompanhamento
da Produção Integrada de Pêssego.
A importância de frutas de maior calibre fica evidente quando se projeta o
número de frutas e operários necessários para a produção de 1.000 latas/hora. No
caso das frutas de 7,0 cm de diâmetro são necessárias 3.125 frutas e 12 operários,
enquanto frutas com 5,0 cm de diâmetro demandam 10.870 frutas e 42 funcionários
para a mesma produção final (BADEJO & CALLEGARO, 2001).
Tal fato foi comprovado, também, por Rigatto (2005), em trabalho realizado
junto às agroindústrias de conserva de pêssego da região de Pelotas, verificando que
a maior qualidade da fruta era reconhecida, pelo empresário, como fator determinante
no aumento da rentabilidade e eficiência quando da predominância de frutas da
categoria I no processo de industrialização.
Fachinello et al. (2003), comparando pomar cultivado dentro das normas de
PIP com pomar cultivado da maneira usual do produtor, constataram que a PI
apresentou maior produção e número de frutas por planta. Quanto à ocorrência de
danos na colheita por insetos, doenças, pássaros e, muitas vezes, pela interação
desses, houve maior incidência no sistema PC. A análise de agrotóxicos na polpa das
frutas mostrou que ambos os sistemas estavam dentro dos limites máximos
estabelecidos pela legislação.
TIBOLA et al. (2005) também avaliaram os sistemas PI e PC durante cinco
safras (1999-2003) em pomar de pessegueiro “Diamante”, analisando aspectos
fitossanitários, incluindo pragas (grafolita, mosca-das-frutas, gorgulho e cochonilha),
ocorrência de doenças (podridão-parda, bacteriose, sarna e outras doenças) e
número de aplicações de agrotóxicos. Os resultados demonstraram que os danos por
grafolita foram de 1,11% e de 1,69%, para os sistemas PI e PC, respectivamente. Os
danos decorrentes do ataque pelo gorgulho do milho foram de 2,12% na PI e 0,86%
na PC. No sistema PI, o percentual de frutas com podridão-parda foi de 26,27% e na
PC foi de 30,55%, sendo a maior causa das perdas nos pomares. A ocorrência de
27
sarna foi muito elevada na área com PC, no ano de 2003, atingindo 33,82% dos frutos
analisados. O número de tratamentos fitossanitários foi maior na PC em 1999 e 2000
e, posteriormente, houve similaridade dos resultados nos diferentes tratamentos
efetuados nos dois sistemas PI e PC. Assim, concluíram que houve, no conjunto,
melhor desempenho do sistema PI em relação ao PC.
Também, avaliando a qualidade pós-colheita de frutos de pêssego colhidos
em pomar comercial da região de Pelotas-RS nos dois sistemas de manejo (PI e PC),
Martins et al. (2002) concluíram que, no momento da colheita, os frutos do sistema
PIF apresentaram maior firmeza de polpa, ATT e melhor aparência de frutas, mas
com menores teores de SST e coloração da epiderme. Contudo, durante o
armazenamento, os frutos oriundos da PI apresentaram maior ATT e incidência de
podridões, mas não foram observadas diferenças com relação à firmeza da polpa, ao
teor de SST e as características sensoriais. As frutas produzidas em ambos os
sistemas apresentaram elevados níveis de podridões no período de armazenamento,
porém, em maior percentagem na PI.
Comparando os custos da produção integrada com a produção convencional
de pêssego de mesa “Marli”, Farias et al. (2003) encontraram custos da PC
equivalente a 190% daqueles apresentados pela PIP. Neste caso, a principal
diferença foram as despesas com agrotóxicos que representaram 70% dos custos na
PC e 46% na PI. Assim, o pomar conduzido no sistema PI apresentou redução de
custo de, aproximadamente, 25% somente com a diminuição do uso de agrotóxicos
que passou de 17 pulverizações na PC para 9 na PI. Além disso, a produção
integrada também apresentou redução de custos pela diminuição no uso de outros
insumos, como fertilizantes de base e adubação nitrogenada.
Dentre as estratégias adotadas pelos pequenos persicultores como modo de
sobrevivência ao longo dos anos, está a diversificação de culturas visando diminuir a
dependência comercial em relação à indústria, principalmente pela incerteza em
receber o pagamento do produto entregue; sendo que os principais produtos da
diversificação são: fumo, uva, citros e morango (PEÑAFIEL, 2006). Ainda de acordo
com o mesmo autor, 20% dos produtores de pêssego estavam exclusivamente
ligados à produção para indústria de conservas contra, aproximadamente, 25% que
haviam diversificado com outros cultivos e quase 50% dos produtores que adotaram
como estratégia mercadológica a produção para indústria e para consumo in natura.
Além disso, uma pequena faixa, menos de 10%, realizava trabalhos fora da
28
propriedade como modo de sobrevivência.
Em 1996, o pêssego era a nona fruta mais produzida, mundialmente, (laranja,
uva, banana, maça, manga, tangerina, pêra e abacaxi) com 3% do total, mas era a
sexta mais comercializada (banana, laranja, maça, uva e pêra) entre países com 6%
do comércio mundial de frutas, sendo que a taxa média de crescimento das
exportações mundiais foi de 10% ao ano no período entre 1985 e 1995, e de 7% a.a.
no período de 1990-1995. Entretanto, menos de 10% da produção mundial de frutas é
comercializada na forma in natura (FILHO et al., 1998). Quanto ao crescimento no
mercado mundial de pêssego destaca-se a China, cujas exportações cresceram no
período 1985-1995 à taxa de 15% a.a. e as importações 29% (FILHO et al., 1998).
O Rio Grande do Sul é o principal estado brasileiro em produção e em área
plantada com um total produzido no período de 2001-2005 situado entre 109 e 123 mil
toneladas, mantendo-se com cerca de 50% da produção nacional de pêssegos, que,
no mesmo período, situou-se na faixa entre 218 mil e 235,8 mil toneladas (IBGE,
2007).
A produtividade média do RS é de 7,35 t.ha-1, e a nacional é de 9,51 t.ha-1
(IBGE, 2007). Assim, evidencia-se que existe espaço para incremento de produção
sem a incorporação de novas áreas, mas através da adoção de tecnologias que
permitam atingir patamares superiores de produtividade. Evidentemente, não basta
maior produtividade, se isso apenas for resultado de maior custo econômico e
ambiental por unidade produzida; o desafio é produzir mais com menor uso de
recursos tanto financeiros quanto ambientais. Neste contexto, a PIP assume papel
importante como proporcionadora de ganho qualitativo da produção com diminuição
do impacto ambiental da cultura.
Enquanto as exportações brasileiras de pêssego in natura são esporádicas e
experimentais, as importações, segundo dados do IBRAF (2008a), saltaram de um
total de 3,37 mil toneladas em 2003 para 6,90 mil toneladas em 2006,
correspondendo a U$ 1,87 milhão e U$ 3,87 milhões, respectivamente.
Embora, as exportações brasileiras de pêssego processado tenham diminuído
de 665,9 t no ano de 2002 para 573,4 t em 2006, o valor (FOB) saltou de US$ 493 mil
para US$ 758,7 mil (IBRAF, 2008a), o que representa menos de 0,001% do total
exportado pelo país e equivalem a 19,6% do valor das importações no ano.
As importações de pêssego processado, por sua vez, também apresentaram
queda correspondendo a um volume de 11,38 mil toneladas em 2006 e 7,05 mil
29
toneladas em 2007, representando um valor FOB de U$ 8,87 milhões e U$ 6,64
milhões, respectivamente, correspondendo a uma queda de 38,37% no volume e
25,09% no valor (IBRAF, 2008 a).
O mercado internacional de frutas vem apresentando crescimento nos últimos
anos tendo passado de 65 kg.hab-1 ano-1 para 70 kg.hab-1 ano-1 segundo dados da
FAO (2007), sendo o Brasil o terceiro maior produtor do mundo, estando atrás da
Índia e da China, com cerca de 42 milhões de toneladas de frutas produzidas ao ano,
o que corresponde a 7,2% da produção mundial, cultivados em 2,9 milhões de
hectares, que em 2007 geraram 643 milhões de dólares na exportação (SOUZA,
2008).
Quanto ao comércio internacional de pêssego in natura e processado, a
participação brasileira é muito baixa, não tendo realizado exportações da fruta para
consumo in natura no ano de 2006 e de apenas 113kg em 2007; mas as exportações
da fruta processada, em 2006, corresponderam a 573,4 t, representando U$
671.079,00 e, em 2007, de 758,75 t com valor FOB de U$1,04 milhão, o que
apresenta um crescimento de 17,04% em volume e 37% em receita (IBRAF, 2008 a).
Com elevada produção de frutas, os principais problemas do Brasil são o
índice de exportação e consumo que ainda continuam insatisfatórios. O Brasil é o 10º
maior consumidor de frutas, com 47 kg per capita.ano-1, enquanto que os países
europeus representam mais que o dobro do consumo brasileiro, como é o caso da
Espanha, o maior consumidor mundial, com 120,10 kg per capita.ano-1, Itália (114,80
kg per capita.ano-1), Alemanha (112 kg per capita per capita.ano-1) e França (91,4 kg
per capita.ano-1) (SOUZA, 2008). As estimativas da Organização das Nações Unidas
para Agricultura e Alimentação, indicam que tanto o consumo mundial per capita de
frutas como o consumo brasileiro continuarão crescendo nos próximos anos, com
taxas superiores à da economia mundial e doméstica (BUAINAIN & BATALHA, 2007).
Com a competitividade cada vez maior entre os produtores rurais, a entrada
de produto importado de outros países como Chile, Argentina e Grécia, por exemplo,
o uso de tecnologias que visem à redução de custos e incremento da qualidade
assumem papel cada vez mais importante.
De acordo com o exposto por BATALHA & SILVA (2001), estudando dados da
Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, que afirmam que as principais
expectativas do consumidor em relação aos produtos agroalimentares são: qualidade,
30
consumo de produtos com “marcas fortes”, exigência em termos de embalagens,
conveniência e praticidade, e a busca por produtos “mais frescos”.
Complementarmente, avaliando os principais aspectos ligados à qualidade da
fruta levados em consideração pelo consumidor de pêssego in natura, Rombaldi et al.
(2007), verificaram que os principais quesitos analisados no momento da compra, em
ordem decrescente de importância foram: preço, aparência, sabor, aroma, ausência
de resíduos de agrotóxicos e a identificação de origem, independentemente da faixa
etária, sexo, escolaridade e renda.
2.2 Relação entre produção integrada de pêssego e o processo de inovação tecnológica
Como estratégia de aumento da participação das frutas no mercado, a PIF é
apontada por Tibola & Fachinello (2004) como ferramenta importante, juntamente com
outros fatores, neles incluso a rastreabilidade, componente fundamental e
imprescindível à PI. Considera-se a PI, juntamente com a produção orgânica, como
os sistemas capazes de satisfazer às novas demandas do consumidor, principalmente
do ponto de vista de oferta de alimento seguro, produzido com respeito ao ambiente e
de qualidade superior, protegendo o produtor rural.
Evidentemente, que a validação e a apropriação dos sistemas se darão desde
que haja eficiência econômica, ou seja, a adoção de novas tecnologias que
representem qualquer tipo de inovação que, além de depender de suas necessidades,
também está relacionada com o potencial ganho econômico que possa proporcionar,
conforme observado por Santini et al. (2005). Os autores, ao estudar o processo de
inovação em diferentes cadeias agroindustriais, observaram que as estratégias de
adoção de novas tecnologias diferiam conforme impactavam no processo de
industrialização do produto agrícola, mas sempre buscando a redução de custos.
Assim, setores que atuam em ambientes mais competitivos, como aquelas
empresas agroindustriais que competem no mercado externo, não sendo este o caso
da cultura do pessegueiro, tendem a apresentar esforços de inovação mais
acentuados em um ambiente competitivo mais acirrado. Nesses casos, as inovações
são atreladas à necessidade de reduzir custos, devido ao padrão de concorrência por
preço (SANTINI et al., 2005).
31
Desta forma, a PIF vem se difundindo, principalmente por trazer os conceitos
de certificação de qualidade, e tem sido fator chave para manter e ampliar a
competitividade internacional da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, bem
como para consolidar o comércio internacional de manga e uvas de mesa, garantindo
ao Brasil a conquista de posições de mais destaque (BAIARDI et al., 1999), sendo
que a PI foi o introdutor dos atributos de qualidade na fruticultura. Contudo, ressalta-
se que no Vale do São Francisco faz-se uma fruticultura tipicamente de exportação,
enquanto a persicultura do RS é voltada para abastecimento do mercado brasileiro.
A resistência da adoção da tecnologia da produção integrada na região sul do
Estado, principal produtora de pêssego para indústria é, explicada por Kohls (2004)
que afirma que nos anos recentes, esse setor tem demonstrado dificuldades para
acompanhar mudanças importantes no ambiente competitivo, como: a evolução
qualitativa da gama de produtos e novos concorrentes, mudanças nas bases das
fontes das vantagens competitivas, e ainda tecnologias de gestão e processos,
inovação de produtos, etc., os quais são fatores ou escolhas que, quando
negligenciados, expõem as empresas a situações de risco.
Tal afirmação vai ao encontro do mencionado por Waack (2000) de que a
competitividade dos sistemas agroindustriais relaciona-se à capacidade de gerir o
processo de desenvolvimento tecnológico em cada um de seus elos e no sistema
como um todo. Portanto, a inovação é a chave para a obtenção e manutenção da
capacidade competitiva.
Assim, para relacionar a cadeia do pêssego com o processo de inovação,
pode-se buscar o estudo realizado por Bresser Pereira (2006) sobre as clássicas
formas de inovação de Schumpeter, onde afirma que quem inova é o empresário e
que a característica comum das inovações não é a do aumento da produtividade, mas
da criação de vantagens que aumentam as oportunidades de lucro e viabilizam o
investimento. Em muitos casos, a vantagem é obtida através de novas tecnologias ou
de novas formas de organizar a produção, mas em outras, como na abertura de
novos mercados, não há diretamente progresso técnico, mas investimento e
desenvolvimento (SCHUMPETER, 1982).
O autor afirma que a satisfação das necessidades é o fim de toda produção e
a situação econômica dada em qualquer momento deve ser entendida a partir desse
aspecto. No entanto, as inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra,
de tal maneira que primeiramente as novas necessidades surgem espontaneamente
32
nos consumidores e, então, o aparato produtivo se modifica sob a sua pressão. É o
produto que inicia a mudança econômica e os consumidores são educados por ele.
Portanto, deve-se despertar no consumidor o desejo de querer coisas novas ou que
diferem em um aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar.
A tendência das populações aumentarem o consumo de frutas, verduras e
legumes, principalmente por fatores ligados à saúde, ao bem-estar e questões
inerentes à alimentação e gestão do corpo1, existência de abundância de alimentos,
maior número de mulheres assalariadas, aumento no número de refeições fora do lar,
necessidade de praticidade do alimento, entre outros fatores, faz com que as
indústrias alimentares que desejam ampliar seu conjunto de negócios realizados
venham investir em estratégias de diferenciação com foco em inovação (LAMBERT et
al., 2005). No caso da persicultura a PI pode ser uma estratégia de diferenciação
importante, como método de produção.
As inovações “schumpeterianas”, incluso os novos métodos de produção, são
motivadas pela percepção de oportunidades de mercado transformadas em ganho
pelos agentes econômicos mais audaciosos e efetivos e têm, ainda, efeitos múltiplos
na origem do rebaixamento de custos e ganhos de produtividade e qualidade,
resultando na criação de novos setores ou no rejuvenescimento de setores existentes;
ou seja, implicam na reestruturação permanente do espaço econômico existente
(BURLAMARQUI & PROENÇA, 2003).
Para Burlamarqui & Proença (2003) a introdução de inovações não é uma
operação trivial, sendo resultado de uma conjugação entre atividade empresarial e
condições de financiamento, a qual enfrenta dois tipos de barreiras. A primeira,
relacionada pela obscuridade do futuro na medida em que o impacto (sucesso ou
fracasso) de uma inovação não tem como ser seguramente avaliado ex-ante. A
segunda, relacionada com o peso do passado (path dependence), está na origem dos
hábitos e das rotinas empresariais, durabilidade de seu capital fixo e especificidade de
seus ativos; todos potencialmente ameaçados pelas inovações.
Segundo esses autores, a noção schumpeteriana de concorrência potencial
demonstra que o fluxo permanente de novos métodos de produção e organização
concorre com os velhos em condições de superioridade, o que pode significar a
“morte” para os últimos. Com isso, para evitar a destruição, todas as empresas são
1 A expressão alimentação e gestão do corpo é empregada por Lambert et. al. (2005) para explicar os cuidados e preocupações dos indivíduos quanto a relação causa-efeito da alimentação em seu corpo.
33
obrigadas, mais ou menos rapidamente, a seguir o exemplo e investir.
A importância das cadeias produtivas internalizarem o uso de tecnologias
adequadas é vista em estudo realizado pelo IPARDES (2002), comparando
subsistemas de pecuária de corte exportador e não-exportador. Verificou-se que
aqueles produtores não inseridos no mercado internacional apresentavam grandes
restrições quanto à competitividade, principalmente pela incapacidade tecnológica de
internalizar processos produtivos mais intensivos em conhecimento.
2.3 Apropriação tecnológica
A tecnologia é um corpo de conhecimentos a respeito de certas classes de
eventos e atividades, portanto, não constitui meramente uma aplicação de
conhecimentos trazidos de uma outra esfera (SZMRECSÁNY, 2006). Segundo o
autor, trata-se de um conhecimento de técnicas, métodos e projetos, e que
funcionam de maneiras determinadas e com conseqüências determinadas, mesmo
quando não se possa explicar exatamente por quê. Assim, estudando a obra de
Nathan Rosenberg, Szmerecsány (2006) defende o pressuposto de que há uma
precedência lógica e cronológica da tecnologia em relação à ciência, com a primeira
também constituindo uma forma de conhecimento, teórico e prático, e não uma
simples aplicação da segunda. Com isso, a situação normal tem sido a de que o
conhecimento tecnológico precede o conhecimento científico.
Deste modo, ao se considerar o impacto da tecnologia sobre a ciência, um
tema central, é que o progresso tecnológico desempenha um papel muito importante
na formulação da agenda subseqüente da ciência havendo fortes razões pelas quais
as relações entre a ciência e a tecnologia não podem ser adequadamente descritas
quando se visualiza a pesquisa científica aparecendo em primeiro lugar e levando
em algum momento a aplicações na tecnologia (SZMRECSÁNY, 2006). Com isso,
temos que trabalhos que visem o estudo do estado atual da PIP no campo, podem a
vir a subsidiar a realização de estudos científicos, por parte dos órgãos de pesquisa,
tendo em vista que, segundo Szmrecsány (2006), o avanço do conhecimento
freqüentemente só se dá por meio da experiência real com uma nova tecnologia em
seu ambiente operacional. Assim, pode-se considerar a PIP como a nova tecnologia,
sendo observada, neste trabalho, em seu ambiente operacional, ou seja, a
propriedade rural de produção frutícola.
34
Inobstante, os impactos causados por investimentos em pesquisas podem ter,
além de efeitos econômicos, efeitos sociais, tecnológicos, científicos, ambientais ou
outros, nos indivíduos, na comunidade e na própria instituição onde se desenvolve o
projeto (FRANCISCO et al., 2001). Ou seja, pode-se considerar que a introdução da
PI na cultura do pessegueiro, além de ganhos econômicos, pode gerar ganhos
ambientais, científicos, entre outros.
Kfir (2000) menciona a importância dos órgãos de pesquisa e da transferência
de conhecimento e tecnologias destes para os setores produtivos, para o
desenvolvimento da África do Sul, mostrando que as estratégias de geração e
transferências de tecnologia foram tão importantes quanto as estratégias de mercado
adotadas. Mostrou ainda que os investimentos em infra-estrutura de pesquisa estão
diretamente relacionados com a geração de novas tecnologias, produtos e serviços,
principalmente a partir da capacitação tecnológica dos recursos humanos.
Waack (2000), por sua vez, coloca que é parte do papel político das
empresas e instituições de pesquisa participarem ativamente dos processos que
assegurem maiores lideranças e competitividade ao sistema agroindustrial brasileiro.
Observando que muitas vezes não se têm dados a respeito dos resultados das
interações universidades-empresas por não haver regulamentação de contratos e
porque estes processos de sinergia, são muitas vezes realizados em bases
individuais entre o pesquisador e a empresa.
Assim, a interação entre as instituições do sistema de ciência e tecnologia e
os mais diversos setores produtivos da sociedade é condição fundamental para o
desenvolvimento tecnológico (ZAWSLAKI, et al., 1998). Deste modo, segundo os
autores, as instituições de pesquisa podem agir no sentido de qualificação,
certificação, estudos de viabilidade, estudo de problemas técnico-gerenciais,
desenvolvimento de produtos e processos, estudos de localização, capacitação de
recursos humanos, enfim, atender às necessidades específicas do setor produtivo.
Para que tudo isto se torne realidade, baseando-se na busca de permanente
satisfação e qualidade para os dois lados do processo (instituição de pesquisa e
empresário), é necessário proceder a um amplo trabalho de levantamento do
potencial de transferência de conhecimentos das instituições para determinados
setores industriais, bem como estabelecer uma forma de apresentar a oferta existente
(ZAWSLAKI et al., 1998). Assim, se transpormos o estudo feito pelos autores, no
segmento industrial para a PIP, tem-se que é necessário estabelecer os padrões de
35
referência para o perfil dos produtores do estado, bem como, produtividade, técnicas
gerenciais, tecnologias de produção usadas, nível de agregação de valor à cadeia,
nível de formação da mão-de-obra, etc, sendo fundamental consultar o empresário
rural.
Irias et al.(2004) estudando o impacto ambiental de inovação tecnológica, no
setor sementeiro, concluíram que a transferência de conhecimento da Embrapa para
produtores de uvas tropicais acarretou significativa redução no uso de pesticidas e
combustíveis, quando os produtores apropriaram-se do conhecimento gerado.
No mesmo sentido, Rèvillon et al. (2004), em estudo de caso sobre a cadeia
leiteira na França, observaram que a apropriação do conhecimento gerado pelas
instituições de pesquisa, por parte dos produtores, ocorreu em baixo grau de
apropriabilidade das novas tecnologias produtivas, o que aumentava o grau de
instabilidade do setor, favorecendo a entrada de inovadores, sendo que os autores
relacionaram este processo com a dinâmica de “destruição criadora” de Schumpeter.
Em estudo específico do setor de fruticultura, sobre a cultura do mamoeiro no
Espírito Santo, Ney et al.(2008) demonstraram que a cooperação tecnológica, entre
os atores econômicos do arranjo produtivo local, teve como catalisador a inserção da
cultura no mercado externo. Tal aspecto difere da cultura do pessegueiro que é
eminentemente de exploração do mercado nacional, não realizando exportações
significativas no período 2005-2007 (IBGE, 2007).
A questão relacionada à pesquisa na Universidade em conjunto com o setor
produtivo, é suscitada sempre quando se referem ao tema Ciência e Tecnologia.
Como a essência do processo é a mesma - a pesquisa - decorre outra questão, agora
relacionada à necessidade de interação entre ambas, com vistas a ajustar esforços
e/ou obter sinergias no desenvolvimento da ciência e tecnologia. Esta interação,
aparentemente óbvia sob o ponto de vista teórico, na prática apresenta muitas
dificuldades (FRACASSO et al., 1989).
Estudo das experiências de iteração do Instituto de Biotecnologia da
Universidade de Caxias do Sul com a comunidade, realizado por Soares (1998),
verificou que a maioria dos projetos de interação ocorre de maneira informal por
iniciativa do pesquisador e não de maneira sistêmica como política das instituições.
Relatos de estudos de casos de interação universidade-empresa são comuns
nas áreas tecnológicas, contudo na área agrária ocorrem em freqüência bastante
baixa. Isto, se deve ao fato dos empresários perceberem a universidade como um
36
centro distante, enquanto os pesquisadores vêem a iniciativa privada como utilitarista,
preocupada com lucro imediato (Castro, 1989).
Dentre os casos de interação universidade-setor produtivo, que resultaram em
produtos para a iniciativa privada oriundos de parceria com grupo de pesquisa da
universidade, em uma faculdade de agronomia, está o exemplo do estudo de caso
feito por Fracasso et al. (1989). O grupo de pesquisa analisou a interação entre a
APASSUL e o Grupo de Pesquisas em Melhoramento de Plantas da UFRGS, ficando
evidente que as empresas só interagem com a universidade se puderem tirar proveito
comercial das informações científicas, se a Universidade apresentar um conjunto de
resultados que permita à empresa investir, com alguma segurança, em projeto de
pesquisa que envolva riscos. Com isso, devem haver mecanismos que conduzam
esta relação de modo que seja benéfica para ambas às partes, ou seja, o produtor só
irá adotar a PIP se visualizar nela uma oportunidade de ganho comercial.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), por exemplo,
após conhecer o impacto de suas ações de pesquisa, estabeleceu seu programa de
transferência de tecnologia. Dentre as iniciativas neste sentido está o programa de
franquia de sementes de milho, no qual autoriza a utilização da marca BR, fornece
matrizes para síntese do híbrido comercial, transfere tecnologia, oferece assistência
técnica e controle de qualidade. As empresas por sua vez assumiram o compromisso
de comprar a semente básica, pagar royalties sobre as vendas da semente comercial
e aceitar os padrões de qualidade da Embrapa (Portugal & Contini, 1988).
Para Prest (1996) o monitoramento e a avaliação de pesquisas agrícolas
devem ser realizados de acordo com as características e peculiaridades de cada
situação, inferências a resultados obtidos por outras instituições podem levar a erros.
Contudo, afirma que existem bons roteiros, que podem servir como base para
mensuração de impactos tecnológicos e monitoramento da eficiência da aplicação
dos recursos financeiros nas atividades de pesquisa, julgando extremamente
necessário e importante que isto seja feito.
O fato de que as tecnologias possuem ciclos de vida definidos, é ilustrado por
Foster (1988). A performance de uma tecnologia, no início de sua existência é baixa.
Mas em dado momento esta cresce exponencialmente e supera os resultados de
outras tecnologias consideradas tradicionais, que já se encontram em fase de
maturidade. Assim, uma tecnologia, como um produto, tem sua vida definida pro três
fases: a de desenvolvimento, a de ajustes, crescimento e ampla exploração e uma
37
outra de maturidade e superação por uma tecnologia nova.
Ribeiro (1999) afirma que precisa-se avaliar as tecnologias para saber se o
seu uso continua crescendo, se é uma tecnologia que será líder daqui a algum tempo,
ou se está caindo em desuso no mercado.
2.4 Negócios agroalimentares
Dentre os conceitos importantes para entender a dinâmica dos negócios
agroalimentares, neles inclusos os relacionados ao cultivo do pêssego apresenta-se o
de sistema agroindustrial (SAG). Segundo Zylbersztajn (2000a) os conceitos de
sistema agroindustrial apresentam como denominador comum a percepção de que as
relações verticais de produção ao longo das cadeias produtivas devem servir de
balizador para a formulação de estratégias empresarias e políticas públicas.
Segundo Wegner et al. (2005) relações verticais caracterizam-se pela
colaboração entre empresas com produtos complementares ou em fases diferentes
de uma mesma cadeia produtiva, compartilhando recursos e informações e reduzindo
riscos e incertezas. Já relações horizontais caracterizam-se pela colaboração entre
empresas que atuam na mesma fase de uma cadeia produtiva, realizando em
conjunto atividades comuns ao grupo ou atuando de forma complementar.
Cadeia agroalimentar é uma sequência de operações que conduzem à
produção de bens, sendo que sua articulação é influenciada pelas possibilidades
derivadas da tecnologia e definida pelas estratégias dos agentes que buscam a
maximização dos seus lucros. As relações entre os agentes são de interdependência
ou complementariedade e são determinadas por forças hierárquicas (MORVAN, 1985
apud ZYLBERSTAJN, 2000a). Os agentes que compõem o SAG são o consumidor, o
varejo do alimento, o atacado, a agroindústria e a produção primária (ZYLBERSTAJN,
2000a).
Outro conceito importante para entender a dinâmica do processo
agroindustrial é o da firma. Zylbersztajn (2000b), estudando o conceito criado por
Coase, afirma que esta é um conjunto de contratos coordenados que levam à
execução da função produtiva, incorporando em seu âmbito as relações de produção
comuns ao mundo da moderna organização. Portanto, a firma moderna pode ser
entendida como um conjunto de contratos entre agentes especializados que trocarão
informações e serviços entre si, de modo a produzir um bem final.
38
Para Spers (2000), a firma ou sistema agroalimentar sofrem uma pressão por
coordenar-se verticalmente, possibilitando um maior controle sobre as etapas pelas
quais passam o alimento até o consumidor final, derivada da procura por alimentos
seguros fazendo com que se formem mercados cada vez mais exigentes, acarretando
uma necessidade de se aumentar a qualidade dos produtos produzidos.
2.5 Programas de Alimentos Seguros
Alimento seguro (food safety) é definido por Spers (1993) como a garantia de
se adquirir um alimento com atributos de qualidade que sejam do interesse do
consumidor, entre os quais destacam-se os ligados à saúde e à segurança. O
conceito de alimento seguro também pode ser entendido como a garantia em
consumi-lo isento de resíduos que prejudiquem ou causem danos à saúde (FAO,
2005). Assim, para Spers (2000) a segurança do alimento é uma questão de saúde
pública que deve ser tratada com a maior atenção e com adequado ambiente
institucional e organizacional.
Assim, alimento seguro diferencia-se conceitualmente de segurança alimentar
(food security), por esta última, referir-se ao abastecimento adequado da população
do ponto de vista quantitativo (SPERS, 2000).
Os programas de qualidade e de certificação surgem como alternativas para
comprovarem a inocuidade do alimento dos pontos de vista físico, químico e biológico
dando ao consumidor uma sensação de segurança quando do seu consumo. Para
Spers (2000) a demanda por certificação em alimentos não só advém dos
consumidores, mas indiretamente dos supermercados e importadores que, devido a
um expressivo poder de barganha, mercado internacional globalizado e as barreiras
não tarifárias repassam essas exigências para os demais agentes do sistema
agroindustrial, incluindo o produtor rural. Além da Produção Integrada existem outros programas de alimentos seguros, como por exemplo, GlobalGap, APPCC/HACCP, entre outros, os quais serão abordados na seqüência.
2.5.1 Rastreabilidade
A rastreabilidade, ferramenta chave na garantia de alimento seguro,
39
indispensável na PIP, é o controle de todo o processo produtivo, por meio de
anotações de todas as práticas, conferindo uma maior rentabilidade e/ou acesso aos
melhores mercados, como por exemplo, o de frutas frescas comercializadas através
de grandes distribuidoras de alimentos (NAVARRO & GARCIA, 2005). Segundo os
mesmos autores, alguns comerciantes de grande porte que controlam a cadeia de
comercialização de frutas estão incluindo empresas de pequeno porte, num processo
de integração vertical, permitindo um acompanhamento melhor dos processos e mais
fácil aplicação de sistemas de rastreabilidade.
2.5.2 Boas Práticas Agrícolas (BPA) O desafio internacional da produção de frutas é a competitividade por um
mercado que demanda produtos de qualidade crescente e preços decrescentes
visando a busca de instrumentos para se diferenciar de simples commodities e criar
vantagens competitivas que permitam obter preço maior. Um grande problema é a
insuficiente inocuidade que produz danos à saúde e, por consequência, danos
econômicos à população e ao estado (ausências ao trabalho, medicamentos, etc.). Na
atualidade está se gerando uma conscientização em relação à importância de se
produzir alimentos seguros, cuidando não somente do consumidor, mas também, do
ambiente (GRASSO et al., 2006).
Ademais, o estabelecimento de níveis máximos de resíduos de pesticidas
usados na proteção de plantas, baseados nas BPA´s, proporcionam um alto nível de
proteção do consumidor, sendo primordial que haja monitoramento dos resíduos de
agrotóxicos e seus metabólitos nos alimentos comercializados (MULLER, 2007).
No Brasil, por normatização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), é obrigatório o uso de BPA´s para realização de estudos a campo visando
o estabelecimento de limites máximos de resíduos de agrotóxicos. Já foram
determinados mais de 2300 níveis máximos para mais de 100 culturas agrícolas
estudadas, sendo de suma importância a verificação da quantidade de resíduos de
pesticidas no alimento para garantia da qualidade e redução dos riscos à saúde
(GEBARA et al., 2005). No Estado de São Paulo, a adoção de um sistema de
monitoramento de resíduos de agrotóxicos que gera visita dos agrônomos da
Secretaria Estadual de Agricultura nas propriedades rurais quando da detecção de
tais resíduos em níveis elevados, tem estimulado a adoção de BPA´s pelo produtor,
40
reduzindo assim o nível de resíduos em frutas (GEBARA et al., 2005).
De acordo com Grasso et al. (2006) para que se estabeleçam as BPA´s as
seguintes normas gerais devem ser seguidas: manutenção de todos os registros
quanto a escolha de materiais genéticos certificados, histórico de manejo do local de
cultivo, do solo, das práticas de irrigação, adubação, proteção de plantas, tratamentos
químicos, colheita e pós-colheita, gestão de resíduos e da saúde do trabalhador.
2.5.3 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)
No Brasil, o Projeto APPCC foi criado em 1998 a partir de uma parceria entre
a CNI/SENAI e o SEBRAE, com os objetivos de divulgar o Sistema de Análise de
Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e seus pré-requisitos (Boas Práticas -
BP e Procedimentos Padrões de Higiene Operacional - PPHO) no país, bem como
apoiar os estabelecimentos na implantação dos mesmos (VALOIS, 2002).
O Sistema APPCC e seus pré-requisitos são as ferramentas utilizadas pelos
produtores de alimentos para controlar os perigos à saúde do consumidor e conferir
qualidade aos seus produtos. O controle desses perigos deve ser efetuado em toda a
cadeia produtiva; isto porque tais perigos podem ser introduzidos ou ampliados
durante a produção nas fazendas, no momento da industrialização, no transporte, na
distribuição ou mesmo no momento do preparo do alimento, o que, aliás, é o mais
freqüente (VALOIS, 2002).
Durante o ano de 2002, foi iniciado, no Brasil, o projeto APPCC - Segmento
Campo, com a participação do SENAI e SEBRAE, sob a coordenação técnica da
Embrapa e possibilitou o desenvolvimento de ações para incrementar a produção de
alimentos seguros no campo. O Projeto APPCC - Segmento Campo gerou e difundiu
os materiais didáticos específicos para todos os níveis de profissionais. Inicialmente,
para a produção de leite, café e algumas frutas voltadas para exportação como uva,
maçã e manga. E, em seguida, para hortaliças e alguns outros produtos de
exportação e para o consumo interno. Esses materiais são usados no processo de
capacitação de consultores e multiplicadores e na implantação do sistema de
segurança nas propriedades rurais (VALOIS, 2002).
Para este autor, a divulgação e implantação do Sistema APPCC ou de seus
pré-requisitos em todo Brasil, vêm atingindo toda a cadeia produtiva e é resultado de
várias demandas, tais como: o mercado nacional e internacional que estão exigindo a
41
implantação das ferramentas por seus fornecedores; as legislações internacionais e
nacionais que já obrigam as empresas de alimentos a adotarem o sistema APPCC e
seus pré-requisitos em suas linhas de produção; e, do consumidor que, cada vez mais
consciente e mais exigente, está à procura e busca alimentos mais sadios e seguros.
Para Navarro & Garcia (2005) os princípios APPCC, baseados no Codex
Alimentarius, que devem ser observados posteriormente à fase de produção agrícola
são: detectar e reduzir qualquer perigo a níveis aceitáveis, determinar os pontos
críticos de controle de cada etapa ou de etapas em que o controle seja essencial para
evitar ou reduzir o perigo ao máximo, estabelecer limites e aplicar procedimentos que
sejam efetivos nos pontos críticos e estabelecer medidas corretivas quando o
indicador mostre que um ponto crítico não está controlado.
2.5.4 Codex Alimentarius
O Codex Alimentarius é um programa conjunto da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde
(OMS). É um fórum internacional de normatização sobre alimentos, criado em 1962, e
suas normas têm como finalidade proteger a saúde da população, assegurando
práticas equitativas no comércio de alimentos, criando mecanismos internacionais
dirigidos à remoção de barreiras não tarifárias, fomentando e coordenando trabalhos
que se realizam em normatização (CARDOSO, 2006).
Em 1980 criou-se o Comitê do Codex Alimentarius do Brasil (CCAB) que tem
por principal finalidade a participação e representação do País nos comitês
internacionais do Codex Alimentarius, bem como a utilização das normas Codex
como referência para elaboração e atualização da legislação e regulamentação
nacional de alimentos. A coordenação e a secretaria executiva do CCAB são
exercidas pelo INMETRO, sendo o Ministério das Relações Exteriores o Ponto de
Contato do Comitê Brasileiro com a Comissão do Codex Alimentarius (CAC)
(Cardoso, 2006). Para o mesmo autor, o estímulo à participação nas organizações
internacionais como ISO (International Organization for Standartization) e Codex, viria
a diminuir a possibilidade de produtos brasileiros enfrentarem a ação de barreiras
técnicas.
2.5.5 GlobalGap
42
Segundo Garbutt (2005), o GlobalGap teve seu início em 1996, como
GlobalGap, cujo objetivo era desenvolver normas de regulamentação utilizando como
padrão as boas práticas agrícolas (BPA) e que pudessem ser verificadas por todas os
elos da cadeia de alimentos. Seu processo de certificação internacional utiliza as
normas ISO GUIA 65; entretanto, não é um programa oficial da União Européia sendo
de adesão voluntária e não obrigatório organizado pelo setor privado, o qual visa
harmonizar as relações B2B (agente de negócio para outro agente de negócio),
porém suas informações não chegam ao consumidor.
De acordo com Garbutt (2005), os principais motivadores da implantação do
GlobalGap foram as crises ocorridas envolvendo a segurança do alimento, como por
exemplo: BSE, Dioxina, Escherichia colli, Salmonella, etc.; atuação da mídia
informando constantemente sobre a ocorrência de problemas de contaminações em
alimentos; políticas de alimentos tímidas quanto à garantia da qualidade em alguns
países; necessidade dos varejistas em se protegerem de possíveis ocorrências por
serem a ligação entre o produtor e o consumidor; as expectativas crescentes dos
consumidores quanto à qualidade dos alimentos; o fato dos varejistas terem a
responsabilidade legal sobre o alimento que comercializam; o uso crescente de
marcas próprias pelos varejistas e ocorrência de eventos indesejados como as
contaminações que prejudicaria a imagem destes; e, a globalização da venda de
alimentos que aumenta as possibilidades de eventos indesejados (possíveis
contaminações) caso não sejam adotados rígidos controles de qualidade. Assim, o
número de países com certificação GlobalGap passou de 18 em 2002 para 65 em
2005 (GARBUTT, 2005).
2.6 Barreiras tarifárias e não-tarifárias
As barreiras não-tarifárias são restrições de quantidades, composição e
destino de produtos no comércio internacional, podendo ser citadas as quotas, os
contingenciamentos, as licenças de importação, as medidas sanitárias e
fitossanitárias, entre outras (VIEGAS et al., 2007).
Jankb, et al. (2005), afirmam que, além da necessidade de comprovação
científica para imposição de barreiras sanitárias, ressaltam: a obrigatoriedade de
verificar ou analisar riscos (risk assessment), o direito de um membro aplicar medidas
baseadas em padrões próprios que não os internacionais (desde que tenha
43
fundamentos), a importância de buscar harmonizar as medidas aplicadas com base
em padrões internacionais estabelecidos pela Comissão do Codex Alimentarius, pela
Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) e Convenção Internacional de
Proteção das Plantas (CIPP) e a imprescindibilidade da transparência na adoção das
medidas. Assim, sistemas regulatórios domésticos impostos podem representar
barreiras importantes, tornando-se sérias barreiras comerciais devido a imposições
rígidas quanto a aspectos ambientais, saúde, segurança dos alimentos, etc.
(MASKUS et. al., 2001).
Entretanto, medidas sanitárias e fitossanitárias são legítimas na medida em
que visam prevenir algum dano a saúde humana, animal e a proteção de plantas
contra doenças ou pragas que possam ser introduzidas via importação de alimentos e
produtos agrícolas (DEODHAR, 2001). Embora possam minimizar a probabilidade de
introdução de novas pragas ou doenças, as normas ou acordos não conseguem evitar
totalmente sua introdução, porém, se não existisse um sistema de regulação para
minimizar a introdução de agentes etiológicos indesejados, o grau de incerteza e de
probabilidade de ocorrência de eventos danosos do ponto de vista sanitário e/ou
fitossanitário nas transações comerciais, seriam enormes (MASKUS et al., 2001).
Entretanto, Bueno & Silva (2008) estudando as exportações brasileiras de
açúcar bruto, açúcar refinado, fumo, café verde, carne de boi, carne de frango, carne
suína, farelo de soja, soja em grão, óleo de soja e suco de laranja não comprovaram
impacto das barreiras técnicas nos preços e nas quantidades, porém alertaram que as
possíveis assimetrias quanto ao poder de mercado podem ocorrer, desde que
pequenos exportadores estejam sendo prejudicados, em detrimento dos grandes.
O país que busca exportar tem que cumprir alguns requisitos exigidos pelos
países importadores, como por exemplo: realização de visitas e auditorias, análise de
riscos, oferecimento de garantia de qualidade e origem do produto, comprovação da
não-ocorrência de doenças e pragas, apresentação de certificados sanitários e
fitossanitários, rastreabilidade, entre outros (LIMA & BARRAL, 2007).
Contudo, alguns progressos vêm sendo obtidos nas negociações
internacionais. Para Jankb et. al. (2005) o Acordo Agrícola trouxe uma série de
conquistas para os países favoráveis à regulamentação do setor, entre elas:
consolidação e posterior redução dos subsídios à exportação e do apoio doméstico
aos produtores; tarifação (transformação de barreiras não-tarifárias em tarifas);
44
consolidação e redução média das tarifas e, ainda, garantia de acesso mínimo e
corrente para produtos antes bloqueados pelo elevado nível de proteção.
Já Jank & Tachinardi (2005) apontam a queda das barreiras tarifárias e não
tarifárias como elemento imprescindível para a ampliação das vendas externas, a
médio e longo prazo, como forma de manutenção das altas taxas de crescimento nas
exportações de commodities industriais, dependendo, também, da abertura de
mercados e da manutenção de uma taxa de câmbio em níveis que favoreçam a
competitividade brasileira. Em trabalho realizado pelo ICONE (2003), afirma-se que
na proposta de reforma da Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia, em
discussão na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), não há
qualquer medida que facilite o acesso ao mercado europeu, o qual continuará
extremamente protegido por picos, escaladas e cotas tarifárias, além do arsenal
crescente de barreiras não tarifárias.
2.7 Vetores de oferta e demanda
Como determinante no padrão de demanda por produtos agroalimentares
está a exigência do consumidor, que vem crescendo significativamente neste aspecto.
Neves (1999) destaca como causas: o aumento do consumo fora do domicílio, a
preocupação com a questão da segurança do alimento, a tendência de um aumento
relativo na participação dos idosos na população total do país, a conveniência pelo
aumento dos lares com menor número de moradores e o aumento da participação da
mulher no mercado de trabalho preferindo produtos de fácil preparo e embalagens
fracionadas, a valorização dos aspectos culturais, regionais e exóticos, abordagem do
desenvolvimento sustentável, induzindo as empresas a focar suas estratégias nos
chamados consumidores “verdes” através de produtos “ambientalmente limpos”,
apoiando o crescimento da demanda por produtos orgânicos com selo de origem e
ausência de agrotóxicos, e os códigos de defesa dos consumidores, cada vez mais
rigorosos.
Segundo Porter (1996), as tendências em necessidades como estas, não só
afetam diretamente a demanda como também, afetam, indiretamente, a procura de
produtos por meio de indústrias intermediárias, sendo que as necessidades podem
ser criadas de uma forma inteiramente nova ou apenas intensificadas pelas
45
tendências sociais.
Para Viegas (2006) levando-se em consideração as mudanças populacionais
ocorridas no Brasil, o mercado consumidor muda de perfil, apresentando nichos com
forte potencial de crescimento. Além disso, o aumento da expectativa de vida cria
novas segmentações de mercado, como os produtos funcionais, lights, dietéticos e
orgânicos. A maior participação da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho,
bem como da população urbana, são fatores que possivelmente explicam o
crescimento do consumo de refeições congeladas e vendas de pratos semiprontos.
Neste sentido, Tibola & Fachinello (2004), estudando as principais tendências
e estratégias de mercado para a fruticultura, apontaram as seguintes características
como determinantes no mercado de frutas: a) Consumidores mais informados devido
ao crescente impulso dos meios de comunicação, pregando um estilo de vida mais
saudável e informações com relação à qualidade e inocuidade dos alimentos,
concordando com Cantillano et al. (2001). Além disso, os segmentos mais jovens são
alvos de campanhas pois, possuem mesada, influenciam na compra dos pais e serão
futuros adultos, portanto poderão manter o hábito de consumir frutas. As frutas
desidratadas começam a ser consumidas durante o dia, nos intervalos do trabalho,
acompanham aperitivos e estão sendo incluídas nas merendas escolares; b) Pontos
de venda – os supermercados estão aproveitando a tendência de aumento no
consumo de frutas para oferecer seções mais atraentes, frutas mais bonitas, bem
embaladas e aparentando frescor, exigindo de seus fornecedores entregas mais
frequentes; c) embalagens – consumo de alimentos fracionáveis ou em embalagens
com pequenas quantidades, pois as famílias são menores e possibilitam um melhor
aproveitamento das frutas; d) praticidade – no Brasil, praticamente todos os hotéis
oferecem frutas frescas no café da manhã, além dos sucos, e quase todos os
hóspedes consomem frutas frescas; e) suco de frutas – aumento do consumo de
sucos se apresenta como um fenômeno mundial; e, f) frutas exóticas – crescimento
consistente na comercialização internacional de frutas de clima tropical, como goiaba,
manga e mamão.
No caso de avaliação de tendência no aumento do consumo de sucos, o
sabor pêssego é apresentado como o segundo mais preferido, ficando atrás apenas
do suco de uva, tendo apresentado no período 2006/08 um crescimento no volume de
vendas anual de 12,5%, em média (IBRAF, 2008 b).
Entretanto, Kohls (2004), estudando duas empresas do setor agroindustrial
46
ligadas a cadeia do pêssego da região de Pelotas, utilizando a matriz “Importância x
Desempenho” de Slack (2002), verificou que o aspecto inovatividade, embora
considerado central para apoiar as estratégias de sustentabilidade de longo prazo, em
um mercado altamente competitivo, apresenta-se numa zona de ação urgente ou de
melhoramento.
2.8 Estudo de caso
Estudos de caso (exploratório, descritivo ou explanatório) são métodos
recomendados para compreender fenômenos individuais, organizacionais, sociais e
políticos. Auxiliam no esclarecimento dos motivos pelos quais foram tomados
decisões ou um conjunto de decisões. Além disso, parte-se do princípio de que o
estudo de caso em profundidade pode ser considerado representativo de muitos ou
mesmo de todos os casos semelhantes. Assim, o estudo de caso exploratório como
método pode ser recomendado pela sua adequação às propostas de pesquisa
empírico-analítica, realizadas para coletar as informações inexistentes sobre sistemas
de gestão da produção. Adota-se, via de regra, entrevistas orientadas
seqüencialmente por perguntas estabelecidas em um questionário previamente
elaborado, cuja ordem deve permanecer invariada para todos os públicos
entrevistados de forma a garantir homogeneidade das respostas (Yin, 2001).
Kohls (2004) estudou estratégias adotadas por agroindústrias da região sul
do Rio Grande do Sul baseado em modelos de estudos de casos de outros setores
industriais. Os estudos de casos são realizados através da aplicação de
questionários, que se baseiam nos princípios semelhantes aos adotados em
diagnósticos de planejamento estratégico e implantação de sistemas de gestão pela
qualidade, como normas NBR ISSO 9000 (ABNT, 2005) e qualidade total (PGQP,
2005); check lists para a implantação de programas de PAS, como BPF e APPCC, e
Resoluções da Vigilância Sanitária (ANVISA, 2005).
3 Material e Método
As etapas desenvolvidas no trabalho constituíram de: 1 – escolha das regiões
do estado do Rio Grande do Sul a serem estudadas; 2 - elaboração do instrumento de
coleta (IC); 3 - validação do IC; 4 - adequação e aplicação do IC; e, 5 - análise dos
dados.
3.1 Escolha das regiões a serem estudadas
Foram escolhidas as duas regiões do Estado, Região de Pelotas e Região da
Serra do Nordeste do RS, por se tratarem dos principais pólos produtores de pêssego
do RS. A primeira, a maior produtora de pêssegos para a indústria de conservas, e a
segunda, a principal produtora e comercializadora para o mercado in natura (IBGE
2007).
3.2 Elaboração do instrumento de coleta
A fonte para coleta de dados foi a realização de entrevista com os gestores
das propriedades que constituíram o objeto de estudo. Optou-se pelo modelo de
questionário semi-estruturado com perguntas objetivas e subjetivas de modo a
permitir ao produtor a plena expressão de sua opinião/análise quanto à eficiência e
eficácia do uso das tecnologias aderentes à PIP, bem como de sua viabilidade
técnica, e levantar-se os principais pontos, cuja informação existente na literatura,
sobre PIP, não contemplava as dúvidas existentes na opinião do grupo de pesquisa.
Assim, formulou-se um questionário, utilizando a técnica de brainstorming entre os
membros do grupo de pesquisa, onde todos manifestaram livremente suas opiniões e
48
idéias sem discriminação das mesmas pelos responsáveis do trabalho. Elaborou-se
47 questões para serem aplicadas aos produtores. Esse procedimento é baseado em
trabalhos prévios, como os de Reis & Forcellini (2006) e Bezerra (2002).
Trata-se de um estudo de múltiplos casos (20 propriedades), exploratório,
com uma unidade de análise (Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de
Pêssego – TA-PIP). Através desta pesquisa, procurou-se entender como ocorre a
transferência do conhecimento e dos conceitos inerentes à PIP entre as instituições
de pesquisa e os produtores, bem como identificar as principais
características/inflexões/divergências da relação pesquisador-produtor rural (YIN,
2001).
A opção por estudar-se o uso de TA-PIP, como forma de visualizar-se a
assimilação das tecnologias geradas pelas instituições e dos conceitos da PIP, por
parte dos produtores de pêssego do RS, deu-se pelo fato de não haver nenhuma
propriedade certificada PIP no Estado, quando da realização do presente trabalho.
Assim, para a realização deste estudo, conceituou-se produção convencional
de pêssego como aquela que não segue as normas gerais de BPA’s, citadas por
Grasso et al. (2006) e relatadas anteriormente. Quando essas normas gerais eram
seguidas, juntamente com características da PI contidas nas normas técnicas e
documentos de acompanhamento da produção integrada de pêssego, considerou-se
como sendo utilizado, pelo produtor, TA-PIP. Os parâmetros eram considerados de
acordo com os conceitos dominados pelos produtores, levantados durante a
entrevista e de acordo como estes declaravam as características nas quais seus
pomares enquadravam-se, quando da realização do estudo.
3.3 Validação e adequação do IC
Antes da aplicação do instrumento de coleta visando a obtenção dos aspectos
qualitativos e quantitativos da PIP, foi realizado um teste piloto com dois produtores,
um dos quais também atuante na industrialização de pêssegos, cinco professores da
UFPel, um engenheiro agrônomo extensionista da Emater e um pesquisador da
Embrapa Clima Temperado. A partir desse ensaio, reunindo as manifestações
obtidas, readequaram-se os formulários de maneira que a coleta pudesse,
efetivamente, conjugar os dados.
49
3.4 Coleta de dados
A aplicação do questionário (APÊNDICE 1) foi realizada junto a 20 produtores
de pêssego, proprietários de pomares, sendo: 2 do município de Canguçu, 4 do
município de Morro Redondo, 11 do município de Pelotas e 3 do município de Bento
Gonçalves.
Fez-se a seleção dos produtores de modo a ter-se um perfil diverso, sendo 9
produtores com 10 ou menos hectares de pomar, 05 com pomares entre 11 e 20
hectares, 04 entre 20 e 50 hectares e 2 com mais de 50 hectares. Neste universo,
quanto ao relacionamento com órgãos de geração e difusão de conhecimento, optou-
se por três perfis de produtores que recebem assistência da Emater, participam de
trabalhos junto com a UFPel e/ou Embrapa e que possuem assistência das empresas
agroindustriais do pêssego, podendo um produtor se encaixar em mais de um dos
casos. E, por último, produtores sem relacionamento com essas instituições.
Nas questões estruturadas foi dada ao produtor a possibilidade de escolha
através de fichas de visão aleatória, de mais de um item, citando por ordem
decrescente de importância aqueles que mais impactam a produção de pêssego da
propriedade. Atribuiu-se nota máxima igual ao número de opções oferecidas (N); a
segunda considerada mais importante recebia nota N-1 e, assim, sucessivamente.
Fatores não apontados como importantes pelo produtor receberam nota 0 (zero) e a
importância dada ao item era a soma da nota obtida junto a todos os produtores,
considerando-se como mais importante aquele que obteve a maior soma. O
detalhamento dos formulários está em arquivo on-line no link
www.tecniagro.com.br/pip.
Durante a elaboração dos questionários, a escolha das propriedades e
realização dos testes piloto, evidenciou-se que as instituições atuantes junto aos
produtores de pêssego da região possuem uma visão distinta com relação ao nível de
adoção da PIP, pelo produtor rural, partindo da afirmação de que “todos os produtores
fazem somente produção convencional, estando completamente distantes da PI”, à
“no campo não existe mais produção convencional de pêssego, somente PI”. Essa
visão deve-se, provavelmente, pelas realidades distintas vividas pelos profissionais.
50
3.5 Período de realização
Coletaram-se dados relacionados ao nível tecnológico de adoção da
produção integrada de pêssego (PIP) correspondentes às atividades realizadas no
ano agrícola 2006/2007. Essa coleta ocorreu entre 01 de dezembro de 2006 e 01 de
junho de 2007. Também foram coletados dados relativos à unidade de produção
incluindo faixa etária, tempo de atuação na atividade, área trabalhada, cultivares e
outras, como forma de se poder estabelecer relações com a PIP.
3.6 Procedimentos de Aplicação dos Questionários
O método de aplicação dos questionários escolhido foi o de entrevista pessoal.
A desvantagem do método escolhido é a necessidade de deslocamentos até as
propriedades rurais, o que faz com que o período de levantamento de dados possa se
alongar. O resultado do trabalho pode ficar comprometido pela falta de disponibilidade
de alguns respondentes, obrigando o(a) pesquisador(a) a contatá-lo(a) novamente ou
substituí-lo(a), pela recusa de cooperação dos(as) entrevistados(as) e pela percepção
ou interpretação equivocada dos(as) entrevistadores(as) (KOTLER, 1998).
A execução da aplicação dos questionários abrangeu as seguintes etapas:
coleta dos dados necessários para contatar os produtores de pêssego, agendamento,
entrega de carta de apresentação da equipe executora do trabalho, garantia de sigilo
das informações, explicação dos objetivos e entrevista para levantamento dos dados.
A etapa de coleta dos dados necessários para contatar os produtores de
pêssego envolveu solicitações feitas junto à Embrapa/Clima Temperado,
Embrapa/Uva e Vinho, Emater/Escritório Regional de Pelotas e Departamento de
Fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas/Área de Fruticultura. A partir das
informações obtidas elaborou-se uma lista de produtores específica para o presente
trabalho.
Visando esclarecer que o trabalho se baseia nos princípios da ética, antes do
início de cada entrevista, foi entregue aos entrevistados uma cópia impressa da Carta
de Apresentação (APÊNDICE 2). Após, realizou-se a leitura do Formulário de
Consentimento, no qual se solicitou a assinatura do entrevistado (APÊNDICE 3).
51
Cabe ressaltar que, quando as questões provocavam dúvidas no
entrevistado, estas foram repetidas textualmente, pois a interpretação também foi
considerada como aspecto relevante na medição do conhecimento sobre o assunto.
Maiores explicações foram fornecidas somente nos casos em que o desconhecimento
ou a interpretação equivocado(a) do(a) entrevistado(a) poderia afetar a sua
participação na pesquisa. As entrevistas foram realizadas sempre pelo mesmo
entrevistador, neste caso, o autor desta tese.
O tempo de duração das entrevistas foi de duas a quatro horas. O registro
das respostas se deu sob a forma de anotação, optando-se pela não gravação das
mesmas para que o(a) produtor(a) ficasse mais à vontade. Ao final das entrevistas foi
formalizado o agradecimento aos(às) entrevistados(as) e estabeleceu-se o
compromisso de informar sobre os resultados obtidos na pesquisa.
Todos os registros obtidos estão sob a posse do autor da tese e serão
imediatamente destruídos após a aprovação e homologação do referido memorial. Em
nenhuma hipótese, mesmo durante a elaboração e avaliação do texto, serão
fornecidos os dados de pessoa física ou jurídica a quaisquer outras pessoas.
Os resultados da pesquisa serão fornecidos aos participantes através de
convite para participarem, na condição de público ouvinte, da apresentação específica
para os produtores, que deverá ocorrer em até 120 dias após a homologação da tese,
bem como recebimento de todo o texto digitalizado.
4 Resultados e Discussão
A idade média dos responsáveis pelas propriedades de produção de
pêssegos é de 46 anos, sendo que 12 produtores possuem menos de 50 anos,
enquanto 08 possuem idade entre 51 e 60 anos (TABELA 1). Por outro lado, a
presença de apenas 4 produtores com tempo mínimo de cultivo igual ou inferior a 10
anos mostra que estes têm experiência na cultura dessa espécie, o que já era
esperado, pois, sabe-se que se trata de uma atividade que, além do aspecto
econômico, inclui valores sócio-culturais. É o caso de famílias que se identificam com
o cultivo do pessegueiro que estão sócio e geograficamente localizadas em
comunidades identificadas com essa atividade (PEÑAFIEL, 2005).
O nível de escolaridade que, segundo o documento da Confederação
Nacional da Agricultura (1999), é uma variável importante para determinar a
capacidade de se adaptar aos novos cenários do mercado, indicando se os
responsáveis estão ou não preparados para assumir outras atividades fora do meio
rural, além da capacidade de decodificar as informações pertinentes a novas
tecnologias e práticas de cultivo, é de 8,1 anos de estudo, ou seja, 1,8 vezes a média
nacional, que é de 4,45 anos. Ressalta-se que 6 agricultores, ou 30% da amostra,
apresentaram 11 ou mais anos de estudo, enquanto 8 produtores de pêssego (40%)
possuem 5 ou menos anos de educação formal (TABELA 1). Esse diagnóstico sugere
que, do ponto de vista da escolaridade, trata-se de uma situação relativamente boa
em relação à média nacional, o que propiciaria a facilidade de comunicação,
entendimento, interpretação e inclusão técnico-econômica.
Chen & Dahlman (2004), em estudo realizado para o Banco Mundial, afirmam
que um incremento de 20% na média de anos de estudo da população representa um
aumento médio de 0,15% no crescimento anual na renda das pessoas. Esse
pressuposto não foi observado por Carrão et al. (2007), que estudando proprietários
53
de pequenos negócios instalados em uma cidade do interior do estado de São Paulo,
cuja economia é histórica e fortemente influenciada pelas indústrias
sucroalcooleira, metal-mecânica e pela predominância de empresas de pequeno
porte das motivações para a abertura dos negócios, os objetivos pessoais e as
dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento dos negócios encontrou uma baixa
correlação entre a escolaridade e a percepção de negócio dos entrevistados.
Contudo, não estudaram o desempenho econômico financeiro das empresas.
Tabela 1 - Caracterização dos entrevistados quanto aos anos de estudo, tempo de cultivo de pessegueiro e faixa etária, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Faixa (anos) Anos de Estudo
Tempo de Cultivo do Pessegueiro (anos)
Faixa Etária (anos)
Número de Produtores
0-5 8 0 30 ou menos 03 6-10 6 4 31-40 01
11-15 4 4 41-50 08 16 ou mais 2 12 51-60 08
Média 8,1 22 46 Total – 20 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
No estudo, seis produtores possuem cinco ou menos cultivares de pêssego e
menos de 5 hectares com a cultura. Os demais produtores, independentemente do
tamanho do pomar, apresentaram um número maior de cultivares (TABELA 2). Tal
fato acarreta maior complexidade do pomar e de suas atividades de manejo pelas
peculiaridades de cada genótipo, dificultando o estabelecimento de um padrão de
fruta para a região quanto a peso, calibre, cor de polpa, coloração da casca, entre
outros atributos. Mas, por outro lado, proporciona maiores garantias ao produtor frente
a intempéries e ampliação do período de oferta, incluindo cultivares precoces e
tardias. Além disso, o plantio de cultivares precoces permite a produção de frutas com
menor custo, visto que exigem um menor número de tratamentos fitossanitários,
tendo em vista que ficam um tempo menor expostas às intempéries, à estação de
temperaturas e umidade mais elevadas, o que favorece a ocorrência de doenças e
danos causados por insetos.
Verificou-se que, de modo geral, na região de Pelotas, os produtores que
comercializam pêssego tipo mesa, também produzem para empresas agroindustriais,
mas, o foco está centrado na indústria. Também foi observado que, na percepção dos
produtores de pêssego, o mercado de frutas para consumo in natura é visualizado,
muitas vezes, como um mercado de oportunidade eventual e não como foco da
54
produção frutícola da propriedade, não estando dentro de uma estratégia de
diversificação de mercado consumidor. Excetuam-se dessa situação os produtores
que atuam, exclusivamente, com a produção de pêssegos de polpa fundente,
totalmente direcionados ao mercado in natura. Neste caso, a visão é única, ou seja,
atendimento ao atacado e varejo de frutas in natura.
Tabela 2 - Área de pomares de pêssego, número de cultivares e número de produtores por faixa, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Área dos pomares
(ha) Número de Produtores
Número de cultivares Número de produtores
2-10 9 1-5 6 11-20 5 6-10 11 20-50 4 >10 3 > 50 2
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Dentre as principais cultivares de pêssego utilizadas, há predominância
daquelas do tipo indústria em relação às de duplo propósito, que podem ser utilizadas
tanto para consumo in natura quanto para industrialização (TABELA 3), como
conseqüência do foco dos produtores da região de Pelotas, que é a venda para o
processamento das frutas. Tal fato ocorre por ser recente a exploração do mercado
da fruta in natura pelos produtores da região e por este ainda representar baixos
volumes. Embora o pêssego ‘Granada’ seja do tipo indústria é muito utilizado na
venda para consumo in natura por apresentar película com recobrimento vermelho
(EMBRAPA, 2005). Desse modo, essa cultivar tem sido comercializada em ambas as
formas, mas com volume crescente in natura. No entanto, na safra 2006/2007 houve
redução dos volumes comercializados, tendo em vista que essa cultivar floresce de
final de agosto até meados de setembro, época em que coincidiu com a ocorrência de
geadas tardias, prejudicando a produtividade de muitos pomares.
Segundo os produtores, a escolha da cultivar é feita com base nos resultados
apresentados pela Embrapa e pelas unidades de demonstração existentes na região.
Como critérios, os produtores citam que são prioritários: a) a produtividade e
regularidade de produção; b) o ciclo; c) a aparência da fruta; d) a resistência a
doenças e pragas. Nesse contexto, os produtores citaram que, além das cultivares
que já possuem, conhecem um elenco de outras cultivares, que, de alguma forma,
contemplam um ou mais critérios citados anteriormente (Tabela 4).
55
Tabela 3 - Cultivares, área média, freqüência e percentagem sobre a área total das 10 principais cultivares de pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Cultivar Área média (ha) Freqüência Total (ha) % sobre área total do estudo
Granada* (M) 9,78 16 156,50 19,97 Esmeralda* (P) 9,02 14 126,25 16,10 Maciel** (P) 6,96 12 83,50 10,65 Jubileu* 6,94 12 83,25 10,63 Eldorado** (P) 5,15 10 51,50 6,58 Jade* (P) 5,72 8 45,75 5,84 Leonense** (P) 5,75 6 34,50 4,41 Sensação* (P) 3,50 9 31,50 4,03 Precocinho* (P) 14,50 2 29,00 3,68 BR6* (M) 4,14 7 29,00 3,68 Outras (14) 3,06 4 113,25 14,43 Média 7,84 5,15 - - Total - 20 784 100 * Pêsssego tipo indústria ** Pêssego tipo dupla finalidade (M)– Cultivares de ciclo médio; (P) Cultivares de ciclo precoce Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa. Tabela 4 - Principais cultivares de pêssego conhecidas pelos produtores de pêssego além daquelas que cultiva, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Cultivar Frequência Eldorado** 5 Jade* 5 Precocinho* 5 Sensação* 5 Granito* 4 Santa Áurea 4 BR2* 3 BR4 3 Chiripá*** 3 Ametista* 2 Esmeralda* 2 Granada* 2 Leonense** 2 Riograndense** 2 Outras cultivares com uma citação 19 Não conhece outras cultivares 3 * Pêsssego tipo indústria ** Pêssego tipo dupla finalidade *** Pêssego tipo mesa Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Dos 20 produtores entrevistados somente um, que vende sua produção
exclusivamente para uma empresa agroindustrial, declarou que nunca havia escutado
56
falar em PIP, sendo que confundia o conceito com o de integração empresarial. O
elevado percentual de produtores com esta percepção evidencia a difusão da
informação já que 19 (95%) produtores, de alguma forma, conheciam os pressupostos
da PIF e da PIP (Tabela 5). Isso indica que a ação institucional, no que concerne a
popularização dos conceitos do conhecimento gerado, junto aos produtores, vem
atuando adequadamente. No entanto, quando se passa à validação dos conceitos
técnicos da PI, verificou-se que os produtores a relacionam, principalmente, com o
uso controlado de agrotóxicos, sendo este o aspecto mais apontado. Tal fato vai ao
encontro das afirmações de Portocarrero & Kososki (2007) que indicam a PI como
fator primordial na redução do uso de agrotóxicos e, por Tibola et al. (2005) que
obtiveram menores danos causados por insetos-praga e menor número de
pulverizações de inseticidas na PIP.
Outras características importantes também foram citadas, como uso
controlado de adubos e cobertura de solo, rastreabilidade e registro de todas as
práticas em caderneta própria. A produção convencional de pêssego, por sua vez, é
vista como uma tecnologia onde se faz uso sem controles de agrotóxicos e sem
preocupação com a proteção do solo, o que pode, segundo 10% dos entrevistados,
levar a problemas comerciais no produto (TABELA 5), mostrando que esse aspecto
deve ser mais explorado pelos órgãos de pesquisa e difusão da informação, com o
intuito de sensibilizar o produtor para a adoção da PIP.
Tabela 5 - Principais características da produção integrada entendida, pelos persicultores, em comparação com a produção convencional de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Produção Integrada Produção convencional 1 2 3 4 5 6 7 Frequência 18 4 6 4 16 4 2
% 90 20 30 20 80 20 10 1 – Uso Controlado de agrotóxicos; 2 – Uso controlado de adubação e proteção do solo; 3 – Rastreabilidade; 4 – Registro de práticas; 5 – Sem controles do uso de agrotóxicos; 6 – Solo sem proteção; 7 – Problema Comercial. Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Quanto ao conhecimento das normas da PIP, é importante observar que 14
produtores, ou seja, 60% dos entrevistados, afirmaram conhecê-las, sendo que dois
participaram da elaboração das normativas. Como principais difusores da tecnologia
foram citados a UFPel e as empresas que industrializam pêssego, seguidos por
Embrapa, Emater e outros (TABELA 6).
57
Tabela 6 - Conhecimento das normas PIP e local onde os fruticultores obtiveram a informação sobre a tecnologia, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Conhece normas PIP Onde conheceu
Sim Não UFPel Embrapa Emater Empresa Outro Frequência 14 6 8 2 1 2 1
% 70 30 40 10 5 40 5 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Embora o presente trabalho aponte para o fato de que os persicultores
dominam os conceitos relativos à PIP e a maioria conheça a normativa, nenhum deles
realizou a certificação do pomar como PIP. Pelos dados obtidos, constatou-se que
eles declararam possuir produção convencional (PC) e a produção convencional
combinada com tecnologias aderentes a PIP (TA-PIP), ou produção de pêssego
utilizando tecnologias aderentes a PIP (TA-PIP) (TABELA 7). Os produtores que estão
adotando a TA-PIP na produção de pêssegos da propriedade afirmam que a
certificação só será feita se houver retorno do investimento, seja na diferenciação do
produto e/ou na remuneração. Caso contrário, afirmam que não há razões para fazê-
la. Fica evidente, por essas manifestações, a necessidade de que o mercado
(atacadista, varejista e consumidor) conheça e valorize esse diferencial. Neste caso é
muito importante a ação de políticas públicas, para conscientização do consumidor,
quanto as vantagens da PIP para que este seja indutor de demanda.
Os produtores que estão praticando os princípios técnicos da PIP, utilizando
TA-PIP, o fazem por consciência da necessidade de evolução do sistema de
produção, por haver redução dos custos com insumos, especialmente inseticidas, e
com menor número de ações no manejo do solo. Porém, é destacado por,
praticamente, todos os produtores que a mosca-das-frutas e a podridão parda, ainda,
são fatores limitantes e críticos na produção de pêssegos.
Nesse aspecto, há uma demanda chave e urgente para que estabeleçam
medidas preventivas e contínuas para estes problemas. Além do monitoramento, os
produtores sugerem trabalhos coletivos junto às comunidades e a necessidade de
haver estações de monitoramento e aviso. Também, solicitaram uma urgente adoção
do sistema de extensão de uso para princípios ativos mais eficazes no controle dessa
praga (mosca-das-frutas) e doença (podridão parda). No caso da mosca-das-frutas,
houve sugestão para que haja uma ação pública para trazer para a região a
tecnologia de produção de machos estéreis, atualmente utilizado, na região de
58
Petrolina – PE.
Tabela 7 - Sistema de produção de pêssego adotado na propriedade, segundo declaração do próprio produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). PC TA-PIP PC X TA-PIP Frequência 3 9 8
% 15 45 40 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Em respostas induzidas, nas quais os produtores poderiam escolher mais de
uma alternativa quanto ao motivo pelo qual não buscam uma certificação PIP,
somente quatro informaram que pretendem certificar os pomares como PIP, mas
sinalizam para a perspectiva de ações complementares de promoção da PIP,
tornando o sistema conhecido e o produto diferenciado. Isto está condicionado à
valorização desse conceito pela indústria assim como pelo mercado consumidor,
principalmente no que concerne aos benefícios ao ambiente e à saúde dos
consumidores, resultando em melhor remuneração do produto.
Quatro produtores pretendem adotar ou manter apenas a utilização dos
conceitos, usando TA-PIP, principalmente porque a certificação não é uma exigência
do mercado brasileiro e, pelo menos por enquanto, não implica em diferencial na
remuneração do produto. Seis produtores não pretendem adotar a PIP ou seus
conceitos de maneira consistente, mesmo que não venham a certificar, por não haver
estímulo do mercado como exigência ou como remuneração pelo produto (TABELA
8).
Esse comportamento também era esperado, tendo em vista que, em geral, a
alteração do sistema de produção só se dá mediante redução de custos, aumento de
rentabilidade e/ou exigência de mercado. Nos casos em que a adoção da PI ocorreu
em sua integralidade na produção de frutas ou de outros produtos no Brasil, as
causas impulsionadoras da tomada de decisão foram baseadas na exigência do
mercado comprador, inicialmente internacional, seguida da redução de custos e
aumento da rentabilidade (FARIAS, 2002; GUERRA et al., 2007). Fato similar ocorreu
na UE, onde, em 1993, a OILB publicou os princípios e normas técnicas
(ANDRIGUETO & KOSOSKI, 2005) e a PI é compulsória (OLIVEIRA, 2005).
59
Tabela 8 – Intenção, por parte do produtor, de realizar certificação PIP ou adotar TA-PIP e o motivo pelo qual toma a decisão, com resposta espontânea de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
PIP TA-PIP NÃO
Tecnologia não está pronta
Não dá retorno
financeiro
Problema grade
agrotóxicos
Se indústriaestimular
Mercado não exige
Falta Marketing
Frequência 4 9 3 3 1 5 7 1
% 20 45 35 15 15 5 25 35 5 F = formalizada, NF = não-formalizada - Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Os produtores, ao serem questionados a respeito do motivo pelo qual não
possuem interesse em certificar a PIP, destacaram, principalmente, a resposta: “o
mercado não remunera”. Ainda, como razões importantes para a não adoção, foram
citados “falta de informação”, “não possui assistência adequada na região” (apontado
por produtores da Serra do Nordeste e da Região de Pelotas) e “normas restritas
demais”. Os demais aspectos “muito caro”, “normas pouco práticas”, “sem assistência
técnica da Emater”, “não acha eficiente” e “problemas de atrativos”, não foram
considerados como principais limitantes (FIGURA 1). Um dos aspectos fundamentais
para o potencial de sucesso da PIP é o fato de que os produtores não vêem fortes
barreiras técnicas para certificar a PIP; basta o sistema proporcionar rentabilidade
continuada, do ponto de vista econômico, que os pressupostos sócio-culturais de
segurança e ambientais serão atendidos. Comportamento similar também foi
evidenciado na UE (CHEVRIN, 2002). Porém, os entraves foram rapidamente
superados com a promoção institucional da PI, divulgando e popularizando o conceito
junto às escolas, fruteiras, supermercados e feiras livres. Contudo, cabe salientar que
os produtores estudados, predominantemente, produzem pêssego para indústria,
explorando, eventualmente, em oportunidades ocasionais, o mercado da fruta in
natura, sendo que gradualmente vêm buscando explorar este segmento. Assim, de
acordo com o crescimento da importância do mercado para consumo in natura, mais
exigente que o mercado de industrialização de pêssego, poderá surgir problemas
tecnológicos não detectados pela pesquisa.
Na visão do Ministério da Agricultura e da Pesca Francês, juntamente com a
cadeia produtiva do pêssego, à semelhança do que fez com as demais espécies
frutíferas, houve massificação do conceito junto à população que reconhece, valoriza
e procura por estes produtos, embora, de modo geral, não tenham um valor de
mercado mais elevado (STERNS & CODRON, 2001). Mas, segundo o autor, o fato de
60
ser o produto preferencial, garante-se a competitividade e amplia-se o espaço de
venda.
Segundo Porter (1989), não basta criar uma nova característica de valor ao
produto para o comprador se ele não percebe esse aspecto, ou seja, produtos de
valor real menor, mas largamente percebidos, podem ser mais competitivos que
outros de valor real maior, porém, imperceptíveis. Assim, é importante que o
consumidor compreenda o valor no pêssego oriundo da produção integrada para que
o produtor torne-se mais competitivo e aumente a adoção e a certificação da PIP.
Contudo, para isso é necessário a adoção de políticas públicas de modo a incentivar
a produção integrada e de conscientização do consumidor como forma de induzir a
demanda por frutas sob tal sistema de produção.
89
66
55
40
20
18
10
10
9
8
0 20 40 60 80 1
Mercado não remunera
Falta informação
Não possui assistência
Normas restritas demais
Muito caro
Normas pouco práticas
Sem assistência da Emater
Mercado não exige
Não acha eficiente
Problema de atrativos
Grau de importância
Mot
ivaç
ões
para
não
ado
tar P
IP
Figura 1 - Somatório das notas dadas pelo produtor, sendo mais importante o atributo quanto maior a nota, ao apontar o motivo pelo qual não adota a Produção Integrada de Pêssego formalizada, conforme o grau de importância em ordem decrescente, com pergunta induzida, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Visando verificar o grau de confiança por parte do agricultor na PIP, os
persicultores foram questionados a respeito da continuidade desta, tendo sido
observado que embora eles não percebam retorno no curto prazo, visualizam que é
um sistema estratégico no longo prazo; eles entendem que terá continuidade mesmo
que, atualmente, não ocorra diferenciação no preço pago ao produtor para os que
estão enquadrados dentro da PI (TABELA 9).
61
Tabela 9 - Continuidade da produção integrada e obtenção de diferencial de preço pela adoção de TA-PIP, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
PIP terá continuidade ou será extinta? Obtém diferencial preço TA-PIP
Produtor Continuidade ExtintaFalta
remuneração Sim Não Frequência 13 4 3 3 14
% 65 20 15 15 70 * NS = Não sabe - Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Procurando entender os motivos pelo qual o produtor não adota a certificação
PIP destacam-se como os principais fatores: a não valorização do produto no
mercado, a concorrência do produto importado e o desconhecimento por parte do
consumidor das vantagens quanto à segurança do alimento das frutas produzidas
nesse sistema. Cinco produtores (25%) afirmaram que a adoção, mesmo parcial, dos
conceitos inerentes a PIP lhes proporcionou ofertarem frutos de qualidade superior no
mercado, mas sem o devido reconhecimento (TABELA 10). Esse resultado sugere
que sejam adotadas medidas de promoção do conceito da PIP e de “food safety”,
junto ao mercado consumidor. Tabela 10 - Razões apontadas como responsáveis pela não adoção da PI de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Mercado não valoriza
Preço produto importado
Qualidade superior
Consumidor desconhece PI
Frequência 8 3 5 5 % 40 15 25 25
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa. Para o produtor, são evidentes as vantagens ambientais e a proteção ao
trabalhador proporcionado pela adoção da PIP, em comparação com o sistema
convencional de produção de pêssegos (TABELA 11). Contudo, as vantagens
econômicas e de facilidade de manejo não são tão visíveis. No que tange à utilização
de mão-de-obra, a maioria dos produtores apontou que não vê diferença entre os dois
sistemas, sendo que neste item, um número maior de agricultores apontou o sistema
convencional como mais econômico. Como o item mão-de-obra é componente
importante do custo de produção, verifica-se uma barreira para o avanço da PIP, que
demanda maior controle de variáveis, especialmente monitoramento de insetos-praga.
Assim, na percepção da maioria dos produtores, a PIP é interessante pelo menor uso
de agrotóxicos e de insumos no manejo do solo, porém a necessidade de
62
monitoramento de pragas e registro de todos os eventos são apontados como
limitantes. Essas práticas implicam numa intensificação de múltiplas atividades num
mesmo período, muitas vezes, demandando inclusão de mão-de-obra adicional.
Parece contraditório o produtor afirmar que o mercado não valoriza a
produção integrada de pêssego (TABELA 10) apontando este fator como causa do
não estímulo para sua adoção e, ao mesmo tempo, afirmar que a PI proporciona um
maior lucro para a atividade (TABELA 11). Isto ocorre porque o fruticultor percebe que
o sistema proporciona uma redução de custos pelo uso controlado de agrotóxicos e
de insumos em geral, mas há a necessidade de incorporar-se às práticas ainda não
massificadas, como é o caso do monitoramento de pragas mais freqüente,
adequações de infra-estrutura para a preparação de caldas, registro das operações,
entre outras.
Os benefícios da PIP, sob ponto de vista ambiental, foram amplamente
identificados pelos produtores que destacaram o uso racional de agrotóxicos, de
fertilizantes e o uso da cobertura de solo como grandes avanços (TABELA 11).
Associa-se a isso, o recolhimento de embalagens de agrotóxicos, mencionada como
importante avanço tecnológico e realizada pela totalidade dos produtores
componentes da amostragem.
Tabela 11 - Comparação do sistema de produção integrada e de produção convencional de pêssego quanto à proteção do ambiente, proteção do trabalhador, lucro, facilidade de manejo e economia de mão-de-obra, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Maior proteção do
meio ambiente Maior proteção do
trabalhador Maior lucro Maior facilidade de manejo
Maior economia demão de obra
PC PI SD PC PI SD PC PI SD PC PI SD PC PI SDRespostas 3 15 1 1 14 2 4 9 4 7 7 3 7 4 6
% 15 75 5 5 70 10 20 45 20 35 35 15 35 20 30Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa. SD = sem diferença.
Atingir novos mercados é muito importante para o produtor na busca da
valorização da fruta, garantia de comercialização e diminuição da dependência da
Empresa Agroindustrial e/ou do mercado local, tendo em vista que os produtores da
região de Pelotas comercializam a fruta predominantemente dentro do RS, os
produtores da Serra do Nordeste a enviam para outros estados (TABELA 13).
Contudo, apenas sete produtores, entre os componentes da amostragem, já
participaram de rodada de negócio do Banco do Brasil, onde há a presença de vários
compradores da fruta para consumo in natura. Além disso, dos treze produtores que
63
nunca participaram das rodadas de negócios, seis não tem a intenção de participar
(TABELA 12). Tabela 12 - Participação em rodadas de negócios do Banco do Brasil, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Participação em rodadas de negócios do Banco do Brasil Intenção de participação
Produtor SIM NÃO SIM NÃO Frequência 7 13 5 6
% 35 65 25 30 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Ao analisar-se o destino da produção, verificou-se que 65% dos produtores
que compuseram a amostragem vendem frutos para o mercado de consumo in natura
(TABELA 13). Porém, excetuando-se os produtores da Serra Gaúcha e um produtor
do Município de Pelotas, que só produzem frutas para esse mercado, os persicultores
da Região Sul do RS, produzem majoritariamente para industrialização e
minoritariamente para o mercado in natura. Esse fato já era conhecido e não faz parte
do problema da pesquisa. O que se buscou, além desse diagnóstico, foi saber qual a
percepção quanto ao futuro. Nesse aspecto, constatou-se que, embora o foco ainda
esteja voltado à industrialização, duas perspectivas foram enunciadas: 1.) expansão
do mercado in natura; e, 2.) desejo de expansão de produtos derivados do pêssego,
especialmente polpa para sucos e néctares.
Os produtores da região sul do RS comercializam a fruta in natura,
principalmente com compradores de outras regiões do Estado, principalmente a
grande Porto Alegre, sendo que somente um produtor envia a fruta diretamente para
fora do RS (Tabela 13). Contudo, diferentemente dos produtores da Serra Gaúcha,
incluem intermediários no processo. Esse parece ser um dos aspectos altamente
significativos no processo de produção/comercialização da fruta, ou seja, os
produtores da Serra produzem, compram, armazenam, classificam, embalam e
comercializam pêssegos junto ao mercado varejista e consumidor, enquanto os
produtores da Região Sul do RS produzem e comercializam sua produção a
intermediários, os quais realizam as demais etapas do processo. Aqui reside um
espaço fundamental para melhoria na cadeia produtiva do pêssego da Região Sul, ou
seja, o estudo de mercado e a industrialização de produtos locais para
comercialização, seja individual ou em associação, ou em bolsa de mercadorias.
Tanto para as empresas urbanas como para as rurais pode ser visto como um
64
ponto fraco a dependência total da receita de um único produto, comprador ou
mercado, podendo ser uma ameaça ao sistema produtivo a exploração de apenas um
nicho de mercado. Por outro lado a diversificação de produtos ou de mercados pode
proporcionar a manutenção do produtor quando a atividade e/ou mercado principal
entra em crise (PORTER, 1996). Desse modo, buscou-se verificar quais outros
mercados estão sendo explorados pelo persicultor. Importante o fato de que, mesmos
os produtores da região de Pelotas, eminentemente produtora de frutas para indústria
de conserva, têm buscado explorar a venda da fruta in natura, de modo a diminuir a
fragilidade gerada pela dependência de um único tipo de cliente. Embora para estes,
a região onde se localizam suas propriedades ainda seja o principal mercado, verifica-
se uma diversificação das praças atingidas. Somente os produtores da Serra do RS
afirmaram que conseguiram atingir e ofertar sua fruta em outros estados brasileiros
(TABELA 13).
Tabela 13 - Exploração do mercado de pêssego in natura e principais praças para as quais são enviadas frutas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Trabalha com
venda da fruta para consumo in
natura
Mercado para onde comercializa a fruta para consumo innatura
Produtor Sim Não Região Pelotas
Santa Maria
Serra RS
Porto Alegre
Outros RS
SP RJ MG Outros Estados
Frequência 13 7 17 2 5 4 2 4 3 3 3 % 65 35 85 10 25 20 10 20 15 15 15
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Em toda cadeia produtiva, incluindo aí as cadeias agroindustriais, é muito
importante para sua perpetuação, a questão de como se dá o relacionamento entre
seus elos. De modo geral, foi apontada como boa, por parte dos produtores, a relação
que têm com o comprador, sendo que os pontos positivos destacados foram a
realização do pagamento em dia, o preço satisfatório praticado pelo mercado e o
financiamento de terra e insumos por parte das empresas agroindustriais. Os
principais problemas citados foram: atraso no pagamento praticado pelos
compradores, preço baixo praticado, problemas de classificação da fruta nas
empresas agroindustriais e falta de caixas para o transporte (TABELA 14). Nota-se
que, enquanto alguns produtores apontam a realização de pagamento em dia e a
prática de preços adequados pelo mercado, outros apontam como pontos negativos a
baixa remuneração e os atrasos no pagamento. Essa contradição aparente ocorre
porque os produtores usam agentes de comercialização diferentes, principalmente
65
quanto ao fornecimento de frutas para uma empresa agroindustrial (fornecem para
empresas agroindustriais distintas) ou uso de intermediários sem tradição na região,
quando do mercado da fruta in natura.
Tabela 14 - Características da relação entre produtor e comprador, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Produtor Boa Regular Ruim Paga em dia Atrasa Preço
bom Preço baixo
Problema Classificação
Falta Caixa
Financia terra e
insumos
Frequência 15 3 1 12 4 9 3 2 2 3 % 75 15 5 60 20 45 15 10 10 15
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Os principais motivos e/ou vantagens apontados pelos produtores como
motivadores para a adoção da PIP foram: maior qualidade da produção obtida e
controle da utilização de agrotóxicos e preocupações com a saúde do produtor e sua
família. Tal fato, está de acordo com o demonstrado por Nunes et al. (2004) e
Fachinello et al. (2005) que, em pomares sob PI, obtiveram frutos de maior qualidade
quanto ao diâmetro, em comparação com aqueles sob PC. Nota-se que,
espontaneamente, somente um produtor afirmou que a redução de custos foi fator
importante como resultado da adoção de tecnologias aderentes a PIP e apenas dois
afirmaram que a tecnologia é mais rentável (TABELA 15). Assim, ações que visem
demonstrar ao persicultor a maior viabilidade econômica da PIP, em comparação à
tecnologia tradicional de manejo do pomar, devem ser incentivadas de modo a
fomentar sua adoção.
Tabela 15 - Vantagens e motivos para adotar produção integrada apontadas espontaneamente pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Não fazerPIP
Maior qualidade da
produção Saúde
Quando for exigência do
mercado
Mais rentável
Garantir mercado Consciência
Economia
de Defensivos
Menor custo
Frequência 6 6
4 2
2 5 3 6 1
% 30 30
20 10
10 25 15 30 5 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
A falta de informação e a não existência de assistência adequada (Figura 1) e
a não exigência do mercado (TABELA 16), são considerados fatores limitantes para
adoção da PIP. Embora os benefícios propostos e validados sejam reais, dificilmente
haverá massificação do uso sem que haja diferenciação, seja na forma de preço final
do produto, ou na forma de apresentação.
66
A necessidade de aquisição, colocação e observação de armadilhas,
especialmente para monitoramento de mosca-das-frutas e grafolita, foram apontadas
como práticas que implicam em maior uso de mão-de-obra e custos, já que a época
em que essa atividade é realizada coincide com a maior demanda de mão-de-obra na
propriedade. Os produtores mencionaram também que uma das dificuldades de
manejo, é a restrita lista de princípios ativos registrados para a cultura, o que implica,
em muitas vezes, à ilegalidade. De forma enfática os produtores perguntaram: “por
que há tantos produtos registrados para a maçã e não para o pêssego, se as pragas
são praticamente as mesmas e os frutos são consumidos de forma similar?”. A
demanda já é amplamente conhecida pelos órgãos regulatórios, mas não houve o
avanço desejado até o momento. A “extensão de uso” de alguns princípios ativos foi
proposta como a medida mais facilmente aplicável, mas isso ainda não foi efetuado.
Tabela 16 - Principais motivos para não estar na produção integrada apontados espontaneamente pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Frequência 8 1 1 6 2 1 2 1 1 2
% 40 5 5 30 10 5 10 5 5 10 1 – Sem motivo; 2 – Problema de atrativos; 3 – Doenças; 4 – Mercado não exige; 5 – Falta assistência; 6 – Falta de divulgação; 7 – Falta de acompanhamento e anotações; 8 – Falta de mão-de-obra; 9 – Problema da indústria; e,10 – Falta de agrotóxicos registrados. Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Comparando-se os gastos da produção convencional e da produção
integrada, os produtores apontaram como maiores economias decorrentes da adoção
de tecnologias aderentes a produção integrada em comparação ao sistema
convencional, os seguintes ítens: combustível, inseticidas e utilização de
implementos, sendo que em herbicidas e fungicidas, praticamente, não houve
diferença na opinião dos produtores componentes da amostra (Figura 2), divergindo
do encontrado por Tibola et al. (2005) que apontaram reduções significativas no uso
desses insumos. Já os itens que apresentaram maiores aumentos de custos com a
adoção da TA-PIP foram o monitoramento de pragas e outros custos (Figura 2),
principalmente devido ao fato de que, na produção convencional, o controle de pragas
é feito por calendário e não por contagem/amostragem dos insetos-praga presentes
no pomar.
67
56
1930
56
272510
36 3625
454228
58
23
50
94
49
0
20
40
60
80
100
Impa
cto
dos custos
1 2 3 4 5 6 7 8 9
TA‐PIP PC
1 = Monitoramento de Pragas 2 = Inseticidas 3 = Fungicidas 4 = Herbicidas 5 = Tempo dedicado à cultura 6 = Mão-de-obra 7 = Combustível 8 = Máquinas e implementos agrícolas 9 = Outros insumos usados no cultivo do pêssego Figura 2 - Diferenças de custo de produção de pêssego entre o sistema convencional e o uso de tecnologias aderentes a produção integrada, com resposta induzida, de acordo com a nota atribuída pelo produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
A distribuição das atividades ao longo do ano é fator importante,
principalmente como subsídio na escolha de outras atividades econômicas que
podem ser realizadas na propriedade de modo a diversificar as fontes de receita do
produtor, quanto para determinar os períodos de férias, planejamento e preparativos
para a safra seguinte. Foi evidenciado que há intensa atividade entre os meses de
maio a janeiro, sobrando apenas 3 meses no ano para descanso/férias, planejamento,
preparativos de maquinário e compra de insumos (Tabela 17). Tal fato dificulta a
associação do cultivo de pêssego com outras culturas porque não permite
compartilhamento de infra-estrutura e, por consequência, o rateio de custos. Assim,
uma estratégia interessante é a diversificação com outras fruteiras que possam
compartilhar a infra-estrutura da propriedade, quanto aos tratos culturais e aos canais
de comercialização, como: ameixas, nectarinas, maçã, uva e até mesmo caqui. Deste
modo, o produtor pode ter compartilhamento de custos, diminuição dos riscos quanto
a intempéries e variações de mercado sem um incremento tão significativo na
68
complexidade das atividades de manejo da propriedade, tornando-se especialista em
fruticultura.
Em respostas espontâneas, apenas um produtor mencionou que realizava
poda verde (Tabela 17), sendo que este recebeu orientação do Grupo de Pesquisa
em Fruticultura da UFPel em anos anteriores. Este fato é semelhante ao relatado por
Tibola et al. (2007) em trabalho sobre análise de conformidade na adoção das normas
da PIP, os quais afirmam que a poda verde não vinha sendo realizada
adequadamente nos pomares da região, principalmente pela dificuldade em encontrar
mão-de-obra. Com isso, as plantas apresentam excesso de ramos no interior da copa,
prejudicando a insolação e a eficiência na aplicação dos agrotóxicos. A prática de
intensificar a poda verde tem sido preconizada como forma de melhorar a condução
do pomar e a uniformidade dos frutos. No entanto, não é uma prática de uso
popularizada.
Tabela 17 - Distribuição das atividades ao longo do ano nas propriedades produtoras de pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Distribuição da utilização de mão-de-obra na propriedade ao longo do ano
Atividade Colheita Poda Raleio Colheita Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Frequência 12 1 6 13 12 3 12 15 20 20% 60 5 30 65 60 15 60 75 100 100
1 – janeiro, 2 – fevereiro, 3 – março, 4 – abril, 5 – maio, 6 – junho, 7 – julho, 8 – agosto, 9 – setembro, 10 – outubro, 11 – novembro, 12 – dezembro. Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
As principais características buscadas pelos produtores para introdução de
novas cultivares em seus pomares são (Figura 3): tamanho de fruto, o qual é
importante para a sua remuneração tanto na indústria quanto no consumo in natura;
cor da casca; durabilidade de prateleira e formato de fruto que também são
importantes para o mercado da fruta in natura; maior rendimento na indústria; e,
precocidade, que é relevante para redução de custos, uma vez que a fruta fica menos
tempo exposta no campo, e, por conseqüência, necessita um número menor de
tratamentos fitossanitários, além de apresentar menor risco de sofrer a ação de
intempéries.
69
138
113
76
62
62
58
52
50
37
37
18
0 50 100 15
Tamanho de fruto
Cor da Casca
Tempo de prateleira
Maior rendimento na indústria
Formato do Fruto
Precocidade
Outros
Cor da polpa
Período de colheita curto
Ciclo longo
Período de colheira longo
Gradu de importância
Atrib
utos
des
ejad
os p
ara
a fr
uta
pelo
pro
duto
r
Figura 3 - Principais características das novas variedades, desejadas pelos 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da do Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul, com resposta induzida (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
A substituição de cultivares é importante para a remoção de pomares velhos
de baixa produtividade pelos de maior produtividade com pêssegos que atendam
melhor às demandas do consumidor. Neste caso, os produtores demonstraram
intenção em substituir a ‘Granada’ que, embora destinada à industrialização, tem boa
aceitação no mercado de frutos frescos (MEDEIROS & RASEIRA, 1998), mas tem
apresentado alternância de produção. As cultivares preferidas para substituí-la são as
precoces, ‘Precocinho’ e ‘Sensação’ (TABELA 18). A justificativa apresentada pelos
produtores para a preferência de pêssegos precoces é a menor necessidade de tratos
culturais.
Dentre os produtores que mencionaram ter a intenção de substituir
pessegueiros, cinco irão reduzir os pomares de ‘Granada’, dois de ‘Chiripá’ e ´Pilch´, e
os ‘Ágata’, ‘Cerrito’ e ‘Premier’, serão substituídos por outros tipos de pessegueiros.
70
Tabela 18 - Substituição de pessegueiros e quais as mais interessantes para novos plantios, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Pretende
substituir Pessegueiros mais interessantes
Sim Não Sensação Maciel Outros Frequência 15 5 6 2
% 75 25 30 10 Precocinho, Olímpia, Santa
Áurea, Eldorado, Early Grande,Irajil, Jade
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Nos próximos anos prevê-se pequeno aumento da área cultivada com
pessegueiro, uma vez que 07 produtores, ou 35% dos entrevistados, possuem a
intenção de aumentar a área, principalmente para ganharem escala de produção,
aproveitando a infra-estrutura existente, uma vez que não precisam de novos
investimentos fixos e, assim, terão um custo menor por unidade de área trabalhada.
Quanto aqueles que pretendem manter a área cultivada, 60% dos entrevistados,
apontam como principal fator de estrangulamento a falta de mão-de-obra (TABELA
19).
Tabela 19 - Perspectiva de evolução da área com pêssego, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Manter Aumentar Diminuir
Frequência 12 7 1 % 60 35 5
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
A diversificação de culturas pode ser importante na garantia de renda do
produtor quando da frustração da safra do pêssego por acidentes climáticos ou
quando da baixa valorização da fruta no período de comercilização, por fatores
ligados as dinâmicas de mercado. Nota-se que 14 (60%) produtores componentes do
estudo pretendem diversificar a cultura do pêssego com outras culturas e/ou
atividades (TABELA 20). Das atividades já desenvolvidas, como parte da estratégia
de diversificação das propriedades, quatro são ligadas a fruticultura (TABELA 21),
sendo que, entre aqueles que pretendem introduzir novas atividades, há uma
predominância pela produção frutícola, mantendo o foco da propriedade.
Tabela 20 - Produtores que pretendem diversificar o cultivo de pêssego com outras culturas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). SIM NÃO
Frequência 14 6 % 70 30
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
71
Tabela 21 - Cultivos já desenvolvidos na propriedade e culturas as quais o persicultor pretende introduzir, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Atividade já desenvolvida
Número de citações Atividade a ser introduzida
Número de citações
Tomate 6 Uva de mesa 5 Milho 4 Uva vinífera 5
Produção de Mudas 3 Ameixa 3
Figo 2 Caqui 3 Fumo 2 Goiaba 3
Goiaba 2 Tomate 3 Vinho 2 Figo 2
Nenhuma 5 Maça 2 Outras 13 Produção de mudas 2
Outras 7 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
A qualidade da muda é de suma importância para o desenvolvimento do
pomar; 11(55%) dos 20 produtores, declararam não usarem mudas fiscalizadas na
implantação dos pomares. Tal procedimento pode comprometer a viabilidade
econômica das propriedades caso ocorram problemas, do ponto de vista, sanitário
com estas mudas. Assim, é fundamental a introdução de atividades/programas que
possam conscientizar o produtor da importância da utilização de mudas fiscalizadas.
O monitoramento de pragas permite a realização das pulverizações quando é
atingido o nível de dano econômico em substituição ao uso do controle por calendário
e quando se pulveriza sucessivamente, sem verificação da presença dos insetos nos
pomares. Dos produtores entrevistados, somente 1 declarou não fazer monitoramento
de pragas para aqueles insetos que considera as principais pragas no pomar
(TABELA 22). Ressalta-se que o monitoramento de pragas realizado adequadamente
evita pulverizações desnecessárias, diminuindo os custos. Quanto à diminuição do
impacto ambiental da cultura, é apontado, por Tibola & Fachinello (2004), como
fundamental no sistema PI, juntamente com o uso de produtos mais específicos com
baixo efeito residual, entre outros fatores. Contudo, Tibola et al. (2007) constataram
que os produtores de pêssego realizam o monitoramento de pragas de maneira muito
diferenciada, indo desde o levantamento semanal, conforme a recomendação, até
levantamentos esporádicos.
72
Tabela 22 - Realização de monitoramento de pragas, tipos de armadilhas e principais pragas, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Faz monitoramento de pragas?
Utiliza armadilha para qual inseto-praga? Quais agentes etiológicos considera mais importante?
Sim Não 1 2 3 1 2 4 5 6 7 Frequência 19 1 15 16 3 17 13 2 3 1 1
% 95 5 75 80 15 85 65 10 15 5 5 1 – Mosca; 2 – Grapholita; 3 – Cidia; 4 – Cochonilha; 5 – Sitophilus; 6 – Bacteriose; 7 Podridão Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Fator preocupante para a pesquisa é que 55% dos persicultores que
compõem o estudo, considerarem as recomendações técnicas, normas PIP e
convencionais atuais para a cultura do pessegueiro, como pouco satisfatórias ou
insatisfatórias no que diz respeito ao atendimento das necessidades da cultura
(TABELA 23). Portanto, são necessários estudos para verificar os pontos de maior
carência da pesquisa em relação ao atendimento das necessidades do produtor.
Tabela 23 – Grau de satisfação quanto às recomendações para a cultura, no que diz respeito ao atendimento das necessidades de produção, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Produtor Plenamente satisfatórias Satisfatórias
Pouco satisfatórias Insatisfatórias
Frequência 1 8 10 1 % 5 40 50 5
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Sabe-se que, relacionado ao uso de agrotóxicos, tem-se uma série de
questões como, por exemplo, dosagem, regulagem dos equipamentos, condições
meteorológicas, uso de equipamento de proteção individual, eficiência e eficácia para
se atingir o alvo do controle, etc. Por isso, é muito importante uma orientação correta
e constante por parte de profissional qualificado. A principal fonte de orientação para
a pulverização de defensivos fitossanitários para os produtores estudados são os
profissionais da Emater (FIGURA 4). E, a segunda fonte mais importante sobre o uso
de agrotóxicos é o atendente da revenda, pois, sem uma orientação técnica
adequada, pode representar um fator de risco ao próprio fruticultor uma vez que,
conforme o exposto por Soares et al. (2003), os trabalhadores que têm o vendedor
como orientador na compra e no uso de agrotóxicos, têm 73% a mais de chance de
se intoxicar em relação àqueles que têm um profissional habilitado para tal.
A assistência prestada por profissionais ligados às Empresas Agroindustriais
é a terceira mais importante, principalmente devido ao perfil do produtor, basicamente
voltado à produção de pêssego tipo indústria e ao trabalho realizado por algumas
73
Empresas Agroindustriais, junto com a UFPel, na divulgação da PIP e da
industrialização de lotes piloto de pêssego rastreado.
102
84
74
29
27
20
20
15
10
0 50 100 15
Técnico da Emater
Atendente Revenda
Vinculada a Indústria
Agrônomo contratado
Embrapa
Não Recebe
Próprio Agricultor tem habilitação
Universidade
Outro
Grau de importância
Assis
tênc
ia t
écni
ca e
fetiv
a
Figura 4 - Fonte de orientação para o uso de agrotóxicos, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Os profissionais que atuam na área possuem papel importante na apropriação
de qualquer tecnologia, não sendo diferente para a PI. Dos produtores que compõem
a amostragem, 60% são estimulados pelo profissional que lhe dá assistência a
adotarem a PI. Contudo, apenas 35% adotam a caderneta de campo para anotação
dos dados referentes ao pomar, sendo que esse seria o primeiro passo para que o
persicultor pudesse realizar a rastreabilidade, condição sine qua non, para ter-se uma
PIP certificada (TABELA 24).
Tabela 24 - Motivação para o uso da produção integrada e uso da caderneta de campo preconizada pela PI, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). O agrônomo ou técnico que dá
assistência o motiva para o uso da PIUsa caderneta de campo
preconizada pela PI Produtor SIM NÃO SIM NÃO
Frequência 12 8 7 13
% 60 40 35 65 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Quando solicitado aos produtores que dessem uma nota aos trabalhos
desenvolvidos pelas instituições que atuam com a cultura na região – Emater, UFPel
74
e Embrapa – as notas obtidas foram bastante semelhantes, situando-se entre 7,35 e
7,40 (FIGURA 5).
Os principais aspectos levantados pelos produtores quanto ao trabalho da
Emater foram: número reduzido de profissionais para atender a demanda da região,
na opinião de oito produtores, seguido pela excelente qualidade dos técnicos que
permite ao produtor ter plena confiança nas orientações recebidas e a realização dos
financiamentos PRONAF, a qual é de grande importância para a manutenção da
viabilidade financeira das propriedades. No que concerne ao trabalho realizado pela
UFPel, foi destacada a atuação na PI, sendo levantada por sete produtores, e, outros
seis afirmaram que nunca ouviram falar dos trabalhos realizados pela Universidade na
cultura do pêssego. A Embrapa teve destacado seu papel no desenvolvimento de
novas variedades, citado por seis produtores.
Espontaneamente, ao darem a nota, os produtores citaram como áreas
carentes de conhecimento que as instituições deveriam atuar: controle da podridão-
parda e da mosca-das-frutas, estabelecimento de padrão para o pêssego da região,
resistência a pragas, variedades de coloração da casca vermelha para o mercado da
fruta in natura e novos porta-enxertos.
0
2
4
6
8
10 7,39 7,36 7,4
Not
a
Instituição
Emater UFPel Embrapa
Figura 5 - Nota média para o trabalho realizado na cultura do pêssego atribuída ao desempenho da Emater, UFPel e Embrapa, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007). Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
75
Na avaliação feita sobre a existência de equipes preparadas para darem
orientação em PIP e realizarem certificação, verificou-se que e a maioria dos
produtores considera que na região onde produzem, não existem equipes aptas
(TABELA 25). É apontado como principal fator, a falta de conhecimento sobre PI e/ou
da realidade do produtor por parte dos técnicos, sendo que esses fatores em conjunto
representaram 90% daqueles persicultores que consideram não existirem
equipes/técnicos aptos para tal atividade.
Tabela 25 - Existência de equipes preparadas para darem orientação em PIP e realizarem certificação na região de atuação do produtor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Produtor SIM NÃO Não responderamFrequência 4 11 5
% 20 55 25 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
A adequação das recomendações para a cultura do pêssego, medida através
de pergunta aberta, foi agrupada de acordo com as características das respostas
(TABELA 26). Pode-se verificar que a maioria dos produtores considera que elas são
suficientes para o manejo da cultura e o sucesso da exploração econômica da
atividade. Assim, 65% dos produtores investigados acreditam que as recomendações
para a cultura são suficientes enquanto 35% pensam serem estas insuficientes.
Tabela 26 - Opinião do produtor de pêssego a respeito das recomendações atuais para a cultura, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Produtor Suficiente Insuficiente Frequência 13 7
% 65 35 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Verifica-se que 11 produtores entrevistados (55%), não recomendam a
persicultura como atividade a ser explorada economicamente por outros agricultores
(TABELA 27), principalmente pelos riscos pertinentes à cultura, e pela pouca
perspectiva de futuro que vêem na atividade, tendo em vista a ocorrência de muitos
plantios novos, entrada de produto importado, além dos riscos climáticos. Além disso,
dentre os produtores que recomendam o cultivo do pessegueiro, apenas um
recomenda a busca da certificação PIP. Tal fato pode parecer contraditório quando
analisamos que 60% dos produtores, que compõe o estudo, pretendem manter a área
de pêssego e 35% aumentá-la (TABELA 19) e que 60% são estimulados a adotar PI
76
(TABELA 24), entretanto, esta posição reflete a não visualização, por parte do
produtor, da obtenção de ganhos adicionais em função da realização de certificação.
Além disso, estes já realizaram o investimento inicial de implantação da cultura e
possuem a estrutura necessária para explorar o empreendimento o que torna o
processo de mudança de atividade de difícil execução. Ademais, verifica-se que 70%
dos produtores do estudo pretendem diversificar suas atividades de modo a garantir
sua renda (TABELA 20), evidenciando que a especialização na cultura do pêssego
não lhes tem dado segurança, quanto a viabilidade de longo prazo da propriedade.
Ressalta-se que a safra 2006/2007, em que se fez o levantamento das
informações, a cultura do pêssego não apresentou problemas de comercialização,
uma vez que as geadas tardias fizeram com que ocorresse frustração de safra na
Serra do Nordeste Gaúcha e mesmo em algumas áreas da Zona Sul, o que elevou o
preço de venda do produto e proporcionou que uma grande parte do pêssego
indústria fosse absorvido pelo mercado da fruta para consumo in natura.
Tabela 27 - Recomendação do cultivo do pêssego a outros produtores e sistema de cultivo, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Recomendação da cultura do pêssego a outros produtores Sistema de Cultivo recomendado
Produtor SIM NÃO PC TA-PIP PIP Frequência 9 11 1 7 1
% 45 55 5 35 5 Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Dentre os objetivos da PIP, encontram-se a preservação e o respeito ao
ambiente através de ações que visem minimizar o impacto ambiental da cultura.
Assim, são de grande importância tanto o local de captação de água para o pomar e
as pulverizações quanto o de preparo da calda, sendo que ambos são pontos críticos
de controle, já que vazamentos nesse momento podem levar a contaminações do
solo e dos recursos hídricos da propriedade. Além disso, o uso de água inadequada
nas pulverizações, com problemas de sólidos em suspensão, pH, etc. pode levar à
ineficiência dos produtos fitossanitários utilizados, agravando o problema existente no
pomar pelo não controle do agente etiológico, acarretando danos econômicos
importantes ao agricultor. Somente dois produtores utilizam água proveniente de poço
artesiano, sendo os locais mais importantes, como fonte de água para pulverizações,
açude, cacimba e arroio/sanga (TABELA 28), de difícil monitoramento da qualidade
da água, pela variabilidade sazonal. Além disso, essas fontes de água podem ser
77
utilizadas por animais, seres humanos ou para irrigação. Outro fator importante, é que
também são de fácil contaminação por vazamentos e/ou acidentes com produtos.
Essa característica já foi apontada por Tibola et al. (2007) que verificou que em torno
de 80% dos fruticultores coletam a água através do coletor do pulverizador,
diretamente nos córregos ou açudes, ocasionando contaminações devido ao refluxo
de calda no final da captação. Também foram verificadas contaminações no momento
de preparo da calda, devido a derramamentos, muitos desses nas proximidades de
fontes d’água.
Tabela 28 - Local de captação da água e de preparo da calda de pulverização, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Local de captação de água
para o pomar* Local de preparação da calda
Produtor Açude Cacimba Arroio /sanga
Poço artesiano
Ponto fixo Galpão Açude Pomar
Frequência 14 7 2 2 7 5 2 7 % 70 35 10 10 35 25 10 35
*alguns produtores captam água para pulverização em mais de um local Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Nos últimos anos vem sendo estimulado pela indústria de agrotóxicos, poder
público, instituições de pesquisa, assistência rural, revendas, entre outros agentes da
cadeia produtiva o recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos e o uso de
equipamento de proteção individual (EPI) durante as pulverizações agrícolas. Nota-se
que ambos os objetivos foram atingidos com 100% de eficácia, pois todos os
produtores componentes da amostragem enviam as embalagens para a Central de
Recebimento e Reciclagem de Embalagens Vazias de Agrotóxicos após realizarem a
tríplice lavagem e utilizando o EPI (TABELA 29), o que representa um avanço
importante ao encontrado por Tibola et al. (2007), os quais verificaram que apenas
50% dos produtores retornavam as embalagens e 30% realizavam a tríplice lavagem.
Contudo, a realização de treinamentos em que se conscientize o produtor
sobre os perigos embutidos no uso de produtos fitossanitários, cuidados no
armazenamento e teste da colinesterase para verificar possíveis intoxicações
crônicas, viriam a contribuir na garantia da saúde do agricultor, uma vez que,
conforme Veiga (2007), muitos EPIs apresentaram problemas de projeto, havendo
uma grande discrepância entre o estado da técnica no projeto dos EPIs (melhores
práticas) e os EPIs difundidos na agricultura que, além de não protegerem
integralmente o trabalhador, ainda agravaram os riscos e perigos, pois, podem tornar-
78
se fontes de contaminação por agrotóxicos. Segundo este autor, os métodos de
limpeza expõem os trabalhadores rurais a contaminações imediatas, tanto na limpeza
em si, quanto ao vestir e despir um EPI contaminado.
Tabela 29 - Destinação das embalagens de agrotóxicos e uso de EPI, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Destinação das embalagens de
agrotóxicos Usa EPI Produtor Central Sim Não
Frequência 20 20 0 % 100 100 0
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
A utilização de produtos fitossanitários pertencentes à grade de agroquímicos
da PIP é de grande importância para atingir-se novos mercados para o pêssego. Os
produtores estudados utilizaram, na safra 2006/2007, nove produtos não constantes
da grade (TABELA 30). Além disso, o produto Lebaycid, utilizado por 9(45%)
produtores componentes da amostragem, tem como ingrediente ativo a Fentiona, que
não consta na grade de agrotóxicos permitidos na PIP. Outro problema decorrente do
uso de produtos não recomendados é a falta de informação disponível ao produtor
sobre o período de carência do produto, o que pode levar a comercialização de frutas
com altos níveis de agrotóxicos. Com isso, recomenda-se a realização de novos
trabalhos de pesquisa visando o levantamento de resíduos de produtos fitossanitários
nas frutas comercializadas, tanto in natura quanto industrializadas. Outro fator que
pode ser apontado como estimulador do uso incorreto ou indevido de agrotóxicos é a
menor importância dada à ausência de resíduos de agrotóxicos para a tomada de
decisão de compra por parte do consumidor, sendo este fator, menos importante em
relação a preço, aparência, sabor e aroma, conforme apontado por Rombaldi et al.
(2007).
Assim, embora o controle de pragas não tenha sido apontado,
espontaneamente, pelos produtores como limitante para a adoção da PI, todos
realizaram ao menos uma pulverização com produto não constante da lista de
agrotóxicos recomendados pela PIP. Deste modo, torna-se importante, também, a
realização de pesquisas sobre métodos de amostragem e monitoramento da
ocorrência de insetos-praga, potencial e nível de dano econômico e alternativas de
controle para a cultura de modo a viabilizar a não adoção de produtos não constantes
da grade de agrotóxicos recomendados pela PIP.
79
Tabela 30 - Agrotóxicos utilizados na cultura do pessegueiro e número de agricultores que usaram, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Agrotóxico(Marca comercial/Ingrediente ativo)
Número de produtores que usaram
Folicur* (Tebuconazol) 12 Dimetoato* (Dimetoato) 10 Lebaycid (Fentiona) 9 Captan* (Captana) 7 Perfecthion (Dimetoato) 7 Derosol (Carbendazim) 6 Dithane* (Mancozeb) 6 Manzate* (Mancozeb) 6 Amistar* (Azoxistrobina) 3 Malathion* (Malationa) 3 Rovral* (Iprodiona) 3 Bayfidan (Triadimenol) 2 Imidan (Fosmet) 2 Score (Difenoconazole) 2 Auto 100 (Ciproconazol) 1 Dimexion (Difenoconazol) 1 Dodex* (Dodina) 1 Orthocide* (Captana) 1 Triona* (Óleo mineral) 1 Zap (Tifosato + sal de potássio) 1 Outros (não lembravam o nome) 4 * Produtos pertencentes à grade de agroquímicos para PIP. Todos os produtores fizeram entre uma e duas aplicações de Glifosato no pomar - Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
O acesso a programas governamentais de crédito e/ou auxílio ao fruticultor
atinge 85% dos produtores componentes da amostra indicando a importância destas
ações para a viabilização da atividade rural (TABELA 31), evidenciando que a
existência de linhas de crédito para a realização de certificação de PI, pode ser
importante como viabilizadora de sua adoção.
Tabela 31 - Acesso aos programas governamentais de incentivo ao agricultor, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Produtor PROFRUTA PRONAF Custeio
PRONAF Invest. Município
Não usa Outros
Respostas 4 13 10 1 3% 20 65 50 5 15
Finame, Proger, BNDES
Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
Dentre os principais aspectos apontados livremente pelo produtor de pêssego
como importante no desenvolvimento da cultura e na viabilidade econômica da
propriedade, estão a necessidade de novas variedades, maiores estudos para o
80
controle da podridão-parda e da mosca das frutas, e o trabalho de marketing visando
aumentar o consumo do pêssego (TABELA 32).
Tabela 32 - Aspectos apontados livremente pelos produtores de pêssego como importantes para a cultura, de acordo com os 20 produtores de pêssego avaliados da Região de Pelotas e da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul. (2006/2007).
Algo não perguntado A fruticultura é uma cultura excelente de enorme potencial futuro, porém, faltamvariedades e encontrar soluções para resolver problemas relacionados às podridões.A indústria deveria dar assistência ao produtor. Divulgação para aumentar o consumo de pêssego, tanto in natura quantoindustrializado. Maior necessidade de orientação técnica. Falta marketing, atraso de pagamentos da indústria prejudicam setor, indústria semcapital de giro, políticas se concentram no produtor não contemplando os demais elosda cadeia do pêssego. Entraves burocráticos para obter financiamento para quem não tem cadastro de bompagador. Falta de mão-de-obra em quantidade e qualidade. Propaganda para incentivar o consumo de pêssego. Necessidade de melhorar a estrutura viária dos municípios. Seguro e zoneamento agrícola. Fonte: elaboração do autor com dados da pesquisa.
5 Considerações gerais
O amplo espectro verificado no uso da tecnologia de produção integrada de
pêssego, indo desde produtores que fazem um cultivo próximo ao convencional até
alguns que se aproximam de uma produção integrada possível de ser certificada, é
característica de uma indústria fragmentada, segundo conceito de Porter (1996). A
noção essencial de um meio competitivo fragmentado é a ausência de líderes de
mercado com influência sobre a atuação da indústria como um todo (PORTER, 1996).
Ressalta-se que toda a inovação técnica, incluindo uma nova maneira de
produzir/cultivar um produto (no presente caso, o pêssego) envolve uma incerteza,
principalmente por acarretar mudança de rotina e dúvida quanto ao resultado,
conforme mencionado por Nelson & Winter (2005). Certamente, isto acontece devido
a resistência apresentada pelos produtores em realizar a certificação da PIP, pois
esta altera a rotina em relação aos cultivos anteriores em muitos aspectos, como por
exemplo, o controle de pragas através de monitoramento e não mais por calendário,
realização de poda verde, anotações de todas as práticas em caderneta de campo e
uso somente de agrotóxicos recomendados, entre outros aspectos.
Contudo, essa característica de adoção da certificação PIP, é perfeitamente
compreensível, pois, provavelmente estejamos vivendo a fase onde ocorre o que
Nelson & Winter (2005), denominaram de aprimoramentos marginais. Neste caso
seriam a extensão de uso de agrotóxicos, surgimento na região de empresas de
certificação, consolidação das técnicas de monitoramente de pragas junto ao
produtor, entre outras.
Também é importante destacarmos a adoção da PIP sob a ótica da teoria do
desenvolvimento econômico de Schumpeter (1982), que afirma que é a conveniência
que regula a produção tecnológica e econômica, sendo que a tecnologia só
desenvolve métodos produtivos para bens procurados. Deste modo, o objetivo da
82
produção tecnológica é determinado pelo sistema econômico.
Portanto, vemos que na medida em que aumentar o conhecimento sobre as
vantagens da PI pelo consumidor, esse passará a exercer uma pressão sobre a
cadeia produtiva, no sentido de que essa venha a oferecer produtos rastreados e
cultivados sob produção integrada. Nesse caso, torna-se importante a formulação de
políticas públicas, de divulgação dos benefícios da PI, de forma a estimular o
consumidor a procurar por produtos oriundos deste sistema de produção e a criação
de estruturas de apoio ao produtor rural através de crédito, assistência técnica e
geração de pesquisa, assim estimulando a adesão ao processo de certificação PIP.
Como a produção não “cria” valor, mas sim a satisfação de necessidade, a
busca de novos mercados nos quais um artigo (no caso pêssego produzido em
sistema de PI) ainda não tenha se tornado familiar e no qual não é produzido, é uma
fonte extraordinariamente rica de lucro empresarial (SCHUMPETER, 1982).
Com isso, programas que visem difundir os conceitos de PI junto ao
consumidor, objetivando a criação de demanda para o pêssego produzido nesse
sistema, permitirá aos produtores que se enquadrarem no mesmo, a obtenção de
lucros superiores em comparação àqueles que estão mais próximos de uma produção
convencional. Contudo, isto deve ser realizado, concomitantemente, com ações que
visem a solidificar os conceitos e o uso da PI junto aos produtores, principalmente,
porque aumentos bruscos de demanda podem levar ao não atendimento dessa
necessidade e à frustração por parte do consumidor.
Apesar de não existirem, dentro da amostra estudada, agricultores que
realizam produção integrada certificada, há os que estão tecnologicamente bem
próximo disso, principalmente por visualizarem vantagens técnicas, econômicas e
ambientais no sistema. Por outro lado, existem produtores que adotaram tecnologias
aderentes a PI em um nível menor, principalmente pelo fato desta não ser uma
obrigação de mercado, e há os que estão mais à margem do processo, ou seja,
distante das empresas agroindustriais e do mercado da fruta in natura que pagam os
maiores valores pelo produto. São os que utilizam as tecnologias aderentes a PI e os
conceitos de BPA’s em menor grau.
Pode ser apontado como um dos motivos da existência desse gradiente
tecnológico entre os produtores, o fato de alguns estarem mais próximos, por
contrato, das empresas que já participaram de ações de rastreabilidade de lotes
pilotos de pêssego, em conjunto com a Universidade. Mas, é necessária a realização
83
de estudos mais profundos para verificar até que ponto esse fator (proximidade com a
empresa agroindustrial) influencia a adoção da PIP.
Podemos inferir que o consumidor da cadeia agroalimentar não demandará
produtos oriundos da PI caso essa necessidade de consumo não seja estimulada
pelos demais agentes da cadeia, os quais deverão ser os propulsores desta
demanda.
Os conceitos schumpeterianos, também, são úteis para explicar o motivo pelo
qual não foi encontrada produção convencional de pêssego, nos padrões anteriores a
introdução dos conceitos de produção integrada no RS, em sua plenitude, pois a
existência de novos métodos de produção e organização, vêm concorrendo em
condições de superioridade com os velhos e pode significar a “morte” para os últimos.
Deste modo, temos que as vantagens visualizadas pelos produtores na PIP em
comparação com a PC, gradualmente, levam ao seu abandono.
Aspecto importante que deve ser levado em consideração, por todos os elos
que compõem a cadeia do pêssego, é o fato de que a adoção da PI e programas de
food safety são vistos, principalmente, como tecnologias que permitem atingir
determinado mercado ou buscar melhor remuneração pelo produto ofertado, sendo
estes programas, muitas vezes, abordados ou apontados, basicamente, como
barreiras não-tarifárias, sendo uma questão encarada mais pelo aspecto político que
técnico. Assim, aborda-se esse tema somente pelos pontos de vista de acesso ou não
a mercados, remuneração do produto, aumento do custo de produção e não como
programa que colabora na preservação ambiental, diminuição do uso de insumos e
preservação da saúde, tanto do produtor quanto do consumidor e por isso deveriam
tornar-se compulsórios não só para produtos que são destinados à exportação como,
por exemplo, maçã, manga, melão, entre outros, mas para produtos que destinam-se,
em quase sua totalidade, ao consumidor nacional, como o caso do pêssego.
Com isso, devemos pensar em geração, difusão e adoção de conhecimento
científico e tecnológico compatível com as demandas do mercado, tanto nacional
quanto internacional, capaz de atender as necessidades de mercado, preservação do
ambiente e a inocuidade do alimento como mecanismo de não dano à saúde. No caso
do Brasil, pode-se considerar que as condições para que isso ocorra já estão
colocadas, uma vez que já existe, para várias culturas, o conhecimento necessário
para implementação dos programas de alimentos seguros. Tal fato ocorrerá de
maneira mais significativa quando esses programas não forem abordados só como
84
mecanismos de barreiras não-tarifárias, mas como conhecimento científico e
tecnológico que visam a otimização do uso dos recursos de produção e preservação
dos mesmos e da saúde da população.
6 Conclusão
Não há propriedades certificadas com sistema PIP. Dentre as causas
identificadas como condicionantes dessa situação estão: 1) a falta de apropriação do
conceito pelos produtores e no mercado de comercialização e consumo; 2) a não
diferenciação e valorização dos produtos in natura e processados oriundos da PIP; 3)
a carência de agrotóxicos de nova geração registrados para a cultura, e, 4) a não
remuneração do produto diferenciado, que inclui vantagens do ponto de vista de
segurança, proteção ambiental e do trabalhador.
Outros fatores importantes observados foram: 1) o fato de não estar claro ao
produtor quais são as vantagens em se realizar a certificação PIP; 2) a tecnologia PIP
necessita evoluir de modo a adaptar-se às necessidades e características do sistema
produtivo das regiões estudadas, visando viabilizar o processo de certificação; 3) o
principal ponto de estrangulamento da PIP, para que o produtor a utilize em sua
plenitude, é a grade de agrotóxicos; 4) a falta de remuneração extra e/ou exigência do
consumidor desestimulam o produtor quanto à realização da certificação da PIP; 5) é
necessário trabalho de marketing/esclarecimento ao consumidor quanto às vantagens
de se consumir frutas produzidas sob a PIP; e, 6) é necessário uma política específica
de assistência técnica e crédito e/ou suporte financeiro ao produtor de modo a
viabilizar financeiramente o processo de certificação.
Embora, na opinião dos produtores, componentes da amostra, não existam
fortes barreiras técnicas para a adoção da PIP, a utilização de um grande número de
agrotóxicos não constantes da grade de produtos recomendados, pelas normas PIP,
evidencia a necessidade da adoção da extensão de uso respaldado pela realização
de trabalhos de técnicas de monitoramento e amostragem, controle e nível de dano
econômico das principais pragas e de seletividade e eficiência de agrotóxicos. Além
disso, com o aumento da oferta de pêssego no mercado da fruta para consumo in
86
natura, poderão surgir problemas tecnológicos limitantes não apontados por este
estudo, uma vez que sua amostra compreendeu predominantemente produtores
especializados na produção de pêssego para indústria conserveira, menos exigente
em qualidade que o mercado de consumo in natura. Neste caso, certamente deverão
ser avaliados realizados novos estudos sobre as tecnologias recomendadas ao setor
produtivo pela pesquisa.
Também é necessário a realização de trabalhos continuados que visem
demonstrar a viabilidade econômica da adoção da PIP e sua certificação por
empresas acreditadoras/certificadoras.
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Apêndice 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGROINDUSTRIAL
Nome Produtor:_____________________________________________________
Código:_______________ Data da entrevista:_____/_____/_____
Escolaridade:__________________________________
Tempo na atividade Frutícola :_______anos
1 - O senhor produz pêssego para indústria ou para consumo in natura?
( ) indústria – Área______ ( ) in natura – Área______
( ) ambos - Área e %___________________
Variedade Área Variedade Área
2 – O senhor já ouviu falar em produção integrada? ( ) Sim ( ) Não
3 – O que o senhor entende por produção integrada de pêssego e por produção
convencional?
Produção Integrada
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Produção Convencional
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
4 - Conhece as normas da Produção Integrada de Pêssegos? ( ) Sim ( ) Não
Onde conheceu?___________________________________________________
5 - O senhor possui: ( ) Produção Convencional
( ) Produção Integrada de Pêssego Certificada
( ) Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de Pêssegos
( ) Produção Convencional combinada com Produção Integrada de Pêssego Certificada
( ) Produção Convencional combinada com Tecnologias Aderentes à Produção Integrada de
Pêssegos
( ) Produção Integrada de Pêssego Certificada combinada com Tecnologias Aderentes à Produção
Integrada de Pêssegos
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6 - Pretende adotar Produção Integrada Certifcada?
( ) Sim ( ) Não, pretende apenas ter TA-PIP ( ) Não, pretende continuar com
Produção convencional
Por quê?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
7 - Por quê o senhor não adota PIP certificada? Usar fichas
( ) Normas restritas demais ( ) Não acha eficiente ( ) Problemas de atrativos
(caça-moscas) ( ) Muito caro ( ) O mercado não remunera ( ) Não possui
assistência técnica adequada na região ( ) Não possui informação suficiente a
respeito
( ) Outro: __________________________________________________________
8 – O senhor acha que a PIP terá continuidade de longo prazo ou será extinta?
9 - O senhor tem obtido um diferencial a mais no valor de comercialização entre frutos
oriundos de produção convencional e produção integrada?
( ) Sim ( ) Não
A que o senhor atribui a existência ou não de diferença de preço de comercialização
entre PI e PC?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10 - Em sua opinião, qual dos sistemas proporciona: - maior proteção do meio-ambiente? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença
- maior proteção do trabalhador? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença
- maior lucratividade? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença
- maior facilidade de manejo? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença
- maior economia de mão-de-obra? ( ) PC ( ) PI ( ) Sem diferença
11 - Está trabalhando na venda de fruta in natura? ( ) Sim ( ) Não
Pretende? ( ) Sim ( ) Não
Para onde o senhor está vendendo a fruta?
99
12 - Como é a sua relação com a indústria/comprador? Comente.
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
13 - Qual a vantagem de estar na PI?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________
14 - Por que fazer PI?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________
15 - Por que não fazer PI?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________
16 - O que gastava mais na PC em relação a PI? Usar fichas.
( ) monitoramento de pragas ( ) inseticidas ( ) fungicidas
( ) herbicidas ( ) tempo ( ) mão-de-obra ( ) combustível
( ) equipamentos e implementos ( ) instalações ( ) adubação
( ) serviços de terceiros ( ) EPI ( ) mudas ( ) recursos financeiros
( ) outras______________________
17 - O que gastava menos na PC em relação a PI? Usar fichas.
( ) monitoramento de pragas ( ) inseticidas ( ) fungicidas
( ) herbicidas ( ) tempo ( ) mão-de-obra ( ) combustível
( ) equipamentos e implementos ( ) instalações ( ) adubação
( ) serviços de terceiros ( ) EPI ( ) mudas ( ) recursos financeiros
( ) outras_____________________________
18 - Quanto à utilização do tempo, como é a distribuição do uso de mão-de-obra ao
longo do ano?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________
19 - O senhor conhece outras cultivares de pêssego além daquelas que cultiva?
100
Quais?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
20 - Que características o senhor busca nas novas cultivares? Usar fichas.
( ) precocidade ( ) ciclo longo ( ) período de colheita curto ( ) período de colheita
longo ( ) tamanho de fruto ( ) formato de fruto ( ) durabilidade de
prateleira ( ) maior rendimento na indústria ( ) coloração da casca ( ) cor
da polpa
21 – O senhor busca recursos de terceiros para a atividade frutícola?
( ) Sim ( ) Não
Tem conseguido pagar regularmente? ( ) Sim ( ) Não
22 - Utiliza equipamentos emprestados por outros ou empresta equipamentos para
outros produtores? ( ) Sim ( ) Não Quais?_______________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________
23 - O que pensa em relação a substituir cultivares e quais as mais interessantes?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________
24- Está pensando em manter, aumentar ou diminuir área? Por quê?
( ) Manter ( ) Aumentar ( ) Diminuir
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
25 - Usa mudas certificadas? ( ) Sim ( ) Não
26 - O senhor faz monitoramento de pragas? ( ) Sim ( ) Não
- Tipos de armadilhas___________________________________________________
27 - Quais pragas o senhor considera as mais importantes?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
28 – O que o senhor acha das recomendações atuais para a cultura do pêssego,
quanto ao atendimento das necessidades do produtor e do mercado? ( ) plenamente satisfatórias ( ) satisfatórias ( ) pouco satisfatórias ( ) insatisfatórias
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29 - Quem lhe dá orientação para aplicação de agrotóxicos? Usar fichas.
( ) Técnico da Emater ( ) Atendente da revenda ( ) Universidade
( ) Embrapa ( ) Agrônomo contratado ( ) Não recebe
( ) O próprio agricultor tem habilitação para emitir receiturário ( ) Vizinhos
( ) Cooperativa ( ) Vinculada a Indústria ( ) Outro: ______________________
30 - O agrônomo ou técnico que lhe dá assistência o motiva para o uso da PI?
( ) Sim ( ) Não
31 – O senhor usa a caderneta de campo preconizada pela PI? ( ) Sim ( ) Não
32 – O senhor pretende diversificar a cultura do pêssego com outros cultivos?
( ) sim ( ) não Quais?_____________________________________________
33 – O que o senhor pensa sobre os trabalhos realizados pela Embrapa na produção
integrada e na produção convencional de pêssego, nos últimos 5 anos? (pergunta em
dois tempos) De 0 a 10 qual nota o senhor daria? Por quê?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________
PI nota: __________ PC nota: ________ 34 – O que o senhor pensa sobre os trabalhos realizados pela Universidade Federal
na produção integrada e na produção convencional de pêssego, nos últimos 5 anos?
(pergunta em dois tempos) De 0 a 10 qual nota o senhor daria? Por quê?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________PI
nota: __________ PC nota: ________
35 – O que o senhor pensa sobre a assistência prestada pela EMATER na produção
integrada e na produção convencional de pêssego, nos últimos 5 anos? (pergunta em
dois tempos) De 0 a 10 qual nota o senhor daria? Por quê?____________________
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
PI nota: __________ PC nota: ________
36 - O senhor considera que na região existam equipes preparadas para darem
orientação e realizarem certificação? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ___________
____________________________________________________________________
37 - O que o senhor acha das recomendações atuais para a cultura do pessegueiro?
102
____________________________________________________________________3
38 - Quanto a rentabilidade financeira, o senhor recomendaria a outro produtor entrar
na atividade da persicultura? ( ) Sim ( ) Não
Recomendaria: ( ) produção convencional ( ) produção integrada não-formalizada
( ) produção integrada formalizada Por quê?____________________
39 – Que outras atividades agrícolas e pecuárias são desenvolvidas na propriedade?
Qual a importância da renda gerada por estas para a manutenção da família em
comparação com a fruticultura?___________________________________________
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
40 - Qual o local de captação de água para o pomar? _________________________
____________________________________________________________________
41 - Qual o local de preparação da calda?
____________________________________________________________________
42 – Qual a destinação das embalagens?___________________________________
____________________________________________________________________
43 – Usa EPI? ( ) Sim ( ) Não
44 – Usa produtos que não são recomendados na PI? ( ) Sim ( ) Não Quais?
____________________________________________________________________
45 – O senhor já participou de rodadas de negócios junto ao Banco do Brasil?
( ) Sim ( ) Não – Pretende participar? ( ) Sim ( ) Não
46 - Tem acesso a programas do governo federal / estadual / municipal para
fruticultura? Como avalia esses programas?
( ) PROFRUTA (estadual) ( ) PRODEFRUTA (federal) ( ) PRONAF
Custeio
( ) PRONAF Investimento ( ) Município_________________________________
47 - Algo importante que não foi perguntado e que gostaria de salientar? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
103
Apêndice 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE AGRONOMIA “ELISEU MACIEL” DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGROINDUSTRIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL
Senhor Produtor,
Com o intuito de conhecer melhor a cadeia de produção de pêssego do RS e, assim, ajudar a promover o crescimento desta, estamos realizando pesquisa acadêmica que integra uma tese de Doutorado, que está sendo realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial (PPGCTA), na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas (FAEM/UFPel).
Este trabalho tem por objetivo analisar a situação atual dos produtores de pêssego e as perspectivas que estes têm com a cultura e se esta permitirá renda satisfatória ao agricultor e qual(is) o(s) entrave(s) para a maior adoção da produção integrada. Com este trabalho, busca-se ter maior conhecimento dos ganhos ou perdas obtidos com a adoção da produção integrada em comparação à produção convencional de pêssego. Além disso, os seus resultados podem permitir uma reflexão da situação atual do produtor de pêssego destinado à indústria e ao consumo in natura, fornecendo subsídios para formulação de políticas de apoio para a cadeia produtiva. Para evitar qualquer tipo de constrangimento, o nome do produtor, assim como as respostas dos questionários, serão estritamente confidenciais. Todos os produtores que participarem deste estudo terão acesso às informações, análises e conclusões do trabalho. Pela sua importância dentro do conjunto do sistema produtivo local, a contribuição do produtor é imprescindível para ampliar as informações que permitirão uma análise mais consistente da realidade do setor. Assim sendo, antecipadamente agradeço a vossa participação. Atenciosamente,
Silon Junior Procath da Silva Doutorando PPGCTA/FAEM/UFPel
Jorge Adolfo Silva Coordenador PPGCTA/FAEM/UFPel
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Apêndice 3
Formulário de consentimento Prezado Informante:
Por favor, leia o texto a seguir. Ele apresenta informações importantes a respeito do estudo de que você fará parte. Após isso, assine o documento, indicando que você entende a natureza desta pesquisa e que consente participar dela.
DADOS DA PESQUISA Investigador: Silon Junior Procath da Silva, doutorando, Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas – UFPel. Professor Orientador: Volnei Krause Kohls – Professor e pesquisador.
PROPÓSITO E BENEFÍCIOS Este trabalho tem por objetivo analisar a situação atual dos produtores de
pêssego, as perspectivas que estes têm com a cultura e se esta permite renda satisfatória ao agricultor e qual(is) o(s) entrave(s) para a maior adoção da produção integrada.
A pesquisa em questão é requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, a qual faz parte do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
PROCEDIMENTOS Será realizada uma entrevista pessoal em que o informante responderá um
questionário onde constam perguntas abertas (dissertativas) e fechadas (objetivas).
OUTRAS INFORMAÇÕES
A participação no estudo é de caráter voluntário. Os participantes têm a liberdade de cancelar a participação a qualquer momento. Caso haja coleta de material de áudio (gravações), este será ouvido pelo examinador e orientador. Somente estes terão acesso ao material de áudio. Este ficará de posse do examinador até o final da pesquisa sendo, posteriormente, destruído.
A identidade de todos os participantes permanecerá confidencial. Ao participar da pesquisa, será atribuído um número de identificação ao informante, de modo que o seu nome nunca seja divulgado.
DECLARAÇÃO Declaro que li e compreendi a informação acima e que aceito participar dessa
pesquisa.
Nome do Informante
Assinatura