UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE...

79
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO PEDRO LEONARDO SECCO GOMES DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ___________________________________________________________________________ PIGMENTOS POZOLÂNICOS PRODUZIDOS A PARTIR DE MISTURAS DE LAMA VERMELHA E CAULIM PARA ARGAMASSAS COLORIDAS Belém, Pará 2016

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

PEDRO LEONARDO SECCO GOMES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

___________________________________________________________________________

PIGMENTOS POZOLÂNICOS PRODUZIDOS A PARTIR DE MISTURAS DE LAMA

VERMELHA E CAULIM PARA ARGAMASSAS COLORIDAS

Belém, Pará

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

PEDRO LEONARDO SECCO GOMES

PIGMENTOS POZOLÂNICOS PRODUZIDOS A PARTIR DE MISTURAS DE LAMA

VERMELHA E CAULIM PARA ARGAMASSAS COLORIDAS

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Arquitetura e Urbanismo,

Mestrado Acadêmico, como requisito

necessário para a obtenção do título de Mestre

em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Dr. Márcio Santos Barata.

Área de Concentração: Análise e Concepção do

Espaço Construído na Amazônia.

Belém, Pará

2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

Gomes, Pedro Leonardo Secco, 1980- Pigmentos pozolânicos produzidos a partir demisturas de lama vermelha e caulim para argamassascoloridas / Pedro Leonardo Secco Gomes. - 2016.

Orientador: Márcio Santos Barata. Dissertação (Mestrado) - UniversidadeFederal do Pará, Instituto de Tecnologia,Programa de Pós-Graduação em Arquitetura eUrbanismo, Belém, 2016.

1. Cimento portland. 2. Processo Bayer. 3.Pigmentos. 4. Pozolanas. 5. Materiais deconstrução. I. Título.

CDD 22. ed. 666.94

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Sistema de Bibliotecas da UFPA

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

A meu pai Pedro (in memoriam);

A minha avó Inã (in memoriam);

Ao meu avô Américo (in memoriam).

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

A Deus;

A Nossa Senhora de Nazaré e a Nossa Senhora de Fátima na qual sempre peço proteção;

A minha mãe Regina e minhas tias Rosa e Amélia pelo apoio, amor e dedicação constante;

A minha namorada Gabriella pelos seus conselhos e gestos de carinho em todos os momentos;

Aos meus animais de estimação Luna, Bia, Hanna, Francy, Elis, Kerim, Sila, Maria Isis e

Charlote, na qual sempre me confortam nos melhores e piores momentos;

Ao meu querido orientador Márcio Barata por sempre dedicar parte de seu precioso tempo para

me ajudar na pesquisa, e que saiba que todas as suas palavras serão lembradas e postas em

prática na minha jornada;

Aos professores Rômulo Angélica, Roberto Neves, Marcelo Picanço e Luciana Cordeiro, a

vocês agradeço o apoio;

A todos os demais professores do mestrado da FAU que pude ter o prazer de conhecer e

aprender o máximo de informações, não só para a minha pesquisa, mas para a minha vida

pessoal, em especial a professora Cybelle Miranda e José Júlio;

Ao professor José Antônio por ceder as amostras de Lama Vermelha e Caulim;

Aos laboratoristas Maneco e Joel por terem sidos presentes e prestativos;

Ao aluno Maurilio Pimentel, por me auxiliar nos ensaios de Resistência à Compressão;

A todos os alunos e novos amigos que pude conhecer ao longo de minha caminhada dentro da

FAU e FORUM LANDI, em especial aos meus colegas de turma do PPGAU e PPGEC;

A todos os funcionários e técnicos da UFPA, e demais pessoas de outras instituições que me

ajudaram direto ou indiretamente nas fases de execução do trabalho;

Ao Padre Marc Anthony Pondoc;

Ao CNPQ por apoiar a realização desta pesquisa.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

“Noventa por cento do sucesso se baseia simplesmente em insistir”

Woody Allen

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

RESUMO

O Estado do Pará é um dos maiores produtores de substâncias minerais do país, destacando-se

as indústrias de beneficiamento de caulim e de produção de alumina. Esta última é responsável

pela geração da lama vermelha, resíduo do processo Bayer, constituído por óxidos e hidróxidos

de ferro e alumínio, cuja maior desvantagem é a grande quantidade de sódio solúvel. Este

trabalho objetivou dar uma destinação final a lama vermelha, diferentemente da simples

deposição em lagoas de sedimentação, mas sim através da produção de um novo tipo de material

de construção, o pigmento pozolânico, elaborado a partir da calcinação e moagem da lama

vermelha e da mistura desta com o caulim. No pigmento rico em lama vermelha identificou-se

a presença de hematita, anatásio, calcita, sodalita e a nefelina, este último responsável por

reduzir o teor de sódio solúvel presente na lama vermelha. No pigmento rico em caulim a

nefelina não foi formada por causa da grande quantidade de sílica na mistura. Identificou-se

apenas o halo amorfo referente à metacaulinita e traços de anatásio. Ambos os pigmentos

apresentaram extrema finura e área superficial específica elevada. Nos ensaios de atividade

pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com maior incorporação de

caulim apresentou atividade pozolânica muito elevada, com índice de desempenho (ID) de

123% e resistência à compressão de 14 MPa na argamassa de cal. O pigmento com maior

percentual de lama vermelha apresentou baixa atividade pozolânica, com ID de 82% e

resistência à compressão de 1,30 MPa na argamassa de cal. Neste caso, apesar da baixa

atividade pozolânica, considerou-se o resultado satisfatório porque o pigmento apresentou

reatividade com o cimento Portland e consequentemente, reduz a eflorescência. Nas argamassas

de cimento Portland, os pigmentos pozolânicos possibilitaram acréscimos de resistência em

relação à argamassa de referência para teores de até 15% de incorporação. Para o pigmento com

90% de caulim e 10% de lama vermelha o desenvolvimento de resistência foi mais acentuado

nas primeiras idades, 1 e 7 dias, ao passo que o pigmento com 10% de caulim e 90% de lama

vermelha, os maiores ganhos de resistência ocorreram nas idades mais avançadas. Ambos os

pigmentos pozolânicos proporcionaram resistências muito superiores às argamassas do que o

pigmento comercial com a possibilidade de redução da eflorescência, principal patologia em

concretos e argamassas coloridos. A incorporação do caulim à lama vermelha nos pigmentos

possibilitou reduções no sódio solúvel, cerca de 13% para o pigmento e 21% nas argamassas

com 10% de incorporação. Os resultados indicam perspectivas positivas de aproveitamento

destes dois resíduos como pigmentos para concreto e argamassa. Então, a possibilidade de

produção de um pigmento pozolânico a partir de misturas de lama vermelha e do caulim traz

uma série de perspectivas positivas. A primeira, atribuir uma aplicação a dois tipos de resíduos

industriais gerados em larga escala. Segunda, produzir um pigmento que possa ser incorporado

em percentuais mais elevados sem perda de resistência. Pelo contrário, com acréscimos de

resistência e a possibilidade de redução das eflorescências por conta de suas características

pozolânicas. Porém, são necessários estudos de avaliação da manutenção da cor ao longo do

tempo sob condições de exposição ao intemperismo natural.

Palavras-chave: Lama Vermelha. Caulim. Pigmento. Pozolana. Argamassa Colorida.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

ABSTRACT

The state of Pará is one of the largest producers of minerals in the country, highlighting the

kaolin processing industries and alumina production. The latter is responsible for generating

the red mud residue through the Bayer process which comprises oxides and hydroxides of iron

and alumina, of which also releases large amount of soluble sodium as its drawback. This study

aimed to trace how red mud is produce as a final product, not like the simple deposition in

sedimentation ponds, but by making a new kind of building material, the Pozzolan pigment

prepared from the calcification and grinding of red mud mix with kaolin. The highly pigmented

red mud identifies the presence of hematite, anatase, calcite, sodalite and nepheline. Nepheline

is responsible for reducing the soluble sodium content present in the red mud. Of the rich

pigment in kaolin, nepheline was not formed because of the large amount of silica in the mix

rather identified as amorphous halo metakaolin and anatase and these pigments exhibits

fineness and has a high specific surface area. In pozzolanic activity assays with Portland cement

and hydrated lime, pigment with higher incorporation of kaolin showed very high pozzolanic

activity, with an ID of 123% and compressive strength of 14 MPa in the lime mortar. The

pigment red mud with a greater percentage showed low pozzolanic activity with 82% ID and

compressive strength of 1.30 MPa in lime mortar. In this case, despite of the low pozzolanic

activity, this is still considered satisfactory because the pigment showed reactivity with Portland

cement and consequently reduces efflorescence. In Portland cement mortars, the pozzolanic

pigments enabled resistance increases compared to the reference mortar contents of up to 15%

incorporation. For the pigment with 90% kaolin and 10% red mud development of resistance

was more pronounced at early ages, 1 and 7 days, whereas the pigment with 10% kaolin and

90% red mud, higher earnings resistance occurred at older ages. Both pozzolanic pigments

provided much greater resistance to the mortar than the commercial pigment with the possibility

of reducing efflorescence, main pathology in concrete and colored mortar. The incorporation

of kaolin slurry in the red pigments possible reductions in soluble sodium, about 13% to 21%

pigment in mortar with 10% incorporation. The results indicate positive prospects for use of

these two residues as pigments for concrete and mortar. The possibility of producing a pozzolan

pigment from red mud and mixtures of kaolin has a number of positive outlook of which I’ll

enumerate as follows. First, when used as an application to the two types of industrial waste

generated in large scale. Secondly, to produce a pigment which can be incorporated at a higher

percentage without loss of strength although it is with increase resistance and the possibility of

reducing efflorescence due to its characteristic pozzolanic reaction. However, further studies

are done to evaluate the maintenance of color over time under conditions of exposure to natural

weathering.

Keywords: Red Mud. Kaolin. Pozzolan. Pigment. Colored Mortar.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cidade de Muriaé (MG) atingida por lama vermelha no ano de 2007. ................ 15

Figura 2: Contaminação de LV no Rio Murucupi (Barcarena/PA). .................................... 15

Figura 3: Vazamento de LV na cidade de Ajka, Hungria. ................................................... 16

Figura 4: Vista aérea do vazamento da fábrica de alumínio em Ajka, Hungria. ................. 16

Figura 5: Dados do crescimento da produção da bauxita e alumina de 2009 a 2014 (em Mt).

...............................................................................................................................20

Figura 6: Etapas da produção de alumina pelo processo Bayer. .......................................... 21

Figura 7: Produção de caulim brasileiro em toneladas de 2009 a 2014. .............................. 25

Figura 8: Hotel Unique / São Paulo (Arquiteto Ruy Ohtake). ............................................. 27

Figura 9: Praça das Artes / São Paulo (Escritório Brasil Arquitetura). ................................ 27

Figura 10: Fluxograma das atividades desenvolvidas na 1ª etapa. ........................................ 33

Figura 11: Lagoas de lama vermelha e caulim em Barcarena-PA. ........................................ 34

Figura 12: Fluxograma das atividades desenvolvidas na 2ª etapa. ........................................ 39

Figura 13: Cadinhos contendo o material a ser calcinado no forno Mufla. ........................... 40

Figura 14: Medida de consistência na mesa de Graff. ........................................................... 43

Figura 15: Fluxograma das atividades desenvolvidas na 3ª etapa. ........................................ 44

Figura 16: Curva de distribuição granulométrica do agregado miúdo. .................................. 45

Figura 17: CP cilíndrico 50 x 100 mm. .................................................................................. 46

Figura 18: Difratograma de raios-x da amostra de lama vermelha pura. ............................... 50

Figura 19: Difratograma de raios-x da amostra de caulim puro. ........................................... 50

Figura 20: Imagem obtida por MEV das partículas de LV. ................................................... 51

Figura 21: Imagem obtida por MEV das partículas de CL. ................................................... 51

Figura 22: Difratograma de raios-x da amostra de caulim calcinado. ................................... 52

Figura 23: Difratograma de raios-x da amostra de lama vermelha calcinada. ....................... 53

Figura 24: Difratograma de raios-x da amostra de LV90-CL10. ........................................... 54

Figura 25: Difratograma de raios-x da amostra de LV10-CL90. ........................................... 54

Figura 26: Imagem obtida por MEV das partículas de LVC. ................................................ 55

Figura 27: Imagem obtida por MEV das partículas de LV90-CL10. .................................... 56

Figura 28: Imagem obtida por MEV das partículas de LV10-CL90. .................................... 56

Figura 29: Comparativo das resistências à compressão com pigmento LV1-CL90. ............. 60

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

Figura 30: Comparativo das resistências à compressão com pigmento LV90-CL10. ........... 61

Figura 31: Comparativo das resistências à compressão com LVC. ....................................... 62

Figura 32: Comparativo das resistências à compressão com BF. .......................................... 63

Figura 33: Comparativo das resistências à compressão para teores com 5% de incorporação.

...............................................................................................................................64

Figura 34: Comparativo das resistências à compressão para teores com 10% de

incorporação. ............................................................................................................................ 65

Figura 35: Comparativo das resistências à compressão para teores com 15% de

incorporação. ............................................................................................................................ 66

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Composição química da lama vermelha (%) gerada em diferentes países. .......... 24

Tabela 2: Teores normalmente empregados de pigmento. ................................................... 30

Tabela 3: Recomendações básica para a fabricação de um concreto colorido. .................... 32

Tabela 4: Condições instrumentais – ICP OES (VARIAN INC.), Modelo: Vista – MPX

CCD. ...............................................................................................................................38

Tabela 5: Proporcionamento dos pigmentos produzidos a partir da Lama Vermelha e do

caulim a serem calcinados. ....................................................................................................... 39

Tabela 6: Informações técnicas do cimento CPC30RB........................................................ 41

Tabela 7: Quantidade de materiais utilizados no ensaio da atividade pozolânica com cimento

branco. ...............................................................................................................................42

Tabela 8: Quantidade de materiais utilizados no ensaio da atividade pozolânica com a cal.

...............................................................................................................................43

Tabela 9: Análise granulométrica do agregado miúdo. ........................................................ 45

Tabela 10: Variáveis a serem analisadas no programa experimental. .................................... 47

Tabela 11: Características físicas e químicas da LV e do CL. ............................................... 49

Tabela 12: Características físicas e químicas dos pigmentos. ................................................ 52

Tabela 13: ID e resistências à compressão da atividade pozolânica com cimento aos 28 dias.

...............................................................................................................................57

Tabela 14: Resistências à compressão da atividade pozolânica com cal aos 7 dias. .............. 58

Tabela 15: Resultados de sódio solubilizado para as argamassas. ......................................... 66

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14

2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 19

2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................... 19

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................ 19

3 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 20

3.1 ALUMINA ....................................................................................................................... 20

3.1.1 Produção ............................................................................................................... 20

3.2 PROCESSO BAYER .......................................................................................................... 21

3.3 LAMA VERMELHA ......................................................................................................... 22

3.3.1 Depósito e estocagem ........................................................................................... 22

3.3.2 Utilização .............................................................................................................. 23

3.3.3 Caracterização ...................................................................................................... 23

3.4 CAULIM ......................................................................................................................... 25

3.4.1 Produção ............................................................................................................... 25

3.4.2 Resíduos de beneficiamento ................................................................................. 26

3.5 CONCRETO COLORIDO ................................................................................................... 26

3.5.1 Introdução ............................................................................................................. 26

3.5.2 Classificação dos pigmentos ................................................................................. 28

3.6 PRODUÇÃO DE CONCRETOS COLORIDOS ......................................................................... 29

3.6.1 Cimento ................................................................................................................ 29

3.6.2 Adições minerais .................................................................................................. 29

3.6.3 Agregados ............................................................................................................. 29

3.6.4 Pigmentos ............................................................................................................. 30

3.6.5 Proporcionamento dos materiais .......................................................................... 30

3.6.6 Relação água/cimento (a/c) .................................................................................. 30

3.6.7 Mistura do concreto e sequência de dosagem do pigmento ................................. 31

4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 33

4.1 CARACTERIZAÇÕES DOS MATERIAIS DE PARTIDA ........................................................... 33

4.1.1 Preparação das amostras ....................................................................................... 34

4.1.1.1 Coleta das amostras ...................................................................................... 34

4.1.1.2 Secagem ........................................................................................................ 35

4.1.1.3 Moagem ........................................................................................................ 35

4.1.2 Caracterização dos materiais de partida ............................................................... 36

4.1.2.1 Mineralogia / micromorfologia .................................................................... 36

4.1.2.2 Análise química ............................................................................................ 36

4.1.2.3 Análise física ................................................................................................ 37

4.1.2.4 Avaliação do sódio disponível (ASTM D3987) ........................................... 37

4.2 AVALIAÇÃO DA REATIVIDADE DOS PIGMENTOS POZOLÂNICOS ...................................... 38

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

4.2.1 Produção dos pigmentos pozolânicos ................................................................... 39

4.2.1.1 Processamento dos pigmentos ...................................................................... 39

4.2.1.1.1 Mistura, queima e moagem ...................................................................... 39

4.2.1.1.2 Caracterização dos pigmentos .................................................................. 41

4.2.2 Reatividade dos pigmentos ................................................................................... 41

4.2.2.1 Cimento Portland .......................................................................................... 42

4.2.2.2 Cal Hidratada ................................................................................................ 42

4.3 AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS PIGMENTOS NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS

COLORIDAS ............................................................................................................................ 43

4.3.1 Materiais ............................................................................................................... 44

4.3.2 Proporcionamento e mistura dos materiais ........................................................... 46

4.3.3 Ensaios .................................................................................................................. 47

4.3.3.1 Resistência à compressão ............................................................................. 47

4.3.3.2 Lixiviação (ASTM D 3987-85) .................................................................... 48

5 RESULTADOS ............................................................................................................... 49

5.1 PRIMEIRA ETAPA: CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE PARTIDA .............................. 49

5.2 SEGUNDA ETAPA: AVALIAÇÃO DA REATIVIDADE DOS PIGMENTOS POZOLÂNICOS ........ 52

5.2.1 Caracterização dos pigmentos .............................................................................. 52

5.3 ATIVIDADE POZOLÂNICA ............................................................................................... 57

5.4 AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS PIGMENTOS NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS

COLORIDAS ............................................................................................................................ 59

5.4.1 Resistência à compressão ..................................................................................... 59

5.4.1.1 Argamassas LV10-CL90 .............................................................................. 59

5.4.1.2 Argamassas LV90-CL10 .............................................................................. 60

5.4.1.3 Argamassas LVC .......................................................................................... 61

5.4.1.4 Argamassas BF ............................................................................................. 62

5.4.2 Comparativo de resistência à compressão entre os pigmentos ............................. 63

5.4.2.1 Teores de 5% de incorporação...................................................................... 63

5.4.2.2 Teores de 10% de incorporação.................................................................... 64

5.4.2.3 Teores de 15% de incorporação.................................................................... 65

5.4.3 Teor de sódio solubilizado .................................................................................... 66

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 68

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 70

APÊNDICE A – TRAÇO DAS ARGAMASSAS COM ADIÇÃO ..................................... 75

APÊNDICE B – CONTROLE DE QUEIMA DO MATERIAL ........................................ 76

APÊNDICE C – ATIVIDADE POZOLÂNICA .................................................................. 77

ANEXO – BAYFERROX 120: PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS ................... 78

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

14

1 INTRODUÇÃO

O Estado do Pará possui como principal atividade econômica a mineração, e as

indústrias, sejam de beneficiamento ou de transformação, são responsáveis por significativas

quantidades de resíduos que são depositados e lançados no meio ambiente. Há estudos sobre o

aproveitamento dos resíduos de suas indústrias de beneficiamento e transformação como

matéria-prima para fabricação de insumos para a Construção Civil. Cabe citar os trabalhos de

BARATA (1998), BARATA e DAL MOLIN (1999; 2002) e LIMA (2004) sobre o resíduo do

beneficiamento de caulim (RCB) para a produção da metacaulinita e os de HILDEBRANDO,

SOUZA e NEVES (1999) referentes à lama vermelha (LV), resíduo da produção de alumina.

Dentre os inúmeros resíduos produzidos no Estado do Pará, cabe destacar a lama

vermelha (LV), proveniente do processo Bayer de transformação da bauxita em alumina. A LV

vem causando crescente preocupação ambiental por causa de suas características e pela

magnitude do volume gerado. Para cada tonelada de alumina produzida, praticamente outra

tonelada de LV é gerada. No Estado do Pará, a empresa Alumina do Norte do Brasil SA

(ALUNORTE) produziu 4,9 milhões de toneladas de alumina no ano de 2014 (BRASIL, 2015),

o que significa que igual quantidade de LV fora depositada. Hoje em dia a deposição da LV é

o principal problema encontrado pelas indústrias produtoras de alumina que adotam o processo

Bayer. Segundo OEBERG e STEINLECHNER (1996) esta atividade ocasiona uma série de

problemas de ordem técnica, econômica e ambiental.

Apesar de não ser classificada como um resíduo perigoso, de acordo com a United

States Environmental Protection Agency, a sua geração nas fábricas de alumina constitui em

um problema ambiental devido ao alto teor cáustico pela presença de Na(OH), alcançando um

pH da LV a valores entre 12 e 14. A LV apresenta características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxidade e patogenicidade, representando risco à saúde pública e ao

meio ambiente, sendo este um fator de risco ambiental quando não são tomadas precauções de

armazenamento e destinação final pela indústria geradora (HILDEBRANDO, 1998;

MAGALHÃES, 2012).

As indústrias vêm abandonando a forma de armazenagem da LV em lagoas em favor

do empilhamento a seco, sendo mais eficiente e seguro para o meio ambiente. Na ALUNORTE

é adotado atualmente somente o sistema de empilhamento a seco para armazenar os resíduos

da bauxita (HYDRO, 2016). Porém, há vários casos de vazamentos de LV devido às formas de

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

15

armazenagem e falhas no monitoramento nas indústrias, conforme exemplos em Muriaé/MG

(Brasil), Barcarena/PA (Brasil) e Ajka (Hungria) (Figuras 1 a 4).

Figura 1: Cidade de Muriaé (MG) atingida por lama vermelha no ano de 2007.

Fonte: Jornal de Muriaé (Jan/2014).

Figura 2: Contaminação de LV no Rio Murucupi (Barcarena/PA).

Fonte: Revista Ambiente Já (Jun/2009).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

16

Figura 3: Vazamento de LV na cidade de Ajka, Hungria.

Fonte: Revista Veja (2012).

Figura 4: Vista aérea do vazamento da fábrica de alumínio em Ajka, Hungria.

Fonte: Jornal de Londrina (2010).

Do ponto de vista técnico, as características químicas e mineralógicas da LV impõem

dificuldades a sua utilização em razão da variedade de minerais presentes. A composição deste

resíduo está diretamente relacionada à natureza da bauxita empregada e também à técnica

empregada no processo Bayer. De modo geral, a LV é constituída por uma assembléia complexa

de minerais que vão dos não dissolvidos no processo Bayer como os óxidos e hidróxidos de

alumínio (gibbsita, boemita e diásporo), os óxidos e hidróxidos de ferro (hematita e goethita),

rutilo, anatásio, calcita, dolomita, caulinita, além dos neo-formados como a sodalita e a

cancrenita e outros que se encontram na forma de traços como os óxidos de V, Ga, P, Mn, Mg,

Zn, Th, Cr e Nb. Na LV gerada pela ALUNORTE não foram detectadas as presenças de boemita

e diásporo, somente da gibbsita (HILDEBRANDO, 1998). Isto se deve à bauxita empregada

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

17

como matéria-prima, que é tri-hidróxida, característica comum das regiões com alto grau de

intemperismo, como é o caso da região amazônica.

Muitas tentativas têm sido feitas com intuito de aproveitar a LV ao invés de

simplesmente depositá-la. Todavia, a grande maioria dos estudos não encontrou uma aplicação

satisfatória do ponto de vista econômico. Essas pesquisas foram baseadas principalmente no

uso da LV como substituição parcial da argila na fabricação de produtos cerâmicos

(PELLINKHOUSE, DAVERN, 1975; AMRITPHALE, PATEL, 1987; ALLAIRE, 1992).

Outras pesquisas estão sendo desenvolvidas com a finalidade de encontrar soluções

viáveis, tanto técnica quanto econômica, como, por exemplo, na forma de pigmentos para

fabricação de ladrilhos cerâmicos (SOUZA et al., 1996), como matéria-prima na fabricação de

cimento Portland (SHIMANO, KOGA, 1979); e também como matéria-prima para fabricação

de um pigmento inorgânico natural com comportamento pozolânico1 para concreto e argamassa

coloridos (PÈRA et al., 1997).

Dentre os trabalhos citados, um dos que tem maior potencialidade de aplicação

industrial seria o último, como pigmento pozolânico. A diversidade de minerais constituintes

da LV, que seria uma dificuldade técnica para as outras aplicações, acaba acarretando, de forma

involuntária, obviamente, condições ideais para a fabricação de um novo material de

construção: o pigmento pozolânico, com características bastante peculiares em relação aos

pigmentos convencionais. Estes últimos, por serem inertes, são utilizados em percentuais

reduzidos de 3 a 5%. O pozolânico, além da pigmentação, possibilitaria o aumento da

resistência e da durabilidade. Outro benefício inerente ao uso de materiais pozolânicos seria a

redução da eflorescência, que é o principal problema quando se utilizam pigmentos inorgânicos

em produtos à base de cimento Portland.

As pozolanas reagem com o hidróxido de cálcio, formando um produto reativo

semelhante em composição e propriedade com o silicato de cálcio hidratado (C-S-H), sendo

1 Pozolana é uma adição mineral que proporciona maior durabilidade às argamassas e concretos; é um material

silicoso ou aluminossilicoso, finamente dividido, que reage na temperatura ambiente com o hidróxido de cálcio

(portlandita) – produto resultante das reações de hidratação do clínquer Portland – para formar silicatos de cálcio

hidratados, que dão resistência mecânica ao cimento; tem granulometria mais fina que o cimento, preenchendo os

espaços vazios na interface aglomerante-agregado, alterando a microestrutura da argamassa, aumentando a

permeabilidade, resistência final, durabilidade e diminuindo o calor gerado na hidratação do cimento (MEHTA &

MONTEIRO, 2014).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

18

que as reações reduzem o volume total e tamanho dos poros capilares, contribuindo para um

aumento da resistência. Outra vantagem da incorporação de pozolanas no cimento Portland é a

diminuição do calor de hidratação nas misturas de argamassas e concretos, evitando que

ocorram fissuras de origem térmico nos elementos a serem produzidos (MEHTA e

MONTEIRO, 2014). Outra característica importante é a redução do grau de eflorescência, que

é um dos principais problemas quando se usam pigmentos inorgânicos a base de cimento

Portland.

O caulim também é um problema para o meio ambiente caso não haja uma destinação

adequada ao produto. Somente no Pará, em 2013, foi produzido 71% de caulim do total da

produção interna brasileira (BRASIL, 2014). Logo, há estudos com o uso do caulim como sendo

opção de constituir um novo componente na fabricação de argamassas e concretos com cimento

Portland. Segundo Barata (2007), quando o caulim é calcinado, este adquire atividade

pozolânica para a fabricação de argamassas e concretos, tornando-se um material pozolânico

de alta reatividade em cimentos Portland, denominado metacaulinita.

Diante do exposto, acredita-se que a realização deste estudo que avalia a viabilidade

técnica da produção de um pigmento com caraterísticas pozolânicas a partir da mistura de LV

e caulim seja extremamente relevante porque poderá produzir um pigmento com melhores

características técnicas que o pigmento comercial, além de empregar dois resíduos que são

gerados em larga escala. Em suma, o trabalho visa realizar estudos sobre no uso da LV para a

fabricação de argamassas coloridas, avaliando: a resistência à compressão com maiores

percentuais de incorporação de pigmentos e a capacidade de fixação do sódio pela formação de

minerais que incorporem o sódio na estrutura cristalina. Então, os pigmentos produzidos

possibilitarão um avanço substancial nas pesquisas referentes ao uso de materiais alternativos

a serem aplicados como pigmentos alternativos em argamassas, e futuramente em concretos,

em substituição aos pigmentos comerciais.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

19

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Produzir pigmentos com características pozolânicas a partir das misturas calcinadas

com duas porcentagens de lama vermelha (LV) e do caulim (CL), investigando o efeito de sua

incorporação nas propriedades tecnológicas de argamassas coloridas.

2.2 Objetivos Específicos

o Caracterização química, física e mineralógica da LV e do caulim, bem como das

misturas calcinadas oriundas de duas proporções entre esses materiais de partida;

o Avaliar as reatividades dos pigmentos produzidos a partir da queima das misturas de

LV e do caulim através de métodos normatizados de determinação da atividade

pozolânica com cimento Portland e cal;

o Investigar o efeito da incorporação de dois pigmentos pozolânicos sobre as propriedades

das argamassas coloridas como a resistência à compressão e o percentual de

solubilização do sódio presente na LV.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

20

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Alumina

3.1.1 Produção

A produção da alumina (Al2O3) requer uma série de insumos, sendo que o consumo

depende da qualidade da bauxita utilizada para sua fabricação. As reservas mundiais da bauxita

somaram 28,1 bilhões de toneladas, sendo que as principais reservas se localizam na Guiné e

na Austrália, com 7,4 bilhões e 6,5 bilhões de toneladas respectivamente, sendo as regiões de

clima tropical e subtropical apresentam 90% da produção mundial de bauxita. O Brasil está em

3º lugar com 2,6 bilhões de toneladas, sendo as reservas concentradas na região Amazônica

(BRASIL, 2015).

No ano de 2014 a produção brasileira de bauxita alcançou 35,4 Mt, contra 33,8 Mt do

ano anterior, sendo que só no Pará a produção de bauxita atingiu a marca de 32,2 Mt, cerca de

90,9% do total nacional. Na Figura 5 mostra os dados do Sumário Mineral (BRASIL, 2015)

apresentando um crescimento proporcional da produção brasileira de bauxita e alumina de 2009

a 2014.

Figura 5: Dados do crescimento da produção da bauxita e alumina de 2009 a 2014 (em Mt).

Fonte: Sumário Mineral (2010-2015).

28 29

33,6 33,2 33,835,4

7,89,4 10,1 10,3 9,9 10,4

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2009 2010 2011 2012 2013 2014

Bauxita Alumina

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

21

3.2 Processo Bayer

O processo Bayer (Figura 6) foi patenteado pelo químico austríaco Karl Joseph Bayer

em 1888. Este processor é utilizado para o refino da bauxita para a produção da alumina.

Anteriormente o beneficiamento da bauxita era feito pelo processo Le Chatelier, aquecendo a

bauxita com Na2CO3 a 1200°C, porém o processor Bayer reduz drasticamente os custos de

produção da alumina, somente substituindo o carbonato de sódio (Na2CO3) pelo hidróxido de

sódio (NaOH) e pela pressão durante a digestão (SILVA FILHO et. al., 2007).

Figura 6: Etapas da produção de alumina pelo processo Bayer.

Fonte: Silva Filho; Alves; Da Motta (2007).

O estágio inicial é moendo-se a bauxita, seguida pela digestão com uma solução de

NaOH sob temperatura e pressão, sendo que a concentração, temperatura e pressão variam de

acordo com a natureza da bauxita. A clarificação ocorre a separação entre as fases sólida

(resíduo insolúvel) e a líquida (licor). Logo em seguida vem o espessamento que é um processo

de decantação tendo por objetivo adensar o resíduo, aumentando o teor de sólidos, para

recuperar uma maior quantidade de NaOH. Nesta fase é comum a adição de polímeros (com

hidroxamatos e poliacrilamida) para a indução da floculação das partículas. Logo em seguida

vem o processo de filtração e depois da precipitação, quando se dá o resfriamento do licor.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

22

Quando o material esfria é feita a adição de uma pequena quantidade de cristais de alumina

para estimular a precipitação. A alumina cristalizada vai para a calcinação e o licor residual

com NaOH e alguma alumina é recirculada para a etapa de digestão. Em seguida vem a

calcinação que é a etapa final do processo, onde a alumina é lavada para remover os resíduos

do licor e depois é seca. Daí a alumina é calcinada em aproximadamente 1000°C para desidratar

os cristais, formando cristais de alumina puros, com aspecto arenoso e branco (SILVA FILHO

et. al., 2007).

O resíduo insolúvel que se forma durante a clarificação se chama Lama Vermelha, na

qual é composto por óxidos insolúveis de ferro, quartzo, aluminossilicatos de sódio, carbonatos

e aluminatos de cálcio e dióxido de titânio (SILVA FILHO et. al., 2007).

3.3 Lama Vermelha

3.3.1 Depósito e estocagem

Um dos maiores problemas da planta do processo Bayer é a deposição da Lama

Vermelha (LV), pois seu grande volume de estocagem acarreta problemas ambientais. No

mundo, as fábricas de alumina depositam a LV em lagoas artificiais ou aterros. Estes

reservatórios podem ser revestidos com argila impermeável e/ou manta de polietileno de alta

densidade, como é feito na Alunorte (PA), na qual a LV é filtrada e transportada por caminhões

até o local de descarte (HYDRO, 2016).

Segundo a Hydro do Brasil (2016), a LV passa por uma lavagem e filtragem, a fim de

eliminar a água de processo e a soda cáustica, se transformando em uma pasta grossa, sendo

transportada até o local de descarte.

O depósito é revestido por membranas para evitar a infiltração para o solo, e a

drenagem e águas pluviais são coletadas e levadas para a Estação de Tratamento de Efluentes

Industriais, controlando-se o pH e eliminando as partículas para atender aos padrões

estabelecidos pelas autoridades. Quando o depósito está cheio, ele é coberto por terra e plantado

espécies vegetais locais. A tecnologia de deposição é denominada dry stacking (HYDRO,

2016).

Segundo a MRN (2016) o seu sistema de tratamento de rejeitos também consiste em

reservatórios, construídos em áreas lavradas, na qual o rejeito é adensado, sem qualquer tipo de

aditivo químico, sendo que a água recuperada do adensamento retorna para as instalações de

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

23

beneficiamento do minério em circuito fechado. Após a sedimentação no reservatório, o rejeito

é dragado e bombeado para outros reservatórios construídos em áreas já mineradas, e a água

residual vai sendo eliminada aos poucos, até que haja condições de plantio de espécies nativas

no referido local.

3.3.2 Utilização

O depósito de LV necessita de grandes áreas e, como já foi visto, acarreta em sérios

problemas de contaminação no meio ambiente. Portanto, ao longo dos anos vem se

intensificando a busca por soluções economicamente viáveis de reaproveitamento dos resíduos,

como por exemplo:

Uso em concreto auto-adensável (RI-XIN LIU e CHI-SUN POON, 2016);

Produção de vidros e cerâmicas (LIAO e SHIH, 2016);

Fabricação de agregados leves (MOLINEAUX et al., 2016);

Produção de polímeros de espuma (BADANOIU et al., 2015);

Blocos de pavimentação (KUMAR e KUMAR, 2013);

Modificadores das características reológicas e endurecidas das argamassas de

cimento (SENFF, HOTZA e LABRINCHA, 2011);

Tijolos e fornos de cerâmica (SGLAVO et al., 2000);

Pigmentos pozolânicos (PÈRA, BOUMAZA e AMBROISE, 1997).

3.3.3 Caracterização

A LV é um subproduto marrom avermelhado colorido dos resíduos sólidos produzida

em grandes quantidades a partir das indústrias de alumínio, sendo geralmente utilizado o

processo Bayer para a digestão do minério da bauxita em soluções concentradas de NaOH, à

temperatura e pressão adequadas. Esta LV é composta por dois grupos de minerais, sendo que

o primeiro refere-se aos minerais não dissolvidos no processo Bayer, como os hidróxidos e

óxidos de alumínio (gibbsita, boemita, diásporo), ferro (hematita e goethita) e outros (rutilo,

anatásio, calcita, dolomita, quartzo); o segundo grupo refere-se as novas fases formadas durante

o processo Bayer, devido às reações da sílica com o sódio solúvel, como aluminossilicatos de

sódio hidratados (zeólitas – sodalita e cancrenita), aluminatos tricálcio, muscovita, titanatos de

Na, Ca ou Mg, etc. (LIMA, 2006).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

24

Durante o processo de digestão o alumínio reage com NaOH para formar o aluminato

de sódio solúvel deixando a pasta de LV como um rejeito. Sua composição primária é formada

por Al2O3 (17-20%), Fe2O3 (48-54%), SiO2 (4-6%), TiO2 (3-4%), Na2O (3-5%) e CaO (1-2%),

(NATH, SAHOO e SAHOO, 2015).

A área superficial específica da LV varia conforme o tratamento térmico aplicado nas

amostras, contribuindo para o seu aumento, porém a partir de 600°C pode-se haver uma redução

desta área. Os valores da sua área superficial específica podem variar de 13 a 22 m²/g, tendo

um pH de 10 a 13, com partículas muito finas (95% < 44 µm), (SILVA FILHO, ALVES e DA

MOTTA, 2007).

A Tabela 1 mostra algumas amostras de LV determinadas por ensaios em alguns

trabalhos em diversos locais pelo mundo.

Tabela 1: Composição química da lama vermelha (%) gerada em diferentes países.

Nomenclatura Óxidos

BARATA

(ALUNORTE) Brasil

PÈRA et al.

(PECHINEY) França

SHIMANO &

KOGA

(MITSUI &

CO.)

Japão

SGLAVO et

al. (PORTO

VESME) Itália

Óxido de Ferro Fe2O3 41,40 26,62 45,50 35,20

Óxido de alumínio Al2O3 19,70 15,00 20,60 20,00

Dióxido de silício SiO2 16,10 4,98 7,00 11,60

Óxido de sódio Na2O 9,30 1,02 3,20 7,50 Dióxido de titânio TiO2 4,20 15,16 8,40 9,20

Óxido de cálcio CaO 1,20 22,21 4,00 6,70

Óxido de magnésio MgO 0,28 0,95 --- 0,40

Dióxido de enxofre SO2 --- 0,23 --- ---

Óxido de cromo Cr2O3 --- --- --- 0,40

Pentóxido de

fósforo P2O5 0,042 0,69 --- 0,30

Pentóxido de fósforo

P2O5 --- --- --- 0,30

Trióxido de enxofre SO3 --- --- --- 0,30

Dióxido de zircônio ZrO2 --- --- --- 0,30

Cloro Cl --- --- --- 0,20 Óxido de potássio K2O 0,02 0,02 --- ---

Óxido de manganês MnO <0,01 0,09 --- ---

LOI 8,93 12,10 8,50 7,30

Fonte: BARATA (2007); SGLAVO et al. (2000).

Percebe-se que quase metade da composição química da LV é constituída por óxidos

de ferro e óxidos de alumínio. A composição química da LV brasileira analisada possui

semelhanças à da LV coletada da indústria japonesa e italiana, quando comparados aos três

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

25

principais constituintes (Al2O3, Fe2O3 e SiO2), sendo que a LV brasileira e japonesa apresenta

maiores concentrações de óxido de ferro em relação as demais indústrias pesquisadas.

É importante salientar que o processo de queima da LV altera a sua composição

química (ANTUNES, CONCEIÇÃO e NAVARRO, 2011), e a qualidade da jazida de bauxita

utilizada e da técnica empregada no processo Bayer em cada planta industrial influencia

diretamente na qualidade da LV gerada (SILVA FILHO, ALVES e DA MOTTA, 2007).

3.4 Caulim

3.4.1 Produção

O caulim possuiu uma diversidade de aplicações na indústria, que pelas suas

características de alvura e granulometria é utilizada, principalmente, na indústria de papel e, de

forma secundária, na indústria química e cerâmica (BRASIL, 2015).

No ano de 2014 a produção mundial de caulim foi de 40 Mt, com o Brasil ocupando a

6ª colocação (1,8 Mt). A CADAM, PPSA e a IMERYS são as maiores produtoras de caulim do

Brasil, situando-se na Região Norte do país, sendo que o Estado do Pará representou cerca de

80% do total da produção interna do caulim brasileiro em 2014. Os depósitos de caulim da

Região Norte são do tipo sedimentar e se localizam nos municípios de Vitória do Jari (AP),

Ipixuna do Pará (PA) e Manaus/Rio Preto da Eva (AM), (BRASIL, 2015). A Figura 7 informa

dados da produção brasileira de caulim nos anos de 2009 a 2014.

Figura 7: Produção de caulim brasileiro em toneladas de 2009 a 2014.

Fonte: Sumário Mineral (2010-2015).

O processo de beneficiamento e remoção de impurezas do caulim nas indústrias se dá

dispersando o caulim em solução alcalina, após a sua extração da mina. A primeira etapa é a

1.987 2.000 1.9272.189 2.200

1.800

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

2009 2010 2011 2012 2013 2014

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

26

separação do resíduo maior que 44 µm por meio da sedimentação e peneiras vibratórias. A

suspensão peneirada passar por centrífugas, removendo as partículas menores que 2 µm. Na

sequência, esta solução de partículas finas (ɸ < 2 µm) é submetida a um separador magnético,

fazendo com que as impurezas (fração magnética) sejam removidas, como os óxidos de ferro e

titânio, que dão a coloração rósea no caulim. Após a centrifugação e separação magnética, a

polpa do caulim não-magnético é aglomerada através de soluções ácidas para a melhor

eficiência da etapa de branqueamento químico. Logo após, a polpa é filtrada em um filtro-

prensa, e depois redispersa para ser seca em secadores do tipo “spray-dryer”. Na etapa final o

caulim é armazenado seco e pulverizado em silos de concreto (BARATA, 2007).

3.4.2 Resíduos de beneficiamento

O processo de beneficiamento produz dois tipos de resíduos: o primeiro constituído de

quartzo, que é reposto no próprio local da lavra; e o segundo volumoso e composto por uma

solução aquosa de caulinita, descartada do processo. Devido ao grande aumento dessa geração

de resíduos nas indústrias, sendo proporcional à produção de caulim beneficiado, são

construídas periodicamente grandes lagoas próximas ao local da usina, para onde o resíduo é

bombeado à dispersão com as partículas mais grossas das caulinitas e minerais acessórios

descartados do processo. A medida que as lagoas vão sendo preenchidas com a polpa, as

partículas de caulim vão sedimentando e água excedente é removida da lagoa através de um

tubo extravasor e lançada no rio, após ter sido corrigido o seu pH. Devido ao grande volume

necessário para alocar os resíduos, as lagoas se tornam um problema ambiental, pois além de

desmatar grandes áreas para a sua construção, ocorrem diversos problemas ambientais de

vazamentos do produto (BARATA, 2007).

3.5 Concreto colorido

3.5.1 Introdução

O uso do concreto colorido na arquitetura consiste em deixar o material à mostra na

obra arquitetônica, valorizando sua textura, cor e formas. O arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer

deu início ao uso do concreto como elemento plástico, valorizando sua versatilidade e beleza.

Logo, ao longo dos anos, a adição de cores, texturas e formas no concreto ganhou a aceitação

de diversos arquitetos renomados, especificadores e clientes, como por exemplo o arquiteto

Ruy Ohtake (Figura 8), e o escritório Brasil Arquitetura (Figura 9).

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

27

Figura 8: Hotel Unique / São Paulo (Arquiteto Ruy Ohtake).

Fonte: Hotel Unique (Maio/2016).

Figura 9: Praça das Artes / São Paulo (Escritório Brasil Arquitetura).

Fonte: Mapa da Obra (Maio/2016).

Com a evolução das técnicas construtivas e dos materiais é possível criar e projetar

estruturas nas diversas cores e formas. O concreto como material na arquitetura se destaca pela

beleza; criatividade em design; consistência em cores brilhantes ou tons pastéis; podem

combinar com o uso de pedras, vidro e cerâmica e uma construção rápida com o uso de pré-

moldados.

O uso do cimento convencional cinza produz cores mais escuras, já o cimento branco

pode ter diversas opções de cores. Muitos acabamentos são adequados para pisos, pavimentos

e calçadas, como painéis arquitetônicos de fachadas e edifícios. Estes acabamentos do concreto

incluem o uso de cor e/ou cimento branco; concretos com agregado exposto em texturas;

concreto fotogravado e concreto aparente em superfícies lisas.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

28

3.5.2 Classificação dos pigmentos

O pigmento é um sólido, orgânico ou inorgânico, preto, branco, colorido ou

fluorescente, insolúvel no substrato que venha a ser incorporado, e que não reage fisicamente e

quimicamente com este substrato. O pigmento fornece a cor pela simples dispersão mecânica

no meio a ser colorido. Quanto mais fino é o pigmento, maior é a tendência dele se dispersar

na matriz. A área superficial específica e a distribuição granulométrica do pigmento definem

como ele irá se dispersar na matriz. Logo, a distribuição granulométrica ótima está ligada a

velocidade de dispersão e a capacidade pigmentante. Para a maioria das aplicações de uso

industrial, o tamanho das partículas dos pigmentos deve ter dimensões de 0,1 a 10 µm

(BONDIOLI, MANFREDINI e OLIVEIRA, 1998).

Os pigmentos orgânicos têm alto poder de tingimento e muitos tipos de tons. No

entanto, os inorgânicos possuem alta estabilidade química, menor grau de toxidade e baixo

poder de tingimento. Com uma análise mais detalhada foi percebido que os pigmentos

orgânicos possuem ligações orgânicas, de cadeias longas e cristais muito finos, produzindo

fenômenos adversos aos desejados na fabricação do concreto colorido, como: intensa migração

dos pigmentos durante o processo de cura, adensamento ou prensagem; quebra das ligações

orgânicas, gerando subprodutos que alteram a coloração do concreto; conversão em sais

solúveis provocando manchas nas peças à base de cimento Portland (ROJAS e CABRERA,

2002).

Segundo Lima (2006) mesmo que os pigmentos orgânicos tenham um tingimento

melhor, o mais indicado para a fabricação de concretos coloridos são os pigmentos inorgânicos

porque a sua durabilidade da cor é maior, mais estável em sistemas de cimento Portland, melhor

resistência às intempéries e à luz.

Em relação aos pigmentos à base de óxido de cromo e óxido de cobalto estes são mais

caros em sua comercialização e devem ser usados preferencialmente com cimento branco para

que sua cor fique mais evidenciada. Cada cor básica permite tons de pigmentos estreitamente

graduados, sendo que os pigmentos inorgânicos abrangem uma larga variedade de tons. Além

do pó, os pigmentos podem estar em forma granulada e de dispersões, que podem ser

adicionados manualmente ao concreto ou à argamassa. Os pigmentos granulados possuem

excelente fluidez e oferecem vantagens de utilização através de sistemas automáticos de

dosagem, sendo desenvolvidos especificamente para o uso na construção civil, focando sua

aplicação em concretos, pois têm facilidade na pesagem e no transporte. Os pigmentos líquidos

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

29

são dispersos em água, dão maior produtividade e oferecem menor risco ambiental, pois durante

as operações o material particulado é eliminado.

3.6 Produção de concretos coloridos

3.6.1 Cimento

A cor natural do cimento afeta diretamente a cor do produto final. Como a cor cinza

absorve todas as cores, o concreto não pode ser colorido de forma nítida, ao contrário quanto

ao uso do cimento branco, principalmente quando se quer tons de cores pastéis. Porém, mesmo

cimentos do mesmo tipo podem algumas vezes terem tons diferentes devido às fontes de

matérias-primas e do processo de produção.

3.6.2 Adições minerais

As adições interferem na cor do concreto colorido, portanto, ao dosar o concreto ou

argamassa usando as adições com grande volume de aplicação, o tipo, quantidade e fornecedor

de adições devem ser o mesmo, assim como para o cimento, evitando alterações na tonalidade

que possa interferir na cor final da mistura.

3.6.3 Agregados

O pigmento adicionado ao concreto colore apenas a pasta de cimento, e ao endurecer,

forma uma fina camada ao redor das partículas dos agregados. A princípio a cor do agregado

não interfere na cor final do produto, porém, a exposição gradual tende a desgastar a pasta de

cimento endurecida, mostrando as partículas do agregado, mudando a aparência da superfície

do concreto, mas esta mudança será pequena se a cor natural do agregado não diferir tanto da

cor da pasta de cimento endurecida. Para evitar que ocorra o problema, a escolha do agregado

deve ter uma tonalidade adequada ou a quantidade de agregado de diferentes tonalidades deve

ser limitada ao mínimo possível, assim como a sua qualidade deve ser fundamental para a

obtenção de uma cor firme e uniforme, controlando no momento de sua compra e recebimento

algumas impurezas como teores de matérias orgânicas, etc.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

30

3.6.4 Pigmentos

A quantidade de pigmento depende da tonalidade desejada, e é determinada por testes

empíricos, porém caso não seja possível os testes, é recomendável seguir os teores especificados

na Tabela 2. Para o controle da intensidade da cor final do concreto é recomendável teores entre

3% a 5% de pigmento em relação à massa do cimento. A ASTM C979:2010 recomenda que a

dosagem do pigmento não deve exceder 10% em relação à massa do material cimentício, e a

ACI 212.3R:2010 a adição de até 6% de pigmento à mistura tem um efeito menor ou é quase

imperceptível nas propriedades do concreto fresco ou endurecido.

Tabela 2: Teores normalmente empregados de pigmento.

Principais pigmentos inorgânicos

Tonalidade desejada Teor de pigmento

Concreto em cores pálidas, tons pastéis

quando utilizado o cimento branco 1 a 2 Kg por 100 Kg de cimento

Tons médios 3 a 5 Kg por 100 Kg de cimento

Tons escuros 6 a 8 Kg por 100 Kg de cimento

Fonte: Concreto, ciência e tecnologia / ISAIA (2011).

3.6.5 Proporcionamento dos materiais

A quantificação e proporcionamento dos materiais constituintes do concreto colorido

devem preferencialmente ser utilizados por equipamentos gravimétricos (balanças), porém, na

falta desses equipamentos, os recipientes volumétricos devem ser de materiais indeformáveis,

não permitindo variações de medidas maiores do que 3%.

3.6.6 Relação água/cimento (a/c)

A água em excesso na mistura quando evapora deixa vazios que influenciam

diretamente na cor do concreto, pois os vazios que surgem na forma de finos poros dissipam a

luz incidente, ou seja, quanto maior a relação a/c mais claro é o concreto. Portanto, a adição do

pigmento pode aumentar a demanda de água no concreto. Para corrigir isso, deve-se adicionar

aditivos superplastificantes à mistura, melhorando a trabalhabilidade e reduzindo a relação a/c

nos concretos.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

31

3.6.7 Mistura do concreto e sequência de dosagem do pigmento

Os pigmentos são produtos muito finos e é recomendado o uso de misturadores

forçados de contracorrente, de eixo vertical simples ou planetário, e os misturadores de eixo

horizontal. Com isso, a mistura do concreto passa a se tornar mais homogênea. Além disso, a

sequência da adição na betoneira é importante para uma boa homogeneização do pigmento.

Abaixo está relacionada a ordem de mistura recomendada por um fabricante:

Pré-mistura a seco do pigmento mais o agregado;

Mistura complementar após a adição do cimento;

Mistura a úmido após a adição da água.

Para a produção de pisos, a compacidade2 não afeta a sua cor, porém no caso de

concreto seco (abatimento zero), é fundamental uma boa dosagem para diminuir o número de

vazios na mistura. Há também outras recomendações que estão relacionadas à durabilidade e

qualidade do concreto colorido como:

Quanto maior é o teor de argamassa do concreto, melhor é a estabilidade da cor;

Quanto maior é a quantidade de água (> a/c) a intensidade da cor no concreto será

menor, além da perda da resistência à compressão;

A tonalidade da cor pode alterar em função da textura e do acabamento das fôrmas;

Os agentes de cura podem causar manchas no concreto.

Na Tabela 3 resume as regras básicas durante a fabricação de um concreto colorido. A

durabilidade, qualidade e estética é possível com o emprego de uma dosagem adequada,

materiais de boa qualidade, mão-de-obra qualificada, boa qualidade das fôrmas e processo de

acabamento, e a cura, sendo está última uma das etapas mais importantes para garantir uma boa

qualidade do concreto colorido, e a cura deve ser realizada geralmente por um produto

recomendado pelo fornecedor de pigmentos, além de intensificar a sua cor.

2 Compacidade é a capacidade que um material possui de se compactar, adensar, unir-se.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

32

Tabela 3: Recomendações básica para a fabricação de um concreto colorido.

1 O tipo e o fabricante do CIMENTO não devem ser alterados durante a obra.

2 A cor natural do AGREGADO deve ser considerada.

3 O traço do concreto deve ter um elevado TEOR DE ARGAMASSA3.

4 O erro de dosagem dos materiais deve ser limitado a ± 3%.

5 O pigmento e os agregados devem ser PRÉ-MISTURADOS, e um misturador de

circulação forçada deve ser usado para argamassas.

6 O concreto deve ser bem COMPACTADO.

7 Não deixar que ocorra a formação de PASTA DE CIMENTO ENDURECIDA

sobre a superfície do concreto; caso ocorra, deve-se removê-la.

8

Cuidados de CURA devem ser tomados, tais como: proteger o concreto da alta

umidade atmosférica, eliminar as correntes de vento e a condensação de água sobre

o concreto fresco.

9 O pigmento deve ser ARMAZENADO de forma adequada.

Fonte: ISAIA (2011).

3 Um maior teor de argamassa permite uma maior estabilidade na cor.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

33

4 MATERIAIS E MÉTODOS

O programa experimental do trabalho foi divido em 03 (três) etapas, consistindo

preliminarmente em uma caracterização dos materiais de partida (lama vermelha e caulim). Em

seguida, a determinação da reatividade dos materiais transformados (pigmentos pozolânicos);

e por último, uma investigação do efeito desses pigmentos pozolânicos na resistência à

compressão e na imobilização do sódio nas argamassas de cimento Portland.

4.1 Caracterizações dos materiais de partida

Esta etapa teve como objetivo caracterizar os materiais de partida empregados para a

produção dos pigmentos pozolânicos. Os materiais de partida tiveram que ser submetidos a

algumas etapas de preparação. A Figura 10 mostra o fluxograma das atividades desenvolvidas

nesta etapa.

Figura 10: Fluxograma das atividades desenvolvidas na 1ª etapa.

Coleta

Secagem

Moagem

ICP OES

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

34

4.1.1 Preparação das amostras

4.1.1.1 Coleta das amostras

As matérias primas utilizadas para a produção dos pigmentos pozolânicos são

provenientes das indústrias de transformação e beneficiamento localizadas no município de

Barcarena (PA), região nordeste paraense (Figura 11). As origens dos materiais são de empresas

distintas no município:

a) Lama Vermelha, proveniente da ALUNORTE (Hydro do Brasil);

b) Caulim, proveniente da Imerys Rio Capim Caulim.

Estas empresas são voltadas respectivamente para a produção da alumina (Al2O3) e

para o beneficiamento do caulim (Al2Si2O5(OH)).

Figura 11: Lagoas de lama vermelha e caulim em Barcarena-PA.

Fonte: Google Maps (Ago/2016).

IMERYS

HYDRO

DO

BRASIL

LV

CL

CL

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

35

A LV, como já foi descrito no item 3.2, é um resíduo proveniente do processo Bayer,

gerado durante a produção da alumina, tendo como principal matéria prima a bauxita. O caulim

empregado na pesquisa foi o produto beneficiado ao invés do resíduo do beneficiamento, uma

vez que a empresa não o disponibilizou.

4.1.1.2 Secagem

A LV úmida foi colocada em uma bandeja de alumínio, sendo alocada na estufa

MEDICATE modelo MD 1.3, a uma temperatura de 110 ± 5ºC para secagem. O controle da

massa e do teor de umidade foi baseado nas informações obtidas em uma balança digital

URANO Mod. US 20/2 POP-S.

No caso do caulim, apresentava baixo teor de umidade, porém foi realizado um

procedimento diferenciado devido ao material estar em forma de partículas aglomeradas

(obtidas pelo método de secagem no “spray-dryer”, conforme explicado no item 3.4.1) que ao

longo da pesquisa poderiam elevar a margem de erros nos resultados finais. Portanto, optou-se

pela diluição destas partículas aglomeradas em água destilada na proporção de 2:1

(água:caulim) a fim de desflocular esses aglomerados de partículas. Após o procedimento, a

polpa do caulim foi seca na estufa a uma temperatura de 70 ± 5ºC durante 4 dias, até atingir a

constância de massa, obtendo a amostra de caulim na forma de partículas não aglomeradas,

visando o favorecimento das reações com os compostos da LV.

4.1.1.3 Moagem

Em decorrência da secagem, as partículas da LV e do caulim aglomeraram-se em

torrões, sendo assim, foram destorroados manualmente. Após este procedimento a LV e o

caulim foram moídos em um moinho de bolas planetário SERVITECH Mod. CT 242 - 0.5

HP/60 HZ, permanecendo por 4 minutos à uma rotação máxima pré-configurada, utilizando

dois tamanhos de bolas para se obter um rendimento melhor durante a moagem. Esse processo

foi repetido por inúmeras vezes até que as amostras fossem totalmente pulverizadas, de modo

a alcançar a granulometria satisfatória para o trabalho.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

36

4.1.2 Caracterização dos materiais de partida

4.1.2.1 Mineralogia / micromorfologia

A mineralogia dos materiais de partida foi avaliada por Difratômetria de Raios-X

(DRX). A micromorfologia das partículas foi investigada por Microscopia Eletrônica de

Varredura (MEV).

O equipamento utilizado foi o Difratômetro de Raios-X, modelo X´PERT PRO MPD

(PW 3040/60), da PANalytical, com goniômetro PW3050/60 (θ/θ), tubo de raios-X cerâmico e

anodo de Cu (Kα1 = 1,540598 Å), modelo PW3373/00 com foco fino (2200 W/60 kV), e filtro

Kβ de níquel. Foi utilizado um detector do tipo RTMS, X‟Celerator. As condições de análise

foram as seguintes: varredura de 3 a 75° em 2θ, voltagem de 40 kV, corrente de 30 mA, tamanho

do passo de 0,02° em 2θ, tempo/passo de 81s, fenda divergente de 1/4° e anti-espalhamento de

1/2°, máscara de 10mm e movimentação circular da amostra com frequência de 1 rotação/s. Os

dados obtidos foram analisados pelo software X'Pert Highscore Plus – HSP.

As análises de MEV foram realizadas no microscópio eletrônico de varredura da marca

LEO, modelo 1430VP. As amostras foram pulverizadas e depois colocadas dispostas em

quantidades ínfimas no suporte de alumínio com 10mm de diâmetro e sua fixação ao mesmo

foi através de adesiva de carbono. A metalização das amostras foi com o metalizador

EMITECH, modelo K550X, realizada a partir da interação entre um alvo de ouro puro (Au) e

íons de gás argônio (Ar), a uma pressão de 2x10-1 mbar e corrente de 25 mA, durante 2 minutos

e 30 segundos, resultando na deposição de uma película com espessura média de ± 15 nm sobre

as amostras. As amostras foram geradas por detecção de elétrons secundários, utilizando-se

aceleração de voltagem de 20 kV, registradas de modo digital de alta resolução, em formato

tiff. As análises foram realizadas no Instituto de Geociências da UFPA, no laboratório de

Microscopia Eletrônica de Varredura.

4.1.2.2 Análise química

As análises químicas foram determinadas por Fluorescência de Raios-X (FRX) (fusão

com tetraborato de lítio) para os seguintes óxidos: SiO2, Al2O3, Fe2O3, CaO, MgO, MnO, K2O,

Na2O, TiO2 e Pb2O5, além da perda ao fogo (PF). Estas análises foram realizadas no Laboratório

de Desenvolvimento e Caracterização de Materiais (LDCM) do SENAI de Santa Catarina.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

37

4.1.2.3 Análise física

As características físicas avaliadas foram a massa específica, a distribuição

granulométrica das partículas e a área superficial específica (BET). A massa específica das

amostras foi determinada no Laboratório de Materiais de Construção da UFPA, realizada

conforme as prescrições da ABNT NBR NM:23 (1998).

A curva de distribuição granulométrica e o diâmetro médio dos pigmentos foram

determinadas pelo analisador de partículas por difração a laser Analysette 22 MicroTec Plus

com unidade de dispersão úmida, da empresa Fristsch. No experimento foi utilizado

aproximadamente 5g de cada material, e para cada um deles foi adicionada água destilada e

mais três gotas de solução dispersante de pirofosfato de sódio a 0,09g L-1 (Na4P2O7 0,09g L-

1). A mistura foi inserida na unidade de dispersão úmida obtendo a distribuição granulométrica

do material no intervalo de leitura das partículas de 8µm a 2000µm. Estas análises

granulométricas foram realizadas no Laboratório de Mineralogia e Geoquímica Aplicada

(LAMIGA) do grupo de Mineralogia e Geoquímica Aplicada da UFPA.

A área superficial específica foi determinada pelo método da Adsorção de Nitrogênio

(BET) no Instituto de Química do Centro de Ciências Exatas e Naturais da UFPA, utilizando a

adsorção de nitrogênio por toda a superfície do material, sendo o cálculo realizado com base no

volume de nitrogênio introduzido na amostra e na área ocupada pelas moléculas de N2. Este

método é mais apropriado para a determinação da área superficial específica de materiais

extremamente finos como o caulim e a LV.

4.1.2.4 Avaliação do sódio disponível (ASTM D3987)

A avaliação do sódio solúvel tanto nos materiais de partida (LV e CL) quanto nos

materiais produzidos (pigmentos pozolânicos) foi determinada de acordo com as prescrições do

método ASTM D3987-85, da American Society for Testing and Materials (ASTM). O método

consiste em dispor 50 g da amostra em recipientes com água deionizada. A quantidade de água

empregada é 16 vezes o peso da amostra. O pH da solução é 5,0±0,2, obtido através da adição

de ácido acético (1N). O ensaio consistiu em agitar a solução (170 rotações/minuto) durante 24

horas. Ao final, a solução foi filtrada em filtro Gelman de malha 0,45 µm.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

38

O percentual de sódio solúvel foi determinado por espectrometria de emissão ótica

com plasma induzido (ICP – OES). O percentual de sódio solúvel foi calculado levando-se em

conta o teor de sódio presente na solução. O ensaio foi realizado no Laboratório de Toxicologia,

da Seção de Meio Ambiente do Instituto Evandro Chagas (IEC). O modelo do equipamento foi

o VISTA – MPX – CCD simultâneo (Varian, Mulgrave, Austrália), configuração axial e

equipado com um sistema de amostragem automático (SPS – 5). O controle das condições

operacionais do ICP OES foi realizado com o software ICP Expert Vista. A Tabela 4 mostra as

condições instrumentais do ICP OES.

Para avaliar a redução do sódio solubilizado nos pigmentos LV90-CL10 e LV10-

CL90, comparou-se os resultados obtidos de sódio solubilizado para estes pigmentos no ICP

OES com os valores teóricos obtidos do somatório dos percentuais de sódio do CL e do LV,

levando-se em conta o percentual de incorporação de cada um deles na mistura do pigmento.

Tabela 4: Condições instrumentais – ICP OES (VARIAN INC.), Modelo: Vista – MPX CCD.

ICP OES (VARIAN (INC.)

MODELO: Vista – MPX CCD

PARÂMETROS CONDIÇÕES

GERADOR DE RF 40 MHz

POTÊNCIA DE RF 1000 W

VAZÃO GÁS DO PLASMA 15,0 L.min-1

VAZÃO DO GÁS AUXILIAR 1,5 L.min-1

VAZÃO DO GÁS DE NEBULIZAÇÃO 0,7 L.min-1

VAZÃO DO BOMBEAMENTO DA AMOSTRA 1,0 L.min-1

TIPO DE NEBULIZADOR Concêntrico

CÂMARA DE NEBULIZAÇÃO Ciclônica

ELEMENTO / COMPRIMENTO DE ONDA Na / 588,995

4.2 Avaliação da reatividade dos pigmentos pozolânicos

A segunda etapa teve como objetivo investigar a reatividade dos pigmentos

pozolânicos produzidos a partir da calcinação e moagem de duas proporções de LV e caulim.

A seguir serão descritos os procedimentos de produção dos pigmentos pozolânicos, as

caracterizações e as técnicas empregadas para a avaliação das atividades pozolânicas. Na Figura

12 é mostrado o fluxograma com as atividades desenvolvidas na 2ª etapa.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

39

Figura 12: Fluxograma das atividades desenvolvidas na 2ª etapa.

4.2.1 Produção dos pigmentos pozolânicos

4.2.1.1 Processamento dos pigmentos

4.2.1.1.1 Mistura, queima e moagem

A partir da preparação dos materiais de partida, a LV e o caulim foram misturados

obedecendo as proporções indicadas na Tabela 5. No final da mistura, obtiveram-se duas

amostras de pigmentos, denominadas LV90-CL10 e LV10-CL90, além da LV e o caulim, que

foram também calcinados isoladamente.

Tabela 5: Proporcionamento dos pigmentos produzidos a partir da Lama Vermelha e do caulim a serem

calcinados.

PROPORÇÃO (%) Amostra

LV:CL

MASSA (g)

LV CAULIM LV CAULIM

90 10 LV90-CL10 450 50

10 90 LV10-CL90 50 450

Materiais de

Partida Pigmentos

LV

CL

90

10

10

90

LV90-CL10

LV10-CL90

ASTM D3987-85

ICP OES

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

40

Após as misturas realizadas para produção dos pigmentos, estas foram calcinadas à

temperatura de 800 °C em um forno Mufla Microprocessado, QUIMIS mod. Q318S21, em

cadinhos de aço com de dimensões de 10 cm x 12 cm x 10 cm (Figura 13). A taxa de

aquecimento foi de 10 °C/min até chegar a temperatura final escolhida e permanecer por

aproximadamente 360 minutos. Para esta etapa o material foi calcinado em quantidade de 500g,

sendo essas amostras dispostas em dois recipientes de aço inox e colocadas no forno mufla. As

amostras foram resfriadas por um período de 15 horas no próprio equipamento após o

desligamento do forno. A retirada da amostra calcinada ocorreu quando sua temperatura já se

encontrava por volta de 100°C.

Figura 13: Cadinhos contendo o material a ser calcinado no forno Mufla.

Em decorrência da calcinação, houve pequenas aglomerações das partículas, o que

demandou a realização de uma nova moagem, adotando-se o mesmo equipamento e

procedimento descrito em 4.1.1.3.

Os pigmentos obtidos após os procedimentos de queima e moagem apresentaram

coloração avermelhada, característica da matéria prima empregada. O que variou foram as

intensidades de acordo com a proporção de caulim e LV.

Os pigmentos produzidos foram estudados junto com a lama vermelha calcinada

(LVC), caulim calcinado (CLC) e o Bayferrox 120 (BF). Este último trata-se de um pigmento

comercial utilizado como parâmetro de comparação às pozolanas (ver observação em Anexo).

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

41

4.2.1.1.2 Caracterização dos pigmentos

Para a caracterização dos pigmentos pozolânicos, da LVC e do CLC foram

empregados os mesmos procedimentos das análises descritos em 4.1.2.

4.2.2 Reatividade dos pigmentos

A avaliação da atividade pozolânica dos pigmentos estudados seguiram as diretrizes e

o método de ensaio adaptado das normas brasileiras. Os materiais utilizados para estes ensaios

foram os pigmentos produzidos a partir das misturas de LV e CL, no caso o LV90-CL10 e

LV10-CL90, além da LVC e do CLC. O pigmento comercial BF não foi incluso na

determinação da atividade pozolânica porque este material não apresenta reatividade com o

cimento Portland.

Os materiais empregados para os ensaios de atividade pozolânica foram o cimento

Portland branco estrutural CEMEX TOLTECA CPC30RB, o hidróxido de cálcio P.A., areia

normatizada do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e um aditivo superplastificante à base

de policarboxilato, com densidade média de 1,05 g/cm3. O cimento CPC30RB, de acordo com

CEMEX (2016), apresenta suas especificações descritas na Tabela 6.

Tabela 6: Informações técnicas do cimento CPC30RB.

Características

Especificações Mecânicas Método de Teste Unidade Condições especificadas pela

respectiva norma

Resistência à compressão a 3 dias NMX-C-061 MPa 20 Valor mínimo esperado

Resistência à compressão a 28 dias NMX-C-061 MPa 30 Valor mínimo esperado

MPa 50 Valor mínimo esperado

Especificações Físicas Método de Teste Unidade Comportamento esperado

Tempo de pega inicial NMX-C-059 minutos 180 Valor médio

Tempo de pega final NMX-C-059 minutos 400 Valor médio

Expansão (autoclave) NMX-C-062 % 0,01 Valor médio

Fonte: CEMEX (2016).

Os ensaios mecânicos para a determinação da atividade pozolânica com cal e com

cimento Portland foram executados no Laboratório de Engenharia Civil (LEC) da UFPA. Os

corpos de prova foram rompidos à compressão simples uniaxial em prensa servo-hidráulica,

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

42

com regulagem de velocidade de aplicação de carga. A prensa servo-hidráulica

microprocessada utilizada é da marca EMIC com capacidade máxima 200 toneladas, sendo

controlada através de um microcomputador, em conjunto com o software TESC-EMIC.

4.2.2.1 Atividade pozolânica com cimento Portland

Para o ensaio da atividade pozolânica dos pigmentos com o cimento Portland branco

estrutural foram obedecidas as prescrições da norma ABNT NBR 5752 (2014). Sendo assim, o

ensaio adotou o seguinte procedimento: uma mistura de referência (argamassa A) e quatro

misturas (argamassa B) na qual substituem 25% do volume do cimento Portland pelo material

a ser avaliado (pigmento). A quantidade dos materiais está apresentada na Tabela 7. Para este

ensaio foram moldados 4 corpos de prova (CP) por traço, com os quais foi determinada a

resistência à compressão das argamassas após 28 dias de cura.

Tabela 7: Quantidade de materiais utilizados no ensaio da atividade pozolânica com cimento branco.

Argamassas Cimento (g) Pozolana (g) Areia (g) Água (g) Aditivo (ml)

Arg. A 416,00 0,00 1248,00 200,00 0,00

Arg. B - CLC 312,00 104,00 1248,00 200,00 0,30

Arg. B - LV10-CL90 312,00 104,00 1248,00 200,00 0,30

Arg. B - LV90-CL10 312,00 104,00 1248,00 200,00 0,30

Arg. B - LVC 312,00 104,00 1248,00 200,00 0,30

4.2.2.2 Atividade pozolânica com cal hidratada

O ensaio da atividade pozolânica dos pigmentos com a cal (hidróxido de cálcio) foi

realizado de acordo com as prescrições da ABNT NBR 5751 (2012). Para determinar a

quantidade de material pozolânico foram determinadas as massas específicas da cal (δcal) e do

material pozolânico (δpoz) a ser testado. Para a determinação da massa específica do material

pozolânico foi utilizado o ensaio do frasco de Le Chatelier, de acordo com a ABNT NBR NM

23 (1998). Com os dados em mãos, utilizou-se a equação 01 mostrada na ABNT NBR 5751

(2012):

𝑚𝑝𝑜𝑧 = 2 ×𝛿𝑝𝑜𝑧

𝛿𝑐𝑎𝑙× 104 equação 01

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

43

A quantidade de água para a mistura obedeceu ao índice de consistência 225 ± 5 mm

(ABNT NBR 5751, 2012), através do ensaio de abatimento, de acordo com a ABNT NBR 7215

(Figura 14). Os resultados de consistência e materiais utilizados estão descritos na Tabela 8.

Tabela 8: Quantidade de materiais utilizados no ensaio da atividade pozolânica com a cal.

Argamassas Cal (g) Pozolana

(g) Água (g)

Relação

água/aglomerantes

(cal + pozolana)

Areia (g) Consistência

(cm)

CLC 104,00 218,44 303,60 0,94 936,00 22,00

LV10-CL90 104,00 228,02 291,80 0,88 936,00 22,00

LV90-CL10 104,00 249,77 238,00 0,67 936,00 22,00

LVC 104,00 255,00 250,00 0,69 936,00 22,00

Figura 14: Medida de consistência na mesa de Graff.

Determinando-se a quantidade de água ideal para a mistura, foram moldados 3 corpos

de prova para determinação da resistência à compressão, curados como prescreve a ABNT NBR

5751 (2012). Aos 7 dias de idade, após a cura, os corpos-de-prova foram desmoldados entre 30

a 60 minutos antes do ensaio de resistência à compressão. Os corpos-de-prova (CP) foram

rompidos à compressão simples uniaxial conforme a ABNT NBR 7215 (1996).

4.3 Avaliação do efeito dos pigmentos nas propriedades das argamassas coloridas

A terceira etapa teve como objetivo investigar o efeito da incorporação dos pigmentos

pozolânicos nas propriedades das argamassas coloridas. As propriedades avaliadas foram a

resistência à compressão das argamassas e o teor de sódio lixiviado das argamassas (Figura 15).

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

44

Figura 15: Fluxograma das atividades desenvolvidas na 3ª etapa.

4.3.1 Materiais

As adições minerais estudadas foram os dois pigmentos pozolânicos produzidos a

partir da LV e caulim, no caso o LV90-CL10 e LV10-CL90, além da própria LV calcinada

(LVC) e o pigmento comercial Bayferrox 120 (BF). O agregado miúdo utilizado foi uma areia

média quartzosa, de modulo de finura de 2,60, diâmetro máximo característico de 4,8 mm. A

Tabela 9 mostra as características da areia e a Figura 16 mostra a curva de distribuição

granulométrica. O aditivo utilizado foi o superplastificante de 3ª geração a base de

policarboxilato, com densidade média de 1,05 g/cm³.

1:m (1:4,5)

a/c = 0,5

BAYFERRO120

% de

Pigmentos

Pigmentos:

LVC

LV90-CL10

LV10-CL90

Bayferrox 120

(BF)

Resistência à

Compressão

(fc)

Lixiviação nos Fragmentos

(Na) – ASTM D3987

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

45

Tabela 9: Análise granulométrica do agregado miúdo.

Figura 16: Curva de distribuição granulométrica do agregado miúdo.

ZONA UTIL ZONA ÓTIMA ZONA UTIL ZONA ÓTIMA

50 0 0 0 0 0 0 0

38 0 0 0 0 0 0 0

32 0 0 0 0 0 0 0

25 0 0 0 0 0 0 0

19 0 0 0 0 0 0 0

12,5 0 0 0 0 0 0 0

9,5 0 0 0 0 0 0 0

6,3 0 0 0 0 0 0 7

4,8 38,51 3,7 3,7 0 0 5 10

2,4 46,71 4,4 8,1 0 10 20 25

1,2 118,97 11,3 19,4 5 20 30 50

0,6 375,25 35,7 55,1 15 35 55 70

0,3 365,16 34,7 89,8 50 65 85 95

0,15 81,48 7,7 97,6 85 90 95 100

0,075 18,8 1,8 99,4

fundo 6,62 0,6 100

soma 1051,5 99,9 273,7

4,8 mm

2,74

2,5

Limite Superior

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DO AGREGADO MIÚDO (NBR 7211)

Diâmetro Máximo (DNER-EM 037/97):

Módulo de Finura (DNER-EM 038/97):

Teor Pulverulento (%):

PENEIRAS (mm) PESO RETIDO (g) % RETIDA % RETIDA ACUMULADA

12/07/2015Data da coleta:Tipo de Material: Areia Branca

Limite Inferior

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

46

4.3.2 Proporcionamento e mistura dos materiais

Foram moldadas 13 misturas de argamassas na proporção 1:4,5 (aglomerante :

agregado miúdo) com relação água/aglomerante de 0,5. As adições minerais serão foram

empregadas como substituição ao cimento Portland nos percentuais de 5, 10 e 15%. As

consistências das misturas estabelecidas, obtidas na mesa de Graff , conforme procedimento da

ABNT NBR 7215 (1996), obedeceram ao limite de 225±5 mm. Para que as argamassas

alcançassem a consistência estabelecida foi necessário o emprego do aditivo superplastificante

à base de policarboxilato em todas as argamassas.

A colocação dos materiais seguiu os procedimentos da ABNT NBR 7215 (1996),

adaptando o tempo da mistura para 6 minutos. Foram moldadas 13 misturas, sendo 2 com

adições minerais (LV90-CL10; LV10-CL90), mais a LVC e o BF, com 3 percentuais de

incorporação cada (5, 10 e 15%), além da argamassa de referência (Arg. Ref.), com o cimento

Portland e agregado miúdo.

Para cada argamassada foram moldados 12 CP’s cilíndricos de 50 x 100 mm (Figura

17) para avaliação da resistência à compressão nas idades 1, 7, 28 e 56 dias. O traço das

argamassas está descrito ao final do trabalho (ver observação no Apêndice A).

Figura 17: CP cilíndrico 50 x 100 mm.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

47

4.3.3 Ensaios

Os ensaios realizados para determinação das respostas ou propriedades da argamassa

na qual estão associados às variáveis dependentes, que são influenciadas pelas variáveis

independentes. Neste trabalho, as variáveis independentes relevantes foram o tipo de pigmento

e os seus percentuais de incorporação, e as variáveis dependentes são a resistência à compressão

(ʄc) e o percentual de sódio lixiviado (Tabela 10).

Tabela 10: Variáveis a serem analisadas no programa experimental.

Variáveis Independentes Variável

Dependente

Pigmentos Percentual do

Material Ensaio

LV90-CL10

5

10

15

ʄc

% Na

LV10-CL90

LVC

BF

4.3.3.1 Resistência à compressão

Os ensaios de resistência à compressão foram realizados para as idades de 1, 7, 28 e

56 dias, de acordo com as prescrições da ABNT NBR 7215 (1996). Foram utilizados corpos de

prova cilíndricos 50 x 100 mm, curados em tanques com água saturada com cal hidratada, sendo

que nas primeiras 24 horas os corpos de prova foram mantidos nos moldes em condições de

laboratório (exposto ao ar livre). Após este procedimento, os CP’s foram desmoldados e

colocados na água com cal hidratada até o dia da execução do ensaio, sendo que 4 horas antes

da execução deste ensaio foram retirados da água. Para cada idade foram moldados 3 CP’s, em

um total de 12 CP’s para cada mistura. Estes ensaios foram executados em uma prensa servo-

hidráulica com acionamento elétrico, marca EMIC, com capacidade máxima de 200 toneladas,

sendo controlada através de um microcomputador, em conjunto com o software TESC-EMIC.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

48

4.3.3.2 Lixiviação (ASTM D 3987-85)

O ensaio segue os procedimentos já descritos no item 4.1.2.4. Entretanto, nesta etapa,

as amostras foram os fragmentos obtidos dos corpos de prova de resistência à compressão das

argamassas com apenas 10% de incorporação de pigmentos. Estes fragmentos foram moídos e

separados entre as peneiras nº 6 (0,33 mm) e a nº 16 (0,19 mm). Os percentuais de sódio

lixiviado das argamassas foram determinados por espectrometria de emissão ótica com plasma

induzido (ICP – OES), conforme descrito em 4.1.2.4. Levou-se em conta para avaliação do

percentual de sódio solubilizado teórico das argamassas com os pigmentos LV90-CL10 e

LV10-CL90, e os valores de sódio solubilizado das argamassas com a incorporação isolada de

CLC e de LVC, com vistas a comparar os resultados obtidos no ICP OES.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

49

5 RESULTADOS

5.1 Primeira Etapa: Caracterização dos Materiais de Partida

As características físicas e químicas da LV e do CL são mostradas na Tabela 11. As

Figuras 18 e 19 mostram os difratogramas de raios-x com as composições mineralógicas da LV

e do CL.

A LV é constituída por hematita e goethita, como fases dominantes, além da gibbsita,

anátasio, quartzo, calcita e sodalita. A presença da hematita e da goethita são as responsáveis

pela coloração vermelha da LV. O percentual elevado de Fe na LV, na ordem de 32%, justifica

a presença da hematita e da goethita, sendo também responsável pelo valor elevado de massa

específica de 2,93 kg/dm3. O percentual de 23% de Al2O3 se deve a presença da gibbisita e da

sodalita enquanto que 18% de SiO2 se deve ao quartzo e a sodalita. O teor de sódio da LV é

bastante elevado, em torno de 12%, contudo, o valor de sódio solúvel na LV foi de 0,22%.

Tabela 11: Características físicas e químicas da LV e do CL.

Determinações LV (%) CL (%)

Al2O3 23,26 39,24

CaO 1,55 < 0,05

Fe2O3 31,89 0,57

K2O 0,11 < 0,05

MgO 0,10 < 0,05

MnO 0,19 < 0,05

Na2O 11,58 0,21

P2O5 0,09 0,08

SiO2 18,48 45,27

TiO2 6,91 0,45

Perda ao Fogo 5,85 14,12

Na solúvel 0,22 0,01

Massa específica (kg/dm³) 2,93 2,51

Área superficial específica (m²/g) 11,10 9,50

Diâmetro médio das partículas (µm) 3,00 2,50

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

50

Figura 18: Difratograma de raios-x da amostra de lama vermelha pura.

Figura 19: Difratograma de raios-x da amostra de caulim puro.

O caulim utilizado, de acordo com o difratograma, é constituído essencialmente por

caulinita (Al2Si2O5(OH)4). Os percentuais de SiO2 e Al2O3 são de 45 e 39%, respectivamente,

que são muito próximos do referencial teórico da caulinita, o que caracteriza a pureza do caulim

empregado, ratificando o resultado encontrado no difratograma do caulim. Outro aspecto que

caracteriza a pureza do caulim empregado foi a perda ao fogo, de 14,12%, muito próximo do

valor teórico da caulinita, 13,96%. A massa específica do caulim foi menor que a da LV, fato

que se deve a constituição por elementos químicos de menor número atômico como o Si e o Al.

Os valores de área superficial específica e de diâmetro médio das partículas de caulim

e da LV são compatíveis, demonstrando que ambos os materiais de partida são materiais

extremamente finos. Nas Figuras 20 e 21 são mostradas as imagens obtidas por microscopia

eletrônica de varredura. A LV é constituída por partículas muito finas, sub-esféricas a esféricas,

Cobre k α 2θ

Cobre k α 2θ

Go

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

51

de hidróxidos e óxidos de ferro, formando agregados com dimensões superiores a 5 µm. O CL

é constituído por partículas finas, de diâmetros próximos a 2 µm, de formato hexagonal.

Figura 20: Imagem obtida por MEV das partículas de LV.

Figura 21: Imagem obtida por MEV das partículas de CL.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

52

5.2 Segunda Etapa: Avaliação da Reatividade dos Pigmentos Pozolânicos

5.2.1 Caracterização dos pigmentos

As características físicas e químicas dos pigmentos produzidos a partir da LV e do CL,

no caso o LV90-CL10 e LV10-CL90, além da LVC e do CLC são mostradas na Tabela 12. As

Figuras 23, 24 e 25 mostram os difratogramas de raios-x dos pigmentos.

Tabela 12: Características físicas e químicas dos pigmentos.

Determinações LVC (%) CLC (%) LV90-CL10 LV10-CL90

Na solúvel obtido no ICP OES

Na solúvel teórico*

0,215

0,22

0,0141

0,0139

0,16

0,19

0,033

0,03451

Massa específica (kg/dm3)

Área superficial específica (m2/g)

Diâmetro médio das partículas (µm)

2,97

6,61

5,7

2,55

14,06

4,10

2,87

11,75

6,20

2,62

9,12

4,70

*valor obtido do somatório dos percentuais de sódio do CL e da LV, levando-se em conta o percentual de

incorporação de cada um deles na mistura de cada pigmento.

Figura 22: Difratograma de raios-x da amostra de caulim calcinado.

No CLC, após 6 horas da queima a 800°C, constatou-se a total destruição da estrutura

cristalina do argilomineral caulinita, conferindo um caráter amorfo à amostra (Figura 22).

Também foi detectado o mineral anatásio em proporções ínfimas. Na LVC (Figura 23)

constatou-se o desaparecimento da gibbsita, dando origem a uma fase amorfa de alumina,

Cobre k α 2θ

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

53

responsável pelo caráter pozolânico. A goethita foi transformada em hematita. A calcita foi em

grande parte descarbonatada. Ainda se observa a presença da sodalita, do quartzo e do anatásio.

Em relação a área superficial específica e ao diâmetro médio das partículas, constatou-

se que tanto o CLC quanto a LVC são materiais extremamente finos. Apesar da aglomeração

das partículas durante o processo de queima, a etapa de moagem dos pigmentos proporcionou

elevada finura aos materiais calcinados.

As massas específicas da LVC e do CLC foram ligeiramente superiores aos valores

destes “in natura”. Isto se deve ao processo incipiente de sinterização que ocorre quando da

queima, constatado pela aglomeração das partículas tanto da LV quando do CL. Barata (2007)

também constatou esse processo de sinterização com aglomeração das partículas e aumento na

massa especifica de caulinitas.

Figura 23: Difratograma de raios-x da amostra de lama vermelha calcinada.

Cobre k α 2θ

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

54

Figura 24: Difratograma de raios-x da amostra de LV90-CL10.

Figura 25: Difratograma de raios-x da amostra de LV10-CL90.

No pigmento LV90-CL10, o mineral predominante é a hematita, em virtude da

composição original da LV e da conversão da goethita em hematita, além de traços de quartzo,

anatásio e sodalita remanescentes após a queima. Identificou-se também a presença de picos

cujos padrões correspondem a uma nefelina (NaAlSiO4). Este é um tectossilicato, mais

especificamente um feldspato com deficiência em sílica, proveniente da reação do

aluminossilicato do CL com o sódio presente na LV. Há também fases amorfas como a

metacaulinita e a alumina, provenientes do desarranjo estrutural da caulinita e da gibbsita

ocasionado pela calcinação do material.

Cobre k α 2θ

Cobre k α 2θ

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

55

No pigmento LV10-CL90 o mineral em maior evidência identificado foi a hematita,

proveniente do percentual de 10% de LV calcinada incorporada neste pigmento. Constata-se

também um halo amorfo correspondente à metacaulinita e traços de anatásio. Não houve a

formação da nefelina porque neste pigmento há um excesso de silício proveniente da caulinita.

O halo amorfo indica uma alta reatividade pozolânica deste pigmento, conforme será visto nos

ensaios de atividade pozolânica e na resistência da argamassa com este pigmento.

Nas Figuras 26, 27 e 28 são mostradas as imagens obtidas por microscopia eletrônica

de varredura das partículas dos pigmentos LVC, LV90-CL10 e LV10-CL90. A LV quando

submetida à calcinação não apresentou alteração na morfologia original das partículas,

constituída por partículas muito finas, sub-esféricas a esféricas, de hidróxidos e óxidos de ferro,

formando agregados com dimensões superiores a 5µm. Os pigmentos formados por mistura de

LV e CL caracterizam-se pela heterogeneidade de suas partículas, com a presença de agregados

de hematita e partículas pseudo-hexagonais de metacaulinita, com predominância de um ou de

outro (grãos de LV e CL) conforme a proporção de LV e CL no pigmento.

Figura 26: Imagem obtida por MEV das partículas de LVC.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

56

Figura 27: Imagem obtida por MEV das partículas de LV90-CL10.

Figura 28: Imagem obtida por MEV das partículas de LV10-CL90.

Quanto à formação da nefelina somente no pigmento LV90-CL10, vale ressaltar que

é formada a uma temperatura em torno de 900°C (SGLAVO et al., 2000). É provável que o

forno usado neste referido trabalho tenha alcançado temperaturas em torno dos 900°C durante

a calcinação dos pigmentos, fato que fez com que a mistura LV e CL nessa proporção (9:1)

tenha sofrido transformações de fases. Estas transformações podem ter convertido a zeólita A

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

57

em nefelina e sodalita, sendo estes minerais classificados como feldspatóides, com baixo teor

de SiO2 (MAIA, ANGÉLICA & NEVES, 2008).

A nefelina é um mineral cuja composição é formada por silicato de alumínio, sódio e

potássio, com grau de dureza entre 5 a 6 (UNESP, 2016), constitui uma das matérias-primas

fundamentais para as indústrias de vidros e cerâmicas. É muito provável que o sódio presente

na LV, durante a calcinação, tenha sido encapsulado na nefelina (BARNEY & BROWNELL,

1977), contribuindo assim para a diminuição das patologias comuns em argamassas contendo

LV em sua composição.

A presença da nefelina no pigmento LV90-CL10 explica a redução na solubilidade do

sódio em torno de 13%. Com base nos percentuais de sódio solúvel da LV e do CL e do

percentual de incorporação de cada um neste pigmento, é possível determinar o percentual

teórico de sódio solúvel de cada um dos pigmentos. O resultado teórico esperado, conforme

pode ser visto na Tabela 12 seria de 0,19%. Contudo o resultado obtido na ICP OES foi de

0,16%, o que significa que parte do sódio solúvel anteriormente presente na LV, encontra-se

agora incorporado à estrutura cristalina da nefelina.

5.3 Atividade pozolânica

Para a obtenção do índice de desempenho (ID) da atividade pozolânica com cimento

Portland (ABNT NBR 5752, 2014) foram excluídos os menores resultados individuais das

resistências à compressão, porque essa variação pode ter ocorrido por alguma interferência

durante a confecção dos corpos de prova ou no ensaio de resistência. Os resultados estão

expressos na Tabela 13.

Tabela 13: ID e resistências à compressão da atividade pozolânica com cimento aos 28 dias.

Argamassas CP1 (MPa) CP2 (MPa) CP3 (MPa) CP4 (MPa) MÉDIA (MPa) ID (%)

Arg. A - 50,32 47,52 45,51 47,78 -

CLC 43,05 46,98 - 42,16 44,06 92,21

LV10-CL90 57,74 62,51 - 57,20 59,15 123,79

LV90-CL10 39,12 38,28 40,25 - 39,22 82,07

LVC 39,76 41,48 37,10 - 39,45 82,55

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

58

O ID aos 28 dias, em relação à argamassa de referência (Arg. A), variaram de 82,07 a

123,79%, sendo que, esse índice deve ser no mínimo 90% (ABNT NBR 12653, 2014). Logo, o

pigmento LV10-CL90 atende a norma, e também é capaz de reagir com o hidróxido de cálcio

formado durante a hidratação do cimento Portland, evitando o surgimento da eflorescência.

Com relação ao pigmento LV90-CL10, mesmo não atendendo a norma (ID ≤ 90%), possui

valor aproximado, ou seja, é um pigmento que apresentam atividade pozolânica, mesmo que

não nos níveis exigidos pela NBR 12653. Isso significa que é capaz de reagir com o hidróxido

de cálcio formado durante a hidratação do cimento Portland, evitando desse modo a

eflorescência em argamassas coloridas.

Também foi realizado o ensaio da atividade pozolânica com hidróxido de cálcio

(ABNT NBR 5751, 2012) obtendo os resultados expressos na Tabela 14.

Tabela 14: Resistências à compressão da atividade pozolânica com cal aos 7 dias.

Argamassas CP1 (MPa) CP2 (MPa) CP3 (MPa) MÉDIA

(MPa)

CLC 10,71 10,91 10,66 10,76

LV10- CL90 14,50 14,50 14,25 14,42

LV90- CL10 1,72 0,98 1,13 1,28

LVC - 1,13 1,33 1,23

De acordo com a NBR 12653 (2014), um material para ser considerado uma pozolana,

o seu índice de atividade pozolânica com a cal, aos 7 dias, deve ser superior a 6 MPa. O

pigmento LV10-CL90 atende ao especificado pela norma. O pigmento LV90-CL10 mesmo não

atendendo a norma, também apresenta atividade pozolânica, apesar de baixa, o que indica que

o pigmento LV90-CL10 é capaz de reagir com o hidróxido de cálcio, podendo evitar o

surgimento da eflorescência em argamassas coloridas.

O pigmento que apresenta uma maior proporção de CL possui uma melhor atividade

pozolânica em comparação àquele que apresenta maior proporção de LV, devido esta possuir

baixa atividade pozolânica. Ainda assim, o pigmento com maior quantidade de LV possui

atividade pozolânica, pois mesmo que o ensaio com a cal hidratada tenha alcançado uma

resistência de 1,28 MPa, no ensaio com o cimento o seu ID de 82,07 ficou aproximado do que

a norma NBR 5752/2014 estabelece, e isso trás benefícios no uso em argamassas, pois diminui

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

59

os casos de eflorescência. Sendo assim, conclui-se que o pigmento LV10-CL90 foi o que

apresentou melhor atividade pozolânica nos dois tipos de ensaios realizados.

5.4 Avaliação do efeito dos pigmentos nas propriedades das argamassas coloridas

5.4.1 Resistência à compressão

Neste item são apresentados, analisados e discutidos os resultados obtidos a partir dos

ensaios realizados de resistência à compressão, conforme descrito no item 4.3.3.1, para os

seguintes pigmentos: LV10-CL90; LV90-CL10; LVC e BF.

5.4.1.1 Argamassas LV10-CL90

A incorporação do pigmento LV10-CL90, independente do teor adicionado,

proporcionou ganhos expressivos de resistência. Os percentuais de 10% e 15% proporcionaram

resistências em torno de 40 MPa aos 28 dias, ao passo que a argamassa de referência os valores

foram em torno de 25 MPa. A medida que se aumenta o teor deste pigmento pozolânico ocorrem

aumentos da resistência, ou seja, os maiores valores de resistência foram obtidos 15% de

incorporação, o que é um diferencial em relação ao pigmento comercial, pois este não é reativo,

então ele não oferece ganhos de resistência a partir de 5% de incorporação.

Todas as argamassas, independentes dos percentuais de pigmento LV10-CL90,

apresentaram ganho de resistência até os 28 dias. Apenas aos 56 dias é que houve uma ligeira

queda para o percentual de 10% de incorporação. Isso pode ter ocorrido devido ao efeito de alta

dessecação da argamassa durante a cura dos corpos-de-prova, e também do elevado percentual

de incorporação de uma pozolana extremamente fina, que confere uma relação a/c maior,

levando à perda da resistência.

Para todos os percentuais de incorporação os valores das resistências foram

significativamente superiores aos obtidos com as argamassas de referência. Os ganhos de

resistência com esse tipo de pigmento foram mais expressivos no período compreendido entre

o 1º e o 7º dia. Isto se deve ao maior percentual de metacaulinita formada no pigmento, que é

uma fase de alta reatividade inicial (MEHTA e MONTEIRO, 2014). Após os 7 dias não se

observaram ganhos significativos de resistência, conforme mostra a Figura 29.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

60

Figura 29: Comparativo das resistências à compressão com pigmento LV10-CL90.

5.4.1.2 Argamassas LV90-CL10

A incorporação do pigmento LV90-CL10, independente do teor adicionado,

proporcionou ganhos expressivos de resistência, porém em menor magnitude em relação ao

pigmento LV10-CL90. Isto ocorre porque o LV90-CL10 é constituído em maior quantidade de

LV, que é um material de menor reatividade em relação ao CL. Ainda assim, os percentuais de

5%, 10% e 15% proporcionaram ganhos de resistências entre 25% e 70% em relação a

argamassa de referência, para as idades de 28 e 56 dias respectivamente. Este comportamento

é uma vantagem em relação ao pigmento comercial, pois permite incorporações superiores a

5% e de até 15% com ganhos de resistência.

A medida que se aumenta o teor de pigmentos pozolânicos ocorrem aumentos da

resistência, ou seja, os maiores valores de resistência foram obtidos para o maior percentual de

incorporação, ou seja, 15%. O comportamento anômalo ficou por conta da incorporação do teor

de 10%, cujas resistências das argamassas com este percentual de incorporação foram inferiores

aos valores obtidos com 5% e 15% de incorporação. Contudo estes valores não foram

significativos, o que significa que é possível incorporar teores entre 5% e 15% sem perda de

resistência.

Diferentemente do observado para as argamassas com pigmento LV10-CL90, os

ganhos de resistência com o pigmento LV90-CL10 se estenderam até a idade de 56 dias, o que

demonstra que é um pigmento que apresenta características pozolânicas de menor reatividade.

Sua atividade pozolânica é mais acentuada para as idades mais avançadas. Isto se deve a maior

19

27

3335

21

3942

40

21

34

39

43

16

21

2624

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 7 28 56

Res

istê

nci

as

à c

om

pre

ssã

o (

MP

a)

Dias

Pigmento Pozolânico - LV10-CL90

5%

10%

15%

ARG REF

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

61

presença da LV em sua composição que é um material de menor atividade pozolânica que o

caulim quando calcinado, conforme a Figura 30.

Figura 30: Comparativo das resistências à compressão com pigmento LV90-CL10.

5.4.1.3 Argamassas LVC

A incorporação do pigmento LVC proporcionou ganhos de resistência expressivos

somente para o percentual de 5%. Isto ocorre porque o pigmento LVC é constituído somente

pela LV, que é um material de baixa atividade pozolânica porque possui apenas como fase

pozolânicamente ativa a alumina amorfa, proveniente da gibbsita, conforme foi constado no

ensaio de atividade pozolânica de cal e cimento. Pelo fato da lama vermelha ser um material de

granulometria extremamente fina, o ganho de resistência observado se deve de forma mais

pronunciada ao efeito filler, induzindo a aceleração da hidratação do cimento e o melhor

empacotamento dos grãos (MEHTA e MONTEIRO, 2014). Esses ganhos foram significativos

com teor de 5% para todas as idades observadas, chegando a atingir 35 a 40 MPa entre 28 e 56

dias respectivamente.

Logo, pelo fato da lama vermelha calcinada se constituir em uma pozolana de baixa

reatividade, mas ser extremamente fina, faz com que o seu efeito filler seja mais preponderante

que o efeito pozolânico. Por esta razão que as argamassas com incorporação da LVC tiveram

ganhos de resistência expressivos apenas para o percentual de 5%. Para os percentuais de

incorporação superiores como 10% e 15% no qual, o efeito preponderante é o da

14

27

33

40

9

23

30 31

15

28

34

38

16

21

2624

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 7 28 56

Res

istê

nci

as

à c

om

pre

ssã

o (

MP

a)

Dias

Pigmento Pozolânico - LV90-CL10

5%

10%

15%

ARG REF

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

62

pozolanicidade, não se observou acréscimos de resistência significativos em relação a

argamassa de referência, conforme é demonstrado na Figura 31.

Figura 31: Comparativo das resistências à compressão com LVC.

5.4.1.4 Argamassas BF

A incorporação do pigmento comercial BF praticamente não ocasionou ganhos de

resistência para nenhuma idade observada. Aos 56 dias houve um ligeiro acréscimo de

resistência à argamassa de referência para todos os teores de incorporação, contudo, este

aumento de resistência não é significativo. Isto ocorre porque o pigmento BF não é um material

pozolânico.

O fato de não ter ocorrido decréscimos de resistências em razão da substituição de

cimento Portland por um material inerte, no caso, o pigmento comercial, se deve a uma

preponderância do aumento de resistência ocasionado pelo efeito filler sobre o decréscimo de

resistência acarretado pelo efeito de diluição (MEHTA e MONTEIRO, 2014), conforme a

Figura 32.

21

30

35

41

16

23

27

31

13

2324

27

16

21

2624

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 7 28 56

Res

istê

nci

as

à c

om

pre

ssã

o (

MP

a)

Dias

LVC

5%

10%

15%

ARG REF

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

63

Figura 32: Comparativo das resistências à compressão com BF.

5.4.2 Comparativo de resistência à compressão entre os pigmentos

5.4.2.1 Teores de 5% de incorporação

A incorporação de pigmentos pozolânicos constituídos de lama vermelha e caulim

proporcionaram às argamassas resistências significativas superiores em comparação ao

pigmento comercial e a argamassa de referência. Isto se deve ao caráter pozolânico destes

materiais.

O maior resultado foi obtido para o pigmento de menor atividade pozolânica, no caso

a lama vermelha calcinada. É possível que este comportamento esteja associado a elevada área

superficial específica e ao tamanho médio das partículas deste pigmento que fez com que o

efeito filler sobre a resistência à compressão fosse bastante acentuado, conforme a Figura 33.

15

2527

31

13

22

26

33

7

21

2627

16

21

26

24

0

5

10

15

20

25

30

35

1 7 28 56

Res

istê

nci

as

à c

om

pre

ssã

o (

MP

a)

Dias

BF

5%

10%

15%

ARG REF

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

64

Figura 33: Comparativo das resistências à compressão para teores com 5% de incorporação.

5.4.2.2 Teores de 10% de incorporação

Para percentuais de incorporações maiores de pigmento, como é o caso de 10%,

observou-se um aumento da diferença das resistências das argamassas entre os pigmentos

pozolânicos e o pigmento comercial. Isto se deve a preponderância do efeito pozolânico sobre

o efeito de diluição. Como os pigmentos pozolânicos são constituídos de caulim calcinado, que

é uma fase pozolânica de extrema reatividade, a maior resistência foi observada para o pigmento

LV10-CL90, seguida da argamassa com o pigmento LV90-CL10, que possui o menor teor de

caulim calcinado.

Este comportamento de aumento de resistência com a incorporação dos pigmentos

pozolânicos para teores acima de 5% é uma vantagem em relação ao pigmento comercial, pois

permite maiores incorporações de pigmentos e com isso maiores ganhos de tonalidade na cor

sem perda de resistência mecânica.

No caso do pigmento comercial, o aumento do teor de incorporação ocasionou uma

ligeira queda de resistência, o que demonstra que estes pigmentos não podem ser incorporados

com percentuais acima de 5%. Comportamento semelhante foi observado com o pigmento

constituído somente de lama vermelha. Não foram observados acréscimos de resistência com a

incorporação de 10%. Em ambos os casos, ou seja, para pigmentos inertes ou de baixa

reatividade pozolânica, o que se observa é uma preponderância do efeito de diluição do cimento

sobre os efeitos filler e pozolânico, conforme é demonstrado na Figura 34.

18,58

27,13

32,5534,61

13,97

27,46

32,6

39,57

20,88

29,68

35,43

40,79

14,68

25,16

26,8730,78

15,9421,15

26,3723,51

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 7 28 56

Res

istê

nci

a à

co

mp

res

são

(M

Pa

)

Dias

LV 10 - CL 90 - 5%

LV 90 - CL 10 - 5%

LVC - 5%

BF - 5%

ARG REF

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

65

Figura 34: Comparativo das resistências à compressão para teores com 10% de incorporação.

5.4.2.3 Teores de 15% de incorporação

Assim como foi observado para os teores de 10%, as incorporações de 15% dos

pigmentos pozolânicos proporcionaram resistências significativamente superiores ao pigmento

comercial e ao pigmento que é constituído por lama vermelha calcinada (LVC). Isto se deve a

preponderância do efeito pozolânico sobre o efeito de diluição conforme já foi discutido

anteriormente.

Conforme dito anteriormente, este aumento de resistência com a incorporação dos

pigmentos pozolânicos para teores acima de 5% é uma vantagem em relação ao pigmento

comercial, pois permite maiores incorporações de pigmentos e com isso maiores ganhos de

tonalidade na cor sem perda de resistência mecânica.

No caso do pigmento comercial, o aumento do teor de incorporação ocasionou uma

ligeira queda de resistência, o que demonstra que estes pigmentos não podem ser incorporados

com percentuais superiores a 5%. Comportamento semelhante foi observado com o pigmento

constituído somente de lama vermelha. Não foram observados acréscimos de resistência com a

incorporação de 15%. Em ambos os casos, ou seja, para pigmentos inertes ou de baixa

reatividade pozolânica, o que se observa é uma preponderância do efeito de diluição do cimento

sobre os efeitos filler e pozolânico, conforme a Figura 35.

20,95

39,4442,02

40,13

9,14

23,15

30,1

30,73

15,92

22,97

27,09

31,14

13,07

22,46

25,72

32,89

15,94 21,15

26,37

23,51

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 7 28 56

Res

istê

nci

a à

co

mp

ress

ão

(M

Pa

)

Dias

LV 10 - CL 90 - 10%

LV 90 - CL 10 - 10%

LVC - 10%

BF - 10%

ARG REF

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

66

Figura 35: Comparativo das resistências à compressão para teores com 15% de incorporação.

5.4.3 Teor de sódio solubilizado

Os resultados de sódio solubilizado para as argamassas com 10% de incorporação de

LV90-10, LV10-CL90, LVC e CL são mostrados na Tabela 15.

Tabela 15: Resultados de sódio solubilizado para as argamassas.

Argamassas Resultados obtidos nos

ensaios de solubilidade (%) Valor teórico (%)

LVC

CLC

LV90-CL10

LV10-CL90

0,200

0,009

0,143

0,029

-

-

0,190

0,028

Não houve diferença do percentual de sódio solubilizado na argamassa com 10% de

incorporação de LV10-LC90 em relação ao valor teórico. Ao passo que para a argamassa com

LV90-CL10 a diferença entre o percentual de sódio solubilizado determinado e o calculado

ficou em 21%. Assim como no pigmento, atribui-se esta diferença menor no teor de sódio

solubilizado nas argamassas à presença da nefelina no pigmento com maior teor de LV em

relação ao CL. O baixo percentual de sílica propiciou a formação da nefelina.

Os resultados apontam para um aspecto bastante favorável ao emprego destes

pigmentos produzidos a partir de misturas de LV e CL. Para os pigmentos com maior teor de

20,84

34,37

39,17

42,75

15,46

28,47

33,96

37,99

12,6

22,724,39

26,8

6,85

20,9

25,927,34

15,94

21,15

26,37

23,51

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 7 28 56

Res

istê

nci

a à

co

mp

ress

ão

(M

Pa

)

Dias

LV 10 - CL 90 - 15%

LV 90 - CL 10 - 15%

LVC - 15%

BF - 15%

ARG REF

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

67

CL, o sódio não se constituiria em um problema porque os percentuais solubilizados são ínfimos

em decorrência da baixa proporção de LV. Para pigmentos com teores iguais ou maiores de LV

em relação ao CL ocorre a formação de um mineral que tende a incorporar parte do sódio na

sua estrutura cristalina, reduzindo dessa forma a solubilidade deste elemento.

Em suma, a incorporação de CL à LV para formação de um pigmento com

características pozolânicas proporciona não somente aumento nas características mecânicas do

concreto e da argamassa, como também redução na solubilidade do sódio. Percentuais maiores

de CL podem formar ainda mais nefelina e reduzir em maiores proporções o teor de sódio

solubilizado.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

68

6 CONCLUSÕES

A LV é um resíduo constituído por diferentes minerais que dificultam a sua utilização.

Basicamente é constituída por hematita e goethita, além de outros minerais como gibbsita,

anatásio, calcita, quartzo e sodalita. Contudo, o maior problema é o teor de sódio presente na

sua composição química, oriundo do processo Bayer.

No pigmento com 90% de LV e 10% de CL identificou-se a presença de hematita,

anatásio, calcita, sodalita e a nefelina. No pigmento com 10% de LV e 90% de CL não houve a

formação de nefelina, pois a mistura é rica em sílica. Identificou-se apenas o halo amorfo

referente a metacaulinita e traços de anatásio.

A LV, isoladamente, provavelmente apresenta baixa atividade pozolânica,

proporcionada pela alumina não cristalina à 800°C. Além disso, o sódio solúvel presente pode

comprometer os padrões estéticos de qualquer componente produzido com a LV. Por estas

razões, torna-se imprescindível a incorporação de caulim à LV para insobilizar o sódio solúvel

e proporcionar maior caráter pozolânico.

A incorporação de 10% de CL a LV atribuiu atividade pozolânica baixa ao material

que, quando incorporado às argamassas de cal e de cimento Portland, não atingiu o mínimo

estipulado pela norma de 6 MPa ou ID de 90%, respectivamente. O ID para argamassa com

cimento Portland foi de 82% e a resistência à compressão da argamassa com cal foi de 1,30

MPa. Contudo, a reatividade já foi considerada satisfatória quando comparada ao caráter inerte

do pigmento comercial. No outro extremo, o pigmento com 90% de CL e 10% de LV apresentou

elevada atividade pozolânica, com ID de 123% e resistência à compressão de argamassa com

cal de 14 MPa.

A produção dos pigmentos pozolânicos a partir da calcinação de misturas de LV e CL

ocasionou a formação de nefelina. Este mineral aprisiona o sódio (Na) em sua estrutura

diminuindo a solubilização do sódio e consequentemente a cristalização de sais de carbonato

de sódio na superfície da argamassa ou do concreto, evitando o surgimento de eflorescências,

pois o Na solúvel é o principal empecilho do uso da LV.

Os pigmentos pozolânicos, produzidos com LV e CL, quando incorporados às

argamassas em teores de 15%, possibilitaram acréscimos de resistências à compressão bastante

superiores aos da argamassa de referência e com a incorporação do pigmento comercial. No

caso do pigmento com 90% de CL e 10% de LV, a reatividade foi mais acentuada nas primeiras

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

69

idades, ao passo que o pigmento com 10% de CL e 90% de LV a reatividade foi mais acentuada

nas idades mais avançadas, indicando que a primeira, por conter a fase pozolânica mais ativa

que é a caulinita, é mais reativa.

De modo geral, ambos os pigmentos, com proporções diferenciadas entre LV e CL,

apresentaram resultados em termos de resistência à compressão bastante satisfatórios. A

diferença fica por conta da atividade pozolânica ocorrer de forma mais pronunciada nas

primeiras idades ou para idades mais avançadas.

A incorporação do CL a LV possibilitou reduções no sódio solúvel em torno de 13%

para o pigmento e de 21% nas argamassas com 10% de incorporação.

Em suma, a possibilidade de produção de um pigmento pozolânico a partir de misturas

de LV e do CL traz uma série de perspectivas positivas. A primeira, atribuir uma aplicação a

dois tipos de resíduos industriais gerados em larga escala. Segunda, produzir um pigmento que

possa ser incorporado em percentuais mais elevados sem perda de resistência. Pelo contrário,

com acréscimos de resistência e a possibilidade de redução das eflorescências por conta de suas

características pozolânicas.

Estudos mais aprofundados a respeito da redução da solubilidade do sódio, o emprego

de outras proporções entre LV e CL e a avaliação da manutenção da cor ao longo do tempo sob

condições de exposição ao intemperismo natural são propostas para estudos futuros.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

70

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR 12653. Materiais pozolânicos - requisitos. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS. Rio de Janeiro, p. 6. 2014.

ABNT NBR 5751. Materiais pozolânicos - Determinação da atividade pozolânica - Índice

de atividade pozolânica com cal - Método de ensaio. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS. Rio de Janeiro, p. 4. 2012.

ABNT NBR 5752. Materiais pozolânicos - Determinação do índice de desempenho com

cimento Portland aos 28 dias. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.

Rio de Janeiro, p. 4. 2014.

ABNT NBR 7215. Cimento Portland - Determinação da resistência à compressão.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Rio de Janeiro, p. 8. 1996.

ABNT NBR NM:23. Cimento portland - Determinação de massa específica.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Rio de Janeiro, p. 4. 1998.

ALLAIRE, C. Refractory lining for alumina electrolytic cells. Journal of American Ceramic

Society. 1992, 75. p. 2308-2311. DOI: 10.1111/j.1151-2916.1992.tb04504.x

AMRITPHALE S. S.; PATEL, M. Utilization of red mud, fly ash for manufacture of bricks

with pyrophyllite. Silicate Industries, 1987, 52. p. 31-35.

ANTUNES, M. L. P.; CONCEIÇÃO, F. T. NAVARRO, G. R. B. Caracterização da lama

vermelha brasileira (resíduo do refino da bauxita) e avaliação de suas propriedades para futuras

aplicações. 3th International Workshop Advances in Cleaner Production, 2011.

ASTM C979 / C979M-10, Standard Specification for Pigments for Integrally Colored

Concrete, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2010.

ASTM D3987-85 (2004), Standard Test Method for Shake Extraction of Solid Waste with

Water, ASTM International, West Conshohocken, PA, 1985.

BADANOIU, A. L.; ABOOD AL SAADI, T. H.; STOLERIU, S.; VOICU, G. Preparation and

characterization of foamed geopolymers from waste glass and red mud. Construction and

Building Materials, 84, 2015. 284-293.

BARATA, Márcio S. Concreto de alto desempenho no estado do Pará: estudo de viabilidade

técnica e econômica de produção do CAD com materiais disponíveis em Belém, através do

emprego de adição de sílica ativa e metacaulim. 1998. Dissertação (Mestrado) – Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

BARATA, M. S. Aproveitamento dos resíduos cauliníticos as indústrias e beneficiamento de

caulim da região Amazônica como matéria-prima para fabricação de um material de construção

(pozolanas). Tese de Doutorado - Universidade Federal do Pará, Belém, 2007. 396.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

71

Disponivel em: <http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/cp057252.pdf>. Acesso em:

01 Outubro 2014.

BARATA, M. S. DAL MOLIN, D. C. C. Avaliação preliminar do resíduo caulinítico das

indústrias de beneficiamento de caulim como matéria-prima na produção de uma metacaulinita

altamente reativa. In: Revista Ambiente Construído. Volume 2. Número 1. ANTAC. Porto

Alegre, 2002. Disponível em: <http://www.antac.org.br/revista/V2_N1/V2_N1_07.pdf>.

Acesso em: 28 ago. 2016.

BARNEY, G. S.; BROWNELL, L. E. Process for converting sodium nitrate-containing,

caustic liquid radioactive wastes to solid insoluble products. US pat. 4.028.265, 7 jun. 1977.

7p.

Bayferrox 120 NM: propriedades físicas e químicas. LANXESS, 2016. Disponível em:

<http://bayferrox.com.br/pt/products-applications-br/product-search/bayferrox-120-nm/>.

Acesso em: 26 ago. 2016.

BONDIOLI, F.; MANFREDINI, T.; OLIVEIRA, A. P. N. Pigmentos inorgânicos: projeto,

produção e aplicação industrial. Cerâmica industrial, v. 3, p. 4-6, 1998.

CEMEX - El cemento de México. Cemento CPC 30RB. Disponível em:

<http://www.cemexmexico.com/Cemento/files/CPC30RB_BAJA.pdf>. Acesso em: 1 ago.

2016.

DEPARTAMENTO Nacional de Produção Mineral - Ministério de Minas e Energia. BRASIL,

2016. Disponivel em: <http://www.dnpm-pe.gov.br/Detalhes/Hematita.htm>. Acesso em: 2

ago. 2015.

DEPARTAMENTO Nacional de Produção Mineral - Ministério de Minas e Energia. BRASIL,

2014. Disponivel em: <http://www.dnpm.gov.br/dnpm/sumarios/aluminio-sumario-mineral-

2014>. Acesso em: 9 Fevereiro 2015. Sumário Mineral 2014.

DEPARTAMENTO Nacional de Produção Mineral - Ministério de Minas e Energia. BRASIL,

2013. Disponivel em: <http://www.dnpm.gov.br/dnpm/sumarios/aluminio-sumario-mineral-

2013>. Acesso em: 9 Fevereiro 2015. Sumário Mineral 2013.

DEPARTAMENTO Nacional de Produção Mineral - Ministério de Minas e Energia. BRASIL,

2012. Disponivel em: <http://www.dnpm.gov.br/dnpm/sumarios/aluminio-sumario-mineral-

2012>. Acesso em: 9 Fevereiro 2015. Sumário Mineral 2012.

DEPARTAMENTO Nacional de Produção Mineral - Ministério de Minas e Energia. BRASIL,

2011. Disponivel em: <http://www.dnpm.gov.br/dnpm/sumarios/aluminio-sumario-mineral-

2011>. Acesso em: 2 Abril 2016. Sumário Mineral 2011.

DEPARTAMENTO Nacional de Produção Mineral - Ministério de Minas e Energia. BRASIL,

2010. Disponivel em: <http://www.dnpm.gov.br/dnpm/sumarios/aluminio-sumario-mineral-

2010>. Acesso em: 2 Abril 2016. Sumário Mineral 2010.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

72

Google Maps. Mapa da localização das empresas Hydro do Brasil e Imerys em Barcarena (PA).

Disponível em: <https://www.google.com.br/maps>. Acesso em: 26 ago. 2016.

HILDEBRANDO, E. A. Aplicação do rejeito do processo Bayer (lama vermelha) como

matéria-prima na indústria de cerâmica estrutural. Dissertação (Mestrado em Engenharia

Química) - Universidade Federal do Pará, Belém, 1998. 82.

HILDEBRANDO, E. A.; SOUZA, J. A. S., NEVES, R. F. Aplicação do rejeito do processo

bayer (lama vermelha) como matéria prima na indústria de cerâmica estrutural. 43º Congresso

Brasileiro de Cerâmica. Anais. Florianópolis, 1999.

HOTEL UNIQUE. Hotel Unique. Arquiteto Ruy Ohtake, São Paulo: 2016. Disponível em:

<http://www.hotelunique.com.br/galeria_pt.html>. Acesso em: 1 maio 2016.

HYDRO DO BRASIL. Bauxita e alumina - ponto de partida para a produção de alumínio,

2016. Disponível em: <http://www.hydro.com/pt/A-Hydro-no-Brasil/>. Acesso em: 2 abr.

2016.

ISAIA, G. C (Coordenador). Concreto: ciência e tecnologia. v. 1 e 2. ISAIA, São Paulo: 2011.

1968 p. ISBN 978-85-98576-16-9.

Jornal de Londrina. Lama tóxica mata quatro na Hungria. Disponível em:

<http://www.jornaldelondrina.com.br/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=1054499&tit=Lama-

toxica-mata-quatro-na-Hungria>. Acesso em: 14 abr. 2015.

Jornal de Muriaé. STJ determina que mineradora é responsável por desastre ambiental de

2007. Disponível em: <http://www.jornaldemuriae.com.br/site/?p=35529>. Acesso em: 21 out.

2015.

KUMAR A.; KUMAR, S. Development of paving blocks from synergistic use of red mud and

fly ash using geopolymerization. Construction and Building Materials, 38, 2013. 865-871.

LIAO, C. Z.; SHIH, K. Chapter 20 - Thermal behavior of red mud and its beneficial use in

glass-ceramic production. Environmental Materials and Waste, 2016. 525-542.

LIMA, F. S. S. Utilização da lama vermelha e do resíduo caulinítico na produção de pigmento

pozolânico para argamassas e concretos de cimento Portland. Dissertação (Mestrado em

Engenharia Civil) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2006. 268 p. Disponivel em:

<http://www.ufpa.br/ppgec/dissertacoes/fadia/Fadia%20Simone.pdf>. Acesso em: 30 Janeiro

2014.

LIMA, J. M. Estudo de aproveitamento do resíduo do beneficiamento de caulim como matéria

prima na produção de pozolana para cimentos compostos e pozolânicos. Dissertação

(Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2004. 145 p.

Disponível em: <http://www.ufpa.br/ppgec/data/producaocientifica/Jefferson%20Lima.pdf>.

Acesso em: 26 out. 2016.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

73

OEBERG, N. C. R., STEINLECHNER, E. H., Red mud and sands handling new thoughts on

an old problem, Light Metals, pp. 67-73, 1996.

MAGALHÃES, E. M. Estudo da extração de compostos de ferro da lama vermelha visando a

extração e/ou recuperação de compostos de titânio. Tese (Doutorado em Engenharia de

Recursos Naturais) - Universidade Federal do Pará, Belém, Abril 2012. 158.

MAIA, A. A. B.; ANGÉLICA, R. S.; NEVES, R. F. Estabilidade térmica da zeólita A

sintetizada a partir de um rejeito de caulim da Amazônia. Cerâmica, São Paulo, n. 54, p. 345-

350, 2008. ISSN 1678-4553. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0366-

69132008000300012>. Acesso em: 29 out. 2015.

MAPA DA OBRA. Praça das Artes. Escritório Brasil Arquitetura, São Paulo: 2016.

Disponível em: <http://www.mapadaobra.com.br/novidades/concreto-colorido/>. Acesso em:

1 maio 2016.

MEHTA, P, K; MONTEIRO, P, J, M. Concrete: microstructure, properties, and materials.

United States of America: McGraw-Hill Education, 2014. Fourth Edition. ISBN 978-0-07-

179787-4.

MÉSZÁROS, P. Fotos chocantes: as marcas deixadas pelo vazamento tóxico de Ajka, na

Hungria. Revista Veja, 2012. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tema-

livre/fotos-chocantes-as-marcas-deixadas-pelo-vazamento-toxico-de-ajka-na-hungria/>.

Acesso em: 14 abr. 2015.

MINERAÇÃO RIO DO NORTE (MRN). Gestão ambiental, 2016. Disponível em:

<http://www.mrn.com.br/pt-BR/Sustentabilidade/Gestao-Ambiental/Paginas/default.aspx>.

Acesso em: 2 abr. 2016.

MOLINEUX, C. J.; NEWPORT, D. J.; AYATI, B.; WANG, C. CONNOP, S. P.; GREEN, J.

E. Bauxite residue (red mud) as a pulverised fuel ash substitute in the manufacture of

lightweight aggregate. Journal of Cleaner Production, 112, 2016. 401-408.

NATH, H.; SAHOO, P.; SAHOO, A. Characterization of red mud treated under high

temperature fluidization. Powder Technology, 269, 2015. 233-239.

NORTON, F. H. Introdução à Tecnologia Cerâmica. São Paulo: Edgar Blucher, 1973. 324

p.

PELLINKHOUSE, H. J.; DAVERN, W. A. J. Aust. Ceram. Soc. 11 (1975). 42 p.

PÈRA, J.; BOUMAZA, R.; AMBROISE, J. Development of a pozzolanic pigment from red

mud. Cement and concrete research, v. 27, 1997, p. 1513-1522.

Revista Ambiente Já. Disponível em: <http://www3.ufpa.br/multicampi/images/LINK

/estudo.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2015.

RI-XIN LIU; CHI-SUN POON. Utilization of red mud derived from bauxite in self-compacting

concrete. Journal of cleaner production, 112, 2016. 284-391.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

74

ROJAS, M. F.; CABRERA, J. The effect os temperature on the hudration rate and stability of

the hudration phases of metakaolin-lime-water systems. Cement and concrete research, 32,

2002. 133-138.

SENFF, L.; HOTZA, D.; LABRINCHA, J. A. Effect of red mud addition on the rheological

behaviour and on hardened state characteristics of cement mortars. Construction and Building

Materials, 25, 2011. 163-170.

SGLAVO, V. M.; CAMPOSTRINI, R.; MAURINA, S.; CARTURAN, G.; MONAGHEDDU,

M.; BUDRONI, G.; COCCO, G. Bauxite "red mud" in the ceramic industry - Part 2: production

of clay-based ceramics. Journal of the European Ceramic Society, 20, 2000. 245-252.

SGLAVO, V. M.; CAMPOSTRINI, R.; MAURINA, S.; CARTURAN, G.; MONAGHEDDU,

M.; BUDRONI, G.; COCCO, G. Bauxite "red mud" in the ceramic industry - Part 1: thermal

behaviour. Journal of the European Ceramic Society, 20, 2000. 235-244.

SILVA FILHO, E. B.; ALVES, M. C.; DA MOTTA, M. Lama vermelha da indústria de

beneficiamento de alumina: produção, características, disposição e aplicações alternativas.

Revista Matéria, 2, v. 12, 2007. 322-338. ISSN 1517-7076.

SHIMANO, S., KOGA, T., Utilization of red mud as raw material for the cement industry.

Light Metals, pp.53-68, 1979.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Nefelina. Disponível em:

<http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/silicatos/tectossilicatos/nefelina.html>. Acesso em:

1 ago. 2016.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

75

APÊNDICE A – Traço das argamassas com adição

Traço das Argamassas

Teor de

Adição

(%)

Pigmento Cimento

(Kg)

Adição

(L)

Água

(L)

Areia

(Kg)

Umidade

da Areia

(%)

Aditivo

(L)

Consistência

(mm)

0 Arg. Ref. 2,00 0,02 0,60 7,50 7,14 0,02 220

5 CL90-LV10 1,85 0,10 0,82 7,09 4,00 0,02 220

10 CL90-LV10 1,75 0,19 0,82 7,08 4,00 0,02 222

15 CL90-LV10 1,65 0,29 0,82 7,07 4,00 0,02 221

5 CL10-LV90 1,85 0,10 1,00 6,91 1,42 0,02 222

10 CL10-LV90 1,75 0,19 1,00 6,90 1,42 0,02 220

15 CL10-LV90 1,65 0,29 1,00 6,89 1,42 0,02 221

5 LVC 1,85 0,10 1,00 6,91 1,42 0,02 230

10 LVC 1,75 0,19 1,00 6,90 1,42 0,02 224

15 LVC 1,65 0,29 1,00 6,89 1,42 0,02 223

5 BF 1,85 0,10 1,10 6,82 0,00 0,02 230

10 BF 1,75 0,19 1,10 6,81 0,00 0,02 225

15 BF 1,65 0,29 1,10 6,79 0,00 0,02 223

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

76

APÊNDICE B – Controle de queima do material

VA

ZIO

SEC

OQ

UEI

MA

DO

VA

ZIO

SEC

OQ

UEI

MA

DO

MÊS

AN

OT

(°C

)H

OR

A (

INÍC

IO)

HO

RA

(TÉ

RM

INO

)C

AD

INH

O 1

C

AD

INH

O 1

+ C

AU

LIM

CA

DIN

HO

1 +

CA

ULI

M

CA

DIN

HO

2

CA

DIN

HO

2 +

CA

ULI

MC

AD

INH

O 2

+ C

AU

LIM

520

1580

008

:35

17:5

01,

344

1,84

41,

774

0,14

01,

346

1,84

61,

776

0,14

0

520

1580

008

:20

15:3

51,

362

1,86

21,

796

0,13

21,

348

1,84

81,

780

0,13

6

VA

ZIO

SEC

OQ

UEI

MA

DO

VA

ZIO

SEC

OQ

UEI

MA

DO

MÊS

AN

OT

(°C

)H

OR

A (

INÍC

IO)

HO

RA

(TÉ

RM

INO

)C

AD

INH

O 1

C

AD

INH

O 1

+ L

VC

AD

INH

O 1

+ L

V

CA

DIN

HO

2

CA

DIN

HO

2 +

LV

CA

DIN

HO

2 +

LV

620

1580

009

:30

17:4

51,

362

1,86

21,

818

0,08

81,

346

1,84

61,

800

0,09

2

LV +

CL

DIA

MÊS

AN

OT

(°C

)H

OR

A (

INÍC

IO)

HO

RA

(TÉ

RM

INO

)

90%

-10%

176

2015

800

09:0

516

:20

1,34

21,

842

1,80

20,

080

1,34

41,

844

1,79

80,

092

70%

-30%

275

2015

800

09:0

516

:20

1,36

21,

862

1,81

00,

104

1,34

81,

848

1,79

40,

108

50%

-50%

265

2015

800

09:1

016

:25

1,34

21,

842

1,78

40,

116

1,34

41,

844

1,78

80,

112

30%

-70%

16

2015

800

09:0

516

:20

1,36

21,

862

1,80

40,

116

1,34

61,

846

1,78

40,

124

10%

-90%

186

2015

800

10:0

017

:15

1,36

21,

862

1,79

60,

132

1,34

21,

842

1,77

40,

136

21 25 16

PIG

MEN

TOS

PER

DA

AO

FO

GO

(PF)

FOR

NO

: QU

IMIS

PES

O (

KG

)

PER

DA

AO

FO

GO

(PF)

PES

O (

KG

)

PER

DA

AO

FO

GO

(PF)

CA

DIN

HO

1

CA

DIN

HO

2

VA

ZIO

SEC

OQ

UEI

MA

DO

VA

ZIO

SEC

OQ

UEI

MA

DO

MA

TER

IAL:

LA

MA

VER

MEL

HA

(LV

) +

CA

ULI

M (

CL)

PER

DA

AO

FO

GO

(PF)

CO

OR

DEN

AD

OR

DA

PES

QU

ISA

:

PR

OFº

: MÁ

RC

IO B

AR

ATA

PER

DA

AO

FO

GO

(PF)

PER

DA

AO

FO

GO

(PF)

FOR

NO

: QU

IMIS

MA

TER

IAL:

CA

ULI

M

UN

IVER

SID

AD

E FE

DER

AL

DO

PA

MES

TRA

DO

EM

AR

QU

ITET

UR

A E

UR

BA

NIS

MO

CO

NTR

OLE

DE

QU

EIM

A D

O M

ATE

RIA

L

ALU

NO

: PED

RO

SEC

CO

LO

CA

L: L

AC

OR

E (F

AU

)

DIA

CA

DIN

HO

1

CA

DIN

HO

2

PES

O (

KG

)P

ESO

(K

G)

FOR

NO

: QU

IMIS

PER

DA

AO

FO

GO

(P

F)

PF

= (P

ESO

SEC

O -

PES

O Q

UEI

MA

DO

)/P

ESO

SEC

O

DIA

MA

TER

IAL:

LA

MA

VER

MEL

HA

(LV

)

PES

O (

KG

)P

ESO

(K

G)

CA

DIN

HO

1

CA

DIN

HO

2

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

77

APÊNDICE C – Atividade pozolânica

Arg

am

assas

CP

1 (

MP

a)

CP

2 (

MP

a)

CP

3 (

MP

a)

CP

4 (

MP

a)

DIA

(M

Pa)

ID (

%)

DP

Máx (

%)

DP

Mín

(%

)C

imen

to (

g)

Pozola

na (

g)

Areia

(g

gu

a (

g)

Adit

ivo (

ml)

Arg

A43,2

950,3

247,5

245,5

146,6

6-7

,84

7,2

2416,0

00,

0012

48,0

0200,0

00,0

0

CL

43,0

546,9

834,8

942,1

641,7

789,5

2-1

2,4

716,4

7312,0

010

4,00

1248

,00

200,0

00,3

0

CL

90-L

V10

57,7

462,5

153,8

157,2

057,8

2123,9

1-8

,12

6,9

3312,0

010

4,00

1248

,00

200,0

00,3

0

CL

70-L

V30

41,8

231,0

142,3

640,7

438,9

883,5

5-8

,66

20,4

5312,0

010

4,00

1248

,00

200,0

00,3

0

CL

50-L

V50

34,9

937,6

450,1

736,1

239,7

385,1

5-2

6,2

811,9

3312,0

010

4,00

1248

,00

200,0

00,3

0

CL

30-L

V70

45,3

641,3

337,3

040,4

041,1

088,0

8-1

0,3

79,2

4312,0

010

4,00

1248

,00

200,0

00,3

0

CL

10-L

V90

39,1

238,2

840,2

538,1

338,9

583,4

7-3

,35

2,0

9312,0

010

4,00

1248

,00

200,0

00,3

0

LV

39,7

641,4

837,1

036,6

638,7

583,0

5-7

,05

5,3

9312,0

010

4,00

1248

,00

200,0

00,3

0

Bay

ferr

ox

120

27,4

720,5

421,2

829,9

324,8

153,1

6-2

0,6

617,1

9312,0

010

4,00

1248

,00

200,0

00,3

0

AT

IVID

AD

E P

OZ

OL

ÂN

ICA

CO

M C

IME

NT

O B

RA

NC

O A

OS

28

DIA

S -

AB

NT

NB

R 5

752

/201

4

Arg

am

assas

CP

1 (

MP

a)

CP

2 (

MP

a)

CP

3 (

MP

a)

DIA

(MP

a)

DR

Máx. (%

)H

idróxid

o d

e

cálc

io (

g)

Pozola

na (

g)

ME

Pozola

na

(g/c

m³)

Areia

(g

gu

a (

g)

Con

sis

tên

cia

(cm

)

CL

10,7

110,9

110,6

610,7

6-1

,39

104,0

0218,4

42,5

1936,0

0303,6

022,0

0

CL

90-L

V10

14,5

014,5

014,2

514,4

2-0

,58

104,0

0228,0

22,6

2936,0

0291,8

022,0

0

CL

70-L

V30

12,9

212,3

312,1

412,4

6-3

,66

104,0

0234,1

12,6

9936,0

0291,5

022,0

0

CL

50-L

V50

7,1

77,3

29,2

97,9

3-1

7,2

0104,0

0240,2

02,7

6936,0

0278,2

022,0

0

CL

30-L

V70

2,3

62,1

11,9

22,1

3-1

0,8

0104,0

0241,9

42,7

8936,0

0263,0

222,5

0

CL

10-L

V90

1,7

20,9

81,1

31,2

8-3

4,7

3104,0

0249,7

72,8

7936,0

0238,0

022,0

0

LV

1,1

31,3

31,2

3-8

,13

104,0

0255,0

02,9

3936,0

0250,0

022,0

0

AT

IVID

AD

E P

OZ

OL

ÂN

ICA

CO

M C

AL

AO

S 7

DIA

S -

AB

NT

NB

R 5

751/2

012

CPCorpo de

prova

DP Máx.

Desvio

padrão

máximo

DP Mín.

Desvio

padrão

mínimo

DR Máx.

Desvio

relativo

máximo

MEMassa

específica

CL Caulim

LVLama

vermelha

Índice de

desempenhoID

Legenda

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE …ppgau.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/documentos/Dissertação - Pedro... · pozolânica com cimento Portland e cal hidratada, o pigmento com

78

ANEXO – Bayferrox 120: Propriedades físicas e químicas

Fonte: LANXESS (2016).