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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UFPI CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS CSHNB CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO RAQUEL ARAÚJO BORGES GONÇALVES A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA NA MOTIVAÇÃO HUMANA: UM ESTUDO MULTICASOS EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DA CIDADE DE PICOS - PI PICOS PI 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS – CSHNB

CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

RAQUEL ARAÚJO BORGES GONÇALVES

A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA NA

MOTIVAÇÃO HUMANA: UM ESTUDO MULTICASOS EM INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS DA CIDADE DE PICOS - PI

PICOS – PI

2011

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Raquel Araújo Borges Gonçalves

A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA NA

MOTIVAÇÃO HUMANA: UM ESTUDO MULTICASOS EM INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS DA CIDADE DE PICOS - PI

Trabalho de monografia apresentado ao

Curso de Bacharelado em Administração da

Universidade Federal do Piauí – UFPI, em

cumprimento das exigências para obtenção

do título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Prof. Elvia Florêncio Torres, M.Sc. em Engenharia de Produção.

PICOS – PI

2011

3

FICHA CATALOGRÁFICA

Universidade Federal do Piauí

Biblioteca José Albano de Macêdo

Serviço de Processamento Técnico

G635i

Gonçalves, Raquel Araújo Borges. A influência das práticas de responsabilidade social interna na motivação humana: um estudo multicasos em instituições financeiras da cidade de Picos - PI / Raquel Araújo Borges Gonçalves, Picos: 2011. 82 f.

Monografia (Bacharelado em Administração)–Universidade Federal do Piauí, Picos, 2011. Orientador(a): Profa. Msc. Élvia Florêncio Torres

1. 1. Responsabilidade Social. 2. Motivação Humana. I. Título. CDD – 658.408

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS – CSHNB

PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA

DE DEFESA DE MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO DE

RAQUEL ARAÚJO BORGES GONÇALVES

A influência das práticas de responsabilidade social interna na motivação humana: um estudo

multicasos em instituições financeiras da cidade de Picos - PI

A comissão examinadora, composta pelos professores abaixo, sob a presidência do primeiro,

considera a discente APROVADA.

Picos (PI), 01 de julho de 2011.

__________________________________________________

Prof. Elvia Florêncio Torres, Msc (Orientadora)

__________________________________________________

Prof. Cléverson Vasconcelos da Nobrega, Msc. (Membro)

__________________________________________________

Prof. Josivan Bernardes de Araújo, Esp. (Membro)

5

Dedico esse trabalho à minha mãe, Maria das Graças, pelo

constante apoio e paciência nos momentos mais difíceis

desta caminhada, e ao meu amor, Jonivon, por ter sido tão

essencial para que eu chegasse até aqui.

6

AGRADECIMENTOS

Não foi fácil, e não seria possível sem a contribuição de pessoas queridas, portanto gostaria de

agradecer:

A Deus, primeiramente, por me guiar e me dar forças todos os dias, pelo dom da vida.

A minha mãe, Maria das Graças, pela compreensão em meus momentos de ausência.

A minha família por serem a base da minha vida, pelo cuidado e carinho sempre.

Ao meu amor, Jonivon, pelo companheirismo e o encorajamento sempre, por ter tornado a

caminhada mais leve.

A minha orientadora, Élvia Torres, por ter me ajudado na construção desse trabalho, pelas

orientações certas, em dias certos, sempre com muito zelo e atenção.

A professora Ana Márcia Batista Almeida por ter me fornecido a base inicial para a

construção desse trabalho.

Aos Bancos que abriram as portas para a realização dessa pesquisa, possibilitando a criação

de novos conhecimentos, a formação de novos pensamentos e enfim, a própria elaboração

desse trabalho.

A minha madrinha Flávia pela contribuição inicial.

A minha cunhada Jany pela contribuição final.

A minha amiga Fernanda pelos tempos disponibilizados a me ajudar.

Essa conquista é nossa!

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“Nada pode saciar os apetites humanos, pois a natureza nos deu a faculdade de tudo desejar, mas não nos

deixa senão provar poucas coisas, disto resultando um descontentamento permanente, e um desgosto pelo

que possuímos, o que nos faz culpar o presente, louvar o passado e desejar o futuro, ainda que sem razão.”

Maquiavel

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RESUMO

A Revolução Industrial promoveu mudanças expressivas no cenário organizacional. Tais

mudanças refletiram especialmente nas áreas sociais, que passaram a exigir um maior

comprometimento das empresas no que se refere à ética e à transparência nas ações. Uma

nova forma de gerir foi implementada, priorizando relações de respeito para com os diversos

públicos envolvidos, sobretudo os colaboradores. Surge então a reflexão sobre o alcance das

práticas sociais também na motivação humana tendo em vista suas políticas de valorização e

respaldo para com os funcionários. Assim, a presente pesquisa objetivou analisar a influência

das práticas de responsabilidade social interna, adotadas por instituições financeiras da cidade

de Picos – PI, na motivação de seus colaboradores. Para tal, buscou-se identificar o grau de

conhecimento dos gestores das instituições financeiras no que tange as práticas de

responsabilidade social; verificar a abrangência dessas práticas; investigar o grau de

motivação dos colaboradores; e, finalmente relacionar a influência das práticas com o fator

motivacional. Torna-se, assim, importante por pautar questões atuais e dinâmicas da área

social, ampliando os conhecimentos sobre uma possível ferramenta motivacional. Nesse

sentido, fez-se uma pesquisa multicasos e de campo, de abordagem qualitativa e quantitativa,

e objetivamente exploratória, cujos dados foram colhidos através de questionários aberto e

fechados e bibliografias. Constatou-se a utilização das práticas sociais nas instituições e a sua

inter-relação com a motivação humana através de posicionamentos tomados pelos gestores

relacionados ao bem-estar dos colaboradores. Conclui-se, através das análises, que é preciso

inicialmente crer nos colaboradores e em suas capacidades para que toda atitude social seja

concreta o bastante a ponto de tocar em seu alvo principal, o ser humano.

Palavras-Chave: Responsabilidade Social. Motivação Humana. Práticas Sociais.

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SUMMARY

The Industrial Revolution promoted expressive changes in the organizational scenario. Such

changes reflected specially the social areas, which started to demand a greater commitment

from the companies in reference to ethic and to transparency in the actions. A new form of

generating was implemented, giving priority to respect relations to the diverse public

involved; overall the collaborators. Arise then, a reflection about the achievement of the social

practices also on the human motivation, having in mind its politics of valorization and support

to the employees. Therefore, the present research had as objective to analyze the influence of

the practices of internal-social responsibility, which are adopted by financial institutions of

the city of Picos-PI, in the motivation of its collaborators. To which attempted to identify the

degree of knowledge from the managers of the financial institutions regarding the practices of

social responsibility; verify the embrace of these practices; investigate the degree of

motivation from the collaborators; and finally relate the practices influence with the

motivational factor. Becoming then, important for enrolling current questions and dynamics

of the social area, amplifying the knowledge in regards to a possible motivational tool. At this

sense, a multi-case and of field research was made involving qualitative and quantitative

approaches and objectively exploratory, such data was collected through the questionnaires,

open and closed, and also bibliographies. It was certified that the utilization of social practices

in the institutions and to its inter-relation with the human motivation through position taken

by the managers related to the well being of the collaborators. It is concluded through the

analyses that it is necessary initially to believe in the collaborators as well as their capacity

so that all the social attitude may be concrete enough to a point where it can reach its main

target, the human being.

Key Words: Social Responsibility .Human Motivation. Social Practices

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Relação de gestores por Banco........................................................................ 42

QUADRO 2: Inter-relação da responsabilidade social e motivação ...................................... 66

11

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Porcentagem da amostra pesquisada nos Bancos .............................................. 39

TABELA 2: Distribuição do público interno pela variável idade .......................................... 44

TABELA 3: Distribuição do público interno pela variável tempo de serviço ........................ 45

TABELA 4: Predominância dos quesitos socialmente responsáveis ..................................... 58

TABELA 5: Características da motivação ............................................................................ 61

TABELA 6: Responsabilidade social como ferramenta de motivação .................................. 65

12

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁGICO 1: Amostra pesquisada das instituições financeiras de Picos/PI .......................... 39

GRÁFICO 2: Utilização das práticas sociais pelas instituições financeiras .......................... 52

GRÁFICO 3: Utilização das práticas sociais no ambiente interno ........................................ 52

GRÁFICO 4: Reconhecimento dos trabalhos bem-feitos ..................................................... 54

GRÁFICO 5: Incentivo ao trabalho em equipe .................................................................... 56

GRÁFICO 6: Incentivo às relações de amizade ................................................................... 57

GRÁFICO 7: Valorização do colaborador ........................................................................... 59

GRÁFICO 8 : Significado do trabalho ................................................................................. 63

13

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Hierarquia das necessidades humanas segundo Maslow .................................... 29

FIGURA 2: Teoria dos dois fatores segundo Herzberg ......................................................... 31

FIGURA 3: Comparação entre as teorias de Maslow e Herzberg .......................................... 33

14

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... .14

1.1 Problemas de Pesquisa......................................................................................................15

1.2 Objetivos............................................................................................................... .............15

1.2.1 Objetivo geral...................................................................................................................15

1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................................16

1.3 Justificativa........................................................................................................................16

2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................18

2.1 Responsabilidade Social...................................................................................................18

2.1.1 Contexto Histórico...........................................................................................................22

2.1.2 Responsabilidade Social Externa.....................................................................................24

2.1.3 Responsabilidade Social Interna......................................................................................25

2.2 Motivação Humana...........................................................................................................27

2.2.1 Teorias Motivacionais......................................................................................................28

2.2.1.1 Teoria da Hierarquia das Necessidades........................................................................29

2.2.1.2 Teoria dos dois fatores..................................................................................................31

2.2.1.3 Hierarquia das Necessidades X Teoria dos dois Fatores.........................................32

2.3 Responsabilidade Social e Motivação Humana..............................................................34

3 METODOLOGIA................................................................................................................36

3.1 Conceitos de Metodologia.................................................................................................36

3.2 Caracterização da Pesquisa..............................................................................................36

3.3 Delimitação da pesquisa...................................................................................................38

3.4 Estratégia de coleta de dados e instrumento de pesquisa..............................................40

3.5 Estratégia de tratamento e análise de dados..................................................................40

4 ANÁLISE DOS DADOS......................................................................................................42

4.1 Perfil dos respondentes.....................................................................................................42

4.2 Responsabilidade social na visão dos gestores................................................................45

4.3 Abrangência das práticas de responsabilidade social nas instituições financeiras.....50

4.4 Grau de motivação dos colaboradores das instituições financeiras.............................61

4.5 A influência das práticas sociais na motivação dos colaboradores..............................64

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................71

REFERÊNCIAS......................................................................................................................73

15

APÊNDICES............................................................................................................................76

ANEXO....................................................................................................................................81

16

1 INTRODUÇÃO

A Revolução Industrial promoveu mudanças expressivas no cenário organizacional.

Sua estratégica maquinaria ampliou a produtividade, acarretando modificações que afetariam

especialmente a classe operária, obrigando os gestores a repensar sobre as condições de

trabalho. Esse novo contexto de evolução do processo produtivo traria também aspectos

contrários, ao passo que geraria desestímulo da força de trabalho devido, entre outros fatores,

a sua intensa e rotineira jornada.

A produção em massa demandava especialização e agilidade no trabalho, de tal modo

que os recursos humanos eram selecionados mediante força física e velocidade, a fim de

render o máximo possível aos seus gestores. Assim, novos métodos de trabalho foram sendo

experimentados na busca de melhores resultados para a organização, trazendo à tona uma

questão que seria o limiar dessa condição almejada: os fatores de motivação dos operários.

Os métodos obsoletos de trabalho, sem as míninas condições físicas e psicológicas,

incentivaram os gestores a repensar os fatores da motivação humana. Concomitantemente

passava a existir a preocupação em melhorar os processos de trabalho, mudando a conjuntura

da forma de motivar no sentido de adaptar os funcionários à nova rotina. Assim, as empresas

assumiam cada vez mais um compromisso com a melhoria ampla e preventiva, da qualidade

de vida e satisfação dos colaboradores.

Atualmente, uma organização bem sucedida tem consciência da importância do bem-

estar e da satisfação do seu “corpo humano” para um melhor rendimento, imagem, retorno

financeiro, além da sua manutenção no mercado. Deste modo, percebe-se ao longo da história

da gestão de pessoas, que em termos de motivar os colaboradores o que mudou foram os

métodos utilizados.

Surge então, cada vez mais, a preocupação em ofertar aos colaboradores condições de

trabalho diferenciadas, exigindo das organizações uma postura voltada para ações mais

sociais, embasadas na ética e transparência na gestão. Nesse contexto, a prática da

responsabilidade social é cada vez mais adotada pelas empresas que almejam o melhoramento

dessas condições, ao mesmo tempo em que estará contribuindo para a preservação dos

recursos ambientais e culturais, garantindo assim, o respaldo necessário para as gerações

futuras, através da sua responsabilidade para com a sociedade em geral.

Destarte, o presente trabalho objetiva discutir as formas de influência das práticas de

responsabilidade social, adotadas por instituições financeiras da cidade de Picos – PI, mais

17

especificamente tratadas neste trabalho como algumas instituições da rede bancária, na

motivação de seus colaboradores, a fim de compreender melhor essa relação, contribuindo,

possivelmente, na ampliação da utilização dessa ferramenta de melhoramento social da

organização.

1.1 Problema de Pesquisa

Presentemente, as instituições financeiras têm atentado para a importância da sua

atuação regulada em valores éticos e culturais, em meio às grandes lacunas de desequilíbrio e

desigualdades, agravadas ao longo do tempo. Tais ações buscam atenuar situações reais de

disparidade, criando um ambiente de trabalho sociável, onde cada colaborador é valorizado

mediante seus atributos.

A forma de valoração dos colaboradores reflete, pois, diretamente no seu

comportamento organizacional, levantando incógnitas no sentido de melhor entender as

determinantes dos fatores motivacionais.

É evidente que a qualidade de vida no trabalho é um item condicionante de um bom

rendimento do colaborador. Sanar suas necessidades mais básicas não é mais um indicador de

qualidade e sim um compromisso vital de qualquer organização, necessitando-se, portanto, da

utilização de práticas mais sociais que instigue o colaborador a querer e ser o seu melhor.

Deste modo, a responsabilidade social aplicada nestas instituições financeiras gera,

além do diferencial competitivo, uma visão ampla e flexível do ambiente interno e externo,

sendo esta também, uma possível influenciadora da motivação humana. Nesse contexto, o

presente trabalho procura identificar respostas à seguinte questão: de que forma as práticas

de responsabilidade social interna, adotadas por instituições financeiras da cidade de

Picos - PI, influenciam a motivação humana de seus colaboradores?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

18

Analisar a influência das práticas de responsabilidade social interna, adotadas por

instituições financeiras da cidade de Picos – PI, na motivação de seus colaboradores.

1.2.2 Objetivos específicos

Identificar o grau de conhecimento dos gestores das instituições financeiras no que

tange as práticas de responsabilidade social;

Verificar a abrangência das práticas de responsabilidade social nas instituições

financeiras;

Investigar o grau de motivação dos colaboradores das instituições financeiras;

Relacionar a influência das práticas de responsabilidade social interna com o fator

motivacional dos colaboradores nas instituições financeiras analisadas.

1.3 Justificativa

A busca pelo melhoramento constante das condições de trabalho torna-se fundamental

para uma gestão eficaz. O fator motivacional passa a ser um requisito importante no

desenvolvimento das organizações e na atuação melhorada das atividades. Não obstante, as

empresas que não se atêm a esse detalhe estão em crescimento contrário às outras, afinal este

requisito há muito deixou de ser um diferencial, tornando-se uma condição fundamental.

As ações empresariais, fundamentadas na responsabilidade social, que buscam um

maior comprometimento da empresa com a satisfação das necessidades dos colaboradores,

bem como em aperfeiçoar os métodos de trabalho visando uma jornada satisfatória, tornam-se

necessárias devido sua influência no comportamento humano. A utilização dessas práticas

poderá resultar na formação de um quadro de pessoal mais estimulado, ampliando suas

influências nos resultados finais.

Portanto, é necessário, no cenário atual, que as organizações sejam flexíveis o bastante

para administrar possíveis conflitos ou insatisfações de seus colaboradores e clientes,

utilizando-se para tal de práticas mais sociais, pautadas na ética e na transparência, a fim de

19

amenizar ou sanar suas consequências, obter resultados diferenciados e, basicamente, manter-

se no complexo ambiente empresarial.

Deste modo, o presente trabalho colabora empiricamente no sentido de propor uma

análise da realidade de instituições financeiras da cidade de Picos - PI, no que tange o grau de

conscientização dos gestores sobre a importância da prática da responsabilidade social como

componente essencial para melhoria significativa do desenvolvimento e desempenho das

atividades.

No âmbito científico esta pesquisa engloba e relaciona áreas relevantes da

Administração, gerando um diálogo entre a Gestão de Pessoas e a Responsabilidade Social,

focando especialmente a influência desta última no comportamento organizacional. Tal

pesquisa torna-se, portanto, relevante por tratar de um assunto que, apesar de ser

constantemente enfatizado por autores atuais, estará sempre em evolução tendo em vista que a

busca pelo melhoramento das práticas sociais das instituições financeiras é uma questão

dinâmica, suscetível a mudanças e/ou aperfeiçoamentos.

Trabalhar a motivação humana dos colaboradores e entender os fatores que são

realmente construtores de um comportamento positivo é algo complexo, ao passo que, cada

indivíduo possui particularidades intrínsecas que os levam a ter determinadas necessidades e

atitudes distintas, porém, há maneiras de se estimular bons desempenhos. Um colaborador

que é constantemente tratado com respeito, em um ambiente que busca sanar necessidades

básicas e abre espaço para empreender necessidades secundárias, com efeito, será bem

sucedido em suas atividades e nos resultados finais da organização.

Dessa forma, esta pesquisa é motivada pelo interesse de entender os fatores que

influenciam o comportamento, relacionando-os às práticas de responsabilidade social

utilizadas por instituições, já que estas práticas prevêem tudo o que engloba respeito,

tratamento igualitário e estímulo adequado. Além disso, visa e trabalha o “cuidado” com o

colaborador, tornando-se ferramenta importante para estudo, conhecimento e adoção por

empresas.

Diante do que foi enfatizado, acredita-se que este trabalho possa ainda servir de

embasamento para estudos futuros por trazer informações importantes a respeito do tema,

servindo ainda para o aprimoramento da prática mencionada tendo em vista que as políticas

de gestão de pessoas passam a valorizar o ser humano, sendo estes criativos, inovadores e

capazes de proporcionar o crescimento das organizações no mundo dos negócios cada vez

mais competitivo.

20

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Responsabilidade Social

O dinamismo do termo Responsabilidade Social gera diferentes visões no que tange a

definição dessa prática, que vem sendo moldada ao longo do tempo, diante de diversos

cenários e consequentemente, conceituado por vários autores, agregando assim vários pontos

de vista em torno da sua abrangência.

Chiavenato (2006, p. 483) diz que “[...] o conceito de responsabilidade social da

organização está condicionado pelo meio ambiente social, político, econômico, os grupos e

organizações afetados e o tempo.” Nesse sentido, correlaciona-se a este termo várias questões

que abrangem de uma forma geral a busca por conjunturas mais igualitárias, pelo equilíbrio

nas gestões e seus públicos internos, bem como, no sentido mais amplo, pelo controle e uso

moderado de recursos naturais e do meio ambiente em geral.

Segundo o Instituto Ethos (2010, p.?):

Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação

ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona

e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento

sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as

gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das

desigualdades sociais.

A ética e a transparência retratam os princípios e valores que fundamentam as políticas

de responsabilidade social, através da qual esta prática se alicerça e se embasa, guiando as

empresas para atuarem de tal forma perante todos os membros envolvidos, direta ou

indiretamente, com seu negócio. São, portanto, aspectos inseparáveis de qualquer

conhecimento sobre responsabilidade. A ética direciona as atitudes para o agir de maneira

ponderada, ou seja, pautada no correto, independentemente das variantes culturais, enquanto

que a responsabilidade social apregoa atitudes sensatas para com o ser humano e qualquer

forma de recurso das quais dependa o seu bem estar e sobrevivência. Constitui-se assim uma

relação de interdependência em que as práticas sociais são construídas sobre princípios éticos.

21

Sobre os aspectos citados, Corrêa e Corrêa (2006, p. 235) discorrem a cerca dos

benefícios de uma gestão ética para com a sociedade afirmando que:

A preocupação com a gestão dos aspectos de ética tem melhorado a sociedade –

políticas de oportunidades iguais reduzem as discriminações de funcionários com

bases idiossincráticas, políticas de restrições a empresas que utilizam trabalho

infantil reduzem estas práticas, políticas de produção sustentável, reciclagem e

responsabilidade social têm melhorado, ainda que vagarosamente, as condições

sociais.

Dessa forma, as organizações procuram trabalhar cada vez mais de forma visível e

clara para com a sociedade em geral, mediante um novo mercado que oferece e exige das

mesmas uma postura de prestar conta do seu trabalho e proporcionar benefícios a todos,

reforçando o compromisso de transparência que as empresas devem ter no que se refere às

atitudes que de alguma forma impactam ou comprometem o bem estar social. Há, para tal,

“uma crescente tendência de incentivo à publicação de balanços sociais mais coerentes com as

propostas das empresas interessadas em aplicar a responsabilidade social empresarial à gestão

de seu negócio” (INSTITUTO ETHOS, 2007, p. 6), buscando deste modo, firmar o conceito

social nas empresas, introduzir a transparência nos processos e, consequentemente, firmar

uma maior aproximação com a sociedade.

O balanço social faz uma analogia entre princípios éticos e responsabilidade social da

organização abrangendo tópicos que tratam de aspectos ambientais, econômicos e sociais

empregados pela empresa em sua administração. Cria-se assim um relacionamento maduro

entre as empresas e os diversos stakeholders envolvidos, ou seja, todos os membros que de

alguma forma podem influenciar, interna ou externamente, o negócio. A empresa divulga

quais metas pretende seguir em relação a práticas mais socialmente responsáveis e

compromete-se a partir daí a cumpri-las, tendo em vista o conhecimento, acompanhamento e

a cobrança de tais metas pelos públicos abrangidos. De acordo com o Guia para Elaboração

de Balanço Social e Relatório de Sustentabilidade (2007, p. 5) o balanço social:

[...] é a oportunidade de a empresa compreender como as ações divulgadas estão em consonância com sua visão estratégica e com os compromissos estabelecidos por sua

liderança em direção à sustentabilidade, além de abrir um espaço de conhecimento

mais aprofundado sobre sua gestão, com a possibilidade de estreitar relações com

diversos públicos.

22

A responsabilidade social está, portanto, intrinsecamente relacionada ao sucesso

organizacional por nortear ações transparentes e participativas, por buscar o melhoramento na

gestão e nos seus reflexos, além de ser formadora e/ou consequência de um novo mercado

consumidor, mais exigente, que determina uma competitividade mais “limpa” em termos de

zelar pela preservação do ambiente e por igualdade no trabalho. Ashley (2005, p. 8) ressalta

que “a preocupação com a responsabilidade social tornou-se um diferencial fundamental para

tornar as organizações mais produtivas e garantir o respeito do público e, enfim, sua própria

viabilidade”.

Ainda sobre essa óptica, Czinkota e Dickson (2001 apud FERREIRA e BARTHOLO,

2005) definem a responsabilidade social como um conjunto de filosofias, políticas e ações de

marketing com a intenção primordial de melhorar o bem-estar social. Destarte a amplitude

dessa prática é, também, uma forma de estratégia utilizada pelas organizações para

valorizarem o próprio negócio, fortalecendo a marca e aumentando o faturamento, através de

divulgações e formação de uma imagem atrelada às práticas sociais. Kotler e Armstrong

(1998 apud FERREIRA e BARTHOLO, 2005) relacionam assim a responsabilidade social

com a estratégia de negócio, afirmando que esta pode ser utilizada como um instrumento de

gestão capaz de gerar resultados positivos para comunidade, e, sobretudo para empresa. Nesse

sentido, a inegável interligação entre as práticas sociais e as atitudes estratégicas para atrair

clientes não deve ludibriar o real sentido das ações socialmente responsáveis, ou seja,

estratégia não é a essência dessas atitudes, mas sim estabelecer relações de respeito para com

os seus públicos envolvidos pela simples consciência de contribuir para uma sociedade

melhor.

A abrangência da área de responsabilidade social tem seu alicerce ainda mais

fortalecido ao tratar da esfera sócio-ambiental, questão tão valorizada na atualidade, devido a

um maior conhecimento da sociedade em relação às carências e problemas ambientais

agravados ao longo dos anos. Havendo, portanto, paulatinamente uma maior mobilização das

pessoas para com o cuidado e a preservação do meio. Melo Neto e Froes (2001) acrescentam

que o caráter sócio-ambiental visa a responsabilidade social como estratégia de

relacionamento com a comunidade, no intuito de promover a cidadania individual e coletiva,

tendo em vista seu desenvolvimento.

Assim sendo, a preocupação com a ética, o meio ambiente, as condições de trabalho

igualitárias, ou até mesmo, os interesses econômicos, levaram as organizações a pensarem de

forma sistemática as questões sociais junto ao planejamento e a estratégia sustentável dos

negócios para a sociedade. Tal prática passa a ser então utilizada como solução para os

23

problemas relacionados ao contexto social interno e externo da organização. Certo et al.

(2005, p. 262) enfatizam ainda:

[...] responsabilidade social como o grau em que os administradores de uma

organização realizam atividades que protegem e melhoram a sociedade para atender

aos interesses econômicos e técnicos da organização. Em outras palavras, exercer a

responsabilidade social da organização implica a realização de atividades que podem

ajudar a sociedade, ainda que não contribuam diretamente para aumentar a

lucratividade da empresa.

Trata-se, deste modo, de reconhecer que uma organização não é um núcleo isolado,

mas parte de um todo, onde impacta e sofre impactos, estabelecendo relações com vários

públicos, devendo, nesse contexto, adotar um modelo de gestão que firme um bom

relacionamento com todos. Chiavenato (2006, p. 483) reforça que:

A organização é bem-sucedida e alcança eficácia quando consegue alcançar seus

objetivos e ser capaz de atender às necessidades de seu meio ambiente e dos

parceiros envolvidos. Sob essa ótica, a responsabilidade social da organização se dá

quando cumpridas as prescrições de leis e de contratos, constituindo uma resposta da

organização às necessidades da sociedade, isto é, internalizando o que é bom para a sociedade e respondendo ao que a sociedade espera da organização.

A responsabilidade social defende, portanto, o respeito em todas as esferas,

organizacional e individual, para com seu meio. É ferramenta de melhoramento social, que

contribui para um mundo melhor, seja em qual for a área em que esteja atuando, seja de forma

consciente ou involuntariamente. Práticas sociais geram contextos mais igualitários.

Adicionalmente ao tema da responsabilidade social, mediante a existência ainda, por

parte das empresas, de ações que visam a amenizar determinadas situações de disparidade

sociais, mas cujas atuações não são ligadas e contínuas, ou seja, buscam apenas fornecer uma

“ajuda” temporária por obediência a seus valores e crenças ou por cobrança da sociedade em

geral é que se torna importante ressaltar as diferenças entre atitudes filantrópicas e atitudes

fincadas na responsabilidade social.

Assim, Melo Neto e Froes (2004, p. 27 apud GUIMARÃES, 2009, p. 27) argumentam

que “a filantropia é uma „simples doação‟, fruto da maior sensibilidade e consciência social

24

do empresário. A responsabilidade social é uma „ação transformadora‟. Uma nova forma de

inserção social e uma intervenção direta em busca da solução de problemas sociais”.

Há a idéia ainda de que uma colaboração dirigida a sanar uma emergência individual

pode substituir à coletiva, partindo do princípio de que é necessário antes amparar uma causa

do que nenhuma, porém a sociedade, a vida, o meio ambiente, o ser humano, especialmente

na sua função colaborador, não necessita de uma ação que veja seus direitos, seus valores, seu

potencial e necessidades básicas apenas por um momento ou dia, essa atitude não ambiciona

resolver o problema, necessita, por conseguinte, que haja uma ação permanente, que lhe

ampare e lhe dê a segurança imprescindível para que possa ser e se sentir uma pessoa com

dignidade.

2.1.1 Contexto Histórico

As buscas por igualdades trabalhistas e até mesmo a percepção por parte da sociedade

dos impactos ambientais que começavam a refletir diretamente em todo o mundo, fizeram

surgir uma maior preocupação à cerca dos dilemas sociais e a partir de então, a necessidade de

análises sobre este contexto tão influenciado pelas próprias organizações. Nesse sentido, o

Instituto Ethos (2010, p.?) faz uma síntese do contexto histórico da conscientização

empresarial sobre as práticas da responsabilidade social:

Foi na Europa dos anos 1970 que a sociedade passou a cobrar maior

responsabilidade social das empresas. Em 1977, a França tornou-se pioneira na

criação de uma lei que obriga empresas com mais de 300 funcionários a divulgar em

balanços suas ações sociais. No Brasil, [...] o tema começou a sensibilizar algumas

empresas no início dos anos 1990 e ganhou forte impulso ao longo da década, pela

ação de entidades não-governamentais e institutos de pesquisa e pelo engajamento

da iniciativa privada nas novas políticas sociais do governo.

O surgimento da globalização revolucionou o comportamento dos mercados,

destruindo fronteiras, ampliando oportunidades e enfatizando as questões da responsabilidade

social em meio à formação de um novo público consumidor, mais consciente e exigente

quanto às ações das empresas. Gerou-se assim, várias discussões sobre o tema, que passou a

ser abordado com mais freqüência em empresas de diferentes ramos de atividades que têm em

25

comum a preocupação com o exercício da responsabilidade social. Nesse contexto, Ashley

(2005, p.07) afirma:

[...] um dos efeitos da economia global é a adoção, por todo o mundo, de padrões

éticos e morais mais rigorosos, seja pela necessidade das próprias organizações de

manter sua boa imagem perante o público, seja pelas demandas diretas do público

para que todas as organizações atuem de acordo com tais padrões.

Houve ainda, no âmbito da área de estratégia, discussões literárias sobre a admissão ou

não por parte das organizações em atividades volvidas para as práticas de responsabilidade

social, surgindo uma contestação entre o ponto de vista clássico que visa atividades voltadas

exclusivamente para o lucro, e o ponto de vista contemporâneo que assume o bem-estar da

sociedade como uma das responsabilidades da organização. Friedman (1962 apud CERTO et

al, 2005, p. 262) defensor do ponto de vista clássico relata que:

[...] existe uma, e apenas uma, responsabilidade social empresarial – usar seus recursos e empregá-los em atividades projetadas para aumentar seus lucros, desde

que elas permaneçam dentro das regras do jogo, que são engajar-se na concorrência

aberta e livre, sem logro ou fraude [...] Poucas tendências podem minar tão

completamente os fundamentos de nossa livre sociedade como a aceitação, por parte

dos administradores das corporações, de outras responsabilidades sociais que não as

de gerar tanto dinheiro para seus acionistas quanto possível. Essa é uma doutrina

fundamentalmente subversiva.

Contrapondo este conceito de empresas como entidades meramente econômicas, o

ponto de vista contemporâneo considera as mesmas como membros da sociedade e, portanto

com amanhado para com elas. Nesse contexto, Davis (1975 apud CERTO et al, 2005, p. 263)

alega que “as empresas devem operar como um sistema de mão dupla, com recebimento

aberto de informações da sociedade e divulgação também aberta de informações acerca de

suas operações com o público.”

Assim, embora o objetivo basilar da maioria das organizações seja o lucro, este deve

ser calcado em princípios éticos e como tal, estar em consonância com o subsídio a problemas

sociais mesmo que externos à sua área de operação, pois, na medida em que se constrói uma

sociedade mais próspera em termos gerais, as empresas, paulatinamente, aumentarão seus

lucros.

26

Nesse sentido, faz-se necessário o conhecimento e a conscientização por parte das

empresas da essência dos princípios sociais, bem como de sua abrangência, a fim de que as

ações surtam o verdadeiro efeito a que se propuseram e que impactem positivamente nos

diversos públicos envolvidos. Destarte, a responsabilidade social é subdividida em externa e

interna para que suas práticas possam englobar todas as esferas sociais.

2.1.2 Responsabilidade Social Externa

Trata do compromisso da organização para com o ambiente em que está inserido.

Dessa forma, uma empresa ambientalmente responsável tem em incomum a adoção de

práticas racionalizadas para com o meio. Estuda o uso de técnicas de produção que

empreguem os recursos naturais de forma consciente, degradando o menos possível. Abrange

as políticas ambientais para que façam parte do cotidiano da organização, repassando esse

pensamento para os todos que a compõe. De acordo com Corrêa e Corrêa (2006, p.237):

O termo produção sustentável em geral é associado a práticas produtivas adotadas

pelas gerações atuais para que suas necessidades sejam atendidas sem que

prejudiquem ou comprometam a capacidade de futuras gerações de atender a suas

necessidades.

A produção passa, então, a ser feita seguindo exigências éticas e critérios de

sustentabilidade, a fim de possibilitar equidade de consumo das gerações, ou seja,

conscientização. As organizações precisam estar atentas e flexíveis a esse novo contexto e

adotar o termo sustentável em qualquer atividade realizada, desde a produção até a entrega

final, tendo em vista, um maior grau de conhecimento por parte da sociedade sobre a

importância da utilização de meios sustentáveis, seja em atitudes cotidianas, em selecionar

empresas que produzem e agem de maneira sustentável e, até mesmo, em cobrar do governo

uma postura firme sobre tal aspecto, conforme ressalta Silva (2010, p.68):

As economias sustentáveis, com tecnologias limpas, sepultarão antigas estruturas

firmadas em modelos predatórios. [...] Nessa “seleção natural”, o poder de decisão

27

estará com a consciência globalizada de uma população cada vez mais atenta, que quer saber a origem do produto, questiona a forma como ele é produzido e

descartado, conhece os danos que pode causar ao meio ambiente. E exige ética do

mercado e do poder público.

Pequenas atitudes farão grandes diferenças em termos de preservar, portanto as

organizações devem estudar formas de reciclar, recuperar e reutilizar seus produtos, usar

insumos que não afetem tanto o meio ambiente, cuidar dos resíduos, além de verificar quais

aparelhos gastam mais ou menos energia entre tantos outros aspectos que podem ser

observados. Sobre esse aspecto, Seiffert (2009, p. 23) contextualiza:

[...] o desenvolvimento sustentável constitui-se na adoção de um padrão de

desenvolvimento requerido para obter a satisfação duradoura das necessidades

humanas, com qualidade de vida. Isto necessariamente implicará na eficácia do uso

dos fatores de produção dos recursos naturais (matérias-primas e insumos de

processo) e sociais (mão-de-obra).

O mercado consumidor está cada vez mais exigente e a crescente demanda por

produtos sustentáveis obriga as organizações a pensarem as práticas socialmente responsáveis

que irão, além de contribuir com a preservação do meio ambiente, ofertar um diferencial

competitivo. Dessa forma, torna-se cada vez mais evidente e importante a observação de que

“a visão que desconsidera a natureza, as comunidades e o destino do país e do mundo não é

uma boa estratégia empresarial. O empresário sabe que está lidando com um consumidor mais

consciente, em todos os seguimentos sociais” (SILVA, 2010, p. 70).

A responsabilidade social externa cuida, portanto, do meio ambiente e da sociedade

em geral procurando sanar divergências e conflitos, consequências do uso desordenado dos

recursos naturais ao longo dos anos e, para tal, reflete a conscientização sobre a utilização

regrada desses recursos. É, sinteticamente, uma forma de desenvolvimento sustentável, nas

quais as necessidades sociais são vistas a curto e longo prazo.

2.1.3 Responsabilidade Social Interna

28

Atualmente, a relação das organizações com seus públicos internos não se limitam a

relações trabalhistas de tarefas e salário, há em sua essência vários feitios que transcendem a

própria legislação específica e geram obrigações para com seus colaboradores.

A noção de responsabilidade social enfatiza a necessidade de disseminação de suas

práticas no ambiente interno antes mesmo do externo, constituindo um instrumento de

ampliação das práticas incorporadas, refletindo fora da organização. A priorização do público

interno deve-se, além da consciência necessária a cerca do valor inestimável dos recursos

humanos, ao grande poder que o mesmo tem de transmitir aos clientes o clima organizacional

e sua satisfação ou insatisfação em compor aquele quadro de pessoal, sendo, assim, uma

ferramenta poderosa de formação de imagem no público externo, podendo afetar positiva ou

negativamente o desempenho pretendido pela organização.

“A responsabilidade social interna [...] prioriza o bem-estar de seus funcionários,

procurando fomentar um clima organizacional saudável e promovendo um processo de

comunicação caracterizado pela transparência, além de cumprir as obrigações legais”

(BARROS, 2008, p. 38).

Ampliando esse pensamento, Allen (1958 apud LACOMBE, 2005, p. 16) destaca que

“as pessoas são os únicos elementos diferenciados de uma organização. Pessoas excepcionais

podem fazer funcionar bem uma organização precária. Pessoas desmotivadas ou

incompetentes podem anular a mais perfeita organização”.

As pessoas são, portanto, o ponto basilar de qualquer empresa. Se estimuladas a darem

seu melhor através de incentivos, respeito e reconhecimento, serão o ponto forte da

organização que terá delas muito mais do que esperava, porém sem esses atributos o

colaborador pode tornar-se um empecilho aos planos almejados, por impactar diretamente a

atuação e a idéia formada pelo público externo. Deve-se, também, a esses fatores a grande

necessidade da utilização de práticas pautadas na responsabilidade social.

No âmbito interno da organização tais práticas ressaltam o diálogo e participação,

respeito ao indivíduo e trabalho decente, justificando as ações que são estabelecidas

principalmente perante os colaboradores. O Instituto Ethos (2007, p.?) relata que:

A empresa socialmente responsável não se limita a respeitar os direitos dos trabalhadores, consolidados na legislação trabalhista e nos padrões da OIT (Organização Internacional do Trabalho), ainda que esse seja um pressuposto indispensável. A empresa deve ir além e investir no desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados, bem como na melhoria das condições de trabalho e

no estreitamento de suas relações com os empregados. Também deve estar atenta

29

para o respeito às culturas locais, revelado por um relacionamento ético e responsável com as minorias e instituições que representam seus interesses.

Uma gestão é, pois, apontada como socialmente responsável quando é essencialmente

reconhecida pelo seu público interno, que fazem a empresa e a leva a atingir realmente seus

objetivos. As relações, nessa situação, são de transparências e participações entre ambos,

criando um vinculo social em que o colaborador deixa de ser visto como uma força de

trabalho e passa a ser tratado como membro importante e decisivo para o sucesso

organizacional.

2.2 Motivação Humana

Motivação significa o impulso que uma pessoa tem que a instigue a alcançar um

objetivo específico. Varia de intensidade de pessoa para pessoa, de situação para situação e

até mesmo de tempo para tempo. Conforme alega Robbins (2005, p. 132):

[...] motivação é o resultado da interação do indivíduo com a situação. Obviamente,

as pessoas diferem quanto as suas tendências motivacionais básicas. [...] seu nível

varia tanto entre os indivíduos como em apenas um único indivíduo, dependendo da situação.

Assim sendo, a desmotivação para determinada tarefa não significa ausência de

impulso em uma pessoa, mas divergência quanto às preferências motivacionais, pois o fato de

uma pessoa está desmotivada para a realização de um trabalho específico não significa que a

mesma não tenha motivação para realizá-lo em outra ocasião ou tempo, que esteja mais

conveniado ao seu interesse.

Kast e Rosenzweig (1970 apud CHIAVENATO, 2006) destacam que motivo é fator

impulsionador responsável pelo agir de uma pessoa, de determinada maneira, ou que gera, ao

menos, inclinação a um comportamento específico.

Dessa forma, uma pessoa pode receber estímulos internos ou externos que orientarão

sua ação, incitando a pessoa a operar para alcançar a meta pretendida. A motivação é, pois,

30

grande influenciadora do comportamento humano à medida que rege a direção para qual será

transferido um esforço.

2.2.1 Teorias Motivacionais

A Revolução Industrial mudou drasticamente os métodos de trabalho fazendo surgir,

paulatinamente, em meio à evolução, problemas referentes à adaptação dos colaboradores ao

ritmo veloz do novo cenário industrial. A diferença no rendimento de um colaborador para o

outro dentro de situações idênticas e/ou distintas e alterações comportamentais de

desmotivação refletiam diretamente nos resultados da organização, impulsionando os gestores

a estudar técnicas de motivação que, inicialmente, visavam o lucro da organização, sendo o

bem estar do colaborador tratado como secundário.

“Há pouco tempo, as pessoas eram tratadas como objetos e como recursos produtivos

– quase da mesma forma como se fossem máquinas ou equipamentos de trabalho, como

meros agentes passivos da administração.” (CHIAVENATO, 2006, p.59).

A partir de então pesquisadores ativeram-se a estudar os fatores motivacionais,

fundamentando teorias que explicassem os fenômenos comportamentais que tanto

influenciam o desempenho dos colaboradores e, consequentemente, o fluxo das atividades

organizacionais. Assim, Robbins (2005, p. 132) faz uma menção às antigas teorias

confrontando com as atuais:

[...] Embora sejam hoje muito questionáveis em termos de sua validade, essas teorias

provavelmente ainda são as explicações mais conhecidas sobre motivação dos

trabalhadores. [...] outras explicações mais válidas sobre a motivação foram

elaboradas desde aquela época, mas devemos conhecer as teorias antigas por, pelo

menos, duas razões: (1) elas representam os fundamentos sobre os quais as teorias

modernas se desenvolveram, e (2) alguns executivos ainda utilizam esses conceitos e

sua terminologia para explicar a motivação de seus funcionários.

As inúmeras discussões levantadas a respeito das antigas teorias motivacionais não às

tiram o mérito de terem formulado novas hipóteses sobre os fatores influenciadores do

comportamento humano, revolucionando as técnicas empregadas para o aumento da

produtividade, e de servirem de embasamento para novas teorias.

31

Nesse contexto, dentre tantas teorias motivacionais duas são mais apontadas por

autores devido à fácil leitura e compreensão: Teoria da Hierarquia das Necessidades e a

Teoria de Dois Fatores.

2.2.1.1 Teoria da Hierarquia das Necessidades

Elaborada por Abraham Maslow, a hierarquia das necessidades é a teoria motivacional

mais abordada em livros de administração e tomada por gestores, decorrência da sua lógica

intuitiva que possibilita um simples entendimento aos leitores. Essa teoria é amplamente

reconhecida por executivos da área e considera a hierarquia das necessidades involuntárias e

voluntárias do ser humano decompostas em cinco categorias, sintetizadas em dois grupos –

primárias e secundárias - por ordem de intensidade, conforme figura 1.

Figura 1. Hierarquia das necessidades humanas segundo Maslow.

Fonte: Chiavenato (2006, p. 67)

Cada categoria de necessidade tem um grau de importância e/ou prioridade, enquanto

as necessidades primárias são satisfeitas vão surgindo às secundárias, conforme descreve

Robbins (2005, p. 133):

32

Na medida em que cada uma destas necessidades é atendida, a próxima torna-se dominante. [...] o indivíduo move-se para o topo da hierarquia, apresentada em

forma de pirâmide. Do ponto de vista da motivação, esta teoria sugere que, embora

jamais uma necessidade possa ser satisfeita completamente, uma necessidade

substancialmente satisfeita extingue a motivação. Assim, de acordo com a teoria de

Maslow, para motivar alguém é preciso saber em que nível da hierarquia a pessoa se

encontra no momento e focar a satisfação naquele nível ou no patamar

imediatamente superior.

Mediante a hierarquização demonstrada na figura 1, destaca-se por ordem de

prioridade as necessidades fisiológicas que são os desejos inatos do ser humano, seguidos dos

de segurança que abrange proteção física e emocional; posteriormente encontram-se as

necessidades sociais que incluem sensação de pertencer a um grupo. As de estima referem-se

a respeito, apreço conquistado, e finalmente, as necessidades de auto-realização que significa

alcance do próprio potencial.

Lacombe (2005) expõe sobre a teoria de Maslow que a motivação humana está

intrinsecamente relacionada à busca por sanar as necessidades insatisfeitas, ou seja, as pessoas

não procuram aquilo que elas já têm. Uma necessidade satisfeita não induzirá a um

comportamento, mas as insatisfeitas motivarão o ser humano a uma determinada ação em

busca da satisfação, a partir das quais uma nova necessidade tornar-se-á prioridade, sem,

porém eliminar as demais.

Dessa forma, essa teoria defende que a motivação é guiada pelo surgimento da

necessidade e que a satisfação da mesma, mesmo que temporariamente, leva o indivíduo a

perceber necessidades mais e mais elevadas, motivando-se para saná-las, daí surge o desejo de

ser bem-sucedido inclusive no trabalho na qual, através de estímulos, dará o melhor de si.

Notifica-se, porém que apesar de ser uma teoria basilar, a partir das quais se

formaram muitos outros pensamentos a respeito da motivação humana, positivos ou

contrários, a teoria de Maslow recebeu várias críticas no que se refere a sua validação,

havendo controvérsias quanto a ausência de comprovação científica da mesma que, segundo

Bergamini (2006), foi paradoxalmente à sua irrestrita aceitação, apoiada em proeminências

muito restritas da pesquisa empírica, ocasionando possíveis dualidades entre teoria e prática.

A hierarquia de Maslow foi também contraposta quanto a sua criteriosidade na

sequência das necessidades e a sua reduzida abrangência em termos gerais dos anseios

humanos, já que nem sempre as necessidades seguem um padrão de predominância, ou seja,

algumas perpetuam em prioridade mesmo que o nível da hierarquia já tenha sido transposto,

dependendo de quanto tempo se ateve sem satisfazer a essa necessidade e o apego que se

33

criou por ela. Pode-se surgir ainda carências além das incluídas na pirâmide, conforme alude

“muitos estudos posteriores à divulgação dessa teoria que não há clara evidência de que as

necessidades possam ser classificadas em apenas cinco categorias distintas ou mesmo de que

essas categorias possam estar estruturadas em uma rígida hierarquia especial” (BERGAMINI,

2006, p. 73). Assim, a lógica intuitiva dessa teoria passou a ser contestada pela falta de

cientificidade, mas nem por isso deixou de ser uma das mais notórias teorias da motivação.

2.2.1.2 Teoria dos dois fatores

Criada por Frederick Herzberg, a teoria dos dois fatores baseia-se no ambiente de

trabalho e no próprio trabalho do indivíduo, explicando como a interação entre ambos produz

a motivação. É pautada em dois fatores distintos, nomeados como extrínsecos ou higiênicos e

motivacionais ou intrínsecos, conforme demonstra a figura 2. Enquanto o primeiro refere-se à

perspectiva ambiental utilizados pelas organizações para motivar os colaboradores, o segundo

refere-se ao cargo e ao grau de satisfação que o mesmo está gerando no indivíduo.

Figura 2. Teoria dos dois fatores segundo Herzberg.

Fonte: Maximiano (2010, p. 267)

Lacombe (2005) descreve como fatores externos ou higiênicos os que se referem ao

ambiente de trabalho, fazendo menção a dados como tipo de supervisão, salário, benefício,

Fatores higiênicos

AMBIENTE DE TRABALHO

Fatores motivacionais

CONTEÚDO DO

TRABALHO

34

conforto, status e segurança. Já os fatores motivacionais relacionam-se a aspectos pessoais de

realização no trabalho tidos como responsabilidade, reconhecimento, aumento de

conhecimento, gosto pelo trabalho, sendo considerados, assim, inerentes à pessoa.

Segundo Maximiano (2010, p. 268 – 269) o “ambiente de trabalho produz satisfação

ou insatisfação com o próprio ambiente, mas não motivação para o trabalho”. Enquanto que,

“apenas o trabalho em si e seu conteúdo produzem motivação para o trabalho”. A teoria dos

dois fatores de Herzberg associa os fatores higiênicos à satisfação e os fatores motivacionais a

motivação, afirmando que a motivação é resultado da satisfação ou insatisfação com trabalho

em si e não do ambiente, pois é o trabalho que atenderá às necessidades do indivíduo.

Dessa forma, “para introduzir maior motivação no trabalho, Herzberg propõe o

enriquecimento de tarefas (job enrichment), que consiste em deliberadamente ampliar os

objetivos, responsabilidade e o desafio das tarefas do cargo.” (CHIAVENATO, 2006, p. 70)

Tal teoria afirma, portanto, que o conteúdo do cargo, ou seja, o quanto o mesmo é

favorável para o indivíduo, refletirá na sua motivação, enquanto que o ambiente em geral da

organização, dependendo de suas condições, poderá desmotivar o mesmo, gerando nenhuma

satisfação.

2.2.1.3 Hierarquia das Necessidades X Teoria dos dois Fatores

As teorias de Maslow e de Herzberg são grandes influenciadoras na formação de

pensamento crítico sobre a motivação. Podem ser consideradas como ponto de partida para o

melhor entendimento sobre o comportamento humano, formando opiniões que, favoráveis ou

não, levaram à reflexão e à busca por métodos que melhor estimulam o trabalhador.

Ambas se complementam à medida que relacionam a motivação aos fatores

intrínsecos ao ser humano. A teoria de Maslow prega que o ser humano é motivado pela

necessidade que sente em satisfazer alguma necessidade e que estas são elevadas a partir do

momento em que a anterior já tiver sido satisfeita. Já a teoria de Herzberg afirma que a

motivação está relacionada a o quanto a realização de uma tarefa irá “acrescentar” ou

satisfazer a pessoa.

Contrastando as duas teorias, segundo Maximiano (2010), conclui-se que quanto mais

se chega ao topo da hierarquia maior é a importância dos fatores motivacionais enquanto que

35

Auto-

realização

Estima

Status

Associação

Segurança

Básicas

a base da hierarquia representa a maior importância dos fatores higiênicos. A figura 3

demonstra bem tal definição.

Figura 3: Comparação entre as teorias de Maslow e Herzberg

Fonte: Lacombe (2005)

Silva (2010, p. 29) explica a diferença e relevância dos fatores ao afirmar que:

Os fatores motivacionais são a essência do trabalho em si: a auto-realização, o

reconhecimento, as responsabilidades e o crescimento profissional. Esses fatores

dirigem a satisfação. Diferentemente dos fatores higiênicos que não são suficientes

para motivar os funcionários, mas estes precisam deles para se manter satisfeitos, ou

seja, para pouparem a insatisfação.

Percebe-se, dessa forma, que ambos os fatores tem importância e influencia sobre o

comportamento humano. Em alguns, determinados fatores podem ser mais determinantes, em

outros, menos. O certo é que a motivação em si está dentro de cada pessoa, que sente

estímulos em graus diferentes de outras, como seres diferentes que são, com características e

personalidades distintas, com necessidades intrínsecas. Podendo estes estímulos diferir de

intensidade até mesmo na própria pessoa dependendo da situação e se uma necessidade maior

não persiste naquele momento.

36

2.3 Responsabilidade Social e Motivação Humana

A filosofia da responsabilidade social de orientar a sociedade e as organizações quanto

à importância da utilização de práticas igualitárias, busca sanar qualquer tipo de desequilíbrio,

fazendo as empresas agirem para com os seus públicos, especialmente o interno, de forma

estimulante, reconhecendo o verdadeiro valor do capital intelectual e humano de cada

indivíduo.

Um ambiente que adota práticas sociais estará gerando uma maior valoração do

colaborador consigo mesmo e com o seu rendimento nas atividades. Estará, também, agindo

de forma ética e justa, ou seja, cumprindo com o dever de organização, pois é onde o

colaborador passa boa parte de sua vida, cumprindo com obrigações, devendo, portanto, ser

essencialmente um ambiente de respeito e reconhecimento. Segundo Passos; Leal e Carvalho

(2009):

Quando se trata das pessoas que fazem parte do corpo funcional da organização, os

colaboradores como um todo e seus familiares, a orientação ética consiste em

colocá-los em evidência, independentemente da posição hierárquica que ocupem.

A gestão participativa impetrará o comprometimento do público interno,

proporcionando diversos benefícios. O empregado se sentirá mais estimulado, elevando sua

criatividade, sua moral e consequentemente contribuindo para a redução de índices de

acidentes, refletindo no aumento dos lucros, entre outros.

Chiavenato (2006, p. 18) afirma:

As pessoas são os parceiros da organização e os únicos capazes de conduzi-la a

excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas fazem investimentos na

organização [...] na expectativa de colherem retornos [...]. À medida que o retorno é

bom e sustentável, a tendência certamente será o aumento do investimento.

Concretiza-se, assim, a relação de parceria entre organização e colaborador onde o

grau e a qualidade do produzir dependem das condições físicas, econômicas e, especialmente,

37

sociais ofertadas. Trata-se de fincar laços de respeito e consideração, gerando cumplicidade

no cumprimento de tarefas.

Conforme Ashley (2005, p. 9):

Uma empresa socialmente responsável atrai os melhores profissionais. Uma

pesquisa da You & Company com cerca de 2.000 estudantes norte-americanos de

MBA revelou que mais de 50% deles preferia trabalhar em companhias éticas, mesmo que isso significasse salários menores.

As organizações que trabalham a responsabilidade social atraem não só o público

externo, mas fidelizam a participação do público interno que, em retribuição ao aparato que

recebem, dedicam-se o quanto podem e de forma espontânea, ou seja, motivada na busca pelo

sucesso da organização. Destarte não há como ser socialmente responsável perante os demais

públicos se internamente esses princípios não fazem parte da cultura da empresa.

Percebe-se, dessa forma, que os princípios sociais têm grande importância no estímulo

e motivação dos colaboradores, pois influenciam diretamente no desempenho destes

refletindo, consequentemente, no crescimento da organização.

38

3 METODOLOGIA

3.1 Conceitos de Metodologia

Há uma vastidão de conceitos que relaciona a metodologia, cada um trazendo

particularidades, entretanto todos com o mesmo sentido e objetivo de direcionar os rumos de

uma pesquisa, fornecendo meios para que a mesma aconteça.

O termo metodologia se refere a procedimentos organizados e planejados que buscam

o alcance de um determinado resultado, ou seja, são “as atividades práticas necessárias para a

aquisição dos dados com as quais se desenvolverão os raciocínios que resultarão em cada

parte do trabalho final” (SANTOS 2007, p. 88).

Trata-se, portanto, de meios utilizados para o alcance de objetivos específicos. Pode

ser referenciada como uma ferramenta que emprega validade a trabalhos por norteá-los e

direcioná-los ao âmbito científico. Dessa maneira, “método é um caminho, uma forma, uma

lógica de pensamento” (VERGARA 2007, p. 12).

Segundo Severino (2007) os métodos são procedimentos articulados racionalmente,

aliados ao uso de técnicas funcionais que proporcionam o relacionamento direto com as

causas dos fenômenos.

Dessa forma, percebe-se a importância da seleção correta dos métodos que melhor

colherão as informações a respeito da pesquisa, a fim de estabelecer a metodologia adequada

que permitirá a maximização do conhecimento, desempenhando com eficiência as análises,

possibilitando formar e deixar legados importantes de informações para as futuras pesquisas.

3.2 Caracterização da Pesquisa

Esta pesquisa assumiu diversas características no que tange aos métodos utilizados

para o recolhimento de dados, cada aspecto visou o melhor enquadramento dos objetivos

almejados, buscando entender as influências e os impactos da responsabilidade social na

motivação humana.

39

Quanto à natureza da pesquisa caracterizou-se como em campo, contribuindo

cientificamente na formação de novos conhecimentos relacionados ao tema, possibilitando a

formação de opiniões concretas embasadas em considerações sistemáticas feitas sobre o

assunto, sem, no entanto intervir na prática diretamente.

Sobre a pesquisa de campo Severino (2007, p.123) afirma que:

O objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta de dados é feita

nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente

observados, sem intervenção e manuseio por parte de pesquisador.

Silva (2003, p. 63) reforça ainda que a pesquisa de campo “consiste na coleta direta de

informações no local em que acontecem os fenômenos; é a que se realiza fora do laboratório,

no próprio terreno das ocorrências.”

Quanto à abordagem a pesquisa foi de cunho qualitativa e quantitativa por priorizar

entender a essência, ou seja, o significado da responsabilidade social na motivação humana,

aliado a quantificação dos fatos através de uma visão mais racional sobre a essência

mensuração. Assim a pesquisa quantitativa expressa basicamente uma relação funcional de

causa e efeito medidos como uma função matemática, enquanto que a qualitativa considera

aspectos relativos à condição específica do sujeito (SEVERINO, 2007).

Quanto aos objetivos, a pesquisa define como exploratória, por aproximar o

pesquisador da situação estudada, criando uma maior familiaridade com os fatos, visando

conceber um conhecimento amplo a cerca do assunto. Nesse contexto, “a pesquisa

exploratória busca apenas levantar informações sobre um determinado objeto, delimitando

assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto”

(SEVERINO 2007, p. 123).

Quanto aos procedimentos técnicos, forão feitos estudos de vários casos, ou seja,

multicasos, tratando-se de mais de uma instituição bancária da cidade de Picos - PI. Esse

procedimento permite a formação de um conhecimento aprofundado sobre cada local,

gerando uma melhor compreensão sobre os métodos utilizados em cada um e suas influências.

É, portanto, segundo Silva (2003, p.63), “um estudo que analisa um ou poucos fatos com

profundidade”.

40

Roesch (2006) afirma que “o estudo de caso pode ser único ou múltiplo e a unidade de

análise pode ser um ou mais indivíduos, grupos ou organizações, [...] mesmo quando um ou

mais de um caso for pesquisado a individualidade de cada caso é retida.”

Assim, a pesquisa se utilizou igualmente de fontes primárias e secundárias ou

indiretas, por ter colhido dados na rede bancária da cidade em análise e também pela

utilização de informações que já foram estudados e analisados por autores, para servir de

parâmetro no desenvolver desta pesquisa.

3.3 Delimitação da pesquisa

A pesquisa foi realizada em instituições financeiras, especificamente na rede bancária,

da cidade de Picos-PI. O foco da pesquisa foi entender de que forma as práticas de

responsabilidade social, adotadas pelas instituições bancárias da cidade, influenciam na

motivação humana dos seus colaboradores, visando entender a relação que há entre esses dois

parâmetros, contrastando-os.

Os sujeitos da pesquisa são, portanto, os gestores e colaboradores que compõem o

quadro funcional dos Bancos. A amostra foi colhida conforme o grau de acessibilidade tanto

em relação aos Bancos quanto em relação aos gestores e colaboradores, ou seja, fizeram parte

da amostra apenas os Bancos que aceitaram participar da pesquisa e nestes, os públicos

internos disponíveis, caracterizando-se assim como amostra não-probabilística e por

conveniência. Segundo Vergara (2007) tal método é composto pela seleção de elementos

considerados pelo pesquisador como representativos da população-alvo, requerindo profundo

conhecimento dessa população.

No que se refere à acessibilidade, foram contactados todos os bancos da cidade de

Picos, porém houve dois que se negaram a participar da pesquisa. Assim, das cinco

“bandeiras” que compõem a rede bancária da cidade, a pesquisa envolveu três, que

representam 60% do todo conforme demonstra o gráfico 1.

41

Gráfico 1 – Amostra Pesquisada das Instituições Financeiras de Picos/PI

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Deste modo, a amostra é considerada como satisfatória tendo em vista que abrange

mais da metade das instituições financeiras da cidade e, em cada uma, um quadro estimável

de gestores e colaboradores, possibilitando uma visão específica a respeito do tema, mediante

porcentagens da tabela 1. Vale salientar que por escolha das instituições a identidade das

mesmas será preservada, sendo identificadas apenas como Banco 1, Banco 2 e Banco 3.

Tabela 1: Porcentagem da amostra pesquisada nos Bancos

População

Amostra

% da amostra

Banco 1

7

4

57,14%

Banco 2

34

23

67,65%

Banco 3

18

10

55,56% Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Assim percebe-se que em todos os bancos pesquisados a amostra englobou mais de

50% do corpo de trabalhadores das instituições, correspondendo a mais da metade das

opiniões, atestando pela maioria a veemência nas informações.

42

3.4 Estratégia de coleta de dados e instrumento de pesquisa

Os dados foram coletados mediante aplicação de questionários abertos e fechados,

havendo um planejamento quanto à elaboração buscando englobar e angariar informações as

mais reais possíveis acerca do tema. Severino (2007, p.125) conceitua questionário como um

“conjunto de questões, [...] articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por

parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos

em estudo”.

Para atestar a objetividade das questões foi aplicado, anteriormente à própria pesquisa,

o pré-teste a um determinado grupo de pessoas voluntárias, antecipando possíveis dúvidas,

efetivando dessa forma a veemência das perguntas elaboradas. Ainda segundo Severino

(2007, p. 126), “[...] o questionário deve ser previamente testado (pré-teste), [...] o que

permite ao pesquisador avaliar e, se for o caso, revisá-lo e ajustá-lo”.

Destarte, o questionário predominantemente aberto, nas quais foram especificadas sete

variáveis, foi aplicado aos gestores, objetivando angariar uma maior expressão nas respostas

quanto aos aspectos abordados. Já com os colaboradores priorizou-se o questionário fechado,

com distribuição de quinze variáveis ou perguntas, elaboradas com o objetivo de atestar as

respostas dos gestores, devendo-se a este motivo a escolha pela padronização das respostas.

Ambos os questionários podem ser contemplados nos apêndices A e B.

Ressalta-se, ainda, que a fim de proporcionar às instituições maior confiabilidade

quanto a pesquisa, a visita aos Bancos foi feita mediante apresentação de termo de

compromisso e confidencialidade, conforme observa-se no anexo A.

3.5 Estratégia de tratamento e análise de dados

Os dados foram tratados de forma estatística e não estatística, ou seja, analisados e

descritos de maneira estruturada e comparativa, projetando as interpretações e conclusões

extraídas de autores com a observação ativa do pesquisador, visando ao máximo de

aproveitamento dos dados coletados, representando-os através de porcentagens e/ou reflexões

acerca do tema. Para tal fez-se necessário suporte da informática para elaboração descritiva da

pesquisa, bem como para consultas referentes ao tema.

43

A análise de dados consiste em interpretar e/ou tabular as informações colhidas ao

longo da pesquisa, utilizando-se de instrumentos de explanação que otimizem o entendimento

dos mesmos. “É uma metodologia de tratamento e análise de informações constantes de um

documento [...]. Um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Trata-se de

compreender criticamente o sentido manifesto ou oculto das comunicações” (SEVERINO,

2007, p. 121).

Conforme o objetivo dessa pesquisa que é analisar o grau de utilização das práticas de

responsabilidade social no ambiente interno das instituições e verificar a sua influência na

motivação dos colaboradores, buscou-se ser o mais objetivo possível na coleta de dados a fim

de obter informações fundamentais que satisfizessem e respondessem as indagações surgidas,

possibilitando uma análise eficiente dos elementos pesquisados.

44

4 ANÁLISE DE DADOS

A análise dos dados foi feita por objetivos específicos, contrastando cada um com as

respostas dos gestores e colaboradores. Os dados foram interpretados de forma conjunta,

fazendo-se menção aos que demonstrarem considerável dessemelhança. Para ajudar na análise

foram coletados também dados referentes ao perfil dos gestores e colaboradores em que se

explanam informações sobre sexo, idade, área ou setor e cargo ocupado, e tempo de serviço,

tendo em vista serem dados relevantes para interpretação da pesquisa. Como as respostas dos

gestores podem ser peculiares, ou seja, sofrer influência das políticas de cada instituição

torna-se importante classificá-los de acordo com os respectivos Bancos a que pertencem. O

Quadro 1 faz menção a essa classificação.

Quadro 1: Relação de gestores por Banco.

Banco 1 Gestor 1

Banco 2 Gestor 2 / Gestor 3 / Gestor 4 / Gestor 5

Banco 3 Gestor 6 / Gestor 7 Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Acredita-se dessa forma, que a categorização do Quadro 1, facilita a mensuração e

constatação das afirmativas de cada gestor, mantendo sua relação com os Bancos afins,

criando em cada contextualização, ao englobar os dados colhidos com a classificação do

Banco, uma maior reflexão sobre as respostas e, consequentemente, uma formação de opinião

sobre as políticas que integram as instituições. Para que se alcance esse objetivo faz-se

necessário antes analisar o perfil dos respondentes que engloba tanto os modelos dos Bancos

como o detalhamento dos públicos internos, categorizados como gestores e colaboradores.

4.1 Perfil dos respondentes

45

A pesquisa abrangeu tanto os Bancos da rede privada quanto da pública enriquecendo

ainda mais a coleta por fornecer visões peculiares de suas políticas de ação e atuação a cerca

do tema. Descritivamente, o Banco 1 é uma instituição privada que, devido ao tempo de

atuação na cidade em relação aos demais Bancos, prioriza a formação de uma carteira

considerável de clientes. Dessa forma, conquistar e fidelizar os clientes é, atualmente, seu

maior desafio. Estrutura suas políticas de atuação por um código de ética que normatiza e

designa uma postura responsável para com o meio-ambiente e seus stakeholders.

O Banco 2 é uma sociedade de economia mista, isto é, pessoa jurídica de direito

privado. Trata-se de uma instituição que já atua a muitos anos na cidade e que detem boa

parte dos clientes, sendo nesse sentido de grande referência para a elaboração desse trabalho.

Possui um código de ética onde prioriza uma conduta coerente e transparente para com os

seus diversos stakholders, fazendo parte, em especial, a atenção para com os colaboradores ao

qual estabelecem normas.

O Banco 3, também da rede privada, é referencia em questões como sustentabilidade e

responsabilidade social nas inúmeras campanhas que elabora e apóia, inclusive em

publicidades, sendo visível a sua preocupação em relacionar o nome do Banco à uma conduta

ética e ao cuidado com o ser humano e meio ambiente também presentes em um código de

ética. Assim como o Banco 2, possui um tempo considerável de atuação na cidade e, portanto,

uma carteira já formada de clientes. É, juntamente com os demais Bancos, de grande

importância na realização dessa pesquisa ao possibilitar, com suas histórias, políticas e

atuações inerentes, o alcance do objetivo principal desse trabalho.

No âmbito interno das instituições, o perfil dos gestores e colaboradores é mapeado

mediante variáveis de sexo, idade, área de atuação e tempo de serviço. Assim sendo, no

quadro gerencial sobrepôs o público masculino com 86% na totalidade dos Bancos, atestando

a grande predominância dessa liderança em relação à feminina com apenas 14% de público.

Fato este parcialmente observado no quadro de colaboradores, com 53% de público masculino

e 47% feminino, verificando-se um destaque de funcionários homens, porém, com diferença

percentual pequena, enfatizando a quase igualdade de sexo entre os colaboradores que

compõem as instituições como forma de buscar atender a ambas as necessidades, tendo em

vista o mesmo nível de capacidades existentes. Já na variável idade dos gestores e

colaboradores sobressaíram-se os seguintes resultados gerais expostos na Tabela 2:

46

Tabela 2 – Distribuição do público interno pela variável idade

Faixa Etária

Gestores

Colaboradores

De 18 a 25 anos

0%

40%

De 26 a 31 anos

14%

23%

De 32 a 37 anos

14%

13%

De 38 a 43 anos

29%

4%

Acima de 44 anos

43%

20%

Total:

100%

100%

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Verifica-se na tabela 2 que, para o grau de responsabilidades atribuídas à função de

gestor, as instituições priorizam pessoas com mais experiência (43% dos gestores têm acima

de 44 anos, contra 29% que estão na faixa de 38 a 43 anos, reduzindo a porcentagem nas

escalas de 32 a 37 e 26 a 31 anos com 14% cada intervalo). Provavelmente ascendendo

profissionalmente através da formação de carreira, que requer um desempenho eficiente em

diversas funções anteriores. Quanto aos colaboradores, a tabela 2 demonstra que as

instituições focam um quadro mais jovem (40% estão entre a faixa etária de 18 a 25 anos e

23% entre 26 e 31 anos), gerando uma imagem, estrategicamente, jovial. O menor porcentual

encontra-se na escala entre 38 e 43 anos com 4%, seguido da faixa entre 32 e 37 anos com

13%. Nota-se ainda uma quantidade de 20% acima de 44 anos.

Na variável área ou setor de gerência sobressaíram-se as seguintes posições:

comercial; atendimento; pessoa jurídica; geral; administrativa; e pessoa jurídica. Acredita-se

que as variabilidades na área de gerência suscitaram uma melhor análise quanto à abrangência

das práticas sociais exercidas nas instituições, pelos dados coletados dos representantes de

diversos setores. Ressaltando-se ainda que todos eles afirmaram ser graduados em algum

curso. Quanto ao cargo ocupado pelos colaboradores sobrepuseram-se as opções

de atendente comercial com 40%, seguido de auxiliar administrativo com 37%; estagiário

com 3%; correspondendo ainda 20% a outros cargos que individualmente iriam compor

percentuais pouco representativos. Na variável tempo de serviço dos gestores e colaboradores

nas respectivas áreas apurou-se os resultados da tabela 3.

47

Tabela 3 – Distribuição do público interno pela variável tempo de serviço Tempo de Serviço nas

Respectivas Funções

Gestores

Colaboradores

Menos de 1 ano

14%

7%

Entre 1 e 5 anos

29%

70%

Entre 6 e 15 anos

43%

7%

Entre 16 e 25 anos

14%

16%

Total:

100%

100%

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Nota-se, mediante a tabela 3, o destaque de um tempo de gerência considerado

mediano (43% entre 6 e 15 anos e 29% entre 1 e 5 anos) o que confere às respostas um

considerável grau de conhecimento em relação a experiência obtida na função. Já quanto aos

colaboradores contata-se a predominância de um público novo no que se refere a tempo de

serviço (70% dos colaboradores estão na instituição entre 1 e 5 anos), subtendendo-se que

haja, em certo tempo, uma rotatividade de pessoas a critério dos próprios colaboradores ou da

instituição.

Nas características do perfil encontraram-se possíveis fatores interferentes da

aplicação das práticas sociais, um público de colaboradores novos é muitas vezes mais

flexível às mudanças, geralmente mais exigente no sentido de cobrar condições dignas, éticas

e igualitárias de trabalho, enquanto que os tomadores de decisões mais experientes devem ter

uma maior consciência das atitudes e consequências, podendo ser mais capazes de ofertar as

condições sociais necessárias aos seus públicos internos, principalmente se estivem nessa

posição a mais tempo. Aliado a este fator, há no perfil descrito, possibilidade de estender os

resultados da responsabilidade social na motivação humana.

Finalmente, tendo-se uma base do perfil das instituições, dos gestores e colaboradores,

faz-se necessário adentrar nos objetivos específicos, desmembrados nos próximos tópicos, até

que se forme uma análise conclusiva a cerca do objetivo geral.

4.2 Responsabilidade social na visão dos gestores

48

Está se tornando cada vez mais vital tratar da responsabilidade social no ambiente de

trabalho, não por motivos aparentes como melhorar a imagem da empresa ou seguir uma

corrente que está cada vez maior só para não ficar em posição inferior à concorrência. A

responsabilidade social requer muito mais do que ações voluntárias ou lançar uma campanha

de marketing sobre produtos sustentáveis, esses são apenas aspectos que a mesma apóia,

dentro de princípios éticos. Sem desmerecer as participações isoladas, é necessário antes, que

hajam atitudes enraizadas, pautadas em princípios éticos e, além de tudo, continuadas,

permanentes e mutáveis no sentido de buscar sempre melhorar, ampliar seus alcances e

resultados. “A responsabilidade social relaciona-se com a consciência social e o dever cívico

(...) não é individual. Reflete a ação de uma empresa em prol da cidadania” (BARROS 2008,

p. 37).

É nesse intuito que se torna importante firmar a noção dos princípios da

responsabilidade social na visão dos gestores e nas suas práticas, apesar de este não ser

diretamente o objetivo da pesquisa, mas é significante informar sobre os benefícios de se

aderir a uma ferramenta que só tem a acrescentar às instituições na medida em que orienta

sobre as formas justas de trabalhar, no sentido de defender a igualdade e o cuidado em todos

os aspectos, e molda as ações dos públicos envolvidos, especialmente o interno, para uma

nova forma de “pensar”, “enxergar” e “agir”, todas embasadas em práticas mais sociais.

Assim o primeiro objetivo específico dessa pesquisa prima por identificar o grau de

conhecimento dos gestores das instituições financeiras no que tange as práticas de

responsabilidade social, na qual se obteve as seguintes respostas:

“ São ações voltadas ao planejamento, missão e visão como um todo da instituição,

desenvolver tarefas e criar idéias que possa ajudar o crescimento da instituição”

(Gestor 1).

“É o ato ou forma de procurar alcançar os objetivos, observando e conciliando com

os anseios e necessidades da sociedade em geral” (Gestor 2).

“É um conceito segundo o qual, as empresas decidem numa base voluntária,

contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo”(Gestor 3). “Atitudes voltadas a preservação do meio ambiente” (Gestor 4).

“É a preocupação de se produzir para a geração presente, mas preocupado com a

geração futura” (Gestor 5).

“É uma preocupação não apenas com as empresa, mas com o meio ambiente, com a

comunidade, o Estado, os fornecedores, valendo-se do código de ética aos produtos

e serviços usados ao longo de seus processos produtivos para o bem-estar de todos”

(Gestor 6)

“Ter consciência dos atos praticados para com a sociedade e o meio ambiente no

tocante a preservação, e tomar ações e medidas focadas para o bem estar comum”

(Gestor 7).

49

Percebe-se que a maioria dos gestores tem uma noção básica acerca do conceito da

responsabilidade social uma vez que foi citado por eles termos que remetem a compromisso

para com o crescimento da instituição como um todo, harmonizando este crescimento com o

cuidado para com a sociedade em geral, através de atitudes justas também para com o meio

ambiente e a sustentabilidade, zelando as relações com os seus stakeholders, abrangendo,

neste intuito, o sentido do código de ética a fim de que os resultados dessas relações garantam

o bem estar comum. Ainda na visão de Barros (2008, p. 34) o conceito de responsabilidade

social “incorpora palavras como compromisso, responsabilidade pelo desenvolvimento do

grupo de interessados, proatividade diante de demandas sociais e econômicas e, por fim, está

fundamentada em três pilares: o social, o meio ambiente e seu público interno”.

A maioria dos gestores faz menção a trechos pregados pela responsabilidade social,

cada um focando aspectos ligados a mesma para formar um conceito geral. Diante da

diversidade de suas diretrizes “ressalta-se que responsabilidade social é um conceito em

construção, um novo paradigma, uma nova fórmula de gestão das empresas. É uma decisão

diária de manter suas ações de maneira ética e sustentável” (BARROS 2008, p. 38). Então,

devido à extensão do significado e as constantes evoluções na amplitude das práticas da

responsabilidade social é comum que gestores ainda se apóiem em uma visão parcial a

respeito do tema.

Quando questionados sobre de que forma a prática da responsabilidade social pode

contribuir para um melhor desempenho da instituição, os gestores responderam da seguinte

forma:

“A idéia é construir, gradualmente uma rede de relações íntimas capaz de agregar

um valor diferenciado à instituição e aos seus diversos públicos ao mesmo tempo em

que considera questões relevantes para sociedade e colaboradores” (Gestor 1).

“A instituição passa a ser vista como um membro importante da sociedade, que

contribui para a concretização do presente e formação do futuro” (Gestor 2).

“Mudança de atitude, numa perspectiva de gestão focada na qualidade da relação e

na geração de valor para todos” (Gestor 3). “Preparando a equipe através de cursos, palestras para conscientização da

preservação do meio ambiente” (Gestor 4).

“Ter um compromisso continuo com a qualidade de vida atual e das gerações

futuras” (Gestor 5).

“No momento que a empresa se preocupa com a responsabilidade social ela está

contribuindo para que haja uma natureza preventiva evitando com isso riscos futuros

com impactos ambientais e com isso obter produtos de reflorestamento recicláveis

com menores custos e contribuindo para um país mais sustentável” (Gestor 6).

“As empresas precisam ter responsabilidade social, não apenas por ser uma

tendência de mercado e com isso melhorar a marca de sua imagem, mas devem,

sobretudo, compreenderem como uma solução para os efeitos colaterais do

capitalismo” (Gestor 7).

50

Ser socialmente responsável significa instigar a maneira de agir da empresa de forma

que suas ações sejam calculadas para não afetarem negativamente os diversos públicos alvos

envolvidos. Este zelo nas relações gera laços de cumplicidade que tende a evoluir dentro deste

ciclo. O respeito aos diversos stakeholders pode gerar diversas vantagens como o

melhoramento no desempenho da instituição. Abordar a responsabilidade social pode ser uma

ferramenta de estratégia para as instituições. Martinelli (1997, apud COUTINHO; MACEDO-

SOARES 2002, p. 76) afirma que:

Descobre-se a dimensão estratégica da responsabilidade social, na medida em que

ela possa contribuir para maior competitividade, por implicar um ambiente de

trabalho mais motivador e eficiente, por contribuir para uma imagem institucional positiva e por favorecer o estabelecimento de relacionamentos calcados em maior

comprometimento com seus parceiros de negócio.

Confrontando com a citação, percebe-se na visão do gestor 1 o entendimento sobre a

importância, para um melhor desempenho da instituição, de firmar as relações com os

públicos envolvidos que adicionam valor para instituição, ressaltando cuidado em considerar

questões que fazem diferença para com a sociedade em geral e seus públicos internos. Este

pensamento pode ser complementado e considerado como gerador do aspecto levantado pelo

gestor 2 quando relaciona a formação de imagem positiva a adoção de práticas socialmente

responsáveis e ao levantar a participação da instituição como impactante e formadora do

futuro. Não obstante, o gestor 3 também faz menção a qualidade nas relações, já o gestor 4

sugeri o desenvolvimento de uma consciência ambiental e o gestor 5 reforça a preocupação

com o atual e o futuro. O gestor 6 acrescenta a opinião de utilização de produtos recicláveis o

que, estrategicamente, reforça o apoio a geração de condutas sustentáveis enquanto que reduz

os custos da instituição com matéria prima e, finalmente, o gestor 7 ressalta a importância de

se manter a essência das atitudes socialmente responsáveis a fim de solucionar, ou amenizar,

as conseqüências do capitalismo. Resumidamente, há a noção entre os gestores de que a

responsabilidade social, mesmo que não utilizada pelas instituições com foco estratégico,

pode sim suscitar este fator.

Ainda sobre o objetivo de mensurar o conhecimento dos gestores sobre a

responsabilidade social, sabendo que, antes de exercê-la externamente e para que suas ações

possam ser completas, é necessário que primeiramente se observe as práticas sociais no

ambiente interno, foi-se questionado sobre como a utilização dessas práticas poderia

51

influenciar no comportamento dos colaboradores. Sobre essa indagação conseguiu-se as

seguintes respostas:

“Com relação ao público interno (colaboradores) o grande diferencial é competição

interna, pode-se observar um maior nível motivacional, atração de novos talentos,

criando uma visão compartilhada do negócio” (Gestor 1).

“Tornando-os conscientes de suas responsabilidades sociais” (Gestor 2).

“Com diálogo mais participativo não apenas representando uma mudança

comportamental da empresa, mas também significa maior legitimidade social”

(Gestor 3).

“No momento em que a instituição aplica práticas de responsabilidade social, está

influenciando os colaboradores na importância da conservação e preservação do

meio ambiente” (Gestor 4).

“O funcionário com qualidade de vida, integrado com a comunidade, satisfeito, com

certeza irá estar mais comprometido” (Gestor 5). “Como o Banco tem carreira fechada e investe no funcionário com cursos, isso o

motiva a crescer dentro da empresa. Só no ano de 2010 foram mais de 27 mil

pessoas promovidas. Os colaboradores podem alcançar os mais altos cargos da

organização” (Gestor 6).

“Conscientizando os mesmos para que levem os benefícios à comunidade, para que

preservem os recursos ambientais e culturais para as gerações futuras” (Gestor 7).

A responsabilidade social interna está intrinsecamente relacionada à qualidade de vida

no trabalho, não se trata apenas de exercer os direitos legais dos colaboradores, vai além,

busca igualdade no relacionamento, formação de equipes espontaneamente, um ambiente de

trabalho agradável que instigue a participação e ao diálogo, que reconheça os trabalhos e o

valor do colaborador e que essa consciência possa ser sentida também pelo mesmo. Barros

(2008, p. 40) reforça esse pensamento ao afirmar que:

É imprescindível, em princípio, que [...] se volte para a responsabilidade social

interna, investindo no bem estar de seus funcionários e dependentes, promovendo

um ambiente de trabalho saudável e uma comunicação transparente, justificando os

investimentos dos seus acionistas, garantindo integração com seus parceiros,

assegurando, desta forma, a satisfação de seus clientes e consumidores.

Dados citados pelos gestores como abrir espaço para competição interna, diálogo e

participação, qualidade de vida, integração e satisfação comprova que a maioria dos gestores

tem uma opinião concreta e mostra um pensamento consciente sobre o que significa uma

gestão participativa além da possibilidade desta motivar o colaborador. Ressalta-se ainda que

competição interna, nesse sentido, pode ser subtendida como estimular a participação do

52

colaborador de maneira sadia, visando o crescimento pessoal e profissional aliado ao

desenvolvimento de um espírito empreendedor que respeita a colocação dos companheiros de

trabalho e proporciona maior contato entre os mesmos. Atribui-se, dessa forma, a positividade

à palavra competição, embutindo-a como ferramenta de gestão participativa, tão utilizada nas

instituições financeiras.

Acerca de mensurar o grau de conhecimento dos gestores sobre as práticas da

responsabilidade social conclui-se que há uma opinião formada sobre o assunto e sua

importância para o contexto institucional. Os gestores entendem de aspectos que, ampliados,

podem trazer grandes diferenças para o desempenho da instituição, além das que já devem

estar implantadas. Sabe-se que a maioria dos Bancos, na atualidade, emprega uma parte de

seus esforços a estudar formas de gestões mais socialmente responsáveis e aplicá-las, por

iniciativa e também por exigência da sociedade em geral. A partir dessa afirmação pretende-

se agora analisar a abrangência de tais práticas no ambiente das instituições.

4.3 Abrangência das práticas de responsabilidade social nas instituições financeiras

Neste objetivo buscou-se verificar a utilização e o alcance das práticas sociais no

ambiente interno das instituições. Para tal foram feitas perguntas aos gestores e aos

colaboradores quanto à existência e experiência dessas práticas, a fim de concluir se

realmente a responsabilidade social está sendo aplicada em sua essência.

Destarte foi indagado aos gestores se as referidas instituições aplicavam as práticas de

responsabilidade social no ambiente interno, ou seja, no tratamento para com os seus

colaboradores. Sendo afirmativa a resposta, solicitou-se que eles explicassem de que maneira.

Obteve-se as seguintes respostas:

“Sim. Reconhecimento das ações promovidas pelos seus colaboradores,

incentivando e apoiando idéias geradas por seus funcionários divulgando as que

foram implantadas na instituição” (Gestor 1).

“Sim. Desde o respeito às leis, como a implementação de um código de conduta

ética que deve ser seguido por seus colaboradores tanto no ambiente interno como

no ambiente externo” (Gestor 2).

“Sim, por meio das modernas tecnologias da informação da comunicação tem

sujeitado a atividade empresarial e econômica a uma maior transparência” (Gestor3).

“Sim, uma prática de responsabilidade social no ambiente interno foi o uso de papel

reciclável” (Gestor 4).

53

“O Banco possui vários programas de qualidade de vida no trabalho, voluntariados, etc.” (Gestor 5).

“Sim, o Banco é uma das 100 empresas mais sustentáveis para o planeta. Quanto à

gestão de pessoas o Banco privilegia e incentiva a carreira e a valorização dos

funcionários, oferecendo a possibilidade de ascensão dos funcionários. O Banco

acredita no ser humano e também em sua capacidade de promover o crescimento

sustentado para as pessoas e para o mundo” (Gestor 6).

“Sim, com uma relação ética em todas suas ações, políticas e práticas, sejam elas

com o seu público interno e externo, e envolve uma gestão empresarial mais

transparente” (Gestor 7).

Todos os gestores afirmaram que os respectivos Bancos ao qual fazem parte trabalham

a responsabilidade social no ambiente interno. Nas explicações percebe-se que os gestores

mantêm a mesma linha de raciocínio das outras perguntas, ou seja, cada um enxerga as

práticas sociais sobre um ângulo. Compreende-se, pelo que foi citado, a existência de atitudes

sociais internas nas instituições, tendo em vista que os gestores individuais e os que

pertencem a mesma instituição se complementam em suas afirmações e que as mesmas fazem

menção a aspectos impulsionados pelos princípios sociais como reconhecimento, incentivo e

apoio, observância às leis, conduta ética, transparência nas informações, uso consciente dos

recursos, programas de qualidade de vida, voluntariados, incentivo a formação de carreira,

valorização e ascensão dos funcionários.

Os aspectos citados remetem ao tema da qualidade de vida no trabalho gerando uma

relação direta com as práticas da responsabilidade social no momento em que lista uma série

de programas relacionados ao apoio ao colaborador. Para um melhor entendimento,

Maximiano (2010) relaciona quatro categorias de práticas administrativas orientadas para a

qualidade de vida no trabalho com os seus respectivos indicadores específicos nas quais são:

organizacional (tratamento ético, planos de carreira igualitários, clareza das políticas e

procedimentos); social (investimento em educação formal, atividades culturais e esportivas);

psicológicas (valorização do funcionário, apoio, desafio); e biológica (controle acidentes de

trabalho, conforto físico e eliminação da insalubridade). Nota-se, através do recesso das

categorias administrativas, que práticas socialmente responsáveis tratam também de criar e

gerar qualidade de vida no ambiente da instituição visando o bem estar do colaborador.

Com o intuito de confirmar as afirmativas dos gestores, questionou-se aos

colaboradores se a utilização das práticas de responsabilidade social é observada nas

instituições. Sobre os aspectos gerais o resultado é explanado no gráfico 2 seguinte:

54

Gráfico 2 - Utilização das práticas sociais pelas instituições financeiras

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

O gráfico 2 demonstra, na visão dos colaboradores, que a incidência das práticas

sociais, no sentido geral, está presente nos três Bancos de forma majoritária com uma média

geral de 73,33% de afirmação, atestando as opiniões dos gestores quanto ao conhecimento

dessas práticas. Já a abrangência das práticas sociais no ambiente interno é retratada no

gráfico 3.

Gráfico 3 - Utilização das práticas sociais no ambiente interno

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Os colaboradores foram maioria ao afirmarem a utilização das práticas sociais no

ambiente interno nos Bancos 1 e 3 com um total de 66,67% e 87,50% respectivamente, o que

55

reforça a resposta dos gestores sobre esse aspecto. Já no Banco 2 na maior parte das respostas

há a predominância de dualidade (52,63% às vezes), ou seja, transparece o entendimento de

que o Banco utiliza sim estas práticas no ambiente interno, mas às vezes, em determinadas

ocasiões. É importante destacar que para a responsabilidade social agir em sua essência é

necessário que sua utilização seja coerente com os princípios que a mesma prega, não há

efetividade se for utilizada somente em determinadas ocasiões ou se mesmo em situações

iguais houver variação, conforme fortifica Martins (2010, p. 38-39):

Cabe (...) explicitar que nem todas as empresas exercem, em sua plenitude, a

responsabilidade social, pois algumas são mais eficazes e atuantes em apenas uma

das dimensões. (...) Portanto, para uma organização exercer, em sua plenitude, a RSE [Responsabilidade Social Empresarial] é necessário abranger todas as

dimensões da responsabilidade social e que estejam interligadas (...).

Adicionalmente, Chiavenato (2006, p. 483) é contundente ao fazer a colocação de que

“uma mesma atividade organizacional pode ser socialmente responsável em dado momento

dentro de um conjunto de circunstâncias culturais, sociais etc., e socialmente irresponsável em

outro momento, lugar e circunstâncias”. Torna-se implícita a observância que se deve dar à

amplitude das práticas sociais para que o impacto de uma ação mal coordenada ou a falta de

uma ação necessária não anule e/ou desmereça outra que teve a intenção social. Sobre essas

colocações, faz-se necessário, a fim de se construir um posicionamento mais conciso em

relação à pesquisa, analisar questões que evoquem o tema da responsabilidade social de

maneira indireta como forma de mensurar efetivamente a compreensão dos gestores e

colaboradores a cerca do assunto.

Neste sentido, ainda no intuito de ratificar a aplicação das práticas sociais no ambiente

interno das instituições questionou-se aos gestores sobre quais métodos a instituição adota

para reconhecer e valorizar o trabalho de um colaborador. As respostas foram:

“A empresa possui programa de incentivo ao colaborador através de metas

distribuídas onde a agência e colaborador destaque recebem promoções. Métodos

são que as idéias geradas pelos colaboradores são analisadas e escolhidas à melhor

idéia e colocada em prática” (Gestor 1).

“São diversas a formas de reconhecimento e/ou valorização, sendo que a mais

contundente é a promoção” (Gestor 2).

“O exercício de responsabilidade social se dá com a capacitação profissional dos

membros da comunidade e empregados da empresa” (Gestor 3).

56

“Palestras, seminários voltados a importância do exercício da cidadania com responsabilidade social” (Gestor 4).

“Através de premiações, tais como viagens, brindes etc., como também através de

promoções” (Gestor 5).

“Com a PL (participação nos lucros); premiação nos programas de objetivos com

viagens com acompanhantes além do troféu de reconhecimento” (Gestor 6).

“A conduta ética, participação nas ações comunitárias da região e o

comprometimento com suas ações” (Gestor 7).

Sobre o reconhecimento e valoração do colaborador os métodos que se sobressaíram

na opinião dos gestores foram a promoção, investimento às melhores idéias, capacitação

profissional, premiações, participação nos lucros e conduta ética. Reverberando a idéia de que

“qualquer que seja a sua fonte, as atividades de relações com funcionários buscam estabelecer

comunicação direta de duas vias para proporcionar assistência mútua e envolvimento”, insere-

se a conclusiva de que o reconhecimento e valoração do trabalho motivarão o colaborador em

suas tarefas e em novas criações, devolvendo a organização investimentos psicológicos e

financeiros. (CHIAVENATO, 1999, p.351)

Para o alcance desse objetivo as instituições podem estabelecer programas de

incentivo que recompensa e instiga o colaborador. Chiavenato (1999) relaciona o programa de

sugestões para estimular a participação dos colaboradores através de idéias, recompensando

aqueles que fornecerem as que gerem melhores resultados; programa de reconhecimento que

consiste em premiar, de várias formas, os grupos ou colaboradores que deram uma

contribuição extraordinária à organização; e, programas e assistência ao empregado que visa

dar suporte ao colaborador que passa por problemas pessoais capaz de afetar seu desempenho.

No intuito de evidenciar vantagens nos métodos aplicados nas instituições,

concomitantemente os colaboradores replicaram sobre o quesito de reconhecimento pela

instituição dos trabalhos bem-feitos mediante gráfico 4.

Gráfico 4 – Reconhecimento dos trabalhos bem-feitos

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

57

Evidencia-se no Banco 2 que as respostas negativas igualam-se às afirmativas em

termos de porcentagem (15,79% cada alternativa), prevalecendo porém o meio termo com

68,42%, acendendo-se questionamentos sobre a efetividade dos métodos utilizados pelos

gestores no reconhecimento e valoração dos colaboradores: ou estes métodos estão obsoletos

para o alcance desse objetivo ou não se está dando a ênfase necessária para que toquem no

sentimento do colaborador. Na dimensão dessas hipóteses qualquer atitude em termos de

valoração do trabalho está sendo ineficiente por não conseguir convencer ao menos a maioria.

Diferentemente, os Bancos 1 e 2 demonstram, pela porcentagem geral de 90,91% de

afirmação, conseguir resultados mais ativos com os métodos que utilizam.

Depois de analisar o relacionamento instituição e colaborador, surgiu a necessidade,

para melhor compreender o estimulo às práticas sociais, de avaliar também os

relacionamentos entre colaboradores. Questionou-se, portanto, aos gestores de que forma a

instituição favorece o desenvolvimento de relacionamentos de amizade e equipe entre os

colaboradores. Apurou-se as seguintes explanações:

“Através de palestras e reuniões em equipe, a instituição possui uma rede social

interna na qual são trocadas idéias e discutida em reuniões, fazendo com que o

trabalho do dia a dia se torne produtivo” (Gestor 1).

“A empresa acredita que um relacionamento de cordialidade/amizade além de

melhorar o ambiente, promove o bem estar dentro da instituição, assim sendo esta

prática é incentivada por todos os canais possíveis (palestras, jornais, intranet, etc.)”

(Gestor 2).

“Por meio de conversação e troca de experiências entre gestores e colaboradores”

(Gestor 3).

“O relacionamento entre equipe e colaboradores é de responsabilidade da ECOA

(Equipe de funcionários responsáveis pelo desenvolvimento de práticas voltadas a integração dos funcionários)” (Gestor 4).

“Através de confraternizações, reuniões periódicas” (Gestor 5).

“Através de atividades de voluntariado; participação em cursos com vários

funcionários em outros estados do país; através das premiações que ocorrem com

milhares de funcionários” (Gestor 6).

“Conduzindo os seus negócios de tal maneira que tornem parceiros e responsáveis

pelo desenvolvimento social, todos envolvidos” (Gestor 7).

Estimular o trabalho em equipe é uma atitude suscitadora de impressões positivas nos

colaboradores por ter o poder de gerar sentimentos de participação, companheirismo, vínculos

de amizades, além da percepção de compor a um grupo, ou seja, de ter uma importância e um

papel a desempenhar nele, entrelaçando responsabilidades que designa comprometimento

com as tarefas e vincula a sua contribuição ao alcance dos objetivos da equipe. Emana a

lógica de que “as pessoas são seres sociais, que não podem sobreviver sem convivência. Por

58

necessidade de aceitação, ou por receio de rejeição, as pessoas agem e trabalham dentro dos

padrões criados e respeitados pelos colegas” (MAXIMIANO, 2010, p. 260). Evidentemente,

estes relacionamentos dão suporte à motivação dos colaboradores justamente por abrolhar

sensações de estima.

Nesse contexto, os gestores fazem referência a algumas práticas utilizadas nas

instituições para formação de equipes e amizades aos quais são: palestras e reuniões em

equipe, jornais e intranet, conversação, confraternizações, atividades de voluntariado e

formação de parceria; firmando o entendimento de que as mesmas despendem atenção ao uso

de métodos que visem este propósito. Assim, a fim de se fazer um nexo com o pensamento

dos gestores e verificar a veemência das instituições no incentivo aos trabalhos em equipe,

questionou-se aos colaboradores sobre a existência desses estímulos, ao qual se obteve as

repostas contidas no gráfico 5.

Gráfico 5 – Incentivo ao trabalho em equipe

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Seguindo a mesma linha das respostas anteriores, os colaboradores dos Bancos 1 e 3

foram unânimes nas afirmativas (100% responderam positivamente nas duas instituições)

reforçando as respostas dos gestores sobre o incentivo da instituição ao trabalho em equipe. Já

no Banco 2 prevaleceram as respostas intermediárias, isto é, o entendimento de que 68,42%

dos colaboradores só sentem esta motivação às vezes. Subtendendo-se que talvez o foco dessa

instituição seja a competição individual ou, ao menos, é assim que a maioria dos

colaboradores demonstra sentimento em relação à posição do Banco quanto ao trabalho em

equipe.

59

Objetivando complementar o pensamento da questão anterior, perguntou-se também

aos colaboradores sobre o estímulo do Banco ao desenvolvimento de relacionamentos de

amizade na instituição. O gráfico 6 retrata os resultados colhidos.

Gráfico 6 – Incentivo às relações de amizade

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Os colaboradores do Banco 1 mantiveram-se estáveis nas respostas positivas, 100%

atestam que a instituição apóia o desenvolvimento de amizades, o que, complementado com

os resultados do Gráfico 5, faz-se imaginar que há o constructo de um ambiente saudável em

termos de propiciar espírito de equipe e considerações de amizade, fluindo de forma

espontânea mas dentro dos padrões de respeito que a instituição deve englobar, fortalecendo

ainda o que foi mencionado pelo Gestor 1 de que “a instituição possui uma rede social interna

na qual são trocadas idéias e discutida em reuniões, fazendo com que o trabalho do dia a dia

se torne produtivo”.

Nos Bancos 2 e 3, apesar de distribuídas, sobressaíram-se as respostas positivas com

57,89% no primeiro e 75% no segundo. Ao Banco 3 segue-se a mesma linha de raciocínio do

Banco 1 já que em comparação ao Gráfico 5 também prevaleceu a afirmação. Já no Banco 2,

os colaboradores, em contraste com o resultado apurado quanto ao trabalho em equipe,

sentem-se incentivados em desenvolverem laços de amizade na instituição, o que gera a

hipótese de que, diferentemente das demais instituições, há a separação entre os pensamentos

de equipe e amizade, fortalecendo a argumentação de que talvez a instituição não tenha

interesse direto no trabalho em equipe, mas sim de gerar uma competição individual, porém

que, mesmo neste intuito, haja considerações de amizade entre os colaboradores.

60

Partindo para a questão da ética, transparência e ambiente saudável, indagou-se aos

colaboradores se a instituição transmite de forma clara as suas prioridades e objetivos; se a

ética e transparência é observada em todas as operações e transações; se também é observada

nos relacionamentos com os colaboradores; e, finalmente, se há uma preocupação da

instituição em melhorar as condições físicas visando um ambiente de trabalho mais saudável.

A todas essas indagações apurou-se respostas predominantemente afirmativas, nas quais as

porcentagens são, respectivamente a cada pergunta e banco, distribuídas na tabela 4.

Tabela 4 – Predominância dos quesitos socialmente responsáveis

Quesitos

% das Respostas

Banco 1 Banco 2 Banco 3

1. Transparência nas informações

100%

afirmativas

73,68% afirmativas

26,32% às vezes

100% afirmativas

2. Ética e transparência nas

operações e transações

100%

afirmativas

73,68% afirmativas

26,32% às vezes

87,50% afirmativas

12,50% às vezes

3. Ética e transparência nas relações

internas

100%

afirmativas

52,63% afirmativas

47,37% às vezes

75% afirmativas

25% às vezes

4. Melhoramento das condições

físicas de trabalho

100%

afirmativas

52,63% afirmativas

42,10% às vezes

5,27% negativas

75% afirmativas

25% às vezes

Total das respostas em cada quesito:

100%

100%

100%

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Percebe-se na tabela 4 que, mediante o conceito dos colaboradores, as referidas

instituições têm preocupação no que tange a ética e transparência tanto nas informações que

repassam, quanto nas suas operações e transações, englobando ainda o relacionamento

interno; observando-se, conforme já foi citada, a essencialidade de se adotar uma postura

correta e clara em todos os âmbitos e de forma integrada, ou seja, que a continuidade dessas

práticas seja mantida, abrangendo a todas as causas para que assim a responsabilidade social

seja exercida em plenitude. Justificando ainda esse pensamento, Melo Neto e Froes (2004, p.

27) alude que “as ações de responsabilidade social exigem periodicidade, método e

sistematização e, principalmente, gerenciamento efetivo por parte das empresas cidadãs”.

Levando-se em consideração essa interligação das práticas sociais, a mesma

positividade se obteve nas respostas referentes à busca por um ambiente de trabalho mais

saudável, enfatizando que, assim como nos demais quesitos da tabela 4, e além da

61

unanimidade dos respondentes do Banco 1, houve mais de 50% de afirmação nos Bancos 2 e

3. Assim, constata-se a observância nos três Bancos em melhorar as condições físicas de

trabalho para o colaborador. Segundo Barros (2008, p. 61):

[...] a empresa pode oferecer um ambiente seguro e saudável, com a minimização de

acidentes e riscos, não só devido aos custos decorrentes destes ou aos impactos nas

relações de trabalho, mas por ter o compromisso de zelar pelo bem estar do indivíduo.

Assim, fica evidente que a iniciativa do melhoramento das condições físicas de

trabalho deve ser objetivada por motivos superiores aos técnicos ou básico, isto é, que além de

prevenir riscos e custos patenteiem essencialmente o respeito ao bem estar do colaborador. Ao

se levar em conta a essência que deve rodear as atitudes, todas elas terão o valor legitimado da

responsabilidade social, por, inicialmente, apostarem no sentido dessas práticas e crerem que

uma ação de plena consideração pode fazer grandes diferenças no âmbito institucional.

Almejando concluir a mensuração das práticas sociais nas instituições financeiras e,

mediante todo o grau de conhecimento alcançado com as questões correspondentes,

perguntou-se finalmente aos colaboradores se os mesmos se sentiam valorizados pela

instituição. Mediante o gráfico 7 agrupou-se as respostas:

Gráfico 7 – Valorização do colaborador

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

62

Através da explanação do gráfico 7, todos os colaboradores do Banco 1 (100%)

confirmaram sentir valorização por parte da instituição; no Banco 2 apenas 10,53% dos

colaboradores corresponderam ao sentimento de valorização contra 15,79% que não

reconheceram essa atitude por parte da instituição, destacando-se mesmo os 73,68% que

confirmam só sentirem-se valorizados às vezes; já no Banco 3, apesar da incidência de

12,50% (às vezes) dos colaboradores terem alegado não sentir a valorização por parte da

instituição sempre, a maioria (87,50%) estão de acordo com a afirmação. Analiticamente o

Banco 2 é onde se percebe o maior índice de descontentamento, deixando a transparecer que

talvez a instituição não tenha ainda percebido a importância, para um bom funcionamento e

rendimento dos colaboradores, de valorizar o trabalho e o papel fundamental de cada pessoa

como ser humano único e capaz de lutar em prol do desenvolvimento da instituição

simplesmente por afeição a essa “segunda família”.

Valorizar o colaborador é admitir os atributos que o mesmo possui como formadores

de diferenciais para empresa. Levando-se em conta que cada pessoa é dotada de

características peculiares e que por esse motivo pode ofertar diversas contribuições para as

instituições é que o capital humano tornou-se o principal recurso a ser administrado, tendo em

vista que, em detrimento dos demais, as instituições se formam e são formadas por pessoas e

que as mesmas carregam em suas ações o poder tanto de construir quanto de desfazer a

imagem e toda uma instituição. Dessa forma, “[...] o parceiro mais íntimo da organização é o

empregado: aquele que está dentro dela e que lhe dá vida e dinamismo”, e é seguindo o

sentido da significância do capital social para a manutenção e crescimento das instituições que

muitas delas têm atentado para a valorização do colaborador. (CHIAVENATO, 1999, p. 7)

Por fim, pôde-se perceber neste objetivo a abrangência das práticas de

responsabilidade social através de ações citadas pelos gestores e confirmadas pelos

colaboradores. Admitiu-se nos níveis de afirmações que as práticas utilizadas, dentro dos

quesitos analisados, agregam de alguma forma valor aos colaboradores, em algumas

instituições mais do que em outras, estimulando-os. Porém, há ainda no Banco 2

predominância de brechas da não satisfação, erguendo a reflexão de que talvez as práticas

sociais não estão tendo o direcionamento ou a intensidade devida e que essas dificuldades de

adequação e distribuição talvez possam ser explicadas pelo tamanho da instituição ou por

outros fatores básicos relativos a sua estrutura. O fato é que pelo tempo de existência no

mercado já poderia ter atentado mais para esses detalhes tão importantes e impactantes no

desempenho dos colaboradores e da instituição.

63

As respostas colhidas sobre o termo de valorização geram uma reflexão sobre os

fatores motivadores desse sentimento, demonstrando a necessidade de se analisar também

traços que remetem ao tema da motivação e verificar a sua predominância nos colaboradores

a fim de melhor visualizar os aspectos influenciadores desse comportamento.

4.4 Grau de motivação dos colaboradores das instituições financeiras

Devido à grande inerência da motivação faz-se imperioso a busca constante de novos

métodos de estímulo. O ser humano, movido por necessidades, eleva suas exigências à

medida que satisfaz a algum desejo eminentemente inferior. De tal modo, a invariabilidade,

até mesmo na intensidade do almejar, deve impulsionar a uma maior preparação por parte dos

gestores a fim de utilizar os mecanismos que verdadeiramente estimulem um comportamento

satisfatório e, no tempo certo.

Percebe-se que “o interesse do trabalho em si mesmo parece estar associado, por um

lado, ao grau de correspondência entre as exigências do trabalho e, por outro lado, ao

conjunto de valores, de interesses e de competências do indivíduo” (MORIN, 2001, p.16).

Sobre esta ótica analisou-se junto aos colaboradores a motivação, relacionando-a a aspectos

de responsabilidade das instituições, e considerados como impulsionadores de interesse pelo

trabalho, demonstrado através do grau de satisfação exposto na tabela 5:

Tabela 5 – Características da motivação

Perguntas

% das Respostas

Banco 1 Banco 2 Banco 3

1. Considera a instituição um bom

lugar para trabalhar?

Sim: 100%

Sim: 63,16%

Às vezes: 36,84%

Sim: 100%

2. Sente-se seguro (a) em dizer o que

pensa?

Sim: 100%

Sim: 52,63%

Às vezes: 31,58%

Não: 15,79%

Sim: 50%

Às vezes: 50%

3. O salário tem atendido às suas

expectativas?

Sim: 66,67%

Às vezes: 33,33%

Sim: 10,53%

Às vezes: 57,89%

Não: 31,58%

Sim: 75%

Às vezes: 25%

Total das respostas em cada pergunta:

100%

100%

100%

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

64

Mediante a tabela 5 foram questionadas características da motivação referentes ao

clima organizacional, segurança em se expressar e salário. Os colaboradores do Banco 1, em

uma escala de negativa (não) à afirmativa (sim), mostraram-se totalmente satisfeitos (100% de

afirmação) quanto ao trabalho na instituição e a livre expressão; no quesito salário, apesar de

não ser unânime, a maioria (66,67%) afirma que satisfaz às suas expectativas. No Banco 2 em

nenhuma das respostas houve unanimidade, porém em relação às perguntas 1 e 2 mais da

metade dos colaboradores (63,16% e 52,63% respectivamente) optaram pela afirmação,

prevalecendo com 57,89% na questão 3 a opção de que somente “às vezes” o salário tem

atendido às expectativas dos colaboradores, esta opção não significa uma total negação assim

como também não é uma total afirmação, subtendendo-se assim que nem sempre os

colaboradores estão satisfeitos com os salários recebidos, aspirando a uma recompensa maior

por parte da instituição em relação ao trabalho que exigi, portanto esta ferramenta de

motivação não está surtindo para o Banco 2 o efeito esperado na medida em que deixa

brechas de não satisfação.

Os 100% dos colaboradores do Banco 3 apostam na instituição como um bom lugar

para trabalhar, porém subdividem-se em relação a sentirem-se seguros em dizer o que pensam

com 50% de afirmação e 50% de “às vezes” gerando uma duplicidade de pensamentos ao se

contrastar com o quesito anterior, na medida em que acreditam trabalhar em um bom lugar e,

metade desses colaboradores, demonstram não encontrar espaço para se expressar ou não se

sentir estimulados no espaço que há. Boa parte dos colaboradores (75%) gosta do salário por

acreditar que atende as suas expectativas.

Sinteticamente, o Banco 1 resguarda os direitos dos colaboradores de se sentir bem

onde trabalha, de ter liberdade de expressão e de ser recompensado pelos seus esforços, em

contrapartida recebe dos mesmos dedicação, participação e satisfação, ou seja, motivação para

o trabalho e maior contribuição com a instituição que tanto os valoriza. O Banco 2, assim

como em muitos outros quesitos, é distribuído em suas respostas e mesmos os índices de

afirmação são longes da unanimidade o que faz gerar reflexões sobre uma possível

ineficiência dos métodos motivacionais utilizados. O Banco 3, gera uma incógnita entre um

ambiente agradável porém que desperta apenas na metade de seus colaboradores a segurança

em se expressar, subtendendo-se que talvez a outra metade dos colaboradores não incluam a

livre expressão como um termo necessário por uma questão de “cultura organizacional” em

simplesmente obedecer às ordens.

Observa-se, assim, a discrepância que há entre os critérios: salário, segurança em se

expressar e considerar a instituição um bom lugar para trabalhar. Típico dos traços

65

motivacionais, por não satisfazer totalmente a todos e por alguns aspectos satisfazerem em

maior intensidade que outros. Não existe um padrão de aceitação, assim como não dá para

satisfazer a todos sempre, já que as necessidades e anseios são intrínsecos a cada pessoa.

Talvez abrir espaço e estimular o diálogo possa contribuir bastante para entender essa

variabilidade e chegar a um protótipo que satisfaça a maioria no nível de necessidade em que

esteja. É importante que as instituições criem laços de afetividade para com os seus

colaboradores, enfatizando mais uma vez, o critério da valorização que é responsável pela a

formação de estima e resulta em um maior comprometimento para com a realização das

tarefas, ampliando o desejo de fazer parte da organização. Morin (2001, p.16) complementa:

O prazer e o sentimento de realização que podem ser obtidos na execução de tarefas

dão um sentido ao trabalho. A execução de tarefas permite exercer seus talentos e

suas competências, resolver problemas, fazer novas experiências, aprender novas

competências, resumindo, realizar-se, atualizar seu potencial e aumentar sua

autonomia. [...] O interesse do trabalho também resulta das possibilidades de

desenvolver sua autonomia e perceber seu senso de responsabilidades. [...] isso tem

uma influência direta não somente no desenvolvimento da autonomia pessoal, mas

também na motivação.

Assim, dentre tantos outros critérios, as instituições devem prioritariamente criar um

ambiente de trabalho que instigue o colaborador a querer estar nele todos os dias.

“Empregados com forte comprometimento afetivo permanecem na organização, porque eles

querem; aqueles com comprometimento instrumental permanecem, porque eles precisam”

(MEYER, ALLEN, & SMITH, 1993, p. 3 apud MACIEL e CAMARGO, 2011, p. 436).

Em contrapartida às perguntas da tabela 6 questionou-se também aos colaboradores se

o significado do trabalho para eles é basicamente cumprir com as obrigações. O gráfico 8

revela o resultado.

Gráfico 8 – Significado do trabalho

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

66

Conforme a explanação do gráfico 8, a maioria dos colaboradores (66,67%) do Banco

1 enfatizam que às vezes trabalham somente para cumprir com as obrigações o que denota um

certo dissabor quanto ao significado dos tarefas. No Banco 2 e no Banco 3 prevaleceram com

63,16% e 62,50% respectivamente a opção de que o trabalho não é basicamente cumprir com

as obrigações, havendo portanto outros motivos que impactam no estímulo de trabalhar.

Como em diversas questões anteriores em relação às formas de trabalho,

reconhecimentos ofertados aos colaboradores e a como os mesmos se sentiam perante as

instituições as respostas, especialmente no Banco 2, demonstraram certa insatisfação, chegou-

se a prever que talvez o trabalho, diante dessa situação, teria sim o significado restrito de

apenas cumprir com as obrigações, porém o que se percebeu através do gráfico 12 é que os

colaboradores em sua maioria gostam do que fazem e dão um sentido bem maior do que um

árduo dever, o que já é um grande passo para a conciliação das lacunas existentes a fim de se

criar um ambiente de trabalho estimável e desejável, que plante nos colaboradores gestos de

respeito, valorização e cuidado para que as instituições possam finalmente colher

compromisso, estímulo e cuidado também, afinal ambos são vias de mão dupla em que se dá e

se recebe na mesma quantidade e intensidade, ocorrendo “[...] um gradual retorno do trabalho

dos empregados (maior produtividade por trabalhador) que se dá em razão de um maior

compromisso e motivação dos trabalhadores a partir de melhores condições de trabalho [...].”

Felix (2003, p. 22 apud BARROS, 2008, p. 20).

4.5 A influência das práticas sociais na motivação dos colaboradores

Sabe-se que a responsabilidade social prega meios de trabalhos justos, em condições

saudáveis e de pleno respeito ao ser humano e às suas necessidades, através de políticas de

direitos igualitários. Sabe-se também que sua abrangência vai muito além do que se possa

pautar em uma pesquisa, tamanha é a quantidade de elementos que a mesma busca

compreender a fim de criar valores e padrões socialmente responsáveis extensivos às várias

esferas sociais, culturais, políticas e ambientais e enraizá-los nas atitudes do dia a dia das

organizações e sociedade em geral.

Nota-se, portanto que as políticas da responsabilidade social só têm a acrescentar e

melhorar seja em qual for o seu âmbito de atuação. Sendo o foco dessa pesquisa o âmbito

interno das instituições, ou seja, o seu impacto na motivação dos colaboradores, e diante de

67

tudo o que foi exposto sobre as práticas sociais percebe-se que pelo bem pregado pelas

mesmas e pelas ações que estimula, é fato que se trata de uma ferramenta de motivação dos

colaboradores pelo cuidado que estabelece às instituições a terem para com os mesmos.

Diante de todos os dados analisados é fato que as instituições trabalham a

responsabilidade social de alguma forma. Resta apenas analisar se as mesmas estão cientes

dessa relação direta entre a responsabilidade social e a motivação humana e de que forma as

práticas sociais utilizadas influenciam na motivação dos colaboradores. Quanto ao primeiro

questionamento a tabela 6 retrata o pensamento dos gestores e colaboradores.

Tabela 6 – Responsabilidade social como ferramenta de motivação

Você considera que a utilização das práticas de

responsabilidade social pela instituição é uma

forma de motivar os colaboradores?

% das Respostas

Gestores

Colaboradores

Banco 1

100% sim

100% sim

Banco 2

100% sim

68% sim

26% às vezes

6% não

Banco 3

100% sim

75% sim

25% às vezes

Total das respostas em cada Banco:

100%

100%

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Percebe-se através da tabela 6 que há uma unanimidade entre os gestores dos três

Bancos (100% de afirmação) em acreditar que a responsabilidade social é uma ferramenta de

motivação para os colaboradores, já em relação aos colaboradores não se obteve a mesma

unanimidade, mas foram maioria em afirmar tais práticas como motivacionais com 100%;

68,42% e 75% de afirmação nos Bancos 1; 2 e 3 respectivamente. As afirmativas dos gestores

são um grande passo para a disseminação cada vez mais dos princípios sociais nas

instituições, contribuindo para a formação de um ambiente coerente com a ética e

transparência nas relações, facilitando ainda a conscientização desses valores pelos

colaboradores.

Para analisar o segundo questionamento sobre de que forma as práticas sociais

utilizadas nas instituições influenciam na motivação dos colaboradores faz-se necessário um

68

retrocesso às questões anteriores focando agora a apreciação sobre o âmbito da motivação. Os

gestores relataram práticas de responsabilidade social que podem influenciar no

comportamento dos colaboradores e quais os meios utilizados pelas instituições para se

alcançar os objetivos da gestão participativa. O quadro 2 faz menção a estes relatos.

Quadro 2 - Inter-relação da responsabilidade social e motivação

Fonte: Dados da pesquisa, maio de 2011

Mediante o quadro 2 percebe-se que os valores apoiados pela responsabilidade social e

resumidos em termos de gestão participativa pelos gestores dos Bancos 1, 2 e 3 apregoam um

sentido especial a forma de gerenciar. A visão compartilhada do negócio, por exemplo,

possibilita que os objetivos, inclusive a missão e visão da instituição, sejam internalizados

também pelos colaboradores instigando a uma maior participação nas decisões da empresa e a

sensação de fazer parte não só do exercício das tarefas, mas de poder expor pontos de vista, de

ter sua opinião tratada como importante e levada a diante, gerando, portanto motivação. É um

Responsabilidade social

interna

Práticas sociais geradoras de motivação

Gestão participativa na visão dos

gestores

Visão compartilhada do negócio;

Diálogo mais participativo;

Programas de qualidade de vida no trabalho;

Mais comprometimento;

Capacitação profissional;

Reconhecimento das ações promovidas pelos colaboradores

Incentivo e apoio às idéias;

Incentivo a carreira;

Valorização dos funcionários;

Conscientização sobre a importância da conservação e preservação do meio ambiente e dos recursos ambientais e

culturais para as gerações futuras;

Respeito às leis;

Implementação de um código de conduta ética;

Modernas tecnologias da informação geradoras de comunicação;

Maior transparência;

Uso de papel reciclável;

Programas de voluntariados;

Acreditar no ser humano e em suas capacidades;

Ética em todas as ações, políticas e práticas.

Meios

Promoções; palestras; seminários; premiações; cursos; participação nos lucros; reuniões em equipe e periódicas;

jornais, intranet; conversação e troca de experiências;

confraternizações; atividades de voluntariado.

69

grande passo para gerar nos colaboradores o espírito de participação e o interesse pelo

trabalho, além da contribuição que o setor estratégico da instituição terá ao se aproximar mais

de uma visão concreta sobre determinadas situações, vividas apenas por quem trabalha no

front office da empresa, ou seja, quem tem maior contato com os clientes. “Para isso, a

empresa como um todo, da gerência aos colaboradores, deve estar alinhada e motivada, pois o

profissionalismo é fundamental na relação entre cliente e empresa” (QUADRO, 2007, p. 35).

Assim, um colaborador satisfeito e motivado com a instituição terá um maior

comprometimento suscitando contribuições que vão além das exigidas no exercício das

tarefas básicas.

Ressaltando ainda sobre participação, um dos gestores frisou as modernas tecnologias

da informação como geradoras de comunicação pelas possibilidades que as mesmas têm de

estimularem a troca de conhecimento através de seus sistemas e programas de interação. Em

um ambiente institucional cada vez mais informatizado essas são formas de estimular o

contato dos colaboradores, tão imprescindíveis para a motivação.

Outro aspecto demonstrado pelos gestores como prática social geradora da motivação

no quadro 2 trata-se dos programas de qualidade de vida no trabalho, importante ferramenta

para o exercício de um ambiente mais saudável e seguro para todos que o compõe. Estes

programas têm a vantagem de alcançar paralelamente um elevado nível motivacional nos

colaboradores justamente por proporcionarem segurança e condições íntegras de trabalho,

aspectos básicos e ao mesmo tempo essenciais na formação de um ambiente institucional

benéfico.

O interesse da instituição pela capacitação profissional do colaborador; o

reconhecimento das ações promovidas pelos colaboradores; o incentivo e apoio às idéias;

incentivo à carreira; e, resumidamente, a valorização dos funcionários também denotam uma

aposta nas capacidades do ser humano sendo também uma ferramenta de motivação, por tocar

no prestígio sentido pelo colaborador ao se investir diretamente em seu crescimento e no

resultado de suas ações.

Conforme o quadro 2, os gestores também citam como práticas motivadoras a

conscientização dos colaboradores sobre a importância da conservação e preservação do meio

ambiente e dos recursos ambientais e culturais para as gerações futuras. A sustentabilidade

também está infiltrada na responsabilidade social, pois retrata o respaldo com as gerações

futuras, cria o pensamento e o dever em se utilizar com cautela os recursos para que não

faltem no presente nem no futuro. Uma instituição sustentável passa a imagem de

responsabilidade aos seus colaboradores, gerando neles confiança e motivação em sentir que

70

de alguma forma também estão contribuindo com a preservação do meio ambiente. O uso de

papel reciclável citado por um dos gestores é uma forma de atestar as práticas sociais, de

confirmar que a empresa tem esses valores e os transformam em atitudes.

Os programas de voluntariados, apesar de serem práticas esporádicas, também geram

nos colaboradores a reflexão sobre o cuidado e a vontade da instituição em melhorar

determinadas situações, refletindo positivamente nos mesmos o desejo de fazer parte de um

ambiente que pensa também nos outros. “Ademais, o grau de comprometimento do

funcionário poderia ser elevado ao perceber que está construindo algo de dimensão maior que

a mera contrapartida financeira” (GUIMARÃES, 2009, p. 56).

Para tanto, “[...] é necessário não enxergar o trabalho voluntário ou as ações sociais

desenvolvidas pela empresa como mais um modismo e, sim, como uma prática instituída e

reconhecida, seja pelo corpo gerencial, seja pelo corpo funcional” (KARAWEJCZYK , 2004,

p. 435 apud GUIMARÃES, 2009, p. 56 ).

Assim, para ser eficazes, especialmente no que se refere à motivação, toda ação social

deve primar o respeito às leis, ou seja, deve ser corretamente embasada a fim de gerar os

efeitos esperados. Neste sentido também caberia como ferramenta de norteamento a

implementação de um código de conduta ética, também citado pelos gestores no quadro 2,

que esclareceria e direcionaria às ações corretas, repassando transparência aos colaboradores

e, deste modo, motivando-os a trabalhar em uma instituição coerente. O ponto forte do código

de ética e que instigue o interesse dos colaboradores é justamente o “exemplo de postura ética

e responsável dado pelo próprio líder, no qual os funcionários se espelham, além da existência

de exemplos do passado que sustentam o código” (QUEIROZ, 2005, p. 100 apud

GUIMARÃES 2009, p.38).

Destarte, para implementar um conceito socialmente responsável nas ações dos

colaboradores e, sobretudo, que estas práticas também tenham um fundo motivacional, é

necessário que as instituições utilizem-se de meios, ou seja, formas ou métodos que instiguem

tal comportamento. Dessa forma, no quadro 2 encontram-se, mediante relato dos gestores, os

meios utilizados nas instituições para o alcance desse objetivo, nos quais ressaltam-se as

promoções entendidas como uma forma de abrir espaço para o crescimento pessoal, sendo

além de uma prática social justa, uma forma de acender o estímulo ao melhor desempenho

nos colaboradores; palestras, seminários e cursos que atendem a necessidade de capacitação

profissional e também são práticas sociais por investir no ser humano ampliando seus

conhecimentos, motivando-os; as premiações podem ser interpretadas como formas de

incentivos e motivação; a participação nos lucros gera direitos para os colaboradores e um

71

maior vínculo, incitando a querer está sempre mais ligado às instituições; as reuniões em

equipe e periódicas que resgatam a conversação e troca de experiências tratam de manter uma

relação de respeito para com a opinião do colaborador que ao ter liberdade de expressão

contribuirá muito mais com opiniões ricas a respeito de variadas situações e

concomitantemente se sentirá mais valorizado; jornais, intranet, confraternizações e atividades

de voluntariado também são meios sociais que podem levantar reflexões e motivações nos

colaboradores.

Percebe-se através desses meios que as instituições têm uma preocupação tanto com a

responsabilidade social quanto com a motivação, dessa forma, mesmo em determinados

pontos de ausência ou de pouca satisfação dos colaboradores verificado ao longo das análises

feitas especialmente no Banco 2, pôde-se constatar também que de alguma forma há uma

ligação vinculando os relacionamentos Banco x colaborador, como pode até ser averiguado no

gráfico 12 que ressalta o significado do trabalho basicamente como obrigação, e nas quais

surpreendentemente no Banco 2 sobressaiu-se a negação, atestando que de alguma forma o

trabalho é muito mais que um mero cumprimento de tarefas; enquanto que no Banco 1, com

resultados basicamente positivos em todos os outros aspectos referentes à instituição, neste

quesito admiravelmente sobressaiu-se a opção do trabalho como obrigação, subtendendo-se

que as práticas sociais estão motivando os colaboradores em determinados pontos, como nos

que foram pesquisados, mas deixa brechas ainda na formação de um significado mais sólido

do trabalho em si. Já no Banco 3, diferentemente dos demais, manteve-se a coerência quanto

ao pensamento e satisfação dos colaboradores. Assim, diante da questão do significado do

trabalho levantada para atestar os resultados das demais questões, chega-se a conclusão de

que as instituições trabalham sim as práticas sociais, tem consciência dos impactos dessas

práticas na motivação dos colaboradores e utiliza-se de meios para estimular o colaborador,

porém toda a contradição levantada pela questão da significância gera a reflexão de que

talvez, em algumas instituições, não esteja se dando a ênfase necessária a essas práticas, ou se

está dando importância apenas a meios superficiais que tocam de alguma forma na motivação

dos colaboradores, mas não o suficiente para que o resultado fosse mais positivo, por

exemplo, no Banco 2.

Assim, todas as práticas sociais embutidas na gestão participativa e citadas pelos

gestores no quadro 2 são geradoras e consequências da motivação, na medida em que ao se

formar um ambiente mais transparente, participativo e social as ações involuntariamente se

direcionam a estimular o colaborador que, ao mesmo tempo, sentindo-se motivado gerará e/ou

manterá também este ambiente transparente, participativo e social simplesmente com as

72

próprias atitudes motivadas. Percebe-se então que um ambiente socialmente responsável leva

à motivação e a mesma devolve e/ou mantêm esse ambiente através de uma força igual e

contrária, trata-se da lógica de que o ser humano responde igualmente ao que recebe, se

estimulado dará surpreendentes contribuições, porém a recíproca também é verdadeira em

situações de descaso.

73

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mercado cada vez mais exigente e competitivo requer das organizações constantes

adaptações a fim de evitar a estagnação e se manter em meio à concorrência possivelmente

mais preparada. Nesse sentido, a diferenciação das organizações se dará não apenas por

atitudes estratégicas isoladas, mas também por aderir a uma nova forma de gestão mais

socialmente responsável, tendo em vista que os diversos stakeholders envolvidos priorizam as

empresas que trabalham o respaldo para com os seus públicos internos, meio ambiente e

sociedade em geral.

Dessa forma, a responsabilidade social é comprovadamente uma ferramenta de grande

retorno às instituições. As suas políticas apaziguadoras têm cada vez mais fortalecido as

organizações como um todo. No âmbito institucional pode ser utilizada com diversos focos e

ainda assim surtir efeitos positivos em outras direções, como é o caso da responsabilidade

social interna ou gestão participativa que foca práticas de trabalho geradoras de bem estar nos

colaboradores e, consequentemente, motiva-os mediante uma nova forma de trabalhar

acrescida de valores embasados no respeito e no respaldo.

A motivação é intrínseca e variável, gerada a partir do desejo de se satisfazer uma

necessidade. Como cada pessoa possui traços característicos, o nível motivacional varia de

acordo com o grau de necessidade de cada um, até que se chegue ao ápice das realizações e

seja preciso buscar novos meios de motivar. É por estes aspectos que se torna tão importante o

cuidado contínuo com as práticas motivacionais a fim de que surtam efeitos precisos.

A responsabilidade social interna tem o papel de criar um ambiente de trabalho justo,

igualitário, saudável e que valoriza o colaborador e suas capacidades. É, portanto,

alternativamente e consequentemente uma ferramenta de motivação por embutir nas pessoas

práticas e sentimentos de conduta ética. Torna-se mais prático, nesse sentido, vincular os

benefícios de uma gestão participativa que agrega valor nas instituições para com os seus

diversos públicos, especialmente o interno.

A presente pesquisa gerou diversas reflexões sobre a abrangência das práticas sociais

nas instituições pesquisadas e seus efeitos na motivação humana. Percebeu-se que não basta

utilizar métodos socialmente responsáveis isolados, é necessário internalizar suas finalidades

nos colaboradores e verificar constantemente se estão sendo utilizados de forma eficiente,

embasados em seus reais valores e de forma interligada com as demais práticas das

instituições, a fim de gerar os resultados esperados. Notou-se também que muitos

74

colaboradores que não compuseram a maioria das respostas têm anseio de melhoras ou de

reafirmação das práticas utilizadas pelas instituições, reforçando o pensamento de que não

basta utilizar meios sociais, tem que ser de forma adequada, constante e interligada para que

não gere possíveis brechas de insatisfação ou descrença.

O nível motivacional, como esperado, teve algumas variações reacendendo as

afirmações anteriores sobre o cuidado com a eficácia na utilização das práticas sociais.

Destarte, sobre uma visão geral, concluiu-se que as instituições têm como grande vantagem o

fato de que boa parte dos colaboradores respondentes vê o trabalho não apenas como

obrigação, subtendendo-se a existência de um motivo especial como gosto pelo que faz. Este

fato é um grande passo para que a instituição trabalhe aspectos que não geram os efeitos

aguardados, inclusive a motivação.

Pode-se finalmente resumir todo o poder das ações sociais estudadas que visam

alcançar a motivação em uma só frase colhida na íntegra de um dos gestores: “Acreditar no

ser humano e em suas capacidades”. Crer nas capacidades humanas é o fator primordial para

se buscar métodos motivacionais que induzam ao melhor potencial de cada um; é também um

meio de fazer com que o colaborador sinta transparência e veracidade em cada ação movida

pela instituição no sentido de motivar. É preciso, portanto, inicialmente crer nos

colaboradores e em suas capacidades para que toda atitude social seja concreta o bastante a

ponto de tocar em seu alvo principal, o ser humano.

Sucintamente, a pesquisa teve algumas limitações quanto à abrangência do campo

analisado devido a negação de dois Bancos em participarem do trabalho, porém como na

totalidade de cinco Bancos os três que aceitaram participar representam 60% da amostra,

inseriu-se uma maior efetividade nos resultados alcançados. Outra limitação deveu-se a

impossibilidade, por questões próprias das instituições, de se questionar todos os membros

que compõe o quadro de gestores e colaboradores, mas, assim como no quesito anterior,

colheu-se mais da metade da população, alcançando-se consideráveis análises.

Assim, pelos vários conhecimentos possibilitados adicionalmente ao objetivo geral

dessa pesquisa, que foi analisar a influência das práticas de responsabilidade social adotadas

pelas instituições financeiras da cidade de Picos – PI na motivação de seus colaboradores,

acredita-se que este trabalho traz várias contribuições para a área de Administração por

agregar novas informações sobre o tema, sugerindo-se assim a utilização do mesmo na

realização de futuras pesquisas.

75

REFERÊNCIAS

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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 8. ed.

São Paulo: Atlas, 2007.

78

APÊNDICES

79

APÊNDICE A – Roteiro de questionário aplicado aos gestores

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS

CURSO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

Caro (a) Gestor (a),

Este questionário faz parte de uma pesquisa sobre Responsabilidade Social e Motivação Humana, do curso de bacharelado em Administração da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Peço a sua colaboração ao respondê-

lo, observando que o sigilo das respostas será mantido e você não será identificado na pesquisa.

Muito Obrigada!

Roteiro de Questionário Gestores

I – Instruções de preenchimento: 1. Não escreva seu nome no formulário.

2. Use de toda a sinceridade ao responder às perguntas.

3. Preencha o campo referente aos dados pessoais e profissionais.

4. Em seguida, responda as questões referentes à avaliação do gestor.

II – Perfil do Gestor

1. Qual o seu sexo? ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Qual a sua idade? ________________________

3. Qual área ou setor você gerencia na instituição? _____________________________

4. Há quanto tempo você ocupa esse cargo na instituição? _________________________

III – Avaliação do gestor

1. O que você entende por responsabilidade social?

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

2. Em sua opinião, de que forma a prática de responsabilidade social pode contribuir para um melhor

desempenho da instituição?

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

80

3. A instituição aplica as práticas de responsabilidade social no ambiente interno, ou seja, no tratamento para com os seus colaboradores? Se sim, de que maneira?

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

4. Como a utilização das práticas de responsabilidade social, especialmente no ambiente interno da instituição,

podem influenciar no comportamento dos colaboradores?

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

5. Quais métodos a instituição adota para reconhecer e valorizar o trabalho de um colaborador?

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

6. De que forma a instituição favorece o desenvolvimento de relacionamentos de amizade e equipe entre os

colaboradores?

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

7. Resumidamente, você acredita que a responsabilidade social é uma ferramenta de motivação para os

colaboradores?

( ) Sim ( ) Não

81

APÊNDICE B – Roteiro de questionário aplicado aos colaboradores.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS

CURSO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

Caro (a) Colaborador (a),

Este questionário faz parte de uma pesquisa sobre Responsabilidade Social e Motivação Humana, do curso de

bacharelado em Administração da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Peço a sua colaboração ao respondê-lo,

observando que o sigilo das respostas será mantido e você não será identificado na pesquisa.

Muito Obrigada!

Questionário de Avaliação dos Colaboradores

I – Instruções de preenchimento:

1. Não escreva seu nome no formulário.

2. Use de toda a sinceridade ao responder às perguntas.

3. Preencha o campo referente aos dados pessoais e profissionais.

4. Em seguida, assinale com X a coluna correspondente à sua resposta.

II – Perfil do Colaborador

1. Qual o seu sexo? ( ) Feminino ( ) Masculino

2. Qual a sua idade? ________________________

3. Qual cargo você ocupa na instituição? ___________________________

4. Há quanto tempo trabalha na instituição? _________________________

III – Avaliação do Colaborador

Legenda: 1 – Não 2 – Às vezes 3 - Sim

Estratégias Avaliadas

1 2 3

1. A instituição transmite de forma clara as suas prioridades e objetivos?

2. Você considera a instituição um bom lugar para trabalhar?

3. Sente-se seguro em dizer o pensa?

4. A instituição reconhece os trabalhos bem-feitos?

5. A instituição incentiva o trabalho em equipe?

6. Você se sente valorizado pela instituição?

7. O significado do trabalho para você é basicamente cumprir com as obrigações?

8. A instituição se preocupa em melhorar as condições físicas visando um ambiente de

trabalho mais saudável para o colaborador?

82

9. O salário tem atendido às suas expectativas?

10. O ambiente da instituição favorece o desenvolvimento de relacionamentos de amizade

entre colegas?

11. A instituição preocupa-se em disseminar a ética e a transparência em todas as suas operações e transações?

12. É preocupação da instituição, disseminar a ética e a transparência em seu relacionamento

com os colaboradores?

13. A utilização das práticas de responsabilidade social é observada na instituição?

14. Há o cuidado da instituição em empregar essas práticas de responsabilidade social no ambiente interno?

15. Você considera que a utilização das práticas de responsabilidade social no ambiente

interno feito por uma instituição é uma forma de motivar os colaboradores?

Legenda: 1 – Não 2 – Às vezes 3 - Sim

83

ANEXO

84

ANEXO A – Termo de Compromisso e Confidencialidade

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS

Rua Cícero Eduardo S/N - Bairro Junco - 64.600-000 - Picos - PI

Fone (89) 3422-4389 – Fax (89) 3422-4826

Termo de Compromisso e Confidencialidade

Título do estudo: “A influência das práticas de responsabilidade social adotadas por instituições

financeiras da cidade de Picos - PI na motivação de seus colaboradores”

Pesquisador responsável: Raquel Araújo Borges Gonçalves

Professora Orientadora: Elvia Florêncio Torres, Msc. em Engenharia de Produção.

Instituição/Departamento: Universidade Federal do Piauí - Campus Senador Helvídio Nunes de

Barros-Picos. Curso de Administração.

Telefone para contato: (89) 9988-3800; 3422-2651.

Local da coleta de dados: Instituições Financeiras na cidade de Picos - PI.

Prezado (a) Senhor (a):

O presente questionário é parte integrante do Trabalho de Conclusão de Curso- TCC, que tem

como objetivo identificar a influência das práticas de responsabilidade social na motivação dos

colaboradores.

A análise destes resultados servirá como base para realização do referido estudo e pretende

contribuir para o maior conhecimento sobre o tema abordado.

O Sr. (Sra.) está sendo convidado (a) a responder às perguntas deste questionário de forma

totalmente voluntária. As informações fornecidas terão total sigilo e sua privacidade garantida pela

pesquisadora responsável. Em nenhum momento desta pesquisa sua identidade será revelada.

Sua participação é imprescindível para o sucesso da pesquisa.

Agradeço sua contribuição.

Picos,____ de ________ de 2011.

____________________________

Pesquisadora Responsável

Matrícula: 06J61373