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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE RICARDO VILLAR BARBOSA DE OLIVEIRA PARTO PRÉ-TERMO EM MULHERES COM CONTRAÇÕES UTERINAS E BOLSA AMNIÓTICA ÍNTEGRA: modelo preditivo São Luís 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

RICARDO VILLAR BARBOSA DE OLIVEIRA

PARTO PRÉ-TERMO EM MULHERES COM CONTRAÇÕES UTERINAS E BOLSA

AMNIÓTICA ÍNTEGRA: modelo preditivo

São Luís

2010

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RICARDO VILLAR BARBOSA DE OLIVEIRA

PARTO PRÉ-TERMO EM MULHERES COM CONTRAÇÕES UTERINAS E BOLSA

AMNIÓTICA ÍNTEGRA: modelo preditivo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Orientadora: Profª.Dra.Marília da Glória Martins

São Luís

2010

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RICARDO VILLAR BARBOSA DE OLIVEIRA

PARTO PRÉ-TERMO EM MULHERES COM CONTRAÇÕES UTERINAS E BOLSA

AMNIÓTICA ÍNTEGRA: modelo preditivo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.

Aprovada em: ____/____/____

_____________________________________________________________ Profª. Dra. Marília da Glória Martins (orientadora) Doutora em Medicina pelo Departamento de Obstetrícia

da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

Prof.ª Adjunta – Disciplina de Obstetrícia – Departamento de Medicina III da Universidade Federal do Maranhão

Chefe do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário - HUUFMA

_____________________________________________________________ Prof. Dr. Cláudio Rodrigues Pires

Doutor em Medicina pelo Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

Professor-Diretor do Centro de Treinamento em Ultrassonografia do Estado de São Paulo - CETRUS

_____________________________________________________________ Profª. Dra. Vanda Maria Ferreira Simões

Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo – USP

Prof.ª Adjunta – Disciplina de Semiologia – Departamento de Medicina I da Universidade Federal do Maranhão

Chefe do Serviço de Neonatologia do Hospital Universitário - HUUFMA

_____________________________________________________________ Profª. Dra. Alcione Miranda Santos

Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Prof.ª Adjunta – Disciplina de Bioestatística – Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão

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À minha mãe, pela vida, pelo amor incondicional e

pela orientação amorosa que sempre dedicou a

mim.

Ao meu pai, que pelo exemplo sempre me guiou.

A Carla, minha esposa e companheira, pela

atenção, paciência e carinho, e compreensão

pelas longas horas de ausência.

Ao meu amado filho, Tiago, pelo estímulo diário

para esta longa caminhada.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar presente em todos os momentos de minha vida.

À Universidade Federal do Maranhão pela oportunidade de realização

deste trabalho.

À Professora e orientadora, Doutora Marília da Glória Martins, que me

apoiou em todos os momentos do trabalho. Os incentivos e orientações recebidos

foram essenciais para o meu crescimento acadêmico e pessoal. A minha eterna

gratidão, respeito e admiração.

À Profª. Dra. Alcione Miranda dos Santos pela sua fundamental

orientação na análise estatística deste trabalho. Pela paciência e contagiante

entusiasmo, meu muito obrigado.

À amiga Dra. Lívia Teresa Moreira Rios, pela sua essencial colaboração

na condução deste trabalho, minha profunda gratidão.

Aos colegas de turma, pela convivência saudável e pelo

compartilhamento do saber, que muito contribuíram para o aprimoramento e

engrandecimento de todos nós.

A todos os professores e funcionários do Mestrado em Ciências da

Saúde.

A todos, que de algum modo contribuíram para a realização desta

dissertação.

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"Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"

Leonardo da Vinci

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RESUMO

Objetivo: O objetivo deste estudo foi determinar um modelo preditivo para apoiar a

tomada de decisões relativas ao prognóstico de mulheres sintomáticas com bolsa

amniótica íntegra. Pacientes e Métodos: Realizou-se um estudo observacional,

prospectivo, do tipo coorte no qual foram incluídas 70 mulheres admitidas em nossa

instituição com idade gestacional entre a 22ª a 34ª semana. Ultrassonografia

transvaginal do colo foi realizada uma única vez depois de completado pelo menos

um ciclo de tocólise endovenosa com aferição do comprimento e do eco glandular

endocervical conforme critérios descritos previamente. Os achados

ultrassonográficos não foram utilizados na conduta obstétrica. O desfecho estudado

foi ocorrência de parto pré-termo (<35 semanas). Para inicialmente determinar as

variáveis preditivas com contribuição significativa para a predição do parto pré-termo

foi utilizado o modelo de regressão logística univariado. Para a criação do modelo

preditivo contendo as variáveis selecionadas relacionadas ao parto pré-termo foi

utilizado o modelo multivariado. Após a validação do modelo pelo método bootstrap,

foram calculados acurácia, sensibilidade, especificidade e valores preditivos

positivos e negativos para confirmar a habilidade do modelo em predizer o desfecho.

O nível de significância foi de 5%. As análise preditivas baseada no modelo de

regressão logística foram aferidas em razão de chances e intervalos de confiança

95%. Resultados: A incidência de parto pré-termo foi de 32,80%(23/70). O modelo

preditivo, após a validação interna, apresentou uma acurácia de 87,88%,

sensibilidade de 78,26% e especificidade de 93,02%. Conclusão: O modelo obteve

boa acurácia, com concordância entre o predito e o observado, podendo ser uma

ferramenta útil para o manejo de gestantes sintomáticas com bolsa íntegra.

Palavras-chave: Trabalho de parto pré-termo. Colo uterino. Comprimento cervical.

Ultra-sonografia transvaginal. Modelo logístico

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ABSTRACT

Purpose: This study was undertaken to determine a predictive model to support

decisions related to the prognostic of women presenting with preterm labor and intact

membranes. Method: We performed a prospective observational cohort study in

which 45 women admitted to our hospital were included between 22 and 34

weeks´gestation. Transvaginal sonographic evaluation of the cervix was performed

once time in women who had completed a course of parenteral tocolysis. The

following sonographic parameters were obtained: cervical length measurement and

presence of cervical glandular area according to criteria reported previously. Cervical

sonographic findings were not used in diagnosis and management. Outcome variable

was the occurence of preterm delivery (<35 weeks). Using the univariate logistic

regression model, the coefficients of each independent variable were first estimated.

For the construction of the predictive model, a multivariate logistic regression

containing all the selected variables that might be related to preterm delivery was

used as the starting point. After the validation of the model by bootstrap method,

accuracy, sensitivity, specificity and predictive values were used to measure the

association of predicted probabilities and to check the ability of the model to predict

outcome. P values <0.05 were considered to be significant. Predictive analyses were

based on logistic regression models with computation of odds ratio and 95%

confidence intervals. Results: The incidence of preterm delivery was 32,80%(23/70).

The predictive model proposed, after validation, showed accuracy of 87,88%,

sensitivity of 78,26% and specificity of 93,02%. Conclusion: The model presented

good accuracy with correspondence among the predicted and the observed, being

able to become a useful tool in the management of symptomatic women with intact

membranes.

Keywords: Preterm labor. Uterine cervix. Cervical length measurement. Transvaginal

sonography. Logistic model.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Identificação dos orifícios do colo na ultrassonografia

endovaginal. (>) orifício interno do colo e (<) orifício externo

do colo ................................................................................................. 26

Figura 2 – Em caso de afunilamento, medir o colo funcional, porção que

permaneça ocluída............................................................................... 26

Figura 3 – Orifício interno aberto, com sinal do afunilamento presente. A

porção ocluída deve ser mensurada, com o ápice do funil

sendo considerado o início da porção que permanece

fechada e o final, o orifício externo do colo .......................................... 27

Figura 4 – Medida do colo funcional, tomando-se o cuidado para não

incluir as paredes vaginais (→) ............................................................ 27

Figura 5 – Área de glândulas endocervicais ou eco glandular

endocervical que corresponde à invaginação das criptas da

mucosa endocervical em direção ao estroma (setas) .......................... 28

Figura 6 – Curva ROC para o modelo logístico multivariado final ......................... 37

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LISTA DE TABELAS

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características demográficas e socioeconômicas de gestantes sintomáticas com bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009 .................................................................................................... 32

Tabela 2 – História obstétrica de mulheres em trabalho de parto pré-termo internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009 ................................................................ 33

Tabela 3 – Análise univariada das características demográficas das gestantes sintomáticas com bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009 ........................................................................................ 34

Tabela 4 – Análise univariada das características obstétricas das gestantes sintomáticas com bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009 ........................................................................................ 35

Tabela 5 – Análise univariada das características do colo uterino ao exame ultrassonográfico transvaginal das gestantes sintomáticas com bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009 .................................................................................................... 35

Tabela 6 – Modelo logístico multivariado final ...................................................... 36

Tabela 7 – Os índices diagnósticos e valores de predição do modelo final e do teste de validação ....................................................................... 37

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

1.1 Objetivos ........................................................................................................ 15

1.1.1 Geral............................................................................................................. 15

1.1.2 Específicos ................................................................................................... 15

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 16

3 PACIENTES E MÉTODOS ................................................................................ 23

3.1 Delineamento do estudo e população estudada ........................................ 23

3.1.1 Critérios de inclusão ..................................................................................... 23

3.1.2 Critérios de não inclusão .............................................................................. 23

3.2 Instrumentos de coleta de dados ................................................................ 24

3.2.1 Entrevista estruturada .................................................................................. 24

3.2.2 Exame ultrassonográfico .............................................................................. 25

3.3 Variáveis estudadas ...................................................................................... 28

3.3.1 Variavéis demográficas, socioeconômicas e obstétricas.............................. 28

3.3.2 Variáveis cervicais uterinas avaliadas por ultrassonografia transvaginal .... 29

3.3.3 Variável de desfecho .................................................................................... 30

3.4 Análise estatística ......................................................................................... 30

3.5 Procedimentos preliminares ........................................................................ 31

4 RESULTADOS ................................................................................................... 32

5 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 38

6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 43

APÊNDICES .......................................................................................................... 52

ANEXOS ............................................................................................................... 56

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Oliveira, Ricardo Villar Barbosa de

Parto pré-termo em mulheres com contrações uterinas e bolsa amniótica integra: modelo preditivo/ Ricardo Villar Barbosa de Oliveira. ___ São Luís, 2010.

57 f. Impresso por computador (fotocópia) Orientadora: Marília da Glória Martins Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal

do Maranhão, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2010. 1. Parto pré-termo 2. Colo uterino. 3. Ultrassonografia transvaginal

I. Título CDU 618.4

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1 INTRODUÇÃO

A prevalência de nascimentos antes de 37 semanas não se modificou ao

longo dos últimos 50 anos, apesar do avanço no conhecimento dos fatores de risco

e dos mecanismos relacionados ao trabalho de parto pré-termo, e da introdução de

políticas públicas e médicas no sentido de reduzi-lo (GOLDENBERG et al.,2008).

A taxa de prematuridade é variável em diferentes países em função das

características populacionais e dos fatores de risco presentes. Na Europa e outros

países desenvolvidos varia de 6-10%. Nos Estados Unidos, elevou-se de 9,5% em

1981 para 12-13% em 2005, contribuindo para uma das maiores taxas em duas

décadas (GOLDENBERG; ROUSE, 1998; ROZENBERG; GILLET; VILLE, 2002;

OWEN, 2003); HAMILTON; MARTIN; VENTURA, 2007; GOLDENBERG et al.,2008).

No Brasil, os nascimentos pré-termo têm se mantido constante nos

últimos anos, com média de 6,6%, variando por região, podendo atingir taxas de até

9% e com tendência à elevação em algumas metrópoles (BRASIL, 2004).

O nascimento pré-termo está associado à aproximadamente 75% da

mortalidade perinatal, a 85% das principais morbidades neonatais e a mais da

metade das morbidades a longo prazo (MCCORMICK,1985; GUYER et al., 1994). A

síndrome do desconforto respiratório ocorre em até 80% dos nascidos entre a 25a e

a 28a semana de gravidez e em 30 a 60% dos que nascem entre a 29a e a 32a

semana (ANDREWS et al.,2000; GIBB et al.,2001). Embora a maioria sobreviva,

apresenta risco aumentado para retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e

complicações respiratórias e gastrointestinais (GOLDENBERG et al.,2008).

Os precursores obstétricos considerados como determinantes da

prematuridade são o nascimento por indicação materna ou fetal, o trabalho de parto

pré-termo com membranas íntegras e a ruptura prematura pré-termo de membranas

(RPPTM). A primeira categoria responde por aproximadamente 25%, a segunda

contribui com 40-45% e a terceira responde por 30-35% dos partos antes de 37

semanas. As duas últimas categorias são responsáveis pela prematuridade

espontânea. (TUCKER et al.,1991; ODIBO et al.,2002; ARIAS; TOMICH,1982;

TUCKER; GOLDENBERG; DAVIS,1991; ODIBO; URAL; MACONES, 2002;

GOLDENBERG et al.,2008). A contribuição de cada grupo para a prematuridade

varia em função da etnia. Em mulheres negras predomina a RPPTM enquanto em

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mulheres brancas o trabalho de parto pré-termo com membranas íntegras é a

categoria mais prevalente (ANANTH; VINTZILEOS, 2006).

Um mecanismo preciso que explique a instalação espontânea do trabalho

de parto pré-termo não pode ser estabelecido na maioria dos casos. Compreende-se

que o processo deva ser interpretado como uma síndrome multifatorial em que

múltiplos mecanismos excitatórios estão envolvidos. Infecção ou inflamação,

isquemia uteroplacentária ou hemorragia, distensão uterina, efeitos hormonais

sistêmicos ou locais, estresse e processos mediados imunologicamente promovem o

incremento de metrossístoles restritas a pequenas áreas do útero com consequente

dilatação e apagamento do colo. (IAMS, 1997; MARTINS, 2001; ROMERO et

al.,2006).

O diagnóstico do trabalho de parto pré-termo se fundamenta na presença

de contrações uterinas persistentes e modificações cervicais, apagamento e/ou

dilatação, avaliadas pelo toque (GONIK; CREASY, 1986). Porém, a correlação

interobservador, a sensibilidade e o valor preditivo positivo desse método são baixos

(HOLCOMB; SMELTZER, 1991; OWEN, 2003). A acurácia desse método só é maior

nos casos mais avançados (MACONES et al., 1999). Em muitos casos, mulheres

com sintomas sugestivos de trabalho de parto pré-termo não evoluirão para um

parto pré-termo (HONEST et al.,2002; LEITICH, 2005).

Para obter sucesso na desafiadora tarefa de identificar corretamente

mulheres com risco aumentado para o parto pré-termo, diferentes estratégias têm

sido amplamente investigadas. Os índices mais animadores foram obtidos com as

características clínicas, os métodos bioquímicos e pela ultrassonografia transvaginal

do colo uterino (LEITICH, 2005; BITTAR; ZUGAIB, 2009).

Vários estudos epidemiológicos demonstraram de forma consistente a

relação entre várias características demográficas, maternas e obstétricas e o risco

de parto pré-termo (LU; GOLDENBERG, 2000; MARTINS et al., 2004), porém

apresentam limitações (CHANDIRAMANI; SHENNAN, 2006). A relação direta entre

os possíveis fatores de risco e o parto pré-termo espontâneo é muitas vezes difícil

de ser estabelecida. A natureza multifatorial, o fato de muitos nascimentos pré-

termos ocorrerem em mulheres sem fatores de risco clínicos e a ausência de um

modelo animal adequado para testar o parto pré-termo não permitem que esses

fatores preditivos sejam utilizados com sucesso para a predição do parto (MERCER,

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1996; GOFFINET, 2005; CHANDIRAMANI; SHENNAN, 2006; BITTAR; ZUGAIB,

2009).

Vários marcadores bioquímicos já foram estudados, dentre eles a

fibronectina fetal e a prolactina nas secreções cervicovaginais e as interleucinas 6 e

8 no soro materno. A maioria dos estudos avaliou a utilidade da dosagem da

fibronectina nas secreções cervicovaginais com melhores índices diagnósticos e

valores preditivos, tanto em gestantes assintomáticas como sintomáticas.

Comparada a outros marcadores bioquímicos, demonstrou sensibilidade e valor

preditivo melhores para a predição do parto pré-termo (IAMS et al.,1995;

PEACEMAN et al.,1997; LU; GOLDENBERG, 2000;LOCKWOOD, 2001; ODIBO;

URAL; MACONES,2002; LEITICH, 2005; BITTAR; ZUGAIB,2009).

Em gestantes sintomáticas, o principal benefício do teste da fibronectina

é evitar internações e intervenções desnecessárias, em função do seu elevado valor

preditivo negativo. Por outro lado, o valor preditivo positivo é baixo, inferior a 50%. E

mediante a incerteza e adotando-se o princípio do tratamento para todos,

recomenda-se internação, corticoterapia antenatal e tocólise (BITTAR; ZUGAIB,

2009).

Em função das limitações da avaliação do colo uterino pelo toque e, pelo

fato, de exames seriados não reduzirem a taxa de nascimentos pré-termos, a

visibilização das modificações do colo uterino pela ultrassonografia transvaginal vem

ganhando importância nos últimos anos como indicador de risco para a

prematuridade espontânea, embora seja incapaz de avaliar o amolecimento, a

posição e a distensibilidade do canal endocervical (ANDERSEN et al., 1990; IAMS et

al., 1991; OKITSU et al., 1992; RAGETH et al., 1997; IAMS et al., 1996;

BERGHELLA et al., 1997; HOESLI et al.,2003; OWEN,2003).

Existe uma correlação inversa entre o comprimento cervical

ultrassonográfico e a ocorrência de parto pré-termo (HOESLI et al.,2003). Nas

gestantes sintomáticas, em função de seu alto valor preditivo negativo contribui para

minimizar possíveis internações (IAMS et al., 1996; IAMS et al., 1997; HOESLI et

al.,2003).

Um ponto de corte abaixo do qual o risco de parto pré-termo torna-se

significativo permanece indefinido, variando em diferentes estudos. Os critérios que

definem resultados anormais são controversos. Diferentes pontos de cortes foram

encontrados e vários critérios foram usados para definir dilatação do orifício interno

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nos mais diferentes estudos. Limiares entre 18 mm e 30 mm já foram relatados com

sensibilidade e especificidade alcançando valores entre 68% e 100% e entre 44% e

97%, respectivamente (LEITICH et al.;1999;HONEST et al., 2003).

Em função da ausência de um método diagnóstico acurado decorrente da

complexa natureza etiológica do trabalho de parto pré-termo, assume importância a

estratégia de tratar todos, correndo o risco de usar agentes tocolíticos com seus

conhecidos efeitos colaterais, para prolongar o trabalho de parto pré-termo em

mulheres que poderão não evoluir para o parto pré-termo (CHANDIRAMANI;

SHENNAN, 2006).

Alguns estudos já demonstraram que o manejo de determinadas afecções

pode ser melhorado quando se combinam testes diagnósticos e modelos

estatísticos. Esses modelos podem utilizar uma base de dados epidemiológicos e

clínicos, podendo estimar um diagnóstico ou prognóstico, auxiliando na tomada de

decisão mais apropriada em uma determinada situação clínica (SANTOS 2003).

Um dos modelos estatísticos que vem sendo utilizado como ferramenta

de apoio ao diagnóstico médico é o modelo de regressão logística, bastante utilizado

para identificar os fatores de risco relacionados ao desfecho de interesse

(KLEINBAUM, 1994). Também conhecido como modelo logístico, estabelece uma

relação entre a probabilidade de ocorrência dos resultados de uma variável resposta

binária (desfecho dicotômico) e variável explicativa categórica ou contínua (TU,

1996; HIN; ROGERS; CHANG,1997; DINIZ, 2000).

Para Berghela et al. (2009) até o momento não existe evidência suficiente

para o rastreamento rotineiro em gestantes sintomáticas ou assintomáticas pelo

comprimento cervical ultrassonográfico. Entretanto, embora não havendo uma

associação significativa entre o comprimento cervical ultrassonográfico e a baixa

incidência de nascimento pré-termo em mulheres sintomáticas, novos estudos

devem ser realizados no sentido de definir um protocolo para o manejo dessas

mulheres baseado nos resultados do comprimento cervical ultrassonográfico, que

seja de fácil execução e reprodutível.

Dentro desse contexto, pretende-se desenvolver um modelo preditivo

baseado em dados clínicos e ultrassonográficos capaz de identificar a gestante

sintomática com bolsa íntegra com maior probabilidade de evoluir para o parto pré-

termo a fim de que sirva como instrumento adjuvante à tomada de decisão clínica.

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1.1 Objetivos

1.1.1 Geral

• Propor um modelo preditivo para apoiar a tomada de decisão relativa

ao manejo de gestantes sintomáticas com bolsa íntegra, usando dados

clínicos e ultrassonográficos.

1.1.2 Específicos

• Identificar fatores relacionados à ocorrência de parto pré-termo na

amostra estudada;

• Mensurar a acurácia e valores preditivos do modelo logístico proposto

para a predição do parto.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

As primeiras tentativas de predizer o parto pré-termo foram realizadas por

Papiernik e Kaminski (1974) e Creasy et al.(1980), através de um sistema de escore

em que fatores socioeconômicos, história obstétrica, hábitos de vida e evolução da

gestação atual eram analisadas e classificavam a gestante em baixo, médio e alto

risco para prematuridade. Porém, a sensibilidade e valor preditivo positivo foram

baixos nos dois estudos.

Na tentativa de determinar se a prematuridade “espontânea” era

antecipada por mudanças cervicais, Papiernik et al. (1986) verificaram a presença

ou ausência de contrações uterinas e realizaram exames de toque vaginal, para

aferir subjetivamente o comprimento, a dilatação do orifício interno do colo e a

expansão do segmento inferior. Concluíram que as mudanças cervicais que

habitualmente precedem o parto a termo ocorrem de maneira semelhante em muitos

casos de parto pré-termo.

Vários estudos epidemiológicos demonstraram de forma consistente a

relação entre várias características demográficas, maternas e obstétricas e o risco

de parto pré-termo. Um dos maiores deles revelou que, em nulíparas, os indicadores

de risco mais relacionados ao parto pré-termo foram o índice de massa corpórea

baixo, o baixo nível socioeconômico e a raça negra. Nas multíparas, observou-se

forte associação com história de parto pré-termo anterior (MERCER, 1996). Após um

parto prematuro espontâneo, o risco de repetição varia de 14 a 22%; é de 28 a 42%

após dois partos prematuros; e de 67% após três partos prematuros (MCMANEMY

et al., 2007).

Dentre os marcadores bioquímicos já estudados, a dosagem da

fibronectina nas secreções cervicovaginais apresentou melhores índices

diagnósticos e valores preditivos tanto em gestantes assintomáticas como

sintomáticas para a predição do parto pré-termo (IAMS et al.,1995; PEACEMAN et

al.,1997; LU; GOLDENBERG, 2000; LOCKWOOD, 2001; ODIBO; URAL;

MACONES,2002; LEITICH, 2005; BITTAR; ZUGAIB, 2009).

Em revisão sistemática, avaliando o teste da fibronectina para predizer o

parto dentro de uma semana em mulheres sintomáticas, Leitich et al. (1999)

identificaram sensibilidade e especificidade médias de 77% (IC 67–88%) e 87% (IC

84–91%), respectivamente. Em função do seu elevado valor preditivo negativo, o

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principal benefício do teste é evitar internações e intervenções desnecessárias. Por

outro lado, o valor preditivo positivo é mais baixo, inferior a 50%, ou seja, a

probabilidade de parto pré-termo em mulheres com teste positivo é baixa.

O trabalho de parto pré-termo é reconhecido classicamente pela presença

de contrações uterinas persistentes e modificações no colo, como amolecimento,

apagamento e dilatação, por meio de toque vaginal (GONIK; CREASY, 1986). Além

da subjetividade, essa aferição é dificultada pela mudança de posição do colo

durante a gravidez (MICHAELS et al.,1986). A sensibilidade, o valor preditivo

positivo e o coeficiente interobservador do método são baixos (HOLCOMB;

SMELTZER, 1991; OWEN, 2003). Sua acurácia só é maior em estágios mais

avançados quando as medidas preventivas terciárias não surtem o efeito esperado

(MACONES et al., 1999).

Além do toque vaginal e dos métodos bioquímicos, a visibilização direta

do colo uterino é possível pelo exame ultrassonográfico transvaginal. As imagens

ultrassonográficas proporcionaram compreensão do comportamento cervical,

permitiram maior reprodutibilidade e elevaram a acurácia, especialmente no estudo

do segmento inferior uterino (ANDERSEN et al., 1990; IAMS et al., 1994; IAMS,

1997).

Os primeiros estudos ultrassonográficos do colo uterino foram realizados

pela técnica transabdominal (SARTI et al.,1979). Estudos seguintes enfatizaram a

limitação dessa via em função da necessidade de repleção vesical para obtenção de

imagem adequada do colo. Um conteúdo vesical entre 250 a 750 mililitros exerceria

pressão sobre o segmento inferior e o colo, causando alongamento, com

superestimação do comprimento e mascarando uma possível abertura já existente

do orifício interno, além de determinar deslocamento e/ou rotação do útero grávido

(BERNSTINE et al., 1981; BROOK et al., 1981; VAALAMO; KIVIKOSKI, 1983). Outra

importante limitação desta técnica é a angulação do transdutor e a pressão manual

exercida sobre o mesmo, que é transmitida ao colo, e distorcem as imagens

ultrassonográficas (CONFINO et al., 1986).

O advento de transdutores endocavitários permitiu uma avaliação mais

detalhada do colo e padronização técnica, além de esclarecer aspectos biométricos,

morfológicos e dinâmicos do colo na gestação (BROWN et al.,1986; KUSHNIR et al.,

1990; ANDERSEN et al., 1990; IAMS et al., 1991; OKITSU et al., 1992; RAGETH et

al., 1997; BERGHELLA et al., 1997).

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Andersen et al. (1990) descreveram importantes aspectos técnicos do

exame ultrassonográfico transvaginal, contribuindo para sua padronização. Em seu

estudo sugeriram que a avaliação do colo deveria ser realizada em posição supina

com o quadril abduzido após esvaziamento vesical. O transdutor deveria ser

colocado na vagina, após recobrimento com preservativo estéril não lubrificado, num

plano sagital ao longo do comprimento do canal cervical, orientado habitualmente

em ângulo de aproximadamente 45 graus.

Ao exame ultrassonográfico, o colo tem aspecto de uma estrutura de

tecido mole de comprimento e espessura variáveis. O canal endocervical é

representado por uma linha ecogênica, devido ao muco presente nessa topografia.

As glândulas endocervicais que circundam o canal endocervical apresentam textura

predominantemente sólida hipoecóica. O comprimento cervical representa a

distância entre os orifícios interno e o externo. O primeiro se apresenta com uma

incisura em “V” no ponto em que o canal cervical encontra o canal amniótico,

enquanto o segundo tem aspecto de uma área triangular ecogênica (ANDERSEN et

al., 1990).

Kushnir et al. (1990) estabeleceram as primeiras faixas de normalidade

para o comprimento do colo ao longo da gestação, após avaliarem uma amostra de

166 gestantes, das quais 50 primigestas e 116 multigestas sem intercorrências

médicas, dividindo-as em cinco grupos em função da idade gestacional no momento

do exame. Observaram que o colo atingiu seu maior comprimento entre 20 e 25

semanas com média de 48 mm.

Iams et al. (1996), em estudo multicêntrico com 2915 mulheres, avaliadas

entre 24 e 28 semanas, demonstraram a associação entre o progressivo

encurtamento do comprimento cervical e o aumento do risco relativo para parto pré-

termo. A partir de seus resultados modificaram o conceito de variável categórica

dicotômica, competente ou incompetente, ao sugerirem que a função cervical é uma

variável contínua, ativa em gestações sucessivas, que pode ser diretamente

mensurada pela duração da gestação e indiretamente pelo comprimento do colo.

Diversos estudos confirmaram a associação entre o encurtamento cervical

e o risco aumentado de parto pré-termo na população considerada de alto risco, com

história prévia de abortamento tardio ou parto pré-termo, elegendo como período

adequado para a aferição do comprimento cervical entre 16 a 24 semanas e 25 mm

como ponto de corte mais apropriado, com alto valor preditivo negativo para parto

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pré-termo (GUZMAN et al., 1999; BERGHELLA et al., 1999; GUZMAN et al., 2001;

ODIBO et al., 2001).

Zilianti et al. (1995) descreveram o sinal do afunilamento utilizando a

técnica transperineal. Observaram que a relação do segmento inferior uterino com o

eixo longitudinal do canal cervical se modifica dinamicamente à proporção que o

apagamento vai se estabelecendo ao longo de semanas, assumindo formato das

letras “T”, “Y,” “V” e “U”. A relação em formato de letra “T” demonstra ausência de

abertura, enquanto as demais traduzem, em diferentes graus, um orifício interno

aberto, com aparência de “funil”, cuja detecção não requer necessariamente a

presença de contração uterina.

Goldenberg et al. (1996) relataram que o valor clínico do sinal do

afunilamento para a predição do parto pré-termo era similar ao comprimento cervical,

com a desvantagem da subjetividade entre inter e intra-observadores. E sua entrada

num modelo preditivo multivariado, através regressão logística, não melhorou o

modelo. Embora estejam associados significativamente ao parto pré-termo, os dois

parâmetros são altamente correlacionados, e sua entrada simultânea num modelo

de regressão logística é inapropriada (TO et al.,2001; GUZMAN et al.,2001; ODIBO

et al., 2001).

Sekiya et al. (1998) descreveram pela primeira vez na literatura a

identificação ultrassonográfica da área de glândulas endocervicais, provavelmente

correspondente à região glandular histológica. Encontraram taxa de detecção da

área de glândulas endocervicais de 100% até 27 semanas, 93% entre 28 e 31

semanas. Após 32 semanas, houve diminuição significativa na sua identificação

ultrassonográfica, 70,2% entre 32 e 35 semanas, 56,7% entre 36 e 39 semanas,

16,7% a partir de 40 semanas, com média geral de 80% de detecção. Na ausência

de visibilização ultrassonográfica da área de glândulas endocervicais havia

significativo encurtamento e elevado índice de maturação cervical. A ausência ou

não identificação ultrassonográfica dessa área traduziria o amadurecimento cervical

ao coincidir com a aferição clínica dessa característica, denotando a proximidade do

parto. Ficou demonstrado seu valor preditivo em gestantes sintomáticas, nas quais a

ausência de sinal morfológico é importante indicador de risco de parto pré-termo

(SEKIYA et al., 1998, FUKAMI et al., 2003; YOSHIMATSU et al., 2002).

Pires et al. (2004) denominaram essa característica em nosso meio como

sinal do eco glandular endocervical (EGE). Na ocasião, avaliaram incluindo 361

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gestantes da população geral entre 21 e 24 semanas e confirmaram a forte

associação entre a não identificação do sinal do eco glandular endocervical e o

encurtamento cervical. Demonstraram tratar-se de parâmetro útil para a predição do

parto pré-termo espontâneo em gestantes assintomáticas da população geral,

quando associado a comprimento de colo inferior a 20mm.

Nas pacientes sintomáticas, apresentando-se com contrações uterinas

persistentes acompanhadas de mudanças cervicais, a ultrassonografia transvaginal,

ao produzir imagens consistentes do colo em mais de 95% das pacientes, melhorou

a acurácia diagnóstica quando comparada com o toque vaginal utilizado

isoladamente (MURAKAWA et al., 1993; GOMEZ et al., 1994; IAMS et al., 1994;

TIMOR-TRITSCH et al., 1996; CRANE et al., 1997).

Murakawa et al. (1993), em estudo prospectivo, avaliaram 32 pacientes

com idade gestacional entre 25 e 35 semanas, admitidas com sinais e sintomas de

trabalho de parto pré-termo. O comprimento foi a única variável cervical preditiva

aferida. A incidência de parto pré-termo (< 37 semanas) foi de 52,38%. Assumindo

diferentes pontos de corte, 20, 25, 30 e 35 mm, estabeleceram valores preditivos

positivos (VPP) e negativos (VPN). Alcançaram VPP de 100% para um comprimento

cervical inferior a 20 mm e VPN de 100% foi obtido com comprimento cervical igual

ou superior a 30 mm. A sensibilidade do comprimento cervical inferior a 30 mm foi

100% e a especificidade de 71,4%.

Iams et al. (1994), em estudo prospectivo de uma população mista, 48

gestações únicas e 12 gemelares com membranas íntegras, entre 24 e 34 semanas,

após completar um curso de tocólise, realizaram um único exame ultrassonográfico

transvaginal para avaliar o colo. A variável cervical estudada foi o comprimento. O

desfecho estudado foi parto pré-termo antes de 36 semanas. Definiram um

comprimento cervical de 30 mm como melhor valor que combinava sensibilidade de

100% e VPN de 100%. Entretanto a especificidade foi de 44% e o VPP de 55%.

Desta forma, gestantes sintomáticas com comprimento cervical igual ou maior que

30 mm apresentariam baixa probabilidade de parto pré-termo.

Rizzo et al. (1996) destacaram que a avaliação ultrassonográfica isolada

melhora a predição diagnóstica do parto pré-termo ao avaliarem 108 mulheres

admitidas por trabalho de parto pré-termo com membranas íntegras, com idade

gestacional entre 24 e 36 semanas, realizando exame ultrassonográfico transvaginal

na admissão. Obtiveram 47 (43,5%) nascimentos antes de 37 semanas. Adotando

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20mm como ponto de corte, obtiveram sensibilidade de 68,09%, especificidade de

78,69%, valor preditivo positivo de 71,11% e valor preditivo negativo de 76,19%.

Timor-Tritsch et al. (1996) avaliaram prospectivamente 70 gestantes

sintomáticas, com idade gestacional entre 20 e 35 semanas. O parto pré-termo

ocorreu em 37,25% das mulheres, das quais 54% manifestaram afunilamento.

Concluíram que a presença do sinal do afunilamento e do encurtamento cervical,

isolados ou associados, foram fatores preditivos de TPP, após análise univariada e

multivariada, através de regressão logística. O uso do afunilamento como teste

diagnóstico para a predição do parto pré-termo apresentou sensibilidade de 100%,

especificidade de 74,5%, valor preditivo positivo de 59,4% e valor preditivo negativo

de 100%.

Cetin e Cetin (1997) em estudo prospectivo realizado com 65 mulheres

submetidas à tocólise, cujo exame ultrassonográfico foi realizado antes do toque

vaginal, destacaram a importante contribuição do comprimento cervical igual ou

inferior a 30mm como passo essencial no manejo de mulheres com contrações

persistentes e modificações cervicais ao toque vaginal.

Crane et al. (1997) compararam acurácia da ultrassonografia transvaginal

em relação ao toque vaginal em amostra mista de 162 mulheres, 136 gestações

únicas e 26 gemelares, entre 23 e 33 semanas, admitidas com suspeita clínica de

trabalho de parto pré-termo. O valor de 30mm para o comprimento cervical

combinou sensibilidade de 79%, especificidade de 61%, predição positiva de 50% e

predição negativa de 86%.

Vendittelli et al. (2001), avaliando amostra mista, estudaram 200 mulheres

com gravidezes únicas e gemelares, entre 18 e 36 semanas, em estudo prospectivo

do tipo coorte. Um único exame ultrassonográfico transvaginal foi realizado no

segundo ou terceiro dia de internação. A incidência de parto pré-termo na amostra

com gestação única foi de 50,90%. Empregando o valor de 30mm como ponto de

corte para o comprimento cervical, observaram que 63,50% (127/200) apresentaram

medida de comprimento inferior àquele limiar, das quais 53,54% evoluíram para

parto pré-termo. Nas gestantes com medida do comprimento cervical igual ou

superior a 30mm (73/200), a incidência de recém-nascidos prematuros foi de

17,18%, sendo essa diferença estatisticamente significativa (p<0,0001). A

sensibilidade foi de 83%, a especificidade de 50%, o valor preditivo positivo de 54%

e o valor preditivo negativo de 54%.

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Tsoi et al. (2003), Fuchs et al. (2004) e Tsoi et al. (2004), em estudo

observacional e prospectivo, em 532 mulheres com contrações uterinas regulares

entre 24 e 36 semanas, verificaram ocorrência do parto dentro de uma semana em

49% daquelas com comprimento cervical inferior a 15 mm e em 1,2% daquelas com

comprimento cervical igual ou superior a 15 mm. Após análise de regressão

logística, o único parâmetro a contribuir de forma significativa para a predição do

parto em uma semana foi a variável comprimento cervical (p<0.0001). Concluíram

que a medida do comprimento cervical ultrassonográfico minimiza a superestimação

diagnóstica observada na prática diária quando se leva em consideração somente o

toque vaginal.

Tsoi et al. (2005) ampliaram a amostra de seus estudos prévios em 84

novos casos, totalizando amostra de 510 mulheres e avaliaram a ocorrência de parto

dentro de 48 horas e dentro de 7 dias após a admissão e ocorrência de parto pré-

termo (<35 semanas). O parto dentro de 48 horas ocorreu em 4,1% da amostra,

dentro de 7 dias em 8,4% e em 14,9% antes de 35 semanas. Após análise de

regressão logística, o comprimento cervical foi único fator preditivo significativo.

Hincz et al. (2002) e Schimitz et al. (2006) propuseram que a

ultrassonografia transvaginal do colo deveria ser utilizada como método de

rastreamento para selecionar mulheres que, na sequencia, deveriam ser submetidas

ao teste da fibronectina. No estudo de Ness et al. (2007), ambos os testes tiveram o

mesmo valor preditivo negativo, mas o comprimento cervical ultrassonográfico

inferior a 20mm foi o único indicador significativo de parto pré-termo.

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3 PACIENTES E MÉTODOS

3.1 Delineamento do estudo e população estudada

Foi realizado estudo observacional, prospectivo, do tipo coorte com

mulheres internadas para tratamento especializado na Clínica Obstétrica do Serviço

de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do

Maranhão no período de agosto de 2005 a agosto de 2009.

As pacientes admitidas por apresentarem sintomas e sinais clínicos de

trabalho de parto pré-termo que preencheram os critérios de inclusão entraram na

coorte após completarem, no mínimo, o primeiro ciclo de tocólise endovenosa.

3.1.1 Critérios de inclusão

• Gestantes entre 22-34 semanas;

• Gestação única;

• Concepto vivo;

• Sinais e sintomas de trabalho de parto pré-termo.

3.1.2 Critérios de não inclusão

• Dilatação cervical igual ou superior a 3 cm ao toque;

• Parto ocorrido nas primeiras 48 horas de hospitalização;

• Gemelidade;

• Sangramentos vaginais;

• Ruptura prematura pré-termo de membranas;

• Polidramnia;

• Malformação congênita fetal;

• Anomalia mülleriana uterina;

• Circlagem prévia;

• Corioamnionite clínica;

• Restrição de crescimento intra-uterino.

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Trabalho de parto pré-termo foi definido pela verificação de contrações

uterinas regulares de ao menos duas contrações em período de 10 minutos

concomitante a alterações plásticas do colo uterino em mulheres com bolsa íntegra

(OH; MERENSTEIN, 1997).

3.2 Instrumentos de coleta de dados

3.2.1 Entrevista estruturada

As gestantes selecionadas foram orientadas a respeito dos objetivos do

estudo. Durante breve explanação, enfatizou-se a importância da participação de

cada gestante, além de informá-las sobre os procedimentos habituais para a

realização da pesquisa. Após concordarem em participar, assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido, e foram submetidas à entrevista estruturada

(Apêndice A) com questões abertas e fechadas, acerca de informações sobre

aspectos socioeconômicos, culturais e clínicos, incluindo história obstétrica

pregressa e atual.

Questões com o objetivo de avaliar a condição sócio-econômica e cultural

das pacientes incluíram o nível de escolaridade, a renda familiar e jornada de

trabalho.

A escolaridade materna foi avaliada segundo as diretrizes curriculares do

Conselho Nacional de Educação (CNE), instituídas pela lei de nº 9131 de 24 de

Novembro de 1995. Segundo essas diretrizes, o ensino fica dividido em duas

câmaras: a de ensino básico e de ensino superior. A câmara de ensino básico

compreende a Educação infantil, o Ensino Fundamental, a Educação Especial e o

Ensino Médio e Tecnológico e, a câmara de ensino superior, o Ensino Superior.

Para fins de comparação com outros estudos, convertemos os parâmetros

curriculares atualmente aceitos para número de anos estudados correspondendo,

deste modo, da educação infantil ao ensino fundamental e 1º a 8º série, um total de

11 anos de educação formal.

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3.2.2 Exame ultrassonográfico

O exame ultrassonográfico foi realizado após a entrevista. A biometria, a

morfologia e a vitalidade fetais foram avaliadas via abdominal. A idade gestacional

foi determinada pela história menstrual, análise de ultrassonografias anteriores

disponíveis, preferencialmente, pela medida do comprimento cabeça-nádega no

primeiro trimestre, e pela biometria corrente. Se houvesse discrepância superior a 10

dias, a idade gestacional ultrassonográfica era anotada.

O colo uterino foi avaliado em um único exame ultrassonográfico

transvaginal, em média 48 horas após a admissão da gestante na enfermaria de alto

risco. Desta forma, buscou-se excluir intencionalmente as gestantes em avançado

trabalho de parto. Os exames foram arquivados em mídia eletrônica para fins de

revisão.

Os exames foram realizados com equipamentos de ultrassonografia

colorido da marca General Eletric modelo Logic 400 Pro e Voluson 730, equipados

com três transdutores multifrequenciais e volumétricos disponíveis na Clínica de

Imagem do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário.

O estudo ultrassonográfico do colo foi realizado via vaginal, após

completo esvaziamento vesical. A paciente era colocada em posição ginecológica,

em decúbito dorsal, com as pernas abduzidas. O transdutor recoberto por

preservativo estéril não lubrificado era introduzido lenta e cuidadosamente até o

fórnice vaginal anterior e mantido no terço externo do canal vaginal, tomando-se o

cuidado necessário para não exercer pressão para alongá-lo. Com magnificação de

75% era obtido um corte sagital do colo, com mucosa endocervical bem evidenciada

ao longo do canal cervical limitada pelos orifícios externo e interno (ANDERSEN,

1990; SONEK et al.; 1990; IAMS et al.; 1996; TO et al.; 2000; TO et al.; 2001;

VAYSSIÈRE et al.; 2002).

Caso o orifício interno estivesse fechado, a medida linear do comprimento

era efetuada desde a área triangular do orifício interno até a incisura em forma de

“V” do orifício externo (Figura 1).

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Figura 1 – Identificação dos orifícios do colo na ultrassonografia

transvaginal. (>) orifício interno do colo e (<) orifício externo do colo

Quando o orifício interno se encontrava aberto, com afunilamento

presente, a porção ocluída era mensurada, com o ápice do funil sendo considerado

o início da porção que permanecia fechada e o final, o orifício externo (Figuras 2 e

3), tomando-se o cuidado para não incluir as paredes vaginais (Figura 4).

Figura 2 – Em caso de afunilamento, medir o colo funcional, porção que

permanece ocluída

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Figura 3 – Orifício interno aberto, com sinal do afunilamento presente. A

porção ocluída deve ser mensurada, com o ápice do funil sendo considerado o início da porção que permanece fechada e o final, o orifício externo do colo.

Figura 4 – Medida do colo funcional, tomando-se o cuidado para não

incluir as paredes vaginais (→)

Foram realizadas três medidas, na ausência de mudança cervical

dinâmica, sendo a menor das medidas do comprimento registrada em milímetros.

Caso fosse verificada presença de mudança dinâmica durante o exame, três outras

medidas eram realizadas após sua cessação, com a menor medida aferida anotada.

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(ANDERSEN, 1990; SONEK et al.; 1990; IAMS et al.; 1996; TO et al.; 2000; TO et

al.; 2001; VAYSSIÈRE et al.; 2002).

Em seguida, a área de glândulas endocervicais ou sinal do eco glandular

endocervical, definido como área de textura sólida isoecóica ou hipoecóica, que

circunda o canal endocervical, foi observado a fim de identificar sua presença ou

ausência (Figura 5).

Figura 5 – Área de glândulas endocervicais ou eco glandular

endocervical que corresponde à invaginação das criptas da mucosa endocervical em direção ao estroma (setas)

O tempo de duração do estudo ultrassonográfico cervical foi de 5 a 7

minutos.

3.3 Variáveis estudadas

3.3.1 Variavéis demográficas, socioeconômicas e obstétricas

Os dados demográficos constam de nome, idade, cor da pele e

procedência. A idade foi registrada em anos de vida. A escolha da variável “cor da

pele” ao invés da variável “raça” se deu em função das dificuldades em se definir

visualmente a última em nossa região, caracterizada por uma forte miscigenação

(ALCHORNE, 2008).

A escolaridade materna foi avaliada segundo o grau de instrução em:

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nenhum, primeiro grau completo e primeiro grau incompleto, que correspondem a

cerca de oito anos de estudo formal, segundo grau incompleto e segundo grau

completo, que correspondem a cerca de 11 a 14 anos de educação formal e terceiro

grau incompleto e terceiro grau completo, que correspondem a mais de 14 anos de

estudo formal, segundo as diretrizes curriculares do Conselho Nacional de Educação

(CNE), instituídas pela lei de nº 9131 de 24 de Novembro de 1995.

Para avaliar a variável renda familiar, considerou-se o número de salários

mínimos com base no salário vigente à época da inclusão que esteve entre

R$ 300,00 a R$ 465,00.

A jornada de trabalho foi categorizada no número de horas trabalhas

diariamente em 4, 6, 12 ou 14 horas e caso realizasse trabalho doméstico, se tinha

ou não ajuda.

Na avaliação clínica foram anotados os dados referentes a data da última

menstruação, número de gestações, número de partos a termo, número de partos

pré-termos, número de abortos tardios. Os dados referentes a idade gestacional na

primeira ultrassonografia da gestação atual também foram registrados.

3.3.2 Variáveis cervicais uterinas avaliadas por ultrassonografia transvaginal

Foram avaliados o comprimento cervical, em mm, de natureza quantitativa

e, o eco glandular cervical, variável qualitativa dicotômica.

O comprimento do colo uterino foi definido como a distância linear entre

os orifícios interno e externo. Em caso de abertura do orifício interno superior a 5

mm, o comprimento do colo funcional, definido como distância da porção ocluída

residual, era mensurado, sem manobra de compressão fúndica ou suprapúbica. O

ponto de corte do comprimento cervical utilizado foi de 20 mm baseado em estudo

prévio realizado no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da

Universidade Federal do Maranhão (RIOS, 2006).

O EGE foi dicotomizado em presente quando visibilizado, ou ausente

quando não visibilizado.

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3.3.3 Variável de desfecho

O desfecho estudado foi a idade gestacional por ocasião do parto. Em

função da maior morbidade observada com a idade gestacional inferior a 35

semanas (MERCER, 2003), e para facilitar a comparação com outros estudos que

também utilizaram esse limiar (GOMEZ et al.,1994; LEITICH et al.,1999; TSOI et

al.,2005; SCHMITZ et al.,2006), o desfecho foi categorizado em parto ocorrido antes

de 35 semanas, e parto com idade gestacional igual ou superior a 35 semanas.

3.4 Análise estatística

Para a análise estatística foi utilizado o programa STATA 10.0, adotando-

se um nível de significância de 5%.

Procedeu-se realização de estatística descritiva, apresentada na forma

de tabelas de freqüência, objetivando caracterizar a amostra estudada.

Inicialmente, para identificar quais os fatores estudados estavam

associados ao parto pré-termo foi utilizado o modelo de regressão logística

univariado (HOSMER; LEMESHOW, 1998), cuja variável de interesse foi definida da

seguinte forma:

=termo-pré parto de ocorrência sem0

termo-pré parto de ocorrência1

,

,yi

Seja πi = P(yi =1), com 0< πi <1, a probabilidade da gestante i ter parto

pré-termo. Assim, assumindo que as gestantes são independentes, é natural

modelar yi por uma distribuição de Bernoulli com probabilidade πi (FELLER, 1976).

Assim, a probabilidade πi da gestante i ter parto pré-termo está

relacionada com as variáveis explicativas xi1, xi2 ,..., xip através do seguinte modelo

logístico (HOSMER; LEMESHOW, 1998):

pxx

pii

i βββπ

π +++=−

...101

log , (2)

sendo β 0, β 1

,..., β p parâmetros desconhecidos, devendo, assim, serem estimados.

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31

O modelo foi gerado com a manutenção das variáveis com p-valor menor

que 20% na análise univariada e acrescentando variáveis com importância clínica.

Um valor mais liberal de significância foi utilizado para selecionar as variáveis para o

Modelo de Regressão Logística Multivariado (RLM) pela possibilidade de algumas

variáveis preditivas relacionarem-se ao desfecho de forma indireta, através de

correlações com outras variáveis. Algumas variáveis também podem apresentar

uma associação fraca com o desfecho, e o conjunto delas pode possuir um poder

preditivo significativo.

Foram desenvolvidos vários modelos de regressão multivariados,

esperando-se, assim, obter-se uma modelagem parcimoniosa e com boa

generalização.

Uma vez escolhido o modelo final de regressão logística múltipla, utilizou-

se a técnica de bootstrap com 2.000 replicações para validar o modelo (KOHAVI,

1995). Para isto, ajustou-se o modelo em cada amostra bootstrap com o mesmo

número de variáveis. Uma amostra bootstrap é obtida reamostrando-se

aleatoriamente n vezes com reposição as observações da amostra original obtendo-

se 2.000 replicações.

Após a validação do modelo foram calculados a sensibilidade, a

especificidade e a acurácia (número de observações corretamente classificadas),

bem como a curva ROC (Receive Operation Curve), para avaliar a área sob a curva

ROC que corresponde à capacidade preditiva ou poder discriminatório do modelo

(KOHAVI, 1995).

3.5 Aspectos éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão (Anexo B).

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32

4 RESULTADOS

Neste estudo foram incluídas 82 gestantes com contrações uterinas

persistentes e bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de

Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do

Maranhão.

A amostra final foi composta de 70 gestantes, pois 12 mulheres foram

perdidas no seguimento. Quatro não retornaram para parir, outra gestante relatou,

após uma semana de internação, que havia feito uso de medicação abortiva e duas

não pariram até a finalização da coleta de dados.

As características demográficas e socioeconômicas da amostra estudada

são apresentadas na tabela 1.

Tabela 1 – Características demográficas e socioeconômicas de gestantes

sintomáticas com bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009

Variável f %

Cor

Parda 49 70,00

Branca 13 18,57

Preta 8 11,43

Idade (anos)

< 20 23 32,86

20 – 30 37 52,86

> 30 10 14,29

Situação conjugal

Com companheiro 52 74,29

Sem companheiro 18 25,71

Escolaridade

1º grau incompleto 14 20,00

1º grau completo 9 12,86

2º grau incompleto 21 30,00

2º grau completo 22 31,43

3º grau incompleto 4 5,71

Renda familiar (s. mínimos)

< 1 18 25,71

1 a 2 37 52,86

3 a 4 12 17,14

> 5 3 4,29

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33

Observou-se predominância de mulheres pardas (49 [70,00%]), com

idade entre 20 e 30 anos (37 [52,86%]), morando com companheiro (52 [74,29%]),

com escolaridade correspondendo ao nível de ensino médio (43 [61,43%]),

totalizando um período de 11 a 14 anos de educação formal, e situação econômica

precária (55 [78,57%]), com renda familiar de até 2 salários mínimos.

A tabela 2 apresenta a história obstétrica das gestantes complicadas por

trabalho de parto pré-termo.

Tabela 2 – História obstétrica de mulheres em trabalho de parto pré-termo internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009

Variável f %

Idade gestacional na admissão (semanas)

< 27 50 71,4

27 – 30 4 5,7

31 – 34 16 22,8 Idade gestacional no parto (semanas)

< 35 23 32,8

≥ 35 47 67,1 Partos pré -termos anteriores

Nenhum 56 80,0

1 8 11,4

2 4 5,7

≥ 3 2 2,8

Paridade

Nulípara 14 20,0

Um ou mais partos 56 80,0

Na internação hospitalar predominaram mulheres com menos de 27

semanas de gestação (50 [71,4%]) com um ou mais partos anteriores (56 [80,0%]),

sem história de parto pré-termo anterior (56 [80,0%]).

Quando se considerou a idade gestacional ao nascer, pré-termo ou a

termo, não se observaram diferenças significativas entre os aspectos clínicos de

cada grupo. Significância estatística foi observada na idade gestacional por ocasião

do parto, já esperada em decorrência do desfecho.

Como dados clínicos foram consideradas as seguintes variáveis

preditivas: idade, cor da pele, grau de escolaridade e renda família, além da idade

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34

gestacional no momento do exame de ultrassonografia do colo uterino, paridade e

números de parto pré-termo. Os parâmetros ultrassonográficos do colo uterino

aferidos foram o comprimento e o eco glandular endocervical.

Com relação às características socioeconômicas e demográficas, o grau

de instrução foi a variável independente relacionada ao parto pré-termo com

significância estatística: primeiro grau completo (IC 95%=0,00-0,96) e segundo grau

completo (IC 95%=0,05-0,94).

Tabela 3 – Análise univariada das características demográficas das gestantes sintomáticas com bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009

Parto < 35sem. Parto ≥ 35sem.

Variáveis agrupadas N % N % p

Idade (anos)

< 20 7 30,43 16 69,57 -

20 – 30 11 29,73 26 70,27 0,95

> 30 5 50,00 5 50,00 0,28

Cor

Parda 17 34,69 32 65,31 - Branca 4 30,77 9 69,23 0,79 Preta 2 25,00 6 75,00 0,59

Grau de instru ção

Sem instrução 0 0 0 0

1° grau incompleto 1 11,11 8 88,89 - 1° grau completo 5 22,73 17 77,27 0,04 2° grau incompleto 1 25,00 3 75,00 0,27 2° grau completo 5 22,73 17 77,27 0,04 3°grau incompleto

1 25,00 3 75,00 0,27

Renda familiar (salário mínino)

< 1 7 38,89 11 61,11 - 1 a 2 12 32,43 25 67,57 0,63 3 a 4 3 25,00 9 75,00 0,43 ≥ 5 1 33,33 2 66,67 0,85

As variáveis obstétricas são demonstradas na tabela 4. A idade

gestacional entre 31 e 35 semanas, no momento do exame ultrassonográfico

cervical, demonstrou associação significativa com parto pré-termo (IC 95%=0,09-

1,44).

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Tabela 4 – Análise univariada das características obstétricas das gestantes sintomáticas com bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009

Variável Parto < 35 semanas Parto ≥ 35 semanas

p N % N %

Número de parto pré-termos

Nenhum 19 33,93 37 66,07 - 1 3 37,50 5 62,50 0,84 2 0 0 4 100,00

≥3 1 50,00 1 50,00 0,64 IG no exame (sem)

<27 5 45,45 6 54,55 - 27 – 31 8 50,00 8 50,00 0,81 31 – 35 10 23,26 33 76,74 0,15

Paridade Nulípara 5 35,71 9 64,29 - Um ou mais partos 18 32,14 38 67,86 0,79

Tabela 5 – Análise univariada das características do colo uterino ao exame ultrassonográfico transvaginal das gestantes sintomáticas com bolsa íntegra internadas na Clínica Obstétrica do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal no período de 2005 a 2009

Variável Parto < 35 semanas Parto ≥ 35

semanas p N % N %

Comprimento cervical <20mm 0,001 Presente 18 54,55 15 45,45 Ausente 5 13,51 32 86,49

Eco Glandular Endocervical 0,15

Presente 9 25,00 27 75,00 Ausente 14 41,18 20 58,82

Quanto às variáveis ultrassonográficas, o comprimento cervical inferior a

20mm (IC 95%=2,39-24,62) e a ausência do eco glandular endocervical (IC

95%=0,17-1,31), apresentaram associação ao parto pré-termo, na análise

univariada.

As variáveis estatisticamente significantes na análise univariada (p-

valor<0,20) e as variáveis com relevância clínica e epidemiológica permaneceram no

modelo logístico multivariado. Definiu-se como modelo final aquele que incluía as

variáveis apresentadas na tabela 6.

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Tabela 6 – Modelo logístico multivariado final

Variável Parto < 35 semanas Parto ≥ 35 semanas

p N % N %

Idade (anos) < 20 7 30,43 16 69,57 - 20 – 30 11 29,73 26 70,27 0,51 ≥30 5 50,00 5 50,00 0,10

Cor Preta 2 25,00 6 75,00 - Branca 4 30,77 9 69,23 0,30 Parda 17 34,69 32 65,31 0,67

Escolaridade Sem instrução 0 0 0 0 1° grau incompleto 1 11,11 8 88,89 - 1° grau completo 5 22,73 17 77,27 0,05 2° grau incompleto 1 25,00 3 75,00 0,81 2° grau completo 5 22,73 17 77,27 0,10 3° grau incompleto 1 25,00 3 75,00 0,18

Renda familiar (salário mínino)

< 1 7 38,89 11 61,11 - 1 a 2 12 32,43 25 67,57 0,73 3 a 4 3 25,00 9 75,00 0,17 > 5 1 33,33 2 66,67 0,81

Paridade Nulípara 5 35,71 9 64,29 - Um ou mais partos 18 32,14 38 67,86 0,93

Número de partos pré-termos

Nenhum 19 33,93 37 66,07 - 1 3 37,50 5 62,50 0,27 2 0 0 4 100,00 ≥3 1 50,00 1 50,00 0,70

IG no exame (semanas)

<27 5 45,45 6 54,55 - 27 – 31 8 50,00 8 50,00 0,36 31 – 35 10 23,26 33 76,74 0,03

Comprimento cervical <20mm

Presente 18 54,55 15 45,45 0,007 Ausente 5 13,51 32 86,49 -

Eco Glandular Endocervical

Presente 9 25,00 27 75,00 0,68 Ausente 14 41,18 20 58,82 -

O modelo preditivo aqui proposto apresentou uma acurácia de 87,88%,

sensibilidade de 78,26 e especificidade de 93,02%. E os resultados pós-teste de

85,71% (valor preditivo positivo) e 88.89% (valor preditivo negativo). A validação do

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modelo foi realizada com a aplicação do método bootstrap, que apresentou índices

diagnósticos compatíveis com o modelo proposto, com exceção da sensibilidade.

Tabela 7 – Os índices diagnósticos e valores de predição do modelo final e do teste de validação

Modelo Final

%

Método Booststrap

% Valor de p

Acurácia 87,88 84,85 0,48

Sensibilidade 78,26 65,22 0,02

Especificidade 93,02 95,35 0,36

Valor Preditivo positivo 85,71 88,24 0,93

Valor preditivo negativo 88,89 83,67 0,24

A figura 6 representa a curva ROC do modelo final, com área sob a curva

de 0,9050, mostrando que o modelo possui um bom poder discriminatório. A área

sob a curva ROC do modelo bootstrap corresponde à mesma do modelo

multivariado final.

0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Sen

sitiv

ity

0.00 0.25 0.50 0.75 1.001 - Specificity

Area under ROC curve = 0.9050

Figura 6 – Curva ROC para o modelo logístico multivariado final

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5 DISCUSSÃO

A identificação precoce da gestante potencialmente de risco para

prematuridade espontânea tem sido o foco principal dos métodos propedêuticos. Um

diagnóstico correto e precoce do trabalho de parto pré-termo é necessário, a fim de

que medidas preventivas sejam instituídas na tentativa de prolongar a gestação

(CORREA, 2000).

Entretanto, sua detecção precoce é difícil porque os sinais e sintomas

iniciais são discretos e podem ocorrer em gestações normais (REZENDE, 2005).

Na prática clínica a acurácia do diagnóstico do trabalho de parto pré-

termo só é maior em estágios mais avançados quando as medidas preventivas

terciárias não surtem o efeito esperado (MACONES et al., 1999). Por outro lado,

algumas gestantes com sinais e sintomas sugestivos de TPP não evoluirão para

parto pré-termo (HONEST et al.,2002; LEITICH, 2005).

Nesse contexto, desenha-se um problema multivariado em que se tem um

conjunto de variáveis independentes para predizer uma variável dependente, parto

pré-termo. A modelagem matemática pode ser aplicada para o estudo dessas

complexas relações entre variáveis. A regressão logística multivariada pode ser

usada para descrevê-las e estabelece uma relação entre a probabilidade de

ocorrência dos resultados de uma variável resposta binária (desfecho dicotômico) e

variável explicativa categórica ou contínua (KLEINBAUM, 1994; TU, 1996; HIN et

al.,1997; DINIZ, 2000).

Nosso modelo estatístico utilizando variáveis socioeconômicas,

obstétricas e ultrassonográficas em gestantes sintomáticas com bolsa íntegra,

apresentou acurácia de 87,88%, com sensibilidade 78,26%, especificidade de

93,02%, e valores de predição positiva de 85,71% e negativa de 88,89%.

O modelo foi gerado com a manutenção das variáveis com p-valor menor

que 20% no modelo de regressão univariado e acrescentando-se variáveis com

importância clínica. Desta forma, um total de nove variáveis foram incluídas no

modelo multivariado.

Embora as variáveis preditivas idade materna, cor, renda familiar, número

de partos pré-termo anterior e paridade não tenham preenchido os critérios de

entrada do modelo multivariado (p-valor<0,20), sua entrada deveu-se ao fato de se

tratarem de características de fácil aferição na admissão da gestante sem ônus

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adicional ou transtorno ao modelo logístico.

O modelo proposto lançou mão de variáveis socioeconômicas e

obstétricas que são facilmente identificadas durante o atendimento, de baixo custo e

de conhecimento rotineiro do pré-natalista. Acrescentaram-se duas variáveis

ultrassonográficas, que embora não sendo de baixo custo, são de fácil acesso, em

função da disponibilidade de equipamentos de ultrassonografia em serviços de

obstetrícia.

Embora alguns trabalhos ressaltem que o parto pré-termo ocorre em

menos de 15% das mulheres sintomáticas com membranas íntegras (TSOI et al.,

2003), em nossa casuística, a incidência de parto pré-termo foi de 32,8% que

também foi descrita por Gomez et al. (1994) e Timor-Tritsch et al. (1996) que

incluíram mulheres entre 20 e 35 semanas em suas amostras. Crane et al. (1997)

com uma amostra mista, gestações únicas e gemelares, obteve incidência

semelhante. Murakawa et al. (1993), Rizzo et al. (1996), Cetin e Cetin (1997) e Rios

et al. (2006) apresentaram maior ocorrência de parto pré-termo por considerar como

desfecho parto antes de 37 semanas.

Em função da forte miscigenação em nossa região, o parto pré-termo

predominou em mulheres pardas, com baixo nível socioeconômico, em

concordância com outros estudos que demonstraram que a cor negra e a situação

econômica precária são fatores preditivos associados ao parto pré-termo (MERCER,

1996; MOUTQUIN, 2003; GOLDENBERG et al.,1996; BERKOWITZ et al., 1998;

MATTISON et al., 2001; GOLDENBERG et al., 2008).

Para Kramer et al. (2001) fatores socioeconômicos podem não ser um

determinante independente de parto pré-termo, mas, em vez disso, é uma

conseqüência direta do estresse psicossocial disparado por essa condição de vida.

E embora a condição socioeconômica esteja associada ao parto pré-termo, é difícil

isolar fatores de risco específicos (GOFFINET, 2005) conforme demonstrado por

Papiernik e Kaminski (1974) e Creasy et al. (1980) que, ao estabelecerem um

sistema de escore incluindo fatores preditivos do tipo socioeconômicos, história

obstétrica, hábitos de vida e evolução da gestação atual para avaliar o risco para

prematuridade, obtiveram sensibilidade e valor preditivo positivo baixos

(BERKOWITZ et al., 1998; MATTISON et al., 2001; KRAMER; GOULET; LYDON,

2001; GOFFINET, 2005; MOUTQUIN, 2003; GOLDENBERG et al., 1996;

GOLDENBERG et al., 2008).

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Parto pré-termo anterior é um fator de risco para pré-termo na gestação

atual já destacado em vários estudos realizados em gestantes assintomáticas

(MERCER, 1996). Após um parto pré-termo espontâneo, o risco de repetição varia

de 14 a 22%. Eleva-se para 28 a 42% após dois partos pré-termos, podendo

alcançar 67% após três partos prematuros (MCMANEMY et al., 2007). Em nosso

estudo, não observamos essa associação provavelmente por se tratar de amostra

constituída de mulheres sintomáticas.

O comprimento cervical ultrassonográfico associou-se significativamente

ao parto pré-temo na análise univariada e multivariada em nosso estudo. Elegemos

o valor de 20mm como ponte de corte, mesmo limiar adotado por Iams et al. (1996),

Rios et al. (2006) e Ness et al. (2007). Entretanto, outros estudos como os de Iams

et al.(1994), Rageth et al.(1997), Crane et al.(1997) não utilizaram esse critério por

priorizarem um valor preditivo negativo alto, elevando o ponto de corte.

Em nosso estudo, não foram incluídas gestantes que pariram nas

primeiras 24-48 horas de hospitalização, em conformidade com a maioria dos

estudos realizados em gestantes sintomáticas que exclui os casos com avançado

trabalho de parto pré-termo. Com essa abordagem objetivou-se identificar os casos

duvidosos ou em fases mais iniciais, cujos achados cervicais ultrassonográficos

poderiam ser proveitosos, sendo um diferencial na redução da taxa de falso-positivo

(CRANE et al., 1997; GOMEZ et al., 1994; ROZENBERG et al., 1997; RIZZO et

al.,1996).

Na maioria dos estudos realizados em gestantes sintomáticas, a

avaliação ultrassonográfica do colo uterino foi efetivada antes da medicação

tocolítica (MURAKAWA et al., 1993; RIZZO et al., 1996; TIMOR-TRITSCH et al.,

1996; RAGETH et al., 1997; CETIN; CETIN, 1997; TSOI et al., 2003, FUCHS et al.,

2004; TSOI et al., 2005). Optou-se por realizar o exame ultrassonográfico do colo

depois de completado, no mínimo, o primeiro ciclo de tocólise, metodologia também

utilizada em outros estudos (GOMEZ et al.,1994; IAMS et al., 1994), já que, em

estudo pareado, aferindo o colo antes e depois da tocólise, Rozenberg et al. (2004)

demonstraram que não existe diferença estatisticamente significativa ao aferir-se o

comprimento cervical ultrassonográfico.

Sekyia et al. (1998) demonstraram a possibilidade de detecção

ultrassonográfica da área de glândulas endocervicais, provável região glandular

histológica, destacando que sua não identificação ultrassonográfica traduziria o

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amadurecimento cervical. Durante esse processo há acúmulo de conteúdo aquoso

no tecido conjuntivo e modificações bioquímicas que ocasionam um desarranjo das

invaginações da mucosa cervical no interior do estroma, conferindo à camada

glandular invaginada ecogenicidade semelhante ao tecido estromal adjacente,

embora sejam regiões histologicamente diferentes. Portanto, a não identificação

ultrassonográfica do EGE é decorrente da ausência de impedância acústica entre a

camada de glândulas endocervicais e o tecido adjacente estromal (FUKAMI et al.,

2003; RIOS, 2006).

Em nosso estudo não observamos em análise univarivada a associação

entre a ausência do EGE e parto pré-termo em discordância com outros autores

(YOSHIMATSU et al., 2002; RIOS, 2006). Acreditamos que o advento de novos

programas de refinamento da imagem como a composição de imagem e a imagem

harmônica possibilitaram melhor visibilização do EGE.

Considerando-se o perfil socioeconômico, obstétrico e ultrassonográfico,

o modelo obtido neste estudo obteve especificidade de 93,02%, demonstrando

tratar-se de ferramenta útil no manejo da gestante sintomática com bolsa íntegra. A

partir do cálculo da probabilidade de parto pré-termo para determinada paciente,

pode-se selecionar aquela que apresenta baixa probabilidade de parto pré-termo e

assim não submetê-la a exposição dos efeitos indesejados da tocólise, além de

diminuir o custo hospitalar de sua internação.

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6 CONCLUSÃO

Neste estudo observacional prospectivo do tipo coorte efetivado com o

objetivo de propor um modelo preditivo para apoiar a tomada de decisão relativa ao

manejo de gestantes sintomáticas com bolsa íntegra, usando dados clínicos e

ultrassonográficos concluímos que:

• o modelo preditivo proposto é constituído de variáveis de fácil acesso ao

pré-natalista: idade, cor da pele, grau de instrução, renda familiar,

paridade, número de partos pré-termos anteriores, idade gestacional na

ocasião do exame ultrassonográfico, comprimento do colo uterino e sinal

do eco glandular endocervical;

• o modelo proposto obteve acurácia com 87,88% de concordância entre o

predito e o observado, podendo ser uma ferramenta útil para a otimização

do manejo de pacientes sintomáticas.

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VENDITELLI, F.; MAMELLE, N.; MUNOZ, F.; JANKY, E. Transvaginal ultrasonography of the uterine cervix in hospitalized women with preterm labor. International Journal of Gynecology and Obstetrics , v. 72, n. 2, p. 117-125, Feb. 2001.

YOSHIMATSU, K.; SEKIYA, T.; ISHIHARA, K, FUMAKI, T.; OTABE, T.; ARAKI, T. Detection of cervical gland area in threatened preterm labor using transvaginal sonography in the assessment of cervical maturation and the outcome of pregnancy. Gynecol Obstet Invest , v. 53, p. 149-156, 2002.

ZILIANTI, M.; AZNAGA, A.; CALDERON, F.; PAGES, G.; MENDOZA, G. Monitoring the effacement of the uterine cervix by transperineal sonography. J Ultrasound Med , v. 14, n. 10, p. 719-724, Oct. 1995.

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APÊNDICES

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Apêndice A – Questionário aplicado junto às gestantes

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

SERVIÇO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Mestrando: Ricardo Villar Barbosa de Oliveira Orientadora: Profa. Dra. Marília da Glória Martins

PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS

Nº Prontuário: Data da Internação: Data da Inclusão:

1. IDENTIFICAÇÃO

1.1) Nome:

1.2) Data Nascimento: 1.3) Idade:

1.4) Endereço 1.5) Bairro 1.6) Cidade

1.7) Telefone: 1.8) Celular:

1.9) Cor: Branca ( ) Parda ( ) Preta ( ) 1.10) Situação conjugal:

c/ companheiro ( ) s/ companheiro( )

2. SITUAÇÃO ECONÔMICA E CULTURAL

2.1) Grau de Instrução :

( ) Sem instrução ( ) 1º grau incompleto ( ) 1º grau completo

( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo

( ) 3º grau incompleto ( ) 3º grau completo

2.2) Renda familiar ( ) < 1 salário mínimo ( ) 3 a 4 salários mínimos

( ) 1 a 2 salários mínimos ( ) ≥ a 5 salários mínimos

2.3) Jornada de trabalho: Do lar:

( ) 4 horas ( ) Não

( ) 6 horas ( ) Sim

( ) 12 horas ( ) Com ajuda

( ) 14 horas ( ) Sem ajuda

2.4) Uso de cigarros? ( ) Sim ( ) Não Quantidade:

2.5) Uso de bebida alcoólica: ( ) Sim ( ) Não

3. HISTÓRIA OBSTÉTRICA PREGRESSA

3.1) Número de Gestações: 3.2) Número de Partos:

3.3) Número de Partos a Termo: 3.4) Número de Partos Pré -termo:

3.5) Nascidos Vivos a Termo: 3.6) Nascidos Mortos a Termo:

3.7) Nascidos Vivos Pré -termo: 3.8) Nascidos Mortos Pré -termo:

3.9) Nº de Abortos Espontâneos Precoces: 3.10) Nº de Abortos Espontâneos Tardios:

3.11) Nº de abortos Provocados Precoces: 3.12) Nº de abortos Provocados Tardios:

4. HISTÓRIA OBSTÉTRICA ATUAL/EXAME FÍSICO

4.1) Data da última menstruação: 4.2) Idade Gestacional na 1ª US:

4.3) Data Provável do Par to: 4.4) Idade Gestacional na Internação:

4.5) Dilatação do colo: 4.6) Apagamento:

4.7 Contração uterina: Amolecimento:

( ) 1 em 10 minutos ( ) ≥ 2 em 10 minutos

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5. TERAPÊUTICA ADJUVANTE

5.1) Uso de drogas

5.1) Corticosteróides ( ) Sim Número de ciclos: ( ) Não

5.2) Beta-agonista ( ) Sim Período em horas: ( ) Não

5.3) Indometacina ( ) Sim ( ) Não

5.4) Antibiótico ( ) Sim ( ) Não

5.5) Outras drogas ( ) Sim ( ) Não

5.2) Reação adversa ( ) Sim ( ) Não

6. AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO 6.1) Data da realização: Tempo decorrido após internação: hs

6.1.1) Idade Gestacional: 6.1.2) Medida do Comprimento do Colo:

6.1.3) Abertura do OIC (afunilamento) ( ) Sim ______mm. ( ) Não

6.1.4) Tipo de abertura ( ) Y ( ) V ( ) U

6.1.5) Comprimento do colo funcional:

6.1.6) Eco Glandular endocervical? ( ) Sim ( ) Não

6.1.7) Mudança dinâmica ( ) Sim ( ) Não

7. DADOS REFERENTES AO PARTO

7.1) Parto: dia às h

7.2) Alta hospitalar dia:

7.3) Tempo decorrido entre internação / parto: dias

7.4) Tipo de parto : ( ) normal ( ) cesáreo

7.5) Indicação do parto cesáreo:

7.6) Idade gestacional ao nascer:

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Apêndice B – Termo de consentimento livre e esclarecido

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO M ARANHÃO

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO UNIDADE MATERNO INFANTIL

SERVIÇO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA PRÉ-NATAL ESPECIALIZADO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Estas informações estão sendo fornecidas para você participar voluntariamente deste estudo cujo título é: “Modelo preditivo para parto pré-termo em gestantes com contrações uterinas e bolsa íntegra”, ou seja, vamos estudar a região do útero que permanece fechada na maior parte da gestação, só abrindo lentamente nos últimos dois meses quando o já parto se aproxima.

1. Você está internada porque tem possibilidade do seu neném nascer prematuro e isso traz muita preocupação e dúvidas sobre seu futuro, pois ele poderá ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-Neonatal) por um certo período;

2. O objetivo deste estudo é pesquisar se a ultrassonografia do colo uterino pode servir para avaliar essa possibilidade de haver ou não um parto prematuro em grávidas internadas com contrações como você. Desejamos saber como está o colo do útero;

3. Durante a sua internação, faremos uma única ultrassonografia transvaginal do colo do útero de no máximo cinco minutos. O aparelho usado para o exame é conhecido como sonda, e é o mesmo que foi usado para fazer o exame nos três primeiros meses da gravidez, protegido por uma camisinha e introduzido com cuidado;

4. Este exame não trará riscos nem desconfortos para você ou para seu neném e somente no final do estudo poderemos concluir sobre a existência de algum benefício para vocês;

5. Não existem disponível até o momento no Hospital outros procedimentos que possam ser considerados mais vantajosos para o seu caso;

6. Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O investigador é a Dr. Ricardo Villar Barbosa de Oliveira, que pode ser encontrada no Hospital Universitário Materno Infantil, Setor de Ultrassonografia, às segundas e às quartas-feiras a partir das 14h ou ainda nos telefones 9971-6339 e 3235-0647. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Hospital Universitário Presidente Dutra;

7. Você terá garantida a sua liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e você pode deixar de participar de estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição;

8. As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros pacientes, não sendo divulgada a identificação de nenhuma participante. Também será garantido o seu direito de ser informada sobre os resultados parciais das pesquisas;

9. Não haverá despesas pessoais para você nenhuma fase da pesquisa. Também não haverá compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, será absorvida pelo orçamento da pesquisa;

10. Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelo procedimento ou tratamento proposto neste estudo (nexo causal comprovado, ou seja, ficar provado que o dano foi em decorrência do exame), a participante tem direito a tratamento médico na Instituição, bem como às indenizações legalmente estabelecidas;

11. Assumo o compromisso de utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa. Declaro que fui devidamente informada por carta e oralmente a respeito do estudo e decidi participar do projeto de Pesquisa do Dr. Ricardo Villar Barbosa de Oliveira, sobre “Modelo preditivo para parto pré-termo em gestantes com contrações uterinas e bolsa íntegra”, após ser esclarecida pela mesma, sobre o objetivo da pesquisa e como será realizada. Ficaram claros para mim quais os objetivos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimento permanentes. Minha participação será isenta de despesas e terei garantia do tratamento hospitalar quando necessário. Após esclarecimento de minhas dúvidas, a minha assinatura logo abaixo expressa a decisão de participar desta pesquisa.

_______________________________________________________ Data ____/____/____

Assinatura da paciente ou representante legal Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.

Assinatura da responsável pelo estudo

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ANEXOS

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ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário

Presidente Dutra

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