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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Estudo de cenários de planejamento de edifício utilizando programa gerenciador de projetos Trabalho apresentado ao departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Alan Nahuelhual La Selva Orientadora: Profa. Dra. Sheyla Mara Baptista Serra São Carlos 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Estudo de cenários de planejamento de edifício utilizando programa

gerenciador de projetos

Trabalho apresentado ao departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal de

São Carlos como requisito para obtenção do

grau de Engenheiro Civil.

Alan Nahuelhual La Selva

Orientadora: Profa. Dra. Sheyla Mara Baptista Serra

São Carlos

2011

Dedicatória

Dedico esta monografia a minha família e aos meus amigos.

Agradecimentos

Agradeço a minha família e aos meus amigos que sempre estiveram comigo me ajudando e

enfrentando comigo todos os desafios passados.

Agradeço ao meu pai Julio, minha mãe Lucia, meu irmão Alex, meus parentes Luiza, Julio B.,

Cristiane, Armando, Juliana, André, e aos meus amigos Diego O., Daniel, César, Vitor,

Rodrigo, Felipe, Hugo H., André, Fernando, Humberto, Ricardo, Henrique, Diego N., Sidnei,

Cezar, Gabriel, Paulo, Hugo A., Flaviana, Gabriela e todos os meus outros colegas de curso.

Gostaria de fazer um agradecimento em especial à minha namorada Renata por todo o apoio e

compreensão durante os cinco anos de universidade.

Agradeço também aos meus grandes amigos Victor, Leone, Caio, Marcio, Lucas, Leonardo e

a Mariana e a todos os professores que tive ao longo dos cinco anos de universidade.

Por fim, gostaria de agradecer a Sheyla pela orientação no trabalho realizado.

Resumo

Neste trabalho de conclusão de curso é estudado o planejamento de obra de edifício de

múltiplos pavimentos baseado em um programa gerenciador de projetos, onde é obtido

resultados que sugerem um conjunto de indicadores que permitem avaliar o cumprimento de

prazos. O trabalho apresenta inter-relações entre as atividades realizadas e entre os diferentes

níveis de planejamento de longo e médio prazo. Para o desenvolvimento do trabalho, foram

coletadas referências bibliográficas sobre o tema, informações sobre a obra e sobre a empresa

estudada, bem como aprendizado sobre o uso do programa gerenciador de projetos. Para

compreensão do processo de decisão estratégica da obra, foram construídos dois cenários

para planejamento do edifício onde foram desenvolvidas análises sobre os indicadores de

prazo que possam auxiliar a empresa incorporadora ou construtora.

Palavras chave: planejamento de obras, controle de obras, redes de precedência, estratégia de

execução.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1

1.1 OBJETIVOS.................................................................................................................... 2

1.2 MÉTODO DA PESQUISA ............................................................................................. 2

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 4

2.1 PLANEJAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................... 4

2.2 “WBS” (Work Breakdown System)................................................................................ 6

2.3 PROJETO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO (PSP) ....................................................... 9

2.4 PROGRAMAÇÃO DE OBRAS EM COMPUTADOR ................................................11

2.5 PDCA (PLAN, DO CHECH, ACT – Método de Melhoria Contínua) ..........................13

2.5.1 Plan (Planejar) ..........................................................................................................................15

2.5.2 Do (Executar) ...........................................................................................................................15

2.5.3 Check (Verificar) ......................................................................................................................16

2.5.4 Act (Atuar) ...............................................................................................................................16

2.6 CONCEPÇÃO DO MODELO .......................................................................................17

3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 20

3.1 DESCRIÇÃO DA OBRA ...............................................................................................20

3.2 PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS NO PAVIMENTO ...............24

3.2.1 Alvenaria ..................................................................................................................................25

3.2.2 Regularização dos tetos do pavimento .......................................................................................26

3.2.3 Instalação elétrica, hidráulica e fixação de contramarcos e batentes ............................................27

3.2.4 Chapisco...................................................................................................................................31

3.2.5 Revestimento ............................................................................................................................32

3.2.6 Contrapiso ................................................................................................................................34

3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO .............................................................36

4 MODELOS DE PLANEJAMENTO............................................................................ 37

4.1 Concepção do modelo .....................................................................................................37

4.2 Tipo de empreendimento e processo construtivo ..........................................................39

4.3 Simulação do planejamento ...........................................................................................40

4.3.1 Método tradicional ....................................................................................................................40

4.3.2 Inversão total ............................................................................................................................46

4.4 Análise comparativa .......................................................................................................50

4.5 Considerações sobre resultados .....................................................................................52

5 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 54

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 56

7 ANEXOS ..................................................................................................................... 59

7.1 ANEXO 1 – Cronograma do cenário sem inversão dos serviços com programação

mais cedo possível .......................................................................................................................59

7.2 ANEXO 2 – Planilhas com os cálculos para valores de curva “S” para estratégia sem

inversão dos serviços ...................................................................................................................65

7.3 ANEXO 3 – Cronograma do cenário com inversão dos serviços com programação

mais cedo possível .......................................................................................................................66

7.4 ANEXO 4 – Planilhas com os cálculos para valores de curva “S” para estratégia com

inversão total dos serviços ..........................................................................................................72

1

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso são estudas as diferentes estratégias de concepção do

modelo de planejamento de edifício por meio do software MSProject no qual relacionam-se as

sequências de execução dos serviços com as dependências entre as atividades, gerando dados

sobre o tempo de execução dos serviços, custos do empreendimento, cronogramas e diversos

relatórios. As estratégias de execução a serem estudadas referem-se à execução do edifício da

forma tradicional (de baixo para cima) e com inversão total dos serviços (de cima para baixo).

Para o bom desenvolvimento dos empreendimentos na construção civil é fundamental que

seja feito uso do planejamento, prevendo e simulando estratégias de execução possíveis que

podem auxiliar no processo de decisão do negócio. Esta análise da estratégia de execução

pode proporcionar resultados como redução ou postergação de custos e, como consequência

disso, possibilitar aumento do lucro de empreendimentos.

Atualmente, apesar do avanço de conhecimento e de tecnologia, muitas empresas do setor da

construção civil executam suas obras sem um planejamento mais detalhado e estudado, com o

qual se poderiam prever, com mais precisão, as datas de término da obra por meio de

programas gerenciadores de projetos. Via de regra, estas empresas se baseiam mais em

experiências profissionais anteriores para obterem o tempo de execução de suas obras, o que

pode acarretar grandes diferenças, pois cada equipe tem sua forma de trabalhar e é grande a

variedade do trabalho entre as equipes a cada empreendimento.

Com o avanço da tecnologia e o aumento de investimentos no setor de edificações da

construção civil, a busca da modernização tem mudado a postura de muitas empresas que

estão investindo na elaboração de modelos de planejamento.

Uma das ferramentas computacionais mais utilizadas na construção civil para modelar o

planejamento de obras, é o software MSProject. Assim, este trabalho fará estudo de diferentes

2

estratégias de execução de um empreendimento vertical, visando buscar informações que

possam ajudar no planejamento estratégico.

Para isso foi necessário conhecer como a sistemática do programa trabalha para poder usá-lo

na pesquisa e aplicá-lo na simulação da execução do edifício estudado.

Este trabalho fará uso do software MSProject que é um dos mais modernos aplicativos

voltados para o gerenciamento de projetos. Através dele pode-se planejar, especificar,

implantar e acompanhar o desenvolvimento de qualquer tipo de projeto.

1.1 OBJETIVOS

Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo analisar as estratégias de execução de

um edifício com estrutura de concreto armado moldado no local e vedação em blocos pelo

parâmetro prazo através da concepção de cenários de planejamento.

Pretende-se ainda analisar o perfil do desenvolvimento físico de construção para os serviços

de obra bruta do referido edifício (curva S).

1.2 MÉTODO DA PESQUISA

Inicialmente, foi realizado no trabalho uma revisão bibliográfica com o intuito de estudar e

compreender de forma teórica a importância do planejamento na construção civil. Após a

revisão bibliográfica, foi necessária a compreensão de algumas ferramentas computacionais

que possibilitam a programação e o gerenciamento de projetos em computadores.Estas

ferramentas oferecem com grande facilidade e flexibilidade informações e resultados a longo

prazo.

Com este contexto, pretende-se apresentar uma pesquisa de planejamento da construção com

o uso de ferramentas computacionais para que este planejamento seja feito de forma correta e

adequada. Para o caso do trabalho em estudo, o modelo será aplicado a um edifício residencial

com 21 pavimentos.

O modelo proposto tem o intuito de auxiliar a empresa a aplicar o processo de planejamento e

controle para o seu empreendimento.

3

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica, com os conceitos e os objetivos do

planejamento na construção civil.

O capítulo 3 apresenta a metodologia para o desenvolvimento do trabalho e descreve os

métodos executivos propostos para planejamento.

O capítulo 4 apresenta os resultados do trabalho.

O capítulo 5 apresenta as conclusões obtidas após análise dos resultados obtidos na pesquisa.

O capítulo 6 exibem as referências bibliográficas utilizadas por este estudo.

Os anexos mostram os cronogramas simulados em sua totalidade e as planilhas executadas

para obtenção da curva “S”.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PLANEJAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O crescimento da competitividade empresarial no setor da construção civil tem levado as

empresas a procurarem por melhorias em seu desempenho.

O setor da construção civil há anos vem crescendo e com isso o número de construtoras

também cresce a cada dia, o que aumenta a competitividade neste mercado. Este crescimento

do mercado aumenta a concorrência e faz com que as empresas busquem uma melhoria no

desempenho da execução de suas obras, de modo a obter um menor custo de produção e

agregarem maior vantagem competitiva aos seus produtos. Entre as principais estratégias está

o desenvolvimento do planejamento integrado dos empreendimentos nos vários níveis

organizacionais da empresa.

Hoje em dia, praticamente, todas as empresas trabalham com a definição de metas e objetivos

que precisam ser atingidos e para isto, é importante que as mesmas façam um planejamento

estratégico adequado. Assim, surge a necessidade de explicitação das diretrizes de

desenvolvimento do planejamento pela própria empresa. Em algumas delas, pode existir um

setor administrativo exclusivo, que para estes casos, deve haver capacitação deste

departamento. Em outros casos, é comum a contratação de empresas especializadas de

planejamento. No entanto, para que este seja eficiente e mais próximo da realidade do

empreendimento, torna-se necessário desenvolver um modelo que retrate a experiência da

empresa.

As empresas apresentam uma organização administrativa que pode ser dividida em três níveis,

o estratégico, o tático e o operacional, que conservam entre si um relacionamento hierárquico.

Para Formoso et al. (1999), os três grandes níveis hierárquicos na gestão de processos se

justificam por:

- Estratégico: onde irá ser feito a definição dos objetivos do empreendimento, a partir das

diretrizes do cliente. Este setor está ligado à determinação das estratégias necessárias para

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atingir os objetivos do empreendimento, como por exemplo: a definição do prazo da obra,

fontes de financiamento, parcerias etc.;

- Tático: onde será feito a seleção e aquisição dos recursos necessários para atingir os

objetivos do empreendimento, como por exemplo: tecnologia, materiais, mão-de-obra, etc.

Também é necessária a elaboração de um plano geral para a utilização destes recursos;

- Operacional: onde será detalhada as atividades a serem executadas, seus recursos e seu

momento de execução no canteiro de obras.

Deve-se destacar também que, durante a execução do planejamento, em seus vários níveis,

para que o mesmo alcance seus objetivos, é muito importante que os funcionários das

empresas passem por um treinamento para que possam executar da melhor forma possível os

seus serviços e assim diminuam as perdas e desperdícios físicos ou de informações.

Segundo Assumpção (1996), para a empresa competir com o mercado é necessária a

implantação de forma eficiente de um planejamento e de um controle da produção. O autor

diz que:

“Na hierarquia inferior do planejamento operacional, os modelos para planejamento da

produção são mais detalhados, pois devem representar o ato de produzir. As atividades

ocorrem em períodos de curta duração, os programas devem contemplar o

dimensionamento de insumos para produção e os controles são estruturados para

operar com o registro das informações no nível da sua ocorrência.”

Segundo Sampaio (2008), o planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste

em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar

realidade um objetivo futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente.

As ações devem ser identificadas de modo a permitir que elas sejam executadas de forma

adequada e considerando aspectos como o prazo, custos, qualidade, segurança, desempenho e

outras condicionantes.

Devido às crescentes pressões externas e internas, as empresas acabam fazendo com que os

envolvidos nas atividades possam decidir, controlar, executar e participar do planejamento

estratégico, tático e operacional (JUNGLES et al., 2000).

6

Para Akkari (2003), o planejamento da produção tem extrema importância no gerenciamento

dos empreendimentos e ele é essencial para a função gerencial.

Segundo Fouquet (2010), no empreendimento devem ser estabelecidos cronogramas para que

sejam previstos a execução de cada atividade previamente com o intuito que o edifício esteja

pronto dentro dos parâmetros estabelecidos. Para isso, o autor diz que os projetos envolvidos

na construção de um edifício são desenvolvidos pelos profissionais especializados em cada

área do conhecimento de sua respectiva disciplina.

Segundo Santos (2003), o grande desafio do planejamento é melhorar o controle dos gastos

sem afetar a qualidade final das obras. A melhoria na qualidade deve ser contínua.

No caso do planejamento de caráter tático, o planejamento mestre estabelece datas marco,

indicando início e fim de grandes etapas da obra, tais como: conclusão da infra-estrutura,

início da alvenaria. O planejamento de longo prazo da produção pode ser realizado através da

utilização de diferentes técnicas de planejamento e programação tais como: gráficos de Gantt,

redes de precedência e linha de balanço.

2.2 “WBS” (Work Breakdown System)

O “WBS” (Work Breakdown System), que em português é definido como Estrutura Analítica

de Partição do Projeto – “EAP”, é um sistema de análise, onde é particionada a estrutura de

trabalho em partes de fácil identificação, estudo e implementação. O “WBS” estabelece uma

vinculação padronizada e hierarquizada para o planejamento de obras. Esta partição do

projeto é feita considerando-se cada atividade do empreendimento e desdobrando-a em níveis

inferiores, saindo de uma atividade principal até as menores tarefas (ASSUMPÇÃO, 1996).

Com a execução do “WBS”, visualizam-se todas as atividades do empreendimento, assim

obtém-se um planejamento mais criterioso com possibilidade de maior controle de tempo,

custo, recurso, etc..Tendo a definição do sistema construtivo do empreendimento, pode-se

desenvolver uma “WBS” específica para cada atividade a ser executada deste sistema.

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A “partição” da obra devido as suas atividades a serem executadas, das equipes que irão

participar destas atividades, do processo de controle feito pela empresa e o processo de

produção são processadas assim que a tipologia da edificação estiver definida (AKKARI,

2003).

Segundo Moraes (2007), a forma como deve ser desenvolvido e os pacotes do “WBS” são

definidos a partir das metas e dos objetivos estabelecidos pela empresa. Ainda são

organizados cronogramas e as atividades necessárias para execução de cada pacote do “WBS”

como forma de auxílio para controle do projeto.

Assumpção e Fugazza1 (1999) apud Moraes (2007) definem as seguintes finalidades do

“WBS”:

● Auxiliar na compreensão do escopo (visão geral da obra, compreensão de suas faces,

etapas, serviços e atividades);

● Auxiliar na definição da matriz de responsabilidades (que permite definir responsabilidades

a partir da estrutura montada);

1 ASSUMPÇÃO, J. F. P.; FUGAZZA, A. E. C. : Uso de redes de precedência para planejamento da produção de

edifícios. In: VII Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 1998, Florianópolis.

Anais...Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, v. 2, p. 359-368. 1998.

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● Estabelecer um sistema de codificação para facilitar o processamento e manipulação de

informações (plano de contas, áreas de responsabilidade, centros de custos).

Assumpção (1996) define “WBS” em uma estrutura que é subdividida em subsistemas, e

entre estes existem hierarquias entre suas atividades. A Figura 1 mostra um exemplo da

“WBS” padrão para edificações com pavimentos repetitivos, com sistema construtivo em

estrutura de concreto armado e vedação com blocos.

Figura 1 - Exemplo de "WBS". Fonte: Assumpção (1996)

O “WBS” auxilia a programação e também é uma excelente ferramenta para auxílio na

organização e administração do empreendimento.

Segundo Moraes (2007), após a execução do “WBS”, é elaborada a rede de precedência do

projeto onde se visualiza todas as inter-relações, a sequência executiva e as interdependências

entre as atividades da obra.

Segundo Assumpção (1996), uma rede de precedência é uma representação gráfica de um

conjunto de atividades inter-relacionadas que descrevem um plano de execução e a Figura 1

representa um exemplo feito pelo autor para exemplificação do “WBS”.

Por meio da rede de precedência é possível obter o cronograma geral pelo qual se deve dar

ênfase às atividades do caminho crítico, as atividades que necessitam de folga, as atividades

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que tenham longa duração, as atividades críticas, quase críticas e eventos particulares que

necessitam de decisões específicas para realização.

Devido aos programas computacionais gerenciadores de projetos disponíveis no mercado, as

técnicas que se baseiam no planejamento em redes é a mais difundida. Elas permitem fácil

visualização das operações em sua linha-base, além de gerar comparação com o desvio do

planejamento inicial e suas influências nas demais etapas da obra. Podem também distribuir

os recursos atribuídos e necessários à execução dos serviços.

2.3 PROJETO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO (PSP)

O conceito de Projeto do Sistema de Produção (PSP) não é muito difundido na construção

civil, entretanto, cada vez mais existe necessidade de se empregar ferramentas capazes de

modelar e avaliar os efeitos da interdependência, da complexidade e da variabilidade no

desempenho dos sistemas de produção na construção, como a simulação computacional

(SCHRAMM, 2009).

Para início dos estudos das atividades, o PSP é uma ferramenta gerencial que deve ser

utilizada no esforço produtivo pelo qual se tem uma primeira oportunidade para combater ou

atenuar características negativas inerentes aos sistemas de produção, como a variabilidade do

processo produtivo. É nesta etapa inicial feita pelo PSP que serão decididos as equipes que

irão executar as atividades do empreendimento, o tamanho delas, a sequência tecnológica que

será feita as atividades entre outros (FORMOSO et al., 2006). O PSP busca contribuir para o

aumento do desempenho do processo de planejamento e controle da produção e de melhoria

do sistema de produção (KOSKELA; COHENCA, 1988).

Pesquisadores e empresas afirmam que há a necessidade de integrar o projeto do produto com

as necessidades da obra, onde estes serão projetados conjuntamente (FABRICIO;

MELHADO, 1998).

10

Para Slack et al.2 (1997) apud Schramm (2000), o PSP pode ter um impacto substancial na

habilidade da função produção em atender às necessidades de seus consumidores. Segundo os

referidos autores, seus objetivos gerais são:

● Prover recursos adequados, capazes de realizar o produto conforme suas especificações de

projeto;

● Melhorar o fluxo de materiais e informações através do sistema;

● Fornecer tecnologias e pessoas adequadas e confiáveis;

● Assegurar alta utilização dos recursos e, portanto, processos eficientes e de baixo custo;

● Promover a flexibilidade do sistema, de forma que seus recursos possam ser rapidamente

modificados de foram criar uma gama de novos produtos.

Do ponto de vista prático, para que se possa desenvolver um PSP, qualquer que seja o setor

produtivo ao qual pertença, é necessário considerar alguns fatores que caracterizam a natureza

dos sistemas de produção e que contribuem para o aumento da sua complexidade. Entre estes

fatores, pode-se citar a variabilidade, a incerteza, a interdependência e a interconectividade

(GIDADO et al., 1996). O autor ainda acrescenta que existem algumas incertezas quanto a

2 SLACK, N. et al. Administração da Produção. São Paulo. Editora Atlas, 1997.

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execução de processos da construção, que são a falta de completa especificação para as

atividades de produção no canteiro, a falta de uniformidade dos materiais, trabalho e equipes,

no que diz respeito a lugar e tempo.

Os sistemas de produção são também interconectados. Componentes do sistema não

trabalham de forma isolada, mas afetam uns ao outros. Qualquer mudança em alguma parte

do sistema leva a uma mudança em outra parte desse mesmo sistema (ROBINSON, 2003).

Pode-se afirmar também que a falta do PSP está diretamente relacionado com as perdas e

desperdícios na construção civil, que não ocorre somente com os desperdícios de materiais.

As perdas na construção civil devem ser entendidas como qualquer ineficiência que se reflita

no uso de equipamentos, materiais, mão de obra e capital em quantidades superiores àquelas

necessárias à produção da edificação (SOIBELMAN, 1993).

Schramm (2004) ainda definiu o projeto de sistema de produção da seguinte forma:

“O projeto do sistema de produção na construção civil consiste no processo de análise

e discussão de alternativas de organização do sistema de produção do

empreendimento, e na seleção da alternativa mais adequada à consecução de um

desempenho adequado deste sistema durante a etapa de execução considerando suas

especificidades.”

Dessa forma, PSP representa uma importante atividade gerencial que deve ser realizada antes

das atividades de produção. Quanto maior a sobreposição temporal entre as atividades de

projeto do produto e de projeto do sistema de produção, maiores serão as oportunidades para a

efetiva redução da parcela de atividades que não agregam valor ao sistema de produção

(FORMOSO, 2005).

2.4 PROGRAMAÇÃO DE OBRAS EM COMPUTADOR

Com o avanço da tecnologia, a programação de obras em computador a cada dia se renova e

melhora, o que torna algo de extrema vantagem competitiva para as empresas concorrentes no

mercado. Por meio da programação de obras, é possível obter resultados mais próximos da

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realidade, como custos, prazos e recursos necessários à execução das atividades que serão

realizadas. Por meio de avaliações comparativas entre os resultados práticos e os resultados

obtidos pela programação têm-se um maior controle das obras. É importante ressaltar que os

programas fazem somente previsões sobre estes resultados, pois se tratam apenas de

simulações da construção realizadas por computadores.

Hoje em dia, mesmo com o avanço da tecnologia e dos recursos computacionais, muitas

empresas continuam a pensar e a trabalhar sem o auxílio informático. No entanto, grande

parte das empresas usa seus programas computacionais de gerenciamento como uma poderosa

ferramenta de planejamento.

Segundo Moraes (2007),

“A Construção Civil é uma atividade econômica que possui características peculiares,

diferentes de outros setores: o ineditismo e a longa duração de cada empreendimento,

o alto custo unitário de cada obra, a grande rotatividade da mão de obra, o canteiro de

obras fisicamente afastado da empresa, entre outras. Estas características tornam a

programação uma das tarefas potencialmente mais importantes para a sobrevivência

das empresas nessa indústria. Esse fato é ampliado na medida em que o ambiente se

torna mais competitivo, face às mudanças decorrentes dos fenômenos da globalização

e da abertura dos mercados.”

Segundo Santiago Júnior (2002), pode-se definir a rede de computadores como sendo um

conjunto de meios de comunicação, dispositivos e softwares necessários para conectar dois ou

mais sistemas ou dispositivos de computador. Ela permite a existência de uma infra-estrutura

para a troca de informações e conhecimentos o que abre possibilidades para existência de

aplicações da gestão do conhecimento mediante a utilização desta tecnologia pelas pessoas. O

autor ainda acrescenta que o gerenciamento de projetos assumiu contornos mais estruturados

e passou a ocupar um lugar de destaque na gestão das organizações, ganhando mais espaço a

cada dia.

Se a empresa obtiver uma concordância entre os recursos físicos e financeiros, tendo assim o

planejamento mais racional, os objetivos da empresa serão alcançados com maior eficiência

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tendo assim uma definição mais precisa dos recursos necessários e compatíveis com os prazos

e custos (ARAÚJO, 2000).

Portanto, a programação em computador é uma ferramenta que trás respostas rápidas e

confiáveis para tomadas de decisões. É um método capaz de influenciar os resultados, e com

isso, fornecer melhores procedimentos para que as empresas alcancem seus objetivos

planejados.

Entre as ferramentas de programação, o Microsoft Project é um software gerenciador de

projetos que foi desenvolvido pela Microsoft Corporation. MSProject é um software de

planejamento que, após a organização da sequência das atividades que serão executadas, é

possível atribuir recursos, tempos, custos, condicionantes, comentários especiais,

interdependências, datas, metas etc.. Com esta lista organizada, o software organiza estas

atividades na forma de cronograma onde passa-se a ter a visualização das interdependências

entre tarefas. Desta forma, se uma determinada atividade tiver seu prazo ou datas de início e

término alterados, as demais atividades acompanham estas mudanças, mantendo a lógica da

execução da obra (BERNARDES; SILVA, 2008).

2.5 PDCA (PLAN, DO CHECH, ACT – Método de Melhoria Contínua)

O processo cíclico de melhoria contínua implica em controlar o planejamento e, caso

ocorram imprevistos durante os processos dos serviços que poderão atrasar o cronograma, que

estes sejam detectados brevemente para que possam ser avaliados e solucionados e ainda

atentar-se para que eles não venham ocorrer novamente.

Assim, uma ferramenta de planejamento básica para todo sistema de gestão é o chamado

método PDCA, que tem significado, em idioma de origem inglesa: PLAN, DO, CHECK,

ACT que traduzido significa PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, VERIFICAÇÃO, AÇÃO.

Sua definição mais usual é como um método de gerenciamento de processos ou de sistemas,

utilizado pela maioria das empresas com o objetivo de gerenciamento da rotina e melhoria

contínua dos processos (ANDRADE, 2003). A Figura 2 a seguir mostra o ciclo do PDCA.

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Figura 2 - Ciclo de gerenciamento PDCA

Segundo Quinquiolo (2002):

“O Ciclo PDCA, também conhecido como Ciclo de Shewhart, Ciclo da Qualidade ou

Ciclo de Deming, é uma metodologia que tem como função básica o auxílio no

diagnóstico, análise e prognóstico de problemas organizacionais, sendo extremamente

útil para a solução de problemas. Poucos instrumentos se mostram tão efetivos para a

busca do aperfeiçoamento quanto este método de melhoria contínua, tendo em vista

que ele conduz a ações sistemáticas que agilizam a obtenção de melhores resultados

com a finalidade de garantir a sobrevivência e o crescimento das organizações.”

O ciclo abrange quatro etapas bem definidas. Nelas são expressas ações que irão ser

desenvolvidas pelas empresas para atingirem a melhoria contínua dos processos e suas

atividades. As quatro etapas são executadas de forma sequencial e são percorridas de forma

cíclica (BERNARDI et al., 2010).

O ciclo PDCA envolve várias possibilidades, podendo ser utilizado para o estabelecimento de

metas de melhoria provindas da alta administração, ou também de pessoas ligadas diretamente

ao setor operacional, com o objetivo de coordenar esforços de melhoria contínua

(ANDRADE, 2003). Ainda segundo o autor, outra aplicação do método é na resolução de

problemas crônicos ou críticos, que prejudicam o desempenho de um projeto ou serviço

qualquer.

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Segundo Slack (1996) apud Andrade (2003) a idéia de sequência de atividades está contida na

estrutura do método de melhorias PDCA, iniciando-se pela estruturação do processo,

tornando-o mensurável e repetitivo com o intuito de melhorar as atividades visando à redução

de custos e o aumento da produtividade.

2.5.1 Plan (Planejar)

O primeiro módulo do cliclo PDCA é o planejamento. O planejamento já foi descrito neste

trabalho em 2.1 PLANEJAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL o qual é o interesse da

execução deste trabalho de conclusão.

Cabe ressaltar que, algumas questões são apropriadas nessa fase. Segundo Badiru e Ayeni

(1993), como: qual o objetivo específico (meta) a ser alcançada pela organização; quais as

pessoas a serem envolvidas nesse processo; qual será o prazo para a efetivação do plano de

ação a ser elaborado; quais serão os recursos a serem despendidos para a conclusão do plano;

quais serão os dados a serem coletados durante o processo; ou seja, tudo que envolve um

planejamento do processo a ser executado.

2.5.2 Do (Executar)

Posteriormente à etapa do planejamento, o ciclo agora passa pelo módulo da execução pelo

qual as metas e os objetivos traçados no planejamento devem ser postos em prática.

Segundo Badiru e Ayeni (1993), a etapa da execução somente será viável se houver a

existência de um plano de ação bem estruturado e, que como foi falado em 2.3 PROJETO DO

SISTEMA DE PRODUÇÃO (PSP), nesta etapa, todos os planos de ação do projeto de

execução dos serviços que serão delimitados o PSP e também serão discutidas alternativas de

organização do sistema de produção do empreendimento.

O processo de execução das atividades pode ser realizado em dois passos diferenciados.

Primeiramente a atividade passa por uma fase de treinamento, em que a empresa deve dar

ampla divulgação do plano a todos os funcionários envolvidos. A divulgação é feita por meio

de reuniões participativas, nas quais serão apresentadas claramente as tarefas e as pessoas que

as executarão. Para maior eficácia, durante o treinamento todos os envolvidos devem-se

16

certificar se todos os envolvidos compreenderam as ações que serão executadas e ainda

verificar se eles estão de acordo com as medidas propostas (ANDRADE, 2003).

Ainda segundo o autor, na execução das atividades deve ocorre uma fase onde de verificações

periódicas no local onde as ações estão sendo efetuadas, a fim de manter o controle e

solucionar possíveis dúvidas que possam ocorrer ao longo da execução (ANDRADE, 2003).

2.5.3 Check (Verificar)

No módulo CHECK, as ações que são executadas na etapa DO são verificadas. Esta é uma

etapa importante, pois para um planejamento de sucesso é necessário ter um controle diário de

todos os serviços que são executados na obra. Com base nos dados obtidos do planejamento

relacionados ao cronograma da obra. Nesta etapa é verificado se os resultados obtidos na

execução estão sendo alcançados. Caso os resultados planejados não estejam sendo

alcançados, nesta fase que serão detectadas as falhas, que devem ser solucionadas.

Diversos autores dizem que esta fase é a mais importante do ciclo, devendo esta ser enfatizada

pela organização a fim de obter resultado satisfatório e eficaz ao final de cada ciclo.

Segundo Santos (2003) na etapa PLAN, a empresa deve estar atenta a todos os indicadores

propostos e monitorados na etapa DO, manifestando quais ações obtiveram os melhores

resultados, e quais não alcançaram a eficácia desejada, medidos pelos indicadores em questão.

2.5.4 Act (Atuar)

A fase ACT tem o objetivo de padronizar as ações que foram executadas de forma correta na

fase anterior para serem utilizadas em outras ocasiões semelhantes (BADIRU; AYENI, 1993).

Ainda segundo os autores, como o PDCA trata de serviços que são repetitivos, é de suma

importância que após os treinamentos das equipes e ao longo das execuções destes serviços,

estes sejam padronizados com objetivo de melhoria contínua.

Bernardi et al. (2010) acrescenta que é na fase ACT do ciclo PDCA que se deflagra a

necessidade de se iniciar um dos processos mais importantes e mais discutidos para uma

organização que é o processo de melhoria contínua onde a partir do momento que uma

17

organização obtém seus padrões de excelência, estes deverão sofrer contínuas mudanças, a

fim de melhorá-los cada vez mais.

2.6 CONCEPÇÃO DO MODELO

A obra estudada neste trabalho de conclusão de curso trata-se de um edifício vertical e em sua

construção será feito o uso da tecnologia convencional de concreto armado no local. O

edifício será composto por subsolo, térreo (que será dividido em periferia e parte da torre

principal), pavimentos tipos, casa de máquina e caixa d’água.

Para a construção de edifícios, Assumpção (1996) subdivide um edifício de múltiplos

pavimentos em duas frentes de trabalho que seriam a região da Torre, onde observa-se o

desenvolvimento vertical do edifício, e a outra subdivisão seria o desenvolvimento horizontal,

onde observa-se a execução da Periferia. Esta divisão é mostrada na Figura 3:

Figura 3 - Subsistema de produção do edifício. Fonte: ASSUMPÇÃO, 1996.

18

Figura 4 - Características de um edifício. Fonte: ASSUMPÇÃO, 1996.

O autor ainda diz que os subsistemas podem ser executados de forma sequencial ou de forma

simultânea. Na Figura 4 observa-se características de um edifício (ASSUMPÇÃO, 1996).

Os edifícios verticais de múltiplos pavimentos são caracterizados por serem executados em

ciclos repetitivos e por isso surgem diferentes formas para que se executem estes serviços.

Segundo Barbosa (2005), a divisão de um empreendimento em subsistemas é um primeiro

passo que um planejador dá para poder elaborar os planos e os programas. O autor ainda diz

que por meio desta divisão do empreendimento em torre e periferia, as estratégias para

execução adotadas são duas: a primeira é quando a torre é executada posteriormente a

periferia, e a segunda é quando a periferia é executada após a execução da torre.

É importante lembrar o significado de sequência e de trajetória que são utilizados para a

execução do empreendimento. Segundo Assumpção (1996), sequência pode ser definido

como uma ordem de execução dos serviços em um mesmo local, que no caso seriam nos

pavimentos ou em alguns trechos da edificação; já trajetória seria a ordem em que os serviços

serão executados em diferentes locais de trabalho. Para exemplificação, a Figura 5 mostra um

modelo de fluxograma que, segundo Assumpção (1996) mostra a repetição das atividades, a

sequência de execução das atividades e a trajetória nos pavimentos do empreendimento.

19

Através do estudo realizado com redes de precedência, pode-se realizar simulações de várias

alternativas de execução da obra, conforme já mencionado. Assim, segundo Barbosa (2005)

existem três trajetórias de execução em sistemas setorizados que são: de baixo para cima (sem

inversão de obra), do meio do edifício para baixo e logo em seguida do último pavimento em

direção ao meio da torre (inversão parcial) e por fim de cima para baixo (inversão total).

Este trabalho fará estudo de uma obra através de dois cenários de planejamento:

primeiramente os serviços são executados sem inversão de obra, no sentido de baixo para

cima, no mesmo sentido da execução da estrutura de concreto; num segundo cenário, os

serviços são executados com inversão total, ou seja, após a conclusão da estrutura na torre, os

serviços são executados de cima para baixo. Em seguida às modelagens no software serão

feitas análises e comentários destas estratégias de execução.

Figura 5- Fluxograma de serviços com ligações de sequência e de trajetória na obra (ASSUMPÇÃO, 1996)

20

3 METODOLOGIA

3.1 DESCRIÇÃO DA OBRA

O trabalho realizado é aplicado a uma obra no sistema construtivo convencional em concreto

armado localizado na cidade de Pirassununga, na região central. O conhecimento do edifício e

de suas tecnologias é uma importante etapa da concepção do modelo de planejamento.

A obra constitui-se em um edifício residencial de alto padrão que terá 21 pavimentos. Será

executado um apartamento por pavimento que terá um total de 267 m² (pavimento tipo)

privativos e cada apartamento será composto por quatro suítes (sendo uma delas uma suíte

master), uma sala ampla para três ambientes, lavabo, varanda gourmet, quatro vagas de

garagem e dependências para empregada conforme Figura 6. O edifício ainda terá salão para

festas, fitness center, piscina, playground e espaço gourmet.

Serão simulados dois cenários ou duas estratégias diferentes para execução do edifício,

portanto, é importante ressaltar que em ambos os modelos estudados de planejamento (com e

sem inversão) o ciclo de duração e precedência das atividades simuladas são os mesmos.

As informações fornecidas inicialmente pelo programa gerenciador de projetos MSProject

estão de acordo com a data mais cedo de início das atividades, onde os serviços não críticos

apresentam folgas internas. Quando o planejamento das atividades forem feitos analisando as

datas mais tardes para início das atividades, praticamente, todas elas se tornam críticas.

Assim, será feita uma análise comparativa em cada caso estudado (com e sem inversão) da

execução do edifício com datas mais cedo e com datas mais tarde de inicio das atividades,

visando obter informações que possam trazer diretrizes de qual método se adequará melhor

para a empresa trabalhar.

Na Figura 7 observa-se a fachada do edifício e na Figura 8 a obra em execução. A Tabela 1

mostra as áreas que compõem o pavimento tipo.

21

Figura 6 – Apartamento tipo

Tabela 1 - Quadro de áreas do apartamento tipo

22

Figura 7 – Imagem da fachada do edifício Figura 8 – Obra em execução (Novembro de 2011)

O edifício será executado com estrutura feita em concreto armado moldado no local (pilares,

vigas e lajes), a vedação externa e interna em blocos cerâmicos, instalações com tubulações

rígidas que passam sobre as lajes e pela alvenaria, e por fim a instalação elétrica que será feita

com eletrodutos flexíveis e embutidos nas paredes.

Identificadas as atividades que serão estudadas neste trabalho, que estão no quadro 1, o que

deve ser feito agora é um ordenamento destas atividades de forma eficiente.

A seguir, serão mostradas nas Figura 9, Figura 10, Figura 11, Figura 12, Figura 13 e Figura

14, imagens com as principais etapas de execução deste empreendimento. As figuras mostram

etapas de execução do empreendimento que vão desde a escavação para fundação, a execução

da estrutura do edifício que é concreto armado moldado no local, a execução da alvenaria de

vedação, a primeira fiada de uma parede, os sistemas elétricos, assentamento de azulejos e

execução de contramarco.

23

Figura 9 - Execução da fundação Figura 10 - Execução da estrutura em concreto

armado no local

Figura 11 - Vedações externas executadas com

blocos cerâmicos

Figura 12 - Vedações internas executadas com

blocos cerâmicos

24

Figura 13 - Sistema elétrico e assentamento do

revestimento Figura 14 - Execução de contramarco

3.2 PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS NO

PAVIMENTO

Será realizado o planejamento de todo o edifício, sendo que a análise dos prazos se

concentrará na etapa de obra bruta.

Para o correto entendimento do processo de planejamento, torna-se importante ter

conhecimento sobre a execução dos procedimentos construtivos a serem modelados. Por isso,

este item do trabalho procurará apresentar a sequência de execução tecnológica desenvolvida

na empresa pesquisada. Considerando-se que o foco da análise nos dois cenários será o

período de execução das atividades de obra bruta, este item apresentará um estudo sobre as

mesmas.

25

No início do estudo de campo, a estrutura de concreto armado do pavimento tipo já estava

executada bem como os escoramentos, fôrmas e travamentos do pavimento superior já haviam

sido devidamente retirados do local.

Assim, os serviços executados foram descritos conforme ocorram na obra bruta e obra fina e

com auxilio do método proposto por Souza e Mekbekian (1996) no livro “Qualidade na

Aquisição de Materiais e Execução de Obras”.

3.2.1 Alvenaria

A primeira atividade executada pela empresa no pavimento foi a execução da alvenaria de

vedação que, para ser feita, necessita de alguns procedimentos preparatórios. Tendo o

pavimento limpo, deve-se executar o chapisco sobre as estruturas de concreto (os pilares, ver

Figura 15) que ficarão em contato com a alvenaria. Este chapisco pode ser rolado ou então

com argamassa adesiva industrializada que foi aplicado com desempenadeira dentada. Os

eventuais defeitos que as estruturas de concreto podem apresentar como o estufamento,

desaprumo ou desalinhamento devem ser corrigidos no posicionamento da fiada de marcação

assim como as falhas nivelamento da laje também devem ser corrigidas na espessura das

juntas da primeira fiada.

No caso da obra em estudo, os blocos utilizados para alvenaria de vedação foram blocos

modulados e, com isso, na fiada de marcação (Figura 16) os blocos foram distribuídos sem

argamassa de assentamento e posicionados de forma a não precisarem de recortes destes

blocos. Após isto, esticaram-se uma linha de náilon na posição definida na parede que serviu

de referência para o alinhamento da fiada de marcação.

A alvenaria de vedação do pavimento foi separada por alvenaria externa e alvenaria interna.

Durante a execução da alvenaria foram executadas as vergas e contravergas (Figura 17), as

quais foram moldadas em blocos canaletas. Assim, ficou apenas o encunhamento para o

fechamento das paredes que está sendo mostrado na Figura 18.

Executada a alvenaria, passou-se para a execução do encunhamento. Com a finalização deste

serviço, completou-se o fechamento das paredes do pavimento.

26

Figura 15 – Detalhe do chapisco sobre a

estruturade concreto Figura 16 – Fiada de marcação

Figura 17 - Detalhe de verga moldada em bloco

canaleta Figura 18 – Detalhe do encunhamento

3.2.2 Regularização dos tetos do pavimento

O próximo serviço executado foi a regularização dos tetos do pavimento, isso quando

necessário, no caso de alguma laje sofrer algum estufamento ou algum outro defeito que pode

ocorrer na concretagem das lajes. A regularização foi feita com aplicação de massa no local.

27

3.2.3 Instalação elétrica, hidráulica e fixação de contramarcos e batentes

Após a regularização das lajes, foram abertas três frentes de serviços: instalações das caixas

elétricas na alvenaria, instalações hidráulicas e a fixação de contramarcos e batentes. Estas

três atividades são executadas em paralelo por equipes diferentes.

O projeto elétrico começa a ser executado em um pavimento tipo na concretagem da laje

superior a este pavimento (Figura 19), pois para a concretagem das lajes, os eletrodutos e as

caixas octogonais devem ser locadas nas suas posições de projeto. Locadas as caixas

octogonais e passados os eletrodutos, preenchem-se então estas caixas com areia para que não

ocorra nenhum problema de enchimento de concreto durante o processo da concretagem.

Após o levantamento de toda a alvenaria no pavimento, os eletrodutos que foram passados nas

lajes em sua concretagem não têm o tamanho suficiente para descerem até os locais de fixação

das caixas elétricas para tomadas e interruptoes (pode-se observar na Figura 20 e na Figura

21), então foi necessários se fazer emendas nos eletrodutos para completar o serviço.

Emendados os eletrodutos, rasgam-se os blocos nas verticais e encaixam-se os eletrodutos na

alvenaria aberta; chumbam as caixas elétricas na alvenaria e fazem a ligação entre caixas e

eletrodutos. Posicionados os eletrodutos, joga-se massa entre eles e a alvenaria, finalizando

assim a fixação das instalações elétricas (Figura 22).

28

Figura 19 - Projeto elétrico pavimento tipo

Figura 20 – Eletrodutos passados pela laje do

pavimento superior

Figura 21 – Detalhe dos eletrodutos ainda não

fixados a alvenaria

29

Na execução de batentes e contramarcos, é importante ressaltar que a obra faz o uso de blocos

modulados, então os vãos de portas e janelas estão prontos para o recebimento dos batentes e

dos contramarcos. Os batentes foram feitos fora da obra (Figura 23) e estes são fixados por

parafusos na alvenaria (Figura 26).

Figura 22 – Caixas elétricas instaladas Figura 23 – Batentes

Para a fixação do batente na alvenaria, posiciona-se ele no prumo encostando os pés das

ombreiras sobre o nível do piso acabado e manter a folga existente entre o batente e o vão

igualmente espaçada para ambos os lados. Verificam-se prumo e nível das ombreiras fazendo

uso de uma régua de alumínio que contenha acoplado nível de bolha. Ajustar qualquer

diferença de nível por meio de cunhas de madeira. Furar a alvenaria sobre o furo do batente e

fixar buchas nestes furos e, com parafusos, fixar o batente na alvenaria.

Para execução dos contramarcos, que são de alumínio, a alvenaria também deve estar

concluída e, devido ao bloco ser modulado, a abertura já encontra-se no tamanho correto para

execução do contramarco (Figura 24). Para execução do serviço, devem-se fixar dois sarrafos

de madeira (na horizontal e na vertical) no vão, pela face externa do contramarco, utilizando

30

cunhas de madeira. Furar o fundo da viga (canaleta grauteada) e as laterais dos vão com

brocas nos locais de instalação das grapas. Fixar barras de aço nos furos recém executados e

amarrar o contramarco aos sarrafos.

Ajustam-se os contramarcos a partir das taliscas do emboço considerando uma folga mínima

para a execução do acabamento final do revestimento. Confere-se o alinhamento com uma

régua de alumínio. Com o contramarco alinhado, proceder ao ajuste de nível e ajuste lateral

com fio de prumo para poder fixar os contramarcos. Fixar os contramarcos, amarrando eles

com arame junto ao sarrafo de madeira e chumbar o contramarco com argamassa de cimento e

areia. Na Figura 25 pode-se observar a fixação do contramarco.

Figura 24 - Abertura para contramarco Figura 25 - Fixação do contramarco

Com relação aos serviços hidráulicos, sua execução foi realizada da seguinte maneira: os

“shaft” são locados na concretagem das lajes (para não ter problemas com a perfuração da laje

acabada, ver Figura 27); furar e locar os ralos sifonados nas lajes (conforme projeto), pois é a

partir deles que o encanador irá puxar as tubulações para as prumadas e para as alimentações.

As tubulações foram fixadas nas lajes com o auxílio de fitas metálicas que são pregadas nas

lajes com pinos. Os tubos verticais sobem junto da alvenaria (sem necessidade de rasgar a

alvenaria) e neles foram feitas as bonecas para isolamento da tubulação. É importante a

31

verificação do distanciamento das bonecas nas paredes para que não ocorra nenhum problema

com o erro da locação das tubulações, caso contrário, as bacias e os vasos podem ser locados

em locais errados e consequentemente o banheiro terá posicionamento diferente do projeto.

Figura 26 - Batente fixado na alvenaria Figura 27 - Detalhe da passagem do "shaft” na laje

3.2.4 Chapisco

Depois de finalizarem os três serviços (instalações das caixas elétricas na alvenaria,

instalações hidráulicas e a fixação de contramarcos e batentes), iniciou-se a execução do

chapisco. Na obra foi aplicado o chapisco convencional na alvenaria conforme Figura 28.

32

Figura 28 - Execução do chapisco na alvenaria

3.2.5 Revestimento

Para execução do revestimento, devem-se realizar alguns serviços para iniciá-lo.

Primeiramente deve ser esperado o tempo mínimo de carência para a cura do chapisco, que

em média dura 72 horas. Identificam-se os pontos mais críticos do ambiente onde observa-se

a maior espessura e, utilizando esquadro e prumo ou régua de alumínio com nível de bolha

acoplado, assentam-se as taliscas nos pontos de menor espessura. Transfere este plano

definido pelas taliscas para o restante do ambiente e assentam-se as demais taliscas que estão

sendo apresentadas na Figura 29.

Deve-se proteger todas as caixas de passagem das instalações elétricas, dos pontos hidráulicos

e as demais aberturas que necessitem deste cuidado.

Com o assentamento das taliscas realizados, executar as mestras com cerca de 5 cm de

largura. A argamassa deve ser correspondente a do revestimento, unindo assim as taliscas no

sentido vertical (Figura 30). As mestras devem ser executadas pelo menos 48 horas após o

assentamento das taliscas. No caso da obra, usam-se cantoneiras metálicas para o acabamento

dos cantos das paredes e estes devem ser executados neste momento, pois eles servem

também como mestras para o sarrafeamento do revestimento.

Aplicou-se a argamassa de revestimento entre as mestras com a colher de pedreiro para então

sarrafear esta argamassa com uma régua de alumínio que ficam apoiadas sobre as mestras até

que se atinja uma superfície cheia e homogênea. É importante ressaltar que o sarrafeamento

33

não pode ser feito imediatamente após a aplicação da argamassa, deve-se aguardar o ponto

ideal para o sarrafeamento.

Figura 29 - Taliscas Figura 30 - Mestras

Após 72 horas que o emboço foi feito, inicia-se o serviço de assentamento de revestimentos

cerâmicos para paredes. A superfície deve estar limpa para a execução do serviço. É usual que

o assentamento inicie-se a partir da segunda fiada, pois a primeira é deixada para arremates.

Para marcar a posição da fiada mestra, deve-se tomar um nível de referência (piso ou teto).

Marcar em um extremo da parede o nível com o auxílio de uma trena ou um metro articulado

e com o auxílio de uma mangueira de nível, transferir para o outro lado da parede o nível

marcado. Deve-se esticar uma linha de náilon entre os pontos marcados e assim obterá a

posição exata da fiada de marcação. Iniciar o assentamento das peças cerâmicas. Na Figura 31

pode-se observar o revestimento da cozinha de um pavimento executado.

O forro de gesso é o próximo serviço executado assim que finalizar a execução do

revestimento cerâmico. Para sua instalação, é necessário que se faça uma medida de nível da

posição de piso acabado até a altura do pé direito que está em projeto. Mas na obra em

34

questão não será necessário, pois o revestimento acaba na medida exata do local que deve ser

fixado o forro de gesso. Com o nível acertado, passam-se fios de náilon na altura do nível do

forro de gesso para que ele sirva de auxilio para que as chapas de gesso não desnivelem.

Então, coloca-se a primeira placa em uma extremidade (que fica apoiada em pregos que são

fixados pelo trabalhador ou até mesmo no azulejo da última fiada). As placas são encaixadas

umas nas outras e, através de arames que passam por parafusos que são chumbados na laje

superior, amarram-se algumas placas nestes arames para que eles segurem o peso das placas

conforme Figura 32. Entre as placas, o trabalhador aplica uma solução de gesso (por cima das

placas) para melhor fixação e, para o acabamento interno da área fria, passa-se mão de gesso

para ocultar o encontro das placas.

Figura 31 - Azulejo Figura 32 – Espaço para execução do forro de gesso

3.2.6 Contrapiso

Com a finalização do forro de gesso, é iniciado o serviço de contrapiso. Deve-se limpar bem o

piso e lavar para retirar todas as impurezas do chão e evitar que algo atrapalhe a perfeita

aderência do contrapiso.

35

Através da mangueira de nível, transferir os níveis do contrapiso para cada cômodo a partir de

um ponto de origem que é o nível de referência. É importante prever o caimento mínimo de

1% em áreas molhadas. Nos locais que serão assentadas as taliscas, molhar o local com uma

broxa e polvilhar cimento nestes pontos a fim de que se forme uma nata que irá garantir a

aderência da argamassa de assentamento das taliscas de base.

Posicionar as taliscas nas posições previamente definidas observando que o distanciamento

máximo entre elas dever ser de 2 metros devido ao tamanho da régua para o sarrafeamento. O

assentamento das taliscas deve ser feito com argamassa idêntica à do contrapiso e com

antecedência mínima de dois dias em relação à execução do contrapiso.

Limpar mais uma vez a superfície e lavá-la com água em abundância. Remover o excesso de

água e, com o auxílio de uma peneira, polvilhar cimento no local para formar a camada de

aderência entre o contrapiso e a base. Com o auxílio de uma vassoura, espalhar e misturar o

cimento e a água.

Não é adequada uma prévia execução das mestras. Elas devem ser executadas juntas ao

contrapiso. Assim que a superfície de aderência for realizada, deve-se imediatamente executar

as mestras. Espalhar a argamassa de contrapiso entre duas taliscas em quantidade suficiente

para sobrepor o nível das taliscas. Compactar a argamassa na região da mestra, de modo a

obter um contrapiso de elevada compacidade. Apoiando uma régua de alumínio sobre as

taliscas, deve-se ir sarrafeando a argamassa excedente até que toda a mestra fique no mesmo

nível da talisca.

Lançar argamassa sobre a base e compactar a camada com energia, empregando soquete

padronizado de 30x30 cm e massa de 8 kg, de maneira a garantir maior compacidade e

resistência. Observar se as camadas estão ficando no nível das mestras, caso isto não ocorra,

acrescentar mais argamassa e compactar novamente (Figura 33).

Sarrafear toda a superfície com uma régua metálica apoiada sobre as mestras em movimentos

vaivém.

36

Figura 33 – Contrapiso

3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Primeiramente o capítulo teve o intuito de subdividir o edifício que, segundo Assumpção

(1996), observa-se a construção vertical (torre) e a construção horizontal (periferia). Também

falou da sequência tecnológica de serviços executados em um edifício de múltiplos

pavimentos e apresentou a obra estudada.

É importante ressaltar que, neste capítulo foram descritos alguns procedimentos de execução

de alguns serviços, pois é de extrema importância que dentro do canteiro de obras os

funcionários que irão executar estes serviços e os responsáveis por orientar e fiscalizrar estes

funcionários (mestre de obra ou encarregado) saibam como eles devem ser feitos para que não

tenham problemas no canteiro durante sua execução.

Foram descritos somente alguns serviços estudados no trabalho. No estudo com o programa

gerenciador de projetos, o número de serviços analisados é maior, sendo que a análise se

concentrará na fase de execução dos serviços descritos.

37

4 MODELOS DE PLANEJAMENTO

Neste capítulo são apresentadas as análises dos prazos e os resultados obtidos após

modelagem do planejamento, baseado no trabalho de Assumpção e Lima Jr. (1996).

4.1 Concepção do modelo

Em primeiro lugar, as atividades que foram executadas no edifício foram subdivididas em

níveis, onde se desdobraram as atividades desde uma principal até as atividades de nível 3,

facilitando assim a identificação para o trabalho. O Quadro 1 apresenta a Estrutura Analítica

de Projeto (EAP) do edifício estudado.

Como mencionado, é importante que a empresa elabore um Projeto do Sistema de Produção

(PSP) onde serão analisadas e discutidas as alternativas para a organização do processo de

execução do empreendimento.

Após identificação das etapas dos serviços, estas informações devem ser inseridas no

programa gerenciador de projetos, definindo também durações e respectivas precedências

entre atividades. Após a entrada dos dados, obtém-se através do Diagrama de Gantt, a

representação do cronograma da obra, identificando também o caminho crítico e os

respectivos serviços. O caminho crítico é aquele que consome mais tempo através da rede de

atividades, não possui folga, os quais não podem ocorrer atrasos se não eles irão ser refletidos

em todo o projeto. Caso isto aconteça, deverão ser adotadas estratégias de recuperação do

atraso gerado.

38

Quadro 1 - Estrutura Analítica de Projeto (EAP) do empreendimento

NÍVEL 0 NÍVEL 1 NÍVEL 2 (ETAPAS) NÍVEL 3 (SERVIÇOS)

EDIFÍCIO

IMPLANTAÇÃO

CANTEIRO

Serviços preliminares Tapume/canteiro/Instalações

Locação da obra

Contenções Escavações/Cortinas

TORRE

Infra-estrutura

Fundação

Blocos e baldrames

Laje do 1° piso

Estrutura

Estrutura do 1° piso até estrutura da laje tipo

Estrutura dos pavimentos tipo

Estrutura da cobertura

Estrutura da casa de maq. E caixa de água

Obra bruta

Alvenaria nos tipos

Batentes e contra marcos

Contrapiso

Revestimento arg. Interno

Gesso corrido no teto

Obras na casa de maq. e cobertura

Pintura poço do elevador

Obra fina

Assentamento de azulejos

Placas de forro de gesso

Assentamento de piso cerâmico

Enfiação elétrica

Aplicação de massa pva

Folhas de portas

Esquadrias e vidros

Louças e metais

Pintura interna

Fachada

Montagem dos balancins

Reboco da fachada

Acabamento da fachada

Elevadores Montagem de elevadores

PERIFERIA

Infra-estrutura da periferia

Fundação da periferia

Blocos e baldrames da periferia

Laje do 1° piso na periferia

Estrutura da periferia Estrutura da periferia

Contenções e escavações

Obra bruta na periferia

Alvenaria

Revestimento argamassa

Instalações elétricas e hidráulicas

Impermeabilização da área do térreo

Obra fina na periferia

Acabamento do térreo e da periferia

Equipamentos comunitários

Limpeza final da obra Fonte: Assumpção e Lima Jr. (1996)

39

É importante ressaltar que para a realização do modelo de planejamento, duas premissas são

colocadas para validar a sua proposição, com o intuito de se melhorarem as condições de

aproveitamento dos recursos no processo de produção:

● As atividades repetitivas devem ser desenvolvidas nos pavimentos através de ciclos estáveis

de produção. Para isso, as equipes executantes dos serviços devem ser consideradas

constantes durante todo o percurso de produção;

● As equipes devem ser dimensionadas e alocadas à obra de modo que possam trabalhar em

regime contínuo, sem paralisações durante a produção.

4.2 Tipo de empreendimento e processo construtivo

Neste tipo de edifício, a construção é realizada a partir de uma mesma rotina de tarefas,

principalmente porque há padronização nos pavimentos tipos, permitindo a repetição de

serviços e de sequências executivas que introduzem simplificações e geram parametrizações

que viabilizem a análise de estratégias de produção dentro do ambiente caracterizado. Por

isso, os ciclos de execução foram considerados constantes onde o tempo de execução de cada

atividade não muda a cada pavimento diferente.

Na Tabela 2 são fornecidos os principais serviços com seus respectivos ciclos de duração de

sua execução. Estes tempos são baseados em Assumpção (1996), onde são elaborados

cálculos de duração das atividades de um edifício e organiza-os em uma tabela. O autor faz

considerações sobre o tempo de ciclo recomendado para edifícios de múltiplos pavimentos –

para esse autor, o menor tempo possível de execução destas atividades, sem limitação de

recursos, é igual ao ciclo de dias uteis de uma semana, de forma a manter a padronização.

Todos os valores de duração de atividade existentes neste trabalho foram retirados desta

tabela de Assumpção e Lima Jr. (1996).

40

Tabela 2- Serviços e tempos de ciclos de execução para sistema construtivo convencional em concreto

armado no local

4.3 Simulação do planejamento

4.3.1 Método tradicional

No primeiro caso analisado, foi feito um estudo da execução do empreendimento sem

inversão, ou seja, da forma tradicional de execução de um edifício. Todos os serviços

executados no interior do edifício são feitos de baixo para cima, onde são utilizadas as

mesmas trajetórias que a estrutura do edifício, partindo-se do primeiro pavimento tipo para os

pavimentos superiores.

Com a definição da estratégia de modelagem para execução de serviços sem inversão, pode-se

observar na Figura 34, onde o programa gerenciador de projetos calcula a execução dos

serviços no seu tempo “mais cedo possível”.

41

A data de início do empreendimento usada no trabalho foi o dia 25/04/2011. Como a

simulação não está ligada com a execução real do empreendimento, esta data de início foi

escolhida por se aproximar da data em que foi iniciada a atividade deste trabalho de conclusão

de curso.

Desta forma, com a estratégia sem inversão dos serviços, obtém-se um tempo de execução

total do edifício de 646 dias (aproximadamente, 21 meses e meio). Este valor resultante da

simulação feita no software MSProject é dado em dias corridos, portanto, incluindo os fim de

semana e feriados observa-se um tempo total de aproximadamente 34 meses de obra, onde a

última atividade a ser executada no empreendimento termina no dia 16/05/2013, conforme

Figura 35. O cronograma apresentado foi realizado pelo autor deste trabalho.

Para a análise dos serviços de obra bruta da torre com cenário mais cedo de início, obtém-se

218 dias corridos (aproximadamente 7 meses) de trabalho. A primeira atividade (alvenaria

torre) inicia-se no dia 06/06/2012 e a última atividade desta etapa (pintura do poço elevador)

termina em 16/05/2013, dando um total de aproximadamente 11 meses.

Pode-se observar no anexo 1 o cronograma na sua totalidade.

Figura 34 - Sistema construtivo tradicional com estratégia de construção sem inversão e no tempo mais

cedo possível.

42

Figura 35 - Parte do cronograma físico de edifício em sistema construtivo tradicional, sem inversão de

obra e programação mais cedo possível.

Ainda analisando a execução deste edifício sem inversão, já para o caso da obra trabalhar com

a estratégia de início de suas atividades na “data mais tarde possível”, têm-se os seguintes

resultados para a mesma etapa de obra bruta torre do empreendimento que pode ser

visualizado na Figura 36 e na Figura 37.

Figura 36 - Parte do cronograma físico de edifício em sistema construtivo tradicional, sem inversão de

obra e programação mais tarde possível.

43

No caso da estratégia sem inversão dos serviços e com programação “mais tarde possível”,

obtém-se um tempo de execução dos serviços de obra bruta de 198 dias corridos. A primeira

atividade (alvenaria torre) inicia-se no dia 03/06/2013 e a última atividade desta etapa (pintura

poço elevador) termina no dia 15/11/2013. Assim, o tempo total desta atividade incluindo os

fim de semana é de, aproximadamente, 5 meses.

Quando foi simulado o planejamento com programação mais tarde de início para estratégia

sem inversão dos serviços, obtém-se uma diferença de 53 dias de duração menor desta etapa

comparada com a programação mais cedo possível. Quando se trabalha com programação

mais tarde de início, não há tempo de espera para início de nenhuma atividade. Como na

construção civil algumas atividades só podem ser iniciadas após a conclusão de outras

atividades, muitos serviços ficam parados esperando aconclusão do anterior. Como por

exemplo, na execução da alvenaria; a alvenaria do primeiro pavimento só pode ser iniciada

quando estiver sendo executada a estrutura da quarta laje, sendo necessária uma espera de três

lajes para início desta atividade.

No caso da programação mais tarde de início, o tempo de todas as atividades continuam os

mesmos, o que ocorreu foi um deslocamento destas atividades sobre as folgas que tinham na

programação mais cedo possível.

Figura 37 - Sistema construtivo tradicional com estratégia de construção sem inversão e no tempo mais

tarde possível.

44

Analisando as datas das atividades, pode-se observar a postergação destas atividades. Como

por exemplo, a alvenaria da torre que foi postergada em cerca de, aproximadamente, 12

meses, como mostra a Figura 38, comparada com o cenário mais cedo possível.

Figura 38 - Parte do cronograma físico sem inversão de obra e programação mais tarde possível.

A Figura 39 mostra as curvas “mais cedo” e “mais tarde” relativas ao empreendimento

executado usando a estratégia de execução dos serviços sem inversão, onde neles foram

calculados os índices de evolução física, ponderados de acordo com a duração de cada um dos

serviços. Estas curvas, que são chamadas de curva “S” são correspondentes a um gráfico onde

o eixo x é constituinte pelo tempo, e o eixo y, pelo percentual acumulado que é calculado pela

ponderação de índices que correspondem à duração das atividades, tendo um total de 100% ao

término da obra.

Para o cálculo do acúmulo de serviços executados foram feitos uma contabilidade de todas as

atividades a serem realizadas durante o período da obra segundo Moraes (2007). O índice

percentual de cada atividade é o quociente da divisão da duração dessa atividade pela

somatória de todas as atividades relacionadas no conjunto do edifício. Uma exemplificação,

se considerar o desenvolvimento do serviço de contrapiso em um determinado pavimento tipo

encontrar-se-á a duração de 6 dias e se a somatória de todas as atividades da obra tem uma

duração de 3.176 dias, o índice (i) deste serviço será:

45

i=6/3.176=0,0018

Em porcentagem tem-se:

i(%)=(6/3.176)x100=0,18%

É importante ressaltar que o cálculo deste índice físico não leva em conta o custo relacionado

à execução das atividades, e sim o tempo que ela leva para ser executada. Sendo assim, as

atividades com durações iguais terão os mesmos índices. Os cálculos executados para

obtenção da curva “S” estão no anexo 2.

Com isso, foi obtido o seguinte gráfico mostrado pela Figura 39.

Figura 39 - Andamento físico da obra com as atividades ponderadas pelas suas durações. Estratégia

utilizada: sem inversão dos serviços.

46

Pode-se observar que dentro da estratégia sem inversão dos serviços, trabalhando tanto com o

cenário “mais cedo” e com o “mais tarde” não se vê a obra prejudicada em relação ao tempo

total de execução do edifício. O que pode-se observar é que mesmo sendo executados com um

tempo total igual, ao analisar as curvas, são poucos os serviços que poder ser executados

antecipadamente, isso devido principalmente a questões de sequência tecnológica.

4.3.2 Inversão total

Já no segundo cenário analisado, foi feito um estudo da execução do empreendimento com

inversão total, ou seja, de forma que os serviços chamados de etapa de obra seca (que são

serviços como, por exemplo, as instalações de esgoto e o gesso acartonado) e de etapa de obra

fina (instalações das folhas de porta, pintura interna) são executados no edifício de cima para

baixo. Dessa forma, estes serviços iniciam-se no último pavimento tipo e vão sendo

executados até o primeiro pavimento tipo.

Na estratégia com inversão dos serviços, obtém-se um tempo de execução total do edifício de

656 dias (aproximadamente, 21 meses e meio). Este valor resultante da simulação feita no

software MSProject é dado em dias corridos, portanto, incluindo os fim de semana e feriados

observa-se um tempo total de aproximadamente 35 meses de obra, onde a última atividade a

ser executada no empreendimento termina no dia 06/03/2014, conforme a Figura 40 e a

Figura 41Figura 35. O cronograma apresentado foi novamente realizado pelo autor deste

trabalho.

Para a análise dos serviços de obra bruta da torre e no cenário de programação mais cedo,

obtém-se 148 dias corridos (aproximadamente 5 meses). A primeira atividade (alvenaria

torre) inicia-se no dia 20/03/2013 e a ultima atividade desta etapa (revestimento argamassado

interno pavimento 1) termina 08/11/2013, dando um total de aproximadamente 8 meses.

A data de início do empreendimento usada no trabalho foi novamente o dia 25/04/2011. O

cronograma completo pode ser observado no anexo 3.

47

Figura 40 - Sistema construtivo tradicional com estratégia de construção com inversão total e no tempo

mais cedo possível.

Figura 41 - Parte do cronograma físico de edifício em sistema construtivo tradicional, com inversão total

de obra e programação mais cedo possível.

Agora analisando a execução do edifício com inversão total, para o caso da obra trabalhar

com a estratégia de início de suas atividades na data “mais tarde possível”, têm-se os

seguintes resultados para a mesma etapa de obra bruta na torre do empreendimento, conforme

Figura 42.

48

Figura 42 - Sistema construtivo tradicional com estratégia de construção com inversão total e no tempo

mais tarde possível

Já para estratégia com inversão total dos serviços e com programação “mais tarde possível”,

obtém-se um tempo de execução dos serviços de obra bruta de 194 dias corridos. A primeira

atividade (alvenaria torre pavimento 21) inicia-se no dia 03/05/2013 e a última atividade desta

etapa (revestimento argamassado interno pavimento 1) termina dia 03/02/2014. Assim, o

tempo total desta atividade incluindo os fim de semana é de 9 meses.

No cenário mais tarde de início para estratégia com inversão total dos serviços, obtém-se uma

diferença de 46 dias de duração maior desta etapa comparada com a programação mais cedo

possível. Isso pelo fato desta etapa entrar no caminho crítico na atividade da alvenaria do

pavimento 13, e para sua execução, houve uma grande espera para que esta atividade fosse

iniciada. Para que a alvenaria do pavimento 13 seja executada, é necessário que sua estrutura

esteja completa. Os serviços de alvenaria tem uma duração de 5 dias corridos para que sejam

executados por completo, já os serviços de estrutura do pavimento tem duração de 10 dias

corridos. Como a execução da estrutura de uma laje tem o dobro de tempo de execução

comparado com o serviço seguinte (alvenaria), é na execução da alvenaria do pavimento 13

que o edifício se encontra quando é terminado todo o serviço estrutural.

Assim, foi obtido um valor de obra bruta total maior neste cenário em comparado com o

cenário mais cedo possível com estratégia com inversão total dos serviços.

49

No caso da programação mais tarde de início, o tempo de todas as atividades continuam os

mesmos, o que ocorreu foi um deslocamento destas atividades sobre as folgas que tinham na

programação mais cedo possível.

Analisando as datas de execução das atividades, pode-se observar a postergação destas

atividades. Como por exemplo, as instalações prediais que foram postergadas em cerca de

aproximadamente 4 meses, conforme Figura 43, comparada com o cenário mais cedo

possível.

Figura 43 - Parte do cronograma físico com inversão total de obra e programação mais tarde possível.

A Figura 44 a seguir representa a curva “S” referente ao edifício estudado com estratégia de

inversão total dos serviços. Nela estão contidas as curvas com data “mais cedo” e com data

“mais tarde” novamente ponderada em relação à duração das atividades do empreendimento.

No anexo 4 observa-se a planilha com os cálculos para obtenção da curva “S”.

Podem-se analisar também nesta simulação que mesmo os serviços sendo executados em um

tempo total igual, são poucos os serviços que podem ser executados antecipadamente, devido

a questões de sequência tecnológica.

50

Figura 44 - Andamento físico da obra com as atividades ponderadas pelas durações. Estratégia utilizada:

inversão total dos serviços

4.4 Análise comparativa

Com as simulações realizadas no trabalho, algumas análises comparativas serão comentadas a

seguir.

Cada estratégia de execução, separadamente, apresentará em suas características algumas

vantagens e algumas desvantagens em relação aos resultados com e sem inversão e também

com programações mais cedo possível (OMCP) e mais tarde possível (OMTP).

51

Foi criada a Tabela 3 comparativa, com as duas estratégias de execução estudada e dentro

delas, as duas programações realizadas no mesmo empreendimento referentes ao tempo total

de execução do edifício e de algumas atividades, tais como:

- alvenaria: desde a marcação até a elevação externa e interna;

- instalações prediais: considerados desde suas prumadas até os ramais hidráulicos.

Pode-se observar na Tabela 3 que com a estratégia de execução do empreendimento com

inversão total dos serviços, tem-se um tempo de execução total com 14 dias de diferença

(metade de um mês) a mais.

Com isso, os custos fixos são maiores em relação à outra estratégia analisada. Mas, se

analisar-se cada serviço de forma separada observa-se, por exemplo, nos serviços de alvenaria

com estratégia sem inversão dos serviços que há uma diferença de aproximadamente 2 meses

corridos a mais que na estratégia com inversão total. Isto decorre do fato de haver um

consumo das folgas livres existentes nos serviços e com isso ocorre uma antecipação de

desembolsos desnecessários. Segundo Bernardes (2008), “folga livre” é a quantidade de

tempo que uma tarefa pode ser atrasada sem atrasar quaisquer tarefas sucessoras. A “folga

total”, por sua vez, pode ser entendida como quanto tempo uma atividade pode atrasar sem

que haja impacto no término do projeto.

Tabela 3 - Análise comparativa em edifício que trabalhou com o sistema construtivo convencional.

Na estratégia com inversão total de serviços, o tempo de execução dos serviços de alvenaria

na programação mais tarde possível teve um valor de 2 meses a mais de execução quando

comparado com a programação mais cedo possível, pois em ambas as programações as duas

52

atividades não estão no caminho crítico do cronograma, então as duas atividades tem um

período de espera. Para programação mais tarde, a espera é maior.

Observa-se que apesar de aumentar o prazo de execução do empreendimento (aumento dos

custos fixos), obtém-se também uma postergação de desembolso o que é um fator conveniente

ao fluxo de caixa do empreendimento. No caso da empresa seria muito interessante ela

trabalhar com inversão total, já que na execução da estrutura da torre, onde existem grandes

gastos com concreto e aço, seria interessante a empresa não aumentar os gastos com a obra

bruta da torre, deixando para fazer esta parte após a conclusão dos serviços estruturais.

Ao mesmo tempo em que ocorre a postergação de desembolso de algumas atividades,

observa-se que não há mais folgas entre as atividades e com isso, todas elas tornam-se

críticas. Assim, qualquer atraso em alguma atividade agora acarretará em atraso do prazo final

de entrega da obra, o que pode gerar conflitos com os clientes da obra. Deve-se analisar os

riscos envolvidos durante a concepção e análise dos cenários de planejamento.

4.5 Considerações sobre resultados

Os resultados obtidos pelo programa gerenciador de projetos para o estudo de caso tornam-se

simples devido ao baixo número de serviços estudados. O trabalho em questão tem o intuito

de apresentar uma solução simples e inicial de um modelo de planejamento para a empresa

que executa o empreendimento. Pode-se dizer que são informações introdutórias para a

empresa estudada, já que ela não faz uso de nenhum tipo de programa que gerencia projetos.

Com o modelo para base dos serviços, deve-se sempre estar acompanhando as execuções dos

serviços junto à fase do CHECK do sistema PDCA, que é a fase mais importante do sistema,

onde se coletam todos os resultados da obra e caso tenham problemas em travamento de

alguma tarefa, busca-se solucionar os problemas e refazer o projeto em cima deste atraso para

obter as novas datas de finalização de serviços.

Com relação à fase de verificação dos serviços, a empresa não tem um cronograma de pedido

e de entrega de material muito adequado, o que vem ocasionando muitos problemas

53

relacionados à paralisação de serviços devido à falta de materiais. Isto deveria começar a ter

um controle diferenciado na empresa, não deixando somente como responsabilidade para o

mestre de obras e o encarregado na posição de verificar o estoque dos materiais.

Outra possibilidade de análise seria considerar o planejamento sistêmico das obras de uma

construtora. No caso, a construtora em estudo tem uma parceria com uma incorporadora, que

é a responsável pelos recursos financeiros aplicados em cinco obras (material e mão de obra).

Essa situação, sem separação dos caixas financeiros, acaba influenciando e atrapalhando no

planejamento das obras, pois com a execução de cinco edifícios paralelamente, o gasto com

concreto e aço tem sido muito elevado, fazendo com que às vezes seja necessário frear os

serviços de alguns edifícios na tentativa de retardar a concretagem das lajes e com o intuito de

postergar a data da estrutura de concreto para o próximo mês.

Estes são alguns fatores que acabam atrapalhando e inviabilizando o uso de cronogramas nas

obras da construtora.

54

5 CONCLUSÕES

O objetivo deste trabalho de conclusão de curso, conforme item 1.1, é de fazer a proposição

de um modelo de planejamento dos serviços de obra bruta para pavimentos tipos de edifícios

com estruturas de concreto armado moldado no local e vedação em blocos, para empresa de

médio porte com fortes perspectivas de crescimento, mas que se esbarra na falta de

planejamento e apresentar possibilidades de estudo e comparação de diferentes estratégias de

produção.

Diversos estudos têm destacado a importância do planejamento para a execução de edifícios

onde, através deste planejamento, serão reduzidas as perdas na construção e também ampliado

o ganho da produtividade. A importância do planejamento dentro das empresas está deixando

de ser apenas uma proposta acadêmica. Hoje em dia o planejamento é uma necessidade

estratégica para poder competir com o mercado da construção já que hoje o que o mercado

exige não é somente a qualidade dos imóveis, mas também os prazos para entrega destes

imóveis.

Embora a empresa estudada não tenha uma consolidada sequência tecnológica definida para a

execução dos serviços, com base nas referências consultadas, o modelo de planejamento

proposto e a construção dos cenários trouxe uma visão de melhoria e ganhos a médios e

longos prazos.

Para que haja uma melhoria efetiva nos resultados da empresa é de extrema importância que o

planejamento seja aplicado desde a compra de materiais que serão utilizados para os serviços

até a mão de obra necessária para execução dos serviços dentro dos prazos estabelecidos. É

importante ressaltar que durante a execução dos serviços deve ocorrer um acompanhamento

de resultados (qualidade e produtividade).

A participação e a colaboração da incorporadora no planejamento tornam viável a

implantação do modelo de planejamento proposto neste trabalho, já que é necessário um

alinhamento e um equilíbrio na distribuição financeira das obras, caso contrário pode haver

travamento na execução de serviços.

55

Desta forma, o modelo de planejamento para a execução dos serviços estudados para obra de

concreto armado moldada no local com vedação em blocos que melhor se adequada à

empresa estudada é com inversão total.

Apesar de haver uma diferença pequena de 10 dias entre o método com inversão total e o

método normal, a empresa estudada trabalha com a elasticidade de prazo. Este prazo

fornecido ao cliente está sujeito à variação, apesar do conhecimento das regras contratuais

vigentes.

Neste método a obra fina ficará trabalhando junto com a obra bruta (no caso de execução da

torre) por um menor tempo e como a obra fina detém um dos maiores valores de custos, é

melhor que obra fina e obra bruta trabalhem juntas o menor tempo possível e com isso,

distribui-se o gasto na maioria das datas.

56

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59

7 ANEXOS

7.1 ANEXO 1 – Cronograma do cenário sem inversão dos serviços com

programação mais cedo possível

60

61

62

63

64

65

7.2 ANEXO 2 – Planilhas com os cálculos para valores de curva “S” para

estratégia sem inversão dos serviços

Data Mais Cedo Inicio Data Mais Tarde Inicio

mar/11 0% 0%

abr/11 2,14% 2,25%

mai/11 2,14% 2,25%

jun/11 2,14% 2,25%

jul/11 2,56% 2,70%

ago/11 3,85% 4,05%

set/11 3,85% 4,05%

out/11 5,13% 5,40%

nov/11 5,13% 5,40%

dez/11 5,84% 6,15%

jan/12 7,55% 7,95%

fev/12 7,55% 7,95%

mar/12 7,55% 7,95%

abr/12 8,26% 8,70%

mai/12 8,97% 9,45%

jun/12 10,75% 10,20%

jul/12 14,03% 10,95%

ago/12 19,02% 11,70%

set/12 24,86% 12,45%

out/12 31,55% 13,20%

nov/12 38,25% 13,95%

dez/12 44,30% 14,70%

jan/13 51,64% 15,45%

fev/13 57,62% 15,90%

mar/13 69,27% 16,73%

abr/13 77,88% 20,56%

mai/13 85,26% 25,51%

jun/13 89,03% 31,28%

jul/13 92,24% 41,71%

ago/13 93,59% 49,89%

set/13 94,66% 60,05%

out/13 96,66% 67,82%

nov/13 97,77% 79,29%

dez/13 97,77% 88,07%

jan/14 100% 100,00%

66

7.3 ANEXO 3 – Cronograma do cenário com inversão dos serviços com

programação mais cedo possível

67

68

69

70

71

72

7.4 ANEXO 4 – Planilhas com os cálculos para valores de curva “S” para

estratégia com inversão total dos serviços

Data Mais Cedo Inicio Data Mais Tarde Inicio

mar/11 0% 0%

abr/11 2,21% 2,21%

mai/11 2,21% 2,21%

jun/11 2,21% 2,21%

jul/11 2,66% 2,66%

ago/11 3,99% 3,99%

set/11 3,99% 3,99%

out/11 5,31% 5,31%

nov/11 5,31% 5,31%

dez/11 6,05% 6,05%

jan/12 7,82% 7,82%

fev/12 7,82% 7,82%

mar/12 7,82% 7,82%

abr/12 8,56% 8,56%

mai/12 9,30% 9,30%

jun/12 10,04% 10,04%

jul/12 10,77% 10,77%

ago/12 11,51% 11,51%

set/12 12,25% 12,25%

out/12 12,99% 12,99%

nov/12 13,73% 13,73%

dez/12 14,46% 14,46%

jan/13 15,20% 15,20%

fev/13 15,57% 15,57%

mar/13 18,63% 16,46%

abr/13 22,44% 19,89%

mai/13 27,31% 25,54%

jun/13 33,43% 29,52%

jul/13 43,47% 37,20%

ago/13 52,10% 46,57%

set/13 62,80% 53,95%

out/13 76,09% 63,25%

nov/13 84,50% 71,22%

dez/13 91,59% 82,73%

jan/14 97,79% 94,02%

fev/14 99,78% 99,34%

mar/14 100,00% 100,00%