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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA Washington Candeia de Araújo ANÁLISE DE ENRIQUECIMENTO DE GENES OBTIDOS POR RNA-SEQ DE INFECTADOS POR VÍRUS ZIKA E CHIKUNGUNYA: UMA ABORDAGEM ACERCA DA ASSINATURA BIOLÓGICA NO HOSPEDEIRO Natal RN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

Washington Candeia de Araújo

ANÁLISE DE ENRIQUECIMENTO DE GENES OBTIDOS POR RNA-SEQ DE

INFECTADOS POR VÍRUS ZIKA E CHIKUNGUNYA: UMA ABORDAGEM

ACERCA DA ASSINATURA BIOLÓGICA NO HOSPEDEIRO

Natal – RN

2019

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Washington Candeia de Araújo

ANÁLISE DE ENRIQUECIMENTO DE GENES OBTIDOS POR RNA-SEQ DE

INFECTADOS POR VÍRUS ZIKA E CHIKUNGUNYA: UMA ABORDAGEM

ACERCA DA ASSINATURA BIOLÓGICA NO HOSPEDEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Estefano S. de Souza

Natal – RN

2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Araujo, Washington Candeia de.

Análise de enriquecimento de genes obtidos por RNA-seq de

infectados por vírus Zika e Chikungunya: uma abordagem acerca da

assinatura biológica no hospedeiro / Washington Candeia de Araujo. - 2019.

50f.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação) -

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências

da Saúde, Departamento de Farmácia. Natal, RN, 2019. Orientador: Jorge Estefano Santana de Souza.

1. Síndrome de Guillain-Barré - TCC. 2. Sequenciamento de Nova

Geração - TCC. 3. Transcriptoma - TCC. I. Souza, Jorge Estefano

Santana de. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 616.833-002

Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263

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Washington Candeia de Araújo

ANÁLISE DE ENRIQUECIMENTO DE GENES OBTIDOS POR RNA-SEQ DE

INFECTADOS POR VÍRUS ZIKA E CHIKUNGUNYA: UMA ABORDAGEM

ACERCA DA ASSINATURA BIOLÓGICA NO HOSPEDEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Estefano S. de Souza

__________________________________________________________________________

Presidente: Prof. Dr. Jorge Estefano Santana de Souza

_________________________________________________________________________

Membro: Prof. Dr. Leonardo Capistrano Ferreira

__________________________________________________________________________

Membro: Prof. Dr. Carlos Eduardo Maia Gomes

Natal – RN

2019

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, à FAPERN/CAPES por fornecer bolsa de estudos que permitiu minha

pesquisa e permanência na UFRN.

Agradeço à Professora Selma Jeronimo por permitir minha pesquisa no Laboratório de

Imunogenética do Instituto de Medicina Tropical – IMT, na UFRN. Além disso, por ter

fornecido as amostras dos pacientes com febre zika e chikungunya, além de todo o meio

material para o desenvolvimento desta pesquisa.

Meu agradecimento ao Professor Jorge Estefano por suas orientações e todo o suporte

intelectual, através de seu conhecimento em bioinformática, sendo essencial ao bom

desenvolvimento desta pesquisa.

Ao colega de trabalho Diego por compartilhar códigos R para DESeq2, além de ajudar-me na

pesquisa, sendo imprescindível no desenvolvimento das análises computacionais e

estatísticas.

Agradeço a todos os funcionários e servidores do Instituto de Medicina Tropical, Centro de

Biociências e Faculdade de Farmácia.

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RESUMO

Atualmente, diversas ferramentas computacionais têm sido utilizadas em análises biomédicas

de dados genômicos provenientes de doenças complexas e infecciosas, com vistas ao

incremento em velocidade e performance computacional, além de acurácia analítica, com

vistas à resolutividade clínica. Neste sentido, os recentes surtos de infecção por vírus Zika

(ZIKV) eleveram a importância do reconhecimento desta síndrome como um agudo caso de

saúde pública, tendo seu estudo importância primordial para este fim. Desta forma, foram

utilizados dados de infectados por ZIKV durante surto de 2015; Síndrome de Guillain-Barré,

cujo processo inflamatório em nervos periféricos pode ser originado por infecções virais,

incluindo ZIKV. Análises valeram-se de dados advindos de sequenciamento de alta

performance (High Throughput Sequencing), em que transcriptômica utilizando NGS (RNA-

seq) foram utilizados em indivíduos recuperados de infecção por ZIKV, aqueles que

desenvolveram síndrome de Guillain-Barré devido à infecção por ZIKV, além de infectados

por vírus chikungunya (CHIKV). Com vistas a identificar assinaturas biológicas em vias,

genes e processos biológicos, além de diferenciar fenótipos do hospedeiro sob influência

destas diferentes infecções, utilizou-se metodologia de enriquecimento funcional de genes

conhecida por Gene Set Enrichment Analysis (GSEA). Os resultados indicam que vias de

desenvolvimento (morfogênese do olho, movimento ciliar), vias ligadas à inflamação e

sistema imune inato, além de vias de transmissão sináptica, estão sobrerreguladas

(upregulated) recuperados de GBS. O mesmo é indicado para recuperados por ZIKV, 400

dias após infecção. Em relação à doentes GBS é possível observar vias de ciclo celular e

neurogênese como sobrerreguladas, com mitofagia e maturação neuronal em nível menor

(downregulated), indicando que os recuperados de GBS tendem a recuperar as funções

normais diminuindo a expressão de genes destas vias. Em relação à CHIKV, vias ligas à

regulação do sistema imune inato (principalmente ligados ao reconhecimento de RNA viral),

ciclo celular, respostas de defesa do hospedeiro etc estão sobrerreguldas. Já aquelas vias

ligadas à vias biossintéticas, produção de ribossomos, e sinalização celular durante processos

inflamatórios estão com nível de expressão mais baixo (downregulated), indicando processos

celulares que levam à normalidade e correção de processos modifição durante a infecção por

estes vírus.

Palavras-chave: síndrome de Guillain-Barré, sequenciamento de nova geração, transcriptoma.

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ABSTRACT

Currently, several computational tools have been used in biomedical analysis of genomic data

from complex and infectious diseases, aiming at increasing computational speed and

performance, as well as analytical accuracy, aiming at clinical resolution. In this regard,

recent outbreaks of Zika virus infection (ZIKV) have highlighted the importance of

recognizing this syndrome as an acute public health case, and its study is of primary

importance for this purpose. Thus, ZIKV-infected data were used during the 2015 outbreak;

Guillain-Barre syndrome, whose inflammatory process in peripheral nerves may be caused by

viral infections, including ZIKV. Analyzes were based on data from High Throughput

Sequencing, in which transcriptomics using NGS (RNA-seq) were used in individuals

recovered from ZIKV infection, those who developed Guillain-Barré syndrome due to

infection with ZIKV, besides being infected by chikungunya virus (CHIKV). In order to

identify biological signatures in pathways, genes and biological processes, in addition to

differentiating host phenotypes under the influence of these different infections, the Gene Set

Enrichment Analysis (GSEA) functional gene enrichment methodology was used. The results

indicate that developmental pathways (eye morphogenesis, ciliary movement), inflammation-

related pathways and innate immune system, as well as synaptic transmission pathways, are

upregulated recovered from GBS. The same is indicated for recovered by ZIKV, 400 days

after infection. In GBS patients, cell cycle pathways and neurogenesis can be observed as

overregulated, with mitophagy and downregulated neuronal maturation, indicating that GBS

recovered individuals tend to recover normal functions by decreasing gene expression in these

pathways. Regarding CHIKV, pathways linked to innate immune system regulation (mainly

linked to viral RNA recognition), cell cycle, host defense responses etc are overregulated.

Those pathways linked to biosynthetic pathways, ribosome production, and cellular signaling

during inflammatory processes are downregulated, indicating cellular processes that lead to

normality and correction of modification processes during infection by these viruses.

Keyword: Guillain-Barré syndrome, Next Generation Sequencing, transcriptomics.

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LISTA DE SIGLAS

C2 C2 collection: Curated gene sets of MSigDB

C5 GO Gene sets of MSigDB

CHIKV vírus chikungunya

DE Diferencialmente expressos

GBS Guillain-Barré syndrome

GSEA Gene Set Enrichment Analysis

H H collection: Hallmark gene sets of MSigDB

HTS High Throughput Sequencing

MSigDB Molecular Signatures Database

NE Nordeste

NES Normalized Enrichment Score

NGS Next Generation Sequencing

OMS Organização Mundial de Saúde

PCR Polymerase Chain Reaction

SE Sudeste

SGB síndrome de Guillain-Barré

WHO World Health Organization

ZIKV vírus Zika

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 9

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................ 9

3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 10

3.1 Vírus Zika e Emergência de Pandemia nas Américas e Brasil ..................................................... 10

3.1.1 Vírus Zika, Síndrome de Guillain-Barré e Microcefalia ............................................................. 11

3.2 Vírus Chikungunya e Sua Reemergência na Ásia e Américas ...................................................... 12

3.4 RNA-seq: Análise Transcriptômica de Alto Rendimento (HTS) ................................................... 14

3.3 GSEA - Gene Set Enrichment Analysis ......................................................................................... 15

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 17

4.1 Obtenção de Amostras de RNA e Preparação para Sequenciamento ...................................... 17

4.2 Extração de RNA viral .................................................................................................................. 19

4.3 qRT-PCR para CHIKV .................................................................................................................... 19

4.4 Extração de RNA Total e Sequenciamento .................................................................................. 20

4.5 Mapeamento de reads ................................................................................................................ 20

4.6 Mapeamento e Montagem de Genoma CHIKV........................................................................... 20

4.7 GSEA - Gene Set Enrichment Analysis ......................................................................................... 21

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 22

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO

Em meados desta década presenciou-se novas epidemias virais principalmente na Ásia e

Américas, iniciando com a reemergêngia de febre desencadeada por alfavírus chikungunya

(CHIKV) (DEEBA et al., 2016; STAPLES et al., 2009; WONG AND CHU, 2018),

culminando com a infecção por flavivírus Zika (ZIKV). Este último evidenciou-se como um

caso epidemiológico excepcional principalmente em países pertencentes àquele último

continente, desencadeando uma pandemia que trouxe consigo manifestações severas, tais

quais síndrome de Guillain-Barré em adultos e microcefalia em neonatos (FANTINATO et

al., 2016; MALTA et al., 2017; PLOURDE AND BLOCH, 2016; VARGAS et al., 2016)

Ambos são arbovírus endêmicos de áreas tropicais, tais quais África e Ásia,

responsáveis por surtos de doenças humanas nas mesmas, mas, principalmente nas novas

áreas cujas barreiras imunitárias a estes vírus são pouco desenvolvidas (YACTAYO et al.,

2016). Portanto, esses vírus encontraram ambientes ecológicos ideais, cujos hospedeiros

forneciam pouca ou nenhuma capacidade de ameaça, infectando até 70% de pessoas em áreas

afetadas (GÉRARDIN et al., 2008).

Neste sentido, diversos estudos têm sido realizados acerca destes vírus, incluindo

principalmente aspectos moleculares, genéticos e imunológicos, com vistas ao conhecimento

de genômica viral, configuração ultraestrutural, fenótipos do hospedeiro e desenvolvimento

de fármacos e vacinas (ABDELNABI et al., 2015; BAILEY et al., 2018; BARROWS et al.,

2019; CUNHA et al., 2017; GODEC et al., 2016; PARDY AND RICHER 2019; PROW et

al., 2019).

Não obstante o interesse geral e o desenvolvimento de tantas pesquisas, a colonização

destes vírus em seu hospedeiro resulta em diversos tipos de respostas - imunológicas,

bioquímicas -, as quais desencadeiam fenótipos sutis, cuja caracterização pode auxiliar no

conhecimento ampliado destas patologias.

Portanto, estas análises de enriquecimento aqui apresentadas surgem para auxiliar a

difícil interpretação de resultados de expressão gênica diferencial obtidos por dados de análise

transcriptômica de alto rendimento (High Throughput Sequencing, HTS) – feitos em

sequenciadores de nova geração, next generation sequencing (NGS) –, denominada na

literatura atual sob o termo RNA-seq, em termos de fenótipos, ou seja, processos biológicos,

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vias etc. Neste caso, buscar associações com o fenótipo de doenças, como as aqui

representadas, originadas de vírus zika (incluindo a síndrome de Guillain-Barré) e

chikungunya.

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2 OBJETIVOS

Análise funcional (enriquecimento) acerca de genes obtidos por RNA-seq de infectados por

vírus zika e chikungunya com vistas à busca por assinaturas biológicas no hospedeiro.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Busca por assinaturas biológicas em vias, genes e processos biológicos.

2. Diferenciar fenótipos do hospedeiro.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Vírus Zika e Emergência de Pandemia nas Américas e Brasil

O vírus Zika é um flavivírus (senso positivo), arbovíros da Família Flaviviridae,

estruturalmente caracterizado por vírions envelopados e icosaédricos, isolado inicialmente a

partir de macacos rhesus em uma floresta de Uganda chamada Zika em 1947 (PLOURDE

AND BLOCH, 2016; WHITE et al., 2016), sendo identificado em hospedeiros incidentais

humanos em 1952 (PROENCA-MODENA et al., 2018).

Inicialmente caracterizado por sintomas clínicos leves, principalmente quando

comparados a outros arbovírus (MUSSO et al., 2019), apenas em meados desta década seu

efeito sobre a saúde coletiva pôde ser reconhecido, trazendo consigo características clínicas

sobre o hospedeiro humano, as quais, naquela época eram desconhecidos, tal qual sua

transmissão por via sexual (YARRINGTON et al., 2019), associação com a síndrome de

Guillain-Barré e casos de microcefalia em neonatos, casos os quais, relatados primeiramente

na região NE do Brasil (FANTINATO et al., 2016; MALTA et al., 2017; VARGAS et al.,

2016; WHO, 2015).

O histórico epidemiológico indicava surtos restritos à Ilhas do Pacífico, tais quais Yap

Island, Guam e Micronésia em 2007 (DUFFY et al., 2009; HADDOW et al., 2012). Após

isso, novos casos foram relatados, especificamente na Polinésia Francesa em 2013 e 2014

(CAO-LOMEAU et al., 2014; MUSSO et al., 2018). Somente em 2015 fez-se primeiro relato

deste vírus no Brasil - confirmada através de Nota Informativa n°6 (MS, 2015) - e

subsequentemente em países caribenhos da América Central e do Sul (GUIMARÃES et al.,

2019; PROENCA-MODENA et al., 2018), além de África em 2015. A partir deste ponto,

ZIKV fora considerada uma pandemia.

Embora análises moleculares anteriores tenham indicado que ZIKV tenha sido

introduzido nas Américas através de uma linhagem Asiática (FARIA et al., 2016; HADDOW

et al., 2012), não houve um consenso neste período acerca de sua origem espaço-termporal

específica.

No entanto, Faria et al. (2017) estabeleceram origem e histórico da epidemia de ZIKV

baseando-se em análises de genomas de 54 ZIKV, advindos principalmente de amostras

brasileiras, comparando-as através de análises de filogeografia com aquelas do Caribe e

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outros países da América Central e Ásia (Polinésia Francesa). Esses pesquisadores

demonstraram, ao associar seus resultados moleculares aos àqueles epidemiológicos e

ecológicos disponíveis, que o ZIKV fora introduzido no país em 2014, cuja origem recaía em

uma linhagem asiática (nomeada PreAm-ZIKV, originária do sudoeste da Ásia e do Pacífico).

Logo, a introdução de ZIKV se deu através de ancestral comum a todos aqueles vírus

ZIKV nas Américas, consistindo em fundador único, cuja convergência levava

especificamente ao mês de janeiro de 2014. A partir deste momento, uma linhagem americana

de ZIKV ficou estabelecida (am-ZIKV), sendo subsequentemente disseminada a partir de

fevereiro do mesmo ano, irradiando-se em várias outras linhagens (CB1 e CB2, caribenhas;

SA1 e SA2, sul-americanas). Neste sentido, sua distribuição geográfica e temporal corrobora

com histórico meteorológico de precipitação de chuvas, responsável por elevação em número

de indivíduos na população do vetor, o Aedes aegypti, fornecendo evidência de convergência

entre estes diversos fatores ao incremento na epidemia de febre Zika observada neste período.

Por fim, inferiu-se que a linhagem americana do ZIKV (am-ZIKV) fora importante na

distribuição de ZIKV até a América Central, Caribe e outras localidades na América do Sul,

bem como, em seu movimento em direção ao sudeste (SE) do Brasil.

No entanto, a epidemia de ZIKV levaria um ano até evidenciar-se como um surto de

febre zika no continente Americano, e ser reconhecida com uma pandemia, a qual traria

consigo um conjunto de manifestações ainda não caracterizadas anteriormente,

principalmente aquelas relacionadas a desordens neurológicas observadas em adultos e

crianças.

3.1.1 Vírus Zika, Síndrome de Guillain-Barré e Microcefalia

A partir do reconhecimento da presença deste vírus em território brasileiro, notabilizou-se um

período de elevação anormal em casos de desordens de origem neurológica, especificamente

síndrome de Guillain-Barré (SGB) em adultos e microcefalia em neonatos (PROENCA-

MODENA et al., 2018), embora manifestações de SGB tenham sido descritas no surto de

ZIKV na Polinésia Francesa (CAO-LORMEAU et al., 2016).

É o termo é usado especificamente para definir pacientes com um neuropatia paralítica

aguda de progressão rápida, causada por distúrbio autoimune, embora englobe um conjunto

de neuropatias agudas, desencadeada após infecções, cirurgias etc. Caracteriza-se por ataque à

bainha de mielina que envolve os nervos periféricos (polineuropatia desmielinizante), do

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axônio. Os sintomas são fraqueza e sensação de formigamento - principalmente nas pernas -

com diminuição de reflexos ou sua ausência, agravando-se com uma manifestação

generalizada severa com falha respiratória (20 - 30% dos casos) (WILLISON et al., 2016).

Embora mais reconhecida em casos de pacientes infectados por microrganismos, tais quais

Campylobacter jejuni, citomegalovírus, Haemophilus influenzae, vírus Epstein-Barr e HIV

(ESTRIDGE AND ISKANDER, 2015), atualmente inclui-se nesta lista infecção por ZIKV. A

emergência desta epidemia coincidente com uma elevação subsequente em casos de SGB

levou ao monitoramento mais acurado, resultando em reconhecimento por parte da OMS de

associação de febre zika com esta síndrome, declarando-a como Public Health Emergency of

International Concern (PHEIC), uma “emergência de saúde pública de interesse

internacional” em tradução livre (SAMARASEKERA AND TRIUNFOL, 2016).

Por sua vez, em 2015 a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu ZIKV

como associada aos casos de microcefalia e desordens neurológicas relacionadas, em bebês

cujas mães apresentaram febre zika durante a gravidez (WHO, 2017). Portanto, os casos de

defeitos congênitos resultantes de ZIKV durante a gravidez também começaram a ser

monitorados com maior acurácia. Até janeiro de 2018 foram detectados mais de 3700 casos

de defeitos congênitos por este vírus nas Américas (MUSSO et al., 2019; WALDORF et al.,

2018). Embora o surto tenha encerrado, ainda é possível detectar casos de síndrome de ZIKV

congênitca caracterizada por efeitos teratogênicos, tais quais malformação muscoloesquelética

e manifestações neurológicas (microcefalia e outras desordens neurológicas) em neonatos

(GUIMARÃES et al., 2019).

Atualmente, o Brasil conta com a Rede Nacional de Especialistas em Zika

(RENEZIKA), uma rede multiprofissional criado através do Ministério da Saúde, cujo

objetivo é prover pesquisas com vistas à vigilância, prevenção e controle, além de suporte

científico; incremento em análises epidemiológicas; contribuir no desenvolvimento de

orientação e cuidado (GUIMARÃES et al., 2018).

3.2 Vírus Chikungunya e Sua Reemergência na Ásia e Américas

O vírus chikungunya é um alfavírus da Família Togaviridae, gênero Alphavirus, envelopado,

cujo genoma consiste em uma fita de RNA linear (senso positiva) (DEEBA et al., 2016).

Assim como ZIKV, é um arbovírus cujo vetor principal é o Aedes albopictus e A. aegyptis

(ABDELNABI et al., 2015).

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Este vírus causa febre aguda, artralgia severa, e rash (COUDERC AND LECUIT,

2015; LO PRESTI et al., 2016), tendo seu nome originado-se de uma palavra Makonde

(grupo étnico da Tanzânia, e significaria “aquele que se dobra”, postura vista naqueles

infectados, devido à artrose e à dor extrema gerada (DEEBA et al., 2016).

Este vírus foi detectado repetidas vezes no mundo todo, desde 2004, em surtos

esporádicos em localidades do Oceano Índico, países da África e alguns países do continente

Americano (WEAVER AND FORRESTER, 2015). Em 2004, por exemplo, reemergiu no

Quênia e se espalhou por outras localidades do continente Africano, levando à milhares de

casos ao redor do Oceano Índico (STAPLES et al., 2009). Em 2005, CHIKV foi responsável

por epidemia nas ilhas Comoros, costa leste da região norte de Moçambique, além de Índia,

Sri Lanka e muitos países do sudeste da Ásia (MORRISON, 2014).

Não obstante ser responsável por surtos esporádicos e casos de reemergência, esse

vírus emerge nas Américas no final de 2013 (ver YACTAYO et al., 2016), levando a um

incremento de gastos públicos devido ao aumento na procura aos sistemas de saúde pública,

principalmente devido aos sintomas incapacitantes de artrose (STAPLES et al., 2009). Sua

expansão durante esse período levou, inclusive, ao confundimento inicial dos sintomas

causados por ZIKV, no qual o diagnóstico desta última doença recaía sobre febre

chikungunya, o que explica em parte, a demora na resolução de diagnóstico de ZIKV (ver

WHITE et al., 2016).

No Brasil, as primeiras transmissões autóctones detectadas deste vírus foram descritas

em 13 de setembro de 2014, na região Norte do país, causadas por um linhagem asiática.

Alguns dias depois, outros casos foram detectados na região NE (NUNES et al., 2015).

Dentre estes casos, destaca-se uma população do

NE, residente no Estado de Sergipe, cujo acompanhamento de pacientes sintomáticos através

de exames sorológicos revelou a distribuição do CHIKV sob o genótipo ECSA (East-Central-

South-Africa) (CUNHA et al., 2017).

Para maiores esclarecimentos sobre o histórico de CHIKV, ver STAPLES et al.

(2009), YACTAYO et al. (2009), WEAVER AND FORRESTER (2015), MORRISON

(2014), COUDERC AND LECUIT (2015), DEEBA et al. (2016).

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3.4 RNA-seq: Análise Transcriptômica de Alto Rendimento (HTS)

RNA-seq é uma metodologia de sequenciamento de alta performance (high throughput

sequencing, HTS), em que uma biblioteca de cDNAs é construída a partir de fragmentos de

mRNA retirados de amostras biológicas, caracterizando o transcriptoma daquela célula ou

tecido (GRIFFITH et al., 2015; WANG et al., 2009). Atualmente seu uso está bem difundido

em diversas áreas, especialmente no que diz respeito a interação entre o agente responsável

por determinada enfermidade e seu hospedeiro (ver WESTERMANN et al., 2012;

WESTERMANN et al., 2016).

Muito tem contribuído para a ampla distribuição que essa metodologia tem obtido em

diversas áreas das ciências biológicas e biomédicas, principalmente o desenvolvimento de

sequenciadores cada vez mais avançados, chamados na literatura por Next Generation

Sequencing (NGS), os quais possuem a capacidade de ler a informação genética das

diferentes bibliotecas de cDNA em paralelo e de forma maciça, liberando tais leituras (reads)

de forma acurada e eficiente (KHATOON et al., 2014; NOWROUSIAN, 2010; WEBER et

al., 2007).

Desta forma, esta tecnologia de sequenciamento e análise transcriptômica possui

vantagens sobre aquelas ainda muito utilizadas, como os microarrays (microarranjos) e ESTs

(Expressed Sequence Tags), dentre as quais a alta qualidade de leitura dos transcritos (reads),

redução de replicatas técnicas em experimentos e uma quantificação rápida e acurada

(AGARWAL et al., 2008).

No entanto, é preciso destacar uma qualidade específica inerente à metodologia de

RNA-seq, a identificação de novas isoformas, splicing alternativo, que possam existir, logo,

variação genética nas amostras sequenciadas além de quantificação de expressão das mesmas

(ROBERTS et al., 2011; TRAPNELL et al., 2010).

Portanto, esta metodologia está amadurecida, com ferramentas computacionais e

estatísticas bem estabelecidas (GARBER et al., 2010; PERTEA et al., 2016; TRAPNELL et

al., 2013), além de um custo menor a cada ano (COSTA-SILVA et al., 2017), fornecendo

quantidades maciças de informação genética de alta qualidade (MARTIN et al., 2013; WANG

et al., 2009).

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3.3 GSEA - Gene Set Enrichment Analysis

Uma abordagem para interpretar perfis de expressão gênica baseada em anotações

funcionais de genes diferencialmente expressos (por exemplo, advindos do DESeq2). É útil

para buscar por respostas, por exemplo, se os genes diferencialmente expressos obtidos na

análise de DESeq2 estão associados à certos processos biológicos (GO), vias (KEGG,

Immunological MsigDB) ou funções moleculares.

Além disso, Gene Set Enrichment Analysis (GSEA) (Subramanian et al., 2005) –

também chamada de enriquecimento funcional – é uma abordagem, um método para

identificar classes de genes que estão sobre representados em um grande conjunto de genes, e

estão associados a assinaturas biológicas, processos particulares e fenótipos.

O que a metodologia GSEA, desenvovida por Subramanian et al. (2005), faz é agregar

a estatística per gene através genes inseridos em um conjunto (set), portanto tornando possível

detectar situações onde todos os genes em um conjunto pré-definido se modifica em uma

forma sutil mas coordenada. Por ser provável que muitas diferenças fenotípicas relevantes

sejam manifestadas por alerações pequenas, mas consistentes, em um conjunto de genes.

Dentre estes bancos de dados de anotações, destacam-se aqueles os quais utilizam

termos de ontologia, ou seja, Gene Ontology (GO). Este último o faz de acordo com um

dicionário de termos de anotação. Logo, a lista de genes diferencialmente expressos (DE)

obtidos através de metodologia de RNA-seq são comparados à tais bancos de dados de

termos. Os termos GO contabilizados como positivos com maior frequência naquela lista de

genes DE são chamados de sobrerrepresentados (over-representing) ou enriquecidos

(enriched). Daí a nomenclatura deste tipo de análise, tal qual GSEA.

Um desses bancos de dados de anotações de termos, vias biológicas, é o Kyoto

Encyclopedia of Genes and Genomes (KEGG). Apesar de ser menor que GO, este é um banco

de dados curado de vias moleculares e assinaturas biológicas de doenças. Desta forma,

constitui uma outra importante ferramenta de análises para a abordagem GSEA.

GSEA testa para enriquecimento de alguns grupos S entre genes de background N. Os

genes são classificados de acordo com seus fenótipos. Dado um conjunto de genes S definidos

a priori (por exemplo, genes compartilhando uma mesma categoria), o objetivo de GSEA é

determinar se os membros de S estão distribuídos aleatoriamente através de uma lista de

genes ranqueados (L) ou primariamente encontrados no topo ou no fim da mesma.

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Cálculo do Enrichment Score (ES), ou seja, o escore de enriquecimento. Este ES

representa o grau no qual um conjunto S está sobre-representado (over-represented) no topo

ou no final de uma lista ranqueada (L), incrementando a soma estatística quando se encontra

um gene em S e diminuindo quando não há sua presença. A magnitude do incremento

depende da estatística do gene (correlação do gene com o fenótipo). O ES é o máximo desvio

de zero encontrado em uma passagem aleatória; corresponde a uma estatística weighted

Kolmogorov-Smirnov-like (SUBRAMANIAN et al., 2005).

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Obtenção de Amostras de RNA e Preparação para Sequenciamento

Amostras de sangue total foram obtidas de 35 doadores 400 dias após o início dos sintomas.

Essas amostras foram armazenadas em TempusTM Blood RNA Tubes (Invitrogen TM) para

extração subsequente.

Estas amostras foram obtidas com vistas à realização de transcriptômica utilizando

dados HTS (RNA-seq) destes indivíduos, no Instituto de Medicina Tropical (IMT) da UFRN.

Os resultados de análise de RNA-seq estão, atualmente, submetidos em PLoS Pathogens.

Portanto, neste trabalho, somente foram utilizadas as tabelas de genes DE obtidos por

DESeq2 desenvolvida para linguagem R (Bioconductor) (LOVE; HUBER; ANDERS, 2014),

as quais serviram de entrada para análise GSEA de enriquecimento funcional dos genes. Para

gerar cada tabela, contrastes específicos foram feitos (Tabela 1). O grupo nomeado de

Controles foi utilizado como parâmetro de controle para análise de genes DE.

Os doadores foram classificados segundo seguinte nomenclatura:

1. CHIKV – afetados por febre chikungunya (n=4); recuperados da doença (n=6);

2. ZIKV – indivíduos que foram afetados por vírus Zika (n=4). Doadores de mostras

após 400 dias do início dos sintomas (i.e., recuperados da febre zika).

3. GBS – indivíduos que desenvolveram a síndrome de Guillain-Barré. Classificados em

GBS doentes (n=6), i.e., cujas amostras de sangue total foram retiradas no momento

em que os indivíduos ainda estavam com GBS; GBS recuperados (n=9), i.e.,

recuperados da doença.

4. Controles – doadores brasileiros que não entraram em contato com ambos os vírus,

uma vez que residiam fora do país durante o surto das respectivas doenças (n = 6).

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Figura 1. Resumo da metodologia de análise utilizada neste trabalho.

1) Arquivos .fastq foram obtidos a partir do sequenciamento, contendo os dados do RNA-seq. 2)

HISAT2 foi utilizado para mapeamento das reads. 3) Arquivos .bam (alinhamento) obtidos a partir do

mapeamento foram utilizados para quantificação de genes expressos em cada amostra através da

função featureCounts (Subread package), gerando uma tabela de contagem de genes. 4) Esta tabela

obtida com uso de featureCounts foi utilizada para análise de DE de genes por DESeq2 (R,

Bioconductor). DESeq2 produz tabelas de genes diferencialmente expressos para cada contraste

utilizado (ver Tabela 1). Nenhum cutoff quanto aos genes DE foi feito durante uso de DESeq2 para

produção das tabelas DE. 5) Os dados brutos de genes DE contidos nas tabelas geradas por DESeq2

foram usados como entrada para análise GSEA , cuja execução se deu utilizando o pacote fgsea da

linguagem R. A abordagem GSEA utiliza algoritmo que elencará os genes DE e os associará às vias

MSigDB aqui utilizadas.

Tabela 1 – Contrastes realizados para obtenção de tabelas de genes DE utilizando DESeq2.

Contraste Análise de genes DE por DESeq2

1 GBS (recuperados) Vs ZIKV

2 GBS (doentes) Vs ZIKV

3 GBS (doentes) Vs GBS (recuperados)

4 CHIKV (doentes) Vs CHIKV (recuperados)

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4.2 Extração de RNA viral

Para a extração do RNA viral das amostras de sangue, foi utilizado o QIAamp Viral

RNA Mini Kit (QIAGEN) seguindo o protocolo sugerido pela fabricante. Utilizando uma

cabine de segurança biológica foi adicionado em cada microtubo de 1,5 mL, 560 µL do

tampão AVL, 5,6 µL do RNA transportador e 140 µL do material biológico retirado do

freezer -70 oC. Os microtubos foram agitados em vortex e incubados em temperatura

ambiente por 10 minutos. Após a adição de 560 µL de etanol 96 – 100%, os microtubos foram

novamente agitados no vortex. Em seguida, 630 µL da solução do tubo foi posta na

minicoluna QIAamp e centrifugada a 8000 rpm por 1 minuto. As colunas foram então

transferidas para novos tubos coletores e repetiu-se o processo de adição de solução e

centrifugação. A coluna foi transferida para um novo tubo de 2 mL, onde foi adicionado 500

µL do tampão AW1 seguido de uma noca centrifugação à 8000 rpm durante 1 minuto. A

coluna foi transferida para um novo tubo de 2 mL onde foi adicionado 500 µL e submetida

novamente a centrifugação à 14000 rpm durante 3 minutos. As colunas foram novamente

transferidas para um microtubo de 1,5 mL onde foi adicionado 60 µL de tampão AVE seguido

de uma incubação à temperatura ambiente e subsequente centrifugação à 8000 rpm por 1

minuto. Por fim, os microtubos contendo o RNA extraído foram estocados em um congelador

com temperatura de -20 oC.

4.3 qRT-PCR para CHIKV

A qRT-PCR foi realizada como descrito por LANCIOTTI e colaboradores (2007),

utilizando o kit TaqMan FAST Virus 1 Step Master Mix (Applied Biosystems, Bleiswijk,

Noruega). Para a realização da qRT-PCR foram utilizados 0,4 µL de cada um dos iniciadores

para CHIKV (Tabela 2) na concentração de 500 nM; 0,4 µL da sonda à 100 nM; 11,3 µL de

ddH2O; acrescido de 5 µL do RNA da amostra. Para os ciclos no termociclador, foi

selecionada uma programação de 95 oC durante 3 minutos para a Ativação da enzima e

desnaturação do RNA, seguido de 60 oC durante 30 minutos para o processo de anelamento

dos iniciadores e extensão da cadeia; durante 40 ciclos.

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Tabela 2: Informação da sequência de iniciadores utilizados para o ensaio de

qRT-PCR.

Iniciador Posição no genoma* Sequência

Primer CHIKV 6856F 6856–6879 TCACTCCCTGTTGGACTTGATAGA

Primer CHIKV 6981R 6981–6956 TTGACGAACAGAGTTAGGAACATACC

Sonda CHIKV 6919P 6919–6941 AGGTACGCGCTTCAAGTTCGGCG

*Tendo como base a sequência para a cepa NC_004162 (NCBI ID).

4.4 Extração de RNA Total e Sequenciamento

A amostra de sangue foi armazenada em tubos TempusTM Blood RNA Tube

(InvitrogenTM) e mantida congelada até o processamento. A extração do RNA foi realizada

utilizando o Kit TempusTM Spin RNA Isolation Kit, de acordo com o protocolo proposto

pelo fabricante. A qualidade do RNA foi checada utilizando o espectrômetro NanoDrop

(NanoDrop Technologies), Agilent Bioanalyzer (RNA Nano Chip, Agilent) e também pelo

Qubit 2.0/3.0 fluorimétro. As bibliotecas de RNA isolados foram sequenciadas utilizando a

plataforma Illumina HiSeq 4000 (Illumina Inc.).

4.5 Mapeamento de reads

A reads sequenciadas e armazenadas nos arquivos .fastq foram submetidas a uma

etapa de mapeamento ao genoma humano, por meio do programa HISAT2 (KIM;

LANGMEAD; SALZBERG, 2015) e utilizando o genoma humano (build 38 patch 7) obtido

no repositório do Ensembl (ZERBINO et al., 2018). Para o mapeamento, o HISAT2 foi

configurado para rodar com paired-end reads e com os parâmetros padrões. Para identificar a

quantidade de reads mapeadas em cada uma das regiões gênicas foi utilizado o programa

FeatureCounts v1.5.2 (LIAO; SMYTH; SHI, 2014), habilitando a contagem das reads

mapeadas em múltiplos locais, resultando na tabela de contagens para cada uma das

bibliotecas.

4.6 Mapeamento e Montagem de Genoma CHIKV

As reads não mapeadas ao genoma humano passaram por um novo processo de

mapeamento, dessa vez pelo software BWA (LI; DURBIN, 2009), utilizando o genoma de

CHIKV como referência (NC_004162.2). As reads de todas as replicatas técnicas foram

concatenadas em um único arquivo respectivo a sua biblioteca, e o BWA foi executado no

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modo single end. O Samtools foi utilizado para a checagem das bibliotecas que apresentaram

reads para CHIKV. Uma vez que houve a identificação das bibliotecas com reads para

CHIKV, as que se apresentaram positivas foram submetidas ao processo de montagem de

novo guiada por genoma de referencia utilizando o Trinity v2.8.5 (HAAS et al., 2013). Nessa

abordagem, após a primeira etapa, o Trinity utiliza as reads mapeadas ao genoma de CHIKV e

desempenha uma montagem de novo especificamente sobre elas. O método permite uma

melhor detecção de variações estruturais contidas no organismo sequenciado.

4.7 GSEA - Gene Set Enrichment Analysis

Neste trabalho utilizou-se a metodologia de análise de enriquecimento de genes GSEA

(Gene Set Enrichment Analysis) através do Molecular Signatures Database (Subramanian et

al., 2005). Este banco de dados possui uma coleção de conjuntos de genes dividos por

categorias. Os genes neste banco de dados representam assinaturas biológicas, processos

particulares e fenótipos.

Para as análises, foram selecionadas três coleções de anotações de genes:

H – Hallmark gene sets, são assinaturas coerentemente expressas de estados biológicos e

processos bem definidos. Estes dados são gerados no MsigDB através de uma metodologia

computacional baseada na identificação e sobreposição entre conjuntos de genes em outras

coleções deste banco de dados, além de retenção de genes que exibem expressão

coordenadada (LIBERZON et al., 2015).

C2 – Curated gene sets, os quais podem ser de vias canônicas ou perturbações químicas e

genéticas. Optou-se por seleção de vias canônicas (anotações KEGG).

C5 – GO gene sets, especificamente sob a categoria Biological Process (BP).

Além disso, os contrastes utilizados nas análises de DE utilizando DESeq2 foram:

Como dito anteriormente, as tabelas de genes DE gerados através destes contrastes

serviram de entrada para análises GSEA utilizando o pacote fgsea (SERGUSHICHEV,

2016)(R, Bioconductor) (ver Figura 1 e Tabela 1).

Os códigos utilizados em DESeq2 e fgsea estão disponibilizados no GitHub

(https://github.com/washingtoncandeia/DESeq_IMT/).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram feitas análises de expressão gênica global, cujos dados foram obtidos a partir de

sequenciamento de amostras de RNA retiradas dos indivíduos. As amostras que foram

enviadas para o sequenciamento (RNA-seq) consistiam em sujeitos que apresentaram a

Síndrome de Guillain-Barré (n = 15), além daqueles infectados por vírus Zika (n = 4), e

CHIKV (n=10), além de controles externos (n = 6). As reads obtidas a partir do

sequenciamento foram utilizadas para contabilização de genes (DE), utilizando para este fim o

pacote DESeq2 (R, Bioconductor) (Love et al., 2014). A tabela de contagem resultante foi

utilizada para obter contrastes estatísticos entre as condições:

Com vistas a resgatar informações acerca dos tipos de processos biológicos nos quais

os genes, obtidos nas contagens por DESeq2, estariam envolvidos, utilizou-se o algorítmo

GSEA (Gene Set Enrichment Analysis) (Subramanian et al., 2005; Mootha et al., 2003),

implementado no pacote de linguagem R, fgsea (Sergushichev, 2016). O banco de dados

utilizado para a análise GSEA é o MsigDB (Molecular Signatures Data Base) (Liberzon et al.,

2011; Liberzon et al., 2015), cujos conjuntos de genes nas suas coleções são usados para

comparação com a lista de genes obtida durante análise de expressão diferencial usando

DESeq2 (Figura 2).

Figura 2. Metodologia de uso de GSEA. Os dados expressão diferencial gerados por DESeq2 são

utilizados como entrada no software fgsea (R, Bioconductor). O conjunto de genes do banco de dados

MSigDB é inserido na análise, sendo utilizado para comparação. Esse conjunto de genes está contido

em uma das três coleções (H, C2 e C5).

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Figura 3. Principal Componet Analysis (PCAs) de contrastes utilizados neste trabalho. A –

GBS (recuperados) x ZIKV; B – GBS (doentes) x ZIKV; C – GBS (doentes) x GBS

(recuperados); D – CHIKV (doentes) x CHIKV (recuperados).

Análises de expressão diferencial realizadas com intuito de fornecer lista de genes DE

(DESeq2) foram realizadas. Os contrastes aqui designados forneceram tais tabelas de genes

DE para entrada em fgsea. Método estatístico Principal Component Analysis (PCA) foi

aplicado a cada um dos constrastes com vistas a observar a dispersão dos dados de forma a

realçar semelhanças ou diferenças entre os indivíduos (Figura 3). Em A, como se tratam de

dois grupos muito próximos, uma vez que ambos recuperaram-se de GBS e ZIKV

respectivamente, os grupos são pouco definidos. Alguns grupos ficam evidentes, como em B-

GBS (doentes) x ZIKV; e D-CHIKV (doentes) x CHIKV (recuperados), principalmente

quando se observa que os controles (CTL) também se agrupam em um grupo próprio. Isso

evidencia que tais grupos estão bem definidos quanto aos seus fenótipos moleculares

(DRAWNEL et al., 2017).

A

B

C D

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Os dados iniciais de GSEA são aqueles correspondentes à coleção Hallmark, cujos

conjuntos de genes representam estados e processos biológicos bem definidos, obtida por

sobreposição de conjuntos de genes de outras coleções MSigDB. Sendo assim, é possível

observar que o contraste 1 (GBS (recuperados) Vs ZIKV) possuem genes upregulados (padj <

0.05; NES > 0) correspondentes à vias no conjunto de genes cujo Normalized Enrichment

Score (NES, Escore Enriquecido Normalizado) indica que o esse conjunto gênico

representado nesta Halmmark será representado no topo da lista de genes DE inseridos

durante a análise (Figura 4).

Na lista Halmmark deste contraste 1 (Figura 3) vê-se genes conjunto gênico desta

coleção correspondente à Mitotic Spindle (Hallmark_Mitotic_Spindle), caracterizando-se com

em estado upregulado (NES >0). BULLERDIEK et al. (2016) levantam hipótese de efeito

teratogênico gerado por ZIKV (microcefalia e desenvolvimento do olho, como

corioretinopatia bilateral), cujo interação com hospedeiro pode afetar a correta formação do

fuso mitótico (mitotic spindle).

É possível observar na figura 3, diversas vias imunes, inflamatórias e de sinalização

celular downreguladas (NES<0, mais abaixo na lista), isto é, os genes mais expressos são

aqueles relativos a outra condição neste contraste (ZIKV, i.e., pessoas que foram infectadas

por vírus Zika). Isso se deve, possivelmente, ao estágio em que os indivíduos neste contraste

se encontram, isto é, em processo de remissão de GBS. Ambos, ZIKV e GBS recuperados,

estão há cerca de 400 dias do início da infecção, ou seja, em estado recuperado. Pportanto,

tais vias gênicas apresentam expressão diferencial no sentido de recuperar processos celulares

e crescimento de tecidos (ver Quadros 1 e 5). Sendo assim, as vias downreguladas equivalem

àquelas que diminuem sua atividade conforme a ameaça ao hospedeiro é debelada. Dentre as

vias downreguladas observadas na Figura 3, destaca-se Interferon Gamma Response

(HALLMARK_INTERFERON_GAMMA_RESPONSE). Isso indica que há uma diminuição

de atividade celular (Th1 CD4+ e T CD8+) do sistema imune, o que está de acordo co o fato

de que a infecção (processos e mecanismos relativos ao hospedeiro contra o vírus) está

debelada (ABBAS et al., 2015). Além disso, SERMAN AND GACK (2019) observaram que

ZIKV possui mecanismos moleculares que o ajudam a evadir-se da resposta a IFN-I.

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Figura 4. Hallmark. Contraste 1, GBS (recuperados) Vs ZIKV. A partir do banco de dados MsigDB,

utilizando a coleção de genes hallmark, obtidas na análise de enriquecimento de conjunto de genes

(GSEA) para o contraste GBS entre pacientes que desenvolveram GBS após infecção, mas

recuperaram-se após certo tempo versus recuperados de ZIKV. Estes genes representam estados ou

processos biológicos bem definidos, cujos conjuntos de genes foram gerados por uma metodologia

computacional baseada na identificação de sobreposições entre conjuntos de genes em outras coleções

MSigDB e na retenção de genes que exibem expressão coordenada. Logo, representam conjuntos de

genes que estão agindo de forma coordenada e têm relação na assinatura biológica ou processos

(halmarks, segundo MsigDB). Em azul, aqueles cujos padj < 0.05. Vias cujo NES < 0 indicam

processos downregulados. NES > 0, processos uprregulados.

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Portanto, esse mecanismo pode não ser tão efetivo contra essa infecção viral,

permitindo ao vírus circular nos organismos dos indivíduos recuperados da febre zika durante

este longo tempo. Desta forma, isso poderia explicar – em parte – o porquê de, mesmo após

cerca de um ano de recuperação de febre zika, estes indivíduos apresentarem algumas vias

diferencialmente expressas em relação à ação viral.

Em comparação com estes resultados, pode-se observar aqueles relativos ao contraste

2 (GBS doentes Vs ZIKV). Neste, é possível observar que vias gênicas no topo (NES>0) – ou

seja, uprreguladas –, estão relacionados às vias de sinalização celular, e algumas vias de

resposta imunológica (Figura 5). Porém, observam-se outras vias relativas ao sistema imune

também downreguladas. Isso se deve provavelmente ao estado de remissão de GBS além de

febre zika, acarretando na manutenção de algumas vias de defesa (inflamatórias e do sistema

imune inato), possivelmente devido a circulação de vírus no organismo mesmo durante esta

fase de remissão. Ao observar os quadros 2 (C2, canonical pathways, KEGG) e 6 (C5, GO

biological process), é possível observar que muitas vias enriquecidas para genes uprregulados

estão relacionadas à processos celulares, crescimento de tecidos, diferenciação neuronal; já

para aquelas relativas a genes downregulados, encontram-se biogênese de ribossomos,

ubiquitinação de proteínas, iniciação da tradução viral (ver quadro 6). Estas observações

corroboram com um fenótipo de recuperação e reconstrução tecidual, porém, ainda em estado

de defesa contra o hospedeiro viral através de estado inflamatório em menor intensidade.

BARROWS et al. (2019) afirmam que há milhares de fatores celulares do hospedeiro

requeridos para sustentar a infecção por flavivírus (tais quais vírus dengue, febre amarela e

ZIKV), e com vistas a testar alguns desses fatores, estudaram fatores do hospedeiro

requeridos para infecção eficientes por estes flavivírus, os quais eram proteínas componentes

do complexo proteico da membrana do retículo endoplasmático humano (EMC, endoplasmic

reticulum membrane protein complex), as quais possuem papéis na biogênese de proteínas e

metabolismo de lipídeos. Os autores demonstraram que infecções de vírus dengue, febre

amarela e ZIKV eram inibidas naquelas células cujos ECMs estavam ausentes.

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Figura 5. Hallmark. Contraste 2, GBS (doentes) Vs ZIKV. A partir do banco de dados MsigDB,

utilizando a coleção de genes hallmark, obtidas na análise de enriquecimento de conjunto de genes

(GSEA) para o contraste GBS entre pacientes que desenvolveram GBS após infecção, com coleta de

amostra ainda durante manifestação de GBS (doentes) versus recuperados de vírus zika (ZIKV). Estes

genes representam estados ou processos biológicos bem definidos, cujos conjuntos de genes foram

gerados por uma metodologia computacional baseada na identificação de sobreposições entre

conjuntos de genes em outras coleções MSigDB e na retenção de genes que exibem expressão

coordenada. Logo, representam conjuntos de genes que estão agindo de forma coordenada e têm

relação na assinatura biológica ou processos (halmarks, segundo MsigDB). Em azul, aqueles cujos

padj < 0.05. Vias cujo NES < 0 indicam processos downregulados. NES > 0, processos uprregulados.

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Isso indica que estes vírus requerem tais fatores do hospedeiro para seu

desenvolvimento. Além disso, estes autores descobriram um importante papel exercido por

EMC na infecção por ZIKV: este complexo é requerido para acumulação de proteínas virais

nas linhagens celulares que abrigam um replicon de ZIKV, indicando a participação de ECM

na biogênese proteica de ZIKV. São vias gênicas deste tipo que estão diferencialmente

expressas no contraste 2, principalmente downreguladas (indicando expressão diferenciada na

condição ZIKV e não em GBS doentes.

No entanto, ao se comparar as fases GBS doentes e GBS recuperados (Figura 6) é

possível observar um fenótipo diferente em relação àqueles anteriores de GBS recuperados e

ZIKV. Aqui, é possível observar que as vias que abrigam genes mais diferencialmente

expressos, em sentido de maior expressão (uprregulados), são aquelas relacionadas ao sistema

imune inato (hallmark_interferon_alpha_response, hallmark_interferon_gamma_response),

complemento (hallmark_complement) e inflamação (hallmark_TNFa_singnaling_via_NFĸB).

Por sua vez, a única via apresentada como downregulada na figura 6 é aquela relacionada a

TGF-β, relacionada a efeitos de controle de proliferação celular e reparo tecidual (ABBAS et

al., 2015) . Além disso, é possível observar diversas vias de sinalização celular, transdução de

sinais (Quadro 3), além de processos biológicos de neurogênese (go_neurogenesis), resposta

do hospedeiro (GO_defense_response), processos do sistema nervoso

(GO_nervous_system_process), todos uprregulados. (Quadro 7).

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Figura 6. Hallmark. Contraste 3, GBS (doentes) x GBS (recuperados). A partir do banco de dados

MsigDB, utilizando a coleção de genes hallmark, obtidas na análise de enriquecimento de conjunto de

genes (GSEA) para o contraste GBS entre pacientes que desenvolveram GBS após infecção versus

amostras de GBS recuperados da doença. Estes genes representam estados ou processos biológicos

bem definidos, cujos conjuntos de genes foram gerados por uma metodologia computacional baseada

na identificação de sobreposições entre conjuntos de genes em outras coleções MSigDB e na retenção

de genes que exibem expressão coordenada. Logo, representam conjuntos de genes que estão agindo

de forma coordenada e têm relação na assinatura biológica ou processos (halmarks, segundo MsigDB).

Em azul, aqueles cujos padj < 0.05. Vias cujo NES < 0 indicam processos downregulados. NES > 0,

processos uprregulados.

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Porém, a partir daqui, baseando-se nos três primeiros contrastes realizados envolvendo

ZIKV, GBS recuperados e GBS doentes, é possível observar que há diferentes fenótipos

observáveis.

1. Contraste 1 (GBS rec x ZIKV) – menor inflamação; homeostase.

2. Conraste 2 (GBS doentes x ZIKV) – inflamação intermediária;

3. Contraste 3 (GBS doentes x GBS rec) – inflamação elevada;

Tais fenótipos são condizentes com as observações de cada uma destas doenças, na

literatura (para revisão, consultar (AAGAARD et al., 2017; ADAMS WALDORF et al.,

2018; ANAYA et al., 2016; BAILEY et al., 2018; BARROWS et al., 2019; BERRY et al.,

2019; BORDONI et al., 2019; CHIEN et al., 2019; DE PAULA GUIMARÃES et al., 2019;

DEVHARE et al., 2017; ESTRIDGE; ISKANDER, 2015; KURSCHEIDT et al., 2019;

MANESS et al., 2019; MUSSO et al., 2018; MUSSO; KO; BAUD, 2019; VAN DUIJL-

RICHTER et al., 2015; WEILG et al., 2018; WHITE et al., 2016; WILDER-SMITH et al.,

2019; YARRINGTON et al., 2019; YI; PIMENTEL; PACHTER, 2017; YUN; LEE, 2017).

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31

Figura 7. Hallmark. Contraste 4, CHIKV (doentes) x CHIKV (recuperados). A partir do banco de

dados MsigDB, utilizando a coleção de genes hallmark, obtidas na análise de enriquecimento de

conjunto de genes (GSEA) para o contraste CHIKV entre pacientes detectados com CHIKV (fase

aguda da doença) versus recuperados de CHIKV (amostras retiradas ~ 400 dias após febre

chikungunya). Estes genes representam estados ou processos biológicos bem definidos, cujos

conjuntos de genes foram gerados por uma metodologia computacional baseada na identificação de

sobreposições entre conjuntos de genes em outras coleções MSigDB e na retenção de genes que

exibem expressão coordenada. Logo, representam conjuntos de genes que estão agindo de forma

coordenada e têm relação na assinatura biológica ou processos (halmarks, segundo MsigDB). Em

azul, aqueles cujos padj < 0.05. Vias cujo NES < 0 indicam processos downregulados. NES > 0,

processos uprregulados.

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Quadro 1. Contraste 1, GBS (recuperados) Vs ZIKV, categoria MSigDB C2 (canonical

pathways, KEGG). Listas de genes uprregulados (30, valores NES positivos) e downrregulados (30,

valores NES negativos).

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Quadro 2. Contraste 2, GBS (doentes) Vs ZIKV, categoria MSigDB C2 (canonical pathways,

KEGG). Listas de genes uprregulados (30, valores NES positivos) e downrregulados (30, valores

NES negativos).

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Quadro 3. Contraste 3, GBS (doentes) Vs GBS (recuperados), categoria MSigDB C2

(canonical pathways, KEGG). Listas de genes uprregulados (30, valores NES positivos) e

downrregulados (30, valores NES negativos).

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35

Quadro 4. Contraste 4, CHIKV (doentes) Vs CHIKV (recuperados), categoria MSigDB C2

(canonical pathways, KEGG). Listas de genes uprregulados (30, valores NES positivos) e

downrregulados (30, valores NES negativos).

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Quadro 5. Contraste 1, GBS (recuperados) Vs ZIKV, categoria MSigDB C5 (GO biological

process). Listas de genes uprregulados (30, valores NES positivos) e downrregulados (30, valores

NES negativos).

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Quadro 6. Contraste 2, GBS (doentes) Vs ZIKV, categoria MSigDB C5 (GO biological

process). Listas de genes uprregulados (30, valores NES positivos) e downrregulados (30, valores

NES negativos).

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Quadro 7. Contraste 3, GBS (doentes) Vs GBS (recuperados), categoria MSigDB C5 (GO

biological process). Listas de genes uprregulados (30, valores NES positivos) e downrregulados (30,

valores NES negativos).

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39

Quadro 8. Contraste 4, CHIKV (doentes) Vs CHIKV (recuperados), categoria MSigDB C5

(GO biological process). Listas de genes uprregulados (30, valores NES positivos) e

downrregulados (30, valores NES negativos).

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A – CONTRASTE 1, UP (C2, KEGG). B – CONTRASTE 2, UP (C2, KEGG)

C – CONTRASTE 3, UP (C2, KEGG) D – CONTRASTE 4, DOWN (C2, KEGG)

Figura 8. Principais vias GO KEGG (MSigDB, C2) obtidas na análise de enriquecimento de conjunto

de genes (GSEA) para o contraste entre pacientes que desenvolveram GBS após infecção

(recuperados) versus ZIKV. A) indica a via na qual os genes upregulados para GBS (recuperados)

versus ZIKV apresentam-se em declínio ao se obserar os dois pacientes que desenvolveram GBS após

ZIKV. B) GBS (doentes) Vs ZIKV e C) GBS (doentes) Vs GBS (recuperados); e D) CHIKV (doentes)

Vs CHIKV (recuperados). Nota-se que a via KEGG AXON GUIDANCE está uprregulada em GBS

doentes (B); levemente uprregulda em GBS (recuperados) (A) e GBS (doentes) Vs GBS (recuperados).

A mesma via não está consistente em D (CHIKV doentes X CHIKV recuperados).

O envolvimento neurológico pôde ser captado em algumas via, a exemplo daquela

observada na Figura 8. Isso indica que, possivelmente, o vírus continua a influenciar

processos biológicos nos hospedeiros após nove meses passados do início da infecção para

aqueles indivíduos afetados por ZIKV, os quais desenvolveram GBS, enquanto estas vias de

desenvolvimento neuronal iniciam seu declínio, possivelmente em direção à normalidade,

após a recuperação de GBS. Como comparação, é possível observar que a mesma via não está

consistente para CHIKV, o que corrobora com o fato de que este alfavírus não possui relatos

consistentes de casos onde ocorra envolvimento neuronal, embora alguns autores discutam

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que mesmo CHIKV possa levar a consequências neuronais (SCHWARTZ AND ALBERT,

2010).

Estes fenótipos observados através destas vias são corroborados na literatura, uma vez

que é sabido que o ZIKV possui envolvimento neuronal (ANAYA et al., 2016; MIER-Y-

TERAN-ROMERO et al., 2018; WALDORF et al., 2018; WHITE et al., 2016).

Os resultados obtidos indicam que as principais vias obtidas a partir de termos de

Gene Ontology (GO) de processos biológicos (GO, Biological Process) estão envolvidas

principalmente no desenvolvimento, sistema imune, estruturas celulares, no que diz respeito

as análises entre GBS (doentes) versus ZIKV (recuperados) (ver Quadros 5 - 8).

Os resultados tanto de vias KEGG quanto GO (Biological Process) indicam que genes

de desenvolvimento, tais quais Sonic Hedgehog e Wnt, possuem maior nível de expressão

(upregulated) durante GBS (recuperados), como visto no quadro 1, representando contraste 1,

GBS (recuperados) Vs ZIKV. A expressão de genes nestas vias pode estar se elevando (como

é o caso de Sonic Hedgehog), devido a estes genes se caracterizarem como essenciais para

desenvolvimento, i.e., construção e reconstrução (DORUS et al., 2006). Nesta fase de

arrefecimento da doença estes genes possuem nível de expressão detectado como elevado em

relação a controles possivelmente devido à menor atividade de outros genes ativos durante a

fase de doença. É possível ver no quadro 2 (GBS doentes Vs ZIKV) que a mesma via para

Sonic Hedgehog não se possui expressão tão elevada, possivelmente diminuindo conforme a

evolução para cura da síndrome e arrefecimento da febre zika.

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6 CONCLUSÃO

1. Através de abordagem GSEA fenótipos puderam ser diferenciados.

2. Contraste 1 (GBS rec x ZIKV) – menor inflamação; homeostase.

3. Conraste 2 (GBS doentes x ZIKV) – inflamação intermediária;

4. Contraste 3 (GBS doentes x GBS rec) – inflamação elevada;

5. Contraste 4 (CHIKV doentes x CHIKV recuperados:

6. O uso de enriquecimento de genes é eficaz em fornecer insights acerca de

características fenotípicas destas infecções (ZIKV, CHIKV), além de GBS.

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