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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ANA LETÍCIA BORILLE FOGAÇA GRR 20024754 ANÁLISE DE CONTROLADORES FACTS EM SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA Curitiba - PR Novembro - 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANA LETÍCIA BORILLE FOGAÇAGRR 20024754

ANÁLISE DE CONTROLADORES FACTS EM SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA

Curitiba - PRNovembro - 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁSETOR DE TECNOLOGIA – CENTRO POLITÉCNICO

DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADECURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ANA LETÍCIA BORILLE FOGAÇAGRR 20024754

ANÁLISE DE CONTROLADORES FACTS EM SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA

Trabalho de graduação apresentado à disciplina TE105 – Projeto de Graduação, sob a Orientação do Professor Odilon Luís Tortelli.

Curitiba - PRNovembro - 2006

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AGRADECIMENTOS

Meus principais agradecimentos vão para os meus pais, que sempre me deram

total apoio e condições para que eu pudesse atingir meus objetivos com sucesso.

Meus sinceros agradecimentos aos meus verdadeiros amigos que me

acompanharam nestes anos de luta, compartilhando bons momentos e acima de tudo

me ajudando nas horas difíceis e sempre me reconfortavam e me dando forças para

continuar.

Meus agradecimentos ao Professor Odilon Luís Tortelli, meu orientador, que

sempre se mostrou disposto a me ouvir e me ajudar nos momentos de dúvidas.

Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que, direta ou indiretamente me

ajudaram na conclusão deste trabalho.

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RESUMO

Neste trabalho são apresentados os aspectos técnicos da aplicação dos Controladores FACTS (flexible ac transmission systems) na operação dos sistemas de energia elétrica (SEE) em regime permanente. Os FACTS são utilizados nos SEE para aumentar o limite da transferência de potência nas linhas de transmissão e para melhorar a estabilidade eletromecânica e de tensão. Os modelos dos Controladores FACTS considerados para simulações nesta pesquisa são: SVC (Static VAR Compensator) e TCSC (Thyristor Controlled Series Compensator). Para avaliar os aspectos técnicos na operação em regime permanente dos FACTS será utilizado um programa computacional de cálculo de fluxo de potência baseado no método Newton–Raphson. Os Controladores FACTS estudados foram aplicados ao sistema de teste IEEE de 14 barras. A análise dos resultados obtidos nos testes indica que a operação de um SEE que possui FACTS é mais flexível com vantagens, tais como: aumento da transferência de potência nas linhas, um melhor controle de tensão nos barramentos remotos, podendo fixar tanto as tensões em barras quanto os fluxos de potência nas linhas.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................................. IX

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................................. XI

LISTA DE GRÁFICOS .......................................................................................................................... XII

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS .................................................................................... XIII

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1

1.1 CONTROLADORES FACTS NO MUNDO ........................................................................................................... 3 1.2 MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS DO TRABALHO ...................................................................................................... 4

2 TECNOLOGIA FACTS .......................................................................................................................... 6

2.1CONTROLADORES DE CONEXÃO SHUNT ............................................................................................................. 6 2.2 CONTROLADORES DE CONEXÃO SÉRIE ............................................................................................................. 8 2.3 CONTROLADORES DE CONEXÃO COMBINADOS SHUNT-SÉRIE ............................................................................. 11 2.4 OUTROS CONTROLADORES ........................................................................................................................... 12

3 PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO DE DISPOSITIVOS FACTS .......................................................... 14

3.1 COMPENSADOR IDEAL SHUNT ...................................................................................................................... 14 3.2 COMPENSADOR SÉRIE IDEAL ....................................................................................................................... 15 3.3 COMPENSADOR DE ÂNGULO DE FASE IDEAL ................................................................................................. 17

4 SÍNTESE DE DISPOSITIVOS FACTS ............................................................................................... 21

4.1 SÍNTESE DE COMPENSADORES SHUNT USANDO TIRISTORES ............................................................................ 21 4.2 SÍNTESE DE COMPENSADORES SHUNT USANDO CHAVES AUTOCOMUTADAS ..................................................... 23 4.3 SÍNTESE DO COMPENSADOR SÉRIE USANDO TIRISTORES ................................................................................ 25 4.4 SÍNTESE DE COMPENSADORES SÉRIE USANDO CHAVES AUTOCOMUTADAS ....................................................... 27 4.5 SÍNTESE DE CONTROLADORES DE ÂNGULO DE FASE USANDO TIRISTOR .......................................................... 29 4.6 SÍNTESE DO CONTROLADOR UNIFICADO DE FLUXO DE POTÊNCIA (UPFC) ..................................................... 29

5 ALOCAÇÃO DE DISPOSITIVOS FACTS ........................................................................................ 31

5.1 ALGORITMO GENÉTICO .............................................................................................................................. 31 5.1.1 PRINCIPAIS CONCEITOS ............................................................................................................................. 33 5.1.2 OPERAÇÕES BÁSICAS DE UM AG SIMPLES .................................................................................................... 34 5.2.3 INICIALIZAÇÃO ........................................................................................................................................ 36 5.2.3.1 Cálculo da Aptidão ........................................................................................................................ 36

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5.2.3.2 Seleção ............................................................................................................................................ 36 5.2.3.3 Cruzamento ("CROSS-OVER") .................................................................................................... 37 5.2.3.4 Escolha dos parâmetros do AG ...................................................................................................... 38 5.2.3.5 Aplicações ..................................................................................................................................... 39 5.2.4 APLICAÇÃO DO ALGORITMO GENÉTICO PARA ANÁLISE DE SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA ............................... 40

6 SIMULAÇÕES E ANÁLISE DOS RESULTADOS EM REGIME PERMANENTE ...................... 45

6.1 RESULTADOS COM O SISTEMA IEEE DE 14 BARRAS ...................................................................................... 45 6.1.1 SISTEMA COM CONTROLADOR SHUNT SVC ................................................................................................. 46 6.1.2 SISTEMA COM CONTROLADOR SÉRIE TCSC ................................................................................................. 47 6.1.3 SISTEMA COM CONTROLADOR SÉRIE TCSC E CONTROLADOR SHUNT SVC ..................................................... 49

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 51

7.1 CONCLUSÕES ............................................................................................................................................. 51 7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 52

ANEXOS ................................................................................................................................................... 54

A-1 FLUXO DE POTENCIA - HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO .......................................................... 55

A – 1.1 HISTÓRICO ......................................................................................................................................... 55 A – 1.2 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO FLUXO DE POTÊNCIA .................................................................................... 55 A – 1.3 FLUXO DE POTÊNCIA GAUSS-SEIDEL ..................................................................................................... 55 A – 1.4 FLUXO DE POTÊNCIA NEWTON-RAPHSON .............................................................................................. 56 A – 1.5 FLUXO DE POTENCIA DESACOPLADO RÁPIDO ......................................................................................... 56 A – 1.5.1 VARIANTES DO FLUXO DE POTENCIA DESACOPLADO RÁPIDO ................................................................... 57 A – 1.6 FLUXOS DE POTENCIA APROXIMADOS ................................................................................................... 58

A-2 IMPORTÂNCIA DA POTÊNCIA REATIVA NOS SEE .............................................................. 59

A – 2.1 POTÊNCIA REATIVA .............................................................................................................................. 59 A – 2.1.1 NECESSIDADE DE POTÊNCIA REATIVA .................................................................................................. 61

A – 3 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DO FLUXO DE POTENCIA ................................................... 64

A – 3.1 EQUACIONAMENTO DO FLUXO DE POTENCIA ......................................................................................... 64 A – 3.2 O PROBLEMA DO FLUXO DE POTENCIA EM UM SISTEMA REAL ................................................................ 66

A – 4 MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON NO CÁLCULO DO FLUXO DE POTÊNCIA ............. 67

A – 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................................... 67

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A – 4.2 MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON .......................................................................................................... 68

A – 5 ARQUIVOS DE DADOS ............................................................................................................... 76

A – 5.1 SISTEMA DE TESTE IEEE 14 BARRAS .................................................................................................. 76 A – 5.2 DADOS DAS BARRAS ............................................................................................................................ 76 A – 5.3 DADOS DAS LINHAS: ............................................................................................................................ 77

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: MAPA DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL ........................................................ 1

FIGURA 2: REPRESENTAÇÃO DA INTERLIGAÇÃO NORTE-SUL UTILIZANDO TCSC. ....... 4

FIGURA 3: CONFIGURAÇÃO DE CONTROLADOR FACTS DE CONEXÃO TIPO SHUNT. ..... 6

FIGURA 4: COMPENSADOR DE CONEXÃO SHUNT, A) STATCOM, COM FONTES DE TENSÃO E CORRENTE. B) STATCOM COM ARMAZENADOR DE ENERGIA. ......................... 7

FIGURA 5: CONFIGURAÇÃO DE CONTROLADOR FACTS DE CONEXÃO TIPO SÉRIE. ...... 9

FIGURA 6: IPFC, CONEXÃO DE DOIS CONTROLADORES FACTS SÉRIE COM ENLACE. . 11

FIGURA 7: CONEXÃO SHUNT – SÉRIE, DO DC UPFC. ................................................................. 11

FIGURA 8: GUPFC, CONEXÃO DE UM VSC SHUNT COM DOIS O MAIS EM CONEXÃO SÉRIE, GENERALIZAÇÃO DE VÁRIOS UPFC. ............................................................................... 13

FIGURA 9: COMPENSADOR IDEAL EM DERIVAÇÃO CONECTADO AO PONTO MÉDIO DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO. ...................................................................................................... 15

FIGURA 10: DIAGRAMA FASORIAL DO SISTEMA PROPOSTO COM COMPENSAÇÃO DE POTÊNCIA REATIVA. .......................................................................................................................... 15

FIGURA 11: COMPENSADOR SÉRIE IDEAL CONECTADO AO PONTO MÉDIO DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO CURTA. .................................................................................................. 16

FIGURA 12: DIAGRAMA FASORIAL DO SISTEMA PROPOSTO COM UMA COMPENSAÇÃO CAPACITIVA SÉRIE. ............................................................................................................................ 17

FIGURA 13: COMPENSADOR DE ÂNGULO DE FASE IDEAL. .................................................... 17

FIGURA 14: DIAGRAMA FASORIAL DO SISTEMA PROPOSTO COM UM COMPENSADOR DE ÂNGULO DE FASE IDEAL. ........................................................................................................... 18

FIGURA 15: CARACTERÍSTICAS DE TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA ATIVA DO SISTEMA PROPOSTO COM COMPENSAÇÃO SHUNT, EM SÉRIE, DE ÂNGULO DE FASE E SEM COMPENSAÇÃO. .......................................................................................................................... 19

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FIGURA 16: DIAGRAMA ESQUEMÁTICO IDEAL DE CONTROLADOR DE FLUXO DE POTÊNCIA UNIVERSAL. ..................................................................................................................... 19

FIGURA 17: DISPOSITIVOS FACTS BASEADOS EM TIRISTORES: (A)-REATOR CONTROLADO A TIRISTOR (TCR); (B)-CAPACITOR CHAVEADO A TIRISTOR (TSC). ..... 22

FIGURA 18: (A) CIRCUITO BÁSICO DE UM COMPENSADOR ESTÁTICO; (B) CARACTERÍSTICA VXI. ...................................................................................................................... 23

FIGURA 19: (A) COMPENSADOR ESTÁTICO AVANÇADO (STATCOM) BASEADO NO CONVERSOR FONTE DE TENSÃO (CFT); (B) CARACTERÍSTICA DE OPERAÇÃO VXI. ..... 24

FIGURA 20: COMPENSADOR SHUNT BASEADO EM GTO (STATCOM). ................................. 25

FIGURA 21: CAPACITOR SÉRIE CHAVEADO A TIRISTOR (MÓDULOS DISCRETOS DE CHAVEAMENTO). ................................................................................................................................ 26

FIGURA 22: CAPACITOR SÉRIE CONTROLADO A TIRISTOR – TCSC (MÓDULO DE CONTROLE CONTÍNUO). ................................................................................................................... 26

FIGURA 23: CAPACITOR SÉRIE CONTINUAMENTE CONTROLADO POR TIRISTORES DUAIS. ...................................................................................................................................................... 28

FIGURA 24: COMPENSADOR SÉRIE AVANÇADO. ........................................................................ 28

FIGURA 25: EXEMPLO DE UM CONTROLADOR DEFASADOR USANDO TIRISTORES E DIAGRAMA FASORIAL DA TENSÃO FASE-NEUTRO DA FASE “A”. ........................................ 30

FIGURA 26: DIAGRAMA DE BLOCO DO COMPENSADOR UNIFICADO (UPFC) E DIAGRAMA FASORIAL DA TENSÃO FASE-NEUTRO DA FASE “A”. ........................................ 30

FIGURA 27: ESTRUTURA BÁSICA DE UM AG SIMPLES. ............................................................ 35

FIGURA 28: AMOSTRAGEM ESTOCÁSTICA UNIVERSAL. ........................................................ 37

FIGURA 29: CRUZAMENTO DE DOIS INDIVÍDUOS NUM AG SIMPLES MUTAÇÃO. ........... 38

FIGURA 30 :FORMAÇÃO DO CROMOSSOMO NT ......................................................................... 41

FIGURA 31: SIGNIFICADO DO RESULTADO EM NÚMERO BINÁRIO PARA O TCSC. ......... 41

FIGURA 32: SIGNIFICADO DO RESULTADO EM NÚMERO BINÁRIO PARA O SVC. ............ 42

FIGURA 33: FLUXOGRAMA DE ROTINA DO AG UTILIZADO. .................................................. 44

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FIGURA 34: SISTEMA DE TESTE IEEE -14 BARRAS ..................................................................... 45

FIGURA 35- A) CIRCUITO REPRESENTATIVO PARA O CÁLCULO DA POTÊNCIA REATIVA E ATIVA. ............................................................................................................................... 59

FIGURA 36 - REPRESENTAÇÃO DA EQUAÇÃO EQ.7 DOS PARÂMETROS ELÉTRICOS NUMA LINHA DE TRANSMISSÃO AC. .............................................................................................. 60

FIGURA 37: REPRESENTAÇÃO SISTEMA IEEE 14 BARRAS. ...................................................... 76

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: SIGNIFICADO DOS RESULTADOS EM NÚMERO BINÁRIO PARA A POSIÇÃO DO TCSC .................................................................................................................................................. 41

TABELA 2: SIGNIFICADO DOS RESULTADOS EM NÚMERO BINÁRIO PARA O VALOR DA REATÂNCIA DO TCSC ......................................................................................................................... 42

TABELA 3: SIGNIFICADO DOS RESULTADOS EM NÚMERO BINÁRIO PARA A POSIÇÃO DO SVC ..................................................................................................................................................... 42

TABELA 4: SIGNIFICADO DOS RESULTADOS EM NÚMERO BINÁRIO PARA O VALOR DA TENSÃO DO SVC .................................................................................................................................... 43

TABELA 5 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE COMPENSAÇÃO REATIVA. ......................................................................... 63

TABELA 6: CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAS DE UM SEE. ............................................................ 66

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: ÍNDICE DE DESVIO DE TENSÃO ............................................................................... 46

GRÁFICO 2: PERFIL DE TENSÃO EM UM SEE UTILIZANDO CONTROLADORES TIPO SHUNT – SVC .......................................................................................................................................... 47

GRÁFICO 3: ÍNDICE DE PERDAS ...................................................................................................... 48

GRÁFICO 4: PERFIL DO FLUXO DE POTENCIA ATIVA .............................................................. 49

GRÁFICO 5: ÍNDICE DE PERDAS PARA A UTILIZAÇÃO DOS DOIS CONTROLADORES EM CONJUNTO. ............................................................................................................................................. 49

GRÁFICO 6: PERFIL DO FLUXO DE POTÊNCIA ATIVA PARA UM SEE UTILIZANDO OS DOIS CONTROLADORES. .................................................................................................................... 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ATC Available transmission capability

CFT Conversor tipo Fonte de Tensão

CIGRÉ Conseil International dês Grands Réseaux Electriques

FACTS Flexible AC Transmission Systems

FPO AG Fluxo de potencia ótimo a base de algoritmos genéticos

GTO Gate turn-off Thyristor

HVDC High Voltage Direct Current

HVDC link High Voltage Direct Current - link

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

IGBT Integrated Gate Bipolar Transistor

IPC Interphase Power Controller

IPFC Interline Power Flow Controller

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PFC Programa de Fluxo de Carga

RCT Reator Controlado a Tiristor

SEE Sistemas de Energia Elétrica.

SIN Sistema Interligado Nacional

SSG Static Synchronous Generator

SSSC Static Synchronous Series Compensator

STATCOM Static Synchronous Compensator

SVC Static VAr Compensator

SVG Static VAr Generator or Absorber

SVS Static VAr System

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TCPST Thyristor Controlled Phase Shifted Transformer

TCR Thyristor Controlled Reactor

TCSC Thyristor Controller Series Capacitor

TCSR Thyristor Controlled Series Reactor

TCVL Thyristor Controlled Voltage Limited

TCVR Thyristor Controlled Voltage Regulator

TSC Thyristor Switched Capacitor

TSR Thyristor Switched Reactor

TSSC Thyristor Switched Series Capacitor

TSSR Thyristor Switched Series Reactor

UPFC Unified Power Flow Controller

VAR Volt-Ampere Reactive

VCS VAr Compensating System

ZVS Zero Voltage Switching

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CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, um país de dimensão continental, os primeiros sistemas de

potência supriam apenas os centros de carga regionais, operando de modo

isolado. A partir dos anos 60, com a construção de grandes usinas e a

ocorrência de forte desenvolvimento industrial, os sistemas de potência

começaram a ser interconectados. Como decorrência das interligações entre as

redes regionais, um grande número de problemas teve de ser analisado a fim de

se obter as melhores soluções técnicas e econômicas, A Figura 1 a seguir,

publicada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), apresenta uma

visão esquemática das linhas de transmissão pertencentes à Rede Básica, que

compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN), e que conectam os quatro

grandes submercados brasileiros: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Figura 1: Mapa do Sistema Interligado Nacional

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O crescimento dos Sistemas Elétricos de Potência devido ao aumento da

demanda de energia elétrica e à necessidade de maior confiabilidade dos

sistemas, aliado à necessidade de redução de custos, resultou em uma

interligação cada vez maior entre os diversos sistemas de geração existentes.

Os sistemas interligados são vantajosos na medida em que permitem ganhos

energéticos através da coordenação da operação hidrotérmica, que garante

melhor aproveitamento hidrológico entre as bacias existentes; além de garantir o

controle de freqüência quando da perda súbita de geração, socorro mútuo entre

os subsistemas, compra e venda de energia entre eles.

Com o aumento das interligações, a operação coordenada do sistema

torna-se bastante complexa. Uma forma de aumentar a capacidade de

transmissão dos sistemas de potência consiste em introduzir dispositivos de

controle denominados FACTS (flexible ac transmission systems), os quais são

desenvolvidos com tecnologia baseada em eletrônica de potência. Portanto, é

necessário um planejamento detalhado de sua operação para que o

desempenho alcançado seja compatível com os requisitos de qualidade e

segurança, sendo imprescindível desenvolver ferramentas computacionais que

facilitem análises das condições de regime permanente, segurança de tensão e

estabilidade eletromecânica.

O cálculo de fluxo de potência é extensivamente utilizado nas fases de

projeto, planejamento da expansão, planejamento da operação e operação em

tempo real dos sistemas, podendo constituir o estudo em si, ou constar como

parte de estudos mais complexos tais como os de otimização, estabilidade,

análise de contingências, dentre outros. Consiste basicamente no cálculo das

tensões nodais, em módulo e fase, e dos fluxos de potência nos ramos da rede

elétrica, a partir dos dados de carga especificado e o despacho de geração ativa

estabelecido, além da topologia e os parâmetros da rede.

Praticamente todos os programas atuais para cálculo do fluxo de potência

utilizam diferentes variações do método de Newton-Raphson, que foi

desenvolvido em sua formulação clássica no final da década de sessenta.

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Apesar de requerer algoritmos mais complexos para sua implementação,

este método apresenta excelente desempenho computacional, quando utilizado

no estudo de casos reais de grande porte, onde as equações iterativas do

método são resolvidas, utilizando-se técnicas de eliminação ordenada para a

solução de grandes sistemas lineares esparsos. Além disso, seu desempenho

computacional vem se beneficiando ao longo do tempo da constante evolução

das tecnologias de software e hardware. Porém, o mais importante é a sua

robustez numérica que apresenta característica de convergência quadrática,

permitindo assim seu uso generalizado mesmo em sistemas anteriormente

considerados de difícil solução.

Para que a solução de um fluxo de potência corresponda da forma mais

próxima possível à realidade, torna-se necessária a inclusão, nos métodos de

solução, de técnicas que permitam simular a operação de dispositivos de

controle que normalmente existem no sistema, ou que venham a ser

empregados.

1.1 Controladores FACTS no mundo

Os Controladores FACTS foram introduzidos por Hingorani em 1980.

Desde então, vários equipamentos baseados em eletrônica de potência foram

desenvolvidos e instalados nos sistemas de energia elétrica. Os principais Controladores FACTS são: compensador estático de

potência reativa (SVC - static VAR compensator), compensador em série

controlado por tiristores (TCSC - thyristor controlled series compensator),

transformador defasador controlado por tiristores (TCPST - thyristor controlled

phase shifting transformer), controlador unificado de fluxo de potência (UPFC -

unified power flow controller), compensador estático síncrono (STATCOM - static

synchronous compensator), compensador estático em série síncrono (SSSC -

static synchronous series compensator), controlador de potência entre fases

(IPC - interphase power controller), capacitor em série comutado por tiristores

(TSSC - thyristor switched series capacitor), elo de corrente contínua de alta

tensão (HVDC – high voltage direct current).

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Na atualidade, existem Controladores FACTS instalados em vários

países, tais como: Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, China, França, Índia,

Inglaterra, Japão, México, Peru, Polônia, Noruega, Suécia e Estados Unidos,

sendo este último o país com maior número de FACTS instalados.

No Brasil também conta-se com HVDC-link (high voltage direct current)

em linhas de corrente contínua de alta tensão. Além deste, temos também o

TCSC que está sendo considerado como elemento fundamental para a conexão

dos sistemas elétricos Norte-Sul, sendo então utilizado para amortecer possíveis

oscilações de baixa freqüência entre os dois sistemas, são dois instalados, um

em Imperatriz e um em Serra da Mesa, como mostra a Figura 2.

Figura 2: Representação da interligação Norte-Sul utilizando TCSC.

1.2 Motivação e Objetivos do Trabalho

Os Dispositivos FACTS, através de sua ação sobre parâmetros do

sistema, possibilitam uma melhoria na capacidade de transmissão da rede

elétrica, maior controle sobre os fluxos de potência ativa e reativa e das

magnitudes de tensão das barras.

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Atualmente, existe um interesse crescente pela obtenção de metodologias

que quantifiquem os benefícios dos Controladores FACTS em um SEE. Para

agentes de geração e distribuição, na fase de planejamento, é necessária uma

estimativa do investimento econômico, verificando se é ou não conveniente

instalar estes controladores ou novas linhas de transmissão e avaliando o

impacto técnico futuro dessa decisão.

Em vista disso, objetivo principal desse trabalho é analisar o impacto dos

Controladores FACTS nos sistemas de energia elétrica. Para isso será utilizado

um programa computacional de análise de SEE para realizar estudos em regime

permanente possibilitando avaliar o desempenho de uma rede elétrica na

presença de dois tipos de controladores FACTS: o controlador shunt SVC e o

controlador série TCSC.

Será realizado também um estudo relativo à alocação ótima desses

controladores numa rede elétrica, visando melhorar aspectos como perfil de

tensão e redução de perdas ativas. Para isso será aplicada a técnica de

Algoritmos Genéticos.

As simulações serão realizadas com a utilização de um Toolbox do

Programa Matlab que utiliza o Algoritmo Genético (GADS) para o estudo de

alocação ótima.

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CAPÍTULO 2

2 TECNOLOGIA FACTS

O IEEE (The Institute of Electrical and Electronics Engineers) em conjunto

com o CIGRÉ (Conseil International des Grands Réseaux Electriques) definem

os controladores FACTS como “sistemas de transmissão de corrente alternada

que incorporam controladores baseados em eletrônica de potência e mais outros

controladores estáticos, para melhorar a controlabilidade e aumentar a

capacidade de transferência de potência”. Existem vários tipos de Controladores FACTS os quais serão melhor

detalhados a seguir.

2.1Controladores de conexão shunt

Os controladores de conexão shunt podem ser impedâncias variáveis,

fontes variáveis, ou uma combinação destas. Os controladores shunt injetam

corrente no ponto de conexão e por ser uma impedância variável num ponto de

tensão de linhas, a injeção de corrente também é variável.

Na Figura 3 mostra-se a configuração de controlador shunt.

Figura 3: Configuração de Controlador FACTS de conexão tipo Shunt.

Battery Energy Storage System (BESS): Um sistema de armazenamento de

energia baseado em química. Usando conexões shunt e conversores chaveados

são capazes de ajustar-se rapidamente ao valor da energia que é fornecida ou

absorvida de um sistema AC.

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Static Syncronous Compensator (SSC ou STATCOM): um compensador

síncrono estático operando como um compensador estático var em conexão

shunt, sendo que a saída da corrente, capacitiva ou indutiva, pode ser

controlada de forma independente da tensão do sistema AC. Na Figura 4

mostra-se o STATCOM com fontes de tensão, de corrente e acoplado com um

armazenador de energia.

Figura 4: Compensador de Conexão Shunt, a) STATCOM, com fontes de tensão e corrente. b) STATCOM com Armazenador de Energia.

Static Synchronous Generator (SSG): Um conversor de potência estático

chaveado auto-comutado, fornece energia de uma fonte apropriada de energia

elétrica e é operado para produzir um grupo de saída de tensão da multifase

ajustável, que pode ser acoplado a um sistema de potência AC para o propósito

de intercâmbio de potência ativa e reativa independentemente controlável.

Static Var Compensator (SVC): Um equipamento que gera ou absorve

potência reativa com controle externo (tiristores), conectado em shunt, cuja

saída é ajustada para o intercâmbio de corrente capacitiva ou indutiva para

manter o controle de parâmetros específicos do sistema de energia elétrica,

(tipicamente tensão de barra).

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Static Var Generator or Absorber (SVG): Um dispositivo, equipamento elétrico

estático, ou um sistema capaz de extrair corrente capacitiva e/ou indutiva

controlada de um sistema de potência e através disso controlar os níveis de

geração/absorção de potência reativa. Geralmente considerado para consistir de

conectores shunt, reator controlado por tiristores e/ou capacitor controlado por

tiristores.

Static Var System (SVS): Uma combinação de diferentes compensadores var

estáticos chaveados mecanicamente cujas saídas são coordenadas.

Thyristor Controlled Reactor (TCR): Um indutor shunt controlado por tiristores

cuja reatância efetiva é variada de uma maneira contínua por controle de

condução parcial da válvula do tiristor.

Thyristor Switched Capacitor (TSC): Um capacitor shunt chaveado por

tiristores cuja reatância efetiva é variada de maneira gradual por uma operação

de condução completa ou condução zero da válvula do tiristor.

Thyristor Switched Reator (TSR): Um indutor shunt chaveado por tiristores

cuja reatância efetiva é variada de maneira gradual por uma operação de

condução completa ou condução zero da válvula do tiristor.

Var Compensating System (VCS): Uma combinação de diferentes

compensadores estáticos e rotativos cujas saídas são coordenadas.

2.2 Controladores de conexão série

Os controladores de conexão série podem ser modelados como

impedâncias variáveis, capacitor, reator, etc, ou como fontes variáveis baseadas

em eletrônica de potência. A princípio, os controladores série resultam em uma

queda de tensão na linha de transmissão.

8

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A Figura 5 mostra a configuração de Controlador FACTS em conexão

série.

Figura 5: Configuração de Controlador FACTS de conexão tipo série.

Static Syncronous Series Compensator (SSSC): Um gerador síncrono

operado sem uma fonte de energia elétrica externa como um compensador série

cuja tensão de saída está em quadratura com a corrente da linha,

independentemente controlável, para incrementar ou diminuir a queda de tensão

reativa total através da linha e desse modo, ter um controle da potência elétrica

transmitida. O SSSC pode incluir transitoriamente ou em forma não periódica

dispositivos que armazenam ou absorvem energia, para melhorar o

comportamento dinâmico do sistema de potência por compensação temporária

de potência ativa adicional, incrementando ou diminuindo momentaneamente a

queda de tensão total (resistiva) através da linha.

Thyristor Controlled Series Capacitor (TCSC): Um compensador de potência

reativa capacitiva o qual consiste de um banco de capacitores série em paralelo

com reator controlado por tiristores a fim de compensar a reatância capacitiva

série levemente.

Thyristor Controlled Series Compensation: Um compensador de impedância

aplicado em série através de um sistema de transmissão AC para controle da

reatância série de transferência.

9

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Thyristor Controlled Series Reactor (TCSR): Um compensador reativo

indutivo consistindo de um reator série, em paralelo com um reator controlado

por tiristores, resultando numa reatância indutiva série variável.

Thyristor Switched Series Capacitor (TSSC): Um compensador reativo

capacitivo, que consiste de um banco de capacitores série, em paralelo com

reator chaveado por tiristores para prever gradualmente um controle da

reatância capacitiva série.

Thyristor Switched Series Compensation: Um compensador de impedância

aplicado em série sobre o sistema de transmissão para prever gradualmente um

controle da reatância série.

Thyristor Switched Series Reactor (TSSR): Um compensador reativo indutivo

que consiste de um reator série, um banco de capacitores série em paralelo com

reator chaveado por tiristores, para prever gradualmente um controle da

reatância capacitiva série.

Interline Power Flow Controller (IPFC): Este é um controlador recentemente

introduzido e o IEEE ainda não tem uma definição. Uma proposta se encontra

em convencionalmente chamado de compensação capacitiva em série (fixo,

controlado por tiristores, ou baseado por SSSC). Uma possível definição é:

Combinação de dois ou mais compensadores séries estáticos síncronos os

quais são acoplados via um enlace comum DC para facilitar o fluxo de potência

ativa bidirecional entre os terminais dos SSSC’s, e são controlados para prover

compensação reativa para o ajuste do fluxo de potência em cada linha e manter

a distribuição desejada de fluxo de potência reativa na linha. Na Figura 6 mostra-

se a conexão do IPFC.

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Figura 6: IPFC, Conexão de dois Controladores FACTS série com enlace.

2.3 Controladores de conexão combinados shunt-série

Os controladores de conexão combinados shunt-série, assim como já diz

o nome, poderiam ser uma combinação de controladores série e shunt

separados, os quais são controlados de forma coordenada. A princípio os

controladores combinados série – shunt injetam corrente e tensão dentro do

sistema. Estes elementos dos controladores vão injetar tensão na linha (parte

série) e/ou corrente (parte shunt) de forma independente, conseguindo controlar

a potência ativa e reativa. Quando os controladores são unificados, podem ter

um intercâmbio de potência ativa entre os controladores via o enlace de

potência.

Na Figura 7 mostra-se a conexão do UPFC.

Figura 7: Conexão shunt – série, do DC UPFC.

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Unified Power Flow Controller (UPFC): Uma combinação de compensador

estático síncrono (STATCOM) e um compensador série estático síncrono

(SSSC), os quais são acoplados via enlace comum em DC, para permitir um

fluxo de potência ativa entre os terminais de saída série do SSSC e terminais de

saída shunt do STATCOM. São controlados para prover compensação

concorrente de potência ativa e reativa na linha sem uma fonte de energia

externa. O UPFC, pelo principio de injeção de tensão série de forma angular não

restrita, é capaz de controlar, concorrentemente ou seletivamente, a tensão, a

impedância e ângulo da linha de transmissão ou alternativamente o fluxo da

potência reativa na linha. O UPFC pode também prover compensação reativa

shunt independentemente controlável.

Interphase Power Controller (IPC): Um controlador de potência ativa e

potência reativa conectado em série consistindo, em cada fase, de ramos

indutivos e capacitivos sujeitos às tensões de mudança de fase separadamente.

As potências ativa e reativa podem se agrupar independentemente de acordo

com a mudança de fase e/ou impedância do ramo, usando chaveamento

mecânico ou eletrônico. Em caso particular onde as impedâncias indutiva e

capacitiva formam um par conjugado, cada terminal do IPC é uma fonte de

corrente passível dependente da tensão no outro terminal.

Thyristor Controlled Phase Shifted Transformer (TCPST): Um transformador

defasador, ajustado por tiristores comutados para prover rapidamente um ângulo

variável de fase.

2.4 Outros controladores

Generalized Unified Power Flow Controller (GUPFC): É a generalização do

UPFC. Uma explicação simples é como existissem dois, três, ou mais UPFC em

paralelo, mas com a utilização de um só conversor shunt, como se fosse um

UPFC multi terminal. Este seria mais econômico com relação à aquisição de

dois, três ou mais UPFC. Na Figura 8 mostra-se a conexão do GUPFC.

12

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Figura 8: GUPFC, Conexão de um VSC shunt com dois o mais em conexão série, generalização de vários UPFC.

Thyristor Controlled Voltage Limited (TCVL): Um varistor de metal óxido

(MOV) usado para limitar a tensão através de seus terminais durante a condição

transitória.

Thyristor Controlled Voltage Regulator (TCVR): é um transformador

controlado por tiristores no qual pode prover tensão variável em fase com

controle contínuo.

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CAPÍTULO 3

3 PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO DE DISPOSITIVOS FACTS

Neste capítulo serão apresentados os princípios básicos de operação dos

principais dispositivos FACTS. Para explicar o funcionamento ideal de cada um

destes equipamentos FACTS será considerada sua conexão em um sistema AC

simples composto de duas máquinas ideais interligadas através de uma linha de

transmissão curta, e sem perdas. As relações básicas aqui apresentadas sofrem

modificações quando são considerados modelos completos das linhas de

transmissão. Entretanto, de uma maneira global o comportamento qualitativo do

sistema com um dispositivo FACTS é mantido.

3.1 Compensador Ideal Shunt

A Figura 9 mostra um modelo ideal de um compensador shunt conectado

ao ponto médio da linha AC. Nesta figura, a fonte de tensão VS é continuamente

controlada com o objetivo de controlar o fluxo de potência através desta linha.

Na análise que será apresentada, as tensões VS e VR são consideradas como

tendo a mesma amplitude, porém defasadas de um ângulo δ .

A Figura 10 mostra o diagrama fasorial do sistema da Figura 9 para o

caso quando a tensão de compensação VM tem a mesma amplitude que as

tensões terminais, VS e VR. Neste caso, a potência ativa transferida do terminal

VS para o lado da carga VR é dada por:

)2/(2 2

δsenXVP

LS = eq. 1

onde, V é a amplitude das tensões terminais VS e VR. Se nenhuma compensação

estiver presente, a potência transferida é dada pela expressão:

δsenXVP

LS

2

= eq. 2

Comparando as equações eq.1 e eq.2 nota-se que a compensação

reativa em derivação aumenta a capacidade de transmissão de potência ativa

pela linha AC, em especial se °> 30δ Da Figura 10 é possível também concluir

que como a corrente de compensação IM está em quadratura com a tensão VM

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não existe potência ativa fluindo através do compensador. Ou seja, apenas

potência reativa flui pela fonte VM. Esta é uma conclusão importante porque

permite uma síntese simplificada desta fonte (compensador).

Figura 9: Compensador ideal em derivação conectado ao ponto médio de uma linha de transmissão.

Figura 10: Diagrama fasorial do sistema proposto com compensação de potência reativa.

3.2 Compensador Série Ideal

A Figura 11 mostra um compensador série ideal, representado por uma

fonte de tensão controlada VC, conectado ao ponto médio de uma linha de

transmissão curta. Pode-se mostrar que a corrente que circula pela linha é dada

pela equação eq.3.

L

CSRL jX

VVI

)( −= , eq. 3

Onde, )( RSSR VVV −= .

15

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Figura 11: Compensador série ideal conectado ao ponto médio de uma linha de transmissão curta.

Se a tensão VC está em quadratura em relação à corrente de linha, o

compensador série não irá fornecer ou absorver potência ativa, ou seja, a

potência nos terminais da fonte VC será apenas reativa. Neste caso, a fonte de

tensão VC pode ser vista, a partir de seus terminais, como uma reatância

equivalente capacitiva ou indutiva.

O fluxo de potência ativa pela linha de transmissão é dado por :

δsensX

VPL

S )1(

2

−= eq. 4

onde, -1 < s < 1 é a taxa de compensação série. A equação eq.4 mostra que a

potência ativa transmitida pode ser aumentada consideravelmente variando-se a

taxa de compensação série entre os limites 0 < s < 1. A Figura 12 mostra o

diagrama fasorial do sistema proposto com a compensação série, assumindo

que a fonte VC está fornecendo uma potência reativa capacitiva. Neste caso, o

fasor da corrente de linha está adiantado de 90 graus em relação ao fasor da

tensão VC.

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Figura 12: Diagrama fasorial do sistema proposto com uma compensação capacitiva série.

3.3 Compensador de Ângulo de Fase Ideal

A Figura 13 mostra um sistema AC com um compensador de ângulo de

fase ideal. Este compensador controla a diferença entre os ângulos de fase

entre dois sistemas AC podendo atuar assim diretamente sobre o fluxo de

potência ativa trocado entre estes dois sistemas.

Figura 13: Compensador de ângulo de fase ideal.

A Figura 14 mostra o diagrama fasorial para um sistema AC com um

compensador de ângulo de fase ideal. Este diagrama mostra que o fasor de

tensão Vpq do compensador de ângulo de fase ideal pode assumir qualquer

defasagem em relação à corrente de linha I e sua região de operação é um

círculo de raio máximo igual à máxima tensão Vpq de compensação. Isto significa

que esse compensador pode ter que fornecer ou absorver potência ativa, bem

como potência reativa. Esta é uma característica importante para ser

considerada na síntese de um compensador de ângulo de fase.

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Este compensador genérico, como mencionado anteriormente, será

analisado como um caso especial do compensador série e pode ser dividido em

dois grupos:

Defasador, o qual é baseado em tiristores e, UPFC, que é baseado em

chaves semicondutoras autocomutadas.

No caso do compensador defasador, a potência fluindo pela linha de

transmissão da Figura 13 é dada pela expressão eq.5:

)(2

1 αδ −= senXVP

LS eq. 5

onde, α é o ângulo de controle de fase. Assim, quanto mais próximo de 90

(noventa) graus for a diferença de fase ( αδ − ), maior será a potência ativa

transmitida. O UPFC será discutido mais adiante.

Figura 14: Diagrama fasorial do sistema proposto com um compensador de ângulo de fase ideal.

A Figura 15 mostra as características de transferência de potência ativa

para um sistema AC sem compensação e com compensação em derivação, em

série e do ângulo de fase. A compensação através do defasador mostrada nesta

figura foi obtida assumindo que as tensões VS, VS1 e VR, mostradas na Figura 14,

têm a mesma amplitude . Fica claro que observando a Figura 15, dependendo

do nível de compensação, a compensação série é a melhor escolha para

aumentar a capacidade de transferência de potência ativa. O compensador

defasador é importante quando se deseja conectar dois sistemas distintos que

possuem ângulo de transmissão grande ou de difícil controle.

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Figura 15: Características de transferência de potência ativa do sistema proposto com compensação Shunt, em série, de ângulo de fase e sem

compensação.

O compensador Shunt é a melhor opção para aumentar a margem de

estabilidade dinâmica.

Figura 16: Diagrama esquemático ideal de controlador de fluxo de potência universal.

O Controlador Universal de Fluxo de Potência (UPFC) é melhor

representado, como mostrado na Figura 16, considerando a conexão simultânea

de duas fontes de tensão controladas: uma em série e a outra em derivação.

Uma das principais vantagens dessa topologia é que as duas fontes podem

operar separadamente como dois compensadores distintos de potência reativa

(um série e o outro em derivação) e compensando ainda potência ativa. Um

caso interessante acontece quando uma quantidade de potência ativa

consumida/fornecida por uma das fontes é igual à potência fornecida/consumida

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pela outra. Esta característica é especialmente relevante se existir um caminho

comum para que essas potências possam ser trocadas. De fato, o conceito por

trás do UPFC é muito mais genérico do que no defasador. O diagrama fasorial

mostrado na Figura 14, onde a região de operação do fasor de tensão Vpq é um

círculo, representa um caso particular de operação do UPFC, para VM = VS.

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CAPÍTULO 4

4 SÍNTESE DE DISPOSITIVOS FACTS

Neste capítulo será apresentada a síntese de cada modelo ideal de

dispositivo FACTS anteriormente discutido. Para esta síntese serão

considerados, em primeiro lugar, o uso dos tiristores convencionais, já que são

dispositivos semicondutores com uma longa história, tendo já demonstrado

serem de alta confiabilidade. No entanto, como os tiristores têm sua capacidade

de controle limitada apenas ao processo de disparo, a síntese dos dispositivos

FACTS baseada em chaves semicondutoras com capacidade de corte também

será apresentada.

4.1 Síntese de Compensadores Shunt Usando Tiristores

A Figura 17 mostra a topologia básica de um Reator Controlado a Tiristor

(TCR – Thyristor Controlled Reactor), o qual, através do controle dos ângulos de

disparo dos tiristores, produz uma reatância indutiva equivalente, continuamente

variável. O TCR é a base do compensador de potência reativa estático

convencional (SVC - Static Var Compensator). Devido ao controle de fase usado

para chavear os tiristores, correntes harmônicas de baixa ordem são geradas

pelo TCR. Transformadores ligados em delta-estrela, bem como a conexão de

filtros passivos são então necessários para reduzir estes harmônicos a níveis

aceitáveis. A Figura 17 mostra o capacitor chaveado a tiristor (TSC – Thyristor

Switched Capacitor). Neste circuito, os tiristores são disparados apenas quando

uma condição de chaveamento com tensão zero é alcançada para a chave

semicondutora (ZVS - zero voltage switching). Portanto, devido a sua

característica de chaveamento, os tiristores mostrados na Figura 17 podem

apenas conectar ou desconectar o banco de capacitores ao sistema de potência.

Conseqüentemente, o controle da potência reativa gerada pelo banco

chaveado é feito de forma descontínua. Outra característica importante é que,

como o chaveamento é feito em uma freqüência muito baixa, os harmônicos não

são geralmente um problema sério nestes compensadores. O uso de um dos

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compensadores mostrados na Figura 17 possibilita, assim, apenas um tipo de

compensação capacitiva ou indutiva. Entretanto, na maioria das aplicações, é

desejável ter a possibilidade de ambas as características de compensação. O

compensador estático de potência reativa (SVC) foi projetado então para operar

nestas condições. Em geral este compensador é usado como controlador

estático de tensão.

Figura 17: Dispositivos FACTS baseados em tiristores: (a)-Reator controlado a tiristor (TCR); (b)-Capacitor chaveado a tiristor (TSC).

A Figura 18 mostra o diagrama unifilar equivalente de um compensador

estático de reativos (SVC). Nesta figura, um reator controlado a tiristor é

conectado em paralelo com banco capacitivo, que pode ser fixo ou chaveado a

tiristor. A capacitância C do compensador estático é calculada de maneira a

gerar a máxima potência reativa que o compensador deve fornecer para o

sistema. Quando este compensador tem a função de controlar a tensão é

chamado de SVC (“Static Voltage Controler”).

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Figura 18: (a) Circuito básico de um compensador estático; (b) característica VxI.

O circuito mostrado na Figura 18 é referente apenas a uma fase e não

está mostrando os filtros passivos, normalmente necessários por causa dos

harmônicos de corrente gerados pelo chaveamento dos tiristores. A Figura 18

mostra a característica de operação tensão/corrente nos terminais do

compensador estático. Quando a tensão terminal diminui a capacidade de

corrente do compensador também é reduzida proporcionalmente.

4.2 Síntese de Compensadores Shunt Usando Chaves Autocomutadas

O desenvolvimento de chaves semicondutoras autocomutadas de alta

potência tais como GTO (Gate furn-off Thyristor) e IGBT (Integrated Gate Bipolar

Transistor) têm permitido o projeto de conversores tipo fonte de tensão (CFT),

como mostrado na Figura 19. Nestes conversores, as chaves semicondutoras

são compostas por um GTO (poderia também ser um IGBT) com diodo

conectado em anti-paralelo. Estas chaves, formadas da associação do GTO com

o diodo, possuem uma característica unidirecional em tensão e bidirecional em

corrente. Os conversores fonte de tensão para aplicações industriais têm

conectados em seus terminais corrente contínua (CC) uma fonte de tensão.

Entretanto, no caso dos compensadores em derivação, quando apenas potência

reativa deve ser fornecida/consumida, a fonte de tensão CC pode ser substituída

por um capacitor. Caso o compensador deva absorver também alguma potência

ativa do sistema de Corrente Alternada (AC), um esquema de dissipação de

energia deve ser conectado no lado CC do conversor. Como uma primeira

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escolha, este pode ser um conversor CC-CC controlando a dissipação de

energia sobre uma resistência.

Entretanto, se a potência ativa absorvida deve ser devolvida ao sistema

AC nos próximos ciclos, um esquema de armazenamento de energia deve ser

previsto, o qual pode ser um banco capacitivo ou uma bateria. Em aplicações

práticas, indutores (“snubbers”) devem ser conectados em série entre os

terminais do Conversor tipo Fonte de Tensão (CFT) e o sistema AC. Estas

indutâncias reduzem as amplitudes dos transitórios de corrente provocados

pelos chaveamentos da tensão de saída dos conversores. Figura 19 mostra a

característica tensão-corrente do compensador estático avançado baseado no

CFT. Em contraste com o compensador convencional mostrado na Figura 18,

idealmente, a característica da corrente de compensação é mantida mesmo sob

baixos valores da tensão do sistema AC. Isto nos mostra que o compensador a

GTO tem uma característica de controle superior ao anterior.

Figura 19: (a) Compensador estático avançado (STATCOM) baseado no conversor fonte de tensão (CFT); (b) característica de operação VxI.

A Figura 20 mostra o diagrama unifilar de um compensador estático a

GTO conectado em derivação com um sistema elétrico AC. Os sinais de

referência pSH* e qSH

* representam os valores de potência que o conversor tem

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que absorver ou gerar em seus terminais. Nas aplicações onde apenas potência

reativa deve ser compensada o sinal de potência ativa, pSH*, é feito igual a zero.

Figura 20: Compensador shunt baseado em GTO (STATCOM).

4.3 Síntese do Compensador Série Usando Tiristores

A Figura 21 mostra o diagrama do capacitor série chaveado à tiristor

(TSSC – Thyristor Switched Series Capacitor). Neste sistema, para conectar os

capacitores em série com a linha, os tiristores são mantidos cortados. Se os

tiristores conectados em paralelo com os capacitores são disparados, estes

capacitores são curto-circuitados. O disparo dos tiristores, como no caso do

capacitor em derivação chaveado a tiristor, deve ser feito, idealmente, com

tensão nula sobre as chaves semicondutoras (ZVS - Zero Voltage Switching).

Este sistema de compensação tem a vantagem de ser muito simples, entretanto

não permite um controle contínuo da reatância série. Observa-se que, se a

conexão e desconexão dos bancos capacitivos forem feitas de maneira

esporádica, possivelmente não ocorrerão problemas devidos aos harmônicos de

chaveamento. Entretanto, dependendo da freqüência em que os tiristores são

chaveados, tensões sub-harmônicas (harmônicos com freqüência menor que a

da rede) podem ser geradas.

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Figura 21: Capacitor série chaveado a tiristor (módulos discretos de chaveamento).

Figura 22: Capacitor série controlado a tiristor – TCSC (módulo de controle contínuo).

A Figura 22 mostra o diagrama de um capacitor série controlado a tiristor

(TCSC - Thyristor Controlled Series Capacitor). Neste compensador, o valor

equivalente do capacitor série pode ser controlado continuamente através do

controle dos ângulos de disparo dos tiristores. À primeira vista, este circuito é

semelhante ao compensador estático convencional em derivação, com a

diferença que, aqui, ele é conectado em série com a linha. Um sistema baseado

neste conceito já se encontra em operação e tem provado ser um importante

dispositivo para controlar o fluxo de potência bem como reduzir oscilações

dinâmicas dos sistemas. Como no caso anterior, a operação de chaveamento

dos tiristores gera harmônicos de baixa ordem. Entretanto, o capacitor série

associado com a impedância da linha de transmissão tem se mostrado suficiente

para filtrar estes harmônicos.

Como a tecnologia dos tiristores de potência é bem dominada e este é um

dispositivo de alta confiabilidade, é possível dizer que o TCSC será,

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provavelmente, um dos dispositivos FACTS largamente empregados nos

sistemas de potência, num futuro muito próximo.

No caso brasileiro, o TCSC está sendo considerado como elemento

fundamental para a conexão dos sistemas elétricos Norte-Sul. A princípio sua

função será a de amortecer possíveis oscilações de baixa freqüência entre os

dois sistemas , entretanto nada impede deste também ser usado para o controle

do fluxo de potência.

4.4 Síntese de Compensadores Série Usando Chaves Autocomutadas

A Figura 23 mostra a configuração básica de um Capacitor Série

controlado por GTO (GCSC - GTO Controlled Series Capacitor). Neste circuito,

chaves tipo GTO são disparadas e cortadas sempre com tensão zero, emulando

assim o comportamento de um tiristor dual. De fato, a topologia apresentada é

um circuito dual do RCT da Figura 17. Para uma análise inicial, vamos assumir

que a corrente pela linha de transmissão é senoidal e que os GTOs, conectados

em antiparalelo com o capacitor série, são disparados toda vez que a tensão

entre anodo e catodo passa por zero (de negativa para positiva). Então os

capacitores são curto-circuitados e através do controle do instante de corte dos

GTOs, estes são reconectados em série com a linha. As formas de onda da

corrente e da tensão nos GTOs são idênticas as dos caso do reator controlado a

tiristor, trocando apenas a corrente aqui pela tensão no primeiro e vice-versa.

Portanto, a tensão sobre o capacitor C é modulada de maneira a produzir uma

reatância capacitiva equivalente série continuamente controlada. Acredita-se

que, apesar de ainda não existirem muitos trabalhos publicados na literatura

técnica, este compensador poderá ser uma opção real para muitas aplicações.

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Figura 23: Capacitor série continuamente controlado por tiristores duais.

Figura 24: Compensador série avançado.

Usando uma filosofia semelhante à do compensador GTO em derivação é

possível projetar um compensador série. De fato, o compensador série mostrado

na Figura 24 é uma topologia dual da versão em derivação . Esta figura mostra

o diagrama básico do Compensador Série Avançado (SSSC - Static

Synchronous Series Compensator) conectado com a linha de transmissão

através de um transformador série. Este compensador é formado a partir de

conversores tipo fonte de tensão (CFT) com um capacitor conectado em seus

terminais CC. O bloco de controle usa os conceitos de potências instantâneas e

os sinais de referência são pCS* e qCS

*. Se apenas a potência reativa for

compensada pelo conversor, o sinal pCS* é feito igual a zero e qCS

* é escolhido de

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maneira a compensar a impedância série da linha AC ou controlar o fluxo de

potência na linha.

A aplicação e o projeto de compensadores série deste tipo ainda

necessitam de muitos estudos. Entretanto, do ponto de vista do controle de fluxo

de potência ativa pela linha e de seu tamanho reduzido, sua utilização é

bastante promissora.

4.5 Síntese de Controladores de Ângulo de Fase Usando Tiristor

A Figura 25 mostra um exemplo de um controlador defasador. Neste

exemplo, válvulas de tiristores são associados em anti-paralelo formando uma

chave bidirecional, comutada naturalmente. Estas chaves são conectadas ao

enrolamento secundário de um transformador. Assim, disparando um conjunto

de tiristores, uma tensão é conectada em série com a linha de transmissão

através do secundário do transformador. A amplitude da tensão inserida em

série pode então ser variada através de um controle de fase para disparar os

tiristores. Para evitar a geração excessiva de harmônicos um transformador com

vários “taps” secundários é usado. O diagrama fasorial da tensão fase-neutro da

fase “α” está mostrado na Figura 25.

4.6 Síntese do Controlador Unificado de Fluxo de Potência (UPFC)

O UPFC é um conceito relativamente novo de compensação e é um

compensador de reativo mais completo . A Figura 26 mostra um diagrama de

blocos simplificado de um UPFC. Como explicado anteriormente, ele é formado

por dois compensadores avançados, um série e outro em derivação, tendo um

elo CC comum. A capacidade de armazenar energia no elo CC comum é

geralmente pequena, pois a potência ativa absorvida pelo conversor em

derivação é igual à potência ativa gerada pelo conversor série e vice-versa. Se

essa troca não é realizada, a tensão CC pode aumentar ou diminuir dependendo

da potência que está sendo absorvida ou gerada por ambos os conversores. Do

outro lado, a potência reativa compensada pelos conversores em derivação ou

série podem ser escolhidas independentemente uma da outra, dando assim uma

grande flexibilidade no controle do fluxo de potência pela linha.

29

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Figura 25: Exemplo de um controlador defasador usando tiristores e diagrama

fasorial da tensão fase-neutro da fase “a”.

O diagrama fasorial da Figura 26 mostra que o UPFC pode ser controlado

de maneira que este possa gerar uma tensão de compensação série, com

qualquer amplitude e fase (sua região de operação é um círculo). Esta é uma

das principais vantagens do UPFC quando comparado com controlador

defasador baseado em tiristores.

Figura 26: Diagrama de bloco do compensador unificado (UPFC) e diagrama

fasorial da tensão fase-neutro da fase “a”.

30

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CAPÍTULO 5

5 ALOCAÇÃO DE DISPOSITIVOS FACTS

A otimização como se sabe é uma ferramenta poderosa que pode ser

empregada nas mais diversas áreas do conhecimento humano com os mais

variados objetivos. Como exemplo, pode-se citar a otimização aplicada a

controle de processos, projetos de estruturas mecânicas, otimização de forma de

dispositivos eletromagnéticos e, entre outros, o controle de tensão e a

minimização das perdas em sistemas elétricos de potência.

O objetivo deste capítulo é descrever a técnica de otimização baseada em

Algoritmos Genéticos (AG’s), acoplado a um Programa de Fluxo de Carga

(PFC), visando conseguir um controle de tensão e a minimização das perdas em

um sistema elétrico de potência.

O AG usado, chamado de Algoritmo Genético Simples (AGS), foi

idealizado por Holland em 1975. O AGS é baseado na analogia entre otimização

e os mecanismos da genética e evolução natural das espécies, combinando os

conceitos de adaptação seletiva, troca de material genético, e sobrevivência dos

indivíduos mais capazes.

O Programa de Fluxo de Carga (PFC), utilizado para cálculo das tensões

e perdas, foi desenvolvido por Odilon Luís Tortelli. O modelo utilizado no PFC é

o método de Newton Raphson.

O método de otimização proposto foi aplicado aos sistemas testes de 14,

barras do IEEE. Os resultados numéricos mostram que os AG’s são técnicas

poderosas para solucionarem problemas de controle de tensão e minimização

das perdas em sistemas elétricos de potência.

5.1 Algoritmo Genético

Os problemas de otimização são baseados em três pontos principais: a

codificação do problema, a função objetivo que se deseja maximizar ou

minimizar e o espaço de soluções associado. Pode-se imaginar um problema de

otimização como uma caixa preta com n botões, onde cada botão é um

parâmetro do problema, e uma saída que é o valor da função objetivo, indicando

31

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se um determinado conjunto de parâmetros é bom ou não para resolver este

problema. Os algoritmos genéticos são uma família de modelos computacionais

inspirados na evolução, que incorporam uma solução potencial para um

problema específico numa estrutura semelhante a de um cromossomo e aplicam

operadores de seleção e "cross-over" a essas estruturas de forma a preservar

informações críticas relativas à solução do problema. Normalmente os AG's são

vistos como otimizadores de funções, embora a quantidade de problemas para o

qual os AG's se aplicam seja bastante abrangente.

Uma das vantagens de um algoritmo genético é a simplificação que eles

permitem na formulação e solução de problemas de otimização. AG's simples

normalmente trabalham com descrições de entrada formadas por cadeias de bits

de tamanho fixo. Outros tipos de AG's podem trabalhar com cadeias de bits de

tamanho variável, como por exemplo AG's usados para Programação Genética.

AG's possuem um paralelismo implícito decorrente da avaliação independente

de cada uma dessas cadeias de bits, ou seja, pode-se avaliar a viabilidade de

um conjunto de parâmetros para a solução do problema de otimização em

questão.

O AG é indicado para a solução de problemas de otimização complexos,

que envolvem um grande número de variáveis e, consequentemente, espaços

de soluções de dimensões elevadas. Além disso, em muitos casos onde outras

estratégias de otimização falham na busca de uma solução, os AG's convergem.

Os AG's são numericamente robustos, ou seja, não são sensíveis a erros de

arredondamento no que se refere aos seus resultados finais.

Existem três tipos de representação possíveis para os cromossomos:

binária, inteira ou real. A essa representação se dá o nome de alfabeto do AG.

De acordo com a classe de problema que se deseje resolver pode-se usar

qualquer um dos três tipos.

Uma implementação de um algoritmo genético começa com uma

população aleatória de cromossomos. Essas estruturas são, então, avaliadas e

associadas a uma probabilidade de reprodução de tal forma que as maiores

32

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probabilidades são associadas aos cromossomos que representam uma melhor

solução para o problema de otimização do que àqueles que representam uma

solução pior. A aptidão da solução é tipicamente definida com relação à

população corrente.

A função objetivo de um problema de otimização é construída a partir dos

parâmetros envolvidos no problema. Ela fornece uma medida da proximidade da

solução em relação a um conjunto de parâmetros. Os parâmetros podem ser

conflitantes, ou seja, quando um aumenta o outro diminui. O objetivo é encontrar

o ponto ótimo. A função objetivo permite o cálculo da aptidão bruta de cada

indivíduo, que fornecerá o valor a ser usado para o cálculo de sua probabilidade

de ser selecionado para reprodução.

Resumindo, os AG's são apropriados para problemas de otimização

complexos, que envolvem muitas variáveis e um espaço de soluções de

dimensão elevada. Abrangem um grande número de aplicações. O controle

sobre os parâmetros do algoritmo é de fundamental importância para uma

convergência rápida. Para problemas específicos é aconselhável a utilização de

algoritmos híbridos, que misturam as técnicas dos AG's com os métodos de

otimização tradicionais. Devido ao grande número de variáveis que um AG trata

e às populações elevadas e alto número de gerações para a cobertura do

espaço de soluções, os AG's possuem um custo computacional elevado.

5.1.1 Principais Conceitos

Cromossomo (genótipo) - cadeia de bits que representa uma solução possível

para o problema.

Gene - representação de cada parâmetro de acordo com o alfabeto utilizado

(binário, inteiro ou real).

Fenótipo - cromossomo codificado

População - conjunto de pontos (indivíduos) no Espaço de Busca

Geração - iteração completa do AG que gera uma nova população

Aptidão bruta - saída gerada pela função objetivo para um indivíduo da

população

33

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Aptidão normalizada - aptidão bruta normalizada, entrada para o algoritmo de

seleção.

Aptidão máxima - melhor indivíduo da população corrente

Aptidão média - aptidão média da população corrente.

Deve ser observado que cada cromossomo, chamado de indivíduo no

AG, corresponde a um ponto no espaço de soluções do problema de otimização.

O processo de solução adotado nos algoritmos genéticos consiste em gerar,

através de regras específicas, um grande número de indivíduos, população, de

forma a promover uma varredura tão extensa quanto necessária do espaço de

soluções.

5.1.2 Operações Básicas de um AG simples

A estrutura básica do algoritmo genético é mostrada na figura abaixo:

34

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Figura 27: Estrutura Básica de um AG Simples.

Com referência ao diagrama da Figura 27, observa-se que cada iteração

do algoritmo genético corresponde à aplicação de um conjunto de quatro

operações básicas: cálculo de aptidão, seleção, cruzamento e mutação. Ao fim

destas operações cria-se uma nova população, chamada de geração que,

espera-se, representa uma melhor aproximação da solução do problema de

otimização que a população anterior. A população inicial é gerada atribuindo-se

35

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aleatoriamente valores aos genes de cada cromossomo. A aptidão bruta de um

indivíduo da população é medida por uma função de erro, também chamada de

função objetivo do problema de otimização. A aptidão bruta é em seguida

normalizada (aptidão normalizada), para permitir um melhor controle do

processo de seleção. Como critérios de parada do algoritmo em geral são

usados a aptidão do melhor indivíduo em conjunto com a limitação do número

de gerações. Outros critérios podem envolver, por exemplo, um erro abaixo de

um valor especificado pelo projetista para um determinado parâmetro do

problema.

5.2.3 Inicialização

Uma população de n indivíduos é gerada aleatoriamente. Cada um dos

indivíduos da população representa uma possível solução para o problema, ou

seja, um ponto no espaço de soluções.

5.2.3.1 Cálculo da Aptidão

Geralmente a aptidão do indivíduo é determinada através do cálculo da

função objetivo, que depende das especificações de projeto. Neste trabalho,

cada indivíduo é uma entrada para uma ferramenta de análise de desempenho,

cuja saída fornece medidas que permitem ao algoritmo genético o cálculo da

aptidão do indivíduo. Ainda nesta fase os indivíduos são ordenados conforme a

sua aptidão.

5.2.3.2 Seleção

Nesta fase os indivíduos mais aptos da geração atual são selecionados.

Esses indivíduos são utilizados para gerar uma nova população por cruzamento.

Cada indivíduo tem uma probabilidade de ser selecionado proporcional à sua

aptidão. Para visualizar este método considere um círculo dividido em n regiões

(tamanho da população), onde a área de cada região é proporcional à aptidão

do indivíduo (Figura 28). Coloca-se sobre este círculo uma "roleta" com n

cursores, igualmente espaçados. Após um giro da roleta a posição dos cursores

indica os indivíduos selecionados. Este método é denominado amostragem

36

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universal estocástica. Evidentemente, os indivíduos cujas regiões possuem

maior área terão maior probabilidade de serem selecionados várias vezes.

Como conseqüência, a seleção de indivíduos pode conter várias cópias de um

mesmo indivíduo enquanto outros podem desaparecer.

Figura 28: Amostragem Estocástica Universal.

5.2.3.3 Cruzamento ("CROSS-OVER")

Os indivíduos selecionados na etapa anterior são cruzados da seguinte

forma: a lista de indivíduos selecionados é embaralhada aleatoriamente criando-

se, desta forma, uma segunda lista, chamada lista de parceiros. Cada indivíduo

selecionado é então cruzado com o indivíduo que ocupa a mesma posição na

lista de parceiros. A forma como se realiza este cruzamento é ilustrada na Figura

29. Os cromossomos de cada par de indivíduos a serem cruzados são

particionados em um ponto, chamado ponto de corte, sorteado aleatoriamente.

Um novo cromossomo é gerado permutando-se a metade inicial de um

cromossomo com a metade final do outro. Deve-se notar que se o cromossomo

for representado por uma cadeia de bits, como na Figura 29, o ponto de corte

pode incidir em qualquer posição (bit) no interior de um gene, não importando os

limites do gene. No caso de genes representados por números reais, a menor

unidade do cromossomo que pode ser permutada é o gene.

37

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Figura 29: Cruzamento de Dois Indivíduos num AG Simples Mutação.

A operação de mutação é utilizada para garantir uma maior varredura do

espaço de estados e evitar que o algoritmo genético convirja muito cedo para

mínimos locais. A mutação é efetuada alterando-se o valor de um gene de um

indivíduo sorteado aleatoriamente com uma determinada probabilidade,

denominada probabilidade de mutação, ou seja, vários indivíduos da nova

população podem ter um de seus genes alterado aleatoriamente.

5.2.3.4 Escolha dos parâmetros do AG

Além da forma como o cromossomo é codificado, existem vários

parâmetros do algoritmo genético que podem ser escolhidos para melhorar o

seu desempenho, adaptando-o às características particulares de determinadas

classes de problemas. Entre eles os mais importantes são: o tamanho da

população, o número de gerações, a probabilidade de cross-over e a

probabilidade de mutação. A influência de cada parâmetro no desempenho do

algoritmo depende da classe de problemas que se está tratando. Assim, a

determinação de um conjunto de valores otimizado para estes parâmetros

dependerá da realização de um grande número de experimentos e testes. Na

maioria da literatura os valores encontrados estão na faixa de 60 a 65% para a

probabilidade de cross-over e entre 0,1 e 5% para a probabilidade de mutação.

O tamanho da população e o número de gerações dependem da complexidade

38

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do problema de otimização e devem ser determinados experimentalmente. No

entanto, deve ser observado que o tamanho da população e o número de

gerações definem diretamente o tamanho do espaço de busca a ser coberto.

Existem estudos que utilizam um AG como método de otimização para a escolha

dos parâmetros de outro AG, devido à importância da escolha correta destes

parâmetros.

5.2.3.5 Aplicações

Os AG's possuem uma larga aplicação em muitas áreas científicas, entre

as quais podem ser destacadas:

• Síntese de circuitos analógicos: para uma certa entrada e uma saída

desejada, por exemplo tensão, o AG gera a topologia , o tipo e o valor dos

componentes do circuito.

• Síntese de protocolos: determinação de quais funções do protocolo

devem ser implementadas em hardware e quais devem ser

implementadas em software para que um certo desempenho seja

alcançado.

• Programação Genética: gera a listagem de um programa, numa

determinada linguagem especificada, para que um determinado conjunto

de dados de entrada forneça uma saída desejada.

• Gerenciamento de redes: supervisão do tráfego nos links e das filas nos

"buffers" de roteadores para descobrir rotas ótimas e para reconfigurar as

rotas existentes no caso de falha de algum link

• Computação Evolutiva: gera programas que se adaptam a mudanças no

sistema ao longo do tempo.

• Otimização evolutiva multi-critério: otimização de funções com múltiplos

objetivos que sejam conflitantes.

• Problemas de otimização complexos: problemas com muitas variáveis e

espaços de soluções de dimensões elevadas. Ex: problema do caixeiro

viajante, gerenciamento de carteiras de fundos de investimento.

39

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• Ciências biológicas: modela processos biológicos para o entendimento do

comportamento de estruturas genéticas.

• Autômatos auto-programáveis.

5.2.4 Aplicação do Algoritmo Genético para Análise de Sistemas de Energia Elétrica

O problema de se determinar a existência e localização dos FACTS,

neste caso do TCSC e do SVC, exige uma codificação para que o algoritmo

genético seja usado. No entanto, a decisão de quais variáveis serão codificadas,

ou seja, representadas por bits, é um etapa importante, pois dela depende a

convergência. Duas observações merecem destaque quando se empregam

algoritmos genéticos. A primeira resulta do fato quanto maior o número de genes

e bits presentes nos cromossomos mais lentos será o processo de

convergência. Este fato limita o uso dos algoritmos genéticos para problemas

com um número pequeno de variáveis de controle. Por último, dependendo da

codificação adotada será necessário executar o processo de otimização

repetidas vezes para se assegurar o mínimo local.

Com base nestas observações, neste trabalho a codificação adotada é

usada apenas para indicar a localização dos FACTS e o valor adequado de cada

um destes no sistema elétrico.

A localização e o valor agregado aos FACTS são uma variável inteira Lj,

sendo j Є [1, 2,..., NL], onde NL é o número total de bits para os FACTS, onde

uma parte deste número está relacionado à posição do controlador, e a outra

parte deste número está relacionado ao valor do controlador. Note que uma vez

que o índice j é conhecido, determinam-se os nós do ramo, ou barras, k − l,

como k(Lj) − l(Lj), onde os FACTS serão instalados e seus valores específicos.

A alocação dos FACTS numa quantidade igual a NT leva a um

cromossomo como indicado na Figura 30. Portanto, o tamanho do cromossomo

depende apenas da quantidade de FACTS a serem alocados. Cada gene Lj é

formado por um número binário que contém Nb bits.

40

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Figura 30 :Formação do cromossomo NT

A resposta encontrada, quando utilizado o AG na alocação do TCSC no

sistema de 14 (quatorze) barras, será um número binário onde os 4 (quatro)

primeiros números indicam a posição do TCSC e os 2 (dois) últimos o valor de

sua reatância, como mostra a Figura 31.

Figura 31: Significado do resultado em número binário para o TCSC.

Para a localização do TCSC foi definido que seriam considerados todos

os ramos menos os que tivessem um transformador, assim como mostra a

Tabela 1.

Tabela 1: Significado dos resultados em número binário para a posição do TCSC

Número Binário Localização TCSC0000 S/ TCSC0001 Lt 1 – 20010 Lt 1 – 50011 Lt 2 – 30100 Lt 2 – 40101 Lt 2 – 50110 Lt 3 – 40111 Lt 4 – 51000 Lt 6 – 111001 Lt 6 – 121010 Lt 6 – 131011 Lt 9 – 101100 Lt 9 – 14

41

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1101 Lt 10 – 111110 Lt 12 – 131111 Lt 13 – 14

Já para representação do valor de cada TCSC foi utilizada a seguinte

convenção, mostrada na Tabela 2.

Tabela 2: Significado dos resultados em número binário para o valor da reatância do TCSC

Número BinárioFator de multiplicação da

reatância equivalente do TCSC. (Xeq=0,04)

00 -1,00001 -0,50010 0,50011 1,000

Para a alocação do SVC no sistema de 14 barras, foi utilizado um número

binário de 5 (cinco) bits, onde os 3 (três) primeiros números indicam a posição

do SVC e os 2 (dois) últimos o valor da sua tensão, como mostra a Figura 32.

Figura 32: Significado do resultado em número binário para o SVC.

Para a localização do SVC foi definido que seriam considerados apenas

as barras de carga, assim como mostra a Tabela 3.

Tabela 3: Significado dos resultados em número binário para a posição do SVC

Número Binário Localização TCSC000 Barra 04001 Barra 05010 Barra 07011 Barra 09100 Barra 10101 Barra 11110 Barra 13111 Barra 14

42

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Já para representação do valor da tensão de cada SVC foi utilizada a

seguinte convenção, mostrada na Tabela 4.

Tabela 4: Significado dos resultados em número binário para o valor da tensão do SVC

Número Binário Valor da tensão do SVC em p.u.

00 0,97501 0,98010 0,98511 0,990

A função objetivo que será levada em consideração pelo Algoritmo

Genético para o cálculo da alocação ótima quando utilizado o SVC será o

cálculo do desvio da tensão como mostrado na equação (eq.6), e para os casos

que utilizem o TCSC a função objetivo será calcular as perdas no sistema, como

mostra a equação (eq.7).

barrasPQkondeVtensaodesvio k ∈−= ∑ ;1_ eq. 6

∑∑ −= CARGASGERADO PPperdas eq. 7

O fluxograma da Figura 33 demonstra como foi aplicada a técnica de

alocação via Algoritmo Genético.

43

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Figura 33: Fluxograma de rotina do AG utilizado.

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CAPÍTULO 6

6 SIMULAÇÕES E ANÁLISE DOS RESULTADOS EM REGIME PERMANENTE

Neste capítulo será analisado o comportamento dos Dispositivos FACTS

utilizando a configuração do sistema da IEEE de 14 (quatorze) barras composto

de 20 (vinte) linhas, 5 (cinco) geradores e 11 (onze) barras de cargas, como

ilustra a Figura 34.

Figura 34: Sistema de teste IEEE -14 barras

6.1 Resultados com o sistema IEEE de 14 barras

Para o sistema IEEE de 14 (quatorze) barras foram feitas simulações de

Fluxo de Potência com FACTS visando avaliar o comportamento destes nos

sistemas de energia elétrica.

Os controladores que estão sendo utilizados nas simulações são o

Controlador Série TCSC e o Controlador Shunt SVC.

Foi utilizado o Toolbox do programa Matlab que utiliza o Algoritmo

Genético para otimização. O Algoritmo Genético foi utilizado no intuito de melhor

alocar os dispositivos, sendo que a função objetivo era de avaliar a variação de

45

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tensão no caso onde se utiliza o dispositivo SVC, e a variação das perdas nos

casos que utilizam o TCSC.

6.1.1 Sistema com Controlador Shunt SVC

Para conseguir ter uma avaliação do funcionamento dos controladores

FACTS foram simuladas quatro situações:

• Carga Base: que é o SEE com 100% de carga;

• Carga Pesada; que é o SEE com 200% de carga;

• Carga pesada com 1 (um) SVC;

• Carga Pesada com 2 (dois) SVC’s.

O Gráfico 1 mostra a comparação do desvio de tensão entre as quatro

situações.

Índice de Desvio de Tensão [p.u.]

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Carga Base Carga Pesada C/ 1SVC C/ 2SVC

Desvio de Tensão

Gráfico 1: Índice de desvio de Tensão

De acordo com estas simulações foi observado que a melhor alocação

para o SVC foi a barra 9 (nove), com um SVC, e nas barras 9 (nove) e 14

(quatorze) para 2 (dois) SVC’s , e fica explicitado que a configuração com 2

(dois) controladores apresenta melhor resultado do que com apenas 1 (um)

controlador.

O Gráfico 2 mostra o comportamento das tensões nas barras para cada

situação.

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Perfil de Tensão [p.u.]

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

Bus1 HV

Bus2 HV

Bus3 HV

Bus4 HV

Bus5 HV

Bus6 LV

Bus7 ZV

Bus8 TV

Bus9 LV

Bus10 LV

Bus11 LV

Bus12 LV

Bus13 LV

Bus14 LV

Carga Base Carga Pesada C/ 1SVC C/ 2SVC

Gráfico 2: Perfil de Tensão em um SEE utilizando Controladores tipo Shunt – SVC

A tensão dos geradores do SEE em análise está fixado em 1,0 p.u., para

se ter uma melhor visão do comportamento do mesmo.

6.1.2 Sistema com Controlador Série TCSC

Para este caso também foram simuladas quatro situações, só que agora

utilizando controladores TCSC:

• Carga Base: que é o SEE com 100% de carga;

• Carga Pesada; que é o SEE com 200% de carga;

• Carga pesada com 1 (um) TCSC;

• Carga Pesada com 2 (dois) TCSC’s.

O Gráfico 3 mostra a comparação entre as quatro situações das perdas

ativas no sistema.

47

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Índice de Perdas [p.u.]

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Carga Base Carga Pesada C/ 1TCSC C/ 2TCSC

Perdas

Gráfico 3: Índice de Perdas

De acordo com estas simulações foi observado que a melhor alocação

para o TCSC foi entre as barras 1 (um) e 2 (dois), para um TCSC, e entre as

barras 1 (um) e 2 (dois), e entre as barras 4 (quatro) e 5 (cinco) para a

configuração com 2 (dois) TCSC.

O Gráfico 3, mostra que, com a inclusão de 2 TCSC, a redução nas

perdas do sistema foi de aproximadamente 3%.

As 4 (quatro) situações estudas para este controlador estão sendo

mostradas no Gráfico 4, que detalha o fluxo de potência ativa nas linhas do

sistema estudado.

Perfil de Fluxo de Potência Ativa [p.u.]

0

0,5

1

1,5

2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Linhas

Pkm

Carga Base Carga Pesada C/ 1TCSC C/ 2TCSC

48

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Gráfico 4: Perfil do Fluxo de Potencia Ativa

6.1.3 Sistema com Controlador Série TCSC e Controlador Shunt SVC

Para este caso também foram simuladas 4 (quatro) situações, só que

agora utilizando 2 (dois) controladores, o TCSC e o SVC, gerando as seguintes

situações:

• Carga Base: que é o SEE com 100% de carga;

• Carga Pesada; que é o SEE com 200% de carga;

• Carga pesada com 1 (um) TCSC e com 1 (um) SVC;

• Carga Pesada com 1 (um) TCSC e com 2 (dois) SVC’s.

O Gráfico 5 mostra a comparação entre as 4 (quatro) situações das

perdas ativas nos sistema, indicando qual melhor situação para a utilização dos

2 (dois) dispositivos em conjunto.

Índice de Perdas [p.u.]

0

5

10

15

20

25

Carga Base Carga Pesada C/1SVC+1TCSC

C/2SVC+1TCSC

Perdas

Gráfico 5: Índice de Perdas para a utilização dos dois controladores em conjunto.

De acordo com as simulações realizadas, foi observado que, a melhor

alocação para o TCSC foi entre as barras 4 (quatro) e 5 (cinco) e o SVC na barra

9 (nove). E para a situação com 2 (dois) SVC’s e 1 (um) TCSC foi verificado que

a melhor situação foi a inclusão dos SVC’s nas barras 9 (nove) e 13 (treze), e

para o TCSC entre as barras 1 (um) e 2 (dois).

49

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Já o Gráfico 5, mostra que a variação das perdas foi um pouco maior

para a quarta situação, que mostrou ter uma redução no índice de perdas de

aproximadamente 7%,.o que é bastante significativo em se tratando de perdas

nas linhas.

O Gráfico 6 mostra qual a variação do fluxo de potência ativa no SEE .

Perfil de Fluxo de Potência Ativa [p.u.]

0

0,5

1

1,5

2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Linhas

Pkm

Carga Base Carga Pesada C/ 1SVC+TCSC C/ 2SVC+TCSC

Gráfico 6: Perfil do Fluxo de Potência Ativa para um SEE utilizando os dois controladores.

Como esperado, a alocação dos dispositivos FACTS via AG, demonstrou

uma melhora tanto no perfil de tensão quanto no índice de perdas do sistema

analisado.

50

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CAPÍTULO 7

7 CONCLUSÃO

7.1 Conclusões

Neste trabalho foi feita uma pesquisa bibliográfica no intuito de melhor

conhecer os diversos tipos de controladores FACTS e salientar alguns conceitos

básicos e princípios de operação destes dispositivos.

Uma análise do SEE em regime permanente foi realizada incluindo os

dispositivos SVC e o TCSC, para melhor entender o seu funcionamento na rede

elétrica.

Com o Toolbox GADs do programa computacional Matlab , foi feito um

estudo de alocação dos dispositivos visando melhorar o perfil de tensão e

minimizar as perdas ativas. Com isso, ficou evidente a importância da

localização destes controladores pra se obter uma melhor capacidade de

transmissão das Linhas de Transmissão do SEE.

Os resultados obtidos com as simulações demonstram que é possível

realizar tal objetivo, de alocação ótima dos dispositivos. Mas para termos uma

melhor visão do desempenho do AG e dos controladores, seria interessante

aplicar esta metodologia a um sistema real, para melhor avaliar a eficiência da

alocação, via AG, dos controladores em questão.

7.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

Por ser um tema bastante complexo, “Análise de Dispositivos FACTS”,

com uma vasta bibliografia e conteúdo, fica impossível fazer um estudo

aprofundado de todos os tipos de dispositivos em um período curto de tempo.

Portanto, alguns itens podem ser aprofundados em outros trabalhos, tais

como, fazer uma análise utilizando Algoritmos Genéticos de mais tipos de

dispositivos; aplicar estes dispositivos em um SEE real, como o a COPEL; fazer

um estudo de viabilidade econômico da implantação destes dispositivos em um

SEE real; e fazer um estudo aprofundado em relação aos Algoritmos Genéticos,

visando conhecer melhor os parâmetros do mesmo.

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[11] Pasini, J. C. L., “Implementação de um Simulador de Fluxo de

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[12] Pinheiro, F. A., “Aplicação de um Algoritmo Genético no estudo das

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Disponível em:

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Consultado em outubro de 2006.

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[14] Watanabe, E. H.; P. G. Barbosa; Almeida, K. C. e Taranto, G. N.,

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http://www.fee.unicamp.br/revista_sba/vol9/V9p39.pdf . Consultado em

Agosto de 2006.

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ANEXOS

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A-1 Fluxo de Potencia - Histórico de Evolução

A – 1.1 Histórico

Até o da década de 1940, e mesmo durante grande parte da década de

1950, as simulações de fluxo de Potencia eram feitas mediante modelos

reduzidos dos sistemas de potência, os quais ficaram conhecidos como

Analisadores de Rede. Além do grande trabalho que era exigido para se obter o

ajuste inicial da configuração, também era lenta a etapa de análise, pois exigia a

leitura de diversos instrumentos de medição e a anotação dos valores

correspondentes sobre um diagrama elétrico traçado no papel.

A – 1.2 Simulação numérica do Fluxo de Potência

Com o Surgimento dos computadores digitais durante a década de 1950,

os analisadores de rede foram sendo substituídos por programas de computador

capazes de simular numericamente o comportamento dos Sistemas Elétricos de

Potência.

A – 1.3 Fluxo de Potência Gauss-Seidel

Os primeiros programas de Fluxo de se tornaram conhecidos pelo nome

de Fluxo de Potência Gauss-Seidel. Em resumo em cada uma das equações

que constituem o sistema não linear se isola uma variável, e a partir de uma

estimativa inicial, busca-se a convergência mediante sucessivos recálculos de

cada uma das variáveis. A aproximação da solução final se faz de forma lenta,

exigindo geralmente um número muito grande de iterações para se chegar a

solução. O tempo de processamento cresce demasiadamente com o aumento

do tamanho do sistema elétrico simulado. Estes problemas tornaram o uso deste

método inadequado na medida em que os Sistemas Elétricos cresciam em

número de nós e ramos por se tornarem cada vez mais interligados. As

vantagens do algoritmo, de exigir pouca memória computacional e ser de fácil

implementação, já não compensava as suas deficiências.

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A – 1.4 Fluxo de Potência Newton-Raphson

Na medida em que os Sistemas Elétricos foram crescendo em tamanho e

complexidade, os pesquisadores começaram a buscar técnicas mais eficientes

para simular o Fluxo de Potência. Na década de 1960 surgiu o Fluxo de

Potencia Newton-Raphson. Em resumo, neste método o sistema de equações

não lineares que constitui o Fluxo de Potencia é linearizado mediante expansão

em série de Taylor a partir de uma estimativa inicial para as variáveis, e

aproveitando-se apenas os termos da série até a derivada primeira. Como o

sistema linear assim obtido é uma aproximação do sistema não linear original,

são necessárias sucessivas iterações até que se obtenha a solução do sistema

original não linear. As primeiras aplicações do Fluxo de Potencia pelo método de

Newton-Raphson na simulação de sistemas elétricos de porte não pareciam ser

muito vantajosas quando comparadas com o Método de Gauss-Seidel, porém a

deficiência do método estava nos problemas numéricos relativos a sua

implementação. As grandes deficiências então existentes relacionavam-se com

a dificuldade de se resolver eficientemente grandes sistemas lineares esparsos.

Foi somente depois do aproveitamento de técnicas de esparsidade que o

método de Newton-Raphson foi reconhecido como eficiente e capaz de substituir

inteiramente o método de Gauss-Seidel. No método de Newton-Raphson, o

número de iterações para se chegar a solução é geralmente pequeno e

independente do tamanho do sistema em estudo.

No método de Newton-Raphson, a cada iteração é feita uma linerização

das equações não lineraes, o que requer o cálculo da matriz dos coeficientes do

sistema linear, a qual é denominada matriz Jacobiana, bem como o cálculo do

vetor dos termos independentes. Assim, um sistema linear precisa ser resolvido

a cada iteração.

A – 1.5 Fluxo de Potencia Desacoplado Rápido

Posteriormente, percebeu-se que o método de Newton-Raphson poderia

ser modificado e tornado mais eficiente, em termos computacionais, se a cada

iteração não houvesse a necessidade de se calcular uma nova matriz Jacobiana

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e consequentemente se resolver um novo sistema linear. Percebeu-se que se a

matriz Jacobiana fosse escolhida adequadamente desde a primeira iteração,

poder-se-ia chegar igualmente a solução do sistema não linear original,

mediante um cálculo iterativo, alterando-se, de uma iteração para a seguinte,

apenas o vetor dos termos independentes. Neste caso bastaria calcular uma

única vez a inversa da matriz dos coeficientes, ou a sua tabela de fatores

triangulares, e a partir daí realizar operações simples equivalentes a produtos

matriciais para obter a solução dos sistemas lineares.

O método derivado do algoritmo de Newton-Raphson, no qual a matriz

Jacobiana com aproximações adicionais é mantida constante, conforme descrito

anteriormente, passou a ser conhecido como Fluxo de Potencia Desacoplado

rápido. Normalmente, para se chegar a solução, o método Desacoplado rápido

requer um maior número de iterações do que no método de Newton-Raphson,

pois a convergência é superlinear e não quadrática. Entretanto, essas iterações

são realizadas a um custo computacional muito mais baixo. Outra vantagem do

método desacoplado rápido é que, devido a suposição que se faz de

desacoplamento entre as variáveis P e E (potencia ativa e tensão) e Q e S

(potencia reativa e ângulo), os sistemas lineares são decompostos em dois

subsistemas lineares menores e de mais fácil solução. Para a solução destes a

técnica da Bifatoração mostra-se muito eficiente.

A – 1.5.1 Variantes do Fluxo de Potencia Desacoplado Rápido

Em vista das simplificações efetuadas ao se assumir uma matriz

Jacobiana aproximada e fixa, percebeu-se que o método Desacoplado Rápido

funcionava bem para sistemas elétricos de transmissão, onde a relação X/R

(reatância/resistência) é alta. Porem havia problemas de convergência no caso

de sistemas de distribuição onde a relação X/R é baixa. Para resolver este

problema, algumas variantes do Fluxo de Potencia Desacoplado Rápido foram

desenvolvidas, as quais são capazes de funcionar adequadamente tanto com

Sistemas de Transmissão como de Distribuição. O Fluxo de Potencia

desacoplado rápido BX é um exemplo desses desenvolvimentos.

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A – 1.6 Fluxos de Potencia Aproximados

Além dos métodos descritos acima, de solução exata dentro da tolerância

pré-determinada, há métodos muito rápidos, porém de solução não exata,

desenvolvidos a partir de simplificações do problema original. Dentre estes

métodos pode-se citar o fluxo de potencia DC e o Fluxo de potencia baseado na

matriz Z. Ambos podem ser usados apenas em situações onde a precisão dos

cálculos não é um fator fundamental, o que restringe bastante a sua utilização.

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A-2 Importância da Potência Reativa nos SEE

A – 2.1 Potência reativa

A potência reativa, ao contrário da potência ativa, não necessita ser

transmitida em sua totalidade, sendo mais eficiente produzi-la no mesmo local

onde ela vai ser consumida.

Na busca da operação otimizada do sistema de transmissão, as potências

reativas dos geradores têm que estar associadas com a potência de transmissão

para que se encontrem dentro dos limites de tensão.

Na Figura 35, a potência instantânea, é dada por:vip = eq. 8

( )[ ]( ) tsenVIsentVI

tIV

p

ωφωφ

φωφ

2.2cos1.cos

2coscos.2

maxmax

++=

=−+= eq. 9

Onde, V e I são os valores eficazes de v e i.

Figura 35- a) Circuito representativo para o cálculo da potência reativa e ativa.

b) Diagrama vetorial correspondente ao circuito. O primeiro termo da equação eq.9 tem valor médio e valor de pico

φcos*VI . Este valor médio é a potência ativa P. O segundo termo tem valor

médio igual a zero, mas tem valor de pico φsenVI * sendo a potência reativa Q.

Fasorialmente, tem-se a equação eq.10 e a Figura 35. Na Figura 36 apresenta

a equação eq.9 graficamente.

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φφ jVIsenVIjQPIVS +=+== cos.* eq. 10

Onde: P é potência ativa (W) e Q é potência reativa (VAr)

Figura 36 - Representação da equação eq.7 dos parâmetros elétricos numa

linha de transmissão AC.

Dispositivos eletromagnéticos armazenam energia em seu campo

magnético, atrasam a corrente, fazendo positivo o valor de Q, sendo referidos

como consumidores de potência reativa. Dispositivos eletrostáticos armazenam

energia em seus campos elétricos, adiantam a corrente, fazendo negativo o

valor de Q, sendo referidos como fornecedores de potência reativa.

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Requisitos fundamentais para a transmissão de corrente alternada de

acordo com :

• Máquinas principais, como os geradores e os compensadores síncronos,

devem permanecer estáveis no sincronismo.

• Manter o sincronismo: É manter o sistema de potência em estado de

forma equilibrada estável. A estabilidade é a tendência de um sistema de

potência a continuar operando firmemente na modalidade programada

pelo ISO. Uma limitação para o transporte de energia é a estabilidade da

linha, que devido ao seu comprimento chega a ser menor que a

capacidade máxima, menor que a potência que se deseja transmitir. Na

atualidade, os sistemas de transmissão operam perto de seus limites

máximos de transferência de potência, sendo este o nível máximo de

prioridade para a transmissão de potência.

• Manter o sistema de transmissão em seus níveis corretos de tensão, os

sistemas de energia elétrica não devem operar com níveis de tensão

anormais, a não ser em períodos curtos.

Uma sub-tensão é geralmente associada à carga pesada e/ou carência

de geração.

Uma sobre-tensão é uma condição perigosa para o sistema, pode ser

produzida por descargas atmosféricas, rejeições de carga, efeito ferranti, faltas

etc.

A – 2.1.1 Necessidade de potência reativa

A potência reativa é fundamental para controlar níveis de tensão através

dos requisitos da compensação. A compensação existe devido aos dispositivos

armazenadores, consumidores e fornecedores de potência reativa. O efeito

capacitivo das linhas de transmissão longas gera uma injeção de potência

reativa positiva. Já a falta de potência reativa exigida pelas cargas, estáticas ou

dinâmicas, etc., gera uma injeção de potência reativa negativa.

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Dispositivos armazenadores de energia, consumidores e fornecedores de

potência reativa, ajudam a compensar e oferecem uma maior flexibilidade para o

controle do sistema de transmissão.

Um tipo de compensação ocorre quando as tensões do sistema de

transmissão se encontram dentro dos limites, da mesma forma se tem

compensação para o controle da tensão na barra onde se encontra colocado o

compensador de potência reativa.

Um deficiente manejo da potência reativa nos sistemas de energia elétrica

origina:

• Aumento das perdas técnicas de potência ativa, sub-tensões ou sobre-

tensões e em conseqüência baixa qualidade da energia elétrica;

• Instabilidade de tensão e provável colapso do sistema;

• Necessidade de uma capacidade adicional de geração, transmissão e

distribuição;

• Aumento dos custos operacionais pela necessidade de operar usinas com

maior custo de produção, com a finalidade de compensar a insuficiência

de potência reativa.

A – 2.1.2 Compensadores de potência reativa num SEE.

Compensação potência reativa é a aplicação de equipamentos

específicos para manter um perfil de tensão dentro de padrões pré-

estabelecidos em todos os níveis de transmissão de potência, para a melhoria

da estabilidade pelo incremento da potência máxima transmissível e/ou para

fornecer a potência reativa.

O SEE conta com uma variedade de compensadores de potência reativa,

sendo que estes compensadores podem ser estáticos, ou síncronos.

Compensação passiva é somente um indutor ou um capacitor fixo; ou seja, este

não varia mesmo que mude a corrente ou tensão, o qual não se tem controle.

Já a compensação ativa varia de acordo com o sistema para manter uma

das características elétricas da linha de transmissão em variação, tais como a

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reatância ou a resistência, e assim poder controlar a potência ativa e/ou reativa

e/ou a tensão de um barramento.

Um resumo das vantagens e desvantagens dos principais equipamentos

de compensação estática de potência reativa utilizada nos SEE apresenta-se na

Tabela 5.

Tabela 5 - Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de equipamentos de

compensação reativa.

Equipamento de compensação Vantagens Desvantagens

Shunt Indutivo Princípios simples.Fácil instalação. Valores fixos.

Shunt Capacitivo Princípios simples.Fácil instalação.

Valores fixos.Transitórios por comutação.

Compensador Síncrono

Capacidade útil para sobrecarga.Completamente controlável.Baixos harmônicos.

Alto requerimento de manutenção.Resposta de controle lenta.Funcionamento sensível da localização.Requer investimentos elevados.

Capacitor em SériePrincípios simples.Funcionamento sensível da localização.

Requer proteção para sobre-tensões.Filtro de sub-harmônicos.

SVCResposta de controle rápida.Completamente controlável.Podem ser rapidamente reparados.

Geram harmônicos.Funcionamento sensível da localização.

Fonte: .

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A – 3 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DO FLUXO DE POTENCIA

A – 3.1 Equacionamento do Fluxo de Potencia

Seja uma barra genérica i de um sistema de potencia, conforme

representada na figura a seguir, e que pode estar conectada a outras barras j

(j=0,1,...,N e j≠i).

Para equacionar o problema do Fluxo de Potencia, será utilizada a

seguinte notação:

P: Potencia ativa;

Q: Potencia Reativa;

S: Potencia Aparente ou Total;

V: Tensão Complexa;

E: Módulo da Tensão complexa V;

δ: Ângulo da Tensão complexa V;

yij : Admitância do ramo que liga a barra i a j (y minúsculo);

Yij : Elemento situado (i,j) da matriz admitância Y (Y escrito em letra maiúscula);

N: Designa o número de nós do Sistema de Potencia em estudo.

Considere-se ainda que:

a- Uma barra genérica i encontra-se conectada a diversas barras j (j=1,N e j≠i),

através de ramos de admitância yij , sendo que yij = 0 se não houver conexão

física direta entre as barras i e j;

b- A barra i possui uma ligação a barra neutra via uma admitância yi0 ;

c- A potencia liquida injetada na barra i seja Si = Pi + jQi

Aplicando-se a lei das correntes ao nó i, e tendo em vista que o somatório

das correntes que entram é igual ao somatório das correntes que saem do nó,

temos a equação eq.11:

021 ... ssNsse iiiii ++++= eq. 11

Usando (*) para designar o conjugado de um complexo, substituindo na

expressão anterior a corrente elétrica em função das potências, tensões e

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admitâncias, e além disso, estendendo a equação geral para todas as N barras

do Sistema de Potencia, temos a equação eq.12:

∑≠=

+−=ijNj

iiijiji

i yVyVVVS

,10)(

**

(i = 1,...,N) eq. 12

Agrupando os termos, obtemos a equação eq.12:

∑ ∑≠=

≠=

−++=ijNj

ijNj

ijjijiii

i yVyyVVS

,1 ,10 )()(

**

(i = 1,...,N) eq. 13

Entretanto, pela definição de matriz de admitância Yij, temos a equação

eq.14:

∑≠=

+=ijNj

ijiii yyY,1

0 e ijyYij −= eq. 14

Então, pode-se escrever a equação eq.15:

∑≠=

+=ijNj

ijjiiii

i yVyVVS

,1**

(i = 1,...,N) eq. 15

O que leva ao seguinte equacionamento básico, mostrado na equação

eq.16:

∑=

=Nj

ijji

i yVVS

,1**

(i = 1,...,N) eq. 16

Na sua forma mais simples, o problema de cálculo do Fluxo de potencia

envolve encontrar os valores de V que levem a solução do sistema (eq.16), o

que equivale a dizer que a equação básica deve ficar satisfeita para todas as N

barras do sistema de potencia. O sistema (eq.16) consiste de um sistema de N

equações complexas, com N incógnitas complexas V.

Caso o primeiro termo do sistema (eq.16) fosse constante, o sistema

seria complexo linear. A maior parte dos circuitos elétricos estudados na

disciplina de circuitos elétricos pertencem a este caso, pois não é costume nessa

disciplina se representar geração ou carga na forma de potencias conectadas

aos nós.

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No caso do Fluxo de Potencia o primeiro termo não é constante, por causa da

incógnita Vi* (conjugado da tensão complexa Vi), caracterizando o problema

como um problema não linear complexo.

Na prática há barras nas quais Si é conhecido e se deseja calcular Vi, em

outras ocorre o contrário, sendo sempre conhecidos os valores de Yij.

A – 3.2 O problema do Fluxo de Potencia em um Sistema Real

Geralmente a potencia complexa S costuma ser decomposta nas suas

componentes potencia ativa P (parte real de S) e potencia reativa Q (parte

imaginária de S), bem como as admitâncias complexas Y são decompostas nas

componentes Condutância G (parte real de Y) e Susceptância B (parte

imaginária de Y). Já a tensão complexa V pode ser decomposta em módulo e

ângulo, ou em parte real e imaginária.

Dependendo de quais variáveis sejam conhecidas e quais sejam

incógnitas, as barras de um sistema elétrico real são classificadas segundo a

Tabela 6 a seguir representada:

Tabela 6: Classificação das barras de um SEE.Nome da Barra Grandezas Conhecidas IncógnitasBarra de Referência,Swing ou Vδ E e δ P e Q

Barra de TensãoControlada ou PV E e P Q e δ

Barra de cargaOu PQ P e Q E e δ

A existência de três tipos diferentes de barras exige que os métodos de

solução do Fluxo de Potencia considere esta diversidade de barras.

Um sistema de potencia pode possuir inúmeras barras PQ e PV, porem

há apenas uma barra Vδ (swing ou referência). Como nesta barra já são

conhecidas de antemão as incógnitas E e δ, a equação relativa a esta barra não

precisa ser descrita e pode ser retirada do sistema de equações, de modo que i

passa a abranger as barras de i até N-i, sendo a barra swing numerada como

barra N.

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A – 4 MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON NO CÁLCULO DO FLUXO DE POTÊNCIA

A – 4.1 Considerações Iniciais

O cálculo de um fluxo de potência equivale à solução de um sistema de

equações algébricas não-lineares. Os recursos da matemática disponíveis para

a solução destas equações são relativamente escassos. Na grande maioria dos

casos, o emprego de métodos diretos de solução não é possível, devendo ser

usados métodos iterativos. Não se pode ainda, garantir que um sistema de

equações não-lineares tenha qualquer solução ou, caso tenha solução, que seja

única ou existam várias outras. Felizmente, no problema de fluxo de potência,

tais dificuldades ficam bastante atenuadas pelo fato de que as faixas de valores

permitidos para as variáveis do problema, praticamente são as mesmas para a

grande maioria dos sistemas elétricos de potência existentes.

O método para solução do fluxo de potência deve atender a alguns

requisitos básicos, notadamente; eficiência computacional, confiabilidade

especialmente no que concerne a problemas mal-condicionados e flexibilidade

para representação de dispositivos de controle. O método de Newton-Raphson é

um método numérico geral para a determinação de raízes reais de equações

não lineares, com grande confiabilidade de convergência e velocidade. A

aplicação eficiente deste método para fluxo de potência foi desenvolvida em sua

formulação clássica no final da década de sessenta.

É possível demonstrar que o método de Newton-Raphson apresenta uma

taxa de convergência quadrática, isto é, a norma do vetor de resíduos diminui

com o quadrado do número de iterações. Isto significa que o método converge

rapidamente na vizinhança da solução. Entretanto, essa convergência é

fortemente dependente das condições iniciais do problema, em sistemas de

potência definida por tensões e ângulos em barras de carga.

Caso a condição inicial não esteja contida em uma região próxima da

solução procurada (região de atração) o processo iterativo poderá convergir para

uma solução não desejável ou até mesmo apresentar uma divergência.

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O objetivo deste apêndice é fazer uma rápida revisão da solução das

equações de fluxo de potência utilizando-se o método de Newton-Raphson.

A – 4.2 Método de Newton-Raphson

Se for conhecida uma aproximação )0(x para uma das raízes reais da

equação eq.17:

)(xfy = eq. 17

Então, uma aproximação melhor )1( +hx onde h = 0,1,2,.... pode ser obtida

calculando-se eq.21 pela Série de Taylor, considerando-se apenas os dois

primeiros termos desta série.

...).(!2

)('').(')( 2)()(

)()()( +∆+∆+= hh

hhh xxfxxfxfy eq. 18

)()()( ).(')( hhh xxfxfy ∆=− eq. 19

)( )()( hh xfyy −=∆ eq. 20

[ ] )(1)()( )(' hhh yxfx ∆=∆ − eq. 21

A variável x é atualizada a cada iteração como mostra a equação eq.22:)()1( hhh xxx ∆+=+ eq. 22

O processo retorna a eq.15 até que sua convergência seja obtida quando:

ε≤−+ hh xx )1( eq. 23

Generalizando-se para j equações tem-se:

),...,,(

),...,,(),...,,(

21

2122

2111

iii

i

i

xxxfy

xxxfyxxxfy

=

==

⋮ eq. 24

A correção a cada iteração é então obtida da seguinte forma:

68

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∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

=

)(

)(1

)(1

)(

1

)(

1

)(

1

)(

2

)(

2

2

)(

1

2

)(

1

)(

2

1

)(

1

1

)(

)(2

)(1

.

hi

h

h

hi

hi

hi

h

j

hh

h

j

hh

hj

h

h

y

yy

xf

xf

xf

xf

xf

xf

xf

xf

xf

x

xx

⋮ eq. 25

A.4 - Aplicação das Equações do Fluxo de PotênciaPara uma barra genérica k tem-se:

kkk QjPS .+= eq. 26

As equações básicas do fluxo de potência são dadas pelas equações

eq.27 e eq.28, e definidas por :

( )∑Ω⊆

+=km

kmkmkmkmmkk senBGVVP θθ .cos... eq. 27

( )∑Ω⊆

−=km

kmkmkmkmmkk BsenGVVQ θθ cos.... eq. 28

mkkm θθθ −= eq. 29

Aplicando-se o método iterativo de Newton-Raphson na solução das

equações eq.27 e eq.28, tem-se uma relação linearizada entre as variações do

módulo da tensão e do ângulo, para as variações nas potências ativa e reativa.

Desta forma:

∆∆

−−−−

=

∆∆

VLMNH

QP θ. eq. 30

onde de tem-se:

( )kmkmkmkmmkm

kkm BsenGVV

PH θθ

θcos.... −=

∂∂

= eq. 31

( )kmkmkmkmm

mkkkkk

kkk BsenGVVBV

PH

k

θθθ

cos...2 −−−=∂∂

= −Ω⊆

∑ eq. 32

69

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kkkkkk QBVH −−= .2 eq. 33

( )kmkmkmkmkm

kkm senBGV

PN θθ

θ.cos.. +=

∂∂

= eq. 34

( )kmkmkmkmm

mkkkk

kkk senBGVBV

PN

k

θθθ

.cos.. ++−=∂∂

= −Ω⊆

∑ eq. 35

( )k

kkkkkk V

GVPN

.2+= eq. 36

( )kmkmkmkmmkm

kkm senBGVV

QM θθ

θ.cos... +−=

∂∂

= eq. 37

( )kmkmkmkmm

mkkkkk

kkk senBGVVGV

QM

k

θθθ

.cos...2 ++−=∂∂

= −Ω⊆

∑ eq. 38

kkkkkk PGVM −−= .2 eq. 39

( )kmkmkmkmkm

kkm BsenGV

VQ

L θθ cos... −=∂∂

= eq. 40

( )kmkmkmkmm

mkkkk

kkk BsenGVBV

VQ

Lk

θθ cos... −+=∂∂

= ∑Ω⊆

eq. 41

( )k

kkkkkk V

BVQL

.2−= eq. 42

Os resíduos de potência são dados por:

( )kmkmkmkmm

mkespkk senBGVVPP

k

θθ .cos.. +−=∆ ∑Ω⊆

eq. 43

( )kmkmkmkmm

mkespkk BsenGVVQQ

k

θθ cos... +−=∆ ∑Ω⊆

eq. 44

A matriz Jacobiana é altamente esparsa na aplicação do fluxo de

potência, sendo a equação eq.30 resolvida direta e rapidamente a cada iteração,

utilizando-se a eliminação ordenada para solução de grandes sistemas lineares

esparsos.

A partir de um conjunto inicial de tensões nas barras, são calculadas as

potências ativa e reativa, bem como os respectivos resíduos de potência. Caso

estes resíduos estejam dentro de uma tolerância pré-determinada, considera-se

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que o processo iterativo convergiu para uma solução. Caso contrário calcula-se

a matriz Jacobiana e determina-se a nova solução:)()()1( hhh θθθ ∆+=+ eq. 45

)()()1( hhh VVV ∆+=+ eq. 46

Onde, )()( hh Ve∆∆ θ são obtidos da solução da equação eq.30.

Posteriormente, incrementa-se o contador do número de iterações e

retorna-se ao cálculo das potências ativa e reativa, repetindo-se o ciclo descrito.

Na formulação básica do problema, a cada barra do sistema são

associadas quatro variáveis, sendo que duas delas entram no problema como

dados e duas como incógnitas: kkkk QPV ,,,θ .

Dependendo de quais variáveis nodais sejam classificadas como dados e

quais são consideradas como incógnitas, definem-se três tipos de barras:

• PQ → são dados Pk e Qk, e calcula-se Vk e θk.

• PV → são dados Pk e Vk, e calcula-se θk e Qk.

• Vθ → são dados Vk e θk, e calcula-se Pk e Qk.

As barras dos tipos PQ e PV são utilizadas para representar,

respectivamente, barras de carga e barras de geração (incluindo-se os

compensadores síncronos).

A barra Vθ , ou barra de referência, tem uma dupla função: como o

próprio nome indica, fornece a referência angular do sistema (a referência de

magnitude de tensão é o próprio nó terra); além disso, é utilizada para fechar o

balanço de potência do sistema, levando em conta as perdas na transmissão

que não são conhecidas antes da solução final do problema (daí a necessidade

de se dispor de uma barra do sistema na qual não são especificadas as

potências ativa e reativa).

O método de Newton-Raphson é um método iterativo de calculo de

equações e sistemas não lineares de equações que se baseie na linearização

das equações. No caso de um sistema não linear de equações, encontrar a sua

solução significa achar a interseção das superfícies que representam cada uma

de suas equações. Aplicar o método de Newton-Raphson equivale, a partir de

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uma estimativa inicial de solução (pontos iniciais), substituir as superfícies por

planos (ou hiperplanos) tangentes nestes pontos e encontrar a interseção

desses planos. Geralmente a interseção dos hiperplanos vai se aproximando da

interseção das superfícies na medida em que a técnica é repetida mediante

cálculo iterativo.

No método de Newton-Raphson aplicado à resolução do Fluxo de

Potencia, o sistema de equações complexas não lineares é inicialmente

substituído por um sistema de equações reais não lineares, porém contendo um

número de equações e incógnitas iguais ao dobro do número de equações

complexas. O método de Newton-Raphson pode ser implementado com as

tensões na forma polar ou na forma cartesiana, sendo, no presente trabalho

utilizada a forma polar.

Seja:

P e Q: valores específicos de potência ativa e reativa nas barras do sistema;

P’ e Q’: Valores de potencia ativa e reativa nas barras do sistema calculados

segundo os valores de tensão e ângulo da iteração anterior, ou segundo os

valores de tensão e ângulo arbitrados, em se tratando da primeira iteração;

Seja ainda:

Gij: Parte Real de Yij, chamada de condutância.

Bij: Parte imaginária de Yij, chamada de susceptância.

O sistema de equações não lineares pode ser reescrito, mediante

separação das partes Real e Imaginaria:

∑=

−=NJ

ijijjii senBGEEEP,1

)cos(),( ααδ i = (1,.....,N-1) eq. 47

∑=

+−=NJ

ijijjii senGBEEEQ,1

)cos(),( ααδ i = (1,.....,N-1) eq. 48

onde

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ij

iii

ijijij

jjj

iii

jQPSjBGY

eEVeEV

δδα

δ

δ

−=+=

+=

=

=

eq. 49

Expandindo-se Pi e Qi em série de Taylor até o termo de primeira ordem,

obtém-se:

jj

ij

j

iii

jj

ij

j

iii

EEQQ

EQEQ

EEPP

EPEP

∆∂∂

+∆∂∂

+=

∆∂∂

+∆∂∂

+=

)()(),('),(

)()(),('),(

δδ

δδ

δδ

δδ

eq. 50

Por razões de eficiência computacional é melhor se trabalhar com j

ij E

PE

∂∂

e j

ij E

QE

∂∂

do que com j

i

EP

∂∂

e j

i

EQ

∂∂

respectivamente. Fazendo esta modificação,

obtém-se:

j

j

j

ijj

j

iii

j

j

j

ijj

j

iii

EE

EQ

EQ

EQEQ

EE

EP

EP

EPEP

∆∂∂

+∆∂∂

+=

∆∂∂

+∆∂∂

+=

)()(),('),(

)()(),('),(

δδ

δδ

δδ

δδ

eq. 51

Define-se neste ponto quatro matrizes ( H, N, M e L), conforme a seguir:

• H = j

iPδ∂

∂ é a submatriz Jacobiana das derivadas parciais da potencia

ativa em relação aos ângulos;

• N = j

ij E

PE

∂∂

é a submatriz Jacobiana das derivadas parciais da potencia

ativa em relação aos módulos das tensões;

• J = j

iQδ∂

∂ é a submatriz Jacobiana das derivadas parciais da potencia

reativa em relação aos ângulos;

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• L = j

ij E

QE

∂∂

é a submatriz Jacobiana das derivadas parciais da potencia

reativa em relação aos módulos das tensões;

Reescrevendo na forma matricial, para todas as barras do sistema de

potencia, obtém-se:

EELJEQEQ

EENHEPEP

∆+∆+=

∆+∆+=

δδδ

δδδ

),('),(

),('),( eq. 52

Que pode finalmente ser descrito na forma de um sistema linear:

),('),(

),('),(

EQEQEELJ

EPEPEENH

δδδ

δδδ

−=∆+∆

−=∆+∆ eq. 53

No método de Newton-Raphson parte-se de uma estimativa inicial de E e

δ (módulos de tensões e ângulos), e são calculados os valores de ),(' EP δ e

),(' EQ δ . Em seguida resolve-se o sistema linear eq.53, obtendo-se os valores

das correções E∆ e δ∆ , e, por conseguinte, os novos valores de E e δ.

O processo é encerrado quando os valores calculados de P’ e Q’

estiverem próximos dos valores especificados de P e Q, segundo uma tolerância

pré estabelecida.

Quanto ao método de Newton-Raphson, podem ser feitas as seguintes

observações:

a) Para as barras de geração as equações do tipo II no Sistema (eq.53) não

precisam ser escritas, pois Q não é especificado, e portanto não há razão para

se calcular o desvio Q-Q’. Para um sistema com N barras, havendo Nger barras

PV, o Sistema (eq.53) será de dimensão 2(N-1) – Nger. Esta redução no tamanho

do sistema linear não ocorreria caso o problema fosse tratado na forma

cartesiana ao invés das formas polares;

b) A matriz dos coeficientes do sistema (eq.53), constituída das submatrizes H,

N, J e L, deve ser calculada a cada nova iteração;

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c) A matriz dos coeficientes do sistema (eq.53), constituídas das submatrizes H,

N, J e L, é uma matriz bastante esparsa, pois é nula a derivada parcial das

potencias da barra i em relação a barra j, se não houver uma conexão direta

entre as barras i e j;

d) A cada iteração o sistema linear (eq.53) a ser resolvido é atualizado, sendo

modificados tanto a matriz dos coeficientes das incógnitas como o vetor dos

termos independentes;

e) O método de Newton-Raphson é mais rápido que o método de Gauss-Seidel,

principalmente em se tratando de sistemas de médio ou grande porte;

f) No método de Newton-Raphson a taxa de convergência é quadrática;

g) A convergência do método de Newton-Raphson é mais dependente dos

valores iniciais do que o método de Gauss-Seidel.

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A – 5 Arquivos de Dados

A – 5.1 Sistema de Teste IEEE 14 Barras

Figura 37: Representação Sistema IEEE 14 barras.

A – 5.2 Dados das Barras

*Tipo da Barra: 1 – Barra de referência, 2 – Barra tipo PV e 3 – Barra Tipo PQ

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A – 5.3 Dados das Linhas:

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