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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE CIRURGIA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIRURGIA MARCOS RABELO DE FREITAS CARACTERIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL DA OTOTOXICIDADE POR CISPLATINA EM RATOS: AVALIAÇÃO DO PAPEL DA APOPTOSE E DA OTOPROTEÇÃO POR AMIFOSTINA FORTALEZA 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE CIRURGIA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIRURGIA

MARCOS RABELO DE FREITAS

CARACTERIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL DA OTOTOXICIDADE POR CISPLATINA EM RATOS: AVALIAÇÃO DO PAPEL DA APOPTOSE E DA

OTOPROTEÇÃO POR AMIFOSTINA

FORTALEZA 2006

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MARCOS RABELO DE FREITAS

CARACTERIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL DA OTOTOXICIDADE POR CISPLATINA EM RATOS: AVALIAÇÃO DO PAPEL DA APOPTOSE E DA OTOPROTEÇÃO POR

AMIFOSTINA

Tese submetida à Coordenação de Pós-Graduação em Cirurgia da Universidade Federal do Ceará para obtenção do Grau de Doutor em Cirurgia. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Albuquerque Ribeiro.

FORTALEZA 2006

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F937p Freitas, Marcos Rabelo de Caracterização morfofuncional da ototoxicidade por cisplatina em ratos: avaliação do papel da

apoptose e da otoproteção por amifostina /Marcos Rabelo de Freitas. 2006.

169 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Albuquerque Ribeiro Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina, Fortaleza, 2006.

1. Audição – efeito de drogas. 2. Perda Auditiva – prevenção e controle. 3. Cisplatino. 4. Amifostina. 5. Apoptose. I. Título.

CDD 617.88

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MARCOS RABELO DE FREITAS

CARACTERIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL DA OTOTOXICIDADE POR CISPLATINA EM RATOS: AVALIAÇÃO DO PAPEL DA APOPTOSE E DA OTOPROTEÇÃO POR

AMIFOSTINA

Tese submetida á Coordenação de Pós-Graduação em Cirurgia da Universidade Federal do Ceará para obtenção do Grau de Doutor em Cirurgia.

Aprovada em 15/12/2006

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ Prof. Dr. Ronaldo de Albuquerque Ribeiro (Orientador)

Universidade Federal do Ceará – UFC

________________________________________________________

Profa. Dra. Gerly Anne de Castro Brito Universidade Federal do Ceará – UFC

__________________________________________________________

Prof. Dr. Luc Louis Maurice Weckx Universidade Federal do Estado de São Paulo – UNIFESP/EPM

_____________________________________________ Prof. Dr. Oswaldo Laércio Mendoná Cruz

Universidade Federal do Estado de São Paulo – UNIFESP/EPM

_____________________________________________ Prof. Dr. Sebastião Diógenes Pinheiro Universidade Federal do Ceará – UFC

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A minha esposa Ângela e a meus filhos Pedro e Carolina, luzes de meu caminho A meus pais Joãozinho e Luciana A meus irmãos Mônica, Fabíola e Roberto A meus avós (in memoriam) João, Fransquinha e Francisca Mônica A minhas tias Neuma (in memoriam), Neide, Lucinha, Mazé, Eucia e Fatinha

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, criador de todo o Universo, que nos permite trilhar o caminho da evolução espiritual em busca da felicidade suprema. A Jesus Cristo, nosso Mestre Maior, por sua palavra e pelos exemplos que nos impedem de abatermo-nos frente às dificuldades que a vida impõe. Aos amigos espirituais que me assistiram neste trabalho e em todos os momentos de minha vida. Ao Professor Doutor Ronaldo de Albuquerque Ribeiro, mais que um orientador, o fiel da balança deste trabalho, pelos conselhos, idéias, sugestões, pela forma respeitosa e atenciosa como conduziu a orientação da tese e pela oportunidade a mim concedida de buscar o grau de Doutor na instituição onde terminei a graduação. À Professora Doutora Gerly Anne de Castro Brito, co-orientadora da tese, sem cuja orientação e extrema disponibilidade tornaria inviável a realização dos estudos morfológicos e imuno-histoquímicos. Ao funcionário do Departamento de Morfologia José Ivan Rodrigues de Sousa, conhecido de todos por sua dedicação e solicitude, que compartilhou todas as fases de elaboração da parte morfológica do experimento e corroborou diretamente com o seu trabalho e idéias para o resultado final. Aos futuros colegas de profissão José Valdir de Carvalho Junior e Raimundo Martins Gomes Junior que me auxiliaram na realização do experimento, e que não o abandonaram nem mesmo quando, em alguns momentos, pensamos que não iríamos conseguir atingir nossos objetivos. Ao Professor Doutor Sebastião Diógenes Pinheiro que, em seu incessante trabalho de conduzir a otorrinolaringologia do estado do Ceará a um grau de respeitabilidade cada vez maior no cenário nacional, incentivou-me a buscar o grau de Doutor, ainda que em alguns momentos tenha ficado sobrecarregado no serviço e na disciplina de Otorrinolaringologia. Aos doutores Elias Bezerra Leite e André Alencar A. Nunes, pelo incentivo, companheirismo e verdadeira amizade, substituindo-me em minhas ausências no HUWC e Clínica Otorhinos, com a compreensão de quem só deseja o bem. Ao Professor Doutor Armênio Aguiar dos Santos, por seus conselhos e prestigioso auxílio com a cessão de instrumentos de seu laboratório. Ao Professor Doutor João Aragão Ximenes Filho, pela valorosa orientação na análise estatística, com quem aprendi o pouco que sei dessa ciência. Ao colega de pós-graduação Vagnaldo Fechine Jamacaru por me ter permitido utilizar o programa SAHM 1.0, de sua autoria, para a quantificação das áreas coradas na imunohistoquímica.

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Aos colegas de trabalho doutores André Luiz M. Cavalcante e Viviane Carvalho da Silva, pela amizade e companheirismo. A Maria Rossato, técnica de laboratório do Setor de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP, que me ensinou a técnica de dissecção de cócleas em roedores e esteve sempre disponível para dirimir minhas dúvidas. À colega do LAFICA (Laboratório de Farmacologia da Inflamação e do Câncer) doutora Renata Ferreira de C. Leitão por seu dedicado auxílio na realização das técnicas de imunohistoquímica e tradução do resumo para o idioma inglês. Ao estudante de medicina e desenhista Raphael Capaz pela bela ilustração do órgão espiral de Corti por ele confeccionada. A senhorita Joelma, administradora da Clínica Otorhinos, por sua amizade, versatilidade e eficiência, não medindo esforços com sua capacidade incomum de trabalho para que eu pudesse concluir a tese. Aos funcionários da Clínica Otorhinos Hawrisson, Danilo, Luziélia, Silvana e Erbene, sempre disponíveis a ajudar durante a realização de parte do experimento nas estruturas da clínica. Às senhoras Luciene e Magda, secretárias da Pós-Graduação em Cirurgia, por sua completa dedicação ao trabalho que realizam, compartilhando com a coordenação, professores e alunos o mérito de manter o programa com avaliações cada vez mais positivas. Aos colegas de LAFICA Rosimayre Souza Freire (Rosinha) e Pedro Marcos Gomes Soares pela assistência na utilização do Programa GraphPad Prism. Ao casal Maria Silvandira F. Pinheiro (Vandinha) e Antônio Haroldo P. Ferreira, por sua disponibilidade em vários momentos em que foram por mim importunados. À senhora Vilani, por ter-me deixado copiar de seu laboratório o modelo da guilhotina utilizada no experimento. Ao senhor Franze, do departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, pela ajuda com o material para realização dos experimentos com imunohistoquímica. Ao professor Adriano Santiago pela revisão do texto da tese. A senhora Norma Linhares, chefe da biblioteca do Centro de Ciências da Saúde – UFC, por sua importante orientação e auxílio quanto à formatação da tese. Aos residentes de Otorrinolaringologia que souberam compreender minhas ausências do Serviço em alguns momentos. Às fonoaudiólogas Alessandra, Talita e Socorro do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Walter Cantídio – FAMED – UFC, pela compreensão devido aos transtornos causados pela realização dos exames audiológicos nos animais.

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A Conceição, Beth, Vilma e Graça, funcionárias do Ambulatório de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Walter Cantídio, por seu auxílio durante a realização dos potenciais evocados de tronco encefálico nos animais.

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AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS À Clínica Otorhinos, que cedeu suas instalações, aparelhagens e funcionários para realização de parte do experimento. À Universidade Federal do Ceará, por ter me graduado como médico, realizando um sonho de infância, e por agora me permitir buscar a realização de um sonho acalentado desde a graduação.

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“Procure ser um homem de valor em vez de ser um homem de sucesso”.

Albert Einstein

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RESUMO

Cisplatina (cisdiaminodicloroplatinum) é um agente quimioterápico freqüentemente usado para o tratamento de várias linhagens de neoplasias, mormente as de cabeça e pescoço. Contudo, a ototoxicidade permanece sendo um dos efeitos colaterais causadores de significativa morbidade e que freqüentemente limita sua utilização. O objetivo principal deste trabalho foi desenvolver um modelo experimental para o estudo da ototoxicidade por cisplatina em ratos e, nesse modelo, avaliar se a apoptose fazia parte dos mecanismos de lesão celular. Buscou-se ainda averiguar se o modelo desenvolvido era viável para estudos de otoproteção. Foram utilizados ratos Wistar machos aos quais se administrou cisplatina por via intraperitoneal (IP) nas doses de 24 mg/kg, fracionada em três doses diárias de 8 mg/kg ou 16 mg/kg em infusão única. Os animais foram avaliados através de emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD) ou potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE) no terceiro (D3) e quarto (D4) dias após o início da infusão das drogas. Ao final da avaliação funcional auditiva, um grupo de animais teve suas cócleas removidas para estudo morfológico por microscopia óptica em colorações por hematoxilinaeosina (HE) e imunohistoquímica para apoptose pelo método TUNEL e para detecção de caspase 3. A um grupo de animais injetados com cisplatina 24 mg/kg foi realizada uma administração prévia de amifostina via IP na dose de 240 mg/kg, dividida em três doses diárias de 80 mg/kg/dia. Os animais tratados, diferente de seus controles, apresentaram uma significativa redução de peso a partir do primeiro ou segundo dia após a administração das drogas, que não foi diferente para ambas as doses. A mortalidade foi baixa até o terceiro dia, mas aumentou significativamente no quarto dia. O grupo tratado com 24 mg/kg mostrou diminuição significativa da amplitude das EOAPD e aumento do limiar eletrofisiológico pelo PAETE no D3 e D4. A dose de 16 mg/kg não foi capaz de promover redução significativa da amplitude das EOAPD, mas promoveu elevação do limiar auditivo dos animais, detectado através de PAETE. As lesões cocleares verificadas no estudo morfológico se deram na estria vascular e nas células ciliadas externas, e os escores de lesão foram significativamente maiores que nos grupos controle apenas com a dose de 24 mg/kg. A apoptose foi o mecanismo de lesão responsável pela ototoxicidade da cisplatina na dose de 16 mg/kg quando os animais foram avaliados no D3. Já em doses maiores (24 mg/kg) ou por um tempo mais prolongado de avaliação (D4) outras vias de lesão celular estavam envolvidas. A amifostina promoveu proteção contra a otoxicidade causada pela cisplatina tanto na avaliação funcional quanto na morfológica. Assim, em ratos, a dose fracionada de 24 mg/kg de cisplatina com avaliação funcional no terceiro dia após o início da administração por PAETE e morfológica por microscopia óptica em colorações por HE, constitui-se em um modelo viável para estudos de ototoxicidade. Também se presta para a pesquisa dos mecanismos envolvidos com técnicas de imunohistoquímica e ainda para a avaliação de drogas otoprotetoras. PALAVRAS-CHAVE: audição – efeito de drogas; perda auditiva – prevenção e controle; cisplatino; apoptose; amifostina.

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ABSTRACT

Cisplatin (cis-diamminedicloroplatinum) is an antineoplastic drug frequently used in the treatment of a variety of cancers, specially the head-and-neck cancer. Ototoxicity, however, has been noted as a common side-effect of cisplatin, which may lead to significant interruptions in treatment, possibly impacting on local tumor control and patient survival.. The aim of this work was to develop an experimental model in rats able to study the ototoxicity as a side effect of cisplatin and to perform otoprotection studies. In addition, we evaluated if apoptosis was involved in the cellular toxicity caused by cisplatin. Male Wistar rats were intraperitoneally (i.p.) treated with 24 mg/kg of cisplatin, which was divided into three equal doses (8mg/kg) or a single i.p. administration of 16 mg/kg. The animals were evaluated by distortion product otoacoustic emission (DPOAE) or brainstem evoked response audiometry (BERA) on the 3rd and 4th days after the cisplatin injection. After the functional hearing evaluation, a group of animals had their cochleas excised and processed for hematoxylin-eosin (HE) staining, terminal deoxynucleotidyl transferase-mediated deoxyuridine triphosphate nick end-labeling (TUNEL), and immunostaining with a caspase-3 antibody. In another set of experiments, amifostine (240 mg/kg. i.p. divided in three daily doses of 80 mg/kg) was administered immediately before the cisplatin (24mg/kg). Treatment with cisplatin caused a significant body weigh loss starting on the 1st or 2nd days when compared to non-treated animals. The mortality rate remained low until the 3rd day with significant enhance on day 4. The treatment with cisplatin 24 mg/kg, but not 16 mg/kg, resulted in a significant decrease of the DPOAE. Both doses promoted an increase of the hearing limiar detected by BERA on day 3 and 4. Morphological observations indicate cochlear lesions mainly in the vascular stria and outer hair cells. Only the scores of cochlear lesions of animals treated with the highest dose of cisplatin were significant different when compared to the non-treated group. Apoptosis was involved in the cellular toxicity caused by cisplatin 16 mg/kg, on day 3. In the highest dose or for more drawn out time, however, others mechanisms of cell toxicity must be involved. Amifostine prevented the cisplatin ototoxicity detected by functional evaluation as well as the morphological analysis. Thus, in rats, the intraperitoneal injection of cisplatin 24 mg/kg, divided into 3 equal doses, consist in a viable model for study of this adverse effect of cisplatin, with ototoxicity detected by functional evaluation with BERA and morphologic evaluation by optic microscopy for HE stains, in the third day after the beginning of the administration. Moreover, it is useful for the research of the involved mechanisms with immunostaining techniques, and still for the evaluation of otoprotective drugs. Key-words: hearing – drug effects; hearing loss – prevention and control; cisplatin; amifostine; apoptosis.

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LISTA DE TABELAS TABELA 1. Variação do peso em função dos dias nos grupos 1 e 2...................... 78

TABELA 2. Variação do peso em função dos dias nos grupos 3 e 4...................... 79

TABELA 3. Variação do peso em função dos dias nos grupos 5 e 6...................... 78

TABELA 4. Variação do peso em função dos dias nos grupos 7 e 8...................... 81

TABELA 5. Variação do peso em função dos dias nos grupos 1 e 5...................... 82

TABELA 6. Variação do peso em função dos dias nos grupos 3 e 7...................... 83

TABELA 7. Variação do peso em função dos dias nos grupos 9 e 10.................... 84

TABELA 8. Variação do peso em função dos dias nos grupos 11 e 12.................. 85

TABELA 9. Variação do peso em função dos dias nos grupos 9 e 11.................... 86

TABELA 10. Teste de Logrank entre os grupos 1, 2, 5 e 6..................................... 87

TABELA 11. Teste de Logrank entre os grupos 3, 4, 7 e 8..................................... 88

TABELA 12. Teste de Logrank entre os grupos 9, 10, 11 e 12............................... 89

TABELA 13. Taxa de sobrevida final – animais avaliados por EOAPD................ 90

TABELA 14. Taxa de sobrevida final – animais avaliados por PAETE................. 91

TABELA 15. Variação da amplitude das EOAPD nos grupos 1 e 2....................... 92

TABELA 16. Variação da amplitude das EOAPD nos grupos 3 e 4 na freqüência de 8 kHz...................................................................................................................

94

TABELA 17. Variação da amplitude das EOAPD nos grupos 5 e 6....................... 95

TABELA 18. Variação da amplitude das EOAPD nos grupos 7 e 8....................... 97

TABELA 19. Variação do limiar por PAETE nos grupos 9 e 10............................ 99

TABELA 20. Variação do intervalo I–V nos grupos 9 e 10.................................... 100

TABELA 21. Variação do limiar por PAETE nos grupos 11 e 12.......................... 101

TABELA 22. Variação do intervalo I–V nos grupos 11 e 12................................. 102

TABELA 23. Escores de lesão na estria vascular e células ciliadas externas......... 103

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TABELA 24. Intensidade média de coloração nos diversos grupos – apoptose (TUNEL)..................................................................................................................

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TABELA 25. Variação do peso em função dos dias nos grupos 9, 10 e 13............ 108

TABELA 26. Teste de Logrank entre os grupos 9, 10 e 13..................................... 109

TABELA 27. Variação do limiar por PAETE nos grupos 9, 10 e 13...................... 110

TABELA 28. Otoproteção por WR 2721 e escores de lesão na estria vascular e células ciliadas externas...........................................................................................

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Fotomicrografia da cóclea de ratos mais esquema do órgão espiral de Corti..................................................................................................................... 26

FIGURA 2. Principais estruturas que compõem o órgão espiral de Corti............... 27

FIGURA 3. Estrutura molecular da cisplatina......................................................... 28

FIGURA 4. Emissões otoacústicas produtos de distorção de rato Wistar tratado com cisplatina..........................................................................................................

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FIGURA 5. Traçado normal de potencial auditivo evocado de tronco encefálico de rato Wistar........................................................................................................... 38

FIGURA 6. Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura do giro basal da cóclea de cobaia albina............................................................................... 47

FIGURA 7. Fotomicrografia do órgão espiral de Corti de cobaia albina................ 49

FIGURA 8. Fotomicrografia da estria vascular de cobaia albina........................... 49

FIGURA 9. Fotomicrografia do gânglio espiral de cobaia albina........................... 49

FIGURA 10. Fotomicrografia da membrana vestibular de cobaia albina............... 50

FIGURA 11. Mecanismo de morte celular proposto para lesão de células ciliadas externas por cisplatina.............................................................................................. 52

FIGURA 12. Fórmula estrutural e ativação da amifostina (WR 2721)................... 55

FIGURA 13. Esquema do Experimento 1............................................................... 64

FIGURA 14. Esquema do Experimento 2............................................................... 65

FIGURA 15. Esquema do Experimento 3............................................................... 66

FIGURA 16. Fotomicrografia representando os escores de lesão da estria vascular.................................................................................................................... 69

FIGURA 17. Fotomicrografia representando os escores de lesão nas células ciliadas externas....................................................................................................... 70

FIGURA 18. Análise histomorfométrica, após técnica de imunohistoquímica TUNEL para apoptose, de um controle negativo..................................................... 72 FIGURA 19. Análise histomorfométrica, após técnica de imunohistoquímica TUNEL para apoptose, de um animal tratado com cisplatina................................. 73

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FIGURA 20. Organograma de execução do estudo...............................................

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FIGURA 21. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 1 e 2 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento.................................................................................. 79

FIGURA 22. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 3 e 4 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento..................................................................... 80

FIGURA 23. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 5 e 6 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento.................................................................................. 81

FIGURA 24. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 7 e 8 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento..................................................................... 82

FIGURA 25. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 1 e 5 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento.................................................................................. 83

FIGURA 26. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 7 e 8 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento..................................................................... 84

FIGURA 27. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9 e 10 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento.................................................................... 85

FIGURA 28. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9 e 10 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento..................................................................... 86

FIGURA 29. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9 e 10 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento..................................................................... 87

FIGURA 30. Curva de sobrevida dos grupos de animais submetidos a EOAPD antes (D0) e 3 dias (D3) após o início da administração das drogas...................... 88

FIGURA 31. Curva de sobrevida dos grupos de animais submetidos a EOAPD antes (D0) e 4 dias (D4) após o início da administração das drogas......................

89

FIGURA 32. Curva de sobrevida dos grupos de animais submetidos a PAETE antes (D0) e no terceiro (D3) e quarto dias (D4) após o início da administração das drogas.................................................................................................................

90

FIGURA 33. Gráficos dos valores da amplitude das EOAPD expressos como média ± erro padrão da média nos dias D0 e D3, dos grupos 1 e 2.........................

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FIGURA 34. Gráfico dos valores da amplitude das EOAPD expressos como média ± erro padrão da média nos dias D0 e D4, dos grupos 3 e 4 na freqüência de 8 kHz................................................................................................................... 94

FIGURA 35. Gráficos dos valores da amplitude das EOAPD expressos como média ± erro padrão da média nos dias D0 e D3, dos grupos 5 e 6......................... 96

FIGURA 36. Gráficos dos valores da amplitude das EOAPD expressos como média ± erro padrão da média nos dias D0 e D4, dos grupos 7 e 8......................... 98

FIGURA 37. Gráfico dos limiares eletrofisiológicos médios nos grupos 9 e 10 em D0, D3 e D4, expressos como média ± erro padrão da média........................... 99

FIGURA 38. Gráfico do intervalo I–V médio dos animais nos grupos 9 e 10 nos dias D0, D3 e D4 expressos como média ± erro padrão da média........................... 100

FIGURA 39. Gráfico dos limiares eletrofisiológicos médios nos grupos 11 e 12 em D0, D3 e D4, expressos como média ± erro padrão da média........................... 101

FIGURA 40. Gráfico do intervalo I–V médio dos animais nos grupos 11 e 12 nos dias D0, D3 e D4 expressos como média ± erro padrão da média.................... 102

FIGURA 41. Gráfico dos escores de lesão da estria vascular.................................. 104

FIGURA 42. Gráfico dos escores de lesão das células ciliadas externas................ 104

FIGURA 43. Fotomicrografia da membrana vestibular da cóclea de rato tratado com cisplatina 24 mg/kg.......................................................................................... 105

FIGURA 44. Gráfico representando a fração média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da área corada (apoptose – TUNEL) na espira basal da cóclea dos animais nos diversos grupos.................................................................................... 106

FIGURA 45. Fotomicrografia do controle negativo da imunohistoquímica para caspase 3 da cóclea de rato......................................................................................

107

FIGURA 46. Fotomicrografia do método de imuno-histoquímica para caspase 3 na cóclea de rato tratado com cisplatina 16 mg/kg.................................................. 107

FIGURA 47. Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9, 10 e 13 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento...............................................................................

109

FIGURA 48. Curva de sobrevida dos grupos de animais submetidos a PAETE e tratados com CDDP 24 mg/kg ou salina 24 ml/kg ou a associação CDDP + WR-2721.......................................................................................................................... 110

FIGURA 49. Gráfico dos limiares eletrofisiológicos médios nos grupos 9, 10 e 13 em D0 e D3, expressos como média ± erro padrão da média............................. 111

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FIGURA 50. Gráficos representando os escores de lesão na estria vascular (A) e células ciliadas externas (B) da cóclea de ratos....................................................... 112

FIGURA 51. Mecanismo proposto de lesão celular na ototoxicidade pela cisplatina..................................................................................................................

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FIGURA 52. Mecanismo de proteção contra ototoxicidade pela cisplatina da amifostina.................................................................................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% – porcento.

µg – microgramas.

µm – micrômetros.

µs – microssegundos.

µV – microvolts.

4-HNE – 4-hidroxinonenal.

ACTH – hormônio adrenocorticotrófico.

AGPI – ácidos graxos polinsaturados.

ASCO – American Society of Clinical Oncology

CCE – células ciliadas externas.

CCI – células ciliadas internas.

CDDP – cisplatina.

cis-DDP – cisdiaminodicloroplatina.

COBEA – Colégio Brasileiro de Experimentação Animal.

D0 – primeiro dia do experimento.

D3 – terceiro dia após o início do experimento.

D4 – quarto dia após o início do experimento.

DAB – diaminobenzidina.

dB – decibéis.

DDTC – dietilcarbamato.

DL50 – dose letal para 50% dos indivíduos.

D-Met – D-metionina.

EDTA – ácido etilenodiamonotricloroacético.

EOA – emissões otoacústicas.

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19

EOAPD – emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção.

EOAT – emissões otoacústicas evocadas transitórias.

ep – equivalente do pico.

EPM – erro padrão da média.

EUA – Estados Unidos da América.

EV – estria vascular.

F1 – freqüência 1 do tom puro para desencadear as EOAPD.

F2 – freqüência 2 do tom puro para desencadear as EOAPD.

g – gramas.

h – horas.

HE – hematoxilinaeosina.

Hz – hertz.

IHQ – imunohistoquímica.

iNOS – enzima óxido nítrico sintase induzida.

IP – intraperitoneal.

K4Ru(CN)6 – hexacianorutenato de potássio.

kg – quiolograma.

kHz – quilohertz.

L1 – intensidade 1 do tom puro para desencadear as EOAPD.

L2 – intensidade 2 do tom puro para desencadear as EOAPD.

M – molar.

M – molar.

m2 – metros quadrados.

Max – máximo.

Md – mediana.

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20

MED – média.

mg – miligrama.

Min – mínimo.

min – minutos.

ml – mililitros.

mm – milímetros.

mseg – milissegundos.

MSH – hormônio alfa melanocítico estimulante.

MTBA – ácido 4-metilbenzóico.

n – número.

NA – nível de audição.

NAC – N-acetilcisteína.

NADPH – nicotinamida adenina dinucleotídio fosfato reduzido.

NO – óxido nítrico.

NPS – nível de pressão sonora.

NT – nitrotirosina.

O2- – superóxido.

oC – graus Celsius.

OONO- – peroxinitrito.

OsO4 – tetróxido de ósmio.

PAETE – potencial auditivo evocado de tronco encefálico.

PBS – tampão fosfato.

pH – potencial de hidrogênio.

s – segundos.

S/R – relação sinal/ruído.

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SAHM – Sistema de Análises Histomorfométricas.

SH-NP – grupo sulfidril não protéico.

trans-DDP – transdiaminodicloroplatina.

TUNEL – TdT-mediated dUTP nick end-labeling.

WR 1065 – metabólito ativo da amifostina.

WR 2721 – amifostina.

WR 33278 – metabólito resultante da oxidação do WR 1065.

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SUMÁRIO

1 INRODUÇÃO.................................................................................................. 26

1.1 Aspectos Gerais............................................................................................. 26

1.2 Avaliação Funcional da Ototoxicidade por Cisplatina.............................. 32

1.2.1 Emissões otoacústicas.................................................................................. 32

1.2.2 Potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE)....................

37

1.3 Avaliação Morfológica da Ototoxicidade por Cisplatina.......................... 46

1.4 Ototoxicidade por Cisplatina e Apoptose................................................... 51

1.5 Ototoxicidade por Cisplatina e Otoproteção por Amifostina................... 53

2 OBJETIVOS.................................................................................................... 57

2.1 Geral............................................................................................................... 57

2.2 Específicos...................................................................................................... 57

3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................. 58

3.1 Animais.......................................................................................................... 58

3.2 Critérios de Exclusão.................................................................................... 58

3.3 Drogas............................................................................................................. 59

3.3.1 Cisplatina...................................................................................................... 59

3.3.2 Amifostina.................................................................................................... 59

3.3.3 Solução salina fisiológica 0,9%................................................................... 59

3.3.4 Ketamina...................................................................................................... 59

3.3.5 Xilazina....................................................................................................... 59

3.4 Grupos............................................................................................................ 60

3.4.1 Grupo1 (CDDP 24 D3 EOAPD).................................................................. 60

3.4.2 Grupo 2 (C 24 D3 EOAPD)......................................................................... 60

3.4.3 Grupo 3 (CDDP 24 D4 EOAPD)................................................................. 60

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23

3.4.4 Grupo 4 (C 24 D4 EOAPD)......................................................................... 60

3.4.5 Grupo 5 (CDDP 16 D3 EOAPD)................................................................. 61

3.4.6 Grupo 6 (C 16 D3 EOAPD)......................................................................... 61

3.4.7 Grupo 7 (CDDP 16 D4 EOAPD)................................................................. 61

3.4.8 Grupo 8 (C 16 D4 EOAPD)......................................................................... 61

3.4.9 Grupo 9 (CDDP 24 PAETE)........................................................................ 61

3.4.10 Grupo 10 (C 24 PAETE)............................................................................ 62

3.4.11 Grupo 11 (CDDP 16 PAETE).................................................................... 62

3.4.12 Grupo 12 (C 16 PAETE)............................................................................ 62

3.4.13 Grupo 13 (CDDP + WR 2721).................................................................. 62

3.5 Procedimento................................................................................................. 63

3.5.1 Experimento 1.............................................................................................. 63

3.5.2 Experimento 2.............................................................................................. 64

3.5.3 Experimento 3.............................................................................................. 65

3.6 Avaliação Funcional da Audição................................................................. 66

3.6.1 Emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD).............. 66

3.6.2 Potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE).................... 67

3.7 Técnica de Microscopia Óptica.................................................................... 67

3.8 Técnica de Imunohistoquímica.................................................................... 71

3.8.1 TUNEL (TdT-mediated dUTP nick end-labeling)………………………... 71

3.8.2 Caspase 3...................................................................................................... 73

3.9 Organograma................................................................................................. 75

4 ANÁLISE ESTATÍSTICA.............................................................................. 76

4.1 Teste t de Student.......................................................................................... 76

4.2 Análise de Variância (ANOVA) com a Significância entre os Grupos Estabelecida pelo Teste de Tukey......................................................................

76

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24

4.3 Teste de Kruskal-Wallis com a Significância entre os Grupos Estabelecida pelo Teste de Comparação Múltipla de Dunn............................

77

4.4 Teste de Logranks......................................................................................... 77

4.5 Teste Exato de Fisher para Comparar a Mortalidade no Último Dia de Avaliação nos Animais Tratados com Cisplatina.......................................

77

5 RESULTADOS................................................................................................ 78

5.1 Alterações de Orelha Média ou Externa..................................................... 78

5.2 Toxicidade Sistêmica da Cisplatina............................................................. 78

5.2.1 Variação do peso.......................................................................................... 78

5.2.2 Curvas de sobrevida e mortalidade geral................................................... 87

5.2.3 Taxa de sobrevida entre os grupos tratados com cisplatina......................... 90

5.3 Avaliação Funcional da Audição................................................................. 91

5.3.1 Avaliação funcional da audição por emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD)...............................................................

91

5.3.2 Avaliação funcional da audição por potencial auditivo evocado de tronco encefálico (PAETE).......................................................................

98

5.4 Avaliação Morfológica da Ototoxicidade.................................................... 103

5.5 Apoptose na Ototoxicidade por Cisplatina................................................. 105

5.6 Ototoxicidade por Cisplatina e Otoproteção por Amifostina................... 108

5.6.1 Variação do peso.......................................................................................... 108

5.6.2 Curvas de sobrevida..................................................................................... 109

5.6.3 Avaliação funcional da audição................................................................... 110

5.6.4 Avaliação morfológica................................................................................. 111

6 DISCUSSÃO.................................................................................................. 113

6.1 Aspectos Gerais............................................................................................. 113

6.2 Toxicidade Sistêmica da Cisplatina............................................................. 116

6.3 Avaliação Funcional da Audição................................................................. 118

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25

6.3.1 Emissões otoacústicas produtos de distorção (EOAPD).............................. 119

6.3.2 Potencial auditivo evocado de tronco encefálico (PAETE)......................... 121

6.4 Avaliação Morfológica da Lesão por Cisplatina na Cóclea...................... 125

6.5 Papel da Apoptose na Ototoxicidade da Cisplatina................................... 129

6.6 Ototoxicidade por Cisplatina e Otoproteção por Amifostina................... 131

6.7 Considerações Finais..................................................................................... 134

7 CONCLUSÕES................................................................................................ 135

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 136

APÊNDICE A – Valores em dB NPS das amplitudes das emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção em cada grupo.........................

149

APÊNDICE B – Valores em dB NA do limiar eletrofisiológico dos ratos submetidos a potencial auditivo evocado de tronco encefálico.......................

155

APÊNDICE C – Valores em mseg do intervalo I–V dos animais submetidos a potencial auditivo evocado de tronco encefálico.......................

157

APÊNDICE D – Peso dos animais nos diversos grupos.................................. 159

APÊNDICE E – Valores dos escores de lesão na estria vascular e células ciliadas externas..................................................................................................

166

APÊNDICE F – Valores da relação área corada / não corada estabelecida pelo programa SAHM 1.0 na imunohistoqúimica para apoptose método TUNEL.................................................................................................................

168

ANEXO – Carta de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal (CEPA).................................................................................................................

169

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26

1 INRODUÇÃO

1.1 Aspectos Gerais

A cóclea é a estrutura neurossensorial fundamental no processo auditivo periférico

da mensagem acústica. É formada por uma série de estruturas epiteliais complexas, com

células sensoriais e de sustentação, situadas sobre a membrana basilar (FIGURAS 1 e 2)

(OLIVEIRA; CANEDO; ROSSATO, 2002). Seu dano, quase sempre irreversível, poderá ter

conseqüências funestas para o indivíduo acometido, que pode ver comprometida sua

capacidade de comunicação, com sérios transtornos ao convívio social. Por outro lado, apesar

do potencial ototóxico de algumas drogas antineoplásicas e, entre elas, a cisplatina, não se

deve desprezá-las como uma alternativa terapêutica para o paciente portador de uma neoplasia

maligna. Daí a importância de se determinar com exatidão os mecanismos através dos quais

ocorrem os efeitos ototóxicos de tais drogas, para se buscar estratégias de redução dessa

toxicidade, sem comprometer seu efeito terapêutico (GRIGGS, 1998).

*

FIGURA 1 – Fotomicrografia da cóclea de rato mostrando os giros basal (setas), médio (cabeças de seta) e apical (asterisco), em torno do modíolo (estrela) (Coloração HE, 100X). Em destaque, desenho esquemático do órgão espiral de Corti.

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27

FIGURA 2 – Desenho esquemático representando as principais estruturas que compõem o órgão espiral de Corti.

Cisplatina (cisdiaminodicloroplatinum) (FIGURA 3) é um agente quimioterápico

freqüentemente usado para o tratamento de várias linhagens de neoplasias, mormente as de

cabeça e pescoço (JORDAN; SCHWADE; TRUELSON, 1999). Foi sintetizada, em 1844, em

Turim, por Mychele Peyrone, uma jovem química, bolsista na área de química médica

(LEBWOHL; CANETTA, 1998). As propriedades antiproliferativas dos compostos

platinados foram primeiramente observadas em 1965 por Barnett Rosenberg na Universidade

do estado de Michigan, EUA (ROSENBERG; VAN CAM; KRIGAS, 1965). Em 1971, pela

primeira vez, foi administrada a um paciente com câncer e tornou-se disponível para a prática

oncológica geral em 1978 (ASH, 1980). O mecanismo de ação antineoplásico está

relacionado à inibição seletiva e persistente da síntese de ácido desoxiribonucleico (DNA)

(WILLIAMS; WHITHOUSE, 1979). Seus efeitos colaterais incluem ototoxicidade,

nefrotoxicidade, supressão medular e distúrbios gastrointestinais (GÜNERI et al., 2001).

Estes tipos de toxicidade podem interferir com o tratamento ao reduzir a dosagem, freqüência

e duração da quimioterapia em muitos pacientes (FEGHALI; LIU; WATER, 2001).

Células ciliadas externas

Células ciliadas internas

Membrana tectória

Membrana basilar

Células de sustentação Túnel de Corti Túnel espiral

interno

Limbo espiral

Nervo auditivo

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FIGURA 3 – Estrutura molecular da cisdiaminodicloroplatinum (cis-DDP)

(modificado de JORDAN; SCHWADE; TRUELSON, 1999).

A ototoxicidade por cisplatina foi primeiramente descrita por Rossof et al., em

1972, e tem sido amplamente estudada desde então (APUD BORGES et al., 2001). Sua

incidência parece variar entre 4 e 50% (STAUSS et al., 1983; SCHAEFER et al., 1985;

LAURELL e JUNGELIUS, 1990), embora alterações na audiometria de alta freqüência

possam ser evidenciadas na quase totalidade dos casos (KOPELMAN et al., 1998). Pacientes

avaliados por audiometria tonal liminar convencional têm sua perda de audição caracterizada

pela simetria, predominando entre 4 e 8 kHz e variando entre 15 e 65 dB NA (MOROSO;

BLAIR, 1983). O grau de perda de audição depende da dose e da freqüência de administração

desse agente. Deficiência auditiva em audiometria de altas freqüências (> 8 kHz) está presente

em doses maiores ou iguais a 120 mg/m2 (GARCIA; IÓRIO; PETRILLI, 2003). A

administração em bolo em adultos causa danos ototóxicos mais intensos (REDDEL et al.,

1982). Outros fatores que influenciam o grau de perda auditiva incluem idade (crianças e

idosos são mais susceptíveis), maior número de ciclos quimioterápicos, ingesta prévia de

outras drogas como furosemida e ácido etacrínico, presença associada de disfunção renal e

susceptibilidade individual (ALLEN et al., 1998; WRIGTH; SCHAEFER, 1982). Em adição,

devido ao estoque de cisplatina no corpo durante anos, uma deficiência auditiva progressiva

pode permanecer mesmo após a suspensão do tratamento (LAURELL;

FRANKENDAL; BORG, 1996).

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Estudos em animais têm demonstrado que a administração de cisplatina resulta

em degeneração do órgão espiral de Corti, com perda completa ou parcial de células ciliadas

externas e, esporadicamente, de células ciliadas internas (KOPKE et al., 1997; CARDINAAL

et al., 2000a;). A lesão se inicia nos giros basais da cóclea, estendendo-se progressivamente

até atingir o giro apical (ESTREM et al., 1981; DE GROOT et al., 1997; KOPKE et al., 1997;

CARDINAAL et al., 2000a, 2000b, 2000c; HYPPOLITO et al., 2005). Em adição aos efeitos

ototóxicos da cisplatina sobre o órgão de Corti, há evidências de comprometimento da estria

vascular (BAGGER-SJÖBÄCK; FILIPEK; SCHACHT, 1980; KOMUNE; ASAKUMA;

SNOW, 1981; SAITO; ARAN; 1994; CAMPBELL et al., 1999; SMOORENBURG et al.,

1999; CARDINAAL et al., 2000a, 2000b, 2000c; O’LEARY et al., 2001; SLUYTER et al.,

2003; LYNCH et al., 2005), gânglio espiral (SMOORENURG et al., 1999; CARDINAAL et

al., 2000a, 2000b, 2000c; VAN RUIJVEN; DE GROOT; SMOORENBURG, 2004; VAN

RUIJVEN et al., 2005b) e membrana vestibular de Reissner (LAURELL; BAGGER-

SJÖBÄCK, 1991; DE GROOT et al., 1997; CARDINAAL et al., 2000a).

Diferentes doses e formas de administração são utilizadas para atingir os efeitos

ototóxicos em roedores. A via de administração mais comumente empregada é a

intraperitoneal (IP). Outras vias são artéria carótida (DICKEY et al., 2004), veia jugular

interna (AMSALLEM; ANDRIEU-GUITRANCOURT, 1985), subcutânea (SCHWEITZER

et al., 1984), intramuscular (SAITO; ARAN, 1994), intralabiríntica (O´LEARY et al., 2001)

e sobre a janela redonda (TSUKASAKI; WHITWORTH; RYBAK, 2000). É bem conhecido

que os efeitos crônicos da cisplatina são menos pronunciados que os efeitos agudos (SAITO;

ARAN, 1994). Em experimentos com administração crônica da droga, a literatura sugere que

se pode esperar um efeito ototóxico da cisplatina em cobaias albinas a partir do oitavo dia da

administração de 1,5 a 2,0 mg/kg/dia (SMOORENBURG et al., 1999). Em ratos Sprague-

Dawley, regime crônico de 2,5 mg/kg/semana, em seis semanas, consecutivas foi empregado

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mostrando algum grau de ototoxicidade (HATZOPOULOS et al., 1999). Para experimentos

com administração aguda da droga, doses maiores ou iguais a 8 mg/kg têm mostrado graus

mensuráveis de ototoxicidade (AMSALLEM; ANDRIEU-GUITRANCOURT, 1985). Detalhe

importante é a administração lenta da droga (30 min) através de bombas de infusão para

diminuir a taxa de mortalidade em doses a partir de 13 mg/kg (TANAKA; WHITWORTH;

RYBAK, 2004). Mais recentemente, experimentos de Hyppolito et al. (2005) conseguiram

desencadear ototoxicidade por cisplatina em cobaias albinas com uma dose cumulativa de 24

mg/kg, dividida em 3 doses diárias de 8 mg/kg, sem a necessidade do uso de bomba de

infusão. Minami, Sha e Schacht (2004) propuseram um modelo de ototoxicidade por CDDP

em ratos Fischer 344 em 2 ciclos. O primeiro ciclo consistia da administração de 1 mg/kg da

droga, duas vezes ao dia, durante quatro dias. Seguia-se um repouso de dez dias após o qual

se repetia a administração nos quatro dias subseqüentes. O tempo final de avaliação da

ototoxicidade aguda varia entre os experimentos de 1 a 14 dias (AMSALLEM; ANDRIEU-

GUITRANCOURT, 1985) na dependência da via de administração e da dose empregadas.

Este tipo de lesão parece resultar de dano de vários tecidos mediado por radicais

livres (ZHANG et al., 1992; RYBAK; RAVI; SOMANI, 1995, 1999; KOPKE et al., 1997;

DEHNE et al., 2001). Tem sido demonstrado que espécies reativas de oxigênio são geradas na

cóclea após exposição à cisplatina (CLERICI et al., 1996) e o estresse oxidativo pode

provocar a morte de células cocleares por apoptose secundário à ativação de caspase-3

(LABBÉ et al., 2005).

Vários citoprotetores têm sido usados em ensaios clínicos ou experimentais com o

fim de aliviar estes efeitos tóxicos da cisplatina, entre os quais: fosfomicina (SCHWEITZER

et al., 1986), tiossulfato de sódio (GANDARA et al., 1990), dietilditiocarbamato (DDTC)

(RYBAC; RAVI; SOMANI, 1995), glutationa e seus ésteres (ZUNINO et al., 1989),

metionina (BASINGER; JONES; HOLSCHER, 1990; CAMPBELL; RYBAC; MEECH,

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1996), procaína (ZHANG et al., 1992), procainamida (ESPOSITO et al., 1996), ácido lipóico

(RYBAK et al., 1999), melatonina (LOPEZ-GANZALEZ et al., 2000), N-acetilcisteína

(FEGHALI; LIU; WATER, 2001; DICKEY et al., 2004), complexo B (GÜNERI et al., 2001),

vitamina E (KALKANIS; WHITWORTH; RYBAK, 2004), gingko biloba (EGB 761)

(HIPPOLYTO et al., 2003), alupurinol (LYNCH et al., 2005), amifostina (HYPPOLITO et

al., 2005).

Para Griggs (1998), o agente citoprotetor ideal deveria possuir as seguintes

características: 1. Seletividade: as células tumorais permaneceriam vulneráveis, enquanto os

tecidos normais estariam protegidos dos efeitos dos quimioterápicos; 2. Largo espectro de

ação: proteção de uma variedade de tecidos e contra um grande número de agentes

citotóxicos; 3. Tolerabilidade: deve ser bem tolerado pelo paciente, com baixo índice de

efeitos colaterais. A busca de um agente otoprotetor ideal tem sido a meta de grande número

de pesquisadores em estudos com cisplatina.

São diversas as maneiras de se avaliar o comprometimento funcional da audição

em animais de laboratório, variando desde métodos simples como o reflexo de Preyer

(OLIVEIRA; CANEDO; ROSSATO, 2002), até métodos mais sofisticados e dispendiosos

como os potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (KAMIMURA et al., 1999;

RYBAK et al., 2000; SOCKALINGAM et al., 2000), eletrococleografia (SMOORENBURG

et al., 1999; CARDINAAL et al., 2000a) e emissões otoacústicas evocadas

(SOCKALINGAM et al., 2000; GÜNERI et al., 2001; HYPPOLITO et al., 2003, 2005). As

emissões otoacústicas (EOA) e os potenciais auditivos evocados de tronco encefálico

(PAETE), com larga aplicação na prática clínica, são os métodos ultimamente mais

empregados para estudo da ototoxicidade por cisplatina em roedores.

Baseados nesses pressupostos, dispusemo-nos a desenvolver um modelo

experimental em ratos para estudo de ototoxicidade por cisplatina, que conciliasse métodos de

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avaliação funcionais, histológicos e imunohistoquímicos, que tivesse reprodutibilidade e que

pudesse abrir caminhos para o estudo dos mecanismos envolvidos na lesão coclear por drogas

ototóxicas e da otoproteção.

1.2 Avaliação Funcional da Ototoxicidade por Cisplatina

1.2.1 Emissões otoacústicas

As emissões otoacústicas (EOA), descritas por Kemp (1978), medem o feed-back

de energia biomecânica na contração das células ciliadas externas. Este tipo de contração é

responsável pela amplificação do pico da onda viajante na membrana basilar (HYPPOLITO et

al., 2003). A presença de EOA no conduto auditivo externo, de uma forma espontânea ou

evocada, traduz a integridade de células ciliadas externas, local onde predominam as lesões

induzidas pela cisplatina (CARDINAAL et al., 2000a). As emissões otoacústicas evocadas

dividem-se em transitórias (EOAT) e produtos de distorção (EOAPD). EOAT são

conseguidas quando se utiliza o clique, um estímulo acústico de curta duração com faixa de

freqüência bastante abrangente, variando entre os equipamentos de 500 a 4000 Hz ou 600 a

6000 Hz. Por ser um estímulo de banda larga, ocorre excitação das células ciliadas desde a

espira basal até a espira apical da cóclea. Já as EOAPD (FIGURA 4 A e B) são o resultado da

estimulação da cóclea com dois tons puros de freqüências diferentes, havendo uma relação

fixa entre essas freqüências de 1,2 a 1,25. Por convenção, o tom puro de freqüência mais

baixa é referido como F1 e sua intensidade L1, bem como o de freqüência mais alta F2, e seu

nível de intensidade L2. A energia resultante desse tipo de estimulação representa uma região

restrita da membrana basilar que tem uma relação direta com as freqüências do estímulo

empregado. Com isso pode-se avaliar a audição de uma forma freqüência-específica,

variando-se a freqüência de estímulo com níveis de intensidade fixo (audiococleograma –

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DPgram) ou ainda fixando-se F1 e F2 e decrescendo a intensidade de estimulação até o

desaparecimento da resposta (Curva de crescimento – I/O function) (LOPES FILHO;

CARLOS, 2002; AZEVEDO, 2003).

FIGURA 4 – Emissões otoacústicas produtos de distorção (EOAPD) de rato Wistar tratado com CDDP 24 mg/kg. A. EOAPD antes da administração das drogas com presença de EOAPD em 3, 4, 6 e 8 kHz (DP1 S/N-ratio/dB > 6). B. EOAPD quatro dias após o início da administração da droga com desaparecimento das EOAPD em 3 kHz (DP1 S/N-ratio/dB < 6) e diminuição de sua amplitude nas demais freqüências (DP1 Level/dB).

Os estudos experimentais envolvendo ototoxicidade por cisplatina e emissões

otoacústicas datam do início da década de 90. McAlpine e Jonhstone (1990) mostraram ter as

EOAPD em 8 kHz sensibilidade semelhante à eletrococleografia na detecção da ototoxicidade

induzida por cisplatina 6 mg/kg associada à furosemida 160 mg/kg em cobaias.

A

B

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Os experimentos com ratos se iniciaram no final dessa mesma década quando

Hatzopoulos et al. (1999) estudaram o efeito da cisplatina em diversas doses e formas de

administração nas emissões otoacústicas transitórias (EAOT) e produtos de distorção

(EOAPD) nesse gênero. As EOAT foram evocadas com o uso de cliques de 80 µs e 63 ± 2 dB

ep NPS, seguindo um protocolo não linear. Os cliques foram apresentados a uma taxa de 74/s

com um total de 1000 aquisições. A relação sinal/ruído foi calculada em 3,0, 4,6, 6,1 e 7,6

kHz. Para as EOAPD foram gerados dois protocolos de estímulo (F1 = 65, F2 = 57 e F1 = 61,

F2 = 57 dB ep NPS. As freqüências avaliadas variaram de 4 a 8 kHz. A relação F2/F1 foi de

1,22. Não se observou qualquer efeito nas EOAT após injeção intravenosa de cisplatina em

bolo de 7,5 mg/kg por semana em duas semanas consecutivas. Após o uso de 2,5 mg/kg por

semana de cisplatina, em 6 semanas consecutivas, os animais apresentaram uma redução

significativa na relação sinal ruído (S/R) quando avaliados por EOAPD em uma faixa de

freqüência restrita (5,04 a 5,66 kHz). Já na injeção intraperitoneal (IP) aguda em bolo de 15

mg/kg, houve uma redução na relação S/R das EOAPD, 96 h após a administração, em 6,34,

7,13 e 7,56 kHz. Os autores concluíram que somente o tratamento agudo com cisplatina pode

ser monitorado eficientemente por meio de emissões otoacústicas e que os mecanismos de

lesão coclear aguda e crônica parecem ser diferentes.

Sockalingam et al. (2000) avaliaram a susceptibilidade de 3 espécies de roedores

(rato albino, cobaia albina e rato obeso pigmentado) à ototoxicidade por cisplatina. Os

animais foram submetidos à administração de cisplatina intraperitoneal (IP) na dose de 12

mg/kg e investigados por EOAT e EOAPD três dias após. As três espécies tiveram redução de

seus pesos avaliados no terceiro dia após a administração de cisplatina, sendo que a cobaia

mostrou a maior variabilidade (desvio padrão). A perda de peso foi maior no rato albino

(18%) e menor na cobaia (9%). Outros sinais de toxicidade sistêmica tais como queda de

pêlos, diarréia e anorexia foram mais pronunciados nos ratos albinos. As EOAT foram

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geradas através do estímulo com cliques de condensação a uma intensidade de 65 dB ep NPS.

O protocolo de aquisição das EOAPD consistiu de estímulos com tons puros a uma

intensidade L1 de 50 dB NPS e L2 de 40 dB NPS cuja relação de freqüência F2/F1 foi de

1,22. A energia das EOAT pós-cisplatina estava significativamente diminuída na cobaia, mas

não nas demais espécies. A amplitude das EOAPD foi significativamente diminuída no grupo

cobaia em todas as freqüências estudadas (2 kHz; 3 kHz; 4 kHz; 6 kHz e 8 kHz). Por outro

lado, os ratos albinos e os ratos obesos pigmentados não mostraram qualquer redução

significativa desse parâmetro. Todas as três espécies animais indicaram grande variabilidade

de resposta nas EOAT e EOAPD. Os autores concluíram que cobaias são, dentre as três

espécies, os animais mais suscetíveis à ototoxicidade por cisplatina e aqueles que apresentam

menor toxicidade sistêmica.

As emissões otoacústicas podem ser utilizadas para avaliar a proteção de drogas

contra a ototoxicidade por cisplatina. Lopez-Gonzalez et al. (2000) estudaram, através de

EOAPD, o efeito otoprotetor da melatonina e outros agentes antioxidantes sobre a

ototoxicidade por cisplatina. Os Ratos Wistar foram submetidos a EOAPD imediatamente

antes, 7, 10, 15 e 30 dias após a administração intraperitoneal de solução salina (controle) ou

de cisplatina na dose de 10 mg/kg. Nos grupos para estudo de otoproteção, a cisplatina foi

administrada juntamente com melatonina por via subcutânea (250 µg) ou melatonina por via

oral na água de beber (10 mg/l) ou mistura composta por 0,25 mg de succinato ácido de

α-tocoferol, 3 mg de ácido ascórbico, 1 mg de glutationa e 60 mg de N-acetilcisteína

administrada por via subcutânea. As EOAPD foram evocadas através de cliques de 70 dB ep

NPS e obtidas nas freqüências de 1, 2, 3, 4, 5 e 6 kHz. A ototoxicidade máxima produzida

pela cisplatina se deu entre o sétimo e o décimo dia pós-tratamento. Os ratos não submetidos à

otoproteção retornaram as EOAPD aos valores iniciais por volta do trigésimo dia. Nos grupos

de otoproteção não houve redução significativa das EOAPD em relação ao grupo controle. O

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estudo concluiu que melatonina e outros antioxidantes têm uma função protetora contra a

ototoxicidade por cisplatina de células ciliadas externas no órgão espiral de ratos.

No Brasil, o grupo de pesquisa chefiado pelo professor doutor José Antônio A. de

Oliveira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, tem dado

grande contribuição ao estudo por emissões otoacústicas da ototoxicidade por cisplatina e

otoproteção. Pesquisadores desse grupo (HYPPOLITO et al., 2003) estudaram, através de

emissões otoacústicas produtos de distorção, o efeito otoprotetor em cobaias do extrato de

ginkgo biloba (EGB 761), na dose de 100 mg/kg/dia administrada por via oral durante 8 dias,

na ototoxicidade induzida por cisplatina, 8 mg/kg/dia intraperitoneal (IP) também por 8 dias.

No grupo tratado apenas com cisplatina, houve diminuição da amplitude das EOAPD a partir

de 2 kHz. Naquele em que se associou previamente o uso de ginkgo biloba, as EOAPD

estiveram presentes em todas as cócleas testadas. Houve ainda uma relação direta entre a

lesão funcional por cisplatina e a otoproteção funcional pelo extrato de ginkgo biloba,

estudados pelas EOAPD e as lesões estruturais das cócleas avaliadas por microscopia

eletrônica de varredura. Os autores concluíram que o extrato seco de ginkgo biloba (EGB

761) tem um efeito protetor para as células ciliadas externas de cócleas de cobaia albina

contra a agressão por cisplatina.

Hyppolito et al. (2005) pesquisaram o efeito de uma outra droga, agora a

amifostina, na ototoxicidade induzida por cisplatina em cobaias. A cisplatina foi administrada

por via intraperitoneal (IP) na dose de 8 mg/kg/dia durante 3 dias consecutivos. A amifostina

foi injetada também por via IP 90min antes da cisplatina nos mesmos três dias. EOAPD foram

obtidas antes e no dia seguinte ao término da administração das drogas, precedendo a

eutanásia dos animais para remoção de seus ossos temporais. Para tanto, utilizaram-se dois

tons puros de 70 dB NPS com uma relação de freqüência F1/F2 de 1,22. As EOAPD estavam

ausentes em 100% das cobaias tratadas com cisplatina isoladamente e presentes em 100% das

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cobaias tratadas previamente com amifostina. Houve, mais uma vez, nesse caso, uma

correspondência entre a lesão funcional e as alterações cocleares de células ciliadas externas e

internas identificadas por microscopia eletrônica de varredura. Concluíram que a amifostina

apresenta um eficiente efeito otoprotetor à lesão de células ciliadas cocleares em

cobaias albinas.

A ototoxicidade por cisplatina em humanos também pode ser monitorada através

de emissões otoacústicas (ALLEN et al., 1998; RESS et al., 1999; ZOCOLI; REICHOW;

ZOCOLI, 2003; GARCIA; IÓRIO; PETRILLI, 2003; MARTIÑÓN et al., 2003). Martiñón et

al. (2003), estudando crianças submetidas a tratamento com cisplatina por meio de EOAPD,

mostraram que uma diminuição de 4 dB NPS na média de intensidade dessas emissões em 1,

2, 3, 4 e 6 kHz, tem uma sensibilidade de 65% e especificidade de 86,6% para detecção de

perdas de audição maiores que 25 dB. Garcia, Iório e Petrilli (2003) mostraram ser a

audiometria de altas freqüências mais sensível que as EOAT e EOAPD na detecção da

ototoxicidade por cisplatina, achados esses que diferem do estudo de Ress et al. (1999) que

evidenciou sensibilidade semelhante entre esses métodos.

1.2.2 Potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE)

Os potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE) se constituem nos

fenômenos bioelétricos desencadeados pela passagem do estímulo auditivo através do tronco

cerebral. Essa atividade elétrica pode ser filtrada e capturada por eletrodos de superfície e é

representada por 5 a 7 ondas (I, II, III, IV, V, VI e VII), cada uma delas referindo-se a um

local específico da via auditiva central. Em roedores, os prováveis geradores das ondas são:

onda I, nervo auditivo; onda II, núcleos cocleares; onda III, complexo olivar superior; onda

IV, lemnisco lateral e colículo inferior; onda V, corpo geniculado medial e radiações

talamocorticais (HENRY, 1979). Em humanos, as ondas I a V são aquelas que apresentam

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maior freqüência de aparecimento (FREITAS, 1998). À medida que se diminui a intensidade

do estímulo, as ondas vão progressivamente aumentando em latência e diminuindo em

amplitude até seu completo desaparecimento (FIGURA 5). Por esse método o examinador é

capaz de detectar o limiar eletrofisiológico da audição, que é diretamente proporcional ao

limiar de audição psicoacústico, mas, ao contrário deste, não necessita da colaboração do

examinado para sua determinação. Pode-se ainda estabelecer a presença ou ausência de lesões

da via auditiva ao nível do tronco encefálico pela análise do tempo de condução do estímulo

entre locais mais proximais e distais da via auditiva retrococlear. É, portanto, um método que

pode ser utilizado em modelos animais para pesquisa de ototoxicidade de drogas.

FIGURA 5 – Traçado normal de PAETE de rato mostrando as 7 ondas em 80 dB NA (traçado superior) e o aumento progressivo da latência, diminuição da amplitude e desaparecimento progressivo das ondas com a diminuição da intensidade de estímulo, permanecendo a onda II no nível do limiar eletrofisiológico (traçado inferior).

Grande número de estudos utilizam os PAETE para avaliação em roedores da

ototoxicidade por cisplatina (TANGE; VUZEVSKI, 1984; SCHWEITZER et al., 1984;

REBERT; PRYOR; FRICK, 1984; AMSALEM; ANDRIEU-GUITRANCOUT, 1985;

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CAMPBELL; RYBAC; MEECH, 1996; HATZOPOULOS et al., 1999; RYBAK; SATU,

1999; RYBAK et al., 1999; KAMIMURA et al., 1999; RYBACK; SOMANI, 1999;

SOCKALINGAM et al., 2000; RYBAK et al., 2000; LAURELL et al., 2000; OH et al. 2000;

LI et al., 2001; HATZOPOULOS et al., 2002; TANAKA; WHITWORTH; RYBAK, 2004;

DICKEY et al., 2004; KALKANIS; WHITWORTH; RYBAK, 2004; MINAMI; SHA;

SCHACHT, 2004; LYNCH et al., 2005). Entretanto, os parâmetros de execução do exame

quanto ao posicionamento dos eletrodos, tipo de estímulo, taxa de apresentação do estímulo,

número de aquisições têm uma variabilidade grande entre os autores. Quanto à espécie de

roedores, apesar de cobaias serem animais mais sensíveis e apresentarem menor toxicidade

sistêmica para modelos experimentais de ototoxicidade por cisplatina (SOCKALINGAM et

al., 2000), ratos também são utilizados nesse tipo de experimento.

Um dos primeiros estudos correlacionando ototoxicidade por cisplatina em ratos e

PAETE data de 1984, quando Rebert, Pryor e Frick avaliaram o efeito dessa droga em vários

testes eletrofisiológicos, entre eles os potenciais auditivos evocados de tronco encefálico, com

o objetivo de investigar sua neurotoxicidade. O exame era feito através de eletrodos de aço

inoxidável implantados na calota craniana e osso nasal. Cliques de 95 dB foram os estímulos

empregados. Cisplatina foi administrada por via IP nas doses de 0,2668, 0,5335 e 0,8002

mg/kg durante 5 dias por semana e por 7 semanas consecutivas. Houve aumento significativo

da latência da onda I, a partir da terceira, e da onda V, a partir da quarta semana de

tratamento. Esse aumento da latência de todos os componentes dos PAETE sugere ter a lesão

por cisplatina uma origem nos órgãos periféricos da audição.

Em 1985, Amsallem e Andrieu-Guitrancourt publicaram estudo onde fazem

referência ao papel do PAETE na avaliação da ototoxicidade por cisplatina em ratos Wistar. O

registro foi realizado com eletrodos implantados no vértex (ativo) e cauda (referência).

Estímulos tipo cliques não filtrados foram liberados a uma taxa de 10/s com um total de 512

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promediações. A banda passante foi de 32 a 3200 Hz. Foi verificado que as ondas I a IV eram

as mais aparentes. A onda II foi a de maior amplitude do traçado e a última a desaparecer com

a diminuição do estímulo sonoro. Portanto, essa onda foi o parâmetro para identificação do

limiar auditivo no rato. Esse limiar se deu entre 30 a 40 dB ep NPS (aproximadamente 0 a 10

dB NA). As latências em milessegundos das ondas I a IV a 100 dB ep NPS foram

respectivamente de 1,52 ± 0,20; 2,56 ± 0,16; 2,9 ± 0,18; 5,2 ± 0,31. Os autores mostraram

ainda que doses de cisplatina maiores ou iguais a 8 mg/kg em aplicação única são capazes de

elevar de forma significativa o limar eletrofisiológico em ratos a partir do quinto ao oitavo dia

de avaliação.

Hatzopoulos et al. (1999) estudaram o efeito ototóxico em ratos Sprague-Dawley

da administração intraperitoneal de cisplatina 15 mg/kg dose única ou em duas doses

consecutivas semanais de 7,5 mg/kg. O grupo controle foi constituído pelo uso de solução

salina em volume equivalente aos grupos teste. A avaliação funcional da audição foi realizada

através de potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE), com eletrodos

subdérmicos posicionados no vértex (positivo), mastóide (negativo) e dorso (terra), utilizando

como estímulo cliques e tone bursts de 4 e 8 kHz. O número de promediações variou entre

250 e 500 e a banda passante de 20 a 5000 Hz. Os parâmetros utilizados para análise foram a

amplitude e latência da onda III em vários níveis de estímulos (90, 80, 70 e 60 dB NPS). O

grupo tratado com 7,5 mg/kg de CDDP, em duas semanas consecutivas, não mostrou qualquer

diferença estatisticamente significativa desses parâmetros em relação ao grupo controle. No

grupo em que a cisplatina foi injetada em dose única houve aumento significativo da latência

da onda III em 8 kHz para todos os níveis de estímulos e redução da amplitude dessa onda em

90 dB NPS. Contudo, as respostas para cliques e tone burst de 4 kHz não foram

estatisticamente diferentes do grupo controle. Os autores relacionaram a inexistência de

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alterações para cliques por esses não estimularem as regiões de maior freqüência da cóclea,

local onde predominam as lesões por cisplatina.

Sockalingam et al. (2000), no sentido de avaliar o efeito ototóxico da cisplatina

em 3 espécies de animais de laboratório, propuseram a realização dos PAETE em cobaias,

ratos albinos e ratos obesos pigmentados, antes e três dias após a administração dessa droga

por via intraperitoneal, em dose única de 12 mg/kg. O protocolo de exame compreendeu a

utilização de eletrodos subdérmicos posicionados no vértex (ativo), bochecha (referência) e

pata traseira esquerda (terra). Foram apresentados cliques alternados, a uma taxa de 20/s e um

total de 128 a 300 promediações. A elevação dos limiares auditivos foi de 31,5 ± 24,5 dB nas

cobaias, 7,5 ± 12,6 dB nos ratos obesos pigmentados e 6,5 ± 8,5 dB nos ratos albinos.

Considerando-se individualmente, 4 entre 10 ratos albinos, 2 entre 6 ratos obesos

pigmentados e 8 entre 10 cobaias tiveram elevação dos limiares. Os autores constataram a

grande variabilidade de resposta ototóxica à injeção aguda de cisplatina entre esses animais.

Hatzopoulos et al. (2002) realizaram PAETE em ratos Sprague-Dawley antes e

72h após serem tratados com 16 mg/kg de cisplatina em infusão única. O exame foi realizado

com eletrodos subdérmicos de platina-irídio posicionados no vértex (positivo), mastóide

(negativo) e dorso (terra). Foram apresentados cliques e tone bursts de 8, 10, 12, 16, 20 e

30 kHz, com um total de 500 a 1000 promediações e uma banda passante de 20 a 5000 Hz. O

limiar eletrofisiológico foi baseado na visibilidade e reprodutibilidade da onda III. O aumento

médio dos limiares no terceiro dia foi de 15,2 dB para cliques, 16 dB para tone bursts entre 8

e 16 kHz e 35,8 dB para tone bursts entre 20 e 30 kHz, comprovando que a CDDP lesa

predominantemente porções mais basais da cóclea de ratos, responsáveis pelas

freqüências agudas.

As primeiras publicações de estudos de otoproteção em ratos, utilizando-se os

PAETE, contra a ototoxicidade por cisplatina, iniciaram-se em 1995 com os experimentos de

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Rybak et al. do Departamento de Farmacologia da Escola de Medicina da Universidade de

Illinois, EUA. Esses autores avaliaram o papel do dietilditiocarbamato (DDTC) 600 mg/kg

via subcutânea na otoproteção contra a administração de 16 mg/kg de cisplatina por via IP em

dose única. Foi realizado PAETE imediatamente antes e três dias após a administração das

drogas em resposta a cliques e tone burst de 8, 16 e 32 kHz, liberados a uma taxa de 5 por

segundo. Eletrodos subdérmicos foram posicionados no vértex (ativo), ponta do nariz

(referência) e pata direita (terra). Foram feitas 512 promediações com uma banda passante de

0,1 a 10 kHz. Houve aumento significativo do limiar auditivo entre 28 e 36 dB com o uso da

cisplatina para todos os tipos de estímulos empregados. A administração anterior de DDTC

preveniu esse aumento de limiar. Em 1999, pesquisadores desse grupo publicaram os

resultados de experimentos, também em ratos Wistar, de otoproteção do ácido lipóico contra a

ototoxicidade por cisplatina, utilizando-se os PAETE nos moldes anteriormente descritos,

exceto pelo posicionamento do eletrodo terra na musculatura cervical (RYBAK et al., 1999).

Este último padrão de administração da cisplatina e de avaliação por potenciais auditivos

evocados de tronco encefálico se manteve em estudos posteriores de otoproteção contra

toxicidade por cisplatina do mesmo grupo (RYBAK; SOMANI, 1999; RYBAK;

WHITWORTH; SOMANI, 1999; RYBAK et al., 2000; KALKANIS; WHITWORTH;

RYBAK, 2004).

Algumas alterações no método foram realizadas em três outros estudos do grupo

de Illinois. Campbell et al. (1996) avaliaram o efeito otoprotetor da D-Metionina (D-Met) na

ototoxicidade de 16 mg/kg de CDDP em ratos Wistar. Nesse estudo os eletrodos subdérmicos

de platina/irídio foram posicionados no vértex (ativo), orelha ipsilateral (referência) e pata

traseira (terra). Foram apresentados como estímulos cliques e tone bursts de 1, 4, 8 e 14 kHz,

a uma taxa de 10/s, com um total de 512 aquisições numa banda passante de 30 a 3000 Hz.

Concluíram que a D-Met foi capaz de promover significativa proteção contra a lesão auditiva

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da cisplatina, o que foi confirmado por microscopia eletrônica de varredura. Kamimura et al.

(1999) acrescentaram para estudos de otoproteção com ácido 4-metilbenzóico (MTBA) as

freqüências de 2 e 4 kHz para tone bursts e determinaram que o limiar eletrofisiológico fosse

dado pela onda II. Esse experimento mostrou significativa otoproteção do MTBA na

avaliação com tone bursts nas freqüências de 2, 16 e 32 kHz, não evidenciando, entretanto,

significância estatística para cliques e tone bursts de 4 e 8 kHz. Tanaka, Whitworth e Rybak

(2004) utilizaram a dose de 13 mg/kg via IP para avaliar o efeito da manipulação do pH na

janela redonda sobre a ototoxicidade sistêmica da cisplatina em ratos Wistar. O limiar foi

definido como a menor resposta capaz de elucidar pelo menos dois picos de ondas replicáveis

e visualmente identificáveis em uma amplitude mínima de 0,5 µV. Este estudo mostrou que a

manipulação ácida da janela redonda potencializava os efeitos ototóxicos da cisplatina

evidenciados por um aumento significativo dos limiares do PAETE para cliques e tone bursts

de 2, 4 e 16 kHz. Já a manipulação básica reduziu de forma significativa esses efeitos

ototóxicos para todos os estímulos estudados. Os autores concluíram que o pH pode modular,

em células e tecidos normais, os efeitos ototóxicos da cisplatina aplicada sistemicamente.

Laurell et al. (2000) estudaram o papel da barreira sangue-perilinfa na

variabilidade individual da otoxicidade por cisplatina em ratos Long-Evans. Os animais foram

submetidos a PAETE antes e três dias após a administração de cisplatina na dose de 16 mg/kg

por via intraperitoneal. O exame foi registrado através de eletrodos subdérmicos localizados

entre o vértex e a região retroauricular ipsilateral, e o eletrodo terra posicionado no dorso. Os

estímulos foram do tipo tone burst de 8, 16 e 32 kHz, a uma taxa de 20 pulsos por segundo.

Após a realização da segunda avaliação auditiva seguida de uma nefrectomia, manitol

marcado radioativo foi injetado via veia femoral direita, e amostras de plasma e perilinfa

foram colhidas. Houve aumento significativo dos limiares em 11 de 12 animais testados. Não

houve correlação entre as concentrações plasmáticas e perilinfáticas de manitol marcado e o

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grau de lesão evidenciado pelo PAETE. O estudo concluiu que fatores não relacionados à

barreira sangue-perilinfa são os responsáveis pela variação individual da ototoxicidade por

cisplatina em ratos.

Li et al. (2001) avaliaram a eficácia de D-Metionina (D-Met) por via sistêmica e

tópica (sobre a janela redonda) na otoproteção contra cisplatina 15 mg/kg, administrada em

ratos Fisher 344 portadores de implantes de câncer de mama. PAETE foi utilizado para a

avaliação funcional antes e 10 dias após o início do tratamento. Os estímulos auditivos se

deram através de tone bursts de 1, 2, 4, 8, 16 e 18 kHz, sendo realizado um total de 500

aquisições. O registro foi capturado por eletrodos de platina posicionados na subderme do

vértex (ativo) e referenciados a outro eletrodo posicionado na musculatura cervical. Um

terceiro eletrodo localizado na orelha serviu como terra. A lesão coclear foi confirmada por

microscopia eletrônica de varredura. Os autores observaram que D-Met administrado por via

tópica ou sistêmica foi capaz de promover otoproteção contra CDDP. Entretanto, somente a

forma de administração tópica não afetou de forma significativa o efeito antitumoral da droga.

Dickey et al. (2004), através de um estudo experimental em ratos Long-Evans,

avaliaram o efeito protetor da N-acetilcisteína (NAC) contra a ototoxicidade por cisplatina

(CDDP). Os ratos foram submetidos à infusão intra-arterial via carótida externa direita de

6 mg/kg de CCPD. NAC foi utilizada por via intravenosa na dose de 400 mg/kg aos 15 e

30min antes da administração de CCPD e 4h depois. Foram realizadas avaliações auditivas

por meio de PAETE antes e 7 dias após a administração das drogas. Para o registro dos

potenciais auditivos evocados de tronco encefálico, utilizaram-se eletrodos subdérmicos com

o positivo localizado no vértex, negativo abaixo da orelha ipsilateral e terra na orelha contra-

lateral. Foram dados estímulos do tipo tone burst em 4, 8, 12, 16 e 20 kHz a uma taxa de 19,5

por segundo e uma promediação de 1024 respostas. Os filtros utilizados tinham uma banda

passante entre 30 e 1500 Hz. Nos três grupos de animais pré-tratados com NAC houve um

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significativo menor aumento dos limiares eletrofisiológicos quando comparado ao grupo

salina mais cisplatina. O grupo NAC 30 min antes da CDDP, foi o que mostrou maior

otoproteção. Os autores concluíram que o pré-tratamento com NAC pode reduzir a

ototoxicidade por cisplatina.

Minami, Sha e Schacht (2004) pesquisaram o papel de salicilatos na otoproteção

contra CDDP. Cisplatina foi administrada em um regime de 1 mg/kg/dia em quatro dias

consecutivos, com repouso de 10 dias e repetição do regime por mais quatro dias. PAETE foi

realizado para avaliar a perda de audição, utilizando-se eletrodos subdérmicos posicionados

no vértex (ativo), região retroauricular ipsilateral (referência) e região retroauricular contra-

lateral (terra). Os estímulos foram tone bursts de 8, 16 e 20 kHz a uma taxa de 10/s. Foram

registradas 1024 aquisições. O limiar foi estabelecido pela presença replicável das ondas III

ou IV. O modelo foi capaz de promover elevação dos limiares eletrofisiológicos pelo PAETE

após o segundo ciclo de cisplatina, que foi parcialmente revertida pela administração

concomitante de salicilato de sódio.

Lynch et al. (2005) avaliaram o papel de alupurinol (inibidor da xantina oxidase) e

de ebselen (análogo da glutationa peroxidase) na proteção contra a ototoxicidade induzida por

cisplatina em ratos Fischer. PAETE foi utilizado como método de avaliação auditiva dos

animais. Eletrodos subdérmicos foram posicionados no vértex (ativo), ventrolateral à orelha

testada (referência) e orelha contralateral (terra). Cliques e tone bursts de 8, 16 e 24 kHz

foram utilizados como estímulos a uma taxa de 19,3/s e com os traçados resultando de 800

promediações. Houve significativo aumento dos limiares eletrofisiológicos para todos os tipos

de estímulos testados após o tratamento com 16 mg/kg de cisplatina por via IP. A associação

ebselen/alupurinol administrada, tanto por via oral como por via intraperitoneal, uma hora

antes da CDDP, promoveu menor aumento dos limiares auditivos. Essa proteção foi

confirmada por estudos histológicos da cóclea dos ratos tratados que revelaram menor lesão

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de células ciliadas externas e menor grau de edema da estria vascular, quando se usou a

associação de drogas protetoras. Os autores concluíram que o aumento da atividade glutationa

peroxidase e a diminuição da atividade xantina oxidase em combinação constituem-se em

uma estratégia viável para prevenir ou reduzir a ototoxicidade por cisplatina.

Detecção precoce da ototoxicidade por cisplatina em humanos através de PAETE,

baseada em aumento dos limiares eletrofisiológicos para estímulos tipo cliques, apresenta

sérias limitações. O limiar eletrofisiológico para esse tipo de estímulo melhor se aproxima do

limiar na audiometria tonal para uma faixa de freqüência entre 2000 e 4000 Hz (COUPLAND

et al., 1991). Perdas de audição acima ou abaixo dessa faixa de freqüência não irão produzir

alterações significativas nos potenciais evocados auditivos (COUPLAND et al., 1991;

WEATHERLY et al., 1991). Entretanto, a utilização de tone bursts maiores ou iguais a 8 kHz

aumenta a sensibilidade do método (COUPLAND et al., 1991; FAUSTI et al., 1993).

1.3 Avaliação Morfológica da Ototoxicidade por Cisplatina

A maioria dos estudos de ototoxicidade por cisplatina em roedores se dá por meio

de microscopia eletrônica de varredura (FIGURA 6), pois a lesão das células ciliadas é, por

esse método, facilmente identificada (CAMPBELL; RYBAC; MEECH, 1996; KAMIMURA

et al., 1999; LI et al., 2001; TANAKA; WHITWORTH; RYBAK, 2004; KALKANIS;

WHITWORTH; RYBAK, 2004; FETONI et al., 2004). A cóclea de ratos também pode ser

estudada através de microscopia eletrônica de transmissão (CAMPBELL et al., 1999) e

preparados de superfície do órgão espiral de Corti, para estudo apenas de células ciliadas,

conhecidos como citococleograma (LAURELL et al., 2000).

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FIGURA 6 – Fotomicrografia de microscopia eletrônica de varredura do giro basal da cóclea de cobaia albina. A. Morfologia normal da cóclea com preservação dos cílios das células ciliadas externas (seta para cima) e internas (seta para baixo). B. Lesão de células ciliadas externas (seta para cima) com preservação das células ciliadas internas (seta para baixo) após tratamento dos animais com cisplatina. A barra na figura tem 10 µm de comprimento. (gentilmente cedido pelo Prof. Dr. José Antônio A. de Oliveira).

Em 1997, de Groot et al. publicaram estudo onde descrevem uma técnica de

avaliação da ototoxicidade por cisplatina em cobaias através de microscopia óptica. A dose de

CCPD utilizada foi de 2mg/kg por via IP em 8 dias consecutivos. No dia seguinte ao término

da administração das drogas, os animais tinham seus ossos temporais removidos e as cócleas

fixadas através de injeção intralabiríntica e imersão no fixador trialdeído (glutaraldeído 3%,

formaldeído 2%, acroleína 1%, dimetilsulfóxido 2,5% em tampão cacodilato 0,1 M, pH 7,4).

A descalcificação era realizada com solução de EDTA 4% por 4 a 5 dias, após o que o

material era pós-fixado por 2h a 4 oC com solução de OsO4 1% e K4Ru(CN)6 1%. Colorações

histológicas com azul de metileno 1% e azur II 1% em tetraborato de sódio 1% foram

preparadas. Por esse método conseguiu-se identificar lesões do órgão espiral de Corti

caracterizadas por alteração de sua arquitetura, com ocupação do espaço de Nuel pelas células

de Deiters, perda de células ciliadas externas e distensão da membrana vestibular, um

indicativo de hidrópsia endolinfática. As lesões foram mais evidentes no giro basal e

diminuíam à medida que se dirigia ao ápice. Não foram observadas alterações na estria

vascular ou no gânglio espiral. Resultados semelhantes, utilizando-se a mesma técnica, foram

encontrados por Heijmen et al. (1999).

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Cardinaal et al. (2000a) utilizaram o método histológico descrito por de Groot et

al. (1997) para avaliar a ototoxicidade por cisplatina em cobaias albinas nas doses de 0,7, 1,0,

1,25, 1,5 e 2,0 mg/kg/dia por 8 dias consecutivos. Encontraram perda de células ciliadas

externas e alteração da arquitetura do órgão espiral de Corti (FIGURA 7) nas doses de 1,5 e

2,0 mg/kg. Alterações morfológicas da estria vascular, caracterizadas por formação de bolhas

nas células marginais e retração de células intermediárias (FIGURA 8), foram vistas nas doses

de 1,0 a 1,5 mg/kg/dia. Na dose de 1,25 mg/kg 30% das cócleas apresentaram vacuolização de

células do gânglio espiral (FIGURA 9). Onze por cento dos animais tratados com a dose de

1,0 mg/kg/dia evidenciaram vacuolização de células epiteliais da membrana vestibular de

Reissner (FIGURA 10). Distensão da membrana vestibular de Reissner, ainda no grupo de 2,0

mg/kg/dia, comprovou significativa hidrópsia endolinfática em relação ao grupo controle. Os

mesmos autores utilizaram esse método e a dose de 1,5 mg/kg/dia de cisplatina, por 8 dias

consecutivos, para comprovar a recuperação espontânea de células ciliadas externas a partir

da quarta semana após sua administração (CARDINAAL et al., 2000b) e para estudar o efeito

otoprotetor do ORG 2766 (análogo do ACTH4-9) (CARDINAAL et al., 2000c). Resultados

semelhantes aos de Cardinaal et al. (2000a) foram vistos por O’Leary et al. (2001) após a

injeção perilinfática de 300 µg/ml de cisplatina. Wolters et al. (2004) acusaram o efeito

otoprotetor do hormônio estimulante dos melanócitos alfa (α-MSH) aplicado via perilinfática

na ototoxicidade induzida por cisplatina administrada na dose de 2 mg/kg/dia durante 6 a 7

dias consecutivos. Foi ainda evidenciado por esse método que a lesão de células ciliadas

externas e do gânglio espiral ocorrem concomitantemente (VAN RUIJVEN; DE GROOT;

SMOORENBURG, 2004; VAN RUIJVEN et al., 2005b) e que o dano da estria vascular

pode-se seguir à lesão das células ciliadas externas (SLUYTER et al., 2003).

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FIGURA 7 – Fotomicrografia do órgão espiral de Corti de cobaia albina. A. Notam-se as células ciliadas externas (seta preta) e célula ciliada interna (seta vazia) bem preservadas e os espaços de Nuel (*) e túnel espiral de Corti (**) individualizados. B. Após uso de cisplatina 16 mg/kg nota-se intensa alteração de sua arquitetura, desaparecimento dos espaços de Nuel e túnel espiral de Corti que se encontram ocupados por células de sustentação (seta preta) (440x) (modificado de CARDINAAL et al., 2000a).

FIGURA 8 – Fotomicrografia da estria vascular de cobaia albina. A. Estria vascular normal (seta). B. Estria vascular de animal tratado com cisplatina 12 mg/kg. Nota-se formação de bolhas nas células marginais (seta preta) e retração das células da camada média (seta branca) (440x) (modificado de CARDINAAL et al., 2000a).

.

FIGURA 9 – Fotomicrografia do gânglio espiral de cobaia albina. A. Gânglio espiral normal. Notam-se células ganglionares sem vacúolos (seta). B. Gânglio espiral de animal submetido a tratamento com cisplatina 10 mg/kg. Nota-se vacuolização de algumas células (seta) (660 x) (modificado de CARDINAAL et al., 2000a).

A

*

**

A b

A B

B

B

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FIGURA 10 – Fotomicrografia da membrana vestibular de cobaia albina. A. Membrana vestibular normal (seta). B. Membrana vestibular de animal submetido a tratamento com cisplatina 16 mg/kg. Nota-se vacuolização de suas células epiteliais (seta) (660 x) (modificado de CARDINAAL et al., 2000a).

Sergi et al. (2003) confirmaram o dano de células ciliadas externas com

preservação de células ciliadas internas e gânglio espiral em cobaias albinas, utilizando como

método histológico a fixação com glutaraldeído 2,5% e paraformaldeído 2%, descalcificação

com EDTA 10% por 5 dias, pós-fixação com tetróxido de ósmio 1% e coloração com azul de

toluidina 0,05%. Nesse estudo os autores também identificaram, embora em menor proporção,

lesão do neuroepitélio da crista ampular do canal semicircular horizontal e da

mácula utricular.

Há poucos estudos avaliando a ototoxicidade da CDDP em ratos através de

microscopia óptica. Campbell et al. (1999), em colorações com azul de toluidina,

demonstraram protusão de células marginais da estria vascular para o interior do espaço

endolinfático após o tratamento com dose única de 16 mg/kg de cisplatina. Lynch et al.

(2005), utilizando técnicas de fixação da cóclea de ratos com paraformaldeído 4%,

descalcificação com EDTA 0,5 M por uma semana e colorações com hematoxilinaeosina

(HE), evidenciaram que cisplatina, na dose de 16 mg/kg IP, promove aumento da área da

estria vascular por provável edema dessa estrutura.

A B

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Estudos em ossos temporais de humanos tratados com cisplatina revelaram

também degeneração de células ciliadas (WRIGTH; SCHAEFER, 1982). Entretanto, essas

alterações foram difíceis de diferenciar daquelas relacionadas à idade.

1.4 Ototoxicidade por Cisplatina e Apoptose

Existem vários mecanismos que levam a morte celular, seja de maneira

programada ou relacionada a injúrias. São eles: autofagia, catástrofe mitótica, senescência,

necrose e apoptose (OKADA; MAK, 2004; BROWN; ATTARDI, 2005). Apoptose é uma

forma ativa de morte celular que ocorre durante o desenvolvimento normal, bem como

quando células são expostas a determinados tipos de agentes agressores tais como

isquemia/hipóxia, radiação ou toxinas (HUANG et al., 2000).

Este mecanismo de lesão parece ser a base fisiopatológica da ototoxicidade da

cisplatina. A apoptose de células da orelha interna pode ser desencadeada por formação de

complexos entre a cisplatina e o DNA da célula lesada, impedindo a progressão do ciclo

celular (DEVARAJAN et al., 2002; BOULIKAS; VOUGIOUKA, 2003; VAN RUIJVEN et

al., 2005a). Outra via proposta para ototoxicidade da CDDP em modelos animais estabelece

que o estresse oxidativo induzido pela droga desencadearia uma cascata de reações

intracelulares que tem como resultado final a apoptose (RYBAK; WHITWORTH, 2005)

(FIGURA 11).

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FIGURA 11 – Mecanismo de morte celular proposto para lesão de células ciliadas externas por cisplatina. Cisplatina pode gerar radicais livres na cóclea como superóxido (O2-) talvez através de NADPH oxidase ou outras enzimas. Radicais superóxido transformam-se em peróxido de hidrogênio e, depois de reação catalisada por ferro, em radicais hidroxila (OH-) altamente reativos. Estes últimos podem reagir com ácidos gordurosos polinsaturados (AGPI) da membrana celular para produzir aldeídos tóxicos tais como o 4-hidroxinonenal (4-HNE). O2- pode ainda ativar a NO sintase indutível (iNOS) para formar óxido nítrico (NO) que, por sua vez, pode interagir com o superóxido para formar o peroxinitrito (OONO-). OONO- pode interagir com proteínas para produzir nitrotirosina (NT). Estes intermediários vão levar a morte celular pela liberação do citocromo c da mitocôndria, causando a ativação de caspases (3 e 9) que determinarão como resultado final a apoptose (modificado de RYBAK; WHITWORTH, 2005).

Liu et al. (1998) e Cheng et al. (1999), através de experimentos em culturas de

células do órgão de Corti de ratos Wistar de 3 dias de vida, demonstraram o papel da apoptose

como mecanismo de lesão celular pela cisplatina. Watanabe et al. (2000) identificaram DNA

fragmentado no gânglio espiral e estria vascular de cobaias submetidas a tratamento com

Cisplatina O2- iNOS

OH- NO

OONO-

AGPI Proteínas

NT 4-HNE

Vias de morte celular

Mitocôndria

Citocromo c

Caspase 9 Caspase 3 Apoptose

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10 mg/kg de cisplatina. Entretanto, esse achado não foi visto nas células ciliadas do órgão de

Corti. No estudo de Alam et al. (2000) em roedores da Mongólia, a identificação de células

apoptóticas, após administração de CCDP 20 mg/kg, deu-se em todas as estruturas da cóclea,

incluindo células ciliadas externas e internas, células suporte, gânglio espiral, estria vascular,

ligamento espiral. Devarajan et al. (2002) evidenciaram também, em culturas de células de

órgão de Corti de ratos, que a CDDP promove apoptose em concentrações menores e que

doses maiores podem levar diretamente à necrose celular, podendo esses 2 mecanismos ser

um continuum. Wang et al. (2003) mostraram que a dose de 10 mg/kg de cisplatina foi capaz

de induzir apoptose na cóclea de cobaias, principalmente em células ciliadas externas, células

ciliadas internas e estria vascular. Verificaram, ainda, através de microscopia eletrônica de

transmissão, que outros mecanismos de lesão celular, como autólise e necrose, podem estar

envolvidos na ototoxicidade da cisplatina.

A apoptose de células ciliadas da cóclea também é dependente da expressão de

proteínas pró-apoptóticas como p53 (ZHANG et al., 2003), caspases (LIU et al., 1998;

WANG et al., 2004; CHENG; CUNNINGHAM; RUBELL, 2005), calpaínas (CHENG et al.,

1999), Bax e Bid (DEVARAJAN et al., 2002), c-jun NH2-terminal quinases (JNK) (CHENG;

CUNNINGHAM; RUBELL, 2005) e antiapopóticas como o BCL-2 (ALAM et al., 2000;

DEVARAJAN et al., 2002). Portanto, reduzir a apoptose de células da orelha interna sem

inibir o efeito antitumoral da CDCP pode ser uma estratégia válida para diminuir os efeitos

ototóxicos deste quimioterápico (WU; MULDOON; NEUWELT, 2005).

1.6 Ototoxicidade por Cisplatina e Otoproteção por Amifostina

Amifostina (S-2-(3-aminopropilamino)-ácido etilfosforotióico – WR 2721) foi um

composto desenvolvido na década de 50 durante a guerra fria pelo Walter Reed Army

Institute of Research dos Estados Unidos, na tentativa de proteger os indivíduos contra

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radiação nuclear (BLOCK; GYLLENHAAL, 2005). Constitui-se em uma pró-droga (tiol

fosforilado) cujo metabólito ativo (WR1065) é o resultado de sua desfosforilação pela

fosfatase alcalina da membrana celular. Posteriormente sofre oxidação ao WR 33278

(PETERS; VAN DER VIJGH, 1995) (FIGURA 12). É um agente citoprotetor de largo

espectro, com estudos clínicos sugerindo proteção contra mielotoxicidade, nefrotoxicidade,

neurotoxicidade, esofagite, xerostomia e mucosite, causados por quimio ou radioterapia

(GRIGGS, 1998). O grupo de pesquisa, junto ao qual foi realizado o presente estudo, já tem

experiência acumulada em modelos experimentais com amifostina, seja na prevenção de

cistite hemorrágica induzida por ifosfamida e acroleína (BATISTA et al., 2006), seja na

proteção contra a lesão gástrica induzida por indometacina (MOTA et al., 2006). Existe ainda

evidência clínica de que a amifostina pode reduzir os efeitos ototóxicos da cisplatina

(GLOVER et al., 1984; RUBIN et al., 1995; RICK et al., 2001). Outros estudos não

confirmam a afirmação anterior (RAMNATH et al., 1997; EKBORN et al., 2004; SASTRY;

KELLIE, 2005). Os mecanismos pelos quais o WR 2721 protege as células normais

possivelmente são: doação de hidrogênio para reparo do DNA, remoção de radicais livres,

inibição de agentes alquilantes quando o componente tiol ataca os íons carbono positivamente

carregados (PETERS; VAN DER VIJGH, 1995). O fato dos efeitos protetores dessa droga

contra quimio e radioterapia serem maiores nos tecidos normais que nos tumorais se dá pelo

maior acúmulo do WR 1065 de forma bem mais efetiva nos primeiros. Este fenômeno está

relacionado à menor concentração de fosfatase alcalina nos capilares e arteríolas dos tecidos

tumorais, menor pH devido ao metabolismo predominantemente anaeróbico dos tumores e

deficiências no suprimento vascular, moléculas de adesão e moléculas de transporte em

tecidos neoplásicos (HOSPERS; EISENHAUER; VRIES, 1999).

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FIGURA 12 – Fórmula estrutural e ativação da amifostina (WR 2721) (modificado de PETERS e VAN DER VIJGH, 1995).

Desde sua aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão dos

Estados Unidos, em 1996, a amifostina não tem sido usada na prática clínica diária, mas

somente em estudos experimentais e clínicos (LINDEGAARD; GRAU, 2000). As diretrizes

da American Society of Clinical Oncology (ASCO), de 2002, estabeleceram que até aquele

momento os dados eram insuficientes para recomendar o uso rotineiro de amifostina para

prevenir ototoxicidade por cisplatina (SCHUCHTER et al., 2002). Entretanto, vários estudos

de otoproteção com essa droga têm sido publicados. Em relação aos trabalhos experimentais,

existem controvérsias relacionadas à efetividade da amifostina como agente otoprotetor contra

cisplatina.

Church et al. (1995) estudaram a ototoxicidade da cisplatina (dose cumulativa de

15 mg/kg) em hamsters, através de PAETE e microscopia eletrônica de varredura, e não

encontraram efeito protetor significativo da amifostina (dose cumulativa de 60 mg/kg).

Kaltenbach et al. (1997), utilizando-se dos dados da publicação anterior, verificaram que a

quantidade de células ciliadas externas lesadas era diretamente proporcional ao aumento do

limiar auditivo pelo PAETE e o WR 2721 não efetivou proteção significativa contra a

ototoxicidade da cisplatina por nenhum de ambos os parâmetros.

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Dois estudos em cobaias sugerem otoproteção pela amifostina. Hussain et al.

(2003) avaliaram o efeito otoprotetor da amifostina (1000 mg/kg) sobre a toxicidade da

cisplatina 690 mg/kg). Concluíram que a amifostina protege parcialmente a elevação dos

limiares de cobaias estudadas através de PAETE. Hyppolito et al. (2005) também

identificaram otoproteção significativa da amifostina (100 mg/kg) contra os efeitos da

cisplatina (24 mg/kg) em cobaias albinas, quando estudadas por EOAPD e microscopia

eletrônica de varredura.

Não foram encontrados, após extenso levantamento da literatura, estudos de

otoproteção da amifostina em ratos.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Desenvolver um modelo de ototoxicidade por cisplatina em ratos, utilizando

métodos funcionais, histológicos e imunohistoquímicos para sua avaliação.

2.3 Específicos

• Determinar o grau de lesão coclear em ratos induzida por diferentes doses e formas

de administração de cisplatina.

• Avaliar a sensibilidade das emissões otoacústicas produtos de distorção na

detecção da lesão induzida por cisplatina.

• Avaliar a sensibilidade do potencial auditivo evocado de tronco encefálico na

detecção da lesão induzida por cisplatina.

• Identificar as alterações histológicas na cóclea de ratos relacionadas à

ototoxicidade por cisplatina.

• Analisar se a apoptose está representada na lesão coclear induzida por cisplatina.

• Estudar o efeito otoprotetor da amifostina no modelo de ototoxicidade induzida

por cisplatina em ratos.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Animais

Foram utilizados para o estudo ratos Wistar machos provenientes do Biotério

Central da Universidade Federal do Ceará, com peso variando entre 200 e 348g, mantidos em

gaiolas com livre acesso a alimentos e água, em ciclos naturais de sono e vigília, e

manuseados segundo as normas preconizadas pelo Colégio Brasileiro de Experimentação

Animal (COBEA), encontradas no sítio www.cobea.org.br. O projeto foi submetido à

aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Animais (CEPA) da Faculdade de Medicina

da mesma universidade, tendo sido aprovado sob número de protocolo 28/05.

3.2 Critérios de Exclusão

• Animais fora da faixa de peso previamente estabelecida (200 a 350g),

correspondendo a idade de adultos jovens.

• Animais com sinais ao exame otoscópico de doença de orelha externa, tais como,

edema e hiperemia de conduto auditivo externo, tumorações ou rolha de cerume

impactada.

• Animais com sinais de doença da orelha média, tais como opacificação,

abaulamento e hiperemia de membrana timpânica, ou perfuração dessa membrana.

• Animais com emissões otoacústicas produtos de distorção ausentes em alguma das

freqüências estudadas (3, 4, 6 e 8 kHz), antes da administração das drogas.

• Animais com limiar eletrofisiológico estabelecido por potencial auditivo evocado

de tronco encefálico maior que 10 dB NA, antes do início da administração das

drogas.

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3.4 Drogas

3.3.1 Cisplatina

• Cisplatex – Laboratório Eurofarma 50 mg – pó liofilizado para solução injetável.

• Preparo: 50 mg do pó liofilizado diluídos em 50 ml de solução salina, constituindo

uma concentração final de 1 mg/ml.

3.3.2 Amifostina

• Ethyol – Laboratório Schering-Ploug 500 mg – pó liofilizado para infusão.

• Preparo: 500 mg do pó liofilizado diluídos em 2,3 ml do veículo. A solução

resultante diluía-se em 9,7 ml de solução salina. Retirava-se 3 ml desta solução

e rediluía-se com 47 ml de solução salina, resultando em uma concentração

final de 3 mg/ml.

3.3.3 Solução salina fisiológica 0,9%

3.3.4 Ketamina

• Vetarnacol – Laboratório König 50mg/ml.

3.3.5 Xilazina

• Kensol – Laboratório König 20 mg/ml.

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3.4 Grupos (n = número de ratos)

3.4.1 Grupo1 (CDDP 24 D3 EOAPD) (n=11)

Ratos tratados com cisplatina na dose de 8 mg/kg/dia em 3 dias consecutivos

(total de 24 mg/kg) e avaliados antes do tratamento (D0) e três dias (D3) após o seu início por

emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD).

3.4.2 Grupo 2 (C 24 D3 EOAPD) (n=6)

Ratos tratados com solução salina na dose de 8 ml/kg/dia em 3 dias consecutivos

(total de 24 ml/kg) e avaliados antes do tratamento (D0) e três dias (D3) após o seu início por

emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD).

3.4.3 Grupo 3 (CDDP 24 D4 EOAPD) (n=8)

Ratos tratados com cisplatina na dose de 8 mg/kg/dia em 3 dias consecutivos

(total de 24 mg/kg) e avaliados antes do tratamento (D0) e quatro dias (D4) após o seu início

por emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD).

3.4.4 Grupo 4 (C 24 D4 EOAPD) (n=6)

Ratos tratados com solução salina na dose de 8 ml/kg/dia em 3 dias consecutivos

(total de 24 ml/kg) e avaliados antes do tratamento (D0) e no 4o dia após o seu início (D4) por

emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD).

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3.4.5 Grupo 5 (CDDP 16 D3 EOAPD) (n=12)

Ratos tratados com cisplatina em dose única de 16 mg/kg/dia e avaliados antes do

tratamento (D0) e três dias (D3) após o seu início por emissões otoacústicas evocadas

produtos de distorção (EOAPD).

3.4.6 Grupo 6 (C 16 D3 EOAPD) (n=5)

Ratos tratados com solução salina em dose única de 16 ml/kg/dia e avaliados

antes do tratamento (D0) e três dias (D3) após o seu início por emissões otoacústicas evocadas

produtos de distorção (EOAPD).

3.4.7 Grupo 7 (CDDP 16 D4 EOAPD) (n=7)

Ratos tratados com cisplatina em dose única de 16 mg/kg/dia e avaliados antes do

tratamento (D0) e quatro dias (D4) após o seu início por emissões otoacústicas evocadas

produtos de distorção (EOAPD).

3.4.8 Grupo 8 (C 16 D4 EOAPD) (n=6)

Ratos tratados com solução salina em dose única de 16 ml/kg/dia e avaliados

antes do tratamento (D0) e quatro dias (D4) após o seu início por emissões otoacústicas

evocadas produtos de distorção (EOAPD).

3.4.9 Grupo 9 (CDDP 24 PAETE) (n=11)

Ratos tratados com cisplatina na dose de 8 mg/kg/dia em 3 dias consecutivos

(total de 24 mg/kg) e avaliados antes do tratamento (D0), três (D3) e quatro dias (D4) após o

seu início por potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE).

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3.4.10 Grupo 10 (C 24 PAETE) (n=7)

Ratos tratados com solução salina na dose de 8 ml/kg/dia em 3 dias consecutivos

(total de 24 ml/kg) e avaliados antes do tratamento (D0), três (D3) e quatro dias (D4) após o

seu início por potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE).

3.4.11 Grupo 11 (CDDP 16 PAETE) (n=12)

Ratos tratados com cisplatina em dose única de 16 mg/kg/dia e avaliados antes do

tratamento (D0), três (D3) e quatro dias (D4) após o seu início por potenciais auditivos

evocados de tronco encefálico (PAETE).

3.4.12 Grupo 12 (C 16 PAETE) (n=8)

Ratos tratados com solução salina em dose única de 16 ml/kg/dia e avaliados

antes do tratamento (D0), três (D3) e quatro dias (D4) após o seu início por potenciais

auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE).

3.4.13 Grupo 13 (CDDP + WR 2721) (n=6)

Ratos tratados com amifostina na dose de 80 mg/kg/dia (total de 240 mg/kg) e

cisplatina na dose de 8 mg/kg/dia (total de 24 mg/kg) em 3 dias consecutivos e avaliados

antes do tratamento (D0) e três dias (D3) após o seu início por potenciais auditivos evocados

de tronco encefálico (PAETE).

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63

3.5 Procedimento

3.5.1 Experimento 1 (FIGURA 13)

Os ratos Wistar foram submetidos a anestesia profunda com ketamina 50 mg/kg

associada a xilazina 10 mg/kg. Uma otoscopia prévia foi realizada eliminando-se os animais

com sinais de afecções de orelha externa ou média, como detalhado nos critérios de exclusão.

Aqueles com otoscopia normal se submeteram a exame de emissões otoacústicas evocadas

produtos de distorção (EOAPD), imediatamente antes da administração das drogas. Nos

grupos cisplatina 8 mg/kg em 3 dias consecutivos ou solução salina 8 ml/kg em 3 dias

consecutivos, as drogas eram injetadas por via intraperitoneal logo após a conclusão da

avaliação auditiva. Nos dois dias subseqüentes, depois de nova pesagem dos ratos, cisplatina

8 mg/kg ou solução salina 8 ml/kg eram novamente administradas, para resultar em uma dose

final respectivamente de 24 mg/kg e 24 ml/kg. Vinte e quatro (D3) ou 48h (D4) depois da

última administração, os ratos eram novamente anestesiados, era realizada uma outra

otoscopia para descartar aqueles que adquiriram doenças de orelha média ou externa durante o

período de administração das drogas, e eram submetidos a nova avaliação auditiva por

EOAPD. Nos grupos em que a cisplatina foi injetada por via intraperitoneal na dose única de

16 mg/kg e a salina 16 ml/kg, utilizou-se uma bomba de infusão de marca Kd Scientific série

100 para que o tempo de infusão fosse fixado em 30min. Quando necessário, nova dose dos

anestésicos era injetada. A avaliação auditiva também foi realizada no terceiro (D3) ou quarto

(D4) dias após a administração das drogas.

Imediatamente após a realização da última avaliação auditiva por EOAPD,

efetivava-se a remoção de seu osso temporal direito, após eutanásia por decapitação com

guilhotina de fabricação própria. A cóclea era dissecada para realização das técnicas de

microscopia óptica e imunohistoquímica como descrito em itens subseqüentes.

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FIGURA 13 – Esquema do Experimento 1. Estudo por emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD) e remoção da cóclea para realização das colorações por hematoxicilinaeosina (HE) e imunohistoquímica (IHQ).

3.5.2 Experimento 2 (FIGURA 14)

Os animais foram submetidos aos mesmos procedimentos de anestesia, otoscopia

e injeção de drogas relatados no item anterior, sem, entretanto, efetivar-se a remoção de seus

ossos temporais para os estudos morfológicos e imunohistoquímicos. A avaliação auditiva foi

realizada por meio de PAETE (potencial auditivo evocado de tronco encefálico), tendo o

mesmo grupo de animais se submetido ao exame imediatamente antes e no terceiro e quarto

dias após a administração das drogas.

XXiillaazziinnaa KKeettaammiinnaa CCiissppllaattiinnaa

oouu SSaalliinnaa

33 oouu 44 ddiiaass

HHEE

IHQ

EOAPD

EOAPD

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FIGURA 14 – Esquema do Experimento 2. Avaliação funcional da ototoxicidade por cisplatina em ratos por potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE).

3.5.3 Experimento 3 (FIGURA 15)

Um grupo de animais foi utilizado para se testar o efeito otoprotetor da amifostina

contra a toxicidade da cisplatina. Após anestesia com xilazina mais ketamina, uma otoscopia

prévia descartou doença de orelhas externa e média. Avaliação auditiva por PAETE foi

realizada. Em seguida, amifostina na dose de 80 mg/kg foi administrada por via

intraperitoneal. Meia hora depois, os ratos foram injetados com cisplatina na dose de 8 mg/kg.

A administração das drogas se repetiu nos dois dias subseqüentes, resultando em uma dose

cumulativa de 240 mg/kg de amifostina e 24 mg/kg de cisplatina. No dia seguinte à última

administração das drogas, os animais eram novamente anestesiados, realizada outra otoscopia

PAETE

XXiillaazziinnaa KKeettaammiinnaa CCiissppllaattiinnaa

oouu SSaalliinnaa

33 ee 44 ddiiaass

PAETE

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66

e examinados mais uma vez por PAETE. Em seguida, eram decapitados para remoção de seu

osso temporal direito e posterior processamento de sua cóclea para microscopia óptica.

FIGURA 15 – Esquema do Experimento 3. Avaliação da otoproteção da amifostina contra a ototoxicidade da cisplatina por potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE), coloração com hematoxilinaeosina (HE).

3.6 Avaliação Funcional da Audição

3.6.1 Emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD)

Os exames foram realizados com aparelho de emissões otoacústicas de marca

MADSEN Capella – GN Otometrics, em ambiente silencioso. Aos ratos anestesiados, em seu

conduto auditivo externo direito, foi acoplada a sonda do aparelho através de sondas para

exame de recém-nascido. O estímulo consistiu de 2 tons puros (F1 e F2) cuja relação de

freqüência F1/F2 foi igual a 1,22. A intensidade dos estímulos foi fixada em 70 dB NPS.

Foram analisadas um total de 1000 aquisições. As emissões otoacústicas resultantes foram

avaliadas nas freqüências de 3, 4, 6 e 8 kHz. Considerou-se a presença de EOAPD para uma

XXiillaazziinnaa KKeettaammiinnaa

AAmmiiffoossttiinnaa CCiissppllaattiinnaa

33 ddiiaass

HHEE

PAETE

PAETE

30min

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67

relação sinal/ruído (S/R) de, no mínimo, 6 dB NPS, de acordo com as especificações técnicas

do aparelho utilizado.

3.6.2 Potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE)

Utilizou-se, para realização do exame, aparelho Interacoustic EP 25, localizado

em ambiente silencioso. Com os animais anestesiados, eletrodos subdérmicos de platina

foram posicionados no vértex (positivo), região retroauricular direita (negativo) e ponta do

nariz (terra). Fones de inserção ER-3A acoplados a uma sonda utilizada para avaliação

auditiva de recém-nascidos foram introduzidos no conduto auditivo externo direito dos ratos.

Os estímulos empregados foram cliques de rarefação, liberados a uma taxa de 15 por segundo,

com um total máximo de 700 promediações e um tempo de análise de 15 mseg. A banda

passante utilizada foi de 0 a 3000 Hz. Os estímulos foram iniciados em 80 dB NA e

diminuídos progressivamente até o desaparecimento completo das ondas. Para o limiar

auditivo eletrofisiológico, foi considerada a menor intensidade de estímulo em que se

evidenciava onda II.

3.7 Técnica de Microscopia Óptica

O osso temporal removido foi imediatamente imerso em uma placa de Petri

contendo solução de formaldeído a 10% tamponada. Sob a visão de um microscópio cirúrgico

de marca DF Vasconcelos, com com a objetiva na posição 16, a membrana timpânica e a

cadeia ossicular (martelo, bigorna e estribo) foram eliminadas e a cápsula ótica exposta. Um

pequeno orifício foi feito no ápice da cóclea, com o auxílio de uma seringa BD Plastipak de 1

ml, acoplada a uma agulha de 13 mm de comprimento por 4,5 mm de espessura. Um estilete

curvo foi introduzido nas janelas redonda e oval através das quais e com a mesma seringa

descrita anteriormente se injetou a solução fixadora (formaldeído 10% tamponado). As

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cócleas dissecadas dos ossos temporais permaneceram imersas em formaldeído 10%

tamponado por 24h. Depois da fixação, foram descalcificadas sob a ação de EDTA 10%

durante 7 dias. Em seguida, lavadas em água corrente por 24h e desidratadas em

concentrações crescentes de álcool a 70%, 80%, 90% e absoluto por 1h cada uma. Durante a

permanência no álcool absoluto, as cócleas foram conduzidas a uma placa de Petri contendo a

mesma substância. Com o auxílio do microscópio cirúrgico, os tecidos remanescentes

extracocleares foram removidos com bisturi de lâmina 15, para facilitar o posicionamento do

material longitudinal ao plano de corte no momento da inclusão. A clarificação foi procedida

por meio de xilol durante 1h. O tecido foi impregnado com parafina por 3h a 60 oC e, em

seguida, incluído também em parafina. Foram feitos cortes de 20 µm com micrótomo de

marca OLYMPUS CUT 4055 até se atingir a região do modíolo, com identificação das

espiras basal, média e apical, o que foi possível com o auxílio de um microscópio OLYMPUS

BX 41 sob aumento de 40 vezes. A partir de então, 4 cortes de 4 µm foram feitos e

encaminhados para o estudo histológico. Os cortes fixos em lâminas com ovoalbumina

permaneceram em estufa a 37oC durante 24h para secagem. A seguir, desparafinizados em

xilol, hidratados em concentrações decrescentes de álcool (absoluto, 90%, 80%, 70%) e

lavados em água corrente. Daí foram imersos em hematoxicilina, lavados com água comum,

imersos em eosina, novamente lavados, desidratados em concentrações crescentes de álcool

(70%, 80%, 90%, absoluto), imersos em xilol para clareamento e montados com lamínulas

fixas com ENTELLANR.

Foram estabelecidos escores (0, 1, 2 e 3) para avaliação do grau de lesão na estria

vascular e órgão espiral de Corti, visibilizados com um aumento de 400 vezes no microscópio

óptico Leica DMLS 2. Fotomicrografias foram feitas com o auxílio do sistema de captura

digital Leica DFC 320. Na estria vascular, estes escores representavam o grau de retração

celular da camada média (FIGURA 16 A, B, C e D); no órgão espiral de Corti, o número de

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células ciliadas externas ausentes, tendo como parâmetro de identificação dessas células a

presença e integridade do núcleo (FIGURA 17 A, B, C e D).

FIGURA 16 – Fotomicrografia da estria vascular (seta) de ratos representando os escores de lesão após tratamento com cisplatina. A. Escore 0. B. Escore 1. C. Escore 2. D. Escore 3. (Coloração HE, 400x)

C D

A B

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70

FIGURA 17 – Fotomicrografia do órgão espiral de Corti de rato representando os escores de lesão nas células ciliadas externas. A. Escore 0: presença de 3 células ciliadas externas, com núcleos bem delimitados (CCE) (cabeças de seta); B. Escore 1: presença de 2 CCE (cabeças de seta); C. Escore 2: presença de 1 CCE (cabeça de seta) com as demais apresentando núcleo degenerado e pouco evidente (asterisco). D. Escore 3: ausência total de CCE, cujo espaço encontra-se preenchido por células de sustentação, com alteração evidente da arquitetura do órgão espiral de Corti (seta larga).

* *

A B

C D

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3.8 Técnica de Imunohistoquímica

3.8.1 TUNEL (TdT-mediated dUTP nick end-labeling)

Quatro cortes de 4 µm da cóclea, passados ao longo do modíolo, foram

preparados em lâminas cobertas com L-polilisina. Utilizou-se na técnica de

imunohistoquímica para apoptose o quite ApopTagR S 7100 (Chemicon International). Os

cortes histológicos foram desparafinizados com xilol e reidratados com concentrações

decrescentes de álcool (absoluto, 95% e 70%). Em seguida, lavados com solução tampão

fosfato (PBS) e incubados à temperatura ambiente com proteinase K por 15min para

promover a recuperação antigênica. Depois de lavado com água destilada, o material foi

tratado com peróxido de hidrogênio 3% volume por volume em PBS durante 5min, para

bloquear a peroxidase endógena. Seguiu-se nova lavagem com PBS, após o que os cortes

histológicos foram incubados com o Equilibration Buffer por 10s e imediatamente depois com

a enzima TdT (desoxinucleotidil transferase) associada aos nucleotídeos marcados com

digoxigenina (reaction buffer) que iriam se ligar às hidroxilas livres do DNA fragmentado das

células apoptóticas. O controle negativo não recebeu a enzima. O material permaneceu em

estufa a 37 oC por 1h e a reação foi terminada com a solução stop. Lavagem com PBS, em

seguida adição do conjugado antidigoxigenina e incubação à temperatura ambiente por

30min. Outra lavagem com PBS e adicionado o DAB (diaminobenzidina), o substrato da

peroxidase, incubando o material por 3 a 6min, para desenvolver a coloração da reação.

Lavagens com água destilada e as lâminas foram contracoradas com methyl green. Nova

lavagem com água destilada, imersão em N-butanol 100% e xilol e, em seguida, procedeu-se

à montagem das lamínulas com EntelanR.

Para se quantificar a intensidade de coloração das estruturas, foram feitas

fotomicrografias da espira basal com aumento de 100 x através de sistema de captura digital

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Leica DFC 320. Utilizando-se o programa Sistema de Análises Histomorfométricas (SAHM

1.0), uma área compreendendo a rampa média com o órgão espiral de Corti, gânglio espiral,

estria vascular e ligamento espiral foi selecionada e avaliada a relação área corada sobre área

não corada (pixels/pixels) (FIGURAS 18 e 19). O programa SAHM 1.0 seleciona uma

coloração pré-definida que se quer avaliar e quantifica a área ocupada por essa coloração.

FIGURA 18 – Análise histomorfométrica, após técnica de imunohistoquímica TUNEL, de um controle negativo. Não se evidencia coloração castanha indicativa de morte celular, mas apenas a cor esverdeada do contracorante (metil grenn). A. Coloração vista antes da seleção e quantificação da área corada. B. Após seleção da área a ser analisada pelo programa SAMH 1.0, não se evidenciam pontos castanhos.

A B

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73

FIGURA 19 – Análise histomorfométrica, após técnica de imunohistoquímica TUNEL, de um animal tratado com cisplatina 16 mg/kg com sua cóclea removida no D3. A coloração castanha indica morte celular. A. Coloração vista antes da seleção e quantificação da área corada. B. Após seleção da área a ser analisada pelo programa SAMH 1.0, isolando-se os pontos castanhos.

3.8.2 Caspase 3

Os cortes de 4 µm montados nas lâminas de L-polilisina foram aquecidos em

estufa à temperatura entre 66 e 70oC por 3h. A desparafinização iniciava-se em xilol aquecido

à mesma temperatura durante 10min e em duas imersões em xilol à temperatura ambiente de

2min cada uma. A seguir, reidratadas em concentrações decrescentes de álcool (100%, duas

vezes e uma vez 70%, dois minutos), lavadas em água corrente por 10min e deixadas em

tampão citrato pH 6, aquecido a 95oC em forno de microondas por 15min, para promover a

recuperação antigênica. Deixava-se esfriar por 20min. Lavava-se com PBS por 5min 2 vezes.

Adicionava-se peroxidase a 3% por 15min para se inibir a peroxidase endógena. Nova

lavagem com PBS e incubação com o anticorpo primário (anticaspase 3, anticoelho, Santa

Cruz Biotechnology) durante a noite a 4oC. O controle negativo não recebeu anticorpo

A B

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primário. Lavagem em PBS e, a partir desse passo, controle negativo e demais lâminas eram

processados em separado. Incubação com o anticorpo secundário (anticoelho feito em bode,

Santa Cruz Biotechnology). Lavagem em PBS. Incubação com o complexo abidina-biotina

(ABC) por 30min. Lavagem em PBS por 3min. Adicionado o DAB (diaminobenzidina), o

substrato da peroxidase, incubando o material por 3 a 6min, para desenvolver a coloração da

reação. Contracoloração com a hematoxilina de Meyer. Desidratação em concentrações

crescentes de álcool absoluto (70%, 100%), clareamento em xilol 2 vezes, 3min cada uma, e

montagem das lâminas com lamínulas e EntelanR.

Foi realizada uma avaliação apenas qualitativa da área marcada para caspase 3 com o

fim de se comprovar se o método TUNEL estava quantificando células apoptóticas.

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3.9 Organograma

FIGURA 20 – Organograma de execução do estudo. n = número de animais; G = grupos; EOAPD = emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção; PAETE = potencial auditivo evocado de tronco encefálico.

RATOS WISTAR (n = 105)

Experimento 1 n = 61

Experimento 2 n = 38

Experimento 3 n = 6

G1 n =11

G2 n = 6

G3 n = 8

G4 n = 6

G5 n = 12

G6 n = 5

G7 n = 7

G8 n = 6

G9 n = 11

G10 n = 7

G11 n = 12

G12 n = 8

G13 n = 6

Microscopia óptica Imuno-histoquímica

Microscopia óptica

EOAPD PAETE PAETE

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4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi utilizado, para confecção dos gráficos e análise estatística, o programa

GraphPad Prism 4.00.255. Foi avaliada a distribuição normal da amostra através do teste de

Komogorov-Smirnov. Os resultados forma expressos como média ± o erro padrão da média

(MED ± EPM), para os dados contínuos, e como mediana (Md) e valores mínimo (Min) e

máximo (Max) para os dados ordinais. A significância mínima aceita foi ao nível de 5%. Os

vários procedimentos experimentais foram comparados utilizando-se os seguintes testes:

4.1 Teste t de Student (quando possível usado com emparelhamento)

• Comparar as médias das amplitudes das emissões otoacústicas produtos de distorção

em cada freqüência antes e após tratamento.

• Comparar as médias dos limiares eletrofisiológicos dos animais obtidos através de

potencial auditivo evocado de tronco encefálico entre o primeiro (D0) e o quarto dias

(D3), nos grupos controle (salina), cisplatina 24 mg/kg e cisplatina 24 mg/kg +

amifostina 240 mg/kg.

• Comparar a variação média do peso dos animais entre os grupos tratamento e controle,

em cada dia do experimento.

• Comparar a fração de área corada em relação à não corada na imunohistoquímica para

método TUNEL, entre cada grupo tratado com cisplatina e seu controle.

4.2 Análise de Variância (ANOVA) Com a Significância Entre os Grupos Estabelecida

Pelo Teste de Tukey

• Comparar a variação do peso dos animais nos grupos 9, 10 e 13, até o quarto dia do

experimento.

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• Comparar as médias dos limiares eletrofisiológicos dos animais obtidos através de

potencial auditivo evocado de tronco encefálico entre o primeiro (D0), quarto (D3) e

quinto (D4) dias da avaliação.

• Comparar as médias dos valores do intervalo I–V obtidos através de potencial auditivo

evocado de tronco encefálico entre o primeiro (D0), quarto (D3) e quinto (D4) dias da

avaliação.

4.3 Teste de Kruskal-Wallis Com a Significância Entre os Grupos Estabelecida Pelo

Teste de Comparação Múltipla de Dunn

• Comparar as medianas dos escores das alterações morfológicas das células ciliadas

externas e estria vascular nos diversos grupos.

4.4 Teste de Logranks

• Comparar as curvas de sobrevivência entre os diversos grupos dois a dois.

4.6 Teste exato de Fisher

• Comparar a mortalidade no último dia de avaliação nos animais tratados com

cisplatina.

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5 RESULTADOS

5.1 Alterações de Orelha Média ou Externa

Um animal nos grupos 1 (CDDP 24 D3 EOAPD), 8 (C 16 D4 EOAPD) e grupo

11 (CDDP 16 PAETE) apresentou alterações de orelha média à otoscopia após o início do

experimento. Foram, assim, eliminados do estudo. Nenhuma alteração de orelha externa se

desenvolveu durante o experimento.

6.2 Toxicidade Sistêmica da Cisplatina

5.2.1 Variação do peso

• Grupo 1 (CDDP 24 D3 EOAPD) X Grupo 2 (C 24 D3 EOAPD)

Houve uma diminuição significativa do peso dos animais tratados com cisplatina

em relação ao grupo controle a partir do primeiro dia após o início da injeção da droga

(TABELA 1; FIGURA 21).

Tabela 1 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 1 e 2 DIAS

D1 D2 D3 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM

1. CDDP 24 D3 EOAPD 97,76* 0,6759 94,24** 0,7587 90,09*** 0,8761

2. C 24 D3 EOAPD 100,2 0,9555 100,2 1,129 103.2 1,481

TABELA 1 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 1 e 2 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (1) em relação ao seu controle (2). Teste T: * p = 0,0486 (D1 x D1 controle); ** p < 0,0001 (D2 x D2 controle); *** p < 0,0001 D3 x D3 controle).

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CISPLATINA 24 mg EOAPD

0 1 2 380

90

100

110CDDPCONTROLE

***

***

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 21 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 1 e 2 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (1) em relação ao seu controle (2). Teste T: * p = 0,0486 (D1 x D1 controle); ** p < 0,0001 (D2 x D2 controle); *** p < 0,0001 (D3 x D3 controle).

• Grupo 3 (CDDP 24 D4 EOAPD) X Grupo 4 (C 24 D4 EOAPD)

Nestes grupos foi notada uma redução significativa do peso dos animais tratados

com cisplatina (Grupo 3) em relação ao seu controle (Grupo 4) a partir do segundo dia após o

início da administração das drogas (TABELA 2; FIGURA 22).

Tabela 2 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 3 e 4 DIAS

D1 D2 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

3. CDDP 24

D4 EOAPD 97,77 0,7017 94,53* 0,8190 88,97** 0,9540 86,87*** 0,7834

4. C 24 D4

EOAPD 100,1 0,9994 99,52 1,371 99,24 2,035 98,22 2,901

TABELA 2 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 3 e 4 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (3) em relação ao seu controle (4). Teste T: * p = 0,0065 (D2 x D2 controle); ** p < 0,0001 (D3 x D3 controle); *** p = 0,0272 (D4 x D4 controle).

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80

CISPLATINA 24 mg EOAPD

0 1 2 3 480

90

100

110CDDPCONTROLE

*

** ***

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 22 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 3 e 4 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (3) em relação ao seu controle (4). Teste T: * p = 0,0065 (D2 x D2 controle); ** p < 0,0001 (D3 x D3 controle); *** p = 0,0272 (D4 x D4 controle).

• Grupo 5 (CDDP 16 D3 EOAPD) X Grupo 6 (C 16 D3 EOAPD)

Notou-se, no grupo 5, uma perda de peso progressiva, que foi significativamente

diferente do controle a partir do segundo dia após o início da administração da cisplatina

(TABELA 3; FIGURA 23).

Tabela 3 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 5 e 6 DIAS

D1 D2 D3 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM

5. CDDP 16 D3 EOAPD 98,59 0,1606 94,93* 0,6655 90,86** 1,947

6. C 16 D3 EOAPD 97,93 1,171 99,17 1,135 99,17 0,7530

TABELA 3 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 5 e 6 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (5) em relação ao seu controle (6). Teste T: * p = 0,0065 (D2 x D2 controle); ** p = 0,0159 (D3 x D3 controle).

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81

CISPLATINA 16 mg EOAPD

0 1 2 380

90

100

110CDDPCONTROLE

***

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 23 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 5 e 6 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (5) em relação ao seu controle (6). Teste T: * p = 0,0065 (D2 x D2 controle); ** p = 0,0159 (D3 x D3 controle).

• Grupo 7 (CDDP 16 D4 EOAPD) X Grupo 8 (C 16 D4 EOAPD)

Notou-se também nesse grupo uma redução significativa do peso dos animais

tratados com CDDP, em relação ao seu controle, já a partir do primeiro dia após o início da

infusão das drogas (TABELA 4; FIGURA 24).

Tabela 4 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 7 e 8 DIAS

D1 D2 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

7. CDDP 16

D4 EOAPD 96,95* 1,196 93,01** 1,051 88,75+ 1,437 86,71++ 2,620

8. C 16 D4

EOAPD 100,4 0,8483 98,89 1,286 97,08 1,217 95,19 1,319

TABELA 4 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 7 e 8 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Os asteriscos e sinais + representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (7) em relação ao seu controle (8). Teste T: * p = 0,0466 (D1 x D1 controle); ** p = 0,0044 (D2 x D2 controle); + p = 0,0016 (D3 x D3 controle); ++ p = 0,0134 (D4 x D4 controle).

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82

CISPLATINA 16 mg EOAPD

0 1 2 3 470

80

90

100

110CDDPCONTROLE

***

+++

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 22 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 7 e 8 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Os asteriscos e sinais + representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (7) em relação ao seu controle (8). Teste T: * p = 0,0466 (D1 x D1 controle); ** p = 0,0044 (D2 x D2 controle); + p = 0,0016 (D3 x D3 controle); ++ p = 0,0134 (D4 x D4 controle).

• Grupo 1 (CDDP 24 D3 EOAPD) X Grupo 5 (CDDP 16 D3 EOAPD)

A redução de peso dos animais não foi significativamente diferente nos dois

grupos em todos os dias do experimento (p > 0,05) (TABELA 5; FIGURA 25).

Tabela 5 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 1 e 5 DIAS

D1 D2 D3 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM

1. CDDP 24 D3 EOAPD 97,76 0,6759 94,24 0,7587 90,09 0,8761

5. CDDP 16 D3 EOAPD 98,59 0,1606 94,93 0,6655 90,86 1,947

TABELA 5 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 1 e 5 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento. Não houve diferença significativa entre os grupos nos diversos dias (Teste T; p > 0,05).

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CDDP 24 mg X 16 mg EOAPD

0 1 2 380

85

90

95

100

105CDDP 24 mgCDDP 16 mg

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 25 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 1 e 5 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento. Não houve diferença significativa entre os grupos nos diversos dias do experimento (Teste T; p > 0,05).

• Grupo 3 (CDDP 24 D4 EOAPD) X Grupo 7 (CDDP 16 D4 EOAPD)

Também aqui, entre esses grupos, não houve diferença significativa na variação

dos pesos ao longo dos dias (p > 0,05) (TABELA 6; FIGURA 26).

Tabela 6 - Variação do peso em função dos dias nos grupos 3 e 7 DIAS

D1 D2 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

3. CDDP 24

D4 EOAPD 97,77 0,7017 94,53 0,8190 88,97 0,9540 86,87 0,7834

7. CDDP 16

D4 EOAPD 96,95 1,196 93,01 1,051 88,75 1,437 86,71 2,620

TABELA 6 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 7 e 8 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Não houve diferença significativa entre os grupos nos diversos dias do experimento (Teste T; p > 0,05).

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CDDP 24 mg X CDDP 16 mg

0 1 2 3 475

80

85

90

95

100

105CDDP 24 mgCDDP 16 mg

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 26 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 7 e 8 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Não houve diferença significativa entre os diversos dias do experimento (Teste T; p > 0,05)

• Grupo 9 (CDDP 24 PAETE) X Grupo 10 (C 24 PAETE)

Encontrou-se uma diminuição significativa do peso dos animais tratados com

cisplatina em relação ao dia correspondente do grupo controle, a partir do segundo dia após o

início da administração da droga (TABELA 7; FIGURA 27).

Tabela 7 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 9 e 10 DIAS

D1 D2 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

9.CDDP

PAETE 24 98,81 0,4108 93,08* 0,8691 87,95** 1,416 88,87*** 1,516

10.C

PAETE 24 97,84 0,5820 98,10 0,8469 98,54 0,8623 96,88 1,087

TABELA 7 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9 e 10 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (9) em relação ao seu controle (10). Teste T: * p = 0,0012 (D2 x D2 controle); ** p < 0,0001 (D3 x D3 controle); *** p = 0,0013 (D4 x D4 controle).

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85

CDDP 24 mg PAETE

0 1 2 3 480

85

90

95

100

105CDDPCONTROLE

*

** ***

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 27 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9 e 10 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (9) em relação ao seu controle (10). Teste T: * p = 0,0012 (D2 x D2 controle); ** p < 0,0001 (D3 x D3 controle); *** p = 0,0013 (D4 x D4 controle).

• Grupo 11 (CDDP 16 PAETE) X Grupo 12 (C 16 PAETE)

Semelhante ao que se viu no grupo de ratos injetados com a dose de 24 mg, houve

uma diminuição significativa do peso dos animais tratados com cisplatina 16 mg em relação

ao dia correspondente do grupo controle, a partir do segundo dia após o início da

administração da droga (TABELA 8; FIGURA 28).

Tabela 8 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 11 e 12 DIAS

D1 D2 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

11.CDDP

PAETE 16 97,50 0,5590 92,09* 0,5989 86,25** 1,024 85,13*** 0,7994

12.C

PAETE 16 98,44 0,6974 98,32 0,5954 99,19 0,4337 96,75 0,5717

TABELA 8 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 11 e 12 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (11) em relação ao seu controle (12). Teste T: * p < 0,001 (D2 x D2 controle); ** p < 0,0001 (D3 x D3 controle); *** p < 0,001 (D4 x D4 controle).

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CDDP 16 mg PAETE

0 1 2 3 480

85

90

95

100

105CDDPCONTROLE

*

** ***

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 28 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9 e 10 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. Os asteriscos representam diferença estatística significativa em cada dia do grupo estudo (9) em relação ao seu controle (10). Teste T: * p < 0,001 (D2 x D2 controle); ** p < 0,0001 (D3 x D3 controle); *** p < 0,001 (D4 x D4 controle).

• Grupo 9 (CDDP 24 PAETE) X Grupo 11 (CDDP 16 PAETE)

Como observado nos animais submetidos a EOAPD, houve uma redução do peso

dos animais com as doses de 24 e 16 mg de CCPD com um padrão semelhante. A exceção

nos animais submetidos a PAETE foi encontrada no D4, quando se viu uma redução de peso

significativamente maior nos animais tratados com a dose de 16 mg/kg (TABELA 9;

FIGURA 29).

Tabela 9 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 9 e 11 DIAS

D1 D2 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

9.CDDP 24

PAETE 98,81 0,4108 93,08 0,8691 87,95 1,416 88,87* 1,516

11. CDDP

16 PAETE 97,50 0,5590 92,09 0,5989 86,25 1,024 85,13 0,7994

TABELA 9 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9 e 11 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. O asterisco representa diferença estatística significativa entre o D4 do grupo de 24 mg/kg versus o D4 do grupo de 16 mg/kg (Teste T; * p = 0,0397).

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PAETE CDDP 24 mg x 16 mg

0 1 2 3 480

85

90

95

100

105CDDP 24 mgCDDP 16 mg

*

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 29 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9 e 10 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) do experimento. O asterisco representa diferença estatística significativa entre o D4 do grupo de 24 mg/kg versus o D4 do grupo de 16 mg/kg (Teste T; * p = 0,0397).

5.2.2 Curvas de sobrevida e mortalidade geral

• Curva de sobrevida dos animais tratados com cisplatina e seus respectivos controles e

avaliados por EOAPD imediatamente antes (D0) e três dias (D3) após o início da

injeção das drogas

A comparação das curvas de sobrevida entre esses grupos mostrou que os animais

pertencentes ao grupo ao qual foi administrada CDDP na dose de 16 mg/kg (Grupo 5)

apresentaram sobrevida média significativamente menor que os animais do grupo tratado com

cisplatina na dose de 24 mg/kg (Grupo 1) (TABELA 10; FIGURA 30).

Tabela 10 – Teste de Logrank entre os grupos 1, 2, 5 e 6 GRUPOS 1. 2. 5. 6. 1. CDDP 24 D3 EOAPD – 1,0000 0,0394 0,1380 2. C 24 D3 EOAPD 1,0000 – 0,1191 0,2733 5. CDDP 16 D3 EOAPD 0,0394 0,1191 – 0,2510 6. C 16 D3 EOAPD 0,1380 0,2733 0,2510 –

TABELA 10 – Valor descritivo do Teste Logrank para a comparação da sobrevida de dois a dois os grupos dos animais submetidos a EOAPD, com eutanásia realizada no terceiro dia (D3) após o início do procedimento. Os números correspondem ao valor de p. Em vermelho estão representados os que mostraram diferença significativa. CDDP = cisplatina. C = controle.

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CURVA DE SOBREVIDA EOAPD D0 A D3

0 1 2 30

25

50

75

100 CDDP 16 mgSALINA 16 mlCDDP 24 mgSALINA 24 ml*

TEMPO (DIAS)

TAXA

DE

SOB

REV

IDA

%

FIGURA 30 – Curva de sobrevida dos grupos de animais submetidos a EOAPD antes (D0) e 03 dias (D3) após o início da administração das drogas. O asterisco representa significância estatística. Teste Logrank: * p = 0,0394 (CDDP 16 mg/kg x CDDP 24 mg/kg).

• Curva de sobrevida dos animais tratados com cisplatina e seus respectivos controles e

avaliados por EOAPD imediatamente antes (D0) e quatro dias (D4) após o início da

injeção das drogas.

Os animais tratados com CDDP na dose de 24 mg/kg e avaliados por EOAPD

antes (D0) e quatro dias (D4) após o seu início (Grupo 3) tiveram uma sobrevida média

significativamente menor que seu respectivo controle (Grupo 4), como também que a

sobrevida média dos animais tratados com a dose de 16 mg/kg e submetidos ao exame de

EOAPD no mesmo período (Grupo 7). Essa diferença se deveu à maior taxa de mortalidade

no Grupo 3 no D4. (TABELA 11; FIGURA 31).

Tabela 11 – Teste de logrank entre os grupos 3, 4, 7 e 8 GRUPOS 3. 4. 7. 8. 3. CDDP 24 D4 EOAPD – 0,0304 0,8692 0,0199 4. C 24 D4 EOAPD 0,0304 – 0,0801 1,0000 7. CDDP 16 D4 EOAPD 0,8692 0,0801 – 0,0559 8. C 16 D4 EOAPD 0,0199 1,0000 0,0559 –

TABELA 11 – Valor descritivo do Teste Logrank para a comparação da sobrevida de dois a dois os grupos dos animais submetidos a EOAPD, com eutanásia realizada no quarto dia (D4) após o início do procedimento. Os números correspondem ao valor de p. Em vermelho estão representados os que mostraram diferença significativa. CDDP = cisplatina. C = controle.

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CURVA DE SOBREVIDA EOAPD D0 A D4

0 1 2 3 40

25

50

75

100 CDDP 16 mgSALINA 16 mlCDDP 24 mgSALINA 24 ml

*+

TEMPO (DIAS)

TAXA

DE

SOB

REV

IDA

%

FIGURA 31 – Curva de sobrevida dos grupos de animais submetidos a EOAPD antes (D0) e 4 dias (D4) após o início da administração das drogas. O asterisco e o sinal + representam significância estatística. Teste Logrank: * p = 0,0304 (CDDP 24 mg/kg x controle); + p = 0,0199 (CDDP 24 mg/kg x CDDP 16 mg/kg).

• Curva de sobrevida dos animais tratados com CDDP e seus respectivos controles e

avaliados por PAETE imediatamente antes e no terceiro (D3) e quarto (D4) dias após

o início da administração das drogas.

Foi observado nos animais do grupo 9 (CDDP 24 PAETE) uma sobrevida média

significativamente menor que o seu controle (Grupo 10), a expensas de mortalidade no D4 da

experimentação. Não houve diferença estatisticamente significativa nas curvas de sobrevida

dos animais tratados com 24 mg/kg ou 16 mg/kg (TABELA 12; FIGURA 32).

Tabela 12 – Teste de Logrank entre os grupos 9, 10, 11 e 12 GRUPOS 9. 10. 11. 12. 9. CDDP 24 PAETE – 0,0293 0,4922 0,1041 10. C 24 PAETE 0,0293 – 0,0792 0,3496 11. CDDP 16 PAETE 0,4922 0,0792 – 0,2546 12. C 16 PAETE 0,1041 0,3496 0,2546 –

TABELA 12 – Valor descritivo do Teste Logrank para a comparação da sobrevida de dois a dois os grupos dos animais submetidos a PAETE. Os números correspondem ao valor de p. Em vermelho estão representados os que mostraram diferença significativa. CDDP = cisplatina. C = controle.

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90

CURVA DE SOBREVIDA PAETE

0 1 2 3 40

25

50

75

100 CDDP 16 mgSALINA 16 mlCDDP 24 mgSALINA 24 ml

*

TEMPO (DIAS)

TAXA

DE

SOB

REV

IDA

%

FIGURA 32 – Curva de sobrevida dos grupos de animais submetidos a PAETE antes (D0) e no terceiro (D3) e quarto dias (D4) após o início da administração das drogas. O asterisco representa significância estatística. Teste Logrank: * p = 0,0293 (CDDP 24 mg/kg x controle).

5.2.3 Taxa de sobrevida entre os grupos tratados com cisplatina

• Taxa de sobrevida entre os animais tratados com cisplatina e submetidos a avaliação

por EOAPD.

Entre os animais tratados com CDDP e avaliados por EOAPD, o grupo que

apresentou maior taxa de sobrevida foi o que usou a dose de 24 mg/kg e foi submetido a

avaliação final no D3 (sobrevida de 100%). Essa sobrevida foi significativamente maior que a

dos animais tratados com a mesma dose e avaliados no D4 (37,5%) (Teste exato de Fisher:

p = 0,0048). Não houve diferenças estatísticas significativas entre os demais grupos

(TABELA 13).

Tabela 13 – Taxa de sobrevida final: animais avaliados por EOAPD SOBREVIDA FINAL (%)

GRUPOS D3 D4

CDDP 24 mg 100* 37,5

CDDP 16 mg 66,66 42,85

TABELA 13 – Taxa de sobrevida final entre os animais tratados com cisplatina (CDDP) e avaliados por emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção (EOAPD). O asterisco representa significância estatística. Teste exato de Fisher: * p = 0,0048 (CDDP 24 mg D3 x D4).

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• Taxa de sobrevida entre os animais tratados com cisplatina e submetidos a avaliação

por PAETE.

No que se refere aos animais tratados com CDDP e submetidos a avaliação por

PAETE, a sobrevida menor se deu quando se avaliou os animais no D4, embora não se tenha

visto diferença estatística significativa entre os diversos grupos e fases de avaliação (Teste

exato de Fischer p > 0,05) (TABELA 14).

Tabela 14 – Taxa de sobrevida final: animais avaliados por PAETE SOBREVIDA FINAL (%)

GRUPOS D3 D4

CDDP 24 mg 96,97 52,89

CDDP 16 mg 97,43 67,45

TABELA 14 – Taxa de sobrevida final entre os animais tratados com cisplatina (CDDP) e avaliados por potencial auditivo evocado de tronco encefálico (PAETE). Não houve diferença significativa da sobrevida final nos diversos grupos.

6.3 Avaliação Funcional da Audição

5.3.1 Avaliação funcional da audição por emissões otoacústicas evocadas produtos de

distorção (EOAPD)

• Grupo 1 (CDDP 24 D3 EOAPD) X Grupo 2 (C 24 D3 EOAPD).

Foi encontrada uma diminuição significativa da amplitude das EOAPD nas

freqüências testadas (3, 4, 6 e 8 kHz) entre os dias D0 e D3, no grupo em que se administrou

CDDP na dose de 24 mg/kg (Grupo 1). Essa diminuição não foi evidenciada no grupo

controle. (TABELA 15; FIGURA 33 A, B, C e D).

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92

Tabela 15 – Variação da amplitude das EOAPD nos grupos 1 e 2

FREQÜÊNCIA (kHz)

3 4 6 8

D0 D3 D0 D3 D0 D3 D0 D3 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

1. CDDP 24 D3 EOAPD -1,94 4,084 -14,98* 2,758 5,791 4,296 -8,03** 3,520 21,40 4,146 12,92+ 3,155 30,03 3,694 23,45++ 3,152

2. C 24 D3 EOAPD 5,4 3,624 3,73 4,385 14,03 2,420 12,30 3,511 30,02 1,534 20,10 2,669 35,72 1,495 37,58 1,012

TABELA 15 – Valor da amplitude (dB NPS) média ± erro padrão da média (MED ± EPM) nos dias D0 e D3 das emissões otoacústicas, nas freqüências de 3, 4, 6 e 8 kHz, nos grupos 1 e 2. Os asteriscos e sinais + representam significância estatística entre D3 e D0. Teste T: * p = 0,0095; ** p = 0,0073; + p = 0,0284; ++ p = 0,0338

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93

EOAPD 3 kHz CISPLATINA 24 mg/kg

D0 D3 D0 D3-20

-10

0

10

*C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 4 kHz CISPLATINA 24 mg/kg

D0 D3 D0 D3-20

-10

0

10

20

*

C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 6 kHz CISPLATINA 24 mg/kg

D0 D3 D0 D30

5

10

15

20

25

30

35

C CDDP

*

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 8 kHz CISPLATINA 24 mg/kg

D0 D3 D0 D30

10

20

30

40

C CDDP

*A

MPL

ITU

DE

dB N

PS

FIGURA 33 – Gráficos dos valores da amplitude das EOAPD expressos como média ± erro padrão da média nos dias D0 e D3, dos grupos 1 e 2. Os asteriscos representam significância estatística. CDDP = cisplatina; C = controle. Gráfico A: freqüência de 3 kHz (Teste T: * p = 0,0095 – D3 x D0 CDDP). Gráfico B: freqüência de 4 kHz (Teste T: * p = 0,0073 – D3 x D0 CDDP). Gráfico C: freqüência de 6 kHz (Teste T: * p = 0,0284 – D3 x D0 CDDP). Gráfico D: freqüência de 8 kHz (Teste T: * p = 0,0338 – D3 x D0 CDDP).

• Grupo 3 (CDDP 24 D4 EOAPD) X Grupo 4 (C 24 D4 EOAPD)

No grupo 3 houve uma mortalidade elevada dos animais avaliados no D4 do

procedimento. Dos oito animais que receberam CDDP na dose cumulativa de 24 mg/kg,

apenas 3 permaneceram vivos para realização do exame de EOAPD no D4. Destes, 2 de 3

ratos tiveram desaparecimento das EOAPD, comprovada por uma diferença sinal/ruído menor

que 6 dB NPS, nas freqüências de 3 e 4 kHz. Um animal mostrou também desaparecimento

das EOAPD na freqüência de 6 kHz. Na freqüência de 8 kHz notou-se uma diminuição

significativa da amplitude das EOAPD entre D0 e D4 (TABELA 16; FIGURA 34).

A B

C D

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94

Tabela 16 – Variação da amplitude das EOAPD nos grupos 3 e 4 na frequência de 8 kHz FREQÜÊNCIA 8 kHz

D0 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM

3. CDDP 24 D4 EOAPD 32,10 1,539 9,067* 5,571

4. C 24 D4 EOAPD 24,54 4,1 36,28 1,35

TABELA 16 – Valor da amplitude (dB NPS) média ± erro padrão da média (MED ± EPM) nos dias D0 e D4 das emissões otoacústicas, na freqüência de 8 kHz, nos grupos 3 e 4. O asterisco representa significância estatística. Teste T: * p = 0,0459 (D4 x D0 CDDP).

EOAPD 8 kHz CISPLATINA 24 mg/kg

D0 D4 D0 D40

10

20

30

40

C CDDP

*

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

FIGURA 34 – Gráfico dos valores da amplitude das EOAPD expressos como média ± erro padrão da média nos dias D0 e D4, dos grupos 3 e 4 na freqüência de 8 kHz. O asterisco representa significância estatística. CDDP = cisplatina; C = controle. Teste T: * p = 0,0459 (D4 x D0 CDDP).

• Grupo 5 (CDDP 16 D3 EOAPD) X Grupo 6 (C 16 D3 EOAPD)

Com a dose de 16 mg/kg de CDDP, não foi possível identificar diminuição

estatisticamente significativa das amplitudes médias das EOAPD entre D0 e D3, em todas as

freqüências estudadas (p > 0,05) (TABELA 17; FIGURA 35 A, B, C e D).

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Tabela 17 – Variação da amplitude das EOAPD nos grupos 5 e 6

FREQÜÊNCIA (kHz)

3 4 6 8

D0 D3 D0 D3 D0 D3 D0 D3 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

1. CDDP 16 D3 EOAPD 1,325 3,824 -1,938 6,121 12,39 3,294 6,513 5,575 27,60 1,905 19,75 5,248 32,65 1,151 26,33 4,059

2. C 16 D3 EOAPD -2,475 6,232 -1,550 4,902 7,650 3,586 7,850 2,789 16,08 4,582 20,03 2,372 34,33 3,154 34,08 4,381

TABELA 17 – Valor da amplitude (dB NPS) média ± erro padrão da média (MED ± EPM) nos dias D0 e D3 das emissões otoacústicas, nas freqüências de 3, 4, 6 e 8 kHz, nos grupos 5 e 6. Não houve variação com significância estatística entre D0 e D3 em nenhum dos grupos (Teste T: p > 0,05).

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EOAPD 3 kHz CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D3 D0 D3-10

0

10

C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 4 kHz CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D3 D0 D30

10

20

C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 6 kHz CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D3 D0 D30

10

20

30

C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 8 kHz CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D3 D0 D30

10

20

30

40

C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

FIGURA 35 – Gráficos dos valores da amplitude das EOAPD expressos como média ± erro padrão da média nos dias D0 e D3, dos grupos 5 e 6. CDDP = cisplatina; C = controle. Não houve significância estatística em nenhum dos grupos (Teste T: p > 0,05).

• Grupo 7 (CDDP 16 D4 EOAPD) X Grupo 8 (C 16 D4 EOAPD)

Assim como na avaliação de 3 dias, com a dose de 16 mg/kg de CDDP, não foi

possível identificar diminuição estatisticamente significativa das amplitudes médias das

EOAPD entre D0 e D4, em todas as freqüências estudadas (p > 0,05) (TABELA 18; FIGURA

36 A, B, C e D).

A B

C D

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Tabela 18 – Variação da amplitude das EOAPD nos grupos 7 e 8

FREQÜÊNCIA (kHz)

3 4 6 8

D0 D3 D0 D3 D0 D3 D0 D3 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM MED EPM

1. CDDP 16 D4 EOAPD 16,70 2,669 3,663 6,343 22,23 2,463 9,333 5,969 34,33 1,468 26,73 4,857 40,43 2,426 37,27 2,508

2. C 16 D4 EOAPD 4,10 1,081 2,06 3,518 14,78 0,4398 11,04 2,729 27,80 1,989 24,82 0,8840 32,32 1,437 34,90 1,427

TABELA 18 – Valor da amplitude (dB NPS) média ± erro padrão da média (MED ± EPM) nos dias D0 e D4 das emissões otoacústicas, nas freqüências de 3, 4, 6 e 8 kHz, nos grupos 7 e 8. Não houve variação entre D0 e D4 com significância estatística em nenhum dos grupos (Teste T: p > 0,05)

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EOAPD 3 kHz CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D4 D0 D40

10

20

C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 4 kHz CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D4 D0 D40

5

10

15

20

25

CDDPC

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 6 kHz CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D4 D0 D40

10

20

30

40

C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

EOAPD 8 kHz CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D4 D0 D405

1015202530354045

C CDDP

AM

PLIT

UD

E dB

NPS

FIGURA 36 – Gráficos dos valores da amplitude das EOAPD expressos como média ± erro padrão da média nos dias D0 e D4, dos grupos 7 e 8. CDDP = cisplatina; C = controle. Não houve significância estatística em nenhum dos grupos (Teste T: p > 0,05).

5.3.2 Avaliação funcional da audição por potencial auditivo evocado de tronco encefálico

(PAETE)

• Grupo 9 (CDDP 24 PAETE) X Grupo 10 (C 24 PAETE)

Houve um aumento significativo do limiar médio eletrofisiológico dos animais

injetados com cisplatina 24 mg/kg no D3 e D4 quando comparados ao D0. Não foi notada

diferença estatística significativa desses limiares entre D3 e D4. No grupo controle não houve

elevação dos limiares eletrofisiológicos (TABELA 19, FIGURA 37). Não se encontrou

diferença estatística significativa do intervalo I–V entre os dias em ambos os grupos

(TABELA 20; FIGURA 38).

A B

C D

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99

Tabela 19 – Variação do limiar por paete nos grupos 9 e 10. LIMIAR (dB NA)

D0 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM

9. CDDP 24 PAETE 8 0,816 20* 2,981 29* 5,339

10. C 24 PAETE 5 0,000 5 0,000 5 0,000

TABELA 19 – Limiar eletrofisiológico dos animais nos grupos 9 e 10 em D0, D3 e D4 expressos como média ± erro padrão da média (MED ± EPM). O asterisco representa diferença estatística significativa. ANOVA – Tukey: * p < 0,01 (D3 x D0 CDDP); * p < 0,001 (D4 x D0 CDDP).

PAETE CISPLATINA 24 mg/kg

D0 D3 D4 D0 D3 D40

5

10

15

20

25

30

35

*

*

C CDDP

LIM

AR d

B NA

FIGURA 37 – Gráfico dos limiares eletrofisiológicos médios nos grupos 9 e 10 em D0, D3 e D4, expressos como média ± erro padrão da média (MED ± EPM). O asterisco representa diferença estatística significativa. CDDP = cisplatina; C = controle. ANOVA – Tukey: * p < 0,01 (D3 x D0 CDDP); * p < 0,001 (D4 x D0 CDDP).

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100

Tabela 20 – Variação do intervalo I–V nos grupos 9 e 10 INTERVALO I–V (mseg)

D0 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM

9. CDDP 24 PAETE 3,31 0,0600 3,50 0,0630 3,64 0,217

10. C 24 PAETE 3,40 0,1097 3,49 0,0870 3,65 0,0562

TABELA 20 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) do intervalo I–V dos animais nos grupos 9 e 10 nos dias D0, D3 e D4. Não foi encontrada diferença estatística entre os dias nos 2 grupos. ANOVA p > 0,05.

PAETE CISPLATINA 24 mg/kg I-V

D0 D3 D4 D0 D3 D40

1

2

3

4

C CDDP

INTE

RVA

LO I-

V m

seg

FIGURA 38 – Gráfico do intervalo I–V médio dos animais nos grupos 9 e 10 nos dias D0, D3 e D4 expressos como média ± erro padrão da média (MED ± EPM). Não foi encontrada diferença estatística entre os dias nos 2 grupos. ANOVA p > 0,05.

• Grupo 11 (CDDP 16 PAETE) X Grupo 12 (C 16 PAETE)

Foi evidenciado um aumento significativo do limiar médio eletrofisiológico dos

animais injetados com cisplatina 16 mg/kg no D3 quando comparados ao D0. Não foi notada

diferença estatística significativa desses limiares entre D3 e D4. No grupo controle também

não houve elevação dos limiares eletrofisiológicos (TABELA 21, FIGURA 39). Não se

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101

encontrou ainda diferença estatística significativa do intervalo I–V entre os dias em ambos os

grupos (TABELA 22; FIGURA 40).

Tabela 21 – Variação do limiar por PAETE nos grupos 11 e 12 LIMIAR (dB NA)

D0 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM

11. CDDP 16 PAETE 5,83 0,5618 20* 4,472 20 6,726

12. C 16 PAETE 5,71 0,7143 5,71 0,7143 5,71 0,7143

TABELA 21 – Limiar eletrofisiológico dos animais nos grupos 11 e 12 em D0, D3 e D4 expressos como média ± erro padrão da média (MED ± EPM). O asterisco representa diferença estatística significativa. ANOVA – Tukey: * p < 0,05 (D3 x D0 CDDP).

PAETE CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D3 D4 D0 D3 D40

10

20

30

*

CDDPC

LIM

IAR

dB N

A

FIGURA 39 – Gráfico dos limiares eletrofisiológicos médios nos grupos 11 e 12 em D0, D3 e D4, expressos como média ± erro padrão da média (MED ± EPM). O asterisco representa diferença estatística significativa. CDDP = cisplatina; C = controle. ANOVA – Tukey: * p < 0,05 (D3 x D0 CDDP).

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102

Tabela 22 – Variação do intervalo I–V nos grupos 11 e 12 INTERVALO I–V (mseg)

D0 D3 D4 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM

9. CDDP 16 PAETE 3,26 0,0543 3,46 0,0718 3,36 0,0932

10. C 16 PAETE 3,50 0,0726 3,37 0,0430 3,50 0,0926

TABELA 22 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) do intervalo I–V dos animais nos grupos 11 e 12 nos dias D0, D3 e D4. Não foi encontrada diferença estatística entre os dias nos 2 grupos. ANOVA p > 0,05.

PAETE CISPLATINA 16 mg/kg

D0 D3 D4 D0 D3 D40

1

2

3

4

C CDDP

INTE

RVAL

O I-

V m

seg

FIGURA 40 – Gráfico do intervalo I–V médio dos animais nos grupos 11 e 12 nos dias D0, D3 e D4 expressos como média ± erro padrão da média (MED ± EPM). Não foi encontrada diferença estatística entre os dias nos 2 grupos. ANOVA p > 0,05.

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103

5.4 Avaliação Morfológica da Ototoxicidade

Algumas cócleas foram perdidas durante o procedimento, seja por fratura (três no

grupo 1, uma no grupo 4, duas no grupo 8 e uma no grupo 13) ou por erro no posicionamento

da peça durante a inclusão em parafina (uma no grupo 1 e outra no grupo 4). As alterações

encontradas referem-se à espira basal da cóclea dos ratos. Foi evidenciada lesão na estria

vascular (EV) caracterizada por retração das células da camada média (FIGURA 16). Esta

alteração teve uma mediana dos escores significativamente maior no grupo 1 (CDDP 24 D3

EOAPD) em relação ao seu controle. Nos demais grupos não foi notada diferença estatística

para esse escore (TABELA 23; FIGURA 41). Outra alteração encontrada foi a perda de

células ciliadas externas (CCE) (FIGURA 17) nos grupos tratados com CDDP 24 mg/kg cuja

mediana dos escores foi significativamente maior que a de seus respectivos controles

(TABELA 23; FIGURA 42). Não se notou perda de CCE em quaisquer dos grupos tratados

com cisplatina 16 mg/kg ou solução salina. Em um animal do grupo em que foi administrado

cisplatina 24 mg/kg evidenciou-se vacuolização de células da membrana vestibular (FIGURA

43). Não se viu lesão em gânglio espiral.

Tabela 23 – Escores de lesão na estria vascular e células ciliadas externas GRUPOS ESTRUTURA

1 2 3 4 5 6 7 8

EV Md 2* 0 2 0 0 0 0 1

Min 1 0 1 0 0 0 0 0

Max 2 1 3 1 2 1 1 0

CCE Md 0 0 1** 0 0 0 0 0

Min 0 0 0 0 0 0 0 0

Max 3 0 3 0 0 0 0 0

TABELA 23 – Escores de lesão da estria vascular (EV) e células ciliadas externas (CCE) expressos em mediana (Md) e valores mínimos (Min) e máximos (Max) em cada grupo. Os asteriscos denotam significância estatística. Kruskal-Wallis p = 0,0060 – Múltiplo de Dunn: * p < 0,05 (CDDP 24 D3 EOAPD x controle). Kruskal-Wallis **p = 0,0420 (CDDP 24 D4 EOAPD x controle).

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LESÃO DA ESTRIA VASCULAR

C

CDDP 24 m

g D3 C

CDDP 24 m

g D4 C

CDDP 16 m

g D3 C

CDDP 16 m

g D4

0

1

2

3

*

ESC

OR

E D

E LE

SÃO

FIGURA 41 – Gráfico dos escores de lesão da estria vascular. As barras representam a mediana em cada grupo. O asterisco denota significância estatística. Kruskal-Wallis: p = 0,0060. Múltiplo de Dunn: * p < 0,05 – Grupo 1 (CDDP 24 D3 EOAPD) x controle.

LESÃO DE CÉLULAS CILIADAS EXTERNAS

C

CDDP 24 m

g D3 C

CDDP 24 m

g D4 C

CDDP 16 m

g D3 C

CDDP 16 m

g D4

0

1

2

3 *

ESC

OR

E D

E LE

SÃO

FIGURA 42 – Gráfico dos escores de lesão das células ciliadas externas. As barras representam ea mediana em cada grupo. O asterisco denota significância estatística. Kruskal-Wallis: p = 0,0420 – Grupo 3 (CDDP 24 D4 EOAPD) x controle.

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105

FIGURA 43 – Fotomicrografia da membrana vestibular da cóclea de rato tratado com cisplatina 24 mg/kg. Nota-se vacuolização de células epiteliais (seta) (1000 X; HE). 5.5 Apoptose na Ototoxicidade por Cisplatina

Foi evidenciada marcação de células pelo método TUNEL em todas as áreas do

labirinto membranoso (células ciliadas internas e externas, estria vascular, ligamento espiral,

limbo espiral, gânglio espiral) para ambas as doses e nos grupos controle. Comparando-se a

intensidade de coloração entre cada grupo tratado e seu controle com o programa SAHM 1.0,

evidenciou-se uma significativa maior marcação pelo método TUNEL na cóclea dos animais

tratados com a dose de 16 mg/kg de CDDP e que tiveram seus ossos temporais removidos no

D3. Não houve diferença significativa entre os demais grupos e seus controles (TABELA 24;

FIGURA 44). A imunohistoquímica para caspase 3 confirmou que as células marcadas pelo

método TUNEL tanto nos grupos tratados como nos controles eram verdadeiramente

apoptóticas. Essa marcação foi mais intensa na estria vascular, células ciliadas e gânglio

espiral (FIGURAS 45 e 46).

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Tabela 24 – Intensidade média de coloração nos diversos grupos – apoptose (TUNEL) GRUPOS % DE ÁREA

CORADA 1 2 3 4 5 6 7 8

5,12 10,03 5,75 8,68 18,88* 5,04 8,82 5,38 MED

EPM 1,83 1,72 3,26 3,94 2,25 0,9745 3,94 1,76

TABELA 24 - Tabela representando fração média ± erro padrão da média (MED ± EPM) de área corada (TUNEL positivas) na espira basal da cóclea dos animais nos diversos grupos. O asterisco representa significância estatística. Teste T: * p = 0,0013 (Grupo 5 – CDDP 16 D3 EOAPD x Grupo 6 – controle).

ÁREA CORADA APOPTOSE - TUNEL

0

5

10

15

20

25

*CCDDP 24 mg D3

CCDDP 24 mg D4

CCDDP 16 mg D3

CCDDP 16 mg D42 1 4 3 6 5 8 7

GRUPOS

% Á

REA

CO

RA

DA

FIGURA 44 – Gráfico representando a fração média ± erro padrão da média (MED ± EPM) de área corada (TUNEL positivas) na espira basal da cóclea dos animais nos diversos grupos. O asterisco representa significância estatística. Teste T: * p = 0,0013 (Grupo 5 – CDDP 16 D3 EOPAD x Grupo 6 – controle).

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107

FIGURA 45 – Fotomicrografia do controle negativo da imunohistoquímica para caspase 3 da cóclea de rato. Não se evidencia a coloração castanha que caracteriza as células marcadas, mas apenas a coloração violácea do contracorante hematoxilina de Meyer. (100x).

FIGURA 46 – Fotomicrografia do método de imunohistoquímica para caspase 3 na cóclea de rato tratado com cisplatina 16 mg/kg. Evidencia-se coloração castanha mais intensa no gânglio espiral (seta contínua), células ciliadas (seta pontilhada) e estria vascular (cabeça de seta). (100x).

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108

5.6 Ototoxicidade por Cisplatina e Otoproteção por Amifostina

5.6.1 Variação do peso

• Grupo 9 (CDDP 24 PAETE) X Grupo 10 (C 24 PAETE) X Grupo 13 (CDDP + WR

2721)

A amifostina na dose cumulativa de 240 mg/kg não foi capaz de proteger os

animais contra a perda de peso causada pela cisplatina na dose cumulativa de 24 mg/kg entre

o D0 e D3 (TABELA 25; FIGURA 47).

Tabela 25 – Variação do peso em função dos dias nos grupos 9, 10 e 13 DIAS

D1 D2 D3 GRUPOS

MED EPM MED EPM MED EPM

10. C 24 PAETE 97,84 0,5820 98,10 0,8469 98,54 0,8623

9. CDDP 24 PAETE 98,81 0,4108 93,08* 0,8691 87,95* 1,416

13. CDDP + WR 2721 99,61 1,022 93,68+ 1,075 88,71* 1,393

TABELA 25 – Média ± erro padrão da média (MED ± EPM) da variação do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9, 10 e 13 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento. Os asteriscos e o sinal + representam diferença estatística significativa entre grupos de cada dia do estudo. ANOVA; Tuckey: * p < 0,01 (D2 CDDP x D2 controle; D3 CDDP x D3 controle; D3 WR 2721 x D3 controle). + p < 0,05 (D2 WR 2721 x D2 controle).

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CDDP 24 mg + WR 2721 240 mg PAETE

0 1 2 380

90

100

110CDDP 24 mgCONTROLECDDP + WR 2721

*+*

TEMPO (DIAS)

VAR

IAÇ

ÃO

DO

PES

O %

FIGURA 47 – Gráfico representando a variação média ± EPM do peso, expressa em percentagem, dos animais nos grupos 9, 10 e 13 entre os dias 0 (D0), 1 (D1), 2 (D2) e 3 (D3) do experimento. Os asteriscos e o sinal + representam diferença estatística significativa entre grupos de cada dia do estudo. ANOVA; Tuckey: * p < 0,01 (D2 CDDP x D2 controle; D3 CDDP x D3 controle; D3 WR 2721 x D3 controle). + p < 0,05 (D2 WR 2721 x D2 controle).

5.6.2 Curvas de sobrevida

• Curva de sobrevida dos animais tratados com CDDP 24 mg/kg (Grupo 9) ou salina 24

ml/kg (Grupo 10) ou a associação CDDP + WR 2721 (Grupo 13) e submetidos a

exame de PAETE, considerando-se apenas a sobrevida até o terceiro dia (D3) após o

início da infusão das drogas:

Não houve diferença estatística significativa entre os grupos 9 e 10 em relação às

curvas de sobrevida avaliada até o D3, pois a mortalidade foi zero ou próxima de zero nesses

grupos (TABELA 26; FIGURA 48). Portanto, não foi possível, por esse critério, avaliar se a

amifostina protege contra a toxicidade sistêmica da cisplatina.

Tabela 26 – Teste de Logrank entre os grupos 9, 10 e 13 GRUPOS 9. 10. 13. 9. CDDP 24 PAETE – 0,4250 0,4602 10. C 24 PAETE 0,4250 – 1,0000 13. CDDP + WR 2721 0,4602 1,0000 –

TABELA 26 – Valor descritivo do Teste Logrank para a comparação da sobrevida de dois a dois os grupos dos animais submetidos a PAETE e tratados com CDDP 24 mg/kg ou salina 24 ml/kg ou a associação CDDP + WR 2721, quando considerados os resultados da sobrevida média até o terceiro dia (D3) após o início da infusão das drogas. Os números correspondem ao valor de p.

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CURVA DE SOBREVIDA PAETE

0 1 2 30

25

50

75

100 CDDP 24 mgCONTROLECDDP + WR 2721

TEMPO (DIAS)

TAXA

DE

SOB

REV

IDA

%

FIGURA 48 – Curva de sobrevida dos grupos de animais submetidos a PAETE e tratados com CDDP 24 mg/kg ou salina 24 ml/kg ou a associação CDDP + WR 2721, quando considerados os resultados da sobrevida média até o terceiro dia (D3) após o início da infusão das drogas.

5.6.3 Avaliação funcional da audição

• Grupo 9 (CDDP 24 PAETE) X Grupo 10 (C 24 PAETE) X Grupo 13 (CDDP + WR

2721)

Foi evidenciado um aumento significativo do limiar eletrofisiológico médio entre

D0 e D3 nos animais tratados com CDDP na dose de 24 mg/kg que foi parcialmente revertido

(71%) pelo uso concomitante de amifostina (TABELA 27; FIGURA 49).

Tabela 27 – Variação do limiar por PAETE nos grupos 9, 10 e 13

LIMIAR (dB NA)

D0 D3 GRUPOS

MED EPM MED EPM

10. C 24 PAETE 5 0,000 5 0,000

9. CDDP 24 PAETE 8 0,816 20* 2,981

13. CDDP + WR 2721 6,66 1,054 10 1,826

TABELA 27 – Limiar eletrofisiológico dos animais nos grupos 9, 10 e 13 em D0 e D3 expressos como média ± erro padrão da média (MED ± EPM). O asterisco representa diferença estatística significativa. Teste T: * p = 0,0026 (D3 x D0 CDDP).

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PAETE CISPLATINA 24 mg/kg + AMIFOSTINA 240 mg/kg

D0 D3 D0 D3 D0 D30

5

10

15

20

25

C CDDP CDDP + WR 2721

*LI

MIA

R dB

NA

FIGURA 49 – Gráfico dos limiares eletrofisiológicos médios nos grupos 9, 10 e 13 em D0 e D3, expressos como média ± erro padrão da média. O asterisco representa diferença estatística significativa. CDDP = cisplatina; C = controle. Teste T: * p = 0,0026 (D3 x D0 CDDP).

5.6.4 Avaliação morfológica

A amifostina foi capaz de reverter parcialmente o aumento da mediana dos

escores de lesão da estria vascular quando administrada antes de cisplatina (TABELA 28;

FIGURA 50 A). Apesar de não haver lesão de CCE no grupo tratado com a associação CDDP

+ WR 2721, não foi evidenciada diferença estatística entre esse grupo e os grupos tratados

isoladamente com CDDP ou salina (TABELA 28; FIGURA 50 B).

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Tabela 28 – Otoproteção por WR 2721 e escores de lesão na estria vascular e células ciliadas externas.

GRUPOS ESTRUTURA C CDDP CDDP +

WR 2721 EV Md 0 2* 1

Min 0 1 1

Max 1 2 2

CCE Md 0 0 0

Min 0 0 0

Max 0 3 0

TABELA 28 – Escores de lesão da estria vascular (EV) e células ciliadas externas (CCE), expressos como mediana (Md) e valores mínimos (Mín) e máximos (Max) em cada grupo. O asterisco denota significância estatística. Kruskal-Wallis – Múltiplo de Dunn: * p < 0,01 (CDDP 24 mg/kg x controle) (EV = estria vascular; CCE = células ciliadas externas).

LESÃO DA ESTRIA VASCULAR

C CDDP CDDP + WR 2721

0

1

2

3

*

ESC

OR

E D

E LE

SÃO

LESÃO DE CÉLULAS CILIADAS EXTERNAS

C CDDP CDDP + WR 2721

0

1

2

3

ESC

OR

E D

E LE

SÃO

FIGURA 50 – Gráficos representando os escores de lesão na estria vascular (A) e células ciliadas externas (B) da cóclea de ratos. As barras representam a mediana em cada grupo. O asterisco representa significância estatística. Kruskal-Wallis – Dunn: * p < 0,01 CDDP x C. CDDP = cisplatina; C = controle; WR 2721 = amifostina.

A B

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7 DISCUSSÃO

6.1 Aspectos Gerais

A cisplatina é um dos mais largamente usados e mais efetivos quimioterápicos

contra tumores malignos epiteliais, incluindo tumores de testículo, ovário, vesícula, pulmão,

cabeça e pescoço (BOULIKAS; VOUGIOUKA, 2003). Alguns de seus efeitos adversos, tais

como náuseas, vômitos e disfunção renal, podem ser combatidos com o uso de antagonistas

de receptores da serotonina e hidratação (MINAMI; SHA; SCHACHT, 2004). Contudo, a

ototoxicidade permanece sendo um dos efeitos colaterais causadores de significativa

morbidade e que freqüentemente limita sua utilização (KALKANIS; WHITWORTH;

RYBAK, 2004). Diante disso, há a necessidade de se desenvolver modelos experimentais que

levem a uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na ototoxicidade da CDDP e

maneiras viáveis de amenizá-la.

O objetivo principal desse estudo foi desenvolver um modelo experimental de

ototoxicidade por cisplatina que pudesse ser realizado nas condições de infra-estrutura aqui

existentes. Assim, apesar da maioria dos trabalhos levantados na literatura terem como animal

de experimentação a cobaia albina, resolveu-se desenvolver o modelo em ratos Wistar pela

maior disponibilidade dessa espécie nos biotérios aos quais se tinha acesso.

O rato é um animal menos sensível à ototoxicidade e mais sensível à toxicidade

sistêmica por cisplatina quando comparado à cobaia albina. O estudo de Sockalingam et al.

(2000) mostrou que ratos albinos injetados com 12 mg/kg via intraperitoneal de cisplatina

apresentaram maior percentagem de perda de peso, diarréia e anorexia que cobaias albinas

submetidas à mesma dose. Por outro lado, cobaias albinas tiveram maior susceptibilidade à

perda de audição que ratos albinos, como comprovado por emissões otoacústicas evocadas

transitórias e produtos de distorção e por potencial auditivo evocado de tronco encefálico.

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A anatomia da cobaia albina também favorece os estudos morfológicos de

ototoxicidade. Por apresentarem uma cóclea com três e meio giros, portanto maior que a do

rato com dois e meio giros, possibilitam um acréscimo na facilidade de dissecção e remoção

desse órgão para estudos morfológicos (JUDKINS; LI, 1997). Por outro lado, os ratos têm

uma quantidade de giros similar à cóclea humana (FIGURA 1). Estabeleceu-se, neste

experimento, que apenas o osso temporal direito seria utilizado para os diversos

procedimentos, a fim de tornar mais homogêneo o tempo entre a remoção da cóclea e sua

fixação, evitando-se ao máximo as lesões do órgão relacionadas ao método de retirada, que

era realizada somente pelo autor.

Não se encontraram relatos de desenvolvimento de infecção de orelha média ou

externa durante os experimentos animais com cisplatina na literatura pesquisada. Neste

estudo, observou-se o aparecimento de alterações à otoscopia caracterizada por membrana

timpânica opaca e abaulada em 3 animais, sendo dois em grupos estudo e um em grupo

controle. Assim, apesar da grande dificuldade de seleção da amostra pela prevalência elevada

de doenças de orelha externa e média entre os ratos disponibilizados para os experimentos,

não foi comum o aparecimento dessas afecções após o seu início. Essa dificuldade de seleção

também foi o motivo pelo qual não houve uma maior homogeneidade no número de animais

entre os grupos.

As doses empregadas são bastante variáveis entre os modelos experimentais com

ototoxicidade por CDDP. Sabe-se, entretanto, que os modelos com administração aguda

promovem lesão mais pronunciada que aqueles com administração crônica da droga (SAITO;

ARAN, 1994). Por isso, o presente estudo foi realizado com protocolos de administração

aguda da cisplatina. Em ratos, mesmo entre modelos agudos, há uma grande variabilidade nas

doses e formas de administração empregadas. A DL50 de cisplatina nesse gênero é de 12

mg/kg (LAURELL et al., 2000). Amsallem e Andrieu-Guitrancourt (1985) conseguiram

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mostrar graus mensuráveis de ototoxicidade com doses a partir de 8 mg/kg de CDDP. Dose de

até 20 mg/kg em infusão única tem sido vista nos estudos experimentais (OH et al., 2000). A

dose mais comumente empregada como única infusão é a de 16 mg/kg (RYBAK; RAVI;

SOMANI, 1995; RYBAK et al., 1999; RYBAK; SOMANI, 1999; CAMPBELL et al., 1999;

KAMIMURA et al., 1999; RYBAK et al., 2000; LAURELL et al., 2000; HATZOPOULOS et

al., 2002; KALKANIS; WHITWORTH; RYBAK, 2004; LYNCH et al., 2005), sendo essa a

escolhida para este estudo. Essa dose produz uma rápida absorção e concentrações

reprodutíveis de cisplatina no plasma (LAURELL et al., 2000). O uso da bomba de infusão

para administração lenta (30min.) de doses não fracionadas maiores ou iguais a 13 mg/kg

torna-se indispensável para diminuir a mortalidade dos animais (TANAKA; WHITWORTH;

RYBAK, 2004).

O fracionamento das doses de CDDP é um mecanismo usado para se conseguir

administrar quantidades maiores sem aumento de mortalidade. Li et al. (2001) promoveram

ototoxicidade em ratos Fisher 344 com uma dose cumulativa de 15 mg, administrada em 3

doses de 5 mg, com intervalos de 3 dias. Hyppolito et al. (2005) conseguiram desencadear

ototoxicidade com essa droga em cobaias albinas com a dose de 24 mg/kg, fracionada em 3

doses de 8 mg/kg, em 3 dias consecutivos. Todavia não referiram a mortalidade observada

entre os animais. Não se viu relatos na literatura revisada do uso desse modelo de

administração de CDDP em ratos. Utilizou-se essa dose fracionada neste estudo, observando-

se uma sobrevida de 100% nos animais avaliados por EOAPD e 96,97% naqueles avaliados

por PAETE no terceiro dia após o início da administração da droga. Essa sobrevida é alta

quando comparada à maioria dos modelos animais com cisplatina que referem uma taxa de

mortalidade entre 33 e 50% (MINAMI; SHA; SCHACHT, 2004).

O tempo entre o início da administração da droga e a avaliação final da

ototoxicidade nos experimentos agudos varia entre 1 e 14 dias, na dependência da dose inicial

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empregada (AMSALLEM; ANDRIEU-GUITRANCOURT, 1985). Os estudos que utilizam a

dose de 16 mg/kg em infusão única fazem a avaliação final da ototoxicidade no terceiro dia

(D3) após o seu início (RYBAK; RAVI; SOMANI, 1995; RYBAK et al., 1999; RYBAK;

SOMANI, 1999; CAMPBELL et al., 1999); KAMIMURA et al., 1999; RYBAK et al., 2000;

LAURELL et al., 2000; HATZOPOULOS et al., 2002; KALKANIS; WHITWORTH;

RYBAK, 2004; LYNCH et al., 2005). No experimento de Hyppolito et al. (2005), com a dose

de 24 mg/kg, essa aferição final também teve o terceiro dia como parâmetro. Neste

experimento prolongou-se tanto quanto possível o tempo final de análise, que se mostrou

viável até no máximo 96h (D4) seguintes ao início da administração das drogas em ambas as

doses. Na fase do experimento piloto, verificou-se que um tempo maior de avaliação era

acompanhado de uma taxa de mortalidade próxima de 100%.

A via de administração intraperitoneal utilizada neste estudo se mostrou efetiva

para desencadear a ototoxicidade nas doses utilizadas. Essa é também a via sistêmica de

administração vista na maioria dos experimentos de ototoxicidade com CDDP em ratos.

Entretanto outras vias podem ser empregadas como a arterial (DICKEY et al., 2004), venosa

(AMSALLEM e ANDRIEU-GUITRANCOURT, 1985), subcutânea (SCHWEITZER et al.,

1984) e intramuscular (SAITO; ARAN, 1994).

6.2 Toxicidade Sistêmica da Cisplatina

Apesar de existirem formas pouco quantificáveis de avaliação da toxicidade

sistêmica da cisplatina como a presença de anorexia e diarréia (SOCKALINGAM et al.,

2000), deu-se preferência a parâmetros objetivos e mensuráveis como a perda de peso, curva

de sobrevida e taxa de sobrevida final.

O peso dos animais diminuiu de forma significativa em relação aos grupos

controle a partir de D1 ou D2 com as doses de 24 mg/kg e 16 mg/kg nos experimentos 1 e 2.

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No experimento 1, onde se realizou a avaliação auditiva através de EOAPD, a perda média de

peso foi de aproximadamente 10% no D3 e 13% no D4. O padrão de perda não foi diferente

com as duas doses. No experimento 2, cuja avaliação auditiva se deu por PAETE, a perda de

peso foi um pouco maior que a vista no experimento 1, provavelmente pela recuperação mais

lenta dos animais após os procedimentos anestésicos mais demorados necessários à execução

do exame. Notou-se uma perda média em torno de 12% para o D3 e 11% para o D4 com a

dose de 24 mg/kg e 14% para o D3 e 15% para o D4 na dose de 16 mg/kg. Também aqui se

notou um padrão de perda de peso relativo às duas doses empregadas, onde não foi

evidenciada diferença significativa até D3. No D4, animais tratados com a dose de 24mg/kg e

que conseguiram sobreviver até o final do experimento, tiveram uma média de perda de peso

um pouco menor que aqueles tratados com a dose de 16 mg/kg. Esses dados em conjunto

sugerem uma toxicidade sistêmica similar para ambas as doses de cisplatina pelo menos na

avaliação de 3 dias. Kamimura et al. (1999,) utilizando a dose de 16 mg/kg de cisplatina,

evidenciaram em ratos Wistar uma perda de peso média, após 3 dias, de 24,5%, portanto

maior que a encontrada neste estudo, mas similar ao trabalho de Tanaka, Whitworth e Rybak

(2004) que relataram uma redução média de 23% no peso dos animais tratados com a dose 13

mg/kg. Ressalte-se que, neste último experimento, houve um trauma cirúrgico adicional pela

abertura in vivo da bula auditiva. Avaliando ratos albinos por igual período com uma dose de

12 mg/kg, Sockalingam et al. (2000) encontraram perda de peso média de 18,3%, também

maior que a máxima perda média vista no presente estudo (14%). Resultado semelhante ao

aqui encontrado foi evidenciado no trabalho de Laurell et al. (2000) que constaram uma perda

média de peso ao longo de 3 dias de 13% em ratos Long-Evans tratados com 16 mg/kg de

CDDP. Não foram encontrados estudos com variação do peso relacionado à dose de 24

mg/kg.

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A sobrevida dentre os animais do experimento 1 avaliados no D3 foi

significativamente menor para o grupo tratado com cisplatina 16 mg/kg. Quando avaliados no

quarto dia, os animais tratados com 24 mg/kg tiveram menor sobrevida. No experimento 2, a

sobrevida dos animais tratados com CDDP 24 mg foi menor que a de seu controle e que a dos

animais tratados com 16 mg/kg, às custas do quarto dia após o início das drogas. Entretanto,

não foi evidenciada diferença estatística significativa entre as curvas de sobrevida das duas

doses de CDDP. Ao se avaliar a taxa de sobrevida final no experimento 1 entre os animais

tratados com CDDP, o grupo que apresentou menor taxa de mortalidade foi aquele tratado

com 24 mg/kg e avaliado no D3 (sobrevida de 100%). A sobrevida nesse grupo foi

significativamente maior que a dos animais tratados com a mesma dose e avaliados no D4. No

experimento 2, a sobrevida dos animais foi maior no D3 quando comparada a D4, embora a

análise estatística não tenha mostrado significância. Estes dados sugerem uma toxicidade

sistêmica cumulativa da cisplatina ao longo dos dias, com aumento da mortalidade a partir de

96h. Na literatura consultada não se obteve registros da curva de sobrevida dos animais, mas

apenas da taxa de sobrevida final. Kamimura et al. (1999) relataram uma sobrevida de 43%

em 72h com a dose de 16 mg/kg. Já Campbell et al. (1996, 1999), com os mesmos

parâmetros, sobrevida de 50%, Laurell et al. (2000) 92% e Hatzopoulos et al. (2002) 100%.

Os dados deste estudo, com ambas as doses, mostram uma taxa de mortalidade em 72h menor

que aquela da maioria dos modelos animais com cisplatina que varia entre 33 e 50%

(MINAMI; SHA; SCHACHT, 2004).

6.3 Avaliação Funcional da Audição

A avaliação funcional da audição dos ratos no experimento foi primeiramente

realizada através do exame de emissões otoacústicas produtos de distorção (EOAPD), por ser

o único método disponível no momento em que se iniciou o estudo. Durante o desenrolar dos

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experimentos, o serviço de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal do Ceará adquiriu um aparelho de potenciais evocados auditivos, que tornou

exeqüível a avaliação funcional da audição dos ratos por potencial auditivo evocado de tronco

encefálico. Desse modo, não foi possível submeter o mesmo grupo de animais aos dois

métodos de avaliação funcional.

6.3.1 Emissões otoacústicas produtos de distorção (EOAPD)

As EOAPD são um método de avaliação auditiva que representam a função das

células ciliadas externas, um dos principais alvos de lesão da cisplatina (LOPEZ-GONZALEZ

et al., 2000). O protocolo de realização de EOAPD nos experimentos animais tem pouca

variabilidade, com a maior controvérsia girando em torno da se manter uma intensidade de

estímulo F1 e F2 constante (SOCKALINGAM et al., 2000; HYPPOLITO et al., 2005) ou

variável (HATZOPOULOS et al., 1999; LOPEZ-GONZALEZ et al., 2000) para a forma de

aquisição tipo DPgram. As freqüências possíveis de serem estudadas através de EOAPD

variam entre as espécies de animais. Hyppolito et al. (2005) identificaram sua presença a

partir de 1,5 kHz em cobaias; Hatzopoulos et al. (1999), estudando-as em ratos Sprague-

Dawley, além de 4 kHz; Lopez-Gonzalez et al. (2000), em ratos Wistar, identificaram-nas

entre 1 e 6 kHz; SOCKALINGAM et al. (2000), em ratos albinos, entre 2 e 8 kHz para uma

relação sinal/ruído ≥ 3 dB NPS. McAlpine e Johnstone (1990) constataram ototoxicidade por

CDDP através de EOAPD com aquisição no formato I/O function, fixando a freqüência em 8

kHz. No presente estudo, realizou-se o protocolo com intensidade fixa de 70 dB NPS

obtendo-se respostas mensuráveis a partir de 3 kHz para uma relação sinal/ruído ≥ 6 dB NPS,

como determinado pelas especificações técnicas do aparelho utilizado (Madsen-Capella).

Neste estudo, somente a dose de 24 mg/kg foi capaz de desencadear ototoxicidade

por cisplatina mensurável por EOAPD em todas as freqüências estudadas. Com a avaliação no

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D3, diferente do grupo controle, houve uma redução significativa na amplitude das EOAPD

no grupo tratado. No D4 se viu um desaparecimento das respostas ou diminuição de sua

amplitude. Nos animais tratados com 16 mg/kg, apesar de se evidenciar uma redução das

EOAPD nas freqüências de 3, 4, 6 e 8 kHz após tratamento com CDDP tanto no D3 como no

D4, não foi possível demonstrar significância estatística. Isto pode ser explicado pela grande

variabilidade individual de respostas à ototoxicidade por CDDP em ratos para doses ≥ 15

mg/kg em infusão em bolo, tendo como conseqüência maior desvio padrão da amplitude das

emissões otoacústicas nas amostras, diminuindo o poder dos testes estatísticos. Esta

variabilidade é acompanhada de graus diversos na concentração plasmática da droga quando

administrada por via venosa ou intraperitoneal (HATZOPOULOS et al., 1999). Sockalingam

et al. (2000) também não evidenciaram redução significativa das EOAPD em ratos após 72h

para dose de 12 mg/kg de CDDP. Hatzopoulos et al. (1999) encontraram uma redução

significativa na relação sinal/ruído (S/R) das EOAPD para as freqüências de 6,34, 7,13 e 7,56

kH, não evidenciando para 4, 5 ou 8 kHz. Ressalte-se que, neste último experimento, o

parâmetro avaliado foi a relação S/R e não a amplitude isolada das emissões otoacústicas.

Lopez-Gonzalez et al. (2000), utilizando dose menor de CDDP (10 mg/kg), notaram uma

redução significativa das EOAPD de ratos Wistar entre 1 e 6 kHz a partir do sétimo dia de

avaliação, com recuperação aos valores iniciais após 30 dias. Hyppolito et al. (2005), em seu

estudo com a dose de 24 mg/kg em cobaias albinas, encontraram desaparecimento das

EOAPD em 100% dos animais tratados e avaliados terceiro dia após o seu início. Não se

encontraram estudos em ratos com a dose de 24 mg/kg de CDDP. Os trabalhos que mostraram

redução das EOPAD após tratamento com CDDP em ratos, ou utilizaram um tempo maior de

avaliação com doses menores (LOPEZ-GONZALEZ et al., 2000) ou tiveram como parâmetro

de avaliação não a amplitude das EOAPD, mas a relação S/R (HATZOPOULOS et al., 1999).

Este tipo de análise aumenta o viés do experimento, já que o ruído detectado no conduto

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auditivo externo dos animais pode ser influenciado por fatores externos como o nível de ruído

do ambiente ou ruídos provenientes do próprio indivíduo, como os ruídos respiratórios

(AZEVEDO, 2003). Por isso, no presente estudo, optou-se pela avaliação da amplitude das

EOAPD e não da relação S/R, por um período de no máximo 96h pós-tratamento, devido à

grande mortalidade dos animais além desse tempo com as doses de 16 ou 24 mg/kg.

Dessa forma, no presente estudo, as EOAPD foram capazes de identificar

ototoxicidade pela cisplatina em ratos apenas com a dose de 24 mg/kg.

6.3.2 Potencial auditivo evocado de tronco encefálico (PAETE)

Os potenciais auditivos evocados de tronco encefálico têm sido largamente

empregados para estudo da ototoxicidade por cisplatina em roedores (TANGE; VUZEVSKI,

1984; REBERT; PRYOR; FRICK, 1984; SCHWEITZER et al., 1984; AMSALLEM;

ANDRIEU-GUITRANCOURT, 1985; HATZOPOULOS et al., 1999, 2002; RYBAK;

SOMANI, 1999; RYBAK et al., 1999; KAMIMURA et al., 1999; RYBACK; SOMANI,

1999; SOCKALINGAM et al., 2000; RYBAK et al., 2000; LAURELL et al., 2000; OH et al.

2000; HATZOPOULOS et al., 2002; TANAKA; WHITWORTH; RYBAK, 2004; DICKEY

et al., 2004; KALKANIS; WHITWORTH; RYBAK, 2004; MINAMI; SHA; SCHACHT,

2004; LYNCH et al., 2005). Entretanto, não há uma padronização da técnica de exame entre

os diversos autores.

Neste estudo, conseguiu-se elucidar um traçado de PAETE em ratos Wistar com

identificação de 5 a 7 ondas, tendo a onda II a maior amplitude. Para tanto, utilizaram-se

eletrodos de platina, em forma de agulha, posicionados na subderme do vértex (eletrodo

positivo ou ativo), região retroauricular direita (eletrodo referência ou negativo) e ponta do

nariz (eletrodo terra). O eletrodo terra pode se localizar em qualquer posição do corpo sem

alterar o traçado. Já posições diferentes dos eletrodos referência e ativo tornam determinadas

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ondas mais ou menos evidentes (HOOD, 1998). Amsallem e Andrieu-Guitrancourt (1985)

posicionaram os eletrodos entre o vértex (ativo) e a cauda (referência). Sockalingam et al.

(2000) entre vértex (positivo) e bochecha (negativo). Li et al. (2001) entre vértex (positivo) e

musculatura cervical (negativo). Vários autores de um mesmo grupo de pesquisa publicaram

estudos posicionando os eletrodos no vértex (positivo) e ponta do nariz (negativo) (RYBAK;

RAVI; SOMANI, 1995; RYBAK et al., 1999, 2000; RYBAK; WHITWORTH; SOMANI,

1999; KAMIMURA et al., 1999; RYBAK; SOMANI, 1999; KALKANIS; WHITWORTH;

RYBAK, 2004; TANAKA; WHITWORTH; RYBAK, 2004). Outros estudos, principalmente

os mais recentes, localizaram os eletrodos em pontos de referência semelhantes aos utilizados

neste experimento (HATZOPOULOS et al., 1999, 2002; LAURELL et al., 2000; DICKEY et

al., 2004; MINAMI; SHA; SCHACHT, 2004; LYNCH et al., 2005). Acredita-se que nos

registros clínicos esse posicionamento seja aquele que oferece um traçado ideal do PAETE

(MARTIN; MOORE, 1977).

Há controvérsia em relação a como se determinar o limiar eletrofisiológico através

de PAETE em ratos. Em concordância com Amsallem e Andrieu-Guitrancourt (1985), este

estudo evidenciou ser a onda II em ratos aquela de maior amplitude e a última a desaparecer

com a diminuição da intensidade do estímulo sonoro (FIGURA 5). Portanto, essa onda foi o

parâmetro para se determinar o limiar auditivo dos animais. Kamimura et al. (1999) também

consideraram a onda II para se estabelecer o limiar eletrofisiológico. Segundo Hatzopoulos et

al. (2002) a onda III é a que apresenta maior visibilidade e reprodutibilidade, dessa forma a

que determina o limiar eletrofisiológico. Tanaka, Whitworth e Rybak (2004) tiveram como

parâmetro dois picos replicáveis de qualquer onda enquanto Minami, Sha e Schacht (2004), as

ondas III ou IV. Outros ainda estabelecem o limiar por traçados visualmente detectáveis e

reprodutíveis, sem especificar qualquer tipo ou quantidade de ondas (CAMPBELL; RYBAC;

MEECH, 1996; LI et al., 2001).

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A quantidade de promediações necessárias para desencadear traçados de PAETE

reprodutíveis varia nos experimentos em ratos entre 128 (SOCKALINGAM et al., 2000) e

1024 (DICKEY et al., 2004; MINAMI; SHA; SCHACHT, 2004). Já a taxa de apresentação

dos estímulos entre 5 por segundo (RYBAK; RAVI; SOMANI, 1995; RYBAK et al., 1999,

2000; RYBAK; WHITWORTH; SOMANI, 1999; KAMIMURA et al., 1999; RYBAK;

SOMANI, 1999; TANAKA; WHITWORTH; RYBAK, 2004) e 20 por segundo (LAURELL

et al., 2000; SOCKALINGAM et al., 2000). No presente estudo conseguiu-se observar

respostas replicáveis utilizando-se uma taxa de estímulo de 15 por segundo para 300 a 700

promediações.

Outro parâmetro bastante variável é o tipo de estímulo utilizado. A grande maioria

dos autores dá preferência a tone bursts associados ou não a cliques (RYBAK; RAVI;

SOMANI, 1995; RYBAK et al., 1999, 2000; RYBAK; WHITWORTH; SOMANI, 1999;

KAMIMURA et al., 1999; RYBAK; SOMANI, 1999; HATZOPOULOS et al., 1999, 2002;

LAURELL et al., 2000; OH et al., 2000; LI et al., 2001; DICKEY et al., 2004; KALKANIS;

WHITWORTH; RYBAK, 2004; MINAMI; SHA; SCHACHT, 2004; TANAKA;

WHITWORTH; RYBAK, 2004; LYNCH et al., 2005). Os tone bursst têm a vantagem de

avaliar a audição de forma freqüência específica. Sua utilização é importante quando se deseja

diferenciar se a lesão acomete as porções da cóclea responsáveis por freqüências mais graves

ou agudas. Entretanto, quanto maior o número de tone bursts utilizados, mais demorado se

torna o exame, aumentado o risco de mortalidade em experimentos animais pela necessidade

de um maior tempo de anestesia. O estímulo com cliques determina uma resposta

eletrofisiológica que representa uma faixa de freqüência da audição compreendida entre 1000

e 4000 Hz (HOOD, 1998). Com isso, desencadeia um maior sincronismo de despolarização

das fibras nervosas, tornando o traçado mais constante e reprodutível que outros tipos de

estímulo (CHENG; CUNNINGHAM; RUBELL, 2005). Assim, à semelhança de outros

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estudos (REBERT; PRYOR; FRICK, 1984; AMSALLEM; ANDRIEU-GUITRANCOURT,

1985; SOCKALINGAM et al., 2000), realizou-se este experimento utilizando-se como

estímulo apenas o clique de rarefação.

Apesar de as respostas desencadeadas pelo clique estarem representadas no giro

médio da cóclea de ratos e não no giro basal (MÖLLER, 1991), local onde predomina a lesão

da cisplatina (ESTREM et al., 1981; CAMPBELL; RYBAC; MEECH, 1996; DE GROOT et

al., 1997; KAMIMURA et al., 1999; MINAMI; SHA; SCHACHT, 2004; TANAKA;

WHITWORTH; RYBAK, 2004), as doses de 16 e 24 mg/kg de cisplatina foram capazes de

desenvolver ototoxicidade mensurável por PAETE. O aumento médio do limiar

eletrofisiológico para a dose de 24 mg/kg foi de 12 dB NA no D3 e 21 dB NA no D4.

Entretanto, não se viu diferença estatística significativa entre D3 e D4. A dose de 16 mg/kg

promoveu um aumento médio de limiar de 14,17 dB NA tanto no D3 como no D4, com este

último dia de avaliação, apresentando uma maior variabilidade dos limiares secundária à

mortalidade aumentada dos animais. Não houve qualquer variação de limiares do PAETE nos

grupos controle. O aumento médio de limiar eletrofisiológico para cliques após a infusão de

16 mg/kg de cisplatina e avaliação 72h após variou na literatura entre 15,2 dB

(HATZOPOULOS et al., 2002) e 36 dB (RYBAK et al., 1999). Sockalingam et al. (2000) não

evidenciaram aumento significativo do limiar para cliques após 3 dias com a dose de 12

mg/kg. Por outro lado, Tanaka, Whitworth e Rybak (2004) mostraram um aumento médio de

18,3 dB para a dose de 13 mg/kg. Não se encontraram estudos utilizando PAETE na avaliação

auditiva de ratos para doses de 24 mg/kg.

Através do PAETE também se verificou que a lesão auditiva desencadeada pela

cisplatina provém de estruturas cocleares, pois não houve aumento significativo do intervalo

I–V nos animais tratados. Resultado semelhante foi visto por Rebert, Pryor e Frick (1984).

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Em hamsters, Church et al. (1995) acusaram prolongamento do intervalo I–IV com a dose de

15 mg/kg de CDDP, sugerindo lesão retrococlear por essa droga.

Por conseguinte, os potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE),

utilizando como estímulo auditivo cliques de rarefação, mostraram-se um método eficaz para

detecção da ototoxicidade por CDDP em ratos nas duas doses empregadas.

6.4 Avaliação Morfológica da Lesão por Cisplatina na Cóclea

A avaliação morfológica da cóclea em experimentos de ototoxicidade por

cisplatina tem sido empregada em modelos animais associada ou não à avaliação funcional.

Boa parte desses estudos em ratos utiliza a microscopia eletrônica de varredura pela facilidade

de interpretação dos resultados, deixando óbvia ao observador as alterações dos cílios das

células ciliadas do órgão espiral de Corti (CAMPBELL; RYBAC; MEECH, 1996;

KAMIMURA et al., 1999; LI et al., 2001; TANAKA; WHITWORTH; RYBAK, 2004;

KALKANIS; WHITWORTH; RYBAK, 2004; FETONI et al., 2004). Contudo, a avaliação

por microscopia óptica em cortes longitudinais na altura do modíolo permite a identificação

da lesão em outras estruturas como estria vascular, gânglio espiral e membrana vestibular

(CARDINAAL et al., 2000a; WANG et al., 2003).

Existem poucos estudos avaliando a ototoxicidade por cisplatina em ratos através

de microscopia óptica (CAMPBELL et al., 1999; LYNCH et al., 2005). Grande parte dos

estudos encontrados se deu em cobaias e um só grupo de pesquisa foi responsável pela

maioria deles (DE GROOT et al., 1997; HEIJMEN et al., 1999; SMOORENBURG et al.,

1999; CARDINAAL et al., 2000a, 2000b, 2000c; O’LEARY et al., 2001; SLUYTER et al.,

2003; WOLTERS et al., 2004; VAN RUIJVEN; DE GROOT; SMOORENBURG, 2004;

VAN RUIJVEN et al., 2005b).

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Os experimentos desse grupo de pesquisa baseavam-se no na técnica descrita por

de De Groot et al. (1997) que utilizou como fixador a solução composta de glutaraldeído 3%,

formaldeído 2%, acroleína 1%, dimetilsulfóxido 2,5% em tampão cacodilato 0,1 M pH 7,4

por perfusão intralabiríntica. Realizavam ainda uma pós-fixação do tecido depois de

descalcificado com tetróxido de ósmio 4% e K4Ru(CN)6. Sergi et al. (2003), também em

cóclea de cobaias, realizaram fixação e pós-fixação com glutaraldeído 2,5% e

paraformaldeído 2%. Wang et al. (2003) realizaram fixação e pós-fixação com

paraformaldeído 4%. Em ratos, Campbell et al. (1999) utilizaram como fixador o

glutaraldeído 2,5% e como pós-fixador o tetróxido de ósmio (OsO4). Já Lynch et al. (2005)

mantiveram uma só fixação com paraformaldeído 4%. No presente estudo, utilização de

formaldeído a 10% tamponado antes da descalcificação foi suficiente para promover uma boa

fixação dos tecidos.

A descalcificação da cóclea em todos os experimentos da literatura revisada foi

realizada com EDTA por um tempo variando entre 4 dias (DE GROOT et al., 1997;

HEIJMEN et al., 1999; SMOORENBURG et al., 1999; CARDINAAL et al., 2000a, 2000b,

2000c; O’LEARY et al., 2001; SLUYTER et al., 2003; WOLTERS et al., 2004; VAN

RUIJVEN; DE GROOT; SMOORENBURG, 2004; VAN RUIJVEN et al., 2005b) e 7 dias

(LYNCH et al., 2005). Neste estudo, o uso de EDTA 10% por uma semana promoveu uma

descalcificação satisfatória com preservação adequada dos tecidos.

Apenas o experimento de Lynch et al. (2005) utilizou colorações por hematoxilina

e eosina (HE) para a avaliação das alterações morfológicas da orelha interna, avaliando

apenas por essa técnica a estria vascular. No presente estudo, com essa coloração, as

estruturas a serem avaliadas se apresentaram bem definidas, com boa diferenciação do núcleo

e citoplasma das células, deixando evidentes as lesões quando existentes. Outros corantes

empregados foram o azul de toluidina (CAMPBELL et al., 1999; SERGI et al., 2003) e azul

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de metileno 1% com azur II 1% em tetraborato de sódio 1% (DE GROOT et al., 1997;

HEIJMEN et al., 1999; SMOORENBURG et al., 1999; CARDINAAL et al., 2000a, 2000b,

2000c; O’LEARY et al., 2001; SLUYTER et al., 2003; VAN RUIJVEN; DE GROOT;

SMOORENBURG, 2004; VAN RUIJVEN et al., 2005b).

As alterações encontradas no giro basal das cócleas foram significativas nos

animais tratados com a dose de 24 mg/g de CDDP e se deram principalmente em duas

estruturas: células ciliadas externas e estria vascular. Nas células ciliadas, variaram desde

lesão de uma das células ciliadas externas até completa alteração da arquitetura do órgão

espiral de Corti, com desaparecimento do túnel de Corti e espaços de Nuel, e possível

ocupação desses espaços por células de sustentação (FIGURA 18). Não foi encontrada perda

de células ciliadas externas com a dose de 16 mg/kg e entre os grupos controle. Na estria

vascular, o achado mais evidente foi a retração celular em sua camada média (FIGURA 17).

Lesão da membrana vestibular de Reissner foi rara com apenas um animal do grupo tratado

com 24 mg demonstrando vacuolização das células epiteliais. Não se viu lesão do gânglio

espiral. Este último achado corrobora com o resultado do PAETE que não revelou

prolongamento do intervalo I–V nos grupos tratamento ou controle.

Lesões do gânglio espiral como vacuolização celular, retração celular e

diminuição do número de células foram encontradas em alguns experimentos

(SMOORENBURG et al.,1999; CARDINAAL et al., 2000a, 2000b, 2000c; VAN RUIJVEN;

DE GROOT; SMOORENBURG, 2004; VAN RUIJVEN et al., 2005b) e outros não (DE

GROOT et al., 1997; SERGI et al., 2003). Cardinaal et al. (2000a) conseguiram demonstrar,

em poucos animais (dois de dezoito) de sua amostra, lesão da membrana vestibular de

Reissner com vacuolização de suas células. Há relato de distensão dessa membrana sugerindo

hidropsia endolinfática (DE GROOT et al., 1997; CARDINAAL et al., 2000a, 2000c), o que

não se viu no presente estudo.

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A maioria dos autores descreve lesões das células ciliadas externas e estria

vascular com uso da cisplatina (SMOORENBURG et al., 1999; CARDINAAL et al., 2000a,

2000b, 2000c; O’LEARY et al., 2001; LYNCH et al., 2005). As lesões descritas na estria

vascular são retração celular na camada intermediária (SMOORENBURG et al., 1999;

CARDINAAL et al., 2000a, 2000b, 2000c; O’LEARY et al., 2001), formação de bolhas nas

células marginais (CARDINAAL et al., 2000a, 2000b, 2000c), protusão dessas células para o

interior do espaço endolinfático (CAMPBELL et al., 1999; SMOORENBURG et al., 1999),

edema (LYNCH et al., 2005) e atrofia (SLUYTER et al., 2003). De Groot et al. (1987),

O’Leary et al. (2001) e Van Ruijven, De Groot e Smoorenburg (2004) com dose de cisplatina

de 2mg/kg em 8 dias consecutivos não evidenciaram alterações na estria vascular.

Os trabalhos com microscopia óptica em cobaias são unânimes em afirmar que a

CDDP promove lesão de células ciliadas externas, predominantemente na espira basal da

cóclea, com progressiva menor perda quando se dirige ao ápice (DE GROOT et al., 1997;

HEIJMEN et al., 1999; SMOORENBURG et al., 1999; CARDINAAL et al., 2000a, 2000b,

2000c; O’LEARY et al., 2001; SERGI et al., 2003 WANG et al., 2003; WOLTERS et al.,

2004; VAN RUIJVEN; DE GROOT; SMOORENBURG, 2004; VAN RUIJVEN et al.,

2005b). Em ratos, o trabalho de Campbell et al. (1999) avaliou apenas as alterações da estria

vascular. Lynch et al. (2005) mostraram o mesmo padrão de lesão de células ciliadas externas

como descrito em cobaias, embora em preparações de superfície. Como os estudos anteriores

comprovavam ser a maior lesão na espira basal, esta foi a eleita para a avaliação no presente

estudo. No rato, por apresentar apenas duas espiras e meia, certamente houve lesão secundária

à técnica de fixação na espira superior, pela abertura de um orifício para saída do fromaldeído

a 10% no ápice da cóclea e não se teve segurança quanto ao comprometimento por essa

técnica do giro médio em algumas cócleas.

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Portanto, as técnicas histológicas de microscopia óptica em colorações HE podem

ser empregadas para estudo da ototoxicidade aguda por cisplatina em ratos, principalmente

em doses maiores.

6.5 Papel da Apoptose na Ototoxicidade da Cisplatina

Já é bem conhecido que a cisplatina pode promover lesão celular por interagir

com sítios nucleofílicos das cadeias de DNA, levando a mecanismos que têm como resultado

final a apoptose (BOULIKAS; VOUGIOUKA, 2003). Este efeito, benéfico quando se está

tratando uma neoplasia, é a base para a compreensão da ototoxicidade causada por essa droga

(VAN RUIJVEN et al., 2005a).

Outro mecanismo proposto para esse efeito adverso da CDDP é através do

estresse oxidativo que levaria a danos celulares irreversíveis e apoptose (KOPKE et al., 1997;

CHENG et al., 1999; HUANG et al., 2000; DEVARAJAN et al., 2002; WANG et al., 2004;

RYBAK; WITHWORTH, 2005; CHENG; CUNNINGHAM; RUBELL, 2005).

No presente estudo, conseguiu-se, através do método TUNEL (ApopTagR) de

imunohistoquímica para detecção de cadeias fragmentadas de DNA, estabelecer que as

cócleas de ratos tratados com a dose de 16 mg/kg de cisplatina e que tiveram seus ossos

temporias removidas 3 dias após, foram significativamente marcadas de forma mais intensa

que o seu controle. A marcação se deu em todas as estruturas do labirinto membranoso,

incluindo células ciliadas externas e internas, células suporte, estria vascular, gânglio espiral,

ligamento espiral, limbo espiral, resultados esses semelhantes ao estudo de Alam et al. (2000)

em roedores da Mongólia. Apesar de, com a dose de 24 mg/kg e os animais avaliados no D3 e

D4, bem como com a dose de 16 mg/kg avaliada no D4, também se evidenciarem células

marcadas pelo método TUNEL, a intensidade de coloração não foi diferente de seus

respectivos controles. Esses achados levam a crer que a dose menor por um tempo menor de

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avaliação foi capaz de desencadear uma via de morte celular por apoptose, enquanto doses

maiores ou um maior tempo de avaliação concorreram para outros mecanismos de morte

celular como autólise ou necrose. O estudo de Liu et al. (1998) e Cheng et al. (1999) em

cultura de células de ratos Wistar P-3 também encontraram um padrão de marcação TUNEL

com o uso de cisplatina. Devarajan et al. (2002), aplicando o método TUNEL (ApopTagR)

ainda em cultura de células do órgão de Corti, propuseram que doses menores de cisplatina

promoveriam morte celular por apoptose, enquanto doses maiores conduziriam diretamente à

necrose, sendo esses dois mecanismos de morte celular um continuum. Um estudo em cobaias

em preparações de superfície da orelha interna evidenciou padrão TUNEL de fragmentação

do DNA em células ciliadas externas e estria vascular e menos intensamente em células

ciliadas internas, com o uso de 3 mg/kg de CDDP em cinco dias consecutivos (WANG et al.,

2003). Também esses autores identificaram, por meio de microscopia eletrônica de

transmissão, outros mecanismos de lesão celular além da apoptose. Algumas células

apresentavam-se com citoplasma vacuolizado e membrana citoplasmática íntegra sugerindo

autólise. Outras, sinais de necrose como debris celulares e desintegração da membrana

citoplasmática.

A coloração de células da cóclea dos grupos controle está provavelmente

relacionada à lesão celular desencadeada pelo próprio método de remoção desse órgão via

decaptação do animal. O método TUNEL é um marcador de fragmentação do DNA que

pressupõe, mas não confirma morte celular por apoptose, podendo marcar também células

necróticas (ALAM et al., 2000; WATANABE et al., 2000). Apesar de a maioria dos trabalhos

relacionados terem sido realizados com esse método, resolveu-se confirmar a lesão celular por

apoptose através da detecção de uma proteína pró-apoptótica específica, a caspase 3 (LIU et

al., 1998; WANG et al., 2003; CHENG; CUNNINGHAM; RUBELL, 2005; RYBAK;

WHITWORTH, 2005). A utilização da imunohistoquímica com o anticorpo anticaspase 3

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detectou marcação celular em todas as estruturas marcadas com o método TUNEL,

confirmando que a morte celular nessas regiões se deu por apoptose.

Com isso, a apoptose faz parte dos mecanismos de lesão celular na ototoxicidade

por cisplatina, dependendo da dose e do tempo de avaliação utilizados. Ainda, células em

apoptose, se acompanhada sua evolução natural, poderiam ter a necrose como desfecho final

(FIGURA 52).

FIGURA 51 – Mecanismo proposto de lesão celular na ototoxicidade pela cisplatina.

6.7 Ototoxicidade por Cisplatina e Otoproteção por Amifostina

A otoproteção da amifostina contra a ototoxicidade da cisplatina permanece

controversa tanto em ensaios clínicos quanto experimentais. Em humanos, desde a sua

aprovação pelo FDA, em 1996, tem sido utilizada apenas em ensaios clínicos, não fazendo

parte da prática clínica diária (LINDEGAARD; GRAU, 2000). Entre os estudos clínicos,

CISPLATINA

INTERAÇÃO COM DNA

ESTRESSE OXIDATIVO

DOSE MAIOR e/ou AVALIAÇÃO TARDIA

APOPTOSE NECROSE

DOSE MENOR e/ou AVALIAÇÃO

PRECOCE

OTOTOXICIDADE

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alguns indicam otoproteção (GLOVER et al., 1984; RUBIN et al., 1995; RICK et al., 2001), e

outros não (RAMNATH et al., 1997; EKBORN et al., 2004; SASTRY; KELLIE, 2005). Em

animais, Church et al. (1995) e Kaltenbach et al. (1997) não identificaram graus mensuráveis

e otoproteção em hamsters. Em cobaias, dois estudos sugerem otoproteção. Hussain et al.

(2003) evidenciaram que o WR 2721 protege parcialmente da elevação dos limiares dos

PAETE causado pela cisplatina. Hyppolito et al. (2005) mostraram otoproteção morfológica

através de microscopia eletrônica de varredura e funcional através de EOAPD. Não foram

encontrados estudos de otoproteção da amifostina contra lesão por cisplatina em ratos.

No presente estudo, que tinha como objetivo principal o desenvolvimento de um

modelo experimental de ototoxicidade e otoproteção em ratos, utilizou-se a dose de 24 mg/kg

de CDDP, aquela que mostrou toxicidade em todos os parâmetros analisados para se testar o

efeito otoprotetor da amifostina.

Em relação aos efeitos sistêmicos da cisplatina, a amifostina não foi capaz de

proteger contra a perda de peso induzida por essa droga. Como a mortalidade dos animais até

o terceiro dia foi baixa, não foi possível, por esse parâmetro, avaliar seu efeito protetor.

Na avaliação funcional a proteção se mostrou efetiva. A amifostina preveniu

parcialmente (71%) o aumento de limiar por PAETE entre o D0 e D3 desencadeado pela

cisplatina. Esses dados foram corroborados pela avaliação morfológica que revelou menores

escores de lesão da estria vascular da associação CDDP + WR 2721 em relação ao uso isolado

de CDDP, bem como ausência de perda de células ciliadas externas com o uso da associação.

A dose de cisplatina utilizada neste estudo em ratos foi semelhante àquela do

experimento de Hyppolito et al. (2005) em cobaias. Entretanto, uma dose menor de amifostina

(240 mg/kg x 300 mg/kg) foi capaz de induzir otoproteção em ratos. A dose cumulativa total

utilizada por Church et al. (1995) em hamsters foi de 1500 mg/kg contra 15 mg/kg da CDDP.

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Já Hussain et al. (2003) utilizaram uma dose final de 1000 mg/kg de WR 2721 contra 30

mg/kg de CDDP em cobaias.

Assim, a amifostina foi capaz de promover otoproteção morfológica e funcional

contra a ototoxicidade da cisplatina em ratos sem, contudo, diminuir os efeitos sistêmicos da

droga. O mecanismo de redução da ototoxicidade pela amifostina pode estar relacionado à

doação de hidrogênio (H+) para reparo do DNA, remoção de radicais livres e doação de

compostos sulfidril não protéicos (SH-NP) para inativação desses radicais (FIGURA 52),

semelhante ao que acontece nos modelos de cistite hemorrágica desencadeada por ifosfamida

e de lesão gástrica induzida por indometacina, já estudados por este grupo de pesquisa

(BATISTA et al., 2006; MOTA et al., 2006).

FIGURA 52 – Mecanismo de proteção contra ototoxicidade pela cisplatina da amifostina. H+ = hidrogênio; SH-NP: grupos sulfidril não-proteicos.

CISPLATINA

INTERAÇÃO COM DNA

ESTRESSE OXIDATIVO

OTOTOXICIDADEDOAÇÃO DE H+ REMOÇÃO DE

RADICAIS LIVRES INATIVAÇÃO

POR SH-NP

AMIFOSTINA (WR-2721)

OTOPROTEÇÃO

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6.7 Considerações Finais

Experimentos de ototoxicidade por cisplatina e otoproteção são vastamente

encontrados na literatura pela necessidade de se estudar os mecanismos envolvidos e

promover uma opção terapêutica para as neoplasias malignas que traga consigo menores

efeitos adversos ao paciente.

Este estudo teve o objetivo de contribuir com as discussões relacionadas ao tema,

envolvendo parâmetros de análise funcionais, morfológicos e imunohistoquímicos.

Observou-se que a dose de 24 mg/kg de CDDP em ratos foi capaz de desencadear

lesão por todos os parâmetros estudados, como também se mostrou passível de utilização nos

estudos de otoproteção. A avaliação funcional mais sensível se deu por PAETE, pois as

EOAPD não foram capazes de identificar ototoxicidade com a dose de 16 mg/kg. Três dias de

estudo foram suficientes para as análises de ototoxicidade e otoproteção, uma vez que houve

lesão coclear significativa com mortalidade baixa dos animais.

Para os experimentos envolvendo os mecanismos de lesão coclear por apoptose,

aconselha-se o uso de doses menores de cisplatina (16 mg/kg), visto que doses maiores (24

mg/kg) desencadeiam outras vias de morte celular.

Por fim, espera-se que a padronização de um modelo de avaliação de

ototoxicidade e otoproteção do presente estudo contribua para experimentos posteriores,

envolvendo, sejam as drogas nele utilizadas, sejam outras drogas cujos mecanismos de lesão e

estratégias de otoproteção necessitem ser melhor compreendidos.

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7 CONCLUSÕES

• Cisplatina na dose de 24 mg/kg com avaliação antes da administração (D0) e três dias

após (D3) através de potenciais auditivos evocados de tronco encefálico, microscopia

óptica em colorações com hematoxilinaeosina e estudos por imunohistoquímica,

constitui-se em um modelo adequado para experimentos de ototoxicidade.

• A dose de 24 mg/kg de cisplatina é capaz de induzir ototoxicidade em ratos e essa

toxicidade pode ser avaliada por emissões otoacústicas evocadas produtos de distorção

(EOAPD), potenciais auditivos evocados de tronco encefálico (PAETE) e microscopia

óptica em colorações por hematoxilinaeosina (HE).

• A dose de 16 mg/kg de CDDP é capaz de induzir ototoxicidade em ratos que pode ser

constatada por PAETE, mas não por EOAPD e microscopia óptica em colorações HE.

• Os PAETE são mais sensíveis que as EAOPD na detecção das lesões cocleares

induzidas por cisplatina em ratos.

• O ototoxicidade da cisplatina em ratos se dá por lesão coclear, sendo seus alvos

principais a estria vascular e as células ciliadas externa. Não há alteração das vias

auditivas retrococleares como constatado por PAETE.

• A apoptose pode estar envolvida no mecanismo de lesão coclear pela cisplatina a

depender da dose e do tempo de avaliação empregados.

• A amifostina é capaz de proteger parcialmente contra os efeitos ototóxicos da

cisplatina em ratos.

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APÊNDICE A – Valores em dB NPS das amplitudes das emissões otoacústicas evocadas

produtos de distorção em cada grupo

Grupo 1 – CDDP 24 D3 EOAPD

Pré-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 10.2 20.2 36.1 40.5 2 -13.8 -2.7 21.9 35.8 3 13.7 20.7 34 39.3 4 OTITE 5 13.5 21.2 34.1 39 6 8.2 16.8 31.3 33.5 7 -19.2 -9.2 2.7 22.3 8 -8 6.3 19.6 32.7 9 -20.5 -12.1 11.2 31.9 10 11.2 19.6 33.3 30.7 11 -4.7 -11.9 -3.3 -3.2

Pós-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 -11.4 -2 22.9 36 2 -30.2 -19.1 10.5 22.1 3 -15.2 -9.2 15.6 32.2 4 OTITE 5 -16.5 -1.4 18 33.9 6 6.9 10.2 28.9 30.8 7 -20.5 -13 10.2 24.9 8 -11.7 7.7 20.7 30.4 9 -11 -0.7 13.3 14.1

10 -17.2 -14.6 10.8 19.6 11 -21.9 -23.5 -0.6 6.7

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150

Grupo 2 – C 24 D3 EOAPD:

Pré-tratament:

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 -5.3 7.9 29 31.5 2 16.1 21.9 35.9 34 3 14.2 18.4 31.4 32.5 4 -1.6 10 25.2 36.5 5 0.2 8.6 27.2 40.3 6 8.8 17.4 31.4 39.5

Pós-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 2.2 11.7 28.4 37.7 2 -11.2 -0.2 19.4 32.8 3 -5.2 5 24.6 38.2 4 6.6 15.4 30.2 37.9 5 17.2 20.4 34.9 39.9 6 12.8 21.5 37.1 39

Grupo 3 – CDDP 24 D4 EOAPD:

Pré-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 9.5 17.3 25.1 34.2 2 ÓBITO 3 ÓBITO 4 0.1 13.3 23 29.1 5 ÓBITO 6 ÓBITO 7 ÓBITO 8 4 14.6 23 33

Pós-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz 1 -27.6 -34 -4.8 4.9 2 ÓBITO 3 ÓBITO 4 -27.6 -25.1 -12.6 2.2 5 ÓBITO 6 ÓBITO 7 ÓBITO 8 11.7 7.6 19.7 20.1

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151

Grupo 4 – C 24 D4 EOAPD:

Pré-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 -5.3 0.6 20.6 30.6 2 11.9 18.2 33.5 35.6 3 6.8 -3.7 23.9 33.1 4 ÓBITO 5 -7.7 1.2 10.3 16 6 0.1 5.6 16.8 17.4

Pós-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 8.2 12.2 24.5 34.1 2 9.4 16.1 27.8 34.2 3 14.1 15 31.2 38.5 4 ÓBITO 5 11 20.4 30.7 34.1 6 14.8 21.6 36.9 40.5

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Grupo 5 – CDDP 16 D3 EOAPD:

Pré-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 -14.7 2.3 22.8 31.9 2 ÓBITO 3 ÓBITO 4 1.3 13.3 22.6 28.1 5 ÓBITO 6 4.9 15.3 25.7 27.6 7 ÓBITO 8 5 8 25 34.9 9 10 20.6 32.9 33.6

10 4.7 15.8 32.7 36.3 11 14.6 26 36 33.4 12 -15.2 -2.2 23.1 35.4

Pós-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 -20.5 -12.6 -8.4 4.2 2 ÓBITO 3 ÓBITO 4 10.7 17.8 33.3 34.2 5 ÓBITO 6 -3.1 9.4 23.2 30.1 7 ÓBITO 8 -23.1 -17.6 6.9 15.1 9 22.9 27.7 37.7 39

10 -15.4 1.3 16.5 32.5 11 16.6 20 27 31.5 12 -3.6 6.1 21.8 24

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Grupo 6 – C 16 D3 EOAPD:

Pré-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 -9.9 11.2 2.7 41.5 2 13.2 11.6 18.7 36 3 -14.7 -3.1 19.4 26.3 4 ÓBITO 5 1.5 10.9 23.5 33.5

Pós-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 -9.2 5.6 18.9 38.9 2 2.7 13.4 23.2 39.8 3 -10 1.1 13.8 21.1 4 ÓBITO 5 10.3 11.3 24.2 36.5

Grupo 7 – CDDP 16 D4 EOAPD:

Pré-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 ÓBITO 2 ÓBITO 3 ÓBITO 4 19.9 26 35.9 44.2 5 18.8 23.1 35.7 41.2 6 ÓBITO 7 11.4 17.6 31.4 35.9

Pós-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 ÓBITO 2 ÓBITO 3 ÓBITO 4 -5.3 1.7 18.6 32.5 5 15.9 21.1 35.4 41 6 ÓBITO 7 0.3 5.2 26.2 38.3

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Grupo 8 – C 16 D4 EOAPD:

Pré-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 3.4 14.2 31.1 31.1 2 5.1 13.7 24.3 35.2 3 OTITE 4 1.1 15.3 22.1 27.7 5 7.6 14.5 29 32.1 6 3.3 16.2 32.5 35.5

Pós-tratamento

Rato n° FREQÜÊNCIA 3 kHz 4kHz 6kHz 8kHz

1 -4.4 6.7 26.9 33.6 2 15.2 18.7 25.9 32.5 3 OTITE 4 0.6 8.9 25.8 40.5 5 -3.5 4.7 22.2 33.7 6 2.4 16.2 23.3 34.2

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APÊNDICE B – Valores em dB NA do limiar eletrofisiológico dos ratos submetidos a

potencial auditivo evocado de tronco encefálico

Grupo 9 – CDDP 24 PAETE

LIMIAR dB NA RATOS D0 D3 D4

1 10 15 50 2 10 30 ÓBITO3 5 5 20 4 5 20 25 5 10 10 ÓBITO6 ÓBITO ÓBITO ÓBITO7 5 15 25 8 10 30 ÓBITO9 5 30 ÓBITO10 10 15 25 11 10 30 ÓBITO

Grupo 10 – C 24 PAETE

LIMIAR dB NA RATOS D0 D3 D4

1 5 5 5 2 5 5 5 3 5 5 5 4 5 5 5 5 5 5 5 6 5 5 5 7 5 5 5

Grupo 11 – CDDP 16 PAETE

LIMIAR dB NA RATOS D0 D3 D4

1 5 5 5 2 5 15 15 3 10 10 15 4 5 30 40 5 5 20 ÓBITO 6 5 30 50 7 5 5 5 8 5 10 10 9 10 50 ÓBITO 10 5 OTITE OTITE 11 5 25 ÓBITO 12 5 ÓBITO ÓBITO

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Grupo 12 – C 16 PAETE

LIMIAR dB NA RATOS D0 D3 D4

1 5 5 5 2 10 10 10 3 5 5 5 4 5 5 5 5 5 5 5 6 5 5 5 7 5 5 5 8 5 ÓBITO ÓBITO

Grupo 13 – CDDP + WR 2721

LIMIAR dB NA RATOS D0 D3

1 5 15 2 5 15 3 5 5 4 10 5 5 10 10 6 5 10

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APÊNDICE C – Valores em mseg do intervalo I–V dos animais submetidos a potencial

auditivo evocado de tronco encefálico

Grupo 9 – CDDP 24 PAETE

INTERVALO I–V mseg RATOS D0 D3 D4

1 3.23 3.47 3.63 2 3.23 3.43 ÓBITO 3 3.2 3.23 2.93 4 3.4 3.2 3.47 5 3.5 3.47 ÓBITO 6 ÓBITO ÓBITO ÓBITO 7 3.33 3.47 4 8 3.13 3.67 ÓBITO 9 3.03 3.6 ÓBITO 10 3.67 3.83 4.17 11 3.43 3.7 ÓBITO

Grupo 10 – C 24 PAETE

INTERVALO I–V mseg RATOS D0 D3 D4

1 3.1 3.33 3.4 2 3.33 3.63 3.57 3 3.5 3.67 3.87 4 3.6 3.73 3.6 5 3.93 3.67 3.73 6 3.2 3.27 3.67 7 3.2 3.17 3.73

Grupo 11 – CDDP 16 PAETE

INTERVALO I–V mseg RATOS D0 D3 D4

1 3.23 3.27 3.2 2 3.17 3.37 3 3 3.13 3.23 3.23 4 3.17 3.37 3.63 5 3.5 3.5 ÓBITO 6 3.3 3.4 3.63 7 2.97 3.5 3.3 8 3 3.37 3.57 9 3.3 4.03 ÓBITO 10 3.5 OTITE OTITE 11 3.43 3.6 ÓBITO 12 3.5 ÓBITO ÓBITO

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Grupo 12 – C 16 PAETE

INTERVALO I–V mseg RATOS D0 D3 D4

1 3.3 3.47 3.57 2 3.33 3.5 3.7 3 3.27 3.5 3.9 4 3.57 3.27 3.23 5 3.63 3.37 3.4 6 3.7 3.3 3.5 7 3.7 3.23 3.23

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APÊNDICE D – Peso dos animais nos diversos grupos

Grupo 1 – CDDP 24 D3 EOAPD

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 271 RATO 2 D0 238 RATO 3 D0 253 D1 258 D1 235 D1 253 D2 249 D2 226 D2 246 D3 243 D3 219 D3 237 RATO 4 D0 291 RATO 5 D0 249 RATO 6 D0 293OTITE D1 271 D1 249 D1 289 D2 265 D2 235 D2 283 D3 258 D3 226 D3 271 RATO 7 D0 318 RATO 8 D0 300 RATO 9 D0 315 D1 306 D1 291 D1 307 D2 293 D2 278 D2 300 D3 285 D3 251 D3 284 RATO 10 D0 292 RATO 11 D0 296 D1 293 D1 292 D2 288 D2 272 D3 272 D3 258

Grupo 2 – C 24 D3 EOAPD

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 207 RATO 2 D0 200 RATO 3 D0 233 D1 204 D1 202 D1 228 D2 207 D2 204 D2 233 D3 206 D3 204 D3 237 RATO 4 D0 202 RATO 5 D0 237 RATO 6 D0 206 D1 211 D1 236 D1 206 D2 217 D2 240 D2 209 D3 222 D3 241 D3 215

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Grupo 3 – CDDP 24 D4 EOAPD

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 259 RATO 2 D0 275 RATO 3 D0 289 D1 253 D1 276 D1 284 D2 246 D2 264 D2 280 D3 221 D3 241 D3 250 D4 223 D4 ÓBITO D4 ÓBITO RATO 4 D0 244 RATO 5 D0 287 RATO 6 D0 271 D1 240 D1 284 D1 261 D2 233 D2 271 D2 252 D3 217 D3 250 D3 235 D4 210 D4 ÓBITO D4 ÓBITO RATO 7 D0 240 RATO 8 D0 268 D1 225 D1 264 D2 215 D2 257 D3 197 D3 245 D4 ÓBITO D4 237

Grupo 4 – C 24 D4 EOAPD

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 306 RATO 2 D0 202 RATO 3 D0 265 D1 311 D1 201 D1 268 D2 304 D2 205 D2 266 D3 303 D3 209 D3 260 D4 302 D4 211 D4 248 RATO 4 D0 225 RATO 5 D0 247 RATO 6 D0 248 D1 ÓBITO D1 251 D1 239 D2 D2 252 D2 234 D3 D3 255 D3 229 D4 D4 258 D4 223

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Grupo 5 – CDDP 16 D3 EOAPD

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 322 RATO 2 D0 311 RATO 3 D0 317 D1 318 D1 307 D1 314 D2 300 D2 290 D2 303 D3 278 D3 ÓBITO D3 ÓBITO RATO 4 D0 316 RATO 5 D0 329 RATO 6 D0 305 D1 310 D1 323 D1 300 D2 309 D2 309 D2 284 D3 297 D3 ÓBITO D3 265 RATO 7 D0 348 RATO 8 D0 310 RATO 9 D0 321 D1 344 D1 304 D1 316 D2 326 D2 285 D2 312 D3 ÓBITO D3 262 D3 309 RATO 10 D0 335 RATO 11 D0 331 RATO 12 D0 304 D1 335 D1 326 D1 298 D2 325 D2 328 D2 284 D3 323 D3 321 D3 260

Grupo 6 – C 16 D3 EOAPD

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 327 RATO 2 D0 293 RATO 3 D0 323 D1 322 D1 295 D1 315 D2 317 D2 289 D2 319 D3 320 D3 287 D3 323 RATO 4 D0 310 RATO 5 D0 342 D1 ÓBITO D1 325 D2 D2 350 D3 D3 345

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Grupo 7 – CDDP 16 D4 EOAPD

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 319 RATO 2 D0 270 RATO 3 D0 340 D1 322 D1 268 D1 331 D2 305 D2 258 D2 315 D3 286 D3 238 D3 ÓBITO D4 ÓBITO D4 ÓBITO D4 RATO 4 D0 331 RATO 5 D0 263 RATO 6 D0 275 D1 323 D1 247 D1 252 D2 305 D2 237 D2 245 D3 290 D3 223 D3 ÓBITO D4 285 D4 217 D4 RATO 7 D0 295 D1 289 D2 283 D3 276 D4 270

Grupo 8 – C 16 D4 EOAPD

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 248 RATO 2 D0 253 RATO 3 D0 236 D1 239 D1 253 OTITE D1 241 D2 234 D2 244 D2 244 D3 229 D3 245 D3 234 D4 223 D4 238 D4 229 RATO 4 D0 238 RATO 5 D0 248 RATO 6 D0 256 D1 241 D1 250 D1 260 D2 237 D2 246 D2 257 D3 229 D3 240 D3 259 D4 226 D4 237 D4 255

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Grupo 9 – CDDP 24 PAETE

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 317 RATO 2 D0 336 RATO 3 D0 329 D1 319 D1 327 D1 324 D2 307 D2 314 D2 312 D3 301 D3 290 D3 302 D4 293 D4 ÓBITO D4 298 RATO 4 D0 313 RATO 5 D0 307 RATO 6 D0 306 D1 308 D1 304 D1 303 D2 300 D2 287 D2 ÓBITO D3 286 D3 261 D3 ÓBITO D4 284 D4 ÓBITO D4 ÓBITO RATO 7 D0 219 RATO 8 D0 229 RATO 9 D0 242 D1 215 D1 232 D1 242 D2 200 D2 209 D2 231 D3 190 D3 190 D3 225 D4 185 D4 ÓBITO D4 ÓBITO RATO 10 D0 252 RATO 11 D0 228 D1 245 D1 222 D2 225 D2 203 D3 215 D3 187 D4 217 D4 ÓBITO

Grupo 10 – C 24 PAETE

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 211 RATO 2 D0 209 RATO 3 D0 203 D1 206 D1 203 D1 196 D2 206 D2 203 D2 193 D3 208 D3 207 D3 194 D4 208 D4 205 D4 189 RATO 4 D0 206 RATO 5 D0 204 RATO 6 D0 289 D1 200 D1 197 D1 287 D2 200 D2 199 D2 291 D3 199 D3 199 D3 289 D4 193 D4 194 D4 287 RATO 7 D0 327 D1 329 D2 332 D3 335 D4 328

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Grupo 11 – CDDP 16 PAETE

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 282 RATO 2 D0 272 RATO 3 D0 285 D1 269 D1 267 D1 282 D2 256 D2 251 D2 261 D3 243 D3 239 D3 246 D4 236 D4 241 D4 243 RATO 4 D0 277 RATO 5 D0 284 RATO 6 D0 235 D1 274 D1 278 D1 222 D2 255 D2 258 D2 210 D3 243 D3 242 D3 197 D4 237 D4 ÓBITO D4 192 RATO 7 D0 257 RATO 8 D0 282 RATO 9 D0 255 D1 254 D1 274 D1 248 D2 237 D2 260 D2 237 D3 226 D3 238 D3 218 D4 221 D4 240 D4 ÓBITO RATO 10 D0 263 RATO 11 D0 280 RATO 12 D0 255 D1 261 D1 271 D1 239 D2 251 D2 250 D2 ÓBITO D3 OTITE D3 224 D3 D4 OTITE D4 ÓBITO D4 RATO 13 D0 260 D1 262 D2 250 D3 244 D4 ÓBITO

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165

Grupo 12 – C 16 PAETE

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 273 RATO 2 D0 264 RATO 3 D0 259 D1 271 D1 263 D1 245 D2 275 D2 261 D2 248 D3 268 D3 266 D3 253 D4 268 D4 259 D4 245 RATO 4 D0 274 RATO 5 D0 255 RATO 6 D0 279 D1 272 D1 254 D1 272 D2 270 D2 253 D2 273 D3 275 D3 254 D3 277 D4 270 D4 245 D4 268 RATO 7 D0 256 RATO 8 D0 258 D1 254 D1 ÓBITO D2 249 D2 D3 252 D3 D4 245 D4

Grupo 13 – CDDP + WR 2721

RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATOS DIAS PESO g RATO 1 D0 316 RATO 2 D0 294 RATO 3 D0 323 D1 303 D1 296 D1 328 D2 287 D2 280 D2 309 D3 271 D3 262 D3 299 RATO 4 D0 317 RATO 5 D0 313 RATO 6 D0 232 D1 322 D1 316 D1 225 D2 295 D2 303 D2 210 D3 278 D3 290 D3 196

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APÊNDICE E – Valores dos escores de lesão na estria vascular e células ciliadas

externas

1. CDDP 24 D3 EOAPD 3. CDDP 24 D4 EOAPD RATO CCE EV RATO CCE EV

1 0 2 1 4 3 3 2 2 2 2 8 0 1 3 0 2 3 1 1 2 4 3 2 5 0 2 6 0 1

2. C 24 D3 EOAPD 4. C 24 D4 EOAPD RATO CCE EV RATO CCE EV

1 0 0 2 0 0 2 0 0 3 0 1 3 0 0 5 0 0 4 0 0 5 0 1 6 0 0

5. CDDP 16 D3 EOAPD 7. CDDP 16 D4 EOAPD RATO CCE EV RATO CCE EV

4 0 1 4 0 0 6 0 2 5 0 0 9 0 1 8 0 1

10 0 0 11 0 0 12 0 0 13 0 2

6. C 16 D3 EOAPD 8. C 16 D4 EOAPD RATO CCE EV RAT0 CCE EV

1 0 1 1 0 1 2 0 0 2 0 0 3 0 1 5 0 1 4 0 0 5 0 0 6 0 1 9 0 0

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13. CDDP + WR 2721 RATO CCE EV

2 0 2 3 0 1 4 0 1 6 0 1 8 0 2

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APÊNDICE F – Valores da relação área corada/não corada estabelecida pelo programa

SAHM 1.0 na imunohistoquímica para apoptose método TUNEL

CDDP 24 mg C 24 ml RATOS D3 D4 RATOS D3 D4

1 7.74 4.43 1 13.86 16.38 2 6.03 11.95 2 5.49 3.34 3 1.6 0.89 3 10.78 6.34 4 9.97

CDDP 16 mg C 16 ml RATOS D3 D4 RATOS D3 D4

1 15.55 8.73 1 7.14 8.91 2 24.71 15.7 2 6.27 3.74 3 15.12 2.03 3 3.51 3.5 4 20.14 4 3.27

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ANEXO – Carta de aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal (CEPA)