UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA … · medida preventiva ao seu surgimento tem sido...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
O EFEITO HIPOTENSOR DO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO NÃ O É DIFERENTE
EM PROTOCOLO DE EXERCÍCIO CONTÍNUO OU FRACIONADO EM INDIVÍDUOS
NORMOTENSOS
Nome dos autores:
Joyce Aparecida Cunha
Mayara Xavier Mendes
Diamantina
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
O EFEITO HIPOTENSOR DO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO NÃ O É DIFERENTE
EM PROTOCOLO DE EXERCÍCIO CONTÍNUO OU FRACIONADO EM INDIVÍDUOS
NORMOTENSOS
Nome dos autores:
Joyce Aparecida Cunha
Mayara Xavier Mendes
Orientador:
Flávio de Castro Magalhães
Co-Orientador:
Marco Fabrício Dias Peixoto
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Educação Física, como parte dos
requisitos exigidos para a conclusão do curso.
Diamantina
2012
O EFEITO HIPOTENSOR DO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO NÃ O É DIFERENTE
EM PROTOCOLO DE EXERCÍCIO CONTÍNUO OU FRACIONADO EM INDIVÍDUOS
NORMOTENSOS
Joyce Aparecida da Cunha
Mayara Xavier Mendes
Flávio de Castro Magalhães
Marco Fabrício Dias Peixoto
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Educação Física, como parte dos
requisitos exigidos para a conclusão do curso.
APROVADO em 19/10/2012
Prof. M.e. Núbia Carelli Pereira de Avelar – UFVJM
Prof. M.e. Fernando Joaquim Gripp – UFVJM
Prof. Dr. Flávio de Castro Magalhães – UFVJM
Dedicatória
Dedico este trabalho as pessoas que lutaram diariamente ao meu lado, transmitido fé, amor,
alegria, determinação, paciência e coragem, tornando os meus dias mais felizes e bonitos. À
minha mãe agradeço a dedicação e força transmitidas durante a vida, ao meu esposo agradeço
pelo companheirismo, paciência e compreensão na concretização desta etapa, a meu filho por ser
a minha maior inspiração e motivação na busca por novas conquistas, aos meus amigos do
sindicato pela compreensão e cooperação, em especial ao Sr. Valdemiro Simião da Costa (in
memória), a minha irmã e sobrinha agradeço pelo apoio e carinho. (Joyce Aparecida da Cunha)
Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou meu caminho durante esta caminhada e dedico
esta conquista ao meu esposo que de forma especial me deu força e apoio em todos os momentos,
aos meus filhos que, embora não tivessem conhecimento disso, iluminaram de maneira especial
meus pensamentos, aos meus pais pela dedicação e a todos que acreditaram na minha capacidade
de chegar até aqui. (Mayara Xavier Mendes)
Agradecimentos
Agradecemos primeiramente a Deus por permitir a concretização desse trabalho. Agradecemos
também a todos os professores que nos acompanharam durante a graduação, em especial ao Prof.
Dr. Marco Fabrício Dias Peixoto, ao Prof. Dr, Flávio de Castro Magalhães e a Profª. Drª. Márcia
Maria Lima de Oliveira, os quais contribuíram imensamente para construção do conhecimento
por nós adquirido durante a realização desse trabalho, aos voluntários que se disponibilizaram a
participar dessa pesquisa, pois sem os quais não seria possível realizá-la, aos funcionários da
Universidade, em especial aos porteiros e técnicos administrativos da clínica de fisioterapia na
qual foram desenvolvidas as coletas e enfim agradecemos a todos aqueles que contribuíram de
alguma forma para que nosso objetivo fosse atingido.
Resumo
Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônico-degenerativa e como medida preventiva ao seu surgimento tem sido sugerida a realização de exercício físico aeróbico. Este tipo de exercício resulta em hipotensão tanto em indivíduos normotensos quanto hipertensos. Embora associações especializadas recomendem a realização de exercícios físicos de forma contínua ou fracionada em sessões curtas ao longo do dia, ainda não está bem documentado na literatura qual o tipo de exercício capaz de promover hipotensão de maior magnitude. Objetivo: Investigar e comparar a hipotensão pós-exercício (HPE) de uma única sessão de exercício físico aeróbico realizada de forma contínua versus fracionada em indivíduos normotensos. Métodos: Participaram deste estudo seis indivíduos normotensos do sexo masculino, fisicamente ativos (idade: 41,17 ± 4,74 anos; massa: 74,4±7,2 kg; estatura: 1,72±0,05 cm; IMC: 25,20±2,24 kg/m2; pressão arterial (PA) sistólica (PAS): 121±12 mmHg; PA diastólica (PAD): 77±8 mmHg; PA média (PAM): 92±9 mmHg). Cada indivíduo foi submetido a duas sessões de exercício aeróbico realizadas de forma aleatória e cruzada, com no mínimo 72 horas de intervalo entre elas. As sessões de exercício foram realizadas em esteira ergométrica e tiveram duração de 30 minutos de caminhada ou corrida a 60% da freqüência cardíaca de reserva (FCR) de cada indivíduo. Uma sessão foi realizada de forma contínuo (Cont) e a outra de fracionada (Frac), sendo esta última realizada em três séries de 10 minutos separadas por 10 minutos de repouso entre cada série. A aferição da PA se deu durante 90 minutos pós-exercício. Resultados: Não houve diferença significativa ( p>0,05) entre as situações contínua e fracionada na freqüência cardíaca (FC) (Cont: 133±7 bpm vs Frac: 131±7 bpm), no % FCR (Cont: 60±1% vs Frac: 60±1%), na velocidade do exercício (Cont: 8,0±1,1 km/h vs Frac: 8,0±1,0 km/h) e na distância total percorrida (Cont: 3,93±0,52 km vs Frac: 3,91±0,46 km), mostrando que o estímulo do exercício não foi diferente entre as situações. Em ambas as situações foi observado HPE (valores médios durante 90 min pós-exercício: Cont: PAS -13,2±7,6 mmHg; PAD: -5,2±4,2 mmHg; PAM: -8,2±4,5 mmHg vs Frac: PAS -14,8±6,9 mmHg; PAD -6,9±4,8 mmHg; PAM -9,5±4,7 mmHg), entretanto, não observou-se diferenças significativa na hipotensão desencadeada. Conclusão: A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa sugere-se que a realização de exercícios físicos aeróbicos à 60% da FCR, tanto contínuos como fracionados, são capazes de promover HPE quando se trata de indivíduos normotensos. No entanto, é preciso que se desenvolvam novas pesquisas a fim de sustentarem estes resultados.
Palavras-chave: Hipertensão Arterial Sistêmica, Hipotensão pós-exercício, Exercício Aeróbico, Indivíduos Normotensos
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 8
2. OBJETIVO 10
3. JUSTIFICATIVA 11
4. REVISÃO DE LITERATURA 4.1 Pressão Arterial e a Hipertensão Arterial Sistêmica 4.2 O efeito hipotensor do exercício físico 4.3 Efeito hipotensor de diferentes tipos de exercícios 4.4 Recomendações de exercício físico para a saúde vs hipotensão pós-exercício
12 12 13 16 18
5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 Cuidados Éticos 5.2 Critérios de inclusão 5.3 Caracterização da amostra 5.4 Sessão experimental
5.4.1 Exercício aeróbico contínuo ou fracionado 5.4.2 Medida da Pressão Arterial pós-exercício
5.5 Processamento e Análise dos Dados
20 20 20 21 21 23 23 24
6. RESULTADOS 25
7. DISCUSSÃO 28
8. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS 33
9. CONCLUSÃO 34
REFERÊNCIAS 35
APÊNDICE
Apêndice I Recordatório alimentar
40
40
ANEXO
Anexo I Termo de consentimento livre e esclarecido
Anexo II Ficha de Anamnese
Anexo III Questionário Internacional de Atividade Física
41
41
43
45
AUTORIZAÇÃO 47
8
1. INTRODUÇÃO
Níveis elevados e sustentados de pressão arterial sistólica (PAS) iguais ou acima de
140 mmHg e/ou de pressão arterial diastólica (PAD) iguais ou acima de 90 mmHg caracterizam a
hipertensão arterial sistêmica (HAS) (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO,
2010). A HAS é o principal fator de risco para morte precoce passível de prevenção em todo o
mundo (GIRALDEZ, 2012). A Organização Mundial da Saúde estima que 25% da população
mundial adulta (cerca de 2 bilhões de pessoas) vai apresentar HAS em 2025 à qual será
responsável por, aproximadamente, 13% da mortalidade global (GIRALDEZ, 2012). Segundo
dados das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010) é estimado que em cidades brasileiras nos
últimos 20 anos houve uma prevalência de HAS acima de 30% e quando comparado a
prevalência entre homens e mulheres estima-se que 35,8% dos homens têm HAS enquanto nas
mulheres este índice é de 30%. O Painel de Indicadores do SUS mostra que no Brasil, o diabetes
mellitus e a HAS constituem a primeira causa de hospitalizações no sistema público de saúde e
que a HAS tem se tornado o primeiro fator de risco para mortalidade, ficando à frente do
tabagismo e das dislipidemias.
O desenvolvimento de lesões em órgãos alvo e doenças cardiovasculares são algumas
das consequências da HAS. A HAS pode levar o desenvolvimento de hipertrofia do ventrículo
esquerdo, infarto agudo do miocárdio, revascularização miocárdica prévia, insuficiência cardíaca,
acidente vascular cerebral, isquemia cerebral transitória, nefropatia, doença vascular arterial de
extremidades e retinopatia hipertensiva (ORTEGA et al. 2006). Essas consequências, dentre
outras causadas pela HAS, são responsáveis pelos altos índices de mortalidade e morbidade
observados nos pacientes que apresentam essa doença.
Apesar do surgimento da HAS estar relacionada a fatores de risco não-modificáveis
como sexo, idade, etnia e histórico familiar, ela pode ser amenizada ou prevenida por meio do
uso de medicamentos e pelo controle de fatores de risco ambientais como o sobrepeso e
obesidade, hábitos alimentares e, de especial importância para o presente estudo, o abandono do
sedentarismo junto à adoção da prática de exercício físico regular (SANTOS, apud SANTOS,
2008).
9
Associações especializadas, como o American College of Sports Medicine (ACSM) e
a American Heart Association, (AHA) defendem que a prática de atividade física como
caminhada, ciclismo, natação ou trabalho no jardim, com duração de pelo menos 30 minutos a
uma intensidade moderada, realizada de três a cinco vezes por semanas deve ser adotada como
forma de promoção e manutenção da saúde na população em geral (HASKELL et al. 2007).
Além disso, sabe-se que a prática regular de exercícios físicos pode reduzir a PA de indivíduos
hipertensos (REBELO et al. 2001) e pode prevenir o surgimento da HAS em indivíduos
normotensos (FRANCO et al. 2004) reduzindo assim os riscos de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares (FRANCO et al. 2004). Nesse sentido, diversos estudos têm demonstrado que
após a realização de uma única sessão de exercício físico aeróbio a PA de indivíduos
normotensos e hipertensos pode apresentar valores inferiores àqueles de repouso por várias horas
pós-exercício, caracterizando assim a HPE (WALLACE et al. 1999; FORJAZ et al. 1998;
KERRY, 2002), sendo essa resposta um dos benefícios da prática de exercícios físicos no que
concerne a prevenção e tratamento da HAS.
Apesar de ser amplamente aceito que o exercício físico apresente efeitos benéficos
sobre a PA, ainda não há um consenso acerca do tipo mais efetivo na promoção da HPE e nem de
qual a melhor forma de realizá-lo. Além disso, associações especializadas defendem que para o
indivíduo manter-se saudável, este deve realizar exercício físico de forma contínua ou fracionada
em sessões curtas ao longo do dia (HASKELL et al. 2007). Entretanto, não se sabe se essas
formas de realizar o exercício físico (contínuo ou fracionado) levariam a HPE diferentes, o que
poderia impactar na prescrição de exercícios físicos para fins de prevenção da HAS, uma vez que
se sugere que o efeito do exercício físico na prevenção da HAS possa estar relacionado à HPE.
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2. OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo investigar e comparar o efeito hipotensor de uma
única sessão de exercício físico aeróbico realizado de forma contínua versus fracionada em
indivíduos normotensos saudáveis com idade entre 35 e 50 anos.
11
3. JUSTIFICATIVA
Apesar da ampla prescrição de exercícios aeróbicos por profissionais da saúde para
tratamento e prevenção da HAS, poucos trabalhos compararam o efeito hipotensor do exercício
aeróbico realizado de forma contínua vs. fracionada em indivíduos normotensos. O ACSM e o
AHA defendem que ambas as formas de realização do exercício podem ser implementadas para
fins de promoção da saúde, ambas sendo efetivas na prevenção do surgimento de doenças
cardiovasculares (HASKELL et al. 2007).
Visto que atualmente o tempo livre da população para a prática de exercícios físicos é
cada vez mais escasso, a realização do exercício de forma fracionada seria uma opção de se
exercitar nos pequenos intervalos de tempo livre surgidos ao longo do dia. No entanto, poucos
estudos foram realizados comparando a HPE obtida em sessões realizadas de forma contínua vs.
fracionada e, nesse sentido, a compreensão destas possíveis diferenças será de grande relevância
para a prescrição do exercício físico aeróbico como forma de prevenção ao surgimento da HAS.
12
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. Pressão Arterial e a Hipertensão Arterial Sistêmica
O sistema cardiovascular é responsável por promover a circulação do sangue pelo no
organismo a fim de transportar O2 e nutrientes para as células, ao mesmo tempo em que remove o
CO2 e os resíduos metabólicos dos tecidos para serem eliminados (McARDLE et al. 2003). Para
que esta tarefa seja efetuada com precisão este sistema conta uma bomba contrátil propulsora (o
coração) e com tubos coletores e distribuidores (artérias, arteríolas, capilares e veias)
(McARDLE et al. 2003). Com a contração do ventrículo esquerdo o coração lança sangue na
aorta, com grande velocidade, quando comparada a ejeção realizada pelo ventrículo direito
(McARDLE et al. 2003). Entretanto, os vasos periféricos não permitem a vazão deste sangue
para o sistema arterial com a mesma velocidade com que este foi ejetado, daí parte deste sangue
fica armazenado na aorta, o que gera uma onda de pressão dentro do sistema arterial que vai da
aorta até os ramos mais afastados da árvore arterial, este feito caracteriza a PA (McARDLE et al.
2003).
Durante a sístole é gerada uma pressão nas artérias que, em indivíduos normotensos
em situação de repouso, atinge em média 120 mmHg (GUYTON e HALL, 2007). Durante a
diástole a válvula aórtica se fecha e a PA reduz gradativamente até cerca de 70 a 80 mmHg no
indivíduo normotenso em repouso, permitindo assim um fluxo sanguíneo constante para a
periferia (GUYTON e HALL, 2007). A pressão arterial média (PAM) é ligeiramente mais baixa
que a simples média aritmética da PAS e PAD e é calculada a partir da fórmula PAM = PAD +
[(PAS-PAD) / 3], pois o coração permanece em diástole por mais tempo do que em sístole
(McARDLE et al. 2003).
Quando um indivíduo apresenta níveis pressóricos elevados e sustentados acima do
normal (≥140 mm Hg para PAS e/ou ≥90 mm Hg para PAD medida após o indivíduo permanecer
em repouso por 15 minutos em três dias consecutivos), este é considerado hipertenso
(DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). Essa condição associa-se
freqüentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos alvo (coração, encéfalo, rins e
vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com conseqüente aumento do risco de eventos
cardiovasculares fatais e não fatais (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010).
13
Em cerca de 90% dos casos de HAS não se sabe a causa da doença, quadro esse
denominado hipertensão essencial (SEVER e POUTER, 1989), mas de uma maneira geral, a
doença está relacionada à hiperativação do sistema nervoso simpático, que leva a aumento na
resistência vascular periférica (RVP) sem aumento apreciável do débito cardíaco (DC), levando a
valores aumentos de PA (DIAS DA SILVA et al. 2009). Estima-se que apenas metade dos
portadores de HAS esteja ciente da condição, destes somente a metade recebe tratamento e,
destes, não mais do que a metade tem a hipertensão sobre controle (GIRALDEZ, 2012). Por esse
motivo é de extrema importância buscar formas de prevenção ao aparecimento da doença,
modificando os hábitos de vida.
A HAS também é considerada um dos principais fatores de risco modificáveis para
doenças cardiovasculares e um dos mais importantes problemas de saúde pública, acometendo
cerca de 30% da população brasileira (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO,
2010). Dentre os principais fatores de risco da doença está a ingestão exagerada de sódio,
tabagismo, excesso de peso e obesidade, ingestão de álcool, idade, genética e sedentarismo
(DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010)
Com efeito, o exercício físico praticado de forma regular acarreta importantes
adaptações autonômicas e hemodinâmicas que influenciam sobremaneira o sistema
cardiovascular, atuando na prevenção e no tratamento de diversas patologias, dentre elas a HAS.
Estudos longitudinais (LEE et al. 1995; PAFFENBARGER et al. 1983) mostram que a
prevalência de HAS apresenta relação inversa com o nível de capacidade física e que o risco de
se tornar hipertenso é cerca de 50% maior em indivíduos com baixa capacidade física em
comparação a indivíduos com alta capacidade física (BLAIR et al. 1984). Dessa forma, o
exercício físico tem se mostrado um adjuvante na prevenção ao desenvolvimento da HAS.
4.2. O efeito hipotensor do exercício físico
Durante o exercício aeróbico ocorre aumento da descarga simpática que dentre outros
efeitos promove um aumento da FC e do volume sistólico (VS), o que resultam em elevação DC,
além disso, ocorre redistribuição do fluxo sanguíneo, onde os vasos dos tecidos inativos
encontram-se contraídos, enquanto os do tecido ativo estão dilatados. Isso leva ao aumento do
14
fluxo sanguíneo para a musculatura que se encontra ativa durante o exercício (GUYTON e
HALL, 1998).
Para fins de aumento da perfusão no tecido ativo durante o exercício a PA é elevada
em valores acima dos registrados no repouso até o final do exercício, podendo atingir valores de
até 160 mmHg para homens e mulheres sadios dependendo de fatores como a intensidade do
exercício realizado e massa muscular envolvida (McARDLE et al. 2003). A PAS depende do DC,
que por sua vez depende da FC e do VS, ambos aumentados durante o exercício por influências
neurais e hormonais (McARDLE et al. 2003). A PAD está relacionada à resistência vascular
periférica (RVP), que varia de acordo com o estado de dilatação e constrição dos vasos da
periferia, uma vez que esse estado dita a resistência ao fluxo sanguíneo (McARDLE et al. 2003).
A PAD pode sofrer leve aumento ou redução durante o exercício, mas de forma geral não sofre
alterações (McARDLE et al. 2003).
Logo após o término do exercício é desencadeada uma resposta aguda tardia da PA
que, geralmente, é caracterizada por reduções tanto da PAS como da PAD para valores abaixo
daqueles registrados no repouso e este comportamento da PA pode durar até 24 horas após o
exercício e sua magnitude depende de vários fatores como valores de PA registrados no repouso,
duração e intensidade do exercício realizado. Esta resposta é conhecida como HPE e já é bem
documentada tanto em indivíduos normotensos (WILLIAMS et al. 2005; FORJAZ et al. 2000;
WILKINS et al. 2004; PRICHER et al. 2004; WALLACE et al. 1997) como em hipertensos
(HAGBERG et al. 1987; FORJAZ et al. 2000; WALLACE et al. 1997; PADILLA et al. 2005;
WALLACE et al. 1999).
Essa resposta aguda tardia do exercício físico sobre a PA foi observada originalmente
há mais de 100 anos por Hill em 1897 (CASONATO e POLITO, 2009), mas estudos voltados a
essa temática iniciaram na década de 80 (FITZGERALD, 1981) e desde então o entendimento e
relevância sobre a HPE tem crescido exponencialmente.
Do ponto de vista clínico, se a HPE for de magnitude suficiente para aproximar os
valores de PA de hipertensos aos valores dos normotensos e for de duração suficiente para manter
os valores de PA reduzidos por várias horas, ela será de enorme importância para o indivíduo
hipertenso, principalmente aqueles que não respondem bem ao tratamento medicamentoso. Já
para o indivíduo normotenso, a HPE pode estar relacionada à prevenção do surgimento da HAS
(HECKSTEDEN et al. 2012
para a população de uma forma geral.
Os mecanismos que explicam essa redução
totalmente compreendidos, mas se relacionam provavelmente com o reajuste ce
barorreflexa para valores de operação mais baixos tanto de PA quanto de atividade simpática
como é trazido na figura 1 (
FIGURA 1 (adaptação da figura 2, pagina 67 de Halliwill (2001): Visão esquemática de cargas no controle neural da circulação relacionada à HPE. A queda sustentada na resistência vascular é promovida tanto por um componente neural como vascular. Os barorreflexos neurais são redefinidos para manter a PA e a atividadea produção de substâncias vasodilatadoras leva a uma queda adicional na resistência vascular, todos esses fatores contribuem para a redução da PA.
Esse reajuste leva a redução da PA em comparação aos valores de repouso por meio
de aumento da condutância vascular periférica
2001), mas não cutânea (WILKINS
2012) e é, portanto, uma resposta ao exercício de extrema importância
para a população de uma forma geral.
Os mecanismos que explicam essa redução da PA pós-
totalmente compreendidos, mas se relacionam provavelmente com o reajuste ce
para valores de operação mais baixos tanto de PA quanto de atividade simpática
(HALLIWILL, 2001).
FIGURA 1 (adaptação da figura 2, pagina 67 de Halliwill (2001): Visão esquemática de cargas controle neural da circulação relacionada à HPE. A queda sustentada na resistência vascular é
promovida tanto por um componente neural como vascular. Os barorreflexos neurais são ra manter a PA e a atividade nervosa simpática baixas. Finalme
a produção de substâncias vasodilatadoras leva a uma queda adicional na resistência vascular, todos esses fatores contribuem para a redução da PA.
Esse reajuste leva a redução da PA em comparação aos valores de repouso por meio
aumento da condutância vascular periférica de músculos ativos e não
WILKINS et al. 2004), renal e esplâncnica (
15
) e é, portanto, uma resposta ao exercício de extrema importância
-exercício ainda não são
totalmente compreendidos, mas se relacionam provavelmente com o reajuste central da resposta
para valores de operação mais baixos tanto de PA quanto de atividade simpática,
FIGURA 1 (adaptação da figura 2, pagina 67 de Halliwill (2001): Visão esquemática de cargas controle neural da circulação relacionada à HPE. A queda sustentada na resistência vascular é
promovida tanto por um componente neural como vascular. Os barorreflexos neurais são nervosa simpática baixas. Finalmente verifica-se que
a produção de substâncias vasodilatadoras leva a uma queda adicional na resistência vascular,
Esse reajuste leva a redução da PA em comparação aos valores de repouso por meio
de músculos ativos e não-ativos (HALLIWILL,
esplâncnica (PRICHER et al. 2004) e
16
cerebral (WILLIAMSON et al. 2004). Esse aumento da condutância vascular pós-exercício se
relaciona à redução da atividade simpática (KULICS et al. 1999) ou redução da responsividade
da vasculatura às catecolaminas (HALLIWILL et al. 1996), ou ainda à produção de substâncias
vasodilatadoras no músculo por ocasião da contração muscular como potássio, adenosina, CO2,
H+, óxido nítrico, prostaglandinas e o calor (HALLIWILL, 2001; NOTARIOUS et al. 2006;
HALLIWILL et al. 2000; SHARMAN et al. 2008; LOCKWOOD et al. 2005). Além disso,
estudos mostraram que pode ocorrer redução do DC após o exercício que explicaria a queda da
PA (HAGBERG et al. 1987; BRANDÃO RONDON et al. 2002) ou ainda que uma combinação
de aumento na condutância vascular e redução do DC também sejam responsáveis por causar
HPE (RUECKERT et al. 1998). O mecanismo que explica a HPE parece ainda estar relacionado
à idade dos voluntários, à posição na qual os indivíduos permanecem durante a medida da PA
após o exercício e ao fato dos voluntários serem ou não hipertensos (HALLIWILL, 2001).
4.3. Efeito hipotensor de diferentes tipos de exercícios
A magnitude e duração da HPE sofre influência de vários fatores, tais como,
intensidade, duração e tipo de exercício realizado. Neste sentido diversos estudos têm sido
realizados com intuito de verificar quais destes fatores exercem influência sobre a hipotensão,
como é o caso de Forjaz et al. (1998) que avaliaram a HPE promovida por três sessões de
exercícios realizados em cicloergômetro, com duração de 45 minutos e intensidades de 30, 50 e
70% do VO2pico. Neste estudo, Forjaz et al. (1998) tiveram como amostra 24 indivíduos
normotensos, sendo que destes, 12 realizaram as três sessões de exercícios e 12 foram usados
como grupo controle. Os resultados obtidos mostraram que as três sessões de exercícios testadas
promoveram HPE durante os 90 minutos avaliados, mostrando que exercícios realizados entre
intensidades de 30 a 70% do VO2pico podem ser usados na promoção da HPE.
Em outro estudo, Forjaz et al. (1998) compararam exercícios com diferentes
durações, para isso utilizaram como amostra 22 indivíduos normotensos, destes 10 realizaram
duas sessões de exercícios em cicloergômetro em dias distintos, a 50% do VO2pico, sendo uma
sessão com duração de 25 minutos e a outra com duração de 45 minutos. Ao comparar as
respostas, Forjaz et al. (1998), obtiveram como resultado HPE de maior magnitude na sessão de
17
exercício mais duradoura. Corroborando esse resultado, Rebelo et al. (2001) encontraram
resposta hipotensora maior após exercício realizado por 45 minutos em comparação àquele
realizado por 25 minutos em amostra composta por 23 indivíduos hipertensos que realizaram
duas sessões de exercício aeróbico a uma intensidade de 75% da FC máxima. Estes resultados
sugerem que a duração do exercício realizado influencia na HPE de tal forma que exercícios mais
longos promovem HPE de maior magnitude.
Outro foco de discussão na literatura diz respeito ao tipo de exercício aeróbico mais
eficiente em promover HPE, dentre eles podemos destacar alguns mais utilizados em pesquisas já
realizadas, como é o caso do exercício fracionado, que foi utilizado em pesquisa por Wallace et
al. (1999). Naquele trabalho, Wallace et al. (1999), submeteram 46 indivíduos, sendo 25
normotensos e 21 hipertensos, a realização de uma sessão de exercício aeróbico com intensidade
de 50% do VO2máx e duração de 50 minutos, fracionados em 5 tempos de 10 minutos, com
intervalo de recuperação de 3 minutos entre os tempos. Os resultados do estudo apontaram que
nos indivíduos normotensos esse tipo de exercício não foi capaz de promover HPE significativa
quando comparado ao dia controle sem realização de exercício, porém quando avaliado o grupo
de indivíduos hipertensos houve HPE significativa durante o período de 24 horas pós-exercício.
Taylor-Tolbert et al. (2000) também investigaram o efeito hipotensor do exercício fracionado em
um grupo composto por 11 indivíduos hipertensos, os quais foram submetidos a uma sessão de
exercício físico aeróbico com intensidade de 70% do VO2máx e duração de 45 minutos
fracionados em 3 tempos de 15 minutos e intervalo de 4 minutos de recuperação entre os tempos
e os resultados também mostraram HPE quando avaliado o período de 24 horas em relação ao dia
controle. Este resultado corrobora os resultados obtidos por Wallace et al. (1999) e, em conjunto,
sugerem que o exercício fracionado é efetivo em promover HPE, mas somente em indivíduos
hipertensos. Infelizmente, nos estudos citados não houve comparação da HPE entre exercícios
fracionados e contínuos, o que não nos permite, portanto, estabelecer comparações sobre a
efetividade na indução da HPE entre esses tipos de exercícios.
Cunha et al. (2006) se propuseram a comparar o efeito hipotensor do exercício
contínuo vs. intervalado, para isso, utilizaram como amostra um grupo composto por 11
indivíduos hipertensos que realizaram duas sessões de exercício aeróbico com duração de 45
minutos. A sessão de exercício intervalado consistiu de 5 minutos de aquecimento, seguidos de
45 minutos de exercício objetivando alternar a freqüência cardíaca de reserva (FCR) entre 50% e
18
80% (2 minutos a 50% e 1 minuto a 80%). Esse procedimento é feito de forma a não permitir a
recuperação completa entre as séries de exercício realizadas a 80% da FCR. Já a sessão de
exercício contínuo consistiu de 5 minutos de aquecimento, seguidos de 45 minutos de exercício
objetivando manter 60% da FCR. Esse protocolo objetivou manter a distância total percorrida
semelhante entre os protocolos, mas alterando a intensidade entre eles. Esses autores não
observaram diferença significativa na HPE desencadeada nos protocolos contínuo vs intervalado.
Esse resultado sugere que para indivíduos hipertensos o exercício realizado tanto a uma
intensidade contínua quanto intervalada é capaz de induzir a HPE semelhante.
Portanto, podemos sugerir a partir da literatura revisada que a HPE ocorre após
exercícios realizados entre intensidades de 30 a 70% do VO2pico, é mais pronunciada em
exercício de maior duração (45 min. vs 25 min.) e é semelhante em protocolos de exercício
contínuos e protocolos de exercício fracionado ou em protocolos de exercício intervalado (45 min
a 60% FCR vs 45 min variando a intensidade: 1 min a 80% da FCR + 2 min a 50% da FCR), pelo
menos para indivíduos hipertensos. Entretanto, não encontramos na literatura estudos que tenham
comparado a HPE após realização de exercício fracionado (com recuperação completa entre as
séries de exercício) com outra sessão de exercício contínuo em indivíduos normotensos.
4.4. Recomendações de exercício físico para a saúde vs hipotensão pós-exercício
Associações especializadas, como o ACSM e o AHA afirmam que para a promoção e
manutenção da saúde indivíduos com idade entre 18 e 65 anos devem realizar exercícios físicos
aeróbicos de intensidade moderada por pelo menos 5 dias na semana, com duração de no mínimo
30 minutos diários ou exercícios aeróbicos de intensidade vigorosa com duração de 20 minutos,
numa freqüência de 3 vezes semanais, sendo que estes exercícios físicos podem ser realizados de
forma contínua ou fracionada em sessões curtas (10 minutos) ao longo do dia (HASKELL et al.
2007). Essas mesmas associações e outros estudos (CLÉROUX et al. 1999; FAGARD e
CORNELISSEN, 2007) defendem que para o tratamento e prevenção da HAS, a prática de
exercícios físicos é de fundamental importância, sendo recomendado pelo menos 30 minutos
diários de exercícios cíclicos que envolvam grandes grupamentos musculares e de intensidade
moderada.
19
Entretanto, embora seja sugerido que a HPE possa ser uma das respostas benéficas do
exercício físico para tratamento e prevenção da HAS, não temos conhecimento de estudos que
tenham investigado se um exercício realizado de forma fracionada, seguindo as recomendações
de associações especializadas, seria capaz de induzir HPE da mesma forma que um exercício
realizado de forma contínua em indivíduos normotensos e, portanto, o presente estudo tem como
objetivo explorar essa temática testando o efeito hipotensor desses dois tipos de exercício em
indivíduos normotensos, já que nenhum estudo encontrado até o momento se propôs a investigar
tal efeito, afinal, esse conhecimento é de fundamental importância para prescrição de exercícios
físicos para fins de prevenção da HAS.
20
5. MATERIAIS E MÉTODOS
5.1. Cuidados Éticos
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri (protocolo 141/10). Todos os voluntários que aceitaram
participar foram informados dos riscos e benefícios do estudo e assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido (ANEXO I). Os voluntários sabiam que a qualquer momento
poderiam retirar seu consentimento para participação no estudo sem prejuízo de qualquer
natureza para eles.
5.2. Critérios de inclusão
Após se voluntariarem a participar do estudo, foram incluídos indivíduos que
apresentassem as seguintes características:
• Ser do sexo masculino;
• Ter entre 35 e 50 anos;
• Não apresentar HAS (PAS iguais ou acima de 140 mmHg e/ou de PAD iguais ou acima
de 90 mmHg);
• Não possuir problemas ortopédicos, desordens crônicas cardiovasculares, pulmonares e
metabólicos que contra-indiquem a prática de exercício (ANEXO II);
• Ser fisicamente ativo, de acordo com questionário IPAQ versão curta (ANEXO III)
• Não ser fumante;
• Não ter realizado cirurgia nos últimos 12 (meses) e
• Não apresentar obesidade (IMC ≤ 29,9 kg/m²);
21
5.3. Caracterização da amostra:
A partir desses critérios foram estudados 6 indivíduos que durante a primeira visita ao
laboratório foram submetidos a uma avaliação física conforme ficha anamnese estruturada
(ANEXO II) e avaliação física.
• Medida da massa corporal, estatura e IMC
A massa corporal e a estatura foram medidas através de uma balança digital portátil
(Tanita®) com estadiômetro adulto (Alturaexata®). O Índice de Massa Corporal (IMC) foi
calculado pela razão: peso / altura² (World Health Organization, 2000).
• Aferição da Pressão Arterial
A PA foi mensurada através de esfignomanômetro do tipo aneróide (BD) e
estetoscópio (BD) seguindo recomendações de medida conforme VI Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão (2010) que estão descritas abaixo:
1. Explicar o procedimento ao voluntário e deixá-lo em repouso por no mínimo 5 min.
em ambiente calmo;
2. O voluntário deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés apoiados no chão,
dorso recostado na cadeira e relaxado;
3. O braço no qual será realizada a aferição da PA deve estar posicionado na altura do
coração, livre de roupas, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo
ligeiramente fletido;
5.4. Sessão experimental
Os voluntários receberam orientações com antecedência mínima de 24 horas ao teste,
conforme ACSM (2009), tais como se segue abaixo:
1. Os participantes devem abster-se de ingerir álcool, cafeína ou usar produtos derivados do
tabaco nas 24 horas que precedem os testes.
22
2. Alimentar-se normalmente 2 horas antes dos testes.
3. Ingerir líquidos nas 24 horas que precedem os testes, a fim de se manterem hidratados.
4. Repousar para a avaliação evitando o esforço ou atividade física intensa nas 24 horas que
precedem os testes.
5. Usar vestimenta que permita a liberdade de movimento e incluir calçados adequados para
caminhada ou corrida.
Os indivíduos foram submetidos de forma randomizada e individual a dois tipos de
exercício aeróbico, sendo um exercício contínuo e outro fracionado. As sessões de exercícios
foram iniciadas de forma balanceada, ou seja, metade dos indivíduos realizou primeiramente a
sessão de exercício contínuo e a outra metade realizou o exercício fracionado. Para que cada
indivíduo realizasse a segunda sessão de exercício foi respeitado um intervalo mínimo de 72
horas, também foi respeitado o horário de realização da primeira sessão e as mesmas
recomendações pré teste anteriormente citadas. No entanto, o horário de realização das sessões
não foi igual para todos os indivíduos, sendo que cada um comparecia ao laboratório de acordo
com sua disponibilidade.
Ao chegar ao laboratório o indivíduo se sentava em cadeira confortável e com
encosto e nela permanecia por 20 minutos com os pés apoiados no chão, conforme
recomendações do ACSM (2009) e as mãos apoiadas sobre as coxas.
A FC de repouso e a FC mantida durante a realização de cada teste foi mensurada
através de um cardiofrequêncimetro (Polar modelo S810i).
A FC de repouso foi determinada a partir do valor mais baixo observado entre o 9º e
10º minuto dos 20 minutos em que o indivíduo permanecia sentado. A FC máxima foi estimada a
partir da equação 220-idade (ACSM, 2009). Os valores obtidos eram utilizados para
determinação da intensidade de realização do exercício que seria de 35% e 60% da FCR
utilizado, respectivamente, no aquecimento e na sessão de exercício. Para determinação dessas
intensidades foi utilizado o cálculo da FCR como descrito por Karvonen et al. (1957).
FC alvo = ((220-idade) - FC repouso) * intensidade alvo (%)) + FC de repouso
23
A partir do 5º minuto de repouso, a PA era mensurada em ambos os braços em três
medidas consecutivas, com intervalo de 1 minuto entre elas. O braço que apresentasse os valores
mais elevados era adotado como o de referência para as demais aferições.
5.4.1. Exercício Aeróbico Contínuo ou Fracionado
Após o período de repouso (20 minutos) o indivíduo se dirigia até a esteira
ergométrica (ao lado da cadeira) e depois de realizar 5 minutos de exercício aeróbio a 35% da
FCR este era submetido a 30 minutos de exercício aeróbio contínuo (Cont) ou exercício aeróbico
fracionado (Frac) objetivando-se manter 60% da FCR obtida no cálculo. Na situação Cont o
indivíduo realizava 30 min ininterruptos de exercício e na situação Frac ele realizava 3 sessões de
10 minutos cada, com intervalos de 10 minutos entre as sessões, período durante o qual ele
permanecia sentado na mesma cadeira utilizada no período de repouso. A intensidade do
exercício foi ajustada durante os protocolos de forma a manter 60% da FCR. Ao final dos 30
minutos o indivíduo realizava mais 2 minutos de exercício a 35% da FCR.
Para evitar que a redução no volume plasmático interferisse nos resultados os
voluntários ingeriram água durante os protocolos, em volume equivalente a massa corporal
mensurada no dia do exercício multiplicada por 5 mL. O valor encontrado foi mensurado em uma
proveta e dividido em 3 porções e estas foram ingeridas pelos voluntários nos minutos 5, 15 e 25
do protocolo Cont e aos 5 minutos de cada sessão do protocolo Frac.
5.4.2. Medida da pressão arterial pós-exercício
Ao final de cada sessão de exercício o indivíduo permanecia sentado (conforme
descrito anteriormente) por um período de recuperação de 90 minutos. A aferição da PA após o
término de cada sessão experimental se deu nos minutos 5, 10, 15, 30, 45, 60, 75 e 90,
respeitando as recomendações do ACSM (2009).
24
5.5. Processamento e análise dos dados
Foi realizada análise de normalidade dos dados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov.
Para comparação entre as médias de FC, percentual da FC de reserva, velocidade e distância total
percorrida durante os protocolos, foi utilizado o test t de Student. Para avaliação e comparação
dos valores na recuperação dos exercícios foi utilizada análise de variância para medidas
repetidas de duas vias e quando era observado um valor significativo no teste de Fisher, o teste de
Bonferroni foi utilizado como post-hoc. O software utilizado para os cálculos foi o SPSS 16.0 e o
nível de significância adotado foi de α < 0,05.
25
6. RESULTADOS
As características biométricas e os valores da PAS, PAD e PAM de repouso dos
voluntários do estudo estão apresentados na tabela 1. A partir dos valores apresentados, pode-se
observar que os voluntários são classificados como de meia-idade, apresentam IMC dentro da
faixa de eutróficos e são normotensos.
Tabela 1 – Características físicas da amostra estudada (n=6)
Idade (anos) 41,17 ± 4,74
Estatura (cm) 1,72 ± 0,05
Massa corporal (kg) 74,4 ± 7,2
IMC (kg/m2) 25,20 ± 2,24
PAS (mmHg) 121 ± 12
PAD (mmHg) 77 ± 8
PAM (mmHg) 92 ± 9
IMC: índice de massa corporal; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica;
PAM: pressão arterial média. Valores mostrados em média ± DP.
A tabela 2 mostra os dados de FC, %FCR, velocidade de corrida e distância total
percorrida nos protocolos Cont e Frac. Pode-se obervar que não houve diferença em nenhum
desses parâmetros, mostrando que o exercício realizado foi se melhante no que concerne a
intensidade e o trabalho realizado.
26
Tabela 2 – Freqüência cardíaca, percentual da freqüência cardíaca de reserva, velocidade e
distância percorrida nos protocolos contínuo e fracionado.
Contínuo Fracionado
FC (bpm) 133±7 131±7
% FC reserva 60±1 60±1
Velocidade (km/h) 8,0±1,1 8,0±1,0
Distância (km) 3,93±0,52 3,91±0,46
FC: freqüência cardíaca. Valores apresentados em média ± DP
A figura 2 mostra os valores de delta de PAS (figura 2A), PAD (figura 2B) e PAM
(figura 2C) no momento pré-exercício e no período de 90 minutos de recuperação pós-exercício
nos protocolos Cont e Frac. Como a análise estatística não mostrou diferença na PA entre os
minutos 5, 10 e 15 de recuperação pós-exercício, as figuras mostram apenas os valores de PA do
minuto 15 ao minuto 90 da recuperação pós-exercício. Para PAS (figura 2A) ambos os protocolos
induziram HPE de magnitude semelhante, com valores médios do período de 90 minutos de Cont
PAS -13,2 ± 7,6 mmHg e Frac PAS -14,8 ± 6,9 mmHg, não havendo diferença entre os
protocolos (p>0,05). Até 90 minutos pós-exercício os valores não haviam retornado para os
valores pré-exercício. A figura 2B mostra que ambos os protocolos induziram HPE para PAD
(valores médios dos 90 minutos pós-exercício Cont -5,2±4,2 mmHg e Frac -6,9±4,8 mmHg), não
havendo diferença entre os protocolos. O protocolo Cont induziu HPE para PAD do minuto 30 ao
minuto 60 pós-exercício enquanto o Frac induziu HPE para PAD do minuto 30 ao minuto 75. A
figura 2C apresenta resposta dos protocolos para PAM. Observa-se resposta semelhante à PAS,
não havendo diferença entre os protocolos e com a HPE durando por todo o período analisado
(valores médios dos 90 minutos pós-exercício Cont -8,2±4,5 mmHg e Frac-9,5±4,7 mmHg).
27
0
-20
-10
0
15 30 45 60 75 90
ContFrac
Pré
* $
Tempo recuperação pós-exercício(min)
Del
ta P
AS
(mm
Hg)
A
0
-10
-5
0
15 30 45 60 75 90Pré
$*
Tempo recuperação pós-exercício(min)
Del
ta P
AD
(mm
Hg)
B
0
-15
-10
-5
0
15 30 45 60 75 90Pré
* $
Tempo recuperação pós-exercício(min)
Del
ta P
AM
(mm
Hg)
C
GRÁFICO 1: Delta de pressão arterial sistólica (PAS, painel A), diastólica (PAD, painel B) e média (PAM, painel C) durante 90 min de recuperação após os protocolos de exercício contínuo (Cont, círculo aberto) e fracionado (Frac, círculo fechado) em indivíduos normotensos. Valores apresentados em média e erro padrão. *p<0,05 vs Pré-exercício protocolo Cont; $ p<0,05 vs pré-exercício protocolo Frac.
28
7. DISCUSSÃO
A HAS tem acometido cada vez mais pessoas no Brasil e no mundo, e uma das
causas do desenvolvimento de tal patologia está associada ao estilo de vida que muitos indivíduos
têm adotado, como é o caso do sedentarismo (DIRETRIZES DE REABILITAÇÃO CARDÍACA,
2005). Sabe-se que a realização regular de exercícios físicos pode auxiliar no tratamento da HAS
(CUNHA et al. 2006) e que os efeitos benéficos do exercício físico no âmbito da HAS podem
estar relacionados com a HPE (HALLIWILL, 2001). No entanto, a forma como esse exercício
deve ser realizado não está clara na literatura, embora seja recomendada a realização de
exercícios de forma contínua ou fracionada ao longo do dia. Nesse sentido, o presente estudo vem
contribuir para o entendimento das respostas pressóricas agudas tardias no que diz respeito a
esses dois tipos de exercícios físicos aeróbicos.
Duas das mais respeitadas associações internacionais sobre doenças cardiovasculares,
ACSM e a AHA (HASKELL et al. 2007), defendem que a recomendação primária para
promover ou manter a saúde de adultos com idade entre 18 e 65 anos é de que esses indivíduos
precisam realizar exercícios físicos aeróbicos de intensidade moderada por no mínimo 30
minutos diários em 5 dias na semana ou exercícios de intensidade vigorosa por pelo menos 20
minutos diários em 3 dias da semana, sendo que esta necessidade pode ser atendida por meio de
caminhada por 30 minutos diários realizada de forma contínua ou fracionada em sessões curtas
que durem 10 minutos ou mais (HASKELL et al. 2007). Embora essas recomendações venham
de associações especializadas, parece não haver muitos estudos na literatura que comprovem os
benefícios de exercícios realizados por meio de sessões curtas.
No que diz respeito aos efeitos dos diferentes tipos de exercícios (contínuo ou
fracionado) sobre a HPE, são escassos na literatura os estudos que avaliam esta resposta e, devido
a isso, uma comparação aprofundada se torna temerária, já que a magnitude e duração da HPE
também sofrem influência de outros fatores, como intensidade e duração do exercício realizado,
fatores esses diferentes entre os estudos.
Ao analisar os resultados obtidos por alguns autores que se propuseram a pesquisar o
efeito de diferentes tipos de exercícios sobre a PA foram observadas algumas semelhanças de
resultados ou protocolos utilizados. Por exemplo, Cunha et al. (2006) realizaram estudo com o
29
objetivo de comparar se 45 min. de exercício contínuo de intensidade variada (1 minuto a 80%
FCR seguido de 2 minutos a 50% FCR) era mais efetivo em promover HPE do que 45 min. de
exercício contínuo de intensidade constante (60% FCR), os resultados mostraram que ambos os
exercícios realizados promovem HPE semelhantes. Ciolac et al. (2009) utilizaram metodologia
muito similar àquela utilizada por Cunha et al. (2006) (40 min de exercício aeróbico de
intensidade contínua a 60% da FCR e intervalado com intensidade variando entre 50% e 80% da
FCR em indivíduos hipertensos de meia-idade) e também não encontraram diferenças
significativas entre os protocolos utilizados, o que torna os resultados destes estudos similares aos
do nosso.
Outros estudos divergem do nosso com relação aos resultados encontrados, como foi
o caso de Wallace et al. (1997), que estudaram a HPE de 24h em homens e mulheres hipertensos
e normotensos de meia idade (média 47,4 anos) após realizarem exercício físico aeróbico a 50%
do VO2 max e duração de 50 minutos divididos em 5 sessões de 10 min. separadas por 3 minutos
de intervalo entre elas. Esses autores não observaram HPE nos normotensos, mas menor carga
pressórica (% de medidas de PAS/PAD <140/90 durante o dia e < 120/80 durante a noite durante
as 24 horas analisadas) nos hipertensos. Essa divergência nos resultados pode ter ocorrido devido
a diferença existente entre o protocolo de exercício utilizado por Wallace et al. (1997) e aquele
utilizado no presente estudo, visto que o intervalo entre as series de exercícios aqui utilizadas
foram de 10 min., o que pode ter permitido uma maior recuperação dos indivíduos. Já Park et al.
(2006) estudaram a HPE durante 12 horas em homens e mulheres pré-hipertensos com idade
média de 47,2 anos, após realizar uma sessão de exercício contínuo (40 min a 50% do VO2pico) e
uma sessão de exercício fracionado (10 min por hora, durante 4 horas a 50% VO2pico) e
observaram que havia maior duração da HPE após a realização do exercício fracionado quando
comparado ao contínuo tanto para PAS (11h vs 7h) quanto para PAD (10h vs 7h). Nesse estudo a
diferença na população estudada pode ajudar a explicar as diferenças nos resultados encontrados
em relação ao nosso estudo.
Quanto aos mecanismos responsáveis por promover HPE não é possível afirmarmos
quais exerceram maior influência, devido ao fato de que neste estudo não tínhamos como
objetivo investigá-los, sendo assim é possível apenas especular sobre as possíveis explicações
para a queda de PA atingida no período pós-exercício. Uma das possíveis explicações para essa
queda poderia ser o fato de que a realização de exercício físico estimula a perda de líquido
30
através da transpiração, o que gera redução do volume plasmático (HALLIWILL, 2001), sendo
assim a HPE não estaria associada ao trabalho realizado. No entanto, essa explicação não se
aplica a presente pesquisa, visto que, durante a realização das sessões de exercício a temperatura
ambiente era controlada e mantida dentro dos valores que a caracteriza como temperatura
temperada, além disso, os indivíduos ingeriam 5 ml/kg de água durante a realização de cada
sessão de exercício, sendo assim a redução do volume plasmático pode ter sido anulada, já que ao
final de cada sessão de exercício cada indivíduo foi pesado e assim foi constatado que não houve
alteração no peso final em relação ao peso pré-exercício, o que sugere que os indivíduos se
mantiveram hidratados.
Outra possível explicação seria o fato de que durante a realização do exercício ocorre
aumento do fluxo sanguíneo e estresse na parede dos vasos sanguíneos, que é responsável por
estimular a liberação de óxido nítrico (HALLIWILL, 2001). Essa relação se dá devido ao óxido
nítrico ser uma das substâncias capaz de promover vasodilatação no músculo, que diminui a
resistência periférica total e causa HPE (McARDLE et al., 2003). No entanto, um estudo
recentemente realizado por Sharman et al. (2008) mostra que quando é avaliado um mesmo
protocolo de exercício aeróbico com infusão de substância inibidora da produção de óxido nítrico
durante o exercício (L-NMMA), ainda assim era registrada HPE semelhante à situação controle,
o que mostra que o óxido nítrico não exerce influência significativa sobre a queda da PA pós-
exercício.
A adenosina também é uma substância vasodilatadora que têm sua produção
aumentada durante a realização de exercícios físicos e esta parece exercer influência significativa
sobre a HPE, uma vez que, Notarius et al. (2006) observaram que quando a produção dessa
substância foi inibida através da infusão intravenosa de cafeína, a queda da PA não foi registrada
quando comparada a realização de outra sessão de exercício com infusão de placebo. Isso mostra
que a presença de cafeína no organismo prejudica a HPE. Este achado mostra a importância de se
seguir as orientações pré-exercício descritas pelo ACSM (2009) que recomenda a abstinência à
cafeína de no mínimo três horas antes da realização do exercício, como foi feito no presente
estudo. Sendo assim, podemos especular que o aumento na produção da adenosina naturalmente
ocorrida pela realização do exercício pode ter contribuído para a queda da PA registrada após os
protocolos realizados no presente estudo.
31
A ação barorreflexa é outro mecanismo que pode estar relacionado com a HPE, visto
que durante o exercício há um aumento do DC e da FC para suprir as necessidades nutricionais e
energéticas do músculo (McARDLE et al. 2003), isso ocorre devido a ação barorreflexa ser
reajustada para um ponto mais alto de funcionamento, causando aumento da atividade simpática
(HALLIWILL, 2001) e da PA durante o exercício. No instante em que se encerra o exercício a
ação barorreflexa diminue para níveis abaixo daqueles registrados no pré-exercício, com isso a
vasodilatação no músculo ativo aumenta provocando a queda da RVP que faz com que a PA
fique abaixo dos valores de repouso (HALLIWILL, 2001). Corroborando com este estudo, Park
et al. (2006), que observaram que a HPE estava associada à modulação simpatovagal da
frequência cardíaca (medida por meio da variabilidade da freqüência cardíaca), sugerindo o
envolvimento do sistema nervoso autônomo na redução da PA após o exercício.
Devemos ressaltar algumas limitações do presente estudo, como o fato de que durante
seu desenvolvimento não ter sido realizado o teste de VO2 máximo para determinação da FC
máxima a ser utilizada no cálculo da FC de reserva que determinaria a intensidade a ser atingida
durante a realização das sessões de exercício. Com isso pode ter havido uma subestimação ou
superestimação da intensidade do exercício realizado pelos voluntários. No entanto, cada
voluntário era o próprio controle, pois realizava ambas as sessões de exercício, que eram
posteriormente comparadas entre si, isso faz com que o erro seja reduzido.
O fato de não ter havido a inclusão de um dia controle junto às coletas realizadas, no
qual o indivíduo permaneceria em repouso durante o mesmo período de tempo de realização da
sessão de exercício é outra limitação deste trabalho. Sendo assim os resultados obtidos não nos
permite afirmar com clareza que a hipotensão registrada foi verdadeiramente promovida pela
realização do exercício, porém estudos com utilização deste dia controle chegaram a resultados
semelhantes aos obtidos nesta pesquisa como foi o caso de REBELO et al. (2001), TAYLOR-
TOLBERT et al. (2000), Wallace et al. (1999), FORJAZ et al. (1998), o que nos permite afirmar
que a hipotensão foi promovida pela realização do exercício.
Outra limitação se refere ao monitoramento da PA pós-exercício, que neste caso foi
realizada durante 90 minutos e, já que, ao final deste período os níveis pressóricos ainda
permaneciam em valores abaixo daqueles registrados no pré-exercício não é possível afirmar qual
seria a duração dessa hipotensão e nem qual seria o período do dia em que ela apresentaria
32
menores valores. Por isso, é preciso que outros estudos sejam realizados com o intuito de avaliar
as 24 horas pós-exercício para que se tenha clareza de qual seria a duração e a magnitude da HPE
nessa população.
No presente estudo não foram incluídas mulheres na amostra estudada, isso ocorreu
para evitar fatores de confusão na análise dos resultados, como a influência da fase do ciclo
menstrual sobre a PA ou sobre a HPE. Entretanto, é preciso destacar que as mulheres também são
acometidas com a HAS em proporções semelhantes aos homens (DIRETRIZES BRASILEIRAS
DE HIPERTENSÃO, 2010) e também respondem ao exercício com HPE (WALLACE et
al.,1997; PARK et al., 2006) e, portanto, poderiam se beneficiar dessa resposta tanto quanto seus
congêneres do sexo masculino. Por esses motivos, interpretamos a ausência de mulheres na nossa
amostra como uma limitação e que deve ser reavaliada para os próximos estudos.
Para desenvolvimento deste trabalho não foi possível atingir o número de indivíduos
indicado pelo cálculo amostral, sendo assim, não podemos afirmar que os resultados encontrados
seriam os mesmos obtidos quanto aplicados os protocolos utilizados neste estudo a uma amostra
maior. No entanto, estudos com utilização de amostras mais significativas chegaram a resultados
semelhantes (REBELO et al. (2001), TAYLOR-TOLBERT et al. (2000), WALLACE et al.
(1999), FORJAZ et al. (1998), CUNHA et al. (2006), LIZARDO et al. (2007), o que nos leva a
crer que os resultados obtidos poderiam ser os mesmos quando estudada uma amostra maior.
Por fim, devemos deixar bastante claro que, embora as recomendações das
associações especializadas (ACSM e AHA) defendam que para a promoção e manutenção da
saúde exercícios físicos possam ser realizados de forma contínua ou fracionada em sessões curtas
(10 minutos) ao longo do dia (HASKELL et al. 2007), no presente estudo nós não seguimos a
risca essa recomendação. As recomendações sugerem que as sessões de exercício sejam
realizadas ao longo do dia (de manhã, à tarde e à noite) e no presente estudo, essas ocorreram em
sessões com intervalos de 10 min. Entretanto, embora nosso protocolo não tenha seguido de
forma exata as recomendações, o intervalo de 10 min foi suficiente para recuperação da
freqüência cardíaca a valores abaixo de 100 bpm, ou uma recuperação quase completa, que é a
ideia por trás das recomendações. Não obstante, temos consciência que para melhor aplicarmos
os resultados encontrados no presente estudo às recomendações, um protocolo mais próximo às
sessões com maiores intervalos deve ser aplicado.
33
8. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
Nossos resultados corroboram as recomendações vigentes acerca de exercícios físicos
para a promoção da saúde e mostram que é possível que os indivíduos desprovidos de longos
períodos de tempo livre durante o dia para se exercitar possam encontrar no exercício fracionado
uma possibilidade para manterem hábitos de vida saudáveis a partir da inclusão da prática regular
de exercícios físicos nas frações de tempo livre surgidos ao longo do dia.
34
9. CONCLUSÃO
Os resultados encontrados no presente estudo mostram que a realização de uma única
sessão de exercício aeróbico à 60% da FCR por 30 min, seja ele realizado de forma contínua ou
fracionada, é capaz de promover HPE em indivíduos normotensos de meia idade.
35
REFERÊNCIAS
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40
APÊNDICE I
Recordatório Alimentar
Refeição Local Alimento Quantidade Observação
Café da manhã
Hora:
Colação
Hora:
Almoço
Hora:
Lanche
Hora:
Jantar
Hora:
Ceia
Hora:
41
ANEXO I
UNIVERSIDADE FEDERAL
DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
www.ufvjm.edu.br
Comitê de Ética em Pesquisa
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar de um estudo denominado EFEITO DE DOIS TIPOS DE EXERCÍCIOS AERÓBIOS DE INTENSIDADES DIFERENTES EM INDIVÍDUOS HIPERTENSOS E NORMOTENSOS, coordenado pelo professor Marco Fabrício Dias Peixoto. Sua participação não é obrigatória e a qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com coordenador ou com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
O objetivo deste estudo é investigar e comparar o comportamento da pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio de intensidade contínua e outro de intensidade variada.
Se aceitar o convite, sua participação nesta pesquisa consistirá em: 1) responder a questionários que avaliarão seu estado de saúde para realização de exercícios físicos; 2) avaliação física para avaliar seu peso e gordura corporal, 3) realizar um teste ergométrico em esteira que avaliará sua capacidade física; 4) um exercício aeróbio de 90 minutos de intensidade contínua em esteira, ou seja, do início ao final do exercício na esteira a velocidade será a mesma; 5) um exercício aeróbio de 90 minutos de intensidade variada, ou seja, você realizará o exercício variando a velocidade da esteira durante toda sessão do exercício.
Os riscos associados a sua participação nesse estudo são, algum constrangimento durante a aplicação dos questionários e durante as medidas para avaliar seu peso e a quantidade de gordura em seu corpo, e os riscos associados ao exercício físico (tonteira, aceleração dos batimentos do coração, aumento da pressão arterial, dor muscular após o exercício). Para minimizar estes riscos todos os testes, bem como aplicação dos questionários, serão realizados por pessoal treinado e utilizando-se ambiente e materiais adequados.
Você terá como benefícios uma avaliação detalhada da composição corporal, capacidade física aeróbia, valores de sua pressão arterial de repouso e após o exercício.
As informações obtidas através dessa pesquisa poderão ser divulgadas em encontros científicos como congressos, ou em revistas científicas, mas não possibilitarão sua identificação. Desta forma garantimos o sigilo sobre sua participação. Os resultados de sua avaliação serão confidenciais e só poderão ser tornados públicos com a sua permissão. Além disso, a análise das avaliações não é feita em termos do desempenho individual de cada voluntário e sim da média de todos os participantes, reforçando o caráter confidencial dos dados da pesquisa.
42
Você receberá uma cópia deste termo onde constam o telefone e o endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.
Professor Coordenador Marco Fabrício Dias Peixoto– (031)-88047085
Endereço: Laboratório de Fisiologia do Exercício da UFVJM localizada na BR-367, km-583, n° 5000. Telefone: (038) 35312543.
Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar.
_________________________________________
Nome: ___________________________________
__________________________________________________________
Informações
Rua da Glória 187 - Centro - Caixa Postal 38
39.100-000 - Diamantina / MG
Telefax.: (38) 3532.6000 - ramal 6044 (Profa. Dra. Agnes Maria Gomes Murta ) ou
6060 (Dione de Paula)
43
ANEXO II
Ficha Anamnese
Identificação Protocolo n°_____
Nome: ________________________________________________________________________
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Estado Civil:___________________________________________________________________
Data de nascimento:_____/_____/______ Idade:____________________
Profissão:__________________________
Nível de Escolaridade:_______________________________________
Etnia:______________________________
Telefone para contato: (___) ______________ Celular: (___)___________
Médico responsável: _______________________________________
Diagnóstico Clínico: ________________________________________
Anamnese
H.M.A:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
H.P.P:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Dados Gerais:
Tabagista: ( ) sim ( ) não Anos:____ Maços/dia:____________
Ex-Tabagista ( ) Há quanto tempo parou: _________________
Dislipidemia: ( ) sim ( ) não
Glicemia:
Diabetes: ( ) sim ( ) não Insulina ( ) sim ( ) não
Intolerância a glicose: ( ) sim ( ) não
44
Sono:________________________________________________
Etilista: ( ) sim ( ) não
Alimentação:
Dieta:________________________________________________
Ingere Cafeína: ( ) sim ( ) não Chocolate/doces: ( ) sim ( ) não
Outros:_________________________________
Membros (Limitações motoras/ musculoesqueléticas):__________
_____________________________________________________
Cirurgias Prévias: ______________________________________
_____________________________________________________
Exame de imagem: _____________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
Marcha (Claudicação):__________________________________
Alergia: ( ) sim ( ) não Especifique_________________________
Medicamentos em uso/dosagem:_________
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Exames Complementares: _______________________________
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Antecedentes familiares:
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM): _________________________
Morte súbita:__________________________________________
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS):______________________
Dislipidemia: __________________________________________
Outros:_______________________________________________________________________________________
45
ANEXO III
QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA –
VERSÃO CURTA
Nome:_______________________________________________________
Data: ______/ _______ / ______ Idade: ______ Sexo: F ( ) M ( )
Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem como parte do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está sendo feito em diferentes países ao redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a entender que tão ativos nós somos em relação à pessoas de outros países. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor, responda cada questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação!
Para responder as questões lembre que:
• atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal.
• atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal
Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez.
1.a). Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10 minutos contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
1.b). Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou caminhando por dia?
horas: ______ Minutos: _____
46
2.a). Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR NÃO INCLUA CAMINHADA)
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
2.b). Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?
horas: ______ Minutos: _____
3.a). Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração.
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
3.b). Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?
horas: ______ Minutos: _____
Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia, no trabalho, na
escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o tempo sentado estudando,
sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um amigo, lendo, sentado ou deitado
assistindo TV. Não inclua o tempo gasto sentando durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou
carro.
4.a). Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?
______horas ____minutos
4.b). Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana?
______horas ____minutos
47
AUTORIZAÇÃO
Autorizo a reprodução e/ou divulgação total ou parcial do presente trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, desde que citada a fonte.
Joyce Aparecida da Cunha
Mayara Xavier Mendes
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Rua da Glória, nº187, Centro Diamantina-MG, 39100-000