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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Renata de Oliveira Mota A GESTÃO DO CONHECIMENTO E SUAS INFLUÊNCIAS NA CAPACIDADE DE INOVAÇÃO DAS STARTUPS BRASILEIRAS NATAL 2017

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

    Renata de Oliveira Mota

    A GESTÃO DO CONHECIMENTO E SUAS INFLUÊNCIAS NA CAPACIDADE DE

    INOVAÇÃO DAS STARTUPS BRASILEIRAS

    NATAL

    2017

  • RENATA DE OLIVEIRA MOTA

    A GESTÃO DO CONHECIMENTO E SUAS INFLUÊNCIAS NA

    CAPACIDADE DE INOVAÇÃO DAS STARTUPS BRASILEIRAS

    NATAL 2017

    Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de mestre em Engenharia de Produção Linha de pesquisa: Estratégias de inovação e de gestão para melhoria da competitividade empresarial Orientador: Jamerson Viegas Queiroz

  • Universidade  Federal  do  Rio  Grande  do  Norte  –  UFRN    Sistema  de  Bibliotecas  –  SISBI  

    Catalogação  da  Publicação  na  Fonte  -‐  Biblioteca  Central  Zila  Mamede    Mota,  Renata  de  Oliveira.              A   gestão   do   conhecimento   e   suas   influências   na   capacidade   de   inovação   das  startups  brasileiras  /  Renata  de  Oliveira  Mota.  -‐  2017.              113  f  .:  il.                Dissertação  (mestrado)  -‐  Universidade  Federal  do  Rio  Grande  do  Norte,  Centro  de  Tecnologia,  Programa  de  Pós-‐Graduação  em  Engenharia  de  Produção.  Natal,  RN,  2017.        Orientador:  Prof.  Dr.  Jamerson  Viegas  Queiroz.          1.  Gestão  do  Conhecimento  -‐  Dissertação.  2.  Inovação  -‐  Dissertação.  3.  Startups  -‐  Dissertação.   4.   Modelagem   de   equações   estruturais   -‐   Dissertação.   I.   Queiroz,  Jamerson  Viegas.  II.  Título.              RN/UFRN/BCZM                                                                                                                                CDU  658.5    

  • Curriculum Vitae

    Engenheira de Produção pela Universidade Federal do

    Rio Grande do Norte (2014.2); com graduação sanduíche

    em Engenharia e Gestão Industrial pela Universidade do

    Minho – Portugal (2012-2013). Atualmente é mestranda

    bolsista do CNPQ pelo Programa de Pós-graduação em

    Engenharia de Produção (PEP) da UFRN, onde atua

    como pesquisadora do Núcleo Aplicado à Gestão e

    Inovação (NAGI). Além disso, é professora temporária do

    Departamento de Engenharia de Produção (UFRN) onde ministra as disciplinas de

    Gestão de Sistemas de Produção I e II, Marketing, Projetos de Investimentos, Economia

    e Gestão da Qualidade. Trabalhou no setor de Planejamento e Controle da Produção na

    Vicunha Têxtil S.A (2014). Realizou projetos relacionados ao Lean Manufacturing na

    Bosch Car Multimedia – Portugal (2013). Atuou como bolsista de extensão no triênio

    2010-2012 em projetos de gestão hospitalar. Atua nas seguintes áreas de pesquisa:

    Estratégia Coorporativa, Inovação, Planejamento e Controle da Produção e Lean

    Manucturing.

    Disciplinas atuantes como estagiário docente: Estratégia de Produção (2015.2) Artigos submetidos durante a Pós-graduação:

    MOTA, R.; FRANCISCO, C.; QUEIROZ, J. Inventory visual management with the use of computer simulation: A case study applied to the textile industry. Production Planning & Control, 2015. SANTOS, A.; HÉKIS, H.; QUEIROZ, J.; QUEIROZ, F.; SILVA, C.; STRAUHS, F.; MARQUES, E.; MOTA, R.; QUEIROZ, V. Balanced Scorecard como estratégia organizacional: uma contribuição para aplicação em uma unidade hospitalar privada. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2016. MOTA, R.; QUEIROZ, J. How Knowledge Management influences the innovation capacity of brazilian startups. Journal of Knowledge Management, 2017.

    Artigos aprovados durante a Pós-graduação: LIMA, H.; GONZÁLEZ, M.; FERNANDES, F.; SILVA, A.; MOTA, R.; QUEIROZ, J.; QUEIROZ, F.; FURUKAVA, M. Aprimoramento e sofisticação regional: O processo de desenvolvimento de queijos inovadores. Revista Espacios Digital, v. 36, n. 24, p 20, 2015.

  • FERNANDES, F.; SILVA, A.; MOTA, R. Critérios competitivos e inovação como diferenciais estratégicos: análise em uma empresa de construção civil. In: XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2015. Fortaleza – CE. Anais eletrônicos da Associação Brasileira de Engenharia de Produção. São Paulo: Proceedings ICIEOM, 2015. SILVA, A.C.L.; FERNANDES, F. K.A.; MOTA, R.O. Gerenciamento de resíduos eletroeletrônicos: estudo de caso em uma empresa de assistência de celular. In: XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2015. Fortaleza – CE. Anais eletrônicos da Associação Brasileira de Engenharia de Produção. São Paulo: Proceedings ICIEOM, 2015.

  • MOTA, Renata de Oliveira. Como a Gestão do Conhecimento influencia na Capacidade de Inovação das Startups brasileiras. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2017.

    RESUMO O objetivo desta pesquisa é desenvolver e validar um modelo estrutural que demonstre o inter-relacionamento dos processos chaves da gestão do conhecimento (criação, absorção, aplicação e compartilhamento) como determinantes da capacidade de inovação das startups brasileiras. Justifica-se este estudo devido o conhecimento ser a essência do processo de inovação, mas apesar das startups apresentarem como base a inovação, elas enfrentam barreiras relacionadas ao processo de gestão do conhecimento, e tal fator pode contribuir para as elevadas taxas de mortalidades diagnosticadas no país. Desta forma, busca-se por resultados que possibilitem auxiliar a tomada de decisão destas empresas e suas respectivas partes interessadas. A fundamentação teórica está pautada na discussão entre os temas: Inovação, Gestão do Conhecimento, Startups e Modelagem de Equações Estruturais. Ao desenvolver o referencial teórico, buscou-se analisar as correntes de pensamentos existentes entre os principais autores destas temáticas nas bases de dados Scopus e Web of Science. Com o embasamento teórico, as seguintes hipóteses foram formuladas: H1: A criação do conhecimento tem influencia positiva para a capacidade de inovação nas startups brasileiras; H2: A absorção do conhecimento tem influencia positiva para a capacidade de inovação nas startups brasileiras; H3: O aplicação do conhecimento tem influencia positiva para a capacidade de inovação nas startups brasileiras; H4: O compartilhamento do conhecimento tem influencia positiva para a capacidade de inovação nas startups brasileiras. Quanto aos aspectos metodológicos, este estudo se caracteriza como uma pesquisa quali-quantitativa, de objetivo formalizado com método de interrogação e escopo de estudo de caso. A coleta de dados apresentou abrangência nacional, e foi realizada através de uma survey aplicada com as startups cadastradas na base de dados da ABStartups. A análise dos dados foi desenvolvida com o uso da Modelagem de Equações Estruturais. Como resultados obteve-se que os processos que dependem estritamente da própria organização, a criação e aplicação do conhecimento, apresentam maiores influências na capacidade de inovação das empresas. Um vez que a absorção e compartilhamento do conhecimento, ou seja, que apresentam influências de stakeholders acabam por apresentar efeito negativo no potencial inovador das organizações estudadas.

    Palavras-chave: Inovação; Gestão do Conhecimento; Startups; Modelagem de Equações Estruturais

  • MOTA, Renata de Oliveira. How Knowlegde Management influences the Innovation Capacity of Brazilian Startups. Dissertation (Master in Industrial Engineering) – Graduate Program in Industrial Engineering, The Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2017.

    ABSTRACT

    The objective of this research is to develop and validate a structural model that demonstrates the interrelationship of the key processes of knowledge management (creation, absorption, application and sharing) as determinants of innovation capacity of Brazilian startups. This study is justified because knowledge is the essence of the innovation process, although these companies present innovation as a basis, they face barriers related to the knowledge management process, and this factor can contribute to the high mortality rates diagnosed in the country. In this way, we search for results that allow us to help the decision-making of these companies and their respective stakeholders. The theoretical basis is based on the following themes: Innovation, Knowledge Management, Startups and Modeling of Structural Equations. In developing the theoretical framework we sought to analyze the currents of thought among the main authors of these themes in the Scopus and Web of Science databases. With the theoretical basis, the following hypotheses were formulated: H1: The creation of knowledge has a positive influence on the capacity of innovation in Brazilian startups; H2: The absorption of knowledge has a positive influence on the capacity of innovation in Brazilian startups; H3: The application of knowledge has a positive influence on the capacity of innovation in Brazilian startups; H4: Sharing knowledge has a positive influence on innovation capacity in Brazilian startups. Regarding the methodological aspects, this study is characterized as a qualitative-quantitative research, of formalized objective with interrogation method and scope of a case study. The collection of data will be national, and will be carried out through a survey applied with the startups registered in the AB Startups database. The analyze of the data will be developed using the Structural Equation Modeling. As results, it was obtained that the processes that depend strictly the own organization, the creation and application of the knowledge, show majors influences in the capacity of innovation of the companies. Since the absorption and sharing of knowledge, in other words, that present influences of stakeholders end up having a negative effect on the innovative potential of organizations studies. Keywords: Innovation; Knowledge Management; Startups; Structural Equation Modeling

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    EUA – Estados Unidos da América IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística P&D – Pesquisa e Desenvolvimento PME´s – Pequenas e Médias Empresas CI – Capacidade de Inovação GC – Gestão do Conhecimento IC – Iniciativa de Corporação MEE – Modelagem de Equações Estruturais F1     –  Filtragem  1 F2     –  Filtragem  2 F3     –  Filtragem  3  AD1     –  Adições  1 AD2     –  Adições  2 AD3 –  Adições  3  CRM       –  Customer  Relationship  Management ERP       –  Enterprise  Resource  Planning CRI     –  Criação  do  Conhecimento ABS –  Absorção  do  Conhecimento APL     –  Aplicação  do  Conhecimento COM     –  Compartilhamento  do  Conhecimento    

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Importância atribuída aos problemas e obstáculos para inovar no Brasil – período 2009-2011......................................................................................

    16

    Figura 2: Estrutura da dissertação .......................................................................... 24 Figura 3: Espiral do conhecimento......................................................................... 35 Figura 4: Categorização da pesquisa ...................................................................... 46 Figura 5: Metodologia de desenvolvimento ........................................................... 47 Figura 6: Número de publicações acadêmicas por tema......................................... 48 Figura 7: Rede de autores sobre Inovação ............................................................. 52 Figura 8: Rede de autores sobre Gestão do Conhecimento ................................... 53 Figura 9: Modelo conceitual ................................................................................ 56 Figura 10: Distribuição das startups associadas ..................................................... 65 Figura 11: Relação entre os procedimentos metodológicos e o objetivo geral...... 66 Figura 12: Representação gráfica de um modelo de equação estrutural ................ 68 Figura 13: Etapas da MEE ..................................................................................... 69 Figura 14: Diagrama de caminhos da pesquisa ..................................................... 70 Figura 15: Modelo estrutural da pesquisa .............................................................. 71 Figura 16: Modelo de mensuração da pesquisa ..................................................... 72 Figura 17: Cálculo da amostra mínima .................................................................. 75 Figura 18: Modelo de mensuração no software SmartPLS .................................... 79 Figura 19: Modelo de mensuração após PLS Algorithm ....................................... 80 Figura 20: Modelo de mensuração ajustado .......................................................... 85 Figura 21: Hipóteses e seus coeficientes de regressão ........................................... 86

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Tipos de conhecimento........................................................................ 31 Quadro 2: Fontes de conhecimento...................................................................... 33 Quadro 3: Espaços de Ba...................................................................................... 35 Quadro 4: Condições capacitadoras para a criação do conhecimento.................. 37 Quadro 5: As startups e os modelos de negócios................................................. 41 Quadro 6: Tipos de startups.................................................................................. 42 Quadro 7: Indicadores da capacidade de inovação .............................................. 57 Quadro 8: Indicadores da criação do conhecimento ............................................ 57 Quadro 9: Indicadores da absorção do conhecimento ......................................... 58 Quadro 10: Indicadores da aplicação do conhecimento ...................................... 58 Quadro 11: Indicadores do compartilhamento do conhecimento ........................ 59 Quadro 12: Perguntas propostas para o questionário pelos especialistas............. 62 Quadro 13: Modificações sugeridas para o questionário pelas empresas ........... 63 Quadro 14: Índices estatísticos ............................................................................ 73 Quadro 15: Médias e desvios-padrão dos indicadores de capacidade de inovação ................................................................................................................

    90

    Quadro 16: Médias e desvios-padrão dos indicadores de criação do conhecimento ........................................................................................................

    91

    Quadro 17: Médias e desvios-padrão dos indicadores de absorção do conhecimento ........................................................................................................

    92

    Quadro 18: Médias e desvio padrões dos indicadores de aplicação do conhecimento ........................................................................................................

    93

    Quadro 19: Médias e desvio padrões dos indicadores de compartilhamento do conhecimento ........................................................................................................

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  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Periódicos com maior número de publicações por tema ..................... 49 Tabela 2: Filtragens das referências bibliográficas ............................................. 50 Tabela 3: Adições das referências bibliográficas ................................................ 51 Tabela 4: Comparativo de proporções entre a amostra e a população ................ 76 Tabela 5: Valores de Curtose e Assimetrias no SmartPLS .................................. 78 Tabela 6: Valores de qualidade de ajuste do modelo ........................................... 80 Tabela 7: Modelo de mensuração após PLS Algorithm .................................... 81 Tabela 8: Qualidade do modelo após a eliminação das variáveis ...................... 82 Tabela 9: Valores de cargas cruzadas ................................................................ 82 Tabela 10: Valores das correlações entre VL e raízes quadradas das AVEs ....... 83 Tabela 11: Valores das correlações entre VL corrigidos ..................................... 83 Tabela 12: Valores de VIFs ................................................................................. 84 Tabela 13: Valores de indicadores de Validade Preditiva e Tamanho do Efeito . 85 Tabela 14: Coeficientes de caminho no SmartPLS .............................................. 86 Tabela 15: Validação das hipóteses ..................................................................... 99

  • SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO  ......................................................................................  15  

    1.1   Contextualização  .................................................................................................................  15  1.2   Problema de pesquisa  .........................................................................................................  17  1.3   Objetivos do estudo  .............................................................................................................  20  

    1.3.1   Objetivo geral  ................................................................................................................................  20  1.3.2   Objetivos específicos  ...................................................................................................................  21  

    1.4   Relevância e justificativa  ...................................................................................................  21  1.5   Estrutura do trabalho  ........................................................................................................  23  

    CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA  ......................................................  25  2.1   Inovação  ................................................................................................................................  25  

    2.1.1 Barreiras para a inovação  ...............................................................................................................  27  2.1.2 Capacidade de inovação  .................................................................................................................  28  

    2.2 Gestão do conhecimento  ........................................................................................................  30  2.2.1   Criação do conhecimento  ...........................................................................................................  35  2.2.2 Absorção do conhecimento  ..........................................................................................................  38  2.2.3 Aplicação do conhecimento  .........................................................................................................  38  2.2.4 Compartilhamento do conhecimento  ........................................................................................  39  

    2.3   Startups  .................................................................................................................................  40  2.4   Modelagem de Equações Estruturais – MEE  ..............  Error!  Bookmark  not  defined.  2.5   Síntese do capítulo  ...............................................................................................................  42  

    CAPÍTULO 3 – MÉTODO DE PESQUISA  ...................................................................  44  3.1   Caracterização da pesquisa  ...............................................................................................  44  3.2   Metodologia de desenvolvimento  .....................................................................................  46  

    3.3.1 Seleção das referências bibliográficas  ......................................................................................  48  3.3.2 Formulação de hipóteses e modelo teórico  ..............................................................................  53  3.3.3 Definição de indicadores  ...............................................................................................................  56  3.3.4 Questionário  ......................................................................................................................................  59  3.3.5 Pré-teste do questionário  ...............................................................................................................  61  3.3.5 Definição da população  .................................................................................................................  63  3.3.6 Estratégia de Pesquisa  ....................................................................................................................  66  

    CAPÍTULO 4 – MODELAGEM DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS  ......................  67  4.1 A modelagem  ...........................................................................................................................  67  4.1   Modelo teórico e diagrama de caminhos  ........................................................................  70  4.2   Modelo estrutural e Modelo de mensuração  .................................................................  70  4.3   Estimação do modelo  ..........................................................................................................  72  4.4   Avaliação dos critérios de ajuste do modelo  ..................................................................  73  4.5   Adequação e Interpretação do modelo  ...........................................................................  74  

    CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO  .........................................................  75  5.1   Tamanho da amostra  ..........................................................................................................  75  5.2   Perfil dos respondentes  ......................................................................................................  76  5.3   Modelagem de Equações Estruturais - SmartPLS  .......................................................  77  5.4   Modelagem de Equações Estruturais - AMOS  ............  Error!  Bookmark  not  defined.  5.5   Comparativo Amos e SmartPLS  .....................................  Error!  Bookmark  not  defined.  5.6   Discussão  ...............................................................................................................................  86  

    CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS  ...............................................................  89  

    REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS  ..........................................................................  100  APÊNDICES  .......................................................................................................................  108  

    Apêndice A – Questionário de pesquisa (versão 1)  ..............................................................  108  Apêndice B – Questionário de pesquisa (versão 2)  ..............................................................  112  

  • Apêndice C – Questionário de pesquisa (versão 3)  ..............................................................  113  Apêndice D – Convite para a Entrevista (Especialistas)  ....................................................  108  Apêndice E – Carta de Apresentação  .....................................................................................  109  Apêndice F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido  .............................................  110  

  •  

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    CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

    1.1 Contextualização

    Com o advento das forças globais e da concorrência nos mais diversos

    mercados, as empresas estão tendo que se adaptar para sobreviver num ambiente cada

    vez mais dinâmico e desprotegido. Como alternativa de solução para esta adaptação

    surge a inovação, pois auxilia as organizações no processo de transformação de boas

    ideias em bons produtos e em maior criação de valor organizacional (AFFES; LOUATI;

    ZAIED, 2015).

    Estudos sobre inovação no Brasil, afirmam que 34% das empresas brasileiras

    estudadas determinaram a geração de novas ideias internas como prática fundamental

    para a sustentação de projetos inovadores. E 62% destas empresas consideraram a

    criação de espaços para o conhecimento/ inovação, e o desenvolvimento de uma cultura

    inovativa interna, como projetos imediatos para inovação (TADEU; SANTOS, 2015).

    Apesar do reconhecimento da importância da inovação e dos fatores que conduzem o

    processo de inovar, o Brasil não se destaca em diversos setores quanto ao

    desenvolvimento de novos produtos e/ou serviços (CALMANOVICI, 2011).

    Países sinônimos de inovação, como a Coréia do Sul e EUA, investem

    significativamente em evoluções tecnológicas, educação e capacitação profissional. Este

    é um caminho que o Brasil poderia reconhecer e investir, e estas ações podem partir não

    só dos órgãos governamentais como também da iniciativa privada. A inovação poderá

    elevar as riquezas do país e gerar melhorias significativas para a qualidade de vida da

    população.

    Na última Pesquisa de Inovação Tecnológica (IBGE, 2011) realizada no Brasil,

    as empresas destacaram quais os possíveis obstáculos enfrentados para inovar no país, e

    quantificaram o impacto de cada um destes fatores (Figura 1). Nota-se que entre os

    pontos identificados, estão: fraca resposta dos consumidores; dificuldade para se

    adequar a padrões; escassas possibilidades de cooperação; falta de informação sobre o

    mercado; falta de informação sobre tecnologia; falta de pessoal qualificado e rigidez

    organizacional. Tais fatores estão diretamente relacionados em como ocorre a gestão do

    conhecimento nestas empresas.

  •  

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    Figura 1: Importância atribuída aos problemas e obstáculos para inovar no Brasil – período 2009-2011.

    Fonte: IBGE, Pesquisa de Inovação, 2011.

    As organizações podem obter inspiração e orientação para seus projetos de

    inovação de diversas fontes de informação. As empresas podem desenvolver atividades

    que produzam novos conhecimentos (Pesquisa e Desenvolvimento - P&D) ou utilizar

    conhecimentos científicos e tecnológicos incorporados nas patentes, máquinas e

    equipamentos, artigos especializados, softwares, etc. A capacidade de inovar é

    influenciada pela habilidade de absorver e combinar tais informações. Logo, conhecer

    como funciona os processos da gestão do conhecimento: criação, absorção,

    compartilhamento e aplicação do conhecimento pode ser um importante indicador da

    capacidade de inovação das empresas (OLOGBO; NOR, 2015).

    A inovação gera mudanças de mercado, quebra dogmas e promove rupturas

    tecnológicas, as quais favorecem a criação de algumas empresas, como as startups,

    movidas por empreendedores que buscam oportunidades de negócios baseadas em

  •  

    17  

    inovação. Como estão em processo de inicialização, as startups são mais abertas para as

    possibilidades que a descontinuidade baseada na tecnologia pode criar. Estes novos

    entrantes podem utilizar estrategicamente sua base de conhecimento para explorar

    novas tecnologias e mercados ganhando espaços cada vez mais significativos

    (HYYTINEN; PAJARINEN; ROUVINEN, 2015).

    Estas empresas apresentam peculiaridades quanto ao crescimento e seu

    planejamento de escala. O objetivo deste tipo de negócio é crescer o mais rápido

    possível, com produtos ou serviços reproduzíveis e escaláveis. Porém, esta nova

    empresa nem sempre consegue sobreviver, apesar de apresentarem produtos utilitários e

    criativos.

    1.2 Problema de pesquisa

    (PADRÃO; ANDREASSI, 2013) No Brasil, em menos de 4 anos pelo menos 50% das startups morrem

    (ARRUDA et al., 2013). Isto se dá por diversos fatores, entre eles ausência de

    infraestrutura, dificuldades para obtenção de recursos financeiros, barreiras

    mercadológicas, riscos elevados e carência de informações vitais para o negócio

    (SAMUELSSON; DAVIDSSON, 2005).

    Normalmente, uma startup inicia suas atividades com 3 a 4 sócios, todos da

    mesma área, muitas vezes sem know-how para marketing e negócios, ocasionado pelo

    deficit na variedade de conhecimento. Isto gera uma má formação da equipe e

    inviabiliza o sucesso dos novos produtos e serviços desenvolvidos no mercado. Afinal,

    o processo de desenvolvimento de produtos representa 52% das atividades de pesquisa e

    desenvolvimento das startups (PADRÃO; ANDREASSI, 2013).

    A busca pela inovação é uma característica fundamental no perfil de pessoas

    criativas, de modo que empresas inovadoras podem ser vistas como uma organização

    baseada em capital intelectual e gestão do conhecimento. O conhecimento desempenha

    papel estratégico no desenvolvimento econômico e social, de modo que o processo de

    gerenciamento e compartilhamento devem apresentar-se eficientemente nas

    organizações (HÖLZL; JANGER, 2014).

    Em teoria, as empresas de base tecnológica teriam maior adaptabilidade a esta

    nova era pautada no conhecimento, pois a tecnologia permite-nos transitar por meio de

    informações mais complexas. Estas empresas podem se beneficiar mais da inovação

    porque têm rotinas menos rígidas, maior adaptabilidade à mudança e empreendedorismo

  •  

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    alerta. Ao utilizar suas capacidades de promover inovação poderão impulsionar

    empregos, crescimento e dinâmica econômica (OLONGBO; NOR, 2015). No entanto,

    por serem mais jovens, necessitam romper barreiras de mercado, conquistar novos

    clientes, ter custos de produção competitivos, e apresentar diferencial perante as

    empresas já consolidadas no mercado (KÖR; MADEN, 2013).

    Por apresentarem características distintas das demais empresas, o entendimento

    de como funciona o processo de gestão do conhecimento em prol da capacidade

    inovativa nas startups brasileiras é de fundamental importância para o mercado

    nacional. O fracasso destas novas empresas é prejudicial para o país, uma vez que

    empresas jovens e voltadas para a inovação apresentam potencial para impulsionar a

    economia.

    Ao conhecer o contexto nacional e ter ciência que a inovação corrobora para a

    sobrevivência das empresas, e ainda que a gestão do conhecimento auxilia os processos

    de inovação, surge uma questão central sem respostas na literatura: Como os processos

    da gestão do conhecimento são capazes de aprimorar a capacidade inovativa das

    startups brasileiras?

    A literatura reconhece o valor do conhecimento a partir de diferentes fontes para

    o processo de inovação. Foss et al. (2010) enfatizam a importância de conhecer os

    clientes como fonte de conhecimento que afeta diretamente a capacidade de inovação.

    Chesbrough (2011) sugere o uso de redes com fontes internas e externas para

    desenvolver o conhecimento e aprimorar os processos inovativos. E a co-criação de

    novos produtos ou serviços por interpolação dos conhecimentos empresariais e seus

    clientes tem sido cada vez mais presente nas empresas de sucesso (CABIDDU; LUI;

    PICCOLI, 2013). (FOSS; HUSTED; MICHAILOVA, 2010)

    Em geral, a análise da relação entre a gestão do conhecimento e os processos de

    inovação é realizada qualitativamente na literatura, mediante observações e

    questionários abertos (TSAI, 2001; LIAO et al., 2009; OLONGO; NOR, 2015). Apesar

    destas análises inferirem sobre possíveis fatores que afetam esta relação, elas não

    trazem contribuições quanto a intensidade de correlação entre estes fatores. Com base

    nisso, alguns autores têm empregado técnicas quantitativas para mensurar estas

    relações. Entre as técnicas aplicadas tem-se análise fatorial (GRAY, 2006; YOO;

    SAWYER; TAN, 2015) e equações estruturais (DARROCH, 2005).

    Vários modelos teóricos foram propostos e testados ao longo dos anos, fazendo

    evoluir o conhecimento sobre a capacidade de inovação. De Avlonitis, Kouremenos e

  •  

    19  

    Tzokas (1994) até Crossan e Apaydin (2010), os modelos vêm sucessivamente

    confirmando fatores identificados, incorporando outros, classificando-os de forma mais

    precisa. Entretanto, ainda não se encontra na literatura um modelo teórico sobre os

    quatro elementos da gestão do conhecimento (criação, absorção, aplicação e

    compartilhamento) que tenha sido validado através de um instrumental estatístico

    aplicado em empresas reais. Assim, no presente trabalho as hipóteses de pesquisa a

    serem testadas serão:

    H1: A criação do conhecimento tem influencia positiva para a capacidade de

    inovação nas startups brasileiras;

    H2: A absorção do conhecimento tem influencia positiva para a capacidade de

    inovação nas startups brasileiras;

    H3: O aplicação do conhecimento tem influencia positiva para a capacidade de

    inovação nas startups brasileiras;

    H4: O compartilhamento do conhecimento tem influencia positiva para a

    capacidade de inovação nas startups brasileiras; (AVLONITIS; KOUREMENO AS; TZOKAS, 1994; CROSSAN; APAYDIN, 2010) Estas hipóteses serão apresentadas com maior detalhamento no Capítulo 3. O

    presente trabalho dará continuidade aos estudos desta temática através de uma

    abordagem quali-quantitativa, pois baseará na literatura a construção de um modelo

    teórico pautado na relação foco de estudo, e validará quantitativamente este modelo

    através da modelagem de equações estruturais, possibilitada pela aplicação de uma

    survey nas empresas. (ARRUDA et al., 2013) Este trabalho é inovador em virtude da pretensão de analisar a relação da gestão

    do conhecimento e a capacidade inovativa especificamente no universo das startups

    brasileiras, tendo em vista que a literatura carece de informações sobre as peculiaridades

    deste setor, e não há um modelo de gestão de conhecimento estruturado que auxilie

    estas empresas durante seu processo de inovação.

    A pesquisa será aplicada em startups cadastradas no banco de dados da

    Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que no período inicial da coleta de

    dados (junho/2016) apresenta o maior cadastro (3196 startups) deste tipo de empresas

    no país. As empresas cadastradas estão espalhadas nos 26 estados brasileiros mais

    distrito federal, e encontram-se categorizadas por modelos de negócios (B2B, B2C,

    C2C, Assinaturas, Marketplace, Publicidade, Social, ou outros).

  •  

    20  

    A coleta de dados se dará por questionários fechados enviados por e-mail, os

    quais serão formulados a partir do modelo teórico. Este modelo será desenvolvido

    mediante uma pesquisa bibliográfica. As perguntas do questionário visam mensurar o

    grau de importância considerado pelo gestor de cada empresa para cada um dos fatores

    envolvidos. As respostas obtidas possibilitarão a aplicação da modelagem de equações

    estruturais, com o auxílio do software SmartPLS 2.0, e que viabilizará a obtenção das

    melhores correlações existentes entre cada fator.

    O estudo pretende contribuir com esse mercado de novas empresas, que

    desempenha e promove atividades inovativas no contexto nacional, ao oferecer subsídio

    teórico que permita mais segurança nas tomadas de decisões referentes a gestão do

    conhecimento e inovação no âmbito organizacional. Tal subsídio terá validação

    quantitativa mediante aplicação de um instrumental estatístico desenvolvido em uma

    amostra de abrangência nacional.

    Ao auxiliar no desenvolvimento das capacidades inovativas das startups

    brasileiras, a sociedade poderá ser beneficiada com a introdução de novos produtos e

    serviços com preços mais acessíveis, que promovam a qualidade de vida e garantam

    maior satisfação ao usuário. Informações que contribuam para o entendimento do

    processo inovativo, assim como de novas condições institucionais que exerçam

    influência sobre ele, são significantes para o dimensionamento, implementação e

    avaliação de políticas públicas e estratégias privadas; e ainda contribuem para a

    evolução do conhecimento acadêmico na área.

    1.3 Objetivos do estudo

    1.3.1 Objetivo geral

    As peculiaridades das startups brasileiras, as altas taxas de mortalidades destas

    empresas, a necessidade de potencializar a capacidade inovativa do país, a importância

    estratégica da gestão do conhecimento para a inovação, são fatores que sinalizam a

    necessidade da construção de um instrumental que auxilie estas jovens empresas na

    busca por inovação.

    Para preencher esta lacuna, o objetivo deste trabalho é desenvolver e validar um

    modelo estrutural que demonstre o inter-relacionamento dos processos chaves da

    gestão do conhecimento como determinantes da capacidade de inovação das startups

    brasileiras. Desta forma, busca-se auxiliar na tomada de decisão destas empresas e suas

    respectivas partes interessadas.

  •  

    21  

    1.3.2 Objetivos específicos

    O desdobramento do objetivo geral se dá por intermédio dos seguintes objetivos

    específicos:

    • Verificar a atual situação da gestão do conhecimento das startups no âmbito

    nacional;

    • Identificar quais dos processos chaves da gestão do conhecimento (criação,

    absorção, aplicação e compartilhamento) que influenciam a capacidade de

    inovação nestas organizações;

    • Mensurar o impacto destes processos para a capacidade de inovação das

    startups, e suas correlações através da Modelagem de Equações Estruturais;

    1.4 Relevância e justificativa

    O Brasil necessita sobressair seu potencial econômico e inovativo frente a

    competitividade no mercado mundial. O advento das startups potencializa esta atuação

    devido a capacidade destas empresas em se moldarem as mudanças de mercado, e

    gerarem inovações perante as rupturas tecnológicas. O conhecimento é a essência do

    processo de inovação, mas apesar destas empresas terem como base a inovação, elas

    enfrentam barreiras relacionadas ao processo de gestão do conhecimento, e tal fator

    contribui para as elevadas taxas de mortalidades diagnosticadas no país. Este cenário

    justifica a escolha deste tema como objeto de pesquisa.

    Esta temática confirma seu valor em virtude de serem discutidas, em âmbito

    federal, várias medidas que possam auxiliar a geração de inovações no país. A Lei da

    Inovação (10.973/2004) e a Lei do Bem (11.196/2005) proporcionaram um novo

    ambiente favorável à inovação, surgiram possibilidades antes inexistentes, como a

    fruição automática dos incentivos fiscais e a subvenção econômica direta às empresas.

    As transformações das políticas de ciência, tecnologia e inovação que vem

    sendo desenvolvidas no país, precisam acompanhar as reformulações no âmbito global.

    Para isso, pretende-se desenvolver um quadro analítico do contexto atual da gestão de

    conhecimento nas startups brasileiras para se constatar quais são os pontos fortes e

    fracos nesta área nas empresas, de modo a alinhar com o contexto global, resultando

    numa gama de propostas de melhorias, bem como o desenvolvimento de um modelo a

    ser adotado por estas instituições.

  •  

    22  

    Justifica-se a escolha do método de pesquisa, pela necessidade de validação dos

    modelos teóricos existentes na literatura que relacionam a gestão do conhecimento com

    a capacidade de inovação (TSAI, 2001; LIAO et al., 2007; OLONGO; NOR, 2015)

    mediante uma técnica quantitativa, como a modelagem de equações estruturais. O

    modelo estrutural define como variáveis exógenas (observáveis) influenciam a variável

    endógena ou dependente (não observável, de difícil medição). Esta modelagem será

    desenvolvida com o auxílio do software SmartPLS.

    No âmbito econômico, espera-se propor uma modificação das políticas e

    processos adotados nas empresas, ao construir uma base consensual sobre as definições

    e princípios da gestão do conhecimento, bem como dos fatores primordiais para o seu

    desenvolvimento. E que com isso, possibilite-se a criação de um ambiente econômico,

    social e institucional favorável para investimentos em projetos inovadores no país. Na

    falta deste ambiente, o meio empresarial se intimida quanto o desenvolvimento de

    projetos tecnológicos mais ambiciosos.

    O estudo também contribui no âmbito social, uma vez que visa estimular a

    capacidade inovativa nas startups, as quais são capaz de gerar riqueza e competitividade

    para o país, e possibilitam a produção e comercialização de novos bens e serviços para a

    sociedade. As empresas que apresentam habilidade em desenvolver e oferecer produtos

    e serviços inovadores e competitivos utilizando seu conhecimento e experiência interna,

    e que também saibam como buscar, recuperar e valorizar conhecimentos externos,

    transformando-os em tecnologias com retorno para a sociedade, são os elementos

    fundamentais para a construção de trajetórias sustentáveis para a inovação.

    No âmbito acadêmico, almeja-se que este projeto auxilie na compreensão dos

    principais desafios estratégicos que deverão ser enfrentados pela startups brasileiras nos

    campos da gestão do conhecimento e inovação nos próximos anos. Apesar do impacto

    econômico causado pelas startups, pela geração de empregos e pela geração de

    descontinuidades tecnológicas, e do fato de sua sobrevivência depender diretamente do

    conhecimento que ela gera, existem poucos estudos sobre a gestão do conhecimento em

    startups. Ainda há traços peculiares e pouco explorados que exigem estudos e reflexões

    capazes de aperfeiçoar o conhecimento sobre este novo universo no panorama nacional.

  •  

    23  

    1.5 Estrutura do trabalho

    Esta dissertação encontra-se estruturada em cinco capítulos unidos com os

    apêndices de pesquisa, com o intuito de gerar maior clareza para as discussões

    abordadas e fornecer subsídios para responder os objetivos de pesquisa.

    O capítulo 1 – Introdução - delimita os temas a serem abordados no estudo

    como sendo uma união dos temas: Inovação, Gestão do conhecimento, Startups e

    Modelagem de Equações Estruturais. Com a contraposição destas temáticas, surge o

    problema de pesquisa, e consequentemente os objetivos geral e específicos do estudo. A

    relevância e justificativa de escolha dos temas também são apresentadas neste capítulo.

    O capítulo 2 – Fundamentação teórica - aborda as bases teóricas fundamentais

    para o estudo. Em um primeiro momento, explora a temática sobre inovação, expondo a

    evolução das definições do termo “inovação”, tipologias, barreiras de implementação, e

    fatores que afetam a capacidade de inovação das organizações.

    A Gestão do Conhecimento também é apresentada, conceitos, tipologias e o

    detalhamento dos processos da gestão do conhecimento (criação, absorção, aplicação e

    compartilhamento) são debatidos neste capítulo. E por fim, são apresentadas as startups,

    tipo de empresa em que será aplicado a pesquisa, suas características e segmentações;

    bem como alguns conceitos básicos sobre o principal método a ser aplicado, a

    Modelagem de Equações Estruturais.

    O capítulo 3 – Método da pesquisa - destaca os procedimentos metodológicos

    utilizados, desde a seleção das referencias utilizadas no capítulo anterior até a coleta e

    tratamento dos dados. São definidas as hipóteses de pesquisa, a formulação do modelo

    teórico e as variáveis a serem investigadas, os critérios de escolha dos métodos,

    instrumento de coleta de dados, definição da população e amostra, e como será o

    processo de validação do modelo.

    O capítulo 4 – Modelagem de Equações Estruturais – descreve como será

    desenvolvida a aplicação do método, etapa por etapa, e o desenvolvimento do

    tratamento dos dados para avaliar a influência da gestão do conhecimento na capacidade

    de inovação das startups brasileiras.

    O capítulo 5 – Resultados e Discussões – traz a aplicação da Modelagem de

    Equações Estruturais em dados oriundos do questionário aplicados às startups

    brasileiras. Para a construção e análise do modelo foi utilizado o software SmartPLS.

  •  

    24  

    O capítulo 6 - Considerações Finais – encerra esta dissertação apresentando as

    considerações finais do autor, as limitações da pesquisa, e propostas para possíveis

    trabalhos futuros.

    A Figura 2 expressa a estrutura de capítulos adotada nesta dissertação.

    Figura 2: Estrutura da dissertação

    Fonte: Elaborado pela autora

  •  

    25  

    CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    Este capítulo aborda resgates teóricos indispensáveis em face dos objetivos

    propostos nesta dissertação. A fundamentação teórica, proposta nesta dissertação,

    contempla a discussão dos temas: Inovação, Gestão do conhecimento e Startups.

    A inovação surge como um dos temas centrais desta dissertação devido sua

    importância no contexto nacional e global para as empresas que necessitam se

    sobressair em um mercado competitivo. Apesar da forte economia, o Brasil não se

    destaca quanto suas inovações, e as startups são empresas que podem ser capazes de

    mudar esta realidade.

    Com boas e novas ideias, os empreendedores destas empresas entram no

    mercado, muitas vezes desprovidos de informações e conhecimentos necessários para

    obter uma boa eficiência. O índice de mortalidade destas empresas são altos, de modo

    que se faz objetivo central desta pesquisa tentar demonstrar pelo método da Modelagem

    de Equações Estruturais se a Gestão do Conhecimento pode influenciar a capacidade de

    inovação das startups brasileiras. E neste capítulo, discussões de importantes autores de

    cada um dos temas são apresentadas e interpretadas.

    2.1 Inovação

    As definições de inovação são abundantes na literatura, cada uma enfatizando

    um aspecto diferente do termo. Em uma das suas primeiras definições, a inovação

    reflete uma nova saída; um novo bem ou uma nova qualidade de um bem; nova

    estrutura organizacional; novo modo de produção; novo mercado; nova fonte de

    abastecimento (SCHUMPETER, 1934). É importante diferenciar inovação de uma

    invenção, afinal a inovação fornece valor econômico e este é difundido a outras partes

    para além dos descobridores. Ou seja, uma invenção não se torna uma inovação até que

    tenha sido processada através de atividades de produção e marketing e seja difundida no

    mercado (NELSON; WINTER, 1982).

    Este processo de inovação é refletido pela adoção de novas ideias por pessoas

    que trabalham envolvidas em transações com outras pessoas dentro do contexto

    organizacional (VAN DE VEN, 1986). Logo, este deve envolver a busca,

    experimentação, descoberta, imitação, desenvolvimento e adoção de novos produtos,

    novos processos produtivos e novas configurações organizacionais (DOSI, 1988). As

  •  

    26  

    descontinuidades promovidas pela inovação acabam por gerar desenvolvimento

    econômico. Afinal, quando organizações de determinado sistema social conseguem

    desenvolver um conjunto de soluções tecnológicas, desencadeiam uma nova dinâmica

    de desenvolvimento que perpassa todo sistema (MALERBA, 1992).

    Segundo a literatura, a inovação aumenta o poder de mercado das

    empresas (SCHUMPETER, 1934), melhora a capacidade de escapar da

    competição e reduz os custos de produção (PORTER, 1980). E a visão prevalecente na

    literatura empírica também infere esta associação positiva (COLOMBELI et al., 2013).

    Diferentes aspectos das inovações já foram pesquisados, como o grau de

    novidade, custos, capacidade de adaptação, complexidade, área de impacto, e outros.

    Estes estudos fazem referência, principalmente, aos resultados que se pode obter com o

    desenvolvimento de uma inovação. Porém, ainda pouco se fala dos fatores que

    contribuem para as empresas serem capazes de inovar.

    As classificações para as inovações são diversas, entre as principais temos:

    produto ou processo; radical ou incremental; técnico ou administrativo (CHANG;

    CHENG, 2004). As inovações que envolver os processos de gestão e estruturas de

    trabalho são definidas como administrativas, enquanto que as atreladas aos produtos,

    serviços e tecnologias são as inovações técnicas. As inovações de produto são

    relacionadas a novos produtos ou serviços que visam satisfazer os usuários, enquanto as

    inovações de processo são novos elementos em operações. Inovações radicais são

    definidos como práticas que são descontínuos de ideias e comportamentos adotados pela

    organização anteriormente, e inovações incrementais representam as inovações que

    emergem de mudanças graduais (UZKURT et al., 2013). (UZKURT et al., 2013)

    De maneira geral, a inovação permite que as organizações se adaptem às

    mudanças econômicas, tecnológicas, legislativas e sociais, o que pode favorecer a

    diferenciação da empresa em relação aos seus competidores (GARCIA; CALANTONE,

    2002). Estas inovações devem apresentar algum grau de novidade e impacto sobre a

    vida dos agentes em contato com ela, e permitir reduzir custos de operação, melhorar a

    atividade e a produtividade do trabalho (OECD, 2005).

    A qualidade de uma inovação depende da qualidade das ideias que estão na

    origem da inovação. Logo, a criatividade juntamente com o conhecimento tácito atuam

    como catalisadores para ampliar os horizontes e quebrar paradigmas estabelecidos, ou

    seja, estes elementos sustentam a inovação (CALLE; SILVA, 2008).

  •  

    27  

    Nos dias atuais, a inovação é um componente crítico para o sucesso das

    empresas, afinal os novos produtos e serviços resultantes da interação de conhecimento

    e tecnologia trazem mudanças profundas na forma como as empresas operam e

    concorrem nesta nova era (ALLAMEH; ABBAS, 2010). A aplicação de tecnologias

    resulta em melhor uso dos recursos produtivos e na transformação de novas ideias em

    soluções econômicas que constituirão a base para vantagens competitivas sustentáveis

    para as empresas (ZUNIGA; CRESPI, 2013).

    A relação das organizações com a inovação pode ser analisada sob diferentes

    óticas. As empresas podem ser uma inovação ou um instrumento pelo qual a inovação

    existe, podem ser usuárias ou criadoras de inovações, e podem ser simultaneamente

    usuárias e criadoras (TEIXEIRA, 2015). Esta capacidade de inovar pode ser essencial

    para o aumento da competitividade e performance econômica superior para as empresas

    na economia atual. É um elemento chave na estratégia para gerar vantagens

    competitivas em ambientes turbulentos.

    2.1.1 Barreiras para a inovação

    Durante a geração de uma inovação, as empresas podem encontrar diferentes

    barreiras, definidas como os possíveis obstáculos identificados pelos altos gestores das

    empresas (HADJIMANOLIS, 1999). Legislações coibentes; burocracias exacerbadas;

    cultura empresarial; informações sobre ciência, tecnologia e patente e padrões e normas

    são possíveis origens para os obstáculos mencionados (PIATER, 1984).

    Isto adverte que o processo de desenvolvimento de uma inovação exige

    esforços extraordinários, motivação e a aceitação de riscos para prosseguir (TIDD,

    1997). A identificação das barreiras relativas a inovação é importante diante do

    pressuposto de que identificadas as barreiras, é possível compreender os seus efeitos e

    traçar ações para que essas sejam eliminadas. Isto fornece a organização um ambiente

    mais propício para a inovação. (HADJIMANOLIS, 1999; MADRID-GUIJARRO;

    GARCIA; VAN AUKEN, 2009).

    As barreiras podem ser classificadas de diversas formas, dentre as

    classificações utilizadas a mais usual diferencia as barreiras entre internas (endógenas) e

    externas (exógenas) (PIATER, 1984). Dificuldades quanto aos recursos financeiros e

    seleção dos recursos humanos são exemplos comuns de barreiras internas; enquanto que

    todos os fatores relacionados ao ambiente em que a empresa está inserida, como

  •  

    28  

    informações de mercado, são exemplos de barreiras exógenas (MADRID-GUIJARRO;

    GARCIA; VAN AUKEN, 2009)

    A percepção das barreiras para inovação está associado ao comportamento

    inovador de cada empresa (MOHNEN; ROSA, 2002). As empresas inovadoras

    enfrentam problemas, e as empresas mais inovadoras têm mais problemas ainda. Isto

    pode ser explicado pelo fato de que a inovação envolve um processo de aprendizagem

    (GALIA, LEGROS, 2004).

    Falta de conhecimento caracteriza-se como principal barreira para inovação em

    empresas de serviços e novos conhecimentos são fundamentais no desenvolvimento de

    ideias inovadoras para novos produtos e processos. A ausência de controle da

    informação impede a sinergia entre os colaboradores da empresa, bem como da relação

    com o ambiente externo (TSAI, 2011).

    A colaboração permite as pequenas empresas convergirem seu conhecimento

    dos recursos internos mais eficientemente e combinar esses recursos com seus parceiros

    de colaboração. Essa característica das PME´s fornece flexibilidade e capacidade de

    adaptação à mudança, as pequenas empresas podem ter uma facilidade especial para

    inovar através da colaboração com outras empresas. É visto no contexto de inovação em

    PMEs que a medida que a colaboração ganha força, a interação entre os elos no

    processo inovativo poderá ser a fonte para superar diversas barreiras mais à frente.

    2.1.2 Capacidade de inovação

    Custo baixo, qualidade dos produtos, flexibilidade organizacional se revezaram

    como fatores-chave no dia-a-dia das organizações nas últimas décadas. Atualmente, está

    a frente quem consegue transformar o seu mercado de atuação. Logo, a vantagem

    competitiva das empresas está diretamente relacionada à capacidade de inovação (CI), o

    qual é o indicador mais importante do desempenho organizacional (MONE et al., 1998).

    A CI foi inicialmente descrita como conceito na década de 1960, como sendo a

    habilidade da organização em adotar ou produzir ideia, processos ou produtos com

    sucesso (HURLEY; HULT, 1998). Gebert et al (2003) propõe uma definição ligada a

    criatividade da empresa, de modo que a CI seria a capacidade da empresa de utilizar

    todos os seus recursos criativos ao máximo. Enquanto que Wang e Ahmed (2004)

    buscam a relacionar com orientações estratégicas aliadas a um processo e

    comportamento inovador.

  •  

    29  

    Apesar das diversas tentativas de definir o termo, até hoje não existe um

    consenso para a definição de capacidade de inovação (FACÓ, 2009). Devido a

    infinidade de definições possíveis, neste trabalho é adotada a de Valladares (2012, p.

    18), “capacidade de inovação é força ou a proficiência de um conjunto de práticas

    organizacionais para a melhoria ou desenvolvimento de novos produtos/ processos”.

    As capacidades de inovação residem em alavancas de gestão que permitem a

    inovação, são elas: estratégia, infraestrutura, alocação de recursos, gestão do

    conhecimento e cultura organizacional (MUMFORD et al., 2002). Além disso, o

    conhecimento é um recurso intangível, de difícil imitação e reconhecido como um

    aspecto essencial para a sobrevivência e sucesso organizacional (WEERAWARDENA;

    MAVONDO, 2011).

    Existem três dimensões que possibilitam a análise da capacidade de inovação

    organizacional, são elas: estímulo/ recompensa para inovar, condições do ambiente que

    proporcionam e facilitam o surgimento de novidades; geração e seleção de ideias,

    processo de desenvolvimento de algo novo; aproveitamento/ implementação de ideias,

    processo de implementação de novidades (FACÓ, 2009).

    Esta busca por inovações traz desafios e dilemas às organizações

    (CHRISTENSEN, 2001), como por exemplo: Onde, quando e como inovar? Quanto

    investir? Quando desistir de uma invenção? Estas incertezas são diversas, logo várias

    propostas de soluções já foram lançadas no decorrer do tempo na literatura. Estudos

    sobre as fontes de inovação, difusão de inovações e até análise do processo de inovação

    nas empresas já foram abordados.

    Entretanto, pouco foi discutido sobre as características que envolvem a

    capacidade de inovar de uma organização particularmente em relação a disponibilidade

    de recursos internos (FACÓ, 2009), sendo o foco desta pesquisa os elementos da gestão

    do conhecimento. Afinal, a inovação pode surgir a partir de qualquer uma das

    capacidades complementares das organizações, são elas: capacidade tecnológica,

    capacidade de operação, capacidade de gestão e capacidade de transação. Logo, o

    diferencial se encontra no tipo de conhecimento que cada empresa possui, e que

    supostamente pode ser traduzido em uma tecnologia que tem valor no mercado

    (ZAWISLAK et al., 2012).

  •  

    30  

    2.2 Gestão do conhecimento

    Questões relacionadas a natureza e as formas de acesso do conhecimento são tão

    antigas quanto a própria filosofia. Formalmente, este assunto foi abordado pela primeira

    vez por Platão em Theaetetus. Neste famoso diálogo, são apresentados conceitos como:

    conhecimento por contato – conhecer; conhecimento por aptidões – saber fazer as

    coisas, e conhecimento proposicional – saber algo (BOSTOCK, 1991).

    O aprendizado, as informações e experiências acumuladas pelo ser humano

    definem sua forma de proceder e interagir com o externo. O conhecimento está em

    qualquer ação humana, pois resulta da cognição entre estímulos novos e estímulos já

    absorvidos (NONAKA; TAKEUCHI, 1995).

    Kogut e Zander (1992) expressam o conhecimento composto por duas partes:

    informação e know-how. A informação seria o conhecimento que pode ser transmitido

    sem a perda de integridade, dado que as regras sintáticas requeridas para decifrá-lo são

    conhecidas. Enquanto que o know-how seria a habilidade acumulada que permite a

    alguém fazer algo de maneira fácil e eficiente, ou seja deve ser aprendido e adquirido.

    Nonaka e Takeuchi (1997) distinguem outros dois tipos de conhecimento: tácito

    e explícito. O explícito, ou codificado, diz respeito ao conhecimento que é transmissível

    em linguagem formal, sistemática, ao passo que o tácito possui uma qualidade pessoal.

    Este conhecimento é profundamente ligado a ação, comprometimento e envolvimento

    em contexto específico. O conhecimento tácito, por sua vez, é pessoal, envolve corpo e

    mente, e, portanto, é difícil de formalizar. Este conhecimento forma a base necessária

    para definir a estrutura para desenvolver e interpretar o conhecimento explícito

    (NONAKA, 1994).

    Grant (1996) realiza esta diferenciação entre “saber como” e “saber sobre”, a

    qual é observada como uma distinção entre o conhecimento subjetivo e objetivo,

    implícito ou tácito e explícito, pessoal e preposicional, procedural e declarativo. Há

    ainda uma extensão desta classificação, apresentada por Choo (1998), a qual adiciona

    mais uma categoria ao conhecimento, a cultural. As estruturas cognitivas e afetivas que

    são habitualmente usadas para perceber, explicar, avaliar e construir a realidade pelas

    pessoas é o chamado conhecimento cultural. É ele que determina o valor e a

    significância para novas informações.

    Teece (1998) sugere mais adições, ao definir as classificações de observável e

    não observável, positivo e negativo, autônomo e sistemático. O nível de observável do

  •  

    31  

    conhecimento é definido pelo quanto se sabe sobre o mesmo. O resultado da inovação

    determina se o conhecimento é positivo (sucesso) ou negativo (fracasso). E o

    conhecimento que agrega valor sem modificações radicais dos sistemas é o

    conhecimento autônomo, enquanto que o sistemático requer modificações em sub

    unidades do sistema.

    O quadro 1 esquematiza os principais tipos de conhecimento encontrados na

    literatura.

    Tipos de conhecimento

    Definições Autores

    Tácito Conhecimento enraizado nas ações, experiência e envolvimento em um

    contexto específico • Nonaka (1994) • Grant (1996) • Nonaka e Takeuchi

    (1997) • Teece (1998)

    Cognitivo Modelos mentais

    Técnico “Saber como” aplicável a um trabalho

    específico Explícito Conhecimento articulado e generalizado

    Cultural Crenças, normas e valores utilizados para

    construção da realidade • Choo (1998)

    Declarativo Saber sobre • Kogut e Zander (1994)

    • Grant (1996) Procedural Saber como

    Observável Conhecimento das tecnologias disponível

    publicamente

    • Teece (1998)

    Não observável Conhecimento difícil de ser copiado Positivo Conhecimento resultante de um sucesso Negativo Conhecimento resultante de um fracasso

    Autônomo Conhecimento que agrega valor sem

    modificações radicais

    Sistemático Conhecimento que agrega valor mudando

    outros subsistemas adjacentes Quadro 1: Tipos de conhecimento

    Fonte: Adaptado de Teece (1998)

    A necessidade de integrar e coordenar pessoas e conhecimentos para finalidades

    produtivas é o que justifica a existência de uma empresa. Dentro das empresas, grupos

    de indivíduos geram conhecimento coletivo mais do que o conhecimento individual. O

    conhecimento organizacional é um tipo de recurso intangível, o qual não pode ser

    negociado ou facilmente replicado por concorrentes, na medida em que estão

    fortemente enraizados na história e na cultura da organização (SCHOEMAKER; AMIT,

    1997).

  •  

    32  

    O aprendizado ocorrido nas organizações é a raiz do desenvolvimento

    econômico, por intermédio de processos contínuos de aquisição e geração de

    conhecimento, que proporcionam diversas trajetórias de mudança incremental. As

    empresas aprendem de diferentes maneiras, e essas maneiras produzem aumentos no

    estoque de conhecimento e em suas capacitações tecnológicas, o que gera uma série de

    novas trajetórias de avanço tecnológico, e não simplesmente de trajetórias que

    viabilizem reduções de custo (MALERBA, 1992).

    O fator de produção decisivo não é mais nem o capital nem o trabalho, mas o

    conhecimento. Isto sugere que a vantagem competitiva deixou de ser obtida por meio da

    localização, acesso à mão de obra barata e capitais financeiros, e passou a ser inovação,

    conhecimento e informação. O conhecimento gerado pela tecnologia esta se tornando

    cada vez mais uma fonte de vantagem competitiva sustentável. Isto se deve por este

    conhecimento ser complexo, difícil de articular, e está enraizado nas interações sociais

    particulares do grupo (DRUCKER, 1994).

    Entretanto, a vantagem competitiva alcançada através do conhecimento tem uma

    vida útil abreviada devido a mobilidade humana e a equifinalidade de conhecimentos

    diferentes, que induz a homogeneidade do conhecimento entre organizações

    concorrentes. Logo, a organização deverá ter pessoal capacitado quantitativamente e

    qualitativamente suficientes para dar suporte a essa busca pelo futuro.

    As empresas podem interagir com diversas fontes de conhecimento oriundas dos

    ambientes interno e externo. As fontes internas estão dentro da empresa e são por ela

    controladas, podem estar nas mentes das pessoas, incrustadas em comportamentos ou

    procedimentos e documentos. As fontes externas são representadas por parceiros,

    concorrentes, clientes, governo ou universidade. (PARIKH, 2001). No quadro 2, são

    listados algumas das principais fontes de conhecimento empresarial.

  •  

    33  

    Quadro 2: Fontes de conhecimento

    Fonte: Adaptado de Parikh (2001)

    Se as organizações visam a maximização de benefícios, os quais podem ser

    derivados do eficaz gerenciamento de seu conhecimento, é pertinente que essas

    empresas capitalizem investimentos no desenvolvimento de sistemas de gestão de

    conhecimento (HUANG; LI, 2009). Afinal, esta gestão aumenta o engajamento na

    inovação através da geração, absorção, aplicação e compartilhamento de novas ideias e

    exploração da força de pensamento da organização. Dito de outra forma, aumenta a

    Tipo de conhecimento

    Fonte interna Fonte externa

    Tácito

    • Experiência acumulada • Insights/ intuição • Formação acadêmica • Formação cultural • Relações intra-organizacionais • Regras não escritas • Histórias e estórias • Especialistas/ Pesquisadores

    • Especialistas e consultores do

    mercado • Melhores práticas do mercado • Relações inter-organizacionais • Consumidores • Pesquisadores acadêmicos • Outras instituições de pesquisa • Conferências

    Explícito

    • Bancos de dados da empresa • Sistemas de informação • Procedimentos padrão de

    operação • Minutas de discussões • Projetos e protótipos • Manuais de produto • Patentes próprias

    • Publicações de negócios • Bandos de dados externos • Matrizes de benchmark • Patentes de terceiros • Manuais e produtos de

    concorrentes • Artigos acadêmicos • Manuais e especificações de

    projeto • Padrões de operação • Guias regulatórios • Engenharia reversa • Relatórios técnicos • Internet

  •  

    34  

    adoção e implementação de inovações, aumentando a capacidade de inovação

    organizacional (KÖR; MADEN, 2013).

    Ao contrário dos recursos físicos, que são consumidos pelo uso ou com ele se

    deterioram, muitas formas de capital intelectual se aperfeiçoam à medida que são

    utilizadas. Os sistemas de gestão de conhecimento são estabelecidos com o objetivo de

    compartilhar ou criar novas informações, as quais sejam melhores e mais completas à

    medida que mais grupos se juntam e as utilizam.

    A gestão do conhecimento (GC) busca atingir os objetivos organizacionais por

    meio da motivação orientada por estratégia e facilitação do conhecimento de trabalho

    para desenvolver, melhorar e utilizar a capacidade de interpretar os dados e informações

    através de fontes de informação disponíveis, experiências, competências, cultura,

    caráter, personalidade, sentimentos, etc. (KOR; MADEN, 2013).

    Existem formas de conhecimento mais estrategicamente relevantes do que

    outras. O que vai determinar o sucesso de uma empresa é a sua eficiência no processo

    de transformação de conhecimento existente no plano das ideias para conhecimento

    aplicado no plano das ações, em comparação com a eficiência de outras empresas

    (KOGUT; ZANDER, 1992).

    Para que a gestão do conhecimento seja efetivada com eficiência, se faz

    necessário uma infraestrutura que permita fluir todo processo de transformação do

    conhecimento. O espaço ba, originalmente proposto por Kitaro Nishida, é conceituado

    como o local ou contexto onde o conhecimento é criado, absorvido, aplicado e

    compartilhado (NONAKA; TOYAMA; KONNO, 2000). Este ambiente provê a energia,

    qualidade e local para a interpretação das informações e para a conversão do

    conhecimento. Existem quatro tipos de Ba: origem, diálogo, sistema e de exercício,

    como explicado no Quadro 3.

  •  

    35  

    Tipo de Ba

    Tipo de interação

    Meio Características

    Origem Individual Face a face

    Compartilhamento de sentimentos, emoções, experiências e modelos mentais.

    Diálogo Coletiva Face a face

    Construído conscientemente, diálogo para conversão dos modelos mentais e habilidades individuais em coletivos.

    Sistema Coletiva Virtual Ambiente colaborativo (usando tecnologia da informação, por exemplo) para sistematizar e combinar o

    conhecimento através da organização.

    Exercício Individual Virtual Aprendizado por simulação e prática através de mentores.

    Quadro 3: Espaços de Ba Fonte: Adaptado de Nonaka, Toyama e Konno (2000)

    Cada tipo de Ba oferece uma plataforma específica para cada uma das etapas do

    processo do espiral do conhecimento, e através de cada Ba, se acelera o processo de

    criação do conhecimento.

    2.2.1 Criação do conhecimento

    A criação do conhecimento (CC) trata de um compartilhamento de

    conhecimentos mental, emocional e ativo que acaba por gerar agregação de valor. Este

    processo costuma ocorrer em toda empresa através de um aprendizado contínuo onde os

    resultados de tais processos assumem formas de ideias, mudanças e inovação

    (POPADIUK; CHOO, 2006). O processo de CC seminal é proposto por Nonaka e

    Takeuchi (1997), para eles o conhecimento é criado a partir de uma espiral (Figura 03)

    de modo que é expandido por meio de interações sociais dos conhecimentos explícitos e

    tácitos.

    Figura 3: Espiral do conhecimento. Fonte: Adaptado Nonaka e Takeuchi (1997)

  •  

    36  

    Na primeira etapa, socialização, os indivíduos de diferentes áreas compartilham

    habilidades e experiências em prol de um objetivo comum. Na etapa de externalização,

    o diálogo da equipe é intensificado a medida que os modelos mentais tentam ser

    verbalizados. Em seguida, na etapa de combinação, os conceitos criados na etapa

    anterior são avaliados quanto a aderência aos objetivos organizacionais e sociais, e

    assim é convertido para algo tangível ou concreto chamado arquétipo. E por fim, ocorre

    a etapa de internalização, onde os conceitos criados ativam novos ciclos de criação do

    conhecimento (BRIGIDI, 2009).

    A perspectiva de Leonard-Barton (1995) para as atividade de geração do

    conhecimento também é bastante referenciada na literatura, são elas: resolução criativa

    e compartilhada de problemas; implementação e integração de novos métodos e

    ferramentas; experimentação e prototipação; e importação de conhecimento externo.

    Segundo este autor, deve-se ter especial atenção para possíveis barreiras para esta

    criação, como falta de incentivo, lógica excessivamente racional e medo. Para isto, os

    sistemas físicos, sistemas de gestão e valor corporativos poderão servir como condições

    habilitadoras.

    Já Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que intenção, autonomia, flutuação e caos

    criativo, redundância, variedade de requisitos e confiança e comprometimento são as

    principais condições capacitadora no nível organizacional que promovem o espiral do

    conhecimento (Quadro 4).

  •  

    37  

    Condição capacitadora Atributos

    Intenção Objetivos específicos e bem definidos no início de um projeto; Intenção de criar conhecimento entre os objetivos;

    Autonomia

    Equipes autogeridas; Equipes multifuncionais;

    Liberdade para trabalhar em diferentes tarefas; Liberdade de escolha do método para realizar as tarefas;

    Autonomia dos gerentes de projeto para direcionar o andamento do projeto;

    Flutuação e Caos criativo

    Desafios maiores de que o esperado; Pressão do tempo

    Ambiguidade de alocação de tarefas; Crises/ debates entre as pessoas que resultam em avanços

    Redundância

    Diferentes pessoas podem liderar um projeto a qualquer momento;

    Rotação de posições; Intencionalmente, mais de uma pessoa pesquisa as mesmas

    coisas;

    Variedade de requisitos

    Acesso igualitário de todos às informações Rotação frequente de pessoal

    Atenção ao mercado para requisitos tecnológicos, oportunidades de financiamento, regulamentações governamentais, mudanças

    políticas.

    Confiança e comprometimento

    Ambiente onde é seguro compartilhar o conhecimento Objetivos claros e definidos

    Altruísmo - auxilio aos outros Pensamentos positivos

    Quadro 4: Condições capacitadoras para a criação do conhecimento Fonte: Adaptado Nonaka e Takeuchi (1997)

    O processo de CC é crucial para as organizações, pois identifica, transforma e

    cria ativos tangíveis (utensílios industriais, recursos financeiros e profissionais

    qualificados), bem como ativos intangíveis (conhecimento empresarial, experiência dos

    profissionais e parcerias empresariais), os quais podem ser mobilizados em prol da

    inovação (FERRASO, 2008).

    Ao criar novos conhecimentos, as empresas passam a depender de sua

    capacidade absortiva para conseguirem alcançar a inovação, pois as empresas precisam,

    diariamente, integrar informações internas e externas como o conhecimento dos

    colaboradores, clientes, concorrentes, mídia, entre outros; para poder aumentar a sua

    base de conhecimento organizacional (LIN; CHE; TING, 2012).

  •  

    38  

    2.2.2 Absorção do conhecimento

    Diferentes empresas expostas à mesma quantidade de fluxos de conhecimento

    podem obter benefícios diferentes. Isto se deve a capacidade de absorção de cada

    organização apresentar-se em diferentes níveis. A capacidade de absorção é definida

    como a habilidade da empresa reconhecer o valor do novo e assimilá-lo para poder

    aplicá-lo com fins comerciais (COHEN; LEVINTHAL, 1990).

    Este conceito também pode ser ampliado para a capacidade de aprendizagem

    global de uma empresa, implementação de novos conhecimentos e divulgação destes

    internamente fazendo uso de novos recursos e tecnologias. Em pequenas e médias

    empresas empreendedoras, é provável que esta vai ser em grande parte reflexo da

    experiência e motivação do proprietário (GRAY, 2006).

    O processo de absorção do conhecimento é auxiliado pelas atividades de

    armazenamento. Facilitar a retenção de informações através da conversão,

    documentação, refinamento e organização de materiais é essencial nesta etapa. Este

    armazenamento permite que a empresa mantenha uma memória dos aprendizados

    acumulados ao longo do tempo, de modo que o aprendizado anterior poderá ser usado

    em circunstâncias futuras e dar suporte na implementação de mudanças

    (MEHRABANI; SHAJARI, 2012).

    Esta capacidade apresenta quatro dimensões bem definidas (ZAHRA;

    GEORGE, 2002): i) identificação e aquisição de conhecimento externo; ii) assimilação,

    a fim de processar, interpretar e compreender a informação externa e do conhecimento;

    iii) transformação, para combinar a base de conhecimento organizacional existente e o

    conhecimento recém adquirido; iv) exploração, que exige a aplicação efetiva do novo

    conhecimento para fins organizacional e de inovação.

    Esta última dimensão, a qual faz referência à aplicação do conhecimento, é

    essencial para que as empresas obtenham diversos benefícios como melhorar a

    qualidade dos produtos e processos, aumentar a capacidade de gerar inovações, reduzir

    custos e responder rapidamente às mudanças de mercado (TEIXEIRA, 2015).

    2.2.3 Aplicação do conhecimento A aplicação do conhecimento é um processo orientado para promover a

    repetição da prática do conhecimento, favorecendo a associação e o ajuste do

    conhecimento aos problemas conhecidos ou novos. As atividades destes processo são

    voltadas para exercitar o conhecimento, contribuindo para a exploração de potenciais

  •  

    39  

    não explorados e ganho de proficiência (GOLD; MALHOTRA; SEGARS, 2001). Em

    outras palavras, a aplicação do conhecimento está associada à produção de valor e

    solução de problemas (DAUD, 2012).

    A importância das atividades de aplicação do conhecimento é ainda maior

    quanto mais tácito for o conhecimento que circula na organização, afinal elas facilitam

    o aprendizado através do exercício, do uso e da experimentação. A aplicação leva o

    individuo a internalizar o conhecimento que está disponível, logo quanto melhor for a

    empresa nesta atividade, melhor será em extrair valor do conhecimento (CHEN;

    HUANG, 2009).

    A repetição das atividades de aplicação do conhecimento também pode fazer

    com que algum potencial não explorado deste conhecimento em uso seja percebido.

    Assim, para aperfeiçoar a capacidade de escolher quais conhecimentos devem ser

    frequentemente usados em cada situação, deve-se gerar padrões de atuação que

    minimizem erros e elementos desnecessários na empresa (MERAHBANI; SHAJARI,

    2012).

    Destaca-se que não basta a aplicação do conhecimento, faz-se necessário

    compartilhá-lo com todos os colaboradores da empresa para que este se mantenha e

    propague-se ao longo do tempo. O aproveitamento do conhecimento só ocorre de forma

    efetiva quando as pessoas podem compartilhar o conhecimento que eles têm, e construir

    novos conhecimentos a partir daqueles que pertenciam aos outros (IPE, 2003).

    2.2.4 Compartilhamento do conhecimento Indivíduos usam o conhecimento que eles têm em suas atividades diárias no

    trabalho, e a menos que a organização facilite o compartilhamento desse conhecimento

    com outras pessoas, é provável que este conhecimento se perca quando o individuo sair

    da organização. E mesmo que os indivíduos permaneçam com a organização, toda a

    extensão de seus conhecimentos só podem ser utilizadas se houver a oportunidade de

    discussão e interação com outras pessoas da empresa (GUPTA; GOVINDARAJAN,

    2000).

    Compartilhar conhecimento é importante, pois fornece uma ligação entre o

    indivíduo e a empresa, movendo o conhecimento que reside nos colaboradores a nível

    organizacional, de modo a se converter em valor econômico e competitivo para a

    organização. A transmissão e compartilhamento de conhecimento podem ajudar as

    empresas a minimizarem custos, incorporarem funcionalidades adequadas as

  •  

    40  

    necessidades dos clientes nos produtos ou serviços e, consequentemente, otimizarem

    seus os processos (IPE, 2003).

    Destaca-se que o apoio prático aos processos de compartilhamento são

    essenciais. Afinal, mesmo havendo vontade e interesse em compartilhar, é necessário

    que haja também condições e orientações técnicas para que o compartilhamento

    realmente ocorra. Uma alternativa viável é a utilização de recompensas, as quais ajudam

    a reconhecer bons funcionários e ainda promove a motivação dos colaboradores,

    aumentando o compartilhamento de conhecimento dentro da empresa. O sistema de

    recompensa pode ainda determinar como o conhecimento é acessado e flui a

    organização. (LEONARD-BARTON, 1995).

    Leonard-Barton e Sensiper (1998) identificaram barreiras que podem

    comprometer o compartilhamento dos conhecimentos, os quais são fundamentais para a

    geração de inovação. Estas barreiras são: falta de incentivo para que os especialistas

    compartilhem o conhecimento; desigualdade de status entre os indivíduos,

    especialmente no que se refere ao acesso à informação; distância, seja ela física ou

    temporal; comunicação excessivamente lógica, racional e baseada em dados; medo de

    expressa ideias; e discordâncias em termos emocionais.

    Os principais obstáculos para o compartilhamento de conhecimento nas

    organizações estão associados à falta de tempo e interesse das pessoas em compartilhar.

    E muitas vezes, quem tem o interesse e motivação para compartilhar não conhece o tipo

    de conhecimento que os outros querem ter acesso. Logo, criar um momento para o

    compartilhamento de informações e aplicar métodos para definir os tipos de

    conhecimento que realmente interessam as pessoas, é um fator crítico de sucesso para a

    organização (MORESI; MENDES, 2010).

    2.3 Startups

    Esta pesquisa será aplicada em startups brasileiras, por se tratarem de locais

    ideias para o entendimento da relação entre a gestão do conhecimento e a capacidade de

    inovação, principalmente por se entender que boa parte das descontinuidades

    tecnológicas resultantes da inovação tendem a vir de empresas periféricas à indústria

    (CHRISTENSEN; BOWER, 2006; HILL; ROTHAERMEL, 2003), incluindo-se as

    startups.

  •  

    41  

    Ries (2011) define startup como uma nova empresa que desenvolve um serviço

    ou produto inovador, em condições de extrema incerteza. Salim et al. (2003) vão além

    na sua definição ao adicionar a informação de que são empresas em processo de

    construção, proveniente da união de empreendedores que se juntaram para concretizá-

    la. Existem diversas tentativas de conceituar este tema, porém as mais atuais são as que

    contemplam um grupo de pessoas a procura de um modelo de negocio repetível e

    escalável, trabalhando em extrema incerteza (GITAHY, 2010). O quadro 5 explicita

    esta definição.

    Modelo de negócio repetível Modelo de negócio escalável

    Significa que é possível comercializar

    o mesmo produto ou serviço numa

    escala potencialmente ilimitada sem

    necessidade de grandes adaptações a

    cada cliente ou a cada mercado.

    Significa que o negocio pode crescer cada vez mais

    sem necessidade de alterar o modelo de negocio;

    este crescimento ocorre essencialmente no lado da

    receita, sem que os custos cresçam

    proporcionalmente o que corresponde a um

    crescimento da margem cada vez maior.

    Quadro 5: As startups e os modelos de negócios Fonte: Nagamatsu et al., 2013

    Existem diversas categorizações na literatura para as empresas startups, as mais

    conhecidas estão expressas no Quadro 6. Quando as startups surgem como um novo

    negócio de uma empresa patrocinadora, é chamada de Iniciativa de Corporação (IC). Já

    as empresas de Iniciativa independente não contam com este apoio de uma empresa

    patrocinadora. Enquanto que as startups independentes, tem haver com o fato de que

    seus fundadores não estavam anteriormente inseridos na indústria onde atuam

    (BRIGIDI, 2009).

    Nas spin-offs, os fundadores eram empregados em uma empresa já estabelecida,

    e este novo segmento se desenvolve a tal ponto que vai se tornando independente. E as

    incubadas são criadas, fundadas e construídas dentro de uma incubadora, a qual fornece

    experiência, redes e ferramentas necessárias para que suas empresas tenham sucesso

    (PEÑA, 2002). As startups podem ainda ser definidas quanto ao tipo de inovação que

    inserem no mercado, radical ou incremental; e quanto sua abrangência de mercado, a

    qual pode atingir sucesso à nível global.

  •  

    42  

    Categoria Tipos de startups

    Agente fundador Iniciativa de corporação

    Iniciativa independente

    Origem

    Independentes

    Spin-offs

    Incubadas

    Tipo de inovação introduzida Radicais

    Incrementais

    Abrangência Born global startup Quadro 6: Tipos de startups Fonte: Adaptado BRIGIDI, 2009.

    As principais atividades destas empresas estão ligadas com o desenvolvimento

    de produtos/ serviços tecnológicos e inovadores. Por apresentarem suas bases na

    inovação, este processo de desenvolvimento está atrelado às incertezas, principalmente

    por estas empresas possuírem conhecimento limitado sobre a tecnologia adotada e a

    aceitação do mercado (BEZERRA et al., 2012). Logo, estes novos entrantes precisam