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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE - DCMA
ANÁLISE DO CONHECIMENTO ATUAL SOBRE A FAUNA DA
MICRORREGIÃO DE TRÊS RIOS-RJ E DE SUAS AMEAÇAS: UM
ESTUDO BASEADO EM DADOS SECUNDÁRIOS
Beatriz Pereira Massacesi Soares
ORIENTADOR: Prof. Dr. Fábio Souto de Almeida
TRÊS RIOS - RJ
JUNHO – 2018
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE - DCMA
ANÁLISE DO CONHECIMENTO ATUAL SOBRE A FAUNA DA
MICRORREGIÃO DE TRÊS RIOS-RJ E DE SUAS AMEAÇAS: UM
ESTUDO BASEADO EM DADOS SECUNDÁRIOS
Beatriz Pereira Massacesi Soares
Monografia apresentada ao curso de Gestão Ambiental,
como requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em Gestão Ambiental da UFRRJ, Instituto Três
Rios da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
TRÊS RIOS - RJ
JUNHO – 2018
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4
5
Dedicatória
“Eu dedico esse trabalho aos meus avôs (in memorian) que sempre
estiveram ao meu lado enquanto a vida permitiu e as minhas avós que
acompanharam essa jornada e ajudaram como podiam.”
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AGRADECIMENTO
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus por possibilitar diariamente a luz, o
discernimento e a perseverança essenciais para caminhar pelas trilhas dessa vida,
muitas vezes de difícil passada.
Agradecer a minha família, nas pessoas de meus pais, Vanda e José Henrique, por
estarem ao meu lado nessa caminhada da graduação, sempre me apoiando e
incentivando. Sempre dizendo uma palavra de motivação e nunca me deixando
desistir dos meus sonhos.
Agradecer a todos os técnicos e professores do curso de Gestão Ambiental por se
empenharem, mesmo em situações adversas, para nossa formação acadêmica e
profissional. Em especial ao querido professor e amigo: Fábio Souto, por ser meu
orientador acadêmico e sempre ajudar nos assuntos universitários. Aos
profissionais da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura da cidade de Paraíba do
Sul, pelo acolhimento e por todo o conhecimento prático passado durante esses
últimos dez meses em que estive realizando estágio. Aos meus amigos pelos
momentos de alegria, pelo companheirismo e apoio nas horas difíceis desta
caminhada.
Em especial quero agradecer a Gabriela Monteiro, Lazaro da Cruz e Stefânia
Rodrigues. Esses que estiveram ao meu lado desde o início fosse nas festas ou
numa apresentação de trabalho. Sem vocês minha estada na universidade seria mais
cinza. Vocês são cores em minha vida.
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RESUMO
A extinção de espécies está entre os mais sérios problemas ambientais da atualidade, por
resultar na perda da oportunidade de desenvolvimento de biotecnologias, de serviços
ecossistêmicos e por em risco o desenvolvimento socioeconômico. A falta de conhecimento
sobre a distribuição geográfica das espécies da fauna dificulta o planejamento da sua
conservação, especialmente em regiões com alto grau de antropização, mas que apresentam
elevada biodiversidade. Assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar o
levantamento, através de dados secundários, da fauna existente na Microrregião de Três Rios-
RJ e das principais ameaças à fauna. A obtenção de dados sobre as espécies de animais (Reino
Animalia) se deu através de pesquisas no Portal da Biodiversidade, do SiBBr e de pesquisa
bibliográfica, buscando-se trabalhos científicos e demais documentos que apresentem
informações sobre a fauna da Microrregião de Três Rios: Areal, Comendador Levy
Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Três Rios. Os resultados demonstraram que,
especialmente, os municípios de Areal, Comendador Levy Gasparian e Sapucaia apresentam
poucas informações sobre a fauna nativa. Os municípios de Três Rios e Paraíba do Sul
tiveram mais informações disponíveis, especialmente de insetos. Dentre as principais ameaças
à fauna da microrregião estão a redução e fragmentação dos habitats, principalmente das
florestas nativas, a caça e a degradação dos habitats nativos por poluição e queimadas.
Contudo, a escassez de informações sobre a fauna está entre as mais graves ameaças, por
impedir o correto planejamento da conservação das espécies. Foi observado que é necessário
aumentar expressivamente o conhecimento sobre a fauna de todos os municípios da
Microrregião de Três Rios. Levantamentos de espécies devem ser realizados principalmente
nos habitats naturais, visando obter informações úteis para o planejamento da conservação da
fauna nos municípios da Microrregião.
Palavras-chave: biodiversidade, Mata Atlântica, preservação ambiental.
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ABSTRACT
Extinction of species is among the most serious environmental problems of the present time,
as it results in the loss of the opportunity to develop biotechnologies, ecosystem services and
at risk socioeconomic development. The lack of knowledge about the geographic distribution
of fauna species makes it difficult to plan conservation, especially in regions with a high
degree of anthropization, but with high biodiversity. Thus, the present work aimed to study,
through secondary data, the fauna of the Microregion of Três Rios-RJ and the main threats to
the fauna. Data collection on animal species (Kingdom Animalia) was done through research
on the Biodiversity Portal, SiBBr and bibliographic research, seeking scientific papers and
other documents that present information about the fauna of the Microregion of Três Rios:
Areal; Comendador Levy Gasparian; Paraíba do Sul; Sapucaia; and Three Rivers. The results
showed that, especially, the municipalities of Areal, Comendador Levy Gasparian and
Sapucaia present little information about native fauna. The municipalities of Três Rios and
Paraíba do Sul had more information available, especially insects. Among the main threats to
the fauna of the microregion are the reduction and fragmentation of habitats, mainly native
forests, hunting and degradation of native habitats due to pollution and fires. However, the
scarcity of wildlife information is among the most serious threats, preventing proper
conservation planning. It was observed that it is necessary to increase knowledge about fauna
in all municipalities of the Três Rios Microregion. Species surveys should be carried out
mainly in natural habitats, in order to obtain useful information for the planning of fauna
conservation in the municipalities of the Microregion.
Keywords: biodiversity, Atlantic, forest, environmental, preservation
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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
E.A. – Estado do Ambiente
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio – Instituto Chico mendes de Conservação da Biodiversidade
IDA - International Dark Sky Association
MMA – Ministério do Meio Ambiente
SiBBr – Sistema de Informação Sobre a Biodiversidade Brasileira
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa do estado do Rio de Janeiro, destacando a área da Microrregião de Três
Rios...........................................................................................................................................16
Figura 2. Distribuição dos remanescentes florestais e de outros componentes da paisagem nos
municípios da Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Silverio Neto
(2014)........................................................................................................................................17
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Grupos taxonômicos de artrópodes (Arthropoda) com registro em municípios da
Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro..............................................................19
Tabela 2. Grupos taxonômicos de Hymenoptera com registro em municípios da Microrregião
de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro....................................................................................20
Tabela 3. . Grupos taxonômicos de borboletas e mariposas (Lepidoptera) com registro nos
municípios de Três Rios e Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro.......................................22
Tabela 4. . Avifauna registrada em municípios da Microrregião de Três Rios, Estado do Rio
de Janeiro.................................................................................................................................26
Tabela 5. Grupos taxonômicos de peixes com registro no município de Três Rios, Estado do
Rio de Janeiro...........................................................................................................................29
Tabela 6. Grupos taxonômicos de répteis com registro no município de Três Rios, Estado do
Rio de Janeiro...........................................................................................................................30
Tabela 7. Grupos taxonômicos de mamíferos com registro no município de Três Rios, Estado
do Rio de Janeiro.....................................................................................................................31
Tabela 8. Grupos taxonômicos de anfíbios com registro em municípios da Microrregião de
Três Rios, Estado do Rio de Janeiro........................................................................................32
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Características dos municípios da Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de
Janeiro.......................................................................................................................................17
12
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 133
1.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 15
1.1.1 Objetivos Específicos .............................................................................................. 15
2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 16
2.1. ÁREA DE ESTUDO .................................................................................................... 16
2.2. METODOLOGIA ....................................................... Error! Bookmark not defined.8
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 198
3.1.ANIMAIS DA MICRORREGIÃO DE TRÊS RIOS ... Error! Bookmark not defined.8
3.2. AMEAÇAS A FAUNA NA MICRORREGIÃO DE TRÊ RIOS..................................
23
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 37
5. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 38
13
1. INTRODUÇÃO
As intervenções do ser humano no meio ambiente ocasionam uma série de impactos
ambientais que prejudicam de forma intensa a natureza, estando tais interferências geralmente
ligadas à utilização de recursos naturais (Sanchez 2013). Atividades como a extração de
minérios, o uso de recursos hídricos, a extração de madeira e a mudança de uso do solo para a
silvicultura, pecuária ou agricultura são relevantes ameaças à natureza (Almeida & Vargas
2017). Além disso, o rápido crescimento das áreas urbanas e de atividades industriais tem
causado relevantes impactos ambientais em todo mundo (Poot & Estrela 2015).
Entre os impactos ambientais mais importantes observados nos últimos séculos estão à
redução e a degradação dos ecossistemas naturais, com severas consequências para a
biodiversidade (Poot & Estrela 2015). As altas taxas de extinção de espécies constatadas
atualmente causam sérios problemas para a continuidade do equilíbrio dos ecossistemas e,
consequentemente, para os serviços ecossistêmicos (Almeida & Vargas 2017). Os seres
humanos dependem dos benefícios proporcionados pela biodiversidade para a alimentação, a
cura de doenças, a manutenção de processos produtivos, a adequada qualidade dos fatores
ambientais, a realização de atividades de lazer e até mesmo para a execução de ritos religiosos
(Andrade & Romeiro 2009, Almeida & Vargas 2017).
Sabe-se que a maioria das extinções de espécies vem ocorrendo em função de
atividades humanas e, como já mencionado, a destruição dos ecossistemas naturais é um fator
muito relevante para o desaparecimento de espécies (Almeida & Vargas 2017). Outro fator
relacionado a esse primeiro é a fragmentação dos habitats, por isolar pequenas populações de
animais e plantas, acelerando a sua extinção (Ferreira 2017). Também pode-se incluir entre as
atividades que causam a redução de populações bióticas a degradação dos habitats, provocada
geralmente pela poluição, a introdução de espécies em habitats onde não são nativas e a
superexploração das espécies, incluindo a caça excessiva (Cardoso 2015). Muitas atividades
antrópicas ligadas à industrialização e urbanização provocam danos à biodiversidade, pois sua
expansão provoca a perda e fragmentação de habitats, nas estradas ocorre à morte de animais
por atropelamento, a iluminação pública afeta grandemente diversas espécies e a poluição
afeta negativamente ecossistemas (Cardoso 2015, Almeida & Vargas 2017, Nunes & Dourado
2017).
No Brasil, destaca-se a Mata Atlântica como o repositório de elevada gama de
ecossistemas e espécies, muitas endêmicas desse bioma (Myers et al. 2000). Mas também é
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um dos biomas mais ameaçados do mundo, tendo iniciado a sua colonização pelos europeus a
cerca de cinco séculos de forma exploratória (Cardoso 2016). Essa colonização reduziu e
degradou drasticamente os ecossistemas da Mata Atlântica, induzindo a extinção de espécies e
colocando um elevado número de organismos em estado de ameaça de desaparecer (Cardoso
2016, MMA 2018). Devido à necessidade de proteção desse bioma, a Constituição da
República Federativa do Brasil, no Art. 225, § 4º, incluiu a Mata Atlântica como patrimônio
nacional (Brasil 1988), sendo a sua utilização e a proteção da sua vegetação regida pela Lei
Federal Nº 11.428 de 2006, denominada como Lei da Mata Atlântica (Brasil 2006).
A fauna da Mata Atlântica é expressivamente rica em espécies, sendo que muitas
somente são encontradas nesse bioma, pois estima-se que existam cerca de 250 espécies de
mamíferos, com 55 espécies endêmicas, 1023 espécies da avifauna, sendo 188 endêmicas,
340 espécies de anfíbios, com 90 espécies endêmicas, 197 espécies de repteis, com 60
espécies endêmicas e 350 espécies da ictiofauna, com 133 endêmicas, além de um expressivo
número de espécies de insetos e outros invertebrados, muitos dos quais ainda não foram
descritos pela ciência (MMA 2018). Assim, a porcentagem de animais da Mata Atlântica que
são endêmicos desse bioma é elevada. Todavia, muitas espécies de animais da Mata Atlântica
estão ameaçadas de extinção, levando em consideração que 633 espécies de animais estão,
oficialmente, ameaçadas de extinção no Brasil e 383 espécies são da Mata Atlântica (Thomaz
2010).
Para se realizar adequadamente o planejamento da conservação da biodiversidade da
Mata Atlântica, é necessário conhecer as espécies existentes, a sua abundância e distribuição
geográfica (Primack & Rodrigues 2001, Almeida & Vargas 2017). Assim é possível criar
unidades de conservação da natureza em áreas estratégicas, implementar corredores regionais
ligando áreas protegidas, fiscalizar de forma eficaz a ação de caçadores e fomentar a
participação popular na proteção das espécies (Primack & Rodrigues 2001, Almeida &
Vargas 2017).
No Estado do Rio de Janeiro, a área da Microrregião de Três Rios foi intensamente
modificada por ciclos econômicos, sofrendo com mudanças do uso do solo e com a
urbanização e industrialização sendo fontes de importantes impactos ambientais (Silverio
Neto 2014). A vegetação natural dessa Microrregião é principalmente a Floresta Ombrófila e
especialmente a Floresta Estacional Semidecidual, que foram grandemente reduzidas (EA
2011, Silverio Neto 2014). Como consequência, é bastante provável que expressiva
15
porcentagem da sua fauna esteja em risco, sendo necessário conhecer a realidade atual para
realizar a sua conservação. Nesse sentido, esse trabalho apresenta uma lista de espécies da
fauna que ocorrem na Microrregião de Três Rios, contando ainda com informações sobre a
sua distribuição dentro da Microrregião. Além disso, as principais ameaças à fauna são
discutidas. Essas informações visam indicar o estado atual do conhecimento sobre a fauna da
Microrregião e os possíveis problemas que devem ser enfrentados para a sua proteção,
embasando possíveis decisões para alcançar a conservação da fauna local.
1.1 OBJETIVO GERAL
Realizar o levantamento, através de dados secundários, da fauna existente na
Microrregião de Três Rios e das principais ameaças à fauna.
1.1.1 Objetivos Específicos
• Gerar uma lista de espécies da fauna da Microrregião de Três Rios.
• Levantar informações sobre a distribuição geográfica de espécies da fauna na
Microrregião.
• Indicar quais táxons e regiões, dentro da área de estudo, devem receber maior
atenção de pesquisadores visando agregar conhecimento sobre a fauna local.
• Discutir as principais ameaças à fauna na Microrregião.
16
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. ÁREA DE ESTUDO
A área do levantamento de dados consiste na Microrregião de Três Rios (1.665,368
km²), que se localiza no estado do Rio de Janeiro. A microrregião é formada pelos seguintes
municípios: Areal; Comendador Levy Gasparian; Paraíba do Sul; Sapucaia; e Três Rios
(Figura 1).
Figura 1. Mapa do estado do Rio de Janeiro, destacando a área da Microrregião de Três Rios. Fonte: Roberto
Silvério (2014).
O município de Paraíba do Sul é o que possui maior extensão territorial e maior área
coberta por florestas nativas (Figura 2, Quadro 1). Três rios é a terceira maior cidade do
estudo, é caracterizada por ter a maior população na microrregião e a maior densidade
demográfica. Comendador Levy Gasparian se classifica como menor cidade da microrregião e
menor população. Já sapucaia está em segundo lugar nas categorias área territorial e área de
cobertura florestal. O município de Areal é o segundo menor município na categoria territorial
17
e é a localidade que apresenta maior porcentagem de cobertura vegetal (Silverio Neto 2014,
IBGE 2018).
Figura 2. Distribuição dos remanescentes florestais e de outros componentes da paisagem nos
municípios da Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Silverio Neto
(2014).
Os ecossistemas que ocorrem na Microrregião de Três Rios são do Bioma Mata
Atlântica, e as fitofisionomias originais que prevalecem são a Floresta Ombrófila e a Floresta
Estacional Semidecidual (EA 2011). Porém, devido à exploração excessiva de seus recursos
naturais, com expressivas mudanças de uso do solo, substituindo as florestas nativas por áreas
agrícolas, pastos, áreas urbanas e industriais, a paisagem da Microrregião conta com pequena
porcentagem de cobertura florestal (Silverio Neto 2014) (Figura 2, Quadro 1).
18
Quadro1. Características dos municípios da Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de
Janeiro. Fonte das informações: IBGE (2018) e Silverio Neto (2014).
Característica Areal Comendador
Levy
Gasparian
Paraíba do
Sul
Sapucaia Três Rios
Área (km2) 110, 119 106,887 580,525 541,711 326,126
População 12.143 8.336 42.922 17.765 79.402
Densidade
populacional
102,99
hab/km²
76,53
hab/km²
70,77
hab/km²
32,35
hab/km²
237,42
hab/km²
Cobertura
Florestal (ha)
4.078,43 2.739,40 14.826,42 14.745,72 8.987,94
Cobertura
Florestal (%)
36,77 25,63 25,54 27,22 27,56
A precipitação pluviométrica anual varia entre 1300 mm a 1600 mm e a temperatura
média do ar entre 20° C a 24° C (EA 2011). O relevo é tipicamente formado por morros
arredondados, com 100 a 200 metros de altura (EA 2011). Os tipos de solo predominantes são
os Argissolos e, principalmente, os Latossolos (Dantas et al. 2001).
2.2 METODOLOGIA
A obtenção de dados sobre as espécies de animais (Reino Animalia) que ocorrem na
Microrregião de Três Rios se deu através de pesquisas no Portal da Biodiversidade, website
do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que visa
disponibilizar à toda sociedade brasileira conhecimento acerca da biodiversidade do país
(ICMBio 2018). Também foram realizadas buscas no Sistema de Informação Sobre a
Biodiversidade Brasileira (SiBBr 2018). Foi ainda realizada a pesquisa bibliográfica,
buscando-se trabalhos científicos e demais documentos que apresentem informações sobre a
19
fauna da Microrregião. Além de buscas de trabalhos científicos disponibilizados em sites
como Google Acadêmico, Scopus, Periódicos CAPES, Web of Science, além da busca por
trabalhos científicos nos sites de universidades, a exemplo de monografias de conclusão,
dissertações de mestrado e teses de doutorado.
Após a pesquisa bibliográfica, os dados coletados foram digitalizados em planilhas
eletrônicas e os táxons foram separados por município de ocorrência. Posteriormente, foram
discutidas as principais ameaças à fauna nativa na Microrregião. Essa discussão foi embasada
na literatura encontrada sobre a Microrregião e as espécies que nela ocorrem, em textos sobre
os problemas existentes para a conservação da fauna e na expertise da autora.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 ANIMAIS DA MICRORREGIÃO DE TRÊS RIOS
Os artrópodes apresentam a maior riqueza de espécie entre todos os Filos de seres
vivos e ocupam os mais variados habitats e níveis das cadeias tróficas, apresentando
importância ecológica, médica, veterinária e agrícola (Brusca & Brusca 2007, Barnes et al.
2005). Contudo, pelos dados coletados, o conhecimento acerca dos grupos taxonômicos de
artrópodes na Microrregião de Três Rios mostrou-se consideravelmente pobre (Tabela 1).
Inclusive, não foram encontrados registros para os municípios de Areal e Comendador Levy
Gasparian, demonstrando que a Microrregião é pouco estudada, demandando a existência de
projetos de pesquisa que busquem realizar o levantamento dessa fauna. Logicamente, muitas
espécies de artrópodes existem nos municípios da Microrregião e devem ser estudadas, até
mesmo para o planejamento da sua conservação.
20
Tabela 1. Grupos taxonômicos de artrópodes (Arthropoda) com registro em municípios da
Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Portal da Biodiversidade (2018);
Coriolano (2014); Estrada et al. (2014); Apolinário (2016); Matos (2017); Santos(2016).
Táxons Nome Comum TRÊS RIOS PARAÍBA DO SUL SAPUCAIA
ACARI Ácaro
x
ARANEAE Aranha
x
COLEOPTERA Besouro
x
COLLEMBOLA Colêmbolo
x
DIPLOPODA Gongolo
x
DIPTERA Mosca, mosquito
x
HEMIPTERA Percevejo, pulgão, cigarra.
x
HYMENOPTERA Abelha, formiga, vespa. x x X
LEPIDOPTERA Borboleta, mariposa x x
ORTHOPTERA Grilo, gafanhoto
x
THYSANOPTERA Tripes
x
Fonte: Portal da Biodiversidade (2018); Coriolano (2014); Estrada et al. (2014); Apolinário
(2016); Matos (2017); Santos(2016).
Como exceção, temos as formigas (Insecta: Hymenoptera: Formicidae) (Tabela 2) e
borboletas (Insecta: Lepidoptera) (Tabela 3), pois estudos geraram listas com um número
considerável de espécies. Ainda assim, só foram encontrados registros de espécies de
formigas para os municípios de Três Rios, Paraíba do Sul e Sapucaia. Por vezes a
identificação foi realizada apenas até ao nível de gênero, não se conhecendo o nome das
espécies, que foram apenas separadas em morfoespécies (Coriolano 2014, Estrada et al. 2014,
Apolinário 2016). Nos levantamentos de espécies analisados o gênero Pheidole, por exemplo,
apresentou várias morfoespécies, sendo esse um táxon considerado megadiverso, pois
apresenta mais de mil espécies (Ferreira 2016). Além disso, a maioria das coletas de formigas
realizadas ocorreu em áreas bastante antropizadas (ruas, áreas verdes urbanas, pastagens e
áreas cultivadas) (Coriolano 2014, Estrada et al. 2014, Apolinário 2016, Santos 2016, Pinto
2016). Assim, mesmo no caso dos grupos de artrópodes mais estudados na região, é
necessário ampliar o esforço amostral, principalmente em ecossistemas naturais, além de
buscar o refinamento da identificação das espécies.
21
Tabela 2. Grupos taxonômicos de Hymenoptera com registro em municípios da Microrregião
de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Portal da Biodiversidade (2018); Coriolano
(2014); Estrada et al. (2014); Apolinário (2016); Santos (2016); Pinto (2016); Estrada (2017).
Ordem/ Família/Gênero/ Espécie Nome Comum TRÊS RIOS PARAÍBA DO SUL SAPUCAIA
HYMENOPTERA
APIDAE
Trigona spinipes (Fabricius) Abelha-Irapuá X
Bombus terrestres Mangangá
FORMICIDAE
Dolichoderinae
Azteca X
Dolichoderus X X
Dolichoderus diversus Emery X
Dolichoderus lutosus Smith X
Dolichoderus setosus (Kempf) X
Dorymyrmex X X X
Linepthema X X X
Tapinoma melanocephalum Fabricius Formiga-fantasma X
Ecitoninae
Labidus coecus (Latreille) Formiga-correição X
Labidus praedator (Smith) Formiga-correição X
Neivamyrmex Formiga-correição X
Ectatomminae
Ectatomma edentatum Roger
X X
Ectatomma brunneum F. Smith
X X
Ectatomma permagnum Forel
X
Ectatomma tuberculatum Olivier
X
Gnamptogenys
X X
Formicinae
Brachymyrmex X X X
Camponotus crassus Mayr Formiga-carpinteira X X
Camponotus depressus Mayr X
Camponotus fastigatus Roger X
Camponotus prox. brettesi Forel X
Camponotus maculatus (Fabricius) X
Camponotus melanoticus Emery X X
Camponotus novogranadensis Mayr X
Camponotus senex Smith X
Camponotus sericeiventris Guérin Formiga-carpinteira X
Camponotus rufipes Fabricius Sarassará
X X
Nylanderia
X
22
Continuação: Tabela 2. Grupos taxonômicos de Hymenoptera com registro em municípios da
Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro.
Ordem/ Família/Gênero/ Espécie Nome Comum TRÊS RIOS PARAÍBA DO SUL SAPUCAIA
Paratrechina longicornis Latreille Formiga-louca X
Myrmicinae
Acromyrmex Quem-quem X X X
Atta sexdens rubropilosa Forel Saúva
X X
Cephalotes pusillus (Klug) X
Cephalotes minutus Fabricius X
Cephalotes grandinosus Smith X
Cephalotes X X X
Crematogaster crinosa Mayr X
Crematogaster curvispinosa Mayr X X
Crematogaster distans X
Crematogaster
X X
Cyphomyrmex
X X
Mycocepurus
X X
Mycocepurusgoeldii (Forel) X
Monomorium floricola (Jerdon) X X
Nesomyrmex X
Pheidole X X X
Pheidole radoszkowskii Mayr X
Pogonomyrmex abdominalis Santschi X
Sericomyrmex
X
Solenopsis X X X
Solenopsis invicta Buren Formiga-lava-pés X
Trachymyrmex
X
Tranopelta gilva Mayr
X
Wasnannia
X
Wasmannia auropunctata Roger Pixixica X
Wasmannia prox. lutzi Forel
X
Ponerinae
Anochetus
X
Neoponera
X X
Neoponera obscuricornis (Emery) X
Odontomachus bauri Emery X
Odontomachus chelifer Latreille
X
Odontomachus X X X
Pachycondyla striata Smith X X
Pachycondyla X X
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Continuação: Tabela 2. Grupos taxonômicos de Hymenoptera com registro em municípios da
Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro.
Ordem/ Família/Gênero/ Espécie Nome Comum TRÊS RIOS PARAÍBA DO SUL SAPUCAIA
Pseudomyrmecinae
X
Pseudomyrmex termitarius Smith
X X
Pseudomyrmex X X
Fonte: Portal da Biodiversidade (2018); Coriolano (2014); Estrada et al. (2014); Apolinário
(2016); Santos (2016); Pinto(2016); Estrada (2017).
No que tange as espécies da Ordem Lepidoptera, foi encontrado um levantamento de
espécies para uma Unidade de Conservação da Natureza no Município de Três Rios, além de
três registros para Paraíba do Sul, sendo um ao nível de gênero e dois ao nível de família
(Tabela 3). Não foram encontradas informações sobre as borboletas e mariposas dos outros
municípios, o que é preocupante frente à importância desse grupo de insetos como
polinizadores (Lemes et al. 2008).
Tabela 3. Grupos taxonômicos de borboletas e mariposas (Lepidoptera) com registro nos
municípios de Três Rios e Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Carvalho (2016);
Santos (2016).
Família/ Subfamília/ Espécie TRÊS RIOS PARAIBA DO SUL
HESPERIIDAE X X
HESPERIINAE X
Hylephila phyleus (Druiry, 1773) X
Synapte malitiosa antistia (Plötz, 1882 ) X
Vettius marcus (Fabricius, 1787) X
PYRGINAE X
Astraptes anaphus (Cramer, 1777) X
Astraptes fulgerator (Hübner, 1819) X
Autochton neis(Geyer, 1832) X
Chiomara georgina georgina (Reakirt, 1868) X
Epargyreus clarus (Cramer, 1775) X
Gesta gesta (Herrich-Schäffer, 1863) X
Gorgythion begga (Prittwitz, 1868) X
Heliopetes alana( Reakirt, 1868) X
Heliopetes arsalte( Linnaeus, 1758) X
Heliopyrgus domicella willi (Plötz, 1884) X
Phocides polybius phanias (Burmeister, 1880) X
Proteides mercurius (Fabricius, 1787) X
Pyrgus orcus(Stoll, 1780) X
24
Continuação: Tabela 3. Grupos taxonômicos de borboletas e mariposas (Lepidoptera) com
registro nos municípios de Três Rios e Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro.
Família/ Subfamília/ Espécie TRÊS RIOS PARAIBA DO SUL
Spathilepia clonius (Cramer, 1775) X
Thorybes pylades (Scudder, 1870) X
Trina geometrina geometrina (C. Felder & R. Felder, 1867) X
Urbanus dorantes (Stoll, 1790) X
Urbanus doryssus (Herrich-Schäffer, 1869) X
Urbanus proteus (Lineus, 1758) X
Urbanus simplicius (Stoll, 1790) X
Xenophanes tryxus (Stoll, 1780) X
LYCAENIDAE X
POLYOMMATINAE X
Hemiargus hanno (Stoll, 1790) X
Leptotes cassius (Cramer, 1775) X
THECLINAE
Arawacus dolylas (Cramer, 1777) X
Chalybs hassan (Stoll, 1790) X
Gargina gargophia (Hewitson, 1877) X
Parrhasius polibetes (Stoll, 1781) X
Pseudolycaena marsyas (Linnaeus, 1758) X
Strymon astiocha (Prittwitz, 1865) X
Strymon bazochii (Godart, 1824) X
Strymon bubastus (Stoll, 1780) X
Strymon crambusa (Hewitson, 1874) X
Strimon mulucha (Hewitson, 1867) X
Tmolus echion (Linnaeus, 1767) X
NYMPHALIDAE X
APATURINAE X
Doxocopa kallina (Staudinger, 1886) X
Doxocopa laurentia laurentia (Godart, 1824) X
BIBLIDINAE X
Biblis hyperia (Cramer, 1779) X
Callicore hydaspes (Drury, 1782) X
Diaethria clymena (Cramer, 1775) X
Dynamine postverta postverta (Cramer, 1779) X
Dynamine artemisia artemisia (Fabricius, 1793) X
Hamadryas amphinome amphinome (Linnaeus, 1793) X
Hamadryas epinome (C. Felder & R. Felder, 1867) X
Hamadryas februa februa (Hübner, 1823) X
Hamadryas feronia feronia(Linnaeus, 1758) X
Mestra hersilia apicalis (Staudinger, 1886) X
Mestra hersilia hypermestra (Hübner, 1825) X
Paulogramma pygas (Godart, 1824) X
25
Continuação: Tabela 3. Grupos taxonômicos de borboletas e mariposas (Lepidoptera) com
registro nos municípios de Três Rios e Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro.
Família/ Subfamília/ Espécie TRÊS RIOS PARAIBA DO SUL
CHARAXINAE X
Archaeoprepona demophon thaupius (Linnaeus, 1758) X
Fountainea glycerium cratais (Hewitson, 1874) X
Hypna clitemnestra huebneri (A. Butler, 1866) X
Zaretis itys strigosus (Gmelin, 1788) X
CYRESTINAE X
Marpesia chiron (Fabricius, 1775) X
Marpesia petreus( Cramer, 1776) X
DANAINAE X
Aeria olena olena (Weymer, 1875) X
Danaus erippus (Cramer, 1775) X
Danaus gilippus gilippus (Cramer, 1775) X
Dircenna dero rhoeo (Felder, 1860) X
Heterosais edessa (Hewitson, 1855) X
Hypothyris ninonia diaeta (Hübner, 1806) X
Ithomia agnosia zikani (D'Almeida, 1940) X
Lycorea halia (Hübner, 1816) X
Mechanitis lysimnia lysimnia (Fabricius, 1793) X
Mechanitis polymnia casabranca (Haensch, 1905) X
Placidina euryanassa (C. Felder & R. Felder, 1860) X
Pteronymia euritea (Cramer, 1780) X
HELICONIINAE X
Actinote pellenea pellenea ( Hübner,1821) X
Agraulis vanillae (Linnaeus, 1758) X
Dione juno (Cramer, 1779) X
Dryas iulia alcionea (Cramer, 1779) X
Eueides aliphera aliphera (Godart, 1819) X
Eueides isabella dianasa (Hübner, 1806) X
Euptoieta hegesia hegesia (Cramer, 1779) X
Heliconius erato phyllis (Fabricius, 1775) X
Heliconius ethilla narcaea (Godart, 1819) X
LIBYTHEINAE X
Libytheana carinenta carinenta (Cramer, 1777) X
LIMENITIDINAE X
Adelpha cytherea (Linnaeus, 1758) X
LYONETIIDAE
X
Leocoptera
X
NYMPHALINAE X
Anartia amathea roeselia (Eschscholtz, 1821) X
Anartia jatrophae jatrophae (Linnaeus, 1763) X
Chlosyne lacinia saundersii(Doubleday & Hewitson, 1849) X
26
Continuação: Tabela 3. Grupos taxonômicos de borboletas e mariposas (Lepidoptera) com
registro nos municípios de Três Rios e Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro.
Família/ Subfamília/ Espécie TRÊS RIOS PARAIBA DO SUL
Colobura dirce dirce (Linnaeus, 1758) X
Eresia lansdorfi (Godart, 1819) X
Historis odius (Fabricius, 1775) X
Hypanartia lethe lethe (Fabricius, 1793) X
Junonia evarete (Cramer, 1779) X
Siproeta stelenes meridionalis (Fruhstorfer, 1909) X
Tegosa claudina (Eschscholtz, 1821) X
Vanessa myrinna (Doubleday, 1849) X
SATYRINAE X
Caligo brasiliensis (C. Felder,1862) X
Caligo illioneus (Cramer, 1775) X
Eryphanis reevesii reevesii (Doubleday, 1849) X
Hermeuptychia sp. X
Morpho helenor achillaena (Hüdner, 1823) X
Opsiphanes invirae (Hübner, 1818) X
Pareuptychia ocirrhoe (Fabricius, 1776) X
Paryphthimoides phronius (Godart, 1824) X
Pharneuptychia sp. X
Taygetina kerea (A. Butler,1869) X
Taygetis laches (Fabricius, 1793) X
Taygetis virgilia (Cramer, 1776) X
PAPILIONIDAE X
PAPILIONINAE X
Battus polydamas polydamas (Linnaeus, 1758) X
Heraclides anchisiades capys (Hubner, 1809) X
Heraclides androgeuslaodocus (Fabricius, 1793) X
Heraclides hectorides (Esper, 1794) X
Heraclides thoas brasiliensis (Rothschild & Jordan, 1906) X
PIERIDAE X
COLIADINAE X
Aphrissa statira (Cramer, 1777) X
Eurema albula (Cramer, 1775) X
Eurema deva (Doubleday, 1847) X
Eurema elathea (Cramer, 1777) X
Phoebis argante (Fabricius, 1775) X
Phoebis philea philea (Linnaeus, 1763) X
Phoebis sennae sennae (Linnaeus, 1758) X
Pyrisitia nise tenella (Boisduval, 1836) X
DISMORPHIINAE X
Enantia lina (Herbst, 1792) X
PIERINAE X
27
Continuação: Tabela 3. Grupos taxonômicos de borboletas e mariposas (Lepidoptera) com
registro nos municípios de Três Rios e Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro.
Família/ Subfamília/ Espécie TRÊS RIOS PARAIBA DO SUL
Ascia monuste orseis (Godart, 1819) X
RIODINIDAE X
RIODININAE X
Ariconias glaphyra (Westwood, 1851) X
Aricoris campestris (H. Bates, 1868) X
Aricoris constantius (Fabricius, 1793) X
Calephelis aymaran (McAlPINE, 1971) X
Lasaia agesilas (Latreille, 1809) X
Lemonias zygia zygia (Hübner, 1807) X
Melanis xenia xenia (Hewitson, 1853) X
Notheme erota (Cramer, 1780) X
Nymphidium lisimon attenuatum(Stichel, 1929) X
Synargis calyce(Felder & Felder, 1862) X
Fonte: Carvalho (2016); Santos (2016)
A avifauna da Microrregião também somente é relativamente bem conhecida no
município de Três Rios, sendo a maioria dos dados coletados em praças e outras áreas verdes
urbanas (Tabela 4). Além de Três Rios, só foram encontrados registros de espécies para o
município de Sapucaia. É importante conhecer a avifauna da Microrregião, por sua
importância como predadores de insetos, polinizadores e dispersores de sementes (Machado
et al. 2006).
Tabela 4. Avifauna registrada em municípios da Microrregião de Três Rios, Estado do Rio de
Janeiro. Fonte: Portal da Biodiversidade (2018); Lima (2014); SiBBr (2018).
Ordem/ Família/ Espécie Nome Comum TRÊS RIOS SAPUCAIA
Ordem Accipitriformes
Accipitridae
Geranoaetus albicaudatus Gavião-de-rabo-branco X
ANSERIFORMES
ANATIDAE
Amazonetta brasiliensis Pé-vermelho X
PELECANIFORMES
ARDEIDAE
Nycticorax nycticorax Savacu X
Butorides striata Socozinho X
Egretta thula Garça-branca-pequena X
28
Continuação: Tabela 4. Avifauna registrada em municípios da Microrregião de Três Rios,
Estado do Rio de Janeiro.
Ordem/ Família/ Espécie Nome Comum TRÊS RIOS SAPUCAIA
Falconiformes
Falconidae
Caracara plancus Carcará X
CATHARTIFORMES
CATHARTIDAE
Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta X
GRUIFORMES
RALLIDAE
Gallinula galeata Frango-d'água-comum X
CHARADRIIFORMES
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis Quero-quero X
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
Columbina talpacoti Rolinha-roxa X
Columba livia Pombo-doméstico X
Patagioenas picazuro Pombão ou Asa-branca X
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
Piaya cayana Alma-de-gato X X
Crotophaga ani Anu-preto X
Guira guira Anu-branco X
TRIGIFORMES
STRIGIDAE
Asio stygius Mocho-diabo X
NYCTIBIIFORMES
NYCTIBIIDAE
Nyctibius griseus Mãe-da-lua X
APODIFORMES
TROCHILIDAE
Eupetomena macroura simoni Beija-flor-tesoura X
Chlorostilbon lucidus Besourinho-de-bico-vermelho X
CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE
Megaceryle torquata Martim-pescador-grande X
PICIFORMES
PICIDAE
Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde X
Picumnus cirratus Pica-pau-anão-barrado X
Colaptes campestris pica-pau do campo
X
Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado X
29
Continuação: Tabela 4. Avifauna registrada em municípios da Microrregião de Três Rios,
Estado do Rio de Janeiro.
Ordem/ Família/ Espécie Nome Comum TRÊS RIOS SAPUCAIA
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
Psittacara leucophthalmus Periquitão-maracanã X X
Forpus xanthopterygius Tuim X
PASSERIFORMES
THAMNOPHILIDAE
Formicivera Serrana formigueiro da serra X X
Thamnophilus palliatus Choca-listrada X
DENDROCOLAPTIDAE
Lepidocolaptes angustirostris Arapaçu-de-cerrado X
FURNARIIDAE
Furnarius figulus Casaca-de-couro-da-lama X
Furnarius rufus João-de-barro X
Phacellodomus rufifrons João-de-pau ou João-graveto X
Cranioleuca vulpina Arredio-do-rio X
RHYNCHOCYCLIDAE
Todirostrum cinereum Ferreirinho-relógio X
TYRANNIDAE
Myiarchus tyrannulus
Maria-cavaleira-de-rabo-
enferrujado X
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi X
Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado X
Megarynchus pitangua Neinei X
Tyrannus melancholicus Suiriri X
Tyrannus savana Tesourinha X
Fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada X
HIRUNDINIDAE
Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio X
TROGLODYTIDAE
Troglodytes musculus Corruíra ou Cambaxirra X
TURDIDAE
Turdus leucomelas Sabiá-barranco X
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira X
Turdus amaurochalinus Sabiá-poca X
PARULIDAE
Setophaga pitiayumi Mariquita X
ICTERIDAE
Cacicus haemorrhous Guaxe
X
Gnorimopsar chopi Graúna ou Pássaro-preto X
Chrysomus ruficapillus Garibaldi X
Molothrus bonariensis Vira-bosta X
30
Continuação: Tabela 4. Avifauna registrada em municípios da Microrregião de Três Rios,
Estado do Rio de Janeiro.
Ordem/ Família/ Espécie Nome Comum TRÊS RIOS SAPUCAIA
THRAUPIDAE
Coereba flaveola Cambacica X
Thlypopsis sordida Saí-canário X
Tangara sayaca Sanhaçu-cinzento X
Tangara palmarum Sanhaçu-do-coqueiro X
Tangara cayana Saíra-amarela X
Dacnis cayana Saí-azul X
Conirostrum speciosum Figuinha-de-rabo-castanho X
Sicalis flaveola brasiliensis Canário-da-terra-verdadeiro X
Volatinia jacarina Tiziu X
FRINGILLIDAE
Euphonia chlorotica Fim-fim X
ESTRILDIDAE
Estrilda astrild Bico-de-lacre X
PASSERIDAE
Passer domesticus Pardal X
Fonte: Portal da Biodiversidade (2018); Lima (2014); SiBBr (2018).
A Microrregião de Três Rios conta com rios importantes para o abastecimento
público, mas também para a conservação da biodiversidade e obtenção de renda por parte de
pescadores, como o Rio Paraíba do Sul, Rio Piabanha e Rio Paraibuna (Silverio Neto 2014).
Todavia o nível de conhecimento observado para a fauna de peixes da Microrregião também
não é grande (Tabela 5). Por mais que levantamentos de espécies desses rios possam ter sido
realizados em outros locais, o baixo registro de espécies para os trechos dos rios que cortam
os municípios da Microrregião de Três Rios é preocupante. O maior número de espécies
registradas ocorreu no município de Três Rios, seguido de Paraíba do Sul e Comendador
Levy Gasparian.
Foram encontradas dezesseis espécies de répteis na Microrregião, sendo 4 em
Sapucaia, uma em Três Rios, cinco espécies em Areal e 10 em Comendador Levy Gasparian
(Tabela 6). Pode-se dizer que todos os municípios analisados requerem grande esforço
amostral para o melhor conhecimento de todos os grupos taxonômicos de répteis. Sabe-se que
moradores de Três Rios e Paraíba do Sul relatam a ocorrência de cobras cascavéis (Crotalus
durissus) no município (Informação Pessoal).
31
Tabela 5. Grupos taxonômicos de peixes com registro nos municípios da Microrregião de
Três Rios, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Portal da biodivercidade (2018); SiBBr (2018).
Ordem/ Família Nome Comum TRÊS
RIOS
PARAÍBA DO
SUL
LEVY
GASPARIAN
PERCIFORMES
CICHLIDAE
Crenicichla lacustre Jacunda X
Geophagus brasiliensis Acará-papa-terra X
Cichla kelberi Tucunaré-amarelo X
Hyphessobrycon
bifasciatus
X
CHARACIFORMES
CHARACIDAE
Astianax scabripinnis Piaba
X
Astyanax intermedius Lambari X
Astyanax hastatus Lambari X
Astyanax bimaculatus Lambari-do-rabo-amarelo X
Astyanax fasciatus Lambari-do-rabo-vermelho X
GYMNOTIFORMES
GYMNOTIDAE
Gymnotus panterinus
CYPRONODONTIFORM
ES
POECILIDAE
Poecilia reticulada Lebiste-selvagem X
Phalloceros
caudimaculatus Guaru
X
Phalloceros haspagos Barrigudinha X
Poecilia vivipara Guaru X
SILURIFORMES
PIMELODIDAE
Pimelodus fur Peixe-isco ou mandi-branco X
Pimelodus maculatus
Mana-chorão ou bagre-
pintado X
Steindachneridion parahyb
ae Surubim-do-paraíba
X
CALLICHTHYIDAE
Corydoras nattereti Coridona
X
LORICARIIDAE
Hypostomus affinis Cascudo X
Hypostomus vermicularis X
Hypostomus punctatus Cascudo X
Otocinclus affinis Limpa-vidro X
Rineloricaria Nigricauda X
Fonte: Portal da biodivercidade (2018); SiBBr (2018).
32
Tabela 6. Grupos taxonômicos de répteis com registro nos municípios da Microrregião de
Três Rios, Estado do Rio de Janeiro.
Ordem/ Família Nome Comum TRÊS RIOS SAPUCAIA AREAL LEVY
GASPARIAN
CROCODILIA
TEIIDAE
Tupinambis merianae Lagarto-teiú
X
SQUAMATA
COLIBRIDAE
Spilotes pullatus Caninana
X
TROPDURIDAE
Tropidurus torquatus Calango X
X
VIPERIDAE
Crotalus durissus Cascavéis
X
Bothrops jararaca Jararaca-da-mata
X X X
COLUBRIDAE
Liophis miliaris semiaureus Cobra-lisa
X
Chironius quadricarinatus
X
DIPSADIDAE
Sibynomorphus neuwiedi
X
Liophis miliaris
X
Elapomorphus quinquelineatus
X
Oxyrhopus petolarius
X X
GEKKONIDAE
Hemidactylus mabouia
X X
CHELIDAE
Phrynops geoffroanus
X
ANGUIDAE
Ophiodes striatus
X
Ophiodes fragilis
TESTUDINES
CHELIDAE
Hydromedusa tectifera X
Fonte: SiBBr (2018)
O número de espécies de mamíferos com ocorrência registrada nos municípios da
Microrregião foi maior em Sapucaia e Três Rios, seguidos de Comendador Levy Gasparian
(Tabela 7). Não foram observados registros em Areal e Paraíba do Sul. O levantamento de
espécies de mamíferos é importante, pois muitas espécies estão ameaçadas de extinção por
serem caçadas ou por necessitarem de grandes áreas naturais para viver e sofrem com o
33
desmatamento (Primack & Rodrigues 2001). Também podem ser polinizadoras ou dispersoras
de sementes de plantas, tendo expressiva importância ecológica, como os morcegos (Verçoza
et al. 2012). Além disso, como existem diversas unidades de conservação na Microrregião, as
espécies existentes podem ser utilizadas como espécies bandeira (Slverio Neto et al. 2015,
Almeida & Vargas 2017).
Tabela 7. Grupos taxonômicos de mamíferos com registro nos municípios da Microrregião de
Três Rios, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Dias et al. (2010); Portal da Biodiversidade
(2018); SiBBr (2018).
Ordem/ Família Nome Comum TRÊS RIOS SAPUCAIA LEVY GASPARIAN
RODENTIA
ERETHIZONTIDAE
Coendou prehensilis Ouriço ou porco-espinho
X
CRICETICIDAE
Akadom cursor Rato-do-mato X
DIDELPHIMORPHIA
DIDELPHIDAE
Didelphis aurita Gamba-de-orelha-preta
X
CARNIVORA
CANIDAE
Cerdocyon thous Cachorro-do-mato
X
FELIDAE
Leopardus tigrinus Gato-do-mato
X
PROCYONIDAE
Procyon cancrivarus Guaxinim
X
MUSTELIDAE
Galactis cuja Furão-Pequeno X
Lontra longicaudis Lontra neotropical
X
CHIROPTERA
PHYLLOSTOMIDAE
Desmodus rotundus Morcego X X
Diaemus youngi X
Diphylla ecaudata X
Phyllostomus hastatus X
Tadarida brasiliensis X
X
Anoura caudifer
X
Carollia perspicillata
X
ORDEM CINGULATA
DASYPODIDAE
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha X
Fonte: Dias et.al (2010); Portal da Biodiversisade(2018); SiBBr(2018)
34
Como a maioria dos outros grupos de animais, os anfíbios da Microrregião foram
pouco estudados, sendo encontrados poucos registros de espécies (Tabela 8). Porém, foi o
município de Comendador Levy Gasparian que apresentou o maior número de espécies,
seguido de Areal.
Tabela 8. Grupos taxonômicos de anfíbios com registro em municípios da Microrregião de
Três Rios, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: SiBBr (2018).
Ordem/ Família AREAL LEVY GASPARIAN
BUFONIDAE X
Rhinella ornata
X
LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus latrans X X
Leptodactylus labyrinthicus
X
Adenomera marmorata
X
CYCLORAMPHIDAE
Thoropa miliaris
X
HYLIDAE
Hypsiboas faber
X
Dendropsophus elegans:
X
Hypsiboas pardalis
X
Scinax fuscovarius
X
Hypsiboas semilineatus
X
Hypsiboas cf. albomarginatus
X
CRAUGASTORIDAE
Haddadus binotatus X
Fonte: SiBBr (2018).
3.2 AMEAÇAS Á FAUNA NA MICRORREGIÃO DE TRÊS RIOS
As atividades agropecuárias provocaram grandes mudanças na paisagem da
Microrregião de Três Rios. A cafeicultura provocou o desmatamento de expressivas áreas de
floresta nativa e posteriormente diversas áreas foram ocupadas por outros plantios agrícolas e,
principalmente, por pastagens para a criação de gado (Silvério Neto 2014). Além disso, sabe-
se que o aumento das áreas urbanas e das áreas ocupadas por empreendimentos,
35
principalmente os de elevado porte, podem resultar na redução dos habitats nativos (Anjos et
al. 2017). Com esses desmatamentos os habitats para a fauna nativa foram reduzidos na
Microrregião (Silvério Neto 2014, Silvério Neto et al. 2015), reduzindo-se também os
recursos disponíveis para os animais, incluindo alimento, abrigos para proteção e reprodução
e também água para dessedentação. Com a redução do habitat o número de indivíduos das
populações de animais é reduzido e as populações ficam propensas a perda de diversidade
genética, à endogamia e problemas de variação demográfica relacionados à reprodução,
obtenção de alimento e defesa contra predadores (Primack & Rodrigues 2001). Quanto menor
o tamanho populacional mais rapidamente uma população de animais perde variabilidade
genética e como consequência reduz a sua capacidade de adaptação às variações ambientais
(flexibilidade evolucionária) (Almeida & Vargas 2017). A endogamia acarreta na maior
probabilidade de nascerem indivíduos homozigotos com alelos recessivos deletérios, ou seja,
que codificam para características que deixam esses indivíduos menos adaptados às condições
ambientais que os demais animais da população, e esses alelos podem estar relacionados à
doenças genéticas ou a baixa fertilidade (Primack & Rodrigues 2001). Além disso,
populações de animais com poucos indivíduos que caçam ou se defendem em grupo acabam
apresentando dificuldades de sobrevivência pelo baixo número de indivíduos. Cabe ainda
ressaltar que em pequenas populações de espécies que formam casais para procriação, podem
ter dificuldade para a reprodução por não encontrarem parceiros (Primack & Rodrigues 2001,
Almeida & Vargas 2017).
Além de reduzir os habitats, o desmatamento provoca o aumento do isolamento das
populações de animais e o aumento do efeito de borda. A fragmentação provoca que grandes
populações de animais sejam divididas em várias pequenas populações, que sofrerão com as
consequências indicadas anteriormente (Primack & Rodrigues 2001, Almeida & Vargas
2017). As florestas apresentam em suas bordas características de temperatura, umidade,
luminosidade e recursos diferentes do interior (Bernardi & Budke 2010). Com o elevado
desmatamento e fragmentação florestal na Microrregião de Três Rios, a porcentagem de área
florestada sob esse efeito de borda evidentemente aumentou, pois o perímetro de um conjunto
de fragmentos florestais é maior que de uma floresta contínua de mesmo tamanho que dos
fragmentos. Pelas áreas com condições de interior de floresta estarem cada vez mais raras, por
algumas espécies de animais somente estarem adaptadas às condições do interior desses
remanescentes florestais, e pelo maior efeito de borda facilitar a entrada de pessoas e de
36
poluentes até a região mais central do fragmento florestal, diversos autores têm entendido que
o aumento do efeito de borda é uma ameaça às espécies da fauna (Pires et al. 2006).
A agropecuária também é uma fonte de poluição ambiental, por convencionalmente
utilizar inúmeros componentes químicos para a adubação, correção do pH do solo, combate
de plantas daninhas, insetos praga e doenças, além de hormônios aplicados nos animais
(Fadini & Louzada 2001, Possenti et al. 2007). Os cultivos agrícolas e a criação de animais
também são comumente citados como causadores de aumento de processos erosivos (Possenti
et al. 2007). Muitos desses problemas são ainda causados pela silvicultura (Binkowski 2005),
que também está presente na Microrregião. A degradação da qualidade dos rios e lagos da
região certamente afetam negativamente espécies da fauna aquática e terrestre. A
simplificação dos habitats ocorre por meio da substituição dos ecossistemas naturais pelas
pastagens e cultivos agrícolas e de eucalipto (Martins et al. 2011, Gomes et al. 2013,
Apolinário 2016). Com isso, reduz a variabilidade de nichos ecológicos e a riqueza de
espécies da fauna nativa (Gomes et al. 2013, Apolinário 2016). Entre os problemas para a
fauna, pode-se mencionar que os agrotóxicos podem afetar não somente as pragas agrícolas,
da silvicultura ou pastagens, mas também as espécies nativas (Ramos et al. 2003) e o pisoteio
do gado afeta a fauna edáfica.
Em todo o mundo as áreas urbanas são intensamente iluminadas artificialmente à noite
e a Microrregião de Três Rios segue esse padrão. Muitos habitats naturais estão próximos das
áreas urbanas, estradas e outras áreas com iluminação artificial. A poluição luminosa está se
intensificando com a urbanização e afeta diversas espécies de animais, como aves, tartarugas
e insetos (Hagen & Barghini 2016). A iluminação artificial influencia as relações entre
predadores e presas, a fisiologia, o comportamento e a orientação dos indivíduos, chegando
até a afetar negativamente a reprodução (IDA 2008). A iluminação artificial pode deixar
insetos vulneráveis a predadores, dificultar a reprodução de vagalumes, interfere na orientação
de pássaros durante o voo e dificulta que tartarugas marinhas recém nascidas cheguem ao
mar, por serem atraídas pelas luzes dos centros urbanos, em direção oposta ao mar (Hagen &
Barghini 2018).
Os incêndios florestais são comuns na Microrregião de Três Rios e afetam habitats
naturais da fauna (Bento 2014). Os incêndios são fonte de poluição atmosférica e causam a
redução ou degradação dos habitats naturais e a morte de animais. Tal ameaça à fauna é
causada por agricultores e pecuaristas que colocam fogo em áreas cultivadas com espécies
37
agrícolas ou pastagens para “limpeza” das áreas, além de incendiários e a queima de lixo
(Magalhães et al. 2012), praticas muito comuns nas áreas dos municípios da microrregião.
A poluição ambiental na Microrregião de Três Rios, também é provocada pelas
atividades industriais, que são bastante intensas, especialmente no município de Três Rios.
Além disso, os municípios da Microrregião possuem considerável densidade demográfica,
gerando resíduos sólidos e efluentes líquidos causadores de poluição e consequente problemas
para a fauna nativa.
É possível observar a ocorrência de caça e pesca na Microrregião, sendo essas
atividades reconhecidamente causadoras da redução de populações de animais e extinção de
espécies, caso não sejam controladas (Primack & Rodrigues 2001, Bento 2014). Pode-se
observar inclusive a existência de pesca em área de Unidade de Conservação municipal do
grupo de Proteção Integral na Microrregião.
Diversas espécies foram extintas em parte pela introdução de espécies exóticas em
seus habitats nativos (Primack & Rodrigues 2001), sendo que as espécies introduzidas são
frequentemente animais domesticados, como cães e gatos. Na Microrregião de Três Rios é
bastante provável que a introdução de espécies, incluindo animais domesticados seja uma
ameaça consideravelmente importante para a fauna local.
O trânsito de veículos é expressivo na Microrregião, assim ocorrem atropelamentos e
morte de animais (Roussouliéres 2014). Os ruídos provocados pelos veículos também
provocam o afugentamento da fauna nas proximidades de rodovias, com consequentes
mudanças na composição de espécies nas áreas afetadas.
Cabe ainda ressaltar a presença de barragens com fins hidrelétricos na Microrregião.
No município de Areal localiza-se a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) do Piabanha e no
município de Sapucaia encontra-se a barragem de Anta, parte do complexo de Furnas. Tais
barragens dificultam a passagem/migração de peixes e a sua reprodução, e também provocam
mudanças drásticas nas condições dos ecossistemas, mudando a composição da ictiofauna nos
rios (Agostinho et al. 1992).
É importante destacar que a redução do número de indivíduos da fauna e,
principalmente, a perda de espécies podem acarretar na quebra de interações ecológicas e
processos que auxiliam na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas da Microrregião
(Almeida et al. 2011). Os impactos sobre a fauna podem provocar extinções em cascata e
perda de serviços ecossistêmicos relevantes. Entre os benefícios proporcionados pela fauna
38
nativa que podem deixar de serem usufruídos estão o controle biológico de pragas, a
polinização de plantas cultivadas, a ciclagem de nutrientes do solo e a depuração ambiental
(Almeida & Vargas 2017).
Muitos desses impactos ambientais sobre a fauna nativa da Microrregião de Três Rios
ocorrem em unidades de conservação da natureza que têm, entre outros objetivos, a proteção
da biodiversidade. Assim os gestores dessas unidades de conservação devem utilizar
estratégias apropriadas para a conservação da diversidade da fauna. Contudo, conhecer a
composição e distribuição geográfica das espécies da fauna nativa é expressivamente
importante para a proposição de estratégias eficazes para a conservação das espécies de
animais. Assim, a falta de conhecimento sobre a fauna nativa da Microrregião é um grave
empecilho à conservação das espécies, sendo necessário um esforço das autoridades públicas
e da academia para reverter esse quadro.
39
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi observado que é necessário aumentar expressivamente o conhecimento sobre a
fauna de todos os municípios da Microrregião de Três Rios. Levantamentos de espécies
devem ser realizados principalmente nos habitats naturais, visando obter informações úteis
para o planejamento da conservação da fauna nos municípios da Microrregião.
Os resultados mostraram que, especialmente, os municípios de Areal, Levy Gasparian
e Sapucaia apresentam poucas informações sobre a fauna nativa. Os municípios de Três Rios
e Paraíba do Sul tiveram mais informações disponíveis, especialmente de insetos, devido
principalmente às pesquisas científicas desenvolvidas pelas universidades. Os dados obtidos
da cidade de Sapucaia foram em sua grande maioria retirados do portal da biodiversidade e do
SiBBr. Como uma elevada porcentagem dos levantamentos de espécies foram realizados em
áreas bastantes antropizadas, é necessário aprofundar o conhecimento da fauna principalmente
em habitats naturais bem conservados.
Dentre as principais ameaças à fauna da microrregião estão a redução e fragmentação
dos habitats, principalmente das florestas nativas, a caça, a degradação dos habitats nativos, as
queimadas e poluição dos habitats nativos. Contudo, a escassez de informações sobre a fauna
está entre as mais graves por impedir o correto planejamento da conservação das espécies.
40
5. REFERÊNCIAS
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