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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL TESE Estudo do desenvolvimento pré-natal e o estadiamento de três espécies do gênero Artibeus Leach, 1821 (CHIROPTERA, PHYLLOSTOMIDAE) Adriana Ventura 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL

TESE

Estudo do desenvolvimento pré-natal e o estadiamento de três espécies do

gênero Artibeus Leach, 1821

(CHIROPTERA, PHYLLOSTOMIDAE)

Adriana Ventura

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL

Estudo do desenvolvimento pré-natal e o estadiamento de três espécies do gênero

Artibeus Leach, 1821 (CHIROPTERA, PHYLLOSTOMIDAE)

Adriana Ventura

Sob a Orientação da Professora

Dra. Nadja Lima Pinheiro

Co-orientação

Profa. Dra. Aparecida Alves do Nascimento

Seropédica, RJ

Dezembro de 2016

Tese submetida como requisito parcial

para obtenção do grau de Doutor em

Ciências, no Programa de Pós-

Graduação em Biologia Animal

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FICHA CATALOGRÁFICA

599.4

V468e

T

Ventura, Adriana, 1981-

Estudo do desenvolvimento pré-natal e o

estadiamento de três espécies do gênero

Artibeus Leach, 1821 (Chiroptera,

Phyllostomidae) / Adriana Ventura. – 2016.

49 f.: il.

Orientador: Nadja Lima Pinheiro.

Tese (doutorado) – Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro, Curso de Pós-

Graduação em Biologia Animal, 2016.

Bibliografia: f. 43-46.

1. Morcegos - Feto - Teses. 2. Feto -

Desenvolvimento - Teses. 3. Artibeus –

Teses. 4. Ontogenia – Teses. I. Pinheiro,

Nadja Lima, 1943- II. Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro. Curso de Pós-

Graduação em Biologia Animal. III. Título.

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V

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos professores da área de Histologia e Embriologia da UFRRJ, em

especial minha orientadora Profa. Dra. Nadja Lima Pinheiro e co-orientadora Aparecida Alves

do Nascimento por todo apoio, aprendizado, amizade, pelo convívio generoso e

profissionalismo durante esses quatro anos de caminhada. Sem vocês nada seria possível.

À professora Rosa Maria Marco Mendes, Profa. Leilane Maria Barcellos

Nepomuceno, Prof. Armando Sales, Prof. Marcos Antônio José dos Santos, Prof. Vinícius

Rezende, Prof. André Mendes por me incentivarem a aprender cada vez mais, por toda

dedicação aos alunos da área e profissionalismo.

Aos funcionários que fazem ou já fizeram parte desta equipe “família” Ilza Coelho,

Águida Aparecida de Oliveira, Fernando Merigueti e todos os alunos de pós, iniciação

científica, monitores e estagiários, em especial Caio Fábio Gonçalvez.

Ao Laboratório de Mastozoologia UFRRJ, em especial aos professores Adriano Lúcio

Peracchi e Marcelo Nogueira por cederem os espécimes para realização deste trabalho. Toda

equipe pela assistência nas dúvidas e companheirismo, em especial Mayara Martins, Issac

Passos de Lima, Juliana Almeida, Luiz Gomes, Daniela Dias e Andréa Mass (Otto, nosso

jovem cientista).

Ao Laboratório de Polichaeta da UFRRJ pela utilização do estereoscópio, em especial

à professora responsável Dra. Ana Claudia dos Santos Brasil e seus alunos, em especial

Vinícius Miranda e toda equipe.

Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal e coordenador

Prof. Francisco Gerson de Araújo e secretários.

A toda minha família, em especial mamãe, Lulu e Tatinha.

A todos os meus amigos com contribuíram com conhecimentos científicos e apoio

emocionalmente ao longo desta caminhada, em especial Michelle Korhonen e Bartolomeu

Benedito dos Santos Neves (meus irmãos de coração), Vinícius da Rocha Miranda, Natália

d´Assumpção, Renée Cristine e Natália Maruya.

A todos os alunos da UFRRJ, FAA/CESVA e UFRJ que contribuíram com a minha

formação e experiência profissional desde o tempo de monitora até o presente momento, em

especial Júlia Farofi, Talita Araújo, Jéssica Cavalhido, Guilherme Siqueira, Theunis Wilson e

Gabriel Cavalleiro.

À CAPES e à FAPERJ que financiaram este projeto e outros em andamento.

Muito obrigada a todos que contribuíram de maneira direta ou indireta nesta jornada.

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VI

VENTURA, Adriana. Estudo do desenvolvimento pré-natal e o estadiamento de três espécies

do gênero Artibeus Leach, 1821 (CHIROPTERA, PHYLLOSTOMIDAE), 2016. 49p. Tese

(Doutorado em Biologia Animal). Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento

de Biologia Animal, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2016.

RESUMO

O gênero Artibeus pertence à família Phyllostomidae e subfamília Sternodermatinae.

Trata-se de um gênero comum em florestas Neotropicais, e algumas de suas espécies

apresentam a maior população entre os filostomídeos em diversas localidades. Este estudo foi

realizado com 3 espécies do gênero Artibeus. Foram utilizados 10 embriões de A. obscurus

(Schinz, 18210, 11 de A. fimbriatus (Gray, 1838) e 9 de A. lituratus (Olfers, 1818), com o

objetivo de analisar as características morfológicas presentes em cada estágio do

desenvolvimento pré-natal de acordo com O’Rahilly e Müller (1987) e Cretekos et al. (2005).

Os resultados deste estudo foram comparados ao estadiamento proposto para Carollia

perspicillata (um filostomídio) e com estudos do desenvolvimento de outros grupos de

morcegos, como Molossidae, Rhinolophoidea, Vespertilinoidea, visando à padronização do

estadiamento do gênero Artibeus e à contribuição para elaboração de um estadiamento único

para Chiroptera. A ordem Chiroptera compreende mais de 1300 espécies de morcegos

identificadas e constitui um dos maiores clados monofiléticos entre os mamíferos. A análise

de 13 estágios do desenvolvimento pré-natal de Artibeus e a comparação dos resultados com o

desenvolvimento de diferentes grupos permitiu a identificação de estágios cujas

características são comuns a todos os grupos (e. g., formação do tubo neural, surgimento dos

arcos faríngeos, broto dos membros) e os estágios que divergem devido ao surgimento de

caracteres que separam estes grupos, como por exemplo, a presença ou ausência de folha

nasal e a degeneração ou desenvolvimento da cauda). As características morfológicas

observadas em Artibeus, mostraram-se majoritariamente coerentes com as descritas por

Cretekos et al. (2005). No entanto, foram notadas diferenças significativas durante o

fechamento do tubo neural, desenvolvimento da folha nasal e da cauda. De acordo com as

características observadas na ontogênese de Artibeus e comparadas aos estudos de outros

grupos de morcegos (Carollia perspicillata, Molossus rufus, Hipposideros armiger, H. pratti,

Miniopterus fulginorus, Pipistrellus abramos e Miniopterus natalensis), este estudo propõe

adaptações ao estadiamento de modo a identificar os estágios com características comuns a

todos os quirópteros e os estágios em que estes diferem, identificando o estágio do

desenvolvimento de características que separam grupos de morcegos.

Palavras-chave: Filostomídeos, Embriões, Ontogenia.

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VII

VENTURA, Adriana. Study of prenatal development and staging of three species of the genus

Artibeus Leach, 1821 (CHIROPTERA, PHYLLOSTOMIDAE), 2016. 49p. Thesis (Doctorate

in Animal Biology). Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Biologia

Animal, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2016.

ABSTRACT

The genus Artibeus belongs to the Phyllostomidae family and Sternodermatinae

subfamily. It is a common genus in Neotropical forests in several localities, and some of its

species have the largest population among phyllostomids. This study was realized with 3

species of the genus Artibeus. We used 10 embryos of A. obscurus (Schinz, 1821), 11

embryos of A. fimbriatus (Gray, 1838) and 9 embryos of A. lituratus (Olfers, 1818), as so as

to analyze the morphological characteristics present at each stage of prenatal development,

according to O'Rahilly and Müller (1987) and Cretekos et al. (2005). The results of this study

were compared to the proposed staging for Carollia perspicillata, Phyllostomidae, and studies

based on development of other bat groups, such as Molossidae, Rhinolophoidea,

Vespertilinoidea, aiming at the padronization of Artibeus staging and contributing to the

elaboration of a single staging for Chiroptera. The order Chiroptera comprises more than

1,300 species of bats identified and constitutes one of the biggest monophyletic clades among

mammals. The analysis of Artibeus embryo staging and the comparison of the results with the

development of different groups allowed the identification of stages whose characteristics are

common to all groups (e.g., neural tube formation, pharyngeal arches primordium, limb

growth) and stages that diverge owing to the appearance of characters that separate these

groups, such as the presence or absence of nasal leaf and the degeneration or tail

development). Twelve stages of evolution were analyzed in this study. The morphological

characteristics observed in Artibeus were mostly coherent with those described by Cretekos et

al. (2005). However, significant differences were noted during neural tube closure, nasal leaf

and tail development. According to the characteristics observed during Artibeus ontogenesis

and compared to studies of other groups of bats (Carollia perspicillata, Molossus rufus,

Hipposideros armiger, H. pratti, Miniopterus fulginorus, Pipistrellus abramos and

Miniopterus natalensis). This study proposes adaptations to staging in order to identify the

stages with common characteristics to all chiropteran and the stages in which they differ,

identifying the stage of development of characteristics that separate these groups.

Keywords: Phyllostomid, Bats, Ontogeny.

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VIII

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

Coleção Adriano Lúcio Peracchi (ALP)

Antebraço (ab)

Arcos da faríngeos (af)

Broto do membro pélvico (bmp)

Broto membro torácico (bmt)

Cauda (ca)

Cordão umbilical (um)

Crown-rump lenght (comprimento cabeça-

nádegas – CRL)

Dactilopatágio (dcp)

Dígitos (di)

Estágio (E)

Focinho (fo)

Folha nasal (fn)

Garras queratinizadas (ga)

Primórdio da medula espinhal (me)

Milímetros (mm)

Narina (na)

Nervura central da folha nasal (nc)

Pálpebras (pal)

Pavilhão auricular externo (pa)

Plagiopatágio (plp)

Polegar (po)

Primórdio da base da folha nasal (bnl)

Propatágio (prp)

Somitos (so)

Trago (tr)

Tubérculo genital (tg)

Tubo neural (tn)

Uropatágio (urp)

Vesícula óptica (op)

Vesícula ótica (ot)

Vibrissas (vi)

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IX

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 01. Número de identificação de coleta de campo das fêmeas progenitoras depositadas

na coleção ALP* organizado de acordo com o estágio embrionário....................................... 19

Tabela 02. Resumo das medidas do desenvolvimento embrionário de Artibeus (A. obscurus, A.

lituratus e A. fimbriatus) estágios E12 à E24........................................................................................ 19

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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração I. A. fimbriatus. Autor da fotografia: Roberto Leonan Morim Novaes. Fonte:

Morcegos do Brasil. Site:

http://morcegosdobrasil.blogspot.com.br/search/label/Artibeus%20fimbriatus ................16

Ilustração II. A. lituratus. Autor da fotografia: Roberto Leonan Morim Novaes. Fonte:

Morcegos do Brasil. Site:

http://morcegosdobrasil.blogspot.com.br/search/label/Artibeus%20fimbriatus ................17

Ilustração III. A. obscurus. Autor da fotografia: Roberto Leonan Morim Novaes. Fonte:

Morcegos do Brasil. Site:

http://morcegosdobrasil.blogspot.com.br/search/label/Artibeus%20fimbriatus ................18

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Embrião de A. obscurus (A-D) no estágio de E12. Somitos (so), arcos faríngeos (a),

1º par do arco faríngeo (1: processo mandibular, a: processo maxilar), 2º arco faríngeo (2), 3º

arco faríngeo (3), tubo neural (tn), vesícula ótica (ot), broto membro torácico (bmt). Escala:

E12 (2 mm). .............................................................................................................................. 21

Figura 2. Embrião de A. obscurus (A-D). Estágio de E13. Broto membro torácico (bmt).

Escala: E13 (1mm). .................................................................................................................. 22

Figura 3. Embriões de A. obscurus (A-E) e A. fimbriatus (F-I). Estágio E14. Arcos faríngeos

(af), coração (co) tubo neural (tn), broto membro torácico (bmt), cauda (ca), broto do membro

pélvico (bmp), primórdio da medula espinhal (me), vesícula óptica (opt), primórdio da

vesícula encefálica (vep). Escala: E14 (1mm).......................................................................... 23

Figura 4. Embriões de A. obscurus (A-D) e A. lituratus (E-M). Estágios de E15. Broto

membro torácico (bmt), cauda (ca), pavilhão auricular externo (pa), plagiopatágio (plp), broto

do membro pélvico (bmp), narina (na), focinho (fo), primórdio da medula espinhal (me),

tubérculo genital (tg), vibrissas (vi). Escala: E15 (2 mm). ....................................................... 25

Figura 5. Embriões de A. obscurus (A-D), A. fimbriatus (E- H) e A. lituratus (I-L). Estágio

E16. Dígitos (di), primórdio da medula espinhal (me), pavilhão auricular externo (pa), trago

(tr), plagiopatágio (plp), propatágio (prp), uropatágio (urp), focinho (fo), antebraço (ab,

pálpebras (pal), vibrissas (vi), narinas (na), focinho (fo), cordão umbilical (um), cauda (ca).

Escala: E16 (4 mm). ................................................................................................................. 27

Figura 6. Embriões de A. lituratus (A-D) e A. fimbriatus (E-I) - estágio de E17. Primórdio do

pavilhão auricular (pa), uropatágio (urp), antebraço (ab) dactilopatágio (dcp), dígitos (di),

base da folha nasal (bfn), primórdio da lança da folha nasal (2). Escala: E17 (0,5 mm). ........ 28

Figura 7. Embriões de A. lituratus (A-D) e A. fimbriatus (E-H) - Estágio de E18. Polegar

(po), uropatágio (urp), verrugas mentonianas (vm); antebraço (ab), pálpebras (pal), folha nasal

(1), primórdio da base da folha nasal (3), primórdio da lança da folha nasal (2), vibrissas (vi).

Escala: E18 (2 mm). ................................................................................................................. 29

Figura 8. Embrião de A. lituratus (A-D) - estágios E19. Base da folha nasal (bfn), primódio da

lança da folha nasal (pfn), antebraço (ab). Escala: E19 (4 mm). .............................................. 30

Figura 9. Embrião de A. fimbriatus (A-D) - estágios E20. Dactilopatágio (dcp), uropatágio

(urp), antebraço (ab), polegar (po), falanges medial e distal dos dígitos da mão (fa), folha

nasal: primórdio da base (1) e primórdio da lança (2). Escala: E20 (5 mm). ........................... 31

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Figura 10. Embriões de A. lituratus (A-D) - estágios E21. Nervura central da folha nasal (nc),

antebraço (ab), plagiopatágio (plp), garras (ga). Escala: E21 (10 mm).................................... 32

Figura 11. Embriões de A. fimbriatus (A-D) - Estágios de E22. Antebraço (ab), garras (ga),

pavilhão auditivo externo (pa), base da folha nasal ou ferradura (bfn), primórdio da nervura

central (pnc), verrugas mentonianas ou ornamentais (vm). Escala: E22 (5 mm). .................... 33

Figura 12. Embrião de A. lituratus (A-D) - estágios 23. Propatágio (prp), nervura central (nc),

folha nasal: base ou ferradura (1) e lança (2), antebraço (ab), pálpebras (pal). Escala: E23 (10

mm). .......................................................................................................................................... 34

Figura 13. Embriões de A. obscurus (A-J), A. fimbriatus (I-P) - estágios E23. Folha nasal:

base da folha nasal (2), ápice ou lança da folha nasal (1), nervura central da folha nasal (nc),

trago (tr), cordão umbilical (um), antebraço (ab), garras queratinizadas (ga), pálpebras (pal) e

polegar (po). Escala: E 23 (10 mm). ......................................................................................... 35

Figura 14. Embriões de A. obscurus (A-D) e A. lituratus (E-H) - estágios E24. Folha nasal

(fn), base da folha nasal (1), ápice ou lança da folha nasal (2), nervura central da folha nasal

(nc), antebraço (ab) e garras queratinizadas (ga). Escala: E24 (5 mm). ................................... 36

Figura 15. Ontogenia pré-natal da folha nasal de A. lituratus - estágios E16 à E24 (A-G) e

indivíduo adulto (E). E16 (A), E17 (B), E18 (C), E19 (D), E21 (E), E23 (F), E24 (G) e

espécime adulto (H). Legenda: narinas (1), borda branca ao redor das narinas (1a), primórdio

da base da folha nasal (2), primórdio da lança da folha nasal (3), primórdio da nervura central

(4), nervura central (5), porção inferior do lábio soldada (6), vibrissas (*). Escalas: 5 mm. ... 38

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I - Número de identificação de coleta de campo das fêmeas progenitoras depositadas

na coleção do Professor Adriano Lúcio Peracchi, organizados em estágios do

desenvolvimento pré-natal, de acordo com Cretekos et al. (2005) ......................................... 47

Anexo II - Fotografia premiada em 2º lugar - IV Prêmio de Fotografia - Ciência &

Arte (2014) - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) ... 48

Anexo III - Fotografia premiada em 1º Lugar no VIII Encontro Brasileiro para o Estudo de

Quirópteros (2015) .................................................................................................................. 49

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15

1.1 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 16

2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 19

3. RESULTADOS ........................................................................................................................ 20

4. DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 39

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 43

7. ANEXOS .................................................................................................................................. 47

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1. INTRODUÇÃO

O gênero Artibeus Leach (1821) pertence à ordem Chiroptera, subordem

Yangochiroptera, que está inserido na família Phyllostomidae, uma das mais populosas do

continente Americano, e à subfamília Sternodermatinae. Trata-se de um gênero comum em

florestas Neotropicais, sendo que algumas de suas espécies apresentam as populações mais

numerosas entre os filostomídeos (Ortega & Castro-Arellano; 2001; Barker et al., 2003;

Haynes & Lee Jr, 2004; Hollis, 2005; Zortéa, 2007). Os filostomídeos caracterizam-se por

apresentar folha nasal, cuja função está associada a ecolocalização, um mecanismo para emitir

sons e perceber obstáculos no ambiente, obter alimentos e encontrar abrigos (Brinklov et al.,

2009). A folha nasal é uma característica facial típica e visível nos filostomídeos

(Bogdanowicz et al., 1997).

Os filostomídeos ocupam uma grande variedade de nichos alimentares, incluindo

espécies frugívoras, nectarívoras, carnívoras, hematófagas, piscívoros e insetívoras (Fleming,

1972; Baker et al., 2016). Devido à diversidade biológica (taxonomia, aspectos reprodutivos e

morfológicos), existe um grande número de estudos sobre esta família (por exemplo, Tamsitt

& Valdivieso, 1963; Wetterer et al., 2000; Rasweiler IV & Badwaik, 2000; Krutzsch, 2000,

McCracken & Wilkinson, 2000; Zortéa, 2007; Korine & Kalko, 2005; Duarte & Talamoni,

2010; Barker et al., 2016; Cirranello et al., 2016), sendo que a maioria dos estudos

relacionados ao aspecto reprodutivo se concentravam nas estratégias reprodutivas, anatomia e

fisiologia dos órgãos genitais e fases iniciais do desencolvimento.

Os estudos sobre o desenvolvimento pré-natal de quirópteros tornaram-se mais

expressivos desde que Cretekos et al. (2005) propuseram um sistema de estadiamento em 24

estágios a partir de observações morfológicas do desenvolvimento de Carollia perspicillata

(Linnaeus, 1758), um filostomídeo. Este sistema de estadiamento representou um marco para

estudos do desenvolvimento pré-natal da ordem Chiroptera e uma base padronizada para

importantíssimos trabalhos posteriores, como por exemplo, a ontogenia da asa (Hockman et

al., 2009) e do tegumento (Giannini et al., 2006).

Os estadiamentos definem características morfológicas que compõem uma estrutura

comum a todas as espécies de vertebrados, como a formação dos somitos, tubo neural, arcos

faríngeos, surgimento dos membros, olhos e pálpebras (Werneburg, 2009). O estadiamento

permite que trabalhos sobre a ontogenia sejam padronizados, e que características da

morfogênese sejam agrupadas em estágios de acordo com os eventos embriológicos e

cronologia do desenvolvimento, semelhante ao que é preconizado na literatura para estudos

do desenvolvimento humano e de aves, como O’Rahilly e Müller (1987) para humanos e

Hamilton e Hamburguer (1992) para aves. No estadiamento proposto para morcegos, algumas

adaptações e inclusões de características aos estágios podem ser necessárias para diferenciar

os grupos desta ordem, indicando semelhanças e divergências na ontogenia, de acordo com as

características morfológicas existentes nos diferentes grupos, como na ontogenia do focinho

com desenvolvimento ou não da folha nasal e o crescimento ou a degeneração da cauda.

Este estudo tem como objetivos (1) analisar as características morfológicas da

ontogenia pré-natal de três espécies do gênero Artibeus (A. obscurus Schinz, 1821, A.

fimbriatus Gray, 1838 e A. lituratus Olfers, 1818), (2) padronizar as características do

desenvolvimento pré-natal em estágios de acordo com Cretekos et al. (2005); (3) comparar os

resultados com a literatura do desenvolvimento de outros grupos de quirópteros a fim de

estabelecer padrões entre eles, e (5) identificar os estágios do desenvolvimento de

características que separam esses grupos de morcegos.

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1.1 REVISÃO DE LITERATURA

Os morcegos pertencem à ordem Chiroptera, do grego chiro “mãos” e ptera “asas”.

Representam 20% das espécies de mamíferos e a segunda maior ordem dentro da Classe

Mammalia, perdendo em número de espécies apenas para a ordem Rodentia (Teeling et al.,

2005, Fenton & Simmons, 2014, Lei & Dong, 2016). Tradicionalmente, a ordem Chiroptera

está dividida em duas subordens: Megachiroptera (megabats) e Microchiroptera (microbats).

Esta divisão foi baseada principalmente em dados morfológicos e paleontológicos sensoriais

usados pelos morcegos (Teeling et al., 2005). Todos as espécies que utilizam a laringe para

ecolocalização foram inseridos na subordem Microchiroptera, as que não utilizam a

ecolocalização foram classificados na subordem Megachiroptera (Jones et at., 2002; Teeling

et al., 2000).

Atualmente, com base em análises morfológicas, comportamentais e dados moleculares,

são reconhecidas duas subordens de morcegos, Yinpterochiroptera e Yangochiroptera

(Teeling et al., 2005; Fenton & Simmons, 2014; Lei & Dong, 2016). A subordem

Yinpterochiroptera inclui as espécies de Megachiroptera e algumas famílias anteriormente

incluídas na subordem Microchiroptera (Rhinopomatidae, Rhinolophidae, Hipposideridae

e Megadermatidae.) (Lei & Dong, 2016). Para o Neotrópico, os Yangochiroptera incluem as

superfamílias Emballonuroidea (Emballonuridae), Noctilionoidea (Thyropteridae,

Furipteridae, Mormoopidae, Noctilionidae, Phyllostomidae) e Vespertilionoidea (Natalidae,

Molossidae, Vespertilionidae) (Van Den Bussche & Hoofer, 2004; Solari & Martínez-Arias,

2014).

A família Phyllostomidae apresenta-se dividida em cinco subfamílias: Desmodontinae

(hematófagos), Phyllostominae (insetívoros, carnívoros e onívoros), Glossophaginae

(nectarívoros), Carolliinae e Stenodermatinae (frugívoros) (Wetterer et al., 2000). Os

morcegos do gênero Artibeus são filostomídeos pertencentes à subfamília Stenodermatinae

(Ortega & Castro-Arellano, 2001; Baker et al., 2003; Haynes & Lee, 2004), cujas espécies são

predominantemente frugívoras (Zortéa, 2007). No Brasil, são registradas cinco espécies:

Artibeus concolor Peters, 1865; A. fimbriatus Gray, 1838; A. planirostris (Spix, 1823); A.

lituratus (Olfers, 1818) e A. obscurus (Schinz, 1821) (Nogueira et al. 2014).

Artibeus fimbriatus é uma espécie de grande porte. O tamanho do antebraço varia de

59,4 a 71 mm, com peso médio de 54 g. Sua pelagem dorsal apresenta coloração variando de

marrom acinzentado a marrom escuro acinzentado; exibe uma coloração acinzentada mais

clara na região ventral, com a extremidade dos pelos esbranquiçada. Apresentam listras

faciais variando de evidentes a pouco evidentes. A folha nasal possui a base fusionada, na

região mediana, à margem superior do lábio (Rui et al., 1999; Zórtea, 2007; Araújo &

Langguth, 2010).

Ilustração I. A. fimbriatus. Autor da fotografia: Roberto Leonan Morim Novaes. Fonte: Morcegos do Brasil <http://morcegosdobrasil.blogspot.com.br/search/label/Artibeus%20fimbriatus>

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Artibeus lituratus é uma espécie de grande porte com antebraço podendo variar de 64,0

a 77 mm. Sua pelagem apresenta coloração variando de marrom claro a marrom achocolatado,

mais escuro dorsalmente. A folha nasal possui base fusionada na região mediana com o lábio

superior (Rui et al., 1999; Zórtea, 2007; Araújo & Langguth, 2010). Além de diferenciar-se de

A. lituratus pelo desenvolvimento de listas faciais, enquanto A. fimbriatus possui o ventre

acinzentado com aspecto esbranquiçado bem evidente, A. lituratus possui o ventre marrom

uniforme. Em A. fimbriatus a face dorsal da membrana interfemural é nua ou muito pouco

pilosa, enquanto em A. lituratus a membrana interfemural é recoberta por densa pilosidade na

face dorsal (Dias & Peracchi, 2008). Além disso, A. fimbriatus mostra-se de porte menor em

relação a A. lituratus, com comprimento médio do antebraço de 63,98mm ± 1,680 (59,30-

67,35), conforme os resultados de Rui et al. (1999).

Artibeus obscurus é uma espécie de menor porte, quando comparado com as demais

espécies de grandes Artibeus. O tamanho do antebraço pode variar de 55,4 a 65,0 mm em

ambos os sexos e o peso dos machos varia de 30,5 a 39,2 g. A espécie possui coloração

uniforme enegrecida, listras faciais imperceptíveis ou mesmo ausentes. A região ventral é

mais clara com a extremidade dos pelos esbranquiçada, antebraço hirsuto na região dorsal,

membrana interfemoral e pernas glabras ou com poucos pelos (Zórtea, 2007; Araújo &

Langguth, 2010).

Assim como em outros mamíferos Eutheria, o trato reprodutor da fêmea consiste em

dois ovários, duas tubas uterinas, útero formado por uma a porção gestacional e pelo colo,

vagina e genitália externa. No entanto, entre os quirópteros, a estrutura básica do útero pode

variar anatômica e funcionalmente. Anatomicamente, o útero varia consideravelmente e

apresenta-se do tipo duplo, bicorno ou simples (Rasweiler IV & Badwaik, 2000). Em A.

lituratus, ambos os ovários são funcionais; o útero simples e a implantação ocorre no corpo

uterino (Tamsitt & Valdivieso, 1963). Os morcegos de regiões neotropicais apresentam pelo

menos quatro diferentes padrões reprodutivos: (1) monoéstrico estacional, (2) poliéstrico

estacional (3) poliéstrio bimodal - um período prolongado com um curto período de

inatividade reprodutiva e (4) poliéstrico não estacional - atividade durante todo o ano

(Fleming et al., 1972; Reis, 1989). O filostomídeos frugívoros exibem o padrão poliéstrico

Ilustração II. A. lituratus. Autor da fotografia: Roberto Leonan Morim Novaes. Fonte: Morcegos do Brasil <http://morcegosdobrasil.blogspot.com.br/search/label/Artibeus%20fimbriatus>

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sazonal. Este padrão caracteriza-se por apresentar dois picos de nascimento anualmente,

denominado bimodal (Fleming et al., 1972).

O gênero Artibeus foi descrito como poliéstrico bimodal, observado em Artibeus

jamaiscensis, A. lituratus, A. watsoni (Fleming et al., 1972), confirmado pela observação de

dois picos de nascimento ao ano (Reis, 1989; Fleming et al.; 1972, Duarte & Talamon, 2010).

Duarte & Talamon (2010) reportaram fêmeas gestantes e lactantes nos meses de setembro a

dezembro e de fevereiro a abril, corroborando as observações do padrão poliéstrico bimodal.

Este padrão reprodutivo também foi observado em outras espécies de Artibeus, como A.

jamaicensis, no Paramá (Fleming et al., 1972), A. fraterculus, em Lima, no Peru (Mena &

Castro, 2002) e A. watsoni na Costa Rica (Chaverri & Kunz, 2006). Flemming et al. (1972)

relataram fêmeas grávidas e lactantes de A. jamaicensis, Uroderma bilobatum e C.

perspicillata com o padrão poliéstrico e duas gravidezes ao ano em sucessão rápida, cada

gestação produz apenas um filhote. Os picos de nascimentos ocorrem nos períodos de maior

pluviosidade (Reis, 1989; Duarte & Talamon 2010).

Há poucos relatos sobre o período de gestação de Artibeus e este pode apresentar

variações entre as espécies. O período de gestação para A. jamaicensis foi descrito como

sendo de três meses e meio a quatro meses, podendo se estender até sete meses de gestação

(Wilson et al., 1991, Ortega & Castro-Arellano, 2002). A fêmea normalmente concebe um

filhote por gestação. Tamsitt & Valdivieso (1963) descreveram o período de gestação de A.

lituratus como sendo de quatro meses, com nascimento em setembro e um filhote por

prenhez.

O desmame ocorre tipicamente dentro das três primeiras semanas de vida e, após 30

dias, os neonatos tornam-se independentes de suas mães. Algumas espécies de quirópteros

iniciam voo desajeitado 45 dias pós-parto e, este se torna eficaz aos 55-65 dias de vida

(Elangovan et al., 2003; Elangovan et al., 2007). A capacidade de se tornarem independentes

está diretamente relacionado ao desenvolvimento do voo, ecolocalização e forrageamento. Os

indivíduos juvenis devem atingir capacidade de voo competente rapidamente depois disso ou

perecerão devido à fome (Kunz & Hood, 2000).

Ilustração III. A. obscurus. Autor da fotografia: Roberto Leonan Morim Novaes. Fonte: Morcegos do Brasil <http://morcegosdobrasil.blogspot.com.br/search/label/Artibeus%20fimbriatus>

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram examinados 30 embriões do gênero Artibeus sp., sendo 10 embriões da espécie A.

obscurus, 11 de A. fimbriatus e 9 de A. lituratus (Tabela 01), doados pelo Laboratório de

Mastozoologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. As fêmeas progenitoras

foram coletadas entre 1996 a 1998 no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e, atualmente, estão

na coleção do Professor Adriano Lúcio Peracchi (anexo 01). Os úteros destas fêmeas foram

dissecados, fixados em líquido de Bouin por 24 horas e, em seguida, mantidos em álcool 70º

GL, onde permaneceram até o início deste estudo.

Para realização deste trabalho, foi feita a triagem dos espécimes viáveis, ou seja, cuja

integridade e manutenção do álcool 70º GL foram mantidas. Os espécimes ressecados e com

baixo nível de álcool 70º GL não foram utilizados neste estudo. Após a triagem, os úteros

foram dissecados e os embriões foram analisados e classificados em estágios (E) do

desenvolvimento pré-natal de acordo com O’Rahilly e Müller (1987) e Cretekos et al. (2005),

conforme demonstrados na tabela 01. O crescimento do embrião foi verificado em cada

estágio pela mensuração do diâmetro do útero (DU), comprimento da cabeça-nádegas (CRL),

comprimento do antebraço (AB), comprimento da folha nasal (FN) em milímetros e massa

corporal (peso em gramas) (Tabela 02). Os estágios foram registrados por fotografias feitas

em microscópio estereoscópico (modelo z-stack LEICA M250 C), acoplado à câmera (LEICA

DFC450). As fotografias e medidas foram obtidas por meio do programa Leica Application

Suit.

Tabela 01. Número de embriões de Artibeus organizado de acordo com a classificação por

estágios do desenvolvimento embrionário, segundo Cretekos et al. (2005).

Espécie Estágios do desenvolvimento pré-natal

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Total

A.lituratus - - - 2 1 1 1 1 - 1 - 1 1 9

A.fimbriatus - - 1 - 1 3 1 1 1 - 1 2 - 11

A.obscurus 1 1 1 1 1 - - - - - - 4 1 10

Tabela 02. Resumo das medidas dos embriões de Artibeus nos estágios do desenvolvimento E12-24.

A. obscurus A. lituratus A. fimbriatus E CRL AB FN DU P CRL AB FN DU P CRL AB FN DU P 12 3.8 - - 6.1 0.0054 - - - - - - - - - -

13 4.3 1.3 - 7.3 0.0071 - - - - - - - - - -

14 6.1 2.5 - 8.8 0.0320 - - - - - 7.3 1.4 - 8.1 0.084

15 9.9 4.3 - 9.1 0.1028 8.9 3.0 - 9.2 0.10 - - - - -

16 8.4 4.4 - 9.4 0.1020 10.3 3.34 1.83 10.5 0.21 12.0 2.7 1.94 8.4 0.224

17 - - - - - 11.6 4.5 2.3 10.3 0.32 12.0 3.7 2.8 11.1 0.358

18 - - - - - 14.3 7.2 2.4 10.7 0.72 12.0 3.7 2.2 10.4 1.024

19 - - - - - 16.6 7.7 3.4 12.5 0.94 14.0 5,4 2.4 11.0 1.058

20 - - - - - - - - - - 17,7 8,1 4,8 14,8 1.110

21 - - - - - 21.5 11.4 4.4 14.2 2.15 - - - - -

22 - - - - - - - - - - 19.7 8.9 4.3 12.0 1.270

23 31.6 21,3 9,2 20,6 7,74 34.0 25.1 10.6 23.0 9.59 35.2 19.9 7.52 19.2 6.864

24 35.4 29.5 9.6 21.8 9.59 41.0 33.8 11.5 25.3 13.79

Estágios (E); CRL (Comprimento-cabeça-nádegas) em milímetros; AB (antebraço) mm; FN

(folha nasal); DU (diâmetro do útero) e Massa corporal (peso - P) em gramas.

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3. RESULTADOS

Os embriões de Artibeus demonstraram um desenvolvimento crescente, conforme

observado na Tabela 02. No entanto, observou-se que estas medidas diferiram entre as

espécies, os embriões de A. lituratus apresentaram o maior valor em todos os parâmetros

mensurados em relação aos embriões de A. obscurus e A. fimbriatus. Observou-se, neste

estudo, 13 estágios do desenvolvimento. Os embriões foram classificados do estágio E12 ao

E24 e agrupados com base na morfologia externa e características comuns. Os estágios

anteriores ao E12, correspondem à estágios pré-embrionários (fecundação, clivagem e

implantação), estes não foram observados nos espécimes resultantes da triagem realizada no

material da coleção Adriano Lúcio Peracchi (ALP) no início deste trabalho.

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Estágio 12: Surgimento dos brotos dos membros torácicos e presença dos arcos

faríngeos. Embrião de A. obscurus (Fig. 1. A-D).

Estágio marcado pelo desenvolvimento da protuberância dos brotos dos membros

torácicos. Nesta fase, o embrião apresenta-se flexionado ventralmente, devido à flexura

cervical e a região posterior mostra-se curvada ventralmente em espiral para direita, região em

que os pares de somitos são mais evidentes. A extremidade do tubo neural, neuroporo cranial,

ainda está aberta. O neuroporo caudal mostra-se fechado, evidenciado pela formação da

eminência da cauda. Os dois primeiros arcos faríngeos são observados em vista lateral e,

ventralmente são vistas as proeminências faciais: frontonasal, maxilares e mandibulares. Em

ambas as partes ínfero-laterais da proeminência frontonasal, os placódios nasais são vistos

como espessamentos epiteliais, indícios do surgimento do focinho e das cavidades nasais. Os

placódios ópticos (placódios do cristalino) são observados como espessamentos epiteliais

ovalados bilaterais, do ectoderma da cabeça, que entram em contato com as vesículas ópticas

que se projetam do encéfalo anterior ou prosencéfalo; e os placódios óticos aparecem também

como espessamentos epiteliais bilaterais do ectoderma de superfície da cabeça, na direção

caudal do rombencéfalo. A saliência cardíaca é vista, por transparência, tanto ventral como

lateralmente, podendo ainda observar-se as cavidades cardíacas primitivas. Nesta fase, os

somitos são observados, mas devido à dificuldade na precisão da contagem, utilizou-se a

medição CRL para comparação entre os estágios.

Figura 1. Embrião de A. obscurus (A-D) no estágio de E12. Somitos (so), arcos faríngeos

(a), 1º par do arco faríngeo (1: processo mandibular, a: processo maxilar), 2º arco faríngeo

(2), 3º arco faríngeo (3), tubo neural (tn), vesícula ótica (ot), broto membro torácico (bmt).

Escala: E12 (2 mm).

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Estágio 13: Desenvolvimento do primórdio dos brotos dos membros pélvicos. Embrião

de A. obscurus (Fig. 2. A-D).

Neste estágio, o tubo neural ainda não completou o fechamento dos neuroporos. O

sistema nervoso central mostra-se em desenvolvimento; o prosencéfalo, mais cranial,

apresenta-se em processo de diferenciação, formando o telencéfalo e diencéfalo. A

proeminência frontonasal é bem nítida em relação aos pares de proeminências maxilares e

mandibulares do primeiro arco faríngeo. Os primórdios das saliências dos brotos dos

membros pélvicos e os brotos dos membros torácicos encontram-se mais desenvolvidos e em

formato de bastão. O intestino primitivo pode ser observado por transparência, em vista

lateral. A saliência cardíaca está evidente tanto frontal quanto lateralmente.

Figura 2. Embrião de A. obscurus (A-D). Estágio de E13. Broto membro torácico (bmt).

Escala: E13 (1mm).

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Estágio 14: Broto dos membros torácicos e pélvicos. Embriões de A. obscurus (Fig. 3. A-

E) e A. fimbriatus (Fig. 3. F-I).

O tubo neural ainda está em fase de fechamento. O neuroporo cranial, observado em

vista dorsal, mostra a região posterior ao prosencéfalo até rombencéfalo aberta e o neuroporo

caudal completamente fechado. O prosencéfalo já se diferenciou em telencéfalo,

demonstrando os primórdios dos hemisférios cerebrais primitivos e o diencéfalo. O

primórdio da face pode ser observado por cinco proeminências: frontonasal, duas maxilares e

duas mandibulares. O estomodeu não está evidente devido à flexura cervical do embrião. O

placódio da lente é evidente na lateral e mostra-se com formato fusiforme ao longo do eixo

látero-lateral da cabeça, porém ainda sem pigmentação. Os brotos dos membros torácicos são

mais longos que os membros pélvicos; ambos se mostram em formato de um bastão e

começam a achatar nas extremidades. A saliência cardíaca é nítida, localizada acima do

cordão umbilical. No coração, devido ao tegumento ainda translúcido, observamos primórdios

dos septos. A cauda ainda é bem evidente no presente estágio. Neste estágio, ainda não há

formação dos patágios.

Figura 3. Embriões de A. obscurus (A-E) e A. fimbriatus (F-I). Estágio E14. Arcos

faríngeos (af), coração (co) tubo neural (tn), broto membro torácico (bmt), cauda (ca),

broto do membro pélvico (bmp), primórdio da medula espinhal (me), vesícula óptica

(opt), primórdio da vesícula encefálica (vep). Escala: E14 (1mm).

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Estágio 15 – Extremidades dos membros pélvicos e torácicos em formato de placa e

primórdio do plagiopatágios. Embriões de A. obscurus (Fig. 4. A-D) e A. lituratus (Fig. 4.

E-M).

O tubo neural está completamente fechado. As estruturas encefálicas apresentam-se

em fase de diferenciação: os hemisférios cerebrais primitivos do telencéfalo e o diencéfalo do

encéfalo anterior são bem visíveis, assim como o encéfalo médio e posterior. A medula

espinhal em desenvolvimento é observada sob o tegumento, como uma haste. O espessamento

diferencial das paredes ou colunas dorsais da medula espinhal, e o adelgaçamento central

resultam na placa do teto. A placa do teto é vista por transparência como uma linha mediana

mais escura longitudinal da região cervical à caudal. Nesta etapa, a face já iniciou a

diferenciação com o surgimento das eminências nasais mediais e laterais com a visualização

das fossetas nasais. O início da formação focinho é observado, mas sem indício da folha

nasal; as protuberâncias dos primórdios dos folículos das vibrissas localizam-se lateralmente

às fossetas nasais. As verrugas mentonianas encontram-se em discreto desenvolvimento. Na

cavidade oral observa-se a palatogênese incompleta; sendo possível observar as prateleiras

palatinas ainda não fusionadas, crescendo paralelas à língua. As orelhas já em

desenvolvimento mostram o pavilhão auricular externo, em formação, a partir de tubérculos

auriculares, em torno do primeiro sulco faríngeo que originará o meato acústico externo. Os

olhos mostram início da pigmentação, bem delimitados com as pálpebras em formação. A

saliência cardíaca desaparece e o coração passa a se localizar na cavidade do corpo. Os

membros torácicos e pélvicos mostram-se achatados dorsoventralmente nas extremidades e

com o formato de placas. A cauda ainda está presente, porém bem reduzida em comparação

aos estágios anteriores. Os patágios (pro, plagio e dactilopatágio) estão em fase de

desenvolvimento, essas podem ser observadas na face anterior do membro torácico:

propatágio; nas junções dos membros e tronco: plagiopatágio; entre os dígitos, futuro

dactilopatágio; e entre os membros inferiores, o uropatágio. O tecido tegumentar é mais

espesso em relação aos estágios anteriores, porém sem pigmentação. Os anexos como unhas e

pelos estão ausentes. O tubérculo genital pode ser observado e vê-se uma genitália

indiferenciada.

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Figura 4. Embriões de A. obscurus (A-D) e A. lituratus (E-M). Estágios de E15. Broto

membro torácico (bmt), cauda (ca), pavilhão auricular externo (pa), plagiopatágio (plp),

broto do membro pélvico (bmp), narina (na), focinho (fo), primórdio da medula espinhal

(me), tubérculo genital (tg), vibrissas (vi). Escala: E15 (2 mm).

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Estágio 16: Surge o primórdio do focinho. Embriões de A. obscurus (Fig. 5. A-D), A.

fimbriatus (Fig. 5. E-H) e A. lituratus (Fig. 5. I-L).

Neste estágio, o focinho começa a crescer, não há indícios da folha nasal e as narinas

são evidentes e ainda um pouco afastadas medialmente. A palatogênese mostra-se incompleta,

o segmento intermaxilar (palato primário) e as prateleiras palatinas em desenvolvimento são

observadas. Os olhos mostram-se bem pigmentados e abertos, com pálpebras em

desenvolvimento. O pavilhão auricular externo se projeta para região ventral temporal e

zigomática da cabeça. O pescoço, tronco e os ombros começam a ganhar forma, é possível

observar um discreto contorno entre pescoço e ombros. A herniação do intestino médio no

embrião de A. obscurus pode ser observada na Fig. 5. B-D. Os membros torácicos e pélvicos

encontram-se na posição definitiva. O antebraço mostra-se mais longo que o braço, ambos

apresentam o formato cilíndrico, enquanto as mãos e pés ainda se mostram com o formato de

placas. As membranas interdigitais permanecem originando o dactilopatágio. O propatágio

mostra-se mais evidentes do que no estágio anterior. O contorno do cotovelo torna-se evidente

nesta fase. Nos membros torácicos são observados o estilopódio, zeugopódio e autopódio. O

estilopódio corresponde à estrutura esquelética proximal que dá origem ao úmero no membro

torácico e ao fêmur no membro pélvico. O zeugopódio (elemento esquelético intermediário)

dá origem ao rádio e a ulna do membro torácico e à tíbia e à fíbula do membro pélvico. O

autopódio (estrutura distal) que dá origem ao pulso e dedos dos membros torácicos e ao

tornozelo e dedos no membro pélvico. A cauda mostra-se curta, porém em fase de

degeneração. O tegumento mostra-se mais espesso, sem pigmentação ou formação de unhas e

pelos. A genitália continua indiferenciada.

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Figura 5. Embriões de A. obscurus (A-D), A. fimbriatus (E- H) e A. lituratus (I-L).

Estágio E16. Dígitos (di), primórdio da medula espinhal (me), pavilhão auricular externo

(pa), trago (tr), plagiopatágio (plp), propatágio (prp), uropatágio (urp), focinho (fo),

antebraço (ab, pálpebras (pal), vibrissas (vi), narinas (na), focinho (fo), cordão umbilical

(um), cauda (ca). Escala: E16 (4 mm).

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Estágio 17: Dedos dos pés livres e primórdio da ferradura da folha nasal. Embriões de

A. lituratus (Fig. 6. A-D) e A. fimbriatus (Fig. 6 E-I).

Os fetos exibem os olhos abertos, com pálpebras em desenvolvimento e íris

pigmentada. As orelhas em formação, começam a crescer e tornam-se voltadas ventralmente

para a região temporal e zigomática. Nesta fase, a base da folha nasal torna-se evidente no

focinho. O primórdio das verrugas mentonianas é observado na linha da mandíbula. Os

primórdios dos folículos das vibrissas localizados na lateral ao focinho. A língua apresenta

papilas e a palatogênese está em fase final. Nesta fase, tem-se o início do desenvolvimento da

dentição decídua na lâmina dentária, porém a fórmula dentária não pode ser distinguida. As

membranas dactilopatágios são visíveis entre os dígitos das mãos, as membranas

acompanham o crescimento dos dígitos. O terceiro dedo apresenta-se mais longo. O

plagiopatágio mostra-se mais desenvolvido. A partir deste estágio, os membros pélvicos

mostram diferenciação das estruturas estilopódio, zeugopódio e autopódio. Os dígitos dos pés

estão livres, sem a presença de membranas interdigitais, unhas ou garras. O uropatágio é

evidente e não ultrapassa os tornozelos; a cauda mostra completa degeneração e não há mais

vestígio da mesma.

Figura 6. Embriões de A. lituratus (A-D) e A. fimbriatus (E-I) - estágio de E17. Primórdio

do pavilhão auricular (pa), uropatágio (urp), antebraço (ab) dactilopatágio (dcp), dígitos

(di), base da folha nasal (bfn), primórdio da lança da folha nasal (2). Escala: E17 (0,5 mm).

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Estágio 18: Primórdio da protuberância da lança da folha nasal e polegar livre.

Embriões de A. lituratus (Fig. 7 A-D) e A. fimbriatus (Fig. 7 E-H).

Os olhos encontram-se fechados pelas pálpebras já formadas. A base da folha nasal

mostra-se bem definida como uma expansão circular ao redor das fossas nasais. O primórdio

da lança da folha nasal surge como um broto ou saliência na região média acima e entre as

fossas nasais. A palatogênese completa a fusão entre as prateleiras palatinas laterais e dessas

com o palato primário. A dentição ainda incipiente encontra-se sob o epitélio oral e a fórmula

dentária indistinguível. As verrugas ornamentais ou mentonianas são observadas na linha da

mandíbula. Os membros torácicos e pélvicos apresentam-se bem desenvolvidos; os pés

exibem dedos bem definidos e com a presença do primórdio das garras e unhas, porém a

queratinização ainda não é evidente. O polegar encontra-se livre decorrente da degeneração da

membrana interdigital, as unhas exibem o início de queratinização. Os patágios (pro, pla,

dáctilo e uropatágio) mostram-se maiores em relação aos estágios anteriores, principalmente o

plagiopatágio. O uropatágio pode ser observado em formato de “V”, não ultrapassando o

tornozelo. Os contornos e as articulações dos punhos, cotovelos, joelhos e tornozelos são

evidentes e encontram-se flexionados.

Figura 7. Embriões de A. lituratus (A-D) e A. fimbriatus (E-H) - Estágio de E18. Polegar

(po), uropatágio (urp), verrugas mentonianas (vm); antebraço (ab), pálpebras (pal), folha

nasal (1), primórdio da base da folha nasal (3), primórdio da lança da folha nasal (2),

vibrissas (vi). Escala: E18 (2 mm).

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Estágio 19: Lança da folha nasal. Embrião de A. lituratus (Fig. 8 A-D).

O feto mostra-se pouco flexionado e a cabeça totalmente erguida. Na face observam-se

olhos fechados com pálpebras completamente formadas. Focinho mostra-se alongado

ventralmente e a porção superior da folha nasal achatada, exibindo o início do formato

triangular de uma lança ou folha. Verrugas mentonianas evidentes. O pavilhão auricular

externo mostra-se grande e projetado para as regiões temporal e zigomática; o trago é

observado lateralmente. O patágio começa a se dobrar devido ao seu crescimento. Uropatágio

em formato de “V”. Dígitos dos pés e polegar da mão com unhas, levemente queratinizadas.

Pele pouco pigmentada e sem pelos, mas com discretos folículos.

Figura 8. Embrião de A. lituratus (A-D) - estágios E19. Base da folha nasal (bfn),

primódio da lança da folha nasal (pfn), antebraço (ab). Escala: E19 (4 mm).

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Estágio 20: Primórdio folha nasal em formato triangular. Embriões de A. fimbriatus (Fig. 9. A-D).

A folha nasal apresenta duas regiões: porção inferior, chamada de base (região mais

larga, localizada acima do lábio superior e onde se encontram as narinas) e a porção superior

(localizada na extremidade cranial, com o formato triangular, denominada lança ou folha).

Folículos das vibrissas estão localizados nas laterais do focinho. Nesta fase, os membros são

longos com contorno dos cotovelos (anteriores) e tornozelos (posteriores) definidos e

flexionados. Dígitos das mãos com falanges já diferenciadas (falange proximal, medial e

distal). As garras estão queratinizadas e com formato pontiagudo. A pele apresenta-se pouco

pigmentada e discretos folículos dos pelos. O pescoço mostra-se com contornos bem

definidos; os ombros demonstrando claramente a formação da cintura escapular. O patágio

continua dobrado acompanhando o crescimento dos membros.

Figura 9. Embrião de A. fimbriatus (A-D) - estágios E20. Dactilopatágio (dcp), uropatágio

(urp), antebraço (ab), polegar (po), falanges medial e distal dos dígitos da mão (fa), folha

nasal: primórdio da base (1) e primórdio da lança (2). Escala: E20 (5 mm).

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Estágio 21: Primórdio da nervura central da folha nasal. Embrião de A. lituratus (Fig.

10. A-D).

A folha nasal mostra porção triangular bem evidente e mais desenvolvida. O

primórdio da nervura central surge como uma discreta proeminência longitudinalmente ao

longo do maior comprimento da lança; a base da folha nasal mostra-se com bordas laterais

livres. Verrugas mentonianas bem visíveis. Pescoço, ombros e cintura escapular bem

definidos. O autopódio dá origem as estruturas das mãos (carpos, metacarpos e falanges) e pés

(tarsos, metatarsos e falanges). As garras com unhas grandes e queratinizadas tanto nos

dígitos dos pés como nos polegares. Os patágios mostram-se maiores e dobram-se com a

flexão dos membros. Nesta fase, é visível a presença de fibras sob o tegumento translúcido e

delgado das membranas das asas. As fibras encontram-se em disposição longitudinal e

transversal quase que regular em relação aos membros e tronco dando um aspecto

quadriculado à trama de fibras presentes na membrana da asa.

Figura 10. Embriões de A. lituratus (A-D) - estágios E21. Nervura central da folha nasal

(nc), antebraço (ab), plagiopatágio (plp), garras (ga). Escala: E21 (10 mm).

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Estágio 22: Dentição decídua. Embrião A. fimbriatus (Fig. 11. A-D).

Neste estágio, a face mostra-se em fase final da morfogênese. O focinho está bem

formado; a base da folha nasal mostra-se bem delimitada e livre nas laterais, porém soldada à

face superior do lábio em embriões de A. obscurus. A porção superior da folha nasal em

formato triangular está bem desenvolvida em relação aos estágios anteriores. O primórdio da

nervura central pode ser visto. A odontogênese mostra-se em fase adiantada; a dentição

decídua mostra-se heterodonte e a fórmula dentária pode ser observada (i: 2/2, c:1/1, pm: 2/2,

m: -/-). Os patágios mostram-se dobradas e mais desenvolvidas. O dactilopatágio acompanha

o alongamento dos membros e dígitos. A membrana da asa mostra-se com textura

quadriculada devido à nervura das fibras elásticas e musculares mais evidentes neste estágio.

Asa mostra ausência de pelos, ainda translúcida e delgada. Dedos dos pés com unhas exibindo

o início da queratinização. A presença discreta do primórdio dos folículos dos pelos

distribuídos por todo o corpo. No final do período pré-natal podemos observar o cordão

umbilical e os vasos sanguíneos. O tubérculo genital mostra-se bem desenvolvido.

Figura 11. Embriões de A. fimbriatus (A-D) - Estágios de E22. Antebraço (ab), garras

(ga), pavilhão auditivo externo (pa), base da folha nasal ou ferradura (bfn), primórdio da

nervura central (pnc), verrugas mentonianas ou ornamentais (vm). Escala: E22 (5 mm).

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Estágio 23 - Folha nasal triangular com nervura central. Embriões de A. lituratus (Fig.

12. A-D), A. obscurus (Fig. 13. A-L) e A. fimbriatus (Fig. 13. M-T) e

.

Nesta fase a folha nasal apresenta nervura central bem evidente e definida. As

verrugas ornamentais na linha da mandíbula apresentam-se bem evidentes. As narinas

apresentam borda mais clara. A fórmula dentária continua i: 2/2, c: 1/1, pm: 2/2, m: -/- e ainda

sob o epitélio oral. As pálpebras formadas voltam a se abrir. As membranas das asas

encontram-se dobradas devido ao aumento de tamanho e flexão dos membros. Os membros

apresentam estrutura do esqueleto bem definidos, longos e flexionados. Dígitos dos pés e

polegar com unhas queratinizadas e pigmentadas. O calcâneo pode ser observado a partir

desse estágio. A pele mostra-se pouco pigmentada e pouquíssimos pelos. O cordão umbilical

e seus vasos sanguíneos podem ser observados neste estágio em A. lituratus. O tubérculo

genital continua pode ser diferenciado em estereoscópio.

Figura 12. Embrião de A. lituratus (A-D) - estágios 23. Propatágio (prp), nervura central

(nc), folha nasal: base ou ferradura (1) e lança (2), antebraço (ab), pálpebras (pal). Escala:

E23 (10 mm).

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Figura 13. Embriões de A. obscurus (A-J), A. fimbriatus (I-P) - estágios E23. Folha

nasal: base da folha nasal (2), ápice ou lança da folha nasal (1), nervura central da folha

nasal (nc), trago (tr), cordão umbilical (um), antebraço (ab), garras queratinizadas (ga),

pálpebras (pal) e polegar (po). Escala: E 23 (10 mm).

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Estágio 24: Pele pigmentada e com pelos. Embriões de A. obscurus (Fig. 14. A-D) e A.

lituratus (Fig. 14. E-H).

Fase final do desenvolvimento fetal. A pele apresenta-se bem pigmentada e o corpo

recoberto por pelos. Os olhos são grandes e encontram-se abertos. A base da folha nasal é

bem delimitada e a porção superior mostra-se maior em relação aos estágios anteriores. A

fórmula dentária permaneceu i: 2/2, c: 1/1, pm: 2/2, m: -/-, observa-se sob o epitélio oral. Os

dentes não se apresentam recurvados ou em forma de ganchos. Os membros são longos e

definidos. Os ossos das cinturas escapular e pélvica estão bem definidos. Os dígitos são

grandes, tanto das mãos formando as asas como dos pés. As unhas dos dedos dos pés e do

dedo polegar mostram-se queratinizadas. A genitália é bem evidente e pode ser diferenciada,

facilmente, nos indivíduos machos. Enquanto, a genitália da fêmea foi ser confirmada pelo

exame no estereoscópio.

Figura 14. Embriões de A. obscurus (A-D) e A. lituratus (E-H) - estágios E24. Folha nasal

(fn), base da folha nasal (1), ápice ou lança da folha nasal (2), nervura central da folha

nasal (nc), antebraço (ab) e garras queratinizadas (ga). Escala: E24 (5 mm).

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Ontogenia pré-natal do focinho e folha nasal (Figura 15. A-G).

No estágio E16 (Fig. 15. A), o focinho está formado, observa-se a presença de narinas

(1) e vibrissas localizadas nas laterais. Em E17 (Fig. 15. B), o primórdio da base da folha

nasal mostra-se evidente. A base ou ferradura da folha nasal exibe uma linha média entre as

narinas. Em E18 e E19 (Fig. 15. C-D), o primórdio da lança (parte superior da folha nasal)

surge como uma saliência ou broto na linha mediana acima das narinas. A base da folha nasal

exibe bordas bem delimitadas na porção mais ventral do focinho. No estágio E21 (Fig. 15. E),

o primórdio da nervura central da folha nasal aparece como uma discreta saliência

longitudinal ao longo da lança. As narinas exibem uma borda esbranquiçada, observada

também nos estágios mais avançados e no adulto (Fig. 15. H). Em E23 e E24 (Fig. 15. F-G), a

folha nasal mostra-se bem desenvolvida e em crescimento longitudinal; a nervura central

mostra-se destacada e com coloração mais escura em relação as laterais da lança e base da

folha nasal.

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4. DISCUSSÃO

O presente estudo analisou 13 estágios do desenvolvimento de Artibeus, os quais

foram coerentes com o sistema de estadiamento proposto para C. perspicillata (Cretekos et

al., 2005). No entanto, observou-se algumas diferenças na morfogênese em relação à

literatura do desenvolvimento pré-natal de diferentes grupos de morcegos. Desta forma, este

estudo propõe a revisão de algumas características a serem incluídas e adaptações ao

estadiamento dos quirópteros.

Os estágios iniciais do desenvolvimento, E12 a E14, são marcados pela formação do

tubo neural. Em Carollia perspicillata (Cretekos et al., 2005), o fechamento do neuroporo

cranial foi identificado no estágio 11 e o neuroporo caudal no estágio 12. O fechamento do

tubo neural relatado em Miniopterus natalensis (Heller, 1912) (Hockman et al., 2009),

Hipposideros pratti (Thomas, 1891) (Wang et al., 2010) e Molossus rufus (E. Geoffroy Saint-

Hilaire, 1805) (Nolte et al., 2009) está de acordo com o que foi descrito para C. perpicillata

(Cretekos et. al., 2005). Embora, nossos resultados estejam de acordo com os achados

reportados na literatura, nos embriões de Artibeus verificou-se a presença de mais de um sítio

de fechamento na região anterior do tubo neural. Portanto, o fechamento do tubo neural,

ocorre em mais de um sítio na região cranial na altura do futuro prosencéfalo, em sentido ao

mesencéfalo e, em outro sítio, na altura do rombencéfalo, também em sentido ao mesencéfalo.

Estes sítios de fechamentos do tubo neural ocorrem nos estágios 14 e 15. Embora, não sejam

não citados na literatura, estes sítios de fechamento do tubo neural são evidentes e podem ser

observados nos estudos publicados com C. perspicillata, M. rufus, M. scheribersii fuliginosus

e H. pratti entre os estágios 14 e 15, embora não tenham sido relatados. Em P. abramus

(Tokita, 2006), estes sítios de fechamento do tubo neural não são observados, indicando que

nesta espécie o fechamento completo do tubo neural antecede os estágios E14 e E15. O

fechamento tardio do tubo neural pode ocasionar alterações no desenvolvimento devido à

exposição das células do neuroectoderma ao líquido amniótico.

A folha nasal é uma característica marcante da família Phyllostomidae. Em Artibeus, o

focinho começa a se formar a partir do estágio E16. O primórdio da folha nasal – base ou a

ferradura – desenvolve-se a partir do estágio E17 e, posteriormente o primórdio da lança em

E18. A porção de ferradura também foi reportada no estágio E18 em H. armiger (Wang et al.,

2010). No entanto, estes resultados diferem do que foi descrito em C. perspicillata, visto que

o primórdio da folha nasal foi descrito no estágio E16 (Cretekos et. al. 2005), sem distinção

do focinho e folha nasal, mas ambos como uma única estrutura. Em M. rufus (Nolte et al.,

2009) e M. schereibersii (Wang et al., 2010), espécies sem folha nasal, o primórdio do

focinho foi descrito no estágio E16, semelhante ao observado nos embriões deste estudo. Com

base na literatura para estes diferentes grupos, verifica-se que o desenvolvimento do focinho

ocorre de modo semelhante para ambos os grupos (Phyllostomidae - com a presença – e

Molossidae - sem folha nasal) até o E16 e difere nos estágios posteriores.

O desenvolvimento do primórdio da folha nasal ocorre após o estágio E16, assim

como a diferenciação e crescimento desse apêndice, tornando-se evidente até o estágio E20.

Com base nos resultados para a ontogenia da folha nasal em Artibeus e os relatados em

estudos anteriores para outros morcegos, propõe-se que a morfogênese do focinho seja

semelhante até o estágio E16 para todas as espécies (famílias com e sem folha nasal). De

acordo com essas observações, propõe-se a alteração do E16 “primórdio da folha nasal”

proposto por Cretekos et al. (2005) seja alterado para “primórdio do focinho”, pois as

características durante a morfogênese são semelhantes até o estágio E16. Giannini et al.

(2006) propôs a denominação “primórdio do pavilhão auditivo externo” para o estágio E16,

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porém o primórdio da orelha foi observado em Artibeus no estágio E15 pela presença dos

tubérculos auriculares.

Neste estudo foi observada uma dentição decídua e heterodonte nos estágios mais

avançados de E22 a E24. Somente em embriões de Rousettus amplexicaudatus (Giannini et

al., 2006) e em M. rufus (Nolte et al., 2010) a dentição decídua foi relatada. Em R.

amplexicaudatus (Giannini et al., 2006), foi observada dentição heterodonte com a a

identificação de caninos superiores e inferiores e três pré-molares. Entretanto, Giannini et al.

(2006) não citaram a presença ou ausência dos incisivos ou mesmo a fórmula dentária,

enquanto Nolte et al. (2010) reportaram apenas a presença de dentes. A fórmula dentária

decídua descrita na literatura para Stenodermatinae é i: 2/2, c: 1/1, pm: 2/2 m:-/- (Phillips et

al., 1977), o que coincidiu com o resultado deste estudo para as três espécies de Artibeus. Os

estudos de Phillips et al. (1977), Giannini et al. (2006) e Nolte et al. (2010) foram os únicos a

reportarem a presença da dentição em embriões. Os demais estudos da ontogenia não

abordaram esta característica, seja pela ausência dos dentes decíduos ou não observação

destes. A dentição decídua dos morcegos neonatos é descrita na literatura com uma

particularidade, os incisivos, caninos e pré-molares possuem o formato recurvado e com

cúspides (Simmons, 1994). Entretanto, neste estudo os dentes não exibiram o formato de

cúspides ou recurvados até o estágio E24, provavelmente, esta característica se desenvolva no

período perinatal ou neonatal ou mesmo após a erupção dos dentes.

O morcego é o único mamífero voador, o que torna a asa sua característica mais

distintiva (Fenton & Simmons, 2014). As asas iniciam seu desenvolvimento com o

surgimento do primórdio do plagiopatágio no estágio E15, conforme o observado em Artibeus

e também reportado na literatura para C. perspicillata (Cretekos et al., 2005) e M. natalenses

(Hockman et al., 2009). As membranas (tecidos moles que compõe as asas) são compostas

por tecido elástico e muscular (Adams, 2007). As fibras musculares presentes no

plagiopatágio estão em disposição transversal em relação aos ossos dos membros e troncos e

são oriundas dos músculos coracocutâneo, umeropatágio e plagiopagiais (Tokita et al., 2012;

Fenton & Simmons, 2014). O músculo coracocutâneo ancora as redes de fibras elásticas na

região das axilas, enquanto o músculo umeropatagial ocorre em alguns grupos de morcegos e

está relacionado à tensão suspensória das partes distais da membrana da asa, enquanto os

músculos tensores plagiopatagiais consistem em duas partes que ancoram e envolvem a borda

da asa (Fenton & Simmons, 2014). Nos embriões de Artibeus, observa-se a ontogenia destas

fibras musculares e elásticas nas membranas das asas a partir do estágio E21 em arranjo de

trama quadriculada, similar ao descrito por Fenton & Simmons (2014).

Os indivíduos adultos de Artibeus não apresentam cauda, no entanto, durante o

desenvolvimento, os embriões apresentam o crescimento crescente da cauda até o estágio

E16. Posteriormente, esta característica degenera e desaparece até o final do estágio E17. Em

espécies com a cauda longa como M. nataliensis (Hockman et al., 2009), M. rufus (Nolte et

al., 2009) e P. abramus (Tokita, 2006), a eminência caudal foi descrita após o fechamento do

tubo neural e o crescimento foi progressivamente mais evidente a cada estágio até E24.

Hockman et al. (2009) reconhece que até o estágio 15 o crescimento da cauda é semelhante

para as espécies de C. perspicillata e M. natalenses. Portanto, propõe-se que o

desenvolvimento da cauda seja semelhante para os diferentes grupos de morcegos até o

estágio 15, diferenciando-se nos estágios posteriores. Morfologicamente, a degeneração da

cauda em Artibeus é semelhante ao que ocorre em mamíferos sem cauda.

A análise do desenvolvimento de A. obscurus, A. lituratus e A. fimbriatus, demonstrou

um crescimento mais acentuado dos valores para CRL e do antebraço nos embriões de A.

lituratus em relação a A. fimbriatus e A. obscurus. Os embriões de A. obscurus, no estágio

E24, demonstraram pelagem evidentemente longa e densa. Entretanto, não há diferenças

morfológicas proeminentes durante a ontogenia destas três espécies que permita a

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identificação da espécie de Artibeus. A identificação precisa durante a fase embrionária e fetal

para Artibeus é realizada por meio das características da fêmea progenitora. No entanto, na

ausência de dados sobre a fêmea progenitora, mas com a presença da folha nasal nos estágios

mais avançados, pode-se afirmar que o embrião pertence aos filostomídeos devido à evidência

desta característica.

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5. CONCLUSÕES

As características morfológicas observadas durante o desenvolvimento pré-natal de três

espécies de Artibeus mostram semelhancas entre si, e em sua maior parte, coerência com

o estadiamento proposto por Cretekos et al. (2005) para C. perspicillata.

Conclui-se que o completo fechamento do tubo neural em Artibeus ocorre entre os

estágios 14 e 15. Este achado também pode ser observado na literatura para as espécies C.

perspicillata, M. rufus,M. scheribersii fuliginosus e H. pratti entre os estágios 14 e 15,

embora não tenham sido relatados.

A folha nasal, característica marcante dos filostomídeos, inicia seu desenvolvimento no

estágio E17, tornando-se evidente no estágio E20. Esta característica é capaz de separar

grupos com folha nasal de grupos que não apresentam este apêndice ainda durante a

ontogenia.

Conclui-se com base na análise dos resultados deste trabalho e comparados com dados da

literatura do desenvolvimento da folha nasal, que o termo utilizado para identificar a

característica marcante do estágio E16 seja “Primórdio do focinho”, com intuito de

compreender os diferentes grupos, ou seja, identificando que o desenvolvimento do

focinho precede a morfogênese da folha nasal. Desta forma, o desenvolvimento do

focinho é semelhante até o E16 para os grupos com e sem a folha nasal, pois o

desenvolvimento deste apêndice ocorre nos estágios posteriores.

Com base nos resultados deste estudo e na literatura, conclui-se que o desenvolvimento da

cauda é semelhante para os vários grupos de morcegos até o estágio E15, diferindo entre as

espécies após o E16. Assim, grupos com cauda longa, o crescimento é progressivo; grupos

com a cauda curta, o crescimento é discreto; e em grupos cuja cauda é ausente, ocorre

degeneração da cauda após o E16 e o desaparecimento total nos estágios posteriores.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. ANEXOS

Anexo 01. Número de identificação de coleta de campo das fêmeas progenitoras depositadas

na coleção do Professor Adriano Lúcio Peracchi, organizados em estágios do

desenvolvimento pré-natal, de acordo com Cretekos et al. (2005).

Espécie Estágios

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

A.lituratus - - - 900

766

901 854 731 642 - 633 - 860 880

A.fimbriatus - - 652 - 653 832

752

894

837 866 640

- 958 723

318

-

A.obscurus 684 675 683 691 912

- - - - - 778

677

877

699

702

*ALP (Adriano Lúcio Peracchi)

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Anexo 2. Fotografia premiada em 2º lugar - IV Prêmio de Fotografia - Ciência & Arte (2014)

- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

Link: http://premios.cnpq.br/web/pfca/imagens-premiadas#

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Anexo 3. Fotografia premiada em 1º Lugar no VIII Encontro Brasileiro para o Estudo de

Quirópteros (2015).