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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO / INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, CONTEXTOS CONTEMPORÂNEOS E DEMANDAS POPULARES CURTIR, INTERAGIR E APRENDER NO FACEBOOK BRUNO VIEIRA ALVES DA SILVA SEROPÉDICA-RJ 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO / INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, CONTEXTOS

CONTEMPORÂNEOS E DEMANDAS POPULARES

CURTIR, INTERAGIR E APRENDER NO FACEBOOK

BRUNO VIEIRA ALVES DA SILVA

SEROPÉDICA-RJ

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO / INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO,

CONTEXTOS

CONTEMPORÂNEOS E DEMANDAS POPULARES

BRUNO VIEIRA ALVES DA SILVA

CURTIR, INTERAGIR E APRENDER NO FACEBOOK

Dissertação submetida como

requisito parcial para obtenção do

grau de Mestre em Educação, no

Programa de Pós-graduação em

Educação, Contextos

Contemporâneos e Demandas

Populares da Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro, Área de

Concentração Educação.

Sob a orientação do Professor

Doutor

Marcelo Almeida Bairral

SEROPÉDICA-RJ

2017

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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Biblioteca Central / Seção de Processamento Técnico

Ficha catalográfica elaborada

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

587 da Silva, Bruno Vieira Alves, 1985- Curtir, interagir e aprender no Facebook / BrunoVieira Alves da Silva. - 2017. 124 f.: il.

Orientador: Marcelo Almeida Bairral. Dissertação(Mestrado). -- Universidade Federal Ruraldo Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação emEducação, Contextos Contemporâneos e DemandasPopulares, 2017.

1. Facebook. 2. Disciplina Optativa de Mestrado .3. Grupo do Facebook. 4. Rede Social. I. Bairral,Marcelo Almeida, 1969-, orient. II UniversidadeFederal Rural do Rio de Janeiro. Programa de PósGraduação em Educação, Contextos Contemporâneos eDemandas Populares III. Título.

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BRUNO VIEIRA ALVES DA SILVA

Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação,

no Curso de Pós-Graduação em Educação.

DISSERTAÇÃO APROVADA EM _____/______/_______

___________________________________________________________

Professor Pós-Dr. Marcelo de Almeida Bairral – UFRRJ

(Orientador)

_____________________________________________________________

Professor Dr. José Valter Pereira (Valter Filé) – UFRRJ

(Banca Examinadora)

_____________________________________________________________

Professora Dra Rita Marisa Ribes Pereira – UERJ

(Banca Examinadora)

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RESUMO

SILVA, B. V. A. da. Curtir, interagir e aprender no Facebook. 2017. 124 p. Texto para

Dissertação (Mestrado em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares).

Instituto de Educação / Instituto Multidisciplinar, Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro, Seropédica, RJ. 2017.

Cada vez mais, as tecnologias da informação e comunicação (TIC) acabam por tornar, de

maneira rápida, a comunicação, a interação e o compartilhamento de conteúdo entre as pessoas.

Essa investigação busca refletir sobre as contribuições do Facebook como espaço de

aprendizagem em uma disciplina optativa de Pós-Graduação em Educação, além de analisar as

interações em um grupo fechado no Facebook intitulado Tecnologias e Inclusão Social. O grupo

integrou uma disciplina optativa do Mestrado Acadêmico em Educação do PPGEduc/UFRRJ e

foi constituído por dez pós-graduandos com diferentes formações. A disciplina transcorreu em

sua maior parte no Facebook e os participantes tiveram oportunidade de explorar as ferramentas

disponibilizadas no grupo e de refletir coletivamente a partir de diferentes propostas de

discussão emergentes. Os dados foram gerados a partir das interações no grupo. O software

Nodelx foi utilizado para analisar a não linearidade e a hipertextualidade presentes no processo

interativo nesta rede. Como resultados, a pesquisa elucida ruídos e silêncios observados na

dinâmica interativa neste grupo. Ruídos eram caracterizados a partir das interações relacionadas

às discussões que aconteciam no grupo. E como silêncios são caracterizados os rastros

silenciosos dos membros ao utilizar a rede, ou seja, o longo período de tempo sem interagir na

rede.

Palavras-chave: Facebook; Análise de interações; Grupo fechado no Facebook; Disciplina

optativa.

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ABSTRACT

SILVA, B. V. A. da. Like, interact and learn on Facebook. 2017. 124 p. Dissertation (Master

of Education, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares). Institute of Education /

Multidisciplinary Institute, Rural Federal Universty of Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 2017.

Increasingly, information and communication technologies (ICTs) are rapidly making

communication, interaction and sharing of content between people a breeze. This research seeks

to reflect on the contributions of Facebook as a learning space in an optional course of

Postgraduate Education and analyze the interactions in a closed group on Facebook entitled

Technologies and Social Inclusion. The group was an elective subject of the MSc Academic in

Education of the PPGEduc/UFRRJ and was constituted by ten postgraduate students with

different backgrounds. The discipline was mostly spent on Facebook and participants had the

opportunity to explore the tools available in the group and to reflect collectively from different

emerging discussion proposals. The data were generated from the interactions in the group.

Nodelx software was used to analyze the nonlinearity and hypertextuality present in the

interactive process in this network. As results, the research elucidates noises and silences

observed in the interactive dynamics in this group. Noises were characterized from the

interactions related to the discussions that took place in the group. And as silences are

characterized the silent trails of the members when using the network, that is, the long period

of time without interacting in the network.

Keywords: Facebook; interactions analysis; closed group on Facebook; optional course

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DEDICATÓRIA

Esta dissertação é dedicada aos meus pais

Fernando e Cícera, ao meu irmão Diego e ao

meu Amor Laís.

Dedico a Professora Dra. Cássia Maria Baptista

Oliveira que me ajudou muito com o projeto

para a entrada no mestrado.

Dedico ao meu orientador Marcelo Bairral

pelas horas de orientações presenciais e virtuais

e pelas colaborações durante este período.

Dedico aos meus avós paternos: Caetano e

Maria Alves in memoriam e aos avós maternos:

Maria das Dores e ao primeiro Mestre da

Família – o Mestre Cícero in memoriam.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado sabedoria, saúde e persistência para

ingressar, da continuidade e concluir o mestrado, que foi um sonho que começou na graduação

e esta sendo concluído.

Agradeço o apoio do meus pais, familiares, tios, tias, amigos e amigas que torceram por

mim e sempre me apoiram em continuar estudando e respeitaram minhas ausências quando

foram necessárias.

Agradeço a CAPES que financiou a minha estada durante estes dois anos como aluno

regular do mestrado.

Agradeço a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, por ter me proporcionado

conhecer pessoas incríveis desde a graduação até o mestrado, por ter feito parte da melhor turma

de Graduação em Pedagogia do mundo, a turma 2008-1. E a melhor turma de Mestrado em

Educação, a turma de 2015 e ter como corpo docente professores que sempre somaram nas

formações de seus alunos.

Agradeço ao Professor Filé que despertou em mim o interesse pelas mídias, pelas

tecnologias e reacendeu o gosto de viajar que tinha esquecido como era. Agradeço também por

ter feito parte do seu grupo de pesquisa durante a gradução, onde aprendi muito nas pesquisas

e nas orientações coletivas.

Agradeço a Professora Cássia pelas leituras minuciosas e pela paciência em ler e reler

meu projeto de entrada no mestrado e disponibilizar o seu tempo me orientando e mostrando as

fragilidades existentes em meu texto.

Agradeço a Professora Rita Ribes por disponibilizar seu tempo em fazer parte desta

banca e por ter me deixado alguns dias sem dormir com seus questionamentos na qualificação.

Agradeço ao Professor Marcelo Bairral por ter me escolhido como orientando e ter

colaborado muito para que este trabalho tenha nascido. Agradeço também por fazer parte do

seu grupo de pesquisa e por ter conhecido um grupo que me recebeu bem desde a primeira

reunião e colaboram direta e indiretamente para este trabalho.

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Treine enquanto eles dormem,

Estude enquanto eles se divertem,

Persista enquanto eles descansam,

E então, viva o que eles sonham”.

Provérbio Japonês.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mídia Social e Rede Social ...................................................................................... 34

Figura 2 - Página inicial do grupo ............................................................................................ 58

Figura 3 - Usuários que acessam o Facebook pelo desktop ..................................................... 64

Figura 4 - Usuários que acessam o Facebook pelo celular ....................................................... 65

Figura 5 - Interação no Facebook ............................................................................................. 66

Figura 6 - Caixa de diálogos ..................................................................................................... 67

Figura 7 - Evento no Facebook................................................................................................. 68

Figura 8 – Criando o evento no Facebook ................................................................................ 69

Figura 9 - Página do evento criado no Facebook ..................................................................... 69

Figura 10 - Página dos membros .............................................................................................. 70

Figura 11 - Dispositivo de pesquisa no Facebook .................................................................... 71

Figura 12 - Página de arquivos no grupo do Facebook ............................................................ 71

Figura 13 - Postagem do observador como participante. ........................................................ 76

Figura 14 - Postagem sobre hipertexto ..................................................................................... 77

Figura 15 - Emotions ................................................................................................................ 80

Figura 16 - Exemplo (1) de conversa visualizada...................................................................... ..

Figura 17 - Exemplo (2) de conversa visualizada.............. ..................................................... 82

Figura 18 - Primeira postagem com assunto hipertexto ........................................................... 83

Figura 19 - Segunda postagem com assunto hipertexto ........................................................... 83

Figura 20 - Terceira postagem com assunto hipertexto ............................................................ 84

Figura 21 - Quarta postagem com assunto hipertexto .............................................................. 84

Figura 22 - Desdobramento dos comentários ........................................................................... 86

Figura 23 - Exemplo de comunicação assíncrona .................................................................... 89

Figura 24 - Exemplo de interação síncrona .............................................................................. 90

Figura 25 – Post na íntegra ....................................................................................................... 93

Figura 26 - Postagem na íntegra ............................................................................................... 94

Figura 27 - Criando um bate-papo ............................................................................................ 99

Figura 28 - Chat inbox .............................................................................................................. 99

Figura 29 - Agenda no grupo do Facebook ............................................................................ 100

Figura 30 - Exemplo (1) de "silêncio" na rede................................................................... ..........

Figura 31 - Exemplo (2) de "silêncio" na rede ....................................................................... 102

Figura 32 – Exemplo (1) "ruídos" no grupo do Facebook ..................................................... 105

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Figura 33 - Exemplo (2) "ruídos" no grupo do Facebook ...................................................... 105

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Síntese da revisão de literatura dividida em subgrupos: ......................................... 39

Tabela 2 - Ementa do curso ...................................................................................................... 62

Tabela 3 - Comparação entre AVA e Grupo no Face............................................................... 64

Tabela 4 – Linha do Tempo ...................................................................................................... 76

Tabela 5 - Resultado das interações ......................................................................................... 87

Tabela 6 - Interação assíncrona ................................................................................................ 91

Tabela 7 - Interação no chat ................................................................................................... 100

Tabela 8 – Pontos Positivos do uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina. ....... 107

Tabela 9 - Pontos Negativos do uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina. ...... 108

Tabela 10 – Observações sobre o uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina. .... 109

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LISTA DE APÊNDICE(S)

Carta de apresentação aos coordenadores para pesquisa........................................................121

Síntese da revisão de literatura realizada................................................................................122

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LISTA DE ANEXO(S)

Conteúdo programático da disciplina realizada no Facebook...............................................124

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LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 - Árvore de discussão ............................................................................................. 96

Esquema 2- A não linearidade na rede ..................................................................................... 97

Esquema 3 - Os silêncios na rede ........................................................................................... 104

Esquema 4 - Os ruídos na rede ............................................................................................... 106

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem;

EaD – Educação a Distância;

GRPesqESCCC - Grupo de Pesquisa Educação, Sociedade do Conhecimento e Conexões

Culturais;

LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino;

Moodle - Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment

PIBIC - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica;

PPGEduc – Programa de Pós-Graduação em Educação;

PPGEduCIMAT - Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática;

TIC – Tecnologia(s) da Informação e Comunicação;

UFF – Universidade Federal Fluminense;

UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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SUMÁRIO

PARA INÍCIO DE CONVERSA... .......................................................................................... 18

CAPÍTULO 1_____________________________________________________________ . 29

1 - THEFACEBOOK! .............................................................................................................. 29

1.1 - Mídia Social e Rede Social são sinônimos? ................................................................. 32

1.2 - O que temos de posts por aí?........................................................................................ 34

1.2.1. - O Facebook como recurso pedagógico: ................................................................... 35

1.2.2. -O Facebook como espaço de ensino e aprendizagem: .............................................. 35

1.2.3. - O Facebook como espaço de práticas docentes e formação continuada: ................. 36

1.2.4. - Facebook e Crianças: ............................................................................................... 36

1.2.5. - O Facebook como apoio complementar da educação presencial: ............................ 37

1.2.6. - O Facebook e as relações de privacidade e comportamento humano: ..................... 38

1.2.7. - O Facebook como campo de interações, conexões e competências digitais: .......... 38

1.2.8. - Facebook e o espaço físico, espaço eletrônico e cultura da mobilidade: ................. 38

1.3. - A partir da revisão de literatura de pesquisas sobre/no/com o Face é importante

destacar que... ....................................................................................................................... 40

CAPÍTULO 2______________________________________________________________41

2 - DA PARABOLICAMARÁ A MOBILIDADE UBÍQUA ................................................. 41

2.1 – Espaço e Tempo: ......................................................................................................... 46

2.2 - Ciberespaço e Cibercultura: ......................................................................................... 47

2.3 - As etapas do Ciberespaço............................................................................................. 50

2.4 - Mobilidade Ubíqua....................................................................................................... 52

CAPÍTULO 3_____________________________________________________________ . 55

3 - ALGUNS POSTS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: TECNOLOGIAS E INCLUSÃO

SOCIAL NO FACEBOOK ...................................................................................................... 55

3.1 - No que você está pensando? AVA ou Face? ............................................................... 59

3.2 - O grupo: ....................................................................................................................... 65

3.3 - As funcionalidades dos grupos: ................................................................................... 67

3.4 - Eventos: ........................................................................................................................ 68

3.5 - Membros: ..................................................................................................................... 70

3.6 - Arquivos: ...................................................................................................................... 71

CAPÍTULO 4______________________________________________________________73

4 - ALGUNS ACHADOS DA PESQUISA: RUÍDOS E SILÊNCIOS EM UMA TRAMA

HIPERTEXTUAL NO GRUPO DO FACEBOOK ................................................................. 73

4.1. - Visualizando a observação: ......................................................................................... 79

4.2. - Visualizou, mas não interagiu! E agora? ..................................................................... 82

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4.3. - Visualizou, interagiu! Que ruídos são esses? .............................................................. 85

4.4. - Chat e Mural:............................................................................................................... 89

4.5. - Momento assíncrono no Face: .................................................................................... 90

4.6. - Vamos continuar interagindo a partir de um post? ..................................................... 93

4.7. - Momento síncrono no Face: ........................................................................................ 98

4.8. - Silêncio no grupo... ................................................................................................... 102

4.9. - Ruídos no grupo... ..................................................................................................... 104

4.10. – Autoavaliação: ........................................................................................................ 107

CONSIDERAÇÕES FINAIS: ............................................................................................ 110

REFERÊNCIAS: ................................................................................................................ 116

APÊNDICE A ........................................................................................................................ 121

Carta de apresentação aos coordenadores para pesquisa .................................................... 121

APÊNDICE B ........................................................................................................................ 122

Síntese da revisão de literatura realizada. ........................................................................... 122

ANEXO A .............................................................................................................................. 124

Conteúdo programático da disciplina realizada no Facebook ............................................ 124

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PARA INÍCIO DE CONVERSA...

Em que pensei, no que estou pensando: Minhas experiências anteriores!

“O homem é um animal

suspenso em teias de

significados que ele

mesmo teceu”.

Geertz

Da Graduação...

Em 2008/1, ingressei no curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (UFRRJ), Instituto Multidisciplinar (IM) – Nova Iguaçu, com o pensamento voltado

para o que seria uma formação destinada a trabalhar apenas com crianças. No decorrer dos

semestres percebi que tinha outras áreas que poderiam ser exploradas. Como por exemplo, as

relações étnico-raciais, questões de gênero, juventude, narrativas, educação especial entre

outras. Durante as aulas de História da Educação, o uso de equipamentos como filmadora e

câmera fotográfica era frequente e me chamou a atenção, pois os outros professores utilizavam

apenas o recurso da leitura, power points e debate dos textos nas aulas.

O interesse pela fotografia e pelo audiovisual foi ficando maior, pesquisei, então, alguns

grupos de pesquisa que estivessem trabalhando ou pesquisando a partir destas linguagens.

Busquei tutoriais no YouTube para aprender como montar um vídeo e aprender mais sobre as

noções de fotografia como ângulo, luz etc. No 2º período, a proposta da disciplina de Sociologia

II era trabalhar em grupos com questões relacionadas ao nosso cotidiano ou que houvesse algo

em comum entre os participantes. Cada grupo escolheria um eixo temático, ou algum assunto

que os componentes decidissem. Um grupo falou sobre o preconceito vivido pelas esposas dos

presidiários, outro sobre os preconceitos vividos pelos negros, entre outros temas que também

foram bem explorados por cada grupo.

Nosso grupo chegou a um consenso que todos tinham em comum o fato de grande parte

ser de origem nordestina. Lembramos de histórias contadas por nossos parentes e duas colegas

contaram as humilhações e dificuldades que seus pais sofreram, quando chegaram aqui na

região sudeste. E a partir dessas histórias resolvemos falar sobre algo que envolvesse algum

tipo de discriminação ou até mesmo humilhação sofrida por eles. Assim, chegamos ao tema do

nosso trabalho: Encontros Humilhantes. Buscamos apresentar o trabalho de uma forma

diferente dos outros, pois exploramos o assunto com a representação de fragmentos do livro A

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Hora da Estrela, de Clarice Lispector, e um vídeo, que nós fizemos, sobre o preconceito vivido

pelos nordestinos.

Nesse vídeo, entrevistamos um funcionário da própria universidade, o pai de uma colega

de classe e pessoas que eram conhecidas dos componentes do grupo. Esta foi a primeira

experiência relacionando o audiovisual com a pedagogia. Este vídeo foi importante, pois foi o

primeiro passo dado em relação ao querer aprofundar o conhecimento em como se montava um

vídeo, e não apenas querer apenas assistir ao resultado. No primeiro momento, o vídeo foi feito

como teste, para aprender mesmo, mas depois de pronto mostramos aos colegas de classe, algo

que o grupo produziu. Descrever as histórias a partir do vídeo foi mais impactante, porque eram

as próprias pessoas através das imagens narrando suas vivências e experiências, caso o trabalho

tivesse sido descrito em uma folha, não teria a mesma riqueza que o vídeo teve naquele

momento.

A partir do 3º período tivemos a disciplina de PPE III (Práticas de Pesquisa na

Educação), nessa disciplina, o professor Filé tinha disponível 50 minutos de aula, logo no

primeiro tempo. O que para a realidade da nossa turma de alunos-trabalhadores era quase

impossível estarem todos ou a maior parte presente às 18:00 horas em ponto. Conforme as

pessoas iam chegando, a aula ia se aproximando do fim.

Dois fatores sobre o tempo foram relevantes para esse desdobramento: 1) O

tempo de cinquenta minutos semanais reservados para disciplina – espremida

entre tantas outras – no currículo da instituição, 2) A percepção de que a

maioria dos estudantes eram trabalhadores e, portanto não dispunham de

tempo livre para participar das discussões. (RIBETTO, VIEIRA, et al., 2011,

p. 91)

Como alternativa, para não prejudicar tanto os alunos, nos foi informado que teríamos

aulas também em uma Rede Social, no Ning1, para não ficarmos restritos apenas aos cinquenta

minutos de encontro presencial. Esse fato deixou muita gente de cabelo em pé, pois, ouviam-se

muitas reclamações dos alunos e das alunas, por diversas dificuldades encontradas. Por

exemplo, a falta de hábito em manusear o computador, o medo do desconhecido, que neste

caso, seria a utilização e interação na rede social, onde para grande parte das pessoas da turma

era algo estranho e novo. Ribetto, Vieira et al. (2011, p. 93) relata que

A rede “Tecnologia e conexões culturais” surgiu em parte como alternativa à

parametrização do tempo de cinquenta minutos de aulas semanais reservados

pela universidade para as aulas da disciplina “Pesquisa e Prática Educativa

III” e em parte como um meio de desparametrização dos espaços-tempos para

1 NING é um site onde o usuário pode criar sua própria rede social e agrega-lo a qualquer outra mídia social.

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20

o acontecimento das aulas pensando em facilitar a real implicação dos

estudantes, fossem eles trabalhadores ou não.

Dessa experiência ocorrida na disciplina de PPE III que acontecia presencialmente e

tinha a continuidade no espaço on-line, surgiu a vontade de alguns professores e alunos em

montar um grupo de pesquisa na internet para tentar diminuir as dificuldades encontradas por

alguns alunos. Mas, dessa vez, as dificuldades abrangeriam assuntos externos a sala de aula,

que eram as questões relacionadas ao tempo para poderem participar de algum grupo de

pesquisa.

Uma das grandes dificuldades dos alunos trabalhadores em participar de um

grupo de pesquisa são horários estabelecidos para o funcionamento da maioria

deles. A intenção do grupo é que sua produção de conhecimento contribua

com novas maneiras de fazer, novas artes de dizer, de pensar e de experimentar

em educação. (RIBETTO, VIEIRA, et al., 2011, p. 98)

Apesar de todas as dificuldades e inquietações foi uma experiência boa, pois a partir

dela – a experiência – nasceu o Grupo de Pesquisa Educação Sociedade do Conhecimento e

Conexões Culturais (GPESCCC) 2.

Discutir e repensar a participação dos estudantes-trabalhadores no universo

acadêmico estimulou a criação de um espaço que pudesse acolher as

particularidades e as dificuldades que esse tipo de estudante vem tendo. Assim

nasce o grupo de pesquisas “Educação, sociedade do conhecimento e

conexões culturais”, a partir de pesquisadores e alunos do Instituto

Multidisciplinar/UFRRJ – Nova Iguaçu – e da Faculdade de Formação de

Professores/UERJ – São Gonçalo, Rio de Janeiro. (RIBETTO, VIEIRA, et al.,

2011, p. 98)

O Grupo não nasceu somente da disciplina de PPE III, nasceu também pelas discussões

dos alunos-trabalhadores, que se sentiam prejudicados por não fazer parte de um Grupo de

Pesquisa, pois os grupos geralmente funcionavam em horários matutinos ou vespertinos.

Impossibilitando, desta forma, os alunos-trabalhadores de participar presencialmente das

reuniões.

Então, preocupados com a impossibilidade desses alunos frequentarem os

grupos de pesquisa, que em sua maioria funcionam durante o dia, resolvemos

criar um grupo de pesquisas que funcionasse na internet. [...] A ideia é de que

os alunos e alunas possam participar a seu tempo, enquanto paralelamente,

ampliamos nossas condições de ensinar e aprender, de produzir e fazer circular

conhecimentos tendo como conceitos fundamentais a comunicação, a

interatividade a solidariedade e a produção colaborativa. (RIBETTO,

VIEIRA, et al., 2011, p. 104-105)

2 http://grpesqesccc.ning.com/

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A participação de um grupo de pesquisas on-line foi uma das primeiras experiências a

qual tive contato com uma rede social. Em agosto de 2009, fui convidado a participar do projeto

de pesquisa Conexões da Baixada Fluminense: Injustiças cognitivas-educação-culturas-

tecnologias3 como bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq que teve duração até agosto de

20114. Durante este período, pude aprofundar conceitos da fotografia e aprender na prática a

manusear os equipamentos como câmera de vídeo e fotográfica. Em paralelo a isso, testávamos

as mídias sociais que abrangiam a linguagem audiovisual que era o YouTube e a linguagem

fotográfica que era o Flickr. Ainda não existia o Instagram, que atualmente é um dos maiores

sites onde são compartilhadas imagens e fotografias. E estar em contato com essas mídias foi

de grande importância para o desenvolvimento acadêmico que vem se desdobrando em outras

pesquisas.

A rede social que estava em alta, no Brasil neste período (2009), era o Orkut, e a vivência

do grupo de pesquisa era na rede social Ning, uma rede pouco conhecida quando resolvemos

assumir um grupo de pesquisas que acontecia on-line para oportunizar os alunos-trabalhadores

a terem um espaço de discussão coletivo. Houve estranhamentos, pois, a ideia de grupo de

pesquisa se passava pelo contato face a face e não em um espaço virtual. A diferença em

participar da disciplina PPE III que teve continuidade na rede social para um grupo de pesquisa

foi que, por ser uma turma de graduação que já está um bom tempo caminhando juntos, todos

os alunos se conheciam. E no grupo? Será que todos iriam participar? Pois não era algo

obrigatório e sim que partisse da vontade, do desejo de pertencer a determinado grupo. Para

Ribetto, Vieira et al. (2011, p. 99)

Nosso compromisso é oferecer alternativas de participação para aqueles que

desejam ingressar em um grupo de pesquisas, mas não podem por conta de

seus afazeres, sejam eles trabalhistas ou domésticos, consequentemente se

tornam excluídos da condição de pesquisador, pois não possuem o tempo

presencial exigido hegemonicamente – pela academia.

Nossas vivências na rede Ning foram marcadas por alguns pontos, como por exemplo,

entre 2009 e 2010 o IM ficava em um prédio alugado, na rua Capitão Chaves, no centro de

Nova Iguaçu e a baixada fluminense de um modo geral, não tinha a mesma capacidade de

internet que tem atualmente. Neste período alguns membros que participavam do grupo de

3 Este projeto pretendeu articular informações de três setores da educação pública da Baixada Fluminense, em

relação às suas atuações no sentido de responder às demandas impostas pela chamada sociedade do conhecimento:

as escolas e suas situações em relação à estrutura, uso e acesso às tecnologias da informação e da comunicação; O

poder público - das três esferas: federal, estadual e municipal - e seus projetos, propostas e disponibilizações; e, os

cursos de formação de professores da região e como seus currículos se colocam em relação ao tema. 4 A bolsa de iniciação científica encerrou-se em agosto de 2011, mas continuo como membro voluntário da

pesquisa

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pesquisas esbarravam em um grande dilema que era a conexão discada, que não permitia uma

participação ativa desses membros. O acesso à internet no próprio IM era restrito, pois não

havia laboratório de informática e a velocidade de internet disponível para a universidade em

si era bem pequena. De acordo com Ribetto, Vieira et al. (2011, p. 107)

O que nos tem chamado a atenção são as condições de estrutura e

equipamentos e de acesso, em alguns casos, aliada a pouca intimidade das

pessoas com os ambientes virtuais. Grande parte dos membros, pela

localização de suas residências, não tem acesso à internet (visto que uma

conexão discada, nem sempre possibilita o acesso). Isso dificulta a

participação das pessoas e o acesso a universidade, que tem a maioria dos

membros (a UFRRJ/Nova Iguaçu), não disponibiliza ainda, laboratório de

informática em condições favoráveis, sem competição com os horários das

aulas.

Após mudarmos de endereço que ficava localizado no centro de Nova Iguaçu, para o

atual endereço, na Posse, que fica localizada no mesmo munícipio, nos deparamos com um

laboratório de informática e um prédio de três andares divididos em quatro alas com a internet

de um mega de velocidade. Conseguimos um laboratório de informática, no entanto com o

mesmo problema de conexão. Entre o final de 2010 e início de 2011 a velocidade da internet

foi suprindo aos poucos a demanda da universidade. Outro embate encontrado por nós discentes

é que as redes sociais estavam bloqueadas, o Orkut começava a decair e o Facebook estava

crescendo o seu número de usuários, mas não era permitido o acesso pela universidade.

A mobilidade, o uso e acesso pelos dispositivos móveis ainda não fazia parte do nosso

cotidiano. Depois de algumas reclamações do corpo docente e discente as redes sociais foram

liberadas. Na rede social do Ning, onde o grupo de pesquisa acontecia, a mesma passou a ser

paga e a participação dos membros, como aconteceu com o Orkut, não era tão ativa, porque os

membros migraram para o Facebook e acessavam quase que esporadicamente a rede do Ning.

Como a rede passou a ser paga e os participantes migraram para outra rede, os administradores

da rede solicitaram que fizéssemos backup de nossas fotos, arquivos, textos, o que fosse

relevante para cada usuário, pois a rede do Ning seria extinta e migraria para onde os membros

foram, para o Facebook.

Em março de 2011 fui convidado a participar como bolsista voluntário de outro projeto

de pesquisa, intitulado Projeto Cultura digital no cotidiano escolar. Este projeto de pesquisa

aconteceu no Colégio Estadual Carlos Frederico Engenheiro Arêa leão localizado no Alto da

Posse, em Nova Iguaçu. E teve início em abril de 2011 com a duração de um ano. Sendo assim,

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colocamos juntos professores e alunos em encontros que trabalhavam as mídias digitais5 e

sociais6 e como usá-las, a fim de potencializar as interações, as produções e a aprendizagem

colaborativa.

Pretendíamos, no projeto formar grupos de professores e alunos, e que ambos pudessem

se “misturar”, para realização das atividades que foram propostas nas oficinas. E esta interação

entre professores, alunos e o meio vem possibilitando que todos possam aprender uns com os

outros. Dando a ideia de aprendizagem colaborativa que para (FILÉ, 2010) se dá pela criação

de grupos de interesses, sem a hierarquização e o controle daquilo que cada um pode ou do

conhecimento prévio como requisito.

Saímos da nossa “zona de conforto” e resolvemos encarar/observar o cotidiano de

alguns alunos e professores nas oficinas, que eram realizadas quinzenalmente aos sábados. Para

ver como se dava essa interação entre as diferentes culturas que se encontravam. E a partir

desses encontros tentar compreender melhor como os que nasceram e os que não nasceram na

cultura digital se comportavam.

Tivemos a oportunidade de presenciar em algumas oficinas como esse choque/encontro

de culturas se dava, por exemplo, quando fomos apresentar o e-mail para os professores como

meio de interlocução entre a equipe do projeto e os mesmos, pedimos que criassem um e-mail

para que pudéssemos manter comunicação. Alguns sem saber como trabalhar, mesmo que

“contrariados” aceitaram a proposta e criaram esses e-mails. Quando chegou a vez dos alunos

serem informados sobre o e-mail, houve um “rebuliço” onde eles diziam que não se

comunicavam por e-mail, pois já era ultrapassado. Eles se comunicavam via MSN e Facebook,

onde a interação acontecia na hora, via chat e outros tipos de compartilhamento.

Durante o tempo em que participei do Grupo de Pesquisa Educação, Sociedade do

Conhecimento e Conexões Culturais (GRPesqESCCC), busquei me aprofundar em trabalhar

com vídeo e fotografia. Nós produzíamos vídeos e tirávamos muitas fotos, e como queríamos

ter sempre espaço nos notebooks, utilizávamos as mídias sociais YouTube e Flickr para

alocarmos os vídeos e a fotos respectivamente. No primeiro semestre de 2013 concluí a

monografia intitulada “O YouTube e as possibilidades de compartilhamento, interação e

comunicação”. O objetivo deste trabalho foi mostrar como o YouTube poderia ser utilizado

como ferramenta pedagógica. (SILVA, 2013)

Da Especialização...

5 Aparelhos eletrônicos que possibilitam a interação na internet, por exemplo, computador, notebook, netbook,

tablete e celulares. 6 Sites que possibilitam a interação, compartilhamentos de arquivos, textos, vídeos, imagens e fotos acessados,

pelas mídias digitais.

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No segundo semestre do mesmo ano entrei para a especialização em Planejamento,

Implementação e Gestão da Educação a Distância (2013-2015) pelo Laboratório de Novas

Tecnologias de Ensino (LANTE) oferecido pela Universidade Federal Fluminense (UFF)7, a

plataforma de comunicação era o Moodle8. Nunca havia feito um curso a distância e foi a

primeira vez que utilizei este Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Foi um pouco

confuso no começo, por não saber para onde ir, pois a experiência trazida na bagagem contava

com o uso e acesso as redes sociais, no caso Orkut, Ning e recentemente Facebook que parecem

ser mais autoexplicativas. Na plataforma LANTE, no início do curso, os alunos tiveram uma

semana de adaptação para explorar toda a plataforma do Moodle.

A cada início de um novo módulo era criado um novo fórum de discussão que ficava

aberto de acordo com o planejamento que cada aluno recebia. Os tutores eram responsáveis por

criar os fóruns de discussão e os alunos teriam que no mínimo interagir três vezes em cada

fórum que era aberto. Em cada fórum era disponibilizado texto (s) e em alguns casos vídeos

para interagirmos durante a semana. Cada semana acontecia um assunto diferente dentro

daquele módulo e ao término de cada semana publicávamos na página a atividade da semana,

que geralmente finalizava as terças.

O curso foi divido em nove disciplinas, totalizando 420 horas, onde nos foram passados

os fundamentos da educação a distância, como criar um curso na plataforma Moodle, as formas

de interação existente e como avaliar em um AVA. A dinâmica de realizar as atividades a partir

do tempo disponível, de criar os horários de estudos, possibilitou uma autonomia maior em

relação à mobilidade e ao deslocamento. Onde não é preciso pegar um trânsito pesado, às vezes

chegar atrasado por diversos motivos, ter um gasto de tempo e dinheiro para chegar ao local

onde aconteceria a aula. O que os alunos precisavam era de um computador com acesso a

internet para entrar no AVA e interagir com os demais participantes.

O ponto negativo a ser considerado, neste caso, fica em torno de criar vínculo de

amizade, pois como foi dito anteriormente, o curso se desenrolou em um AVA onde ninguém

se conhecia, as discussões ocorriam nos fóruns. E durante o período das interações, existia a

ferramenta chat, que não foi explorada pelos tutores para termos um encontro síncrono, ou seja,

em tempo real. Todos os debates, discussões e conversas aconteciam de modo assíncrono, onde

cada um participava do fórum a partir dos seus horários e possibilidades. Finalizamos as

disciplinas em um ano e meio e os outros seis meses foi para elaborar o Trabalho de Conclusão

de Curso (TCC).

7 http://pigead.lanteuff.org/ 8 Moodle: Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment

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Atualmente no Mestrado...

Ao tentar o processo seletivo para o mestrado de 2015, estava perto de concluir a pós-

graduação. O tema do trabalho de conclusão de curso foi “Ambientes Virtuais de

Aprendizagem: a relação entre as TIC e a prática da EaD”. (SILVA, PEREIRA e SANTANA,

2015). Dessa forma, o TCC foi aprimorado e utilizado como base para o projeto de mestrado,

o qual buscava pesquisar quais cursos de licenciatura da UFRRJ estavam voltados para

modalidade à distância. Soube no dia da defesa do projeto que existma apenas dois cursos à

distância disponíveis, um de administração e o outro de licenciatura em turismo. Não dei

continuidade nesta investigação, pois o campo era limitado.

Por estar envolvido com assuntos voltados para tecnologia, espaço e tempo, outras

formas de comunicação e achar importante que as licenciaturas devessem englobar em sua

grade curricular disciplinas que de certa forma envolvessem essas discussões voltadas para usos

das tecnologias nas práticas pedagógicas dos professores que estão a se formar, optei, então,

neste momento focar minha pesquisa voltada para este tema. Foi feito, então uma pesquisa

preliminar, no site da UFRRJ, e os resultados foram surpreendentes. A pesquisa consistia, no

primeiro momento, em fazer o levantamento dos cursos, em geral oferecidos pelos três campi

da UFRRJ – Nova Iguaçu, Seropédica e Três Rios, tanto bacharelado quanto licenciatura. Tendo

como resultado prévio desta primeira análise seis cursos de bacharelado e seis cursos de

licenciatura no (IM) em Nova Iguaçu. Trinta e um cursos de bacharelado e dezesseis de

licenciatura no campus de Seropédica e em Três Rios apenas quatro bacharelados.

Como a busca era analisar os cursos de licenciatura, nesta segunda etapa, para os cursos

de bacharelado não houve um aprofundamento maior. O campus de Três Rios também não

entrou nesta etapa, por não oferecer nenhum curso voltado para licenciatura. Portanto, os cursos

em evidência foram os seis de Nova Iguaçu e os dezesseis de Seropédica. O que pretendia com

este trabalho era buscar dados, analisando as grades dos cursos e verificar se neles eram

oferecidas disciplinas que tivessem a palavra “tecnologia”, e a partir desses resultados fazer um

estudo mais aprofundado.

Dos seis cursos de licenciatura de Nova Iguaçu, foram encontrados apenas quatro que

ofereciam alguma disciplina que continha em sua grade a palavra tecnologia, sendo que destes

quatro, três tinham a disciplina Tecnologia e Educação em caráter optativo (Geografia, História

e Matemática) e apenas um curso como caráter obrigatório (Pedagogia). Após esta análise dos

cursos no site da UFRRJ, elaboramos uma carta de apresentação (Apêndice A), onde entramos

em contato por e-mail com as coordenações dos cursos para verificar se os dados disponíveis

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no site batiam com os das coordenações, ou se haveria outros dados para serem acrescentados

na pesquisa.

Como não houve retorno, fomos pessoalmente conversar com os coordenadores dos

cursos dos dois campi – Nova Iguaçu e Seropédica. Os coordenadores dos cursos de Nova

Iguaçu onde a disciplina era oferecida em caráter optativo nos responderam que a disciplina é

oferecida por outro departamento e só aparecem no sistema deles quando o departamento

disponibiliza para eles, fora isso não teria como eles saberem sobre a disciplina que está no site

da instituição. Além disso, foi confirmado que não existe outra matéria que trate do assunto. Já

o coordenador do curso de Pedagogia, confirmou que esta é a única disciplina voltada para

tecnologia, de acordo com a grade e ementa do curso.

Em Seropédica, dos dezesseis cursos de licenciatura, apenas em nove foram encontradas

o termo tecnologia. Sendo sete (Ciências Agrícolas, Economia Doméstica, Física, Letras –

Port./Ingl. -, Letras – Port./ Liter. -, Química – Integral, Química - Noturno) em caráter optativo

e dois (Belas Artes e Matemática) em caráter obrigatório. Mandamos, também, e-mails para

todas as coordenações dos cursos acima. Obtivemos retorno apenas das coordenações de

química confirmando que só existe a disciplina disponível no site e matemática mandou uma

tabela atualizada acrescentando mais uma disciplina obrigatória.

Após quinze dias sem retorno das demais coordenações, fomos pessoalmente com uma

carta de apresentação nos informar sobre os cursos. Na coordenação de Belas Artes, cuja

disciplina é obrigatória, a informação que está no site é a mesma que consta na grade e na

ementa do curso. O curso de Economia Doméstica será extinto, e como é outro departamento

que oferece a disciplina, não apareceu para a coordenadora do curso esta informação.

O caso que aconteceu em ambos os campi sobre a disciplina optativa foi que os

coordenadores relataram que só é possível visualizar a disciplina quando ela é oferecida naquele

semestre, caso os outros departamentos não ofereçam, não seria possível dar uma informação

correta. Em todas as coordenações dos cursos foi unânime sobre esta questão, além de relatarem

que não há outra disciplina com o nome tecnologia na grade.

Temos como resultado preliminar deste processo, a análise de dois campi da UFRRJ –

Nova Iguaçu e Seropédica – que totalizam cinquenta e nove cursos. Entre os quais, vinte e dois

são de licenciatura, onde nove, de acordo com a grade dos cursos, não englobam nenhuma

disciplina com o termo tecnologia. Dez são em caráter optativo e que nem sempre estão

disponíveis para os cursos e apenas três abrangem de forma obrigatória em sua grade a

disciplina voltada para tecnologia.

Este é um processo de formação de profissionais que precisa ser repensado, pois de

acordo com os números de cursos de licenciatura, vinte e dois no total, é preocupante ver que

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não há uma atenção voltada para área dos cursos de licenciatura. No entanto, não foi uma

pesquisa aprofundada, por exigir mais tempo de contatos de ida e vinda às coordenações e

também, por haver muito material disponível que não está atualizado, tanto nos sites quanto nas

coordenações.

Além disso, foi realizado o estágio de docência na disciplina Ensino de Matemática II

em 2015.2 e vivenciamos experiências variadas de uso de tecnologias para a docência em

educação matemática. Trabalhamos os conceitos da matemática a partir das fotografias, nesta

atividade foi pedido aos alunos fotografassem pelo celular fotos do prédio princial da UFRRJ

que remetessem a algum conceito matemático que seria explicado por cada participante a

escolha daquela imagem, esta temática sobre o uso da fotografia e os conceitos matemáticos

foram repetidos nas turmas de 2016.1 e 2016.2.

Não demos continuidade, como dito acima, por fatores relativos ao tempo e

acrescentando ainda a experiência de ter participado como aluno de uma disciplina optativa que

aconteceu no Facebook. Decidimos, então, explorar esta vivência na rede social, em um grupo

fechado no próprio Facebook, realizada no primeiro semestre de 2015. Buscamos analisar as

nossas trocas e construções coletivas na rede, após o término da disciplina. Falaremos mais

adiante sobre como ocorreram nossas interações.

Embora a dinâmica fosse diferente das redes, tanto o Facebook quanto o Ning e o AVA,

em alguns momentos se pareciam, por trabalhar a relação do espaço e tempo, onde os

participantes não precisam estar em determinado horário e local para a realização do encontro.

A eficácia da rede possibilitou aos participantes construírem seus horários, e deu oportunidades

a pessoas que buscavam se especializar ou estudar, a dar continuidade aos estudos, tendo a

flexibilidade de participar de uma dinâmica não presencial ou semipresencial.

Além disso, saímos em alguns casos, de uma potencial relação de espaço e tempo, fixos

em um local físico para interagirmos no ciberespaço. Migrando para a relação de mobilidade e

ubiquidade tendo a evolução dos dispositivos móveis como aliadas para nossa pesquisa,

chegamos aos seguintes questionamentos: Como tirar proveito da mobilidade ubíqua em nosso

cotidiano como práticas educativas? Ou como pergunta Santos (2014, p. 26) “Como lançar mão

dessa potencialidade da comunicação móvel e ubíqua para educar em nosso tempo?” No

próximo capítulo buscaremos relatar como exploramos em alguns momentos a comunicação

móvel e ubíqua em uma disciplina optativa do mestrado.

Partiremos agora para os posts no Facebook cuja pesquisa tem como campo de pesquisa

um grupo fechado. Antes de nos aprofundarmos na disciplina e no grupo, vamos entender,

através de uma breve contextualização histórica, como surgiu o Facebook e como o mesmo

virou essa rede social mais usada mundialmente. Sendo assim, a presente pesquisa tem como

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propósito principal refletir sobre contribuições do Facebook como espaço de aprendizagem em

uma disciplina optativa de Pós-Graduação em Educação. Quais ruídos e silêncios a pesquisa

em educação com TIC, particularmente, rede social, trazem para a produção do conhecimento

neste campo? Que ruídos e silêncios podemos indicar ou querer assumir nesse modo de fazer

pesquisa? Dessa forma desdobraremos os seguintes objetivos específicos:

1. Ilustrar como foi desenvolvida a disciplina optativa Tecnologia e Inclusão

Social em um grupo fechado no Facebook;

2. Analisar o grupo a partir das interações do conceito de hipertexto realizados

pelos mestrandos e mestrandas inscritos na disciplina;

3. Criar esquemas que retratam como aconteceram as interações na rede.

A pesquisa integra estudos da linha 1 (Práticas Educativas e Contextos

Contemporâneos) por suscitar reflexões sobre o uso do Facebook como um espaço

contemporâneo de educação institucional e, portanto, demanda práticas de ensino e de pesquisa

inovadoras e construtivas de outras formas de aprendizado e de descoberta conjunta para

professores e alunos. Também, demanda novos modos de fazer pesquisa e de produzir

conhecimento. De modo a cumprir os objetivos da investigação, foi criado em um grupo

fechado no Facebook para disciplina Tecnologia e Inclusão Social, onde a partir de nossas

interações a pesquisa se desdobrou.

No primeiro capítulo foi feito o contexto histórico de como surgiu o Facebook e o que

levou Mark Zuckerberg a criar esta rede social que ganhou o gosto de seus usuários. Além

disso, foi feito também o levantamento de alguns trabalhos sobre Educação ligados a rede social

Facebook, para entender como o Facebook pode ser usado para além do uso como rede social.

No segundo capítulo foi trazida a contextualização histórica da evolução da forma de

comunicação, abordando as ideias de mobilidade e ubiquidade e como elas têm alterado as

formas de interação a partir dos usos dos dispositivos móveis.

No terceiro capítulo é abordado o referencial metodológico e análise do conceito

hipertexto trabalhado na disciplina. A metodologia usada baseou-se na pesquisa on-line onde

foi utilizada a técnica da observação participante que contou com o levantamento e análise dos

dados produzidos após o término da disciplina.

No quarto e último capítulo, finalizamos com a análise dos dados produzidos com o que

achamos na pesquisa. Neste capítulo é exposto o que produzimos na disciplina a partir de

esquemas feitos em um software como resultados a pesquisa.

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CAPÍTULO 1__________________________________________________________

1 - THEFACEBOOK!

"Nós acabamos de alcançar

um marco importante"

Mark Zuckerberg9.

Você sabia que um esgrimista, com um jeito desengonçado, que usava calça jeans e

chinelo de borracha (mesmo no inverno) e uma camiseta que tinha normalmente uma imagem

ou frase inteligente, com um nariz proeminente, de cabelos castanhos e um pouco enrolado, de

olhos azul-claros, que embora tivesse 19 anos, aparentava ter 15, cujo rosto era fino, que parecia

não esboçar nenhuma expressão, sua postura, sua aura em geral era quase dolorosamente

esquisita, que estava no segundo ano do curso de ciência da computação em Havard e morava

em um alojamento da própria faculdade foi o responsável pela criação da rede social, mais

acessada no mundo atualmente?

Embora Mark Zuckerberg tenha criado outros sites antes do próprio Facebook, partirei

do marco em que realmente os livros dão importância, onde o primeiro site foi feito por diversão

– Course Martch. O segundo site – Facemash - foi considerado ato de rebeldia ou quebra de

regra que fez com que Zuck10 quase fosse expulso de Harvard e que antecedeu a criação do

Facebook. Assim que Mark entrou em Harvard, Kirkpatrick (2011, p. 27-28) relata que

Logo na primeira semana, Zuckerberg improvisou um software para internet

que chamou de “Course Martch”, um projeto bastante inocente, que ele fez

apenas por diversão. A ideia era ajudar os alunos a escolher as matérias com

base em quem já estivesse matriculado nos cursos. Você podia clicar em um

curso para ver quem estava na turma ou clicar no nome de uma pessoa para

ver os cursos que ela estava fazendo.

O site foi muito utilizado pelos alunos que procuravam saber se aquela garota ou garoto

estavam em determinada turma ou montar uma grade parecida com seu melhor amigo. O

segundo fato aconteceu em outubro de 2003 quando Zuck criou o Facemash que buscava

identificar as pessoas mais bonitas de Harvard. Segundo Kirkpatrick (2011, p. 31)

O propósito: descobrir quem era a pessoa mais atraente do campus.

Empregando o tipo de código de computador normalmente usado para

classificar jogadores de xadrez [...], ele convidou os usuários a comparar duas

fotos de pessoas do mesmo sexo e dizer qual era a mais “sexy”. À medida que

a classificação de uma pessoa ia “esquentando”, sua imagem era comparada

9 Frase dita por Zuckerbeg no dia 27 de agosto de 2015, quando agradecia em seu perfil pessoal a marca histórica

de um bilhão de usuários ativos em um único dia batida no dia 24 de agosto. 10 Como era chamado pelos seus amigos de quarto.

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com as de outras pessoas também mais sexies. [...] Todo o projeto foi

concluído de uma só vez em uma jornada de oito horas que terminou às quatro

da madrugada, disse ele no diário.

Quando os calouros iam fazer matrícula, em Harvard, tiravam as fotos para o álbum de

fotografia – “Facebook” – como eram conhecidos os anuários das escolas, onde eram guardadas

no sistema de computador da universidade. Foi aí que Zucke de forma ilegal acessou o sistema

de Harvard e baixou as fotos que não eram suas. Mezrich (2010, p. 45) relata

Era realmente simples assim para Mark. E era muito provável que, em questão

de minutos, ele tivesse baixado todas as fotos do anuário de Kirkland dos

servidores da universidade para seu laptop. Claro, de certa forma, aquilo era

um crime – aquelas imagens não lhe pertenciam e a universidade certamente

não colocara ali para serem baixadas.

Mesmo assim, Mark não hesitou em criar seu site, dando continuidade e terminou o

projeto em oito horas, segundo Merzrich (2010, p. 54) “em menos de duas horas o site já tinha

computado vinte e dois mil votos. Quatrocentos alunos tinham acessado o site só na última meia

hora”. O que fez os servidores de Harvard travar e ninguém conseguia acessar sites e e-mails.

Isso levou Mark ao Conselho Administrativo e teve uma punição não muito rígida. Kirkpatrick

(2011, p. 33) diz que “o episódio era um sinal claro: Zuckerberg tinha um talento especial para

fazer softwares que as pessoas não conseguiam para de usar”.

Um fato que acontecia em Harvard, apontado por Kirkpatrick (2011), era quando os

alunos chegavam para fazer matrícula, tinham acesso a um Facebook que era usado no formato

impresso cujo nome era Freshman Register e muitos deles reclamavam que queriam um

Facebook no formato digital. A maioria das universidades contava com sua rede social interna

e, conforme o tempo passava, Harvard não se movimentava para realizar essa mudança do

impresso para o digital.

Após sair para jantar com seus colegas da turma de matemática, eles tocaram novamente

no assunto que estava presente nos corredores de Harvard, Kirkpatrick (2011), a criação de um

Facebook interno, mas dessa vez seria a criação do Facebook em modo universal e não voltado

somente para a universidade. Irrequieto, Mark foi para seu alojamento construir um. Sendo

assim, Zuck, saiu para criar o site, mas dessa vez sendo mais cauteloso e não invadindo sistemas

como fez com o Facemash, que foi encerrado após setenta e duas horas no ar.

Segundo o livro O Efeito Facebook, Mark criou o domínio para o Thefacebook

(primeiro nome do Facebook) em 11 de janeiro de 2004 e na quarta-feira dia 04 de fevereiro do

mesmo ano, Mark colocou o Thefacebook no ar, Kirkpatrick (2011, p. 39) relata “A tela inicial

dizia: O Thefacebook é um diretório on-line que conecta as pessoas por meio das redes sociais

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nas faculdades”. Esse foi o primeiro slogan do Thefacebook, voltado apenas para as faculdades.

Mark foi cuidadoso ao colocar o domínio ponto com e não edu.com como a maioria das

faculdades fazia. O qual não precisou da “permissão” de Harvard e nem de seus servidores para

expandir a rede social.

O site que foi criado por um jovem de 19 anos, em um alojamento de estudantes em

Harvard, que em pouco tempo conseguiu alterar a forma de comunicação entre as pessoas,

encurtar distância. Além de ter criado uma ferramenta capaz de provocar revoluções e rebeliões

entre o povo e seus governantes. Houve um crescimento e expansão considerável desta rede

social. Sendo pela simplicidade do Facebook, tanto visual quanto estética, que tem agregado

usuários que permanecem por horas logado na rede.

O sucesso do Facebook está ligado principalmente por ter sido uma rede social projetada

para pessoas que buscava conexões com pessoas do “mundo real”, pessoas que eram

conhecidas. Diferente de outros sites da época, que existiam com o intuito de gerar encontros

com desconhecidos, os famosos sites de paquera ou salas de bate-papo. Para Kirkpatrick (2011,

p. 20)

Por mais popular que possa ser o Facebook nunca pretendeu substituir a

comunicação face a face. Embora muitas pessoas não o usem dessa maneira,

ele foi explicitamente concebido e projetado por Zuckerberg e seus colegas

como ferramenta para melhorar os relacionamentos com as pessoas que você

conhece pessoalmente – seus amigos no mundo real, conhecidos, colegas de

classe ou de trabalho.

O que vem acontecendo até hoje é que a maioria das pessoas que utilizam a rede social

são pessoas conhecidas ou que partilham de interesses em comum. E acabam de certa forma

(re)significando o Facebook e transformam em fonte de renda, fonte de informação, fonte de

notícias e pesquisas. Será que ao criar o Facebook, Mark Zuckerberg sabia a real potência desta

rede social? O Facebook foi a rede social que mais cresceu na última década e que durante este

crescimento acabou sendo responsável por diversos movimentos que começaram na rede e

terminaram nas ruas. A internet de um modo geral, acabou quebrando a hegemonia existente

em relação a criação de conteúdos e notícias. Onde poucos produziam para muitos, sendo estes

conteúdos e notícias por muito tempo aceitos como únicos e verdadeiros.

Com a internet e a ascensão das mídias sociais, os consumidores tiveram a oportunidade

de produzirem conteúdos e não apenas receber algo pronto. As mídias sociais que

potencializaram estas criações e compartilhamentos são o YouTube (site de criação e

compartilhamento de vídeo), o Twitter (microblogging), o Facebook (site de rede social) e o

mais recente entre eles o Instagram (site de compartilhamento de fotos). Em algum momento,

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nós já utilizamos algumas ou todas as mídias sociais descritas acima. Seja para o nosso trabalho,

dia-a-dia, entretenimento, entre outros momentos.

Durante seus treze anos de existência o Facebook colaborou para algumas revoluções

ao redor do mundo. Que começaram silenciosamente, sem muito alarde, iguais aos movimentos

feitos pelas placas tectônicas (FILÉ, 2011). Tendo como resultados terremotos ou marcas de

rachadura. E tem sido isso que o Facebook e as outras mídias sociais e digitais têm ajudado a

fazer, causar rachaduras na sociedade, possibilitando aos espectadores tornarem-se produtores

de conteúdos e notícias.

As redes sociais, em particular, permitem aos usuários criarem grupos de interesses,

(re)encontrar amigos, narrar histórias, (re)construir identidades, desenvolver a escrita e outras

formas de registros escritos etc. Temos como exemplos alguns movimentos que começaram no

Facebook e terminaram nas ruas e ficaram conhecidos mundialmente. Na Colômbia

(2007/2008) o movimento ficou conhecido como “Un millon de voces contra las FARC11”;

Islândia (2008) “A revolução das panelas”; Tunísia (2010) “A revolução da liberdade e da

dignidade”; “Primavera Árabe” (2010/2011); Egito “A revolução de 25 de Janeiro” (Thawrat

25 Yanayir); Espanha (2011) “Os Indignados”; Estados Unidos (2012) “Movimento Ocuppy

Wall Street” e no Brasil (2013) “O movimento vem pra rua”. De acordo com Castells (2013, p.

8)

Os movimentos espalharam-se por contágio no mundo ligado pela internet

sem fio e caracterizado pela difusão rápida, viral, de imagens e ideias. [...] Não

foram apenas a pobreza, a crise econômica ou a falta de democracia que

causaram essa rebelião multifacetada. Evidentemente, todas essas dolorosas

manifestações de uma sociedade injusta e de uma comunidade política não

democrática estavam presentes no protesto. Mas foi basicamente a

humilhação provocada pelo cinismo e pela arrogância das pessoas no poder,

seja ele financeiro, político ou cultural, que uniu aqueles que transformaram

medo em indignação, e indignação em esperança de uma humanidade melhor.

Nas manifestações que aconteceram ao redor do mundo os participantes das redes

agendavam dias, horários e locais onde aconteceriam as manifestações. Semelhante que

aconteceu no Brasil, onde as pessoas marcavam para ir às ruas pedirem o impeachment da

Presidenta da República Dilma Rousseff, em contraponto, outros grupos marcavam passeatas

contra a saída da Presidenta eleita.

1.1 - Mídia Social e Rede Social são sinônimos?

11 Forças Armadas Revolucionária da Colômbia

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33

Mídia social e rede social não são a mesma coisa. As redes sociais já existiam antes da

internet, então não é um conceito tão novo assim. Rede social são grupos de pessoas que criam

relacionamentos com gostos, interesses ou valores em comum. Por exemplo, podemos

conceituar a escola como uma rede social, pois há grupo de pessoas com interesses em comum

que seriam criar laços de amizades, conhecer novas pessoas e estudar inclusive. Dessa forma,

não foi preciso conexão com a internet para termos uma rede social. Segundo Porto, Lucena e

Linhares (2015, p. 31)

A expressão “rede social” tem sido utilizada com maior ênfase, atualmente,

por conta do desenvolvimento das interfaces criadas para a internet que

possibilitam a interação instantânea entre pessoas de diversas regiões do

planeta. Contudo, é importante sinalizar que as redes sociais são parte de uma

rede.

Para ampliar o conceito de rede social, buscamos trazer outros autores que já vem

estudando esse assunto há mais tempo. Segundo Santaella e Lemos (2010, p.13 apud PORTO,

LUCENA E LINHARES 2015, p.31), o “conceito de redes não se limita a redes sociais. Estas

são um dos tipos de rede”. Para Santos (2012, p.262 apud PORTO, LUCENA E LINHARES

2015, p.31) “rede é social e política, pelas pessoas, mensagens e valores que a frequentam”.

Castells (2000, p. 498 apud PORTO, LUCENA E LINHARES 2015, p.31) considera que as

“redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós

desde que consigam comunicar-se dentro da rede”.

Vimos que os autores não utilizaram o conceito de rede social a partir da internet, e sim

por relações existentes entre os indivíduos que formam novos “nós” dentro do grupo social em

que vivem. O conceito de rede, trazidos pelos autores supracitados, ampliam a ideia que fica

restrita a um site. Para haver rede, deve haver pessoas, interagindo, se comunicando, criando

novos “nós”. A internet possibilitou a ampliação deste conceito, tendo como marco os sites de

redes sociais, onde as pessoas ampliavam seus contatos, sendo estes contatos de diversas partes

do planeta, tendo a relação a partir da rede de contatos a partir dos grupos que criam e

participam.

Trazendo para internet, o conceito é o mesmo, só que neste caso o meio que as pessoas

interagem não é mais presencial e sim através de um perfil, conectados com pessoas ou grupos

de pessoas que partilham dos mesmos interesses. Podemos considerar como rede social o Ning,

o falecido Orkut, o Google +, Myspace e o Facebook. A mídia social para Telles (2010, p. 19)

“são sites na internet construídos para permitir a criação colaborativa de conteúdo, a interação

social e o compartilhamento de informações em diversos formatos”. Temos sites com

especificidades distintas onde cada um produz seu conteúdo em um formato diferente. A rede

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social na internet é uma mídia? Sim! Toda rede social que existe na internet pode ser

considerada uma mídia social, pois a rede social é uma parte dela. Como mostra a figura abaixo:

Figura 1 - Mídia Social e Rede Social

Porque o Instagram, o Twitter, o Youtube, o Slideshare não são considerados uma rede

social, embora haja interação, trocas de mensagens e possibilidades de criar perfis? Se

buscarmos analisar a função primordial de cada site de mídia social, iremos encontrar os

propósitos que os diferem de rede social. O Instagram tem como foco o compartilhamento de

fotografias; o Twitter, embora haja interação com pessoas, o foco está em compartilhar

conteúdo; o Youtube foi criado com o intuito de ser um site de compartilhamento de vídeos; e

o Slideshare é um site de compartilhamento de slides. Portanto, podemos considerar que nem

toda mídia social é uma rede social.

1.2 - O que temos de posts por aí?

A revisão de literatura foi construída a partir de levantamentos de artigos, textos,

pesquisas, trabalhos e livros que usam redes sociais, particularmente, com recorte para o uso

do Facebook. Por ser uma rede social de grande abrangência e por ainda estar em grande

vigência no momento da pesquisa.

A partir das experiências de outros autores que já como nós, buscaram explorar as

possibilidades oferecidas pelo Facebook para além da rede social, encontramos alguns trabalhos

que nos ajudaram a pensar nossos escritos. Entretanto, dialogamos diretamente com alguns que

serão explorados nos capítulos posteriors (a revisão bibliogáfica completa encontra-se no

Apêndice B). Nos textos encontrados, separamos por eixos os temas que se encontravam ou se

complementavam. Sendo assim, as separações dos trabalhos ficaram da seguinte forma:

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1.2.1. - O Facebook como recurso pedagógico:

Rovetta (2014) analisa limites e contribuições da utilização do Facebook como recurso

pedagógico complementar de interação, comunicação e aprendizagem, onde cabe ao professor

estabelecer uma relação entre a sala de aula presencial e o ambiente virtual. O autor ressalta o

envolvimento dos alunos no ambiente virtual, que só foi possível porque as atividades lá

apresentadas tinham relação com as realizadas em sala de aula. Moreira e Januário (2014)

refletem sobre a aplicabilidade pedagógica do Facebook procurando analisar possibilidades e

potencialidades da aplicação em diferentes contextos de aprendizagem. Os autores afirmam que

o Facebook configura-se como um ambiente que favorece as conexões entre os participantes na

rede e aprendizagens interativas; que possibilita que os conteúdos sejam organizados em nós

da rede para acesso rápido; e que facilita a partilha de materiais, de conhecimento e de

experiências de aprendizagem colaborativa e participativa.

1.2.2. -O Facebook como espaço de ensino e aprendizagem:

Fernandes (2011) explora alguns conceitos no âmbito das redes sociais online e

equaciona as potencialidades onde a rede social Facebook é inequivocamente uma ferramenta

indispensável para incentivar a aprendizagem. Fumian e Rodrigues (2013) acrescentam que o

Facebook pode ser usado como um instrumento valioso para o processo de ensino e

aprendizagem apesar de ser uma ferramenta de lazer, pode ser explorado de forma educativa.

Porto e Neto (2014) apresentam o Facebook como espaço virtual passível de suportar/constituir

propostas de ensino e aprendizagem, que será feito a partir da sua apropriação na forma de

instrumentos conceituais que podem redefini-la, em usos socioeducacionais especiais.

Santinello e Versuti (2014), por sua vez, refletem sobre as potencialidades do uso do Facebook

para construir o conhecimento em espaços de aprendizagem, sobretudo quando pautado pela

colaboração. Também sugerem como estratégia a criação de um grupo fechado com os alunos

de determinada disciplina. Matos e Ferreira (2014) fazem um mapeamento sobre o uso do

Facebook em processos formativos. Os autores ressaltam que o Facebook apresenta inúmeras

potencialidades educativas (por exemplo, criar um grupo fechado ou secreto na própria rede

social) e podem contribuir significativamente no processo de ensino e aprendizagem. Portanto,

cabe ao professor utilizar recursos pedagógicos a favor da aprendizagem e aproveitar o interesse

que os alunos têm em participar dessa rede social.

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1.2.3. - O Facebook como espaço de práticas docentes e formação continuada:

Lopes e Santos (2014) têm como objetivo abrir espaço para a reconstrução e

ressignificação de concepções sobre teorias e práticas docentes relacionadas às tecnologias da

informação e comunicação e redes sociais inseridas no contexto educacional. A partir da

formação continuada que acontece no Facebook. As autoras concluem que é possível ocorrer

uma formação continuada de professores em rede social, permitindo-lhes interagir, construir

relações sociais e ressignificar os seus conhecimentos e saberes a partir do diálogo entre culturas

com pessoas conectadas com as mais diversas tecnologias. Moreira e Ramos (2014) contam

suas vivências formativas num curso de formação contínua de professores em tecnologia

educativa com componente presencial e online por meio de um grupo no Facebook. Elas

indicam como resultado que o uso do Facebook como complemento da formação presencial

contribuiu para a apropriação, ainda que paulatinamente e de forma progressiva, das

tecnologias, por parte dos formandos-professores, para perderem alguns “medos”; para

partilharem dúvidas, ideias e materiais e para discutirem os problemas emergentes da gestão da

sala de aula, inclusivamente as suas relações de saber e de poder, que se manifestam quando se

assume o “risco” e a “imprevisibilidade” de inovar utilizando o novo saber tecnológico. Chagas

e Linhares (2014) apresentam possibilidades de interação que o Facebook apresenta ao docente

para incentivar a aprendizagem colaborativa/reflexiva entre seus discentes. Sugerindo como

estratégia aos docentes disponibilizar uma relação de sites, blogs, e sugerir canais e pessoas que

disponibilizam vídeos que tratem das temáticas abordadas em suas disciplinas, contribuindo

para a ampliação de informações sobre a temática, que pode até gerar discussões no grupo

fechado do Facebook ou na sala de aula. Piovesan e Borges (2014) fazem uma discussão de

como os professores têm se apresentado nas mídias sociais, com uma identidade que é

especificamente uma linha tênue entre o que executam em sala de aula, EAD ou presencial, e

sua própria identidade social. A pesquisa partiu da entrevista com um professor do curso de

Letras português/espanhol do curso presencial/virtual. As autoras concluem fazendo uma

trajetória do professor pesquisado, onde o mesmo cria vídeos caseiros para serem postados no

YouTube e Facebook, produzindo sua identidade no que vive em sala de aula e no que

compartilha virtualmente.

1.2.4. - Facebook e Crianças:

Alcântara e Osório (2014) apresentam questões acerca da utilização da internet e seus

dispositivos como possibilidade lúdica para a criança. Os participantes da pesquisa mostraram

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que as redes sociais pensadas por adultos, para uso dos adultos, como possibilidade de

estabelecer e construir vínculos sociais, estão sendo utilizadas pelas crianças de forma

significativamente lúdica, fazendo com que elas passem a se relacionar com suas ferramentas

como se relacionam com um brinquedo. Macedo e Ribes (2014) evidenciam o debate sobre

como as crianças criam suas redes de contatos no Facebook. As autoras destacam uma

problematização acerca do tema da amizade, frequentemente discutido quando se trata de sites

de redes sociais e do incômodo que nasce de uma possível tendência à naturalização do acúmulo

de amigos online, e o que acarretaria o esmaecimento das relações afetivas. O resultado do

trabalho está em colocar o desafio de, em diálogo, colocar em pauta questões, inclusive ao tema

da amizade. Macedo (2015) traz uma proposta de pesquisa on-line com crianças tendo as redes

sociais como lugar da pesquisa. No texto, a autora compartilha questões teórico-metodológicas

de uma pesquisa de doutorado que busca estudar questões relacionando as crianças e as redes

sociais, neste caso o Orkut e o Facebook. A autora problematiza o que leva as crianças a criarem

perfis nestas redes sociais e como se dá este processo, o que buscam nas redes sociais, como

usam e como são as experiências infantis na contemporaneidade.

1.2.5. - O Facebook como apoio complementar da educação presencial:

Ferreira e Bohadana (2014) apresentam um estudo a partir da utilização do Facebook

em um contexto educacional específico: o apoio complementar on-line a uma disciplina de

graduação em um curso presencial. As autoras discutem questões pertinentes em três eixos

temáticos: concepções de “distância” e “proximidade”; a relação entre tecnologia e pedagogia;

percepções de “horizontalização” das relações entre docente e discentes. Sugere que o

Facebook pode oferecer possibilidades bastante interessantes para a Educação, propõe,

também, muitos desafios às práticas e concepções correntes. Messias e Morgado (2014) trazem

para a discussão como a aprendizagem a distância online no ensino superior poderá beneficiar

da complementaridade do uso de plataformas de aprendizagem formais e plataformas informais

no desenho de contextos de aprendizagem (LMS + Web social). As autoras chegaram a

conclusão que o Facebook poderá ter um importante papel na socialização e integração dos

estudantes em EaD, e um grande potencial para criar e aumentar a rede de contatos de interesse

para o estudante e mesmo para o docente, potencializando a colaboração e a conectividade.

Torres, Fialho e Shimazaki (2014) evidenciam discussões teóricas e metodológicas de uma

investigação onde o Facebook foi utilizado como ambiente virtual de aprendizagem. Os

resultados obtidos demostram que o Facebook, disponibiliza recursos que permitem a sincronia

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e a interatividade do conhecimento, embora muitos dos participantes desconheçam o uso do

Facebook como meio de produção, propagação e divulgação de informações.

1.2.6. - O Facebook e as relações de privacidade e comportamento humano:

Couto (2014) problematiza em seu trabalho tais discursos e posturas, em especial a

noção de privacidade, e defende a ideia de que as práticas crescentes das narrativas de si nas

redes sociais digitais são maneiras criativas e generosas de compartilhar a vida, produzir e

difundir conhecimentos na cibercultura. O autor destaca três conclusões em seu trabalho. A

primeira se preocupa com a segurança e privacidade, a segunda trata das possibilidades de

aprendizado contínuo com as redes sociais digitais, a terceira busca recusar discursos, propostas

políticas e pedagógicas que visam controlar, intimidar ou cercear liberdades. Amante (2014)

tem como objetivo apresentar o Facebook como campo de pesquisa que tem permitido, nos

últimos anos, explorar muitos aspectos relacionados com o comportamento humano,

constituindo-se como uma base de dados da atividade social facilmente acessível e que

atravessa diferentes países, culturas, extratos sociais, níveis etários, crenças religiosas etc.

Tendo como resultado uma melhor compreensão das novas sociabilidades que tão

acentuadamente marcam e influenciam a sociedade contemporânea.

1.2.7. - O Facebook como campo de interações, conexões e competências digitais:

Santos e Rossini (2014) tem como objetivo compreender como os atores constroem as

interações e conexões nas redes sociais bem como produzem sentidos a partir de seus rastros

deixados nas interfaces sociais. O texto apresenta o Facebook como campo e objeto de pesquisa

e exibe alguns resultados da análise das discussões, mobilizações e atualizações sociais e

técnicas postadas no grupo do Facebook “Recursos Educacionais Abertos” do Brasil (REA-

Brasil). Urbani, Cuadros e González (2015) buscam determinar as características que ressaltam

nos estudantes com competências digitais, através dos padrões e experiências adquiridas ao

momento de adotar dispositivos móveis iPads. O resultado encontrado pelo estudo se

determinou nas características que tem desenvolvido os estudantes em competências

transversais digitais para alcançar a expertise com o uso dos iPads, tanto em seu entorno como

no ambiente escolar.

1.2.8. - Facebook e o espaço físico, espaço eletrônico e cultura da mobilidade:

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Junior e Oswald (2014) trazem a discussão sobre a relação entre o espaço físico e o

espaço eletrônico nos processos educacionais da cibercultura em sua fase atual. A relação entre

os referidos espaços se mostra mais visível com a emergência dos aparatos tecnológicos sem

fio, permitindo que as experiências sociais também sejam contadas nas redes digitais da internet

a partir das inúmeras interações cotidianas. As conclusões do trabalho apontam para a

relevância do Facebook na criação de vínculos mais estreitos entre seus usuários,

potencializadores do diálogo on-line. Porto, Lucena e Linhares (2015) retratam experiências de

mobilidade a partir de um evento cientifico, que começou presencialmente e se desdobrou na

criação de uma fanpage no Facebook, e os usuários, a partir de seus dispositivos móveis

debatiam sobre o evento, mesmo ao término presencial. A fanpage começou com cem usuários

e cresceu a partir do interesse em debater cibercultura e divulgar outros eventos científicos. Da

Silva e Couto (2015) explicam que a cultura da mobilidade está no bojo das atuais

transformações tecnológicas. Este fenômeno ocorre pela portabilidade dos dispositivos móveis

e a ampliação da internet sem fio. A pesquisa ocorreu com professores, diferente das outras

pesquisas que aconteciam somente no Facebook. Esta pesquisa explorou o viés da comunicação

através da portabilidade, flexibilidade e mobilidade onde os professores buscavam usar os

smartphones como recursos/ferramentas pedagógicas.

Dentre os subgrupos separados pelos textos utilizados para revisão de literatura,

chegamos a seguinte tabela:

Tabela 1 - Síntese da revisão de literatura dividida em subgrupos:

Subgrupos: Autores:

O Facebook como recurso pedagógico (ROVETTA, 2014); (MOREIRA e JANUÁRIO,

2014).

O Facebook como espaço de ensino e

aprendizagem

(FERNANDES, 2011); (FUMIAN e RODRIGUES,

2013); (PORTO e NETO, 2014); (SANTINELLO e

VERSUTI, 2014); (MATOS e FERREIRA, 2014).

O Facebook como espaço de práticas

docentes e formação continuada

(LOPES e SANTOS, 2014); (MOREIRA e

RAMOS, 2014); (CHAGAS e LINHARES, 2014);

(PIOVESAN e BORGES, 2014).

Facebook e crianças (ALCÂNTARA e OSÓRIO, 2014); (MACEDO e

RIBES, 2014); (MACEDO, 2015).

O Facebook como apoio complementar da

educação presencial

(FERREIRA e BOHADANA, 2014); (MESSIAS e

MORGADO, 2014); (TORRES, FIALHO e

SHIMAZAKI, 2014).

O Facebook e as relações de privacidade e

comportamento humano

(AMANTE, 2014); (COUTO, 2014).

O Facebook como campo de interações,

conexões e competências digitais

(SANTOS e ROSSINI, 2014); (URBANI,

CUADROS e GONZÁLEZ, 2015).

Facebook e o espaço físico, espaço eletrônico

e cultura da mobilidade

(JUNIOR, 2014); (PORTO, LUCENA e

LINHARES, 2015); (DA SILVA e COUTO, 2015).

Elaboração própria

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1.3. - A partir da revisão de literatura de pesquisas sobre/no/com o Face é importante

destacar que...

Os textos apresentados nos ajudaram a conhecer os trabalhos existentes na área

envolvendo Facebook e educação e a relevância da temática para o estudo. Destaco que os

trabalhos desenvolvidos por alunos, professores, instituições de ensino, cursos de formação

continuada buscaram explorar a pontecialidade do Facebook como espaço de interação e

aprendizagem. A grande maiora dos autores sugere criar grupos no próprio Facebook e utilizar

a rede social como complemento das aulas presenciais ou como local de encontro para o

desenvolvimento de atividades.

A partir do que foi apresentado é possível perceber que, embora haja produções voltadas

ao Facebook, o mesmo, ainda é um tema que carece de pesquisas em nível de pós-graduação.

Embora muitos trabalhos estejam com diversos focos temáticos, o material encontrado pode ser

considerado amplo, ao ser utilizado por professores como complemento das aulas presenciais e

espaço de ensino e aprendizagem nos níveis médios e na de graduação e pouco, destinado à

discussão na pós-graduação.

Neste primeiro capítulo, buscamos contextualizar e explorar a história do Facebook, de

como a rede social alcançou números incríveis e como o Facebook se mantém como a maior e

atual rede social mais utilizada e acessada no mundo. Trouxemos casos de como alguns

movimentos de grupo de pessoas começaram na rede e terminaram nas ruas, resultando em

revoluções que aconteceram ao redor do mundo. Além disso, diferenciamos os conceitos entre

mídia social e rede social, onde toda rede social pode ser considerada uma mídia social, mas

nem toda mídia pode ser considera uma rede social, por causa das especificidades de cada mídia

social. Finalizamos o capítulo, com uma síntese da revisão de literatura dos textos que

aboradavam o tema relacionando Facebook e educação. No próximo capítulo, será feita uma

contextualização histórica da evolução da forma de comunicação e como tem alterado as formas

de interação a partir dos usos dos dispositivos móveis.

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CAPÍTULO 2_______________________________________________________________

2 - DA PARABOLICAMARÁ A MOBILIDADE UBÍQUA

Antes mundo era pequeno

Porque Terra era grande

Hoje mundo é muito grande

Porque Terra é pequena

Do tamanho da antena

Parabolicamará

Ê volta do mundo, camará

Ê, ê, mundo dá volta, camará (...)

Parabolicamará – Gilberto Gil

De acordo com o trecho da música Parabolicamará, de Gilberto Gil, “antes mundo era

pequeno porque Terra era grande”, podemos observar como se tinha a impressão que o tempo

demorava a passar, as notícias demoravam a chegar e o que acontecia, por exemplo, no outro

lado do mundo, era raro de se saber.

Já a cultura que estamos vivendo, se insere neste trecho da música “hoje mundo é muito

grande porque Terra é pequena”. Neste pedaço, Gil faz referência à antena parabólica, que era

e ainda é, em algumas cidades, utilizada para captar sinais de canais de televisão, trazendo as

notícias e ampliando a noção de mundo. Esta música ilustra as mudanças em relação ao espaço

e tempo na contemporaneidade. O fato de a cultura digital, possibilitar o encurtamento das

distâncias dos lugares (países, cidades, estados, etc.), da Terra em relação ao mundo, altera as

relações de espaço e tempo. Para o sociólogo John Thompson (2012, p. 137-138)

O desenvolvimento dos meios de comunicação fez surgir novos tipos de “ação

à distância” que tornaram cada vez mais comuns no mundo moderno.

Enquanto nas mais antigas sociedades as ações e suas consequências eram

geralmente restritas aos contextos de interação face a face e às suas

circunvizinhanças, hoje é comum ver os indivíduos orientarem suas ações para

outros que não partilham o mesmo ambiente espaçotemporal, e com

consequências que ultrapassem de muito os limites de seus contextos e

localizações.

Portanto, pode-se observar que, dentre esses meios de comunicação, o que teve destaque

por algum tempo foi a TV, tendo sua hegemonia em compartilhar as informações que

aconteciam no mundo. Com o avanço tecnológico, muita coisa tem mudado. Antes era

necessário esperar algum programa televisivo que divulgasse a notícia. Contudo, o que ocorre

na era digital é o acompanhamento do que acontece em tempo real, por meio de diversas mídias

sociais e digitais, causando uma sensação de desorientação, como salienta Valter Filé

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Desorientação é o sentimento que muitos temos quando o mundo se move (e

nestes tempos, rápidos demais), quando as transformações não podem ser

acompanhadas, quando não conseguimos compreender o que está

acontecendo e sentimos que não temos o controle das coisas. Creio que, neste

momento, é isto que está acontecendo com as coisas que a cultura digital está

pondo para girar: placas tectônicas se deslocando a velocidades vertiginosas.

E sobre essas placas estão fundadas várias instituições, culturas, relações

sociais econômicas e políticas. Em muitos edifícios as primeiras rachaduras já

apareceram há algum tempo (FILÉ, 2011, p. 109).

Concordando com a fala do Filé e acrescentando também que através do crescimento

das ferramentas da internet, a cultura digital vem ganhando espaço mundialmente e cada vez

mais as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) fazem parte de uma maneira rápida

das pessoas se comunicarem, interagirem e compartilhar conteúdo. Além disso, aos poucos vão

se alterando também as relações de poder existentes na sociedade, nesse caso, nos espaços

educacionais. De acordo com o Thompson (2012, p.9), “quando novos meios de comunicação

são desenvolvidos e introduzidos, eles mudam as maneiras pelas quais os indivíduos se

relacionam uns com os outros e com eles próprios”. O que tem acontecido com as sofisticações

dos dispositivos móveis.

Podemos observar que grande parte da sociedade não vem acompanhando esses avanços

tecnológicos com a mesma frequência dos mais novos, para Castells (2006, p. 17)

O nosso mundo está em processo de transformação estrutural desde há duas

décadas. É um processo multidimensional, mas está associado à emergência

de um novo paradigma tecnológico, baseado nas tecnologias de comunicação

e informação, que começaram a tomar forma nos anos 60 e que se difundiram

de forma desigual por todo mundo. Nós sabemos que a tecnologia não

determina a sociedade: é a sociedade. A sociedade é que da forma a tecnologia

de acordo com as necessidades, valores, interesses das pessoas que utilizam

as tecnologias. Além disso, as tecnologias de comunicação e informação são

particularmente sensíveis aos efeitos dos usos sociais da própria tecnologia.

Na sociedade temos grupos de interesses que podem criar vínculos entre si. Sobre isso

Castells (2006), salienta o fato de a tecnologia não determinar a sociedade, mas a sociedade

formar a tecnologia de acordo com suas necessidades. É possível analisar que, de certa forma,

as tecnologias criadas alteram o comportamento da sociedade. Para Thompson (2012, p. 58) “o

uso dos meios técnicos de comunicação pode alterar dimensões espaçotemporais da vida social.

Capacitando os indivíduos a se comunicarem através de espaço e de tempo sempre mais

dilatados”. Assim aconteceu com a imprensa no século XV, depois com jornais, livros, cinema,

rádio, TV e, atualmente, a internet. O mesmo autor relata que

No final dos séculos XIX e XX, o desenvolvimento da mídia eletrônica – o

rádio, a televisão e os novos meios associados com a internet – representou,

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de algumas maneiras, a continuação de um processo que tinha sido posto em

movimento pela imprensa, mas também representou um novo caminho. Os

meios eletrônicos permitiram que a informação e o conteúdo simbólico fossem

transmitidos por longas distâncias em muito pouco tempo ou simultaneamente

(THOMPSON, 2012, p. 14).

Na atualidade, ocorre o oposto do que se verificava em épocas anteriores, quando a

escola tinha como característica marcante o ensino presencial centrado no professor e a

aprendizagem de conteúdos por meio da transmissão e de materiais em sala de aula. Dessa

forma, pouco se aproveitava a bagagem do aluno e ele era visto mais como um consumidor do

que um possível produtor ou colaborador. Para Jenkins (2008, p. 236), “alguns professores estão

começando a dar valor para outros espaços recreativos informais, pois neles a aprendizagem

acontece nas descobertas e coisas aprendidas na introspecção pessoal”.

Outro ponto a ser ressaltado é como as universidades estão formando docentes para atuar

nas escolas e como estes se preparam para receber esses jovens e conciliarem suas demandas

às práticas pedagógicas? Diferentemente do que se verificava na época moderna, as tecnologias

da informação e comunicação chamam a atenção para a velocidade da informação e a

celebração da tecnologia. Pode-se observar que a sociedade de consumo vem assistindo a uma

mudança nas relações entre espaço e tempo. Concorda-se com Thompson (2012, p. 197) quando

fala que

Um dos aspectos mais salientes da comunicação no mundo moderno é que ela

acontece numa escala cada vez mais global. Mensagens são transmitidas

através de grandes distâncias com relativa facilidade, de tal maneira que

indivíduos têm acesso a informação e comunicação provenientes de fontes

distantes. Além disso, com a separação entre o espaço e tempo trazidos pelos

meios eletrônicos; o acesso às mensagens provenientes das mais remotas

fontes no espaço pode ser instantâneo ou virtualmente instantâneo

Além disso, esse novo modelo de comunicação possibilita o indivíduo sair da posição

passiva de espectador que somente consumia as mídias. Nesse contexto, existiam produtores

que planejavam programas e os textos a serem ditos aos diversos tipos de públicos. O que vem

mudando com a cultura digital é que esses espectadores estão convergindo e saindo da sua zona

de conforto e passando a produtor de conteúdo, utilizando diversas mídias sociais, como

YouTube, Facebook, Linkedin, Twitter, entre outras.

De acordo com Jenkins (2008, p. 27), “a cultura da convergência é um fenômeno que

está revolucionando o modelo de encarar a produção de conteúdo em todo mundo”. O autor

ressalta que “a cultura da convergência é a colisão entre as velhas e novas mídias, onde a mídia

corporativa e a mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do

consumidor interagem de maneiras imprevisíveis”.

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Para o autor, há três conceitos importantes que nos ajudam a pensar sobre as alterações

que estão acontecendo. Sendo o primeiro de convergência dos meios de comunicação, ou seja,

o fluxo de conteúdos por meio de múltiplos suportes midiáticos. O segundo de cultura

participativa que aponta a diferença com noções mais antigas sobre a passividade dos

espectadores frente aos meios de comunicação. E o último de inteligência coletiva, expressão

cunhada por Pierre Lévy (1998), onde o autor relata que “nenhum de nós pode saber tudo; cada

um de nós sabe alguma coisa; e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e

unirmos nossas habilidades” (Ibidem, p.28).

Antes do boom da internet, que chegou ao Brasil por volta de 1995, os indivíduos que

consumiam as mídias, como jornais, revistas, rádios e televisão eram vistos como

telespectadores, ou seja, a função das pessoas era consumir apenas. Cada mídia trazia seus

formatos de notícias. Hoje é possível reunir todas essas mídias no computador e em outras

mídias digitais. Podemos saber das notícias por meio de jornais online ou Feeds de notícias;

desejando ouvir ou assistir ao jogo de futebol, basta entrarmos nos sites que tenham essas

plataformas de serviços disponíveis. De acordo com Santos (2014, p. 17)

O princípio digital faz com que o computador se diferencie da TV analógica,

máquina rígida, restritiva, centralizadora, e passe, a partir da década de 1990

com o surgimento da web, a apresentar-se como sistema de interação e

conectividade online. Isso quer dizer que passamos da massa receptora às

interagentes no espaço e no ciberespaço.

A TV que por sua vez, traz um papel centralizador e unidirecional, ou seja, ela transmite

conteúdos e informações, para os telespectadores que quase não são ouvidos. A conectividade

através da internet, além de possibilitar novas formas de interação, acaba de certa forma,

alterando as formas de comunicação que no ciberespaço pode ser bidirecional. Além disso, fica

mais fácil trabalhar com diversos formatos de mídia dentro de um mesmo aparelho. Pegando

um pouco da experiência de Valter Filé, que nos mostra por meio de seus relatos como os

aparelhos e suas respectivas mídias exerciam funções distintas.

A partir de uma experiência de TV comunitária/de rua (a TV Maxambomba).

[...] Usávamos câmeras enormes, vídeos-cassete e editávamos de forma linear

e exibíamos em monitores de TV ou num telão, em praça pública. Era o tempo

em que cada linguagem tinha sua mídia específica. O rádio era num aparelho,

a TV em outro, ouvíamos música em outro mais (se era disco de vinil era num

lugar, fita cassete, noutro - ou pelo menos em outra parte do mesmo aparelho).

Parece que isto foi há muito tempo, mas já estávamos na antessala da cultura

digital. Ainda separávamos produtores de um lado e consumidores do outro.

(FILÉ, 2010)

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A concepção de que cada mídia só pertencia a determinado tipo de aparelho vem

mudando. Antes o celular era a prótese do ouvido e boca, só tinha a função de possibilitar a

conversa entre duas pessoas. Hoje em dia, ele traz um leque de opções para os usuários. A

sofisticação do celular é proporcional à evolução dos mais jovens, pois eles utilizam muito esse

meio de comunicação. Atualmente é possível tirar foto, gravar pequenos vídeos e acessar a

internet utilizando o aparelho de celular, dentre outros serviços que ele oferece. Para Jenkins

(2008, p. 28),

A convergência não ocorre por meios de aparelhos, por mais sofisticados que

vem a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros dos consumidores

individuais e suas interações sociais com os outros. Cada um de nós constrói

a própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações

extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais

compreendemos nossa vida cotidiana.

Mas essa evolução não se dá somente na internet e suas possibilidades de comunicação.

A tecnologia digitial foi um dos grandes eixos responsáveis por essa “revolução” na sociedade.

Com o avanço das câmeras fotográficas e dos celulares, os quais, além de terem suas funções

primordiais, ainda possibilitam pequenas gravações. Agora não é mais necessário um estúdio,

uma câmera profissional para produzir um vídeo. Basta apenas uma câmera digital ou um

celular, uma ideia na cabeça, um programa de edição simples, que fica fácil montar um vídeo,

o qual poderá ser compartilhado na internet e visto por milhares de pessoas. Santos (2014, p.

18) amplia a discussão sobre a convergência

A convergência das tecnologias informáticas com as tecnologias das

telecomunicações limitava o acesso dos usuários à internet a partir de

mecanismos centrados no desktop. Para acessar e habitar a rede mundial de

computadores, era necessária uma conexão física e fixa em um computador

com a internet via linha telefônica, rádio, banda larga.

A autora traz a discussão voltada para convergência dos aparelhos e também as formas

de conexão existentes. Foi um processo em que os usuários da internet ficavam presos ao

desktop, pois não havia sofisticação dos aparelhos celulares e o processo de comunicação exigia

a imobilidade, ou seja, um deslocamento físico, o deslocamento acontecia apenas no

ciberespaço. Santos (2014, p. 18) retrata a situação configurada, onde

Temos os seres humanos em processo de comunicação em rede e seus corpos

estáticos diante da tela de seus computadores em suas estações de trabalho.

Suas mentes e subjetividades em rede, mas seus corpos condicionados ao

acesso sem mobilidade física.

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Todos conectados na rede, no entanto, presos em suas cadeiras e em frente aos monitores

sem sair do seu espaço físico.

Parece que foi há muito tempo, mas é bem recente, pois quando acessávamos a internet

e interagíamos com nossos contatos, tínhamos a certeza que eles estavam em casa, no trabalho

ou nas lan houses. Com o avanço da mobilidade não temos mais certeza da localização do nosso

contato, a não ser que ele nos diga ou que realize chek-in em sua rede social. A noção de espaço

e tempo que tínhamos há algum tempo não é a mesma que temos atualmente, e provavelmente

não será a mesma que teremos em um futuro próximo.

2.1 – Espaço e Tempo:

Olhando um pouco para o passado, de um modo geral, e pegando como exemplo alguns

pontos marcantes da história do Brasil, é possível notar que a noção de tempo e espaço em

grande parte era marcada pela velocidade dos meios de transportes. Por exemplo, os

portugueses ao chegarem ao Brasil fizeram uma viagem demorada de caravelas. Para descrever

o acontecido ao Rei de Portugal, a carta escrita por Pero Vaz de Caminha demorou um tempo

a chegar ao seu destino. Ou seja, esta carta, percorreu um espaço entre Brasil e Portugal durante

um período de tempo. Thompson (2012, p. 62-63) explica que

Quando a comunicação dependia do transporte físico das mensagens, o

sentido de distância dependia do tempo de viagem necessário entre a origem

e o destino. Como a velocidade do transporte e da comunicação aumentou, a

distância pareceu diminuir. Com a disjunção entre o espaço e o tempo

reduzido pela telecomunicação, o sentido de distância foi gradualmente sendo

estimado à parte de uma exclusiva dependência do tempo de viagem. A partir

de então o sentido de distância se tornou dependente de duas variáveis – tempo

de viagem e velocidade da comunicação – que não necessariamente

coincidem. O mundo foi se encolhendo em ambas dimensões, mais

rapidamente numa do que noutra.

Com a evolução dos meios de transportes, quão rápido fosse o veículo, mais rápido a

comunicação era feita, rementendo novamente ao trecho da música onde Hoje mundo é muito

grande porque Terra era pequena, que representa a impressão de diminuição da Terra. O

aprimoramento das telecomunicações tem contribuído, também, para a aceleração das maneiras

de se comunicar, e as pessoas não ficam presas ao tempo de duração da viagem. Thompson

(2012, p. 63) acrescenta que

O tempo das viagens é constantemente reduzido e, com o desenvolvimento

das telecomunicações, a velocidade da comunicação se torna virtualmente

instantânea. O mundo se parece um lugar cada vez menor: não mais uma

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imensidão de territórios desconhecidos, mas um globo completamente

explorado, cuidadosamente mapeado e inteiramente vulnerável à ingerência

dos seres humanos.

Com a constante melhora nos transportes e principalmente no desenvolvimento das

telecomunicações, houve novas formas das pessoas se comunicarem, (audioconferências, por

imagens instantaneas, mensagens de textos, conversas em tempo real, etc.) ocorre a impressão

que o mundo vem diminuindo. Para Bauman (2001, p. 138)

A distância em tempo que separa o começo do fim está diminuindo ou mesmo

desaparecendo; as duas noções, que outrora eram usadas para marcar a

passagem do tempo, e, portanto, calcular seu “valor perdido”, perderam muito

do seu significado – que, como todos os significados, deriva de sua rígida

oposição. Há apenas “momentos” - pontos sem dimensões.

De acordo com os autores, está ocorrendo a diminuição e o desprendimento de o tempo

estar ligado diretamente ao espaço. A noção de ter que esperar determinado tempo, em um local

físico para receber alguma notícia ou coisa parecida vem acabando, diminuindo aos poucos,

pois a comunicação está acontecendo de modo instantaneamente em tempo real. Bauman (2001,

p. 136) ressalta sobre

A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço, disfarçada de

aniquilação do tempo. No universo de software da viagem à velocidade da luz,

o espaço pode ser atravessado, literalmente em “tempo nenhum”; cancela-se

a diferença entre “longe” e “aqui”. O espaço não impõe mais limites à ação e

seus efeitos, e conta pouco, ou nem conta.

A fluidez das relações através dos meios de comunicação tem possibilitado aos

indivíduos não precisarem mais estar fixos em determinado espaço e tempo para saber de algo

ou interagir. Bauman nos alerta sobre a suposta aniquilação que o espaço faz em relação ao

tempo, pois a noção de ubiquidade vem se tornando cada dia mais presente no nosso cotidiano

dando a impressão de estarmos em vários lugares ao mesmo tempo.

2.2 - Ciberespaço e Cibercultura:

Vivemos em uma época onde a comunicação em rede, na internet, está presente desde

a hora que acordamos até a hora de dormir. Já foi imbricado em nossa cultura estarmos

conectados em nossas mídias sociais e aplicativos nos smartphones, acessando nossas

notificações no WhatsApp, produzindo vídeos, tirando fotos e compartilhando na rede. Além

disso, a cultura da folha de papel vem migrando fortemente para cultura digital. Neste caso, é

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considerado como cultura digital, aquela que não revela mais fotos, que cada vez menos,

recebem faturas de contas de banco, pois tem como realizar o pagamento on-line, aquela que

não precisa ir à loja física para comprar determinado produto, ou que utilizam o recurso do

Kindle ou PDF para lerem artigos, textos ou livros.

Todo esse movimento descrito acima acontece em um espaço e em uma cultura, ou

melhor, em um ciberespaço. Que seria, grosso modo, um espaço ciber ou um espaço na internet.

Para entender melhor, Lévy (1999, p. 17) define ciberespaço como:

Novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos

computadores. O termo [ciberespaço] especifica não apenas a infraestrutura

material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de

informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e

alimentam esse universo.

Santos (2014, p. 17) acrescenta que ciberespaço

É a internet habitada por seres humanos, que produzem, se autorizam e

constituem comunidades e redes sociais por e com as mediações das

tecnologias digitais em rede. [...] É um conjunto plural de espaços mediados

por interfaces digitais, que simulam contextos do mundo físico das cidades,

suas instituições, práticas individuais e coletivas já vivenciadas pelos seres

humanos ao longo da sua história.

Dessa forma, o ciberespaço é um espaço na internet, onde há possibilidades dos

usuários, através dos seus avatares12, acessarem a partir das mídias digitais, as mídias sociais,

ou qualquer site que seja preciso se cadastrar para criar uma conta ou perfil. Ao acessar qualquer

site que seja pedido para inserir usuário e senha, e a partir deste acesso é gerado uma conta ou

perfil

e o site te reconheça como “dono” daquela página, este perfil ou conta criada nos sites é

chamado de avatar. Temos como exemplo claro de avatar alguns filmes que retratam claramente

isto, por exemplo, a trilogia Matrix – (Matrix, 1999); (Matrix Reloaded, 2003); e (Matrix

Revolutions, 2003) – e o filme que carrega o nome de Avatar (Avatar, 2009).

Estes filmes têm em comum a projeção de seus corpos em um ciberespaço, ou seja, eles

se conectam em algum dispositivo que os colocam em uma realidade virtual. A diferença é que

na Matrix os corpos são projetados a uma realidade que acontecerá há duzentos ou trezentos

anos à frente. No filme Avatar é retratado o que acontece aqui e agora, ou seja, ao entrar no

dispositivo, a realidade para onde eles se conectam retrata o tempo presente. Este último está

12 Em informática, avatar é um cibercorpo inteiramente digital, uma figura gráfica de complexidade variada que

empresta sua vida simulada para o transporte identificatório de cibernautas para dentro dos mundos paralelos

do ciberespaço. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Avatar_(realidade_virtual)> Acesso em 06

novembro 2016.

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mais presente na nossa realidade, pois ao acessarmos nossa conta do Facebook, Twitter,

Instagram ou Youtube, estamos adentrando em um ciberespaço repleto de ciberculturas

diferentes.

A cibercultura como próprio nome sugere, é a cultura que se desencadeia no

ciberespaço. Cada cultura traz consigo seus rastros e caraterísticas, como a cultura dos negros,

dos nordestinos, com a internet não seria diferente. Por exemplo, antes da cibercultura não

existia alguns costumes, que só apareceram depois da internet habitada e com interação de

pessoas. Por exemplo, antes da internet ninguém ouvia falar em fazer um download ou upload

de foto, vídeo, arquivo. Esta cultura foi sendo desenvolvida a partir da necessidade dos usuários

trocarem ou precisarem utilizar determinados ciberespaços que possibilitava outras formas de

interação e comunicação.

Para Lévy (1999, p. 17) “quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o

conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento

e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Dessa forma,

temos como ciberespaço os “locais” habitados pelos usuários na grande rede. E como

cibercultura os rastros, novas formas de interação e comunicação que são produzidas no

ciberespaço.

De acordo com Lévy (1999, p. 126), “três princípios orientam o crescimento inicial do

ciberespaço: interconexão, criação de comunidades virtuais, inteligência coletiva”. Partindo

destes três princípios chaves, levantados pelo autor, temos o ciberespaço como resultado da

interconexão local ou mundial, pela internet. Da interconexão, resulta o segundo princípio:

criação de comunidades virtuais, que Lévy (1999, p. 127) diz que “são construídas sobre

afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos, em um processo mútuo de

cooperação e troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações

institucionais.” A terceira e última etapa do ciberespaço é chamada pelo autor de inteligência

coletiva. Segundo Lévy (2004, p. 7)

El concepto de inteligencia colectiva se opone a la idea de que el conocimiento

legítimo viene desde "arriba", de la universidad, de la escuela, de los expertos,

reconociendo, al contrario, que nadie sabe todo y que cualquiera sabe algo. La

inteligencia colectiva permite pasar de un modelo cartesiano de pensamiento

basado en la idea singular del cogito (yo pienso), para um colectivo o plural

cogitamus (nosotros pensamos). Este concepto tiene serias implicaciones para

la construcción de una verdadera democracia, creando una espécie de ágora

virtual integrada dentro de la comunidad y que permite el análisis de

problemas, intercambio de conocimientos y toma de decisión colectiva.

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Dessa forma, trazendo para a realidade do Facebook que é a nossa fonte de produção de

dados, é possível notar em sua estrutura os três princípios levantados por Lévy, onde estamos

interconectados com todos através da grande rede, criamos um grupo no Facebook – nossa

comunidade de interesses –, onde foi realizada a disciplina optativa. A partir de nossas

referências de mundo e formação, ou seja, no grupo do Facebook, ninguém sabia de tudo, o que

um não sabia, aprendia com o outro que tinha mais bagagem sobre o assunto, e este que

aprendeu, em outros momentos ensinava. Era uma troca de conhecimento e saberes que

acontecia no nosso ciberespaço.

2.3 - As etapas do Ciberespaço

Como aconteceu com o teatro, o jornal, o cinema, o rádio, a TV, com o computador e a

internet, no seu início, não foi diferente de todo “novo” meio de comunicação. Primeiro uma

pequena e “poderosa” parte da população tem recurso para o uso e acesso dos novos meios de

comunicação. E aos poucos elas são liberadas para as classes menos favorecidas. No início da

internet, conhecida também como web 1.0, repetiu o processo dos meios de comunicação de

massa. A comunicação era mantida de forma unidirecional, ou seja, as pessoas acessavam a

grande rede com o intuito de buscar informações e a interação entre os usuários da rede era bem

pequena. Santos (2014, p. 18-19) ressalta que

Além da limitação tecnológica de acesso ao ciberespaço, o próprio

ciberespaço se constituiu inicialmente, em sua fase web 1.0, com tecnologias

que não permitiam a exploração radical da noção de interatividade, aqui

entendida como dinâmica de intervenção autoral e comunicacional da emissão

e da recepção na cocriação da mensagem nas interfaces online. No cenário

sociotécnico das mídias de massa, a mensagem sempre foi uma produção de

autoria exclusiva da emissão. [...]. Na web 1.0 os sites são grandes repositórios

de conteúdos por especialistas em informática para o internauta navegar,

assistir e copiar.

Desta forma, na web 1.0, o acesso e uso da internet era bem limitado e complicado, pois

o usuário teria que entender um pouco sobre programação de páginas, e a autoria nesta fase da

internet se restringia em criar sites, onde os usuários acessavam atrás de informações. Os

internautas utilizavam a grande rede como a TV era usada, ou seja, poucos sites produziam,

para muitos consumirem. Santos (2014, p. 21) explica que

Na primeira fase da cibercultura, o usuário deveria conhecer a linguagem

HTML para produzir conteúdos e interfaces para internet. De posse desses

conteúdos, era necessário lançar mão de um software para depositá-los ne

internet. [...]. Uma vez publicado o conteúdo, este era muito pouco interativo.

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Não poderíamos alterá-lo e editá-lo diretamente na internet. Era necessário

alterá-lo e editá-lo novamente no computador, para novamente publicá-lo na

internet. Além da dijunção autoria versus publicação versus edição, esses

conteúdos possuíam limitações em termos de linguagem, não eram editáveis

online, não possuíam ou possuíam poucas interfaces de comunicação com

outros usuários, eram basicamente constituídos por textos, sons e imagens

estáticas de baixa resolução.

A web 1.0 traz consigo uma limitação que Weber, Ribeiro e Amaral (2015, p. 142)

consideram “que havia interação sem interatividade, apenas os especialistas produziam

conteúdos e distribuíam em massa para o acesso de outras pessoas”. No final na década de 90

e início dos anos 2000 a internet foi aprimorada e resultou na web 2.0. Com a chegada web 2.0

as coisas começaram a mudar um pouco de lugar a internet que não era conversacional passou

a ser habitada por diversas formas de conversação.

Alguns autores consideram o marco inicial a partir da chegada das mídias e redes

sociais, onde os usuários passaram a ter a possibilidade de produzirem seus conteúdos, sendo

através de fotos, vídeos, mensagens, textos etc. Santos (2014, p. 20) afirma que “na web 2.0, a

dinâmica comunicacional vem potencializar a autoria dos sujeitos”.

A velocidade da informação e a autoria dos sujeitos modificaram de certa forma a

maneira da comunicação. A comunicação que em sua grande parte da história foi unidirecional,

ou seja, poucos produziam para muitos consumirem. A partir da web 2.0, os usuários da internet

começaram a ter a possibilidade de se tornarem produtores e debater em um local onde poderia

ser ouvidos, sendo assim, a comunicação pode ser considerada bidirecional, onde os usuários

se informavam e comentavam de certos acontecimentos, e se quisessem poderiam produzir

conteúdo e não apenas consumir. Hartley (2009, p. 173) salienta que:

Durante o século passado, o cinema, o rádio e a televisão se organizaram e

levaram a narrativa humana a um sistema industrial no qual milhões assistem,

mas apenas algumas centenas escrevem. A transmissão da mídia fala

diretamente para nós e nos torna uma massa anônima de culturas.[...] Agora

que “nós mesmos podemos fazer” – e “fazer com os outros” também –, o que

acontecerá com a “função bárdica” da televisão? O YouTube é a primeira

resposta em larga escala para essa pergunta. Seu slogan Broadcast yourself

capta de maneira direta a diferença ente a antiga e nova TV. O YouTube

aumentou de modo avassalador tanto o número de pessoas publicando

“conteúdo” de TV como número de vídeos disponíveis a serem assistidos.

O crescimento do uso e consumo das mídias sociais se deu também a evolução das

mídias digitais e da telecomunicação com as redes sem fio. Além do usuário tornar-se produtor

de conteúdo o mesmo não precisa ficar mais preso em um determinado lugar da casa, onde fica

o computador físico, conhecido com desktop. Os aparelhos celulares estão cada vez mais

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sofisticados e ampliando a forma de mobilidade da comunicação. O que tem possibilitado aos

internautas, mesmo que em deslocamento físico, publicarem os conteúdos produzidos em suas

mídias sociais em tempo real, o que alguns autores consideram como ubiquidade. Santaella

(2010, p. 17 apud SANTOS, 2014 p. 25) ressalta que “a ubiquidade destaca a coincidência entre

deslocamento e comunicação, pois o usuário comunica-se durante o seu deslocamento. A

onipresença, ao contrário, oculta o deslocamento e permite o usuário continuar suas atividades

mesmo estando em outros lugares”.

2.4 - Mobilidade Ubíqua

Na atualidade, é possível ver pessoas conectadas a todo tempo na grande rede,

principalmente pelo dispositivo móvel como o celular. Há quase um século só teríamos a

possibilidade de conversar vendo a outra pessoa, se ela estivesse próxima de nós e fizesse parte

do nosso círculo de convívio ou em comunidades que frequentássemos. Era algo restrito

geograficamente. De uns tempos para cá a interconexão tem ampliado nossas formas de

interação na rede e nossa comunidade de interesse não tem ficado tão restrita assim.

Até 2013, o computador desktop era a maior fonte de uso e acesso a internet, os usuários

acessavam a internet sem ter mobilidade. Em 2014 o jogo já começou a mudar de figura, de

acordo com site de notícias globo.com13 do dia 06 de abril de 2016, no caderno de tecnologia e

games, foi publicado um artigo falando sobre o acesso a internet pelos smartphones que

chegaria a 80% ultrapassando os acessos pelo PC que é de 76,6%.

Até 2013, o posto de dispositivo queridinho dos brasileiros para acessar a rede

era ocupado pelos computadores. Mas, em 2014, o jogo virou. Presentes em

76,6% das casas, esses aparelhos caíram para a segunda colocação. Tablets e

TVs inteligentes tinham, respectivamente, 21,9% (8,1 milhões) e 4,9% (1,8

milhões) dos domicílios ligados à internet. Para esse critério, o IBGE inclui

na conta todos os aparelhos de uma residência para se conectar à internet. Por

isso, a soma total das porcentagens parciais ultrapassa os 100%. Há casas que

utilizam apenas um desses dispositivos online. O número das que usam só

celular ou tablet já superou a quantidade das que tinham só de PCs. Em 2013,

os computadores eram responsáveis exclusivos por conexões em 42,4% das

casas, enquanto celulares ou tablets respondiam pelo acesso em 11,5% do

total. (GOMES, 2016)

Além disso, com a disseminação da internet móvel, as pessoas buscam lugares onde

possam estar conectadas a todo tempo, sem precisarem estar presas a um computador físico,

13 Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/04/smartphone-passa-pc-e-vira-aparelho-n-1-

para-acessar-internet-no-brasil.html> Acesso em: 22 novembro 2016

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pois para acessar a internet basta alguns cliques no dispositivo móvel. Santos (2014, p. 24)

ressalta que

Com o avanço das tecnologias da informática e das telecomunicações estamos

vivendo uma nova fase da cibercultura que denominamos “cibercultura móvel

ubíqua”. Além da evolução dos dispositivos móveis, contamos, sobretudo,

com a evolução das tecnologias sem fio de acesso ao ciberespaço, a exemplo

das tecnologias Wi-fi, Wi-MAX, 2G, 3G, 4G. Essas tecnologias de conexão

móvel têm permitido cada vez mais a mobilidade ubíqua e, com isso, a

instituição de novas práticas culturais na cibercultura. Esses dispositivos vêm

permitindo também o acesso ao ciberespaço a partir de outras estratégias e

linguagens.

Uma das estratégias que temos no Facebook é a opção de fazer check-in nos lugares.

Alguém em algum momento já deve ter utilizado esta ferramenta. Quando, por exemplo,

fazemos um check-in no Facebook em uma cidade, estado, país ou até mesmo comércio,

naquele momento estamos no ciberespaço da rede social Facebook, no espaço físico onde foi

feito o check-in, além disso, estamos também no local físico onde a pessoa visualiza nossa

postagem. Esta onipresença em vários lugares ao mesmo tempo é o que chamamos de

mobilidade ubíqua. Santos (2014, p. 24-25) explica que

Em tempos de cibercultura avançada, a mobilidade ganha potência por conta

da sua conexão com ciberespaço. Na era da mobilidade com conexões

generalizadas em rede, podemos compartilhar e acessar simultaneamente

vários lugares. Estamos diante da potência da ubiquidade.

A “diminuição” geográfica do mundo está ligada ao aqui e agora, ao tempo real, o ao

vivo. Outro exemplo a ser trazido à discussão é quando estamos em uma viagem para outra

cidade e postamos a foto no ciberespaço e pessoas de nossa rede que estão dispersas

geograficamente, interagem na rede. Podemos notar que a evolução da internet tem alterado as

formas de comunicar, interagir e produzir conteúdo, sendo em espaços escolares ou não.

Sabemos que muitas escolas proíbem os usos dos dispositivos móveis, e que embora haja

laboratórios de informática com equipamentos, para utilizá-los é preciso passar por um processo

burocrático para esses equipamentos serem usados. Independente do (des)uso do laboratório de

informática, muitos alunos estão sempre conectados, por seus dispositivos móveis, podendo

produzir conteúdos e interagindo em suas mídias sociais e seus aplicativos.

A cada dia vem crescendo o número de professores ocupando estes ciberespaços,

produzindo conteúdo, testando as ferramentas destes sites, agredando outras possibilidades de

intereação etc. Entretanto, exige também as demandas por profissionais qualificados para

exercer diversas funções, inclusive, na área educacional. Um modelo tradicional de educação

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requer alunos e professores em determinado espaço (sala de aula) e tempo (aproximadamente

quatro horas por dia) para que ocorra os processos de ensino e de aprendizagem. Com a conexão

à Internet ela foi ampliada para outras mídias digitais, como, por exemplo, tablet, celular, mp4,

entre outros.

Na cultura digital essas relações intersubjetivas não acontecem somente face a face, mas

também por meio das TIC e de outras mídias sociais. Diferentemente do que se verificava na

época moderna, as TIC chamam a atenção para a velocidade da informação e as diferentes

reconfigurações que tecnologia digital vem sofrendo. Como nossas universidades estão

formando docentes propulsores críticos de mudanças educacionais? Que alternativas

pedagógicas podem ser usadas na formação de profissionais comprometidos com mudanças

sociais qualitativas na contemporaneidade? Por que o Facebook e não um AVA, um modelo

que já foi testato e aprovado no âmbito da EaD, para realizar uma disciplina optativa?

Essas questões acima serão debatidas no capítulo três, que traremos também algumas

questões relacionadas à metodologia da pesquisa on-line. Neste capítulo dois, trouxemos os

impactos que a evolução dos meios de comunicação causou e vem causando na sociedade,

discutimos a relação do espaço e tempo, onde se tem a impressão da diminuição da Terra, pela

velocidade das notícias e informações. Descrevemos a evolução da web 1.0 para web 2.0 e como

ela potencializou a mudança de papeis entre consumidores para possíveis produtores de

conteúdo. Finalizamos o capítulo evidenciando a mobilidade ubíqua que é mais recente e está

presente em nosso cotidiano, e que em muitos casos foi explorada na prática em nossa pesquisa.

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CAPÍTULO 3_________________________________________________________

3 - ALGUNS POSTS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: TECNOLOGIAS E

INCLUSÃO SOCIAL NO FACEBOOK

- O senhor poderia me dizer,

por favor, qual o caminho

que devo tomar para sair daqui?

-Isso depende muito de para onde

você quer ir, respondeu o Gato.

-Não me importo muito

para onde, retrucou Alice.

-Então não importa o caminho

que você escolha”, disse o Gato.

Alice no país das maravilhas

Lewis Carroll

Neste capítulo, buscaremos ilustrar como foi desenvolvida a disciplina optativa

Tecnologia e Inclusão Social em um grupo fechado no Facebook. Também falaremos um pouco

da metodologia utilizada na pesquisa. Esta que foi uma das grandes preocupações e dificuldades

deste tipo de pesquisa, pois buscávamos não trazer para o espaço on-line as orientações

metodológicas comumente usadas em espaços físicos e acrescentar apenas a palavra on-line ou

virtual, (etnografia virtual; netnografia; estudo de caso online) sem uma maior caracterização e

adensamento teórico, não nos pareceu promissor do ponto de vista educativo ou de avanço na

pesquisa. Para Flick (2009, p. 238)

A pesquisa qualitativa não escapa aos efeitos da revolução digital e

tecnológica do início do século XXI. Os computadores são usados para

analisar dados qualitativos. Gravadores de fita de áudio, de mini-disco e de

MP3 são utilizados para registrar entrevistas e grupos focais. Pode-se usar a

internet para encontrar literatura e publicar resultados.

O início do século XXI foi o berço do surgimento das mídias sociais (DAQUINO,

2012)14, em 2002 Fotolog e o Friendster; 2003 Linkedin; 2004 Orkut e Facebook e 2006 o

Twitter. Como parte da sua história, as mídias sociais caíram no gosto dos usuários e muitas

foram extintas no decorrer do tempo (Fotolog, Friendster e Orkut), outras se mantêm ativas até

o presente momento (Linkedin, Facebook, Twitter) e viraram cases de estudos que acontecem

na internet. Flick (2009, p. 239) considera que o “uso e acesso amplamente difundidos deste

14 Para saber mais sobre cada mídia social visitar: <http://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/33036-a-historia-

das-redes-sociais-como-tudo-comecou.htm> acesso em: 08 outubro 2016.

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meio, não é nenhuma surpresa que a internet tenha sido descoberta como objeto de pesquisa,

mas também como uma ferramenta a ser usada para pesquisa”.

O crescimento de acesso a internet, as mídias socias e digitais, despertam o interesse em

aprender mais e pesquisar mais na cibercultura. E como pesquisar? Que método utilizar? Flick

(2009, p. 239) diz que

Os métodos podem ser os padronizados ou as entrevistas abertas, ou os grupos

focais. Podemos também fazer a observação (participante) em cibercafés para

analisar como as pessoas usam o computador e a internet, ou podemos fazer

análises de conversação de como as pessoas utilizam a rede

colaborativamente.

Além da metodologia, não podemos esquecer que para se pesquisar na internet

precisamos de algumas condições, como nos lembra Flick (2009, p. 239)

Se o pesquisador desejar fazer sua pesquisa online, algumas condições

deverão ser preenchidas. Primeiro, ele deve ser capaz de usar o computador

não apenas como uma máquina de escrever de luxo, mas de um modo mais

abrangente. Deve, também, ter um pouco de experiência com o uso de

computadores e softwares. Além disso, deve ter acesso à internet e gostar de

estar e de trabalhar online, além de precisar estar (ou tornar-se) familiariazado

com as diversas formas de comunicação online como e-mail, salas de bate-

papo (chats), lista de e-mail e blogs. (…) Se essas condições forem

preenchidas, o pesquisador deve considerar se sua pesquisa é um tema que ele

só poderá estudar com o uso da pesquisa qualitativa online.

As condições sugeridas por Flick, são pertinentes. Para pesquisar on-line precisamos no

mínimo dominar a linguagem daquele ambiente, ter uma conexão relevante que não deixe o

usuário “na mão” e sim estar familiarizado com o meio que se pretende pesquisar. No caso

desta pesquisa, ela só poderia ocorrer no espaço virtual, pois se trata de uma rede social on-line

limitada ao ciberespaço, ou seja, não dá para acessar o Facebook sem ser através da internet,

logo, buscou-se pesquisar por uma metodologia que fosse adequada ao tema e espaço que está

sendo estudado.

Macedo (2015, p. 371) fala sobre a importância e praticidade do arquivamento de dados

on-line onde:

De fato, há uma praticidade na tarefa de coleta e armazenamento de dados que

se dá pela internet. Informaçoes relevantes podem ser salvas em formato de

imagem a partir do recurso “print screen”, enriquecendo o texto da pesquisa

enquanto ilustração, e as próprias conversas [...] podem ser armazenadas já

em forma de diálogo, o que facilita o processo de organização do material do

campo.

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Sobre o arquivamento e dados produzidos na pesquisa, recorremos ao recurso do “print

screen” como é possível ver no decorrer deste e do próximo capítulo. Para coletar e armazer os

dados produzidos, foram utilizados e gerados arquivos do Word e PDF durante o a etapa da

separação dos dados da pesquisa.

Para encontrar o caminho adequado da pesquisa, procurei fazer uma analogia entre o

pesquisador e o viajante. O nosso instigante roteiro de viagem foi um pouco parecido como de

um viajante que está em Recife e pretende ir para uma cidade, chamada Piranhas, no interior de

Alagoas. Ele sabe aonde quer chegar, mas não sabe como. Não sabe quais transportes usar, os

horários dos ônibus, das vans, se estes transportes rodam todos os dias e qual o tempo de

percurso.

Como o viajante quer chegar à cidade de destino, ele busca fontes, pesquisa o melhor

transporte, qual o horário de saída, qual o percurso, qual a duração da viagem e dessa forma

planeja a saga para chegar ao seu destino. Na pesquisa de um modo geral, não é diferente.

Trazendo para nossa pesquisa, o local de partida da pesquisa já tinha sido definido – o Facebook

–, os sujeitos éramos nós, os mestrandos e mestrandas. Duração da disciplina – 15 semanas que

seria o nosso ponto de chegada –, mas tinha um problema que nos deixava em xeque. Qual o

caminho a seguir? Qual metodologia mais adequada?

Ribes e Macedo (2014, p. 39), “propõem debater sobre os desafios de se construir

metodologias de pesquisa com crianças na cibercultura”. Percebemos que não há desafios

somente na metodologia com crianças na cibercultura e sim com outros sujeitos que fazem

pesquisa no espaço on-line em geral. Sentimos dificuldades em estabelecer um caminho

coerente para pesquisa, pois pesquisar no Facebook implica principalmente em experimentar

outras metodologias, outros olhares, outras sensibilidades, pois a rede se mantém em constante

metamorfose.

O crescimento das mídias digitais e mídias sociais, nos últimos dez anos têm modificado

as formas de interação e comunicação entre os indivíduos. Muitas mídias sociais apareceram e

sumiram em um curto período de tempo. Por exemplo, o MSN, que era um chat no qual as

pessoas tinham seus contatos e conversavam por meio das caixas de diálogos, depois de um

tempo, logo foi esquecido. Outro exemplo foi o Orkut, a rede social, que chegou ser a rede

social mais usada no Brasil e foi extinta recentemente por ter decaído o número de usuários

ativos. Outras mídias conseguiram com o passar do tempo se manterem ativas e atrativas para

seus usuários. É o caso do Facebook, uma rede social que começou pequena e atualmente é a

principal rede social do mundo.

De acordo com o levantamento das mídias sociais mais acessadas no Brasil, como

Facebook, Instagram, Twitter e YouTube foi possível chegar ao seguinte resultado, baseado no

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site de ranqueamento de acessos alexa (2015)15. O Facebook é o segundo site mais acessado no

mundo, perdendo somente para o Google, o YouTube é o terceiro, o Twitter o décimo e o

Instagram vigésimo oitavo. O Brasil é o segundo país do mundo onde mais se acessa Facebook,

responsável por 4,0% dos acessos mundiais. O YouTube fica em quarto mais acessado no

Brasil, responsável por 3,7% dos acessos mundiais. O Twitter em décimo primeiro, já o

Instagram fica em décimo sétimo.

Por ser o segundo site mais usado no mundo e ter ferramentas que podem ser exploradas

para o viés educacional, mesmo que não tenham sido criadas com este intuito, é possível

observar que há pessoas que exploram as suas ferramentas para o uso educacional. Inclusive na

própria pós-graduação da UFRRJ o uso dos grupos fechados nas disciplinas obrigatórias e em

outras disciplinas optativas também era recorrente. No entanto, o uso era desdobrado em troca

de mensagens e local de compartilhar os arquivos que seriam discutidos nas aulas presenciais,

ou seja, a rede era apenas um meio que dava continuidade ao que acontecia nos encontros

presenciais e não o espaço de interação das aulas.

Dessa forma, resolvemos explorá-la na pós-graduação, dessa vez com o oferecimento

de uma a disciplina optativa, onde nossas discussões aconteceriam naquele espaço e

exploraríamos os recursos disponíveis no grupo. Sendo assim, foi criado um grupo fechado na

rede social Facebook, que foi utilizado como espaço primordial para nossas discussões e

interações.

Figura 2 - Página inicial do grupo

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

15Disponível em <www.alexa.com> Acesso em 11 julho 2015

UFRRJ/IE/PPGEduc

Disciplina: Tecnologia e Inclusão social (IE-

1342) Quartas-feiras: 17-20h

Sociedade da informação e do conhecimento.

Tecnologia informática e inclusão social.

Tecnologias da informação e comunicação

(TIC): caracterização e utilização em Educação.

Utilização das TIC, produção do conhecimento e

práticas educativas inclusivas. Ambiente virtual

de aprendizagem: conceituação. Discurso,

interação, motivação e aprendizagem em

ambientes virtuais.

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A imagem acima representa o nosso espaço de aprendizagem no Facebook. Onde nos

encontrávamos para debater assuntos voltados para os textos propostos. Embora o horário e o

dia da aula ocorressem as quartas-feiras das 17:00 às 20:00 horas, nossas interações sempre

perpassavam dias da semana e fins de semanas mantendo a dinâmica hipertextual. (LÉVY,

1993).

Na primeira reunião com o orientador, o mesmo falou que ofereceria uma disciplina

optativa (com carga horária de 45 horas) para os alunos do mestrado acadêmico em Educação

(PPGEduc) e para os alunos do mestrado profissional em Ciências e Matemática

(PPGEduCIMAT), ambos da UFRRJ. Disse que seria uma disciplina a distância e que não iria

usar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), pois no semestre anterior tinha lecionado

uma matéria que foi trabalhada na plataforma GEPETICEM e estava inspirado e intrigado para

ministrar mediante um grupo de Facebook. Sendo assim, sugeriu que pudéssemos testar e criar

um grupo fechado no Facebook e ter nossa disciplina acontecendo lá, numa rede social.

3.1 - No que você está pensando? AVA ou Face?

Nosso primeiro problema, preocupação ou ruído aconteceu antes de decidir sobre o uso

do Facebook como plataforma para a realização da disciplina. Será que vai dar certo, esta

dinâmica na rede social? A princípio ficamos receosos, mas quando falava com alguns colegas,

uns se surpreenderam e outros acharam interessante e diferente esta dinâmica no Facebook. A

decisão de escolher uma rede social como espaço de interação de uma disciplina de mestrado,

foi uma questão política de trabalhar de certa forma a contemporaneidade. Para realização da

disciplina, o grupo que contou com gestão e planejamento semanal, que nos orientou durante o

período de aulas. Nossas escolhas, nossas interações, foram vivenciadas na rede, apesar da

volatilidade e plasticidade do Facebook, ela também trouxe possibilidades de registros.

Sinceramente? Não foi fácil! Primeiro por conta da decisão da implementação: será

Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ou Rede Social? Como tudo nesta vida, para saber

se vai dar certo ou não, temos que testar, então neste caso não foi diferente. Apostamos, então,

na estrutura que o Facebook fornece aos seus usuários que ficam conectados de diversos

dispositivos, apostamos também na mobilidade e nos avanços tecnológicos das redes sem fio.

O AVA já exige um pouco menos de mobilidade, embora, também seja possível acessar do

celular. De acordo com Bairral (2010, p. 2)

A conceituação de ambiente virtual de aprendizagem (AVA) que adoto

identifica-o como um complexo sistema interativo onde os seus interlocutores

desencadeiam um processo interativo a partir de situações de aprendizagem

variadas. Um AVA possui os seguintes componentes: a comunidade

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constituída e sua intencionalidade, as normas, o propósito educativo, as tarefas

de formação, os diferentes espaços comunicativos variados e os artefatos

mediadores. Os artefatos podem ser ferramentas físicas ou elementos

socioculturais. Sendo um AVA um cenário discursivo particular, ele passa a

funcionar em função das demandas sociocomunicativas dos seus

participantes. Os participantes não são sujeitos meramente envolvidos no

processo. Eles estão imersos no processo, ou melhor, eles pertencem e

participam do desenvolvimento sociocomunicativo das interações.

Bairral (2010) ao conceituar o AVA, descreve alguns componentes que acha necessário

e fundamental para a constituição do mesmo. Apesar da disciplina acontecer no grupo do

Facebook, as formas de interação (síncrona e assíncrona) são bem parecidas entre a rede social

e o AVA. Entretanto, as formas de comunicação no Facebook são bem mais instantâneas do

que no AVA, no caso do AVA o que talvez tenhamos mais delimitados são os espaços

comunicativos (chat, e-mail, fórum, mensagens etc.). Para saber o que acontece em um chat ou

fórum precisamos logar, entrar no AVA e acessar cada um desses espaços.

Diferente do que acontece no Facebook, que acaba sendo a extensão da vida dos

usuários. Por exemplo, ao acordar a pessoa pega o celular e confere as notificações que

receberam durante o período que estiveram dormindo e podem publicar coisas de seu cotidiano.

O AVA não tem a mesma característica de ser a extensão da vida dos alunos e sim um espaço

onde as pessoas acessam para “estudar”, se especializar etc. A dinâmica do Facebook é bem

diferente do AVA, pois o Facebook está a todo momento avisando a seus usuários sobre a

atualização na rede. No AVA para saber sobre qualquer coisa que acontece no fórum o

participante ou recebe um e-mail ou tem que acessar o fórum, algo que não acontece no

Facebook.

Saímos então dos nossos prédios (que seriam os AVAs), onde nem todos sabem que

podem ter acesso, e fomos à periferia da cidade (rede social Facebook) ver como acontece,

como é feita a pesquisa em um ambiente onde todos se “sentem em casa” e que se pode ter

acesso com mais facilidade. O acesso pelo Facebook nos facilitou bastante, possibilitando a

mobilidade de estar logado, em nossas contas pelo celular e verificar as notificações avisando

quem publicou e quando publicou. Diferente do que acontece no AVA onde os alunos têm que

estar sempre logando para ver se há novas publicações e as entregas de tarefas no AVA, na

maioria dos casos, são enviadas em documentos no word, PDF, power point, que sempre

exigem maior ligação do usuário ao desktop.

A disciplina ocorreu no primeiro semestre de 2015 e, por acontecer em uma rede social,

todos estavam presentes por seus avatares na rede e a relação social acontecia através das

interações das postagens dos membros sobre as opiniões que eram demandadas no

decorrer da disciplina. Desse modo, os membros tinham acesso às novas publicações, ou seja,

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eles eram avisados através de uma notificação no globo do Facebook onde poderiam curtir,

comentar, concordar, discordar, aumentando desta forma as interações e os hipertextos que

apareceram durante a disciplina. Ao contrário, em um AVA, é comum encontrarmos

participantes esquecendo senhas, tendo que atualizar seus dados cadastrais de acesso e ficando

muitas vezes dependentes do seu e-mail, ferramentas não muito usuais entre jovens e

adolescentes.

Outro ponto que foi pensado e repensado durante as discussões do GEPETICEM seria

não trazer a dinâmica da sala de aula presencial, para a rede social. Já que a disciplina estava

acontecendo em um ambiente diferente do tradicional, teríamos que usar as ferramentas e a

linguagem daquele espaço que seria usado como disciplina. Sem quadro, sem giz, sem cadeiras

enfileiradas. O curso foi planejado, com ementa, com atividades e datas de entregas,

supervisionado e direcionado pelo professor responsável da disciplina. Para Bairral (2007, p.

33)

Quando pensamos em implementar um curso ou qualquer atividade

formadora, devemos ter consciência das especificidades do ambiente de

aprendizagem a ser implementado. (...) No caso da dinâmica a distância, por

envolver espaços físicos e tempos diferentes, o planejamento e a estruturação

do cenário são imprescindíveis e exigem um trabalho organizacional prévio

significativo. A elaboração e proposição de tarefas constituem um grande

desafio.

A programação do curso foi baseada em trabalhar a relação da tecnologia com a inclusão

social durante as quinze semanas, explorando as ferramentas e funcionalidades no grupo do

Facebook como as que existem no AVA. Como por exemplo, a comunicação assíncrona, ou

seja, em tempos diferentes. As pessoas postam seus comentários no fórum de discussão do

AVA, em determinado horário e os outros participantes interagiam em outros horários. Igual

aconteceu no Facebook onde os membros publicavam em seus murais e a partir daí os outros

alunos respondiam em horários distintos.

Na comunicação síncrona, ou seja, ao mesmo tempo, de acordo com o cronograma da

disciplina teríamos dois chats obrigatórios e aconteceu outro chat opcional, onde todos

deveriam estar logados ao mesmo tempo para discutir os conceitos e dúvidas existentes durante

as aulas no Facebook. Embora a disciplina tenha acontecido em um espaço on-line onde

estamos acostumados a usar (Facebook), não foi preciso a ambientação como acontece no

AVA, que geralmente é de uma semana. O fato de todos os participantes já terem sua conta no

Facebook e saber usá-las ajudou bastante nesse processo. No nosso caso, assim que foi

solicitada a primeira atividade, a mesma já foi publicada no grupo que gerou e desdobrou em

comentários, curtidas e levantamentos de questionamentos.

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A relação espaço e tempo tendo como aliada a mobilidade ubíqua, onde não

precisávamos estar em um mesmo lugar físico em determinado horário, foi bem explorada pelos

membros e possibilitou que os mestrandos e mestrandas participassem de suas casas, trabalhos,

da rua, de qualquer lugar que houvesse conexão com a internet. Houve um caso, onde uma

aluna precisou se mudar para outro estado, no decorrer do semestre, por questões pessoais, e

aproveitando o fato da disciplina optativa ser on-line ela conseguiu concluí-la. Caso a disciplina

optativa fosse presencial se tornaria um pouco mais trabalhoso para aluna. Como afirmou

Bairral (2007, p. 35)

A formação a distância possibilita uma flexibilidade diferente de um projeto

presencial. Cada conjunto de tarefas é realizado segundo um cronograma pré-

estabelecido e divulgado no início de cada curso. Alguns cursos são

organizados por unidades temáticas, outros por semanas. São propostas

atividades para serem realizadas coletivamente.

Estar on-line na rede e presente nas discussões, mesmo que em outro espaço físico, nos

ajudou bastante, pelo fato de cada um ter a flexibilidade de criar seu horário de estudo, de

comentar e realizar as atividades no Facebook. A vontade de experimentar outras

funcionalidades para o Facebook nos fez buscar trabalhar a disciplina na rede, seguindo a grade

de quinze semanas onde foi montado o nosso cronograma de trabalho baseado na ementa

abaixo:

Tabela 2 - Ementa do curso

Ementa Organização

Programa Analítico

Sociedade da informação e do

conhecimento. Tecnologia

informática e inclusão social.

Tecnologias da informação e

comunicação (TIC):

caracterização e utilização em

Educação. Utilização das TIC,

produção do conhecimento e

práticas educativas inclusivas.

Ambiente virtual de

aprendizagem: conceituação.

Discurso, interação,

* Dinâmica presencial com

atividades e reflexões

paralelas no ambiente suporte

da Disciplina

(www.gepeticem.ufrrj.br) -

participação no Fórum de

discussão

* 2 chats obrigatórios (de

casa): 15 e 29/05 (13-15h)

Sociedade da Informação e do

Conhecimento: caraterização.

As tecnologias da inteligência.

Tecnologias e processos de

ensino e aprendizagem.

Produção do conhecimento e

práticas educativas inclusivas

com as TIC.

Discurso, interação e

aprendizagem em ambientes

virtuais.

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motivação e aprendizagem em

ambientes virtuais.

Fonte: Elaboração própria.

Embora na tabela acima, na parte da ementa, retrate o AVA, a disciplina ocorreu em

uma rede social, diferente do planejado. Na orginazação retrata a dinâmica presencial, esta

dinâmica ocorreu no primeiro e último dia de aula, durante o período da disciplina as nossas

inquietações, participações ocorreram no Facebook. É importante ressaltar, que apesar de ser

uma experiência acadêmica na rede, notamos que houve a preocupação em se criar um

planejamento, onde foi nos passado no primeiro encontro presencial, nos deixando ciente de

como aconteceria o processo durante o semestre. Ainda na primeira aula, debatemos nossos

critérios de avaliação e de participação, pois um dos pré-requisitos de participar da disciplina

era ter um perfil no Facebook, caso não tivéssemos, teríamos que criar um. Este não foi um

problema encontrado, pelo fato de todos terem seus perfis ativos no Facebook.

Outro ponto que discutimos previamente foi sido a possibilidade de o grupo ser

desdobrado em uma pesquisa de mestrado, após o término da mesma. Consideramos que foi a

aula do “combinado não sai caro”. Ficou acertado entre o professor e nós mestrandos que nossa

fonte primordial de comunicação seria a interação no grupo e no chat quando houvesse

encontro(s). Cursei a pós-graduação em EaD na plataforma Moodle que teve apenas dois

encontros presenciais, um no primeiro dia do curso e o outro para defender o TCC. Acessando

novamente a plataforma Moodle, a qual cursei a especialização e comparando com a disciplina

no Facebook, foi possível notar em alguns momentos diferenças e semelhanças entre as

plataformas.

Ao comparar as duas plataformas, temos como dados produzidos a semelhança existente

entre o grupo no Face e o AVA que estão ligados a recuperação de senha. Caso seja necessário

ou haja a perda ou esquecimento da senha, poderá ser solicitado tanto na plataforma do AVA

quanto do Facebook a redefinição da senha. Será enviado por e-mail um link onde o usuário

redefina sua senha ou até mesmo a senha descrita.

As diferenças encontradas foram maiores, começando pela forma de acesso e uso. No

AVA as formas de acesso e usos estão direcionadas em grande parte ao desktop, no Face, muda

um pouco de figura. As formas de uso e acesso se dão em maior número nos dispositivos

móveis. A comunicação pelo AVA restringe em acessar o ambiente, ou seja, há um passo-a-

passo a ser seguido. No AVA, primeiro faz o login da conta, depois acessa a página inicial do

Moodle, busca qual página quer acessar. Ficam disponíveis os módulos que foram concluídos

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e o discente entra no módulo que está cursando e por último acessa o fórum de discussão. No

Face, basta ter o aplicativo instalado no aparelho e pronto que o mesmo avisa aos membros

quando tem mensagem nova.

O planejamento no AVA requer uma estrutura maior, em função de cada espaço

comunicativo existente e para propor as atividades o tutor ou coordenador tem que analisar o

planejamento todo, pois o planejamento é disponibilizado no início de cada módulo e requer

um roteiro a ser seguido. No Face, a estrutura é menor, pois o grupo tem a aparência parecida

com a página inicial e as atividades não precisam ser engessadas sem mudança, pois pode haver

flexibilização na interação existente.

Com isso chegamos a seguinte tabela:

Tabela 3 - Comparação entre AVA e Grupo no Face

Informações AVA Grupo no Face

Acesso e forma de logar Via desktop em grande

parte

Desktop e atualmente em grande

parte os dispositivos móveis

Recuperação de dados,

senhas

Via e-mail Via e-mail

Formas de uso No desktop No bolso, no celular

Formas de comunicação e

interação

Necessidade de acesso

ao ambiente

Instantaneamente motivados pelo

aplicativo

Espaços comunicativos Mais delimitados Delimitação mais tênue

Planejamento Estruturado em função

de cada espaço

comunicativo

Menos estruturado

Proposição de atividades Necessidade de olhar o

planejamento como um

todo

Maior flexibilidade em função do

desenrolar interativo do grupo

Fonte: Elaboração própria.

De acordo com a tabela 2, podemos ter uma visão geral das semelhanças e diferenças

existente entre o AVA e o Face e como podem ser os usos e as interações entre a rede social e

o AVA. Para descobrir se realmente o Facebook é mais acessado pelo desktop ou por

dispositivos móveis foi utilizado o recurso do audience insights do business.facebook.com, que

nos dá os dados de qual dispositivo o Facebook é mais acessado em todo Brasil. Na primeira

imagem temos os dados dos usuários do Facebook que acessam o Facebook somente pelo

desktop.

Figura 3 - Usuários que acessam o Facebook pelo desktop

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Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Os dados da imagem acima foram coletados no dia seis de novembro de 2016, e nos

fornecem o número de pessoas que acessam somente pelo desktop a plataforma Facebook. Com

o alcance potencial, temos o número de 49.000.000 de pessoas. Na próxima imagem, que foi

coletada na mesma data, traremos os usuários que acessam somente pelo celular.

Figura 4 - Usuários que acessam o Facebook pelo celular

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Comparando as duas imagens, temos a noção que o crescimento do uso do dispositivo

móvel é quase o dobro referente às pessoas que acessam somente pelo desktop, ou seja, a

mobilidade de estar acessando o Facebook pelo celular faz com que as pessoas estejam sempre

conectadas, recebendo as notificações, interagindo em suas timelines ou grupos que participam.

3.2 - O grupo:

Alcance potencial:

49.000.000 de

pessoas

Somente desktop

Plataforma - Facebook

Plataforma - Facebook

Somente dispositivo móvel

Alcance potencial:

95.000.000 de

pessoas

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Ao entrarmos na página criada para a disciplina optativa, é possível encontrar a

descrição e carga horária das nossas atividades (quartas-feiras das 17:00 às 20:00). Lá eram

divulgados os textos, vídeos, imagens e marcados previamente os eventuais encontros

presenciais. Além disso, havia cinco abas que poderiam ser exploradas no decorrer da

disciplina. Sendo elas: discussão; membros; eventos (onde marcávamos a data de entrega de

trabalho e datas dos chats); fotos e arquivos (onde eram adicionados os textos da semana).

Para Moreira e Januário (2014, p. 76) “os Grupos que são espaços online criados com

um objetivo/interesse particular, e que podem ser úteis para estudantes e professores

trabalharem de forma colaborativa”. Abaixo, faço um recorte de nossas interações no grupo que

foi feita a partir de uma postagem do professor convidando os membros a darem a sua

contribuição a partir do texto disponibilizado no grupo, onde foi trabalhado de forma

colaborativa.

Figura 5 - Interação no Facebook

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

No recorte feito da rede, temos exemplos de uma discussão que ocorreu a partir do texto

de Mercado (2009), no qual foi explorada a noção de hipertexto. Dessa forma, temos a postagem

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onde Adilson e posteriormente Caroline fazem uma reflexão e ressaltam a importância da não

linearidade do hipertexto e como ele pode servir de material para o professor. Por fim, Marcos

expõe seu comentário onde dá continuidade às ideias de Carol e Adilson, fechando com uma

síntese, que foi pensada a partir do texto e construída colaborativamente com os colegas citados.

Foi o que buscamos tentar desenvolver no curso, um espaço de interesse particular, onde os

alunos que estavam inscritos na disciplina, pudessem trabalhar de forma colaborativa os

conceitos envolvendo tecnologia, inclusão social, interação e hipertexto.

Ao logarmos em nossa conta pessoal, o Facebook nos recebe com a seguinte pergunta:

No que você está pensando? Já participando do grupo, a frase é outra. O usuário é recebido com

a seguinte chamada para ação: Escreva algo... Dessa forma, os participantes são “estimulados”

pelo próprio Facebook a participar/criar (d)as discussões. Além desta diferença, é possível

encontrar na caixa de diálogo (conhecido como mural), que fica na página pessoal (perfil do

usuário) possibilidades de inserir fotos, vídeos, álbuns, fazer check-in, marcar pessoas, o que

você está fazendo, além das reações que está sentindo. Falaremos mais a frente sobre as

diferenças e semelhanças que existem do mural da página de perfil e da página do grupo.

3.3 - As funcionalidades dos grupos:

Na caixa de diálogo do grupo há as mesmas funcionalidades da caixa de diálogo pessoal,

com acréscimos de outras funções como: enquete; vender um item; criar um doc, criar um

evento e adicionar um arquivo. Que podem ser explorados de acordo com a necessidade dos

membros.

Figura 6 - Caixa de diálogos

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

No nosso caso, as funcionalidades mais usadas no decorrer da disciplina foram a de

adicionar um arquivo e criar eventos.

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3.4 - Eventos:

A criação do evento era para lembrar as datas de entregas das tarefas e dos chats que

teríamos na caixa de diálogo do próprio Facebook. Para criar um evento, basta acessar a aba

evento e clicar em e preencher o formulário que aparece. Chagas e Linhares (2014,

p. 306) explicam que

A criação de um evento pode estar ligada a uma etapa do projeto a qual deve

ser lembrada ou que necessita da confirmação da participação dos membros.

Nas etapas da criação do evento algumas informações são essenciais, como: o

nome do evento (deve colocar um nome que esteja ligado diretamente a etapa

do projeto, para facilitar a identificação por parte dos membros); detalhes

(aqui deve detalhar o que será o evento, colocar as informações necessárias);

poderá colocar o local do evento; a data e hora; a privacidade (deverá deixar

a opção do grupo) e marcado para convidar todos os membros, a não ser que

este evento seja apenas para alguns membros do grupo. Neste caso deverá

desmarcar a opção e entrar no evento para convidar os membros que deseja.

Ao receber a notificação de um evento o membro poderá optar por: participar;

talvez ou recusar, além de comentar no evento. Estas informações ajudam a

organizar e confirmar a participação dos membros na atividade do projeto.

Seguem abaixo alguns exemplos de como fizemos para criar o evento no grupo. Nas

imagens poderemos notar se o que foi sugerido por Chagas e Linhares (2014) está de acordo

com a nossa vivência na rede.

Figura 7 - Evento no Facebook

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Na figura 7 temos destacado em vermelho, a palavra eventos, que ao clicar em cima

aparecerá a opção que está em amarelo de visualizar os eventos que já foram criados ou caso

seja o primeiro evento criado é só clicar em criar evento que está destacado em verde.

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Figura 8 – Criando o evento no Facebook

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Na figura 8 temos o formulário para cadastrar o evento, no qual é possível adicionar

uma foto, nomear, preencher o dia, local e hora que acontecerá o evento. Após este processo,

caso o evento seja criado dentro do próprio grupo é só clicar (onde a seta está apontando) em

convidar todos os membros do grupo e criar evento. Caso não seja dentro do próprio grupo, o

usuário que criou o evento pode convidar qualquer pessoa.

Figura 9 - Página do evento criado no Facebook

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

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Na figura 9, é retratado um evento criado, conforme Chagas e Linhares (2014)

descreveram. Neste evento temos em amarelo a descrição da data, quem convidou e qual era o

assunto a ser debatido. Em verde as opções de confirmação, de convidar alguém por e-mail que

não seja do grupo e a opção de editar alguma informação incorreta. Em vermelho temos quem

aceitou o convite e a quantidade de convidados que ainda não confirmou e ainda a possibilidade

de ver quem está em dúvida por algum motivo. Portanto, vimos que as opções do grupo foram

bem exploradas nas nossas atividades.

3.5 - Membros:

Geralmente, em um AVA, os integrantes são denominados participantes, interlocutores.

Em um grupo do Face, eles são os membros! São chamados de membros os participantes do

grupo. O nosso grupo contava com dez membros, onde dois eram administradores da página e

um foi bloqueado, por ter trancado a disciplina. Como é mostrado na figura abaixo:

Figura 10 - Página dos membros

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Membros 9 Administradores (2) Bloqueados (1)

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Para Chagas e Linhares (2014, p. 298) “Os membros de um grupo não são

necessariamente uns amigos do outro (ou que exista conexão anterior entre eles), o que

possibilita uma troca de conhecimentos entre pessoas sem links na rede e a formação de novas

conexões em suas redes”. Ou seja, nem todos os participantes da rede eram amigos um dos

outros no Facebook, mas será que nós, mestrandos, trocávamos só conhecimentos? Creio que

não, pois em alguns casos havia troca de informações, através dos nossos hipertextos e

hiperlinks na rede. Para adicioná-los a rede, foi enviado o link pelo e-mail onde os mestrandos

solicitavam participação e eram aprovados pelos administradores. Caso não quisessem acessar

o e-mail, era só digitar na parte de busca, que fica no canto superior esquerdo, e escrever o

nome de disciplina, como mostra na imagem abaixo.

Figura 11 - Dispositivo de pesquisa no Facebook

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

3.6 - Arquivos:

Os arquivos são documentos compartilhados no grupo para que todos tenham acesso.

Chagas e Linhares (2014, p. 304) explicam a funcionalidade desta aba.

A área de arquivos permite carregar arquivos do computador, ou criar um

novo documento. (...) O Facebook separa os dois tipos que podem ser filtrados

pela opção na área esquerda (como apenas documentos, apenas arquivos ou

tudo) estas alternativas facilitam a visualização e a busca de documentos e

arquivos. Os arquivos podem ser em qualquer formato até o tamanho de

25MB, e no momento da submissão é solicitada uma descrição sobre o

arquivo. A utilização da descrição ajuda a identificação do conteúdo do

mesmo. Estes arquivos se estiverem em formato de arquivos editáveis em que

os membros possam baixar e modificar o arquivo, ele poderá novamente

submeter uma nova versão do arquivo e o grupo manterá um histórico das

versões, tornando assim uma forma de criar uma criação colaborativa, em que

se tem o controle do que está sendo produzido e por quem, sendo possível

recuperar as versões anteriores.

Figura 12 - Página de arquivos no grupo do Facebook

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Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Os arquivos postados em sua maioria eram disponibilizados no próprio mural, conforme

novas discussões iam acontecendo as postagens davam lugar as mais novas. Sendo assim, para

não ter que ficar subindo e descendo a barra de rolagens, bastava acessar a aba de arquivo que

os documentos estavam lá de acordo com a data cronológica das postagens. Todos os membros

poderiam baixar o arquivo ou, caso já tenham publicado algum documento e precisassem alterá-

lo, era só clicar em carregar revisão e substituir os arquivos.

Finalizamos este capítulo trazendo a abordagem e a dificuldade de fazer pesquisa on-

line, trouxemos também nosso primeiro objetivo especifico que foi ilustrar como foi

desenvolvida a disciplina, além disso, ilustramos as funcionalidades da rede, destacando cada

aba disponível no grupo. Debatemos entre a escolha do AVA e o Face como espaço para ocorrer

a disciplina, decidimos e implementamos um curso de pós-graduação em uma rede social e

explicamos os motivos pela escolha da Face e não do AVA, onde comparamos as

funcionalidades, diferenças e semelhanças de cada estrutra.

No próximo e último capítulo, finalizaremos a história do viajante em busca do seu

caminho, retrataremos a metodologia e escolhas usadas para realizar a pesquisa e os nossos

achados durante a nossa procura pela pedra preciosa. Buscaremos dar continuidade com os

objetivos específicos propostos que é dar continuidade de como foi desenvolvida a disciplina

no Facebook, faremos as análises das interações na rede, e criaremos esquemas para mostrar

como aconteceram as interações no grupo do Face.

+ criar documentos

+ carregar arquivos

arquivos

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CAPÍTULO 4_________________________________________________________

4 - ALGUNS ACHADOS DA PESQUISA: RUÍDOS E SILÊNCIOS EM UMA TRAMA

HIPERTEXTUAL NO GRUPO DO FACEBOOK

“Quando se olha muito

tempo para um abismo,

o abismo olha para você”.

Nietzsche

E quando se olha muito tempo para pesquisa, a pesquisa olha para você? Creio que sim,

pois a partir do momento em que olhei para o grupo e deixei ele me dizer algo, ele me disse.

Disse coisas que tive que ter a sensibilidade para ver e ouvir, sensibilidade que foi construída a

partir da vivência de mundo e dos livros e textos que foram lidos e que ajudaram a pensar sobre

esta pesquisa.

Neste capítulo, buscaremos dar continuidade sobre o desenvolvimento da disciplina,

também analisaremos o grupo a partir das interações realizadas sobre o conceito hipertexto

trabalhado na disciplina. Partindo desses pontos criaremos esquemas com o software Nodexl

que retratará como aconteceram as interações na rede. Para isso, retomaremos a nossa viagem

metodológica.

Deve ter sido angustiante para o viajante da história, saber aonde quer ir, mas não saber

como chegar, se sentindo desamparado (por não estabelecer um caminho, uma metodologia).

Da mesma forma que o viajante buscou meios para conseguir ir ao seu destino, fizemos com a

metodologia. Levantamos fontes, analisamos quais poderiam se encaixar na nossa pesquisa,

porque aquela metodologia não servia ou porque aquela viria a servir. Segundo Flick (2009, p.

240)

Podemos observar que os pesquisadores transferiram muitos métodos

qualitativos para a pesquisa na internet. Encontramos formas da entrevista

online, o uso de grupos focais online, observação participante, etnografia

virtual (Hine, 2000) e estudos de interação e de traços de interação (…) Alguns

desses métodos podem ser mais facilmente transferidos e aplicados na

pesquisa na internet; alguns deles e alguns princípios da pesquisa qualitativa

podem ser transferidos à Web apenas com alguma modificação.

Após os levantamentos dos possíveis caminhos para nossa “viagem”, optamos por

utilizar como metodologia de pesquisa a observação participante. O espaço on-line, por estar

sempre em mudança dificulta a linearidade na/da pesquisa. Macedo (2015, p. 370) nos lembra

que “é preciso pontuar que nas pesquisas on-line o campo está no ciberespaço”. E concordando

com Mendes (2009, p. 6).

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As técnicas de observação online são particularmente eficazes no que tange o

comportamento lingüístico (verbal, nãoverbal e extralingüístico). Como o

pesquisador qualitativo se interessa em analisar seus objetos em contextos

naturais, a preferência deve ser por ambientes experimentais.(...) A

observação participante, ou seja, a observação a partir da perspectiva dos

envolvidos, vem crescendo nas pesquisas online. Esse tipo de observação

envolve, acima de tudo, o acesso. A observação e o ato de tomar notas ao

mesmo tempo não são um problema em pesquisas online. Além disso, no

espaço virtual, a presença física tanto do pesquisador quanto dos entrevistados

é simulada.

Baseado na descrição acima, a pesquisa on-line aconteceu em um espaço experimental,

que seria o grupo do Facebook utilizado como um espaço virtual para realização da disciplina,

onde foi possível trabalhar com diversos hipertextos, além de explorar a linguagem através da

escrita, imagens, vídeos e etc. A desvantagem da pesquisa participante on-line encontra-se no

sentido em que perdemos o contato face a face e os gestos que produzimos em uma conversa

presencial não são captados.

Na intervenção on-line realizada éramos dez alunos da disciplina optativa e

posteriormente, ao término da disciplina, o que construímos durante nossas interações

resultaram em produção de dados. “A observação – presencial ou on-line – constitui uma

técnica relevante, desde a formulação do problema à interpretação dos dados produzidos no

processo de investigação qualitativa”. GIL (2008 apud SANTOS e COSTA 2015 p. 60).

A disciplina no grupo fechado do Facebook possibilitou diversos olhares e dados que

foram produzidos durante a análise da disciplina, após seu término. A observação on-line teve

o intuito de investigar como aconteceram os debates acerca do conceito levantado pelo

professor, no decorrer das interações, que seria hipertexto. O que proporcionou experiências

diferentes da sala de aula tradicional e dos AVA no Moodle, para os alunos que já cursaram um

curso a distância nesta plataforma.

Como foi dito anteriormente, após o término da disciplina, foi produzido o mapeamento

e levantamento dos dados que foram gerados no decorrer do curso. Foi criado um documento

no Word com quarenta e duas páginas para as comunicações assíncronas (postagens nos murais

e comentários das postagens), com tabelas, onde foram separadas as postagens por postagens,

o número de curtidas, os horários em que as pessoas mais respondiam e quais assuntos que mais

eram retomados. Para os chats (comunicação síncrona) foram gerados três documentos no Word

e divididos por encontros sendo os chats nos dias: 06/05/15, 27/05/15 e 24/06/15 gerando os

documentos com trinta e nove, trinta e cinco e vinte e cinco páginas, respectivamente.

Antes de continuarmos com a análise, esclarecemos que a pesquisa aconteceu somente

dentro do grupo e não se desdobrou em buscar analisar os perfis e comportamentos dos

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membros fora do nosso espaço de interação. Os propósitos eram testar, verificar, analisar como

se daria a efetivação de uma disciplina na rede social. A disciplina ocorreu em quinze semanas

e as interações aconteciam através de postagens referentes aos textos disponibilizados,

comentários, curtidas, além de integrações de outros conteúdos, sendo por fotos, imagens ou

vídeos.

Estava entre os alunos que faria parte do processo de construção coletiva e foi deixado

claro, pelo professor, no primeiro encontro que esta disciplina optativa na rede poderia vir a se

desdobrar em uma pesquisa do mestrado. Estar matriculado no curso era um dos requisitos para

ter acesso ao grupo fechado, ou seja, os pré-requisitos para entrar em campo era estar inscrito

na disciplina e ter um perfil ativo no Facebook, aonde aconteceria a interação. Segundo Gil

(2008 apud SANTOS e COSTA 2015, p. 60).

Pela própria especificidade, a observação tem por princípio a adoção de

formas não estruturadas em detrimento das estruturadas, subdividindo-se em:

A observação simples16, a observação participante17 (ou direta) e observação

sistemática18, subcategorias que combinam meios utilizados e grau de

envolvimento do observador na pesquisa.

Dos exemplos citados acima, esta pesquisa é realizada a partir do prisma do observador

participante natural, ou seja, onde o pesquisador era membro ativo do grupo. Todos os

participantes da disciplina sabiam sobre a pesquisa, pois foi dito no primeiro encontro a

possibilidade da disciplina se desdobrar em objeto de estudo e quando foi solicitada a ajuda,

para levantar algumas informações, através das postagens, todos colaboraram. O que está de

acordo com as ideias das autoras Santos e Costa (2015, p. 61) onde:

O pesquisador pode se mover entre a observação e a participação, quer seja

no papel de observador, quer seja no papel de participante, avaliando,

participando e intervindo no processo de produção de dados para constituir a

pesquisa. Nesse movimento, consegue-se obter informações mais precisas

sobre o fenômeno em estudo, a partir das perspectivas do pesquisador, das

perspectivas dos outros interagentes e de uma nova perspectiva formada a

partir do resultado dessas interações.

16 Não conta com a participação ativa do investigador. Ele daria atenção aos objetivos e roteiros da pesquisa, pois

esse tipo de observação pressupõe uma estrutura de pesquisa previamente planejada e a análise se pautará neste

planejamento prévio. 17 É subdividida em duas partes: “natural, que é quando o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que

investiga; e artificial, quando o observador se integra a um grupo específico com a finalidade de realizar uma

investigação”. 18 É composta de descrições precisas de fenômenos e/ou verificação de hipóteses. O seu foco está na verificação

dessas hipóteses.

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Neste caso, o pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações. As

interações e participações no grupo aconteceram através de observação, participação e em

alguns casos intervindo, como dizem as autoras, no processo de produção de dados, pedindo a

cooperação do grupo com algumas informações que não são dadas. Segue abaixo a postagem

onde isso acontece.

Figura 13 - Postagem do observador como participante.

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Na figura acima, peço a colaboração dos membros que informassem sua formação, pois

estava escrevendo um artigo para participar da VIII Redes, na UERJ, e faltavam esses dados

que foram prontamente cedidos pelos demais alunos.

Ao cursar a disciplina como aluno, fazia algumas observações e reflexões, porém sem

pretensões de intervenções sistemáticas ou que verificassem determinada validade do

planejamento da disciplina. A observação on-line ocorreu posteriormente ao término da

disciplina que ocorreu no primeiro semestre de 2015. A partir das análises de nossas postagens

e nossas interações no curso, trabalhamos quatro conceitos: tecnologia; inclusão social;

interação e hipertexto. Segue abaixo a tabela com a linha do tempo das nossas discussões sobre

os conceitos acima:

Tabela 4 – Linha do Tempo

Tecnologia Inclusão Social Hipertexto Interação Hipertexto

09/04/15 a 30/04/15 02/05 a 10/05 29/04 a 13/06 05/06 a 02/07 02/07 a 20/07

Olá pessoal!

Gostaria que cada um informasse sua

formação, para que possa acrescentar nos

dados que serão trabalhados em uma

pesquisa que estou fazendo.

Desde já agradeço!

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Elaboração Própria

Nossa primeira aula presencial aconteceu no dia 08/04/2015, neste dia foi apresentada

a ementa do curso e a proposta de como aconteceria essa interação no Facebook. Além disso,

nos foram feitas três perguntas: a primeira: O que eu entendo por tecnologia?; A segunda:

Citar 3 exemplos do uso de tecnologia no meu dia-a-dia; e a terceira: O que eu entendo por

inclusão? A partir dessas perguntas, utilizamos o Facebook para responder estas e outras

discussões que aconteciam a partir dos textos publicados.

O segundo conceito trabalhado foi inclusão social que não se desdobrou em outras

postagens/conversas. Tendo a pequena duração de um pouco mais de uma semana. A partir do

dia 29/04, fomos instigados com o post do professor da disciplina (como mostra na figura

abaixo), onde o mesmo mostra alguns conceitos que perpassariam a disciplina, dando ênfase

em dois que seriam hipertexto e AVA. A partir das interações posteriores e dos assuntos que

apareceram, o conceito hipertexto foi sempre retomado.

Figura 14 - Postagem sobre hipertexto

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Dessa forma, o hipertexto, por ter sido um assunto recorrente dentro da nossa rede e

nossas discussões acontecerem a partir deste conceito, as observações das interações

aconteceram entre os dias 29/04 a 13/06 e 02/07 a 20/07. Onde serão observadas as formas de

comunicação que o Facebook permite ao usuário e desdobramentos do que foi construído

durante este período.

Sobre a trama Hipertextual:

Antecipei a leitura do artigo do Mercado

(2009) para nos auxiliar em outros

conceitos (hipertexto, ambientes virtuais,

objetos de aprendizagem etc.) e nos inspirar

com "novas tecnologias".

Mercado, L. P. L. (2009). Integração de mídias

nos espaços de aprendizagem. Em Aberto,

22(79), 17-

44. http://www.rbep.inep.gov.br/…/emaber…

/issue/view/101/showToc

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Nós mestrandos trouxemos em nossa bagagem acadêmica a ideia do conceito de

hipertexto, que foram exploradas durante algumas semanas a partir dos textos disponibilizados

no grupo. Bairral (2007, p. 47) sugere que “o hipertexto pode ser uma metáfora válida para os

ambientes nos quais a (re)construção de significados esteja constantemente em jogo”. O que

está diretamente ligado as nossas relações como membros participantes de uma disciplina de

mestrado em um grupo no Facebook. Para caracterizar hipertexto, Lévy (1993, p. 15-16)

“propõe seis princípios dos sistemas hipertextuais, sendo eles: metamorfose, heterogeneidade,

multiplicidade e encaixe de escalas, exterioridade, topologia e mobilidade dos centros”. A

partir destes conceitos propostos por Lévy (1993), Bairral (2007, p. 48) faz uma síntese de cada

princípio.

Segundo o princípio de metamorfose, o hipertexto está em constantes

construção e renegociação, podendo permanecer estável durante certo tempo.

Sua extensão, sua composição e seu desenho estão permanentemente em jogo

para os atores envolvidos. Os nós e as conexões de uma rede hipertextual são

heterogêneas e o processo sociotécnico relaciona pessoas, grupos, artefatos

etc., com todo tipo de associações imagináveis entre os mesmos, o que

caracteriza o princípio de heterogeneidade. Os sistemas hipertextuais também

se organizam em um mundo fractal, ou seja, qualquer nó ou conexão quando

analisados, podem se revelar como sendo compostos por uma rede e, assim,

indefinidamente, ao longo de uma multiplicidade e encaixe de escala dos

graus de precisão. A rede de informação não possui uma unidade orgânica. O

seu crescimento/diminuição e composição/recomposição permanentes

dependem de um exterior indeterminado (adição de novos elementos,

conexões com outras redes etc.). Além do mais, nos hipertextos tudo funciona

por vizinhança, por proximidade. Neles, o curso dos acontecimentos é uma

questão de topologia, de caminhos. A rede hipertextual possui diversos

centros, móveis e trazem ao redor de si uma ramificação infinita.

Apesar de ser um conceito debatido por nós, no grupo, vivenciamos na prática os

princípios sugeridos por Lévy (1993). A metamorfose na rede foi vivenciada nos momentos de

nossas postagens, pois construíamos nossas interações a partir das postagens que durante certo

tempo ficavam silenciadas, e eram retomadas a partir de novas interações. A heterogeneidade

estava presente a todo tempo no grupo, a partir dos textos e formatos de arquivos

disponibilizados na rede, nossa comunicação não linear que estava ligada ao princípio de

multiplicidade e encaixe de escalas que são os nós presentes na rede.

Em momentos de interações frequentes, era possível ver a rede com vida, sendo a todo

tempo movimentada por postagens, publicações dos participantes, ao término da disciplina, não

houve mais postagens, se não há adição de novos elementos na rede ela não cresce e permanece

estável. Nossas proximidades e vizinhanças aconteceram nos desdobramentos das postagens,

das discussões em grupos, que eram em alguns momentos retomadas. Considero como

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mobilidade do centro, a relação das postagens, pois quem sempre postava aparecia no topo e

era o “dono” da palavra, a partir de novas postagens outros membros se tornavam novos

“donos”. Durante a pesquisa, como foi dito anteriormente, focamos no conceito de hipertexto,

e observando as postangens, um recurso visualização nos chamou atenção.

4.1. - Visualizando a observação:

Com a gama de possibilidades que o próprio grupo e suas funcionalidades fornecem aos

membros, além daquela familiaridade com o ambiente, o olhar já estava “viciado” naquele

espaço. Olhar para a rede já não me causava estranhamento, não conseguia notar um dado

relevante para poder explorar. Não era preguiça de pesquisar, de ler, de buscar informações

relevantes, mas porque estava cego. Cego como diz Caetano Veloso, fiquei cego de tanto vê-

la.

Bakhtin (2003) aborda o conceito de exotopia, que vem a ser o processo de buscar outros

olhares a partir de um lugar exterior. Este “lado de fora” possibilita ao pesquisador poder

distanciar de si e ver algo que ele, como pesquisador não tenha notado antes. O processo de

buscar me distanciar e olhar com outros olhos a pesquisa foi importante, pelo fato de tentar

trazer um prisma que não era “viciado”.

Iniciei então, a observação partindo da primeira postagem sobre hipertexto. E como a

disciplina aconteceu no Facebook, temos alguns recursos peculiares desta rede que são os

botões de curtir, compartilhar, comentar, entre outras funcionalidades é possível verificar quem

visualizou as publicações e os horários correspondentes. Como estamos em um grupo fechado

e todos temos acesso às publicações, o botão compartilhar, pode-se dizer que quase não foi

usado. O botão curtir, já foi mais solicitado e quase presente em todas as postagens. Como

interpretar a questão do curtir dentro de um grupo fechado? Será que tinha o mesmo significado

para todos? Porque todos visualizavam, mas não interagiam?

Partindo da própria ideia que o nome sugere, tendo como base a sua funcionalidade e

concordando com Ribeiro e Ayres (2014, p. 210) que “no Facebook, o botão Curtir pode ser

visto como uma ação pré-programada pelo site, no qual o usuário, ao clicar na opção, deixa

público na rede a sua avaliação de um determinado conteúdo”. Esta foi a percepção que tivemos

quando nossas postagens eram curtidas e de certo modo, concordavam com o ponto de vista

dos outros colegas. Infelizmente, no período da disciplina o Facebook ainda não tinha

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disponibilizado os novos emotions (Facebook reactions), que foram liberados, no Brasil, em

vinte e quatro fevereiro de 201619.

Figura 15 - Emotions

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Além de concordar com Ribeiro e Ayres (2014), percebi que nas postagens que

demandava algum comando, tanto entre professor-aluno e aluno-aluno, a função do curtir, pode

ter ganhado outra funcionalidade, que seria mostrar para quem fez a postagem: recebi a

notificação e estou ciente do texto ou atividade da semana. Embora haja o recurso de visualizar

que também ajuda neste processo.

Por falar em visualizar, esta função me intrigou bastante em alguns momentos, pois nas

postagens era possível ver que todos os membros tinham visualizado, mas nem sempre, todos

participavam das discussões. Trazendo para realidade da sala de aula presencial, seria o mesmo

caso onde o professor leciona e os alunos estão presentes, mas poucos interagem com a aula. A

diferença fica no registro em que a própria rede mostra. Em caso de buscar tirar alguma dúvida

sobre a participação de algum membro durante a disciplina, basta o professor descer a barra de

rolagens e verificar se aquele aluno realmente era participativo ou não.

Durante nossos encontros na rede havia publicações que se desdobravam em outros

comentários, porém apenas os mesmos alunos participavam das discussões. Enquanto os outros

apenas visualizavam, mas não curtiam, não interagiam, eram os alunos voyeur, estavam

somente olhando. Apesar de estarmos em um espaço que todos conhecem e que possibilitou

formas de interações através de hipertextos como: vídeo, imagens, textos, links de artigos em

alguns casos a interação de alguns alunos era quase nula. Em contraponto, os outros que

participavam com mais frequência levantavam questionamentos que sempre eram retomados

no grupo onde quem quisesse contribuiria, criando na prática o conceito de inteligência coletiva.

Em uma aula que assisti da professora Edméa Santos (UERJ), a mesma disse que se

pesquisamos no Youtube, devemos nos “youtubar”, caso seja no Instagram, devemos nos

“instangrar” e no Facebook “facebocar”. Ou seja, a professora quis dizer que para fazer pesquisa

19 Retirado do site http://zh.clicrbs.com.br/ <acesso em 01/09/2016>

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não temos que olhar de fora e sim estar imerso naquele espaço, seja ele on-line ou presencial.

“Facebocando” na rede, após o término da disciplina, não como aquele aluno que participa,

interage nas postagens dos colegas, realiza trabalhos e cumpre as exigências da disciplina, mas

dessa vez como pesquisador. O trabalho do pesquisador se parece muito com o de um

garimpeiro, onde o mesmo busca encontrar as pedras preciosas. Pedras preciosas que exigem

repetidas buscas. No caso do garimpeiro, ele incansavelmente coloca a peneira no rio e peneira

aquele bocado de terra, e repete diversas vezes por dia este movimento. Caso não consiga

encontrar nada, o garimpeiro se desloca para outra área e por aí vai até encontrar o que vem

procurando.

No meu caso, como pesquisador, busquei o material bruto da pesquisa, o grupo da

disciplina, subia e descia a barra de rolagem, lia e relia os comentários e postagens dos

envolvidos naquele espaço. Observava, tentando encontrar pista nas linguagens dos fóruns,

chats, e da própria estrutura que o Facebook nos possibilitou. Comparava os dados que produzi

nos documentos do Word, voltava na rede, voltava no texto, e o desespero já começava a bater,

a dúvida pela escolha do tema da pesquisa começa a ficar mais presente, e a relevância em

estudar a disciplina no Facebook fora questionada diversas vezes por mim. Ribes e Macedo

(2014, p. 39) ressaltam que

Pesquisar o contemporâneo implica na construção de um posicionamento em

relação ao presente, o que exige, por um lado, uma extrema fidelidade de

pertencimento à época e as suas formas de percepção e, por outro, a renúncia

a um adesismo que impeça de coloca-la em julgamento. Daí a importância de

buscar ver não apenas aquilo que se torna visível, mas aquilo que, na sua

obscuridade se oferece como questão. É, portanto, um trabalho desbravador

que aguça na pesquisa o sentido de criação. Reveste-se, porém, de um certo

desamparo, posto que teorias e metodologias já canônicas vão se mostrando

insuficientes às demandas que o cotidiano da pesquisa impõe.

Como no trabalho do garimpeiro há uma incansável busca pela pedra preciosa, com o

pesquisador não ia ser diferente. A pepita de ouro do meu trabalho estava reluzindo na minha

frente o tempo inteiro. Toda vez que repetia o processo de subir e descer a barra de rolagem, de

voltar nos textos e discussões não tinha observado o brilho da pedra. Olhar diferente, para a

obscuridade que se oferecia como questão, para dentro da pesquisa me fez notar, o que

considerei a pepita de ouro, os ruídos e silêncios da rede.

Cheguei a esta descoberta, pois como escrevi no começo do texto, deixei a pesquisa

falar comigo. Quando subia e descia a barra de rolagens, saltava um distanciamento entre datas

de interação causando um silêncio enorme na rede. E repetindo o processo de subir e descer a

barra de rolagem com velocidade, as imagens ficavam meio distorcidas, busquei então na

fotografia, o conceito chamado ruído, que diz que a foto está com a imagem “granulada” ou

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Visualizado por todos

Visualizado por todos

comprometida. Trazendo para realidade da rede, entendo como ruídos os rastros deixados pelos

participantes, como as curtidas, comentários e visualizações e, como silêncio a não participação

dos membros que ficavam por alguns dias sem interagir na rede. Observando com mais cuidado,

percebi que no grupo havia em alguns casos um silêncio absurdo, e em outros um ruído

tremendo.

4.2. - Visualizou, mas não interagiu! E agora?

A visualização no grupo do Facebook “entregava” os alunos que tiveram a curiosidade

de conferir as postagens tanto do professor quanto de outros colegas, mas não interagiam. Nas

imagens abaixo temos dois exemplos desses ocorridos:

Figura 16 - Exemplo (1) de conversa visualizada Figura 17 - Exemplo (2) de conversa

visualizada

Fonte: Elaboração própria a

partir de print de telas.

Fonte: Elaboração própria a

partir de print de telas.

Será que as postagens dos alunos eram desinteressantes para os demais mestrandos? No

primeiro caso, há uma postagem a partir do texto de Buzato que foi uma de nossas literaturas.

Todos visualizaram e recebeu uma curtida. No segundo caso, trata-se de uma matéria na internet

falando sobre tecnologia. Em ambas as postagens os participantes visualizaram, no primeiro

teve uma curtida, no segundo duas. Não houve uma continuação nos comentários. Considero

essas faltas de desdobramentos como silêncio da rede.

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83

Por falar no silêncio da rede, como já disse anteriormente, com dez alunos, dos quais

oito concluíram. Um deles trancou e foi desligado da rede. O outro simplesmente parou de

postar e de interagir nas postagens e comentários. O que nos deixou intrigado foi o fato deste

aluno visualizar todas as postagens até a entrega da última atividade e visualizar também

algumas discussões que iam se desdobrando no decorrer das interações.

A última participação deste aluno foi realizada com uma curtida numa postagem do dia

vinte e dois de maio de 2015. A partir das outras postagens, ele não interagiu com comentário

ou curtidas, apenas visualizou o decorrer da disciplina. Como o assunto que mais rendeu na

disciplina estava voltado para o hipertexto, pegarei algumas postagens que discutimos, para

poder ilustrar o fato ocorrido que seria o aluno ter deixado de participar ativamente e apenas

visualizar os conteúdos e conversas.

Figura 18 - Primeira postagem com assunto hipertexto

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

Figura 19 - Segunda postagem com assunto hipertexto

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

28 de maio de 2015

4 curtidas15 comentários

Visualizado por todos

05 de junho de 2015

8 comentários

Visualizado por todos 1 curtida

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Figura 20 - Terceira postagem com assunto hipertexto

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

Figura 21 - Quarta postagem com assunto hipertexto

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

As quatro imagens retratam assuntos referentes ao conceito de hipertexto. Como essas

datas ocorreram após a última participação de um dos membros da disciplina, podemos perceber

que elas se desdobraram em comentários, curtidas e visualizações. Neste caso da visualização,

é possível ver que o aluno mesmo não participando, visualizou pelo menos uma vez cada

mensagem, pois o Facebook registra quem entrou e viu. Ele teve que estar logado em seu

Facebook e recebia a notificação como todo mundo, pois ele não trancou a disciplina. Desse

modo, a visualização o entregou, mostrando mesmo que não estivesse ativo nas discussões o

mesmo se manteve presente.

Nas imagens acima, também é possível notar que em nossas conversas tivemos bastantes

ruídos, sendo eles atravessados de curtidas ou de comentários. Na sala de aula tradicional há

18 comentários

Visualizado por todos

13 de junho de 2015

7 curtidas

2 curtidas

9 comentários

Visualizado por todos

02 de julho de 2015

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alunos que não gostam de ser notados ou não participam das aulas. Quando um aluno tranca a

disciplina, ele está mostrando que não poderá dar continuidade naquele curso. Porque o aluno

que está matriculado, não solicitou o trancamento da matéria e toda vez que recebia uma

notificação ele tinha o trabalho de visualizar as postagens e não comentar? Esses são os rastros

que a rede vem deixando.

Na primeira vez que participei de uma atividade na rede social, foi na graduação em

Pedagogia, no segundo semestre de 2008, cuja disciplina era PPE III (Práticas de Pesquisa

Educativas) e a rede social mencionada era a Ning. Estou contando novamente este fato, pois

na rede do Ning o que aconteceu foi que alunos e alunas que não participavam das discussões

orais na sala de aula, teriam a rede para expor suas ideias. Ribetto, Vieira et al. (2011, p. 96-

97) destacam a postagem feita por uma aluna de como foi participar de uma disciplina na rede:

Sobre o que eu disse no nosso último encontro, no início eu me senti um pouco

acanhada em relação a postagens, sobre a escrita, procurei ter um cuidado

redobrado pra que não fugisse do foco: Tecnologia e Educação. Eu confesso

que demorei pra derrubar o tabu criado por mim de coisa séria (TRABALHO

DE PPE) afinal estamos substituindo as aulas presenciais, a rede social está

nas minhas mãos! O.o Na sala de aula eu faço o máximo para não ser

percebida, cumpro meu papel de uma ouvinte que não se mete. Entro muda e

saio calada. Mas e agora? Aqui não pode ser assim, eu tenho que postar

alguma coisa e o pior de tudo é por meu nome embaixo... aiiiin fiquei com

medo e me senti bastante exposta! Que responsabilidade hein?! Minha saída

foi antes de me movimentar, observar, como de praxe rs. Agora eu já entendi,

ou pelo menos acho que entendi, que esse é meu espaço também (quando digo

meu me refiro ao grupo também) nele posso expor pensamentos,

conhecimentos etc. Não me sinto mais tao presa a um ponto fixo. E espero que

a tendência seja melhorar rsrs.

Beijinhos Thamy Pessoa.

No grupo do Facebook o que aconteceu foi o caminho contrário, o estudante expôs suas

ideias na primeira aula presencial e nas primeiras discussões on-line, era muito participativo e

silenciou-se no grupo do Facebook assistindo como um voyeur o que acontecia a disciplina.

Porque os participantes da disciplina visualizavam algumas postagens, mas não

comentavam, não curtiam e não interagiam? Porque em outras, todos visualizavam e um ou

outro comentava e curtia? Qual o valor da visualização e da curtida neste contexto de

aprendizagem?

4.3. - Visualizou, interagiu! Que ruídos são esses?

Como já foi dito anteriormente sobre os ruídos da rede, buscamos retratar uma postagem

na qual falávamos sobre hipertexto e que se desencadeou em outros ruídos. A postagem inicial

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https://www.youtube.com/w

atch?v=EszFbphcfk8

15 comentários

Visualizados por

todos 4 curtidas

5 curtidas

7 curtidas

6 curtidas

4 curtidas

3 curtidas

1 curtida

3 curtidas

4 curtidas

1 curtida

Remover

visualização

se desdobrou em quatro curtidas e quinze comentários onde todos visualizaram. Na imagem

abaixo trago apenas parte deste desdobramento que geraram novas curtidas e outros

comentários.

Figura 22 - Desdobramento dos comentários

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

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É possível verificar nas imagens que a partir de uma postagem, houve o engajamento

que se desdobrou em comentário, curtidas, e inserção de um vídeo. Utilizar o vídeo como

estratégia do debate que estávamos mantendo foi importante por dois pontos. Primeiro por ser

uma mídia audiovisual, outra fonte hipertextual, que começou em um texto, foi crescendo a

partir das vivências de mundo dos mestrandos gerando novas curtidas, novos comentários que

iam surgindo. Segundo, por trazer um assunto que estava sendo discutido no momento. A não

linearidade da rede é interessante, pois quando alguém publica uma postagem ela pode ter

diversos interlocutores e desdobramentos em uma única postagem.

Dentre as quinze semanas, sete delas traziam algum assunto voltado ao hipertexto.

Sendo assim, partimos da análise de interações circunscritas ao entendimento dos membros

sobre o conceito de hipertexto. Antes de dar importância aos comentários que surgiram a partir

dos textos, criei a tabela abaixo com a data, o texto, o número de comentários e curtidas que

cada post gerou.

Tabela 5 - Resultado das interações

Post Quem

postou?

Data Nº de

curtidas

Nº de

comentários

Visualizações Horário

mais

acessado

Antecipei a leitura do

artigo do Mercado

(2009) para nos

auxiliar em outros

conceitos (hipertexto,

ambientes virtuais,

objetos de

aprendizagem etc.) e

nos inspirar com

"novas tecnologias".

Marcelo

Bairral

29/04/15 3 0 Todos viram Não teve

Espero que estejam

gostando e se

inspirando com a

leitura do texto do

Mercado

(2009). (...)Nesta

semana, gostaria que

focássemos nos

de hipertexto e AVA.

Aguardo vossas

contribuições.

Marcelo

Bairral

12/05/15 6 12 Todos viram Manhã

Texto para

aprofundamento do

conceito de hipertexto,

conhecimento de um

recurso tecnológico

(portfólio eletrônico)

e, e despertar mais

interesse, analisar a

dissertação do Celio

(egresso do

PPGEduc). Boas

reflexões

Marcelo

Bairral

22/05/15 7 7 Todos viram Noite

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artigo

"O hipertexto como

imaginação do

currículo" (Anped,

2004)

Marcelo

Bairral

28/05/15 5 15 Todos viram tarde e

noite

(...) Além de

enriquecer nossa

discussão

sobre hipertexto na

visão de Pierre Lévy,

vejam se é possível

incluir em nossa

reflexão o conceito de

interação.

Marcelo

Bairral

05/06/15 1 8 Todos viram Noite

Após interessantes

reflexões

sobre hipertexto segue

um texto para

enriquecer nossas

ideias sobre

tecnologias e inclusão

trazendo à tona

conceitos de culturas e

identidades.

Marcelo

Bairral

13/06/15 7 18 Todos viram Tarde e

noite

Dentre outras

características, esse

desenho na opinião

dos autores:

1) é a arquitetura de

conteúdos e situações

de aprendizagem para

estruturar uma sala da

aula on-line

contemplando as

interfaces de conteúdo

e de comunicação

(p.111)

2) pode estruturar-se

como hipertexto (p.

113)

3) articula os saberes

em uma equipe

interdisciplinar (p.

118)

Marcelo

Bairral

02/07/15 2 9 Todos viram Tarde

Fonte: Elaboração própria.

Na tabela 5 foi feito o levantamento das aulas que tiveram como assunto central o

hipertexto. Podemos observar que dentre estes encontros assíncronos, a maioria dos

participantes interagiam no horário vespertino e noturno. Em todas as postagens publicadas

apareciam que todos visualizaram. Quando olhamos para o quadro de comentários e curtidas,

notamos que a interação realmente aconteceu e desdobrou em outros comentários, uns com

mais e outros com menos frequência. E aquele aluno que não participava mais das aulas, estava

sempre marcando presença, visualizando os conteúdos e discussões que ocorriam na rede.

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4.4. - Chat e Mural:

A rede social Facebook possibilita a relação de comunicação síncrona e assíncrona, e

como está integrado com o Skype, caso seja necessário, é possível fazer videoconferência. No

nosso caso, exploramos apenas o chat e os murais, onde interagíamos tanto no modo síncrono

como no assíncrono. Observando nossas publicações nos murais ou comentando nas postagens

dos colegas, fui verificando uma diferença na nossa forma de escrever.

Nas respostas as publicações ou comentários, a escrita buscava seguir os moldes

acadêmicos, tínhamos mais cuidado em escrever e como o tempo para responder era feito pelo

membro da rede, a formulação da resposta tinha uma atenção maior. Como podemos verificar

na imagem abaixo:

Figura 23 - Exemplo de comunicação assíncrona

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

Este é o trecho de uma publicação que se desdobrou em quinze comentários. Nele,

podemos ver que há uma provocação por parte de um aluno e no comentário seguinte é gerado

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um debate sobre o currículo escolar e o hipertexto. Podemos verificar que na escrita tanto do

primeiro quanto do segundo aluno há um cuidado para a ideia ser expressa.

A comunicação no chat é bem diferente do que acontece nos murais. Analisando as

nossas três interações no chat, percebi que não nos preocupávamos com a linguagem tão

acadêmica. Da maneira que vinha na mente a gente escrevia, o tempo do chat é diferente de

uma postagem no mural, onde se tem um tempo para pensar no que escrever. No chat

participaram todos, e a cada momento a caixa de inbox do Facebook ia subindo e outro assunto

já era levantado, teclava com um e respondia outro. Foi bem louco. Alguns autores consideram

que “no chat, a fala é “naturalmente” transcrita, e “a natureza [do] texto produzido é

diferenciada, é um misto de fala e escrita”.

Figura 24 - Exemplo de interação síncrona

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

No chat, o nosso bate papo aconteceu de maneira na qual escrevíamos mais

sucintamente e o texto da nossa conversa não era longo. Algo em torno de poucas linhas. No

mural e no chat trazíamos alguns hipertextos para discussão, o uso de emotions ficou restrito

ao chat, misturamos a forma como falamos com a escrita e acrescentamos emotions.

4.5. - Momento assíncrono no Face:

Criei a tabela abaixo baseada em uma publicação que o professor fez sobre o hipertexto.

Não coloquei o assunto discutido em evidência, quis trazer apenas a dinâmica que a rede, em

formato assíncrono, possibilitou aos membros da disciplina. Busquei mostrar como aconteceu

a interação onde o professor publicou a postagem e se desdobrou em comentários que geraram

outros comentários e curtidas.

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Tabela 6 - Interação assíncrona

Fonte: Elaboração própria.

.

Data Hora Bairral Marcos Caroline Nuno Adilson Observações

05/06/15 12:33 Escreve

uma

postagem,

carrega um

arquivo em

PDF e faz a

publicação.

Todos

visualizam

1 curtida:

Tarciso

07/06/15 16:11 Responde a

postagem

de Bairral.

3 curtidas:

Bairral,

Caroline e

Adilson.

08/06/15 13:23 Responde

ao

comentário

de Marcos.

3 curtidas:

Caroline,

Adilson e

Marcos.

08/06/15 22:57 Comenta o

comentário

de Marcos

e

acrescenta

o seu ponto

de vista.

1 curtida:

Marcos.

08/06/15 23:16 Comenta a

postagem

feita por

Bairral.

3 curtidas:

Nuno,

Adilson e

Marcos.

09/06/15 22:49 Marca

Caroline

concordando

com seu

comentário e

comenta

também

sobre o

comentário

de Marcos.

2 curtidas:

Adilson e

Marcos.

09/06/15 23:02 Marca

Nuno e

responde ao

seu

comentário.

1 curtida:

Adilson.

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92

Nesta tabela podemos verificar que só na publicação de Bairral houve a visualização.

Este recurso acontece somente quando a pessoa faz a publicação da postagem. Quando esta

postagem se desdobra em comentários os demais participantes do grupo tem apenas a opção de

curtir, comentar ou compartilhar. Vimos também na tabela que os comentários geraram algumas

curtidas, interpreto essas curtidas como forma de concordar com o que vem sendo comentado

pelos membros da rede.

Na tabela podemos ver também que Bairral, o professor da disciplina, fez a publicação

do conteúdo no dia 05/06/15, todos os nove membros visualizaram, ou seja, neste caso quem

publicou foi o professor. Logo, foram os mestrandos e mestrandas que visualizaram o texto

publicado, inclusive o que abandonou a disciplina. A publicação gerou uma curtida do

mestrando Tarciso que vimos no quadro acima, não participou dos desdobramentos dos

comentários gerados.

Dois dias depois (07/06) da publicação feita (comunicação assíncrona) que há o

primeiro comentário, feito por Marcos, gerando as curtidas do próprio Bairral, Caroline e

Adilson, os dois últimos fizeram sua primeira manifestação nesta postagem curtindo o

comentário de Marcos. No dia seguinte (08/06), Bairral responde ao comentário de Marcos

onde obteve também três curtidas, sendo do Marcos, Caroline e Adilson. Notamos que embora

haja um diálogo entre Bairral e Marcos, há também uma interação existente entre Caroline e

Adilson, mesmo que não seja no formato textual, mas com o próprio recurso do Facebook, o

botão .

Neste mesmo dia (08/06) Caroline comenta duas vezes, o primeiro comentário é sobre

o comentário de Marcos, onde o mesmo curte o que Caroline escreve. No segundo comentário,

ela retrata a importância do texto, onde Adilson, Marcos e Nuno curtem. Caroline faz sua

primeira manifestação em forma de texto, Adilson continua curtindo os comentários dos

colegas, Marcos continua ativo na rede, dessa vez curtindo os comentários dos colegas e Nuno

faz sua primeira manifestação, através da curtida nesta postagem.

11/06/15 18:53 Comenta a

postagem

feita por

Bairral.

2 curtidas:

Nuno e

Caroline.

11/06/15 19:07 Marca

Adilson e

concorda

com seu

comentário,

finalizando a

interação

nesta

postagem.

2 curtidas:

Caroline e

Adilson.

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93

Nuno entra na conversa (09/06) dessa vez, no formato textual, marcando20 e

concordando com as ideias de Caroline e também comenta a partir do comentário de Marcos,

onde novamente Adilson e Marcos curtem seu comentário. Marcos no mesmo dia (09/06) marca

Nuno e responde seu comentário que acaba sendo curtido por Adilson. A não linearidade da

rede faz com que todos os participantes possam, caso queiram participar de uma mesma

conversa através de vários hipertextos.

Entre a publicação feita por Bairral (05/06) e o último comentário feito por Nuno

(09/06), vimos que Adilson interagiu em quase todos os comentários através das curtidas que

deu durante os dias que se desdobraram os comentários. Depois de alguns dias participando dos

comentários de forma não textual, Adilson vem (11/06) respondendo a publicação de Bairral,

onde Caroline curte junto com Nuno o comentário de Adilson. No mesmo dia (11/06) Nuno

marca Adilson concordando com seu comentário, no qual o próprio Adilson e novamente a

Caroline curtem e não há mais desdobramentos sobre o assunto.

Na análise feita acima, podemos perceber que dentre os oito mestrandos que participam

ativamente na rede, apenas a metade (Adilson, Caroline, Marcos e Nuno) participou da

interação que aconteceu a partir da publicação de Bairral. Houve uma curtida do Tarciso, mas

o mesmo não apareceu novamente no(s) desdobramento(s) da postagem. No entanto, o

Facebook nos mostra que todos visualizaram a postagem publicada pelo professor. Notamos

também que a dinâmica no formato de comunicação assíncrona se deu muito bem, tendo

conversas durante seis dias.

4.6. - Vamos continuar interagindo a partir de um post?

Foi feita a análise da última postagem sobre hipertexto que ocorreu no dia 02/07/15.

Este post foi feito pelo professor Bairral, indicando o texto da semana e a partir dele – o texto

– levantamos algumas questões. Como houve apenas nove comentários, trarei o texto na íntegra

para fazermos a análise das interações. A postagem é o ponto inicial para a conversa tanto no

grupo como no perfil, mas como o nosso foco é o grupo, podemos notar que a partir de uma

publicação houve o desencadeamento de outras conversas que não ficaram somente centradas

em responder ao professor.

Figura 25 – Post na íntegra

20 Marcar significa colocar o nome da pessoa em evidência, mostrando que aquele comentário e direcionado aquela

pessoa. Por exemplo:

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Figura 26 - Postagem na íntegra

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95

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

No post “printado”, podemos ver que os membros responderam a publicação, mas não

ficaram restritos apenas em se comunicar com a postagem principal. Os membros interagiram

a partir dos comentários dos outros, acrescentando e buscando aprofundar as discussões. Nos

desdobramentos dos comentários, vimos que os membros têm como ponto de partida suas

experiências como tutores ou usuários da plataforma Moodle. Os membros que desconheciam

a plataforma solicitavam ajuda aos demais participantes, não centralizando as respostas

somente ao professor. Nesta postagem, se analisarmos com mais cuidado, vamos encontrar

algumas marcas da cibercultura, como a colaboração, a não linearidade, deslocamento de centro

e a inteligência coletiva.

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Desta vez não será abordada nesta análise as curtidas e a visualização. Preocupamo-nos

em olhar a estrutura da forma como se desdobrou a conversa. Analisando os dados produzidos

e tendo como estrutura base, a análise de fórum de discussão feita por Santos, Carvalho e

Pimentel (2016, p. 35), trago para a realidade da nossa postagem e comentários o que os autores

chamam de Árvore de Discussão, que vem a ser “o resultado de uma estrutura hierárquica de

mensagens associadas”.

No esquema abaixo, criamos retângulos com os nomes dos participantes que interagiram

nesta postagem. Cada nome é caracterizado, entre parênteses, com o número de vezes que os

membros participaram na publicação. As setas representam os movimentos e ações que

aconteceram no grupo, ou seja, quais foram os membros que mantiveram diálogos.

Esquema 1 - Árvore de discussão

Fonte: Elaboração própria

Analisando a Árvore de Discussão, temos no esquema a postagem inicial que foi feita

por Marcelo(1) e teve apenas a resposta de Caroline(1). Para Santos, Carvalho e Pimentel (2016,

p. 36)

Se fossem dadas várias respostas para a mensagem inicial do fórum, seria um

sintoma de que o fórum estaria sendo usado como uma espécie de questionário

aberto, mas não é isso que se visualiza na estrutura de mensagens (...). Pelo

contrário, identifica-se que os alunos responderam uns aos outros

desdobrando e aprofundando a discussão, sendo um indício que a

interatividade e colaboração ocorreu.

Os autores produziram dados a partir de um fórum de discussão no AVA. Trazendo para

nossa realidade de análise na rede, temos algo em comum, pois a primeira postagem feita pelo

professor não gerou um grande desdobramento, dessa forma, de acordo com os autores, não

temos um questionário aberto e sim um aprofundamento das discussões.

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97

Continuando a análise, a resposta de Caroline(1) desdobrou na resposta de Marcelo(2)

e Cíntia(1) que respondeu tanto ao Marcelo(2) quanto para Caroline(1). Nuno(1) respondeu

somente a Marcelo(2), mas não houve desdobramento de comentários. Marcos(1) respondeu a

Marcelo(2). Rosilene(1) respondeu a Marcos(1) que foi respondida por Fábio(1) e Rosilene(2)

respondeu a Fábio(1). Apesar de a rede parecer ter uma sequência de postagens e comentários

uns sobre os outros, vimos que a conversa não é direcionada apenas a um ou outro e sim todos

interagem entre si.

Ainda analisando a Árvore de Discussão, há um destaque em Marcelo(2), pois o mesmo

responde a Caroline(1) e marca21 os demais membros convidando-os para discussão e reflexão

colaborativa. O mesmo é respondido por Marcos(1), Cíntia(1) e Nuno(1). Não há a

centratilidade e preocupação em responder somente a Marcelo(2), pois a conversa continua em

outros momentos com outros membros.

Utilizei outro esquema para tentar mostrar de outra forma como se deu a interação que

ocorreu no dia 02/07/2015. O esquema nos mostra como a não linearidade da rede aconteceu.

Esquema 2- A não linearidade na rede

21 No AVA quando falamos com alguém precisamos escrever o nome da pessoa e somente quando ela acessar o

fórum de discussão vai verificar os comentários anteriores. No Facebook de um modo geral, quando marcamos

alguém em algum comentário, o mesmo é direcionado a pessoa através de uma notificação quase de modo

instantâneo.

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98

Fonte: Elaboração própria a partir do software nodexl.

Temos no esquema acima os rastros invisíveis que aconteceram na rede. O recurso de

montar tabelas, gerar outros esquemas, foi com o intuito de tentar trazer o que estava invisível

na rede e torná-lo visível. Falamos em algum momento sobre as marcas da cibercultura, no

esquema podemos encontrar algumas dessas marcas que são não linearidade, a colaboração, a

criação de e o deslocamento de centro que houve no grupo. Se pararmos para analisar, na

imagem acima temos um exemplo de comunicação hipertextual,

4.7. - Momento síncrono no Face:

Vamos chatear todos inbox no Face?22

Tem como?

Claro que tem!

Aé? Cria lá e add a gente.

Como eu faço isso?

Sei lá! Joga no YouTube.

Ah! Para com isso, é “molezinha” criar, olha aí a imagem.

Figura 26 - Como iniciar um bate-papo?

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

É só acessar qualquer publicação do grupo, ir no canto superior direito, como é mostrado

na figura acima, e clicar na seta circulada em vermelho e clicar. Vai abrir uma caixa com opções

22 Diálogo fictício

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99

e para criar o chat, o membro clica em iniciar bate-papo em grupo. Após clicar, será aberta outra

caixa com os possíveis participantes, basta selecioná-los e iniciar o bate-papo em grupo.

Figura 27 - Criando um bate-papo

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

Para criar o bate-papo, temos três opções: a primeira seria escrever o nome do

participante, a segunda selecionar por membro ou em terceiro selecionar todos. Após selecionar

os membros que farão parte do bate-papo, basta clicar em iniciar bate-papo e começar a

interação.

Partindo para nossa realidade no grupo, tivemos três chats no inbox do Facebook.

Figura 28 - Chat inbox

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

Tentar transcrevê-lo e fazer uma análise igual foi feita do contexto assíncrono, no

momento, seria inviável, pelo fato de não a ser a questão central da pesquisa. Sendo assim, farei

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100

um recorte do segundo chat, pegando alguns minutos de interação no meio da conversa. Esse

encontro ocorreu no dia 27/05/15, marcado com antecedência, tendo como pano de fundo

discutir as dúvidas existentes sobre um trabalho que teríamos que fazer. O chat teve início por

volta das dezoito e duração de aproximadamente uma hora.

Segundo Bairral (2007, p. 97) “é imprescindível que os professores saibam e possam

sugerir, com determinada antecedência, a proposta de discussão prevista para o chat, bem como

a data e a hora de acontecimentos de cada debate”. Foi o que aconteceu em nosso grupo, onde

foi marcado bem antes o nosso chat, a diferença é que o Facebook dá a possibilidade de saber

também com antecedência se todos irão participar ou não do chat, pois os membros podem

confirmar a participação. Como mostra na imagem abaixo:

Figura 29 - Agenda no grupo do Facebook

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

De acordo com a imagem acima, vimos que as sugestões de Bairral aconteceram na

nossa interação via chat. Temos em vermelho a data que foi comunicada aos membros o convite

ao chat opcional, que foi avisado com cinco dias de antecedência. Em amarelo, temos o dia e

horário que aconteceria o chat no Facebook e em verde a opção que possibilita aos membros

responderem se irão ou não comparecer ao chat. Caso o membro ainda esteja em dúvida sobre

seu horário, poderá utilizar a opção “não sei” e quando começar o chat entrar ou não no inbox.

Farei um recorte no meio da conversa, pois no início o pessoal está chegando inbox,

dando boa noite, cumprimentando os outros membros, no fim o pessoal se despede. No meio

do chat a conversa já está encaminhada e a interação acontece num ritmo mais constante.

Tabela 7 - Interação no chat

Participante Hora Data

Caroline 18:52 27/05/15

22 de maio de 2015

27 de maio – Qua 18:30

Comparecerei

Não sei

Não comparecerei

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Fábio 18:52 27/05/15

Rosilene 18:52 27/05/15

Cíntia 18:52 27/05/15

Caroline 18:52 27/05/15

Rosilene 18:53 27/05/15

Cíntia 18:53 27/05/15

Caroline 18:53 27/05/15

Rosilene 18:54 27/05/15

Bairral 18:54 27/05/15

Rosilene 18:54 27/05/15

Cíntia 18:55 27/05/15

Rosilene 18:55 27/05/15

Caroline 18:55 27/05/15

Fábio 18:55 27/05/15

Bairral 18:55 27/05/15

Caroline 18:55 27/05/15

Rosilene 18:55 27/05/15

Caroline 18:56 27/05/15

Rosilene 18:56 27/05/15

Bairral 18:57 27/05/15

Cíntia 18:57 27/05/15

Caroline 18:57 27/05/15

Fonte: Elaboração própria a partir do chat.

No segundo chat, realizado no dia 27/05/15, buscamos tirar as dúvidas do trabalho que

nos foi pedido para ser feito e ser postado no grupo. Em cinco minutos de conversa, as nossas

interações foram bem maiores se compararmos a comunicação assíncrona. Não ampliei mais a

tabela, pois esta já demonstra a diferença da comunicação síncrona e assíncrona. Ressalto

também que todos os mestrandos e mestrandas, exceto o que abandonou a disciplina,

participaram.

Nesta pesquisa, buscamos retratar como ocorreu a disciplina no Facebook e como

utilizamos suas ferramentas durante nossos encontros e como a disciplina nos ajudou a debater

diversos assuntos e se desdobrar em uma pesquisa de mestrado. No começo, no primeiro

semestre de 2015, ficamos receosos com a potencialidade desta rede na pós-graduação, e depois

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102

de um tempo vivenciando a experiência na rede e levantando pesquisas que pudessem agregar

ideias a esta pesquisa, conseguimos ter como resultado a potencialidade e funcionalidade do

grupo no Facebook na pós-graduação.

4.8. - Silêncio no grupo...

De acordo com o site origemdapalavra.com.br, a palavra “Silêncio” vem do Latim

SILENTIUM, “ato de estar quieto”, de SILERE, “ficar quieto, evitar ruído”. Partindo deste

pressuposto e da procura por elementos no grupo da disciplina percebi que entre o último

comentário feito em uma postagem e uma nova publicação havia um interstício entre esses

novos diálogos. Dessa forma, mesmo não participando das atividades do grupo, os membros

podiam estar logados no Facebook, que querendo ou não, acaba sendo a extensão das vidas dos

usuários.

As informações que o Facebook deixa registrado, são os dias e horários que os membros

publicam, comentam, inserem alguma imagem etc. Por outro lado, não registra o horário da

curtida nem o (s) dia (s) que os membros visualizam os comentários da publicação ou curtem

outros comentários que acontecem no decorrer das interações. Tendo como base, os dados que

o Facebook fornece nos rastros deixados na rede, as análises partem destes rastros que foram

encontrados durante a pesquisa.

Portanto, considero como silêncio na rede, a ausência de comunicação que houve em

alguns momentos, de troca de hipertextos, de informações, de novas postagens, novas

interações. Considero também o silêncio presente nas postagens que não se desdobram em nada,

ou seja, alguém publica, todos visualizam e não acontece nada. Abaixo segue os exemplos onde

esse processo de silêncio acontece.

Figura 30 - Exemplo (1) de "silêncio" na rede Figura 31 - Exemplo (2) de "silêncio" na rede

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Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas

Fonte: Elaboração própria a

partir de print de telas.

Na figura 30, busco mostrar quando aconteceu a publicação e quando foi o último

comentário. A publicação foi feita no dia 05/06 e teve seu término, ou melhor, o último

comentário no dia 11/06, ou seja, durante seis dias ficamos interagindo a partir desta publicação.

Comparando com a figura 31, é possível verificar que só ocorreu outra publicação no dia 15/06.

Durante este interstício podemos notar que não houve nenhum tipo de comunicação, é este

ocorrido que chamo de silêncio.

Este intervalo de tempo, sem nenhum contato dos membros do grupo entre si, na rede,

foi um dos exemplos encontrado para tentar mostra o que chamei de silêncio em um grupo na

rede social. Entretanto, se pegarmos outro (s) momento (s) de análise encontraremos casos

parecidos. Da mesma forma como aconteceu com os ruídos, o que será explicado

posteriormente.

Para analisar o silêncio na rede, busquei fazer o mapeamento do grupo todo desde a

primeira até a última interação na rede, dessa vez o foco desta análise não foi o conceito

trabalhado e sim o comportamento dos membros no grupo. O intuito foi verificar se realmente

houve momentos em que a rede ficou “silenciosa” independentemente do conceito trabalhado.

Foi feito o levantamento das datas que houve silêncio e ruídos. No esquema abaixo, será

retratado as datas em que a rede ficou “silenciosa”. Com o levantamento “braçal” e visual, de

separar data por data, manualmente em um documento no excel e sem utilizar algum software

cheguei a um quantitativo interessante. Para organizar os dados produzidos, utilizei como

5 de junho de 2015

11 de junho de 2015

15 de junho de 2015

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recurso o software Nodelx23, onde inseri os dados no que gerou os seguintes resultados dos dias

em que o grupo ficou silencioso.

Esquema 3 - Os silêncios na rede

Fonte: Elaboração própria a partir do software nodexl.

Os dados produzidos pegam a partir do início ao término do curso. Embora esteja

retratando apenas a parte de hipertexto neste trabalho, fiz o mapeamento de todas as datas que

estão disponíveis na imagem acima. Ao analisar as datas, fiz como disse anteriormente,

analisando a data da postagem de cada publicação e as datas de seus comentários e qual foi o

período que acontecia o silêncio na rede. No início da análise percebemos que entre os dias

11/04/2015 e 12/04/2015 a rede manteve-se em silêncio. O símbolo que aparece por

diversas vezes na imagem, refere-se a apenas um dia. Ou seja, um dia de silêncio na rede. Dessa

forma, podemos notar que durante o período da disciplina, houve momentos que a rede se

manteve em silêncio.

4.9. - Ruídos no grupo...

23 É um criador de gráficos para Excel que consegue visualizar os contatos da sua conta em redes sociais. O

programa usa a ferramenta na própria interface do office, facilitando a visualização dos usuários acostumados com

o editor da Microsoft. Tudo o que você tem de fazer para usar o programa é inserir dados. Disponível em:

www.techtudo.com.br/tudo-sobre/nodexl.html. Acesso em: 18 outubro 2016.

Início do

silêncio no

grupo

Término

do silêncio

no grupo

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105

10 de junho de 2015

28 de maio de 2015

Visualizado por todos

4 curtidas

s

28 de maio de 2015

13 comentários

s 28 de maio de 2015 3 curtidas

s

28 de maio de 2015

2 curtidas

s

28 de maio de 2015

5 de junho de 2015

3 curtidas

s

28 de maio de 2015

Visualizado por todos

Pesquisei no mesmo site onde encontrei o significado da palavra silêncio. E sobre ruído

encontrei que está palavra vem do Latim rugitus, o mesmo que o rugido dos animais ferozes.

Tendo como primeira ideia comparar os ruídos da rede com os ruídos da fotografia, pelo fato

de subir e descer a barra de rolagens com velocidade, e as imagens ficarem estranhas, igual uma

foto que não fica boa por causa dos ruídos que aparecem. Trouxe, então, para o nosso contexto

de grupo na rede social, considerando como ruído qualquer publicação que se desdobre em

outros comentários, outros hiperlinks e hipertextos, que não houvesse um intervalo grande entre

uma postagem e outra. Além disso, considero também, como ruído qualquer ação que

provocada pelos membros gerassem notificações e as visualizações que geram comentários.

Retratarei abaixo o que considerei como os ruídos que encontrei na rede.

Figura 32 – Exemplo (1) "ruídos" no grupo do Facebook

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

Figura 33 - Exemplo (2) "ruídos" no grupo do Facebook

Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.

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106

Analisando as imagens acima, temos os elementos que considero os ruídos. Em

vermelho, na primeira imagem destaquei a data da publicação que foi no dia 28/05/15 e teve o

término da interação no dia 10/06/15. Comparando com a segunda imagem, podemos verificar

que Bairral publicou um livro online no dia 05/06/15, sendo assim, mesmo que estive ocorrendo

interação na rede entre os dias 28/05 e 10/06 na mesma publicação, a rede ainda estava em

movimento, através de outras postagens.

Continuando a análise, em verde, podemos ver nas duas imagens que todos os membros

do grupo visualizaram as postagens. Essas visualizações que aconteceram em outras

publicações e não se desdobraram em nada, como já foi dito anteriormente. Em amarelo,

sinalizo as curtidas que as publicações e os comentários que se desdobraram a partir das

publicações receberam durante as interações no grupo.

O mesmo caminho que segui para analisar o silêncio da rede, repeti para analisar os

ruídos. Fiz o mesmo processo “braçal” e gerei também no Nodelx um esquema parecido com

os ruídos na rede.

Esquema 4 - Os ruídos na rede

Fonte: Elaboração própria a partir do software nodexl.

Comparando os dois esquemas, podemos ver que em alguns momentos o grupo foi

silencioso, e em outros momentos bem barulhento. O símbolo encontrado no gráfico do

silêncio repete-se na imagem do ruído demonstrando que em apenas um dia houve ruído, nos

demais dias é possível ver que as interações foram maiores.

Início dos

ruídos no

grupo

Término

dos ruídos

no grupo

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familiaridade da rede entre outros aspectos. Na tabela 9 traremos os pontos negativos trazidos

pelos participantes.

Tabela 9 - Pontos Negativos do uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina.

Nome Pontos Negativos

Marcos Nenhum

Adilson ---------------------------

Fábio - Tem um ponto importante que gostaria de destacar para esse tipo de ambiente de

ensino. Penso que poderia ter tido prazo para contribuição nas discussões, o

funcionaria como instrumento maior de estimulo para o aluno que tem pouco tempo

para dividir para tudo.

Caroline - As muitas postagens deixam algumas antigas com menos visibilidade (por isso eu

curtia para tentar não me perder nos posts do professor)

- Os posts poderiam ser organizados por assunto, no qual todos deveriam discutir

em um único post, pois muitas publicações podem ficar “perdidas”

- Poucos chats

- Os textos poderiam ter sido entregues com antecedência para termos mais tempo

para leitura

Cíntia Nenhum

Rosilene - Precisa ter uma boa internet;

-Não é confidencial, todas as informações, discussões e compartilhamentos podem

ser visualizados.

- Pode causar alguns ruídos na comunicação, dificuldade de entendimento das

propostas e atividades.

Nuno Texto toda semana. Acho que se houvesse um espaço maior para discussão de cada

texto, eles seriam mais aproveitados

Fonte: Elaboração própria a partir da autoavaliação.

Durante o processo de criação do texto, buscamos contar as experiências de uma

disciplina na rede. Em muitos casos, buscamos evidenciar os pontos positivos que a rede foi

explorada e como podemos utiliza-la em outros momentos. No entanto, não tínhamos atentado

as lacunas existentes na rede. A partir do ponto de vista dos outros membros, notamos que o

grupo no Facebook tem um espaço que pode ser explorado em outras áreas, com algumas

limitações.

Essas limitações de acordo com alguns membros indicaram o número excessivo de

postagem que deixavam as outras mais antigas, que estar participando de um grupo na rede,

tudo fica em evidência, ou seja, não há sigilo nas postagens, pois todos os membros podem ter

acesso aos arquivos, as publicações e etc. E pela sua não linearidade, dependendo do contexto

pode causar ruídos na comunicação. Encontramos, a partir das vivências dos outros membros,

os pontos positivos e os pontos negativos. Na próxima tabela traremos as observações ou

sugestões feitas pelos participantes.

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Tabela 10 – Observações sobre o uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina.

Nome Observações

Marcos -A utilização do Facebook para oferta de uma disciplina confesso que, inicialmente,

causou estranhamento, no entanto, além das leituras e debates, a utilização do

Facebook nesse formato criou novas possibilidades, no meu caso que já usava com

algumas turmas.

-Na síntese do planejamento seria interessante se desde o início fosse especificado

a possível articulação entre a Proposta Pedagógica com tecnologia(s) e o texto final.

Adilson -----------------------------------

Fábio -----------------------------------

Caroline -----------------------------------

Cíntia -----------------------------------

Rosilene -----------------------------------

Nuno Uma sugestão, as avaliações não precisariam ser todas em formato escrito, já que

estamos trabalhando com tecnologia, poderíamos explora-la, pelo menos uma, como

forma de avaliação.

Fonte: Elaboração própria a partir da autoavaliação.

Dentre os membros que responderam a autoavaliação, dois escreveram observações.

Marcos relata seu estranhamento da disciplina num grupo da rede social, embora já utilizasse o

recurso da rede em suas práticas pedagógicas. A observação feita por Marcos consiste em

articular o planejamento com a proposta pedagógica desde o começo. Nuno sugere o uso das

tecnologias como forma de avaliação, pois embora estejamos em uma rede social, ainda

estávamos muito presos à forma escrita.

Portanto, finalizamos este capítulo com os achados da pesquisa, onde encontramos a

partir da observação participante, dados que foram produzidos a partir da interação no grupo

do Facebook. Analisamos as interações a partir do conceito que foi discutido com mais

recorrência no grupo. Utilizamos o recurso do software Nodexl que nos ajudou a dar

visibilidade a não linearidade da rede, e nos ajudou a identificar os momentos de ruídos e

silêncios que aconteceram durante o semestre da disciplina Tecnologias e Inclusão Social.

Finalizamos o texto com as autoavaliações dos membros, que nos ajudaram a pensar onde

acertamos e erramos na nossa forma de interação em um grupo no Facebook. Dessa forma

concluímos o texto cumprindo os objetivos específicos que propomos realizar no início deste

capítulo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Nesta dissertação foi descrita e analisada uma experiência de implementação de uma

disciplina optativa de mestrado em Educação mediante a criação de um grupo fechado no

Facebook. A pesquisa esteve orientada pelo seguinte interrogante: Que ruídos e silêncios podem

ser observados e que desafios à análise de interações neste espaço trazem para a pesquisa

educacional? Articulando a esta questão, buscamos trazer contribuições para o uso institucional

de grupos fechados no Facebook em disciplinas de pós-graduação, particularmente, ilustrando

e criando esquemas para analisar as interações referentes ao conceito hipertexto debatido

durante o processo de pesquisa.

Durante o processo de produção e observação de dados, encontramos dois pontos que

achamos relevantes na pesquisa que nomeamos de ruídos e silêncios. Foram considerados

ruídos, primeiramente partindo do conceito de fotografia, as imagens granuladas que ficavam

ao subir e descer a barra de rolagem. Partindo dessa base, buscamos trazer, a partir deste

conceito, a ideia de barulho que a própria palavra sugere, e tendo como contrapondo o silêncio

que encontramos no grupo em alguns momentos.

Aqui estão exemplificados alguns ruídos que surgiram antes da efetivação da

experiência, que surgiram a partir dos comentários dos colegas de turma e também de alguns

professores com visões mais tradicionais. Os ruídos que apareceram durante a disciplina

estavam relacionados às discussões que aconteciam no grupo e depois, após o término da

disciplina, ficam relacionados aos eventos que participávamos e obtivemos algumas questões

que nos ajudaram a pensar na importância da disciplina em um grupo fechado de uma rede

social.

Os silêncios foram as marcas encontradas, através dos rastros silenciosos dos membros

ao utilizar a rede. Por exemplo, consideramos silêncio na rede os interstícios existentes entre

uma publicação e outra; além da visualização, que registrava quem via as postagens e a partir

destas visualizações não se desdobravam em nada (ruídos). Embora ruídos e silêncios muitas

vezes estejam imbricados, optamos por deixá-los separados de modo a facilitar a construção de

uma linha argumentativa que responda à questão de pesquisa.

Alguns ruídos

De um modo geral, durante o processo de produção de dados, mostramos a decisão de

usar o Facebook e não o AVA. Surge, então, um dos primeiros ruídos. O processo de optar pela

rede social pode ser visto como uma forma ruídos – ruídos antes, durante e depois da disciplina,

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e ruídos nos corredores. A questão do ruído não aconteceu somente na rede. Ao pararmos para

analisar, nossa trajetória de implementação, o processo de interação que se desenvolvia na rede,

os retornos nos eventos que participamos, o fim e o pós-término da disciplina, notamos que

durante estes processos, muitos ruídos aconteceram.

Um dos primeiros ruídos surgiu na implementação do curso, na qual professores com

um ponto de vista mais tradicional não levavam fé na validade de uma disciplina em uma rede

social. Outros ruídos que aconteceram foram descritos, como a surpresa e o estranhamento de

uma disciplina de um curso de pós-graduação acontecer em uma rede social. Era possível ver a

surpresa de muitos colegas e a descrença também, pois, como alguns relataram, preferem a

dinâmica presencial, porque participar de um curso a distância exige muita disciplina.

Os ruídos ouvidos com mais frequência nos eventos se deram a partir da

implementação, após a apresentação os ouvintes questionaram sobre a coordenação do curso

autorizar uma disciplina ocorrer numa rede social que não foi criada para essa finalidade. Outro

ruído esteve relacionado ao critério de avaliação, pois nos AVA tem como o tutor saber quantas

vezes o aluno entrou, quantas vezes ele participou, como aconteceria isso em um ambiente que

não tem essa estrutura de controle? Ouvir esses ruídos nos ajudava a ver a importância e a

contribuição do nosso trabalho para academia.

Nossas interações aconteceram no grupo fechado do Facebook, onde a partir dos textos

disponibilizados interagíamos uns com os outros, em muitos casos utilizando os dispositivos

móveis. A dinâmica da rede possibilitou a inserção de outros hipertextos, como foto, vídeo,

imagens, além disso, as notificações que recebíamos no Facebook nos mostravam quando tinha

mensagem nova no grupo. Exploramos no grupo a noção das comunicações síncronas que

aconteceram a partir dos chats e da comunicação assíncrona que aconteciam nas novas

publicações e respostas nas postagens dos outros membros.

A fluidez, a estética, a familiaridade e as opções que a rede fornece aos seus usuários,

foram exploradas no grupo tanto pelo professor quanto pelos alunos. Pelo fato do grupo ter a

aparência parecida com a linha do tempo do próprio Facebook. O que difere é que o grupo é

algo mais restrito onde as pessoas têm interesses em assuntos em comum. Dessa forma,

exploramos as funcionalidades, da barra de discussão, onde ocorriam nossas interações, de criar

eventos, como forma de lembrar as datas dos chats e a entrega dos trabalhos e, também a aba

de arquivos onde ficavam alocados todos os arquivos que foram postados na rede.

Durante nossa pesquisa, trouxemos algumas ilustrações para retratar como aconteceram

nossas interações no grupo, tendo elencado o conceito mais debatido durante nossos encontros,

que foi a ideia do hipertexto. Partindo dos debates não lineares que aconteciam na rede,

buscamos visibilizar esta não linearidade com o recurso de um software – Nodexl - que nos

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ajudou a entender na prática alguns princípios do hipertexto, como a metamorfose, a

heterogeneidade, a multiplicidade, exterioridade, a topologia e a mobilidade de centro. Com

este recurso, podemos notar que embora haja a hierarquia professor-aluno, vimos a partir do

software que o professor não era o centralizador do grupo e sim um membro que mediava e

instigava nossas participações e interações na disciplina.

Dada a importância do tema, e partindo da revisão de literatura, foi possível encontrar

que alguns professores já exploram a utilização do recurso grupo fechado no Facebook em suas

aulas, no âmbito do ensino médio e da graduação, sendo este espaço utilizado como

complemento das aulas que acontecem presencialmente e tem continuidade na rede.

Encontramos também o recurso do grupo fechado ser usado como complemento de cursos de

formação continuada dos professores e o recurso do Facebook como processo de ensino e

aprendizagem a partir de outros temas.

Dessa forma, buscamos contribuir no âmbito da pós-graduação com uma disciplina que

aconteceu 99,9% em uma rede social, onde exploramos os recursos e ferramentas

disponibilizadas na rede. Além disso, validamos a utilização do grupo fechado, a partir do

planejamento, da implementação, da gestão e avaliação que ocorreram durante a disciplina.

Contribuímos em trazer as formas de interação do nosso cotidiano que estão disponíveis a todo

tempo próximo de nossas mãos e aplica-las em um espaço virtual, porém contemporâneo, usado

e acessado pelos alunos que estão na academia.

Nesse sentido, tivemos um semestre de descobertas de uma dinâmica na rede, que a

princípio não foi pensada como espaço para disciplina. Aprendemos a utilizar o recurso do

nosso dia-a-dia como estrutura acadêmica, exploramos as ferramentas disponibilizadas pelo

grupo. No entanto, o período de um semestre foi um pouco limitado, pois ao término da

disciplina, com a ajuda da revisão de literatura encontramos aplicativos que ajudariam em

outras dinâmicas na rede e que não conhecíamos, logo, não foram explorados.

Alguns silêncios

Um dos casos de profundo silêncio partiu de um dos membros, pois durante o início até

quase metade do curso, ele era um membro participante e interagia com suas postagens e pontos

de vistas que de certa forma chamavam mais atenção do que outros membros, podemos chamar

de alguns posts polêmicos. No início e fim da disciplina foram os momentos que houve mais

interações, ou seja, mais ruídos. E, particularmente este membro, do nada parou de postar e

interagir, no entanto, ele não trancou a disciplina e ficou visualizando nossas discussões até o

término da disciplina.

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Outro exemplo de silêncio começou a acontecer mais com frequência entre os meados

da disciplina, ou seja, os membros ficavam sem postar, comentar ou curtir nada durante alguns

dias. De acordo com os levantamentos feitos, a rede ficou cinco dias sem haver um ruído, e

entre este período buscamos analisar se acontecia algo em especial, como por exemplo, um

feriado prolongado ou algo parecido. Chegamos à conclusão que o silêncio não ocorreu por este

motivo e sim por outros que não conseguimos descobrir. A única coisa que ficava registrada

como rastro eram as visualizações em postagens anteriores, ou até mesmo alguma publicação

que não se desdobrava em nada.

Finalmente, um silêncio ruidoso institucional que ocorreu entre os corredores, durante

o processo de implementação e validação do uso da rede, como já foi descrito anteriormente.

Além disso, ter uma disciplina em uma rede social, como aconteceu quando implementamos

um grupo de pesquisa, também na rede, causou a princípio estranhamento, dúvidas sobre a

validação da sua funcionalidade. Nossa experiência em rede, nos ajuda a concluir que quando

há um planejamento e principalmente o desejo de participar de um grupo, independentemente

de ser presencial ou on-line ele acontece. O novo, em alguns casos causa estranhamento e

conosco não foi diferente.

Ter uma disciplina acontecendo na rede, dependendo da instituição que ofereça o curso

pode causar resistências entre a própria coordenação do curso, de alguns professores e até

mesmo dos alunos. Por falar em alunos, finalizaremos com alguns pontos positivos levantados

pelos mesmos, durante o uso da rede social como espaço de interação e o que foi possível

realizar com esta opção pedagógica. Temos como pontos positivos a acessibilidade de qualquer

lugar ou dispositivo, ser avisado através das notificações que há novas publicações, a

familiaridade e facilidade do uso da rede.

Ouvir e elucidar ruídos e silêncios em uma pesquisa no/com o Facebook tem como

grande desafio a rápida fluidez e volatilidade das interações e a multiplicidade de papeis que

assumimos no espaço virtual. Embora tenhamos facilidades pelas novas formas de registro e

possibilidades de captura de informações, novas limitações surgem, o que enrique e nos instiga

na produção de conhecimento neste rico cenário discursivo. Nas seções seguintes apresentamos

algumas das limitações e possíveis continuidades da pesquisa.

Algumas limitações da pesquisa

Com a evolução dos dispositivos móveis, notamos a migração da utilização dos desktops

onde os usuários, de certa forma, estavam “presos” nas cadeiras em frente ao computador, seja

de casa, trabalho ou lan houses para a mobilidade de poder interagir a qualquer momento, sem

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que seja preciso fazer o ritual de ligar o computador, esperar carregar as páginas etc. Agora para

se comunicar em qualquer mídia social, basta a conexão com a internet, alguns cliques no

celular e pronto já estamos logados no ciberespaço.

Limitamos em utilizar apenas as ferramentas disponíveis no grupo. Em vivências futuras

buscaremos dar continuidade com estes recursos e explorar o uso dos aplicativos e aparelhos

que possibilitam a mobilidade ubíqua, reforçando o uso dos pontos positivos expostos pelos

participantes e tentar diminuir os pontos negativos e agregar as sugestões e observações feitas

pelos membros.

Primeira experiência para os sujeitos que propuseram uma disciplina nesta dinâmica,

isto é, em relação à implementação de um curso, com grade, com todos os tramites burocráticos

que é necessário para oferecer a disciplina optativa e que contou com a validade dos créditos

para os alunos ao término de uma experiência em um grupo fechado no Facebook.

Outra limitação encontrada foi o duplo papel “do Bruno” como aluno e observador para

realizar a análise a pesquisa on-line a posterior. Durante o período de aulas, buscava ser

participativo igual aos demais membros, onde fazia questionamentos, era questionado, em

apenas um momento que se tornou necessário obter dados para a escrita de um evento que o

pesquisador apareceu. Nas demais interações, levava como disciplina e não como pesquisa,

tanto que o grupo começou a ser observado, com olhar de pesquisador após o término da

disciplina.

Analisar a disciplina, nossas interações, com olhar de pesquisador sem trazer aquele

olhar de julgar as escritas dos membros, tentando encontrar a pepita de ouro que estava naquele

espaço. Com um olhar diferente, pois a disciplina tinha acabado, a vivência estava registrada,

mas o nosso contato naquele espaço tinha se findado e voltar toda hora nos dados produzidos e

por muitas vezes não encontrar nada. Essas limitações entre o olhar despreocupado do aluno

durante o período de aulas e o olhar investigativo do pesquisador, em não saber o que olhar.

O tempo de implementação da disciplina demorou um pouco mais por causa desse

embate entre AVA e rede social, esses questionamentos da funcionalidade e validade de uma

disciplina em uma mídia com uso cotidiano e sem estrutura acadêmica. Olhando para o nosso

processo, chegamos a alguns dados que produzimos observando as interações e pelo que os

membros expuseram em suas autoavaliações. Neste caso, as limitações se deram as

organizações das postagens, da dependência de uma boa internet, da possibilidade de mais

interação a partir dos chats.

Concluímos este trabalho, trazendo a possibilidade da utilização de uma rede social

como espaço de aprendizagem para um curso de pós-graduação que aconteceu on-line tendo o

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Facebook como fonte principal de interação e comunicação e registro de acontecimentos da

disciplina.

Alguns possíveis desdobramentos

A partir da vivência nesta pesquisa emergem alguns questionamentos que podem gerar

futuras investigações, tais como: a presença da mobilidade ubíqua em nosso cotidiano, a fluidez

e metamorfose que a rede social possibilita aos usuários. Como explorar esses dados em novas

pesquisas e também debater a volatilidade da rede e as novas noções de espaço e tempo que a

internet e as mídias sociais possibilitam aos seus usuários? De que forma, trazer essas

discussões para cursos de licenciaturas em uma dinâmica na prática?

Ao longo da pesquisa observamos ruídos e silêncios, que foram descritos,

respectivamente, como excess e ausência de interação. Os movimentos favorecido pela

hipertextualidade na rede nos remetem à inteligência coletiva, na qual dialogamos e

aprendemos a partir de demandas variadas, ora ouvindo ruídos, ora fazendo silêncios, ou vice-

versa. Alguns ruídos começavam e terminavam em silêncios, algumas vezes prolongados.

Nessa trajetória alguns questionamentos foram feitos, como por exemplo: será que o que foi

considerado como silêncio não eram os ruídos que os participantes da disciplina emitiam e não

tivemos a sensibilidade de notar?

O que foi considerado ruído não poderia ser o silêncio que os participantes buscaram

expresser para cumprir a tarefa exigida da semana? Dessa forma, procuramos capturer alguns

ruídos e silêncios que nos ajudaram a analisar a dinâmica de uma disciplina optativa de

mestrado na rede e ao mesmo tempo ressaltamos que o imbricamento de ruídos e silêncios,

neste contexto, pode ser visto de outras formas.

Enfim...

A minha questão não é acabar com escola, é mudá-la completamente, é

radicalmente fazer que nasça dela um novo ser tão atual quanto a tecnologia.

Eu continuo lutando no sentido de pôr a escola à altura do seu tempo. E pôr a

escola à altura do seu tempo não é soterrá- la, mas refazê-la. (FREIRE e

PAPERT, 1996).

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outubro 2016.

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FB NEWSROOM. Disponível em <https://newsroom.fb.com/company-info/ >. Acesso em 26

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GRUPO DO FACEBOOK: Disponível em:

https://www.facebook.com/groups/447606232059684/>. Acesso em 18 outubro 2016

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121

APÊNDICE A

Carta de apresentação aos coordenadores para pesquisa

PRO-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, CONTEXTOS

CONTEMPORÂNEOS E DEMANDAS POPULARES (PPGEduc)

IE/DTPE, / /2015,

Prezado(a) Coordenador(a) do Curso de Geografia – Campus Nova Iguaçu

Estamos realizando uma pesquisa de Mestrado em Educação na qual nosso propósito é

saber a presença de tecnologia(s) em disciplinas dos cursos de Licenciatura da UFRRJ. Sendo

assim, gostaríamos de contar com a sua colaboração para esta empreitada.

Fazendo um levantamento inicial das disciplinas disponíveis no site da UFRRJ

encontramos a(s) seguinte(s) disciplina(s) e respectiva(s) ementa(s), conforme abaixo):

Curso Disciplina Caráter

Geografia Tecnologias e Educação Optativa

A ementa encontrada confere? Há outra(s) disciplina(s)? Caso tudo esteja conferindo V.

Sa poderia nos responder este documento dizendo apenas que ratifica a informação recebida.

Caso contrário, por favor, teria como nos enviar por e-mail a ementa da disciplina atualizada e

o que mais considerar necessário?

Agradecemos a atenção dispensada e estamos às ordens para esclarecimentos que se

fizerem necessários, inclusive, presencialmente.

Bruno Vieira Alves da Silva

Mestrando/PPGEduc –

e-mail: [email protected]

Marcelo Almeida Bairral (orientador, IE/DTPE)

e-mail: [email protected]

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122

APÊNDICE B

Síntese da revisão de literatura realizada.

Autor(es) Tipo de

Rede Social

Sujeitos Temática

Fernandes

(2011)

Facebook O Facebook como ferramenta

indispensável para incentivar a

aprendizagem.

Redes sociais e suas

potencialidades

Kirkpatrick

(2011)

Facebook Autor do livro e Fundador do

Facebook.

Criação do Facebook

Rovetta

(2011)

Facebook Professor e alunos do 3º ano do

ensino médio.

Recurso pedagógico

complementar de

interação,

comunicação e

aprendizagem

Fumian &

Rodrigues

(2012)

Facebook Pessoas interessadas em

informações relacionadas à

enfermagem em emergência.

Enfermagem

Sbardelotto

(2013)

Facebook Os católicos que usam o

Facebook.

Religião

Castells

(2013)

Facebook Movimentos Sociais que

aconteceram a partir das mídias

sociais, inclusive o Facebook.

Movimentos sociais

na rede

Alcântara e

Osório (2014)

Facebook 12 crianças com idades entre 7 e

12 anos de ambos os sexos e de

contextos sociais distintos que

utilizam Facebook como espaço

lúdico.

O Facebook como

espaço lúdico

Amante (2014) Facebook Facebook como campo de

pesquisa do comportamento

humano.

Comportamento

humano

Chagas e

Linhares (2014)

Facebook Docentes, instrutores e discentes

da graduação.

Aprendizagem

colaborativa/reflexiva

dos discentes

Couto

(2014)

Facebook Noções de privacidade. Privacidade no

Facebook

Couto Junior e

Oswald

(2014)

Facebook Noventa e oito jovens com idades

entre 21 e 28 anos que discutem,

no Facebook, a relação entre o

espaço físico e o espaço

eletrônico.

Jogos eletrônicos

Ferreira e

Bohadan (2014)

Facebook 50 participantes em uma pesquisa

exploratória a partir da utilização

do Facebook em um contexto

educacional específico: o apoio

complementar on-line a uma

disciplina de graduação em um

curso presencial.

Pesquisa exploratória

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123

Lopes e Santos

(2014)

Facebook Oito professores indígenas e oito

não indígenas que fazem uma

formação continuada que acontece

no Facebook.

Formação continuada

Macedo e Ribes

(2014)

Facebook Aproximadamente vinte crianças

entre oito e onze anos onde é

discutido o tema amizade no

Facebook.

Amizade no

Facebook

Matos e Ferreira

(2014)

Facebook Alunos da PUC – PR, sobre o uso

do Facebook em processos

formativos.

Processos formativos

na educação superior

Messias

(2014)

Facebook Idosos que utilizam o Facebook. Idosos

Messias e

Morgado (2014)

Facebook Plataformas de aprendizagens

formais e informais para o ensino

superior.

Facebook e EaD

Moreira e

Januário (2014)

Facebook O Facebook como aplicabilidade

pedagógica, possibilidades e

potencialidades em diferentes

contextos de aprendizagem.

Aplicabilidade

pedagógica

Moreira e

Ramos

(2014)

Facebook Professores que fizeram formação

contínua em tecnologia educativa

com componente presencial e

online por meio de um grupo no

Facebook.

Formação contínua

em tecnologia

educativa

Piovesan e

Borges

(2014)

Facebook Um professor do curso de Letras

português/espanhol do curso

presencial/virtual.

Identidade social dos

professores

Porto e Neto

(2014)

Facebook O Facebook como espaço virtual

passível de suportar/constituir

propostas de ensino e

aprendizagem.

Espaço virtual de

aprendizagem

Santinello e

Versuti

(2014)

Facebook As redes sociais e importância na

comunicabilidade e convergência

das mídias em suas usabilidades.

Potencialidades do

uso do Facebook

Santos e Rossini

(2014)

Facebook Pessoas interessadas em participar

da comunidade no Facebook

“Recursos Educacionais Abertos”

do Brasil.

Comunidade

Recursos

Educacionais Abertos

do Brasil (REA-

Brasil)

Tsukamoto,

Fialho e Torres

(2014)

Facebook Gestores educacionais e

48 alunos do curso de uma

faculdade privada que utilizaram o

Facebook como ambiente virtual

de aprendizagem.

Facebook como

ambiente virtual de

aprendizagem

Urbani, Cuadros

e González

(2015)

Facebook Estudantes do sexto ano do

primário em uma instituição

privada no México com

competências digitais.

Competências

digitais

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