UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE€¦ · SANDRA DA SILVA GUIMARÃES RECIFE-PE...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE€¦ · SANDRA DA SILVA GUIMARÃES RECIFE-PE...
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação de processos
de mistura em escala magistral: caso clonidina.
SANDRA DA SILVA GUIMARÃES
RECIFE-PE
FEVEREIRO/2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação de processos
de mistura em escala magistral: caso clonidina.
Dissertação aprovada pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas na linha de pesquisa: Produção e Controle de Qualidade deMedicamentos.
Mestre: SANDRA DA SILVA GUIMARÃES
Orientador: Prof. Dr. DAVI PEREIRA DE SANTANA
Co - orientador: Profa. Dra. MIRACY MUNIZ DE ALBUQUERQUE
RECIFE/2007
Guimarães, Sandra da Silva
Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação de processos de mistura em escala magistral: caso clonidina / Sandra da Silva Guimarães. – Recife: O Autor, 2007.
xiii, 65 folhas : il., tab., fig., quadros.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2007.
Inclui bibliografia e anexos.
1. Medicamentos - Farmácia magistral. 2. Medicamentos – Controle de qualidade. I. Título.
615.07 CDU (2.ed.) UFPE 615.19 CDD (22.ed.) C CCS2007-84
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Reitor
Amaro Henrique Pessoa Lins
Vice – Reitor
Gilson Edmar Gonçalves e Silva
Pró-Reitor para assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação
Celso Pinto de Melo
Diretor de Ciências da Saúde – CCS
José Thadeu Pinheiro
Vice – Diretor do Centro de Ciências da Saúde - CCS
Márcio Antônio de Andrade Coelho Gueiros
Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas
Jane Sheila Higino
Vice – Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas
Samuel Daniel de Souza Filho
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
Pedro José Rolim Neto
Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
Beate Saegesser Santos
Dedico este trabalho a todos que amo, em especial a meus pais Maria Neuza e Laniel Guimarães, a minha irmã Suelane Guimarães e a André Luis M. Carvalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por iluminar meus caminhos, permitindo que os sonhos sejam sempre possíveis. Ao meu orientador, Prof. Dr. Davi Pereira de Santana, pelo seu incentivo e sua presença em toda a minha formação acadêmica. À Profª. Drª. Miracy Muniz pela oportunidade, confiança, disponibilidade e apoio, que foram de fundamental importância para o desenvolvimento deste trabalho. Aos Professores do programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFPE em especial à Profª. Drª.Fernanda Pimentel pela imensa contribuição no tratamento estatístico dos dados. A equipe do Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos (NCQMC) da UFPE pela receptividade, discernimento e ajuda ao longo deste trabalho. Em especial à Ruth Strattmann, Severino Grangeiro, Rosário, Rosana e Rossana. A André Luis Carvalho pela ajuda, carinho, incentivo e alegria compartilhada durante esta jornada. Sem sua contribuição este trabalho não teria a mesma graça. Esta é mais uma conquista nossa! MUITO OBRIGADA!!! Aos meus amigos: Cínthia Meireles; Marigilson Pontes; Silvia Renata, Youssef Haum, Ivana Gláucia e Maria Patrícia Farias. À minha amiga Rebeka Caribé pelo exemplo de coragem e determinação. Aos amigos que apesar da distância e dos contratempos da vida torcem sempre por mim:: Andréa, Romênia Josiane, Rivaldo, Mário, Elizângela, Gisele, Daniel, Paula Soares, Greta, Ana Flávia, Antonilêne. Aos colegas de trabalho: Jailton, Renata, Wiliam, Charles, Luis Carlos, Naudeci e Tatiana pela disponibilidade e ajuda dispensada. A todos que fazem parte da Farmácia Escola Carlos Drumonnd de Andrade. Aos meus pais, em especial a minha mãe por sempre acreditar em mim, nos meus sonhos e que com dedicação tudo é possível. Á minha avó Maria Dolores e ao meu avô Severino Lopes (in memorian), por todo o amor e os ensinamentos durante a minha infância. Á minha irmã Su Guimarães por ter me trazido felicidades ao me retirar da solidão de ser filha única durante dez
anos. A pequena Gabriela Carvalho que me proporciona muitas alegrias com sua inteligência e vivacidade. Ás minhas tias Miriam Melo, Maria Dolores Rodrigues e Leide Guimarães pela torcida e aos demais familiares por tudo.
"NÃO SE CONTENTE em trilhar um caminho estabelecido. Ao contrário, vá para onde não há caminho algum e deixe seu rastro”. (Muriel Strode)
SUMÁRIO
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS............................................................... I LISTA DE FIGURAS..................................................................................................... II LISTA DE TABELAS..................................................................................................... III RESUMO......................................................................................................................... IV ABSTRACT..................................................................................................................... V 1.0 - Introdução............................................................................................................... 01 2.0 – Revisão da Literatura.............................................................................................. 05
2.1 – Farmácia Magistral.................................................................................. 06 2.2 – Processos de mistura em escala magistral............................................... 07 2.3 – Cloridrato de Clonidina........................................................................... 08 2.4 – Métodos de quantificação de cloridrato de clonidina.............................. 09 2.5 – Substância de Baixo Índice Terapêutico.................................................. 11 2.6 – Acidentes associados ao uso de cloridrato de clonidina.......................... 12
2.7 –Legislação – Histórico.............................................................................. 13 2.8– Planejamento Fatorial............................................................................... 15
2.9 –Validação de métodos analíticos............................................................... 17 2.9.1– Parâmetros analíticos de validação................................................. 17
2.10 – Controle de qualidade............................................................................ 20
2.10.1 – Controle de Qualidade dos medicamentos de Baixo Índice Terapêutico manipulados em Farmácia magistral.......................
20
2.10.2 Monitoramento do processo magistral............................................ 21 2.10.3. Testes de Controle de qualidade nas cápsulas exigidos pela legislação vigente ..........................................................................
21
3.0 - Objetivos ................................................................................................................. 23 4.0 – Artigo I – Determinação espectrofotométrica de cloridrato de clonidina através da formação de complexo íon-par........................................................
25
5.0 – Artigo II – Avaliação dos processos de mistura de pós em Farmácias magistrais utilizando planejamento fatorial: caso clonidina................
39
6.0 – Conclusões finais...................................................................................................... 57 7.0 – Referências Bibliográficas........................................................................................ 60 8.0 – Anexos...................................................................................................................... 64
I
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CV: coeficiente de variação
DL50: dose letal 50%
DE50: dose efetiva 50%
DL10: dose letal 10%
DE90: dose efetiva 90%
DG: diluição geométrica
DP: desvio padrão
DPR: desvio padrão relativo
g: grama
mg: miligrama
mL: mililitro
µg: micrograma
nm: nanômetro
IC: inclinação da curva de calibração
INCQS: Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
IT: índice Terapûtico
LD: limite de detecção
LQ: limite de quantificação
λ: comprimento de onda
p/v: relação peso/volume
pH: potencial hidrogeniônico
II
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO DA LITERATURA
FIGURA 1 – Estrutura química do cloridrato de clonidina. 08
ARTIGO I
FIGURA 1 - Estrutura química do cloridrato de clonidina 28
FIGURA 2 - Espectros de absorção do complexo íon-par (clonidina-corante) e seu respectivo branco.
31
FIGURA 3 - Efeito do pH na absorvância do complexo íon-par. 32
FIGURE 4 - Influência do volume do corante verde de bromocresol na absorvância do complexo com o cloridrato de clonidina.
33
ARTIGO II
FIGURA 1 – Teores de cloridrato de clonidina nos diferentes tratamentos, obtidos em diferentes dias.
48
FIGURA 2 – Diagrama para interpretação dos efeitos do processo de mistura e da concentração, no planejamento fatorial 2³.
50
FIGURA 3 – Gráfico com a variação individual da uniformidade de conteúdo.
52
FIGURA 4 – Gráfico normal para avaliação do planejamento fatorial (2³) na uniformidade de conteúdo.
53
III
LISTA DE TABELAS
REVISÃO DA LITERATURA
TABELA 1 – Matriz de coeficientes de contraste para um planejamento fatorial 23.
16
ARTIGO I
TABELA 1 – Dados analíticos do método proposto para quantificação de cloridrato de clonidina.
35
TABELA 2 – Avaliação da exatidão e precisão do método proposto. 35
TABELA 3 – Análise de cápsulas de cloridrato de clonidina obtidas em farmácia magistral.
36
ARTIGO II
TABELA 1 – Delineamento fatorial utilizando 3 fatores e 2 níveis para cápsulas de cloridrato de clonidina.
43
TABELA 2 – Descrição do planejamento fatorial 2³ utilizado para preparação das cápsulas de cloridrato de clonidina.
44
TABELA 3 – Peso médio das formulações obtidas em diferentes dias. 47
TABELA 4 – Coeficientes de contraste e resultados do planejamento fatorial 23. 49
TABELA 5 – Efeitos calculados para o planejamento fatorial 23 e seus erros padrão.
50
TABELA 6 – Resultados de desvio padrão do teste uniformidade de conteúdo e médias dos teores seguida do desenho experimental.
53
IV
RESUMO
O cloridrato de clonidina é um agonista alfa 2-adrenérgico que reduz a pressão sanguínea e retarda a estimulação cardíaca simpaticomimética. Este fármaco é uma substância de baixo índice terapêutico que possui alta potência, sendo utilizado em baixas concentrações. Pode ser preparado em Farmácias Magistrais, seguindo - se rigorosos critérios de Boas Práticas de Manipulação estipulados pela ANVISA. Esse controle surgiu em função de diversos acidentes possivelmente associados ao uso de cloridrato de clonidina manipulado. Existem poucos métodos de quantificação deste fármaco reportados na literatura além de que o mesmo possui uma fraca absorção na região do ultravioleta. O objetivo deste trabalho foi desenvolver e validar um método para quantificação de cloridrato de clonidina por espectrofotometria no visível, utilizando uma formação de complexo íon-par. Além disso, avaliar a influência do processo de mistura de pós, utilizados em escala magistral e da proporção fármaco – excipiente no teor das cápsulas de cloridrato de clonidina. Inicialmente, foi desenvolvido e validado um método espectrofotométrico, através da complexação do fármaco com o verde de bromocresol, para a determinação do mesmo em matéria-prima e cápsulas na região do visível (400 – 700nm). Avaliaram-se as condições ideais (efeito do pH da solução tampão, concentração do corante e o solvente utilizado) para que ocorresse uma rápida formação quantitativa do complexo íon – par com máxima estabilidade e sensibilidade. O complexo obtido possui absorvância máxima no comprimento de onda de 412nm. As melhores condições encontradas foram as seguintes: pH da fase aquosa (pH= 3), volume da solução corante a 0,02% (07 mL) e o solvente orgânico escolhido foi o clorofórmio por seu baixo custo e excelente seletividade. O complexo se mostrou estável por até 96 horas na ausência da luz e a temperatura ambiente. O método foi estatisticamente validado, o coeficiente de correlação(r²) obtido foi de 0,9992, numa faixa de linearidade de 1,25 - 12,5µg/mL. A exatidão e a precisão também foram evidenciadas. Portanto, o método desenvolvido mostrou-se sensível, simples, prático e econômico. Em seguida, avaliou-se o processo de mistura em escala magistral utilizando uma ferramenta estatística de planejamento fatorial, com o intuito de verificar a qualidade das cápsulas obtidas em Farmácia Magistral. Foram produzidas 60 cápsulas de cada lote, seguindo o modelo experimental 2³, onde foram estabelecidas as seguintes variáveis de entrada: processo de mistura (diluição geométrica e misturador Mixer Plus®), tamanho do invólucro gelatinoso (n° 03 e 02) e concentração do fármaco (0,1 e 0,2mg). A variável resposta para o planejamento foi o teor do fármaco nas cápsulas. Além disso, foram verificados outros parâmetros de qualidade, como: o peso médio e uniformidade de conteúdo. As cápsulas obtidas encontram-se dentro dos limites especificados pelos compêndios oficiais. Por isso, os resultados sinalizam que apesar do processo de obtenção de cápsulas ser crítico é possível obter produtos com qualidade e segurança comprovada.
PALAVRAS CHAVES: Clonidina, Espectrofotometria/VIS, Substância de baixo índice terapêutico, Farmácia Magistral, Controle de qualidade.
VABSTRACT
Clonidine hydrochloride is an alpha-2 adrenergic agonist, which lowers blood pressure and decrease sympathetic cardiac stimulation. This drug is a substance with low therapeutic index, high potency, and is used in low dosage forms. Clonidine may be formulated in compounding pharmacies following strictly the good manufacturing practices set forth by ANVISA. These practices were put in place following several adverse reactions associated with the use of galenic preparations of clonidine. There are few methods for the quantification of clonidine reported in the literature, and the drug absorbs poorly in the UV region. The aims of this work were: 1) to develop and validate a method for the quantification of clonidine by UV/VIS spectrophotometry, using an ion-pair complex of clonidine and 2) evaluate the influence of the mixing process of powders and their proportion in the quality of galenic preparation of clonidine formulations. Initially a spectrophotometric method (with detection in the visible region from 400-700nm) based on the formation of a complex between clonidine and bromochresol green was developed for both clonidine drug substance and clonidine hard gelatin capsules. The effect of pH of the buffer solution, dye concentration and type of solvent used for maximal stability and detection of the complex was investigated. The produced complex had maximal absorbance at 412 nm. The best conditions for stability and detectability of the complex were found with pH 3 aqueous buffer, 0,02% (07 mL) of dye solution and chloroform as organic solvent due to its selectivity and low cost. The complex formed was stable for up to 96 hours in the dark and room temperature. The method was statistically validated. Linearity within the range of 1,25 - 12,5µg/mL (r2=0,9992) was demonstrated. Accuracy and precision were also evaluated and the method proved to be sensitive, simple, practical and cost-effective. We then evaluated the mixing process used in the galenic preparation of clonidine using factorial experimental design and its influence in the quality of the capsules thus produced. Each batch consisted of 60 capsules, following a 23 experimental design with the following predicting variables: mixing process (geometric dilution using a Mixer), size of the hard gelatin capsule (numer 2 and 3) and drug concentration (0,1 or 0,2 mg). The response variable was the drug concentration in the capsules. Other parameters of quality were evaluated as well, such as weight variation and uniformity of dosage forms. The obtained hard gelatin capsules complied with the limits established in official compendia. The results indicate that while critical, the mixing process for capsule preparation can lead to products with acceptable quality and safety.
KEY WORDS: Clonidine, spectrophotometry, low therapeutic index drugs, compounding pharmacy, quality control.
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
1.0 Introdução
1
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
1.0 Introdução
A farmácia magistral exerce importante papel perante a comunidade, produzindo
medicamentos, que além de apresentarem preços mais acessíveis, são personalizados, com
dosagem e quantidades adequadas ao paciente. Entretanto, um dos maiores obstáculos é a pouca
credibilidade do produto manipulado pela suposta ausência de um rígido controle de qualidade da
matéria-prima e produto acabado, ausência de controle do processo de produção e sua
reprodutibilidade (FERREIRA, 2000; FERREIRA, 2002).
Diversas classes de medicamentos são preparadas em farmácias magistrais, dentre elas
fármacos com estreita margem de segurança e que possui uma dose terapêutica próxima da dose
tóxica. O cloridrato de clonidina é uma substância de baixo índice terapêutico, de baixas
dosagens e possui alta potência (OGA 2003; BRASIL 2006). É um agonista α2-adrenérgico
seletivo utilizado primariamente no tratamento da hipertensão arterial (GOODMAN & GILMAN,
1996; MARTINDALE, 2002).
O uso de cloridrato de clonidina tem sido associado a diversos casos de intoxicação após a
administração de formas farmacêuticas preparadas em farmácias. Desde 2003, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA vem publicando resoluções (RE nº1638, RDC nº
354, RDC nº214) para o controle da manipulação de substâncias de baixo índice terapêutico. Em
virtude de vários relatos de efeitos adversos e uma morte, possivelmente, associados ao uso de
cloridrato de clonidina preparadas em farmácia magistral (ANVISA, 2003 A; ANVISA, 2003B;
Brasil 2003A; Brasil, 2003B; Brasil 2006).
A obtenção de uma mistura bem definida e homogênea de pós é uma etapa crítica na
preparação de cápsulas em farmácias magistrais. Quando uma quantidade pequena de um
fármaco potente está sendo misturada com um pó, o grau de mistura deverá ser o melhor
possível, de forma que a dose seja o mais uniforme possível (AULTON, 2005). Uma mistura de
2
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
pós ineficaz pode causar um aumento na variação da quantidade do fármaco nas cápsulas,
resultando geralmente na reprovação do produto acabado devido a baixa qualidade, mas
sobretudo, pelo risco que oferece no caso de substâncias com uma estreita margem entre a dose
terapêutica e dose tóxica (SOUZA, 2002).
Poucos são os métodos reportados na literatura para determinação de cloridrato de
clonidina em matéria-prima e formas farmacêuticas, são eles: titulação potenciométrica,
cromatografia líquida de alta eficiência e espectrofotometria/VIS (BRITISH FARMACOPOEIA,
2006; USP 27, 2004). Muitas vezes esses métodos citados acima necessitam de técnicas
complexas, equipamentos sofisticados e pessoal treinado, além disso, o fármaco possui baixa
absorção na região do ultravioleta dificultando, assim, a determinação em baixas concentrações
(EL-YAZBI et al., 1986).
Atualmente, têm-se estudado muitos métodos espectrofotométricos com a utilização de
corantes, para complexação com fármacos e a possibilidade de leituras na região do visível. O
método é baseado na reação de compostos nitrogenados básicos com corantes ácidos, para
produzir sais complexos (íon-par) de cor amarela. O íon-par formado é extraído da solução
aquosa com solventes orgânicos, tais como o clorofórmio, para determinação espectrofotométrica
na região do visível (PRABHAKAR et al., 1999; EL-SHERIF et al., 2000 ; RAHMAN et al.,
2004; MOSTAFA et al., 2002; SÜSLÜ & TAMER, 2002; BASAVAIAH & NAGEGOWDA,
2004; ASHOUR & AL-KHALIL, 2005).
Esta dissertação é composta de uma revisão da literatura e de dois artigos gerados através
dos resultados do trabalho experimental desenvolvido no mestrado. Inicialmente, foi
desenvolvido e validado um método espectrofotométrico para quantificação de cloridrato de
clonidina, na região do visível, através da formação do complexo íon-par, perfeitamente aplicável
a rotina de farmácia magistral (Artigo I). Por fim avaliou-se a influência dos processos de
3
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
mistura, da proporção fármaco-excipiente e do tamanho do invólucro no teor de cápsulas obtidas
em escala magistral (Artigo II).
4
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.0 Revisão de literatura
5
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.0 Revisão da Literatura
2.1 Farmácia Magistral
A farmácia magistral exerce importante papel perante a comunidade, produzindo
medicamentos, que além de apresentarem preços mais acessíveis, são personalizados, com
dosagem e quantidades adequadas ao paciente. É importante ressaltar seu caráter dinâmico no
que se refere à atuação junto à classe médica, no sentido de incentivar a prática de prescrições
magistrais e, ainda, o contato direto com o paciente por meio da assistência farmacêutica
(FERREIRA, 2000).
A farmácia magistral é mais do que um estabelecimento comercial dispensador de
medicamentos, sua função é a busca de alternativas farmacêuticas para a melhoria da qualidade
de vida da comunidade na qual está inserida (FERREIRA, 2000).
Apesar das inúmeras vantagens que o medicamento manipulado oferece em relação ao
industrializado, que vão desde a facilidade posológica até a diminuição do custo para o paciente,
são inúmeros os obstáculos que dificultam o crescimento do setor. O maior destes obstáculos é a
pouca credibilidade do produto manipulado pela suposta ausência de um controle de qualidade
rígido da matéria-prima e produto acabado, ausência de controle do processo de produção e sua
reprodutibilidade. Qualidade é a palavra de ordem e deve ser inerente a qualquer produto ou
prestação de serviço na atualidade e para a farmácia magistral fundamental para sua
sobrevivência (FERREIRA, 2002).
6
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.2 Processos de mistura em escala magistral
Mistura pode ser definida como uma operação unitária que tem por objetivo trabalhar dois
ou mais componentes, a princípio segregados ou parcialmente misturados, de modo que cada
unidade, de cada um dos componentes, passe a entrar em contato o mais próximo possível com as
unidades de um outro componente (AULTON, 2005).
Obter uma mistura bem definida e homogênea de pós é uma etapa crítica na preparação de
cápsulas em farmácias magistrais. Uma mistura de pós ineficaz pode causar um aumento na
variação da quantidade de ingrediente ativo nas cápsulas, resultando geralmente na reprovação do
produto acabado devido à baixa qualidade (SOUZA, 2002).
Um fator importante a ser ponderado quando se realiza um processo de mistura, é a
proporção de substância ativa na formulação em relação à quantidade de excipientes presente na
forma farmacêutica (proporção fármaco excipiente). Quanto menor a quantidade de substância
ativa na mistura, maior é a dificuldade em conseguir uniformidade no teor. Já quanto maior a
quantidade de substância ativa presente, menor será a probabilidade de variação no teor
(AULTON, 2005).
7
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.3 Cloridrato de Clonidina
O cloridrato de clonidina [(2-[2,6-diclorofenil]amino)-2-imidazolina cloridrato] é um
agonista alfa 2-adrenérgico que reduz a pressão sanguínea e retarda a estimulação cardíaca
simpaticomimética. Há mais de três décadas é utilizada no tratamento da hipertensão arterial (seu
principal efeito farmacológico) apesar de exercer uma variedade de outras ações importantes
como profilaxia da enxaqueca, tratamentos de rubor menopausal e tratamento para retirada de
opióides. Efeitos adversos são comuns e incluem boca seca, dor de cabeça e constipação,
bradicardia também pode ocorrer. A retirada súbita no uso da clonidina pode produzir
hipertensão rebote, nervosismo, agitação e aumento da freqüência cardíaca. É utilizada na forma
de cloridrato. Seu peso molecular é 266,6, o pKa de 8,2 e sua fórmula estrutural é mostrada na
Figura 1 (GOODMAN & GILMAN, 1996; MARTINDALE, 2002; WENZL et al., 2002).
. HCl
Figura 1. Estrutura química do cloridrato de clonidina
A clonidina é bem absorvida após administração oral e sua biodisponibilidade atinge
quase 100%. A concentração máxima no plasma e o efeito hipotensor máximo são obsevados 1-3
h após a administração de uma dose oral. A meia-vida de eliminação varia de 6-24 h, com média
de 12 horas (GOODMAN & GILMAN, 1996).
8
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.4 Métodos de quantificação de cloridrato de clonidina
O principal problema na determinação do cloridrato de clonidina é a precisão,
especificidade e facilidade de medidas em baixas concentrações em formas farmacêuticas. Em
adição, o cloridrato de clonidina possui uma absorção muito baixa na região do ultravioleta. Esta
fraca absorção faz com que os métodos que utilizam espectrofotometria com ultravioleta
convencional sejam susceptíveis a interferências dos excipientes (EL–YAZBI et al., 1986). Além
disso, poucos são os métodos reportados na literatura para determinação de cloridrato de
clonidina em matéria-prima e formas farmacêuticas, entre os poucos existentes estão a titulação
potenciométrica, cromatografia líquida de alta eficiência e espectrofotometria/VIS (BRITISH
PHARMACOPOEIA, 2004), muitas vezes esses métodos necessitam de técnicas complexas e
equipamentos sofisticados.
Atualmente, têm-se estudado muitos métodos espectrofotométricos com a utilização de
corantes, para complexação com fármacos e a possibilidade de leituras na região do visível (400
– 700nm) (BASAVAIAH & NAGEGOWDA, 2004; RAHMAN et al, 2004; ASHOUR & AL-
KHALIL, 2005; NOUR EL DIEN et al., 2006).
O método de extração para espectrofotometria é bastante utilizado para determinação de
compostos nitrogenados básicos que, com corantes ácidos formam complexos coloridos
extraíveis de soluções aquosas com solventes orgânicos como o clorofórmio. O complexo íon-par
contido na fase orgânica é medido espectrofotometricamente (SÜSLÜ & TAMER, 2002).
No desenvolvimento do método é importante o estabelecimento das condições ótimas
necessárias para uma rápida formação do complexo íon-par como pH da solução aquosa, volume
do corante e seleção do solvente orgânico para extração do mesmo (EL SHERIF et al., 2000;
NOUR EL-DIEN et al., 2006; ASHOUR & AL-KHALIL, 2005).
9
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
O procedimento de extração para espectrofotomeria através da formação de complexo
íon-par é popular por sua sensibilidade e precisão no ensaio de fármacos e por isso tem recebido
considerável atenção na quantificação de muitos compostos farmacêuticos (ASHOUR & AL-
KHALIL, 2005). Além disso, são procedimentos simples, rápidos, econômicos e que possuem
facilidade de aplicação na rotina de qualquer laboratório de controle de qualidade (MOSTAFA et
al., 2002; PRABHAKAR. et al., 1999).
As bases teóricas deste método é que o equilíbrio de dissociação de um eletrólito do tipo
AB em meio aquoso, de acordo com a equação (1), pode ser deslocado para a esquerda
(associação), quando o associado (íon-par) é removido pela extração, por meio de um solvente
imiscível em água.
AB A+ + B- Equação (1)
Onde A+ é o fármaco protonado (cloridrato de clonidina) e B- é o corante ácido (verde de
bromocresol) na forma aniônica (MOSTAFA et al., 2002).
O sucesso do método é que apenas uma forma complexada do corante pode ser extraída,
então cada molécula do fármaco resulta na formação de complexo com a molécula do corante, e
este é extraído em uma fase orgânica. Sua concentração é uma medida indireta da quantidade do
fármaco (GENARO, 2004).
10
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.5 Substância de Baixo Índice Terapêutico
Os parâmetros mais utilizados para expressar o grau de toxicidade aguda de substâncias
químicas são a DL50 (dose letal 50%) e a DL10 (dose letal 10%). Esses valores são calculados
estatisticamente a partir de dados obtidos experimentalmente, correlacionando as doses das
substâncias e as mortalidades dos animais nos ensaios. Além de doses letais, podem ser
determinadas ainda as doses efetivas ou eficazes 50% (DE50) ou 90% (DE90), que são as doses
que promovem efeitos desejados em 50% ou 90%, respectivamente nos animais submetidos à
experiência. Esses valores são freqüentemente utilizados para expressar a eficácia dos
medicamentos e sua correlação com as doses letais permite determinar o Índice Terapêutico (I.T.)
e Margem de Segurança (M.S.), que são calculados conforme as equações 2 e 3 descritas abaixo:
I.T. = DL50 M.S. = DL10 – DE90 x 100
DE50 DE90
Equação (2) Equação (3)
Quanto maior é o valor do Índice Terapêutico (I.T.) ou Margem de Segurança (M.S.) de
uma substância, menor será o risco de promover intoxicação (OGA, 2003).
Cloridrato de clonidina é classificada como uma substância de baixo índice terapêutico
(dose efetiva muito próxima da dose tóxica), alta potência e utilizada em pequenas quantidades
(BRASIL, 2006).
11
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.6 Acidentes associados ao uso de cloridrato de clonidina
No Texas (EUA) uma criança de cinco anos de idade apresentou quadro de intoxicação ao
tomar uma suspensão, que continha uma super dosagem de cloridrato de clonidina. Foi detectado
um erro de 1000 vezes a mais a quantidade de cloridrato de clonidina prescrita para o paciente,
nesta formulação, proveniente de uma Farmácia magistral. Associou-se o acidente a falha na
preparação do medicamento com a troca da unidade de preparo da suspensão de cloridrato de
clonidina, que foi em miligramas ao invés de microgramas (ROMANO, 2000).
No Brasil, em setembro de 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
iniciou investigação para apurar os motivos que causaram a morte de uma criança de 12 anos em
Brasília (DF) que recebera cloridrato de clonidina manipulada em farmácias. Como medida
preventiva, a ANVISA determinou a suspensão da manipulação do fármaco em todo o Distrito
Federal.
A ANVISA encaminhou os medicamentos para análise em laboratório oficial e foi
realizada investigação. O laudo do Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde
(INCQS) da Fiocruz concluiu que houve falha na manipulação do cloridrato de clonidina, pois foi
detectado um teor do princípio ativo cem (100) vezes maior do que o indicado, no caso do garoto,
porque o ponto de homogeneidade do produto não foi alcançado (ANVISA, 2003 A; ANVISA,
2003B )
A determinação da suspensão e do uso imediato do cloridrato de clonidina manipulada,
como ação preventiva, também resultou da análise de vários relatos de efeitos adversos em
algumas regiões. Entre os relatos mais preocupantes, observou-se a existência de outros 50 casos
de reações adversas provocadas pelo uso desta substância, dos quais 49 eram crianças que usaram
o produto como estimulador de crescimento no Distrito Federal e outros estados.
12
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.7 Legislação - Histórico
Em 08 de outubro de 2003, como medida de interesse sanitário, houve a suspensão da
manipulação de vinte (20) substâncias que apresentavam baixo índice terapêutico, através da RE
nº1.638. No mês de dezembro do mesmo ano foi publicada a Resolução – RDC nº 354, que
revogou a RE nº1638, permitindo a manipulação de produtos farmacêuticos, em todas as formas
farmacêuticas de uso interno, que continham substâncias de baixo índice terapêutico, desde que
os estabelecimentos farmacêuticos cumprissem as condições específicas desta resolução. As
condições eram as seguintes:
Observância dos padrões técnicos mínimos, referente às Boas Práticas de Manipulação de
substâncias de Baixo Índice Terapêutico;
Atendimento do padrão mínimo para a prescrição médica;
Cientificação pelo médico ao paciente, ou ao responsável legal, dos potenciais riscos e
efeitos colaterais relacionados ao uso do medicamento, que deveria ser formalizado por
meio de assinatura do termo de consentimento informado;
Dispensação acompanhada de documento com padrão mínimo para informações ao
paciente;
Dispensação mediante assistência farmacêutica.
Em abril de 2005 foi aberta consulta pública nº 31, com a proposta de Regulamentação
Técnica sobre Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos para uso Humano em Farmácias.
A consulta pública ficou aberta até outubro de 2005, para que fossem apresentadas críticas e
sugestões relativas à proposta.
13
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Em dezembro de 2006 foi aprovada a RDC nº214 que dispõe sobre as Boas Práticas de
Manipulação de Medicamentos para uso Humano em Farmácias. No seu Anexo II estipula os
requisitos mínimos para a manipulação de Substâncias de Baixo Índice Terapêutico. As
condições para a manipulação dessas substâncias em todas as formas farmacêuticas de uso
interno são:
Observância aos padrões técnicos mínimos referentes às Boas Práticas de Manipulação de
Substância de Baixo Índice Terapêutico;
Dispensação acompanhada pela bula simplificada contendo os padrões mínimos de
informações ao paciente;
Dispensação mediante atenção farmacêutica.
Uma nova exigência foi estabelecida nesta RDC nº 214, que trata do monitoramento do
processo de manipulação de formas farmacêuticas de uso interno que contenham substâncias de
Baixo Índice Terapêutico, devendo ser realizada uma análise completa da formulação
manipulada. Este monitoramento deve ser realizado, de forma a serem analisadas no mínimo uma
amostra a cada três meses. As amostras devem contemplar diferentes manipuladores, fármacos,
dosagens e formas farmacêuticas, podendo ser adotado sistema de rodízio. Os resultados de todas
as análises devem ser registrados e arquivados ficando à disposição da Autoridade Sanitária, por
no mínimo 2 (dois) anos. A farmácia deve estabelecer, registrar e avaliar a efetividade das
medidas adotadas, por meio de uma nova análise, em caso de resultado de análise insatisfatório.
14
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.8 Planejamento Fatorial
O planejamento fatorial é um método estatístico racional para o estudo e avaliação
objetiva, tanto de fatores isolados como da interação entre eles, que podem apresentar alguma
influência sobre as características de um produto (PETRY et al., 1998). Tem sido muito aplicado
em diversas áreas, devido à capacidade de extrair informações relevantes de sistemas que
requerem um número pequeno de experimentos (SCOTT et al., 2006; PEREIRA-FILHO et al.,
2002).
Em um planejamento fatorial são investigadas as influências de todas as variáveis
experimentais de interesse e os efeitos de interação na resposta ou respostas. Se a combinação de
k fatores é investigada em dois níveis, um planejamento fatorial consistirá de 2k experimentos.
Normalmente, os níveis dos fatores quantitativos são nomeados pelos sinais – (menos) para o
nível mais baixo e + (mais) para o nível mais alto, porém o que importa é a relação inicial entre o
sinal dado e o efeito obtido, não sendo critério definido a nomeação dos sinais. Para os fatores
qualitativos, como não existem valores altos ou baixos, fica a critério do pesquisador nomear os
seus níveis (TEÓFILO & FERREIRA, 2006).
Os sinais para os efeitos de interação de 2a ordem e de ordem superior entre todas as
variáveis do planejamento, realizando todas as combinações possíveis, são obtidos pelo produto
dos sinais originais das variáveis envolvidas. Desta maneira é possível construir as colunas de
sinais para todas as interações e assim, elaborar a matriz de coeficientes de contraste, como
mostra a tabela 1.
15
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Tabela 1. Matriz de coeficientes de contraste para um planejamento fatorial 23.
Variáveis Interações* Média x1 x2 x3
x12 x13 x23 x123
+ - - - + + + - + + - - - - + + + - + - - + - + + + + - + - - - + - - + + - - + + + - + - + - - + - + + - - + - + + + + + + + + * x12, x13, x23 são os efeitos de interação 2a ordem; x123 é o efeito de interação de 3a ordem.
Uma coluna de sinais + (mais) é adicionada à esquerda da matriz de coeficientes de
contraste para o cálculo da média de todas as respostas observadas.
Em um planejamento fatorial com n ensaios e yi observações individuais, os efeitos para
cada coluna da matriz de coeficientes de contraste (conforme a tabela 1) são dados pelas
seguintes equações:
Equação (4) Equação (5)
Onde n = números de ensaios, yi = observações individuais recebendo o sinal de (-) no nível
menor e (+) no nível maior, ef = efeito de cada coluna da matriz de contraste.
A equação (4) descreve o efeito para a média de todas as observações, enquanto a equação
(5) descreve o cáculo do efeito para as variáveis usando a diferença entre as médias das
observações no nível mais (y i(+) ) e as médias das observações no nível menos (y i(-) ).
16
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.9 Validação de métodos analíticos
A validação do método analítico é realizada para garantir que o mesmo seja exato,
específico, reprodutível e resistente dentro da variação especificada na qual a substância em
exame será analisada. A validação de métodos assegura a credibilidade destes durante o uso
rotineiro, sendo algumas vezes mencionado como “o processo que fornece uma evidência
documentada de que o método realiza aquilo para o qual é indicado para fazer” (SWARTZ &
KRULL, 1998).
2.9.1 Parâmetros analíticos de validação
Linearidade
É a capacidade de uma metodologia analítica de demonstrar que os resultados obtidos são
diretamente proporcionais a concentração do analito na amostra, dentro de um intervalo
especificado.
Especificidade
Especificidade do método analítico refere-se à capacidade de medir com exatidão o
analito de interesse em presença de outros componentes ou interferentes que possam estar
presentes na matriz da amostra, como outros ingredientes ativos, excipientes, impurezas e
produtos de degradação. Em análise qualitativa (teste de identificação), avalia-se a capacidade de
seleção do método para determinação do analito na presença de compostos com estruturas
relacionados presentes na formulação. Nas análises quantitativas (teor) e análise de impurezas,
verifica-se se a quantificação da substância sob análise de amostras contaminadas com
quantidade apropriadas e não contaminadas para demonstrar que a obtenção dos resultados não
são afetados na presença desses materiais. (BRASIL, 2003.; USP 27, 2004).
17
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Precisão
Avalia a concordância dos resultados em uma série de medidas de uma amostragem
múltipla da mesma amostra, de um mesmo método, efetuado sob as mesmas condições de
medições (procedimentos, analistas, local e instrumento) (SWARTZ & KRULL, 1998; RIBANI
et al., 2004). Esta é considerada em três níveis:
Repetibilidade (precisão intra-corrida): concordância entre os resultados dentro de um
curto período de tempo com o mesmo analista e mesma instrumentação.
Precisão intermediária (precisão inter-corridas): concordância entre os resultados do
mesmo laboratório, obtidos em dias diferentes, com analistas diferentes e/ou
equipamentos diferentes.
Reprodutibilidade (precisão inter-laboratorial): concordância entre os resultados obtidos
em laboratórios diferentes.
Limite de detecção
O Limite de Detecção (LD) é a menor quantidade do analito na amostra que pode ser
detectado, mas não quantificado. Para calcular o LD, utiliza-se o desvio padrão do intercepto
obtido dos coeficientes lineares das três curvas de calibração multiplicado por 3 e dividido
pela média dos coeficientes angulares das curvas. De acordo com a equação 6:
LD = DPa x 3 IC
Equação (6)
18
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Onde Dpa é o desvio padrão do intercepto com o eixo Y de, no mínimo, três curvas
autênticas de calibração, IC é a média de inclinação da curva de calibração (BRASIL, 2003.;
ICH, 2005)
Limite de quantificação
O Limite de Quantificação (LQ) corresponde a menor quantidade do analito determinada
com precisão e exatidão nas condições experimentais estabelecidas. Para calcular o LQ,
geralmente, é utilizado o desvio padrão do intercepto obtido dos coeficientes lineares das três
curvas de calibração multiplicado por 3 e dividido pela média dos coeficientes angulares das
curvas. De acordo com a equação 7 descrita abaixo:
LQ = DPa x 10 IC
Equação (7)
Exatidão
A exatidão de um método analítico é a proximidade dos resultados obtidos pelo método
em estudo em relação ao verdadeiro. É expressa como o percentual de resposta obtida através do
ensaio de uma quantidade conhecida da substância em exame incorporada em um meio de
composição definida (SWARTZ & KRULL, 1998; BRASIL, 2003).
19
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Robustez
A robustez de um método é a medida de sua capacidade em resistir a pequenas e
deliberadas variações dos parâmetros analíticos. Deve ser considerada durante o desenvolvimento
da metodologia analítica (ICH, 2005).
2.10 Controle de qualidade
Controle de Qualidade é um conjunto de operações com o objetivo de verificar a
conformidade do produto com as especificações estabelecidas (BRASIL, 2006).
O Controle de Qualidade é um dos parâmetros mais importantes em qualquer ramo, mas
certamente tem um significado marcante quando se trata de medicamentos, pois um erro
cometido, se não for detectado a tempo pode ocasionar graves danos aos consumidores. A grande
importância do Controle de Qualidade dos medicamentos pode ser notada principalmente quando
o mesmo possui toxicidade ou potentes efeitos adversos, causando iminentes riscos à saúde do
paciente (ZARBIELLI et al., 2006).
2.10.1 Controle de Qualidade dos medicamentos de Baixo índice Terapêutico manipulados
em Farmácia magistral
Os controles exigidos para formas farmacêuticas sólidas são: descrição, aspecto,
caracteres organolépticos para as matérias-primas e teste de peso médio para o produto acabado.
Para o parâmetro de peso médio devem ser calculados o desvio padrão e o coeficiente de variação
em relação à média (BRASIL, 2006).
20
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
2.10.2 Monitoramento do processo magistral
O estabelecimento que manipular formas farmacêuticas sólidas deve monitorar o processo
de manipulação realizando análises de teor e uniformidade do conteúdo de pelo menos um
diluído preparado, trimestralmente. Também devem ser realizadas análises de teor e
uniformidade de conteúdo do princípio ativo, de fórmulas cuja unidade farmacotécnica contenha
fármacos em quantidade igual ou inferior a vinte e cinco miligramas, dando prioridade àquelas
que contenham fármacos em quantidade igual ou inferior a cinco miligramas. Para as Substâncias
de Baixo Índice Terapêutico, de baixa dosagem e alta potência é exigido que na pesagem para a
diluição haja dupla checagem e no processo de homogeneização seja utilizada a metodologia de
diluição geométrica sendo utilizada o menor tamanho de cápsula. Devem ser realizadas as
análises de teor e uniformidade do conteúdo de cada diluído logo após o preparo e realizar
monitoramento trimestral do armazenado, podendo haver diminuição do tempo de
monitoramento (BRASIL, 2006).
2.10.3. Testes de Controle de qualidade nas cápsulas exigidos pela legislação vigente
Peso médio
O teste de peso médio constitui uma ferramenta essencial para o controle de qualidade de
rotina das farmácias magistrais, podendo indicar a ineficiência da técnica de manipulação
empregada (ZARBIELLI et al., 2006; BRASIL, 2006).
Teor
O teor dos fármacos é de extrema importância na avaliação da qualidade dos produtos
farmacêuticos, visto que determina a quantidade de princípio ativo presente na formulação a ser
administrada ao paciente. Uma dose incorreta está diretamente relacionada ao aumento dos
efeitos adversos, da toxicidade (principalmente quando se trata de substância com baixo índice
21
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
terapêutico) ou da ineficácia do tratamento. Efeitos relativos à subdosagem podem ser também
extremamente prejudiciais ao paciente, que já se encontra debilitado pela doença (ZARBIELLI,
2006).
Uniformidade de conteúdo
A uniformidade de conteúdo é exigida para comprimidos ou cápsulas cujo teor de
substância ativa é inferior a 50mg por unidade, quando compreender menos de 50% do peso da
unidade. Também é aplicada quando as formas farmacêuticas cujo fármaco apresenta toxicidade
elevada ou baixa margem terapêutica, onde grandes variações na dose administrada podem levar
a graves intoxicações e até a morte (FERREIRA, 2002).
22
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
3.0 Objetivos
23
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
3.0 Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho foi desenvolver e validar um método para quantificação
de cloridrato de clonidina e avaliar os processos de mistura usualmente utilizados
em escala magistral.
3.1 Objetivos específicos
Otimizar condições ideais para obtenção do complexo íon-par (Cloridrato de
clonidina – verde de bromocresol);
Validar um método de quantificação de cloridrato de clonidina por
espectrofotometria, na região do visível, através da formação de complexo íon-par,
aplicável a rotina de Farmácia magistral;
Avaliar a influência dos processos de mistura, da proporção fármaco-excipiente e
do tamanho do invólucro gelatinoso, no teor de cápsulas preparadas em escala
magistral, utilizando uma ferramenta estatística de planejamento fatorial (2³);
Investigar o peso médio de cápsulas obtidas em escala magistral como indicativo
da eficiência da técnica de obtenção (nivelamento de superfície);
Avaliar a uniformidade de dose das cápsulas obtidas em escala magistral.
24
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
4.0 Artigo I
DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE CLORIDRATO DE CLONIDINA
ATRAVÉS DA FORMAÇÃO DE COMPLEXO ÍON-PAR
(Artigo submetido à revista Química Nova)
25
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE CLORIDRATO DE CLONIDINA
ATRAVÉS DA FORMAÇÃO DE COMPLEXO ÍON-PAR
Sandra da Silva Guimarães, Severino Grangeiro Júnior, Ruth Strattmann, Miracy Muniz
de Albuquerque, Davi Pereira de Santana*.
Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de
Pernambuco, Av. Prof. Arthur de Sá s/n, 50739-520, Recife-PE.
E-mail: [email protected]
26
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
ABSTRACT
SPECTROPHOTOMETRIC DETERMINATION OF CLONIDINE HYDROCHLORIDE
THROUGH ION-PAIR COMPLEX FORMATION
A simple, sensitive and accurate spectrophotometric method were developed for the
determination of clonidine hydrochloride either in pure form or in pharmaceutical formulations.
The developed method involve formation of coloured chloroform extractable ion-pair complex of
the clonidine hydrochloride with bromocresol green. The optimum conditions of the reactions
were studied and optimized. The absorbance of yellow products was measured at 412nm.
Linearity ranges were found to be 1,25 – 12,5μgmLֿ¹. The method has the advantage of being
highly sensitive and simple for determination of small dose drug. The method was applied to the
determination of clonidine in capsules obtained in pharmaceutical compound.
Key words: spectrophotometry; ion-pair complex; clonidine hydrochloride.
27
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
INTRODUÇÃO
O cloridrato de clonidina [(2-[2,6-diclorofenil]amino)-2-imidazolina cloridrato] é um
agonista alfa 2-adrenérgico que reduz a pressão sanguínea e retarda a estimulação cardíaca
simpaticomimética. Há mais de três décadas é utilizada no tratamento da hipertensão arterial.
Adicionalmente, muitos outros efeitos desejáveis e indesejáveis são descritos, incluindo
analgesia, sedação e a retirada súbita ocasiona reação que consiste em hipertensão rebote,
nervosismo, agitação e aumento da freqüência cardíaca. Seu peso molecular é 266,6 e sua
fórmula estrutural é mostrada na Figura 1 1,2.
. HCl
Figura 1. Estrutura química do cloridrato de clonidina
Alguns métodos são descritos para determinação de cloridrato de clonidina em fluidos
biológicos como radioimunoensaio, cromatografia líquida de alta eficiência e cromatografia a gás
3. Poucos são os métodos reportados na literatura para determinação de cloridrato de clonidina em
matéria-prima e formas farmacêuticas, são eles: titulação potenciométrica 4,5, cromatografia
líquida de alta eficiência 6 e espectrofotometria/VIS 4,5. Muitas vezes esses métodos citados
acima necessitam de técnicas complexas, equipamentos sofisticados, além disso, o fármaco
possui baixa absorção na região do ultravioleta dificultando, assim, a determinação em baixas
concentrações 7. Por isso, os métodos ficam susceptíveis à interferências dos excipientes
presentes nas formulações farmacêuticas.
28
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Atualmente, têm-se estudado muitos métodos espectrofotométricos com a utilização de
corantes, para complexação com fármacos e a possibilidade de leituras na região do visível (400
– 700nm). O método é baseado na reação de compostos nitrogenados básicos com corantes
ácidos, para produzir sais complexos (íon-par) de cor amarela. O íon-par formado é extraído da
solução aquosa com solventes orgânicos, tais como o clorofórmio para determinação
espectrofotométrica na região do visível 8, 9, 10 , 11 , 12 , 13 ,14.
O objetivo deste estudo foi desenvolver um método espectrofotométrico simples, rápido,
econômico e sensível utilizando uma técnica de complexação do cloridrato de clonidina com o
corante verde de bromocresol, para quantificação do fármaco em matéria-prima e cápsulas
obtidas em Farmácia Magistral.
PARTE EXPERIMENTAL
Instrumentos
Foram usados balança analítica Mettler AE 260 Delta Range; pHmetro Micronal B 374 e
espectrofotômetro Varian-Vankel 50 UV/VIS EL01074966 (Austrália) com cubetas de quartzo
1cm.
Reagentes
Todos os reagentes usados foram de grau analítico e a água deionizada foi utilizada
durante todo o experimento. Todas as soluções empregadas foram recém preparadas. Soluções
tampão, foram obtidas pela mistura de volumes apropriados de biftatalo de potássio 0,2M e de
ácido clorídrico 0,2M 6 . Soluções de verde de bromocresol a 0,02% (p/v) foi preparada em
solução tampão de pH adequado 15. Obteve-se a solução padrão estoque de 1mg/mL dissolvendo-
29
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
se o cloridrato de clonidina - Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, EUA) em água. A solução estoque
foi diluída em concentrações adequadas para leitura espectrofotométrica.
PROCEDIMENTO
Em uma série de funis de decantação de capacidade 250 mL, foi adicionada 1mL da
solução de cloridrato de clonidina (0,1mg/mL), 7mL de verde de bromocresol a 0,02% (p/v) e o
volume foi completado para 20mL com solução tampão de pH 3,0 e misturados. Após 15 minutos
o íon-par formado foi então extraído com duas porções de 5mL de clorofórmio depois de agitação
por 1 minuto.
A fase orgânica foi coletada em um beacker de 50mL, seca com sulfato de sódio anidro e
transferida para um balão volumétrico de 10mL. O volume foi completado com clorofórmio e
homogeneizado. Foi realizada a varredura para escolha do comprimento de onda, contra um
reagente branco preparado similarmente sem o fármaco.
Procedimento para Cápsulas
Foram pesadas, 10 cápsulas de cloridrato de clonidina. Em seguida, foram esvaziadas e
misturadas, e uma quantidade do pó equivalente a 0,1 mg de cloridrato de clonidina foi usada
para determinação do fármaco de acordo com o procedimento descrito anteriormente.
Otimização dos parâmetros analíticos
No método proposto, algumas variáveis como: pH da solução tampão, concentração do
corante, e efeito do solvente foram estudadas, e a influência destas foram testadas para se obter
condições ótimas necessárias, para uma rápida formação quantitativa do complexo íon-par
colorido com máxima estabilidade e sensibilidade. A otimização foi realizada através de vários
experimentos preliminares. Os resultados foram estatisticamente validados.
30
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O cloridrato de clonidina forma um complexo íon-par em meio ácido com corantes
aniônicos, como verde de bromocresol, e este complexo é extraído quantitativamente em
clorofórmio. Cada complexo fármaco-corante, com cargas iônicas opostas, comporta-se como
uma única unidade ligada por uma força de atração eletrostática 15.
Espectro de absorção
O espectro de absorção do complexo íon-par extraído em clorofórmio é mostrado na
Figura 2. O complexo íon-par com verde de bromocresol absorve maximamente a 412nm. O
reagente branco sob condições similares não apresenta absorção.
350 400 450 500
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
ABSO
RVÂ
NC
IA
clonidina-corante
branco
λ (nm)
Figura 2. Espectros de absorção do complexo íon-par (clonidina-corante) e seu respectivo. branco.
31
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Efeito do pH
O pH da fase aquosa é crítico para formação do complexo colorido, assim o efeito foi
estudado criteriosamente em diferentes valores, por variação do mesmo na solução aquosa. Os
resultados ilustrados na Figura 3 apresentam uma absorvância máxima, que foi observada em pH
3,0 15,16.
2,25 2,50 2,75 3,00 3,25 3,50 3,750,40
0,42
0,44
0,46
0,48
0,50
0,52
0,54
0,56
0,58
0,60
ABSO
RVÂ
NC
IA 4
12nm
pH
Figura 3. Efeito do pH na absorvância do complexo íon-par.
32
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Efeito da concentração do corante
O efeito da concentração do corante na intensidade da coloração desenvolvida, para o
comprimento de onda selecionado, foi avaliado usando cloridrato de clonidina em concentração
conhecida e constante (0,02% p/v), variando-se a quantidade de reagente (volume do corante). Os
resultados apresentados na Figura 4 demonstram que a absorvância do complexo íon-par extraído
aumenta com o aumento da concentração do verde de bromocresol até um volume de 6mL. Um
aumento acima de 6mL, a absorvância permanece constante e o excesso não tem efeito na
intensidade da coloração do complexo formado. Entretanto, o volume de 7mL foi usado durante
todo o experimento para assegurar a completa formação do complexo íon-par 13.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
Abso
rvân
cia
412
nm
Volume (mL)
Figura 4. Influência do volume do corante verde de bromocresol na absorvância do complexo com o cloridrato de clonidina.
33
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Efeito do solvente
O efeito do solvente para extração do complexo foi examinado. Dois solventes orgânicos
como diclorometano e clorofórmio foram estudados 12. O diclorometano apresentou um ligeiro
aumento na intensidade da coloração do complexo íon-par em relação ao clorofórmio, porém o
clorofórmio foi escolhido para os ensaios por apresentar uma extração seletiva, além do baixo
custo.
Estabilidade do complexo
A estabilidade do complexo íon-par formado, entre o fármaco e o corante ácido, foi
avaliada. A formação do íon-par foi rápida e a coloração amarela foi estável por até 96h
(mantidas no escuro e a temperatura ambiente) sem nenhuma modificação na intensidade da cor
ou na absorvância 12.
VALIDAÇÃO DO MÉTODO
Sob as condições descritas na seção experimental foi construído o gráfico de calibração,
para o método proposto, por medida das absorvâncias em seis níveis de concentração. A análise
de regressão do gráfico de calibração indica relação linear entre a absorvância e a concentração.
O coeficiente de correlaçao (r²) obtido foi de 0,9992, no intervalo de concentrações de 1,25 -
12,5μg/mL, que demonstra boa linearidade do método. Os resultados obtidos estão de acordo
com as normas da Internacional Conference on Harmonisation guidelines (ICH)17.Os dados
analíticos estão descritos na Tabela 1.
34
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Tabela 1. Dados analíticos do método proposto para quantificação de cloridrato de clonidina.
Parâmetros Método de extração desenvolvido Comprimento de onda (nm) 412 Faixa de linearidade (µgmLֿ¹) 1,25 – 12,5 Equação de regressão linear Y= 0,1191x – 0,0123 Coeficiente de correlação (r²) 0,9992 Limite de detecção (LD) (μg/mL) 0,01259 Limite de quantificação (LQ) (μg/mL) 0,4198
A exatidão do método proposto foi estabelecida pela análise da amostra em três níveis de
concentração: baixa, média e alta (dentro da faixa de linearidade) em sextuplicata, onde
quantidade conhecida do fármaco foi adicionada a seus componentes (placebo contaminado) 18.
Os valores do coeficiente de variação (CV) e desvio padrão relativo (DPR) encontrado são
menores que 2%, como mostra a Tabela 2, demonstrando assim uma boa exatidão e precisão do
método, de acordo com as normas e guias internacionais 18,19.
Tabela 2. Avaliação da exatidão e precisão do método proposto*.
Quantidade adicionada (µg.mLֿ¹)
Quantidade recuperada (%)
Coeficiente de variação – CV (%)
DPR (%)
50 49,98 1,03 0,28
100 100,12 1,2 0,74
150 149,93 1,0 0,91
* valores de médias para seis determinações
Para uma melhor avaliação da precisão, foram realizadas medidas independentes (intra dia
e inter dia). Resultados satisfatórios foram obtidos para cápsulas de cloridrato de clonidina na
concentração de 0,1mg/mL realizadas em sextuplicata. Os resultados indicam que não houve
35
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Os valores de Fcalculado foram sempre
menores que o Fcrítico. Estes resultados foram obtidos a partir do método estatístico ANOVA a
95% de nível de confiança.
APLICAÇÃO
O método proposto foi utilizado para determinação de cloridrato de clonidina em
cápsulas, de acordo com a Tabela 3. A aplicabilidade do método, para o ensaio, foi examinada
pela análise de uma formulação proveniente de farmácia magistral, em duas concentrações
diferentes. As determinações foram feitas em triplicata. Os resultados obtidos foram satisfatórios
e estão de acordo com o rotulado.
Tabela 3. Análise de cápsulas de cloridrato de clonidina obtidas em farmácia magistral*.
Cápsulas de cloridrato de clonidina (mg)
Quantidade obtida (mg)
Recuperação (%) DPR (%)
0,100
0,097
97,53
0,57
0,200
0,198
98,95
0,70
* valores de médias para três determinações
CONCLUSÃO
O método proposto possui praticidade e economia significativa sobre outros métodos
reportados na literatura. Além disso, não necessita de equipamentos de alta complexidade e
reagentes de alto custo. Sua simplicidade e facilidade de execução o tornam adequado para
quantificar cloridrato de clonidina em matéria-prima e em forma farmacêutica cápsula.
36
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Tornando-se assim perfeitamente aplicável a rotina de controle de qualidade, inclusive em
Farmácia Magistral.
REFERÊNCIAS
1. Hamilton, C. A.; Pharmacol Ther 1992; 54, 231-248.
2. MARTINDALE. The complete drug reference. Pharmaceutical Press. Thirty-third edition 2002, p. 860-863.
3.Wenzl, T.; Lankmayr, E. P.; Wintersteiger, R.; Sadjak,A.; Likar, R.; Zakel, D.; J.Biochem.
Biophys.Methods 2002, 53, 132. 4. Her Majesty’s Stationary Office: The British Pharmacopoeia, BP 2004, London 2004, vol. I, p.516-517. 5. Her Majesty’s Stationary Office: The British Pharmacopoeia, BP 2004, London 2004, V, p. 2298. 6. United States Pharmacopeial Convention> Pharmacopeial Fórum, Rockville, MD 2004, 27. p. 487.
7. Fawzy, A.; EL-Yazbi, M. B.; Korany, M. A.; Analyst 1986, 3, 477.
8. Prabhakar, A. H.; Patel, V. B.; Giridhar, R. J. Pharm. Biomed. Anal. 1999, 20, 427- 432.
9. El – Sherif, Z. A.; Mohamed, A.O.; Walash, M. I.; Tarras, F.M.; J. Pharm. Biomed. Anal 2000, 22, 13-23.
10. Rahman, N.; Azmi, S.N.H.; J. Pharm. Biomed. Anal 2000, 24, 33-41.
11. Mostafa, S.; El-Sadeck, M.; Alla, E. A.; J. Pharm. Biomed. Anal 2002, 28, 173 – 180.
12. Süslü, I..; Tamer, A.; J. Pharm. Biomed. Anal 2002, 29, 545-554.
13. Rahman, N.; Khan, N.A.; Azmi, S.N.H.; J. Pharm. Biomed. Anal 2004, 24, 33-41.
14. Basavaiah, K.; Nagegowda, P.; IL Fármaco 2004, 59, 147 – 153.
15. Ashour, S.; Al-Khalil, R. IL Fármaco 2005, 60, 773.
37
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
16. Nour El-Dien, F. A. F.; Mohamed, G. G.; Mohamed, N.A.; Spectrochim. Acta, Part B 2006, 65, 21.
17. International Conference on Harmonisation (ICH); Topic Q2B, Validation of Analytical
Procedures: Methodology. Proceeding of the commission of the European Communities 2005.
18. Ribani, M.; Bottoll, C. B. G.; Collins, C. H.; Jardim, I. C. S. F.; Melo, L. F. C. Quím. Nova
2004, 27 (5), 771-780. 19. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Resolução RE n° 899 de 29/05/2003.
38
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
5.0 Artigo II
AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE MISTURA DE PÓS EM FARMÁCIAS
MAGISTRAIS UTILIZANDO PLANEJAMENTO FATORIAL: CASO CLONIDINA
(Artigo a ser submetido)
39
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE MISTURA DE PÓS EM FARMÁCIAS
MAGISTRAIS UTILIZANDO PLANEJAMENTO FATORIAL: CASO CLONIDINA
Sandra da Silva Guimarães1; Elayne Karine da Silva Melo¹, Miracy Muniz de Albuquerque²,
Davi Pereira de Santana1.
¹Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Núcleo de Desenvolvimento
Farmacêutico e Cosmético (NUDFAC), Universidade Federal de Pernambuco, UFPE – Recife-
PE, Brasil.
²Núcleo de Controle de Qualidade Químico de Medicamentos e Correlatos (NCQMC),
Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Av. Prof.
Arthur de Sá s/n, cidade Universitária, Recife-PE, Brasil.
*Correspondência:
Davi Pereira de Santana
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Departamento de Ciências Farmacêuticas
Núcleo de Desenvolvimento Farmacêutico e Cosmético (NUDFAC)
Av. Prof. Arthur de Sá, s/n, Cidade Universitária.
50739-520, Recife-PE, Brasil.
E-mail: [email protected]
40
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
INTRODUÇÃO
A farmácia magistral exerce importante papel perante a comunidade, produzindo
medicamentos, que além de apresentarem preços mais acessíveis, são personalizados, com
dosagem e quantidades adequadas ao paciente (FERREIRA, 2000). Apesar das inúmeras
vantagens que o medicamento manipulado oferece em relação ao industrializado, que vão desde a
facilidade posológica até a diminuição do custo para o paciente, são inúmeros os obstáculos que
dificultam o crescimento do setor. O maior destes obstáculos é a pouca credibilidade do produto
manipulado pela suposta ausência de um rígido controle de qualidade da matéria-prima e produto
acabado, ausência de controle do processo de produção e sua reprodutibilidade (FERREIRA,
2002).
A maioria das formas farmacêuticas sólidas produzidas em escala magistral é constituída
por cápsulas de gelatina dura (MORETON, 2001). As cápsulas de gelatina dura são produzidas
pelas indústrias, farmácias hospitalares e de manipulação. A procura das farmácias magistrais
pela população causou um grande aumento na produção de cápsulas por estes estabelecimentos,
onde em geral, se emprega a metodologia de nivelamento de superfície (FERREIRA, 2000). A
escolha desse método baseia-se principalmente no seu baixo custo e fácil execução (PETRY et
al., 1980).
O cloridrato de clonidina é um agonista α2-adrenérgico seletivo utilizado primariamente
no tratamento da hipertensão arterial (GOODMAN & GILMAN, 1996; MARTINDALE, 2002).
É uma substância de baixo índice terapêutico, ou seja, sua dose efetiva é muito próxima da dose
tóxica, além de ser usada em baixas dosagens e possuir alta potência (OGA 2003; BRASIL
2006).
Desde 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA vem publicando
resoluções (RE nº1638, RDC nº 354, RDC nº214) para o controle da manipulação de substâncias
41
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
de baixo índice terapêutico. Em virtude de vários relatos de efeitos adversos e uma morte,
possivelmente associados ao uso de cloridrato de clonidina preparadas em farmácia magistral
(ANVISA, 2003 A ; ANVISA, 2003B; Brasil 2003A; Brasil, 2003B; Brasil 2006).
A obtenção de uma mistura bem definida e homogênea de pós é uma etapa crítica na
preparação de cápsulas em Farmácias magistrais. Quando uma quantidade pequena de um
fármaco potente (como a clonidina) está sendo misturada com um pó, o grau de mistura deverá
ser o melhor possível, de forma que a dose seja o mais uniforme possível (AULTON, 2005). Uma
mistura de pós ineficaz pode causar um aumento na variação da quantidade do fármaco nas
cápsulas, resultando geralmente na reprovação do produto acabado devido à baixa qualidade, mas
sobretudo, pelo risco que oferece no caso de substâncias com uma estreita margem entre a dose
terapêutica e a dose tóxica. Se os desvios de misturas puderem ser identificados e evitados
durante o processo de preparação dos produtos existentes, haverá uma maior segurança na
manipulação de cápsulas (SOUZA, 2002).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do processo de mistura de pós, utilizados
em escala magistral (ponto crítico) e a influência da proporção fármaco –excipiente no teor das
cápsulas de cloridrato de clonidina, utilizando uma ferramenta estatística de planejamento
fatorial. Além disso, investigar a uniformidade de conteúdo nas formulações com o intuito de
avaliar o processo de obtenção das mesmas.
42
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais
Cloridrato de clonidina, celulose microcristalina, invólucro gelatinoso de tamanho n° 02 e
n° 03 (DEG farmacêutica –Brasil), clorofórmio (F.Maia), verde de bromocresol, sulfato de sódio
anidro, ácido clorídrico e biftalato de potássio (Vetec). Todos os reagentes utilizados foram de
grau analítico.
Modelo experimental
As cápsulas foram preparadas seguindo-se um planejamento fatorial 2³ (BARROS NETO,
1995). Os fatores avaliados foram: processo de mistura, tamanho do invólucro gelatinoso e
concentração do fármaco presente na formulação, a Tabela 1 menciona o delineameno e os níveis
utilizados.
Tabela 1. Delineamento fatorial utilizando 3 fatores e 2 níveis para cápsulas de cloridrato de clonidina.
Fatores Níveis
Foram preparadas 60 cápsulas de cada lote, de acordo com o planejamento fatorial, cuja
descrição dos experimentos realizados são apresentados na Tabela 2.
(+) Misturador Mixer Plus®
(-) Diluição geométrica
(+) Cápsula n° 03
(1) Processo de mistura
(2) Tamanho do invólucro gelatinoso
(-) Cápsula n° 02
(3) Concentração do fármaco (+ ) Clonidina 0,2mg
(– ) Clonidina 0,1mg
43
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Tabela 2. Descrição do planejamento fatorial 2³ utilizado para preparação das cápsulas de cloridrato de clonidina. Tratamentos Processo de
mistura Tamanho invólucro gelatinoso
Concentração do fármaco
(mg)
Níveis 1 2 3
F1 DG Cáps. n°02 0,1 - - - F2 MIX® Cáps. n°02 0,1 + - - F3 DG Cáps. n°03 0,1 - + - F4 MIX® Cáps. n°03 0,1 + + - F5 DG Cáps. n°02 0,2 - - + F6 MIX® Cáps. n°02 0,2 + - + F7 DG Cáps. n°03 0,2 - + + F8 MIX® Cáps. n°03 0,2 + + +
DG – Diluição Geométrica; MIX®- Misturador Mixer Plus®.
Técnicas de preparo das diluições
Diluição 1:100 ( Misturador Mixer Plus® )
Foi pesado 0,25g do fármaco, colocado em um copo descartável do equipamento,
adicionado excipiente (celulose microcristalina) em quantidade suficiente para 25g. O frasco foi
levado ao misturador de pós Mixer Plus® e submetido à homogeneização por 10min na
velocidade três (3) do equipamento (SOUZA, 2001).
Diluição geométrica 1:100
Foi pesado 0,25g do fármaco, colocando em um gral de porcelana, e adicionado 0,25g de
excipiente (celulose mirocristalina) e misturou-se bem. Em seguida foi adicionado mais 0,5g de
excipiente no gral e homogeneizado. Foram adicionados ainda 1g – 2g -4g – 8g e assim
sucessivamente até completar 25g da diluição geométrica (FERREIRA, 2000).
Obtenção das cápsulas
Inicialmente foram calculadas as quantidades de cloridrato de clonidina (diluída a 1%)
para obtenção das cápsulas, de acordo com o planejamento fatorial, e pesadas em balança semi-
44
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
analítica (Bel Mark), foi adicionada quantidade de excipiente necessária para o enchimento das
mesmas, utilizando a técnica de volume aparente (SOUZA, 2002).
Após a correção da diluição e pesagem foi realizada a homogeneização dos pós utilizando
os seguintes processos de mistura: misturador de pós Mixer Plus® e a técnica de diluição
geométrica.
As cápsulas de cloridrato de clonidina foram preparadas, de acordo com o planejamento
fatorial, e seguindo a metodologia de enchimento por nivelamento de superfície (FERREIRA,
2000).
Determinação do peso médio
O peso médio das cápsulas foi avaliado segundo o preconizado pela Farmacopéia
Brasileira (1998), através da pesagem individual de 20 unidades de cápsulas de cloridrato de
clonidina. As cápsulas foram esvaziadas e pela diferença entre o peso da cápsula cheia e da
cápsula vazia, foi determinado o peso médio, seguida da determinação do coeficiente de variação
(CV) percentual do conteúdo das cápsulas em relação à média.
Determinação do teor
Foram pesadas, precisamente, 20 cápsulas de cloridrato de clonidina. Em seguida, as
cápsulas foram esvaziadas, o pó foi misturado, e uma quantidade equivalente a 0,1 mg ou 0,2mg
(segundo as formulações mostradas na Tabela 2) foi usada para determinação do fármaco de
acordo com o procedimento descrito abaixo. Este ensaio foi realizado em triplicata.
Para a quantificação do teor do fármaco foi usado um método de extração para
determinação espectrofotométrica através da formação de um complexo íon-par formado entre o
cloridrato de clonidina e um corante ácido - verde de bromocresol (GUIMARÃES et al., 2007;
ASHOUR & AL-KHALIL, 2005; NOUR EL-DIEN et al., 2006; SÜSLÜ .& TAMER, 2002;
MOSTAFA et al., 2002).
45
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Em um funil de decantação de capacidade 250 mL, foi colocada uma quantidade do pó de
Clonidina HCl, 7mL de verde de bromocresol a 0,02% (p/v) e o volume foi completado para
20mL com solução tampão de pH 3,0 e misturados. Após 15 minutos o íon-par formado foi então
extraído com duas porções de 5mL de clorofórmio depois de agitação por 1 minuto. A fase
orgânica foi coletada em um beacker de 50mL, seca com sulfato de sódio anidro e transferida
para um balão volumétrico de 10mL. O volume foi completado com o mesmo solvente e
misturado bem. Foram realizadas as leituras das absorbâncias, no comprimento de onda de 412
nm, contra um reagente branco preparado similarmente sem o fármaco (GUIMARÃES et al.,
2007).
Planejamento Fatorial
No planejamento fatorial 23 foi avaliado o teor das cápsulas como resposta aos fatores de
entrada: processo de mistura, tamanho do invólucro gelatinoso e concentração do fármaco
presente na formulação.
Uniformidade de conteúdo
A amostragem foi realizada determinando-se o conteúdo individual da substância ativa
(cloridrato de clonidina) em 10 cápsulas escolhidas do lote ao acaso (BRITISH
PHARMACOPOEIA, 2004). A metodologia para a determinação do conteúdo individual das
cápsulas foi a mesma utilizada para a determinação do teor.
46
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Determinação do peso médio
Segundo a Farmacopéia Brasileira (1998), a variação de peso aceitável para cápsulas de
gelatina dura contendo doses inferiores a 300mg é de ± 10%.
Os resultados obtidos para cápsulas de cloridrato de clonidina são apresentados na Tabela
3. É possível observar que as amostras analisadas encontram-se dentro dos limites permitidos de
variação, demonstrando haver uniformidade de enchimento das cápsulas analisadas. O peso
médio constitui uma ferramenta essencial para o controle de qualidade de rotina das farmácias
magistrais (BRASIL, 2006), podendo indicar a ineficiência da técnica de manipulação
empregada. A não conformidade deste parâmetro constitui critério de reprovação do produto,
excluindo a necessidade de execução dos demais testes (ZARBIELLI et al., 2006). Todas as
cápsulas avaliadas estão dentro dos limites especificados, com baixos valores de coeficientes de
variação, portanto todas as oito formulações obtidas em diferentes dias foram aprovadas no que
se refere ao peso médio.
Tabela 3. Peso médio das formulações obtidas em diferentes dias. Dia 01 Dia 02
Formulações Peso médio* (mg) CV(%)
Peso médio* (mg) CV(%)
Cápsula nº 03 120mg ±10% - 120mg ±10% -
F4 116,000 ± 0,002 1,7 118,000 ± 0,005 3,9 F8 119,000± 0,003 2,6 117,000 ± 0,004 3,2 F3 118,000 ± 0,003 2,4 118,000 ± 0,003 2,7 F7 120,000 ± 0,001 1,0 120,000 ± 0,003 2,7
Cápsula nº02
F2 180mg ±10%
177,000 ± 0,004 -
2,0 180mg ±10%
177,000 ± 0,004 -
2,3 F6 179,000 ± 0,005 2,6 178,000 ± 0,003 1,9 F1 179,000± 0,004 2,1 178,000 ± 0,004 2,5 F5 177,000 ± 0,004 2,0 177,000 ± 0,003 1,9
* média de vinte unidades, ± desvio padrão
47
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Determinação do teor
A Farmacopéia Britânica recomenda que para cápsulas menores que 300mg não se deve
exceder em ± 10% o desvio percentual da média.
A quantidade do fármaco presente nas cápsulas foi determinada, através de um método
espectrofotométrico descrito por Guimarães et al., 2007.
De acordo com a figura 1, podemos observar que todas as formulações obtidas estão de
acordo com os limites preconizados pelos compêndios oficiais, obedecendo à faixa de variação
permitida para cápsulas menores que 300mg (90% a 110%) e apresentando baixos valores de
desvio padrão. A determinação do teor dos fármacos indica a eficiência do processo de obtenção
sendo de extrema importância na avaliação da qualidade dos produtos farmacêuticos.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 90
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
Teor
clo
ridra
to c
loni
dina
(%)
T ra ta m e n to s
D ia 1 D ia 2
Figura 1. Teores de cloridrato de clonidina nos diferentes tratamentos, obtidos em diferentes dias.
48
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Planejamento Fatorial
O planejamento fatorial é um método racional para o estudo e avaliação objetiva, tanto de
fatores isolados como da interação entre eles, que podem apresentar alguma influência sobre as
características de um produto. A realização de experimentos direcionados possibilita otimizar
formulações através da seleção dos melhores resultados (PETRY et al, 1998; TEÓFILO &
FERREIRA, 2006).
Mediante os resultados dos experimentos que estão representados na tabela 4, foram
calculados os efeitos com os seus erros padrão, que são mostrados na tabela 5.
Tabela 4. Coeficientes de contraste e resultados do planejamento fatorial 23.
Tratamentos
*M
1
2
3
12
13
23
123
Teor (%)
Média(%)
F1 + - - - + + + - 97,60 94,89 96,24 F2 + + - - - - + + 95,40 99,06 97,23 F3 + - + - - + - + 95,13 96,19 95,66 F4 + + + - + - - - 95,83 94,53 95,18 F5 + - - + + - - + 96,16 95,81 95,98 F6 + + - + - + - - 99,51 97,91 98,71 F7 + - + + - - + - 99,06 97,61 98,33 F8 + + + + + + + + 97,14 99,56 98,35
* Média para o contraste.
Foi empregado o teste t de Student para avaliar se os efeitos calculados são
estatisticamente diferentes de zero. No nível de 95% de confiança e 8 graus de liberdade o t
tabelado é 2,306. Só foi considerado estatisticamente significativo o efeito cujo valor absoluto
excedeu a (0 + 2,306x 0,72) = 1,66 (BARROS NETO, 1995). Os efeitos cujos valores foram
menores que 1,66 não são significativos e são provenientes dos erros aleatórios que são inerentes
ao processo.
49
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Tabela 5. Efeitos calculados para o planejamento fatorial 23 e seus erros padrão.
Estimativa (%) ± erro padrão Média global dos efeitos: 96,96 ± 0,36 Efeitos Principais: 1 (Processo de mistura) +0,815 ± 0,72 2 ( Tamanho invólucro gelatinoso) -0,160 ± 0,72 3 (Concentração do fármaco) +1,765 ± 0,72 Interações de dois fatores:
12 -1,045 ± 0,72 13 +2,240 ± 0,72 23 +1,155 ± 0,72 Interação de três fatores:
123 -031 ± 0,72
A existência de um efeito de interação significativa (13), como ocorreu com o tipo de
mistura (1) e a concentração do fármaco (3), indica que os efeitos principais devem ser
interpretados conjuntamente. Podemos observar na Figura 2, o diagrama contendo as respostas
médias em todas as combinações de níveis e variáveis.
+1,375
+0,255
+2,325+1,205
+96,205+95,95
+98,53+97,155+1
Con
cent
raçã
o (3
)
-1
-1 +1 Tipo de mistura (1)
Figura 2. Diagrama para interpretação dos efeitos do processo de mistura e da Concentração, no planejamento fatorial 2³.
50
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
O efeito do processo de mistura (1) quando a concentração do fármaco (3) utilizada é a
menor (nível -) não é significativo. Quando a concentração aumenta (nível +) este efeito se torna
mais pronunciado, no entanto, ainda não apresenta diferença estatística, de acordo com a
Figura 2.
O efeito da concentração (3) quando o processo de mistura (1) utilizado é a diluição
geométrica (nível -) não é estatisticamente significativo. Porém quando passa a ser utilizado o
misturador Mixer plus® (nível +), associado com a maior concentração do fármaco (nível +), este
efeito se torna evidente e com significância estatística, considerando 95% de confiança, figura 2.
Na interação observada entre os efeitos (13), observa-se que, apesar de sempre haver um
ganho no teor quando se passa do (nível -) para o (nível +), a única interação estatisticamente
significativa a 95% de confiança é quando os dois efeitos estão no (nível +), ou seja, quando se
usa o misturador Mixer plus® com a maior concentração do fármaco. Isto se explica pelo fato de
que, apesar dos dois processos apresentarem bons resultados, o misturador Mixer plus® por ser
um processo mecânico consegue distribuir o fármaco de forma ligeiramente mais homogênea.
Este efeito só foi observado quando o fármaco foi empregado numa concentração maior na
formulação.
Uniformidade de conteúdo
A farmacopéia britânica determina que não mais que um dos valores individuais das
cápsulas ultrapassem o limite de 85-115% , e a média dos conteúdos não ultrapasse o limite de
75-125%. Os resultados obtidos demonstram que todas as formulações cumprem às
especificações determinadas para uniformidade de conteúdo, indicando que os parâmetros de
51
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
qualidade exigidos são cumpridos, o que aumenta a credibilidade do produto avaliado, os
resultados são evidenciados na figura 3.
0 1 2 3 4 5 6 7 88 0
8 5
9 0
9 5
1 0 0
1 0 5
1 1 0
1 1 5
TEO
R D
E C
LOR
IDR
ATO
DE
CLO
NID
INA
(%)
T R A T A M E N T O S
Figura 3 – Gráfico com a variação individual da uniformidade de conteúdo.
Análise por meio de gráficos normais
A análise por meio de gráficos normais é uma técnica alternativa para se tentar distinguir
o que é realmente efeito do que é apenas ruído nos resultados de um planejamento.
O gráfico normal avalia o grau de ajuste do modelo experimental, na figura 4 observa-se
que os pontos centrais (1; 2; 13; 23 e 123) se ajustam muito bem a uma reta. Estes pontos
representam efeitos sem significância. Já os pontos (3; 12) que estão afastados da reta
representam efeitos significativos, ou seja, a concentração do fármaco como efeito principal e a
interação entre o processo de mistura com o tamanho do invólucro gelatinoso, apresentam
diferença estatística, no que diz respeito à uniformidade de conteúdo (BARROS NETO,1995).
52
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
(3)Concentração
1*2*3
2by 31by 3
(1)Mistura
(2)Tamanho
1by 2
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
- Interações - Ef eitos Principais
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Valo
r Nor
mal
Esp
erad
o
,01
,05
,15
,35
,55
,75
,95
,99
Figura 4. Gráfico normal para avaliação do planejamento fatorial (2³) na uniformidade de conteúdo.
Quando o fármaco está em concentração maior (nível +), o teor e a uniformidade de
conteúdo apresentaram os melhores resultados (tratamentos F6, F7 e F8) como mostra a tabela 6.
Isto é explicado por uma menor dificuldade de homogeneização quando a proporção da fármaco-
excipiente é menor (AULTON, 2005).
Tabela 6. Resultados de desvio padrão do teste uniformidade de conteúdo e médias dos teores seguida do desenho experimental.
Tratamentos Desvio Padrão* (Uniformidade Conteúdo)
Média** (Teor %)
A B C
1 5,22 96,24 - - - 2 2,61 97,23 + - - 3 3,12 95,66 - + - 4 6,85 95,18 + + - 5 4,82 95,98 - - + 6 2,88 98,71 + - + 7 2,80 98,33 - + + 8 2,32 98,35 + + +
53
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
*Desvio padrão em 10 unidades (cápsulas). Na interação 12 observa-se que quando o tamanho do invólucro é maior (nível -) e o
processo de mistura utilizado é o misturador Mixer plus® (nível +), a uniformidade de conteúdo
mostra-se mais homogênea em relação ao emprego do processo de diluição geométrica (nível -),
como mostra na tabela 6 os baixos valores de desvio padrão (tratamento F2 e F6) em relação aos
tratamentos F1 e F5. Quando o tamanho do invólucro é menor (nível +) não é observada
diferença nos processos de mistura empregados, podendo ser usado tanto a diluição geométrica
quanto o misturador Mixer plus®. Segundo a literatura, quando a proporção fármaco-excipiente é
maior o processo de homogeneização se torna mais difícil (AULTON, 2005). Portanto, o
processo de mistura com o misturador Mixer plus®, por ser um processo mecânico, se torna mais
eficiente nesses casos em que a quantidade de excipiente é muito maior que o fármaco.
Conclusão
De acordo com o planejamento fatorial, foi evidenciado que o processo que envolve o
misturador Mixer plus® apresentou os melhores resultados quando a quantidade de fármaco-
excipiente foi, proporcionalmente, maior e quando uma maior concentração de fármaco foi
empregada para obtenção das cápsulas. Dos efeitos calculados no planejamento fatorial, a
concentração do fármaco como efeito principal, foi a responsável por uma maior variação nos
valores de teor das cápsulas. Para as interações, apenas a interação entre o processo de mistura e a
concentração do fármaco apresentou influência estatisticamente significativa.
Todas as formulações encontram-se dentro dos limites especificados pelos compêndios
oficiais, no que se refere a testes de peso médio, teor e uniformidade de conteúdo estando de
acordo com os padrões de qualidade exigidos. Os resultados sinalizam que apesar do processo de
54
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
mistura ser uma etapa crítica na preparação de cápsulas, é possível obter produtos manipulados
com qualidade e segurança comprovadas, desde que todos os padrões técnicos mínimos,
referentes às Boas Práticas de Manipulação de Substâncias de Baixo Índice Terapêutico, sejam
observados e seguidos.
Referências Bibliográficas ANVISA (A) Farmacovigilância.Clonidina - medicamento manipulado.disponível em: www.anvisa.gov.br/farmacovigilância /alerta/federal/2003/federal _03.htm, acessado em: 08/08/2006. ANVISA,(B). Notícias da ANVISA: Diário e Mensal.Proibida a manipulação da clonidina em todo o País. Disponível em: www.anvisa.gov.br/divulga/notícias/2003/031003.htm. Acessado em: 08/08/2006. ASHOUR S.; AL-KHALIL R. Simple extractive colorimetric determination of levofloxacin by acid-dye complexation methods in pharmaceutical preparations. Il Fármaco. v.60, p. 771-775, 2005. AULTON, M. E. Delineamento de Formas Farmacêuticas. 2ª ed. Artmed, Porto Alegre, 2005. 195p. BARROS NETO, B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. Planejamento e otimização de experimentos. p.61-85, 1995. BRASIL(A). Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.Resolução RE 1638, de 08 de Outubro de 2003.Brasília, Diário Oficial da União de 09 de Outubro de 2003. BRASIL(B). Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.Resolução RDC 354, de 18 de Dezembro de 2003. Brasília, Diário Oficial da União de 22 de Dezembro de 2003. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.Resolução RDC 214, de 12 de Dezembro de 2006. Brasília, Diário Oficial da União de 12 de Dezembro de 2006. Farmacopéia Brasileira 4.Ed.São Paulo: Atheneu, 1988. FERREIRA, A.O. Guia Prático de Farmácia Magistral. Juiz de Fora. Ed.Pharmabooks, 1ª, edição, 2000. p.01,17.
55
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
FERREIRA, A.O. Guia Prático de Farmácia Magistral. Juiz de Fora. Ed.Pharmabooks, 2ª, edição, 2002. p.17. GOODMAN, L. S. & GILMAN, A. As Bases Farmacológicas da terapêutica. 9ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill,1996.176-177 p. GUIMARÃES S.S.; GRANGEIRO JÚNIOR S.; STRATTMANN R.; ALBUQUERQUE M. M.; SANTANA D. P. Determinação espectrofotométrica de cloridrato de clonidina através da formação de complexo íon-par. Química Nova, 2007. Submetido. MARTINDALE. The complete drug reference. Pharmaceutical Press. Thirty-third edition 2002, p. 860-863. MORETON, R.C., Tablet excipients to the Year 2001: a look into de Cristal Ball. Drug Dev.Ind. Pharm., v.22, n.1, p. 11-23, 1996.
MOSTAFA S., EL-SADEK M., ALLA E. A. Spectrophotometric determination of enrofloxacin and pefloxacin through complex formation. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. v. 28, p. 173-180, 2002. NOUR EL-DIEN F. A. F., MOHAMED G. G.; MOHAMED N. A. Spectrophotometric determination of trazadone, amineptine and amitriptyline hydrochlorides through íon-par formation using methyl orange and bromocresol green reagentes. Spectrochimica Acta Part A .v.65, p.20-26, 2006. OGA, S. Fundamentos de Toxicologia – Uso racional de medicamentos. 2ª ed. Atheneu, São Paulo, 2003. 29 p. PETRY, R.D.; SOUZA, T.P.; HEBERLÉ, G.; SILVA, W.B.; FLECK, J.D.; BASSANI, V.L.; GONZÁLEZ, O.G.; PETROVICK, P.R.;GUTERRES, S.S. Influência de Adjuvantes e técnica de enchimento sobre as características farmacêuticas de cápsulas de gelatina dura contendo teofilina.Caderno de Farmácia. v.14, n.1/2, p. 13-19,1998. SOUZA, C.B.; ANDRADE, L.; GLOCK, L. Avaliação da capacidade de homogeneização do misturador Mixer Plus® com a utilização de cianocobalamina e amido. Revista Racine, v.68, 2002. TEÓFILO R.F. & FERREIRA M. M. C. Quimiometria II: planilhas eletrônicas para cálculos de planejamentos experimentais, um tutorial. Química Nova. v.29, nº 2, p.338-350, 2006. The British Pharmacopoeia , 2004.v.IV. appendix XIIj p.A274, ZARBIELLI M.G.; MACEDO S. M. D. & MENDEZ A. S. L. Controle de qualidade de cápsulas de piroxicam manipuladas em farmácias do município de Erechim – RS. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. V.87, p.55-59, 2006.
56
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
6.0 Conclusões finais
57
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
6.0 Conclusões Finais
Nas condições em que foi realizado o trabalho e com os resultados obtidos, pode-se concluir:
O método desenvolvido por espectrofotometria na região do visível, através da formação
do complexo íon-par, foi específico, linear preciso e exato para quantificação de
cloridrato de clonidina em cápsulas obtidas em Farmácias magistrais.
O método possui praticidade e economia significativa sobre outros métodos reportados na
literatura. Além disso, não necessita de equipamentos de alta complexidade e reagentes de
alto custo. Sua simplicidade e facilidade de execução o tornam adequado para quantificar
cloridrato de clonidina em matéria-prima e em forma farmacêutica cápsula. Tornando-se
assim perfeitamente aplicável a rotina de controle de qualidade, inclusive em Farmácia
magistral.
De acordo com o planejamento fatorial, foi evidenciado que o processo que envolve o
misturador Mixer plus® apresentou os melhores resultados quando a quantidade de
fármaco-excipiente foi, proporcionalmente, maior e quando uma maior concentração de
fármaco foi empregada para obtenção das cápsulas.
Dos efeitos calculados no planejamento fatorial, a concentração do fármaco como efeito
principal, foi a responsável por uma maior variação nos valores de teor das cápsulas. Para
as interações, apenas a interação entre o processo de mistura e a concentração do fármaco
apresentou influência estatisticamente significativa.
58
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
Todas as formulações encontram-se dentro dos limites especificados pelos compêndios
oficiais, no que se refere aos testes de peso médio, teor e uniformidade de conteúdo
estando de acordo com os padrões de qualidade exigidos.
Os resultados sinalizam que apesar do processo de mistura ser uma etapa crítica na
preparação de cápsulas, é possível obter produtos manipulados com qualidade e segurança
comprovadas, desde que todos os padrões técnicos mínimos, referentes às Boas Práticas
de Manipulação de Substâncias de Baixo Índice Terapêutico, sejam observados e
seguidos.
Podemos também evidenciar que além do acima mencionado, tratando-se de farmácia
magistral, tecnicamente e conceitualmente, a escala de produção (manipulação) e a
competência do profissional farmacêutico habilitado, não podem ser jamais substituídos
por tecnologias ou invenções que visam, seja por desconhecimento ou interesses
mercantilistas, torná-lo simplesmente um protótipo do produto industrializado.
59
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
7.0 Referências Bibliográficas
60
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
7.0 Referências Bibliográficas ANVISA (A) Farmacovigilância.Clonidina - medicamento manipulado.disponível em: www.anvisa.gov.br/farmacovigilância /alerta/federal/2003/federal _03.htm, acessado em: 08/08/2006. ANVISA,(B). Notícias da ANVISA: Diário e Mensal.Proibida a manipulação da clonidina em todo o País. Disponível em: www.anvisa.gov.br/divulga/notícias/2003/031003.htm. Acessado em: 08/08/2006. ASHOUR S.; AL-KHALIL R. Simple extractive colorimetric determination of levofloxacin by acid-dye complexation methods in pharmaceutical preparations. Il Fármaco. v.60, p. 771-775, 2005. AULTON, M. E. Delineamento de Formas Farmacêuticas. 2ª ed. Artmed, Porto Alegre, 2005. 195p. BASAVAIAH, K.; NAGEGOWDA, P.; Determination of ranitidine hydrochloride in pharmaceutical preparations by titrimetry and visible spectrophotometry using bromate and acid dyes. IL Fármaco.v. 59, p.147-153, 2004. BRASIL(A). Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.Resolução RE 1638, de 08 de Outubro de 2003.Brasília, Diário Oficial da União de 09 de Outubro de 2003. BRASIL(B). Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.Resolução RDC 354, de 18 de Dezembro de 2003. Brasília, Diário Oficial da União de 22 de Dezembro de 2003. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.Resolução RDC 214, de 12 de Dezembro de 2006. Brasília, Diário Oficial da União de 12 de Dezembro de 2006. BRASIL. Resolução específica n° 899 de 29 de Maio de 2003.Guia para validação de métodos analíticos e bioanaliticos. ANVISA. Brasília, Diário Oficial da União, 02 de junho de 2003. EL - YAZBI, F. A; BEDAIR, M.; KORANY, M. A. Spectrophotometric and Fluorimetric determination of clonidine hydrochloride. Analyst. v.111, p.477 – 478, 1986. EL SHERIF, Z. A.; MOHAMED, A. O.; WALASH, M. I.; TARRAS, F.M. Spectrophotometric determination of loperamide hydrochloride by acid-bye and charge-transfer complexation methods in the presence of its degration products. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. v 22, p. 13-23, 2000. Farmacopéia Brasileira 4.Ed.São Paulo: Atheneu, 1988. FERREIRA, A.O. Guia Prático de Farmácia Magistral. Juiz de Fora. Ed.Pharmabooks, 1ª, edição, 2000. p.1,17.
61
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
FERREIRA, A.O. Guia Prático de Farmácia Magistral. Juiz de Fora. Ed.Pharmabooks, 2ª, edição, 2002. p.17. GENNARO, A. R. A Ciência e a Prática da Farmácia. 20ª ed. Guanabara Koogan-RJ, 2004. GOODMAN, L. S. & GILMAN, A. As Bases Farmacológicas da terapêutica. 9ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill,1996.176-177 p. ICH Q2(R1). Validation of Analytical Procedures: Text and Methodology. Disponível em: http://www.ich.org/LOB/media/MEDIA417.pdf. Acesso em: 01 dez. 2005. MARTINDALE. The complete drug reference. Pharmaceutical Press. Thirty-third edition 2002. MOSTAFA S., EL-SADEK M., ALLA E. A. Spectrophotometric determination of enrofloxacin and pefloxacin through complex formation. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. v. 28, p. 173-180, 2002. NOUR EL-DIEN F. A. F., MOHAMED G. G.; MOHAMED N. A. Spectrophotometric determination of trazadone, amineptine and amitriptyline hydrochlorides through íon-par formation using methyl orange and bromocresol green reagentes. Spectrochimica Acta Part A .v.65, p.20-26, 2006. OGA, S. Fundamentos de Toxicologia – Uso racional de medicamentos. 2ª ed. Atheneu, São Paulo, 2003. 29 p. PEREIRA – FILHO, E. R.; POPPI, R. J.; ARRUDA, M. A . Z. Emprego de planejamento fatorial para a otimização das temperaturas de pirólise e atomização de Al, Cd, Mo e Pb por ETAAS. Química Nova.n° 2, v. 25, p. 246-253, 2002. PETRY, R.D.; SOUZA, T.P.; HEBERLÉ, G.; SILVA, W.B.; FLECK, J.D.; BASSANI, V.L.; GONZÁLEZ, O.G.; PETROVICK, P.R.;GUTERRES, S.S. Influência de Adjuvantes e técnica de enchimento sobre as características farmacêuticas de cápsulas de gelatina dura contendo teofilina.Caderno de Farmácia. v.14, n.1/2, p. 13-19,1998. PRABHAKAR, A.H.; PATEL, V. B.; GIRIDHAR, R. Spectrophotometric determination of fluoxetine hydrochloride in bulk and in pharmaceutical formulations . Journal of pharmaceutical and biomedical analysis. v 20, p.427 – 432, 1999. RAHMAN, N.; KHAN, N. A .; AZMI, S. N. H. Extractive spectrophotometric methods for the determination of nifedipine in pharmaceutical formulations using bromocresol green, bromophenol blue, bromothymol blue and eriochrome black T. IL Fármaco.v 59, p.47-54, 2004. RIBANI, M.; BOTTOLI, C. B. G.; COLLINS, C. H.; JARDIM, I. C. S. F.; MELO, L. F. C. Validação em métodos Cromatográficos e Eletroforéticos. Quím. Nova. Brasil, v.27, n°05, p.771-780, 2004.
62
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
ROMANO, M. J. A 1000-Fold Overdose of Clonidine Caused by a Compounding Error in a 5-Year-Old Child With Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder. Pediatrics . n° 2, v. 108, p. 471 – 472, 2001. SCOTTI, R.; LIMA, E.C.; BENVENUTTI, E. V.; PIATNICKI, C. M. S.; DIAS, S.L.P.; GUSHIKEM, Y.; KUBOTA, L.T. Azul de metileno imobilizado na celulose/Ti02 e Si02/Ti02: propriedades eletroquímicas e planejamento fatorial. Química Nova.v.29, p.208-212, 2006. SOUZA, C.B.; ANDRADE, L.; GLOCK, L. Avaliação da capacidade de homogeneização do misturador Mixer Plus® com a utilização de cianocobalamina e amido. Revista Racine, v.68, 2002. SUSLU, I..; TAMER, A. Spectrophotometric determination of enoxacin as íon-pairs with bromophenol blue and bromocresol purple in bulk and pharmaceutical dosage form. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis. v.29, p.545 – 554, 2002. SWARTZ, M. E.; KRULL, I. S. Validação de Métodos Cromatográficos. Pharmaceutical Tecnology. Boston, v. Junho, p.12-20, 1998. TEÓFILO R.F. & FERREIRA M. M. C. Quimiometria II: planilhas eletrônicas para cálculos de planejamentos experimentais, um tutorial. Química Nova. v.29, nº 2, p.338-350, 2006. TEÓFILO R.F. & FERREIRA M. M. C. Quimiometria II: planilhas eletrônicas para cálculos de planejamentos experimentais, um tutorial. Química Nova. V.29, nº 2, p.338-350, 2006. The British Pharmacopoeia , 2004.v.IV. appendix XIIj p.A274. USP 27 - United States Pharmacopeial Convention> Pharmacopeial Fórum, Rockville, MD 2004, 27. p. 487. WENZL, T.; LANKMAYR, E.; WINTERSTEIGER, R.; SADJAK, A .; LIKAR, R. ZAKEL, D. Determination and quantification of clonidine in human blood serum. Journal of biochemical and biophysical methods.v 53, p. 131-139, 2002. ZARBIELLI M.G.; MACEDO S. M. D. & MENDEZ A. S. L. Controle de qualidade de cápsulas de piroxicam manipuladas em farmácias do município de Erechim – RS. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. v.87, p.55-59, 2006.
63
GUIMARÃES, S.S. Desenvolvimento de método espectrofotométrico e avaliação ...
8.0 Anexos
64
ANEXO S
Resultados Estatísticos – Validação e estabilidade do complexo íon-par.
Linearidade
0 2 4 6 8 10 12 140,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
y = 0,1191x - 0,0123 R 2 = 0,9992
Abs
Concentração
Figura 01 – Curva de calibração de soluções padrões de cloridrato de clonidina Figura 02 – Gráfico de resíduos do método analítico.
Limite de Detecção e Quantificação O Limite de detecção LD = 3* 0,005/ 0,1191 = 0,01259 μg/mL O Limite de Quantificação LQ = 10* 0,005/ 0,1191 = 0,4198 μg/mL Precisão Intermediária Tabela 01 – Análise de variância (ANOVA) da precisão intermediária do método analítico
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Analistas 50,34999 5 10,07 1,715248 0,191781 2,901295
Dias 11,68295 3 3,894315 0,663329 0,587362 3,287383
Erro 88,06303 15 5,870869
Total 150,096 23 Estabilidade do complexo íon-par Tabela 01 – Análise de variância (ANOVA) da estabilidade do complexo íon-par.
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 0,000328 4 8,19E-05 0,254627 0,904082 2,758711
Dentro dos grupos 0,008045 25 0,000322
Total 0,008373 29
NOVAS NORMAS DE PUBLICAÇÃO
2007 GERAL - Serão considerados para publicação na Revista Química Nova manuscritos que cubram as áreas tradicionaisQuímica bem como artigos sobre Ensino de Química, História da Química, Política Científica, etc. Os trabalhos devemencaixar dentro de uma das modalidades abaixo:
Artigos Originais (em português, inglês ou espanhol): refere-se a trabalhos inéditos de pesquisa. Devem seguir a formde apresentação, contendo Introdução, Resultados e Discussão, Parte Experimental, etc, de acordo com as peculiaridcada trabalho.
Artigos de Revisão (em português, inglês ou espanhol): destinados à apresentação do progresso em uma área especQuímica, contendo uma visão crítica, com o objetivo de dar uma visão do estado da arte do ponto de vista do especialaltamente qualificado e experiente. O Corpo Editorial de QN poderá, eventualmente, convidar pesquisadores qualificadsubmeter artigo de revisão. É imprescindível que o autor tenha publicações na referida área, que comprovem a sua exe qualificação. Antes do envio do manuscrito, o autor deverá submeter à editoria, pelo sistema de submissão on line, um resumo da rpretendida, acompanhado de uma carta explicativa da pertinência do trabalho. Este será analisado pelos Editores e, umaprovado, será solicitado ao autor o envio do manuscrito completo, dentro das normas de QN, e só então será dado inprocesso de avaliação pelos assessores.
Artigos sobre Educação (em português ou espanhol): refere-se a trabalhos de pesquisas relacionadas a ensino de oe divulgação de experiências inovadoras no ensino de graduação e pós-graduação.
Notas Técnicas (em português, inglês ou espanhol): destinados à comunicação de métodos, técnicas, aparelhagens oacessórios desenvolvidos no laboratório de origem do autor do manuscrito.
Assuntos Gerais (em português, inglês ou espanhol): abordagem de assuntos de interesse geral dos químicos, tais cpolítica científica, programas de graduação e pós-graduação, história da química, etc.
PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOS - Todos os trabalhos deverão ser digitados em espaço duplo, utilizando somenteMicrosoft Word. Deverão ter no máximo 40 páginas, incluindo figuras, tabelas, esquemas etc. e todas as páginas devenumeradas. A primeira página deverá conter o título do trabalho, nome e endereço dos autores (para a revista, a menor unidade é departamento). Havendo autores com diferentes endereços estes deverão se seguir imediatamente ao nome de cada autores devem ser agrupados por endereço. Indicar com asterisco(*) o autor para correspondência, colocando seu e-mrodapé desta página (um só e-mail). A segunda página deverá conter o título e o resumo do trabalho em inglês (ABSTRACT), com no máximo 100 palavrasindicação de 3 keywords, também em inglês. As figuras (gráficos, esquemas, etc.) deverão ter qualidade gráfica adequada (usar somente fundo branco). As figuras,esquemas etc devem ser colocadas após as referências e devidamente identificadas. Se escaneadas, devem ser em aresolução (800 dpi/ bitmap para traços) com extensão tif ou jpg. As fotos ou desenhos com cor (300 dpi/grayscale) devenviadas com extensão tif/jpg, para não termos problemas ao aplicá-las no padrão da Revista. Outras extensões poss
cdr, eps, cdx ou opj. No caso particular de esquemas contendo estruturas químicas, estas deverão ter sempre a mesmdimensão, para que possam ser reduzidas uniformemente. Considerar que as figuras deverão ter largura máxima de ucoluna (8,5 cm) ou, excepcionalmente, de 2 colunas (17,5 cm). Figuras coloridas têm custo de publicação repassado aautores, quando da publicação. Para figuras, gráficos, esquemas, tabelas, etc idênticos aos já publicados anteriormente na literatura, os autores devemprovidenciar a permissão para publicação junto à empresa/sociedade científica que detenha o copyright e enviar à editQN junto com a versão final do manuscrito. As referências serão numeradas consecutivamente no texto, na forma de expoentes; a lista de referências será colocafinal do texto. As legendas das figuras devem ser colocadas em folha à parte, separadas das figuras. A seguir, devem colocadas as figuras, os gráficos, os esquemas, as tabelas e os quadros. No texto, apenas indicar a inserção de cada
REFERÊNCIAS
Revistas: Será utilizada a abreviatura da revista como definida no Chemical Abstracts Service Source Index (ver http://www.cas.org/sent.html). Caso a abreviatura autorizada de uma determinada revista não puder ser localizada e nãóbvio como o título deve ser abreviado, deve-se citar o título completo.
1. Varma, R. S.; Singh, A. P.; J. Indian Chem. Soc. 1990, 67, 518.
No caso especial da revista citada não ser de fácil acesso, é recomendado citar o seu número de Chemical Abstract, csegue:
2. Provstyanoi, M. V.; Logachev, E. V.; Kochergin, P. M.; Beilis, Y. I.; Izv. Vyssh. Uchebn. Zadev.; Khim. Khim. Tekhnol19, 708. (CA 85:78051s).
É recomendado o uso de referências compostas na medida do possível, em lugar de uma lista de referências individuaestilo das referências compostas é o seguinte:
3. Varela, H.; Torresi, R. M.; J. Electrochem. Soc. 2000, 147, 665; Lemos, T. L. G.; Andrade, C. H. S.; Guimarães, A. MWolter-Filho, W.; Braz-Filho, R.; J. Braz. Chem. Soc. 1996, 7, 123; Ângelo, A. C. D.; de Souza, A.; Morgon, N. H.; SamR.; Quim. Nova 2001, 24, 473.
Patentes: Devem ser identificadas da seguinte forma (na medida do possível o número do Chemical Abstracts deve ser informadparênteses). 4. Hashiba, I.; Ando, Y.; Kawakami, I.; Sakota, R.; Nagano, K.; Mori, T.; Jpn. Kokai Tokkyo Koho 79 73,771 1979. (CA 91:P193174v) 5. Kadin, S.B.; US pat. 4,730,004 1988. (CA 110:P23729y) 6. Eberlin, M. N.; Mendes, M. A.; Sparrapan, R.; Kotiaho, T.; Br PI 9.604.468-3, 1999. Livros: 7. Regitz, M. Em Multiple Bonds and Low Coordination in Phosphorus Chemistry; Regitz, M.; Scherer, O. J., eds.; GeorThieme Verlag: Stuttgart, 1990, cap. 2. 8. Cotton, F.A.: Wilkinson, G.; Advanced Inorganic Chemistry, 5th ed., Wiley: New York, 1988.
Programas de computação (Softwares): 9. Sheldrick, G. M.; SHELXL-93; Program for Crystal Structure Refinement; Universidade de Göttingen, Alemanha, 199
Teses: 10. Velandia, J. R.; Tese de Doutorado, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil, 1997.
Material apresentado em Congressos: 11. Ferreira, A. B; Brito, S. L.; Resumos da 20a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Poços de Caldas, 1998.
Páginas Internet: http://jbcs.sbq.org.br, acessada em Junho 2001.
Material não publicado: Para material aceito para publicação: Magalhães, U. H.; J. Braz. Chem. Soc., no prelo. Para material submetido mas aaceito: Magalhães, U. H.; J. Braz. Chem. Soc., submetido. Para trabalho não publicado ou comunicação pessoal: MagaU. H.; trabalho não publicado ou Magalhães, U. H., comunicação pessoal. Os resultados não publicados só poderão secom a permissão explícita das pessoas envolvidas na sua obtenção.
Quando o trabalho for redigido em idioma inglês, os autores são solicitados a se remeterem às normas do Journal of thBrazilian Chemical Society.
Os autores devem procurar seguir, naquilo que for possível, as normas recomendadas pela IUPAC, inclusive o SistemInternacional de Unidades. Sobre a nomenclatura de compostos (orgânicos e inorgânicos) já há traduções para a línguportuguesa publicadas em Q.N. Quanto aos Símbolos e Terminologias, onde não há tradução, espera-se que adaptaçfeita pelos autores, criando então, paulatinamente, um conjunto de normas em português.
SUBMISSÃO DOS ARTIGOS - A QN está agora oferecendo aos autores a submissão on line, que pode ser acessadado registro de Login e Senha. Você pode se registrar em nossa home page (http://quimicanova.sbq.org.br) usando a oNovo Usuário. Se já for usuário da plataforma do JBCS, já está cadastrado na base (pois ela é comum às duas revistadeverá utilizar o mesmo Login e Senha. Após estar cadastrado em nosso sistema de submissão on line, o autor pode facilmente seguir as instruções fornecidas na tela. Será solicitada a submissão de um único arquivo do manuscritocompleto, em formato PDF. Está disponível uma ferramenta para gerar o arquivo PDF, a partir de aruivo .doc ou .rtf. sistema informará por e-mail o código de referência do manuscrito e o autor poderá acompanhar, através do sistema, ode seu manuscrito.
MANUSCRITOS REVISADOS - Manuscritos enviados aos autores para revisão devem retornar à Editoria dentro de prmáximo de três meses ou serão considerados retirados. Usando o Login e a Senha registrados anteriormente, o autor seguir as instruções, fornecidas na tela, para envio do PDF completo da versão revisada e das respostas aos assessodetalhando as alterações feitas na nova versão e justificando as alterações sugeridas nos pareceres e que não foram apelos autores. Esses dois arquivos devem ser enviados através da seção Envio de Nova Versão, na página do Autor, nsistema de submissão on line disponível na home page da QN. A Editoria de QN reserva-se o direito de efetuar, quando necessário, pequenas alterações nos manuscritos, de modo aadequá-los às normas da revista ou tornar seu estilo mais claro, respeitando, naturalmente, o conteúdo do trabalho. Qque seja a natureza do manuscrito submetido, ele deve ser original ao nível de metodologia, informação, interpretaçãocrítica. A qualificação do trabalho será atestada por, no mínimo, dois consultores, indicados pela Editoria.
RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº.214, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2006.
Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos para Uso
Humano em farmácias.
ANEXO VIII
PADRÃO MÍNIMO PARA INFORMAÇÕES AO PACIENTE
6. clonidina (cloridrato)
USO ADULTO
VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA
Como este medicamento funciona?
Controla a pressão arterial. É um antiadrenérgico de ação central, derivado da imidazolina.
Por que este medicamento foi indicado?
Porque ajuda a restabelecer a pressão normal em casos de hipertensão. Além de auxiliar no controle da pressão arterial atua
também com outras funções. Na psiquiatria é a terceira alternativa para o tratamento da hiperatividade com déficit de
atenção nas crianças.
Ajuda também a controlar a abstinência à heroína e à nicotina, e controla a enxaqueca e o glaucoma.
Quando não devo usar este medicamento?
Em período de amamentação, no caso de doença do nódulo sinusal e pacientes com histórico de hipersensibilidade à
clonidina.
Em que condições o uso deste medicamento requer cuidados médicos?
Crianças com: diabetes mellitus, doença cérebro-vascular, doença do nódulo sinusal e história de depressão mental; idosos
com: infarto do miocárdio, insuficiência coronariana grave, insuficiência renal crônica, mau funcionamento do nódulo
atrioventricular; síndrome de Raynaud; tromboangeíte obliterante.
Não há contra-indicação relativa a faixas etárias.
Quais os males que este medicamento pode causar?
Aumento de peso e, nos homens, aumento das mamas. Cansaço, sedação, sonolência, tontura, confusão mental e
depressão. Diminuição das lágrimas, boca seca e secura na fossa nasal, constipação, distúrbio circulatório e dor nas
parótidas. Podem ocorrer também perturbação do sono, pesadelo, problema de potência sexual e queda de pressão ao se
levantar.
O que pode ocorrer se este medicamento for usado junto com outros?
Pode ter a ação diminuída por: antidepressivo tricíclico, IMAO (inibidor da monoamina-oxidase), simpaticomiméticos,
supressores do apetite (menos a fenfluramina) e antiinflamatórios não esteróides.
Pode aumentar a ação de: álcool, barbiturato e outros sedativos.
Pode haver crises hipertensivas com: betabloqueador (Em tratamento conjunto com betabloqueador, a clonidina deve ser
retirada antes do betabloqueador).
Pode ter a ação aumentada por: fenfluramina e outros antihipertensivos.
Quais os cuidados a serem tomados durante o uso deste medicamento?
Não ingira bebida alcoólica. não dirija veículos, nem opere máquinas perigosas até ter certeza de que o medicamento não
está afetando o seu estado de alerta ou a sua coordenação motora.
Evite movimentos bruscos, para prevenir quedas de pressão.
Não descontinue a medicação abruptamente ou faça isso gradualmente, num prazo de 2 a 4 dias.
Este medicamento pode diminuir ou inibir o fluxo salivar e contribuir para o desenvolvimento de desconforto oral, cáries,
doença periodontal e candidíase (monilíase) oral.
O que fazer se alguém usar uma grande quantidade deste medicamento de uma só vez?
A ingestão de doses elevadas da medicação requer imediata hospitalização.
RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças. Este medicamento é extremamente perigoso e letal
quando usado de forma inadequada.
Nunca peça, aceite ou use medicamentos que tenham sido prescritos para outro paciente e nunca ofereça ou recomende a
ninguém os que foram prescritos para Você. As indicações, os resultados e reações aos medicamentos podem mudar de
pessoa para pessoa.
Nunca use qualquer medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser muito perigoso para a sua saúde,
especialmente este medicamento que é classificado como ? de baixo índice terapêutico? ou seja, a dose capaz de fazer
efeito terapêutico está muito próxima da dose letal. Portanto, não use este medicamento sem a prescrição médica e
orientação de um farmacêutico.
Informe sempre ao seu médico ou cirurgião-dentista se está fazendo uso de algum outro medicamento.
Informe sempre ao seu médico se estiver grávida, se ocorrer gravidez durante o tratamento, ou se estiver amamentando.
O paciente deve estar seguro de que a farmácia que vai manipular o seu medicamento encontra-se autorizada, junto à
Vigilância Sanitária local, para preparar esse tipo de medicamento, e se o atendimento e as orientações estão sendo
prestadas pessoalmente por farmacêutico devidamente habilitado.
Antes de usar, observe bem o aspecto do medicamento. Em caso de dúvida procure o farmacêutico que o atendeu.
Não use o medicamento com o prazo de validade vencido.
Siga rigorosamente as orientações do seu médico, quanto ao medicamento prescrito, o modo de usar, os horários, as doses
e a duração do tratamento.
Em hipótese alguma se deve tomar quantidade maior ou menor do que a que foi receitada.
Informe sempre ao seu médico ou cirurgião-dentista o aparecimento de reações indesejáveis.
Se houver necessidade de suspender o uso do medicamento, entre em contato imediato com seu médico, de preferência
antes de parar de usá-lo.
Leia com atenção todo o conteúdo destas informações.
Não desaparecendo os sintomas, procure orientação médica.