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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE GENÉTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUACÃO EM GENÉTICA
MARCELO OLIVA SANTANA
EXPRESSÃO GÊNICA DA RESPOSTA À SECA EM CANA-
DE-AÇÚCAR (Saccharum spp.)
Recife
2011
MARCELO OLIVA SANTANA
EXPRESSÃO GÊNICA DA RESPOSTA À SECA EM CANA-
DE-AÇÚCAR (Saccharum spp.)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Strictu sensu do Departamento de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de
Pernambuco como parte dos requisitos exigidos
para obtenção do título de Mestre em Genética.
Orientador: Prof. Dr. Tercilio Calsa Jr.
Coorientadora: Dra. Maria Clara Pestana Calsa
Recife
2011
Santana, Marcelo Oliva Expressão gênica da resposta à seca em cana-de-açúcar (Saccharum spp.) / Marcelo Oliva Santana. – Recife: O Autor, 2011. 91 folhas : il., fig., tab.
Orientador: Tercilio Calsa Jr Co-Orientador: Maria Clara Pestana Calsa
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Genética, 2011.
Inclui bibliografia, anexo e apêndices
1. Regulação de expressão gênica 2. Cana-de-açúcar – Melhoramento genético 3. Plantas – Efeito da seca I. Título.
572.865 CDD (22.ed.) UFPE/CCB-2011-129
4
Aos meus pais, Angela Cristina e José Carlos, pelo amor e dedicação incondicionais.
À minha esposa, Luciana Oliveira Oliva,
pelos momentos de companheirismo.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, José Carlos e Angela Cristina, por terem me criado com muito amor,
carinho, dedicação, sempre me ensinando, apoiando-me e estando presentes em
todos os momentos da minha vida. A vocês, dedico o meu maior agradecimento.
A minha esposa, Luciana Oliveira Oliva, companheira de todas as horas, que
sempre me deu amor, carinho e força para seguir em frente. Com você, posso dizer
que sou muito feliz e é com você que quero passar o resto da minha vida. A você,
dedico o meu amor incondicional.
Ao meu orientador Prof. Dr. Tercilio Calsa Junior e minha co-orientadora Dra. Maria
Clara Pestana Calsa do Laboratório de Genômica e Proteômica de
Plantas/Genética/UFPE pela oportunidade e importantes ensinamentos na pesquisa
científica e auxílio em todo o desenvolvimento do projeto. A vocês, meus sinceros
agradecimentos.
À Profa. Dra. Rejane Mansur (Laboratório de Fisiologia Vegetal/Biologia/UFRPE), ao
Prof. Dr. Marcos Morais (Laboratório de Genética Molecular de
Microorganismos/Genética/UFPE) e a Profa. Dra. Ana Christina (Laboratório de
Genética e Biotecnologia Vegetal/Genética/UFPE) pelas importantes contribuições
como membros da banca.
À Profa. Dra. Rejane Mansur agradeço também por ter disponibilizado os
equipamentos de análise fitofisiológica bem como aos seus orientados pela ajuda no
desenvolvimento do trabalho em casa de vegetação.
Ao Prof. Dr. Marcos Morais também pelas importantes contribuições da pré-banca
além de permitir o uso do equipamento fotodocumentador. Aos seus orientados
Adauto e Rafael pela ajuda na utilização deste equipamento.
Ao Prof. Dr. Antônio Carlos (Laboratório de Terapia Experimental/Genética/UFPE)
por ter permitido a utilização dos equipamentos espectrofotômetro e Rotor Gene
6000, importantes para a realização dos experimentos in vitro. Além disso, agradeço
a técnica Heide, deste mesmo laboratório, pelas imensas contribuições para a
realização das análises de RT-qPCR.
À Estação Experimental de Cana-de-açúcar de Carpina/RIDESA por ter fornecido os
materiais vegetais.
À todos do Laboratório de Genômica e Proteômica de Plantas (LGPP), em especial
a Cinthya por ter ajudado imensamente nos meus experimentos em casa de
vegetação e laboratório.
Ao meu irmão, Marcio Oliva, por transmitir um pouco do seu conhecimento e
experiência profissional sempre que nos encontramos.
Às minhas avós, D. Laurinete, que hoje não está mais presente, porém continua viva
em nossos corações, e D. Bernadete, que toda vez que a encontro é sempre uma
alegria.
Aos meus sogros, José Carlos e Edna Lucia, pelo carinho e amizade, sempre me
tratando como um filho.
À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE) pela
concessão da bolsa de Mestrado e pelo apoio financeiro dado ao projeto.
Ao CNPq pelo apoio financeiro dado ao projeto.
A todos os meus familiares e amigos que de maneira direta ou indireta contribuíram
para que este sonho se tornasse realidade...
A todos aqueles que torceram por mim... O meu sincero, obrigado!
“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade”.
Albert Einstein.
RESUMO
O cultivo de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é de grande importância econômica para o Brasil pela produção de açúcar e etanol, sendo o déficit hídrico um dos principais fatores limitantes do crescimento e produtividade desta cultura. A crescente demanda por biocombustíveis tem exigido o desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar geneticamente melhoradas e mais eficientes no uso da água. A partir de dados SAGE de cana-de-açúcar previamente anotados, oriundos de bibliotecas de amostras de colmo de plantas cultivadas em campo, e contrastantes para época chuvosa ou seca, foram identificados in silico transcritos potencialmente associados a respostas ao estresse hídrico. Destes, vinte e um genes (incluídos três genes de referência) foram selecionados para análise de expressão gênica e validação via transcrição reversa seguida de PCR em tempo-real (RT-qPCR) utilizando duas variedades de cana-de-açúcar contrastantes à resposta ao estresse hídrico, RB92579 (tolerante) e RB72454 (sensível). Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação sob dois tratamentos hídricos diferentes (seco e irrigado). Para cada gene, três réplicas biológicas foram executadas, sendo cada RT-qPCR realizada em triplicata. A especificidade e ausência de contaminação foram avaliadas pela curva de dissociação das PCRs e controles negativos, respectivamente. Para a normalização e processamento dos dados de RT-qPCR, foram utilizados três genes de referência sendo estes analisados quanto a estabilidade utilizando o software geNorm. Da coleção de 46.536 tags distintas analisadas em SAGE, 45,0% mostraram-se inibidas pela seca, 6,3% induzidos pela seca, e 48,7% não apresentaram variação de ratio significativa (0,5 < ratio < 2,0). Dos 21 transcritos selecionados para validação experimental como potencialmente responsivos ao estresse hídrico somente 15 e 12 genes foram monitorados via RT-qPCR em folha e raiz respectivamente. Essas análises resultaram que 2/3 dos genes estudados (Dhyn_98, ERD4, Sip, Dgt, MARK, Pox,
Hd-zip, Hsp70, PPlase e DnaK) foram diferencialmente expressos sob seca (p<0,05), sendo que 40% e 33,3% deles apresentaram, nas variedades tolerante e sensível, respectivamente, a mesma tendência de expressão que aquela já descrita via SAGE para a espécie. Além disso, em função dos resultados de RT-qPCR, dois genes mais associados com a resposta de tolerância à seca foram selecionados para futura determinação de suas sequências nucleotídicas completas e construções gênicas. Os genes identificados para tolerância a seca poderão ser utilizados não só nos programas de melhoramento das principais culturas de importância econômica, mas também poderão ajudar a entender as redes gênicas envolvidas na tolerância das plantas ao estresse hídrico.
Palavras-chave: RT-qPCR, SAGE, estresse hídrico, seca.
ABSTRACT
The cultivation of sugarcane (Saccharum spp.) is of great economic importance to Brazil by the production of sugar and ethanol, but water deficit is one of the main limiting factors for growth and productivity of this crop. Growing demand for biofuels has recquired the development of sugarcane varieties genetically improved and more efficient in water use. Based on previous sugarcane SAGE annotated data, from stem samples of plants grown in the Field, and contrasting for rainy or dry cultivation season, were identified in silico transcripts potentially associated to drought tolerance responses. From these, twenty-one genes (including three reference genes) were selected for expression analysis through reverse transcription followed by quantitative real-time PCR (RT-qPCR) on two sugarcane varieties contrasting for drought tolerance, RB92579 (tolerant) and RB72454 (sensitive). The experiments were conducted in greenhouse under two different water treatments (irrigated and dry). For each gene, three biological replicates were performed, and each RT-qPCR was performed in triplicates. The specificity and absence of contamination were assessed by dissociation curve of PCR and negative controls, respectively. For normalization and RT-qPCR data processing, three reference genes were used, whose stability was analyzed using software geNorm. From the collection of 46,536 distinct tags analyzed in SAGE database, 45.0% showed to be inhibited by drought, 6.3% were drought-induced, and 48.7% showed no significant variation ratio (0.5 < ratio < 2.0). Out from 21 transcripts selected for experimental validation as potentially responsive to water stress, only 15 and 12 were monitored by RT-qPCR in leaves and roots, respectively. These analyses resulted that 2/3 of studied genes (Dhyn_98, ERD4, Sip, Dgt, MARK, Pox, Hd-zip, Hsp70, PPlase e
DnaK) were differentially expressed under drought (p<0,05), and 40% and 33.3% of them presented, respectively in tolerant and sensitive varieties, the same expression profile than that already described via SAGE for the species. In addition, according to RT-qPCR results, two genes more associated to drought tolerance response were selected to future determination of their complete nucleotide sequences and gene constructions. Genes identified for drought tolerance may be used not only in breeding programs of main crops of economic importance, but also to help the understanding the gene networks involved in plant tolerance to water stress. Key words: RT-qPCR, SAGE, water stress, drought.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
Figura 1 – Ilustração de uma cana-de-açúcar (Saccharum spp.)
evidenciando o sistema de numeração foliar de van Dillewijn
(1952)..............................................................................................................
20
Figura 2 – Cultivo dos rebolos em bandejas de polietileno e transferência
das plantas juvenis de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) para
vasos...............................................................................................................
35
Figura 3 – Medição do potencial hídrico foliar em câmara de pressão
Scholander (A) e coleta de solo para cálculo da medida da umidade
relativa do solo (B)..........................................................................................
36
Figura 4 – Esquema ilustrativo do procedimento de coleta de folha e raiz
de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) para as análises moleculares. A e B
– corte de folha e raiz, respectivamente; C e D – acondicionamento em
tubos Falcon; E – conservação do material vegetal em nitrogênio
líquido..............................................................................................................
37
Figura 5 – Esquema ilustrativo para a identificação das amostras de
folha.................................................................................................................
38
Figura 6 – Esquema ilustrativo para a identificação das amostras de raiz.... 39
Figura 7 – Número de tags identificados como sendo inibidos (ratio ≤ 0,5),
sem variação (0,5 < ratio < 2,0) e induzidos (ratio ≥ 2,0) pela seca, a partir
do banco de dados SAGE para cana-de-açúcar (Saccharum spp.) (CALSA
Jr., 2006)…………………………………….......................................................
43
Figura 8 – Análise de eletroforese em gel de agarose 1% a partir de RT-
PCR mostrando a amplificação dos genes para teste dos primers................
47
Figura 9 – Potencial hídrico foliar das duas variedades (RB92579 e
RB72454) de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) sob os tratamentos
irrigado e seco................................................................................................. 47
Figura 10 – Umidade relativa do solo das duas variedades (RB92579 e
RB72454) de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) sob os tratamentos
irrigado e seco.................................................................................................
48
Figura 11 – Sinais visíveis em cana-de-açúcar (Saccharum spp.)
submetidas aos tratamentos de irrigação (I) e seca (S). (A) Parte aérea;
(B) solo e (C) sistema radicular.......................................................................
48
Figura 12 – Integridade do RNA total extraído de folha das variedades
RB92579 e RB72454 de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da
análise por eletroforese em gel de agarose 1%..............................................
50
Figura 13 – Integridade do RNA total extraído de raiz das variedades
RB92579 e RB72454 de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da
análise por eletroforese em gel de agarose 1%..............................................
50
Figura 14 – Confirmação da síntese de cDNA em amostras de folha via
RT-PCR utilizando o gene HK.rpl35_4...........................................................
50
Figura 15 – Confirmação da síntese de cDNA em amostras de folha via
RT-PCR utilizando o gene HK.rpl35_4...........................................................
51
Figura 16 – Valores médios de estabilidade de expressão (M) dos genes
selecionados como possíveis genes de referência em folha para cana-de-
açúcar (Saccharum spp.)................................................................................
54
Figura 17 – Valores médios de estabilidade de expressão (M) dos genes
selecionados como possíveis genes de referência em raiz para cana-de-
açúcar (Saccharum spp.)................................................................................
55
Figura 18 – Genes diferencialmente expressos por seca nas variedades
tolerante e/ou sensível de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da
expressão quantitativa relativa em folha via PCR em tempo real...................
56
Figura 19 – Genes diferencialmente expressos por seca nas variedades
tolerante e/ou sensível de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da
expressão quantitativa relativa em raiz via PCR em tempo real.....................
57
Figura 20 – Genes que não se expressaram significativamente por seca
nas variedades tolerante e/ou sensível de cana-de-açúcar (Saccharum
spp.) a partir da expressão quantitativa relativa em folha via PCR em
tempo real.......................................................................................................
58
Figura 21 – Genes que não se expressaram significativamente por seca
nas variedades tolerante e/ou sensível de cana-de-açúcar (Saccharum
spp.) a partir da expressão quantitativa relativa em raiz via PCR em tempo
real..................................................................................................................
59
Figura 22 – Modelo molecular e fisiológico representativo (adaptado de
WANG et al., 2003) dos mecanismos de resposta ao déficit hídrico para os
genes que apresentaram diferenças significativas na expressão em folha.
O tamanho das setas é proporcional ao nível de indução do gene por seca
na variedade tolerante (verde) e sensível (vermelha). Os números
sobrescritos indicam as participações desses genes nos tipos de
mecanismos de resposta à seca.....................................................................
67
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Agrupamento por categoria e anotação das tags/genes no
banco de dados TIGR Gene Index de cana-de-açúcar selecionadas a partir
de bibliotecas SAGE para a análise de expressão gênica via RT-
qPCR...............................................................................................................
44
Tabela 2 – Pares de iniciadores (primers) desenhados pela seleção in
silico a partir dos dados SAGE associados a genes de resposta à
seca.................................................................................................................
46
Tabela 3 – Quantificação e qualidade do RNA extraído de amostras de
folha e raiz de cana-de-açúcar (Saccharum spp.), sob seca ou irrigação
nas variedades tolerante (RB92579) e sensível
(RB72454).......................................................................................................
49
Tabela 4 – Eficiências das reações e R2 (coeficiente de correlação de
Pearson) correspondentes aos genes utilizados via RT-
qPCR...............................................................................................................
51
Tabela 5 – Valores médios ± desvio padrão de Cqs resultantes das
análises de RT-qPCR em tempo real quantitativa em folha e raiz dos genes
selecionados a partir do banco de dados
SAGE..............................................................................................................
53
Tabela 6 – Razão de expressão entre os tratamentos seca/irrigado dos
genes significativamente expressos por seca via RT-qPCR e
SAGE..............................................................................................................
60
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
Sigla Definição
cDNA Ácido desoxirribonucléico complementar ao mRNA
cDNA-AFLP cDNA-Amplified Fragment Length Polymorphism - Polimorfismo de
tamanho de fragmento amplificado
EECAC Estação Experimental de Cana-de-Açúcar do Carpina
EST Etiqueta de sequência expressa
IVB Índice de Velocidade de Brotação
mRNA Acido ribonucléico mensageiro
pb Pares de base
PCR Reação em cadeia da polimerase
qPCR Reação em cadeia da polimerase quantitativo
RT-PCR Transcrição reversa seguida de PCR
RT-qPCR Transcrição reversa seguida de PCR quantitativo em tempo-real
SAGE Serial Analysis of Gene Expression - Análise serial da expressão
gênica
TIGR The Institute for Genome Research - Instituto de Pesquisas
Genômicas
Tm Temperatura de dissociação
TPT Tags por mil
SUMÁRIO
Página
DEDICATÓRIA……………………………………………………………… iv
AGRADECIMENTOS………………………………………………………. v
EPÍGRAFE………………………………………………………………….... vii
RESUMO……………………………………………………………………... viii
ABSTRACT…………………………………………………………………... ix
LISTA DE ILUSTRAÇÕES…………………………………………………. x
LISTA DE TABELAS……………………………………………………….. xiii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS........................... xiv
1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 17
2. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................. 19
2.1. Importância econômica da cana-de-açúcar (Saccharum spp.)........ 19
2.2. Aspectos gerais e melhoramento da cana-de-açúcar ..................... 20
2.3. Estresse hídrico e mecanismos de resposta em plantas................. 22
2.4. Ferramentas de análises transcricionais.......................................... 25
2.5. Aspectos gerais da metodologia RT-qPCR..................................... 26
3. OBJETIVOS........................................................................................ 31
3.1. Objetivo Geral.................................................................................. 31
3.2. Objetivos Específicos....................................................................... 31
4. MATERIAL E MÉTODOS................................................................... 32
4.1. Identificação e seleção de transcritos in silico................................. 32
4.2. Desenho de iniciadores.................................................................... 33
4.3. Material vegetal e tratamentos hídricos........................................... 34
4.4. Extração de RNA e síntese de cDNA.............................................. 37
4.5. Eficiência da amplificação e RT-qPCR............................................ 41
4.6. Seleção do gene de referência, normalização e análise de RT-
qPCR.......................................................................................................
42
5. RESULTADOS................................................................................... 43
5.1. Identificação e seleção de transcritos in silico................................. 43
5.2. Desenho de iniciadores………………………………………………... 45
5.3. Material vegetal e tratamentos hídricos........................................... 47
5.4. Extração de RNA e síntese de cDNA.............................................. 49
5.5. Eficiência da amplificação e RT-qPCR............................................ 51
5.6. Seleção do gene de referência, normalização e análise de RT-
qPCR.......................................................................................................
54
6. DISCUSSÃO....................................................................................... 62
7. CONCLUSÕES................................................................................... 69
8. REFERÊNCIAS.................................................................................. 70
9. APÊNDICES………………………………………………………………. 79
10. MEMORIAL……………………………………………………………… 88
11. ANEXOS.......................................................................................... 89
11.1. Atividades complementares........................................................... 89
11.2. Resumos publicados em anais de congressos durante o
desenvolvimento do mestrado................................................................
90
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
17
1. INTRODUÇÃO
O crescimento e a produtividade das plantas são adversamente afetados por
vários fatores bióticos e abióticos de estresse, sendo os últimos as principais causas
da diminuição do rendimento nas principais culturas. As plantas são frequentemente
expostas a várias condições simultâneas de estresse tais como baixas ou altas
temperaturas, salinidade, seca, inundações, aquecimento, estresse oxidativo e
toxidade por metais pesados. Várias atividades antropogênicas têm acentuado a
existência desses fatores. (MAHAJAN e TUTEJA, 2005).
O déficit hídrico destaca-se como principal fator limitante do crescimento das
plantas e da produtividade agrícola. As previsões de alteração climática e escassez
de água em diversas regiões e a crescente demanda por biocombustíveis tornam
necessário o desenvolvimento de variedades de espécies vegetais fonte de
biomassa e bioenergia mais eficientes no uso da água. Assim, genótipos de cana-
de-açúcar, por exemplo, capazes de sustentar os níveis de produtividade em
condições de restrição de água, contribuirão para sustentabilidade e viabilidade
econômica, uma vez que evitarão o aumento do uso de irrigação.
Um desafio atual é explorar a grande quantidade de informações
disponibilizadas pelo desenvolvimento de bibliotecas ESTs e SAGE de cana-de-
açúcar, a fim de produzir cultivares melhoradas e aumentar o conhecimento sobre a
complexa fisiologia da planta. Além disso, identificar os genes regulados pelo
estresse hídrico constitui uma excelente estratégia para o aumento da tolerância das
plantas a períodos prolongados de seca ou menor disponibilidade hídrica, permitindo
assim a seleção de variedades aptas ao cultivo nos ambientes que apresentam tais
condições edafo-climáticas.
O presente estudo objetivou a identificação e seleção de genes de resposta à
seca a partir de blibliotecas SAGE disponíveis para cana-de-açúcar, bem como a
validação experimental via RT-qPCR utilizando variedades com maior e menor
tolerância ao déficit hídrico para essa espécie. Os resultados esperados poderão ser
úteis como marcadores funcionais para seleção de genótipos de cana-de-açúcar
mais tolerantes à deficiência hídrica. Tal abordagem favorecerá o desenvolvimento
de novas estratégias nos programas de melhoramento e da agroindústria canavieira
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
18
na região semiárida do Nordeste. Além disso, as respostas gênicas diferenciais entre
as cultivares contrastantes poderão ser úteis visando à identificação e a
incorporação de características morfofisiológicas de tolerância em cultivares novas.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
19
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Importância econômica da cana-de-açúcar (Saccharum spp.)
A cultura de cana-de-açúcar apresenta raízes antigas na economia brasileira.
Mudas dessa planta chegaram ao Brasil por volta de 1515, vindas da Ilha de
Madeira (Portugal). O primeiro engenho de açúcar foi construído em 1532, na
capitania de São Vicente, mas foi no Nordeste, principalmente em Pernambuco e
Bahia, que os engenhos se multiplicaram atuando como os maiores produtores e
fornecedores mundiais de açúcar até o século XVII. Devido à enorme capacidade de
acumular sacarose nos entrenós, a cana-de-açúcar transformou-se em uma
importante fonte de energia para o homem e conseqüentemente, de potencial
econômico (MOORE, 2005).
O potencial de produção da cana-de-açúcar para a geração de subprodutos
(açúcar, etanol e energia elétrica, entre outros) faz dessa cultura uma das mais
importantes atividades da agroindústria nacional (BEAUCLAIR et al., 2009). Países
como Brasil, Índia e China são considerados os maiores produtores mundiais de
cana-de-açúcar. O primeiro responde sozinho por 45% de todo açúcar mundial
comercializado, enquanto que para o etanol, juntamente com os EUA, é responsável
por 70% da produção (GRIVET e ARRUDA, 2002; MING et al., 2006).
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi realizado o terceiro
levantamento da safra 2010/11 de cana-de-açúcar no Brasil que chegou a 624,99
milhões de toneladas em uma área de 8,1 milhões de hectare, sendo 46,2 %
destinados a produção de açúcar e os 53,8% restantes, a produção de etanol. Entre
os estados produtores de açúcar destacam-se São Paulo (61%), Minas Gerais
(8,39%), Paraná (7,93%), Alagoas (6,08%), Goiás (4,74%), Pernambuco (4,25%) e
Mato Grosso do Sul (3,85%). Já a produção de etanol é concentrada principalmente
nas regiões centro-oeste e sudeste que respondem por 87,46% produzido no País,
sendo os maiores produtores os estados de São Paulo (54,26%), Goiás (11,61%),
Minas Gerais (10,35%) e Mato Grosso do Sul (7,39%) (CONAB, 2011).
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
20
2.2. Aspectos gerais e melhoramento da cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar (Saccharum spp., Poaceae) é uma gramínea perene e
alógama encontrada em mais de 90 países principalmente nas regiões tropicais e
subtropicais dentro da faixa de latitide de 30° do Equador (MING et al., 2006). Os
primeiros registros de que se tem sobre a cana-de-açúcar encontram-se nas
escrituras mitológicas dos hindus. A teoria mais aceita sobre a origem da cana-de-
açúcar considera que esta seja uma espécie nativa das ilhas Arquipélago da
Polinésia, sendo Saccharum robustum (espécie mais primitiva) originada no centro
de expansão da Nova Guiné (CESNIK e MIOCQUE, 2004).
Embora seja uma planta de reprodução sexuada, quando cultivada
comercialmente é multiplicada assexuadamente por propagação vegetativa
(CAIEIRO et al., 2010). É caracterizada por apresentar inflorescência do tipo
panícula, flor hermafrodita, caule cilíndrico composto de nós e entrenós, folhas
alternas, opostas, presas aos nós dos colmos, com lâminas de sílica nas bordas, e
bainha aberta (MILLER e GILBERT, 2009). As folhas são ordenadas através do
sistema de Kuijper (Figura 1) onde a primeira folha de cima para baixo com a lígula
exposta recebe a denominação de folha+1 enquanto que as folhas que estão abaixo
dela são denominadas sucessivamente de +2, +3, +4 etc. A primeira folha acima da
folha+1 recebe a denominação de folha 0 e as que estão acima dela são
denominadas de folha -1, -2, -3 e assim, sucessivamente (van DILLEWIJN, 1952).
Figura 1 – Ilustração de uma cana-de-açúcar (Saccharum spp.) evidenciando o sistema de numeração foliar de van Dillewijn (1952).
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
21
Devido a sua origem multiespecífica, cultivares atuais de cana-de-açúcar são
complexos híbridos interespecíficos (Saccharum spp., 2n=100 a 130) resultante do
cruzamento entre S. officinarum, S. barbieri, S. sinense, S. robustum e S.
spontaneum (D'HONT et al., 1996; GOVERNMENT, 2004; MING et al., 2006). Para
a maioria dos melhoristas de cana-de-açúcar, a espécie S. officinarum, que
apresenta alto teor de açúcar, originou-se através da domesticação da espécie S.
robustum. Essa domesticação caracterizou-se como resultado de uma introgressão
entre S. spontaneous, Eriathus arundinaceus e Miscanthus sinensis (AUSTRALIAN
GOVERNMENT, 2004). Da Nova Guiné, a espécie propagou-se para Indonésia,
Malásia, China, Índia, Micronésia e Polinésia durante a pré-história. Os produtores
holandeses em Java chamavam S. officinarum de cana nobre, e “nobilização” o
processo de retrocruzamento entre os híbridos S. spontaneum de S. officinarum
(MING et al., 2006).
Antes dos programas de melhoramento da cana-de-açucar, as cultivares
nobres mais importantes utilizadas pelos povos antigos eram “Otaheite” (Tahiti),
“Cheribon” (Java) e “Caledonia” (New Hebrides). O primeiro programa a ser iniciado
no mundo ocorreu somente em meados do século XIX (Java e Barbado) com plantas
capazes de produzir sementes viáveis (MING et al., 2006). Em seguida foram
desenvolvidos programas em diferentes países, por instituições governamentais e
particulares ou em sistemas cooperativos formados pelos próprios produtores.
Nesse período, houve um intercâmbio muito intenso de material genético de
diferentes espécies de cana-de-açúcar entre várias equipes de melhoristas, inclusive
no Brasil, o que resultou na disseminação de doenças endêmicas que antes eram
encontradas somente em determinadas áreas (CESNIK e MIOCQUE, 2004). Os
ataques constantes de doenças, a baixa produtividade e concorrência do açúcar
produzido em outros países propiciaram uma preocupação do setor açucareiro
brasileiro com relação à melhoria da qualidade da cana como um todo, fazendo-se
assim necessárias pesquisas sistemáticas na área. Assim, várias estações
experimentais foram criadas tais como a de Campos (RJ), PLANALSUCAR,
COPERSUCAR, entre outras (BEAUCLAIR et al., 2009).
Em todo o mundo os programas de melhoramento genético buscam obter
cultivares de cana-de-açúcar mais produtivas exibindo tolerância a fatores bióticos e
abióticos. No Brasil, três grandes programas de melhoramento da cana-de-açúcar
têm sido realizados nas últimas décadas: Rede Interuniversitária de
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
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Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (RIDESA), o Centro de Tecnologia
Canavieira (CTC) e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) (BEAUCLAIR et al.,
2009). Nesses programas, são realizados preferencialmente cruzamentos
biparentais entre cultivares elites. Os clones resultantes das diversas fases de
seleção são avaliados quanto ao seu desempenho sob diversas condições
ambientais. No entanto, o desenvolvimento de uma nova cultivar comercial de cana-
de-açúcar torna-se um processo que demanda muito tempo, podendo levar em
média 12 anos para estar disponível comercialmente (ALBINO et al., 2006).
2.3. Estresse hídrico e mecanismos de resposta em plantas
A disponibilidade de água inadequada é uma limitação crucial para o
rendimento de várias culturas de importância econômica na maioria dos ambientes,
e tem sido o foco de melhoramento genético por muitos anos (SINCLAIR et al.,
2004). O conhecimento das relações hídricas de cultivares modernas utilizadas
pelos produtores é fundamental para o manejo em regiões com baixa disponibilidade
de água (INMAN-BAMBER e SMITH, 2005).
O estresse é a condição fisiológica alterada provocada por fatores que
tendem a causar o desequilíbrio na planta. As reações das plantas ao estresse
hídrico diferem significativamente em vários níveis de organização, uma vez que
depende da intensidade e duração do mesmo, bem como das espécies de plantas e
seus estágios de desenvolvimento (CHAVES et al., 2003). Além disso, esse fator
abiótico pode surgir de duas condições, ou devido ao excesso de água, ou por déficit
hídrico. O fator hídrico mais comum encontrado é o estresse por déficit hídrico
conhecido também como estresse por seca. O déficit hídrico pode ser definido como
uma situação em que o potencial hídrico da planta e turgescência são reduzidos o
suficiente para interferir em suas funções normais (SHAO et al., 2008).
Embora os efeitos gerais da seca no crescimento das plantas sejam
conhecidos razoavelmente bem, os efeitos primários do déficit hídrico em níveis
bioquímicos e moleculares ainda não são bem entendidos (CHAVES et al., 2003;
YAMAGUCHI-SHINOZAKI e SHINOZAKI, 2005). O déficit hídrico em plantas inicia-
se a partir de uma complexa via de respostas, começando com a percepção do
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
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estresse, o qual desencadeia uma cascata de eventos moleculares, sendo finalizada
em vários níveis de respostas fisiológicas, metabólicas e de desenvolvimento
(BRAY, 1993).
As respostas celulares são iniciadas principalmente pelas interações entre os
componentes extracelulares e as proteínas da membrana plasmática. A molécula
extracelular é chamada de ligante (ou elicitor) e a proteína de membrana, a qual se
liga e interage com a mesma, é chamada de receptor. Vários sinais de estresses
abióticos, bem como bióticos, servem como ligantes às proteínas de membranas
celulares das plantas. Os caminhos sinalizantes de estresse ativam os receptores de
membrana celular cujos sinais são transduzidos, gerando mensageiros secundários
que incluem cálcio, espécies reativas de oxigênio (ROS) e fosfato inositol. O fosfato
inositol modula os níveis intracelulares de cálcio que são percebidos pelos sensores
de cálcio. Estes, por sua vez, interagem com outras proteínas levando normalmente
a uma cascata de fosforilação, o que resulta na ativação dos principais genes ou
fatores de transcrição que controlam os genes de tolerância ao estresse. Assim, os
produtos gênicos, em última instância, levam à adaptação da planta e ajudam-na a
sobreviver e a superar as condições desfavoráveis. Com isso, as plantas respondem
inicialmente ao estresse como células individuais e sinergicamente como um
organismo inteiro (MAHAJAN e TUTEJA, 2005).
Os processos metabólicos que são ativados em resposta ao estresse
aumentam a concentração de solutos na célula, resultando na diminuição do
potencial osmótico e aumento da turgescência foliar. Assim, muitos componentes
são sintetizados para a manutenção do equilíbrio osmótico, da proteção de
membrana e macromoléculas. Estes componentes incluem prolina, glutamato,
glicina-betaina, carnitina, manitol, sorbitol, fructans, poliois, trealose, sacarose,
oligossacarídeos e íons inorgânicos como K+ (MAHAJAN e TUTEJA, 2005). Além
disso, as kinases de histidina (MAPKK, MAPKK e MAPK) também respondem ao
estresse hídrico, ajudando a restabelecer o balanço osmótico e induzindo a ativação
de outros genes de resposta ao estresse tais com as proteínas abundantes em fase
tardia da embriogênese (LEA) (MAHAJAN e TUTEJA, 2005).
Os vários genes responsivos ao estresse podem ser amplamente
categorizados em genes de resposta inicial e genes de resposta tardia. Os genes de
resposta inicial são induzidos dentro de minutos após a percepção do sinal e
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
24
normalmente a expressão ocorre de forma transitória. Vários genes transdutores de
sinais e reguladores tais como os fatores de transcrição (TF), proteínas kinases,
proteínas fosfatases, enzimas envolvidas no metabolismo dos fosfolipídios e outras
moléculas sinalizantes (ex. proteínas ligantes de calmodulina), estão incluídos nessa
lista. Em contraste, a maioria dos genes ativados mais tardiamente (após horas da
percepção ao estresse) possui uma expressão normalmente contínua. Esses genes
que mais provavelmente funcionam diretamente na tolerância ao estresse incluem
as chaperonas, proteínas responsivas a desidratação, proteínas responsivas e
induzidas por frio, proteínas LEAs, osmotinas, proteínas anti-congelantes, proteínas
ligantes de mRNA, enzimas chaves para biossíntese de osmólitos, proteínas de
canais de água, transportadores de açúcar e prolina, enzimas de detoxificacão,
várias proteases, entre outros (SHINOZAKI et al., 2003; MAHAJAN e TUTEJA, 2005;
SHINOZAKI e YAMAGUCHI-SHINOZAKI, 2007).
Estudos genômicos e moleculares têm mostrado que vários genes com
diversas funções são induzíveis por estresse a seca e frio, e que vários fatores de
transcrição estão envolvidos na regulação desses genes (SHINOZAKI et al., 2003).
Os fatores de transcrição induzidos por estresses inclui membros da família de
proteínas ligantes a elementos responsíveis a desidratação (DREB), a famílias dos
fatores ligantes a elementos responsíveis a etileno (ERF), a família dedo de zinco, a
família WRKY, a família MYB, a família hélice volta hélice básica (bHLH), a família
zíper de leucina de domínio básico (bZIP), a familia NAC e a família dos fatores de
transcrição de homeodomíneos. Esses genes podem regular vários genes induzidos
por estresse cooperativamente ou separadamente, e pode constituir muitas redes
gênicas (SHINOZAKI et al., 2003).
Os fatores de transcrição que desempenham papéis fundamentais na
resposta da planta ao estresse (SEKI et al., 2003) são agrupados em duas vias ABA
dependentes (I e II) e outras duas ABA não dependentes (III e IV). A via ABA
dependente tipo I requer a síntese de certas proteínas para ativar os fatores de
transcrição MYC/MYB (ABE et al., 1997) e/ou bZIP, os quais se ligam a regiões do
DNA como os ABREs – Elemento responsível a ABA e elementos tais como CE1 e
CE3 – Elemento de acoplamento (SHEN et al., 1996). A via ABA dependente tipo II
ativa o fator de transcrição bZIP (NAKAGAWA et al., 1996), o qual aciona a
expressão gênica pela ligação com os elementos ABA responsivos ABREs. A via
ABA não dependente tipo III compreende alguns genes induzidos pela seca que não
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
25
respondem à ABA nem ao frio. Estes genes incluem o ERD1 – Resposta inicial a
desidratação 1, que codifica para uma subunidade regulatória da protease Clp
(ClpD). A via ABA não dependente tipo IV induz a expressão gênica pela ativação de
DREBP – Proteína ligante de resposta a desidratação que se liga ao elemento de
resposta à seca DRE/CRT – Elemento de resposta a seca / C-repetido, conduzindo
para a indução de genes estimulados por seca e frio. (NAKASHIMA et al., 1998).
O promotor do gene induzido por seca, frio e alta salinidade
RD29A/COR78/LTI78 contém dois principais elementos de ação cis, o elemento
ABRE e o elemento DRE/C-repeat que estão envolvidos na expressão de genes
induzidos por estresses (SHINOZAKI et al., 2003; VALLIYODAN e NGUYEN, 2006).
A identificação de genes responsáveis por promover qualidades agronomicamente
desejáveis e sua posterior manipulação por meio de técnicas de biologia molecular
pode ajudar a obtenção de variedades bem sucedidas, reduzindo drasticamente as
perdas na agricultura, bem como, permitir o aproveitamento de solos até então não
utilizáveis.
2.4. Ferramentas de análises transcricionais
Os maiores avanços nas tecnologias de quantificação da expressão global
ocorreram na última década. Diversas metodologias foram desenvolvidas tais como
ESTs (Expressed Sequence Tags), macro e microarranjos de cDNA, SAGE (Serial
Analysis of Gene Expression ), cDNA-AFLP (cDNA amplified fragment length
polymorphism) e MPSS (Massive Parallel Signature Sequencing), porém com
limitações específicas as quais produzem bancos de dados distintos, nem sempre
interconversíveis ou comparáveis. Além disso, essas tecnologias induzem a
necessidade de integrar a biologia molecular, automação e sistemas de manejo das
informações de laboratório (LIMS) e análise de dados (DONSON et al., 2002;
CALSA JR et al., 2004).
Em cana-de-açúcar, análises de expressão gênica em larga escala via ESTs
(VETTORE et al., 2003), microarranjos (PAPINI-TERZI et al., 2005; ROCHA et al.,
2007); e SAGE (CALSA JR e FIGUEIRA, 2007) identificaram genes envolvidos na
sinalização celular, resistência a pragas, metabolismo, desenvolvimento e resposta a
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estresses bióticos e abióticos, inclusive a seca. A tecnologia SAGE (VELCULESCU
et al., 1995), ou análise serial da expressão gênica, baseia-se na contagem em alta
escala de regiões específicas (tags) constituídas por 9 -10 pb, obtidas de uma
população de transcritos. As principais vantagens da SAGE são a medida absoluta
da expressão gênica ao invés de análise relativa, a geração de conjuntos de
dados digitais passíveis de novas inclusões e o menor custo de
sequenciamento por transcrito amostrado. Comparativamente à análise de ESTs, a
SAGE é cerca de 10 vezes mais eficiente para a detecção de transcritos raros
(CALSA JR et al., 2004).
A tecnologia de microarranjos, útil em identificar genes alvos para fatores de
transcrição relacionados ao estresse, abre também caminhos na análise de redes
gênicas em resposta a estresse abiótico. Um exemplo disso, foi a utilização de
microarranjo de cDNA de comprimento máximo para monitorar o perfil de expressão
de 7000 genes de Arabidopsis sob condições de estresse a seca, frio, alta salinidade
e tratamentos com ABA (SEKI, M. et al., 2002; SEKI, MOTOAKI et al., 2002). Um
desafio atual é explorar a grande quantidade de informações obtidas pelo
desenvolvimento de bibliotecas ESTs e SAGE e microarranjos de cana-de-açúcar, a
fim de aumentar o conhecimento sobre a complexa fisiologia da planta. Além disso,
identificar os genes regulados por estresse hídrico constitui uma excelente
ferramenta para o estabelecimento de estratégias visando ao aumento da tolerância
das plantas a períodos prolongados de seca, permitindo assim, o desenvolvimento
de variedades aptas ao cultivo em ambientes que apresentam tal condição edafo-
climática.
2.5. Aspectos gerais da metodologia RT-qPCR
A transcrição reversa seguida de PCR quantitativo em tempo real (RT-qPCR)
difere da PCR convencional (ou endpoint) por medir o produto de PCR amplificado a
cada ciclo durante a reação. Ao contrário da PCR convencional, a RT-qPCR permite
que a amplificação seja seguida em tempo real durante a fase exponencial da
reação bem como determinada a quantidade cDNA alvo inicial. Além disso, uma das
principais vantagens dessa metodologia é a sua rapidez em provê dados confiáveis
(GACHON et al., 2004).
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27
A RTqPCR é o principal método de análise de expressão gênica. Em geral,
duas estratégias de quantificação podem ser executadas nessa metodologia:
quantificação absoluta ou relativa. Na primeira, determina-se com precisão o número
de cópias do RNA alvo pela comparação com uma curva padrão apropriada,
enquanto que, na última expressa-se em termos de quantidade relativa de
transcritos em relação a um outro gene adotado como referência (PFAFFL, 2004).
Este último método é na maioria das vezes adequado para a investigação das
mudanças fisiológicas da planta baseadas nos padrões de expressão gênica
(GACHON et al., 2004). Contudo, etapas que antecedem as análises de expressão
tais como desenho de iniciadores (primers), extração de RNA e síntese de cDNA são
procedimentos importantes para a obtenção de dados de expressão confiáveis.
Durante a etapa de desenho de primers, os iniciadores devem ser
cuidadosamente desenhados e avaliados quanto a presença de estruturas
secundárias indesejáveis (alças, auto-complementariedade, dímeros e dímeros
cruzados) a fim de facilitar a obtenção da eficiência de amplificação máxima. Além
disso, as sequências do par de primers devem ser específicos a um produto de
amplificação (BUSTIN et al., 2005). Na etapa de extração de RNA, é importante
observar a integridade e qualidade do RNA total extraído. A primeira pode ser
avaliada pela visualização em gel das bandas 18S e 28S do RNA ribossomal e a
última, pela observação dos valores da razão de absorbância 260/280 acima de 1.8
(FLEIGE e PFAFFL, 2006; FLEIGE et al., 2006). Na etapa de síntese de cDNA, três
tipos de primer podem ser utilizados (primers randômicos, oligo-dT, gene-
específico), bem como a combinação de dois (oligo-dT e randômico). A escolha do
primer ideal é baseada nos tipos de experimentos e/ou resultados que se deseja
chegar. Para a análise de quantificação relativa em função dos níveis de expressão
gênica, em geral, o primer oligo-dT sozinho, é o mais utilizado (VETTORE et al.,
2003; RODRIGUES et al., 2009).
A RT-qPCR é um método que requer detecção precisa e sensível dos
produtos de amplificação (FRAGA et al., 2008). A alta sensibilidade para detectar
DNA ou cDNA é devido à combinação da amplificação feita pela etapa de PCR e do
sistema de detecção. A detecção é baseada na medida de florescência emitida por
sondas ou agentes intercalantes em função dos produtos da PCR formados
(amplicons). Agentes intercalantes (SYBR Green I) e sondas fluorogênicas (TaqMan
Molecular Beacons, Scorpions) são os dois tipos de moléculas utilizados para
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
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detectar amplicons. Ensaios com SYBR Green I geram detecção mais precisa e
produz um sinal de decaimento mais linear do que a detecção por TaqMan além de
possuir um custo mais baixo (SCHMITTGEN et al., 2000). O SYBR Green I
indiscriminadamente se liga ao DNA fita dupla bem como outros produtos da PCR,
tais como dímeros de primer podendo ser detectados junto com o gene alvo. Para
verificar a detecção de apenas um produto de PCR, as amostras são submetidas a
realização da curva de dissociação (melting) ao final de cada reação de PCR
(RAJEEVAN et al., 2001).
A conversão de RNA em cDNA é considerada um importante contribuinte
para a variabilidade e falta de reprodutibilidade frequentemente observada nos
exprerimentos de RT-qPCR. Como muitos experimentos não apresentam 100% de
eficiência de amplificação, é importante avaliar a eficiência exata dos genes antes
das análises de expressão para minimizar as possíveis variações que possam ter
ocorridas na etapa de sítese de cDNA. As três principais razões são: (i) o estado
dinâmico das células promovem variações inerentes em RNA extraídos de amostras
biológicas; (ii) os RNA purificados podem ser de qualidades variáveis e (iii) a
eficiência da conversão do RNA em cDNA é dependente da abundância do RNA
alvo (BUSTIN et al., 2005). Existem duas abordagens para a construção da curva
padrão a fim de estimar a eficiência da reação: (1) o uso de diluições seriadas de
uma das amostras de cDNA sob investigação, e (2) o uso de uma série crescente de
quantidades de RNA total como entrada na etapa de transcrição reversa
(RAMAKERS et al., 2003). A primeira abordagem, em geral, é a mais utilizada,
sendo que valores de eficiência e coeficiente de correlação de Pearson acima de
90% e 0,99, respectivamente, são considerados valores adequados para as análises
de expressão gênica (BIOSYSTEMS, 2002).
A RT-qPCR, cada vez mais utilizada em pesquisas biológicas, está se
tornando o principal método de escolha para perfil de expressão de genes
selecionados (VANDESOMPELE et al., 2002; JAIN et al., 2006). A alta sensibilidade
em detectar transcritos raros, especificidade e simplicidade, juntamente com a
introdução permanente de novas químicas, instrumentação e protocolos mais
confiáveis, têm feito dela a metodologia de referência para a detecção e/ou
comparação dos níveis de expressão gênica (SCHMITTGEN et al., 2000; BUSTIN et
al., 2005).
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
29
O maior obstáculo da técnica de RT-qPCR não é o isolamento do mRNA, nem
a síntese de cDNA em si, mas a coordenação dos experimentos e a organização
eficiente dos dados coletados (MULLER et al., 2002). A PCR é composta por três
fases características: a fase exponencial, fase linear e fase de platô. Na fase
exponencial da amplificação existe uma relação direta entre a quantidade de DNA
complementar alvo inicial e o produto da reação a qual é utilizada para quantificar
com reprodutibilidade e confiabilidade (PFAFFL, 2004). O ciclo de amplificação no
qual a fluorescência detectada na amostra excede o limite (threshold) definido acima
da fluorescência de fundo (background) é denominado ciclo de quantificação (Cq)
sendo o valor gerado, utilizado para realizar a análise de expressão quantitativa
(HEID et al., 1996; BUSTIN e NOLAN, 2004). Valores de Cq obtidos na fase
exponencial são inversamente proporcional a quantidade de amostra-alvo inserida
na reação pois uma amostra que contém mais cópias de cDNA alvo deverá atingir o
threshold em ciclos mais cedo do que àquela amostra com baixo número de cópias
alvos (SCHMITTGEN et al., 2000). Contudo, é importante observar as variações
intraespecífica que pode ocorrer entre as réplicas experimentais. Valores de Cq
entre as réplicas são considerados similares e com boa reprodutibilidade quando os
desvios padrões estão abaixo de 0,5 (HEID et al., 1996). Desvios muito altos tendem
a ser gerados por erro de pipetagem (BIOSYSTEMS, 2004).
Antes da análise quantitativa relativa da expressão é necessário normalizar
os dados utilizando um gene de referência para controlar as variações não
específicas internas da RT-qPCR tais como diferenças na quantidade de RNA total
inserido na etapa de síntese de cDNA e variações das eficiências de amplificações
(HUGGETT et al., 2005). Há um fluxo constante de publicações defendendo o uso
de um ou mais genes de referência, geralmente para mais e mais aplicações
especializadas (VANDESOMPELE et al., 2002; PFAFFL et al., 2004;
VANDESOMPELE et al., 2009; MAROUFI et al., 2010). Estas por sua vez, destacam
o fato de que nenhum único gene é capaz de cumprir todos os critérios exigidos de
um gene de referência universal. Assim, todos os genes são regulados até certo
ponto nos mais variados tipos de células e/ou órgãos, ou condições experimentais.
Para avaliar a estabilidade do gene de referência, diversos softwares (geNorm,
General, Pattern, Recognition, BestKeeper entre outros) estão disponíveis para a
utlização, sendo o geNorm o software mais utilizado nas pesquisas com RTqPCR
(VANDESOMPELE et al., 2009). Para as análises de quantificação relativa, testes
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estatísticos como o Kruskal-Wallis podem ser utilizados (WEN et al., 2005; WALTER
et al., 2008), admitindo-se como níveis de significância valores de p≤0,05.
Vários fatores têm contribuído para a transformação desta tecnologia em uma
importante ferramenta de pesquisa como: (i) é um ensaio homogêneo, que evita a
necessidade de processamento pós-PCR; (ii) possui ampla faixa dinâmica (> 107
vezes) que permite comparar diretamente diferenças de abundância de RNA e (iii)
apresenta potencial inerente de transformar a PCR quantitativa em qualitativa.
Comparado a técnica de northern blot, a PCR em tempo real apresenta alta
velocidade e especificidade nas análises de expressão gênica. Isto tem resultado em
extensivas aplicações de estudos de genômica funcional, medicina molecular,
forense, virologia, microbiologia e biotecnologia (GACHON et al., 2004; NOLAN et
al., 2006). A quantificação dos níveis de expressão gênica pode render valiosas
pistas sobre a função gênica. Por meio desse método, podem ser revelados níveis
de expressão individual em um estado biológico definido (doença, desenvolvimento,
diferenciação, etc), detecção de alterações no nível de expressão gênica em
resposta a estímulos biológicos específicos (fator de crescimento, agente
farmacológico, estresse bióticos e abióticos em plantas etc) e detecção do tipo de
célula ou órgão onde o gene está sendo expresso (FRAGA et al., 2008).
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3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Identificar diferentes genes de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) associados
com a tolerância ao déficit hídrico e validar experimentalmente esta correlação.
3.2. Objetivos Específicos
Identificar in silico e selecionar sequências transcritas associadas a genes de
resposta à seca.
Desenhar iniciadores para análise quantitativa da expressão dos genes
selecionados.
Validar experimentalmente a correlação da expressão dos genes
selecionados, em folha e raiz de variedades de cana-de-açúcar mais e menos
tolerantes à seca.
Selecionar dois genes de tolerância à seca para estabelecer construções
gênicas, úteis para transformação genética de cana-de-açúcar e análises
funcionais in vivo.
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4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Identificação e seleção de transcritos in silico
A identificação in silico e a seleção de sequências transcritas (tags)
potencialmente associados a genes de resposta à seca foram realizadas com base
em quatro bibliotecas SAGE de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) (CALSA JR,
2006). Estas bibliotecas totalizam aproximadamente 46.000 tags únicas oriundas
de amostras de colmo, exceto epiderme lignificada, derivadas de plantas F1 de
cruzamento entre duas variedades comerciais SP/CTC (Centro de Tecnologia
Canavieira, Piracicaba, SP).
As etapas a seguir foram realizadas em planilha utilizando o software
Microsoft Excel 2007 (Microsoft). As frequências das tags das bibliotecas
analisadas foram normalizadas separadamente em tags por mil (TPT). Em seguida,
foi determinada para cada tag, a razão de variação entre as médias das freqüências
normalizadas em cada época de coleta (média dos dois genótipos com alto e dois
com baixo teor de sacarose), comparando-se a média no período seco (S) com a do
período chuvoso (C). O valor da razão de variação (ratio) foi obtido por S/C. Valores
de ratio ≤ 0,5 foram considerados indicativos de inibição da transcrição; entre 0,5 e
2,0 indicando tags sem variação significativa; e ratio ≥ 2,0 referidos como
indicadores de indução transcricional.
Além do parâmetro ratio, foram consideradas para a identificação dos genes
as anotações e ontologias gênicas presumíveis publicadas para este banco de
dados. Foram realizadas buscas de palavras-chave (drought, water deprivation,
dehydration, irrigation e dehydrin). Após a identificação, os genes/transcritos foram
selecionados e agrupados segundo a anotação (conhecida ou desconhecida),
ontologia gênica (estresse oxidativo, fator de transcrição ou proteínas de choque
térmico) e referência (sem variação de ratio). Exceto para a categoria referência, o
critério de inserção das tags nos grupos propostos foi possuir os maiores ou os
menores ratios.
As tags selecionadas foram alinhadas contra o banco de dados de acesso
público do Instituto de Pesquisas Genômicas (TIGR) Gene Index/Saccharum
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(http://compbio.dfci.harvard.edu/cgi-bin/tgi/Blast/index.cgi), específico para cana-de-
açúcar, através do programa SAGE14. Para cada tag, foi identificado o cluster
(agrupamento de ESTs alinhados) ou singleton (EST não agrupado em cluster) mais
associado, e cuja sequência consenso foi utilizada para o desenho de iniciadores
específicos (primers). Foram consideradas as anotações presumíveis de cada
cluster/singleton disponíveis no TIGR/Gene Index/Saccharum.
4.2. Desenho de iniciadores
A partir das sequencias consenso obtidas do TIGR/ Gene Index/Saccharum,
pares de primers específicos para os genes selecionados foram desenhados in silico
utilizando o programa Primer3 (http://frodo.wi.mit.edu/primer3). Em geral, foram
utilizados parâmetros padronizados, exceto: tamanho do amplicon variando entre
100 e 350 pb; tamanho do primer entre 18 e 22 pb (ótimo a 20 pb); temperatura de
melting do primer (Primer Tm) entre 50 e 60ºC (ótimo a 55ºC); conteúdo de GC%
entre 40 e 60% (ótimo a 50%); fator de autocomplementariedade máxima igual a 3; e
fator de auto-complementariedade máxima na região 3´ igual a 0.
Após serem desenhados, os pares de primers foram avaliados quanto a
formação de estruturas secundárias indesejáveis (alças, auto-complementariedade,
dímeros e dímeros cruzados) e especificidades de anelamento nas sequências
gênicas. Para o primeiro foi utilizado o programa NetPrimer
(http://www.premierbiosoft.com/netprimer), enquanto que para o segundo, foi usada a
ferramenta de alinhamento de sequências de nucleotídeos (Blastn) no banco de
dados TIGR Gene Index de cana-de-açúcar. Os iniciadores foram considerados
adequados quando não apresentaram estruturas secundárias e anelaram em
apenas um gene.
Os iniciadores liofilizados (Invitrogen) foram ressuspendidos para
concentração estoque de 100 μM em água ultrapura (Milli-Q) estéril. Desta solução,
foi preparada outra para uso, diluída a concentração de 5 μM. Ambas as soluções
(estoque e uso) foram armazenadas a -20ºC. A integridade dos primers foi verificada
em eletroforese de 1 µg em gel de agarose 1%. Todos os pares de primers foram
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testados experimentalmente via RT-PCR utilizando-se amostras de cDNA de folha e
raiz.
4.3. Material vegetal e tratamentos hídricos
O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, no Departamento de
Genética da Universidade Federal de Pernambuco (Recife, PE, 08º03´03"S e
34º56´54"W), no período de 25 de março a 24 de maio de 2010. Os segmentos de
colmo, contendo uma gema lateral (rebolos) de cana-de-açúcar, utilizados foram
gentilmente cedidos pela Estação Experimental de Cana-de-acúcar de Carpina, PE
(EECAC), da Universidade Federal Rural de Pernambuco, vinculada ao Programa de
Melhoramento Genético de Cana-De-Açúcar da Rede Interuniversitária para o
Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (PMGCA-RIDESA).
Inicialmente, foram cultivadas duas variedades: uma conhecidamente
tolerante à seca (RB92579), com 30 rebolos, e outra sensível (RB72454) com 28
rebolos. Estas variedades são o resultado de genealogias e seleção para várias
características de importância agroindustriais tais como brotação, maturação,
florescimento, perfilhamento, teor de açúcar, teor de fibras, entre outros, inclusive
tolerância a seca. De modo geral, os rebolos cultivados tiveram em média 2,8 cm
(variação de 2,0 cm a 3,6 cm) de diâmetro e 4,9 cm (3,2 cm a 6,0 cm) de
comprimento onde foram distribuídos de forma eqüidistante (~4,5 cm) em bandejas
de polietileno (41 cm x 27 cm x 4 cm) contendo terra vegetal composta comercial
(Viva o Verde ). Em seguida, estes foram regados diariamente com água fornecida
pela Companhia de Abastecimento de Água de Pernambuco (Compesa) uma vez
por dia, no horário compreendido entre 8 h e 10 h da manhã.
Um mês após o plantio dos rebolos, nove plantas de cada variedade com
tamanhos similares (~ 10 cm) foram transferidas para vasos contendo
aproximadamente 7 kg de substrato, onde foram cultivadas três plantas (Figura 2).
Os experimentos foram conduzidos a 32±1°C e 71±4% UR (umidade relativa do ar),
sendo estes parâmetros mensurados diariamente no mesmo período da rega com o
auxílio de termo-higrômetro digital (CE).
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Figura 2 – Cultivo dos rebolos em bandejas de polietileno e transferência das plantas juvenis de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) para vasos.
Os experimentos foram realizados sob dois tratamentos hídricos distintos: o
primeiro, consistindo de suspensão de rega durante 15 dias consecutivos,
denominado no presente estudo, de tratamento seco (TS); e o segundo, no qual a
rega foi diária, sendo por isso denominado tratamento irrigado (TI). Este último foi
considerado como situação controle do experimento. Do total de nove réplicas
utilizadas para cada cultivar, seis foram destinadas à condição de seca e três para a
de irrigado.
No 15º dia após aplicação dos tratamentos citados foram determinados ao
meio-dia o potencial hídrico foliar e a umidade relativa do solo, sendo então coletado
o material vegetal (folhas e raízes). O potencial hídrico foliar foi verificado em
câmara de pressão Scholander (Soilmoisture Equipment Corp., Santa Barbara, CA,
USA) para a folha 0 (Figura 1). O valor do potencial foi registrado no momento em
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
36
que houve a exsudação inicial da seiva bruta devido à pressão exercida pelo gás
nitrogênio no interior da câmara (Figura 3A).
A umidade relativa do solo foi determinada coletando-se amostra do substrato
dos vasos com o auxílio de gabarito cilíndrico em PVC (1,5 cm de diâmetro x 25 cm
de comprimento) (Figura 3B). Esta amostra foi acondicionada em frasco de vidro
limpo e com tampa, sendo conduzida ao laboratório para pesagem em balança
analítica (ANDHR 200) no mesmo dia. Após a medição dos pesos, os frascos
contendo as amostras foram colocados em estufa a 60ºC até peso constante a fim
de obter o solo seco para nova pesagem. O valor final da umidade do solo foi obtido
subtraindo-se o peso do solo úmido com o peso do solo seco.
Figura 3 – Medição do potencial hídrico foliar em câmara de pressão Scholander (A) e coleta de solo para cálculo da medida da umidade relativa do solo (B).
A coleta do material vegetal foi realizada após a medição do potencial hídrico
e umidade relativa do solo, cortando-se com tesoura, as folhas +1 e raízes nas
regiões próximas ao pecíolo e rebolo, respectivamente. O material coletado foi
A
B
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
37
acondicionado em tubos do tipo Falcon de 50mL (Fisherdrand) e imediatamente
imersos em nitrogênio líquido, sendo posteriormente armazenado em freezer -80°C
(Figura 4). Para cada variedade e tratamento hídrico, foram separadas três réplicas
biológicas (plantas do mesmo vaso), tomando-se como critério a menor variação do
valor do potencial hídrico foliar entre elas. Estas réplicas foram posteriormente
utilizadas para as análises de expressão gênica.
Figura 4 – Esquema ilustrativo do procedimento de coleta de folha e raiz de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) para as análises moleculares. A e B – corte de folha e raiz, respectivamente; C e D – acondicionamento em tubos Falcon; E – conservação do material vegetal em nitrogênio líquido.
4.4. Extração de RNA e síntese de cDNA
As amostras de folha e raiz coletadas a partir das duas variedades foram
devidamente identificadas em códigos e esquematizadas conforme as Figuras 5 e 6
de modo que estes códigos serão utilizados a partir deste ponto.
A
C
B
D
E
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
38
Figura 5 – Esquema ilustrativo para a identificação das amostras de folha.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
39
Figura 6 – Esquema ilustrativo para a identificação das amostras de raiz.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
40
Para a extração do RNA total, o material vegetal foi previamente macerado
em nitrogênio líquido a fim de romper de modo mecânico a estrutura da parede
celular, bem como, minimizar a degradação do RNA. O material macerado de folha e
raiz foi distribuído em quantidades de 100 mg em tubos do tipo eppendorf de volume
igual a 1,5 mL. Em cada tubo foi adicionado o reagente comercial TRIzol® RNA
Isolation (Invitrogen) observando-se as orientações do fabricante. Ao final do
procedimento de extração, o volume final de RNA total obtido foi de 20 µL. Testes
preliminares com raiz utilizando-se 100 mg, 200 mg e 400 mg de material vegetal
macerado revelaram baixos níveis de concentração de RNA fazendo com que a
quantidade de 600 mg da planta fosse utilizada para os experimentos do órgão em
questão.
A quantificação das amostras foi realizada a fim de que em cada reação de
análise de expressão houvesse a mesma quantidade inicial de cDNA. Este
procedimento foi feito no equipamento NanoVueTM Plus (GE Life Sciences), em
colaboração com o Laboratório de Terapia Experimental, Departamento de Genética,
UFPE, utilizando-se 2 µL sendo calculada de acordo com a fórmula abaixo:
Onde:
A260 = absorbância da luz ultravioleta (UV) no comprimento de onda de 260
nm. Indica o nível de concentração de ácidos nucléicos na amostra.
A320 = absorbância da UV no comprimento de onda de 320 nm. É a
compensação dos efeitos de absorbância causada pela turbidez, partículas
estranhas e soluções tampão.
A qualidade do RNA total extraído (grau de pureza) foi analisada no mesmo
aparelho citado anteriormente, utilizando-se a mesma amostra, conforme a equação:
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
41
Onde:
A280 = absorbância da UV no comprimento de onda de 280 nm. Reflete o
nível de concentração de proteínas.
A260* e A280* são as absorbâncias compensadas da luz ultravioleta nos
comprimentos de onda de 260 nm e 280 nm, respectivamente.
Valores obtidos a partir da razão A260*/A280* próximos de 1,8 indicaram os
índices de pureza do RNA total. Para avaliar a integridade do RNA, uma nova
alíquota de 2 µL de cada amostra, foi submetida a eletroforese em gel de agarose
(1%). Com base na concentração de RNA obtida na etapa de quantificação foi
definida a concentração final a ser utilizada na síntese de cDNA para os órgãos de
folha e raiz. Esta por sua vez, foi fixada em 100 ng/µL (folha) e 200 ng/µL (raiz) em
10 µL de água deionizada ultrapura (água mili-Q) devidamente tratada com
dietilpirocarbonato (DEPC).
A síntese de cDNA foi realizada via transcrição reversa conforme o protocolo
do Kit First Strand cDNA Synthesis (Fermentas Life Sciences ). Devido à cauda
poli-A majoritariamente presente nos mRNAs transcritos de genes nucleares,
oligonucleotídeos poli-T18 foram utilizados. Para confirmar a síntese de cDNA,
alíquotas dessas amostras foram analisadas por PCR convencional (RT-PCR)
seguida de eletroforese em gel de agarose 1%, e quando necessário, por PCR em
tempo real (RT-qPCR). Para isso, foi utilizado um gene previamente selecionado a
partir das bibliotecas SAGE.
4.5. Eficiência da amplificação e RT-qPCR
A eficiência dos primers para amplificação foi determinada por meio de três
diluições seriadas (2:10, 2:100 e 2:1000) de cDNA. A curva padrão gerada por essa
análise forneceu o valor relacionado à eficiência da amplificação e o coeficiente de
correlação de Pearson (R2).
As reações de RT-qPCR foram realizadas no equipamento Rotor-GeneTM
6000 (Corbett Life Science) sendo cada amostra de cDNA analisada em triplicata.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
42
Para cada análise, um gene foi utilizado e 36 reações realizadas por vez, tanto para
folha quanto para raiz. Em cada uma das análises foram acrescentadas duas
amostras sem a presença de cDNA que serviram como controles negativos da
reação. Todas as análises foram realizadas seguindo o protocolo do Rotor-Gene
SYBR Green PCR Kit (Qiagen) com modificações: utilização da metade do volume
final/reação de 25 µL para 12,5 µL e o programa de amplificação de “Two step”
(ativação da enzima HotStarTaq DNA polymerase ocorrendo a 95ºC por 5 min,
seguidas de 35 a 40 ciclos de 95ºC por 5 s e anelamento e extensão a 60ºC ) para
“Three step” - ativação da enzima HotStarTaq DNA polymerase ocorrendo a 95ºC
por 5 min, seguidas de 38 ciclos de 95ºC por 15 s, temperatura de dissociação
(melting) ótima de cada par de primer por 15 s e 60ºC por 10 s. Este último
programa foi utilizado devido a variações existentes nas temperaturas de melting do
par de primer associado a cada um dos genes previamente selecionados. A partir
das reações de RT-qPCR foram gerados ciclos de quantificação (Cq) os quais foram
utilizados para as análises de expressão gênica.
4.6. Seleção do gene de referência, normalização e análise de RT-qPCR
A seleção do gene de referência foi feita utilizando-se o software geNorm
versão 3.5 (http://medgen.ugent.be/~jvdesomp/genorm/), assumindo-se valores de
estabilidade (M) abaixo de 1,5 como descrito por Maroufi et al., (2010). O critério de
escolha do gene de referência mais estável utilizado foi o que apresentou o menor
valor de M e menor coeficiente de variação. Para a normalização e análise dos
dados de PCR em tempo real foi utilizado o método 2-ΔCt (LIVAK e SCHMITTGEN,
2001), o qual é baseado na quantificação relativa da transcrição do gene alvo em
relação ao gene de referência na mesma amostra. Para identificar diferenças dos
níveis de expressão de cada gene entre os tratamentos (seca e irrigado) em cada
variedade, foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis admitindo-se como níveis de
significância valores de p≤0,05. Os testes foram realizados utilizando o programa
BioEstat5.0
(http://www.mamiraua.org.br/download/index.php?dirpath=./BioEstat%205%20Portug
ues&order=0).
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
43
5. RESULTADOS
5.1. Identificação e seleção de transcritos in silico
Da coleção de 46.536 tags únicas analisadas in silico a partir de bibliotecas
SAGE, 45% mostraram-se inibidas pela seca (ratio ≤ 0,5), 6,3% induzidas pela seca
(≥ 2,0) e 48,7% não apresentaram variação (0,5 < ratio < 2,0) de indução ou inibição
por seca (Figura 7).
Figura 7 - Número de tags identificados como sendo inibidos (ratio ≤ 0,5), sem variação (0,5 < ratio < 2,0) e induzidos (ratio ≥ 2,0) pela seca, a partir do banco de dados SAGE para cana-de-açúcar (Saccharum spp.) (CALSA Jr., 2006).
Diante do elevado número de sequências transcricionais identificadas,
foram selecionadas 21 tags associadas a genes de resposta à seca. Sua
distribuição dentro dos grupos bem como o ratio calculado estão sumarizadas na
Tabela 1.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
44
Tabela 1 – Agrupamento por categoria e anotação das tags/genes no banco de dados TIGR Gene Index de cana-de-açúcar selecionadas a partir de bibliotecas SAGE para a análise de expressão gênica via RT-qPCR
Consenso Símbolos Anotação presumível Categorias* Tags (SAGE) Ratio Classe / Ratio
TC122998 Dhyn_98 Deidrina 98 Conhecido CATGGACAAGATAC 0,26 Inibido
TC144449 Dhyn_49 Deidrina 49 Conhecido CATGGAGGACGAGA 0,28 Inibido
CA162094 ERD4 Proteína de resposta precoce a desidratação 4 Conhecidos CATGTATATTGAGT 2,29 Induzido
TC121509 SIP Proteína induzida por estresse Conhecidos CATGTTTGTGGCAC 2,83 Induzido
CA076923 Os700 Proteína Hipotética Os03g08077006 Desconhecidos CATGGAGTGCACGC 0,08 Inibido
CA086281 Unk_ptn Proteína desconhecida Desconhecidos CATGTGTTTCTAAA 0,04 Inibido
TC114816 Dgt_L Proteína similar à dirigente Desconhecidos CATGCATTAAGCTC 15,27 Induzido
TC143667 Dgt Proteína dirigente Desconhecidos CATGTACATATTCT 18,55 Induzido
TC135383 MARK Receptor kinase atípico ( MARK) Estresse oxidativo CATGTCACTGTACT 5,71 Induzido
TC134955 Pox Peroxidase Estresse oxidativo CATGTTTTTCATCG 5,71 Induzido
CA073039 RNApol Subunidade 14.5 kD RNA polimerase II Fator de transcrição CATGACAAAACAAT 0,12 Inibido
TC116495 Hd-Zip Proteína com homeodomínio zíper de leucina Fator de transcrição CATGAAAATGTATA 0,16 Inibido
TC130358 CHR4 Proteína de ligação ao DNA Fator de transcrição CATGGCTAACATAT 5,77 Induzido
TC130425 ATPase Ativador da HSP90/ATPase Fator de transcrição CATGGGGGTTTAAA 8,00 Induzido
TC136491 Hsp70 Proteína de choque térmico 70 kDa HSP CATGCGCAACACGA 0,16 Inibido
TC123494 eIF-3 Proteína de interação Sub. 6 eTIF-3 HSP CATGCGACTTAGTT 0,18 Inibido
TC80513 PPlase Peptidil-prolil isomerase 70 kDa HSP CATGGCTTTTGGGG 12,55 Induzido
TC98760 DnaK DnaK/chaperona molecular HSP70 HSP CATGGAAGAGGATG 5,91 Induzido
TC142330 HK. h740 Proteína hipotética 03g013740 Referência* CATGATGTATGTGT 1,00 Referência
TC57186 HK.rpl35_4 Proteína ribossômica 60S L35-4 Referência* CATGAGGAAGTATG 1,04 Referência
TC126281 HK.Tic32 Desidrogenase de cadeia curta Tic32 Referência* CATGGGTGCAATGT 1,00 Referência 3Categoria associada a anotação e ontologia SAGE
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
45
5.2. Desenho de iniciadores
Para cada gene selecionado foi desenhado um par de primer (forward e
reverse) (Tabela 2). Os resultados obtidos para estes primers via RT-PCR revelaram
amplificação de 18 dos 21 genes selecionados. Esses testes foram realizados
utilizando-se a mesma réplica de folha no tratamento irrigado para a variedade
sensível (FISe1). Os genes Os700, Dhyn_49 e Dgt_L não apresentaram
amplificação (Figura 8), apesar de ter sido realizado o mesmo teste mais de uma vez
e foram excluídos das análises de RT-qPCR.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
46
Tabela 2 – Pares de iniciadores (primers) desenhados pela seleção in silico a partir dos dados SAGE associados a genes de resposta à seca.
Símbolos Primer Forward (5´- 3´) Primer Reverse (5´- 3´) Produto (pb) Tm (ºC) F Tm (ºC) R
Dhyn_98 CGGATGGCAAGGAGAAGA CCAAAGCCTACACAAGCAAC 294 59,9 58,4
Dhyn_49 ACCAGGAGGAGGAGCACA CGGTCGGAAACAAGGAAA 225 59,3 59,6
ERD4 GATTCCGACCCATTGTATTT ACCTGTGCTCCTTGTTCTT 315 56,3 54,8
SIP GACCCGAACAACCAGGAA TAACAAAGCCAAGCACAAGG 333 59,5 59,0
Os700 ACCCTCTTCCCTATCCAC GACCTCGCCTTGAAACAG 286 53,7 56,8
Unk_ptn TGACATTGAAAACACAGG CTAAAACTTGCTTGATACGA 196 50,6 51,0
Dgt_L TCGCACTGGATGAGAAAGA TCCTCTGGCTTGGTTTGA 213 58,0 57,8
Dgt ACGCCAGACCAACCATAA TACTCGCAGAACTTGACAGA 157 57,4 54,6
MARK GGCAACATCAAATCCTCCA GCACCATCTCCTCCTCCA 349 59,4 59,7
Pox GTTCCCGTCGTTCCTCAA AGAAATCCTCATCCCACA 187 59,6 53,5
RNApol GTGAACCCAAAGATGTCC ACCCTTCTCAGTCCCTCCA 195 53,4 59,6
Hd-Zip GACCGACTATGACCACCTC ACCACCATCCTCTTCCTCT 295 55,3 56,0
CHR4 CGAGCAGAGTAAAGATTCCA CCTTCCCTATCAAACAACAA 258 55,7 55,2
ATPase GTGGTAGAGAACACGGAGAG AGAACTGGGAGCAAGGAA 263 54,8 55,8
Hsp70 CGAGGACAAGATGAAGGAG CAACCAACCACAGATAACAA 247 55,8 54,4
eIF-3 AGCAACACTAAGGTCAATCC ACAAAGGGCACAAACATAAC 325 54,4 55,2
PPlase CTTGTCACGATTCCTCCT ATTCCCTTCCTCTTTCTTCT 189 53,3 53,8
DnaK CAAGGGTGAGGAGAAGCA CTCTGTGAGTCGTTGAAGTAGG 144 57,3 56,7
HK. h740 TAATGCTCCTTGAGACGATG CACCTCTGTGACTGTTGCT 231 56,5 54,6
HK.rpl35_4 CTGAAGACGGAGAGGGAAAA GGCGAAGAGAAACTAACACCA 264 59,0 59,0
HK.Tic32 GTCAGAGGGGCACAGATT AAGGTTCGTGATAATGGAG 205 55,9 52,5
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
47
Figura 8 – Análise de eletroforese em gel de agarose 1% a partir de RT-PCR mostrando a amplificação dos genes para teste dos primers.
5.3. Material vegetal e tratamentos hídricos
Com base nos valores obtidos para o potencial hídrico foliar (Figura 9), em
cada uma das variedades foi possível observar que durante o tratamento seco estas
apresentaram potenciais hídricos menores que os apresentados durante o
tratamento irrigado. No primeiro foi observado valor médio de -1,53 e o no último o
valor de -0,73.
Figura 9 – Potencial hídrico foliar das duas variedades (RB92579 e RB72454) de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) sob os tratamentos irrigado e seco.
Para a umidade relativa do solo (Figura 10) foi observado acúmulo de água
no substrato em cada uma das variedades durante o tratamento irrigado acima de
3,5 g e valor abaixo de 1,0 g para o tratamento seco.
-0,85
-0,60
-1,55 -1,50-1,80
-1,60
-1,40
-1,20
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
RB92579 RB72454
Po
ten
cial
híd
rico
folia
r (M
pa)
Variedades
Potencial hídrico foliar
Irrigado
Seco
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48
Figura 10 – Umidade relativa do solo das duas variedades (RB92579 e RB72454) de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) sob os tratamentos irrigado e seco.
Observando as imagens das partes aéreas, raízes e solo, sinais visíveis de
estresse hídrico puderam ser visualizados: folhas secas, crescimento reduzido das
plantas, raízes longas e solo seco (Figura 11).
Figura 11 – Sinais visíveis em cana-de-açúcar (Saccharum spp.) submetidas aos tratamentos de irrigação (I) e seca (S). (A) Parte aérea; (B) solo e (C) sistema radicular.
A B
C
I S
I
I S
I
S
I
I
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
RB92579 RB72454Um
idad
e r
ela
tiva
do
so
lo (
g)
Variedades
Umidade relativa do solo
Irrigado
Seco
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
49
5.4. Extração de RNA e síntese de cDNA
De modo geral, a extração de RNA de folha para as variedades apresentou
maior concentração, qualidade e integridade quando comparada aquela de raiz
(Tabela 3 e Figuras 12 e 13). Foram registrados para a razão de absorbância de
260*/280*, em média, valores iguais a 1,88±0,02 (variação de 1,74 a 1,94) e
1,64±0,03 (1,47 a 1,87) para folha e raiz, respectivamente. Com a finalidade de
tentar otimizar as extrações de RNA de raiz foram realizados testes utilizando o
reagente LiCl conforme o protocolo sugerido por Chang et al. (1993) com
modificações, resultando em qualidade e integridade mais baixa do que a utilização
do reagente TRIzol (dados não mostrados).
Tabela 3 – Quantificação e qualidade do RNA extraído de amostras de folha e raiz de cana-de-açúcar (Saccharum spp.), sob seca ou irrigação nas variedades tolerante (RB92579) e sensível (RB72454).
Órgão vegetal Amostras Concentração (ng/µL) A260 A280 A320 260*/280*
Folha FIT1 746,00 21,39 12,72 2,74 1,87 Folha FIT2 555,60 14,82 8,16 0,93 1,92 Folha FIT3 293,20 8,23 4,88 0,90 1,84 Folha FST1 278,00 7,58 4,33 0,63 1,88 Folha FST2 630,40 16,61 9,99 1,85 1,94 Folha FST3 338,00 9,52 5,57 1,07 1,88 Folha FISe1 624,80 16,16 8,68 0,54 1,92 Folha FISe2 542,00 14,75 8,28 1,20 1,91 Folha FISe3 223,60 6,17 3,69 0,58 1,80 Folha FSSe1 289,60 8,13 5,05 0,89 1,74 Folha FSSe2 418,00 11,56 6,02 1,11 1,90 Folha FSSe3 726,00 20,76 11,98 2,61 1,94 Raiz RIT1 212,00 8,40 6,60 3,10 1,51 Raiz RIT2 248,80 18,42 15,79 12,20 1,73 Raiz RIT3 126,00 11,06 10,06 7,91 1,47 Raiz RST1 364,00 27,51 24,05 18,41 1,61 Raiz RST2 252,00 14,03 11,88 7,73 1,52 Raiz RST3 256,00 18,83 16,45 12,43 1,59 Raiz RISe1 427,60 27,60 22,63 16,91 1,87 Raiz RISe2 393,20 25,29 21,01 15,46 1,77 Raiz RISe3 180,00 10,79 8,92 6,29 1,71 Raiz RSSe1 994,00 63,90 54,54 39,06 1,61 Raiz RSSe2 486,00 34,28 29,70 22,12 1,60 Raiz RSSe3 545,00 36,16 30,80 22,54 1,65
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
50
Figura 12 – Integridade do RNA total extraído de folha das variedades RB92579 e RB72454 de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da análise por eletroforese em gel de agarose 1%.
Figura 13 – Integridade do RNA total extraído de raiz das variedades RB92579 e RB72454 de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da análise por eletroforese em gel de agarose 1%.
Testes realizados via RT-PCR utilizando-se o gene HK.rpl35_4, confirmaram
a síntese de cDNA para todas as amostras de folha (Figuras 14), e somente para
quatro amostras de raiz RIT1, RISe1, RISe2 e RISe3 (Figura 15). As amostras de
raiz que não foram visualizadas a amplificação foram submetidas a um novo teste,
porém, via RT-qPCR, mantendo-se as mesmas condições da técnica anterior, sendo
desta forma comprovada a síntese de cDNA nas oito amostras testadas (dados não
mostrados).
Figura 14 – Confirmação da síntese de cDNA em amostras de folha via RT-PCR utilizando o gene HK.rpl35_4.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
51
Figura 15 - Confirmação da síntese de cDNA em amostras de raiz via RT-PCR utilizando o gene HK.rpl35_4.
5.5. Eficiência da amplificação e RT-qPCR
Quando observadas as eficiências de amplificação, de modo geral, estas
foram consideradas aceitáveis uma vez que apresentaram valores de eficiência
próximos de 1,0 (100%) e R2 superior a 0,99 (Tabela 4 e Apêndice C).
Tabela 4 – Eficiências das reações e R2 (coeficiente de correlação de Pearson) correspondentes aos
genes utilizados via RT-qPCR
Genes cDNA Eficiência R2
Dhyn_98 FIT2 1,00 0,99669
ERD4 FIT2 0,96 0,99973
SIP FIT2 1,03 0,99252
Unk_ptn nd nd nd
Dgt FST2 1,00 0,99860
MARK nd nd nd
Pox FST2 1,00 0,99729
RNApol FIT2 0,93 0,99974
Hd-Zip FST2 1,06 0,99662
CHR4 FIT2 1,01 0,99300
ATPase FIT2 1,08 0,99996
Hsp70 FST2 1,00 0,99785
eIF-3 FST2 1,00 0,99340
PPlase FIT1 1,00 0,99993
DnaK nd nd nd
HK. h740 nd nd nd
HK.rpl35_4 FIT1 1,02 0,99898
HK.Tic32 FST2 1,01 0,99639 Nd = não determinada.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
52
Do total de 21 genes selecionados para análise de expressão via RT-qPCR,
18 foram avaliados em folha e 15 em raiz. Os valores médios de Cq obtidos variaram
de 17 a 33 ciclos para o primeiro, enquanto que, para o segundo, esta variação foi
de 24 a 35 ciclos (Tabela 5). O valor da fluorescência de detecção da amplificação
(fluorescência normalizada) no threshold resultou em 0,032 para folha e 0,02 para
raiz. É importante observar que as análises de PCR em tempo real em raiz para os
genes ERD4, SIP, Unk_ptn, Pox e Hsp70 mostraram que alguns deles não
apresentaram expressão em determinadas amostras de cDNA sendo considerados,
assim, como expressão nula (Tabela 5). É possível que amostras com RNA
degradado apresentem um impacto nos resultados de RT-qPCR por promover a
perda de detecção de transcritos raros.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
53
Tabela 5 – Valores médios ± desvio padrão de Cqs resultantes das análises de RT-qPCR em tempo real quantitativa em folha e raiz dos genes selecionados a partir do banco de dados SAGE.
Amost/Gene FIT FST FISe FSSe RIT RST RISe RSSe
Dhyn_98 23,72±0,25 20,62±0,67 22,16±0,47 17,87±0,55 27,13±4,18 29,2±1,92 24,62±2,92 29,75±1,99
ERD4 30,84±0,72 29,62±1,53 28,69±1,24 28,89±0,98 nula nula 29,57±0,8 nula
SIP 26,34±2,56 24,61±1,3 23,07±0,66 22,89±0,27 30,73±1,48 nula 29,87±1,34 nula
Unk_ptn 24,62±1,3 25,06±0,43 25,05±1,19 24,23±1,44 nula nula nula nula
Dgt 32,83±1,27 31,43±0,91 33,37±0,57 30,68±0,38 32,72±1,95 30,19±2,14 30,28±1,49 31,24±2,08
MARK 30,05±1,78 27,82±0,66 26±1,1 25,78±0,81 nd nd nd nd
Pox 24,86±2,11 22,38±1,14 22,9±2,06 21,85±0,36 nula nula 30,99±1,58 nula
RNApol 27,15±1,01 26,49±0,8 24,08±1,37 25,79±1,56 29,63±2,18 nd±nd 28,46±1,6 32,11±nd
Hd-Zip 22,14±0,98 21,43±1,2 21,11±0,42 19,98±0,17 27,52±1,61 29,85±0,56 27,82±1,79 29,27±0,31
CHR4 28,22±2,88 25,57±0,85 24,46±0,44 24,67±0,8 33,24±3,27 32,87±0,64 30,35±2,01 33,9±1,55
ATPase 29,02±2,68 26,9±1,43 24,35±1,56 24,27±0,67 nd nd nd nd
Hsp70 24,81±0,37 24,25±0,8 22,46±0,67 22,97±1,06 nula nula 27,14±1,49 nula
eIF-3 25,34±1,05 24,93±1,46 22,52±1,02 23,08±0,92 nd nd nd nd
Pplase 27,35±1,82 27,31±1,04 25,47±1,06 26,09±0,64 36,28±1,27 35,93±2,35 30,7±0,31 32,3±1,33
DnaK 29,72±1,03 29,43±1,69 27,25±0,76 26,96±0,28 32,71±0,99 32,66±0,34 30,39±0,66 31,68±0,98
HK. h740 31,23±2,85 33,46±2,53 29,32±1,3 29,78±2,22 34,89±3,63 34,12±nd 31,33±1,54 35,8±nd
HK.rpl35_4 24,49±1,66 25,15±0,85 23,72±0,88 23,71±0,61 30,04±3,02 32,69±1,92 28,08±1,29 32,16±1,24
HK.Tic32 21,05±1,44 21,17±1,08 20,62±0,9 20,76±1,09 32,69±0,4 32,89±0,52 26,8±1,58 31,01±nd Nula - Não houve expressão gênica; Nd - Expressão gênica não determinada; As amostras foram organizadas em códigos sendo F – folha; R – raiz; I – irrigado; S – seco; T – variedade tolerante à seca e Se – variedade sensível.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
54
Para verificar se houve a detecção de apenas um produto de PCR, as
amostras foram submetidas a realização da curva de melting ao final de cada reação
de PCR. Baseado nos resultados via RT-qPCR obtidos (Apêndices A e B) todos os
genes apresentaram alta especificidade dos produtos de amplificação, porém
presenças visíveis de dímeros de primers foram observadas nos genes Dgt, Pox e
DnaK. Apesar de terem sido observados dímeros nestes genes, estes em geral
apresentaram eficiência máxima da reação (Tabela 4).
5.6. Seleção do gene de referência, normalização e análise de RT-qPCR
Comparados os valores de M registrados para folha e raiz, foi possível
observar que uma maior variação foi encontrada para o primeiro (de 0,7 a 3,7) em
contraste com o segundo (1,4 a 1,6) (Figuras 16 e 17). Embora esta observação
tenha sido feita, o gene de referência utilizado para as análises de expressão em
folha (HK.rpl35_4) mostrou-se mais estável do que aquele utilizado em raiz
(HK.h740). O menor valor observado para o coeficiente de variação destes genes foi
igual a 4,58 e 7,88 para folha e raiz, respectivamente.
Figura 16 – Valores médios de estabilidade de expressão (M) dos genes selecionados como
possíveis genes de referência em folha para cana-de-açúcar (Saccharum spp.).
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
55
Figura 17 – Valores médios de estabilidade de expressão (M) dos genes selecionados como possíveis genes de referência em raiz para cana-de-açúcar (Saccharum spp.).
Após a normalização dos dados, a análise da expressão quantitativa relativa
revelou que 100% dos genes analisados (15) se expressaram em folha, enquanto
que, 92% (12) em raiz. Dos genes analisados nos dois órgãos, 66,6% deles
(Dhyn_98, ERD4, SIP, Dgt, MARK, Pox Hd-zip, Hsp70, PPlase e DnaK)
apresentaram expressão significativa (p≤0,05) de indução ou inibição por seca,
sendo representados em todas as categorias (conhecidos, desconhecidos, estresse
oxidativo, fator de transcrição e proteína de choque térmico).
Dos genes significativamente expressos em folha, seis (Dhyn_98, ERD4, Dgt,
MARK, Pox e PPlase) mostraram-se diferencial para a variedade tolerante
(RB92579) comparando-se os tratamentos de seca e irrigado, e dois genes
(Dhyn_98 e Dgt) foram diferentes para a variedade sensível (RB72454) (Figura 18).
Assim como no órgão foliar, nas mesmas condições descritas anteriormente, foi
possível também observar expressão significativamente diferencial de seis genes em
raiz. Apesar disso, nem todas as amostras e/ou tratamentos apresentaram
expressão. Dos seis genes expressos por seca em raiz, dois (ERD4 e Pox) se
expressaram apenas na variedade sensível sob o tratamento irrigado (RISe) (Figura
19). Nas condições experimentais deste trabalho, nove genes não se expressaram
significativamente em folha (Figura 20) e seis não se expressaram em raiz (Figura
21), contudo, o gene Unk_ptn não se expressou em nenhuma das amostras de raiz.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
56
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
0,100
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
ERD4CA162094
0,0000
0,0020
0,0040
0,0060
0,0080
0,0100
0,0120
0,0140
0,0160
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct)
Amostra
DgtTC143667
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a(2
-ΔCt )
Amostra
Dhyn_98 (TC122998)
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
PoxTC134955
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
PplaseTC80513
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
MARK TC135383
Figura 18 – Genes diferencialmente expressos por seca nas variedades tolerante e/ou sensível de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da expressão quantitativa relativa em folha via PCR em tempo real.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
57
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
ERD4CA162094
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
DgtTC143667
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
DnaKTC98760
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
PoxTC134955
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
800,0
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
Hd-zipTC136491
Figura 19 – Genes diferencialmente expressos por seca nas variedades tolerante e/ou sensível de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da expressão quantitativa relativa em raiz via PCR em tempo real.
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
SIPTC121509
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
58
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
Unk_ptnCA086281
0,00
0,50
1,00
1,50
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-
ΔCt )
Amostra
RNA polCA073039
0,000,501,001,502,002,503,00
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
SIPTC121509
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
ATPaseTC130425
0,000,200,400,600,801,001,20
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
CHR4TC130358
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
Hd-zipTC136491
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
eIF-3 TC123494
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
DnaKTC98760
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
FIT FST FISe FSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
Hsp70TC136491
Figura 20 – Genes que não se expressaram significativamente por seca nas variedades tolerante e/ou sensível de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da expressão quantitativa relativa em folha via PCR em tempo real.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
59
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
RNA polCA073039
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
CHR4TC130358
0,0
200,0
400,0
600,0
800,0
1000,0
1200,0
1400,0
1600,0
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
Dhyn_98TC122998
0,005,00
10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,00
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
Hsp70TC136491
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
RIT RST RISe RSSe
Qu
an
tifi
cação
rela
tiv
a (
2-Δ
Ct )
Amostra
PplaseTC80513
Figura 21 – Genes que não se expressaram significativamente por seca nas variedades tolerante e/ou sensível de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) a partir da expressão quantitativa relativa em raiz via PCR em tempo real.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
60
O cálculo da razão entre a expressão dos genes sob tratamento seco e
irrigado em folha variou entre 1,65 a 9,38 para a variedade tolerante e 10,35 a 15,37
para a variedade sensível (Tabela 6).
Tabela 6 – Razão de expressão entre os tratamentos seca/irrigado dos genes significativamente expressos por seca via RT-qPCR e SAGE.
PCR em tempo real
Folha Raiz
Colmo
Genes Tolerante Sensível
Tolerante Sensível
SAGE*
Dhyn_98
9,38 15,37
- -
-3,85
ERD4
3,44 -
- nd
2,29
SIP
- -
- nd
2,83
Dgt
3,58 10,35
- 22,82
18,55
MARK
7,82 -
- -
5,71
Pox
3,40 -
- nd
5,71
Hd-Zip
- -
-15.81 8,12
-6,25
Hsp70
- -
- -
-6,25
PPlase
1,65 -
- -
12,55
DnaK - - - 8,90 5,91 Nota: Valores positivos indicam quantas vezes mais os genes foram induzidos por seca, enquanto, negativos demonstram
inibição por seca; *Os valores dos genes inibidos por seca em SAGE foram transformados em valores negativos através do cálculo 1/ratio.
Observando-se os valores de expressão obtidos para folha, percebe-se que o
gene da Dhyn_98 apresentou maiores níveis de indução por seca em folha nas duas
variedades em relação aos outros genes, sendo contrário ao resultado obtido em
SAGE (inibido). O gene que apresentou menor nível de indução (PPlase),
correspondente à variedade tolerante, foi quase oito vezes menos expresso sob
seca do que aquele apresentado em SAGE. No entanto, o gene Dgt foi quase três
vezes mais expresso por seca na variedade sensível do que na tolerante e quase o
dobro menos expresso do que em SAGE. Os genes ERD4, MARK e Pox, expressos
por seca somente na variedade tolerante, apresentaram níveis de expressão muito
similares aos obtidos em SAGE não chegando a duas vezes de diferença (Tabela 6).
Quando comparadas as variedades em raiz, os seis genes significativamente
expressos (SIP, ERD4, Pox, Dgt, DnaK e Hd-zip) tiveram sua maioria (quatro)
observada na variedade sensível. Os genes SIP, ERD4 e Pox apresentaram inibição
nesta mesma cultivar, porém não foi possível avaliar a razão de expressão entre os
tratamentos, devido à expressão nula durante o período seco (Tabela 6). No gene
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
61
Hd-zip, foi observada padrão de expressão contrária entre as variedades, visto que
na tolerante foi inibida por seca e na sensível foi induzida. A inibição desse gene
também foi observada em SAGE, porém na variedade tolerante essa inibição foi
quase o triplo quando comparado em SAGE (Tabela 6).
Fazendo uma correlação dos padrões de expressão dos genes em folha e
SAGE, seis genes (Dgt, DnaK, ERD4, MARK, Pox e Pplase) apresentaram
expressões similares de indução por seca enquanto que em raiz, dois genes (Dgt e
DnaK) apresentaram padrões similares de indução e dois (Hd-zip e Pox) de inibição
por seca. Já analisando os padrões de expressão entre variedades em folha, dois
genes (Dhyn_98 e Dgt) apresentaram expressões similares de indução por seca
sendo que para raiz, não houve expressão similar entre as mesmas. O gene Dgt foi
o único apresentar padrão de expressão similar entre as variedades e em SAGE,
porém essa expressão foi observada somente em folha. Em função das análises dos
genes significativamente expressos por seca, Dhyn_98 e MARK foram considerados
como os mais associados com a tolerância à seca por apresentarem maiores níveis
de indução observados na variedade tolerante (RB92579).
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
62
6. DISCUSSÃO
A partir das análises das bibliotecas SAGE de genótipos de cana-de-açúcar
contrastantes para teor de sacarose no colmo (Calsa Jr., 2006), várias tags tiveram
sua anotação presumível diretamente associada a genes de resposta à seca
enquanto que outras não apresentaram similaridade com sequências gênicas
conhecidas (no hit).
Diante dos resultados obtidos para o potencial hídrico foliar, observa-se que
de fato, as plantas encontravam-se sob estresse hídrico. Isso foi visualizado no
momento em que valores maiores para o potencial foram encontrados durante o
tratamento irrigado. Comparando-se os valores registrados para a umidade relativa
do solo nas variedades, foi possível confirmar também a condição de estresse sob
seca já observada anteriormente a partir do potencial hídrico. Durante os
tratamentos hídricos, as plantas apresentaram sinais visíveis de estresse tanto na
parte aérea como no sistema radicular. Estudos realizados com seca revelaram que
em situações onde o déficit hídrico torna-se muito intenso ou prolongado, as plantas
podem ter suas células murchas e sofrer encolhimento podendo levar a limitações
mecânicas na membrana celular. A tensão causada na membrana é um dos efeitos
severos da seca implicados em fisiologia de plantas. Isto em particular influencia o
funcionamento dos íons e transportadores bem como as enzimas associadas a
membrana (MAHAJAN e TUTEJA, 2005). De fato, o sistema radicular profundo é
fundamental para os mecanismos de adaptação a seca, pois aumenta a habilidade
da planta em capturar água (SHAO et al., 2008).
A tolerância a seca é uma característica complexa e envolve a ativação de
uma ampla variedade de respostas na planta, que vai desde a expressão alterada
de genes e o metabolismo celular até mudanças na taxa de crescimento e
produtividade da planta (SHAO et al., 2008). Considerando os 15 e 12 genes
submetidos à validação via RT-qPCR em folha e raiz, respectivamente, foram
observadas correlações variáveis nas variedades aqui analisadas (RB92579 e
RB72454) quando comparados aos resultados obtidos via SAGE (CALSA JR, 2006).
Obviamente, eram esperadas essas variações, uma vez que as variedades, épocas,
desenho experimental e órgãos utilizados no estudo via SAGE foram diferentes
daqueles analisados no presente estudo. Apesar das diferenças, alguns resultados
semelhantes entre os dois estudos (RT-qPCR e SAGE) foram obtidos, sendo
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
63
observadas correlações similares entre o padrão de expressão de alguns genes,
principalmente em folha para a variedade tolerante e em raiz para a variedade
sensível. Além disso, a partir dos resultados obtidos via RT-qPCR foi esperado que
variedades com menor ou maior tolerância mostrassem diferenças nos níveis de
expressão que possivelmente estivessem correlacionados com a tolerância ao déficit
hídrico. Baseado nos eventos de adaptação das plantas ao estresse ambiental, os
genes diferencialmente expressos Dhyn_98, ERD4, SIP, Dgt, MARK e Pox
estiveram dentro da categoria dos genes responsivos por seca.
A deidrina considerada uma das proteínas mais estudadas que se acumulam
em resposta a vários estresses abióticos nas plantas superiores fazem parte do
grupo 2 das proteínas LEA. Em geral, três motifs (Y, K e S) estão associados a
essas proteínas, sendo o motif K (rico em lisina) considerado a “sequência de
assinatura” que define esta família de proteínas. Durante o estresse, as deidrinas
desempenham funções de proteção via diversos mecanismos diferentes tais como
aumento ou proteção da atividade enzimática sob condições de frio ou seca,
eliminação de radicais livres, ou como estabilizadores de membrana (SAAVEDRA et
al., 2006; BASSETT et al., 2009).
Níveis altos de indução do gene Dhyn_98 associados à seca foram
confirmados em folha para as duas variedades (RB92579 e RB72454) no presente
estudo. Como esse gene apresentou maior indução por seca na variedade sensível,
é possível que nesta o gene esteja sendo mais expresso devido à ocorrência de
maiores danos ocasionado pelo déficit hídrico. Além disso, é também demonstrado
que algumas vias de sinalização em resposta a esse estresse podem ser
conservadas tanto em espécies sensíveis quanto em espécies tolerantes. Quando
observada a expressão em SAGE, esse gene foi inibido por seca, tendo sido
contrário a outras pesquisas realizadas com colmo de cana-de-açucar, utilizando
tratamentos de estresse hídrico (PAPINI-TERZI et al., 2009; ISKANDAR et al.,
2011). No entanto, é provável também que esse gene codifique uma isorforma da
deidrina e que seja induzido especificamente no órgão foliar da cana-de-açúcar.
Embora haja forte associação do gene Dhyn_98 com uma maior tolerância ao
estresse abiótico (particularmente desidratação e frio), ainda faltam evidências
genéticas mostrando o papel direto da proteína codificada por ele na tolerância à
seca em plantas. Segundo Saavedra et. al. (2006), a dificuldade em saber a função
exata se dá devido às diferentes respostas originadas de um órgão específico ou
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
64
tipo de célula durante as condições de estresse e pelo fato da deidrina ser codificada
por múltiplos genes com possíveis funções sobrepostas.
Os genes ERD4, MARK, Pox e Pplase que apresentaram indução por seca
em folha somente na variedade tolerante, são considerados fortes candidatos a
atuar na tolerância à seca. O gene ERD4 é caracterizado por codificar uma proteína
integral de membrana do cloroplasto, porém a análise funcional correspondente ao
gene ainda é desconhecida. Em estudos realizados, esse gene apresentou o
envolvimento em mecanismos moleculares de resposta ao estresse hídrico e ao
estresse salino (HUANG et al., 2008; LIU et al., 2009). O gene Dgt, potencialmente
envolvido na lignificação e respostas de defesa (DAMAJ et al., 2010), apresentou o
maior nível de expressão em relação aos outros genes tanto em raiz como em colmo
(CALSA JR, 2006) sendo também observados dados similares em outro estudo
utilizando colmo (DAMAJ et al., 2010). Como houve maior indução desse gene na
variedade sensível, é provável também que o maior acúmulo desses transcritos no
genótipo sensível esteja diretamente relacionado a um maior efeito danoso
provocado pela seca visto que no genótipo tolerante, esse efeito pode ter sido
relativamente menor.
O gene Pox, representante de uma ampla família da Classe III das
peroxidades específicas de planta, apresentou nível de indução em folha, no
presente estudo, muito similar ao obtido em SAGE. Pesquisas têm evidenciado que
essas enzimas peroxidases têm participação em diversos processos fisiológicos, tais
como lignificação, suberização, catabolismo de auxinas, defesas contra infecção de
patógenos e tolerância à salinidade (HIRAGA et al., 2001). Já que a maioria dos
genes que são expressos sob estresse salino, são também expressos por seca,
existe uma grande possibilidade do gene Pox ter uma atuação na tolerância à seca,
uma vez que no atual estudo a expressão foi observada somente na variedade
tolerante. Além disso, quando esse é inibido em raiz, é possível que tenha uma ação
contrária ao que foi observada em folha, isto é, atue na diminuição da tolerância à
seca.
O gene MARK codifica um tipo de receptor kinase específico de planta (RLK).
Vários estudos têm sugerido que os mecanismos de ativação das RLKs são
similares aos observados em animais (RTKs), porém são independentes de
fosforilação. Eles possuem um domínio extracelular e o outro no citoplasma
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
65
contendo o domínio kinase conservado. Esses RLK interagem com as MAPK
desencadeando sua cascata (CASTELLS e CASACUBERTA, 2007). As MAPK por
sua vez, ativam os fatores de transcrição que são responsáveis por regular os genes
de resposta a seca (BARTELS e SUNKAR, 2005).
No cenário dos genes associados à regulação de genes de resposta ao
estresse hídrico, Hd-zip, Hsp70, Pplase e DnaK foram incluídos nessa categoria e
apresentaram expressão diferencial por seca. Os genes Hd-zip representados como
fatores de transcrição, são únicos de planta. Proteínas oriundas desses genes são
caracterizadas por apresentar dois domínios funcionais, um que interage na
molécula de DNA e o outro que interage com outras proteínas. Apesar das suas
sequências apresentarem similaridades entre si dentro desse grupo de proteínas,
estas participam de variados processos durante o crescimento e desenvolvimento da
planta tais como respostas relacionadas a estresse abiótico, ABA, luz azul,
desestiolamento e embriogênese (ELHITI e STASOLLA, 2009). Nas análises de RT-
qPCR, esse gene foi inibido por seca na variedade tolerante (resultados similares em
SAGE) e induzido na variedade sensível, sendo expresso somente em raiz. Por ser
um fator de transcrição, é possível que sua indução esteja associada a ativação de
genes que tenham ações contrárias para a tolerância à seca. Este resultado
levantou também a hipótese sobre a existência de genes codificando isoformas de
proteínas pertencentes à mesma família de modo que quando induzidos, sejam
responsáveis por promover a tolerância à seca na cana-de-açúcar. Em estudo
realizado com alguns grupos dessa família, foram observadas induções por ABA e
por estresse hídrico (SON et al., 2010).
As proteínas Hsp70, originalmente identificada como a mais abundante
produzida por estresse em resposta a temperaturas elevadas são conhecidas
também serem induzidas sob várias formas de estresse celular e essencial para o
crescimento normal da planta. Elas funcionam como chaperonas moleculares
protegendo as proteínas contra a agregação durante os seus estados inativos.
Entretanto, no atual estudo, esse gene não foi diferencialmente expresso por seca
em nenhuma das variedades, sugerindo a codificação de uma isoforma que não está
associada ao déficit hídrico. O gene DnaK, representante da mesma família das
Hsp70, porém inserido na subfamília de DnaK, ao contrário da Hsp70, foi induzido
por seca mas somente na variedade sensível e em raiz. Este gene codifica uma
proteína com atividades protetoras conferindo tolerância ao calor, à escassez de
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
66
glicose e à seca (SUNG e GUY, 2003). É interessante observar que não só o gene
DnaK, mas também outros genes descritos anteriormente (Dgt, Dhyn_98), foram
mais expressos na variedade sensível possivelmente devido aos maiores danos
provocados pelo déficit hídrico. No entanto, a sensibilidade ao estresse observada
em cana-de-açúcar pode ser decorrente da ausência de genes que codificam
proteínas-chave envolvidas tanto na transdução de sinais moleculares, quanto na
ação direta de algumas proteínas na proteção contra injúrias especificamente
causadas por esse tipo de estresse.
O gene Pplase, apesar de ser categorizado como Hsp a partir da anotação
SAGE, este está dentro do grupo das imunofilinas. Esse gene codifica uma enzima
que realiza a isomeração na cadeia polipeptídica de outras proteínas ao redor dos
resíduos de prolina. O papel fisiológico dessa proteína ainda é desconhecido
(EDVARDSSON et al., 2007), porém no atual contexto, esse gene esteve associado
à tolerância a seca visto que foi diferencialmente expresso (induzido) somente na
variedade tolerante. Em função das análises dos genes de resposta à seca, foi
proposto um modelo esquemático adaptado de Wang et. al. (2003) para tentar
explicar os caminhos funcionais dos genes que estiveram mais associados com a
tolerância à seca em folha para as variedades tolerante e sensível (Figura 22). A
expressão induzida do gene MARK durante o período de déficit hídrico no genótipo
tolerante pode ter influenciado a ativação da MAPK, e consequentemente,
desencadeada a cascata MAPK bem como a ativação dos fatores de transcrição
importantes para a ativação dos genes de tolerância seca (Dhyn_98, Dgt, Pplase,
ERD4 e Pox). Futuras análises experimentais fornecerão informações adicionais
sobre as funções desses genes e sua real importância para o processo de tolerância
da cana-de-açúcar à seca.
A análise de genes de resposta à seca tem sido conduzida em diversas
culturas e vários genes e proteínas envolvidos com a resposta à seca, bem como
genes sem nenhuma homologia descrita, já foram identificados. Por exemplo, em
estudos realizados com variedades de arroz contrastantes à seca foi possível
observar genes expressos exclusivamente na variedade tolerante sendo em geral,
relacionados com a manutenção do turgor e integridade celular; em contrapartida, na
variedade sensível foi observada que a expressão de genes envolvidos na proteção
contra possíveis danos à célula, não foi significativa (RABELLO et al., 2008).
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67
Figura 22 - Modelo molecular e fisiológico representativo (adaptado de WANG et al., 2003) dos mecanismos de resposta ao déficit hídrico para os genes que apresentaram diferenças significativas na expressão em folha. O tamanho das setas é proporcional ao nível de indução do gene por seca na variedade tolerante (verde) e sensível (vermelha). Os números sobrescritos indicam as participações desses genes nos tipos de mecanismos de resposta à seca.
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Segundo Sinclair (2004) existem duas abordagens para aumentar o potencial
de rendimento das culturas: (i) aumentar a capacidade global da fisiologia de plantas
para produzir o rendimento da colheita, e (ii) atenuar as consequências negativas de
estresses abióticos nas plantas, de modo a aumentar o rendimento.
O perfil de expressão diferencial em resposta aos tratamentos seco e irrigado
indica que a cana-de-açúcar possui distintos mecanismos de sinalização em
resposta ao estresse por seca entre as variedades e entre os órgãos analisados.
Além disso, foi possível identificar induções, bem como uma inibição, específicos da
variedade tolerante e ainda validar a correlação da expressão de alguns dados
SAGE via RT-qPCR. De fato, este trabalho abre novas possibilidades para a
elucidação dos mecanismos envolvidos na resposta ao estresse por seca, não
somente de cana-de-açúcar, mas também de outras espécies vegetais. A partir das
análises de expressão, os genes MARK e Dhyn_98 foram escolhidos como os mais
promissores em promover tolerância a seca em cana-de-açúcar. Assim, espera-se,
que possívelmente esses genes possam ser sequenciados e utilizados nos
programas de melhoramento das principais culturas de planta.
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7. CONCLUSÕES
A correlação da expressão em SAGE dos genes Dgt, DnaK, ERD4, MARK,
Pox, Pplase, Hd-zip e Hsp70 foi validada via RT-PCR nos genótipos
RB92579 e/ou RB72454 de cana-de-açúcar (Saccharum spp.);
Espera-se que os genes Dhyn_98 e MARK possam ser úteis como
marcadores funcionais para seleção de genótipos de cana-de-açúcar mais
tolerantes à deficiência hídrica, bem como também úteis nos programas de
melhoramento desta cultura e em estratégias de transformação genética;
Segundo o modelo molecular e fisiológico de resposta ao déficit hídrico
sugerido para os genes diferencialmente expressos por seca em folha, o gene
MARK pode ter um papel importante para a ativação de vários genes de
tolerância à seca na variedade RB92579.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
70
8. REFERÊNCIAS
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9. APÊNDICES
Curva de quantificação (NF) Curva de melting
Dhyn_98
ERD4
SIP
Unk_ptn
Dgt
Apêndice A - Gráficos de amplificação e curva de melting dos genes analisados via RT-qPCR em órgão foliar.
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Curva de quantificação (NF) Curva de melting
MARK
Pox
RNApol
Hd-Zip
CHR4
Apêndice A (cont.) - Gráficos de amplificação e curva de melting dos genes analisados via RT-qPCR em órgão foliar.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
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Curva de quantificação (NF) Curva de melting
ATPase
Hsp70
eIF-3
Pplase
DnaK
Apêndice A (cont.) - Gráficos de amplificação e curva de melting dos genes analisados via RT-qPCR em órgão foliar.
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82
Curva de quantificação (NF) Curva de melting
HK. h740
HK.rpl35-4
HK.Tic32
Apêndice A (cont.) - Gráficos de amplificação e curva de melting dos genes analisados via RT-qPCR em órgão foliar.
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83
Curva de quantificação (NF) Curva de melting
Dhyn_98
ERD4
SIP
Unk_ptn
Dgt
Apêndice B - Gráficos de amplificação e curva de melting dos genes analisados via RT-qPCR em órgão radicular.
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Curva de quantificação (NF) Curva de melting
Pox
RNApol
Hd-Zip
CHR4
Hsp70
Apêndice B (cont.) - Gráficos de amplificação e curva de melting dos genes analisados via RT-qPCR em raízes.
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85
Curva de quantificação (NF) Curva de melting
Pplase
DnaK
HK. h740
HK.rpl35-4
HK.Tic32
Apêndice B (cont.) - Gráficos de amplificação e curva de melting dos genes analisados via RT-qPCR em órgão radicular
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Eficiência da Reação
ERD4 CHR4
HK.rpl35_4 Dhyn_98
Pox Hsp70
Hd-Zip PPlase
Apêndice C - Eficiências de amplificação e R
2 correspondentes para os pares de primers utilizados
em RT-qPCR.
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87
Eficiência da reação
Dgt ATPase
RNApol SIP eIF-3 HK.Tic32
Apêndice C (cont.) - Eficiências de amplificação e R2 correspondentes para os pares de primers
utilizados em RT-qPCR
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10. MEMORIAL
Graduado em Ciências Biológicas/Bacharelado pela Universidade Federal de
Pernambuco em 2008, é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Genética
na mesma Universidade Genética Molecular Vegetal, desenvolvendo o projeto
EXPRESSÃO GÊNICA DA RESPOSTA À SECA EM CANA-DE-AÇÚCAR
(Saccharum spp.). As experiências durante o Mestrado contribuíram para aprimorar
os conhecimentos teórico-práticos dentro das pesquisas científicas. Além disso, os
contatos com excelentes professores, participações em congressos e cursos
realizados, resultaram em incentivos de aprofundar mais e mais os conhecimentos à
luz da ciência.
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
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11. ANEXOS
11.1. Atividades complementares
No que concerne à aquisição de créditos requerida pelo Programa de Pós-
Graduação em Genética da UFPE, o número mínimo exigido (24 créditos) foi obtido
com êxito. Com a finalidade de aprendizagem e atualização na área de
desenvolvimento do projeto, foram realizadas no ano de 2010, participações em
diversos eventos: Potencial Biotecnológico da Caatinga (Recife, 26 e 27 de abril), II
Seminário Biodiesel (Recife, 3 e 4 de maio), Reunião do Consórcio GenoSoja
(Recife, 27 de maio), V Reunião Regional FeSBE 2010 (Aracaju, 27 a 29 de maio) e
na 3ª Reunião Nordestina de Botânica (Aracaju, 30 de junho a 3de julho). Foi
realizada também a participação no 56º Congresso Brasileiro de Genética no qual
aconteceu de 14 a 17 de setembro, na cidade do Guarujá-SP.
Ao total, quatro trabalhos (resumos) científicos foram apresentados como
autor principal: (1) “Identificação e caracterização in silico de sequências transcritas
de feijão-caupi (Vigna unguiculata) associadas a inibidores de protease/proteinase
(IPP)” na V Reunião Regional FeSBE 2010, onde foi recebido o prêmio (certificado)
de Menção Honrosa por melhor apresentação; (2) “Avaliação da brotação de quatro
variedades de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) em terra vegetal composta” e (3)
“Análise comparativa da brotação de quatro variedades de cana-de-açúcar
cultivadas em substrato arenoso”, ambos apresentados na 3ª Reunião Nordestina de
Botânica e (4) “Análise transcricional in silico de cana-de-açúcar para a identificação
de genes de resposta à seca” no 56º Congresso Brasileiro de Genética. Além
destes, a participação como co-autor foi desenvolvida no resumo “Gas exchanges in
sugarcane genotypes under salinity stress’ o qual foi apresentado durante o 2nd Pan
American Congress on Plants and Bioenergy.
Durante o período de realização dos eventos acima, três participações em
cursos foram feitas: (1) “Como Redigir um Artigo Científico, um Projeto de Pesquisa
e Aspectos de Autoria (V Reunião Regional FeSBE 2010), (2) “Biotecnologia” (3ª
Reunião Nordestina de Botânica) e (3) “MicroRNAs e câncer: atualizações” (56º
Congresso Brasileiro de Genética).
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
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11.2. Resumos publicados em anais de congressos durante o desenvolvimento
do mestrado
1. Marcelo Oliva Sanatana ; Cinthya Mirella Pacheco ; Luciana Oliveira Oliva ; Maria
Clara Pestana-Calsa ; Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira ; Tercilio Calsa
Junior . Avaliação da brotação de quatro variedades de cana-de-açúcar em terra
vegetal composta. In: XXXIII Reunião Nordestina de Botânica, 2010, Aracaju.
2. Marcelo Oliva Sanatana ; Cinthya Mirella Pacheco ; David Barbosa Medeiros ;
Luciana Oliveira Oliva ; Maria Clara Pestana-Calsa ; Rejane Jurema Mansur
Custódio Nogueira ; Tercilio Calsa Junior . Análise comparativa da brotação de
quatro variedades de cana-de-açúcar cultivadas em substrato arenoso. In: XXXIII
Reunião Nordestina de Botânica, 2010.
3. SANTANA, M. O. ; RÔXO, J. S. P. ; PESTANA-CALSA, M.C. ; CALSA JR, T. .
Identificação e caracterização in silico de sequências transcritas de feijão-caupi
(Vigna unguiculata) associadas a inibidores de protease/proteinase (IPP).. In: V
Reunião Regional FeSBE 2010, 2010, Aracaju, SE..
4. SANTANA, M. O. ; PESTANA-CALSA, M.C. ; CASTRO, RC ; MANSO, TC ;
FIGUEIRA, A ; CALSA JR, T. . Análise transcricional in silico de cana-de-açúcar
para identificação de genes de resposta à seca. In: 56º Congresso Brasileiro de
Genética, 2010, Guarujá, SP.
5. PACHECO, C.M.; PESTANA-CALSA, M.C.; SANTOS, C.A.; SILVA, N.V.;
SANTANA, M.O.; ALMEIDA, R.R.; MÉLO, T. T. A. T.; NOGUEIRA, R. J. M. C.;
CALSA JR., T. Gás exchanges in sugarcane genotypes under salinity stress. In:
2nd Pan Americam Congresso on Plants and Bioenergy, 2010, São Paulo, SP.
6. Renata Cruz de Castro ; Maria Clara Pestana-Calsa ; Taciana Conceição Manso ;
Marcelo Oliva Sanatana ; Flávia do Couto Grandelle ; Lucas Brandão ; Sergio
Crovella ; Tercilio Calsa Junior . Expressão do gene de defensina em cana-de-
açúcar sob estresse hídrico.. In: XII Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal,
SANTANA, M.O Expressão gênica da resposta à seca...
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2009, Fortaleza.