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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Agronomia Linha de pesquisa: Fruticultura de Clima Temperado Tese Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo: qualidade e produtividade Gisely Correa de Moura Pelotas, 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Agronomia

Linha de pesquisa: Fruticultura de Clima Temperado

Tese

Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo: qualidade e

produtividade

Gisely Correa de Moura

Pelotas, 2013

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Gisely Correa de Moura Engenheira Agrônoma

Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo: qualidade e produtividade

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências, área de concentração em Fruticultura de Clima Temperado.

Orientador: Luis Eduardo Corrêa Antunes

Co-Orientadores: Marcia Vizzotto e Giancarlo Bounous

Pelotas, 2013

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Dados Internacionais de Publicação (CIP)

M929a Moura, Gisely Correa de Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo:qualidade e produtividade / Gisely Correa de Moura;Luis Eduardo Corrêa Antunes, orientador; Marcia Vizzotto, co-orientador. – Pelotas, 2013. 130 f.

Tese (Doutorado em Agronomia), UFPel, UniversidadeFederal de Pelotas. Pelotas, 2013.

1.Vaccinium. 2.poda. 3.nitrogênio. 4.fitoquímicos.5.enxofre. I. Antunes, Luis Eduardo Corrêa , orient.II. Vizzotto, Marcia , co-orient. III. Título.

CDD: 634.4

Catalogação na Fonte: Gabriela Machado Lopes CRB:10/1842Universidade Federal de Pelotas

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Aos meus avós, Paulo Leopoldo Correa (in memoriam) e Margarida Silveira Correa,

DEDICO

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Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina, Sê um arbusto no vale, mas sê O melhor arbusto à margem do regato. Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore. Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva E dá alegria a algum caminho. Se não puderes ser uma estrada, Sê apenas uma senda, Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela. Não é pelo tamanho que terás êx Mas sê o melhor no que quer que sejas. Sê - Pablo Neruda

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Comissão examinadora: Orientadores Dr. Luis Eduardo Corrêa Antunes (presidente)

Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS

Drª. Marcia Vizzotto

Pesquisadora Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS

Banca examinadora Drª. Ana Cristina Richter Krolow

Pesquisadora Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS

Dra. Maria do Carmo Bassols Raseira

Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS

Dr. Paulo Celso de Mello-Farias

Professor UFPel Departamento de Fitotecnia, Pelotas - RS

Dr. Sergio Ruffo Roberto

Professor Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina PR

Dr. Flávio Gilberto Herter

Professor UFPel Departamento de Fitotecnia, Pelotas - RS

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Apresentação

Este trabalho foi desenvolvido no programa de Pós-Graduação em

Agronomia, na Universidade Federal de Pelotas e no Dipartamento di Colture

Arboree, na Università degli studi di Torino, sob orientação do Dr. Luis Eduardo

Corrêa Antunes e co-orientação da Dra. Marcia Vizzotto e do Professor Dr.

Giancarlo Bounous, no período de março de 2009 a julho de 2013. Foram

realizados estudos sobre o manejo do mirtileiro (Vaccinium spp.), que estão

apresentados em quatro capítulos sobre manejo do solo e planta, e para

melhor compreensão dos temas pesquisados, o trabalho inicia com a revisão

bibliográfica dos temas mais relevantes.

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Agradecimentos

A Deus pela vida e fortalecimento nos momentos mais difíceis.

À Universidade Federal de Pelotas, pela oportunidade de realizar o

curso de Pós-Graduação em Agronomia e à Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudo.

À Embrapa Clima Temperado, pelo apoio à realização dos trabalhos

desenvolvidos nesta pesquisa.

À Universitá degli studi di Torino, que me recebeu de forma acolhedora

fornecendo o suporte necessário para que eu pudesse ficar bem durante o

período planejado. Agradeço o empenho do prof. Dr. Giancarlo Bounuos e seus

colaboradores (Dario Dono, Sara Canterino, Alessandro Ceruti, dentre outros). Aos orientadores, Dr. Luis Eduardo Corrêa Antunes, Dra. Marcia Vizzotto

e Prof. Dr. Giancarlo Bounous, pelos ensinamentos transmitidos neste período.

Ao senhor Flávio Gilberto Herter, proprietário do pomar onde foram

desenvolvidos alguns trabalhos e ao senhor Jader, pelo apoio.

Aos meus familiares, que mesmo distante se fazem presente em todos

os momentos com palavras de carinho, conforto e força.

A nossa equipe de trabalho, sempre presente em todos os momentos,

pronta para auxiliar em tudo: Ana Paula Correa Antunes, Carine Cocco, Daiana

Finkenauer, Ivan Pereira, Luciane Leitzke, Luciano Picolotto, Gerson Vignolo,

Michél Aldrighi Gonçalves, Sarah Fiorelli de Carvalho, Silvia Carpenedo, Taisa

Bandeira, meu muito obrigada.

A Dra. Maria do Carmo Bassols Raseira e toda sua equipe, funcionários

e estagiários: Everton Pederzolli, Robson Rosa de Camargo, Welligton

Rodrigues da Silva, Chaiane Milech, Leonardo Milech, Mauro Llovet, Viviane

Tavares, Silvia Carpenedo, Silvia Scariotto, Juliano Santos, Estela de Carvalho

Martins.

À Ivoni Went, o meu mais doce agradecimento. Aos conhecê-la descobri

que existem anjos entre nós.

À Edna Albertina Borguezan, meu agradecimento especial por sua nobre

presença em minha vida.

À Arlete de Carvalho Lage, meu agradecimento com gostinho de café

italiano (cappuccino per favore), acompanhado de um delicioso croissant, ou

seria melhor com pão de queijo?

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À querida amiga Simone Nunes Sperry, agradeço a tão sublime

presença em minha vida.

Às amigas Juliana Bertolino, Maria Sonia Bertolino e Camila Bertolino,

por tão nobre amizade e companheirismo e também por me acolherem com

tanto carinho sempre.

À minha amiga/irmã Hérica Larissa Borguezan, a flor mais linda do meu

jardim, sempre presente com palavras de amor e carinho.

Juliano Santos, grande amigo, obrigada, pelos auxílios na tese,

conselhos pessoais, profissionais e companhia do mate.

À Viviane Tavares e Caroline Tavares, por suportarem esses meus dias

de chatice, digo, de total concentração nas escritas. Meninas, obrigada por

tudo. Serei sempre grata pela forma tão amigável que vocês me receberam e

acompanharam nessa etapa final do processo.

Michele Frank Chavarria Nogueira, meu agradecimento especial pelos

momentos de paz e serenidade que compartilhamos.

Elisiane Martins Oliveira Barbosa, minha escritora e poeta favorita,

amiga do meu coração, obrigada por tudo, e que honra poder pedir a você uma

correção deste humilde trabalho.

Os amigos que entraram em minha vida para sempre, quem sabe

esquecerei alguns nomes, mas todos de forma direta contribuíram e muito para

o meu aperfeiçoamento pessoal e profissional: Andressa Comiotto, Clarissa

Santos, Franciane Silva e Ana Paula Schunemann.

À todos que, de alguma forma, contribuíram para a conclusão deste

trabalho, o meu mais sincero agradecimento.

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Resumo MOURA, Gisely Correa. Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo: qualidade e produtividade. 2013. 130f. Tese (Doutorado) Programa de Pós Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. Este estudo teve como objetivo avaliar o crescimento, a produção e a qualidade das frutas de mirtileiros, sob diferentes formas de manejo de plantas. Os fatores avaliados foram: doses de nitrogênio, doses de enxofre e intensidades de poda. Além disso, foi avaliado, por meio de competição de cultivares, aquelas que apresentavam melhor qualidade de frutos, nas condições edafoclimáticas de Torino, norte da Itália. Para isso foram realizados quatro experimentos. (1) influência de doses de nitrogênio, utilizando como fonte o sulfato de amônio (NH4)2SO4 com 21% de N2 e 23% de enxofre; (2) influência de doses de enxofre em gramas por m3 de substrato; (3) avaliação da intensidade de poda; e (4) avaliação de cultivares Aurora, Berkeley, Bluecrop,

Gulfcoast, Jewel, Legacy, Liberty, Millenia, Misty, O'Neal, Ozarkblue, Palmetto, Primadonna, Sebring, Snowchaser, Southernbelle, Springhigh, Springwide, Star

Itália, durante o ano de (2011/2012). Em todos os experimentos as variáveis-resposta foram produção e qualidade de frutos, alcançada por meio de análises físico-químicas e presença de fitoquímicos nos frutos. Nos dois primeiros experimentos foram avaliados, ainda, os mineirais presentes nos frutos. Conclui-se que: as doses de nitrogênio aplicadas no solo não alteram produtividade e crescimento de plantas. Dentre as características físico-químicas dos frutos, apenas acidez total titulável é alterada pelas doses de nitrogênio. Antocianinas, compostos fenólicos e atividade antioxidante, são influenciadas pelas doses de nitrogênio. A produção de frutos e o crescimento de plantas, não foram alterados com as aplicações de enxofre, no primeiro ano de produção. Por outro lado, compostos fenólicos respondem de forma quadrática e a acidez total diminuiu, influenciada pelas aplicações de enxofre. Quanto à análises das cultivares na Italia, Aurora, Draper, Bekeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigitta, Legacy, Liberty, podem ser consideradas tardias, nas

olheita mais concentrada. A cultivar Jewel é uma das melhores com relação à composição físico-química, mas deve ser melhor estudada com relação à adaptabilidade. Legacy e Palmetto apresentam elevados teores de polifenóis, com frutos de bom tamanho e aparência. Palavras chave: Vaccinium, nitrogênio, enxofre, poda, fitoquímicos, adaptação.

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Abstract MOURA, Gisely Correa. Management aspects and blueberry cultivars: quality and productivity. 2013. 130f. Thesis (Doctor degree) Programa de Pós Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. The objective of this study was to evaluate the growth, production and fruit quality of blueberry under different plant management. The parameters evaluated in Southern Brasil, were: nitrogen and sulfur dosages and pruning intensity. It was also corrield out a cultivar test to choose, the ones with better fruit quality in environmental conditions of Turin, northern Italy. Four experiments were conducted to reach the objectives: (1) the nitrogen influence, using ammonium sulfate (NH4)2SO4 with 21% N2 and 23% sulfur as a nitrogen source, (2) influence of sulfur dosages (in grams per m3 of pots), (3) evaluation of intensity of pruning, and (4) evaluation of cultivars Aurora, Berkeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigittablue, Draper, Duke, Emerald, group 'Northen highbush', and Gulfcoast, Jewel, Legacy, Liberty, Millenia, Misty, The ' Neal, Ozarkblue, Palmetto, Primadonna, Sebring, Snowchaser, SouthernBelle, Springhigh, Springwide, Star Group 'southern highbush'. The last experiment was conducted in Torino, Italy, during the 2011/2012 growth season. In all experiments the variables analyzed were production and fruit quality, achieved through physical and chemical analysis, and the presence of phytochemicals in fruits. In the first two experiments, were also evaluated the minerals present in fruits. The conclusions were: the nitrogen applied on soil does not alter plant growth and productivity. Among the physico-chemical characteristics of fruits, only total acidity is changed according to the nitrogen dosages. Anthocyanins, phenolic compounds and antioxidant activity are influenced by nitrogen. Fruit yield and plant growth were not altered with the sulfur application, in the first production year. Moreover, phenolic compounds exhibit quadratic response and the total acidity decreased influenced by the sulfur applications. In relation to the analysis of cultivars in Italy, Aurora, Draper, Bekeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigitta, Legacy, Liberty, may be considered late in the conditions of Torino. The cultivar O'Neal has the most concentrated harvest. The cultivar Jewel is one of the best in respect to physico-chemical composition, but should be further investigated in respect to adaptability. Legacy and Palmetto have high levels of polyphenols, with good fruit size and appearance. Key-words: Vaccinium, nitrogen, sulfur, pruning, phytochemicals, adaptation.

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Sumário Introdução ................................................................................................................. 13

1.1 Objetivos específicos......................................................................................... 15 1.2 Hipóteses .......................................................................................................... 15

2 Revisão de literatura .............................................................................................. 16 2.1 Mirtilo no Brasil e no mundo .............................................................................. 16 2.2 Agregação de valores e consumo de mirtilo ...................................................... 17

3 Taxonomia e descrição botânica .............................................................................. 18 4 Exigências edafoclimáticas e manejo ...................................................................... 21

4.1 Solo ................................................................................................................... 21 4.2 Água .................................................................................................................. 22 4.3 Clima ................................................................................................................. 23 4.4 Adubação nitrogenada ...................................................................................... 24 4.5 Acidificação do solo ........................................................................................... 25 4.6 Manejo da poda ................................................................................................. 26

5 Grupos e cultivares .................................................................................................. 19 6 Caracterização físico-química de mirtilo ................................................................... 27 7 Propriedades funcionais e minerais dos frutos de mirtilo ......................................... 28

7.1 Antocianinas ...................................................................................................... 29 7.2 Compostos fenólicos ......................................................................................... 29 7.3 Atividade antioxidante ....................................................................................... 30 7.4 Fatores que podem alterar a concentração de compostos bioativos ................. 31

Referências bibliográficas ........................................................................................... 32 Capítulo 01 Crescimento de plantas, produção e qualidade dos frutos de mirtileiro submetidos a diferentes níveis de adubação nitrogenada ........................................... 42 Introdução ................................................................................................................... 42 2 Material e métodos .................................................................................................. 44

2.1 Produção e produtividade .................................................................................. 45 2.2 Tamanho de frutos: diâmetro e massa da unidade ............................................ 45 2.3 Massa seca de frutos ........................................................................................ 45 2.4 Medidas de ramos ............................................................................................. 46 2.5 Índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro ............................................... 46 2.6 Caracterização físico-química ........................................................................... 46

2.6.1 pH ............................................................................................................... 46 2.6.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 46 2.6.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 47

2.7 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante .................... 47 2.7.1 Coleta e preparo da amostra de frutos ........................................................ 47 2.7.2 Preparo do extrato ...................................................................................... 47 2.7.3 Quantificação de antocianinas totais: .......................................................... 47 2.7.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais ............................................. 48 2.7.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 48

2.8 Preparo das amostras para as análise de minerais nos mirtilos ........................ 48 2.8.1 Quantificação dos minerais nos mirtilos ...................................................... 49

2.9 Análise estatística ............................................................................................. 49 3 Resultados e discussão ........................................................................................... 49

3.1 Produção e produtividade .................................................................................. 49 3.2 Tamanho de frutos: diâmetro (mm) e massa da unidade (g) ............................. 51 3.3 Massa seca de frutos ........................................................................................ 52 3.4 Medidas de ramos (cm) ..................................................................................... 53 3.5 Índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro (unidades de SPAD) ............. 55 3.6 Caracterização físico-química ........................................................................... 56

3.6.1 pH ............................................................................................................... 56

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3.6.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 57 3.6.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 58

3.7 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante .................... 59 3.7.1 Antocianinas totais ...................................................................................... 59 2.7.2 Compostos fenólicos totais ......................................................................... 60 2.7.3 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 61

3.8 Análise de minerais em frutos ........................................................................... 63 4 Conclusões .............................................................................................................. 64 Referências bibliográficas ........................................................................................... 65 Capítulo 02 Crescimento, produção e qualidade de mirtilo submetidos a diferentes níveis de enxofre ..................................................................................... 70 1 Introdução ................................................................................................................ 70 2 Material e métodos .................................................................................................. 72

2.1 Análise do pH do solo........................................................................................ 73 2.2 Medidas de ramos ............................................................................................. 73 2.3 Produção e produtividade .................................................................................. 73 2.4 Tamanho de frutos: diâmetro e massa da unidade ............................................ 74 2.5 Caracterização físico-química ........................................................................... 74

2.5.1 pH ............................................................................................................... 74 2.5.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 74 5.5.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 74 5.5.4 Cálculo da relação entre SST e AT ............................................................. 75

2.6 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante .................... 75 2.6.1 Coleta e preparo da amostra de frutos ........................................................ 75 2.6.2 Preparo do extrato ...................................................................................... 75 2.6.3 Quantificação de antocianinas totais ........................................................... 75 2.6.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais ............................................. 75 2.6.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 76

2.7 Análise de minerais em frutos ........................................................................... 76 2.7.1 Quantificação .............................................................................................. 76

2.8 Análise estatística ............................................................................................. 77 3 Resultados e discussão ........................................................................................... 77

3.1 Medidas de plantas ........................................................................................... 77 3.3 Produção e produtividade .................................................................................. 78 3.4 Tamanho de frutos: diâmetro (mm) e massa da unidade (g) ............................. 79 3.5 Caracterização físico-química ........................................................................... 80

3.5.1 pH ............................................................................................................... 80 3.5.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 80 3.5.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 81 3.5.4 Cálculo da relação entre SST e AT ............................................................. 82

3.6 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante .................... 83 3.6.1 Quantificação de antocianinas totais: .......................................................... 83 3.6.2 Quantificação dos compostos fenólicos totais: ............................................ 84 3.6.3 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 85

3.7 Análise de minerais em frutos ........................................................................... 86 4 Conclusões .............................................................................................................. 88 Referências bibliográficas ........................................................................................... 88 Capítulo 03 Influencia da poda sobre a produção, qualidade físico-química e compostos bioativos de mirtilo ............................................................................... 92 Introdução ................................................................................................................... 92 2 Material e métodos .................................................................................................. 93

2.1 Produção e produtividade .................................................................................. 94 2.2 Tamanho de frutos ............................................................................................ 94

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2.3 Caracterização físico-química ........................................................................... 95 2.3.1 pH ............................................................................................................... 95 2.3.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 95 2.3.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 95

2.4. Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante ................... 95 2.4.1 Coleta e preparo da amostra de frutos ........................................................ 95 2.4.2 Preparo do extrato ...................................................................................... 95 2.4.3 Quantificação de antocianinas totais ........................................................... 96 2.4.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais ............................................. 96 2.4.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 96

2.5 Análise estatística ............................................................................................. 97 3. Resultados e Discussão.......................................................................................... 97

3.1 Produção e produtividade .................................................................................. 97 3.2 Tamanho de frutos ............................................................................................ 98 3.3 Caracterização físico-química ......................................................................... 100

3.3.1 pH ............................................................................................................. 100 3.3.2 Sólidos solúveis totais (SST)..................................................................... 100 3.3.3 Acidez total titulável .................................................................................. 101 3.3.4 Relação entre SST e AT ........................................................................... 101

3.4. Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante ................. 102 4 Conclusões ............................................................................................................ 103 Referências bibliográficas ......................................................................................... 104 Capítulo 04 Potencial de cultivo e qualidade de mirtilos de diferentes cultivares, nas condições edafoclimáticas de Torino-Itália ................................................... 107 Introdução ................................................................................................................. 107 2 Material e métodos ................................................................................................ 108

2.1 Fenologia ........................................................................................................ 109 2.2 Teste para determinação do ponto de maturação ideal. .................................. 109 2.3 Tamanho de frutos .......................................................................................... 110 2.4 Sólidos solúveis totais, Acidez titulável e pH ................................................... 110 2.5 Fitoquímicos: Preparo do extrato ..................................................................... 110

2.5.1 Determinação de polifenóis totais ............................................................. 111 2.5.2 Determinação de antocianinas .................................................................. 111 2.5.3 Determinação da atividade antioxidante ................................................... 112

2.6 Análise estatística ........................................................................................... 112 3 Resultados e discussão ......................................................................................... 113

3.1 Fenologia ........................................................................................................ 113 3.2 Determinação do ponto de maturação ............................................................. 115 3.3 Tamanho de frutos .......................................................................................... 116 3.4 Sólidos solúveis totais, Acidez titulável e pH ................................................... 117 3.5 Fitoquímicos: polifenóis totais, antocininas e atividade antioxidante ................ 120

4 Conclusão .............................................................................................................. 122 Referências bibliográficas ......................................................................................... 122 Consideraçoes finais................................................................................................. 125 Anexos ..................................................................................................................... 126

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Introdução

A incorporação de frutas e hortaliças na dieta alimentar está em

ascensão nos últimos anos, decorrente da busca por uma alimentação

saudável. Devido aos inúmeros relatos de seus benefícios à saúde, o mirtilo

tem despertado o interesse da comunidade científica. Estes benefícios são

geralmente atribuídos a níveis elevados de polifenóis, em particular, os

flavonoides como as antocianinas, além da presença do ácido elágico e

resveratrol

de pequenas frutas como mirtilo têm sido considerados eficazes no combate

aos radicais livres e na prevenção de diversas doenças crônicas não

transmissíveis.

Apesar do aumento mundial da produção de mirtilos, o valor de venda

tende a se manter elevado pelos próximos anos fazendo com que os

produtores se sintam atraídos. A baixa aplicação de defensivos e a variada

possibilidade de aproveitamento dos frutos também chamam a atenção de

produtores e consumidores. O crescimento da oferta de mirtilo, nos últimos

anos, está também correlacionado à tendência da compra de produtos

saudáveis, apesar do hábito dos consumidores ainda estar reprimido

favorecendo o consumo das pequenas frutas.

O mirtilo é nativo da América do Norte, Estados Unidos e Canadá. Na

América do Sul, Chile, Argentina e Uruguai, são os maiores produtores, que em

2003, produziram cerca de 11% da produção mundial. O Brasil, nesse período

apresentou uma área de 25 ha, que vem crescendo a cada ano, devido aos

desenvolvimentos de tecnologias de produção de mudas e manejo de

pomares. Segundo estimativas de 2011, são mais de 270 ha com mirtilo,

concentrados nas regiões Sul e Sudeste.

As perspectivas de cultivo do mirtilo com sucesso nos países do

Hemisfério Sul são bastante animadoras, especialmente devido à época de

colheita coincidir com a entressafra dos países maiores produtores gerando

grande demanda dos países do hemisfério norte, entre eles os Estados Unidos,

por mirtilos frescos na contra estação de produção. Esta janela de mercado

gera uma oportunidade de negócio muito interessante para o setor produtivo

brasileiro.

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A pesquisa do mirtilo no Brasil iniciou em 1983, na Embrapa Clima

Temperado, em Pelotas, com uma coleção de cultivares da Universidade da

Flórida e, no ano de 1989, algumas cultivares foram recomendadas para o

plantio. A cultura ainda se encontra em fase de desenvolvimento, em busca de

um sistema de produção eficiente e competitivo, que garanta seu ingresso no

mercado mundial. O cultivo do mirtilo deve ser visto de uma forma mais

estratégica, pois os produtores mais organizados conhecem as logísticas de

exportação e as oportunidades apresentadas. Na região Sul do Brasil onde as

áreas de cultivo ainda são incipientes, há um grande potencial para a produção

desta pequena fruta, mas podem ser incrementadas como alternativa

econômica, especialmente em pequenas propriedades.

O grande apelo mercadológico do mirtilo está em sua constituição

química, elevados teores de substâncias antioxidantes e anticancerígenas, que

atraem o consumidor, colocando esta fruta como uma das mais ricas em

antioxidantes naturais. No entanto, vários parâmetros têm um profundo

impacto nos níveis de fitoquímicos em alimentos, tais como, genéticos, fatores

ambientais (incluindo local de produção ou práticas agrícolas), processamento,

armazenamento e manejo.

O desenvolvimento da cultura do mirtileiro apresenta muitos aspectos

ainda a serem pesquisados, aliados à necessidade de se desenvolver um

sistema de produção eficiente e competitivo, que garanta o ingresso da

produção brasileira no mercado mundial, com condições de competir com as

frutas oriundas de regiões tradicionais de cultivo. Para tanto, há necessidade

de gerar tecnologias adaptadas às condições edafoclimáticas e

socioeconômicas do Brasil.

Este estudo teve como objetivo avaliar o crescimento, a produção e a

qualidade das frutas de mirtileiros, sob diferentes formas de manejo de plantas.

Foi estudada a influência dos fatores como: doses de nitrogênio, doses de

enxofre e intensidades de poda. Além disso, foram avaliadas aquelas que

apresentaram melhor qualidade de frutos, nas condições edafoclimáticas de

Torino, norte da Itália.

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1.1 Objetivos específicos

1) Estabelecer o nível de adubação nitrogenada que propicie os melhores

resultados no crescimento, desenvolvimento, produção de plantas de mirtileiro

e a qualidade;

2) Avaliar o efeito da aplicação de enxofre, no crescimento, desenvolvimento e

produção de plantas de mirtileiro;

3) Estabelecer a intensidade de poda que propicie os melhores resultados no

crescimento e desenvolvimento de mirtileiros;

4) Indicar quais as cultivares que apresentam melhor qualidade de frutos, nas

condições edafoclimáticas de Torino-Itália.

1.2 Hipóteses

1) Níveis adequados de adubação nitrogenada propiciam maior crescimento e

desenvolvimento das plantas de mirtileiro do grupo rabbiteye;

2) A aplicação de enxofre acidifica o solo e proporciona melhor

desenvolvimento de plantas, melhorando a produção e qualidade de frutos de

mirtilo do grupo Southern highbush (Vaccinium corymbosum x Vaccinium

darrowi Camp);

3) A intensidade de poda em mirtileiros altera a produção e qualidade de frutos;

5) Diferentes cultivares apresentam diferença no padrão fenológico e qualidade

de frutos.

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2 Revisão de literatura

2.1 Mirtilo no Brasil e no mundo

O mirtileiro é um dos cultivos mais recentes explorado economicamente

pelo homem. Até o início do século XX sua exploração era extrativa em matas

da América do Norte (SANTOS, 2000). Atualmente, é explorado

comercialmente nos cinco continentes, sendo que a área plantada da fruta foi

incrementada em 30% no período de 1992 a 2003 nos Estados Unidos e

Canadá (STRIK e YARBOROUGH, 2005) e em algumas regiões da Europa

(KALT et al., 2001).

A Itália, local onde parte dos experimentos foram realizados, é um país

que apresenta a cultura bastante desenvolvida, com técnicas aprimoradas de

cultivo, além de apresentar as condições edafoclimáticas propicias. Naquele

país são plantadas cultivares de alta exigência em frio, com o período de

maturação que vai do inicio de junho ao final de agosto. Os frutos são

destinados ao consumo in natura e o excedente é processado (BOUNOUS,

2009). As cultivares plantadas apresentam elevado padrão de qualidade e bons

valores de comercialização (BECCARO et al., 2011).

Nos países da América do Sul, o Chile é o líder em produção (90%) e

em área (65%). Atualmente, existem 12.500 ha de mirtilo plantados no Chile,

transformando este país no principal exportador da fruta no hemisfério Sul

(BAÑADOS, 2006). Mais recentemente, a Argentina e o Uruguai também se

inseriram como produtores e exportadores de mirtilo, sendo a expansão da

cultura, nesses países, influenciada, em grande parte, pela demanda da

entressafra nos países do hemisfério norte como os Estados Unidos (STRIK,

2005; PAGOT, 2006; SCHICK, 2010).

No Brasil, o mirtilo foi introduzido em 1983, pela Embrapa Clima

Temperado (Pelotas, RS), a partir de uma coleção de cultivares provenientes

da Universidade da Flórida, porém o cultivo comercial se iniciou em 1990, no

município de Vacaria, RS (MADAIL e SANTOS, 2004). As principais cultivares

pertencem ao grupo rabitteye (ANTUNES e RASEIRA, 2006) e apresentam

como características: elevado vigor, plantas longevas, alta produtividade,

tolerância ao calor e à seca, baixa necessidade de frio hibernal, floração

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precoce, longo período entre floração e maturação, além de frutos firmes, com

longa vida pós-colheita, se conservados adequadamente (EHLENFELDT et al.,

2007).

É uma fruta ainda pouco conhecida no Brasil, porém com grande

potencial produtivo, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul, devido ao

clima temperado (RASEIRA e ANTUNES, 2006); porém, a produção ainda é

restrita à poucas áreas (STRIK, 2007), mas podem ser incrementadas como

alternativa econômica, especialmente em pequenas propriedades (WAGNER

JUNIOR et al., 2004) tendo uma promissora perspectiva de cultivo (ANTUNES,

2005).

2.2 Agregação de valor e benefício do consumo de mirtilo

Na área de agregação de valor ao mirtilo os resultados obtidos nas

pesquisas científicas no Brasil ainda se encontram em fase inicial e, às vezes,

não são consolidados em nível industrial. Dentre estes estudos, Rodrigues

(2006) desenvolveu um topping de mirtilo com potencial para inserção no

mercado. Moraes et al. (2007) estudaram o desenvolvimento de barra de

cereais e néctar de mirtilo. Kechinski et al. (2010, 2011) avaliaram a

degradação cinética das antocianinas em suco de mirtilo e também a adição de

xantana e frutose em purê de mirtilo.

Em ensaios biológicos com ratos Wistar, foi concluído que dietas com

polpa de mirtilo são eficazes na redução do consumo alimentar e na perda de

peso, promovendo uma maior excreção de lipídeos fecais, menor acúmulo de

lipídeos hepáticos e proporcionou fígados com menores pesos e com coloração

vermelha intensa. Além do efeito redutor sobre os níveis séricos de

triacilgliceróis, colesterol total, colesterol-LDL e colesterol-VLDL, as dietas com

mirtilo também reduzem iniciação das reações de peroxidação lipídica,

comprovando seu potencial antioxidante in vivo, nos tecidos do córtex cerebral

e hepáticos (LAMEIRO, 2012). O consumo de suplementação de suco de

mirtilo em ciclistas treinados limitou o estresse oxidativo gerado pelo exercício

físico, provavelmente, pelo aumento da capacidade antioxidante endógena e

pelos marcadores de peroxidação lipídica e protéica se mostrarem inalterados

(MEIRELLES, 2011).

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Devido ao crescimento do mercado consumidor estar relacionado com

os benefícios para a saúde, utilizados em campanhas de marketing desde

1997, a procura por mirtilo, nos últimos 10 anos, ultrapassou a oferta

(BRAZELTON e STRIK, 2007). A rentabilidade deste tipo de frutas por hectare

é alta e, as exportações têm crescido nos últimos anos por serem uma

importante alternativa para pequenos produtores e para grandes empresas

(PAYNE, 2005).

O crescimento da oferta de mirtilo, nos últimos anos, está relacionado ao

aumento do consumo de frutas, apesar do hábito dos consumidores ainda estar

reprimido, a tendência da compra de produtos saudáveis e de alto potencial

antioxidante, favorecendo o consumo das pequenas frutas (GIONGO e

BERGAMIN, 2003; KALT et al., 2007). Isto fes com que fossem desenvolvidas

novas cultivares de forma a obter frutos de melhor qualidade, com maior tempo

de prateleira e que prolonguem a época de colheita para dar resposta às

solicitações do mercado (SAFTNER et al., 2008).

3 Taxonomia e descrição botânica

A origem do mirtilo é de algumas regiões da Europa e da América do

Norte (KALT et al., 2001), sendo que a produção mundial concentra-se

principalmente nos Estados Unidos e Canadá (STRIK, 2005). É uma espécie

frutífera de clima temperado, cultivada também na Ásia, África, Austrália,

América do Sul (BRAZELTON e STRIK, 2007).

O mirtilo pertence ao gênero Vaccinium, à família Ericaceae, classificado

dentro da subfamília Vaccinoideae (TREHANE, 2004; DARNEL, 2006;

RASEIRA, 2006; DRAPER, 2007). A planta pode ser caducifólia, arbustiva ou

rasteira (BOUNOUS, 2009; RETAMALES e HANCOCK, 2011), adaptando-se

às mais variadas condições climáticas, que vão desde regiões com 300 horas

de frio abaixo de 7,2ºC, até regiões com mais de 1.100 horas (HERTER e

WREGE, 2006).

Os ramos do mirtileiro apresentam uma coloração amarelo dourado ou

avermelhado (BOUNOUS, 2009). As flores compõem inflorescência, formando

racimos que se desenvolvem na parte terminal dos ramos (BUZETA, 1997).

Cada racimo contém de 8 a 16 flores, variando de acordo com a espécie e a

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cultivar (DARNELL, 2006). O sistema radicular é superficial e caracterizado por

ter raízes primárias muito finas, fibrosas e sem pelos radiculares (BOUNOUS,

2009).

As folhas são decíduas, grandes (3-5 cm x 7-9 cm), com forma oval

alongada (BOUNOUS, 2009), com sistema de arranjo alternado (DARNELL,

2006). Com o frio e com a redução das horas de luz, há redução da clorofila e

produção do pigmento responsável pela coloração avermelhada da folhas, que

irá substituir a cor verde escuro que se observa no restante do ano

(BOUNOUS, 2009).

efetiva, e produzem frutos com menor número de sementes e menor diâmetro,

SILVEIRA et

al., 2010).

O fruto fresco é uma baga de formato achatado, coroado pelos lóbulos

existentes no cálice, diâmetro que pode variar de 8 a 22 mm (CHILDERS e

LYRENE, 2006), a massa do fruto varia de 1,5 a 4,0 g, sabor doce a doce-

ácido, com muitas sementes em seu interior, coloração azul escuro no epicarpo

e superfície cerosa (DARNELL, 2006), que recebe o nome de pruína e dá ao

fruto um aspecto visual de cor azul claro (BUZETA, 1997). É um fruto não-

climatérico, não sendo observadas variações significativas na taxa respiratória

ao longo do tempo de colheita e conservação (LAVADINHO et al., 2001).

4 Grupos e cultivares

Existem três grupos principais de mirtilo cultivados comercialmente, que

são os de arbustos baixos (lowbush), os altos (highbush) e o olho de coelho

(rabbiteye) (STRIK, 2005; RASEIRA, 2006). Entretanto, Galletta e Ballington

(1996) classificam os tipos de mirtilo, comercialmente plantados, em cinco

grupos importantes, descritos a seguir:

a) Highbush: (arbusto alto): São plantas de dois ou mais metros de altura. A

necessidade em frio hibernal das plantas deste grupo está geralmente entre

650 e 850 horas.

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a1) Northern highbush: (arbusto alto), plantas com mais de dois metros de

altura e necessidade de 650 a 850 horas de frio hibernal. Cultivares: Earliblue,

Duke, Reka, Spartan, Patriot, Northland, Toro, Bluejay, Hardyblue, Draper,

Bluegold, Bluecrop, Chandler, Rubel, Legacy, Liberty, Eliott, Aurora, entre

outras.

a2) Half high: (arbusto médio), plantas que atingem 0,5m a 1,0m de altura e

apresentam menor exigência em frio que as highbush. Este grupo envolve

híbridos de V. angustifolium e V. corymbosum.

a3) Southern highbush: plantas de porte alto, conhecidas como highbush de

baixa exigência em frio, com maior resistência à doença e que suportam solos

pobres em matéria orgânica, sendo mais exigentes em água, drenagem e

matéria orgânica que rabbiteye. Cultivares: Snowchaser, Primadonna,

Springhigh, Rebel, Farthing, Scintilla, Star,

Abundance, San Joaquin, Camellia, Misty, Biloxi, Sharpblue e Suziblue, etc.

b) Rabbiteye -de- : as plantas alcançam dois a quatro metros de

altura. Algumas das características da espécie V. virgatum são: vigor,

longevidade, produtividade, tolerância ao calor e a seca, problemas com fungos

e variações de solo, baixa necessidade em frio, produzindo frutos ácidos,

firmes e de longa conservação. Entre as limitações dessa espécie estão o fato

de desenvolver a cor completa das frutas antes do ponto ideal de colheita e de

alcançar melhor qualidade em termos de sabor, tendência a rachar a película

em períodos úmidos, longo período até alcançar o máximo de produtividade,

cor escura da película correlacionada com frutas mais doces e auto-

esterilidade. Cultivares: Ochlockonee, Powderblue, Climax e Bluegem.

c) Lowbush: são plantas com porte menor que 0,5m. A maioria pertence à

espécie V. angustifolium, neste grupo encontra-se o mirtilo do Canadá (V.

myrtilloides e V. boreale).

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5 Exigências edafoclimáticas e manejo

O cultivo do mirtilo exige alto investimento inicial e, como toda a frutífera,

requer alguns anos para recuperar o capital investido. A produção inicia no

terceiro ano e no sétimo ou oitavo ano alcança a fase adulta, com produção

estável. Pomares em plena produção e bem conduzidos produzem em torno de

8.000 kg ha-1, dos quais ao redor de 70% cumprem requisitos de qualidade

para exportação como mirtilo fresco (NeSMITH, 2008).

O espaçamento de plantio depende do grupo e da cultivar escolhida. As

cultivares do grupo rabbiteye, por apresentarem maior vigor, são plantadas em

espaçamentos maiores, em menor densidade, sendo que o espaçamento mais

utilizado é o de 1,50 m entre plantas e 3 m entre linhas, com densidade de

2.222 plantas por hectare. As variedades do grupo southern highbush são

plantadas entre 0,75 a 1,20 m entre plantas e 3,00 a 3,50 m entre linhas, sendo

que o mais utilizado é de 1,00 x 3,00 m com densidade de 3333 plantas por

hectare (PAGOT, 2006).

De acordo com Sharpe (1990), o mirtileiro é uma das mais promissoras

culturas para o Sul do Brasil, devido às condições edafoclimáticas favoráveis à

adaptação de muitas cultivares.

5.1 Solo

Para seu adequado desenvolvimento, o mirtileiro exige solos com pH

entre 4,8 e 5,2 (TREHANE, 2004; CHILDERS e LYRENE, 2006). Se

comparado às demais frutíferas, apresenta a particularidade de exigir solos

com pH ácido, sendo que com pH superior aos níveis citados acima, as plantas

apresentam dificuldades de desenvolvimento e sérios problemas de deficiência

de ferro (STRIK, 2007; BOUNOUS, 2009). A maioria dos solos brasileiros

encontram-se nesta faixa de pH.

Outro aspecto importante é que o mirtileiro apresenta um sistema

radicular muito superficial, com raízes muito finas, e sem pêlos radiculares

(FREIRE, 2006), que exigem um solo não compactado para se desenvolverem

e explorar novas áreas, inclusive em profundidade (PARRA, 2008). O solo deve

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ter boa aeração, perfeita drenagem e alto teor de matéria orgânica, ideal que

seja superior a 5% (BUZETA, 1997; PARRA, 2008).

O mirtileiro pode ser cultivado em solos arenosos, franco-arenosos ou

argilosos; porém, recomenda-se o uso de substratos orgânicos, introduzidos

por meio de coberturas vegetais incorporadas ao solo (OCHMIAN et al., 2009)

ou na forma de mulching, sendo a serragem de pínus o material mais

recomendado (BUZETA, 1997; MOURA, 2009). De acordo com Freire (2006) a

associação de materiais orgânicos com camalhões de 30-40 cm, facilitam a

drenagem.

5.2 Água

O mirtileiro é altamente sensível ao déficit hídrico, porém tem boa

capacidade de recuperação após reidratação (AMÉGLIO et al., 2000). Por ser

uma planta arbustiva, necessita de boa disponibilidade de água para que o

fruto alcance um bom teor de açúcar (HERTER e WREGE, 2006). Manter o

solo com umidade adequada auxilia na elasticidade da epiderme do fruto

(PANNUNZIO, 2010), evitando rachaduras e perda do valor comercial.

Com poucos dias sem água, os sintomas de estrese hídrico são

manifestados pela planta. Quando irrigadas abaixo do exigido, têm a

fotossíntese reduzida, diminuição do crescimento, baixa produtividade e

redução na qualidade do fruto. Por outro lado, o excesso também pode ser

prejudicial à planta, podendo comprometer as funções radiculares, aumento da

erosão do solo, lixiviação de nutrientes e o aumento da incidência de doenças

nas raízes (BRYLA, 2006). O uso de coberturas mortas (mulching) mantem a

umidade do solo e favorece o crescimento das plantas frutíferas (REISSER

JUNIOR et al., 2005), além de incorporar matéria orgânica ao solo.

Durante o período de desenvolvimento dos frutos, o mirtileiro necessita

de até 50 mm de água semanalmente para obter um bom teor de açúcar no

fruto (SANTOS e RASEIRA, 2002). A água deve chegar à profundidade das

raízes, evitando o excesso de irrigação que provocaria lixiviação de nutrientes,

ataque de fungos e

aumento de custos de operação. Por outro lado, no caso de fertirrigação o

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excesso de irrigação conduziria ao possível aumento nos níveis de nutrientes

(PANNUNZIO, 2010).

O requerimento de água é variável conforme o desenvolvimento da

planta. São duas as fases críticas da cultura com relação à disponibilidade de

água. A primeira na implantação e na formação do pomar e a segunda no

período de produção de frutos (REISSER JUNIOR e ANTUNES, 2006). No

período de produção de frutos, Buzeta (1997) e Herter e Wrege (2006) alertam

para o cuidado com o período que corresponde às duas semanas depois da

caída das pétalas, duas semanas prévias à colheita e de duas a três semanas

posteriores à colheita.

A irrigação incrementa o crescimento e rendimento de frutos em

mirtileiros do grupo rabbiteye cv. Tifblue. As plantas jovens (com 5 e 6 anos)

apresentam melhor resposta a irrigação que plantas adultas (SPIERS, 1996).

Muitas vezes se dá menos importância à irrigação no processo produtivo,

contudo, é um parâmetro de alta relevância que afeta o rendimento e a

qualidade da fruta (PANNUNZIO, 2010).

5.3 Clima

O requerimento em baixas temperaturas para formar as gemas floríferas

e superar a dormência é característico das espécies perenes de folhas

caducas. Se o acúmulo de horas de frio hibernal for insuficiente, aquém da

necessidade da cultivar, pode-se ter como consequência a brotação e o

florescimento deficientes e, consequentemente, reduzir a produção

(HOFFMANN, 2005).

O mirtilo pode se desenvolver em diversos climas, tanto em zonas

úmidas como secas, com invernos rigorosos, com um metro de neve, ou muito

quentes, desde que sejam selecionadas cultivares que se adaptem à estas

condições. As plantas toleram temperaturas maiores que 50°C, por períodos

curtos, e mínimas de até -32°C. As gemas florais se formam no outono, com

temperaturas próximas a 24°C. Durante a floração, a ocorrência de altas

temperaturas melhora a germinação do pólen e o crescimento do tubo polínico,

aumentando a frutificação (PARRA, 2008). Segundo Herter e Wrege (2006), a

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fase mais crítica é na floração pois, se a temperatura permanecer baixa por

várias horas pode causar necrose, tanto no pistilo, como no ovário.

Devido aos ventos fortes serem prejudiciais ao crescimento e à

polinização, devem ser instaladas cortinas florestais (PARRA, 2008), pois o

vento pode provocar danos ou até mesmo a queda de frutos (HERTER e

WREGE, 2006).

5.4 Adubação nitrogenada

O nitrogênio é o macronutriente mineral que as plantas exigem em maior

quantidade, pois é necessário para a síntese dos carboidratos e proteínas da

célula vegetal (TAIZ e ZEIGER, 2004). No solo, o nitrogênio existe

preponderantemente na forma orgânica, sendo necessária a mineralização

pelos microorganismos para ocorrer sua utilização pelas plantas. Plantas

inoculadas com fungos micorrízicos arbusculares absorvem mais nitrogênio,

proporcionando um maior crescimento (FARIAS, 2012)

No mirtileiro, o nitrogênio é também um dos elementos mais exigidos,

pois é imprescindível para o crescimento vegetativo e para o rendimento de

frutos. No entanto, o excesso pode afetar negativamente estas plantas,

reduzindo o rendimento de frutos e causando a queima das raízes,

especialmente quando há falta de água (TREHANE, 2004; FREIRE, 2006;

DIEGUÉZ, 2007).

O nitrogênio é constituinte de muitos componentes da célula vegetal,

incluindo aminoácidos e ácidos nucleicos. Dessa forma, a deficiência de N

rapidamente inibe o crescimento vegetal, sendo provavelmente a primeira

causa de surgimento de clorose nas folhas, por ser um dos componentes da

molécula de clorofila (TAIZ e ZIEGER, 2004).

A absorção de nitrogênio é mais eficiente quando as aplicações

coincidem com o período de alta demanda pela planta (WEINBAUM et al.,

1992). A absorção de nitrogênio ocorre rapidamente quando este está na forma

nítrica, porém também pode ser lixiviado pela água com facilidade

(FILGUEIRA, 2003).

Deve-se evitar a utilização de uréia, pois esta promove crescimento lento

da planta (BUZETA, 1997). O fertilizante nitrogenado deve ser aplicado entre

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15 e 30 cm ao redor dos troncos das plantas e quando for utilizada cobertura

do solo, dobrar a quantidade de nitrogênio, com o objetivo de reduzir a relação

C/N do material (COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO - RS /SC, 2004).

Para Hanson (2006), plantas de mirtileiro respondem favoravelmente às várias

formas de nitrogênio, níveis e época de aplicação. Para otimizar a eficiência do

nutriente, a sua disponibilidade no solo precisa coincidir com períodos de alta

demanda pela espécie. O autor ressalta, ainda, que um melhor conhecimento

sobre as práticas culturais que afetam comunidades microbianas envolvidas no

ciclo do nitrogênio pode ajudar a aumentar a eficiência no seu uso.

5.5 Acidificação do solo

O enxofre (S) é um macronutriente secundário e sua aplicação é

necessária em menores quantidades e não com tanta regularidade.

As plantas de mirtilo necessitam de solos ácidos (PARRA, 2008) com pH

em água entre 4 e 5,5, cuja faixa de pH mais indicada vai de 4,5 a 5,0

(FREIRE, 2006). Quando é necessário baixar o pH do solo rapidamente, pode

recorrer-se ao enxofre elementar. Pode ser acrescentado, se necessário, em

dose muito pequenas para baixar o pH do solo (TREHANE, 2004). Este deve

ser incorporado no solo pelo menos seis semanas antes da plantação com

bastante precaução, pois em quantidades excessivas podem baixar o pH para

níveis perigosos. Por exemplo, solos com pH igual ou inferior a 3,5 liberam

minerais tóxicos e solos alcalinos com pH 7,0 ou superior, não contribuem para

uma boa produção de mirtilos (TREHANE, 2004; FREIRE, 2006). Para o

mirtileiro, solos com pH acima de 6,0 manifestam desequilíbrio nutricional,

principalmente com relação ao ferro (BUZETA, 1997; BOUNOUS, 2009).

Os solos brasileiros são, na sua maioria, caracterizados pelo avançado

grau de intemperização, pela elevada acidez e baixa disponibilidade de

nutrientes (GOEDERT, 1983). O pH do solo é, quase sempre, relacionado

positivamente com a taxa de oxidação do enxofre elementar (LAWRENCE e

GERMIDA, 1988).

A aplicação de enxofre elementar no solo é um processo mediado por

microorganismos e há necessidade de tempo, temperaturas e umidade para

que ocorra a mudança do pH (RETAMALES e HANCOCK, 2012). Outras fontes

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de acidificação do solo podem ser utilizadas como o ácido sulfúrico, fosfórico e

o ácido nítrico (GIONGO, 2006). O uso do acido sulfúrico pode ser através do

sistema de irrigação (RETAMALES e HANCOCK, 2012).

Não há informações da quantidade de enxofre necessária para baixar o

pH do solo até determinado valor. No entanto, sabe-se que esta quantidade é

dependente da textura do solo, do teor de matéria orgânica, do pH que se

deseja atingir e do pH inicial (FREIRE, 2006).

5.6 Manejo da poda

A poda é realizada com o objetivo de equilibrar a parte aérea da planta,

com o desenvolvimento das raízes e a produção de frutos (SANTOS e

RASEIRA, 2002). Uma grande quantidade de ramos resultará numa grande

produção de frutos, porém com qualidade inferior. A poda tem, também, como

objetivo, a abertura do centro da planta (SERRADO et al., 2010),

Para manter rendimentos estáveis e um bom calibre dos mirtilos, ano

após ano, durante os 25 ou 30 anos de exploração destes arbustos, pode ser

necessária uma poda leve quando as plantas são jovens, aumentando a

intensidade da poda de acordo com a maturação da planta (TREHANE, 2004).

No primeiro ano deve-se limitar o número de ramos e de gemas florais

para que a maior atividade de crescimento seja a das raízes (SHUTACK et al,

1982). De acordo com Antunes (2006), na poda de formação devem-se

eliminadas as ramificações finas e débeis abaixo dos 30 cm de altura da copa.

São priorizados três a quatro ramos mais vigorosos.

Entre o segundo e quinto ano, a preocupação deve continuar a ser a

construção de arbustos saudáveis e não a produção de frutos, retirando os

ramos baixos, doentes e partidos (SHUTACK et al, 1982).

As intervenções de poda serão realizadas no inverno (poda seca) e no

verão (poda verde). Na poda de inverno prioriza-se a eliminação de galhos

secos e de ramos mal localizados, principalmente aqueles que se desenvolvem

para o interior da copa. Diferente de outras espécies, como por exemplo, o

pessegueiro, não se deve despontar os ramos da planta nesta fase, uma vez

que as gemas de flor se concentram nas últimas seis a oito gemas terminais

(ANTUNES, 2006; BOUNOUS, 2009).

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A partir do sexto ano, além de continuar a remover os ramos mortos e

doentes, devem ser cortados entre 1 a 4 dos ramos principais. O corte deve ser

feito todos os anos removendo sempre os ramos mais velhos e deve ser feito

um corte num ângulo ligeiramente acima do solo. Os ramos com mais de cinco

anos são menos produtivos pelo que, a não remoção dos ramos mais velhos

ou uma fertilização inadequada, poderá resultar em um insuficiente número de

lançamentos a surgir na base da planta (SHUTACK et al, 1982; ANTUNES,

2006).

6 Caracterização físico-química de mirtilo

O teor de sólidos solúveis totais no fruto (oBrix), pode ser influenciado

por vários fatores, nos quais se incluem a variedade, região de cultivo, fatores

climatéricos e estado de maturação (TURKMEN e EKS, 2011), podendo

apresentando também variações sazonais ( 2006). Assim, Wang et

al. (2008), obtiveram maiores teores de açúcar (glucose e frutose) e de ácido

málico em mirtilos de cultivo biológico do que em mirtilos de cultivo tradicional.

Souza et al. ( 2007), afirmam que a qualidade de mirtilo depende do

conteúdo de ácidos orgânicos, principalmente do conteúdo em ácido cítrico,

variando entre 0,19 e 0,24 g de ácido cítrico 100 g-1 de mirtilo. De acordo com

Wang et al. (2008), o método de cultivo não afeta a concentração de ácido

cítrico em frutos de mirtilo, porém Rodrigues et al. (2007), afirmam que entre

cultivares a acidez pode variar.

O pH em frutos de mirtilo pode apresentar uma pequena variação, de

acordo com a cultivar (RODRIGUES et al., 2007), em um estudo realizado em

Portugal com quatro cultivares de mirtilo, foi observada uma variação entre

3,32 e 3,57 (SOUSA et al., 2006).

Em relação aos compostos vitamínicos, os frutos de mirtilo apresentam

uma grande variedade de vitaminas (A, B, C, K e ácido fólico) e também de

minerais (potássio, magnésio, cálcio, fósforo, ferro e manganes) (SILVEIRA et

al., 2007; USDA, 2010).

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7 Propriedades funcionais e minerais dos frutos de mirtilo

Alimentos funcionais são aqueles que, naturalmente, ou quando

modificados, possuem compostos com atividade fisiológica que, quando

consumidos com regularidade, apresentam além do aporte nutritivo, efeitos

benéficos, cientificamente comprovados sobre a saúde (ESPÍN et al., 2007). Os

fitoquímicos encontrados naturalmente em frutas e hortaliças, apresentam

efeitos benéficos sobre a saúde, sendo que alguns destes compostos são os

ácidos fenólicos, os flavonóides e seus derivados (SELLAPPAN et al., 2002).

O mirtilo é apontado como um dos alimentos mais saudáveis, que ajuda

no combate ao câncer, retarda o envelhecimento, protege o sistema

cardiovascular, auxilia na melhoria da visão e da memória, além de apresentar

alta capacidade antioxidante, capaz de combater radicais livres (RAMIREZ et

al., 2005; KALT et al., 2007).

Compostos bioativos encontrados em mirtilo como as antocianinas e os

ácidos hidroxicinâmicos apresentam atividade antioxidante tanto in vitro como

in vivo, conseguindo proteger células do endotélio do estresse oxidativo e

inflamação induzida (YOUDIM et al., 2002).

Dietas suplementadas com mirtilos, em ratos, estão sendo amplamente

utilizadas em vários estudos para observação do potencial funcional desta

fruta. Em ratos alimentados com mirtilo, foi observado que o consumo desta

fruta protege os neurônios de derrame induzido, evitando danos isquêmicos

(SWEENEY et al., 2002). O mirtilo tem capacidade de retardar e até reverter

déficits cognitivos e motor no envelhecimento induzido por irradiação,

influenciando especialmente a aprendizagem espacial e a memória,

melhorando o aprendizado (SHUKITT-HALE et al., 2007). Em ratos

alimentados com 3,2 mg de antocianinas/kg animal/dia por um período de 30

dias foi observado que o mirtilo reforça a memória, de curto prazo, mas não a

de longo prazo (RAMIREZ et al., 2005). O consumo desta fruta previne

algumas sequelas bioquímicas e eletrofisiológicas associadas ao

envelhecimento, mesmo quando a mudança na alimentação acontece em

idade avançada (COULTRAP et al., 2008). Também em dietas ricas em mirtilo,

fornecidas a ratos, mostraram um aumento da sobrevivência neuronal e

desenvolvimento dos enxertos de tecido neural transplantados (WILLIS et al.,

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2008), o que é importante devido à baixa taxa de sobrevivência dos neurônios

enxertados.

Ratos que consumiram mirtilo em suas dietas reduziram o consumo de

alimento e o ganho de peso, mostrando que o mirtilo induz à saciedade

podendo atuar como modulador no controle do peso (MOLAN et al., 2008).

Além disso, dietas enriquecida com mirtilo podem mostrar atividade

cardioprotetora, protegendo o coração dos danos causados por enfarto

induzido e atenua a possibilidade de ocorrer novas falhas cardíacas (AHMET et

al., 2009), além de atuar na redução da hipertensão (SHAUGHNESSY et al.,

2009).

7.1 Antocianinas

O mirtilo é uma das frutas mais ricas em antocianinas as quais estão

concentradas principalmente na casca, sendo responsáveis pela coloração azul

característica deste fruto (KAISU et al., 2008; KALT et al., 1999; PRIOR et al.,

1998). Entretanto, as antocianinas são compostos altamente instáveis frente a

diversos fatores (BOBBIO e MERCADANTE, 2008; FRANCIS, 1989) .

As antocianinas, devido às características de sua estrutura, possuem a

capacidade de doar elétrons, estabilizando radicais livres, agindo assim como

antioxidantes naturais (PRIOR, 2003). Dessa forma, pesquisas vêm atribuindo

a estes compostos a capacidade de diminuir a incidência de diversas doenças.

Quinze antocianinas, sendo todas as combinações possíveis das cinco

antocianidinas (cianidina, delfinidina, malvidina, peonidina e petunidina) e de

três açúcares (galactose, glicose e arabinose) foram caracterizadas em mirtilos

do tipo highbush (TIAN et al., 2005).

7.2 Compostos fenólicos

Os compostos fenólicos são formados no metabolismo secundário dos

vegetais e possuem funções de defesa contra o ataque de pragas. E em

animais e humanos tem sido observado que são capazes de reagir com

radicais livres formando radicais estáveis. Esse poder de neutralização das

estruturas radiculares dos compostos fenólicos é devido à sua estrutura

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química formada por pelo menos um anel aromático com grupamentos

hidroxilas (GIADA e MANCINI-FILHO, 2006).

Os compostos fenólicos, tais como flavonoides, ácidos fenólicos, taninos

ou estilibenos apresentam elevada capacidade antioxidante. Assim, frutos,

plantas e especiarias ricos em compostos fenólicos têm captado cada vez mais

o interesse da indústria alimentar e da população em geral, como forma de

melhorar a qualidade dos alimentos (ESMAEILI e SONBOLI, 2010), visando

promover a saúde e retardar o processo de envelhecimento. Os pequenos

frutos, particularmente os mirtilos (Vaccinium spp.), são reconhecidos como

uma importante fonte destes compostos, com propriedades antioxidantes,

sendo, por isso, considerados alimentos benéficos para a saúde.

Vários compostos fenólicos já foram identificados em mirtilo como os

derivados do ácido hidroxibenzóico (gentísico, gálico, o-pirocatechuico,

protocatechuico, salicílico, siríngico, vanílico, verátrico); derivados do ácido

hidroxicinâmico (cafeico, m-cumárico, o-cumárico, p-cumárico, 3,4-

dimetoxicinâmico, ferúlico, hidroxicafeico, sinápico); outros fenólicos ácidos (p-

hidroxifenil-acético e p-hidroxifenil-lático) (ZADERNOWSKI et al., 2005).

Resveratrol é encontrado tanto nos mirtilos do grupo highbush (1.074 mg de

resveratrol g-1 de amostra seca) como nos mirtilos do grupo rabbiteye (1.691

mg de resveratrol g-1 de amostra seca). Os compostos pterostilbeno e

piceatanol também são encontrados em pequenas frutas vermelhas e

apresentam propriedades benéficas à saúde humana. O pterostilbeno foi

detectado apenas em cultivares do grupo rabbiteye, enquanto que o piceatanol

foi encontrado somente em cultivares do grupo highbush (RIMANDO et al.,

2004).

7.3 Atividade antioxidante

Os compostos fenólicos são os maiores responsáveis pela atividade

antioxidante em frutas (HEIM et al., 2002). Em geral, o mirtilo é uma das mais

ricas fontes de antioxidantes entre as frutas e produtos hortícolas frescos

(HUANG et al., 2012) sendo comprovado em estudos, onde compararam

aproximadamente quarenta diferentes frutas e hortaliças, e o mirtilo apresentou

os maiores valores (PAYNE, 2005). A variação na concentração de compostos

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bioativos é observada também em diferentes cultivares deste fruto (CONNOR

et al., 2002).

Além da sua atividade antioxidante direta, pesquisas recentes têm

destacado múltiplas funções e mecanismos importantes relacionados à

habilidade dos compostos fenólicos de se ligarem a receptores celulares e

transportadores de membranas e influenciarem a expressão gênica, a

sinalização e a adesão celular (MANACH et al., 2005).

A ingestão de antioxidantes através da dieta pode constituir uma

estratégia para prevenir ou atrasar a oxidação de substratos celulares e, desta

forma, prevenir diversas doenças (ESMAEILI e SONBOLI, 2010). No entanto, a

ingestão de uma combinação de vários frutos tem um efeito aditivo ou de

sinergia nos efeitos resultantes da ação dos antioxidantes (ZAFRA-STONE et

al., 2007).

7.4 Fatores que podem alterar a concentração de compostos bioativos

Fatores genéticos: o conteúdo de compostos bioativos em mirtilos varia

significativamente com o grupo que está sendo analisado, highbush, rabbiteye

ou lowbush (VIZZOTTO et al., 2007) e pode variar também dentro de um

mesmo grupo (WANG et al., 2011; PERTUZATTI et al., 2012; SUN et al., 2012;

VRHOVSEK et al., 2012; VIZZOTTO et al., 2013). Os compostos bioativos

estão concentrados, em sua maioria, na epiderme da fruta.

Cobertura do solo: o tipo de cobertura do solo pode influenciar vários

parâmetros de qualidade dos mirtilos. Em experimento utilizando turfa,

serragem e casca de cacau, o maior rendimento foi observado quando utilizada

serragem. Nesse caso com serragem o mirtilo apresentou maiores teores de

sólidos solúveis totais. Mirtilos produzidos tendo como cobertura de solo a turfa

apresentaram mais elevada atividade antioxidante. No entanto, os maiores

níveis de compostos fenólicos foram obtidos em mirtilos produzidos utlizando a

cobertura de casca de cacau (OCHMIAN et al., 2010).

Em mirtilos cultivados sob túneis plásticos, onde os filmes de cobertura

apresentaram três níveis de transparências aos raios UV, foi observado que os

níveis de compostos fenólicos foram indiferentes à transparência UV do filme

plástico em que as frutas foram cultivadas (ORDIDGE et al., 2010).

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Sistema de produção: cultivares de mirtilos do grupo rabbiteye foram

analisadas em sistema orgânico e convencional. Os resultados nem sempre

favorecem o sistema orgânico em termos de síntese de compostos bioativos

(YOU et al., 2011).

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Capítulo 01

Crescimento de plantas, produção e qualidade dos frutos de mirtileiro

submetidos a diferentes níveis de adubação nitrogenada

Introdução

O mirtileiro (Vaccinium spp.) é uma espécie frutífera originária da Europa

e da América do Norte, onde é muito apreciada em razão do seu sabor

agridoce e das suas propriedades como alimento funcional (ANTUNES, 2006).

Pertence à família Ericaceae e está classificado dentro da subfamília

Vaccinioideae, na qual se encontra o gênero Vaccinium (TREHANE, 2004).

O cultivo comercial do mirtilo está em franca expansão em países da

América do Sul como Chile, Argentina e Uruguai, com área de produção de

aproximadamente 16.500 ha. A expansão da cultura nesses países é

influenciada, em grande parte, pela demanda da entressafra de países do

hemisfério norte como os Estados Unidos (STRIK, 2005; BRAZELTON e

STRIK, 2007), Alemanha e países asiáticos.

O nitrogênio é o macronutriente mineral que as plantas exigem em maior

quantidade, pois é necessário para a síntese dos carboidratos e proteínas da

célula vegetal (TAIZ e ZEIGER, 2004; OCHMIAN et al., 2009), sendo a forma

de NH4+, o componente base do fertilizante (OCHMIAN et al., 2009). O sulfato

de amônio ((NH4)2SO4) apresenta 21% de nitrogênio (N) e também 23% de

enxofre (S) solúvel em água, é cristalizado e pouco higroscópico, sendo uma

das fontes de nitrogênio mais recomendadas para aplicação no cultivo de

mirtilo, pois além do fornecimento de nitrogênio, fornece enxofre que nas

reações de oxirredução libera hidrogênio e acidifica o solo.

A absorção de nitrogênio ocorre rapidamente quando este está na forma

nítrica, porém também pode ser lixiviado pela água com facilidade

(FILGUEIRA, 2003). No solo, o nitrogênio existe preponderantemente na forma

orgânica, sendo necessária a mineralização pelos microorganismos para

ocorrer sua utilização pelas plantas. Plantas inoculadas com fungos

micorrízicos arbusculares absorvem mais nitrogênio proporcionando um maior

crescimento (FARIAS, 2012).

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No mirtileiro, o nitrogênio é também um dos nutrientes mais exigido, pois

é imprescindível para o crescimento vegetativo e para o rendimento de frutos.

No entanto, o excesso pode afetar negativamente estas plantas, reduzindo o

rendimento de frutos e causando a queima das raízes, especialmente quando

há falta de água (TREHANE, 2004; DIEGUÉZ, 2007).

No mirtileiro a maior demanda de nitrogênio é na saída de dormência e

em pós-colheita (ALARCON, 2004). Sua deficiência pode resultar em

diminuição do crescimento vegetativo e perda gradual da cor verde das folhas,

devido à inibição da síntese de clorofila, sendo provavelmente a primeira causa

de surgimento de clorose nas folhas, por ser este mineral um dos componentes

da molécula de clorofila (MIGLIARO, 1999; FREIRE, 2006).

De acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo RS/SC (2004) são

necessárias duas aplicações de nitrogênio durante o primeiro ano do mirtiliero

e a dose recomendada é de 5 g planta-1. No entanto, para plantas adultas se

recomenda observar os níveis nutricionais de cada local, antes da aplicação

(BUZETA,1997). A utilização de sulfato ou fosfato de amônio como fonte de

nitrogênio é o mais recomendado, devendo ser evitado o uso de uréia, pois

esta promove crescimento mais lento da planta (ALARCÓN, 2004).

A época de aplicação de nitrogênio em mirtileiros, assim como a forma e

a dose, pode favorecer as plantas nas diferentes fases (HANSON, 2006). O

parcelamento das aplicações nos períodos da superação da dormência e

queda das pétalas é melhor do que realizar uma única aplicação na superação

da dormência (HANSON e RETAMALES, 1992). Em algumas situações, a

aplicação do fertilizante em uma fase mais tardia leva a um maior rendimento

para as plantas (PAYLIS, 2006), enquanto a aplicação do nitrogênio no

primeiro ano leva a um maior crescimento das plantas de forma dose-

dependente (MOURA, 2009). Em plantas cultivadas em recipientes de 18 L

observou-se um padrão quadrático com relação as doses aplicadas com o pico

de crescimento na dose de 12,6 g de N por planta, não havendo diferenças

significativas quanto à produção e massa média de frutos (LEITZKE et al.,

2011). Em outros estudos, as doses de nitrogênio não afetaram diretamente a

produção de frutos (KOZINSKI, 2006).

Em relação à qualidade dos frutos, a aplicação de nitrogênio em pomar

adulto não alterou a qualidade físico-química (pH, Sólidos solúveis totais e

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acidez total titulável), nem os teores de fenóis, atividade antioxidante e

conteúdo de antocianinas (MOURA, 2009).

De acordo com o exposto, entende-se que há necessidade de mais

estudos relacionados à aplicação de nitrogênio em mirtileiros. O presente

trabalho teve por objetivo estabelecer o nível de adubação nitrogenada, a

campo que propicie os melhores resultados no crescimento e produção das

plantas, bem como na qualidade das frutas produzidas, para assim ser possível

projetar um sistema de fertilização adequado para esta espécie.

2 Material e métodos

O experimento foi conduzido em uma propriedade particular, localizada

no município de Morro Redondo/RS-Brasil, no período de 2007 à 2012, sendo

aqui apresentados os resultados dos últimos dois anos de avaliação. O solo do

local de cultivo é um Cambissolo húmico eutotrófico típico, geologia regional de

granito com linhas de fratura, relevo ondulado, 10% de pedregosidade, 10% de

rochosidade, sem erosão e imperfeitamente drenado (Anexo 01). Foram

utilizados mirtileiros da cultivar Powderblue, com 6 anos de idade, com

espaçamento de 1,0 m entre plantas por 3,0 m entre filas.

O delineamento utilizado foi de blocos, com 4 repetições, sendo cada

parcela composta por três plantas.

Os tratamentos constituíram foram diferentes doses de nitrogênio,

utilizando como fonte o sulfato de amônio (NH4)2SO4 com 21% de N2 e 23% de

enxofre. Em 2009 foram aplicados seis tratamentos: a) testemunha (sem

adição do nutriente); b) 7,5 g de N por planta; c) 15 g de N por planta; d) T3:

22,5 g de N por planta; e) 30 g de N por planta e f) 37,5 g de N por planta.

As aplicações foram mensais para os três anos de adubação, sempre na

quantidade da menor dose, ou seja, 7,5 g por aplicação mensal, até completar

a dose para cada tratamento, iniciando no mês de setembro e finalizando em

janeiro, com um tratamento testemunha (Tabela 01). O sulfato de amônio foi

aplicado manualmente na superfície do solo a uma distância de 10 cm ao redor

do caule da planta, numa faixa de 1,0 cm de largura.

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Tabela 01 - Doses experimentais de nitrogênio aplicadas no pomar de mirtileiros. Pelotas, 2013.

Doses/Época de aplicação

Set Out Nov Dez Jan Total aplicadog de N aplicação-1

testemunha 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,07,5 g de N planta-1 7,5 0,0 0,0 0,0 0,0 7,515 g de N planta-1 7,5 7,5 0,0 0,0 0,0 15,022,5 g de N planta-1 7,5 7,5 7,5 0,0 0,0 22,530 g de N planta-1 7,5 7,5 7,5 7,5 0,0 30,037,5 g de N planta-1 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 37,5

2.1 Produção e produtividade

A produção foi quantificada através da colheita total em parcelas de três

plantas. Os frutos foram levados ao laboratório avalaiçao de frutas da Embrapa

Clima Temperado, onde foram pesados em balança digital com unidades em

gramas. A estimativa da produtividade foi determinado por meio da

multiplicação da produção por planta e o número de plantas por hectare.

2.2 Tamanho de frutos: diâmetro e massa da unidade

Uma amostra de 10 frutos de cada parcela foi mensurada no sentido

longitudinal e transversal, com auxílio de um paquímetro digital com unidade

em milímetros (mm). Para a massa média de frutos, foram pesados 20 frutos

de cada parcela, calculando-se o peso unitário em gramas.

2.3 Massa seca de frutos

A massa seca de frutos foi avaliada uma única vez, com frutos coletados

no ciclo produtivo 2009/2010. Foi realizada a pesagem antes e após levar para

a estufa a 60oC (±2) por 72 h ou até o peso constante. O percentual de massa

seca do fruto foi obtido através da fórmula: (massa seca do fruto (g) x

100)/massa total (g). O percentual de água no fruto foi calculado pela diferença

entre peso total e percentual de água. Os resultados foram expressos em

percentual.

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2.4 Medidas de ramos

Foram utilizados ramos na parte superior das plantas, sendo escolhidos

3 ramos por parcela e o crescimento foi acompanhado mensalmente, a partir

do inicio do crescimento, finalizando em março de cada ano. A mensuração foi

efetuada com trena métrica com escala em cm. Os resultados foram as médias

do crescimento acumulado.

2.5 Índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro

Os índices relativos de clorofila dos mirtileiros foram mensurados

diretamente nas folhas utilizando um clorofilômetro (Minolta SPAD-502). Foram

utilizadas folhas na altura dos ramos de produção no período de jan/fev de

2010. Cada repetição foi resultante da média de dez folhas, cinco de cada lado

da planta.

2.6 Caracterização físico-química

A caracterização físico-química foi feita para os frutos frescos dos ciclos

produtivos 2010/2011 e 2011/2012, no laboratório de Tecnoclogia Pós-Colheita

da Embrapa Clima Temperado. O suco das frutas foi obtido com auxílio de uma

centrífuga.

2.6.1 pH

A determinação do pH foi feita através de peagômetro digital (Shimadzu

Bausch e Lomb MO120634), com correção automática de temperatura.

2.6.2 Sólidos solúveis totais (SST)

A concentração de SST foi medida através de um refratômetro de

bancada (Shimadzu Bausch e Lomb MO120634) expressando-se o resultado

em °Brix.

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2.6.3 Acidez total titulável (ATT)

Determinada por titulometria. Foram utilizados 10 mL do suco de mirtilo

diluídos em 90 mL de água destilada e a titulação feita com uma solução de

NaOH 0,1N, em peagâmetro até pH 8,2. Os resultados expressos em

porcentagem de ácido cítrico.

2.7 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante

2.7.1 Coleta e preparo da amostra de frutos

Para a determinação de compostos fenólicos, antocianinas e atividade

antioxidante, os frutos foram colhidos próximo ao pico da colheita no ciclo

produtivo 2010/2011 e congelados a -18oC até o momento da análise.

2.7.2 Preparo do extrato

Os frutos foram cortados ainda congelados, em pequenos pedaços,

sendo que cinco gramas da amostra foram triturados em ultra-turrax com 15

mL de metanol acidificado com HCL1,5N na proporção de 85:15. Para a

obtenção do extrato, as amostras foram centrifugadas por 20 min, à 5.000 rpm,

em centrífuga refrigerada a -4ºC até a total separação do material

sobrenadante.

2.7.3 Quantificação de antocianinas totais

A quantificação de antocianinas totais foi realizada através da

metodologia adaptada de Fuleki e Francis (1968). Uma alíquota de ±2 mL foi

retirada do extrato preparado anteriormente e a leitura foi realizada a 535 nm

em espectrofotômetro (Genesys 10 UV Thermo Spectronic). Os resultados

foram calculados através de uma curva padrão de cianidina-3-glicosídeo e

expressos em mg de cianidina-3-glicosídeo por 100 g de amostra-1.

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2.7.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais:

Uma alíquota de 250 μL de extrato foi diluída em 4 mL de água

destilada. Simultaneamente, um controle foi preparado contendo 250 μL de

metanol. Cada amostra e o controle foram acrescidos de 250 μL do reagente

Folin-Ciocalteau 0,25N (SWAIN e HILLIS, 1959) e reagiram por 3 min antes de

adicionar 500 μL de Na2CO3 1N. Deixou-se reagir por 2 h à temperatura

ambiente na ausência de luz e a absorbância foi medida a 725 nm em

espectrofotômetro. Os resultados foram calculados através de uma curva

padrão de ácido clorogênico e expressos em mg de ácido clorogênico por 100

g.

2.7.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH:

Uma aliquota de 10 μL do extrato foi combinada com 3800 μL da

solução de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995),

completando o volume para 4,0 mL com metanol. Um controle foi preparado

simultaneamente com 200 μL de metanol. As leituras das amostras foram

realizadas após 24 h de reação em espectrofotômetro a 515 nm. A atividade

antioxidante foi calculada através de uma curva padrão de trolox e expressa

em mg de equivalente ao trolox por 100 g.

2.8 Preparo das amostras para as análise de minerais nos mirtilos

Os frutos utilizados na análise, foram coletados no ciclo produtivo

2011/2012, congelados e liofilizados em um liofilizador de bancada (LIOTOP

Liobras L 101) para posterior determinação dos minerais. Em 250 mg de

amostra de frutos liofilizados e triturados, adicionou-se 5 mL de HNO3 65% P.A.

e 1 mL de H2O2 P.A. A solução foi preparada em tubos de ensaio de PVC para

posterior digestão em micro-ondas (Anton Paar Multiwave 3000) a 170°C por

10 min (SILVA, 2009).

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2.8.1 Quantificação dos minerais nos mirtilos

Para a quantificação dos minerais, foi preparada uma solução com o

extrato digerido acrescido de reagente especifico para cada elemento:

- Ca: 1 mL do extrato da digestão + 4 mL de óxido de lantânio 0,1% e leitura

em EAA (espectrometria de absorção atômica - Varian 240 FS). Curva padrão

de 0 a 4 ppm (+7 mL de água).

- Mg: 1 mL do extrato da digestão + 4 mL de óxido de lantânio 0,1% e leitura

em EAA. Curva padrão de 0 a 4 ppm.

- K: 1 mL do extrato da digestão + 49 mL de água deionizada e leitura em EAA.

Curva padrão de 0 a 5 ppm.

- Cu, Fe, Mn e Zn: Leitura direta no extrato da digestão em EAA. Curva padrão

Cu de 0 a 1ppm, curva padrão de Fe de 0 a 8 ppm, curva padrão de Mn de 0 a

3 ppm, curva padrão de Zn de 0 a 2 ppm.

- P: 5 mL do extrato da digestão + 4 mL de uma mistura de reagentes

(vanadato de amônio 0,25% + molibdato de amônio 5% 1:1). Leitura em

espectrofotômetro (Bel Photonics UV/Vis SP 2000) em 420 nm. Curva padrão

de P de 0 a 20 ppm.

2.9 Análise estatística

Os resultados obtidos foram analisados com auxílio do programa

estatístico Winstat versão 2.0 (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Os

resultados obtidos com as doses de nitrogênio foram submetidos à análise de

variância e quando significativos ajustados por meio de regressão polinomial.

3 Resultados e discussão

3.1 Produção e produtividade

O rendimento não diferiu estatitisticamente para as doses de nitrogênio

aplicadas, ou seja, tanto testemunha (sem aplicação de nitrogênio), quanto a

dose máxima (37,5 g N planta-1), produziram quantidades que não diferiram

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entre si estatísticamente. As médias de produção por planta e produtividade

para cada tratamento e ciclo produtivo estão apresentadas na Tabela 02.

Em trabalhos com aplicação de nitrogênio realizados em Pelotas/RS,

houve diferença significativa para a variável produção de frutos no primeiro ano

de colheita, representada por uma tendência quadrática. O maior rendimento

foi de 135 g planta-1 na dose 11,26 g de N planta-1. Já para o segundo ano de

colheita, não se observou diferença estatística significativa, sendo o rendimento

médio de 517,05 g de N planta-1, na dose de 7,5 g N planta-1 (LEITZKE, 2011).

Em média, nesta região de produção, a cultivar Powderblue produz 1,02kg

planta-1 levando a uma produtividade estimada de 2.259 kg ha-1 (ANTUNES et

al., 2008). Na Tabela 02, as médias obtidas para produção e produtividade da

mesma cultivar e na mesma região são maiores, o que pode estar relacionado

à idade das plantas. Outros estudos também apontam para uma melhora na

produção de frutos com a aplicação de nitrogênio ao solo (BAÑADOS et al.,

2012).

Em experimentos conduzidos em vasos, o rendimento de frutos de

mirtileiro Misty e Star, submetidos a diferentes doses de NPK, apresentaram

respostas diferenciadas entre as cultivares estudadas. O rendimento de frutos

de 'Star' aumentou de forma linear com o aumento da dose de fertilizantes. Já

para 'Misty', obteve um rendimento reduzido com a maior dose dos fertilizantes

(WILBER e WILLIAMSON, 2008).

Outros autores, corroborando como o resultado deste estudo, concluem

que o nitrogênio pode não ter um efeito direto na produtividade (HANSON e

HANCOCK, 1996; BAÑADOS, 2006; KOZINSKI, 2006; MOURA et al., 2008; LI

et al., 2012), podendo ainda, quando utilizado em doses muito elevadas

(maiores de 60 kg N ha-1) reduzir a produtividade (KOZINSKI, 2006). Em

estudo com a cultivar Bluecrop, a diminuição do rendimento somente foi

observada com a adição de doses de nitrogênio maiores de 150 kg ha-1

(MERCIK e SMOLARK, 1995),

Entende-se dessa forma que diversos fatores interferem na quantidade

de nitrogênio necessária as plantas, entre eles: tipo de solo, idade das plantas,

genótipo, entre outros. Segundo Bañados (2006), recomendações de doses e

época de aplicação de nitrogênio variam muito com a localização, ou seja, há

influencia dos fatores edafoclimáticos. Hanson e Hancock (1996) afirmam que

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plantas de mirtilo estabelecidas em solo arenoso com baixa matéria orgânica,

ou quando foi usada serragem como cobertura do solo, requerem taxas mais

altas de nitrogênio do que plantas estabelecidas em local com alto conteúdo de

matéria orgânica ou com mulching orgânico.

Tabela 02 - Médias de produção e produtividade para os ciclos produtivos, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, para mirtileiros cultivar Powderblue sob doses de nitrogênio, Pelotas, 2013.Doses de nitrogênio/Ciclo produtivo

Rendimento (g planta-1) Produtividade (kg ha-1)

2009/2010 2010/2011 2011/2012 2009/2010 2010/2011 2011/2012

testemunha 3.700,00ns 2.566,67ns 3.344,44ns 12.332,10ns 8.554,71ns 11.147,02ns

7,5 g de N planta-1 4.241,11 2.216,67 2.922,22 14.135,62 7.388,16 9.739,76

15 g de N planta-1 3.626,67 2.550,00 2.372,22 12.087,68 8.499,15 7.906,61

22,5 g de N planta-1 5.348,89 2.633,33 3.374,89 17.827,85 8.776,89 11.248,51

30 g de N planta-1 4.620,00 2.666,67 3.122,22 15.398,46 8.888,01 10.406,36

37,5 g de N planta-1 4.060,00 3.150,00 2.927,78 13.531,98 10.498,95 9.758,29

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático

3.2 Tamanho de frutos: diâmetro (mm) e massa da unidade (g)

Para os ciclos produtivos avaliados, as doses de nitrogênio aplicadas ao

solo não foram significativas, ou seja, não se ajustou a nenhuma curva padrão

os valores médios de diâmetro longitudinal e transversal (Tabela 03).

Para o primeiro ano de avaliação (ciclo produtivo 2009/2010), a massa

média de frutos não foi alterada com os diferentes tratamentos, ou seja, os

frutos apresentaram a massa igual para todos os tratamentos, incluindo o

tratamento testemunha, náo havendo diferença estatística entre eles. A massa

média de fruto foi de 1,44 g (Tabela 04).

O mirtileiro produz frutos com diâmetro entre 8 e 22 mm, e essa variação

de tamanho é principalmente em função da cultivar (CHILDERS e LYRENE,

2006). Alguns autores afirmam que o manejo do solo não influencia no

tamanho do fruto. Kozinski (2006) estudou a influência de diferentes níveis de

nitrogênio em mirtileiros do grupo highbush cultivar Bluecrop e constatou que a

taxa de nitrogênio (0, 60, 120 e 180 kg N ha-1) não teve influência no peso do

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fruto. O mesmo autor concluia que o tamanho do fruto foi influenciado mais

pelo rendimento que pela adubação nitrogenada e cobertura do solo.

Antunes et al. (2008), ao mensurar os frutos da cultivar Powderblue, em

Pelotas/RS, obtiveram como resultado para massa média de frutos 1,49 g e

diâmetro médio de 1,50 cm. O resultado para massa média de frutos foi

semelhante aos apresentados na tabela 04, porém o diâmetro que os autores

apresentam são um pouco maiores que os apresentados neste trabalho.

Tabela 03 - Médias dos diâmetros de mirtilos (mm), cv. Powderblue para os ciclos produtivos, 2009/2010 e 2010/2011, com diferentes doses de nitrogênio, Pelotas, 2013.Doses/Ciclo produtivo

2009/2010 2010/2011Longitudinal Transversal Longitudinal Transversal

testemunha 13,33ns 11,59ns 13,32ns 12,21ns

7,5 g de N planta-1 13,57 11,91 13,89 11,7515 g de N planta-1 13,27 11,54 14,14 12,1122,5 g de N planta-1 13,43 11,85 14,08 12,1730 g de N planta-1 13,42 11,82 13,37 11,7137,5 g de N planta-1 13,54 11,94 13,73 12,1nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático.

Tabela 04 - Médias da massa de mirtilos (g), cv. Powderblue para os ciclos produtivos, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, com diferentes doses de nitrogênio, Pelotas, 2013.

Doses/Ciclo produtivo Massa média do fruto (g)2009/2010 2010/2011 2011/2012

testemunha 1,39ns 1,68ns 1,54ns

7,5 g de N planta-1 1,51 1,61 1,5615 g de N planta-1 1,41 1,48 1,4022,5 g de N planta-1 1,42 1,49 1,4230 g de N planta-1 1,50 1,55 1,4337,5 g de N planta-1 1,41 1,64 1,50

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático

3.3 Massa seca de frutos

Não houve diferença estatística entre tratamentos com relação a massa

seca de frutos. A média obtida foi de 18,17% de massa seca e 81,83% de água

nos frutos. As doses de nitrogênio não interferem na massa seca de frutos

(Tabela 05).

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O valor de massa seca foi superior ao encontrado por Lameiro, et al.,

(2011), que caracterizou mirtilos da cultivar Powderblue com 86,72% de água.

Sabe-se que o mirtilo é caracterizado como um fruto com alto teor de água,

com umidade variando de 84 a 87,68% a (Souza et al., 2007; SILVEIRA et al.,

2007; USDA 2011).

Existem algumas variações entre os autores consultados, mas todos

estão dentro do padrão de valores ideais de umidade que fica entre 83-87%

(SOUZA, 2007). Os frutos avaliados neste trabalho apresentaram menos

umidade que os valores citados por Souza et al. (2007), ou seja, frutos com

maior percentual de massa seca, tornando-os mais resistentes ao

armazenamento e com melhor qualidade de processamento.

Tabela 05 - Médias do percentual de massa seca (MS) e água nos frutos para o ciclo produtivo 2010/2011, para mirtileiros cultivar Powderblue sob doses de nitrogênio, Pelotas, 2013. Doses /composição média dos frutos MS (%) Água (%)testemunha 17,85ns 82,15ns

7,5 g de N planta-1 17,50 82,5315 g de N planta-1 23,63 78,8922,5 g de N planta-1 17,08 82,9230 g de N planta-1 16,48 83,5337,5 g de N planta-1 16,48 83,62

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático

3.4 Medidas de ramos (cm)

Não houve diferença significativa para o crescimento de plantas,

avaliado através da medida dos ramos para os dois ciclos produtivos

2009/2010 e 2010/2011, onde a média foi de 20,94 cm e 20,75 cm

respectivamente (Tabela 06).

Bañados et al. (2006) ao avaliarem o crescimento de mirtileiro cv.

Bluecrop, não observaram influência da massa seca da planta, em função da

adubação nitrogenada. Bañados et al. (2012), seguindo a mesma linha de

pesquisa, concluem que a aplicação de 50 kg ha-1 de N, apresentou melhores

resultados do que 100 e 150 kg ha-1 no estabelecimento de plantas no campo,

medido pelo crescimento das mesmas.

53

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Alguns autores afirmam que o crescimento das plantas tem efeito

positivo com a aplicação de doses de nitrogênio ao solo, tendo como resposta

uma variação entre o padrão linear e o quadrático, numa regressão polinomial.

Williamson e Miller (2009), encontraram um ajuste linear positivo para a

variável comprimento do ramo em função do fator dose de fertilizante

nitrogenado, observando um comportamento constante no crescimento da

planta, Haby et al. (1991), obtiveram a mesma tendência linear ao

quantificarem o crescimento de ramos laterais de plantas de mirtileiro cv.

Tifblue, submetidas à diferentes doses de nitrogênio. Kozinski (2006) verificou

que doses crescentes de nitrogênio aumentaram o número e comprimento de

brotações em plantas de mirtilo do grupo highbush.

Leitzke et al. (2011), obtiveram como resultado para o crescimento de

va quadrática, com a aplicação de 12,6 g de

N por planta proporcionando maior crescimento dos ramos do mirtileiro, porém

a aplicação do nutriente foi feita em recipientes plásticos de 18 L. Yadong et al.,

(2009), estudaram o efeito de três diferentes níveis de nitrogênio (14, 28 e 42 g

planta-1) e constataram um aumento no comprimento médio dos ramos com o

uso do fertilizante, concluindo que os melhores resultados para esta variável foi

obtida com o nível médio de nitrogênio, ou seja, 28 g planta-1.

Tabela 06 - Médias do crescimento acumulado de ramos de mirtileiro (cm) cv. Powderblue para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012, com diferentes doses de nitrogênio, Pelotas, 2013.

Doses/composição média dos frutos

Crescimento acumulado de ramos (cm)2009/2010 2010/1011

testemunha 21,67ns 22,89ns

7,5 g de N planta-1 22,33 24,1115 g de N planta-1 22,56 21,6722,5 g de N planta-1 19,11 21,0030 g de N planta-1 19,44 23,2237,5 g de N planta-1 20,56 20,67

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático

54

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3.5 Índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro (unidades de SPAD)

Houve uma correlação significativa positiva entre doses de N e índice

relativo de clorofila, ajustando-se os dados a uma regressão linear, dentro dos

limites estudados (Figura 01). Portanto os maiores níveis de clorofila foram

encontrados nas plantas que receberam maiores quantidades de nitrogênio.

Entretanto, não é possível concluir que a dose máxima é a melhor, pois pode

ainda haver uma tendência de aumento no índice de clorofila de acordo com o

aumento das doses. Em experimentos como este realizados a campo, as

doses máximas geralmente são muito elevadas e, para alcançar o máximo do

índice relativo de clorofila, a dose poderia ser excessiva para o mirtileiro.

Leitzke (2012), ao avaliar o teor de clorofila em mirtileiros cultivar Misty,

em recipientes plásticos, obteve uma equação quadrática, sendo o ponto de

máxima de 12,1 g de N planta-1. Entretanto, a perda de nutrientes é menor em

recipientes e para obter resultados semelhantes em campo, é necessário usar

maiores doses do nutriente por planta.

Carvalho et al. (2003), verificaram que o teor de N nas folhas e o teor de

clorofila apresentam relação com a dose do elemento aplicada ao solo,

evidenciando a possibilidade de utilizar o medidor de clorofila para indicar quais

as doses do nutriente a serem aplicadas à cultura, a fim de manter teores

adequados nas folhas de acordo com o teor de clorofila. O índice SPAD, obtido

em folhas de diversas espécies, apresentaram correlação positiva com a

suficiência de nitrogênio (GUIMARÃES et al., 1999; SHAPIRO, 1999), podendo

ser considerado um índice para avaliar o estado de nitrogênio nas plantas.

Recentemente foi demostrada a potenciabilidade do SPAD para avaliar a

resposta de diversas espécies à aplicação do nitrogênio (CARRERES et al.,

2000).

Essa relação ocorre também com aplicação de outros nutrientes como,

por exemplo, o cálcio. Em folhas de mirtileiros 'Duke', foi demonstrado que os

fertilizantes a base de cálcio tem impacto semelhante sobre teor de clorofila

(OCHMIAN, 2012).

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-1)

0 10 20 30 40

Teor

de

clor

ofila

nas

folh

as (S

PA

D)

40

42

44

46

48

50

52

y=0,2357x + 42,4137 R2=0,87Linear positiva

Figura 01 - Média do índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro cv. Powderblue em função de doses de N por planta. r2 0,87, no período de jan/fev de 2010. Morro Redondo, RS, 2013.

3.6 Caracterização físico-química

3.6.1 pH

O pH dos frutos não foi alterado com aplicação de nitrogênio ao solo

para os dois ciclos produtivos avaliados. Os valores médios de pH nos frutos

foram de 2,79 e 2,96 para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012,

respectivamente (Tabela 07). Esses valores estão coerentes com dados de

outros autores. Rodrigues et al. (2007), ao avaliarem a qualidade de frutos de

mirtilo, concluiram que o pH médio de frutos para a cultivar Powderblue é de

3,06.

Em outras frutas, como a goiabeira, foi observada a influência da

adubação nitrogenada no pH das frutas, sendo que as doses de nitrogênio (50,

100, 150 e 200kg N ha-1) interferiram no pH das frutas, apresentando um

padrão quadrático, sendo a melhor dose 150 kg N ha-1 (SILVA et al., 2008).

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Tabela 07 - Médias do pH de mirtilos cv. Poederblue, com diferentes doses de N para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012, Pelotas, 2013.

Doses/pHpH

2010/2011 2011/12testemunha 2,81ns 2,96ns

7,5 g de N planta-1 2,81 2,9615 g de N planta-1 2,76 2,9622,5 g de N planta-1 2,77 2,9630 g de N planta-1 2,80 2,9637,5 g de N planta-1 2,77 2,96

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático

3.6.2 Sólidos solúveis totais (SST)

Não houve diferença significativa para o teor de SST nos frutos no ciclo

produtivo 2010/2011, sendo a média de 12,14oBrix. O mesmo ocorreu no ciclo

produtivo seguinte (2011/2012), em que a média de 11,93oBrix. Nenhuma

curva padrão se ajustou aos dados obtidos e os resultados médios para cada

dose de nitrogênio podem ser conferidos na Tabela 08.

As diferenças na qualidade de frutos são em geral atribuídas ao

genótipo. O manejo do pomar e da planta por vezes, apresentam respostas

pouco perceptíveis para alguns aspectos de qualidade dos frutos. Em

mirtileiros, a aplicação de três níveis de NPK (14 g, 28 g e 42 g planta-1; 7 g, 14

g e 21 g de P e 7 g, 14 g e 21 g de K planta-1) não resultaram em diferenças

significativas quanto ao teor de sólidos solúveis totais (YADONG et al., 2009).

Antunes et al. (2008), avaliando a qualidade de frutos de mirtileiro de diferentes

cultivares do grupo rabbiteye, constataram que não houve diferença

significativa entre as cultivares avaliadas quanto ao teor de sólidos solúveis

totais, cuja média foi 13,20°Brix e, em especial para a cultivar Powderblue

apresentou média de 12,60°Brix. Na Tabela 08, observa-se que os resultados

são semelhantes ao ciclo produtivo 2010/2011.

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Tabela 08 - Médias do teor de sólidos solúveis totais (SST) em mirtilos cv. Powderblue com diferentes doses de N, para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012, Pelotas, 2013.

Doses/ SST (oBrix)SST (oBrix)

2010/2011 2011/12testemunha 12,60ns 11,33ns

7,5 g de N planta-1 11,83 11,9015 g de N planta-1 11,83 12,9622,5 g de N planta-1 12,47 11,8030 g de N planta-1 11,87 11,8037,5 g de N planta-1 12,27 11,80

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático

3.6.3 Acidez total titulável (ATT)

No primeiro ciclo produtivo, a AT apresentou um padrão quadrático

negativo com ponto de mínima de 19,25 g de nitrogênio. Porém no segundo

ciclo produtivo não houve efeito das doses aplicadas, e a AT média foi de

0,63% ácido cítrico (Tabela 09).

Leitzke (2011) ao aplicar 0, 5, 10, 15 e 20 g N planta-1 em mirtileiro cv.

Misty, obteve como resultado para a AT dos frutos, valores entre 0,22 a 0,30%

ácido cítrico, porém as doses de nitrogênio aplicadas não foram significativas

para a AT do fruto.

-1)

0 10 20 30 400,56

0,58

0,60

0,62

0,64

0,66

y= 0,0002x2 - 0,0079x + 0,6475 R2=0,94

Figura 02 - Médias de AT em mirtilos cv. Powderblue, em função das doses de N.Ciclo produtivo 2010/2011. Morro Redondo, RS, 2013.

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Tabela 09 - Médias da acidez total titulável (ATT) em mirtilos cv. Powderblue com diferentes doses de N para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012,Pelotas, 2013.

Doses/AcidezAcidez (% ácido cítrico)

2010/2011 2011/12testemunha 0,65QN 0,64ns

7,5 g de N planta-1 0,59 0,5815 g de N planta-1 0,58 0,6222,5 g de N planta-1 0,57 0,6830 g de N planta-1 0,57 0,6237,5 g de N planta-1 0,62 0,65

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadráticoQNcurva quadrática negativa

3.7 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante

3.7.1 Antocianinas totais:

Para as antocianinas totais dos frutos, a curva apresentou um padrão

quadrático, a concentração de antocininas sobre com o aumento da dosagem

de N, até um determinado ponto, despois decresce com a aplicação de doses

superiores a 13,17 g (ponto de máxima) de nitrogênio no solo ocorre redução

no teor de antocianinas nos frutos.

Pertuzatti et al. (2007), ao avaliarem a composição química de frutos de

mirtilos cv. Powderblue obtiveram 256 mg de cianidina 3-glicosídio 100 g-1 de

fruta fresca. Resultados semelhantes foram encontrados por Rodrigues et al.

(2011) ao avaliar a mesma cultivar, podendo-se concluir que os frutos da

cultivar Powderblue possuem em média 245,48 mg 100 g-1 de antocianinas.

Ambos os autores apresentam resultados menores que os observados nesse

trabalho.

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-1)

0 10 20 30 40

Teor

de

anto

cian

inas

nos

frut

os

580

600

620

640

660

680

700

720

740

760

780

800

y=-0,2344x2 + 6,1739x + 705,1007 R2=0,63

Figura 03 - Média do teor de antocianinas em frutos de mirtilo cv. Powderblue em função das doses de N. r2 0,83, no ciclo produtivo 2010/1011. Pelotas, RS, 2013.

Tabela 10 - Médias do teor antocianinas (mg cianidina 3-glucoside/100g amostra) em mirtilos cv. Powderblue, com diferentes doses de N para o ciclo produtivo 2010/2011, Pelotas, 2013.

Doses Antocianinas (mg cyanidin 3-glucoside/100g amostra)

testemunha 677,73 ± 19,40QP

7,5 g de N planta-1 778,98 ± 8,9515 g de N planta-1 752,27 ± 36,5322,5 g de N planta-1 732,54 ± 10,2030 g de N planta-1 616,79 ± 21,7637,5 g de N planta-1 641,58 ± 25,13

QPcurva quadrática positiva

2.7.2 Compostos fenólicos totais:

Os resultados médios obtidos para os compostos fenólicos em relação

às diferentes doses de nitrogênio se ajustaram ao padrão quadrático (Figura

04). O ponto de máxima calculado foi de 25,32 g de N por planta, ou seja, com

esta dose aplicada ao solo, o fruto produziu o máximo de compostos fenólicos.

Pertuzatti et al. (2007), ao avaliarem a composição química de frutos de

mirtilos cv. Powderblue obtiveram média de 816,9 mg de ácido gálico 100 g-1

fruta fresca. As médias apresentadas na Tabela 11 são maiores apenas para

os tratamentos que receberam nitrogênio. Porém Rodrigues et al. (2011), ao

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avaliarem frutos de mirtilos da cultivar Powderblue com objetivo de quantificar a

concentração de compostos fenólicos de mirtilos produzidos no Brasil,

concluíram que a cv. Powderblue apresenta média a elevada (675,57 mg 100g-

1), quando comparado à outras cultivares, ainda assim, este valor é menor que

os apresentados neste trabalho.

-1)

0 10 20 30 40760

780

800

820

840

860

880

900

920

y= -0,1521x2 + 7,7017x + 803,8879 R2=0,60

Figura 04 - Média dos compostos fenólicos em frutos de mirtilo cv. Powderblue em função das doses de N. r2 0,83, no ciclo produtivo 2010/1011. Pelotas, RS, 2013.

Tabela 11 - Médias da concentração de compostos fenólicos (mg doequivalente ácido clorogênico 100 g-1) em mirtilos cv. Powderblue com diferentes doses de N, para o ciclo produtivo 2010/2011, Pelotas, 2013.

Doses Compostos fenólicos mg do equivalente ácido clorogênico 100 g-1)

testemunha 783,77 ± 11,33QP

7,5 g de N planta-1 903,44 ± 16,3815 g de N planta-1 848,28 ± 20,2822,5 g de N planta-1 910,02 ± 38,0230 g de N planta-1 888,31 ± 12,0437,5 g de N planta-1 885,40 ± 4,99

QPcurva quadrática positiva

2.7.3 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH:

A atividade antioxidante apresentou um padrão quadrático (Figura 05) e

o ponto de máxima foi obtido com a aplicação de 14,9 g por planta.

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Wolfe et al. (2008) avaliaram a atividade antioxidante de 25 tipos de

frutas comumente consumidas nos EUA, e concluíram que o mirtilo como uma

das frutas com maior atividade antioxidante em sistema de cultura de células.

Também foi observada uma alta correlação entre o conteúdo fenólico total e a

atividade antioxidante celular, demonstrando que o primeiro pode ser usado

como um indicador da atividade antioxidante apresentada pela fruta.

-1)

0 10 20 30 40

Ativ

idad

e an

tioxi

dant

e em

frut

os

4400

4500

4600

4700

4800

4900

5000

y=-0,7511x2 + 22,3812x + 4783,1050 R2=0,61

Figura 05 Média da atividade antioxidante em frutos de mirtilo cv. Powderblue em função das doses de N. r2 0,83, no ciclo produtivo 2010/1011. Morro Redondo, RS, 2010.

Tabela 12 - Médias do teor atividade antioxidante (μg trolox equivalente g-1) em mirtilos cv. Powderblue com diferentes doses de N, para o ciclo produtivo 2010/2011, Pelotas, 2013.Doses Atividade antioxidante (μg trolox equivalente g-1)testemunha 4.851,04 ± 45,33QD

7,5 g de N planta-1 4.797,22 ± 48,9315 g de N planta-1 4.969,03 ± 41,0422,5 g de N planta-1 4.838,38 ± 56,5030 g de N planta-1 4.963,24 ± 58,0237,5 g de N planta-1 4.473,76 ± 131,36

QPcurva quadrática positiva

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3.8 Análise de minerais em frutos

Os minerais no fruto não apresentaram diferença de acordo com a dose.

O nitrogênio aplicada ao solo (Tabela 13), não causou diferenças quanto aos

minerais encontra Powderblue.

Os teores médios de cálcio encontrados nos frutos deste experimento

variaram de 51,88 a 89,17 mg kg-1, não apresentando diferença significativas

com relação às doses aplicadas (Tabela 13). A concentração média de cálcio

reportado na literatura para mirtilos varia de 9 a 12,10 mg 100 g-1 (USDA, 2011;

SILVEIRA et al., 2007). Segundo Oliveira et al. (2003), a quantidade de cálcio

em 10 tipos de jabuticabas, em média, é de 3mg 100 g-1. A jabuticaba é

semelhante ao mirtilo no tamanho, na cor e no sabor subácido, porém

apresenta menor concentração de cálcio.

O magnésio não foi significativo de acordo com ajuste linear ou

quadrático, sendo a média de 53,75 mg kg-1.

As concentrações de cobre nos frutos submetidos a adubação

nitrogenada não diferiram, apresentado um valor médio de 0,15 mg kg-1.

A concentração de ferro também não diferiu estatisticamente, quando as

plantas foram submetidas a diferentes níveis de nitrogênio, porém os valores

médios apresentaram grande variação sendo o menor (11,11 mg kg-1), com a

dose 7,5 g N planta-1 e o maior valor obtido (39,99 mg kg-1) sem aplicação de

nitrogênio ao solo.

A concentração média de manganês nos frutos foi 12,52 mg kg-1, as

médias não foram significativos de acordo com ajuste linear ou quadrático.

Para as concentrações de zinco no fruto, não houve ajuste da regressão

polinomial para os modelos linear ou quadrático, apresentando média de 3,14

mg kg-1.

A concentração média de fósforo nos frutos foi de 2,31 g kg-1. Os teores

médios não se ajustaram às curvas linear ou quadrática, pelo modelo

polinomial.

Silveira et al. (2007), ao avaliarem minerais em uma amostra de mirtilos

(Vaccinium australe), do grupo highbush conclui que o valor médio de fósforo

foi de 9,20mg 100g-1, enquanto que o USDA (2006), constatou 18 mg 100 g-1.

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Os teores de potássio nos frutos não apresentaram diferença

significativa para os níveis de nitrogênio aplicados, sendo a média de 6,30 g kg-

1.

Os mirtilos dos grupos highbush (V. corymbosum e V. ashei) e lowbush

(V. augustifolium) por 100 g de parte edível, apresentam em média: 6,00 mg de

cálcio, 6,00 mg de magnésio, 0,057 mg de cobre, 0,28 mg de ferro, 0,336 mg

de manganês, 0,16 mg de zinco, 12,00 mg de fósforo, 77,00 mg de potássio e

ainda 1,00 mg de sódio. Pode ser observado ao comparar com os valores

apresentados na Tabela 13, que existem pequenas variações nos valores

encontrados, as quais podem ser explicadas pelo valor médio apresentado pela

USDA, contendo frutos do grupo lowbush (USDA, 2011).

Trabalhos que relacionam manejo do pomar e a sua influência na

qualidade das frutas ainda são bastante restritos. Resultados que demonstrem

a variação dos teores de antocianinas, compostos fenólicos e atividade

antioxidante, influenciados pela adubação nitrogenada em fruteiras ou, mais

precisamente, com mirtileiros não foram encontrados nas literaturas nacional e

estrangeira.

Tabela 13 - Médias do teor de minerais em mirtilos cv. Powderblue submetidas a diversas doses de N, ciclo produtivo 2011/2012, Pelotas, 2013.Doses de nitrogênio (g)

mg kg-1 g kg-1

Ca Mg Cu Fe Mn Zn P K

testemunha 82,84n

s 53,16ns 0,15ns 39,99ns 9,16ns 2,57n

s 2,17ns 6,05n

s

7,5 g de N planta-1 89,17 59,06 0,15 11,11 16,43 3,23 2,07 6,6815 g de N planta-1 51,88 48,31 0,15 23,21 10,49 2,63 2,13 6,4522,5 g de N planta-1 61,01 54,44 0,15 20,23 9,72 3,89 2,51 6,6230 g de N planta-1 53,56 57,67 0,15 20,64 12,30 3,31 2,27 6,7937,5 g de N planta-1 59,83 49,85 0,15 29,93 16,93 3,19 2,69 5,23

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático

4 Conclusões

As doses de nitrogênio aplicadas ao solo não alteram produtividade e

crescimento de plantas do mirtileiro Powderblue.

O índice relativo de clorofila nas folhas apresenta um padrão linear

positivo, em função da dose de nitrogênio.

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Dentre as características físico-químicas avaliadas dos frutos, apenas a

acidez total titulável é alterada pelas diferentes doses de nitrogênio.

Antocianinas, compostos fenólicos e atividade antioxidante, são

influenciadas pelas doses de nitrogênio.

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Capítulo 02

Crescimento, produção e qualidade de mirtilo submetidos a diferentes

níveis de enxofre

1 Introdução

O mirtileiro é uma espécie frutífera de clima temperado, cultivada

principalmente na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá (BRAZELTON e

STRIK, 2007). O fruto fresco é uma baga de formato achatado, sabor de doce a

doce-ácido. A colaração do epicarpo azul é escuro, com a superfície cerosa, e

em seu interior encontram-se muitas sementes (DARNELL, 2006).

O local de implantação de um pomar de mirtilo é considerado etapa

fundamental para garantir o bom desenvolvimento da planta, que necessita

solos leves, com alto teor de matéria orgânica (superior a 3%) e não sujeitos a

encharcamento prolongado (WILLIAMSON et al., 2006). O mirtilo também

requer solos ácidos, além de adubação fosfatada utilizando fosfatos naturais

como farinha de osso, fosfato de arade, dentre outros, e uma fonte de

nitrogênio como o nitrato de amônio (SANTOS, 2002).

Para o cultivo do mirtileiro o ideal são solos com pH entre 4 e 6. Solos

com pH acima de 6 manifestam desequilíbrio nutricional, principalmente com

relação ao ferro (BOUNOUS, 2009). Alguns autores, como Parra (2008),

restringe um pouco mais os níveis, afirmando que o ideal é um pH com valores

ente 4,5 e 5,5.

O controle do pH da rizosfera é de extrema importância, pois é este que

determina a disponibilidade de fósforo, afetando a precipitação/solubilização e

diretamente a absorção/disponibilidade dos fosfatos. O pH também influencia

na disponibilidade de vários micronutrientes (Fe, Zn, Mn) e na toxidez por

alumínio. Sob estas condições, o alumínio em solução livre (tóxico), ou seja,

sulfato de alumínio, reage para formar um composto inofensivo para as culturas

(PARRA, 2008).

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Ao fertilizar o solo utilizando adubos minerais como sulfato de amônio,

(NH4)2SO4, se está acelerando ainda mais a acidificação do solo, pois este

adubo, ao se dissolver, reage com o oxigênio, formando grande quantidade de

hidrogênio H+. A aplicação de sulfato de amônio causa rápida queda do pH do

solo (STRONG et al., 1997).

As transformações de enxofre (S) no solo são controladas por processos

bióticos e abióticos, e dependem de fatores como a temperatura do solo, o pH,

a umidade, a quantidade e tipos de argilominerais, óxidos de ferro e alumínio,

os conteúdos de carbono e nitrogênio. As transformações bióticas estão

relacionadas aos processos de mineralização, imobilização, oxirredução e

assimilação de S pela planta, enquanto os processos abióticos ocorrem em

função de adsorção, dissorção, precipitação e dissolução do S inorgânico A

reação no solo se dá por: S-elementar + 1½O2 + H22-

(NORMAN et al., 2002).

Em solos com pH elevado, ocorre pouco crescimento das plantas, e em

algumas, pode ocorrer a morte de plantas jovens (HART et al., 2006). Solos

com pH acima de 6,0 podem ser acidificados para o cultivo do mirtileiro. Nesse

caso, é recomendada a aplicação de enxofre elementar, que pode ser

fornecido em uma única ou várias aplicações, com a finalidade de abaixar o pH

e, assim, oferecer melhores condições de desenvolvimento para as plantas

(FREIRE, 2006; HART et al., 2006). No entanto, outras fontes de acidificação

do solo podem ser utilizadas como o ácido sulfúrico, fosfórico e o ácido nítrico

(GIONGO, 2006).

As práticas de cultivo (densidade de plantação, fertilização, irrigação e

tratamentos antipragas), condições climáticas, grau de maturação na data de

colheita e método de colheita influenciam a composição química e a qualidade

do fruto do mirtileiro (S , 2006). Muitos dos metabólitos secundários

produzidos pelas plantas tem potencial ação sobre algumas doenças que

acometem a saúde humana, principalmente aquelas relacionadas ao

envelhecimento. Desta forma, todos os aspectos relacionados à produção das

frutas devem ser avaliados com o intuito de observar os impactos sobre a

biossíntese destes compostos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi

avaliar o efeito da aplicação de enxofre, quanto ao crescimento,

desenvolvimento, produção de plantas de mirtileiro e qualidade de frutas.

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2 Material e métodos

O experimento foi conduzido em uma área experimental da Sede da

Embrapa Clima Temperado, localizada na latitude 31,5° e longitude 52,21° e

altitude de 70 m de altitude, no município de Pelotas (RS).

O material vegetal utilizado no experimento foram plantas de um ano de

idade, obtidas do viveiro comercial Os Mirtilos, localizado em Santa Vitória do

,

As plantas foram colocadas em recipientes plásticos (de 30 cm de

diâmentro) com capacidade para 18 L, em abril de 2010, simulando campo

aberto. As plantas foram dispostas em filas duplas, cada fila dupla foi

distanciada 60 cm da outra. Assim a densidade populacional foi estimada em

23.850 plantas ha-1.

O substrato básico utilizado para o experimento foi uma mistura de: 40%

terra peneirada; 20% de areia; 30% de serragem; e 10% matéria orgânica

(esterco bovino). Foi colocada uma camada de aproximadamente 5 cm de

pedra brita no fundo dos recipientes, para evitar o acúmulo de água. A mistura

foi comum para todos os tratamentos. Após o plantio, para manter a umidade

do substrato e controlar as plantas invasoras, foi colocado uma camada de

aproximadamente 5 cm de serragem de pinus sobre o substrato.

Os tratamentos foram diferentes doses de enxofre (S elementar), em

gramas por m3: T1: 50; T2 100; T3: 200; T4: 400, o que corresponde a T1: 0,9

g, T2: 1,8 g; T3: 3,6 g e T4: 7,2 g por recipiente plástico e um tratamento

controle sem aplicação de enxofre (testemunha). O delineamento experimental

foi inteiramente casualizado, com 4 repetições. A parcela foi composta por 4

plantas.

O sistema de irrigação adotado foi o de gotejamento. Foram efetuadas

poda de inverno, limpeza e reposição de cobertura morta, sempre que

necessário. O crescimento das plantas foi acompanhado por meio de medidas

mensais de plantas e ramos, com auxilio de trena métrica, efetuado durante o

período de crescimento.

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2.1 Análise do pH do solo

A análise do pH do solo foi feita 4 meses após a aplicação de enxofre,

para controlar o efeito da aplicação e incorporação de enxofre nos vasos de

mirtileiro. Amostras de solo foram coletadas das quatro repetições e

homogeneizadas, antes de enviar ao laboratório. Os resultados do pH estão

apresentados na Tabela 01 em anexo.

Tabela 01 - Análise do pH do solo de acordo com as doses de enxofre aplicadas.

Doses de enxofrepH do solo

O'Neal Mistytestemunha 4,47 4,400,9 g de S planta-1 4,42 4,741,8 g de S planta-1 4,83 4,153,6 g de S planta-1 3,88 4,277,2 g de S planta-1 3,48 3,88

Os resultados apresentados são valores médios de duas repetições.

2.2 Medidas de ramos

Foram selecionados três ramos por parcela na parte superior das

plantas e o crescimento foi acompanhado mensalmente, a partir do seu inicio,

finalizando em março de cada ano. A mensuração foi efetuada com trena

métrica, com escala em cm. Os resultados apresentados são médias do

crescimento acumulado.

2.3 Produção e produtividade

A produção foi quantificada através da colheita total em parcelas de três

plantas. Os frutos foram levados ao laboratório e pesados em balança digital

com unidades em gramas. A estimativa da produtividade foi determinada por

meio de multiplicação da produção por planta e o número possível de plantas

por hectare.

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2.4 Tamanho de frutos: diâmetro e massa da unidade

Uma amostra de 10 frutos por parcela foi mensurada a cada colheita, no

sentido longitudinal e transversal, com auxílio de um paquímetro digital. Para a

massa média de frutos, foram pesados 20 frutos de cada tratamento, com as

respectivas repetições e a média destes frutos resultou no peso unitário em

gramas.

2.5 Caracterização físico-química

A caracterização físico-química foi feita para os frutos frescos da cultivar

nestas duas safras devido à baixa produtividade, não resultando em frutas

suficientes para as determinações.

Determinou-se o pH, o teor de sólidos solúveis totais (SST) e a acidez

total titulável (ATT) no do suco dos frutos extraídos em centrífuga.

2.5.1 pH

A determinação do pH foi feita através de peagâmetro digital (Metrohm

827 pH Lab), com correção automática de temperatura.

2.5.2 Sólidos solúveis totais (SST)

Medido através de um refratômetro de bancada (Shimadzu Bausch e

Lomb MO120634) e os dados expressos em °Brix.

5.5.3 Acidez total titulável (ATT)

Determinada pelo método potenciométrico utilizando 10 mL do suco de

mirtilo diluídos em 90 mL de água destilada e a titulação feita com uma solução

de NaOH 0,1029N, em peagâmetro até pH 8,2. Os resultados foram expressos

em porcentagem de ácido cítrico.

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5.5.4 Relação entre SST e AT

Foi determinado pela divisão do SST pelo valor da AT.

2.6 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante

2.6.1 Coleta e preparo da amostra de frutos

Para a determinação de compostos fenólicos, antocianinas e atividade

antioxidante, uma amostra de mais ou menos 200 g de frutos foram colhidos

por parcela próximo ao pico da colheita nos ciclos produtivos: 2009/2010 e

2010/2011 e congelados a -18oC até o momento da análise.

2.6.2 Preparo do extrato

Os frutos foram cortados ainda congelados, em pequenos pedaços, e

cinco gramas de amostra foi homogeneizada em ultra-turrax com 15 mL de

metanol acidificado. O preparo do solvente consistiu na mistura de metanol

95% com solução de HCl 1,5N na proporção de 85:15. Para a obtenção do

extrato, as amostras foram centrifugadas por 20 min a 5.000 rpm, em

centrífuga refrigerada a -4ºC, até total separação do material sobrenadante.

2.6.3 Quantificação de antocianinas totais

A quantificação de antocianinas totais foi realizada através da

metodologia adaptada de Fuleki e Francis (1968) em que uma alíquota de ±2

mL do sobrenadante preparado anteriormente foi submetida à leitura em

espectrofotômetro (Genesys 10 UV Thermo spectronic) a 535 nm. Os

resultados foram calculados, através de uma curva padrão de cianidina-3-

glicosídeo e expressos em mg de cianidina-3-glicosídeo por 100 g.

2.6.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais

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Uma alíquota de 250 μL de extrato foi diluída em 4 mL de água

destilada. Simultaneamente, um controle foi preparado contendo 250 μL de

metanol. Cada amostra e o controle foram combinados com 250 μL do

reagente Folin-Ciocalteau 0,25N (SWAIN e HILLIS, 1959) e reagiram por 3 min

antes de adicionar 500 μL de Na2CO3 1N. A reação ocorreu por 2 h à

temperatura ambiente na ausência de luz e a absorbância foi medida a 725 nm

em especto fotômetro. Os resultados foram calculados através de uma curva

padrão de ácido clorogênico e expressos em mg de ácido clorogênico por 100

g.

2.6.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH

Uma aliquota de 10 μL do extrato foi combinada com 3.800 μL da

solução de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995),

completando o volume para 4,0 mL com metanol. Um controle foi preparado

simultaneamente com 200 μL de metanol. As leituras das amostras foram

realizadas após 24 h de reação em espectrofotômetro a 515 nm. A atividade

antioxidante foi calculada através de uma curva padrão de trolox e expressa

em mg de equivalente ao trolox por 100 g de amostra.

2.7 Análise de minerais em frutos

Os frutos utilizados na análise, foram coletados no ciclo produtivo

2011/2012 e, após congelados, sofreram processo de liofilização (LIOTOP

Liobras L 101). Para a determinação dos minerais foram pesados 250 mg de

amostra de frutos liofilizados e triturados, adicionados 5 mL de HNO3 65% P.A.

e 1 mL de H2O2 P.A. A solução foi preparada em tubos de ensaio de PVC para

posterior digestão em micro-ondas Anton Paar Multiwave 3000) a 170°C por 10

minutos (SILVA, 2009).

2.7.1 Quantificação

Para a quantificação dos minerais, foi preaparada uma solução com o

extrato digerido mais reagente especifico para cada elemento:

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- Ca: 1 mL do extrato da digestão + 4 mL de óxido de lantânio 0,1% e leitura

em EAA (espectrometria de absorção atômica - Varian 240 FS). Curva padrão

de 0 a 4 ppm (+7 mL de água).

- Mg: 1 mL do extrato da digestão + 4 mL de óxido de lantânio 0,1% e leitura

em EAA. Curva padrão de 0 a 4 ppm.

- K: 1 mL do extrato da digestão + 49 mL de água deionizada e leitura em EAA.

Curva padrão de 0 a 5ppm.

- Cu, Fe, Mn e Zn: Leitura direta no extrato da digestão em EAA. Curva padrão

Cu de 0 a 1 ppm, curva padrão de Fe de 0 a 8 ppm, curva padrão de Mn de 0 a

3 ppm, curva padrão de Zn de 0 a 2 ppm.

- P: 5 mL do extrato da digestão + 4 mL de uma mistura de reagentes

(vanadato de amônio 0,25% + molibdato de amônio 5% 1:1). Leitura em

espectrofotômetro (Bel Photonics UV/Vis SP 2000) em 420 nm. Curva padrão

de P de 0 a 20 ppm.

2.8 Análise estatística

Os resultados obtidos foram analisados com auxílio do programa

estatístico Winstat versão 2.0 (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Os

resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando

significativos ajustados por meio de regressão polinomial.

3 Resultados e discussão

3.1 Medidas de ramos

O crescimento de ramos, em termos médios, não apresentou diferença

estatística significativa ao final do ciclo de avaliação. Em função das doses de

enxofre aplicadas, as médias de crescimento foram de 30,61 cm para a cultivar

Misty e 28,7

Spiers e Braswell (1992) avaliaram quatro doses de enxofre (0, 280, 560,

e 1.120 kg ha-1) aplicados ao solo, em cultivo de mirtilo e concluíram que o

vigor da planta não foi influenciado pelos tratamentos, mesmo com o

fracionamento das aplicações, corroborando com os resultados encontrados no

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presente trabalho. Provavelmente a aplicação de enxofre não teve influência

sobre o crescimento dos ramos das plantas devido ao fato deste nutriente não

possuir função especifica em processos fisiológicos, tais como elongamento

celular.

Tabela 02 - Médias do crescimento dos ramos (cm) das cultivares Misty e

2011/2012. Pelotas, 2013.

Doses enxofre Comprimento de ramos (cm)Misty O'Neal

testemunha 28,09ns 27,88ns

0,9 g de S planta-1 31,22 26,191,8 g de S planta-1 31,52 31,133,6 g de S planta-1 30,59 28,817,2 g de S planta-1 31,63 29,75

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.

3.3 Produção e produtividade

Para a cultivar Misty, a produção não foi alterada com a aplicação de

enxofre que, em média, produziu 114,69 g planta-1, uma produção ainda baixa,

pois eram plantas jovens no primeiro ano de produção (Tabela 03). A cultivar

a Misty, porém também não apresentou diferença com relação às doses de

enxofre aplicadas (Tabela 03).

Em outro estudo de cultivares de mirtilo (Simultan, Delicia, Lax,

Compact, Augusta, Azur, Blueray) e substratos (5 kg turfa + 5 kg de estrume;

10 kg de acícula de coníferas; 5 kg turfa 5 kg de estrume 40 g de enxofre em

pó) foi observado que o substrato acícula de coníferas, que recebeu enxofre,

não teve nenhum efeito sobre o rendimento de frutos (IANCU et al., 2008),

corroborando com os resultados obtidos neste experimento. A baixa produção

média encontrada no presente experimento também foi encontrada por outros

autores quando trabalhando com plantas no primeiro ciclo de produção

(LEITZKE, 2011); enquanto no segundo ciclo de produção a produção média

de frutos para essas cultivares foi bem superior (LEITZKE, 2011; PICOLOTTO

et al.; 2012).

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Tabela 03 - Médias de produção e produtividade de mirtileiros cultivares Misty e

2011/2012. Pelotas, 2013.Doses enxofre Produção (g planta-1) Produtividade (Kg ha-1)

Misty O'Neal Misty O'Nealtestemunha 128,46ns 32,79ns 3.057,99ns 780,57ns

0,9 g de S planta-1 110,76 32,91 2.636,64 783,421,8 g de S planta-1 126,56 28,63 3.012,76 681,543,6 g de S planta-1 99,05 29,13 2.357,89 693,447,2 g de S planta-1 108,62 29,54 2.585,70 703,20

Para cálculo de produtividade, estimou-se 23.850 plantas por ha. nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.

3.4 Tamanho de frutos: diâmetro (mm) e massa da unidade (g)

Não foi observada diferença estatística para massa e diâmetro do fruto.

A aplicação de enxofre não alterou esta variável para as cultivares Misty e

g fruto-1, com diâmetro

médio de 12,6 com

massa média de 1,31 g fruto-1 e diâmetro médio de 12,85 mm. O diâmetro

médio transversal é semelhante para as duas cultivares, porém os frutos da

de formato mais achatado (Tabela 04).

De acordo Lyrene e Williamson (1997), os frutos de mirtilo das cultivares

ao avaliarem mirtilos da cultivar Misty, em cultivo fora de solo, obtiveram massa

média dos frutos de 1,13 g, valores um pouco superiores aos apresentados na

Tabela 03. Em estudos com mirtileiros relacionando pH e o diâmetro do fruto, a

massa da unidade e a produção total foram significativamente maiores em

plantas irrigadas com água de pH 2,0 em comparação com os outros

tratamentos (FERREYRA et al., 2001). Em solos turfosos, que são mais ácidos,

a planta se desenvolve melhor, produzindo mais e com melhor qualidade

(TASA et al., 2012). Em geral, o pH do solo influencia na absorção de

nutrientes, o que explica o melhor desenvolvimento das plantas neste tipo de

solo.

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Tabela 04 - Médias dos diâmetros de frutos (mm) e massa de frutos (g) das

produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.

Doses enxofreDiâmetro (mm) Massa fruto (g)

Misty O'Neal Misty O'Nealtestemunha 12,13ns 12,88ns 0,88ns 1,07ns

0,9 g de S planta-1 12,11 12,63 0,96 1,001,8 g de S planta-1 13,49 12,73 0,96 1,043,6 g de S planta-1 12,64 13,53 0,95 1,157,2 g de S planta-1 13,06 12,47 0,94 0,98

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.

3.5 Caracterização físico-química:

3.5.1 pH

Não houve variações significativas para pH dos frutas em função das

doses de S aplicadas e da cultivar estudada (Tabela 05). O pH dos frutos do

mirtileiro, geralmente inferior a 4,5, aumenta no decorrer do amadurecimento e

influencia diretamente as características sensoriais e a capacidade de

conservação dos mesmos (SOUSA, 2007; LEITZKE, 2011).

Souza et al. (2011) avaliando o desenvolvimento vegetativo e o início do

período produtivo, em campo, de mirtilos propagados por estaquia e

micropropagação obtiveram para as cultivares Bluegem, Briteblue e Woodard

valores de pH entre 2,4 a 2,7. Desta forma, verifica-se que, mesmo aplicando-

se um elementonutriente com potencial de redução do pH do sistema

substrato/raízes, o pH dos frutos é ainda superior ao encontrado em outras

situações, e certamente não influencia no sabor do fruto.

3.5.2 Sólidos solúveis totais

Para o teor de SST, a média geral foi de 12,93oBrix (Tabela 05), não

havendo diferença significativa para as doses de S aplicadas. Em média, os

valores de sólidos solúveis totais observados para mirtilos estão na faixa de

11,3 a 16,0 °Brix (COUTINHO e CANTILLANO, 2006; SOUSA, 2007).

Especificamente para a cultivar Misty os valores médios são um pouco

menores e ficam na faixa de 10,48 a 11,17°Brix (LEITZKE, 2011). Os valores

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médios para SST obtidos neste experimento estão entre os valores

encontrados na literatura (entre 10 e 19%) para diversas cultivares de V.

corymbosum, na plena maturação (PRIOR et al., 1998; SAFTNER et al., 2008;

GIOVANELLI e BURATTI, 2009).

Na região de Pelotas-RS, Antunes et al. (2008) não observaram

quanto ao teor de sólidos solúveis totais, cuja média foi 13,20°Brix.

3.5.3 Acidez total titulável (ATT)

A ATT aumentou a medida que se aumentou doses de enxofre

aplicadas. Com as maiores doses de enxofre, os frutos produzidos foram mais

ácidos, variando de 0,59% (testemunha) a 0,74% de ácido cítrico (maior dose)

(Tabela 05). Os valores médios de acidez total titulável encontrados para

mirtilos na variam de 0,40 a 0,50% ácido cítrico (COUTINHO e CANTILLANO,

2006), podendo ser inferior para a cultivar Misty (valor médio de 0,25% ácido

cítrico) (LEITZKE, 2011).

Doses de enxofre planta-1

0,58 0,60 0,62 0,64 0,66 0,68 0,70 0,72 0,74 0,76-2

0

2

4

6

8

y=0,0136x + 0,6303 R2=0,762Linear positiva

Figura 01 - Médias da acidez total em frutos de mirtileiro cv. Misty em função dos tratamentos, T1: 0 g de S (controle); T2: 0,9 g de S; T3: 1,8 g de S, T4: 3,6 g de S e T5: 7,2 g de S. No ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, RS, 2013.

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3.5.4 Relação entre SST e AT

Para a variável SST/AT, não houve influência das diferentes doses de

enxofre aplicadas. Os valores obtidos variaram de 16 para as maiores doses a

22 para menores doses de enxofre aplicado. A medida que se elevou a dose

de enxofre, a relação entre SST e AT, apresentou uma tendência a redução. A

relação entre SST e AT representa o equilíbrio entre o gosto doce e ácido do

fruto, portanto, um indicativo de qualidade. O valor tende a aumentar, devido à

diminuição dos ácidos e aumento dos açúcares, sendo que o valor absoluto

depende da cultivar utilizada. Para mirtilos o valor médio encontrado na relação

SST e AT varia de 28,09 a 39,02 (SOUSA, 2007).

Doses de enxofre planta-1

0 2 4 6 816

17

18

19

20

21

22

23

24

Y=-0,6408 + 21,0383x R2 0,68Linear negativa

Figura 02 - Médias do Ratio em frutos de mirtileiro cv. Misty em função dos tratamentos, T1: 0g de S (controle); T2: 0,9g de S; T3: 1,8 g de S, T4: 3,6 g de S e T5: 7,2 g de S. No ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, RS, 2013.

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Tabela 05 - Médias do pH, sólidos solúveis totais (SST), acidez total (AT) e

doses de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.Doses de enxofre pH SST (oBrix) AT (% ácido cítrico) SST/ATtestemunha 3,24ns 13,53ns 0,59LP 22,79LN

0,9 g de S planta-1 3,25 13,33 0,68 19,591,8 g de S planta-1 3,28 12,23 0,67 18,363,6 g de S planta-1 3,25 13,10 0,69 19,047,2 g de S planta-1 3,09 12,43 0,74 16,76

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.LP Linear positive, LN Linear negativa.

3.6 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante

3.6.1 Quantificação de antocianinas totais

A concentração das antocianinas nos frutos não foi alterada com a

acidificação do solo, tendo a cultivar Misty média de 706,26 mg cianidina 3-

glucosídeo 100 g amostra-1

766,70 mg (Tabela 06).

O manejo do pomar, normalmente, tem influencia sobre o teor de

antocianinas. Mirtilos produzidos em agricultura biológica apresentam

concentrações de antocianinas até duas vezes superiores aos valores obtidos

em cultivo convencional (WANG et al., 2008).

Outros estudos demonstram a ausência de diferenças significativas nos

teores em antocianinas totais em mirtilos do grupo rabbiteye cultivadas em

agricultura biológica quando comparada a convencional (YOU et al., 2011). Da

em dois locais de cultivo, com valores médios de 36,3±0,3 e 46,1±0,7 mg eq

cianidina100g-1 (OLIVEIRA, 2012).

Assim, pode-

sensíveis ao manejo ou as condições edafoclimaticas, com relação ao teor de

antocianinas nos frutos.

Tabela 06 - Médias da concentração antocianinas (mg de cianidina 3-glucoside em 100 g-1) em mirtilos cvs.de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.

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Doses de enxofre/cultivares

Antocianinas (mg de cianidina 3-glucoside em 100g-1)

Misty O'Nealtestemunha 651,71 ± 21,76ns 731,63 ± 34,03ns

0,9 g de S planta-1 822,74 ± 13,10 779,96 ± 39,101,8 g de S planta-1 704,15 ± 20,83 697,71 ± 47,083,6 g de S planta-1 734,09 ± 13,25 833,42 ± 31,427,2 g de S planta-1 618,64 ± 31,29 790,79 ± 49,42

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.

3.6.2 Quantificação dos compostos fenólicos totais

Para os compostos fenólicos, os resultados obtidos para a cultivar Misty

apresentaram curva com padrão quadrática (Figura 03), sendo a menor media

obtida para a testemunha (365,13 mg 100g-1). Os demais valores foram

semelhantes entre si, tendo como média 901,90 mg 100 g-1

apresentou uma média de 702,45 mg 100 g-1, para os compostos fenólicos,

não apresentando uma curva padrão significativa em função das doses de

enxofre (Tabela 07).

A concentração de compostos fenólicos pode ser influenciada pelo

manejo do pomar e local de produção. No presente trabalho, a acidificação do

substrato alterou o teor de compostos fenólicos nos frutos da cultivar Misty,

, mostrando que esta resposta pode estar

ligada também a fatores genéticos, pois as condições de clima eram as

mesmas para as duas cultivares. Corroborando com este resultado, outros

estudos observaram este mesmo padrão em relação à esta família de

compostos bioativos e manejo de pomares de mirtilo (WANG el al., 2008; YOU

et al., 2011). No entanto, o local pode influenciar, diretamente, a produção

destes compostos (OLIVEIRA, 2012). A concentração de compostos fenólicos

mg equivalentes

de ácido gálico 100 g-1 de fruto).

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Tabela 07 - Médias da concentração de Compostos fenólicos (mg do equivalente ácido clorogênico 100 g-1) em mirtilos cvs.aplicação de diferentes doses de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.

Doses de enxofre/cultivares

Compostos fenólicos (mg do equivalente ácido clorogênico 100 g-1)

Misty O'Nealtestemunha 365,13 ± 6,025 717,77 ± 35,06ns

0,9 g de S planta-1 981,36 ± 95,627 730,25 ± 23,711,8 g de S planta-1 808,32 ± 24,969 590,80 ± 61,953,6 g de S planta-1 939,95 ± 53,319 731,43 ± 145,177,2 g de S planta-1 877,93 ± 6,988 742,00 ± 36,11

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.

Doses de enxofre planta-1

0 2 4 6 8300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

y=-25,522x2 + 230, 14x + 524,59 R2=0,57

Figura 03 - Médias dos compostos fenólicos em frutos de mirtileiro cv. Misty em função dos tratamentos, T1: 0 g de S (controle); T2: 0,9 g de S; T3: 1,8 g de S, T4: 3,6 g de S e T5: 7,2 g de S. No ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, RS, 2013.

3.6.3 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH

Para a capacidade antioxidante, não houve diferença significativa entre

os tratamentos para as duas cultivares avaliadas e o valor médio encontrado foi

de 18.161,68 mg de equivalente em trolox 100 g-1 para a cultivar Misty e de

3.775,33 mg de equivalente em trolox 100 g-1

08).

em

recipientes com substrato, não foram sensíveis a variação do pH do solo em

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função das aplicações de enxofre, contrariando alguns resultados obtidos com

manejo de mirtileiros. Por exemplo, a aplicação de doses de enxofre em

em recipientes com substrato

apresentaram um padrão linear para as duas cultivares, em relação a atividade

antioxidante, com a elevação desse nutriente (LEITZKE, 2011). O sistema de

produção (orgânico e convencional) também influencia na qualidade do fruto

nem sempre favorecendo o sistema orgânico (YOU et al., 2011). Em adição, a

cultivar e o ciclo produtivo influenciam na capacidade antioxidante de frutos

(MOURA et al., 2011).

Tabela 08 - Médias da atividade antioxidante (μg trolox equivalente g tecido-1)nos frutos ses de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.Doses de enxofre/cultivares

Atividade antioxidante (μg trolox equivalent/g tecido)Misty O'Neal

testemunha 3531,12 ± 130,35ns 3748,20 ± 25,92ns

0,9 g de S planta-1 3756,84 ± 8,02 3922,53 ± 139,621,8 g de S planta-1 3629,10 ± 26,85 3828,48 ± 68,513,6 g de S planta-1 3729,31 ± 74,74 3625,38 ± 70,367,2 g de S planta-1 3593,85 ± 82,48 3752,08 ± 123,01

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.

3.7 Análise de minerais em frutos

A cultivar Misty apresentou uma curva padrão para os minerais Mg e Mn,

linear e quadrática respectivamente. Os demais minerais (Ca, Cu, Fe, Zn, P e

K) não se ajustaram à nenhum modelo de curva (Tabela 09).

Os ram diferença significativa

para os minerais analisados (Ca, Mg, Cu, Fe, Mn, Zn, P e K), ou seja, a

acidificação do solo não influenciou na quantidade de minerais nos frutos no

primeiro ciclo produtivo (Tabela 10).

As concentrações foliares de minerais em mirtileiros irrigados com

soluções a diferentes pHs também foram influenciados, como é o caso do Mn,

sendo esse encontrado em menor concentração em plantas irrigadas com água

sem acidificação (FERREYRA et al., 2001). Já havia sido observado que, à

medida que o pH do solo reduziu, as concentrações de Fe na planta

diminuíram e a concentração de Mn, Zn e Cu aumentaram (HAYNES e SWIFT,

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1985). Entretanto, cabe ressaltar que nestes estudos acima citados, os

minerais não foram determinados nas frutas.

De acordo com o USDA (2011), os mirtilos Vaccinium (grupos highbush

(V. corymbosum e V. ashei) e lowbush (V. augustifolium) por 100 g de parte

comestível, apresentam em média: 6,00 mg de cálcio, 6,00 mg de magnésio,

0,057 mg de cobre, 0,28 mg de ferro, 0,336 mg de manganês, 0,16 mg de

zinco, 12,00 mg de fósforo, 77,00 mg de potássio e ainda 1,00mg de sódio.

Pode ser observado, ao comparar com os valores apresentados nas Tabelas

09 e 10, que existem pequenas variações nos valores encontrados, as quais

podem ser explicadas pelo valor médio apresentado pela USDA, contendo

frutos do grupo lowbush.

Tabela 09 - Médias das concentrações de minerais em frutos de mirtileiro da cultivare Misty, após aplicação de diferentes doses de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.

Dosesmg/kg g/kg

Ca Mg Cu Fe Mn Zn P Ktestemunha 86,49ns 76,42 0,41ns 42,60ns 180,80 7,82ns 2,47ns 5,11ns

0,9 g de S planta-1 82,15 79,29 1,30 83,69 184,11 9,14 2,46 4,461,8 g de S planta-1 97,30 83,25 0,63 82,86 217,59 16,48 2,80 4,033,6 g de S planta-1 83,97 72,14 0,38 47,15 178,86 7,00 2,78 5,297,2 g de S planta-1 102,65 89,51 0,15 45,24 224,65 6,78 2,66 5,45

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.

Tabela 10 - Médias das concentrações de minerais em frutos de mirtileiro da

2011/2012. Pelotas, 2013.

Dosesmg/kg g/kg

Ca Mg Cu Fe Mn Zn P Ktestemunha 62,96ns 59,29ns 1,71ns 46,75ns 131,58ns 6,45ns 2,01ns 8,51ns

0,9 g de S planta-1 55,23 62,37 1,24 43,01 108,14 7,59 1,61 5,901,8 g de S planta-1 67,07 59,13 1,28 68,28 101,98 6,51 1,73 4,553,6 g de S planta-1 80,63 74,44 1,81 44,62 118,49 8,04 2,46 5,897,2 g de S planta-1 68,64 76,44 0,74 53,63 156,49 7,62 2,19 5,80

nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.

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4 Conclusões

A produção de frutos e o crescimento de plantas dos mirtileiros cvs.

não são alterados com as aplicações de diferentes doses de

enxofre, no primeiro ano de produção;

A atividade antioxidante, o conteúdo de antocianinas e a concentração

de minerais das frutas não são influenciadas;

Os compostos fenólicos e acidez total das frutas são influenciadas pelas

aplicações de enxofre.

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Capítulo 03

Influencia da poda sobre a produção, qualidade físico-química e compostos bioativos de mirtilo

Introdução

Espécie típica de clima temperado, o mirtileiro (Vaccinium spp.) foi

domesticado no início do século XX, tendo o primeiro trabalho que descreve as

suas características e manejo publicado por Frederick Vernon Coville (Março

1867 Janeiro 1937), botânico do Departamento de Agricultura dos Estados

Unidos (RETAMALES e HANCOCK, 2012). O mirtileiro é uma planta arbustiva

e apresenta um período de repouso hibernal. Durante este período são

efetuadas práticas culturais importantes, entre as quais, a poda de inverno.

A poda é uma prática agrícola antiga realizada em fruticultura,

importante, principalmente, em plantas com produção no ramo do ano. Para

fornecer os resultados esperados, é importante que seja executada levando-se

em consideração a fisiologia e a biologia da planta, e seja aplicada de forma

correta (VIEIRA JÚNIOR e MELO, 2006).

A poda consiste na eliminação de ramos buscando equilibrar a parte

aérea da planta com o desenvolvimento das raízes e a produção de frutos.

Uma grande quantidade de ramos resultará numa grande produção de frutos,

mas com qualidade inferior. A poda tem também como objetivo a abertura do

centro da planta (SERRADO et al., 2010), alterando a forma natural da mesma,

modificando a sua arquitetura a fim de torná-la de menor porte, proporcionando

melhor iluminação e arejamento no interior da copa e regularizando a produção

para obter frutos de boa qualidade, além de manter a sanidade e vigor da

planta (FILHO et al., 2011).

De acordo com Bounous (2009), no momento da implantação do pomar

de mirtileiro, a poda é feita para favorecer um melhor desenvolvimento

vegetativo, proporcionando uma planta produtiva aos três anos de idade. Na

sequência, as intervenções de poda são realizadas no inverno (poda seca) e

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no verão (poda verde). Na poda de inverno prioriza-se a eliminação de galhos

secos e de ramos mal localizados, principalmente aqueles que se desenvolvem

para o interior da copa. Não se deve despontar os ramos da planta nesta fase,

uma vez que as gemas de flor se concentram nas ultimas seis a oito gemas

terminais (ANTUNES et al., 2007). O número de hastes em plantas adultas

deve ser entre quatro e seis, sendo uma ou duas para substituição e as demais

para produção (SANTOS, 2002).

A importância da poda não deve ser subestimada, visto que a mesma

influencia no rendimento e no calibre dos mirtilos, ano após ano, durante os 25

ou 30 anos de exploração destes arbustos. Pode ser necessária uma poda leve

quando as plantas são jovens, mas a intensidade da poda aumenta com a

maturação da planta (TREHANE, 2004). Albert et al., (2010), concluíram que

em três anos, as plantas podadas drasticamente têm o mesmo rendimento que

as não podadas, mas quatro anos depois o rendimento da planta podada é

maior.

A intensidade da poda depende da cultivar, da idade, do número de

pernadas/ramificações existentes, do sistema de condução da planta, do vigor,

do hábito de vegetação. A poda curta ou drástica consiste na quase total

supressão do ramo. Pode-se praticar ainda a poda ultracurta, a qual deixa

apenas uma ou duas gemas. A longa, também chamada leve, deixa o ramo

com o máximo de comprimento (0,40 a 0,60 m). A poda média é um tipo

intermediário entre os dois anteriores (VIEIRA JÚNIOR e MELO, 2008).

O objetivo do presente trabalho foi o de estudar o efeito de diferentes

intensidades de poda na produção e qualidade .

2 Material e métodos

O experimento foi conduzido em uma propriedade particular, localizada

no município de Morro Redondo/RS. O material vegetal utilizado foram

mirtileiros Foram escolhidas plantas uniformes.

Elas se encontravam dispostas em talhões univarietais, não sendo este fator

considerado como tratamento, pois não havia aleatorização das cultivares. O

espaçamento das plantas foi diferente para as duas cultivares em função do

93

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vigor das mesmas, para Misty, foi de 0,80 m entre plantas e 3 m entre filas;

para a cv. o espaçamento foi de 0,90 m entre plantas e 3 m entre filas.

Os fatores estudados foram intensidades de poda: a. T1: sem poda; b.

T2: poda leve (retirados os ramos secos e mal localizados); c. T3: poda

testemunha (realizada no pomar pelo proprietário) e d. T4: poda drástica

(retirados os ramos baixos, secos, mal formados e mal localizados, além de

priorizar ramos de maior calibre). O delineamento experimental foi em blocos

ao acaso com 4 repetições, com duas plantas por repetição. Ao instalar o

experimento as plantas tinham quatro anos. Os experimentos foram instalados

no ano de 2010 e os tratamentos se seguiram no ano de 2011. O manejo do

pomar, como capinas, roçadas, irrigação e fertilização, foi o mesmo aplicado às

demais plantas e conduzido pelo proprietário.

2.1 Produção e produtividade

A produção foi quantificada através da colheita total em parcelas de

duas plantas, realizadas nos ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012. Os

frutos foram levados ao laboratório, foram pesadas em balança digital com

unidades em gramas. A estimativa da produtividade foi determinado por meio

da multiplicação da produção por planta pelo número de plantas por hectare.

Para Misty o espaçamento permitia uma densidade de 4.125 plantas ha-1 e-1

2.2 Tamanho de frutos

Uma amostra de 10 frutos por parcela foi mensurada no sentido

longitudinal, com auxílio de um paquímetro digital em milímetros. Para a massa

média de frutos, foram pesados 20 frutos por parcela, a média destes frutos

resultou na massa unitária, em gramas. Estas avaliações foram realizadas nos

ciclos produtivos de 2010/2011 e 2011/2012

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2.3 Caracterização físico-química

A caracterização fisico-química dos frutos foi feita para os frutos frescos

da cultivar Misty no ciclo produtivo 2010/2011, as frutas da cv. não

foram suficientes para esta análise.

O pH, o teor de sólidos solúveis totais (SST) e a acidez total titulável

(ATT) foram determinados no suco dos frutos extraídos em centrifuga.

2.3.1 pHA determinação do pH foi feita através de peagâmetro de bancada

(Metrohm 827 pH Lab), com correção automática de temperatura;

2.3.2 Sólidos solúveis totais (SST)Medido através de um refratômetro de bancada (Shimadzu Bausch e

Lomb MO120634) expressando-se o resultado em °Brix;

2.3.3 Acidez total titulável (ATT)Determinada pelo método potenciométrico. Foram utilizados 10 mL do

suco de mirtilo diluídos em 90 mL de água destilada e a titulação feita com uma

solução de NaOH 0,1029N, em pHmetro até pH 8,2, os resultados foram

expressos em porcentagem de ácido cítrico.

2.4. Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante

2.4.1 Coleta e preparo da amostra de frutos

Para a determinação de compostos fenólicos, antocianinas totais e

atividade antioxidante, os frutos foram colhidos próximo ao pico da colheita nos

ciclos produtivos: 2011/2012 e congelados a -18oC até o momento da análise.

2.4.2 Preparo do extrato

Os frutos foram cortados ainda congelados, em pequenos pedaços, e

cinco gramas de amostra foram homogeneizadas em ultra-turrax com 15mL de

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metanol acidificado com HCl1,5N. Para a obtenção do extrato, as amostras

foram centrifugadas por 20 min a 5,000 rpm, em centrífuga refrigerada a -4ºC

até total separação do material sobrenadante.

2.4.3 Quantificação de antocianinas totais

A quantificação de antocianinas totais foi realizada através do método

adaptado de Fuleki e Francis (1968). A leitura das amostras foi realizada a

535nm em espectrofotômetro (Genisys 10 UV Thermo spectronic). Os

resultados foram calculados, através de uma curva padrão de cianidina-3-

glicosídeo e expressos em cianidina-3-glicosídeo por 100 g de amostra.

2.4.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais

Uma alíquota de 250 μL de extrato foi diluída em 4 mL de água

destilada. Simultaneamente, um controle foi preparado contendo 250 μL de

metanol. Cada amostra e o controle foram combinados com 250 μL do

reagente Folin-Ciocalteau 0,25N (SWAIN e HILLIS, 1959) e reagiram por 3 min

antes de adicionar 500 μL de Na2CO3 1N. A reação ocorreu por 2 h à

temperatura ambiente na ausência de luz direta e a absorbância foi medida a

725 nm. Os resultados foram calculados através de uma curva padrão de ácido

clorogênico e expressos em mg de ácido clorogênico por 100 g.

2.4.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH

Uma aliquota de 10 μL do extrato foi combinada com 3800 μL da

solução de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995),

completando o volume para 4,0 mL com metanol. Um controle foi preparado

simultaneamente com 200 μL de metanol. As leituras das amostras foram

realizadas após 24 h de reação em espectrofotômetro a 515 nm. A atividade

antioxidante foi calculada através de uma curva padrão de trolox e expressa

em mg de equivalente ao trolox por 100 g de amostra.

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2.5 Análise estatística

Os resultados obtidos foram analisados com auxílio do programa

estatístico Winstat versão 2.0 (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Os

resultados obtidos foram submetidos a análise de variância, e quando

significativos, ao teste de Tukey para comparação de médias.

3. Resultados e Discussão

3.1 Produção e produtividade

Para produção por planta e produtividade da cultivar Misty se

observaram diferenças significativas para as diferentes intensidades de poda

aplicadas, apenas no segundo ciclo produtivo (2011/2012), sendo a poda

drástica a mais produtiva (Tabela 01), com 1.074,10 g planta-1 e 4.430,66 kg.

produtividade, para os dois ciclos produtivos avaliados (Tabela 02).

Durante três anos de estudo, o efeito de três intensidades de poda em

mirtileiros foram avaliados e, foi observado que a poda muitas vezes reduz a

produção (HANSON et al., 2000). No entanto, ao ser avaliado a intensidade de

poda em amoreira-preta cultivar Tupy, para produção, a medida que se reduz o

número de hastes, a produção também é reduzida tendo o número de hastes

ideal por planta entre 6 e 8 (TULLIO e AYUB, 2013).

Alguns estudos mostram que a poda pode não ter efeito algum sobre

rendimento ou, em alguns casos, pode aumentá-lo (STRIK et al., 2003;

PESCIE et al., 2011). A retirada de até 25% da parte superior dos ramos pode

ser realizada sem reduzir o rendimento dos frutos (SPIERS et al., 2002). As

plantas podadas apresentam maior copa do que as plantas não podadas

podendo favorecer a produção de frutos (ALBERT et al., 2010).

Para mirtileiros da cultivar Northblue, a poda severa é mais adequada

para obtenção de maior rendimento em frutos (ALBERT et al., 2010),

corroborando com resultados obtidos para o segundo ciclo produtivo avaliado,

em que a poda drástica apresentou o melhor rendimento. Observa-se que cada

cultivar apresenta um padrão de resposta diferenciado, não podendo assim ser

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recomendado uma regra única sem levar em consideração o habito da cultivar

em questão.

Tabela 01 - Produção e produtividade de mirtileiros cultivar Misty submetidos a intensidades de poda, ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012. Pelotas, 2013.

Intensidade podaProdução por

planta (g)Produtividade

(kg ha-1)

Produção por planta

(g)

Produtividade (kg ha-1)

2010/2011 2011/2012Sem poda 141,04 a 581,79 a 812,01 ab 3.349,54 abPoda leve 147,74 a 609,43 a 506,88 b 2.090,88 bPoda testemunha* 163,70 a 675,26 a 790,76 ab 3.261,89 abPoda drástica 188,73 a 778,51 a 1.074,10 a 4.430,66 aC.V. (%) 27,48 27,48 26,31 26,31

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si na coluna pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Poda realizada no pomar pelo proprietário.

Tabela 02 -a intensidades de poda, ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012. Pelotas, 2013

Intensidade poda

Produção por planta

(g)

Produtividade (kg ha-1)

Produção por planta

(g)

Produtividade (kg ha-1)

2010/2011 2011/2012Sem poda 47,88 a 175,58 a 159,58 a 585,18 aPoda leve 39,64 a 145,36 a 132,12 a 484,48 aPoda testemunha* 31,18 a 114,34 a 103,92 a 381,07 aPoda drástica 36,91 a 135,35 a 123,02 a 451,11 aC.V. (%) 28,89 28,89 25,68 25,68

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si na coluna pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Podarealizada no pomar pelo proprietário.

3.2 Tamanho e massa de frutos

O diâmetro médio de frutos apresentou diferença apenas no primeiro

ciclo produtivo, sendo maior em frutos de plantas com poda drástica, no

segundo ciclo produtivo, não se observou diferença (Tabela 03). Para a cultivar

Misty a massa média de frutos diferiu apenas no segundo ciclo produtivo

avaliado. A poda drástica apresentou maiores médias, seguido pela poda leve

e testemunha, sendo os menores frutos produzidos em plantas não podadas. A

diferença observada para massa média de frutos e diâmetro longitudinal do

fruto, não segue a mesma tendência, o que pode ser explicado pela

desuniformidade do formato do fruto.

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Para a

dois ciclos produtivos avaliados (Tabela 4)

De acordo com Molina et al. (2008) o calibre (massa e diâmetro do fruto)

de frutos é de 0,9 g e 1,1 cm para a cultivar Misty e 1,2 g e 1,3 cm para ,

dados semelhantes aos apresentados na Tabela 02.

O tamanho e o número de frutos produzidos pelos mirtileiros de

diversas cultivares, dentre elas O'Neal , Star e Elliott , são afetados pelos

tratamentos de poda, seja tipos de poda ou intensidade, interferindo na carga

de frutos e consequentemente em seu tamanho (BAÑADOS et al., 2009;

LOBOS et al., 2013). N os frutos produzidos em plantas

podadas pesaram 1,38 g, enquanto que os frutos produzidos em plantas não

podadas pesaram 1,17 g (PESCIE et al., 2011). Esta mesma tendência foi

observada em mirtileiros no Chile, onde o maior tamanho de fruto foi maior em

plantas

(LOBOS et al., 2013).

A poda apresenta relação entre o rendimento total e o tamanho de

frutos. Uma diminuição no tamanho dos frutos com o aumento da carga

produtiva é um fato conhecido em mirtilos (YARBOROUGH, 2006). Esperava-

se que com a poda o tamanho dos frutos aumentasse, entretanto esse

resultado não foi verificado nesse trabalho (no primeiro ano). Acredita-se que

para aumentar o calibre a carga produtiva deveria ser ainda mais reduzida.

Tabela 03 - Massa unidade (g) e diâmetro médio transversal (mm) de frutos demirtilos cultivar Misty submetidos a diferentes intensidades de poda, ciclo produtivo 2010/2011 e 2011/2012. Pelotas, 2013.

Intensidade podaMassa

unidade (g) Diâmetro (mm)Massa

unidade (g)Diâmetro

(mm)2010/2011 2011/2012

Sem poda 1,21a 13,29b 1,04 b 13,61 aPoda leve 1,16a 12,96b 1,23 ab 12,89 a

Poda testemunha 1,15a 13,22b 1,17 ab 13,15 aPoda drástica 1,25a 13,88a 1,29 a 13,06 aC.V. (%) 5,82 1,99 9,88 3,66Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si na coluna pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Poda realizada no pomar pelo proprietário.

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Tabela 04 - Tamanho de frutos: massa do fruto (g) e diâmetro médio diferentes

intensidades de poda, ciclo produtivo 2010/2011 e 2011/2012. Pelotas, 2013. Intensidade poda Massa (g) Diâmetro (mm) Massa (g) Diâmetro (mm)

2010/2011 2011/2012Sem poda 1,52ns 14,68ns 1,25ns 13,69ns

Poda leve 1,64 15,75 1,26 13,55Poda testemunha 1,29 14,38 1,32 13,82Poda drástica 1,42 15,73 1,47 13,36C.V. (%) 16,81 4,3 10,24 6,5

ns não significativo, pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Poda realizada no pomar pelo proprietário.

3.3 Caracterização físico-química:

3.3.1 pH

O pH do fruto foi maior na poda drástica, porém não diferiu

estatisticamente de frutos produzidos em plantas sem podar e com poda leve,

e estes não diferiram da poda testemunha (Tabela 05).

O valor médio de pH nos frutos está de acordo com o encontrado por

Molina et al. (2008) para a mesma cultivar, os quais constataram média de

2,80.

3.3.2 Sólidos solúveis totais (SST)

Houve diferença significativa quanto ao teor de SST, sendo a maior

média obtida em frutos produzidos em plantas que não foram podadas,

seguidos por poda leve, drástica e por último a poda testemunha (Tabela 05).

A média de SST também está de acordo com Molina et al. (2008) que

afirmam que a cultivar Misty apresenta 12,7oBrix. Segundo Sousa (2007), um

fruto de mirtilo é considerado maduro quando seu teor de sólidos solúveis totais

atinge a faixa de 11,3 - 16,0°Brix.

O teor de sólidos solúveis é característica de interesse para frutos

comercializados in natura, pois o mercado consumidor prefere frutos mais

doces (CONTI et al., 2002). Esta característica pode variar de acordo com o

l

de 12,2 a 15,1ºBrix, de acordo com o local de produção (OLIVEIRA, 2012).

100

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Wang et al. (2008) afirmam que as práticas de cultivo interferem na qualidade

do fruto. Estes autores quantificaram os maiores teores de açucares em cultivo

orgânico.

3.3.3 Acidez total titulável

A ATT nos frutos foi maior no tratamento da poda testemunha, não

diferindo dos frutos produzidos em plantas sem poda e com poda drástica. Sem

poda e poda drástica não diferiam entre si e foram estatisticamente iguais à

poda leve (Tabela 05).

Resultados de Lobos et al. (2013), mostram que a intensidade de poda

houve

diferença apenas entre as plantas podadas e o tratamento testemunha (não

podadas).

3.3.4 Relação entre SST e AT

A relação entre SST e ATT foi maior em frutos produzidos em plantas

que não foram podadas e a menor relação foi obtida com a poda testemunha.

Quanto , sendo

mais apreciado pelos consumidores e, também, mais indicado para ser

destinado à indústria (TEIXEIRA et al., 2001). A relação SST e ATT para

mirtilos varia entre 36,0-37,0 (COUTINHO e CANTILLANO, 2004). Na cultivar

Misty foram observados valores menores do que os referenciados acima

(Tabela 05), ou seja, os frutos apresentam acidez mais elevada que a média.

101

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Tabela 05 - pH, sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT) e relação entre SST e AT em frutos de mirtilo cultivar Misty, submetidos a intensidades de poda. Ciclo produtivo 2010/2011. Pelotas, 2013.Intensidade de Poda pH SST (oBrix) ATT (% ác.cítrico) SST/ATT

Sem poda 2,90 ab 13,53 a 0,71 ab 19,03 aPoda leve 2,88 ab 12,40 b 0,68 b 18,20 abPoda testemunha* 2,85 b 11,67 c 0,73 a 16,00 cPoda drástica 2,94 a 12,20 bc 0,72 ab 16,97 bcC.V. (%) 0,95 2,07 2,18 3,67

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si na coluna pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Poda realizada no pomar pelo proprietário.

3.4. Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante:

A concentração de antocianinas em frutos da cultivar Misty não foi

diferente em plantas com diferentes intensidades de poda. A poda drástica

apresentou maior concentração de compostos fenólicos nos frutos, seguidos

pela leve, a poda testemunha apresentou a menor média para compostos

fenólicos. Para atividade antioxidante, a poda drástica apresentou o maior

valor, porém este não diferiu estatisticamente da poda testemunha e da poda

leve, ou seja, diferiu apenas do tratamento sem poda (Tabela 06).

a concentração de antocianinas

com as intensidades de poda, tendo a poda drástica o melhor resultado,

seguido pela poda testemunha. A poda leve não diferiu do tratamento sem

poda. A concentração de compostos fenólicos foi maior com a poda drástica e

testemunha que não diferiram entre si. O menor média foi obtida com a poda

leve. A atividade antioxidante não foi alterada com as intensidades de poda

(Tabela 07).

O conteúdo de compostos fenólicos totais, incluindo as antocianinas,

contribuem para a atividade antioxidante do mirtilo. A síntese destes compostos

pode ser influenciada por diversos fatores como genótipo, variações

ambientais, tipo de solo, práticas de cultivo (SELLAPPAN et al., 2002; KALT et

al. 2003; ZHENG e WANG, 2003; SILVEIRA et al., 2007; WANG et al., 2008;

GIOVANELLI e BURATTI 2009). Nesse contexto, observando os dados

encontrados nas Tabelas 06 e 07, pode-se incluir o manejo da poda como fonte

de variação.

102

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A poda altera não somente a qualidade dos frutos produzidos mas

também os níveis de nutrientes na folha, Strik et al. (2003), verificaram que a

poda convencional resulta em maiores concentrações foliares de K e P e

menor de N que as plantas não-podadas.

Tabela 06 Concentração de Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante em frutos de mirtilo cultivar Misty, submetidos a intensidades de poda. Ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.

Intensidade poda Antocianinas1 Compostos fenólicos2

Atividade antioxidante3

Sem poda 426,02 a 637,92 bc 873,20 bPoda leve 443,38 a 702,30 ab 1.273,90 abPoda testemunha* 369,30 a 568,11 c 1.280,95 abPoda drástica 426,97 a 739,66 a 1.361,22 aC.V. (%) 7,44 4,81 14,82

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste pelo Tukey (P<0,05). C.V. coeficiente de Variação. *Poda realizada no pomar pelo proprietário. 1Antocianinas totais expressa em mg equivalente cianidina-3-glicosídeo 100g-1 amostra fresca; 2Compostos fenólicos totais expresso em mg do equivalente ácido clorogênico 100g-1 amostra fresca; 3

equivalente trolox g-1 amostra fresca.

Tabela 07 Concentração de antocianinas totais, compostos fenólicos e

intensidades de poda. Ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.

Intensidade poda Antocianinas1 Compostos fenólicos2

Atividade antioxidante3

Sem poda 61,94 b 506,02 b 1968,20 aPoda leve 64,73 b 471,25 c 2123,38 aPoda testemunha* 69,99 ab 564,08 a 2422,50 aPoda drástica 80,26 a 578,08 a 1904,79 aC.V. (%) 8,01 1,96 22,18

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste pelo Tukey (P<0,05). C.V. coeficiente de Variação. *Poda realizada no pomar pelo proprietário. 1Antocianinas totais expressa em mg equivalente cianidina-3-glicosídeo 100g-1 amostra fresca; 2Compostos fenólicos totais expresso em mg doequivalente ácido clorogênico 100g-1 amostra fresca; 3

equivalente trolox g-1 amostra fresca.

4 Conclusões

Para a cultivar Misty, a poda drástica apresenta maiores médias em

produção e calibre de frutos.

Plantas não podadas produzem frutos com

maiores médias de sólidos solúveis totais e relação SST/ATT.

Os frutos

de compostos fitoquímicos a medida que a poda é mais drástica.

103

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Capítulo 04

Potencial de cultivo e qualidade de mirtilos de diferentes cultivares, nas condições edafoclimáticas de Torino-Itália

Introdução

O mirtilo é um fruto que apresenta propriedades benéficas à saúde. Seu

consumo pode prevenir a ocorrência de doenças neurodegenerativas e o

declínio cognitivo durante o envelhecimento. Previne doenças relacionadas à

visão, proporciona relaxamento das artérias, regulando a pressão do sangue e

auxiliando na redução de doenças cardiovasculares, podendo auxiliar no

controle do diabetes mellitus. Previne também problemas como o Mal de

Alzheimer, Mal de Parkinson e esclerose lateral (KALT et al, 2007; RAMIREZ et

al, 2005; KRIKORIAN et al., 2010).

Apesar do hábito dos consumidores ainda estar reprimido, a tendência

da compra de produtos saudáveis e de alto potencial antioxidante tem

favorecido o consumo das pequenas frutas, entre elas, o mirtilo (GIONGO e

BERGAMIN, 2003; KALT et al., 2007). Apesar do aumento mundial da

produção, o valor de venda tende a se manter elevado pelos próximos anos,

mantendo o interesse de produtores e comerciantes. A relação entre o

consumo e os benefícios para a saúde estão sendo utilizadas em campanhas

de marketing desde 1997, fazendo com que a procura ultrapasse a oferta de

mirtilo no mercado (BRAZELTON e STRIK, 2007).

A maior produção de mirtilo está concentrada principalmente na América

do Norte (EUA e Canadá) (STRIK, 2005). A Europa é o segundo produtor com

uma produção de 36.814 t que representa 11,79% da produção mundial (FAO,

2010).

Na Itália, em 2008 a superfície plantada com mirtilo era de 290 ha com

uma produção de 1.480 t. A região de maior importância é a de Piemonte,

responsável por uma área plantada de 160 ha e uma produção de 700 t

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(BOUNOUS, 2009). A colheita inicia na segunda semana de junho e se

estende até final de outubro (PEANO e BOUNOUS, 2012).

O cultivo de mirtilo está difundido desde os anos 70 na Itália (PEANO e

BOUNOUS, 2012), mas teve seu inicio em 1963, na região de Piemonte,

através do Professor Italo Eynard, do Dipartimento di Colture Arboree -

Università degli Studi di Turin, com cultivo de mirtileiros do grupo highbush

(BOUNOUS, 2009). A região apresenta atualmente a cultura é bastante

desenvolvida, com técnicas aprimoradas de cultivo, condições edafoclimáticas

propicias.

Na Itália, plantam-se as cultivares de alta exigência em frio, com

maturação que ocorre do inicio de junho ao final de agosto. Os frutos são

destinados ao consumo in natura e o excedente é processado (BOUNOUS,

2009). Do ponto de vista climático, o mirtilo tem boa resistência à baixas

temperaturas, se bem lignificado, mas pode sofrer danos pelo frio na primavera

(GIONGO, 2006).

A crescente demanda italiana por pequenos frutos no mercado interno,

nos últimos anos, tem interessado aos produtores e pesquisadores, pois estes

frutos são capazes de fornecer um rendimento interessante para as empresas

de médio e pequeno porte, como propriedades familiares. Este fenômeno é

cada vez mais evidente, não apenas nas áreas de cultivo tradicionais,

envolvendo regiões dos Alpes, mas também nas regiões do Centro Sul, onde

as plantas ainda estão em fase de estudos e observações quanto à sua

adaptação (BOUNOUS et al., 2007).

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi estabelecer, por meio de

estudo de competição entre cultivares, as que apresentam potencial de cultivo

e melhor qualidade de frutos nas condições edafoclimáticas de Torino-Itália.

2 Material e métodos

A pesquisa foi conduzida em área experimental, pertencente ao viveiro

comercial Martino Vivai, localizado em San Secondo di Pinerolo, latitude

província de Torino, região de Piemonte.

A análise de solo interpretada se encontra no Anexo 01. O campo

experimental composto por diferentes cultivares de mirtilo foi instalado em

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2009. Cada cultivar foi considerada um tratamento, sendo três das cinco

plantas uma repetição (da parcela com 5 plantas, 3 foram avaliadas). As

cultivares Aurora, Berkeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigittablue, Draper, Duke,

Millenia, Misty, O'Neal, Ozarkblue, Palmetto, Primadonna, Sebring,

(para algumas

cultivares). Duke foi utilizada como cultivar referência, bastante produtiva e

amplamente difundida nos novos cultivos italianos. No ciclo produtivo 2012, em

função de intempéries, os frutos de algumas cultivares sofreram danos,

limitando assim as avaliações.

O manejo do pomar foi conduzido pelo proprietário: irrigação por

gotejamento com fertirrigação, mulching de plástico permeável, roçadas das

entre linhas.

2.1 Fenologia

A fenologia das plantas foi acompanhada de acordo com os estágios

descritos no Anexo 03 e Tabelas de clima no anexo 04. Na sequencia de

imagens apresentadas, o inicio da floração foi considerado early pink bud, a

plena floração foi considerada early bloom e o final petal fall. O início da

maturação foi definido como a primeira colheita e o final da maturação, a ultima

colheita para cada cultivar. Os resultados consistem na data de cada evento

fenológico e da primeira e última colheita.

2.2 Teste para determinação do ponto de maturação ideal.

O teste foi efetuado somente com a cultivar utilizada como padrão, a

Duke. Foram coletados frutos em três estádios de maturação: 1. Fruto muito

maduro, fruto com coloração azul, sem nenhum ponto verde; 2. Mediamente

maduro, fruto com uma pequena parte esverdeada próximo ao pedúnculo e 3

fruto menos maduro, com grandes pontos esverdeados próximo ao pedúnculo.

A uniformidade de cores dos frutos é utilizada como parâmetro de

colheita do mirtilo, mas pode ser observado que o produto, algumas vezes, é

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comercializado sem padronização. Na escala proposta de 1-3, comumente

encontra-se disponível para o consumo, frutos nos graus 2 e 3, e aqueles

destinados ao processamento se enquadram no grau de maturação 1.

2.3 Tamanho e massa de frutos

O tamanho dos frutos foi mensurado, em dois sentidos, diâmetro

longitudinal e diâmetro transversal, ambos em mm. E a massa de frutos foi feita

por pesagem média de 20 frutos de cada parcela.

2.4 Sólidos solúveis totais, Acidez titulável e pH

Para essas determinações, os frutos foram colhidos no ponto de

maturação para consumo (nível de maturação 1: fruto maduro, com toda

epiderme azul) e as amostras foram congeladas até o momento das análises.

Para cada cultivar, três amostras foram coletadas. Cada planta foi considerada

uma repetição.

O suco foi preparado com auxílio de uma centrífuga de frutas. Foram

utilizados os frutos semi-descongelados, e o suco foi transferido para tubos

falcon 50 mL, e centrifugado por 10 min a 400 rpm.

A determinação da acidez titulável e do pH foi feita em um titulador

potenciometrico automático Savatec para analises. Para a leitura da acidez,

foram preparadas amostras com 90 mL de água deionizada + 10 mL de suco

centrifugado. A acidez foi calculada automaticamente através da quantidade de

NaOH 0,2N gasta para elevar o pH da amostra ao valor 8,0. O teor de SST foi

determinado diretamente no suco centrifugado, através de um refratômetro

digital, expressando-se o resultado em °Brix.

2.5 Determinação de compostos fitoquímicos dos frutos: Preparo do extrato

Em um tubo falcon de 50 mL, foram pesados 10 g de pedaços de fruto

fresco (feitos com as mãos), adicionados 25 mL de solvente de extração (500

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mL metanol + 23,8 mL H2O + 1,4 mL HCl concentrado) e foram deixados por

1 hora em local com luminosidade reduzida antes de triturar no ultra-turrax por

1 min em velocidade 3. O extrato foi centrifugado a 3000 rpm por 15 min. O

extrato límpido foi armazenado em ultra freezer até o momento das

quantificações.

2.5.1 Determinação de polifenóis totais

Os polifenóis totais foram determinados mediante a aplicação do método

Slinkard e Singleton (1977), em que os compostos solúveis, em extrato de

acetonitrila, são reconhecidos pelo reagente de Folin-Ciocalteu e expresso

como equivalentes de ácido gálico (GAE).

As amostras foram preparadas em balão volumétrico de 50 mL, no qual

foram colocados 0,5 g de extrato, adicionado 30 mL de água deionizada e 2,5

mL de reagente Folin-Ciocalteu; após 4 min, adicionou-se 10 mL de carbonato

de sodio 15% (Na2CO3) para interromper a reação.

Os balões volumétricos contendo as amostras, foram colocados em local

com luminosidade reduzida por um período de duas horas a temperatura

ambiente (21-23oC). Ao final foi efetuada a leitura em espectofotômetro com

comprimento de onda de 765 nm. Os valores de absorbância foram convertidos

em mg 100g-1 de GAE.

2.5.2 Determinação de antocianinas totais

A concentração de antocianinas totais foi determinada pelo método da

diferença de pH, em que foram dissolvidos em dois sistemas-tampão: cloreto

de potássio pH 1,0 (0,025M) e acetato de sódio pH 4,5 (0,4M). Em balões

volumétricos de 50 mL, foram adicionados 0,5 g de extrato e o volume do balão

foi completado com solução padrão pH 1 o pH 4,5. Após, foram deixadas 20

minutos em ambiente com luminosidade reduzida antes de efetuar as leituras.

As leituras foram feitas em espectofotômetro a 510 nm e a 700 nm, para o pH 1

e 4,5, respectivamente. Os resultados foram expressos em mg eq ácido gálico

100g-1.

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2.5.3 Determinação da atividade antioxidante

A atividade antioxidante dos frutos foi determinada através do FRAP

(Ferric Reducing-Antioxidant Power) (BENZIE e STRAIN, 1999). O método se

baseia na redução do complexo TPTZ (2,4,6-tripyridyl-s-triazine), ou seja,

mede a habilidade de antioxidantes reduzirem o complexo férrico Fe+3 2,4,6-

tripiridil-s-triazina [(Fe+3 (TPTZ)2]+3 para um complexo ferroso [(Fe+2

(TPTZ)2]+2 intensamente azul em meio ácido. Esta redução é quantificada por

medição da absorbância a 595 nm, após o extrato ser adicionado nas

amostras do reagente FRAP recém-preparada e mantidas a uma temperatura

de 37°C.

Em ependorff de 1 mL, adicionou-se 900 μL de reagente FRAP, 90 μL

de água destilada e, após 3 min uma aliquota de 30 μL de extrato. Os

ependorffs foram colocados em banho-maria com temperatura de 37°C. Após

30 minutos o conteúdo de cada ependorff foi transferido para uma cubeta

(plástica e individual), para proceder a leitura no espectofotômetro a um

comprimento de onda de 595nm. Os valores foram utilizados para obter a

concentração de antioxidantes presentes em cada amostra, utilizando uma

curva de calibração entre 100 e 1000 μmol L-1 de sulfato de ferro eptaidrato

(FeSO4*7H2O). Os valores da atividade antioxidante da amostra foram

expressos em mmol kg-1.

2.6 Análise estatística

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e a

comparação de médias efetuada pelo Teste Skott-Knott ao nível de 5% de

probabilidade. As análises estatísticas foram executadas com auxílio do

programa Sisvar (FERREIRA, 2003).

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3 Resultados e discussão

3.1 Fenologia

As cultivares que apresentam a maturação uniforme concentram o

período de colheita e se tornam interessantes do ponto de vista da mão de

obra e de uma possível colheita

período de colheita mais concentrado, comparada às demais. No entanto,

algumas cultivares avaliadas como Jewell, Gulfcoast, Springwide, Snowchaser

e Ozarkblue apresentaram reduzido período de colheita, mas pareciam pouco

adaptadas a campo e com produção limitada (Tabela 01).

Outro ponto importante, além do período de colheita reduzido é a

maturação não coincidir com a colheita das demais cultivares comumente

plantadas. As cultivares passam a ser interessantes quando além de produtivas

e com boa qualidade de frutos, apresentam colheita precoce ou tardia quando

comparada a cultivar Duke, tida como padrão para a região. Algumas cultivares

que poderiam apresentar maturação precoce, como por exemplo a

, mantiveram o padrão fenológico semelhante às demais e a

colheita iniciou após a cultivar Duke (Tabela 01).

Cultivares tardias como: Aurora, Draper, Bekeley, Bluecrop, Bonifacy,

Brigitta, Legacy e Liberty, podem ser uma excelente alternativa para os

produtores, levando em conta essa característica.

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Tabela 01 - Datas de floração de cultivares de mirtilo, no ciclo produtivo 2011, em Torino-Itália.Cultivares Inicio da Floração Plena Floração Final da FloraçãoEmerald - - -O'Neal * 11/04/2011 28/04/2011Springhigh * 01/04/2011 27/04/2011Misty 01/04/2011 26/04/2011 05/05/2011Sebring 01/04/2011 11/04/2011 27/04/2011Springwide 01/04/2011 11/04/2011 28/04/2011Bluecrop 02/04/2011 18/04/2011 29/04/2011Bonifacy 02/04/2011 11/04/2011 29/04/2011Jewel 04/04/2011 12/04/2011 27/04/2011Primadonna 04/04/2011 12/04/2011 27/04/2011Snowchaser 05/04/2011 11/04/2011 26/04/2011Millenia 06/04/2011 11/04/2011 28/04/2011Star 06/04/2011 11/04/2011 27/04/2011Brigitta 07/04/2011 18/04/2011 04/05/2011Draper 07/04/2011 15/04/2011 29/04/2011Gulfcoast 07/04/2011 18/04/2011 26/04/2011Liberty 07/04/2011 11/04/2011 05/05/2011Palmetto 07/04/2011 18/04/2011 27/04/2011Southernbelle 07/04/2011 18/04/2011 28/04/2011Aurora 08/04/2011 18/04/2011 29/04/2011Duke 08/04/2011 13/04/2011 28/04/2011Berkeley 11/04/2011 21/04/2011 05/05/2011Ozarkblue 11/04/2011 18/04/2011 14/05/2011Legacy 17/04/2011 24/04/2011 10/05/2011

(*) o inicio da floração foi antes da primeira observação em 01/04/2011. (-) a cultivar Emerald não produziu flores e frutos.

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Tabela 02 Datas de colheita de cultivares de mirtilo, no ciclo produtivo 2011, em Torino-Itália.Cultivares Início da maturação Final da maturaçãoEmerald - -Springhigh 01/06/2011 06/07/2011Duke 08/06/2011 27/06/2011O'Neal 15/06/2011 22/06/2011Star 15/06/2011 06/07/2011Aurora 22/06/2011 15/08/2011Berkeley 22/06/2011 14/07/2011Bluecrop 22/06/2011 06/07/2011Bonifacy 22/06/2011 06/07/2011Draper 22/06/2011 18/07/2011Millenia 22/06/2011 27/06/2011Misty 22/06/2011 27/06/2011Palmetto 22/06/2011 06/07/2011Primadonna 22/06/2011 06/07/2011Sebring 22/06/2011 06/07/2011Snowchaser 22/06/2011 22/06/2011Brigitta 27/06/2011 14/07/2011Gulfcoast 27/06/2011 27/06/2011Southernbelle 27/06/2011 06/07/2011Springwide 27/06/2011 27/06/2011Jewel 06/07/2011 06/07/2011Legacy 14/07/2011 -Liberty 14/07/2011 -Ozarkblue 14/07/2011 14/07/2011(-) a cultivar Emerald não produziu flores e frutos.

3.2 Determinação do ponto de maturação

Nas medidas de tamanho de fruto, foi observado que quanto mais

maduro o fruto, maior a sua massa e diâmetro. Para antocianinas, os frutos

maduros apresentam maiores teores do que os frutos medianamente maduros.

Os polifenóis, assim como a atividade antioxidante, não apresentam diferença

estatística para os pontos de maturação do fruto (Tabela 03). Desta forma, o

ponto de colheita ideal de acordo com a qualidade de frutos, seria o 1, ou seja,

fruto maduro com toda epiderme azul. Porém, devemos levar em consideração

o armazenamento e para isso há necessidade de maiores estudos. Para as

análises que se seguem, os frutos foram colhidos no nível de maturação 1.

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Tabela 03 - Comparação de estádios de maturação para escolha do ponto de colheita de mirtilos cv. Duke. Ciclo produtivo 2011. Itália, 2013.

Maturação Polifenóis1Antocianinas

totais2Atividade

antioxidante3Diâmetro

transversal4Diâmetro

longitudinal4Massa média

do fruto5

1 204,00 a 0,31 a 27,00 a 1,71 a 1,26 a 2,31 a2 218,94 a 0,10 b 28,59 a 1,56 b 1,15 b 1,75 b3 204,46 a 0,07 b 26,81 a 1,52 b 1,13 b 1,48 c

C.V.(%) 7,56 14,24 8,33 1,83 3,08 6,86Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si.1. Fruto muito maduro, fruto com coloração azul, sem nenhum ponto verde ; 2. Mediamente maduro, fruto com uma pequena parte esverdeada próximo ao pedúnculo e 3 fruto menos maduro, com grandes pontos esverdeados próximo ao pedúnculo. Unidades: 1mg eq ácido gálico 100g-1; 2mg eq cianidina 100-1; 3mmol Fe2+ kg-1; 4mm e 5g. C.V.(%): coeficiente de variação.

3.3 Tamanho de frutos

Entre as cultivares, a que apresentou menor diâmetro foi Duke (10,90

mm x 9,37 mm respectivamente para diâmetro lateral e longitudinal) e o maior

diâmetro de fruto foi obtido nas cultivares Bluechip (17,83 mm x 13,25 mm) e

Brigitta (16,50 mm x 12,75 mm) (Tabela 04), no ciclo 2011.

Da mesma maneira, no ciclo produtivo 2012 os frutos produzidos

apresentaram variação quanto ao tamanho (Tabela 04). A cultivar Duke, no ano

anterior apresentava-se com menor tamanho quando comparado às demais,

entretanto no ciclo produtivo 2012, compõe o grupo das cultivares de maior

tamanho de frutos. Essa variação pode estar relacionada à poda. No ciclo

produtivo 2011, a cultivar produziu muitos frutos, resultando em tamanho

reduzido dos mesmos, já no ciclo seguinte, com uma produção mais

equilibrada, o fruto apresentou maior tamanho (Tabela 05).

Existe diferença de tamanho entre os frutos quando estes são

comparados entre ss cultivares. Em uma comparação de cultivares, os frutos

da cultivar Brigitta apresentaram maior tamanho quando comparados aos frutos

das cultivares Bluegold e Legacy (RIBEIRA et al., 2010). O mesmo ocorre para

cultivares de mirtilo do grupo lowbush (OCHMIAN, 2013). O tamanho do fruto,

massa e diâmetro, está relacionado ao número de células presentes e com os

genótipos (JOHNSON et al., 2011).

Tabela 04 - Diâmetro longitudinal e transversal (mm) em frutos de mirtilo de diferentes cultivares, ciclo produtivo 2011. Itália, 2013.

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Cultivares Diâmetro longitudinal (mm) Diâmetro vertical (mm)Bluechip 17,83 a 13,25 aDraper 14,97 b 11,83 bDuke 10,90 d 9,37 cMisty 12,43 c 10,30 cStar 12,57 c 10,53 cLegacy 13,32 c 9,78 cBluecrop 13,37 c 9,87 cOzarkblue 13,42 c 9,89 cLateblue 14,44 b 10,42 cBerkeley 14,53 b 11,53 bBrigitta 16,50 a 12,75 aSebring 13,10 c 9,63 cC.V. (%) 5,91 5,29

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação.

Tabela 05 - Diâmetro longitudinal e transversal (mm) em frutos de mirtilo de diferentes cultivares, ciclo produtivo 2012. Itália, 2013Cultivares Diâmetro longitudinal (mm) Diâmetro vertical (mm)Earliblue 11,34 b 8,32 cPalmetto 12,12 b 9,64 bJewel 12,98 b 10,81aDuke 13,87 a 10,02 bBluecrop 14,01 a 10,76 aBerkley 14,10 a 11,02 aBonifacy 14,68 a 11,59 aC.V.(%) 6,06 5,19

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação.

3.4 Sólidos solúveis totais, acidez titulável e pH

No ciclo produtivo 2011 (Tabela 06), observa-se que a cultivar Jewel

apresentou maior teor de sólidos solúveis totais (16,37oBrix) e também o pH do

fruto significativamente maior (3,43) do que as demais cultivares. As médias

variaram de 8,67oBrix na cultivar Duke a 16,37oBrix na cultivar Jewel. Entre as

cultivares analisadas, o pH máximo foi de 3,43 ( Jewel ) e o mínimo de 2,61

( Bonifacy ), apresentando entre estes valores uma escala estatisticamente

significativa para as cultivares estudadas. Com relação à acidez total, a cultivar

Aurora apresentou o fruto mais ácido (394,60 meq L-1) e a cultivar

produziu frutos com a menor acidez (76,70 meq L-1).

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No ciclo produtivo 2012, as cultivares analisadas não diferiram quanto ao

teor de SST (Tabela 07), enquanto o pH e a acidez dos frutos diferiram. A

cultivar Bluechip, produziu frutos mais ácidos, e as cultivares Misty, Earliblue e

Berkley, apresentaram menor acidez.

Sabe-se que existe grande variação entre as cultivares, além disso, as

práticas de cultivo (densidade de plantação, fertilização, irrigação e tratamentos

antipragas), condições climatéricas, grau de maturação na data de colheita e

método de colheita etc e outras influenciam de forma direta a composição

química e a qualidade do fruto (S , 2006).

Matiacevich et al. (2013), ao avaliarem as cultivares de mirtilo: Duke,

Brigitta, Elliott, Centurion, Star e Jewel, concluiram que as mesmas

apresentaram diferença quanto ao pH e SST. O pH dos frutos para as

cultivares Duke, Brigitta, Elliott, Centurion, Star e Jewel foi de 3,74; 3,57; 2,94;

3,41; 3,03 e 3,50, respectivamente. Os teores de SST para Duke, Brigitta,

Elliott, Centurion, Star e Jewel foram de 10,33; 12,7; 13,20; 13,93; 12,93 e

11,90oBrix, respectivamente. Os resultados apresentam-se um pouco

diferentes dos apresentados neste trabalho. Os fatores edafoclimáticos podem

explicar pelo menos, em partes as diferenças, visto que o estudo citado foi

realizado no Chile e deve-se ressaltar entretando que a diferença entre as

cultivares ocorre em ambos os estudos.

Kim et al. (2013), avaliaram frutos de mirtilo de 45 cultivares comerciais

(highbush), na Coréia. Com base nos resultados, concluíram que há grande

variação entre as cultivares com relação à qualidade. Entre as cultivares

estudadas podem ser citadas Duke, Berkeley, Bluecrop, Eliott e Lateblue que

apresentaram: 9,7, 12,1, 9,8, 10,5 e 10,6oBrix, respectivamente. Para pH do

fruto, a cv. Duke apresentou média de 3,9 e Berkeley, Bluecrop, Eliott e

Lateblue: 3.8, 4.0, 3.4 e 3,2, respectivamente.

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Tabela 06 - Características físico-químicas de mirtilos de diferentes cultivares,

Ciclo produtivo 2011. Itália, 2013.

Cultivares SST (oBrix) pH AT (meq L-1)Draper 10,00 f 2,88 e 273,30 dBonifacy 10,27 e 2,61 f 277,70 dBerkley 10,30 e 2,89 e 196,70 fBluecrop 10,73 d 2,78 e 212,20 eMisty 10,83 d 3,13 c 111,90 hLateblue 11,03 d 2,68 f 331,10 bBrigitta 11,30 c 2,62 f 263,40 dAurora 11,90 c 2,51 g 394,60 aStar 14,10 b 3,09 c 118,10 hJewel 16,37 a 3,43 a 94,90 iDuke 8,67 h 2,91 e 132,70 hPrimadonna 8,70 h 3,14 c 98,80 iOzarkblue 9,20 g 3,03 d 172,90 gO'Neal 9,50 f 3,24 b 76,70 iSebring 9,87 f 3,00 d 111,60 hC.V. (%) 2,58 2,16 7,47

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação.

Tabela 07 - Características físico-químicas de mirtilos de diferentes cultivares. Ciclo produtivo 2012. Itália, 2013.Cultivar SST (oBrix) pH AT (meq L-1)Bluechip 10,10 a 2,51 d 213,27 aMisty 11,37 a 2,71 c 108,78 cEarliblue 12,60 a 3,32 a 110,63 cBerkley 12,67 a 3,04 b 100,30 cBrigitta 13,10 a 2,70 c 186,31 bBluecrop 7,27 a 2,88 b 179,51 bBonifacy 9,47 a 2,74 c 194,96 bDuke 9,73 a 2,61 d 189,25 bC.V. (%) 21,45 2,99 6,17

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação.

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3.5 Compostos fitoquímicos: polifenóis, antocininas totais e atividade antioxidante

No ciclo produtivo 2011 (Tabela 8), houve diferença quanto aos

polifenóis extremos entre as cultivares avaliadas, sendo as médias 404,20 mg

eq ácido gálico 100 g-1 ( Aurora ) a 177,34 mg eq ácido gálico 100 g-1 (Brigitta).

Não houve diferença estatística quanto a cocentração de antocianinas totais e

atividade antioxidante.

No ciclo produtivo 2012 (Tabela 09), foram observadas médias de

polifenóis entre 474,05 mg eq ácido gálico 100 g-1 ( Legacy ) e 246,56 mg eq

ácido gálico 100 g-1 ( Brigitta ). Houve também grande variação quanto as

antocianinas: entre 0,52 mg eq cianidina 100 g-1 ( Legacy e Palmetto ) a

0,19mg eq cianidina 100 g-1 ( Bluecrop e ). As médias obtidas para a

atividade antioxidante foram entre 27,12 mmol Fe2+ kg-1 ( Primadonna ) e 10,63

mmol Fe2+ kg-1 ( Brigitta ).

Guerrero et al. (2010), analisaram diferentes pequenos frutos entre elas

três cultivares de mirtilo (Elliot, Brigitta e Brightwell), comparando compostos

fenólicos totais, antocianinas totais e capacidade antioxidante, concluíram que

existem diferenças significativas entre as cultivares de mirtilo e, também

quando comparada a outros pequenos frutos.

Estudo comparando rendimentos, massa e concentração de

antocianinas de mirtilos em sete novas cultivares (Blue Bayou, Sunset Blue,

Blue Moon, Dolce Blue, Sky Blue, Velluto Blue e Centra Blue), durante três

ciclos produtivos, relata que as variáveis resposta foram influenciadas

principalmente pela cultivar, enquanto as variações no ciclo produtivo tiveram

efeitos relativamente menores (SCALZO, et al., 2013).

Yuan et al. (2011), avaliando 19 genótipos de mirtilo, observaram que

houve variações significativas nos frutos dos diferentes genótipos quanto aos

polifenóis totais, antocianinas totais e atividade antioxidante.

Lohachoompol et al. (2008), ao compararem seis cultivares de mirtilo

(Crunchie, Star, Sharpe (highbush), Climax, Powderblue e Brightwell

(rabbiteye), verificaram que as cultivares Climax, Powderblue e Brightwell

apresentaram significativamente maior concentração de antocianinas tatais que

as cultivares Crunchie, Star e Sharpe. Utilizando o método LC/MS, foi

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verificado que todas as cultivares testadas continham tipos semelhantes de

antocianinas, mas a proporção de cada composto foi cultivar-dependente.

Kim et al. (2013), avaliando frutos de 45 cultivares comerciais de mirtilo,

concluíram que os mirtilos cultivados na Coréia são boas fontes de

antioxidantes naturais e contêm grandes quantidades de compostos fenólicos e

antocianinas, e essas quantidades variam significativamente entre as

cultivares.

Tabela 08 Concentração de Antocianinas totais, atividade antioxidante e compostos fenólicos em frutos de mirtilo e diferentes cultivares, ciclo produtivo 2011. Itália, 2013.

Cultivares Polifenóistotais1

Antocianinastotais2 Atividade antioxidante3

Aurora 404,20 a 0,47 a 27,61 aBerkeley 206,31 c 0,22 a 24,87 aBluechip 216,48 c 0,29 a 26,95 aBluecrop 277,37 b 0,21 a 29,65 aBonifacy 220,24 c 0,24 a 25,99 aBrigitta 177,34 c 0,18 a 25,26 aCoville 196,99 c 0,29 a 19,38 aDarrow 279,50 b 0,25 a 28,43 aDraper 252,92 c 0,31 a 28,27 aDuke 228,62 c 0,28 a 28,61 aGulfcoast 363,68 a 0,37 a 29,47 aJewel 300,90 b 0,48 a 28,89 aLateblue 284,38 b 0,39 a 29,33 aLegacy 344,19 a 0,42 a 27,52 aLiberty 326,01 b 0,38 a 27,75 aMillenia 230,77 c 0,40 a 27,87 aMisty 302,94 b 0,28 a 26,71 aO'Neal 206,45 c 0,26 a 25,63 aOzarkblue 291,19 b 0,30 a 26,99 aPalmetto 335,93 a 0,48 a 27,82 aPrimadonna 252,93 c 0,32 a 27,54 aSebring 277,53 b 0,36 a 27,84 aSnowchaser 225,48 c 0,30 a 28,08 aSoutherbelle 316,62 b 0,38 a 28,63 aSpringwide 233,943 c 0,26 a 27,35 aStar 194,523 c 0,87 a 24,97 aC.V. (%) 11,1 62,93 11,1

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação. Unidades: 1mg eq ácido gálico/100 g; 2mg eq cianidina/100; 3mmol Fe2+/kg

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Tabela 09 - Concentração de Antocianinas totais, atividade antioxidante e compostos fenólicos em frutos de mirtilo e diferentes cultivares, ciclo produtivo 2012. Itália, 2013. Cultivares Polifenóis1 Antocianinas2 Atividade antioxidante3

Aurora 431,93 b 0,32 b 21,63 bBerkley 291,02 c 0,26 c 23,51 bBluecrop 310,49 c 0,19 c 26,95 aBonifacy 285,83 c 0,35 b 23,29 bBrigitta 246,56 c 0,20 c 10,63 cDraper 397,99 b 0,24 c 24,46 bDuke 344,80 c 0,36 b 22,88 bEarliblue 443,35 b 0,29 b 27,57 aLegacy 491,41 a 0,52 a 26,34 aLiberty 308,51 c 0,25 c 24,37 bJewel 332,13 c 0,35 b 23,13 bO'Neal 286,12 c 0,19 c 19,97 bPalmetto 474,05 a 0,52 a 26,56 aPrimadonna 393,91 b 0,29 b 27,12 aSoutherbelle 418,22 b 0,25 c 26,18 aC.V. (%) 9,43 21,44 9,49

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação. Unidades: 1mg eq ácido gálico/100 g; 2mg eq cianidina/100; 3mmol Fe2+ kg-1

4 Conclusão

As cultivares Aurora, Draper, Bekeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigitta,

Legacy, Liberty, podem ser consideradas tardias, nas condições de Torino.

A cultivar Jewel apresenta ótima composição físico-química dos frutos e

deve ser melhor observada, estudada com relação a sua adaptabilidade.

As cvs. Legacy e Palmetto apresentam médias elevadas de polifenóis,

com frutos de bom tamanho. Estas cultivares tem grande potêncial para cultivo

na região.

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Consideraçoes finais

Este trabalho conseguiu atingir os objetivos propostos, podendo assim

contribuir para melhorias do manejo do mirtileiro, além de fornecer informações

para estudos futuros.

É importante que seja dada continuidade a esta pesquisa, pois a cultura

do mirltileiro está em constante expansão no Brasil. Novos estudos podem ser

realizados, como por exemplo, a relação de adubação com o sistema radicular

e sua influência na qualidade de frutos, cujo ponto poderia explicar algumas

dúvidas geradas.

Os resultados dos capítulos 2, 3 e 4 são de plantas jovens entre o

terceiro e quarto ciclo vegetativo, sendo indicado uma continuidade destes

experimentos ou mesmo a avaliação em pomares adultos. No manejo de poda,

observa-se que há variação de respostas entre as cultivares, tornando

interessante testar algumas cultivares.

O trabalho realizado na Itália, apresentou resultados interessantes no

que diz respeito a indicação de cultivares com elevada qualidade nutraceutica.

Futuramente poderia ser estudada a adaptação e produtividade das melhores

cultivares em diferentes locais podendo incluir um grupo de cultivares para o

Brasil, no intuito de incluir novas cultivares adaptadas às condições

edafoclimáticas brasileiras.

As propriedades nutraceuticas geram grande interesse do mercado

consumidor. Sabendo que é positiva a relação do manejo da planta com a

produção de nutraceuticos nos frutos, recomeda-se estudos, como por exemplo

manejo irrigação, fertirrigação com N P K e micronutrientes, além de dar

sequência aos trabalhos apresentados nesta tese, buscando aprimorar o

manejo da planta e obter um fruto de elevada qualidade nutraceutica.

Por ser uma cultura ainda em estabelecimento no Brasil e com grandes

perspectivas de expansão, esta linha de pesquisa tende a se expandir e gerar

novos e importantes resultados.

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Anexos

Capítulo 01

Anexo 01: Caracterização do solo

O experimento foi instalado no perfil de solo descrito a seguir:

Perfil: Pertence à classificação Cambissolo húmico eutotrófico típico, geologia

regional de granito com linhas de fratura, relevo ondulado, 10% de

pedregosidade, 10% de rochosidade, sem erosão e imperfeitamente drenado.

O perfil está situado no terço inferior da encosta com vegetação predominante

capoeira.

Descrição morfológica dos horizontes:

A1 0 20 cm; cinzento muito escuro (10 YR 3/1) úmido; franco-

arenoso; granular e blocos subangulares pequenos, moderada, duro, friável,

muito pegajoso, muito plástico; transição gradual e plana.

A2 20 30 cm; preto (10 YR 2/1) úmido; franco-arenoso; granular e

blocos subangulars pequenos, moderada; duro, friável, ligeiramente pegajoso,

ligeiramente plástico; transição gradual e plana.

BiC 30 45 cm; bruno-escuro (10 YR 3/3) úmido; franco-argiloso-

arenoso; blocos subangulars pequenos e médios, moderada a fraca; duro,

friával muito pegajoso, muito plástico; transição clara e quebrada.

C Xisto em degradação

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Capítulo 04

Anexo 02: Análise do solo. Torino - Itália. 2011.Filas de Plantio Unidades InterpretaçãopH 7,67 ligeiramente alcalinoCarbono orgânico g/kg 12,60 baixoSubstancia orgânica g/kg 21,72 elevadoRelação C/N 8,40 scarsoFosforo mg/kg 94,50 elevadoCalcário total mg/kg 0,52 não calcárioNitrogênio total % 0,15 médio baixoFerro mg/kg 196,00 médio elevadoPotássio trocável meq/100g 0,20 baixoEntre Filas de plantio Unidades InterpretaçãopH 6,84 neutroCarbono orgânico g/kg 10,34 baixoSubstancia orgânica g/kg 17,83 médioRelação C/N 6,90 scarsoFosforo mg/kg 32,41 médioCalcário total mg/kg 0,57 não calcárioNitrogênio total % 0,15 médio baixoFerro mg/kg 224,00 médio elevadoPotássio trocável meq/100g 0,21 baixo

Interpretado de acordo com: http://www.provincia.cremona.it/servizi/svilagri/ottimo/nuova_pagina_3.htm#_Toc532208016

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Anexo 03. Escala fenológica

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Anexo 04: Tabelas de dados médios climatológicos

Tabela 01 - Dados médios mensais de temperatura (T) e umidade relativa (UR) para a região de Pinerolo, na cidade de Torino ao Norte da Itália, no ano de 2011.

Meses T média °C T min °CT max

°CPonto de

orvalho °C UR %Janeiro 1,71 -1,42 5,74 1,35 80,90Fevereiro 5,32 0,82 10,57 2,50 77,82Março 8,52 4,29 13,29 4,45 75,10Abril 15,67 9,93 21,40 7,00 58,43Maio 19,06 13,35 24,48 10,29 58,97Junho 20,47 16,37 24,87 15,93 76,53Julho 21,32 16,61 25,97 15,39 70,81Agosto 23,97 18,52 29,45 16,90 67,26Setembro 20,27 15,37 26,20 14,47 69,43Outubro 13,23 7,97 19,10 7,81 70,58Novembro 7,67 3,83 12,50 5,17 82,03Dezembro 4,10 -0,60 10,20 1,47 66,17média anual 13,44 8,75 18,65 8,56 71,17

Fonte: http://www.ilmeteo.it/portale/archivio-meteo

Tabela 02 - Dados médios mensais de temperatura (T) e umidade relativa (UR) para a região de Pinerolo, na cidade de Torino ao Norte da Itália, no ano de 2012.

Meses T média °C T min °C T max °CPonto de orvalho °C UR %

Janeiro 2,53 -2,20 8,80 0,57 69,60Fevereiro 0,76 -4,03 6,48 0,62 71,41Março 11,90 6,10 17,81 3,87 60,26Abril 11,30 7,60 15,60 6,97 74,83Maio 17,13 12,19 22,03 10,10 65,00Junho 22,00 17,40 26,53 15,47 67,43Julho 23,55 17,94 28,90 15,35 62,52Agosto 24,10 18,84 29,48 16,48 63,58Setembro 18,50 13,70 23,40 11,77 67,20Outubro 13,68 9,74 18,42 9,26 75,23Novembro 8,33 4,40 12,93 4,50 74,93Dezembro 1,94 -2,19 7,00 0,84 68,58média anual 12,98 8,29 18,12 7,98 68,38

Fonte: http://www.ilmeteo.it/portale/archivio-meteo

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