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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Painel Pré-moldado em Concreto Convencional Vibrado e Auto-Adensável Hugo da Silva Cruz Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof.Dr.Fernando Menezes de Almeida Filho. São Carlos 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Painel Pré-moldado em Concreto Convencional Vibrado e Auto-Adensável

Hugo da Silva Cruz

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof.Dr.Fernando Menezes de Almeida Filho.

São Carlos 2012

DEDICATÓRIA

Dedico principalmente aos meus pais Sérgio e Helen, que são os verdadeiros pilares da minha formação.

RESUMO

Neste trabalho há a busca de dados que possam demonstrar os reias benefícios da

utilização do concreto auto-adensável na produção dos painéis pré-moldados. Para isso, é

realizada uma descrição primeiramente do material auto-adensável, indicando suas

principais características que o difere do concreto convencional vibrado, além de apresentar

os ensaios a serem realizados afim de garantir suas propriedades.

Em seguida o elemento painél pré-moldado é abordado com um breve histórico de

sua utilização e características. Em seguida é detalhado o seu processo de produção e as

patologias oriundas de erros nessa etapa.

Uma análise fazendo um comparativo econômico entre o concreto convencional e o

auto-adensável para a produção dos painéis, e a geração de resíduos causados por um

sistema construtivo convencional e um sistema construtivo em painéis pré-moldados

também são feitas afim de intensificar o apelo deste trabalho que é o de realçar os

benefícios que surgem quando o painél em concreto auto-adensável é utilizado.

Este estudo é importante pois há a necessidade de se atender ao déficit habitacional

existente no Brasil, sendo que utilizando o sistema construtivo em painéis pré-moldados há

a possibilidade de atender de uma forma mais rápida com qualidade e de forma econômica.

Palavras-chave: Concreto Auto-Adensável, Painél Pré-moldado

ABSTRACT

ABSTRACT

This work is the search data that can demostrate the benefits of using self-

compacting concrete in the production of precast panels. For this, we first performed a

description of the material self compacting concrete, indicating its main characteristics that

differ from conventional vibrated concrete, besides presenting the testes in order to ensure

their properties.

Then the element precast panel is covered with a brief history of its use ando

characteristics. Following is detailed production process and pathologies arising from error in

this step.

Making a comparative economic analysis between the conventional concrete and

self-compacting concrete panels for their production, and waste caused by a convencional

construction system and a precast construction system are also made in order to enhance

the appeal of this work is to highlight the benefits that arise when the panel of self-

compacting concrete is used.

This study is important because there is a need to fill and decrease the habitacional

deficit in Brazil, and the precast construction system using the precast panel make this

opportunity real whithout losing quality.

Key-words: Self-compacting concrete,precast painel

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8

1.1 Objetivos .................................................................................................................... 9

1.2 Metodologia ............................................................................................................... 9

1.3 Justificativa ............................................................................................................. 10

1.4 Estruturação de Texto ............................................................................................ 11

2. CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL ............................................................................... 13

2.1 Materiais constituintes ........................................................................................... 13 2.1.1 cimento ................................................................................................................. 14

2.1.2 Adições Minerais .................................................................................................. 14 2.1.3 Agregados Miudos ................................................................................................ 15

2.1.4 Agregados Graúdos .............................................................................................. 15 2.1.5 Aditivos ................................................................................................................ 15 2.1.6 Modificadores de Viscosidade ............................................................................. 16 2.1.7 Água ..................................................................................................................... 16

3. PROPRIEDADES DO CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL NO ESTADO FRESCO . 17

3.1 Slump flow test ........................................................................................................ 18

3.2 slump flow t50 test .................................................................................................. 19

3.3 V-funnel test: ........................................................................................................... 20

3.4 L-box test ................................................................................................................. 21

3.5 U-box test ................................................................................................................. 22

4. PROPRIEDADES DO CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL NO ESTADO

ENDURECIDO ....................................................................................................................... 25

5. Painél Pré-moldado ......................................................................................................... 27

5.1 Produção Painéis Pré-moldados em CCV ............................................................ 33 5.1.1 Fôrmas .................................................................................................................. 33 5.1.2 Armação................................................................................................................ 35

5.1.3 Concretagem dos Painéis ...................................................................................... 37 5.1.4 Içamento e Cura .................................................................................................... 39

5.1.5 Processo de Montagem ......................................................................................... 40

5.2 Produção de Painéis pré-moldados em concreto auto-adensável ....................... 41

5.3 Produtividade dos Painéis ...................................................................................... 45

5.4 Patologias ................................................................................................................. 47 5.4.1 manchas ................................................................................................................ 48 5.4.2 bolhas .................................................................................................................... 48 5.4.3 fissuras .................................................................................................................. 50

5.4.4 quebras .................................................................................................................. 51

5.5 Modos e Efeitos de Falha na Fabricação de Painéis Pré-moldados ................... 52

6. Resíduos Sólidos: Tipologia Convencional x Pré-moldado ........................................... 57

6.1 Identificação Empreendimento 1 (CONVENCIONAL) ..................................... 58

6.2 Identificação Empreendimento 2 (PRÉ-MOLDADA) ........................................ 60

7. COMPARATIVO ECONÔMICO ................................................................................... 62

7.1 Industria de pré-moldado ...................................................................................... 62

8. Conclusões ....................................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 67

8

1. INTRODUÇÃO

A habitação é determinada como um direito previsto na Constituição da República,

porém historicamente sempre apresentou seu número inferior ao necessário. O déficit

habitacional brasileiro ao invés de diminuir, sempre teve seu valor aumentado

paulatinamente mesmo com políticas habitacionais criadas para tentar frear esse

crescimento.

Ultimo dado coletado nos mostra que o déficit habitacional está em torno dos 7

milhões de casas. Uma das ultimas ações do Estado para impedir o crescimento do déficit

habitacional é o conhecido programa “Minha Casa, Minha Vida”, em que auxilia o comprador

com crédito e longos parcelamentos facilitando então a aquisição de seu próprio imóvel.

Para que as construtoras participem deste programa social, têm que atender

requisitos básicos de serviços que vão proporcionar ao usuário final um adequado nível de

conforto e segurança mínimos necessários para a sua sobrevivência, previstos em Lei.

A segurança, conforto, adequabilidade ambiental e demais outros itens que são

envolvidos na concepção da habitação estão apresentados na norma desempenho (15575),

em que são listados todos os itens necessários à habitação apresentando para cada item o

seu requisito mínimo, ou seja, qualquer construtora que por ventura deseje participar do

programa “Minha Casa, Minha Vida”, necessita pelo menos proporcionar os requisitos

mínimos previstos em norma.

Com os requisitos mínimos compreendidos, é possível participar de programas

habitacionais através de vários sistemas construtivos, no Brasil, são usados os sistemas

viga-pilar, alvenaria estrutural, painéis pré-moldados, painéis pré-fabricados. Cada um

destes sistemas construtivos apresentam uma qualidade específica, por exemplo o sistema

viga pilar tem um custo menor em relação aos painéis pré-fabricados, porém esses

apresentam maior velocidade de construção proporcionando uma liquidez maior.

Os painéis pré-fabricados apresentam qualidades que devem ser considerados

quando da escolha do sistema construtivo que será utilizado, entre as principais são a

velocidade de produção, limpeza do canteiro de obras e diminuição da quantidade de mão-

de-obra envolvida no processo. Caso este painel seja produzido com o concreto auto-

adensável suas qualidade só tendem a ser aumentadas, devido as possibilidades que este

material proporciona em relação ao concreto convencional.

9

O concreto auto-adensável (CAA) é um material desenvolvido no final da década de

80, no Japão, e tem por característica principal a não necessidade de ser adensado. Com o

seu peso próprio, o material é capaz de permear entre as armaduras da estrutura,

preenchendo todos os espaços possíveis sem a necessidade de adensamento,

proporcionando assim vantagens como o aumento da durabilidade da estrutura, possibilita a

concretagem em seções reduzidas entre outras.

Portanto se for adotado o sistema construtivo em painéis pré-fabricados com o uso

do concreto auto-adensável, o resultado será em um acréscimo de vantagens muito

importante para a aplicação em programas sociais voltados para a habitação de interesse

social, visto que esta demanda uma velocidade e qualidade de produção alta para pelo

menos frear o crescimento do déficit habitacional.

1.1 OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo estudar as características do concreto auto-adensável,

diferenciando-o do concreto convencional, e avaliar a sua utilização para a produção de

painéis pré-moldados como possível melhoria no processo de obtenção, analisando o seu

processo de produção e tipologia de sistema construtivo. Serão abordados ainda:

Custo do sistema construtivo

Controle de Qualidade

Atividades envolvidas

Processos de execução

Conforto Térmico e Acústico

1.2 METODOLOGIA

Neste trabalho os dados e informações apresentadas são fundamentalmente

baseados em artigos, teses de mestrado e dissertações de doutorado em que será estudada

a utilização do concreto auto-adensável na produção de painéis pré-moldados e que

melhorias isso pode ocasionar. Diante da dificuldade em se encontrar empresa disponível à

visitação e aberta a questionamentos, todos os estudos de caso aqui descritos são estudos

já realizados por outros estudantes de diversas partes do país.

Será feito um estudo referente ao concreto auto-adensável em que o objetivo

encontra-se em buscar uma descrição das propriedades reológicas do material e os ensaios

10

inerentes a este para que se garanta as propriedades como trabalhabilidade, coesão e

resistência a segregação que diferencia o material dos concretos convencionais.

Em seguida o assunto abordado será o do painel pré-moldado, fazendo com que

este seja caracterizado, através de informações disponíveis em dissertações de doutorado,

assim com o painel descrito teremos uma melhor compreensão de suas características,

qualidades, vantagens e desvantagens na sua utilização. Outro item abordado será o

processo de produção dos painéis pré-moldados, que vem comentado através de um estudo

de caso já realizado que se tornou trabalho de conclusão de curso, e a comparação entre os

concretos convencionais e o auto-adensável, procurando entender as mudanças que

implicam na utilização de um ou outro, bem como as patologias presentes que são descritas

caso a caso.

São abordados também assuntos como a geração de resíduos nos sistemas

construtivos convencionais e pré-moldado, em que se faz um comparativo entre o volume

gerado entre as duas obras,um comparativo econômico entre os concretos convencionais e

auto-adensável, itens abordados estes que são de grande importância para que se possa

chegar a uma conclusão quanto a utilização ou não do concreto auto-adensável na

produção de painéis pré-moldados, informações estas encontradas em estudos de caso já

realizados.

1.3 JUSTIFICATIVA

O Brasil tem um quadro de déficit habitacional historicamente antigo e que se

encontra num estado avançado nos dias de hoje. Na tentativa de reduzir a carência

habitacional da população, o governo brasileiro elaborou uma política habitacional que vem

desempenhando um projeto nunca antes realizado no país. Conhecido como “Minha Casa,

Minha Vida”, este projeto alavancou o mercado de construção habitacional brasileiro.

Englobando residências térreas e pequenos edifícios, construtoras se empenham ao

máximo para conseguir participar deste projeto, utilizando das mais variadas soluções

construtivas afim de atender as necessidades mínimas de uma habitação e trazer lucro à

sua empresa.

As soluções construtivas utilizadas são sistema em alvenaria, sistema tradicional

viga-pilar, painéis pré-moldados e pré-fabricados em concreto auto-adensável. Estes

sistemas têm cada um suas características específicas, não sendo estes pior ou melhor do

que outro sistema, apenas mais adequado ou não para uma situação específica.

De forma mais concisa será estudado os painéis pré-moldados em concreto auto-

adensável de forma a entender as etapas necessárias para a sua construção e aplicação no

11

canteiro de obras, fazendo uma análise sobre a melhoria do painel pré-moldado quando se

é utilizado o concreto auto-adensável em relação ao concreto convencional.

O concreto auto-adensável foi um material desenvolvido no Japão na década de 80

que teve seu uso em obras iniciado na década de 90, principalmente no Japão e Europa. Na

América Latina sua freqüência de utilização ainda é pequena se comparado aos países do

velho mundo. Uma das barreiras que teoricamente e erroneamente tendem a justificar a não

propagação desta tecnologia em nosso país é o seu custo mais elevado se comparado com

o concreto convencional.

Porém, esta nova tecnologia apresenta várias vantagens que justificam o seu

elevado custo inicial de utilização. Entre as vantagens encontradas podemos citar a

diminuição da mão-de-obra no canteiro, a diminuição de ruídos na obra, a melhoria da

saúde dos operários no canteiro o aumento da produtividade e entre outras.

Com estas vantagens descritas, entende-se que é de extrema importância o estudo

do processo de produção de painéis pré-moldados em concreto auto-adensável tanto para

as construtoras como para os programas de interesse social lançados pelo governo

brasileiro, visto que com a grande necessidade em atender a demanda de habitações

sociais no país, a velocidade de produção se faz necessária e se torna um valor importante

a ser considerado em projeto.

1.4 ESTRUTURAÇÃO DE TEXTO

Capítulo 1 - Apresenta uma breve introdução sobre o tema do trabalho,

mostrando os objetivos e justificando o tema a ser estudado.

Capítulo 2 - Comenta sobre os materiais constituintes do concreto auto-

adensável

Capítulo 3 - Descreve as propriedades do concreto no estado fresco e seus

ensaios

Capítulo 4 - Diz respeito às propriedades do concreto auto-adensável no

estado endurecido, mostrando o que o difere em relação ao concreto

convencional

Capítulo 5 - Cita características do painél pré-moldado e as etapas para a

produção do mesmo

Capítulo 6 - Relaciona as possíveis patologias presentes nos elementos de

concreto

12

Capítulo 7 - Relaciona a quantidade de resíduos gerada por uma obra

convencional e outra que utiliza sistema construtivo em painél pré-moldado.

Capítulo 8 - Faz um comparativo econômico entre os concretos convencional

e auto-adensável, mostrando os custos relacionados a cada serviço.

Capítulo 9 – Apresenta as conclusões mediante os dados apresentados no

desenvolvimento do trabalho.

13

2. CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL

O concreto auto-adensável foi desenvolvido a partir da necessidade de se conseguir

um material que proporcionasse estruturas mais duráveis, dispensando ou diminuindo a

necessidade de mão-de-obra na sua concepção ganhando assim em termos de custo e

economia de tempo.

Pode ser definido com um concreto de alta resistência a segregação, que pode ser

lançado em formas com alta taxa de armadura e mesmo assim irá através de seu peso

próprio ser adensado sem a necessidade de equipamentos externos, um material que tem

excelente deformabilidade e habilidade de passagem.

A resistência a segregação no concreto auto-adensável é diretamente relacionada

com a dimensão do agregado utilizado em sua composição. Esta característica tem por

princípio a capacidade de manter o CAA uniforme em todas as etapas em que este esta

relacionado sendo elas o transporte, lançamento e adensamento garantindo portanto, a

homogeneidade do material.

Habilidade de passagem nada mais é do que a característica do CAA que o permite

percorrer formas com altas taxas de armadura e preencher todos os espaços vazios de

forma satisfatória.

A trabalhabilidade pode ser determinada na prática através do teste de abatimento

de cone, assim com o ensaio é possível medir tanto o espalhamento do concreto como

também o abatimento do próprio. Para classificar a trabalhabilidade do concreto com

parâmetros reológicos, os mais utilizados são as tensões de escoamento e a viscosidade

plástica.

2.1 MATERIAIS CONSTITUINTES

Os mesmos materiais utilizados para a constituição d

o concreto convencional é usado para o CAA, contando com maior quantidade de

finos e aditivos plastificantes. A seleção dos materiais não é uma atividade simples, pois não

há regras totalmente objetivas que permitam a escolha mais adequada destes materiais,

porém há um consenso de que algumas características dos materiais influem no

comportamento das misturas, sendo então possível otimizar as propriedades reológicas e

mecânicas do concreto.

14

A seguir será feito considerações sobre os materiais utilizados para a produção do

CAA.

2.1.1 CIMENTO

Para o CAA não há uma distinção específica em relação ao cimento que já é

utilizado para a concepção dos concretos estruturais convencionais, sendo assim o melhor

cimento indicado é aquele que apresenta baixa variação em termos de resistência à

compressão.

O cimento para o CAA é importante quando consideramos a necessidade de água e

trabalhabilidade da mistura, para os quais os fatores de controle são a granulometria do

cimento e a quantidade de aluminato de cálcio (C3A). No caso em questão, quanto menor for

a concentração de C3A mais fácil será o seu controle reológico.

Teores acima de 10% de C3A no cimento podem resultar em perda da fluidez

dificultando a aplicação do CAA em obras.

Em relação a finura temos que quanto maior a superfície específica do cimento,

maior será a quantidade das partículas em contato com a água, o que reduz a tensão de

escoamento e aumenta a viscosidade da mistura. Portanto como para aumentar a coesão

da mistura a busca por finos é elevada, cimentos com maior superfície específica são mais

apropriados, contudo tem-se que tomar um cuidado maior em relação ao calor de

hidratação e retração do concreto.

2.1.2 ADIÇÕES MINERAIS

A adição mineral tem por objetivo aumentar a coesão da mistura e evitar a

segregação do agregado graúdo. Para isso, estas devem ser escolhidas depois de uma

analise técnica e econômica, sendo viável desde que a sua área superficial seja maior do

que a do componente que substitui.

A adição mineral é tão importante para a resistência a segregação como é também

para a resistência e durabilidade do concreto, física e quimicamente.

O efeito químico da adição mineral é obtido através da reação com o hidróxido de

Cálcio – Ca(OH)2 que se forma durante a hidratação do cimento Portland, que então deriva

um composto denominado silicato hidratado de cálcio (C-S-H) que aumenta a durabilidade

do concreto e o seu desempenho mecânico pois este preenche os vazios presentes na

pasta de cimento, reações estas conhecidas como pozolânicas.

Para o efeito físico, o mesmo pode ser dividido em três ações principais:

Efeito fíler: consiste no aumento da densidade da mistura devido à ocupação

dos vazios pelas partículas das adições,

15

Refinamento da estrutura de poros e dos produtos de hidratação, que têm

como origem as partículas das adições que agem como pontos de nucleação

para os produtos de hidratação,

Redução ou eliminação do acúmulo de água retida nos agregados graúdos,

alterando assim a microestrutura da zona de transição.

2.1.3 AGREGADOS MIUDOS

Na produção do CAA, todas as areias são indicadas, sendos estas areias naturais ou

industriais. As areias naturais são mais indicadas pois apresentam textura mais lisa e forma

mais arredondada, sendo que as areis de origem industrial deve-se tomar um cuidado maior

devido a descontinuidade granulométrica apresentada, o que pode ser corrigido com a

adição de outra areia.

Para a seleção do agregado miúdo, deve-se atentar quanto à demanda de água,

porque é esta demanda que influi na coesão e fluidez do concreto. Segundo Okamura e

Ouchi(2003), quanto mais angulosa for a partícula do agregado miúdo, maior será a

resistência ao cisalhamento das argamassas, dificultando a deformabilidade do concreto.

Define-se o agregado miúdo com módulo de finura com variações não maiores que

+-0,2 para garantir a estabilidade das propriedades reológicas durante a produção (GÓMES

e MAESTRO, 2005.

2.1.4 AGREGADOS GRAÚDOS

(Gomes e Maestro (2005) indicam que para o agregado graúdo sua dimensão

máxima não seja superior a 2/3 do espaçamento entre barras ou ¾ do cobrimento mínimo

para as armaduras, restrições estas que têm como intuito garantir a passagem do concreto

pelos obstáculos e minimizar o risco de segregação. Com estas restrições, de uma forma

geral as dimensões dos agregados fica compreendido entre 12,5 a 19mm.

Abordando agora a forma do agregado, como os agregados que possuem forma

mais angular e áspera beneficiam na aderência com a pasta de cimento mas caso seja

muito angulado faz com que o consumo de água para a mistura aumente, é indicado que o

agregado apresente coeficiente de forma o mais próximo possível de 1.

2.1.5 ADITIVOS

Um dos principais diferenciais do CCV para o CAA é o uso de aditivos,que podem

ser classificados em 2 principais, são eles os aditivos superplastificante e os modificadores

de viscosidade. De forma concisa os aditivos superplastificantes permitem alta fluidez na

mistura enquanto que os modificadores de viscosidade proporcionam um aumento na

coesão o que deixa o concreto menos propicio a segregar.

16

De forma resumida, podemos classificar os aditivos superplastificantes em quatro

categorias, de acordo com a sua composição química (HARTMANN)

I. Lignosulfatos, responsável por retardar a pega do cimento por incorporar ar,

II. Sais Sulfonatos de Policondensado de naftaleno e formaldeído, não

incorporam ar e também não retardam a pega do cimento,

III. Melamina Sulfonato

IV. Policarboxilatos

È possível afirmar que todo o aditivo superplastificante proporciona aumento de

trabalhabilidade ao cimento, uns com efeito mais eficaz do que outros, pois quanto maior a

finura do cimento, menor a eficácia do aditivo resultado da diminuição da absorção do

número de moléculas absorvidas na superfície dos grãos de cimento (BUCHER).

TUTIKIAN ET AL. (2007) afirma através de ensaios que quanto maior a

trabalhabilidade inicial com aditivo superplastificante, mais rápida é a sua perda com o

tempo. Além disso a variação da temperatura influi na perda de consistência, uma vez que

temperaturas acima de 32ºC ocasionam uma perda drástica do abatimento, como solução é

possível utilizar água gelada ou lascas de gelo para manter a temperatura do concreto e

estabilizar a pega do mesmo.

2.1.6 MODIFICADORES DE VISCOSIDADE

É definido como um produto à base de polissacarídeos que quando adicionados ao

concreto melhoram a coesão, evitando a segregação e limitando a perda de água por

exsudação.

Outra vantagem em sua utilização é que podem dispensar ou diminuir o uso de

aditivos minerais, que possuem custo alto, pois o VMA substitui componentes finos do

concreto fazendo com que diminua a área superficial da mistura e assim o consumo de

água.

Mesmo que seu uso não seja incontestável no CAA, seu uso quando feito de forma

conjunta com os superplastificantes resulta em uma mistura de grande fluidez e estáveis.

Porém há um cuidado quanto a sua utilização, segundo Otaviano(2007) a compatibilidade

entre os aditivos deve ser feita para evitar resultados como retardamento de pega,

alteração no desenvolvimento de resistência nas primeiras idades, coesão excessiva e

aumento da retração por secagem.

2.1.7 ÁGUA

Para o CAA, a qualidade da água deve ser a mesma que em relação ao CVV, assim

este elemento constituinte não se difere entre a misturas.

17

3. PROPRIEDADES DO CONCRETO

AUTO-ADENSÁVEL NO ESTADO

FRESCO

O concreto auto-adensável tem por característica ser extremamente fluido e

simultaneamente apresenta uma boa viscosidade para permitir que o agregado graúdo seja

carregado em todo trajeto sem a sua segregação. Por se tratar de características

extremamente opostas, há uma necessidade da correta dosagem do concreto para que este

nível de trabalhabilidade seja atingido no estado fresco.

Assim foram desenvolvidos equipamentos que conferem as características do

concreto, avaliando o seu desempenho. Por um lado, é necessário advertir que estes

ensaios ainda não foram normalizados, portanto há uma série de divergências relacionadas

às especificações e medidas. Nos ensaios as características analisadas são a fluidez,

capacidade de fluir coeso e a resistência a segregação, sendo que para cada característica

a ser avaliada há um grupo de ensaios específicos, sendo estes mais práticos do que

outros.

Pode-se organizar os ensaios em uma tabela, no qual é organizado o ensaio devido

a sua utilização, propriedades avaliadas e grau de relevância (Peterssen 1999).

TABELA - 1. Ensaios e grau de utilização.

Fonte: TUTIKIAN ,2007.

18

Na tabela 1, temos indicado que “xxx” como altamente recomendável, “xx” como

recomendável, “x” como pouco recomendável e “N” como não relevante, o que se leva a

perceber que não há um único ensaio que consiga avaliar de forma altamente recomendável

as três características do concreto, fluidez, habilidade passante e coesão.

3.1 SLUMP FLOW TEST

Desenvolvido no Japão, este ensaio é responsável por medir a capacidade do

concreto em fluir livremente sem segregar, sendo a sua medida o diâmetro do círculo

formado pelo concreto. Este ensaio pode ser descrito como uma adaptação ao ensaio de

abatimento de cone para concreto extremamente fluidos.

Através deste ensaio é possível identificar visualmente se o concreto esta

segregando ou não, isso é possível através da analise ao concreto ao fim do seu

espalhamento, se houver uma “pilha” central de agregado e somente a pasta de cimento

envolta, significa que o concreto apresenta baixa viscosidade e esta segregando o seu

material. Por outro lado, se o mesmo ao fim do espalhamento apresenta-se de forma

homogênea, então esta mistura apresenta boa viscosidade e resistência a segregação. A

seguir identificamos através das figuras, os dois casos, sendo o primeiro sem segregação e

o segundo com segregação.

Figura 1 - CAA sem segregação.

Fonte:TUTIKIAN e DAL MOLIN,2008.

19

Figura 2 - CAA com segregação visível.

Fonte: TUTIKIAN e DAL MOLIN,2008.

O procedimento do ensaio em si é bem simples, necessitando apenas de uma

pessoa o que o potencializa a ser possível a sua utilização no canteiro de obras. Como

materiais necessários é preciso uma base quadrada (100x 100 cm) no qual esta não

absorva água e não provoque atrito, e um tronco de cone com as mesmas características

que a base.

Resumidamente o processo do ensaio consiste em inicialmente umedecer a base e o

tronco de cone para que não absorvam água do concreto, feito isso é nivelada a base em

local firme e colocado o tronco de cone sobre o círculo de raio igual a 20 cm anteriormente

desenhado. Assim o tronco de cone é preenchido com o concreto sem que haja nenhum tipo

de adensamento externo feito, deixando atuar somente a força da gravidade para o mesmo.

Com tudo preparado é feito então o levantamento vertical do cone permitindo que o

concreto flua sem obstáculos. Com a mistura já inerte sobre a base é medido o diâmetro do

espalhamento em duas direções perpendiculares uma à outra, sendo que a média destas

medidas é o valor do slump flow, com a observação visual de que houve ou não

segregação.

3.2 SLUMP FLOW T50 TEST

Este ensaio é uma variação do slump flow, tendo por diferenças a necessidade de

mais uma pessoa, um cronômetro e o circulo traçado na base do experimento que agora

passa a ser de 50 cm.

O ensaio consiste no mesmo procedimento se comparado com o slump flow test,

porém ao se levantar o tronco de cone, a segunda pessoa deverá acionar o cronômetro e

20

marcar o tempo até que o concreto atinja algum ponto do círculo de 50 cm traçado

anteriormente. Como conclusão se o tempo for muito alto, caracteriza a mistura como muito

fluida, e se o tempo for muito baixo é dito que o concreto está muito coeso e deve ser

corrigido.

3.3 V-FUNNEL TEST:

Ensaio apropriado para agregados graúdos de 20 mm como diâmetro máximo tem

com realização duas possibilidades de aparelho a se utilizar como mostra a figura a seguir.

Figura 3 - V- Funnels. Fonte: GOMES,2002

Ilustrado o equipamento, deve-se entender que na parte inferior dos mesmo há uma

porta que dá início ao experimento ao abri-la. Tendo este experimento como medida o

tempo, é de fácil compreensão, pois ao se abrir a porta inferiro é medido o tempo necessário

para que todo o material escoe do funil, tendo como característica sendo avaliada a fluidez

da mistura.

Figura 4 - Ensaio sendo realizado. Fonte: TUTIKIAN e CARPENA, 2008

21

Como procedimento para o início do experimento, temos primeiramente que o

aparelho deve ser fixado e nivelado para que não se movimente durante o ensaio. Sua

estrutura deve ser umedecida anteriormente para que não haja a captura de água do

concreto pela mistura. O concreto deve ser posto no funil de forma que o seu excesso seja

retirado e então se abre a porta do funil juntamente com o acionamento do cronômetro. O

resultado do experimento é o tempo em que o concreto leva para esvaziar o funil.

3.4 L-BOX TEST

Este ensaio consiste em um equipamento com forma de L em que apresenta uma

porta dividindo a parte vertical da horizontal, sendo que nessa transição há barras de aço

simulando uma armadura real em que o concreto irá transpor. O L-box mensura a fluidez

simultaneamente com a capacidade de passar por obstáculos coeso.

Figura 5 - Equipamento L-Box

Fonte:TUTIKIAN,2008.

O procedimento do ensaio é simples, o equipamento deve ser umedecido

anteriormente e com a sua porta divisória fechada é preenchido com o concreto a ser

estudado, aguardando então 1 minuto para a estabilização da mistura, e então ao abre-se a

porta divisória simultaneamente com o acionamento do cronômetro para a marcação do

tempo que consiste em identificar em que intervalo de tempo, na parte horizontal o concreto

atingi 20 cm e 40 cm de percurso, previamente marcado no aparelho.

Mede-se as alturas iniciais (H1) e final (H2), sendo a razão entre os valores dentro do

intervalo 0,8 e 1,0, a seguir temos a ilustração das medidas interessadas.

22

Figura 6 - Ilustração das dimensões L-Box

Fonte: TUTIKIAN,2008.

Neste ensaio temos que quanto mais fluida for a mistura, mais rápido a mesma

chegará aos 40cm e mais nivelada ela terminará além do que, se a mistura estiver

segregando, a argamassa do concreto irá chegar primeiro aos 40cm se comparado com o

agregado graúdo que ficará segregado, próximo as barras de aço.

3.5 U-BOX TEST

Trata-se de um equipamento em forma de U em que um portão móvel e barras de

aço de diâmetro 12,5mm separam dois compartimentos interligados. O processo de ensaio

consiste em umedecer a estrutura para que não haja interferência por parte de absorção de

água do concreto pela estrutura, e então com o portão fechado preencher um dos

compartimentos e aguardar 1 minuto para a estabilização, ao fim do primeiro minuto o

portão deve ser aberto, o concreto então passa através da armação e começa a preencher o

outro compartimento anteriormente vazio. Assim que essa movimentação se estabilizar,

deve-se medir as alturas R1 e R2, sendo estas as alturas respectivamente do primeiro

compartimento preenchido e do segundo compartimento preenchido somente com a

abertura do portão.

23

Figura 7 - Dimensões equipamento U-Box.

Fonte: TUTIKIAN e DAL MOLIN,2008

Como conclusão do ensaio temos que quanto mais fluida for a mistura, menor será a

diferença entre as alturas de cada compartimento, tendo como limite máximo a diferença de

30mm, para considerar uma boa fluidez do concreto auto-adensável, além do que a

observação visual é muito importante para identificar qualquer ponto de segregação do

material.

Figura 8 - Estrutura do equipamento U-box.

Fonte: TUTIKIAN e DAL MOLIN,2008)

Diante dos ensaios apresentados, é possível organizar uma tabela em que se

apresente os valores mínimos e máximos aceitos por grande parte dos pesquisadores para

os ensaios, já que estes não são normalizados.

24

Tabela 2. Resultados dos ensaios

Valores Típicos

Ensaio Unidade Mínimo Máximo

1 Slump flow test milímetro 600 750

2 Slump flow T50 test segundo 3 7

3 V- funnel test segundo 6 12

4 L-box test (h2/h1) 0,8 1,0

5 U-box test (h2/h1)mm 0 30

Fonte: TUTIKIAN e DAL MOLIN (2008)

25

4. PROPRIEDADES DO CONCRETO

AUTO-ADENSÁVEL NO ESTADO

ENDURECIDO

O CAA em seu estado endurecido não difere muito do concreto convencional, sendo

importante tomar alguns cuidados durante a dosagem do mesmo para que não ocorram

futuras patologias como a fissuração de secagem caso o concreto seja dosado com alto

consumo de cimento ou ter a sua pega inicial retardada caso o teor de aditivo

superplastificante utilizado for muito grande.

A principal diferença entre o auto-adensável e o concreto convencional para o estado

endurecido é que o concreto convencional esta sujeito durante o seu processo de

concretagem a fatores que interferem diretamente na sua qualidade final, no caso a

compactação e o adensamento, fatores estes que não existem, pois não há necessidade

para o auto-adensável.

Além disso o lançamento e colocação, no ponto final de aplicação, para o CAA

requer muito menos mão-de-obra ou habilidade no intuito de se obter um produto com nível

de uniformidade e densidade adequados.

Segundo TUTIKIAN E DAL MOLIN, é possível afirmar que o uso CAA acarreta numa

durabilidade do concreto maior visto que reduz o potencial de erro humano, adensamento,

além do que com dosagens similares em relação água/cimento a resistência do CAA é pelo

menos igual ao concreto convencional vibrado e apresenta o mesmo desenvolvimento

conforme o decorrer do tempo para a mesma classe de resistência. A resistência à tração

também tem seu valor similar ao do CCV de mesma classe, como a retração por secagem.

Contudo, as retrações químicas e por secagem tendem a aumentar, quando se

utiliza quantidades maiores de argamassa para produzir o CAA, e o módulo de elasticidade

reduzir visto que os agregados graúdos são os principais responsáveis por essa

propriedade.

Uma pesquisa realizada por Manuel (2005) afim de identificar a variabilidade do CAA

no estado fresco, nos mostra que com o aumento do teor de argamassa variando entre 54%

a 75% há uma interferência no módulo de elasticidade, fazendo com que o valor desta

propriedade diminua quando o concreto apresente teor de argamassa igual a 65% ou mais.

26

Manuel (2005) ainda afirma que com concretos convencionais e auto-adensáveis,

ambos com 54% de teor de argamassa, se comparados o auto-adensável apresenta

desempenho levemente superior devido ao seu melhor adensamento e empacotamento por

conta da presença dos finos.

Figura 9 - Módulo de deformação do CAA e CCV em função do teor de argamassa

Fonte: Manuel, 2005.

Já para as outras propriedade mecânicas do concreto, Tutikian (2007) realizou

ensaios de penetração de íons de cloretos em um CCV e em outro seis CAA, variando os

seus traços e finos. O resultado foi que a variação nos valores das propriedades do concreto

se dá pela presença ou ausência dos finos pozolânicos e não pelo concreto ser ou não auto-

adensável.

De acordo com isso é sensato admitir que no estado endurecido, o concreto auto-

adensável é no mínimo igual ao convencional, sendo suas propriedades dependentes de

como a mistura foi dosada.

27

5. Painél Pré-moldado

Historicamente o desenvolvimento e uso do painel pré-moldado iniciou devido a

necessidade de um processo construtivo de alta velocidade para que se pudesse reconstruir

a Europa, que estava praticamente demolida após o evento 2 Guerra Mundial. No Brasil,

com o crescente aumento do déficit populacional, principalmente nos grandes centros

urbanos como a cidade de São Paulo, foi criado em 1966 O Banco Nacional de Habitação-

BNH, com o intuito de frear este crescimento com a construção de habitações populares

através do sistema construtivo tradicional. Porém somente na metade da década de 70 é

que o BNH passou a incentivar o uso de novas tecnologias construtivas aplicadas para a

população de baixa renda introduzindo o uso de elementos pré-fabricados (OLIVEIRA,

2002). Contudo, com a crise econômica no começo da década de 80, fez com que o

desenvolvimento do setor de pré-fabricados se estagnasse ao afetar o principal sistema de

sustentação do mercado, o Sistema Financeiro de Habitação (Farah, 1992), por isso a

utilização de sistemas construtivos com elementos pré-fabricados, atualmente, é mais

presente em construções industriais, comerciais e hoteleiros.

Um elemento pré-fabricado surge de um processo de industrialização não muito

comum na indústria da construção civil, ao ponto que o fato de industrializar implica em

buscar no processo o aumento de produtividade, planejamento e racionalização (OLIVEIRA,

SABBATINI, 2001).

Variados são os tipos de sistemas construtivos que podem ser empregados para a

concepção de uma habitação popular, variando desde o sistema tradicional constituído

basicamente por vigas, pilares e blocos de vedação a até pesquisas recentes em que se

estuda a possibilidade do uso de sistema construtivo em madeira de reflorestamento

(BONIM, 2006)

A tecnologia de painéis pré-moldados apresenta um custo maior para ser utilizado se

comparado ao sistema construtivo tradicional devido ao seu processo de fabricação e

tecnologia disponível necessária, como equipamentos específicos e controle da qualidade

dos materiais utilizados, assim seu uso só se justifica se houver um aumento da

produtividade da execução dos serviços de vedação da fachada, otimização do uso da mão-

de-obra e a eliminação de algumas etapas de obra como a execução do revestimento

externo, requisitos estes que já estão incorporados como característica do sistema

construtivo (OLIVEIRA, SABBATINI, 2001).

28

O uso de painéis pré-fabricados pode ser combinado com a utilização do concreto

auto-adensável, na forma de buscar um processo mais industrial e racionalizado, o que

potencializa os benefícios que cada um tem a oferecer, seja na eliminação de etapas ao

excluir a necessidade de adensamento do concreto ou na velocidade de instalação do painel

pré-fabricado. A velocidade de concepção de um empreendimento habitacional com

interesse social será enorme se esta tecnologia for utilizada de forma eficiente,

potencializando ao máximo suas características. Com isso o direito a habitação é

estabelecido de uma forma mais ágil para aqueles que ainda pretendem realizar o sonho de

suas vidas.

Importante para o estudo deste trabalho é o sistema construtivo em painéis pré-

fabricados, pois apresenta vantagens diferenciadas como a sua rápida instalação e bom

isolamento acústico. Dentro deste sistema construtivo é possível dividir o uso dos painéis

em duas tipologias, uma denominada paredes transversais e outra paredes de contorno. A

tipologia paredes transversais tem por característica ter os painéis que se encontram

perpendiculares à fachada frontal como os resistentes às cargas, enquanto que na tipologia

paredes de contorno, os painéis pré-fabricados formam somente o contorno externo da

edificação (Acker, 2002).

Figura 10 - Sistema de paredes transversais com painéis de fachada

Fonte: Apostila Sistemas Construtivos, Ufscar

29

Figura 11 - Sistema de painéis de contorno

Fonte: Apostila Sistemas Construtivos, Ufscar

Todas as fachadas que se utilizam dos painéis pré-moldados são constituídos do

próprio painél em si além dos dispositivos de fixação e as juntas. Para estas fachadas o

concreto que da forma ao painél deve ser capaz de garantir segurança estrutural; resistência

ao fogo e apresentar durabilidade compatível a do edifício do qual fará parte como

componente do subsistema de vedação vertical de fachadas.

O elemento painel pode ser classificado quanto ao formato da sua seção transversal,

segundo o American Concrete Institute, em maciços, alveolares, nervurados e sanduiches,

como ilustra as figuras a seguir:

Figura 12 - Classificação ACI

Fonte: OLIVEIRA,2002

O painél maciço tem por característica ser um elemento com a seção tranversal

completamente preenchida pelo mesmo material, o que já o difere para o painél alveolar que

30

apresenta espaços vazios ao longo de todo o comprimento do elemento o que o torna um

elemento mais leve se comparado ao maciço.

Para a tipologia sanduiche é característico a presença de duas camadas de concreto

separadas por uma camada de material não estrutural, podendo ser EPS, com finalidade de

isolamento acústico e térmico, e por fim o painél nervurado que é reforçado por um sistema

de nervuras em uma ou duas direções do elemento.

Com relação ao acabamento superficial externo, os painéis também são

classificados caso haja ou não revestimento. Quando não houver revestimento o painél é

utilizado aparente com a textura e cor que o concreto apresenta, e quando houver a

necessidade do revestimento, este pode ser feito com revestimento incorporado no

processo de moldagem e após a desforma.

Há portanto, critérios de desempenho que os painéis devem cumprir sendo estes que

dizem respeito à segurança, habitabilidade e durabilidade. Os critérios que medem o nível

de segurança estão relacionados a capacidade estrutural e de resistência ao fogo, critérios

relacionados a habitabilidade avaliam o desempenho termo-acústico, já os critérios sobre

durabilidade mensuram qualitativamente as características do material para que este

contribua no prolongamento da vida útil do painel e consequentemente da edificação, o que

é dependente da composição do concreto ou a espessura de cobrimento das armaduras

(OLIVEIRA, 2002).

È de importante consideração que, quando se diz que o critério de segurança

relaciona a capacidade estrutural do elemento, não representa simplesmente que esse é

satisfatoriamente portante enquanto já instalado, mas sim que durante todo o seu processo

de fabricação que compreende a desforma, armazenamento, transporte e montagem este

resistiu às solicitações inerentes a cada processo.

A resistência ao fogo é testada através de ensaios em que são verificados o

comportamento estrutural e o da transmissão de calor. O comportamento estrutural está

diretamente ligado as características físicas do concreto em questão que vão influenciar na

desagregação do concreto quando submetido a altas temperaturas (lascamentos

explosivos).

Segundo Oliveira (2002), o elemento painel pré-fabricado arquitetônico de concreto é

definido como um composto de unidades pré-fabricadas em formas padronizadas,

necessariamente com revestimento em pelo menos uma das duas faces, normalmente a

externa, com função de fechamento, fixados na estrutura-suporte por meio de dispositivos

de fixação metálica.

31

Tão importante quanto o correto dimensionamento do painel pré-moldado, é a sua

fixação entre os elementos e a estrutura, uma vez que é essa ligação que vai garantir a

segurança e estabilidade estrutural. O material mais utilizado para se fazer esta fixação é o

metal devido a suas características de ductilidade e resistência mecânica, os principais

utilizados são aço carbono, aço aclimável e aço inoxidável (OLIVEIRA 2002).

Para a fixação, o PCI (1989), nos diz que os painéis são fixados em quatro pontos,

dois suportam o peso próprio do painél e os outros dois resistem às forças laterais e

movimentações diferenciais entre o painél e a estrutura, subdividindo estas fixações de

acordo com a sua função em três tipos:

Fixações de alinhamento: responsável por impedir o deslocamento relativo

entre painéis e contribui também para alinhar o painel durante a montagem;

sendo estas fixações aparafusadas ou soldadas;

Figura 13 - Seções ortogonais ao plano do painél.

Fonte: OLIVEIRA,2004.

Fixações de apoio vertical: é responsável por transferir a carga do peso

próprio do painél à estrutura, sendo as fixações soldadas ou aparafusadas;

32

Figura 14 - Seções em corte ortogonal ao plano do painel e vista lateral.

Fonte: OLIVEIRA, 2004.

Fixações de apoio lateral: tem por função transmitir os esforços horizontais

oriundos da ação do vento.

Figura 15 - Seções em corte ortogonal ao plano do painél.

Fonte: OLIVEIRA, 2004.

33

5.1 PRODUÇÃO PAINÉIS PRÉ-MOLDADOS EM CCV

Os painéis pré-moldados podem ser produzidos na obra, a fim de diminuir o custo

com o transporte se houver espaço no canteiro, ou ser produzido industrialmente, o que

implica num maior controle de qualidade dos insumos utilizados.

Para o processo de produção dos painéis, há diversas atividades envolvidas sendo

elas:

Fabricação e preparação das fôrmas

Montagem da Armação

Concretagem

Desforma, Cura e Transporte

Montagem dos Painéis

Para a descrição do processo como um todo, foi utilizado um estudo de caso

realizado por Oliveira (2009), que fez todo o acompanhamento do processo de produção de

painéis pré-moldados realizado por uma construtora em Feira de Santana-BA, para um

empreendimento residencial que se constitua em cinco edificações com dez pavimentos

cada sendo cinco apartamentos por andar, totalizando uma área construída de 23918,05 m².

Desta forma, a seguir é feita o detalhamento da produção dos painéis em todas as

suas etapas.

5.1.1 FÔRMAS

As principais funções de um conjunto de fôrmas são a de servir como modelador,

conter o concreto fresco e sustentar o mesmo até o ponto que atinja a resistência mínima

para se sustentar sozinho e proporcionar à superfície do concreto a textura desejada.

Os materiais mais utilizados para a confecção das fôrmas são a madeira e o metal,

tendo em menor escala a utilização pelas empresas do plástico e da resina poliéster com

fibra de vidro, porém seu pouco uso se justifica devido ao alto custo dos materiais ou pela

dificuldade de fabricação. Temos na tabela abaixo, as vantagens e desvantagens de cada

material utilizado para as fôrmas.

34

Tabela 3 - Formas utilizadas.

Fonte: Oliveira, 2002.

Em relação ao acabamento da superfície, qualquer irregularidade que apareça por

qualquer motivo que seja, trará como consequência futuros retrabalhos gerando custos

inesperados para a obra, por isso o acabamento é tão importante como qualquer outra

etapa.

Para obter um acabamento bem feito, a construtora utilizou fôrmas metálicas, que

proporcionam acabamento mais liso, tem maior resistência à vibrações e um

reaproveitamento maior das peças dependendo sempre da sua manutenção e exposição, o

que de fato reduz o custo ao longo prazo.

As fôrmas podem ser dispostas verticalmente ou horizontalmente, a primeira na

direção vertical são denominadas de baterias, pela quantidade e proximidade de várias

peças uma a outra, apresenta como vantagens a economia de espaço na produção de

painéis com dimensões padronizadas. Já as fôrmas horizontais são conhecidas como

“bandejas” (formas de tombamento) que tem por vantagem a maior facilidade no lançamento

e espalhamento do concreto convencional, porém seu custo é maior devido a necessidade

de acabamentos pós-concretagem.

35

Figura 18 - Forma de Tombamento.

Fonte: Almeida, 2010.

Figura 19 - Fôrma Painél Horizontal.

Fonte: OLIVEIRA, 2009. Figura 20 - Forma tipo bateria.

Fonte: Almeida, 2010.

5.1.2 ARMAÇÃO

A armação pode ser tanto feita em obra, tendo assim responsáveis pelo corte e

dobra do aço, como também ser comprado pronto através de empresas especializadas que

36

se comprometem a entregar a armação pronta, o que reduz a zero o desperdício de aço no

canteiro de obra.

No caso desta obra em questão, o aço foi cortado e dobrado “in-loco”, o que implicou

em um certo volume de desperdício. As telas que são utilizada nos painéis são unidas por

espaçadores plásticos que têm por função garantir o correto distanciamento das telas e o

exato cobrimento requerido, e assim, com as telas prontas os demais aços (estruturais e de

içamento) vão sendo amarrados de acordo com a sua posição prevista em projeto.

Figura 21 - Espaçadores utilizados no painél.

Fonte: Oliveira,2009

Com a utilização dos espaçadores, tenta-se garantir o correto posicionamento das

armações, porém dois problemas são corriqueiramente encontrados, o primeiro é o não

cobrimento mínimo específicado em projeto,normalmente valor próximo a 20mm, e o

incorreto posicionamento da armação..

As figuras apresentadas a seguir, mostram a montagem da armação com a utilização

dos espaçadores, e dos aços para soldas e içamentos dos painéis.

Figura 22 - Detalhe das telas unidas por espaçadores.

Fonte: OLIVEIRA, 2009.

37

Figura 23 - Detalhes dos aços: a) para soldas; b) para desforma

Fonte: OLIVEIRA, 2009.

Com a montagem das duas telas é possível então fixar através de arames recozidos

as instalações elétricas e telefônicas, com isso eliminando recortes e retrabalhos no canteiro

de obras e diminuindo custos com a mão de obra. Já as instalações hidro-sanitárias não são

embutidas nos painéis pelo simples motivo de que necessitam de manutenção ao longo de

sua vida útil. Na figura abaixo, temos representado a armação já com a instalação elétrica

amarrada junto às telas.

Figura 24 - Instalação Elétrica

Fonte: OLIVEIRA, 2009.

5.1.3 CONCRETAGEM DOS PAINÉIS

O concreto utilizado para os painéis, varia de acordo com o que está em projeto

devido a finalidade de cada painél. No estudo realizado por Oliveira (2009), a obra em

questão utilizou um concreto com 25MPa e abatimento de cone de (200±20)mm devido a

38

necessidade de um concreto bem fluido para o lançamento nas fôrmas dispostas

verticalmente.

Com o concreto devidamente pronto, antes de seu lançamento é feito 4 corpos de

prova para testes. O primeiro irá definir a resistência mínima do concreto para içamento, que

deve ser de 6MPa em aproximadamente 16 horas, o segundo prevendo o comportamento

deve atingir em 7 dias 80% da resistência solicitada. E por fim, os dois últimos ensaios

devem ser feito aos 28 dias e o corpo de prova deverá apresentar a resistência à

compressão definida em projeto.

Se a armação já esta devidamente locada na fôrma, e a conferência com o projeto já

foi feita, inicia-se o processo de transporte e lançamento do concreto que é feito com a

ajuda de gruas, pórticos ou guinchos, como mostra a figura a seguir.

Figura 25 - Concretagem em fôrma horizontal

Fonte: OLIVEIRA, 2009.

Já que o concreto utilizado pela obra não é o auto-adensável, há portanto a

necessidade de adensamento através de um funcionário que introduz no concreto o vibrador

agulha, deixando assim o concreto com melhor acabamento e eliminando os nichos de

concretagem.

Figura 26 - Adensamento com vibrador tipo agulha

39

Fonte: OLIVEIRA, 2009.

5.1.4 IÇAMENTO E CURA

Para o içamento, conforme dito anteriormente, só será realizado se o painél

apresentar resistência mínima de 6MPa (pode variar a cada projeto), o que é resistência

suficiente para suportar seu peso próprio em dois pontos de içamento para fôrmas verticais

e quatro ou seis pontos de içamento para fôrmas horizontais.

Figura 27 - Içamento painél por dois pontos.

Fonte: OLIVEIRA, 2009.

Logo após a retirada do painél da forma, este é identificado por uma marcação em

que se encontra a data e o seu tipo, para que se tenha o devido controle de rastreabilidade

do concreto, e então levados ao local de estocagem, onde são mantidos úmidos

continuando o processo de cura. Nessa etapa é de extrema importância que o painél não

sofra nenhum tipo de impacto, evitando assim o surgimento de fissuras ou quebras de

arestas.

40

Ao passar de sete dias, e o alcance da resistência do concreto em 80% da

esperada,o elemento já pode ser transportado ao local de montagem através de caminhões

especiais equipados com cavaletes metálicos como ilustrado a seguir.

Figura 28. Painel sendo transportado.

Fonte:OLIVEIRA, 2009.

5.1.5 PROCESSO DE MONTAGEM

Inicialmente no local em que os painéis irão ser instalados, é necessário que tenha-

se feito uma marcação prévia dos eixos da edificação, bem como riscos feitos no piso

indicando a direção de cada painél. Feito isso os painéis podem ser retirados do caminhão

através de gruas ou guinchos e cabos de aço que suportam todo o peso do painél. Com o

painél removido ele é posto então em sua posição final, sobre uma camada de dois

centímetros de altura e largura correspondente ao painél, para ajudar a nivelar e distribuir os

esforços.

Alinhados, aprumados e devidamente escorados os painéis são unidos uns aos

outros através da solda elétrica dos ganchos que ficaram expostos em cada painél. Durante

esse processo de montagem é de extrema importância o trabalho topográfico para o exato

alinhamento dos eixos da edificação visto que um painél desse porte se posicionado de

forma errada, demandará um enorme retrabalho para a equipe de montagem.

Após o posicionamento de todos os painéis, os espaços entre cada um dos

elementos é preenchido com graute para garantir uma boa aderência.

41

Figura 29 - Preenchimento das juntas com graute.

Fonte: OLIVEIRA, 2009.

Vencida estas etapas, os painéis já estão preparados para receber o acabamento

final, sendo que a aplicação de cerâmica, massa corrida ou tinta são feitas diretamente

sobre a superfície do painel sem a utilização de qualquer tipo de argamassa.

Figura 30 - Vista dos prédios com elementos pré-moldados.

Fonte: OLIVEIRA, 2009.

5.2 PRODUÇÃO DE PAINÉIS PRÉ-MOLDADOS EM CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL

Para a fabricação dos painéis em concreto auto-adensável, pouco se altera em

relação ao concreto convencional, porém o resultado do produto final tem suas diferenças.

As etapas de preparação das fôrmas, armação içamento e cura são praticamente as

mesmas, sendo a etapa que se diferencia é a da concretagem, devido a diferença de

material usado.

42

A primeira diferença está na relação da pressão exercida pelo concreto nas fôrmas

na etapa de concretagem, já que segundo TutiKian(2007) a utilização do concreto auto-

adensável faz com que aumente a pressão exercida nas fôrmas caso seja comparado com o

concreto convencional, ocorrendo o risco das fôrmas cederem comprometendo a obra.

Na tabela a seguir, Proske e Graubner (2002) nomeiam 18 itens que interferem

diretamente na pressão que o concreto exerce nas fôrmas, sendo estes organizados em 3

graus de importância.

Tabela - 4. Interferência na pressão exercida.

Fonte: Proske e Graubner, 2002

Para Walvaren (2005), é certo afirmar que a velocidade de concretagem é algo que

influencia de forma muito considerável na pressão exercida nas fôrmas, sendo que o CAA

com velocidade de concretagem de 2 a 10 metros por hora apresenta sua pressão próxima

à hidrostática, o que faz com que calculistas utilizem a pressão hidrostática como valor para

dimensionamento.

Para o CAA uma das suas grandes vantagens neste processo é a velocidade de

concretagem, pois o material tem como limitação a vazão dos equipamentos usados no

lançamento, assim quanto mais rápido for seu lançamento, melhor para todos os envolvidos,

porém há um risco inserido nesta vantagem que é o colapso das fôrmas.

Diversas obras na Suiça que utilizaram CAA tiveram o colapso de suas fôrmas, pois

na maioria das aplicações o concreto foi introduzido pela parte inferior das mesmas, e de

acordo com Brameshuber e Uebachs (2003) a pressão exercida quando o concreto é

bombeado pela parte inferior é aproximadamente o dobro se comparado com a pressão

quando o concreto é bombeado pela parte superior, tendo estes a mesma velocidade de

concretagem. Assim, quando a concretagem se dá pela parte inferior, há a necessidade de

reforçar as fôrmas com tirantes, para evitar o colapso da mesma, como pode-se ver a

seguir.

43

Figura 31 - Concretagem pela parte inferior

Fonte: Almeida,2010

Além desta diferença quanto a pressão atuante nas fôrmas, a utilização do concreto

auto-adensável no processo de fabricação acarreta em muitas vantagens no processo,

vantagens estas que não ficam somente focadas no produto em si, mas como também na

qualidade de saúde do trabalhador e economia de energia. Podemos citar como vantagens

no processo:

Acelera a construção, por ter velocidade de lançamento rápida e não precisa

de adensamento

Reduz a mão de obra no canteiro, pois elimina a etapa de vibração e é de

fácil espalhamento,

Melhora o acabamento final da superfície,

Aumenta a durabilidade, evitando falhas de concretagem devido à má

vibração do concreto,

Permite grande liberdade de fôrmas e dimensões com altas taxas de

armadura,

Elimina o barulho de vibração, o que é relevante para obras em centros

urbanos ou concretagens noturnas,

Local de trabalho mais seguro, pois quanto menos trabalhadores, menor é o

risco de acidentes,

Implica em ganho ecológico, devido a utilização de resíduos industriais em

sua composição, como cinza volante, escória de alto forno ou cinza de casca

de arroz,

44

Se computados todos os ganhos, pode significar em redução do custo final da

estrutura ou concreto.

Das vantagens citadas acima, a melhora no acabamento da estrutura, quando utiliza-

se o concreto auto-adensável, e o aumento da durabilidade são aspectos muito relevantes,

pois além de diminuir patologias, diminui também a necessidade de retrabalhos para a

correção da estrutura. Graças a habilidade do CAA em não precisar de adensamento, o

produto ganha muito em qualidade, é o que pode-se notar nas figuras seguintes.

Figura 32 - Concretagem em CAA branco, utilizando poucos trabalhadores

Fonte: Tutikian e Dal Molin, 2008

Figura 33 - Painéis em CAA aparentes.

Fonte: Tutikian e Dal Molin, 2008.

45

5.3 PRODUTIVIDADE DOS PAINÉIS

Entende-se que com o controle no processo de produção, transporte e instalação

bem realizados, a opção por utilizar o painel pré-fabricado proporciona benefícios que

dificilmente iriam ser atingidos através do sistema construtivo convencional, devido a esta

tecnologia é possível acelerar o processo de construção sem diminuir na qualidade final do

produto em questão. Basta imaginar que no canteiro de obras, o trabalho não será de

confecção do elemento e sim da montagem e fixação, ou seja, processos e horas

trabalhadas no canteiro de obras serão eliminados, o que permite uma rapidez de execução

muito maior, fator que é de alto interesse para os programas preocupados em fornecer

habitação para a população de baixa renda no país.

No Brasil Oliveira, Souza e Sabatinni, realizaram em uma obra de um

empreendimento hoteleiro o estudo da produtividade da mão de obra na fase de execução

da montagem da fachada.

Nesta fase de montagem, Oliveira,Souza e Sabatinni identificam outras atividades

que compõem o processo como um todo, sendo elas:

Içamento dos painéis, através de gruas ou guindastes, da carreta ou local de

estoque.

Posicionamento, alinhamento por meio do aparafusamento na parte inferior

do painél, e soldagem do “insert” da parte superior da viga.

Pintura com tintura anti-corrosiva dos “inserts” metálicos dos painéis, após o

término da sua fixação definitiva.

Existem ainda atividades denominadas de atividades de apoio que estão presentes

diretamente na etapa de montagem, são elas o corte das lajes para que o “insert “ metálico

da parte superior do painel possa apoiar diretamente na viga, colocação de ancoragem nas

lajes, porque quando o painel esta sendo posto e não for alinhado por aparafusamento na

parte inferior, o alinhamento deve ser feito através das ancoragens aparafusadas nas lajes.

46

Figura 16 - Croqui das atividades essenciais e de apoio.

Fonte: OLIVEIRA (2004).

No estudo de caso realizado por Oliveira (2004), o empreendimento em que se

analisou a produtividade constituía-se em 2 torres sendo estas em estrutura metálica

utilizando os painéis pré-fabricados em suas fachadas e a utilização de gesso acartonado

nas divisões internas, com lajes tipo steel-deck. A equipe responsável pelos serviços

relacionados aos painéis, para uma das torres, era formada por 7 funcionários, sendo 1

encarregado, 2 montadores, 02 soldadores, 1 mandador de placas e 1 ajudante.

Diante disto, durante 10 dias consecutivos foram medidos as quantidades de

serviços realizados por dia, quantos homens trabalharam em cada atividade e as suas

respectivas horas para a conclusão do serviço, o que resultou em tabelas que mostram a

produtividade da montagem dos painéis pré-moldados através do cálculo da RUP (razão

unitária de produtividade) que é a unidade básica de produtividade representada pela razão

em hora homem por quantidade de serviço.

TABELA 2 - RUP relativo as tarefas, (Içamento/Posicionamento/ajuste/soldagem)

Fonte: OLIVEIRA,2004.

47

Figura 17 - Produtividade- içamento/ posicionamento/ajuste/soldagem.

Fonte: OLIVEIRA,2004

Analisando os dados de produtividade, Oliveira (2004) afirma que os resultados

ainda não foram melhores devido à interferências externas como o atraso da fornecedora

em enviar os painéis pré-moldados, o que acarretou em uma montagem não sequencial,

pois vieram painéis de diferentes pavimentos na mesma entrega, o que ocasionou em uma

movimentação da mão de obra e dos equipamentos que não era necessária, além do atraso

no envio do projeto de corte das lajes e ancoragens que acarretou na execução da

estrutura, porém com o repasse do serviço de corte das lajes e ancoragens para a equipe

de montagem, o que fez com que sua produtividade diminuísse.

Sendo assim a RUP tida como meta para a empresa que fornece os painéis, 10

placas montadas com juntas seladas por dia, que equivale a 6 Hh/unidade de placa não foi

atingida devido à falta de coordenação de projetos e planejamento adequado da logística do

canteiro de obras, o que é de extrema importância para que o sistema construtivo em painél

pré-moldado apresente suas vantagens e justifique o seu uso no empreendimento.

5.4 PATOLOGIAS

Os tipos de patologias mais comuns em concretos pré-fabricados e que geram

custos elevados de manutenção e acabamento da peça, além da interferência na resistência

mecânica, podem ser listados como:

48

5.4.1 MANCHAS

Segundo FACHINETTO (2002) é comum utilizar óleos e graxas residuais da indústria

mecânica para a desmoldagem do concreto. Esses produtos, por possuírem muitas

impurezas, provocam manchas escuras no concreto pré-fabricado.

Figura 34 - Mancha escura em superfície de elemento.

Fonte: Boesing, 2011.

As empresas de pré-fabricados têm utilizado diversos produtos existentes no

mercado, todos denominados desmoldantes. As matérias-primas são as mais diversas,

como banha animal, ceras, óleos minerais, diesel, dentre outros. Alguns produtos são

solúveis em água e, quando usados em ambientes expostos à chuva, podem ser lavados,

não realizando o efeito desejado e, consequentemente, a peça apresenta manchas na

superfície.

Objetivando a redução dos custos de produção, empresas aplicam desmoldantes de

baixo custo, que quando se apresentam inadequados geram patologias que exigem a

aplicação de pasta de cimento na superfície da peça, como se fosse uma maquiagem,

gastando para esse trabalho muitas horas dos operários e com resultados questionáveis.

Alguns agregados lamelares e alongados poderão proporcionar manchas na

superfície do concreto que tendem a suavizar com o passar do tempo. A proximidade do

agregado lamelar/alongado na superfície da peça e a pequena película de argamassa que o

reveste são responsáveis pelas diferenças de tonalidades (TERZIAN, 2005).

5.4.2 BOLHAS

Segundo (FORTES, 2004) o aparecimento das bolhas em concreto pré-fabricado é

devido ao tipo de desmoldante utilizado nas formas. Já (RODRIGUES, 1995), acredita que

as bolhas em estruturas de concreto estão relacionadas ao excesso de água na produção

49

de concreto. A utilização de óleos e graxas residuais para a desmoldagem do concreto leva

a retenção de água superficial, dando origem a bolhas e vazios depois do concreto

endurecido, ou seja, eles permitem a adesão das bolhas ao desmoldante. O ideal é que a

bolha atinja a superfície e possa escapar. Essa oportunidade ocorre quando as misturas não

são muito coesas (FACHINETTO, 2002). Ainda, JOUKOSKI, PORTELLA, GARCIA, e

colaboradores (2002) afirmam através de ensaios que o óleo reciclado de motor, quando

utilizado como desmoldantes, em contato com a alcalinidade do concreto saponifica,

produzindo uma espuma semelhante a bolhas de sabão.

Bolhas são caminhos para a penetração de umidade, água e gases para o interior do

concreto até a armadura, comprometendo a estrutura com o tempo. Outro fator é a questão

estética se o concreto ficar aparente, pois são fáceis de serem vistas.

Figura 35 - Formação de bolhas em superfície de elemento

Fonte: Boesing, 2011.

Segundo TERZIAN (2005), o adensamento do concreto é considerado uma das

etapas mais importante para a qualidade das peças pré-fabricadas e tem como objetivos

acomodar o concreto na forma e retirar a maior quantidade possível de bolhas de ar do seu

interior.

TERZIAN (2005) comenta que as experiências em campo têm mostrado que os

melhores concretos aparentes são obtidos quando são utilizados dois, ou mais,

equipamentos de vibração do tipo imersão em uma mesma peça. Nesse caso, um dos

vibradores acompanha a descarga do concreto na forma, e o outro vem em seguida,

realizando um trabalho mais cuidadoso e lento, com o objetivo de retirar as bolhas de ar. A

melhor condição de aplicação do vibrador para a retirada do ar é a inclinada.

50

Em cada ponto de vibração, a inclinação deve ser realizada em quatro posições:

frente, atrás e laterais. O tempo de vibração em cada posição deve ser o suficiente para

permitir a saída das bolhas de ar. Para a mudança da posição, o vibrador deve ser retirado e

reintroduzido ao concreto, evitando o deslocamento horizontal no seu interior.

5.4.3 FISSURAS

Ocorrem em concretos pré-fabricados por basicamente dois fatores: cura mal

executada ou a utilização de material de forma inconveniente para a preparação do

concreto.

No primeiro caso, a cura no concreto deve ser feita mantendo a temperatura

controlada, para que essa água fundamental para a hidratação do cimento não evapore.

Uma excessiva evaporação da água forma vazios, e uma grande quantidade desses vazios,

com a retração plástica, dá origem a fissura do concreto.

Caso o consumo de cimento por metro cúbico seja elevado, o grande calor de

hidratação, quando não controlado, pode originar trincas, o que já compromete a estrutura.

Podem ser causas de fissuras a utilização de um material inconveniente para a fabricação

da forma e o excesso de água à mistura de concreto. Outra possibilidade é a utilização de

agregados como os seixos rolados que não promovem uma ótima aderência entre o

concreto e a pasta.

Fissuras e trincas na superfície do concreto diminuem a durabilidade da peça, pois

aumentam a sua permeabilidade e podem diminuir a sua resistência (HELENE,1995).

Figura 36 - Trinca em superfície.

Fonte: Boesing, 2011.

Admite-se fissura como a abertura ocasionada por ruptura de um material ou

componente, inferior ou igual a 0,5 mm e trinca com abertura superior a 0,5 mm e inferior a

1,0 mm.

51

5.4.4 QUEBRAS

Têm origem, basicamente, na má desmoldagem, isso ocorre devido a utilização de

desmoldante incompatível com a forma, quebrando alguns pontos localizados do concreto,

por exemplo, ou fazendo com que parte do concreto fique presa à forma, ocasionando um

arranque de parte do elemento. Nesses caso, o reparo é feito com concreto, microconcreto,

graute ou massa epóxi.

Figura 37 – Falha na desforma,arranque de concreto

Fonte: Almeida, 2010

Ainda, as quebras poderão ser originadas pelo saque prematuro quando o concreto

ainda não possui resistência ao manuseio. Ao sacar as peças com idades mínimas (ou

horas) algumas delas quebram, mesmo com um traço pré-estudado.

Figura 38 - Quebra em quina de viga

Fonte: Boesing, 2009

Neste caso, os procedimentos adotados são verificar: a quantidade de água utilizada;

se o aditivo superplastificante provocou algum tipo de retardo de pega, e; qual a temperatura

ambiente durante o procedimento de preparação da massa e durante o manuseio. Quando

as peças quebram devido ao manuseio, geralmente são condenadas e inutilizadas.

52

5.5 MODOS E EFEITOS DE FALHA NA FABRICAÇÃO DE PAINÉIS PRÉ-MOLDADOS

Segundo a afirmação de Gonzales et al.(2010), empreendimentos de habitação

social têm muito interesse na redução de custos visto que são obras com foco no baixo

custo e têm alto nível de repetição e que considera vantajoso o uso do sistema construtivo

pré-moldado, devido as suas vantagens apresentadas, como rapidez de produção no

canteiro de obra e diminuição da mão de obra.

No entanto, alguns problemas são inerentes ao pré-moldado e um deles está

ligado a falta de controle de qualidade e consequente gasto excessivo com retrabalhos.

Uma solução proposta no artigo de Farina (2007) é o uso da ferramenta FMEA (Análise de

Modos e Efeitos de Falhas) que busca justamente a melhoria da qualidade no processo.

De acordo com a definição de FOGLIATTO e RIBEIRO (2009), a FMEA é uma

ferramenta de identificação de falhas que podem ocorrer num processo ou produto, tendo

por objetivo identificar e analisar as falhas e trazer soluções que possam diminuir o risco

destas falhas acontecerem novamente. Tudo isso feito de forma coordenada visando a

criação de um método que possa se tornar referência para o processo como um todo.

Para esta ferramenta, são aplicados 3 índices que qualificam e quantificam as falhas

devido o seu grau de importância e frequência. O primeiro deles é a ocorrência (O), em que

todas as possibilidades de falhas devem ser consideradas e descritas, sendo que para cada

falha deve haver um valor de ocorrência,valor este que deve ser encontrado no registro

histórico do processo.

Os valores atribuídos ao índice ocorrência são:

Tabela 5. Classificação da ocorrência

Ocorrência do modo de falha

Frequência Índice

(O)

Remota 1 em 1500000 1

Muito Baixa

1 em 15000 2

1 em 5000 3

Baixa 1 em 2000 4

1 em 400 5

Moderada 1em80 6

1 em 20 7

Alta 1 em 8 8

1 em 3 9

Muito Alta 1 em 2 10

Fonte: Adaptado de: Silva ET al., 2006.

53

O segundo índice, denominado índice de detecção (D) é o valor que representa a

frequência em que a falha não é detectada antes que chegue ao cliente (FOGLIATTO E

RIBEIRO,2009;IQA,1977). A seguir temos os valores atribuídos ao índice.

Tabela 6. Escala do índice de detecção

Detecção pelo meio de controle Índice (D)

Muito Alta Praticamente certo que o

modo de falha será detectado

1

2

Alta Alta probabilidade de o

modo de falha ser detectado 3

4

Moderada O modo de falha pode ser

detectado 5

6

Baixa Baixa probabilidade de

detectar o modo de falha 7

8

Muito Baixa Provavelmente o modo de falha não será detectado

9

10

Fonte: Adaptado de Fogliato e Ribeiro, 2009.

Já o terceiro índice denominado severidade é a intensidade do efeito da falha sobre

o cliente, posto na seguinte escala.

Tabela 7. Classificação de Severidade.

Severidade do efeito do modo de falha Índice

(S)

Mínima Mínimo efeito no desempenho,

provavelmente não será percebido pelo cliente

1

2

Baixa Provoca leve insatisfação, com apenas

leve queda de desempenho.

3

4

Moderada Provoca insatisfação devido à perda de desempenho ou mau funcionamento.

5

6

Alta Provoca alta insatisfação do cliente 7

8

Muito Alta

Compromete a segurança da operação ou envolve infração a regulamentos

9

10

Fonte: Adaptado de Fogliato e Ribeiro, 2009.

54

Sendo quantificado estes três índices apresentados acima, surge então o índice de

risco (R), que é resultado da multiplicação simples da severidade (S), ocorrência (O) e

detecção (D). Índice R este, que possibilita identificar e priorizar itens que tiveram um

resultado de risco alto para que se possa buscar ações para reduzir sua ocorrência.

O índice risco portanto, pode ter o seu valor entre 1, o que seria um baixíssimo risco

ao cliente, e 1000 que representaria um risco crítico. Fernandes (2005) determina que para

o processo ser 90% confiável, os modos de falha com um risco de 100 sejam considerados

os limitantes, a partir dos quais seja necessário realizar ações de melhoria.

Uma pesquisa realizada por Farina (2007) realizou a utilização da ferramenta FMEA

em uma construtora de grande porte com matriz localizada na cidade de São Paulo, que

atua em todos os perfis de venda na construção de unidades residenciais, que com o

crescimento de programas habitacionais no país, esta criou recentemente um segmento

exclusivo para obras voltadas para classe C e D. Devido a essa demanda criaram duas

fábricas de painéis pré-moldados com o objetivo de fornecer material para sua própria obra.

Os painéis produzidos são elementos estruturais do prédio, que formam tanto a

fachada como fazem as divisões do espaço interno em cômodos. Como o processo de

fabricação é o que apresentava maior incidência de problemas e retrabalho buscou-se a

utilização da FMEA para identificação e possível solução.

A partir do fluxograma foi possível definir quais informações seriam necessárias para

a execução do estudo da FMEA, coletados os dados as informações referentes a

ocorrências de falhas no processo foram reunidas e então construída a planilha da FMEA

que relaciona a operação, o modo potencial de falha, efeito, o índice

severidade(S),causa,índice de ocorrência(O), controle de prevenção, controle de detecção,

índice de detecção (D) e índice de risco (R).

55

Tabela 8. Planilha FMEA com risco resultante

Fonte: Farina, 2007.

Diante do índice risco encontrado no processo de produção, a equipe envolvida definiu

ações para reduzir os índices S,O e D, ações estas que foram definidas da seguinte forma.

Tabela 9. Ações recomendadas.

Fonte: Farina, 2007.

56

De todas as ações recomendadas na FMEA algumas não foram possíveis de serem

realizadas devido a falta de mão-de-obra ou espaço, no entanto a maioria das ações

surtiram efeito positivo e após ser testada a sua funcionalidade na produção de uma painél

separado, foi aprovado e expandido para o resto do processo.

Após a sua aplicação houve uma reavaliação dos índices de ocorrência, severidade

e detecção dos itens que foram realizados as melhorias e chegou-se em um resultado muito

satisfatório devido a diminuição expressiva do índice de risco como pode-se observar na

tabela seguinte, em que temos respectivamente nas ultimas colunas, índice de severidade

(S), índice de ocorrência (O), índice de detecção (D) e índice de risco (R).

Tabela 10 – Ações efetuadas e novo cálculo de risco.

Fonte: Farina, 2007.

Desta forma, através da ferramenta FMEA foi possível identificar as deficiências do

processo e o mais importante, encontrar o porquê destas deficiências, que no caso deste

processo, estava em grande parte no erro humano durante as operações de armações dos

painéis. Sendo ainda que as ações de melhorias realizadas tornaram-se muito funcionais e

eficientes, como por exemplo, a padronização na colocação de espaçadores plásticos, que

trouxe com isso o correto posicionamento do mesmo que resulta no revestimento necessário

de concreto sobre a armação de aço, reduzindo a quantidade total deste material gasto.

57

Ou ainda a fixação das tampas das caixas elétricas, que além de alertar sobre a sua

existência, indica a sua correta posição agilizando a montagem.

De acordo com todos os resultados, podemos concluir que a aplicação da FMEA

tronou-se eficaz na análise do processo de fabricação, e somente com essa análise é que

foi possível ter uma maior compreensão da produção dos painéis em si e a sua dificuldade.

Chegando então em algumas melhorias no processo sem nenhum custo adicional ao

processo, porém tendo como dificuldade a falta de dados históricos sobre a qualidade do

processo.

6. Resíduos Sólidos: Tipologia Convencional x Pré-moldado

Todo o sistema construtivo gera um volume de resíduos, sendo este desperdício ou

não, variando o seu volume conforme a fase em que a obra se encontra. O Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) classifica os resíduos por classes e assim denomina

os resíduos de classe A, como sendo resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregado,

tais como resíduos de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e

edificações, materiais cerâmicos, argamassa, concreto e resíduos do processo de

fabricação ou demolição de peças pré-moldadas em concreto.

Para estes resíduos classificados como classe “A”, Cruz (2010) realizou um estudo

através de uma construtora do estado de Sergipe, em que se avaliou o volume de resíduos

gerados tanto para uma obra com sistema construtivo convencional, como para uma que se

utilizava de elementos pré-moldados (painéis), fazendo um comparativo entre as diversas

fases afim de identificar qual sistema construtivo gera mais volume de resíduos.

Para esta análise, a quantificação dos resíduos foi feita através de dados

informativos disponibilizados nos tickets de pesagem emitidos pela EMSURB, pois para

cada retirada de resíduos classe “A” dos empreendimentos que é encaminhada para uma

área disponibilizada pela prefeitura de Aracaju, é emitido um ticket que contem a data de

descarte do resíduo e a pesagem do mesmo. Assim foi possível organizar as informações

em uma tabela onde pode-se correlacionar as datas de retiradas dos resíduos com o

respectivo volume, com isto é possível identificar quais etapas da obra ocasionam maiores

volumes de desperdício.

58

Segundo Cruz (2010), o estudo comparativo dos resíduos sólidos nas duas tipologias

em análise, demonstra um grande diferencial no quantitativo de resíduos classe “A” gerados

nos dois tipos de obra. È possível visualizar esta diferença nos gráficos de geração de

resíduos juntamente com o cronograma da obra. Se analisado as informações

disponibilizadas pela EMSURB no início das obras, principalmente na fase de fundação, é

possível identificar que o volume de resíduos gerado é muito pequena para ambas as obras

visto que o volume em sua maioria é reutilizada por exemplo no aterro feito no próprio

canteiro de obra, não necessitando assim ser despejado na área da prefeitura. Visto que

esse volume é muito baixo, este não chegou a entrar como dados consideráveis na

pesquisa realizada por Cruz (2009).

De forma mais aplicada, os dados encontrados para cada uma das obras são

organizados nos tópicos a seguir, o que facilitará a visualização da grande diferença de

volume gerado por cada obra.

6.1 IDENTIFICAÇÃO EMPREENDIMENTO 1 (CONVENCIONAL)

Com o sistema construtivo convencional, este empreendimento caracterizou-se por

ter uma área total de 7.467,16m², sendo a sua fundação feita em sapata e a estrutura em

concreto e aço, sendo que todos os seus elementos estruturais foram moldados “in-loco”.

Nesta obra houve a preocupação em se aplicar o PGRCC (Programa de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil), onde nos primeiros meses a equipe

técnica e operacional recebeu um treinamento em que se enfatiza o impacto causado pelos

resíduos da construção civil, na tentativa de conscientizar os trabalhadores, durante a

execução de seus serviços em obra, em tentar reduzir ao máximo o volume de resíduos

gerado.

Ao caminhar da execução do empreendimento, os resultados coletados por Cruz

(2010) sobre a geração de resíduos classe “A” mostrou que esta atingiu valores maiores nos

meses de março a maio de 2009, intervalo este que corresponde aos serviços de alvenaria,

revestimento interno e revestimento externo. A seguir temos o cronograma apresentado pelo

corpo técnico da obra.

Tabela 11 - Cronograma da obra 1.

59

Fonte: Cruz, 2010.

Para os serviços que apresentaram maiores volumes gerados temos que, na

alvenaria, foram utilizados blocos cerâmicos que eram recebidos em paletes, e

transportados até o respectivo pavimento de aplicação, e por mais que em projeto foi

indicado a utilização de meio blocos, foi inevitável a quebra de alguns blocos, contribuindo

para o aumento do volume de resíduos.

Os revestimentos internos foram realizados com argamassa convencional no piso,

contra-piso e porcelanato de revestimento, e o revestimento externo feito com pastilhas

cerâmicas. Nestas fases de reboco e contra-piso, Santana (2009) obsevou um alto consumo

de argamassa e um grande volume de resíduo provocado pelo desperdício deste material,

além de um agravante no processo que se dá devido a vontade dos compradores, no caso

do apartamento, de mudar a disposição da alvenaria já especificada em projeto, obrigando

assim a retrabalhos inesperados.

Um item importante a se destacar, foi que mesmo a argamassa utilizada pela obra

serem entregues embaladas em sacos (semi-pronta), as embalagens comumente

rasgavam, desperdiçando assim o material previamente misturado.

A seguir, temos o gráfico, citado anteriormente, em que é possível identificar

justamente os períodos da obra em que se tem maior volume de resíduos gerado, sendo

eles nas fases de alvenaria e revestimentos, apresentando também alguns picos de volume,

correspondentes aos meses de janeiro, julho e agosto de 2008, provavelmente nas fases de

estrutura.

Figura 39 - Volume de resíduos por mês

60

Fonte: Cruz, 2010

6.2 IDENTIFICAÇÃO EMPREENDIMENTO 2 (PRÉ-MOLDADA)

O empreendimento em questão utiliza-se da tipologia pré-moldada (painéis),

composta por 8 prédios totalizando 312 apartamentos numa área construída de 22603,84

m². Para a comparação necessária Cruz (2010) utilizou-se de apenas 2145,71 m² que

englobam dois prédios, área de lazer, guarita, garagens e estacionamento.

Figura 40 – Vista superior de um dos prédios.

Fonte: Cruz, 2010

Devido a sua tipologia pré-moldada, a obra apresenta diversas etapas de obra sendo

realizadas simultaneamente, o que de fato dificulta a identificação de qual serviço é

responsável por certo volume de resíduo. Diante disso o cronograma da obra apresenta

vários serviços com o mesmo período como pode-se verificar a seguir no cronograma de

obra disponibilizado pelo corpo técnico responsável.

Tabela 12 - Cronograma obra pré-moldada.

61

Fonte: Cruz, 2010.

Igual ao ocorrido na obra tipo convencional, Santana (2009) descreve que este

empreendimento em sua fase de fundação apresentou um volume muito baixo de resíduo

gerado até o início da montagem da estrutura.

A fase de estrutura é composta totalmente por painéis e lajes pré-moldados que são

encaixadas e grauteadas na obra, o que resulta também em um baixo volume de resíduo

gerado visto que os elementos estruturais já estão prontos.

A seguir, é apresentado um gráfico feito por Santana (2009) que relaciona o mês e

ano com o volume de resíduo gerado. A partir dele é possível fazer uma análise observando

que o volume de resíduo atingi seu valor máximo somente na fase de revestimento cerâmico

do piso, pois nesta obra não existe alvenaria de vedação e nem necessidade de reboco nas

paredes, os painéis já chegam com os locais das instalações definidos, eliminando a

necessidade do rasgo do painél no canteiro de obra. Abaixo é possível visualizar o gráfico

referente ao volume gerado e seu respectivo período.

Figura 41 - Quantitativo de resíduos na obra pré-moldada

62

Fonte: Cruz, 2010.

Diante dos dados obtidos pelas duas obras, fica evidente a grande diferença no

volume de resíduos classe “A” gerado entre as obras. Por se tratar de uma tipologia que

oferece à obra rapidez no processo e eliminação de etapas como levantamento de alvenaria

e reboco, a tipologia pré-moldada leva uma considerável vantagem sobre o sistema

convencional. Apesar de por apresentar diversas etapas acontecendo ao mesmo tempo no

canteiro de obras, ainda assim o volume é inferior ao sistema convencional, diferença essa

que se acentua principalmente nas fase de revestimento e alvenaria. Portanto, de acordo

com Santana (2009) é possível afirmar que o sistema pré-moldado apresenta padrões de

sustentabilidade superiores ao sistema convencional, o que é um enorme atrativo para

qualquer empreendimento.

7. COMPARATIVO ECONÔMICO Deve-se partir do princípio que o CAA pode representar uma redução direta no custo

final da obra por ter o custo de insumos mais a mão de obra menores do que o CCV além

de outras vantagens como eliminação de reparos na estrutura, diminuição dos ruídos e

aumento na velocidade de concretagem.

Segundo Tutikian e Dal Molin (2008), é muito importante salientar que para utilizar o

CAA nas edificações não é necessário um investimento inicial visto que se utiliza as

mesmas fôrmas, equipamentos e materiais do CCV, assim basta que as empresas passem

a optar por eles em sua utilização.

Já para as indústrias de pré-moldados é necessário que se tenha um silo para

armazenar o material fino que dá a resistência à segregação do CAA, porém este

investimento tem retorno certo em empresas que apresentam processos de concretagem

controlados, e por se tratar de um concreto com alta tecnologia a empresa passará a

aumentar a durabilidade de suas estruturas aumentando a qualidade final das mesmas. De

forma sucinta irá ser apresentado locais em que o CAA foi aplicado e como este foi

viabilizado em ocasião.

7.1 INDUSTRIA DE PRÉ-MOLDADO

Relatado por Tutikian ET AL. (2005), foi feito um trabalho em que se buscou a

comparação dos custos globais entre o CAA e o CCV, que tomou todas as etapas do

63

processo desde a composição dos insumos até a fase de reparos. Como resultado, temos a

tabela a seguir que resume e apresenta os resultados encontrados.

Tabela 13 - Custo dos Serviços.

Empresa A

Etapa CCV CAA

Número Pessoas Custo (R$/m³) Número Pessoas Custo (R$/m³)

Composição do Concreto 0 142,46 0 177,29

Mistura do Concreto 1 3,43 1 3,43

Transporte 1 15,49 1 15,49

Aplicação do desmoldante 3 10,66 3 10,66

Adensamento 5 26,7 2 5,34

Acabamento 4 7,03 2 4,41

Reparos 2 14,55 0 0

Total 216,89 210,19

Fonte: Tutikian et al, 2005.

Analisando os resultados encontrados é garantido afirmar que apesar do custo dos

materiais para o CAA terem um acréscimo de 24% em relação ao CCV, no custo global este

apresenta um valor 3% inferior ao do CCV. Valor este possível graças a redução muito

significativa de 80% nas etapas de adensamento e acabamento e na eliminação da

necessidade de reparos.

Uma melhoria que traz também uma redução indireta no custo da produção é a

diminuição de ruídos, pois com a utilização do concreto auto-adensável os equipamentos

utilizados para o adensamento são eliminados, com isso há uma redução dos ruídos em

fábrica, o que possibilita a melhoria de qualidade auditiva dos operários, podendo até a

eliminar a necessidade de equipamentos de proteção individual auditivo.

Um estudo realizado por Sánches (2008) acompanhou a tentativa das indústrias em

diminuir os ruídos oriundos da produção de elementos pré-moldados e constatou que com a

utilização do concreto convencional era possível chegar a um nível de ruído em torno de

102dB enquanto que ao passar a utilizar o concreto auto-adensável a indústria conseguia

atingir o nível de ruído por volta de 80dB, um valor tolerável utilizando proteções auditivas

adequadas o que traz bem estar ao operário, mantendo a qualidade dos elementos e

aumentando a durabilidade das fôrmas.

Figura 42 – Diminuição dos níveis de ruído

64

Fonte: Sánchez

Além destas vantagens há certas melhorias que não foram quantificadas no

processo, aumento da vida útil das fôrmas, economia de energia elétrica e ganho ambiental,

pois uma porção do cimento é substituída por cinza volante.

Diante de todos os valores obtidos, conclui-se então que a utilização do CAA é viável

tecnicamente e economicamente.

8. Conclusões

Partindo do princípio que racionalizar um processo produtivo implica em um conjunto

de ações que visam melhorar a qualidade, diminuir patologias, diminuir desperdícios,

melhorar a produtividade e reduzir custos, é possível então afirmar que a utilização do

concreto auto-adensável para a produção de painéis pré-moldados é racionalizar este

processo.

Relativo a melhoria de qualidade do elemento painél, o uso do CAA corresponde à

esta expectativa, pois devido as suas qualidades reológicas descritas neste trabalho, o

painél pronto apresenta uma homogeneidade na sua composição e acabamento superficial

que superam às encontradas com o painél em concreto convencional, não necessitando por

isso um esforço maior, proporcionando assim uma elevada durabilidade da estrutura em

questão, com um acabamento que não necessita de reparos como visto em diversas figuras,

podendo ser utilizado seguramente com o concreto aparente.

Além do que, é importante ressaltar a melhoria da qualidade não só do produto, mas

também como da saúde dos operários envolvidos no processo, uma vez que devido a

diminuição de ruídos oriundos dos equipamentos de adensamento, a qualidade na audição

dos envolvidos não será afetada como antes quando havia a necessidade de se utilizar os

65

vibradores. Outro ponto de vista é que com a eliminação de etapas na produção

(adensamento), a quantidade de operários também diminui, reduzindo com isso a

possibilidade de ocorrer acidentes.

A diminuição de ocorrência das patologias é algo de muito interesse para qualquer

ramo da construção, e para se conseguir isso na produção dos painéis, o simples fato de se

utilizar o concreto auto adensável já faz com que o risco de surgir patologias diminua,

graças a sua habilidade principal de se adensar somente com a ação da gravidade. Sendo

assim a possibilidade de erro humano nesta fase é levada a zero, melhorando na

homogeneidade, durabilidade e acabamento do concreto.

A redução de custo é o item que muito profissionais ainda tem dificuldades em

perceber, e é o que justifica a não propagação do uso do concreto auto-adensável em

grandes proporções no Brasil, porém com o estudo de caso realizado por TuTikian (2007),

em que todas os custos relacionados ao processo são comparados,é possível concluir que a

utilização do concreto auto-adensável, devido a eliminação de etapas e diminuição da mão

de obra, é perfeitamente possível e faz com que o custo final do elemento seja mais

econômica se comparado ao concreto convencional,uma economia que gira em torno de

3%. Sendo assim, diante de todas as vantagens apresentadas e ainda com custo menor, o

concreto auto-adensável se faz uma realidade no mercado.

Diante destas vantagens, usar o concreto auto-adensável é racionalizar o processo

de produção dos painéis, e utilizar este painél pré-moldado é racionalizar a construção do

empreendimento em questão. Foi relatado neste trabalho o quão é importante a utilização

do painél pré-moldado para a diminuição de resíduos nos canteiros de obra. Este sistema

construtivo devido suas características e praticidade permite reduzir o volume de resíduos

oriundo de retrabalhos no canteiro de obras como os “rasgos” na alvenaria, para o

embutimento de instalações, o desperdício com argamassas ou mesmo blocos quebrados.

O uso do painél além de acelerar a construção permite a redução da mão de obra,

economia nos consumos de materiais, faz com que o canteiro de obras se torne um lugar

mais limpo (sem muitos materiais estocados) o que de fato é muito interessante para o

Brasil que tem um alto déficit habitacional. Se qualidade e rapidez na execução são

necessárias, então o sistema construtivo de painéis pré-moldados em concreto auto-

adensável é concerteza uma solução viável e que deve ser utilizada.

Como proposta futura para o desenvolvimento deste trabalho acredito que a intenção

de desenvolver um sistema construtivo em painéis que seja acessível para a utilização na

construção de habitações com interesse social seja uma ótima oportunidade para que o

alcance de atuação deste sistema seja maior,ou seja um sistema construtivo que não

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necessite de muitos equipamentos para sua aplicação, de forma que nos conhecidos

“mutirões” seja possível utilizá-lo.Além disso o estudo de melhorias da qualidade do

concreto auto-adensável seria importante, avaliando assim seus materiais constituintes e a

melhor forma de dosá-lo, acarretando portanto em melhorias também no processo de

produção dos painéis pré-moldados.

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REFERÊNCIAS

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