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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS (PGNEURO) Avaliação por Ressonância Magnética funcional e Estimulação Magnética Transcraniana da intervenção única da Terapia Espelho em pacientes após Acidente Vascular Cerebral isquêmico Morgana Menezes Novaes NATAL-RN 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS (PGNEURO)

Avaliação por Ressonância Magnética funcional e Estimulação

Magnética Transcraniana da intervenção única da Terapia Espelho

em pacientes após Acidente Vascular Cerebral isquêmico

Morgana Menezes Novaes

NATAL-RN

2012

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MORGANA MENEZES NOVAES

Avaliação por Ressonância Magnética funcional e Estimulação

Magnética Transcraniana da intervenção única da Terapia Espelho

em pacientes após Acidente Vascular Cerebral isquêmico

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Neurociências da UFRN como parte

dos requisitos para obtenção do título de Mestre em

Ciências. Área de concentração: Neurociências

Orientador: Prof. Dr. Dráulio Barros de Araújo

NATAL-RN

2012

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N935a Novaes, Morgana Menezes. Avaliação por ressonância magnética funcional e

estimulação magnética transcraniana da intervenção única da terapia espelho em pacientes após acidente vascular cerebral isquêmico / Morgana MenezesNovaes. -- Natal, 2012. 93f. Dissertação (Mestrado em Ciências, Área de concentração: Neurociências) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Profº. Drº. Dráulio Barros de Araújo. 1.Neurociências. 2. Terapia Espelho. 3.fMRI.4. TMS. I.Título.

RN/UFRN/BSICe CDU:612.8

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Dráulio Barros de Araújo por ter me dado a oportunidade de

trabalhar no seu grupo e por me ajudar e orientar em todas as fases dessa pesquisa.

Admiro sua competência, responsabilidade e compromisso com o trabalho.

Aos colaboradores de Ribeirão Preto: Prof. Dr. Octávio Marques Pontes-Neto e Prof.

Dr. Antônio Carlos dos Santos, aos doutorandos Kelley Betti e André Salles e a pós-

doutoranda Maristela Xavier que me deram o suporte para a coleta de dados durante os

quatro meses que passei na USP.

Ao grupo Neuroimago: Kátia Andrade, Fernanda Palhano, André Salles e Heloisa Onias

pela colaboração na análise dos dados e finalização do trabalho.

À Fernanda Palhano por estar presente desde o início do trabalho, apoiando e ajudando

na coleta e análise dos dados. Por cada café e conversa de incentivo. Foi muito

importante saber que podia contar com você sem ter vergonha de fazer a pergunta mais

simples ☺.

À CAPES pelo financiamento com a minha bolsa de pesquisa e o auxílio moradia que

foi concedido para que eu pudesse fazer a minha coleta de dados em Riberão Preto,

através do PROCAD.

Às amigas de Natal que me receberam e estiveram presente nos momentos de alegria e

de angústia, sempre descontraindo, incentivando e torcendo pelo sucesso: Tatianne,

Rivanda, Wanessa, Maria Helena, Eufrásia e Kelly.

À minha família por ser a minha base, minha essência, em especial aos meus pais, pelo

amor incondicional, por me apoiar, incentivar e por tudo que representam para mim.

Ao meu noivo, Franklin Torres Brandão, pela compreensão nos momentos mais difíceis

e de ausência, por ter me incentivado e dado carinho e amor.

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“Ando devagar porque já tive pressa e

levo esse sorriso porque já chorei demais.

Hoje me sinto mais forte, mais feliz

quem sabe só levo a certeza de que muito

pouco eu sei, eu nada sei...”

Almir Sater e Renato Teixeira.

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RESUMO

A Terapia Espelho (TE) vem sendo usada como ferramenta de reabilitação para várias

doenças, incluindo o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Embora alguns estudos

tenham mostrado sua eficácia clínica, pouco se sabe sobre os mecanismos neurais que

levam à melhora observada. Desse modo, este estudo teve como objetivo avaliar a

neuromodulação cortical promovida pela intervenção única da TE em pacientes

acometidos por AVC, por meio da Ressonância Magnética funcional (fMRI, do inglês

Functional Magnetic Resonance Imaging) e da Estimulação Magnética Transcraniana

(TMS, do inglês Transcranial Magnetic Stimulation). Quinze pacientes participaram de

sessão única de trinta minutos de TE. Os dados de fMRI foram analisados nas seguintes

regiões de interesse (ROI), bilateralmente: Área Motora Suplementar (AMS), córtex

pré-motor (PM), córtex motor primário (M1), córtex sensorial primário (S1) e Cerebelo.

Em cada ROI, as mudanças na porcentagem de ocupação e os valores de beta foram

avaliados. Os resultados revelaram redução significativa no percentual de ocupação no

PM e cerebelo contralateral à mão afetada (p <0,05). Além disso, foi observado

aumento significativo nos valores de beta nas seguintes áreas motoras contralaterais:

AMS, Cerebelo, PM e M1 (p <0,005) e diminuição significativa nas seguintes áreas

motoras ipsilaterais: PM e M1 (p < 0,001). Nas áreas sensoriais foi observada redução

em S1 bilateralmente (p <0,0005). Pela TMS foi analisado o Potencial Evocado Motor

(PEM) sobre o hot spot de M1. Aumento significativo na amplitude do PEM foi

observado após a terapia no grupo (p<0,0001), e individualmente em 4 pacientes (p

<0,05). Assim, nossos resultados indicam que intervenção única da TE muda

marcadores neurobiológicos em direção ao padrão observado em indivíduos saudáveis.

Além disso, as alterações nas áreas motoras do hemisfério contralateral são opostas as

do lado ipsilateral, sugerindo um aumento na homeostase do sistema.

Palavras-chave: Terapia Espelho, AVC, fMRI e TMS.

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ABSTRACT

Mirror therapy (MT) is being used as a rehabilitation tool in various diseases, including

stroke. Although some studies have shown its effectiveness, little is known about neural

mechanisms that underlie the rehabilitation process. Therefore, this study aimed at

assessing cortical neuromodulation after a single MT intervention in ischemic stroke

survivors, by means of by functional Magnetic Resonance Imaging (fMRI) and

Transcranial Magnetic Stimulation (TMS). Fifteen patients participated in a single thirty

minutes MT session. fMRI data was analyzed bilaterally in the following Regions of

Interest (ROI): Supplementary Motor Area (SMA), Premotor cortex (PMC), Primary

Motor cortex (M1), Primary Sensory cortex (S1) and Cerebellum. In each ROI, changes

in the percentage of occupation and beta values were computed. Group fMRI data

showed a significant decreased in the percentage of occupation in PMC and cerebellum,

contralateral to the affected hand (p <0.05). Significant increase in beta values was

observed in the following contralateral motor areas: SMA, Cerebellum, PMC and M1

(p<0,005). Moreover, a significant decrease was observed in the following ipsilateral

motor areas: PMC and M1 (p <0,001). In S1 a bilateral significant decrease (p<0.0005)

was observed.TMS consisted of the analysis of Motor Evoked Potential (MEP) of M1

hotspot. A significant increase in the amplitude of the MEP was observed after therapy

in the group (p<0,0001) and individually in 4 patients (p <0.05). Altogether, our results

imply that single MT intervention is already capable of promoting changes in

neurobiological markers toward patterns observed in healthy subjects. Furthermore, the

contralateral hemisphere motor areas changes are opposite to the ones in the ipsilateral

side, suggesting an increase system homeostasis.

Key-words: Mirror therapy, Stroke, TMS, fMRI.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Áreas dos três níveis hierárquicos do controle motor. São ilustrados também

os núcleos da base e o cerebelo. Modificado de Kandel, 2003 _________________________ 06

Figura 2 - Divisão do córtex cerebral com as áreas do controle motor (em vermelho),

além de áreas sensoriais (em verde) e associativas (em roxo). Modificado de Bear,

2002) ______________________________________________________________________ 07

Figura 3 - Representação do Córtex motor primário com ênfase para as áreas do

Homúnculo de Penfield. Modificado de Purves, 2005 ________________________________ 07

Figura 4 - Territórios irrigados pelas Artéria Cerebral Anterior (ACA), Artéria Cerebral

Média (ACM) e Artéria Cerebral Posterior (ACP). Modificado de Bear, 2002 ____________ 09

Figura 5 - Suprimento arterial do encéfalo com destaque para o Círculo de Willis.

Modificado de Bear, 2002 _____________________________________________________ 10

Figura 6 - Esquema da corrente passando pela bobina magnética posicionada sobre o

escalpo, produzindo campo magnético, e consequentemente gerando um campo elétrico

em regiões do córtex cerebral. Adaptado de Hallet, 2000 _____________________________ 14

Figura 7 - Representação de campos elétricos induzidos pelo pulso magnético em uma

bobina butterfly e por uma bobina circular. Adaptado de Giordano, 2012 ________________ 15

Figura 8 - Esquema do mecanismo de ação do TMS após estimulação da área motora.

Adaptado de Conforto, 2003 ___________________________________________________ 16

Figura 9 - Função Resposta Hemodinâmica típica com as diferentes fases: I (Início), II

(Dip inicial), (III) etapa de derivada positiva (IV) platô do sinal, (V) redução do sinal,

(VI) post-undershot, (VII) retorno à linha de base. Adaptado de Mulert, 2010 _____________ 18

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Figura 10 - Experimento com a caixa de espelho. O indivíduo posiciona a mão intacta

de um lado da caixa com espelho e visualiza seu reflexo como sendo da mão amputada _____ 31

Figura 11 - Ilustração dos diferentes protocolos estudados por Garry et al. 2005, com

movimento unilateral da mão e diferentes condições para focar a visualização. A mão

em cinza é a mão ativa e a seta indica para onde o indivíduo foi orientado a olhar.

Adaptado de Garry, 2005 ______________________________________________________ 34

Figura 12 - Experimento com a caixa de blocos. O indivíduo move um bloco por vez,

de um compartimento da caixa para o outro, com uma mão ___________________________ 42

Figura 13 - Experimento com o Pardue Pegboard test. O indivíduo pega um pino por

vez e posiciona no orifício, preenchendo-os sucessivamente com uma mão de cada vez ____ 42

Figura 14 - Avaliação por TMS, mostrando o posicionamento do indivíduo, da bobina

para a aplicação dos pulsos e da touca utilizada para marcação do hot spot _______________ 44

Figura 15 - Exercícios utilizados durante a TE. Cada bloco representa um tipo de

exercício, em três momentos diferentes: início, meio e fim. A mão direita realiza o

exercício sendo possível observar seu reflexo pelo espelho____________________________ 45

Figura 16 - Amplitude dos Potenciais Evocados Motores (PEM) na mão afetada do

grupo de pacientes antes e após a terapia. Os valores foram expressos em média e erro

padrão médio. O PEM foi significativamente aumentado após a terapia (****p< 0,0001)

quando comparado com seus valores antes da terapia. Wilcoxon two tailed pareado;

n=10 ______________________________________________________________________ 53

Figura 17 - Amplitude dos PEM na mão afetada dos quatro pacientes que apresentaram

valores aumentados significativamente após a terapia (*p<0,05; **p<0,01 e

****p<0,0001) quando comparado com seus valores antes da terapia. Teste t de Student

pareado ____________________________________________________________________ 53

Figura 18 – Amplitude média do PEM antes e após a terapia na mão afetada de um

paciente ____________________________________________________________________ 54

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Figura 19 - Amplitude do PEM de seis pacientes que não apresentaram alteração

significativa no PEM quando comparados valores antes e após a TE. Teste t de Student

pareado ____________________________________________________________________ 54

Figura 20 - Valores de beta da Área Motora Suplementar (AMS), Cerebelo, Córtex Pré-

motor e M1 contralaterais ao movimento, antes e após a terapia espelho no grupo de

pacientes pós-AVC. Os valores médios foram significativamente aumentados após a

terapia (***p<0,001 e ****p<0,0001) quando comparados aos valores antes da terapia.

Wilcoxon two tailed pareado; n=11 ______________________________________________ 55

Figura 21 - Mapas estatísticos de dois pacientes mostrando as regiões de M1 e córtex

pré-motor contralaterais, onde o sinal BOLD apresentou aumento significativo após a

TE. Valores de p < 0,001, não corrigido __________________________________________ 56

Figura 22 - Média dos betas das regiões do córtex pré-motor e M1 ipsilaterais ao

movimento antes e após a terapia espelho, no grupo de pacientes pós-AVC. Os valores

de beta foram significativamente reduzidos após a terapia (***p<0,001 e

****p<0,0001) quando comparados aos valores antes da intervenção. Wilcoxon two

tailed pareado; n=11 _________________________________________________________ 56

Figura 23 - Mapa estatístico de um paciente, mostrando a região M1 ipsilateral onde o

sinal BOLD apresentou redução significativa após a TE. Valor de p < 0,001, não

corrigido ___________________________________________________________________ 56

Figura 24 - Valores dos betas da AMS e cerebelo ipsilaterais antes e após a TE no

grupo de pacientes pós-AVC. As diferenças não foram significativas entre os instantes

antes e após a terapia. Wilcoxon two tailed pareado; n=11 ____________________________ 57

Figura 25 - Média dos betas das regiões S1 ipsilateral e S1 contralateral, antes e após a

TE no grupo de pacientes pós-AVC. Os valores de beta foram significativamente

reduzidos após a terapia (**p<0,01 e ***p<0,001) quando comparados aos valores antes

da intervenção. Wilcoxon two tailed pareado; n=11 __________________________________ 57

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Figura 26 - Porcentagem de ocupação do córtex pré-motor e cerebelo contralaterais do

grupo de pacientes com AVC, antes e após a terapia espelho. A taxa de ocupação foi

reduzida significativamente após a terapia (*p<0,05 e **p<0,001). Wilcoxon two tailed;

n=11 ______________________________________________________________________ 57

Figura 27 - Média e desvio padrão da porcentagem de ocupação da AMS, M1 e S1

bilateral; cerebelo e córtex pré-motor ipsilateral, antes e após a TE. Os valores não

foram significativamente alterados pela terapia. Wilcoxon two tailed; n=11 _______________ 58

Figura 28 - Correlação entre a variação do beta (depois/antes) e a variação da amplitude

do PEM (depois/antes) em M1de cada paciente. A correlação foi positiva, com p =

0,024). Correlação de Pearson two-tailed __________________________________________ 59

Fig. 29 - Representação da amplitude média do PEM antes e após a terapia na mão

afetada de cada paciente _______________________________________________________ 80

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características pessoais e clínicas dos pacientes acometidos por AVC __________ 51

Tabela 2 - Caracterização do desempenho motor do grupo de pacientes por meio de 4

avaliações: ARAT, Caixa de Blocos, Fulg Meyer e Purdue.Os valores foram expressos

como porcentagem de desempenho da mão afetada em relação à mão sadia e desvio

padrão. O grupo apresentou alteração no desempenho quando avaliados pelas escalas de

Fulg Meyer (** p< 0,005) e Purdue (* p<0.05). Wilcoxon two tailed; n=15 _______________ 52

Tabela 3 - Características pessoais e clínicas de cada paciente acometido por AVC. Os

valores das 4 avaliações foram expressos como porcentagem de desempenho da mão

afetada em relação à mão sadia e desvio padrão ____________________________________ 79

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SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ______________________________________________ 01

2. FUNDAMETAÇÃO TEÓRICA _____________________________________________ 05

2.1. Controle motor ___________________________________________________________ 06

2.2. Vascularização do sistema nervoso central _____________________________________ 09

2.3. Acidente Vascular Cerebral _________________________________________________ 11

2.4. Estimulação Magnética Transcraniana ________________________________________ 13

2.5. Imagem Funcional por Ressonância Magnética _________________________________ 17

2.6. fMRI e TMS no AVC _____________________________________________________ 23

2.7. Reabilitação no AVC ______________________________________________________ 25

2.8. Terapia Espelho __________________________________________________________ 28

2.8.1. Origem da Terapia Espelho ______________________________________________ 28

2.8.2. Terapia Espelho em indivíduos após AVC___________________________________ 31

2.8.3. Mecanismos neurais da Terapia Espelho ____________________________________ 33

3. OBJETIVOS _____________________________________________________________ 37

4. MATERIAL E MÉTODOS _________________________________________________ 39

4.1. População e Amostra ______________________________________________________ 40

4.2. Critérios de Inclusão dos pacientes ___________________________________________ 40

4.3. Critérios de Exclusão dos pacientes __________________________________________ 41

4.4. Instrumentos de Coleta de Dados ____________________________________________ 41

4.5. Procedimentos de Coleta de Dados ___________________________________________ 43

4.6. Análise Estatística dos dados ________________________________________________ 45

4.7. Considerações Éticas ______________________________________________________ 49

5. RESULTADOS ___________________________________________________________ 50

5.1. Caracterização dos dados pessoais e clínicos dos pacientes ________________________ 51

5.2. Dados do TMS ___________________________________________________________ 52

5.3. Dados fMRI _____________________________________________________________ 55

5.3.1. Média dos betas ________________________________________________________ 55

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5.3.2. Porcentagem de ocupação das ROI _________________________________________ 57

5.3.3. Correlação da variação do TMS com a variação do beta em M1 ___________________ 59

6. DISCUSSÃO _____________________________________________________________ 60

7. CONCLUSÕES ___________________________________________________________ 69

8. REFERÊNCIAS __________________________________________________________ 72

Apêndice A - Tabela com dados pessoais e clínicos de cada paciente acometido por

AVC ______________________________________________________________________ 79

Apêndice B - Potencial Evocado Motor de cada paciente antes e após a terapia ___________ 80

Apêndice C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido I _________________________ 82

Apêndice D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido II ________________________ 84

Apêndice E - Roteiro para avaliação neurológica ___________________________________ 87

Anexo A - Mini Exame do Estado Mental _________________________________________ 88

Anexo B - Teste da ação da extremidade superior ___________________________________ 90

Anexo C - Escala de avaliação de Fugl-Meyer _____________________________________ 91

Anexo D – Ficha de aprovação do SISNEP ________________________________________ 93

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

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O Acidente Vascular Cerebral (AVC) caracteriza-se pelo início abrupto de sintomas

neurológicos, como paralisia ou perda da sensibilidade, por lesão no tecido encefálico

decorrentes de alteração vascular (Stokes, 2000). É a principal causa de invalidez e a

segunda causa de morte no mundo (World Health, 2008). No Brasil foram registradas

cerca de 170.000 internações por AVC/ano, com percentual de óbitos em torno de 17%,

com base nas informações do DATASUS de 2005 a 2009 (Ministério-da-Saúde, 2012).

Após o AVC o indivíduo poderá apresentar déficits sensoriais, motores, da

memória, da consciência e da fala a depender da região acometida. De todos os sistemas

acometidos pelo AVC, o motor costuma ser o mais comprometido, havendo perda de

função, atrofia e fraqueza muscular (Lundy-Ekman, 2000). A disfunção motora mais

comum é a hemiparesia, sendo esse um termo genérico que inclui alterações motoras e

sensoriais em um lado do corpo, resultante de lesão do hemisfério cerebral contralateral

(O'Sullivan and Schmitz, 2004).

Algumas funções perdidas são inicialmente recuperadas devido à redução do

edema cerebral e à plasticidade neuronal precoce. Apesar dos mecanismos que

possibilitam a recuperação parcial de pacientes, em especial na fase aguda do AVC,

cerca de 60% dos indivíduos que ficaram com disfunção motora após a lesão

geralmente seguirão com déficit motor permanente (Teixeira, 2008). Esse déficit é

observado especialmente nos membros superiores, tendo em vista que apenas 30% a

66% dos indivíduos conseguirão usar seu membro superior hemiplégico de maneira

funcional (Higgins, et al., 2005), embora a maioria recupere a capacidade de deambular.

Tais limitações prejudicam a qualidade de vida, principalmente a independência

relativa às Atividades de Vida Diária (AVD) e ao desempenho ocupacional (Teixeira,

2008). Baseado nesse fato, o uso de técnicas de reabilitação é bastante importante e a

fisioterapia surge como a principal proposta. Nesse sentido, várias estratégias estão

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disponíveis. As tradicionais fazem uso da Cinesioterapia, e tem demonstrado resultados

positivos na reabilitação de pacientes pós-AVC. Muito embora essas técnicas de

reabilitação demonstrem efeitos positivos sobre a recuperação clínica dos pacientes pós-

AVC, em boa parte a recuperação é limitada. Baseado nisso, novas estratégias de

reabilitação têm sido buscadas. Dentre elas surge a Terapia Espelho (TE) que foi

proposta pelo neurocientista indiano Vilayanur Ramachandran e surgiu como alternativa

terapêutica para indivíduos que tinham sofrido amputação de um membro e que sentiam

dor associada (dor fantasma) à presença vívida do membro amputado (membro

fantasma).

Diante dos resultados positivos da TE em pacientes amputados (Chan, et al.,

2007; Ramachandran and RogersRamachandran, 1996; Sumitani, et al., 2008), foi

proposto o uso dessa técnica em outras doenças, como por exemplo em pacientes com

AVC (Altschuler, et al., 1999; Sathian, et al., 2000; Stevens and Stoykov, 2003;

Yavuzer, et al., 2008). Neste caso, o indivíduo visualiza o reflexo no espelho da mão

sadia como se fosse a mão afetada se movendo.

Esses estudos contribuíram para ilustrar o efeito da TE na recuperação dos

pacientes hemiplégicos, avaliados por escalas clínicas. Em busca do melhor

entendimento sobre essa terapia, surgem alguns estudos que fizeram uso da TMS,

focados na avaliação da excitabilidade cortical e posteriormente o uso da fMRI em

busca das áreas cerebrais que estariam sendo moduladas pela TE.

Alguns estudos usando TMS têm mostrado que a TE em indivíduos saudáveis

aumenta a excitabilidade da área motora primária no hemisfério ipsilateral à mão em

movimento (Fukumura, et al., 2007; Funase, et al., 2007; Garry, et al., 2005).

Em 2011 surge o primeiro trabalho associando o efeito clínico da TE à

reorganização cortical subsequente em pacientes com AVC. Após seis semanas de

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tratamento houve melhora na escala de Fulg Meyer e mudanças no equilíbrio de

ativação no córtex motor primário para o hemisfério afetado (Michielsen, et al., 2011a).

Se por um lado há evidências clínicas que a fisioterapia tem efeito positivo sobre

a reabilitação de pacientes com AVC, os mecanismos neurofisiológicos subjacentes são

pouco compreendidos. Desse modo, nosso estudo propôs avaliar através de duas

técnicas diferentes: fMRI e TMS a neuromodulação cortical promovida pela intervenção

única da Terapia Espelho. Identificando dessa forma os marcadores neurobiológicos da

terapia e utilizá-los como prognóstico para sucesso da reabilitação a longo prazo, pois

como dito anteriormente, os pacientes não apresentam os mesmos benefícios para um

determinado tratamento, ou seja, alguns respondem melhor para alguns métodos de

estimulação enquanto outros pacientes respondem melhor a outros métodos. Assim,

identificar se o paciente responde de forma positiva a um determinado tratamento já na

primeira intervenção pode ser de grande importância para avaliar o potencial terapêutico

daquele método para promover a máxima reabilitação clínica do paciente.

Esta dissertação está dividida em seis capítulos principais. O primeiro deles é a

fundamentação teórica, apresentando conceitos importantes para o entendimento do

trabalho, como: controle motor, vascularização do sistema nervoso central, Acidente

Vascular Cerebral, Estimulação Magnética Transcraniana, Ressonância Magnética

funcional, Reabilitação e Terapia Espelho. As seções seguintes são, respectivamente,

objetivos, material e métodos, resultados, discussão e por último as conclusões.

Informações adicionais são mostradas nos apêndices e anexos.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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2.1. Controle motor

O controle motor segue

medula espinhal, o tronco cerebral e o

medula espinhal é formada por

movimentos, e interneurônios

e das articulações com comandos descendentes de

motor nesse nível inclui padrões reflexos de movimentos

Figura 1 - Áreas dos três níveis hierárquicos do controle motor. São ilustrados também os núcleos da base e o cerebelo. Modificado de

No segundo nível, as regiões

repertório espinhal, variando

nível mais elevado do controle é fornecido

envolvidas com o planejamento e a execução do mov

o córtex motor primário (M1)

1Este capítulo foi baseado nos livros:Desvendando o Sistema Nervoso

segue organização hierárquica composta de três níveis

, o tronco cerebral e o córtex, que podem ser vistos na figura 1

é formada por neurônios motores, a via final comum para todos os

interneurônios que integram o feedback sensorial da pele, dos músculos

comandos descendentes de centros superiores.

padrões reflexos de movimentos1.

Áreas dos três níveis hierárquicos do controle motor. São ilustrados também os núcleos

da base e o cerebelo. Modificado de (Kandel, et al., 2003).

, as regiões do tronco cerebral selecionam e

variando a velocidade e a qualidade do movimento

controle é fornecido por áreas do córtex cerebral que estão

envolvidas com o planejamento e a execução do movimento. Dentre elas, cabe destacar

(M1), o córtex pré-motor (PM) e a área motora

nos livros: Princípios da neurociência. Kandel, E. R. 200

Desvendando o Sistema Nervoso. Bear, M. F. 2002; Neurociências. Purves, D. 2005.

6

composta de três níveis – a

, que podem ser vistos na figura 1. A

comum para todos os

pele, dos músculos

centros superiores. O repertório

Áreas dos três níveis hierárquicos do controle motor. São ilustrados também os núcleos

selecionam e aprimoram o

vimento. Por último, o

r áreas do córtex cerebral que estão

. Dentre elas, cabe destacar

otora suplementar

Princípios da neurociência. Kandel, E. R. 2003; Neurociências:

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(AMS) (Fig. 2). Cada área projeta diretamente para a med

corticoespinhal assim como indiretamente através do sistema motor do tronco cerebral.

Figura 2 - Divisão do córtex cerebral com as áreas sensoriais (em verde) e associativas (em roxo). Modificado de

O M1 está localizado no giro pré

axônios do trato corticoespinhal

do corpo. Essa região está organizada de tal forma

movimento de partes específicas

mapeamento somatotópico

de Penfield, como pode ser obs

Figura 3 - Representação do Córtex motor primário com ênfase para as áreas do Homúnculo de Penfield. Modificado de (Purves, et al., 2005)

Cada área projeta diretamente para a medula espinhal através do trato

espinhal assim como indiretamente através do sistema motor do tronco cerebral.

Divisão do córtex cerebral com as áreas do controle motor (em vermelho), além de áreas sensoriais (em verde) e associativas (em roxo). Modificado de (Bear, et al., 2002).

está localizado no giro pré-central e contribui com o maior número de

axônios do trato corticoespinhal responsável pelo movimento de regiões contralaterais

Essa região está organizada de tal forma que diferentes porções

específicas do corpo, constituindo assim o que é chamado de

mapeamento somatotópico (Penfield and Boldrey, 1937) representado no

o pode ser observado na figura 3.

Representação do Córtex motor primário com ênfase para as áreas do Homúnculo de

(Purves, et al., 2005).

7

pinhal através do trato

espinhal assim como indiretamente através do sistema motor do tronco cerebral.

o controle motor (em vermelho), além de áreas

central e contribui com o maior número de

responsável pelo movimento de regiões contralaterais

orções controlam o

constituindo assim o que é chamado de

representado no Homúnculo

Representação do Córtex motor primário com ênfase para as áreas do Homúnculo de

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8

O PM localiza-se na superfície lateral do lobo frontal, em porções anteriores ao

M1, e a AMS localiza-se na parte superior e medial, também em porções anteriores a

M1. Essas áreas recebem informações do córtex parietal posterior e do córtex de

associação pré-frontal e estão envolvidas com o planejamento do movimento.

A AMS está envolvida especialmente com o movimento auto-iniciado (gerado

internamente), com os sinais memorizados, ao invés dos sinais sensoriais sendo os mais

eficazes no disparo da atividade da AMS. Seus neurônios tornam-se ativos quando um

indivíduo é solicitado a imaginar um movimento.

O PM está envolvido na preparação do movimento disparado sensorialmente,

seja por estímulos visuais, auditivos ou somáticos e está relacionado também com série

sequencial de movimentos.

Sabe-se ainda que o controle do movimento é fortemente influenciado por alças

corticais envolvendo regiões somatosessoriais, em particular a região primária (S1),

localizada no giro pós-central. Essa região tem participação importante no

processamento de informações contralaterais referentes às sensações táteis, dolorosas,

térmicas e proprioceptivas dos músculos e articulações, fornecendo informações sobre

comprimento e tensão muscular, ângulo da articulação e posição do corpo no espaço.

Além dessas áreas, duas outras têm participação fundamental no controle motor:

os núcleos da base e o cerebelo. Os núcleos da base estão localizados em regiões

profundas dos hemisférios e têm um importante papel na regulação do movimento.

Recebem informações de todas as áreas corticais e projetam principalmente para áreas

do córtex frontal que são envolvidas com o planejamento motor. Já o cerebelo localiza-

se dorsalmente ao tronco cerebral e divide-se em vários lobos funcionalmente

independentes separados por fissuras. O cerebelo recebe informações somatosensorial

da medula espinhal, informação motora do córtex cerebral e informações sobre

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equilíbrio do órgão vestibular do ouvido interno. A integração dessas informações no

cerebelo coordena o planejamento, o

esquelética durante o movimento. O cerebelo, além disso, participa da manutenção da

postura e da coordenação dos movimentos dos olhos e da cabeça.

informações para M1 e córtex pré

2.2.Vascularização do sistema nervoso central

Para que o sistema nervoso

suprimento permanente de glicose e oxigênio

sanguíneo cerebral, fornecido por

como mostra a figura 4.

Figura 4 - Territórios irrigados pelas Artéria Cerebral Anterior (ACA), Artéria Cerebral Média (ACM) e Artéria Cerebral Posterior (ACP). Modificado de

Essas artérias origina

originam dois ramos terminais: as artérias cerebrais anterior e média.

vertebrais direita e esquerda fundem

que em seguida bifurca-se formand

Na base do crânio

anastomótico, o círculo arterial cerebral

Willis (Fig. 5) – formado pela 2Este capítulo foi baseado nos livros:

Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso

R, 2003; Neuroanatomia funcional. Machado, A. B. M, 2006.

equilíbrio do órgão vestibular do ouvido interno. A integração dessas informações no

cerebelo coordena o planejamento, o tempo e o padrão de contração

esquelética durante o movimento. O cerebelo, além disso, participa da manutenção da

postura e da coordenação dos movimentos dos olhos e da cabeça. Do cerebelo saem

informações para M1 e córtex pré-motor via tálamo.

Vascularização do sistema nervoso central

Para que o sistema nervoso central funcione adequadamente,

de glicose e oxigênio, dependendo da modulação

fornecido por artérias especializadas na vascularização do encéfalo

Territórios irrigados pelas Artéria Cerebral Anterior (ACA), Artéria Cerebral Média (ACM) e Artéria Cerebral Posterior (ACP). Modificado de (Bear, et al., 2002).

originam-se nas carótidas internas e vertebrais. As primeiras

originam dois ramos terminais: as artérias cerebrais anterior e média.

vertebrais direita e esquerda fundem-se para constituir um tronco único, a artéria basilar,

se formando as artérias cerebrais posteriores direita e esquerda.

ase do crânio algumas artérias se comunicam e formam

arterial cerebral (CAC) – também conhecido como polígono

formado pelas artérias cerebral anterior (direita e esquerda),

Este capítulo foi baseado nos livros:

Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. Bear, M. F. 2002; Princípios da neurociência. Kandel, E. Neuroanatomia funcional. Machado, A. B. M, 2006.

9

equilíbrio do órgão vestibular do ouvido interno. A integração dessas informações no

tempo e o padrão de contração músculo-

esquelética durante o movimento. O cerebelo, além disso, participa da manutenção da

Do cerebelo saem

, é necessário o

a modulação do fluxo

vascularização do encéfalo2,

Territórios irrigados pelas Artéria Cerebral Anterior (ACA), Artéria Cerebral Média

arótidas internas e vertebrais. As primeiras

originam dois ramos terminais: as artérias cerebrais anterior e média. Já as artérias

se para constituir um tronco único, a artéria basilar,

o as artérias cerebrais posteriores direita e esquerda.

algumas artérias se comunicam e formam um círculo

também conhecido como polígono de

artérias cerebral anterior (direita e esquerda),

neurociência. Kandel, E.

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comunicante anterior, carótida interna (direita e esquerda), cerebral posterior (direita e

esquerda) e comunicante posterior (direita e esq

Figura 5 - Suprimento arterial do encéfalo com destaque para o Círculo de Willis. Modificado de (Bear, et al., 2002).

Do CAC saem as seguintes

cerebral anterior, média e posterior

ramos corticais destinam-se

Os ramos centrais emergem da porção proximal de cada uma das artérias cerebrais e das

artérias comunicantes. Eles penetram perpendicularmente na base do cérebro e

vascularizam o diencéfalo, os núcle

se destacam da artéria cerebral mé

vascularizam a maior parte do corpo estriado e da cápsula interna (pela cápsula interna

passam quase todas as fibras

A artéria cerebral anterior

longitudinal do cérebro, curva

de cada hemisfério desde o lobo frontal até o sulco parieto

região mais alta da face súpero

A artéria cerebral média percorre o sulco lateral em toda sua exte

distribuindo ramos que vascularizam a maior parte da face súpero

comunicante anterior, carótida interna (direita e esquerda), cerebral posterior (direita e

esquerda) e comunicante posterior (direita e esquerda).

Suprimento arterial do encéfalo com destaque para o Círculo de Willis. Modificado de

seguintes principais artérias para a vascularização cerebral:

anterior, média e posterior, de onde se originam ramos corticais e

se à vascularização do córtex e substância branca subjacente.

Os ramos centrais emergem da porção proximal de cada uma das artérias cerebrais e das

artérias comunicantes. Eles penetram perpendicularmente na base do cérebro e

vascularizam o diencéfalo, os núcleos da base e a cápsula interna. Os ramos centrais que

cerebral média recebem a denominação de artérias estriadas e

vascularizam a maior parte do corpo estriado e da cápsula interna (pela cápsula interna

quase todas as fibras de projeção do córtex).

A artéria cerebral anterior dirige-se para frente e para cima, ganha a fissura

, curva-se em torno do corpo caloso e ramifica-se na face medial

de cada hemisfério desde o lobo frontal até o sulco parieto-occipital.

mais alta da face súpero-lateral de cada hemisfério.

A artéria cerebral média percorre o sulco lateral em toda sua exte

distribuindo ramos que vascularizam a maior parte da face súpero-

10

comunicante anterior, carótida interna (direita e esquerda), cerebral posterior (direita e

Suprimento arterial do encéfalo com destaque para o Círculo de Willis. Modificado de

principais artérias para a vascularização cerebral:

ramos corticais e centrais. Os

vascularização do córtex e substância branca subjacente.

Os ramos centrais emergem da porção proximal de cada uma das artérias cerebrais e das

artérias comunicantes. Eles penetram perpendicularmente na base do cérebro e

Os ramos centrais que

ção de artérias estriadas e

vascularizam a maior parte do corpo estriado e da cápsula interna (pela cápsula interna

e para cima, ganha a fissura

se na face medial

occipital. Irriga também a

A artéria cerebral média percorre o sulco lateral em toda sua extensão,

-lateral de cada

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11

hemisfério. Esse território compreende áreas corticais importantes, como a área motora,

a área somestésica, a área de Broca, dentre outras.

As artérias cerebrais posteriores (ramo de bifurcação da artéria basilar) dirigem-

se para trás, contornam o pedúnculo cerebral e, percorrendo a face inferior do lobo

temporal chegam ao lobo occipital, onde irrigam a área visual.

O território cortical das artérias cerebrais é bastante extenso, o que significa que

sua obstrução pode resultar em quadro sintomatológico característico das síndromes das

artérias cerebrais anterior, média e posterior. De forma geral, a alteração no fluxo

sanguíneo no sistema vascular é o que provoca o Acidente Vascular Cerebral.

2.3. Acidente Vascular Cerebral

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) caracteriza-se pelo início abrupto de

sintomas neurológicos, como paralisia ou perda da sensibilidade, por lesão no tecido

encefálico decorrentes de alteração vascular (Stokes, 2000). É a principal causa de

invalidez e a segunda causa de morte no mundo (World Health, 2008). No Brasil foram

registradas cerca de 170.000 internações por AVC/ano, com percentual de óbitos em

torno de 17%, com base nas informações do DATASUS de 2005 a 2009 (Ministério-da-

Saúde, 2012).

Existem duas formas de AVC: isquêmico e hemorrágico. O AVC isquêmico

(AVCi) é caracterizado pela oclusão vascular localizada, levando à interrupção do

fornecimento de oxigênio e glicose ao tecido cerebral, afetando subsequentemente os

processos metabólicos do território envolvido (O'Sullivan and Schmitz, 2004). O AVC

hemorrágico (AVCh) é causado pela ruptura de aneurisma ou trauma dentro das áreas

extravasculares, com extravasamento de sangue (O'Sullivan and Schmitz, 2004).

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12

O déficit no suprimento sanguíneo compromete o funcionamento adequado de

algumas regiões e promove déficits relacionados ao local e extensão da lesão. O

indivíduo poderá apresentar déficits sensoriais, da memória, da consciência e da fala a

depender a região acometida. Por exemplo, a obstrução da artéria cerebral anterior

causa, entre outros sintomas, paralisia e diminuição da sensibilidade no membro inferior

do lado oposto decorrentes de lesão de partes das áreas corticais motora e sensitiva que

correspondem à perna e que se localizam na porção alta dos giros pré e pós-central. Já a

interrupção de fluxo sanguíneo pela artéria cerebral média, quando não é fatal,

determina sintomatologia muito vasta, com paralisia e diminuição da sensibilidade do

lado oposto do corpo (exceto no membro inferior), podendo haver ainda graves

distúrbios da linguagem. O quadro é ainda mais grave se ramos profundos da artéria

cerebral média (artérias estriadas) também forem atingidos, que vascularizam os

núcleos da base e a cápsula interna. Por fim, danos na artéria cerebral posterior

provocam predominantemente cegueira em pelo menos parte do campo visual.

De todos os sistemas acometidos pelo AVC, o motor costuma ser o mais

comprometido, havendo perda de função, atrofia e fraqueza muscular (Lundy-Ekman,

2000). A disfunção motora mais comum é a hemiparesia, sendo esse um termo genérico

que inclui alterações motoras e sensoriais em um lado do corpo, resultante de lesão do

hemisfério cerebral contralateral (O'Sullivan and Schmitz, 2004). Na fase inicial o

déficit motor ocorre com diminuição do tônus muscular e ausência de movimentos

voluntários, caracterizando assim a fase flácida da hemiparesia (Stokes, 2000). Essa fase

pode durar semanas ou até mesmo meses (Umphred, 2004). Seguida a fase flácida

típica, o hemiplégico passa a apresentar estado de espasticidade, caracterizado por

resistência a movimentos passivos, que é maior no início do movimento e diminui com

a continuação dele, caracterizando o chamado “sinal do canivete” (Teive, et al., 1998).

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13

Nos membros superiores a espasticidade predomina nos músculos flexores. Nos

membros inferiores, a espasticidade predomina nos músculos extensores (Umphred,

2004).

Algumas funções perdidas são inicialmente recuperadas devido à redução do

edema cerebral e à plasticidade neuronal precoce. Trabalhos em modelos animais têm

mostrado que os substratos celulares e moleculares da plasticidade são alterados em

regiões cerebrais perilesionais assim como em regiões mais distantes (Schallert, et al.,

2000). Proteínas do desenvolvimento normalmente não expressas no cérebro adulto

reemergem nas primeiras horas e dias após a lesão e exercem seus efeitos por algumas

semanas ou meses (Cramer and Chopp, 2000). Essas proteínas estão envolvidas no

crescimento neuronal, apoptose, angiogênese e diferenciação celular. Mudanças

estruturais também foram observadas, com evidências de aumento nos ramos

dendríticos (Jones and Schallert, 1992) e sinaptogênese (Jones, et al., 1996). Há também

evidência de reduzida inibição gabaérgica e aumento da hiperexcitabilidade do córtex

tanto perilesional como em regiões mais distantes, depois da lesão focal (Buchkremer-

Ratzmann, et al., 1996).

Alterações semelhantes são prováveis de ocorrer no cérebro humano. No

entanto, a pesquisa em seres humanos é realizada em grande parte utilizando técnicas

não-invasivas como a Imagem funcional por Ressonância Magnética, do inglês,

functional Magnetic Resonance Imaging – fMRI e a Estimulação Magnética

Transcraniana, do inglês Transcranial Magnetic Stimulation (TMS).

2.4. Estimulação Magnética Transcraniana

A Estimulação Magnética Transcraniana, do inglês Transcranial Magnetic

Stimulation (TMS), constitui um método não-invasivo e indolor de estimulação

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magnética do tecido nervoso, idealizada pela primeira vez em meados da década de

1980 (Barker, et al., 1985).

A estimulação é decorrente de um

bobina magnética, que gera u

bobina, induzindo consequentemente um campo elétrico perpendicular

despolarizar membranas de

2000) – Figura 6. Para tanto são utilizadas bobinas que tem a capacidade de suportar

altas correntes (~kA) e com grande variação temporal (~T/µs), a fim de gerar campos

magnéticos intensos, da ordem de 1 a 2 Teslas.

Figura 6 - Esquema da corrente passando pela bobina magnética posicionada sobre o escalpo, produzindo campo magnético, e consequentemente gerando um campo elétrico em regiões do córtex cerebral. Adaptado de (Hallett, 2000)

As bobinas convencionais de TMS têm dois formatos

forma de 8 (butterfly). As bobinas circulares possuem intensidade de campo baixo em

seu eixo central, aumentando à medida que se aproximam das bordas. Já as bobinas do

tipo butterfly são mais focais, constituídas de duas bobinas circulares posicionadas

lateralmente, que propagam correntes em sentidos opostos, de forma que no ponto de

junção gere campo magnético

magnética do tecido nervoso, idealizada pela primeira vez em meados da década de

A estimulação é decorrente de um pulso de alta corrente produzido em uma

, que gera um campo magnético com linhas de fluxo ao redor da

bobina, induzindo consequentemente um campo elétrico perpendicular

e axônios, excitando ou inibindo dada região cerebral

Para tanto são utilizadas bobinas que tem a capacidade de suportar

altas correntes (~kA) e com grande variação temporal (~T/µs), a fim de gerar campos

da ordem de 1 a 2 Teslas.

Esquema da corrente passando pela bobina magnética posicionada sobre o escalpo,

produzindo campo magnético, e consequentemente gerando um campo elétrico em regiões do (Hallett, 2000).

As bobinas convencionais de TMS têm dois formatos (Fig. 7): circulares ou em

. As bobinas circulares possuem intensidade de campo baixo em

seu eixo central, aumentando à medida que se aproximam das bordas. Já as bobinas do

são mais focais, constituídas de duas bobinas circulares posicionadas

ue propagam correntes em sentidos opostos, de forma que no ponto de

junção gere campo magnético máximo (Hallett, 2000).

14

magnética do tecido nervoso, idealizada pela primeira vez em meados da década de

de alta corrente produzido em uma

m campo magnético com linhas de fluxo ao redor da

bobina, induzindo consequentemente um campo elétrico perpendicular capaz de

axônios, excitando ou inibindo dada região cerebral (Hallett,

Para tanto são utilizadas bobinas que tem a capacidade de suportar

altas correntes (~kA) e com grande variação temporal (~T/µs), a fim de gerar campos

Esquema da corrente passando pela bobina magnética posicionada sobre o escalpo, produzindo campo magnético, e consequentemente gerando um campo elétrico em regiões do

: circulares ou em

. As bobinas circulares possuem intensidade de campo baixo em

seu eixo central, aumentando à medida que se aproximam das bordas. Já as bobinas do

são mais focais, constituídas de duas bobinas circulares posicionadas

ue propagam correntes em sentidos opostos, de forma que no ponto de

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Figura 7 - Representação de campos elétricos induzidos pelo pulso magnético em uma bobina butterfly e por uma bobina circular. Adaptado de

Basicamente, há três formas

único, pares de estímulos (

poucos milissegundos), ou estimulação repetitiva (vários pulsos são aplicados com

frequência bem definida) (Kobayashi and Pascual

Os estímulos de pulso único podem despolarizar neurônios e evocar efeitos

mensuráveis. Por exemplo,

ali geradas despolarizam os neurônios, estimulando motoneurônios espinhais e fibras

musculares por eles inervadas, gerando um

and Cohen, 2010). Para mensurar o PEM é usado um eletromiógrafo (EMG), capaz de

detectar a atividade neuromuscular assoc

milhares de potenciais de ação gerados nas fibras musculares, por meio de eletrodo de

superfície posicionado no músculo de interesse

aplicação do pulso até a mensuração do PEM

Representação de campos elétricos induzidos pelo pulso magnético em uma bobina e por uma bobina circular. Adaptado de (Giordano, et al., 2012).

três formas de aplicação dos pulsos: estimulação de p

pares de estímulos (dois pulsos consecutivos são aplicados, em intervalo de

, ou estimulação repetitiva (vários pulsos são aplicados com

(Kobayashi and Pascual-Leone, 2003).

Os estímulos de pulso único podem despolarizar neurônios e evocar efeitos

Por exemplo, quando aplicado sobre a região motora primária

ali geradas despolarizam os neurônios, estimulando motoneurônios espinhais e fibras

musculares por eles inervadas, gerando um potencial evocado motor (PEM)

Para mensurar o PEM é usado um eletromiógrafo (EMG), capaz de

detectar a atividade neuromuscular associada à contração, resultante da soma de

milhares de potenciais de ação gerados nas fibras musculares, por meio de eletrodo de

superfície posicionado no músculo de interesse (Hallett, 2000). Um esquema da

aplicação do pulso até a mensuração do PEM pode ser observado na figura 8

15

Representação de campos elétricos induzidos pelo pulso magnético em uma bobina

estimulação de pulso

dois pulsos consecutivos são aplicados, em intervalo de

, ou estimulação repetitiva (vários pulsos são aplicados com

Os estímulos de pulso único podem despolarizar neurônios e evocar efeitos

primária as correntes

ali geradas despolarizam os neurônios, estimulando motoneurônios espinhais e fibras

potencial evocado motor (PEM) (Dimyan

Para mensurar o PEM é usado um eletromiógrafo (EMG), capaz de

iada à contração, resultante da soma de

milhares de potenciais de ação gerados nas fibras musculares, por meio de eletrodo de

Um esquema da

ode ser observado na figura 8.

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Figura 8 - Esquema do mecanismo de ação do TMS após estimulação da área motora. Adaptado de (Conforto, et al., 2003).

A menor intensidade do pulso de TMS necessária para evocar

músculo alvo, com amplitude pico

testes (trials) sucessivos,

Acredita-se que o limiar motor reflete a excitabilidade da membrana de neurônios

corticoespinhais, bem como

neuromuscular e músculos

qual a estimulação produz PEM máximo é denominada

Existem outras áreas ao redor do

é possível fazer o mapeamento da

PEM em diversas posições da bobina em relação ao

A TMS de pulso único é um método de avaliação que pode ser usado para

investigar aspectos da excitabilidade cortical em indivíduos norma

alguma desordem neurológica

Aliado ao TMS que permite estudar

motoras, outra ferramenta atual bastante importante para a investigação do cérebro

humano é a Imagem Funcional

Esquema do mecanismo de ação do TMS após estimulação da área motora. Adaptado de

menor intensidade do pulso de TMS necessária para evocar

com amplitude pico-a-pico superior a 50 mV em pelo menos 50% dos

) sucessivos, é denominado limiar motor (Rossini and Pauri

limiar motor reflete a excitabilidade da membrana de neurônios

, bem como de neurônios motores na medula espinhal, junção

neuromuscular e músculos (Ziemann, et al., 1996). Por outro lado, a região em M1 na

qual a estimulação produz PEM máximo é denominada hot spot (Conforto, et al., 2003)

Existem outras áreas ao redor do hot spot que também respondem à estimulação. Assim,

apeamento da representação do músculo por meio

PEM em diversas posições da bobina em relação ao hot spot (Conforto, et al., 2004)

TMS de pulso único é um método de avaliação que pode ser usado para

investigar aspectos da excitabilidade cortical em indivíduos normais ou que sofrem

alguma desordem neurológica, como, por exemplo, o AVC.

TMS que permite estudar, por exemplo, as respostas evocadas

outra ferramenta atual bastante importante para a investigação do cérebro

humano é a Imagem Funcional por Ressonância Magnética.

16

Esquema do mecanismo de ação do TMS após estimulação da área motora. Adaptado de

menor intensidade do pulso de TMS necessária para evocar o PEM no

pelo menos 50% dos

(Rossini and Pauri, 2000).

limiar motor reflete a excitabilidade da membrana de neurônios

de neurônios motores na medula espinhal, junção

região em M1 na

(Conforto, et al., 2003).

que também respondem à estimulação. Assim,

epresentação do músculo por meio do registro de

(Conforto, et al., 2004).

TMS de pulso único é um método de avaliação que pode ser usado para

is ou que sofrem de

as respostas evocadas

outra ferramenta atual bastante importante para a investigação do cérebro

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17

2.5. Imagem Funcional por Ressonância Magnética

A Imagem funcional por Ressonância Magnética, do inglês, functional Magnetic

Resonance Imaging (fMRI), reflete indiretamente a atividade elétrica neuronal, por

meio de alterações na perfusão sanguínea cerebral.

A atividade elétrica neuronal em determinada região é acompanhada pelo

aumento da demanda metabólica celular local. Para suprir essa demanda, o sistema

vascular responde com o aumento da oferta de glicose e oxigênio por meio de

vasodilatação local, que ocorre nas arteríolas (Bandettini, et al., 1992; Kwong, et al.,

1992). Por sua vez, o aumento do fluxo sanguíneo oxigenado leva à alteração das

propriedades magnéticas locais, uma vez que a hemoglobina possui propriedade

magnética dependente do seu estado de oxigenação: a deoxi-hemoglobina [dHb] é

paramagnética, promovendo maior perturbação de campo local, ao passo que a Oxi-

hemoglobina [HbO2], que não contém elétrons desemparelhados, é diamagnética e

promove uma menor perturbação. Assim, durante a realização de uma tarefa, a

diminuição da concentração em [dHb], pela maior oferta de [HbO2], atenua os efeitos

de susceptibilidade magnética local, que induz leve modulação do sinal de ressonância,

alteração essa conhecida como contraste BOLD (Blood Oxigenation Level Dependent).

A variação no sinal local pode ser observada por aquisição sequencial rápida de

imagens sensíveis aos efeitos de susceptibilidade magnética (T2*), como as imagens

Eco-Planares (EPI). A evolução temporal do sinal medido é conhecida como função

resposta hemodinâmica, do inglês Hemodynamic Response Function (HRF) e está

representada esquematicamente na figura 9, para o caso de um estímulo de curta

duração.

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Figura 9 - Função Resposta Hemodinâmica típica com as diferentes fases: I (Início), (III) etapa de derivada positiva (IV) platô do sinal, (V) redução do sinal, (VI) retorno à linha de base. Adaptado de

Embora não seja completamente compreendida a natureza da HRF, do ponto de

vista vascular, essa dinâmica é i

oxigênio, do inglês Cerebral Metabolic Rate of

sanguíneo cerebral, do inglês

cerebral, do inglês Cerebral Blood Volume

após o início ocorre aumento do CBF e do CBV. O aumento do CBV com alto CMRO

tende a causar maior concentração da dHb

(Fig. 9 – fase II). No entanto,

transportado para o local de aumento da atividade elétrica neuronal diminui a

concentração da dHb, aumentando o sinal, resultando n

– fase III). Depois de aproximadamente 10s, o CMRO2 e o CBF retornam aos níveis

basais (Fig. 9 – fase V). No entanto, a redução do CBV

intervalo de tempo, aumentando

resulta no post undershoot

seus níveis normais, o sinal aumentará, gradativamente, voltando para a linha de base.

A alteração do sinal, por

processamento computacional específico e

sequencialmente, a fim de localizar as estruturas cerebrais que responderam ao estímulo

Função Resposta Hemodinâmica típica com as diferentes fases: I (Início), (III) etapa de derivada positiva (IV) platô do sinal, (V) redução do sinal, (VI) post

retorno à linha de base. Adaptado de (Mulert, et al., 2010).

Embora não seja completamente compreendida a natureza da HRF, do ponto de

vista vascular, essa dinâmica é influenciada pela taxa metabólica de consumo de

Cerebral Metabolic Rate of Oxygen (CMRO2), pelo fluxo

sanguíneo cerebral, do inglês Cerebral Blood Flow (CBF), e pelo volume sanguíneo

Cerebral Blood Volume (CBV) (Buxton, et al., 2004)

pós o início ocorre aumento do CBF e do CBV. O aumento do CBV com alto CMRO

tende a causar maior concentração da dHbo que leva à consequente redução do sinal

. No entanto, como o aumento do CBF supera o CMRO2

transportado para o local de aumento da atividade elétrica neuronal diminui a

da dHb, aumentando o sinal, resultando na fase de BOLD positivo

. Depois de aproximadamente 10s, o CMRO2 e o CBF retornam aos níveis

. No entanto, a redução do CBV é mais lenta e continua por certo

, aumentando, assim, a concentração da dHb, reduzindo o sinal, o que

post undershoot (Fig. 9 – fase VI ). Quando o volume sanguíneo retorna a

seus níveis normais, o sinal aumentará, gradativamente, voltando para a linha de base.

o sinal, porém, é bastante sutil. Desse modo, se faz

processamento computacional específico e a aquisição de várias imagens,

, a fim de localizar as estruturas cerebrais que responderam ao estímulo

18

Função Resposta Hemodinâmica típica com as diferentes fases: I (Início), II (Dip inicial), post-undershot, (VII)

Embora não seja completamente compreendida a natureza da HRF, do ponto de

nfluenciada pela taxa metabólica de consumo de

(CMRO2), pelo fluxo

, e pelo volume sanguíneo

(Buxton, et al., 2004). Inicialmente

pós o início ocorre aumento do CBF e do CBV. O aumento do CBV com alto CMRO2

consequente redução do sinal

aumento do CBF supera o CMRO2, o oxigênio

transportado para o local de aumento da atividade elétrica neuronal diminui a

BOLD positivo (Fig. 9

. Depois de aproximadamente 10s, o CMRO2 e o CBF retornam aos níveis

continua por certo

a concentração da dHb, reduzindo o sinal, o que

. Quando o volume sanguíneo retorna a

seus níveis normais, o sinal aumentará, gradativamente, voltando para a linha de base.

se faz necessário

a aquisição de várias imagens,

, a fim de localizar as estruturas cerebrais que responderam ao estímulo

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19

de interesse. Além disso, para aumentar a especificidade dos resultados, é fundamental

que o desenho experimental seja bem planejado. No jargão da área de fMRI, esse

desenho experimental carrega o nome de paradigma, e tem tipicamente dois formatos:

em bloco e Evento-Relacionado (ER).

No paradigma em bloco o indivíduo executa uma tarefa específica por um

período relativamente longo de tempo (~30 segundos), intercalado por períodos de

repouso de igual duração. Por exemplo, para o mapeamento do sistema motor, a tarefa

pode ser a de abrir e fechar a mão, intercalada por períodos de repouso em que a mão

permanece imóvel. Esse tipo de aquisição possui alto poder de detecção (localização das

estruturas que foram moduladas pela tarefa), mas baixo poder de estimativa da HRF

(Friston, et al., 1999). Já o paradigma ER é muito utilizado em desenhos experimentais

mais complexos, e é capaz de avaliar alguns aspectos importantes da HRF, como

amplitude e latência. Tradicionalmente o período da tarefa é relativamente curto,

tipicamente de 1 a 3 segundos, e o período de repouso mais longo, em torno de 20

segundos. No paradigma ER, perde-se poder de detecção, mas aumenta-se o de

estimativa da HRF (Bandettini and Cox, 2000).

Depois de adquirir as imagens, é necessária a realização de várias etapas de pré-

processamento, a fim de condicionar os dados para a análise estatística. Essa etapa de

pré-processamento inclui: correção temporal entre as fatias, correção de movimento,

aplicação de filtros espaciais e temporais. Ainda, geralmente se realiza co-registro das

imagens e normalização para um espaço anatômico padrão.

Tendo em vista que as fatias constituintes de um volume cerebral são adquiridas

sequencialmente, torna-se necessário seu alinhamento temporal visto que em geral as

análises estatísticas de dados de fMRI consideraram os volumes foram adquiridos

simultaneamente. Geralmente essa correção é realizada por estratégias de interpolação.

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Além disso, movimentos involuntários dos sujeitos são bastante comuns durante

exames de fMRI, em decorrência, por exemplo, da deglutição, e do desconforto do

sujeito. A correção desse tipo de artefato busca pelo realinhamento espacial dos

volumes adquiridos com respeito a seis graus de liberdade: três de rotação e três de

translação. Em geral se o movimento for da ordem da dimensão do voxel adquirido, o

algoritmo conseguirá bons resultados.

Ainda, para aumentar a relação sinal-ruído dos dados muitas vezes são aplicados

filtros de suavização espacial, implementados pela convolução das imagens com um

template Gaussiano com largura à meia altura (Full Width at Half Maximum - FWHM)

específica (Mikl, et al., 2008). É importante observar que a suavização espacial

promove redução da resolução espacial. Portanto, cabe cautela no seu uso em estudos

que requerem precisão espacial, ou naqueles desenhados para observar a resposta em

pequenas estruturas.

Por fim, presença de ruídos de baixa frequência (f < 0,05 Hz) são frequentes nas

séries temporais de fMRI (Strother, 2006), em boa parte decorrentes da variação linear

lenta (linear drift) e do efeito de aliasing dos sinais fisiológicos cardíaco e respiratório.

Com o objetivo de remover sinais com essas frequências indesejáveis geralmente são

utilizados filtros temporais passa-alta.

Após o pré-processamento, os dados estão prontos para a análise estatística.

Nessa esta etapa, o objetivo é identificar as regiões cerebrais que foram moduladas pela

condição experimental. Vários métodos têm sido propostos, dentre eles o Modelo

Linear Geral (do inglês, General Linear Model - GLM) (Friston, et al., 1995) é o que

tem sido mais frequentemente utilizado.

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O GLM tem como objetivo explicar o comportamento de uma variável �� ao

longo de J observações em termos da combinação linear de variáveis explanatórias ���,

com l =1,...,L, mais um termo de erro ��, na forma:

�� = ����� + ⋯ + ����� + ⋯ + ����� + ⋯ + ��

em que �� são parâmetros desconhecidos, correspondendo a cada uma das L variáveis

explanatórias ���. Para maior clareza, a equação acima pode ser expandida, em termos

de cada observação j:

�� = ����� + ⋯ + ����� + ⋯ + ����� + ⋯ + ��⋮ =�� = ����� + ⋯ + ����� + ⋯ + ����� + ⋯ + ��⋮ =�� = ����� + ⋯ + ����� + ⋯ + ����� + ⋯ + ��

que podem ser representadas na forma matricial como:

���

��⋮��⋮�� ��� =

���

��� ⋯ ��� ⋯ ���⋮ ⋱ ⋮ ⋱ ⋮��� ⋯ ��� ⋯ ���⋮ ⋱ ⋮ ⋱ ⋮��� ⋯ ��� ⋯ ��� ���

���

��⋮��⋮����� +

���

��⋮��⋮�� ���

e que tem a seguinte forma simplificada:

� = �� + �. Y é o vetor coluna das J observações; X é a matriz de desenho, em que cada coluna

representa uma dentre as L variáveis explanatórias para cada observação J; � é o vetor

coluna dos parâmetros que representa o peso com que cada variável explanatória

contribui para o resultado observado Y; e �é o vetor de resíduos, ou seja, a porção de Y

não explicável pelas variáveis X.

A variável dependente (Y) corresponde à série temporal da fMRI e as funções de

referência (X) correspondem aos modelos das respostas de fMRI esperadas e

determinadas pelo paradigma experimental, que corresponde à matriz de desenho.

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Cada série temporal preditora tem um coeficiente � associado, quantificando sua

potencial contribuição na explicação da série temporal do voxel Y. Enquanto a exata

interpretação dos valores de beta depende de detalhes da matriz, betas positivos (ou

negativos) indicam que o voxel exibe forte modulação durante a condição experimental,

relativa à linha de base.

Para se fazer afirmações a partir dos valores β estimados, ou seja, para

identificar se o valor estimado representa a resposta BOLD modulada pelo desenho

experimental, realiza-se um teste de hipóteses sobre o efeito de interesse, por meio da

utilização de contrastes.

Após identificar os voxels significativos, geralmente eles são representados em

um mapa estatístico na forma de mapas de cores, no qual cada voxel que compõe a

imagem recebe uma cor que varia de acordo com a sua significância estatística.

Os mapas estatísticos podem ser corregistrado sobre as imagens de boa

resolução anatômica a fim de facilitar a visualização das estruturas anatômicas, uma vez

que em estudos de fMRI com humanos a resolução espacial típica das imagens EPI é da

ordem de 3x3x3 mm3.

Além da possibilidade do corregistro entre as imagens funcionais e as imagens

de boa resolução anatômica do próprio sujeito, também é possível realizar a

normalização para um espaço padrão. Esse procedimento permite a comparação de

resultados entre sujeitos auxiliando na elaboração e análise de estudos de grupos de

indivíduos. Existem inúmeras abordagens para realizar esse procedimento, incluindo

manuais ou automáticas, lineares ou não-lineares (Laird, et al., 2010). Além disso, há

diferentes espaços padrões usados para a normalização espacial. Os dois mais comuns

atualmente são o baseado no atlas Talairach-Tournoux (Talairach and Tournoux, 1988)

e o padrão MNI (Montreal Neurological Institute) (Brett, et al., 2002). O espaço

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Talairach-Tournoux (TT) está baseado em um cérebro com dimensões específicas (x =

136 mm, y = 172 mm, z = 118 mm), cujo eixo principal corresponde à comissura

anterior-comissura posterior (CA-CP), e a origem está na CA. Após a demarcação do

plano CA-CP, o sistema Talairach é estabelecido sobre as máximas dimensões do

cérebro. Essas dimensões são demarcadas com 6 pontos na periferia cortical: o ponto

mais superior do córtex, a porção mais posterior do córtex, o ponto mais inferior do

córtex, o ponto mais anterior do córtex, e os pontos mais laterais (direito e esquerdo) do

córtex. Nesse momento, transformações lineares necessárias são realizadas para permitir

o uso das coordenadas estereotáxicas. O atlas TT vem sendo largamente utilizado,

contudo apresenta limitações. Em especial por ter sido criado a partir de um único

cérebro, que pertencia a uma senhora europeia de cerca de 60 anos. Portanto, não é um

cérebro representativo de uma população (Collins, 1994).

Procurando utilizar um atlas mais representativo, muitos grupos têm preferido o

padrão definido a partir de imagens de vários sujeitos in vivo, desenvolvido

conjuntamente pelo Montreal Neurological Institute (MNI) e o ICBM (International

Consortium for Brain Mapping). A versão atual, chamada de MNI- 152, foi gerada a

partir das imagens de 152 voluntários (Brett, et al., 2002). O atlas MNI utiliza um

sistema de coordenadas semelhante ao utilizado no atlas TT. Entretanto, eles possuem

diferenças na origem, orientação e dimensão, de modo que as coordenadas Talairach

não coincidem com as coordenadas MNI e vice-versa (Brett, et al., 2002; Laird, et al.,

2010; Lancaster, et al., 2007).

2.6. fMRI e TMS no AVC

De forma geral, estudos usando fMRI em pacientes após AVC isquêmico tem

reportado padrões motores alterados. Aumento de sinal no córtex sensório-motor

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primário ipsilateral (hemisfério não afetado) são consistentemente observados nesse

grupo de pacientes, em comparação a indivíduos saudáveis (Cao, et al., 1998; Cramer,

et al., 1997; Pineiro, et al., 2001).

Presume-se que o excesso de atividade inibitória inter-hemisférica, de M1 do

hemisfério não afetado para o hemisfério afetado, compromete a recuperação motora

desses pacientes (Murase, et al., 2004). Por exemplo, estudos de neuroimagem têm

mostrado que a ativação motora de longo prazo e persistente do córtex ipsilateral à lesão

está associada à pior recuperação, ao passo que a redução na atividade de M1 no

hemisfério não afetado e aumento da atividade de M1 do hemisfério afetado (Carey, et

al., 2002; Rossini and Dal Forno, 2004) estaria associada à boa recuperação motora

(Ward, et al., 2003).

De forma análoga, estudos com TMS têm mostrado aumento da excitabilidade

do hemisfério não afetado (Liepert, et al., 2000). Essa observação se deve,

presumivelmente, à reduzida inibição transcalosa do hemisfério danificado para o

hemisfério intacto e ao crescente uso desse hemisfério (Shimizu, et al., 2002; Ward and

Cohen, 2004).

Como exemplo, um estudo avaliou o potencial da TMS como um método de

avaliação preditiva da recuperação de pacientes pós-AVC. A presença de PEM na mão

afetada durante a fase aguda de AVC esteve relacionada à recuperação favorável e sua

ausência à recuperação mais lenta e limitada (Escudero, et al., 1998). Outro estudo

avaliou o prognóstico de recuperação motora em pacientes com AVC isquêmico e

observou correlação positiva entre a amplitude do PEM no primeiro dia e a melhora

clínica no 14º dia (Rapisarda, et al., 1996).

Estudos usando TMS também têm contribuído para o entendimento do processo

de reorganização após o AVC. Em um deles foi observada redução na amplitude do

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PEM e aumento do limiar motor no hemisfério lesionado de pacientes e mudanças

topográficas na representação córtico-motora com relação ao lado não afetado. Em

alguns pacientes o deslocamento foi no eixo médio-lateral, sugerindo reorganização

dentro do córtex motor primário, enquanto que em outros o deslocamento foi ântero-

posterior em acordo com o recrutamento do córtex pré-motor ou pós-central (Byrnes, et

al., 2001).

2.7. Reabilitação no AVC

Apesar dos mecanismos que possibilitam a recuperação parcial de pacientes em

especial na fase aguda do AVC, cerca de 60% dos indivíduos que ficaram com

disfunção motora após a lesão geralmente seguirão com déficit motor permanente

(Teixeira, 2008). Esse déficit é observado especialmente nos membros superiores, tendo

em vista que apenas 30% a 66% dos indivíduos conseguirão usar seu membro superior

hemiplégico de maneira funcional (Higgins, et al., 2005), embora a maioria recupere a

capacidade de deambular.

Tais limitações prejudicam a qualidade de vida, principalmente a independência

relativa às Atividades de Vida Diária (AVD) e ao desempenho ocupacional (Teixeira,

2008). Baseado nesse fato, o uso de técnicas de reabilitação é bastante importante e a

fisioterapia surge como a principal proposta. Nesse sentido, várias estratégias estão

disponíveis. As tradicionais fazem uso da cinesioterapia, na qual são realizados

exercícios físicos de formas variadas (exercícios passivo, ativo assistido, ativo e ativo

resistido) (Levy and Oliveira, 2003), e tem demonstrados resultados positivos na

reabilitação de pacientes pós-AVC. Por exemplo, pacientes que realizaram um treino

com movimentos ativos funcionais tais como o de pegada e o de garra apresentaram

recuperação importante de seus movimentos (Carey, et al., 2002).

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Além da avaliação clínica, nos últimos anos alguns trabalhos têm feito uso de

técnicas de neuroimagem funcional na tentativa de acompanhar e correlacionar a

melhora clínica a eventuais alterações neurofisiológicas correlacionadas às diferentes

estratégias de reabilitação (Carel, et al., 2000). Em um desses estudos, exercícios

funcionais e não-funcionais foram comparados no tratamento de paciente pós-AVC, em

fase crônica. Houve melhora clínica do paciente nos dois tratamentos acompanhada de

padrão de resposta mais restritivo ao córtex motor contralateral à mão afetada, visto pela

fMRI (Pelicioni, 2012). Analogamente, estudos com TMS têm sido realizado para

avaliar o efeito de intervenções fisioterapêuticas sobre a excitabilidade em M1 do

hemisfério afetado (Liepert, et al., 1998).

Além da Cinesioterapia, outras estratégias têm surgido a fim de buscar

maximizar o efeito do tratamento, como, por exemplo, a mecanoterapia, que realiza

exercícios com auxílio de aparelhos mecânicos (Levy and Oliveira, 2003), a

hidroterapia, quando os exercícios são realizados no meio aquático (Jakaitis, et al.,

2012) e a eletroterapia, que faz uso decorrentes elétricas para promover a reabilitação

dos pacientes (Sabut, et al., 2011; Tanovic, 2009).

Muito embora essas técnicas de reabilitação demonstrem efeitos positivos sobre

a recuperação clínica dos pacientes pós-AVC, em boa parte a recuperação é limitada.

Baseado nisso, novas estratégias de reabilitação têm sido buscadas. Dentre elas cabe

destacar a terapia de restrição que enfatiza o uso repetitivo do membro afetado durante

as atividades de vida diária e a contenção do membro sadio, visando maximizar ou

restabelecer a função motora do membro superior parético (Taub, et al., 1998; van der

Lee, et al., 1999). Dados de fMRI também tem sido coletados para melhor entender os

mecanismos neurais ligados a essa terapia. Um estudo piloto em 2 pacientes com

hemiparesia após AVC, em fase crônica, que haviam sido liberados da terapia

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tradicional por não apresentarem mais avanços na recuperação funcional, foram

submetidos a um programa de terapia de restrição por 6 horas diárias de treinamento do

membro superior durante 2 semanas. Nesse caso, uma luva restritiva foi usada sobre o

membro não parético durante as horas de vigília. A avaliação clínica mostrou melhora

nos escores de atividade motora, com aumento na força de preensão e redução no tempo

de desempenho de tarefas motoras. Antes da reabilitação, os dados de fMRI revelaram

dois padrões distintos: o mapa funcional do sujeito 1 mostrou o engajamento de regiões

bastante espalhadas e distantes do córtex motor, como o córtices occipital e parietal

posterior. Já o sujeito 2 mostrou quase nenhuma área de ativação significativa. Após o

treinamento, o sujeito 1 apresentou atividade ao redor da lesão, ativação bilateral no

córtex de associação motora e ativação de M1 ipsilateral. O sujeito 2 mostrou ativação

próxima à lesão (Levy, et al., 2001). Analogamente, um estudo usando TMS para a

avaliação da terapia de restrição mostrou aumento da amplitude do PEM de M1 do

hemisfério afetado, em conjunto com melhora no desempenho motor de pacientes com

AVC crônico, indicando excitabilidade neuronal reforçada no hemisfério danificado

para os músculos estudados (Liepert, et al., 1998).

Outra estratégia de reabilitação interessante que tem sido testada é a imagética

motora. Nesta o indivíduo simula mentalmente uma tarefa motora sem que ocorra o

movimento do segmento correspondente à tarefa (Decety, 1996), com a intenção de

melhorar o desempenho motor por meio do ensaio mental (Mulder, et al., 2004; Woldag

and Hummelsheim, 2002).

Estudos têm mostrado que as mudanças ocorridas na representação cortical após

a imagética motora são comparáveis às que acontecem na prática física, e que parte da

melhora comportamental observada, na condição de imagética motora, pode estar

latente, aguardando ser expressa após mínimo treino motor (Pascual-Leone, et al.,

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1995). Desse modo, a imagética motora pode ter efeito preparatório sobre a tarefa, o que

aumentaria a eficiência do treinamento físico subsequente.

Há diferentes técnicas de imagética motora: estratégia de imaginação interna

(perspectiva em primeira pessoa), quando o sujeito se sente executando determinada

ação; ou estratégia de imaginação externa (perspectiva em terceira pessoa), na qual a

simulação baseia-se na percepção visual do movimento imaginado (Rodrigues, et al.,

2003). Baseada na estratégia de imaginação externa surge a Terapia Espelho.

2.8.Terapia Espelho

2.8.1. Origem da Terapia Espelho

A Terapia Espelho (TE) foi proposta pelo neurocientista indiano Vilayanur

Ramachandran e surgiu como alternativa terapêutica para indivíduos que tinham sofrido

amputação de um membro e que sentiam dor associada (dor fantasma) à presença vívida

do membro amputado (membro fantasma).

O estudo inicial de Ramachandran nessa linha de pesquisa foi motivado pela

descoberta da reorganização de mapas corticais de primatas adultos deaferentados

(Pons, et al., 1991). Estes apresentavam a área cortical correspondente ao membro

também responsiva a estímulo aplicado na parte inferior da face após 12 anos da

deaferentação do membro superior. Desse modo, Ramachandran iniciou seus estudos

em humanos que sofreram amputação para entender se processo de reorganização

cortical semelhante ocorreria após a amputação. Ele avaliou se um estímulo aplicado na

face seria percebido como vindo da mão (Ramachandran, et al., 1992). Para explorar

essa ideia, estudou a localização de sensações de toque em um homem de 17 anos de

idade que teve o braço esquerdo amputado seis centímetros abaixo do cotovelo, 4

semanas anteriores ao estudo, e apresentava braço fantasma doloroso. O indivíduo,

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mantido com os olhos fechados, foi tocado em diferentes partes do corpo. Para muitas

partes do corpo o paciente reportou a localização da sensação acuradamente. Porém,

quando tocada a face ipsilateral, ele reportou a sensação do toque não somente na face -

como esperado - mas também na sua mão fantasma. Tocando diferentes partes da face

foram obtidas sensações nas diferentes partes do braço fantasma. As margens dos

diferentes dedos foram claramente delineadas e houve possibilidade de grosseira

organização topográfica (Ramachandran, et al., 1992).

A explicação para esse achado foi baseada, em parte, nos trabalhos conduzidos

em primatas, os quais demonstraram a possível maleabilidade dos mapas

topograficamente organizados no córtex sensorial primário (S1) (Pons, et al., 1991) e no

famoso homúnculo de Penfielfd que mostra a representação da face ao lado da

representação da mão (Penfield and Boldrey, 1937). Assim, quando o braço é

amputado, a região cortical que representa a mão não recebe mais sinais sensoriais,

sendo então possível que estímulos sensoriais da face agora invadam a região da mão

amputada. Como resultado, tocar a face não somente ativa as células na área da face,

mas também a área da mão (Ramachandran, et al., 1992).

Essas ideias foram testadas usando magnetoencefalografia (MEG) para mapear a

topografia de S1 no lado contralateral à amputação, comparado ao hemisfério

ipsilateral. Como sugerido, houve invasão massiva da área da face para a área da mão

(Ramachandran, 1993; Yang, et al., 1994). A observação do remapeamento levou à

possibilidade de exploração dessas técnicas com perspectiva terapêutica

(Ramachandran, et al., 1992), o que acabou culminado com o surgimento da terapia

espelho (Ramachandran and RogersRamachandran, 1996).

Antes de propor uma nova terapia para amputados, outro estudo buscou entender

melhor a sensação fantasma, sendo observado que os indivíduos apresentavam

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diferentes sensações. Muitos pacientes relataram que o membro fantasma estava parado

em uma posição específica e que eles não podiam gerar movimentos voluntários mesmo

com intenso esforço. Outros pacientes, no entanto, vivenciaram movimentos no seu

membro fantasma (Ramachandran, 1994).

Na tentativa de entender como um membro que não existe pode ser percebido

como paralisado, Ramachandran fez algumas observações nos pacientes e levantou

algumas hipóteses. Se o braço estava paralisado antes da amputação, em decorrência de

lesão nervosa periférica, então após a amputação o membro fantasma tendia a se manter

fixo na mesma posição que antes. Assim, toda vez que a informação fosse do córtex

motor para o braço, o cérebro recebia feedback visual que o braço não estava movendo.

Essa informação contraditória era de alguma forma fixada na circuitaria neural. Outra

sequência semelhante poderia ocorrer seguindo amputação cirúrgica de um membro que

se movimentava normalmente. Imediatamente após a amputação o sujeito ainda seria

capaz de gerar movimentos voluntários no fantasma. Porém, com a passagem do tempo

essa habilidade seria perdida, provavelmente em virtude da prolongada ausência de

feedback sensorial que confirmaria o movimento (Ramachandran, 1993; Ramachandran,

1994; Ramachandran, et al., 1995). Para testar essas ideias, foi criada a possibilidade do

paciente receber feedback visual, com ilusão de que o braço dele estava de fato se

movendo. É nesse cenário que é proposta a construção da caixa espelho, composta de

duas aberturas com um espelho vertical posicionado entre elas, como mostra a figura10.

O indivíduo “posiciona” o membro fantasma de um lado da caixa espelho e a mão

intacta do outro. Ele é orientado a visualizar o reflexo da mão intacta que parece

superposto ao membro fantasma, criando, dessa forma, a ilusão de movimento do

membro amputado. Ainda olhando para o espelho, o paciente envia comando motor

para ambas as mãos fazerem o movimento simétrico, por exemplo, abrir e fechar a mão,

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levando à impressão que a mão fantasma está obedecendo seus comandos

(Ramachandran and RogersRamachandran, 1996).

Figura 10 - Experimento com a caixa de espelho. O indivíduo posiciona a mão intacta de um lado da caixa com espelho e visualiza seu reflexo como sendo da mão amputada.

Em um primeiro momento, a proposta da Terapia Espelho (TE) foi testada em

10 pacientes. Em seis, quando a mão intacta se movimentou, foi percebido o movimento

do membro fantasma no espelho. Além disso, em quatro de cinco pacientes com

espasmos dolorosos houve melhora significativa dos sintomas quando eles tiveram a

sensação de aberturada mão através do espelho (Ramachandran and

RogersRamachandran, 1996).

2.8.2. Terapia Espelho em indivíduos após AVC

Diante dos resultados positivos da TE em pacientes amputados (Chan, et al.,

2007; Ramachandran and RogersRamachandran, 1996; Sumitani, et al., 2008), foi

proposto o uso dessa técnica em outras doenças, como por exemplo a síndrome dolorosa

regional complexa (Karmarkar and Lieberman, 2006; McCabe, et al., 2003; Vladimir

Tichelaar, et al., 2007) e em pacientes com AVC (Altschuler, et al., 1999; Sathian, et al.,

2000; Stevens and Stoykov, 2003; Yavuzer, et al., 2008). Neste último caso, o indivíduo

visualizava o reflexo no espelho da mão sadia como se fosse a mão afetada se movendo.

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Em um desses primeiros estudos, foram selecionados pacientes com AVC em

fase crônica, designados aleatoriamente para passar quatro semanas usando um espelho

ou um plástico transparente e depois mudar para o outro tratamento por mais quatro

semanas (Altschuler, et al., 1999). Os pacientes realizavam 15 minutos de terapia, duas

vezes por dia, seis dias por semana, movendo ambas as mãos ou braço simetricamente

(movendo o braço afetado o melhor que ele pudesse) enquanto assistia o braço não

afetado no espelho, ou o braço parético através do plástico claro. Os pacientes foram

filmados em 0, 2, 4, 6 e 8 semanas fazendo os movimentos do membro superior. A

recuperação motora foi analisada através dessas filmagens por dois neurologistas

experientes da equipe que não tinham conhecimento de quais tratamentos os pacientes

usaram primeiro. Ambos os avaliadores acharam que mais pacientes melhoraram no

espelho que no controle. Além disso, subjetivamente todos os pacientes gostaram mais

de usar o espelho que o plástico e sentiram que o espelho foi mais útil (Altschuler, et al.,

1999).

Alguns outros estudos de caso foram realizados documentando o efeito dessa

abordagem na recuperação motora de pacientes com AVC. Um desses estudos foi

realizado em um paciente com profundos déficits sensoriais, contralateral ao infarto

subcortical atingindo o tálamo (Sathian, et al., 2000). A TE foi realizada por

movimentos bimanuais. Foi observado aumento do uso funcional do membro superior

afetado, como tempo para realizar atividades com a mão afetada como a de levar um

copo à boca, pegar uma caneta, passar uma toalha no ombro, e aumento da força de

preensão e a amplitude do movimento de abdução do ombro (Sathian, et al., 2000). Em

outro estudo, dois pacientes com AVC de artéria cerebral média foram reabilitados pela

associação entre feedback visual, pela apresentação de vídeos com exercícios de punho,

imagética motora, seguidos de TE pela realização de movimentos bimanuais. O

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desempenho do membro parético melhorou após a intervenção, com aumento na

pontuação da escala Fugl-Meyer e redução no tempo para execução dos movimentos. A

melhora permaneceu estável após 3 meses do final do tratamento (Stevens and Stoykov,

2003).

Algum tempo depois, surge o primeiro estudo controlado randomizado do uso da

TE para membro superior em 40 pacientes que tinham entre 3 e 12 meses de AVC. O

programa da TE consistiu de 30 minutos de exercícios de flexão e extensão de punho e

dedos, além de fisioterapia convencional. O programa foi aplicado 5 dias por semana,

de 2 a 5 horas por dia, durante 4 semanas. Em um grupo de 20 pacientes foi usado um

espelho e no grupo controle de 20 pacientes foi usada uma divisória opaca. Os sujeitos

no grupo da TE mostraram melhora estatisticamente significativa nos estágios de

Brunstrom e escores de auto-cuidado na escala da Medida de Independência Funcional

(MIF), sobre os sujeitos do grupo controle após 4 semanas e após 6 meses do término

do tratamento (Yavuzer, et al., 2008).

Esses estudos têm contribuído para ilustrar o efeito da TE na recuperação dos

pacientes hemiplégicos, avaliados por escalas clínicas. Em busca do melhor

entendimento sobre essa terapia, surgem alguns estudos que fizeram uso da TMS,

focados na sobre a avaliação da excitabilidade cortical e posteriormente o uso da fMRI

em busca das áreas cerebrais que estariam sendo moduladas pela TE.

2.8.3. Mecanismos neurais da Terapia Espelho

Alguns estudos usando TMS têm avaliado a hipótese de que a TE aumentaria a

excitabilidade da área motora primária no hemisfério ipsilateral à mão em movimento

(Fukumura, et al., 2007; Funase, et al., 2007; Garry, et al., 2005). Em um estudo com 8

sujeitos saudáveis, foi usada a TMS para avaliar a excitabilidade do córtex motor em

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diferentes condições (Fig.11

movendo), (ii) central (sujeitos olhavam para um ponto central entre a

inativa (sujeitos olhavam para a mão inativa),

reflexo no espelho da mão movendo) e

Foi encontrado aumento significativo do PEM

tanto à condição inativa quanto

visualização do movimento

mão em movimento além daquela produzida apena

2005).

Figura 11 - Ilustração dos diferentes protocolos estudados por Garryunilateral da mão e diferentes condições a seta indica para onde o indivíduo fo

Dois anos depois, outro

na amplitude dos PEM após

observação da mão pelo

imagética motora com o espelho

et al., 2007).

Outro estudo usou a TMS para testar se a plasticidade de M1 era

substratos fisiológicos da melhora motora. N

11): (i) ativa (sujeitos olhavam para a mão que eles estavam

entral (sujeitos olhavam para um ponto central entre a

os olhavam para a mão inativa), (iv) espelho (sujeitos olhavam para o

reflexo no espelho da mão movendo) e (v) repouso (com ambas as mãos em repouso

significativo do PEM na condição espelho, quando

condição inativa quanto à central. Foi assim mostrado pela primeira vez que

do movimento pelo espelho leva à facilitação adicional de M1

além daquela produzida apenas pelo movimento

dos diferentes protocolos estudados por Garry et al. 2005, com movimento

diferentes condições para focar a visualização. A mão em cinza é a mão ativa e a seta indica para onde o indivíduo foi orientado a olhar. Adaptado (Garry, et al., 2005)

outro estudo com 6 voluntários saudáveis avali

pós imagética motora com e sem o espelho. Foi visto que

espelho levou ao aumento na amplitude do

imagética motora com o espelho, em comparação à condição sem o espelho

Outro estudo usou a TMS para testar se a plasticidade de M1 era

da melhora motora. Na primeira sessão desse estudo participaram

34

tiva (sujeitos olhavam para a mão que eles estavam

entral (sujeitos olhavam para um ponto central entre as mãos), (iii)

spelho (sujeitos olhavam para o

as as mãos em repouso).

quando comparado

mostrado pela primeira vez que a

facilitação adicional de M1 ipsilateral à

movimento (Garry, et al.,

2005, com movimento para focar a visualização. A mão em cinza é a mão ativa e

(Garry, et al., 2005).

valiou alterações

. Foi visto que a

o aumento na amplitude do PEM durante

sem o espelho (Fukumura,

Outro estudo usou a TMS para testar se a plasticidade de M1 era um dos

e estudo participaram

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20 indivíduos saudáveis, divididos em dois grupos: 10 realizaram movimento com a

mão direita, enquanto visualizavam o reflexo no espelho (grupo espelho) e 10

realizaram movimento com a mão direita, enquanto visualizavam a outra mão através de

um vidro transparente (grupo sem espelho). Na segunda sessão, um monitor apresentou

o vídeo da mão se movendo. Durante essa condição, os sujeitos deixavam as mãos

relaxadas e assistiam ao vídeo. O resultado mostrou que os voluntários que usaram a

caixa de espelho apresentaram maior função excitatória de M1 e melhor desempenho

motor na atividade de destreza manual (aumento no número de rotação de duas esferas

no sentido anti-horário, com a mão esquerda, durante 30 segundos). Melhor

desempenho motor ocorreu após observação de uma simples ação (sem realizar

movimento), mas não ocorreu após o treino motor sem feedback visual, sugerindo a

crucial importância do feedback visual (Nojima, et al., 2012).

Após estudos que tentaram entender os mecanismos neurais da TE em sujeitos

saudáveis, surge a primeira pesquisa buscando por correlatos neuronais da ilusão do

espelho em pacientes com AVC, por 3 motivações principais (Michielsen, et al.,

2011b): (i) os pacientes respondem à TE de forma diferente dos sujeitos saudáveis

devido ao comprometimento de algumas áreas cerebrais; (ii) a ilusão promovida nos

pacientes de que a mão comprometida passa a se movimentar normalmente (no caso de

exercício apenas com a mão sadia); e (iii) à incongruência entre o desempenho da tarefa

e o feedback visual, quando os pacientes são instruídos a praticar exercícios bimanuais

(Michielsen, et al., 2011b). Nesse estudo por fMRI, 22 pacientes com AVC foram

submetidos a duas condições. Na primeira, unimanual, os pacientes moveram a mão não

afetada, enquanto observavam diretamente (condição sem espelho) ou enquanto

observavam o reflexo no espelho (condição espelho). Na condição bimanual, os

pacientes moveram ambas as mãos, enquanto observavam a mão afetada diretamente

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(condição sem espelho) ou enquanto observavam o reflexo no espelho da mão não

afetada sobreposta à mão afetada (condição espelho). O resultado mostrou que durante

movimentos bimanuais a ilusão do espelho aumentou a atividade no pré-cuneus e córtex

cingulado posterior, áreas associadas à consciência corporal e atenção espacial

(Michielsen, et al., 2011b).

Em 2011 surge o primeiro trabalho associando o efeito clínico da TE à

reorganização cortical subsequente em pacientes com AVC. O experimento envolveu 40

pacientes com AVC, randomizados 20 para o grupo espelho (exercícios bimanuais

visualizando o reflexo no espelho) e 20 para o grupo controle (exercícios bimanuais

visualizando ambas as mãos). Foram realizadas seis semanas de tratamento, e os grupos

treinaram uma vez por semana em um centro de reabilitação e praticaram em casa 1

hora diária cinco vezes por semana. Após o tratamento houve melhora na escala de Fulg

Meyer para o grupo que usou o espelho, mas essa melhora não persistiu por mais de seis

meses. Resultados da fMRI mostraram mudanças no equilíbrio de ativação no córtex

motor primário para o hemisfério afetado somente no grupo espelho (Michielsen, et al.,

2011a).

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3. OBJETIVOS

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OBJETIVO GERAL

Avaliar por meio da fMRI e do TMS a neuromodulação cortical promovida pela

intervenção única da Terapia Espelho em pacientes acometidos por Acidente Vascular

Cerebral.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliar alteração no Potencial Evocado Motor (PEM) por TMS após uso agudo da

Terapia Espelho;

• Avaliar o efeito agudo da Terapia espelho sobre parâmetros específicos da fMRI,

como as modulações das amplitudes de sinal e porcentagem de ocupação das

principais áreas corticais envolvidas com uma atividade motora;

• Correlacionar alteração do PEM com alteração nos valores dos parâmetros da fMRI

na região motora primária antes e após a terapia espelho;

• Correlacionar dados do PEM e parâmetros da fMRI com as escalas clínicas de

avaliação motora.

• Contribuir para o entendimento do uso da Terapia Espelho como proposta

terapêutica para pacientes com AVC.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

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A pesquisa foi do tipo experimental com abordagem quantitativa. A aquisição

dos dados foi realizada no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo, no

período entre Abril e Agosto de 2011. O desenho experimental e a análise dos dados

foram realizados no laboratório de Neuroimagem Funcional, localizado no Hospital

Universitário Onofre Lopes (HUOL), e associado ao Instituto do Cérebro da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

4.1 População e Amostra

Foram selecionados 15 indivíduos acometidos por AVC. Estes faziam parte do

Registro de Acidente Vascular Cerebral de Ribeirão Preto (REAVER), que é um

registro prospectivo contínuo de pacientes admitidos na Unidade de Emergência do

HCRP, do Serviço de Reabilitação Lucy Montoro ou do ambulatório da neurologia do

HCRP.

Além dos pacientes, sete indivíduos saudáveis realizaram o mesmo protocolo

motor de fMRI, a fim de definir as Regiões de Interesse (ROI) das áreas corticais

motoras a serem analisadas.

4.2 Critérios de Inclusão dos pacientes

Fizeram parte do estudo indivíduos com episódio único de AVC isquêmico

(confirmado por exames de tomografia computadorizada e/ou imagem por ressonância

magnética), na fase crônica, e apresentando movimento de flexão e extensão dos dedos.

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4.3. Critérios de Exclusão dos pacientes

Não foram selecionados pacientes com deficiência visual não corrigida,

síndrome demencial ou outra alteração que pudesse impedir a compreensão ou a

colaboração do paciente durante o exame ou a terapia, impossibilidade de realizar

exames de fMRI e TMS por contra-indicações gerais como: serem portadores de

marcapasso cardíaco, pacientes grávidas (até 3 meses), implantes metálicos, clipe de

aneurisma, próteses em vasos, metal devido a acidente (projétil e outros).

4.4. Instrumentos de Coleta de Dados

Neste estudo foram utilizados os seguintes instrumentos de avaliação:

1. Um roteiro de avaliação neurológica para analisar o perfil sócio demográfico e

clínico, investigando a idade, sexo, grau de escolaridade, dimídio afetado, tempo e

local do AVC e dominância manual;

2. O Mini Exame do Estado Mental corrigido para a escolaridade que contém 6

questionamentos de raciocínio, memória e compreensão. Cada pergunta apresenta

pontuação específica, com pontuação máxima de 30 pontos (Bertolucci, et al.,

1994);

3. A caixa de blocos (Fig. 12) foi utilizada para avaliar a destreza manual grosseira. O

teste consistiu em mover, um por um, o maior número possível de blocos de um

compartimento da caixa para o outro de mesmo tamanho. A pontuação registrada foi

igual à quantidade de blocos movidos de um lado para o outro em 60 segundos

(Desrosiers, et al., 1994);

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Figura 12 - Experimento com a caixa de blocos. O indivíduo move um bloco por vez, de um compartimento da caixa para o outro, com uma mão. 4. O Pardue Pegboard test (Fig. 13) foi usado para avaliar a destreza manual fina. O

teste é composto por uma prancha que possui 50 pinos e 25 orifícios de 0,2mm de

diâmetro cada. O indivíduo deve encaixar os pinos nos orifícios durante 30s, sendo

registrada a quantidade de pinos encaixados em três tentativas consecutivas e

calculada a média aritmética (Desrosiers, et al., 1996);

Figura 13 - Experimento com o Pardue Pegboard test. O indivíduo pega um pino por vez e posiciona no orifício, preenchendo-os sucessivamente com uma mão de cada vez. 5. O Teste da Ação da Extremidade Superior (ARAT), composto por 19 itens que

avaliam atividades de compressão, preensão, pinçamento e atividades de alcance. O

desempenho em cada tarefa é pontuado em uma escala de quatro pontos, variando

de zero (nenhum movimento) a três (movimento desempenhado normalmente). A

pontuação total é a soma dos pontos em cada item (Van der Lee, et al., 2001);

6. A Escala de avaliação de Fugl-Meyer (EFM) referente ao membro superior, com os

itens: sensibilidade, função motora, velocidade e coordenação do membro superior.

Com uma escala ordinal de três pontos para cada item: (0) não pode ser realizado,

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(1) realizado parcialmente e (2) realizado completamente (Maki, et al., 2006);

7. Equipamento de imagem por ressonância magnética da marca Philips, modelo

Achieva, de 3.0 Tesla;

8. TMS da marca NeuroSoft, modelo Neuro-MS, capaz de produzir pulsos de campo

magnético de até 2T em regime de pulso único e com frequências de até 30Hz. Foi

utilizada a bobina em forma de 8 com raio maior de 20 cm e raio menor de 10 cm,

com refrigeração interna.

9. Eletromiógrafo da marca Myosystem, conversor A/D com resolução de 12 Bits. A

frequência de amostragem usada por canal foi de 4000 Hz; filtro passa-alta de 20 Hz

e passa-baixa de 1000 Hz. Foram utilizados eletrodos de superfície de Prata -

Cloreto de Prata (Ag-AgCl).

4.5. Procedimentos de Coleta de Dados

A pesquisa foi esclarecida aos participantes envolvidos e em seguida foi

realizada avaliação clínica e neurológica pelo médico neurologista, Prof. Dr. Octávio

Marques Pontes-Neto com o apoio da mestranda Morgana Menezes Novaes para

verificar os critérios de inclusão e exclusão. Os pacientes que se enquadraram foram

solicitados a confirmar o seu interesse em participar da pesquisa assinando o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida foram aplicadas todas as escalas e

avaliação clínica descritas anteriormente.

Após essas avaliações foi marcado um dia para o exame de fMRI. O exame

envolveu uma tarefa motora de abrir e fechar a mão comprometida, com um paradigma

evento-relacionado (ER), intercalando períodos de 16 segundos de repouso com 6

segundos de atividade motora. Os indivíduos receberam um comando sonoro para

realizar o protocolo e quando ouvia “mexe”, realizava o movimento abrindo e fechando

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a mão e quando ouvia “para”, deixava a mão em repouso. As imagens funcionais foram

adquiridas por sequências do tipo EPI (Echo Plannar Imaging) com os seguintes

parâmetros: TR/TE – 2000/60 ms, ângulo – 90o, FOV – 230 mm, largura da fatia – 3

mm, 118 volumes, 30 fatias. Em seguida foi adquirida uma imagem de boa resolução

anatômica (1 mm3) com uma sequência do tipo SPGR (T1) para futura visualização dos

resultados estatísticos da fMRI.

A avaliação por TMS foi realizada com o paciente sentado confortavelmente em

uma cadeira, com o braço em posição relaxada. Um eletrodo foi posicionado no

músculo adutor do polegar (quando não foi possível encontrar PEM nesse músculo foi

avaliado o músculo abdutor do polegar) da mão afetada e um eletrodo de referência foi

colocado sobre a proeminência da sétima vértebra cervical. Uma touca foi colocada na

cabeça do indivíduo para marcar o local da estimulação (Fig. 14).

Figura 14 - Avaliação por TMS, mostrando o posicionamento do indivíduo, da bobina para a aplicação dos pulsos e da touca utilizada para marcação do hot spot.

Inicialmente foi encontrado o hot spot, que é o local onde a estimulação produz

o máximo PEM. Em seguida, foi determinado o limiar motor de cada sujeito, indicada

pela intensidade mínima do aparelho de TMS capaz de evocar 5 PEM a cada 10

estimulações (Conforto, et al., 2004). A intensidade do estímulo de TMS foi definida

para cada sujeito, devendo ficar em 110% do limiar motor do músculo de interesse. Em

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seguida foram aplicados 10 pulsos de TMS em intervalos de tempo aleatórios durante

60 segundos.

Imediatamente após os exames (fMRI e TMS) foi realizada a TE. O indivíduo

sentou em cadeira com altura adequada, com

a qual foi colocada a caixa de espelho. Foram realizados exercícios ativos de abdução

adução, flexão-extensão e oponência dos dedos, além da pronação

mão sadia (Fig. 15) durante 30 minutos. Enquanto realizava o movimento com a mão

sadia o indivíduo observava a imagem refletida no espelho.

monitorado pela mestranda Morgana Novaes que a mão afetada não estava se

movimentando. Logo após a

TMS e fMRI.

Figura 15 - Exercícios utilizados momentos diferentes: início, meio e fim. A mão direita realiza o exercício sendo possível oseu reflexo pelo espelho.

4.6 Análise Estatística dos dadosEscalas

O desempenho nos testes da caixa de blocos, Purdue, escala

Meyer foram expressos como porcentagem de desempenho da mão comprometida com

10 pulsos de TMS em intervalos de tempo aleatórios durante

Imediatamente após os exames (fMRI e TMS) foi realizada a TE. O indivíduo

sentou em cadeira com altura adequada, com uma mesa posicionada à sua frente, sobre

a qual foi colocada a caixa de espelho. Foram realizados exercícios ativos de abdução

extensão e oponência dos dedos, além da pronação-supinação, com a

15) durante 30 minutos. Enquanto realizava o movimento com a mão

sadia o indivíduo observava a imagem refletida no espelho. Durante a terapia foi

monitorado pela mestranda Morgana Novaes que a mão afetada não estava se

Logo após a terapia, a mão afetada dos pacientes fo

Exercícios utilizados durante a TE. Cada bloco representa um tipo de exercício, em três momentos diferentes: início, meio e fim. A mão direita realiza o exercício sendo possível o

4.6 Análise Estatística dos dados

O desempenho nos testes da caixa de blocos, Purdue, escala

Meyer foram expressos como porcentagem de desempenho da mão comprometida com

45

10 pulsos de TMS em intervalos de tempo aleatórios durante

Imediatamente após os exames (fMRI e TMS) foi realizada a TE. O indivíduo

sua frente, sobre

a qual foi colocada a caixa de espelho. Foram realizados exercícios ativos de abdução-

supinação, com a

15) durante 30 minutos. Enquanto realizava o movimento com a mão

Durante a terapia foi

monitorado pela mestranda Morgana Novaes que a mão afetada não estava se

os pacientes foi reavaliada por

TE. Cada bloco representa um tipo de exercício, em três momentos diferentes: início, meio e fim. A mão direita realiza o exercício sendo possível observar

O desempenho nos testes da caixa de blocos, Purdue, escala ARAT e Fugl

Meyer foram expressos como porcentagem de desempenho da mão comprometida com

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relação à mão sadia ou com relação ao valor máximo da escala como para os dados do

Fugl Meyer.

Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística, pela utilização do

software GraphPad Prism versão 5.0, usando o teste t pareado. Os valores obtidos

foram expressos em média ± desvio padrão da média e foram considerados

significativos quando apresentaram valores de p < 0,05.

TMS

Os procedimentos de pré-processamento e processamento do sinal do PEM

foram realizados posteriormente à etapa de aquisição, por meio de um programa

desenvolvido em MATLAB pelo nosso grupo (chamado de MEPHunter). Uma vez que

os sinais de eletromiografia foram obtidos de forma contínua durante a aplicação dos

pulsos de TMS, o pré-processamento consistiu na seleção manual do início e do fim de

cada um dos 10 PEM. Em seguida foram extraídos os valores da amplitude do PEM

para análise estatística no programa GraphPad Prism versão 5.0.

Inicialmente foi feito o teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Em caso de

resultados positivos optou-se por utilizar avaliação paramétrica pelo teste t de Student e

em caso negativo optou-se por utilizar avaliações não paramétricas pelo teste de

Wilcoxon para dados pareados. Assim, para a análise de cada indivíduo foi comparada a

amplitude dos 10 PEM do sujeito antes e após a terapia pelo teste t de Student pareado.

Para a análise do grupo foi comparada a amplitude dos PEM de todos os indivíduos

antes e após a terapia pelo teste de Wilcoxon two tailed pareado. Foram consideradas

significativas diferenças com p<0.05.

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47

fMRI

Os dados de fMRI foram inicialmente pré-processados no programa de uso livre

FSL versão 4.1.5 (FRMIB Software Library, Oxford, United Kingdom). Para a correção

de movimento e correção temporal entre as fatias foram utilizadas as rotinas mcflirt e

slicetimer, respectivamente (Jenkinson, et al., 2002). Foram também aplicados filtros

temporais (passa-alta de 0,02 Hz) e de suavização espacial (filtro gaussiano com

FWHM de 5 mm). Os parâmetros obtidos na correção de movimento foram

inspecionados em cada sujeito para garantir que não seriam analisados dados de

indivíduos cujos movimentos excedessem 2 mm de translação e/ou 1˚ de rotação. Em

seguida, as imagens foram transformadas para o espaço padrão MNI 152 pela rotina flirt

do FSL (Jenkinson, et al., 2002; Jenkinson and Smith, 2001), que realiza apenas

transformações lineares no co-registro dos dois conjuntos de imagens.

A análise estatística das imagens já pré-processadas foi realizada no software

SPM5 (Statistical Parametric Mapping, Wellcome Institute of Cognitive Neurology,

London, United Kingdom). Inicialmente foram realizadas análises individuais, em cada

sujeito. A tarefa motora foi modelada por um só regressor utilizando os períodos

durante os quais a tarefa foi realizada. Foram também incluídos 6 regressores de

movimento (3 rotações e 3 translações). Foi feita a convolução entre esses regressores

(7, ao todo) e uma função de resposta hemodinâmica canônica (dupla gama). Esse

modelo foi estimado utilizando-se o GLM, a fim de se obter uma imagem contendo os

valores dos betas resultantes. Uma imagem de contraste foi gerada por meio de um teste

t de Student relativa à tarefa, tendo sido utilizado limiar estatístico com p < 0.001, sem

correção para múltiplas comparações.

A análise das imagens dos 7 indivíduos saudáveis foram submetidas às mesmas

etapas de pré-processamento e análise estatísticas descritas acima. Em seguida utilizou-

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se o resultado deste grupo para a criação de máscaras representativas das principais

regiões que compõem o sistema motor humano e que incluíram, neste estudo,

bilateralmente: área motora suplementar, córtex pré-motor, córtex motor primário,

córtex sensorial primário e cerebelo.

Para isso, uma vez obtidos os parâmetros estimados para o grupo controle, foi

estabelecido um limiar estatístico em p<0.001, sem correção. O mapa obtido foi em

seguida segregado anatomicamente para obtenção das regiões de interesse (ROI),

utilizando-se a rotina fslmaths, do FSL. O mapa obtido no grupo controle foi

transformado em uma imagem binária e, em seguida, multiplicado por uma imagem de

um atlas anatômico fornecido pelo FSL (Harvard-Oxford cortical e Cerebellum MNI

flirt). Nesse atlas os voxels possuem intensidades que variam de acordo com a região

anatômica à qual eles pertencem. Assim, após a multiplicação, obtivemos uma imagem

de intersecção na qual os voxels da imagem do controle possuem valores que os

diferenciavam em regiões anatômicas, criando uma máscara para cada ROI.

Para selecionar os voxels ativos em cada paciente nas ROI, foi multiplicada a

imagem contendo os mapas estatísticos de cada paciente às máscaras dos controles.

Foram extraídos dois parâmetros específicos, para posterior análise estatística,

utilizando o toolbox Marsbar, do SPM5: valores de beta e porcentagem de ocupação da

ROI. A porcentagem de voxels significativos de cada área e para cada paciente foi

realizada calculando:

(� º�� ������ � !� " #$% ��� �$ &á�#$'$ �� ($# ��%�)(�º �� ������ �$ &á�#$'$ ��� �$*�á�� �) × 100.

Para cada um desses voxels foi obtido o respectivo valor de beta. Foram avaliadas as

variações estatísticas desses dois parâmetros, em relação aos momentos antes e após a

terapia, com respeito aos seus valores médios e respectivos desvios padrão. Essas

análises post-hoc foram realizadas no software GraphPad Prism versão 5.0.

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Inicialmente foi feito o teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Em caso de

resultado negativo, optou-se por utilizar avaliação não paramétrica pelo teste de

Wilcoxon, para dados pareados. Foram consideradas significativas diferenças com

p<0.05.

4.7. Considerações Éticas

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres

Humanos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da

Universidade de São Paulo, com protocolo no 0086000429411 (Anexo D). Os exames

de TMS foram aprovados em protocolo distinto, no 02870004-10 (Anexo D).

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5. RESULTADOS

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51

Dos 15 pacientes selecionados, cinco não realizaram o exame de TMS: em dois

não foi detectado o PEM; em dois o sinal de EMG estava com muito ruído; e um não

pôde retornar para a segunda avaliação. Em outros quatro não foi possível realizar os

exames de fMRI: um usava aparelho auditivo e não conseguiria ouvir o comando

sonoro sem o aparelho; um apresentou claustrofobia e não concluiu o exame; dois

fizeram o exame mas tiveram que ser excluídos pela apresentação de artefato de

movimento. Dessa forma, onze pacientes foram avaliados por fMRI, dez por TMS e seis

foram avaliados tanto por fMRI como por TMS.

5.1. Caracterização dos dados pessoais e clínica dos pacientes

A avaliação dos dados pessoais e clínicos (tabela 1) mostrou que a maioria dos

indivíduos era do gênero masculino (67%), com hemisfério esquerdo acometido (53%),

lesão na artéria cerebral média (80%), destros (93%) e sem déficit cognitivo (87%). A

média de idade foi de 58 ± 10 anos e a média de tempo após o AVC foi 25 meses.

Tabela 1 - Características pessoais e clínicas dos pacientes acometidos por AVC. VARIÁVEIS NOMINAIS VALOR % Gênero

Masculino 67% Feminino 33 %

Hemisfério Afetado Esquerdo 53 % Direito 47 %

Artéria cerebral afetada Artéria cerebral média 80% Carótida interna 13% Artéria vertebral 7%

Dominância manual Esquerdo 7 % Direito 93 %

Cognição Com déficit 13 % Sem déficit 87 %

VARIÁVEIS CONTÍNUAS MÉDIA ± DP Idade (anos) 58 ± 10 Tempo pós AVC (meses) 25 ± 22

N=15.

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52

Com relação à função motora do membro superior, não foi verificada diferença

significativa no desempenho da mão afetada quando comparada à mão sadia, tanto pelo

ARAT como pela caixa de blocos. Por outro lado, a avaliação pelas escalas de Fulg

Meyer e o Purdue detectaram diferenças no desempenho da mão afetada (p <0,0025 e p

<0,0245, respectivamente). Essa observação revela que a amostra deste estudo não

apresentava déficits motores graves, e que as sequelas se revelaram nos aspectos mais

sutis do movimento como destreza manual fina (Purdue), sensibilidade e coordenação

(Fulg Meyer).

Tabela 2 - Caracterização do desempenho motor do grupo de pacientes por meio de 4 avaliações: ARAT, Caixa de Blocos, Fulg Meyer e Purdue. Os valores foram expressos como porcentagem de desempenho da mão afetada em relação à mão sadia e desvio padrão. O grupo apresentou alteração no desempenho quando avaliados pelas escalas de Fulg Meyer (** p< 0,005) e Purdue (* p<0.05). Wilcoxon two tailed; n=15.

% de desempenho Média ± DP P ARAT 91 ± 25 0,125 Caixa de blocos 82 ± 34 0,0946 Fulg Meyer 92 ± 12 0,0025** Purdue 75 ± 38 0,0245*

Características pessoais e clínicas de cada paciente podem ser observadas no

apêndice A.

5.2. Dados do TMS

Em um primeiro momento, foi avaliado se o grupo de pacientes apresentava

diferença significativa com relação à excitabilidade de M1 após a TE. Para tanto foram

comparados todos os PEM dos pacientes antes e após a terapia aplicando o teste de

Wilcoxon. Os resultados do grupo (Fig. 16) revelaram que a amplitude do PEM foi

maior após a terapia que antes (p<0,0001).

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53

****

Figura 16 - Amplitude dos Potenciais Evocados Motores (PEM) na mão afetada do grupo de pacientes antes e após a terapia. Os valores foram expressos em média e erro padrão médio. O PEM foi significativamente aumentado após a terapia (****p< 0,0001) quando comparado com seus valores antes da terapia. Wilcoxon two tailed pareado; n=10.

Para avaliar a consistência individual dos resultados, foi analisada a alteração

promovida pela TE em cada paciente. Para isso foram comparados os valores de

amplitude do PEM individuais antes e após a terapia. Para avaliar a significância

estatística foi utilizado um teste t de Student pareado (distribuição normal), que revelou

aumento significativo da amplitude em 4 indivíduos (Fig. 17). Representação do PEM

médio de um indivíduo que teve diferença significativa antes e após a terapia pode ser

visto na fig. 18. Nos outros 06 pacientes, não foi observada diferença significativa (Fig.

19). Representação do PEM médio de todos os indivíduos pode ser visto no apêndice B.

Amplitude do PEM (mV)

Figura 17 - Amplitude dos PEM na mão afetada dos quatro pacientes que apresentaram valores aumentados significativamente após a terapia (*p<0,05; **p<0,01 e ****p<0,0001) quando comparado com seus valores antes da terapia. Teste t de Student pareado.

Paciente 12

Paciente 13 Paciente 15

Paciente 5

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Figura 18 - Amplitude média do PEM antes e após a terapia na mão afetada

Am

plitu

de d

o P

EM

(m

V)

Pre terapia0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Am

plitu

de d

o P

EM

(m

V)

Pre terapia0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Am

plitu

de d

o P

EM

(m

V)

Pre terapia0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Figura 19 - Amplitude do PEM significativa no PEM quando comparados valores antes e

Amplitude média do PEM antes e após a terapia na mão afetada de um paciente.

Pós terapia

Am

plitu

de d

o P

EM

(m

V)

Pre terapia Pós terapia0.00

0.05

0.10

0.15

Pós terapia

Am

plitu

de d

o P

EM

(m

V)

Pre terapia Pós terapia0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Pós terapia Pre terapia Pós terapia0.0

0.2

0.4

0.6

Am

plit

ud

e d

o P

EM

(m

V)

Amplitude do PEM na mão afetada de seis pacientes que não apresentaram alteração quando comparados valores antes e após a TE. Teste t de Student

54

de um paciente.

Pós terapia

Pós terapia

Pós terapia

de seis pacientes que não apresentaram alteração

Student pareado.

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55

5.3. Dados fMRI

5.3.1. Média dos betas

Os dados de fMRI revelaram aumento do sinal BOLD, mensurado pelos valores

de beta, em algumas estruturas após a terapia, quando comparado a seus valores antes

da terapia. Todas as estruturas do sistema motor contralaterais ao movimento tiveram

esse comportamento, e apresentaram diferença significativa (Fig. 20): M1 (p<0,0001),

AMS (p<0,001), cerebelo (p<0,0001) e córtex pré-motor (p<0,0001).

AMS contralateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Média

dos

beta

s

***Cerebelo contralateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Média

do

s be

tas

****

Pre motor contralateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Média

do

s be

tas

****

m1 contralateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Média

do

s be

tas

****

Figura 20 - Valores de beta da Área Motora Suplementar (AMS), Cerebelo, Córtex Pré-motor e M1 contralaterais ao movimento da mão afetada, antes e após a terapia espelho no grupo de pacientes pós-AVC. Os valores médios foram significativamente aumentados após a terapia (***p<0,001 e ****p<0,0001) quando comparados aos valores antes da terapia. Wilcoxon two tailed pareado; n=11.

Alguns exemplos dessa modulação são apresentados nas figuras seguintes. Na

figura 21 são apresentados exemplos de dois pacientes com aumento significativo (p <

0,001, não corrigido) do valor de beta após o tratamento em M1 e no córtex pré-motor

contralaterais.

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56

Figura 21 - Mapas estatísticos de dois pacientes mostrando as regiões de M1 e córtex pré-motor contralaterais, onde o sinal BOLD apresentou aumento significativo após a TE. Valores de p < 0,001, não corrigido.

Outras regiões de interesse ligadas ao sistema motor, todas ipsilaterais ao

movimento, mostraram redução significativa do sinal BOLD após a intervenção (Fig.

22), como M1 (p<0,0001) e córtex pré-motor (p<0,001).

Pre motor ipsilateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Média

do

s be

tas

***

m1 ipsilateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Média

do

s be

tas

****

Figura 22 - Média dos betas das regiões do córtex pré-motor e M1 ipsilaterais ao movimento da mão afetada antes e após a terapia espelho, no grupo de pacientes pós-AVC. Os valores de beta foram significativamente reduzidos após a terapia (***p<0,001 e ****p<0,0001) quando comparados aos valores antes da intervenção. Wilcoxon two tailed pareado; n=11.

A figura a seguir mostra um mapa estatístico representativo demonstrando a

redução significativa do valor de beta em M1 ipsilateral.

Figura 23 - Mapa estatístico de um paciente, mostrando a região M1 ipsilateral onde o sinal BOLD apresentou redução significativa após a TE. Valor de p < 0,001, não corrigido.

Algumas regiões não mostraram alteração significativa do sinal BOLD (Fig. 24)

após a intervenção, como a AMS (p=0,9973) e o cerebelo (p=0,2512) ipsilaterais.

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57

AMS ipsilateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Média

dos b

eta

s

Cerebelo ipsilateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Média

do

s be

tas

Figura 24 - Valores dos betas da AMS e cerebelo ipsilaterais antes e após a TE no grupo de pacientes pós-AVC. As diferenças não foram significativas entre os instantes antes e após a terapia. Wilcoxon two tailed pareado; n=11.

As regiões de interesse ligada ao sistema sensorial mostraram redução

significativa do sinal BOLD após a intervenção (Fig. 25) tanto S1 ipsilateral (p<0,001)

quanto S1 contralateral (p<0,01).

s1 ipsilateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

Média

dos b

eta

s

***

s1 contralateral

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Média

do

s be

tas

**

Figura 25 - Média dos betas das regiões S1 ipsilateral e S1 contralateral, antes e após a TE no grupo de pacientes pós-AVC. Os valores de beta foram significativamente reduzidos após a terapia (**p<0,01 e ***p<0,001) quando comparados aos valores antes da intervenção. Wilcoxon two tailed pareado; n=11.

5.3.2. Porcentagem de ocupação das ROI

Além de avaliar alterações nos valores de beta, foi observada redução no que diz

respeito à porcentagem de ocupação (número de voxels significativos) em duas ROI:

córtex pré-motor contralateral (p<0,05) e cerebelo contralateral (p<0,001).

Pré motor contralateral

Antes Depois0

20

40

60

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s *

Cerebelo contralateral

Antes Depois0

20

40

60

80

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s

**

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58

Figura 26 - Porcentagem de ocupação do córtex pré-motor e cerebelo contralaterais do grupo de pacientes com AVC, antes e após a terapia espelho. A taxa de ocupação foi reduzida significativamente após a terapia (*p<0,05 e **p<0,001). Wilcoxon two tailed; n=11.

Nas demais ROI não houve alteração significativa após a TE, como pode ser

observado na figura 27, abaixo.

AMS contralateral

Antes Depois0

20

40

60

80

100

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s

AMS ipsilateral

Antes Depois0

20

40

60

80

100

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

sM1 contralateral

Antes Depois0

20

40

60

80

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s

M1 ipsilateral

Antes Depois0

20

40

60

80

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s

S1 contralateral

Antes Depois0

20

40

60

80

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s

S1 ipsilateral

Antes Depois0

20

40

60

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s

Cerebelo ipsilateral

Antes Depois0

20

40

60

80

100

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s

Pré motor ipsilateral

Antes Depois0

20

40

60

Porc

enta

gem

de v

oxe

ls a

tivo

s

Figura 27 - Média e desvio padrão da porcentagem de ocupação da AMS, M1 e S1 bilateral; cerebelo e córtex pré-motor ipsilateral, antes e após a TE. Os valores não foram significativamente alterados pela terapia. Wilcoxon two tailed; n=11.

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59

5.3.3. Correlação da variação do TMS com a variação do beta em M1

A fim de verificar se o ganho observado pelo TMS foi correspondente ao ganho

observado na fMRI, foi realizada a correlação entre a variação na amplitude do beta em

M1,

(.é/01 /23 45613 7ó3 6581701.é/01 /23 45613 78é 6581701),

com respeito à variação na amplitude do PEM:

(.é/01 /23 9:; 7ó3 6581701.é/01 /23 9:; 78é 6581701).

Como pode ser visto na figura 28 foi encontrada correlação positiva entre essas

duas variáveis, com coeficientes de Pearson e valores de p respectivamente iguais a r =

0,870 e p = 0,024. Porém, a figura deixa claro que a correlação foi fortemente

influenciada pelos dados de um único indivíduo. Desse modo, esse resultados deve ser

tratado com bastante cautela.

Figura 28 - Correlação entre a variação do beta (depois/antes) e a variação da amplitude do PEM (depois/antes) em M1 de cada paciente. A correlação foi positiva, com p = 0,024). Correlação de Pearson two-tailed.

0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,5

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Va

ria

ção

no

va

lor

de

be

ta

Variação na amplitude do PEM

TMS x fMRI (M1)

r = 0,870p = 0,024

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6. DISCUSSÃO

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61

Este trabalho teve por objetivo avaliar a modulação cortical promovida por uma

única seção da Terapia Espelho (TE) em pacientes acometidos por AVC isquêmico. De

forma geral, foram encontradas modulações sobre alguns componentes do sistema

motor, quando investigados por TMS e por fMRI.

Os dados de TMS revelaram o efeito da terapia pelo aumento na excitabilidade

de M1 do hemisfério afetado, representado pelo aumento na amplitude do PEM. Sabe-

se queo movimento de um membro projeta em especial para o hemisfério contralateral,

embora também promova modulação do hemisfério ipsilateral (Liepert, et al., 2001;

Muellbacher, et al., 2000). Baseado nessa observação, o movimento do membro sadio

tem sido utilizado na reabilitação de indivíduos com AVC, com o objetivo de modular a

excitabilidade de M1 ipsilateral à mão em movimento beneficiando a recuperação

funcional do membro afetado (Bütefisch, et al., 2000; Muellbacher, et al., 2002). Por

exemplo, exercícios bilaterais têm sido utilizados na reabilitação de pacientes com AVC

para promover melhora clínica do membro afetado (Whitall, et al., 2000). De forma

semelhante, a TE usa o movimento do membro sadio, sendo um possível mecanismo

para promover o aumento da excitabilidade de M1 observado neste trabalho.

Além do movimento da mão sadia, outro mecanismo capaz de alterar a

excitabilidade de M1 afetado é a observação do movimento. Estudos mostram que a

observação passiva de movimentos, na ausência de movimentos reais, facilita a

excitabilidade da área motora primária ou mais especificamente da área correspondente

aos músculos envolvidos na ação observada (Aziz-Zadeh, et al., 2002; Ertelt, et al.,

2007; Maeda, et al., 2002; Strafella and Paus, 2000). Desse modo, a observação da ação

motora tem sido utilizada como recurso para a reabilitação de pacientes com AVC e a

melhora no desempenho motor após o treino tem sido atribuída ao sistema de neurônios

espelhos (Ertelt, et al., 2007). Esse sistemafoi inicialmente descobertos em macacos (di

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Pellegrino, et al., 1992), sendo um tipo particular de neurônios que dispara tanto com a

realização da ação motora como pela observação da ação (Rizzolatti and Craighero,

2004). Ainda não se tem evidência direta da existência dos neurônios espelhos em

humanos, no entanto, dados de neuroimagem funcional sugerem a existência de um

sistema similar (Iacoboni, et al., 1999; Rizzolatti and Luppino, 2001).

Independente do mecanismo de ação da TE, o aumento da excitabilidade de M1

no hemisfério afetado parece ser de fundamental importância para a recuperação de

pacientes com AVC. Em um estudo usando TMS foi avaliado o prognóstico de

recuperação motora em 26 pacientes com AVC isquêmico de ACM sendo observada

correlação positiva entre a amplitude do PEM no primeiro dia pós-AVC e escores de

escalas de força muscular (Medical Research Council– MRC) e de independência

funcional para realização das atividades diárias (Índice de Barthel) medidas no 14º dia

após o AVC. Em outras palavras, a presença de PEM no primeiro dia após o AVC foi

indicativo de boa recuperação em longo prazo (Rapisarda, et al., 1996).

Outro estudo na mesma linha foi realizado em 15 pacientes com paralisia total

da mão e ausência de PEM no primeiro dia da lesão. Esses pacientes foram reavaliados

após 1 ano por TMS e por escalas clínicas, sendo observado que apenas 6 dos 15

apresentaram melhora clínica pelo National Institutes of Health - NIH, melhora esta não

acompanhada por aumento de funcionalidade avaliada pela escala de Barthel. Além

disso, o PEM detectado foi de baixa amplitude. Desse conjunto de resultados

corroboram com a hipótese que a ausência de resposta no TMS nas primeiras horas após

o AVC seria preditivo de pouca recuperação em longo prazo (Pennisi, et al., 1999).

Baseado nisso, há crescente interesse sobre métodos de reabilitação capazes de

aumentar a excitabilidade de M1 do hemisfério afetado a fim de proporcionar melhora

clínica de pacientes com AVC. Por exemplo, um estudo usando terapia de restrição

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63

mostrou aumento da amplitude do PEM de M1 do hemisfério afetado, em conjunto com

melhora no desempenho motor de pacientes com AVC crônico, indicando

excitabilidade neuronal reforçada no hemisfério afetado (Liepert, et al., 1998).

Resultado semelhante foi visto em 10 pacientes com AVC crônico, em que os dois

hemisférios foram avaliados por TMS, antes e após cada sessão de reabilitação motora

para o membro superior afetado. Antes do tratamento a amplitude do PEM na mão

afetada foi menor que na mão sadia. Após o tratamento a amplitude do PEM no

hemisfério afetado aumentou, se aproximando da amplitude detectada na mão sadia,

levando a dados de maior simetria hemisférica. O aumento na amplitude foi

correlacionado positivamente à melhora na função da mão/braço. Além disso, a redução

da assimetria na amplitude do PEM, pelo aumento na amplitude do PEM da mão

afetada nas duas primeiras sessões de terapia, foi fator preditivo da melhora em longo

prazo avaliado pela escala de Fugl-Meyer (Koski, et al., 2004).

De forma semelhante, estudos usando fMRI têm mostrado que a reabilitação

promove maior engajamento de áreas do hemisfério acometido pelo AVC. Resultado

semelhante foi visto neste trabalho, que mostrou aumento nos valores de beta nas áreas

corticais motora do hemisfério afetado após sessão única da TE. Outros estudos têm

mostrado, ainda, que o maior envolvimento do hemisfério afetado na atividade da mão

afetada está associado à melhora clínica (Carey, et al., 2002; Dong, et al., 2006; Kim, et

al., 2004; Levy, et al., 2001; Michielsen, et al., 2011a; Pelicioni, 2012). Por exemplo, o

treino com um programa intensivo de movimento dos dedos durante 18 a 20 semanas

levou à observação de recuperação do movimento da mão, e reorganização cortical em

10 sujeitos com AVC crônico. Foram estudadas 5 regiões bilateralmente: córtex

sensoriomotor, área motora primária, área sensitiva primária, córtex pré-motor e área

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64

motora suplementar. No pré-teste, o índice de lateralidade3 após o movimento da mão

afetada foi negativo, ou seja, a tarefa modulou predominantemente regiões ipsilaterais à

mão afetada. Esse padrão foi alterado após o tratamento, com índice de lateralidade

positivo, ou seja, evidenciando aumento do número de voxels nas áreas contralaterais,

exceto a área motora suplementar. Houve também melhora clínica, vista pelo

desempenho da caixa de blocos (Carey, et al., 2002).

Outro estudo usou a terapia de restrição em 8 pacientes com AVC por 2 semanas

e mostrou aumento progressivo do índice de lateralidade, devido à redução no número

de voxels significativos no hemisfério ipsilateral durante o movimento da mão afetada.

Além disso, o ponto médio do índice de lateralidade em M1 ipsilateral antecipou a

melhora clínica (entre pré e pós terapia) na escala de Wolf Motor Function Test

(WMFT), sugerindo a possibilidade de uso da fMRI para predizer o sucesso e duração

ótima da intervenção terapêutica (Dong, et al., 2006).

Em 2011 surgiu o primeiro trabalho associando o efeito clínico da TE e a

reorganização cortical subsequente em pacientes com AVC. Foram realizadas seis

semanas de tratamento em 9 pacientes do grupo espelho e 7 pacientes do grupo

controle. Após o tratamento, a melhora na escala de Fulg Meyer foi maior para o grupo

que usou o espelho acompanhado por aumento no índice de lateralidade de M1

(Michielsen, et al., 2011a). Na mesma linha, outro estudo foi realizado envolvendo

reabilitação fisioterapêutica comparando exercícios funcionais e exercícios não-

funcionais, em paciente pós-AVC em fase crônica. Foram coletados dados de fMRI e de

escalas clínicas. A melhora clínica do paciente esteve sempre acompanhada por padrão

de resposta mais restritivo ao córtex motor contralateral à mão afetada, com melhor

delimitação da ativação nas áreas motoras secundárias e ao redor da lesão; diminuição

3O índice de lateralidade é definido por (C – I)/(C + I), em que C é o número de voxels contralateral ao

movimento e I o número de voxels ipsilateral ao movimento.

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65

do espalhamento; diminuição da ativação do hemisfério sadio e ativação da AMS. No

entanto, quando o tratamento fisioterapêutico foi interrompido, os padrões de resposta

retornaram àqueles observados antes do início do tratamento (Pelicioni, 2012).

De forma geral, esses estudos mostram que a boa recuperação após a reabilitação

está relacionada ao maior engajamento do hemisfério afetado na realização da atividade

motora. Uma possível explicação para esse fenômeno seria a facilitação ao retorno do

equilíbrio na excitabilidade cortical. Em outras palavras, a reabilitação reduziria a

atividade inibitória excessiva do hemisfério sadio sobre o hemisfério afetado, tendo em

vista que a atividade inibitória excessiva transcalosa parece prejudicar a recuperação

pós-AVC (Murase, et al., 2004; Shimizu, et al., 2002; Ward and Cohen, 2004).

Baseado nisso, estudos têm sido conduzidos para inibir a atividade do hemisfério

sadio e aumentar a excitabilidade no hemisfério afetado. Por exemplo, pesquisadores

mostraram que o uso de TMS repetitivo de alta frequência (10 Hz) sobre o córtex motor

afetado de15 pacientes com AVC crônico promoveu aumento na excitabilidade cortical,

com aumento significativo na amplitude do PEM e melhora da precisão do desempenho

motor superior ao grupo controle (Kim, et al., 2006).

Por outro lado, com o objetivo de reduzir a inibição transcalosa, pesquisadores

usaram estimulação de baixa frequência (1 Hz) sobre o hemisfério sadio e avaliaram se

isso poderia aumentar o desempenho motor na mão lesionada de pacientes pós-AVC.

Foi observada redução na amplitude do PEM e na duração da inibição após estimulação

do hemisfério sadio, acompanhados por aumento na aceleração do movimento de pinça.

Desse modo, a inibição do hemisfério sadio causou facilitação do movimento na mão

afetada dos pacientes (Takeuchi, et al., 2005).

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66

Modulação semelhante ocorreu após intervenção única da TE no presente

estudo, com redução dos valores de beta em regiões motoras do hemisfério sadio, e

aumento dos valores de beta no hemisfério afetado.

Como vimos nos estudos abordados anteriormente, a recuperação clínica,

representada por melhora no desempenho motor após reabilitação, ocorre com maior

engajamento do hemisfério afetado. Essas modificações ocorrem em longo prazo e para

que isso aconteça é necessário modulação em curto prazo das vias existentes. A curto

prazo, após o treino de habilidades manuais na ordem de minutos ou horas, sendo

chamada de fase rápida, ou a longo prazo, após treino por semanas ou anos, sendo

chamada de fase tardia (Karni, et al., 1995; Sanes and Donoghue, 2000). Modificações

em duas fases têm sido consistentemente observadas em indivíduos saudáveis. Em um

desses estudos, sujeitos foram treinados para a execução da tarefa motora de oposição

dos dedos da mão não dominante em direção ao polegar em duas sequências diferentes.

Uma delas, em sessões de 10 a 20 minutos diários, durante várias semanas, a outra,

controle, realizada apenas no dia da avaliação. O treino da sequência produziu melhora

na velocidade para execução da sequência, atingindo já na 3a semana o dobro da

frequência inicial, e melhora na acurácia. Essas alterações foram específicas para a mão

treinada, com pouca ou nenhuma transferência do aprendizado para a outra mão. Além

disso, os resultados de fMRI revelaram que inicialmente houve redução na área de

ativação de M1, mas após semanas de treino, a extensão da área cortical ativada para a

sequência praticada aumentou.

De forma semelhante ao aprendizado de habilidades manuais em indivíduos

saudáveis, os pacientes após a reabilitação desenvolvem novas habilidades motoras a

partir da reorganização do sistema motor. Essas modificações também advém de um

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processo de aprendizado motor, que pode ser inferido a partir do comportamento

observado, ou seja, do desempenho na execução da tarefa (Magill, 2002).

Como o nosso trabalho avaliou o efeito de intervenção única por 30 minutos de

TE, encontramos alterações semelhantes às que ocorrem na fase inicial de aprendizado

de atividade motora, ou seja, redução na área de ocupação das regiões de interesse. No

presente estudo, esse efeito foi significativo nas regiões pré-motora e cerebelo

contralaterais à mão em movimento. No entanto, não podemos afirmar que essa redução

está associada à melhora no desempenho motor, e consequente aprendizado após a TE,

tendo em vista que não foi realizada nova avaliação clínica após a terapia.

De qualquer forma, é possível que a redução encontrada esteja relacionada ao

fortalecimento de conexões sinápticas específicas, como ocorre nos mecanismos de

aprendizado de Hebb, com os elementos pré e pós-sinápticos reforçados após ocorrerem

coincidentemente e coma liberação de neurotransmissores em algumas dezenas de

milissegundos depois da chegada de vários potenciais de ação pós-sináptico (Song and

Abbott, 2001; Song, et al., 2000).

Prolongadas entradas sensoriais induzindo despolarização na região peri-infarto

(Brown, et al., 2009) podem manter os neurônios próximos ao limiar por mais tempo e

facilitar a atividade dependente do potencial de ação de outras aferências relacionadas

funcionalmente, levando à ativação coincidente. Essas conexões ativas

coincidentemente formam um circuito comportamentalmente relevante e são

selecionados para retenção ou reforço. Por outro lado, as conexões sinápticas que são

ativadas fora de fase são enfraquecidas.

Baseado nisso, a atividade coincidente em determinado circuito sobrevivente ou

em novo circuito formado por brotamento axonal após AVC, que esteja funcionando

com impulso suficiente para produzir potenciais de ação pós-sinápticos que são

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pareados com entrada de estímulos pré-sinápticos podem ser fundamentais para a

reabilitação. No entanto, não existe evidência direta desses mecanismos em pacientes

após AVC. Uma possível hipótese deste trabalho é de que a TE pode ajudar a canalizar

atividade coincidente em circuitos que sejam úteis para um membro afetado por AVC

fortalecendoas sinapses específicas e reduzindo potencialmente a eficácia em outras.

Assim, observando os vários marcadores neurobiológicos que foram modulados,

como aumento do Potencial Evocado Motor, aumento dos valores de beta e redução na

porcentagem de ocupação, por um possível mecanismo de fortalecimento sináptico no

hemisfério afetado, podemos atribuir esta neuromodulação encontrada como efeito da

terapia, que promoveu um maior engajamento do hemisfério afetado para o movimento

da mão comprometida. Pois, embora não tenha sido reavaliado o grupo sem ter feito a

terapia, não era de se esperar um efeito aleatório seguindo o padrão de reorganização

bem estabelecido como o que foi visto no nosso grupo que participou da intervenção,

reforçando mais uma vez que a neuromodulação com um padrão bem estabelecido

como encontrado nesse trabalho foi possivelmente decorrente da Terapia Espelho.

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7. CONCLUSÕES

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A intervenção única da Terapia Espelho, em pacientes acometidos por Acidente

Vascular Cerebral, foi capaz de alterar marcadores neurobiológicos, como:

Aumento no Potencial Evocado Motor (PEM) do membro afetado, sugerindo

aumento da excitabilidade de M1 no hemisfério afetado pelo AVC;

Alteração nos parâmetros específicos da fMRI, expressos de duas formas:

aumento da amplitude do sinal na maioria das estruturas do sistema motor dohemisfério

afetado e redução no outro hemisfério. Esses dados podem estar relacionados à redução

da inibição inter-hemisférica e aumento da homeostasia do sistema em direção ao

padrão observado em indivíduos saudáveis;

Além disso, foi observada redução na porcentagem de ocupação de duas áreas

importantes para atividade motora: o córtex pré-motor e o cerebelo contralateral. Há

indícios que essa alteração esteja relacionada a processos de aprendizado. Porém, tendo

em vista que não foi avaliado o desempenho motor após a intervenção da TE, não

podemos afirmar que houve aperfeiçoamento da habilidade motora;

Verificou-se também correlação da alteração do PEM com alteração no sinal da

fMRI na região motora primária. Embora a correlação tenha sido fraca e fortemente

afetada pelos dados um único indivíduo, essa relação deve ser buscada em estudos que

envolvam maior número de indivíduos.

Não houve correlação dos dados do PEM e parâmetros da fMRI com as escalas

clínicas de avaliação motora, sendo portanto encontrado alteração dos marcadores

neurobiológicos em pacientes com diferentes graus de déficit. Cabe notar, porém, que as

avaliações por escalas clínicas foram realizadas apenas no momento anterior à TE,

desse modo, restringindo significativamente o horizonte de investigação.

Baseado nos resultados, este estudo sugere efeito benéfico da Terapia Espelho,

já em intervenção única, otimizando a neuroplasticidade em pacientes com AVC e

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promovendo alteração nos marcadores neurobiólogicos em direção aos padrões

próximos do normal.

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8. REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A - TABELA COM DADOS PESSOAIS E CLÍNICOS DE CADA PACIENTE ACOMETIDO POR AVC

Tabela 3 - Características pessoais e clínicas de cada paciente acometido por AVC. Os valores das 4 avaliações foram expressos como porcentagem de desempenho da mão afetada em relação à mão sadia e desvio padrão.

P Sexo Idade Tempo de AVC-meses

Dimídio afetado

Dominância manual

Mini mental

Laudo Tomografia ou Ressonância Local da lesão

ARAT Fugl Meyer

Caixa Blocos

Purdue

1 F 34 96 direito direita NÃO ACM esq. acometendo coroa radiada

e centro semioval. Subcortical 100,00 97,37 95,38 131,36

2 M 65 24 direito direita NÃO ACM esq. acometendo regiao fronto-

parietal esq. Cortical 5,26 56,58 0,00 0,00

3 M 58 13 direito direita NÃO Artéria vertebral esq. acometendo o

bulbo. Subcortical 100,00 98,68 89,58 65,75

4 F 59 22 direito direita NÃO ACM esq. acometendo núcleo

lentiforme e coroa radiada Subcortical 100,00 97,37 114,81 89,66

5 M 68 32 direito direita NÃO ACM esq. atingindo cápsula. Subcortical 98,25 94,74 82,98 63,30

6 F 56 12 direito direita NÃO ACM esq. Núcleos da base e coroa

radiada a esquerda. Subcortical 100,00 100,00 77,55 82,21

7 M 47 41 direito direita SIM ACM esq. atingindo região fronto-

temporal e ínsula. Subcortical e cortical

100,00 94,74 97,56 108,60

8 F 76 11 direito direita SIM ACM esq. acometendo centro

semioval, coroa radiada e parietal. Subcortical e cortical

100,00 100,00 96,67 82,08

9 F 54 14 esquerdo direita NÃO ACM dir. fronto temporal. Cortical 100,00 97,37 112,77 123,07

10 M 64 6 esquerdo direita NÃO Carotida interna dir. acometendo

região temporo-parietal. Cortical 78,95 78,95 28,07 8,33

11 M 60 24 esquerdo direita NÃO ACM dir. (nucleo capsular). Subcortical 100,00 100,00 112,50 100,00

12 M 54 19 esquerdo direita NÃO Arteria Carótida Interna dir. Córtico-

subcortical. Subcortical e cortical

100,00 90,79 70,37 71,88

13 M 60 36 esquerdo direita NÃO ACM dir. Núcleos da base, ínsula e

coroa radiada. Subcortical 84,21 84,21 43,55 47,04

14 M 62 14 esquerdo esquerda NÃO ACM dir. Núcleos da base à coroa

radiada a direita. Subcortical 100,00 98,68 111,76 105,15

15 M 59 7 esquerdo direita NÃO ACM e ACA dir. Subcortical e cortical

100,00 92,11 95,35 53,14

P = pacientes, F= feminino, M= masculino, ACM = Artéria Cerebral Média; ACA= Artéria Cerebral Anterior; esq. = esquerda; dir. = direita. O destaque em vermelho representa os indivíduos que apresentaram diferença significativa quando comparados os PEM antes e após a terapia.

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APÊNDICE B - POTENCIAL EVOCADO MOTOR DE CADA PACIENTE ANTES E APÓS A TERAPIPOTENCIAL EVOCADO MOTOR DE CADA PACIENTE ANTES E APÓS A TERAPI

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POTENCIAL EVOCADO MOTOR DE CADA PACIENTE ANTES E APÓS A TERAPIA

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Fig. 29 – Representação da amplitude média do PEM antes e após a terapia na mão afetada de cada paciente.Representação da amplitude média do PEM antes e após a terapia na mão afetada de cada paciente.

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Representação da amplitude média do PEM antes e após a terapia na mão afetada de cada paciente.

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APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO I

Este é um convite para você participar da pesquisa “REPERCUSSÃO DA TERAPIA DE RESPOSTA

AO ESTÍMULO VISUAL DO ESPELHO EM INDIVÍDUOS PÓS ACIDENTE VASCULAR

CEREBRAL ISQUÊMICO AVALIADOS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA” que é coordenada pelo

Prof. Dr. Octávio Marques Pontes-Neto e Prof. Dr. Dráulio Barros de Araújo. Sua participação é

voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento,

sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.

Essa pesquisa procura avaliar a recuperação da função da mão e da reorganização do cérebro após o

tratamento com fisioterapia e com terapia do espelho. Justifica-se na possibilidade de documentar a

eficácia da terapia com espelho, fornecer entendimento sobre o processo de reorganização cortical, além

de ajudar para o delineamento de programa de tratamento fisioterapêutico.

Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) aos seguintes procedimentos:

• Exame de Ressonância Magnética funcional, avaliação por escalas de funcionalidade e terapia

do espelho, sendo em seguida reavaliado.

Os riscos envolvidos com sua participação são:

• O forte magnetismo pode deslocar ou atrapalhar o funcionamento de objetos metálicos

implantados; as pessoas podem ficar muito ansiosas e ter dificuldade para ficar deitadas

imóveis durante os períodos relativamente prolongados do exame; o ruído criado é um

ponto inconveniente e perigoso para o paciente. Estes riscos serão minimizados através

das seguintes providências: a ressonância magnética não será utilizada em pessoas com

objetos metálicos no corpo; será explicado todo o procedimento antes e em caso de

desconforto o exame será interrompido; tampões de ouvido e fones serão usados para

minimizar o ruído;

• Os exercícios podem causar desconfortos e fadiga no paciente. No entanto, será

monitorado o conforto do paciente na realização dos exercícios através de

questionamento ao paciente, observação de sinais clínicos e monitoramento da pressão

arterial; durante todo momento, o sujeito da pesquisa será incentivado a fazer

questionamentos sobre a pesquisa ou dúvidas relacionados com o procedimento que

estará sendo submetido.

Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa:

• Contribuir para o entendimento da ciência no tratamento fisioterapêutico do AVC para que

possamos melhorar cada vez mais a reabilitação desta população.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os

dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar

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os voluntários. Se você tiver algum gasto devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido,

caso solicite e se sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito a

indenização pelos pesquisadores. Você tem a garantia de receber qualquer informação adicional ou

esclarecimentos que julgar necessário, a qualquer tempo do estudo.

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá

perguntar para a pesquisador colaborador Prof Dr. Octávio Marques Pontes Neto, telefones (16)

91378919 , (16) 36021222 e e-mail [email protected], ou diretamente para a pesquisadora

Morgana Menezes Novaes, no endereço profissional Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto:

Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento. Faculdade de Medicina de Ribeião Preto

– USP.

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios

envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa Repercussões da terapia do espelho:

Reorganização cortical em indivíduos pós Acidente Vascular Isquêmico.

( ) CONCORDO ( ) NÃO CONCORDO

__________________________________________________________ Participante da pesquisa ou responsável legal

__________________________________________________________ Pesquisador responsável Morgana Menezes Novaes

__________________________________________________________ Pesquisador responsável Prof. Dr. Octávio Marques Pontes-Neto

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APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO II

Você está sendo convidado (a) a participar de um trabalho de pesquisa que será desenvolvido no Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP intitulado: Terapia de Eletroestimulação

para Espasticidade em Pacientes com Acidente Vascular Cerebral

JUSTIFICATIVA E OBJETIVO DA PESQUISA

Este projeto de pesquisa é sobre um método de tratamento da espasticidade, que é o aumento da

resistência a movimentação de uma parte do corpo, e que pode acontecer em pessoas que tiveram lesão do

cérebro como um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Este tratamento será feito através de estímulos

elétricos indolores (eletroestimulação) aplicados na região do antebraço. É a mesma eletroestimulação

comumente utilizada pela fisioterapia. Utilizaremos também um novo método de avaliação chamado

Estimulação Magnética Transcraniana.

A eletroestimulação tem sido descrita como um tratamento eficaz para a espasticidade, porém ainda não

está bem estabelecida e comprovada. O objetivo deste estudo é analisar o real efeito deste tipo de

tratamento em pacientes com espasticidade em antebraço e mão causada por AVC.

PESSOAS QUE PARTICIPARÃO DA PESQUISA

Participarão deste estudo pessoas que possuem AVC e espasticidade em mão e antebraço, e pessoas sem

nenhuma lesão no cérebro.

PROCEDIMENTOS A QUE VOCÊ SERÁ SUBMETIDO

Para conhecer melhor o efeito da eletroestimulação, você será submetido a avaliações da função

do sistema nervoso, da musculatura da mão e do antebraço descritas abaixo:

- avaliação neurológica clínica onde serão feitos testes neurológicos, perguntas sobre doenças pré-

existentes, medicamentos em uso e informações sobre a prática de atividade física;

- registro de sinais provenientes da contração muscular denominados eletromiograma (EMG) por meio de

nove (9) eletrodos de superfície (adesivos colocados na pele), que não machucam, e que serão colocados

sobre a pele dos músculos a serem investigados. Para a colocação dos eletrodos, será necessário retirar os

pêlos do local com uma lâmina de barbear descartável, que será jogada fora imediatamente após esta

etapa e, em seguida, limpar com sabão neutro e uma esponja.

- aplicação da eletroestimulação para tratamento da espasticidade, aplicada por meio de dois eletrodos

posicionados no antebraço acometido pelo AVC, durante 30 minutos, uma única vez.

- avaliação dos sinais de resposta do músculo, com um equipamento que será colocado em suave contato

com a sua cabeça e, após um som de “clique”, você sentirá um de seus músculos do antebraço contrair.

Esta avaliação é chamada de Estimulação Magnética Transcraniana. Esse teste é totalmente indolor e é

induzido pela geração de um campo magnético neste dispositivo. Esta avaliação será realizada antes e

após o tratamento da eletroestimulação.

- exame de ressonância funcional onde você ficará deitado(a) no aparelho de ressonância e será solicitado

que você abra e feche a mão acometida pelo AVC, segundo as orientações do avaliador.

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- Fotos e filmagem dos procedimentos.

Serão analisados os exames de tomografia ou ressonância magnética que o/a senhor (a) fez no hospital a

pedido do médico.

Você será orientado e acompanhado por um pesquisador responsável em todos os momentos do estudo.

BENEFÍCIOS ESPERADOS, RISCOS E DESCONFORTOS

Todos os exames realizados neste estudo não causam dor nem prejudicam a saúde. Apenas o exame de

eletroestimulação pode causar uma sensação de formigamento somente durante o tratamento e o exame

de EMT que pode causar uma sensação de choque bem leve.

O principal benefício é a possibilidade de, com o melhor conhecimento, melhorar a espasticidade e a

movimentação da mão das pessoas que tiveram AVC.

OUTRAS INFORMAÇÕES

- Não será necessário que você fique internado para realizar os exames deste estudo. Será necessário

aproximadamente 30 minutos para cada exame, podendo ultrapassar este tempo o exame da cadeira e de

ressonância magnética funcional.

- Durante todo o tempo dos exames e do estudo você será acompanhado.

- Você tem a garantia de receber qualquer informação adicional ou esclarecimentos que julgar necessário,

a qualquer tempo do estudo.

- A sua recusa em participar do estudo não lhe trará qualquer prejuízo ao tratamento.

- As informações obtidas pelo estudo serão estritamente confidenciais, estando garantidos o seu

anonimato e privacidade na apresentação ou divulgação dos resultados, das fotos e filmagens.

- Será realizado o ressarcimento de eventuais despesas decorrentes da sua participação nesta pesquisa.

Eu,__________________________________________________________________________________

RG nº: _________________, RGHC n.º_____________ residente

à______________________________________________________________________, nº ________,

bairro__________________, cidade:________________ - _________, declaro que tenho _____ anos de

idade e que concordo em participar, voluntariamente, na pesquisa conduzida pelos alunos responsáveis e

por seu respectivo orientador.

Declaro estar ciente de minha participação na pesquisa intitulada “Terapia de Eletroestimulação para

espasticidade em Pacientes com Acidente Vascular Cerebral” e dou plena autorização e consentimento à

Universidade de São Paulo (USP), através do Departamento de neurologia, Psiquiatria e Psicologia

Médica, para realizar as avaliações pertencentes ao estudo.

Declaro ter conhecimento de que não serei submetido a nenhum tipo de procedimento sem meu

consentimento prévio e de que estes procedimentos não provocarão qualquer tipo de desconforto ou risco

a minha saúde, não existindo nenhum tipo de seguro de saúde que eu possa me beneficiar, e que posso

desistir de participar a qualquer momento, inclusive durante os procedimentos do experimento.

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Os responsáveis pelo estudo me explicaram todos os riscos envolvidos, a necessidade da pesquisa e se

prontificaram a responder todas as minhas questões sobre o experimento e é meu direito manter uma

cópia deste consentimento.

Data: ____/____/_____.

( ) CONCORDO ( ) NÃO CONCORDO

________________________________________ ________________________________________ Nome do voluntário ou responsável legal Assinatura do voluntário ou responsável legal

_________________________________________ ____________________________________ Doutorando André Salles Cunha Peres Prof. Dr. João Pereira Leite

Telefones: (16) 63023778/(16) 88265525 Orientador e docente do Departamento da Neurologia e-mail: [email protected] HCFMRP-USP

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APÊNDICE E - ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA

Nome:_____________________________________________Data:____/____/____

1. Idade: ______anos.

2. Sexo: Masculino 1 [ ] Feminino 2 [ ]

3. Grau de escolaridade:

[ ] Ensino Fundamental [ ] Ensino Médio [ ] Ensino Superior

[ ] Incompleta 1[ ] Completa 2[ ]

4. Tempo de AVE:_________________

5. Dimídio afetado:________________

6. Dominância manual: Direita [ ] Esquerda [ ]

7. Local do AVE:___________________________________

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ANEXO A - MINI EXAME DO ESTADO MENTAL

1. Orientação (1 ponto por cada resposta correta) Em que ano estamos? _____ Em que mês estamos? _____ Em que dia do mês estamos? _____ Em que dia da semana estamos? _____ Em que estação do ano estamos? _____ Nota:____ Em que país estamos? _____ Em que distrito vive? _____ Em que terra vive? _____ Em que casa estamos? _____ Em que andar estamos? _____ Nota:____

2. Retenção (contar 1 ponto por cada palavra corretamente repetida) "Vou dizer três palavras; queria que as repetisse, mas só depois de eu as dizer todas; procure ficar a sabê-las de cor". Pêra _____ Gato _____ Bola _____ Nota:____

3. Atenção e Cálculo (1 ponto por cada resposta correta. Se der uma errada mas depois continuar a subtrair bem, consideram-se as seguintes como corretas. Parar ao fim de 5 respostas) "Agora lhe peço que me diga quantos são 30 menos 3 e depois ao número encontrado volta a tirar 3 e repete assim até eu lhe dizer para parar". 27_ 24_ 21 _ 18_ 15_ Nota:____

4. Evocação (1 ponto por cada resposta correta.) "Veja se consegue dizer as três palavras que pedi há pouco para decorar". Pêra ______ Gato ______ Bola ______ Nota:____

5. Linguagem (1 ponto por cada resposta correta) a. "Como se chama isto? Mostrar os objetos: Relógio ____ Lápis______ Nota:____ b. "Repita a frase que eu vou dizer: O RATO ROEU A ROLHA" Nota:____ c. "Quando eu lhe der esta folha de papel, pegue nela com a mão direita, dobre-a ao meio e ponha sobre a mesa"; dar a folha segurando com as duas mãos. Pega com a mão direita____ Dobra ao meio ____ Coloca onde deve____ Nota:____ d. "Leia o que está neste cartão e faça o que lá diz". Mostrar um cartão com a frase bem legível: "FECHE OS OLHOS"; sendo analfabeto lê-se a frase. Fechou os olhos____ Nota:____

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e. "Escreva uma frase inteira aqui". Deve ter sujeito e verbo e fazer sentido; os erros gramaticais não prejudicam a pontuação. Frase:

Nota:____ 6. Habilidade Construtiva (1 ponto pela cópia correta.)

Deve copiar um desenho. Dois pentágonos parcialmente sobrepostos; cada um deve ficar com 5 lados, dois dos quais intersectados. Não valorizar tremor ou rotação. Cópia:

Nota:____ TOTAL(Máximo 30 pontos):____

Considera-se com defeito cognitivo: • analfabetos ≤ 15 pontos • 1 a 11 anos de escolaridade ≤ 22 • com escolaridade superior a 11 anos ≤ 27

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ANEXO B - TESTE DA AÇÃO DA EXTREMIDADE SUPERIOR

A. Subteste: Agarrar

1. Bloco de 1"

2. Bloco de 2"

3. Bloco de 3"

4. Bloco de 4"

5. Bola de 3"

6. Caroço de feijão

B. Subteste: Pegar

1. Colocar água de um copo para outro

2. Tubo de 1"

3. Tubode 1 cm

4. Colocar anilha sobre um parafuso

C. Subteste: Pinçar

1. Levantar esfera com dedo anelar e polegar

2. Levantar esfera com dedo médio e polegar

3. Levantar esfera com dedo indicador e polegar

4. Levantar bola de gude com dedo anelar e polegar

5. Levantar bola de gude com dedo indicador e polegar

D. Subteste de movimentos grosseiros

1. Colocar a mão atrás da cabeça

2. Colocar a mão no topo da cabeça

3. Colocar a mão na boca

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ANEXO C – ESCALA DE AVALIAÇÃO DE FUGL-MEYER

TESTE PONTUAÇÃO II. Sensibilidade: – Exterocepção: membro superior, palma da mão Pont. máx: (4)

0 – anestesia 1 – hipoestesia/ disestesia 2 – normal

–Propriocepção: ombro, cotovelo, punho, polegar Pont. máx: (8)

0 – nenhuma resposta correta (ausência de sensação) 1 – ¾ das respostas são corretas, mas há diferença entre o lado não afetado 2 – todas as respostas são corretas

III. Função motora de membro superior 1 – Motricidade reflexa: bíceps/ tríceps ( ) (2)

Pont. máx: (4)

0 – sem atividade reflexa 2 – atividade reflexa presente

2 – Sinergia flexora: elevação, retração de ombro, abdução + 90, rot. externa, supinação ( ) Pont. máx:(10)

0 – tarefa não pode ser realizada completamente

*

1 – tarefa pode ser realizada parcialmente

2 – tarefa é realizada perfeitamente

3 – Sinergia extensora: adução do ombro, extensão cotovelo, pronação Pont:(6)

*

4 – Movimentos com e sem sinergia: a) mão a coluna lombar ( ) b) flexão de ombro até 90º ( ) c) prono-supinação (cotov. 90º e ombro 0º) ( ) d) abdução ombro a 90º com cotov. estendido e pronado ( ) e) flexão de ombro de 90º a 180º ( ) f) prono-supinação (cotov. estendido e ombro fletido de 30 a 90º ( ) Pont. máx: (12)

a) * b) 0 – se o início do mov. o braço é abduzido ou o cotovelo é fletido 1 – se na fase final do mov., o ombr o abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo 2 – a tarefa é realizada perfeitamente c) 0 – Não ocorre posiciona/o correto do cotovelo e ombro e/ou pronação e supinação não pode ser realizada complet/e 1 – prono-supino pode ser realizada com ADM limitada e ao mesmo tempo o ombro e o cotovelo estejam corretamente posicionados 2 – a tarefa é realizada completamente d) 0 – não é tolerado nenhuma flexão de ombro ou desvio da pronação do antebraço no INÍCIO do movimento 1 – realiza parcialmente ou ocorre flexão do cotovelo e o antebraço não se mantêm pronado na fase TARDIA do movimento 2 – a tarefa pode ser realizada sem desvio e) 0 – o braço é abduzido e cotovelo fletid o no início do movimento 1 – o ombro abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo na fase final do movimento 2 – a tarefa é realizada perfeitamente f) 0 – Posição não pode ser obtida pelo paciente e/ou prono-supinação não pode ser realizada perfeitamente 1 – atividade de prono-supinaçãopod e ser realizada mesmo com ADM limitada e ao mesmo tempo o ombro e o cotovelo estejam corretamente posicionados 2 – a tarefa é realizada perfeitamente

5 – Atividade reflexa normal: ( ) bíceps / tríceps/ flexor dedos (avalia-se o reflexo somente se o paciente atingiu nota 2 para os itens d), e), f) do item anterior) Pont. máx: ( 2)

0 – 2 ou 3 reflexos estão hiperativos 1 – 1 reflexo esta marcadamente hiperativo ou 2 estão vivos 2 – não mais que 1 reflexo esta vivo e nenhum esta hiperativo

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6 – Controle de punho: a) Cotovelo 90º, ombro 0º e pronação, c/ resistência. (assistência, se necessário) ( ) b) Máxima flexo-extensão d e punho, cotov. 90º, ombro 0º, dedos fletidos e pronação (auxílio se necessário) ( ) c) Dorsiflexão com cotovelo a 0º, ombro a 30º e pronação, com resistência (auxílio) ( ) d) Máxima flexo-extensão, com cotov. 0º, ombro a 30º e pronação (auxílio) ( ) e) Circundução ( ) Pont. máx:(10)

a) 0 – o pcte não pode dorsifletir o punho na posição requerida 1 – a dorsiflexão pode ser realizada, mas sem resistência alguma 2 – a posição pode ser mantida contra alguma resistência b) 0 – não ocorre mov. voluntário 1 – o pcte não move ativamente o punho em todo grau de movimento 2 – a tarefa pode ser realizada c) Idem ao a) d) Idem ao b) e) Idem ao b)

7 – Mão: a) flexão em massa dos dedos ( ) b) extensão em massa dos dedos ( ) c)Preensão 1: Art. metacarpofalangeanas (II a V) estendidas e interfalangeanas distal e proximal fletidas. Preensão contra resistência ( ) d) Preensão 2: O paciente é instruído a aduzir o polegar e segurar um papel interposto entre o polegar e o dedo indicador ( ) e) Preensão 3: O paciente opõe a digital do polegar contra a do dedo indicador, com um lápi s interposto ( ) f) Preensão 4: Segurar com firmeza um objeto cilíndrico, com a superfície volar do primeiro e segundo dedos contra os demais ( ) g) Preensão 5: o paciente segura com firmeza uma bola de tênis ( ) Pont. máx: (14)

a) * b) 0 - nenhuma atividade ocorre 1 – ocorre relaxamento (liberação) da flexão em massa 2 – extensão completa (comparado com mão não afetada) c) 0 – posição requerida não pode ser realizada 1 – a preensão é fraca 2 – a preensão pode ser mantida contra considerável resistência d) 0 - a função não pode ser realizada 1 – o papel pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão 2 – um pedaço de papel é segurado firmemente contra um puxão e) 0 – a função não pode ser realizada 1 – o lápis pode ser mantido no l ugar, mas não contra um leve puxão 2 – o lápis é segurado firmemente f) 0 – a função não pode ser realizada 1 – o objeto interposto pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão 2 – o objeto é segurado firmemente contra um puxão g) 0 – a função não pode ser realizada 1 – o objeto pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão 2 – o objeto é segurado firmemente contra um puxão

IV. Coordenação/ Velocidade MS: a) Tremor ( ) b) Dismetria ( ) c) Velocidade: Index-nariz 5 vezes, e o mais rápido que conseguir ( ) Pont. máx: (6)

a) 0 – tremor marcante/ 1 – tremor leve/ 2 – sem tremor b) 0 – dismetria marcante/ 1 – dismetria leve/ 2 – semdismetria c) 0 – 6 seg. mais lento que o lado não afetado/ 1 – 2 a 5 seg. mai s lento que o lado não afetado/ 2 – menos de 2 segundos de diferença

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ANEXO D - FICHA DE APROVAÇÃO DO SISNEP

FICHA DE APROVAÇÃO DO SISNEP

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