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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL _ PRODERE A BUBALINOCULTURA NO ESTADO DO AMAZONAS Avaliação econômico-financeira em unidades produtivas no Município de Itacoatiara IZABEL CRISTINA NOGUEIRA SEABRA MANAUS Outubro de 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL _ PRODERE

A BUBALINOCULTURA NO ESTADO DO AMAZONAS Avaliao econmico-financeira em unidades produtivas no

Municpio de Itacoatiara

IZABEL CRISTINA NOGUEIRA SEABRA

MANAUS Outubro de 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL _ PRODERE

IZABEL CRISTINA NOGUEIRA SEABRA

A BUBALINOCULTURA NO ESTADO DO AMAZONAS Avaliao econmico-financeira em unidades produtivas no

Municpio de Itacoatiara

Dissertao apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional (PRODERE) da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Orientador: Professor Dro Francisco Mendes Rodrigues

MANAUS Outubro de 2008

Ficha Catalogrfica (Catalogao realizada pela Biblioteca Central da UFAM)

S438b

Seabra, Izabel Cristina Nogueira

A bubalinocultura no estado do Amazonas: avaliao econmico-financeira em unidades produtivas no municpio de Itacoatiara / Izabel Cristina Nogueira Seabra. - Manaus: UFAM, 2008.

141 f.; il. color.

Dissertao (Mestrado em Desenvolvimento Regional)

Universidade Federal do Amazonas, 2008. Orientador: Prof. Dr. Francisco Mendes Rodrigues

1. Bubalinocultura - Amazonas 2. Bubalinocultura

Aspectos econmicos I. Rodrigues, Francisco Mendes II. Universidade Federal do Amazonas III. Ttulo

CDU 636.03:636.293.2(811.3)(043.3)

IZABEL CRISTINA NOGUEIRA SEABRA

A BUBALINOCULTURA NO ESTADO DO AMAZONAS Avaliao econmico-financeira em unidades produtivas no

Municpio de Itacoatiara

Dissertao apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional (PRODERE) da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Aprovada em 17 de dezembro de 2008

BANCA EXAMIDORA

Professor Dro Francisco Mendes Rodrigues Universidade Federal do Amazonas

Professor Dro Rogrio Perin Embrapa - Amazonas

Professor Dro Roberval Monteiro Bezerra de Lima Embrapa - Amazonas

Aos meus amores, Luciana Conegundes Costa e Isaas Conegundes Seabra;

minha me, Alzira Nogueira Seabra;

E em memria de meu pai, Abelardo Tom Seabra e de meu irmo, Calbi Nogueira Seabra

Dedico.

A Deus, pela honra e pela glria dessa conquista;

Aos meus familiares, pela dedicao e amor;

Ao meu orientador Francisco Mendes Rodrigues, partcipe dessa jornada;

Aos amigos , por participarem dessa vitria,

Aos colegas de curso do PRODERE,

A UFAM, pela oportunidade,

Agradeo.

CANO AO AMOR

Se no houve frutos

Valeu o perfume das flores

Se no houve flores

Valeu a sombra das folhas

E se no houve folhas

Valeu a inteno da semente

do economista e mdico ERNESTO CHE GUEVARA.

RREESSUUMMOO

O setor agrcola enfrenta dois desafios: o aumento da produo de alimentos e a preservao do meio ambiente. A pecuria nacional, especificamente a criao do bfalo se impe como uma possvel sada, sendo a espcie considerada ideal para Amaznia. A expanso da fronteira agrcola em direo regio Norte j uma realidade econmica, e destarte a pecuria ser acusada de principal motor do desmatamento da Amaznia, j existem indicadores que recomendam que a criao de bfalos, dentro de uma gesto eficiente de recursos, poder ser uma soluo para o uso sustentvel do solo amaznida, particularmente, a rea de vrzea. Esta pesquisa tem por escopo estudar a atividade da bubalinocultura no Amazonas por intermdio de um diagnstico econmico-financeiro em unidades produtivas selecionadas no municpio de Itacoatiara. A pesquisa de carter no-experimental e descritivo e usa investigao do tipo terico-emprica, pois confronta os fatos por meio da observao emprica de um nmero determinado de sistemas de produo existentes no municpio de Itacoatiara, nicho mais importante para a pecuria da regio do Mdio Amazonas. Dados estatsticos analisados demonstram uma nova reconfigurao econmica-espacial da Amaznia que se expressa no desempenho do setor agropecurio, com a consolidao das novas frentes agrcolas em contnua expanso, em direo a regio amaznica, paradoxalmente, o Amazonas apresenta indicadores muito baixos para a Regio Norte. A partir da avaliao econmico-financeira em unidades produtivas selecionadas foram determinadas funes de custo e projetados nmeros mnimo de animais por fazenda; a relao custo mdio x preo mdio da arroba de bfalo determinou uma receita lquida condizente com o mercado nacional; foi tambm detectado que a situao econmico-financeira favorvel realizao de investimentos; a estrutura de capital razovel, e mesmo possuindo baixa liquidez mantm alta performance operacional do EBITDA, haja vista que a mdia do GAC foi de 2,31 convergindo para uma situao de economia de escala; a rentabilidade mdia apurada de 7,40% ficou dentro do contexto de rentabilidade regional e nacional. A pesquisa demonstrou que a criao do boi verde , em condies de alta competitividade por meio de uma sustentabilidade biolgica, econmica, ambiental e social, poder alavancar um crescimento vertical da atividade no estado do Amazonas. guisa conclusiva, alertamos que a Amaznia precisa de um projeto nacional que atenda aos princpios da sustentabilidade e respeite os limites ecossistmicos, urge adotarmos um novo conceito de crescimento econmico que atenda aos valores econmicos e sociais da regio e aos princpios ecolgicos planetrios. Esse processo de reorganizao do espao poltico brasileiro e amaznico uma exigncia de uma geopoltica de libertao, integrao e desenvolvimento da economia mundial.

Palavras-chaves: bubalinocultura - Amazonas; bubalinocultura aspectos econmicos.

AABBSSTTRRAACCTT

The agricultural sector faces two challenges: the increase of the food production and the preservation of the environment. Cattle the national one, specifically the creation of the buffalo if imposes as a possible exit, being the species considered ideal for Amazonian. The expansion of the agricultural border in direction to the region North already is a economic reality, the cattle one to be accused with main engine it deforestation of the Amazonian, already pointers exist that they recommend that the creation of buffalos, inside of an efficient management of resources, could be a solution for the sustainable use of the ground Amazonian man, particularly, the fertile valley. This research has for target to study activity of the buffalo ranching in Amazon for intermediary of an economic-financial diagnosis in selected productive units in the city of Itacoatiara. The research is of not-experimental and descriptive character and uses inquiry of the type theoretician-empiricist, therefore it collates the facts by means of the empirical comment of a definitive number of existing systems of production in the city of Itacoatiara, niche more important for the cattle one of the region of the Amazon Medium. Dialyzed statistical demonstrate a new economic-space reconfiguration of the Amazonian that if express in the performance of the farming sector, with the consolidation of the new agricultural fronts in continuous expansion, in direction the Amazon region, paradoxically, Amazon very presents low pointers for the Region North. From the evaluation economic-financier in selected productive units functions of cost and projected numbers minimum of animals for farm had been determined; the relation average cost x average price of the arroba of buffalo determined a net revenue with the national market; also it was detected that the situation economic-financier is favorable to the accomplishment of investments; the capital structure is reasonable, and same possessing low liquidity it keeps high operational performance of the EBITDA, has seen that the average of the GAC was of 2,31 converging to a situation of scale economy; the refined average yield of 7,40% was inside of the context of regional and national yield. The research demonstrated that the creation of `green bull', in conditions of high competitiveness by means of biological , economic a sustainability, ambient and social, a vertical growth of the activity in the state of Amazon will be able to leverage. To it stews conclusive, we alert that the necessary Amazonian of a national project that takes care of to the principles of the sustainability and respects the ecosystem limits, urges to adopt a new concept of economic growth that takes care of to the economic and social values of the e region to the planetary ecological principles. This process of reorganization of the space Brazilian and Amazonian politician is a requirement of a release geopolitics, integration and development of the world-wide economy.

Word-keys: creation of buffalos-Amazonas; creation of buffalos-economic aspects.

LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS

TTaabbeellaa 11.. FFoorrmmaa ddee aappuurraaoo ddoo CCuussttoo FFiixxoo ee VVaarriivveell ((eemm RR$$)) .................................................................... 2299

TTaabbeellaa 22.. FFoorrmmaa ddee aappuurraaoo ddoo CCuussttoo TToottaall ((eemm RR$$)) .................................................................................................... 3300

TTaabbeellaa 33.. FFoorrmmaa ddee aappuurraaoo ddooss CCuussttooss MMddiiooss ((eemm RR$$)) ...................................................................................... 3322

TTaabbeellaa 44.. DDeemmoonnssttrraattiivvoo ddoo RReessuullttaaddoo ddoo EExxeerrcccciioo............................................................................................................ 4411

TTaabbeellaa 55.. FFoorrmmaa ddee aappuurraaoo ddoo iinnddccee ddee LLiiqquuiiddeezz CCoorrrreennttee .............................................................................. 4444

TTaabbeellaa 66.. EEssttrruuttuurraa ddee RReecceeiittaa ee CCuussttooss ddee pprroodduuoo.. ........................................................................................................ 9988

TTaabbeellaa 77.. DDeemmoonnssttrraattiivvoo ddoo RReessuullttaaddoo ddoo EExxeerrcccciioo ddaass UUnniiddaaddeess SSeelleecciioonnaaddaass .............. 110033

TTaabbeellaa 88.. AAggrruuppaammeennttooss ddoo BBaallaannoo PPaattrriimmoonniiaall ddaass UUnniiddaaddeess SSeelleecciioonnaaddaass ........................ 110044

TTaabbeellaa 99.. RReennddaa LLqquuiiddaa ee CCuussttooss TToottaaiiss ee MMddiiooss ddaass UUnniiddaaddeess SSeelleecciioonnaaddaass .................. 110055

TTaabbeellaa 1100.. IInnddiiccaaddoorreess EEccoonnmmiiccooss ee FFiinnaanncceeiirrooss ddaass UUnniiddaaddeess SSeelleecciioonnaaddaass .................... 110077

TTaabbeellaa 1111.. IInnddiiccaaddoorreess EEccoonnmmiiccooss ee FFiinnaanncceeiirrooss ddaass UUnniiddaaddeess SSeelleecciioonnaaddaass .................... 111100

TTaabbeellaa 1122.. TTaaxxaa ddee rreennddiimmeennttoo ddaa PPoouuppaannaa .............................................................................................................................. 111122

TTaabbeellaa 1133.. CCuussttoo ddee ooppoorrttuunniiddaaddee ee lluuccrroo eexxttrraaoorrddiinnrriioo ddaass uunniiddaaddeess sseelleecciioonnaaddaass .... 111133

TTaabbeellaa 1144.. PPrreeoo mmddiioo @@ BBffaalloo ee BBooii,, mmeerrccaaddoo nnaacciioonnaall ee rreeggiioonnaall .............................................. 111144

LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS

FFiigguurraa 11.. TTiippooss ddee eessttrruuttuurraa ddee ccaappiittaall........................................................................................................................................................ 4466

FFiigguurraa 22.. MMaappaa ddaa ddiissttrriibbuuiioo ddoo rreebbaannhhoo bboovviinnoo nnoo BBrraassiill,, aannoo 11999900 ................................................ 6688

FFiigguurraa 33.. MMaappaa ddaa ddiissttrriibbuuiioo ddoo rreebbaannhhoo bboovviinnoo nnoo BBrraassiill,, aannoo 22000044 ................................................ 6699

FFiigguurraa 44.. MMaappaa ddaa mmiiccrroorrrreeggiioo ddee IIttaaccooaattiiaarraa.. ............................................................................................................................ 8822

FFiigguurraa 55.. EEssttrruuttuurraa ddee ccaappiittaall ddaass uunniiddaaddeess pprroodduuttiivvaass sseelleecciioonnaaddaass ...................................................... 110044

LLIISSTTAA DDEE GGRRFFIICCOOSS

GGrrffiiccoo 11.. EEffeettiivvoo bboovviinnoo nnooss 1100 EEssttaaddooss mmaaiioorreess pprroodduuttoorreess,, 11999900//0044)).. .......................................... 6666

GGrrffiiccoo 22.. CCoommppaarraattiivvoo eennttrree aass iinnffoorrmmaaeess ddoo FFAAOO,, IIBBGGEE ee AABBCCBB,, aannoo 22000077................ 7755

GGrrffiiccoo 33.. GGrrffiiccoo ddaa ddiissttrriibbuuiioo ggeeooggrrffiiccaa ddee bbuubbaalliinnooss ppoorr rreeggiioo,, aannoo 22000066.. ................ 7788

GGrrffiiccoo 44.. CCoommppaarraattiivvoo eennttrree aass iinnffoorrmmaaeess ddoo IIBBGGEE ee IIDDAAMM,, 22000066.................................................. 8811

GGrrffiiccoo 55.. PPaarrttiicciippaaoo rreellaattiivvaa ddoo nnmmeerroo ddee ccrriiaaddoorreess nnoo AAmmaazzoonnaass,, aannoo 22000088 ................ 8844

GGrrffiiccoo 66.. QQuuaannttiittaattiivvoo ppoorr ttiippoo ddee ccrriiaaoo nnoo MMuunniiccppiioo ddee IIttaaccooaattiiaarraa,, 22000033//22000066.. ...... 8855

LLIISSTTAA DDEE QQUUAADDRROOSS

QQuuaaddrroo 11.. CCrreesscciimmeennttoo ddoo qquuaannttiittaattiivvoo ddee bboovviinnooss 11997700//22000077............................................................................ 7711

QQuuaaddrroo 22.. CCrreesscciimmeennttoo ddoo qquuaannttiittaattiivvoo ddee bbuubbaalliinnooss 11997700//22000077...................................................................... 7722

QQuuaaddrroo 33.. QQuuaannttiittaattiivvoo ddee bboovviinnooss ppoorr rreeggiioo,, aannoo 22000066 .............................................................................................. 7777

QQuuaaddrroo 44.. QQuuaannttiittaattiivvoo ddee bbuubbaalliinnooss ppoorr rreeggiioo,, aannoo 22000066.. ...................................................................................... 7788

QQuuaaddrroo 55.. QQuuaannttiittaattiivvoo ddee ccaabbeeaass ddee bboovviinnooss ee bbuubbaalliinnooss,, RReeggiioo NNoorrttee,, aannoo 22000066.. .... 7799

QQuuaaddrroo 66.. EEffeettiivvoo ddoo rreebbaannhhoo ddee bboovviinnooss nnaass RReeggiieess ddoo EEsstt.. ddoo AAmmaazzoonnaass,, 22000088.. ........ 8833

QQuuaaddrroo 77.. EEffeettiivvoo ddoo rreebbaannhhoo ddee bboovviinnooss nnaa RReeggiioo ddoo MMddiioo AAmmaazzoonnaass,, 22000088.. ................ 8833

LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS

ABCB Associao Brasileira de Criadores de Bfalos

AC Ativo Circulante

AT Ativo Total

BASA Banco da Amaznia S/A

BCA Banco de Crdito de Amaznia

BP Balano Patr imonial

CEPEA Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada

CF Custos Fixos

CIMA Comisso Interminister ial sobre o Meio Ambiente

CMe Custo Mdio

CSSL Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido

CT Custos Totais

CV Custos Variveis

DF Despesas Financeiras

DRE Demonstrat ivo do Resultado do Exerccio

EBITDA Earning Before Interest , Taxes, Depreciation and Amortization

EMBRAPA Empresa Brasi leira de Pesquisa Agropecuria

Esalq Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

FAO Food and Agriculture Organization

GAC Grau de Alavancagem Combinada

GAF Grau de Alavancagem Financeiro

GAO Grau de Alavancagem Operacional

IBAMA Inst i tuto Brasi leiro do Meio Ambiente

IBF International Buffalo Federation

IBGE Inst i tuto Brasi leiro de Geografia e Estat stica

IDAM Inst i tuto de Desenvolvimento Agropecurio do Estado do Amazonas

INCRA Inst i tuto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria

IRPJ Imposto de Renda de Pessoa Jurdica

LAIR Lucro Antes do Imposto de Renda

LAJIDA Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciao e Amortizao

LB Lucro Bruto

LC Liquidez Corrente

LLE Lucro Lquido do Exerccio

LO Lucro Operacional

ML Margem Lquida

PC Passivo Circulante

PL Patr imnio Lquido

RA Rentabil idade do Ativo

ROB Receita Operacional Bruta

ROL Receita Operacional Lquida

RPL Rentabil idade do Patrimnio Lquido

SEPLAN Secretaria de Planejamento do Estado do Amazonas

SPVEA Superintendncia do Plano de Valorizao Econmica da Amaznia

SUDAM Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia

TIR Taxa Interna de Retorno

UPS Unidades Produtivas Selecionadas

USP Universidade de So Paulo

SSUUMMRRIIOO

11.. IINNTTRROODDUUOO.................................................................................................................................................................................................................. 1166

22.. FFUUNNDDAAMMEENNTTAAOO TTEERRIICCAA ...................................................................................................................................................... 2244

22..11 CCuussttooss pprroodduuttiivvooss ...................................................................................................................................................................................................... 2255

2.1.1 Custos Econmicos x Custos Contbeis............................................................. 25 2.1.2 Custo Fixo, Custo Varivel e Custo Total.......................................................... 27 2.1.3 Apurao dos Custos Mdios ............................................................................. 30

22..22 DDeemmoonnssttrraaeess FFiinnaanncceeiirraass ...................................................................................................................................................................... 3322

2.2.1 Balano Patrimonial ........................................................................................... 33 2.2.1.1 Estrutura do Balano Patrimonial.................................................................... 34 2.2.2 Demonstrativo do Resultado do Exerccio ......................................................... 40

22..33 AAvvaalliiaaoo EEccoonnmmiiccoo--FFiinnaanncceeiirraa .................................................................................................................................................... 4422

2.3.1 Liquidez.............................................................................................................. 42 2.3.2 Estrutura de capital ............................................................................................. 45 2.3.3 Alavancagem ...................................................................................................... 47 2.3.4 EBITDA ou LAJIDA ......................................................................................... 51 2.3.5 Avaliao da Rentabilidade ................................................................................ 53 2.3.5.1 Giro do Ativo................................................................................................... 54 2.3.5.2 Margem Lquida .............................................................................................. 56 2.3.5.3 Rentabilidade do Ativo.................................................................................... 56 2.3.5.4 Rentabilidade do Patrimnio Lquido ............................................................. 57 2.3.5.5 O conflito entre Rentabilidade e Liquidez....................................................... 59

22..44 AA PPeeccuurriiaa ee aa BBuubbaalliinnooccuullttuurraa.......................................................................................................................................................... 6600

2.4.1 Alterao do Padro Locacional da Pecuria no Brasil...................................... 60 2.4.2 Pecuria: bovinocultura X bubalinocultura......................................................... 69 2.4.3 O Fortalecimento da Pecuria na Regio Norte ................................................. 76 2.4.4 A Atividade da Bubalinocultura no Amazonas .................................................. 79 2.4.5 A Atividade da Bubalinocultura em Itacoatiara ................................................. 81 2.4.6 Sustentabilidade Econmica e Ambiental .......................................................... 85 2.4.7 Bfalos: Soluo ou Problema ........................................................................... 90

33.. MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA .......................................................................................................................................................................................................... 9955

44.. AANNLLIISSEE EE IINNTTEERRPPRREETTAAOO DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS........................................................................ 110022

4.1 Anlise dos Dados Coletados .............................................................................. 102 4.2 Determinao dos Custos mdios e Funo de lucro .......................................... 105 4.3 Avaliao Econmico-Financeira nas unidades selecionadas............................. 107 4.4 Estimativa da Rentabilidade nas Unidades Selecionadas.................................... 109 4.5 Custo de Oportunidade e Lucro Extraordinrio .................................................. 111 4.6 Concluso ............................................................................................................ 116

55.. CCOONNSSIIDDEERRAAEESS FFIINNAAIISS .................................................................................................................................................................. 111188

66.. RREEFFEERRNNCCIIAASS............................................................................................................................................................................................................ 112255

AAPPNNDDIICCEE.................................................................................................................................................................................................................................... 113300

AANNEEXXOOSS.. .......................................................................................................................................................................................................................................... 113355

16

11.. IINNTTRROODDUUOO

Dois grandes desafios devero ser enfrentados pela humanidade

dentro do espao rural no milnio que se inicia: o aumento da produo

de alimentos e a conservao do meio ambiente. O aumento da produo

de alimentos perpassa na adoo do conhecimento existente nas

instituies de ensino superior e de pesquisas nacionais e internacionais,

com o setor produtivo rural e, conseqentemente aumentar as

possibilidades de uma sobrevivncia com dignidade para o homem do

campo, proporcionando ganhos de competitividade dos produtos

agrcolas, aumento da produtividade, reduo dos custos e melhorias no

processamento da produo e comercializao de produtos agrcolas.

Nesta perspectiva, situa-se a pecuria nacional no primeiro plano

no mercado mundial de carne bovina, o que revela expressivo potencial

externo e interno para a bubalinocultura, que uma atividade em

crescente expanso na pecuria internacional, graas s caractersticas

intrnsecas do bfalo domstico (Bubalus bubalis). Apesar de para

alguns, ser considerado um animal bravo e at mesmo selvagem, a sua

docilidade e facilidade de manejo quando criados em condies

apropriadas, faz desta espcie ser considerada pela FAO (rgo de

17

Agricultura e Alimentao das Naes Unidas), como a ideal para ser

utilizado em colnias agropecurias, em especial em pases

superpopulosos, como o caso da China, ndia, Paquisto e o Brasil.

Tambm pela extrema rusticidade, alta taxa de fertilidade e grande

resistncia s enfermidades, esta espcie hoje considerada como

excelente opo em termos de produo de carne, leite e derivados, fora

motriz, couro e outros subprodutos, a exemplo, o esterco. Portanto, o

bfalo do ponto de vista zootcnico, um dos animais domsticos que

apresenta qualidades inexploradas em vrios pases, inclusive no Brasil,

face sua reconhecida capacidade de adaptao aos mais variados

ecossistemas.

O Brasil o atual lder mundial de exportao de carne bovina

respondendo por 19% do comrcio internacional de carne, e o segundo

maior consumidor de carne, apresentando em mdia 35,5 Kg de consumo

per capta (ABCB, 2005). Apesar dessas referncias, primeira vista,

indicarem oportunidades e expectativas positivas no espao rural,

entende-se que as grandes empresas de agronegcios impuseram um

modelo de competio global que excluem os pequenos produtores em

face de sua incapacidade em atenderem s exigncias de grandes escalas

produtivas e a padronizao de produtos e processos (Malafaia &

Barcellos, 2007).

A expanso da fronteira agrcola em direo regio Norte j

uma realidade econmica. Importa em estudar os atores e a conjuntura

das foras econmicas que avanam em direo as reas ainda no

18

desmatadas. Soma-se a esta questo, a acusao de que a pecuria o

motor do desmatamento da Amaznia (Margulis, 2001) porm j existem

trabalhos que alm de negar tal afirmao, apontam que a criao de

bfalos, dentro de uma gesto eficiente de recursos, poder ser uma

soluo para o uso sustentvel do solo amaznida, particularmente, a

rea de vrzea, por exemplo, os trabalhos concludos no Projeto

PrVrzea (Santos, 2004).

No Brasil, a criao do bfalo favorecida pelos fatores

ecossistmicos e poder ser viabilizada mais facilmente em reas em que

a criao de bovinos seria mais difcil, como regies alagadas a exemplo

do que acontece na Ilha de Maraj, reduto inicial deste tipo de criao no

nosso pas. Alm disso, conhecida a grande capacidade dos bfalos

engordarem com forragens grosseiras e converter pastagens nativas em

ganho de peso. Isso muito til em um pas com as caractersticas do

Brasil, no qual encontramos gigantescas reas de pastagens naturais,

ideais para a criao de bfalos.

Historicamente, a Amaznia apresenta reduzida capacidade de

sustentao econmica para as atividades agropecurias. O elevado custo

de transporte, os problemas de infra-estrutura e assistncia tcnica

colaboram para os problemas conjunturais do setor. E somente com a

implementao dos grandes planos governamentais na Amaznia nas

dcadas de 60 e 70, a regio comeou a se integrar ao centro sul do pas.

Nesse contexto, a pecuria, considerada uma atividade adequada para

19

colonizar a regio, passou a ser cada vez mais introduzida em reas aptas

e em condies de assegurar um bom desempenho.

Investigar a distribuio territorial da pecuria de crucial

importncia para se entender a dinmica da pecuria quer do ponto de

vista setorial, quer espacial. Entre os anos de 1990 e 2004, o rebanho

bovino se expandiu na Amaznia Legal1 a uma taxa mdia anual de 7,4%,

cujo ritmo de evoluo foi cerca de trs vezes maior que o observado

para o Brasil como um todo, da ordem de 2,4%. Nesse perodo, o

crescimento do rebanho brasileiro foi de 39,0%, com seu efetivo bovino

passando de 147,1 milhes para cerca de 204,5 milhes de cabeas.

(IBGE, Censo Agropecurio de 2006).

No Amazonas, apesar das condies climticas favorveis, a

atividade caminha na contra-mo, pois o rebanho vem apresentando

sucessivas quedas, reduzindo a sua importncia econmica. Em 2006 a

estimativa do quantitativo do rebanho indicava uma reduo de mais de

21% em relao a 2003. (IDAM, 2007). Imperativo, portanto, investigar

as condicionantes desta queda do quantitativo do rebanho no Estado,

conhecer o perfil da atividade, sua importncia e rentabilidade.

Segundo a anlise e recomendao de diferentes rgos nacionais e

internacionais, FAO_Food and Agriculture Organization ,

IBF_International Buffalo Federation , o Banco Mundial e a

EMBRAPA_Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria, a Amaznia e

1 Amaznia Legal, denominao usada a partir de 1966 que engloba os Estados do Amazonas, Acre, Par, Amap, Roraima, Rondnia, Tocantins, Oeste do Maranho e parte de Mato grosso (Freitas, 2005, pg. 25).

20

o estado do Amazonas, apresentam caractersticas altamente favorveis

para o desenvolvimento em mdio prazo de um sistema de produo

animal baseado na bubalinocultura.

Vale (2002) relata que existem vrias publicaes da FAO, que

recomendam o bfalo como o animal ideal para a Amaznia em face de

existncia na regio dos seguintes aspectos positivos:

1. Condies ecolgicas altamente favorveis para a adaptao

dos bubalinos, gua em abundncia, irradiao solar e fcil

crescimento de biomassa;

2. Possibilidade da utilizao racional das reas de pastagens

nativas de terra inundvel e semi-inundvel;

3. Viabilidade da utilizao pela bubalinocultura de sub-

produtos de outras culturas regionais j estabelecidas, tais

como mandioca, banana, frutas regionais e cuja massa

verde no aproveitada, serve como alimentao para os

bubalinos;

4. Maior resistncia a doenas infecto-contagiosas;

5. Escassez de leite in natura a nvel regional, assim como

produtos lcteos

queijos, manteiga etc., existindo um

mercado promissor;

6. Produo de carne atual insuficiente para atender a

demanda regional.

21

Conhecimentos tecnolgicos gerados e agregados sobre essa

espcie animal, em especial os relacionados com o manejo, alimentao,

sanidade, biotecnologia da reproduo e processamento tecnolgico dos

produtos a serem lanados no mercado consumidor, so aspectos de

fundamental importncia para o aumento da produtividade,

principalmente da produo leiteira. A partir de informaes atualizadas

e diversificadas, torna-se possvel orientar a criao de maneira mais

efetiva, permitindo promover facilmente essa atividade e obter aumento

nos atuais ndices de produo e produtividade do rebanho regional.

Urge investigar se o fomento a bubalinocultura no Estado do

Amazonas, por meio de um programa especial, com apoio poltico,

associado ao setor privado, poder estimular o desenvolvimento da

indstria de laticnios em nvel regional, melhorando as condies

econmicas do pequeno e do mdio produtor rural, alm de poder

proporcionar aes integradas no setor da Educao, Sade e

Agropecuria, com o desenvolvimento de sistemas de produo

apropriados.

Uma vez reconhecida que a regio propcia ao desenvolvimento

da bubalinocultura resta avaliar economicamente a atividade, analisar a

situao econmico-financeira, conhecer a relao receita x custos, e

estimar a rentabilidade e o retorno associado aos sistemas de produo

existentes.

Esta pesquisa teve como objetivo geral o estudo da atividade da

bubalinocultura no Amazonas por intermdio de um diagnstico

22

econmico-financeiro em unidades produtivas selecionadas no municpio

de Itacoatiara.

Os objetivos especficos propostos foram:

Propor uma funo de lucro por unidade produtiva

selecionada;

Determinar o custo mdio de produo por unidade animal e

confrontar com preo da arroba para aferir receita lquida;

Avaliar a situao econmico-financeira das unidades

produtivas selecionadas;

Estimar a rentabilidade mdia por unidade animal nas

unidades produtivas selecionadas.

A estrutura do trabalho foi divida em tpicos: o tpico 1 explicita

a justificativa, os objetivos gerais e especficos. O tpico 2 expe a

fundamentao terica, revisando os conceitos microeconmicos

relativos aos custos de produo e as tcnicas que foram util izadas para a

avaliao econmico-financeira, bem como a estimativa da rentabilidade.

Tambm versa sobre a alterao do padro locacional da pecuria no

Brasil e apresenta as estatsticas a respeito da atividade da

bubalinocultura no Brasil, no Amazonas e municpio de Itacoatiara.

O tpico 3 trata da metodologia utilizada na elaborao da

pesquisa e o tpico 4 expe os dados gerais coletados nas unidades

produtivas estudadas, a estimativa do custo mdio por unidade animal, a

anlise econmico-financeira e a estimativa de rentabilidade. Tambm

23

expe o mercado de preos nacional e regional com vistas a compor um

quadro de referncia para o confronto entre o custo mdio por unidade

animal e o preo da arroba do bfalo. O tpico ainda registra as

concluses relativas a pesquisa.

O tpico 5 registra as consideraes finais, expondo uma anlise

mais ampla observadas na pesquisa, bem como as recomendaes para

trabalhos futuros. O ltimo tpico expe as referncias bibliogrficas

que serviram de base para a elaborao deste trabalho.

24

22.. FFUUNNDDAAMMEENNTTAAOO TTEERRIICCAA

O estudo da microeconomia um dos ramos das cincias

econmicas que se ocupa do estudo das unidades produtivas e

consumidoras dos bens e servios econmicos. Podemos estabelecer que

um estudo microeconmico, geralmente, divide-se em trs

compartimentos: (a) a teoria do consumidor; (b) a teoria do produtor e

(c) a formao de preos e mercados. O foco deste trabalho a teoria do

produtor, a qual se ocupa do estudo da oferta, mais especificamente a

teoria dos custos de produo.

Os conceitos relativos aos custos de produo foram baseados nos

custos em funo da quantidade produzida ou vendida, amparados

substancialmente nas obras de Fergusson (1989); Samuelson (1995);

Baidya et al (1999); Varian (1994), Cunha (2004) e Mendes (2005). Os

conceitos que serviram de base para a anlise dos dados coletados so

apresentados a seguir.

25

2.1 Custos produtivos

O estudo da teoria dos custos permite o conhecimento da estrutura

dos custos decorrentes do processo produtivo em uso na empresa. O

objetivo do estudo a minimizao dos custos para maximizar o lucro,

haja vista que os custos da empresa permitem conhecer se h otimizao

dos recursos produtivos alocados em seu processo produtivo.

2.1.1 Custos Econmicos x Custos Contbeis

Os custos representam desembolsos financeiros de recursos

monetrios da empresa devido ao uso dos fatores de produo. Uma das

tarefas mais importantes para uma empresa o seu custeamento, ou seja,

custear suas atividades de forma correta e clara permitindo o

levantamento do resultado ou o lucro do perodo.

Genericamente, podemos estabelecer que, para os contadores

interessam apenas e to somente os custos explcitos e para os

economistas, alm dos custos explcitos, crucial a apurao dos custos

implcitos. Importa salientar a diferena conceitual:

a) Custos Explcitos

Representam todos os desembolsos registrados pela contabilidade

convencional, envolvem desembolso de caixa os quais so possveis de

26

serem comprovados por meio de documentos comprobatrios.

Genericamente so classificados em custos fixos e custos variveis.

b) Custos Implcitos ou de Oportunidade

So custos que no envolvem desembolso financeiro para a

empresa. No podem ser comprovados por meio de documentos, surgem

das oportunidades do mercado e das anlises das alternativas de

utilizao do capital da empresa.

Podemos ento, afirmar que custos contbeis so os custos

explcitos e custos econmicos so os custos explcitos mais os custos

implcitos, e por conseqncia, os custos econmicos sero maiores que

os custos contbeis.

A partir da determinao dos custos explcitos e implcitos

possvel a apurao do lucro, e dependendo de sua performance podemos

denominar de Lucro Normal, quando a receita total maior que os custos

contbeis; e Lucro Extraordinrio, quando a receita total supera os

custos econmicos.

Nesta pesquisa, foi utilizado como parmetro para a determinao

do custo de oportunidade, a rentabilidade nominal obtida na poupana no

mercado financeiro brasileiro.

27

2.1.2 Custo Fixo, Custo Varivel e Custo Total

A classificao de custos que interessa no momento aquela que

inter-relaciona o uso dos fatores de produo com os dispndios

necessrios para obt-los, assim podemos classificar em dois tipos de

custos:

Custos Fixos (CF) so custos decorrentes da utilizao de fatores

produtivos fixos. So independentes do volume de produo, portanto,

no sofrem variaes em funo da quantidade produzida ou vendida.

A classificao dos custos fixos depende do setor em que a

empresa atua, porm possvel exemplificar genericamente alguns itens

de custos fixos comuns: gastos com aluguis; custos de conservao e

manuteno; alguns tipos de impostos (IPVA, IPTU, por exemplo);

gastos com juros; gastos com seguros. Na hiptese de no haver

produo (produo zero) a empresa ter que possuir recursos para pagar

os custos fixos. Por exemplo: mesmo no produzindo a empresa ter que

pagar o aluguel para o locador.

Para atender as especificidades do setor em estudo sero

considerados custos fixos operacionais: despesas com manuteno de

cercas e benfeitorias, manuteno de tratores e veculos, despesas com

combustveis, aquisio de peas e servios, a estimativa de depreciao

do perodo, as despesas administrativas e financeiras.

Custos Variveis (CV) so custos decorrentes da utilizao de

fatores produtivos variveis. So totalmente dependentes do volume de

28

produo e, portanto, variam em funo da quantidade produzida ou

vendida.

A classificao dos custos variveis tambm depende do setor em

que a empresa atua, porm possvel exemplificar genericamente alguns

itens de custos variveis comuns: gastos com matrias-primas; energia

eltrica; mo-de-obra direta; gastos com prmios pela produtividade ou

comisses. Na hiptese de no haver produo (produo zero) a empresa

no incorrer em custos variveis. Por exemplo: se no houver produo,

no haver gastos com matria-prima, pois nada se emprega (ou

consome) de fatores variveis.

Para atender as especificidades do setor em estudo sero

considerados custos variveis: Compra de gado, insumos (sal

mineralizado, sal proteinado, rao, vacinas, vermfugos, smen), folha

de pagamentos e gastos com pastagens (limpeza, calcrio, sementes).

Custo Total (CT)

o total de custos que a empresa incorre ao

comprar os fatores ou recursos usados na produo.

Para os fins desta pesquisa a quantidade produzida, geralmente

denominada de produo total, ser relativa a quantidade de bfalos

existentes nas unidades produtivas selecionadas para estudo.

O custo total obtido pela soma do custo fixo mais o custo

varivel. A frmula 1 expe a metodologia de clculo.

Frmula 1 . Custo Total (CT)

CT = CF + CV

29

Onde: CF so os custos fixos CV so os custos variveis

Custo Total (CT). A tabela 2 demonstra a apurao do custo total,

em que o volume de produo ou vendas ser representado pela

quantidade de bfalos existentes nas unidades produtivas selecionadas,

os custos fixos correspondem ao uso dos fatores fixos e no variam

conforme a quantidade de animais aumenta.

Na hiptese de operarmos em curto prazo (com pelo menos um

fator fixo de produo), apurados os custos fixos de R$ 220,00 e custos

variveis sejam estabelecidos em diferentes nmeros de bfalos

existentes, para estimarmos uma hiptese de previso dos custos.

Unidade Animal (Qtde. bfalos)

Custo Fixo (CF)

Custo Varivel (CV)

0 220,00 0,00 2 220,00 200,00 5 220,00 300,00 7 220,00 400,00 9 220,00 500,00

10 220,00 600,00 11 220,00 800,00 12 220,00 1.000,00

Tabela 1. Forma de apurao do Custo Fixo e Varivel (em R$) Fonte: a autora

Aps conhecermos os custos fixos e variveis, podemos notar que

o custo fixo mesmo em todos os volumes de produo e o custo

varivel sofre alterao justamente porque depende da quantidade de

bfalos. Agora podemos apurar o custo total da empresa, a saber:

30

Unidade Animal (Qtde.

bfalos)

Custo Fixo

(CF)

Custo Varivel (CV)

Custo Total (CT = CF + CV)

0 220,00 0,00 220,00 + 0,00 = 220,00

2 220,00 200,00 220,00 + 200,00 = 420,00

5 220,00 300,00 220,00 + 300,00 = 520,00

7 220,00 400,00 220,00 + 400,00 = 620,00

9 220,00 500,00 220,00 + 500,00 = 720,00

10 220,00 600,00 220,00 + 600,00 = 820,00

11 220,00 800,00 220,00 + 800,00 = 1.020,00

12 220,00 1.000,00 220,00 + 1.000,00 = 1.220,00

Tabela 2. Forma de apurao do Custo Total (em R$) Fonte: a autora

A tabela 2 revela o comportamento tpico dos custos: fixo, varivel

e total, pois ao aumentarmos a quantidade de bfalos, os custos fixos

permanecem inalterados e custos totais se elevam devido aos custos

variveis associados aos fatores variveis, quanto maior a produo,

maior o consumo de bens e servios intermedirios, fazendo com que os

custos decorrentes do processo produto aumentem.

Conforme os estudos miroeconmicos clssicos, esse fenmeno

ocorre em curto prazo, pois a produo aumenta em funo das diferentes

combinaes de fatores variveis.

2.1.3 Apurao dos Custos Mdios

A classificao dos custos em fixos e variveis e posterior

apurao do custo total permite uma primeira anlise dos custos, porm,

crucial a determinao custos mdios ou custos unitrios para uma

avaliao mais acurada da produo. Observe as frmulas usuais:

31

Custo Fixo Mdio (CFme) custo fixo unitrio num determinado

nvel de produo, seu clculo deriva da diviso do custo fixo pela

quantidade de bfalos. A frmula 2 expe a metodologia de clculo.

Frmula 2 . Custo Fixo Mdio (CFme)

CFme = CF/Qb

Onde: CF so os custos fixos Qb quantidade de bfalos

Custo Varivel Mdio (CVme) custo varivel unitrio num

determinado nvel de produo, seu clculo deriva da diviso do custo

varivel pela quantidade de bfalos, conforme demonstrado a seguir:

Frmula 3 . Custo Varivel Mdio (CVme)

CVme = CV/Qb

Onde: CV so os custos variveis Qb quantidade de bfalos

Custo Mdio (Cme) tambm denominado custo total mdio

(CTme) utilizado para determinar o custo padro de uma unidade

produzida; a determinao do custo unitrio da produo. Seu clculo

deriva da diviso do custo total de produo (CF + CV) num determinado

nvel de produo pela quantidade de bfalos:

Frmula 4 . Custo Mdio (Cme) ou Custo Total Mdio (CTme)

Cme = CFme + CVme

Onde: CFme so os custos fixos mdios CVme so os custos variveis

32

possvel obter o custo mdio (Cme) por meio da diviso do custo

total (CT) pela quantidade de bfalos, assim:

Frmula 5 . Custo Mdio (Cme) ou Custo Total Mdio (CTme)

Cme = CT/Qb

Onde: CT so os custos totais Qb quantidade de bfalos

A tabela 3 demonstra a forma de apurao dos custos mdios custo

mdio (Cme) por meio da soma do CFme e do CVme, assim:

Unidade Animal (Qtde.

bfalos)

Custo Fixo Mdio

(CFme=CF/Qb)

Custo Varivel Mdio

(CVme=CV/Qb)

Custo Total Mdio (Cme=CFme + CVme)

0 220,00

0,00

220,00 + 0,00 = 220,00

2 220,00/2 = 110,00

200,00/2 = 100,00

110,00 + 100,00 = 210,00

5 220,00/5 = 44,00

300,00/5 = 60,00

44,00 + 60,00 = 104,00

7 220,00/7 = 31,42

400,00/7 = 57,14

31,42 + 57,14 = 88,56

9 220,00/9 = 24,44

500,00/9 = 55,55

24,44 + 55,55 = 79,79

10 220,00/10 = 22,00

600,00/10 = 60,00

22,00 + 60,00 = 82,00

11 220,00/11 = 20,00

800,00/11 = 72,72

20,00 + 72,72 = 92,72

12 220,00/12 = 18,33

1.000,00/12 = 83,33

18,33 + 83,00 = 101,66

Tabela 3. Forma de apurao dos Custos Mdios (em R$) Fonte: a autora

2.2 Demonstraes Financeiras

As demonstraes financeiras representam forma tcnica que

evidencia os fatos patrimoniais ocorridos em determinada gesto

administrativa.

A estrutura das demonstraes financeiras aqui expostas so

embasadas nas obras de trs autores: Braga (1992); Hoji (2003) e Neves

& Viceconti (2003) e na Lei no. 6.404 de 15 de dezembro de 1976 e suas

33

alteraes, principalmente com as mudanas trazidas pela Lei no. 11.638

de 28 de dezembro de 2007.

As demonstraes financeiras exigidas por lei e que sero objeto

do estudo so: (a) Balano Patrimonial e (b) Demonstrativo do Resultado

do Exerccio.

2.2.1 Balano Patrimonial

uma demonstrao contbil que tem por objetivo mostrar a

situao financeira e patrimonial de uma entidade numa determinada

data, representando, portanto, uma posio esttica da mesma. O Balano

apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (exigibilidades e

obrigaes) e o Patrimnio Lquido, resultante da diferena entre o total

de ativos e passivos.

O balano patrimonial uma das peas extradas dos livros

contbeis, que faz parte do conjunto das demonstraes financeiras,

representa de forma sinttica o patrimnio da empresa em determinado

momento, elaborado segundo os princpios contbeis geralmente aceitos.

O balano patrimonial a demonstrao que apresenta todos os

bens e direitos da empresa e apresenta a posio patrimonial e financeira

e uma empresa em dado momento. A informao que esse demonstrativo

fornece totalmente esttica e, muito provavelmente, sua estrutura se

apresentar relativamente diferente algum tempo aps seu encerramento

do exerccio social.

34

2.2.1.1 Estrutura do Balano Patrimonial

O demonstrativo contbil denominado Balano Patrimonial

elaborado em forma equacional, sendo o lado positivo representado pelo

Ativo, que so os direitos e os bens e o lado negativo representado pelo

Passivo representando as obrigaes, e a diferena entre Ativo e Passivo,

o Patrimnio Lquido que representa o investimento dos proprietrios

na constituio da empresa.

Ativo

No ativo, as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de

liquidez, os elementos registrados esto estruturados nos seguintes

subgrupos: 1) Ativo Circulante; 2) Ativo Realizvel a Longo Prazo; 3)

Ativo Permanente.

O critrio de classificao das contas do Ativo est no 1 do

artigo 178 da Lei 6.404/76, que define: No ativo, as contas so dispostas

em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas

registradas no seguinte grupo: a) Ativo circulante; b) Ativo realizvel a

longo prazo; c) Ativo permanente, dividido em investimentos, ativo

imobilizado e ativo diferido.

Ativo Circulante

O ativo circulante subdivide-se em: a) Disponvel; b) Direitos

Realizveis no Exerccio Seguinte; c) Estoques; d) Despesas

Apropriveis no Exerccio Seguinte. Ativo Circulante: composto pelas

contas de liquidez imediata, e sua classificao est estabelecida no

35

artigo 179, item I da Lei 6.404/76, do seguinte modo: I

no ativo

circulante: as disponibilidades, os direitos realizveis no curso do

exerccio social subseqente e as aplicaes de recursos em despesas do

exerccio seguinte.

Deve-se entender como disponvel, as contas onde so registrados

os valores que representam o dinheiro em caixa, os saldos disponveis

em contas de movimento bancrio, os saldos de contas relativas aos

ativos imediatamente liquidveis.

Direitos Realizveis no Exerccio Seguinte, classificam-se neste

subgrupo: a) saldos relativos a aplicaes em valores mobilirios,

operaes no mercado aberto e saldos de recursos para os quais no haja

uma necessria aplicao no momento; b) contas a receber, com

vencimentos para o exerccio seguinte.

Despesas Apropriveis no Exerccio Seguinte, registram-se neste

subgrupo os valores das despesas antecipadas, devem ser apropriado

como os prmios de seguros e despesas financeiras diferidas, referentes a

financiamentos apropriveis no exerccio seguinte.

Ativo Realizvel em Longo Prazo

Conforme o ornamento legal, a composio deste agrupamento

composto, a saber:

I - Direitos Realizveis aps o encerramento do Exerccio

Seguinte: Neste subgrupo sero registradas, dentre outras contas, as que

representam os seguintes direitos, realizveis aps o encerramento do

36

exerccio seguinte: Duplicatas a Receber, Adiantamentos ou

Emprstimos a Fornecedores ou a Sociedade Coligada ou Controlada,

Adiantamentos ou Emprstimos a Diretores.

II- Despesas Apropriveis aps o encerramento do Exerccio

Seguinte: So registradas neste subgrupo, as despesas antecipadas,

referentes a encargos financeiros exigveis aps o exerccio seguinte ao

do encerramento do Balano. O item II do Art. 179 da Lei 6.404/76

estabelece que:

II

no ativo realizvel em longo prazo: os direitos realizveis

aps o trmino do exerccio seguinte, assim como os derivados de

vendas, adiantamentos ou emprstimos a sociedades coligadas ou

controladas (art. 243), diretores, acionistas ou participantes do lucro da

companhia, que no constiturem negcios usuais na explorao objeto

da companhia.

Ativo Permanente

Divide-se em trs subgrupos: a) Investimentos; b) Imobilizado; c)

Diferido.

Investimentos, este subgrupo divide

se em: a) as participaes

permanentes em outras sociedades; b) os empreendimentos relativos ao

plantio de florestas destinados proteo do solo ou preservao do

meio ambiente, sem que se destinem manuteno da atividade da

empresa; c) as aplicaes em Incentivos Fiscais, aps o recebimento do

Certificado de Investimento (CI), quando houver a inteno de manter

37

estes valores como investimentos; d) as importncias aplicadas na

aquisio de imveis, desde que no sejam para revenda ou destinadas

manuteno das atividades da empresa (ex: imveis para aluguel); e) as

aplicaes em ouro, quando no constarem do objeto social da pessoa

jurdica.

Imobilizado, constam nesse subgrupo os bens e os direitos que

tenham por objeto bens destinados para a manuteno das atividades da

empresa ou exercidos com essa finalidade, abrange at as atividades de

propriedade industrial ou comercial. Subdivide

em: mquinas,

equipamentos, construes, direito de explorao de minas e jazidas,

reservas florestais, patentes de invenes e marcas, frmulas e processo

de fabricao, ponto comercial e outros direitos de idntica natureza,

devero ser classificados neste subgrupo, classifica-se tambm, as

benfeitorias realizadas em imveis de terceiros.

Ativo Diferido, neste subgrupo figuram as seguintes aplicaes: a)

os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o perodo que

anteceder ao incio das operaes sociais; b) as despesas pr-

operacionais ou pr-industriais, quando no se identificarem com

elementos especficos do Ativo Permanente Imobilizado ou de

Investimentos; c) as despesas com pesquisas cientficas ou tecnolgicas,

quando no exercida opo para apropriao direta em conta de

resultado; d) as despesas com o desenvolvimento de jazidas ou minas; e)

as despesas com a reestruturao, reorganizao ou modernizao das

empresas; f) as benfeitorias ou construes em imveis locados, sem

38

direito a indenizao, cujo contrato tenha prazo determinado; g) as

despesas com prospeco e cubagem de jazidas e depsitos, realizadas

por concessionrias de pesquisas ou lavra mineral, sob orientao tcnica

de engenheiro de minas; h) a parte dos custos, encargos e despesas

operacionais, registrados durante o perodo em que a empresa, em fase

inicial de operao, utilizou apenas parcialmente os seus equipamentos

ou as suas instalaes.

Passivo

Em ordem decrescente de exigibilidade, as contas do passivo so

estruturadas nos seguintes grupos: a) Passivo Circulante b) Passivo

Exigvel em Longo Prazo c) Resultados de Exerccios Futuros d)

Patrimnio Lquido Segundo o 2 do Art. 178 da Lei 6.404/76

estabelece que: No passivo, as contas sero classificadas nos seguintes

grupos: a) Passivo circulante; b) Passivo exigvel a longo prazo; c)

Resultados de exerccios futuros; d) Patrimnio lquido, dividido em

capital social, reservas de capital, reservas de reavaliao, reservas de

lucros e lucros ou prejuzos acumulados.

No Passivo Circulante so escrituradas as obrigaes da empresa,

inclusive financiamentos para aquisio de direitos do Ativo Permanente,

vencveis no exerccio seguinte. Neste grupo classificam

se os

seguintes subgrupos: a) Fornecedores; b) Emprstimos Bancrios; c)

Obrigaes Tributrias; d) Obrigaes Sociais; e) Proviso para o

Imposto de Renda e Contribuio Social.

39

As principais contas do passivo circulante so: fornecedores:

origina-se das operaes de compra a prazo, no mercado nacional ou

exterior, de matrias-primas destinadas ao processo produtivo,

mercadorias com a finalidade de revenda ou outros materiais ou insumos.

Duplicatas a Pagar Coligada ou Controlada: refere-se s obrigaes da

sociedade originrias de transaes normais a prazo, de coligadas ou

controladas, como se fossem qualquer outro fornecedor. Tributos a

Pagar/Recolher: compreende as obrigaes relativas a impostos, taxas e

contribuies. Salrios e Encargos Sociais: compem-se das obrigaes

da empresa para com seus empregados e aos agentes arrecadadores de

contribuies sociais, bem como as obrigaes conhecidas como

previsveis e calculveis na data do balano. Emprstimos e

Financiamentos de Instituies Financeiras: compreendem os recursos

obtidos pela empresa junto a instituies financeiras do pas com a

finalidade de financiar imobilizaes ou o prprio giro do negcio. Alm

das contas descritas acima, podemos encontrar muitas outras contas no

passivo circulante, tais como: adiantamentos, contas a pagar, dividendos,

gratificaes e participaes, emprstimos em moeda estrangeira etc.

Passivo Exigvel em Longo Praz , so as contas que representam as

obrigaes vencveis aps o encerramento do exerccio seguinte,

incluindo financiamentos para aquisio de direitos do Ativo

Permanente. Classificam-se neste grupo as seguintes contas: a)

Financiamentos; b) Hipotecas; c) Parcelamentos de Dbitos Fiscais e

Sociais; d) Crditos de Empresas Coligadas e Controladas; e) Proviso

40

para o Imposto de Renda e Contribuio Social sobre lucros cuja

tributao seja diferida.

Resultados de Exerccios Futuros referem-se s receitas diferidas e

antecipadas, conforme exige a legislao vigente, as contas que devem

integrar os resultados de exerccios futuros devem ser as receitas de

exerccios futuros e os seus custos e suas despesas correspondentes.

Patrimnio Lquido a diferena entre o Ativo e o Passivo

Exigvel, que representa a primeira origem de recursos da empresa. As

contas que constituem esse grupo so as seguintes: a) Capital Social b)

Reservas de Capital c) Reservas de Reavaliao d) Reservas de Lucros e)

Lucros ou Prejuzos Acumulados.

2.2.2 Demonstrativo do Resultado do Exerccio

A Demonstrao do Resultado do Exerccio _ DRE um

demonstrativo financeiro que serve para exprimir com clareza o

resultado que a empresa obteve no exerccio social. A DRE mostra a

conseqncia - o lucro ou o prejuzo - das operaes da empresa

realizadas em um determinado perodo de tempo, bem como os elementos

de despesas e receitas que determinaram esse resultado positivo ou

negativo.

O modelo de estrutura de DRE que iremos utilizar para a

finalidade da pesquisa condizente com figura apresentada na tabela 4:

41

Receita Operacional Bruta (ROB)

(-) dedues e abatimentos

(=) Receita Operacional Lquida (ROL)

(-) Custo variveis

(=) Lucro Bruto

(-) Custos fixos

(=) Lucro Operacional

(-) Custos no-operacionais (ou extra operacionais)

(=) Lucro Lquido Antes do Imposto de Renda (LAIR)

(-) Previso para o imposto de renda

(-) Proviso para Contribuio social sobre o Lucro Lquido

(=) Lucro Lquido Depois do Imposto de Renda (LLE)

Tabela 4. Demonstrativo do Resultado do Exerccio Fonte: a autora

Os conceitos relativos aos custos fixos e variveis foram

explicitados anteriormente.

A Lei 6404/76 classificou as despesas e receitas financeiras como

elementos de natureza operacional. O ponto de vista da Administrao

Financeira difere neste critrio, pois, entende que o Lucro Operacional

deve corresponder ao resultado das operaes principais da empresa,

independentemente das despesas geradas pelos emprstimos e

financiamentos e das receitas oriundas das aplicaes de recursos

temporariamente disponveis.

O objetivo principal dos administradores financeiros maximizar

a riqueza da empresa ou o preo da ao da empresa. O objetivo

secundrio maximizar o lucro por ao.

No esforo para obter lucros timos, uma empresa pode

negligenciar o risco, ou seja, decises de investimentos baseadas em

42

custos elevados podem causar o desaparecimento do lucro ou faz-lo

flutuar excessivamente, e isso pode levar insolvncia ou a uma grande

parcela de incertezas.

Investidores e credores buscam em uma empresa os retornos mais

elevados possveis e menor risco possvel. Os credores no querem que a

empresa mudanas desnecessrias, que poderiam lev-la uma situao

de insolvncia tcnica2.

2.3 Avaliao Econmico-Financeira

As tcnicas e conceitos selecionados para esta pesquisa foram

embasados nas obras de cinco autores-chaves, a saber: Braga (1992);

Gitman (2001); Groppelli & Nikbakht (2002) e Hoji (2003).

2.3.1 Liquidez

A administrao da liquidez certamente um dos problemas mais

importantes enfrentado pelos gestores financeiros, pois a administrao

dos Ativos e Passivos Circulantes est intimamente relacionada com o

nvel de risco que a administrao da empresa est disposta a enfrentar.

Em termos de possibilidades extremas: quanto maior for a

concentrao de investimentos da empresa em ativos lquidos, como

caixa, aplicaes imediata l iquidez, em relao ao volume de suas

2 A insolvncia tcnica refere-se a incapacidade da empresa em honrar suas dvidas.

43

dvidas de curto prazo, maior ser sua liquidez e, portanto, menor o nvel

de riscos que estar assumindo. Em outro extremo, teramos o

direcionamento do investimento para os ativos de longo prazo de

realizao, deixando uma proporo menor de ativos lquidos para

cobertura de dvidas de curto prazo. Neste caso, o risco ser maior, pois

o pagamento pontual das dvidas em curto prazo depender de novos

financiamentos e da velocidade da realizao dos Ativos Circulantes

menos lquidos como Estoques e Duplicatas a Receber.

O indicador de liquidez de uma empresa revela a capacidade de

pagamento que ela tem, em determinado momento, para atender todos os

seus compromissos por meio da realizao de seus Ativos. Portanto,

revelam a situao financeira da empresa em determinado perodo de

tempo.

Para os fins desta pesquisa foi utilizado apenas o ndice de

liquidez corrente, uma vez que este indicador evidencia a capacidade que

a empresa tem para honrar suas dvidas em curto prazo3.

A liquidez corrente revela se h recursos financeiros para a

realizao das dvidas em curto prazo, e assim, garantir o equilbrio das

entradas e sadas de caixa.

Frmula 6 . ndice de Liquidez Corrente (LC)

LC = AC / PC

3 Curto prazo, perodo correspondente aos prximos 12 meses a partir da publicao do Balano Patrimonial.

44

Onde: AC = Ativo Circulante PC = Passivo Circulante

Cumpre ressaltar que o resultado apenas um indicativo de

tendncia, uma expectativa positiva de solvncia tcnica, situao em

que ativo circulante maior que o passivo circulante. Caso contrrio,

uma expectativa de insolvncia tcnica, situao em que ativo circulante

menor que o passivo circulante. A tabela abaixo evidencia a forma de

apurao:

Primeira hiptese: ndice acima de R$ 1,00

Solvncia tcnica AC PC Liquidez Corrente Interpretao do resultado

1.176.000,00

840.000,00 1.176.000/840.000 = 1,40

Excesso de l iquidez. Quando o ndice apurado acima de 1.

H R$ 0,40 de excedente ou folga financeira.

Segunda hiptese: ndice abaixo de R$ 1,00

Insolvncia tcnica AC PC Liquidez Corrente Interpretao do resultado

644.000,00 920.000,00 644.000/920.000 = 0,70

Escassez de l iquidez. Quando o ndice apurado abaixo de 1. Faltam R$ 0,30 para cobrir as dvidas em curto prazo. Estado de insolvncia tcnica de R$ 0,30.

Tabela 5. Forma de apurao do ndice de Liquidez Corrente Fonte: a autora

H ainda uma situao em que o ativo circulante igual ao passivo

circulante, mesmo sendo uma situao financeiramente mais razovel que

o estado de insolvncia tcnica pode ser considerado uma situao de

risco, pois no h recursos para gerar uma folga financeira para empresa.

As empresas no podem prescindir do crdito concedido por seus

fornecedores e pelas instituies financeiras. Deixando de liquidar seus

compromissos financeiros nas datas convencionadas, a empresa sofrer

45

restries de crdito e ter dificuldades na manuteno do ritmo normal

de suas operaes. A situao pode deteriorar-se at o ponto da

decretao de sua falncia.

A insolvncia de uma empresa pode surgir devido a excesso de

imobilizaes ou de estoques, concesso aos clientes de prazos muito

longos para pagamentos, ou ainda, utilizao de fontes de

financiamentos inadequadas. Observa-se, ento, que a capacidade da

empresa cumprir seus compromissos financeiros afetada tanto pela

composio das fontes de fundos, quanto pela composio dos ativos.

2.3.2 Estrutura de capital

Entende-se por estrutura de capital a relao entre os volumes de

fontes e aplicaes de recursos. Alm disso, relacionam-se as fontes e as

aplicaes de longo prazo como forma de ver como so financiados os

trs grupos principais do Ativo. De uma forma geral, ativos de longo

prazo (Permanente e Realizvel) devem ser financiados por fontes de

longo prazo (Patrimnio Lquido e Exigvel).

Tipos de fontes para avaliao da estrutura de capital:

- 1. fonte: PATRIMNIO LQUIDO OU CAPITAL PRPRIO

- 2. fonte: PASSIVO EXIGVEL DE LONGO PRAZO

- 3. fonte: PASSIVO CIRCULANTE

46

A figura 1 resume os trs tipos de estruturas que podem surgir

quando da anlise da estrutura de capital:

Qualquer empresa analisada ter sua estrutura de capital definida dentro dos modelos abaixo representados:

BOA

RAZOVEL

RUIM

ESTRUTURA BOA ESTRUTURA RAZOVEL ESTRUTURA RUIM Recursos prprios financiam

todos os ativos de longo prazo e ainda h sobras para financiar o

Ativo Circulante.

Recursos de terceiros de longo prazo completam o financiamento

de ativos de longo prazo e h sobras para financiar o Ativo

Circulante.

Recursos prprios e de terceiros de longo prazo so insuficientes

financiar os Ativos de longo prazo.

Figura 1. Tipos de estrutura de capital Fonte: a autora

O capital prprio representado pelo Patrimnio Lquido. So

recursos que pertencem aos scios e que esto sendo utilizados na

empresa. O Patrimnio Lquido representa apenas o registro dos

recursos. Estes recursos, em verdade, esto sendo utilizados no ativo. Os

recursos so fornecidos pelos scios (capital social), mas nem todo o

valor do capital so recursos que os scios integralizaram, uma vez que

pode ser aumentado com a Correo Monetria e com os lucros. Da

mesma forma, os lucros acumulados representam o montante de lucros

gerados em vrios anos e que ainda no foram utilizados para aumentar o

capital, para aumentar as Reservas de Lucros ou para distribuir aos

scios, como dividendos.

47

Na anlise financeira, deve-se concentrar a ateno no total do

Patrimnio Lquido e no em cada uma de suas contas individuais.

Quanto maior for o volume de recursos prprios, menor ser a

dependncia de capital de terceiros e maior a possibilidade da empresa

ter recursos para financiar todo seu Ativo Permanente e ainda sobrar

recursos para financiar seu Capital de Giro, aumentado assim sua li-

quidez e capacidade de pagar dvidas.

2.3.3 Alavancagem

Alavancagem um conceito que define o grau de utilizao de

recursos de terceiros para aumentar as possibilidades de lucro,

aumentando conseqentemente o grau de risco da operao. No mercado

financeiro tambm utilizada a expresso equivalente em ingls -

leverage .

O termo "alavancagem" tem origem em uma lei da fsica onde uma

determinada massa pode ser levantada atravs do auxlio de uma

alavanca. Esta, por sua vez, dever estar apoiada em um ponto fixo,

resultando em um esforo muito menor de que se a massa fosse erguida

diretamente. Tambm consta que quanto mais longa for a alavanca,

menor ser o esforo.

Diante disso, a administrao financeira utiliza o termo para

definir duas formas de alavancar o resultado da empresa: alavancagem

operacional e alavancagem financeira.

48

Alavancagem Operacional

A alavancagem operacional o processo pelo qual a empresa

consegue um aumento no lucro operacional por meio do incremento no

volume de produo e vendas, desde que mantenha os mesmos custos

fixos. Com isso, os custos fixos operacionais funcionam como redutor

do custo unitrio total, proporcionando um aumento nos lucros mais que

proporcional ao aumento obtido com o crescimento das vendas.

Resumindo, o custo fixo se dilui em um maior nmero de produtos,

reduzindo o custo unitrio do produto.

A alavancagem operacional acontece quando o aumento do lucro

operacional mais que proporcional ao aumento das receitas

operacionais, o indicador permite ainda, traduzir o risco do negcio ou

risco operacional da atividade.

A frmula utilizada para apurar o grau de alavancagem operacional

apresentada abaixo:

Frmula 7 . Grau de alavancagem operacional (GAO)

GAO = LB / LO

Onde: LB = Lucro Bruto LO = Lucro Operacional

Se tomarmos como exemplo a apurao de um GAO = 1.45, a

empresa deve ser considerada alavancada e com baixo risco operacional.

Para estes casos, vivel a recomendao para aumentos na produo ou

na receita operacional.

49

Alavancagem Financeira

Da mesma forma que a alavancagem operacional, a alavancagem

financeira proporciona maior retorno ao capital dos acionistas por meio

da presena de encargos financeiros fixos, provenientes da utilizao de

recursos de terceiros no financiamento das suas atividades.

A alavancagem financeira ocorre quando um aumento do lucro

lquido mais que proporcional ao aumento do lucro operacional,

traduzindo o risco financeiro da atividade.

A frmula utilizada para apurar o grau de alavancagem financeira

apresentada abaixo:

Frmula 8 . Grau de alavancagem financeira (GAF)

GAF = LO / LAIR

Onde: LO = Lucro Operacional LAIR = Lucro antes do Imposto de Renda

Se tomarmos como exemplo a apurao de um GAF = 1.32, a

empresa deve ser considerada alavancada, porm com elevado risco

financeiro pois este indicador est associado intensidade com a qual a

empresa utiliza capital de terceiros em sua estrutura de capital. Quanto

mais capital de terceiros, maior o grau da alavancagem financeira. Este

grau ser tanto maior quanto for a participao do capital de terceiros na

estrutura financeira.

50

Sua importncia est em conhecer a capacidade da empresa em

usar encargos financeiros fixos para maximizar os efeitos de variaes

no lucro antes dos juros e imposto de renda sobre o lucro por ao.

A alavancagem financeira pode ser considerada positiva, quando

os capitais de terceiros de longo prazo produzem efeitos benficos sobre

o patrimnio lquido. Em uma anlise conjunta com os indicadores de

rentabilidade, podemos depreender que s vantajoso o uso de capitais

de terceiros, quando o retorno sobre o ativo for superior ao retorno sobre

o patrimnio lquido.

De nada adiantaria a uma empresa captar recursos em longo prazo,

se estes fizessem com que o retorno sobre o patrimnio lquido recuasse

em sua posio anterior da captao.

Alavancagem Combinada

A alavancagem combinada, como sugere o nome, uma juno da

operacional e da financeira. O grau de alavancagem combinada permite

observar se o aumento do lucro por ao mais que proporcional ao

aumento da receita operacional, o que permite traduzir o risco econmico

(operacional e financeiro).

Frmula 9 . Grau de alavancagem combinada (GAC)

GAC = GAO . GAF

Onde: GAO = Grau de alavancagem operacional GAF = Grau de alavancagem financeira

51

A alavancagem combinada permite efetuar a seguinte associao

com o conceito econmico de economias e deseconomias de escala, a

saber:

Seja o GAC for igual a 1.0, a alavancagem da empresa ser

considerada nula e o processo produtivo da empresa est em

ECONOMIA CONSTANTE DE ESCALA

Se o GAC for maior que 1.0, a alavancagem da empresa ser

considerada favorvel e o processo produtivo est em

ECONOMIA DE ESCALA

Se o GAC for menor que 1.0, a alavancagem da empresa ser

considerada desfavorvel e o processo produtivo est em

DESECONOMIA DE ESCALA

2.3.4 EBITDA ou LAJIDA

O termo EBITDA significa na linguagem inglesa, Earning Before

Interest, Taxes, Depreciation and Amortization , ou seja, lucro antes dos

juros, impostos (sobre o lucro), depreciao e amortizaes. Na nossa

lngua ficaria LAJIDA.

uma forma de mensurar o desempenho da empresa em termos de

fluxo de caixa e de auxiliar, de forma prtica, no processo de avaliar a

empresa como um todo, focando basicamente a capacidade de gerao de

recursos dos ativos da entidade.

52

A frmula utilizada para apurar o EBITDA apresentada assim:

Frmula 10 . EBITDA ou LAJIDA

EBITDA = LO + DF + D + A

Onde: LO = Lucro operacional DF = Despesas Financeiras D = Depreciao A = Amortizao

O EBITDA equivale ao conceito restrito de fluxo de caixa

operacional da empresa, apurado antes do imposto de renda e representa

o potencial de gerao genuinamente operacional de caixa que o ativo

operacional de uma empresa capaz de produzir, antes inclusive de

considerar o custo financeiro . No corresponde ao efetivo fluxo de caixa

fsico j ocorrido no perodo porque parte das vendas pode no estar

recebida e parte das despesas pode no estar paga.

Assim que recebidas todas as receitas e pagas todas as despesas,

esse o valor de caixa produzido pelos ativos, antes de computadas as

receitas e as despesas financeiras (juros), impostos (sobre o lucro), a

depreciao, a amortizao e a exausto.

Na legislao brasileira, chamamos de lucro operacional ao exato

valor do lucro antes dos tributos. Tecnicamente, todavia, deveramos

excluir no clculo do genuno lucro das operaes, as despesas e as

receitas f inanceiras. Dessa forma, pode-se dizer que, em geral, a

diferena entre o lucro operacional (genuno, no o legalmente utilizado

no Brasil) e o EBITDA exatamente o valor das depreciaes e

amortizaes, ou seja, o EBITDA o lucro genuinamente derivado dos

53

ativos operacionais antes de computadas as depreciaes e as

amortizaes (e exaustes).

Finalmente, ressalta-se os ensinamentos de Vasconcelos (2002)

que consiste num poderoso indicador de desempenho financeiro, posto

que reflete o potencial de gerao de recursos decorrentes

eminentemente das operaes da empresa. Note que so excludos do

cmputo toda e qualquer despesa escritural, ainda que operacional, a

exemplo da depreciao visto que no representa sada de recursos

financeiros.

2.3.5 Avaliao da Rentabilidade

Os ndices de rentabilidade procuram evidenciar qual foi a

rentabilidade dos capitais investidos, ou seja, o resultado das operaes

realizadas por uma organizao, por isso, preocupam-se com a situao

econmica da firma.

Para efetuarmos uma anlise de rentabilidade, imprescindvel que

a verificao dos lucros esteja relacionada com valores que possam

expressar a "dimenso" destes lucros dentro das atividades da firma.

No caso dos ndices de rentabilidade, assim como dos demais,

dizer que um indicador encontrado alto ou baixo vai depender das

caractersticas do empreendimento, tais como segmento de mercado,

porte, tempo de existncia da empresa entre outros.

54

Vale ressaltar que o relacionamento das variveis para a

construo de um ndice depender da deciso a ser tomada ou do

elemento a ser analisado. De posse das demonstraes contbeis, a

empresa pode construir dezenas de ndices, relacionando, a cada um,

variveis diferentes. No entanto, o fim pretendido que ir determinar o

que analisar ou qual ndice utilizar.

Para as finalidades desta pesquisa sero aplicados os seguintes

indicadores de rentabilidade:

- Giro do Ativo;

- Margem Lquida;

- Rentabilidade do Ativo;

- Rentabilidade do Passivo

A seguir iremos expor o conceito, a frmula e a interpretao dos

indicadores.

2.3.5.1 Giro do Ativo

Este indicador evidencia o nmero de vezes em que ativo girou

como resultado ou efeito das vendas ou quanto a empresa vendeu para

cada R$ 1,00 de investimento total.

De incio pode-se afirmar que o xito de uma empresa depende de

uma srie de fatores. No entanto, o volume adequado de vendas ser,

certamente, o elemento impulsionador do sucesso. Por essa razo,

55

conveniente, na anlise de balano, fazer relao do volume de vendas

com outros fatores a fim de se conhecer se o rendimento ou desempenho

foi ou no satisfatrio. Neste momento a preocupao reside em verificar

qual a representatividade do faturamento em relao ao capital investido.

A frmula utilizada para apurar o Giro do Ativo :

Frmula 11 . Giro do Ativo

Giro Ativo = ROL / AT

Onde: ROL = Receita Operacional Lquida ou vendas lquidas AT = Ativo Total

A interpretao genrica para o giro do ativo a de quanto maior,

melhor. Temos como exemplo que se a empresa consegue um ndice de

Giro do Ativo de 1.10 pode-se dizer que para cada R$ 1,00 investido no

Ativo a empresa conseguiu vender R$ 1,10, ou seja, o volume de vendas

atingiu 1.10 vezes o volume de investimentos.

Vale ressaltar que este ndice de extrema importncia, isto

porque a firma investe capital esperando um bom retorno, que

normalmente comea a surgir a partir do bom desempenho da rea

comercial. Desta maneira, imprescindvel verificar se o que est sendo

investido est sendo compensatrio, em relao s vendas.

56

2.3.5.2 Margem Lquida

A Margem Lquida evidencia o retorno que a empresa obteve

frente ao que conseguiu gerar de receitas operacionais lquidas. Em

outras palavras: quanto o que sobrou de recursos para a firma aps a

deduo dos custos variveis e fixos.

A anlise feita sob a forma de quanto a empresa obtm de lucro

para cada R$ 1,00 vendido, por isso, quanto maior, melhor.

Se, por exemplo, o ndice de 1.20, importa que para cada R$ 1,00

vendido a empresa conseguiu trazer um retorno de R$ 0,20 ou 20%.

A frmula utilizada para apurar a margem lquida apresentada

assim:

Frmula 12 . Margem Lquida (ML)

ML = LAIR / ROL

Onde: LAIR = Lucro Antes do Imposto de Renda ROL = Receita Operacional Lquida ou vendas lquidas

2.3.5.3 Rentabilidade do Ativo

A rentabilidade do ativo calculada quando se deseja ter uma

mensurao da lucratividade, como um todo, do empreendimento,

venham de onde vierem os recursos, admitindo-se as aplicaes

formalmente realizadas.

57

A frmula utilizada para apurar a rentabilidade do Ativo

apresentada assim:

Frmula 13 . Rentabilidade do Ativo (RA)

RA = LAIR / AT

Onde: LAIR = Lucro Antes do Imposto de Renda AT = Ativo Total

Este indicador mede quanto a empresa obtm de lucro para cada R$

1,00 de investimento total, por isso, visto como uma medida de

potencial de gerao de lucro da parte da empresa. Este quociente

representa uma medida da capacidade da empresa em gerar lucro lquido

e assim poder capitalizar-se para fazer frente s necessidades de

investimentos. ainda uma medida do desempenho comparativo da

empresa ano a ano.

Em uma empresa em que, aps apurados o Lucro Lquido e o valor

do Ativo, verificar que a Rentabilidade deste Ativo tenha sido de 0.20

pode-se dizer que para cada R$ 1,00 investido a empresa ganhou R$ 0,20

ou 20%.

2.3.5.4 Rentabilidade do Patrimnio Lquido

importante observar que o clculo da Rentabilidade do

Patrimnio Lquido permite saber quanto a administrao, atravs do uso

dos ativos, obteve de rendimento com a respectiva estrutura de despesas

58

financeiras, considerando-se o nvel de relacionamento percentual entre

o capital prprio e o de terceiros. Em ltima instncia, evidencia qual a

taxa de rendimento do Capital Prprio.

Uma das grandes utilidades deste quociente est na sua

comparao com taxas de rendimento de mercado, sendo possvel, por

esta comparao, avaliar se a f irma oferece rentabilidade superior ou

inferior a essas opes.

A frmula utilizada para apurar a rentabilidade do Patrimnio

Lquido apresentada assim:

Frmula 14 . Rentabilidade do Patrimnio Lquido (RPL)

RPL = LAIR / PL

Onde: LAIR = Lucro Antes do Imposto de Renda PL = Patrimnio Lquido

De incio, preciso dizer que o Patrimnio Lquido consiste no

que chamamos de capital prprio, a fonte operacional mais importante na

empresa. Esse indicador importante quando se precisa demonstrar o

quanto o proprietrio est ganhando, em termos de recursos adicionais ao

seu investimento inicial. De outra forma, retrata quanto vai para o

proprietrio, do lucro gerado pelo uso do ativo, quaisquer que tenham

sido as fontes de recursos, prprias ou de terceiros.

A apurao deste indicador vislumbrar, portanto, quanto a

empresa obteve de lucro para cada R$ 1,00 de Capital Prprio investido.

59

Uma taxa de 0.32 representa, ento, que cada R$ 1,00 de Capital Prprio

investido se obteve um retorno de R$ 0,32 ou 32%.

Conforme BRAGA (1992, pg.30) "a rentabilidade o grau de

xito econmico obtido por uma empresa em relao ao capital nela

investido". E para que a taxa de rentabilidade e a taxa de retorno seja

bem avaliada, deve-se cotej-la com a expectativa dos proprietrios que

envolvem a considerao do risco assumido e das demais oportunidades

de ganho existentes no mercado para o mesmo grau de risco.

Tal risco pode ser associado possibilidade das vendas declinarem

devido a uma retrao de mercado ou aos esforos bem sucedidos da

concorrncia. Como parte das despesas operacionais ir manter-se

constante, o lucro operacional acusar uma reduo em maior proporo

do que a queda verificada nas receitas de vendas. Este o tipo de risco

decorrente das atividades operacionais.

2.3.5.5 O conflito entre Rentabilidade e Liquidez

A administrao financeira a rea responsvel pela administrao

dos recursos financeiros da empresa, proporcionando condies que

garantam sua rentabilidade e l iquidez.

A rentabilidade alcanada medida que as atividades

operacionais da empresa proporcionem a maximizao dos retornos dos

investimentos feitos pelos proprietrios. Contudo, a rentabilidade

60

mxima pode comprometer a l iquidez da empresa, pois os retornos esto

submetidos a diferentes perodos de tempo.

A liquidez a capacidade que uma empresa tem de pagar suas

dvidas nas datas dos vencimentos. A recomendao que a empresa

deva aplicar boa parte dos fundos disponveis e manter inativa outra

parte como proteo ou defesa contra r iscos de no se conseguir pagar

algum dbito. O problema que esses recursos inativos no produzem

retorno aos investidores. Assim, a maximizao da rentabilidade e da

liquidez, ao mesmo tempo, no possvel. Da o conflito entre a mxima

rentabilidade e a mxima liquidez: no possvel maximizar os dois

objetivos ao mesmo tempo, entretanto, a rentabilidade deve ter

prioridade sobre a liquidez.

2.4 A Pecuria e a Bubalinocultura

2.4.1 Alterao do Padro Locacional da Pecuria no Brasil

At meados da dcada de sessenta, a Amaznia permaneceu com

reduzida capacidade de sustentao econmica para as atividades

agropecurias. A extenso territorial, o vazio geogrfico, o elevado custo

de transporte e as demais dificuldades para a explorao econmica

(infra-estruturas, mercados consumidores, assistncia tcnica, etc.)

inviabilizavam a sua ocupao econmica (Puga, 2005).

61

Em 1970, a rea desmatada na Amaznia era de apenas 3,0% de

sua rea total, sendo 0,3% deste total ocupado com lavouras, 0,7% com

pastos, e os restantes 2,0% eram reas inutilizadas ou em descanso.

A partir dos anos setenta, a ocupao da Amaznia passa a ser

percebida pelo governo militar da poca como soluo para as tenses

sociais internas vividas no pas, decorrentes da expulso de pequenos

produtores do Nordeste e do Sudeste por uma agricultura mais moderna.

Inicia-se a etapa do planejamento regional da Amaznia, ainda que de

forma pouco estruturada.

Em 1966, o Banco de Crdito da Amaznia (BCA) se transformou

no Banco da Amaznia S.A. (BASA) e a Superintendncia do Plano de

Valorizao Econmica da Amaznia (SPVEA) tornou-se a

Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia (SUDAM). O BASA

e a SUDAM foram os dois instrumentos financeiros do governo

brasileiro para desenvolver atividades agropecurias na regio (Veiga et

al . , 2001).

Com esse aporte institucional, vislumbrava-se um projeto

geopoltico para a Amaznia apoiado, sobretudo, em estratgias

territoriais que deram incio a ocupao regional, sem incluir qualquer

discusso ambiental ou como se daria a apropriao de seus recursos

naturais. As principais estratgias, segundo Becker (2004) foram:

Implantao de redes de integrao espacial

rede rodoviria

(cerca de 12.000 km de estradas foram construdas em menos de cinco

62

anos), rede de telecomunicaes comandada por satlite, rede urbana e

rede hidroeltrica.

Subsdios ao fluxo de capital e induo dos fluxos migratrios. A

partir de 1968, mecanismos fiscais e creditcios subsidiaram o fluxo de

capital do Sudeste e do exterior para a regio, por meio de bancos

oficiais, particularmente, o Banco da Amaznia S.A. (BASA). Por outro

lado, induziu-se a migrao por meio de mltiplos mecanismos, inclusive

projetos de colonizao.

Superposio de territrios federais sobre os estaduais. A

manipulao do territrio pela apropriao de terras dos Estados foi um

elemento fundamental da estratgia do governo federal, que criou por

decreto territrios sobre os quais exercia jurisdio absoluta e/ou direito

de propriedade. Com essa estratgia, o governo federal passou a

controlar a distribuio de terras, adquirindo grande poder de barganha e

dificultando o planejamento governamental.

As medidas implementadas pelo governo militar constituram-se

efetivamente no ponto de inflexo das caractersticas at ento

observadas. A atividade agropecuria passa a ser vivel, com o que se

introduz o elemento dinamizador e acelerador da velocidade de

ocupao. A ainda inexistente infra-estrutura econmica, associada

baixa densidade demogrfica, implicou preos de terra reduzidos, quando

no cedidos gratuitamente pelo Estado, gerando estmulos para sua

articulao ao resto do pas (Puga, 2005).

63

Vrios tipos de colonizao, diferindo no tipo de atuao por parte

do INCRA, foram previstos para a Amaznia. Na regio do entorno da

Rodovia Transamaznica, o objetivo do INCRA era de instalar

oficialmente 100.000 famlias at 1974 e 1.000.000 de famlias at 1980

ao longo dos 5.400 quilmetros de extenso da rodovia. Prevaleceram na

regio os Projetos Integrados de Colonizao, por meio dos quais foram

distribudos lotes de 100 hectares para pequenos colonos ao longo da

estrada e das suas vicinais ou travesses, construdos a cada 5