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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÂO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA DA UFRN A delineação de sua autoimagem através do Discurso do Sujeito Coletivo ANTÔNIO EUFRÁZIO DA COSTA NETO NATAL-RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÂO

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA DA UFRN A delineação de sua autoimagem através do Discurso do Sujeito Coletivo

ANTÔNIO EUFRÁZIO DA COSTA NETO

NATAL-RN

2015

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ANTÔNIO EUFRÁZIO DA COSTA NETO

BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA DA UFRN

A delineação de sua autoimagem através do Discurso do Sujeito Coletivo

Monografia apresentada ao curso de Biblioteconomia, para fins de avaliação e como requisito parcial para do título de Bacharel em Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Profª. Drª. Luciana Moreira Carvalho

NATAL-RN

2015

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Catalogação na Publicação

Larissa Inês da Costa – Bibliotecária (CRB 15/657)

Costa Neto, Antônio Eufrázio da.

Bacharel em Biblioteconomia da UFRN: A delineação de sua autoimagem através do Discurso do Sujeito Coletivo / Antônio Eufrázio da Costa Neto. – Natal, 2015.

51 f. Orientadora: Luciana Moreira Carvalho. Monografia (Bacharelado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Sociais aplicadas. Departamento de Ciência da Informação.

1. Autoimagem – Monografia. 2. Discurso do Sujeito Coletivo –

Monografia. 3. Bacharel em Biblioteconomia – Monografia. 4. Discurso – Monografia. I. Carvalho, Luciana Moreira. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/DECIN CDU 02 CUTTER C837b

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ANTÔNIO EUFRÁZIO DA COSTA NETO

BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA DA UFRN

A delineação de sua autoimagem através do Discurso do Sujeito Coletivo

Monografia apresentada ao curso de Biblioteconomia, para fins de avaliação e como requisito parcial para do título de Bacharel em Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

.

MONOGRAFIA APROVADA EM _____/ _____/2015

__________________________________________________________ Profª. Drª. Luciana Moreira Carvalho

Orientadora

__________________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Luíz Vechiato

Membro

__________________________________________________________ Profª. Drª. Nadia Aurora Vanti Vitullo

Membro

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Dedico ao Deus Pai todo poderoso que

ilumina meu caminhar, dando-me forças para

prosseguir, colocando em minha vida anjos.

A minha família pelo exemplo de força, fé e

união, me fazendo crer que dias melhores existem

basta querer enxergá-los.

A todos que lutam por uma vida melhor

através da educação. Pois, alcançar uma vitória nem

sempre significa realizar um feito grandioso; às vezes

ela é o somatório de pequenos sucessos que

acumulamos durante a vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao Deus Pai todo-poderoso pela dádiva da vida, me guiando sempre pelos

caminhos retos, dando-me oportunidade de aprender, trocar experiências, tornar-me

profissional consciente. Hoje tenho a certeza que os meus objetivos podem ser

alcançados, basta querer, assim esse momento representa apenas mais um passo

em direção à jornada profissional.

A minha família, em especial aos meus pais, Pedro Costa e Tereza Costa,

por terem aberto mão de uma vida a dois e partilhar o dom da vida comigo,

ensinando-me os caminhos por onde seguir, mas deixando-me livre para fazer as

escolhas que julgava certa, educando-me corretamente, pois a maior herança

deixada pelos pais é a educação. A minha irmã Larissa Costa pelo apoio e estimulo

durante toda a vida, sendo meu espelho e bussola durante essa jornada, agradeço

ainda o companheirismo, carinho e orgulho. Amo-os.

Aos meus tios, em especial a Mauro Varela (in memorian), Maria Inês (in

memorian) e Carlos Augusto (in memorian) por terem participado de minha vida de

forma tão especial, contribuindo para minha formação cidadã. Pena que Deus queira

perto dele as pessoas boas; os amo muito.

Á todos os meus familiares que, mesmo longe, ajudaram-me a realizar esse

sonho.

Ao meu cunhado, Carlos Bezerra, por acreditar em meu potencial, me

incentivando sempre a seguir, apoiando-me sempre de forma incondicional.

Aos meus amigos que durante esses quatro anos fizeram-se presentes,

contribuindo para um bom desenvolvimento do curso, colaborando com sugestões,

idéias, alegrias, compreensão e companheirismo, principalmente a Maria da

Conceição Queiroz Maia (uma das três Marias da Biblioteconomia) que me apoiou

durante essa caminhada.

Tenho que Citar, Ana Célida de Souza, Ana Claudia Santos da Silva, Ana

Flavia de Lima Rocha, Ana Paula Do Nascimento Inácio, Andressa Michelly dos

Santos Gomes, Anne Catarine Leônidas Pereira, Christian Cavalcanti, Felipe

Augusto Dias de Freitas, Felipe Ramalho Bernardo, Giovani Barbosa Pedro Junior,

Jadna Noronha de Lima Dantas, Jaelson Ferreira dos Santos, Jéssica Gregório

Nunes, Judson Queiros dos Santos, Kleyber Araújo Almêda, Layanne Louize Oliveira

Cabral, Lucas de Carvalho Martinez, Lucas Norato Endlich, Lydes Teles Souza do

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Amaral, Maria Beatriz Izidia Baracho de Oliveira, Martina Luciana Souza Brizolara,

Mayane Paulino de Brito e Silva, Monaliza de Melo Fernandes, Monise Danielly

Pessoa Vila, Morgana Bezerra Barros da Fonseca, Paula Kaila de Souza Maia,

Renata Jovita Granze de Oliveira, Renato Fonseca de Assis Cunha, Roberta Kelly

de Oliveira Saraiva, Rodrigo Vieira de Macedo, Rosane de Oliveira Ramos, Sara

Andgel Ferreira da Silva e Wallas Tomaz dos Santos (nosso Capitão Gancho). Em

especial Alexsandra Santana da Silva, Eric Querino da Silva Junior, Ewerton Bezerra

Siqueira de Miranda, Rita de Cássia Lima do Nascimento (Rita Lee), Rosemeiry

Bezerra Chaves (Tia), por terem sido anjos em minha vida. Como esquecer todos os

trabalhos realizados, todas as horas de incentivo e motivação para seguir em frente

na labuta diária. Lembro ainda de nossas discussões, mas isso fica no passado,

para rememorar devemos sempre lembrar dos fatos felizes, as tristezas deixamos

esquecidas, para que nossa amizade floresça sempre no amor, confiança,

companheirismo...

A turma de Biblioteconomia 2012, por todos os momentos partilhados, e pela

união que fez parte desse grupo em momentos imprescindíveis. Foi um prazer ser

parte desse grupo, do qual com raras exceções tanto me orgulho.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por ter disponibilizado todo

o suporte necessário para o desenvolvimento da graduação, ressaltando assim o

corpo docente de Biblioteconomia e áreas afins que muito contribui para a formação

acadêmica.

A professora Andréa Vasconcelos Carvalho, agradeço todas as informações

relativas às novas tendências na área de Ciência da Informação, mostrando todo um

nicho que pode ser ocupado pelos bibliotecários, por suas aulas expositivas e

principalmente por tentar mostrar a turma a necessidade de uma educação

continuada. Parabenizo-a por sua segurança na transmissão dos conteúdos.

A professora Antônia de Freitas Neta, por todas as suas explicações em sala

de aula, por todas as cobranças e elogios, por todos os puxões de orelha para que

os trabalhos tivessem qualidade.

A professora Claudialyne da Silva Araújo, agradeço, pois de alguma forma

contribui com minha formação acadêmica.

A professora Eliana Ferreira da Silva, que com tanto prazer prepara suas

aulas e apresentações expositivas na tentativa de torna as aulas dinâmicas e claras.

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Parabenizou-a por seu espírito pesquisador que tanto tem enriquecido o curso,

forçando o aluno a atualizar-se.

Ao professor Erinaldo Dias Valério, agradeço por sua amizade e disposição

para transmissão de informações e partilha de conhecimentos.

Ao Professor Fernando Luís Vechiato, agradeço por suas aulas dialogadas

mesmo das disciplinas técnicas, sempre dando vez e voz a todos sem distinção.

Ao professor Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo, por todas

informações relativas a conservação, preservação, restauração e gestão

documental. Por ser como é e transmitir tranquilidade em suas aulas.

A professora Ilaydiany Cristina Oliveira da Silva, por todas as informações,

por seu desempenho em expor o universo do estudo de usuário, mostrando o

quanto é fascinante enveredar pelo universo de nosso público alvo.

A professora Jacqueline Aparecida Souza, agradeço por sua amizade e

disposição para transmissão de informações e partilha de conhecimentos.

A professora Jacqueline Araújo Cunha, agradeço pelas orientações

acadêmicas e por nunca ter me faltado nos momentos necessidade inclusive

aceitando me ter como aluno numa turma de regime especial o que, me possibilitou

seguir minha graduação sem atrasos.

A professora Luciana Moreira Carvalho, que tão gentilmente me aceitou

como orientando, mesmo sabendo que o nosso caminho seria árduo, pois escolhi

um tema esquecido pelos pesquisadores de nossa área e uma metodologia nunca

utilizada antes em nosso curso. Obrigado por todas as palavras de incentivo, por

todas as indicações para melhoria do nosso trabalho, sua ajuda foi fundamental para

que tudo desse certo.

A professora Maria do Socorro de Azevedo Borba, por ser sempre tão

solicita ajudando a todos (não importa a hora de seu chamado SOS Borba vai lhe

atender). Obrigada por todas as informações enviadas pelo e-mail e orientações no

momento que reingressava na UFRN estando ainda em processo de readaptação.

A professora Mônica Marques Carvalho, por ter sempre exigido o máximo

dos alunos, cobrando pontualidade e responsabilidade, nos fazendo amadurecer

como profissionais. Obrigada por todas as dicas e sugestões, essas levarei comigo,

pois fazem parte de minha jornada.

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A professora Nadia Aurora Vanti Vitullo, agradeço a paciência e dedicação

em fazer com que a turma aprendesse disciplinas tão árduas quanto Introdução ao

Tratamento Temático da Informação e Representação temática I.

Ao Professor Pedro Alves Barbosa Neto, agradeço, pois de alguma forma

contribuiu com minha formação acadêmica.

A professora Renata Passos Filgueira de Carvalho, agradeço todas as

pesquisas realizadas, pelos seminários e artigos que nos obrigava a buscar

conteúdo para a realização dessas atividades.

A Sunamita Nunes de Oliveira, agradeço, pois de alguma forma contribuiu

com minha formação acadêmica.

Agradeço ainda ao professor André Luiz Sena da Rocha (Departamento de

Estatística), ao professor Francisco das Chagas Fernandes Santiago Junior

(Departamento de História), a professora Luciana Guedes Santos (Departamento de

Ciências Administrativas), ao professor Manuel Ferreira Gomes Junior

(Departamento de Informática e Matemática Aplicada), Maria da Conceição

Guilherme Coelho (Departamento de História) a professora Maria Edileuda do Rego

Sarmento (Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras Modernas), a

professora Sonia Regina de Macedo Ribeiro (Departamento de Ciências

Administrativas, por todo o ensinamento. A cada um de vocês o meu muito obrigado.

Ao professor José Antônio Spinelli do Departamento de Ciências Sociais que

acreditou em meu potencial e me convidou para ser seu bolsista de pesquisa mesmo

sendo aluno regular do curso de graduação em Biblioteconomia, obrigado pelos

ensinamentos e saberes compartilhados, principalmente ligados à temática dos

movimentos de redemocratização da América-Latina com destaque para o brasileiro.

Ao Núcleo Temático da Seca e do Semi-árido em especial ao

LIBER/DEBI/UFRN, meio ambiente de aprendizado.

A Biblioteca da UNI-RN enquanto instituição e todos que a compõe em

particular as Bibliotecárias Helena Barroso e Larissa Costa pelos ensinamentos do

estágio supervisionado.

Aos amigos que me apoiaram durante o estágio supervisionado em especial

a Rosa Cléa (Michele Rodrigues), com quem compartilhei ideias, vivencias e

histórias de diferentes períodos do curso de Biblioteconomia, assim como conteúdo

acadêmico complementar ao estágio.

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Aos amigos que me acompanham por toda a vida em especial, Caio

Eduardo (Cocobila), Elizama Lemos (Duenti), Eugênio Filho (Geninho Hey oh), Konia

Racheqelle (minha grande incentivadora), Poliana Santos e ao meu professor de

Geografia e Línguas estrangeiras modernas Yedo Gadelha Neto (Boitatá).

Agradeço ainda a todos que me ajudaram de uma forma ou de outra. A você

que fez e faz parte da minha vida....

Muito Obrigado!!!

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A autoimagem é a essência da personalidade e

do comportamento humano. Mude a autoimagem, e

ambos serão transformados.

(Maxwell Maltz)

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RESUMO

Aborda a autoimagem dos egressos do curso de graduação em

Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio grande do Norte (2000-2013)

apresentando o papel e formas de atuação desses bacharéis no contexto da

sociedade da informação, os preconceitos e paradigmas que perseguem a profissão

no Brasil. O objetivo é delinear a autoimagem desses egressos no processo de

construção e consolidação de sua profissão no país, ao longo de 50 anos de

regulamentação da carreira. O referencial teórico ancora-se em noções de

Biblioteconomia, Ciência da Informação, autoimagem, distinção entre classes e

breve retomada do que foi produzido sobre o tema na área de Ciência da informação

ao longo dos anos. A metodologia consiste na construção de Discurso através do

Sujeito Coletivo para identificar as expressões-chave, as ideias centrais e a

ancoragem, figuras metodológicas formadoras do discurso. Os resultados

alcançados apontam que, embora o bibliotecário tenha atingido espaço e

reconhecimento na sociedade, ainda tem que conviver com estereótipos e falta de

reconhecimento na sua carreira. Isso contribui para falta de visibilidade profissional e

dificulta, por vezes, a inserção no mercado de trabalho.

Palavras-chave: Autoimagem do Bibliotecário. Egressos de Biblioteconomia-UFRN.

Discurso do Sujeito Coletivo.

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ABSTRACT

Addresses the self-image of the undergraduate course graduates in Library

Science from the Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2000-2013)

presenting the role and forms of action of these graduates in the context of the

information society, prejudice and paradigms that pursue the profession in Brazil. The

purpose is to outline the self-image of these graduates in the construction and

consolidation of their profession in the country after 50 years of career regulation.

The theoretical framework anchored in notions of librarianship, information science,

self-image, class distinction and brief resume of what has been produced on the

subject in information Science Area over the years. The methodology consists in

building Speaking through collective subject to identify the key expressions, central

ideas and anchorage, forming methodological figures of speech. The results

achieved indicate that, the Librarian has reached space and recognition in society,

still have to live with stereotypes and lack of recognition in their career, this

contributes to a lack of professional visibility and complicates the sometimes entering

the labor market.

Keywords: Librarian self-image. Graduates Librarianship-UFRN. Collective Subject

Speech.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 O QUE É BIBLIOTECONOMIA? ........................................................................... 15

2.1 DISTINÇÃO ENTRE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ........ 16

2.2 BIBLIOTECÁRIO OU BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA? ............................ 18

3 BREVE HISTÓRICO E ESTRUTURA DO CURSO DA BIBLIOTECONOMIA DA UFRN ........................................................................................................................ 21

3.1 RETRATO DO MERCADO DE TRABALHO DOS EGRESSOS DO CURSO DE

BIBLIOTECONOMIA DA UFRN ................................................................................ 22

3.2 POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DO

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DA UFRN ............................................................ 23

4 AUTOIMAGEM ...................................................................................................... 25

4.1 AUTOIMAGEM DOS EGRESSOS DE BIBLIOTECONOMIA .............................. 26

5 DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO................................................................... 29 5.1 APRESENTAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA .......................................... 34

5.2 INSTRUMENTO DE ANÁLISE DO DISCURSO (IAD)......................................... 35

5.3 DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC) ..................................................... 43

5.3.1 Como você avalia a imagem do curso de Biblioteconomia da UFRN no mercado de trabalho? ............................................................................................. 44

5.3.2 Como você avalia a imagem do bibliotecário no mercado de trabalho? .. 46

6 CONSIDERAÇOES FINAIS ................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49

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1 INTRODUÇÃO

Após a II Grande Guerra Mundial, a sociedade vive uma nova era, onde os

objetos tecnológicos passam a desenvolver-se numa velocidade nunca vista. Com

esses avanços tecnológicos os hardware (drives) e softwares (programas) sofrem

mudanças contínuas que ficaram mais acentuadas e visíveis a partir do século XXI.

O bibliotecário por vezes não acompanha esse desenvolvimento da sociedade e

consequentemente dos seus locais de atuação e isso é reflexo da forma como se vê,

o que influencia na forma como seu usuário e o mercado o percebe enquanto

profissional da informação.

Nos estudos realizados na área de Ciência da Informação a preocupação é

sempre com a melhor forma de se tratar e organizar determinada informação, com

objetivo fim de se suprir as necessidades informacionais dos usuários, mas o

profissional bibliotecário não se preocupa com sua autoimagem, contribuindo por

vezes com a perpetuação de estereótipos postos pela sociedade da informação,

sendo a eliminação desses uma necessidade latente que deve ser de melhor forma

sanada.

A monografia faz parte da pesquisa, “Mapeamento e Análise do Mercado de

Trabalho dos Egressos do Curso de Biblioteconomia da UFRN: Período de 2000 à

2013” mais ampla, que pretende mapear uma série de afirmações empíricas

relacionadas a formação e atuação dos egressos de biblioteconomia da UFRN.

O período do recorte 2000 à 2013 foi escolhido nesse contexto, para

representar egressos de todos os anos, excluídos os egressos de 2014 pois, na

época da coleta de dados tinham obtido o grau há pouco tempo, o que viria a

interferir nos resultados obtidos.

Tem-se como objetivo geral da pesquisa, apresentar a autoimagem dos

egressos do curso de Biblioteconomia no período temporal de 2000-2013, e suas

implicações sobre o mercado de trabalho. Os objetivos específicos são: apresentar

uma breve trajetória da Biblioteconomia, explicar as implicações de estereótipos

para o mercado de trabalho, ressaltar a atuação dos bibliotecários a frente de

unidades de informação.

A sociedade da informação necessita cada vez mais ter acesso a informação

em tempo hábil, aumentando a necessidade de atuação de bibliotecários a frente de

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unidades de informação ou atuando como mediadores onde sua atuação profissional

se fizer necessária.

Autoimagem é um termo que despertou interesse relativamente novo pela

ciência, o que dificulta o entendimento do processo, talvez por essa razão haja

pouca literatura na área de ciência da informação, pois o ser humano por vezes tem

medo do que desconhece, inclusive de não conhecer a si. O bibliotecário, como um

profissional da informação, deve esforça-se para conhecer não só os fluxos

informacionais e tecnologias, como conhecer a si e ser capaz de reconhecer suas

próprias demandas.

A motivação de explorar o tema autoimagem do egresso de biblioteconomia,

surgiu através da falta de discussão sobre a temática que não é nova. Na década de

1980 a bibliotecária Zita Catarina Prates de Oliveira lançou um livro discutindo

questões relacionadas a autoimagem do bibliotecário e estereótipos da profissão,

mas a discussão se encerrou com ele se restringindo a publicação de alguns

trabalhos isolados que não deram consistência a discussão.

Faz-se necessário elucidar questionamentos que se colocam e percebendo-

se a forma como essa autoimagem interfere ou não na atuação profissional desse

egresso.

O método de abordagem utilizado na tabulação e análise dos resultados

obtidos na pesquisa foi o Discurso do Sujeito Coletivo (D.S.C.). Além dele foram

utilizados os métodos de procedimento histórico, comparativo e estatístico. Quanto

ao procedimento, o histórico foi escolhido pela percepção da necessidade de se

buscar bibliografia referente ao tema para estabelecer constante diálogo. O

comparativo contribuí no momento da comparação dos resultados e delimitação de

diferenças e similaridades entre os sujeitos da pesquisa e o método estático foi

empregado na tabulação e apresentação dos dados obtidos no decorrer da

pesquisa.

Foi utilizado também como procedimento metodológico pesquisas

bibliográficas e eletrônicas com a finalidade de obter embasamento teórico-

metodológico para o desenvolvimento concreto da pesquisa e a formalização do

trabalho monográfico.

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2 O QUE É BIBLIOTECONOMIA?

Por vezes estudantes de Biblioteconomia e Bibliotecários se deparam com o

questionamento “o que é Biblioteconomia”. Para elucidar essa indagação temos a

seguinte definição: Biblioteconomia é a ciência que estuda os aspectos da representação, da sistematização, do uso e da disseminação da informação através de serviços e produtos informacionais. Trata sobre a análise, planejamento, implementação, organização e a administração da informação em bibliotecas, bancos de dados, centros de documentação, sistemas de informação e sites, entre outros. O papel do profissional bibliotecário é de agente mediador entre a informação e quem a busca, de modo que o conhecimento chegue de forma rápida e satisfatória ao seu usuário. A Biblioteconomia é uma das profissões mais antigas da humanidade. Estima-se que talvez tenha se iniciado nos primórdios com as práticas estabelecidas pelos monges copistas. A Biblioteconomia no Brasil como curso de graduação é considerada como uma das ciências da informação, pelo seu caráter interdisciplinar e pelo seu objeto de estudo. As principais áreas de pesquisa em biblioteconomia são: representação temática, representação descritiva, linguagens documentárias, serviços de referência, marketing em unidades de informação, arquitetura de informação, usabilidade, catalogação, gestão de unidades de informação, infometria etc. (BIBLIOTECONOMIA..., 2015)

Já há algum tempo a biblioteconomia deixou de ser sinônimo de método

para guarda ordenada de acervos variados passando à meio de atuação profissional

que vai além da custódia de suportes que compõem os mesmos. O bibliotecário atua

com destaque desempenhando papel de mediação entre a informação presente nos

suportes informacionais e aqueles que buscam suprir uma determinada demanda

informacional contribuindo para a formação de novos conhecimentos num ciclo

sempre com a atuação do bibliotecário na prática das técnicas da biblioteconomia.

A visão tecnicista ligada à biblioteconomia foi segmentada no Brasil com a

formação da segunda geração de bibliotecários que substituíram os primeiros

formados pela Biblioteca Nacional. Oliveira (1983) ressalta que o “bibliotecário

erudito”, focado em problemas culturais e guardião da cultura cientifica, passa a

exercer atividades técnicas inerentes ao funcionamento de Unidades de Informação,

mas despreparados no auxilio ao atendimento das demandas dos seus usuários e

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com um conhecimento generalista deficitário. Esse desequilíbrio entre a formação

culta e técnica acompanha o profissional bibliotecário ao longo dos anos e contribui

para a desvalorização da profissão.

O profissional que lida com a informação deve evoluir junto com a sua

profissão. Oliveira (1983, p.3) ressalta:

Como o passar do tempo, colecionar e organizar documentos deixou de ser um comportamento individual, passando a trabalho independente do indivíduo, trabalho este solicitado e mantido pelas necessidades próprias da sociedade. Surge então, por solicitação da sociedade, a profissão, isto é, o fazer humano formalizado pela necessidade social. Parece importante salientar desde logo que, sendo essa necessidade social variável e evolutiva, também a profissão dela derivada resulta num objeto variável e evolutivo, alvo de constantes indagações e reformulações que favorecem sua sobrevivência.

Esse é o equilíbrio desejado no fazer profissional do bibliotecário que deve

ser versado na técnica e na forma, com seu objetivo fim de suprir a demanda de

seus usuários independente da forma como se apresentem, contribuindo com a

geração de novos conhecimentos e a propagação da verdadeira função da

biblioteconomia enquanto meio de organização e disseminação de conhecimentos.

2.1 DISTINÇÃO ENTRE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Sendo a Biblioteconomia considerada uma área da Ciência da Informação

se faz necessário a apresentação de sua definição para não incorrer em equívocos,

como considerar uma sinônimo da outra. Segundo o Dicionário Eletrônico de

Terminologia em Ciência da Informação: A definição surgida nas conferências do Georgia Institute of Thecnology, EUA, realizadas em Outubro de 1961 e Abril de 1962, retomada e republicada por Harold Borko em 1968, continua válida e com forte cariz programático: É a disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da INFORMAÇÃO, as forças que regem o fluxo informacional e os meios de processamento da informação para a optimização do acesso e uso. Está relacionada com um corpo de CONHECIMENTO que abrange a origem, colecta, organização, armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão, transformação e utilização da informação. Isto inclui a investigação, as representações da informação tanto no sistema

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natural, como no artificial, o uso de códigos para uma eficiente transmissão de mensagens e o estudo dos serviços e técnicas de processamento da informação e seus sistemas de programação [...]. (DICIONÁRIO..., 2015).

Sendo parte integrante do rol das Ciências Sociais (DICIONÁRIO..., 2015)

explora questões relacionadas ao “fenômeno info-comunicacional”, sua atuação e

forma como o fluxo informacional modifica a sociedade da informação, analisando a

formação do “fluxo, organização e comportamento informacionais”, dos indivíduos

que compõem a referida coletividade.

Não se pode na atualidade dissociar Biblioteconomia de Ciência da

informação, mas é necessário a análise de suas definições para possível distinção

entre elas. O ensino de Biblioteconomia no Brasil de acordo com Oliveira, Carvalho e

Souza (2009, p. 13-14) se inicia na, [...] Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, através do decreto 8.835 de 11 de julho de 1911, durante a direção de Manoel Cícero Peregrino da Silva. Este filho de uma tradicional família pernambucana assumiu, em 1900, o cargo a convite de Epitácio Pessoa, permanecendo em tempos interruptos até 1924, [...] O então diretor é considerado um dos pioneiros no planejamento da documentação bibliográfica, um homem com a visão profética de Paul Otlet e Henri La Fontaine, segundo Fonseca (1957). É também responsável pelo processo histórico do ensino biblioteconômico no país, mesmo ainda que a iniciativa da criação do curso estivesse ligada ao suprimento das necessidades internas e da consolidação de um projeto da elite dominante, como lembra Souza (1990). Dessa maneira, o curso visava atender as exigências institucionais, sendo as aulas ministradas pelos diretores de cada seção, em número de quatro.

Os autores afirmam ainda que o curso durava sete meses dividido em quatro

módulos, onde os aspirantes a bibliotecário ao fim do curso deveriam ser submetidos

a exame teórico, oral e prático, além de comprovar assiduidade às aulas que

ocorriam semanalmente. De acordo ainda com os autores, o curso da Biblioteca

Nacional seguia os moldes generalistas da escola francesa de Biblioteconomia: É finalmente em 1915, que cumprindo o Art. 36, inaugura-se a primeira turma, composta de vinte e um alunos, e por determinação do Ministro da Justiça e Negócios do Interior, Dr. Carlos Maximiliano Pereira dos Santos, teve a turma acrescida de mais seis proponentes. Nota-se que para tornar bibliotecário o candidato

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deveria preencher a condição inicial de ter conhecimento amplo, humanístico, sobre o campo das Artes, Humanidades, Línguas e Ciências, seguindo os moldes da escola francesa, pela École Nacionale des Chartes (OLIVEIRA; CARVALHO; SOUZA, 2009, p. 15).

O ensino de Biblioteconomia no Brasil seguindo padrão estabelecido pela

escola francesa não foi o único presente no país:

O ensino da Biblioteconomia denominado de Library Science teve seu primeiro curso criado em 1887, pela Columbia University School of Library Service, visto que há onze anos já havia sido criada a American Library Association - ALA, que, até hoje desempenha papel de suma importância para a Ciência da Informação, assim como, para a Biblioteconomia. Esta mesma associação dá aos diretores de Bibliotecas da América Latina, um curso de pouca duração. Então, o paulista Rubens Borba de Moraes sob influência entusiástica aos escritos de Monteiro Lobato e por patrocínio da ALA vai para os Estados Unidos da América conhecer o ensino norte-americano. Isto viria a modificar sua atuação, visto que, em 1936, foi o responsável pela criação da escola de Biblioteconomia da Divisão de Bibliotecas da Prefeitura Municipal de São Paulo (OLIVEIRA; CARVALHO; SOUZA, 2009, p. 17).

Embora o ensino e aplicação do modelo estadunidense no Brasil não tenha

logrado êxito tanto na aplicação prática quanto em relação ao ensino, levou a

criação de várias escolas que contribuíram para disseminação da biblioteconomia na

nação, recebendo críticas pela ausência de pratica de normalização. O embate entre

a escola francesa generalista versus escola norte americana especialista,

representada também entre a Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro) versus Biblioteca

Municipal (São Paulo), foi vencido pela Biblioteca Nacional com o estabelecimento

de uma formação generalista predominante no currículo do ensino dos cursos de

graduação em Biblioteconomia no território nacional.

2.2 BIBLIOTECÁRIO OU BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA?

Os egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN não são

necessariamente Bibliotecários, por isso, se faz necessário à distinção entre as

classes. Segundo o Conselho Regional de Biblioteconomia da 14ª Região (CRB 14),

pode-se definir Bibliotecário como:

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[...] profissional de nível superior que atua no mercado de trabalho com uma visão ampla e objetiva da sociedade e de seus variados segmentos. O bibliotecário é capaz de atuar em qualquer função que vise a organização e obtenção de informações e como gestor da informação e do conhecimento para atender às necessidades de informação da sociedade. O bibliotecário economiza tempo e recursos para seus clientes, colocando ao seu alcance informações já selecionadas, precisas e de fundamental importância para o sucesso das organizações. O bibliotecário está habilitado a executar: Planejamento de serviços biblioteconômicos; Planejamento físico de bibliotecas, centros de documentação e informação; Organização de acervos (bibliográficos ou não); Serviços técnicos e administrativos ligados à documentação; Assessoria, consultoria, ensino, fiscalização técnica, normalização de documentos, análise de trabalhos técnicos e científicos; Organização de bases de dados virtuais e intranets; Documentação para processos de certificação de qualidade; Avaliação de conteúdo da Internet, entre outras. (CONSELHO..., 2015)

Todo egresso do curso de graduação em biblioteconomia é um Bacharel em

Biblioteconomia, mas não é necessariamente um bibliotecário, pois de acordo com a

Lei Nº 4.084, DE 30 DE JUNHO DE 1962, que trata do exercício da profissão. “Art.

1º A designação profissional de Bibliotecário [...] é privativa dos bacharéis em

Biblioteconomia”. Portanto, o fato de ser bacharel não implica dizer que é

bibliotecário. A Legislação trata é da regulamentação do seu exercício.

Um profissional que ocupa lugar de destaque na sociedade da informação,

por ser um mediador de conhecimento que possui valor estratégico no contexto

atual.

Ao se determinar quem é o profissional bibliotecário, como se dá sua

formação, sua área de atuação e a origem da profissão no Brasil, não se pode

deixar de falar sobre os estereótipos que cercam a profissão como ressalta Walter e

Baptista:

Não é desconhecido da maioria das pessoas, e dos próprios profissionais, que os bibliotecários estão comumente vinculados a diversos tipos de estereótipos como o de gênero, o de comportamento e o de imagem física. Essas associações, mesmo quando compreendidas sob o aspecto positivo de mediação e facilitação de comunicação interna nos grupos e externa, com a

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sociedade, podem igualmente ser limitantes para uma profissão como a dos bibliotecários que ainda luta pelos espaços de trabalho, pelo reconhecimento social e pela modernização de sua imagem. (WALTER; BAPTISTA, 2007, p. 27)

Ainda de acordo com as autoras, a disseminação de forma inconsciente

desses estereótipos ou atribuição de “conceitos negativos manifestados quando

emitimos um julgamento qualquer acerca de determinado tema, pessoa, grupo ou

mesmo ações” (WALTER; BAPTISTA, 2007, p. 27), no caso relacionado

profissionais da informação, se deve a questões históricas, ligadas não só ao

preconceito a profissão em si, mas principalmente aqueles que atuam na área,

tradicionalmente mulheres, como ressalta Walter e Baptista:

Outro fator bastante relevante com relação aos estereótipos da profissão bibliotecária é a de que por ter sido, ao longo de seu desenvolvimento, associada a uma atividade essencialmente exercida por mulheres, isso redunda na agregação de outros estereótipos, que têm mais relação com o sexo feminino. Entre esses fatores podem ser identificados outros pontos, como: Historicamente, as mulheres são associadas a profissões que não são competitivas, não exigem esforço intelectual, cujo exercício demanda comportamentos e atitudes relacionadas àquelas das donas de casa, como, por exemplo, ordem, asseio e servir pessoas, entre outras; As mulheres, no Brasil, segundo dados constantemente divulgados pela imprensa, percebem menores remunerações que os homens, nas mesmas posições; Das mulheres espera-se, normalmente, comportamentos dóceis e delicados e qualquer atitude mais assertiva é considerada agressividade e pode ser associada ao fato de ser “solteirona” e recalcada, enquanto que aos homens essa maior agressividade é associada a um comportamento positivo e de personalidade forte. (WALTER; BAPTISTA, 2007, p. 32)

Os fatores elencados contribuem com a perpetuação de um preconceito não

só contra a categoria, mas também a um preconceito velado de gênero, sendo por

isso a categoria relegada a um segundo plano ao ser subvalorizada em sua atuação

e representação.

Demandando um esforço constante para quebra de paradigmas e

desconstrução de estereótipos que contribuem de forma negativa na promoção da

biblioteconomia, desvalorizando sua importância enquanto conjunto de técnicas para

tratamento e mediação de conhecimento independente do suporte que se apresente.

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3 BREVE HISTÓRICO E ESTRUTURA DO CURSO DA BIBLIOTECONOMIA DA UFRN

O curso de Biblioteconomia surge em 29 de outubro de 1992 pertencendo ao

então Departamento de Biblioteconomia (DEBIB) criado em 04 de junho de 1990,

renomeado Departamento de Ciência da Informação (DECIN) em 05 de setembro de

2012.

Estando dentro da administração da instituição alocado na estrutura do

Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), a primeira turma ingressou via

vestibular seis anos após sua criação, no primeiro semestre de 1997.

Ao longo dos anos o curso passou por reformulações não só em seu nome,

mas principalmente em sua estrutura com o objetivo de formar bibliotecários

capacitados para o mercado cada vez mais exigente, diversificado

profissionalmente. Em seu sitio na rede mundial de computadores encontramos

disponível o seguinte histórico que, corrobora com os fatos apresentados

anteriormente:

O Departamento de Ciência da Informação (DECIN), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi criado em 04 de junho de 1990, através da resolução Nº64/90 – CONSEPE, sob a denominação de Departamento de Biblioteconomia (DEBIB). Sua instalação se deu na Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), em 29 de outubro de 1992, com aporte financeiro do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), centro ao qual se integra. O objetivo inicial era o de estruturar e criar o Curso de Graduação em Biblioteconomia no âmbito da universidade, o que aconteceu seis anos mais tarde. Além do curso de graduação, o departamento também oferece, desde 2005, o Curso de Especialização em Gestão Estratégica de Sistemas de Informação em nível de pós-graduação lato sensu. No âmbito da pesquisa, os docentes do DECIN coordenam e integram o Grupo de Pesquisa Informação na Sociedade Contemporânea, o qual conta hoje com quatro linhas de pesquisa: Estudos métricos da Informação em Ciência, Tecnologia e Inovação; Inteligência competitiva e empreendedorismo e redes sociais; Organização e tratamento da informação; Redes e transferência da informação. A partir de 05 de setembro de 2012, passou a denominar-se Departamento de Ciência da Informação (DECIN), através de Resolução nº 008/2012 – CONSUNI, tendo em vista a necessidade de adequar o nome do departamento a tendência nacional da área e dar visibilidade a expansão projetada para o departamento (DECIN, 2015).

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O Curso de Graduação em Biblioteconomia surge com a necessidade de

formação de bibliotecários para suprir a crescente demanda mercadológica, mas

com o passar do tempo foi além, desenvolvendo projetos de destaque tanto nas

áreas de pesquisa quanto de extensão.

O quadro docente do Curso é formado por 13 (treze) professores

permanentes (Andrea Vasconcelos Carvalho, Antônia de Freitas Neta, Eliane

Ferreira da Silva, Fernando Luiz Vechiato, Francisco de Assis Noberto Galdino de

Araújo, Jacqueline Aparecida de Souza, Jacqueline de Araújo Cunha, Luciana

Moreira Carvalho, Monica Marques Carvalho Gallotti, Nadia Aurora Vanti Vitullo,

Pedro Alves Barbosa Neto, Renata Passos Filgueira de Carvalho e Rildeci Medeiros)

e 3 (três) professores substitutos (Ivanny Rhavena Medeiros de Oliveira, Rafael Silva

da Câmara e Sunamita Nunes de Oliveira). Eles são responsáveis por ministrar os

150 componentes curriculares do Curso entre disciplinas obrigatórias,

complementares e atividades.

3.1 RETRATO DO MERCADO DE TRABALHO DOS EGRESSOS DO CURSO DE

BIBLIOTECONOMIA DA UFRN

A área de atuação do bibliotecário está cada vez mais ligada às tecnologias.

O profissional que trabalha com a informação está expandindo sua atuação além

das bibliotecas e do suporte livro, adaptando-se ao mercado e as novas demandas

surgidas pelos usuários cada vez mais especializados, como ressalta Bezerra:

A sociedade vem passando por mudanças bastante significativas, seja no contexto social, econômico ou cultural. Com a introdução das tecnologias, ocorreram muitas mudanças na sociedade e no mercado de trabalho, principalmente no que diz respeito à exigência e inserção de profissionais cada vez mais qualificados, o que de certa forma contribui positivo e negativamente para os profissionais em busca de emprego. Com a globalização, a introdução das novas tecnologias, muitas profissões foram se desenvolvendo, o que consequentemente gerou efeitos no mercado de trabalho, como uma via de mão dupla, enquanto algumas profissões se desenvolveram, outras simplesmente desapareceram. Num mercado tão competitivo, a falta de oportunidade acaba sendo o problema da maioria. Ora, existe bastante profissional qualificado por ai, mas o número de empregos não sacia toda a camada desempregada.

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Devido a tantas exigências, muitos profissionais formados, não têm a oportunidade de trabalhar, e isso é uma realidade que está muito próxima de nós. É comum ver jovens que acabam de sair da universidade, sem nenhuma perspectiva de emprego, enquanto uns não querem aceitar qualquer coisa, outros não veem nenhuma oportunidade (BEZERRA, 2014, p. 23).

Como destaca a autora, o mercado de trabalho do bibliotecário está cada

vez se diversificando, tendo um ponto em comum nas suas múltiplas áreas de

atuação, o trabalho com a informação, seu tratamento e disseminação num fluxo

gerador de novos conhecimentos.

Bibliotecário deve ser um profissional completo, apto a desempenhar suas

atividades profissionais sem se ater a unidades de informação ou suporte

tradicionais, adequando-se ao mercado, buscando alternativas sem perder seu foco

operacional, numa batalha constante contra a falta de perspectiva e particularidades

inerentes a qualquer emprego.

3.2 POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DO

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DA UFRN

Em seu estudo Bezerra (2014) destaca uma série de possíveis ocupações

profissionais do bibliotecário entre elas, Biblioteca Pública (Unidade de informação

como acervo e público diversificado, atende as necessidades informacionais de toda

comunidade sem fazer distinções), Biblioteca Comunitária (Unidade de informação

com os mesmos objetivos da Pública seu diferencial são os usuários, organizadores

e local onde se estabelecem essas bibliotecas, nas periferias onde se tornam opção

de instrução e lazer distante dos centros culturais), Biblioteca Escolar (Local de

apoio e reforço de aprendizagem no ambiente escolar, incentivando no publico

infantil hábitos de leitura, instigando a criatividade e comunicação), Biblioteca

Universitária (espaço de estímulo para o desenvolvimento do tripé universitário

“Ensino, pesquisa e extensão”, tendo como usuários acadêmicos e seus objetivos

são suprir as demandas informacionais dos mesmos), Bibliotecas Especializadas

(tem seu acervo e ações voltadas a atender as demandas de um público alvo bem

especifico, sendo como o nome já diz especializadas em determinado assunto ou

área do conhecimento).

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Além de descrever os campos de atuação tradicionais do bibliotecário,

Bezerra (2014) também aponta novas formas para inserção desse profissional,

sendo elas: Biblioteconomia Clinica (organização e manutenção de arquivos e

acervos inseridos no ambiente hospitalar, dando suporte aos profissionais que

atuam nas casas de saúde sejam eles médicos, enfermeiros ou gestores),

Brinquedotecas (organização de espaços lúdicos geralmente em áreas hospitalares

com brinquedos e atividades de lazer para crianças que passam por períodos de

internação para tratamento), Bibliotecário Gestor (profissional que não lida

diretamente com a informação, mas sim administrando uma Unidade de informação

e comandando os colaboradores que lá trabalham), por fim Bibliotecário Consultor

(atua como profissional liberal mantendo contratos provisórios com empresas que

necessitam de determinado serviço de execução exclusiva do bibliotecário, mas não

possui carência de trabalho integral).

Como observado, o campo de atuação do bibliotecário é amplo, só cabe a

esse profissional se adaptar e se inserir na oportunidade e nichos que surgem de

forma acelerada a cada dia.

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4 AUTOIMAGEM

O bibliotecário, antes de ser profissional que lida com a informação, é um

ente componente da sociedade em seu sentido mais geral. Carrega de forma

intrínseca os preconceitos e pré-noções integrantes de seu meio. Isso reflete de

forma direta na sua autoimagem, que possui conceituação milenar elaborada pelos

gregos, mas é um conceito relativamente novo e ainda muito discutido no campo da

psicologia.

O princípio está centrado no estudo do “Eu”, cada individuo é analisado de

forma separada e ele deve agir se percebendo e como protagonista de mudanças

que podem ocorrer em sua existência.

A autoimagem não é estática, passa por constantes processos de

modificação, como ressalta Guimarães:

A crença no desenvolvimento do ser humano é o que Rogers e Kinget (1977) chamam de tendência auto atualizante que é o pilar da Abordagem Centrada na Pessoa. Sendo esse o pilar, essa força que guia todas as ações dos sujeitos, outro conceito importante dos autores seria o da direção desse caminho que é a auto-imagem. A tendência atualizante age constantemente e busca sempre a conservação e o enriquecimento do eu se opondo a tudo o que seja comprometedor à imagem do eu, contudo a eficácia desse processo de desenvolvimento não depende do que realmente acontece com a pessoa mas sim de como ela percebe a situação e de como essa percepção é permeada pelo seu autoconceito determinando a eficácia ou não da tendência atualizante. [...] A auto-imagem é fluida e está sempre se modificando. É construída por meio das relações com os outros e com o mundo, ou seja, é formada a partir das experiências pessoais (Rogers & Kinget, 1977). E essa construção ocorre praticamente a todo instante, é como se a cada momento a imagem de si se confirmasse com o que está acontecendo no organismo, e se isso não acontece, ou seja, se a auto-imagem encontra-se estática, isso constitui um desajuste [...] (GUIMARÃES, 2010, p. 25-26).

O mais importante a ser considerado quando se fala de autoimagem é o

autoconhecimento. A pessoa deve conhecer a si para poder entender a forma como

interage e modifica a sociedade, partindo do entendimento do eu para o

entendimento do todo.

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4.1 AUTOIMAGEM DOS EGRESSOS DE BIBLIOTECONOMIA

A bibliotecária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Zita Catarina

Prates de Oliveira defendeu no ano de 1980 no Programa de Pós-graduação da

Universidade de Brasília uma dissertação intitulada “O Bibliotecário e sua Auto-

Imagem”, o produto final de seu mestrado foi publicado sob forma de livro em 1983.

Em sua pesquisa abrangente e quantitativa, Oliveira (1983) buscou representar a

autoimagem dos bibliotecários através de números.

O estudo de Oliveira (1983) comprovou que na época da investigação

científica a sociedade não priorizava o trabalho em bibliotecas por ser

prioritariamente feminino. O tipo de biblioteca não influenciava na autoimagem do

bibliotecário, mas sim sua forma de atuação. Aqueles que eram professores em sua

maioria tinham um olhar diferenciado sobre a profissão e seu futuro, já quem atuava

em bibliotecas ainda estava preso a uma profissão cheia de estereótipos e

tecnicista.

Em suas conclusões a autora expõe:

Os resultados da pesquisa identificaram quatro fatores influentes nas atitudes profissionais dos bibliotecários: a natureza do trabalho, o salário, o comportamento profissional e a auto-estima profissional. Como hipótese básica do trabalho, foi estabelecida que as atitudes dos bibliotecários deferiam de acordo com o tipo de biblioteca que atuavam. O tipo de biblioteca não influenciou, entretanto, as atitudes dos bibliotecários com relação a um fator intrínseco à profissão, qual seja, a natureza do trabalho. Suas atitudes a respeito desse primeiro fator parecem, assim, derivar mais de opiniões adquiridas durante a formação acadêmica e firmadas com a prática profissional. Negando que seu trabalho seja rotineiro, monótono, não-criativo e inútil, os bibliotecários exprimem sua crença na natureza e na utilidade da atividade bibliotecária (OLIVEIRA, 1983, p. 68).

Os resultados alcançados por Oliveira há pouco mais de trinta anos ainda

são evidenciados de forma prática no mercado de trabalho, percebido através desta

monografia, pois embora os profissionais reconheçam os problemas preexistentes,

não apontam soluções para os mesmos.

No ano de 2013, exatamente trinta anos após a divulgação da pesquisa,

Rodrigues e outros (2013) apresentaram os resultados de uma pesquisa sobre o

tema da imagem do bibliotecário. Esse último estudo, mais pontual e restrito acabou

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obtendo resultados similares aos de outrora. Isso aponta para o fato que, embora

pouco discutidos, os problemas dos estereótipos sempre acompanharam a

profissão, os autores afirmam:

Pelos depoimentos relatados podemos perceber que permanece ainda uma imagem estereotipada da biblioteca e dos bibliotecários no imaginário popular. Essa imagem preconcebida e associada a representações negativas pode ter várias explicações. Uma delas seria pelo fato do bibliotecário ter suas raízes ligadas à erudição, o que aos olhos do usuário representaria um profissional distante das demais pessoas, interessados somente nos livros e na leitura. No que diz respeito às bibliotecas também percebemos nos depoimentos que ainda perdura a idéia de que são templos do saber acumulado, assim são consideradas como guardiãs dos livros e não como disseminadoras da informação [...] (RODRIGUES et al., 2013, p. 92).

Percebe-se uma continuidade dos problemas e a perpetuação dos

estereótipos, relacionados ao fato dos estudos serem esparsos não continuados e

sempre focados no problema, sem prosseguir na direção a apontar soluções para as

situações elencadas.

Numa tentativa de quebra dos paradigmas há muito estabelecidos, os

autores apontam fatores de mudança:

Pensando na transformação dos estereótipos apontados por esta pesquisa é essencial que parta dos próprios profissionais em atuação, e dos futuros atuantes, a valorização da profissão e o combate à ideia errônea de que a função do bibliotecário se restringe a organizar e emprestar livros em uma biblioteca. Apesar de atualmente a imagem do bibliotecário estar atrelada ao espaço da biblioteca, com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação, os profissionais estão vivenciando um período de transição, inserido no contexto da Sociedade da Informação. Isso demanda a transformação dos espaços de trabalho e uma nova postura dos profissionais diante das transformações que estão ocorrendo (RODRIGUES et al., 2013, p. 93).

A mudança deve ocorrer do profissional para a sociedade. A partir do

momento que este reconhece sua importância e se mostra como tal, será ponto de

mudança, levando a mudança de sua autoimagem que será ponto de transformação

para a forma como a sociedade enxerga esse profissional, trazendo mudanças no

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seu reconhecimento, com consequente quebra de paradigmas e estereótipos ainda

sedimentados na sociedade.

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5 DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO

O método de abordagem utilizado na coleta e organização dos resultados

obtidos na pesquisa foi o Discurso do Sujeito Coletivo (D.S.C.). A escolha deste

método levou em consideração as possíveis lacunas percebidas em outras

abordagens tradicionais, sejam qualitativas ou quantitativas, onde os sujeitos de

pesquisa, componentes de uma sociedade plural, nem sempre são representados

de forma fiel. A esse respeito vemos:

[...] de fato, no quadro da pesquisa tradicional, de base puramente quantitativa, o objeto: pensamento fica severamente deformado na medida em que, para se enquadrar nos moldes quantitativos, precisa ser previamente reduzido à escola (forçada) de uma alternativa de resposta dentro de um rol de alternativas arbitrariamente prefixadas, para que as mesmas escolhas por indivíduos diferentes possam ser somadas (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p. 9).

A metodologia do D.S.C. foi desenvolvida pelos professores Fernando

Lefèvre e Ana Maria Cavalcanti Lefèvre, o primeiro professor titular do Departamento

de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de

São Paulo, e a segunda é sócia administradora e pesquisadora do Instituto de

Pesquisa do Sujeito Coletivo.

O discurso foi apresentado no ano 2000 no livro O “Discurso do Sujeito

Coletivo. Uma nova abordagem metodológica em pesquisa qualitativa”, já em 2003

foi lançado “O Discurso do Sujeito Coletivo. Um novo enfoque em pesquisa

qualitativa (Desdobramentos)”, esse segundo livro que é considerado pelos autores

não uma nova edição ou reedição do primeiro livro, mais um amadurecimento de sua

técnica de pesquisa. Esse último que serviu de norte para o desenvolvimento da

presente pesquisa. O procedimento do D.S.C: [...] busca justamente dar conta da discursividade, característica própria e indissociável do pensamento coletivo, buscando preservá-la em todos os momentos da pesquisa, [...] passando pela coleta e processamento dos dados até culminar com a apresentação dos resultados (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p. 11).

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Em seus estudos os autores apresentam o que chamam de “primeira pessoa

(coletiva) do singular”, pois no momento que o pesquisador apresenta os resultados

de sua investigação ele o faz na primeira pessoa do singular, visto que naquele

momento ele não age como um tradutor ou pretenso transmissor da mensagem oral

transmitida no momento da entrevista pelo entrevistado, mas sim se utiliza da

“linguagem artificialmente natural” para apresentar a fala dos sujeitos de forma

coerente, apresentado de forma fiel o que foi exposto no momento da coleta dos

dados, em suma:

O Sujeito Coletivo se expressa, então, através de um discurso emitido no que se poderia chamar primeira pessoa (coletiva) do singular. Trata-se de um Eu sintático que, ao mesmo tempo em que sinaliza a presença de um sujeito individual do discurso, expressa uma referencia coletiva na medida que esse Eu fala pela ou em nome de uma coletividade. Esse Discurso coletivo expressa um Sujeito Coletivo, que viabiliza um pensamento social: como afirma Gertz, a sociedade ou as culturas podem ser lidas como um texto. Adota-se, aqui, como se percebe facilmente, um pressuposto socioantropológico de base na medida em que se entende que o pensamento de uma coletividade sobre um dado tema pode ser visto como o conjunto dos discursos, ou formações discursivas, ou representações sociais existentes na sociedade e na cultura sobre esse tema, do qual segundo a ciência social, os sujeitos lançam mão para comunicar, interagir, pensar. Bourdieu fala a respeito dos habitus como esquemas sócio cognitivos (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p. 16).

O produto metodológico não é uma série de discursos que pretendem

representar uma classe ou categoria, mas sim a junção desses discursos que

apresentem de forma sintética, coerente, e uniforme a fala de todos de maneira

única porém de forma representativa de modo que, todo um conjunto de indivíduos

representantes do grupo focal estudado se sintam de alguma forma representados,

mesmo que não tenham integrado a amostra utilizada no decorrer da pesquisa, mas

integram o grande grupo que é foco do estudo como um todo, como afirmam os

autores:

Partindo-se do suposto que o pensamento coletivo pode ser visto como um conjunto de discursos sobre um dado tema, o Discurso do Sujeito Coletivo visa dar luz ao conjunto de individualidades semânticas componentes do imaginário social.

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O Discurso do Sujeito Coletivo é, em suma, uma forma ou um expediente destinado a fazer a coletividade falar diretamente. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p. 16).

Como o objetivo de executar o D.S.C. foram concebidas quatro figuras

metodológicas: Expressões-chave, Ideias centrais, Ancoragem e o Discurso do

Sujeito Coletivo que além de resultado da metodologia também atua como a ultima

figura metodológica do processo investigativo.

Cada uma delas possui papel definido, atuam na tabulação dos dados

qualitativos coletados no processo da entrevista. Os autores conceituaram as quatro

figuras metodológicas mencionadas anteriormente da seguinte forma:

Expressões-chave: As expressões-chave (ECH) são pedaços, trechos ou transcrições literais do discurso, que devem ser sublinhadas, iluminadas, coloridas pelo pesquisador, e que revelam a essência do depoimento ou, mais precisamente, do discurso dos segmentos em que se divide o depoimento (que, em geral, correspondem às questões pesquisadas). [...] Ideias Centrais A ideia central (IC) é um nome ou expressão linguística que revela e descreve, da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível, o sentido de cada conjunto homogêneo de ECH, que vai dar nascimento, posteriormente, ao DSC. É importante assimilar que a IC não é uma interpretação, mas uma descrição do sentido de um depoimento ou de um conjunto de depoimentos. [...] Ancoragem Algumas ECH remetem não a uma IC correspondente, mas a uma figura metodológica que, sob a inspiração da teoria da representação social, denomina-se ancoragem (AC), que é a manifestação linguística explicita de uma dada teoria, ou ideologia, ou crença, na qualidade de afirmação genérica, está sendo usada pelo enunciador para enquadrar uma situação específica. Considerando-se a coisas genericamente, dir-se-ia que quase todo discurso tem uma ancoragem na medida em que está quase sempre alicerçado em pressupostos, teorias, conceitos e hipóteses. [...] Discurso do Sujeito Coletivo O Discurso do Sujeito coletivo (DSC) é um discurso-síntese redigido na primeira pessoa do singular e composto pelas ECH que têm a mesma IC ou AC. Por ser a principal dentre as figuras metodológicas merece desenvolvimento mais aprofundado. [...] para tabular dados provenientes de questões abertas de pesquisa, consiste na leitura das respostas e na identificação de uma palavra, ou conceito, ou expressão que revele a essência do sentido da resposta.

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Feito isso e encontradas palavras ou depoimentos, tem-se o que se chama categorias. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p. 17-18, grifo do autor).

No momento da tabulação dos dados coletados na entrevista se deve

examinar cada questão em separado. Elabora-se uma tabela com três colunas, onde

se organizam as expressões-chave, as ideias centrais e a ancoragem de maneira a

facilitar a visualização dos dados reunidos após a realização do questionário, são

dados realces de cor a esses fragmentos, facilitando visualização dos trechos que

irão compor o discurso. Seguindo o modelo da figura 1.

Figura 1 – Modelo de tabela para tabulação de dados do DSC.

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DO DISCURSO (IAD)

Como você avalia a imagem do bibliotecário no mercado de trabalho?

Expressão-chave

Ideias Centrais

Ancoragem

A profissão ao meu ver é uma das mais importantes para auxiliar no crescimento de qualquer profissional, mas precisa se adequar as novas tendências para se manter em seu objetivo, pois a nova geração de consumidores da informação estão não consegue ver tal importância pois, as novas tecnologias ofuscam o trabalho do profissional. É preciso se atualizar para conquistar a confiança destes usuários e futuros produtores de informação.

A profissão ao meu ver é uma das mais importantes mas precisa se adequar as novas tendências para se manter em seu objetivo, É preciso se atualizar para conquistar a confiança destes usuários e futuros produtores de informação.

Profissão importante, mas precisa de atualizações

Fonte: Depoimentos oriundos da coleta de dados.

Durante a entrevista que resultará no discurso, o entrevistado deve ficar à

vontade para falar sobre os mais variados assuntos relacionados ou não ao que se

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está estudando naquele determinado momento. Os trechos relacionados à pesquisa

são as chamadas expressões-chave, já as ideias centrais são um recorte das ECH

reduzindo os dados a serem trabalhos para formação do discurso, sendo a

ancoragem formada por palavras ou expressões curtas que, fazem ligação e

sintetizam a ECH que darão origem ao DSC.

Na construção do discurso tudo que foi dito pelo entrevistado no momento

da entrevista é aproveitado da melhor forma, claro sempre se tendo em mente a

questão da coerência a levando-se em conta a produção de um discurso

“artificialmente natural” que, represente de forma real os sujeitos participantes do

processo investigativo, como lembram os autores:

Como efeito, como o DSC, os discursos dos depoimentos não se anulam ou se reduzem a uma categoria comum unificadora já que o que se busca fazer é reconstruir, com pedaços de discursos individuais, como em um quebra-cabeça, tantos discurso-síntese quanto se julgue necessários para expressar uma dada “figura”, ou seja, um dado pensar ou representação social sobre um fenômeno. O DSC é assim uma estratégia metodológica que, utilizando uma estratégia discursiva, visa tornar mais clara uma dada representação social, bem como o conjunto das representações que formam um dado imaginário. Através do modo discursivo, é possível visualizar melhor a representação social na medida em que ela aparece não sob a forma (artificial) de quadros, tabelas e categorias, mas sob a forma (mais viva e direta) de um discurso, que é, como se assinalou, o modo como os indivíduos reais, concretos pensam. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p. 19-20).

O DSC se utiliza de meios artificiais para tabulação de seus dados, mais

sempre apresenta seus resultados por meio de discurso, com o objetivo de expor as

conclusões da pesquisa de forma a expressar um recorte mais fiel possível, a

realidade do grupo retratado.

Durante a execução do método o pesquisador deve ter em mente que sua

investigação deve ter um produto que, traduza a realidade de um grande grupo,

abrangendo inclusive os sujeitos não contemplados na amostra, mas deve ser

representado de alguma forma na organização desse “quebra-cabeça” que, dará

origem a um discurso inclusivo, que observa a qualidade em detrimento da

quantidade, o que não quer dizer que o DSC não possa ser aplicado a grupos

maiores.

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A construção da fala obtida através do depoimento do maior número de

sujeitos demanda um esforço maior por parte do pesquisador na construção do

discurso amplo, inclusivo e precioso, como ressaltado a seguir:

[...] uma pesquisa de representação social sobre um dado tema. [...] na técnica do DSC, adquire a forma de um painel de discursos. Esse painel reflete o que se pode pensar, numa dada formação sociocultural, num dado grupo ou dada coletividade, sobre um determinado assunto, ora, quando a via de acesso a esse imaginário é o depoimento de pessoas, obtido por meio de entrevistas individuais, um maior número de entrevistados aumenta, em principio, a chance de que o imaginário obtido seja mais rico. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p. 33).

O pesquisador que utiliza a metodologia do DSC deve ter claro que seu

papel não é o de interlocutor ou tradutor, mas sim de organizador do discurso de um

grupo que deve ser apresentado uniformemente, representando nada mais nada

menos que a realidade dos sujeitos pesquisados.

5.1 APRESENTAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA

O foco do estudo são os egressos do curso de graduação em

Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Entre os dias 4 (quatro) e 5 (cinco) de agosto do corrente ano, foram

enviados e-mails com o questionário para os 329 (trezentos e vinte e nove)

bacharéis em biblioteconomia formados pela UFRN até o momento.

O período de recebimento das respostas se estendeu do dia de envio dos

questionários até 12 (doze) de agosto do vigente ano. Passado o intervalo de coleta

foi iniciado período de organização do discurso seguindo metodologia detalhada na

seção anterior.

Durante o intervalo de coleta foram registradas 122 (cento e vinte e duas)

respostas, No entanto, das 122 respostas, apenas 24 responderam as questões

abertas que tratavam da autoimagem, sendo assim distribuídas: 6 egressos de 2000,

3 egressos de 2001, 7 egressos de 2002, 7 egressos de 2003, 6 egressos de 2004,

13 egressos de 2005, 3 egressos de 2006, 8 egressos de 2007, 10 egressos de

2008, 16 egressos de 2009, 10 egressos de 2010, 10 egressos de 2011, 6 egressos

de 2012 e 7 egressos de 2013.

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Do total apresentado obteve-se 24 respostas as perguntas abertas

presentes no questionário, como explicitado anteriormente, essas formam o discurso

que será apresentado durante a sequencia do trabalho, os respondentes

correspondem a 7,30% dos egressos do Curso de Biblioteconomia de diferentes

anos, suas respostas compõem o discurso apresentado na continuação.

5.2 INSTRUMENTO DE ANÁLISE DO DISCURSO (IAD)

Como apresentado no capítulo 5 (cinco), uma etapa necessária à construção

do Discurso do Sujeito coletivo é a criação de quadros para tabulação dos dados

qualitativos, são eles que serão apresentados a seguir.

Quadro 1 - Instrumento de Análise do Discurso (IAD)

Como você avalia a imagem do curso de Biblioteconomia da UFRN no mercado de trabalho?

Expressão-chave

Ideias Centrais

Ancoragem

A sociedade e as empresas ainda não enxergam que o bibliotecário é um profissional da informação.

as empresas ainda não enxergam que o bibliotecário é um profissional da informação.

Falta de visibilidade do mercado

O curso de Biblioteconomia da UFRN é um excelente curso e apaixonante, mas é preciso crescer sua importância no mercado atual. Percebo que vários colegas de profissão estão na batalha árdua por um lugar ao sol no mercado de trabalho. É preciso reconhecer que teremos um longo caminho a trilhar no seu desenvolvimento e reconhecimento como profissão no mercado atual em que vivemos.

O curso de Biblioteconomia da UFRN é um excelente curso e apaixonante é preciso crescer sua importância no mercado atual.

Curso excelente, porém com pouca visibilidade.

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O Curso de Biblioteconomia deveria ser mais difundido. Muitas pessoas ainda não sabem da importância do profissional em uma Unidade de Informação.

Muitas pessoas ainda não sabem da importância do profissional em uma Unidade de Informação.

Falta de reconhecimento

"Após minha saída do Curso de Biblioteconomia houve muitas evoluções, hoje por exemplo há bases de pesquisas da área, laboratório e outros campos de atuação para o graduando. Pretendo voltar à UFRN agora para fazer o mestrado profissional em Gestão da Informação e do Conhecimento. Por outro lado, também espero a criação do Curso de Arquivologia, por isso a cada ano tento o Enem, nessa espera, e sei que alguns colegas também estão com o mesmo intuito. A duras penas terminei a graduação em Letras, agora em 2015, foi uma longa espera, tendo em vista ter havido pedras no meio do caminho. Foi mais uma vitória que Deus me deu. "

Após minha saída do Curso de Biblioteconomia houve muitas evoluções, hoje por exemplo há bases de pesquisas da área, laboratório e outros campos de atuação para o graduando.

Curso passou por evolução

O mercado de trabalho já começou a ver a importância do profissional bibliotecário, falta agora, nos colocarmos a disposição para desbravar novos horizontes e fazer jus às expectativas da nossa profissão.

O mercado de trabalho já começou a ver a importância do profissional bibliotecário

Aumento inicial na visibilidade do curso

O curso e especialmente os estágios não obrigatórios ajudaram demais na minha

Hoje sou realizada na minha profissão e amo o que faço

Quantidade versus qualidade

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formação profissional. Na Universidade tive excelentes professores, quase em sua totalidade no quadro, que além de uma boa didática abriam os nossos olhos para a excelência que devemos ter na profissão. Hoje sou realizada na minha profissão e amo o que faço, mas vejo que muitos dos que estão entrando agora não possuem esse amor e mancham a reputação de nossa área. O curso não deve facilitar para que tenhamos IRA's bons, deve exigir cada vez mais dos alunos de modo a realmente filtrar e que somente os realmente bons consigam o tão sonhado diploma. Não precisamos de números, precisamos de qualidade e encontrar um aluno que na metade do curso não sabe normalizar um trabalho é inadmissível...

Não precisamos de números, precisamos de qualidade e encontrar um aluno que na metade do curso não sabe normalizar um trabalho é inadmissível...

"Fui aluno da primeira turma, passamos por momentos singulares, de falta de estrutura à falta de recursos, porém, o corpo docente foi o ponto alto da minha formação, o planejamento do curso de forma interdisciplinar foi significativo para a formação do perfil do egresso, principalmente para atuar em diversas unidades diferente do ambiente biblioteca. Uma ênfase, que seria interessante no curso seria a performance para atuação como facilitador/consultor/professor, o que não há. Falo isso, pois investigo o

o planejamento do curso de forma interdisciplinar foi significativo para a formação do perfil do egresso, principalmente para atuar em diversas unidades diferente do ambiente biblioteca. Uma ênfase, que seria interessante no curso seria a performance para atuação como facilitador/consultor/professor, o que não há.

Curso focado na formação técnico generalista.

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desenvolvimento e a formação docente de professores com formação inicial no bacharelado e seria um ótimo meio de me reaproximar do curso de biblioteconomia da UFRN, saber o que habilitou o professor atual do curso a ser professor." Fora do âmbito universitário e de algumas escolas, tido, muitas vezes, como desnecessário. Uma visão limitadíssima sobre a atuação do profissional.

Fora do âmbito universitário e de algumas escolas, tido, muitas vezes, como desnecessário. Uma visão limitadíssima sobre a atuação do profissional.

Falta de visibilidade no mercado

POUCO RECONHECIDO, PELA SUA IMPORTANCIA.

POUCO RECONHECIDO, PELA SUA IMPORTANCIA.

Falta de visibilidade no mercado

Restrita à empréstimo de livros e normas da ABNT

Restrita à empréstimo de livros e normas da ABNT

Tecnicista

Somente relacionado a cuidar de livros

Somente relacionado a cuidar de livros

Bibliotecário guardião de livros

"Particularmente adorei o curso. As disciplinas, os professores, contudo após a conclusão o mercado foi de decepção. Entendo que o mercado de trabalho, as empresas, a sociedade em geral precisa entender que o profissional bibliotecário é um mediador do conhecimento e que atua grandemente na sociedade do conhecimento.

Entendo que o mercado de trabalho, as empresas, a sociedade em geral precisa entender que o profissional bibliotecário é um mediador do conhecimento e que atua grandemente na sociedade do conhecimento.

Falta de visibilidade no mercado

Precisa ser reconhecido.

Precisa ser reconhecido.

Necessidade de reconhecimento

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O curso de Biblioteconomia foi fundamental para minha formação, tanto profissional como pessoal. Sou muito grato a todo departamento de Biblioteconomia por tudo.

O curso de Biblioteconomia foi fundamental para minha formação

Curso é fundamental para formação do bibliotecário

É pouco conhecido.

É pouco conhecido.

Falta reconhecimento

Acho positiva, porém o campo de trabalho para o profissional fica mais restrito a concursos públicos

Acho positiva, porém o campo de trabalho para o profissional fica mais restrito a concursos públicos

Restrito a concursos públicos

"Vejo que a cada dia os egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN estão saindo mais preparados para o mercado de trabalho. Isso é maravilhoso!

Vejo que a cada dia os egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN estão saindo mais preparados para o mercado de trabalho. Isso é maravilhoso!

Curso forma profissionais preparados

Depois que me formei o Curso mudou bastante, na grade curricular e na equipe de professores, acredito que todas as mudanças tenham sido para melhor.

Depois que me formei o Curso mudou bastante... acredito que todas as mudanças tenham sido para melhor.

Mudanças positivas na estrutura do curso

Quando cursei Biblioteconomia o curso, com poucos recursos materiais e humanos, voltava sua atenção a formação integral do bibliotecário, haja vista as carências locais, regionais e nacionais. Um bibliotecário com uma visão social ampla e com conhecimento técnico-científico apurado, capaz de atuar em qualquer biblioteca. Hoje, percebemos, a partida

Hoje, percebemos, a partida dos alunos de estágio supervisionado, um curso voltado as novas tecnologias da informação, sem contudo, conhecimento teórico e práticos básicos ao exercício da profissão.

Valorização da prática em detrimento da teoria

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dos alunos de estágio supervisionado, um curso voltado as novas tecnologias da informação, sem contudo, conhecimento teórico e práticos básicos ao exercício da profissão. Atualmente, percebo que a atuação do bibliotecário no mercado de trabalho está bem conceituada, em comparação ao ano que me formei. Apesar de que, ainda existe desvalorização por parte de alguns órgãos do governo, como concursos para as escolas públicas. Os professores afastados da sala de aula ainda continuam sendo remanejados para as bibliotecas. Nas universidades o papel do bibliotecário é bem atuante, porém alguns bibliotecários exercem a função de gestores e não são reconhecidos por esta função, e consequentemente, não são recompensados financeiramente.

Atualmente, percebo que a atuação do bibliotecário no mercado de trabalho está bem conceituada. Apesar de que, ainda existe desvalorização por parte de alguns órgãos do governo, como concursos para as escolas públicas. Os professores afastados da sala de aula ainda continuam sendo remanejados para as bibliotecas.

Imagem do curso é bem conceituada no mercado

Fonte: Entrevista realizada para monografia

Como ressaltado anteriormente, as respostas da primeira questão aberta

foram organizadas em três colunas, as ideias centrais receberam realce de cor e a

coluna da ancoragem foi preenchida como produto dessa fase da tabulação dos

dados qualitativos coletados na execução do questionário, em seguida se deu a

organização dos dados provenientes da segunda pergunta aberta do questionário,

essas informações serão apresentadas no quadro 2.

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Quadro 2 – Instrumento de Análise do Discurso (IAD)

Como você avalia a imagem do bibliotecário no mercado de trabalho?

Expressão-chave

Ideias Centrais

Ancoragem

A profissão ao meu ver é uma das mais importantes para auxiliar no crescimento de qualquer profissional, mas precisa se adequar as novas tendências para se manter em seu objetivo, pois a nova geração de consumidores da informação estão não consegue ver tal importância pois, as novas tecnologias ofuscam o trabalho do profissional. É preciso se atualizar para conquistar a confiança destes usuários e futuros produtores de informação.

A profissão ao meu ver é uma das mais importantes mas precisa se adequar as novas tendências para se manter em seu objetivo, É preciso se atualizar para conquistar a confiança destes usuários e futuros produtores de informação.

Profissional importante, mas precisa de atualizações

O curso de Biblioteconomia da UFRN é lindo e riquíssimo em conhecimento. Os professores são apaixonados pelo que fazem, e isso faz com que os alunos se apaixonem, ainda mais, pelo curso e pela profissão, tanto de professor quanto de Bibliotecário. No entanto, o mercado de trabalho não dá ao Bibliotecário o devido valor.

O curso de Biblioteconomia da UFRN é lindo e riquíssimo em conhecimento. o mercado de trabalho não dá ao Bibliotecário o devido valor.

Mercado desvaloriza o profissional

Muitas pessoas desconhecem o trabalho do profissional

Muitas pessoas desconhecem o trabalho do profissional

Falta de reconhecimento no profissional

Neste caso da avaliação,

depende bastante do

Imagem

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depende bastante do profissional, visto que, apesar de tanto trabalho que temos para dar um up na imagem do profissional bibliotecário, ainda existem colegas que não honram com sua responsabilidades.

profissional, existem colegas que não honram com sua responsabilidades

depende do bibliotecário

"O mercado de trabalho para o bibliotecário ainda é um desafio pois a imagem do bibliotecário ainda está muito ligada as bibliotecas, entretanto, há um universo imenso de possibilidades na área de arquivo e na área de gestão da informação. Creio que os melhores salários não estão na área de biblioteca, justamente pela falta de valorização do profissional. Os melhores salários estão vinculados aos trabalhos que resultam em solução de problemas, circula onde há informação com valor monetário agregado e essas informações estão dentro dos arquivo.

"O mercado de trabalho para o bibliotecário ainda é um desafio pois a imagem do bibliotecário ainda está muito ligada as bibliotecas, entretanto, há um universo imenso de possibilidades na área de arquivo e na área de gestão da informação. Os melhores salários estão vinculados aos trabalhos que resultam em solução de problemas, circula onde há informação com valor monetário agregado e essas informações estão dentro dos arquivo

Imagem ligada as bibliotecas, mas ocupação de novos postos de trabalho resulta em melhores salários

O Bibliotecário tem uma profissão muito relevante no mercado de trabalho, pois com o desenvolvimento das tecnologias e o aperfeiçoamento, fica cada dia melhor trabalhar na área de ciência da informação.

O Bibliotecário tem uma profissão muito relevante no mercado de trabalho, , fica cada dia melhor trabalhar na área de ciência da informação.

Profissão relevante para o mercado de trabalho

O bibliotecário deve melhorar sua imagem desde o público infantil (base da educação) para que futuramente a sociedade envolva-se e

O bibliotecário deve melhorar sua imagem desde o público infantil (base da educação) para que futuramente a sociedade envolva-se e

Precisa melhorar sua imagem

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aprecie o trabalho feito na área, valorizando assim o profissional.

aprecie o trabalho feito na área

Por falta de esclarecimento ainda se pensa que a função do bibliotecário é apenas "arrumar" livros e que não faz nada.

ainda se pensa que a função do bibliotecário é apenas "arrumar" livros e que não faz nada.

Imagem atrelada a estereótipos

Sinto uma necessidade de atualização profissional para o mercado atual. Tendo em vista que o profissional em biblioteconomia, pode atuar com infinitas representação da informação. Talvez o departamento de Biblioteconomia junto à reitoria, disponibilizassem no futuro atividades de extensão para os profissionais já formados, visando uma educação continuada.

Sinto uma necessidade de atualização profissional para o mercado atual Talvez o departamento de Biblioteconomia junto à reitoria, disponibilizassem no futuro atividades de extensão para os profissionais já formados, visando uma educação continuada.

Necessita atualização profissional

Ainda temos o sonho de atuar mais diretamente na área da biblioteconomia. Na região em que moramos atualmente não existe nenhuma exigência, ou mesmo fiscalização quanto a gestão de Bibliotecas, elas em geral são gerenciadas por pessoas sem formação na área; sejam ela: escolares, públicas, empresariais ou outras. Temos encontrado profissionais formados apenas nas universitárias.

Ainda temos o sonho de atuar mais diretamente na área da biblioteconomia. Na região em que moramos atualmente não existe nenhuma exigência, ou mesmo fiscalização quanto a gestão de Bibliotecas, elas em geral são gerenciadas por pessoas sem formação na área; Temos encontrado profissionais formados apenas nas universitárias.

Necessita fiscalização para aumentar a participação do bibliotecário no mercado de trabalho

Quem conhece de fato, valoriza. Mas para a grande maioria, acho que é negativa.

Quem conhece de fato, valoriza. Mas para a grande maioria, acho que é negativa

Valorizada por quem conhece a profissão

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Acredito que precisa ser mais valorizado por ser um profissional que tem como objeto de estudo a informação

precisa ser mais valorizado por ser um profissional que tem como objeto de estudo a informação

Necessita maior valorização

Ainda emergente

Ainda emergente

Ainda emergente

Fonte: Entrevista realizada para monografia

Organizadas as duas tabelas, cada uma correspondendo a tabulação de

uma das respostas as questões abertas apresentadas no questionário o próximo

passo foi a organização do discurso observando a linguagem “artificialmente natural”

e sem mudar o sentido do foi dito, mas sim mantendo a coerência e a perspectiva

dos pesquisados na organização do ultima figura metodológica do Discurso, este

que será apresentado na continuação.

5.3 DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

Passada a etapa da tabulação onde, partindo das expressões-chave são

retiradas as ideias centrais e a ancoragem, começa o trabalho de montagem do

“quebra-cabeça” do pesquisador sempre tendo em delimitado que, deve utilizar a

“linhagem artificialmente natural” interferindo apenas de modo a tornar o discurso

fluido e conciso, sem alterar sua essência ou distorcer o que foi apresentado durante

o processo de coleta de dados. O que se segue é o resultado da tabulação, o

Discurso do sujeito Coletivo como figura metodológica e resultado do processo das

duas questões, a primeira referente à imagem do curso de biblioteconomia no

mercado e segunda relacionada à imagem do próprio bibliotecário egresso da UFRN

no mercado.

5.3.1 Como você avalia a imagem do curso de Biblioteconomia da UFRN no mercado de trabalho?

O curso de Biblioteconomia da UFRN é um excelente curso e apaixonante,

lindo e riquíssimo em conhecimento, o planejamento do curso de forma

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interdisciplinar foi significativo para a formação do perfil do egresso, principalmente

para atuar em diversas unidades diferentes do ambiente biblioteca. Uma ênfase, que

seria interessante no curso seria a performance para atuação como

facilitador/consultor/professor, o que não há. Depois que me formei o Curso mudou

bastante, acredito que todas as mudanças tenham sido para melhor. Vejo que a

cada dia os egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN estão saindo mais

preparados para o mercado de trabalho. Isso é maravilhoso! Após minha saída do

Curso de Biblioteconomia houve muitas evoluções, hoje, por exemplo, há bases de

pesquisas da área, laboratório e outros campos de atuação para o graduando. O

curso de Biblioteconomia foi fundamental para minha formação, hoje sou realizada

na minha profissão e amo o que faço. Hoje, percebemos a partir dos alunos de

estágio supervisionado, um curso voltado às novas tecnologias da informação, sem,

contudo, conhecimento teórico e prático básico ao exercício da profissão, Não

precisamos de números, precisamos de qualidade e encontrar um aluno que na

metade do curso não sabe normalizar um trabalho é inadmissível. Atualmente,

percebo que a atuação do bibliotecário no mercado de trabalho está bem

conceituada, apesar de que, ainda existe desvalorização por parte de alguns órgãos

do governo, como concursos para as escolas públicas. Os professores afastados da

sala de aula ainda continuam sendo remanejados para as bibliotecas. Entendo que o

mercado de trabalho, as empresas, a sociedade em geral precisa entender que o

profissional bibliotecário é um mediador do conhecimento e que atua grandemente

na sociedade do conhecimento. O mercado de trabalho já começou a ver a

importância do profissional bibliotecário, entretanto as empresas ainda não

enxergam que o bibliotecário é um profissional da informação, muitas pessoas ainda

não sabem da importância do profissional em uma Unidade de Informação, é preciso

crescer sua importância no mercado atual. Fora do âmbito universitário e de

algumas escolas, tido, muitas vezes, como desnecessário. Uma visão limitadíssima

sobre a atuação do profissional o que leva a visão tecnicista difundida restrita a

empréstimo de livros e normas da ABNT, a concursos públicos ou somente

relacionada a cuidar de livros, isso aumenta o pouco reconhecimento, o que deve

ser combatido pela sua importância no contexto da sociedade da informação.

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5.3.2 Como você avalia a imagem do bibliotecário no mercado de trabalho?

O Bibliotecário tem uma profissão muito relevante no mercado de trabalho,

quem conhece de fato, valoriza. Mas para a grande maioria, acho que é negativa

precisa ser mais valorizado por ser um profissional que tem como objeto de estudo a

informação. A profissão a meu ver é uma das mais importantes, fica cada dia melhor

trabalhar na área de ciência da informação, mas precisa se adequar as novas

tendências para se manter em seu objetivo. O mercado de trabalho para o

bibliotecário ainda é um desafio, pois a imagem do bibliotecário ainda está muito

ligada às bibliotecas, entretanto, há um universo imenso de possibilidades na área

de arquivo e na área de gestão da informação. Os melhores salários estão

vinculados aos trabalhos que resultam em solução de problemas, circula onde há

informação com valor monetário agregado e essas informações estão dentro dos

arquivos. O mercado de trabalho não dá ao Bibliotecário o devido valor. É preciso se

atualizar para conquistar a confiança destes usuários e futuros produtores de

informação. Muitas pessoas desconhecem o trabalho do profissional, depende

bastante do profissional, o bibliotecário deve melhorar sua imagem desde o público

infantil (base da educação) para que futuramente a sociedade envolva-se e aprecie

o trabalho feito, na área existem colegas que não honram com suas

responsabilidades, para reverter isso sinto uma necessidade de atualização

profissional para o mercado atual. Na região em que moramos atualmente não existe

nenhuma exigência, ou mesmo fiscalização quanto à gestão de Bibliotecas, elas em

geral são gerenciadas por pessoas sem formação na área. Temos encontrado

profissionais formados para atuar nas universitárias. Por ser ainda emergente se

pensa que a função do bibliotecário é apenas "arrumar" livros e que não faz nada,

precisamos nos livrar dessa imagem ligada a estereótipos.

O resultado do discurso apresentado mostra uma insatisfação. Isso

independe da Unidade de informação na qual o bibliotecário atua. Está ligada a sua

baixa remuneração e visibilidade. Como apontado por Bezerra (2014) os egressos

em seu discurso percebem as mudanças do mercado e do próprio Curso,

adequando-se as novas demandas do trabalho.

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Problemas de estereótipos e falta de reconhecimento, destacados tanto por

Oliveira (1983) como Rodrigues et al. (2013) foram aqui encontrados, ressaltando

resistência a mudança.

Os egressos visualizam o problema no reconhecimento de sua imagem. De

acordo com Guimarães (2010) isso significa ponto de mudança, quando esses

profissionais percebendo-se como indispensáveis a sociedade da informação

transmitem essa imagem ao mercado, e passam a ocupar um número maior de

espaços.

Existe um conflito. De um lado a sociedade moderna a cada momento

ligando-se de forma indissociável a informação e por outro o profissional capacitado

a organizar, tratar e disseminar essas informações com o objetivo de formação de

novos conhecimentos. Apenas com a integração entre esses dois atores as

adversidades apontadas desaparecerão.

Toda mudança deve partir do Bibliotecário. No dia 17 de agosto do corrente

ano foi comemorado o cinquentenário da regulamentação desse profissional. No

discurso dos egressos percebe-se tom de mudança e reconhecimento de avanços

na carreira e fazer profissional, mas muito ainda há para ser feito, evoluindo a

imagem considerada “emergente”.

Após décadas de regulamentação da profissão, professores remanejados

continuam a preencher espaços nas bibliotecas principalmente escolares, da rede

publica de ensino, os egressos em seu discurso apontam isso como um dos fatores

para restrição de vagas de trabalho e do padrão básico perpetuado.

Na representação de sua expressão oral os egressos apontam para as

mesmas dificuldades que, corroboram com estudos feitos em diferentes épocas. Os

dilemas são os mesmos. O diferencial para mudança é um plano de ação

possibilitando disseminação da relevância de seu trabalho, nas diversas camadas

que integram a sociedade da informação. Isso advém da percepção de sua

autoimagem.

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6 CONSIDERAÇOES FINAIS

Este estudo propiciou retratar a autoimagem dos egressos do curso de

Biblioteconomia da UFRN, através da resposta a dois questionamentos, “Como você

avalia a imagem do curso de Biblioteconomia da UFRN no mercado de trabalho?” e

“Como você avalia a imagem do bibliotecário no mercado de trabalho?”. As

respostas as perguntas foram organizadas seguindo a metodologia do Discurso do

Sujeito Coletivo e foi gerado um discurso representando a imagem dos egressos e a

forma como o Curso interfere nela assim como no mercado de trabalho.

Por um lado, Bibliotecários com formação intelectual e técnica reconhecidos

por uma parcela do mercado e um curso reconhecidamente em modificação que, se

adapta as necessidades de formação dos profissionais que lidam com a informação,

buscando equilíbrio entre a formação erudita generalista e a técnica inerente da

profissão.

Em contrapartida, os egressos apontam a falta de reconhecimento por

parcelas do mercado. Essa falta de visibilidade dificulta a inserção de mais

profissionais nos postos de trabalho e gera problemas como baixa remuneração,

sobrecarga de trabalho, atuação de profissionais sem formação acadêmica na área

de biblioteconomia e a perpetuação de estereótipos, preconceitos e pré-noções que

já há muito acompanha a profissão de bibliotecário.

Sob o aspecto administrativo do Curso de Biblioteconomia, a atualização e

adequação constante tanto de seus docentes como de sua estrutura são

reconhecidos, mas sempre se buscando ir além para continuar formando

profissionais que possuem reconhecimento em seus locais de atuação profissional.

Os resultados apontam para o fato de que o Bibliotecário deve mudar a

imagem que tem de si para então, conseguir uma maior visibilidade e

reconhecimento enquanto profissional. No momento em que este muda sua

autoimagem e se apresenta como profissional necessário trás uma mudança na sua

autoimagem que reflete na forma como seus usuários e gestores o enxergam.

Indubitavelmente, trouxe nova luz sobre o tema e a relevância reside na

possibilidade de instigar novas pesquisas dos discentes e docentes do curso de

Biblioteconomia da UFRN em campo de pesquisa pouco explorado e, assim,

percorrer outros caminhos e vislumbrar novas possibilidades.

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REFERÊNCIAS

BEZERRA, Francinilma Dantas Farias. Atuação dos egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN: mapeamento e análise do mercado de trabalho no período de 2010 a 2013. 2014. 61 f. Monografia (Graduação) - Curso de Biblioteconomia, Ciência da Informação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014. Disponível em: <http://monografias.ufrn.br:8080/jspui/handle/123456789/928>. Acesso em: 03 jul. 2015.

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