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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE BIOCIENCIAS CB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA Respostas ecológicas e morfológicas de Portunoidea da Plataforma continental rasa Sudeste brasileiraCarlos Eduardo Rocha Duarte Alencar Orientador: Prof. Dr. Fúlvio Aurélio de Moraes Freire Natal - RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE BIOCIENCIAS – CB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

“Respostas ecológicas e morfológicas de Portunoidea da

Plataforma continental rasa Sudeste brasileira”

Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar

Orientador: Prof. Dr. Fúlvio Aurélio de Moraes Freire

Natal - RN

2015

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“Respostas ecológicas e morfológicas de Portunoidea da Plataforma

continental rasa Sudeste brasileira”

Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar

Mestre em Ecologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Tese, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ecologia – PPGE

– da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – para o

exame de defesa para obtenção de título em nível de Doutorado.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof. Dr. Fúlvio Aurélio de Moraes Freire – Presidente da banca e Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_________________________________________________________

Prof. Dr. Adilson Fransozo – Membro externo e Co-orientador

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquista Filho” – UNESP/Botucatu

_________________________________________________________

Prof. Dr. Marcelo Antônio Amaro Pinheiro – Membro externo

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquista Filho” – UNESP/São Vicente

_________________________________________________________

Prof. Dr. Maria Lúcia Negreiros-Fransozo – Membro externo

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquista Filho” – UNESP/Botucatu

_________________________________________________________

Prof. Dr. Allysson Pontes Pinheiro – Membro externo

Universidade Regional do Cariri – URCA

Natal - RN

2015

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências

Alencar, Carlos Eduardo Rocha Duarte.

Respostas ecológicas e morfológicas de Portunoidea da plataforma continental rasa Sudeste brasileira

/ Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar. – Natal, RN, 2015.

216 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Fúlvio Aurélio de Moraes Freire

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa

de Pós-Graduação em Ecologia.

1. Assoreamento. – Tese. 2. Área de proteção marinha. – Tese. 3. Recursos pesqueiros. – Tese. I.

Freire, Fúlvio Aurélio de Moraes. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 627.157

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Agradecimentos Á Deus por continuar abrindo portas em meu progresso acadêmico

Ao Prof. Orientador Fúlvio A. M. Freire pela atenção, preocupação, supervisão e

amizade. Obrigado por toda ajuda prestada, pela confiança na execução do trabalho e

honestidade para findar todos os passos da minha formação acadêmica, incluindo as

conversas, discussões, tomadas de decisão e cuidado com meu futuro acadêmico.

Agradeço também por ofertar a possibilidade de executar plenamente todas as funções

possíveis de um profissional acadêmico, desde as monitorias e aplicações de provas até

as participações em projetos paralelos a esta Tese, passando pelo processo de

elaboração de manuscritos científicos e indicações de participação em bancas de

monografias. A quatro anos atrás, quando recém formado Mestre em Ecologia o desejo

era fazer o possível para apresentar o meu melhor, me enquadrando na máxima da

relação mestre-pupilo. Hoje, concluindo esta importante etapa acadêmica, vejo que todo

esforço originou um novo adjetivo a relação orientador-orientado. Um amigo e parceiro

de trabalho! Um grande abraço!

Ao Prof. Co-orientador Adilson Fransozo pela oportunidade única, pela confiança, pela

preocupação com minha formação pessoal e profissional e, amizade. Agradeço

primeiramente pelo convite em trabalhar com os dados da presente Tese e, pela parceria

de trabalho estabelecida que originou inéstimavel intercâmbio de aprendizado. Sem

dúvida, após conhecer e trabalhar com você, meu entendimento sob o que é a ciência e

sua importância me deram fôlego adicional para sempre querer mais e ofertar sempre o

melhor que um cientista pode eferecer ao seu trabalho.

À Fundação para o desenvolvimento da UNESP (FUNDUNESP #287/88DFP),

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP #1998/31134-6

e #2008/53495-9) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq #401908/88.7/ZO) pelos auxílios financeiros concedidos a

realização das coletas de dados dos dois períodos temporais analisados nesta Tese.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Ministério da

Pesca (CNPq/MPA 407046/2012-7) e a Sociedade Brasileira de Carcinologia (SBC

2012-1) pelo fomento parcial neste manuscrito, aos quais auxiliaram na coleta de dados

no litoral do Rio Grande do Norte para as análises morfométricas geométricas.

À Coordenação de Aperfeicoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela

bolsa de estudos concedida durante todo o período do Doutorado.

Ao Grupo de Estudos em Ecologia e Fisiologia de Animais Aquáticos (GEEFAA) e

ao Núcleo de Estudos em Biologia, Ecologia e Cultivo de Crustáceos (NEBECC) por

toda a infraestrutura e materiais disponibilizados.

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Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

(IBAMA) e à Polícia Florestal, pela concessão da licença utilizada para a obtenção do

material biológico.

Ao Instituto de Pesca de São Paulo (IP-SP) pelos dados de pesca de siri-azul

fornecidos, atenção aos questionamentos deste doutorando e, presteza e prontidão dos

funcionários.

Aos Profs. Drs. Fernando L.M. Mantelatto, Marcelo A.A. Pinheiro, e Sandro

Santos, e (em memória) ao pescador Mané Bié, os quais trabalharam juntamente com o

Prof. Dr. Adilson Fransozo e a Profa. Dra. Maria Lúcia Negreiros Fransozo na obtenção

do material referente ao período de 1988/1989. Meu muito obrigado também ao

pescador Djalma Rosa (Passarinho), e seu auxiliar “Zé Preto”, pela competência e

dedicação durante as coletas efetuadas no período de 2008/2009.

Ao programa de Pós-graduação em Ecologia, ao Departamento de Biologia e

Zoologia (DBEZ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Universidade

Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ (UNESP) e todos os seus funcionários

pelos auxílios de todas as naturezas possíveis.

Aos Professores Doutores André Amado Megali, Adrian Garda, Ronaldo Angelini e

Fúlvio Freire pelos essenciais comentários e sugestões na elaboração do projeto de

pesquisa. Aos Professores Doutores Ana Carolina Luchiari, Aline Augusto Aguiar e

Fúlvio Freire pelos conselhos, sugestões, críticas e correções norteadores na Banca de

qualificação. Aos Professores Doutores Wagner Molina, Gabriel Côrrea Costa,

Sérgio Maia Lima e Ricardo Amaral pelas conversas, convivência de trabalho e

comentários durante a elaboração da Tese.

Aos Professores Doutores Fúlvio Freire, Adilson Fransozo, Maria Lúcia Negreiros

Fransozo, Ana Carolina Luchiari, Allysson Pinheiro, Wagner Molina, Liana

Mendes, Sérgio Lima, Alexander Román Ferreira pelas parcerias de trabalho.

Aos Professores Doutores Allysson Pinheiro, Marcelo A. A. Pinheiro, Adilson

Fransozo, Maria Lúcia Negreiros Fransozo e Fúlvio Freire pela disponibilidade de

vir a Natal para a Defesa de Tese.

A Profa. Dra. Maria Lúcia Negreiros Fransozo pela delicadeza e prontidão em sempre

estar disponível a ajudar, a contribuir. Um exemplo de profissional ao qual sempre

busco inspiração em momentos diversos do progresso acadêmico.

Aos mestres Ana Luísa Moreira, Felipe Torquato, Israel Frameschi, Rafaela Torres

Pereira, Paloma Lima, Milena Wolff e aos doutores Paulo Augusto Lima Filho e

Emmanoela Ferreira pelas parcerias de trabalho.

Aos integrantes do GEEFFA sob orientação do Prof. Fúlvio Freire: Paulo Victor

Araújo (The man... the legend... the Mith!, também conhecido como „Eu sou a lenda‟,

ou simplesmente „A lenda‟), Sávio Arcanjo Moraes (vulgo: Boquinha de Mizera),

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Vanessa Guerra Brito (Vanvan), Valéria Vale (Val, ou „Miss Boquinha‟), Alex

Barbosa (lelex), Daniele Soares (Dani)... e os recém chegados, Riane Carvalho, e

Jamilly Costa. Muito obrigado pela amizade, respeito, confiança, convivência, pelas

conversas, pelos desabafos de um pós-graduando, pelos enjôos matinais nos barcos

(„facesofdeath.gif‟) e parcerias de trabalho!

Aos integrantes do NEBECC sob orientação dos Professores Adilson Fransozo e Maria

Lúcia Negreiros-Fransozo: Israel Frameschi, Luciana Segura Andrade e Thiago

Silva. Muito obrigado pelas conversas, pelo intercâmbio profissional, pela amizade,

confiança e respeito.

Aos integrantes do recém inaugurado Laboratório de Fauna Aquática: Roney Paiva,

Waldir Miron, Luciano Neto, Mateus Germano, Márcio Joaquim Silva e Telton

Ramos. Muito obrigado pela CUR-TI-ÇÃO! As coletas e trabalhos de laboratórios não

seriam tão divertidos e superáveis sem a presença de vocês! Muito obrigado pela

convivência, pelas conversas „jogadas fora‟, pelos hits de trabalho e pelas parcerias!

Ao Professor Paulo Victor Araújo pela amizade de longa data, parceria de trabalho e

auxílio logístico nas análises geotecnológicas da Tese.

A Professora Ariádne Almeida pela amizade e ajuda nas análises e cálculos dos dados

de sedimentologia.

Ao Professor Pedro Peres Neto pelos essenciais comentários na elaboração da rotina no

software R e posterior interpretação da Análise Paralela.

Aos Professores Humber Andrade e Paul Kinas pelos comentários na elaboração de

rotinas no software R e posterior interpretação em análises inferenciais Bayesianas.

Aos amigos biológos de graduação que ainda continuam compartilhando comigo esta

aventura épica da formação acadêmica: Renato Barbosa (Zezo), Maria Cecília (Ceci),

Guilherme (Gui) e Dandara (Dand).

A minha família (já eram muitos... e agora com adições!): aos primos e primas, tios e

tias, agregados, avó e mãe!

A minha amiga e colega profissional Caroline Gabriela. Uma parceira inestimável,

principalmente nos momentos cruciais e desafiadores desta Tese.

Aos amigos que deixei em cada canto desse Brasil e que sempre mandam vibrações

positivas, torcem e celebram comigo em cada conquista minha.

Aos lendários da „República dos Vagabundos‟. Amigos que sempre estavam me

apoiando em cada passo dado. Compartilho com vocês mais esta conquista!

Muito Obrigado

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Índice

Resumo ......................................................................................................................... 4

1. Introdução geral ........................................................................................................ 5

1.1 Características gerais da Plataforma Continental Sudeste Brasileira ......................... 5

1.2 A Enseada da Fortaleza, litoral norte de São Paulo ................................................. 8

1.3 Crustacea Brachyura da Enseada da Fortaleza ....................................................... 11

1.4 Os siris alvo de estudo ........................................................................................... 12

1.4.1 Arenaeus cribarius (Lamarck, 1818) ........................................................... 14

1.4.2 Callinectes danae (Smith, 1869) e Callinectes ornatus (Ordway, 1863) ...... 15

1.5 Considerações adicionais....................................................................................... 16

Referências ................................................................................................................. 21

Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O

que mudou em 20 anos (1988-2009)? .......................................................................... 32

Resumo ....................................................................................................................... 34

2.1 Introdução ............................................................................................................. 35

2.2 Material e Métodos ............................................................................................... 37

2.2.1 Área de estudo ............................................................................................. 37

2.2.2 Coleta de dados in situ e análises estatísticas ............................................... 38

2.2.3 Análises geotecnológicas ............................................................................. 43

2.3 Resultados ............................................................................................................. 44

2.3.1 Dados in situ – Caracterização dos períodos 1 e 2 ........................................ 44

2.3.2 Dados in situ – Comparação entre os períodos 1 e 2..................................... 46

2.3.3 Análises geotecnológicas ............................................................................. 48

2.4 Discussão .............................................................................................................. 49

Agradecimentos .......................................................................................................... 54

Referências ................................................................................................................. 54

Figuras ........................................................................................................................ 65

Tabelas ....................................................................................................................... 74

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Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do

Brasil: respostas de uma assembléia de siris ................................................................ 81

Resumo ....................................................................................................................... 83

3.1 Introdução ............................................................................................................. 84

3.2 Material e Métodos ............................................................................................... 87

3.2.1 Área de estudo ............................................................................................. 87

3.2.2 Coleta de dados abióticos e análises estatísticas ........................................... 89

3.2.3 Coleta de dados bióticos e análises estatísticas ............................................. 92

3.3 Resultados ............................................................................................................. 99

3.3.1 Fatores ambientais (Período 1 vs. 2) ............................................................ 99

3.3.2 Interações interespecíficas (Padrões de Co-ocorrência) .............................. 101

3.3.3 Fatores ambientais vs. Abundância ............................................................ 102

3.4 Discussão ............................................................................................................ 104

3.4.1 Interações interespecíficas vs. Assoreamento ............................................. 104

3.4.2 Temperatura vs. Distribuição temporal ...................................................... 106

3.4.3 Assoreamento vs. Distribuição espacial ..................................................... 110

Agradecimentos ........................................................................................................ 117

Referencias ............................................................................................................... 117

Figuras ...................................................................................................................... 131

Tabelas ..................................................................................................................... 144

Apêndices ................................................................................................................. 156

Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica ................. 157

Resumo ..................................................................................................................... 159

4.1 Introdução ........................................................................................................... 160

4.2 Material e Métodos ............................................................................................. 162

4.2.1 Coleta de dados ......................................................................................... 162

4.2.2 Morfometria geométrica ............................................................................ 163

4.3 Resultados ........................................................................................................... 168

4.4 Discussão ............................................................................................................ 171

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Agradecimentos ........................................................................................................ 176

Referencias ............................................................................................................... 176

Figuras ...................................................................................................................... 184

Tabelas ..................................................................................................................... 193

Considerações Finais................................................................................................. 201

Apêndice A ............................................................................................................... 204

Apêndice B ............................................................................................................... 206

Apêndice C ............................................................................................................... 209

Apêndice D ............................................................................................................... 210

Apêndice E – Produção científica (2011 – 2015) ....................................................... 213

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Resumo O assoreamento é um problema historicamente reconhecido nos ecossistemas

costeiros/marinhos. Nas últimas décadas, o ritmo acelerado do assoreamento vem

afetando a biota, principalmente, por meio da perda de diversidade de habitat e redução

do crescimento de produtores primários e efeitos indiretos nas comunidades marinhas.

Avaliou-se nesse trabalho as respostas de uma assembléia de siris (Arenaeus cribarius,

Callinectes danae e C. ornatus) em uma enseada subtropical da plataforma sudeste

brasileira, Enseada da Fortaleza, com acentuado assoreamento de frações sedimentares

finas, em um intervalo de 20 anos (1989-2009). O processo de assoreamento foi

detectado a partir da investigação de dados in situ e inspeção geotecnológica. Quatro

principais causas para a ocorrência de assoreamento foram sugeridas: (1) sedimentos

oriundos do estuário local (2) hidrodinamismo oceânico (3) resuspensão sedimentar por

retração de correntes marinhas e (4) ações antrópicas diversas. Redução da variabilidade

sedimentar e variações de temperatura de fundo da coluna de água ocasionaram

respostas distintas na ocorrência e densidade das espécies. Além disso, investigações

sobre a ocorrência de padrões competitivos exclusivos, entre as espécies, fortaleceram a

prerrogativa de parametros abióticos locais modulam a biologia de espécies de

caranguejos e siris. A. cribarius apresentou uma resposta levemente positiva em

abundância e número de ocorrências, C. danae apresentou uma resposta estática,

enquanto C. ornatus, a espécie dominante, apresentou uma forte resposta negativa de

abundância. Em adição, a implementação de medidas regulatórias para exploração dos

recursos marinhos, localmente, foram essenciais para a manutenção das três espécies de

siris. Os efeitos do assoreamento na resposta da assembléia de Portunoidea

provavelmente, serão irreversíveis. No entanto, a capacidade de resiliência do

ecossistema costeiro ainda é pouco conhecido. Assim, estudos que avaliem a dinâmica e

transporte de frações finas do sedimento podem auxiliar nas capacidades preditivas de

modelos de distribuição das espécies para as próximas décadas. Além disso, o

biomonitoramento e o acompanhamento dos estudos populacionais possuem papel

crucial para a avaliação da população destes siris. Umas das principais fontes de

variabilidade populacional de organismos é a marcada distinção corporal entre os

gêneros sexuais, o dimorfismo sexual, que pode ser resultado de pressões seletivas

especificas sobre cada sexo. Métodos de morfometria geométrica baseada em marcos

anatômicos foram utilizados em três estruturas corporais, dorso da carapaça, região

fronto-rostro e face externa dos quelípodos para investigação do dimorfismo sexual da

forma. A configuração da carapaça e do quelípodo observados em machos e fêmeas de

C. ornatus aparentam ser traços que evoluiram por meio da seleção sexual promovendo

funções distintas: nas fêmeas, aumento da capacidade funcional e potencial reprodutivo

e, nos machos maior eficiência contra oponentes durante encontros agonísticos e guarda

da fêmea.

Palavras-chave: Assoreamento, influência abiótica, área de proteção marinha, recursos

pesqueiros, dimorfismo sexual, landmark, morfometria geométrica

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5 1. Introdução geral

1. Introdução geral

1.1 Características gerais da Plataforma Continental Sudeste Brasileira

Historicamente, esta plataforma vêm sendo estudada quanto aos seus parâmetros

hidrológicos, geomorfológicos, edáficos e ecológicos desde a década de 30 (Moraes-Rêgo

1932, Deffontaines 1935, Fiore 1939, Besnard 1950, Sadowsky 1952, 1953, 1954, Freitas

1953, Kutner 1962, 1963, Occhipinti 1963, Magliocca & Kutner 1965, Bigarella 1965, Petri

& Suguio 1973, Suguio & Petri 1973, Abreu 1975, 1978, 1980, Navarra et al. 1980, Suguio &

Tessler 1983, Tessler & Furtado 1984, Castro Filho et al. 1987, Pires 1992, Pires-Vanin &

Matsuura 1993, Sumida & Pires-Vanin 1997, Mahiques et al. 1998, Rodrigues et al. 1999,

Odebrecht & Castello 2001, Rodrigues et al. 2002, Burone et al. 2003, Conti 2009, Pereira et

al. 2014 e Lima et al. 2014).

A plataforma continental sudeste brasileira possui quatro setores bem distintos, Setor

Cabo Frio – Cabo de São Tomé, Setor São Paulo Bight, Setor Florianópolis – Mostardas e, o

Setor Rio Grande Cone (Zembruscki 1979). No Setor São Paulo Bight, duas características

são peculiares: (1) sua formação geológica e, (2) a atuação sazonal de massas de água

distintas.

As características geológicas e geomorfológicas da região da Plataforma Continental

foram condicionadas, principalmente, por dois eventos distintos: o processo tectônico

Mesozóico-Cenozóico, ligado à reativação do escudo Sul Americano, responsável pelos

falhamentos que condicionaram toda a escarpa da Serra do Mar e, a sedimentação decorrente

das sucessivas transgressões e regressões marinhas quaternárias, responsáveis pela maior

parte da distribuição sedimentar do litoral (Conti 2009). A área costeira e a plataforma

continental também foram modeladas, durante o Quaternário, por eventos transgressivos e

regressivos (Kowsmann & Costa 1978) e, ainda, por eventos de sedimentação associados à

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6 1. Introdução geral

circulação geostrófica e termohalina (Mahiques et al. 2007). A presença da elevação da Serra

do Mar refletiu em um litoral extremamente recortado, com muitas enseadas e baías com

relevo interno próprio e peculiar (Ab‟Saber 1955, Mahiques et al. 2004). A característica de

semi-confinamento das enseadas desta região sugerem um intercâmbio restrito de água e

material sedimentar entre a região costeira e a plataforma continental rasa (Mahiques 1995),

que podem resultar em enseadas e baías com particularidades distintas uma da outra.

A condição hidrológica da costa norte de São Paulo, inserida na São Paulo Bight, é

marcada pela presença de três massas de água distintas: Águas Costeiras (CW: temperatura >

20°C; salinidade < 36), Águas Tropicais (TW: temperature > 20°C; salinidade > 36) e Água

Central do Atlântico Sul (SACW: temperatura < 18°C; salinidade < 36; Nitrogênio:Fósforo –

16:1) (Castro-Filho et al. 1987, Odebrecht and Castello 2001). Durante o verão, a SACW

penetra nas camadas mais profundas da zona costeira e forma uma termoclina sobre a

plataforma rasa nas profundidades de 10 a 15m. Já durante o inverno a SACW retrai para a

zona do talude e é substituída pela CW. Como resultado, não há presença de uma

estratificação durante os meses de inverno (Pires 1992, Pires-Vanin & Matsuura 1993). Aidar

(1993) destacou tanto a variabilidade sazonal quanto a variabilidade interanual como atuantes

nas condições oceanográficas da região de Ubatuba. Embora a marcação interanual não

apresente padrões típicos de comportamento para cada massa de água. De acordo Castro-Filho

et al. (1987), as três massas de água atuantes na plataforma continental apresentam uma

dinâmica dependente do vento, das correntes de máre e, do relevo submarino. Para Castro-

Filho et al. (1987) e Castro-Filho (1990), o vento é um fator primordial na variação temporal

da estrutura hidrográfica das três massas de águas da plataforma continental da região sudeste

brasileira, contribuindo tanto para a mistura turbulenta das águas na coluna de água, quanto na

direção e velocidade das correntes marinhas.

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7 1. Introdução geral

A plataforma continental sudeste brasileira tem sido considerada um Grande

Ecossistema Marinho Regional („Large Marine Ecosystems‟ – conceito LMEs, ver Alexander

1993 para detalhes, Bisbal 1995) com base nestas características físicas e também em

características biológicas. Os Grandes Ecossistemas Marinhos são baseados na premissa de

que largas áreas do espaço oceânico respondem como ecossistemas inteiros, aos quais por

meio de processos ecológicos podem ser avaliados, monitorados e gerenciados. Esta

perspectiva obtida com a utilização do conceito do „Grande Ecossistema Marinho‟ permite a

identificação das principais forças atuantes no sistema, determinação dos agentes estressores,

agentes de poluição, a estimativa da resiliência da sobreexplotação de recursos e identificação

de recursos renováveis potenciais. No entanto, as principais críticas a este modelo recaem

sobre os limites políticos, jurídicos e do direito de uso das áreas oceânicas (Bisbal 1995).

Recentemente, a região do litoral norte de São Paulo foi incluída em uma Área de

Proteção Marinha, a APA Marinha do Litoral Norte paulista. A APA Marinha do Litoral

Norte foi criada em 08 de outubro de 2008 pelo Decreto 53.525 com a finalidade de proteger,

ordenar, garantir e disciplinar o uso racional dos recursos ambientais da região, inclusive suas

águas, através do ordenamento das atividades turísticas, de pesquisa e de pesca de modo a

promover o desenvolvimento sustentável. No entanto, somente a partir de março de 2013 se

deu o início do Plano de Manejo da APA Marinha Litoral Norte ao qual se encontra em

andamento até esta data. A APA Marinha do Litoral Norte abrange três setores, (1)

Maembipe, no município de Ilhabela, envolvendo o Parque Estadual de Ilhabela, (2)

Ypautiba, ao longo da costa do município de São Sebastião, limítrofe à área de exclusão de

pesca (entorno do arquipélago de Alcatrazes) e, (3) Cunhambebe, nos municípios de Ubatuba

e Caraguatatuba, limítrofe ao Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar e

envolvendo o Parque Estadual de Ilha Anchieta.

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8 1. Introdução geral

1.2 A Enseada da Fortaleza, litoral norte de São Paulo

A Enseada da Fortaleza está localizada no litoral norte do Estado de São Paulo,

inserida na recém estabelecida Área de Proteção Marinha do Litoral Norte – Setor

Cunhambebe (Decreto No. 53.525 de 8 de outubro de 2008). Esta enseada está situada entre

as latitudes de 23° 29' 30"S e 23° 32' 30"S e as longitudes 45° 06' 30"W e 45° 10' 30"W

(Negreiros-Fransozo et al. 1991) (Figura 1).

Figura 1 – Enseada da Fortaleza, litoral norte de São Paulo, Brasil. (a) Litoral norte de São

Paulo destacando a Área de Proteção Marinha do Litoral Norte (APM), (b) Detalhea da

Enseada da Fortaleza e os Rios Escuro e Comprido.

No interior da Enseada da Fortaleza, doze praias arenosas são ladeadas por costões

rochosos e, há pequena variação de profundidade, em torno de 1 a 12 m. Dois rios, Escuro e

Comprido, provenientes da floresta Atlântica costeira (Mata Atlântica), penetram na a baía e

dão suporte a um importante ecossistema de manguezal. A sua entrada está voltada para

Sudoeste (Mahiques 1995) e tem, aproximadamente, 4 km de extensão com afunilamento

progressivo em direção a desembocadura dos rios Escuro e Comprido (Abreu 1980). Nas

margens dos rios, Laguncularia, Avicennia, Rhizophora e Spartina são os gêneros dominantes

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9 1. Introdução geral

(Leite et al. 1980), enquanto no substrato das áreas próximas da costa há dominância da alga

Dictyopteris delicatula (Abreu 1975, 1978).

Publicações de destaque sobre informações da caracterização física e química da

Enseada da Fortaleza foram abordadas por Abreu (1980), Negreiros-Fransozo et al. (1991) e

Mahiques (1995). Dentre os vários fatores ambientais amostrados, a composição

granulométrica, a matéria orgânica e a temperatura de fundo da coluna de água merecem

menção neste trabalho.

Com relação à composição granulométrica, Abreu (1980) discutindo dados de

coletados nos anos de 1973 e 1974 destacou que as frações de sedimento mais fino (areia

muito fina, silte e argila) eram, de modo geral, as principais frações da enseada, enquanto nos

rios haviam frações de sedimento mais grosso, areia média e areia grossa, com mistura de

detritos vegetais. Ainda de acordo com Abreu (1980), tomando como base o deslocamento da

entrada da enseada em direção à desembocadura dos rios verificaram um aumento gradativo

dos grãos mais grosseiros. Mahiques (1995), apresentando resultados sedimentares de coleta

trimestral entre os anos de 1988 e 1989, caracterizou a Enseada da Fortaleza, como um

mosaico de porções granulométricas que apresentava uma razão do teor de argila/teor de silte

abaixo de 0,40, o menor valor comparando-se com as Enseadas do Flamengo, Mar Virado e

Ubatuba e, além disso, era a enseada com maior homogeneidade no padrão de sedimentação.

Negreiros-Fransozo et al. (1991) avaliando dados coletados mensalmente entre os anos de

1988 e 1989 verificaram que a Enseada apresentava uma marcação sedimentólógica, sendo os

pontos amostrais próximos as praias do Saco Grande e do Lázaro (pontos I e II,

respectivamente) aqueles que indicaram maior heterogeneidade sedimentar e maior

porcentagem de cascalho, respectivamente. Os demais pontos amostrais (III, IV, V, VI e VI –

ver mapa para detalhes) verificados pelos autores indicaram maior porcentagem de areia fina

e areia muito fina. No entanto, vale destacar que Negreiros-Fransozo et al. (1991) e Mahiques

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10 1. Introdução geral

(1995) utilizaram diferentes pontos amostrais (e mais representativos para a região interna da

Enseada da Fortaleza) dos propostos por Abreu (1980), incluindo pontos distribuídos entre a

boca do estuário, ao longo da Enseada e paralelos às principais praias.

Matéria orgânica foi analisada por Negreiros-Fransozo et al. (1991) que detectaram

diferenças significativas na porcentagem de matéria orgânica entre as regiões da enseada,

sendo o ponto amostral II (paralelo a Praia do Lázaro) o de maior valor. Ainda de acordo com

esses autores, uma provavél causa seria devido à falta de saneamento da região urbana

costeira levando ao despejo de dejetos na água.

Quanto aos valores de temperatura de fundo, menores valores foram de 16,5ºC (Abreu

1980) e 20,0ºC (Negreiros-Fransozo et al. 1991). No estudo de Negreiros-Fransozo et al.

(1991) ainda foram observados maiores valores de temperatura de fundo entre os meses de

fevereiro a abril de 1989, corroborando com a dinâmica de massas de águas observada para a

região da plataforma continental. Vale ressaltar que, mesmo sendo temperaturas míninas em

torno de 20,0ºC, a diminuição observada na Enseada da Fortaleza pode ser um reflexo da

atuação da SACW nas regiões mais profundas da plataforma.

Nas últimas décadas, a região costeira em frente à plataforma continental sudeste

brasileira vem passando por um intenso crescimento urbano e industrial (Bisbal 1995, Arasaki

et al. 2004, Cunha-Lignon et al. 2009, Pires-Vanin et al. 2013).

Investigações geotecnológicas prévias à realização deste trabalho, utilizando duas

cenas do satélite Landsat 5-TM, órbita 218/76, obtidas em 19 de maio de 1989 e 26 de maio

de 2009 revelaram que a maior variabilidade da informação na região da Enseada da Fortaleza

é oriunda da região costeira, representada primáriamente pelo crescimento urbano e,

consequente redução de área verde. Em adição, coletas de dados geotecnológicos da região

marinha (recorte da área costeira/urbana) e de dados in situ em um intervalo de 20 anos

(1988/89 e 2008/09) na Enseada da Fortaleza indicaram que houve um processo de

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11 1. Introdução geral

assoreamento, com aumento significativo de silte e argila e redução drástica de frações

sedimentares mais grossas (ver Capítulo 1 para detalhes).

1.3 Crustacea Brachyura da Enseada da Fortaleza

Os Crustacea Decapoda são estudados na Enseada da Fortaleza desde a década de 80.

Dentre os estudos realizados estão as descrições de composição e abundância de Brachyura

(Fransozo et al. 1992), Anomura (Negreiros-Fransozo et al. 1997) e de camarões Penaeidea e

Caridea (Fransozo et al. 2002). Além disso, destacam-se estudos de investigação de

parâmetros populacionais e distribuição espaço-temporal realizados com as espécies: de

camarões, Xiphopenaeus kroyeri por Fransozo et al. (2000), Artemesia longinaris por

Fransozo et al. (2004), e de Brachuyra, Hepatus pudibundus por Mantelatto et al. (1995),

Achelous spinimanus por Santos et al. (1994) e Arenaeus cribarius por Pinheiro et al. (1996)

e Callinectes ornatus e C. danae por Negreiros-Fransozo e Fransozo (1995). Todos realizados

com dados coletados em campanha anual entre os anos de 1988 e 1989.

Sobre os Brachyura, Fransozo et al. (1992) listaram 8 famílias e cerca de 24 espécies

para a Enseada da Fortaleza. A família Portunidae apresentou a segunda de riqueza de

espécies, com cinco espécies: A. cribarius, C. danae, C. ornatus, A. spinimanus e Achelous

spinicarpus e, a primeira em abundância total, 2736 indivíduos (83,84% do total). Ainda de

acordo com Fransozo et al. (1992), duas espécies da família Portunidae estavam entre as mais

abundantes, C. ornatus a espécie mais abundante (67,96% do total), e, em terceiro lugar A.

cribarius (7,51%).

Os trabalhos de distribuição espaço-temporal dos siris, avaliados respectivamente, A.

spinimanus por Santos et al. (1994), A. cribarius por Pinheiro et al. (1996) e C. danae e C.

ornatus por Negreiros-Fransozo e Fransozo (1995) e da avaliação conjunta (Pinheiro et al.

1997) revelaram que cada espécie de Portunoidea apresentou respostas distintas frente aos

mesmos fatores ambientais, reforçando a prerrogativa de que cada espécie, em ambiente

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12 1. Introdução geral

marinho, pode possuir limites distribuicionais locais diferenciados a partir de um mesmo

envelope de condições ambientais. Portanto, o conhecimento das informações distribucionais

e populacionais constituem informação base para o correto manejo das espécies e, avaliação

da efetividade das áreas de proteção marinha já estabelecidas, caso da Enseada da Fortaleza.

Nesta Enseada, informações populacionais e distribuicionais locais foram avaliadas

somente com dados obtidos na década de 80. Futuras avaliações de informação base em

estudos de biomonitoramento são urgentes para entender melhor como estes organismos se

comportam frente à modificações ambientais, sejam elas de origem natural ou antropogênica.

1.4 Os siris alvo de estudo

De todos os crustáceos existentes, os “caranguejos verdadeiros” da Infraordem

Brachyura são os mais conhecidos e intensamente estudados (Ng et al. 2008), reconhecidos

principalmente devido ao fato de que muitos de seus representantes constituírem recurso

pesqueiro substancial na economia mundial. Os braquiúros constituem papéis fundamentais

na estruturação e no fluxo energético de muitos ecossistemas e ecótonos, sendo classificados

como espécies-chave (Schories et al. 2003). Estudos recentes (Nudi et al. 2007) também

apontam algumas espécies desta Infraordem como bioindicadores de poluição ambiental por

contaminação de metais pesados, DDT, petróleo e seus derivados.

À medida do seu sucesso é refletida na quantidade de ecossistemas aquáticos e

terrestres colonizados. Abrangendo extensas áreas geográficas, indo desde áreas abissais com

mais de 6.000 metros de profundidade, a porções montanhosas de até 2.000 metros de

altitude, percorrendo áreas de transição, com extrema variação diária de salinidade e

temperatura (Williams 1984, Machintosh 2002, Ng et al. 2008). Muitas espécies

desenvolveram hábitos semiterrestres, necessitando retornar a água somente para o processo

reprodutivo ou somente para liberação larval. Outros, permaneceram no ambiente aquático

adaptando-se a diversos padrões morfológicos e fisiológicos, tolerando um gradiente de

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13 1. Introdução geral

variação abiótica, dificilmente observado em outros grupos animais (Stévic 2005, Ng et al.

2008).

O típico formato de um caranguejo Brachyura consiste de uma carapaça expandida

(fusão da cabeça com alguns somitos toráxicos – cefalotórax), com um abdômen

extremamente reduzido e fortemente truncado abaixo do cefalotórax. O primeiro par de

pereiópodos (patas) é quelado e os quatro pares de pereiópodos restantes (caminhantes) são

dispostos lateramente ao cefalotórax (Melo 1996, Stévic 2005, ver Ng et al. 2008 para mais

detalhes). Ainda de acordo com Ng et al. (2008), este processo evolutivo, denominado de

carcinização, é característico dos caranguejos braquiúros “verdadeiros”. O termo “verdadeiro”

aqui é utilizado para diferenciação dos caranguejos da família Porcellanidae (Infraordem

Anomura) que apresentam um processo de carcinização peculiar, com o abdômen não

completamente fusionado ao cefalotórax, presença dos urópodes no telson, e somente três

pares de pereiópodos ambulatórios, com o quarto reduzido disposto sobre o cefalotórax.

A família Portunidae (Rafinesque, 1815) é composta por 8 gêneros e, dentre eles, há

ocorrência de 21 espécies ao longo do litoral brasileiro, sendo uma dessas exótica (Melo

1996). Popularmente conhecidos como siris, possuem como característica exclusiva, o ultimo

par de pereópodos achatados dorsoventralmente proporcionando capacidade de natação (Ng et

al. 2008). Os portunídeos têm uma grande importância na cadeia trófica, pois servem de

alimento para peixes, aves marinhas, e outros crustáceos (Millikin & Williams 1984). Como

observado nos trabalhos de Branco & Verani (1997) e Souza et al. (2007), os siris podem

predar outros animais, ou mesmo, se alimentar de animais já mortos e algas, ou seja, são

animais onívoros.

Os portunídeos possuem uma grande importância econômica, sobretudo em países

como a Austrália (Kangas 2000) e Brasil (Sforza et al. 2010), onde seu principal produto

comercializado é a carne (Sumpton et al. 1989). No entanto, Sumpton et al. (1989) já

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14 1. Introdução geral

destacava que outros subprodutos elevavam a importancia economica destes animais,

podendo-se destacar: o seu exoesqueleto (rico em quitina) para a fabricação de emulsões

fotográficas, cosméticos, anticoagulantes, produção de fertilizantes e ração para animais de

corte.

Nesta Tese, os capítulos estão direcionados ao estudo de três espécies de Portunídeos

do litoral norte de São Paulo, Arenaeus cribrarius (Lamarck, 1818), Callinectes danae

(Smith, 1869) e Callinectes ornatus (Ordway, 1863). A seguir, segue um breve relato destas

três espécies, com destaque para à produção científica proveniente de material capturado na

região sudeste brasileira.

1.4.1 Arenaeus cribrarius (Lamarck, 1818)

Arenaeus cribrarius, é um crustáceo portunídeo, popularmente conhecido como siri

chita, e sua ditribuição é conhecida na faixa costeira do Oceano Atlântico, dos Estados Unidos

ao Uruguai (Melo 1996). Estudos biológicos e ecológicos para a espécie foram bem

explorados nas duas últimas décadas, porém abordando principalmente estudos populacionais

relacionados à história de vida, destacando-se os trabalhos de Pinheiro & Fransozo (1993a,

1993b, 1998, 1999, 2002) e Pinheiro & Hattori (2006) todos realizados no litoral paulista, mas

especificamente nas Enseadas de Ubatuba e da Fortaleza. Os estudos listados anteriormente

mostram aspectos de crescimento, reproducão e comportamento. Pinheiro et al. (1996, 1997)

abordaram estudos de distribuição espaço-temporal para A. cribarius, relacionando sua

distribuição principalmente a variações na salinidade, temperatura e textura do sedimento. Ao

que parece este padrão, também, é observado na maioria dos Portunídeos tropicais (Carvalho

& Couto 2010).

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15 1. Introdução geral

1.4.2 Callinectes danae (Smith, 1869) e Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

O gênero Callinectes (Stimpson, 1860), de acordo com Ng et al. (2008), é

representado por espécies de siris que apresentam hábito confinado à águas rasas (Melo

1996), como enseadas, estuários, rios e barras. Branco & Fracasso (2004) destacam que os

siris deste gênero são os principais componentes da fauna acompanhante de muitas pescarias,

incluindo barcos camaroneiros com rede de porta com as quais as comunidades ribeirinhas

tiram da captura deste animal a sua subsistência. Lin (1991) ainda acrescenta que os

portunídeos deste gênero ainda apresentam grande importancia trófica, sustentando peixes e

organismos de fundo arenoso e areno-lodoso. Trata-se de um gênero intensamente estudado

nos aspectos biológicos, ecológicos, biogeográficos, fisiológicos e de pescaria (fauna

acompanhante).

Callinectes danae e C. ornatus são duas espécies do gênero de siris Portunídeos que

atendem pelo mesmo alcunho de siri-azul, assim como os demais representantes deste gênero.

A primeira, ocorre em toda faixa litorânea que abrange o estado brasileiro de Santa Catarina,

até a costa dos estados da região norte brasileira. A segunda possui distribuição abrangendo a

faixa costeira do estado brasileiro do Rio Grande do Sul até o estado americano da Carolina

do Norte (Branco & Masunari 1992, Melo 1996, Weber & Levy 2000). De acordo com

Severino-Rodrigues et al. (2002), são as espécies mais abundantes da costa brasileira.

Muitos estudos com braquiúros deste gênero foram conduzidos no sudeste brasileiro

abordando aspectos populacionais de dinâmica reprodutiva, maturidade sexual, fecundidade,

estruturação populacional, crescimento, processo de mudas e dieta destacando-se para C.

danae (Branco & Avilar 1992, Costa & Negreiros-Fransozo 1998, Branco & Masunari 2000,

Batista-Metri et al. 2005) e C. ornatus (Mantellato & Fransozo 1997, 1999, Branco et al.

2002, Batista et al. 2003, Branco & Fracasso 2004, Fernandes et al. 2006) entre outros

anteriormente citados. Destacam-se, também, para a região sudeste, trabalhos sobre

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16 1. Introdução geral

distribuição espaço-temporal para ambas as espécies conduzidos por Pinheiro et al. (1997),

Chacur & Negreiros-Fransozo (2001) e Fernandes et al. (2006).

1.5 Considerações adicionais

Os siris Portunídeos apresentam um estimado valor ecológico, econômico e social.

Partindo deste pressuposto, inúmeros trabalhos já foram realizados para construção da base de

conhecimento biológico acerca destas espécies supracitadas, com o objetivo primário de (1)

gerar conhecimento das populações estudadas e (2) fomentar os orgãos de legislação e

fiscalização quanto ao uso do recurso pesqueiro.

Os capítulos propostos para esta Tese são baseados em dois conjuntos de dados.

I. O primeiro conjunto (“Dados I”) conta com dados já coletados com rigoroso

método de amostragem igualitário nas duas campanhas anuais de novembro de

1988 a outubro de 1989 e de novembro de 2008 a outubro de 2009, realizadas

pela equipe de pesquisadores do Núcleo de Estudos em Ecologia, Biologia e

Cultivo de Crustáceos (NEBECC) sob coordenação do Prof. Adílson Fransozo

da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” campus Botucatu,

abrangendo um intervalo de 20 anos de dados brutos coletados. Neste conjunto

de dados coletados foram obtidas amostragens abióticas (hidrológicas,

topográficas e sedimentológicas) e bióticas (ocorrência e abundância de

Crustáceos Decápoda – camarões, caranguejos, siris e ermitões).

II. O segundo conjunto de dados (“Dados II”) abrange novas amostragens de

Callinectes ornatus em duas localidades da costa brasileira, Baía Formosa,

litoral sul do Rio Grande do Norte e Ubatuba, litoral norte de São Paulo

(mesma região de coleta dos crustáceos já amostrados no primeiro conjunto de

dados) para a realização de análises morfométricas geométricas.

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17 1. Introdução geral

A estruturação da Tese foi elaborada seguindo questionamentos a partir do tema

central proposto: Em 20 anos na Enseada da Fortaleza, houve mudanças (abióticas e

bióticas)? Se sim, quais foram estas mudanças? Assim, o primeiro capítulo tratou de

investigar e elucidar se intervalo de 20 anos de dados coletados (“Dados I”) houve mudanças

ambientais significativas, quais foram estas mudanças e, assim caracterizar as feições

ambientais dos dois cenários amostrados: Cenário 1 (1988/1989); Cenário 2 (2008/2009).

O primeiro capítulo (Capítulo 1), intitulado “Avaliação geoambiental de uma

enseada subtropical da costa brasileira: O que mudou em 20 anos (1988-2009)?” foi

baseado no conjunto de dados coletados in situ (“Dados I”). Para fortalecer as conjecturas e

proposições levantadas durante o trabalho, além disso análises adicionais geotecnológicas

foram aplicadas. Os resultados apontaram que no intervalo de 20 anos ocorreu, um forte

processo de assoreamento ocorreu na Enseada da Fortaleza. Como possível causa foram

apontados o aporte de sedimentos finos (1) oriundos do estuário dos Rios Comprido e Escuro,

(2) hidrodinamismo oceânico local e, (3) ressuspensão sedimentar causada pela retração das

Águas Centrais do Atlântico Sul – SACW ao longo dos anos. Nossas análises revelaram que o

processo de assoreamento tornou a Enseada da Fortaleza mais homogênea (menor

variabilidade sedimentar), de acordo com os parâmetros sedimentológicos e topográficos

utilizados, comparando-se com o cenário observado a 20 anos atrás.

Sabendo que, após 20 anos a Enseada da Fortaleza apresentou uma redução da

heterogeneidade espacial, que as mesmas espécies de siris de 20 anos atrás ainda cohabitam a

Enseada e, que a literatura aponta uma forte associação dos crustáceos Brachyura marinhos

com diferentes composições granulométricas, pergunta-se, será que surgiram novos processos

interespecíficos de competição por recursos (microhabitat e alimento)? E qual seria a resposta

das três espécies de siris frente ao processo de assoreamento?

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18 1. Introdução geral

A resposta para estes questionamentos foram investigadas no segundo Capítulo

proposto para esta Tese, intitulado “Assoreamento a longo prazo em uma Enseada

subtropical do Sudeste do Brasil: Respostas de uma assembléia de Siris”. Para quantificar

e avaliar a ocorrência de padrões de competição exclusiva, partirmos da teoria de assembléias

de distribuição „Tabuleiro de Xadrez‟ (checkboarder distribution) proposta por Diamond

(1975) e aprimorada nas últimas décadas. Competição exclusiva pode ser avaliada pela

presença de distribuições „Tabuleiro de Xadrez‟, ao qual se refere a distribuição de duas

espécies que co-ocorrem significativamente menos do que o esperado ao acaso (Diamond

1975, Beaudrot et al. 2013). Paralelamente, a distribuição das espécies, também, foram

avaliadas, sob o critério da influência abiótica por meio da elaboração de modelos lineares

generalizados mistos (GLMM) e de análises multivariadas de redundância (ARD).

Um quadro de mudanças ambientais (Capítulo 1, Assoreamento), pode fazer com que

os indivíduos de uma população passem a perceber e definir seus limites de distribuição de

forma diferente. Fransozo et al. (1998) destacou que estudos sobre a caracterização e

distribuição de populações naturais de organismos marinhos e como os fatores abióticos

alteram essa distribuição ao longo do tempo, são de grande importância para a compreensão

dos mecanismos de distribuição em complexos marinhos. Fornecendo uma base sólida para

uso em trabalhos de manejo de pesca e preservação de espécies. Para Cobo & Fransozo

(2000), os crustáceos decápodes estão entre os mais importantes elos das teias tróficas,

exercendo influência sobre a estrutura dos substratos que ocupam.

Os resultados apontaram que o processo de assoreamento na Enseada da Fortaleza e a

variação sazonal de temperatura de fundo da coluna de água causaram respostas distintas na

assembléia de siris analisadas: A. cribarius apresentou uma resposta levemente positiva em

abundância e número de ocorrências, C. danae apresentou uma resposta estática em

abundância e ocorrência, enquanto C. ornatus apresentou uma forte resposta negativa em

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19 1. Introdução geral

abundância. Como possíveis causas para as respostas da variação sedimentológica foram

apontados, primariamente, as mudanças nas características físicas da superfície oceânica,

alterando a textura do sedimento na camada mais superficial e, potencialmente, gerando perda

de diversidade de habitat; e, secundariamente, os efeitos indiretos do enterro/sufocamento dos

produtores primários. Além disso, não foram detectados padrões de competição exclusiva

entre os pares de espécie, sugerindo que somente os fatores ambientais modularam as

respostas das espécies.

Após investigar as respostas das espécies frente às mudanças ambientais na Enseada

da Fortaleza, um olhar cuidadoso deve ser feito nos compartimentos inferiores das

assembléias e comunidades, dando ênfase à história de vida das três espécies de siris.

Os padrões de variação populacional possuem um importante papel na diversificação

evolucionária e têm gerado importantes descobertas sobre os processos evolucionários por

meio de estudos indiretos (morfologia e genética) e diretos (morfologia) de divergência

populacional, como por exemplo, a investigação do dimorfismo sexual (Badyaev et al. 2000).

Uma das investigações mais comuns para o dimorfismo sexual é a variação de tamanho e

forma.

A variação do tamanho e forma corporal, ou, de partes corporais dos animais está

relacionada a uma série de processos biológicos tais como: doenças, injúrias,

desenvolvimento ontogenético, adaptação a condições locais e dimorfismo sexual (Roth &

Mercer 2000, Zelditch et al. 2004, Alencar et al. 2014). Em Crustacea, o dimorfismo sexual é

uma condição dominante entre suas espécies. Embora, na maioria dos casos seja possível

discriminar morfologicamente os gêneros sexuais (Bildstein et al. 1989), a investigação de

algumas partes corporais necessita de uma avaliação quantitativa e/ou qualitativa, que podem

revelar importantes aspectos de pressão seletiva. Técnicas novas e mais resolutivas têm sido

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20 1. Introdução geral

desenvolvidas para melhor descrever as nuances da forma corporal dos organismos, dentre os

quais destaca-se a morfometria geométrica.

O terceiro capítulo proposto nesta Tese, “Dimorfismo sexual da forma do siri-azul

Callinectes ornatus (Ordway, 1863) por meio de morfometria geométrica”, avaliou o

potencial dimorfismo sexual da espécie por meio da investigação da forma do dorso da

carapaça, região fronto-rostral e face externa do quelípodo molariforme e serratiforme,

utilizando-se o conjunto de “Dados II”.

Os resultados revelaram que, as fêmeas apresentaram uma maior área da região central

da carapaça, estiramento nas comissuras tranversal e laterais, com um rebaixamento do

espinho lateral; e, uma redução na robustez do quelípodo. Os machos apresentaram um

achatamento dorso-ventral mais destacado, encurtamento das comissuras transversal e

laterais, elevação angular do espinho-lateral; e, um aumento na robustez do quelípodo. No

geral, a configuração da carapaça e do quelípodo observados em machos e fêmeas de C.

ornatus aparentaram ser traços que evoluiram a partir da seleção sexual, promovendo funções

distintas. Nas fêmeas, aumento da capacidade funcional e potencial reprodutivo; e, nos

machos maior eficiência contra oponentes durante encontros agonísticos e guarda da fêmea.

Além disso, diferenças populacionais foram encontradas e são, possivelmente relacionadas as

duas forças atuantes: a plasticidade fenotípica dos portunídeos frente às condições ambientais

atuantes localmente e/ou por bloqueio de fluxo gênico em detrimento da presença de uma

barreira biogeográfica marinha. No entanto, investigações adicionais e mais resolutivas

necessitam ser realizadas para dar suporte a estas suposições de diferenciação geográfica.

O pacote de estudos geoambientais (Capítulo 1), de resposta de assembléias (Capítulo

2) e de variação da forma corporal (Capítulo 3), reunidas em um só próposito (compreender

as forças atuantes sobre uma população) podem ajudar a esclarecer alguns questionamentos a

cerca de Portunoidea, e em especial, sobre as três espécies alvo. O objetivo geral desta Tese

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21 1. Introdução geral

foi avaliar as respostas interespecíficas de Arenaeus cribrarius, Callinectes danae e

Callinectes ornatus em detrimento de um assoreamento, a longo prazo, na Enseada da

Fortaleza, litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil. Adicionalmente, avaliou-se o potencial

dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus.

Referências

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32 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O

que mudou em 20 anos (1988-2009)?

Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada

subtropical da costa brasileira: O que mudou em 20 anos (1988-

2009)?

Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar - Alencar (C. E. R. D.)

Paulo Victor Nascimento do Araújo – Araújo (P. V. N.)

Marcelo Antonio Amaro Pinheiro – Pinheiro (M. A. A. P.)

Fernando Luis Medina Mantelatto – Mantellato (F. L. M.)

Sandro Santos – Santos (S.)

Maria Lúcia Negreiros-Fransozo – Negreiros-Fransozo (M. L.)

Adilson Fransozo – Fransozo (A.)

Fúlvio Aurélio de Morais Freire – Freire (F. A. M.)

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33 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Running head: Alencar et al.: Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa

brasileira

Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que mudou em 20

anos (1989-2009)?

Alencar (C. E. R. D.) 1*

, Pinheiro (M. A. A. P.) 2, Mantellato (F. M.)

3, Santos (S.)

4,

Negreiros-Franzoso (M. L.)5, Fransozo (A.)

5 & Freire (F. A. M.)

1,2

1 Grupo de Estudos em Ecologia e Fisiologia de Animais Aquáticos (GEEFAA), Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Caixa Postal 1524 - Campus Universitário Lagoa

Nova CEP 59078-970. Natal – RN, Brasil; *[email protected]

2 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). CEP 11330-900. São

Vicente – SP, Brasil;

3 Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão

Preto, Departamento de Biologia. CEP 14040-901. Ribeirao Preto – SP, Brasil.

4 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Centro de Ciências Naturais e Exatas,

Departamento de Biologia. CEP 97105-900. Santa Maria – RS, Brasil.

5 Núcleo de estudos em Biologia, Ecologia e Cultivo de Crustáceos (NEBECC),

Universidade

Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Caixa-postal 510 – Instituto de

Biociências, Departamento de Zoologia CEP 18618-000. Botucatu – SP, Brasil;

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34 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Resumo A sedimentação e circulação hídrica na Plataforma Continental Sudeste Brasileira

caracterizam sua excelente condição à aplicação de modelos específicos ao estudo de

modificações ambientais em função do tempo. Diante disso, o objetivo deste estudo foi

caracterizar e comparar temporalmente alguns caracteres abióticos (sedimentológicos,

hidrológicos e batimétricos) da Enseada da Fortaleza, Ubatuba (SP), Brasil, durante o

intervalo de 20 anos, confrontando análise de dados coletados in situ e informações

geotecnológicas. A coleta de dados ocorreu mensalmente em dois períodos temporais

(período 1: Novembro 1988 a Outubro 1989; e período 2: Novembro 2008 a Outubro 2009).

Sete pontos amostrais permanentes foram estabelecidos para a coleta de dados ambientais, em

cada um deles medindo a temperatura e salinidade da água (superfície e fundo), profundidade

(P), porções granulométricas (CGA: cascalho a areia média; CGB: areia fina e muito fina; e

CGC: silte e argila), seu tamanho médio do grão e matéria orgânica associada (MO). Para a

análise geotecnológica foram utilizadas duas cenas do satélite Landsat 5-TM, datadas de 19

de Maio de 1989 (período 1) e 26 de Maio de 2009 (período 2). Processamentos Digitais de

Imagens (PDI) foram aplicados à tais cenas, visando a obtenção de padrões que descrevessem

os períodos em estudo. Dentre tais ferramentas foram empregadas transformações em

histograma, análise de componentes principais (ACP), razões de bandas e composição de cor.

Todas as análises estatísticas e geotecnológicas evidenciaram algumas variáveis com maior

poder discriminatório temporal, como foi o caso de CGC e, secundariamente, MO and P.

Após 20 anos foi verificado que a Enseada da Fortaleza está mais rasa e mais homogênea em

relação aos parâmetros ambientais estudados. Suas características singulares, parecem ter

levado a um processo de assoreamento composto na maior parte por sedimentação das

partículas mais finas, principalmente silte e argila. A variação temporal detectada no aporte de

silte e argila (GCC), pode estar associada aos seguintes fatores: (1) possível assoreamento por

aporte de sedimentos finos oriundos do sistema estuarino local, formado pelos rios Comprido

e Escuro; (2) característico do hidrodinamismo oceânico local, atenuador da ação energética

das ondas e correntes pela singularidade da linha costeira, além da presença marcante de um

grande número de ilhas; e (3) resultado da resuspensão sedimentar por retração da Água

Central do Atlântico Sul (ACAS) ao longo dos anos. A intrusão da ACAS, rica em nutrientes,

ainda provoca um efeito de cascata trófica, com produção intensa de MO, devido ao elevado

grau de afundamento de agregados de fitoplancton e de pellets fecais oriundos da região

pelágica.

Palavras-chave: Assoreamento, plataforma continental rasa, São Paulo Bight, sedimentação.

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35 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

2.1 Introdução A gestão e o uso adequado da zona costeira implicam, necessariamente, no

conhecimento dos processos que nela atuam em certa escala temporal histórica (Batista et al.,

2008). Normalmente, a evolução costeira pode ser avaliada a partir de duas escalas temporais

distintas: (1) mudanças a longo prazo (ciclos de dezenas a milhares de anos), onde os

processos de modelagem da costa estão associados às variações climáticas; e (2) mudanças de

curto prazo (escala de meses a anos), onde estão envolvidos processos dinâmicos que

controlam a evolução da paisagem atual (Forbes & Liverman, 1996).

De acordo com Zembruscki (1979), a plataforma continental Sudeste Brasileira possui

quatro setores bem distintos: (1) Setor Cabo Frio – Cabo de São Tomé; (2) Setor São Paulo

Bight; (3) Setor Florianópolis – Mostardas; e (4) Setor Rio Grande Cone. Historicamente, esta

plataforma vêm sendo estudada desde a década de 30 quanto aos seus parâmetros

hidrológicos, geomorfológicos, edáficos e ecológicos (Moraes Rêgo 1932, Deffontaines 1935,

Fiore 1939, Carvalho 1945, Besnard 1950, Sadowsky 1952, Freitas 1953, Sadowsky 1953,

1954, Kutner 1962, 1963, Occhipinti 1963, Magliocca & Kutner 1965, Bigarella 1965, Petri

& Suguio 1973, Suguio & Petri 1973, Abreu 1975, 1978, Navarra et al. 1980, Suguio &

Tessler 1983, Tessler & Furtado 1984, Castro Filho et al. 1987, Pires 1992, Pires-Vanin &

Matsuura 1993, Sumida & Pires-Vanin 1997, Mahiques et al. 1998, Rodrigues et al. 1999,

Odebrecht & Castello 2001, Rodrigues et al. 2002, Burone et al. 2003, Conti 2009). Esta

região apresenta, ainda, pesca de interesse comercial voltada aos camarões sete-barbas

(Xiphopenaeus kroyeri) e rosa (Farfatepenaeus brasiliensis) (Pires-Vanin 1989), bem como à

sardinha-verdadeira (Sardinella brasilliensis) (Castello 2007), constituindo local estratégico à

realização de monitoramentos ambientais.

O principal fator geomorfológico da São Paulo Bight, é a presença da elevação da

Serra do Mar, refletindo um litoral extremamente recortado, com muitas enseadas e baías com

relevo interno próprio e peculiar (Ab‟Saber 1955, Mahiques et al. 2004). A característica de

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36 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

semi-confinamento das enseadas desta região sugerem um intercâmbio restrito de água e

material sedimentar entre a região costeira e a plataforma continental rasa (Mahiques 1995),

resultando em enseadas e baías com particularidades distintas.

A costa norte de São Paulo é afetada por três massas de água: (1) Águas Costeiras

(AC: temperatura > 20°C; salinidade < 36); (2) Águas Tropicais (AT: temperatura > 20°C;

salinidade > 36); e (3) Água Central do Atlântico Sul (ACAS: temperatura < 18°C; salinidade

< 36; proporção Nitrogênio:Fósforo – 16:1) (Castro-Filho et al. 1987, Odebrecht & Castello

2001). Durante o verão, a ACAS penetra nas camadas mais profundas da zona costeira e

forma uma termoclina sobre a plataforma rasa, chegando à profundidades de 10 a 15m. Já

durante o inverno a ACAS retrai para a zona do talude e é substituída pela AC, não

resultando, portanto, em uma estratificação durante as demais estações do ano (Pires 1992,

Pires-Vanin & Matsuura 1993).

As particularidades da São Paulo Bight a classificam como excelente região para

estudos das modificações ambientais Quaternárias, seja ao nível de sedimentação, como de

influência das massas de água (Mahiques et al. 2002, 2004, Sumida et al. 2005, Gyllencreutz

et al. 2010). Diante disso, o objetivo deste estudo foi caracterizar e comparar temporalmente

aspectos topográficos, hidrológicos e sedimentológicos da Enseada da Fortaleza, em Ubatuba

(SP), em 1989 e após decorridos 20 anos (2009). Os resultados obtidos neste estudo são

extremamente relevantes ao entendimento de modificações temporais a curto prazo, além de

disponibilizar subsídios à futuras comparações temporais, sejam elas abióticas ou em relação

à biota local. Este estudo emprega registros de caracterização base, realizados na década de 80

(Negreiros-Fransozo et al. 1991), assim como dados duas décadas depois, através de coletas

in situ e uso de imagens de satélites históricas para as duas épocas amostrais.

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37 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

2.2 Material e Métodos Dois períodos anuais distintos na Enseada da Fortaleza foram analisados: (1)

Novembro 1988 a Outubro 1989; e (2) Novembro 2008 a Outubro 2009. Para caracterizar e

comparar estes dois períodos foram utilizados dois tipos de análises, sendo a primeira por

dados coletados in situ e a segunda empregando análise geotecnológica por sensoriamento

remoto de imagens de satélite.

2.2.1 Área de estudo

A Enseada da Fortaleza (23°29‟30”S to 45°10‟30”W – Figura 1a) está localizada na

Área de Proteção Ambiental Marinha (APA) do Litoral Norte do Estado de São Paulo - Setor

Cunhambebe (Portaria # 53,525, de 8 de outubro de 2008 – São Paulo, 2008). No interior da

Enseada da Fortaleza, 12 praias arenosas são ladeadas por costões rochosos, com reduzida

variação batimétrica (1 a 12 m). Dois rios (chamados „Escuro‟ and „Comprido‟), provenientes

da floresta Atlântica costeira (Mata Atlântica), penetram ao fundo do embaiamento desta

enseada, dando suporte a um ecossistema de manguezal (Figura 1b).

De maneira geral, a geologia e geomorfologia da Plataforma Continental foram

condicionadas, principalmente, por dois eventos distintos: (1) processo tectônico Mesozóico-

Cenozóico, ligado à reativação do escudo Sul Americano, que é responsável pelos

falhamentos que condicionaram a escarpa da Serra do Mar; e (2) sedimentação decorrente das

sucessivas transgressões e regressões marinhas quaternárias, responsáveis pela maior parte da

distribuição sedimentar do litoral (Kowsmann & Costa 1978, Conti 2009). Além deles,

destaca-se, também, eventos de sedimentação associados à circulação geostrófica e

termohalina (Mahiques et al., 2007)

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38 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

2.2.2 Coleta de dados in situ e análises estatísticas

A caracterização ambiental para o primeiro período foi realizada por Negreiros-

Fransozo et al. (1991), sendo reproduzida em detalhes também no segundo período de

estudos, conforme segue.

Sete pontos amostrais foram estabelecidos dentro da Enseada da Fortaleza (Figura 1b),

com amostragens mensais de água realizadas em cada estação nos dois períodos anuais em

estudo. As amostras da água de fundo foram obtidas com uma garrafa de Nansen, com

registro da temperatura (TF - °C) e salinidade (SF), com um termômetro de mercúrio

(acurácia = 0,5°C) e um refratômetro ótico (precisao = 0.5), respectivamente. A profundidade

(P - m) foi registrada com um cabo graduado a cada 50 cm, conectado à garrafa de Nansen.

Amostras de sedimento também foram obtidas mensalmente, com um pegador de Van

Veen (0,025 m2), empregadas em análises da composição granulométrica e teor de matéria

orgânica. As amostras de sedimento foram transportadas sob congelamento até o laboratório,

onde foram secas em estufa (70°C por 48 h). Para a análise da composição granulométrica,

duas subamostras de 50 g foram tratadas com 250 mL de solução de NaOH (0,2 mol/L) e

agitadas (5 min) para a liberação das partículas de silte e argila. Em seguida, as subamostras

foram lavadas em uma peneira de 0,063 mm. A classificação granolométrica seguiu a escala

padrão americana proposta por Wentworth (1922), na qual os sedimentos foram peneirados

sequencialmente em: 2 mm (para retenção de cascalho); 2,0-1,0 mm (areia muito grossa); 1,0-

0,5 mm (areia grossa); 0,5-0,25 mm (areia média); 0,25-0,125 mm (areia fina); 0,125-0,063

mm (areia muito fina); e < 0,063 mm (silte + argila). As três mais importantes frações

granulométricas quantitativas foram definidas de acordo com Magliocca & Kutner (1965):

classe granulométrica A (CGA) - sedimentos em que cascalho (G), areia muito grossa (VCS),

areia grossa (CS) e areia média (MS) contabilizaram um peso de amostra > 70%. Na classe

granulométrica B (CGB) - areia fina (FS) e areia muito fina (VFS) somaram mais de 70% em

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39 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

peso da amostra. Na classe granulométrica C (CGC) - mais de 70% dos sedimentos foram

constituídos por silte e argila (S + C). Valores de ɸ (phi) foram calculados utilizando a

fórmula phi = - log2 (diâmetro dos grãos, em mm), no qual foi obtida a seguinte escala: -2 = ɸ

<-1 (G); -1 = ɸ <0 (VCS), 0 = ɸ <1 (CS), 1 = ɸ <2 (MS), 2 = ɸ <3 (FS), 3 = ɸ <4 (VFS) e ɸ =

4 (S + C). A partir dessas escalas, as medidas de tendência central foram calculadas para

determinação da fracção do tamanho médio do grão de maior frequência no sedimento. Estes

valores foram calculados a partir das curvas cumulativas de distribuição de frequências dos

sedimentos, com uso dos valores correspondentes aos percentis 16, 50 e 84 para determinar o

diâmetro médio (Phi md) utilizando a fórmula: Phi (md) = ɸ 16 + ɸ 50 + ɸ 84 / 3 (Suguio

1973). Finalmente, o teor de matéria orgânica do sedimento (MO) foi estimado pela diferença

entre o peso seco inicial e aquele final (livre das cinzas), com duas réplicas (10g) para cada

amostra, em cadinhos de porcelana incinerados em forno mufla (500°C por 3 h).

Os dados utilizados na comparação consistiram de sete amostras tomadas

mensalmente em cada periodo (7 amostras vs. 12 meses vs. 2 períodos), totalizando 168

amostras. Previamente à realização das análises estatísticas, os dados foram testados quanto a

multicolinearidade, normalidade multivariada e homogeneidade das matrizes de variância.

Uma matriz de correlação ranqueada de Spearman, constituída por variáveis da coluna d‟água

(P, TF e SF) e granulométricas (CGA, CGB, CGC, MO e Phi md), foi utilizada para avaliar a

multicolinearidade dos dados, sendo preferível por evitar suposições de linearidade entre as

variáveis (Zar 2010). De acordo com Neter et al. (1990) e Graham (2003), as variáveis com

alta colinearidade podem resultar em estimativas de difícil interpretação como efeitos

independentes, ou mesmo implicar em valores elevados de erro padrão que dificultam a

estimativa dos coeficientes de regressão. Assim, valores modulares do coeficiente de

correlação de Spearman superiores a 0,5 foram indicativos da alta colinearidade de uma

variável (Booth et al. 1994).

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40 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Em seguida, as variáveis caracterizadas por baixa colinearidade foram testadas quanto

a sua normalidade multivariada, pelo teste de simetria e curtose multivariada (Mardia 1970 e

1980, com modificações propostas por Doornik & Hansen 1994 – omnibus test). Em adição,

realizou-se um teste M de Box (Anderson 1958), que avalia a equivalência (homogeneidade

multivariada) entre as matrizes de covariância de dois grupos de amostras, com permutações

de Monte Carlo para o valor de p. Os dados que seguiram a parametricidade (normalidade e

homogeneidade) foram representados por sua média (± desvio padrão), enquanto que, nos

casos de não parametricidade, foram expressos pela mediana (± erro padrão).

Para a caracterização e comparação da Enseada da Fortaleza nos dois períodos

amostrados foram realizadas uma análise de componentes principais (ACP), uma função

discriminante (AFD), uma Análise de Variância Multivariada não-paramétrica

(PERMANOVA) e por fim uma regressão do tipo II.A ACP visa descrever padrões de

variação dos dados em um conjunto multivariado (Gottelli & Ellison 2001, Peres-Neto et al.

2005), importante na inspeção dos dados e constatação das variáveis ambientais de maior

variação explicativa nos dados obtidos para cada estação, nos meses, de cada período

amostral. De acordo com Kohler & Luniak (2005) avaliando-se os autovetores e autovalores,

além da inspeção visual do biplot, é possível observar a força de correlação entre as variáveis,

além de indicar agrupamentos (embora este último não seja de fato uma função da ACP). O

número de componentes principais a ser avaliado foi determinado pelo método da análise

paralela (Peres-Neto et al. 2005), que ganha poder discriminante quando os dados a serem

utilizados não forem correlacionados (não colineares). A análise paralela envolve o uso da

abordagem de permutações do tipo Monte Carlo para gerar uma grande quantidade de

autovalores baseado em dados simulados do tamanho do conjunto de dados de interesse

observados. O protocolo do teste de Monte Carlo para a análise paralela está descrito

completamente em Peres-Neto et al. (2005). Além disso, as cargas (loadings) de cada variável

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41 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

ambiental foram avaliadas, considerando-se aqueles valores modulares e maiores que 0,5

como expressivos. As variáveis assinaladas pela ACP foram submetidas a uma análise de

função discriminante do tipo stepwise forward, que contribui significativamente à

discriminação dos grupos (Legendre & Legendre, 2003), com destaque de quais variáveis

ambientais podem explicar os agrupamentos ali estabelecidos. Também foram computadas as

probabilidades condicionais a posteriori da variável categórica dos agrupamentos (períodos 1

e 2), bem como a taxa aparente de erro de classificação (apparent ratio error) para cada par

de variáveis ambientais utilizando o Teorema de Bayes, avaliando a capacidade preditiva do

modelo discriminante pelo confronto dos valores para grupos reais e aqueles previstos. Os

resultados foram visualizados no gráfico de matrix particionada (Partition Matrix Plot –

Partimat).

Para uma melhor visualização do gradiente de variabilidade dos parâmetros

discriminantes, a ACP inicial foi submetida a um ajuste espacial de superfícies pelo modelo

aditivo generalizado (GAM). O uso do algoritmo do GAM promoveu uma thin plate spline

em duas dimensões, com seleção automática do grau de suavidade por uma validação cruzada

generalizada. Dessa forma, caso a resposta das variáveis discriminantes seja linear à

ordenação, a superfície ajustada apresentará um gradiente seguindo o mesmo sentido do vetor

ambiental.

O teste de hipótese de diferença entre os períodos (1 e 2) foi realizado por

PERMANOVA (9999 permutações), somente usando as variáveis de influência significativa

pela função discriminante, além da diferença entre os pontos amostrais por um modelo de

análise de variância multivariado de dois fatores (período vs. pontos amostrais).

Um gráfico ternário triangular foi confeccionado com as variáveis granulométricas

(CGA, CGB e CGC) para visualizar a disposição sedimentológica nos dois períodos

amostrados. Tal análise foi complementada pela avaliação da variável CGC em um modelo de

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42 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

regressão do tipo II (método reduced major axis), plotada em relação a uma variável temporal

(„dias‟). Assim, os dados de CGC do primeiro mês de coleta de cada período foram

relacionados à origem (referência inicial „0‟), seguido pelo valor 30 (segundo mês de coleta),

sucessivamente até a finalização do 12º mês de coleta/período. O método reduced major axis

é baseado no cálculo de um eixo principal (major axis) padronizado que minimiza a soma dos

quadrados das menores distâncias das amostras em relação ao eixo, equivalente a primeira

componente principal calculada a partir de uma matriz de covariância ajustada ao centróide

dos dados. O uso preferencial por modelos de regressão tipo II se deve ao seu ajuste linear,

independente da predição de uma variável em função de outra, principalmente na comparação

de variáveis representadas em escalas distintas, além da geração de intervalos de confiança

para os valores do coeficiente angular („b‟) e do intercepto („a‟) da reta, que aumenta a

confiabilidade dos resultados. Os coeficientes angulares das retas de cada período foram

comparados pelo teste de likelihood ratio, onde cada valor numérico do coeficiente angular é

confrontado estatísticamente à unidade, testando a relação proporcional entre a GCC (variável

dependente) e Dias (variável independente) conforme indicado por Warton et al. (2006).

Valores significativamente maiores que a unidade indicam uma proporção diferencial de

crescimento entre as variáveis relacionadas, com um maior incremento de CGC em função do

tempo, ocorrendo o inverso para coeficientes inferiores a unidade.

Todas as análises preliminares foram realizadas no software R (R Development Core

Team 2012), com uso dos seguintes pacotes estatísticos: „MASS‟ (AFD; Venables & Ripley

2002), „e1071‟ (probabilidades condicionais ‘a posteriori’ – Teorema de Bayes; Dimitriadou

et al. 2011), „vegan‟ (PERMANOVA e ajuste de superfíces em ordenações; Oksanen et al.

2012), „smatr‟ (reduced major axis; Warton et al. 2012). Em todas as análises realizadas o

nível de significância adotado foi de 5% (Zar 2010).

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43 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

2.2.3 Análises geotecnológicas

Foram obtidas duas cenas do satélite Landsat 5-TM, órbita 218/76, datadas de 19 de

maio de 1989 e 26 de maio de 2009, relativas ao primeiro e segundo período de estudo,

respectivamente. Estas imagens de satélite foram obtidas gratuitamente no site do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE – www.inpe.br). No sistema Landsat 5-TM, as

imagens possuem sete bandas, cada uma compreendendo uma área de 185x185km e pixels

com resolução espacial de 30m. Como apenas a banda 6 possui menor resolução espacial

(120m), ela foi excluída das análises.

Inicialmente as imagens passaram por correção geométrica e atmosférica

(Schowengerdt 1983, Novo 1992, Drury 1993, Richards 1995, Walsh et al. 1998, Sestini &

Florenzano 2004). Devido a expressiva variabilidade nas áreas terrestres (dados e resultados

não mostrados), foi realizado um recorte da área marinha da Enseada da Fortaleza nas duas

cenas de análise, para uma redução da interferência na variabilidade das informações. Em

seguida, foi realizada a estatística descritiva das bandas (média, mediana, desvio padrão,

valores mínimo e máximo), para os dois períodos de estudo. Tais dados descritivos serviram à

confecção de um algoritmo no software Excel (Microsoft Office 2010), com cálculo e

ranqueamento automático pelo índice de fator ótimo – Optimum Index Factor (OIF) para cada

combinação possível entre as bandas, empregando a expressão descrita por Chavez et al.

(1982):

onde, Sk é o valor do desvio padrão da banda “k”, e rj o coeficiente de correlação absoluto

(par a par) entre as três bandas utilizadas, com j representando cada coeficiente de correlação

possível em número de 3. O OIF foi aplicado a cada conjunto de dados multiespectrais, com

posterior análise das possíveis composições coloridas por avaliação dos dados estatísticos

para cada imagem. Este índice foi calculado para conjuntos de três bandas, sendo a

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44 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

composição colorida de maior OIF indicativa das maiores informações (medido pela

variância) e a menor quantidade de duplicação de informações (medida pela correlação)

(Jensen 1996). Assim, maiores índices correspondem a uma maior percepção da variabilidade

de informação do objeto em estudo.

As bandas de cada período foram também submetidas a uma ACP, com uso das

matrizes da composição RGB (Red, Green e Blue), que representaram as maiores correlações

com as bandas de maior OIF. Este procedimento foi usado para eliminação da redundância

nas seis bandas de maior reflectância do Landsat-TM, realçando informações únicas para cada

banda espectral e sua variabilidade de informação nos dois períodos em estudo. Essa técnica

tem encontrado ampla aceitação em análises geoambientais (Chavez Jr. 1989, Crósta &

Moore 1989, Amos & Greenbaum 1989, Louglin 1991, Drury 1993, Richards 1995, Maroco

2003, Mingoti 2005), sendo eficiente para realçar feições espectrais sutis, como a abundância

estimada de minerais limoníticos ou de minerais portadores do íon hidroxila (argilas, micas,

etc.). Adicionalmente, foi gerada uma composição pseudocolor com o índice de minerais

argilosos de alteração hidrotermal (razão banda 1/ banda 7), segundo Hoff et al. (2004).

Todas as atividades de processamento de imagens e análises estatísticas geoespaciais foram

realizadas com o software ERMapper v7.1 (Earth Resource Mapping Pty Ltd).

2.3 Resultados

2.3.1 Dados in situ – Caracterização dos períodos 1 e 2

A mediana (± erro padrão [SE]) de profundidade da Enseada da Fortaleza durante os

períodos de estudo 1 e 2 foram de 8,75 ± 0,33 m, variando 3,5-16,0 m, e de 7,5 ± 0,2 m,

variando 4,0-14,0 m, respectivamente (Tabela 1). No período 1, houve uma maior variação da

profundidade entre as estações amostradas em relação ao período 2, que apresentou um

caráter homogêneo. Durante os dois períodos de estudo, os pontos IV e VII foram

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45 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

caracterizados pelo menor (1 - 4.25m; 2 - 6,00 m) e maior (1 - 13.00m; 2 - 10.75m) valor

mediano de profundidade, respectivamente (Figura 2a; Apêndice A ).

A temperatura de fundo (TF) variou de 20,0 a 29,5 °C, no período 1, e de 18,0 a 27,5

°C, no período 2. A mediana de TF foi semelhante entre os dois períodos de estudo (1 - 22,75

ºC; 1-23.5 °C) (Tabela 1). Os pontos I e VII, localizados perto da abertura da Enseada da

Fortaleza, apresentaram os menores valores de mediana de TF durante os dois períodos de

estudo. No entanto, no período 2, os valores medianos de TF foram mais homogêneos (Figura

2b; Apêndice A). No que diz respeito à variação das amostragens mensais, houve uma

diminuição de BF de novembro de 1988 a janeiro de 1989, um aumento abrupto em fevereiro

de 1989, seguido por uma diminuição constante até julho de 1989. De janeiro de 2009 a

março de 2009, a temperatura de fundo (TF) aumentou na Enseada seguido por uma

diminuição durante os meses seguintes até julho de 2009, seguindo um padrão semelhante de

período 1. Em dezembro de 2008, foi registrado o menor valor mediano de TF (19,0 ± 0,6 °C)

obtidos durante ao longo dos períodos de estudo (Figura 3a; Apêndice B).

Os valores medianos de salinidade de fundo (SF) não variaram muito entre os pontos

amostrais e meses durante os dois períodos de estudo (Figuras 2c e 3b). No geral, variaram de

30 a 38, e de 29 a 38, com valores medianos de 34,75 ± 0,14 e 34,0 ± 0,17 registrados durante

os períodos de estudo 1 e 2, respectivamente. O menor valor mediano de SF foi obtido no

ponto IV (Figura 2c), próximo do ecossistema manguezal presente na Enseada da Fortaleza

(Figura 1b). De fevereiro de 1989 a abril de 1989, outubro de 1989, maio de 2009 e outubro

de 2009, foram registrados os menores valores medianos de SF (Figura 3b).

Em geral, o sedimento na Enseada da Fortaleza foi caracterizado como areia fina e

muito fina e, silte e argila durante ambos os períodos de estudo; grãos com um diâmetro

menor que 0,25 milímetro dominando as amostras de sedimento (> 90%). O gráfico ternário

triangular com as combinações de dados de mês e pontos amostrais deram uma visão geral

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46 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

das mudanças nas porções granulométricas na Enseada da Fortaleza durante os períodos de

amostragem (Figura 4a). Houve uma drástica redução na fração de sedimentos correspondente

à classe granulométrica A (CGA), nos pontos I, II, V, VI e VII, durante o período 2 em

relação ao período 1. Essa redução também foi observada entre os meses de amostragem. Por

consequência, houve um aumento nas fracções de sedimento CGB e CGC para ambas os

pontos amostrais e meses (Figuras 2d e 3c; Apêndice A e B). Os valores medianos de Phi

obtidos durante os períodos 1 e 2 corresponderam a 3,52 ± 0,1, e 4,76 ± 0,07, medindo entre

1,0 e 5,2 e de até 2,0 e 6,3, respectivamente (Tabela 1).

Os valores de Phi aumentaram durante o período 2 em comparação com o período 1.

De acordo com a escala de Phi, areia fina, areia muito fina e silte e argila foram as frações

granulométricas mais freqüentes nos sedimentos amostrados por estações e meses durante os

períodos 1 e 2. O teor de matéria orgânica mediano (MO) variou substancialmente entre os

pontos amostrais e meses durante os dois períodos de estudo. O maior valor mediano de MO

foi obtido nos pontos II (período 1) e VI (período 2), e em setembro de 1989, outubro de

1989, abril de 2009 e junho de 2009 (Figuras 2d e 3c; Apêndice A e B).

2.3.2 Dados in situ – Comparação entre os períodos 1 e 2

Uma baixa colinearidade foi confirmada para seis das variáveis ambientais analisadas

(P, TF, SF, CGA, CGC e MO), com duas delas (Phi (md) e (CGB) violando os valores

limitantes para o coeficiente de correlação de Spearman, indicados por Booth et al. (1994).

Assim, somente as variáveis com inexpressiva colinearidade foram usadas nas ACP que

indicou significância das componentes principais 1 a 3 (p<0,001) e explicação proporcional

da variação dos dados em 27,2, 22,8 e 19,2%, respectivamente, bem como uma variância

cumulativa de 69,2%. Usando o valor de corte (>|0,5|) para as variáveis ambientais

significativas, os destaques para a CP1 (componente principal 1) foram P (0,51) e GCA

(0,57); para CP2 a variável GCC (0,75); e para CP3 as variáveis BS (0,63) e OM (0,54)

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47 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

(Tabela 3). O biplot CP1 vs. CP2 (Figura 5a) para as duas primeiras CPs revelou uma nítida

distinção na variação dos dados de cada período amostral, evidenciando: (1) um evidente

antagonismo entre as variáveis CGC e CGA; (2) a interação positiva entre P e MO, em

antagonismo a TF; e (3) o menor poder discriminante da variável SF. Os biplots entre as

dsemais CPs (CP1 vs. CP3; e CP2 vs. CP3) revelaram uma possível distinção entre os

períodos amostrais, embora com menor poder discriminante (biplots não apresentados).

Três variaveis contribuíram significativamente à discriminação dos períodos

amostrados (Tabela 4): CGC (Coef=0,07, F-remove=123,84, p<0.01), MO (Coef=0,25, F-

remove=25,94, p<0,01) e P (Coef=0,12, F-remove=6,20, p<0,05). Um ajuste de superfícies

para estas variáveis foi aplicado em conjunto com a ACP (Figura 5b,c,d). Para as variáveis

CGC (Figura 5b) e P (Figura 5c) tais gráficos apresentaram um maior poder de variação

relacionado aos períodos 1 e 2, enquanto para MO (Figura 5d) a variação foi mais dispersa

para ambos os períodos. Em adição, as probabilidades condicionais a posteriori da variável

categórica „período‟ assinalaram probabilidades de 0,64 (período 1) e 0,96 (período 2), com

somatória geral de acerto em 0,80. As menores taxas de erro aparente (Teorema Bayesiano)

foram perceptíveis nas relações envolvendo a variável CGC (P vs. CGC= 0,196; SF vs. CGC=

0,286; CGA vs. CGC= 0,226; e MO vs. CGC= 0,256), reforçando a importância na

diferenciação sedimentológica da variável CGC entre os dois períodos estudados (Figura 6).

Nas demais correlações resultantes as taxas de erro aparente computaram valores entre 0,301

a 0,399, implicando em maior probabilidade de erro na diferenciação das demais variáveis

ambientais.

Os resultados da PERMANOVA mostraram uma diferença significativa entre as

medianas das variáveis ambientais entre os períodos amostrais (df = 1, F = 87,87, p<0,01,

permutações = 9999), estações (df = 6, F = 12,89, p<0,01, permutações = 9999) ou interação

períodos vs. estações (df = 6, F = 6,97, p<0,01, permutations = 9999) (Tabela 5).

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48 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

O modelo de regressão reduced major axis apontou uma diferença estatistica

significativa entre os coeficientes angulares dos períodos 1 e 2 (CGC vs. Dias) (df = 1, L/R =

15,56, p<0,01, Figura 4b). O coeficiente angular do período 1 foi b1=1,5 (IC 5% = 1,21 a

1,85), configurando uma reta positiva (teste de proporção igual, p<0,01), enquanto para o

período 2 foi registrado b2=0,81 (CI 5% = 0,65 a 1,01) (teste de isometria, p=0,06). Os

resultados sugerem que durante o período 1 houve um aumento gradativo de CGC, que no

período 2 aumentou proporcionalmente a cada mês amostral.

2.3.3 Análises geotecnológicas

Quatro altas correlações foram detectadas entre algumas bandas de imagens

analisadas, independente do período amostral (Tabela 6): B1 com B2; B1 com B3; B2 com

B3; e B4 com B5 (vide estatistica descritiva para cada banda por período amostral no

Apêndice C). Após aplicação dos valores de desvio padrão e correlação das bandas (Tabela 6)

por triplete (composição de 3 bandas coloridas), no algoritmo OIF, foram obtidas 20

composições por imagem e selecionadas três com maiores valores de OIF. Baseado no

ranking do OIF, o melhor triplete, foi formado pelas bandas 741, 415 e 751 (Tabela 7).

A ACP demonstrou uma variação diferenciada entre os dois períodos amostrados,

sendo elaborada uma composição RGB com uso de três componentes principais (CP2, CP3 e

CP5). Nos dois períodos amostrais estas componentes indicaram maior influência pelas

bandas 7, 4 e 1 (critério OIF), compreendendo a maior variabilidade de informações para a

Enseada da Fortaleza (Tabela 8, Figura 7a). Ao gerar o índice proposto por Hoff et al. (2004),

foi observada uma variação em gradiente de cor similar a imagem composta pelos citérios

OIF mencionados anteriormente. Comparando os dois períodos, o índice de Hoff apresenta

um aumento de minerais argilosos de alteração hidrotermal (cores quentes) em direção

noroeste-sudeste, durante a escala temporal estudada (Figura 7b).

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49 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

2.4 Discussão Caracteres sedimentológicos e batimétricos estão associados às mudanças ambientais

no intervalo de 20 anos analisado (1988-89 à 2008-09) na Enseada da Fortaleza, plataforma

sudeste brasileira. Diante de todas as análises estatísticas e geotecnológicas realizadas, a

variável que possuiu maior poder discriminatório em caráter temporal foi a porção

granulométrica de silte + argila (CGC) e, secundariamente as variações de matéria orgânica

(MO) e profundidade (P). Também foi possível verificar que houve perda de heterogeneidade

ambiental na Enseada da Fortaleza com o decorrer do tempo, ocorrendo uma homogeneização

das variáveis ambientais após decorridos 20 anos. Assim, no período 2 (2008-09) houve

decréscimo da profundidade da referida enseada, que se tornou mais rasa, principalmente a

região de foz estuarina dos Rios Comprido e Escuro (ponto amostral IV).

O processo de sedimentação moderno na plataforma continental brasileira é

caracterizado, principalmente, pela deposição biogênica de carbonato de cálcio e,

secundariamente pelo aporte de sedimentos oriundos das áreas terrestres continentais (Palácio

1982). Segundo Negreiros-Fransozo et al. (1991), a hetereogeneidade granulométrica na

Enseada da Fortaleza no período 1 favoreceu substratos de composição variada, oferecendo

suporte a diversos organismos bentônicos. Este quadro foi alterado expressivamente após 20

anos, em decorrência de um processo sedimentar nítido e uniforme em toda a enseada, com

prevalência das frações areia fina e muito fina, bem como daquelas silte-argilosas, divergindo

dos processos usuais relatados anteriormente por Palácio (1982). Concomitantemente, houve

uma redução dos processos de sedimentação biogênica nessa enseada no período 2,

perceptível com a redução das frações sedimentares mais grossas (superiores a areia fina), em

confronto com o período 1.

Mahiques (1995) destacou que as enseadas da região de Ubatuba possuem

características sedimentares próprias, entre as quais a Enseada da Fortaleza se destaca pelas

maiores diferenças em composição granulométrica quando confrontada às enseadas de

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50 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Ubatuba, Flamengo, Baía das Toninhas e Mar Virado. Segundo este autor a Enseada da

Fortaleza também difere das demais pelo seu menor valor de sedimentação do carbonato de

cálcio, fortalecendo os resultados obtidos em ambos períodos amostrais, onde as classes

sedimentares mais finas (silte e argila) representaram praticamente toda a variabilidade

espacial.

A reflectância de um corpo d‟água é resultado da propriedade dos componentes que

afetam seu comportamento espectral, como é o caso dos pigmentos/complexos protéicos

responsáveis pela fotossíntese, substâncias orgânicas dissolvidas e material particulado em

suspensão (Sathyendranath 1991). A cor da água e a quantidade de sólidos em suspensão têm

forte participação no comportamento espectral da água, sendo representante do metabolismo

aquático (Robert et al. 1995, Pereira Filho 1991). O coeficiente de espalhamento

(reflectância) é proporcional à quantidade de partículas dispersas nos corpos d‟água,

apresentando correlação inversa ao tamanho das partículas (Jensen 2000), principalmente o

particulado mineral (silte e argila) que é expresso por forte espalhamento da radiação na faixa

do vermelho. Isto explica a elevada similaridade entre a maior variabilidade de informações

na área de estudo, com o índice de minerais argilosos de alteração hidrotermal proposto por

Hoff et al. (2004) (Figura 7). A variação temporal do índice de Hoff, confirmada pela

variação dos dados obtidos em campo, está associada a diversos fatores, dentre eles: (1) o

possível assoreamento da Enseada pelo aporte de sedimentos finos por transporte oriundo do

sistema estuarino composto pelos Rios Comprido e Escuro; (2) hidrodinamismo oceânico

local; e (3) ressuspensão sedimentar causada pela retração das Águas Centrais do Atlântico

Norte (ACAS) ao longo dos anos.

O aporte de sedimentos finos à Enseada da Fortaleza, pelos rios Comprido e Escuro,

está associado aos processos de transporte sedimentar similares aos do Estuário do Rio

Iguape, ao sul da Enseada da Fortaleza (Geobrás 1966). Estes são marcados por perda da

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51 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

capacidade de transporte dos sedimentos arenosos por tração, com sua deposição às margens

do rio, com acúmulo de sedimentos lamosos junto à desembocadura, devido a carga de

suspensão do fluxo fluvial. Tal padrão fluvial, aliado ao extremo recorte do litoral norte da

região e presença marcante de numerosas ilhas atenua a ação energética das ondas e correntes

de fundo sobre a costa (Mahiques 1995). Tal deslocamento sedimentar é perceptível em

imagens de satélites pelas denominadas „plumas de suspensão‟, já identificadas preteriamente

no litoral paulista por Bonetti-Filho (1995). Na Enseada da Fortaleza tais plumas de

suspensão puderam ser facilmente identificadas no período 1, somente na região de

desembocadura dos Rios Escuro e Comprido, enquanto que 20 anos após (período 2) a

dispersão destas plumas se encontravam dispersas ao longo de toda esta enseada (Figura 7a).

O hidrodinamismo é um fator previamente discutido por Rodrigues et al. (2002), em

estudo das enseadas de Ubatumirim e Picinguaba, em setor ao norte da área de estudo.

Segundo estes autores as enseadas do litoral paulista apresentam sua desembocadura

geralmente com orientação SW, onde uma ação direta das ondas e correntes marinhas é mais

evidente, particularmente com as frentes frias que atuam sobre a modelagem sedimentar da

área.

O teor de matéria orgânica no sistema depende do nível de produção primária na zona

eufótica, grau de afundamento de agregados de fitoplancton e dos pellets fecais oriundos da

região pelágica (Sumida et al. 2005). A intrusão da corrente marinha da ACAS é um

fênomeno particular na plataforma continental sudeste do Brasil, formando uma termoclina,

principalmente no verão. Esta massa de água é fria, salina e rica em nutrientes, aumentando

significativamente a produção primária quando alcança a zona eufótica (Aidar et al. 1993),

alterando quantitativa e qualitativamente a comunidade planctônica. Tal fato gera um efeito

em cascata trófica, estabelecendo um fluxo energético diferencial (fitoplâncton – zooplâncton

– peixe), com a presença maciça de aglomerados tunicados planctônicos (Salpidae) e ausência

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52 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

de peixes pelágicos (Pires-Vanin et al. 1993). Apesar da estrutura trófica diferenciada, os

aglomerados de salpas contribuem de duas formas distintas nos compartimentos do

ecossistema: (1) degeneração dos aglomerados de salpas, com ampliação da estrutura trófica

pelagial por uma robusta rede microbiana, com uso da matéria orgânica como substrato; e (2)

participação na produção orgânica do pelagial pelas fezes das salpas, constituindo a chamada

„produção exportada‟ da região pelágica para o bentos. Em adição, no inverno, ocorre retração

da ACAS e intensa resuspensão do sedimento (Pires-Vanin et al. 1993, Sumida et al. 2005),

podendo haver um carreamento com a matéria orgânica particulada, originada intensamente

na estação anterior. Apesar da Enseada da Fortaleza não apresentar profundidades expressivas

(uma característica da ACAS), podem haver reflexos da ACAS na plataforma continental

sudeste, especialmente entre novembro a janeiro, quando foram registradas as menores

temperaturas de fundo no presente estudo. Portanto, a presença da ACAS pode ser um fator

importante no aumento temporal de sedimentos finos e matéria orgânica na Enseada da

Fortaleza.

Segundo Moore (1958), os sedimentos mais finos apresentam maior quantidade de

matéria orgânica associada quando comparada aos sedimentos mais grossos. Já no início da

década de 90 (período 1), Negreiros-Fransozo et al. (1991) já apontavam a ocupação urbana

como a principal causa de elevação da matéria orgânica nos sedimentos de fundo em frente à

Praia do Lázaro (ponto amostral II). Atualmente, a ocupação urbana desordenada da faixa

praial da Enseada da Fortaleza se intensificou, podendo ainda contribuir ao aumento de

matéria orgânica nos sedimentos locais. Arasaki et al. (2004) comentaram que nas últimas

décadas o aumento da poluição ambiental em zonas costeiras urbanas constituem um dos

maiores problemas nos países em desenvolvimento. Além disso, estes autores destacam que

as atividades antrópicas detêm impacto modificador da distribuição de espécies da

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53 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

macrofauna bentônica por aporte de matéria orgânica e metais pesados oriundos de emissários

submarinos, terminais de petróleo e portos comerciais.

O presente processo de sedimentação da Plataforma de São Paulo (São Paulo Bight) é

fortemente dominado por massas de água oceânica e pela circulação continental (Mahiques et

al. 2004). Gyllencreutz et al. (2010) acrescentaram que nesta plataforma a sedimentação é

somente representada por rios de cursos pequenos e baixa vazão, embora os resultados

obtidos tenham indicado um processo de sedimentação na Enseada da Fortaleza nas últimas

décadas. Assim, percebe-se que este local apresenta um conjunto de fatores promotores da

sedimentação, que têm alterado a superfície dessa enseada. A modificação da heterogeneidade

espacial de um ambiente pode causar alterações profundas em outros quesitos, como nas

comunidades e populações animais residentes ou mesmo que ali passam parte do seu ciclo de

vida. A literatura tem destacado que a heterogeneidade sedimentar e de matéria orgânica tem

alta influência na distribuição de espécies e das comunidades da macrofauna bentônica na

plataforma continental (Fransozo et al. 1992, Negreiros-Fransozo et al. 1997, Pires-Vanin

2001, Pires-Vanin et al. 2013). Na Enseada da Fortaleza, Fransozo et al. (2002) destacaram,

ainda, algumas particularidades locais, como uma guilda distinta de camarões em relação a

outras enseadas da mesma região.

O uso de técnicas geotecnológicas para o estudo de ambientes costeiros, vem se

destacando nos últimos anos, principalmente com os satélites do Sistema Landsat (Klemas

2011). Essas técnicas, aliadas à coleta de dados in situ, são uma relevante ferramenta à

caracterização, monitoramento e gestão do ecossitema costeiro. Com a distribuição das

imagens do novo satélite/sensor Landsat-8/OLI (Pahlevan & Schott 2013), possivelmente,

melhores estimativas poderão ser calculadas pela aplicação dos procedimentos empregados

neste estudo. Pelo exposto, o presente estudo evidencia a praticidade dessa aplicação como

protocolo auxiliar ao entendimento das variações ambientais em função do tempo.

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54 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Futuramente tais análises podem ser empregadas em comparações temporais na mesma região

ou mesmo relacionar com a biota local, mesmo porque, recentemente, esta região foi incluída

em uma Área de Proteção Marinha (MPA).

Agradecimentos A Coordenação de Aperfeicoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de

estudos concedida aos autores CERD Alencar e PVN Araújo. À Fundação para o

desenvolvimento da UNESP (FUNDUNESP #287/88DFP), Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado de São Paulo (FAPESP #1998/31134-6 e #2008/53495-9) e ao Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq #401908/88.7/ZO) pelos auxílios

financeiros concedidos. Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA) e à Polícia Florestal (PF), pela concessão das licenças ambientais. Aos

pescadores “Mané Bié”, Djalma Rosa “Passarinho e “Zé Preto” pela dedicação no esforço de

coleta. Aos membros do Grupo de Estudos em Ecologia e Fisiologia de Animais Aquáticos

(GEEFAA) pela ajuda nos tratamento dos dados.

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mudou em 20 anos (1989-2009)?

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65 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Figuras Figure 1 – Sampling area in Southeast Brazilian coast. a – Marine Protected Area (MPA),

North Coast of São Paulo State - Cunhambebe Sector(Law # 53,525 – São Paulo 2008). b –

Fortaleza Bay within seven sampling transects (I-VII), with „Escuro‟ and „Comprido‟ Rivers

placed at the bottom of the embayament.

Figure 2 – Fortaleza Bay. Spatial variations (median ± standard error) of environmental

variables collected in situ in two sampling periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009) in the

seven transect (I-VII). a – Depth; b – bottom temperature (BT); c – bottom salinity (BS); d –

granulometric classes (GCA – white bars, GCB – gray bars and GCC – black bars) among

organic matter (OM%) and Phi (md) values.

Figure 3 – Temporal variations (median ± standard error) of environmental variables collected

in situ in two sampling periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009). a – bottom temperature (BT);

b – bottom salinity (BS); c – granulometric classes (GCA – white bars, GCB – gray bars and

GCC – black bars) among organic matter (OM%) and Phi md values.

Figure 4 – Granulometric overview in the sampling periods I (1988-1989; gray circles) e II

(2008-2009; black triangles) by (a) triplot graph for the three granulometric classes (GCA,

GCB e GCC) and (b) reduced major axis of GGC for sampling time (in days). See Figure 2

for granulometric class acronyms.

Figure 5 – Principal component plots for the first two components (PC1 – 27.15%; PC2 –

22.83%; Cumulative proportion variance – 49.98%) to the sampling periods I (1988-1989;

open circles) e II (2008-2009; black circles). a – Principal component biplot with

environmental variables collected. b,c,d – Principal component scores pooled with surface

fitting (Generalized Adittive Model – GAM) for variables GCC, OM e Phi(md), respectively.

*Discriminant variables for data by discriminant analysis. See Figure 2 for environmental

variables acronyms.

Figure 6 – Conditional posterior probability classification by Bayes‟ Theorem after

discriminant analysis by stepwise forward algorithm. a – density lines (period I – solid line,

period II – dashed line). b – Spearman rank correlation matrix (period I – grey squares, period

II – black squares). c – Partition matrix plot (Partimat) by conditional posterior probability

(period I – light grey area, period II – dark gray area, dark numbers – right classification, light

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66 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

gray numbers – wrong classification). Apparent ratio classification error not shown due to

better visualization of plots. See Figure 2 for environmental variables acronyms.

Figure 7 – Fortaleza Bay Landsat images by (a) RGB composition (PC2, PC3, PC5) proposed

by OIF criterion and by (b) pseudocolor composition of band1/band7 ratio (Hoff index -

index of clay minerals of hydrothermal alteration). Heat colors in pseudocolor composition

indicated higher proportions of silt and cly minerals.

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67 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Figure 1 – Sampling area in Southeast Brazilian coast. a – Marine Protected Area (MPA),

North Coast of São Paulo State - Cunhambebe Sector(Law # 53,525 – São Paulo 2008). b –

Fortaleza Bay within seven sampling transects (I-VII), with „Escuro‟ and „Comprido‟ Rivers

placed at the bottom of the embayament.

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68 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Figure 2 – Fortaleza Bay. Spatial variations (median ± standard error) of environmental

variables collected in situ in two sampling periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009) in the

seven transect (I-VII). a – Depth; b – bottom temperature (BT); c – bottom salinity (BS); d –

granulometric classes (GCA – white bars, GCB – gray bars and GCC – black bars) among

organic matter (OM%) and Phi (md) values.

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69 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Figure 3 – Temporal variations (median ± standard error) of environmental variables collected

in situ in two sampling periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009). a – bottom temperature (BT);

b – bottom salinity (BS); c – granulometric classes (GCA – white bars, GCB – gray bars and

GCC – black bars) among organic matter (OM%) and Phi (md) values.

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70 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Figure 4 – Granulometric overview in the sampling periods I (1988-1989; gray circles) e II

(2008-2009; black triangles) by (a) triplot graph for the three granulometric classes (GCA,

GCB e GCC) and (b) reduced major axis of GGC for sampling time (in days). See Material

and Methods section for granulometric class acronyms.

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71 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Figure 5 – Principal component plots for the first two components (PC1 – 27.15%; PC2 –

22.83%; Cumulative proportion variance – 49.98%) to the sampling periods I (1988-1989;

open circles) e II (2008-2009; black circles). a – Principal component biplot with

environmental variables collected. b,c,d – Principal component scores pooled with surface

fitting (Generalized Adittive Model – GAM) for variables GCC, OM e Phi(md), respectively.

*Discriminant variables for data by discriminant analysis. See Material and Methods section

for environmental variables acronyms.

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72 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Figure 6 – Conditional posterior probability classification by Bayes‟ Theorem after

discriminant analysis by stepwise forward algorithm (Partition matrix plot). Period I – light

grey area, period II – dark gray area, dark numbers – right classification, light gray numbers –

wrong classification. Under diagonal values, apparent ratio classification error. See Material

and Methods section for environmental variables acronyms.

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73 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Figure 7 – Fortaleza Bay Landsat images by (a) RGB composition (PC2, PC3, PC5) proposed

by OIF criterion and by (b) pseudocolor composition of band1/band7 ratio (Hoff index -

index of clay minerals of hydrothermal alteration). Heat colors in pseudocolor composition

indicated higher proportions of silt and cly minerals.

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74 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Tabelas Table 1 – Fortaleza Bay. Descriptive statistics on general variation on environmental

variables (EV) sampled in situ in two periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009). SE – Standard

Error; Min – Minimum; Max – Maximum. See Material and Methods section for EV

acronyms.

Table 2 – Spearman rank correlation table for environmental variables (EV) sampled in situ in

two periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009). All correlations were significant (p<0.05). Bold

correlations for cut-off colinearity proposed by Booth et al. (1994). See Material and Methods

section for EV acronyms and details in cut-off colinearity.

Table 3 – Principal components analysis on environmental variables sampled in situ in two

periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009). SD – Standard deviations; Var (%) – Proportion

variance from respective component; Cum Var (%) – Cumulative proportion variance from

components. Bold components related to statistical significant Parallel analysis. Underlined

variables loadings related to the cut-off rule of thumb significative variance proposed by

authors. See Material and Methods section for EV acronyms and details in cut-off

significative variance loadings.

Table 4 – Discriminant analysis by stepwise forward algorithm. Bold EVs are the

discriminant variables for the sampling data. *p<0.05. See Material and Methods section for

EV acronyms.

Table 5 – Permutational Multivariate analysis of Variance for Period and Transect data. df –

degress of freedom, SS – Sum of squares, MS – Mean of squares, F – F statistics. Bold factors

the statistically diferent results among levels of treatments. *p<0.05.

Table 6 – Correlation Matrix on satellite imagens in two periods (I – 1989 upper diagonal; II

–2009 below diagonal). Standard deviation for each band in each period are indicated in the

diagonal values, respectively (period I / period II). Bold correlation values are the cut-off high

correlation for image data.

Table 7 – Summary of the best band compositions and their respective OIF (Optimum index

factor) for each year

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75 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Table 8 – Principal components eigenvectors obtained by satellite imagens Landsat in two

periods (I – 1989 upper table; II –2009 below table). Bold eigenvectors are correlations of

high variability of principal components against image bands detected by the OIF (Optimum

index factor).

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76 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Table 1 - Fortaleza Bay. Descriptive statistics on general variation on environmental variables

(EV) sampled in situ in two periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009). SE – Standard Error;

Min – Minimum; Max – Maximum. See Material and Methods section for EV acronyms.

EV Period I Period II

Median ±SE Min Max Median ±SE Min Max

Depth 8.75 0.33 3.50 16.00 7.50 0.21 4.00 14.00

BT 22.75 0.27 20.00 29.50

23.50 0.23 18.00 27.50

BS 34.75 0.14 30.00 38.00

34.00 0.17 29.00 38.00

GCA 7.98 2.42 0.20 93.99

0.75 0.70 0.00 54.34

GCB 65.05 2.34 5.93 97.71

54.56 2.04 5.89 88.57

GCC 19.57 1.41 0.08 58.67

43.55 2.13 0.78 93.78

OM 3.28 0.28 0.52 12.28

2.50 0.25 0.20 11.80

Phi (md) 3.52 0.10 1.03 5.19 4.76 0.07 2.03 6.34

Table 2 – Spearman rank correlation table for environmental variables (EV) sampled in situ in

two periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009). All correlations were significant (p<0.05). Bold

correlations for cut-off colinearity proposed by Booth et al. (1994). See Material and Methods

section for EV acronyms and details in cut-off colinearity.

EV Depth BT BS GCA GCB GCC OM Phi

Depth - -0.20 0.26 0.33 -0.20 0.12 0.25 0.02

BT -0.20 - -0.10 -0.08 0.09 -0.08 -0.07 -0.03

BS 0.26 -0.10 - 0.12 0.05 -0.11 -0.02 -0.11

GCA 0.33 -0.08 0.12 - -0.15 -0.48 0.36 -0.66

GCB -0.20 0.09 0.05 -0.15 - -0.58 -0.56 -0.40

GCC 0.12 -0.08 -0.11 -0.48 -0.58 - 0.21 0.95

OM 0.25 -0.07 -0.02 0.36 -0.56 0.21 - 0.02

Phi 0.02 -0.03 -0.11 -0.66 -0.40 0.95 0.02 -

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77 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Table 3 – Principal components analysis on environmental variables sampled in situ in two

periods (I – 1988/1989; II – 2008/2009). SD – Standard deviations; Var (%) – Proportion

variance from respective component; Cum Var (%) – Cumulative proportion variance from

components. Bold components related to statistical significant Parallel analysis. Underlined

variables loadings related to the cut-off rule of thumb significative variance proposed by

authors. See Material and Methods section for EV acronyms and details in cut-off

significative variance loadings.

PCs PC1 PC2 PC3 PC4 PC5 PC6

SD 1.28 1.17 1.07 0.94 0.81 0.57

Var (%) 0.27 0.23 0.19 0.15 0.11 0.05

Cum Var (%) 0.27 0.50 0.69 0.84 0.95 1.00

Parallel Analysis

eigenvalue 1.63 1.37 1.14 0.88 0.66 0.32

eigenmean 1.26 1.13 1.04 0.95 0.86 0.76

eigenpercentil 1.36 1.21 1.09 1.00 0.92 0.84

p-value p<0.001 p<0.001 p<0.001 0.977 1.000 1.000

Variables loadings

Depth -0.51 0.27 -0.20 0.25 0.75 -0.01

BT 0.23 -0.30 0.38 0.84 0.09 -0.04

BS -0.34 0.00 -0.63 0.44 -0.55 -0.02

GCA -0.57 -0.38 0.33 -0.14 -0.12 -0.62

GCC 0.21 0.75 0.13 0.14 -0.14 -0.58

OM -0.45 0.36 0.54 0.06 -0.31 0.52

Table 4 – Discriminant analysis by stepwise forward algorithm. Bold EVs are the

discriminant variables for the sampling data. *p<0.05. See Material and Methods section for

EV acronyms.

EV Wilks' λ Partial λ F-remove p-level Tolerance 1-Tolerance (R2)

GCC 0.94 0.57 123.84 0.00* 0.80 0.20

OM 0.62 0.86 25.94 0.00* 0.79 0.21

Depth 0.56 0.96 6.20 0.01* 0.94 0.06

BS 0.54 1.00 0.03 0.87 0.93 0.07

GCA 0.54 1.00 0.00 1.00 0.72 0.28

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78 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Table 5 – Permutational Multivariate analysis of Variance for Period and Transect data. df –

degress of freedom, SS – Sum of squares, MS – Mean of squares, F – F statistics. Bold factors

the statistically diferent results among levels of treatments. *p<0.05.

df SS MS F R2 p

Period 1.00 2.78 2.78 87.87 0.24 0.00*

Transect 6.00 2.44 0.41 12.89 0.21 0.00*

Period:Transect 6.00 1.32 0.22 6.97 0.12 0.00*

Residuals 154.00 4.87 0.03

0.43

Total 167.00 11.41 1.00

Table 6 - Correlation Matrix on satellite imagens in two periods (I – 1989 upper diagonal; II –

2009 below diagonal). Standard deviation for each band in each period are indicated in the

diagonal values, respectively (period I / period II). Bold correlation values are the cut-off high

correlation for image data.

Band1 Band2 Band3 Band4 Band5 Band7

Band1 2.67 / 1.77 0.79 0.74 0.31 0.28 0.19

Band2 0.65 2 / 1.6 0.81 0.37 0.29 0.20

Band3 0.57 0.72 1.8 / 1.54 0.53 0.46 0.33

Band4 0.22 0.36 0.49 2.08 / 2.35 0.67 0.48

Band5 0.23 0.30 0.44 0.72 2.56 / 2.28 0.65

Band7 0.17 0.22 0.30 0.47 0.58 1.21 / 1.2

Table 7 - Summary of the best band compositions and their respective OIF (Optimum index

factor) for each year

Channel Rank (OIF)

OIF

R G B 1989 2009

7 4 1 1° 6.06 6.21

4 1 5 2° 5.83 5.49

7 5 1 3° 5.78 5.37

Mean 5.89 5.69

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79 Capítulo 1 – Avaliação geoambiental de uma enseada subtropical da costa brasileira: O que

mudou em 20 anos (1989-2009)?

Table 8 – Principal components eigenvectors obtained by satellite imagens Landsat in two

periods (I – 1989 upper table; II –2009 below table). Bold eigenvectors are correlations of

high variability of principal components against image bands detected by the OIF (Optimum

index factor).

1989

PC1 PC2 PC3 PC4 PC5 PC6

Band 1 0.41 -0.43 -0.19 -0.21 0.74 0.15

Band 2 0.43 -0.42 -0.07 0.12 -0.33 -0.72

Band 3 0.48 -0.24 0.06 0.09 -0.50 0.67

Band 4 0.40 0.33 0.69 0.41 0.27 -0.08

Band 5 0.39 0.47 0.06 -0.77 -0.13 -0.11

Band 7 0.32 0.51 -0.69 0.41 0.06 0.01

2009

PC1 PC2 PC3 PC4 PC5 PC6

Band 1 0.36 -0.49 -0.32 -0.69 -0.01 0.22

Band 2 0.43 -0.43 0.02 0.34 -0.45 -0.57

Band 3 0.46 -0.26 0.19 0.46 0.58 0.38

Band 4 0.43 0.35 0.51 -0.13 -0.51 0.40

Band 5 0.42 0.43 0.15 -0.34 0.44 -0.55

Band 7 0.34 0.45 -0.76 0.26 -0.12 0.14

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81 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada

subtropical do Sudeste do Brasil: Respostas de uma assembléia de

Siris

Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar - Alencar (C. E. R. D.)

Marcelo Antonio Amaro Pinheiro – Pinheiro (M. A. A. P.)

Fernando Luis Medina Mantellato – Mantellato (F. L. M.)

Sandro Santos – Santos (S.)

Adilson Fransozo – Fransozo (A.)

Fúlvio Aurélio de Morais Freire – Freire (F. A. M.)

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82 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Running head: Alencar et al.: Respostas de Portunoidea ao assoreamento em uma Enseada

subtropical

Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil: Respostas de

uma assembléia de siris

Alencar (C. E. R. D.) 1*

, Pinheiro (M. A. A. P.) 2, Mantellato (F. M.)

3, Santos (S.)

4,

Fransozo (A.)5 & Freire (F. A. M.)

1,2

1 Grupo de Estudos em Ecologia e Fisiologia de Animais Aquáticos (GEEFAA), Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Caixa Postal 1524 - Campus Universitário Lagoa

Nova CEP 59078-970. Natal – RN, Brasil; *[email protected]

2 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). CEP 11330-900. São

Vicente – SP, Brasil;

3 Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão

Preto, Departamento de Biologia. CEP 14040-901. Ribeirao Preto – SP, Brasil.

4 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Centro de Ciências Naturais e Exatas,

Departamento de Biologia. CEP 97105-900. Santa Maria – RS, Brasil.

5 Núcleo de estudos em Biologia, Ecologia e Cultivo de Crustáceos (NEBECC),

Universidade

Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Caixa-postal 510 – Instituto de

Biociências, Departamento de Zoologia CEP 18618-000. Botucatu – SP, Brasil;

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83 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Resumo

O assoreamento é um problema, historicamente, reconhecido nos ecossistemas

costeiros/marinhos. Nas últimas décadas, o ritmo acelerado do assoreamento vem afetando a

biota, principalmente, através da perda de diversidade de habitat, redução do crescimento de

produtores primários e seus efeitos indiretos nas comunidades marinhas. As respostas de uma

assembléia de siris em uma enseada subtropical da Plataforma Sudeste brasileira com

acentuado assoreamento de frações sedimentares finas (e redução de frações grossas), em um

intervalo de 20 anos, foram avaliadas no presente estudo. Fatores ambientais hidrológicos,

topográficos e sedimentares, além de dados de abundância e presença/ausência de três

espécies de siris (Arenaeus cribarius, Callinectes danae e C. ornatus) foram amostrados na

Enseada da Fortaleza, em coletas anuais em 1988/89 e 2008/09. Os efeitos do assoreamento

na resposta da assembléia de siris foram investigados através da possibilidade de influência de

fatores ambientais (Modelos Lineares Generalizados Mistos e Análise de Redundância) e

ocorrência de padrões competitivos exclusivos (Distribuição Tabuleiro de Xadrez). Os

resultados indicaram que na Enseada da Fortaleza, variabilidade sedimentar e variações de

temperatura foram significantes na ocorrência e densidade das espécies. Não foram

observados padrões competitivos no presente estudo. Migrações sazonais em busca de

condições de temperatura favoráveis para o ciclo de vida das espécies estiveram relacionadas

a correlação positiva entre temperatura e abundância para as três espécies. A redução da

variabilidade sedimentar na Enseada da Fortaleza exarcebou os resultados preditivos já

registrados na literatura para as três espécies frente às variações de frações sedimentares mais

finas e mais grossas, A. cribarius apresentou uma resposta levemente positiva em abundância

e número de ocorrências, C. danae não apresentou variação evidente, enquanto C. ornatus

apresentou uma forte resposta negativa. A implementação de medidas regulatórias para

exploração dos recursos marinhos foram essenciais para a manutenção das três espécies de

siris na Enseada da Fortaleza. Os efeitos do assoreamento na resposta da assembléia de

Portunoidea, certamente, serão irreversíveis. No entanto, a capacidade de resiliência do

ecossistema costeiro ainda é pouco conhecido, assim, estudos que avaliem a dinâmica e

transporte de frações finas do sedimento podem auxiliar nas capacidades preditivas de

modelos de distribuição das espécies para as próximas décadas.

Palavras-chave: Portunoidea, distribuição tabuleiro de xadrez, área de proteção marinha,

influência abiótica.

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84 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

3.1 Introdução A importância da temperatura, salinidade, teor de matéria orgânica, textura do

sedimento e profundidade há muito tempo vem sendo reconhecida na distribuição e

abundância de organismos marinhos bentônicos (Negreiros-Fransozo & Fransozo 1995,

Bertini & Fransozo 2004, Sumida et al. 2005, Pallas et al. 2006, Pires-Vanin et al. 2013).

Estes fatores ambientais podem atuar de forma isolada ou conjunta, promovendo variações na

densidade e ocorrência de uma determinada espécie, em uma determinada área.

A ocorrência periódica das espécies não é sempre idêntica devido aos fatores intra e

inter-específicos, como por exemplo, competição e relações presa-predator, que podem atuar

juntamente com os fatores ambientais (Pinheiro et al. 1996). Em adição, Shinozaki-Mendes et

al. (2012) destacou que a abundância de uma espécie, em um determinado local foi

considerada como uma resposta ecológica à adaptação das espécies aos fatores ambientais e

aos processos interativos intra e inter-específicos. Em comunidades de crustáceos Brachyura,

as características físico-químicas do ambiente, disponibilidade de recursos, aspectos da

história de vida e interações intra e inter-específicas podem afetar a distribuição das espécies

(Carvalho & Couto 2011, Pereira et al. 2014).

A influência dos fatores ambientais em espécies de Brachyura de região costeira e

marinha tem sido investigada com mais intensidade nas últimas décadas (Santos et al. 1994,

Bertini et al. 2010, Lima et al. 2014). Em sua maioria, através de estudos em escala temporal

curta, cerca de um ou dois anos, apresentando informações de caráter descritivo das

ocorrências e densidades das espécies. Já, as avaliações em longo prazo, por exemplo, em

escala de décadas, complementam os estudos de curto-prazo (Peters 2010). Isso pode revelar

informações sobre a resposta das espécies (Keddy 1992) frente às mudanças nos fatores

ambientais, seja por modificações naturais e/ou antropogênicas.

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85 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Os siris pertencem ao táxon Portunoidea, com 293 espécies (Ng et al. 2008), das quais

21 ocorrem no litoral Brasileiro (Melo 1996, Mantelatto &Dias 1999), apresentando

distribuição ao longo do Atlântico Ocidental desde a América do Norte até o extremo sul da

América do Sul. Os representantes deste táxon têm grande importância na cadeia trófica,

servindo de alimento para peixes, aves marinhas, e outros crustáceos (Millikin & Williams

1984). Além disso, possuem grande importância econômica, sobretudo em países como a

Austrália (Kangas 2000) e Brasil (Sforsa et al. 2010). No Brasil, é o principal componente da

fauna acompanhante de muitas pescarias, incluindo barcos camaroneiros de porta e de pesca

de subsistência por comunidades ribeirinhas (Branco & Fracasso 2004).

O siri-chita (speckled swimming crab), Arenaeus cribarius (Lamarck, 1818), possui

ditribuição conhecida na faixa costeira dos Estados Unidos ao Uruguai, ocupando praias

arenosas na zona de entremarés com registros até os 70 metros de profundidade e, raramente,

encontrado em estuários e lagoas interiores (Melo 1996). O siri-azul (termo que agrega mais

de uma espécie do gênero Callinectes), Callinectes danae (Smith, 1869) e Callinectes ornatus

(Ordway, 1863) tem distribuição dos Estados Unidos até a costa sul do Brasil (Rio Grande do

Sul) (Melo 1996, Melo 1999, Weber & Levy 2000). C. danae é uma espécie reconhecida

como tolerante às variações de salinidade, ocorrendo desde manguezais às áreas oceânicas

com até 75 metros de profundidade (Williams 1984). O C. ornatus possui ocorrência em

fundos arenosos e lamosos, em águas de salinidade moderada, alcançando a região de entre

marés até a profundidade de até 75 metros, principalmente em proximidades de enseadas e

rios (Melo 1999). Devido ao seu estimado valor ecológico, econômico e social, inúmeras

investigações já foram realizadas para construção de uma base de conhecimento biológico

acerca destas três espécies citadas anteriormente, nos últimos 20 anos na Plataforma

continental Sudeste brasileira. Os artigos abordaram aspectos populacionais de estrutura,

reprodução, crescimento e distribuição (Branco & Avilar 1992, Pinheiro & Fransozo 1993,

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86 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

1996, 1998, 1999, 2002, Branco & Masunari 2000, Chacur & Negreiros-Fransozo 2001,

Branco et al. 2002, Batista et al. 2003, Branco & Fracasso 2004, Batista-Metri et al. 2005,

Fernandes et al. 2006, ver C lattes Lúcia).

Um dos principais processos resultantes da intensa atividade antropogênica nos

ecossistemas aquáticos é o assoreamento (Airoldi 2003). Um problema, historicamente,

reconhecido e que vêm sendo observado nas regiões costeiras do mundo todo com ritmo

acelerado, principalmente nos últimos 30 anos (Cortés & Risk 1985, Rogers 1990, Terrados et

al. 1998, Wilson et al. 2005). Recentemente, Alencar et al. (2015, Capítulo 1) avaliaram os

caracteres geoambientais da Enseada da Fortaleza, uma enseada subtropical da Plataforma

Continental do Sudeste do Brasil, em um intervalo de dados de 20 anos (1988/1989 –

2008/2009). Através da investigação de dados geoespaciais e físicos coletados in situ, os

autores revelaram que a Enseada da Fortaleza apresentou um processo de assoreamento com

alta carga de silte e argila e, redução drástica de sedimento de fração mais grossa. Nesta

mesma enseada, na década de 80 (1988/1989), Pinheiro et al. (1997) ao avaliar os nichos

ecológicos dos Portunoidea, destacaram que A. cribarius foi a espécie que apresentou maior

sobreposição com C. danae e, secundariamente, com C. ornatus. A menor sobreposição

observada entre estas três espécies foi entre as espécies de Callinectes. O estudo citado

anteriormente ainda destacou que a grande abundância destas três espécies estavam

relacionadas com as características sedimentares encontradas na Enseada da Fortaleza.

Diante dos resultados e conclusões destacados por Pinheiro et al. (1997) e Alencar et

al. (2015, Capítulo 1), surgiram questionamentos de qual seria a resposta dos Portunoidea, em

especial, as três espécies citadas anteriormente, frente a este processo de assoreamento

detectado em 20 anos na Enseada da Fortaleza: O assoreamento pode ter causado a

diminuição da diversidade de habitat para os Portunoidea? Houve processos de competição

(interações negativas – competicão exclusiva por território e recursos) decorrentes da

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87 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

modificação causada em 20 anos de assoreamento? Por fim, as espécies podem ter

apresentado diferentes respostas ambientais para sua ocorrência e abundância?

Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar a presença de competição

exclusiva através do conceito da distribuição Tabuleiro de Xadrez e, investigar a distribuição

espaço-temporal das três espécies de Siris, A. cribarius, C. danae e C. ornatus, comparando

os resultados do intervalo de 20 anos: 1988/1989 e, 2008/2009 da Enseada da Fortaleza.

3.2 Material e Métodos Fatores abióticos e bióticos foram analisados mensalmente em dois períodos distintos

na Enseada da Fortaleza, Sudeste do Brasil (Figura 1), compreendendo um intervalo de 20

anos: (1) Período 1, de Novembro de 1988 a Outubro de 1989; e (2) Período 2, Novembro de

2008 a Outubro de 2009.

3.2.1 Área de estudo

A Enseada da Fortaleza (23°29‟30”S, 45°10‟30”W) está localizada em uma área de

Proteção Marinha, recém estabelecida na costa norte do estado brasileiro de São Paulo (Área

de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte – Setor Cunhambebe; Portaria No. 53 525

de 8 de outubro de 2008, Figura 1a). No interior da Enseada da Fortaleza, doze praias

arenosas são ladeadas por costões rochosos e, há pequena variação de profundidade, em torno

de 1 a 12 m. Dois rios, Escuro e Comprido, provenientes da floresta Atlântica costeira (Mata

Atlântica), penetram para a baía e dão suporte a um importante ecossistema de manguezal

(Figura 1b). Esta enseada está inserida no Setor São Paulo Bight, uma região da Plataforma

continental Sudeste brasileira com duas peculiaridades, sua formação geológica e, a atuação

sazonal de massas de água distintas.

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88 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

O principal fator geomorfológico da São Paulo Bight, é a presença da elevação da

Serra do Mar, refletindo um litoral extremamente recortado, com muitas enseadas e baías com

relevo interno próprio e peculiar (Ab‟Saber 1955, Mahiques et al. 2004). A característica de

semi-confinamento das enseadas desta região sugerem um intercâmbio restrito de água e

material sedimentar entre a região costeira e a plataforma continental rasa (Mahiques 1995),

que podem resultar em enseadas e baías com particularidades distintas uma da outra.

A costa norte de São Paulo é afetada por três massas de água: Águas Costeiras (AC:

temperatura > 20°C; salinidade < 36), Águas Tropicais (AT: temperatura > 20°C; salinidade >

36) e Água Central do Atlântico Sul (ACAS temperatura < 18°C; salinidade < 36;

Nitrogênio:fósforo – 16:1) (Castro-Filho et al. 1987, Odebrecht & Castello 2001). Durante o

verão, a ACAS penetra nas camadas mais profundas da zona costeira e forma uma termoclina

sobre a plataforma rasa nas profundidades de 10 a 15m. Já durante o período restante do ano a

ACAS retrai para a zona do talude e é substituída pela AC. Como resultado, não há presença

de uma estratificação durante o período em que a ACAS está retraída (Pires 1992, Pires-

Vanin & Matsuura 1993).

No presente estudo, sete subáreas foram amostradas, diferindo sua localização entre

barreiras rochosas (ponto amostral I e III), regiões praiais (II e V), presença de entrada de

água-doce (IV), região interna da Enseada (VI) e boca da Enseada (VII). As subáreas foram

determinadas a priori para contemplar variações na profundidade, matéria orgânica,

composição granulométrica, temperatura e salinidade (Figura 1b). Os pontos amostrais foram

georreferenciados e, dados bióticos e abióticos foram amostrados em um único dia, em cada

mês. As amostras de três espécies de Portunoidea, Arenaeus cribarius, Callinectes danae e

Callinectes ornatus, foram coletadas mensalmente nos Períodos 1 e 2 utilizando um barco de

pesca equipado com redes do tipo „otter trawl‟ (7.5 m comprimento; 2.0 m abertura horizontal

da boca e, 15 mm and 10 mm de diâmetro na panagem e no saco, respectivamente). Cada

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89 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

ponto amostral foi arrastado por 1 km, com duração de aproximadamente 20 minutos

cobrindo uma área de 4 km2 transect

-1. Os dados abióticos foram amostrados após cada

arrasto, quando o barco retornava ao ponto médio georreferenciado de cada transecto.

3.2.2 Coleta de dados abióticos e análises estatísticas

Amostras de água foram capturadas com uma garrafa de Nansen, em cada uma das

estações. Temperatura (TF) e salinidade de fundo da coluna de água (SF) foram mensuradas

com um termômetro de mercúrio (acurácia = 0,5°C) e um refratômetro ótico (precisão = 0,5),

respectivamente. Profundidade (P) foi registrada com um cabo delimitado e conectado a

garrafa de Nansen.

Amostras de sedimento foram obtidas com o auxílio de um pegador de Van Veen

(0,025 m2) para analisar a composição granulométrica e teor de matéria orgânica. A

classificação granulométrica seguiu a escala padrão americana proposta por Wentworth

(1922). Em seguida, as três mais importantes frações granulométricas quantitativas foram

definidas de acordo com Magliocca e Kutner (1965), classe granulométrica A (CGA) -

sedimentos em que cascalho, areia muito grossa, areia grossa, e areia média contabilizaram

para mais de 70% do peso da amostra; classe granulométrica B (CGB) - areia fina e areia

muito fina constituíram mais de 70% em peso da amostra; classe granulométrica C (CGC) -

mais de 70% dos sedimentos foram silte e argila. Os valores do diâmetro dos grãos (Phi) e do

diâmetro médio dos grãos (Phi md) foram calculados apartir dos procedimentos propostos por

Suguio (1973). Por fim, o teor de matéria orgânica do sedimento (MO) foi estimado como a

diferença entre os pesos secos iniciais e finais (livres de cinzas) de duas subamostras (10g

cada) em cadinhos de porcelana incinerados a 500 °C durante 3 h.

Detalhes dos procedimentos de transporte de material para laboratório, processamento

de amostras de sedimento (secagem, tratamento químico, agitação, lavagem, peneiramento) e

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90 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

cálculos de Phi e Phi (md) estão descritos em Negreiros-Fransozo et al. (1991) e Alencar et

al. (2015, Capítulo 1).

A matriz abiótica para análises foi composta pelas variáveis TF, SF, P, CGA, CGB,

CGC, Phi (md) e MO. Os dados analisados para a comparação consistiram nas sete amostras

mensais, em cada periodo (7 amostras X 12 meses X 2 períodos) totalizando 168 amostras, a

maior variação possível dos dados coletados. Previamente à realização das análises

estatísticas, os dados foram avaliados quanto a presença de outliers, testados quanto a

multicolinearidade, normalidade multivariada e quanto a homogeneidade das matrizes de

variância seguindo os procedimentos e tomadas de decisão descritos em Zuur et al. (2010)

(com algumas modificações).

Para avaliar a presença de outliers, cada variável da matriz abiótica (TF, SF, P, CGA,

CGB, CGC, Phi (md) e MO) foi inspecionada através do gráfico de Cleveland (Cleveland

1993) e, multivariadamente, através de uma Análise de Componentes Principais (ver detalhes

em Kohler & Luniak 2005). Para avaliar a colinearidade dos dados, uma matriz de correlação

ranqueada de Spearman foi computada. A matriz de correlação de Spearman foi preferível

pois ela evita as suposições de linearidade entre as variáveis (Zar 2010). O valor modular do

coeficiente de correlação de Spearman maior que 0,5 foi estabelecido como indicativo de alta

colinearidade de uma variável (Booth et al. 1994). Em adição, os dados ainda foram avaliados

através do VIF (fator de inflação da variável). A colinearidade foi considerada para valores

maiores que 3 (Zuur et al. 2010). Variáveis que violaram este limiar foram retiradas da matriz

abiótica e das análises seguintes.

As variáveis que cumpriram as suposições de baixa colinearidade foram testadas

quanto a sua normalidade multivariada, pelo teste de simetria e curtose multivariada (Mardia

1970, 1980) (com modificações propostas por Doornik & Hansen 1994 – omnibus test). Para

avaliar a equivalência (homogeneidade multivariada) entre as matrizes de covariância foi

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91 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

realizado um teste M de Box (Anderson 1958) com permutações de Monte Carlo para o valor

de p. Quando os dados seguiram a parametricidade (normalidade e homogeneidade) os dados

foram reportados com a medida de tendência central e de dispersão, média e desvio padrão,

respectivamente. Quando a parametricidade não foi alcançada (não normalidade e e/ou

heterogeneidade) os dados foram reportados com a medida de tendência central e dispersão,

mediana e erro padrão, respectivamente.

Para comparar a Enseada da Fortaleza nos dois períodos amostrados, foram realizadas

uma análise de componentes principais (ACP), uma análise de função discriminante (AFD) e

uma Análise de Variância Multivariada não-paramétrica (PERMANOVA).

A análise de componentes principais foi realizada para a inspeção dos dados e, para

verificar quais as variáveis ambientais que apresentavam maior variação explicativa nos dados

obtidos em cada estação de cada mês, em cada período amostrado. O número de componentes

principais a ser avaliado foi determinado pelo método da análise Paralela (ver detalhes em

Peres-Neto et al. 2005). Permutações do tipo Bootstrap foram calculadas para cada

componente principal para garantir a relevância da análise. Ainda foram consideradas as

cargas (loadings) de variação relevante das variáveis ambientais, os valores modulares

maiores que 0,5 para as componentes assinaladas pela análise paralela.

As variáveis assinaladas pelos critérios descritos da análise de componentes principais

foram, então, submetidas a uma análise de função discriminante do tipo Stepwise regression.

O procedimento Stepwise regression é uma combinação dos procedimentos de seleção

Forward e Backward que checa a redundância da variável récem adicionada ao modelo, em

cada adição de uma variável, uma por vez (Rencher 2002).

Foram ainda computadas as probabilidades condicionais, a posteriori, da variável

categórica dos agrupamentos (Períodos 1 e 2) e a taxa aparente de erro de classificação

(apparent ratio error) através do Teorema de Bayes. A taxa aparente de erro de classificação é

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92 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

calculada entre as variáveis ambientais par-a-par. Esta taxa avalia a capacidade preditiva do

modelo da função discriminante através de uma tabela cruzada das amostras de grupos reais

com as do grupo previsto. O cálculo desta taxa é importante para observar quais as variáveis

que apresentam maior força de classificação correta entre os dois períodos amostrados (1 e 2),

fortalecendo os resultados gerados pela rotina discriminante stepwise regression. Os

resultados foram visualizados através do gráfico de matrix particionada.

O teste de hipótese de diferença entre os períodos 1 e 2 foi realizado por uma

PERMANOVA com 9999 permutações. Foram utilizadas, somente, as variáveis que a função

discriminante assinalou influência significativa (p<0,05). Na mesma análise foi testado

também a diferença entre as estações resultando em um modelo de análise de variância

multivariado de dois fatores (Período vs. Estações).

Um diagrama ternário triangular foi gerado com as variáveis de porção granulométrica

CGA, CGB e CGC para visualizar a disposição sedimentológica nos dois períodos

amostrados.

Todas as análises foram realizadas no software R (R Development Core Team 2012).

Os seguintes pacotes estatísticos do R foram utilizados para as análises descritas

anteriormente: “MASS” (AFD; Venables & Ripley 2002), “e1071” (probabilidades

condicionais a posteriori – Teorema de Bayes; Dimitriadou et al. 2011), “vegan”

(PERMANOVA; Oksanen et al. 2012). Detalhes adicionais dos procedimentos estatísticos

estão descritos em Alencar et al. (2015, Capítulo 1).

3.2.3 Coleta de dados bióticos e análises estatísticas

Após cada arrasto, as três espécies alvo de Portunoidea (Arenaeus cribarius,

Callinectes danae e Callinectes ornatus) foram transportadas em caixa refrigerada até o

laboratório para posterior identificação. A identificação foi realizada de acordo com Williams

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93 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

(1974, 1984) e Melo (1996). Dados de abundância e presença/ausência também foram

anotados.

Os dados de presença e ausência das espécies foram compiladas em uma matriz de

dados de comunidade que consiste em espécies como as linhas e locais como colunas. Em

seguida, a matriz foi avaliada quanto a ocorrência de pares de espécies pelo cálculo de

Unidades de Tabuleiro de Xadrez, para cada Período de coleta de dados. As Unidades de

Tabuleiro de Xadrez (TX) foram calculadas de acordo com Stone & Roberts (1990), para um

dado par de espécies i e j, TXij = (ri - Sij)(rj - Sij), onde r é o número total de ocorrências nas

amostras das espécies i e j e, S é o número de amostras em que as duas espécies co-ocorrem.

O estudo de pares de espécies pode revelar importantes aspectos de comunidade

(Diamond 1975). Se a competição entre espécies resultar em exclusão competitiva, logo, um

par de espécies não irá ocorrer, podendo causar uma distribuição segregada. Por outro lado,

interações interespecíficas positivas levam ao par de espécies co-ocorrer e, podem causar uma

distribuição agregada. No presente estudo, consideramos que as espécies avaliadas possuem

sobreposição alimentar (Branco & Verani 1997, Mantelatto & Christofoletti 2001, Carmona-

Suarez et al. 2005), o que pode levar a processos de competição por recursos e,

possivelmente, revelar padrões que podem ter sido resultado de interações competitivas. Em

adição, ao avaliar os padrões resultantes de interações interespecíficas em dois períodos, é

possível inferir os efeitos que as mudanças ambientais nos últimos 20 anos podem ter causado

na Assembléia de Portunoidea. Uma vez que heterogeneidade sedimentar e matéria orgânica

tiveram diferenças relevantes entre os Períodos 1 e 2 (ver resultados a seguir) e que

detritos/matéria orgânica é um item alimentar relevante para cada espécie (de acordo com os

trabalhos mencionados anteriormente).

Para verificar a significância da TX de cada par de espécie, foram seguidos os

procedimentos propostos por Beaudrot et al. (2013), comparando os resultados de TX

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94 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

observados contra uma distribuição de TX esperados, calculados através de um modelo nulo

baseado em 10.000 simulações, utilizando o método trial swap (conservando a soma entre as

linhas e colunas, Gotelli & Entsminger 2003) e queimando (descartando) as 30.000 primeiras

simulações. De acordo com o procedimento proposto por Beaudrot et al. (2013), é

considerado que o TX observado é significativo se o TX observado estiver entre os 5% dos

maiores valores do TX esperado (simulado) através do modelo nulo.

Para investigar a influência dos fatores ambientais amostrados na abundância dos

Portunoidea foi utilizada uma análise de redundância (ARD) para cada Período e, em seguida

foram gerados modelos lineares generalizados (GLM), separadamente, para cada espécie, em

cada período.

Previamente à realização das análises estatísticas, os dados abióticos foram avaliados

quanto a presença de outliers e testados quanto a multicolinearidade. Dados de abundância

também foram avaliados quanto a presença de outliers para cada variável separadamente,

utilizando os procedimentos descritos no tópico anterior. Como pré-requisitos à realização da

GLM, os dados de abundância foram ainda avaliados, para cada variável separadamente,

quanto a normalidade, inflação de zeros, relação com as covariáveis (abióticas) e

independência das amostras (autocorrelação). Para isso, foram adotados os procedimentos e

tomadas de decisão descritos em Zuur et al. (2010). Adicionalmente foram realizados testes

de distribuição de probabilidade de erro (em virtude da não normalidade dos dados).

Normalidade foi avaliada através do teste de Shapiro-Wilk (Shapiro & Wilk 1965). A

inflação de zeros foi realizada contabilizando o número de zeros „0‟ observados nas amostras

em um gráfico de frequência. A relação dos dados abióticos com as covariáveis foi avaliada

através de um Painel de gráficos pareados (Multi-panel scatterplots) utilizando uma regressão

do tipo LOESS, um método regressivo não-paramétrico. A independência espacial e temporal

das amostras foi avaliada através da investigação de um gráfico de abundância (para cada

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95 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

espécie, separadamente) vs. tempo, da função de auto-correlação. Por fim, foi também

realizado o Teste Aumentado de Dickey-Fuller (Dickey & Fuller 1979) considerando a

hipótese alternativa como estacionária, ou seja, a variável segue variações randômicas

(amostras independentes). Os dados de abundância foram ainda testados quanto a sua

distribuição de probabilidade de erro para as distribuições de Poisson e Negativa Binomial

através de um teste de bondade (Goodness-of-fit test).

Uma ARD (Legendre & Legendre 2003) foi realizada para cada Período (1 e 2) para

investigar as correlações dos fatores ambientais amostrados com as abundâncias da

assembléia de Portunoidea, em uma avaliação geral. Para isso foram criadas duas matrizes,

uma matriz biótica com os dados de abundância e uma matriz abiótica com os dados dos

fatores ambientais amostrados. Devido ao caráter superabundante de Callinectes ornatus (em

poucas amostras, valores muito altos) em relação as demais espécies e a presença de muitos

valores zero „0‟, a matriz biótica foi transformada a raiz quarta, uma transformação indicada

para dados muito assimétricos a esquerda, caso do presente estudo (Quinn & Keough 2002).

Como os fatores ambientais amostrados possuem dimensões diversas (e portanto, valores

escalares diversos) os dados foram standardizados em média 0 e variância 1, uma

padronização conhecida como Z-score (Gottelli & Ellison 2001).

Em adição, foram realizados um ajuste dos vetores ambientais na RDA, uma

procedimento que traça a correlação máxima das variáveis ambientais com os dados de uma

ordenação (Oksanen et al. 2012) e um teste de significância dos eixos da ARD através de

procedimentos de permutação e particionamento dos eixos (ver detalhes em Legendre et al.

2011). A avaliação da significância do ajuste dos vetores ambientais ocorreu por permutações

(n = 9999) utilizando a estatística Goodness-of-fit do coeficiente de correlação quadrado (r2).

De acordo com Oksanen et al. (2012) para os fatores ambientais, isto é definido como r2

= 1 –

SSw/ SSt, sendo: SSw – soma dos quadrados dentro dos grupos e; SSt – Soma dos quadrados

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96 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

totais. Para comparar as ARD do Período 1 e 2 foi realizado um um Teste de Randomização

de Procrustes (Protest, Jackson 1995, Peres-Neto & Jackson 2001).

Uma análise de Modelos Lineares Generalizados (GLM) foi utilizada para gerar as

relações finais de cada espécie da assembléia de Portunoidea em cada um dos Períodos 1 e 2.

Foram consideradas as variáveis independentes os fatores abióticos, sendo a abundância a

variável dependente utilizando a distribuição de dados Negativa Binomial com função de

ligação do tipo logit. Devido ao grande número de zeros registrados nas abundâncias de cada

espécie foi utilizado uma variação específica do GLM, o Modelo Linear Misto Inflacionado

de Zeros (Generalized Linear Mixed-Models Zero-Inflated – GLMM Zero-Inflados).

Neste tipo de modelo linear específico, os dados são avaliados de duas formas, a

primeira agrupando todos os dados de abundância registrados e então uma GLM Negativa

Binomial é realizada (Parte Contagem) e, na segunda os dados de abundância são

transformados em ausência/presença seguido de uma GLM Binomial (Parte Ocorrência), ou

seja, nos modelos lineares mistos a influência das variáveis independentes são avaliadas tanto

com relação a abundância quanto a sua ocorrência (Zuur et al. 2009). Esta avaliação mista dos

dados (contagem/ocorrência) se deve ao cuidado de considerar as avaliações imperfeitas que

podem ocorrer nos estudos ecológicos, pois nos modelos convencionais de distribuição de

espécies a probabilidade de detecção para a maioria das espécies é imperfeita (detecção < 1).

Isto é, uma espécie não será sempre detectada onde e quando ela ocorre (Kéry 2010). Martin

et al. (2005) e Zuur et al. (2009) destacam que um „zero‟ pode acontecer de duas formas: (1)

Zero verdadeiro, representa a não ocorrência no local amostrado, (2) Zero falso, também

chamado de aleatório, representa a não detecção do indivíduo no local amostrado, embora o

indivíduo esteja presente. Uma vez que os procedimentos de coleta deste estudo, pesca de

arrasto, se encaixam nas duas possibilidades de ocorrência de „zeros‟, o Modelo Linear Misto

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97 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Inflacionado de Zeros é a alternativa mais adequada para controlar as possíveis falhas de

amostragem, como por exemplo, a falha do apetrecho de pesca ou, do delineamento temporal.

A seleção dos modelos GLMM Zero-Inflados se deu através um procedimento

automático de seleção de modelos mistos baseando-se nos criterios de informacão de Akaike

(AIC), Akaike corrigido (AICc) e Bayesiano (critério de Schwartz, BIC) (Akaike 1973,

Hurvich & Tsai 1989, Schwartz, 1978, respectivamente). Os modelos com menores valores de

cada critério de informação (chamados, Modelos Reduzidos) foram ainda testados contra os

Modelos Globais através de um teste de likelihood ratio (Wilks 1938), contra um Modelo

GLM Negativo Binomial não-Inflacionado de Zeros através do Teste de Vuong (Vuong 1989)

e finalmente, contra um Modelo Nulo (modelo composto apenas pelo Intercepto) através de

um teste de chi-quadrado entre os logarítmos da distribuição Likelihood dos dois modelos. Os

Modelos Reduzidos que foram significativamente diferentes do Modelo Global e do Modelo

Nulo foram aceitos. Os Modelos Reduzidos que foram significativamente semelhantes ao

Modelo GLM Negativo Binomial não-Inflacionado de Zeros foram descartados e, o modelo

não-misto foi aceito e, posteriormente, testado contra o Modelo Global e o Modelo Nulo.

A escolha por um critério de informação específico ainda é alvo de avaliações

(Burnham & Anderson 2004), embora, recentemente, Aho et al. (2014) tenham esclarecidos

muitos questionamentos e tomadas de decisão para seus usos. Portanto, os procedimentos de

escolha de modelos baseados em mais de um critério de informação, no presente estudo,

propõem uma visualização mais ligada aos modelos que reflitam relações ecológicas

coerentes para cada uma das espécies estudadas, ao invés de priorizar modelos que

apresentem menores critérios de informação por simples procedimento matemático. Todo o

procedimento e base teórica para GLMM Zero-Inflado adotado foi baseado em Zuur et al.

(2009).

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98 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Finalmente, para melhor visualização da resposta da abundância da assembléia de

Portunoidea frente aos fatores ambientais significativos, em cada período, foram plotados

ajustes espaciais (ajuste de superfícies) utilizando o programa Surfer 10.7 (Golden Software

2012).

Todas as análises foram realizadas no software R (R Development Core Team 2012).

Os seguintes pacotes estatísticos do R foram utilizados para as análises descritas

anteriormente: “vegan” (ARD, ajuste dos vetores ambientais, teste de significância do eixo,

Protest e rotação de Procrustes; Oksanen et al. 2012), “pscl” (GLMM Zero-Inflado, Teste de

Vuong; Jackman 2012), “MuMIn” (seleção de GLMM Zero-Inflados; Barton 2013), “lmtest”

(Teste de Likelihood Ratio; Zeleis & Hothorn 2002), “vcd” (Teste de bondade para

distribuição negativa binomial, Meyer et al. 2012), “stats” (Teste de Shapiro-Wilks, Poisson,

Teste de qui-quadrado; R Development Core Team 2012). Testes de outras premissas dos

testes mencionados anteriormentes foram realizadas de acordo com Zuur et al. (2010)

utilizando os pacotes “tseries” (Trapletti & Hornik 2013), “lattice” (Depayan 2008), “grid” (R

Development Core Team 2012) e “stats”. A análise de co-occorrência por distribuição

tabuleiro de xadrez foi realizada de acordo com Beaudrot et al. (2013) utilizando os seguintes

pacotes “tnet” (Opsahl 2009), “igraph” (Csardi & Nepusz, 2006), “bipartite” (Dormann et al.

2008), “fields” (Furrer et al. 2013), “combinat” (Chasalow 2012) e “vegan”. As análises de

co-ocorrência, redundância e dos modelos lineares foram realizadas separadamente para evitar

possíveis conflitos computacionais.

Em todas as análises (investigação abiótica, análises de co-ocorrência e de comparação

entre dados bióticos a abióticos) realizadas o nível de significância adotado foi de 5% (Zar

2010).

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99 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

3.3 Resultados

3.3.1 Fatores ambientais (Período 1 vs. 2)

Os valores medianos (± erro padrão [SE]) de P da Enseada da Fortaleza durante os

períodos de estudo 1 e 2 foram de 8,75 ± 0,33 m, variando 3,5–16,0 m, e de 7,5 ± 0,2 m,

variando 4,0–14,0 m, respectivamente. No período 1, houve uma maior variação da

profundidade (P) entre as estações amostradas em relação ao período 2, que apresentou

valores similares. Durante os dois períodos de estudo, os pontos amostrais IV e VII foram

caracterizados pelos menores (1 – 4,25m; 2 – 6,00 m) e maiores (1 – 13,00m; 2 – 10,75m)

valores medianos de P, respectivamente. (Tabela 1, Figura 2a, Apêndice A).

A temperatura de fundo (TF) variou de 20,0 a 29,5 °C, no período 1, e de 18,0 a 27,5

°C, no período 2. As estações I e VII, localizadas perto da abertura da Enseada da Fortaleza,

apresentaram os menores valores medianos de TF, durante os dois períodos de estudo. No

entanto, no período 2, os valores medianos de TF foram mais homogêneos. A mediana de TF

foi semelhante entre os dois períodos de estudo (1 – 22,75 º C; 2 – 23,5 ° C) (Tabela 1, Figura

2b, Apêndice A). No que diz respeito à variação das amostragens mensais, houve um padrão

semelhante em cada período, TF apresentou valores menores de novembro de 1988 a Janeiro

de 1989 enquanto no segundo período os menores valores foram observados entre novembro

e dezembro de 2008 e de abril a julho de 2009. Maiores valores foram observados em

fevereiro de 1989 e entre janeiro de 2009 a março de 2009. Em dezembro de 2008, foi

registrado o menor valor mediano de TF (19,0 ± 0,6 ° C) obtidos durante ao longo dos

períodos de estudo (Figura 3a; Apêndice B).

Os valores medianos de salinidade de fundo (SF) não variaram muito entre as estações

e meses, durante os dois períodos de estudo (Figuras 2c e 3b). O menor valor mediano de SF

foi obtido no ponto amostral IV (Figura 2c). De fevereiro de 1989 a abril de 1989, outubro de

1989, maio de 2009 e outubro de 2009, foram registrados os menores valores medianos de SF.

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100 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

No geral, os valores variaram de 30 a 38, e de 29 a 38, com valores medianos de 34,75 ± 0,14

e 34,0 ± 0,17 registrados durante os períodos de estudo 1 e 2, respectivamente (Tabela 1).

A textura sedimentar entre ambos os períodos de estudo variou, principalmente, nos

valores das classes granulométricas CGA e CGC, respectivamente. O diagrama ternário

triangular com as combinações de dados de mês e estação deram uma visão geral das

mudanças nas porções granulométricas na Enseada da Fortaleza, durante os períodos de

amostragem (Figura 4). Drástica redução na fração de sedimentos correspondente à classe

granulométrica A (CGA), nos pontos I, II, V, VI e VII, durante o período 2 em relação ao

período 1 (Período 1 – 7,98 ± 2,42; Período 2 – 0,75 ± inserir). Por consequência, houve um

aumento nas frações de sedimento CGB e CGC para ambas as estações e meses (Figuras 2d e

3c; Apêndice A e B). No geral, CGB obteve leve diminuição no valor mediano enquanto

CGC teve um aumento abrupto. Os valores medianos de Phi obtidos durante os períodos 1 e 2

corresponderam a 3,52 ± 0,1, e 4,76 ± 0,07, medindo de 1,0 até 5,2 e de 2,0 até 6,3,

respectivamente (Tabela 1) seguindo a tendência de aumento do valor em razão do aumento

da porção granulométrica CGC.

O maior valor teor de matéria orgânica mediano (MO) foi obtido nos pontos amostrais

II (período 1) e VI (período 2), e em setembro de 1989, outubro de 1989, abril de 2009 e

junho de 2009 (Figuras 2d e 3c; Apêndice A e B).

As variáveis Phi (md) e CGB violaram os valores de tomada de decisão para

colinearidade e, portanto, foram retiradas das análises estatísticas. A análise Paralela

assinalou, significativamente, as três componentes principais (p<0,001) com proporção de

variação dos dados em 27,15%, 22,83% e 19,05%, respectivamente. Foi obtido o somatório

da proporção de variância cumulativa em 69,02%. Seguindo o ponto de corte de variação

relevante das variáveis ambientais, na componente principal 1 – CP1, os destaques foram P (-

0,51) e CGA (-0,57), para a CP2 a variável CGC (0,75) e na CP3 as variáveis SF (-0,63) e

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101 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

MO (0,54) (Tabela 2). O biplot da ACP (Figura 5) para as duas primeiras CPs revelou uma

tendência de variação distinta dos dados entre os dois períodos, sugerindo que as variáveis

coletadas podem agrupar, ou discriminar, cada período de estudo. Nesta investigação

preliminar, as variáveis CGC e CGA destacaram-se em sentidos opostos revelando que estes

caracteres abióticos são fortes na variação dos dados e, em força decrescente as variáveis P,

MO e SF. Os biplots entre as CP 1 vs. CP 3 e entre a CP 2 vs. CP 3 (biplots não

apresentados), expressaram resultados similares. Porém, com distinção menos marcada que o

observado entre CP 1 vs. CP2.

As variaveis que contribuíram, significativamente, para a discriminação dos períodos

amostrados foram CGC (Coef=0,07, F-remove=123,84, p<0,01), MO (Coef=-0.25, F-

remove=25,94, p<0,01) e P (Coef=-0,12, F-remove=6,20, p<0,05) (Tabela 3). Em adição, as

probabilidades condicionais, a posteriori, da variável categórica „Período‟ assinalaram as

probabilidades de 0,64 e 0,96, respectivamente, para o período 1 e 2. No geral a soma de

porcentagem de acerto foi de 0,80. As menores taxas de erro aparente pelo Teorema

Bayesiano foram computadas nas relações com a variável CGC (P vs. CGC = 0,196, SF vs.

CGC = 0,286, CGA vs. CGC = 0,226, MO vs. CGC = 0,256). As demais taxas de erro

aparente das correlações resultantes computaram valores acima de 0,301 chegando até a 0,399

(representando maior probabilidade de erro na diferenciação das outras variáveis ambientais).

Os resultados da PERMANOVA mostraram diferença significativa nos valores

medianos das variáveis ambientais entre os períodos (df = 1, F = 87,87, p<0,01, permutações

= 9999), entre as estações (df = 6, F = 12,89, p<0,01, permutações = 9999) e na interação dos

fatores períodos vs. estações (df = 6, F = 6,97, p<0,01, permutações = 9999) (Tabela 4).

3.3.2 Interações interespecíficas (Padrões de Co-ocorrência)

Unidades de Tabuleiro de Xadrez (TX) significativas de cada um dos pares de

espécies não foram observadas tanto no Período 1 quanto no Período 2 (Tabela 5).

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102 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

3.3.3 Fatores ambientais vs. Abundância

Foram amostrados um total de 3861 indivíduos, sendo a espécie mais abundante

Callinectes ornatus (3249 indivíduos, 84,15% do total) seguido de Arenaeus cribarius (405,

10,48%) e por fim Callinectes danae (207, 5,36%). Para todas as espécies, as maiores

abundâncias foram registradas no Período 1, exceto C. danae que apresentou valores

similares. No Período 2 houve uma maior abundância relativa das espécies A. cribarius e C.

danae com relação a C. ornatus, comparando-se com o Período 1. Espacialmente, todos os

pontos amostrais foram dominados por C. ornatus, exceto o ponto IV, desembocadura do

estuário, que apresentou valores de abundância relativa semelhantes para cada espécie (Tabela

6, Figura 6a,c) durante o Período 1. Temporalmente, C. ornatus apresentou picos de

abundância em janeiro e maio do Período 1 e, março e maio do Período 2. Já A. cribarius e C.

danae apresentaram picos de abundância entre março e maio de cada Período (Tabela 7,

Figura 6b,d).

Na ARD do Período 1 o primeiro eixo contabilizou 93,58% da variação dos dados e

foi assinalado como o único eixo significativo para interpretação (F = 8,95, p < 0,05). Teor de

Matéria Orgânica (MO) foi a única variável significativa na correlação com as espécies,

sendo, correlação positiva com Callinectes ornatus e em ordem decrescente com Callinectes

danae e Arenaeus cribarius (Tabela 8, Figura 7a). Na ARD com dados do Período 2, o

primeiro eixo contabilizou 98,63% da variação dos dados e, assim como na ARD I, o único

eixo significativo para interpretação (F = 35,82, p < 0,05). Temperatura de Fundo (TF),

Classes granulométricas A (CGA) e C (CGC) foram as variáveis significativas na correlação

com as espécies. TF e CGA obtiveram forte correlação positiva com Callinectes ornatus

seguido de Arenaeus cribarius e por fim Callinectes danae. CGC apresentou forte correlação

negativa, analogamente, ao observado para as três espécies (Tabela 8, Figura 7b). O Protest

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103 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

identificou diferenças significativas entre as duas ARDs (n = 999, correlação de Procrustes =

0,27, p = 0,01), e a rotação de Procrustes enfatizou a diminuição de variabilidade dos fatores

ambientais nas amostras entre os dois Períodos (Figura 7c). É possível visualizar que no

Período 1 havia uma diferença dos fatores ambientais entre as áreas da região interna da

Enseada (pontos III e IV) e da região do Meio-Boca da Enseada (demais transectos). No

Período 2 com diminuição da variabilidade os dados dos pontos da região interna da Enseada

apresentaram variabilidade semelhante com o restante da Enseada (visualizado pelo quadrante

correspondente totalmente sobreposto) (Figura 7a,b).

Na investigação por espécie e período foi possível gerar Modelos GLMM Zero-

Inflados em todos os casos, exceto para Callinectes danae no Período 2 ao qual foi realizado

uma GLM Negativa Binomial (Modelo Reduzido vs. Modelo GLM NB, Teste de Vuong, p =

0,47) (Tabela 9, 10 e 11). Os modelos reduzidos usados para interpretação foram selecionados

através do Critério de informação BIC, para A. cribarius e C. danae (Modelo Global vs.

Reduzido, Teste L/R, p < 0,001; p < 0,05, respectivamente) ambos para o período 2. Os

demais modelos usados para interpretação foram os modelos globais (Apêndice C).

Nos modelos finais, a espécie A. cribarius apresentou relação negativa com

Profundidade (P) e relação positiva com o fator Temperatura de Fundo (TF) na parte de

Contagem do Modelo, para o Período 1. Já no Período 2, TF se manteve como um fator

significativo positivo na abundância da espécie. Nenhum fator foi influente na parte de

ocorrência do Modelo (Tabela 9). C. danae apresentou uma relação negativa de ocorrência

com TF, para o Período 1, enquanto o mesmo fator (TF) foi influente positivamente na

abundância da espécie no Período 2 (Tabela 10). E por fim, a espécie C. ornatus apresentou

uma relação positiva de sua abundância com a Classe granulométrica A (CGA), para o

Período 1. Já para o Período 2, a abundância desta espécie apresentou uma relação positiva

com TF e uma relação negativa com a Classe granulométrica C (CGC) (Tabela 11).

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104 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

As figuras geradas pelo ajuste de superfícies ilustram bem todas as relações

significativas obtidas em cada período e para cada espécie. O Período 1 marcado pela

influência de MO apresentando a maior parte das ocorrências e maiores valores de abundância

de A. cribarius e C. danae em regiões com menor quantidade de MO, enquanto situação

reversa foi observada para C. ornatus (Figura 8). No Período 2, CGA que apresentou uma

diminuição abrupta, se tornou uma variável com força de correlação positiva para C. ornatus

devido a sua ocorrência bem dispesa pela Enseada, no entanto, no ajuste de superfície para o

Período 1 é possível observar que C. ornatus possui maior abundância no espaço-tempo com

maior carga de CGA (Figura 9). CGC, a variável que obteve maior variação (com aumento

drástico) no Período 2 apresentou correlação positiva com A. cribarius e C. danae, enquanto

C. ornatus apesar de bem disperso pela enseada apresentou seus maiores valores de

abundância nos menores valores de CGC obtidos, enquanto para o Período 1 esse fator

apresentou pouco padrão espacial (Figura 10). Por fim, observando o ajuste de superfícies de

TF é possível observar seu padrão sazonal com correlação positiva com com as três espécies

no Período II (Figura 11).

3.4 Discussão

3.4.1 Interações interespecíficas vs. Assoreamento

A Enseada da Fortaleza, nos 20 anos analisados apresentou uma alta carga de silte e

argila em todos os transectos amostrados. Em decorrência da deposição de granulações mais

finas na Enseada da Fortaleza, a matéria orgânica apresentou um caráter homogêneo nos

transectos amostrados. De acordo com Moore (1958), locais que apresentam substrato

constituído por granulações mais finas possuem maior conteúdo orgânico do que depósitos de

granulação mais grossa.

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105 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Todos os transectos na Enseada da Fortaleza passaram a apresentar uma equivalência

de matéria orgânica (recursos) e, possivelmente, se tornando áreas com incidência relevante.

Além disso, áreas com composição ganulométrica mais fina estão relacionadas com

organismos de hábito alimentar filtrador (Pinheiro et al. 1996), e são relatados na literatura

como presas de portunídeos (Wade 1967, Leber 1982). No entanto, não foram detectados

padrões oriundos de competição exclusiva durante o processo de assoreamento na Enseada da

Fortaleza.

Comportamentos agonísticos de siris por fontes de alimento e estratégias de evitar

agonismo foram observados por Clark et al. (1999) e Guerra-Castro et al. (2007),

respectivamente. De acordo com Guerra-Castro et al. (2007) dois tipos de deslocamentos

espaciais dos siris estavam relacionados ao seu hábito alimentar. O primeiro constituído de

deslocamento a curtas distâncias e próximos a centros de atividade (agrupamento de

indivíduos com alta frequencia de movimentação), considerados pelos autores como

comportamentos de forrageio. E o segundo, constituído de deslocamentos a distâncias

moderadas e longas para regiões marginais nutricionais e regiões adjacentes aos centros de

atividade. Clark et al. (1999) comentaram que quando há somente uma região de alimentação,

devido a super-lotação de indivíduos, os siris podem interferir no forrageio de outros

indivíduos, ocasionando comportamentos agonísticos.

Diante disso, especulamos que a homogeneidade de deposição de matéria orgânica na

Enseada da Fortaleza tenha provido áreas de forrageio equivalentes para estas espécies,

conduzindo-as ao desenvolvimento de um forrageio „ótimo‟, com baixo custo energético de

deslocamento e, possivelmente, levando a não detecção de padrões competitivos por este

recurso. O fato de não ter sido detectado tais padrões competitivos também no período 1 e, as

conclusões de atividade de deslocamento descritas por Guerra-Castro et al. (2007) nos levam

a supor que estas espécies de siris possam ser oniscientes quanto a disponibilidade de recursos

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106 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

e densidade de co-específicos em forrageio. De acordo com Iwasa et al. (1981) e Stephen &

Krebs (1986) os organismos („predadores‟) tomam esta decisão com base tanto nas condições

ambientais imediatas quanto nas desenvolvidas em experiências passadas e, mesmo em uma

combinação destes dois fatores.

No presente estudo, as três espécies apresentaram distribuição agregada em cada

período estudado (não detecção de padrões de competição exclusiva). Diante disso, nossos

resultados negam a hipótese levantada de que as modificações espaciais do processo de

assoreamento da Enseada da Fortaleza influenciariam no surgimento de processos de

competição.

Nosso estudo se baseou na possível ocorrência de competição exclusiva através do

conceito das Unidades de Tabuleiro de Xadrez. No entanto, sabemos que outros fatores

interespecíficos podem guiar a distribuição dos organismos marinhos, como por exemplo as

relações presa-predador. Além disso, relações intraespecíficas não foram abordadas neste

estudo e aspectos de segregação de sexos, e diferenças nos ciclos reprodutivos e de muda

podem afetar a distribuição de crustáceos Brachyura (Mantelatto 2000).

3.4.2 Temperatura vs. Distribuição temporal

A variabilidade sazonal e interanual são atuantes nas condições oceanográficas da

região da Plataforma continental Sudeste, embora Aidar et al. (1993) destaque que a marcação

interanual não apresenta padrões típicos de comportamento para as massas de água, portanto

apresentando comportamento com a mesma intensidade em cada ano. Nesta região da

plataforma continental, principalmente, durante o verão, a ACAS, uma massa de água fria e

salina, penetra nas camadas mais profundas da zona costeira e forma uma termoclina sobre a

plataforma rasa nas profundidades de 10 a 15 m (Pires-Vanin & Matsuura 1993, Pires-Vanin

2001), carreando, no processo de intrusão, uma grande quantidade de nitrogênio e fósforo que

favorecem o aumento da produção primária (Aidar et al. 1993, Odebrecht & Castello 2001).

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107 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Na Enseada da Fortaleza, variações sazonais interanuais de temperatura e salinidade

foram observadas em cada ano de amostragem, apresentando comportamento similar, sendo

os menores valores de temperatura e os maiores valores de salinidade entre as estações de

primavera e verão. Em adição, Alencar et al. (2015 – Capítulo 1) destacaram que na Enseada

da Fortaleza pode haver somente o reflexo da presença da ACAS, uma vez que a intrusão

desta massa de água (temperatura em torno de 16 ºC, intrusão nos 10-15 m) ocorre em

profundidades maiores que as registradas na enseada (menores valores de temperatura

registrados em torno de 19.5 ºC, profundidade média de 10 m).

No geral, para as três especies avaliadas aqui, houve uma relação positiva entre o

aumento da temperatura de fundo e o aumento da abundância. Resultados semelhantes foram

observados para estas espécies e outros portunídeos: Arenaeus cribarius (nesta mesma

enseada, Pinheiro et al. 1996; litoral norte paulista, Bertini & Fransozo 2004; outros locais,

Zangrande et al. 2003), Callinectes danae (litoral norte paulista, Chacur & Negreiros-

Fransozo 2001, Bertini & Fransozo 2004; outros locais, Buchanan & Stoner 1988),

Callinectes ornatus (litoral norte paulista Bertini & Fransozo 2004; outros locais, Watanabe et

al. 2014) e Achelous spinimanus (nesta mesma enseada, Lima et al. 2014; litoral norte

paulista, Bertini & Fransozo 2004; outros locais, Ripoli et al. 2007).

Abundâncias menores registradas em menores valores de temperatura podem estar

relacionados com possível migração sazonal para áreas com condições mais favoráveis (Lima

et al. 2014). Vários processos metabólicos e fisiológicos em crustáceos são dependentes de

temperatura tais como muda, crescimento, reprodução e maturação dos ovos (Sastry 1983a,

b). Trabalhos realizados com o caranguejo Carcinus maenas (Taylor & Wheatly 1979) e a

lagosta Homarus gammarus (Whiteley et al. 1995) descreveram que aumento de temperatura

levaram ao aumento de oxigênio assimilado e, redução de temperatura levaram a redução

temporária na assimilação de oxigênio, respectivamente. Migração sazonal por águas mais

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108 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

quentes foram descritas para o ermitão Pagurus longicarpus (Rebach, 1974) e para o siri

Callinectes sapidus (Warner, 1976) em detrimento de locais com temperatura mais adequados

aos processos de crescimento e reprodução. Diante disso, parece vantajoso para os crustáceos

buscarem uma orientação de „nicho termal‟ (McGaw 2003) para minimizar o estresse

fisiológico.

A. cribarius e C. danae são as espécies que apresentaram maior relação com águas

quentes, enquanto C. ornatus oscila sua ocorrência entre diferentes variações de temperatura.

As regiões estuarinas/costeiras possuem águas com temperaturas mais quentes em

comparação com águas mais distantes da costa. C. danae é uma espécie que desova na região

costeira/marinha, cujos jovens migram em retorno para as regiões estuarinas onde se

desenvolvem e crescem (Chacur & Negreiros-Fransozo 2001). Esta associação ainda refletiu

no resultado significativo de relação negativa entre a ocorrência (de C. danae) e temperatura

de fundo, observado na GLMM. C. ornatus também necessita dos estuários para completar

seu ciclo de vida (Tudesco et al. 2012). No entanto, é uma espécie que apresenta uma maior

área de vida, se locomovendo a grandes distâncias (Guerra-Castro et al. 2007). Ainda, de

acordo com Guerra-Castro et al. (2007), C. ornatus é uma espécie mais ativa que A. cribarius,

sendo que esta última ainda limita sua dispersão em locais rasos e próximos da costa (águas

mais quentes), enquanto C. ornatus possui ampla área de vida („home range‟) incluindo áreas

mais profundas (e, provavelmente uma ampla variação térmica), fazendo com que a média

individual de locomoção e área de vida seja maior que a de A. cribarius.

Pires (1992), ao estudar a estruturação da comunidade macrobentônica da região da

plataforma continental do litoral de Ubatuba em escala temporal curta, identificou que A.

cribarius e C. ornatus eram espécies que apresentavam uma relação positiva com a presença

da massa de água costeira (AC), uma corrente de águas mais quentes que a ACAS. Ainda de

acordo com Pires (1992), no primeiro ano de coleta, C. ornatus obteve um padrão semelhante

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109 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

as espécies bentônicas que estavam em zonas de águas misturadas, neste caso, mistura das

massas AC e ACAS enquanto, no ano seguinte C. ornatus passou a ser classificada no grupo

das espécies bentônicas, incluindo A. cribarius, que estavam em zonas da massa de água AC.

Estas variações de abundância interanuais de C. ornatus também foram observadas no

presente estudo.

Um dos motivos para esta variação de abundância de C. ornatus pode ser as diferenças

de distribuição entre gêneros sexuais. Mantelatto & Martinelli (1999) estudando a distribuição

espacial de C. ornatus, observou diferenças distribucionais locais por sexos. Em comparação

com os machos, as fêmeas possuíram maior preferência por águas mais frias. A preferência

por águas mais frias foi indicada por Pita et al. (1985) como preferencial para a desova e

aumento da dispersão larval de C. ornatus.

Migração sazonal de C. danae e C. ornatus foram observados na Baía de Guanabara,

litoral sudeste brasileiro, por Keneucke et al. (2008) que destacaram que estas espécies

migraram da região interna da Baía para águas costeiras mais salinas para completar o seu

ciclo de vida e iniciar a desova, sendo um comportamento menos intenso para C. danae. No

entanto, na região de Ubatuba, região do presente estudo, Negreiros-Fransozo & Fransozo

(1995) verificaram que C. danae ocorre com mais frequência em águas mais rasas e menos

salinas, como por exemplo, regiões próximas as desembocaduras de estuários.

No presente estudo, os diferentes padrões de abundância destas espécies podem estar

relacionados com estes comportamentos mencionados anteriormente. C. danae apresentou

maior abundância nos dois períodos no ponto IV, região da desembocadura do estuário dos

Rios Comprido e Escuro. Enquanto C. ornatus apresentou dominância nos demais pontos

posicionados na região mediana para a boca da enseada.

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110 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

3.4.3 Assoreamento vs. Distribuição espacial

A distribuição espaço-temporal de animais bentônicos é afetada pelas variações de

fatores abióticos no espaço e no tempo. Ao longo dos dados que compreendem 20 anos de

análise foi possível observar que a profundidade média dimunuiu, silte e argila apresentaram

um relevante aumento, enquanto as frações sedimentares mais grossas apresentaram uma

redução drástica, caracterizando um processo de assoreamento na Enseada da Fortaleza, como

observado por Alencar et al. (2015, Capítulo 1) utilizando adicionalmente análises

geotecnológicas.

O assoreamento tem ocorrido em taxas exorbitantes em todas as partes do mundo

como consequência de processos naturais, como; cargas fluviais, erosão de falésias, e

processos de resuspensão e transporte de sedimentos e, através de atividades antropogênicas,

como; desmatamento, dragagens, descargas domésticas e industriais, atividades de construção

e recuperação de terras naturais para ocupação urbana (Airoldi 2003). Na Enseada da

Fortaleza, Alencar et al. (2015, Capítulo 1) destacaram três possíveis causas para o processo

de assoreamento por acúmulo de sedimentos finos, (1) descarga fluvial do estuário dos Rios

Comprido e Escuro, (2) hidrodinamismo oceânico local e, (3) resuspensão sedimentar anual

causada pelo reflexo da retração da ACAS. Além disso, os autores ainda observaram que na

análise das imagens de satélite, houve uma redução da área verde e aumento da área povoada,

destacando que o aporte de matéria orgânica observado na Enseada da Fortaleza pode ter

origem na ocupação urbana desordenada da faixa costeira. Tal conclusão sob a origem de

matéria orgânica também foi destacada por Negreiros-Fransozo et al. (1991) ao avaliar as

características físicas e químicas da Enseada da Fortaleza no fim da década de 80.

As respostas integradas de ocorrência e densidade das três espécies de Siris em

detrimento do assoreamento na Enseada da Fortaleza foram ligadas, principalmente, a

influência do tamanho médio do grão do sedimento e composição granulométrica espacial. C.

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111 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

ornatus apresentou uma forte redução na sua abundância enquanto as demais espécies

apresentaram valores similares comparando-se os dois períodos. Além disso, C. ornatus

apresentou correlação negativa com o aumento das frações finas de sedimento (CGC) e

correlação positiva com as frações mais grossas do sedimento (CGA). Enquanto A. cribarius,

e em menor intensidade C. danae, apresentaram leve correlação positiva com CGA.

Os efeitos do assoreamento nos invertebrados bentônicos foram discutidos por muitos

autores (detalhes e revisão em Airoldi 2003) que destacaram pelo menos três impactos

principais de efeito direto; (1) Abrasão, através transporte e movimentação vertical dos

sedimentos, (2) Enterro/Sufocamento, que pode envolver efeitos indiretos como redução da

disponibilidade de luz, oxigênio e nutrientes e, (3) Mudanças nas características físicas da

superfície oceânica, alterando a composição granulométrica na camada mais superficial e

potencialmente gerando perda de diversidade de habitat.

Heterogeneidade espacial sedimentar é um dos principais fatores que a literatura

destaca como influentes na distribuição de Crustacea nesta plataforma continental (Fransozo

et al. 1992, Negreiros-Fransozo et al. 1997). O assoreamento identificado nesta Enseada

modificou a feição sedimentar diminuindo a sua variablidade, restringindo à presença de

frações sedimentares médias e mais finas. Esta modificação revelou respostas distintas para as

espécies de siris analisadas, mais destacadamente para a espécie Callinectes ornatus.

Apesar de C. ornatus apresentar distribuição conhecida em substratos arenosos e

lamosos (Melo 1996), sua resposta frente a modificação sedimentar foi bem clara, uma forte

relação negativa, que possivelmente ao longo dos anos culminou em uma diminuição

significativa de sua abundância. Entre o Período 1 e o Período 2 houve uma diminuição de

cerca de 47% da abundância de C. ornatus. Enquanto, para as demais espécies foram

observados valores de abundância semelhantes. Negreiros-Fransozo & Fransozo (1995) e

Pinheiro et al. (1996) estudando as influências de fatores ambientais para C. ornatus, C.

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112 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

danae e, A. cribarius na Enseada da Fortaleza no fim da década de 80 (Período 1 deste

estudo), indicaram uma forte associação da abundância com as frações granulométricas.

Diferente do presente estudo, os autores citados anteriormente analisaram as frações

granulométricas isoladas ao invés de utilizar o conceito de Classes granulométricas (CGA,

CGB e CGC). De forma geral os autores citados anteriormente observaram que enquanto C.

danae apresentou uma leve relação positiva com „Areia muito fina‟ (CGC, no presente

estudo), para C. ornatus prevaleceram relações significantes positivas com as frações

sedimentares „Cascalho‟, „Areia muito grossa‟, „Areia grossa‟ (CGA, no presente estudo) e

uma leve relação negativa com a fração „Areia muito fina‟ (CGC, no presente estudo). Além

disso, para A. cribarius, a abundância apresentou uma relação negativa com „Areia fina‟ e

uma relação positiva com „Areia muito fina‟ (Pinheiro et al. 1996). Portanto, apartir dos

nossos resultados comparativos em 20 anos, modificações sedimentares por assoreamento de

frações mais finas exarcebaram os resultados preditivos obtidos por Negreiros-Fransozo &

Fransozo (1995) e Pinheiro et al. (1996).

De acordo com Pinheiro et al. (1997) fatores ambientais de ampla variação (espacial,

sazonal ou temporal) podem limitar a sobrevivência e/ou distribuição de uma espécie em

função de sua tolerância. Para Odum (1988) e Negreiros-Fransozo & Fransozo (1995) esta

influência dos fatores ambientais podem atingir um certo ponto que pode ampliar ou restringir

a ocorrência de uma espécie. No presente estudo, diferentes tipos de respostas foram

observadas para cada espécie de siri: A. cribarius apresentou uma resposta levemente positiva

em abundância e número de ocorrências, C. danae não apresentou uma resposta evidente em

abundância e ocorrência, enquanto C. ornatus apresentou uma forte resposta negativa. No

entanto, o posicionamento generalista de C. ornatus e especialista de A. cribarius e C. danae

propostos por Pinheiro et al. (1997) ainda se mantém na Enseada da Fortaleza.

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113 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

O caráter generalista de C. ornatus se deve principalmente a sua característica

euritópica, tolerante a diversos tipos de sedimento (Pinheiro et al. 1997), enquanto a

especialidade das demais espécies se deve ao hábito eurihalino, ocupando principalmente

áreas rasas com influência de estuários (Chacur & Negreiros-Fransozo 2001, Guerra-Castro et

al. 2007).

O processo de sufocamento/enterro pode influenciar indiretamente os consumidores

bentônicos através da influência negativa nos produtores primários e, apresenta uma

alternativa válida para as respostas das espécies observadas no presente estudo.

Partículas finas de substrato assoreado podem ser facilmente resuspendidas afetando o

crescimento e reprodução de algas marinhas através da atenuação da luz na coluna d‟água e,

aumentando a resistência a difusão do oxigênio, além de poder causar o soterramento das

algas (Bach et al. 1998). Terrados et al. (1998) destacaram que a riqueza e biomassa de uma

comunidade de algas marinhas apresentou declínio com o aumento da carga de silte e argila

durante o incremento de sedimento. Em adição, o mesmo autor citado anteriormente sugere

que esta diminuição experienciada com as algas marinhas podem levar a mudanças funcionais

em ecossistemas que estão em processo de assoreamento. Wood & Armitage (1997)

revisando estudos de composição de macroinvertebrados de ambientes aquáticos dulcícolas

chegaram as mesmas conclusões propostas pelos autores citados anteriormente, destacando a

diminuição da diversidade, biomassa, efeito de predação e mudanças na estrutura da

comunidade e na abundância relativa.

Para os portunídeos da Enseada da Fortaleza, o desgaste abrasivo parece ser o fator de

influência direta do assoreamento menos correlacionado. A movimentação de sedimentos

causa grandes efeitos abrasivos em locais com dinâmica hidrológica mais exposta do que

protegida (Engledow & Bolton 1994), principalmente pelo tamanho das partículas de grão

envolvidas, uma vez que locais protegidos tendem a ter uma dinâmica de acúmulo de

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114 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

sedimentos mais finos (Hiscock 1983), caso da Enseada da Fortaleza. Além disso, parece

improvável que partículas finas de sedimento possam provocar desgaste abrasivo em um

exosesqueleto quitinoso rígido e inflexível, como o dos Crustacea Brachyura. Relatos de

desgaste abrasivo em Crustacea são relacionados a outros aspectos que não o de influência

sedimentar, como por exemplo, manipulação mecânica de rochas (Fisher & Meyer 1985) e,

respostas reprodutivas (Ahl et al. 1996).

Uma das maiores ameaças a biodiversidade marinha e costeira é a sobreexplotação dos

recursos marinhos (Amaral & Jabolski 2005). As três espécies de siris analisadas aqui

constituem importantes recursos pesqueiros na costa brasileira (Mantelatto & Christofoletti

1999, Zangrande et al. 2003, Sforza et al. 2010). Portanto, estudos sobre a biologia destas

espécies se tornam relevantes para diagnosticar de forma efetiva os efeitos das modificações

ambientais e seus possíveis impactos, proporcionando uma exploração racional (Santos 2000).

Além disso, a criação de áreas de proteção marinha constituem uma estratégia chave na

preservação da biodiversidade (Rice & Houston 2011, McCay & Jones 2011), e quando

apropriado, podem servir como zona de berçario e de recrutamento de espécies que são

exploradas localmente ou em áreas próximas (Amaral & Jabolski 2005).

Medidas para o gerenciamento costeiro na plataforma continental sudeste brasileira

foram estabelecidas nas últimas décadas, além da implantação da Área de Proteção Ambiental

Marinha do Litoral Norte (Portaria No. 53 525 de 8 de outubro de 2008), como por exemplo,

a criação do Parque Estadual Marinho da Ilha de Anchieta, integrado a uma unidade de

conservação (Portaria No. 9 629 de 29 de março de 1977 e, Lei Federal No. 9 985 de 18 de

julho de 2000) e a implementação e regulação de Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE)

(Portaria No 5 300 de 07 de dezembro de 2004). Estas medidas reduziram drasticamente a

operação de embarcações artesanais de pesca na região de estudo nos últimos 20 anos

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115 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

contribuindo para a manutenção do padrão agregário e, dos papéis de espécies generalistas e

especialistas da assembléia de Portunoidea na Enseada da Fortaleza.

De fato, uma análise de dados de pesca de siris entre 1998 e 2009 na região do

presente estudo, Ubatuba, através de dados de pesca artesanal obtidos pelo Instituto de Pesca

do Estado de São Paulo (IP-SP), indicaram que durante o período de coleta de novembro de

2008 a outubro de 2009 (Período 2) foram coletados 43 kilos de siri azul (alcunho utilizado

para Callinectes spp.) e, somente nos meses de Novembro/08 (5), Dezembro/08 (9),

Janeiro/09 (3) e Junho/09 (26). Em adição, entre os anos de 1998 a 2002 e, 2004 a abril de

2008 não houve pesca de siri azul registrado na região. Além disso, dados de pesca de siri

azul de 1988 a 1998 e, dados gerais de pesca de A. cribarius são ausentes nos registros do IP-

SP. Mesmo sabendo disso, dados mais detalhados da pesca de siris no litoral paulista

precisam ser estudados e analisados para melhor corroboração destes dados do IP-SP. Por

fim, uma recente avaliação sobre a composição e estrutura de uma assembléia de camarões na

Enseada da Fortaleza resultante das mesmas coletas do presente estudo revelaram que a

comunidade se manteve estável durante os 20 anos de avaliação, além de um aumento do

estoque de espécies que são importantes recursos pesqueiros industriais e artesanais, como o

camarão-rosa Farfantepenaeus brasiliensis, o camarão-branco Litopenaeus schmitti e o

camarão sete barbas Xiphopenaeus kroyeri (dados não publicados).

Nosso estudo provém resultados que indicam que o assoreamento detectado na

Enseada da Fortaleza possui efeitos diferenciais para cada espécie de Portunoidea,

influenciando suas ocorrências e densidades e, fortalecem a prerrogativa de que

heterogeneidade sedimentar é um fator-chave na distribuição espacial em pequena-escala de

crustáceos Portunoidea. No entanto, não descartamos a possibilidade de influências

secundárias, como os efeitos indiretos do sufocamento nos consumidores primários.

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116 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Nas últimas décadas a maior parte dos estudos realizados na Plataforma Continental

Sudeste Brasileira sobre a distribuição de organismos bentônicos avaliou somente a influência

de fatores ambientais. Este estudo ofertou um esforço complementar na investigação dos

padrões que regem a distribuição dos organismos marinhos através da avaliação da

competição exclusiva. A não detecção de padrões de competição exclusiva entre as três

espécies de siris nesta Enseada levaram a conclusão de que a distribuição foi influenciada,

somente, por variação nos fatores ambientais. No entanto, as relações intra e interespecíficas

não podem ser descartadas. Portanto, abre-se espaço para que futuros trabalhos sejam

desenvolvidos na Enseada da Fortaleza para investigar com maior foco as relações

interespecíficas destas espécie, tanto em campo quanto em laboratório.

Os efeitos do assoreamento na resposta da assembléia de Portunoidea certamente serão

irreversíveis, no entanto, a capacidade de resiliência do ecossistema costeiro é pouco

conhecido, assim, estudos que avaliem a dinâmica e transporte de frações finas do sedimento

podem auxiliar nas capacidades preditivas de modelos de distribuição das espécies para as

próximas décadas. Além disso, estudos experimentais em laboratório utilizando gradientes de

profundidade e dinâmica de sedimentos de frações mais finas e mais grossas podem revelar

importantes aspectos de processos fisiológicos e comportamentais destas três espécies.

A implementação de medidas regulatórias para exploração dos recursos marinhos

foram essenciais para a manutenção das três espécies de siris na Enseada da Fortaleza no

período analisado de 20 anos. No entanto, frente as respostas de cada espécie analisada aqui

faz-se necessário manter estudos de monitoramento ao longo da costa Sudeste brasileira com

o intuito de avaliação frente a novas modificações em escala temporal e espacial, tanto quanto

aos fatores ambientais, em especial destaque à avaliação do avanço na taxa de assoreamento,

quanto na abundância e composição das espécies de caranguejos e siris e, sua consequente

conservação.

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117 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Agradecimentos A Coordenação de Aperfeicoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa de

estudos concedida ao autor CERDA. A Fundação para o desenvolvimento da UNESP,

Fundunesp (#287/88 DFP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,

CNPq (#401908/88.7/ZO) e Fundação de Apoio a pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP

(#1998/3234-6, #2008/53495-9) pelo fomento da pesquisa nos períodos de estudo. Ao

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e à

Polícia Florestal, pela concessão da licença utilizada para a obtenção do material biológico.

Aos pescadores “Mané Bié”, Djalma Rosa “Passarinho e “Zé Preto” e integrantes do Núcleo

de Estudos em Ecologia e Cultivo de Crustáceos, NEBECC/UNESP, pela dedicação e

competência no esforço de coleta dos dois períodos analisados neste trabalho. Aos integrantes

do Grupo de Estudos em Ecologia e Fisiologia de Animais Aquáticos (GEEFAA) pela ajuda

nos tratamento dos dados. Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

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131 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figuras Figura 1 – Área de amostragem na costa Sudeste Brasileira. a – Área de Proteção Marinha –

MPA Cunhambebe (Portaria No. 53 525, 08 de Outubro de 2008). b – Enseada da Fortaleza e

os sete pontos amostrais (I-VII), Rios Escuro e Comprido.

Figura 2 – Enseada da Fortaleza. Variação espacial (mediana ± erro padrão) de variáveis

ambientais coletadas in situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) nos sete pontos

amostrais (I-VII). a – Profundidade; b – Temperatura de fundo (TF); c – Salinidade de fundo

(SF); d – Classes granulométricas (CGA – barras brancas, CGB – barras cinzas and CGC –

barras escuras) entre matéria orgânica (MO%, círculos) e valores de Phi (md) (triângulos).

Figura 3 – Variações temporais (mediana ± erro padrão) de variáveis ambientais coletadas in

situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) nos sete transectos (I-VII). a –

Temperatura de fundo (TF); b – Salinidade de fundo (SF); c – Classes granulométricas (CGA

– barras brancas, CGB – barras cinzas and CGC – barras escuras) entre matéria orgânica

(MO%, círculos) e valores de Phi (md) (triângulos).

Figura 4 – Variação granulométrica nos Períodos 1 (1988-1989; círculos cinzas) e 2 (2008-

2009; triângulos escuros) através do gráfico de triplot para as três classes granulométricas

identificadas (CGA, CGB e CGC).

Figura 5 – Biplot da análise de componentes principais para as duas primeiras componentes

(PC1 – 27.15%; PC2 – 22.83%; Variância cumulativa – 49.98%) para os Períodos 1 (1988-

1989; círculos abertos) e 2 (2008-2009; círculos escuros). *Variáveis discriminantes de

acordo com a análise de função discriminante. Ver Material e Métodos para acrônimos das

variáveis ambientais.

Figura 6 – Abundância relativa espacial (a,c) e temporal (b,d) de Arenaeus cribarius (colunas

pretas), Callinectes danae (rachuradas) e Callinectes ornatus (branco) nos dois períodos

amostrados na Enseada da Fortaleza.

Figura 7 – Análise de Redundância para cada Período (a) 1 (1988/1989) e (b) 2 (2008/2009) e

(c) Rotação de Procrustes para comparação entre as duas ordenações da análise de

redundância. * Variáveis com correlação significativa com a matriz biótica (p < 0,05) de

acordo com o procedimento de ajuste dos vetores ambientais da ARD; ** Regiões da Enseada

da Fortaleza: Enseada Interna (pontos amostrais III e IV), Enseada Meio-Boca (demais

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132 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

pontos). acr – Arenaeus cribarius, cda – Callinectes danae, cor – Callinectes ornatus. Ver

Materiais e Métodos para acrônimo dos fatores ambientais.

Figura 8 – Ajuste de superfície espaço-temporal (Pontos amostrais vs. Meses) de Teor de

Matéria Orgânica (MO) nos Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) e sua associação com a

ocorrência e abundância da Assembléia de Portunoidea na Enseada da Fortaleza. Note que a

organização dos pontos segue o padrão observado nas Análises de redundância, ver Figura 6.

Figura 9 – Ajuste de superfície espaço-temporal (Pontos amostrais vs. Meses) da Classe

granulométrica A (CGA) nos Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) e sua associação com

a ocorrência e abundância da Assembléia de Portunoidea na Enseada da Fortaleza. Note que a

organização dos pontos segue o padrão observado nas Análises de redundância, ver Figura 6.

Figura 10 – Ajuste de superfície espaço-temporal (Pontos amostrais vs. Meses) da Classe

granulométrica C (CGC) nos Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) e sua associação com

a ocorrência e abundância da Assembléia de Portunoidea na Enseada da Fortaleza. Note que a

organização dos pontos segue o padrão observado nas Análises de redundância, ver Figura 6.

Figura 11 – Ajuste de superfície espaço-temporal (Pontos amostrais vs. Meses) da

Temperatura de Fundo da coluna de água (TF) nos Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) e

sua associação com a ocorrência e abundância da Assembléia de Portunoidea na Enseada da

Fortaleza. Note que a organização dos pontos segue o padrão observado nas Análises de

redundância, ver Figura 6.

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133 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 1 – Área de amostragem na costa Sudeste Brasileira. a – Área de Proteção Marinha –

MPA Cunhambebe (Portaria No. 53 525, 08 de Outubro de 2008). b – Enseada da Fortaleza e

os sete transectos amostrais (I-VII), Rios Escuro e Comprido.

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134 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 2 – Enseada da Fortaleza. Variação espacial (mediana ± erro padrão) de variáveis

ambientais coletadas in situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) nos sete pontos

amostrais (I-VII). a – Profundidade; b – Temperatura de fundo (TF); c – Salinidade de fundo

(SF); d – Classes granulométricas (CGA – barras brancas, CGB – barras cinzas and CGC –

barras escuras) entre matéria orgânica (MO%, círculos) e valores de Phi (md) (triângulos).

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135 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 3 – Variações temporais (mediana ± erro padrão) de variáveis ambientais coletadas in

situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) nos sete transectos (I-VII). a –

Temperatura de fundo (TF); b – Salinidade de fundo (SF); c – Classes granulométricas (CGA

– barras brancas, CGB – barras cinzas and CGC – barras escuras) entre matéria orgânica

(MO%, círculos) e valores de Phi (md) (triângulos).

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136 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 4 – Variação granulométrica nos Períodos 1 (1988-1989; círculos cinzas) e 2 (2008-

2009; triângulos escuros) através do gráfico de triplot para as três classes granulométricas

identificadas (CGA, CGB e CGC).

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137 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 5 – Biplot da análise de componentes principais para as duas primeiras componentes

(PC1 – 27.15%; PC2 – 22.83%; Variância cumulativa – 49.98%) para os Períodos 1 (1988-

1989; círculos abertos) e 2 (2008-2009; círculos escuros). *Variáveis discriminantes de

acordo com a análise de função discriminante. Ver Material e Métodos para acrônimos das

variáveis ambientais.

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138 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 6 – Abundância relativa espacial (a,c) e temporal (b,d) de Arenaeus cribarius (colunas

pretas), Callinectes danae (rachuradas) e Callinectes ornatus (branco) nos dois períodos

amostrados na Enseada da Fortaleza.

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139 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 7 – Análise de Redundância para cada Período (a) 1 (1988/1989) e (b) 2 (2008/2009) e

(c) Rotação de Procrustes para comparação entre as duas ordenações da análise de

redundância. * Variáveis com correlação significativa com a matriz biótica (p < 0,05) de

acordo com o procedimento de ajuste dos vetores ambientais da ARD; ** Regiões da Enseada

da Fortaleza: Enseada Interna (pontos amostrais III e IV), Enseada Meio-Abertura (demais

pontos). acr – Arenaeus cribarius, cda – Callinectes danae, cor – Callinectes ornatus. Ver

Materiais e Métodos para acrônimo dos fatores ambientais.

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140 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 8 – Ajuste de superfície espaço-temporal (Pontos amostrais vs. Meses) de Teor de

Matéria Orgânica (MO) nos Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) e sua associação com a

ocorrência e abundância da Assembléia de Portunoidea na Enseada da Fortaleza. Note que a

organização dos pontos segue o padrão observado nas Análises de redundância, ver Figura 6.

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141 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 9 – Ajuste de superfície espaço-temporal (Pontos amostrais vs. Meses) da Classe

granulométrica A (CGA) nos Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) e sua associação com

a ocorrência e abundância da Assembléia de Portunoidea na Enseada da Fortaleza. Note que a

organização dos pontos segue o padrão observado nas Análises de redundância, ver Figura 6.

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142 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 10 – Ajuste de superfície espaço-temporal (Pontos amostrais vs. Meses) da Classe

granulométrica C (CGC) nos Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) e sua associação com

a ocorrência e abundância da Assembléia de Portunoidea na Enseada da Fortaleza. Note que a

organização dos pontos segue o padrão observado nas Análises de redundância, ver Figura 6.

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143 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Figura 11 – Ajuste de superfície espaço-temporal (Pontos amostrais vs. Meses) da

Temperatura de Fundo da coluna de água (TF) nos Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009) e

sua associação com a ocorrência e abundância da Assembléia de Portunoidea na Enseada da

Fortaleza. Note que a organização dos pontos segue o padrão observado nas Análises de

redundância, ver Figura 6.

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144 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabelas Tabela 1 – Enseada da Fortaleza. Estatística descritiva da variação geral das variáveis

ambientais (EV) amostradas in situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009). EP –

Erro Padrão; Mín – Mínimo; Máx – Máximo. Ver M-aterial e Métodos para acrônimos das

EVs.

Tabela 2 – Análise de componentes principais das variáveis ambientais coletadas in situ nos

dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009). SD – Desvio Padrão; Var (%) – Proporção de

variância para cada componente correspondente; Cum Var (%) – Proporção de variância

cumulativa. Componentes em negrito obtiveram significância estatística de acordo com a

Análise Paralela. Loadings das variáveis sublinhadas são relacionadas ao critério de variância

significativa da variável proposta pelos autores. Ver Material e Métodos para acrônimos das

EVs.

Tabela 3 – Análise discrimante pelo algoritmo stepwise regression. EVs em negrito indicam

as variáveis discriminantes para os dados amostrados. *p<0,05. Ver Material e Métodos para

acrônimos das EVs.

Tabela 4 – Análise de variância Permutacional para Período e Ponto amostral. gl – graus de

liberdade, SQ – Soma dos quadrados, MQ – Média dos quadrados, F – estatística F. Fatores

em negrito são estatísticamente significantes. *p<0,05.

Tabela 5 – Estatística da distribuição Unidade Tabuleiro de Xadrez para cada par de espécies

(acr – Arenaeus cribarius, cda – Callinectes danae e cor – Callinectes ornatus) em cada

Período (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009). Média, 2,5%, 50,0% e 97,5% - dados descritivos da

distribuição de TX baseado nas simulações de modelo nulo (n=10000).

Tabela 6 – Distribuição espacial (pontos amostrais) da abundância de Arenaeus cribarius

(acr), Callinectes danae (cda) e Callinectes ornatus (cor) nos dois períodos de coleta

amostrados na Enseada da Fortaleza.

Tabela 7 – Distribuição temporal (meses) da abundância de Arenaeus cribarius (acr),

Callinectes danae (cda) e Callinectes ornatus (cor) nos dois períodos de coleta amostrados na

Enseada da Fortaleza.

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145 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 8 – Resultados estatísticos da ARD para cada Período analisado. Eixos destacados em

negrito são significativos para interpretação de acordo com teste de permutações para cada

eixo das ARDs. gl – graus de liberdade, Var – Variância, F – estatística F. Ver Materiais e

Métodos para acrônimo dos fatores ambientais.

Tabela 9 – Modelos Lineares Generalizados Mistos Zero-Inflado Negativo Binomial (GLMM

ZINB) para Arenaeus cribarius nos Períodos 1 e 2. EVs destacados de negrito indicam

significância estatística (p < 0,05). Modelo NB – Modelo Negativo Binomial não misto, EP –

Erro padrão, gl – grau de liberdade.

Tabela 10 – Modelos Lineares Generalizados Mistos Zero-Inflado Negativo Binomial

(GLMM ZINB) e Negativo Binomial não-Misto (GLM NB) para Callinectes danae nos

Períodos 1 e 2, respectivamente. Fatores ambientais destacados de negrito indicam

significância estatística (p < 0,05). EP – Erro padrão, gl – grau de liberdade.

Tabela 11 – Modelos Lineares Generalizados Mistos Zero-Inflado Negativo Binomial

(GLMM ZINB) para Callinectes ornatus nos Períodos 1 e 2. Fatores ambientais destacados de

negrito indicam significância estatística (p < 0,05). Modelo NB – Modelo Negativo Binomial

não misto, EP – Erro padrão, gl – grau de liberdade.

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146 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 1 – Enseada da Fortaleza. Estatística descritiva da variação geral das variáveis

ambientais (EV) amostradas in situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009). EP –

Erro Padrão; Mín – Mínimo; Máx – Máximo. Ver Material e Métodos para acrônimos das

EVs.

EV Period 1 Period 2

Mediana ±EP Mín Máx Mediana ±EP Mín Máx

P 8.75 0.33 3.50 16.00 7.50 0.21 4.00 14.00

TF 22.75 0.27 20.00 29.50

23.50 0.23 18.00 27.50

SF 34.75 0.14 30.00 38.00

34.00 0.17 29.00 38.00

CGA 7.98 2.42 0.20 93.99

0.75 0.70 0.00 54.34

CGB 65.05 2.34 5.93 97.71

54.56 2.04 5.89 88.57

CGC 19.57 1.41 0.08 58.67

43.55 2.13 0.78 93.78

MO 3.28 0.28 0.52 12.28

2.50 0.25 0.20 11.80

Phi (md) 3.52 0.10 1.03 5.19 4.76 0.07 2.03 6.34

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147 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 2 – Análise de componentes principais das variáveis ambientais coletadas in situ nos

dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009). DP – Desvio Padrão; Var (%) – Proporção de

variância para cada componente correspondente; Var Cum (%) – Proporção de variância

cumulativa. Componentes em negrito obtiveram significância estatística de acordo com a

Análise Paralela. Loadings das variáveis sublinhadas são relacionadas ao critério de variância

significativa da variável proposta pelos autores. Ver Material e Métodos para acrônimos das

EVs.

PCs PC1 PC2 PC3 PC4 PC5 PC6

DP 1.28 1.17 1.07 0.94 0.81 0.57

Var (%) 0.27 0.23 0.19 0.15 0.11 0.05

Var Cum (%) 0.27 0.50 0.69 0.84 0.95 1.00

Análise Paralela

eigenvalue 1.63 1.37 1.14 0.88 0.66 0.32

eigenmean 1.26 1.13 1.04 0.95 0.86 0.76

eigenpercentil 1.36 1.21 1.09 1.00 0.92 0.84

p-valor p<0.001 p<0.001 p<0.001 0.977 1.000 1.000

Loadings das variáveis

P -0.51 0.27 -0.20 0.25 0.75 -0.01

TF 0.23 -0.30 0.38 0.84 0.09 -0.04

SF -0.34 0.00 -0.63 0.44 -0.55 -0.02

CGA -0.57 -0.38 0.33 -0.14 -0.12 -0.62

CGC 0.21 0.75 0.13 0.14 -0.14 -0.58

MO -0.45 0.36 0.54 0.06 -0.31 0.52

Tabela 3 – Análise discrimante pelo algoritmo stepwise regression. EVs em negrito indicam

as variáveis discriminantes para os dados amostrados. *p<0,05. Ver Material e Métodos para

acrônimos das EVs.

EV λ Wilks λ Parcial F-remoção p-level Tolerância 1-Tolerância (R2)

CGC 0.94 0.57 123.84 0.00* 0.80 0.20

MO 0.62 0.86 25.94 0.00* 0.79 0.21

P 0.56 0.96 6.20 0.01* 0.94 0.06

SF 0.54 1.00 0.03 0.87 0.93 0.07

CGA 0.54 1.00 0.00 1.00 0.72 0.28

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148 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 4 – Análise de variância Permutacional para Período e Ponto amostral. gl – graus de

liberdade, SQ – Soma dos quadrados, MQ – Média dos quadrados, F – estatística F. Fatores

em negrito são estatísticamente significantes. *p<0,05.

gl SQ MQ F R2 p

Período 1.00 2.78 2.78 87.87 0.24 0.00*

Ponto amostral 6.00 2.44 0.41 12.89 0.21 0.00*

Período:Ponto 6.00 1.32 0.22 6.97 0.12 0.00*

Resíduos 154.00 4.87 0.03

0.43

Total 167.00 11.41 1.00

Tabela 5 – Estatística da distribuição Unidade Tabuleiro de Xadrez para cada par de espécies

(acr – Arenaeus cribarius, cda – Callinectes danae e cor – Callinectes ornatus) em cada

Período (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009). Média, 2,5%, 50,0% e 97,5% - dados descritivos da

distribuição de TX baseado nas simulações de modelo nulo (n=10000).

Período 1 estatística z média 2,5% 50,0% 97,5% p-valor

acr.cda 290 0,895 267,21 216 290 290 1

acr.cor 108 0,901 85,23 34 70 108 0,9994

cor.cda 0 -1,453 65,10 0 53 165 0,3959

Período 2

acr.cda 253 0,84998 236,188 189 253 253 1

acr.cor 60 0,80701 45,283 0 60 60 1

cor.cda 0 -1,39907 41,124 0 41 84 0,4987

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149 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 6 – Distribuição espacial (pontos amostrais) da abundância de Arenaeus cribarius

(acr), Callinectes danae (cda) e Callinectes ornatus (cor) nos dois períodos de coleta

amostrados na Enseada da Fortaleza.

Período Ponto acr cda cor Total

1 (

1988/8

9)

I 39 (9,90%) 4 (1,02%) 351 (89,09%) 394

II 4 (0,44%) 5 (0,56%) 890 (99,00%) 899

III 103 (25,88%) 16 (4,02%) 279 (70,10%) 398

IV 77 (37,38%) 58 (28,16%) 71 (34,47%) 206

V 10 (4,57%) 2 (0,91%) 207 (94,52%) 219

VI 4 (1,98%) 10 (4,95%) 188 (93,07%) 202

VII 8 (3,38%) 6 (2,53%) 223 (94,09%) 237

Total 245 101 2209 2555

2 (

2008/0

9)

I 22 (19,82%) 4 (3,60%) 85 (76,58%) 111

II 12 (2,67%) 10 (2,23%) 427 (95,10%) 449

III 33 (15,94%) 18 (8,70%) 156 (75,36%) 207

IV 34 (19,10%) 44 (24,72%) 100 (56,18%) 178

V 13 (8,23%) 6 (3,80%) 139 (87,97%) 158

VI 6 (8,22%) 17 (23,29%) 50 (68,49%) 73

VII 40 (30,77%) 7 (5,38%) 83 (63,85%) 130

Total 160 106 1040 1306

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150 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 7 – Distribuição temporal (meses) da abundância de Arenaeus cribarius (acr),

Callinectes danae (cda) e Callinectes ornatus (cor) nos dois períodos de coleta amostrados na

Enseada da Fortaleza.

Período Mês acr cda cor Total

1 (

1988/8

9)

nov-88 13 0 140 153

dez-88 10 0 252 262

jan-89 20 9 688 717

fev-89 31 18 405 454

mar-89 38 42 188 268

abr-89 30 6 73 109

mai-89 41 12 143 196

jun-89 9 10 62 81

jul-89 32 1 52 85

ago-89 15 1 76 92

set-89 4 0 62 66

out-89 2 2 68 72

Total 245 101 2209 2555

2 (

2008/0

9)

nov-08 1 4 80 85

dez-08 3 5 37 45

jan-09 17 5 132 154

fev-09 27 6 114 147

mar-09 28 7 158 193

abr-09 10 38 128 176

mai-09 43 8 158 209

jun-09 11 4 107 122

jul-09 1 3 54 58

ago-09 8 3 28 39

set-09 6 7 21 34

out-09 5 16 23 44

Total 160 106 1040 1306

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151 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 8 – Resultados estatísticos da ARD para cada Período analisado. Eixos destacados em negrito são significativos para interpretação de

acordo com teste de permutações para cada eixo das ARDs. gl – graus de liberdade, Var – Variância, F – estatística F. Ver Materiais e Métodos

para acrônimo dos fatores ambientais.

Período 1 Período II

Proporção de Variância RDA1 RDA2 RDA3 RDA1 RDA2 RDA3

Eigenvalue 45,881 2,889 0,258 109,426 0,986 0,532

Proporção explicada (%) 93,58% 5,89% 0,53%

98,63% 0,89% 0,48%

Proporção Cumulativa (%) 93,58% 99,47% 100,00%

98,63% 99,52% 100,00%

Score das espécies RDA1 RDA2 RDA3 RDA1 RDA2 RDA3

Arenaeus cribarius (acr) 0,280 1,080 -0,069 -0,332 0,616 -0,221

Callinectes danae (cda) 0,070 0,230 0,323

0,012 -0,301 -0,453

Callinectes ornatus (cor) -4,402 0,072 0,001

-7,225 -0,029 0,009

Score do Biplot RDA1 RDA2 RDA3 RDA1 RDA2 RDA3

P -0,410 -0,447 -0,282 0,192 0,377 0,302

TF -0,342 0,432 0,782

-0,474 0,448 -0,755

SF -0,349 0,207 -0,596

-0,140 0,408 0,142

CGA -0,695 -0,096 -0,208

-0,793 -0,333 0,293

CGC 0,412 -0,476 0,014

0,589 -0,326 -0,482

MO -0,375 -0,822 0,213

0,162 -0,487 -0,370

Environmental fitting RDA1 RDA2 R2 p-valor RDA1 RDA2 R

2 p-valor

P -0,592 -0,806 0,06 0,089 0,905 0,425 0,02 0,417

TF -0,422 0,907 0,04 0,267

-0,973 0,231 0,10 0,024*

SF -0,837 0,547 0,02 0,509

-0,827 0,562 0,02 0,459

CGA -0,920 -0,391 0,06 0,086

-0,996 -0,085 0,22 0,035*

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152 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

CGC 0,473 -0,881 0,04 0,197

0,989 -0,145 0,13 0,008*

MO -0,432 -0,902 0,14 0,005*

0,819 -0,573 0,03 0,297

Teste de permutação (Eixos) gl Var F n p-valor gl Var F n p-valor

RDA1 1 45,88 8,95 999 0,005* 1 109,43 35,82 999 0,005*

RDA2 1 2,89 0,56 199 0,490

1 0,99 0,32 199 0,610

RDA3 1 0,26 0,05 199 0,880

1 0,53 0,17 199 0,740

Resíduo 74 379,15 74 226,05

* valor de probabilidade significativo (p < 0,05).

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153 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 9 – Modelos Lineares Generalizados Mistos Zero-Inflado Negativo Binomial (GLMM ZINB) para Arenaeus cribarius nos Períodos 1 e 2.

EVs destacados de negrito indicam significância estatística (p < 0,05). Modelo NB – Modelo Negativo Binomial não misto, EP – Erro padrão, gl

– grau de liberdade.

Período 1 - Modelo GLMM ZINB

Período 2 – Modelo GLMM ZINB

Modelo (Contagem) Coef EP z-valor p-valor

Coef EP z-valor p-valor

Intercepto -12,046 9,37 -1,286 0,199

Intercepto -5,217 2,47 -2,113 0,035*

P -0,227 0,09 -2,454 0,014*

TF 0,251 0,10 2,566 0,011*

TF 0,228 0,10 2,210 0,027*

SF 0,255 0,23 1,129 0,259

CGA 0,021 0,01 1,848 0,065

CGC 0,023 0,02 1,088 0,277

MO -0,102 0,10 -1,048 0,295

Log(theta) -0,408 0,25 -1,647 0,100

Log(theta) -1,028 0,27 -3,808 >0,001*

Modelo (Binomial) Coef EP z-valor p-valor

Coef EP z-valor p-valor

Intercepto -243,769 377,44 -0,646 0,518

Intercepto -85,307 103,03 -0,828 0,408

P -38,873 129,74 -0,300 0,764

TF 7,782 15,14 0,514 0,607

SF

CGA 4,478 16,39 0,273 0,785

CGA -6,799 8,46 -0,804 0,421

CGC 3,367 10,79 0,312 0,755

MO 33,870 106,66 0,318 0,751

MO 10,122 12,25 0,826 0,409

Log Likelihood -145,10

AIC 318,12

Log Likelihood -116,20

AIC 244,49

Modelo vs. Modelo NB Estatística gl p-valor

Estatística gl p-valor

Teste de Vuong 3,332 - <0,001*

Teste de Vuong 2,727 - 0,003*

Modelo vs. Modelo Nulo

Teste Qui-quadrado - 14 <0,001*

Teste Qui-quadrado - 6 <0,001*

* valor de probabilidade significativo ( p < 0,05)

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154 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 10 – Modelos Lineares Generalizados Mistos Zero-Inflado Negativo Binomial (GLMM ZINB) e Negativo Binomial não-Misto (GLM

NB) para Callinectes danae nos Períodos 1 e 2, respectivamente. Fatores ambientais destacados de negrito indicam significância estatística (p <

0,05). Modelo NB – Modelo Negativo Binomial não misto, EP – Erro padrão, gl – grau de liberdade.

Período 1 – Modelo GLMM ZINB Período 2 - Modelo GLM NB **

Modelo (Contagem) Coef EP z-valor p-valor Coef EP z-valor p-valor

Intercepto 12,337 7,72 1,598 0,110

Intercepto -1,628 4,815 -0,338 0,735

P -0,046 0,06 -0,824 0,410

TF 0,047 0,09 0,508 0,612

TF 0,264 0,112 2,365 0,018*

SF -0,351 0,18 -1,936 0,053

SF -0,132 0,135 -0,975 0,329

CGA -0,002 0,03 -0,073 0,942

CGC 0,006 0,02 0,424 0,671

MO -0,157 0,19 -0,846 0,398

Log(theta) 8,271 31,34 0,264 0,792

Modelo (Binomial) Coef EP z-valor p-valor

Intercepto 28,489 15,36 1,854 0,064

P 0,096 0,13 0,730 0,465

TF -0,417 0,19 -2,212 0,027*

SF -0,513 0,36 -1,418 0,156

CGA -0,023 0,05 -0,424 0,672

CGC -0,051 0,04 -1,424 0,155

MO 0,002 0,32 0,007 0,994

Log Likelihood -78,780

AIC 187,566

Log Likelihood

-234,117 AIC 242,120

Modelo vs.Modelo NB Estatística gl p-valor Estatística gl p-valor

Teste de Vuong 3,025 - <0,001* Teste de Vuong - -

Modelo vs. Modelo Nulo

Teste Qui-quadrado - 15 <0,001* Teste Qui-quadrado - 4 0,015*

* valor de probabilidade significativo ( p < 0,05); ** Modelo Linear Generalizado não Misto

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155 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Tabela 11 – Modelos Lineares Generalizados Mistos Zero-Inflado Negativo Binomial (GLMM ZINB) para Callinectes ornatus nos Períodos 1 e

2. Fatores ambientais destacados de negrito indicam significância estatística (p < 0,05). Modelo NB – Modelo Negativo Binomial não misto, EP

– Erro padrão, gl – grau de liberdade.

Período 1 – Modelo GLMM ZINB Período 2 – Modelo GLMM ZINB

Modelo (Contagem) Coef EP z-valor p-valor Coef EP z-valor p-valor

Intercepto -1,230 5,58 -0,220 0,826

Intercepto -5,813 3,07 -1,896 0,058

P 0,070 0,05 1,513 0,130

P -0,084 0,07 -1,176 0,240

TF 0,078 0,06 1,254 0,210

TF 0,184 0,06 3,091 0,002

SF 0,047 0,13 0,350 0,726

SF 0,152 0,09 1,718 0,086

CGA 0,015 0,01 2,080 0,038*

CGA 0,029 0,02 1,278 0,201

CGC -0,006 0,01 -0,485 0,628

CGC -0,024 0,01 -2,594 0,009

MO -0,019 0,06 -0,335 0,738

MO 0,082 0,08 1,024 0,306

Log(theta) -0,083 0,16 -0,527 0,598

Log(theta) -0,051 0,17 -0,297 0,766

Modelo (Binomial) Coef EP z-valor p-valor Coef EP z-valor p-valor

Intercepto 345,672 283,44 1,220 0,223

Intercepto -14,955 60310,10 0,000 1,000

P -5,752 6,08 -0,946 0,344

P -19,776 9157,77 -0,002 0,998

TF 3,549 4,12 0,862 0,388

TF -12,115 4701,21 -0,003 0,998

SF -14,808 12,40 -1,194 0,232

SF 8,156 634,17 0,013 0,990

CGA -6,308 6,71 -0,939 0,347

CGA -1,651 18304,69 0,000 1,000

CGC -0,311 0,60 -0,519 0,604

CGC 1,206 630,45 0,000 0,990

MO 26,169 25,45 1,028 0,304

MO 10,032 7041,93 0,001 0,999

Log Likelihood -306,70

AIC 643,40

Log Likelihood -272,80

AIC 575,60

Modelo vs. Modelo NB Estatística gl p-valor Estatística gl p-valor

Teste de Vuong 1,907 - 0,028* Teste de Vuong 1,745 - 0,040*

Model vs. Modelo Nulo

Teste Qui-quadrado - 15 <0,001* Teste Qui-quadrado - 15 <0,001*

* valor de probabilidade significativo (p < 0,05)

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156 Capítulo 2 – Assoreamento a longo prazo em uma Enseada subtropical do Sudeste do Brasil:

Respostas de uma assembléia de Siris

Apêndices

Apêndice A – Enseada da Fortaleza. Estatística descritiva da variação espacial (pontos I-VII)

das variáveis ambientais (EV) amostradas in situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 –

2008/2009). Mediana e Erro Padrão (EP) apresentados sob as suposições de não-normalidade

e heterocedasticidade para as seguintes análises estatísticas. Mín – Mínimo, Máx – Máximo.

Ver Materiais e Métodos para acrônimo dos EVs.

Apêndice B – Estatística descritiva da variação temporal (meses) das variáveis ambientais

(EV) amostradas in situ nos dois Períodos (I – 1988/1989; II – 2008/2009). Mediana e Erro

Padrão (SE) apresentados sob as suposições de não-normalidade e heterocedasticidade para as

seguintes análises estatísticas. Ver Materiais e Métodos para acrônimo dos EVs.

Apêndice D – Sumário dos testes de seleção de modelos GLMM Zero Inflados Negativo

Binomial para cada espécie em cada período apartir de três critérios de informação (AIC,

AICc e BIC). Modelos destacados de negrito foram os modelos selecionados para

interpretação dos resultados. Ver Materiais e Métodos para acrônimos dos fatores ambientais.

acr – Arenaeus cribarius, cda – Callinectes danae, cor – Callinectes ornatus. LR (p) – valor

de propabilidade do teste de Likelihood Ratio

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157

157 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus

(Ordway, 1863) (Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em

morfometria geométrica

Carlos Eduardo Rocha Duarte Alencar - Alencar (C. E. R. D.)

Sávio Arcanjo Santos Nascimento Moraes – Moraes (S. A. S. N.)

Adilson Fransozo – Fransozo (A.)

Fúlvio Aurélio de Morais Freire – Freire (F. A. M.)

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158 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Running head: Alencar et al.: Dimorfismo sexual da forma de Callinectes ornatus

Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus Ordway, 1863 (Crustacea, Decapoda,

Brachyura) com base em morfometria geométrica

Alencar (C. E. R. D.) 1*

, Moraes, (S. A. S. N.)1 , Fransozo (A.)

2 & Freire (F. A. M.)

1,2

1 Grupo de Estudos em Ecologia e Fisiologia de Animais Aquáticos (GEEFAA), Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Caixa Postal 1524 - Campus Universitário Lagoa

Nova CEP 59078-970. Natal – RN, Brasil; *[email protected]

2 Núcleo de estudos em Biologia, Ecologia e Cultivo de Crustáceos (NEBECC),

Universidade

Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Caixa-postal 510 – Instituto de

Biociências, Departamento de Zoologia CEP 18618-000. Botucatu – SP, Brasil

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159 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Resumo Umas das principais fontes de variabilidade populacional dos organismos é a marcada

distinção corporal entre os gêneros sexuais, o dimorfismo sexual, que pode resultar de

pressões seletivas especificas para cada sexo. Em Brachyura, aspectos reprodutivos,

comportamentos agonísticos e de forrageio estão, intimamente relacionados às variações

corporais de cada gênero sexual, sobretudo em Portunidae, cujos representantes apresentam

um distinto e elaborado comportamento reprodutivo. Apesar de relativamente recente na

história das investigações corporais, as técnicas de morfometria geométrica têm obtido, com

sucesso, informações relevantes sobre as possíveis influências das pressões seletivas no

dimorfismo sexual de Brachyura. Desse modo, este estudo avaliou o potencial dimorfismo

sexual da forma do siri Callinectes ornatus, uma espécie com relevante papel na comunidade

macrobentônica do litoral brasileiro, por meio da técnica de morfometria geométrica, baseada

em marcos anatômicos, utilizando espécimes capturados em duas ecorregiões marinhas do

litoral brasileiro. Foram investigadas três estruturas corporais (1) dorso da carapaça, (2)

fronto-rostro da carapaça e (3) a face externa dos quelípodos. As três estruturas corporais

avaliadas para C. ornatus avaliadas apresentaram variação de forma relacionada ao

dimorfismo sexual. No geral, as fêmeas apresentaram uma área medial da carapaça maior,

estiramento nas comissuras tranversal e laterais, com um rebaixamento do espinho lateral e,

uma redução na robustez do quelípodo. Os machos apresentaram um achatamento dorso-

ventral mais destacado, encurtamento das comissuras transversal e laterais, elevação angular

do espinho-lateral e, um aumento na robustez do quelípodo. No geral, a configuração de

forma da carapaça e do quelípodo observados em machos e fêmeas de C. ornatus aparentam

ser reflexo, possivelmente, da seleção sexual na promoção de funções distintas. Nas fêmeas

uma promoção de aumento da capacidade funcional e potencial reprodutivo e, nos machos

maior eficiência durante encontros agonísticos e guarda da fêmea. Além disso, diferenças

populacionais foram encontradas e são, possivelmente, resultantes da plasticidade fenotípica

das condições ambientais atuantes localmente e/ou por bloqueio de fluxo gênico pela presença

de uma barreira biogeográfica marinha (ressurgência de Cabo Frio). No entanto, investigações

adicionais e mais resolutivas necessitam ser realizadas para dar suporte a estas suposições de

diferenciação geográfica.

Palavras-chave: Seleção sexual, forma do corpo, Portunidae, landmark.

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160

160 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

4.1 Introdução Os padrões de variação populacional possuem um importante papel na diversificação

evolucionária e têm gerado importantes descobertas sobre os processos evolucionários por

meio de estudos indiretos (morfologia e genética) e diretos (morfologia) de divergência

populacional, como por exemplo, a investigação do dimorfismo sexual (Badyaev et al. 2000).

Dimorfismo sexual (DS) é um processo amplamente relatado e descrito no reino animal

(Shine, 1989). Do mesmo modo, trata-se de uma fonte de grande variação fenotípica tanto em

plantas quanto em animais (Benítez et al. 2011), que pode ser reflexo de diferenças de pressão

seletiva específicas para cada sexo, fenótipos direcionados a um único gênero sexual ou

correlação genética entre os gêneros sexuais (Darwin 1871, Slatkin 1984, Shine 1989,

Anderson 1994). As formas mais comuns analisadas se referem ao dimorfismo

comportamental, alimentar e morfológico, este último, com destaque para as diferenças no

tamanho, apêndices, tegumento, coloração e forma corporal (Andersson 1994, Owens &

Hartley 1998, Stuart-Fox & Ord 2004, Fairbairn et al. 2007, Fairbairn 2013).

A variação da forma corporal é uma das principais fontes de diversidade biológica

(Gould 1966). Apresentando intrínseca relação (e mesmas forças atuantes) com as variações

de DS de tamanho (Gould 1975, Anderson 1994). As diferenças intersexuais favorecidas por

seleção, podem ser resultados de divergências de nicho intraespecífico (partição entre os

sexos), e de seleção natural, como por exemplo, as diferenças nos aspectos comportamentais,

(comportamentos territoriais e de escolha de parceiros) e, reprodutivos (diferenças anatômicas

e fisiológicas relacionadas aos custos reprodutivos) (Darwin 1859, 1871).

No geral, para a maioria dos organismos, é possível discriminar morfologicamente os

gêneros sexuais. No entanto, a investigação de algumas partes corporais necessita de uma

avaliação quantitativa da forma (Bertin et al. 2002). Nestes casos, estas variações ainda

podem ser sutis e difíceis de descrever. De acordo com Roth & Mercer (2000), a avaliação

quantitativa da forma agrega três fatores importantes na abilidade de precisão descritiva, o

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161

161 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

reconhecimento de formas intermediárias, o julgamento do grau de

similaridade/dissimilaridade entre as formas e, por fim, a predição (ou extrapolação)

hipotética e experimental.

Procedimentos morfométricos tradicionais que possuem o intuito de descrever e

analisar formas corporais por meio de medições lineares, angulos e proporções, apresentam

problemas metodológicos bem documentados na literatura (Bookstein et al. 1985, Slice

2005). Além disso, as investigações quantitativas são, especialmente, úteis quando as

informações abstraídas da forma se tornam biologicamente importantes (Roth & Mercer

2000). Diante disso, técnicas novas e mais resolutivas têm sido desenvolvidas para melhor

descrever as nuances da forma corporal de organismos, dentre as quais destaca-se a

morfometria geométrica (Rohlf & Marcus 1993).

A morfometria geométrica (MG) é baseada em um conjunto de técnicas com

abordagem quantitativa, que captura a geometria das estruturas morfológicas de interesse e

preserva sua configuração („informação‟) nas análises (Adams et al. 2004, Mitteroecker &

Gunz 2009). Esta técnica tem gerado grande estusiasmo pois, permite a captura e exibição

visual das informações espaciais, uma informação não captada pelos conjuntos de medidas

morfométricas tradicionais (Roth & Mercer 2000). O técnica de MG baseada em marcos

anatômicos envolve a captura da informação geométrica da forma por meio de uma

configuração das coordenadas cartesianas dos marcos anatômicos (Rohlf 1990, Adams et al.

2004). Marcos anatômicos constituem locais precisos na estrutura biológica que possuem

significância funcional e estrutural, proveninentes do desenvolvimento ou adquiridas

evolutivamente (Ritchsmeier et al. 2002).

Nos caranguejos e siris (Crustacea, Brachyura), o dimorfismo sexual é uma condição

dominante e sua relação com aspectos de seleção natural têm sido intensamente estudados de

forma direta por meio de investigações utilizando-se morfometria convencional (Hartnoll

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162

162 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

1978, Haefner 1990, Pinheiro et al. 2006). Particularmente, crustáceos, constituem um

profícuo modelo para estudos de MG (Alencar et al. 2014), devido à presença de um

exoesqueleto rígido que permite posicionamentos precisos dos marcos anatômicos. No

entanto, somente apartir do início do século XXI, os estudos de MG começaram a ser

realizados com Brachyura em numerosas aplicações tais como, a diferenciação das formas

corporais relacionadas à identificação taxonômica, populações, variações geográficas,

gradientes latitudinais e DS (Rosenberg 2002, Rufino et al. 2006, Hopkins and Thurman

2010, Ledesma et al. 2010, Silva et al. 2010, Alencar et al. 2014).

O siri Callinectes ornatus Ordway, 1863 tem distribuição dos Estados Unidos até a

costa sul do Brasil (Melo 1996, Melo 1999) e apresenta ocorrência em fundos arenosos e

lamosos, em águas de salinidade moderada, alcançando a região do entre marés até a

profundidade de até 75 metros, mas principalmente em proximidades de enseadas e rios

(Melo 1999). O potencial dimorfismo sexual da forma do dorso da carapaça, da região fronto-

rostral e da face externa do quelípodo do siri C. ornatus foi avaliado aqui com dados de duas

populações da costa brasileira com base na morfometria geométrica com o intuito de oferecer

novos dados para compreenssão da história de vida da espécie.

4.2 Material e Métodos

4.2.1 Coleta de dados

Um total de 105 exemplares de Callinectes ornatus foram coletados para análise

morfométrica geométrica em duas localidades da costa brasileira, (1) na Enseada de Baía

Formosa, Nordeste brasileiro e, (2) na Enseada de Ubatuba, Sudeste brasileiro (Tabela 1,

Figura 1). Em ambas as localidades os espécimes foram coletados utilizando-se uma rede de

arrasto tracionado por um barco de pesca artesanal. Em Baía Formosa, os espécimes foram

coletados entre Fevereiro de 2013 a Agosto de 2014 e, em Ubatuba, os espécimes foram

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163 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

coletados em Novembro de 2012. Imediatamente após a coleta, os espécimes foram

armazenados em um freezer a -20ºC para crioanestesia. A identificação dos siris baseou-se em

Melo (1996) e a distinção do sexo dos indivíduos foi realizada baseando-se na observação da

forma do abdome (estreito para machos e largo para fêmeas) e no número de pleópodos (2

pares em machos e 4 pares em fêmeas). Somente espécimes adultos com apêndices

completos, isentos de injúrias e danos pontuais no cefalotórax foram utilizados nas análises. O

uso de indivíduos adultos visou prevenir efeitos alométricos ontogenéticos (Cock 1966), de

acordo com procedimento proposto por Alencar et al. (2014). Os espécimes considerados

adultos foram baseados nos critérios de forma do abdômen, aderência do abdômen aos

esternitos torácicos e desenvolvimento de gonopódios de acordo com o proposto por Williams

(1974) e Haefner (1990), sendo machos adultos, espécimes que não apresentavam o abdome

aderido aos esternitos torácicos e possuíam gonópodos completamente desenvolvidos e,

fêmeas adultas, com abdome arredondado e não aderido aos esternitos torácicos.

4.2.2 Morfometria geométrica

As análises morfométricas geométricas utilizadas neste estudo baseiam-se na definição

de forma („shape‟) e todas as suas configurações geométricas, exceto tamanho, posição e

orientação (Klingenberg et al. 2012) utilizando os marcos anatômicos (landmarks) para

extração da informação da forma através da Superimposição de Procrustes (Dryden & Mardia

1998).

Neste estudo, foram avaliadas três estruturas corporais em Callinectes ornatus: (1)

dorso da carapaça, (2) região fronto-rostral da carapaça e (3) face externa do quelípodo. As

regiões do dorso da carapaça (D) e região fronto-rostral (FR) foram avaliadas segundo o

conceito de objeto simétrico (Klingenberg et al. 2002); neste caso, simétrico bilateral.

Enquanto os quelípodos (Q), tanto o serratiforme quanto o molariforme, foram avaliados

considerando o conceito de simetria pareada („matching simmetry‟, ver detalhes em

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164 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Klingenberg & McIntre 1998). Os indivíduos da espécie C. ornatus apresentaram heteroquelia

no formato dos dentes internos do dáctilo e, homoquelia aparente em forma e tamanho

(comunicação pessoal). Uma avaliação dos valores de comprimento e altura dos quelípodos

indicou que os dois tipos de quelípodos eram iguais em tamanho. De acordo com Lee (1995),

nos portunídeos a heteroquelia tem funções mais relacionadas a hábito alimentar do que

ligado a comportamentos reprodutivos e seleção sexual, uma vez que neste grupo cada

quelípodo dos machos desempenham a mesma função durante o processo de cópula e guarda

da fêmea. Assim, como simetria pareada (bilateral) utiliza as partes de estruturas homólogas

repetidas (por exemplo, quelípodo esquerdo e direito) em cada indivíduo, siris que possuem

quelípodos semelhantes em forma, tamanho e função possuem o perfil mais apropriado para o

conceito de simetria pareada e os respectivos procedimentos analíticos.

Objeto simétrico é relacionado a estruturas que compartilham um plano corporal

simétrico (Svriama & Klingenberg 2011), no presente contexto, landmarks que apresentam-se

homólogos na sua respectiva simetria e, landmarks compartilhados por ambos os planos

simétricos. As análises para objeto simétrico utilizam as configurações de landmarks e suas

cópias refletidas (com landmarks pareados reposicionados) e, por fim, um ajuste de Procrustes

combina as configurações de landmarks originais e refletidos (Klingenberg et al. 2002).

Simetria pareada é relacionada aos pares de estruturas que apresentam imagens espelhadas

separadas fisicamente (Svriama & Klingenberg 2011), não apresentando um plano simétrico

compartilhado. As análises para estruturas com simetria pareada (bilateral) utilizam

configurações de landmarks para estruturas esquerdas e direitas de cada indivíduo na amostra,

aplicam uma reflexão das configurações de um dos lados e, por fim, um ajuste de Procrustes

combina as amostras em uma só configuração (Klingenberg & McIntre 1998).

As imagens foram capturadas utilizando uma câmera digital Nikon L100 (10.0

megapixels), fixada e nivelada em tripé fotográfico, utilizando posição e distância do objeto

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165 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

padronizada (250 mm), a partir dos maiores espécimes coletados. Não foram utilizados zoom

óptico e digital. Para todas as capturas de imagens, as estruturas corporais foram posicionadas

no plano central (vertical e horizontal) do quadro de imagem. Além disso, em todas as

imagens uma régua graduada em milímetros foi inserida para futuro escalonamento dos pixels

em função do tamanho em milímetros. Procedimentos prévios de padronização da distância ao

objeto para evitar distorções laterais e testes de medida de erro de captura das fotos e

posicionamento dos landmarks foram realizados (dados não mostrados). O software tpsUtil

(Rohlf 2008) foi utilizado para ordenar as imagens digitalizadas de uma mesma estrutura

corporal em um mesmo arquivo no formato TPS. Em adição, o software tpsDig2 (Rohlf 2006)

foi utilizado para registrar os landmarks em cada imagem digitalizada. Na região D foram

posicionados 35 landmarks, sendo 16 simétricos (idênticos em cada lado da carapaça) e 3

centrais (landmarks comuns presentes em cada lado) (Figura 1a). Na região FR foram

posicionados 10 landmarks, sendo 4 simétricos e 2 centrais (Figura 1b). Por fim, em cada Q

foram posicionados 10 landmarks (Figura 1c, Tabela 2). As descrições dos landmarks

seguiram as descrições anatômicas definidas em Williams (1984).

As configurações de landmarks para cada estrutura corporal foram submetidas a uma

Análise Generalizada de Procrustes (GPA) (Dryden & Mardia 1998). A análise Generalizada

de Procrustes é um procedimento que retira as informações não relacionadas a variação da

forma corporal devido a posição, tamanho e rotação dos espécimes (Rohlf & Slice 1990)

(Figura 2). Além disso, nos casos de objeto simétrico, após a GPA o ajuste gera dois

componentes de variação da forma, o componente simétrico e o assimétrico. Como o objetivo

deste estudo não envolve variações assimétricas flutuantes e direcionais na forma corporal da

espécie, os procedimentos estatísticos seguintes foram realizados somente com o componente

simétrico (detalhes em Klingenberg et al. 2002).

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166 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Uma Regressão multivariada (agrupada entre gênero sexual e populações) das

coordenadas de Procrustes (Forma) no tamanho de centróide (Tamanho) foram usadas para

analisar a variação de forma pelo efeito alométrico (Drake & Klingenberg 2008). A

porcentagem de predição alométrica na variação de forma também foi calculada como uma

parte da porcentagem da variação total da forma a qual o modelo de regressão contabilizou,

computado por meio da métrica de Procrustes (Godall 1991, Klingenberg & McIntyre 1998).

A significância estatística das regressões alométricas foi testada por meio de um teste de

permutações contra a hipótese nula de independência alométrica (Good 2000).

Para comparar as variações de forma, de cada estrutura corporal, entre os gêneros

sexuais sem diferenças na composição de tamanho corporal dos espécimes e, também,

controlando os efeitos alométricos estáticos e ontogenéticos, utilizou-se uma correção

alométrica, de acordo com os procedimentos propostos por Sidlauskas et al. (2011) e Alencar

et al. (2014). Para isto, os resíduos da regressão multivariada da forma sob o tamanho de

centróide foram utilizados para as subsequentes análises estatísticas e investigação de

variação da forma, para cada estrutura corporal.

A definição de alometria estática e ontogenética usadas neste trabalho foram baseados

em Cock (1966). Alometria ontogenética se refere a alometria em tamanho como um

resultado da covariação entre partes corporais durante o crescimento de um espécime,

enquanto a alométria estática se refere a alometria em tamanho como um resultado da

variação dos indivíduos em uma mesma população e grupo etário. Os resíduos da regressão

foram usados para obter futuros resultados de variação da forma corrigidos por efeito

alométrico (ontogenético ou estático) (Alencar et al. 2014).

Análise de Componentes Principais (PCA), Variáveis Canônicas (CVA) e Função

Discriminante (DFA) foram usadas para avaliar a variação de forma e verificar diferenças

entre os gêneros sexuais e, secundariamente, entre populações. Uma PCA (Jolliffe 2002)

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167 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

utilizando uma matriz de covariância a partir dos resíduos da regressão multivariada foi

realizada para produzir um morfo-espaço dos principais padrões de variação dos dados e

possíveis relações relevantes entre machos e fêmeas de ambas as populações. As primeiras

componentes principais (PC) que contabilizaram mais que 70% de variação dos dados e suas

deformações gráficas da forma foram avaliadas. A CVA (Albrecht 1980) foi utilizada para

obter uma visualização geral das variações entre Gêneros sexuais vs. Populações. Enquanto a

DFA foi utilizada para gerar as variações de forma finais entre machos e fêmeas,

independente das populações, e secundariamente, entre populações, independentes do gênero

sexual. Nas comparações realizadas na CVA e na DFA foram computados os valores de

probabilidade a partir do teste de permutações (n = 10000) para a distância de Procrustes. Os

valores de distância de Procrustes foram preferidos ao invés da distância de Mahalanobis pelo

fato de que a primeira é a medida de quantidade absoluta de variação da forma enquanto a

segunda, é uma medida relativa de variação da forma (Klingenberg & Monteiro 2005). Ainda,

foram computadas as porcentagens de assinalação correta da matriz de validação cruzada

obtida na DFA.

Variações de forma obtidas a partir da PCA, CVA e DFA foram visualizadas através

de grides de comparação e gráficos do tipo „wireframe‟. Gráfico „wireframe‟ trata-se de um

tipo de representação alternativo da estrutura corporal sob estudo que facilita a interpretação

das mudanças de forma a partir da forma consensual (forma média) (Figura 1). Todas as

informações necessárias para a elaboração do gráfico „wireframe‟ vem das coordenadas de

landmarks.

Análise Generalizada de Procrustes, regressões multivariadas, análises multivariadas

de PCA, CVA, DFA e, grides de transformação e gráficos „wireframe‟ foram realizados no

programa MorphoJ 1.02b®

(Klingenberg 2011).

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168 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

4.3 Resultados

Os landmarks posicionados nas estruturas corporais analisadas (D, FR e Q)

apresentaram diferenças significativas entre os sexos e entre as duas localidades de coleta.

Independência alométrica da forma foi observada em cada uma das estruturas (D – p = 0,40,

porcentagem de predição alométrica = 0,90%; FR – p = 0,06, % predição = 1,13% e, Q – p =

0,07, % predição = 1,97%). No entanto, como mencionado anteriormente, somente os

resíduos (da regressão multivariada da forma pelo tamanho) foram utilizados nas análises de

comparação, controlando as influências (mesmo que mínimas e, não significantes) de

tamanho observadas para cada estrutura.

A análise de PCA apresentou resultados semelhantes para cada estrutura corporal,

revelando que cada sexo apresenta variações corporais dentro de um mesmo morfo-espaço,

independente da localidade geográfica (Figura 3). Seguindo os critérios de avaliação de

componentes principais, para D foram investigadas as cinco primeiras componentes principais

(Variação acumulada = 74,74%, PC1 = 27,24%; PC2 = 21,52%, Figura 3a). Para FR foram

investigadas as duas primeiras componentes principais (Variação acumulada = 73,43%, PC1

= 50,17%; PC2 = 23,29%, Figura 3b). Por fim, para Q foram investigadas as três primeiras

componentes principais (Variação acumulada = 74,39%, PC1 = 39,69%; PC2 = 25,58%,

Figura 3c). Os mesmos resultados observados nos gráficos entre as PCs 1 e 2 se repetiram nas

investigações das demais componentes principais (dados não mostrados).

As análises de CVA identificaram, em cada estrutura corporal, diferença estatística

entre os grupos da relação Sexo vs. População. Além disso, as respostas de agrupamento dos

espécimes nas categorias de Sexo vs. Populações se encaixaram dentro dos quadrantes do

morfo-espaço de cada variável canônica (CV1+, CV1-, CV2+ e CV2-), o que facilitou a

interpretação das específicas variações de forma para cada grupo.

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169 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Para o D, as duas primeiras CVs contabilizaram 96,19% e, os cálculos de diferença da

distância de Procrustes mostraram diferença significativa entre todos os grupos (Tabela 3). Os

deslocamentos vetoriais dos landmarks na região da comissura transversal (landmark 2),

lateral (4, 5, 8 e 9) e na intersecção das comissuras (6 e 7) foram os principais responsáveis

pela diferenciação de cada grupo. A CV1 indicou as variações de forma do dorso com relação

a diferenciação geográfica, sendo os espécimes do RN, com pronunciada variação do

landmark central (2) na comissura tranversal (CV1+); enquanto que para os espécimes de SP

indicaram um leve deslocamento no sentido posterior da carapaça (CV1-). Com relação aos

gêneros sexuais, a CV2 indicou que a região das comissuras se apresentou mais ampla e com

leve curvatura em direção à região anterior da carapaça nas fêmeas (CV2-) em relação aos

machos; enquanto os machos apresentaram uma leve angulação (quase imperceptível) do

espinho lateral no sentido posterior da carapaça em relação as fêmeas (CV2+) (Figura 4).

Para FR, as duas primeiras CVs contabilizaram 98,70%, com a CV1 indicando

diferenças entre gêneros sexuais e a CV2 relacionada a diferença entre populações, sendo

cada grupo com diferença significativa contra o outro, assim como para a análise da estrutura

D (Tabela 3). Os deslocamentos vetoriais dos landmarks da região medial (landmarks 1 e 2),

meso-branquial (landmarks 5 e 6) e do espinho-lateral (9 e 10) foram os principais

responsáveis na distinção. A população de RN apresentou tendência de área corporal medial

mais ampla (CV2+) em relação a população de SP (CV2-). Com relação aos gêneros sexuais,

fêmeas apresentaram um marcado deslocamento vetorial na face superior do dorso da

carapaça indicando uma maior área corporal em relação machos (CV1-). Os machos

apresentaram tendência para um espinho lateral elevado, com direcionamento mais distal dos

limites das margens superior e antero-lateral da carapaça, comparando-se com as fêmeas

(CV1+) (Figura 5).

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170 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Para Q, as duas primeiras CVs contabilizaram 98,18%, com a CV1 indicando

diferenças com relação as populações e a CV2 com relação a diferenças de gênero sexual,

sendo novamente cada grupo diferente significativamente um do outro (Tabela 3). Os

deslocamentos vetoriais dos landmarks na região da base do pollex (landmarks 4 e 8), das

inserções da articulação do dedo móvel (5 e 6) e nos pontos de articulação com o carpo (9 e

10) foram os principais responsáveis na distinção. A população de SP apresentou tendência de

um quelípodo mais robusto, com maior área da manus e maior área de articulação com o

carpo (CV1-), comparando-se com a população do RN (CV1+). Com relação aos gêneros

sexuais, os machos apresentaram tendência de um pollex, e a região de ligação do pollex com

a manus, mais robusto. Além das inserções de articulação mais proximais da margem superior

da manus (CV2+), comparando-se com as fêmeas (CV2-) (Figura 6).

A análise de função discriminante na avaliação da forma entre as populações,

independente do sexo, indicou diferenças significativas na forma para as três estruturas

corporais (D, FR e Q), sendo D a estrutura mais similar (distância de Procrustes = 0,0180, p <

0,001), FR, a intermediária (distância de Procrustes = 0,0194, p < 0,001) e, Q a estrutura mais

dissimilar entre as populações (distância de Procrustes = 0,0713, p < 0,001). Todas as

porcentagens de assinalação correta na matriz de validação cruzada foram acima de 90%,

exceto para a estrutura FR (78,18% para a população RN e, 80% para a população SP)

(Tabela 4). Devido ao grau de separação marcado para cada população na CVA, as variações

de forma entre as populações na análise da DFA seguiram exatamente os observados para

cada estrutura na CVA (Figura 7) com algumas adições: (1) na estrutura D, os espécimes de

SP apresentaram um leve deslocamento vetorial dos landmarks na margem postero-lateral

(Figura 7a), (2) na estrutura FR, os espécimes de RN apresentaram um leve estiramento no

espinho lateral e uma leve ampliação na face superior da carapaça (Figura 7b) enquanto na

estrutura Q as variações corporais seguiram o mesmo comentado anteriormente (Figura 7c).

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171 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Na DFA para avaliação da forma entre os gêneros sexuais, independente da população,

observou-se dimorfismo sexual da forma nas três estruturas corporais, sendo D a estrutura

mais similar (distância de Procrustes = 0,0164, p < 0,001) enquanto, FR e Q as mais

dissimilares em mesma intensidade (distância de Procrustes = 0,0242, p < 0,001). Todas as

porcentagens de assinalação correta na matriz de validação cruzada foram acima de 90%,

exceto para os machos na estrutura FR (88%) (Tabela 5). De maneira similar aos resultados

da DFA para população, as variações de forma observadas na CVA para gênero sexual foram

confirmadas na respectiva DFA (Figura 8) com algumas adições: (1) na estrutura D, as fêmeas

apresentaram uma leve angulação em sentido antero-lateral para o espinho lateral e para o 8º

dente antero-lateral, além de uma margem orbital levemente estirada resultando em um dente

pós-orbital com leve deslocamento em sentido posterior (Figura 8a); (2) na estrutura FR, as

variações seguiram o já comentado anteriormente (Figura 8b); (3) na estrutura Q, os machos

apresentaram um estiramento na porção proximal do própodo além de uma região de

articulação com o carpo mais robusta (Figura 8c).

4.4 Discussão

As três estruturas corporais avaliadas para Callinectes ornatus avaliadas apresentaram

variação de forma relacionada ao dimorfismo sexual. No geral, as fêmeas apresentaram uma

maior área da região central da carapaça; estiramento nas comissuras tranversal e laterais,

com um rebaixamento do espinho lateral; e uma redução na robustez do quelípodo. Os

machos apresentaram um achatamento dorso-ventral mais destacado, encurtamento das

comissuras transversal e laterais, elevação angular do espinho-lateral e, um leve aumento na

robustez do quelípodo.

Reprodução e comportamentos agonísticos e de forrageio constituem uma tríade de

pressão seletiva para cada sexo em Brachyura que podem, ou não, ter benefícios

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(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

bioenergeticamente justificáveis mas, certamente, fornecem aumento do desempenho

(„fitness‟) por meio do sucesso reprodutivo (Lee 1995).

Características morfológicas distintas de dimorfismo sexual da forma foram

identificadas para algumas espécies de Brachyura, nas quais as fêmeas podem ter apresentado

uma força seletiva de achatamento lateral em favorecimento de uma forma da caparaça mais

convexa (Ledesma et al. 2010). A forma da carapaça mais convexa é interpretada como uma

pressão seletiva de área funcional maior, a qual propicia maior desenvolvimento das gônadas

(Hartnoll 1982, 1985); consequementemente, o aparecimento de maior produção de células

germinativas e aumento da prole (Hines 1982). No presente estudo, as fêmeas de C. ornatus

apresentaram o mesmo padrão (maior área da região central da carapaça), estando de acordo

com a suposição da força seletiva de pressão lateral da caparaça.

Além disso, esta força seletiva de achatamento pode ainda ter originado uma outra

característica dimórfica das fêmeas de C. ornatus em relação ao macho, o estiramento nas

comissuras tranversal e laterais. Santana & Silva (2010), avaliando o desenvolvimento

gonadal do caranguejo Ucididae Stevcic, 2005, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763),

verificaram que as comissuras destacadas na região dorsal da carapaça da espécie apresentam

uma morfologia macroscópica similar ao arranjo interno das gônadas, em formato da letra

„H‟. Dissecações realizadas com a espécie C. ornatus, previamente à realização deste estudo,

indicaram que o mesmo padrão de arranjo gonadal e de formação morfológica externa do

dorso da caparação foram observados (comissuras em C. ornatus – landmarks 2, 4 – 9).

Alencar et al. (2014) ao estudar o dimorfismo sexual da forma de U. cordatus, verificou que

as fêmeas apresentaram um marcado estiramento das comissuras, relacionando as

características morfológicas e fisiológicas do desenvolvimento gonadal das fêmeas da espécie

ao aumento da capacidade funcional e do potencial reprodutivo, uma vez que as gônadas

chegam a aumentar de tamanho cerca de 4 vezes até estarem completamente maduras. Um

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173 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

padrão similar de desenvolvimento gonadal ocorre em C. ornatus. Mantelatto & Fransozo

(1999) descreveram o desenvolvimento gonadal máximo (em pré-desova) da espécie, tendo as

gônadas ocupando a maior parte da cavidade da carapaça e também na parte anterior do

abdômen.

Aumento de área funcional para o desenvolvimento das gônadas, também, foi

apontado por Rufino et al. (2004) como uma causa para as variações de forma da carapaça do

portunídeo Liocarcinus depurator (Linnaeus, 1758). Embora, nesse estudo, os autores tenham

chegado a esta conclusão através da observação da variação na região posterior da carapaça

que, além de gerar uma maior área funcional, também foi atribuído a uma maior área para o

pléon; consequentemente maior área para acomodação dos ovos. Resultados semelhantes

utilizando técnicas de morfometria geométrica, também, foram observados para outros

Decapoda, para os anomuros do gênero Aegla (Leach, 1820) (Giri & Loy 2008, Barría et al.

2011), o carídeo Macrobrachium borellii (Nobili, 1896) (Torres et al. 2014) e o peneídeo

Xiphopenaues kroyeri (Heller, 1862) (Bissaro, 2012). Uma maior área da região posterior da

carapaça não foi observada para as fêmeas de C. ornatus. No entanto, investigações de

variação da forma da região ventral (abdômen e externo) de machos e fêmeas de C. ornatus

podem ser mais resolutivas, uma vez que o potencial reprodutivo é uma resposta particular

dos espécimes de Portunidae Rafinesque, 1815, que apresentam uma alta taxa de fecundidade

e, em valores maiores do que a dos outros taxa de caranguejos (Mantelatto & Fransozo 1997).

Representantes da família Portunidae possuem um comportamento particular de

acasalamento dentre os Brachyura aquáticos. De acordo com Pinheiro & Fransozo (1999), a

corte envolve estágios pré e pós-copulatórios que podem durar longos períodos, seguido da

cópula logo após a fêmea ter realizado a ecdise. Durante o período de cópula, as fêmeas ainda

em processo de formação da carapaça se tornam susceptíveis à cópula com outros machos.

Portanto, para garantir a geração de sua prole, o macho mantem a guarda pós-copulatória da

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174 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

fêmea em estágio de pós-muda durante muitos dias (Christy 1987, Pinheiro & Fransozo

1999).

Diante disso e dos resultados apresentados, sugerimos que, para garantir maior

probabilidade de sucesso na disputa por fêmeas e consequente cópula, quelípodos mais

robustos podem atuar tanto em desempenho de encontros agonísticos quanto para realizar a

guarda da fêmea, enquanto espinhos laterais mais elevados podem auxiliar na defesa contra

outros machos e contra predadores, especialmente durante o processo de cópula quando o

„casal‟ está susceptível. Para Lee (1995) as respostas de variação estrutural dos quelípodos

podem ser ainda aumentadas pela necessidade da espécie, durante o período de guarda da

fêmea, como por exemplo, a duração do processo copulatório (pré e pós), além de fatores

como a intensidade de encontros agonísticos em função da densidade populacional e

características espaciais do habitat influenciando as taxas de encontros.

Quelípodos com maior volume interno, maior músculo de fechamento do dáctilo

móvel e, consequemente, maior força mecânica foram observados em machos do

representante da família Galatheidae Munida rugosa (Fabricius 1775), estudada por Claverie

& Smith (2007) e para machos do caranguejo U. cordatus (Alencar et al. 2014) que

destacaram a utilização do quelípodo para defesa e ataque.

A interpretação da direção e grau de dimorfismo sexual pode, geralmente, resultar em

especulações, já que divergências sexuais na forma corporal, geralmente, não são atribuídas a

uma única força seletiva (Hedrick & Temeles 1989). Nosso estudo exemplifica como a

investigação das variações corporais podem ser aplicadas ao conhecimento existente sobre a

espécie, além de originar subsídios para formulação de novos questionamentos sobre aspectos

evolucionários em C. ornatus.

Como visto neste trabalho e em outros na literatura, as diferenças na forma corporal

podem ser difícéis de detectar a olho nu. No entanto, elas ainda podem ter importantes

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175 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

consequencias ecológicas e de tendências evolucionárias (Rufino et al. 2004). Apesar de

algumas variações da forma serem sutis, elas podem ter uma importância relativa, pois,

podem ser resultados de variações próprias de cada população, ainda mais se tratando de

comparações entre localidades em diferentes ecorregiões marinhas (ecorregiões marinhas,

sensu Spalding 2007).

A localidade de Baía Formosa (RN) está inserida na costa nordeste do Brasil, na

ecorregião marinha Tropical Atlântica, enquanto a localidade de Ubatuba (SP) está localizada

na costa sudeste do Brasil, na ecorregião Temperada Quente Atlântica; cada uma delas com

massas de água atuantes distintas (Figura 1). De acordo com (Silveira et al. 2000), na costa

Nordeste, a principal corrente atuante é a Corrente do Brasil, que apresenta águas quentes e

salinas, próximo a latitude de 20ºC a Corrente do Brasil passa a receber a influencia das

Águas Centrais do Atlântico Sul (ACAS). A ACAS é uma massa de água fria e salina que

durante o verão, penetra nas camadas mais profundas da zona costeira e forma uma

termoclina sobre a plataforma rasa nas profundidades de 10 a 15m. No inverno, retrai para a

zona do talude e é substituída pela massa de Água Costeira. Como resultado, não há presença

de uma estratificação durante os meses de inverno (Pires 1992, Pires-Vanin & Matsuura

1993). Além disso, entre as duas ecorregiões marinhas há a presença de uma barreira

biogeográfica, a ressurgência de Cabo Frio (Figura 1, Boschi 2000). Barreiras biogeográficas,

que impedem a migração entre populações diferentes e, plasticidade fenotípica às condições

ambientais atuantes localmente, são fatores que atuam com mais intensidade em espécies com

ampla distribuição geográfica, uma vez que, maior será a probabilidade da espécie encontrar

condições ambientais diversas como barreiras para o fluxo gênico (Hopkins & Thurman

2010).

A espécie C. ornatus apresenta ampla distribuição nas Américas e, o fato das

localidades de estudo apresentarem características bem marcadas, além da presença da

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176 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

barreira biogeográfica, podem ter influênciado as variações da forma corporal das três

estruturas na comparação entre populações. Apesar de recentes investigações de MG terem

revelado diferenças populacionais (e de estoques pesqueiros) com efetividade (Cadrin 2000,

Bissaro et al. 2012), entendemos que uma amostragem mais ampla (maior número de

localidades) em cada região biogeográfica pode trazer um design metodológico mais

centralizado neste tópico e com subsídios mais robustos para avaliar a diferença entre

populações de cada ecorregião marinha citada aqui.

Em conclusão, o mapeamento de diferentes estruturas corporais revelou aspectos

diferenciais para cada gênero sexual. A configuração da carapaça e do quelípodo observados

em machos e fêmeas de C. ornatus aparentam ser um traços que evoluiram por meio da

seleção sexual para promover funções distintas, nas fêmeas aumento da capacidade funcional

e potencial reprodutivo e, nos machos maior eficiência contra oponentes durante encontros

agonísticos e guarda da fêmea.

Agradecimentos A Coordenação de Aperfeicoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa de

estudos concedida ao autor CERDA. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico, CNPq pelo fomento parcial nesta tese (CNPq/MPA 407046/2012-7). Aos

integrantes do Núcleo de Estudos em Ecologia e Cultivo de Crustáceos, NEBECC/UNESP,

por providenciar o material proveniente do litoral de São Paulo. Aos integrantes do Grupo de

Estudos em Ecologia e Fisiologia de Animais Aquáticos, GEEFAA/UFRN, pela ajuda na

coleta do material na costa do Rio Grande do Norte. As coletas foram realizadas de acordo

com a legislação ambiental brasileira (estadual e federal) para invertebrados silvestres. Os

autores declaram não haver conflitos de interesse.

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184 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figuras Figura 1 – Local de amostragem. (a) América do Sul com Brasil destacado. (b) Mapa

ampliado com as localidades de coleta enumeradas, ecorregiões destacadas (sensu Spalding et

al. 2007) e indicativo da zona de ressurgência de Cabo Frio.

Figura 2 – Callinectes ornatus Ordway, 1863. Localização dos landmarks em cada estrutura

corporal, ajuste de Procrustes e gráficos do tipo „wireframe‟ a partir das coordenadas de

landmarks. (a) D – região do dorso da carapaça, (b) FR – região fronto-rostral, (c) Q – face

externa dos quelípodos. Círculos preenchidos correspondem aos landmarks centrais nas

estruturas avaliadas pelo conceito objeto simétrico.

Figura 3 – Análise de componentes principais da variação da forma (a) do dorso da caparaça,

(b) região fronto-rostral e (c) da face externa dos quelípodos do siri Callinectes ornatus

coletados em duas localidades da costa brasileira.

Figura 4 – Análise de variáveis canônicas para a forma do dorso da capaça de machos e

fêmeas de Callinectes ornatus em duas localidades da costa brasileira (RN – Rio Grande do

Norte, SP – São Paulo). CV – Variáveis canônicas, Consensus – Forma média apartir do

Ajuste de Procrustes.

Figura 5 – Análise de variáveis canônicas para a forma da região fronto-rostro de machos e

fêmeas de Callinectes ornatus em duas localidades da costa brasileira (RN – Rio Grande do

Norte, SP – São Paulo). CV – Variáveis canônicas, Consensus – Forma média apartir do

Ajuste de Procrustes.

Figura 6 – Análise de variáveis canônicas para a forma do quelípodo de machos e fêmeas de

Callinectes ornatus em duas localidades da costa brasileira (RN – Rio Grande do Norte, SP –

São Paulo). CV – Variáveis canônicas, Consensus – Forma média apartir do Ajuste de

Procrustes.

Figura 7 – Análise de função discriminante do (a) dorso da carapaça, (b) região fronto-rostro e

(c) face externa do quelípodo, entre populações (RN – Rio Grande do Norte, SP – São Paulo)

de Callinectes ornatus, independente do sexo.

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185 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figura 8 – Análise de função discriminante do (a) dorso da carapaça, (b) região fronto-rostro e

(c) face externa do quelípodo, entre gênero sexual (M – Macho, F – Fêmea) de Callinectes

ornatus, independente da população.

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186 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figura 2 – Callinectes ornatus Ordway, 1863. Localização dos landmarks em cada estrutura corporal, ajuste de Procrustes e gráficos

do tipo „wireframe‟ a partir das coordenadas de landmarks. (a) D – região do dorso da carapaça, (b) FR – região fronto-rostral, (c) Q –

face externa dos quelípodos. Círculos preenchidos correspondem aos landmarks centrais nas estruturas avaliadas pelo conceito objeto

simétrico.

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187

187 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figura 3 – Análise de componentes principais da variação da forma (a) do dorso da caparaça, (b) região fronto-rostral e (c) da face

externa dos quelípodos do siri Callinectes ornatus coletados em duas localidades da costa brasileira.

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188

188 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figura 4 – Análise de variáveis canônicas para a forma do dorso da capaça de machos e fêmeas

de Callinectes ornatus em duas localidades da costa brasileira (RN – Rio Grande do Norte, SP –

São Paulo). CV – Variáveis canônicas, Consensus – Forma média apartir do Ajuste de

Procrustes.

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189

189 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figura 5 – Análise de variáveis canônicas para a forma da região fronto-rostro de machos e fêmeas de Callinectes ornatus em duas

localidades da costa brasileira (RN – Rio Grande do Norte, SP – São Paulo). CV – Variáveis canônicas, Consensus – Forma média

apartir do Ajuste de Procrustes.

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190

190 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figura 6 – Análise de variáveis canônicas para a forma do quelípodo de machos e fêmeas de

Callinectes ornatus em duas localidades da costa brasileira (RN – Rio Grande do Norte, SP – São

Paulo). CV – Variáveis canônicas, Consensus – Forma média apartir do Ajuste de Procrustes.

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191

191 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figura 7 – Análise de função discriminante do (a) dorso da carapaça, (b) região fronto-rostro e (c)

face externa do quelípodo, entre populações (RN – Rio Grande do Norte, SP – São Paulo) de

Callinectes ornatus, independente do sexo.

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192

192 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Figura 8 – Análise de função discriminante do (a) dorso da carapaça, (b) região fronto-rostro e (c)

face externa do quelípodo, entre gênero sexual (M – Macho, F – Fêmea) de Callinectes ornatus,

independente da população.

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193

193 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Tabelas Tabela 1 – Número de machos e fêmeas do siri Callinectes ornatus amostrados em duas

localidades ao longo da costa brasileira.

Tabela 2 – Callinectes ornatus Ordway, 1863. Lista da descrição dos landmarks para

caracterização de dimorfismo sexual da forma. D – região do dorso da carapaça, FR – região

fronto-rostral, Q – face externa dos quelípodos.

Tabela 3 – Resultados estatísticos da análise de variáveis canônicas para as regiões do dorso da

caparaça (D), região fronto-rostro (FR) e da face externa do quelípodo (Q) de machos (M) e

fêmeas (F) do siri Callinectes ornatus em duas regiões da costa brasileira (RN – Rio Grande do

Norte, SP – São Paulo). CVs – Eixos da CVA, VarCum (%) – Porcentagem de variância

acumulada das CVs, Pcr – Distância de Procrustes. Valores em negrito indicam significância

estatística (p < 0.05).

Tabela 4 – Resultados estatísticos da análise de função discriminante e da matriz de validação

cruzada para as regiões do dorso da caparaça (D), região fronto-rostro (FR) e da face externa do

quelípodo (Q) do siri Callinectes ornatus em duas regiões da costa brasileira (RN – Rio Grande

do Norte, SP – São Paulo). Pcr – Distância de Procrustes, AC – Porcentagem de assinalacão

correta da matriz de validação cruzada. Valores em negrito indicam significância estatística (p <

0.05).

Tabela 5 – Resultados estatísticos da análise de função discriminante e da matriz de validação

cruzada para as regiões do dorso da caparaça (D), região fronto-rostro (FR) e da face externa do

quelípodo (Q) do siri Callinectes ornatus entre gênero sexual (M – Macho, F – Fêmea). Pcr –

Distância de Procrustes, AC – Porcentagem de assinalacão correta da matriz de validação

cruzada. Valores em negrito indicam significância estatística (p < 0.05).

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194

194 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Tabela 1 – Número de machos e fêmeas do siri Callinectes ornatus amostrados em duas

localidades ao longo da costa brasileira.

Localidade Latitude Longitude Total (n) Machos Fêmeas

Baía Formosa, Rio Grande do Norte (RN) 6° 21' 29'' N 35° 00' 07'' W 55 25 30

Enseada de Ubatuba, São Paulo (SP) 23° 26' 10" N 45° 01' 36'' W 50 25 25

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195 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Tabela 2 – Callinectes ornatus Ordway, 1863. Descrição dos landmarks para caracterização de

dimorfismo sexual da forma. D – região do dorso da carapaça, FR – região fronto-rostral, Q –

face externa dos quelípodos.

Landmarks Descrição

D

1 Ponto medial da margem frontal da carapaça entre os dentes submesiais

2 Ponto medial da comissura transversal em distância linear reta com o landmark

1

3 Ponto medial da margem posterior da carapaça em distância linear reta com os

landmarks 1 e 2

4, 5 Intersecção da comissura lateral entre as regiões hepática e gástrica

6, 7 Intersecção da comissura lateral entre as regiões cardíaca e gástrica

8, 9 Ponto distal da comissura lateral

10, 11 Ápice do dente inter-orbital

12, 13 Interseção entre as bases dos espinhos inter-orbitais e orbitais internos

14, 15 Ápice do dente orbital interno

16, 17 Curvatura pré-orbital externa

18, 19 Ápice do dente orbital externo

20, 21 Interseção entre as bases do dente orbital externo e o segundo dente antero-

lateral

22, 23 Interseção entre as bases dos 4º e 5º dente antero-lateral

24, 25 Interseção entre as bases dos 7º e 8º dente antero-lateral

26, 27 Penúltimo dente antero-lateral

28, 29 Interseção entre as bases dos 8º e 9º dente antero-lateral

30, 31 Ápice do espinho lateral

32, 33 Margem postero-lateral em distância linear reta com o landmark 28 (29)

34, 35 Margem postero-lateral em distância linear reta com o landmark 6 (7) e 8 (9)

FR

1 Ponto medial da margem frontal da carapaça entre os dentes submesiais

2 Ponto central na linha mediana entre a margem antero-lateral e postero-lateral

em distancia linear reta com o landmark 1

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196

196 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

3, 4 Ápice do espinho orbital externo

5, 6 Máxima curvatura da região meso-branquial

7, 8 Ápice do penúltimo espinho antero-lateral

9, 10 Ápice do espinho lateral

Q

1 Ponto distal do pollex

2 Ponto de intersecção entre o último dente e o ponto distal do pollex

3 Curvatura distal da margem inferior do pollex em distância linear reta com o

landmark 2

4 Curvatura proximal a margem superior do pollex

5, 6 Pontos de articulação do dáctilo móvel

7 Ponto distal (espinho) da margem superior da manus

8 Margem inferior do própodo em distancia linear reta com a base do espinho

superior da manus

9 Espinho proximal do própodo

10 Desvio proximal da margem inferior da manus (ponto de articulação)

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197 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) com base em morfometria geométrica

Tabela 3 – Resultados estatísticos da análise de variáveis canônicas para as regiões do dorso da caparaça (D), região fronto-rostro (FR)

e da face externa do quelípodo (Q) de machos (M) e fêmeas (F) do siri Callinectes ornatus em duas regiões da costa brasileira (RN –

Rio Grande do Norte, SP – São Paulo). CVs – Eixos da CVA, VarCum (%) – Porcentagem de variância acumulada das CVs, Pcr –

Distância de Procrustes. Valores em negrito indicam significância estatística (p < 0.05).

D

CVs Autovalores Variância (%) VarCum (%) Pcr\p-value F. RN F. SP M. RN M. SP

1 28,31 67,26 67,26

F. RN

<,0001 <,0001 <,0001

2 12,18 28,94 96,20

F. SP 0,0206

<,0001 <,0001

3 1,60 3,80 100,00

M. RN 0,0207 0,028

<,0001

M. SP 0,0205 0,0156 0,0192

FR

1 3,70 81,86 81,86 F. RN F. SP M. RN M.SP

2 0,76 16,83 98,70

F. RN

<,0001 <,0001 <,0001

3 0,06 1,31 100,00

F. SP 0,0245

0,006 <,0001

M. RN 0,0269 0,018

0,008

M. SP 0,0384 0,0228 0,0147

Q

1 15,63 78,55 78,55 F. RN F. SP M. RN M. SP

2 3,91 19,63 98,18

F. RN

<,0001 0,0003 <,0001

3 0,36 1,82 100,00

F. SP 0,0745

<,0001 <,0001

M. RN 0,0205 0,0879

<,0001

M. SP 0,0629 0,0322 0,0698

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199 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) através de morfometria geométrica

Tabela 4 – Resultados estatísticos da análise de função discriminante e da matriz de

validação cruzada para as regiões do dorso da caparaça (D), região fronto-rostro (FR) e

da face externa do quelípodo (Q) do siri Callinectes ornatus em duas regiões da costa

brasileira (RN – Rio Grande do Norte, SP – São Paulo). Pcr – Distância de Procrustes,

AC – Porcentagem de assinalacão correta da matriz de validação cruzada. Valores em

negrito indicam significância estatística (p < 0,05).

D

Estatística Matriz de validação cruzada

Pcr 0,0180

RN SP Total AC

Pcr (p-valor) <,0001

RN 55 0 55 100,00%

T-quadrado 2658,61

SP 0 50 50 100,00%

T-quadrado (p-valor) <,0001

FR

Pcr 0,0194

RN SP Total AC

Pcr (p-valor) <,0001

RN 43 12 55 78,18%

T-quadrado 93,98

SP 10 40 50 80,00%

T-quadrado (p-valor) <,0001

Q

Pcr 0,0713

RN SP Total AC

Pcr (p-valor) <,0001

RN 54 1 55 98,18%

T-quadrado 1582,96

SP 0 50 50 100,00%

T-quadrado (p-valor) <,0001

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200

200 Capítulo 3 – Dimorfismo sexual da forma do siri Callinectes ornatus (Ordway, 1863)

(Crustacea, Decapoda, Brachyura) através de morfometria geométrica

Tabela 5 – Resultados estatísticos da análise de função discriminante e da matriz de

validação cruzada para as regiões do dorso da caparaça (D), região fronto-rostro (FR) e

da face externa do quelípodo (Q) do siri Callinectes ornatus entre gênero sexual (M –

Macho, F – Fêmea). Pcr – Distância de Procrustes, AC – Porcentagem de assinalacão

correta da matriz de validação cruzada. Valores em negrito indicam significância

estatística (p < 0.05).

D

Estatística Matriz de validação cruzada

Pcr (Distância) 0,0164

Sexo F M Total AC

Pcr (p-valor) <,0001

F 54 1 55 98,18%

T-quadrado 1126,36

M 0 50 50 100,00%

T-quadrado (p-valor) <,0001

FR

Pcr (Distância) 0,0242

Sexo F M Total AC

Pcr (p-valor) <,0001

F 50 5 55 90,90%

T-quadrado 270,48

M 6 44 50 88,00%

T-quadrado (p-valor) <,0001

Q

Pcr (Distância) 0,0242

Sexo F M Total AC

Pcr (p-valor) 0,002

F 50 5 55 90,90%

T-quadrado 344,35

M 4 46 50 92,00%

T-quadrado (p-valor) <,0001

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201

201 Considerações Finais

Considerações Finais

O presente estudo gerou importantes interpretações sobre as respostas de três

espécies de siris da Plataforma continental rasa do Sudeste brasileiro, litoral norte

paulista, assim como sobre as respostas de dimorfismo sexual da forma para a espécie

Callinectes ornatus.

A avaliação do dados abióticos em uma escala de 20 anos revelou que a Enseada

da Fortaleza passou por um intenso processo de assoreamento por frações sedimentares

finas e drástica redução de frações grossas. Esta característica peculiar de assoreamento

provocou mudanças significativas para cada espécie de Portunoidea avaliado aqui. No

geral, comparando os resultados no intervalo de 20 anos, a assembléia de Portunoidea se

manteve com distribuição agregada e, as espécies mantendo os papéis de generalistas

(C. ornatus) e especialistas (Arenaeus cribarius, C. danae) como já reportado

anteriormente na Enseada da Fortaleza, em outros estudos. No entanto, os efeitos do

assoreamento exarcebaram os resultados preditivos já descritos na literatura para as três

espécies. Diferentes tipos de respostas foram observadas para cada espécie de siri frente

ao processo de assoreamento na Enseada da Fortaleza: A. cribarius apresentou uma

resposta levemente positiva em abundância e número de ocorrências, C. danae não

apresentou uma resposta evidente em abundância e ocorrência, enquanto C. ornatus

apresentou uma forte resposta negativa.

Padrões de competição exclusiva não foram observados no presente estudo. No

entanto, é preciso mencionar que relações intra e inter-específicas não podem ser

descartadas. Portanto, futuros estudos devem considerar análises que avaliem processos

de competição por diversos recursos.

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202

202 Considerações Finais

As medidas de regulação do ambiente marinho e do gerenciamento de recursos

pesqueiros (Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte, Parque Estadual

Marinho da Ilha de Anchieta, Zonas Econômicas Exclusivas), implantados na última

década, reduziram drasticamente a operação de embarcações artesanais de pesca na

região de estudo, fortalecendo os resultados ligados as características de manutenção da

estrutura da assembléia de Portunoidea. Ao passo que destacaram que a influência na

abundância e ocorrência das espécies foi relacionada aos fatores ambientais. Em

destaque, a heterogeneidade sedimentar e a variação sazonal de temperatura de fundo da

coluna de água (reflexo da atuação sazonal de massas de água distintas na região

Sudeste brasileira).

A capacidade de resiliência do ecossistema costeiro frente aos processos de

assoreamento ainda é pouco estudado e conhecido. Dessa forma, o cenário preconizado

pelos pesquisadores e especialistas é de que os esforços, para o conhecimento e

monitoramento da fauna, levem em consideração um ecossistema provavelmente

irreversível. Isto levanta a bandeira da importância no monitoramento da estrutura de

comunidades macrobentônicas, em especial para os Crustacea Brachyura e na

caracterização de seus parâmetros populacionais.

As três estruturas corporais avaliadas para Callinectes ornatus avaliadas

apresentaram variação de forma relacionada ao dimorfismo sexual e distribuição

geográfica revelando importantes aspectos da história de vida da espécie. No geral, a

configuração da carapaça e do quelípodo observados em machos e fêmeas de C. ornatus

aparentam ser traços que evoluiram por meio de seleção sexual para promover funções

distintas: nas fêmeas, aumento da capacidade funcional e potencial reprodutivo e, nos

machos, maior eficiência contra oponentes durante encontros agonísticos e guarda da

fêmea. Com relação às diferenças geográficas, associamos a presença das populações

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203

203 Considerações Finais

avaliadas estarem em ecoregiões marinhas distintas e com um barreira biogeográfica

marinha. No entanto, neste último tópico sugerimos que novas amostragens sejam

realizadas enfocando neste objetivo específico.

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204

204 Apêndice A

Apêndice A Enseada da Fortaleza. Estatística descritiva da variação espacial (pontos I-VII) das

variáveis ambientais (EV) amostradas in situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 –

2008/2009). Mediana e Erro Padrão (EP) apresentados sob as suposições de não-

normalidade e heterocedasticidade para as seguintes análises estatísticas. Mín –

Mínimo, Máx – Máximo. Ver Materiais e Métodos para acrônimo dos EVs.

Período 1 (1988-1989) Período 2 (2008-2009)

Pontos EV Mediana ±EP Mín Máx EV Mediana ±EP Mín Máx

I

P 11,00 0,27 10,00 13,00 P 9,00 0,32 8,00 12,00

TF 22,00 0,65 20,00 26,50 TF 23,50 0,61 18,00 26,00

SF 35,00 0,23 34,00 36,00 SF 34,50 0,48 31,00 37,00

CGA 22,28 10,57 0,63 93,99 CGA 1,15 0,58 0,30 7,60

CGB 49,17 6,35 5,93 64,87 CGB 61,76 4,38 18,90 70,25

CGC 28,54 4,52 0,08 46,67 CGC 36,57 4,55 26,50 80,74

MO 3,98 0,71 1,52 9,01 MO 2,15 0,49 0,20 7,30

Phi 3,61 0,41 1,03 4,82 Phi 4,61 0,14 4,20 5,95

II

P 7,00 0,26 5,50 8,00 P 7,25 0,25 6,00 9,00

TF 23,00 0,77 21,00 29,00 TF 23,85 0,61 21,00 27,00

SF 35,00 0,38 32,00 36,00 SF 34,00 0,45 31,00 37,00

CGA 50,74 5,87 0,46 59,68 CGA 3,65 4,41 0,37 54,34

CGB 37,86 1,77 28,83 47,37 CGB 59,60 6,34 18,91 82,10

CGC 10,95 5,11 6,77 58,67 CGC 28,41 6,77 0,78 77,79

MO 5,82 0,69 2,34 11,65 MO 2,08 0,87 0,70 11,80

Phi 2,00 0,36 1,63 5,19 Phi 4,33 0,29 2,03 5,81

III

P 8,75 0,25 7,00 9,50 P 7,00 0,26 5,50 9,00

TF 23,00 0,73 21,00 29,50 TF 24,00 0,68 19,00 27,00

SF 34,75 0,30 32,00 35,50 SF 34,00 0,35 32,00 37,00

CGA 1,04 0,21 0,33 2,63 CGA 0,46 0,12 0,03 1,40

CGB 76,10 2,67 52,73 82,63 CGB 66,31 4,08 40,96 88,57

CGC 22,60 2,65 15,93 45,20 CGC 33,41 4,09 10,92 58,80

MO 1,64 0,37 1,08 4,48 MO 2,23 0,52 0,40 7,65

Phi 3,98 0,12 3,35 4,76 Phi 4,50 0,14 3,55 5,25

IV

P 4,25 0,17 3,50 5,50 P 6,00 0,28 4,00 7,00

TF 24,25 0,77 21,00 29,50 TF 23,75 0,71 19,00 27,50

SF 33,50 0,45 30,00 35,00 SF 34,00 0,55 29,00 36,00

CGA 0,63 0,50 0,20 6,20 CGA 0,28 0,06 0,00 0,85

CGB 90,95 2,26 70,80 97,71 CGB 47,80 3,13 20,38 56,54

CGC 8,59 1,94 1,83 23,00 CGC 52,01 3,13 43,19 79,34

MO 1,77 0,36 0,52 5,43 MO 2,55 0,28 1,40 4,50

Phi 3,49 0,05 3,34 3,89 Phi 4,99 0,10 4,75 5,87

V P 7,00 0,24 6,00 8,50 P 7,00 0,46 6,00 12,00

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205

205 Apêndice A

TF 22,50 0,61 21,00 27,00 TF 24,00 0,70 18,00 27,00

SF 34,50 0,33 32,00 36,00 SF 34,50 0,34 32,00 36,00

CGA 9,22 2,10 4,93 31,73 CGA 1,56 0,79 0,19 10,51

CGB 79,54 2,22 59,40 83,13 CGB 67,24 2,28 48,90 76,71

CGC 12,38 0,85 8,87 19,17 CGC 30,45 2,12 20,72 47,20

MO 3,53 0,39 0,94 6,24 MO 2,53 0,42 0,60 5,50

Phi 3,01 0,05 2,45 3,16 Phi 4,40 0,07 3,93 4,80

VI

P 11,00 0,34 9,00 13,00 P 8,00 0,32 6,50 10,00

TF 22,75 0,77 21,00 29,00 TF 23,50 0,51 21,00 26,50

SF 34,50 0,31 32,00 36,00 SF 34,00 0,54 31,00 38,00

CGA 14,92 3,41 1,76 42,33 CGA 0,27 0,09 0,00 1,00

CGB 47,47 3,37 35,07 73,21 CGB 38,98 5,28 8,58 70,90

CGC 35,38 2,35 21,43 47,47 CGC 60,87 5,28 28,80 91,34

MO 5,40 0,53 2,68 9,54 MO 3,58 0,79 1,45 9,50

Phi 4,14 0,15 2,86 4,75 Phi 5,33 0,16 4,38 6,26

VII

P 13,00 0,45 11,00 16,00 P 10,75 0,46 8,00 14,00

TF 21,75 0,71 20,00 27,00 TF 23,00 0,45 21,00 26,00

SF 35,00 0,50 31,00 38,00 SF 34,00 0,53 31,00 36,00

CGA 7,69 2,25 1,33 26,04 CGA 0,79 0,16 0,33 1,92

CGB 68,22 4,51 35,42 86,40 CGB 54,52 5,80 5,89 74,50

CGC 20,90 2,95 12,10 49,57 CGC 44,48 5,81 24,30 93,78

MO 2,92 1,03 1,33 12,28 MO 2,73 0,80 1,30 10,80

Phi 3,74 0,11 3,46 4,49 Phi 4,80 0,18 4,17 6,34

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206

206 Apêndice B

Apêndice B Enseada da Fortaleza. Estatística descritiva da variação temporal (meses) das variáveis

ambientais (EV) amostradas in situ nos dois Períodos (1 – 1988/1989; 2 – 2008/2009).

Mediana e Erro Padrão (EP) apresentados sob as suposições de não-normalidade e

heterocedasticidade para as seguintes análises estatísticas. Mín – Mínimo, Máx –

Máximo. Ver Materiais e Métodos para acrônimo dos EVs.

Meses Período 1 (1988-1989) Período 2 (2008-2009)

EV Mediana ±EP Mín Máx EV Mediana ±EP Mín Máx

Nov

TF 24,00 0,60 21,00 25,80 TF 24,00 0,16 23,00 24,20

SF 35,00 0,14 34,00 35,00

SF 37,00 0,37 35,00 38,00

CGA 2,87 7,50 0,46 54,51

CGA 1,10 0,96 0,50 7,60

CGB 74,50 7,71 34,39 97,71

CGB 69,00 7,55 29,10 82,10

CGC 16,30 3,20 1,83 25,03

CGC 26,50 7,70 16,70 70,40

MO 2,82 0,94 0,77 8,07

MO 2,50 1,03 2,00 9,50

Phi 3,45 0,26 2,08 4,14 Phi 4,20 0,27 3,64 5,60

Dez

TF 22,00 0,71 20,00 26,00

TF 19,00 0,60 18,00 21,50

SF 35,50 0,14 35,00 36,00

SF 34,00 0,40 32,00 35,00

CGA 8,63 8,07 1,50 50,27

CGA 0,40 2,48 0,30 18,10

CGB 76,50 8,56 36,07 94,80

CGB 53,30 4,75 31,80 70,90

CGC 12,10 2,84 2,60 23,07

CGC 45,30 2,97 28,80 50,10

MO 4,03 1,04 1,37 9,01

MO 2,50 0,59 2,00 5,50

Phi 3,34 0,29 1,92 3,96 Phi 4,72 0,07 4,38 4,86

Jan

TF 22,50 0,41 20,50 24,00

TF 24,50 0,34 23,00 25,50

SF 34,50 0,46 32,00 36,00

SF 35,00 0,26 34,00 36,00

CGA 12,17 13,20 1,27 93,99

CGA 0,49 0,61 0,20 4,78

CGB 67,40 12,37 5,93 94,60

CGB 69,52 7,33 20,86 75,04

CGC 10,80 4,70 0,08 37,66

CGC 29,56 7,53 23,85 78,69

MO 2,40 0,69 1,08 5,65

MO 0,70 0,34 0,20 2,80

Phi 3,35 0,39 1,09 3,93 Phi 4,39 0,23 4,09 5,85

Fev

TF 29,00 0,53 26,50 29,50

TF 24,50 0,36 24,00 26,00

SF 33,00 0,32 32,00 34,00

SF 36,00 0,20 35,00 36,00

CGA 11,54 5,17 0,66 39,86

CGA 0,72 0,33 0,11 2,18

CGB 65,23 6,34 45,63 90,23

CGB 61,53 4,66 35,66 68,90

CGC 23,23 4,04 9,11 34,13

CGC 36,64 4,89 29,52 64,18

MO 4,80 0,94 1,72 8,58

MO 2,40 0,28 1,25 3,25

Phi 3,54 0,23 2,29 4,14 Phi 4,61 0,14 4,40 5,45

Mar

TF 27,00 0,31 26,00 28,00

TF 27,00 0,47 24,50 27,50

SF 34,00 0,37 32,00 34,00

SF 34,00 0,34 33,00 35,00

CGA 9,23 13,61 0,20 93,53

CGA 0,88 0,34 0,14 2,65

CGB 75,57 11,57 6,17 92,77

CGB 59,29 7,99 20,38 78,15

CGC 11,93 3,86 0,30 31,57

CGC 38,79 8,21 20,72 79,34

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207

207 Apêndice B

MO 2,37 0,61 1,33 5,81

MO 2,20 0,34 1,90 4,05

Phi 3,46 0,46 1,03 4,27 Phi 4,65 0,26 3,93 5,87

Abr

TF 26,50 0,15 26,00 27,00

TF 26,00 0,07 25,50 26,00

SF 34,00 0,30 32,00 34,00

SF 35,00 0,14 35,00 36,00

CGA 5,80 8,45 0,33 55,00

CGA 0,93 0,79 0,00 5,87

CGB 69,04 8,18 35,07 91,97

CGB 43,19 9,54 15,02 76,71

CGC 22,60 3,56 6,90 29,07

CGC 56,81 9,32 21,71 84,98

MO 3,42 0,87 1,52 7,94

MO 4,00 1,33 1,75 11,80

Phi 3,47 0,34 1,79 4,25 Phi 5,19 0,28 4,06 6,07

Mai

TF 23,50 0,31 22,00 24,50

TF 25,00 0,10 25,00 25,50

SF 35,00 0,00 35,00 35,00

SF 33,00 0,46 32,00 35,00

CGA 8,97 5,49 0,60 42,06

CGA 0,85 7,62 0,45 54,34

CGB 61,29 7,13 36,11 89,83

CGB 62,55 6,42 22,18 68,44

CGC 21,83 4,05 9,57 36,63

CGC 31,30 8,69 0,78 77,37

MO 3,01 0,76 0,90 6,46

MO 2,90 0,90 1,55 8,40

Phi 3,48 0,24 2,79 4,53 Phi 4,46 0,43 2,03 5,80

Jun

TF 22,50 0,17 22,00 23,00

TF 22,00 0,10 22,00 22,50

SF 35,50 0,47 34,00 38,00

SF 34,00 0,43 31,00 34,00

CGA 4,93 6,07 0,77 45,87

CGA 0,37 1,45 0,17 10,51

CGB 64,87 6,30 44,30 83,16

CGB 47,31 8,25 5,89 76,93

CGC 20,33 4,96 9,83 45,20

CGC 52,52 8,76 22,70 93,78

MO 3,63 0,95 1,81 9,30

MO 4,55 1,17 2,05 10,80

Phi 3,91 0,36 1,91 4,76 Phi 5,03 0,28 4,11 6,34

Jul

TF 21,00 0,24 20,00 22,00

TF 21,00 0,00 21,00 21,00

SF 35,50 0,14 35,00 36,00

SF 34,00 0,46 31,00 34,00

CGA 8,06 4,21 0,27 28,06

CGA 0,36 1,94 0,19 14,15

CGB 51,09 8,34 38,43 91,66

CGB 53,80 5,80 18,90 66,92

CGC 29,11 6,51 8,07 58,67

CGC 45,11 6,91 18,93 80,74

MO 2,18 0,72 0,52 6,23

MO 2,35 0,83 0,95 7,30

Phi 3,94 0,27 3,01 5,19 Phi 4,79 0,28 3,43 5,95

Ago

TF 22,50 0,34 21,00 23,00

TF 21,50 0,13 21,00 22,00

SF 35,00 0,26 34,00 36,00

SF 34,00 0,14 33,00 34,00

CGA 13,90 12,49 1,00 86,63

CGA 0,88 0,66 0,27 5,34

CGB 62,93 10,00 13,17 82,67

CGB 56,54 7,95 18,89 88,57

CGC 16,37 4,51 0,20 38,40

CGC 41,51 7,92 10,92 80,23

MO 3,01 0,98 1,25 8,37

MO 2,45 0,98 2,10 9,25

Phi 3,53 0,42 1,37 4,27 Phi 4,67 0,26 3,55 5,90

Set

TF 22,00 0,18 21,00 22,00

TF 23,50 0,15 23,00 24,00

SF 34,00 0,26 33,00 35,00

SF 34,00 0,47 31,00 34,00

CGA 6,20 5,42 0,46 32,17

CGA 0,71 0,34 0,03 2,51

CGB 52,70 4,37 35,42 70,80

CGB 42,35 5,84 19,70 64,18

CGC 39,17 6,34 8,87 52,70

CGC 56,94 5,66 35,79 77,79

MO 5,43 0,93 3,20 9,54

MO 2,90 0,31 1,90 3,85

Phi 4,49 0,36 2,45 5,00 Phi 5,18 0,17 4,54 5,81

Out TF 21,50 0,17 21,00 22,00

TF 23,50 0,07 23,50 24,00

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208

208 Apêndice B

SF 32,00 0,61 30,00 34,00

SF 31,50 0,52 29,00 33,00

CGA 3,27 7,12 0,46 51,20

CGA 0,42 0,52 0,08 3,29

CGB 60,23 7,60 28,83 83,24

CGB 51,86 7,48 8,58 69,53

CGC 19,97 4,68 14,53 47,47

CGC 46,61 7,70 30,05 91,34

MO 5,61 1,50 2,14 12,28

MO 2,10 0,56 1,40 5,70

Phi 3,59 0,31 2,38 4,75 Phi 4,81 0,23 4,39 6,26

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209

209 Apêndice C

Apêndice C Estatística descritiva da variação temporal das bandas da imagem do satellite Landsat

nos dois anos (1 – 1989, 2 – 2009). DP – Desvio padrão.

Imagem Parâmetros Banda 1 Banda 2 Banda 3 Banda 4 Banda 5 Banda 7

1989

Mínimo 47 14 6 0 0 0

Máximo 104 44 40 78 77 33

Média 52.93 17.99 9.73 4.9 4.04 2.64

Mediana 53 18 9 5 4 3

DP 2.67 2 1.8 2.08 2.56 1.21

2009

Mínimo 43 13 7 2 0 0

Máximo 75 41 48 81 70 29

Média 48.42 16.2 9.82 5.64 4.48 2.9

Mediana 48 16 10 6 4 3

DP 1.77 1.6 1.54 2.35 2.28 1.2

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210

210 Apêndice D

Apêndice D Sumário dos testes de seleção de modelos GLMM Zero Inflados Negativo Binomial para cada espécie em cada período apartir de três critérios de

informação (AIC, AICc e BIC). Modelos destacados de negrito foram os modelos selecionados para interpretação dos resultados. Ver Materiais e

Métodos para acrônimos dos fatores ambientais. acr – Arenaeus cribarius, cda – Callinectes danae, cor – Callinectes ornatus. LR (p) – valor de

propabilidade do teste de Likelihood Ratio.

Período Arenaeus cribarius Modelo = Y ~ parte Contagem | parte Binomial Critério de Informação

1 (

198

8-1

989

)

Modelo AIC AICc BIC LR-teste (p)

Modelo Global acr ~ P + TF + SF + CGA + CGC + MO | P + TF + CFA + CFC + MO 318,1 324,5 351,6 -

Modelo (AIC GLMM

stepwise) acr ~ TF + MO | P + CGA + CGC 314,9

0,18

Modelo (AICc GLMM

stepwise) acr ~ MO | P + CGA + CGC

316,7

0,13

Modelo (BIC GLMM

stepwise) acr ~ MO | P + CGA + CGC

331,9 0,13

Callinectes danae

Modelo AIC AICc BIC LR-teste (p)

Model Global cda ~ P + TF + SF + CGA + CGC + MO | P + TF + SF + CGA + CGC + MO 187,6 195 223,5 -

Modelo (AIC GLMM

stepwise) cda ~ Intercepto | P + TF + SF + CGA + CGC + MO 175,6

0,99

Modelo (AICc GLMM stepwise) cda ~ SF + MO | TF

177,6

0,64

Modelo (BIC GLMM

stepwise) cda ~ SF + MO | TF

190,9 0,64

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211

211 Apêndice D

Callinectes ornatus

Modelo AIC AICc BIC LR-teste (p)

Modelo Global cor ~ P + TF + SF + CGA + CGC + MO | P + TF + SF + CGA + CGC + MO 643,4 650,8 679,3 -

Modelo (AIC GLMM

stepwise) cor ~ P + CGA | SF + CGA + MO 632,2

0,9

Modelo (AICc GLMM stepwise) cor ~ P + CGA + MO | SF + CGA + MO

636,3

0,88

Modelo (BIC GLMM

stepwise) cor ~ CGA | SF + CGC

649,9 0,34

2 (

200

8-2

009

)

Arenaeus cribarius

Modelo AIC AICc BIC LR-teste (p)

Modelo Global acr ~ P + TF + SF + CGA + CGC + MO | P + TF + SF + CGA + CGC + MO 296,8 303,8 333,2 -

Modelo (AIC GLMM

stepwise) acr ~ P + TF | P + TF + SF + CGA + GCC + MO 280,7

0,08

Modelo (AICc GLMM

stepwise) acr ~ P + TF | P + TF + SF + CGA + CGC + MO

284,3

0,08

Modelo (BIC GLMM

stepwise) acr ~ TF | CGA + MO

306,5 <0,001*

Callinectes danae

Model type AIC AICc BIC LR-teste (p)

Modelo Global cda ~ P + TF + SF + CGA + CGC + MO | P + TF + SF + CGA + CGC + MO 244,6 251,6 281 -

Modelo (AIC GLMM stepwise) cda ~ P + TF + CGC | P + TF + SF 231,5

0,98

Modelo (AICc GLMM

stepwise) cda ~ P + TF + CGC | P + TF + SF

233,9

0,98

Modelo (BIC GLMM

stepwise) cda ~ TF + SF | Intercepto

256,3 0,03*

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212

212 Apêndice D

Callinectes ornatus

Modelo AIC AICc BIC LR-teste (p)

Modelo Global cor ~ P + TF + SF + CGA + CGC + MO | P + TF + SF + CGA + CGC + MO 575,6 582,6 612 -

Modelo (AIC GLMM

stepwise) cor ~ TF + SF + CGA + CGC | P + TF + SF + CGA + MO

568,2

0,7

Modelo (AICc GLMM stepwise)

cor ~ TF + SF + CGA + CGC | SF + MO

571,8

0,44

Modelo (BIC GLMM

stepwise) cor ~ TF + CGC | Intercepto

583,9 0,09

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213

213 Apêndice E – Produção científica (2011-2015)

Apêndice E – Produção científica (2011 – 2015)

Artigos científicos publicados

Alencar, C. E. R. D., Moraes, S. A. S. N., Araújo, P. V. N., Brito, V. L. G. e Freire, F.

A. M. 2013. New record of blue swimming crab Callinectes sapidus Rathbun, 1896

(Crustacea: Portunidae) for the state of Rio Grande do Norte, Northeastern of Brazil.

Check List, 9 (6): 1567-1570. (http://www.checklist.org.br/getpdf?NGD070-13)

Alencar, C. E. R. D., Moraes, A. B., Moraes, S. A. S. N., Araújo, P. V. N. e Freire, F.

A. M. 2014. First record of the association between the porcellanid crab Porcellana

sayana Leach, 1820 and the brachyuran crab Stratiolibinia bellicosa Oliveira, 1944.

Marine Biodiversity Records, 7. doi: 10.1017/S175526721400061X

Alencar, C. E. R. D., Lima-Filho, P. A., Molina W. F. e Freire, F. A. M. 2014. Sexual

shape dimorphism of the mangrove crab Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Decapoda,

Ucididae) accessed through geometric morphometric. The Scientific World Journal.

doi:10.1155/2014/206168

Moraes, S. A. S. N., Alencar, C. E. R. D., Thomsen, E. e Freire, F. A. M. New records

of the hairy crab Pilumnus dasypodus (Decapoda, Brachyura, Pilumnidae) in

Northeastern Brazil. 2015. Check List.

Frameschi, I. F., Andrade, L. S., Alencar, C. E. R. D., Fransozo, V., Fernandes-Goes,

L. C. e Fransozo, A. 2013. Shell occupation by the South Atlantic endemic hermit crab

Loxopagurus loxochelis (Anomura: Diogenidae). Nauplius, 21: 137-149. (link para

download)

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214

214 Apêndice E – Produção científica (2011-2015)

Frameschi, I. F., Paula, B. C., Fernandes-Goes, L. C., Alencar, C. E. R. D., Fransozo,

A. e Freire, F. A. M. 2013. Characterization of gastropod shells used by Dardanus

insignis (Decapoda, Anomura) from nearby islands in the region of Ubatuba, Sao Paulo,

Brazil. Bioscience Journal.

Pereira, R. T., Texeira, G. M., Bertini, G., Lima, P. A., Alencar, C. E. R. D. e

Fransozo, V. 2014. Environmental factors influencing the bathymetric distribution of

three species within the genus Persephona Leach, 1817 (Crustacea, Decapoda,

Leucosiidae) in two regions on the southeastern coast of São Paulo, Brazil. Latin

American Journal of Aquatic Research, 42 : 307-321. doi: 10.3856/vol42-issue2-

fulltext-3

Frameschi, I. F., Andrade, L. S., Alencar, C. E. R. D., Texeira, G. M., Fransozo, V.,

Fernandes-Goes, L. C. e Fransozo, A. 2014. Life-history traits of the red brocade hermit

crab Dardanus insignis on the subtropical Brazilian coast. Marine Biology Research.

doi:10.1080/17451000.2014.923100

Lima, P. A., Andrade, L. S., Alencar, C. E. R. D., Pereira, R. T., Teixeira, G. M. e

Fransozo, A. 2014. Two species of swimming crabs of the genus Achelous (Crustacea,

Brachyura): environmental requirements determining the niche. Hydrobiologia, 1. doi:

10.1007/s10750-014-1803-y

Santos, L. C., Alencar, C. E. R. D., Freire, F. A. M., Luchiari, A. C. 2015. Agonistic

interaction in male Fiddler crabs under varied densities. Crustaceana.

Vale, V. F., Alencar, C. E. R. D., Moraes, S. A. S. N. e Freire, F. A. M. 2015. First

report of bilateral hypertrophy in Uca rapax Smith, 1870 male specimens' chelas

(Crustacea, Decapoda, Ocypodidae) in Brazilian coastline. Marine Biodiversity Records

(status: Minor Revision).

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215

215 Apêndice E – Produção científica (2011-2015)

Paiva, M. I. G., Mendes, L. F., Lins-Oliveira, J. E., Alencar, C. E. R. D. e Torquato, F.

O. Temporal and spatial variation on the settlement of reef fish larvae in a South

Atlantic reef, Bahia, Brazil. Neotropical Icthyology.

Artigos no Prelo

Souza-Junior, E. M., Garcia-Júnior, J., Araújo, P. V. N., Alencar, C. E. R. D. e Freire,

F. A. M. Second record of giant tiger prawn Penaeus monodon Fabricius, 1798

(Crustacea: Decapoda) for the state of Rio Grande do Norte, Northeastern Brazil.

Marine Biodiversity Records (status: Minor Revision).

Alencar, C. E. R. D., Fransozo, A., Negreiros-Fransozo, M. L. e Freire, F. A. M. A

new (and simple) statistical procedure to determine the size of morphological sexual

maturity of crustaceans Brachyura from a multivariate dataset. Iheríngia – Série

Zoológica (status: Major Revision).

Manuscritos em preparação Final

Alencar, C.E.R.D., Luchiari, A. C., Fransozo, A., Negreiros-Fransozo, M. L e Freire,

F. A. M. Reproductive biology and gonadal sexual maturity of the mangrove crab

Ucides cordatus (Crustacea, Decapoda, Ucididae) in Porto do Mangue, Brazil, with

implications in the current legislation.

Alencar, C.E.R.D., Amaral, M. T. R. e Freire, F. A. M. Population individual growth

of Brachyuran crustaceans: a review of traditional methods used in literature and

application of a Bayesian estimative.

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216

216 Apêndice E – Produção científica (2011-2015)

Brito, V. L. G., Alencar, C. E. R. D., e Freire, F. A. M. Crescimento relativo e

Maturidade Sexual Morfológica do caranguejo ermitão Calcinus tibicen (Herbst, 1791)

(Crustacea, Anomura, Diogenidae) em duas praias do litoral brasileiro com diferentes

níveis antrópicos.

Ferreira, E. N., Alencar, C. E. R. D., Freire, F. A. M. e Lopez, L. C. S. Individual

growth and age of Callinectes exasperatus (Decapoda: Portunidae) in a tropical estuary.

Freire, F. A. M., Alencar, C. E. R. D. e Jackson, D. A. Sexual shape dimorphism of the

carapace of the crayfish Orconectes propinquus (Girard, 1852).

Lima-Filho, P. A., Bidau, C. J., Alencar, C. E. R. D. e Molina, W. F.

Influência

latitudinal no dimorfismo sexual do peixe marinho Bathygobius soporator (Gobiidae:

Perciformes).

Moraes, S. A. S. N., Alencar, C. E. R. D., Fransozo, A. e Freire, F. A. M. Variações

morfométricas no cefalotórax e na angulação do espinho rostral no camarão

Xiphopenaus kroyeri (Heller, 1862) (Crustacea, Decapoda, Penaeidae) da costa sudeste

do Brasil.

Mendes, L. F., Souza, T. A., Moreira, A. L. P. e Alencar, C. E. R. D. Microhabitat

utilization by “Ghost Fishes” at Atol das Rocas, Southwest Atlantic.

Fransozo, V., Castilho, A. L., Costa, R. G., Alencar, C. E. R. D., e Freire, F. A. M.

Comparison of the ecological distribution of the white shrimp, Litopenaeus schmitti

(Burkenroad, 1936) (Crustacea, Penaeoidea), on the southeastern coast of Brazil.