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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES CURSO DE DANÇA FLÁVIA NERY RAMOS PERFIL MOTOR DE CRIANÇAS INICIANTES NA PRÁTICA DE BALÉ CLÁSSICO EM UMA ESCOLA ESPECIALIZADA: ESTUDO DE CASO NATAL/RN 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTESCURSO DE DANÇA

FLÁVIA NERY RAMOS

PERFIL MOTOR DE CRIANÇAS INICIANTES NA PRÁTICA DE BALÉCLÁSSICO EM UMA ESCOLA ESPECIALIZADA:

ESTUDO DE CASO

NATAL/RN2013

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FLÁVIA NERY RAMOS

PERFIL MOTOR DE CRIANÇAS INICIANTES NA PRÁTICA DE BALÉCLÁSSICO EM UMA ESCOLA ESPECIALIZADA:

ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)apresentado à Licenciatura em Dança daUniversidade Federal do Rio Grande doNorte, como requisito parcial à obtenção dograu de Licenciado em Dança.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Marcos Bragato.

NATAL/RN2013

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FLÁVIA NERY RAMOS

PERFIL MOTOR DE CRIANÇAS INICIANTES NA PRÁTICA DE BALÉCLÁSSICO EM UMA ESCOLA ESPECIALIZADA:

ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)apresentado à Licenciatura em Dança daUniversidade Federal do Rio Grande do Norte,como requisito parcial à obtenção do grau deLicenciado em Dança.

Aprovado em: ___/___/_____

__________________________________________________Prof. Dr. MARCOS BRAGATOLICENCIATURA EM DANÇA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTEOrientador

_________________________________________________Prof. Me. THÁBATA MARQUES LIPORATTI

LICENCIATURA EM DANÇAUNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Examinadora externa

_________________________________________Prof. Dra. MARIA DE LURDES BARROS DA PAIXÃO

LICENCIATURA EM DANÇAUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Examinadora Interna

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Dedico a Fátima e José Ferreira, meus pais, pela paciência e incentivo. A

Pepita e João, pelo carinho, parceria e consultoria técnica. A Maria, que transmitiu a

paixão pelo que faz, através dos seus gestos e me fez descobrir dentro de mim a

existência dessa mesma paixão. Aos alunos da Escola de Ballet Maria Cardoso que

cederam ao estudo, permitindo o delineamento de outras inclusões, assim como de

novas possibilidades na aplicação do balé clássico. A todos aqueles que

contribuíram para a realização deste estudo.

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“Quando olho uma criança ela me inspira dois sentimentos, ternura pelo que é, e respeito pelo que possa ser”.

Jean-Piaget

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RESUMO

O estudo trata-se da análise do perfil motor de crianças de uma turma de baléclássico considerando a adequação motora em relação à idade cronológica aplicadaem seis habilidades da Escala de Desenvolvimento Motor proposta por Rosa Neto(2002). Dois (n=2) casos específicos foram analisados, ambos com oito anos deidade e iniciantes da prática de balé clássico em uma escola especializada nacidade de Natal/RN, Brasil. Foi realizada análise da avaliação, intervenções ereavaliação no ano de 2011 e uma nova avaliação no ano de 2012. De uma formageral, demonstra-se a importância de avaliação periódica das habilidades motorasem crianças para o controle de sua idade motora em relação à idade cronológica. Oresultado dos testes permite aos profissionais da área verificar o grau deaprendizagem, o perfil motor atualizado e direcionar seus objetivos nas sessõesespecializadas e possibilita ao desenvolvimento da técnica de balé clássico.

PALAVRAS-CHAVE: Aptidão Motora. Balé Clássico. Dança. Habilidades.

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ABSTRACT

The study analyzed the motor profile of children in a class of classicalballet considering motor abilities in relation to chronological age in six skills of theMotor Development Scale proposed by Rosa Neto (2002). Two (n = 2) specific caseswere analyzed, both were eight years old and beginners in classical ballet practicing,in a specialized school from Natal-RN, Brazil. Analysis of theassessment, intervention and reassessment were done in 2011 and a newassessment was done in 2012. In general, the study demonstrates theimportance of periodic assessment of motor skills in children to control motor age inrelation to chronological age. The results of the tests allows professionals toascertain the degree of learning, to follow motor profile, to conduct goals inspecialized sessions and enables the development of the classical ballet technique.

KEYWORDS: Motor profile. Classic Ballet. Dance. Skills.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Perfil do Quociente Motor (QM) na avaliação 2011 20

Gráfico 2- Perfil do Quociente Motor (QM) na reavaliação 2011 21

Gráfico 3- Perfil do Quociente Motor (QM) na nova avaliação 2012 22

Gráfico 4- Perfil do Quociente Motor (QM) na avaliação 2011 24

Gráfico 5- Perfil do Quociente Motor (QM) reavaliação 2011 25

Gráfico 6- Perfil do Quociente Motor (QM) nova avaliação 2012 25

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

OBJETO DE DISCUSSÃO/ESTUDO DE CASO 16

MATERIAIS E MÉTODOS 18

RESULTADOS E DISCUSSÕES 19

CONCLUSÃO 26

REFERÊNCIAS 28

ANEXOS

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1 INTRODUÇÃO

Na fase inicial do aprendizado do balé, entende-se como extrema importância

a procura por um método de ensino que habilite o aluno pela constância e pela

presteza da definição de um conjunto de ações. Argui-se da necessidade de

definição metodológica, embora transitória, na prática de ensino do balé clássico,

para que se possam aumentar as chances de aproveitamento integral,

especialmente nos casos de alunos sem as condições idealizadas.

Embora exista uma pluralidade de metodologias de ensino do balé clássico,

elas permanecem como um assunto em debate, face às diferentes perspectivas,

como aquelas que o entendem apenas como uma ferramenta para o

desenvolvimento do tônus muscular (SAMPAIO, 2013).

As metodologias adotadas para a formação, com vista à prática cênica, são

originárias ou foram em si formalizadas por seus respectivos mestres, os aspectos

delimitados por um determinado local, principalmente os aspectos estéticos,

culturais e funcionais de sua determinada época. Por meio de “tentativa-e-erro” e da

adesão de professores experientes nas diversas fases do aprendizado de balé,

esses aspectos têm sido desenvolvidos e transmitidos a partir das cortes

renascentistas com o ritual da etiquetagem.

No entanto, com a observação das principais metodologias hoje operantes,

que embebem as instruções pelas quais configura o ensino, torna-se evidente a

existência de um consenso sobre o bem estar do corpo, para que possam ocorrer

avanços na aprendizagem, no campo motor e intelectual de seus bailarinos. Cada

metodologia apresenta características próprias que são delineadas pela forma de

execução, ordem dos passos, posturas, colocação, formas dos braços e, também,

nas combinações das palavras que compõem o imenso glossário de nomenclatura

do balé clássico.

Podemos encontrar, hoje, face ao fluxo na distribuição de informações,

propostas de intersecção e agenciamento de elementos de métodos entre as

escolas historicamente reconhecidas enquanto tal. Deve-se ressaltar que cada um

deles carrega seus próprios méritos e benefícios, e se propõe a desenvolver algum

aspecto que não necessariamente é trabalhado pelo outro.

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O produto de prováveis intersecções e agenciamentos pode ser observado na

operação cênica de uma determinada montagem, cujas bases estilísticas podem ser

antevistas como um subconjunto de cruzamento de padrões tradicionais.

Trata-se o formato de ensino do balé clássico em escolas, como um conjunto

de regras pelos quais se molda um método de ensino, para o desenvolvimento de

um estilo próprio de dança acadêmica. Nesse sentido, o Método dita a maneira de

ensino da dança acadêmica.

O presente estudo de caso é uma síntese da tentativa de apresentar os

benefícios dos métodos tradicionais ao desenvolvimento corporal dos praticantes da

técnica de balé clássico, quando aliados ao controle do processo de mudanças no

perfil motor, a partir das seis habilidades propostas por Rosa Neto (2002):

motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização

espacial e organização temporal. Visto que todas as escolas tradicionais de balé

exploram habilidades motoras, umas enfatizando mais certas habilidades do que

outras, porém todas estão em harmonia na fase de desenvolvimento das primeiras

séries.

Na tentativa de explicitar algumas dessas diferenças, apresenta-se um breve

comentário, sobre as origens e ênfases de ensino das principais e mais difundidas

escolas de balé clássico.

1.1 Principais Escolas de Ensino do Balé Clássico

Entre as escolas mais conhecidas e difundidas estão:

a) Escola Francesa

A Academie Royale de Danse é aberta por Luiz 14 no ano de 1661, como uma

iniciativa de prestígio ao setor. No entanto, apenas a partir de 1672 se inicia a

sistematização do ensino do balé, com a criação da Academie Royale de la

Musique, e de uma escola de dança dirigida por Jean-Baptiste Lully (1632-1687),

atualmente conhecida como Ópera de Paris. A base de toda composição da técnica

do balé amplia-se anatomicamente, esteticamente e estilisticamente, de maneira

determinante, de acordo com o desenrolar sociocultural do período. Para que a

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primeira escola histórica do balé tenha alicerce suficiente na sustentação da eficácia

da expansão da técnica, e o seu aprimoramento, fez-se necessária a alteração de

hábitos em relação à prática da técnica, principalmente o comprometimento com o

trabalho (até mesmo empiricamente) dos mestres pioneiros, como: Bergonso de

Botta (1489- Itália), Balthasar Beanjoyeaux (1555- França), Baif, Courville,

Mazzarino (1643-Itália) e Beauchamps (1650-1729), os quais codificam e elaboram

a técnica clássica acadêmica e definem as cinco posições dos pés.

No apagar do século 19, a tradicional aula da Escola Francesa cultiva leveza

e graça, características marcantes do estilo francês, o qual perdura com elegância e

graciosidade. O método se caracteriza por sequências executadas com rapidez,

para que a execução dos passos expresse unicidade das combinatórias e se realize

de modo fluído.

Segundo Nicolace e Sapadari (2013), um dos princípios da didática na dança

clássica é propiciar a probabilidade de sucesso durante o desempenho das tarefas

de apreensão dos passos e de suas combinatórias. Para que isso ocorra, cabe ao

instrutor de balé a capacitação suficiente para adequar o conhecimento do discente,

referente à metodologia da escola, por meio da técnica, às suas habilidades

motoras. Dessa forma, promover diversos estímulos motores aliados às

características do método como ações motoras rápidas, porque a rapidez é uma

habilidade motora determinante para a excelência do método, pode-se ampliar o

repertório motor do praticante.

b) Escola Italiana

Estima-se o Método Cecchetti, uma organização do bailarino e professor

Enricco Cecchetti (1850-1928), como um dos mais antigos, cujas bases remontam a

Carlo Blasis (1797-1878). O método emprega regime fixo com exercícios específicos

para cada dia da semana executados do lado direito e esquerdo de maneira

uniforme, com movimentos que priorizam o desenvolvimento da força, do equilíbrio,

da postura e elevação correta do corpo em acordo com o desenvolvimento

fisiológico e biológico individual (AGOSTINI, 2010).

Observa-se no método o estímulo às habilidades motricidade global,

equilíbrio, organização espacial, esquema corporal, organização espacial,

organização temporal e lateralidade. Nele, a cada sessão, novos exercícios devem

ser acrescentados de maneira despercebida aos praticantes, no sentido de se

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objetivar o desenvolvimento rápido do pensamento motor. De acordo com

Silva (2010), quanto mais um indivíduo se submete a uma técnica, maiores serão as

probabilidades de aquisição de graus elevados de qualidade em relação aos

padrões motores. A metodologia da escola italiana enfatiza a ampliação repertório

motor para que os seus bailarinos adaptem-se facilmente a outras modalidades de

dança. Cechetti criou um esquema de direção (círculo com oito pontos) para orientar

espacialmente os bailarinos.

c) Escola Russa

O Método Vaganova assim se conhece em função de sua criadora a bailarina

e professora Agripina Vaganova (1879-1951), que ergue uma sistemática por meio

da fusão dos elementos do método francês, o estilo romântico do balé francês, e do

método italiano, o virtuosismo atlético da escola italiana, para incorporar

características do povo russo. Nas séries iniciais, a coordenação motora é

estimulada a partir de combinações simples de movimentos de braços e pernas

executados na barra e no centro, em seguida o adágio é adicionado para que os

praticantes adquiram estabilidade corporal. Vaganova (1991) afirma que um adágio1

complexo amplia a mobilidade corporal, porém, o allegro2 é o alicerce da ciência da

dança, a sua complexidade é a segurança de futura perfeição. Existe uma

preocupação em isolar cada movimento, equilibrar a carga da aula, ponderar as

dificuldades e o número de repetições, para que os treinamentos não estejam

sobrecarregados de informações e técnicas, e possa alterar o entendimento da

exatidão durante a execução dos movimentos. Nas primeiras aulas, os praticantes

são apresentados aos oito pontos criados por Agrippina Vaganova para delimitar a

sala de aula e indicar o direcionamento específico dos movimentos. Emprega-se o

método russo no Brasil especialmente na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa,

vinculada à Fundação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e na Escola do Teatro

Bolshoi no Brasil.

1 Adagio- Termo musical que designa um andamento lento, de caráter sério, podendo ser em compassos (2/4, 3/4, 4/4, 6/8, 9/8, 12/8), entre outros. Parte da aula que encerra uma série de movimentos lentos e graciosos e que desenvolvem a capacidade de sustentação e equilíbrio.

2 Allegro- Designa um andamento rápido de caráter alegre, pode ser em compassos (2/4, 3/4, 4/4, 6/8), entre outros. É a parte mais movimentada e alegre de um balé.

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As principais características do treinamento inicial na metodologia russa

apontam para uma prática pedagógica que se preocupa com os estágios do

desenvolvimento cognitivo e motor, e que estimula as habilidades motricidade global,

equilíbrio, organização espacial, esquema corporal, organização espacial e

organização temporal.

d) Escola Dinamarquesa

É iniciativa do bailarino e coreógrafo do Balé Real da Dinamarca August

Bournonville (1805-1879, herdou sua técnica dos nobres coreógrafos e bailarinos

franceses do século XVIII. Tem como característica movimentos acentuadamente

fluidos, uniformes e musicais focados em padrões cênicos de movimento. Suas

principais características são o trabalho rápido dos pés assim como na escola

francesa, a grande parte dos movimentos iniciarem na quinta posição de pés, a

ênfase aos pequenos saltos realizados com agilidade e precisão, e a interpretação

dramática de cada movimento. Existe pouquíssimo material em língua portuguesa

da abordagem da metodologia dinamarquesa.

No entanto, com a observação vídeos de aulas The Bournonville Scholl e de

espetáculos do The Royal Danish Ballet, percebe-se que o método estimula

habilidades motricidade global, equilíbrio, organização espacial, esquema corporal,

organização espacial e organização temporal, mas, às vezes, enfatiza umas mais

que outras. O trabalho rápido dos pés, com ênfase nos pequenos saltos, estimula a

coordenação hábil do corpo no espaço, fato que de acordo com Sá e Pereira (2003)

apenas se dá com o amadurecimento biológico do sistema nervoso e com a oferta

de estímulos exógenos como forma de estímulo-resposta.

e) Escola Inglesa

A Escola Real de Balé é aberta em Londres, em 1920, com o objetivo de

aperfeiçoar o padrão do treinamento do balé clássico no Reino Unido. O método tem

sua eficácia na preocupação com a dissociação de cada exercício, através do

entendimento da relação existente entre música, ritmo e movimento controlado,

encorajando a disciplina, o conhecimento e controle das habilidades motoras, assim

como o respeito com a limitação de cada criança. Enfatizam o tempo musical, o

deslocamento espacial, a concentração e a superação da timidez (AGOSTINI,

2010).

f) Escola Cubana

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A Escola Nacional do Balé de Cuba, com sede em Havana, é uma iniciativa

da bailarina por Alicia Alonso, de seu marido Fernando e seu cunhado Alberto, que

se realiza em 1948. É considerada a maior escola de balé do mundo com 4.350

estudantes e também uma das mais prestigiadas em Cuba. A característica principal

desta instituição de ensino está em sua formação. O ensino de balé é gratuito,

porém, existe uma rígida seleção, de seus futuros alunos, os quais devem

contemplar as exigências de habilidade e condições físicas adequadas. Os

bailarinos cubanos destacam-se pela agilidade na execução de allegros e giros.

A metodologia da escola cubana objetiva ampliar nos praticantes a

consciência corporal, desde as séries iniciais quando há uma fundamental

preocupação com a estrutura óssea individual e a ênfase nas habilidades físicas e

motoras como motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização

espacial, organização temporal, visto que destaca-se pela rapidez dos movimentos e

qualidade nos giros.

2 ENTRECHO

As origens do balé se encontram nas danças e festas de cortes nascidades-

estado italianas, e se desloca à França por intermédio da rainha Catarina de

Médicis, que com a colaboração do de Balthasar Beaujoyeux, realiza o que se

considera primeiro balé da corte francesa.

Após alguns séculos de domínio francês, o centro do balé mundial tem novo

deslocamento a partir de 1850, com Marius Petipa, que passa a organizar o que

deságua como a Escola Russa; uma das principais difusoras do balé no mundo no

fim da Primeira Guerra Mundial. No início do século 20, o Brasil recebe bailarinos e

instrutores e, em 1927, a russa Maria Olenewa, abre a primeira Escola Oficial de

Dança, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Desde então, a técnica de balé clássico se desenvolve em diversos países de

diversos continentes, assim como no Brasil, cujo ensino se volta especialmente para

crianças e adolescentes em escolas e academias de balé.

Nesses espaços, há tentativa de moldagem de uma técnica precisa pela

repetição exaustiva de movimentos específicos nas posições pré-determinadas. Os

exercícios de flexibilidade e uma composição corporal que apresentem formas

longilíneas e magreza acentuada são solicitados.

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No entanto, a preparação e controle, com testes de força-resistência

muscular, grau de flexibilidade e condição cardiorrespiratória, característicos da

aptidão física relacionada à saúde, podem receber mais atenção se valorizados, e

especialmente aliados aos testes de aptidão motora adequada à faixa etária de cada

praticante. As crianças podem apresentar alguma dificuldade para a realização das

tarefas, e sob a perspectiva do senso comum ser consideradas inaptas à prática do

balé clássico que se torna um forte motivador das desistências. Pode-se, contudo,

postular-se a importância de se conhecer e praticar as diferentes procedências do

balé clássico, uma prática passível de enriquecimento do repertório teórico/prático

de qualquer praticante de dança.

Como praticante e estudiosa da técnica de balé clássico, tenho me debruçado

sobre o porquê das dificuldades de compreensão e execução de poses e

movimentos quando uma atenta orientação se inicia apenas nos níveis intermediário

e avançado do balé. As instruções não bem compreendidas no início da prática

podem ser uma das variáveis do difícil acesso à aprendizagem da técnica de balé

clássico.

Como uma das alternativas, encontra-se o exame das metodologias das

diferentes escolas para dele retirar procedimentos que possam colaborar ao sucesso

das etapas de aprendizagem do balé. Soma-se a essa iniciativa a aliança com os

testes de aptidão motora. E o controle da aptidão motora adequado à idade

cronológica das crianças que praticam o balé, pode possibilitar aos profissionais

envolvidos um melhor diagnóstico de cada uma delas. Simultaneamente, oferece um

cunho mais sistemático no ato do planejamento das aulas, não empírico, e, também,

mais estruturado no momento da tomada de decisões sobre o ensino e aplicação do

balé, além de divulgar aos profissionais da educação e saúde um eficaz instrumento

de diagnóstico.

Frente a essa preocupação, acreditamos que os resultados deste Estudo de

Caso com duas meninas-bailarinas, propõem uma alternativa de ensino auxiliar ao

entendimento do que se trata a técnica da dança clássica, suas metas e suas

possibilidades.

3 OBJETO DE DISCUSSÃO/ESTUDO DE CASO

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O balé clássico é uma técnica de dança fiel aos princípios, resultante da

descendência de poses adaptadas à estética do tempo e lugar, executadas em

conjunto ou em solo, e segue etiquetas que exigem um corpo adequadamente

preparado. Percebe-se uma critica muito forte em torno dessa modalidade de dança,

e que existem autores que a acometem como uma técnica intransigente e, também,

os que protegem o ensino e aplicação do balé como um método educativo e

privilegiado.

Para Grego, Monteiro, Padovani e Gonçalves (1999), há exigência extremada

atribuída aos bailarinos para a conservação de posturas consideradas não

anatômicas, sobretudo nos membros inferiores. Isso ocorre quando se solicita

grandes mobilidades articulares que favorecem a instabilidade articular, e uma maior

predisposição a lesões articulares e musculares, o que leva comumente a

ultrapassar os limites saudavelmente suportáveis dos mecanismos fisiológicos,

tornando-os predispostos a lesões. Nesse sentido, os autores identificam um fator

de risco à saúde dos praticantes, especialmente quando não há um preparo físico

para suportar as atividades exigidas.

Segundo Pratti e Pratti (2006), o alcance de um alto padrão de desempenho

técnico e performático na prática do balé somente se concretiza com a repetição dos

movimentos a ele inerentes, e que esta repetição pode gerar algumas tendências

posturais. Considerando-as distúrbios orgânicos, apontam a necessidade do

desenvolvimento de aptidão física específica e geral, e também trabalhos de

compensação nas sessões de balé para a diminuição desses riscos.

Deve-se considerar que o material que norteia a maioria dos programas de

instrução e aplicação do balé clássico é organizado a partir de matrizes das escolas

de formação dos grandes teatros europeus, cujos alunos têm físicos e cultura

diferente da nossa, e uma carga horária de aproximadamente vinte horas semanais

(SAMPAIO, 2013). É imprescindível, portanto, que os instrutores tenham essa

consciência, e saibam utilizar a didática adequada em suas aulas.

Há hoje de forma generalizada um excesso de critica, sem a avaliação e

análise adequadas, e sem mesmo a apresentação de estudos empíricos, sobre os

problemas proporcionados pelo ensino do balé clássico. Generaliza-se e não se

atenta em apontar porque tais problemas podem ocorrer.

No entanto, quando aliado à ciência do movimento, não se pode

desconsiderar seu aspecto físico e de treinamento técnico, a evolução do seu

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preparo físico de maneira geral, e as mudanças no comportamento motor ao longo

da vida (AGOSTINI, 2010). Por outro lado, sabe-se da impossibilidade de se dar

conta de todas as facetas defendidas pelos opositores da técnica clássica que

parecem desconsiderar que a metodologia utilizada no ensino do balé clássico tem

objetivos de acordo com a idade ou realidade do grupo; e que a eficácia de sua

aplicação exige um rigoroso planejamento de todo processo de

ensino/aprendizagem para que os alunos não se tornem meros reprodutores de

passos.

Segundo a professora Agrippina Vaganova, para que o processo de

ensino/aprendizagem ocorra com certa eficácia e o desempenho dos alunos no

palco se presentifique, faz-se necessário a motivação à tomada de consciência

motora da execução de cada movimento, o desenvolvimento da capacidade de

explicação dos caminhos seguidos para a sua realização e atenção para com as

limitações de cada um para que possa melhor explorar o seu corpo. São prescritos

exercícios para uma turma, porém o conhecimento individual é mais importante que

as prescrições.

Pode-se entender que parte desta confusão de métodos seja explicada pela

escassez de material didático especializado em língua portuguesa, o que gera uma

grande lacuna nas bibliotecas e em livrarias especializadas. No presente estudo de

caso, apresenta-se uma síntese dos benefícios dos métodos tradicionais ao

desenvolvimento corporal dos praticantes, quando aliados ao controle do processo

de mudanças no perfil motor, a partir das seis habilidades propostas por Rosa Neto

(2002): Motricidade Fina, Motricidade Global, Equilíbrio, Esquema Corporal/Rapidez,

Organização Espacial e Organização Temporal. Visto que todas as escolas

tradicionais de balé exploram habilidades motoras, embora enfatizem certas

habilidades de modo diferenciado, porém todas estão em harmonia na fase de

desenvolvimento das primeiras séries- todas iniciam o ensino da técnica clássica a

partir dos oito anos de idade.

Ao se considerar que o balé clássico é uma modalidade de dança praticada

por crianças e adolescentes, ao longo do seu processo de desenvolvimento, e que

para se chegar ao estágio de elevado desempenho técnico e performático são

necessários pelo menos oito anos de prática, o objeto deste estudo de caso é o de

avaliar os níveis de aptidão motora em duas alunas praticantes de balé clássico,

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com a intenção de indicar um caminho viável para futuras intervenções no

treinamento de bailarinos em sua fase inicial, e estimular não apenas o

desenvolvimento técnico, mas também promover uma prática motora dinâmica e

com menores riscos aos praticantes. Visto que atrasos em habilidades como

equilíbrio, motricidade global e organização espaço temporal, podem gerar lesões,

dificuldade de assimilação e uma técnica rudimentar.

4 MATERIAS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de caso descritivo, caracterizado como de campo

observacional e do tipo diagnóstico, constituído por duas crianças. Participaram do

estudo (avaliação, intervenções e reavaliação) no ano de 2011 e uma nova avaliação

no ano de 2012, duas praticantes de balé do sexo feminino, de uma escola

especializada na cidade de Natal-RN (Escola de Ballet Maria Cardoso). O critério de

inclusão utilizado se dá por faixa etária, com convites às alunas cujas práticas se

iniciam aos oito anos de idade e permanecem na escola durante todo o estudo.

Como parâmetro de mensuração se utiliza a Escala de Desenvolvimento Motor

(EDM) proposta por Rosa Neto (2002). Este instrumento permite uma estimativa da

Idade Motora (IM), o que pode ser um indicador do estágio de desenvolvimento

motor em que a criança se encontra. As participantes, após a autorização dos pais,

concedida através do preenchimento de um termo de consentimento livre e

esclarecido que explicava a finalidade do estudo, são submetidas à bateria de testes

que envolvem seis habilidades: Motricidade Fina; Motricidade Global; Equilíbrio;

Esquema Corporal/Rapidez; Organização Espacial; e Organização Temporal, para

apontar a fase de desenvolvimento motor de cada uma em relação à idade

cronológica. Os testes são aplicados individualmente, com cada avaliada sem

calçado, em ambiente iluminado, ventilado e piso antiderrapante. Para a realização

do teste utilizou-se as fichas de avaliação dos resultados e o Kit EDM - folhas de

respostas, materiais para a aplicação dos testes (bola de borracha, suporte com fita

elástica, fichas com desenhos, palitos de madeira, caixa de madeira semelhante a

uma caixa de fósforos).

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Nos gráficos 1, 2, e 3, apresentamos os resultados do Indivíduo 1, e nos

gráficos 4, 5 e 6, os resultados do Indivíduo 2, de acordo com a classificação da

escala motora proposta por Rosa Neto (2002).

Os valores compreendidos entre 5% acima ou abaixo de 100% obtidos nas

avaliações foram considerados adequados.

4.1 SIGNIFICADOS DOS TERMOS

A Idade Motora- É uma fórmula aritmética que pontua e avalia os resultados

dos testes, a qual obtém a idade e expressa em meses.

A Idade Cronológica- É obtida através da data de nascimento da criança,

geralmente dada em anos, meses e dias. Logo, transforma-se essa idade em

meses.

A Idade Motora Geral (IMG)- É obtida por meio da soma dos resultados

positivos obtidos através nos testes das seis habilidades propostas por Rosa Neto

(2002) expresso em meses. O símbolo (1) representa os resultados positivos e o

símbolo (0) os negativos.

Idade Negativa ou Positiva- Obtida através de uma subtração entre a idade

motora geral e a idade motora cronológica.

Quociente Motor (QM)- É a divisão entre idade motora e a idade cronológica,

multiplicado por 100.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em fevereiro de 2011, as duas crianças (Indivíduo 1 e Indivíduo 2) iniciantes

na prática do balé clássico (preparatório 1), passaram por uma avaliação e

intervenções durante as sessões semanais, uma reavaliação no mês de outubro e

uma nova avaliação em fevereiro/março no ano de 2012 (preparatório 2).

5.1 Indivíduo 1

Resultados Gráfico 1: No mês de Fevereiro de 2011, o Indivíduo 1 tem sua

primeira avaliação. Os resultados das habilidades apresentam índices de adequação

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da idade motora acima em relação à idade cronológica: Organização Espacial com

Quociente Motor de 121%, Motricidade Global e a Organização Temporal com

Quociente Motor de 109%. A Motricidade Fina com Quociente Motor de 97% foi

considerada adequada. Verifica-se que o Equilíbrio e o Esquema Corporal/Rapidez

são as habilidades em que a avaliada apresenta o índice de adequação da idade

motora abaixo em relação à idade cronológica, com Quociente Motor de 85%.

Gráfico 1- Perfil do Quociente Motor na avaliação 2011.

O Equilíbrio é o alicerce primordial de todos os diferentes segmentos

corporais, assim como uma habilidade essencial para a realização de tarefas diárias

e de atividade motoras. Como se pode ver em Rosa Neto (2002, p. 17):

A criança pequena, antes de alcançar o equilíbrio, adota pequenasposturas, o que equivale a dizer que seu corpo reage de maneirareflexa aos múltiplos estímulos do meio. A postura está estruturadasobre o tono muscular (os músculos esqueléticos sadios, os quaisconstituem a base da postura, apresentam uma leve contraçãosustentada). O equilíbrio é o estado de um corpo quando forçasdistintas que atuam sobre ele se compensam e anulam-semutuamente. Do ponto de vista biológico, a possibilidade de manterposturas, posições e atitudes indica a existência de equilíbrio.

O resultado desta primeira avaliação indica aos profissionais envolvidos, a

necessidade de intervenções, sobretudo nas habilidades em que o indivíduo

avaliado se encontrava com o Quociente Motor abaixo, em relação à idade

cronológica.

Resultados Gráfico 2: Após seis meses de intervenções em sessões

semanais, os resultados das habilidades do indivíduo reavaliado em outubro

apresentam o seguinte resultado: Quociente Motor de 122% no Esquema

Corporal/Rapidez e Organização Temporal, índice de adequação da idade motora

considerado acima em relação à idade cronológica, e de 100% nas habilidades

Motricidade Fina, Motricidade Global, Equilíbrio e a Organização Espacial, índice

adequado.

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Gráfico 2- Perfil do Quociente Motor na reavaliação 2011.

Resultados Gráfico3: Em Março de 2012, o indivíduo participa de uma nova

avaliação, cujos resultados das habilidades que apresentam índices de adequação

da idade motora considerados acima em relação à idade cronológica são: a

Organização Temporal com Quociente Motor de 118% e a Motricidade Global e a

Organização Espacial com Quociente Motor de 107%. Nas habilidades Equilíbrio e

Esquema Corporal/Rapidez, tem-se um Quociente Motor de 96%, considerado

adequado. O resultado da habilidade Motricidade Fina com Quociente Motor de 75%

apresenta o índice de adequação considerado abaixo em relação à idade

cronológica.

Gráfico 3- Perfil do Quociente Motor na nova avaliação 2012.

5.1.1 Comparação dos Resultados entre a Avaliação e Reavaliação em 2011

De acordo com a comparação dos resultados da avaliação inicial, que se

realiza em fevereiro de 2011, com os da reavaliação de outubro, após as

intervenções, observa-se que o perfil motor apresenta um resultado positivo; não

encontramos nenhum atraso motor. As habilidades Equilíbrio e Esquema

Corporal/Rapidez, com as intervenções que predominam nas sessões de balé

clássico que, passam a apresentar em seus resultados 100% de adequação da

idade motora em relação à idade cronológica.

5.1.2 Comparação dos Resultados entre a Reavaliação em 2011 e a Nova

Avaliação em 2012

Observa-se que os resultados da reavaliação em outubro não apresentam

algum Quociente Motor abaixo em relação idade cronológica, e que nos resultados

da nova avaliação, que se realiza no mês de março, a habilidade Motricidade Fina,

apresenta um Quociente Motor abaixo, em relação à idade cronológica.

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Para Rosa Neto (2002), a Motricidade Fina é a coordenação mais intensa e

mais comum no homem, atuando em conjunto com os componentes, objeto, olho e

mão. A Motricidade Fina não é uma habilidade inerente ao Balé Clássico, contudo

estímulos como, manusear com as mãos e os pés, escrever, desenhar, colorir e

maquiar, passam a ser inseridos às intervenções semanais. O fato aponta que,

como as alunas vivenciam um período de dois a três meses de ensaios para a

apresentação de final de ano, e mais dois meses aproximadamente de férias de

verão, e que existem mudanças, também, nas características dos testes de cada

ano, as sessões de balé clássico não podem ser avaliadas para tal achado.

5.1.3 Comparação dos Resultados entre a Primeira e a Avaliação de 2011 e a

Nova Avaliação de 2012.

Comparada a Avaliação de 2011, que se realiza no mês de Fevereiro, com a

nova avaliação, que se realizem março de 2012, observa-se que as habilidades

Equilíbrio e Esquema Corporal se apresentam com o Quociente Motor abaixo em

relação à idade cronológica. Em 2012, passam a apresentar um Quociente Motor

adequado. As habilidades Motricidade Global, Organização, Espacial e Organização

Temporal, permanecem nas duas avaliações com um Quociente Motor acima em

relação à idade cronológica. O fato de o balé clássico englobar movimentos

expressivos e rítmicos, auxiliar na percepção espacial e possibilitar um raciocínio

rápido e lógico para a execução dos movimentos nas crianças, pode ter sido o

causador destes resultados nas cinco habilidades avaliadas (SILVA, Nayama et al,

2011). A Motricidade Fina, que em 2011 apresenta um Quociente Motor adequado,

na avaliação de 2012 apresenta o índice de adequação considerado abaixo em

relação à idade cronológica. Isso de deve ao fato dessa não ser uma habilidade

inerente à dança, o que pode ter contribuído, em paralelo com a diminuição das

intervenções, para tal resultado.

5.2 Indivíduo 2

Resultados gráfico 4: Na primeira avaliação do indivíduo 2, os resultados

das habilidades que apresentam índices de adequação da idade motora acima em

relação a idade cronológica são: a Motricidade Global, o Equilíbrio e a Organização

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Espacial com Quociente Motor de 111%. A Motricidade Fina e a Organização

Temporal apresentaram o Quociente Motor de 99%, considerado adequado. O

Esquema Corporal/Rapidez é a habilidade que apresenta o Quociente Motor de

74%, abaixo em relação à idade cronológica.

Gráfico 4- Perfil do Quociente Motor na avaliação 2011.

O resultado aponta para a necessidade de intervenções dos profissionais, ao

se considerar a afirmação de Rosa Neto (2012) de que a imagem que o indivíduo

tem do seu corpo representa uma forma de equilíbrio o qual, como núcleo central da

personalidade, organiza-se em um conjunto de relações recíprocas do organismo

com o meio.

Resultados Gráfico 5: Após seis meses de intervenções em sessões

semanais, o indivíduo reavaliado no mês de outubro apresenta o seguinte resultado:

Quociente Motor de 114% de adequação na Organização Temporal, considerado

acima em relação à idade cronológica e de 103% nas habilidades Motricidade Global

e na Organização Espacial, índice adequado. As habilidades em que o avaliado

apresenta índices de adequação da idade motora abaixo em relação à idade

cronológica são a Motricidade Fina e o Esquema Corporal/Rapidez com Quociente

Motor 91% e o Equilíbrio com Quociente de 80%.

Gráfico 5- Perfil do Quociente Motor na reavaliação 2011.

Resultados Gráfico 6: Em fevereiro de 2012, o indivíduo participa de uma

nova avaliação e apresenta como resultado Quociente Motor 111% nas habilidades

Motricidade Fina, Motricidade Global, Equilíbrio e Organização Espacial, e 122% na

habilidade Organização Temporal, índices de adequação da idade motora acima em

relação à idade cronológica. O Esquema Corporal/Rapidez, com Quociente Motor de

67%, é a habilidade que apresenta o índice de adequação da idade motora

considerado abaixo em referência a idade cronológica.

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Gráfico 6- Perfil do Quociente Motor na nova avaliação 2012.

5.2.1 Comparação dos Resultados entre a Avaliação e Reavaliação em 2011

A se comparar os resultados, destaca-se que a habilidade Esquema

Corporal/Rapidez permanece com o Quociente Motor inadequado em relação à

idade cronológica e que a Motricidade Fina, com resultado adequado na primeira

avaliação, na reavaliação, obteve resultado inadequado. Com o conhecimento de

que os mesmos exercícios são prescritos para ambos os indivíduos, durante as

sessões de balé, os resultados dos Quocientes Motores confirmam o constante

desenvolvimento e aprendizagem das crianças. No entanto, com muitas diferenças

particulares, o que confirma a importância das avaliações periódicas e reforça a

afirmação de Agrippina Vaganova (1991, p. 25):

Indicamos exercícios aproximados, da mesma maneira queindicaríamos o tratamento aproximado para uma doença. Damosprescrições como médicos, mas o conhecimento individual cabe maisdo que as prescrições.

5.2.2 Comparação dos Resultados entre a Reavaliação e Nova Avaliação 2012

A se comparar os resultados da reavaliação, que se realiza no mês de

Outubro, com os da nova avaliação, que se realiza em Fevereiro, destaca-se que a

habilidade Motricidade Fina apontando um Quociente Motor abaixo no resultado da

Reavaliação, apresenta nesta Nova Avaliação um Quociente Motor acima em

relação à idade cronológica, assim como nas habilidades: Motricidade Global,

Equilíbrio, Organização Espacial e Organização Temporal. O Esquema

Corporal/Rapidez é a habilidade que permanece com o Quociente Motor abaixo em

referência a idade cronológica.

5.2.3 Comparação dos Resultados entre a Primeira e a Avaliação 2011 e a Nova

Avaliação 2012

A se comparar a avaliação de 2011, que se realiza no mês de Fevereiro com a

nova avaliação, que se realiza em Fevereiro de 2012, destaca-se que as habilidades

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Motricidade Fina e a Organização Temporal que na primeira avaliação apresentam o

Quociente Motor considerado adequado, na nova avaliação passam a apresentar

um Quociente Motor considerado acima em relação à idade cronológica. “O

componente rítmico é uma das habilidades inerente à dança, o que pode ter sido o

causador do alto resultado de adequação nesta habilidade motora” (SILVA, Nayara,

LIPAROTTI, 2011). A habilidade Esquema Corporal/Rapidez permaneceu com

resultado do perfil motor abaixo, em relação à idade cronológica.

Nos primeiros anos de ensino, a técnica de balé ainda não explora a rapidez

na execução dos passos- aceito que as mesmas não possuam nesta fase inicial

musculatura capacitada para responder a estímulos de ação rápida. A aplicação da

técnica é lenta e global objetivando uma boa consciência anatômica e também

eliminar dificuldades no processo de assimilação.

CONCLUSÃO

Embora o desenvolvimento motor esteja relacionado à idade, no entanto, não

há correlações diretas, de acordo com Gallahue (2005). De todo modo, conclui-se

que a análise do resultado dos testes, permite aos profissionais da área direcionar

seus objetivos em sala de aula, possibilitando aos alunos benefícios em termos de

saúde que podem transpor à técnica propriamente dita e apontar, também, para o

conhecimento das necessidades corporais de cada um. O controle destas variáveis

permite também uma autoanálise dos profissionais e das condições de aprendizado

dos alunos dentro e fora da escola.

A partir da experiência pessoal como bailarina e depois como instrutora de

balé clássico, sinto a necessidade de definição de uma metodologia, embora

transitória, na instrução dessa forma de arte tão bela quanto qualquer outra- que é o

balé clássico, com enfoque não mais em um modelo externo, ou perfil considerado

adequado a ele, mas sim no próprio indivíduo e no que se pode atingir com o corpo

que dispõe, para que se possam aumentar as chances de aproveitamento integral,

especialmente nos casos de alunos sem as condições idealizadas.

Assim, sugere-se que avaliações e testes de aptidão física e motora sejam

implantados e mantidos dentro das escolas de balé, de modo que possam dar

suporte ao aprendizado da técnica, à programação pedagógica combinada ao

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método tradicional indicado pela escola, e principalmente ao desenvolvimento

corporal saudável das crianças.

A dança clássica é uma arte que requer o entendimento de mecanismos que

controlam a atividade motora e possibilitam sua realização com certo grau de

convencimento. Para que isso ocorra, cabe aos profissionais, capacitação suficiente

para adequar o conhecimento referente à metodologia da escola por meio da

técnica, às habilidades motoras das crianças, promovendo dessa forma, variados

estímulos que, aliados às características do método podem ampliar o repertório

motor.

Recomenda-se, assim, uma orientação aos profissionais que atuam com as

crianças, que atentem para que o crescimento e o desenvolvimento de seus corpos

ocorram de maneira saudável ao se respeitar os limites de cada um, com intuito de

evitar lesões e mesmo frustrações no decorrer do seu aprendizado em Balé. Para

finalizar, pode-se refletir sobre a importância da aplicação de testes para analisar as

habilidades físicas e motoras das crianças em fase de desenvolvimento.

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