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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA MARIANA MAGALDI DE SOUZA LIMA DETECÇÃO LABORATORIAL DE AMOSTRAS DE BACILOS GRAM NEGATIVOS PRODUTORES DE CARPAPENEMASES, ISOLADAS DE PACIENTES COLONIZADOS, INTERNADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ANÁLISES CLÍNICAS Niterói 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO BIOMÉDICO

GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA

MARIANA MAGALDI DE SOUZA LIMA

DETECÇÃO LABORATORIAL DE AMOSTRAS DE BACILOS GRAM

NEGATIVOS PRODUTORES DE CARPAPENEMASES, ISOLADAS DE

PACIENTES COLONIZADOS, INTERNADOS NO HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ANÁLISES CLÍNICAS

Niterói

2018

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MARIANA MAGALDI DE SOUZA LIMA

DETECÇÃO LABORATORIAL DE AMOSTRAS BACILOS GRAM

NEGATIVOS PRODUTORES DE CARPAPENEMASES, ISOLADAS DE

PACIENTES COLONIZADOS, INTERNADOS NO HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO

Trabalho de conclusão de curso apresentado

ao Curso de Graduação em Biomedicina da

Universidade Federal Fluminense como

requisito para obtenção do Grau de

Bacharel. Área de Concentração: Análises

Clínicas

Orientadora: Profa. Dr

a. Cláudia R. V. de Mendonça Souza

Coorientador: Prof. Dr. Thiago Pavoni Gomes Chagas

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Niterói

2018

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MARIANA MAGALDI DE SOUZA LIMA

DETECÇÃO LABORATORIAL DE AMOSTRAS BACILOS GRAM

NEGATIVOS PRODUTORES DE CARPAPENEMASES, ISOLADAS DE

PACIENTES COLONIZADOS, INTERNADOS NO HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO

Trabalho de conclusão de curso apresentado

ao Curso de Graduação em Biomedicina da

Universidade Federal Fluminense como

requisito para obtenção do Grau de

Bacharel. Área de Concentração: Análises

Clínicas

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

À minha mãe, Dayse, meu exemplo de força, determinação, coragem e amor.

Aos meus avós, Antônio e Maria, que me apoiaram até aqui com amor, fé e

dedicação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me acompanharam e apoiaram nesses quatro anos de

universidade, e a todos que contribuíram na elaboração deste trabalho.

Primeiramente agradeço à minha mãe, Dayse, e aos meus avós, Antônio e Maria,

por toda a força, apoio, amor e carinho que recebi durante toda a minha vida. Sem vocês

eu não teria chegado até aqui.

Aos meus amigos da faculdade, por todo apoio, companheirismo e carinho.

André, Aninha, Camila, Domênica, Nicolle e Thais, sem vocês esta caminhada teria

sido muito mais difícil!

Aos professores doutores Cláudia Souza e Thiago Chagas, pela orientação,

confiança e apoio durante o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço por tudo!

À Daniela Greco, por toda disposição, prestatividade e ajuda em cada etapa

deste trabalho. Muito obrigada!

Aos professores da UFF e a Coordenação do Curso de Biomedicina, que me

transmitiram seu valioso conhecimento.

Aos profissionais da Rotina Laboratorial de Microbiologia do Serviço de

Patologia do Hospital Universitário Antônio Pedro, especialmente a Hugo, Douglas e

André. Obrigada por toda ajuda e solicitude prestadas.

À Larissa Botelho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela ajuda

técnica com a identificação das amostras pelo MALDI-TOF. Obrigada!

À equipe do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto

Oswaldo Cruz (LAPIH/IOC/Fiocruz), sob a supervisão das doutoras Ana Paula

D’Allincourt Carvalho Assef e Marise Dutra Asensi, pelo apoio prestado para o

desenvolvimento deste trabalho. Muito brigada!

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“Não importa o que aconteça, continue a nadar.”

(WALTERS, G; Procurando Nemo, 2003)

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RESUMO

A família Enterobacteriaceae abriga alguns dos gêneros mais frequentemente

encontrados em amostras biológicas estão muito associados às infecções relacionadas

com a assistência à saúde (IRAS). A resistência aos beta-lactâmicos tem aumentado nas

últimas décadas, principalmente no que se refere à produção de enzimas, destacando as

carbapenemases. No ambiente hospitalar, pacientes colonizados por bactérias portadoras

dessas enzimas são os principais reservatórios desse mecanismo de resistência, de forma

que a detecção laboratorial por meio das culturas de vigilância torna-se cada vez mais

necessária. Os métodos fenotípicos de detecção apresentam baixo custo e simples

execução. O presente estudo teve como objetivo detectar fenotipicamente a produção de

carbapenemases entre 111 amostras enterobactérias associadas com quadros de

colonização, obtidas a partir de pacientes atendidos no Hospital Universitário Antônio

Pedro. A detecção de amostras produtoras de carbapenemases foi realizada através dos

testes fenotípicos de Hodge Modificado, Inativação do Carbapenêmico Modificado e de

Inativação do Carbapenêmico com EDTA. O perfil de sensibilidade aos antimicrobianos

foi determinado por disco-difusão e a confirmação genotípica foi realizada por Reação

em Cadeia da Polimerase (PCR). Foram identificadas Klebsiella pneumoniae (26; 65%),

Escherichia coli (6; 15%), Enterobacter asburiae (2; 5%), Acinetobacter baumanni (1;

2,5%), Citrobacter farmeri (1; 2,5%), Enterobacter sp. (1; 2,5%), Klebsiella oxytoca (1;

2,5%), Leclercia sp. (1; 2,5%), Providencia rettgeri (1; 2,5%). A produção de

carbapenemases foi observada em 36% (40/111) dos isolados. As amostras foram

resistentes a: Amicacina (25%), Gentamicina (32%), Tetraciclina (45%), Imipenem

(75%), Sulfametoxazole-Trimetoprima (87,5%), Ciprofloxacina (87,5%), Ceftazidima

(92,5%), Cefepime (97,5%), Cefotaxima (100%) e Ceftriaxona (100%). Foi observado

que 85% das cepas tinham o gene blaKPC, 12,5% blaNDM e nenhuma blaOXA-48. Os

resultados indicam que o é uma boa alternativa ao Teste de Hodge Modificado para a

detecção fenotípica de Enterobactérias Resistentes aos Carbapenêmicos. Os resultados

encontrados destacam a importância da cultura de vigilância para a melhoria na

qualidade da assistência hospitalar.

Palavras-chave: Bacilos Gram-negativos, carbapenemases, colonização, detecção

laboratorial fenotípica, HUAP

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ABSTRACT

Enterobacteriaceae family shelters some of the genus most prevalent in biological

samples that are closely associated with healthcare-associated infections (HAI).

Resistance to beta-lactams has increased in the last decades, mainly in what refers to the

production of enzymes, emphasizing carbapenemases. In health care settings, patients

colonized by bacteria carrying these enzymes are the main reservoirs of this mechanism

of resistance, so that laboratory detection through surveillance cultures becomes more

and more necessary. Phenotypic detection methods have low cost and simple execution.

The present study aimed to detect phenotypically the production of carbapenemases

among 111 enterobacterial samples associated with colonization tables, obtained from

patients attending the Hospital Universitário Antônio Pedro. The detection of

carbapenemase-producing samples was analyzed by phenotypic tests, like Modified

Hodge Teste, modified Carbapenem Inactivation Method and Carbapenem Inactivation

Method with EDTA. The antimicrobial sensitivity profile was determined by disk

diffusion and the genotypic confirmation was performed by Polymerase Chain Reaction

(PCR). Were identified Klebsiella pneumoniae (26; 65%), Escherichia coli (6; 15%),

Enterobacter asburiae (2; 5%), Acinetobacter baumanni (1; 2,5%), Citrobacter farmeri

(1; 2,5%), Enterobacter sp. (1; 2,5%), Klebsiella oxytoca (1; 2,5%), Leclercia sp. (1;

2,5%), Providencia rettgeri (1; 2,5%). The production of carbapenemases was observed

in 36% (40/111) of the isolates. Samples were resistant to Amikacin (25%), Gentamicin

(32%), Tetracycline (45%), Imipenem (75%), Sulfamethoxazole-Trimethoprim

(87.5%), Ciprofloxacin (87,5%), Cefepime (97.5%), Cefotaxime (100%) and

Ceftriaxone (100%). It was observed that 85% of the strains were positive for the genes

blaKPC, 12,5% for blaNDM and none for blaOXA-48. The results indicate that Modified

Carbapenemmal Inactivation Method is an alternative to

Modified Hodge Test for phenotypic detection of Carbapenem-Resistant

Enterobacteriaceae. The results highlight the importance of the surveillance culture for

high quality hospital care.

Keywords: Gram-negative bacilli, carbapenemases, colonization, phenotypic laboratory

detection, HUAP

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Crescimento em meio ChromAgar ESBL sugestivo de Klebsiella,

Enterobacter e Citrobacter (colônias azuis esverdeadas) e E. coli (colônias rosadas)...34

Figura 2: Resultados dos testes CIMm e CIMe. À esquerda, serino-ß-lactamase; à

direita, metalo-ß-lactamase..............................................................................................36

Figura 3: Resultados do Teste de Hodge Modificado: amostras positivas (setas verdes)

e negativas (setas vermelhas)..........................................................................................37

Figura 4: Imagem ilustrativa do teste de sensibilidade aos antimicrobianos pelo método

de disco-difusão...............................................................................................................38

Figura 5: Distribuição de 40 bacilos Gram-negativos produtores de carbapenemases,

isolados a partir de swabs retais de pacientes atendidos no Hospital Universitário

Antônio Pedro, de acordo com a espécie e/ou gênero.................................................... 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição das 111 amostras isoladas a partir de swabs retais de pacientes

atendidos no Hospital Universitário Antônio Pedro, no período de setembro a outubro

de 2018, de acordo com a unidade de atendimento.........................................................33

Tabela 2: Resultados obtidos nos testes CIM realizados em microtubos eppendorf entre

111 amostras de bacilos Gram negativos, isoladas a partir de culturas de

vigilância.........................................................................................................................41

Tabela 3: Comparação entre os resultados obtidos nos testes fenotípicos para detecção

de amostras produtoras de carbapenemases....................................................................42

Tabela 4: Distribuição de 40 amostras isoladas a partir de swabs retais, de acordo com

a unidade de atendimento do Hospital Universitário Antônio Pedro..............................42

Tabela 5: Perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos de 40 amostras de bacilos

Gram-negativos isoladas de pacientes internados no Hospital Universitário Antônio

Pedro, a partir de culturas de vigilância......................................................................... 44

Tabela 6: Perfil de co-resistência aos antimicrobianos das 40 amostras de bacilos

Gram-negativos carbapenemases positivos.....................................................................45

Tabela 7: Prevalência das diferentes espécies de bacilos Gram-negativos e presença de

determinantes genéticos para produção de carbapenemases do tipo KPC, NDM e OXA-

48.....................................................................................................................................46

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Iniciadores específicos utilizados para a detecção dos determinantes

genéticos de carbapenemases..........................................................................................40

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMI Amicacina

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATCC American Type and Culture Collection

CAZ Ceftazidima

CBAC Coleção Bacteriana de Gram-negativos

CESP Grupo bacteriano (Citrobacter spp., Enterobacter spp, Serratia spp.,

Proteus spp.)

CIM Teste de Inativação do Carbapenêmico

CIMe Teste de Inativação do Carbapenêmico com EDTA

CIMm Teste de Inativação do Carbapenêmico Modificado

CIP Ciprofloxacina

CLSI Clinical and Laboratory Standards Institute

CPM Cefepime

CRO Ceftriaxona

CTI Centro de Terapia Intensiva

CTX Cefotaxima

CVC Cateteres Venosos Centrais

DNA Ácido Desoxirribonucleico

EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético

ERC Enterobactérias Resistentes as Carbapenêmicos

EUA Estados Unidos da América

ESBL Beta-Lactamase de Espectro Estendido

GEN Gentamicina

HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro

IPM Imipenem

IPCS Infecções Primárias da Corrente Sanguínea

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IRAS Infecções Relacionadas com a Assistência à Saúde

KPC Klebsiella pneumoniae Carbapenemase

MBL Metalo-ß-lactamase

NDM Nova Delhi Metalo-ß-lactamase

OMS Organização Mundial de Saúde

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

SENTRY Estudo Epidemiológico: Antimicrobial Surveillance Program

SUT Sulfametoxazole-Trimetoprima

TBE Tris-Borato-EDTA

TET Tetraciclina

THM Teste de Hodge Modificado

TSA Tryptic Soy Agar

TSB Tryptic Soy Broth

UFF Universidade Federal Fluminense

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17

1.1. Família Enterobacteriaceae ...................................................................................... 17

1.2. Antimicrobianos beta-lactâmicos ............................................................................... 18

1.3. Carbapenêmicos......................................................................................................... 19

1.4. Mecanismos de resistência bacteriana ....................................................................... 20

1.5. Produção de ß-lactamases ........................................................................................... 21

1.6. Produção de carbapenemases ..................................................................................... 22

1.7. Detecção fenotípica de carbapenemases .................................................................... 25

1.8 Espectrometria de Massa MALDI-TOF na identificação de microrganismos..........28

1.9. Infecções nosocomiais causadas por amostras produtoras de carbapenemases ......... 29

1.10. Relevância do estudo ............................................................................................... 30

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 32

3. METODOLOGIA ............................................................................................... 33

3.1. Considerações Éticas 30 ............................................................................................ 33

3.2. Seleção e identificação das amostras bacterianas ....................................................... 33

3.3. Detecção Fenotípica de Carbapenemases ................................................................... 34

3.3.1. Teste de Inativação do Carbapenêmico Modificado (CIMm) ..................... 34

3.3.2. Teste de Inativação do Carbapenêmico Modificado com EDTA (CIMe) ... 35

3.3.3. Teste de Hodge Modificado ......................................................................... 36

3.4. Teste de Susceptibilidade aos Antimicrobianos ......................................................... 37

3.5. Identificação de gênero e/ou espécie por espectrometria de massa..........................38

3.6. Detecção Genotípica de Carbapenemases .................................................................. 39

3.6.1. Extração do DNA Bacteriano ...................................................................... 39

3.6.2. Detecção dos genes codificadores de Carbapenemases por PCR .............. 39

3.6.3. Eletroforese em Gel de Agarose .................................................................. 40

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4. RESULTADOS ..................................................................................................... 41

4.1. Detecção Fenotípica da produção de Carbapenemases .............................................. 41

4.2. Distribuição das amostras de acordo com os setores hospitalares .............................. 42

4.3. Identificação das amostras positivas para produção de carbapenemases.................43

4.4. Determinação dos Perfis de Susceptibilidade aos Antimicrobianos .......................... 43

4.5. Detecção Genotípica da produção de Carbapenemases ............................................. 45

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 47

6. CONCLUSÕES .................................................................................................... 57

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 58

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Família Enterobacteriaceae

Os Bacilos Gram-negativos constituem um amplo grupo de bactérias, muitas de

importância clínica, entre elas as enterobactérias e alguns bacilos Gram-negativos Não

Fermentadores, como Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter spp.

A família Enterobacteriaceae é composta por bacilos Gram-negativos aeróbios

ou anaeróbios facultativos, catalase positiva e oxidase negativa, e que podem ser

facilmente cultivados em diversos meios de cultura por não possuírem exigências

nutricionais complexas. Bioquimicamente, as enterobactérias são capazes de fermentar

glicose com produção de ácido, ou de ácido e gás, e de reduzir nitratos a nitritos. Essas

bactérias podem estar distribuídas amplamente no ambiente, sendo encontradas em

água, solo, plantas e na microbiota normal do trato intestinal de animais vertebrados e

seres humanos (ABBOTT, 2011).

Esta família de microrganismos possui uma grande diversidade, abrangendo

mais de 30 gêneros atualmente descritos e 130 espécies, que se diferenciam por meio da

capacidade de fermentar outros carboidratos, por suas características antigênicas ou

produção de toxinas (ABBOTT, 2011).

Os gêneros mais frequentemente encontrados em amostras biológicas e

considerados de maior importância médica são Enterobacter spp., Escherichia spp.,

Klebsiella spp., Morganella spp., Proteus spp., Providencia spp., Salmonella spp.,

Serratia spp. e Shigella spp. (OLIVEIRA, 2008). Particularmente os gêneros,

Escherichia, Klebsiella, Enterobacter e Proteus estão bastante associados às infecções

relacionadas com a assistência à saúde (IRAS), incluindo pneumonias, infecções da

corrente sanguínea e infecções urinárias (OLIVEIRA, 2008)

Dados de um estudo publicado pelo SENTRY Antimicrobial Surveillance

Program (GALES et al., 2012), para a América Latina, indicam que a espécie E. coli e

o gênero Klebsiella spp. são os principais bacilos Gram-negativos causadores de

infecções da pele e tecidos moles e da corrente sanguínea. Além disso, os dados indicam

que E. coli é o principal agente causador de infecções urinárias em pacientes

hospitalizados, seguido de K. pneumoniae e de Proteus spp. Os gêneros Salmonella spp.

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e Shigella spp. destacam-se em relação a infecções alimentares, podendo causar

gastroenterites e febre tifoide (RIBEIRO, 2013; VELGE et al., 2012).

O aumento da prevalência de enterobactérias multirresistentes, principalmente

no que se refere aos ambientes hospitalares compreende um dos mais importantes

desafios aos laboratórios clínicos e aos profissionais de saúde.

1.2. Antimicrobianos beta-lactâmicos

A introdução de agentes antimicrobianos na terapia de doenças infecciosas foi

um importante avanço que permitiu o tratamento de doenças de etiologia bacteriana,

responsáveis por altas taxas de mortalidade na era pré-antibiótica. Os beta-lactâmicos

foram os primeiros antibióticos a serem descritos e, até os dias atuais, constituem o

maior grupo de antimicrobianos utilizados na prática clínica (SUÁREZ; GUDIOL,

2009a).

Os beta-lactâmicos compõem uma classe de antimicrobianos que inclui as

penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos. A característica comum

dos componentes deste grupo corresponde à presença do anel beta-lactâmico na

estrutura química da molécula. Estes agentes atuam como inibidores da síntese da

parede celular bacteriana, uma estrutura essencial para a manutenção vital da célula

bacteriana.

Dentro de cada grupo que compõem a classe dos beta-lactâmicos, pequenas

alterações na estrutura química alteram as características dos agentes, sendo elas:

espectro de ação, afinidade por receptores e resistência a enzimas do tipo beta-

lactamases (SUÁREZ; GUDIOL, 2009b).

A penicilina foi o primeiro beta-lactâmico descoberto, em 1928 por Alexander

Fleming. Este grupo apresenta um espectro de ação restrito e pode ser hidrolisado por

muitas beta-lactamases conhecidas. A classe das cefalosporinas teve origem a partir do

isolamento de um composto ativo produzido pelo fungo Cephalosporium

(GREENWOOD et al., 2007). Atualmente, existem cefalosporinas de primeira a quinta

geração. As de primeira geração possuem boa atividade contra Gram-positivas e Gram-

negativas, sendo, porém, mais ativas contra Gram-positivas; as de segunda geração

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apresentam estrutura química mais estável em relação às de primeira geração e ação

contra Gram-negativos; já as de terceira e quarta gerações possuem maior atividade

contra Gram-negativos, incluindo os bacilos não fermentadores; e as de quinta geração

apresentam atividade contra amostras de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina

(MRSA) (GREENWOOD et al., 2007; SPENGLER et al., 2015).

A classe dos monobactâmicos foi inicialmente descrita em 1981 com a

observação da produção de beta-lactâmicos monocíclicos por cepas de

Chromobacterium violaceum, Acetobacter sp., e Agrobacterium radiobacter.

Atualmente, o principal membro dessa classe é o aztreonam, que tem efeito apenas

contra Gram negativos aeróbios (OLIVEIRA, 2008).

Os carbapenêmicos foram descritos primeiramente em 1976, a partir da análise

do caldo do fungo Streptomyces cattleya e constituem os beta-lactâmicos com maior

espectro de ação. O imipenem (associado à cilastatina) foi o primeiro carbapenêmico

disponibilizado para o uso clínico, em 1985.

1.3. Carbapenêmicos

Os carbapenêmicos pertencem ao grupo do beta-lactâmicos e apresentam amplo

espectro de ação, atuando tanto sobre bactérias Gram-positivas, quanto sobre Gram-

negativas. Atualmente, os principais representantes dessa classe compreendem:

imipenem, meropenem, ertapenem e o doripenem. Estes são os beta-lactâmicos com

maior espectro de ação, sendo utilizados no tratamento de infecções causadas por cepas

produtoras de ß-lactamases de Espectro Estendido (ESBL) (GREENWOOD, 2007) e

consideradas as drogas de escolha para tratamento de infecções graves por

enterobactérias e outros Gram-negativos multirresistentes. Entretanto, nas últimas

décadas têm surgido mecanismos de resistência aos carbapenêmicos, especialmente

aqueles associados com a produção de beta-lactamases com atividade contra

carbapenêmicos (carbapenemases), limitando ainda mais as opções terapêuticas

(CODJOE; DONKOR, 2018).

Em um estudo de revisão sobre os carbapenêmicos (ZHANEL et al., 2007), o

imipenem e o meropenem foram estudados em ensaios clínicos comparativos que

estabeleceram a sua eficácia no tratamento de uma variedade de infecções, incluindo

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infecções intra-abdominais complicadas, infecções da pele, pneumonia adquirida na

comunidade, pneumonia nosocomial, infecções complicadas do trato urinário, entre

outras. Dados deste estudo sugerem que o papel atual do imipenem e do meropenem na

terapia antimicrobiana permanece para uso em infecções relacionadas à assistência a

saúde e polimicrobianas moderadas e graves (GALES et al., 2002).

O espectro antimicrobiano e as propriedades farmacocinéticas do ertapenem o

tornam mais adequado para o tratamento de infecções comunitárias e terapia

antimicrobiana intravenosa em ambulatório, do que para o tratamento de infecções

nosocomiais. Doripenem é um carbapenêmico com propriedades semelhantes às do

meropenem, embora pareça ter uma atividade in vitro mais potente contra P. aeruginosa

do que o meropenem. Possui amplo espectro contra patógenos Gram-negativos e Gram-

positivos, incluindo cepas multirresistentes (RIBEIRO, 2013; RODRIGUES, 2015).

1.4. Mecanismos de resistência bacteriana

A resistência bacteriana em bacilos Gram-negativos tem crescido no Brasil e no

mundo nos últimos anos, o que gera uma necessidade crescente de conhecimento dos

perfis de sensibilidade das bactérias que mais frequentemente causam infecções e dos

mecanismos de disseminação de resistência (ABREU; GONÇALVES, 2010).

Essa resistência aos antimicrobianos é um processo adaptativo resultante de

determinados eventos, como mutações em genes que passam a expressar resistência, ou

mecanismos de recombinações genéticas, através dos quais a bactéria pode adquirir

genes de resistência. Dentre os principais mecanismos de resistência bacteriana, pode-se

destacar: alteração da permeabilidade da membrana externa bacteriana, alteração do

sítio-alvo, bomba de efluxo e inativação enzimática (GIEDRAITIENĖ et al., 2011;

OLIVEIRA, 2008).

A diminuição na permeabilidade da membrana bacteriana ocorre pela alteração

na expressão dos canais de porina, pelos quais passam os agentes antimicrobianos. Esse

mecanismo é mais comumente encontrado em bactérias Gram-negativas, uma vez que a

principal barreira para a entrada dos antimicrobianos na célula bacteriana é a membrana

externa, inexistente nos organismos Gram-positivos (OLIVEIRA, 2008). A alteração do

sítio-alvo consiste na modificação do local de ligação do antimicrobiano, de forma que

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o mesmo diminui sua afinidade pela proteína alvo e perde sua função antimicrobiana. O

mecanismo de bomba de efluxo confere a capacidade de expulsar ativamente o fármaco

para fora da célula bacteriana, o que gera uma concentração inadequada do mesmo no

meio intracelular e resulta na perda de efetividade da sua ação antimicrobiana. Já a

inativação enzimática está relacionada com a produção de enzimas que inativam ou

modificam os antimicrobianos (GIEDRAITIENĖ et al., 2011).

Frequentemente, o mesmo microrganismo apresenta vários desses mecanismos

combinados, apresentando multirresistência, o que dificulta ainda mais a escolha da

terapia adequada (DE PAULA, 2008; RIBEIRO, 2013).

1.5. Produção de ß-lactamases

Um dos principais mecanismos enzimáticos de resistência consiste na produção

de beta-lactamases, que constituem um grupo heterogêneo de enzimas capazes de

inativar beta-lactâmicos. Estas enzimas são frequentemente produzidas por bactérias

Gram-negativas, aeróbias e anaeróbias, e lisam o anel beta-lactâmico por hidroxilação

irreversível da ligação amida, com inativação e a consequente perda de função do

antimicrobiano (ABREU & GONÇALVES, 2010).

Os substratos dessas enzimas variam, de maneira que algumas inativam as

penicilinas, outras atuam sobre cefalosporinas e outras são capazes de agir sobre ambas

as classes dos fármacos. Em alguns patógenos, verifica-se a produção de diferentes tipos

de beta-lactamases, onde diversas cepas podem produzir enzimas distintas, ou uma

única cepa pode produzir mais de um tipo de enzima (ABREU & GONÇALVES,

2010).

Essas enzimas são comumente classificadas de acordo com dois esquemas

gerais: a classificação molecular de Ambler e a classificação funcional de Bush-Jacoby-

Medeiros (AMBLER, 1980; BUSH; JACOBY; MEDEIROS, 1995). A classificação de

Ambler divide as beta-lactamases em quatro classes: A, B, C e D. As classes A, C e D

agem através de sítios ativos contendo resíduos de serina (serino-β-lactamases), já a

classe B depende de zinco como cofator enzimático (metalo-ß-lactamases). Por outro

lado, o esquema de Bush classifica essas enzimas de acordo com suas funções e

características bioquímicas, dividindo-as em quatro grupos definidos pelos substratos e

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sensibilidade a seus inibidores (ABREU & GONÇALVES, 2010). Entre as enzimas

mais comuns, destacam-se as beta-lactamases do Grupo 1 (AmpC) e as do Grupo 2be,

que compreendem enzimas com amplo espectro de ação (ESBLs).

As AmpC, ß-lactamases são classificadas como enzimas da classe C de Ambler

podem ser encontradas tanto no cromossomo bacteriano, quanto em plasmídeos móveis

(RIBEIRO, 2013). Segundo COUDRON e colaboradores (2000), genes para essas

enzimas são comumente encontrados nos cromossomos de vários membros da família

Enterobacteriaceae, incluindo Citrobacter spp., Enterobacter spp., Serratia marcescens

Providencia spp. (grupo CESP), Shigella spp. e E. coli. Além disso, sua presença pode

ocorrer em praticamente todos os membros da família Enterobacteriaceae, uma vez que

essas enzimas também podem ser encontradas em plasmídeos transferíveis

(COUDRON; MOLAND; THOMSON, 2000).

Novos antimicrobianos beta-lactâmicos foram desenvolvidos de forma que

fossem especificamente resistentes à ação de beta-lactamases. Contudo, o uso frequente

desses fármacos permitiu a seleção de microrganismo capazes de produzir novas beta-

lactamases. Um dos exemplos dessas novas enzimas que surgiram são as ESBLs, que

abrangem enzimas das classes A ou D de Ambler, ou 2be ou 2d de Bush, e são capazes

de hidrolisar cefalosporinas de primeira, terceira e quarta gerações.

A produção de ESBLs por representantes da família Enterobacteriaceae

constitui um importante problema no que se refere ao tratamento das infecções causadas

por estes microrganismos, uma vez que estas enzimas são capazes de inativar os

antimicrobianos beta-lactâmicos, exceto os carbapenemas. Dessa forma, as ESBLs

conferem resistência às penicilinas, cefalosporinas e monobactâmicos. A resistência a

cefalosporinas de terceira geração em bactérias da família Enterobacteriaceae tem sido

observada desde 1985, entretanto, no Brasil, o primeiro relato desse achado em

hospitais foi publicado somente em 1994 (JONES; MARSHALL, 1994).

1.6. Produção de carbapenemases

As carbapenemases são beta-lactamases que possuem espectro de ação ampliado

no que se refere às demais representantes do grupo, pois hidrolisam também os

carbapenêmicos, além das penicilinas, cefalosporinas e monobactâmicos. Em relação

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aos monobactâmicos, as metalo-β-lactamase não são capazes de promover hidrólise.

Estas enzimas podem ser do tipo serino-ß-lactamase (classes A e D) ou do tipo metalo-

β-lactamase (MBL), que contém zinco no sítio ativo, sendo, portanto sensíveis à

inibição por quelantes de metal, como o EDTA ou derivados de Thiol. Além disso, as

carbapenemases são codificadas por genes frequentemente localizados em elementos

genéticos móveis tais como plasmídeos, que podem ser facilmente transferidos para

outras bactérias (MUNTEAN et al., 2018). Em enterobactérias, as carbapenemases de

maior importância clínica incluem: a KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase), a

NDM (Nova Delhi Metalo-ß-lactamase) e a OXA-48, pertencentes respectivamente às

classes A, B e D.

Em relação à enzima KPC, apesar da mesma ter sido inicialmente descrita em K.

pneumoniae, atualmente já foi detectada em todos os membros de importância clínica

da família Enterobacteriaceae, sendo inclusive descrita em espécies de bacilos Gram-

negativos não fermentadores, como Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter

baumannii (RIBEIRO, 2013).

A MBL NDM-1 foi descrita pela primeira vez em 2009, em K. pneumoniae

isolada de um paciente previamente hospitalizado na Índia, no ano de 2008 (YONG et

al., 2009). Desde a sua primeira descrição, amostras produtoras de NDM têm sido

relatadas ao redor do mundo, tendo apresentado uma rápida disseminação global e

sendo endêmica no subcontinente indiano (WALSH, 2010).

As oxacilinases, da classe D de Ambler, são caracterizadas por serem enzimas

que degradam a oxacilina mais rapidamente que os outros β-lactâmicos. Entre as

oxacilinases, algumas apresentam atividade contra carbapenêmicos, incluindo a OXA-

48, disseminada entre enterobactérias. Esta enzima foi primeiramente descrita em K.

pneumoniae, na Turquia em 2003, e atualmente já foram descritas 10 variantes do gene

que codifica a mesma. Além disso, a OXA-48 constitui a carbapenemase de classe D

mais eficiente na degradação do imipenem, quando comparada a outras carbapenemases

de classe D (JEON et al., 2015)

A prevalência de enterobactérias produtoras de carbapenemases e

multirresistentes pode variar de país para país. Porém, mesmo dentro de um mesmo país

essa distribuição também pode variar dependendo de diversos fatores, como as medidas

para controle de infecção e de vigilância epidemiológica. Recentemente, um estudo de

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vigilância epidemiológica publicado pelo SENTRY Antimicrobial Surveillance

Program (GALES et al., 2012) revelou uma alta prevalência de infecções causadas por

bacilos Gram-negativos em países da América Latina, sendo que o Brasil apresentou a

maior taxa de resistência ao meropenem em Klebsiella spp. (11%), seguido pela

Argentina (8,2%), Chile (5,0%), e México (0,8%).

O primeiro relato de KPC no Brasil foi publicado em 2009, por MONTEIRO et

al. O estudo relatou a detecção de amostras de K. pneumoniae produtoras de KPC

isoladas a partir de pacientes hospitalizados na cidade de Recife, no ano de 2006. Este

achado foi relatado dez anos após a primeira detecção de amostra produtora de KPC,

que ocorreu em 1996, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América

(SAMPAIO; GALES, 2016). Até o ano de 2016, 23 variantes da enzima KPC foram

descritas ao redor do mundo, contudo o subtipo KPC-2 é o predominante no Brasil

(SAMPAIO; GALES, 2016). Enterobactérias produtoras desta variante de KPC foram

reportadas em diferentes regiões brasileiras, sendo descritas em diversas espécies dessa

família, entretanto, K. pneumoniae é a espécie mais frequente (ANTOCHEVIS, 2017).

A NDM-1 foi primeiramente descrita no Brasil, entre enterobactérias da espécie

Providencia rettgeri, isoladas a partir de um paciente da cidade de Porto Alegre, no sul

do país (CARVALHO-ASSEF et al., 2013). Após o primeiro relato, outros casos

envolvendo enterobactérias produtoras de NDM foram identificados, como o descrito

por AIRES et al., em 2016, que detectaram a produção de NDM em K. pneumoniae,

entre amostras isoladas em oito instituições de saúde, localizadas em três cidades do

estado do Rio de Janeiro. Recentemente, foram descritos os primeiros casos de

amostras produtoras de NDM nas regiões norte e nordeste do Brasil, a partir de

amostras de K. pneumoniae e Citrobacter freundii, isoladas a partir de pacientes

admitidos em um hospital na Bahia (BARBERINO et al., 2017).

As enzimas do grupo OXA estão menos disseminadas mundialmente quando

comparadas às KPCs e às NDMs, apresentando circulação mais restrita ao Oriente

Médio, alguns países da Europa, parte sul e leste do Mar Mediterrâneo e África

(POIREL; POTRON; NORDMANN, 2012). No Brasil, o primeiro caso de OXA-48 foi

identificado a partir de uma amostra de Enterobacter cloacae em um hospital de Porto

Alegre, em 2013 (PINTO et al., 2014).

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1.7. Detecção fenotípica de carbapenemases

O aumento da ocorrência de bacilos Gram-negativos produtores de

carbapenemases é uma importante questão para a saúde pública, de modo que, para

prevenir a disseminação desses microrganismos, a detecção rápida destas bactérias é

fundamental. Nesse contexto, os testes fenotípicos para detecção da produção de

carbapenemase podem ser utilizados, especialmente na rotina laboratorial, por suas

características de baixo custo e fácil execução (SUN et al., 2017).

Entre os métodos fenotípicos descritos na literatura para detecção de

carbapenemases, pode-se citar: Teste de Hodge Modificado (THM), o Carba NP, o Blue

Carba e o Teste de Inativação do Carbapenêmico Modificado (CIMm), sendo o último

recentemente recomendado pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI,

2017).

O THM é uma técnica fenotípica para detecção de amostras produtoras de

carbapenemase utilizada rotineiramente em laboratórios de patologia clínica, por ser

simples e de fácil execução. Esse teste foi recomendado pelo CLSI de 2009 a 2017,

apenas para enterobactérias, e apresenta como limitações o fato de não discriminar os

tipos de carbapenemases (serino-ß-lactamase de metalo-ß-lactamase), podendo também

gerar resultados falso positivos em amostras produtoras de AmpC ou AmpC e ESBL

(CODJOE; DONKOR, 2017). O teste THM também apresenta baixa sensibilidade para

a detecção de metalo-ß-lactamases, especialmente do tipo NDM, além de demandar 16-

20h de incubação (VASOO et al., 2013). Um estudo realizado por SUN e colaboradores

(2017), na China, mostrou que a sensibilidade do THM na detecção de carbapenemases

das classes B e D, produzidas por Gram-negativos, foi de 75,5%, com 34,8% dos

produtores de NDM-1 e 33,3% dos produtores de OXAs não detectados,

respectivamente.

A leitura do THM é baseada na distorção do halo de inibição do carbapenêmico

(ertapenem ou imipenem) de uma cepa de ATCC E. coli sensível, em razão da presença

de enzimas capazes de hidrolizar o antimicrobiano, produzidas pela amostra teste

(CLSI, 2010).

Outro método utilizado para a detecção fenotípica da produção de

carbapenemases é o teste Carba NP, recomendado pelo CLSI a partir de 2015, que

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26

apresenta fácil execução e boa reprodutibilidade, podendo ser facilmente adaptado na

rotina de laboratórios clínicos. A leitura dos resultados desse ensaio é colorimétrica e

baseia-se na capacidade que a bactéria produtora de carbapenemase possui de hidrolisar

in vitro o carbapenêmico imipenem, de maneira que, a degradação do mesmo torna o

meio mais ácido e essa alteração do pH é detectada utilizando-se para isso, o vermelho

de fenol como indicador de pH (que vira de vermelho para amarelo/laranja-amarelado,

no pH mais ácido). Além disso, a leitura dos resultados do Carba NP é rápida (leitura

até 2h) (TIJET et al., 2013; CODJOE & DONKOR, 2017).

O Carba NP apresenta a vantagem de ser um método capaz de discriminar a

carbapenemase detectada como sendo uma serino-ß-lactamase ou uma metalo-ß-

lactamase e poder ser aplicado em amostras de enterobactérias, P. aeruginosa e

Acinetobacter spp, embora o CLSI tenha revisto a sua aplicação para amostras de

Acinetobacter em 2017.

Estudos mostram que este teste é 100% sensível e específico para a família

Enterobacteriaceae, e 100% específico e 94,4% sensível para espécies de Pseudomonas

produtoras de carbapenemases (DORTET et al., 2012; NORDMANN et al., 2012). Em

contraste a esses estudos, segundo TIJET et al. (2013), foi observado baixo desempenho

do teste e resultados falso-negativos em amostras produtoras de enzimas do tipo OXA-

48-like para isolados de enterobactérias e P. aeruginosa, sendo observado apenas 80%

de especificidade. Além disso, por ser um método colorimétrico, exige maior

observação por parte do executor, podendo apresentar dificuldades de leitura e

interpretação.

Em 2013, PIRES et al. propuseram um teste modificado, baseado no Carba NP,

o Blue-Carba. Este ensaio, assim como o Carba NP, é baseado na hidrólise in vitro do

imipenem por colônias bacterianas, inoculadas diretamente e sem lise prévia, em uma

suspensão contendo o indicador de pH, azul de bromotimol. A hidrólise do imipenem é

detectada por alterações nos valores de pH (que vira o meio de azul para verde/amarelo

ou de verde para amarelo, no pH mais ácido) (PIRES et al., 2013). A substituição do

indicador de pH do vermelho de fenol para o azul de bromotimol permite amenizar as

dificuldades de leitura e interpertação frequentemente encontradas no método Carba

NP, em razão da semelhança colorimétrica entre os diferentes resultados possíveis do

teste.

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27

Ainda segundo o estudo de PIRES et al. (2013), o Blue-Carba é um método

100% sensível e específico para enterobactérias, Pseudomonas spp. e Acinetobacter

spp. produtores de carbapenemases. Dados de um estudo recente (DALMOLIN et al.,

2017), realizado com 27 amostras de K. pneumoniae provenientes do Hospital da

Universidade de Santa Maria (RS, Brasil), corroboram com os dados obtidos por Pires e

colaboradores. Neste estudo, o teste Blue-Carba obteve 100% de sensibilidade e

especificidade, considerando o método de reação em cadeia da polimerase como o

padrão-ouro.

Um outro teste fenotípico, descrito mais recentemente, por VAN DER

ZWALUW et al., (2015) é o Método de Inativação do Carbapenêmico (CIM) que é

baseado no princípio de que, quando um disco de 10 µg de meropenem é incubado por

duas horas em uma suspensão aquosa de um microorganismo produtor de

carbapenemase, este carbapenêmico no disco é degradado pela ação da carbapenemase;

em contraste, se o microrganismo teste não produzir a enzima, o meropenem mantém

sua atividade antimicrobiana após a incubação na suspensão bacteriana. Após

incubação, o disco é depositado numa placa contendo o meio Mueller Hinton, na qual

foi semeada uma amostra indicadora de E. coli ATCC 25922, sensível aos

carbapenêmicos e incubada por um período de 16-18h.

O CLSI passou a recomendar o teste CIM, em 2017, com algumas modificações

(CIMm), para enterobactérias e P. aeruginosa. Por sua leitura ser realizada através de

medidas dos halos de inibição ao redor do disco do meropem, a interpretação se torna

mais fácil e objetiva quando comparada à dos testes colorimétricos.

Dados obtidos em 2017 indicam que a sensibilidade do teste CIMm, comparada

com a dos métodos genotípicos, foi de 99%, e a especificidade foi de 100% (PIERCE et

al., 2017).

O teste CIMm pode ser realizado em conjunto com o Teste de Inativação do

Carbapenêmico Modificado com EDTA (CIMe), para detecção fenotípica de metalo-ß-

lactamases. Neste método, são adicionados 20 μl de quelante EDTA na concentração de

0,5M nas suspensões bacterianas em caldo TSB contendo o disco de meropenem. O íon

de zinco no sítio ativo da enzima é quelado pelo EDTA, impedindo a função da mesma

e a consequente degradação do meropenem presente no disco. Dessa forma, o método

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de CIMe também é capaz de discriminar entre carbapenemases do tipo serino-ß-

lactamase ou metalo-ß-lactamase (CLSI, 2018).

1.8. Espectrometria de Massa MALDI-TOF na identificação de microrganismos

A espectrometria de massa é uma ferramenta física que caracteriza as moléculas

pela medida da relação massa/carga de espécies ionizadas em fase gasosa. Essa técnica

permite a transferência de biomoléculas para a fase gasosa sem que elas sejam

destruídas, passando a ser uma importante ferramenta analítica na identificação e

classificação de microrganismos por meio da análise de proteínas específicas (MELO,

2014)

A técnica MALDI-TOF começou a ser utilizada para análise de proteínas em

2002 por TANAKA. Esta sigla significa Matrix Associated Laser Desorption-Ionization

– Time of Flight e consiste num sistema no qual material biológico é colocado em uma

placa em que há a matriz polimérica. Este conteúdo é irradiado com um laser que

vaporiza a amostra e gera a ionização de várias moléculas, as quais são aspiradas em um

tubo de vácuo e levadas a um detector. Conforme a molécula, o tempo de chegada ao

detector (time of flight) é diferente. Este processo é colocado em gráfico, de forma que

são gerados vários picos e, para cada espécie microbiológica, obtém-se um gráfico

específico. Este gráfico será analisado segundo uma base de dados computadorizada,

que interpreta e fornece o resultado (PASTERNAK, 2012).

A espectrometria de massa MALDI-TOF tem sido utilizada com sucesso na

investigação e identificação de proteínas e peptídeos, na identificação taxonômica de

microrganismos, dentre inúmeras outras aplicações (GOULART, RESENDE, 2013). No

que se refera à microbiologia, essa técnica permite diagnósticos microbiológicos

complexos, como a especiação correta dos estafilococos coagulase negativos ou a

sorologia da Salmonella entérica (PASTERNAK, 2012).

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1.9. Infecções nosocomiais causadas por amostras produtoras de

carbapenemases

Infecções causadas por bactérias multirresistentes têm sido uma preocupação

constante, principalmente em instituições de saúde (CALFEE, 2012). As enterobactérias

representam 80% ou mais de todos os Gram-negativos de importância clínica isolados

na rotina microbiológica, constituindo assim, importantes patógenos Gram-negativos

associados a IRAS (ANVISA, 2010).

O aumento da resistência bacteriana constitui um importante problema de saúde

pública, visto que as beta-lactamases produzidas pelas enterobactérias conferem

resistência aos antimicrobianos frequentemente administrados, tornando o tratamento

mais demorado, difícil e custoso, o que exige esforço multidisciplinar para prevenção e

controle, além de uma detecção laboratorial eficiente (PATEL et al., 2009).

Adicionalmente, as infecções hospitalares, em conjunto com outros fatores tais como

idade avançada, hospitalização em CTI, severidade da doença, entubação e ventilação

mecânica, o uso de cateteres e o uso inadequado de antimicrobianos, contribuem para

maiores índices de morbidade e mortalidade, tempos de internação ainda mais

prolongados, custos altos e ameaça constante de disseminação de bactérias

multirresistentes (LANDMANN et al., 2007; GUPTA et al., 2011).

Segundo o Boletim Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), referente ao ano de 2016 e

com notificação de dados referentes a IRAS provenientes de 2212 hospitais do país, os

bacilos Gram-negativos se encontram entre os microrganismos mais frequentemente

notificados como causadores de infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS)

associadas a cateteres venosos centrais (CVCs) em pacientes hospitalizados em UTI

adulto. Os dados do Boletim demonstram que os bacilos Gram-negativos mais

prevalentes são K. pneumoniae (18,2%), Acinetobacter spp. (12,6%), P. aeruginosa

(8,5%), E. coli (8,2%), Enterobacter spp. (4,0%), outras enterobactérias (3,2%) e

Serratia spp. (2,8%). Ainda segundo os dados apresentados, o fenótipo de resistência

aos carbapenêmicos teve prevalência de 46,8% nos isolados K. pneumoniae, 18,2% em

isolados Enterobacter spp. e de 9,9% nos isolados E. coli.

Diante do contexto da disseminação de resistência bacteriana nos ambientes

hospitalares, uma das medidas preconizadas, visando prevenir ou minimizar essa

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disseminação no ambiente hospitalar, assim como a disseminação entre os próprios

pacientes, com o aumento o risco de aquisição de infecções por essas bactérias, consiste

na cultura microbiológica de vigilância (OLIVEIRA; SILVA, 2008). Uma vez que os

pacientes colonizados são considerados os principais reservatórios dessas cepas, a

identificação precoce de indivíduos colonizados torna possível a implementação de

medidas de controle da disseminação dessas bactérias resistentes e/ou dos seus genes de

resistência.

1.10. Relevância do estudo

A produção de enzimas ß-lactamases, destacando-se as carbapenemases,

demanda a identificação rápida das amostras com esse mecanismo de resistência,

principalmente em instituições de cuidados com a saúde, visando não apenas o controle

da disseminação dessas amostras, mas também auxiliar no direcionamento da terapia

adequada a ser utilizada no tratamento da infecção.

A resistência bacteriana emerge como um problema mundial de saúde pública

atraindo a atenção de órgãos governamentais nacionais e internacionais (OLIVEIRA;

SILVA, 2008). Em 2014, a OMS classificou as enterobactérias produtoras de

carbapenemases como uma das três maiores ameaças à saúde humana

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2014). No que se refere a colonização por

microrganismos, a microbiota intestinal serve como um reservatório de enterobactérias

produtoras de carbapenemases e pode promover transmissão cruzada em ambientes de

cuidados de saúde. Assim, programas de controle de infecção direcionados à detecção

de colonização intestinal por esses microrganismos são essenciais para limitar a

propagação desses patógenos (ADLER et al., 2011; VIAU et al., 2016).

Vários estudos destacam a importância da detecção de pacientes colonizados

para o controle efetivo de infecções devido a enterobactérias prdutoras de

carbapenemases. Em Nova York, um estudo de ENFIELD et al. (2016) documentou

uma diminuição significativa na taxa de trasmissão dessas bactérias, um ano após a

implementação de um programa de controle de infecção em um CTI. Conforme

relatado, o programa envolveu a triagem de pacientes colonizados por K. pneumoniae

resistente a carbapenêmicos e A. baumannii a partir de cultura de swabs retais, além do

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isolamento dos pacientes enquanto os resultados estavam pendentes ou caso fossem

positivos (ENFIELD et al., 2014).

Testes fenotípicos são utilizados para detecção de amostras produtoras de

carbapenemases, sendo de fácil execução e baixo custo, entretanto, podem não ser

suficientes para confirmar a presença de um mecanismo de resistência bacteriana. Por

outro lado, apesar dos métodos moleculares de diagnóstico apresentarem maior

sensibilidade e especificidade, os mesmos necessitam de reagentes especiais,

equipamentos específicos e profissionais especializados, podendo apresentar um custo

elevado para sua realização e dificultando sua implementação nos laboratórios de rotina.

A relevância deste estudo é justificada pela crescente ocorrência de

enterobactérias produtoras de ß-lactamases nos ambientes hospitalares, destacando-se

aquelas produtoras de carbapenemases, e a deficiência de dados recentes sobre a

prevalência das mesmas no hospital que recebe a pesquisa, especialmente em relação

aos pacientes colonizados.

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2. OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Detectar fenotipicamente e genotipicamente da produção de carbapenemases em

amostras isoladas de pacientes colonizados, internados no HUAP.

Objetivos Específicos:

A. Detectar fenotipicamente a produção de carbapenemases entre amostras isoladas

a partir de culturas de vigilância de pacientes atendidos no HUAP, por meio do Método

de Inibição do Carbapenêmico com e sem EDTA e do Teste de Hodge Modificado;

B. Identificar as amostras produtoras de carbapenemase ao nível de gênero e/ou

espécie, através da metodologia de Espectrometria de Massa;

C. Verificar os perfis de susceptibilidade das amostras positivas para produção de

carbapenemase, por meio do Método de Difusão;

D. Detectar genotipicamente a produção de carbapenemases por meio da técnica de

Reação em Cadeia da Polimerase.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Considerações Éticas

O presente estudo faz parte de um projeto de pesquisa mais amplo, intitulado

“Caracterização fenotípica e molecular de bactérias Gram-negativas de importância

médica com perfis de multirresistência aos antimicrobianos, isoladas no Hospital

Universitário Antônio Pedro”, aceito pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Faculdade

de Medicina, da UFF, sob o número 2.920.186.

3.2. Seleção e identificação das amostras bacterianas

No período de setembro a outubro de 2018, foram isoladas um total de 111

amostras em meio ChromAgar ESBL durante a Rotina do Laboratório de Microbiologia

do Serviço de Patologia do HUAP (Hospital Público, Terciário), a partir de swabs retais

provenientes de 61 pacientes internados em diferentes setores do HUAP (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição das 111 amostras isoladas a partir de swabs retais de pacientes atendidos no

Hospital Universitário Antônio Pedro, no período de setembro a outubro de 2018, de acordo com a

unidade de atendimento

Unidade Hospitalar Amostras isoladas

n (%)

CTI 24 21,6%

Unidade Coronariana 18 16,2%

Unidade Clínica Hematológica 15 13,5%

Serviço de Ambulatório 11 9,9%

Serviço de Emergência 11 9,9%

Unidade Clínica Pediátrica 8 7,2%

Unidade Clínica Médica 8 7,2%

Unidade Centro de Diálise 6 5,4%

Unidade Clínica Cirúrgica 5 4,5%

Centro Cirúrgico Geral 2 1,8%

Pós-operatório 2 1,8%

CTI Neonatal 1 0,9%

Total 111 100%

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As amostras isoladas que apresentaram crescimento no ChromAgar ESBL

sugestivo dos gêneros Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter (colônias azuis

esverdeadas) e E. coli (colônias rosadas) foram selecionadas e repicadas em meio TSA

(Trypiticase Soy Agar, Oxoid Brasil Ltda., SP) (Figura 1). Posteriormente, foram

armazenadas sob a forma de suspensões densas em leite Molico desnatado (Nestlé,

Araçatuba, São Paulo, Brasil) a 10% (v/v) acrescido de glicerol a 10% (v/v) e mantidas

no freezer a temperatura de -20°C.

Figura 1. Crescimento em meio ChromAgar ESBL sugestivo de Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter

(colônias azuis esverdeadas) e Escherichia coli (colônias rosadas)

3.3. Detecção Fenotípica de Carbapenemases

3.3.1. Teste de Inativação do Carbapenêmico Modificado (CIMm)

Todas as 111 amostras que apresentaram crescimento no meio ChromAgar

ESBL foram submetidas ao Método CIMm para verificação da produção de

carbapenemase. A metodologia utilizada foi segundo VAN DER ZWALUW, K. e

colaboradores (2015) e o CLSI (2018).

Para a realização do teste, as colônias foram semeadas em meio TSA. A partir de

tal meio, uma alçada das colônias foi transferida para um tubo eppendorf contendo 1mL

de Caldo Tryptic Soy Broth (TSB, Probac do Brasil, SP). Posteriormente, um disco

contendo 10μg de meropenem (CECON, São Paulo, Brasil) foi imerso nessa suspensão

e a mesma foi incubada por quatro horas a 37°C. Após o tempo de incubação, o disco

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foi removido da suspensão e colocado em uma placa contendo ágar Mueller-Hinton

(Oxoid, England), previamente inoculada com uma cepa indicadora de Escherichia coli

sensível ATCC (American Type Culture Collection) 29522 e, subsequentemente,

incubada a 37°C por 18 a 24h. A suspensão contendo a cepa indicadora de E. coli

sensível foi ajustada ao padrão de turvação 0,5 da escala de Mc Farland. A leitura e

interpretação dos resultados obtidos foram realizadas de acordo com as recomendações

do CLSI (2018).

Todas as amostras que apresentaram resultado indeterminado foram submetidas

novamente ao teste CIMm, em tubos de ensaio 13x100 contendo 2ml de caldo TSB,

para confirmação dos resultados (CLSI 2018).

Como controle do teste, foram utilizadas amostras já caracterizadas pertencentes

à Coleção Bacteriana de Gram-negativos do Laboratório. Como controle serino--

lactamase positivo, foi utilizada a amostra CBAC 240 (Pseudomonas putida, KPC

positiva); como controle metalo--lactamase positivo, foi utilizada a amostra CBAC

127 (Providencia rettgeri, NDM positiva).

3.3.2. Teste de Inativação do Carbapenêmico com EDTA (CIMe)

Todas as 111 amostras isoladas também foram submetidas ao Método do CIMe

para classificação da carbapenemase em serino-ß-lactamase ou metalo-ß-lactamase.

Para cada amostra, foi preparado um tubo eppendorf contendo 1mL de caldo

TSB, no qual foi adicionado 10μl de EDTA 0,5M. A partir da semeadura das colônias

em Agar TSA, uma alçada das colônias foi transferida para o tubo. Após, um disco

contendo 10μg de meropenem (CECON) foi imerso na suspensão e a mesma incubada a

37°C por quatro horas. Após o período de incubação, o disco foi removido da suspensão

e colocado numa placa de ágar Mueller-Hinton inoculada com uma cepa indicadora de

E. coli sensível (ATCC 29522) e, subsequentemente, incubada a 37°C por 18 a 24h. A

suspensão contendo a cepa indicadora de E. coli sensível foi ajustada ao padrão de

turvação 0,5 da escala de Mc Farland. Os resultados dos testes CIMe foram

considerados em conjunto com os dos testes CIMm e a leitura e interpretação dos

mesmos foram realizadas de acordo com as recomendações do CLSI (2018), onde um

aumento > 5mm no halo de inibição ao redor do disco de meropenem do teste CIMe,

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36

quando comparado ao halo de inibição ao redor do disco de meropenem do teste CIMm

foi considerado um resultado positivo para produção de ML (Figura 2).

Figura 2. Resultados dos testes CIMm e CIMe. À esquerda, serino-ß-lactamase; à direita, metalo-ß-

lactamase

Assim como nos testes CIMm, o método foi inicialmente realizado em

microtubos eppendorf contendo 1ml de caldo TSB, e depois, as amostras que

apresentaram resultados indeterminados foram submetidas novamente ao teste CIMm

em tubos de ensaio 13x100, contendo 2ml de TSB, para confirmação dos mesmo.

As mesmas amostras utilizadas como controle nos testes CIMm foram utilizadas

como controle para os testes CIMe.

3.3.3. Teste de Hodge Modificado

Todas as 111 amostras bacterianas também foram submetidas ao Teste de

Hodge Modificado, segundo LEE et al. (2001). Uma suspensão bacteriana da cepa E.

coli ATCC 25922 foi preparada em solução salina até atingir a turvação equivalente à

escala 0.5 de Mc Farland. A suspensão foi inoculada em placa contendo ágar Mueller-

Hinton. Em seguida, um disco de ertapenem (10μg – CECON) foi adicionado ao centro

da placa e, a partir da borda do disco de antimicrobiano, a cepa teste foi estriada em

direção à borda da placa. As placas foram incubadas a 37°C, por 16 a 18 horas. Quando

Positivo Positivo

Positivo Negativo

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37

o crescimento da cepa E. coli no interior do halo de inibição do ertapenem formou uma

zona distorcida, o resultado foi interpretado como sendo positivo para produção de

carbapenemase. Quando o halo de inibição ao redor do disco de ertapenem permaneceu

inalterado, o resultado foi considerado negativo (Figura 3).

Figura 3. Resultados do Teste de Hodge Modificado: amostras positivas (setas verdes) e negativas (setas

vermelhas)

Como controle do teste, foi utilizada uma cepa KPC positiva (P. putida)

pertencente à Coleção Bacteriana de Gram-negativos.

3.4. Identificação de gênero e/ou espécie por espectrometria de massa

As amostras positivas para a produção de carbapenemases foram identificadas

quanto ao gênero e/ou espécie por meio da metodologia de espectrometria de massa, por

meio do equipamento MALDI-TOF MS (Bruker Daltonics, Alemanha).

Para esta etapa, os 40 isolados positivos foram retirados da coleção em estoque

e foram semeados em meio TSA, sendo incubados a 37° C por 18 a 24 horas. Após esse

tempo, foi realizado o procedimento.

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38

3.5. Teste de Susceptibilidade aos Antimicrobianos

Os testes de susceptibilidade aos antimicrobianos foram realizados nas 40

amostras positivas nos testes fenotípicos de detecção de carbapenemases. O

antibiograma foi realizado segundo o método de difusão em ágar, conforme

recomendações do CLSI (2018).

As amostras foram inicialmente repicadas em ágar TSA e, a partir de tal meio,

uma alçada das colônias foi transferida para uma solução salina e a suspensão foi

comparada com o padrão de turvação 0,5 da escala de Mc Farland. Em seguida, foi

realizada a semeadura no meio ágar Mueller-Hinton e discos de papel (CECON)

impregnados com os seguintes antimicrobianos foram utilizados: Amicacina (30μg),

Cefotaxima (30μg), Ceftriaxona (30μg), Cefepime (30μg), Ceftazidima (30μg),

Ciprofloxacina (5μg), Gentamicina (10μg), Imipenem (10μg), Tetraciclina (30μg) e

Trimetoprim/Sulfametoxazol (1,25/23,75μg). As placas, por fim, foram incubadas a

37°C por 16 a 18 horas (Figura 4).

A leitura dos resultados e suas interpretações também foram realizadas de

acordo com os critérios do CLSI (2018). Como controles de qualidade do método,

foram utilizadas as amostras P. aeruginosa ATCC 27853 e E. coli ATCC 35218.

Figura 4. Imagem ilustrativa do teste de sensibilidade aos antimicrobianos pelo método de disco-difusão.

A ausência de halos em torno dos discos de antimicrobianos indica fenótipo de resistência ao mesmo

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO ...

39

3.6. Detecção Genotípica de Carbapenemases

3.6.1. Extração do DNA bacteriano

O DNA das amostras bacterianas foi extraído por lise mecânica, método de

sonicação. A partir de um crescimento recente em ágar TSA, foi retirada uma alça

bacteriológica e transferida para tubos tipo eppendorf contendo 500 µL de água

ultrapurificada. Posteriormente, a suspensão bacteriana foi homogeneizada e submetido

a sonicação, em cuba de ultrassom (Critófoli, Paraná, Brasil), duas vezes por 30

segundos com um intervalo de 10 segundos entre esses ciclos de tempo. Após a

sonicação, a suspensão foi submetida a centrifugação (16000 x g por 10 minutos) e

armazenada a -20°C até sua utilização.

3.6.2. Detecção dos genes codificadores de Carbapenemases por técnica de Reação

em Cadeia da Polimerase (PCR)

As amostras positivas para produção de carbapenemases nos testes fenotípicos

foram submetidas a reações de PCR Multiplex para detecção dos determinantes

genéticos codificadores de carbapenemases, blaKPC, blaNDM e blaOXA-48 de acordo com

MONTEIRO et al. (2012).

O isolamento do DNA bacteriano foi realizado através de lise térmica, de acordo

com a metodologia proposta por SCHUENCK e colaboradores (2008), com

modificações. Suspensões bacterianas foram preparadas em 500µL de água destilada

estéril, com turvação equivalente à da escala 3 de McFarland. A suspensão foi

submetida à temperatura de ebulição, em torno de 100oC, por 10 minutos e, em seguida,

congeladas a -20oC, para posteriormente serem utilizadas nas reações de PCR. Para

tanto, as suspensões foram centrifugada por 2 minutos (8.000 RPM) e o sobrenadante

contendo o DNA bacteriano foi utilizado.

Cada reação foi preparada contendo 2 μl de DNA cromossômico, 6,5 μl de água

Milli-Q, 0,5 μL (20 pmoles) de cada primer para os genes blaKPC e blaOXA-48, 1μL (20

pmoles) de cada primer para o gene blaNDM, e 12,5 μl do JumpStart™ REDTaq®

ReadyMix™ Reaction Mix (Sigma), totalizando um volume final de 25 μL. Os primers

utilizados encontra-se listados no Quadro 1.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO ...

40

As condições de amplificação foram: um ciclo de desnaturação inicial a 94ºC

por 5 minutos; 30 ciclos de desnaturação (94ºC por 1 minuto), anelamento (50ºC por 1

minuto), e extensão (72ºC por 1 minuto); finalizando por um ciclo de extensão final

(72ºC por 5 minutos).

Quadro 1. Iniciadores específicos utilizados para a detecção dos determinantes genéticos de

carbapenemases

Gene Iniciador Sequência Tamanho do

fragmento (bp)

Referência

Bibliográfica

blaKPC KPC-F CGGTTACGGCCAGTGGGAATA 1011

Monteiro et al.,

2012

KPC-R GACGCAGACCGAATCGAACT

blaNDM NDM-F GGTTTGGCGATCTGGTTTTC 755

Monteiro et al.,

2012

NDM-R CGGAATGGCTCATCACGATC

blaOXA-48 OXA-48-F GCTTGATCGCCCTCGATT 608

Monteiro et al.,

2012

OXA-48-R GATTTGCTCCGTGGCCGAAA

Como controle do teste molecular, foram utilizadas amostras positivas para cada

gene pertencentes à Coleção Bacteriana de Gram-negativos do Laboratório.

3.6.3. Eletroforese em Gel de Agarose

Após as reações de PCR, os produtos amplificados foram analisados através de

eletroforese em gel de agarose (Invitrogen) a 1,5% em TBE 0,4X (EDTA 0,5M pH 8,0;

Tris 1M pH 8,0; Ácido Bórico 0,035 M). A eletroforese foi realizada com tampão de

corrida TBE 0,4X sob uma corrente de 130 Volts. Posteriormente, os géis foram

corados com brometo de etídio (0,5g/L), por 15 minutos, observados e fotografados sob

luz ultravioleta em equipamento LPixEXLoccus biotecnologia.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO ...

41

4. RESULTADOS

4.1. Detecção Fenotípica da produção de Carbapenemases

Do total das 111 amostras que foram submetidas ao Teste CIMm, verificou-se

36 amostras positivas (32,4%) e quatro (3,6%) indeterminadas. As amostras que

apresentaram resultados indeterminados foram submetidas novamente ao teste CIMm

em tubos de ensaio 13x100, contendo 2ml de TSB, para confirmação dos resultados. As

quatro amostras foram positivas para produção de carbapenemases, perfazendo um total

de 40 amostras (36%) de 25 pacientes, positivas para produção de carbapenemases.

Todas as 111 amostras foram submetidas conjuntamente ao teste CIMe. Do total

das 40 amostras consideradas positivas para a produção de carbapenemases, sete

(17,5%) amostras foram positivas para o teste CIMe, caracterizando fenotipicamente a

presença de enzimas carbapenemases de tipo metalo-ß-lactamase; as outras 33 amostras

(82,5%) restantes obtiveram resultados negativos para este teste, sugerindo a presença

de serino-ß-lactamases (Tabela 2).

Tabela 2. Resultados obtidos nos testes CIM realizados em microtubos eppendorf entre 111 amostras de

bacilos Gram negativos, isoladas a partir de culturas de vigilância

Resultados

n (%)

CIM

CIMm CIMe

Positivos 36 (32,4%) 7 (6,3%)

Indeterminados 4 (3,6%) 0 (0)

As 111 amostras foram também submetidas ao teste THM. Os resultados desses

testes mostraram 28 amostras positivas (25,2%), sendo percebida uma discrepância

entre os resultados do THM e do CIMm em 12 amostras (10,8%) (Tabela 3). Todas as

amostras Hodge positivas foram foram positivas para os testes de CIMm.

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42

Tabela 3. Comparação entre os resultados obtidos nos testes fenótipicos para detecção de amostras

produtoras de carbapenemases

Resultados

n (%) CIMm THM

Positivos 40 (36%) 28 (25,2%)

Negativos 71 (64%) 83 (74,8%)

Total 111 (100%) 111 (100%)

4.2. Distribuição das amostras produtoras de carbapenemases de acordo com os

setores hospitalares

A Tabela 4 mostra a distribuição das 40 amostras positivas nos testes

fenotípicos, de acordo com os setores hospitalares. O CTI foi o setor com maior

percentual de isolamento (13 isolados; 32,5%).

Tabela 4. Distribuição de 40 amostras positivas isoladas a partir de swabs retais, de acordo com a

unidade de atendimento do Hospital Universitário Antônio Pedro

Unidade Hospitalar Amostras isoladas

n (%)

CTI 13 32,5%

Unidade Coronariana 8 20,0%

Unidade Clínica Hematológica 6 15,0%

Serviço de Emergência 5 12,5%

Unidade Clínica Médica 4 10,0%

Unidade Clínica Pediátrica 2 5,0%

Centro Cirúrgico Geral 1 2,5%

Pós-operatório 1 2,5%

Total 40 100%

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43

65%

15%

5%

2,5% 2,5%

2,5% 2,5%

2,5%

2,5%

Klebsiella pneumoniae (26/40)

Escherichia coli (6/40)

Eterobacter asburiae (2/40)

Acinetobacter baumanni (1/40)

Citrobacter farmeri (1/40)

Enterobacter sp. (1/40)

Klebsiella oxytoca (1/40)

Leclercia sp. (1/40)

Providencia rettgeri (1/40)

4.3. Identificação das amostras positivas para produção de carbapenemases

Todas as 40 amostras positivas nos testes fenotípicos foram submetidas à

identificação quanto ao gênero e/ou espécie por meio da metodologia de espectrometria

de massa, MALDI-TOF. A Figura 5 apresenta a distribuição dos microrganismos

isolados.

Figura 5. Distribuição de 40 bacilos Gram-negativos produtores de carbapenemases, isolados a partir de

swabs retais de pacientes atendidos no Hospital Universitário Antônio Pedro, de acordo com a espécie

e/ou gênero

Cabe ressaltar que as sete amostras que apresentaram resultados positivos para

produção de ML, de acordo com os resultados dos testes CIMe, foram identificadas

como sendo pertencentes às seguintes espécies: E. coli (4 amostras), K. pneumoniae, C.

farmeri e P. rettgeri (uma amostra, cada).

4.4. Determinação dos Perfis de Susceptibilidade aos Antimicrobianos

As 40 amostras positivas nos testes fenotípicos foram submetidos ao método de

difusão em agar para verificação de seus perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

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44

As seguintes taxas de resistência ou resistência intermediária aos

antimicrobianos testados foram observadas: Amicacina (25%), Gentamicina (32%),

Tetraciclina (45%), Imipenem (75%), Sulfametoxazole-Trimetoprima (87,5%),

Ciprofloxacina (87,5%), Ceftazidima (92,5%), Cefepime (97,5%), Cefotaxima (100%) e

Ceftriaxona (100%), e estão representadas na Tabela 5.

Tabela 5. Perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos de 40 amostras de bacilos Gram-negativos

isoladas de pacientes internados no Hospital Universitário Antônio Pedro, a partir de culturas de

vigilância.

Antimicrobiano

Susceptibilidade

Sensível n (%) Intermediário n (%) Resistente n (%)

Amicacina 25 (62,5%) 5 (12,5%) 10 (25%)

Gentamicina 22 (55%) 5 (12,5%) 13 (32,5%)

Tetraciclina 22 (55%) 0 (0) 18 (45%)

Sulfametoxazole-

Trimetoprima 5 (12,5%) 0 (0) 35 (87,5%)

Imipenem 3 (7,5%) 7 (17,5) 30 (75%)

Ciprofloxacina 2 (5%) 3 (7,5%) 35 (87,5%)

Cefepime 1 (2,5%) 0 (0) 39 (97,5%)

Ceftazidima 0 (0) 3 (7,5%) 37 (92,5)

Cefotaxima 0 (0) 0 (0) 40 (100%)

Ceftriaxona 0 (0) 0 (0) 40 (100%)

Na Tabela 6, são mostrados os perfis de resistência associada encontrados nos 40

isolados produtores de carbapenemases analisados.

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45

Tabela 6. Perfil de co-resistência aos antimicrobianos das 40 amostras de bacilos Gram-negativos

carbapenemases positivos

Perfil de Co-resistência Amostras bacterianas

n %

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, CIP, SUT 11 27,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, GEN, AMI, TET, CIP, SUT 6 15%

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, GEN, AMI, CIP, SUT 5 12,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, GEN, TET, CIP, SUT 3 7,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, TET, CIP, SUT 3 7,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, GEN, TET, CIP, SUT 3 7,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, GEN, AMI, TET, CIP, SUT 1 2,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, GEN, TET, CIP 1 2,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, AMI, CIP, SUT 1 2,5%

CPM, CTX, CAZ, IPM, TET, CIP, SUT 1 2,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, GEN, AMI 1 2,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, IPM, AMI, SUT 1 2,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, CIP, SUT 1 2,5%

CTX, CRO, CAZ, IPM, GEN, AMI 1 2,5%

CPM, CTX, CFO, CAZ, CIP 1 2,5%

Total 40 100%

AMI: Amicacina, CAZ: Ceftazidima, CIP: Ciprofloxacina, CPM: Cefepime, CTX: Cefotaxima, CFO:

Ceftriaxona, GEN: Gentamicina, IPM: Imipenem, TET: Tetraciclina, SUT: Sulfametoxazole-trimetoprina

Conforme pode ser observado na Tabela 5, o perfil de multirresistência, ou seja,

resistência a três ou mais classes de antimicrobianos, esteve presente em 39 amostras

(97,5%).

4.5. Detecção Genotípica da produção de Carbapenemases

A detecção dos genes de carbapenemases foi realizada, nas 40 amostras

positivas fenotipicamente, através de PCR e os resultados obtidos estão sumarizados na

Tabela 7. O maior percentual de positividade foi em relação ao gene blaKPC, em que 34

amostras (85%) foram positivas para esse gene. O segundo gene mais prevalente foi o

blaNDM, presente em cinco isolados (12,5%). O gene blaOXA-48 não foi encontrado em

nenhuma amostra e duas amostras (5%) foram negativas para todos os genes

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46

pesquisados. Foi encontrada co-expressão dos genes blaKPC e blaNDM em duas das

amostras (5%) analisadas (K. pneumoniae e E. coli).

Tabela 7. Prevalência das diferentes espécies de bacilos Gram-negativos e presença de determinantes

genéticos para produção de carbapenemases do tipo KPC, NDM e OXA-48

Microrganismo Isolados Positividade para Carbapenemase, n (%)

KPC NDM OXA-48 Negativo KPC + NDM

Klebsiella pneumoniae 26 24 (92,4%) 1 (3,8%) 0 (0) 0 (0) 1 (3,8%)

Escherichia coli 6 3 (50%) 1 (16,7%) 0 (0) 1 (16,7%) 1 (16,7%)

Enterobacter asburiae 2 2 (100%) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Acinetobacter baumanni 1 0 (0) 0 (0) 0 (0) 1 (100%) 0 (0)

Citrobacter farmeri 1 1 (100%) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Enterobacter sp. 1 1 (100%) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Klebsiella oxytoca 1 1 (100%) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Leclercia sp. 1 1 (100%) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Providencia rettgeri 1 0 (0) 1 (100%) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

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47

5. DISCUSSÃO

Enterobactérias são microrganismos bastante associados a IRAS que vêm

apresentando elevadas taxas de produção de beta-lactamases do tipo carbapenemases

(ERC – Enterobactérias Produtoras de Carbapenemases). Atualmente, a disseminação

dessas bactérias representa um importante problema clínico e epidemiológico em

diversas instituições de saúde no Brasil (ANVISA, 2013). Pacientes colonizados por

ERC atuam como reservatórios dessas bactérias e podem ser promover a transmissão

cruzada das mesmas em ambientes hospitalares (VIAU et al., 2016).

No presente estudo, das 111 amostras oriundas de swabs retais de pacientes

atendidos no Hospital Universitário Antônio Pedro, no período de setembro a outubro

de 2018, 40 (36%) foram consideradas produtoras de carbapenemase pelo Teste CIMm.

No estudo proposto por PIERCE et al. (2017), foi avaliada a eficácia do CIMm.

Segundo os resultados observados, 91 dos 92 isolados previamente caracterizados como

portadores de genes para carbapenemases foram positivos para o CIMm (99% de

sensibilidade) e todos os 23 isolados caracterizados como não portadores de genes para

carbapenemases foram negativos no CIMm (100% de especificidade); não houve

resultados indeterminados (PIERCE et al., 2017). As altas sensibilidade e especificidade

do teste observadas no estudo anterior foram confirmadas por KUCHIBIRO et al., 2018,

a partir da análise de 207 isolados Enterobacteriaceae, sendo encontrada sensibilidade

de 95,3% e especificidade de 100%. Para YAMADA et al., 2016, os resultados

apresentados pelo CIMm mostraram altas sensibilidade e especificidade para a detecção

de enterobactérias produtoras de carbapenemase. A taxa encontrada de positividade para

produção de carbapenemases entre as amostras de colonização estudadas foi elevada,

reforçando a necessidade da detecção laboratorial dessas amostras através de culturas de

vigilância, como uma das ferramentas fundamentais para limitar a disseminação dessas

amostras no ambiente hospitalar.

Todas as amostras foram submetidas ao teste CIMe, sendo observados sete

resultados positivos (6,3%) para produção de metalo-ß-lactamase. As amostras restantes

(104; 93,7%) foram consideradas negativas (71; 64%) ou produtoras de serino-ß-

lactamases (33; 29,7%). Conforme descrito na literatura, o EDTA é capaz de quelar íons

metálicos, o que o torna um composto útil na detecção de MBLs, uma vez que a

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48

atividade essas enzimas depende de íons de zinco (MEINI; LLARRULL; VILA, 2016).

O número estudos relatados na literatura sobre a eficácia do teste CIMe ainda é escasso.

O THM foi realizado em todas as amostras recebidas. Comparando com os

resultados obtidos no CIMm, este teste encontrou 12 amostras (10,8%) negativas a

mais. Em um estudo recente de comparação entre testes fenotípicos para detecção da

produção de carbapenemases, realizado nos Estados Unidos, o THM obteve 95% de

sensibilidade e 91% de especificidade, ficando atrás do CIMm, cujos percentuais foram

98% para sensibilidade e 99% para especificidade (TAMMA et al., 2017). Essas taxas

reduzidas apresentadas pelo THM estão de acordo com um estudo realizado no Japão.

Segundo YAMADA et al., para o THM, resultados falso-positivos foram observados

para produtores de ESBL e produtores de AmpC, além resultados falso-negativos para

produtores de NDM. Em contraste, KUCHIBIRO et al., 2018, além de encontrar

sensibilidade de 100% para o CIMm, encontrou um percentual de sensibilidade elevado

para o THM, sendo este também 100%. Este fato foi explicado pelos autores devido à

baixa taxa de detecção de NDM no Japão. Ademais, é descrito na literatura que o THM

apresenta um desempenho insatisfatório na detecção de isolados produtores de metalo-

ß-lactamases, sendo já deportadas taxas de sensibilidade de apenas 12% (DOYLE et al.,

2012; PASTERAN et al., 2016).

Em relação à distribuição das amostras positivas de acordo com as unidades

hospitalares, o setor em que foi isolado um maior número de bacilos Gram-negativos

produtores de carbapenemase foi o Centro de Terapia Intensiva (CTI) (13; 32,5%). Em

razão de a resistência antimicrobiana ser um fenômeno complexo, esta envolve

características do microrganismo, do paciente, do agente antimicrobiano e do ambiente

separadamente e/ou na sua interação (MURTHY, 2001). Pacientes hospitalizados estão

mais propensos adquirirem infecções nosocomiais por diferentes motivos.

Determinados pacientes compartilham características que lhes conferem maior

susceptibilidade a se tornarem colonizados/infectados por bactérias resistentes, como os

indivíduos imunossuprimidos, os cirúrgicos e os de terapia intensiva, nos quais

microrganismos normalmente não patogênicos podem ser capazes de gerar doenças

(EMORI; GAYNES, 1993; OLIVEIRA; SILVA, 2008). O CTI destaca-se como o setor

com maior risco para aquisição de infecção hospitalar, considerando os fatores acima

citados, além da alta frequência de uso de antibióticos, o contato profissional-paciente e

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49

a ruptura da barreira tecidual dos pacientes submetidos a procedimentos invasivos (DE

PAULA, 2008).

Segundo um estudo de revisão publicado por LUNA et al., 2014, bactérias

Gram-negativas foram os agentes infecciosos predominantes nas CTIs latino-

americanos e caribenhos, embora infecções polimicrobianas não fossem incomuns. No

Brasil, dados obtidos por DE PAULA (2008), mostraram que os bacilos Gram-

negativos se encontram frequentemente entre os microrganismos mais isolados neste

setor hospitalar. Um estudo de natureza descritiva e retrospectiva, realizado por

BARROS et al., 2012, em CTI de um hospital público de Fortaleza (CE), analisou

dados referentes a 702, entre agosto e outubro de 2008, e observou que 202 pacientes

(28,77%) desenvolveram algum tipo de infecção nosocomial. Ainda no Brasil,

TOUFEN JR. et al., 2003, realizou um estudo em 19 CTIs do Hospital das Clınicas, da

Universidade de São Paulo, São Paulo, e relatou uma taxa geral de infecção de 57%.

Mediante este contexto, propor iniciativas de prevenção ou diminuição da

referida situação é de grande importância, sendo ressaltada a cultura semanal de

vigilância de pacientes sob suspeita ou risco de contaminação por bactérias resistentes,

para que possa ser realizada uma avaliação da disseminação desses microrganismos nos

diferentes setores hospitalares.

No presente estudo, K. pneumoniae foi o microrganismo resistente a

carbapenêmicos com maior prevalência de colonização (26; 65,0%), seguida de E. coli

(6; 15,0%) e E. asburiae (2; 5,0%). Esses resultados estão de acordo com o estudo

realizado por RODRIGUES; ALVES; BARTH, 2015, na cidade de Porto Alegre (RS),

no qual foi obtido um total de 78 swabs de vigilância positivos para enterobactérias

resistentes a carbapenêmicos e o microrganismo mais comumente encontrado foi K.

pneumoniae (92,3%), seguido de E. coli (6,0%). Em Dourados (MS), um estudo

realizado por SOUZA, 2016, obteve 66 isolados de enterobactérias, sendo 56 (58,9%)

pertencentes à espécie K. pneumoniae. Segundo este mesmo estudo, 59% dos isolados

clínicos foram provenientes de swab retal e 54,5% dos isolados foram obtidos de

pacientes internados no setor CTI (SOUZA, 2016). Em um estudo internacional,

realizado na Turquia, foram coletados swabs retais de 4105 pacientes hospitalizados,

nos quais em 279 (6,8%) foi isolada K. pneumoniae produtora de carbapenemase

(ZARAKOLU et al., 2016). Nos EUA, entre 2008 e 2012, um estudo realizado hospitais

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50

no sudeste do país analisou um total de 305 isolados de enterobactérias resistentes a

carbapenêmicos, detectados a partir de cultura de vigilância em 16 hospitais (THADEN

et al., 2014). Segundo os dados observados, 180 pacientes (59%) apresentaram infecção

sintomática, enquanto nos restante dos casos (125 casos; 41%), houve colonização.

Além disso, K. pneumoniae (277 isolados; 91%) foi a espécie mais prevalente

(THADEN et al., 2014), assim como encontrado no presente estudo.

Em um dos isolados (2,5%), foi identificada a espécie Providencia rettgeri, cujo

teste CIMm e CIMe sugeriram a presença de carbapenemase do tipo metalo. Este

achado merece destaque, uma vez que o primeiro relato de metalo-ß-lactamase no Brasil

foi nesta mesma espécie bacteriana (CARVALHO-ASSEF et al., 2013), e já há

evidências da presença da mesma em um caso de infecção do trato urinário no hospital

que recebe este estudo (dados não publicados).

Uma amostra (2,5%) foi identificada como pertencente ao gênero Leclercia spp.,

que faz parte da família Enterobacteriaceae sendo normalmente coletada de fontes

ambientais ou animais. Na literatura, raros relatos observam o isolamento de bactérias

deste gênero a partir de seres humanos (RIAZZO et al., 2017).

No que se refere ao perfil de resistência aos antimicrobianos, foram encontrados

isolados com altas taxas de resistência, incluindo alguns resistentes a todos os

antimicrobianos testados.

As amostras estudadas, em razão de terem sido inicialmente isoladas a partir do

meio ChromoAgar ESBL, apresentaram altas taxas de resistência às cefalosporinas de

terceira geração: ceftazidima (92,5% de resistência), cefotaxima (100% de resistência) e

ceftriaxona (100% de resistência). Além disso, foi observada alta resistência à

cefalosporina de quarta geração testada cefepime (97,5% de resistência.). No estudo

SENTRY (GALES et al., 2012), foi mostrados que a taxa de suscetibilidade dos

isolados de E. coli adquiridos em ambientes de cuidado com a saúde às cefalosporinas

de terceira geração era baixa no México (52–53% de sensibilidade) e moderada na

Argentina, no Brasil e no Chile (76–88% de sensibilidade). Ademais, isolados

Klebsiella spp. exibiram taxas de suscetibilidade baixas às cefalosporinas nos quatro

países (40-67% de sensibilidade). O gênero Enterobacter spp. (451 isolados) exibiu

63,6% de sensibilidade à ceftazidima e 82,0% e à cefepima (GALES et al., 2012).

Assim como no presente trabalho, um estudo realizado na América Latina encontrou

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altas taxas de resistência à cefotaxima, ceftazidima e cefepime, mostrando que a

proporção de cepas resistentes às mesmas variou de 17% (no Equador e Panamá) a 60%

(no Brasil), de 13% (na Venezuela) a 40% (na Argentina, Brasil e Paraguai), e de 10%

(na Colômbia) a 50% (na Argentina e no Brasil), respectivamente (CASELLAS, 2011).

A segunda maior taxa de resistência observada foi para sulfametoxazole-

trimetoprima e ciprofloxacina (87,5%), representantes da classe das sulfonamidas e

quinolonas, respectivamente. Esse percentual de resistêcia é semelhante ao obtido pelo

estudo SENTRY. Nesse mesmo estudo, foram observadas taxas de resistência variando

de moderada a alta (entre 15% a 81%) para as sulfonamidas e quinolonas (GALES et

al., 2012). No Brasil, dados obtidos em um hospital público de Goiânia (GO) indicam

uma taxa de resistência a sulfametoxazole-trimetoprima de 39% entre 515 isolados E.

coli obtidos de pacientes internados no hospital (KOBAYASHI; SADOYAMA;

VIEIRA, 2009). Já em outro estudo, realizado eum um hospital universitário de

Londrina (PR), entre 2000 e 2011, foi mostrado crescimento de 13%, em 2001, para

62%, em 2011, das taxas de resistência à ciprofloxacina em K. pneumoniae, enquanto a

resistência a sulfametoxazole-trimetoprima também aumentou aproximadamente de

30% para 60% no período analisado, também em K. pneumoniae (ROSSI et al., 2015).

No âmbito internacional, um estudo realizado em CTIs de 14 hospitais holandeses, entre

1998 e 2009, mostrou aumento da resistência a quinolonas e sulfonamidas entre K.

pneumoniae. A taxa de resistência a ciprofloxacina cresceu de 5,8% para 18,5%, já para

sulfametoxazole-trimetoprima a variação foi de 11,9% para 23,1% (VAN DER DONK

et al., 2011).

Para o perfil de resistência à classe dos carbapenêmicos, foi testado o

antimicrobiano imipenem (75% de resistência). Foi encontrada discrepância entre os

resultados de amostras resistentes a carbapenêmicos obtidos pelo teste de disco-difusão

(30; 75%) e o teste fenotípico CIMm (40; 100%). Em razão da avaliação apenas do

imipenem no método de difusão em disco, é necessário testar também meropenem e

ertapenem por este mesmo método para uma completa avaliação. Um estudo de

GALES et al., 2002, avaliou comparativamente as atividades de imipenem e

meropenem contra amostras bacterianas patogênicas coletadas por meio do programa de

vigilância SENTRY e observou que o meropenem foi de oito a 32 vezes mais potente

que o imipenem contra amostras produtoras de ESBLs e inibiu o crescimento de 100%

destas amostras. Este fato pode ser comparado com os resultados encontrados no

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presente estudo, onde a taxa de sensibilidade ao meropenem foi maior que ao imipenem.

Estudos brasileiros encontraram taxas de resistência ao imipenem semelhantes à

observada neste trabalho. No Rio Grande do Sul, foi encontrado percentual de

resistência equivalente a 80% das amostras de enterobactérias isoladas de diversos

espécimes clínicos (SEIBERT et al., 2014). Em Mato Grosso do Sul, 71,5% de isolados

K. pneumoniae obtidas a partir de CTIs de três hospitais do estado apresentaram

resistência a este carbapenêmico (CAMPOS et al., 2010). Em Rondônia, entretanto, um

estudo realizado em um hospital público demonstrou baixo índice de resistência ao

imipenem, registrando percentual de 20% para E. coli e Enterobacter spp, e de 29,4%

para bacilos Gram-negativos não fermentadores (GRILLO et al., 2013). Em alguns

países da América Latina, segundo dados SENTRY, o percentual de enterobactérias

sensíveis ao imipenem é elevado. Na Argentina esta taxa é de 99,6% para E. coli, de

91,7% para Klebsiella spp., e de 86,5% para Enterobacter spp.; já no México, são

encontradas taxas de sensibilidade de 99,7% , 97,7% e 92,3% para E. coli, Klebsiella

spp. e Enterobacter spp., respectivamente (GALES et al., 2012).

O percentual de resistência encontrado frente à tetraciclina foi de 45%. Este

antimicrobiano representante da classe das tetraciclinas obteve taxa de resistência de

57,1% e de 45,5% entre isolados E. coli e Enterobacter spp., respectivamente, em um

estudo realizado em Rondônia (GRILLO et al., 2013). Um estudo epidemiológico,

realizado com laboratórios latino-americanos, localizados nas cidades de São Paulo, Rio

de Janeiro, Florianópolis (Brasil), Buenos Aires, San Isidro (Argentina), Santiago

(Chile), Montevideo (Uruguai), Medellin (Colômbia) e México D.F. (México)

encontrou índices de sensibilidade de 71,9%, 63,3% e 52,7% para isolados Enterobacter

spp., Klebsiella spp. e E. coli (SADER; JONES, 2000).

Em relação ao aminoglicosídeo gentamicina, foi encontrada resistência em 32%

das amostras analisadas. Em 2007, LANDMAN e colaboradores mostraram taxas de

resistência à gentamicina entre Gram-negativos, isolados a partir de culturas de

vigilância, correspondentes a 35%, sendo semelhantes ao valor encontrado neste

trabalho. No Brasil, SEIBERT et al., 2014, observou um percentual de resistência a este

aminoglicosídeo de 42,6%, obtido a partir de amostras suspeitas da produção de KPC,

em um hospital escola. Na América Latina, dados obtidos pelo SENTRY, entre 2008 e

2010, o percentual de resistência a este antimicrobiano foi de 33% para Klebsiella spp,

18,2% para Enterobacter spp e 17,5% para E. coli (GALES et al., 2012).

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Outro antimicrobiano pertencente à classe dos aminoglicosídeos testado foi

amicacina, sendo encontrada uma taxa de resistência de 25%. No estudo SENTRY,

foram encontrados percentuais de resistência semelhantes aos do presente estudo

(21,6% para Enterobacter spp e 34,3% para Klebsiella spp.), exceto para E. coli (1,2%)

Além desses dados, para a América Latina, as taxas de resistência a esse antimicrobiano

foram bem reduzidas, chegando a apenas 0,5% para E. coli (GALES et al., 2012). Em

dois estudos nacionais, um realizado em São Paulo e outro no Rio Grande do Sul, foram

observadas taxas de sensibilidade de 79,6% e 60,1%, respectivamente (LAGO;

FUENTEFRIA; FUENTEFRIA, 2010; TOLENTINO, 2015).

De um modo geral, de acordo com os resultados obtidos no presente trabalho e

nos estados e países com os quais os dados foram comparados, pode-se observar o fato

de que os perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos podem variar de acordo com a

região e o momento em que o estudo foi realizado.

Enterobactérias produtoras de ESBLs, além de apresentarem resistência à classe

das cefalosporinas, frequentemente apresentam resistência associada a outras classes de

antimicrobianos.

O perfil de resistência associada mais frequente entre as amostras analisadas foi

a co-resistência a cefotaxima, ceftazidima, ceftriaxona, cefepime, imipenem,

ciprofloxacina e sulfametoxazole-trimetoprima, totalizando 27,5% dos isolados. O

segundo perfil mais prevalente foi a associação de resistência a todos os

antimicrobianos testados (6; 15%). Este evento de multirresistência em grande parte

das amostras estudadas é extremamente importante, uma vez que as opções de

tratamento se tornam reduzidas, além das dificuldades de realização e custo do mesmo.

Ainda mais preocupante, em razão das amostras terem sido isoladas a partir de swabs de

vigilância, o percentual de resistência a todos os antimicrobianos testados chama

atenção para a importância da cultura de vigilância microbiológica, principalmente nos

setores hospitalares onde os quadros de saúde dos pacientes são mais graves e o uso de

antimicrobianos é mais elevado.

Em relação à detecção molecular por meio da PCR dos genes codificadores de

carbapenemases, foi observado percentual de 85% de amostras positivas para o gene

blaKCP e de 12,5% para o gene blaNDM. Nenhuma amostra foi positiva para o gene

blaOXA-48.

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A prevalência de isolados com o gene blaKPC observada foi de 85% (34

amostras). Esta prevalência foi um pouco mais elevada quando comparada com dados

de outros estudos. No Brasil, as primeiras KPCs foram registradas na cidade de Recife,

em 2006, e no Rio de Janeiro, em 2009 (CARVALHO-ASSEF et al., 2010;

MONTEIRO et al., 2009). Após estes relatos, outros casos foram observados em

diversas localidades do país. Realizado somente com pacientes colonizados por

bactérias produtoras de KPC, um estudo em Porto Alegre observou que 56% de seus

pacientes evoluíram ao óbito (BORGES et al., 2015). Em 2014, NHAMBE estudou 38

isolados clínicos recuperados de pacientes colonizados ou apresentando infecção

urinária, pneumonia e bacterernia, em três centros médicos de três diferentes regiões do

Brasil: Amazônia, Minas Gerais, Mato Grosso. Segundo os dados obervados, a presença

do gene blaKPC foi encontrada em 78,9% das amostras analisadas (NHAMBE, 2014). No

Paraná, 1029 amostras bacterianas com suspeita de produção de KPC, provenientes de

hospitais do estado, foram analisadas entre janeiro de 2009 e maio de 2012. Neste

estudo, foi encontrado um total de 74,9% isolados positivos para o gene blaKPC

(AREND et al., 2015). PADILHA et al., 2015, analisou 387 amostras clínicas de

enterobactérias não-K. pneumoniae provenientes de nove estados brasileiros,

encontrando os seguintes resultados para a presença do gene blaKPC: Alagoas (um;

1,2%), Bahia (dois; 2,4%), Ceará (quatro; 4,8%), Espírito Santo (cinco; 6,0%), Goiás

(seis; 7,3%), Minas Gerais (nove; 10.8%), Pernambuco (10; 12,0%), Rio de Janeiro (13;

15,7%), e Distrito Federal (33, 39,8%).

A prevalência do gene blaKPC foi alta na espécie K. pneumoniae, estando

presente em 92,3% dos isolados. Esta alta prevalência em amostras de colonização

reforça a importância a vigilância epidemiológica no ambiente hospitalar.

A amostra Leclercia spp. foi positiva para o gene blaKPC. Apesar de raros

relatos na literatura, um estudo espanhol observou o caso de um isolado de Leclercia

adecarboxylata resistente a múltiplos fármacos e produtoras de carbapenemase do tipo

NDM, a partir de uma amostra clínica de um paciente hospitalizado com relato de

deslocamento para Xangai (China) (RIAZZO et al., 2017).

O gene blaNDM foi o segundo mais encontrado, estando presente em cinco

amostras analisadas (12,5%). No contexto internacional, em Omã, 22 amostras de

colonização de enterobactérias multirreistentes foram analisadas, sendo 11 delas (50%)

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produtoras de NDM (DORTET et al., 2012). No âmbito nacional, um estudo em

hospitais de Brasília (DF) identificou 88 cepas de enterobactérias resistentes a

carbapenêmicos, recuperadas de pacientes atendidos em 19 centros médicos, dentre as

quais sete (8,0%) apresentaram o gene blaNDM (JUNIOR; PEREIRA, 2016), se

assemelhando com o percentual obtido no presente estudo. Outros estudos nacionais

relatam prevalência pouco mais elevada, como um estudo realizado em Porto Alegre,

com amostras de colonização. Nele, segundo SCHERER e CALVETTI, 2017, foram

encontrados 12 isolados (35%) produtores de NDM, de um total de 34 casos de

enterobactérias produtoras de carbapenemase.

A amostra de P. rettgeri encontrada apresentou resultado positivo na detecção

do gene blaNDM. Este resultado constitui o primeiro relato da ocorrência da produção de

NDM por esta espécie em amostras de colonização de pacientes antendidos no Hospital

Universitário Antônio Pedro. Já há evidências do isolamento de P. rettgeri portadora do

gene blaNDM a partir de amostras de infecção do trato urinário em um paciente atendido

no mesmo hospital (dados nao publicados), de forma, então, que são necessários estudos

mais aprofundados sobre estes dados encontrados.

O gene blaOXA-48 foi encontrado não foi identificado em nenhuma das cepas de

Gram-negativos testadas. Dados nacionais mostram a ocorrência de colonização por

OXA-48 em 81,8% dos casos de enterobactérias produtoras de carbapenemases, em um

hospital no Rio Grande do Sul (SCHERER; CALVETTI, 2017), percentual muito

divergente do encontrado neste trabalho.

Foi encontrada co-expressão dos genes blaKPC e blaNDM em duas amostras (5%).

No cenário internacional, estudos relatam este mesmo perfil de co-produção. Na Índia,

um estudo de 2011 relatou o isolamento de K. pneumoniae produtora de KPC e NDM a

partir de material clínico de um paciente internado no CTI (KUMARASAMY;

KALYANASUNDARAM, 2012). Em 2014, o primeiro caso de K. pneumoniae positiva

para os genes blaKPC e blaNDM foi relatado na China, em um hospital escola (LIU et al.,

2015). No Brasil, este mesmo perfil foi encontrado em um estudo de PEREIRA et al.,

2015, em Enterobacter hormaechei.

Dois isolados (5%) foram considerados negativos para os três genes testados. O

resultado de PCR negativo pode ser justificado pela existência de outros tipos que

carbapenemases que não foram testados neste estudo, como GES, IMP e VIM. Além

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disso, existem outros fenômenos que também conferem resistência aos antimicrobianos,

como perda de porinas e a superexpressão de bombas de efluxo.

Com base nos resultados encontrados na detecção molecular, o CIMm obteve

sensibilidade de 100%. Entretanto, para maior confiabilidade deste percentual, a

detecção molecular deve ser realizada em todas as 111 amostras obtidas, não apenas das

40 amostras positivas conforme realizado no presente trabalho. Para YAMADA et al.,

2016, o CIMm apresentou alta sensiblidade na detecção de ERCs (100%) quando

comparada ao THM (81,8%). Resultados encontrados por KUCHIBIRO et al., 2018

mostraram também excelentes resultados de sensibilidade para o CIMm, sendo obtidas

taxas de 100%.

Em relação ao CIMe, a taxa de sensibilidade foi de 67%, e a de especificidade

foi de 89%. Quando comparada à detecção de MBLs pelo THM, este apresentou 28%

de sensibilidade e 75% de especificidade. Resultados negativos ou fracamente positivos

em MHT já foram relatados para cepas produtoras de NDM. JUNIOR e PEREIRA,

2016, encontraram resultados negativos para todas as cepas produtoras de NDM

testadas em seu estudo.

A prevalência de amostras positivas para os genes testados destaca a importância

da cultura de vigilância microbiológica. A colonização do trato gastrointestinal por

essas bactérias constitui um importante reservatório de transmissão desse mecanismo de

resistência, uma vez que os pacientes colonizados por estes microorganimos podem

atuar como fonte de transmissão cruzada nos ambientes de cuidados de saúde.

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6. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos revelaram altas taxas de produção de carbapenemases

entre amostras de colonização oriundas de pacientes atendidos no Hospital Universitário

Antônio Pedro, entre setembro e outubro de 2018.

O Teste CIMm mostrou-se como uma boa alternativa fenotípica ao método

THM, uma vez que sua sensibilidade foi elevada (100%). Em conjunto, o CIMe

apresentou taxas de sensibilidade (67%) e especificidade (89%) também superiores às

apresentadas pelo THM (28% e 75%, respectivamente).

Klebsiella pneumoniae foi a espécie mais isolada (65%) entre as 40 amostras

positivas analisadas, seguida de Escherichia coli (15%) e Enterobacter asburiae (5%).

Foram observadas taxas elevadas de resistência entre as cepas principalmente

frente às cefalosporinas. Fenômenos de multirresistência foram observados em 97,5%

das amostras, uma vez que estas apresentaram resistência a pelo menos três classes de

antimicrobianos.

Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC) foi a carbapenemase mais

prevalente (85%), seguida de Nova Delhi Metalo-ß-lactamase (NDM) (12,5%). Não

foram encontradas amostras produtoras de OXA-48.

Programas de vigilância epidemiológica são necessários para avaliar

periodicamente a situação atual da disseminação de bactérias de importância clínica,

não só no que se refere a infecções, mas também à prevalência de colonização entre os

pacientes atendidos no ambiente hospitalar.

Os resultados obtidos, sobre a alta prevalência de enterobactérias produtoras de

carbapenemases em amostras de pacientes colonizados, internados no Hospital

Universitário Antônio Pedro, revelam a necessidade de mais estudos e pesquisas nessa

temática, promovendo avanço na assistência hospitalar.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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