UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO … · EaD – Educação a Distância; ... LANTE –...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO … · EaD – Educação a Distância; ... LANTE –...
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO / INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, CONTEXTOS
CONTEMPORÂNEOS E DEMANDAS POPULARES
CURTIR, INTERAGIR E APRENDER NO FACEBOOK
BRUNO VIEIRA ALVES DA SILVA
SEROPÉDICA-RJ
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO / INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO,
CONTEXTOS
CONTEMPORÂNEOS E DEMANDAS POPULARES
BRUNO VIEIRA ALVES DA SILVA
CURTIR, INTERAGIR E APRENDER NO FACEBOOK
Dissertação submetida como
requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Educação, no
Programa de Pós-graduação em
Educação, Contextos
Contemporâneos e Demandas
Populares da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Área de
Concentração Educação.
Sob a orientação do Professor
Doutor
Marcelo Almeida Bairral
SEROPÉDICA-RJ
2017
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Biblioteca Central / Seção de Processamento Técnico
Ficha catalográfica elaborada
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
587 da Silva, Bruno Vieira Alves, 1985- Curtir, interagir e aprender no Facebook / BrunoVieira Alves da Silva. - 2017. 124 f.: il.
Orientador: Marcelo Almeida Bairral. Dissertação(Mestrado). -- Universidade Federal Ruraldo Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação emEducação, Contextos Contemporâneos e DemandasPopulares, 2017.
1. Facebook. 2. Disciplina Optativa de Mestrado .3. Grupo do Facebook. 4. Rede Social. I. Bairral,Marcelo Almeida, 1969-, orient. II UniversidadeFederal Rural do Rio de Janeiro. Programa de PósGraduação em Educação, Contextos Contemporâneos eDemandas Populares III. Título.
BRUNO VIEIRA ALVES DA SILVA
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação,
no Curso de Pós-Graduação em Educação.
DISSERTAÇÃO APROVADA EM _____/______/_______
___________________________________________________________
Professor Pós-Dr. Marcelo de Almeida Bairral – UFRRJ
(Orientador)
_____________________________________________________________
Professor Dr. José Valter Pereira (Valter Filé) – UFRRJ
(Banca Examinadora)
_____________________________________________________________
Professora Dra Rita Marisa Ribes Pereira – UERJ
(Banca Examinadora)
RESUMO
SILVA, B. V. A. da. Curtir, interagir e aprender no Facebook. 2017. 124 p. Texto para
Dissertação (Mestrado em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares).
Instituto de Educação / Instituto Multidisciplinar, Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, Seropédica, RJ. 2017.
Cada vez mais, as tecnologias da informação e comunicação (TIC) acabam por tornar, de
maneira rápida, a comunicação, a interação e o compartilhamento de conteúdo entre as pessoas.
Essa investigação busca refletir sobre as contribuições do Facebook como espaço de
aprendizagem em uma disciplina optativa de Pós-Graduação em Educação, além de analisar as
interações em um grupo fechado no Facebook intitulado Tecnologias e Inclusão Social. O grupo
integrou uma disciplina optativa do Mestrado Acadêmico em Educação do PPGEduc/UFRRJ e
foi constituído por dez pós-graduandos com diferentes formações. A disciplina transcorreu em
sua maior parte no Facebook e os participantes tiveram oportunidade de explorar as ferramentas
disponibilizadas no grupo e de refletir coletivamente a partir de diferentes propostas de
discussão emergentes. Os dados foram gerados a partir das interações no grupo. O software
Nodelx foi utilizado para analisar a não linearidade e a hipertextualidade presentes no processo
interativo nesta rede. Como resultados, a pesquisa elucida ruídos e silêncios observados na
dinâmica interativa neste grupo. Ruídos eram caracterizados a partir das interações relacionadas
às discussões que aconteciam no grupo. E como silêncios são caracterizados os rastros
silenciosos dos membros ao utilizar a rede, ou seja, o longo período de tempo sem interagir na
rede.
Palavras-chave: Facebook; Análise de interações; Grupo fechado no Facebook; Disciplina
optativa.
ABSTRACT
SILVA, B. V. A. da. Like, interact and learn on Facebook. 2017. 124 p. Dissertation (Master
of Education, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares). Institute of Education /
Multidisciplinary Institute, Rural Federal Universty of Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 2017.
Increasingly, information and communication technologies (ICTs) are rapidly making
communication, interaction and sharing of content between people a breeze. This research seeks
to reflect on the contributions of Facebook as a learning space in an optional course of
Postgraduate Education and analyze the interactions in a closed group on Facebook entitled
Technologies and Social Inclusion. The group was an elective subject of the MSc Academic in
Education of the PPGEduc/UFRRJ and was constituted by ten postgraduate students with
different backgrounds. The discipline was mostly spent on Facebook and participants had the
opportunity to explore the tools available in the group and to reflect collectively from different
emerging discussion proposals. The data were generated from the interactions in the group.
Nodelx software was used to analyze the nonlinearity and hypertextuality present in the
interactive process in this network. As results, the research elucidates noises and silences
observed in the interactive dynamics in this group. Noises were characterized from the
interactions related to the discussions that took place in the group. And as silences are
characterized the silent trails of the members when using the network, that is, the long period
of time without interacting in the network.
Keywords: Facebook; interactions analysis; closed group on Facebook; optional course
DEDICATÓRIA
Esta dissertação é dedicada aos meus pais
Fernando e Cícera, ao meu irmão Diego e ao
meu Amor Laís.
Dedico a Professora Dra. Cássia Maria Baptista
Oliveira que me ajudou muito com o projeto
para a entrada no mestrado.
Dedico ao meu orientador Marcelo Bairral
pelas horas de orientações presenciais e virtuais
e pelas colaborações durante este período.
Dedico aos meus avós paternos: Caetano e
Maria Alves in memoriam e aos avós maternos:
Maria das Dores e ao primeiro Mestre da
Família – o Mestre Cícero in memoriam.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado sabedoria, saúde e persistência para
ingressar, da continuidade e concluir o mestrado, que foi um sonho que começou na graduação
e esta sendo concluído.
Agradeço o apoio do meus pais, familiares, tios, tias, amigos e amigas que torceram por
mim e sempre me apoiram em continuar estudando e respeitaram minhas ausências quando
foram necessárias.
Agradeço a CAPES que financiou a minha estada durante estes dois anos como aluno
regular do mestrado.
Agradeço a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, por ter me proporcionado
conhecer pessoas incríveis desde a graduação até o mestrado, por ter feito parte da melhor turma
de Graduação em Pedagogia do mundo, a turma 2008-1. E a melhor turma de Mestrado em
Educação, a turma de 2015 e ter como corpo docente professores que sempre somaram nas
formações de seus alunos.
Agradeço ao Professor Filé que despertou em mim o interesse pelas mídias, pelas
tecnologias e reacendeu o gosto de viajar que tinha esquecido como era. Agradeço também por
ter feito parte do seu grupo de pesquisa durante a gradução, onde aprendi muito nas pesquisas
e nas orientações coletivas.
Agradeço a Professora Cássia pelas leituras minuciosas e pela paciência em ler e reler
meu projeto de entrada no mestrado e disponibilizar o seu tempo me orientando e mostrando as
fragilidades existentes em meu texto.
Agradeço a Professora Rita Ribes por disponibilizar seu tempo em fazer parte desta
banca e por ter me deixado alguns dias sem dormir com seus questionamentos na qualificação.
Agradeço ao Professor Marcelo Bairral por ter me escolhido como orientando e ter
colaborado muito para que este trabalho tenha nascido. Agradeço também por fazer parte do
seu grupo de pesquisa e por ter conhecido um grupo que me recebeu bem desde a primeira
reunião e colaboram direta e indiretamente para este trabalho.
Treine enquanto eles dormem,
Estude enquanto eles se divertem,
Persista enquanto eles descansam,
E então, viva o que eles sonham”.
Provérbio Japonês.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mídia Social e Rede Social ...................................................................................... 34
Figura 2 - Página inicial do grupo ............................................................................................ 58
Figura 3 - Usuários que acessam o Facebook pelo desktop ..................................................... 64
Figura 4 - Usuários que acessam o Facebook pelo celular ....................................................... 65
Figura 5 - Interação no Facebook ............................................................................................. 66
Figura 6 - Caixa de diálogos ..................................................................................................... 67
Figura 7 - Evento no Facebook................................................................................................. 68
Figura 8 – Criando o evento no Facebook ................................................................................ 69
Figura 9 - Página do evento criado no Facebook ..................................................................... 69
Figura 10 - Página dos membros .............................................................................................. 70
Figura 11 - Dispositivo de pesquisa no Facebook .................................................................... 71
Figura 12 - Página de arquivos no grupo do Facebook ............................................................ 71
Figura 13 - Postagem do observador como participante. ........................................................ 76
Figura 14 - Postagem sobre hipertexto ..................................................................................... 77
Figura 15 - Emotions ................................................................................................................ 80
Figura 16 - Exemplo (1) de conversa visualizada...................................................................... ..
Figura 17 - Exemplo (2) de conversa visualizada.............. ..................................................... 82
Figura 18 - Primeira postagem com assunto hipertexto ........................................................... 83
Figura 19 - Segunda postagem com assunto hipertexto ........................................................... 83
Figura 20 - Terceira postagem com assunto hipertexto ............................................................ 84
Figura 21 - Quarta postagem com assunto hipertexto .............................................................. 84
Figura 22 - Desdobramento dos comentários ........................................................................... 86
Figura 23 - Exemplo de comunicação assíncrona .................................................................... 89
Figura 24 - Exemplo de interação síncrona .............................................................................. 90
Figura 25 – Post na íntegra ....................................................................................................... 93
Figura 26 - Postagem na íntegra ............................................................................................... 94
Figura 27 - Criando um bate-papo ............................................................................................ 99
Figura 28 - Chat inbox .............................................................................................................. 99
Figura 29 - Agenda no grupo do Facebook ............................................................................ 100
Figura 30 - Exemplo (1) de "silêncio" na rede................................................................... ..........
Figura 31 - Exemplo (2) de "silêncio" na rede ....................................................................... 102
Figura 32 – Exemplo (1) "ruídos" no grupo do Facebook ..................................................... 105
Figura 33 - Exemplo (2) "ruídos" no grupo do Facebook ...................................................... 105
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Síntese da revisão de literatura dividida em subgrupos: ......................................... 39
Tabela 2 - Ementa do curso ...................................................................................................... 62
Tabela 3 - Comparação entre AVA e Grupo no Face............................................................... 64
Tabela 4 – Linha do Tempo ...................................................................................................... 76
Tabela 5 - Resultado das interações ......................................................................................... 87
Tabela 6 - Interação assíncrona ................................................................................................ 91
Tabela 7 - Interação no chat ................................................................................................... 100
Tabela 8 – Pontos Positivos do uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina. ....... 107
Tabela 9 - Pontos Negativos do uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina. ...... 108
Tabela 10 – Observações sobre o uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina. .... 109
LISTA DE APÊNDICE(S)
Carta de apresentação aos coordenadores para pesquisa........................................................121
Síntese da revisão de literatura realizada................................................................................122
LISTA DE ANEXO(S)
Conteúdo programático da disciplina realizada no Facebook...............................................124
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1 - Árvore de discussão ............................................................................................. 96
Esquema 2- A não linearidade na rede ..................................................................................... 97
Esquema 3 - Os silêncios na rede ........................................................................................... 104
Esquema 4 - Os ruídos na rede ............................................................................................... 106
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem;
EaD – Educação a Distância;
GRPesqESCCC - Grupo de Pesquisa Educação, Sociedade do Conhecimento e Conexões
Culturais;
LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino;
Moodle - Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment
PIBIC - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica;
PPGEduc – Programa de Pós-Graduação em Educação;
PPGEduCIMAT - Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática;
TIC – Tecnologia(s) da Informação e Comunicação;
UFF – Universidade Federal Fluminense;
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
SUMÁRIO
PARA INÍCIO DE CONVERSA... .......................................................................................... 18
CAPÍTULO 1_____________________________________________________________ . 29
1 - THEFACEBOOK! .............................................................................................................. 29
1.1 - Mídia Social e Rede Social são sinônimos? ................................................................. 32
1.2 - O que temos de posts por aí?........................................................................................ 34
1.2.1. - O Facebook como recurso pedagógico: ................................................................... 35
1.2.2. -O Facebook como espaço de ensino e aprendizagem: .............................................. 35
1.2.3. - O Facebook como espaço de práticas docentes e formação continuada: ................. 36
1.2.4. - Facebook e Crianças: ............................................................................................... 36
1.2.5. - O Facebook como apoio complementar da educação presencial: ............................ 37
1.2.6. - O Facebook e as relações de privacidade e comportamento humano: ..................... 38
1.2.7. - O Facebook como campo de interações, conexões e competências digitais: .......... 38
1.2.8. - Facebook e o espaço físico, espaço eletrônico e cultura da mobilidade: ................. 38
1.3. - A partir da revisão de literatura de pesquisas sobre/no/com o Face é importante
destacar que... ....................................................................................................................... 40
CAPÍTULO 2______________________________________________________________41
2 - DA PARABOLICAMARÁ A MOBILIDADE UBÍQUA ................................................. 41
2.1 – Espaço e Tempo: ......................................................................................................... 46
2.2 - Ciberespaço e Cibercultura: ......................................................................................... 47
2.3 - As etapas do Ciberespaço............................................................................................. 50
2.4 - Mobilidade Ubíqua....................................................................................................... 52
CAPÍTULO 3_____________________________________________________________ . 55
3 - ALGUNS POSTS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: TECNOLOGIAS E INCLUSÃO
SOCIAL NO FACEBOOK ...................................................................................................... 55
3.1 - No que você está pensando? AVA ou Face? ............................................................... 59
3.2 - O grupo: ....................................................................................................................... 65
3.3 - As funcionalidades dos grupos: ................................................................................... 67
3.4 - Eventos: ........................................................................................................................ 68
3.5 - Membros: ..................................................................................................................... 70
3.6 - Arquivos: ...................................................................................................................... 71
CAPÍTULO 4______________________________________________________________73
4 - ALGUNS ACHADOS DA PESQUISA: RUÍDOS E SILÊNCIOS EM UMA TRAMA
HIPERTEXTUAL NO GRUPO DO FACEBOOK ................................................................. 73
4.1. - Visualizando a observação: ......................................................................................... 79
4.2. - Visualizou, mas não interagiu! E agora? ..................................................................... 82
4.3. - Visualizou, interagiu! Que ruídos são esses? .............................................................. 85
4.4. - Chat e Mural:............................................................................................................... 89
4.5. - Momento assíncrono no Face: .................................................................................... 90
4.6. - Vamos continuar interagindo a partir de um post? ..................................................... 93
4.7. - Momento síncrono no Face: ........................................................................................ 98
4.8. - Silêncio no grupo... ................................................................................................... 102
4.9. - Ruídos no grupo... ..................................................................................................... 104
4.10. – Autoavaliação: ........................................................................................................ 107
CONSIDERAÇÕES FINAIS: ............................................................................................ 110
REFERÊNCIAS: ................................................................................................................ 116
APÊNDICE A ........................................................................................................................ 121
Carta de apresentação aos coordenadores para pesquisa .................................................... 121
APÊNDICE B ........................................................................................................................ 122
Síntese da revisão de literatura realizada. ........................................................................... 122
ANEXO A .............................................................................................................................. 124
Conteúdo programático da disciplina realizada no Facebook ............................................ 124
18
PARA INÍCIO DE CONVERSA...
Em que pensei, no que estou pensando: Minhas experiências anteriores!
“O homem é um animal
suspenso em teias de
significados que ele
mesmo teceu”.
Geertz
Da Graduação...
Em 2008/1, ingressei no curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ), Instituto Multidisciplinar (IM) – Nova Iguaçu, com o pensamento voltado
para o que seria uma formação destinada a trabalhar apenas com crianças. No decorrer dos
semestres percebi que tinha outras áreas que poderiam ser exploradas. Como por exemplo, as
relações étnico-raciais, questões de gênero, juventude, narrativas, educação especial entre
outras. Durante as aulas de História da Educação, o uso de equipamentos como filmadora e
câmera fotográfica era frequente e me chamou a atenção, pois os outros professores utilizavam
apenas o recurso da leitura, power points e debate dos textos nas aulas.
O interesse pela fotografia e pelo audiovisual foi ficando maior, pesquisei, então, alguns
grupos de pesquisa que estivessem trabalhando ou pesquisando a partir destas linguagens.
Busquei tutoriais no YouTube para aprender como montar um vídeo e aprender mais sobre as
noções de fotografia como ângulo, luz etc. No 2º período, a proposta da disciplina de Sociologia
II era trabalhar em grupos com questões relacionadas ao nosso cotidiano ou que houvesse algo
em comum entre os participantes. Cada grupo escolheria um eixo temático, ou algum assunto
que os componentes decidissem. Um grupo falou sobre o preconceito vivido pelas esposas dos
presidiários, outro sobre os preconceitos vividos pelos negros, entre outros temas que também
foram bem explorados por cada grupo.
Nosso grupo chegou a um consenso que todos tinham em comum o fato de grande parte
ser de origem nordestina. Lembramos de histórias contadas por nossos parentes e duas colegas
contaram as humilhações e dificuldades que seus pais sofreram, quando chegaram aqui na
região sudeste. E a partir dessas histórias resolvemos falar sobre algo que envolvesse algum
tipo de discriminação ou até mesmo humilhação sofrida por eles. Assim, chegamos ao tema do
nosso trabalho: Encontros Humilhantes. Buscamos apresentar o trabalho de uma forma
diferente dos outros, pois exploramos o assunto com a representação de fragmentos do livro A
19
Hora da Estrela, de Clarice Lispector, e um vídeo, que nós fizemos, sobre o preconceito vivido
pelos nordestinos.
Nesse vídeo, entrevistamos um funcionário da própria universidade, o pai de uma colega
de classe e pessoas que eram conhecidas dos componentes do grupo. Esta foi a primeira
experiência relacionando o audiovisual com a pedagogia. Este vídeo foi importante, pois foi o
primeiro passo dado em relação ao querer aprofundar o conhecimento em como se montava um
vídeo, e não apenas querer apenas assistir ao resultado. No primeiro momento, o vídeo foi feito
como teste, para aprender mesmo, mas depois de pronto mostramos aos colegas de classe, algo
que o grupo produziu. Descrever as histórias a partir do vídeo foi mais impactante, porque eram
as próprias pessoas através das imagens narrando suas vivências e experiências, caso o trabalho
tivesse sido descrito em uma folha, não teria a mesma riqueza que o vídeo teve naquele
momento.
A partir do 3º período tivemos a disciplina de PPE III (Práticas de Pesquisa na
Educação), nessa disciplina, o professor Filé tinha disponível 50 minutos de aula, logo no
primeiro tempo. O que para a realidade da nossa turma de alunos-trabalhadores era quase
impossível estarem todos ou a maior parte presente às 18:00 horas em ponto. Conforme as
pessoas iam chegando, a aula ia se aproximando do fim.
Dois fatores sobre o tempo foram relevantes para esse desdobramento: 1) O
tempo de cinquenta minutos semanais reservados para disciplina – espremida
entre tantas outras – no currículo da instituição, 2) A percepção de que a
maioria dos estudantes eram trabalhadores e, portanto não dispunham de
tempo livre para participar das discussões. (RIBETTO, VIEIRA, et al., 2011,
p. 91)
Como alternativa, para não prejudicar tanto os alunos, nos foi informado que teríamos
aulas também em uma Rede Social, no Ning1, para não ficarmos restritos apenas aos cinquenta
minutos de encontro presencial. Esse fato deixou muita gente de cabelo em pé, pois, ouviam-se
muitas reclamações dos alunos e das alunas, por diversas dificuldades encontradas. Por
exemplo, a falta de hábito em manusear o computador, o medo do desconhecido, que neste
caso, seria a utilização e interação na rede social, onde para grande parte das pessoas da turma
era algo estranho e novo. Ribetto, Vieira et al. (2011, p. 93) relata que
A rede “Tecnologia e conexões culturais” surgiu em parte como alternativa à
parametrização do tempo de cinquenta minutos de aulas semanais reservados
pela universidade para as aulas da disciplina “Pesquisa e Prática Educativa
III” e em parte como um meio de desparametrização dos espaços-tempos para
1 NING é um site onde o usuário pode criar sua própria rede social e agrega-lo a qualquer outra mídia social.
20
o acontecimento das aulas pensando em facilitar a real implicação dos
estudantes, fossem eles trabalhadores ou não.
Dessa experiência ocorrida na disciplina de PPE III que acontecia presencialmente e
tinha a continuidade no espaço on-line, surgiu a vontade de alguns professores e alunos em
montar um grupo de pesquisa na internet para tentar diminuir as dificuldades encontradas por
alguns alunos. Mas, dessa vez, as dificuldades abrangeriam assuntos externos a sala de aula,
que eram as questões relacionadas ao tempo para poderem participar de algum grupo de
pesquisa.
Uma das grandes dificuldades dos alunos trabalhadores em participar de um
grupo de pesquisa são horários estabelecidos para o funcionamento da maioria
deles. A intenção do grupo é que sua produção de conhecimento contribua
com novas maneiras de fazer, novas artes de dizer, de pensar e de experimentar
em educação. (RIBETTO, VIEIRA, et al., 2011, p. 98)
Apesar de todas as dificuldades e inquietações foi uma experiência boa, pois a partir
dela – a experiência – nasceu o Grupo de Pesquisa Educação Sociedade do Conhecimento e
Conexões Culturais (GPESCCC) 2.
Discutir e repensar a participação dos estudantes-trabalhadores no universo
acadêmico estimulou a criação de um espaço que pudesse acolher as
particularidades e as dificuldades que esse tipo de estudante vem tendo. Assim
nasce o grupo de pesquisas “Educação, sociedade do conhecimento e
conexões culturais”, a partir de pesquisadores e alunos do Instituto
Multidisciplinar/UFRRJ – Nova Iguaçu – e da Faculdade de Formação de
Professores/UERJ – São Gonçalo, Rio de Janeiro. (RIBETTO, VIEIRA, et al.,
2011, p. 98)
O Grupo não nasceu somente da disciplina de PPE III, nasceu também pelas discussões
dos alunos-trabalhadores, que se sentiam prejudicados por não fazer parte de um Grupo de
Pesquisa, pois os grupos geralmente funcionavam em horários matutinos ou vespertinos.
Impossibilitando, desta forma, os alunos-trabalhadores de participar presencialmente das
reuniões.
Então, preocupados com a impossibilidade desses alunos frequentarem os
grupos de pesquisa, que em sua maioria funcionam durante o dia, resolvemos
criar um grupo de pesquisas que funcionasse na internet. [...] A ideia é de que
os alunos e alunas possam participar a seu tempo, enquanto paralelamente,
ampliamos nossas condições de ensinar e aprender, de produzir e fazer circular
conhecimentos tendo como conceitos fundamentais a comunicação, a
interatividade a solidariedade e a produção colaborativa. (RIBETTO,
VIEIRA, et al., 2011, p. 104-105)
2 http://grpesqesccc.ning.com/
21
A participação de um grupo de pesquisas on-line foi uma das primeiras experiências a
qual tive contato com uma rede social. Em agosto de 2009, fui convidado a participar do projeto
de pesquisa Conexões da Baixada Fluminense: Injustiças cognitivas-educação-culturas-
tecnologias3 como bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq que teve duração até agosto de
20114. Durante este período, pude aprofundar conceitos da fotografia e aprender na prática a
manusear os equipamentos como câmera de vídeo e fotográfica. Em paralelo a isso, testávamos
as mídias sociais que abrangiam a linguagem audiovisual que era o YouTube e a linguagem
fotográfica que era o Flickr. Ainda não existia o Instagram, que atualmente é um dos maiores
sites onde são compartilhadas imagens e fotografias. E estar em contato com essas mídias foi
de grande importância para o desenvolvimento acadêmico que vem se desdobrando em outras
pesquisas.
A rede social que estava em alta, no Brasil neste período (2009), era o Orkut, e a vivência
do grupo de pesquisa era na rede social Ning, uma rede pouco conhecida quando resolvemos
assumir um grupo de pesquisas que acontecia on-line para oportunizar os alunos-trabalhadores
a terem um espaço de discussão coletivo. Houve estranhamentos, pois, a ideia de grupo de
pesquisa se passava pelo contato face a face e não em um espaço virtual. A diferença em
participar da disciplina PPE III que teve continuidade na rede social para um grupo de pesquisa
foi que, por ser uma turma de graduação que já está um bom tempo caminhando juntos, todos
os alunos se conheciam. E no grupo? Será que todos iriam participar? Pois não era algo
obrigatório e sim que partisse da vontade, do desejo de pertencer a determinado grupo. Para
Ribetto, Vieira et al. (2011, p. 99)
Nosso compromisso é oferecer alternativas de participação para aqueles que
desejam ingressar em um grupo de pesquisas, mas não podem por conta de
seus afazeres, sejam eles trabalhistas ou domésticos, consequentemente se
tornam excluídos da condição de pesquisador, pois não possuem o tempo
presencial exigido hegemonicamente – pela academia.
Nossas vivências na rede Ning foram marcadas por alguns pontos, como por exemplo,
entre 2009 e 2010 o IM ficava em um prédio alugado, na rua Capitão Chaves, no centro de
Nova Iguaçu e a baixada fluminense de um modo geral, não tinha a mesma capacidade de
internet que tem atualmente. Neste período alguns membros que participavam do grupo de
3 Este projeto pretendeu articular informações de três setores da educação pública da Baixada Fluminense, em
relação às suas atuações no sentido de responder às demandas impostas pela chamada sociedade do conhecimento:
as escolas e suas situações em relação à estrutura, uso e acesso às tecnologias da informação e da comunicação; O
poder público - das três esferas: federal, estadual e municipal - e seus projetos, propostas e disponibilizações; e, os
cursos de formação de professores da região e como seus currículos se colocam em relação ao tema. 4 A bolsa de iniciação científica encerrou-se em agosto de 2011, mas continuo como membro voluntário da
pesquisa
22
pesquisas esbarravam em um grande dilema que era a conexão discada, que não permitia uma
participação ativa desses membros. O acesso à internet no próprio IM era restrito, pois não
havia laboratório de informática e a velocidade de internet disponível para a universidade em
si era bem pequena. De acordo com Ribetto, Vieira et al. (2011, p. 107)
O que nos tem chamado a atenção são as condições de estrutura e
equipamentos e de acesso, em alguns casos, aliada a pouca intimidade das
pessoas com os ambientes virtuais. Grande parte dos membros, pela
localização de suas residências, não tem acesso à internet (visto que uma
conexão discada, nem sempre possibilita o acesso). Isso dificulta a
participação das pessoas e o acesso a universidade, que tem a maioria dos
membros (a UFRRJ/Nova Iguaçu), não disponibiliza ainda, laboratório de
informática em condições favoráveis, sem competição com os horários das
aulas.
Após mudarmos de endereço que ficava localizado no centro de Nova Iguaçu, para o
atual endereço, na Posse, que fica localizada no mesmo munícipio, nos deparamos com um
laboratório de informática e um prédio de três andares divididos em quatro alas com a internet
de um mega de velocidade. Conseguimos um laboratório de informática, no entanto com o
mesmo problema de conexão. Entre o final de 2010 e início de 2011 a velocidade da internet
foi suprindo aos poucos a demanda da universidade. Outro embate encontrado por nós discentes
é que as redes sociais estavam bloqueadas, o Orkut começava a decair e o Facebook estava
crescendo o seu número de usuários, mas não era permitido o acesso pela universidade.
A mobilidade, o uso e acesso pelos dispositivos móveis ainda não fazia parte do nosso
cotidiano. Depois de algumas reclamações do corpo docente e discente as redes sociais foram
liberadas. Na rede social do Ning, onde o grupo de pesquisa acontecia, a mesma passou a ser
paga e a participação dos membros, como aconteceu com o Orkut, não era tão ativa, porque os
membros migraram para o Facebook e acessavam quase que esporadicamente a rede do Ning.
Como a rede passou a ser paga e os participantes migraram para outra rede, os administradores
da rede solicitaram que fizéssemos backup de nossas fotos, arquivos, textos, o que fosse
relevante para cada usuário, pois a rede do Ning seria extinta e migraria para onde os membros
foram, para o Facebook.
Em março de 2011 fui convidado a participar como bolsista voluntário de outro projeto
de pesquisa, intitulado Projeto Cultura digital no cotidiano escolar. Este projeto de pesquisa
aconteceu no Colégio Estadual Carlos Frederico Engenheiro Arêa leão localizado no Alto da
Posse, em Nova Iguaçu. E teve início em abril de 2011 com a duração de um ano. Sendo assim,
23
colocamos juntos professores e alunos em encontros que trabalhavam as mídias digitais5 e
sociais6 e como usá-las, a fim de potencializar as interações, as produções e a aprendizagem
colaborativa.
Pretendíamos, no projeto formar grupos de professores e alunos, e que ambos pudessem
se “misturar”, para realização das atividades que foram propostas nas oficinas. E esta interação
entre professores, alunos e o meio vem possibilitando que todos possam aprender uns com os
outros. Dando a ideia de aprendizagem colaborativa que para (FILÉ, 2010) se dá pela criação
de grupos de interesses, sem a hierarquização e o controle daquilo que cada um pode ou do
conhecimento prévio como requisito.
Saímos da nossa “zona de conforto” e resolvemos encarar/observar o cotidiano de
alguns alunos e professores nas oficinas, que eram realizadas quinzenalmente aos sábados. Para
ver como se dava essa interação entre as diferentes culturas que se encontravam. E a partir
desses encontros tentar compreender melhor como os que nasceram e os que não nasceram na
cultura digital se comportavam.
Tivemos a oportunidade de presenciar em algumas oficinas como esse choque/encontro
de culturas se dava, por exemplo, quando fomos apresentar o e-mail para os professores como
meio de interlocução entre a equipe do projeto e os mesmos, pedimos que criassem um e-mail
para que pudéssemos manter comunicação. Alguns sem saber como trabalhar, mesmo que
“contrariados” aceitaram a proposta e criaram esses e-mails. Quando chegou a vez dos alunos
serem informados sobre o e-mail, houve um “rebuliço” onde eles diziam que não se
comunicavam por e-mail, pois já era ultrapassado. Eles se comunicavam via MSN e Facebook,
onde a interação acontecia na hora, via chat e outros tipos de compartilhamento.
Durante o tempo em que participei do Grupo de Pesquisa Educação, Sociedade do
Conhecimento e Conexões Culturais (GRPesqESCCC), busquei me aprofundar em trabalhar
com vídeo e fotografia. Nós produzíamos vídeos e tirávamos muitas fotos, e como queríamos
ter sempre espaço nos notebooks, utilizávamos as mídias sociais YouTube e Flickr para
alocarmos os vídeos e a fotos respectivamente. No primeiro semestre de 2013 concluí a
monografia intitulada “O YouTube e as possibilidades de compartilhamento, interação e
comunicação”. O objetivo deste trabalho foi mostrar como o YouTube poderia ser utilizado
como ferramenta pedagógica. (SILVA, 2013)
Da Especialização...
5 Aparelhos eletrônicos que possibilitam a interação na internet, por exemplo, computador, notebook, netbook,
tablete e celulares. 6 Sites que possibilitam a interação, compartilhamentos de arquivos, textos, vídeos, imagens e fotos acessados,
pelas mídias digitais.
24
No segundo semestre do mesmo ano entrei para a especialização em Planejamento,
Implementação e Gestão da Educação a Distância (2013-2015) pelo Laboratório de Novas
Tecnologias de Ensino (LANTE) oferecido pela Universidade Federal Fluminense (UFF)7, a
plataforma de comunicação era o Moodle8. Nunca havia feito um curso a distância e foi a
primeira vez que utilizei este Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Foi um pouco
confuso no começo, por não saber para onde ir, pois a experiência trazida na bagagem contava
com o uso e acesso as redes sociais, no caso Orkut, Ning e recentemente Facebook que parecem
ser mais autoexplicativas. Na plataforma LANTE, no início do curso, os alunos tiveram uma
semana de adaptação para explorar toda a plataforma do Moodle.
A cada início de um novo módulo era criado um novo fórum de discussão que ficava
aberto de acordo com o planejamento que cada aluno recebia. Os tutores eram responsáveis por
criar os fóruns de discussão e os alunos teriam que no mínimo interagir três vezes em cada
fórum que era aberto. Em cada fórum era disponibilizado texto (s) e em alguns casos vídeos
para interagirmos durante a semana. Cada semana acontecia um assunto diferente dentro
daquele módulo e ao término de cada semana publicávamos na página a atividade da semana,
que geralmente finalizava as terças.
O curso foi divido em nove disciplinas, totalizando 420 horas, onde nos foram passados
os fundamentos da educação a distância, como criar um curso na plataforma Moodle, as formas
de interação existente e como avaliar em um AVA. A dinâmica de realizar as atividades a partir
do tempo disponível, de criar os horários de estudos, possibilitou uma autonomia maior em
relação à mobilidade e ao deslocamento. Onde não é preciso pegar um trânsito pesado, às vezes
chegar atrasado por diversos motivos, ter um gasto de tempo e dinheiro para chegar ao local
onde aconteceria a aula. O que os alunos precisavam era de um computador com acesso a
internet para entrar no AVA e interagir com os demais participantes.
O ponto negativo a ser considerado, neste caso, fica em torno de criar vínculo de
amizade, pois como foi dito anteriormente, o curso se desenrolou em um AVA onde ninguém
se conhecia, as discussões ocorriam nos fóruns. E durante o período das interações, existia a
ferramenta chat, que não foi explorada pelos tutores para termos um encontro síncrono, ou seja,
em tempo real. Todos os debates, discussões e conversas aconteciam de modo assíncrono, onde
cada um participava do fórum a partir dos seus horários e possibilidades. Finalizamos as
disciplinas em um ano e meio e os outros seis meses foi para elaborar o Trabalho de Conclusão
de Curso (TCC).
7 http://pigead.lanteuff.org/ 8 Moodle: Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment
25
Atualmente no Mestrado...
Ao tentar o processo seletivo para o mestrado de 2015, estava perto de concluir a pós-
graduação. O tema do trabalho de conclusão de curso foi “Ambientes Virtuais de
Aprendizagem: a relação entre as TIC e a prática da EaD”. (SILVA, PEREIRA e SANTANA,
2015). Dessa forma, o TCC foi aprimorado e utilizado como base para o projeto de mestrado,
o qual buscava pesquisar quais cursos de licenciatura da UFRRJ estavam voltados para
modalidade à distância. Soube no dia da defesa do projeto que existma apenas dois cursos à
distância disponíveis, um de administração e o outro de licenciatura em turismo. Não dei
continuidade nesta investigação, pois o campo era limitado.
Por estar envolvido com assuntos voltados para tecnologia, espaço e tempo, outras
formas de comunicação e achar importante que as licenciaturas devessem englobar em sua
grade curricular disciplinas que de certa forma envolvessem essas discussões voltadas para usos
das tecnologias nas práticas pedagógicas dos professores que estão a se formar, optei, então,
neste momento focar minha pesquisa voltada para este tema. Foi feito, então uma pesquisa
preliminar, no site da UFRRJ, e os resultados foram surpreendentes. A pesquisa consistia, no
primeiro momento, em fazer o levantamento dos cursos, em geral oferecidos pelos três campi
da UFRRJ – Nova Iguaçu, Seropédica e Três Rios, tanto bacharelado quanto licenciatura. Tendo
como resultado prévio desta primeira análise seis cursos de bacharelado e seis cursos de
licenciatura no (IM) em Nova Iguaçu. Trinta e um cursos de bacharelado e dezesseis de
licenciatura no campus de Seropédica e em Três Rios apenas quatro bacharelados.
Como a busca era analisar os cursos de licenciatura, nesta segunda etapa, para os cursos
de bacharelado não houve um aprofundamento maior. O campus de Três Rios também não
entrou nesta etapa, por não oferecer nenhum curso voltado para licenciatura. Portanto, os cursos
em evidência foram os seis de Nova Iguaçu e os dezesseis de Seropédica. O que pretendia com
este trabalho era buscar dados, analisando as grades dos cursos e verificar se neles eram
oferecidas disciplinas que tivessem a palavra “tecnologia”, e a partir desses resultados fazer um
estudo mais aprofundado.
Dos seis cursos de licenciatura de Nova Iguaçu, foram encontrados apenas quatro que
ofereciam alguma disciplina que continha em sua grade a palavra tecnologia, sendo que destes
quatro, três tinham a disciplina Tecnologia e Educação em caráter optativo (Geografia, História
e Matemática) e apenas um curso como caráter obrigatório (Pedagogia). Após esta análise dos
cursos no site da UFRRJ, elaboramos uma carta de apresentação (Apêndice A), onde entramos
em contato por e-mail com as coordenações dos cursos para verificar se os dados disponíveis
26
no site batiam com os das coordenações, ou se haveria outros dados para serem acrescentados
na pesquisa.
Como não houve retorno, fomos pessoalmente conversar com os coordenadores dos
cursos dos dois campi – Nova Iguaçu e Seropédica. Os coordenadores dos cursos de Nova
Iguaçu onde a disciplina era oferecida em caráter optativo nos responderam que a disciplina é
oferecida por outro departamento e só aparecem no sistema deles quando o departamento
disponibiliza para eles, fora isso não teria como eles saberem sobre a disciplina que está no site
da instituição. Além disso, foi confirmado que não existe outra matéria que trate do assunto. Já
o coordenador do curso de Pedagogia, confirmou que esta é a única disciplina voltada para
tecnologia, de acordo com a grade e ementa do curso.
Em Seropédica, dos dezesseis cursos de licenciatura, apenas em nove foram encontradas
o termo tecnologia. Sendo sete (Ciências Agrícolas, Economia Doméstica, Física, Letras –
Port./Ingl. -, Letras – Port./ Liter. -, Química – Integral, Química - Noturno) em caráter optativo
e dois (Belas Artes e Matemática) em caráter obrigatório. Mandamos, também, e-mails para
todas as coordenações dos cursos acima. Obtivemos retorno apenas das coordenações de
química confirmando que só existe a disciplina disponível no site e matemática mandou uma
tabela atualizada acrescentando mais uma disciplina obrigatória.
Após quinze dias sem retorno das demais coordenações, fomos pessoalmente com uma
carta de apresentação nos informar sobre os cursos. Na coordenação de Belas Artes, cuja
disciplina é obrigatória, a informação que está no site é a mesma que consta na grade e na
ementa do curso. O curso de Economia Doméstica será extinto, e como é outro departamento
que oferece a disciplina, não apareceu para a coordenadora do curso esta informação.
O caso que aconteceu em ambos os campi sobre a disciplina optativa foi que os
coordenadores relataram que só é possível visualizar a disciplina quando ela é oferecida naquele
semestre, caso os outros departamentos não ofereçam, não seria possível dar uma informação
correta. Em todas as coordenações dos cursos foi unânime sobre esta questão, além de relatarem
que não há outra disciplina com o nome tecnologia na grade.
Temos como resultado preliminar deste processo, a análise de dois campi da UFRRJ –
Nova Iguaçu e Seropédica – que totalizam cinquenta e nove cursos. Entre os quais, vinte e dois
são de licenciatura, onde nove, de acordo com a grade dos cursos, não englobam nenhuma
disciplina com o termo tecnologia. Dez são em caráter optativo e que nem sempre estão
disponíveis para os cursos e apenas três abrangem de forma obrigatória em sua grade a
disciplina voltada para tecnologia.
Este é um processo de formação de profissionais que precisa ser repensado, pois de
acordo com os números de cursos de licenciatura, vinte e dois no total, é preocupante ver que
27
não há uma atenção voltada para área dos cursos de licenciatura. No entanto, não foi uma
pesquisa aprofundada, por exigir mais tempo de contatos de ida e vinda às coordenações e
também, por haver muito material disponível que não está atualizado, tanto nos sites quanto nas
coordenações.
Além disso, foi realizado o estágio de docência na disciplina Ensino de Matemática II
em 2015.2 e vivenciamos experiências variadas de uso de tecnologias para a docência em
educação matemática. Trabalhamos os conceitos da matemática a partir das fotografias, nesta
atividade foi pedido aos alunos fotografassem pelo celular fotos do prédio princial da UFRRJ
que remetessem a algum conceito matemático que seria explicado por cada participante a
escolha daquela imagem, esta temática sobre o uso da fotografia e os conceitos matemáticos
foram repetidos nas turmas de 2016.1 e 2016.2.
Não demos continuidade, como dito acima, por fatores relativos ao tempo e
acrescentando ainda a experiência de ter participado como aluno de uma disciplina optativa que
aconteceu no Facebook. Decidimos, então, explorar esta vivência na rede social, em um grupo
fechado no próprio Facebook, realizada no primeiro semestre de 2015. Buscamos analisar as
nossas trocas e construções coletivas na rede, após o término da disciplina. Falaremos mais
adiante sobre como ocorreram nossas interações.
Embora a dinâmica fosse diferente das redes, tanto o Facebook quanto o Ning e o AVA,
em alguns momentos se pareciam, por trabalhar a relação do espaço e tempo, onde os
participantes não precisam estar em determinado horário e local para a realização do encontro.
A eficácia da rede possibilitou aos participantes construírem seus horários, e deu oportunidades
a pessoas que buscavam se especializar ou estudar, a dar continuidade aos estudos, tendo a
flexibilidade de participar de uma dinâmica não presencial ou semipresencial.
Além disso, saímos em alguns casos, de uma potencial relação de espaço e tempo, fixos
em um local físico para interagirmos no ciberespaço. Migrando para a relação de mobilidade e
ubiquidade tendo a evolução dos dispositivos móveis como aliadas para nossa pesquisa,
chegamos aos seguintes questionamentos: Como tirar proveito da mobilidade ubíqua em nosso
cotidiano como práticas educativas? Ou como pergunta Santos (2014, p. 26) “Como lançar mão
dessa potencialidade da comunicação móvel e ubíqua para educar em nosso tempo?” No
próximo capítulo buscaremos relatar como exploramos em alguns momentos a comunicação
móvel e ubíqua em uma disciplina optativa do mestrado.
Partiremos agora para os posts no Facebook cuja pesquisa tem como campo de pesquisa
um grupo fechado. Antes de nos aprofundarmos na disciplina e no grupo, vamos entender,
através de uma breve contextualização histórica, como surgiu o Facebook e como o mesmo
virou essa rede social mais usada mundialmente. Sendo assim, a presente pesquisa tem como
28
propósito principal refletir sobre contribuições do Facebook como espaço de aprendizagem em
uma disciplina optativa de Pós-Graduação em Educação. Quais ruídos e silêncios a pesquisa
em educação com TIC, particularmente, rede social, trazem para a produção do conhecimento
neste campo? Que ruídos e silêncios podemos indicar ou querer assumir nesse modo de fazer
pesquisa? Dessa forma desdobraremos os seguintes objetivos específicos:
1. Ilustrar como foi desenvolvida a disciplina optativa Tecnologia e Inclusão
Social em um grupo fechado no Facebook;
2. Analisar o grupo a partir das interações do conceito de hipertexto realizados
pelos mestrandos e mestrandas inscritos na disciplina;
3. Criar esquemas que retratam como aconteceram as interações na rede.
A pesquisa integra estudos da linha 1 (Práticas Educativas e Contextos
Contemporâneos) por suscitar reflexões sobre o uso do Facebook como um espaço
contemporâneo de educação institucional e, portanto, demanda práticas de ensino e de pesquisa
inovadoras e construtivas de outras formas de aprendizado e de descoberta conjunta para
professores e alunos. Também, demanda novos modos de fazer pesquisa e de produzir
conhecimento. De modo a cumprir os objetivos da investigação, foi criado em um grupo
fechado no Facebook para disciplina Tecnologia e Inclusão Social, onde a partir de nossas
interações a pesquisa se desdobrou.
No primeiro capítulo foi feito o contexto histórico de como surgiu o Facebook e o que
levou Mark Zuckerberg a criar esta rede social que ganhou o gosto de seus usuários. Além
disso, foi feito também o levantamento de alguns trabalhos sobre Educação ligados a rede social
Facebook, para entender como o Facebook pode ser usado para além do uso como rede social.
No segundo capítulo foi trazida a contextualização histórica da evolução da forma de
comunicação, abordando as ideias de mobilidade e ubiquidade e como elas têm alterado as
formas de interação a partir dos usos dos dispositivos móveis.
No terceiro capítulo é abordado o referencial metodológico e análise do conceito
hipertexto trabalhado na disciplina. A metodologia usada baseou-se na pesquisa on-line onde
foi utilizada a técnica da observação participante que contou com o levantamento e análise dos
dados produzidos após o término da disciplina.
No quarto e último capítulo, finalizamos com a análise dos dados produzidos com o que
achamos na pesquisa. Neste capítulo é exposto o que produzimos na disciplina a partir de
esquemas feitos em um software como resultados a pesquisa.
29
CAPÍTULO 1__________________________________________________________
1 - THEFACEBOOK!
"Nós acabamos de alcançar
um marco importante"
Mark Zuckerberg9.
Você sabia que um esgrimista, com um jeito desengonçado, que usava calça jeans e
chinelo de borracha (mesmo no inverno) e uma camiseta que tinha normalmente uma imagem
ou frase inteligente, com um nariz proeminente, de cabelos castanhos e um pouco enrolado, de
olhos azul-claros, que embora tivesse 19 anos, aparentava ter 15, cujo rosto era fino, que parecia
não esboçar nenhuma expressão, sua postura, sua aura em geral era quase dolorosamente
esquisita, que estava no segundo ano do curso de ciência da computação em Havard e morava
em um alojamento da própria faculdade foi o responsável pela criação da rede social, mais
acessada no mundo atualmente?
Embora Mark Zuckerberg tenha criado outros sites antes do próprio Facebook, partirei
do marco em que realmente os livros dão importância, onde o primeiro site foi feito por diversão
– Course Martch. O segundo site – Facemash - foi considerado ato de rebeldia ou quebra de
regra que fez com que Zuck10 quase fosse expulso de Harvard e que antecedeu a criação do
Facebook. Assim que Mark entrou em Harvard, Kirkpatrick (2011, p. 27-28) relata que
Logo na primeira semana, Zuckerberg improvisou um software para internet
que chamou de “Course Martch”, um projeto bastante inocente, que ele fez
apenas por diversão. A ideia era ajudar os alunos a escolher as matérias com
base em quem já estivesse matriculado nos cursos. Você podia clicar em um
curso para ver quem estava na turma ou clicar no nome de uma pessoa para
ver os cursos que ela estava fazendo.
O site foi muito utilizado pelos alunos que procuravam saber se aquela garota ou garoto
estavam em determinada turma ou montar uma grade parecida com seu melhor amigo. O
segundo fato aconteceu em outubro de 2003 quando Zuck criou o Facemash que buscava
identificar as pessoas mais bonitas de Harvard. Segundo Kirkpatrick (2011, p. 31)
O propósito: descobrir quem era a pessoa mais atraente do campus.
Empregando o tipo de código de computador normalmente usado para
classificar jogadores de xadrez [...], ele convidou os usuários a comparar duas
fotos de pessoas do mesmo sexo e dizer qual era a mais “sexy”. À medida que
a classificação de uma pessoa ia “esquentando”, sua imagem era comparada
9 Frase dita por Zuckerbeg no dia 27 de agosto de 2015, quando agradecia em seu perfil pessoal a marca histórica
de um bilhão de usuários ativos em um único dia batida no dia 24 de agosto. 10 Como era chamado pelos seus amigos de quarto.
30
com as de outras pessoas também mais sexies. [...] Todo o projeto foi
concluído de uma só vez em uma jornada de oito horas que terminou às quatro
da madrugada, disse ele no diário.
Quando os calouros iam fazer matrícula, em Harvard, tiravam as fotos para o álbum de
fotografia – “Facebook” – como eram conhecidos os anuários das escolas, onde eram guardadas
no sistema de computador da universidade. Foi aí que Zucke de forma ilegal acessou o sistema
de Harvard e baixou as fotos que não eram suas. Mezrich (2010, p. 45) relata
Era realmente simples assim para Mark. E era muito provável que, em questão
de minutos, ele tivesse baixado todas as fotos do anuário de Kirkland dos
servidores da universidade para seu laptop. Claro, de certa forma, aquilo era
um crime – aquelas imagens não lhe pertenciam e a universidade certamente
não colocara ali para serem baixadas.
Mesmo assim, Mark não hesitou em criar seu site, dando continuidade e terminou o
projeto em oito horas, segundo Merzrich (2010, p. 54) “em menos de duas horas o site já tinha
computado vinte e dois mil votos. Quatrocentos alunos tinham acessado o site só na última meia
hora”. O que fez os servidores de Harvard travar e ninguém conseguia acessar sites e e-mails.
Isso levou Mark ao Conselho Administrativo e teve uma punição não muito rígida. Kirkpatrick
(2011, p. 33) diz que “o episódio era um sinal claro: Zuckerberg tinha um talento especial para
fazer softwares que as pessoas não conseguiam para de usar”.
Um fato que acontecia em Harvard, apontado por Kirkpatrick (2011), era quando os
alunos chegavam para fazer matrícula, tinham acesso a um Facebook que era usado no formato
impresso cujo nome era Freshman Register e muitos deles reclamavam que queriam um
Facebook no formato digital. A maioria das universidades contava com sua rede social interna
e, conforme o tempo passava, Harvard não se movimentava para realizar essa mudança do
impresso para o digital.
Após sair para jantar com seus colegas da turma de matemática, eles tocaram novamente
no assunto que estava presente nos corredores de Harvard, Kirkpatrick (2011), a criação de um
Facebook interno, mas dessa vez seria a criação do Facebook em modo universal e não voltado
somente para a universidade. Irrequieto, Mark foi para seu alojamento construir um. Sendo
assim, Zuck, saiu para criar o site, mas dessa vez sendo mais cauteloso e não invadindo sistemas
como fez com o Facemash, que foi encerrado após setenta e duas horas no ar.
Segundo o livro O Efeito Facebook, Mark criou o domínio para o Thefacebook
(primeiro nome do Facebook) em 11 de janeiro de 2004 e na quarta-feira dia 04 de fevereiro do
mesmo ano, Mark colocou o Thefacebook no ar, Kirkpatrick (2011, p. 39) relata “A tela inicial
dizia: O Thefacebook é um diretório on-line que conecta as pessoas por meio das redes sociais
31
nas faculdades”. Esse foi o primeiro slogan do Thefacebook, voltado apenas para as faculdades.
Mark foi cuidadoso ao colocar o domínio ponto com e não edu.com como a maioria das
faculdades fazia. O qual não precisou da “permissão” de Harvard e nem de seus servidores para
expandir a rede social.
O site que foi criado por um jovem de 19 anos, em um alojamento de estudantes em
Harvard, que em pouco tempo conseguiu alterar a forma de comunicação entre as pessoas,
encurtar distância. Além de ter criado uma ferramenta capaz de provocar revoluções e rebeliões
entre o povo e seus governantes. Houve um crescimento e expansão considerável desta rede
social. Sendo pela simplicidade do Facebook, tanto visual quanto estética, que tem agregado
usuários que permanecem por horas logado na rede.
O sucesso do Facebook está ligado principalmente por ter sido uma rede social projetada
para pessoas que buscava conexões com pessoas do “mundo real”, pessoas que eram
conhecidas. Diferente de outros sites da época, que existiam com o intuito de gerar encontros
com desconhecidos, os famosos sites de paquera ou salas de bate-papo. Para Kirkpatrick (2011,
p. 20)
Por mais popular que possa ser o Facebook nunca pretendeu substituir a
comunicação face a face. Embora muitas pessoas não o usem dessa maneira,
ele foi explicitamente concebido e projetado por Zuckerberg e seus colegas
como ferramenta para melhorar os relacionamentos com as pessoas que você
conhece pessoalmente – seus amigos no mundo real, conhecidos, colegas de
classe ou de trabalho.
O que vem acontecendo até hoje é que a maioria das pessoas que utilizam a rede social
são pessoas conhecidas ou que partilham de interesses em comum. E acabam de certa forma
(re)significando o Facebook e transformam em fonte de renda, fonte de informação, fonte de
notícias e pesquisas. Será que ao criar o Facebook, Mark Zuckerberg sabia a real potência desta
rede social? O Facebook foi a rede social que mais cresceu na última década e que durante este
crescimento acabou sendo responsável por diversos movimentos que começaram na rede e
terminaram nas ruas. A internet de um modo geral, acabou quebrando a hegemonia existente
em relação a criação de conteúdos e notícias. Onde poucos produziam para muitos, sendo estes
conteúdos e notícias por muito tempo aceitos como únicos e verdadeiros.
Com a internet e a ascensão das mídias sociais, os consumidores tiveram a oportunidade
de produzirem conteúdos e não apenas receber algo pronto. As mídias sociais que
potencializaram estas criações e compartilhamentos são o YouTube (site de criação e
compartilhamento de vídeo), o Twitter (microblogging), o Facebook (site de rede social) e o
mais recente entre eles o Instagram (site de compartilhamento de fotos). Em algum momento,
32
nós já utilizamos algumas ou todas as mídias sociais descritas acima. Seja para o nosso trabalho,
dia-a-dia, entretenimento, entre outros momentos.
Durante seus treze anos de existência o Facebook colaborou para algumas revoluções
ao redor do mundo. Que começaram silenciosamente, sem muito alarde, iguais aos movimentos
feitos pelas placas tectônicas (FILÉ, 2011). Tendo como resultados terremotos ou marcas de
rachadura. E tem sido isso que o Facebook e as outras mídias sociais e digitais têm ajudado a
fazer, causar rachaduras na sociedade, possibilitando aos espectadores tornarem-se produtores
de conteúdos e notícias.
As redes sociais, em particular, permitem aos usuários criarem grupos de interesses,
(re)encontrar amigos, narrar histórias, (re)construir identidades, desenvolver a escrita e outras
formas de registros escritos etc. Temos como exemplos alguns movimentos que começaram no
Facebook e terminaram nas ruas e ficaram conhecidos mundialmente. Na Colômbia
(2007/2008) o movimento ficou conhecido como “Un millon de voces contra las FARC11”;
Islândia (2008) “A revolução das panelas”; Tunísia (2010) “A revolução da liberdade e da
dignidade”; “Primavera Árabe” (2010/2011); Egito “A revolução de 25 de Janeiro” (Thawrat
25 Yanayir); Espanha (2011) “Os Indignados”; Estados Unidos (2012) “Movimento Ocuppy
Wall Street” e no Brasil (2013) “O movimento vem pra rua”. De acordo com Castells (2013, p.
8)
Os movimentos espalharam-se por contágio no mundo ligado pela internet
sem fio e caracterizado pela difusão rápida, viral, de imagens e ideias. [...] Não
foram apenas a pobreza, a crise econômica ou a falta de democracia que
causaram essa rebelião multifacetada. Evidentemente, todas essas dolorosas
manifestações de uma sociedade injusta e de uma comunidade política não
democrática estavam presentes no protesto. Mas foi basicamente a
humilhação provocada pelo cinismo e pela arrogância das pessoas no poder,
seja ele financeiro, político ou cultural, que uniu aqueles que transformaram
medo em indignação, e indignação em esperança de uma humanidade melhor.
Nas manifestações que aconteceram ao redor do mundo os participantes das redes
agendavam dias, horários e locais onde aconteceriam as manifestações. Semelhante que
aconteceu no Brasil, onde as pessoas marcavam para ir às ruas pedirem o impeachment da
Presidenta da República Dilma Rousseff, em contraponto, outros grupos marcavam passeatas
contra a saída da Presidenta eleita.
1.1 - Mídia Social e Rede Social são sinônimos?
11 Forças Armadas Revolucionária da Colômbia
33
Mídia social e rede social não são a mesma coisa. As redes sociais já existiam antes da
internet, então não é um conceito tão novo assim. Rede social são grupos de pessoas que criam
relacionamentos com gostos, interesses ou valores em comum. Por exemplo, podemos
conceituar a escola como uma rede social, pois há grupo de pessoas com interesses em comum
que seriam criar laços de amizades, conhecer novas pessoas e estudar inclusive. Dessa forma,
não foi preciso conexão com a internet para termos uma rede social. Segundo Porto, Lucena e
Linhares (2015, p. 31)
A expressão “rede social” tem sido utilizada com maior ênfase, atualmente,
por conta do desenvolvimento das interfaces criadas para a internet que
possibilitam a interação instantânea entre pessoas de diversas regiões do
planeta. Contudo, é importante sinalizar que as redes sociais são parte de uma
rede.
Para ampliar o conceito de rede social, buscamos trazer outros autores que já vem
estudando esse assunto há mais tempo. Segundo Santaella e Lemos (2010, p.13 apud PORTO,
LUCENA E LINHARES 2015, p.31), o “conceito de redes não se limita a redes sociais. Estas
são um dos tipos de rede”. Para Santos (2012, p.262 apud PORTO, LUCENA E LINHARES
2015, p.31) “rede é social e política, pelas pessoas, mensagens e valores que a frequentam”.
Castells (2000, p. 498 apud PORTO, LUCENA E LINHARES 2015, p.31) considera que as
“redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós
desde que consigam comunicar-se dentro da rede”.
Vimos que os autores não utilizaram o conceito de rede social a partir da internet, e sim
por relações existentes entre os indivíduos que formam novos “nós” dentro do grupo social em
que vivem. O conceito de rede, trazidos pelos autores supracitados, ampliam a ideia que fica
restrita a um site. Para haver rede, deve haver pessoas, interagindo, se comunicando, criando
novos “nós”. A internet possibilitou a ampliação deste conceito, tendo como marco os sites de
redes sociais, onde as pessoas ampliavam seus contatos, sendo estes contatos de diversas partes
do planeta, tendo a relação a partir da rede de contatos a partir dos grupos que criam e
participam.
Trazendo para internet, o conceito é o mesmo, só que neste caso o meio que as pessoas
interagem não é mais presencial e sim através de um perfil, conectados com pessoas ou grupos
de pessoas que partilham dos mesmos interesses. Podemos considerar como rede social o Ning,
o falecido Orkut, o Google +, Myspace e o Facebook. A mídia social para Telles (2010, p. 19)
“são sites na internet construídos para permitir a criação colaborativa de conteúdo, a interação
social e o compartilhamento de informações em diversos formatos”. Temos sites com
especificidades distintas onde cada um produz seu conteúdo em um formato diferente. A rede
34
social na internet é uma mídia? Sim! Toda rede social que existe na internet pode ser
considerada uma mídia social, pois a rede social é uma parte dela. Como mostra a figura abaixo:
Figura 1 - Mídia Social e Rede Social
Porque o Instagram, o Twitter, o Youtube, o Slideshare não são considerados uma rede
social, embora haja interação, trocas de mensagens e possibilidades de criar perfis? Se
buscarmos analisar a função primordial de cada site de mídia social, iremos encontrar os
propósitos que os diferem de rede social. O Instagram tem como foco o compartilhamento de
fotografias; o Twitter, embora haja interação com pessoas, o foco está em compartilhar
conteúdo; o Youtube foi criado com o intuito de ser um site de compartilhamento de vídeos; e
o Slideshare é um site de compartilhamento de slides. Portanto, podemos considerar que nem
toda mídia social é uma rede social.
1.2 - O que temos de posts por aí?
A revisão de literatura foi construída a partir de levantamentos de artigos, textos,
pesquisas, trabalhos e livros que usam redes sociais, particularmente, com recorte para o uso
do Facebook. Por ser uma rede social de grande abrangência e por ainda estar em grande
vigência no momento da pesquisa.
A partir das experiências de outros autores que já como nós, buscaram explorar as
possibilidades oferecidas pelo Facebook para além da rede social, encontramos alguns trabalhos
que nos ajudaram a pensar nossos escritos. Entretanto, dialogamos diretamente com alguns que
serão explorados nos capítulos posteriors (a revisão bibliogáfica completa encontra-se no
Apêndice B). Nos textos encontrados, separamos por eixos os temas que se encontravam ou se
complementavam. Sendo assim, as separações dos trabalhos ficaram da seguinte forma:
35
1.2.1. - O Facebook como recurso pedagógico:
Rovetta (2014) analisa limites e contribuições da utilização do Facebook como recurso
pedagógico complementar de interação, comunicação e aprendizagem, onde cabe ao professor
estabelecer uma relação entre a sala de aula presencial e o ambiente virtual. O autor ressalta o
envolvimento dos alunos no ambiente virtual, que só foi possível porque as atividades lá
apresentadas tinham relação com as realizadas em sala de aula. Moreira e Januário (2014)
refletem sobre a aplicabilidade pedagógica do Facebook procurando analisar possibilidades e
potencialidades da aplicação em diferentes contextos de aprendizagem. Os autores afirmam que
o Facebook configura-se como um ambiente que favorece as conexões entre os participantes na
rede e aprendizagens interativas; que possibilita que os conteúdos sejam organizados em nós
da rede para acesso rápido; e que facilita a partilha de materiais, de conhecimento e de
experiências de aprendizagem colaborativa e participativa.
1.2.2. -O Facebook como espaço de ensino e aprendizagem:
Fernandes (2011) explora alguns conceitos no âmbito das redes sociais online e
equaciona as potencialidades onde a rede social Facebook é inequivocamente uma ferramenta
indispensável para incentivar a aprendizagem. Fumian e Rodrigues (2013) acrescentam que o
Facebook pode ser usado como um instrumento valioso para o processo de ensino e
aprendizagem apesar de ser uma ferramenta de lazer, pode ser explorado de forma educativa.
Porto e Neto (2014) apresentam o Facebook como espaço virtual passível de suportar/constituir
propostas de ensino e aprendizagem, que será feito a partir da sua apropriação na forma de
instrumentos conceituais que podem redefini-la, em usos socioeducacionais especiais.
Santinello e Versuti (2014), por sua vez, refletem sobre as potencialidades do uso do Facebook
para construir o conhecimento em espaços de aprendizagem, sobretudo quando pautado pela
colaboração. Também sugerem como estratégia a criação de um grupo fechado com os alunos
de determinada disciplina. Matos e Ferreira (2014) fazem um mapeamento sobre o uso do
Facebook em processos formativos. Os autores ressaltam que o Facebook apresenta inúmeras
potencialidades educativas (por exemplo, criar um grupo fechado ou secreto na própria rede
social) e podem contribuir significativamente no processo de ensino e aprendizagem. Portanto,
cabe ao professor utilizar recursos pedagógicos a favor da aprendizagem e aproveitar o interesse
que os alunos têm em participar dessa rede social.
36
1.2.3. - O Facebook como espaço de práticas docentes e formação continuada:
Lopes e Santos (2014) têm como objetivo abrir espaço para a reconstrução e
ressignificação de concepções sobre teorias e práticas docentes relacionadas às tecnologias da
informação e comunicação e redes sociais inseridas no contexto educacional. A partir da
formação continuada que acontece no Facebook. As autoras concluem que é possível ocorrer
uma formação continuada de professores em rede social, permitindo-lhes interagir, construir
relações sociais e ressignificar os seus conhecimentos e saberes a partir do diálogo entre culturas
com pessoas conectadas com as mais diversas tecnologias. Moreira e Ramos (2014) contam
suas vivências formativas num curso de formação contínua de professores em tecnologia
educativa com componente presencial e online por meio de um grupo no Facebook. Elas
indicam como resultado que o uso do Facebook como complemento da formação presencial
contribuiu para a apropriação, ainda que paulatinamente e de forma progressiva, das
tecnologias, por parte dos formandos-professores, para perderem alguns “medos”; para
partilharem dúvidas, ideias e materiais e para discutirem os problemas emergentes da gestão da
sala de aula, inclusivamente as suas relações de saber e de poder, que se manifestam quando se
assume o “risco” e a “imprevisibilidade” de inovar utilizando o novo saber tecnológico. Chagas
e Linhares (2014) apresentam possibilidades de interação que o Facebook apresenta ao docente
para incentivar a aprendizagem colaborativa/reflexiva entre seus discentes. Sugerindo como
estratégia aos docentes disponibilizar uma relação de sites, blogs, e sugerir canais e pessoas que
disponibilizam vídeos que tratem das temáticas abordadas em suas disciplinas, contribuindo
para a ampliação de informações sobre a temática, que pode até gerar discussões no grupo
fechado do Facebook ou na sala de aula. Piovesan e Borges (2014) fazem uma discussão de
como os professores têm se apresentado nas mídias sociais, com uma identidade que é
especificamente uma linha tênue entre o que executam em sala de aula, EAD ou presencial, e
sua própria identidade social. A pesquisa partiu da entrevista com um professor do curso de
Letras português/espanhol do curso presencial/virtual. As autoras concluem fazendo uma
trajetória do professor pesquisado, onde o mesmo cria vídeos caseiros para serem postados no
YouTube e Facebook, produzindo sua identidade no que vive em sala de aula e no que
compartilha virtualmente.
1.2.4. - Facebook e Crianças:
Alcântara e Osório (2014) apresentam questões acerca da utilização da internet e seus
dispositivos como possibilidade lúdica para a criança. Os participantes da pesquisa mostraram
37
que as redes sociais pensadas por adultos, para uso dos adultos, como possibilidade de
estabelecer e construir vínculos sociais, estão sendo utilizadas pelas crianças de forma
significativamente lúdica, fazendo com que elas passem a se relacionar com suas ferramentas
como se relacionam com um brinquedo. Macedo e Ribes (2014) evidenciam o debate sobre
como as crianças criam suas redes de contatos no Facebook. As autoras destacam uma
problematização acerca do tema da amizade, frequentemente discutido quando se trata de sites
de redes sociais e do incômodo que nasce de uma possível tendência à naturalização do acúmulo
de amigos online, e o que acarretaria o esmaecimento das relações afetivas. O resultado do
trabalho está em colocar o desafio de, em diálogo, colocar em pauta questões, inclusive ao tema
da amizade. Macedo (2015) traz uma proposta de pesquisa on-line com crianças tendo as redes
sociais como lugar da pesquisa. No texto, a autora compartilha questões teórico-metodológicas
de uma pesquisa de doutorado que busca estudar questões relacionando as crianças e as redes
sociais, neste caso o Orkut e o Facebook. A autora problematiza o que leva as crianças a criarem
perfis nestas redes sociais e como se dá este processo, o que buscam nas redes sociais, como
usam e como são as experiências infantis na contemporaneidade.
1.2.5. - O Facebook como apoio complementar da educação presencial:
Ferreira e Bohadana (2014) apresentam um estudo a partir da utilização do Facebook
em um contexto educacional específico: o apoio complementar on-line a uma disciplina de
graduação em um curso presencial. As autoras discutem questões pertinentes em três eixos
temáticos: concepções de “distância” e “proximidade”; a relação entre tecnologia e pedagogia;
percepções de “horizontalização” das relações entre docente e discentes. Sugere que o
Facebook pode oferecer possibilidades bastante interessantes para a Educação, propõe,
também, muitos desafios às práticas e concepções correntes. Messias e Morgado (2014) trazem
para a discussão como a aprendizagem a distância online no ensino superior poderá beneficiar
da complementaridade do uso de plataformas de aprendizagem formais e plataformas informais
no desenho de contextos de aprendizagem (LMS + Web social). As autoras chegaram a
conclusão que o Facebook poderá ter um importante papel na socialização e integração dos
estudantes em EaD, e um grande potencial para criar e aumentar a rede de contatos de interesse
para o estudante e mesmo para o docente, potencializando a colaboração e a conectividade.
Torres, Fialho e Shimazaki (2014) evidenciam discussões teóricas e metodológicas de uma
investigação onde o Facebook foi utilizado como ambiente virtual de aprendizagem. Os
resultados obtidos demostram que o Facebook, disponibiliza recursos que permitem a sincronia
38
e a interatividade do conhecimento, embora muitos dos participantes desconheçam o uso do
Facebook como meio de produção, propagação e divulgação de informações.
1.2.6. - O Facebook e as relações de privacidade e comportamento humano:
Couto (2014) problematiza em seu trabalho tais discursos e posturas, em especial a
noção de privacidade, e defende a ideia de que as práticas crescentes das narrativas de si nas
redes sociais digitais são maneiras criativas e generosas de compartilhar a vida, produzir e
difundir conhecimentos na cibercultura. O autor destaca três conclusões em seu trabalho. A
primeira se preocupa com a segurança e privacidade, a segunda trata das possibilidades de
aprendizado contínuo com as redes sociais digitais, a terceira busca recusar discursos, propostas
políticas e pedagógicas que visam controlar, intimidar ou cercear liberdades. Amante (2014)
tem como objetivo apresentar o Facebook como campo de pesquisa que tem permitido, nos
últimos anos, explorar muitos aspectos relacionados com o comportamento humano,
constituindo-se como uma base de dados da atividade social facilmente acessível e que
atravessa diferentes países, culturas, extratos sociais, níveis etários, crenças religiosas etc.
Tendo como resultado uma melhor compreensão das novas sociabilidades que tão
acentuadamente marcam e influenciam a sociedade contemporânea.
1.2.7. - O Facebook como campo de interações, conexões e competências digitais:
Santos e Rossini (2014) tem como objetivo compreender como os atores constroem as
interações e conexões nas redes sociais bem como produzem sentidos a partir de seus rastros
deixados nas interfaces sociais. O texto apresenta o Facebook como campo e objeto de pesquisa
e exibe alguns resultados da análise das discussões, mobilizações e atualizações sociais e
técnicas postadas no grupo do Facebook “Recursos Educacionais Abertos” do Brasil (REA-
Brasil). Urbani, Cuadros e González (2015) buscam determinar as características que ressaltam
nos estudantes com competências digitais, através dos padrões e experiências adquiridas ao
momento de adotar dispositivos móveis iPads. O resultado encontrado pelo estudo se
determinou nas características que tem desenvolvido os estudantes em competências
transversais digitais para alcançar a expertise com o uso dos iPads, tanto em seu entorno como
no ambiente escolar.
1.2.8. - Facebook e o espaço físico, espaço eletrônico e cultura da mobilidade:
39
Junior e Oswald (2014) trazem a discussão sobre a relação entre o espaço físico e o
espaço eletrônico nos processos educacionais da cibercultura em sua fase atual. A relação entre
os referidos espaços se mostra mais visível com a emergência dos aparatos tecnológicos sem
fio, permitindo que as experiências sociais também sejam contadas nas redes digitais da internet
a partir das inúmeras interações cotidianas. As conclusões do trabalho apontam para a
relevância do Facebook na criação de vínculos mais estreitos entre seus usuários,
potencializadores do diálogo on-line. Porto, Lucena e Linhares (2015) retratam experiências de
mobilidade a partir de um evento cientifico, que começou presencialmente e se desdobrou na
criação de uma fanpage no Facebook, e os usuários, a partir de seus dispositivos móveis
debatiam sobre o evento, mesmo ao término presencial. A fanpage começou com cem usuários
e cresceu a partir do interesse em debater cibercultura e divulgar outros eventos científicos. Da
Silva e Couto (2015) explicam que a cultura da mobilidade está no bojo das atuais
transformações tecnológicas. Este fenômeno ocorre pela portabilidade dos dispositivos móveis
e a ampliação da internet sem fio. A pesquisa ocorreu com professores, diferente das outras
pesquisas que aconteciam somente no Facebook. Esta pesquisa explorou o viés da comunicação
através da portabilidade, flexibilidade e mobilidade onde os professores buscavam usar os
smartphones como recursos/ferramentas pedagógicas.
Dentre os subgrupos separados pelos textos utilizados para revisão de literatura,
chegamos a seguinte tabela:
Tabela 1 - Síntese da revisão de literatura dividida em subgrupos:
Subgrupos: Autores:
O Facebook como recurso pedagógico (ROVETTA, 2014); (MOREIRA e JANUÁRIO,
2014).
O Facebook como espaço de ensino e
aprendizagem
(FERNANDES, 2011); (FUMIAN e RODRIGUES,
2013); (PORTO e NETO, 2014); (SANTINELLO e
VERSUTI, 2014); (MATOS e FERREIRA, 2014).
O Facebook como espaço de práticas
docentes e formação continuada
(LOPES e SANTOS, 2014); (MOREIRA e
RAMOS, 2014); (CHAGAS e LINHARES, 2014);
(PIOVESAN e BORGES, 2014).
Facebook e crianças (ALCÂNTARA e OSÓRIO, 2014); (MACEDO e
RIBES, 2014); (MACEDO, 2015).
O Facebook como apoio complementar da
educação presencial
(FERREIRA e BOHADANA, 2014); (MESSIAS e
MORGADO, 2014); (TORRES, FIALHO e
SHIMAZAKI, 2014).
O Facebook e as relações de privacidade e
comportamento humano
(AMANTE, 2014); (COUTO, 2014).
O Facebook como campo de interações,
conexões e competências digitais
(SANTOS e ROSSINI, 2014); (URBANI,
CUADROS e GONZÁLEZ, 2015).
Facebook e o espaço físico, espaço eletrônico
e cultura da mobilidade
(JUNIOR, 2014); (PORTO, LUCENA e
LINHARES, 2015); (DA SILVA e COUTO, 2015).
Elaboração própria
40
1.3. - A partir da revisão de literatura de pesquisas sobre/no/com o Face é importante
destacar que...
Os textos apresentados nos ajudaram a conhecer os trabalhos existentes na área
envolvendo Facebook e educação e a relevância da temática para o estudo. Destaco que os
trabalhos desenvolvidos por alunos, professores, instituições de ensino, cursos de formação
continuada buscaram explorar a pontecialidade do Facebook como espaço de interação e
aprendizagem. A grande maiora dos autores sugere criar grupos no próprio Facebook e utilizar
a rede social como complemento das aulas presenciais ou como local de encontro para o
desenvolvimento de atividades.
A partir do que foi apresentado é possível perceber que, embora haja produções voltadas
ao Facebook, o mesmo, ainda é um tema que carece de pesquisas em nível de pós-graduação.
Embora muitos trabalhos estejam com diversos focos temáticos, o material encontrado pode ser
considerado amplo, ao ser utilizado por professores como complemento das aulas presenciais e
espaço de ensino e aprendizagem nos níveis médios e na de graduação e pouco, destinado à
discussão na pós-graduação.
Neste primeiro capítulo, buscamos contextualizar e explorar a história do Facebook, de
como a rede social alcançou números incríveis e como o Facebook se mantém como a maior e
atual rede social mais utilizada e acessada no mundo. Trouxemos casos de como alguns
movimentos de grupo de pessoas começaram na rede e terminaram nas ruas, resultando em
revoluções que aconteceram ao redor do mundo. Além disso, diferenciamos os conceitos entre
mídia social e rede social, onde toda rede social pode ser considerada uma mídia social, mas
nem toda mídia pode ser considera uma rede social, por causa das especificidades de cada mídia
social. Finalizamos o capítulo, com uma síntese da revisão de literatura dos textos que
aboradavam o tema relacionando Facebook e educação. No próximo capítulo, será feita uma
contextualização histórica da evolução da forma de comunicação e como tem alterado as formas
de interação a partir dos usos dos dispositivos móveis.
41
CAPÍTULO 2_______________________________________________________________
2 - DA PARABOLICAMARÁ A MOBILIDADE UBÍQUA
Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
Parabolicamará
Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará (...)
Parabolicamará – Gilberto Gil
De acordo com o trecho da música Parabolicamará, de Gilberto Gil, “antes mundo era
pequeno porque Terra era grande”, podemos observar como se tinha a impressão que o tempo
demorava a passar, as notícias demoravam a chegar e o que acontecia, por exemplo, no outro
lado do mundo, era raro de se saber.
Já a cultura que estamos vivendo, se insere neste trecho da música “hoje mundo é muito
grande porque Terra é pequena”. Neste pedaço, Gil faz referência à antena parabólica, que era
e ainda é, em algumas cidades, utilizada para captar sinais de canais de televisão, trazendo as
notícias e ampliando a noção de mundo. Esta música ilustra as mudanças em relação ao espaço
e tempo na contemporaneidade. O fato de a cultura digital, possibilitar o encurtamento das
distâncias dos lugares (países, cidades, estados, etc.), da Terra em relação ao mundo, altera as
relações de espaço e tempo. Para o sociólogo John Thompson (2012, p. 137-138)
O desenvolvimento dos meios de comunicação fez surgir novos tipos de “ação
à distância” que tornaram cada vez mais comuns no mundo moderno.
Enquanto nas mais antigas sociedades as ações e suas consequências eram
geralmente restritas aos contextos de interação face a face e às suas
circunvizinhanças, hoje é comum ver os indivíduos orientarem suas ações para
outros que não partilham o mesmo ambiente espaçotemporal, e com
consequências que ultrapassem de muito os limites de seus contextos e
localizações.
Portanto, pode-se observar que, dentre esses meios de comunicação, o que teve destaque
por algum tempo foi a TV, tendo sua hegemonia em compartilhar as informações que
aconteciam no mundo. Com o avanço tecnológico, muita coisa tem mudado. Antes era
necessário esperar algum programa televisivo que divulgasse a notícia. Contudo, o que ocorre
na era digital é o acompanhamento do que acontece em tempo real, por meio de diversas mídias
sociais e digitais, causando uma sensação de desorientação, como salienta Valter Filé
42
Desorientação é o sentimento que muitos temos quando o mundo se move (e
nestes tempos, rápidos demais), quando as transformações não podem ser
acompanhadas, quando não conseguimos compreender o que está
acontecendo e sentimos que não temos o controle das coisas. Creio que, neste
momento, é isto que está acontecendo com as coisas que a cultura digital está
pondo para girar: placas tectônicas se deslocando a velocidades vertiginosas.
E sobre essas placas estão fundadas várias instituições, culturas, relações
sociais econômicas e políticas. Em muitos edifícios as primeiras rachaduras já
apareceram há algum tempo (FILÉ, 2011, p. 109).
Concordando com a fala do Filé e acrescentando também que através do crescimento
das ferramentas da internet, a cultura digital vem ganhando espaço mundialmente e cada vez
mais as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) fazem parte de uma maneira rápida
das pessoas se comunicarem, interagirem e compartilhar conteúdo. Além disso, aos poucos vão
se alterando também as relações de poder existentes na sociedade, nesse caso, nos espaços
educacionais. De acordo com o Thompson (2012, p.9), “quando novos meios de comunicação
são desenvolvidos e introduzidos, eles mudam as maneiras pelas quais os indivíduos se
relacionam uns com os outros e com eles próprios”. O que tem acontecido com as sofisticações
dos dispositivos móveis.
Podemos observar que grande parte da sociedade não vem acompanhando esses avanços
tecnológicos com a mesma frequência dos mais novos, para Castells (2006, p. 17)
O nosso mundo está em processo de transformação estrutural desde há duas
décadas. É um processo multidimensional, mas está associado à emergência
de um novo paradigma tecnológico, baseado nas tecnologias de comunicação
e informação, que começaram a tomar forma nos anos 60 e que se difundiram
de forma desigual por todo mundo. Nós sabemos que a tecnologia não
determina a sociedade: é a sociedade. A sociedade é que da forma a tecnologia
de acordo com as necessidades, valores, interesses das pessoas que utilizam
as tecnologias. Além disso, as tecnologias de comunicação e informação são
particularmente sensíveis aos efeitos dos usos sociais da própria tecnologia.
Na sociedade temos grupos de interesses que podem criar vínculos entre si. Sobre isso
Castells (2006), salienta o fato de a tecnologia não determinar a sociedade, mas a sociedade
formar a tecnologia de acordo com suas necessidades. É possível analisar que, de certa forma,
as tecnologias criadas alteram o comportamento da sociedade. Para Thompson (2012, p. 58) “o
uso dos meios técnicos de comunicação pode alterar dimensões espaçotemporais da vida social.
Capacitando os indivíduos a se comunicarem através de espaço e de tempo sempre mais
dilatados”. Assim aconteceu com a imprensa no século XV, depois com jornais, livros, cinema,
rádio, TV e, atualmente, a internet. O mesmo autor relata que
No final dos séculos XIX e XX, o desenvolvimento da mídia eletrônica – o
rádio, a televisão e os novos meios associados com a internet – representou,
43
de algumas maneiras, a continuação de um processo que tinha sido posto em
movimento pela imprensa, mas também representou um novo caminho. Os
meios eletrônicos permitiram que a informação e o conteúdo simbólico fossem
transmitidos por longas distâncias em muito pouco tempo ou simultaneamente
(THOMPSON, 2012, p. 14).
Na atualidade, ocorre o oposto do que se verificava em épocas anteriores, quando a
escola tinha como característica marcante o ensino presencial centrado no professor e a
aprendizagem de conteúdos por meio da transmissão e de materiais em sala de aula. Dessa
forma, pouco se aproveitava a bagagem do aluno e ele era visto mais como um consumidor do
que um possível produtor ou colaborador. Para Jenkins (2008, p. 236), “alguns professores estão
começando a dar valor para outros espaços recreativos informais, pois neles a aprendizagem
acontece nas descobertas e coisas aprendidas na introspecção pessoal”.
Outro ponto a ser ressaltado é como as universidades estão formando docentes para atuar
nas escolas e como estes se preparam para receber esses jovens e conciliarem suas demandas
às práticas pedagógicas? Diferentemente do que se verificava na época moderna, as tecnologias
da informação e comunicação chamam a atenção para a velocidade da informação e a
celebração da tecnologia. Pode-se observar que a sociedade de consumo vem assistindo a uma
mudança nas relações entre espaço e tempo. Concorda-se com Thompson (2012, p. 197) quando
fala que
Um dos aspectos mais salientes da comunicação no mundo moderno é que ela
acontece numa escala cada vez mais global. Mensagens são transmitidas
através de grandes distâncias com relativa facilidade, de tal maneira que
indivíduos têm acesso a informação e comunicação provenientes de fontes
distantes. Além disso, com a separação entre o espaço e tempo trazidos pelos
meios eletrônicos; o acesso às mensagens provenientes das mais remotas
fontes no espaço pode ser instantâneo ou virtualmente instantâneo
Além disso, esse novo modelo de comunicação possibilita o indivíduo sair da posição
passiva de espectador que somente consumia as mídias. Nesse contexto, existiam produtores
que planejavam programas e os textos a serem ditos aos diversos tipos de públicos. O que vem
mudando com a cultura digital é que esses espectadores estão convergindo e saindo da sua zona
de conforto e passando a produtor de conteúdo, utilizando diversas mídias sociais, como
YouTube, Facebook, Linkedin, Twitter, entre outras.
De acordo com Jenkins (2008, p. 27), “a cultura da convergência é um fenômeno que
está revolucionando o modelo de encarar a produção de conteúdo em todo mundo”. O autor
ressalta que “a cultura da convergência é a colisão entre as velhas e novas mídias, onde a mídia
corporativa e a mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do
consumidor interagem de maneiras imprevisíveis”.
44
Para o autor, há três conceitos importantes que nos ajudam a pensar sobre as alterações
que estão acontecendo. Sendo o primeiro de convergência dos meios de comunicação, ou seja,
o fluxo de conteúdos por meio de múltiplos suportes midiáticos. O segundo de cultura
participativa que aponta a diferença com noções mais antigas sobre a passividade dos
espectadores frente aos meios de comunicação. E o último de inteligência coletiva, expressão
cunhada por Pierre Lévy (1998), onde o autor relata que “nenhum de nós pode saber tudo; cada
um de nós sabe alguma coisa; e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e
unirmos nossas habilidades” (Ibidem, p.28).
Antes do boom da internet, que chegou ao Brasil por volta de 1995, os indivíduos que
consumiam as mídias, como jornais, revistas, rádios e televisão eram vistos como
telespectadores, ou seja, a função das pessoas era consumir apenas. Cada mídia trazia seus
formatos de notícias. Hoje é possível reunir todas essas mídias no computador e em outras
mídias digitais. Podemos saber das notícias por meio de jornais online ou Feeds de notícias;
desejando ouvir ou assistir ao jogo de futebol, basta entrarmos nos sites que tenham essas
plataformas de serviços disponíveis. De acordo com Santos (2014, p. 17)
O princípio digital faz com que o computador se diferencie da TV analógica,
máquina rígida, restritiva, centralizadora, e passe, a partir da década de 1990
com o surgimento da web, a apresentar-se como sistema de interação e
conectividade online. Isso quer dizer que passamos da massa receptora às
interagentes no espaço e no ciberespaço.
A TV que por sua vez, traz um papel centralizador e unidirecional, ou seja, ela transmite
conteúdos e informações, para os telespectadores que quase não são ouvidos. A conectividade
através da internet, além de possibilitar novas formas de interação, acaba de certa forma,
alterando as formas de comunicação que no ciberespaço pode ser bidirecional. Além disso, fica
mais fácil trabalhar com diversos formatos de mídia dentro de um mesmo aparelho. Pegando
um pouco da experiência de Valter Filé, que nos mostra por meio de seus relatos como os
aparelhos e suas respectivas mídias exerciam funções distintas.
A partir de uma experiência de TV comunitária/de rua (a TV Maxambomba).
[...] Usávamos câmeras enormes, vídeos-cassete e editávamos de forma linear
e exibíamos em monitores de TV ou num telão, em praça pública. Era o tempo
em que cada linguagem tinha sua mídia específica. O rádio era num aparelho,
a TV em outro, ouvíamos música em outro mais (se era disco de vinil era num
lugar, fita cassete, noutro - ou pelo menos em outra parte do mesmo aparelho).
Parece que isto foi há muito tempo, mas já estávamos na antessala da cultura
digital. Ainda separávamos produtores de um lado e consumidores do outro.
(FILÉ, 2010)
45
A concepção de que cada mídia só pertencia a determinado tipo de aparelho vem
mudando. Antes o celular era a prótese do ouvido e boca, só tinha a função de possibilitar a
conversa entre duas pessoas. Hoje em dia, ele traz um leque de opções para os usuários. A
sofisticação do celular é proporcional à evolução dos mais jovens, pois eles utilizam muito esse
meio de comunicação. Atualmente é possível tirar foto, gravar pequenos vídeos e acessar a
internet utilizando o aparelho de celular, dentre outros serviços que ele oferece. Para Jenkins
(2008, p. 28),
A convergência não ocorre por meios de aparelhos, por mais sofisticados que
vem a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros dos consumidores
individuais e suas interações sociais com os outros. Cada um de nós constrói
a própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações
extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais
compreendemos nossa vida cotidiana.
Mas essa evolução não se dá somente na internet e suas possibilidades de comunicação.
A tecnologia digitial foi um dos grandes eixos responsáveis por essa “revolução” na sociedade.
Com o avanço das câmeras fotográficas e dos celulares, os quais, além de terem suas funções
primordiais, ainda possibilitam pequenas gravações. Agora não é mais necessário um estúdio,
uma câmera profissional para produzir um vídeo. Basta apenas uma câmera digital ou um
celular, uma ideia na cabeça, um programa de edição simples, que fica fácil montar um vídeo,
o qual poderá ser compartilhado na internet e visto por milhares de pessoas. Santos (2014, p.
18) amplia a discussão sobre a convergência
A convergência das tecnologias informáticas com as tecnologias das
telecomunicações limitava o acesso dos usuários à internet a partir de
mecanismos centrados no desktop. Para acessar e habitar a rede mundial de
computadores, era necessária uma conexão física e fixa em um computador
com a internet via linha telefônica, rádio, banda larga.
A autora traz a discussão voltada para convergência dos aparelhos e também as formas
de conexão existentes. Foi um processo em que os usuários da internet ficavam presos ao
desktop, pois não havia sofisticação dos aparelhos celulares e o processo de comunicação exigia
a imobilidade, ou seja, um deslocamento físico, o deslocamento acontecia apenas no
ciberespaço. Santos (2014, p. 18) retrata a situação configurada, onde
Temos os seres humanos em processo de comunicação em rede e seus corpos
estáticos diante da tela de seus computadores em suas estações de trabalho.
Suas mentes e subjetividades em rede, mas seus corpos condicionados ao
acesso sem mobilidade física.
46
Todos conectados na rede, no entanto, presos em suas cadeiras e em frente aos monitores
sem sair do seu espaço físico.
Parece que foi há muito tempo, mas é bem recente, pois quando acessávamos a internet
e interagíamos com nossos contatos, tínhamos a certeza que eles estavam em casa, no trabalho
ou nas lan houses. Com o avanço da mobilidade não temos mais certeza da localização do nosso
contato, a não ser que ele nos diga ou que realize chek-in em sua rede social. A noção de espaço
e tempo que tínhamos há algum tempo não é a mesma que temos atualmente, e provavelmente
não será a mesma que teremos em um futuro próximo.
2.1 – Espaço e Tempo:
Olhando um pouco para o passado, de um modo geral, e pegando como exemplo alguns
pontos marcantes da história do Brasil, é possível notar que a noção de tempo e espaço em
grande parte era marcada pela velocidade dos meios de transportes. Por exemplo, os
portugueses ao chegarem ao Brasil fizeram uma viagem demorada de caravelas. Para descrever
o acontecido ao Rei de Portugal, a carta escrita por Pero Vaz de Caminha demorou um tempo
a chegar ao seu destino. Ou seja, esta carta, percorreu um espaço entre Brasil e Portugal durante
um período de tempo. Thompson (2012, p. 62-63) explica que
Quando a comunicação dependia do transporte físico das mensagens, o
sentido de distância dependia do tempo de viagem necessário entre a origem
e o destino. Como a velocidade do transporte e da comunicação aumentou, a
distância pareceu diminuir. Com a disjunção entre o espaço e o tempo
reduzido pela telecomunicação, o sentido de distância foi gradualmente sendo
estimado à parte de uma exclusiva dependência do tempo de viagem. A partir
de então o sentido de distância se tornou dependente de duas variáveis – tempo
de viagem e velocidade da comunicação – que não necessariamente
coincidem. O mundo foi se encolhendo em ambas dimensões, mais
rapidamente numa do que noutra.
Com a evolução dos meios de transportes, quão rápido fosse o veículo, mais rápido a
comunicação era feita, rementendo novamente ao trecho da música onde Hoje mundo é muito
grande porque Terra era pequena, que representa a impressão de diminuição da Terra. O
aprimoramento das telecomunicações tem contribuído, também, para a aceleração das maneiras
de se comunicar, e as pessoas não ficam presas ao tempo de duração da viagem. Thompson
(2012, p. 63) acrescenta que
O tempo das viagens é constantemente reduzido e, com o desenvolvimento
das telecomunicações, a velocidade da comunicação se torna virtualmente
instantânea. O mundo se parece um lugar cada vez menor: não mais uma
47
imensidão de territórios desconhecidos, mas um globo completamente
explorado, cuidadosamente mapeado e inteiramente vulnerável à ingerência
dos seres humanos.
Com a constante melhora nos transportes e principalmente no desenvolvimento das
telecomunicações, houve novas formas das pessoas se comunicarem, (audioconferências, por
imagens instantaneas, mensagens de textos, conversas em tempo real, etc.) ocorre a impressão
que o mundo vem diminuindo. Para Bauman (2001, p. 138)
A distância em tempo que separa o começo do fim está diminuindo ou mesmo
desaparecendo; as duas noções, que outrora eram usadas para marcar a
passagem do tempo, e, portanto, calcular seu “valor perdido”, perderam muito
do seu significado – que, como todos os significados, deriva de sua rígida
oposição. Há apenas “momentos” - pontos sem dimensões.
De acordo com os autores, está ocorrendo a diminuição e o desprendimento de o tempo
estar ligado diretamente ao espaço. A noção de ter que esperar determinado tempo, em um local
físico para receber alguma notícia ou coisa parecida vem acabando, diminuindo aos poucos,
pois a comunicação está acontecendo de modo instantaneamente em tempo real. Bauman (2001,
p. 136) ressalta sobre
A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço, disfarçada de
aniquilação do tempo. No universo de software da viagem à velocidade da luz,
o espaço pode ser atravessado, literalmente em “tempo nenhum”; cancela-se
a diferença entre “longe” e “aqui”. O espaço não impõe mais limites à ação e
seus efeitos, e conta pouco, ou nem conta.
A fluidez das relações através dos meios de comunicação tem possibilitado aos
indivíduos não precisarem mais estar fixos em determinado espaço e tempo para saber de algo
ou interagir. Bauman nos alerta sobre a suposta aniquilação que o espaço faz em relação ao
tempo, pois a noção de ubiquidade vem se tornando cada dia mais presente no nosso cotidiano
dando a impressão de estarmos em vários lugares ao mesmo tempo.
2.2 - Ciberespaço e Cibercultura:
Vivemos em uma época onde a comunicação em rede, na internet, está presente desde
a hora que acordamos até a hora de dormir. Já foi imbricado em nossa cultura estarmos
conectados em nossas mídias sociais e aplicativos nos smartphones, acessando nossas
notificações no WhatsApp, produzindo vídeos, tirando fotos e compartilhando na rede. Além
disso, a cultura da folha de papel vem migrando fortemente para cultura digital. Neste caso, é
48
considerado como cultura digital, aquela que não revela mais fotos, que cada vez menos,
recebem faturas de contas de banco, pois tem como realizar o pagamento on-line, aquela que
não precisa ir à loja física para comprar determinado produto, ou que utilizam o recurso do
Kindle ou PDF para lerem artigos, textos ou livros.
Todo esse movimento descrito acima acontece em um espaço e em uma cultura, ou
melhor, em um ciberespaço. Que seria, grosso modo, um espaço ciber ou um espaço na internet.
Para entender melhor, Lévy (1999, p. 17) define ciberespaço como:
Novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos
computadores. O termo [ciberespaço] especifica não apenas a infraestrutura
material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de
informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e
alimentam esse universo.
Santos (2014, p. 17) acrescenta que ciberespaço
É a internet habitada por seres humanos, que produzem, se autorizam e
constituem comunidades e redes sociais por e com as mediações das
tecnologias digitais em rede. [...] É um conjunto plural de espaços mediados
por interfaces digitais, que simulam contextos do mundo físico das cidades,
suas instituições, práticas individuais e coletivas já vivenciadas pelos seres
humanos ao longo da sua história.
Dessa forma, o ciberespaço é um espaço na internet, onde há possibilidades dos
usuários, através dos seus avatares12, acessarem a partir das mídias digitais, as mídias sociais,
ou qualquer site que seja preciso se cadastrar para criar uma conta ou perfil. Ao acessar qualquer
site que seja pedido para inserir usuário e senha, e a partir deste acesso é gerado uma conta ou
perfil
e o site te reconheça como “dono” daquela página, este perfil ou conta criada nos sites é
chamado de avatar. Temos como exemplo claro de avatar alguns filmes que retratam claramente
isto, por exemplo, a trilogia Matrix – (Matrix, 1999); (Matrix Reloaded, 2003); e (Matrix
Revolutions, 2003) – e o filme que carrega o nome de Avatar (Avatar, 2009).
Estes filmes têm em comum a projeção de seus corpos em um ciberespaço, ou seja, eles
se conectam em algum dispositivo que os colocam em uma realidade virtual. A diferença é que
na Matrix os corpos são projetados a uma realidade que acontecerá há duzentos ou trezentos
anos à frente. No filme Avatar é retratado o que acontece aqui e agora, ou seja, ao entrar no
dispositivo, a realidade para onde eles se conectam retrata o tempo presente. Este último está
12 Em informática, avatar é um cibercorpo inteiramente digital, uma figura gráfica de complexidade variada que
empresta sua vida simulada para o transporte identificatório de cibernautas para dentro dos mundos paralelos
do ciberespaço. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Avatar_(realidade_virtual)> Acesso em 06
novembro 2016.
49
mais presente na nossa realidade, pois ao acessarmos nossa conta do Facebook, Twitter,
Instagram ou Youtube, estamos adentrando em um ciberespaço repleto de ciberculturas
diferentes.
A cibercultura como próprio nome sugere, é a cultura que se desencadeia no
ciberespaço. Cada cultura traz consigo seus rastros e caraterísticas, como a cultura dos negros,
dos nordestinos, com a internet não seria diferente. Por exemplo, antes da cibercultura não
existia alguns costumes, que só apareceram depois da internet habitada e com interação de
pessoas. Por exemplo, antes da internet ninguém ouvia falar em fazer um download ou upload
de foto, vídeo, arquivo. Esta cultura foi sendo desenvolvida a partir da necessidade dos usuários
trocarem ou precisarem utilizar determinados ciberespaços que possibilitava outras formas de
interação e comunicação.
Para Lévy (1999, p. 17) “quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o
conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento
e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Dessa forma,
temos como ciberespaço os “locais” habitados pelos usuários na grande rede. E como
cibercultura os rastros, novas formas de interação e comunicação que são produzidas no
ciberespaço.
De acordo com Lévy (1999, p. 126), “três princípios orientam o crescimento inicial do
ciberespaço: interconexão, criação de comunidades virtuais, inteligência coletiva”. Partindo
destes três princípios chaves, levantados pelo autor, temos o ciberespaço como resultado da
interconexão local ou mundial, pela internet. Da interconexão, resulta o segundo princípio:
criação de comunidades virtuais, que Lévy (1999, p. 127) diz que “são construídas sobre
afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos, em um processo mútuo de
cooperação e troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações
institucionais.” A terceira e última etapa do ciberespaço é chamada pelo autor de inteligência
coletiva. Segundo Lévy (2004, p. 7)
El concepto de inteligencia colectiva se opone a la idea de que el conocimiento
legítimo viene desde "arriba", de la universidad, de la escuela, de los expertos,
reconociendo, al contrario, que nadie sabe todo y que cualquiera sabe algo. La
inteligencia colectiva permite pasar de un modelo cartesiano de pensamiento
basado en la idea singular del cogito (yo pienso), para um colectivo o plural
cogitamus (nosotros pensamos). Este concepto tiene serias implicaciones para
la construcción de una verdadera democracia, creando una espécie de ágora
virtual integrada dentro de la comunidad y que permite el análisis de
problemas, intercambio de conocimientos y toma de decisión colectiva.
50
Dessa forma, trazendo para a realidade do Facebook que é a nossa fonte de produção de
dados, é possível notar em sua estrutura os três princípios levantados por Lévy, onde estamos
interconectados com todos através da grande rede, criamos um grupo no Facebook – nossa
comunidade de interesses –, onde foi realizada a disciplina optativa. A partir de nossas
referências de mundo e formação, ou seja, no grupo do Facebook, ninguém sabia de tudo, o que
um não sabia, aprendia com o outro que tinha mais bagagem sobre o assunto, e este que
aprendeu, em outros momentos ensinava. Era uma troca de conhecimento e saberes que
acontecia no nosso ciberespaço.
2.3 - As etapas do Ciberespaço
Como aconteceu com o teatro, o jornal, o cinema, o rádio, a TV, com o computador e a
internet, no seu início, não foi diferente de todo “novo” meio de comunicação. Primeiro uma
pequena e “poderosa” parte da população tem recurso para o uso e acesso dos novos meios de
comunicação. E aos poucos elas são liberadas para as classes menos favorecidas. No início da
internet, conhecida também como web 1.0, repetiu o processo dos meios de comunicação de
massa. A comunicação era mantida de forma unidirecional, ou seja, as pessoas acessavam a
grande rede com o intuito de buscar informações e a interação entre os usuários da rede era bem
pequena. Santos (2014, p. 18-19) ressalta que
Além da limitação tecnológica de acesso ao ciberespaço, o próprio
ciberespaço se constituiu inicialmente, em sua fase web 1.0, com tecnologias
que não permitiam a exploração radical da noção de interatividade, aqui
entendida como dinâmica de intervenção autoral e comunicacional da emissão
e da recepção na cocriação da mensagem nas interfaces online. No cenário
sociotécnico das mídias de massa, a mensagem sempre foi uma produção de
autoria exclusiva da emissão. [...]. Na web 1.0 os sites são grandes repositórios
de conteúdos por especialistas em informática para o internauta navegar,
assistir e copiar.
Desta forma, na web 1.0, o acesso e uso da internet era bem limitado e complicado, pois
o usuário teria que entender um pouco sobre programação de páginas, e a autoria nesta fase da
internet se restringia em criar sites, onde os usuários acessavam atrás de informações. Os
internautas utilizavam a grande rede como a TV era usada, ou seja, poucos sites produziam,
para muitos consumirem. Santos (2014, p. 21) explica que
Na primeira fase da cibercultura, o usuário deveria conhecer a linguagem
HTML para produzir conteúdos e interfaces para internet. De posse desses
conteúdos, era necessário lançar mão de um software para depositá-los ne
internet. [...]. Uma vez publicado o conteúdo, este era muito pouco interativo.
51
Não poderíamos alterá-lo e editá-lo diretamente na internet. Era necessário
alterá-lo e editá-lo novamente no computador, para novamente publicá-lo na
internet. Além da dijunção autoria versus publicação versus edição, esses
conteúdos possuíam limitações em termos de linguagem, não eram editáveis
online, não possuíam ou possuíam poucas interfaces de comunicação com
outros usuários, eram basicamente constituídos por textos, sons e imagens
estáticas de baixa resolução.
A web 1.0 traz consigo uma limitação que Weber, Ribeiro e Amaral (2015, p. 142)
consideram “que havia interação sem interatividade, apenas os especialistas produziam
conteúdos e distribuíam em massa para o acesso de outras pessoas”. No final na década de 90
e início dos anos 2000 a internet foi aprimorada e resultou na web 2.0. Com a chegada web 2.0
as coisas começaram a mudar um pouco de lugar a internet que não era conversacional passou
a ser habitada por diversas formas de conversação.
Alguns autores consideram o marco inicial a partir da chegada das mídias e redes
sociais, onde os usuários passaram a ter a possibilidade de produzirem seus conteúdos, sendo
através de fotos, vídeos, mensagens, textos etc. Santos (2014, p. 20) afirma que “na web 2.0, a
dinâmica comunicacional vem potencializar a autoria dos sujeitos”.
A velocidade da informação e a autoria dos sujeitos modificaram de certa forma a
maneira da comunicação. A comunicação que em sua grande parte da história foi unidirecional,
ou seja, poucos produziam para muitos consumirem. A partir da web 2.0, os usuários da internet
começaram a ter a possibilidade de se tornarem produtores e debater em um local onde poderia
ser ouvidos, sendo assim, a comunicação pode ser considerada bidirecional, onde os usuários
se informavam e comentavam de certos acontecimentos, e se quisessem poderiam produzir
conteúdo e não apenas consumir. Hartley (2009, p. 173) salienta que:
Durante o século passado, o cinema, o rádio e a televisão se organizaram e
levaram a narrativa humana a um sistema industrial no qual milhões assistem,
mas apenas algumas centenas escrevem. A transmissão da mídia fala
diretamente para nós e nos torna uma massa anônima de culturas.[...] Agora
que “nós mesmos podemos fazer” – e “fazer com os outros” também –, o que
acontecerá com a “função bárdica” da televisão? O YouTube é a primeira
resposta em larga escala para essa pergunta. Seu slogan Broadcast yourself
capta de maneira direta a diferença ente a antiga e nova TV. O YouTube
aumentou de modo avassalador tanto o número de pessoas publicando
“conteúdo” de TV como número de vídeos disponíveis a serem assistidos.
O crescimento do uso e consumo das mídias sociais se deu também a evolução das
mídias digitais e da telecomunicação com as redes sem fio. Além do usuário tornar-se produtor
de conteúdo o mesmo não precisa ficar mais preso em um determinado lugar da casa, onde fica
o computador físico, conhecido com desktop. Os aparelhos celulares estão cada vez mais
52
sofisticados e ampliando a forma de mobilidade da comunicação. O que tem possibilitado aos
internautas, mesmo que em deslocamento físico, publicarem os conteúdos produzidos em suas
mídias sociais em tempo real, o que alguns autores consideram como ubiquidade. Santaella
(2010, p. 17 apud SANTOS, 2014 p. 25) ressalta que “a ubiquidade destaca a coincidência entre
deslocamento e comunicação, pois o usuário comunica-se durante o seu deslocamento. A
onipresença, ao contrário, oculta o deslocamento e permite o usuário continuar suas atividades
mesmo estando em outros lugares”.
2.4 - Mobilidade Ubíqua
Na atualidade, é possível ver pessoas conectadas a todo tempo na grande rede,
principalmente pelo dispositivo móvel como o celular. Há quase um século só teríamos a
possibilidade de conversar vendo a outra pessoa, se ela estivesse próxima de nós e fizesse parte
do nosso círculo de convívio ou em comunidades que frequentássemos. Era algo restrito
geograficamente. De uns tempos para cá a interconexão tem ampliado nossas formas de
interação na rede e nossa comunidade de interesse não tem ficado tão restrita assim.
Até 2013, o computador desktop era a maior fonte de uso e acesso a internet, os usuários
acessavam a internet sem ter mobilidade. Em 2014 o jogo já começou a mudar de figura, de
acordo com site de notícias globo.com13 do dia 06 de abril de 2016, no caderno de tecnologia e
games, foi publicado um artigo falando sobre o acesso a internet pelos smartphones que
chegaria a 80% ultrapassando os acessos pelo PC que é de 76,6%.
Até 2013, o posto de dispositivo queridinho dos brasileiros para acessar a rede
era ocupado pelos computadores. Mas, em 2014, o jogo virou. Presentes em
76,6% das casas, esses aparelhos caíram para a segunda colocação. Tablets e
TVs inteligentes tinham, respectivamente, 21,9% (8,1 milhões) e 4,9% (1,8
milhões) dos domicílios ligados à internet. Para esse critério, o IBGE inclui
na conta todos os aparelhos de uma residência para se conectar à internet. Por
isso, a soma total das porcentagens parciais ultrapassa os 100%. Há casas que
utilizam apenas um desses dispositivos online. O número das que usam só
celular ou tablet já superou a quantidade das que tinham só de PCs. Em 2013,
os computadores eram responsáveis exclusivos por conexões em 42,4% das
casas, enquanto celulares ou tablets respondiam pelo acesso em 11,5% do
total. (GOMES, 2016)
Além disso, com a disseminação da internet móvel, as pessoas buscam lugares onde
possam estar conectadas a todo tempo, sem precisarem estar presas a um computador físico,
13 Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/04/smartphone-passa-pc-e-vira-aparelho-n-1-
para-acessar-internet-no-brasil.html> Acesso em: 22 novembro 2016
53
pois para acessar a internet basta alguns cliques no dispositivo móvel. Santos (2014, p. 24)
ressalta que
Com o avanço das tecnologias da informática e das telecomunicações estamos
vivendo uma nova fase da cibercultura que denominamos “cibercultura móvel
ubíqua”. Além da evolução dos dispositivos móveis, contamos, sobretudo,
com a evolução das tecnologias sem fio de acesso ao ciberespaço, a exemplo
das tecnologias Wi-fi, Wi-MAX, 2G, 3G, 4G. Essas tecnologias de conexão
móvel têm permitido cada vez mais a mobilidade ubíqua e, com isso, a
instituição de novas práticas culturais na cibercultura. Esses dispositivos vêm
permitindo também o acesso ao ciberespaço a partir de outras estratégias e
linguagens.
Uma das estratégias que temos no Facebook é a opção de fazer check-in nos lugares.
Alguém em algum momento já deve ter utilizado esta ferramenta. Quando, por exemplo,
fazemos um check-in no Facebook em uma cidade, estado, país ou até mesmo comércio,
naquele momento estamos no ciberespaço da rede social Facebook, no espaço físico onde foi
feito o check-in, além disso, estamos também no local físico onde a pessoa visualiza nossa
postagem. Esta onipresença em vários lugares ao mesmo tempo é o que chamamos de
mobilidade ubíqua. Santos (2014, p. 24-25) explica que
Em tempos de cibercultura avançada, a mobilidade ganha potência por conta
da sua conexão com ciberespaço. Na era da mobilidade com conexões
generalizadas em rede, podemos compartilhar e acessar simultaneamente
vários lugares. Estamos diante da potência da ubiquidade.
A “diminuição” geográfica do mundo está ligada ao aqui e agora, ao tempo real, o ao
vivo. Outro exemplo a ser trazido à discussão é quando estamos em uma viagem para outra
cidade e postamos a foto no ciberespaço e pessoas de nossa rede que estão dispersas
geograficamente, interagem na rede. Podemos notar que a evolução da internet tem alterado as
formas de comunicar, interagir e produzir conteúdo, sendo em espaços escolares ou não.
Sabemos que muitas escolas proíbem os usos dos dispositivos móveis, e que embora haja
laboratórios de informática com equipamentos, para utilizá-los é preciso passar por um processo
burocrático para esses equipamentos serem usados. Independente do (des)uso do laboratório de
informática, muitos alunos estão sempre conectados, por seus dispositivos móveis, podendo
produzir conteúdos e interagindo em suas mídias sociais e seus aplicativos.
A cada dia vem crescendo o número de professores ocupando estes ciberespaços,
produzindo conteúdo, testando as ferramentas destes sites, agredando outras possibilidades de
intereação etc. Entretanto, exige também as demandas por profissionais qualificados para
exercer diversas funções, inclusive, na área educacional. Um modelo tradicional de educação
54
requer alunos e professores em determinado espaço (sala de aula) e tempo (aproximadamente
quatro horas por dia) para que ocorra os processos de ensino e de aprendizagem. Com a conexão
à Internet ela foi ampliada para outras mídias digitais, como, por exemplo, tablet, celular, mp4,
entre outros.
Na cultura digital essas relações intersubjetivas não acontecem somente face a face, mas
também por meio das TIC e de outras mídias sociais. Diferentemente do que se verificava na
época moderna, as TIC chamam a atenção para a velocidade da informação e as diferentes
reconfigurações que tecnologia digital vem sofrendo. Como nossas universidades estão
formando docentes propulsores críticos de mudanças educacionais? Que alternativas
pedagógicas podem ser usadas na formação de profissionais comprometidos com mudanças
sociais qualitativas na contemporaneidade? Por que o Facebook e não um AVA, um modelo
que já foi testato e aprovado no âmbito da EaD, para realizar uma disciplina optativa?
Essas questões acima serão debatidas no capítulo três, que traremos também algumas
questões relacionadas à metodologia da pesquisa on-line. Neste capítulo dois, trouxemos os
impactos que a evolução dos meios de comunicação causou e vem causando na sociedade,
discutimos a relação do espaço e tempo, onde se tem a impressão da diminuição da Terra, pela
velocidade das notícias e informações. Descrevemos a evolução da web 1.0 para web 2.0 e como
ela potencializou a mudança de papeis entre consumidores para possíveis produtores de
conteúdo. Finalizamos o capítulo evidenciando a mobilidade ubíqua que é mais recente e está
presente em nosso cotidiano, e que em muitos casos foi explorada na prática em nossa pesquisa.
55
CAPÍTULO 3_________________________________________________________
3 - ALGUNS POSTS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: TECNOLOGIAS E
INCLUSÃO SOCIAL NO FACEBOOK
- O senhor poderia me dizer,
por favor, qual o caminho
que devo tomar para sair daqui?
-Isso depende muito de para onde
você quer ir, respondeu o Gato.
-Não me importo muito
para onde, retrucou Alice.
-Então não importa o caminho
que você escolha”, disse o Gato.
Alice no país das maravilhas
Lewis Carroll
Neste capítulo, buscaremos ilustrar como foi desenvolvida a disciplina optativa
Tecnologia e Inclusão Social em um grupo fechado no Facebook. Também falaremos um pouco
da metodologia utilizada na pesquisa. Esta que foi uma das grandes preocupações e dificuldades
deste tipo de pesquisa, pois buscávamos não trazer para o espaço on-line as orientações
metodológicas comumente usadas em espaços físicos e acrescentar apenas a palavra on-line ou
virtual, (etnografia virtual; netnografia; estudo de caso online) sem uma maior caracterização e
adensamento teórico, não nos pareceu promissor do ponto de vista educativo ou de avanço na
pesquisa. Para Flick (2009, p. 238)
A pesquisa qualitativa não escapa aos efeitos da revolução digital e
tecnológica do início do século XXI. Os computadores são usados para
analisar dados qualitativos. Gravadores de fita de áudio, de mini-disco e de
MP3 são utilizados para registrar entrevistas e grupos focais. Pode-se usar a
internet para encontrar literatura e publicar resultados.
O início do século XXI foi o berço do surgimento das mídias sociais (DAQUINO,
2012)14, em 2002 Fotolog e o Friendster; 2003 Linkedin; 2004 Orkut e Facebook e 2006 o
Twitter. Como parte da sua história, as mídias sociais caíram no gosto dos usuários e muitas
foram extintas no decorrer do tempo (Fotolog, Friendster e Orkut), outras se mantêm ativas até
o presente momento (Linkedin, Facebook, Twitter) e viraram cases de estudos que acontecem
na internet. Flick (2009, p. 239) considera que o “uso e acesso amplamente difundidos deste
14 Para saber mais sobre cada mídia social visitar: <http://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/33036-a-historia-
das-redes-sociais-como-tudo-comecou.htm> acesso em: 08 outubro 2016.
56
meio, não é nenhuma surpresa que a internet tenha sido descoberta como objeto de pesquisa,
mas também como uma ferramenta a ser usada para pesquisa”.
O crescimento de acesso a internet, as mídias socias e digitais, despertam o interesse em
aprender mais e pesquisar mais na cibercultura. E como pesquisar? Que método utilizar? Flick
(2009, p. 239) diz que
Os métodos podem ser os padronizados ou as entrevistas abertas, ou os grupos
focais. Podemos também fazer a observação (participante) em cibercafés para
analisar como as pessoas usam o computador e a internet, ou podemos fazer
análises de conversação de como as pessoas utilizam a rede
colaborativamente.
Além da metodologia, não podemos esquecer que para se pesquisar na internet
precisamos de algumas condições, como nos lembra Flick (2009, p. 239)
Se o pesquisador desejar fazer sua pesquisa online, algumas condições
deverão ser preenchidas. Primeiro, ele deve ser capaz de usar o computador
não apenas como uma máquina de escrever de luxo, mas de um modo mais
abrangente. Deve, também, ter um pouco de experiência com o uso de
computadores e softwares. Além disso, deve ter acesso à internet e gostar de
estar e de trabalhar online, além de precisar estar (ou tornar-se) familiariazado
com as diversas formas de comunicação online como e-mail, salas de bate-
papo (chats), lista de e-mail e blogs. (…) Se essas condições forem
preenchidas, o pesquisador deve considerar se sua pesquisa é um tema que ele
só poderá estudar com o uso da pesquisa qualitativa online.
As condições sugeridas por Flick, são pertinentes. Para pesquisar on-line precisamos no
mínimo dominar a linguagem daquele ambiente, ter uma conexão relevante que não deixe o
usuário “na mão” e sim estar familiarizado com o meio que se pretende pesquisar. No caso
desta pesquisa, ela só poderia ocorrer no espaço virtual, pois se trata de uma rede social on-line
limitada ao ciberespaço, ou seja, não dá para acessar o Facebook sem ser através da internet,
logo, buscou-se pesquisar por uma metodologia que fosse adequada ao tema e espaço que está
sendo estudado.
Macedo (2015, p. 371) fala sobre a importância e praticidade do arquivamento de dados
on-line onde:
De fato, há uma praticidade na tarefa de coleta e armazenamento de dados que
se dá pela internet. Informaçoes relevantes podem ser salvas em formato de
imagem a partir do recurso “print screen”, enriquecendo o texto da pesquisa
enquanto ilustração, e as próprias conversas [...] podem ser armazenadas já
em forma de diálogo, o que facilita o processo de organização do material do
campo.
57
Sobre o arquivamento e dados produzidos na pesquisa, recorremos ao recurso do “print
screen” como é possível ver no decorrer deste e do próximo capítulo. Para coletar e armazer os
dados produzidos, foram utilizados e gerados arquivos do Word e PDF durante o a etapa da
separação dos dados da pesquisa.
Para encontrar o caminho adequado da pesquisa, procurei fazer uma analogia entre o
pesquisador e o viajante. O nosso instigante roteiro de viagem foi um pouco parecido como de
um viajante que está em Recife e pretende ir para uma cidade, chamada Piranhas, no interior de
Alagoas. Ele sabe aonde quer chegar, mas não sabe como. Não sabe quais transportes usar, os
horários dos ônibus, das vans, se estes transportes rodam todos os dias e qual o tempo de
percurso.
Como o viajante quer chegar à cidade de destino, ele busca fontes, pesquisa o melhor
transporte, qual o horário de saída, qual o percurso, qual a duração da viagem e dessa forma
planeja a saga para chegar ao seu destino. Na pesquisa de um modo geral, não é diferente.
Trazendo para nossa pesquisa, o local de partida da pesquisa já tinha sido definido – o Facebook
–, os sujeitos éramos nós, os mestrandos e mestrandas. Duração da disciplina – 15 semanas que
seria o nosso ponto de chegada –, mas tinha um problema que nos deixava em xeque. Qual o
caminho a seguir? Qual metodologia mais adequada?
Ribes e Macedo (2014, p. 39), “propõem debater sobre os desafios de se construir
metodologias de pesquisa com crianças na cibercultura”. Percebemos que não há desafios
somente na metodologia com crianças na cibercultura e sim com outros sujeitos que fazem
pesquisa no espaço on-line em geral. Sentimos dificuldades em estabelecer um caminho
coerente para pesquisa, pois pesquisar no Facebook implica principalmente em experimentar
outras metodologias, outros olhares, outras sensibilidades, pois a rede se mantém em constante
metamorfose.
O crescimento das mídias digitais e mídias sociais, nos últimos dez anos têm modificado
as formas de interação e comunicação entre os indivíduos. Muitas mídias sociais apareceram e
sumiram em um curto período de tempo. Por exemplo, o MSN, que era um chat no qual as
pessoas tinham seus contatos e conversavam por meio das caixas de diálogos, depois de um
tempo, logo foi esquecido. Outro exemplo foi o Orkut, a rede social, que chegou ser a rede
social mais usada no Brasil e foi extinta recentemente por ter decaído o número de usuários
ativos. Outras mídias conseguiram com o passar do tempo se manterem ativas e atrativas para
seus usuários. É o caso do Facebook, uma rede social que começou pequena e atualmente é a
principal rede social do mundo.
De acordo com o levantamento das mídias sociais mais acessadas no Brasil, como
Facebook, Instagram, Twitter e YouTube foi possível chegar ao seguinte resultado, baseado no
58
site de ranqueamento de acessos alexa (2015)15. O Facebook é o segundo site mais acessado no
mundo, perdendo somente para o Google, o YouTube é o terceiro, o Twitter o décimo e o
Instagram vigésimo oitavo. O Brasil é o segundo país do mundo onde mais se acessa Facebook,
responsável por 4,0% dos acessos mundiais. O YouTube fica em quarto mais acessado no
Brasil, responsável por 3,7% dos acessos mundiais. O Twitter em décimo primeiro, já o
Instagram fica em décimo sétimo.
Por ser o segundo site mais usado no mundo e ter ferramentas que podem ser exploradas
para o viés educacional, mesmo que não tenham sido criadas com este intuito, é possível
observar que há pessoas que exploram as suas ferramentas para o uso educacional. Inclusive na
própria pós-graduação da UFRRJ o uso dos grupos fechados nas disciplinas obrigatórias e em
outras disciplinas optativas também era recorrente. No entanto, o uso era desdobrado em troca
de mensagens e local de compartilhar os arquivos que seriam discutidos nas aulas presenciais,
ou seja, a rede era apenas um meio que dava continuidade ao que acontecia nos encontros
presenciais e não o espaço de interação das aulas.
Dessa forma, resolvemos explorá-la na pós-graduação, dessa vez com o oferecimento
de uma a disciplina optativa, onde nossas discussões aconteceriam naquele espaço e
exploraríamos os recursos disponíveis no grupo. Sendo assim, foi criado um grupo fechado na
rede social Facebook, que foi utilizado como espaço primordial para nossas discussões e
interações.
Figura 2 - Página inicial do grupo
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
15Disponível em <www.alexa.com> Acesso em 11 julho 2015
UFRRJ/IE/PPGEduc
Disciplina: Tecnologia e Inclusão social (IE-
1342) Quartas-feiras: 17-20h
Sociedade da informação e do conhecimento.
Tecnologia informática e inclusão social.
Tecnologias da informação e comunicação
(TIC): caracterização e utilização em Educação.
Utilização das TIC, produção do conhecimento e
práticas educativas inclusivas. Ambiente virtual
de aprendizagem: conceituação. Discurso,
interação, motivação e aprendizagem em
ambientes virtuais.
59
A imagem acima representa o nosso espaço de aprendizagem no Facebook. Onde nos
encontrávamos para debater assuntos voltados para os textos propostos. Embora o horário e o
dia da aula ocorressem as quartas-feiras das 17:00 às 20:00 horas, nossas interações sempre
perpassavam dias da semana e fins de semanas mantendo a dinâmica hipertextual. (LÉVY,
1993).
Na primeira reunião com o orientador, o mesmo falou que ofereceria uma disciplina
optativa (com carga horária de 45 horas) para os alunos do mestrado acadêmico em Educação
(PPGEduc) e para os alunos do mestrado profissional em Ciências e Matemática
(PPGEduCIMAT), ambos da UFRRJ. Disse que seria uma disciplina a distância e que não iria
usar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), pois no semestre anterior tinha lecionado
uma matéria que foi trabalhada na plataforma GEPETICEM e estava inspirado e intrigado para
ministrar mediante um grupo de Facebook. Sendo assim, sugeriu que pudéssemos testar e criar
um grupo fechado no Facebook e ter nossa disciplina acontecendo lá, numa rede social.
3.1 - No que você está pensando? AVA ou Face?
Nosso primeiro problema, preocupação ou ruído aconteceu antes de decidir sobre o uso
do Facebook como plataforma para a realização da disciplina. Será que vai dar certo, esta
dinâmica na rede social? A princípio ficamos receosos, mas quando falava com alguns colegas,
uns se surpreenderam e outros acharam interessante e diferente esta dinâmica no Facebook. A
decisão de escolher uma rede social como espaço de interação de uma disciplina de mestrado,
foi uma questão política de trabalhar de certa forma a contemporaneidade. Para realização da
disciplina, o grupo que contou com gestão e planejamento semanal, que nos orientou durante o
período de aulas. Nossas escolhas, nossas interações, foram vivenciadas na rede, apesar da
volatilidade e plasticidade do Facebook, ela também trouxe possibilidades de registros.
Sinceramente? Não foi fácil! Primeiro por conta da decisão da implementação: será
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ou Rede Social? Como tudo nesta vida, para saber
se vai dar certo ou não, temos que testar, então neste caso não foi diferente. Apostamos, então,
na estrutura que o Facebook fornece aos seus usuários que ficam conectados de diversos
dispositivos, apostamos também na mobilidade e nos avanços tecnológicos das redes sem fio.
O AVA já exige um pouco menos de mobilidade, embora, também seja possível acessar do
celular. De acordo com Bairral (2010, p. 2)
A conceituação de ambiente virtual de aprendizagem (AVA) que adoto
identifica-o como um complexo sistema interativo onde os seus interlocutores
desencadeiam um processo interativo a partir de situações de aprendizagem
variadas. Um AVA possui os seguintes componentes: a comunidade
60
constituída e sua intencionalidade, as normas, o propósito educativo, as tarefas
de formação, os diferentes espaços comunicativos variados e os artefatos
mediadores. Os artefatos podem ser ferramentas físicas ou elementos
socioculturais. Sendo um AVA um cenário discursivo particular, ele passa a
funcionar em função das demandas sociocomunicativas dos seus
participantes. Os participantes não são sujeitos meramente envolvidos no
processo. Eles estão imersos no processo, ou melhor, eles pertencem e
participam do desenvolvimento sociocomunicativo das interações.
Bairral (2010) ao conceituar o AVA, descreve alguns componentes que acha necessário
e fundamental para a constituição do mesmo. Apesar da disciplina acontecer no grupo do
Facebook, as formas de interação (síncrona e assíncrona) são bem parecidas entre a rede social
e o AVA. Entretanto, as formas de comunicação no Facebook são bem mais instantâneas do
que no AVA, no caso do AVA o que talvez tenhamos mais delimitados são os espaços
comunicativos (chat, e-mail, fórum, mensagens etc.). Para saber o que acontece em um chat ou
fórum precisamos logar, entrar no AVA e acessar cada um desses espaços.
Diferente do que acontece no Facebook, que acaba sendo a extensão da vida dos
usuários. Por exemplo, ao acordar a pessoa pega o celular e confere as notificações que
receberam durante o período que estiveram dormindo e podem publicar coisas de seu cotidiano.
O AVA não tem a mesma característica de ser a extensão da vida dos alunos e sim um espaço
onde as pessoas acessam para “estudar”, se especializar etc. A dinâmica do Facebook é bem
diferente do AVA, pois o Facebook está a todo momento avisando a seus usuários sobre a
atualização na rede. No AVA para saber sobre qualquer coisa que acontece no fórum o
participante ou recebe um e-mail ou tem que acessar o fórum, algo que não acontece no
Facebook.
Saímos então dos nossos prédios (que seriam os AVAs), onde nem todos sabem que
podem ter acesso, e fomos à periferia da cidade (rede social Facebook) ver como acontece,
como é feita a pesquisa em um ambiente onde todos se “sentem em casa” e que se pode ter
acesso com mais facilidade. O acesso pelo Facebook nos facilitou bastante, possibilitando a
mobilidade de estar logado, em nossas contas pelo celular e verificar as notificações avisando
quem publicou e quando publicou. Diferente do que acontece no AVA onde os alunos têm que
estar sempre logando para ver se há novas publicações e as entregas de tarefas no AVA, na
maioria dos casos, são enviadas em documentos no word, PDF, power point, que sempre
exigem maior ligação do usuário ao desktop.
A disciplina ocorreu no primeiro semestre de 2015 e, por acontecer em uma rede social,
todos estavam presentes por seus avatares na rede e a relação social acontecia através das
interações das postagens dos membros sobre as opiniões que eram demandadas no
decorrer da disciplina. Desse modo, os membros tinham acesso às novas publicações, ou seja,
61
eles eram avisados através de uma notificação no globo do Facebook onde poderiam curtir,
comentar, concordar, discordar, aumentando desta forma as interações e os hipertextos que
apareceram durante a disciplina. Ao contrário, em um AVA, é comum encontrarmos
participantes esquecendo senhas, tendo que atualizar seus dados cadastrais de acesso e ficando
muitas vezes dependentes do seu e-mail, ferramentas não muito usuais entre jovens e
adolescentes.
Outro ponto que foi pensado e repensado durante as discussões do GEPETICEM seria
não trazer a dinâmica da sala de aula presencial, para a rede social. Já que a disciplina estava
acontecendo em um ambiente diferente do tradicional, teríamos que usar as ferramentas e a
linguagem daquele espaço que seria usado como disciplina. Sem quadro, sem giz, sem cadeiras
enfileiradas. O curso foi planejado, com ementa, com atividades e datas de entregas,
supervisionado e direcionado pelo professor responsável da disciplina. Para Bairral (2007, p.
33)
Quando pensamos em implementar um curso ou qualquer atividade
formadora, devemos ter consciência das especificidades do ambiente de
aprendizagem a ser implementado. (...) No caso da dinâmica a distância, por
envolver espaços físicos e tempos diferentes, o planejamento e a estruturação
do cenário são imprescindíveis e exigem um trabalho organizacional prévio
significativo. A elaboração e proposição de tarefas constituem um grande
desafio.
A programação do curso foi baseada em trabalhar a relação da tecnologia com a inclusão
social durante as quinze semanas, explorando as ferramentas e funcionalidades no grupo do
Facebook como as que existem no AVA. Como por exemplo, a comunicação assíncrona, ou
seja, em tempos diferentes. As pessoas postam seus comentários no fórum de discussão do
AVA, em determinado horário e os outros participantes interagiam em outros horários. Igual
aconteceu no Facebook onde os membros publicavam em seus murais e a partir daí os outros
alunos respondiam em horários distintos.
Na comunicação síncrona, ou seja, ao mesmo tempo, de acordo com o cronograma da
disciplina teríamos dois chats obrigatórios e aconteceu outro chat opcional, onde todos
deveriam estar logados ao mesmo tempo para discutir os conceitos e dúvidas existentes durante
as aulas no Facebook. Embora a disciplina tenha acontecido em um espaço on-line onde
estamos acostumados a usar (Facebook), não foi preciso a ambientação como acontece no
AVA, que geralmente é de uma semana. O fato de todos os participantes já terem sua conta no
Facebook e saber usá-las ajudou bastante nesse processo. No nosso caso, assim que foi
solicitada a primeira atividade, a mesma já foi publicada no grupo que gerou e desdobrou em
comentários, curtidas e levantamentos de questionamentos.
62
A relação espaço e tempo tendo como aliada a mobilidade ubíqua, onde não
precisávamos estar em um mesmo lugar físico em determinado horário, foi bem explorada pelos
membros e possibilitou que os mestrandos e mestrandas participassem de suas casas, trabalhos,
da rua, de qualquer lugar que houvesse conexão com a internet. Houve um caso, onde uma
aluna precisou se mudar para outro estado, no decorrer do semestre, por questões pessoais, e
aproveitando o fato da disciplina optativa ser on-line ela conseguiu concluí-la. Caso a disciplina
optativa fosse presencial se tornaria um pouco mais trabalhoso para aluna. Como afirmou
Bairral (2007, p. 35)
A formação a distância possibilita uma flexibilidade diferente de um projeto
presencial. Cada conjunto de tarefas é realizado segundo um cronograma pré-
estabelecido e divulgado no início de cada curso. Alguns cursos são
organizados por unidades temáticas, outros por semanas. São propostas
atividades para serem realizadas coletivamente.
Estar on-line na rede e presente nas discussões, mesmo que em outro espaço físico, nos
ajudou bastante, pelo fato de cada um ter a flexibilidade de criar seu horário de estudo, de
comentar e realizar as atividades no Facebook. A vontade de experimentar outras
funcionalidades para o Facebook nos fez buscar trabalhar a disciplina na rede, seguindo a grade
de quinze semanas onde foi montado o nosso cronograma de trabalho baseado na ementa
abaixo:
Tabela 2 - Ementa do curso
Ementa Organização
Programa Analítico
Sociedade da informação e do
conhecimento. Tecnologia
informática e inclusão social.
Tecnologias da informação e
comunicação (TIC):
caracterização e utilização em
Educação. Utilização das TIC,
produção do conhecimento e
práticas educativas inclusivas.
Ambiente virtual de
aprendizagem: conceituação.
Discurso, interação,
* Dinâmica presencial com
atividades e reflexões
paralelas no ambiente suporte
da Disciplina
(www.gepeticem.ufrrj.br) -
participação no Fórum de
discussão
* 2 chats obrigatórios (de
casa): 15 e 29/05 (13-15h)
Sociedade da Informação e do
Conhecimento: caraterização.
As tecnologias da inteligência.
Tecnologias e processos de
ensino e aprendizagem.
Produção do conhecimento e
práticas educativas inclusivas
com as TIC.
Discurso, interação e
aprendizagem em ambientes
virtuais.
63
motivação e aprendizagem em
ambientes virtuais.
Fonte: Elaboração própria.
Embora na tabela acima, na parte da ementa, retrate o AVA, a disciplina ocorreu em
uma rede social, diferente do planejado. Na orginazação retrata a dinâmica presencial, esta
dinâmica ocorreu no primeiro e último dia de aula, durante o período da disciplina as nossas
inquietações, participações ocorreram no Facebook. É importante ressaltar, que apesar de ser
uma experiência acadêmica na rede, notamos que houve a preocupação em se criar um
planejamento, onde foi nos passado no primeiro encontro presencial, nos deixando ciente de
como aconteceria o processo durante o semestre. Ainda na primeira aula, debatemos nossos
critérios de avaliação e de participação, pois um dos pré-requisitos de participar da disciplina
era ter um perfil no Facebook, caso não tivéssemos, teríamos que criar um. Este não foi um
problema encontrado, pelo fato de todos terem seus perfis ativos no Facebook.
Outro ponto que discutimos previamente foi sido a possibilidade de o grupo ser
desdobrado em uma pesquisa de mestrado, após o término da mesma. Consideramos que foi a
aula do “combinado não sai caro”. Ficou acertado entre o professor e nós mestrandos que nossa
fonte primordial de comunicação seria a interação no grupo e no chat quando houvesse
encontro(s). Cursei a pós-graduação em EaD na plataforma Moodle que teve apenas dois
encontros presenciais, um no primeiro dia do curso e o outro para defender o TCC. Acessando
novamente a plataforma Moodle, a qual cursei a especialização e comparando com a disciplina
no Facebook, foi possível notar em alguns momentos diferenças e semelhanças entre as
plataformas.
Ao comparar as duas plataformas, temos como dados produzidos a semelhança existente
entre o grupo no Face e o AVA que estão ligados a recuperação de senha. Caso seja necessário
ou haja a perda ou esquecimento da senha, poderá ser solicitado tanto na plataforma do AVA
quanto do Facebook a redefinição da senha. Será enviado por e-mail um link onde o usuário
redefina sua senha ou até mesmo a senha descrita.
As diferenças encontradas foram maiores, começando pela forma de acesso e uso. No
AVA as formas de acesso e usos estão direcionadas em grande parte ao desktop, no Face, muda
um pouco de figura. As formas de uso e acesso se dão em maior número nos dispositivos
móveis. A comunicação pelo AVA restringe em acessar o ambiente, ou seja, há um passo-a-
passo a ser seguido. No AVA, primeiro faz o login da conta, depois acessa a página inicial do
Moodle, busca qual página quer acessar. Ficam disponíveis os módulos que foram concluídos
64
e o discente entra no módulo que está cursando e por último acessa o fórum de discussão. No
Face, basta ter o aplicativo instalado no aparelho e pronto que o mesmo avisa aos membros
quando tem mensagem nova.
O planejamento no AVA requer uma estrutura maior, em função de cada espaço
comunicativo existente e para propor as atividades o tutor ou coordenador tem que analisar o
planejamento todo, pois o planejamento é disponibilizado no início de cada módulo e requer
um roteiro a ser seguido. No Face, a estrutura é menor, pois o grupo tem a aparência parecida
com a página inicial e as atividades não precisam ser engessadas sem mudança, pois pode haver
flexibilização na interação existente.
Com isso chegamos a seguinte tabela:
Tabela 3 - Comparação entre AVA e Grupo no Face
Informações AVA Grupo no Face
Acesso e forma de logar Via desktop em grande
parte
Desktop e atualmente em grande
parte os dispositivos móveis
Recuperação de dados,
senhas
Via e-mail Via e-mail
Formas de uso No desktop No bolso, no celular
Formas de comunicação e
interação
Necessidade de acesso
ao ambiente
Instantaneamente motivados pelo
aplicativo
Espaços comunicativos Mais delimitados Delimitação mais tênue
Planejamento Estruturado em função
de cada espaço
comunicativo
Menos estruturado
Proposição de atividades Necessidade de olhar o
planejamento como um
todo
Maior flexibilidade em função do
desenrolar interativo do grupo
Fonte: Elaboração própria.
De acordo com a tabela 2, podemos ter uma visão geral das semelhanças e diferenças
existente entre o AVA e o Face e como podem ser os usos e as interações entre a rede social e
o AVA. Para descobrir se realmente o Facebook é mais acessado pelo desktop ou por
dispositivos móveis foi utilizado o recurso do audience insights do business.facebook.com, que
nos dá os dados de qual dispositivo o Facebook é mais acessado em todo Brasil. Na primeira
imagem temos os dados dos usuários do Facebook que acessam o Facebook somente pelo
desktop.
Figura 3 - Usuários que acessam o Facebook pelo desktop
65
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Os dados da imagem acima foram coletados no dia seis de novembro de 2016, e nos
fornecem o número de pessoas que acessam somente pelo desktop a plataforma Facebook. Com
o alcance potencial, temos o número de 49.000.000 de pessoas. Na próxima imagem, que foi
coletada na mesma data, traremos os usuários que acessam somente pelo celular.
Figura 4 - Usuários que acessam o Facebook pelo celular
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Comparando as duas imagens, temos a noção que o crescimento do uso do dispositivo
móvel é quase o dobro referente às pessoas que acessam somente pelo desktop, ou seja, a
mobilidade de estar acessando o Facebook pelo celular faz com que as pessoas estejam sempre
conectadas, recebendo as notificações, interagindo em suas timelines ou grupos que participam.
3.2 - O grupo:
Alcance potencial:
49.000.000 de
pessoas
Somente desktop
Plataforma - Facebook
Plataforma - Facebook
Somente dispositivo móvel
Alcance potencial:
95.000.000 de
pessoas
66
Ao entrarmos na página criada para a disciplina optativa, é possível encontrar a
descrição e carga horária das nossas atividades (quartas-feiras das 17:00 às 20:00). Lá eram
divulgados os textos, vídeos, imagens e marcados previamente os eventuais encontros
presenciais. Além disso, havia cinco abas que poderiam ser exploradas no decorrer da
disciplina. Sendo elas: discussão; membros; eventos (onde marcávamos a data de entrega de
trabalho e datas dos chats); fotos e arquivos (onde eram adicionados os textos da semana).
Para Moreira e Januário (2014, p. 76) “os Grupos que são espaços online criados com
um objetivo/interesse particular, e que podem ser úteis para estudantes e professores
trabalharem de forma colaborativa”. Abaixo, faço um recorte de nossas interações no grupo que
foi feita a partir de uma postagem do professor convidando os membros a darem a sua
contribuição a partir do texto disponibilizado no grupo, onde foi trabalhado de forma
colaborativa.
Figura 5 - Interação no Facebook
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
No recorte feito da rede, temos exemplos de uma discussão que ocorreu a partir do texto
de Mercado (2009), no qual foi explorada a noção de hipertexto. Dessa forma, temos a postagem
67
onde Adilson e posteriormente Caroline fazem uma reflexão e ressaltam a importância da não
linearidade do hipertexto e como ele pode servir de material para o professor. Por fim, Marcos
expõe seu comentário onde dá continuidade às ideias de Carol e Adilson, fechando com uma
síntese, que foi pensada a partir do texto e construída colaborativamente com os colegas citados.
Foi o que buscamos tentar desenvolver no curso, um espaço de interesse particular, onde os
alunos que estavam inscritos na disciplina, pudessem trabalhar de forma colaborativa os
conceitos envolvendo tecnologia, inclusão social, interação e hipertexto.
Ao logarmos em nossa conta pessoal, o Facebook nos recebe com a seguinte pergunta:
No que você está pensando? Já participando do grupo, a frase é outra. O usuário é recebido com
a seguinte chamada para ação: Escreva algo... Dessa forma, os participantes são “estimulados”
pelo próprio Facebook a participar/criar (d)as discussões. Além desta diferença, é possível
encontrar na caixa de diálogo (conhecido como mural), que fica na página pessoal (perfil do
usuário) possibilidades de inserir fotos, vídeos, álbuns, fazer check-in, marcar pessoas, o que
você está fazendo, além das reações que está sentindo. Falaremos mais a frente sobre as
diferenças e semelhanças que existem do mural da página de perfil e da página do grupo.
3.3 - As funcionalidades dos grupos:
Na caixa de diálogo do grupo há as mesmas funcionalidades da caixa de diálogo pessoal,
com acréscimos de outras funções como: enquete; vender um item; criar um doc, criar um
evento e adicionar um arquivo. Que podem ser explorados de acordo com a necessidade dos
membros.
Figura 6 - Caixa de diálogos
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
No nosso caso, as funcionalidades mais usadas no decorrer da disciplina foram a de
adicionar um arquivo e criar eventos.
68
3.4 - Eventos:
A criação do evento era para lembrar as datas de entregas das tarefas e dos chats que
teríamos na caixa de diálogo do próprio Facebook. Para criar um evento, basta acessar a aba
evento e clicar em e preencher o formulário que aparece. Chagas e Linhares (2014,
p. 306) explicam que
A criação de um evento pode estar ligada a uma etapa do projeto a qual deve
ser lembrada ou que necessita da confirmação da participação dos membros.
Nas etapas da criação do evento algumas informações são essenciais, como: o
nome do evento (deve colocar um nome que esteja ligado diretamente a etapa
do projeto, para facilitar a identificação por parte dos membros); detalhes
(aqui deve detalhar o que será o evento, colocar as informações necessárias);
poderá colocar o local do evento; a data e hora; a privacidade (deverá deixar
a opção do grupo) e marcado para convidar todos os membros, a não ser que
este evento seja apenas para alguns membros do grupo. Neste caso deverá
desmarcar a opção e entrar no evento para convidar os membros que deseja.
Ao receber a notificação de um evento o membro poderá optar por: participar;
talvez ou recusar, além de comentar no evento. Estas informações ajudam a
organizar e confirmar a participação dos membros na atividade do projeto.
Seguem abaixo alguns exemplos de como fizemos para criar o evento no grupo. Nas
imagens poderemos notar se o que foi sugerido por Chagas e Linhares (2014) está de acordo
com a nossa vivência na rede.
Figura 7 - Evento no Facebook
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Na figura 7 temos destacado em vermelho, a palavra eventos, que ao clicar em cima
aparecerá a opção que está em amarelo de visualizar os eventos que já foram criados ou caso
seja o primeiro evento criado é só clicar em criar evento que está destacado em verde.
69
Figura 8 – Criando o evento no Facebook
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Na figura 8 temos o formulário para cadastrar o evento, no qual é possível adicionar
uma foto, nomear, preencher o dia, local e hora que acontecerá o evento. Após este processo,
caso o evento seja criado dentro do próprio grupo é só clicar (onde a seta está apontando) em
convidar todos os membros do grupo e criar evento. Caso não seja dentro do próprio grupo, o
usuário que criou o evento pode convidar qualquer pessoa.
Figura 9 - Página do evento criado no Facebook
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
70
Na figura 9, é retratado um evento criado, conforme Chagas e Linhares (2014)
descreveram. Neste evento temos em amarelo a descrição da data, quem convidou e qual era o
assunto a ser debatido. Em verde as opções de confirmação, de convidar alguém por e-mail que
não seja do grupo e a opção de editar alguma informação incorreta. Em vermelho temos quem
aceitou o convite e a quantidade de convidados que ainda não confirmou e ainda a possibilidade
de ver quem está em dúvida por algum motivo. Portanto, vimos que as opções do grupo foram
bem exploradas nas nossas atividades.
3.5 - Membros:
Geralmente, em um AVA, os integrantes são denominados participantes, interlocutores.
Em um grupo do Face, eles são os membros! São chamados de membros os participantes do
grupo. O nosso grupo contava com dez membros, onde dois eram administradores da página e
um foi bloqueado, por ter trancado a disciplina. Como é mostrado na figura abaixo:
Figura 10 - Página dos membros
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Membros 9 Administradores (2) Bloqueados (1)
71
Para Chagas e Linhares (2014, p. 298) “Os membros de um grupo não são
necessariamente uns amigos do outro (ou que exista conexão anterior entre eles), o que
possibilita uma troca de conhecimentos entre pessoas sem links na rede e a formação de novas
conexões em suas redes”. Ou seja, nem todos os participantes da rede eram amigos um dos
outros no Facebook, mas será que nós, mestrandos, trocávamos só conhecimentos? Creio que
não, pois em alguns casos havia troca de informações, através dos nossos hipertextos e
hiperlinks na rede. Para adicioná-los a rede, foi enviado o link pelo e-mail onde os mestrandos
solicitavam participação e eram aprovados pelos administradores. Caso não quisessem acessar
o e-mail, era só digitar na parte de busca, que fica no canto superior esquerdo, e escrever o
nome de disciplina, como mostra na imagem abaixo.
Figura 11 - Dispositivo de pesquisa no Facebook
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
3.6 - Arquivos:
Os arquivos são documentos compartilhados no grupo para que todos tenham acesso.
Chagas e Linhares (2014, p. 304) explicam a funcionalidade desta aba.
A área de arquivos permite carregar arquivos do computador, ou criar um
novo documento. (...) O Facebook separa os dois tipos que podem ser filtrados
pela opção na área esquerda (como apenas documentos, apenas arquivos ou
tudo) estas alternativas facilitam a visualização e a busca de documentos e
arquivos. Os arquivos podem ser em qualquer formato até o tamanho de
25MB, e no momento da submissão é solicitada uma descrição sobre o
arquivo. A utilização da descrição ajuda a identificação do conteúdo do
mesmo. Estes arquivos se estiverem em formato de arquivos editáveis em que
os membros possam baixar e modificar o arquivo, ele poderá novamente
submeter uma nova versão do arquivo e o grupo manterá um histórico das
versões, tornando assim uma forma de criar uma criação colaborativa, em que
se tem o controle do que está sendo produzido e por quem, sendo possível
recuperar as versões anteriores.
Figura 12 - Página de arquivos no grupo do Facebook
72
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Os arquivos postados em sua maioria eram disponibilizados no próprio mural, conforme
novas discussões iam acontecendo as postagens davam lugar as mais novas. Sendo assim, para
não ter que ficar subindo e descendo a barra de rolagens, bastava acessar a aba de arquivo que
os documentos estavam lá de acordo com a data cronológica das postagens. Todos os membros
poderiam baixar o arquivo ou, caso já tenham publicado algum documento e precisassem alterá-
lo, era só clicar em carregar revisão e substituir os arquivos.
Finalizamos este capítulo trazendo a abordagem e a dificuldade de fazer pesquisa on-
line, trouxemos também nosso primeiro objetivo especifico que foi ilustrar como foi
desenvolvida a disciplina, além disso, ilustramos as funcionalidades da rede, destacando cada
aba disponível no grupo. Debatemos entre a escolha do AVA e o Face como espaço para ocorrer
a disciplina, decidimos e implementamos um curso de pós-graduação em uma rede social e
explicamos os motivos pela escolha da Face e não do AVA, onde comparamos as
funcionalidades, diferenças e semelhanças de cada estrutra.
No próximo e último capítulo, finalizaremos a história do viajante em busca do seu
caminho, retrataremos a metodologia e escolhas usadas para realizar a pesquisa e os nossos
achados durante a nossa procura pela pedra preciosa. Buscaremos dar continuidade com os
objetivos específicos propostos que é dar continuidade de como foi desenvolvida a disciplina
no Facebook, faremos as análises das interações na rede, e criaremos esquemas para mostrar
como aconteceram as interações no grupo do Face.
+ criar documentos
+ carregar arquivos
arquivos
73
CAPÍTULO 4_________________________________________________________
4 - ALGUNS ACHADOS DA PESQUISA: RUÍDOS E SILÊNCIOS EM UMA TRAMA
HIPERTEXTUAL NO GRUPO DO FACEBOOK
“Quando se olha muito
tempo para um abismo,
o abismo olha para você”.
Nietzsche
E quando se olha muito tempo para pesquisa, a pesquisa olha para você? Creio que sim,
pois a partir do momento em que olhei para o grupo e deixei ele me dizer algo, ele me disse.
Disse coisas que tive que ter a sensibilidade para ver e ouvir, sensibilidade que foi construída a
partir da vivência de mundo e dos livros e textos que foram lidos e que ajudaram a pensar sobre
esta pesquisa.
Neste capítulo, buscaremos dar continuidade sobre o desenvolvimento da disciplina,
também analisaremos o grupo a partir das interações realizadas sobre o conceito hipertexto
trabalhado na disciplina. Partindo desses pontos criaremos esquemas com o software Nodexl
que retratará como aconteceram as interações na rede. Para isso, retomaremos a nossa viagem
metodológica.
Deve ter sido angustiante para o viajante da história, saber aonde quer ir, mas não saber
como chegar, se sentindo desamparado (por não estabelecer um caminho, uma metodologia).
Da mesma forma que o viajante buscou meios para conseguir ir ao seu destino, fizemos com a
metodologia. Levantamos fontes, analisamos quais poderiam se encaixar na nossa pesquisa,
porque aquela metodologia não servia ou porque aquela viria a servir. Segundo Flick (2009, p.
240)
Podemos observar que os pesquisadores transferiram muitos métodos
qualitativos para a pesquisa na internet. Encontramos formas da entrevista
online, o uso de grupos focais online, observação participante, etnografia
virtual (Hine, 2000) e estudos de interação e de traços de interação (…) Alguns
desses métodos podem ser mais facilmente transferidos e aplicados na
pesquisa na internet; alguns deles e alguns princípios da pesquisa qualitativa
podem ser transferidos à Web apenas com alguma modificação.
Após os levantamentos dos possíveis caminhos para nossa “viagem”, optamos por
utilizar como metodologia de pesquisa a observação participante. O espaço on-line, por estar
sempre em mudança dificulta a linearidade na/da pesquisa. Macedo (2015, p. 370) nos lembra
que “é preciso pontuar que nas pesquisas on-line o campo está no ciberespaço”. E concordando
com Mendes (2009, p. 6).
74
As técnicas de observação online são particularmente eficazes no que tange o
comportamento lingüístico (verbal, nãoverbal e extralingüístico). Como o
pesquisador qualitativo se interessa em analisar seus objetos em contextos
naturais, a preferência deve ser por ambientes experimentais.(...) A
observação participante, ou seja, a observação a partir da perspectiva dos
envolvidos, vem crescendo nas pesquisas online. Esse tipo de observação
envolve, acima de tudo, o acesso. A observação e o ato de tomar notas ao
mesmo tempo não são um problema em pesquisas online. Além disso, no
espaço virtual, a presença física tanto do pesquisador quanto dos entrevistados
é simulada.
Baseado na descrição acima, a pesquisa on-line aconteceu em um espaço experimental,
que seria o grupo do Facebook utilizado como um espaço virtual para realização da disciplina,
onde foi possível trabalhar com diversos hipertextos, além de explorar a linguagem através da
escrita, imagens, vídeos e etc. A desvantagem da pesquisa participante on-line encontra-se no
sentido em que perdemos o contato face a face e os gestos que produzimos em uma conversa
presencial não são captados.
Na intervenção on-line realizada éramos dez alunos da disciplina optativa e
posteriormente, ao término da disciplina, o que construímos durante nossas interações
resultaram em produção de dados. “A observação – presencial ou on-line – constitui uma
técnica relevante, desde a formulação do problema à interpretação dos dados produzidos no
processo de investigação qualitativa”. GIL (2008 apud SANTOS e COSTA 2015 p. 60).
A disciplina no grupo fechado do Facebook possibilitou diversos olhares e dados que
foram produzidos durante a análise da disciplina, após seu término. A observação on-line teve
o intuito de investigar como aconteceram os debates acerca do conceito levantado pelo
professor, no decorrer das interações, que seria hipertexto. O que proporcionou experiências
diferentes da sala de aula tradicional e dos AVA no Moodle, para os alunos que já cursaram um
curso a distância nesta plataforma.
Como foi dito anteriormente, após o término da disciplina, foi produzido o mapeamento
e levantamento dos dados que foram gerados no decorrer do curso. Foi criado um documento
no Word com quarenta e duas páginas para as comunicações assíncronas (postagens nos murais
e comentários das postagens), com tabelas, onde foram separadas as postagens por postagens,
o número de curtidas, os horários em que as pessoas mais respondiam e quais assuntos que mais
eram retomados. Para os chats (comunicação síncrona) foram gerados três documentos no Word
e divididos por encontros sendo os chats nos dias: 06/05/15, 27/05/15 e 24/06/15 gerando os
documentos com trinta e nove, trinta e cinco e vinte e cinco páginas, respectivamente.
Antes de continuarmos com a análise, esclarecemos que a pesquisa aconteceu somente
dentro do grupo e não se desdobrou em buscar analisar os perfis e comportamentos dos
75
membros fora do nosso espaço de interação. Os propósitos eram testar, verificar, analisar como
se daria a efetivação de uma disciplina na rede social. A disciplina ocorreu em quinze semanas
e as interações aconteciam através de postagens referentes aos textos disponibilizados,
comentários, curtidas, além de integrações de outros conteúdos, sendo por fotos, imagens ou
vídeos.
Estava entre os alunos que faria parte do processo de construção coletiva e foi deixado
claro, pelo professor, no primeiro encontro que esta disciplina optativa na rede poderia vir a se
desdobrar em uma pesquisa do mestrado. Estar matriculado no curso era um dos requisitos para
ter acesso ao grupo fechado, ou seja, os pré-requisitos para entrar em campo era estar inscrito
na disciplina e ter um perfil ativo no Facebook, aonde aconteceria a interação. Segundo Gil
(2008 apud SANTOS e COSTA 2015, p. 60).
Pela própria especificidade, a observação tem por princípio a adoção de
formas não estruturadas em detrimento das estruturadas, subdividindo-se em:
A observação simples16, a observação participante17 (ou direta) e observação
sistemática18, subcategorias que combinam meios utilizados e grau de
envolvimento do observador na pesquisa.
Dos exemplos citados acima, esta pesquisa é realizada a partir do prisma do observador
participante natural, ou seja, onde o pesquisador era membro ativo do grupo. Todos os
participantes da disciplina sabiam sobre a pesquisa, pois foi dito no primeiro encontro a
possibilidade da disciplina se desdobrar em objeto de estudo e quando foi solicitada a ajuda,
para levantar algumas informações, através das postagens, todos colaboraram. O que está de
acordo com as ideias das autoras Santos e Costa (2015, p. 61) onde:
O pesquisador pode se mover entre a observação e a participação, quer seja
no papel de observador, quer seja no papel de participante, avaliando,
participando e intervindo no processo de produção de dados para constituir a
pesquisa. Nesse movimento, consegue-se obter informações mais precisas
sobre o fenômeno em estudo, a partir das perspectivas do pesquisador, das
perspectivas dos outros interagentes e de uma nova perspectiva formada a
partir do resultado dessas interações.
16 Não conta com a participação ativa do investigador. Ele daria atenção aos objetivos e roteiros da pesquisa, pois
esse tipo de observação pressupõe uma estrutura de pesquisa previamente planejada e a análise se pautará neste
planejamento prévio. 17 É subdividida em duas partes: “natural, que é quando o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que
investiga; e artificial, quando o observador se integra a um grupo específico com a finalidade de realizar uma
investigação”. 18 É composta de descrições precisas de fenômenos e/ou verificação de hipóteses. O seu foco está na verificação
dessas hipóteses.
76
Neste caso, o pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações. As
interações e participações no grupo aconteceram através de observação, participação e em
alguns casos intervindo, como dizem as autoras, no processo de produção de dados, pedindo a
cooperação do grupo com algumas informações que não são dadas. Segue abaixo a postagem
onde isso acontece.
Figura 13 - Postagem do observador como participante.
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Na figura acima, peço a colaboração dos membros que informassem sua formação, pois
estava escrevendo um artigo para participar da VIII Redes, na UERJ, e faltavam esses dados
que foram prontamente cedidos pelos demais alunos.
Ao cursar a disciplina como aluno, fazia algumas observações e reflexões, porém sem
pretensões de intervenções sistemáticas ou que verificassem determinada validade do
planejamento da disciplina. A observação on-line ocorreu posteriormente ao término da
disciplina que ocorreu no primeiro semestre de 2015. A partir das análises de nossas postagens
e nossas interações no curso, trabalhamos quatro conceitos: tecnologia; inclusão social;
interação e hipertexto. Segue abaixo a tabela com a linha do tempo das nossas discussões sobre
os conceitos acima:
Tabela 4 – Linha do Tempo
Tecnologia Inclusão Social Hipertexto Interação Hipertexto
09/04/15 a 30/04/15 02/05 a 10/05 29/04 a 13/06 05/06 a 02/07 02/07 a 20/07
Olá pessoal!
Gostaria que cada um informasse sua
formação, para que possa acrescentar nos
dados que serão trabalhados em uma
pesquisa que estou fazendo.
Desde já agradeço!
77
Elaboração Própria
Nossa primeira aula presencial aconteceu no dia 08/04/2015, neste dia foi apresentada
a ementa do curso e a proposta de como aconteceria essa interação no Facebook. Além disso,
nos foram feitas três perguntas: a primeira: O que eu entendo por tecnologia?; A segunda:
Citar 3 exemplos do uso de tecnologia no meu dia-a-dia; e a terceira: O que eu entendo por
inclusão? A partir dessas perguntas, utilizamos o Facebook para responder estas e outras
discussões que aconteciam a partir dos textos publicados.
O segundo conceito trabalhado foi inclusão social que não se desdobrou em outras
postagens/conversas. Tendo a pequena duração de um pouco mais de uma semana. A partir do
dia 29/04, fomos instigados com o post do professor da disciplina (como mostra na figura
abaixo), onde o mesmo mostra alguns conceitos que perpassariam a disciplina, dando ênfase
em dois que seriam hipertexto e AVA. A partir das interações posteriores e dos assuntos que
apareceram, o conceito hipertexto foi sempre retomado.
Figura 14 - Postagem sobre hipertexto
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Dessa forma, o hipertexto, por ter sido um assunto recorrente dentro da nossa rede e
nossas discussões acontecerem a partir deste conceito, as observações das interações
aconteceram entre os dias 29/04 a 13/06 e 02/07 a 20/07. Onde serão observadas as formas de
comunicação que o Facebook permite ao usuário e desdobramentos do que foi construído
durante este período.
Sobre a trama Hipertextual:
Antecipei a leitura do artigo do Mercado
(2009) para nos auxiliar em outros
conceitos (hipertexto, ambientes virtuais,
objetos de aprendizagem etc.) e nos inspirar
com "novas tecnologias".
Mercado, L. P. L. (2009). Integração de mídias
nos espaços de aprendizagem. Em Aberto,
22(79), 17-
44. http://www.rbep.inep.gov.br/…/emaber…
/issue/view/101/showToc
78
Nós mestrandos trouxemos em nossa bagagem acadêmica a ideia do conceito de
hipertexto, que foram exploradas durante algumas semanas a partir dos textos disponibilizados
no grupo. Bairral (2007, p. 47) sugere que “o hipertexto pode ser uma metáfora válida para os
ambientes nos quais a (re)construção de significados esteja constantemente em jogo”. O que
está diretamente ligado as nossas relações como membros participantes de uma disciplina de
mestrado em um grupo no Facebook. Para caracterizar hipertexto, Lévy (1993, p. 15-16)
“propõe seis princípios dos sistemas hipertextuais, sendo eles: metamorfose, heterogeneidade,
multiplicidade e encaixe de escalas, exterioridade, topologia e mobilidade dos centros”. A
partir destes conceitos propostos por Lévy (1993), Bairral (2007, p. 48) faz uma síntese de cada
princípio.
Segundo o princípio de metamorfose, o hipertexto está em constantes
construção e renegociação, podendo permanecer estável durante certo tempo.
Sua extensão, sua composição e seu desenho estão permanentemente em jogo
para os atores envolvidos. Os nós e as conexões de uma rede hipertextual são
heterogêneas e o processo sociotécnico relaciona pessoas, grupos, artefatos
etc., com todo tipo de associações imagináveis entre os mesmos, o que
caracteriza o princípio de heterogeneidade. Os sistemas hipertextuais também
se organizam em um mundo fractal, ou seja, qualquer nó ou conexão quando
analisados, podem se revelar como sendo compostos por uma rede e, assim,
indefinidamente, ao longo de uma multiplicidade e encaixe de escala dos
graus de precisão. A rede de informação não possui uma unidade orgânica. O
seu crescimento/diminuição e composição/recomposição permanentes
dependem de um exterior indeterminado (adição de novos elementos,
conexões com outras redes etc.). Além do mais, nos hipertextos tudo funciona
por vizinhança, por proximidade. Neles, o curso dos acontecimentos é uma
questão de topologia, de caminhos. A rede hipertextual possui diversos
centros, móveis e trazem ao redor de si uma ramificação infinita.
Apesar de ser um conceito debatido por nós, no grupo, vivenciamos na prática os
princípios sugeridos por Lévy (1993). A metamorfose na rede foi vivenciada nos momentos de
nossas postagens, pois construíamos nossas interações a partir das postagens que durante certo
tempo ficavam silenciadas, e eram retomadas a partir de novas interações. A heterogeneidade
estava presente a todo tempo no grupo, a partir dos textos e formatos de arquivos
disponibilizados na rede, nossa comunicação não linear que estava ligada ao princípio de
multiplicidade e encaixe de escalas que são os nós presentes na rede.
Em momentos de interações frequentes, era possível ver a rede com vida, sendo a todo
tempo movimentada por postagens, publicações dos participantes, ao término da disciplina, não
houve mais postagens, se não há adição de novos elementos na rede ela não cresce e permanece
estável. Nossas proximidades e vizinhanças aconteceram nos desdobramentos das postagens,
das discussões em grupos, que eram em alguns momentos retomadas. Considero como
79
mobilidade do centro, a relação das postagens, pois quem sempre postava aparecia no topo e
era o “dono” da palavra, a partir de novas postagens outros membros se tornavam novos
“donos”. Durante a pesquisa, como foi dito anteriormente, focamos no conceito de hipertexto,
e observando as postangens, um recurso visualização nos chamou atenção.
4.1. - Visualizando a observação:
Com a gama de possibilidades que o próprio grupo e suas funcionalidades fornecem aos
membros, além daquela familiaridade com o ambiente, o olhar já estava “viciado” naquele
espaço. Olhar para a rede já não me causava estranhamento, não conseguia notar um dado
relevante para poder explorar. Não era preguiça de pesquisar, de ler, de buscar informações
relevantes, mas porque estava cego. Cego como diz Caetano Veloso, fiquei cego de tanto vê-
la.
Bakhtin (2003) aborda o conceito de exotopia, que vem a ser o processo de buscar outros
olhares a partir de um lugar exterior. Este “lado de fora” possibilita ao pesquisador poder
distanciar de si e ver algo que ele, como pesquisador não tenha notado antes. O processo de
buscar me distanciar e olhar com outros olhos a pesquisa foi importante, pelo fato de tentar
trazer um prisma que não era “viciado”.
Iniciei então, a observação partindo da primeira postagem sobre hipertexto. E como a
disciplina aconteceu no Facebook, temos alguns recursos peculiares desta rede que são os
botões de curtir, compartilhar, comentar, entre outras funcionalidades é possível verificar quem
visualizou as publicações e os horários correspondentes. Como estamos em um grupo fechado
e todos temos acesso às publicações, o botão compartilhar, pode-se dizer que quase não foi
usado. O botão curtir, já foi mais solicitado e quase presente em todas as postagens. Como
interpretar a questão do curtir dentro de um grupo fechado? Será que tinha o mesmo significado
para todos? Porque todos visualizavam, mas não interagiam?
Partindo da própria ideia que o nome sugere, tendo como base a sua funcionalidade e
concordando com Ribeiro e Ayres (2014, p. 210) que “no Facebook, o botão Curtir pode ser
visto como uma ação pré-programada pelo site, no qual o usuário, ao clicar na opção, deixa
público na rede a sua avaliação de um determinado conteúdo”. Esta foi a percepção que tivemos
quando nossas postagens eram curtidas e de certo modo, concordavam com o ponto de vista
dos outros colegas. Infelizmente, no período da disciplina o Facebook ainda não tinha
80
disponibilizado os novos emotions (Facebook reactions), que foram liberados, no Brasil, em
vinte e quatro fevereiro de 201619.
Figura 15 - Emotions
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Além de concordar com Ribeiro e Ayres (2014), percebi que nas postagens que
demandava algum comando, tanto entre professor-aluno e aluno-aluno, a função do curtir, pode
ter ganhado outra funcionalidade, que seria mostrar para quem fez a postagem: recebi a
notificação e estou ciente do texto ou atividade da semana. Embora haja o recurso de visualizar
que também ajuda neste processo.
Por falar em visualizar, esta função me intrigou bastante em alguns momentos, pois nas
postagens era possível ver que todos os membros tinham visualizado, mas nem sempre, todos
participavam das discussões. Trazendo para realidade da sala de aula presencial, seria o mesmo
caso onde o professor leciona e os alunos estão presentes, mas poucos interagem com a aula. A
diferença fica no registro em que a própria rede mostra. Em caso de buscar tirar alguma dúvida
sobre a participação de algum membro durante a disciplina, basta o professor descer a barra de
rolagens e verificar se aquele aluno realmente era participativo ou não.
Durante nossos encontros na rede havia publicações que se desdobravam em outros
comentários, porém apenas os mesmos alunos participavam das discussões. Enquanto os outros
apenas visualizavam, mas não curtiam, não interagiam, eram os alunos voyeur, estavam
somente olhando. Apesar de estarmos em um espaço que todos conhecem e que possibilitou
formas de interações através de hipertextos como: vídeo, imagens, textos, links de artigos em
alguns casos a interação de alguns alunos era quase nula. Em contraponto, os outros que
participavam com mais frequência levantavam questionamentos que sempre eram retomados
no grupo onde quem quisesse contribuiria, criando na prática o conceito de inteligência coletiva.
Em uma aula que assisti da professora Edméa Santos (UERJ), a mesma disse que se
pesquisamos no Youtube, devemos nos “youtubar”, caso seja no Instagram, devemos nos
“instangrar” e no Facebook “facebocar”. Ou seja, a professora quis dizer que para fazer pesquisa
19 Retirado do site http://zh.clicrbs.com.br/ <acesso em 01/09/2016>
81
não temos que olhar de fora e sim estar imerso naquele espaço, seja ele on-line ou presencial.
“Facebocando” na rede, após o término da disciplina, não como aquele aluno que participa,
interage nas postagens dos colegas, realiza trabalhos e cumpre as exigências da disciplina, mas
dessa vez como pesquisador. O trabalho do pesquisador se parece muito com o de um
garimpeiro, onde o mesmo busca encontrar as pedras preciosas. Pedras preciosas que exigem
repetidas buscas. No caso do garimpeiro, ele incansavelmente coloca a peneira no rio e peneira
aquele bocado de terra, e repete diversas vezes por dia este movimento. Caso não consiga
encontrar nada, o garimpeiro se desloca para outra área e por aí vai até encontrar o que vem
procurando.
No meu caso, como pesquisador, busquei o material bruto da pesquisa, o grupo da
disciplina, subia e descia a barra de rolagem, lia e relia os comentários e postagens dos
envolvidos naquele espaço. Observava, tentando encontrar pista nas linguagens dos fóruns,
chats, e da própria estrutura que o Facebook nos possibilitou. Comparava os dados que produzi
nos documentos do Word, voltava na rede, voltava no texto, e o desespero já começava a bater,
a dúvida pela escolha do tema da pesquisa começa a ficar mais presente, e a relevância em
estudar a disciplina no Facebook fora questionada diversas vezes por mim. Ribes e Macedo
(2014, p. 39) ressaltam que
Pesquisar o contemporâneo implica na construção de um posicionamento em
relação ao presente, o que exige, por um lado, uma extrema fidelidade de
pertencimento à época e as suas formas de percepção e, por outro, a renúncia
a um adesismo que impeça de coloca-la em julgamento. Daí a importância de
buscar ver não apenas aquilo que se torna visível, mas aquilo que, na sua
obscuridade se oferece como questão. É, portanto, um trabalho desbravador
que aguça na pesquisa o sentido de criação. Reveste-se, porém, de um certo
desamparo, posto que teorias e metodologias já canônicas vão se mostrando
insuficientes às demandas que o cotidiano da pesquisa impõe.
Como no trabalho do garimpeiro há uma incansável busca pela pedra preciosa, com o
pesquisador não ia ser diferente. A pepita de ouro do meu trabalho estava reluzindo na minha
frente o tempo inteiro. Toda vez que repetia o processo de subir e descer a barra de rolagem, de
voltar nos textos e discussões não tinha observado o brilho da pedra. Olhar diferente, para a
obscuridade que se oferecia como questão, para dentro da pesquisa me fez notar, o que
considerei a pepita de ouro, os ruídos e silêncios da rede.
Cheguei a esta descoberta, pois como escrevi no começo do texto, deixei a pesquisa
falar comigo. Quando subia e descia a barra de rolagens, saltava um distanciamento entre datas
de interação causando um silêncio enorme na rede. E repetindo o processo de subir e descer a
barra de rolagem com velocidade, as imagens ficavam meio distorcidas, busquei então na
fotografia, o conceito chamado ruído, que diz que a foto está com a imagem “granulada” ou
82
Visualizado por todos
Visualizado por todos
comprometida. Trazendo para realidade da rede, entendo como ruídos os rastros deixados pelos
participantes, como as curtidas, comentários e visualizações e, como silêncio a não participação
dos membros que ficavam por alguns dias sem interagir na rede. Observando com mais cuidado,
percebi que no grupo havia em alguns casos um silêncio absurdo, e em outros um ruído
tremendo.
4.2. - Visualizou, mas não interagiu! E agora?
A visualização no grupo do Facebook “entregava” os alunos que tiveram a curiosidade
de conferir as postagens tanto do professor quanto de outros colegas, mas não interagiam. Nas
imagens abaixo temos dois exemplos desses ocorridos:
Figura 16 - Exemplo (1) de conversa visualizada Figura 17 - Exemplo (2) de conversa
visualizada
Fonte: Elaboração própria a
partir de print de telas.
Fonte: Elaboração própria a
partir de print de telas.
Será que as postagens dos alunos eram desinteressantes para os demais mestrandos? No
primeiro caso, há uma postagem a partir do texto de Buzato que foi uma de nossas literaturas.
Todos visualizaram e recebeu uma curtida. No segundo caso, trata-se de uma matéria na internet
falando sobre tecnologia. Em ambas as postagens os participantes visualizaram, no primeiro
teve uma curtida, no segundo duas. Não houve uma continuação nos comentários. Considero
essas faltas de desdobramentos como silêncio da rede.
83
Por falar no silêncio da rede, como já disse anteriormente, com dez alunos, dos quais
oito concluíram. Um deles trancou e foi desligado da rede. O outro simplesmente parou de
postar e de interagir nas postagens e comentários. O que nos deixou intrigado foi o fato deste
aluno visualizar todas as postagens até a entrega da última atividade e visualizar também
algumas discussões que iam se desdobrando no decorrer das interações.
A última participação deste aluno foi realizada com uma curtida numa postagem do dia
vinte e dois de maio de 2015. A partir das outras postagens, ele não interagiu com comentário
ou curtidas, apenas visualizou o decorrer da disciplina. Como o assunto que mais rendeu na
disciplina estava voltado para o hipertexto, pegarei algumas postagens que discutimos, para
poder ilustrar o fato ocorrido que seria o aluno ter deixado de participar ativamente e apenas
visualizar os conteúdos e conversas.
Figura 18 - Primeira postagem com assunto hipertexto
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
Figura 19 - Segunda postagem com assunto hipertexto
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
28 de maio de 2015
4 curtidas15 comentários
Visualizado por todos
05 de junho de 2015
8 comentários
Visualizado por todos 1 curtida
84
Figura 20 - Terceira postagem com assunto hipertexto
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
Figura 21 - Quarta postagem com assunto hipertexto
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
As quatro imagens retratam assuntos referentes ao conceito de hipertexto. Como essas
datas ocorreram após a última participação de um dos membros da disciplina, podemos perceber
que elas se desdobraram em comentários, curtidas e visualizações. Neste caso da visualização,
é possível ver que o aluno mesmo não participando, visualizou pelo menos uma vez cada
mensagem, pois o Facebook registra quem entrou e viu. Ele teve que estar logado em seu
Facebook e recebia a notificação como todo mundo, pois ele não trancou a disciplina. Desse
modo, a visualização o entregou, mostrando mesmo que não estivesse ativo nas discussões o
mesmo se manteve presente.
Nas imagens acima, também é possível notar que em nossas conversas tivemos bastantes
ruídos, sendo eles atravessados de curtidas ou de comentários. Na sala de aula tradicional há
18 comentários
Visualizado por todos
13 de junho de 2015
7 curtidas
2 curtidas
9 comentários
Visualizado por todos
02 de julho de 2015
85
alunos que não gostam de ser notados ou não participam das aulas. Quando um aluno tranca a
disciplina, ele está mostrando que não poderá dar continuidade naquele curso. Porque o aluno
que está matriculado, não solicitou o trancamento da matéria e toda vez que recebia uma
notificação ele tinha o trabalho de visualizar as postagens e não comentar? Esses são os rastros
que a rede vem deixando.
Na primeira vez que participei de uma atividade na rede social, foi na graduação em
Pedagogia, no segundo semestre de 2008, cuja disciplina era PPE III (Práticas de Pesquisa
Educativas) e a rede social mencionada era a Ning. Estou contando novamente este fato, pois
na rede do Ning o que aconteceu foi que alunos e alunas que não participavam das discussões
orais na sala de aula, teriam a rede para expor suas ideias. Ribetto, Vieira et al. (2011, p. 96-
97) destacam a postagem feita por uma aluna de como foi participar de uma disciplina na rede:
Sobre o que eu disse no nosso último encontro, no início eu me senti um pouco
acanhada em relação a postagens, sobre a escrita, procurei ter um cuidado
redobrado pra que não fugisse do foco: Tecnologia e Educação. Eu confesso
que demorei pra derrubar o tabu criado por mim de coisa séria (TRABALHO
DE PPE) afinal estamos substituindo as aulas presenciais, a rede social está
nas minhas mãos! O.o Na sala de aula eu faço o máximo para não ser
percebida, cumpro meu papel de uma ouvinte que não se mete. Entro muda e
saio calada. Mas e agora? Aqui não pode ser assim, eu tenho que postar
alguma coisa e o pior de tudo é por meu nome embaixo... aiiiin fiquei com
medo e me senti bastante exposta! Que responsabilidade hein?! Minha saída
foi antes de me movimentar, observar, como de praxe rs. Agora eu já entendi,
ou pelo menos acho que entendi, que esse é meu espaço também (quando digo
meu me refiro ao grupo também) nele posso expor pensamentos,
conhecimentos etc. Não me sinto mais tao presa a um ponto fixo. E espero que
a tendência seja melhorar rsrs.
Beijinhos Thamy Pessoa.
No grupo do Facebook o que aconteceu foi o caminho contrário, o estudante expôs suas
ideias na primeira aula presencial e nas primeiras discussões on-line, era muito participativo e
silenciou-se no grupo do Facebook assistindo como um voyeur o que acontecia a disciplina.
Porque os participantes da disciplina visualizavam algumas postagens, mas não
comentavam, não curtiam e não interagiam? Porque em outras, todos visualizavam e um ou
outro comentava e curtia? Qual o valor da visualização e da curtida neste contexto de
aprendizagem?
4.3. - Visualizou, interagiu! Que ruídos são esses?
Como já foi dito anteriormente sobre os ruídos da rede, buscamos retratar uma postagem
na qual falávamos sobre hipertexto e que se desencadeou em outros ruídos. A postagem inicial
86
https://www.youtube.com/w
atch?v=EszFbphcfk8
15 comentários
Visualizados por
todos 4 curtidas
5 curtidas
7 curtidas
6 curtidas
4 curtidas
3 curtidas
1 curtida
3 curtidas
4 curtidas
1 curtida
Remover
visualização
se desdobrou em quatro curtidas e quinze comentários onde todos visualizaram. Na imagem
abaixo trago apenas parte deste desdobramento que geraram novas curtidas e outros
comentários.
Figura 22 - Desdobramento dos comentários
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
87
É possível verificar nas imagens que a partir de uma postagem, houve o engajamento
que se desdobrou em comentário, curtidas, e inserção de um vídeo. Utilizar o vídeo como
estratégia do debate que estávamos mantendo foi importante por dois pontos. Primeiro por ser
uma mídia audiovisual, outra fonte hipertextual, que começou em um texto, foi crescendo a
partir das vivências de mundo dos mestrandos gerando novas curtidas, novos comentários que
iam surgindo. Segundo, por trazer um assunto que estava sendo discutido no momento. A não
linearidade da rede é interessante, pois quando alguém publica uma postagem ela pode ter
diversos interlocutores e desdobramentos em uma única postagem.
Dentre as quinze semanas, sete delas traziam algum assunto voltado ao hipertexto.
Sendo assim, partimos da análise de interações circunscritas ao entendimento dos membros
sobre o conceito de hipertexto. Antes de dar importância aos comentários que surgiram a partir
dos textos, criei a tabela abaixo com a data, o texto, o número de comentários e curtidas que
cada post gerou.
Tabela 5 - Resultado das interações
Post Quem
postou?
Data Nº de
curtidas
Nº de
comentários
Visualizações Horário
mais
acessado
Antecipei a leitura do
artigo do Mercado
(2009) para nos
auxiliar em outros
conceitos (hipertexto,
ambientes virtuais,
objetos de
aprendizagem etc.) e
nos inspirar com
"novas tecnologias".
Marcelo
Bairral
29/04/15 3 0 Todos viram Não teve
Espero que estejam
gostando e se
inspirando com a
leitura do texto do
Mercado
(2009). (...)Nesta
semana, gostaria que
focássemos nos
de hipertexto e AVA.
Aguardo vossas
contribuições.
Marcelo
Bairral
12/05/15 6 12 Todos viram Manhã
Texto para
aprofundamento do
conceito de hipertexto,
conhecimento de um
recurso tecnológico
(portfólio eletrônico)
e, e despertar mais
interesse, analisar a
dissertação do Celio
(egresso do
PPGEduc). Boas
reflexões
Marcelo
Bairral
22/05/15 7 7 Todos viram Noite
88
artigo
"O hipertexto como
imaginação do
currículo" (Anped,
2004)
Marcelo
Bairral
28/05/15 5 15 Todos viram tarde e
noite
(...) Além de
enriquecer nossa
discussão
sobre hipertexto na
visão de Pierre Lévy,
vejam se é possível
incluir em nossa
reflexão o conceito de
interação.
Marcelo
Bairral
05/06/15 1 8 Todos viram Noite
Após interessantes
reflexões
sobre hipertexto segue
um texto para
enriquecer nossas
ideias sobre
tecnologias e inclusão
trazendo à tona
conceitos de culturas e
identidades.
Marcelo
Bairral
13/06/15 7 18 Todos viram Tarde e
noite
Dentre outras
características, esse
desenho na opinião
dos autores:
1) é a arquitetura de
conteúdos e situações
de aprendizagem para
estruturar uma sala da
aula on-line
contemplando as
interfaces de conteúdo
e de comunicação
(p.111)
2) pode estruturar-se
como hipertexto (p.
113)
3) articula os saberes
em uma equipe
interdisciplinar (p.
118)
Marcelo
Bairral
02/07/15 2 9 Todos viram Tarde
Fonte: Elaboração própria.
Na tabela 5 foi feito o levantamento das aulas que tiveram como assunto central o
hipertexto. Podemos observar que dentre estes encontros assíncronos, a maioria dos
participantes interagiam no horário vespertino e noturno. Em todas as postagens publicadas
apareciam que todos visualizaram. Quando olhamos para o quadro de comentários e curtidas,
notamos que a interação realmente aconteceu e desdobrou em outros comentários, uns com
mais e outros com menos frequência. E aquele aluno que não participava mais das aulas, estava
sempre marcando presença, visualizando os conteúdos e discussões que ocorriam na rede.
89
4.4. - Chat e Mural:
A rede social Facebook possibilita a relação de comunicação síncrona e assíncrona, e
como está integrado com o Skype, caso seja necessário, é possível fazer videoconferência. No
nosso caso, exploramos apenas o chat e os murais, onde interagíamos tanto no modo síncrono
como no assíncrono. Observando nossas publicações nos murais ou comentando nas postagens
dos colegas, fui verificando uma diferença na nossa forma de escrever.
Nas respostas as publicações ou comentários, a escrita buscava seguir os moldes
acadêmicos, tínhamos mais cuidado em escrever e como o tempo para responder era feito pelo
membro da rede, a formulação da resposta tinha uma atenção maior. Como podemos verificar
na imagem abaixo:
Figura 23 - Exemplo de comunicação assíncrona
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
Este é o trecho de uma publicação que se desdobrou em quinze comentários. Nele,
podemos ver que há uma provocação por parte de um aluno e no comentário seguinte é gerado
90
um debate sobre o currículo escolar e o hipertexto. Podemos verificar que na escrita tanto do
primeiro quanto do segundo aluno há um cuidado para a ideia ser expressa.
A comunicação no chat é bem diferente do que acontece nos murais. Analisando as
nossas três interações no chat, percebi que não nos preocupávamos com a linguagem tão
acadêmica. Da maneira que vinha na mente a gente escrevia, o tempo do chat é diferente de
uma postagem no mural, onde se tem um tempo para pensar no que escrever. No chat
participaram todos, e a cada momento a caixa de inbox do Facebook ia subindo e outro assunto
já era levantado, teclava com um e respondia outro. Foi bem louco. Alguns autores consideram
que “no chat, a fala é “naturalmente” transcrita, e “a natureza [do] texto produzido é
diferenciada, é um misto de fala e escrita”.
Figura 24 - Exemplo de interação síncrona
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
No chat, o nosso bate papo aconteceu de maneira na qual escrevíamos mais
sucintamente e o texto da nossa conversa não era longo. Algo em torno de poucas linhas. No
mural e no chat trazíamos alguns hipertextos para discussão, o uso de emotions ficou restrito
ao chat, misturamos a forma como falamos com a escrita e acrescentamos emotions.
4.5. - Momento assíncrono no Face:
Criei a tabela abaixo baseada em uma publicação que o professor fez sobre o hipertexto.
Não coloquei o assunto discutido em evidência, quis trazer apenas a dinâmica que a rede, em
formato assíncrono, possibilitou aos membros da disciplina. Busquei mostrar como aconteceu
a interação onde o professor publicou a postagem e se desdobrou em comentários que geraram
outros comentários e curtidas.
91
Tabela 6 - Interação assíncrona
Fonte: Elaboração própria.
.
Data Hora Bairral Marcos Caroline Nuno Adilson Observações
05/06/15 12:33 Escreve
uma
postagem,
carrega um
arquivo em
PDF e faz a
publicação.
Todos
visualizam
1 curtida:
Tarciso
07/06/15 16:11 Responde a
postagem
de Bairral.
3 curtidas:
Bairral,
Caroline e
Adilson.
08/06/15 13:23 Responde
ao
comentário
de Marcos.
3 curtidas:
Caroline,
Adilson e
Marcos.
08/06/15 22:57 Comenta o
comentário
de Marcos
e
acrescenta
o seu ponto
de vista.
1 curtida:
Marcos.
08/06/15 23:16 Comenta a
postagem
feita por
Bairral.
3 curtidas:
Nuno,
Adilson e
Marcos.
09/06/15 22:49 Marca
Caroline
concordando
com seu
comentário e
comenta
também
sobre o
comentário
de Marcos.
2 curtidas:
Adilson e
Marcos.
09/06/15 23:02 Marca
Nuno e
responde ao
seu
comentário.
1 curtida:
Adilson.
92
Nesta tabela podemos verificar que só na publicação de Bairral houve a visualização.
Este recurso acontece somente quando a pessoa faz a publicação da postagem. Quando esta
postagem se desdobra em comentários os demais participantes do grupo tem apenas a opção de
curtir, comentar ou compartilhar. Vimos também na tabela que os comentários geraram algumas
curtidas, interpreto essas curtidas como forma de concordar com o que vem sendo comentado
pelos membros da rede.
Na tabela podemos ver também que Bairral, o professor da disciplina, fez a publicação
do conteúdo no dia 05/06/15, todos os nove membros visualizaram, ou seja, neste caso quem
publicou foi o professor. Logo, foram os mestrandos e mestrandas que visualizaram o texto
publicado, inclusive o que abandonou a disciplina. A publicação gerou uma curtida do
mestrando Tarciso que vimos no quadro acima, não participou dos desdobramentos dos
comentários gerados.
Dois dias depois (07/06) da publicação feita (comunicação assíncrona) que há o
primeiro comentário, feito por Marcos, gerando as curtidas do próprio Bairral, Caroline e
Adilson, os dois últimos fizeram sua primeira manifestação nesta postagem curtindo o
comentário de Marcos. No dia seguinte (08/06), Bairral responde ao comentário de Marcos
onde obteve também três curtidas, sendo do Marcos, Caroline e Adilson. Notamos que embora
haja um diálogo entre Bairral e Marcos, há também uma interação existente entre Caroline e
Adilson, mesmo que não seja no formato textual, mas com o próprio recurso do Facebook, o
botão .
Neste mesmo dia (08/06) Caroline comenta duas vezes, o primeiro comentário é sobre
o comentário de Marcos, onde o mesmo curte o que Caroline escreve. No segundo comentário,
ela retrata a importância do texto, onde Adilson, Marcos e Nuno curtem. Caroline faz sua
primeira manifestação em forma de texto, Adilson continua curtindo os comentários dos
colegas, Marcos continua ativo na rede, dessa vez curtindo os comentários dos colegas e Nuno
faz sua primeira manifestação, através da curtida nesta postagem.
11/06/15 18:53 Comenta a
postagem
feita por
Bairral.
2 curtidas:
Nuno e
Caroline.
11/06/15 19:07 Marca
Adilson e
concorda
com seu
comentário,
finalizando a
interação
nesta
postagem.
2 curtidas:
Caroline e
Adilson.
93
Nuno entra na conversa (09/06) dessa vez, no formato textual, marcando20 e
concordando com as ideias de Caroline e também comenta a partir do comentário de Marcos,
onde novamente Adilson e Marcos curtem seu comentário. Marcos no mesmo dia (09/06) marca
Nuno e responde seu comentário que acaba sendo curtido por Adilson. A não linearidade da
rede faz com que todos os participantes possam, caso queiram participar de uma mesma
conversa através de vários hipertextos.
Entre a publicação feita por Bairral (05/06) e o último comentário feito por Nuno
(09/06), vimos que Adilson interagiu em quase todos os comentários através das curtidas que
deu durante os dias que se desdobraram os comentários. Depois de alguns dias participando dos
comentários de forma não textual, Adilson vem (11/06) respondendo a publicação de Bairral,
onde Caroline curte junto com Nuno o comentário de Adilson. No mesmo dia (11/06) Nuno
marca Adilson concordando com seu comentário, no qual o próprio Adilson e novamente a
Caroline curtem e não há mais desdobramentos sobre o assunto.
Na análise feita acima, podemos perceber que dentre os oito mestrandos que participam
ativamente na rede, apenas a metade (Adilson, Caroline, Marcos e Nuno) participou da
interação que aconteceu a partir da publicação de Bairral. Houve uma curtida do Tarciso, mas
o mesmo não apareceu novamente no(s) desdobramento(s) da postagem. No entanto, o
Facebook nos mostra que todos visualizaram a postagem publicada pelo professor. Notamos
também que a dinâmica no formato de comunicação assíncrona se deu muito bem, tendo
conversas durante seis dias.
4.6. - Vamos continuar interagindo a partir de um post?
Foi feita a análise da última postagem sobre hipertexto que ocorreu no dia 02/07/15.
Este post foi feito pelo professor Bairral, indicando o texto da semana e a partir dele – o texto
– levantamos algumas questões. Como houve apenas nove comentários, trarei o texto na íntegra
para fazermos a análise das interações. A postagem é o ponto inicial para a conversa tanto no
grupo como no perfil, mas como o nosso foco é o grupo, podemos notar que a partir de uma
publicação houve o desencadeamento de outras conversas que não ficaram somente centradas
em responder ao professor.
Figura 25 – Post na íntegra
20 Marcar significa colocar o nome da pessoa em evidência, mostrando que aquele comentário e direcionado aquela
pessoa. Por exemplo:
94
Figura 26 - Postagem na íntegra
95
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
No post “printado”, podemos ver que os membros responderam a publicação, mas não
ficaram restritos apenas em se comunicar com a postagem principal. Os membros interagiram
a partir dos comentários dos outros, acrescentando e buscando aprofundar as discussões. Nos
desdobramentos dos comentários, vimos que os membros têm como ponto de partida suas
experiências como tutores ou usuários da plataforma Moodle. Os membros que desconheciam
a plataforma solicitavam ajuda aos demais participantes, não centralizando as respostas
somente ao professor. Nesta postagem, se analisarmos com mais cuidado, vamos encontrar
algumas marcas da cibercultura, como a colaboração, a não linearidade, deslocamento de centro
e a inteligência coletiva.
96
Desta vez não será abordada nesta análise as curtidas e a visualização. Preocupamo-nos
em olhar a estrutura da forma como se desdobrou a conversa. Analisando os dados produzidos
e tendo como estrutura base, a análise de fórum de discussão feita por Santos, Carvalho e
Pimentel (2016, p. 35), trago para a realidade da nossa postagem e comentários o que os autores
chamam de Árvore de Discussão, que vem a ser “o resultado de uma estrutura hierárquica de
mensagens associadas”.
No esquema abaixo, criamos retângulos com os nomes dos participantes que interagiram
nesta postagem. Cada nome é caracterizado, entre parênteses, com o número de vezes que os
membros participaram na publicação. As setas representam os movimentos e ações que
aconteceram no grupo, ou seja, quais foram os membros que mantiveram diálogos.
Esquema 1 - Árvore de discussão
Fonte: Elaboração própria
Analisando a Árvore de Discussão, temos no esquema a postagem inicial que foi feita
por Marcelo(1) e teve apenas a resposta de Caroline(1). Para Santos, Carvalho e Pimentel (2016,
p. 36)
Se fossem dadas várias respostas para a mensagem inicial do fórum, seria um
sintoma de que o fórum estaria sendo usado como uma espécie de questionário
aberto, mas não é isso que se visualiza na estrutura de mensagens (...). Pelo
contrário, identifica-se que os alunos responderam uns aos outros
desdobrando e aprofundando a discussão, sendo um indício que a
interatividade e colaboração ocorreu.
Os autores produziram dados a partir de um fórum de discussão no AVA. Trazendo para
nossa realidade de análise na rede, temos algo em comum, pois a primeira postagem feita pelo
professor não gerou um grande desdobramento, dessa forma, de acordo com os autores, não
temos um questionário aberto e sim um aprofundamento das discussões.
97
Continuando a análise, a resposta de Caroline(1) desdobrou na resposta de Marcelo(2)
e Cíntia(1) que respondeu tanto ao Marcelo(2) quanto para Caroline(1). Nuno(1) respondeu
somente a Marcelo(2), mas não houve desdobramento de comentários. Marcos(1) respondeu a
Marcelo(2). Rosilene(1) respondeu a Marcos(1) que foi respondida por Fábio(1) e Rosilene(2)
respondeu a Fábio(1). Apesar de a rede parecer ter uma sequência de postagens e comentários
uns sobre os outros, vimos que a conversa não é direcionada apenas a um ou outro e sim todos
interagem entre si.
Ainda analisando a Árvore de Discussão, há um destaque em Marcelo(2), pois o mesmo
responde a Caroline(1) e marca21 os demais membros convidando-os para discussão e reflexão
colaborativa. O mesmo é respondido por Marcos(1), Cíntia(1) e Nuno(1). Não há a
centratilidade e preocupação em responder somente a Marcelo(2), pois a conversa continua em
outros momentos com outros membros.
Utilizei outro esquema para tentar mostrar de outra forma como se deu a interação que
ocorreu no dia 02/07/2015. O esquema nos mostra como a não linearidade da rede aconteceu.
Esquema 2- A não linearidade na rede
21 No AVA quando falamos com alguém precisamos escrever o nome da pessoa e somente quando ela acessar o
fórum de discussão vai verificar os comentários anteriores. No Facebook de um modo geral, quando marcamos
alguém em algum comentário, o mesmo é direcionado a pessoa através de uma notificação quase de modo
instantâneo.
98
Fonte: Elaboração própria a partir do software nodexl.
Temos no esquema acima os rastros invisíveis que aconteceram na rede. O recurso de
montar tabelas, gerar outros esquemas, foi com o intuito de tentar trazer o que estava invisível
na rede e torná-lo visível. Falamos em algum momento sobre as marcas da cibercultura, no
esquema podemos encontrar algumas dessas marcas que são não linearidade, a colaboração, a
criação de e o deslocamento de centro que houve no grupo. Se pararmos para analisar, na
imagem acima temos um exemplo de comunicação hipertextual,
4.7. - Momento síncrono no Face:
Vamos chatear todos inbox no Face?22
Tem como?
Claro que tem!
Aé? Cria lá e add a gente.
Como eu faço isso?
Sei lá! Joga no YouTube.
Ah! Para com isso, é “molezinha” criar, olha aí a imagem.
Figura 26 - Como iniciar um bate-papo?
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
É só acessar qualquer publicação do grupo, ir no canto superior direito, como é mostrado
na figura acima, e clicar na seta circulada em vermelho e clicar. Vai abrir uma caixa com opções
22 Diálogo fictício
99
e para criar o chat, o membro clica em iniciar bate-papo em grupo. Após clicar, será aberta outra
caixa com os possíveis participantes, basta selecioná-los e iniciar o bate-papo em grupo.
Figura 27 - Criando um bate-papo
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
Para criar o bate-papo, temos três opções: a primeira seria escrever o nome do
participante, a segunda selecionar por membro ou em terceiro selecionar todos. Após selecionar
os membros que farão parte do bate-papo, basta clicar em iniciar bate-papo e começar a
interação.
Partindo para nossa realidade no grupo, tivemos três chats no inbox do Facebook.
Figura 28 - Chat inbox
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
Tentar transcrevê-lo e fazer uma análise igual foi feita do contexto assíncrono, no
momento, seria inviável, pelo fato de não a ser a questão central da pesquisa. Sendo assim, farei
100
um recorte do segundo chat, pegando alguns minutos de interação no meio da conversa. Esse
encontro ocorreu no dia 27/05/15, marcado com antecedência, tendo como pano de fundo
discutir as dúvidas existentes sobre um trabalho que teríamos que fazer. O chat teve início por
volta das dezoito e duração de aproximadamente uma hora.
Segundo Bairral (2007, p. 97) “é imprescindível que os professores saibam e possam
sugerir, com determinada antecedência, a proposta de discussão prevista para o chat, bem como
a data e a hora de acontecimentos de cada debate”. Foi o que aconteceu em nosso grupo, onde
foi marcado bem antes o nosso chat, a diferença é que o Facebook dá a possibilidade de saber
também com antecedência se todos irão participar ou não do chat, pois os membros podem
confirmar a participação. Como mostra na imagem abaixo:
Figura 29 - Agenda no grupo do Facebook
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
De acordo com a imagem acima, vimos que as sugestões de Bairral aconteceram na
nossa interação via chat. Temos em vermelho a data que foi comunicada aos membros o convite
ao chat opcional, que foi avisado com cinco dias de antecedência. Em amarelo, temos o dia e
horário que aconteceria o chat no Facebook e em verde a opção que possibilita aos membros
responderem se irão ou não comparecer ao chat. Caso o membro ainda esteja em dúvida sobre
seu horário, poderá utilizar a opção “não sei” e quando começar o chat entrar ou não no inbox.
Farei um recorte no meio da conversa, pois no início o pessoal está chegando inbox,
dando boa noite, cumprimentando os outros membros, no fim o pessoal se despede. No meio
do chat a conversa já está encaminhada e a interação acontece num ritmo mais constante.
Tabela 7 - Interação no chat
Participante Hora Data
Caroline 18:52 27/05/15
22 de maio de 2015
27 de maio – Qua 18:30
Comparecerei
Não sei
Não comparecerei
101
Fábio 18:52 27/05/15
Rosilene 18:52 27/05/15
Cíntia 18:52 27/05/15
Caroline 18:52 27/05/15
Rosilene 18:53 27/05/15
Cíntia 18:53 27/05/15
Caroline 18:53 27/05/15
Rosilene 18:54 27/05/15
Bairral 18:54 27/05/15
Rosilene 18:54 27/05/15
Cíntia 18:55 27/05/15
Rosilene 18:55 27/05/15
Caroline 18:55 27/05/15
Fábio 18:55 27/05/15
Bairral 18:55 27/05/15
Caroline 18:55 27/05/15
Rosilene 18:55 27/05/15
Caroline 18:56 27/05/15
Rosilene 18:56 27/05/15
Bairral 18:57 27/05/15
Cíntia 18:57 27/05/15
Caroline 18:57 27/05/15
Fonte: Elaboração própria a partir do chat.
No segundo chat, realizado no dia 27/05/15, buscamos tirar as dúvidas do trabalho que
nos foi pedido para ser feito e ser postado no grupo. Em cinco minutos de conversa, as nossas
interações foram bem maiores se compararmos a comunicação assíncrona. Não ampliei mais a
tabela, pois esta já demonstra a diferença da comunicação síncrona e assíncrona. Ressalto
também que todos os mestrandos e mestrandas, exceto o que abandonou a disciplina,
participaram.
Nesta pesquisa, buscamos retratar como ocorreu a disciplina no Facebook e como
utilizamos suas ferramentas durante nossos encontros e como a disciplina nos ajudou a debater
diversos assuntos e se desdobrar em uma pesquisa de mestrado. No começo, no primeiro
semestre de 2015, ficamos receosos com a potencialidade desta rede na pós-graduação, e depois
102
de um tempo vivenciando a experiência na rede e levantando pesquisas que pudessem agregar
ideias a esta pesquisa, conseguimos ter como resultado a potencialidade e funcionalidade do
grupo no Facebook na pós-graduação.
4.8. - Silêncio no grupo...
De acordo com o site origemdapalavra.com.br, a palavra “Silêncio” vem do Latim
SILENTIUM, “ato de estar quieto”, de SILERE, “ficar quieto, evitar ruído”. Partindo deste
pressuposto e da procura por elementos no grupo da disciplina percebi que entre o último
comentário feito em uma postagem e uma nova publicação havia um interstício entre esses
novos diálogos. Dessa forma, mesmo não participando das atividades do grupo, os membros
podiam estar logados no Facebook, que querendo ou não, acaba sendo a extensão das vidas dos
usuários.
As informações que o Facebook deixa registrado, são os dias e horários que os membros
publicam, comentam, inserem alguma imagem etc. Por outro lado, não registra o horário da
curtida nem o (s) dia (s) que os membros visualizam os comentários da publicação ou curtem
outros comentários que acontecem no decorrer das interações. Tendo como base, os dados que
o Facebook fornece nos rastros deixados na rede, as análises partem destes rastros que foram
encontrados durante a pesquisa.
Portanto, considero como silêncio na rede, a ausência de comunicação que houve em
alguns momentos, de troca de hipertextos, de informações, de novas postagens, novas
interações. Considero também o silêncio presente nas postagens que não se desdobram em nada,
ou seja, alguém publica, todos visualizam e não acontece nada. Abaixo segue os exemplos onde
esse processo de silêncio acontece.
Figura 30 - Exemplo (1) de "silêncio" na rede Figura 31 - Exemplo (2) de "silêncio" na rede
103
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas
Fonte: Elaboração própria a
partir de print de telas.
Na figura 30, busco mostrar quando aconteceu a publicação e quando foi o último
comentário. A publicação foi feita no dia 05/06 e teve seu término, ou melhor, o último
comentário no dia 11/06, ou seja, durante seis dias ficamos interagindo a partir desta publicação.
Comparando com a figura 31, é possível verificar que só ocorreu outra publicação no dia 15/06.
Durante este interstício podemos notar que não houve nenhum tipo de comunicação, é este
ocorrido que chamo de silêncio.
Este intervalo de tempo, sem nenhum contato dos membros do grupo entre si, na rede,
foi um dos exemplos encontrado para tentar mostra o que chamei de silêncio em um grupo na
rede social. Entretanto, se pegarmos outro (s) momento (s) de análise encontraremos casos
parecidos. Da mesma forma como aconteceu com os ruídos, o que será explicado
posteriormente.
Para analisar o silêncio na rede, busquei fazer o mapeamento do grupo todo desde a
primeira até a última interação na rede, dessa vez o foco desta análise não foi o conceito
trabalhado e sim o comportamento dos membros no grupo. O intuito foi verificar se realmente
houve momentos em que a rede ficou “silenciosa” independentemente do conceito trabalhado.
Foi feito o levantamento das datas que houve silêncio e ruídos. No esquema abaixo, será
retratado as datas em que a rede ficou “silenciosa”. Com o levantamento “braçal” e visual, de
separar data por data, manualmente em um documento no excel e sem utilizar algum software
cheguei a um quantitativo interessante. Para organizar os dados produzidos, utilizei como
5 de junho de 2015
11 de junho de 2015
15 de junho de 2015
104
recurso o software Nodelx23, onde inseri os dados no que gerou os seguintes resultados dos dias
em que o grupo ficou silencioso.
Esquema 3 - Os silêncios na rede
Fonte: Elaboração própria a partir do software nodexl.
Os dados produzidos pegam a partir do início ao término do curso. Embora esteja
retratando apenas a parte de hipertexto neste trabalho, fiz o mapeamento de todas as datas que
estão disponíveis na imagem acima. Ao analisar as datas, fiz como disse anteriormente,
analisando a data da postagem de cada publicação e as datas de seus comentários e qual foi o
período que acontecia o silêncio na rede. No início da análise percebemos que entre os dias
11/04/2015 e 12/04/2015 a rede manteve-se em silêncio. O símbolo que aparece por
diversas vezes na imagem, refere-se a apenas um dia. Ou seja, um dia de silêncio na rede. Dessa
forma, podemos notar que durante o período da disciplina, houve momentos que a rede se
manteve em silêncio.
4.9. - Ruídos no grupo...
23 É um criador de gráficos para Excel que consegue visualizar os contatos da sua conta em redes sociais. O
programa usa a ferramenta na própria interface do office, facilitando a visualização dos usuários acostumados com
o editor da Microsoft. Tudo o que você tem de fazer para usar o programa é inserir dados. Disponível em:
www.techtudo.com.br/tudo-sobre/nodexl.html. Acesso em: 18 outubro 2016.
Início do
silêncio no
grupo
Término
do silêncio
no grupo
105
10 de junho de 2015
28 de maio de 2015
Visualizado por todos
4 curtidas
s
28 de maio de 2015
13 comentários
s 28 de maio de 2015 3 curtidas
s
28 de maio de 2015
2 curtidas
s
28 de maio de 2015
5 de junho de 2015
3 curtidas
s
28 de maio de 2015
Visualizado por todos
Pesquisei no mesmo site onde encontrei o significado da palavra silêncio. E sobre ruído
encontrei que está palavra vem do Latim rugitus, o mesmo que o rugido dos animais ferozes.
Tendo como primeira ideia comparar os ruídos da rede com os ruídos da fotografia, pelo fato
de subir e descer a barra de rolagens com velocidade, e as imagens ficarem estranhas, igual uma
foto que não fica boa por causa dos ruídos que aparecem. Trouxe, então, para o nosso contexto
de grupo na rede social, considerando como ruído qualquer publicação que se desdobre em
outros comentários, outros hiperlinks e hipertextos, que não houvesse um intervalo grande entre
uma postagem e outra. Além disso, considero também, como ruído qualquer ação que
provocada pelos membros gerassem notificações e as visualizações que geram comentários.
Retratarei abaixo o que considerei como os ruídos que encontrei na rede.
Figura 32 – Exemplo (1) "ruídos" no grupo do Facebook
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
Figura 33 - Exemplo (2) "ruídos" no grupo do Facebook
Fonte: Elaboração própria a partir de print de telas.
106
Analisando as imagens acima, temos os elementos que considero os ruídos. Em
vermelho, na primeira imagem destaquei a data da publicação que foi no dia 28/05/15 e teve o
término da interação no dia 10/06/15. Comparando com a segunda imagem, podemos verificar
que Bairral publicou um livro online no dia 05/06/15, sendo assim, mesmo que estive ocorrendo
interação na rede entre os dias 28/05 e 10/06 na mesma publicação, a rede ainda estava em
movimento, através de outras postagens.
Continuando a análise, em verde, podemos ver nas duas imagens que todos os membros
do grupo visualizaram as postagens. Essas visualizações que aconteceram em outras
publicações e não se desdobraram em nada, como já foi dito anteriormente. Em amarelo,
sinalizo as curtidas que as publicações e os comentários que se desdobraram a partir das
publicações receberam durante as interações no grupo.
O mesmo caminho que segui para analisar o silêncio da rede, repeti para analisar os
ruídos. Fiz o mesmo processo “braçal” e gerei também no Nodelx um esquema parecido com
os ruídos na rede.
Esquema 4 - Os ruídos na rede
Fonte: Elaboração própria a partir do software nodexl.
Comparando os dois esquemas, podemos ver que em alguns momentos o grupo foi
silencioso, e em outros momentos bem barulhento. O símbolo encontrado no gráfico do
silêncio repete-se na imagem do ruído demonstrando que em apenas um dia houve ruído, nos
demais dias é possível ver que as interações foram maiores.
Início dos
ruídos no
grupo
Término
dos ruídos
no grupo
108
familiaridade da rede entre outros aspectos. Na tabela 9 traremos os pontos negativos trazidos
pelos participantes.
Tabela 9 - Pontos Negativos do uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina.
Nome Pontos Negativos
Marcos Nenhum
Adilson ---------------------------
Fábio - Tem um ponto importante que gostaria de destacar para esse tipo de ambiente de
ensino. Penso que poderia ter tido prazo para contribuição nas discussões, o
funcionaria como instrumento maior de estimulo para o aluno que tem pouco tempo
para dividir para tudo.
Caroline - As muitas postagens deixam algumas antigas com menos visibilidade (por isso eu
curtia para tentar não me perder nos posts do professor)
- Os posts poderiam ser organizados por assunto, no qual todos deveriam discutir
em um único post, pois muitas publicações podem ficar “perdidas”
- Poucos chats
- Os textos poderiam ter sido entregues com antecedência para termos mais tempo
para leitura
Cíntia Nenhum
Rosilene - Precisa ter uma boa internet;
-Não é confidencial, todas as informações, discussões e compartilhamentos podem
ser visualizados.
- Pode causar alguns ruídos na comunicação, dificuldade de entendimento das
propostas e atividades.
Nuno Texto toda semana. Acho que se houvesse um espaço maior para discussão de cada
texto, eles seriam mais aproveitados
Fonte: Elaboração própria a partir da autoavaliação.
Durante o processo de criação do texto, buscamos contar as experiências de uma
disciplina na rede. Em muitos casos, buscamos evidenciar os pontos positivos que a rede foi
explorada e como podemos utiliza-la em outros momentos. No entanto, não tínhamos atentado
as lacunas existentes na rede. A partir do ponto de vista dos outros membros, notamos que o
grupo no Facebook tem um espaço que pode ser explorado em outras áreas, com algumas
limitações.
Essas limitações de acordo com alguns membros indicaram o número excessivo de
postagem que deixavam as outras mais antigas, que estar participando de um grupo na rede,
tudo fica em evidência, ou seja, não há sigilo nas postagens, pois todos os membros podem ter
acesso aos arquivos, as publicações e etc. E pela sua não linearidade, dependendo do contexto
pode causar ruídos na comunicação. Encontramos, a partir das vivências dos outros membros,
os pontos positivos e os pontos negativos. Na próxima tabela traremos as observações ou
sugestões feitas pelos participantes.
109
Tabela 10 – Observações sobre o uso do grupo no Facebook como espaço da disciplina.
Nome Observações
Marcos -A utilização do Facebook para oferta de uma disciplina confesso que, inicialmente,
causou estranhamento, no entanto, além das leituras e debates, a utilização do
Facebook nesse formato criou novas possibilidades, no meu caso que já usava com
algumas turmas.
-Na síntese do planejamento seria interessante se desde o início fosse especificado
a possível articulação entre a Proposta Pedagógica com tecnologia(s) e o texto final.
Adilson -----------------------------------
Fábio -----------------------------------
Caroline -----------------------------------
Cíntia -----------------------------------
Rosilene -----------------------------------
Nuno Uma sugestão, as avaliações não precisariam ser todas em formato escrito, já que
estamos trabalhando com tecnologia, poderíamos explora-la, pelo menos uma, como
forma de avaliação.
Fonte: Elaboração própria a partir da autoavaliação.
Dentre os membros que responderam a autoavaliação, dois escreveram observações.
Marcos relata seu estranhamento da disciplina num grupo da rede social, embora já utilizasse o
recurso da rede em suas práticas pedagógicas. A observação feita por Marcos consiste em
articular o planejamento com a proposta pedagógica desde o começo. Nuno sugere o uso das
tecnologias como forma de avaliação, pois embora estejamos em uma rede social, ainda
estávamos muito presos à forma escrita.
Portanto, finalizamos este capítulo com os achados da pesquisa, onde encontramos a
partir da observação participante, dados que foram produzidos a partir da interação no grupo
do Facebook. Analisamos as interações a partir do conceito que foi discutido com mais
recorrência no grupo. Utilizamos o recurso do software Nodexl que nos ajudou a dar
visibilidade a não linearidade da rede, e nos ajudou a identificar os momentos de ruídos e
silêncios que aconteceram durante o semestre da disciplina Tecnologias e Inclusão Social.
Finalizamos o texto com as autoavaliações dos membros, que nos ajudaram a pensar onde
acertamos e erramos na nossa forma de interação em um grupo no Facebook. Dessa forma
concluímos o texto cumprindo os objetivos específicos que propomos realizar no início deste
capítulo.
110
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Nesta dissertação foi descrita e analisada uma experiência de implementação de uma
disciplina optativa de mestrado em Educação mediante a criação de um grupo fechado no
Facebook. A pesquisa esteve orientada pelo seguinte interrogante: Que ruídos e silêncios podem
ser observados e que desafios à análise de interações neste espaço trazem para a pesquisa
educacional? Articulando a esta questão, buscamos trazer contribuições para o uso institucional
de grupos fechados no Facebook em disciplinas de pós-graduação, particularmente, ilustrando
e criando esquemas para analisar as interações referentes ao conceito hipertexto debatido
durante o processo de pesquisa.
Durante o processo de produção e observação de dados, encontramos dois pontos que
achamos relevantes na pesquisa que nomeamos de ruídos e silêncios. Foram considerados
ruídos, primeiramente partindo do conceito de fotografia, as imagens granuladas que ficavam
ao subir e descer a barra de rolagem. Partindo dessa base, buscamos trazer, a partir deste
conceito, a ideia de barulho que a própria palavra sugere, e tendo como contrapondo o silêncio
que encontramos no grupo em alguns momentos.
Aqui estão exemplificados alguns ruídos que surgiram antes da efetivação da
experiência, que surgiram a partir dos comentários dos colegas de turma e também de alguns
professores com visões mais tradicionais. Os ruídos que apareceram durante a disciplina
estavam relacionados às discussões que aconteciam no grupo e depois, após o término da
disciplina, ficam relacionados aos eventos que participávamos e obtivemos algumas questões
que nos ajudaram a pensar na importância da disciplina em um grupo fechado de uma rede
social.
Os silêncios foram as marcas encontradas, através dos rastros silenciosos dos membros
ao utilizar a rede. Por exemplo, consideramos silêncio na rede os interstícios existentes entre
uma publicação e outra; além da visualização, que registrava quem via as postagens e a partir
destas visualizações não se desdobravam em nada (ruídos). Embora ruídos e silêncios muitas
vezes estejam imbricados, optamos por deixá-los separados de modo a facilitar a construção de
uma linha argumentativa que responda à questão de pesquisa.
Alguns ruídos
De um modo geral, durante o processo de produção de dados, mostramos a decisão de
usar o Facebook e não o AVA. Surge, então, um dos primeiros ruídos. O processo de optar pela
rede social pode ser visto como uma forma ruídos – ruídos antes, durante e depois da disciplina,
111
e ruídos nos corredores. A questão do ruído não aconteceu somente na rede. Ao pararmos para
analisar, nossa trajetória de implementação, o processo de interação que se desenvolvia na rede,
os retornos nos eventos que participamos, o fim e o pós-término da disciplina, notamos que
durante estes processos, muitos ruídos aconteceram.
Um dos primeiros ruídos surgiu na implementação do curso, na qual professores com
um ponto de vista mais tradicional não levavam fé na validade de uma disciplina em uma rede
social. Outros ruídos que aconteceram foram descritos, como a surpresa e o estranhamento de
uma disciplina de um curso de pós-graduação acontecer em uma rede social. Era possível ver a
surpresa de muitos colegas e a descrença também, pois, como alguns relataram, preferem a
dinâmica presencial, porque participar de um curso a distância exige muita disciplina.
Os ruídos ouvidos com mais frequência nos eventos se deram a partir da
implementação, após a apresentação os ouvintes questionaram sobre a coordenação do curso
autorizar uma disciplina ocorrer numa rede social que não foi criada para essa finalidade. Outro
ruído esteve relacionado ao critério de avaliação, pois nos AVA tem como o tutor saber quantas
vezes o aluno entrou, quantas vezes ele participou, como aconteceria isso em um ambiente que
não tem essa estrutura de controle? Ouvir esses ruídos nos ajudava a ver a importância e a
contribuição do nosso trabalho para academia.
Nossas interações aconteceram no grupo fechado do Facebook, onde a partir dos textos
disponibilizados interagíamos uns com os outros, em muitos casos utilizando os dispositivos
móveis. A dinâmica da rede possibilitou a inserção de outros hipertextos, como foto, vídeo,
imagens, além disso, as notificações que recebíamos no Facebook nos mostravam quando tinha
mensagem nova no grupo. Exploramos no grupo a noção das comunicações síncronas que
aconteceram a partir dos chats e da comunicação assíncrona que aconteciam nas novas
publicações e respostas nas postagens dos outros membros.
A fluidez, a estética, a familiaridade e as opções que a rede fornece aos seus usuários,
foram exploradas no grupo tanto pelo professor quanto pelos alunos. Pelo fato do grupo ter a
aparência parecida com a linha do tempo do próprio Facebook. O que difere é que o grupo é
algo mais restrito onde as pessoas têm interesses em assuntos em comum. Dessa forma,
exploramos as funcionalidades, da barra de discussão, onde ocorriam nossas interações, de criar
eventos, como forma de lembrar as datas dos chats e a entrega dos trabalhos e, também a aba
de arquivos onde ficavam alocados todos os arquivos que foram postados na rede.
Durante nossa pesquisa, trouxemos algumas ilustrações para retratar como aconteceram
nossas interações no grupo, tendo elencado o conceito mais debatido durante nossos encontros,
que foi a ideia do hipertexto. Partindo dos debates não lineares que aconteciam na rede,
buscamos visibilizar esta não linearidade com o recurso de um software – Nodexl - que nos
112
ajudou a entender na prática alguns princípios do hipertexto, como a metamorfose, a
heterogeneidade, a multiplicidade, exterioridade, a topologia e a mobilidade de centro. Com
este recurso, podemos notar que embora haja a hierarquia professor-aluno, vimos a partir do
software que o professor não era o centralizador do grupo e sim um membro que mediava e
instigava nossas participações e interações na disciplina.
Dada a importância do tema, e partindo da revisão de literatura, foi possível encontrar
que alguns professores já exploram a utilização do recurso grupo fechado no Facebook em suas
aulas, no âmbito do ensino médio e da graduação, sendo este espaço utilizado como
complemento das aulas que acontecem presencialmente e tem continuidade na rede.
Encontramos também o recurso do grupo fechado ser usado como complemento de cursos de
formação continuada dos professores e o recurso do Facebook como processo de ensino e
aprendizagem a partir de outros temas.
Dessa forma, buscamos contribuir no âmbito da pós-graduação com uma disciplina que
aconteceu 99,9% em uma rede social, onde exploramos os recursos e ferramentas
disponibilizadas na rede. Além disso, validamos a utilização do grupo fechado, a partir do
planejamento, da implementação, da gestão e avaliação que ocorreram durante a disciplina.
Contribuímos em trazer as formas de interação do nosso cotidiano que estão disponíveis a todo
tempo próximo de nossas mãos e aplica-las em um espaço virtual, porém contemporâneo, usado
e acessado pelos alunos que estão na academia.
Nesse sentido, tivemos um semestre de descobertas de uma dinâmica na rede, que a
princípio não foi pensada como espaço para disciplina. Aprendemos a utilizar o recurso do
nosso dia-a-dia como estrutura acadêmica, exploramos as ferramentas disponibilizadas pelo
grupo. No entanto, o período de um semestre foi um pouco limitado, pois ao término da
disciplina, com a ajuda da revisão de literatura encontramos aplicativos que ajudariam em
outras dinâmicas na rede e que não conhecíamos, logo, não foram explorados.
Alguns silêncios
Um dos casos de profundo silêncio partiu de um dos membros, pois durante o início até
quase metade do curso, ele era um membro participante e interagia com suas postagens e pontos
de vistas que de certa forma chamavam mais atenção do que outros membros, podemos chamar
de alguns posts polêmicos. No início e fim da disciplina foram os momentos que houve mais
interações, ou seja, mais ruídos. E, particularmente este membro, do nada parou de postar e
interagir, no entanto, ele não trancou a disciplina e ficou visualizando nossas discussões até o
término da disciplina.
113
Outro exemplo de silêncio começou a acontecer mais com frequência entre os meados
da disciplina, ou seja, os membros ficavam sem postar, comentar ou curtir nada durante alguns
dias. De acordo com os levantamentos feitos, a rede ficou cinco dias sem haver um ruído, e
entre este período buscamos analisar se acontecia algo em especial, como por exemplo, um
feriado prolongado ou algo parecido. Chegamos à conclusão que o silêncio não ocorreu por este
motivo e sim por outros que não conseguimos descobrir. A única coisa que ficava registrada
como rastro eram as visualizações em postagens anteriores, ou até mesmo alguma publicação
que não se desdobrava em nada.
Finalmente, um silêncio ruidoso institucional que ocorreu entre os corredores, durante
o processo de implementação e validação do uso da rede, como já foi descrito anteriormente.
Além disso, ter uma disciplina em uma rede social, como aconteceu quando implementamos
um grupo de pesquisa, também na rede, causou a princípio estranhamento, dúvidas sobre a
validação da sua funcionalidade. Nossa experiência em rede, nos ajuda a concluir que quando
há um planejamento e principalmente o desejo de participar de um grupo, independentemente
de ser presencial ou on-line ele acontece. O novo, em alguns casos causa estranhamento e
conosco não foi diferente.
Ter uma disciplina acontecendo na rede, dependendo da instituição que ofereça o curso
pode causar resistências entre a própria coordenação do curso, de alguns professores e até
mesmo dos alunos. Por falar em alunos, finalizaremos com alguns pontos positivos levantados
pelos mesmos, durante o uso da rede social como espaço de interação e o que foi possível
realizar com esta opção pedagógica. Temos como pontos positivos a acessibilidade de qualquer
lugar ou dispositivo, ser avisado através das notificações que há novas publicações, a
familiaridade e facilidade do uso da rede.
Ouvir e elucidar ruídos e silêncios em uma pesquisa no/com o Facebook tem como
grande desafio a rápida fluidez e volatilidade das interações e a multiplicidade de papeis que
assumimos no espaço virtual. Embora tenhamos facilidades pelas novas formas de registro e
possibilidades de captura de informações, novas limitações surgem, o que enrique e nos instiga
na produção de conhecimento neste rico cenário discursivo. Nas seções seguintes apresentamos
algumas das limitações e possíveis continuidades da pesquisa.
Algumas limitações da pesquisa
Com a evolução dos dispositivos móveis, notamos a migração da utilização dos desktops
onde os usuários, de certa forma, estavam “presos” nas cadeiras em frente ao computador, seja
de casa, trabalho ou lan houses para a mobilidade de poder interagir a qualquer momento, sem
114
que seja preciso fazer o ritual de ligar o computador, esperar carregar as páginas etc. Agora para
se comunicar em qualquer mídia social, basta a conexão com a internet, alguns cliques no
celular e pronto já estamos logados no ciberespaço.
Limitamos em utilizar apenas as ferramentas disponíveis no grupo. Em vivências futuras
buscaremos dar continuidade com estes recursos e explorar o uso dos aplicativos e aparelhos
que possibilitam a mobilidade ubíqua, reforçando o uso dos pontos positivos expostos pelos
participantes e tentar diminuir os pontos negativos e agregar as sugestões e observações feitas
pelos membros.
Primeira experiência para os sujeitos que propuseram uma disciplina nesta dinâmica,
isto é, em relação à implementação de um curso, com grade, com todos os tramites burocráticos
que é necessário para oferecer a disciplina optativa e que contou com a validade dos créditos
para os alunos ao término de uma experiência em um grupo fechado no Facebook.
Outra limitação encontrada foi o duplo papel “do Bruno” como aluno e observador para
realizar a análise a pesquisa on-line a posterior. Durante o período de aulas, buscava ser
participativo igual aos demais membros, onde fazia questionamentos, era questionado, em
apenas um momento que se tornou necessário obter dados para a escrita de um evento que o
pesquisador apareceu. Nas demais interações, levava como disciplina e não como pesquisa,
tanto que o grupo começou a ser observado, com olhar de pesquisador após o término da
disciplina.
Analisar a disciplina, nossas interações, com olhar de pesquisador sem trazer aquele
olhar de julgar as escritas dos membros, tentando encontrar a pepita de ouro que estava naquele
espaço. Com um olhar diferente, pois a disciplina tinha acabado, a vivência estava registrada,
mas o nosso contato naquele espaço tinha se findado e voltar toda hora nos dados produzidos e
por muitas vezes não encontrar nada. Essas limitações entre o olhar despreocupado do aluno
durante o período de aulas e o olhar investigativo do pesquisador, em não saber o que olhar.
O tempo de implementação da disciplina demorou um pouco mais por causa desse
embate entre AVA e rede social, esses questionamentos da funcionalidade e validade de uma
disciplina em uma mídia com uso cotidiano e sem estrutura acadêmica. Olhando para o nosso
processo, chegamos a alguns dados que produzimos observando as interações e pelo que os
membros expuseram em suas autoavaliações. Neste caso, as limitações se deram as
organizações das postagens, da dependência de uma boa internet, da possibilidade de mais
interação a partir dos chats.
Concluímos este trabalho, trazendo a possibilidade da utilização de uma rede social
como espaço de aprendizagem para um curso de pós-graduação que aconteceu on-line tendo o
115
Facebook como fonte principal de interação e comunicação e registro de acontecimentos da
disciplina.
Alguns possíveis desdobramentos
A partir da vivência nesta pesquisa emergem alguns questionamentos que podem gerar
futuras investigações, tais como: a presença da mobilidade ubíqua em nosso cotidiano, a fluidez
e metamorfose que a rede social possibilita aos usuários. Como explorar esses dados em novas
pesquisas e também debater a volatilidade da rede e as novas noções de espaço e tempo que a
internet e as mídias sociais possibilitam aos seus usuários? De que forma, trazer essas
discussões para cursos de licenciaturas em uma dinâmica na prática?
Ao longo da pesquisa observamos ruídos e silêncios, que foram descritos,
respectivamente, como excess e ausência de interação. Os movimentos favorecido pela
hipertextualidade na rede nos remetem à inteligência coletiva, na qual dialogamos e
aprendemos a partir de demandas variadas, ora ouvindo ruídos, ora fazendo silêncios, ou vice-
versa. Alguns ruídos começavam e terminavam em silêncios, algumas vezes prolongados.
Nessa trajetória alguns questionamentos foram feitos, como por exemplo: será que o que foi
considerado como silêncio não eram os ruídos que os participantes da disciplina emitiam e não
tivemos a sensibilidade de notar?
O que foi considerado ruído não poderia ser o silêncio que os participantes buscaram
expresser para cumprir a tarefa exigida da semana? Dessa forma, procuramos capturer alguns
ruídos e silêncios que nos ajudaram a analisar a dinâmica de uma disciplina optativa de
mestrado na rede e ao mesmo tempo ressaltamos que o imbricamento de ruídos e silêncios,
neste contexto, pode ser visto de outras formas.
Enfim...
A minha questão não é acabar com escola, é mudá-la completamente, é
radicalmente fazer que nasça dela um novo ser tão atual quanto a tecnologia.
Eu continuo lutando no sentido de pôr a escola à altura do seu tempo. E pôr a
escola à altura do seu tempo não é soterrá- la, mas refazê-la. (FREIRE e
PAPERT, 1996).
116
REFERÊNCIAS:
ALCÂNTARA, A.; OSÓRIO, A. Um caso lúdico brincar no facebook! In: PORTO, C.;
SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande
- PB: eduepb, 2014. p. 113-129.
AMANTE, L. Facebook e novas socialibidades: contributos da investigação. In: PORTO, C.;
SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande
- PB: eduepb, 2014. p. 27-46.
AVATAR. Direção: J. Cameron. Intérpretes: Z. Saldaña; S. Worthington e S. Lang. [S.l.]:
Avatar Series. 2009.
BAIRRAL, M. A. Discurso, interação e aprendizagem matemática em ambientes virtuais
a distância. Seropédica - RJ: edur, 2007.
BAIRRAL, M. A. A educação matemática em ambientes virtuais. Salvador - BA: [s.n.],
2010.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo - SP: Martins Fontes, 2003.
BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro - RJ: Zahar, 2001.
CASTELLS, M. A sociedade em rede: Do conhecimento à política. In: CASTELLS, M.;
CARDOSO, G.; (ORGS.) A sociedade em rede: Do conhecimento à acção política. [S.l.]:
Imprensa Nacional - Casa da moeda, 2006. p. 17-30.
CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio
de Janeiro - RJ: Zahar, 2013.
CHAGAS, A. M.; LINHARES, R. N. As interfaces de interação para uma aprendizagem
colaborativa no Facebook. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação:
publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 293-312.
COUTO, E. S. Pedagogia das conexões: compartilhar conhecimentos e construir subjetividades
nas redes sociais digitais. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação:
publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 47-66.
DA SILVA, A. E. D. C.; COUTO, E. S. Cultura da mobilidade: relações de professores com o
smartphone. In: PORTO, C., et al. Pesquisa e mobilidade na cibercultura: itinerâncias
docentes. Salvador - BA: EDUFBA, 2015. p. 121-140.
DAQUINO, F. www.tecmundo.com.br. tecmundo., 2012. Disponivel em:
<https://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/33036-a-historia-das-redes-sociais-como-tudo-
comecou.htm>. Acesso em: 2016 outubro 08.
FERNANDES, L. Redes sociais online e educação: contributo do facebook no contexto das
comunidades virtuais aprendentes. Lisboa: Universidade de Nova Lisboa, 2011. Acesso em: 09
setembro 2015.
117
FERREIRA, G.; BOHADANA, E. Possibilidades e desafios do uso do facebook na educação:
três eixos temáticos. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar,
curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 251-274.
FILÉ, V. Cultura Digital no cotidiano escolar. UFRRJ. Nova Iguaçu - RJ. 2010.
FILÉ, V. Fios da nosa navalha, dos nossos novelos, das nossas redes: a escola e os desafios da
cultura digital. In: FILÉ, V.; (ORGS.) Escola e Tecnologia: máquinas, sujeitos e conexões
culturais. 1ª. ed. Rio de Janeiro - RJ: Rovelle, 2011. Cap. 6, p. 109-128.
FLICK, U. Métodos de Pesquisa: introdução a pesquisa qualitativa. 3ª. ed. Porto Alegre - RS:
Artmed, 2009.
FREIRE, P.; PAPERT, S. O futuro da escola. São Paulo: TV PUC, 1996.
FUMIAN, A. M.; RODRIGUES, D. C. G. A. O facebook enquanto plataforma de ensino.
revista brasileira de ensino de ciência e tecnologia, Curitiba - PR, v. 6, n. 2, p. 173-182, maio-
agosto 2013. ISSN 1982-837X.
GOMES, H. S. http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/04/smartphone-passa-pc-e-vira-
aparelho-n-1-para-acessar-internet-no-brasil.html. g1.globo.com, 2016. Disponivel em:
<http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/04/smartphone-passa-pc-e-vira-aparelho-n-1-
para-acessar-internet-no-brasil.html>. Acesso em: 22 novembro 2016.
HARTLEY, J. Utilidades do YouTube: alfabetização digital e a expansão do conhecimento. In:
BURGESS, J.; GREEN, J. YouTube e a revolução digital: como o maior fenômeno da cultura
participativa está transformando a mídia e a sociedade. São Paulo - SP: Aleph, 2009. p. 165-
186.
JENKINS, H. Cultura da Convergência. São Paulo - SP: Aleph, 2008.
JUNIOR, C. O. M. L. Fico sem nada de interessante pra postar qnd estou recatada! A relação
entre o espaço eletrônico e o espaço físico em conversas mantidas entre jovens no Facebook.
In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar, curtir, compartilhar.
Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 167-184.
KIRKPATRICK, D. O Efeito Facebook: os bastidores da história da empresa que conecta o
mundo. 1ª. ed. Rio de Janeiro - RJ: Intríseca, 2011.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: 34, 1993.
LÉVY, P. A inteligência coletiva: por um antropologia do ciberespaço. São Paulo - SP: Loyola,
1998.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo - SP: 34, 1999.
LÉVY, P. Inteligencia Colectiva: por una antropología del ciberespaço. Washington - DC:
bvsalud, 2004.
LOPES, M. C.; SANTOS, R. Misturar, inventar, acreditar: possibilidades de formação
continuada no Facebook. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação:
publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 275-292.
118
MACEDO, N. M. R. Criancas e redes sociais: uma proposta de pesquisa on-line. In: PORTO,
C., et al. Pesquisa e mobilidade na cibercultura: itinerâncias docentes. Salvador - BA:
EDUFBA, 2015. p. 363-379.
MACEDO, N.; RIBES, R. Ser amigo e ter amigos no facebook: uma análise com crianças. In:
PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar, curtir, compartilhar.
Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 149-166.
MATOS, E.; FERREIRA, J. D. L. A utilização da rede social facebook no processo de ensino
e aprendizagem na universidade. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e
Educação: publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 387-402.
MATRIX. Direção: L. Wachowski e A. Wachowski. Intérpretes: K. Reeves; L. Fishburne; H.
Weaving e C. A. Moss. [S.l.]: Warner Bros. Entertainment, Roadshow Entertainment. 1999.
MATRIX Reloaded. Direção: L. Wachowski e A. Wachowski. Intérpretes: K. Reeves; L.
Fishburne; H. Weaving e C. A. Moss. [S.l.]: Warner Bros. Entertainment, Roadshow
Entertainment. 2003.
MATRIX Revolutions. Direção: L. Wachowski e A. Wachowski. Intérpretes: K. Reeves; L.
Fishburne; H. Weaving e C. A. Moss. [S.l.]: Warner Bros. Entertainment, Roadshow
Entertainment. 2003.
MENDES, C. M. A pesquisa online:
potencialidades da pesquisa qualitativa no ambiente virtual . hipertextus revista digital, Minas
Gerais, v. 2, p. 1-9, janeiro 2009.
MERCADO, L. P. L. Integração de mídias nos espaços de aprendizagem. [S.l.]: [s.n.], 2009. p.
17-44.
MESSIAS, I.; MORGADO, L. Facebook + LMS. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.)
Facebook e Educação: publicar, curtir, compartilhar. Campina Grade - PB: eduepb, 2014. p.
403-427.
MEZRICH, B. Bilionários por acaso: a criação do Facebook - Uma história de sexo, dinheiro,
genialidade e traição. 1ª. ed. Rio de Janeiro - RJ: Intríseca, 2010.
MOREIRA, J. A.; JANUÁRIO, S. Redes sociais e educação: reflexões acerca do Facebook
enquanto espaço de aprendizagem. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e
Educação: publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 67-84.
MOREIRA, L.; RAMOS, A. Facebook na formação contínua de professores para o uso das
tecnologias digitais. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar,
curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 313-328.
PIOVESAN, A.; BORGES, F. T. Identidade docente: o que os blogs e o Facebook tem a nos
dizer sobre os professores e suas mídias virtuais. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.)
Facebook e Educação: publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p.
329-347.
119
PORTO, C.; LUCENA, S.; LINHARES, R. A produção científica na era das tecnologias móveis
e redes sociais. In: PORTO, C., et al. Pesquisa e mobilidade na cibercultura: itinerâncias
docentes. Salvador - BA: EDUFBA, 2015. p. 25-42.
PORTO, C.; NETO, E. M. D. G. Uma proposta de uso das redes sociais digitais em atividades
de ensino e aprendizagem: o facebook como espaço virtual de usos socioeducacionais
singulares. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar, curtir,
compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 131-148.
RIBEIRO, J. C.; AYRES, M. Breves comentários sobre a análise de conversações em sites de
redes sociais. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar, curtir,
compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 199-220.
RIBETTO, A. et al. En(red)ados noutras práticas de pesquisa possíveis. In: FILÉ, V.; (ORGS.)
Escola e Tecnologia: máquinas, sujeitos e conexões culturais. 1ª. ed. Rio de Janeiro - RJ:
Rovelle, 2011. Cap. 5, p. 89-108.
ROVETTA, O. M. Reflexões sobre a utilização de redes sociais como ambiente de interação
para o ensino e aprendizagem de sólidos geométricos no ensino médio. XVIII EBRAPEM,
Recife - PE, 2014.
SANTINELLO, J.; VERSUTI, A. Facebook: conectividade e reflexões da rede social para o
contexto social do século XXI. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação:
publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 185-197.
SANTOS, E. Pesquisa-Formação na cibercultura. 1ª. ed. Rio de Janeiro - RJ: wh!tebooks,
2014.
SANTOS, E. O.; CARVALHO, F. S. P.; PIMENTEL, M. MEDIAÇÃO DOCENTE ONLINE
PARA COLABORAÇÃO: Notas de uma pesquisa-formação na cibercultura. Educação
Temática Digital, Campinas - SP, v. 18, n. 2, p. 23-42, jan-abr 2016. ISSN 1676-2592.
SANTOS, E.; ROSSINI, T. Comunidade REA-Brasil no Facebook: um espaço de ativismo,
autorias, compratilhamentos e inquietações. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook
e Educação: publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 85-112.
SANTOS, V. L. P. D.; COSTA, C. J. D. S. A. A observação online como instrumento
investigativo: uma experiência utilizando o fórum de discussão. Debates em Educação,
Maceió-AL, v. 7, n. 15, p. 56-77, jul-dez 2015. ISSN ISSN 2175-6600.
SILVA, B. O YouTube e as possibilidades de compartilhamento, interaçao e comunicação.
Nova Iguaçu - RJ: [s.n.], 2013.
SILVA, B.; PEREIRA, G.; SANTANA, M. Ambientes Virtuais de Aprendizagem: a relação
entre as TIC e a prática da EaD. Nova Iguaçu - RJ: [s.n.], 2015.
TELLES, A. A revolução das mídias sociais: estratégias de marketing digital para você e sua
empresa terem sucesso nas mídias sociais - cases, conceitos, dicas e ferramentas. São Paulo -
SP: M.Books, 2010.
THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 13ª. ed. Rio de
Janeiro - RJ: Vozes, 2012.
120
TORRES, P.; FIALHO, N.; SHIMAZAKI, N. A face educacional do Facebook um relato de
experiência. In: PORTO, C.; SANTOS, E.; (ORGS.) Facebook e Educação: publicar, curtir,
compartilhar. Campina Grande - PB: eduepb, 2014. p. 349-364.
URBANI, M. C.; CUADROS, M. C.; GONZÁLEZ, J. R. V. Apropriación de las competências
digitales mediante el uso de tabletas iPads en alumnos do sexto grad de primaria. Revista
iberoamericana de educación, Mexico, v. 68, n. 2, p. 123-140, julho 2015. ISSN 1681-5653.
WEBER, A.; RIBEIRO, M.; AMARAL, M. Formação docente e discente na cibercultura: por
mares nunca antes navegados. In: PORTO, C., et al. Pesquisa e mobilidade na cibercultura:
itinerâncias docentes. Salvador - BA: EDUFBA, 2015. p. 141-166.
WEBSITES VISITADOS:
ALEXA: Disponível em: <www.alexa.com>. Acesso em 11 julho 2015.
DICIONÁRIO AURÉLIO ONLINE: Disponível em:
<http://www.dicionariodoaurelio.com/tecnologia>. Acesso em 18 outubro 2016.
DICIONÁRIO DICIO: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/tecnologia/> acesso em 18
outubro 2016.
FACEBOOK: Disponível em: <www.facebook.com>. Acesso em 08 abril 2016.
FB NEWSROOM. Disponível em <https://newsroom.fb.com/company-info/ >. Acesso em 26
janeiro 2016.
GOOGLE: Disponível em: <images.google.com >. Acesso em 30 março 2016.
PRIVACIDADE DO FACEBOOK: Disponível em:
<https://www.facebook.com/help/220336891328465#What-are-the-privacy-options-for-
groups>. Acesso em 05 fevereiro 2016.
GRUPO DO FACEBOOK: Disponível em:
https://www.facebook.com/groups/447606232059684/>. Acesso em 18 outubro 2016
121
APÊNDICE A
Carta de apresentação aos coordenadores para pesquisa
PRO-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, CONTEXTOS
CONTEMPORÂNEOS E DEMANDAS POPULARES (PPGEduc)
IE/DTPE, / /2015,
Prezado(a) Coordenador(a) do Curso de Geografia – Campus Nova Iguaçu
Estamos realizando uma pesquisa de Mestrado em Educação na qual nosso propósito é
saber a presença de tecnologia(s) em disciplinas dos cursos de Licenciatura da UFRRJ. Sendo
assim, gostaríamos de contar com a sua colaboração para esta empreitada.
Fazendo um levantamento inicial das disciplinas disponíveis no site da UFRRJ
encontramos a(s) seguinte(s) disciplina(s) e respectiva(s) ementa(s), conforme abaixo):
Curso Disciplina Caráter
Geografia Tecnologias e Educação Optativa
A ementa encontrada confere? Há outra(s) disciplina(s)? Caso tudo esteja conferindo V.
Sa poderia nos responder este documento dizendo apenas que ratifica a informação recebida.
Caso contrário, por favor, teria como nos enviar por e-mail a ementa da disciplina atualizada e
o que mais considerar necessário?
Agradecemos a atenção dispensada e estamos às ordens para esclarecimentos que se
fizerem necessários, inclusive, presencialmente.
Bruno Vieira Alves da Silva
Mestrando/PPGEduc –
e-mail: [email protected]
Marcelo Almeida Bairral (orientador, IE/DTPE)
e-mail: [email protected]
122
APÊNDICE B
Síntese da revisão de literatura realizada.
Autor(es) Tipo de
Rede Social
Sujeitos Temática
Fernandes
(2011)
Facebook O Facebook como ferramenta
indispensável para incentivar a
aprendizagem.
Redes sociais e suas
potencialidades
Kirkpatrick
(2011)
Facebook Autor do livro e Fundador do
Facebook.
Criação do Facebook
Rovetta
(2011)
Facebook Professor e alunos do 3º ano do
ensino médio.
Recurso pedagógico
complementar de
interação,
comunicação e
aprendizagem
Fumian &
Rodrigues
(2012)
Facebook Pessoas interessadas em
informações relacionadas à
enfermagem em emergência.
Enfermagem
Sbardelotto
(2013)
Facebook Os católicos que usam o
Facebook.
Religião
Castells
(2013)
Facebook Movimentos Sociais que
aconteceram a partir das mídias
sociais, inclusive o Facebook.
Movimentos sociais
na rede
Alcântara e
Osório (2014)
Facebook 12 crianças com idades entre 7 e
12 anos de ambos os sexos e de
contextos sociais distintos que
utilizam Facebook como espaço
lúdico.
O Facebook como
espaço lúdico
Amante (2014) Facebook Facebook como campo de
pesquisa do comportamento
humano.
Comportamento
humano
Chagas e
Linhares (2014)
Facebook Docentes, instrutores e discentes
da graduação.
Aprendizagem
colaborativa/reflexiva
dos discentes
Couto
(2014)
Facebook Noções de privacidade. Privacidade no
Couto Junior e
Oswald
(2014)
Facebook Noventa e oito jovens com idades
entre 21 e 28 anos que discutem,
no Facebook, a relação entre o
espaço físico e o espaço
eletrônico.
Jogos eletrônicos
Ferreira e
Bohadan (2014)
Facebook 50 participantes em uma pesquisa
exploratória a partir da utilização
do Facebook em um contexto
educacional específico: o apoio
complementar on-line a uma
disciplina de graduação em um
curso presencial.
Pesquisa exploratória
123
Lopes e Santos
(2014)
Facebook Oito professores indígenas e oito
não indígenas que fazem uma
formação continuada que acontece
no Facebook.
Formação continuada
Macedo e Ribes
(2014)
Facebook Aproximadamente vinte crianças
entre oito e onze anos onde é
discutido o tema amizade no
Facebook.
Amizade no
Matos e Ferreira
(2014)
Facebook Alunos da PUC – PR, sobre o uso
do Facebook em processos
formativos.
Processos formativos
na educação superior
Messias
(2014)
Facebook Idosos que utilizam o Facebook. Idosos
Messias e
Morgado (2014)
Facebook Plataformas de aprendizagens
formais e informais para o ensino
superior.
Facebook e EaD
Moreira e
Januário (2014)
Facebook O Facebook como aplicabilidade
pedagógica, possibilidades e
potencialidades em diferentes
contextos de aprendizagem.
Aplicabilidade
pedagógica
Moreira e
Ramos
(2014)
Facebook Professores que fizeram formação
contínua em tecnologia educativa
com componente presencial e
online por meio de um grupo no
Facebook.
Formação contínua
em tecnologia
educativa
Piovesan e
Borges
(2014)
Facebook Um professor do curso de Letras
português/espanhol do curso
presencial/virtual.
Identidade social dos
professores
Porto e Neto
(2014)
Facebook O Facebook como espaço virtual
passível de suportar/constituir
propostas de ensino e
aprendizagem.
Espaço virtual de
aprendizagem
Santinello e
Versuti
(2014)
Facebook As redes sociais e importância na
comunicabilidade e convergência
das mídias em suas usabilidades.
Potencialidades do
uso do Facebook
Santos e Rossini
(2014)
Facebook Pessoas interessadas em participar
da comunidade no Facebook
“Recursos Educacionais Abertos”
do Brasil.
Comunidade
Recursos
Educacionais Abertos
do Brasil (REA-
Brasil)
Tsukamoto,
Fialho e Torres
(2014)
Facebook Gestores educacionais e
48 alunos do curso de uma
faculdade privada que utilizaram o
Facebook como ambiente virtual
de aprendizagem.
Facebook como
ambiente virtual de
aprendizagem
Urbani, Cuadros
e González
(2015)
Facebook Estudantes do sexto ano do
primário em uma instituição
privada no México com
competências digitais.
Competências
digitais