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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DEPARTAMENTO DE FÍSICA Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino de Física MIQUELINE ARAGÃO SILVA CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO COMO CONTEXTO PARA O ENSINO DA SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS São Cristóvão - SE 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

DEPARTAMENTO DE FÍSICA

Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino de Física

MIQUELINE ARAGÃO SILVA

CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO COMO CONTEXTO PARA O ENSINO

DA SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

São Cristóvão - SE

2017

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MIQUELINE ARAGAO SILVA

CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO COMO CONTEXTO PARA O ENSINO DA

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Profissional em Ensino

de Física, da Universidade Federal de

Sergipe como requisito para a obtenção

do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientador: Prof. Dr. Samuel Rodrigues de

Oliveira Neto

São Cristóvão - SE

2017

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MIQUELINE ARAGÃO SILVA

CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO COMO CONTEXTO PARA O ENSINO

DA SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Profissional em Ensino

de Física, da Universidade Federal de

Sergipe como requisito para a obtenção

do título de Mestre em Ensino de Física.

Banca Examinadora:

_______________________________________________

Prof. Dr. Samuel R. de Oliveira Neto- Orientador

Universidade Federal de Sergipe

_______________________________________________

Prof. Dr

Universidade Federal

_______________________________________________

Prof. Dr.

Universidade Federal de Sergipe

São Cristóvão - SE

2017

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DEDICATÓRIA

A minha família

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e por todas as graças alcançadas;

Ao Prof. Dr. Samuel R. de Oliveira Neto pela orientação e paciência;

Ao Prof. Dr. Sergio Scarano Jr. pela atenção para com a turma do MNPEF 2015;

Aos meus pais, em especial a minha mãe, Margarida pelo apoio incondicional;

Ao meu esposo, Vagner pelo companheirismo;

Aos meus colegas de curso, em especial a Edigênia pela cumplicidade e orientação e a

Walter pela parceria de sempre;

A minha amiga Rosângela pelo pensamento sempre positivo;

À professora Idelcacia Ribeiro pela disponibilidade;

Aos alunos do 9º ano E da Escola Municipal Tiradentes pela colaboração;

Aos funcionários da Escola Municipal Tiradentes pela cordial atenção;

A CAPES pelo apoio financeiro;

A todos aqueles que, de alguma forma contribuíram e, cujos nomes possam ter caído no

esquecimento, também o meu agradecimento.

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EPÍGRAFE

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

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RESUMO

CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO COMO CONTEXTO PARA O ENSINO DA

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

Miqueline Aragão Silva

Orientador:

Prof. Dr. Samuel Rodrigues Oliveira Neto

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da Universidade

Federal de Sergipe no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF),

como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de

Física.

Sabemos que existe uma relação mútua entre a Física e a Matemática e que muitos

professores atribuem à falta de entendimento dos conceitos Físicos as dificuldades

resultantes da não apropriação da Matemática. A extensa cobrança de resolução

matemática de exercícios pode resultar nessa atribuição e gerar no aluno uma difícil

distinção entre as duas áreas. É fato que a Matemática é indispensável ao estudo da

Física, mas para que ela seja significativa e possa levar o aluno a uma melhor

compreensão dos fenômenos é preciso que seu ensino se dê de forma contextualizada

para além dos muros da própria Matemática. Desta forma, propomos a contextualização

de conteúdos da Geometria a partir da Óptica Geométrica no Ensino Fundamental. Mais

especificamente apresentamos como produto roteiros de atividades investigativas para o

ensino da Semelhança de Triângulos a partir da Câmara Escura de Orifício e do

Teorema de Tales a partir da medição de altura de forma indireta através da sombra. O

ensino destes tópicos se deu dentro de uma sequência didática que permitiu apresentar

aos alunos conceitos de Óptica Geométrica e explorar seus esquemas sobre temas mais

básicos da Geometria. Desta forma, as investigações trabalhadas anteriormente a elas

foram um forma de ancorá-las para melhor avaliar seu uso. Os resultados se mostram

satisfatórios dentro dos objetivos traçados de avaliar uso da Câmara Escura como

situação potencialmente contextualizadora para o ensino da Semelhança de Triângulos e

avaliar a abordagem e as atividades da sequência como propicia a propor situações onde

os alunos usassem e aprimorassem seus esquemas cognitivos sobre Geometria e

criassem subsunçores úteis para a formalização posterior dos conteúdos geométricos e

também para o ensino de Física no Ensino Médio.

Palavras-chave: Ensino de Física, Câmara Escura de Orifício, Óptica Geométrica,

Geometria Plana.

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ABSTRACT

DARK HOB OF ORIFICE AS CONTEXT FOR THE TEACHING OF THE

SIMILARITY OF TRIANGLES

Miqueline Aragão Silva

Supervisor:

Dr. Samuel Rodrigues Oliveira Neto

Master's Dissertation submitted to the Post-Graduation Program of the Federal

University of Sergipe in the Professional Master's Degree Course in Physics Teaching

(MNPEF), as part of the requirements necessary to obtain the Master's Degree in

Physics Teaching.

We know that there is a mutual relationship between Physics and Mathematics and that

many teachers attribute to the lack of understanding of Physical concepts the difficulties

resulting from the non-appropriation of Mathematics. The extensive collection of

mathematical resolution of exercises can result in this assignment and generate in the

student a difficult distinction between the two areas. It is a fact that Mathematics is

indispensable to the study of Physics, but for it to be meaningful and can lead the

student to a better understanding of the phenomena, it is necessary that its teaching be

given in a contextualized way beyond the walls of Mathematics itself. In this way, we

propose the contextualization of Geometry contents from the Geometric Optics in

Elementary School. More specifically, we present as a product of research activities for

teaching the Similarity of Triangles from the Dark Orifice Chamber and the Tales

Theorem from indirectly measuring height through shadow. The teaching of these

topics took place within a didactic sequence that allowed to present to the students

concepts of Geometric Optics and to explore their schemes on more basic subjects of

Geometry. In this way, the investigations previously worked on them were a way of

anchoring them to better evaluate their use. The results are satisfactory within the

objectives outlined to evaluate the use of the Dark Chamber as a potentially

contextualizing situation for teaching the Similarity of Triangles and to evaluate the

approach and activities of the sequence as propitious to propose situations where the

students used and improved their cognitive schemata on Geometry and create useful

subsumes for the later formalization of the geometric contents and also for the teaching

of Physics in High School.

Keywords: Physics Teaching, Orifice Dark Chamber, Geometric Optics, Flat

Geometry.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1:Forças atuando no objeto deslizante sobre o Plano Inclinado. ................................. 17

Figura 1.2: Derivação da aceleração centrípeta a partir de um objeto em movimento circular

uniforme. ..................................................................................................................................... 18

Figura 3.1: Fachada da Escola Municipal Tiradentes. ............................................................... 25

Figura 3.2: Localização geográfica da escola. ........................................................................... 26

Figura 3.3: Alunos durante a aplicação do produto. .................................................................. 26

Figura 3.4: Alhazen utilizando uma câmara escura de orifício .................................................. 28

Figura 3.5: Câmara Escura de Orifício construída. .................................................................... 29

Figura 3.6: Representação da pirâmide e da estaca ................................................................... 31

Figura 3.7: Maquete utilizada na aplicação. .............................................................................. 32

Figura 3.8: Materiais utilizados nas investigações. a) material da investigação 1. b) material da

investigação 2. c) material da investigação 3. ............................................................................. 35

Figura 3.9: Materiais utilizados nas investigações.a) material da investigação 4. b) material da

investigação 5. ............................................................................................................................. 36

Figura 4.1: Alunos durante a aplicação da investigação 1. ........................................................ 38

Figura 4.2: Alunos durante a aplicação da investigação 2. ........................................................ 41

Figura 4.3: Alunos durante a realização da investigação 5. ....................................................... 44

Figura 5.1: Ilustração feita por um aluno do comportamento de um feixe de luz proveniente de

uma caneta laser. Ele tentou representar de forma literal o que viu durante a prática, trecho onde

o caminho do laser ficou aparente devido à presença do pó. ...................................................... 48

Figura 5.2: Esboço feito pelo aluno B na questão 5 da investigação 2. .................................... 52

Figura 5.3: Esboços feitos por alunos na questão 5 da investigação 2. ..................................... 53

Figura 5.4: Esboço feito pelo aluno B para a questão 5 da investigação 4. ............................... 58

Figura 5.5: Esboço feito pelo aluno Y para a questão 5 da investigação 4. ............................... 58

Figura 5.6: Esboço feito pelo aluno V para a questão 5 da investigação 4. ............................... 59

Figura 5.7: Esboços feito pelos alunos R ( esboço de cima) e S (esboço de baixo) para a

questão 5 da investigação 4 ......................................................................................................... 59

Figura 5.8: Esboços feitos pelos alunos T (esboço de cima) e aluno AH (esboço de baixo) para

a questão 5 da investigação 4. ..................................................................................................... 60

Figura 5.9: Esboço feito por um aluno para a questão 5 da investigação 4 ............................... 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1: A evolução do Brasil no Pisa (pontuação e posição no ranking mundial). ........ 15

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LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1: Atividades e objetivos pretendidos. .................................................................. 34

Quadro 4.1: Distribuição das atividades durante as aulas. ................................................... 37

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LISTA DE SIGLAS

PEC: Projeto de Ensino de Ciências

PREMEM: Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio

PCN: Parâmetros Curriculares Nacionais

SEED/SE: Secretaria de Estado da Educação de Sergipe

PISA: Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes

OCDE: Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

PNLD: Programa Nacional do Livro Didático

MEC: Ministério da Educação

ZDP: Zona de Desenvolvimento Proximal

UNESCO: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization/

Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

AA: Caso de semelhança de triângulos quando os dois triângulos possuem dois ângulos

correspondentes congruentes.

LAL: Caso de semelhança de triângulos quando os dois triângulos possuem dois lados

correspondentes proporcionais e os ângulos formados entre eles são congruentes.

LLL: Caso de semelhança de triângulos quando os dois triângulos possuem os três lados

correspondentes proporcionais.

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Sumário

Capítulo 1 .............................................................................................................................. 14

Introdução............................................................................................................................. 14

Capítulo 2 .............................................................................................................................. 20

Fundamentação Teórica ...................................................................................................... 20

Capítulo 3 .............................................................................................................................. 25

Metodologia .......................................................................................................................... 25

3.1. Local da pesquisa ............................................................................................................ 25

3.2. Sujeitos pesquisados: população e amostra ..................................................................... 26

3.3. Desenvolvimento dos Produtos ....................................................................................... 27

3.3.1 Roteiros de atividade investigativa com a Câmara Escura de Orifício ................. 27

3.3.2 Roteiros de atividade investigativa para medição de alturas. ................................ 31

3.3.3 Sequência Didática ................................................................................................ 33

Capítulo 4 .............................................................................................................................. 37

Procedimentos para Aplicação do Produto ....................................................................... 37

4.1. Primeira Aula .................................................................................................................. 38

4.2. Segunda Aula .................................................................................................................. 39

4.3. Terceira Aula ................................................................................................................... 40

4.4. Quarta Aula ..................................................................................................................... 41

4.5. Quinta Aula ..................................................................................................................... 42

4.6. Sexta Aula ....................................................................................................................... 43

4.7. Sétima Aula ..................................................................................................................... 43

Capítulo 5 .............................................................................................................................. 45

Análise de Dados e Discussão .............................................................................................. 45

5.1. Investigações 1,2 e 3 ....................................................................................................... 46

5.2. Investigações 4 e 5. ......................................................................................................... 55

Capítulo 6 .............................................................................................................................. 65

Conclusões e Perspectivas Futuras ..................................................................................... 65

Capítulo 7 .............................................................................................................................. 68

Referencias Bibliográficas ................................................................................................... 68

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Capítulo 8 .............................................................................................................................. 71

Apêndices- Produto Educacional ........................................................................................ 71

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Capítulo 1

Introdução

Há aproximadamente cinquenta anos, a pesquisa em Ensino de Ciências

começou a ganhar relevância no Brasil abrindo diálogos de reflexão acerca da

importância do ensino de Ciências na Educação Básica, estimulando o surgimento de

vários projetos com esse objetivo, como O Projeto de Ensino de Ciências – PEC e o

Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio – PREMEM. Apesar dos avanços

conquistados na época, ainda enfrentamos vários problemas no ensino de Física, como a

falta de motivação e de interesse por parte dos alunos. Os alunos não encontram

significado no que estudam, não associam os conhecimentos científicos que veem na

escola com sua vida diária. Nesse contexto, as aulas tradicionais são insuficientes para

atender as demandas atuais onde se espera que o estudo de ciências contribua para a

formação de cidadãos críticos, participativos e conscientes das mudanças e necessidades

tecnológicas além de contribuir para o desestímulo dos alunos.

Associado a esta falta de motivação, temos recorrentemente a reclamação dos

professores que colocam a razão dos alunos não conseguirem aprender Física no seu

frágil domínio da linguagem Matemática para expressar as soluções de problemas. O

que pode acabar por apresentar a Matemática, erroneamente, como sendo unicamente

uma ferramenta da Física. Isso é identificado no aluno como a pouca distinção entre as

duas disciplinas. Um ensino muito centrado na resolução matemática de exercícios, a

abordagem dos temas e o material didático escolhido corroboram com essa situação.

O ensino da Matemática, por sua vez, também compartilha dos mesmos

problemas quando se trata de dar significado ao que é ensinado e motivar os alunos a

aprender. Isso acaba por se refletir nos resultados obtidos pelos alunos, por exemplo,

nas provas internacionais como o PISA.

O Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes-PISA promovida pela

OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) avalia

conhecimentos em Leitura, Matemática e Ciências de alunos de 70 países na sua última

edição. Os resultados de 2015 colocam o Brasil numa posição ainda mais longe quando

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comparada com as duas últimas edições (2009 e 2012) como pode ser visto na tabela

1.1.

Tabela 1.1: A evolução do Brasil no Pisa (pontuação e posição no ranking mundial).

Brasil Pisa 2000 Pisa 2003 Pisa 2006 Pisa 2009 Pisa 2012 Pisa 2015

Matemática 334 356 370 386 (57ª) 391 (58ª) 377 (66ª)

Leitura 396 403 393 412 (53ª) 410 (55ª) 407 (59ª)

Ciências 375 390 390 405 (53ª) 405 (59ª) 401 (63ª)

Média

geral 368 383 384 401 402 395

Fonte: PISA 2015.

Apesar do progresso apresentado quando comparado às pontuações do ano de

2000, nosso país tem o segundo maior número de estudantes com baixo desempenho

nas áreas avaliadas, o que significa que nossos alunos demonstram dificuldade para

compreender o que leem e nos conhecimentos essenciais de Matemática e Ciências

(Portal-R7, 2016). Para todos os exames de proficiência, Sergipe está abaixo da média

nacional e se insere nesse quadro como 21º colocado em proficiência em Matemática

com média de 354 pontos e 23° colocado em Ciências e em Leitura com uma média de

375 e 379 pontos, respectivamente, segundo os resultados do PISA 2015 (PISA, 2015).

Esses resultados nos mostram que uma mudança de atitude se faz necessária. A

melhoria no desempenho dos alunos passa por uma melhoria no ensino da Matemática e

implicará também na melhoria da compreensão dos conceitos Físicos. É inegável a

relação mútua entre as duas disciplinas e que apesar da Matemática não ser unicamente

a ferramenta para a compreensão dos fenômenos físicos, o bom entendimento e

aplicação passam pelo domínio desta.

Mas o ensino da Matemática apenas dentro de seu contexto não é suficiente para

que ela sirva de estrutura para os conhecimentos físicos. O que se observa, até mesmo

nos cursos de formação de professores de Física, é a tentativa de assentar o

conhecimento físico sobre sólidas bases matemáticas.

Diante da dificuldade conceitual que os alunos apresentam em relação ao

modelo físico, prevalecendo o modelo alternativo, prévio e espontâneo, da falta dos

conteúdos matemáticos que lhes dão significado e sob a perspectiva apresentada por

Pietrocola (2002) sobre a necessidade de se trabalhar a matemática como estruturante do

saber físico. Tendo em vista a íntima relação de dependência entre os conhecimentos

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geométricos e a Óptica Geométrica, propomos o ensino da Geometria contextualizado

por meio de problemas físicos.

Entendendo a necessidade de ambas as áreas para conseguir romper as barreiras

conceituais dos alunos e sabendo que o ensino da Matemática é mais bem aproveitado

quando contextualizado, este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta para

o ensino de temas da Geometria no contexto da Óptica Geométrica para o Ensino

Fundamental, mas que propicie ganho mútuo para essas duas áreas. A escolha dos dois

temas se justifica pelo fato de Óptica Geométrica se basear na trajetória descrita pela

luz, fundamentada na ideia de raio de luz, e que permitem a construção geométrica de

imagens.

No Ensino Fundamental, o aluno tem o primeiro contato com os conceitos

ópticos ao mesmo tempo em que estuda Geometria. Desta forma, apresentar aos alunos

os dois temas em conjunto pode ajudar a construir subsunçores para ancorar seus

estudos no Ensino Médio. A Geometria Plana é conteúdo disposto em todas as séries do

Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, segundo o Referencial Curricular da Secretaria de

Estado da Educação de Sergipe. Já conteúdos introdutórios de Óptica Geométrica são

abordados no 9º ano do Ensino Fundamental e o Referencial Curricular da Rede

Estadual de Sergipe (SEED/SE, 2011) prevê que os alunos, nessa etapa, aprendam a

reconhecer os diversos tipos de fenômenos ópticos e que sejam capazes de diferenciar e

relacionar os tipos de espelhos e lentes considerando suas aplicações práticas. No

Ensino Médio, espera-se que os alunos tenham um contato mais profundo com os

conteúdos de Física, inclusive, os conteúdos de Óptica.

Dentre a gama de conteúdos geométricos, escolhemos trabalhar com a

Semelhança de Triângulos, devido a sua inegável aplicabilidade e ao fato de seu

entendimento propiciar uma melhor avaliação dos fenômenos decorrentes da

propagação retilínea da luz, e também com o Teorema de Tales.

Diante da utilização tão frequente desses temas para a resolução de problemas da

óptica ou para construir relações de proporcionalidade podemos nos questionar se:

Ao somente afirmar, por exemplo, que certos triângulos são semelhantes

e apresentar em seguida uma relação de proporcionalidade pode-se gerar dificuldades

conceituais nos alunos? E se o aluno não souber analisar a semelhança, quão

comprometido fica a aprendizagem?

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Uma abordagem onde há a apresentação de uma fórmula ou propriedade

como um produto acabado pode induzir no aluno a ideia de que basta somente decorar

as fórmulas sem entender seu significado?

Explorar melhor os detalhes da construção matemática não tornaria o

ensino desses tópicos mais significativo e compreensível aos alunos já que se trata de

uma matemática acessível e uma ferramenta importante?

Será que se certos conteúdos da geometria fossem contextualizados em

demonstrações dos fenômenos ópticos, não ajudaria na compreensão do próprio

fenômeno?

A proposta aqui apresentada tenta mostrar uma solução para esses

questionamentos ao propor o ensino da Matemática no contexto da Física. A ideia é dar

significado aos conteúdos matemáticos ao mostrar sua aplicação na resolução de

problemas físicos. Ao tempo em que a melhor apropriação deles pode contribuir para

um entendimento mais amplo do fenômeno físico.

O campo de aplicação destes conteúdos não se restringe apenas ao estudo da

Óptica, pois vemos seu uso nas mais diversas áreas da Física. Podemos citar alguns

exemplos como o Plano Inclinado no qual se usa a Semelhança de Triângulos para

deduzir a intensidade da força normal e da força resultante sobre o objeto deslizante

quando o plano inclinado for completamente liso.

Figura 1.1:Forças atuando no objeto deslizante sobre o Plano Inclinado.

Fonte: Só física- Plano Inclinado.1

Ou para auxiliar decisivamente na dedução da relação matemática para a

aceleração centrípeta

. Esta dedução não foi descrita por nenhum dos diversos

1 Disponível em: http://www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/Dinamica/pi. php. Acesso em julho

de 2017.

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livros didáticos analisados, o que pode contribuir para a incompreensão e desmotivação

dos alunos frente ao ensino de Física.

Figura 1.2: Derivação da aceleração centrípeta a partir de um objeto em movimento circular

uniforme.

Fonte: adaptada de Phy 201: General Physics I. Chapter 5: Uniform Circular Motion Lecture

Notes.2

Desta forma, no capítulo 1 apresentamos nosso Referencial Teórico de forma a

justificar e corroborar para a escolha do tema e do enfoque tomado. Ela está estruturada

de forma a esclarecer sobre a importância de se contextualizar o ensino da Matemática e

como o contexto a partir de problemas físicos pode ser benéfico às duas áreas.

A necessidade de se trabalhar com Óptica Geométrica argumentando sobre sua

importância para a explicação de fenômenos cotidianos e para entender e acompanhar o

progresso tecnológico pode servir de base para a apresentação de conteúdos da

Geometria e provocar, a partir do melhor entendimento matemático, uma estruturação

do conteúdo físico.

No capítulo 2, na Metodologia, apresentamos o local da aplicação e os alunos

participantes. Explicamos a escolha e montagem do produto usado para atender a

finalidade de contextualizar a abordagem dos temas geométricos e justificamos sua

escolha.

O capitulo 3 trata da aplicação do produto. Nele, apresentamos a vivência

durante a aplicação, observações a respeito do andamento das atividades,

comprometimento e participação dos alunos bem como as dificuldades enfrentadas.

Após a aplicação e suas considerações, no capítulo 4 tratamos da análise dos

dados colhidos a partir da metodologia escolhida e dos referencias teóricos adotados.

Fazemos consideração sobre a apreensão do conhecimento por parte dos alunos e da

possibilidade de criação de conflitos cognitivos.

2 Disponível em: http://slideplayer.com/slide/7780713. Acesso em julho de 2017.

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No último capitulo apresentamos nossas conclusões sobre o produto aplicado e

sua validade para atender aos objetivos pretendidos.

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20

Capítulo 2

Fundamentação Teórica

O ensino de Física é, ainda hoje, um desafio para professores e alunos. De um

lado temos os alunos que frequentemente se encontram desmotivados a estudar por não

encontrarem significado no que lhes é apresentado, e do outro lado temos professores

que tentam desenvolver estratégias para atacar esse problema em meio às adversidades

comuns ao ambiente escolar, principalmente em relação à infraestrutura. Uma das

causas da dificuldade da construção e assimilação do conhecimento não somente em

Física, mas também em outras áreas como a Matemática, por exemplo, é a falta de

contextualização dos temas. De acordo com os PCN,

“O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a

escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Se

bem trabalhado permite que, ao longo da transposição didática, o

conteúdo do ensino provoque aprendizagens significativas que

mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do conhecimento

uma relação de reciprocidade.” (BRASIL, 2000, p. 78)

Os alunos sentem que o que eles veem na escola só se aplica neste ambiente e

desta forma desvinculam os conhecimentos científicos do seu cotidiano. Isto ocorre

porque não se dá a devida relevância aos conhecimentos prévios dos alunos, que

constituem o conhecimento implícito e que, a partir deles, dever-se-ia realizar a

transformação para a consolidação do conhecimento explícito. Citando David Ausubel,

“Se tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um só

princípio, diria o seguinte: o fator isolado mais importante que

influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Averigue

isso e ensine-o de acordo.” (MOREIRA, 2006, p.13)

Para buscar essa meta, o ensino deve partir de situações dotadas de significado e

que leve em conta a vivência do aluno a fim de promover a percepção intuitiva pela

conexão do seu conhecimento implícito. Desta forma, a aprendizagem poderá se dar de

forma significativa. Os PCN recomendam esta metodologia quando afirma

“Quando se recomenda a contextualização como princípio de

organização curricular, o que se pretende é facilitar a aplicação da

experiência escolar para a compreensão da experiência pessoal em

níveis mais sistemáticos e abstratos e o aproveitamento da experiência

pessoal para facilitar o processo de concreção dos conhecimentos

abstratos que a escola trabalha.” (BRASIL, 2009, p. 82)

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A comparação entre as duas áreas, Física e Matemática, é pertinente uma vez

que esses dois campos do conhecimento estão intimamente relacionados. Tão

relacionados que a pesquisa de Ricardo e Freire (2007) sobre as concepções dos alunos

com relação à Física aponta para a distinção pouca clara que os alunos fazem entre as

duas áreas citando como causa para tal a formação dos professores, o material didático e

as estratégias de ensino utilizadas. Os professores amiúde colocam a razão dos alunos

não conseguirem aprender Física no frágil domínio da linguagem matemática para

expressar as soluções dos problemas. De acordo com a teoria de mediação semiótica de

Lev Vygotsky, a linguagem é um instrumento que utiliza um conjunto de signos para se

expressar (PRÄSS, 2012). Quando não ocorre uma adequada internalização do

instrumento, nesse caso a linguagem matemática, torna-se impossível a sua correta

utilização ou leitura, ou seja, nesse caso fica comprometida a compreensão e a

expressão de resolução de problemas quantitativos no ensino de Física.

Apesar da distinção entre essas duas áreas do saber, existe uma relação muito

mais complexa entre ambas as disciplinas para além do uso da Matemática como mera

ferramenta e que faz dela um estruturante do conhecimento físico. Esta relação possui

profundas implicações para o ensino de Física. (PIETROCOLA, 2002).

A dependência entre as duas áreas pode ser historicamente comprovada. Têm-se

áreas da Matemática que foram desenvolvidas para atender a necessidade de se

responder a problemas físicos como é o caso do desenvolvimento do Cálculo

Diferencial por Newton. O contrário também se mostra válido, como no caso de

Maxwell que buscou através de relações matemáticas já existentes modelos para

descrever problemas físicos do Eletromagnetismo (RICARDO e FREIRE, 2007).

Pietrocola (2002) aponta a matemática como sendo a “linguagem que permite ao

cientista estruturar seu pensamento para apreender o mundo” e desta forma, “o ensino

de ciência deve propiciar meios para que os estudantes adquiram esta habilidade”. Mas

alerta para o fato de que apenas o domínio operacional dos conteúdos matemáticos não

seja suficiente para incorporar esta habilidade. Desta forma, o ensino da Matemática

isolada em seu próprio contexto não permite que o aluno consiga criar um pensamento

estruturado sobre o comportamento da natureza. Isso fica claro em seu relato de

experiência.

“A minha experiência como professor de Física do Ensino Médio e

universitário tem me mostrado que não basta ao aluno conhecer a

Matemática no seu campo próprio de validade para obter um bom

desempenho em Física. Isto é, não é suficiente conhecê-la enquanto

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“ferramenta” para poder utilizá-la como estruturante das ideias físicas

sobre o mundo.” (PIETROCOLA, 2002, p. 106 )

Podemos apontar como sendo um dos campos de íntima relação entre a Física e

a Matemática a Óptica Geométrica. Ela é um campo importantíssimo da Física e seus

conceitos estão imersos e embasam aplicações tecnológicas diversas que servem de

aporte para o desenvolvimento de outras ciências como a biologia, a medicina, a

astronomia além das comunicações. Nesse contexto, o ensino da Óptica contribui para

uma percepção significativa da realidade, como previsto nos Parâmetros Curriculares

Nacionais. Eles preveem que uma das funções do ensino da Física seja o de propiciar ao

aluno a chance de “perceber o papel desempenhado pelo conhecimento físico no

desenvolvimento da tecnologia e a complexa relação entre ciência e tecnologia ao longo

da história” (BRASIL, 2009) de forma que sejam capazes de acompanhar o

desenvolvimento tecnológico contemporâneo.

Segundo Aguiar (2009) a Óptica Geométrica deveria ser fácil de aprender. Para

ele, de forma bem simplista, para que isso aconteça seria necessário apreender alguns

conceitos e um pouco de Geometria, além de ser um tema facilmente relacionável com

o cotidiano dos alunos e possuir várias aplicações práticas.

Mas apesar do simplismo apontado por Aguiar, há de se lembrar de que a

aprendizagem de qualquer conteúdo pode esbarrar no modelo alternativo ou

conhecimento prévio do aluno. Dentro da Teoria da Aprendizagem Significativa de

Ausubel o conhecimento prévio, especificamente relevante, pode ser entendido como

subsunçor, um conceito crucial para essa teoria. Os subsunçores são conhecimentos já

estabelecidos na estrutura cognitiva do aluno e que lhe permite, a partir da interação, dar

significado a outros conhecimentos. (MOREIRA, 2010)

Para Ausubel, a aprendizagem significativa só poderá ocorrer com a satisfação

dos seguintes itens: (i) o aluno precisa ter conhecimentos prévios relevantes para dar

suporte cognitivo à nova informação; (ii) o material precisa ser potencialmente

significativo; e (iii) o aluno tem que estar com disposição para aprender. (MOREIRA,

2006)

Por material potencialmente significativo entende-se aquele que tenha

significado lógico e que seja relacionável com a estrutura cognitiva do aluno. Vale

ressaltar que o material não pode ser por si só, significativo, mas apenas potencialmente

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significativo uma vez que quem dá significado ao material é o aluno. (MOREIRA,

2010)

Gonzaga defende que

“a geometria é uma peça fundamental para a demonstração dos

fenômenos ópticos, ou seja, a matemática tem que andar ao lado da

física para haver um crescimento da comprovação de acontecimentos

físicos que ocorrem em nosso redor. A óptica geométrica ao tratar de

raios que se propaga em linha e desviam-se por ângulos bem

definidos, representa um campo em que as leis da geometria podem

ser aplicadas diretamente, levando as muitas conclusões físicas

importantes.” (GONZAGA, n.d. p. 18)

Portanto, o ensino de Geometria influencia direta e indiretamente a compreensão

e representação dos conceitos de Óptica Geométrica. O entendimento dos conceitos de

segmento de reta, o paralelismo, a noção ângulos, por exemplo, são subsunçores

elementares para as aulas de Óptica e fazem parte da sua representação. As noções de

proporcionalidade, semelhanças de triângulos e alguns teoremas da geometria, como o

Teorema de Tales, também formam um conjunto relevante de subsunçores para a

promoção da aprendizagem significativa em Óptica Geométrica. Sendo assim, a

geometria e suas propriedades são de fundamental importância para se trabalhar a

Óptica de forma significativa.

Apesar de serem essenciais para a promoção da aprendizagem significativa, os

subsunçores também podem, ocasionalmente, servir de empecilhos para a

aprendizagem. Às vezes, uma concepção alternativa está tão bem enraizada na estrutura

cognitiva do aluno que se torna praticamente impossível superá-la. Harres (1993)

concebeu um levantamento das principais concepções alternativas mais frequentes sobre

tópicos introdutórios de Óptica Geométrica e, de forma, geral seu trabalho mostrou que

grande parte dos alunos apresenta dificuldades consideráveis nos tópicos introdutórios

da Óptica Geométrica e que essa dificuldade inicial se reflete nos tópicos seguintes

levando a uma perpetuação do erro. Ele comenta que:

“Uma provável causa destas dificuldades talvez resida no fato de que

as concepções alternativas relativas aos tópicos introdutórios da óptica

geométrica ainda não tenham recebido a devida atenção, tanto pelos

autores de livros didáticos como também, e, talvez, até por

consequência disso, pelos professores. ” (HARRES, 1993, p. 221)

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Mas, mesmo levando em conta as concepções alternativas e usando um

material potencialmente significativo que possibilite o aluno ser protagonista do

processo ensino- aprendizagem, há de se lembrar que, segundo Vergnaud, o

conhecimento é proporcional à amplitude dos campos conceituais e o domínio deste

acontece de forma progressiva, podendo levar até anos. A definição de campo

conceitual dada por Vergnaud é a de que ele é, antes de tudo, um conjunto de situações

e que seu domínio requer o domínio de vários conceitos de naturezas distintas

(VERGNAUD apud MOREIRA, 2002, p. 9). Os campos conceituais não são

independentes, um pode ser importante para o entendimento de outro e assim por diante,

mas é necessária a distinção entre eles.

Arbach (2002), sobre a importância de se estudar geometria, ressalta que “o

campo da geometria foi e é decantado como privilegiado para propiciar condições

favoráveis de apropriação de competências essenciais (...) na medida em que possibilita

o desenvolvimento de habilidades lógicas”.

Mas pesquisas sobre o ensino de matemática como as de Arbach (2002) e a de

Lobo e Bayer (2004) deixam claro que este conteúdo, apesar de sua relevância para a

Matemática e para outras disciplinas, tem sido, ao longo dos anos, negligenciado. Os

fatores responsáveis por esse descaso vão desde material didático mal estruturado,

currículos falhos, falta de preparo dos professores e a própria falta de tempo.

A negligência dos temas da Geometria é justificada, por alguns professores, pelo

fato de os livros didáticos geralmente apresentarem estes conteúdos nos capítulos finais

das obras. Seguindo a ordem adotada pelo material didático, seria comum não sobrar

tempo no final do ano para ministrar esses conteúdos. Outro fator importante relatado

pelos professores é a falta de segurança em apresentar o conteúdo, o que se deve a uma

formação insuficiente e que acaba por refletir em suas escolhas de currículo.

Quando regidas, as aulas de geometria acontecem de forma tradicional contrário

ao que sugerem os PCN de matemática que apontam para contextualização como

ferramenta facilitadora da compreensão.

“A situação-problema é o ponto de partida da atividade matemática e

não a definição. No processo de ensino aprendizagem, conceitos,

ideias e métodos matemáticos devem ser abordados mediante a

exploração de problemas, ou seja, de situações que os alunos precisem

desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-las.” (BRASIL,

1998, p. 40)

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Capítulo 3

Metodologia

3.1. Local da pesquisa

A aplicação deste trabalho se deu na Escola Municipal Tiradentes situada na

Avenida Lourival Batista S/N, no bairro Divineia na cidade de Nossa Senhora da

Glória, interior do estado de Sergipe. A imagem 3.1 mostra a fachada da escola em

questão.

Figura 3.1: Fachada da Escola Municipal Tiradentes.

Fonte: a autora (2017).

O estabelecimento de ensino conta com 11 salas de aula, secretaria, diretoria,

sala de professores, laboratório de informática, biblioteca, cozinha e depósito.

Atualmente funciona em três turnos e oferece Ensino Fundamental Menor e

Maior de caráter regular, com uma capacidade de matrícula em 2017 de 1881 alunos em

sala de aula, sendo 555 alunos matriculados no ensino fundamental menor e 1326

matriculados no ensino fundamental maior. A escola atende a alunos residentes na sede

do município e dos povoados, que deslocam até a escola através de transporte escolar. A

localização geográfica da escola é mostrada na figura 3.2.

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Figura 3.2: Localização geográfica da escola.

Fonte: print screen do Google Maps (2017).

3.2. Sujeitos pesquisados: população e amostra

O trabalho foi aplicado em uma turma de 9° ano do ensino regular noturno

durante as aulas de Ciências.

Com uma matrícula inicial de mais de 50 alunos, no período da aplicação

frequentavam regularmente as aulas uma média de 28 alunos devido a uma significativa

evasão dos alunos do turno noturno nessa escola. Esse número flutua de acordo com o

dia da semana. Ao todo participaram das atividades, em algum momento, 28 alunos. A

figura 3.3 mostra alguns alunos durante a aplicação do trabalho.

Figura 3.3: Alunos durante a aplicação do produto.

Fonte: a autora (2017).

Observamos que a maioria significativa dos alunos não estão regulares na faixa

etária para a série que frequentam e cursam o ensino noturno por trabalharem durante o

dia ou terem outras ocupações.

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3.3. Desenvolvimento dos Produtos

3.3.1 Roteiros de atividade investigativa com a Câmara Escura

de Orifício

A Geometria constitui um conjunto fundamental de ferramentas para a

demonstração dos fenômenos estudados na Óptica Geométrica. Portanto, o seu uso

torna-se imprescindível no ensino de Óptica então nos questionamos sobre como ela era

trabalhada nos livros de Física do Ensino Médio. Para responder a esse questionamento,

analisamos livros didáticos que foram aprovadas no Programa Nacional do Livro

Didático-PNLD de 2011 e 2014 pelo MEC, num total de 10 livros destinados ao 2º ano

do Ensino Médio.

Para nortear a análise, nos concentramos nos tópicos referentes ao

funcionamento da câmara escura de orifício e espelhos planos e em como os livros

analisavam as relações entre as dimensões de um objeto e da imagem gerada por ele e a

simetria como propriedade do espelho plano. Essas características ou relações são

sempre justificadas ou provadas utilizando a semelhança entre os triângulos formados

pelos raios de luz e/ou os prolongamentos destes então analisamos qual a profundidade

com que os livros trabalhavam estes conteúdos.

Dos 10 livros analisados, apenas dois comentam com mais detalhes sobre as

características que permitem afirmar que os triângulos citados são semelhantes. Sendo

que a abordagem mais completa é dada em apenas um livro que prova a congruência

dos triângulos formados entre os feixes refletidos no espelho e seus prolongamentos

para verificar a Propriedade Fundamental dos Espelhos Planos.

Diante desse cenário, vimos na Câmara Escura de Orifício uma boa

contextualização para o ensino da Semelhança de Triângulos com turmas do Ensino

Fundamental, mais precisamente no 9° ano quando os alunos têm contato com este

conteúdo da Geometria e também são apresentados ao ensino da Óptica Geométrica nas

aulas de Ciências.

Optamos por trabalhar o tema de forma investigativa, ou seja, o aluno deveria

tomar contato com o tema a partir de um experimento, fazer observações e então

especular a partir de um roteiro de questões, como sugere os PCN de Ciências da

Natureza.

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“elaborar individualmente ou em grupo relatos orais, escritos e

suposições acerca do tema em estudo, estabelecendo relações entre as

informações obtidas por meio de trabalhos práticos e de textos,

registrando suas próprias sínteses mediante tabelas, gráficos,

esquemas textos ou maquetes.” (BRASIL, 1998, p. 61)

A câmara escura de orifício é uma ferramenta óptica muito antiga. Alguns

historiadores indicam o aparecimento da câmara aproximadamente por volta do século

V a.C. Os créditos de sua criação ficaram com o árabe Alhazen. Ele descreveu na sua

obra, Livro sobre Óptica (1011-1021), o mecanismo da visão aproveitando-se dos

princípios da câmara escura combinando provas geométricas com demonstrações

experimentais (OLIVEIRA, 2015). A figura 3.4 ilustra a utilização de uma câmara

escura ou quarto escuro por Alhazen.

Figura 3.4: Alhazen utilizando uma câmara escura de orifício

Fonte: Famous Psychologist- Alhazem3.

Ao longo da história já se construíram câmaras escuras de vários tamanhos

inclusive do tamanho de quartos inteiros, as chamadas salas escuras, mas só no final do

século XVII foram construídas as primeiras câmaras escuras portáteis. Uma câmara

escura de orifício é basicamente uma caixa ou sala completamente escura onde a

comunicação com o meio exterior se dá apenas por um pequeno orifício, daí vem o seu

nome. Na parede oposta é fixado um tecido ou papel branco para funcionar como uma

espécie de tela onde eram projetadas as imagens.

Uma vez que iriam trabalhar com a Câmara Escura de Orifício de forma

investigativa, precisávamos construir um bom exemplar dela, algo que instigasse e que

fosse o mais dinâmico e interativo possível. Como já se construiu Câmaras Escuras de

3 Disponível em: http://www.famouspsychologists.org/alhazen. Acesso em julho 2017.

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todos os tamanhos, optamos por uma que os alunos pudessem se sentir fazendo parte do

experimento estando dentro, como na câmara escura usada por Alhazen.

Optamos por usar a proposta de câmara produzido no canal Manual do Mundo

por conter todos os aspectos desejados e ser de fácil construção. Ela é construída a partir

de uma caixa de papelão grande (máquina de lavar, fogão) onde o aluno pode observar a

formação da imagem de dentro da caixa.

Figura 3.5: Câmara Escura de Orifício construída.

Fonte: a autora (2017).

Construímos para servir de base a Investigação dois roteiros, um roteiro dirigido

ao professor e outro ao aluno.

No roteiro do professor constam os objetivos dentro da Óptica Geométrica que

pretendem ser explorados com a atividade, os elementos da Geometria trabalhados, o

roteiro para a construção da Câmara Escura de Orifício e o desenvolvimento da

Investigação.

No desenvolvimento, colocamos a apresentação da Câmara Escura os

procedimentos e atitudes que devem ser tomadas pelo professor durante a investigação,

o que esperar das questões propostas e a parte fenomenológica que deve ser transmitida

ao aluno. Incluímos a parte geométrica sobre Semelhança de Triângulos, que deve ser

trabalhada com os alunos durante o andamento da investigação, no corpo do roteiro,

situada no momento (entre quais questões) em o professor deve trabalha-la, para

facilitar a logística da atividade e o trabalho do professor. Desta forma a atividade pode

ser dividida em dois momentos, antes e depois da explanação por parte do professor do

conteúdo da semelhança de triângulos.

O roteiro do aluno é mais simples, consta da apresentação da Câmara Escura de

Orifício e as questões com campos a serem respondidas.

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A investigação foi ser realizada em grupo, mas a construção das respostas se deu

individualmente. Para explorar a comunicação entre o grupo e a troca de saberes

incluímos uma questão sobre as respostas construídas pelos colegas.

Aliado ao material, o professor deve agir como mediador buscando fazer

questionamentos dentro da Zona de Desenvolvimento Proximal a chamada ZDP média

dos alunos que é “uma região psicológica hipotética que representa a diferença entre as

coisas que a criança pode sozinha e as coisas para as quais necessita de ajuda” (PRÄSS,

2012). A proposta é que o aluno não se comporte como um mero receptor de

informações, mas como protagonista que busca autonomia instigado pelo espírito

investigativo de forma a otimizar o processo de ensino-aprendizagem. Embora

autônomo, ele não atua sozinho. A metodologia central da atividade proposta é a

“aquisição de conhecimentos pela interação social” enfatizando o processo histórico-

social e o papel da linguagem (PRÄSS, 2012). Segundo ele, atuando dentro da ZDP e

com o auxílio de um adulto, o aluno é capaz de adquirir conhecimentos que seriam

inatingíveis se estivesse sozinho. Segundo Vygostky, o desenvolvimento cognitivo

ocorre em duas etapas: a primeira é a interpessoal, em que acontece o compartilhamento

de informações (signos, instrumentos e significados) mediante a interação com um

adulto ou alguém que tenha mais experiência podendo ser inclusive um colega; a

segunda é a intrapessoal, em que cada indivíduo busca realizar a internalização das

informações previamente compartilhadas procurando relacioná-las com os seus

conhecimentos prévios. (PRÄSS, 2012). Isso é premissa para uma boa aprendizagem

segundo Vygostky. Quando no aluno ocorre somente a primeira etapa (interpessoal),

dizemos que houve uma aprendizagem mecânica, ao passo que se a segunda etapa

também foi bem trabalhada (intrapessoal), ocorre uma aprendizagem significativa.

No ambiente de sala de aula, as teorias de Vigotsky e Ausubel estão implícitas

na interação social entre os alunos e entre alunos e professores, nas atividades atrativas

e instigantes para serem trabalhados em grupos. Nos grupos os diálogos podem servir

de motivação para aprender, além de propiciar a troca de experiências através da

exposição oral ou escrita de ideias.

As questões presentes no roteiro da investigação partem da observação do

fenômeno indo para a especulação quanto a sua explicação e posterior teste de aplicação

e uso dos conceitos trabalhados a partir dos esquemas montados, troca significados e

quem sabe, conflitos cognitivos.

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3.3.2 Roteiros de atividade investigativa para medição de

alturas.

Para complementar o trabalho com Semelhança de Triângulos montamos a

atividade para a medição de altura a partir da sombra de objetos para introduzir o

Teorema de Tales.

Tales de Mileto foi um importante filósofo, astrônomo e matemático grego que

viveu no século de 624 ou 625 a.C. e é apontado como um dos sete sábios da Grécia

Antiga.

Conta a lenda que Tales usou de seus conhecimentos sobre Geometria e

proporcionalidade para determinara altura da pirâmide de Quéops que era a mais alta

das pirâmides do Egito a partir do tamanho de sua sombra e da sombra de uma estaca.

Como ilustrado na figura 3.6.

Figura 3.6: Representação da pirâmide e da estaca

Fonte: (PAULA e FERNANDES, ANO, p. 3)

Segundo Bongiovanni (2007), a pergunta que paira no ar é se os textos

existentes que tratam da medida da pirâmide descrevem apenas uma aplicação do

teorema de Tales ou, pelo contrário, a sua origem?

O Teorema de Tales encontra a sua origem na resolução de problemas práticos

envolvendo paralelismo e proporcionalidade. Estes dois conceitos estão no cerne da

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relação entre o geométrico e o numérico e se trata de um dos teoremas centrais no

estudo da geometria plana. (BONGIOVANNI, 2007)

Para trabalhar com esse tema, também optamos por explorar o problema prático

de se medir a altura. Mais precisamente de medir a altura de uma árvore (em uma

maquete) de forma indireta a partir do tamanho de sua sombra. Aproveitamos também

para ampliar o campo conceitual da propagação retilínea da luz explorando o fenômeno

de produção da sombra.

A figura 3.7 ilustra a maquete utilizada.

Figura 3.7: Maquete utilizada na aplicação.

Fonte: a autora (2017).

A construção dos roteiros desta atividade se dão nos mesmo termos da

construção do roteiro da atividade da Câmara Escura de Orifício.

Desta forma, no roteiro do professor constam os objetivos dentro da Óptica

Geométrica que pretendem ser explorados com a atividade, os elementos da geometria

trabalhados, o roteiro para a construção da Maquete e o desenvolvimento da

Investigação.

No desenvolvimento, colocamos a apresentação do problema falando sobre

Tales e a necessidade de fazer a medida da altura de forma indireta, os procedimentos e

atitudes que devem ser tomadas pelo professor durante a investigação, o que esperar das

questões propostas e a parte da formalização geométrica que deve ser transmitida ao

aluno.

As questões envolvem basicamente a investigação da explicação dos alunos para

a formação das sombras para a apresentação do Teorema de Tales e a partir deste fazer a

diferenciação entre retas paralelas e transversais.

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Esta atividade é mais simples e serve para aprofundar a semelhança de

triângulos e trabalhar de forma algébrica a relação de proporcionalidade entre as

grandezas. Mas não é um dos objetivos deste roteiro avaliar o desempenho dos alunos

na resolução algébrica e sim promover o seu uso.

O roteiro do aluno consta da apresentação do problema da medição indireta da

altura da árvore e as questões com campos a serem respondidas.

As ideias sobre a participação dos alunos e o papel do professor durante esta

atividade são as mesmas já citadas para os roteiros da atividade com a Câmara Escura

de Orifício.

3.3.3 Sequência Didática

Como o intuito era trabalhar a Semelhança de Triângulos e o Teorema de Tales

dentro do contexto da Óptica Geométrica precisávamos fornecer aos alunos os conceitos

necessários para o entendimento do funcionamento da Câmara Escura de Orifício e da

formação das Sombras.

Entendendo sequência didática como sendo um conjunto de atividades

articularmente desenvolvidas para atender a objetivos específicos que visam alcançar

com êxito um objetivo principal, precisávamos utilizar recursos que pudessem ser

potencialmente significativos aos alunos a fim de promover a aprendizagem

significativa e modificar os subsunçores relevantes para as atividades seguintes.

Apresentar os conteúdos da Óptica Geométrica através de uma aula tradicional de

quadro e giz não seria condizente com as indicações dos PCN de Ciências que afirmam

que “a problematização busca promover o confronto das vivências e conhecimentos

prévios dos estudantes com o conhecimento científico e, com isso, o desenvolvimento

intelectual dos estudantes” (BRASIL,1998) e nem com a proposta deste trabalho.

Como o Ensino Fundamental é a primeira etapa para o ensino da Óptica, que

será mais bem formalizada no segundo ano do Ensino Médio, uma apresentação

significativa desse tópico tem a pretensão de criar subsunçores nos alunos ou provocar

modificações naqueles já existentes através da interação com o novo conhecimento.

Esses subsunçores, criados ou modificados, seriam acionados novamente durante os

próximos níveis de escolarização dos alunos dando uma eficiência melhor para a

aprendizagem significativa.

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Roberto (2009), em seu trabalho sobre aprendizagem ativa em Óptica

Geométrica, comenta sobre os ganhos de se trabalhar com atividades práticas que

despertam a curiosidade dos alunos e provocam seu envolvimento durante o trabalho.

Seu trabalho consistiu na elaboração de roteiros de experimentação e demonstração para

o ensino da Óptica Geométrica além de pesquisas de campo envolvendo alunos de

Ensino Médio e Superior.

De posse das atividades sugeridas por Roberto, escolhemos aquelas que são

factíveis, parte inicial do estudo da óptica, e fizemos alterações para atender as nossas

necessidades.

Outro material usado foi o Active Learning in Optics and Photonics

(UNESCO,2006) que é um manual desenvolvido pela Organização das Nações Unidas

para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO para treinamento de professores em

aprendizagem ativa. Novamente, alteramos a proposta inicial para que atendessem as

nossas expectativas.

A sequência final ficou composta por cinco atividades as quais chamamos de

atividades investigativas. As três primeiras tratam de fenômenos da Óptica Geométrica

e foram usadas também para averiguar os subsunçores dos alunos sobre alguns

conceitos geométricos para poder reforçá-los, como os conceitos de reta, segmento de

reta, ângulos e medidas de ângulo. O reforço dos conteúdos geométricos acontecia

posteriormente a investigação assim como a formalização do conteúdo óptico a partir do

que era trabalhado em cada atividade.

As duas últimas investigações tratam da apresentação dos temas de Semelhança

de Triângulos e Teoremas de Tales a partir de fenômenos ópticos, formação da imagem

da Câmara Escura de Orifício e formação de Sombras. O quadro 3.1 indica quais foram

os objetivos pretendidos para cada investigação explorada.

Quadro 3.1: Atividades e objetivos pretendidos.

Atividade Objetivos

Óptica geométrica Geometria

Investigação

1: Como a luz

pode ser

representada por

raios.

Explorar a propagação retilínea da

luz, usar os raios de luz para

representar a trajetória descrita pela

luz, diferenciar feixes divergentes,

convergentes e paralelos.

Explorar o conceito de reta,

segmento de retas e retas

paralelas.

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Investigação

2: Você sempre

vê as reflexões em

espelhos?

Explorar a propagação retilínea da

luz, mostrar o princípio da

reversibilidade dos raios de luz,

mostrar a reflexão em espelhos

planos e motivar o surgimento de

ideias sobre o fenômeno.

Explorar a ideia de segmento

de reta.

Investigação

3: Como a luz é

refletida em um

espelho?

Identificar que o ângulo de

incidência é igual ao ângulo de

reflexão e perceber o princípio da

independência dos raios de luz.

Trabalhar com segmentos de

retas, verificar e reforçar a

noção de ângulo e como

medir ângulos.

Investigação

4: Câmara Escura

de Orifício.

Inferir o princípio de propagação

retilínea da luz e o princípio da

independência dos raios luminosos,

contextualizar a semelhança de

triângulos e comprovar a

propriedade fundamental dos

espelhos planos.

Explorar a ideia de figuras

semelhantes, construir a

semelhança de triângulos e

verificar a semelhança dos

triângulos na câmara e

classifica-la e no espelho

plano.

Investigação

5: Medindo

alturas

Explorar a propagação retilínea da

luz, usar os raios de luz para

representar a trajetória descrita pela

luz, explorar o Teorema de Tales.

Diferenciar retas paralelas e

retas transversais, explorar a

semelhança de triângulos,

trabalhar a noção de

proporções e apresentar

Teorema de Tales. Fonte: a autora (2017).

Todas as atividades de Investigação dispõem de estruturas semelhantes nas quais

são apresentados os objetivos pretendidos, os elementos geométricos que podem ser

explorados, materiais utilizados e desenvolvimento com instruções da aplicação e

comentários sobre o que esperar das respostas dos alunos. Para os alunos foram

montados roteiros similares no quais constam as perguntas a serem respondidas.

Os materiais utilizados nas Investigações são mostrados nas figuras 3.8 e 3.9.

Figura 3.8: Materiais utilizados nas investigações. a) material da investigação 1. b)

material da investigação 2. c) material da investigação 3.

Fonte: a autora (2017).

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Figura 3.9: Materiais utilizados nas investigações.a) material da investigação 4. b) material

da investigação 5.

Fonte: a autora (2017).

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37

Capítulo 4

Procedimentos para Aplicação do Produto

Como o produto para o trabalho com os temas da Geometria estão inseridos em

uma sequência didática que explora a Óptica Geométrica, temos que sua utilização pode

se dar em separado da sequência de ensino. A aplicação de toda a sequência se deu num

total de sete aulas de 45 minutos, sendo que duas delas, quinta e sexta aula, foram

usadas para aplicar o roteiro sobre Semelhança de Triângulos e uma aula para o

Teorema de Tales.

A sequência da aplicação está disposta no quadro 4.1.

Quadro 4.1: Distribuição das atividades durante as aulas.

Atividade

Primeira Aula Texto de apresentação/ Investigação 1

Segunda Aula Continuação da Investigação 1

Terceira Aula Discussão/ Investigação 2

Quarta Aula Investigação 3

Quinta Aula Discussão/ Investigação 4

Sexta Aula Continuação da Investigação 4

Sétima Aula Discussão e Investigação 5

Fonte: a autora (2017).

As atividades foram realizadas em grupos pequenos montados pelos alunos por

afinidade. A instrução inicial era que as atividades deveriam ser discutidas em grupo,

mas cada aluno deveria construir suas respostas de forma individual. A troca de ideias e

significados entre o grupo era parte importante da metodologia empregada ao mesmo

tempo em que a construção individual também deveria ser buscada. Neste contexto, o

papel do professor era o de mediador durante as investigações e no final delas o de

conciliador de significados com o intuito de formalizar os conceitos explorados.

Nos itens que se seguem apresentamos a vivência de toda a aplicação.

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4.1. Primeira Aula

A primeira aula não foi o primeiro contato com a turma. O primeiro contato se

deu anteriormente para a apresentação do projeto e aviso de que as próximas aulas

seriam atípicas e ministradas por uma professora diferente.

A apresentação dos conteúdos que seriam trabalhados, Óptica geométrica e

Geometria, se deram a partir de um texto em formato de entrevista. A leitura foi feita

pelo professor acompanhado dos alunos. Após a leitura situou-se a área de estudo e a

justificativa para tal.

Dando início a primeira parte da atividade, foi distribuído o questionário para os

alunos e dispostos os materiais necessários. Os materiais para essa prática foram canos

de PVC com barbantes fixos, uma lâmpada com suporte e fita adesiva. Em seguida, foi

explicado que eles deveriam responder as questões individualmente após a discussão

coletiva seguindo as orientações do professor.

Pediu-se inicialmente que 5 alunos, um de cada grupo, distribuídos em diferentes

pontos da sala se colocasse como voluntário para a prática. E a partir de suas posições

relatassem suas observações para que se seguisse o roteiro. Depois dos comentários dos

primeiros voluntários, os demais alunos dos grupos também participaram. Vale ressaltar

que a prática foi feita usando a lâmpada acessa e apagada para que eles diferenciassem

entre ver a lâmpada e identificar a luminosidade gerada por ela. A figura 4.1 mostra os

alunos durante a aplicação.

Figura 4.1: Alunos durante a aplicação da investigação 1.

Fonte: a autora (2017).

Os alunos se mostraram bem participativos e interessados em opinar no grupo e

alguns chegaram a propor outras situações e outras posições para teste. Interagiram

bastante com o material, o que foi bastante proveitoso para tornar a aula significativa.

Mas já nas primeiras questões um problema se mostrou pertinente: a dificuldade ou falta

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de hábito de ler as perguntas e problemas para entendê-las. Amiúde alguns alunos

perguntavam o que deviam fazer, mesmo sem ter lido a pergunta, ou como deveriam

responder. Para intervir o mínimo possível, questionava se haviam lido, quando a

resposta era “não”, pedia que lessem e caso a resposta fosse “sim”, insistia para que

lessem novamente e somente após 10 a 15 minutos, fazia uma leitura com eles de forma

compassada. De forma geral, pode-se dizer que eles gostam de participar da parte

prática, lúdica, mas não mantém o mesmo entusiasmo na hora de escrever, responder,

construir suas respostas.

Nesta aula, não foi possível concluir a atividade. Então o roteiro foi recolhido

para ser concluído na aula seguinte.

4.2. Segunda Aula

Dando prosseguimento a atividades da investigação 1, o primeiro passo era

certificar-se que todos os grupos e alunos tinham chegado ao mesmo item para se dar

seguimento ao roteiro.

Para a segunda parte da atividade, foi usada uma caneta laser. Antes de iniciar a

atividade, foi discutido sobre os riscos que seu mau uso poderia ocasionar e sobre os

cuidados necessários. Dando seguimento ao roteiro, era o momento avaliar a

propagação da luz oriunda do laser. Questionados sobre o contato com a caneta laser,

muitos afirmaram que sim, que já haviam visto ou brincado com uma delas. No

momento de visualizar a luz do laser quando perguntados como melhorar a visualização

muitos sugeriram apagar as luzes da sala e depois de apagada, quando notaram que não

era suficiente, sugeriram apagar as luzes da escola inteira para tornar possível a

visualização. Um aluno chegou a comentar que seria útil que faltasse luz na cidade

porque isso acabaria com qualquer luz proveniente de fora da sala o que ajudaria. Como

sugestão para a visualização foi usado talco, poderia ser também pó de giz. Um dos

alunos saiu salpicando talco por sobre o feixe e isso causou um impacto positivo nos

alunos e uma sujeira por toda a sala também.

Novamente os alunos se mostraram bem participativos durante a parte prática e

o problema com a leitura e entendimento das questões continuou aparecendo e foi

possível notar certa apreensão por parte dos alunos sobre quem iria ler o que eles

haviam escrito. Para combater esse sentimento, sempre que questionavam sobre o que

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deveriam responder (na tentativa de não errar) dizia-lhes para não se preocupar com o

erro, mas que não fossem relapsos e fizessem o melhor que podiam.

4.3. Terceira Aula

Nesta aula, tivemos a participação de um número maior de alunos. O início da

aula foi utilizada para formalizar alguns conceitos explorados nas práticas das aulas

anteriores. Alguns alunos participaram da discussão respondendo às perguntas e

pontuando sobre suas observações, mas a maioria se mostrou retraída para as respostas.

Já tinha ficado claro, como esperado, o medo de errar na frente dos colegas. Eles

estavam mais inquietos e agitados, o que indicava que manter o controle iria me exigir

um pouco mais.

Passada a discussão, deu-se início a segunda investigação. Após distribuir os

questionários e dispor os materiais, que neste caso eram um espelho, a lâmpada no

soquete e um tecido preto, foi explicada a situação que eles deveriam avaliar e pedido

que três alunos, de pontos diferentes da sala, se colocassem a disposição para serem

voluntários. Escolhidos os voluntários deu-se prosseguimento ao roteiro da atividade.

Durante a discussão entre os grupos para a escolha de quem iria ver o reflexo da

lâmpada no espelho foi possível testemunhar algumas das estratégias usadas por eles

para chegar a uma conclusão, uma delas foi associar com a situação com a vivida por

um motorista quando tenta ver o trânsito pelo retrovisor. Nas palavras deles, não dá para

enxergar pelo retrovisor da esquerda o que está do lado direito do carro. Essa discussão

se estendeu e deve ter servido de base para a construção das respostas desse grupo e de

outros já que era inevitável, por mais que fossem coibidos, que eles tentassem visualizar

as atividades de outros colegas.

Na figura 4.2 são mostrados os alunos durante a aula.

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Figura 4.2: Alunos durante a aplicação da investigação 2.

Fonte: a autora (2017).

De forma recorrente, percebe-se a dificuldade e a falta de interesse em construir

suas respostas. Mesmo sendo instigados, os alunos precisavam ser chamados ao foco da

atividade. Outro fator que dificultou o desenvolvimento das atividades foi o hábito dos

alunos não assistirem todas as aulas e por isso ficarem impacientes e tentando sempre

dar um jeito de sair da sala.

4.4. Quarta Aula

A aula iniciou dando indícios de se tratar de um dia atípico, era sexta-feira à

noite e os alunos estavam agitados e em menor número, o que seria um problema a ser

adicionado aos já recorrentes.

Para começar a atividade, foram distribuídos os materiais nos grupos sem

explicar para que seriam usados. Como eles trabalhariam novamente com a caneta laser,

as considerações sobre a segurança do manuseio foram refeitas. Dando seguimento ao

roteiro, foi solicitado que respondessem as questões iniciais e só depois foi dito como

usar os materiais.

Foi perceptível a dificuldade de alguns para interpretar o que seria o ângulo,

onde começava e até onde ia. Para usar o transferidor também houve dificuldade. Os

alunos que já sabiam ou já tinham usado o transferidor acabaram dando suporte aos

outros colegas, mas como já era previsto, foi necessário retomar o tema e ensiná-los a

medir ângulos. Ainda assim notou-se que a falta de prática e dificuldade para executar a

medida acabou interferindo em suas respostas.

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4.5. Quinta Aula

Como planejado, a aula iniciou-se com a discussão sobre o que foi visto nas

últimas, para em seguida iniciar o roteiro da quarta atividade de investigação. Foi

apresentada a câmara escura para eles e como ela foi construída. Sem dúvida essa foi a

prática que mais os instigou por se tratar de uma coisa que eles nunca tinham tido

contato e pela possibilidade de interagir com a câmara.

A câmara havia sido testada e estava se mostrando satisfatória para utilização,

mas por garantia e por saber que poderia encontrar dificuldades para sua utilização em

sala como, por exemplo, pouca iluminação e o fato de nem todo mundo caber dentro da

caixa foi apresentado para a turma um vídeo da construção e utilização da câmara

escura (vídeo do experimento Cinema na Caixa produzido pelo canal Manual do

Mundo4). E a partir das duas experiências construíram suas respostas.

A primeira parte das questões era sobre apontar as características observadas e

argumentar sobre como era formada e por que era invertida. Isso rendeu muitos

comentários entre os grupos e muitas especulações foram feitas e hipóteses levantadas.

Mas a maioria tentava explicar a inversão pelo tamanho do orifício da caixa e

especulando sobre o que aconteceria se ele fosse aumentando chegando até o ponto de

todo o lado da caixa está aberto e neste momento a conclusão foi que não se teria mais

uma caixa.

Como o tempo de duração de uma aula não foi suficiente para concluir a

atividade, os roteiros foram recolhidos para serem finalizados na aula seguinte. Apesar

de curiosos para ver e interagir com a caixa, a fadiga entre os alunos já era evidente,

pois já era a quinta aula respondendo a questionários. O problema não era observar,

discutir e sim a necessidade de se construir respostas.

Um grupo de alunos em particular parecia desinteressado, sentaram-se mais ao

fundo da sala e demoraram mais do que o necessário para responder por estarem

envolvidos em conversas paralelas ao tema. Não que isso não tenha acontecido nas

outras aulas, vez ou outra era necessário cobrar que retomassem o foco, mas desta vez

foi um indicador de desgaste.

4 Disponível em: http://www.manualdomundo.com.br/2012/05/cinema-na-caixa-camara-escura.

Acesso em agosto 2016.

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4.6. Sexta Aula

Continuando a prática sobre câmara escura, chegou-se ao objetivo central da

prática que era construir o conceito de semelhança de triângulos. Antes de discutir qual

seria a função do orifício e como a imagem se formava dentro da caixa foi pedido aos

alunos que não alterassem suas respostas após ouvirem ou terem contato com as

imagens que iriam receber.

Durante a explanação sobre o que seriam ângulos e lados correspondentes foi

usado apenas o quadro e giz e foi perceptível que seria mais fácil o entendimento se os

alunos tivessem contato com algo palpável como figuras geométricas sólidas. Dando

seguimento ao roteiro e em posse dos casos de semelhança trabalhados, era o momento

dos alunos analisarem dois triângulos resultantes da formação da imagem em um

espelho plano. A ideia era que eles analisassem o que os triângulos tinham em comum e

justificassem suas escolhas, mas mesmo durante a aplicação foi perceptível que eles

acabaram por classificar os triângulos seguindo os casos de semelhança vistos.

4.7. Sétima Aula

A sétima aula iniciou com a discussão e comentários sobre a última questão da

atividade anterior, para justificar a simetria no espelho iniciou-se a última atividade. Os

alunos tiveram contato com a maquete e foi explicado qual era o intuito de tal prática,

medir indiretamente a altura da árvore. A sugestão inicial proposta pelo roteiro era

marcar o tamanho das sombras ao colocar a maquete ao Sol, mas como se tratava de

uma aula noturna usou-se a sombra gerada por uma das lâmpadas da sala. Por isso,

foram feitas considerações entre as diferenças entre as fontes de luz Sol e lâmpada e o

porquê de tal alteração já que os esboços presentes no questionário levavam em conta as

características dos raios solares.

Escolhida a fonte de luz que seria adotada e após os alunos responderem as duas

primeiras questões, um aluno foi chamado para ser voluntário para marcar, na maquete,

as sombras da árvore e do palito. Feito a marcação, foi colocado o barbante para

representar os raios solares ou, neste caso, de forma hipotética, os raios de luz

provenientes da lâmpada. Quando questionados sobre qual figura o conjunto (árvore,

marcação da sombra e barbante) formavam, não titubearam e falaram que eram

triângulos. Pediu-se então que comentassem entre eles quais as semelhanças entre os

triângulos formados.

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Resolver o problema de medir a altura da árvore foi apresentado como estratégia

histórica que levava em conta o Teorema de Tales que foi apresentado no quadro para

os alunos. E depois de apresentado o teorema construiu-se, também no quadro, com os

alunos a relação de proporção que seria usada na medida. Feito isso eles deram

continuidade com as respostas no questionário e o mesmo aluno que havia marcado as

sombras ficou incumbido de medi-las bem como o tamanho do palito.

Como novamente era sexta-feira, o número de alunos foi reduzido, mas desta

vez a turma estava bem mais calma e não houve nenhum problema significativo de

disciplina apesar dos problemas para manter o interesse em responder o questionário

tenha estado presente como nas outras práticas. Na figura 4.3 são mostrados os alunos

durante a aula.

Figura 4.3: Alunos durante a realização da investigação 5.

Fonte: a autora (2017).

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Capítulo 5

Análise de Dados e Discussão

Para a análise dos dados obtidos, optamos por seguir um caráter qualitativo

analisando o discurso dos alunos a partir das respostas dadas durante a realização das

atividades.

Entendo que a construção do conhecimento não é um processo linear e que as

dificuldades conceituais dos alunos são superadas na medida em que são encontradas,

além de que as concepções alternativas podem servir de empecilhos para a

aprendizagem. Desta forma, procurou-se avaliar não somente se as respostas dadas

estavam certas ou erradas e sim se foram capazes de propor situações que

possibilitassem o surgimento de conflitos cognitivos que poderiam auxiliar na posterior

assimilação.

Da análise dos questionários, algumas dificuldades mostraram-se recorrentes,

comuns à boa parte da turma. Dentre elas podemos citar:

Dificuldade para ler e interpretar o enunciado. Alguns alunos erravam

por não entender o que a questão pedia. Isso fica evidente em respostas construídas sem

nexo ou que façam referência a outros momentos da atividade. A insistência em

perguntar o que deveriam fazer sem ler a pergunta ou o que era a resposta certa também

demonstra dificuldade de interpretação e o pouco hábito de leitura;

Dificuldade para a construção de resposta e o uso correto de alguns

termos. Por exemplo, usar a palavra direção quando todo o contexto da resposta leva ao

entendimento de que a ideia era usar a palavra ângulo;

Dificuldade em escrever corretamente;

Insistir em explicar algo simplesmente relatando o que foi observado.

Apresentamos a seguir a análise das Investigações que compõem a sequência didática.

Para a identificação dos alunos atribuímos para cada um uma letra, por exemplo, aluno A, ou

um conjunto de letras, por exemplo, aluno AB.

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5.1. Investigações 1,2 e 3

Essas investigações fornecem a base para a formalização dos conceitos da

Óptica Geométrica para o entendimento da formação da imagem da Câmara Escura de

Orifício e para a formação das Sombras. Além de servirem para avaliar o entendimento

dos alunos de alguns conceitos de Geometria para reforçá-los.

Ao analisar a Investigação 1, buscou-se por indícios da construção de ideias

referentes à propagação retilínea da luz, do uso de raios de luz para representar a

trajetória descrita pela luz e o entendimento das características e diferenças entre raios

de luz divergentes e paralelos, além de averiguar o domínio conceitual de reta e

segmento de reta. Vinte e um alunos participaram desta atividade.

A questão de número 3 explora a conceitualização da propagação retilínea da

luz. Nesta questão, todos os alunos possuem os esquemas de assimilação que a luz

propaga em linha reta.

3. Com base na questão anterior, como a luz se propaga, como uma reta

acompanhando o cordão esticado ou uma curva?

Uma das justificativas usadas para reforçar essa conclusão pode ser vistas na

resposta do aluno Q transcrita abaixo:

“Em linha reta, pois seguindo o barbante que esta[sic] em linha reta conseguimos

ver a luz. ”

Vale ressaltar que os alunos empregam a palavra luz para se referir à lâmpada

utilizada na investigação. Isso denota que a internalização dos instrumentos luz e

lâmpada ainda estão incompletos, não permitindo a clara distinção entre eles.

Quanto a internalização ao uso dos raios como signos para representar a

trajetória descrita pela luz, usamos como referência as questões 4 e 9.

4. No diagrama da figura 1.2 esboce 5 raios de luz que começam no bulbo da

lâmpada e vão até os pontos de 1 a 5. Compare com o de seus colegas.

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Figura 1.2: Esquema de disposição da lâmpada e dos alunos.

9. Com base em suas observações, esboce alguns raios deixando o laser no esquema

da figura 1.3.

Figura 1.3: Esquema de disposição do laser e dos pontos.

Na questão 4, apenas um aluno não fez o esboço condizente com trajetória

esperada para a luz.

Já na questão 9, seis alunos (correspondente a 28,6%) não ilustraram o pedido,

ao invés disso desenharam feixes de luz indo para todos os pontos o que pode indicar o

não entendimento da questão como mostra a justificativa dada pelo aluno X:

“Encontramos raios de luz em qualquer ponto depende em qual posição você

coloca o laser. ”

Outro fato interessante sobre a questão é que sete alunos foram bem literais em

seus desenhos. Um artifício usado para visualizar o feixe de luz do laser foi o uso de

talco por sobre o feixe para elucidar sua trajetória através da reflexão causada pelas

partículas suspensas. O talco foi salpicado, por assim dizer, por um aluno e não se

distribuiu uniformemente por todo o feixe deixando trechos em que o caminho do laser

era visto e outros não. Alguns alunos representaram isso em seus desenhos.

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Figura 5.1: Ilustração feita por um aluno do comportamento de um feixe de luz proveniente de

uma caneta laser. Ele tentou representar de forma literal o que viu durante a prática, trecho onde

o caminho do laser ficou aparente devido à presença do pó.

Fonte: aluno J (2017).

A partir destas questões e das discussões, durante e posterior à prática, percebeu-

se que eles não tiveram dificuldade em utilizar os segmentos de reta para representar o

caminho da luz. Desta forma, pode-se que os alunos demonstraram evidencias de

assimilação do conceito trabalhado.

As questões 5, 7 e 11 ampliam os campos conceituais ao incrementar a diferença

entre feixes divergentes e paralelos.

Na questão número 5, o foco se dá em como se comportam os feixes

divergentes.

5. Descreva esses raios em palavras. Como eles são desenhados à medida que a

distância ao filamento aumenta?

Mesmo sem saber que se tratava de feixes divergentes, os alunos deveriam

apontar como eles se comportavam. Apenas 6 alunos (correspondente a 28,6%)

conseguiram apresentar, a partir do esboço construído, características pertinentes como

o espalhamento e aumento progressivo da distância entre os raios de luz, indicando um

progressivo domínio dos signos de feixes divergentes. A resposta dada pelo aluno P,

transcrita abaixo, ilustra essa situação.

“Diacordo com a distancia que cada ponto vai ficando do bulbo os raios vai

ficando cada vez mais distante um do outro.”[sic]

Alguns alunos parecem não conseguir usar corretamente termos ou palavras para

expressar o que querem. No trecho citado abaixo o aluno X usa palavra “sintonia” para

expressar umas das características observadas.

“Ficam sempre em reta apesar da distancia de um para outro ficam totalmente em

sintonia.”[sic]

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Parece que quer expressar que, apesar do espalhamento do feixe (apesar da

distancia de um para o outro), ele ainda forma um todo. Para a maioria, ainda percebe-

se uma dificuldade no domínio da linguagem escrita para expressar os significados do

fenômeno observado.

Mas a maioria dos alunos se prendeu a apontar como característica o fato de

cada ponto marcado ao redor da lâmpada ter uma distância diferente até o bulbo e,

portanto, os raios desenhados por eles, até esses pontos, também terem tamanhos

diferentes como pode ser visto na resposta do aluno Q abaixo.

“São desenhados em linha um ta mais próximo outro ta médio e outro mais

distante.”[ sic]

O significado distância correspondente ao tamanho do signo segmento de reta

parece que foi inicialmente estabelecida.

Já na questão 7, o intuito era explorar a diferença entre a luz do laser e da

lâmpada.

7. Aponte as diferenças que você identificou entre a luz do laser e a da lâmpada e a

forma como elas atravessam a sala.

Treze alunos (correspondente a 61,9%) usaram como diferenciação o uso do pó

para visualizar o feixe. O aluno M foi um deles.

“São poucas diferenças entre uma conseguimos vê os raios diretamente se pressisa

de pó e a outra para enxegamos pressisa do pó.”[sic]

Ao comentar que consegue ver os raios diretamente da lâmpada, podemos inferir

que seus esquemas de assimilação associam a visão desses raios à possibilidade de

detectar a luminosidade no ambiente gerada pela lâmpada, o que ele não observou com

o laser.

Oito alunos (correspondente a 38,1 %) diferenciaram usando a forma como eles

atravessavam a sala, o que de fato foi pedido, atribuindo ao laser um comportamento

mais local e para a lâmpada um caráter mais expansivo que ocupa toda a sala o que

pode ser percebido nas respostas dos alunos O e Y mostradas, respectivamente, abaixo.

“O do laser fica em linha reta e a da lâmpada expande suas raios.”[sic]

“A do laser fica em linha reta as partículas do giz juntasse formando uma reta e a

luz forma um circulo em torno dela espandindo a luz ao seu redor”[sic]

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Na questão de número 11, os alunos são questionados se os feixes de luz solar

que atingem a Terra se assemelhariam mais aos raios oriundos da lâmpada ou do laser.

Isto serviria para introduzir aos alunos, posteriormente, o paralelismo dos raios solares

que eles usariam na última atividade de investigação.

11. Você acha que existem outras situações nas quais os raios podem ser

representados como os saídos de um laser? Imagine um feixe de luz solar que

atinge a Terra, ele seria constituído de raios luminosos semelhantes aos da

lâmpada ou do laser?

Como esperado a maioria dos alunos, 16 deles (correspondente a 76,2%), disse

que o feixe de luz solar se assemelharia aos da lâmpada. Os que justificaram sua escolha

disseram ser pela forma como a luz se espalha como, por exemplo, na transcrição do

aluno Y abaixo:

“Sim, o da lâmpada por se espandir [sic] como os raios locais.”

Quando o aluno usa “raios locais” dá a entender que se trata dos raios

observados durante a prática com a lâmpada. Esse termo ad-hoc juntamente com a

percepção da divergência dos feixes, nos permite concluir que ele foi utilizado como um

esquema de assimilação para a expansão do seu campo conceitual promovendo um

notório domínio conceitual.

Aqueles que optaram pelo laser, 5 alunos (correspondente a 23,8%), apontaram

motivos como a luz do laser conseguir percorrer uma distância maior. Essa percepção

de alcance de maiores distâncias foram os esquemas de assimilação utilizados por esse

grupo de alunos do qual faz parte o aluno X cuja resposta é mostrada abaixo.

“Sim saidos [sic] do laser porque a luz do laser é quem consegue ir mais longe

mesmo sendo diferente da luz que clareia em geral.”

Percebe-se que ele tenta conciliar a ideia de que a luz do Sol se expande a partir

dele, como na lâmpada, com a de que laser consegue percorrer grandes distâncias.

Provavelmente este aluno já deve ter brincado com uma caneta laser e usando-a para

apontar coisas distantes e por isso conhece seu poder de alcance. Ao mesmo tempo em

que associa o alcance da lâmpada ser menor com a observação de que sua intensidade

diminui com a distância. A ideia de que o alcance da luz depende da intensidade da

fonte que a gerou é uma das concepções apontadas como recorrentes entre os alunos.

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Na Investigação 2 continuamos a explorar a propagação retilínea da luz

construindo situações-problemas gradativamente complexas e introduzindo novos

conceitos. Esta investigação induz no aluno a percepção do princípio da reversibilidade

dos raios de luz, além de tentar desconstruir a ideia de que não existe formação da

imagem de um objeto que não esteja na frente do espelho. Nesta investigação o total de

participantes foi de 24 alunos.

A questão 1 investiga a concepção dos alunos sobre se o espelho reflete a luz.

Todos os alunos disseram que a luz reflete no espelho justificando de diferentes formas.

1. Você acha que a luz reflete no espelho? O que te faz achar isso?

Dentre as justificativas, algumas se destacam por apresentar observações

interessantes sobre o espelho e o comportamento da luz como, por exemplo, o do aluno

X cuja transcrição se segue:

“Sim porque o espelho também é uma fonte de luz que em contato com outra luz

ele ajuda a refletir.”

Nesta transcrição o aluno identifica o espelho como uma fonte de luz e relata

uma interação entre a luz emitida pelo espelho e a que vem do objeto refletido por ele.

O aluno P explorou outros conceitos como campo visual.

“Sim, por que nós conseguimos enxergar as imagens ao redor dentro de seu

campo de visão. Se não refletisse nós não veríamos nada.”

Outros tentam explicar a reflexão a partir de suas experiências, identificando a

reflexão a partir do clarão do flash refletido no espelho como o aluno B.

“Sim. Quando você tira uma foto na frente do espelho com o fleche [sic] ligado

aquela luz do celular bater no espelho o reflexo bate.”

A questão de número 5 pretende que o aluno seja capaz de elaborar o esquema

que representa a trajetória da luz partindo da lâmpada e chegando ao observador. Desta

forma, o que queríamos era que o aluno mostrasse a luz sendo emitida pela lâmpada

seguindo em linha reta até o espelho, lá sendo refletida e continuando o trajeto até o

observador.

5. Desenhe os raios de luz que expliquem o que foi observado.

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Figura 2.3: Esquema de montagem.

Apenas três alunos (correspondente a 13,5%) não fizeram o esboço segundo o

esperado mostrando descontinuidade do raio de luz e não a visão da lâmpada e sim entre

observadores. A fragilidade na representação dos signos da reflexão do feixe de luz

demonstra que o seu significado não está bem internalizado para estes alunos. Como

foram apenas três alunos que não obtiveram êxito, podemos descartar a hipótese do

material não ter sido potencialmente significativo, mas provavelmente pela falta dos

subsunçores relevantes ou desmotivação para aprender durante a prática. A figura 5.2

ilustra essa situação.

Figura 5.2: Esboço feito pelo aluno B na questão 5 da investigação 2.

Fonte: aluno B (2017).

Outros dois esboços que merecem destaque são mostrados na figura 5.3. Na

figura 5.3 em (a) um o aluno Y dá indícios de compreensão da reversibilidade. Já na

figura 5.3 (b) diferentemente dos demais, o aluno K constrói raios que ilustram a visão

direta da lâmpada e a visão do reflexo no espelho.

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Figura 5.3: Esboços feitos por alunos na questão 5 da investigação 2.

Fonte: a) aluno Y; b) aluno K (2017).

Na questão de número 6, é explorada a construção da ideia da reversibilidade

dos raios de luz. O intuito da prática era fazer com que os alunos dessem conta do

fenômeno, algo tão corriqueiro e cotidiano, para posterior formalização.

6. Ao trocar de posição a lâmpada (objeto) e o aluno (observador) você observou

que ainda é possível ver o reflexo da lâmpada? E o reflexo da lâmpada está

novamente circunscrita? Como você explicaria isso?

Doze dos alunos não construíram uma explicação para o observado ou

restringiram-se a apontar o que foi visualizado

Seis alunos (correspondente a 25%) justificaram usando a ideia de ângulo.

Disseram ser possível continuar vendo a lâmpada por manterem o mesmo ângulo ou por

estarem no melhor ângulo. Este ângulo deve ser o mesmo ponto de incidência do raio de

luz no espelho. Podemos tomar como exemplo disto as respostas dos alunos AE e AF,

transcritas baixo, respectivamente.

“Isso é possível, porque o reflexo transmite o mesmo ângulo.”

“Ver [sic] porque está no ângulo da visão anterior.”

Na investigação 3 o intuito era oportunizar os alunos a identificar que no

fenômeno da reflexão da luz o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão e

perceber o princípio da independência dos raios de luz, e a partir disso identificar se os

subsunçores para trabalhar ângulos e medida de ângulos estavam presentes. Identificar

os esquemas dos alunos para a medição e delimitação de um ângulo era importante para

as demais atividades. Nesta atividade tivemos a presença de 18 alunos.

Durante a resolução da questão 3, percebeu-se que nem todos alunos dominavam

o conceito de ângulo ou nem possuíam organizadores para medi-los. Essa situação foi

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amenizada pelo trabalho em grupo onde através da troca de experiência os alunos que já

tinham esquemas para tal ajudaram os demais colegas.

3. Incida um feixe de luz com um ângulo de 45° com o espelho. O que você

observou? Aconteceu o que você imaginava?

Podemos inferir que desta forma o trabalho em grupo ajudou os alunos a se

desenvolverem dentro de sua ZDP. Podemos supor que esses alunos podem nunca ter

tido contato com situações capazes de dar significado para o conceito de ângulo e então nunca

precisaram de esquemas para medi-los.

Seis alunos chegaram a ângulos diferentes do esperado. Além da dificuldade

com o uso do transferidor pode-se apontar outra causa: a insuficiência de ferramentas

para limitar a linha de passagem do laser.

Dos seis alunos que afirmaram ter encontrado um ângulo diferente de 45°, em

geral 40° ou 50°, quatro afirmaram não esperar que o ângulo desse o valor medido.

Na questão 4, o intuito era que os alunos construíssem em uma frase como a luz

se reflete no espelho.

4. Como a luz se reflete no espelho? Explique com uma frase.

Um grupo de quatro alunos afirmou que a luz se reflete do lado oposto. A

dificuldade está em entender a que se refere o oposto dentro das concepções dos alunos.

Quais os esquemas usados por eles para justificar que a luz estaria se refletindo do lado

oposto?

Analisando as demais respostas do grupo atrás de um entendimento percebe-se

que eles afirmam, nas questões 3 e 5, que o ângulo do feixe refletido é igual ao do

incidente, o que nos leva a crer que o oposto faz referência ao sentido. Então pode-se

chegar à conclusão de que eles concordam que a luz é refletida segundo o mesmo

ângulo, mas no sentido oposto.

Outros alunos construíram melhor suas respostas levando em conta o

comportamento retilíneo da luz e a manutenção do ângulo de incidência como o aluno Q

cuja resposta está transcrita abaixo.

“Em linha reta so que em outra posição mais so que mantendo o mesmo

ângulo.”[sic]

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Na transcrição acima podemos especular que “posição” poderia ser substituída

por “sentido”. O que nos leva a conclusão de que a assimilação do conceito de sentido

não está bem estrutura atuando ainda e pode agir como uma barreira para o

entendimento e verbalização de situações.

A independência dos raios e a igualdade entre o ângulo de incidência e o de

reflexão era o que esperava ser visto no esboço pedido na questão 6.

6. Na imagem abaixo quatro raios de luz incidem em quatro espelhos. Como são os

raios refletidos? Desenhe sua ideia.

Figura 3.3: Esquema para reflexão de feixes de luz incidente em espelhos planos.

Mas esta questão não se mostrou satisfatória. A maioria dos alunos fizeram os

esboços sem muito critério. Apesar de manter o comportamento retilíneo e independente

dos raios, os alunos não exploraram devidamente a questão do ângulo de reflexão.

Mostrando-se insatisfatória para promover uma situação que leve a construção do

conceito desejado.

5.2. Investigações 4 e 5.

Depois dos alunos terem sido colocados no contexto da Óptica Geométrica

através das investigações anteriores e após serem feitas avaliações de seus domínios

conceituais sobre alguns temas da Geometria como segmento de reta, tipos de reta,

ângulos e medidas de ângulos e sua melhor formalização, chegamos as atividades que

tinham uma finalidade geométrica mais marcantes por apresentar Semelhança de

Triângulos e o Teorema de Tales.

Na investigação 4, explorou-se o uso da propagação retilínea da luz para

justificar a formação de imagens invertidas Câmara Escura de Orifício e sua utilização

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para contextualizar a Semelhança de Triângulos. Participaram desta investigação 24

alunos.

Na questão de número 2 era pedido que os alunos explicassem como a imagem

era projetada na folha dentro da câmara.

2. Tente explicar como a imagem é projetada na folha.

Ao responder esta questão, três alunos apontaram características da imagem

vista, mas não tentaram explicar como ele era formada. Pode-se especular que esses três

alunos pertenciam ao mesmo grupo e que lhes faltaram esquemas para o entendimento

que possibilitassem uma interpretação do enunciado da questão.

Sete alunos (correspondente a 29,2 % dos alunos) se limitaram justificativas a

existência do buraco. Mas 9 alunos (correspondente a 37,5 % dos alunos) foram mais

detalhistas em suas explicações descrevendo o comportamento da luz. Exemplificamos

isso com a transcrição dos alunos P, Y e AB mostradas abaixo respectivamente.

“Quando a luz entrou pelo buraquinho e taou na folha a folha refletiu a luz

projetou a imagem do lado externo.” [sic]

“através dos raios de luzes presentes e as linhas retas da luz refletida sob o papel

diretamente invertida por ter a rotação alterada.”

“por causa dos raios de luz que passava no buraco”

Nota-se o uso de mais de um conceito para atender a construção do esquema

necessário para construir a resposta.

Já na questão 3, quando se deveria explicar por que a imagem se apresentava

invertida, 10 alunos (correspondente a 41,6%) associaram a inversão da imagem ao

tamanho do buraco ou a forma como a luz o atravessa, dentre eles podemos citar os

alunos Q, Y, T e M.

3. Para você o que explica o fato de a figura projetada ser semelhante ao corpo

considerado na forma e em colorido, mas apresentar-se invertida em relação ao

corpo?

As transcrições abaixo mostram, respectivamente, são as respostas dadas pelos

alunos Q, Y, T e M.

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“Pela forma como os raios de luz passam pelo buraquinho da caixa”

“Por vir em retas quando ela e refletida vira de baixo pra cima e de cima pra

baixo, ocorre por a presença elevada da luz naquele local posto a caixa.”

“Por que a imagem quando passa pelo buraquinho ela fica invertida pelo tamanho

do buraco um tao próximo se ele fosse maior a forma de ver a figura estaria normal.”

[sic]

“Por conta do furo cer tão pequeno e a caixa escura por dentro” [sic]

Podemos dizer que a situação apresentada fez os alunos buscarem por seus

esquemas para que pudessem justificar a formação da imagem confrontando-os com a

situação mostrada. Isso pode ser visto quando dizem que se o orifício “fosse maior a

forma de ver a figura estaria normal. ”

Na questão 5, exploramos a construção geométrica da imagem na qual se

esperava que os alunos desenhassem raios de luz que se propagassem de forma

independente, atravessassem o orifício e gerassem a imagem.

5. Cada ponto de um objeto emite luz em todas as direções, mas para determinar a

posição da figura da vela projetada na câmara é suficiente traçar apenas alguns

raios de luz que partem do objeto, passam através do orifício incidindo na parede

oposta. Desenhe, na figura 4.2, alguns raios de luz que partam da vela, atravessem

o orifício e que formem a projeção segundo sua previsão.

Percebeu-se que todos os alunos empregaram um caráter retilíneo para a

propagação da luz, embora alguns deles tenham construídos raios que não formariam a

imagem vista.

Eles já tinham previsto e ilustrado nas questões anteriores que a imagem

formada deveria ser invertida e apesar de alguns afirmarem que essa imagem seria

menor não houve por parte de todos a ilustração desse fato. Apenas 9 alunos

desenharam a imagem como sendo menor que o objeto (correspondente a 37,5%). Ao

que parece os alunos julgaram o fato de a imagem ser invertida mais relevante do que

ela se apresentar de um tamanho menor.

Na construção do esboço da questão 5, nota-se que a construção partiu da

ilustração da imagem invertida. Ou melhor, os alunos primeiro desenharam a figura

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invertida, alguns do mesmo tamanho e outros menores, e depois disso criaram os raios

partindo do objeto. Por isso, nem todos os raios desenhados iriam formar a imagem.

Apesar de usarem a sequência errada para a formação da imagem isso demonstra que

tentaram estabelecer estratégias de forma a tentar organizar o comportamento mediante

determinada situação.

Um exemplo é o caso em que os raios se cruzam no caminho entre o objeto e a

caixa e não parecem entrar pelo orifício como mostra a figura 5.4.

Figura 5.4: Esboço feito pelo aluno B para a questão 5 da investigação 4.

Fonte: Aluno B (2017)

Outra situação observada foi a ilustração de raios descontínuos que indicam que

o conceito de propagação da luz ainda não foi bem assimilado e nem os esquemas para

representação de retas e segmentos de retas para esse fim.

Figura 5.5: Esboço feito pelo aluno Y para a questão 5 da investigação 4.

Fonte: aluno Y (2017).

No esboço da figura 5.5 fica evidente a não preocupação com o tamanho da

imagem formada. Pelo contrário, a imagem desenhada é maior que a do objeto. Outro

exemplo do uso de raios não contínuos é mostrado da figura 5.6. Embora ele apresente

uma figura menor que o objeto os raios não são compatíveis com a figura desenhada.

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Figura 5.6: Esboço feito pelo aluno V para a questão 5 da investigação 4.

Fonte: aluno V (2017).

Os casos mais graves de raios que não poderiam gerar raios, feitos pelos alunos

R e S, são mostrados na figura 5.7:

Figura 5.7: Esboços feito pelos alunos R ( esboço de cima) e S (esboço de baixo) para a

questão 5 da investigação 4

Fonte: alunos R e S (2017).

Podemos quantificar como alunos que conseguiram representar raios capazes de

gerar imagens um total de 11 alunos (correspondente a 45,8%) representando os raios de

luz que de forma atravessam o orifício e projetam a imagem. Bons exemplos desse

grupo são os esboços dos alunos T e AH apresentadas abaixo na figura 5.8.

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Figura 5.8: Esboços feitos pelos alunos T (esboço de cima) e aluno AH (esboço de baixo)

para a questão 5 da investigação 4.

Fonte: alunos AH e T (2017).

No esboço do aluno AO, mostrado na figura 5.9, nota-se o cuidado em adequar o

tamanho da figura projetado apesar de os raios se cruzarem após o orifício.

Figura 5.9: Esboço feito por um aluno para a questão 5 da investigação 4

Fonte: aluno AO (2017).

As questões 8 e 9 foram respondidas depois de os alunos terem visto o que eram

triângulos semelhantes e as condições de semelhança.

Na questão 8, o intuito era averiguar as estratégias usadas pelos alunos para

classificar a semelhança entre os triângulos formados pelos raios de luz na câmera

escura em um dos casos de semelhança visto.

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8. Em qual dos casos de semelhança, apresentados pelo professor, você classificaria

os triângulos da figura 4.4?

Nove alunos (correspondente a 37,5%) afirmaram que os triângulos tinham os

três lados proporcionais afirmando que eles se classificariam no caso LLL (quando os

triângulos possuem os três lados proporcionais). Já cinco alunos (correspondente a

20,8%) apontaram que os triângulos tinham um ângulo igual e dois lados proporcionais

e desta forma atenderiam ao caso LAL (quando os triângulos possuem dois lados

proporcionais e o ângulo entre eles congruente). Dois alunos (correspondente a 8,3%)

apontaram dois dos ângulos como iguais atendendo ao caso de AA (quando os

triângulos possuem dois ângulos correspondentes congruentes).

Vemos que para resolver a essa nova situação, eles precisaram reestruturar os

seus esquemas de assimilação além de recorrerem aos esquemas já montados para retas

e segmentos de retas e os esquemas para ângulos também. Podemos dizer também que a

questão apresentou uma nova situação-problema favorecendo o processo de

acomodação dos esquemas de assimilação.

Os demais alunos ou não responderam ou somente apontaram a relação entre os

tamanhos dos triângulos como na citação abaixo do aluno AB.

“Quando um triângulo é menor”

A questão 9 pede apenas que os alunos apontem o que os triângulos formados

pelo cruzamento dos raios refletidos em um espelho e pelos prolongamentos destes

raios tinham em comum.

9. Na figura 4.7 a imagem de P é P’ que é obtida pelo cruzamento dos

prolongamentos dos raios refletidos. Observando os dois triângulos formados PQR

e P’QR, aponte o eles tem em comum. Explique.

Figura 4.7: Espelho plano.

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Um problema com esta questão é que alguns alunos acabaram por classifica-los

segundo os casos de semelhança e voltamos então ao problema recorrente da

dificuldade em entender o enunciado das questões. Outro problema é que a maioria não

explicou o porquê de suas colocações, como foi pedido. Através dos porquês seria mais

fácil analisar as estratégias montadas por eles e quais esquemas foram acionados.

Nove alunos (correspondente a 37,5%) identificaram que os triângulos teriam

dois lados semelhantes e um ângulo igual. Cinco alunos (correspondente a 20,8%)

afirmaram que os triângulos teriam os 3 lados proporcionais e 3 alunos (correspondente

a 12,5 %) apontaram dois dos ângulos como sendo iguais.

Podemos afirmar que a investigação 4 se mostrou uma boa situação-problema

para que os alunos reforçassem seus esquemas sobre ângulos e representações

geométricas além de reestruturarem seus esquemas para o entendimento da Semelhança

de Triângulos. As concepções sobre a propagação retilínea da luz também foram usadas

e se mostraram bem consolidadas para a maioria dos alunos, indicando uma perspectiva

de equilibração majorante em relação a esses conceitos.

A Investigação 5 tinha por objetivo averiguar a compreensão dos alunos sobre a

formação das sombras como consequência da propagação retilínea da luz, a

diferenciação entre retas paralelas e transversais e avaliar a medida da altura de uma

árvore numa maquete como contexto para o ensino do Teorema de Tales. Nesta

investigação contamos com a presença de 17 alunos.

Na questão 2 era explorada a formação das sombras.

2. Antes de fazer qualquer medida, explique o que justifica a formação das

sombras da árvore e da vareta?

Sete alunos (correspondente a 41,2 %) não foram conclusivos em suas

respostas. Explanaram que o motivo da existência era a luz, mas sem argumentar ou

explicar como isso ocorria. Isso pode ser visto na resposta dado pelo aluno AJ:

“Por causa da luz”

Desta forma podemos concluir que lhes faltaram esquemas para ajudar na

proposição de uma resposta que levasse em conta as propriedades da luz.

Os demais alunos foram mais claros em suas explicações apontando para a

forma como a luz se propaga e a forma como os materiais interagem com a luz. Como

por exemplo, o aluno Y cuja transcrição da resposta se segue.

“Pelo fato da luz se propagar em linha reta tocando o objeto opaco formando uma

reta por trás do objeto e não o atravessando assim formando seu reflexo.”

Percebe-se na transcrição acima que o aluno Y fez o emprego errado do signo

reflexo. Dentro do contexto da frase esperar-se-ia que ele usasse a palavra sombra.

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Contudo ele trabalha conceitos como opaco o que leva a crer que assimilou bem a forma

como esse tipo de material se comporta quanto a passagem da luz.

Outros exemplos são as respostas dadas pelos alunos A e T transcritas,

respectivamente, abaixo.

“As luzes vão em linha reta e não conseguem passar objetos solido e não

transparente e formando a sombra.”

“Por que cem o reflexo da luz cuando bate na arvore a sombra fica em linha reta

por isso em um lado da árvore fica escura por causa dos raios que vão em direção da

árvore.”[sic]

A última transcrição revela uma confusão de conceitos com o intuito de explicar

a formação da sombra. Ele argumenta que a sombra seria causada pela falta do reflexo

da luz. Existe uma confusão com o conceito reflexo que ele parece empregar como

sendo uma propriedade da luz. O provável é que em algum momento, alguma situação

ele passou a associar a luminosidade ou brilho de uma fonte de luz ao conceito de

reflexo da luz e até o momento esses esquemas atendiam as suas necessidades. Espera-

se que esta atividade crie um conflito cognitivo capaz de causar a diferenciação. Outro

ponto é que ele afirma que a sombra fica em linha reta, isso foi construído com base nas

sombras da vareta vistas na maquete.

A terceira questão trata da distinção entre retas paralelas e transversais.

3. Na figura abaixo, tente identificar quais retas formam o feixe de retas paralelas

e quais são as retas transversais mencionadas na definição do Teorema de Tales.

Figura 5.4: Maquete com raios solares.

Nesta questão 13 alunos (correspondente a 76,5%) fizeram a previsão esperada

para as retas. O que mostra que o conceito de reta e segmento de reta foi bem explorado.

Através das discussões com a turma para se chegar a relação de proporção

identificou-se que eles usaram novamente a situação para explorar e dar significado ao

conceito de ângulo.

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Podemos dizer que a atividade foi satisfatória para fornecer uma situação para

contextualização do Teorema de Tales e a relação de proporcionalidade presente nele e

na Semelhança de Triângulos.

A quarta questão dessa atividade usava as relações de proporcionalidade para se

chegar a altura da árvore, e como todos os alunos usaram os mesmos valores para sua

obtenção e a análise da habilidade em álgebra não era o foco da atividade, ela não foi

avaliada.

4. Realize os cálculos de proporções com os valores medidos e depois compare com

a altura verdadeira da árvore representada.

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Capítulo 6

Conclusões e Perspectivas Futuras

Neste trabalho, nós propomos a apresentação de conteúdos da Geometria a partir

do contexto da Óptica Geométrica. Mais precisamente, apresentamos roteiros de

atividade (roteiros do professor e do aluno) com o uso da Câmara Escura de Orifício

como contexto para o Ensino da Semelhança de Triângulos e a medição indireta da

altura a partir da sombra para apresentar o Teorema de Tales. Inserimos essas atividades

num contexto maior de uma sequência de atividades que visavam servir de base para a

apresentação dos conceitos iniciais da Óptica situando o aluno dentro desse contexto e

lhes fornecendo situações para servir de base para entender a formação da imagem na

câmara e a formação da sombra como consequências da propagação retilínea da luz. O

intuito também era averiguar a assimilação dos alunos sobre conteúdos mais básicos da

Geometria como reta e ângulo.

Para definir os conteúdos geométricos a serem trabalhados, recorremos a uma

pesquisa nos livros do 2º ano do Ensino Médio de Física aprovados no PNLD 2011 e

2014. A partir dela escolhemos por trabalhar com Semelhança de Triângulos por sua

enorme aplicação aos conteúdos ópticos e nos demais campos da Física e também com

o Teorema de Tales.

As ferramentas de avaliação que usamos foram as respostas aos roteiros

destinadas aos alunos e o monitoramento durante as aulas. Não utilizamos pré-teste uma

vez que as principais concepções alternativas dos alunos sobre Óptica já são informados

na literatura (como por exemplo no trabalho de Harres, 1993) e as atividades

introdutórias da sequência didática já servia para indicar algumas das dificuldades

geométricas dos alunos. O uso de pós-testes foi questionado de acordo com metodologia

usada. Como todas as atividades envolviam questionário, num total de 5 questionários,

incluir mais um no final da proposta poderia ser maçante.

Os resultados indicaram um bom envolvimento por parte dos alunos, o trabalho

em grupo se mostrou proveitoso e permitiu a troca de saberes e negociação de

significados onde os alunos precisavam ser ativos na aprendizagem, fazendo

observações e propondo explicações. Deparamo-nos com problemas básicos como

dificuldade na leitura e escrita o que acaba por refletir nos resultados. Mas a dificuldade

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no uso dos signos e da linguagem só pode ser superada a partir de situações que exijam

do aluno o uso desta ferramenta. Aprende-se a escrever, escrevendo e a ler, lendo.

Podemos então concluir que, nesse aspecto, a aplicação do produto foi proveitosa por

pelo menos tirá-los da zona de conforto, instigando que eles transmitissem para o papel

seu pensamento e/ou externalizasse-o para os colegas. Isso foi especialmente

significativo para a turma onde o produto foi aplicado, uma turma de nono ano noturno

que apesar de regular conta com muitos alunos fora faixa etária esperada.

As conclusões que se chega quanto o uso do produto é que ele se mostrou

potencialmente útil para a contextualização dos conteúdos matemáticos por trabalha-los

fora do ambiente unicamente matemático. As situações propostas permitiram que os

alunos conflitassem seus conhecimentos prévios na tentativa de construir esquemas para

respondê-las ou, em alguns casos, reforçassem os já existentes fortalecendo-os. Então

podemos dizer que a contextualização foi válida e capaz de gerar benefícios mútuos

para a Física e Matemática.

Como o produto foi aplicado e é destinado ao Ensino Fundamental podemos

dizer que ele conseguiu oferecer situações aos alunos que lhes permitiram criar

subsunçores importantes para o estudo da Óptica no Ensino Médio nas aulas de Física,

mas também se mostraram úteis para averiguar os domínios conceituais e esquemas dos

alunos sobre alguns assuntos como reta e ângulo. Como os alunos foram apresentados a

mais de uma situação em que precisavam recorrer a esse conceito e seus esquemas para

eles e sabendo que os conceitos vão se tornando mais consistentes e se consolidando a

partir de novas situações, nos arriscamos a dizer que as atividades propiciam essa

consolidação.

Um dos problemas para a aplicação deste produto é o tempo total de aplicação.

Mas precisamos deixar bem claro que as atividades que tem por finalidade a

apresentação do conteúdo geométrico da Semelhança de Triângulos e Teorema de Tales

podem ser aplicadas em separado usando para isso um tempo bem menor. As atividades

anteriores a elas foram usadas como estratégia para contextualiza-las da forma mais

significativa possível. Uma boa utilização do material poderia se dá em turmas da

Educação de Jovens e adultos já que a turma da aplicação tinha características bem

próximas destas.

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Futuramente podemos propor a construção de exercícios potencialmente

significativos e também contextualizados para dar suporte a formalização dos conceitos

de Semelhança de Triângulos ou a construção de materiais palpáveis como triângulos

que atendessem aos diferentes tipos de casos de semelhança e que os alunos pudessem

investigar. Esta vontade surgiu da necessidade encontrada de usar este tipo de material

durante a aplicação em especial dos exercícios.

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Capítulo 7

Referencias Bibliográficas

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Capítulo 8

Apêndices- Produto Educacional

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O USO DA CÂMARA ESCURA COMO

CONTEXTO PARA O ENSINO DA SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

Material do Professor

INTRODUÇÃO

Apresentamos como produto educacional roteiros de atividades investigativas

para o ensino da Semelhança de Triângulos a partir da Câmara Escura de Orifício e do

Teorema de Tales a partir da medição de altura de forma indireta através da sombra. O

ensino destes tópicos se dá dentro de uma sequência didática que permite apresentar aos

alunos temas iniciais de Óptica Geométrica e explorar seus esquemas sobre temas mais

básicos da Geometria.

Desta forma, podemos dividir a sequência didática em dois momentos: no

primeiro momento, são trabalhadas investigações que tratam d os princípios da óptica

geométrica e das leis da reflexão a fim de fornecer um contexto para o ensino da

Geometria bem como as ideias e subsunçores que os alunos usarão para explicar a

formação da imagem na Câmara Escura de Orifício e a formação das Sombras. Estas

investigações servem também para avaliar as concepções dos alunos sobre temas como

retas, segmentos de retas, ângulos e medidas de ângulo a fim de avaliar se esses

conceitos estão bem estruturados e reforçá-los através de situações onde o uso de seus

esquemas sobre eles são necessários, como por exemplo, representar a trajetória descrita

pela luz através de raios de luz que são segmentos de reta orientados ou avaliar a lei da

reflexão através da medida do ângulo entre o feixe refletido e o espelho, no segundo

momento, são apresentados temas da Geometria, como Semelhança de Triângulos e

Teoremas de Tales, a partir do contexto criado pela Óptica, mais especificamente das

consequências dos princípios desta.

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Essas atividades são voltadas ao Ensino Fundamental, momento em que os

alunos devem ter contato com os temas da Geometria Plana. No 9º ano do Ensino

Fundamental, está prevista a apresentação da Semelhança de Triângulos e o Teorema de

Tales na grade das aulas de Matemática no mesmo ano em que os alunos têm aulas de

introdução à Óptica nas aulas de Ciências, o que torna o 9º ano um bom momento para

apresentação conjunta e interdisciplinar dos temas. Outra oportunidade seria trabalhar

com alunos da Educação de Jovens e Adultos onde o trabalho harmonicamente

articulado dos dois temas tornaria o ensino-aprendizagem mais dinâmico e significativo.

As atividades promovem o envolvimento dos alunos através das situações

propostas e da interação com os equipamentos usados. Os roteiros prezam pelo trabalho

em grupo de forma a permitir a troca de saberes e negociação de significados onde os

alunos precisavam ser ativos na aprendizagem, fazendo observações e propondo

explicações. Propõem situações em que os alunos usam e aprimoram seus esquemas

cognitivos sobre Geometria e fortalecem subsunçores úteis para a formalização

posterior dos conteúdos geométricos e também para o ensino de Física no Ensino

Médio. Então podemos dizer que é capaz de gerar benefícios mútuos para a Física e a

Matemática.

As vantagens do uso do produto estão em contextualizar os conteúdos

matemáticos trabalhando-os fora do ambiente unicamente matemático ao tempo em que

apresenta tópicos inicias da Óptica Geométrica permitindo que criem esquemas para os

conceitos que serão reforçados durante o Ensino Médio. Mas um empecilho ao seu uso

seria o tempo de uso. A previsão de uso de toda a sequência é de sete aulas, mas vale

ressaltar que os roteiros em que são trabalhados a Semelhança de Triângulos e Teorema

de Tales podem ser usados separadamente a depender da necessidade e tempo

disponível do professor.

Como os roteiros são construídos para que os alunos observem o fenômeno e

então escrevam suas observações, façam previsões ou expliquem o observado, um dos

obstáculos com qual o professor pode se deparar é a dificuldade para interpretar as

questões e para construir respostas. Nas questões em que se pedem para explicar o

observado, é comum que alguns alunos respondam o efeito como sendo a causa. A

quantidade e a necessidade de se construir respostas a todo momento pode gerar

desânimo entre os alunos, mas é uma ferramenta crucial para que externalizem suas

ideias e para que sejam avaliadas suas dificuldades e progresso.

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1. Sobre a estrutura das aulas e a avaliação

As atividades de investigação devem ser realizadas em grupo para promover a

troca de conhecimento e discussão entre os alunos, mas é importante que eles construam

as respostas de forma individual. O professor deve assumir o papel de mediador durante

as atividades guiando a sequência da atividade e orientando sobre quando e quais

questões os alunos devem responder ou em que momento só observar ou interagir e

manipular os equipamentos. O professor deve acompanhar e verificar o preenchimento

dos questionários buscando, quando convir, a interferência dialógica para a construção

dos conhecimentos e dos significados com os alunos.

Após a realização das investigações, depois dos alunos terem contato com as

situações, feito suas observações, proposto explicações, o professor deve formalizar os

conteúdos trabalhados. Tanto os conteúdos trabalhados da Óptica Geométrica como os

da Geometria devem ser passados ou reforçados para os alunos. Principalmente nas

investigações 1, 2 e 3. Sugere-se que a primeira formalização de parte do conteúdo se dê

após a primeira investigação que podemos chamar de um momento de discussão, a

segunda depois da investigação 3. Para as investigações 4 e 5, serão apresentadas a

Semelhança de Triângulos e o Teorema de Tales durante as atividades pois são

necessárias para a conclusão da atividade e por elas poderem ser usadas

independentemente do restante da sequência.

A sequência didática inteira está composta de cinco roteiros de atividades

investigativas em que são apresentados os objetivos buscados com a investigação, os

elementos da geometria trabalhados, os materiais necessários, roteiros para a construção

do equipamento usado (investigações 1, 4 e 5) e como deve se dá o desenvolvimento da

atividade. O tema da Óptica Geométrica que é o contexto para o trabalho com a

Geometria é introduzido por um texto de entrevista da luz.

A tabela 1.1 abaixo ilustra a sequência das atividades a ser seguida.

Atividade Objetivos

Óptica geométrica Geometria

Texto de

Apresentação. Apresentar aos alunos o tema de estudo

Investigação

1: Como a luz

pode ser

representada por

raios.

Explorar a propagação retilínea da

luz, usar os raios de luz para

representar a trajetória descrita pela

luz, diferenciar feixes divergentes,

convergentes e paralelos.

Explorar o conceito de reta,

segmento de retas e retas

paralelas.

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Discussão

Formalizar e/ou revisar os conteúdos explorados na investigação 1.

Investigação

2: Você sempre

vê as reflexões em

espelhos?

Explorar a propagação retilínea da

luz, mostrar o princípio da

reversibilidade dos raios de luz,

mostrar a reflexão em espelhos

planos e motivar o surgimento de

ideias sobre o fenômeno.

Explorar a ideia de segmento

de reta.

Investigação

3: Como a luz é

refletida em um

espelho?

Identificar que o ângulo de

incidência é igual ao ângulo de

reflexão e perceber o princípio da

independência dos raios de luz.

Trabalhar com segmentos de

retas, verificar e reforçar a

noção de ângulo e como

medir ângulos.

Discussão

Formalizar e/ou revisar os conteúdos explorados nas investigações

2 e 3.

Investigação

4: Câmara Escura

de Orifício.

Inferir o princípio de propagação

retilínea da luz e o princípio da

independência dos raios luminosos,

contextualizar a semelhança de

triângulos e comprovar a

propriedade fundamental dos

espelhos planos.

Explorar a ideia de figuras

semelhantes, construir a

semelhança de triângulos e

verificar a semelhança dos

triângulos na câmara e

classifica-la e no espelho

plano.

Investigação

5: Medindo

alturas

Explorar a propagação retilínea da

luz, usar os raios de luz para

representar a trajetória descrita pela

luz, explorar o Teorema de Tales.

Diferenciar retas paralelas e

retas transversais, explorar a

semelhança de triângulos,

trabalhar a noção de

proporções e apresentar

Teorema de Tales.

Tabela 1.1: Sequência de atividades.

Para a avaliação do aproveitamento do aluno, deve-se levar em conta sua

organização em grupo, participação das discussões, respostas dadas por escrito e

esboços montados. O que se deve avaliar é de certa forma, o percurso cognitivo durante

a situação ou situações na tentativa averiguar uma melhora conceitual, o que não

necessariamente significa compreensão total do tema.

Primeiro contato: aquecendo a turma!

O que vamos fazer?

Explique aos alunos que através de investigações simples vamos construir

conceitos de geometria e óptica geométrica. Vamos explorar temas como a propagação

da luz, espelhos planos, a semelhança de triângulos e o teorema de Tales que são muito

usados para construir relações métricas.

Mas antes vamos ter uma conversa...

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Peça que os alunos imaginem um diálogo com a luz. Pode-se construir o diálogo

como se fosse uma entrevista onde os alunos fazem as vezes do entrevistador e os

alunos de entrevistado (a luz).

- Como você se chama?

- Luz, somente luz; no entanto, tenho vários apelidos...

- Que apelidos você tem?

- Essa é uma história um pouco longa... Mas vou tentar contá-la.

- Conte-me então.

- Tudo começou no primeiro dia, aliás, em plenas trevas... Já no final desse mesmo

dia, fui criada. Desde esse momento, sai por aí, refletindo, refratando, espalhando e

fazendo muito mais...

-Mas como você é capaz disso tudo, se é invisível?Quem é você? O que você é?

- Pois é... Já alaram bastante a meu respeito. Muitos, inclusive, discordam da minha

invisibilidade. Mas há uma verdade: só é possível acompanhar o meu rastro quando

existe algo no meu caminho.

- Como assim?

- É simples: quando saio do farol de um carro, num dia de chuva, só se vê o meu

facho porque as gotículas de água me refletem, isto é, me atrapalham. Só é possível ver

meu trajeto quando parto do farol de uma torre porque as partículas de poeira, em

suspensão, se colocam no meu caminho, desviando-me para todos os lados.

-Ah, entendi... Continue sua história.

- No inicio, os homens pré- históricos não estavam muito interessados nisso. Depois,

no século XVII, travou-se uma grande discussão acerca da minha natureza. Uns diziam

que eu constituiria em pequenas partículas porque, ao incidir em um espelho, era

refletida como uma bola de bilhar em uma mesa. Outros diziam que eu era onda, pois

alguns fenômenos luminosos apresentam características de ondas, como o som

produzido por cordas e membranas.

- Quer dizer então que você é uma onda?

-Bem, essa foi a conclusão dos cientistas até o final do século passado. Na verdade,

as pesquisas no início desse século apontaram novamente para a minha natureza

corpuscular.

-E, no final das contas, o que você é?

-Não posso responder, pois só é possível ao homem penetrar minha essência através

dos conceitos e das teorias que ele cria. A natureza representa um grande desafio à

capacidade humana de compreensão. Os debates e as discussões entre os cientistas são

decorrência dessa tentativa de entender minha essência.

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-Isso quer dizer que a Ciência não chegou a uma conclusão definitiva sobre sua

natureza? Algumas vezes é vista como onda, outras como partícula?

-É, parece que você entendeu o espírito da situação. Hoje, para a Ciência, sou algo

com duas faces: uma ondulatória e outra particular. Talvez amanhã cheguem a outra

imagem sobre minha natureza. Por enquanto, me apresento com essa dupla identidade,

como um agente secreto.

Fonte do texto: FIGUEIREDO, A.; PIETROCOLA, M. Luz e cores- Física um outro lado,

FTD, São Paulo, 2000.

Após a leitura do texto peça que os alunos comentem sobre o que leram, sobre o

que é a luz e como se comporta. Esse é o momento de apresentar a luz como tendo um

comportamento dual- onda e partícula- e apresentar a Óptica como a área de estudo

voltada aos fenômenos relacionados à luz. Explique que iremos explorar temas

abordados pela Óptica geométrica, ramo que estuda os fenômenos ligados à propagação

da luz.

Depois da leitura do texto e da discussão inicie a Investigação 1.

Investigação 1: Como a luz pode ser representada por raios.

Fonte: adaptado de Active Learning in optics and photonics, 2006.

Objetivo: explorar a propagação retilínea da luz, usar os raios de luz para representar a

trajetória descrita pela luz, diferenciar feixes divergentes, convergentes e paralelos,

classificar as fontes de luz como puntiforme ou extensa.

Elementos da geometria: segmentos de reta e retas paralelas.

Equipamentos: 6 banquinhos idênticos, caneta laser, lâmpada pequena, suporte para

lâmpada, 5 tubos de PVC de ½” e 30 cm de comprimento, 10 m de barbante, fita

adesiva e pó de giz.

Montagem dos Tubos: Para usar os tubos prepare-os fixando com fita adesiva 2 metros

de barbante. Enrole o barbante no tubo para que os alunos usem durante a atividade

apenas o tamanho necessário.

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Figura 1.1: materiais utilizados

Desenvolvimento: Delimite uma área de no mínimo 25 m² (sugestão de 5 × 5, em

metros). Monte e posicione o suporte e a lâmpada em um ponto central dessa área sobre

um banquinho. Distribua os demais banquinhos em posições aleatórias, como no

esquema da figura 1, sobre os quais repousam os tubos de PVC com o barbante

enrolado. Peça, então, que os alunos observem a lâmpada através do tubo. Em seguida,

peça-lhes que gire levemente o tubo para a direita e depois para a esquerda e pergunte-

lhes se eles conseguem ainda ver a lâmpada. Peça-lhes então que coloque os tubos nas

posições angulares em que se pode observar a lâmpada e fixe-o no banquinho através de

fitas adesivas. Feito isso nos 5 banquinhos, peça-lhes que estique o cordão a partir do

tubo até a extremidade do bulbo da lâmpada e averigue se o cordão é paralelo ao eixo

do tubo quando o cordão passa por cima deste. Fixe o barbante no suporte da lâmpada

com fita adesiva. Peça então que os alunos respondam as questões 1,2 e 3.

1. Que figura geométrica o cordão faz nesse momento? Uma reta ou uma

curva?

2. Se o tubo for girado levemente para a direita ou para esquerda, mudaria a

forma do cordão? Neste caso é possível observar a luz proveniente da

lâmpada?

3. Com base na questão anterior, como a luz se propaga, como uma reta

acompanhando o cordão esticado ou uma curva?

Em seguida, peça que olhem esquema da figura 1.2 e respondam a questão 4 e 5. Dê

uma volta pela sala e observe os esboços, mas sem interferir.

4. No diagrama da figura 1.2 esboce 5 raios de luz que começam no bulbo da

lâmpada e vão até os pontos de 1 a 5. Compare com o de seus colegas.

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Figura 1.2: Esquema de disposição da lâmpada e dos alunos.

Nesse momento espera-se que o aluno seja capaz de formalizar sua resposta quanto

ao tipo de propagação da luz, desta forma, espera-se que eles desenhem retas ligando a

lâmpada aos pontos.

5. Descreva esses raios em palavras. Como eles são desenhados à medida que

a distância ao filamento aumenta?

Espera-se que eles descrevam que os raios são representados por retas que partem

do objeto (no caso a lâmpada) se tornam mais afastadas entre si com a distância. Isso

propicia a formação da ideia de uma fonte divergente.

Com os alunos de volta a suas posições, peça que eles observem agora a luz de um

laser que brilha através da sala.

Pode ser útil suspender pó de giz na sala de forma a melhor visualizar o caminho do

laser. Peça que eles respondam a pergunta 6. Novamente, peça que discutam, troquem

ideias e em seguida respondam a questão 7 e 8.

6. Você pode ver o feixe de laser bem sem o pó de giz no ar? Por que o pó de

giz torna o feixe mais visível? O que você viu foi a luz proveniente

diretamente do laser ou tem mais alguma coisa acontecendo?

7. Aponte as diferenças que você identificou entre a luz do laser e a da

lâmpada e a forma como elas atravessam a sala.

As duas últimas perguntas deve-se esperar respostas que revelem que o aluno já

começa a associar o fato de ver um objeto com a reflexão da luz, no caso da questão 6,

e que eles percebam que tanto na lâmpada e no laser, a luz se propaga em linha reta,

mas no caso do laser os raios são sempre em uma única direção, enquanto na lâmpada

os raios vão e várias direções.

8. Quais as diferenças entre as respostas de seus colegas e a sua?

Agora aponte o foco para o esquema como o da figura 2 e peça que respondam as

pergunta 9,10 e 11.

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9. Com base em suas observações, esboce alguns raios deixando o laser no

esquema da figura 1.3.

Figura 1.3: Esquema de disposição do laser e dos pontos.

10. Você espera que o feixe do raio laser passe pelo ponto 1, 2, 3 ou em

nenhum? Qual a diferença entre os raios que você desenhou neste esboço e

no anterior?

Caso o aluno não consiga responder essa questão, peça-lhe que esboce os raios de

luz como se fosse trocado o laser por uma lâmpada incandescente como o da figura 1 e

depois compare com a do laser.

11. Você acha que existem outras situações nas quais os raios podem ser

representados como os saídos de um laser? Imagine um feixe de luz solar

que atinge a Terra, ele seria constituído de raios luminosos semelhantes aos

da lâmpada ou do laser?

Para finalizar a atividade peça que eles pesquisem como acontece um eclipse solar.

Dificuldades mais prováveis: durante a realização da investigação os alunos podem

apresentar dificuldades em ler e interpretar as perguntas, necessidade de perguntar o

que deve ser feito mesmo antes de ler o material, dificuldade em construir respostas,

tentar explicar o fenômeno observado apenas relatando-o, desenhar apenas um raio de

luz saindo do laser.

Bibliografia utilizada na Investigação 1:

UNESCO. Active learning in optics and photonics (ALOP): training manual. 2006

LUZ, A. M. R. Física em Contexto & Aplicações: ensino médio, 1ª ed., São Paulo,

Scipione, 2013.

Após a conclusão da Investigação 1 é hora de formalizar os conceitos

trabalhados comece falando sobre fontes de luz:

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Fontes de luz

Se observarmos os objetos que nos rodeiam, verificamos que alguns deles emitem luz,

isto é, são fontes de luz, tais como o Sol, uma lâmpada acesa, a chama de uma vela.

Mas outros, apesar de não emitirem a luz podem ser vistos porque são iluminados pela

luz de alguma fonte de luz.

As fontes de luz podem ser:

Fonte de luz primário: corpo luminoso. Aquele que emite luz própria.

Fonte de luz secundária: corpo iluminado. É aquele que reenvia a luz recebida de

outros corpos luminosos.

Fonte de luz pontual: quando as suas dimensões são desprezíveis em relação a

distância que o separa do observador.

Fonte de luz extensa: quando suas dimensões não podem ser desprezadas em

relação a distância que o separa do observador.

Em seguida formalize o conceito de raio de luz para o aluno. Lembre-se que para

eles esse conceito não é tão trivial quanto possa parecer.

Raios de luz

Para representar graficamente a direção e o sentido de propagação da luz a partir de uma

fonte luminosa usamos segmentos de reta orientados. A esses segmentos de reta

chamamos de raios de luz.

Esses raios irão representar a trajetória da luz da fonte até o seu destino. Chamamos um

conjunto de raios de luz de feixe de luz.

Um feixe pode ser classificado como:

Se estivermos em um ambiente desprovido de partículas materiais não poderemos

enxergar um feixe de luz. Isso acontece porque só somos capazes apenas os objetos

iluminados, ou seja, o que vemos é a interação da luz com a matéria que ela iluminou.

Relembrando a geometria:

Retas: são figuras geométricas primitivas formadas por conjuntos de

pontos. O fato de serem primitivas significa que não existe uma definição para elas,

contudo, aceitamos que retas são linhas que não fazem curva.

Segmentos de reta: Um segmento de reta é apenas uma parte da reta.

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Classificação das retas:

Paralelas: não tem nenhum ponto em comum.

Transversais: possui só um ponto em comum. Um exemplo de retas transversais

são as retas perpendiculares.

Coincidentes: possuem dois pontos e comum.

Diferencie os meios de propagação para que os alunos sejam capazes de melhor

avaliar as diferentes situações onde podem ou não ver um objeto.

Meios de propagação da luz

Podemos classificar os materiais quanto à capacidade de deixar ou não a luz passar.

Transparente:conseguimos ver os objetos nitidamente através dele.

Translúcido: não conseguimos enxergar muito bem através dele, a visualização

não é nítida.

Opaco: não conseguimos ver através dele

Com base em como a luz se propaga e com o que eles observaram na

investigação comente que se pode concluir que:

A luz em um meio homogêneo e transparente a luz se propaga em linha reta.

Chamamos o fato da luz se propagar em linha reta de Princípio de Propagação

Retilínea da Luz.

Dando continuidade aos estudos vamos as Investigações 2 e 3.

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Investigação 2: Você sempre vê as reflexões em espelhos?

Fonte: adaptado de ROBERTO, 2009.

Objetivos: explorar o princípio de propagação retilínea da luz, mostrar o princípio da

reversibilidade dos raios de luz, mostrar a reflexão em espelhos planos e motivar o

surgimento de ideias sobre o fenômeno.

Elementos da geometria: segmentos de reta.

Equipamentos: espelho plano, suporte para montar o espelho em pé sobre uma

superfície horizontal (mesa), uma lâmpada com soquete e tecido preto.

Figura 2.1: materiais utilizados.

Desenvolvimento: monte o espelho plano sobre uma mesa e cubra-o com um tecido

preto e peça a três alunos voluntários para que se posicionem na frente do espelho como

mostra a figura 2.2.

Figura 2.2: Esquema de montagem.

Utilizando fita adesiva cada aluno deve marcar sua posição no chão ou local onde

estiverem como, por exemplo, a carteira. Posicione a lâmpada um pouco a direita e

ligue-a e depois a deixe desligada. Feito isso, os alunos devem se reunir em grupos e

responder as questões 1,2 e 3.

1. Você acha que a luz reflete no espelho? O que te faz achar isso?

2. O que o seu grupo acha? Escreva as ideias que o grupo elaborou que sejam

diferentes das suas.

Espera-se que os alunos consigam associar a imagem formada no espelho, e vista

por ele, ao fenômeno da reflexão dos raios de luz. Para facilitar a formação dessa ideia

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é importante a negociação de saberes e entendimentos com os colegas, por isso, a

questão 2 se faz relevante.

3. Após o espelho ser descoberto, qual dos três estudantes poderá ver o reflexo

da lâmpada no espelho?

Chame-os de volta e descubra o espelho. Peça que respondam as questões 4 e 5.

4. Qual dos estudantes foi capaz de ver o reflexo da lâmpada? O que

aconteceu está de acordo com o que você esperava? Se não, explique o

porquê?

5. Desenhe os raios de luz que expliquem o que foi observado.

As respostas devem caminhar para a formação da ideia de que para ver a imagem

de um objeto, ele deverá receber um feixe de luz, proveniente do objeto, depois refletido

no espelho. Traçando-se os raios que atingem a extremidade do espelho e obtendo um

raio refletido que chega ao observador, é previsto que se note essa limitação.

Agora circunscreva com um pincel para quadro branco a região no espelho onde um

dos estudantes vê o reflexo da lâmpada. Em seguida, troque-o de lugar com a lâmpada.

Questione-o sobre o que ele percebeu e peça que comente para os colegas. Para que

todos consigam visualizar o esperado, deixe o espaço aberto para que cada um dos

alunos tome a posição do colega e observe.

Em seguida peça que respondam a questão 6.

6. Ao trocar de posição a lâmpada (objeto) e o aluno (observador) você

observou que ainda é possível ver o reflexo da lâmpada? E o reflexo da

lâmpada está novamente circunscrita? Como você explicaria isso?

A sexta questão pretende explorar a visualização da reversibilidade dos raios

luminosos. O ideal é que eles comentem sobre o caminho percorrido pela luz para

chegar ao observador.

Dificuldades mais prováveis: durante a realização da investigação pode acontecer de

os alunos alterarem a resposta dada na questão 3 após observar o que acontece quando o

espelho é descoberto, para coibir essa ação comente que essa questão nada mais é do

que uma previsão e que eles não devem se preocupar em errar, mas devem dar o melhor

de si. Alguns alunos também podem demonstrar dificuldade em construir respostas.

Tente que na questão 5 eles não se restrinjam a desenhar somente o raio de luz que

chega ao observador que conseguiu vê o reflexo da lâmpada, mas que no desenho

explorem mais de um raio que sai da lâmpada o que pode facilitar a entendimento de

porque o(s) outro(s) não viram.

Bibliografia utilizada na Investigação 2:

ROBERTO, E. V. Aprendizagem ativa em ótica geométrica: experimentos e

demonstrações investigativas. Dissertação de Mestrado, IFSC- USP, 2009, p. 70-72.

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LUZ, A. M. R. Física em Contexto & Aplicações: ensino médio, 1ª ed., São Paulo,

Scipione, 2013.

Investigação 3: Como a luz é refletida em um espelho?

Fonte: adaptado de ROBERTO, 2009.

Objetivos: identificar que o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão e

perceber o princípio da independência dos raios de luz.

Elementos da geometria: segmentos de reta, ângulos e medidas de ângulos.

Materiais : 4 espelhos planos, suportes, anteparos, 4 canetas-lasers, transferidores,

réguas e papel quadriculado.

Figura 3.1: materiais utilizados.

Desenvolvimento: Entregue os materiais listados para os grupos. A princípio peça que

eles observem a imagem da figura 3.2 e respondam as questões 1 e 2. Dê uma volta pela

sala e observe os esboços feitos pelos alunos sem interferir.

Figura 3.2: Esquema para um raio de luz incidindo sobre um espelho.

1. A figura 3.2 mostra um raio de luz incidindo com um ângulo de 45° em um

espelho plano. Como é o raio refletido? Desenhe a sua resposta.

2. O que os seus colegas de grupo acham? Quais ideias deles que são diferentes

da sua?

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O intuito da questão 1 é averiguar o entendimento dos alunos sobre a reflexão a fim

de construir a lei da reflexão, então, não responder corretamente não atrapalha o

entendimento da atividade. A troca de informações proposta na questão 2 auxilia nessa

construção.

A seguir, peça que eles reproduzam a figura 3.1 com os materiais que foram

distribuídos para responder a questão 3.

Para facilitar a montagem, marque no papel milimetrado a posição onde devem

colocar o espelho e a fonte de luz de forma que a luz incida fazendo um ângulo de 45°

com o espelho.

Para a verificação peça que eles usem o transferidor para medir o ângulo formado

entre o raio refletido e o espelho.

Verifique se existe dificuldade para reproduzir a situação da figura 3.1. Auxilie

sugerindo que um dos alunos segure o espelho, outro segure o laser e outro faça então a

medida .

3. Incida um feixe de luz com um ângulo de 45° com o espelho. O que você

observou? Aconteceu o que você imaginava?

Conclua esta etapa desenhando no quadro negro um esquema contendo o espelho, o

feixe incidente e o feixe refletido e apresente a ideia de reta normal.peça para ser

respondido a questão 4.

4. Como a luz se reflete no espelho? Explique com uma frase.

5. O que acontece se o ângulo de incidência for mudado? Por exemplo, quando

for 30° ou 60°?

6. Na imagem abaixo quatro raios de luz incidem em quatro espelhos. Como

são os raios refletidos? Desenhe sua ideia.

Figura 3.3: Esquema para reflexão de feixes de luz incidente em espelhos planos.

7. Os desenhos dos seus colegas de grupo são diferentes do seu? Em que?

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Na questão 6 o foco é a percepção do princípio da independência dos raios

luminosos. Se ao final das questões os alunos não chegarem ao entendimento correto o

professor pode complementar com a apresentação de imagens, mas espera-se que isso

não seja necessário.

Dificuldades mais prováveis: durante a realização da investigação pode haver

dificuldade em manter o foco do aluno em realizar a atividade e não em “brincar com o

laser”, deve-se ficar atento a isso. Outra dificuldade consiste em utilizar a ferramenta

transferidor, se o aluno não souber usá-lo isso pode interferir no resultado, bem como

outras limitações inerentes aos materiais usados. Para reduzir estas dificuldades instrua

que o grupo coopere de forma a quem souber usar o transferidor ensinar a quem não

sabe.

Bibliografia utilizada na Investigação 3:

ROBERTO, E. V. Aprendizagem ativa em ótica geométrica: experimentos e

demonstrações investigativas. Dissertação de Mestrado, IFSC- USP, 2009, p. 70-72.

LUZ, A. M. R. Física em Contexto & Aplicações: ensino médio, 1ª ed., São Paulo,

Scipione, 2013.

Após a realização das Investigações 2 e 3 e interessante discutir com os alunos a

fim de chegarmos a outras conclusões sobre o comportamento da luz chegando aos

outros princípios da Óptica Geométrica:

Quando um raio de luz atravessa o caminho de outro raio de luz ambos seguem

seus caminhos como se nada tivesse acontecido. Chamamos esse fato de Princípio

da Independência dos Raios de Luz.

O caminho que um raio de luz percorre não se modifica se invertermos as

posições da fonte e do observador, ou seja, a trajetória de ida e volta é a mesma.

Chamamos isso de Princípio da Reversibilidade dos Raios de Luz.

Relembrando a geometria:

Ângulo: podemos representar um ângulo da seguinte maneira:

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As semirretas AO e OB de mesma origem são os lados e o ponto O é o vértice.

Podemos indicar esse ângulo por . Para medir o ângulo utilizamos o grau (°) como

unidade de medida.

O instrumento usado para medir ângulos é o transferidor.

Quando dois ângulos são iguais dizemos que eles são congruentes.

Após rever os conteúdos geométricos, formalize os conceitos sobre a reflexão:

Espelho plano

Quando raio de luz incide sobre uma superfície refletora como um espelho acontece

algo interessante, ele é refletido com o mesmo ângulo que incidiu. Isso é o que

chamamos de Lei da Reflexão. Além disso percebemos que o raio incidente, o raio

refletido e o que chamamos de reta normal estão situados no mesmo plano.

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Em um espelho, as imagens parecem estar atrás do espelho. Isso acontece porque os

olhos e cérebro captam as imagens a partir dos raios luminosos que chegam até nos.

Então se prolongarmos os raios refletidos pelo espelho, veremos que tudo se passa

como se esses raios tivessem partido de pontos atrás do espelho. A imagem do objeto é

vista no ponto de encontro dos prolongamentos dos raios refletidos.

Fonte: www.educabras.com/enem/materia/fisica/optica/aulas/espelhos_planos

Depois dessa explanação vamos para a Investigação 4 e 5.

Investigação 4: Câmara Escura de Orifício

Objetivos: inferir o princípio de propagação retilínea da luz e o princípio da

independência dos raios luminosos, contextualizar a semelhança de triângulos e

comprovar a propriedade fundamental dos espelhos planos.

Elementos da geometria: retas, segmentos, propriedades métricas dos triângulos.

Materiais necessários: uma caixa de papelão grande o suficiente para uma pessoa

caber dentro (uma caixa de fogão ou máquina de lavar, por exemplo), fita adesiva ou

cola, papel madeira, lápis, grampeador, régua, papel cartão branco, tecido ou tnt preto,

figuras impressas.

Procedimento para a montagem da câmara escura: o primeiro passo é vedar, com a

fita adesiva, todas as possíveis entradas de luz da caixa como, por exemplo, as frestas do

fundo da caixa e possíveis furos, se a fita não for suficiente para vedar as frestas é

melhor recobri-las com o papel madeira. Depois, faça um furo com o lápis na caixa. O

furo deve estar no centro da caixa, horizontalmente, e verticalmente, a uns 10 cm do

fundo. A folha de papel cartão deve ser colada no lado oposto ao furo, pelo lado de

dentro da caixa usando a fita adesiva transparente ou a cola. O próximo passo é colocar

uma saia de tecido na borda da boca da caixa usando a fita adesiva ou grampeador. A

saia serve para impedir a entrada de luz. A câmara depois de montada deve ser

semelhante a mostrada na figura 4.1. O aluno deve se posicionar dentro da caixa e

observar o ambiente.

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Figura 4.1: Câmara escura montada.

Desenvolvimento:

Apresente a câmara escura de orifício:

A câmara escura de orifício é uma ferramenta óptica muito antiga desenvolvida pelo

árabe Alhazen para acompanhar eclipses solares, mas que ao longo da história ela

também foi usada por pintores e desenhistas para copiar paisagens. Ao longo da história

já se construíram câmaras escuras de vários tamanhos inclusive do tamanho de quartos

inteiros, as chamadas salas escuras, mas só no final do século XVII foram construídas

as primeiras câmaras escuras portáteis.

Uma câmara escura de orifício é basicamente uma caixa ou sala completamente

escura onde a comunicação com o meio exterior se dá apenas por um pequeno orifício,

daí vem o seu nome. Na parede oposta é fixado um tecido ou papel branco para

funcionar como uma espécie de tela onde eram projetadas as imagens.

Apresente então a câmara construída explicando como foi montada. Em seguida,

peça que os alunos escolham algum objeto ou local para observar e então direcionem o

furo da caixa para ele. Eles devem entrar na caixa se posicionar de forma a observar a

imagem projetada na folha de papel cartão. Diga para eles se atentarem para todos os

detalhes possíveis e em seguida respondam as questões 1, 2 e 3.

1. O que você poderia dizer sobre a imagem projetada dentro da caixa? Quais

as características você poderia citar?

2. Tente explicar como a imagem é projetada na folha.

3. Para você o que explica o fato de a figura projetada ser semelhante ao

corpo considerado na forma e em colorido, mas apresentar-se invertida em

relação ao corpo?

O ideal é que eles apontem que a imagem formada é semelhante ao objeto, mas

invertida e que comentem sobre o seu tamanho na questão 1. As outras questões estão

abertas para a especulação dos alunos. Se eles afirmarem que os raios de luz que partem

do objeto e passam pelo orifício já estaremos num bom caminho.

Depois de os alunos brincarem um pouco com a câmara construída, deve-se

continuar as atividades agora com o uso de ilustrações como a da figura 7. Para dar

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sequência, peça que eles respondam as questões 4 e 5. Certifique-se de que, a princípio,

façam seus esboços sozinhos e só depois troquem opiniões com os colegas e respondam

a questão 6. Dê uma volta pela sala e observe os esboços, mas sem interferir.

4. A figura 4.2 ilustra uma situação semelhante à presenciada no experimento

prático. Temos então, uma câmara escura de orifício direcionada para uma

vela. A imagem da vela será projetada na superfície oposta ao orifício.

Desenhe como seria a figura da vela projetada no lado oposto ao orifício da

câmara segundo sua experiência.

Figura 4.2: Ilustração de câmara escura de orifício.

5. Cada ponto de um objeto emite luz em todas as direções, mas para

determinar a posição da figura da vela projetada na câmara é suficiente

traçar apenas alguns raios de luz que partem do objeto, passam através do

orifício incidindo na parede oposta. Desenhe, na figura 4.2, alguns raios de

luz que partam da vela, atravessem o orifício e que formem a projeção

segundo sua previsão.

6. Todos os seus colegas desenharam a figura projetada e os raios da mesma

forma que você? Quais foram as diferenças?

Avalie se os alunos, ao desenhar, levaram em conta as propriedades da luz como a

propagação retilínea e a independência dos raios. Caso seja necessário, relembre essas

propriedades.

Espera-se que os alunos sejam capazes de usar o princípio de propagação retilínea da

luz e que percebam que de todos os raios emitidos pelos corpos, apenas alguns passam

pelo orifício e atingem a parede oposta. Mas de qualquer forma esse é o momento de

comentar seu funcionamento.

Explique que o funcionamento da câmara escura é consequência da propagação

retilínea da luz. Ressalte o fato de que os objetos reflete luz em todas as direções, mas

explique que somente aqueles raios que vinham na direção do orifício é que conseguirão

atravessá-lo e formar a imagem na parede. Então o orifício tem o papel de selecionar

alguns raios.

Depois dessa explanação é útil apresentar a imagem da figura 8 para que os alunos

comparem com seus esboços. Certifique-se que a figura 8 só seja apresentada aos alunos

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depois que eles tenham respondido a questão 6 para que ela não influencie nas

respostas.

Figura 4.3: Somente alguns raios de luz refletidos atingem o orifício da câmara.

Mostre a figura 4.4 e explique que, por exemplo, o raio de luz que partiu do ponto mais alto

da vela (ponto A) atingiu a região inferior da tela (ponto A’), o raio de luz que partiu da parte

inferior (ponto B) atingiu a parte superior da tela (ponto B’).

Figura 4.4: Representação da imagem B'A' do objeto AB obtida na câmara.

Reassalte para os alunos que os raios se cruzam ao passar pelo orifício, seguindo seus

trajetos retilíneos o que faz com que a imagem projetada seja invertida em relação ao

objeto que neste caso é a vela.

Em seguida vamos explorar as propriedades geométricas da situação. Para iniciar,

peça para os alunos respondam a pergunta 7.

7. Na figura 9 os raios de luz que emanam da vela e chegam até a parede da

câmara formam dois triângulos, o triângulo ABO e o triângulo A’B’O, você

tinha percebido? Você seria capaz de apontar o que esses dois triângulos

tem em comum?

Nessa questão espera-se respostas como: os dois triângulos possuem o mesmo

vértice, os dois são formados pela mesmas retas, se o tamanho AB for mudado o A’B’

também mudará, etc.

Mas afinal, quais seriam essas semelhanças?

Nesse momento devem ser explicitadas as condições de semelhanças para triângulos:

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Dois triângulos são semelhantes caso três ângulos correspondentes sejam

congruentes e 3 lados correspondentes possuam a mesma razão de

proporcionalidade.

O primeiro passo para analisar a semelhança de dois triângulos é determinar a

correspondência dos lados e dos ângulos de cada triângulo. No quadro, desenhe

triângulos para fazer essa distinção.

Figura 4.5: Triângulos semelhantes.

Faça com que os alunos notem que todos os lados possuem a mesma razão de

proporcionalidade ½ e que os ângulos correspondentes são iguais ou congruentes.

Porém, é possível verificar a semelhança nos triângulos de uma forma mais simples

conhecendo apenas alguns de seus elementos. Basta observar se eles se enquadram

em alguns dos casos de semelhança particulares.

Caso 1- Ângulo Ângulo (AA): Dois triângulos são semelhantes se possuírem dois

ângulos correspondentes congruentes.

Caso 2- Lado Lado Lado (LLL): Se dois triângulos possuem três lados proporcionais,

então esses dois triângulos são semelhantes. Portanto, não é necessário verificar os

ângulos.

Caso 3- Lado Ângulo Lado (LAL): Dois triângulos que possuem dois lados

proporcionais e o ângulo entre eles congruente são semelhantes.

Depois dessa explanação, peça que os alunos analisem novamente a figura 9 e

respondam a questão 8.

8. Em qual dos casos de semelhança, apresentados pelo professor, você

classificaria os triângulos da figura 4.4?

O próximo passo é construir a relação matemática para os lados correspondentes

proporcionais através da figura 4.6:

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Figura 4.6: Representação da imagem B'A' do objeto AB, seus tamanhos H e h e das

distâncias D e d obtida na câmara.

Comente que, como eles perceberam, na câmara escura houve a formação de dois

triângulos semelhantes, que tem um vértice em comum que fica bem no orifício e que

quando dois triângulos são semelhantes existe uma proporcionalidade entre seus lados

correspondentes.

Então temos que os tamanhos H e h, que são lados dos triângulos, são proporcionais

e então D e d que são as alturas desses triângulos devem apresentar a mesma razão de

proporção. Desta

Para continuar exemplificando o trabalho com triângulos, considere agora o espelho

plano representado na figura a 11 diante do qual se situa um objeto luminoso pontual P.

os raios luminosos PR e PQ incidem no espelho, respectivamente, normal e

obliquamente. O raio PR se refletirá sobre si mesmo, enquanto PQ dará origem a um

raio refletido obliquo em relação ao espelho.

Com base nessa figura peça que os alunos respondam a questão seguinte.

Figura 4.7: Espelho plano.

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9. Na figura 4.7 a imagem de P é P’ que é obtida pelo cruzamento dos

prolongamentos dos raios refletidos. Observando os dois triângulos

formados PQR e P’QR, aponte o eles tem em comum. Explique.

Busque por respostas do tipo: o lado QR é comum aos dois triângulos, tem ângulos

iguais e por aí vai.

Após as respostas comente com os alunos a figura apresentando suas características.

Como :

O lado QR pertence aos dois triângulos.

Q R = (alternos internos)

Q R = (correspondentes)

Mas como = (lei da reflexão) tem-se que Q R = Q R.

E Q P = Q P’ = ângulo reto.

Desta forma temos dois ângulos que são congruentes e um lado congruente. O que

garante que os triângulos são congruentes. Comente que quando dois triângulos são

congruentes são semelhantes e com razão de proporcionalidade um.

Lembre sempre de ressaltar que duas coisas (dois ângulos, dois lados) são

congruentes quando tem a mesma medida.

Como os triângulos são congruentes PR = P’R o que significa que a distância do

objeto ao espelho é igual a distância da imagem ao espelho.

Dificuldades mais prováveis: durante a realização da investigação algumas

dificuldades podem ser encontradas como o fato de nem todos os alunos caberem dentro

da câmara, o que depende do tamanho de caixa for usada, quanto maior a caixa melhor.

Durante as respostas os alunos podem apresentar problemas para entender as perguntas

ou construir respostas, além de alguns, em seus esboços, terem dificuldade de

representar raios de luz que condizem com o tamanho da imagem desenhada. O

professor não deve interferir nas respostas, mas pode reforçar que leiam bem as

questões e discutam em grupo sobre elas antes de respondê-las, pois a própria pergunta(

nesse caso a questão 5) instrui como o aluno deve proceder o esboço e a ordem para

montá-lo. Após a explanação sobre a semelhança de triângulos e responder a questão 8

é comum que os alunos queiram, na questão 9, classificar os triângulos quanto aos casos

de semelhança e não apontar e explicar o que eles tem em comum como é pedido.

Bibliografia utilizada na Investigação 4:

LUZ, A. M. R., Física em Contexto & Aplicações: ensino médio, 1ª ed., São Paulo,

Scipione, 2013.

OLIVEIRA, M. P. P., Física em contextos: pessoal, social e histórico: energia, calor,

imagem e som., 1ª ed., São Paulo, FTD, 2010, p. 313-318.

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VILLAS BOAS, N., DOCA, R. H., BISCUOLA, G. J., Física 2, 2ª ed., São Paulo,

Saraiva, 2013, p. 218.

SOUZA, J. R., Vontade de saber matemática, 9º ano, 2ª ed., São Paulo, FTD, 2012, p.

139-143.

Cinema na caixa (câmara escura - experimento de Física)- Movie in a box. Manual do

Mundo. Disponível em: http://www.manualdomundo.com.br/2012/05/cinema-na-caixa-

camara-escura/, visto em 29 de agosto de 2016.

Semelhança de Triângulos. Brasil escola. Disponível em:

http://brasilescola.uol.com.br/matematica/semelhanca-triangulos.htm.

Investigação 5: Medindo alturas

Objetivo: explorar a propagação retilínea da luz, usar os raios de luz para representar a

trajetória descrita pela luz, explorar o Teorema de Tales.

Elementos da geometria: retas paralelas, triângulos, semelhança de triângulos,

proporções, Teorema de Tales.

Equipamentos: isopor, cartolinas, tintas guache marrom, palitos de churrasco, palitos

de dente, barbante, papelão, papel ofício, dois tons de verde de papel crepom, pistola de

cola quente, bastão de cola de silicone, cola para isopor, réguas.

Construindo a maquete:

Para montar a base da maquete use uma placa de isopor de aproximadamente 50 cm

x 50 cm. Use o papel crepom mais claro para cobrir a placa de isopor usando a cola de

isopor. A base também poderia ser pintada com tinta guache de verde, mas o benefício

de usar o papel é a facilidade para reutilizar a placa de isopor.

Para a montagem da árvore:

Tronco: para montar o caule use o papelão. Desenhe no papelão 2 contornos

aproximados de um tronco de árvore com alguns galhos. Recorte-os. Em um dos

troncos faça um corte reto no meio do caule que começa na parte de cima e vai

até a metade do tronco. No outro tronco faça também um corte central só que

começando de baixo até o meio. Em seguida encaixe-os. Reforce o encaixe com

cola, espere secar e pinte o tronco com tinta guache marrom.

Copa da árvore: depois de o tronco secar, amasse o papel oficio deixando-o em

formato de bola. Cole a bola de papel no centro dos galhos do tronco. Recorte

algumas tiras de papel crepom dos dois tons de verde. Pegue as tiras de papel

crepom, amasse como se fosse formar bolinhas e cole com a cola de silicone

sobre a bola de papel do centro. Alterne entre os tons de verde para dar um

efeito bonito. Preencha toda a bola central e uma parte dos galhos até conseguir

um bom volume.

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Fixando a árvore: para fixar árvore na base de isopor cole, com cola quente,

palitos de dente por entre os buraquinhos do papelão na parte de baixo da árvore.

Assim a árvore poderá ser colocada e removida com facilidade do isopor sem a

necessidade de colá-la.

Figura 5.1: Maquete montada. A foto foi tirada após a maquete ter sido usada, por isso as

marcas da sombra.

Desenvolvimento: Após confeccionar a maquete de uma árvore em uma superfície

plana como mostrada na da figura 5.1.

Figura 5.2: Maquete.

Escolher um dia de sol para marcar a sombra da árvore com palitos de churrasco

pintando com tinta guache a sombra projeta na superfície do isopor. Se possível faça

isso acompanhado dos alunos e peça que um deles marque a sombra.

Feito isso use barbantes para demonstrar os triângulos formados, como ilustrado na

figura 5.2.

Aproveite o momento para questionar aos alunos sobre o que os triângulos formados

teriam de semelhante.

Feito isso, o próximo passo é medir, juntamente com os alunos, com régua a sombra

da árvore, a altura da vareta e sua sombra. Ressalte que os raios de Sol que atinge a

Terra são paralelos.

Após essas etapas peça que os alunos respondam as questões 1 e 2.

1. É possível descobrir a altura da árvore da maquete sem medi-la

diretamente? Qual a sua sugestão?

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2. Antes de fazer qualquer medida, explique o que justifica a formação das

sombras da árvore e da vareta?

Em seguida, apresente aos alunos o Teorema de Tales no quadro:

Figura 5.3: Retas paralelas a, b e c interceptadas pelas transversais r e r’. Fonte:

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/teorema-tales.htm.

Se um feixe de retas paralelas é intersectado por duas retas transversais então

os segmentos determinados pelas paralelas sobre as transversais são proporcionais.

Agora, peça que eles respondam a questão de número 3, onde eles terão que

identificar quais são os feixes de retas paralelas e quais são as retas transversais.

Observe os desenhos dos alunos, mas não interfira.

Comente com os alunos que este teorema foi desenvolvido pelo filósofo, astrônomo e

matemático grego Tales de Mileto (624 a.C.- 558 a.C.) e, por isso, recebe esse nome.

Conte a eles sobre a lenda de que Tales usou ou desenvolveu o teorema a partir de um

experimento realizado através da observação de uma sombra de uma das pirâmides do

Egito, pirâmide Quéops. A partir disso, ele conseguiu calcular sua altura com base na

sombra que ela projetava e da sombra projetada por uma estaca.

3. Na figura abaixo, tente identificar quais retas formam o feixe de retas

paralelas e quais são as retas transversais mencionadas na definição do

Teorema de Tales.

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Figura 5.4: Maquete com raios solares.

Figura 5.5: Maquete com os raios solares.

A partir da imagem 5.5 peça que os alunos observem que os raios solares que

chegavam à Terra estão na posição inclinada e são paralelos. Então os triângulos

formados pelas alturas, tamanhos das sombras e os raios solares são semelhantes, dessa

forma, existe uma proporcionalidade entre as medidas da sombra e da altura dos

objetos:

Ou

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Após isso, peça que respondam a questão 4.

4. Realize os cálculos de proporções com os valores medidos e depois compare

com a altura verdadeira da árvore representada.

Dificuldades mais prováveis: durante a realização da investigação uma dificuldade

possível de ser enfrentada está em conseguir marcar as sombras na maquete em um dia

de sol. Isso pode surgir pelo horário da aula da turma, como no caso de uma turma

noturna. Para combater esse empecilho o professor pode já levar a marcação da sombra

feita e explicar por que e como foi feito ou, usar uma outra fonte de luz como uma

lâmpada, mas neste caso é necessário explicar o porquê de se fazer isso e apontar as

diferenças entre a fonte de luz Sol e lâmpada já que as questões da atividade tratam de

raios solares.

Bibliografia utilizada na Investigação 5:

SOUZA, R. V. S., GOIS, A. M. D., Maquetes, o caminho para a compreensão do

teorema fundamental da semelhança de triângulos em situações problemas. Disponível

em:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde

/2012/2012_uenp_mat_artigo_rosangela_vitorino_de_souza.pdf.

PAULA, E., FERNANDES, F. C. R., Educação matemática pela contextualização com

a astronomia, XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro

Latino Americano de Pós- Graduação- Universidade do Vale do Paraíba. Disponível

em: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2009/anais/arquivos/RE_0976_1429_01.pdf

SOUZA, J. R., Vontade de saber matemática, 9º ano, 2ª ed., São Paulo, FTD, 2012, p.

126-134.

Teorema de Tales. Mundo Educação. Disponível em:

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/teorema-tales.htm.

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Bibliografia

FIGUEIREDO, A.; PIETROCOLA, M. Luz e cores- Física um outro lado, FTD, São

Paulo, 2000.

GEWANDSZNAJDER, F. Projeto Teláris: Ciências- 9º ano, 1ª ed., Ática, São Paulo,

2012.

LUZ, A. M. R. Física em Contexto & Aplicações: ensino médio, 1ª ed., São Paulo,

Scipione, 2013.

SOUZA, J. R.de, Vontade de saber matemática, 8º ano, 2ª ed.,FTD, São Paulo, 2012.

Retas. Mundo Educação, Disponível em:

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/retas.htm, acesso em: junho de 2017.

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Material do Aluno

Com o intuito de facilitar as atividades do professor, montamos roteiros das

investigações destinadas aos alunos. Neles constam os questionários a serem

respondidos pelos alunos nas investigações.

O que vamos fazer?

Através de investigações simples vamos construir conceitos de geometria e óptica

geométrica. Vamos explorar temas como a propagação da luz, espelhos planos, a

semelhança de triângulos e o teorema de Tales que são muito usados para construir

relações métricas.

Mas antes vamos ter uma conversa...

Imaginem um diálogo com a luz e acompanhe a entrevista abaixo:

- Como você se chama?

- Luz, somente luz; no entanto, tenho vários apelidos...

- Que apelidos você tem?

- Essa é uma história um pouco longa... Mas vou tentar contá-la.

- Conte-me então.

- Tudo começou no primeiro dia, aliás, em plenas trevas... Já no final desse mesmo

dia, fui criada. Desde esse momento, sai por aí, refletindo, refratando, espalhando e

fazendo muito mais...

-Mas como você é capaz disso tudo, se é invisível?Quem é você? O que você é?

- Pois é... Já alaram bastante a meu respeito. Muitos, inclusive, discordam da minha

invisibilidade. Mas há uma verdade: só é possível acompanhar o meu rastro quando

existe algo no meu caminho.

- Como assim?

- É simples: quando saio do farol de um carro, num dia de chuva, só se vê o meu

facho porque as gotículas de água me refletem, isto é, me atrapalham. Só é possível ver

meu trajeto quando parto do farol de uma torre porque as partículas de poeira, em

suspensão, se colocam no meu caminho, desviando-me para todos os lados.

-Ah, entendi... Continue sua história.

- No inicio, os homens pré- históricos não estavam muito interessados nisso. Depois,

no século XVII, travou-se uma grande discussão acerca da minha natureza. Uns diziam

que eu constituiria em pequenas partículas porque, ao incidir em um espelho, era

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refletida como uma bola de bilhar em uma mesa. Outros diziam que eu era onda, pois

alguns fenômenos luminosos apresentam características de ondas, como o som

produzido por cordas e membranas.

- Quer dizer então que você é uma onda?

-Bem, essa foi a conclusão dos cientistas até o final do século passado. Na verdade,

as pesquisas no início desse século apontaram novamente para a minha natureza

corpuscular.

-E, no final das contas, o que você é?

-Não posso responder, pois só é possível ao homem penetrar minha essência através

dos conceitos e das teorias que ele cria. A natureza representa um grande desafio à

capacidade humana de compreensão. Os debates e as discussões entre os cientistas são

decorrência dessa tentativa de entender minha essência.

-Isso quer dizer que a Ciência não chegou a uma conclusão definitiva sobre sua

natureza? Algumas vezes é vista como onda, outras como partícula?

-É, parece que você entendeu o espírito da situação. Hoje, para a Ciência, sou algo

com duas faces: uma ondulatória e outra particular. Talvez amanhã cheguem a outra

imagem sobre minha natureza. Por enquanto, me apresento com essa dupla identidade,

como um agente secreto.

Fonte do texto: FIGUEIREDO, A.; PIETROCOLA, M. Luz e cores- Física um outro lado,

FTD, São Paulo, 2000.

Investigação 1: Como a luz pode ser representada por raios.

Fonte: adaptado de Active Learning in optics and photonics, 2006.

Lembre: A investigação será realizada em grupo, mas as respostas deverão ser dadas

individualmente.

Depois de visualizar a lâmpada através do tubo de PVC, responda:

1. Que figura geométrica o cordão faz nesse momento? Uma reta ou uma

curva?

________________________________________________________________

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2. Se o tubo for girado levemente para a direita ou para esquerda, mudaria a

forma do cordão? Neste caso é possível observar a luz proveniente da

lâmpada?

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________________________________________________________________

________________________________________________________________

3. Com base na questão anterior, como a luz se propaga, como uma reta

acompanhando o cordão esticado ou uma curva?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

4. No diagrama da figura 1 esboce 5 raios de luz que começam no bulbo da

lâmpada e vão até os pontos de 1 a 5. Compare com o de seus colegas.

Figura 1: Esquema de disposição da lâmpada e dos alunos.

5. Descreva esses raios em palavras. Como eles são desenhados à medida que

a distância ao filamento aumenta?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

Depois de ver como a luz do laser se propaga, responda:

6. Você pode ver o feixe de laser bem sem o pó de giz no ar? Por que o pó de

giz torna o feixe mais visível? O que você viu foi a luz proveniente

diretamente do laser ou tem mais alguma coisa acontecendo?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

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7. Aponte as diferenças que você identificou entre a luz do laser e a da

lâmpada e a forma como elas atravessam a sala.

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________________________________________________________________

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8. Quais as diferenças entre as respostas de seus colegas e a sua?

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9. Com base em suas observações, esboce alguns raios deixando o laser no

esquema da figura 2.

Figura 2: Esquema de disposição do laser e dos pontos.

10. Você espera que o feixe do raio laser passe pelo ponto 1, 2, 3 ou em

nenhum? Qual a diferença entre os raios que você desenhou neste esboço e

no anterior?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

______________________________________________________________

11. Você acha que existem outras situações nas quais os raios podem ser

representados como os saídos de um laser? Imagine um feixe de luz solar

que atinge a Terra, ele seria constituído de raios luminosos semelhantes aos

da lâmpada ou do laser?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

Investigação 2: Você sempre vê as reflexões em espelhos?

Fonte: adaptado de ROBERTO, 2009.

Lembre: A investigação será realizada em grupo, mas as respostas deverão ser dadas

individualmente.

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Após observar a situação montada, o espelho coberto e a lâmpada e depois de

escolher os colegas voluntários, vamos responder algumas questões:

1. Você acha que a luz reflete no espelho? O que te faz achar isso?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2. O que o seu grupo acha? Escreva as ideias que o grupo elaborou que sejam

diferentes das suas.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Após o espelho ser descoberto, qual dos três estudantes poderá ver o reflexo

da lâmpada no espelho?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Depois de descobrir o espelho e observar o que acontece, responda:

4. Qual dos estudantes foi capaz de ver o reflexo da lâmpada? O que

aconteceu está de acordo com o que você esperava? Se não, explique o

porquê?

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5. Desenhe os raios de luz que expliquem o que foi observado.

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Figura 2.1: Esquema de montagem.

6. Ao trocar de posição a lâmpada (objeto) e o aluno (observador) você

observou que ainda é possível ver o reflexo da lâmpada? E o reflexo da

lâmpada está novamente circunscrita? Como você explicaria isso?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Investigação 3: Como a luz é refletida em um espelho?

Fonte: adaptado de ROBERTO, 2009.

Lembre: A investigação será realizada em grupo, mas as respostas deverão ser dadas

individualmente.

Seu grupo recebeu um conjunto de materiais, mas antes de usá-los responda as

questões 1 e 2.

1. A figura 3.1 mostra um raio de luz incidindo com um ângulo de 45° em um

espelho plano. Como é o raio refletido? Desenhe a sua resposta.

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Figura 3.1: Esquema para um raio de luz incidindo sobre um espelho.

2. O que os seus colegas de grupo acham? Quais ideias deles que são diferentes

da sua?

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___________________________________________________________________

Agora sim vamos usar aqueles materiais. Faça sua representação da figura 3.1

sobre o papel milimetrado, nele já existem as marcações necessárias. Meça o ângulo

usando o transferidor. Se sentir dúvida em como medir usando o transferidor

consulte seus colegas de grupo, caso eles não possam te ajudar chame então o

professor.

3. Incida um feixe de luz com um ângulo de 45° com o espelho. O que você

observou? Aconteceu o que você imaginava?

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___________________________________________________________________

4. Como a luz se reflete no espelho? Explique com uma frase.

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5. O que acontece se o ângulo de incidência for mudado? Por exemplo, quando

for 30° ou 60°?

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6. Na imagem abaixo quatro raios de luz incidem em quatro espelhos. Como

são os raios refletidos? Desenhe sua ideia.

Figura 3.2: Esquema para reflexão de feixes de luz incidente em espelhos planos.

7. Os desenhos dos seus colegas de grupo são diferentes do seu? Em que?

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__________________________________________________________________________

Investigação 4: Câmara Escura de Orifício

Lembre: A investigação será realizada em grupo, mas as respostas deverão ser dadas

individualmente.

E aí, você viu a Câmara Escura de Orifício? Experimentou entrar nela?

A câmara escura de orifício é uma ferramenta óptica muito antiga desenvolvida pelo

árabe Alhazen para acompanhar eclipses solares, mas que ao longo da história ela

também foi usada por pintores e desenhistas para copiar paisagens. Ao longo da história

já se construíram câmaras escuras de vários tamanhos inclusive do tamanho de quartos

inteiros, as chamadas salas escuras, mas só no final do século XVII foram construídas

as primeiras câmaras escuras portáteis.

Uma câmara escura de orifício é basicamente uma caixa ou sala completamente

escura onde a comunicação com o meio exterior se dá apenas por um pequeno orifício,

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daí vem o seu nome. Na parede oposta é fixado um tecido ou papel branco para

funcionar como uma espécie de tela onde são projetadas as imagens.

Agora responda algumas questões:

1. O que você poderia dizer sobre a imagem projetada dentro da caixa? Quais

as características você poderia citar?

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2. Tente explicar como a imagem é projetada na folha.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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3. Para você o que explica o fato de a figura projetada ser semelhante ao

corpo considerado na forma e em colorido, mas apresentar-se invertida em

relação ao corpo?

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4. A figura abaixo ilustra uma situação semelhante à presenciada no

experimento prático. Temos então, uma câmara escura de orifício

direcionada para uma vela. A imagem da vela será projetada na superfície

oposta ao orifício. Desenhe como seria a figura da vela projetada no lado

oposto ao orifício da câmara segundo sua experiência.

Figura 4.1: Ilustração de câmara escura de orifício.

5. Cada ponto de um objeto emite luz em todas as direções, mas para

determinar a posição da figura da vela projetada na câmara é suficiente

traçar apenas alguns raios de luz que partem do objeto, passam através do

orifício incidindo na parede oposta. Desenhe, na figura abaixo, alguns raios

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de luz que partam da vela, atravessem o orifício e que formem a projeção

segundo sua previsão.

Figura 4.1: Ilustração de câmara escura de orifício.

6. Todos os seus colegas desenharam a figura projetada e os raios da mesma

forma que você? Quais foram as diferenças?

___________________________________________________________________

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Agora sua professora deve ter te entregue ou mostrado algumas figuras que

mostram como os raios de luz formam a imagem projetada na câmara. Essas figuras

são as figuras 4.3 e 4.4, com base nelas responda as questões 7 e 8.

7. Na figura 4.4 os raios de luz que emanam da vela e chegam até a parede da câmara

formam dois triângulos, o triângulo ABO e o triângulo A’B’O, você tinha

percebido? Você seria capaz de apontar o que esses dois triângulos tem em

comum?

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8. Em qual dos casos de semelhança, apresentados pelo professor, você

classificaria os triângulos da figura 4.4?

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9. Na figura 4.7 a imagem de P é P’ que é obtida pelo cruzamento dos

prolongamentos dos raios refletidos. Observando os dois triângulos

formados PQR e P’QR, aponte o eles tem em comum. Explique.

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Figura 4.2: Espelho plano.

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Investigação 5: Medindo alturas

Lembre: A investigação será realizada em grupo, mas as respostas deverão ser dadas

individualmente.

Temos um problema que precisamos resolver! Sabe essa maquete que o professor

mostrou, precisamos medir a altura daquela árvore, mas não podemos medi-la

diretamente com a régua. Mas antes responda:

1. É possível descobrir a altura da árvore da maquete sem medi-la

diretamente? Qual a sua sugestão?

2. Antes de fazer qualquer medida, explique o que justifica a formação das

sombras da árvore e da vareta?

O teorema que seu professor apresentou foi desenvolvido pelo filósofo, astrônomo e

matemático grego Tales de Mileto (624 a.C.- 558 a.C.) e, por isso, recebe esse nome.

Diz a lenda de que Tales usou ou desenvolveu o teorema a partir de um experimento

realizado através da observação de uma sombra de uma das pirâmides do Egito,

pirâmide Quéops. A partir disso, ele conseguiu calcular sua altura com base na sombra

que ela projetava e da sombra projetada por uma estaca.

Associando o que você do teorema de Tales com a figura 5.1, responda:

3. Na figura abaixo, tente identificar quais retas formam o feixe de retas

paralelas e quais são as retas transversais mencionadas na definição do

Teorema de Tales.

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Figura 5.1: Maquete com raios solares.

Foi montada uma relação de proporção entre alturas da árvore e da vareta e o

tamanho da sombra da vareta, agora use essa relação para descobrir a altura da árvore.

4. Realize os cálculos de proporções com os valores medidos e depois compare

com a altura verdadeira da árvore representada.

Tamanho as sombra da árvore:______

Tamanho da sombra da vareta:______

Altura da vareta:______

Altura da árvore:______