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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas Curso de Mestrado Wógenes Nunes de Oliveira Avaliação da atividade citotóxica in vitro do óleo de rã-touro (Rana catesbeiana Shaw) frente ao câncer de pele Natal RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas

Curso de Mestrado

Wógenes Nunes de Oliveira

Avaliação da atividade citotóxica in vitro do óleo de rã-touro (Rana

catesbeiana Shaw) frente ao câncer de pele

Natal – RN

2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas

Curso de Mestrado

Wógenes Nunes de Oliveira

Avaliação da atividade citotóxica in vitro do óleo de rã-touro (Rana

catesbeiana Shaw) frente ao câncer de pele

Dissertação apresentada à Coordenação

do Programa de Pós-graduação em

Ciências Farmacêuticas como requisito

para a obtenção do título de Mestre em

Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Eryvaldo Sócrates Tabosa do Egito

Co-Orientador: Hugo Alexandre de Oliveira Rocha

Natal – RN

2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Oliveira, Wógenes Nunes.

Avaliação da atividade citotóxica in vitro do óleo de rã-touro

(Rana catesbeiana Shaw) frente ao câncer de pele / Wógenes Nunes de Oliveira. - 2019.

51f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em

Ciências Farmacêuticas. Natal, RN, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Eryvaldo Sócrates Tabosa do Egito. Coorientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha.

1. Câncer de pele - Dissertação. 2. Melanoma - Dissertação. 3.

Óleo de rã-touro - Dissertação. I. Egito, Eryvaldo Sócrates

Tabosa do. II. Rocha, Hugo Alexandre de Oliveira. III. Título.

RN/UF/BSCCS CDU 615.015:616-006

Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474

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DEDICATÓRIA

Ao meu avô Domício Costa e aos meus pais

Washington Luiz e Eliana Rosa.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus e aos meus Guias que estiveram ao meu lado durante

toda a caminhada, agradeço por toda força, paciência e energias positivas.

Aos meus pais Eliana e Washington por todo amor, cuidado e atenção. Por

compreenderem meus sonhos e sempre me apoiarem.

Às minhas irmãs Poliana e Gabriela por me estimularem a seguir em frente e

por todos os momentos de conversas e risadas compartilhadas.

Ao meu supervisor e amigo Lucas Machado por estar sempre ao meu lado, por

todos os conselhos, paciência e ensinamentos. Foi uma caminhada bem difícil

e desgastante, sua ajuda e apoio em todos os momentos foram essenciais

para que eu chegasse até aqui. Você é um ser humano maravilhoso. Obrigado.

Aos amigos Aretha Maria, Alan Victor, Nadyellen Valle, Matheus Lacerda,

Jhonny Lucas, Guilherme Alves e Augusto Silva pelo apoio e paciência. Alguns

de perto e outros bem longe, mas todos vocês sempre estiveram ao meu lado

me apoiando.

À toda equipe do Laboratório de Sistemas Dispersos pelo apoio, especialmente

a Henrique Marcelino.

Aos amigos que conheci na Sala de Cultura de Células: Ana Katarina, Wladimir

Sabino, Jefferson Barbosa e Janine França. Obrigado por todos os momentos

de felicidade e energias positivas compartilhadas.

Ao meu orientador Prof. Dr. E. Sócrates T. do Egito por todo conhecimento,

orientação e por tornar possível a realização desse trabalho.

Ao meu Co-orientador Prof. Dr. Hugo Alexandre por todo apoio, disponibilidade

e suporte oferecido durante a realização desse trabalho.

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EPÍGRAFE

“O sucesso nasce do querer, da determinação e

persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo

não atingindo o alvo, quem busca e vence

obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis."

(José de Alencar)

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RESUMO

O óleo de rã-touro (OR) é um óleo animal obtido a partir do reaproveitamento

biotecnológico do tecido adiposo do anfíbio Rana catesbeiana Shaw e que

apresenta biocompatibilidade frente à fibroblastos murino (3T3) e toxicidade em

células de melanoma murino (B16F10). Baseado nisso e na atual necessidade

de novas alternativas de tratamento contra o melanoma, esse trabalho teve

como objetivo avaliar a potencial atividade citotóxica in vitro do OR in natura

frente à linhagem celular de melanoma humano A2058. Assim, foram

realizados os ensaios de avaliação da atividade mitocondrial (MTT), ciclo

celular e morte celular para avaliar o atividade citotóxica do OR, enquanto que

o potencial apoptótico foi investigado por meio da avaliação de alterações na

morfologia celular, pelo potencial de membrana mitocondrial e avaliação da

indução de estresse oxidativo. Os resultados obtidos demonstram que o OR

(100 µg/mL) após 72 horas foi capaz de reduzir a atividade mitocondrial em 40

± 9 % no ensaio de MTT. Adicionalmente, no ensaio de morte celular foi

verificado que a citotoxicidade do OR está relacionada à indução de apoptose

sem interferências no ciclo celular. Além disso, foi verificado que o processo

apoptótico pode ter sido estimulado pela capacidade que o OR apresentou em

induzir o estresse oxidativo, visto que foi capaz de aumentar em 51 ± 13 % os

níveis intracelulares de espécies reativas de oxigênio, gerando, desta forma,

uma redução do potencial da membrana mitocondrial (35 ± 5 %). Finalmente,

os resultados obtidos nos permitiram elucidar, pela primeira vez, uma das vias

de citotoxicidade do OR, a qual está relacionada a indução de estresse

oxidativo intracelular associado a danos mitocondriais, resultando, assim, na

indução da apoptose. Assim, estes resultados evidenciam potencial citotóxico

do OR e permitem sugerir que este óleo pode vir a ser utilizado como matéria-

prima bioativa no desenvolvimento de novas alternativas de tratamento contra

o câncer de pele.

Palavras chaves: Câncer de Pele; Melanoma; Óleo de rã-touro; Rana

catesbeiana Shaw.

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ABSTRACT

Bullfrog oil, an animal oil extracted from the adipose tissue of Rana catesbeiana

Shaw, showed promising cytotoxic activity against melanoma cells and,

therefore, potential to become a pharmaceutical active compound. However,

there is a lack of information regarding the pathways involved its

pharmacological activity. Thus, the aim of this study was to investigate and

elucidate the cytotoxic effect of this oil against human melanoma cells (A2058).

The cytotoxic potential was evaluated by the MTT assay, the cell cycle analysis

and the cell death assay. In addition, the apoptotic potential was investigated by

(i) the DNA fragmentation using propidium iodide (PI) staining analysis, (ii) the

evaluation of mitochondrial membrane potential and (iii) the determination of

intracellular reactive oxygen species (ROS) level. The results showed that the

bullfrog oil was able to promote a time-dependent cytotoxic effect, decreasing

cell viability in 38 % after 72 hours of treatment without affecting the cell cycle.

Additionally, the bullfrog oil induced the apoptosis in A2058 cells, increasing up

to 50 ± 13 % the intracellular ROS level, maintaining the DNA integrity and

promoting an approximate decrease of 35 ± 5 % in the mitochondrial membrane

potential. It can be concluded that the in vitro cytotoxic effect of the bullfrog oil in

human melanoma cells is mediated by oxidative stress that induces

mitochondrial dysfunction, triggering the apoptosis. These unprecedented

results highlight the pharmacological potential of bullfrog oil and provide

important information to support studies on the development of new

pharmaceutical products for complementary and alternative treatments for

melanoma.

Keywords: bullfrog oil; apoptosis; cytotoxicity; melanoma; natural products.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema representativo do processo de divisão celular

demonstrando suas diferentes etapas.

Figura 2 – Representação fotográfica do anfíbio Rana catesbeiana Shaw (rã-

touro)

Figura 3 – Avaliação da atividade mitocondrial das células A2058 após

tratamento com o óleo de rã-touro (OR) à 1, 10 e 100 µg/mL por 24, 48 e 72

horas.

Figura 4 – Avaliação da morte celular das células A2058 após 24 e 72 horas. A

(controle – 24 horas), B (células tratadas com 100 µg/mL de óleo de rã-touro

por 24 horas), C (controle – 72 horas), D (células tratadas com 100 µg/mL do

óleo de rã-touro por 72 horas).

Figura 5 – Determinação das características morfológicas das células A2058

coradas com IP após 72 horas. A (controle), B (células tratadas com 100 µg/mL

de óleo de rã-touro). Setas brancas (núcleo celular).

Figura 6 – Níveis intracelulares de espécies reativas de oxigênio nas células

A2058 coradas com DCFH-DA após 72 horas. OR (células tratadas com 100

µg/mL de óleo de rã-touro).

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição Química do Óleo de Rã-Touro

Tabela 2 – Avaliação da distribuição das células A2058 no ciclo celular após

tratamento das células com óleo de rã-touro na concentração de 100 µg/mL.

OR (óleo de rã-touro).

Tabela 3 – Determinação do potencial da membrana mitocondrial das células

A2058 tratadas por 72 horas com 100 µg/mL do óleo de rã-touro (OR).

*Diferença estatisticamente significativa em relação ao controle.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

® Registrado

°C Graus Celsius

µg/mL Micrograma por mililitro

µL Microlitro

µS/cm Microsiemes por centímetro

ATCC American Type Culture Colection

CCB Carcinoma de Células Basais

CCE Carcinoma de Células Escamosas

CDKn Proteína Ciclina dependente de Quinase

CO2 Gás Carbônico

CPNM Câncer de Pele do Tipo Não Melanoma

DCFH-DA Dicloro-dihidro-fluoresceína diacetato

DLS Espalhamento de Luz Dinâmico

DMEM Dulbecoco’s Modified Eagle Medium

DMSO Dimetilsufóxido

DNA Ácido Desoxiribonucleico

DP Desvio Padrão

G1 Gap 1

G2 Gap 2

MEC Matriz Extracelular

mg/mL Miligrama por Mililitro

mL Mililitro

nm Nanômetro

OR Óleo de Rã-Touro

PI Iodeto de Propídeo

pRb Proteína Retino Blastoma

ROS Espécies Reativas de Oxigênio

rpm Rotações por Minuto

SFB Soro Fetal Bovino

UVB Radiação Ultravioleta do Tipo B

v/v Volume por volume

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 17

2.1 Homeostasia e Oncogênese ....................................................................... 17

2.2 Câncer de Pele ........................................................................................... 20

2.3 Tratamento de Câncer de Pele ................................................................... 22

2.4 Óleo de Rã-Touro (Rana catesbeiana Shaw) ............................................. 24

3.OBJETIVOS ...................................................................................................... 27

3.1. Objetivo Geral ............................................................................................ 27

3.2. Objetivos Específicos................................................................................. 27

4.MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 28

4.1 Materiais ..................................................................................................... 28

4.2 Condições de cultivo celular e plaqueamento ............................................. 28

4.3 Tratamento das células e análises em citômetro de fluxo ......................... 28

4.4 Ensaio colorimétrico MTT (3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil brometo de

tetrazolina) ........................................................................................................ 29

4.5 Análise do ciclo celular ............................................................................... 30

4.6 Análise de morte celular ............................................................................. 30

4.7 Avaliação da morfologia celular por microscopia de fluorescência ............. 31

4.8 Avaliação do potencial da membrana mitocondrial ..................................... 31

4.9 Avaliação de estresse oxidativo intracelular ............................................... 32

4.10 Análise estatística ..................................................................................... 32

5.RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 33

5.1 Avaliação da Viabilidade Celular ................................................................ 33

5.2 Avaliação da ação citotóxica do óleo de rã-touro ....................................... 35

5.3 Avaliação do potencial apoptótico do óleo de rã-touro ............................... 39

6.CONCLUSÃO .................................................................................................... 46

7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 47

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1.INTRODUÇÃO

Em virtude do aumento da expectativa de vida do homem, assim como a

frequente exposição a agentes cancerígenos, tem-se observado, de acordo com

os dados da Organização Mundial de Saúde, um aumento na incidência de

câncer, de modo que são diagnosticados cerca de 14 milhões de novos casos

anualmente (Mcguire, 2016), havendo expectativa para um aumento de 70% nos

próximos 20 anos (Ferlay et al., 2015). Nesse cenário, o câncer de pele tem

representado 20% destes novos casos (Azoury e Lange, 2014), sendo

diagnosticado em 30% da população brasileira (INCA - Instituto Nacional do

Câncer, 2018) e mais frequente entre indivíduos com 50 a 70 anos de idade

(Zuluaga-Sepúlveda et al., 2016), seja pela elevada exposição aos fatores de

risco, tais como a radiação ultravioleta, à que os mesmos se expuseram em sua

juventude, visto que as campanhas de utilização de protetores solares tem se

tornado mais frequentes apenas na última década, ou mesmo pela perda da

eficiência protetora da pele em decorrência da idade (Azoury e Lange, 2014).

Diante da sua elevada incidência, é de fundamental importância o

delineamento de estratégias terapêuticas que sejam efetivas contra o câncer de

pele. Assim, o tratamento atualmente disponível para esse tipo de câncer, quando

diagnosticado precocemente, é bastante efetivo e envolve cuidados médicos e de

enfermagem, procedimentos cirúrgicos (Zuluaga-Sepúlveda et al., 2016),

imunoterapia, terapia gênica e medicamentos de uso interno (Michielin e Hoeller,

2015), os quais atuam promovendo danos às células cancerígenas, mas que, em

decorrência da sua distribuição, também podem causar danos às células sadias

do organismo, além de uma série de efeitos adversos que comprometem a

qualidade de vida do paciente (Macdonald et al., 2015). Dessa forma, a cada dia

buscam-se novos fármacos ou agentes anticancerígenos ou citotóxicos que

apresentem efeitos adversos menos agressivos, contribuindo para uma melhoria

na adesão ao tratamento e na qualidade de vida do paciente.

Neste contexto, destacam-se os produtos naturais como uma das principais

fontes de compostos bioativos com atividade antitumoral/citotóxica relatada

(Bhalla et al., 2013), dentre os quais é possível citar o óleo de rã-touro (Rana

catesbeiana Shaw), um óleo de origem animal obtido a partir do reaproveitamento

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biotecnológico do tecido adiposo deste anfíbio (Amaral-Machado et al., 2016).

Esse óleo pode ser obtido por diferentes processos de extração, como a extração

à quente, na qual o tecido adiposo é exposto a elevadas temperaturas (70 – 80

○C), ou extração por solventes orgânicos, a qual utiliza o n-hexano para a

obtenção do óleo de rã-touro (Amaral-Machado et al., 2016; Rutckeviski et al.,

2017). Embora ambos os processos apresentem rendimento semelhante (60 –

70%), a extração à quente permite a obtenção do óleo de rã-touro com maior

qualidade, em virtude de um baixo índice de peróxido, elevada quantidade de

ácidos graxos insaturados, assim como previne a contaminação por solventes

orgânicos (Amaral-Machado et al., 2016).

Além disso, estudos que avaliaram a composição química do óleo de rã-

touro evidenciaram a presença de diversos ácidos graxos saturados e

insaturados, como o ácido eicosapentaenoico, ácido araquidônico, ácido oleico,

ácido linoleico e ácido palmítico; compostos aos quais são atribuídas diversas

atividades terapêuticas, principalmente a anti-inflamatória e cicatrizante (Alencar

et al., 2015). Assim, em virtude de sua composição química, o óleo de rã-touro

vem sendo utilizado pela medicina popular devido sua atividade cicatrizante (Silva

et al., 2004), antibiofilme (Alencar et al., 2015) e antifúngica (Moreira-Oliveira et

al., 2018).

Adicionalmente, estudos avaliaram o potencial antimicrobiano do óleo de

rã-touro e relataram sua atividade antifúngica em diferentes espécies de Cândida

spp., assim como a atividade antibacteriana em Pseudomonas aeruginosa, cepa

bacteriana responsável por infecções hospitalares (Alencar et al., 2015; Moreira-

Oliveira et al., 2018). Mais recentemente, estudos relataram a potencial atividade

citotóxica do óleo de rã-touro contra o câncer de pele, uma vez que nos estudos

realizados por Amaral-Machado e Colaboradores (2016) assim como por Bonatto

e Colaboradores (2015) foi verificado a capacidade do óleo de rã-touro em

diminuir a viabilidade de células de melanoma murino (B16F10), sendo essa

atividade atribuída a presença do composto esteroide ethyl iso-allocholate,

identificado no estudo de caracterização química deste óleo (Amaral-Machado et

al., 2016). No entanto, mesmo com tais potenciais atividades biológicas, ainda

não se tem relatos científicos e estudos aprofundados sobre a real atividade

citotóxica do óleo de rã-touro frente ao câncer de pele.

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Sendo assim, baseado na atual necessidade de alternativas terapêuticas

capazes de contribuir com o avanço terapêutico do câncer de pele, de maneira

efetiva e com reduzidos efeitos adversos, assim como nos relatos da provável

atividade citotóxica do óleo de rã-touro em células de melanoma, este trabalho

tem como objetivo avaliar, por meio de estudos in vitro em linhagem celular de

melanoma humano A2058, o potencial citotóxico do óleo de rã-touro frente ao

câncer de pele.

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2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Homeostasia e Oncogênese

Homeostasia é o termo criado por Walter Bradford Canon em 1926 e

amplamente utilizado para descrever o modo como as células se organizam em

tecidos e órgãos e os processos biológicos que regulam sua integridade a nível

estrutural e funcional, promovendo o equilíbrio fisiológico ao organismo humano

(Davies, 2016), e que envolve um amplo conjunto de relações entre as células de

um mesmo ou diferentes tecidos e também relações das células com a matriz

extracelular (Mechkarska et al.) (Humphrey et al., 2014). Sabe-se que a MEC é

constituída principalmente por proteínas (colágeno e elastina) e açúcares

(glicosaminoglicanos), os quais são responsáveis por promover o suporte

estrutural para as células, definir as características relacionadas ao tamanho e

dimensão de tecidos e órgãos, assim como controlar o comportamento celular de

forma individual e coletiva (Cox e Erler, 2011).

Adicionalmente, os fibroblastos presentes na MEC também contribuem

para a manutenção da homeostase, visto que são as células responsáveis pela

deposição e remodelamento da MEC, capazes de se diferenciarem em

miofibroblastos e que, através da síntese do fator de crescimento β, estimulam a

síntese da MEC (Humphrey et al., 2014). Além disso, os fibroblastos também

auxiliam no controle do processo de crescimento celular ao secretarem citocinas e

mediadores solúveis que atuam nas células como fatores de crescimento,

estimulando o processo de mitose que resulta na multiplicação celular

(Mavrogonatou et al., 2017).

Tal processo é regulado por inúmeras proteínas (mitógenos) que, através

de diferentes vias de sinalização, ativam o ciclo celular e levam as células a

iniciarem o processo de divisão (Humeau et al., 2017). Sabe-se que o ciclo celular

é um processo complexo que envolve a duplicação do material genético celular e

a segregação desse DNA em duas novas células, sendo dividido em 4 etapas

(Gap 1, S, Gap 2 e M) e regulado, principalmente, pelas proteínas quinases e

ciclinas dependentes de quinase (CDK), que coordenam as atividades

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metabólicas celulares e guiam as células pelas diferentes fases do ciclo celular

(Humeau et al., 2017).

Figura 1 – Esquema representativo do ciclo de divisão celular demonstrando suas diferentes

etapas. (Fonte: Alberts, 2012).

A fase inicial do clico celular é a Gap 1 (G1), ativada por diferentes

mitógenos e regulada pelas proteínas CDK4 e CDK6 que estimulam a transcrição

da proteína do gene retinoblastoma (pRb), a qual induz a transcrição de inúmeras

outras proteínas e enzimas envolvidas na duplicação do material genético,

estimulando assim uma intensa síntese proteica, principal característica desta

etapa (Salazar-Roa e Malumbres, 2017). Nessa fase, a célula mantém seu

material genético diplóide e a intensa síntese proteica que, juntamente com a

regulação da proteína CDK2, permite que a célula continue sua divisão e inicie a

fase S (Humeau et al., 2017), caracterizada pelo início da duplicação do material

genético. Na fase S, a célula diminui a síntese de proteínas e ocorre uma intensa

atividade voltada para a duplicação do material genético, fazendo com que a

célula aumente o seu conteúdo de DNA (Humeau et al., 2017; Salazar-Roa e

Malumbres, 2017).

A progressão do ciclo celular da fase S para a fase G2 é mediada pelo

complexo proteico ciclina A – ciclina B – CDK1, que quando ativado, estimula a

fosforilação de diferentes componentes celulares resultando na condensação dos

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cromossomos, maturação e separação dos centrôm EROs com formação do fuso

mitótico, assim como desestruturação do envelope nuclear (Salazar-Roa e

Malumbres, 2017). Nessa fase a célula já apresenta o material genético

totalmente duplicado e se encontra apta para iniciar o processo de mitose (fase

M), o qual irá resultar na formação de duas novas células (Humeau et al., 2017).

A mitose, por sua vez, é um processo complexo que, de forma geral, compreende

a descondensação dos cromossomos, desaparecimento do fuso mitótico,

estruturação do envelope nuclear e reorganização do material genético,

resultando assim na formação de novas células (Salazar-Roa e Malumbres,

2017).

Dessa forma, é perceptível a complexidade do processo de divisão celular

diante das diversas alterações metabólicas que ocorrem na célula assim como

diante das inúmeras proteínas envolvidas nesse processo, mas que quando

regulado corretamente resulta no crescimento adequado e ordenado dos diversos

órgãos e tecidos, contribuindo assim para a manutenção da homeostase no

organismo.

Por outro lado, em casos específicos, pode ocorrer um aumento na

incidência de mutações no material genético celular que, por sua vez, interferem

na homeostase do organismo, promovendo, desta forma, o surgimento de células

anormais que secretam fatores de crescimento de forma exacerbada, estimulando

a divisão celular descontrolada e liberando mediadores solúveis que interferem na

composição e dinâmica da MEC, gerando uma elevada capacidade de

diferenciação e migração para outros tecidos e, assim, adquirindo um

comportamento característico de células tumorais (Ramos, E. K. et al., 2017).

Essas mutações envolvem reações específicas como a metilação das

bases do DNA ou mesmo modificações nas proteínas histonas que promovem

alterações, principalmente, nos oncogenes e nos genes supressores de tumor,

levando à intensa proliferação e desregulação do ciclo celular (López-Lázaro,

2018), respectivamente, resultando, assim, em um crescimento anormal e

desordenado do tecido, processo conhecido como hiperplasia tecidual (Weinberg,

1996).

Adicionalmente, além da hiperplasia tecidual é observado um aumento na

síntese de colágeno, o que promove alterações morfofisiológicas na MEC,

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resultando em fibrose do tecido, além de alterações no formato e orientação das

células, sendo possível observar um aumento no número de nucléolos e

hipercromatismo nuclear (Tlsty, 2001; Cox e Erler, 2011). O conjunto dessas

alterações em nível celular e tecidual resulta, então, na formação de uma massa

tumoral, caracterizada por um aumento significativo no número de células que

apresentam comportamento autônomo e que não respondem aos mecanismos de

regulação hemostática do organismo (López-Lázaro, 2018).

Além disso, as células tumorais também são capazes de promover a

angiogênese através da liberação de proteínas, ou seja, formação de novos vasos

sanguíneos ao redor da massa tumoral (Weinberg, 1996), os quais irão

proporcionar o aumento do aporte de nutrientes e oxigênio necessários para a

excessiva replicação celular da massa tumoral, além de atuar como uma via de

migração, permitindo que a célula tumoral chegue até a corrente sanguínea,

atingindo novos tecidos, nos quais uma nova massa tumoral irá se formar,

processo conhecido como metástase (Tlsty e Coussens, 2006).

Assim, é perceptível que as ocorrências de mutações nos oncogenes e nos

genes supressores de tumor implica desde o surgimento de uma célula com o

comportamento anormal e capacidade de proliferação excessiva até a formação

de uma massa tumoral com potencial capacidade metastática, constituindo assim

o principal fator responsável pelo processo de oncogênese, isto é, pelo início do

que se conhece como câncer.

2.2 Câncer de Pele

O câncer de pele é uma das neoplasias humanas mais comuns em todo

mundo, com taxas de incidência e mortalidade crescentes em um ritmo alarmante

(Akhtar e Khan, 2016), visto que anualmente são diagnosticados mais de 200.000

novos casos no mundo inteiro, havendo um destaque para os países que estão

localizados próximos da linha do equador (Azoury e Lange, 2014), como é o caso

do Havaí, o qual apresenta 422 casos de câncer de pele para cada 100.000

habitantes, e do Brasil, onde câncer de pele é responsável por 33,2% de todos os

casos de câncer diagnosticados (Rezende et al., 2009). Devido as suas posições

geográficas, estes países estão expostos a uma forte incidência de radiação

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ultravioleta, principalmente os raios UVB, um dos principais fatores de risco

associados ao desenvolvimento dessa neoplasia, causando alterações genéticas

ao promoverem o estresse oxidativo devido à formação de radicais reativos de

oxigênio e dím EROs de piridina que atuam sobre as bases do DNA (Gilchrest et

al., 1999; Gandhi e Kampp, 2015)

Sabe-se que a pele é um órgão heterogêneo e complexo que desempenha

funções fundamentais no organismo, tais como proteção, termorregulação,

absorção e excreção (Tosi et al., 2010; Brohem et al., 2011). Histologicamente, a

mesma é dividida em camadas que desempenham funções específicas: o estrato

córneo, formado por queratinócitos com função de proteção (Akhtar e Khan,

2016); a epiderme, formada principalmente por queratinócitos, melanócitos e

células do sistema imune, com importante papel em quadros infecciosos (Candi et

al., 2005; Cevc e Vierl, 2010); a derme que é formada por fibras de colágeno,

fibroblastos, células dentríticas e histiócitos, além de vasos sanguíneos, linfáticos

e terminações nervosas, sendo a principal responsável pela sustentação da pele

e também pela nutrição da epiderme; e finalmente a hipoderme, onde se localiza

o tecido adiposo (Lai-Cheong e Mcgrath, 2009).

Com base na divisão histológica da pele, o câncer de pele é classificado

conforme a camada e/ou célula acometida pela neoplasia. Os principais tipos de

câncer de pele diagnosticados mundialmente são: carcinoma de células basais

(CCB), carcinoma de células escamosas (CCE) e melanoma (Akhtar e Khan,

2016).

O CCB e CCE são classificados como câncer de pele do tipo não-

melanoma (CPNM), sendo este primeiro o de maior incidência na população

mundial, responsável por 75% dos casos de CPNM, enquanto que o CCE

representa 20% dos casos diagnosticados (Azoury e Lange, 2014; Akhtar e Khan,

2016). Os CPNM se localizam nas regiões do corpo como pescoço, cabeça,

palmas e mãos e se desenvolvem principalmente devido à exposição direta e

crônica à luz solar assim como a presença de feridas e queimaduras graves, no

entanto, podem ser removidos cirurgicamente e apresentam taxa de

sobrevivência superior a 99%, quando diagnosticados em seus estágios iniciais

(Akhtar e Khan, 2016).

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Por outro lado, o câncer de pele do tipo melanoma surge como o câncer de

pele mais agressivo, sendo responsável por 75% das mortes relacionadas às

neoplasias cutâneas (Akhtar e Khan, 2016). O melanoma apresenta-se,

inicialmente, como manchas na pele e pode estar presente nos olhos, em

mucosas e em qualquer lugar da superfície do corpo, o que torna seu diagnóstico

bastante difícil (Gandhi e Kampp, 2015). Desta forma, é indicada a avaliação da

assimetria, borda, cor e evolução do tamanho da mancha da pele como

observação inicial e, posteriormente, exames histopatológicos para o correto

diagnóstico e classificação desse tipo de câncer (Gandhi e Kampp, 2015).

Assim, tendo em vista a elevada incidência do câncer de pele na população

mundial e os elevados índices de mortalidade atribuídos ao melanoma, é evidente

a necessidade não apenas de métodos diagnósticos eficazes que permitam a

identificação desse tipo de câncer em seu estágio inicial, mas também de

tratamentos efetivos, capazes de reduzir ou mesmo eliminar as células

cancerígenas e manter a qualidade de vida dos pacientes.

2.3 Tratamento de Câncer de Pele

O tratamento do câncer de pele é norteado pelas características desse tipo

de câncer, pela localização do tumor, grau de progressão, margens e dimensões

da massa tumoral (Simões et al., 2015; Akhtar e Khan, 2016). Além disso, diante

da crescente incidência de neoplasias cutâneas, é observada a necessidade da

disponibilidade de um amplo e efetivo arsenal terapêutico para o tratamento do

câncer de pele, que seja capaz de promover a total eliminação das células

cancerígenas, preservar as funções normais do organismo e manter o bem estar

do paciente (Gandhi e Kampp, 2015; Simões et al., 2015).

Dentre as possíveis formas de tratamento do câncer de pele, o padrão ouro

é a incisão cirúrgica, a qual consiste na remoção por completo da massa tumoral

através de métodos invasivos (Simões et al., 2015). No entanto, nos casos em

que o paciente apresenta lesões múltiplas ou de grande extensão em áreas

sensíveis, o método cirúrgico se torna inviável (Gracia-Cazana et al., 2016), de

modo que as alternativas terapêuticas atualmente disponíveis incluem a

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radioterapia, terapia fotodinâmica, imunoterapia e a quimioterapia (Azoury e

Lange, 2014; Simões et al., 2015; Akhtar e Khan, 2016).

A radioterapia e a terapia fotodinâmica são indicadas principalmente para o

tratamento do CPNM (Akhtar e Khan, 2016). A primeira é utilizada principalmente

em pacientes idosos e apresenta uma elevada taxa de cura, permitindo um

melhor controle para tratar lesões extensas e com bordas irregulares (Simões et

al., 2015), evitando, assim, efeitos indesejáveis no tecido sadio. Já a terapia

fotodinâmica, se baseia na ativação óptica de um agente fotossensível capaz de

transformar o oxigênio tecidual local em radicais, os quais eliminam as células

tumorais (Amini et al., 2010; Clarke, 2012). O tratamento ocorre através da

aplicação de um creme com um agente fotossensível, tal como o metil-

aminolevulinato, sobre a lesão cutânea seguida de exposição a uma fonte intensa

de luz (Simões et al., 2015).

Adicionalmente, a imunoterapia e a quimioterapia surgem como outras

opções para o tratamento do câncer de pele, apresentando uma elevada taxa de

resposta e efetividade, além de permitirem a administração de agentes de ação

sistêmica de forma não invasiva que podem ser combinados com outros tipos de

terapia (Gracia-Cazana et al., 2016). Os principais imunoterápicos e

medicamentos de ação sistêmica utilizados no tratamento do câncer de pele são

a Dacarbazina, Carboplatina, Paclitaxel e Temozolamida (Simões et al., 2015),

que agem inibindo a divisão celular ou mesmo interferindo na síntese do DNA e

de seus precursores (Weingart et al., 2008), causando, assim, a morte das células

cancerígenas. Outras classes de medicamentos também utilizados são os

inibidores da proteína B-RAF (Vemurafenibe) e os anticorpos monoclonais anti

CTLA-4 (Ipilimumabe) (Simões et al., 2015).

Além do tratamento de forma sistêmica, alguns fármacos estão disponíveis

em apresentações semissólidas, como emulsões, e viabilizam o tratamento tópico

do câncer de pele. Os principais são o 5-Fluoruracil e o Imiquimod (Akhtar e

Khan, 2016). Mesmo com uma elevada efetividade e taxa de cura, os tratamentos

atualmente disponíveis não atuam especificamente nas células tumorais, afetando

também as células saudáveis do organismo, apresentando, portanto, uma

elevada toxicidade, promovendo fortes reações inflamatórias, erupções cutâneas,

queda de cabelo, cicatrizes desagradáveis, alterações hematológicas e

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gastrointestinais, comprometendo, desta forma, a adesão ao tratamento e a

qualidade de vida do paciente (Azoury e Lange, 2014; Simões et al., 2015; Akhtar

e Khan, 2016; Gracia-Cazana et al., 2016).

Nesse cenário, diversos estudos utilizando fontes naturais têm sido

realizados, seja para a elucidação da atividade de agentes antitumorais contra o

câncer de pele, para aprimoramento da atividade farmacológica desses agentes,

ou mesmo para a redução da toxicidade de substâncias utilizadas na clínica

médica (Paiva et al., 1998; Paiva et al., 2004; Alencar et al., 2015), contribuindo

assim para o incremento do arsenal terapêutico contra o câncer de pele, de forma

a preservar a qualidade de vida do paciente e facilitar sua adesão ao tratamento.

Assim, dentre os recentes produtos naturais com provável efetividade e

biocompatibilidade no tratamento do câncer de pele têm-se o óleo de rã-touro, um

óleo de origem animal amplamente utilizado na medicina popular e que em

estudos recentes demonstrou uma potencial atividade antineoplásica contra o

câncer de pele (Amaral-Machado et al., 2016).

2.4 Óleo de Rã-Touro (Rana catesbeiana Shaw)

O óleo de rã-touro é um óleo de origem animal extraído do tecido adiposo

do anfíbio Rana catesbeiana Shaw, o qual é material de descarte das indústrias

alimentícias que realizam o beneficiamento da carne de rã-touro (Mendez et al.,

1998; Silva et al., 2004). Este anfíbio é nativo da América do Norte e chegou ao

Brasil por volta de 1930 pela indústria alimentícia, em virtude do clima tropical, o

qual favorece o desenvolvimento deste anfíbio e consequentemente o

enriquecimento do poder nutritivo da carne do mesmo (Longo, 1987).

Figura 2 – Representação fotográfica do anfíbio Rana catesbeiana Shaw (rã-touro) (Fonte: Lima,

S. L. 1997).

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O óleo de rã-touro tem sido amplamente utilizado pela medicina popular

para o tratamento de distúrbios imunológicos e doenças inflamatórias, em virtude

de suas características de biocompatibilidade, biodegradabilidade e baixa

toxicidade (Rutckeviski et al., 2017). Além disso, estudos que avaliaram sua

composição química (Tabela 1), identificaram ácidos graxos saturados e

insaturados, dentre os quais se encontram os poli-insaturados de cadeia longa

como o ácido eicosapentaenoico e o ácido docosahexaenoico (Al-Adham et al.),

além dos ácidos graxos oleico, linolênico, esteárico, mirístico e palmítico (Amaral-

Machado et al., 2016), os quais permitem sugerir uma potencial atividade anti-

inflamatória, anti-edematogênica e antimicrobiana (Alencar et al., 2015).

Adicionalmente, Amaral-Machado e colaboradores (2016) identificaram a

presença do composto ethyl iso-allocholate na composição química do óleo de rã-

touro, um composto que, segundo a literatura, é um derivado da bile da Rana

catesbeiana Shaw e possui provável atividade diurética, antibacteriana,

antiasmática e antitumoral (Sarada et al., 2011; Saravanan et al., 2014),

permitindo a este autor sugerir que o achado da atividade antineoplásica se deve

à presença do mesmo na composição química do óleo.

Tabela 1 – Composição Química do Óleo de Rã-Touro (Amaral-Machado et al., 2016)

Ácido Graxo Concentração (%)

Mirístico 1,4

Araquidônico 8,4

Palmítico 10,3

Eicosapentaenoico 17,6

Oleico 29,9

Esteárico 2,5

Docosahexaenoico 0,8

Colesterol 9,5

Ethyl Isso-allocholate 3,5

Total 83,9

Não Identificado 16,1

Por outro lado, Amaral-Machado e colaboradores (2016) assim como

Bonatto e colaboradores (2015), sugeriram a atividade antineoplásica do óleo de

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rã-touro baseados somente no ensaio de MTT, no qual foi verificado que o óleo in

natura foi capaz de diminuir a viabilidade de uma linhagem celular de melanoma

murino B16F10 (Bonatto, C. C. et al., 2015; Amaral-Machado et al., 2016).

Dessa forma, diante da composição química do óleo de rã-touro assim

como dos recentes relatos de sua provável ação citotóxica contra células do

câncer de pele, é evidente a necessidade de uma avaliação mais aprofundada a

fim de investigar a real atividade citotóxica do óleo de rã-touro frente a linhagens

celulares de câncer de pele.

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3.OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Investigar a atividade citotóxica do óleo de rã-touro (Rana catesbeiana

Shaw) in natura por meio de estudos in vitro em linhagem celular característica do

câncer de pele humano (A2058).

3.2. Objetivos Específicos

- Avaliar a capacidade do óleo de rã-touro em interferir na atividade

mitocondrial através do ensaio de MTT;

- Analisar a possível interferência do óleo de rã-touro no ciclo de divisão

celular através de citometria de fluxo com o corante Iodeto de Propídio;

- Avaliar o processo de morte celular pelo qual o óleo de rã-touro atua sobre

as células de melanoma humano A2058 por meio da citometria de fluxo

com Iodeto de Propídio e Anexina V-FITC;

- Investigar o potencial apoptótico do óleo de rã-touro por meio de análise

morfológica das células A2058, avaliação do potencial da membrana

mitocondrial e determinação dos níveis intracelulares de espécies reativas

de oxigênio.

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4.MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Materiais

O tecido adiposo utilizado para extrair o óleo de rã-touro foi doado pela

empresa Asmarana Produtos Naturais (Natal, RN, Brasil). Triton-X, reagente de

MTT (3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil brometo de tetrazolina), RNase, Iodeto de

Propídio, Anexina-V-FITC, Dicloro-dihidro-fluoresceína diacetato (DCFH-DA) e

Rodamina 123 foram comprados na Sigma Aldrich Inc. (St. Louis, MO, EUA).

Etanol, dimetilsufóxido (DMSO) e Metanol PA foram adquiridos da empresa Synth

(Diadema, SP, Brasil).

O meio Dulbecoco’s Modified Eagle Medium (DMEM) e o soro fetal bovino

(SFB) foram adquiridos da Cultilab (Campinas, SP, Brasil). A linhagem celular

A2058 da American Type Culture Colection (ATCC) utilizada nesse estudo foi

doada pelo Laboratório de Imunologia de Tumores da Universidade de São Paulo

(USP, São Paulo, Brasil).

4.2 Condições de cultivo celular e plaqueamento

Para a realização dos experimentos in vitro, as células foram mantidas em

meio DMEM suplementado com 10 % de soro fetal bovino (SFB) em estufa a 37

°C e atmosfera de 5 % de CO2. Em seguida, as células foram plaqueadas de

acordo com as condições (tipo de placa e densidade) específicas de cada ensaio

e ficaram por 24 horas em estufa a 37 °C para que aderissem às placas. Após

isso, foi realizado o carenciamento por mais 24 horas, período em que as células

ficaram em contato com o meio DMEM sem a suplementação com o SFB.

4.3 Tratamento das células e análises em citômetro de fluxo

Para o tratamento das células, foi feita uma solução mãe a 2 mg/mL do OR

em solução aquosa de DMSO 1%, a qual foi diluída em meio DMEM

suplementado com 10 % de soro fetal bovino para se obter as concentrações

desejadas de óleo. Além disso, nos ensaios de citometria de fluxo, após o

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tratamento das células com as amostras, a suspensão de células não aderentes

foi removida e reservada em tubo cônico de 15 mL, e as células aderentes na

placa foram lavadas com tampão fosfato pH 7,4 gelado, tratadas com 500 µL de

tripsina por 5 minutos, 1 mL de DMEM suplementado com 10% de SFB e então

transferidas para o mesmo tubo cônico. Em seguida, as suspensões de células

foram centrifugadas a 2500 rpm por 6 minutos a 4 °C e lavadas duas vezes com

tampão fosfato pH 7,4 gelado. Por fim, as células foram tratadas conforme

procedimento específico de cada ensaio.

4.4 Ensaio colorimétrico MTT (3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil brometo de tetrazolina)

O ensaio foi realizado utilizando-se de da linhagem de melanoma humano

A2058 (melanoma derivado de células epiteliais humanas com elevada

capacidade invasiva) (Shields et al., 2007; Haguet et al., 2017) cultivada conforme

descrito no item 4.2.

O ensaio foi realizado em triplicata e três diferentes concentrações de óleo

de rã-touro (OR) in natura (1 µg/mL, 10 µg/mL e 100 µg/mL) foram avaliadas.

Poços isentos de amostra foram utilizados como controle negativo de toxicidade e

poços contendo a solução de DMSO 1% (v/v) na proporção da maior diluição

utilizada foram testadas para avaliar o potencial de toxicidade do diluente.

Sendo assim, as células foram incubadas em placas de 96 poços na

densidade celular de 5 x 104 células/placa conforme descrito no item 4.2. Após o

carenciamento, as células foram incubadas com concentrações do óleo

supracitadas em meio de cultura DMEM suplementado com 10% de soro fetal

bovino pelo período de 24, 48 e 72 horas. Posteriormente, 100 µL de reagente de

MTT na concentração de 1 mg/mL foi adicionado em cada poço para avaliar a

viabilidade celular. Após 4 horas de incubação, os cristais de formazan foram

dissolvidos em 100 µL de etanol e sua absorbância medida em leitor de ELISA

Multiskan Ascent Microplate Reader (Thermo Labsystems, Franklin, MA, EUA) no

comprimento de onda de 570 nm. Por fim, a viabilidade celular foi determinada

através do valor relativo da absorbância entre o controle negativo (células não

tratadas) e as células tratadas com o óleo de rã-touro.

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4.5 Análise do ciclo celular

A distribuição das células A2058 no ciclo celular foi avaliada utilizando o

corante iodeto de propídio (Vartholomatos et al., 2015). As células foram

incubadas em placas de 6 poços (2 x 105 células/poço) conforme descrito no item

4.2 e após o carenciamento, as células foram incubadas por 24 horas com o OR

na concentração de 100 µg/mL.

Posteriormente, as células foram tratadas conforme o procedimento

descrito no item 4.3 e então fixadas em etanol a 70% por 45 minutos e novamente

centrifugadas e lavadas com tampão fosfato pH 7,4. A seguir, o pellet de células

foi incubado a 37 °C por 1 hora com 90 µL de Triton-X 0,01% (v/v) e 10 µL de

solução de RNase (4 mg/mL). Finalmente, foi adicionado 5 µL de solução de IP (5

mg/mL) e 200 µL de tampão fosfato pH 7,4 gelado e, com o auxílio de um

citômetro de fluxo FACSCalibur (Becton Dickinson, New Jersey, USA) a

fluorescência emitida do IP foi mensurada. O ensaio foi realizado em duplicata.

4.6 Análise de morte celular

A morte celular da linhagem A2058 foi avaliada utilizando os corantes

anexina-V-FITC e IP (Vermes et al., 1995; Vartholomatos et al., 2015). As células

foram incubadas em placas de 6 poços (2 x 105 células/poço) conforme descrito

no item 4.2. Após o carenciamento, as células foram incubadas por 24 e 72 horas

com o OR na concentração de 100 µg/mL.

Posteriormente, as células foram tratadas conforme o item 4.3 e o pellet de

células foi ressuspendido em 50 µL de tampão de ligação para a anexina-V-FITC

e então 5 µL desta última e 1 µL de IP foram adicionados, conforme o

procedimento sugerido pelo fabricante do kit (Invitrogen, Catalogo número

V13242). As células ficaram protegidas da luz sob temperatura ambiente (25 ± 2

°C) por 20 minutos e foram então analisadas em citômetro de fluxo FACSCalibur

(Becton Dickinson, USA). O ensaio foi realizado em duplicata.

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4.7 Avaliação da morfologia celular por microscopia de fluorescência

Para avaliar possíveis alterações morfológicas no DNA nuclear, as células

A2058 foram incubadas em placas de 24 poços (4 x 105 células/poço) conforme

descrito no item 4.2 e após o carenciamento, foram incubadas por 72 horas com o

OR na concentração de 100 µg/mL. Células não tratadas foram utilizadas como

controle negativo de toxicidade.

Após a incubação, as células foram lavadas com tampão fosfato pH 7,4

gelado e fixadas com metanol PA durante 20 minutos e então tratadas com

solução de Triton - X 0,1% por 15 minutos. Em seguida, foram novamente lavadas

com tampão fosfato pH 7,4 gelado e foram adicionados 5 µL de solução de iodeto

de propídio (5 µg/mL). Por fim, a morfologia celular foi observada em microscópio

fluorescente confocal (Nikon Eclypse Ti-E) (Hezel et al., 2012).

4.8 Avaliação do potencial da membrana mitocondrial

A fim de avaliar o efeito apoptótico do OR sobre as células A2058, foi

avaliado o potencial da membrana mitocondrial. Para isso, as células A2058

foram incubadas em placas de 6 poços (2 x 105 células/poço) conforme descrito

no item 4.2 e após o carenciamento, as células foram incubadas por 72 horas

com o OR na concentração de 100 µg/mL. Células não tratadas foram utilizadas

como controle negativo de toxicidade.

Após 72 horas, a suspensão de células foi tratada conforme procedimento

descrito no item 4.3, e então o pallet de células foi ressuspendido em 500 µL de

tampão fosfato pH 7,4 e tratado com 0,5 µL de solução etanólica de Rodamina

123 na concentração de 5 mg/mL por 15 minutos. Finalmente, a suspensão de

células foi novamente centrifugada nas condições descritas no item 4.3,

ressuspendidas em 200 µL de tampão fosfato pH 7,4 e analisadas em citômetro

de fluxo FACSCalibur (Becton Dickinson, USA). O ensaio foi realizado em

duplicata.

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4.9 Avaliação de estresse oxidativo intracelular

A fim de avaliar os níveis de espécies reativas de oxigênio (EROs)

intracelular, as células A2058 foram incubadas em placas de 6 poços (2 x 105

células/poço) conforme procedimento descrito no item 4.2. Após o carenciamento,

as células foram incubadas por 72 horas com o OR na concentração de 100

µg/mL. Células não tratadas foram utilizadas como controle negativo de

toxicidade.

Após 72 horas, as células foram incubadas por mais 2 horas com solução

de DCFH-DA 10 µM em DMEM suplementado com 1 % de soro fetal bovino em

estufa à 37 °C e atmosfera de 5% de CO2 (Tu et al., 2008). Em seguida, as células

foram tratadas conforme o item 4.3 e então o pellet de células foi ressuspendido

em 200 µL de tampão fosfato pH 7,4 e analisados em citômetro de fluxo

FACSCalibur (Becton Dickinson, USA).

4.10 Análise estatística

Os dados obtidos nos ensaios de citometria de fluxo foram analisados no

software FlowJo X10.0.07 (Tree Star, Inc. Ashland, OR, USA). Todos os

resultados foram expressos como média ± desvio padrão e analisados pelo

software Origin® 8, Pro 8.E, OriginLab ou pelo FlowJo X10.0.07 (Tree Star, Inc.

Ashland, OR, USA). A significância estatística entre os grupos foi determinada

pela análise de variância seguida pelo teste de Turkey’s por comparação múltipla,

e análise entre dois grupos foi realizada segundo o teste T de Student, e o valor

de p < 0,05 foi considerado significativo.

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5.RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Avaliação da Viabilidade Celular

A citotoxicidade do OR foi avaliada pelo ensaio de MTT, uma técnica

amplamente utilizada para determinar biocompatibilidade ou citotoxicidade de

sistemas e fármacos por meio da determinação da atividade mitocondrial das

células (Stepanenko e Dmitrenko, 2015). Este ensaio baseia-se da redução do sal

de MTT, por reações enzimáticas nas mitocôndrias, levando à síntese dos cristais

de formazan, substância com coloração fortemente roxa. Assim, em virtude da

sua coloração, é possível relacionar a atividade mitocondrial de acordo com a

concentração dos cristais de formazan através de sua absorbância avaliada por

técnica espectrofotométrica (Mosmann, 1983).

Os resultados da Figura 3 mostram a capacidade das células A2058 em

reduzir o sal de MTT quando tratadas com diferentes concentrações do OR por

24, 48 e 72 horas, na qual é possível observar uma ação tempo dependente para

as concentrações de 1 e 10 µg/mL. Além disso, é possível observar que o OR

interferiu na capacidade da célula em reduzir o sal de MTT, reduzindo essa

capacidade em 7 % após 24 horas e em 35 % em 72 horas, na concentração de 1

µg/mL. Já na concentração de 10 µg/mL observou-se uma redução de 17 % após

24 horas e de 38 % após 72 horas, enquanto que na concentração de 100 µg/mL

foi observado uma redução na atividade mitocondrial próxima a 40 % em todos os

tempos testados, resultado que sugere uma atividade citotóxica do OR frente às

células características de melanoma humano A2058. Estes dados corroboram

com os resultados apresentados na literatura, nos quais o OR foi capaz de

interferir na atividade das enzimas mitocondriais, reduzindo a viabilidade da

linhagem B16F10 (melanoma murino) em 20% após 72 horas na concentração de

100 µg/mL (Amaral-Machado et al., 2016).

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Figura 3 – Avaliação da atividade mitocondrial das células A2058 após tratamento com o óleo de

rã-touro (OR) à 1, 10 e 100 µg/mL por 24, 48 e 72 horas.

Adicionalmente, esse resultado também pode ser atribuído à composição

química do OR, a qual apresenta ácidos graxos saturados e insaturados que

podem vir a causar efeito citotóxico em células de melanoma murino, conforme

estudos já relatados na literatura (Sousa-Andrade et al., 2005; Gelzo et al., 2014;

Amaral-Machado et al., 2016), e também devido a presença do composto Ethyl

iso-allocholate, o qual possui atividade antitumoral relatada na literatura (Amaral-

Machado et al., 2016).

Além disso, estudos recentes da literatura também avaliaram a possível

citotoxicidade do OR frente às células não-tumorais, como uma linhagem de

fibroblastos (3T3) e eritrócitos humanos, e demonstraram por meio de ensaios in

vitro que esse óleo animal não promoveu danos às essas linhagens, permitindo

sugerir assim, que a atividade citotóxica do OR pode estar relacionada com

características específicas de células tumorais (Amaral-Machado et al., 2016;

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Oliveira et al., 2018). Dessa forma, os dados de citotoxicidade obtidos, juntamente

com os dados de biocompatibilidade já descritos na literatura, reforçam a hipótese

de que o OR apresenta atividade citotóxica frente à linhagem celular característica

do câncer de pele do tipo melanoma, tanto humano quanto murino (Amaral-

Machado et al., 2016), evidenciando assim, o potencial citotóxico desse óleo

animal.

5.2 Avaliação da ação citotóxica do óleo de rã-touro

Diante da atividade citotóxica demonstrada pelo OR frente à linhagem

celular A2058 no ensaio de MTT, optou-se por avaliar mais detalhadamente qual

seria a provável via de atuação pela qual este óleo promove a inibição da

viabilidade destas células cancerígenas. Desta forma, tendo em vista que os

compostos naturais que desempenham atividade antitumoral atuam

principalmente interferindo na divisão celular, promovendo a morte celular por vias

de apoptose, necrose, ou mesmo promovendo danos oxidativo no material

genético (Bhalla et al., 2013), investigou-se primeiramente a possível interferência

deste óleo na divisão celular da linhagem A2058.

Desta forma, avaliou-se a população das células de melanoma humano

A2058 nas diferentes fases do ciclo celular por análise de citometria de fluxo

utilizando o iodeto de propídio (Ramos, Erika K et al.), um corante fluorescente

que se liga ao material genético das células e permite identificar a população de

células em cada fase do ciclo celular de acordo com as características específicas

do DNA. Isto se deve ao fato de que na fase G1 não são verificadas alterações no

DNA celular devido à intensa síntese proteica que ocorre nessa fase, no entanto,

o processo de duplicação que se inicia na fase S, aumenta a quantidade de

material genético celular, de modo que na fase G2/M o DNA se encontra

totalmente duplicado, sendo assim, a partir dessas alterações relacionadas à

duplicação do material genético, o IP emite níveis de fluorescência diretamente

proporcional à quantidade do material genético, permitindo identificar a população

de células em cada fase do ciclo celular (Vartholomatos et al., 2015; Salazar-Roa

e Malumbres, 2017).

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A Tabela 2 demonstra distribuição das células A2058, as quais foram

tratadas por 24 horas com 100 µg/mL do OR, nas diferentes fases do ciclo celular,

onde é possível observar que não houve interferência no ciclo de divisão celular,

uma vez que não houve diferença estatisticamente significativa (p > 0,05) entre a

distribuição das células tratadas e das células não tratadas (controle).

Tabela 2 – Avaliação da distribuição das células A2058 no ciclo celular após tratamento das

células com óleo de rã-touro na concentração de 100 µg/mL. OR (óleo de rã-touro).

Fase do ciclo celular

Distribuição das células (%)

Controle OR

G1 61,2 ± 3,3

63,3 ± 2,1

S 30,6 ± 4,9

28,6 ± 1,1

G2/M 4,9 ± 1,9

4,6 ± 1,6

Esses resultados, quando comparados a estudos que avaliaram a ação de

outros produtos naturais no ciclo de divisão celular, mostra notória discordância,

uma vez a interferência na divisão celular é um dos mecanismos mais comuns

pelo qual ocorre a atividade citotóxica de produtos naturais (Chinembiri et al.,

2014). Por outro lado, também são relatados diversas outras vias pelas quais

produtos naturais podem vir a desenvolver um efeito citotóxico, como a indução

de morte celular (necrose ou apoptose), interferência no metabolismo ou mesmo

indução de danos ao material genético celular. Sendo assim, torna-se necessário

avaliar a atividade citotóxica do OR por ensaios que permitam avaliar outras vias

de citotoxicidade.

Dessa forma, diante dos resultados obtidos na análise do ciclo celular,

avaliou-se a capacidade do OR em induzir a morte celular pelas vias de apoptose

ou necrose. Logo, a avaliação da morte celular ocorreu através da análise por

citometria de fluxo, de células A2058 tratadas com o OR por 24 e 72 horas na

concentração de 100 µg/mL, utilizando os corantes anexina-V-FTIC e IP.

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Durante os processos de morte celular, seja por apoptose ou necrose, é

possível observar modificações específicas na expressão de proteínas e

organização do material genético que permite identificar qual processo de morte

está ocorrendo (Vermes et al., 1995). Assim, uma das principais características do

processo de apoptose é a exposição do fosfolipídio fosfatidilserina na superfície

da membrana citoplasmática. Esse lipídeo, em condições homeostáticas, se

encontra ancorado na membrana citoplasmática voltado para o citoplasma da

célula, no entanto, durante o processo de apoptose ocorre uma translocação e a

fosfatidilserina passa a ser exposta na superfície da membrana celular voltada

para o meio extracelular (Fadok et al., 1992). Assim, devido ao fato de que a

anexina-V-FITC possui a propriedade de se ligar a fosfolipídios por uma via

dependente de Ca+2 e emitir fluorescência, a mesma liga-se a este fosfolipídio,

permitindo assim a identificação de células no estágio inicial de apoptose (Fadok

et al., 1992; Vermes et al., 1995).

Adicionalmente, outra via comum de morte celular é a necrose, processo

caracterizado pela perda da integridade da membrana plasmática com liberação

dos constituintes celulares para o meio extracelular, bem como a clivagem de

cromatina por enzimas endonucleases, as quais levam à fragmentação do

material genético e formação de subunidades de oligonucleotídeos (Nicoletti et al.,

1991). Baseado nisto e devido à capacidade que o IP possui de se ligar a essas

subunidades de oligonucleotídeos e emitir fluorescência, o mesmo é utilizado para

identificar as células afetadas pela necrose (Laake et al., 1999).

Sendo assim, de acordo com a intensidade da fluorescência emitida pela

Anexina-V-FITC e IP é possível identificar os diferentes processos da morte

celular, ou seja, células que sofreram o processo de necrose vão apresentar

fluorescência positiva apenas para o IP (IP+, ANX-, localizado no quadrante 1 -

Q1), células em processo de apoptose tardia apresentarão fluorescência positiva

para ambos os corantes (IP+, ANX+, localizado no quadrante 2 - Q2), células no

estágio inicial de apoptose demonstrarão fluorescência positiva apenas para a

anexina-V-FTIC (IP-, ANX+, localizado no quadrante 3 - Q3) e células normais ou

que ainda se encontram em atividade vital irão apresentar fluorescência negativa

para ambos corantes (IP- e ANX- , localizado no quadrante 4 - Q4) (Bernardes-

Oliveira et al., 2016).

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A Figura 4 apresenta os resultados obtidos nos ensaios supracitados após

24 e 72 horas de tratamento, no qual, após 24 horas de tratamento, é possível

observar a predominância da viabilidade celular (95,5 ± 0,01 %) das células não

tratadas (controle negativo), em virtude da negatividade de fluorescência para

ambos os corantes utilizados (Figura 4A). No entanto, nas células que foram

expostas ao tratamento com OR (100 µg/mL) por 24 horas (Figura 4B) foi

observado um aumento significativo (p < 0,05) de +6,95 ± 1,44 % na população

de células em apoptose inicial, sem que houvesse alterações significativas na

população de células necróticas e em apoptose tardia, sugerindo que o OR pode

vir a induzir apoptose nas células de melanoma após 24 horas de contato.

Figura 4 – Avaliação da morte celular das células A2058 após 24 e 72 horas. A (controle – 24

horas), B (células tratadas com 100 µg/mL de óleo de rã-touro por 24 horas), C (controle – 72

hora, D (células tratadas com 100 µg/mL do óleo de rã-touro por 72 horas).

Adicionalmente, após 72 horas de tratamento com o OR (Figura 4D) foi

verificado um aumento significativo na população de células A2058 que

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apresentaram fluorescência positiva tanto para o IP quanto para a Anexina-V-

FITC, indicando que o OR é capaz de induzir a morte celular por apoptose tardia.

Na Figura 4C pode-se observar que o controle negativo apresentou uma

população de células majoritariamente viáveis (58,5 ± 0,01 %) e uma pequena

população indicando a ocorrência de apoptose tardia (20,10 ± 0,03 %). No

entanto, as células tratadas com 100 µg/mL do OR (Figura 4D) apresentaram um

aumento de +41,15 ± 2,59 % de células em apoptose tardia quando comparado

ao controle, sugerindo que o OR é capaz de induzir a morte celular por apoptose

tardia.

Sabe-se que a atividade antineoplásica do OR é atribuída a presença do

composto ethyl iso-allocholate em sua composição química (Amaral-Machado et

al., 2016). No entanto, estudos da literatura relatam que a presença de ácidos

graxos insaturados e saturados (linoleico, linolênico, araquidônico,

eicosapentaenoico e decosapentaenoico) em óleos naturais podem estar

relacionados a efeitos apoptóticos, uma vez que esses compostos, mesmo que

por vias não totalmente elucidadas, são capazes de induzir apoptose em diversas

linhagens de células tumorais (Arita et al., 2001; Bonatto, S. J. R. et al., 2015); o

que nos permite sugerir que o efeito apoptótico do óleo de rã-touro pode vir a ser

atribuído a sua composição química.

Sendo assim, estes resultados tornam evidente a relevância científica do

óleo de rã-touro, uma vez que demonstra que um óleo de origem animal, obtido a

partir de um processo de reaproveitamento biotecnológico, pode vir a induzir o

processo de apoptose em uma linhagem humana de câncer de pele.

5.3 Avaliação do potencial apoptótico do óleo de rã-touro

Dada a obtenção de dados que permitiram sugerir que o OR é capaz de

promover/induzir a apoptose tardia das células A2058, foi investigado o potencial

efeito apoptótico desse óleo com o objetivo de elucidar sua ação sobre as células

A2058. A apoptose, também denominada de morte celular programada, é

caracterizada por diversas alterações metabólicas e morfológicas (Redza-

Dutordoir, M. e Averill-Bates, D. A., 2016), podendo ser iniciada ou pela via

extrínseca, onde há ativação de receptores na membrana plasmática e ativação

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das proteínas caspases responsáveis pelo processo de apoptose, ou pela via

intrínseca, também denominada via da mitocôndria, onde ocorre a alteração no

potencial de membrana das mitocôndrias com produção excessiva de espécies

reativas de oxigênio (EROS) e liberação do Citocromo C para o citoplasma,

induzindo a apoptose pelas proteínas caspases (Ouyang et al., 2012; Redza-

Dutordoir, M. e Averill-Bates, D. A., 2016), podendo apresentar modificações

morfológicas como condensação de cromatina, fragmentação do DNA, danos a

membrana plasmática e formação de corpo apoptótico, além de alterações

metabólicas relacionadas a atividade de proteínas e organelas citoplasmáticas

(Redza-Dutordoir, M. e Averill-Bates, D. A. , 2016).

Baseado nisso, foi investigado o potencial apoptótico do OR através da

análise morfológica das células A2058 por microscopia de fluorescência,

avaliação do potencial da membrana mitocondrial e dos níveis intracelulares de

EROS. Inicialmente, as células foram analisadas por microscopia de fluorescência

utilizando IP como agente de marcação, corante que, conforme discutido

anteriormente, se liga aos ácidos nucleicos do DNA nuclear e permite avaliar a

integridade do material genético assim como identificar a fragmentação do DNA,

uma das possíveis características do processo de apoptose (Kim et al., 2013). A

Figura 5A apresenta células A2058 não tratadas, na qual é possível observar a

organização do material genético nuclear de forma íntegra e fusiforme,

característico das células A2058 (Simões et al., 2015).

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Figura 5 – Determinação das características morfológicas das células A2058 coradas com IP após

72 horas. A (controle), B (células tratadas com 100 µg/mL de óleo de rã-touro). Setas brancas

(núcleo celular).

Similarmente, após 72 horas de tratamento com OR na concentração de

100 µg/mL (Figura 5B) não foi possível identificar fragmentação do material

genético nuclear, uma vez que os núcleos das células A2058 permaneceram

organizados de forma fusiforme e com DNA íntegro, tais como os da amostra

controle.

Esse dado nos permite sugerir que o OR, embora seja capaz de induzir o

processo de apoptose tardia nas células de melanoma humano A2058, não foi

capaz de induzir a fragmentação do material genético, indicando, desta forma,

que provavelmente a indução da apoptose possa ocorrer por outras vias de

ativação, visto que estudos que relatam a ocorrência de danos no DNA durante o

processo de apoptose em virtude da ativação de genes relacionados com a

expressão de enzimas endonucleases, as quais são responsáveis por promover a

fragmentação do material genético, ressaltam que mesmo que estes danos ao

material genético sejam uma característica comum da apoptose, esse fato não é

essencial para a ocorrência da apoptose (Allen et al., 1997). Assim, como já

abordado anteriormente, a apoptose, por ser um processo complexo, pode ser

iniciado por diferentes vias de ativação, envolvendo diversas modificações

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morfológicas e bioquímicas, sendo assim, mesmo não promovendo danos ao

DNA, o OR podem vir a induzir a apoptose por vias que não envolvam

fragmentação do material genético (Allen et al., 1997; Ouyang et al., 2012).

Dessa forma, foi avaliada a capacidade do OR em interferir no metabolismo

celular a partir da avaliação do potencial da membrana mitocondrial, visto que a

mitocôndria é uma organela que apresenta uma dupla membrana plasmática e

possui função essencial para o metabolismo celular, uma vez que é responsável

pela síntese de ATP (Martinou e Youle, 2011). Nesse processo, a energia química

de nutrientes como carboidratos, glicose e ácidos graxos é convertida em um

gradiente eletroquímico pela cadeia transportadora de elétrons, composta por

uma série de complexos proteicos localizados na membrana interna da

mitocôndria, a qual permite a conversão de adenosina difosfato (ADP) em ATP, a

principal molécula energética do metabolismo celular (Burke, 2017). Por outro

lado, essa organela também está envolvida na via de ativação intrínseca da

apoptose, um processo caracterizado por alterações nas funções e no

metabolismo mitocondrial, assim como pela liberação de proteínas para o citosol,

como o citocromo C, o qual induz a ativação de proteínas caspases, promovendo

uma cascata de sinalização intracelular dependente de caspase, induzindo desta

forma, a apoptose (Martinou e Youle, 2011; Burke, 2017).

Baseado nisso, e em resultados anteriores que demonstraram uma

citotoxicidade do OR em diminuir a atividade mitocondrial, como observado no

ensaio de MTT, além de sua capacidade em induzir a apoptose, foi avaliado o

potencial da membrana mitocondrial com o objetivo de elucidar o efeito apoptótico

do OR.

A Tabela 3 demonstra que o tratamento das células A2058 com o OR foi

capaz de promover uma diminuição significativa (p < 0,05) no potencial da

membrana mitocondrial, sugerindo que esse óleo é capaz de promover danos

mitocondriais que podem estar relacionados com seu efeito apoptótico, uma vez

que o potencial da membrana mitocondrial pode ser definido como um potencial

elétrico resultante das reações de oxi-redução relacionadas com a síntese de ATP

e que regula as funções normais da mitocôndria, assim, valores elevados indicam

uma intensa síntese de ATP associada com uma produção mitocondrial excessiva

de EROS, enquanto que valores baixos do potencial de membrana mitocondrial

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estão associados a danos que interferem no metabolismo mitocondrial e,

consequentemente, comprometem o metabolismo celular (Zorova et al.). Dessa

forma, como o OR promoveu uma diminuição no potencial da membrana

mitocondrial, esse resultado nos permite sugerir um provável dano mitocondrial

que pode vir a interferir no metabolismo celular.

Tabela 3 – Determinação do potencial da membrana mitocondrial das células A2058 tratadas por

72 horas com 100 µg/mL do óleo de rã-touro (OR). *Diferença estatisticamente significativa em

relação ao controle.

Potencial da Membrana Mitocondrial (%)

Controle 100 ± 3

OR 65 ± 5*

Nesse contexto, dentre os diversos efeitos que possam levar à essa

alteração, é possível citar a interferência do OR nos níveis intracelulares de

EROs, uma vez que essas moléculas podem ser produzidas pela mitocôndria ou

mesmo agir sobre essa organela, induzindo danos oxidativo à proteínas e

lipídeos, o que pode comprometer a síntese de ATP (Redza-Dutordoir, M. e

Averill-Bates, D. A. , 2016) e o metabolismo mitocondrial. Em baixos níveis, as

EROS são consideradas moléculas essenciais para funções fisiológicas vitais,

uma vez que participam da regulação do ciclo celular e de processos como a

diferenciação, proliferação e migração celular (Redza-Dutordoir, M. e Averill-

Bates, D. A. , 2016).

Por outro lado, uma produção excessiva de EROs pode induzir o estresse

oxidativo, o qual é caracterizado por danos oxidativo e diversos efeitos deletérios

às estruturas celulares como lipídeos, proteínas, membranas e até mesmo

organelas citoplasmáticas, como a mitocôndria (Halliwell, 2011; Redza-Dutordoir,

M. e Averill-Bates, D. A. , 2016). Assim, para investigar o efeito do OR no

metabolismo mitocondrial, visto que esse óleo foi capaz de interferir no potencial

de membrana mitocondrial, foi investigada a capacidade do OR em interferir na

produção de EROs nas células A2058 utilizando o corante fluorescente DCFH-

DA, o qual, ao ser internalizado pelas células, é rapidamente convertido pelas

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enzimas esterases em um derivado polar (DCFH), e oxidado pelas EROs,

emitindo, desta forma, fluorescência capaz de ser identificada por citometria de

fluxo (Chen et al., 2013). Dessa forma, na Figura 6 é possível observar os

diferentes espectros de fluorescência emitidos pelas células controle e pelas

células que foram tratadas por 72 horas com o OR na concentração de 100

µg/mL.

Figura 6 – Níveis intracelulares de espécies reativas de oxigênio nas células A2058 coradas com

DCFH-DA após 72 horas. OR (células tratadas com 100 µg/mL de óleo de rã-touro).

As células tratadas com o OR, quando comparadas ao controle,

demonstraram um espectro com um ligeiro desvio à direita, indicando um maior

nível de fluorescência, a qual está diretamente relacionada com a quantidade de

EROs intracelular, indicando, desta forma, que o OR foi capaz de aumentar a

produção de EROs. Adicionalmente, baseado na área do espectro obtido, foi

calculado a intensidade da fluorescência emitida pelo DCFH-DA e verificado que

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o OR foi capaz de aumentar em 51% os níveis de EROs, dado que corrobora com

os resultados obtidos na avaliação do potencial de membrana mitocondrial, uma

vez que uma elevação nos níveis intracelulares de EROs está diretamente

associada com danos mitocondriais e com a redução do potencial da membrana

mitocondrial. Além disso, esses dados nos permitem elucidar o efeito apoptótico

do óleo de rã-touro sobre as células de melanoma A2058, uma vez que o

aumento na produção de EROs, o que caracteriza o estresse oxidativo,

juntamente com danos mitocondriais que comprometem o metabolismo celular

podem induzir o processo de apoptose pela via intrínseca (Sinha et al., 2013;

Redza-Dutordoir, M. e Averill-Bates, D. A. , 2016).

Dessa forma, os resultados obtidos permitem afirmar que o óleo de rã-touro

é capaz de promover um efeito citotóxico nas células de melanoma humano

A2058 e induzir o processo de morte celular por apoptose tardia através do

aumento intracelular de EROs assim como devido a interferência no potencial de

membrana mitocondrial. Tais resultados nos permitiram elucidar, pela primeira

vez, o efeito citotóxico do óleo de rã-touro frente à linhagem celular A2058,

evidenciando o potencial uso desses produto natural no desenvolvimento de

novas estratégias terapêuticas para o tratamento de câncer de pele.

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6.CONCLUSÃO

Os resultados demonstraram que óleo de rã-touro, um óleo de origem

animal composto por ácidos graxos saturados e insaturados, foi capaz de

promover um efeito citotóxico tempo-dependente em células de melanoma

humano A2058, diminuindo a atividade mitocondrial, como demonstrado no

ensaio de MTT. Adicionalmente, o óleo de rã-touro não interferiu no ciclo celular

da linhagem A2058, mas foi capaz de induzir a morte celular por meio de

apoptose tardia, sem provocar a fragmentação do material genético celular. No

entanto, seu efeito apoptótico foi atribuído à alterações no metabolismo

mitocondrial devido a capacidade do óleo de rã-touro em induzir um estresse

oxidativo intracelular ao estimular a produção de EROs, fatores que favorecem a

indução da apoptose.

Desta forma, tendo em vista os resultados obtidos, foi possível, pela

primeira vez, elucidar a via de toxicidade pelo qual o óleo de rã-touro atua sobre

as células de melanoma humano, dados que nos permitem sugerir o uso desse

óleo de origem animal como matéria-prima farmacêutica capaz de auxiliar no

desenvolvimento de pesquisas relacionadas com o tratamento alternativo de

melanoma.

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7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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