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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOAFACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
SECÇÃO AUTONOMA DE GEOTECNIA
A GEOLOGIA DE ENGENHARIANO PLANEAMENTO E PROJECTO
/
DE TUNEIS EM MACIÇOS ROCHOSOS
por
A.S. Costa Pereira
dissertação apresentada à universidadenova de lisboa. para obtenção do graude mestre em geologia de engenharia.
lisboa 1985
2
~It may well be said that, important as
geology is in all civil engineering work, th~
re is no branch of any engineering work in
which geology can be applied to better effect
than as absolute essential aid to tunnel cons
truction", LEGGET (1973)
J
RESUMO
E feita uma análise da contribuição da geolo
gia de engenharia para o planeamento e projecto de tuneis
em maciços rochosos, com enumeração das várias caracterís
ticas geológico-geotécnicas a investigar quer do maciço ro
choso quer do material que o compõe.
são apresentadas as técnicas de prospecção e
ensaios mais vulgarmente utilizadas no estudo de maciços
rochosos onde vão ser abertostuneis.
Apresentam-se e analisam-se, em seguida, alg~
mas das classificações de maciços rochosos apresentadas por
vários autores e utilizadas na caracterização geotécnica
para o dimensionamento de tuneis e aplicam-se essas classi
ficações a cinco maciços rochosos.
Finalmente, o autor faz uma análise critica
dos resultados da aplicação das classificações aos casos
concretos em estudo e apresenta correlações entre as diver
sas classificações utilizadas.
4
ABSTRACT
An analysis of the contribution of Engineering
Geology for the planning and design of tunnels in rock ma~
ses is made, attention being given to the different geolo
gical and geotechnical characteristics of both rock materi
aI and rock masses. The author reviews the most commonly
used exploration and testing methods and presents and dis
cusses some of the existings geotechnical classifications
of rock masses for tunneling purposes. Three of those elas
sifications have been used to classify five different rock
masses to be tunnelled. Based upon them so obtained results
the author presents some correlations between those elassi
fications.
5
tNDICE
1 - INTRODUÇÃO
1.1 - A Geologia de Engenharia e os tuneis 20
1.2 - Objectivos e metodologia da dissertação 22
2 - ~TODOS DE CÁLCULO DE ESTRUTURAS SUBTERRÂNEAS
2.1 - Introdução
2.2 - Métodos empíricos
2.3 - Métodos numéricos
2.4 - Métodos físicos
2.5 - Conclusão
25
26
27
28
28
3 - CARACTERtSTICAS GEOT~CNICAS DOS MACIÇOS COM
INCIDENCIA NO PLANEAMENTO E PROJECTO DE TUNEIS
3.1 - Introdução 30
3.2 - Geologia regional e local 30
3.2.1 - Lito10gia 31
3.2.2 - Tectónica 35
3.2.3 - Sismicidade 43
3.3 - Descontinuidades do maciço rochoso 46
3.3.1 - Introdução 46
3.3.2 - Propriedadffie métodos de estudo 47
3.4 - Características mecânicas e outras relativas
ao material rocha
3.4.1 - Resistência
3.4.2 - Alterabilidade
3.4.3 - Expansibilidade
64
64
67
68
3.5 - Características mecânicas relativas ao
maciço rochoso
3.5.1 - Características mecânicas dos
maciços
3.5.2 - Estado de tensão
6
69
69
72
4 - METODOS DE PROSPECÇÃO UTILIZADOS NO ESTUDO GEOLÚGICO
E GEOTECNICO DE MACIÇOS PARA ABERTURA DE TUNEIS
4.1 - Introdução
4.2 - Métodos geofísicos
4.3 Métodos mecânicos
4.4 - Ensaios "in situ"
4.5 - Ensaios de laboratório
5 - ZONAMENTO GEOTECNICO
5.1 - Introdução
5.2 - O zonamento geotécnico para tuneis
5.2.1 - Fase de planeamento
5.2.2 - Fase de projecto
75
75
79
89
91
99
99
100
103
123
124
6 - AS DIFERENTES CLASSIFICAÇÕES DE MACIÇOS ROCHOSOS
UTILIZADAS NO DIMENSIONAMENTO
6.1 - Introdução
6.2 - Classificação de TERZAGHI (1946)
6.3 - Classificação RSR para escolha de suportes
de obras subterrâneas (WICKHAM et aI., 1974) 125
7
6.4 - Classi~icação geomecânica de maciços
rochosos para tuneis (BIENIAWSKI, 1979) 138
6.5 - Dimensionamento empírico de suportes em
maciços rochosos (ROCHA, 1976) 146
7 - EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DAS DIFERENTES CLASSIFICAÇÕES 150
7.1 - Centro de distribuição da Guia-Macau
Reservatório subterrâneo de água tratada 151
7.2 - Abastecimento de água ao Sotavento Algarvio
Tunel de ligação Barragem de Beliche-Barra-
gem da Ga~a PM(O+OOO) a PM(2+500) 156
7.3 - Barragem de Odeleite-Galeria de Desvio e
Descarregador de cheias 162
7.4 - Re~orço do abastecimento de água à Região de
Lisboa
Tunel do Castelo do Bode 169
7.5 - Plano de Rega ao Alentejo
Tunel de ligação entre a Barragem de Álamos
e a Barragem de Algueva 175
7.6 - Comparação entre as classi~icações
utilizadas 181
8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES 193
8
1NDICE DE QUADROS
Pág.
QUADRO ).1 - Comparação das velocidades de avanço
em função do tipo litológico,em tuneis
para vias de comunicação (DESIO, 1959) _)2
QUADRO ).2 - Relação entre o preço de escavação e o
tipo litológico para um mesmo avanço e
uma mesma secção (DESIO, 1959) ))
QUADRO ).) - Classificação minerológica
(FRANKLIN, 1970)
QUADRO ).4 - Classificação dos principais tipos
de rocha )6
QUADRO ).5 - Classificação geotécnica de um maciço
quanto ao espaçamento das diaclases e
dos planos de estratificação (M.D.WATKINS,
1970, adaptado) 52
QUADRO ).6 - Abertura de descontinuidades 61
QUADRO 4.1 - Principais métodos geofísicos usados no
estudo de maciços rochosos para tuneis 76
9
QUADRO 4.2 - Relação dos principais tipos de informa
ção que se podem obter com a prospecção
geofísica (adaptado de RODRIGUES CARVALHO,
1981) 78
QUADRO 4.3 - Comparação entre o modulo de deformabili
dade do maciço e da rocha (ROCHA, 1974) 93
QUADRO 4.4 - Comparação entre resultados da resistência
ao corte de rochas e de diaclases,obtidas
no campo e em laboratório (ROCHA, 1973) 94
QUADRO 5.1 - Graus de alteração 105
QUADRO 5.2 - Estados de alteração de um maciço
rochoso (adaptado por OLIVEIRA,R.,1980) 106
QUADRO 5.3 - Estados de alteração de um maciço
rochoso (simplificado) (adaptado por
OLIVEIRA,R., 1980) 107
QUADRO 5.4 - Espaçamento entre fracturas 109
QUADRO 5.5 - Classificação dos maciços rochosos quanto
à permeabilidade (AFTES, 1981) 116
QUADRO 5.6 - Classificação dos maciços rochosos quanto
à carga hidraulica (AFTES, 1981) 118
10
QUADRO 5.7 - Classificação dos maciços rochosos
quanto à carga hidraulica (COSTA
PEREIRA, 1985) 119
QUADRO 6.1 - Classificação de maciços rochosos para
tuneis (TERZAGHI, 1946)
QUADRO 6.2 - Classificação de maciços rochosos para
tuneis (Cont.) (TERZAGHI, 1946)
QUADRO 6.) - Parâmetro A da c~assificação de WICKHAM
et aI. (1974)
QUADRO 6.4 - Parâmetro B da classificação de WICKHAM
et aI. (1974)
QUADRO 6.5 - Parâmetro C da classificação de WICKHAM
125
126
129
1)0
et aI. (1974) 1)1
QUADRO 6.6 - Relação entre W e RSR (adaptado der
WICKHAM et aI., 1974)
QUADRO 6.7 - Classificação geomecânica de maciços ro
1)4
chosos para tuneis (BIENIAWSKI, 1979) 140
QUADRO 6.8 - Guia para escavação e suporte de tuneis
(BIENIAWSKI, 1979)
Secção tipo = ferradura; Largura = 10m;
Tensão vertical < 25 MPa; Escavação com
explosivos
QUADRO 6.9 - Dimensionamento empírico de suportes:
apreciação do maciço rochoso
QUADRO 6.10- Classes do maciço e necessidades de su
porte (ROCHA, 1976)
11
144
147
148
QUADRO 7.1 - Relação tipo de suporte-classe do maciço 152
QUADRO 7.2 - Reservatório subterrâneo da Guia-Macau
Zonamento Geotécnico 155
QUADRO 7.) - Reservatório subterrâneo da Guia-Macau
Classificação segundo WICKHAM (1974) 157
QUADRO 7.4 - Reservatório subterrâneo da Guia-Ma~au
Classificação segundo BIENIAWSKI (1979) 158
QUADRO 7.5 - Reservatório subterrâneo da Guia-Macau
Classificação segundo ROCHA (1976)
QUADRO 7.6 - Tunel Beliche-Gafa
Zonamento Geotécnico
159
16)
12
QUADRO 7.7 - Tunel Beliche-Gafa
Classificação segundo WICKHAM (1974) 164
QUADRO 7.8 - Tunel Beliche-Gafa
Classificação segundo BIENIAWSKI (1979) 165
QUADRO 7.9 - Tunel Beliche-Gafa
Classificação segundo ROCHA (1976) 166
QUADRO 7.10- Tune1 de Desvio da Barragem de Ode1eite
Zonamento Geotécnico 170
QUADRO 7.11- Tunel de Desvio da Barragem de Ode1eite
Classificação segundo WICKHAM (1974) 171
QUADRO 7.12- Tunel de Desvio da Barragem de Ode1eite
Classificação segundo BIENIAWSKI (1979) 172
QUADRO 7.13 -Tune1 de Desvio da Barragem de Odeleite
Classificação segundo ROCHA (1976) 173
QUADRO 7.14- Tunel do Castelo do Bode
Zonamento Geotécnico 176
QUADRO 7.15- Tune1 do Castelo do Bode
Classificação segundo WICKHAM (1974) 177
13
QUADRO 7.16 - Tunel do Castelo do Bode
Classificação segundo BIENIAWSKI,(1979) 178
QUADRO 7.17 - Tunel do Castelo do Bode
Classificação segundo ROCHA (1976) 179
QUADRO 7.18 - Tunel de ligação Alamos-Alqueva
Zonamento Geotécnico 182
QUADRO 7.19 - Tunel de ligação Alamos-Alqueva
Classificação segundo WICKHAM (1974) 183
QUADRO 7.20 - Tunel de ligação Alamos-Alqueva
Classificação segundo BIENIAWSKI (1979) 184
QUADRO 7.21 - Tunel de ligação Alamos-Alqueva
Classificação segundo ROCHA (1976) 185
14
íNDICE DE FIGURAS
Pág.
FIG. ).1 - Influência da estrutura geológica na
estabilidade dos tuneis
.. ,.FIG. ).2 - Mapa das intensidades s~sm~cas max~mas
observadas em Portugal durante o perío-
41
do de 1902 a 1972 (MENDES, 1971 e Atlas
do Ambiente, 1975) 45
FIG. ).) - Método de representação de descontinui-
dades (rede de Schmidt) 49
FIG. ).4 - Diagrama de projecção polar de igual
área das diaclases (hemisfério inferior) 50
FIG. ).5 - Histograma de espaçamento de fracturas
(ISRM, Doc. 4, 1977)
FIG. ).6 - Influência da rugosidade na resistência
ao corte (adoptado de ROUGHTON, 1975)
FIG. )·7 - Relação entre a tensão de corte e a ten-
são normal numa superfície rugosa (adop-
tado de ROUGHTON, 1975)
56
58
59
15
FIG. 3.8 - Sugestão para definição de abertura de des
continuidades abertas e da largura das des
continuidades preenchidas (ISRM, 1977)
FIG. 3.9 - Correlação entre a resistência à carga po~
tual e resistência à compressão uniaxial
(o deve ler-se ~ ) (Geologica1 Society ofc c
London, 1977)
FIG. 3.10- Correlação entre a dureza determinada com
o martelo de Schmidt e a resistência à com
pressão uniaxial éom o martelo em posição
63
65
vertical (DEERE e MILLER, 1966) 66
FIG. 3.11- Correlação entre o modulo de deformabi1id~
de obtido com o dilatómetro (Ed
) e as almo
fadas grandes (EA) (LNEC, 1983)
FIG. 4.1 - GRANITO DO ALTO LINDOSO - Variação de Vp
com a porosidade (n) em amostras saturadas
71
(RODRIGUES ,L. , 1979) 80
FIG. 4.2 - Comparação da velocidade de propagação da
onda P em rochas secas e saturadas (RODRI-
GUES,L., 1979) 81
FIG. 4.3 - Correlação entre a frequência da onda de
corte (f ) e o modulo de deformabilidades
estático (E t)es
(RODRIGUES ,L. , 1979 citado por RODRIGUES
CARVALHO, 1981)
FIG. 4.4 - Correlação entre V e espaçamento de fra~p
turas e RQD para rochas sãs, eruptivas e
metamórficas (SJ~GREEN et aI., 1979 cita-
do por RODRIGUES CARVALHO, 1981)
FIG. 4.5 - Carta de ripabilidades para "ripper" D8H-
- Performance Handbook - Edition 2
FIG. 4.6 - Correlação entre a resistência à compres-
são pontual (lo) e a resistência à compre~
são uniaxial (~ )c
(RODRIGUES CARVALHO, 1981)
FIG. 4.7 - Correlação entre ~ e I obtida para o mac s
terial rocha, no tunel de Castelo do Bode
(RODRIGUES CARVALHO, 1981)
FIG. 4.8 - Correlação entre a resistência à compres-
são uniaxial e espaçamento de fracturas e
resistência ao desmonte (FRANKLIN, 1971
citado por RODRIGUES CARVALHO, 1981)
16
82
83
84
95
96
96
17
FIG. 4.9 - Correlação entre velocidade de propagação
de ultrassons e resistência à compressão
uniaxial para o material rocha do tunel
do Alto Lindoso (LNEC, 1977 citado por RO
DRIGUES CARVALHO, 1981)
FIG. 4.10 - Correlação entre V e E para o materialp
rocha do tunel do Castelo do Bode (LNEC,
97
1977 citado por RODRIGUES CARVALHO, 1981) 97
FIG. 4.11 - Correlação entre V e I para o materialp s
rocha do tunel do Castelo do Bode (RODRI
GUES CARVALHO, 1981)
FIG. 4.12 - Correlação entre a porosidade e a resis-
tência à compressão uniaxial para rochas
calcárias (SMORODINOV et aI., 1970 cita-
do por RODRIGUES CARVALHO, 1981)
FIG. 5.1 - Análise do espaçamento de fracturas 112
FIG. 5.2 Velocidade de propagação da onda P em di
versos tipos litológicos (Segundo GRANT,
F.S. and WEST,G.F., 1965, adaptado de RO
DRIGUES,L; FIALHO, 1979) 114
18
FIG. 5.) - Relações aproximadas entre diversas forma-
ções geológicas, estado de alteração e o
cociente Vl/Vt
e VI (adaptado de ESTEVES,J.
~10URA, 1969) 115
FIG. 6.1 - Relações entre RSR e índice RR 1)2
FIG. 6.2 - Relação RSR-suporte inicial para um tunel
com ),0 m de diâmetro (JACOBS ASSOCIATES,
1974)
FIG. 6.) - Relação RSR-suporte inicial para um tunel
com 7,5 m de diâmetro (JACOBS ASSOCIATES,
1974)
FIG. 6.4 - Ajustamento do RSR quando a escavação é
feita com FULLFACER (adaptado de JACOBS
ASSOCIATES, 1974)
FIG. 6.5 - Definição do período de estabilidade sem
1)5
1)6
1)7
revestimento (adaptado de BIENIAWSKI,1979) 142
FIG. 6.6 - Correlação entre MR e o valor de k
(ROCHA, 1976)
FIG. 6.7- Espessuras destacáveis (ROCHA, 1976)
144
19
FIG. 7.1 - Comparação entre as c1assi~icações RMR e
RSR para os casos estudados e recta de
RUTLEDGE 186
FIG. 7.2 - Comparação entre os valores de RSR, RMR
e MR para os 15 casos estudados 189
FIG. 7.3 - Comparação dos suportes recomendados por
WICKHAM (x), BIENIAWSKI (o) e ROCHA (+)
para as secções estudadas 191
20
1 - INTRODUÇÃO
1.1 - A Geologia de Engenharia e os tuneis
Desde tempos imemoriais o homem tem deparado
com a necessidade da construção de tuneis. Funcionando,de
início, como simples resguardos ou abrigos, eles seriam
posteriormente utilizados com fins estratégicos e, mais
tarde, para transporte de água.
A bibliografia refere a construção de tuneis
sob o rio Eufrates, perto da Babilónia, destinados a abas
tecimento de água, e ainda outros executados por Gregos e
Romanos também para abastecimento de água a algumas das
suas cidades.
Em todo o século XIX, com o advento dos cami
nhos de ferro, a construção de tuneis sofreu grande impu!
so sendo de destacar o Tunel de Monte Cenis, entre França
e Itália, com cerca de I) Km de comprimento (BEAVER, 1972
citado por ROCHA, 1975) e o Tunel sob o Tamisa em Londres.
Durante a execução deste último, que demorou 18 anos (HE
WETT e JOHANNESSOU, 1922), grandes dificuldades foram en
contradas, a maior parte delas causadas pelo facto de as
condições geológicas serem muito diferentes das previstas,
como resultado de informações geot6cnicasd.ficientes.
ISAMBAND BRUNEL, engenheiro encarregado da obra dizia, co
mentando os conselhos que outros técnicos lhe davam: "ln
every case they made the ground to suit the plan, not the
plan to suit the ground".
21
Sendo os maciços rochosos ou terrosos,o meio
em que se insere um tunel, o estudo desses maciços,e sem
dúvida o factor prioritário a ter em conta e é aí que a
geologia de engenharia desempenha papel fundamental, quer
no planeamento quer no projecto, quer ainda durante a cons
trução.
Na fase de planeamento, a geologia de engenh~
ria tem papel importante na escolha de várias opções de
traçado, face às características das formações geológicas
interessadas. Posteriormente, compete-lhe a elaboração do
programa de prospecção e ensaios, o acompanhamento da sua
execução e o tratamento dos dados obtidos, de molde a for
necer a informação necessária ao projecto da obra de aco~
do com as condições naturais do maciço. Muitas vezes, os
estudos podem ainda aconselhar a modificações do traçado
inicial, quer em planta quer em perfil. Na fase de obra é
indispensável o acompanhamento por especialistas em geol~
gia de engenharia, cartografando o maciço escavado, comp~
rando as condições encontradas com as previstas, colaboran
do com os demais técnicos da obra nas adaptações do proje~
to, que se afigurem convenientes, na execução de novos es
tudos e na instrumentação da obra.
Assim, o geólogo de engenharia é muitas ve-
zes o primeiro a chegar ao local para fazer o reconhecimen
to de superfície, cessando a sua actividade no subsolo,
quando da execução dos derradeiros trabalhos. Finalmente,
e depois da entrada em funcionamento da obra, o geólogo
22
de engenharia é ainda elemento relevante para a interpre
tação dos resultados da instrumentação instalada para con
tro1e do comportamento da obra.
1.2 - Objectivos e metodologia da dissertação
Durante a actividade profissional que o au
tor tem vindo a desenvolver ao longo de cerca de 15 anos,
sempre tem deparado com dificuldades na execução de pro
gramas de estudos para a elaboração de projectos de tuneis.
Este facto era referido por ROCHA (1976) ao afirmar: "Tal
como acontece sempre que se dá um rápido progresso das te~
rias e das técnicas, verifica-se presentemente um atraso
na assimilação de conhecimentos por parte dos técnicos e~
volvidos no projecto e construção de obras subterrâneas e,
por outro lado, dificuldade na aceitação das novas técni
cas, por força de hábitos e interesses criados". Por outro
lado factores como faltas de verba e de tempo, são contra
riedades que frequentemente se tem que enfrentar.
E sem dúvida este último o factor principal
que leva a que os projectos não disponham de informação
geotécnica adequada, o que dificulta a sua e1aboração,e a
que as condições encontradas durante a execução da obra,
sejam, por vezes, muito diferentes das previstas.
Os projectos são, em geral, encomendados com
prazos de execução muito curtos, não compatíveis com exe
cução de programas de prospecção compreendendo sondagens,
23
ensaios de laboratório e "in situ", que deveriam ser rea-
lizados faseadamente, afim de obter uma informação geoté~
nica adequada e com o menor dispêndio.
Partindo dos recentes processos de cálculo
mais usados no dimensionamento de tuneis, e da enumeração
das características geotécnicas utilizadas faz-se, nesta
dissertação, uma análise dos factores que afectam a esta-
bilidade de um tunel, apresentam-se os tipos de prospecção
e ensaios mais comuns, e expõem-se e comentam-se diversas
classificações geotécnicas de maciços propostos por
rios autores.
,va-
No dia a dia, o geólogo de engenharia, vê-se
por vezes na necessidade de estimar valores para a carac-
terização geotécnica das diferentes zonas em que se propõe
dividir o maciço, pelo que, considera o autor, como modo
de atenuar os erros que se cometem nestas estimativas, que
as diferentes zonas devem ser classificadas segundo vários
critérios empíricos procedendo-se em seguida a uma análi-
se critica e comparativa dos resultados obtidos.
Procurando tirar partido de centenas de casos
analisados por WICKHAM, BIENIAWSKI e ROCHA e tentar obter
correlações entre as várias classificações ou testar alg~
mas já existentes, o autor aplicou as três classificações
a 15 zonas geotécnicas e obtem diversas correlações.
Por fim, analisa-se o caracter mais ou menos
conservativo de uma classificação em relação a outras,pr~
curando assim optimizar o conhecimento e classificação
25
2 - MtTODOS DE CÁLCULO DE ESTRUTURAS SUBTERRÂNEAS
2.1 - Introdução
Os métodos de cálculo utilizados no âmbito
das estruturas subterrâneas têm vindo a proporcionar uma
importánte contribuição no seu projecto e interpretação
do comportamento a eles associado, apesar das numerosas in
determinações relativas à caracterização dos maciços rocho
sos que reproduzem, apenas, situações simplificadas, face
a uma realidade complexa (SOUSA, 1983).
Os métodos de cálculo mais utilizados são os
seguintes (CUNHA, 1981):
a) métodos empíricos - métodos baseados na utiliza
ção de classificações geotécnicas, a partir das
quais se podem estabelecer recomendações acerca
das características dos suportes julgados mais
adequados ou das solicitações aplicadas, para
as condições estimadas para o maciço rochoso.
b) métodos numéricos - métodos recorrendo ao uso
de mod~los numéricos, como seja métodos de equ!
1íbrio limite, modelos elásticos baseados na me
cânica dos meios descontínuos, modelos de ele
mentos finitos e de elementos de fronteira.
c) métodos experimentais - recorrem ao uso de mode
los experimentais, baseando-se em leis de seme
lhança geométrica e de natureza mecânica ou hi
drau1ica, entre modelo e protótipo.
26
2.2 - Métodos empíricos
Com a crescente necessidade de ocupação do
espaço subterrâneo, tem-se verificado nas duas ú1timas dé
cadas um rápido desenvo1vimento no estudo das estruturas
subterrâneas, principa1mente no que se refere ao conheci
mento dos fenomenos envo1vidos, aos meios de prospecção e
ensaios para caracterização mecânica dos maciços rochosos
interessados, e ao desenvo1vimento de métodos de cá1cu10.
Apesar de todo este progresso, verificam-se
inúmeras dificu1dades no projecto de obras subterrâneas,
quer pe1a escassez de e1ementos para caracterização mecâ
nica dos maciços (obras de grande desenvo1vimento 1inear),
quer pe1a dificu1dade de obter a1guns desses e1ementos,
(tais como tensão virgem, características hidrogeo1ógicas).
As dificu1dades apontadas 1evaram, nos ú1ti
mos anos, ao aparecimento de métodos de dimensionamento
segundo uma via empírica, tendo como base a experiência
dos autores, associada a considerações teóricas.
E o caso das c1assificações e respectivos su
portes recomendados, apresentadas por WICKHAM (1974), BIE
NIAWSKI (1979), ROCHA (1976), AFTES (1976), etc.
27
2.3 - Métodos numéricos
Os métodos numéricos de cálculo de estruturas
subterrâneas baseiam-se na criação de modelos numéricos.
Os modelos criados estão intimamente ligados
à aproximação utilizada, isto é, de meio continuo ou de
meio descontinuo.
Na aproximação de meio continuo, têm sido ut!
lizados modelos baseados em métodos diferenciais - o méto
do dos elementos finitos e o método das diferenças fini
tas - e em métodos integrais, ~stes 6ltimos em geral na
modalidade do método dos elementos de fronteira (SOUSA,
1983).
O cálculo de estruturas subterrâneas pelo mé
todo dos elementos finitos, tem vindo ultimamente a conhe
cer uma larga utilização, em virtude essencialmente da sua
versatilidade, permitindo atribuir aos maciços diferentes
reologias e estado de tensão inicial, bem como diferentes
sequências de construção.
Os modelos por elementos finitos, para uso
de meio descontinuo ou de meio continuo com inclusão de
falhas e outras descontinuidades relevantes, incluem ele
mentos finitos especiais, designados elementos de junta,
que permitem simular as superfícies de descontinuidade e
os interfaces entre maciço rochoso e suporte (GOODMAN e
ST. JOHN, 1977).
28
2.4 - Métodos físicos
Os métodos físicos baseiam-se em modelos em
que as características essenciais e relevantes são repro
duzidas, tão fielmente quanto possível, tendo em conta a
escala.
Estes modelos, chamados modelos geomecânicos,
simulam o maciço rochoso, não só no que se refere às pro
priedades do material rocha, mas igualmente das diferentes
superfícies de descontinuidades que o compartimentam.
Trata-se de modelos extremamente caros pelo
que, no geral, só se usam no âmbito da investigação em
obras subterrâneas, salvo no caso de grandes estruturas
subterrâneas, nomeadamente cavernas para centrais hidro
eléctricas, de armazenagem de produtos ou em instalações
mineiras subterrâneas.
2.5 - Conclusão
A análise do que atrás fica dito, mostra bem
a necessidade que existe do conhecimento das característi
cas geomecânicas do maciço, de modo a permitir o projecto
adequado da estrutura subterrânea a construir.
Sendo a geologia de engenharia, uma discipl~
na que apoia a engenharia civil, deve o especialista em
geologia de engenharia, logo desde o início do projecto,
conhecer as intenções do projectista quanto ao método de
29
cálculo que este vai utilizar, programar todo o estudo,de
modo que, no final, esteja em condições de fornecer os p~
râmetros necessários ao cálculo.
30
3 - CARACTERtSTICAS GEOTECNICAS DOS MACIÇOS COM INCIDENCIA
NO PLANEAMENTO E PROJECTO DE TUNEIS
3.1 - Introdução
Tendo em vista a obtenção dos elementos de
cálculo para o dimensionamento do tunel, compete ao espe
cialista em geologia de engenharia a caracterização geoté=
nica do maciço rochoso e das rochas que o constituem.
Os trabalhos deverão iniciar-se pela elabor~
ção da cartografia geológica do traçado e áreas adjacentes,
a escala conveniente, tendo em atenção a litologia e tec
tónica, a sismicidade, as características hidrogeológicas
e, após obtenção destes dados básicos, deverá orientar-se
o estudo no sentido da quantificação das variáveis a uti
lizar no cálculo.
3.2 - Geologia regional e local
A história geológica do maciço onde se inse
re a obra, deverá ser o primeiro dado a obter. Assim, o
trabalho deverá ser iniciado pela pesquisa de todos os
elementos de carácter geológico e geotécnico existentes
sobre a zona, pela observação da fotografia aérea, se po~
sível primeiro a uma escala regional e depois em pormenor,
seguindo-se um reconhecimento geológico de superfície que
leve à elaboração de uma carta geológica.
,a
..7
31
A carta geológica a executar, cuja escala va
ria com o comprimento do tunel, sendo vulgar a escala
1/2 000 para tuneis com mais de 1 Km e 1/1 000 a 1/500 p~
ra tuneis menores, deverá já ser orientada para o fim a
que se destina, melhor, deverá constituir já uma carta ge~
técnica preliminar de aptidão para tuneis, contemplando
para além da litologia das formações atravessadas, a pos~
ção do nível freático, a estrutura do maciço, o estado de
alteração. De referir que estes elementos são colhidos
superfície e extrapolados para a profundidade a que o tu-
nel vai atravessar o maciço, o que na maior parte das ve-
zes é susceptível de conduzir a erros ou imprecisões im-
portantes, principalmente em maciços muito dobrados.
3.2.1 - Litologia
A definição das diversas unidades litológicas
a atravessar por um tunel é um dos aspectos, senão essen
cial, pelo menos importante na elaboração do projecto.
Para além da observação macroscópica das amo~
tras, deverão ser executadas laminas delgadas para análi-
se micropetrográfica, devendo fazer parte do projecto uma
descrição qualitativa das unidades litológicas, tendo sem
pre em atenção o fim a que o relatório se destina.
Muitos autores, usando a classificação lito-
lógica, a ela associam características mecânicas, e usam
essa aproximação na avaliação do comportamento do maciço
32
a ser escavado. Como exemplo apresentam-se os QUADROS 3·1
e 3.2 (DESIO, citado por LETOURNER e MICHEL, 1971) em que
são comparados o tipo 1ito1ógico com a velocidade de avan
ço e com o custo da escavação.
QUADRO 3.1
COMPARAÇÃO DAS VELOCIDADES DE AVANÇO EM FUNÇÃO DO TIPO
LITOLOGICO, EM TUNEIS PARA VIAS DE COMUNICAÇÃO (DESIO,1959)
TIPO LITOLÚGICO METROS/DIA
Rochas brandas compactas (mo1assos, tufos) 7-10
Rochas medianamente duras (calcários pouco
fissurados, não aquíferos)
Rochas duras e compactas (grés, cong10mer~
dos e calcários compactos)
Rochas muito duras e compactas (granitos,
basaltos, anfibo1itos, gnaisses)
Rochas medianamente duras, muito fractura
das (micaxistos, gnaisses)
Rochas xistosas mais ou menos duras, frac
turadas
Rochas móveis não aquíferas
Rochas plásticas e rochas móveis aquíferas
6-8
5-7
4-6
3-4
2-3
0,5-1,5
0,2-0,5
))
QUADRO ).2
RELAÇÃO ENTRE O PREÇO DE ESCAVAÇÃO E O TIPO LITOLÓGICO
PARA UM MESMO AVANÇO E UMA MESMA SECÇÃO (DESIO, 1959)
Calcários e dolomitos 1 (referência)
Granitos, dioritos, gnaisses 1,2 - I,)
Xistos argilosos 2 - 8
Argilas 4 - 12
A análise do QUADRO ).1 mostra que o autor,
para além da unidade litológica, já ~em uma preocupação
de descrição geotécnica, referindo-se à coesão, dureza,
presença de água e estado de fracturação.
Outros autores como FRANKLIN (1970), tecem
considerações, a partir da composição mineralógica, sobre
a coesão e estado de tensão, como se pode ver no QUADRO
).).
A classificação litológica baseada na génese
dos materiais, sua composição minerológica e textura é,no
entanto, a mais utilizada.
Refere-se, como exemplo, a classificação pr~
posta pelo Geological Society Engineering Group Working
Party (1977), resultante de ligeiras alterações de uma
)4
QUADRO ).)
CLASSIFICAÇÃO MINERALÓGICA (FRANKLI~ 1970)
MINEROLOGIA CLASSIFICAÇÃO
Rocha quartzo-fe1dspática Normalmente dura e frágil.
Rochas eruptivas ácidas e
gnaisses.
Rocha básica Normalmente dura e frágil.
Rochas eruptivas básicas e
grauvaques.
Rocha pe1itica (argila) Viscosa, fraca e plástica.
Filitos,argilitos e shales.
Rocha pe1itica (mica) Fraca e plástica.
Xistos.
Rocha salina e carvões Viscosa, fraca e plástica.
Calcários.
classificação anteriormente proposta por DEARMAN em 1974.
Nesse trabalho a Geo1ogica1 Society reafirma
a necessidade da descrição petrográfica fazer parte da de~
crição de maciço rochosos,chamando no entanto A atenção p~
ra o facto de não deverem ser usadas descrições petrográ
ficas extensas.
35
o QUADRO 3.4 apresenta uma adaptação dessa
classificação segundo OLIVEIRA (1980).
3.2.2 - Tectónica
Se a litologia de um maciço rochoso é um dos
elementos importantes que deverá informar o projecto de
tuneis, as acções tectónicas a que o maciço esteve sujei
to, e que definiram a sua estrutura geológica, é essencial.
Igualmente importante é o estudo das acções sísmicas a que
o tunel pode vir a ser sujeito.
A atitude dos estratos, falhas, diaclases,
etc., têm uma grande importância na aptidão dos maciços p~
ra a abertura de tuneis e no dimensionamento dos suportes.
Trataremos neste capítulo os problemas apenas relacionados
com o modo de jazida das rochas e a presença de falhas,de!
xando para o cap. 3.3 a análise das diaclases.
Enquanto as rochas igneas apresentam, no ge
ral, uma boa capacidade para se manterem autoportantes,d~
pendendo apenas da fracturação do maciço, nas rochas estr~
tificadas, a capacidade autoportante é grandemente influ
enciada pela orientação do tunel em relação à atitude dos
estratos.
Uma zona de tectónica complexa, com grande
variação na orientação dos estratos, deverá apresentar mais
problemas à construção, do que uma zona em que haja uma
certa uniformidade na atitude das formações.
QUADRO 3.4
CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE ROCHA*
/lor- lIAS
GI11jl'O
GEJ"f;TICO
1l0CIIAS SlmnIENTi\IH':S
DETHtTJCAS
nOClIAS
P Inoo,As
TICA::;
DE OllT(;~,\1
QUINTeA
OU
OHGÂNICA.
1l0CllAS
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II
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l\linerais
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N1neraisclaros A
escuros
Naciça
ondesito
microdio
rito
Noutras
diorito
Pegmatito
Acidas
!'linerúis claros
microgr~
nito
riollto
granjto
anfibtli
to
quartzito
granulito
mnrmore
corneana
migmat,!
to
"'scuros
xisto
f'iládio
gnaisse
xisto
argiloso
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1"cldspAtus,
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Com
minerais
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rochns
calcário
dolomito
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anidrite
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ESTIHJT1.tn,\ HA1S
fJ1EQU~~:\TE I 1--------4 I I .------________+_ i I I
Gran\lJomc
ob",idlana taquilito
vidro vulcânico
. -adAptado por OLIVEIHA,R.(19Bo) de ""file description 01" Rock Masses for Engineering purposes" publicado no Bulletin 01' th" Internacional
Association 01" Engineering Geology nO 19 June/July 1979
w~
37
Aproveitando vários blocos diagramas aprese~
tados por BRINK (1980), analisa-se sumariamente a inf1uên
cia da estrutura na estabilidade dos tuneis (FIG. 3.1).
CASO 1
Formações horizontais ou subhorizontais com direc
ção paralela ao eixo do tune1 apresentam, no gera1,boa c~
pac idade autoportante, salvo casos em que na zona do tec~
to ocorram formações pouco resistentes que poderão dar
origem a sobreescavações.
Quando a direcção dos estratos é normal ao
eixo do tune1 e inclina 50 _10 0, poderão ocorrer alguns pr~
b1emas, principalmente quando os estratos inclinam para a
boca do tune1.
CASO 2
No caso de estratos verticais, e em que o eixo do
tune1 é normal à direcção das camadas, a situação é favo
rável, desenvolvendo-se sobre o suporte uma tensão unifo~
me, dependendo o suporte da espessura dos estratos, pode~
do no entanto ocorrer exsurgências de água preferencialme~
te em alguns estratos.
)8
CASO)
No caso do eixo do tunel ser paralelo à direcção
das formações a situação é desfavorável, havendo,para além
dos problemas com água, concentrações de tensões no supo~
te e sobreescavações no tecto.
CASO 4
Situação em que a direcção dos estratos é normal
ao eixo do tunel e os estratos são inclinados. Trata-se de
uma situação desfavorável, principalmente se os estratos
inclinam para a boca do tunel, mais acentuada se há alter
nância de estratos mais e menos resistentes e ainda pela
afluência de água ao tunel, caso estratos permeáveis sejam
cortados.
CASO 5
Situação análoga ao Caso) mas mais desfavorável,
dadD haver concentrações de tensões de um dos lados do su
porte e sobreescavações assimétricas. Também no que se re
fere à ocorrência de água ela também será assimétrica,oco~
rendo em maior quantidade num hasteaI que noutro.
CASO 6
Situação mais complexa, em que o eixo do tunel é
oblíquo em relação à direcção dos estratos e estes são in
39
clinados. Neste caso, gera-se sobre o suporte uma distri-
buição tridimensional das tensões e uma sobreescavação mu~
to irregular. No que se refere às condições hidrogeológi
cas trata-se de uma situação idêntica ao Caso 5.
CASO 7
Duas situações em que o tunel está instalado numa
dobra, cujo eixo é paralelo ao eixo do tunel.
São situações pouco frequentes, e no geral facilmen
te evitáveis o que, aliás, sempre convirá fazer,dado tra-
tar-se de zonas com concentrações de tensões re~iduais ou
de intensa fracturação, associadas no geral a ocorrência
de caudais importantes.
CASO 8
Analisa-se em seguida o caso em que o tunel inter-
secta uma falha nas três situações possíveis, isto é, fa-
lha normal, oblíqua ou paralela ao eixo do tunel. Em qua!
quer das situações os problemas são comuns. No entanto,
eles agravam-se quando a direcção da falha é paralela ao
eixo do tunel ou faz com este pequeno ângulo, pelo facto
de o tunel intersectar a falha e a sua zona de influência
ao longo de maiores extensões. Assim, os problemas mais
comuns referem-se à ocorrência de caudais importantes,,a
espessura da caixa de falha e natureza dos enchimentos.No
caso destes serem argilosos, poderão apresentar expansib~
40
lidade, se forem arenosos, e especialmente quando abaixo
do nível freático, poderão "escorrer" para o tunel.Falhas
antigas com enchimento constituido por materiais silicio
sos poderão dar origem a dificuldades no desmonte devido
à sua dureza.
CASO 9
Casos há em que embora o tunel não intersectando di
rectamente a falha, passa na sua proximidade, sofrendo as
sim a sua influência.
Se a falha está situada abaixo do tunel no geral
os problemas são de pouca importância, o mesmo não aconte
cendo se a falha está próxima do tecto. Neste caso poderão
ocorrer exsurgências importantes, concentrações de tensões
sobre o suporte e sobreescavações.
Embora em Portugal a importância seja reduzida, a
determinação da actividade da falha deverá ser considera
da.
Pelo que atrás fica dito, vê-se a importância
que a estrutura geológica tem para o planeamento, projec
to e abertura de um tunel, pelo que o seu reconhecimento
na fase de planeamento e a sua caracterização na fase de
projecto são de primordial importância, podendo mesmo le
var ao abandono de traçados em favor de outros.
Caso 1
Caso :3
Caso 5
Caso 7
Caso 2
Caso 4
Caso 6
41
FIG. :3.1 Influência da estrutura geológica na estabi1i-
dade dos tuneis
. .:....._._._._-=--:..-..:
Caso 8
42
Caso 9
FIG. 3·1 - Influência da estrutura.geológica na estabili-
dade dos tuneis (Cont.)
3.2.3 - Sismicidade
Apesar de ocorrerem no território português,
zonas de sismicidade elevada, talvez devido ao facto da
maior parte dos tuneis construidos, o serem em maciços ro
chosos, na generalidade dos projectos,a possibilidade da
ocorrência de sismos não foi considerada.
O mesmo não se verifica noutros países onde
o assunto vem sendo tratado com certo detalhe.
A experiência desses países (COOKE, 1971),mo~
tra que tuneis bem projectados em maciços rochosos de boa
qualidade, suportam bem os efeitos dinâmicos dos sismos,
tendo-se verificado apenas estragos em tuneis com pequeno
recobrimento, junto às entradas, quando a essas situações
estão associadas falhas activas e os epicentros se encon
tram próximos.
Aquele autor resume deste modo o efeito dos
sismos sobre tuneis:
a - A probabilidade de ocorrência de danos causados
por um sismo num tunel é pequena.
b - Por maior cuidado que haja na elaboração do pr~
jecto, são inevitáveis os danos causados pelo
movimento de uma falha que seja atravessada por
um tunel.
c - O movimento de uma falha é raro e só deverá ser
considerado no projecto quando se tratar de fa
lhas activas.
44
d - Em regiões em que o grau de intensidade' sísmi
ca é superior a VIII, na Escala de Mercalli mo
dificada (12 Termos), é de esperar a ocorrência
de acidentes em tuneisescavados em maciços r~
chosos de fraca qua1idade, e próximos da supe~
fície.
e - Não há notícias de acidentes em tuneis escava
dos em maciços rochosos de boa qua1idade.
f - As vibrações causadas pe10s sismos diminuem com
a profundidade e aumentam com o estado de a1te
ração.
g - Praticamente não existe risco de acidentes pr~
vocados por sismos, em tuneis escavados em ma
ciços rochosos de boa qua1idade (hard rock),
desde que não sejam atravessadas fa1has activas.
Em Portuga1, o Instituto Naciona1 de Meteor~
10gia e Geofísica tem pub1icada uma Carta de Intensidades
Sísmicas Máximas registadas entre 1902 e 1972, FIG. 3.2,
tendo OLIVEIRA, C.S. (1972) pub1icado, igua1mente para o
Continente, cartas de ve1ocidade, des1ocamento e ace1era
ção máximas previstas.
45
-VI-V-IV
.;.:.:.: -- X
::::::::::--II::::::::: - YIII{:}~:r -- \' II
VALeRES DA HiTElISI!l!.DE SIS~I(A
I [SCAll 1~'Ir.U[IOUll
Pllíc:o n:I-1Ç 7l
51,..' 'I'" .I ~ 1.-; , l!....... ...,....,
ZGHS CE 1);1E IiSIO~OE H~lIHA
42"----+---------+--I-----Y-
40 --+---------{.+~44g~~...:..:.::::V--'------__;_+-----_+---.,
38·--r-------+-.:9g4~=..:.....:~
.37
Ij
10· g"8 " " 5·7
FIG. 3.2 Mapa das intensidades sísmicas máximas observa
das em Portugal durante o periodo de 1902 a 1972
(MENDES ,. 1971 e Atlas do Ambiente, 1975)
46
3.3 - Descontinuidades do maciço rochoso
3.3.1 - Introdução
Assim como o material rocha não é mais que
uma associação de minerais, que possuem entre si uma cer~
ta coesão, determinando o conjunto as suas características
mecân~cas, um maciço rochoso pode ser considerado como um
volume de material-rocha (do mesmo tipo litológico ou não),
separados por planos de fraqueza, cuja coesão pode ser nu
la.
A esses planos de fraqueza chama-se descont!
nuidades, que embora de origem e forma diferentes, podem
ser divididos em dois grandes grupos:
- As falhas, que pela sua natureza e importância,
deverão ser tratadas individualmente (ver cap.
3.2.2)
As descontinuidades que ocorrem em grandes núme
ros, como as diaclases, e em certos casos planos
de separação de estratos,podem ser objecto de um
tratamento estatístico.
Trataremos neste capítulo este último grupo.
47
3.3.2 - Propriedad~ e métodos de estudo
Os parâmetros mais comumente usados para des
crição das descontinuidades são os seguintes:
1 - ATITUDE
Revela a posição da descontinuidade no espa
ço, através da direcção em relação ao Norte, de uma linha
de nível do plano da descontinuidade e da inclinação em
relação à horizontal ,da linha de maior declive.
A medição da atitude das descontinuidades p~
de ser feita, e é o mais comum, através da medição direc
ta, quando se possui acesso ao maciço, quer através de
afloramento, quer através de galerias. Quando as medições
são feitas em afloramentos, e no caso de tuneis a grandes
profundidades e em maciços sujeitos a intensa actividade
tectónica, os resultados podem ser falseados, dada a extra
polação não ser válida. Outros fenomenos, tais como deslo
camento de blocos e o arrepiamento de camadas, podem afec
tar significativamente as determinações efectuadas à supe~
fície.
Para o estudo da atitude, podem ainda utili
zar-se os tarolos das sondagens, quer através do recurso
a planos de referência bem definidos no maciço que permi
tam orientar os testemunhos, quer através de técnicas de
amostragem orientada que no caso de amostragem integral
(ROCHA, 1971) ,permite ainda estudar a abertura e enchimen
48
to. Outras técnicas poderão ser usadas embora pouco prec!
sas, como o uso de câmara de televisão e fotografias ao
longo de furos de sondagens, embora em Portugal sejam po~
co usuais.
Obtidas as medições, há que tratar os elemen
tos obtidos e apresentar os resultados.
A maneira mais simples e por vezes a que fo~
nece uma boa visão de conjunto da variação das atitudes
em obras lineares como são os tuneis, é a apresentação d~
recta, sobre a carta geológica, de símbolos representando
a direcção e a inclinação mais caracteristica, usando-se
símbolos diferentes para as diaclases, estratificação e a
xistosidade.
o outro método mais usado, refere-se ao tra
tamento estatístico das medições, e à sua apresentação em
projecção de igual área, numa rede de Schmidt.
A maneira de elaborar esta representação,vem
extensivamente descrita na bibliografia da especialidade,
apresentando-se, na FIG. 3.3, a base do método e, na FIG.
3.4, um exemplo de um diagrama obtido para o caso de um
tunel em formações calcárias.
Este processo de tratamento estatístico, pe~
mite o agrupamento das descontinuidades em famílias,bem
como avaliar a representatividade das diferentes famílias
no sistema de descontinuidades que compartimenta o maciço
rochoso.
Outros métodos de representação como os dia
gramas de roseta e os blocos diagrama tendem a ser cada
Hemisfério
InferiorDescontinuidade K
49
(c)
N
11-+---+-~--1!----+-~90 E ( b)
180
S
FIG. J.J - Método de representação de descontinuidades
(rede de Schmidt)
50N
10 s 10
• > 20%
I22J 15% a 20%
O 10% lq%.4>: "~4 a
o 5(11 a 9nl... /0 /0
O 1% a ql'I/0
FIG. ).4 - Diagrama de projecção polar
de igual área das diaclases
(Hemisfério inferior)
vez menos utilizados.
2 - ESPAÇAMENTO
Trata-se de uma das características geométr~
cas mais importantes, dado definir o tamanho dos blocos
intactos do material-rocha que constitui o maciço.
O espaçamento entre descontinuidades, associa
do a outras características, tem grande influência na de-
formabi1idade e na permeabilidade dos maciços rochosos.
Vários autores se têm debruçado sobre esta ca
racterística, como WATKINS (1970), que propõe a c1assifi-
cação que consta do QUADRO 3.5 e define, para o caso dos
tuneis, aquilo a que chama
Espaçamento relativo = Espaçamento médio
Diâmetro do tune1
DEERE (1967), propôs a utilização de um índi
ce de qualidade para maciços rochosos, conjugando o espa-
çamento e o estado de alteração do material-rocha, obtido
através do estudo de taro10s de sondagens, a que chamou
RQD (Rock Qua1ity Designation). Este índice, não é mais do
que uma percentagem de recuperação, considerando apenas os
taro10s de comprimentos superiores ou iguais a 10 cm, di
vidindo o somatório desses comprimentos pelo comprimento
total furado , apresentando-se o resultado em percentagem.
Este índice, que é calculado para cada manobra, levou aqu~
1e autor a classificar os maciços, em termos de qualidade,
do seguinte modo:
QUADRO 3.5
CLASSIFICAÇÃO GEOTECNICA DE UM MACIÇO QUANTO AO ESPAÇAMENTO
DAS DIACLASES E DOS PLANOS DE ESTRATIFICAÇÃO
(M.D. WATKINS, 1970, adaptado)
DIACLASAMENTO
ESTRATIFICAÇÃO
Muito Muito Muito
FragmentadoFragmentado Próximo Próximo Nédio Espaçado
Espaçado
Ii'inamente f.1ui to t-Iui to
laminada Laminada Delgada Delgada Nédia Espessa Espessa
0,6 2 6 20 60 200 cm
\JJ[\J
53
Qualidade do maciço RQD
Muito fraca O a 25%
Fraca 25 a 50%
Razoável 50 a 75%
Boa 75 a 90%
Excelente 90 a 100%
Este índice, embora muito utilizado nas diver
sas classificações para caracterização de maciços rochosos,
e na sua aptidão para tuneis, apresenta, na opinião do au
tor, diversos inconvenientes:
a - DEERE(1967)recomenda que apenas seja calculado
em sondagens com diâmetro NX, devendo apenas
ser consideradas as fracturas existentes no ter
reno. Este último requisito é difícil de obede
cer, dada a dificuldade de, numa sondagem, nem
sempre ser possível separar as fracturas natu
rais das produzidas pela própria operação de
furação.
b - Ser considerado um limite rigido para o tamanho
dos tarolos.
Suponha-se uma manobra de sondagem com um metro
de comprimento e recuperação de 100%. Se forem
recuperadas 11 peças de 9 cm, o RQD será de 0%
(maciço de fraca qualidade). Se, no entanto,f~
rem recuperadas 10 peças com 10 cm, o RQD será
de 100% (maciço de qualidade excelente).
54
BARTON (1974), propôs um método para determ!
nar o RQD que, para além de permitir um uso mais general!
zado (sondagens e afloramentos), resolve a limitação apo~
tada em b.
RQD = 115 - 3,3 Jv
em que Jv é o número de descontinuidades por metro.
A Comissão de Classificação das Rochas e Ma-
ciços Rochosos da Sociedade Internacional de Mecânica das
Rochas (ISRM, 1977), debruçou-se igualmente sobre a clas-
sificação das fracturas quanto ao espaçamento, tendo pro-
posto a seguinte classificação":
ESPAÇAMENTO ENTRE FRACTURAS
Intervalos(cm) Símbolos Designações
> 200 FI muito afastadas
Fl
_2
afastadas
60 a 200
20 a 60
6 a 20
< 6
F2
F4
F5
afastadas
medianamente
afastadas
próximas
muito próximas
medianamente
afastadas
próximas
55
Uma outra Comissão da ISRM, "The Commitee on
F'ield Tests" (1977), igualmente estudou o assunto,.e pro-
põe um método de avaliação bastante simples e adequado a
todos os maciços, seja qual for o acesso que o geólogo te
nha (afloramento, galeria ou sondagem), e que consiste no
seguinte:
1 - Utilizando uma fita métrica o operador começa
por medir o afastamento entre descontinuidades
e separadamente para cada família.
2 - Em seguida é elaborado um histograma como o in
dicado na FIG. 3.5, determinando-se assim o es
paçamento médio.
3 - E este espaçamento médio. ,~ra caracterizar
o maciço ou parte dele,quando se quer fazer,
por exemplo, um zonamento em profundidade.
3 - CONTINUIDADE
Define-se como a área da descontinuidade,ou
de uma maneira mais prática, como o comprimento da descon
tinuidade.
Também aqui as medições devem ser individua-
lizadas por famílias, e igualmente se deverá fazer um tra
tamento estatístico.
Com base nesse tratamento, cada família é ca. -racterizada, propondo a ISRM (1977) a seguinte classifica
ção:
56
I-
S modol =350 mm
~~ ~~ ~~'/ -,- .- ..-- I- 1--
~ ~~/
--I--- -r--' . -l;-;;.'
~ ~~V/' VVy
7' .. - 1-1-1---Vv
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V 1/
4
3
6
8
7
9
10
l1JCI)
10lO-«I'>MCI)l1J.oO
CI)
'tl
OMCI)
e.::;jz
:20 :200 :2000 6000 mm
espaçada espaçadas
Muitissimo Muito
próximas próximasPróximas Médias Espaçadas
Muito Muitíssimo
FIG. 3.5 - Histograma de espaçamento de fracturas
(ISRM, Doc. 4, 1977)
Designação Comprimento
57
Muito pouco continua < 1 m
Pouco continua 1-3 m
Medianamente continua 3-10 m
Continua 10-20 m
Muito continua > 20 m
A continuidade é uma das características fí
sicas mais importantes a considerar, embora no projecto
de tuneis, não assuma a importância que tem no caso do pr~
jecto de barragens ou de taludes naturais ou de escavação,
onde se torna relevante para a avaliação da resist~ncia ao
corte dos maciços, salvo no caso de se verificar que a di
recção das diaclases com maior cóntinuidade coincide com
a direcção do tunel.
4 - RUGOSIDADE
A superfície que constitui as paredes das des
continuidades apresentam-se, no geral, irregulares a vá
rias escalas, sendo a medição dessas irregularidades bas
tante difícil.
A rugosidade tem grande influ~ncia na resis
t~ncia ao corte do maciço, FIGs. 3.6 e 3.7, principalmen
te no caso das descontinuidades se apresentarem não pree~
chidas. A ondulação, embora seja considerada em separado
por alguns autores como ROCHA (1973), é normalmente consi
derada como uma forma de rugosidade.
58
/
Iç'..
1FIG. ).6 - Influência da rugosidade na resis-
tência ao corte (adoptado de ROUGH-
TON, 1975)
DILATAÇÃO
• --III
J I
-R-II
1 II
/
//
59
CORTElo.
T :: C' ~ (çi + i.)
1- c:==J 1: :: c.. + C"' G...0~C-'J
i
TENSÃO NORl'1AL
FIG. 3.7 - Relação entre a tensão de corte e a
tensão normal numa superfície rugosa
(adoptado de-ROUGHTON, 1975)
60
Também a 18RM se debruçou sobre este assunto,
propondo nomenclatura e método para caracterizar a rugos!
dade. No entanto, trata-se de método bastante aleatório e
de difícil execução que, na prática, não é usado. Torna-se
preferível recorrer a ensaios em laboratório ou no campo,
para a determinação da resistência ao corte das desconti
nuidades, não separando assim a fracção intrínseca do fac
tor rugosidade ou ondulação.
5 - ABERTURA
A abertura é uma das características com gra~
de influência na deformabilidade, resistência ao corte e
permeabilidade dos maciços rochosos. ~ definida como adis
tância entre as paredes da descontinuidade e pode ser me
dida recorrendo a uma simples régua. Caso as paredes das
descontinuidades não se apresentem planas, situação mais
frequente, a medição apresenta alguns problemas, sendo di
fícil a sua quantificação rigorosa.
O modo de acesso ao maciço é também uma con
dicionante de medição desta característica. Assim, enqu~~
to que em afloramentos ou em galerias,a observação direc
ta permite uma leitura fácil, no caso das sondagens, tor
na-se difícil a sua medição, salvo quando se utilizam téc
nicas especiais de amostragem, como é o caso da amostragem
integral, e mesmo nestes casos, a medição correcta é pra
ticamente pontual, podendo a abertura variar significati
vamente a pequena distância da localização da sondagem.
61
A ISRM (1977) propôs que, em termos de aber
tura de descontinuidades, os maciços sejam descritos como
se apresenta no QUADRO 3.6, sendo cada família estudada
de per si e caracterizada pela média de aberturas após tra
tamento estatístico.
QUADRO 3.6
ABERTURA DE DESCONTINUIDADES
Abertura (mm) Descrição
< 0,1 Muito fechadas
0,1-0,25 Fechadas Fechadas
0,25-0,5 Parcialmente abertas
0,5 - 2,5 Abertas
2,5-10 Medianamente largas Entreabertas
) 10 Largas
10-100 Muito largas
100-1000 Extremamente largas Abertas
) 1000 Cavernosas
•
62
Outros autores como BIENIAWSKI (1976), numa
classificação especifica para tuneis, utiliza quatro graus:
Fechadas
Abertura
Abertas Abertura
Abertura
< 1 mm
1-5 mm
> 5 mm
Trata-se como se v@ de uma característica de
difícil quantificação, e dado estar associada intimamente
ao enchimento, deverá, em conjunto com este, caracterizar
o maciço.
A FIG. 3.8 mostra, embora de uma forma simpli~
ta, a terminologia proposta pela ISRM para a classificação
das descontinuidades quanto à abertura.
6 - ENCHIMENTO
Estreitamente relacionada com a característi
ca anterior, o enchimento de uma diaclase pode definir-se
como o tipo de material exis±ente entre as paredes de uma
diaclase, tal como calcite, argila, silte, milonito, etc.
Devido a esta grande variedade de tipos de
enchimento, assim o comportamento físico de uma diaclase
é variável, em particular no que se refere à resist@ncia
ao corte e à permeabilidade.
A ISRM, no seu documento n Q 4, de Outubro de
1977, recomenda que no estudo do enchimento devem ser to
madas em conta as seguintes características:
a
DESCONTINUIDADE FECHADA
b ABERTURA
-I I-r---~ _--_
DESCONTINUIDADE ABERTA
c
DESCONTINUIDADE PREENCHIDA
FIG. 3.8 - Sugestão para definição de abertura de desconti-
nuidades abertas e da largura das descontinuida-
des preenchidas (ISRM, 1977)
64
a - Mineralogia do material
b - Tamanho das partículas
c - Largura máxima e mínima
d - Grau de alteração
e - Resistência do material
f - Deslocamento
g - Teor em água e permeabilidade
3.4 - Características mecânicas e outras relativas ao
material rocha
3.4.1 - Resistência
Embora as características de resistência do
maciço rochoso sejam essencialmente dependentes das des-
continuidades, é de grande utilidade o conhecimento da re
sistência do material rocha, especialmente quando se tra-
ta de rochas de baixa resistência.
A determinação da resistência ao corte do ma
terial rocha, tal como a determinação de resistência à com
pressão uniaxial é, no geral, feita a partir de ensaios de
laboratório. A determinação do !ndice de Resistência,a
carga pontual (Is), da determinação da dureza com o marte
lo de Schmidt (R) e a determinação da velocidade de ultras
sons, podem levar, através de correlações como as aprese~
tadas nas FIGs. 3.9 e 3.10, à estimativa do valor da resis
tência à compressão uniaxial.
õü....co';;G>co
U.r:
'"ce.;;.~....
"O.E
65
length 01 loaded Ao;s d lmm)
FIG. ).9 - Correlação entre a resistência à carga pon-
tua1" e resistência à compressão uniaxia1
(oc
deve ler-se G" )c
(Geo1ogica1 Society of
London, 1977)
"°0 .s 10 loS 10 2.s JO J.s AO A.s .s0 .s.s 60Scnmidl Hardness. R Cl - Hltmmer)
FIG. 3.10 - Correlação entre a dureza determinada com o
66
martelo de Schmidt e a resistência à compre~
são uniaxial com o martelo em posição verti
cal (DEERE e MILLER, 1966)
67
3.4.2 - Alterabilidade
Pode definir-se alterabilidade como a maior
ou menor facilidade com que uma rocha se altera, no decor
rer da vida de uma dada obra.
A determinação da susceptibilidade que uma
dada rocha oferece à alteração pode, em princípio,ser fe!
ta mediante a caracterização do estado de alteração em
instantes diferentes, separados por um intervalo de tempo
(DELGADO RODRIGUES, 1975).
O conhecimento da composição mineralógica das
rochas é essencial para a previsão da alterabilidade.
Nos tuneis, e no caso particular de Portugal,
desconhece-se qualquer caso de estudo da alterabilidade,
feito na fase de projecto, por certo devido ao facto de as
obras construidas se referirem a maciços essencialmente
xisto-grauvacoides e graniticos, onde os fenomenos de al
teração, durante o período de vida das obras, são pouco
significativos.
Vários ensaios têm sido propostos para dete~
minação, embora indirecta, quer da alterabilidade quer da
previsão do comportamento das rochas. Citam-se-os ensaios
gelo-degelo, determinação da porosidade e do coeficiente
de saturação, reactividade água-rocha, ataque pelo etile
no-glicol seguido pelo ensaio. de desgaste em meio húmido.
Em termos práticos, pode resumir-se que a i~
portância do incremento do estado de alteração de uma ro-
68
cha, se revela na degradação das características mecânicas
dessa rocha.
3.4.~ - Expansibilidade
Define-se expansibilidade de uma rocha como
o seu aumento de volume, que no caso dos tuneis se manife~
ta nas imediações da abertura, como resultado de fenomenos
hidrodinâmicos.
A expansibilidade de uma rocha ou de um maci
ço rochoso está intimamente ligada à presença de minerais
argilosos, os quais são influenciados pela modificação do
estado de tensão e presença de água.
Como exemplo, cita-se as argilas que ao des
comprimirem-se devido a uma escavação, criam vazios que
acabam por ser preenchidos por água. Certos minerais arg!
losos, de que se destaca a montmorilonite, ao absorvê-la,
aumentam de volume, criando assim novas tensões (tensões
de expansão) sobre os suportes. Este aspecto demonstra bem
a importância do conhecimento da expansibilidade de uma ro
cha, no projecto de um tunel.
O estudo desta característica e a determina
ção da tensão de expansão é feita em laboratório através
de ensaios de expansibilidade.
69
3.5 - Características mecânicas relativas ao maciço rochoso
De uma maneira simplista pode dizer-se que a
caracterização de um maciço rochoso com vista à abertura
de um tunel visa definir as características do maciço no
que respeita à sua deformabilidade, resistência ao corte
e determinação do seu estado de tensão. Também a permeab!
lidade dos maciços rochosos é um elemento fundamental pa-
ra o projecto.
3.5.1 - Características mecânicas dos maciços
As características, deformabilidade e resis-
tência ao corte de um maciço dependem, essencialmente, da
litologia e dos estados de alteração e fracturação do ma-
ciço rochoso (incluindo-se aqui as características das
fracturas).
A obtenção do modulo de deformabilidade e da
resistência ao corte, é um problema delicado dada a hete-
rogeneidade e, muitas vezes, a forte anisotropia que os
maciços rochosos apresentam. Por outro lado, os ensaios
disponíveis para a determinação daqueles parâmetros são de
morados e dispendiosos, não compatíveis, por isso, com a
execução de um grande número de ensaios.
Para a caracterização de um maciço quanto,a
deformabilidade, ROCHA (1977) recomenda a seguinte metodo
logia:
70
- zonamento do maciço, a partir da informação geo
lógica e de ensaios com dilatómetro (BHD) , técni
ca desenvolvida por ROCHA et aI. (1970).
- determinação da deformabilidade de cada zona, me
diante o ensaio de volumes representativos, sen
do recomendável a técnica do ensaio pelo método
de almofadas grandes (LFJ), desenvolvida por RO
CHA et aI. (1970), sempre que há acesso ao inte
rior do maciço através de galerias ou poços.
- estabelecimento de correlação entre os resultados
dos ensaios de deformabilidade e um índice de qu~
lidade do maciço, em especial o fornecido por en
saio com dilatómetro, visando a redução do núme
ro de ensaios a executar.
Quer a técnica de execução dos ensaios com o
dilatómetro (BHD) , quer com as almofadas grandes (LFJ),
vêm largamente descritos na bibliografia da especialidade.
Na FIG. 3.11 apresentam-se algumas correla
ções apresentadas pelo LNEC para a deformabilidade, obti
dos com o dilatómetro (Ed) e com as almofadas grandes (EA).
Se para a determinação da deformabilidade dos
maciços se põe problemas quanto à representatividade e ao
preço dos ensaios, em relação à determinação da resistên
cia esse problema é tremendamente acrescido.
Dependendo a resistência do maciço rochoso,
quer da resistência da rocha, quer da geometria das descon
Ed(MF•• 103)
30 , •. S 5'"".0 BR.r..SIL
:2. ~ I. I c:: Ue"V. Po~lUGAL
3@.·Foc.nt BELGTCA
4X· .... run IRÃO
71
20
"
'0
.~'0 20 30 40 60
FIG. 3.11 - Correlação entre o modulo di1atométrico
obtido com o dilatómetro (Ed) e o modu-..
10 de deformabilidade obtido com as al-
mofadas grandes (EA) (LNEC, 1983)
72
tinuidades, torna-se na realidade muito difícil caracteri
zar globalmente esse valor, por exigir grandes dimensões
às peças a ensaiar, quer em laboratório, quer recorrendo
a ensaios "in situ".
As técnicas usadas para a determinação da r~
sistência ao corte do maciço no campo, obrigam à prepara
ção de blocos em galerias ou poços, tratando-se, como já
se disse, de ensaios muito demorados e dispendiosos. Tal
obriga à realização de apenas um número muito limitado des
tes, o que, à partida, coloca o problema de representati~
vidade dos resultados obtidos. Estes factos levam a que na
generalidade dos projectos de obras subterrâneas estes en
saios não sejam realizados, à excepção de grandes cavernas.
Opta-se assim, na maior parte dos casos, pe
la realização de ensaios em laboratório, ensaios triaxiais
e de deslisamento de diaclases, sobre amostras que se co~
sideram representativas, respectivamente da rocha e das
diaclases.
3.5.2 - Estado de tensão
A determinação do estado de tensão de um ma
ciço, é fundamental no projecto de um tunel, principalme~
te em situações de grande recobrimento, ou que interessem
zonas sujeitas a grandes esforços tectónicos.
Quando da abertura de um tunel, o estado de
tensão existente no maciço (virgem ou inicial), é pertur-
73
bado e, após a escavação, as tensões existentes tendem a
redistribuir-se à volta da superfície escavada. Desta re
distribuição das tensões, resulta um novo estado de tensão
para o maciço, na vizinhança da escavação, designado como
induzido ou secundário.
O cálculo do estado de tensão de um maciço,
quer virgem quer induzido, pode ser obtido quer à custa de
ensaios de campo, quer de uma maneira aproximada através
de cálculo.
Das técnicas usadas para a determinação do
estado de tensão, no campo, cita-se:
1 - nas paredes de galerias, mediante ensaios em
fendas, com aplicação de macacos planos de pe
queno diâmetro (SFJ).
2 - no interior de furos de sondagem através de de
formetros tridimensionais (STT).
Quer uma quer outra técnica, desenvolvidas
pelo LNEC, são de difícil execução e dispendiosas, sendo
os resultados obtidos, em geral, afectados de erros, mes
mo quando os ensaios são realizados em condições muito fa
voráveis, dado o pequeno volume de maciço envolvido.
Na maior parte dos projectos de tuneis reali
zados em Portugal o estado de tensão não vem sendo consi
derado quer pelo facto da sua determinação não ser feita,
quer no caso de ele ser conhecido, não ser tomado em con
ta no cálculo.
74
Assim, na generalidade dos casos, o estado
de tensão é obtido por cálculo, considerando-se a tensão
vertical (~v) igual ao peso do maciço acima do tunel,e a
tensão horizontal (~h) uma percentagem de tensão vertical,
o que nem sempre é correcto, " •••• grande número de maci-
ços rochosos não superficialmente descomprimidos, as ten-
sões horizontais, que se medem, apresentaram valores sig-
nificativos superiores aos das correspondentes tensões ver
ticais" (MELO MENDES, 1983).
Segundo ROCHA (1975), como a informação que
se dispõe sobre o estado de tensão inicial, especialmente
sobre a tensão horizontal, é em regra muito precária,
aconselhável considerar diversos valores de Vh, afim
averiguar a sensibilidade do sistema maciço-suporte.
,e
de
75
4 - METODOS DE PROSPECÇÃO UTILIZADOS NO ESTUDO GEOLÓGICO
E GEOTECNICO DE MACIÇOS PARA ABERTURA DE TUNEIS
.4.1 - Introdução
Para além do reconhecimento geológico de su
perfície, elemento essencial para o estudo de um maciço i~
teressado por um tunel, o conhecimento das características
geológico-geotécnicas em profundidade, nomeadamente às co
tas interessadas pela obra, é essencial.
Assim, recorre-se a vários métodos disponí
veis e que incluem a prospecção geofísica, a prospecção me
cânica, os ensaios "in situ" e em laboratório.
4.2 - Métodos geofísicos
De laria aplicação, hoje em dia, na engenha
ria civil, a introdução destes métodos indirectos de pro~
pecção, nos estudos de geologia de engenharia deve-se a
ROBERTSHAWe BROWN, 1955, (RODRIGUES CARVALHO, 1981).
O caracter expedito dos trabalhos e seu bai
xo custo, têm determinado a sua cada vez maior utilização
como meio de investigação do maciço.
Dentre os diversos métodos postos à disposi
ção para o estudo de tuneis, os mais usados são os métodos
sísmicos e os métodos eléctricos. No QUADRO 4.1 indicam-
76
QUADRO 4.1
PRINCIPAIS METODOS GEOFíSICOS USADOS NO ESTUDO
DE MACIÇOS ROCHOSOS PARA TUNEIS
METODO StSMICO DE REFRACÇÃO - Perfis sísmicos de refracção
• Diagrafias, .sonlcas
METODO StSMICO DIRECTO
METODO DE RESISTIVIDADE
ELECTRICA
• Medição da onda directa en-
tre furos de sondagem (cross
hole)
• Medição da onda directa en-
tre a superfície e galerias
• Perfis de resistividade apa-
rente
• Sondagens geoeléctricas
• Diagrafias eléctricas
77
-se os principais métodos geofísicos usados no estudo de
maciços rochosos com vista à abertura de tuneis.
Das diversas técnicas indicadas, a execução
de perfis sísmicos de refracção e de perfis de resistivi
dade e1éctrica aparente são, sem dúvida, os mais uti1iza-
dos.
De grande uti1idade nas zonas de emboqui1ha
mento, ambas as técnicas têm limitações quando se preten
de atingir grandes profundidades. Segundo OLIVEIRA, 1975:
"Os resu1tados obtidos mostram que, na maior parte das s!
tuações, quando essa profundidade u1trapassa a meia cente
na de metros o seu interesse é já muito reduzido".
Uma técnica hoje bastante usada, e que tem
revelado bons resu1tados, consiste na rea1ização de 2 a 3
perfis de resistividade e1éctrica aparente ao longo do tra
çado previsto, uti1izando diferentes comprimentos de linha
de emissão, permitindo assim localizar anomalias eléctri
cas do maciço e analisar a sua evolução, quer direcção,
quer espessura, em profundidade. Este método é extremame~
te útil para a localização prévia de descontinuidades im
portantes e análise da estrutura do maciço.
O conhecimento acumu1ado dos resu1tados obti
dos pe1a geofísica, permite t~rar partido da sua uti1iza
ção para a avaliação de certas características das rochas
e dos maciços rochosos, tal como se indica no QUADRO 4.2.
Vários autores como ONODERA (1963), DEERE
(1966), SJ~GREEN et a1. (1971) e RODRIGUES,L. (1979) têm
QUADRO 4.2
RELAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE INFORMAÇÃO QUE
SE PODEM OBTER COM A PROSPECÇÃO GEOF!SICA
(adaptado de RODRIGUES CARVALHO, 1981)
- Espessura de alteração e de descompressão de
maciços rochosos
- Estrutura geológica (estratos, filões, falhas,
contactos)
- Posição do nível freático
- Ripabilidade das formações
- Porosidade
- Correlação com características mecânicas dos
maciços
- Eficiência de tratamentos de consolidação de
maciços
Determinação de parâmetros mecânicos dinâmicos
- Modulo de elasticidade
- Coeficiente de Poisson
- Modulo de rigidez
78
79
aproveitado os parâmetros geofísicos para apresentarem co~
relações diversas tais como se exemplifica nas FIGs. 4.1,
4.2, 4.3, 4.4 e 4.5.
4.3 - Métodos mecânicos
Dos métodos de prospecção mecânica disponí
veis, são sem dúvida as sondagens os mais utilizados no e~
tudo de tuneis. Outros processos como as trincheiras, os
poços e as galerias são também utilizados, no entanto,com
muito menor frequência. No caso particular das galerias,e
pese embora o elevado benefício que poderiam proporcionar,
o custo, a possibilidade física de acesso às cotas de exe
cução dos tuneis e ainda no caso das galerias-piloto o
diâmetro do tunel a executar, condicionam a sua execução.
Como refere OLIVEIRA (1975), "A escolha do
tipo de trabalho de prospecção mecânica - sondagem, poço
ou galeria - a utilizar no estudo geotécnico de um maciço
interessado pelo atravessamento de um tunel, depende de
vários factores, nomeadamente do tipo de formação geológ!
ca, da fase do estudo em que tal prospecção se insere, da
espessura dos terrenos de cobertura e do tipo de ensaios
"in situ" que se pretenda realizar no maciço".
Embora muitos autores não prevejam a utiliza
ção de trincheiras, como método de prospecção para o est~
do de tuneis, a experiência do autor vem demonstrando que
a sua utilidade é, por vezes, grande nas zonas de pequeno
80
- 9.~ I •cW 8O<tOVl 7O •o:On. 6
5
6000 7000Vp (m/s)
••• .....
•, •• •• ••• • •• .. .:,1.000 500030002000
3
OL.- -L .L.- --'- .L- --'- .L-_
1000
2
FIG. 4.1 - GRANITO DO ALTO LINDOSO - Variação de V com ap
porosidade (n) em amostras saturadas
(RODRIGUES, L., 1979)
81
5000 6000
Vp (SATURADO), m/s
400030002000
L E G E H O A
1000
• _GR!,NITOS (ALTO lINDOSO)
o _CALCÁRIOS (ANÇÁ E MONTEMOR) •
/,000
•3000 • • •..
•••,2000 ••
• •
1000
o
...-ouwti)
- -5000a.
>
III 6000-E
FIG. 4.2 - Comparação da velocidade de propagação da onda
P em rochas secas e saturadas
(RODRIGUES, L., 1979)
"; 44000Q.%
iW 40000
3' 000
32000
21000
24000
20000
" 000
12000
.000
4000
& _ DADOS OE SCHNEIDER, S., 1967
O_DADOS OE BIENIAWSKI, Z. 1,1978
{
I._GALERIA '093, CAMÁRA CI_IISTOS
2._GALERIA '093, CAMÃRA C2_IISTOS• _ BARRAGEIo4 DE FRONHAS
3._GALERIA 'E 120, CAMlRA Cl-IISTOS
\-GALERIA 'E f20.CAMÃRA C2-IISTOS
{
5._GALERIAE, CAlo4lRA C2 _GRÉS MACiÇOS
'. _GALERIA E, CAMJ.RA C3 _GRÉS E SILTlTDS
• _ MINGTAN PROJECT 7. _GALERIA AMS1_SILJITOS
·.-GALERIA AMHt_GRÉS E SILTITOS
'._GALERIA AMPI-SILTlTDS
o
o
o
o
Eest =54,3 f s- 9550
r =0,97
82
o.....-----;IOO;;;-----"~;;---'300~--~40!::0:-----:50~O ----:-,0~O:----7,J0.,..O....:...--IOO.L---900I.----l.l000
fs (Hz)
FIG. 4.3 - Correlação entre a frequência da onda de corte
(f ) e o módulo de deformabi1idade estático (E t)s es
(RODRIGUES, L., 1979 citado por RODRIGUES CARVA-
LHO, 1981)
83
o 20
10
10
IS O104
)O +>Q)
E
40 104O
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!lO 10 .lflO as0- Sa:
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70 ~
5
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90
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O. 10 10 lO 40 !lO 60
Vp X 100 m/sec
FIG. 4.4 - Correlação entre V e espaçamento de fracturasp
e RQD para rochas sãs, eruptivas e metamórficas
(SJ~GREEN et al., 1979 citado por RODRIGUES CAR
VALHO, 1981)
1S1~
TIj !-, I
! I I I>~//','; ... /-.~ I
I I
I II
I
I
I, I
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o 1 2 3 4VElOCIDADE EM METROS POR SEGUNOOx1000 I I I , I I I I I
VELOCIDADE EM PÉS POR SEGU~;oO r 1000 O 1 2 3 ~ 5 6 7 8' 9 10 11 12 13; i
I SOLO 5
/ .... //////.-.,:/j./.';-
I i:· i:' t'~ i~!:: :. . ..... - 1'.' ""('. ,' ..
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I .!I. I i i I I I
i I i ~ I Ii . % ~,7' II q p itAi?2 : ~ : :
RIPÁVEL MARGINAl. 1'··/W0·;::~1 NAO RIPÃVEl. ! I
FIG. 4.5 - Carta de ripabilidades para "ripper" D8H - Performance Handbook - Edition 2 00,j:-
85
recobrimento e sobretudo próximo dos emboquilhamentos. Na
verdade, em algumas obras em que colaborou, verificou que
se tivessem sido executadas trincheiras nas zonas do embo
quilhamento do tunel, alguns problemas que ocorreram du
rante a construção, nomeadamente os provocados pela pre
sença de acidentes geológicos não detectados, teriam sido
evitados.
Os poços e galerias, utilizados essencialme~
te também nas zonas de emboquilhamento, permitem um aces
so directo ao maciço, facilitando assim a sua observação
directa detalhada e permitindo a execução de ensaios "in
situ", para determinação das características mecânicas do
maciço rochoso.
Nos tuneis de grande diâmetro, são por vezes
executadas galerias de avanço ao longo do alinhamento,que
são designadas como galerias-piloto.
Como se disse no início, são as sondagens de
rotação com recuperação de amostra, o processo mais vulg~
rizado para prospecção de tuneis. A execução de sondagens
permite:
1 A confirmação ou não da interpretação geológi
ca de superfície
2 - A observação dos tarolos para avaliação da li
tologia, estado de alteração e fracturação do
maciço
3 - Avaliar as condições hidrogeológicas do maciço
4 - Executar ensaios "in situ" e colher amostras
para execução de ensaios de laboratório.
86
"A possibilidade de realizar sondagens em
qualquer direcção (verticais, inclinadas, horizontais),
permite o reconhecimento do maciço ao longo de-'~±r~~~ões
bem definidas e as profundidades a que podem ser executa-
das são ilimitadas, tendo em conta as profundidades a que
normalmente se executam os trabalhos de engenharia civil",
RODRIGUES CARVALHO (1981).
Sendo o principal objectivo das sondagens o
conhecimento das características do material-rocha e de
fracturação do maciço, a boa qualidade da amostragem é es
sencial, e esta será traduzida por uma percentagem de re-
cuperação ~ão perto dos 100% quanto possível. Principalmen
te nos furos inclinados, a confirmação da sua orientação
é essencial, afim de que se torne possível a exacta loca-
lização dos acidentes geológicos que possam ocorrer.
Embora de uso pouco divulgado, o recurso ..a
técnica da amostragem integral desenvolvida pelo LNEC,pe~
mite a recuperação de zonas do maciço normalmente não re-
cuperadas pelas sondagens tradicionais (enchimento de dia
clases e de caixas de falha) e ainda a orientação dos ta-
rolos.
Para além da observação dos taro1os, as son-
dagens permitem ainda a inspecção das paredes por métodos
visuais, recorrendo quer a camaras de televisão, quer a f~
tografias, quer ainda a realização de ensaios "in situ".
O uso de métodos geofísicos aproveitando os
furos de sondagem (diagrafias) começa igualmente a ser uti
87
lizado, tais como:
- .SÓNICA Variações da litologia e
porosidade
• Modulos de elasticidade
dinâmica
• Correlações com o grau de
alteração e fracturação.
RESISTIVIDADE DE
UM SÓ ELECTRODO
POTENCIAL ESPONTÂNEO
RAIOS GAMA
- .- .
- .
Correlações litológicas
Permeabilidade (não quan
tificada)
Correlações litológicas
Embora não se tratando de um método geofísi
co, pode igualmente fazer-se uma diagrafia dos diâmetros
dos furos e, através da variação do diâmetro do furo,a de
tecção de zonas de pior qualidade geotécnica.
No que se refere à densidade de sondagens,p~
ra investigação de um tunel, não há regras fixas e depen
dem do comprimento e diâmetro do tunel, do recobrimento e
do tipo de formações a estudar.
DEERE (1969), citado por RODRIGUES CARVALHO
(1981) diz "Os tuneis devem ter, pelo menos cinco sonda
gens, duas no emboquilhamento e três ao longo do tunel.P~
ra tuneis em que o recobrimento é da ordem dos 100 m, o
espaçamento entre sondagens deverá variar de 30-150 mj p~
88
ra um recobrimento de 100 a 250 m o espaçamento deverá ser
de 150 a )00 mj no caso de recobrimento superior a 250 m
o espaçamento deverá variar de )00 a 750 m".
OLIVEIRA,R.·(1975), sugere que o espaçamento
deverá variar, e no caso de estruturas geológicas simples,
de 50 a 500 mi conforme o comprimento do tunel.
Em trabalho mais recente, este autor, valori
za a distribuição das sondagens pelo maciço e o valor do
seu comprimento total, sobretudo no caso de sondagens não
destrutivas, indicando como ordem de grandeza, para tuneis
não demasiado extensos, um comprimento total de furação da
ordem de metade do comprimento total do tunel (OLIVEIRA,
1985) •
Na opinião do autor, o número de sondagens d~
verá depender do comprimento do tunel, dos tipos litológ~
coa presentes, da tectónica do maciço e ainda do recobri
mento. Sendo as zonas de emboquilhamento, uma das partes
mais sensiveis na construção de tuneis, estas zonas deve
rão necessariamente ser cobertas com sondagens, recomenda~
do-se em cada emboquilhamento, a realização de pelo menos
duas sondagens. Igualmente nas zonas de menor recobrimen
to, se recomenda a realização de sondagens e em casos em
que se suspeite da existência de tensões virgens no maci
ço, igualmente se deverão executar algumas sondagens nas
zonas de maior recobrimento, afim de permitir a execução
de ensaios "in situ".
Para além destas zonas particulares do traça
do, O estudo de um maciço interessado pela abertura de um
tunel, visa obter um número de resultados que o permita
caracterizar estatisticamente, pelo que o número de sonda
gens, deverá ser de molde a obter uma população de resul-
tados que nos mereça confiança.
4.4 - Ensaios "in situ"
Visando a determinação de algumas caracterís
ticas geotécnicas dos maciços rochosos onde se vão abrir
tuneis , recorre-se, cada vezc.om maior frequência, ..a rea-
lização de ensaios "in situ". Estes são, sobretudo, util!
zados na determinação das características de permeabilid~
de, da deformabilidade e do estado de tensão virgem do ma
ciço.
Para determinação das características de pe~
meabilidade é já vulgar a execução de ensaios de absorção
de água tipo "Lugeon". Embora não constituindo em si um en
saio, a leitura da posição do nível freático ao longo do
tempo, é igualmente um dos elementos importantes na dete~
minação das condições hidrogeológicas do maciço rochoso.
o estudo da deformabilidade do maciço rocho-
so quer através da medição directa do modulo de deformab!
lidade quer indirectamente, pode ser feito através de dois
tipos de ensaios. O mais usado é, sem dúvida, o ensaio com
dilatómetro (BHD) em furos de sondagem, quer pela rapidez
90
de execução quer pelo seu baixo custo, em comparação com
o outro método, que consiste na utilização de macacos pl~
nos de grande área, usado no geral em poços ou galerias
de prospecção.
O estado de tensão, principa1mente quando se
trata de estudar tuneis a grande profundidade, é um dos
e1ementos importantes a fornecer ao projectista. Segundo
LOUREIRO-PINTO,J. e CHARRUA-GRAÇA,J.G. (1983), "A importâ~
cia do conhecimento do estado de tensão existente nos ma
ciços rochosos em que se vão executar obras, está sobeja
mente evidenciado na 1iteratura da especia1idade. No entan
to, só recentemente as diversas entidades responsáveis por
essas obras têm mostrado compreender a sua importância a
ponto de se preocuparem com a determinação dessas tensões".
Em Portugal, o LNEC tem desenv01vido técnicas
para medição do estado de tensão, quer por meio de abertu
ra de rasgos (SFJ), quer por reperfuração (STT).
Ensaios para determinação da coesão e ângulo
de atrito, quer da rocha quer de diaclases, são de reduzi
do uso em tuneis, sendo no entanto mais vu1gares para pr~
jectos de cavernas.
Na maior parte das obras subterrâneas estud~
das em Portuga1, as 1imitações atrás enunciadas, 1evam a
que, na fase de projecto, apenas um reduzido número de en
saios "in situ" sejam realizados, 1imitando-se geralmente
à execução de ensaios de absorção de água e ensaios, com di
1atómetro, já que aproveitam os furos das sondagens.
91
o autor considera, e baseado na sua experiê~
cia, que na fase de projecto, à excepção dos ensaios de
absorção de água, o número de ensaios "in situ" deverá ser
muito reduzido ou até nem terem lugar, já que são excessi
vamente caros para os resultados que fornecem, o que log!
camente encarece o estudo e aumenta o tempo de execução.
Assim, considera-se que em detrimento dos e~
saios "in situ" deverão ser executados ensaios em labora
tório.
4.5 - Ensaios em Laboratório
Para além da análise micropetrográfica do m~
terial rochoso, o recurso a resultados de ensaios de labo
ratório para obtenção de elementos de cálculo para o pro
jecto de tuneis, era até recentemente muito diminuto. O
facto deve-se, essencialmente, a que quando da elaboração
do projecto, a prospecção se encontra orientada para a c~
racterização do maciço rochoso e como dizia ROCHA,M.(197J),
" •••• em regra não é possível realizar essa caracterização
mediante ensaios de laboratório, por não ser viável colher
e ensaiar amostras com dimensões suficientemente grandes
para serem representativas do maciço no respeitante à he
terogeneidade, ao diaclasamento e a outras fracturas ••• ".
Pelo seu baixo preço e pela rapidez de execu
ção, hoje em dia cada vez mais se vão utilizando os ensa
ios de laboratório, visando a caracterização do material
• Triaxiais
• Deslizamento
92
rocha e, a partir de correlações, a caracterização do ma
ciço (QUADROS 4.3 e 4.4), no entanto os resultados obtidos
não são concludentes, verificando-se a possibilidade de
obter algumas correlações entre ·formações iguais e no mes
mo local.
Os ensaios de 1aboratório mais vulgarmente
usados no caso de tuneis são:
• Compressão uniaxial - Visa a determina~ão do mo
dulo de deformabilidade,co~
ficiente de Poisson e re
sistência à compressão sim
pIes.
Realizado quer na própria
rocha, quer ao longo de de!
continuidades, visa a deter
minação da coesão (efecti
va e aparente) e do angulo
de atrito (residual e de p!
co) •
- Determinação do modulo de
deformabi1idade, coeficie~
te de Poisson, coesão efe~
tiva e angulo de atrito.
• Resistência à tracção - Determinação da tensão
de ruptura à tracção.
QUADRO 4.3
COMPARAÇÃO ENTRE MODULO DE DEFORMABILIDADE
DO MACIÇO E DA ROCHA (ROCHA, 1974)
TipoMódulo de elasticidade
(10' Rg/cm2 ) Ede Local ---'!!
Rocha Maciço Erocha
rE E
r DI
Granit.o AlvArenga 520 490 1/1,1
Granit.o Alt.o Rabagão 26 9 1/2,9
Granit.o Alt.o Lindollo 320 60 1/5~3
Granit.o Vilarinho das Furna. 430 15 1/29
Gnaisse Cabora-Bassa 800 650 1/1,2
Xist.o a) Cedilho (+) 900 400 1/2,2
::isto a) Cedilho (++) 650 120 1/5,4
Xisto a) Alcan'tara (+) 1400 50 1/28
Conglomerado b) Av1aki 600 60 l/lO
Grés Cambambe 650 86 1/7,6
5iltito b) Avlald 150 15 l/lO
Argilito c) Karun 11,5 70 1/1,6
Marga c) Karun 470 430 1/1,1
Calcário c) Karun 700 600 1/1,2
Calcário c) Karun 500 75 1/67
Quartzito Alvit.o 430 It 1/108
Quart=i'to Alvito JJO 70 1/4,7
(+) Parnlelamen'te à xis'tosidade
(++> Perpend~cularmen'te à xis'todidade
a) Espanha
b) Grécia
c) irAo.
93
QUADRO 4.4
COMPARAÇÃO ENTRE RESULTADOS DA RESISTENCIA AO CORTE DE RO
CHAS E DE DIACLASES OBTIDAS NO CAMPO E EM LABORATORIO (RO-
CHA, 1973)
Resistência ao corte de rochas
Tipo Laboratório Campo
de~ ~c c
2 (0) (Kgf/cm2 ) (o)rocha (Kgf/cm )
Xisto li! 44 66 12 53
Granito 44 71 10 58
Gnaisse 32 37 40 56
Granito 37 61 24 56
li! Corte normal à xistosidade e paralelos à xistosidade
Resistência ao corte de diac1ases
Tipo Laboratório Campo
de c ~ 0c2 (o) (Kgf/cm2 ) (o)rocha (Kgf/cm )
Xisto argiloso li! 2,2 38 3,1 36
Granito 1 ~.7 36 3,0 34
Gnaisse 3,4 38 3,5 33
li! Paralela à xistosidade
95
Para além destes ensaios, que permitem a ca-
racterização mecânica do material que constitui o maciço
e ainda das diaclases, outros ensaios são realizados que
por correlações existentes permitem opinar sobre a defor-
mabilidade, estado de alteração, previsão de comportamen-
to, etc.
Dentre esses destaca-se:
- Velocidade ultrasónica
- índice de carga pontual (Point Load Test)
- Martelo de Schmidt
- Desgaste em meio húmido (slake durability test)
- Porosidade
As FIGs. 4.6 a 4.12 mostram algumas dessas
correlações propostas por diversos autores.
2S..!..!.
"•..~••"~ 20
.r:.
•"~..•i
a • : ".1,"=\04 +O.17tJ
20 30 ..O 50l."9!foof 1...ó.tI •• il ti (n".)
60 7'0.
FIG. 4.6 - Correlação entre a resistência à compressão pon
tual (lo) e a resistência à compressão uniaxial (~c)
(RODRIGUES CARVALHO, 1981)
96
I
7l>D.50 J...!-I
• 18-•
s•Ao I~ 4. •
3
2
•
O 20 40 60 lO lOO 120
(7 • 1M'.)
FIG. 4.7 - Correlação entre ~ e I obtida para o materialc s
rocha, no tunel do Castelo do Bode
(RODRIGUES CARVALHO, 1981)
200
60
20
u
to
u>
VL.03 .1
Vl
.3
,
Ripável
VH I3 10
I I I
EH
Desmontável
a
Fogo
o r (MP.)
FIG. 4:.8 - Correlação entre a resistência .à compressão unia-
xial e espaçamento de fracturas e resistência ao
desmonte (FRANKLIN, 1971 citado por RODRIGUES CAR
VALHO, 1981 , adaptado)
97
o •I •
• I•• I
• I• ,.•.. • I •~
I •t)
lO •
60
40
20
OoS U 2 2.5 J :u 4 4~ S
..... (x 10 3 ",' ••c)
FIG. 4.9 - Correlação entre velocidade de propagação de ul-
trassons e resistência à compressão uniaxial pa-
ra o material rocha do tunel do Alto Lindoso
(LNEC, 1977 citado por RODRIGUES CARVALHO, 1981)
• •7
a 5L
2
••
••
o ,2 :I 4 S
vp (. 10:1 ",' ..c)
FIG. 4.10 - Correlação entre V e E para o material rochap
do tunel do Castelo do Bode (LNEC, 1977 cita-
do por RODRIGUES CARVALHO, 1981)
98
• •-fi 2
l>O.s o 1.= -10.2 .25.10 vp
5
" ~•
"" DIP-~ 3 o::E......: • •
2 ••
•o
•O
l5 2 2..5 3 3.5 4.5
Vp (xlo3m/.ec)
FIG. 4.11 - Correlação entre V e I para o material rochap s
do tunel do Castelo do Bode (RODRIGUES CARVA-
LHO, 1981)
350
300
100'.
50
u ~.
I:;) 150 .:
1250 ~"
.\- .\~200 .. \.~ :.- ! ~ ..
o 5 10 15 20 25 30 35 40
n(');,) ---
FIG. 4.12 - Correlação entre a porosidade e a resistência à
compressão uniaxial para rochas calcárias
(SMORODINOV, et aI., 1970 citado por RODRIGUES
CARVALHO, 1981)
~9
5 - ZONAMENTO GEOTECNICO
5.1 - Introdução
o zonamento geotécnico do maciço rochoso e a
caracterização adequada, em termos físicos e mecânicos de
cada zona, é, quanto a nós, a finalidade última de todo o
estudo geológico-geotécnico.
Entende-se como zonamento geotécnico, a div!
são do maciço rochoso em várias unidades de volume, apre
sentando cada uma delas uma certa homogeneidade e indivi
dualidade quanto aos factores que caracterizam, sob o po~
to de vista geotécnico, o maciço. A prática demonstra que
o zonamento de um maciço em três ou quatro unidades é em
regra satisfatório.
5.2 - O zonamento geotécnico para tuneis
No caso dos tuneis, tratando-se de obras li
neares e executadas em profundidade, poderá considerar-se
a necessidade de dois tipos de zonamento, dependendo da
fase de estudo.
No geral, apenas duas fases de estudo são con
sideradas, uma correspondendo à fase de planeamento e ou
tra à fase de projecto para concurso.
100
5.2.1 - Fase de planeamento
Na fase de planeamento, o zonamento será pr~
liminar e do tipo misto, isto é, em extensão e em profun
didade, tendo grande interesse factores como a litologia,
tectónica, estado de alteração e a fracturação, até porque
nesta fase a informação disponível limita-se, normalmente,
à proveniente de um reconhecimento geológico de superfície,
podendo ainda para o zonamento em profundidade ser consi
derados elementos como a carga hidraulica sobre o tunel
(posição do nível freático) e recobrimento.
Em casos, em que já nesta fase, tiveram lugar
alguns trabalhos de prospecção geofísica, as velocidades
de propagação de ondas sísmicas longitudinais e/ou as re
sistividades eléctrica aparentes, são elementos importan
tes a considerar para o zonamento.
No nosso país, dada a frequente falta de ve~
bas e de tempo para a execução dos estudos, como atrás se
disse, muitas vezes a fase de planeamento quase não exis
te, ou os elementos disponíveis são muito escassos, limi
tando-se praticamente ao reconhecimento geológico de supe~
fície, tendo em conta duas ou três alternativas de traça
do.
Assim, atendendo a esta realidade, o zoname~
to preliminar baseia-se, em regra, em características tais
como:
101
- Lito1ogia
- Estrutura geológica
- Características hidrogeológicas
- Recobrimento
Como exemplo do que atrás ficou dito, cita-se
o estudo prévio realizado para a implantação do tunel do
Castelo do Bode, HIDROPROJECTO-COBA (1975), que interessa
va um maciço gnaisso-migmatitico. Por razões de ordem hi
draulica e económica, propunham-se inicialmente três alter
nativas, todas elas com o início num ponto fixo situado na
albufeira da barragem do Castelo do Bode, no rio Zézere.
SOLUÇÃO A - Abertura de um tunel com 9 Km de com
primento e 3 m de diâmetro, com inicio
à cota 40 e final à cota 70. Este tu
nel terminaria por um poço com cerca de
50 m de profundidade.
SOLUÇÃO B - Previa a execução de um tunel com 4,5
Km de comprimento e praticamente de ni
vel, terminando com um poço com 80 m
de profundidade e um traçado em planta,
coincidente com a solução A.
SOLUÇÃO C - Tunel com 2,5 Km de comprimento, termi
nando à cota 70, a que se seguiria um
poço com cerca de 60 m. Este traçado
fazia com o das soluções anteriores um
ângulo de cerca
102
Interessando uma área que abrangia cerca de
100 m para cada lado do traçado, foi realizado um reconhe
cimento geológico de superfície, incidindo essencialmente
sobre a litologia das formações, as descontinuidades do
maciço (falhas, gnaissosidade e diaclases), posição do n!vel freático e recobrimento do tunel, precedido da obser
vação cuidadosa da fotografia aérea da região.
Os resultados obtidos mostraram que a solução
A poderia apresentar algumas dificuldades na execução, no
meadamente na travessia do rio Nabão, que teria de ser
efectuada a céu aberto, e num trecho de cerca de 2 Km em
que o recobrimento era inferior a 20 m.
As duas soluções restantes mostravam-se, sob
o ponto de vista geotécnico, semelhantes, recomendando-se
no entanto a solução B, já que se apresentava, em planta,
quase normal às principais descontinuidades do maciço (fa
lhas e gnaissosidade), permitindo ainda a abertura de duas
frentes de ataque a partir do meio do traçado. O recobri
mento era idêntico, nas duas soluções, à excepção do pon
to em que na solução B, se previa a abertura das novas
frentes de ataque.
Neste projecto, em que o autor colaborou, a
escolha da solução B parece na verdade a mais acertada p~
las razões apontadas, e ainda pelo facto de todos os tra
balhos poderem ser feitos praticamente sem recorrer à re
moção de escombro por poço, solução mais morosa e conse
quentemente mais cara, já que a abertura de uma frente a
103
meio do traçado reduzia de maneira significativa a distâ~
cia de transporte e facilitava a remoção de escombro.
5.2.2 - Fase de projecto
Quando se inicia a fase de projecto, poder-
-se-à já dizer que os traçados em planta e perfil estão de
finidos, salvo pequenos ajustamentos que se poderão veri-
ficar durante os trabalhos de prospecção, essencialmente
no que se refere à cota de atravessamento do maciço pelo
tunel.
Assim, nesta fase deverá estabelecer-se um z~
namento em profundidade, o qual deverá ser função das ca-
racterísticas a utilizar na classificação do maciço e os
parâmetros de cálculo para o dimensionamento do suporte.
Caso, ao longo do traçado do tunel, ocorram
formações litológicas diferentes e em extensões apreciá-
veis, um primeiro zonamento deverá ter em conta as respe~
tivas características litológicas.
Assim, na opinião do autor, o zonamento geo-
técnico deverá considerar:
a) Alteração
A determinação do estado de alteração de um
maciço rochoso ou de uma rocha, pode fazer-se de uma mane!
ra quantitativa, recorrendo à medição de parâmetros como a
resistência da rocha, a velocidade de propagação de ultras
104
sons ou outros. Neste capítulo quando se fala em zonamen-
to com base na alteração refere-se à descrição qualitati-
va e essa é feita, recorrendo à observação de afloramentos,
das paredes de galerias, caso existam, e de sondagens.
São sem dúvida as sondagens o processo mais
vulgar e frequente de acesso ao maciço em profundidade, e
é portanto na observação dos tarolos das sondagens que nos
devemos basear para zonar o maciço rochoso sob este aspe~
to.
Autores como BIENIAWSKI (197), DEARMAN (1976),
VALLEGO (1985) procuraram estabelecer critérios para ades
crição qualitativa do estado de alteração.
A SOCIEDADE GEOLÓGICA DE LONDRES (1977) pro-
pôs uma divisão em 7 graus de alteração (QUADRO 5.1).
A SOCIEDADE INTERNACIONAL DE MECANICA DE RO-
CHAS (1980) propôs que os graus de alteração a considerar
fossem 5 (QUADRO 5.2), no entanto, considera a possibili-
dade da utilização de uma versão simplificada com ) termos
(QUADRO 5.).
A experiência que se possui de classificação
de maciços rochosos e da observação de milhares de metros
de amostras de sondagens, mostra-nos que a utilização
uma classificação com mais de três graus de alteração
de,e
bastante difícil e normalmente sem interesse para o fim em
vista.
Assim, recomenda-se o uso da classificação
proposta no QUADRO 5.).
105
QUADRO 5.1
GRAUS DE ALTERAÇÃO
(Adaptado de "Report by Geological Society oí London Eng!
neering Group Working PartY",1977)
Designação Descrição ~ndice
São Material rocha sem vestigios de
alteraçãoIA
Ligeiramente Vestigios de alteração nas paredes
alterado das principais descontinuidades. IB
Material rocha são.
Pouco Vestigios de alteração no material IIalterado rocha que se apresenta descolorido
:Medianamente Menos de metade do material rocha
alterado apresenta-se friável III
Muito Mais de metade do material rocha
alterado apresenta-se friávelIV
Todo o material rocha se apresenta
Decomposto friável, mantendo-se no entanto Vpraticamente intacta a estrutura
original (do material).
Todo material rocha,
friável,o e
Solo não existindo vestigios de estrutu
residual ra original. Apesar de haver varia VI-ção no volume ainda não houve trans-porte significativo.
QUADRO 5.2
ESTADOS DE ALTERAÇÃO DE UM MACIÇO ROCHOSO
(adaptado por OLIVEIRA,R., 1980)
106
Símbolos Designações Descrição
Wl São Sem quaisquer sinais de altera-
ção
W2 Pouco Sinais de alteração apenas nas
alterado imediações das descontinuidades
W.3 Medianamente Alteração visível em todo o ma-
alterado ciço rochoso rocha não,
mas a e
f'riável
W4 Muito Alteração visível em todo o ma-
alterado ciço rocha,
parcialmentee a e
f'riável
W5
Decomposto O maciço apresenta-se completa-
mente f'riável, praticamente com
comportamento de solo
QUADRO 5.J
ESTADOS DE ALTERAÇÃO DE UM MACIÇO ROCHOSO
(Adaptado por OLIVEIRA,R., 1980)
107
Símbolos Designações Descrição
WI _2 São a pouco Sem sinais de alteração e/ou
alterado Com sinais junto,
pequenos as
descontinuidades
WJ Medianamente Alteração visÍvel em todo o ma-alterado ciço, rocha não
,friá-mas a e
vel
W4
_5
Muito altera- Alteração visível em todo o ma-do a decompo~ ciço, apresentando-se por ve-
to zes a rocha friável
Com base na análise de cada sondagem, procu
rar-se-à zonar o maciço, tendo em atenção que no caso de
sondagens muito espaçadas, haverá que extrapolar o resul
tado das observações, sendo vulgar a adopção do critério
de que, sendo a alteração motivada pela meteorização das
formações, as superfícies de separação entre os diferentes
graus de alteração são sensivelmente paralelas à superfí
cie do terreno.
No caso de ocorrerem acidentes tectónicos im
portantes, admite-se que nas suas imediações a alteração
atinja maior profundidade.
b) Fracturação
Também aqui são as sondagens com recuperação,
o instrumento mais frequente para a avaliação da fractura
ção do maciço. Vários autores se têm debruçado sobre a ma
neira de medir o espaçamento entre fracturas, sempre cha
mando à atenção para que a medição seja feita entre frac
turas da mesma família.
Como se sabe, a medição da atitude de uma
fractura no tarolo de sondagem, obriga a que estes ~stejam
orientados, situação só possível recorrendo a métodos so~
fisticados de prospecção, que para além do facto de serem
dispendiosos, são morosos na sua execução, como é o caso
da amostragem integral (ROCHA, 1972).
109
Embora alguns autores, considerem o número
de famílias (ROCHA, 1976) e a atitude das fracturas (BIE
NIAWSKI, 1973), um factor muito importante na classifica-
ção geotécnica de um maciço rochoso, com vista à abertura
de um tunel, esse factor é tomado no sentido da estrutura
geral do maciço e, quanto a nós, deve ser determinado a
partir da observação de afloramentos e/ou galerias de
prospecção, reservando-se as sondagens de rotação para um
estudo estatístico do espaçamento entre fracturas.
Assim, sugere-se a adopção do critério de clas
sificação proposto pela SOCIEDADE INTERNACIONAL DE MECANI
CA DE ROCHAS (ISRM, 1980) (versão simplificada) e que
constitui o QUADRO 5.4.
QUADRO 5.4
ESPAÇAMENTO ENTRE FRACTURAS
INTERVALOS SíMBOLOS DESIGNAÇÕES(cm)
> 60 Fl
_2 Afastadas
20 a 60 F Medianamente afastadas3
< 20 F4_5
Próximas
110
Como metodologia de trabalho propõe-se que:
1 - Após criteriosa escolha da orientação das son
dagens, devendo estas interseptar todas as fa
mílias de diaclases principais, deverá procede~
-se à medição ao longo do eixo do tarolo, da
distância entre fracturas consecutivas, despr~
zando as fracturas produzidas pelas operações
de furação.
2 - Com base nos valores obtidos é determinado o
RQD (se possível) e o número de fracturas por
metro. Da análise desses valores é feito o zo
namento da sondagem.
J - Para cada uma das zonas consideradas, é calcu
lada a frequência da ocorrência de tarolos com
os diversos comprimentos e seguidamente a per
centagem de ocorrência em relação ao comprime~
to total da zona considerada.
4 - Seguidamente, traça-se um gráfico em papel se
milogaritmico da curva cumulativa de frequên
cia, por zona, e calcula-se o comprimento do t~
rolo correspondente à frequêncía de 50% (Media
na).
O comprimento desse tarolo caracterizará o es
paçamento de fracturas dessa zona.
111
Na FIG. 5.1 apresenta-se as curvas cumulati
vas correspondentes a três zonas em que foi dividida uma
sondagem executada no traçado do tunel de ligação da Bar
ragem de Beliche à Barragem de Gafa no Algarve.
O método atrás descrito, para além de permi
tir calcular de uma maneira estatisticamente mais correc
ta o espaçamento de fracturas em determinada zona do maci
ço, permite ainda tirar algumas conclusões, pela observa
ção das curvas cumulativas:
Assim:
1 - Na parte superficial (até 6,80 m) o maciço
apresenta-se muito fragmentado, em que a perce~
tagem de tarolos de comprimento inferior a lcm
ou não recuperados é de cerca de 94%. Na zona
seguinte (6,80-21,40 m) essa percentagem é já
da ordem dos 12%, enquanto que na parte mais
profunda (21,40-75,00 m) é da ordem de 1%.
2 - No que se refere ao RQD, na zona superficial é
da ordem dos 2%, na zona intermédia é de 62% e
na mais profunda é de 91%.
J - Poder-se-ia ainda tecer considerações quanto à
extensão da variação de comprimento de tarolos,
através da análise da inClinação da curva ou
ainda da determinação dos Quartis.
(\I
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li)
·roir-f,lU~«"'"' .lI'\
(!lHri.
113
c) Velocidade de propagação de ondas sísmicas
longitudinais (VL)
Como atrás se disse (cap. 4), o método de
prospecção sísmica é dos mais baratos e expeditos que se
podem usar no estudo de maciços rochosos e, quando usado
criteriosamente, fornece resultados muito satisfatórios,
já que permite a análise do maciço não só em extensão (ao
longo do eixo do tunel), como em profundidade.
Assim, recomenda-se a utilização da variação
do valor da velocidade de propagação de ondas, .
s~sm~cas
longitudinais (VL), no zonamento de maciços rochosos para
tuneis, principalmente nas zonas de emboquilhamentoe poços
de acesso. Ao longo do traçado esta técnica poderá ~gual-
mente ser usada desde que o recobrimento não ultrapasse
os 30-40 m, já que para recobrimentos superiores, obriga-
ria à execução de perfis sísmicos com comprimento superior
à centena e meia de metros, que no geral não é possível
executar, quer devido ao acidentado do terreno, quer dev!
do à grande intensidade de impacto que seria necessário
produzir, para obter ondas sísmicas com amplitude signif!
cativa.
Também aqui a litologia da formação interes-
sada deverá ditar a escolha dos limites dos intervalos que
caracterizarão cada zona geotécnica, uma vez que a difere~
tes tipos litológicos correspondem diferentes velocidades,
FIG. 5.2.
11'4
ROCHAS SALINAS
GRANITOS E ROCHAS ME1 AMÓRFICAS~.E'.~~~~~~:::.::;:;::t~~
CALCÃQIOS E DO~O~IAS":1,.:::'~:~~;::1'7'::;~~':"'~~
'GRÉS E ARGILITOS
ALUVIÃO E ARGILAr.,,·.,. ·::::;::t~::~
o 2000 4000 6000 6000
VL (m/s)
FIG. 5.2 ~ Velocidades de propagação da onda P em diversos
tipos litológicos.(Segundo GRANT, F.S. and WEST,
G.F. 1965, adaptado de RODRIGUES,L. FIALHO,l979)
A FIG. 5.3 mostra ainda a relação entre dive~
sas formações geológicas, estado de alteração e o quocie~
te VL/VT das velocidades longitudinais VL e transversais
VT e a grandeza da velocidade longitudinal VL •
d) Condições hidrogeológicas
Aproveitando a realização de sondagens, como
se viu no cap. 4, é procedimento habitual a execução de
ensaios de absorção de água sob pressão, tipo "Lugeon",e~
pecialmente na zona do maciço interessado pela obra. Estes
ensaios não só caracterizam o maciço sobre o ponto de vi~
ta de permeabilidade, como ainda dão informações valiosas
sobre o estado de fracturação, abertura e preenchimento de
,descontinuidades.
/J/ltJ
IJOO !
I
Ii
115
I \I \J /zfAI:! LJ{ \
I ,fllé/-'.4 j.i \
I \Ir--- __ L --------f ~ Ft/{lAl"((.4!J .4,feftJf4 /r't/,f
I FlfAlt Df f'O- \ AlÁLA-f"f/Y7E A!MIÁIl .71l ;V/~I é#.i "(f;~Ef"!ZU \ YE.- 7,{JE.4Í"/C!l
\---~-----
I _ \I \ FO",?AM(,4{/
Ir------\\ Á,?fILO.!/ ilLf.\V. CON7Ir?IAfliJ":I t'E"c'CJ//'"O." 17E Áf'EI4 "\ ./t/W.l Z;O IV/: \
I (J{/ JElÁú, JECIlJ \ ytf 7.fE,Últ/J \
I \
FIG. 5.3 - Relações aproximadas entre diversas formações
geológicas, estado de alteração e o cociente
VI!VT e VL (adaptado de ESTEVES,J.MOlTRA, 1969)
1:18
Vários autores e várias classificações, WICK-
HAM et aI. (1974), BARTON (1974), ROCHA (1976) e BIENIAW~
KI (1979), têm tomado em conta a presença de água no maci
ço, no entanto, as suas classificações referem-se no geral
à estimativa de caudais afluentes aquando da escavação,r!:
presentando assim uma dificuldade ao responsável pelo es-
tudo.
O Grupo de Trabalho nQ 1 da AFTES (198l),pr~
põe o zonamento do maciço em termos de permeabilidade, s~
gerindo para o efeito a classificação cons~ante no QUADRO
QUADRO 5.5
CLASSIFICAÇÃO DOS MACIÇOS ROCHOSOS QUANTO A PERMEABILIDADE
(AFTES, 1981)
Classe Permeabilidade Descrição
k (m/s)
K1 < 10-8 Muito baixa a baixa
K2 10-8 a 10-6 Baixa a média
K3 10-6 a 10-4 Média a elevada
K4 > 10-4 Elevada a-muito
elevada
117
Esta classificação, apresenta na opinião do
autor o m~rito de possibilitar o zonamento atrav~s d~ en-
saios de vulgar utilização. No entanto, ao relacionar ca-
da classe com o coeficiente de permeabilidade, limita-o,
dado só se poder calcular esse valor em regime de escoamen
to laminar, condição que nem sempre se verifica,para além
de se considerar os intervalos sugeridos como pouco sign!
ficativos.
A experiência leva o autor a propor que o z~
namento seja baseado nos resultados dos ensaios de absor-
ção, expressos em Unidades de Absorção (U.A.) em que
-4 / ('1 U.A. <> 10 Lugeon <> 10 cm s so em regime
laminar)
recomendando-se, também aqui, que o zonamento seja feito
recorrendo a três valores
Zona A - Absorção > 1 U.A.
Zona B - Absorção 1 <> 0,1 U.A.
Zona C - Absorção < 0,1 U.A.
A experiência em vários estudos realizados p~
10 autor, vem demonstrando que é frequente não haver cor-
relação entre a absorção e os outros factores de zonamen-
to, tendo-se nesses casos optado por uma outra caracterís
tica que é a carga hidraulica.
Também o Grupo de Trabalho n Q 1 da AFTES
(1981), se debruçou sobre este aspecto e propôs o zonamen
to de acordo com o QUADRO 5.6.
118
QUADRO 5.6
CLASSIFICAÇÃO DOS MACIÇOS ROCHOSOS
QUANTO A CARGA HIDRAULICA (AFTES, 1981)
Carga hidrau1ica em
Classe m acima do eixo do Descrição
tune1
H1 < 10 Fraca
H2 10 a 100 Média
H3 ) 100 Forte
Na opinião do autor, um zonamento conforme
indicado no QUADRO 5.7 parece mais indicado, devendo ser
tomado em conta a variação do nível freático ao longo do
ano.
QUADRO 5.7
CLASSIFICAÇÃO DOS MACIÇOS ROCHOSOS
QUANTO A CARGA HIDRAULICA
(COSTA PEREIRA, 1985)
Carga hidraulica em
Classe m acima do eixo do Descrição
tunel
Hl < 10 Fraca
H2 10 a 50 Média
HJ 50 a 100 Forte
MuitoH4 > 100
Forte
119
120
e) Outras características
Como se disse no cap. 4, deverá aproveitar
-se a realização das sondagens, para a execução de deter
minados ensaios "in situ" e para colheita de amostras pa
ra ensaios em laboratório.
Pela facilidade de execução e ainda pelo seu
baixo custo, os ensaios em laboratório para caracteriza
ção, quer do material rocha quer das descontinuidades, de
verão ser feitos sistematicamente, já que muitas vezes são
eles os únicos dados de carácter quantitativo que vão aj~
dar na caracterização do maciço. Cita-se, como exemplo, o
zonamento recorrendo a ensaios com o dilatómetro (avalia
ção de deformabilidade do maciço), compressão uniaxial(d~
formabilidade e resistência da rocha), deslizamento de di~
clases (ângulo de atrito e coesão aparente) e velocidade
de propagação de ultrassons (estado de alteração e fractu
ração) •
Um ensaio que não tem sido usado para tu-
neis, que no entanto é citado por OJlMA,L.M. (1982), refe
re-se ao ensaio de desgaste em meio húmido (slake durabi
lity test, GAMBLE, 1971, ISRM, 1979). Aquele autor reali
zou de um modo sistemático este ensaio sobre rochas ocor
rentes durante a escavação do tunel Sado-Morgavel, tendo
chegado às seguintes conclusões:
rocha sã - perda < 3%
rocha medianamente alterada - perda de 3% a 24%
rocha muito alterada - perda> 24%
121
Considera-se que este ensaio, pela sua faci
lidade de execução e baixo custo, é bastante promissor e
representa um bom método de caracterizar o material rocha
sobre o ponto de vista de alteração, principalmente porque
permite caracterizar rochas de má qualidade, já que nesses
casos o tamanho dos taro los obtidos pelas sondagens não
permite a execução de outros ensaios tais como a compres
são uniaxial.
o zonamento geotécnico com base nos valores
obtidos com a realização de ensaios quer "in situ" quer em
laboratório é, como já se disse, extremamente importante.
No entanto, dada a grande variação, em termos quantitati
vos, dos resultados em função da litologia, torna-se impo~
sível apresentar delimitações rigidas de valores para as
diferentes zonas.
Assim, recomenda-se que o zonamento geotécn!
co do maciço rochoso seja, numa primeira fase do projecto,
realizado com base nas características indicadas nos pon
tos a, b, c e d, anteriormente descritos, e só depois de
verão ser escolhidas dentro de cada zona, amostras ou zo
nas do maciço, onde alguns dos ensaios preconizados em ~
serão executados. Procurar-se-A assim quantificar as ca
racterísticas geotécnicas de cada zona.
Casos há, em que não se encontra correlação
entre as características obtidas por estes ensaios e as di
ferentes zonas geotécnicas, podendo isto dever-se à extr~
ma anisotropia do maciço, deficiente escolha dos ensaios
122
realizados ou, inclusivamente, ao deficiente zonamento ela
borado na la fase.
Nestes casos, deverá proceder-8e à reanálise
dos dados obtidos.
12)
6 - AS DIFERENTES CLASSIFICAÇÕES DE MACIÇOS ROCHOSOS UTI
LIZADAS NO DIMENSIONAMENTO
6.1 - Introdução
A partir do início da segunda metade do nos
so século, assiste-se em todo o mundo e principalmente nos
países mais industrializados à necessidade crescente de
utilização do espaço subterrâneo.
No início ~oram as vias de comunicação, rodo
viárias e ~erroviárias, que obrigaram à construção de in~
meros tuneis, mais tarde os aproveitamentos hidrau1icos,
tendo já surgido cavernas para instalação de centrais e1é~
tricas e já nos nossos dias surge o armazenamento subter
râneo (rock store), as instalações militares, o urbanismo,
etc.
Com o advento do nÚMero de construções sub
terrâneas não se veri~ica um tão rápido progresso nos mé
todos de cálculo e nas técnicas de caracterização dos ma
ciços, o que leva ao aparecimento de métodos de dimensio
namento de tuneis, baseados em c1assi~icações geotécnicas
de maciços, c1assi~icações essas de carácter empirico.
Segundo OJlMA (1982), "basicamente,uma c1as
si~icação geotécnica para tuneis ~az uma avaliação de qu~
1idade do maciço, situando-o numa classe conforme a pert!
nência de determinadas características geotécnicas,que pe~
mitem fazer previsões quanto ao comportamento do maciço,e
124
fazer recomendações quanto ao suporte julgado mais adequa
do para as condições verificadas".
A primeira classificação geotécnica com esse
fim, de que se tem conhecimento, foi elaborada por TERZA
GHI (1946) tendo-se assistido, a partir da década de 70,
ao aparecimento de inúmeras classificações das quais se
destacam as de WICKHAM (1974), BIENIAWSKI (1974, 1976 e
1979), BARTON (1974), ROCHA (1976) e Association Françai
se des Travaux en Souterrain (AFTES) (1976).
Apresenta-se a seguir uma síntese de algumas
destas classificações, bem como considerações quanto à sua
aplicação, baseadas na experiência do autor.
6.2 - Classificação de TERZAGHI (1946)
Na sua classificação, que se apresenta nos
QUADROS 6.1 e 6.2, TERZAGHI descreve os maciços rochosos
tendo em conta o modo de jazida e estado de fracturação,
não fazendo qualquer referência ao tipo litológico que con
sidera irrelevante.
Uma análise crítica desta classificação sug~
re-nos que de positivo ela apresenta:
- Uma preocupação da determinação de tensões sobre
os suportes
- A indicação de um determinado tipo de suporte
(cambotas) bem como da frequência da sua utiliza
ção
- Preocupação quanto à fracturação do maciço.
125
QUADRO 6.1
CLASSIFICAÇÃO DE MACIÇOS ROCHOSOS PARA TUNEIS
(TERZAGHI,1946)
TIPO DESCRIÇÃO
1 INTACTO - Não se apresenta diaclasado. Após sujeito
a Iogo (explosivos), podem desprender-se lascas do
tecto, horas ou dias após o desmonte. Quando sujeito
a estados de tensão virgem elevados pode dar origem
a "explosões" da rocha (rock brust).
2 ESTRATIFICADO - Constituido por estratos individuais
com coesão nula ou muito pequena, podendo apresenta~
-se Iracturado. Neste tipo de rochas o lasqueamento
é muito comum.
3 MODERADAMENTE FRACTURADO - Diaclasado e microIractu
rado; no entanto os blocos permanecem solidários ou
interligados, não necessitando os hasteais de supo~
te. O lasqueamento e explosão de rocha podem ocorrer.
4 COMPARTIMENTADO - Diaclasado, apresentando-se os
blocos separados. Os hasteais necessitam de suporte.
5 FRAGMENTADO - Constituido por rocha sã; no entanto
apresenta-se intensamente diaclasado por vezes esm~
gado. Quando abaixo do nível Ireático apresenta um
comportamento semelhante à areia nas mesmas condições.
6 LIGEIRAMENTE EXPANSIVO - Após abertura do tunel veri
Iica-se uma ligeira convergência das paredes, devido
à presença na rocha de minerais argilosos com carac
terísticas expansivas embora ligeiras.
7 EXPANSIVO - Após abertura do tunel veriIica-se uma
convergência acentuada das paredes.
126
QUADRO 6.2
CLASSIFICAÇÃO DE MACIÇOS ROCHOSOS PARA TUNEIS (CONT.)
(TERZAGHI,1946)
TIPO Hp (*) OBSERVAÇÕES
1 O Necessita suporte ligeiro de blocos
desprender-se devido,
que possam a
libertação de tensões virgens (ex-
plosões)
2 O a 0,5 B Suporte ligeiro
3 O a 0,25 B Tensão varia de ponto para ponto
a 0,25B a 0,35(B+H) Não se verificam pressões laterais**
4
b (O,35 aI, 1) (B+H) Podem verificar-se pequenas pres-
** sões laterais
5 1,1 (B+H) ** Considerável pressão lateral. Re-
quer suporte continuo de cambotas.
a 1,1 a 2,1 (B+H)
** Pressão lateral elevada. Recomenda6
cambotas circularesb 2,1 a 4,5 (B+H)
,UE
7 Independente do Cambotas circulares. Em casos extre-valor de (B+H) mos usar suportes flexíveis
Solicitação da rocha no tecto = Hp x peso especifico da rocha
(*) Valores em "pés" para uma profundidade superior a 1,5 (B+H)
sendo B a largura e H a altura do tunel
{**)Se o tecto do tunel se encontrar sempre acima do nível
freático os valores são reduzidos de 50%
127
Como factores negativos indica-se:
- Os maciços são classificados em "tipos", sem pre2
cupações de carácter litológico
- As fronteiras entre os diferentes tipos são mui
to diluidas o que dificulta por vezes o enquadr~
mento do maciço em estudo
- A tensão da rocha (rock load) é calculada por
TERZAGHI independentemente das dimensões do tunel,
dependendo apenas do "tipo" de rocha. Como se sa
be o estado actual de conhecimentos leva a ter em
conta não só as dimensões do tunel, mas igualme~
te o estado de tensão inicial do maciço.
- A classificação indica como método de suporte ap~
nas os perfis metálicos (cambotas), não fazendo
referência a outros tipos como ancoragens, preg~
gens ou betão projectado.
6.3 - Classificação RSR para escolha de suportes de obras
subterrâneas (WICKHAM et aI., 1974)
Os autores apresentam aquilo a que chamam M2
delo para Previsão do Suporte do Terreno (Ground Support
Prediction Model), visando o estabelecimento de um método
para avaliar e determinar numericamente, a "qualidade" de
um maciço rochoso, na sua aptidão para abertura de tuneis.
O modelo foi estabelecido, com base no estu
do de 53 tuneis e ao índice obtido chamam os autores R.S.
128
R. (Rock Structure Rating).
° valor do R.S.R. é obtido pela soma dos va-
lores de J parâmetros, sendo o parâmetro A referente ..as
características ge01ógicas do maciço, o parâmetro B à frac
turação do maciço e à orientação da escavação em re1ação
à estrutura ge01ógica e o parâmetro C referente às condi-
ções hidroge01ógicas.
Nos QUADROS 6.3, 6.4 e 6.5 indica-se o méto-
do para obtenção daque1es va10res.
Visando a corre1ação do valor de R.S.R. com
um suporte, criaram os autores o conceito de RR (Rib Ratio).
Este conceito foi obtido a partir do estudo
de cerca de duas centenas de secções de tuneis construidos,
onde o suporte inicia1 uti1izado era constituido por cam-
botas metá1icas.
Assim, para cada secção, foi ea1cu1ado o es-
paçamento teórico para cada tipo de perfi1 de cambota (for
mu1a de TERZAGHI) e medido o espaçamento rea1 uti1izado.
Ao quociente entre o espa~amento rea1 e o es
paçamento teórico, mu1tip1icado por 100, deram os autores
a designação de RR.
Corre1acionando o va10r de R. S'.·R. com o va10r
de RR para cada secção estudada, (FIG. 6.1), chegaram os
autores à re1ação empirica
(RR + 80) (RSR + 30) = 8800
QUADRO 6.3
PARÂMETRO A DA CLASSIFICAÇÃO DE WICKHAM et aI. (1974)
Farâmetro A Yalor
Carac~eristicas geoló.sicas seraismáximo
10
Tipo de rochaEstruturas geológicas
• b c d
19nea 1 2 ) " Pouco do ~Iediana Intensa!llen
~:e~.mór!'ica 1 2 ) " :-Iaciça brada ou men~e 'te dobrada
í'ractura dobrada ou íractu-Sedimen~a:", 2 ) " " da ou írac r~da
turada
Tipo 1 )0 I 22 I lS 9
Tipo 2 27 20 1) 8
Tipo ) 2% 18 12 7
Tipo .. 19 15 10 6
a E dura; b E média; C = mole; d = decomposta
129
QUADRO 6.4
PARAMETRO B DA CLASSIFICAÇÃO DE WICKHAM et aI. (1974)
130
Parâmetro B Valor
CZ:J-acteristicas da fracturação chimo
Ori entaçáo da e!'cavação lt5
Direcção normal ao eixoDir .. cção paralela
ao eixo
Ori entllçáo da e:ocavação I Ori cnt. da escayaçãc
a b c a
E:opaçllmento entre Inclinação das fracturas I Jnc:linação
fracturas (CI1l)1 2 I 3 2 3 I 1 I 2 I )
) 9 11 I 1) I 10 12 9I
9 I 7
)-151
13I
16 I 19 I 15 17 I llt 14 I 11
15-28 2) 2" 28 I 19 22 I 2) 2) I 19,2B-54
130
IJ2 36 I .,- 28 I 30 28 I 24-:>
54-1081
361
)8 lto I 33 J5 I 36 I )4 I 28
108 I~O ~3 ~5 37 I lto I ~O )8 I J4
a = inclinação para e contra II e!'cavnçáo; b = contra a esr.avação;
c = para a escavação
131
QUADRO 6.5
PARAMETRO C DA CLASSIFICAÇÃO DE WICKHAM et aI. (1974)
Parâmetro C ValorCondições de
,agua ,
maximoCaracterísticas das fracturas 25
Soma dos parâmetros A + B
Caudal13 - 44 45 - 75
litros por
min./300 m Características das fracturas ME
1 2 3 1 2 3
nulo 22 18 12 25 22 18
pequeno19 15 9 23 19 14
« 760)
médio15 11 7 21 16 12
(760-3800)
elevado 10 8 6 18 14 10(> 3800)
ME - 1 - fechadas ou cimentadas;
3 - muito alteradas ou abertas
2 - pouco alteradas
RSR
80 -----,II
"-I.,. (RR+80) (RSR+30) = 88000
60 '\... "-"-
'/"'- .........
"-40 "-
.........
......... --'- -............ -.......... -20 .......... -- -
132
20 40 60 80 100 RR
FIG. 6.1 - Relação entre RSR e indice RR
133
Uma vez que o valor de RR é relacionável com
a tensão no suporte, igualmente se obtem uma relação en-
tre R.S.R e a tensão no suporte (Wr) tal como se apresen-
ta no QUADRO 6.6.
Os autores desenvolveram ainda correlações
entre o R.S.R. e diversos tipos de suporte, como o betão
projectado e as ancoragens.
Nas FIGs. 6.2 e 6.3 apresentam-se essas cor-
relações, para tuneis com J e 7,5 metros de diâmetro.
Face ao número cada vez maior de tuneis aber,tos com máquina de furação continua (Fullfacer), propõem
os autores que seja feito um ajustamento no valor do R.S.
R. para o caso do tunel ser aberto por aquele processo.Na
FIG. 6.4 apresenta-se a curva de ajustamento proposta.
Uma análise da classificação de WICKHAM et
aI. sugere ao autor os seguintes comentários:
- Desvantagens
• Para a determinação do parâmetro A a clas-
sificação litológica não é precisa e torna
por vezes difícil enquadrar o maciço nos
tipos propostos
• No caso do parâmetro B, o espaçamento entre
fracturas está fora das normas propostas p~
la Sociedade Internacional de Mecânica das
Rochas, (na verdade a classificação de
WICKHAM é anterior), o que, no entanto,por
vezes torna difícil o cálculo, quando os
trabalhos de prospecção (sondagens) v3m
descritas por aquele critério.
1)4
QUADRO 6.6
RELAÇÃO ENTRE W E RSR (adaptado de WICKHAM et aI., 1974),r
,.. \r.,SÍ"/cm2) (Solicitação exercida pelo maciço)Diâme- r
tro do 0.2310.30 0.75 11 ,00 11.50 1 2 ,00 2.30 13, 00 3;50 4,00 4.30 3,00
tunel
(III) Valor cOTre~pónden\e de RSR
62.3 ~9.9 40.2 132 •7 21,6 13,8 I I ~
3,0
3.5 165. O 33.7 ~4.7 37.5 26,6 118 •7 I I4.5 66.9 56,6 48.3 41.4 30,8 122 •9 16,8
1 1", I
5,0 1 68 •3 59,01 51 ,21 44 ., 34.4 26,6 120 •4 15.51
5.5 69.5 61,0 .53.7 1 47 ,6\37,6 2"9.9 23,8 118 •31 I
6,0 70." 62.5 55.7 49.9 40,2 132 •7 26,6 121 ,6 17,4 I6.5 71.3 63.9 57.5 51.9 142 •7 135 • 3 29.3 24.3 20,1 16.4 I7.5 1 72 • 0165, O 59.01 53 •7 ~4,7 37.5 131 ,5 26.6 22,3 18,7 I8,0 72.6 66,1 60.3 35.3 46.7 39.6 33.8 28.8 24,6 20,9 17.7
8.5 73. O \66.9 61.5 ,56,6 48.3 41.~ 35.7 )0,8 26,6 22,9 19.7 16,8
9,0 \73,4 67.7\62.4 57,8 49,8 143.1 137,4 \32,6 128.4 24.7 21.5 1 8.6
20
8
~~--IIII
t-- Pracllcal Um" For, Rlb And Boll Spa,ln;J,I
7
,..-'1I',., 4'1 1.1-----
654J
-i- Clame'e,.
Rod Balll
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0.5
30
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C)
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RIS SPACING (Ft.)SOlT SPACING (FI.»: Ft)
SHOTCRETE THICKNESS (ln.)
FIG. 6.2 - Relação RSR-suporte inicial para um tunel com
3,0 m de diâmetro (JACOBS ASSOCIATES, 1974)
1J6
I ..cl,~I ,0'1'<-I _.;..-.IIIIII~P'ocllcoJ L1mlt ForI Rlb And BoI! Spacln;III
...... I....... I
...................... 1
--------~p~~~------------~--------(F\ib Ralio-IOO) IIII
0.5
1.0
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60e:
7.0
10.0 2 4
RIB SPACING (FI.)SOLT SPACING (Ft.lI. FI'>
SHOTCRETE THICKNESS (ln'>
6 7 s
FIG. 6.) - Relação RSR-suporte inicial para um tunel com
7,5 m de diâmetro (JACOBS ASSOCIATES, 1974)
137·
Diâmetro
do Tune1 (m)
4
6
8
10
1,0 1,05 1,10 1,15 1,20
Factor de ajustamento do RSR
FIG. 6.4 - Ajustamento do RSR quando a escavação é feita
com FULLFACER (adaptado de JACOBS ASSOCIATES,
1974)
• Para o parâmetro c, o facto de se fazer de
pender o seu valor das afluências de água
ao futuro tunel, torna-o profundamente sub
jectivo.
• Não toma em conta a profundidade a que se
desenvolve a obra
• Não considera a posição do nível freático.
- Vantagens
• Como principal vantagem indica-se o facto
de os autores terem testado o método em
quase duas centenas de secções e apresent~
rem correlações entre o R.S.R. e os vários
tipos de suporte modernamente utilizados
• Toma em conta o processo construtivo.
6.4 - Classificação geomecânica de maciços rochosos para
tuneis (BIENIAWSKI, 1979)
Esta classificação, talvez a mais divulgada
em Portugal, propõe a análise do maciço rochoso tomando em
conta cinco factores, que na opinião do seu autor, definem
quer as características do material rocha, quer do maciço
rochoso.
Esses factores são:
- resistência à compressão uniaxia1
- RQD (Rock Qua1ity Designation)
139
_ espaçamento entre descontinuidades (diaclases e
estratificação)
características geométricas e mecânicas das des
continuidades
- condições hidrogeológicas.
Para além dos cinco factores atrás indicados,
é incluido um sexto, que se refere à orientação das des
continuidades em relação à direcção e sentido de abertura
do tunel.
A cada um dos seis factores são atribuidos p~
sos tendo em conta a importância relativa de cada um deles
e à soma dos pesos atribuidos, chamou aquele autor RMR
(Rock Mass Rating), valor que pode variar de ° a 100,cor
respondendo os valores mais altos a maciço de melhor qua
lidade.
Considera BIENIAWSKI que os maciços podem ser
divididos em 5 classes, balizando essas classes com dife
rentes valores de RMR, o que permite assim enquadrar o ma
ciço em estudo numa das classes (QUADRO 6.7).
De notar que esta classificação evoluiu des
de o seu aparecimento em 1974 até 1980, quer pela adapta
ção a novos casos estudados, quer pelo seu ajustamento às
classificações propostas pela Sociedade Internacional de
Mecânica das Rochas.
Do cálculo do valor do RMR para tuneis já
construidos e da análise da realidade de construção, BIE
NIAWSKI elaborou um abaco (FIG. 6.5), que define, em fun~
QUADRO 6.7
CLASSIFICAÇÃO GEOMECANICA DE MACIÇOS ROCHOSOS PARA TUNEIS
(BIENIAWSKI, 1979)
1-2 til'"Ilesl!'lêncintndice de comprcs~no
ponluhl> 10 Hl'n 1'1-10 tU'" :l-'. NPn luI i li 7." I' f! 119 n 10"
CO InIl·\lninxlnl
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I 15 I 12
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50~75 II 90-1110 I 75-')0 25-50
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20 I 17 I 1) ~Jm I 1- Jln 10,)-lm ~O-JOOlnn.
I'ello relativo
llelli!Olêllcla t'In compre~
!ono uni"xin1
IlQO ~:
re1'o re1nll v o
Condiçõe!o t.Inl'l frnctllrns
de
rocl'A
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I 1:1'I'Açnml'llto de frAclurns
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1
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"1(unJ II r i 11 r n ç 11 o e.n 10m de t UII e 1 _", nrlllnllnn < 25 1/,"1111 25-1251/mln I > 125 l/minou 'u OU
....,p-O
0,5
Problr.mQ!IgraveI! de
ôgua
OU
0,2-0,5
1\~U03 "obprrs!ono mo
d'!rndn
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0,0-0,2
lIumidndo
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Complrtnm!!1I1n secoCOlldiç~e5 gerais
I'rC!!O!lJo de 'su" 11ft
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mnximft
n.." I - -tu !
t .. rr;'
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~
Io'.710L Pe!oo l'elnUVo
I I I I I
QUADRO 6.7
CLASSIFICAÇÃO GEOMECANICA DE 'MACIÇOS ROCHOSOS PARA TUNEIS (CONT.)
(BIENIAWSKI, 1979)Ajuste pnra orientaçno das descontinuidades
- t-Iuito fnvo-Direcçõo e inclinação rável
FnvorÍlvel Ace ltnvcl Desfavorúvr.l t-Iuito Dosfnvoróvcl
PE'!'o relativo O I - 2 - 5 - 10 - 12
Classe!! dos maciços
ela!!sl! nO I II III I IV V
Vescriçno Huito bom Bom Regular Pobre Huito Pobre
Soma do!' pesos relativo!l 100-61 60-61 60-'11 '10-21 20
Significados das clnsses
eln!!se nO I II III IV V
Tempo médio de 10 allOS pa 6 mllses p!! 1 !Iemann 5 horas parn 10 minuto!. paroTa võo de- ra vão de pnra vüo võo de 1,5 m
~uto-!Iustentaçõo 5 m q m de ) m vão de 0,5 m
Coe.no )00 KPn 200-)00Krn 150-200KPallOO-150 KPa < 100 KPn
An~"lo de ~trito > Q5° '10_Q5° )5_'100 )0_)50 < )00I-'~
I-'
4
2
8
50
o
1 Ano
Va10r de RMR
1 Mês
a
•
•
•
______J L L L _10 102 103 104 105
Periodo autoportante (Horas)
1 Hora 1 Dia-)- -------------l=- --------- --Ã-~(-----7~----
.,,/.,,/
/"/'
/"/'
-//
//
/10
15
50
20
30
40
......e-ril 5 --P::>H...:l
o1<>
FIG. 6.5 - Definição do período de estabi1idade sem revesti
mento (adaptado de BIENIAWSKI, 1979)
143
ção do valor do RMR e do diâmetro do tunel, o periodo de
estabilidade sem revestimento (periodo autoportante). As
sim, é dentro desse espaço de tempo que o suporte inicial
deverá ser instalado. Ainda para cada classe de maciço, é
sugerido um valor para a coesão e ângulo de atrito do ma-
ciço.
Por último, e ainda baseado na aplicação pr~
tica da sua classificação a tuneis construidos, aquele a~
tor propõe (QUADRO 6.8) para um tunel de 10 m de diâmetro,
secção em ferradura, e tensão vertical inferior a 25 MPa,
sendo a escavação feita com explosivos, diversas alterna
tivas de suporte in~cial.
BIENIAWSKI apresentou ainda uma correlação
que permite avaliar o valor do modulo de deformabilidade
"in'situ" a partir do valor do RMR
EM = 2 RMR - 100
RUTLEDGE (1978) baseado em experiências pes
soais na Nova Zelândia, correlacionou a classificação de
BIENIAWSKI com a de WICKHAM e BARTON, tendo obtido as se~
guintes relações:
RMR = 13,5 Log Q + 43
RSR = 0,77 RMR + 12,4
A análise da classificação geomecânica de
BIENIAW5KI, sugere os seguintes comentários:
QUADRO 6.8
GUIA PARA ESCAVAÇÃO E SUPORTE DE TUNEIS (BIENIAWSKI, 1979)
Secção tipo. Cerradura; Largura. 10 m; Tensão vertical < 25 "Wa; EscavaçAo com explosivos
Classe do S,",porte
maciço Escavação
Ancoragens Concreto projectado Cambotas
"'uito Boa SecçAo total Geralmente nlo requer suporteI
n,.ut .. 81-100 J ID de avanço com ft excepção de ancoragens ocasionais
Secção total Ancoragens de J m de comp.
Boa 1,0 a 1,5 nl de avanço espaçadas de 2.5m, ocasi!! 50 mm no tecto
II IIlUporte completo nalmente c/malha quando necessário nenhwoa em certas
n,,1.{l . 61-80 20 m da Crente zonas do tecto •
Secçllo parcial (Crente e Ancoragens sistemáticas
Regular rebaixo) • Avanço l,'-J m. com 4 18 de co.np. , espaça-
III Inicio do apó .. das de 2 paredes 50-100 DIJII no tecsuporte m nas e -Rtom. 41-60 cada fogo. Suporte com malha no tec- to nenhum.. comp1~ tectos,
to a ·10 m. to. JO mm nas paredes
Secçllo parcial (Crente e Ancoragens sistemáticas,.Iá rebaixo) • Avanço 1,0-1,' DI. "-5 m de Cambotascom cornp. , esp!IV Instalação do çadas de 1-1,5 100-150 DIJII no tec leves essuporte con- m com ma- - -
RMIl . 21-40 comitantemente lha tecto paredes. to paçadascom a el!lca- no e
vação. 100 mm na parede de 1,'18 .CaD.botas
"lu! to ,.Já Secções nlúl t i pIas. Avanço Ancoragens sistemáticas m&dias a
0,'-1,' m. Instalação do com 5-6 m de comp. , eSp! 100·.150 DDD no tec pesadasV suporte concomitantemente çadas de l-I,' m com ma- to espaçadas
nr-tR ( 20 c/a escavação. Concreto lha no tecto e paredes. 100 mm na parede de 0,75 m.projectado logo após o C2 Ancoragem na soleira. Fechan.ento
1go. da soleira
I-'~~
- Desvantagens
• Não toma em conta a litologia
• A utilização do RQD na classificação, para
além do facto de aquele índice ter, em nos
sa opinião, pouco sentido, limita a aplic~
ção da classificação, já que não se poderá
aplicar a maciços xistosos ou a tuneis em
que não haja sondagens, a não ser por esti
mativa
• Não faz referência ao número de famílias
de fracturas que afectam o maciço
• A abertura das fracturas e a análise das
condições hidrogeológicas são de difícil
avaliação
• Não é muitas vezes possível, na fase de
projecto, prever qual o sentido de abertu
ra do tunel
• Não toma em conta o recobrimento de obra
nem a carga hidraulica
• Não toma em conta o processo construtivo.
- Vantagens
.' Toma em conta os principais factores que
definem a aptidão de um maciço para a ins
talação de um tunel
• Baseia-se numa experiência bastante vasta
• Está dentro dos critérios de zonamento de
maciços rochosos propostos pela Sociedade
Internacional de Mecânica das Rochas.
146
6.5 - Dimensionamento empirico de suportes em maciços ro
chosos (ROCHA, 1976)
Considerando factores como (QUADRO 6."9):
- espaçamento qe fracturas (Pe)
- sistema de fracturas (Ps)
- resistência ao corte (Pr)
- percolação de água (pp)
ROCHA apreciou os maciços rochosos atribuindo pesos a ca
da um desses factores e chegando, mediante o seu somatório
a um índice de qualidade do maciço que designou por MR.
MR = Pe + Ps + Pr + Pp
Assim, os maciços são agrupados em 5 classes
(QUADRO 6.10) segundo o valor obtido para MR.
A partir de um abaco proposto é determinado
um factor k (FIG. 6.6) que permite calcular através de fo~
mulas propostas pelo autor, o volume envolvente de tunel
susceptível de carregar o suporte, definido pela espessu
ra no coroamento (hc) e nas nascenças (hn), conforme se in
dica na FIG. 6.7.
O peso deste volume envolvente constituirá a
solicitação sobre o suporte, pelo que este poderá assim
ser dimensionado pelos métodos numéricos tradicionais,quer
se trate de cambotas, ancoragens ou betão projectado.
QUADRO 6.9
DIMENSIONAMENTO EMP!RICO DE SUPORTES: APRECIAÇÃO DO MACIÇO ROCHOSO
ESrAçMll!:NTO UE FHACTUItAS
-1------,, 25
100 200I I
I I I I15 20
25 50I • L L....I I IO 5 10
2, 5_~ 10I
(den'>
I'e
SISTI!:HAS UE fllACTI.JItAS
QUI.' 1.1'0 ou nlf:li s Três falll1lias Duas f8'1\1l1as Uma fOlll1lia Sem fracturasfam{liol' e t"roeturas n frocturos 1'r3s faml1Las e frocturas e frac turas ou fracturas
aleatórios nleatórialS esparsas esparsas espnrsosi...-
I I I I IIlo .~ .~ n~ ~.-
l!I
ItESlSTENCIA AO COHTE
Ellchimentosnr'lI: i losol'! com
Enchimentos argilOSoRllpo~toSiOU superftcies c/mi
contlnuos moles lIera1s de bai:xo iingulo de
atrito
Supci'f~ciesplonas e enchilIIentos sillo-sos ou silto--arellosos
SuperfIcieslisos o planos e pnredessilsj ou superficios ásperose paredes pouco alteradas.
SuperfIciesásperos e
plonns,e paredes
sÃs
Supcrflci os Ó.pct'ns e irrcp;ilures, ou ondilotlas, ou dos:contInuas e 1'8redes slls. -
~ (o) ~ r17_'5 -
Pr O
]5
I7
I I I I22 , 5 30 37,5 ) 115
I I I I14 21 28 J5
l'EIlCOLAÇÃO DE AGUA
Euchimclllos Enchimentos Enchimcnt.os fracturas Fracturas ~Iaciço illlpcr-erodiveis
2 erodlveis erodiveis2 não el'odiveis !não erodIveis lIIeúvel ou nível
pressão >lOI<g/cln I're 8!1fio ~,5 presoiio lKg/clII iPressão>lüKg/cm pres~50 5Kg/ froútico abaixo)<g/cm /cm2 da soloira
I T r
p 9 5....~
-....J
148
QUADRO 6.10
CLASSES DO MACIÇO E NECESSIDADES DE SUPORTE
(ROCHA, 1976)
Classe MR k Necessidades de suporte
I 80 a 100 O a 0,05 Esporádico no tecto
II 60 a 80 0,05 a 0,3 Sistemático no tecto
Sistemático no tectoIII 50 a 60 0,3 a 0,6 Esporádico pés-direitosnos
IV 30 a 50 0,6 a 0,9 Sistemático tectono
V O 30 0,9 1e pés-direitosa a
Uma análise desta classificação mostra:
- Desvantagens
• Não toma em conta a litologia do maciço
• Não toma em conta o recobrimento da obra
• E de difícil determinação o valor dos pesos
relativos à resistência ao corte (Pr)
percolação de água (pp).
- Vantagens
..e a
• Trata-se de uma classificação baseada num
pequeno número de características, que po-
de ser elaborada só a partir de um reconhe
cimento geológico de superfície e por isso
de grande utilidade numa fase preliminar
de estudo.
k
'.0 ---
0.8 ._-_ .. ----
C.6--- - -- .
o./" -- ---
O) ----- - -- ---
oO 10 10 30
-- -- -'-1---
LO 50 60 70 80 90 '00 IJ,R
FIG. 6.6 - Correlação entre MR e o valor de k (ROCHA, 1976)
I...... -~-
", "" ',Arco l'1E'VlJdo" \~ \/ 1 \ Arco abalido
/ /--- 1- ....... , \
/ 1 \--- --- I ----
FIG. 6.7 - Espessuras destacáveis (ROCHA, 1976)
150
7 - EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DAS DIFERENTES CLASSIFICAÇÕES
Durante a sua vida profissional tem o autor
aplicado as classificações atrás descritas a 'diversos tu
neis, essencialmente tuneis de diâmetro inferior a 5 m,
destinados à adução de água e a orgãos de segurança de bar
ragens.
Em todos os casos estudados o recobrimento
era inferior a 100 m e na maior parte deles era mesmo in
ferior a 50 m.
Em alguns dos casos foi tentada pelo autor a
aplicação da "Classificação geotécnica de maciços rochosos
para o projecto de suportes de tuneis" (BARTON, 1974). No
entanto, dada a sua complexidade, deixou de a usar, uma
vez que se torna de muito difícil aplicação dada a grande
subjectividade dos parâmetros utilizados. Tal resulta em
fraca fiabilidade dos resultados obtidos.
Os exemplos de aplicação que a seguir se apr~
sentam, e que constituem alguns dos projectos em que o a~
tor colaborou nos últimos dez anos, correspondem a cinco
tuneis para cada um dos quais se estudaram em cada três
secções, correspondendo cada uma delas a uma zona geotéc
nica do maciço.
Após o zonamento geotécnico do maciço, as zo
nas são analisadas segundo as classificações propostas por
WICKHAM,G., BIENIAWSKI,Z.T. e ROCHA,M. sendo cada zona en
quadrada nas diferentes classes propostas pelos autores e
considerado o tipo de suporte para cada caso.
Para facilidade de comparação das classifica
ções optou-se por agrupar os suportes em cinco categorias,
atribuindo.a cada uma um determinado intervalo dentro de
cada classificação (QUADRO 7.1).
7.1 - Centro de distribuição da Guia-Macau
Reservatório subterrâneo de água tratada
Integrado no Centro de Distribuição da Guia,
do Sistema de Abastecimento de Agua do Território de Macau,
prevê-se a execução de um reservatório subterrâneo com uma
capacidade da ordem dos 100 000 m3 , a construir no Morro
da Guia, constituido por três tuneis paralelos, ligados
por tuneis transversais.
Este reservatório deverá ser constituido por
um conjunto de celas, com uma largura de cerca de 5 m e
uma altura de cerca de 10 m, e com um formato de U inver
tido.
A cota prevista para a soleira do tunel,é de
cerca de 40,0 m, ficando assim o tecto à cota 50,0 m.O re
cobrimento médio do reservatório é de cerca de 30 m.
O reconhecimento geológico de superfície mos
trou que todo o Morro da Guia é constituido por uma form!
ção granitica, de grão médio a grosseiro, com feldspatos
de tom róseo,e biotítico. Nalgumas zonas o granito aprese~
ta-se porfiróide.
QUADRO 7.1
RELAÇÃO TIPO DE SUPORTE-CLASSE DO MACIÇO
SOMA DOS PESOS
TIPO DE SUPORTE
RSR RMR ~m
Muito pesado < 20 20< < JO
Pesado 21-JO 21-40 Jo-60
Médio Jl-60 41-60 61-80
Ligeiro 61-80 61-80 81-90
Muito ligeiro> 80 > 80 > 90ou nulo
152
153
As formações graniticas encontram-se, no ge-
ral, à superfície muito alteradas a decompostas, evidenc!
ando a alteração típica destas formações em países tropi-
cais, em que a espessura dos saibros atinge valores supe-
riores à dezena de metros, ocorrendo no entanto em algumas
zonas afloramentos de rocha medianamente alterada a pouco
alterada.
Em algumas zonas foi possível detectar a ocor
rência de filões de quartzo com espessuras inferiores
dezena de centímetros.
,a
A análise estatística das fracturas detecta-
das evidencia que, apesar de haver uma certa dispersão,c~
mo aliás seria de esperar atendendo sobretudo à distância
entre os afloramentos medidos, possivelmente separados por
acidentes geológicos, é possível considerar em todo o ma-
ciço rochoso quatro famílias de diaclases, sendo uma das
famílias bem representada, outras duas de representação
média e uma última pouco representada.
A análise pormenorizada da fotograffa aérea
disponível mostrou a ocorrência de vários alinhamentos de
fracturas.
As formações interessadas pela execução da
obra são caracterizadas por aquíferos, que correspondem a
zonas superficiais de permeabilidade em pequeno, resulta~
tes de meteorização das formações respectivas. Poderão ai~
da ocorrer zonas de permeabilidade em grande, corresponde~
do à percolação da água em descontinuidades do maciço ro
choso (falhas e diaclases).
lS~
Dada a exiguidade em tempo para a execução
duma campanha de prospecção adequada, de modo a reconhecer
geotecnicamente o maciço interessado pela abertura da obra,
optou-se nesta fase apenas pela realização de duas sonda
gens de rotação, com recuperação continua de amostra,aco~
panhadas da execução de ensaios de permeabilidade tipo
"Lugeon".
Como complemento destes trabalhos foram colh!
das cerca de uma dezena de amostras em cada uma das sonda
gens e em zonas consideradas características das diferen
tes zonas geotécnicas do maciço, afim de sobre elas reali
zar ensaios de laboratório para caracterização mecânica
do material rocha.
Com base nos resultados obtidos, quer "in si
tu" quer em laboratório, bem como na observação dos taro
los das sondagens, essencialmente estado de alteração e
fracturação das formações geológicas, procedeu-se ao zona
mento geotécnico do maciço interessado pela abertura do
reservatório, que constitui o QUADRO 7.2.
Tendo em atenção os valores médios obtidos
para as características geotécnicas (número de famílias
de fracturas, atitude das fracturas. espaçamento das frac
turas, características das fracturas, ~QD, tensão de rup
tura da rocha em compressão uniaxial e percolação de água
no maciço) em cada sondagem, nas diferentes zonas geotéc
nicas em que o maciço rochoso foi dividido,procurou clas
sificar-se este segundo os critérios propostos por ROCHA,
QUADRO 7.2
RESERVATÓRIO SUBTERRÂNEO DA GUIA-MACAU
Zonamento Geotécnico
TENSÃO DE ANGULO DEMODULO DE COEFICIENTE RUPTURA A TENS.(O DE
ATRITO DASALTERAÇ~O FRACTURAÇÃO RQD PERHEABILIDADE DEFORMABILIDADE DE POISSON COHPRESSÃO RUPTURA A FRACTURAS
(W) (F) C,. ) (11m x min) (MPa) UNIAXIAL TRACÇÃO (graus)
(MPa) (MPa)
ZGI W4
_5
F4
_5
Inferior a - Inferior a 100 - 10 C.) - 20°(.)
25
ZG2 WJF
J_
4 25 a 50 Superior a 1 2000 a 10000 0,05 a 0,16 10 1,5 a 4 JOo(.)
°ZG3 w
2_
3F
3_
4 Superior a Inferior a 5000 a 10000 0,05 a 0,15 15 a 20 1,5 a 4 35 C.)50 50
C.) Valor estimado
I-'\J1\J1
M., BIENIAWSKI,Z.T. e WICKHAM,G. et aI •• Nos QUADROS 7.3,
7.4 e 7.5 indica-se os resultados obtidos.
7.2 - Abastecimento de Agua ao Sotavento Algarvio
Tunel de ligação Barragem de Beliche-Barragem da Ga
fa PM (0+000) a PM (2+500)
Tendo como objectivo o abastecimento de água
ao Sotavento do Algarve, está projectada a execução de um
sistema de barragens na região da "Serra", nomeadamente
nas ribeiras de Beliche e de Ode1eite.
A região a beneficiar, estende-se desde Vila
Real de Santo António até à Ribeira da Quarteira, origina~
do assim uma extensão de adução'de água de mais de 70 Km.
Integrado nesse sistema, prevê-se a abertura
de um tunel com uma extensão de 9,6 Kms entre a albufeira
da barragem de Beliche e a Ribeira da Gafa.
Dentro do enquadramento descrito, o presente
estudo refere-se a um troço de 2,5 Kms do referido tune1,
com um diâmetro útil de 3,10 m e respectivo emboqui1hame~
to junto à Ribeira de Beliche e ainda de um poço situado
a cerca de 75 m do emboqui1hamento.
No que se relaciona com os aspectos 1ito1óg~
cos, ocorrem de forma sistemática alternâncias de bancadas
de xistos argilosos e leitos grauvacoides ("f1ysh"). Não
sendo possível cartografar todas estas diferenças 1ito1ó
gicas pelo aparecimento cícliCO, mas ao mesmo tempo a1ea-
QUADRO 7.)
RESERVATÚRIO SUBTERRANEO DE GUIA-MACAU
Classificação segundo WICK}~M (1974)
TIPO DEpt\/lMllnno f\ 1't\I1MIEl/lO o 1't\I1MIETIIO c /lsn
SUI'OIl TI:
ICnrtll: ler 1sticall n"chn i~nr.n dt'c "nll'''!!' ln ElIpnl;Rnlcnt" J-15cm, Frnctura!' fechndn!!
"d"r tndn !! mediannmente Cr"c tu.ondn c"lIlrn !I I'!lCRVIIt;;;"e Ie pequeno caudal
incllnnd"!1 50°_90"
ZGl '.8 Nédio
I'e II "!' lO 1~ 19
;="rac tl'r l~liclI!! 1I0c"" l"n"" n,éd 1" E",pn<;nrncnl" 15-20cm Frnc tu.o,,!! "bt'.-lnll
"d"rtndnll medinnnmente fracturndn c"nlrn n I!!lcn\"nl;n" e c pClJucn" cnudnl
inc lin"",]" 50"-900 IZG2
I50 Nédio II'e!' ... ,. 1) 21) 9 I
_"r/lctl'rL!ltic"!I ""c"n JS"'!n dur" E!lI'ot;"mrnl" IS-20crn r,o"c turn II Cechndn ..
"d"pl"d"!1 ml'dinnnmento Crnclurndo c"nlrn " ~"e'·vnçõ", ., cl\udol nul ..lncllllnnd" 50"-90°
7.GJ 65 . Ligeir"t'n!'l"!' 15 20 22
~
\J1""-I
QUADRO 7.4
RESERVATÚRIO SUBTERRÂNEO DA GUIA-MACAU
Classificação segundo BIENIAWSKI (1979)
TENSÃO DE
RUPTUIlA E~I ESPAÇMtE;\TO CAHACTERI STICAS PERCOLAÇÃO bRIE:-lTAÇÃO SO~IA DOS CLASSIFICAÇ.\O TIPO DE
CONl'tlESSÃO nQD DE DYACL,\SF.S FIs 'CAS DAS DE DAS PESOS DOS DO ~IACIÇO
UNIA..XIAL (cm) FRACTURAS AGUA FH.-\CTURAS PAltANETROS HOCHOSO SUPORTE
c' (Kgf/cm2 ) <'0 (nUld (1/min/l0 m) (RSR)
ENCHHIENTOS... VALOR< < 50 <.25 < 5 cm < 5 25-125 FAVOtlAVELU PesadoI-l ADOPTADO ESPAÇA~'ENTOS
...: Zz u 5O "l
aN f-o 21 IV
Ol:l Nuito Pesado~ PESOS 1 3 5 10 4 - 2
~I
VALORP.-\tlEIJES llUGOSAS
< 25-125u 50-250 5-50 6-60 cu SEPARAÇÃO FAVORÁVEL PeseloI-l
...: z ADOPTAVa 5z uo "l 37 IVN !-'
aO!:l PESOS 2 8 9 15 4 - 2 Nédio~
n
< VALORHUGOSA
rU 50-250 50-75 6-60 cm SEPAtlAÇÃO 10 FAVORÁVELH
...: Z AlJOJ'TADO~Iédio
z U 1O "lN !-' 57 III a
o::I~ PESOS 2 1) 9 2", 10 - 2 Ligeiro
....\Jl(Xl ,
QUADRO 7.5
RESERVATORIO SUBTERRÂNEO DA GUIA-MACAU
Classificação segundo ROCHA (1976)
SOloIA DOS CLASSIF ICAç.~O
ESPAÇAHENTO SISTEMAS DE RESISTENCIA PERCOLAÇÃO PESOS DOS DO l-IACIÇO TIPO DE
DE FRACTURAS FRACTURAS AO CORTE DE AGUA PARAMETROS ROCHOSO SUPORTE
(Pe) (Ps) (Pr) (pp) (MR)
VALOR ADOPTADO < 6 cm Três famílias f6 = 200 Enchimentos
e 1 aleatória não erodíveis Muito
ZGl 21 V PesadoPESO O 5 10 6
VALOR ADOPTADO 25 cm Três famílias f6 = 300 Fracturas Pesado
e 1 aleatória não erodíveisZG2 53 III a
PESO 15 5 21 12 Nédio
VALOR ADOPTADO 25 cm Três famílias~ = 35
0 lolaciço
ZG3e 1 aleatória impermeável 6) II Médio
PESO 15 5 28 15
....\J1'\D
160
tório das mesmas, e com espessura não representável.opto~
-se pela designação englobante de alternância de xisto e
grauvaque. Na zona agora em estudo as formações são pred~
minantemente grauvacoides.
A análise da fotografia aérea mostrou a ocor
rência de duas orientações preferenciais para alinhamentos
de fracturas na zona de influência da obra. Uma delas va
riando entre NJ5 0 E e N800E e outra variando entre NS e
N25°W. Foram ainda detectadas na parte final duas falhas
de direcção N65°W.
No que se relaciona com os dobramentos,a ati
tude das camadas e da xistosidade das formações deixa ver
a existência de dobras, quer a escalas centimétricas quer
à escala regional.
Várias determinações de atitude da estratifi
cação e da xistosidade, efectuadas durante o reconhecimen
to geológico de superfície, mostram direcções oscilando
entre N-S e N400w e inclinações variando entre 200 e 400 NE.
Ocorrem ainda duas famílias principais de
diaclases de atitude média:
N(400 _700 )E; 75 0 NW _ 800 SE
N(J50 -450 )W; 75°NE _ 700SW
A direcção do tunel é aproximadamente NJ5 0 E
pelo que este intersectará a grande maioria dos "aciden
tes" registados segundo ângulos favoráveis.
161
Do ponto de vista hidrogeológico pode consi
derar-se, na zona em estudo, a existência de dois tipos
de aquíferos. Um subsuperficial correspondente aos solos
resultantes da alteração das rochas e aos depósitos alu
vionares, outro relacionado com as descontinuidades e a
rede filoniana, mais profundo e potencialmente mais prod~
tivo.
t de prever que algumas das falhas, zonas de
esmagamento ou filões a intersectar pela obra constituam
aquíferos importantes, confinados inferiormente pelo mac!
ço impermeável e que originem, aquando da sua intersecção
pela escavação, a afluência de caudais de água apreciáveis.
Ao longo do traçado do trecho do tunel agora
em estudo, foram realizadas 6 sondagens acompanhadas de
ensaios de absorção tipo "Lugeon". Na zona de emboquilha
mento foram ainda executados 6 perfis sísmicos de refrac-
ção.
A exiguidade em tempo para apresentação do
projecto, não permitiu a execução de quaisquer ensaios em
laboratório ou "in situ", para caracterização mecânica da
rocha ou do maciço.
Os parâmetros-base disponíveis tidos em con
ta para o zonamento geotécnico foram:
- Litologia
- Estado de alteração
- Fracturação
- RQD
162
- Permeabilidade
- Velocidade de propagação de ondas sís-
micas longitudinais
Para cada uma das zonas, e baseado em exper~
ência que se possui de maciços idênticos onde foram reali
zados ensaios de caracterização mecânica, estimaram-se v~
lores para o modulo de deformabilidade, resistência à com
pressão uniaxial e ângulo de atrito das fracturas.
Apesar das dificuldades expostas, considero~
-se razoável dividir o maciço nas três zonas geotécnicas
indicadas no QUADRO 7.6.
Com base nos valores médios dos diferentes
parâmetros considerados para cada uma das zonas geotécni
cas, procurou aplicar-se a cada uma destas, as classific~
ções propostas por WICKHAM, BIENIAWSKI e ROCHA.
Nos QUADROS 7.7, 7.8 e 7.9 vai indicada essa
classificação, bem com~ os suportes propostos por aqueles
autores.
7.3 - Barragem de Odeleite - Galeria de desvio e descarre
gador de cheias
Prevê-se que o desvio provisório para a cons
trução da futura barragem de Odeleite, localizada na ribei
ra do mesmo nome, se faça através de um tunel a escavar
na margem esquerda do vale. Esta estrutura virá, posterio~
mente, a servir como descarga de fundo da barragem.
QUADRO 7.6
TUNEL BELICHE-GAFA
Zonamento Geotécnico
VELOCIDADE MODULO DE TENSÃO DE· ANGULO DE
ALTERAÇÃO FRACTURAÇÃO RQD PERMEABILIDADE PROPAGAÇÃO RUPTURA A ATRITO DAS
ONDAS SlSl-tICAS DEFORl-~BILIDADE· COHPRESSÃO FRACTURAS·
(w) (F) (%) (11m x min) (m/s) (MPa) UNIAXIAL- (graus)
(MPa)
ZG1 W4
_5
F5
0-25 ( 2000 ( 5000 < 10 200
> 10
ZG2 WJ 25-75 2000 5000-20000 10-50 JOo
F4ZGJ W
l_
2 75-90 ( 10 > 4000 > 20000 :> 50 J5°
(.) Valores estimados
....0'\\o)
QUADRO 7.7
TUNEL BELICHE-GAFA
Classificação segundo WICKHAM (1974)
E~lIlVll'll'\ C,\II.\C TEI! 1 S [1 C.\ Sc.\Il,\CTElllSTlCAS
F!SIC,\5 Ufl5 FIlAC ru 50;,11\ ''0S TIPO UEGEOI,(,,; I C.\ 110 Gcmll'; /Il1 C,\ S 11.\ 511.\5 E I'I':IICOL\I;,\UN,\CrçO F11.\CTlIll.\S
OE .\t:f:.\PESUS SUPURTE
( ,\ ) (B) (C) (HSIl )
C.. rncterlsticns ll~choll metassedim~n- ~Iaciç~ intensamente Frocturns mlJit~ 81-
od~l't.adas t"r~s d~hrodas e in- froctl.lrod~ c~m [alUí terados ~u aherta",
ten~nl1lpnte frocturn- 1ins de fracturas Perc ..... lDçfi .... : 50 l/lIIin ~Jéd i o
lias ",ubverticnis para JUOm de tunel a
ZG1
I)fl Pesad~
Pcs~ fl li' ?
Cill'ne trr r.st icas Il~cltns IIIctnsscdimen- ~Iac i ç ~ '"U i t ~ fractu Frnc turas nletl inlla-
ad~l'tauas tnrcs d~IJI'nuns e u~ c~m famílias de mcnte alterndas.
fracturadas frncturns sub\'erti- Pcrc~lnçii~:)OU l/lIIin
cais para JUOm de tl.lll~l
ZG2 '1" Nédio
Pr.s .... 11 20 I 1)
Cnrncterlsticas linchas 1II~t:ns"'edimen- ~Iociç~ ,,~uc~ frnct.u fracturas fecha .... a!!'
nd"'ptntlns tnr~~ II ... ht~adi'!iI p. I·nd .... c .... ," fil/lIllins e (l~UC~ AltelAncioR.
frnctllrod<ls de fr<lc llll"OS sub\"~r Pe.·c ~ 1açii~: i'OO 1/111111' N':;dl~
ticnis parn )UUIII de tune1 aZGJ 56 Lis;e il"-
Peso 12 25 l~
H0'\.;:-
QUADRO 7.8
TUNEL BELICHE-GAFA
C1assi~icação segundo BIENIAWSKI (1979)
nESISTr.NCIA CAríACTEnlSTJCAS ('EnCOLAçÃO ORIENTAÇÃO SONA DOS
A COHI'IlESSJíO IlQD ESPAÇAl>IENTO FISICAS DAS DE DAS I'I~SOS CLASSI~ DO TIPO OE
UNI AXIAL ()IACLASES FRACTunAS AGUA FRACTunAS nHIl t-lACIÇO SUPORTE
Hl'n
VALOU,5-25 < 25 < 60 mm Li8n8 o conl Águn in- D08fnvornve1
ADOI'TAno enchimento ter"tici",l l>luitoZGl 17 V
POl'lnd,oT'F.SOS 2 ) .5 10 7 - 10
VAI.On I 2,5-5(1 2,5-75 60-200 Ligoirnmonto Agua c/prtl"- D08favoráve1ADOPTADO rugo8n.!l .!Ião modorndn I'el'lndo l!I
I 7.G2 )6 IV,
l>lódioI'ESOS
"la 8 20 " - 10
VALOII50-100 75-90 60-200 Ligeirnmnnto Agua c!pro8- Uoefl!lvor8vIll I
ADOPTADO rugol'ln8 "lIo modorada
IZGJ '16 III Módio
PESOS 7 17 8 20 'I - 10
....0'\\11
QUADRO 7.9
TUNEL BELICHE-GAFA
Classificação segundo ROCHA (1976)
ESpAÇMIENTO SISTEl-1A RESISTENCIA pERCOLAÇÃO SOHA DOS
DAS DE AO DE PESOSCLASSE DO TIPO DE
FRACTURAS FRACTURAS CORTE .AGUARl-Ul
HACIÇO SUPOHTE
(Pe) (Ps) (Pr) (Pp)
Três fllmtlias e EnchimentosVALOR < 6 cm fracturas alea- 200 erodtveis
ADOPTADO tórias p=2.5Kgf/cm2Nuito
ZGl 18 VPOllado
PESOS O 5 10 J
Três famtlias e"ALOR 6-20 fracturas alea- )00 Frncturas
ADOPTADO tórias não crodi.veie
7.G2 't't IV Pesado
PESOS 10 5 21 8
Três fami.1ias eVALOR
6-20 fracturas alea- J5°fracturos
ADOPTADOtórias nao erodi.veis
Pesado II
7.(\ ) 52 IIIMédio
PESOS 12 S 2S 10 l-'0'\0'\
167
Trata-se de um tunel em ferradura, com um com
primento de cerca de 370 m, tendo o círculo de base 7,0 m
de diâmetro e cerca de 9 m de altura, em que o recobrimen
to, aumentando gradualmente entre as zonas de emboquilha-
mento e a parte média do traçado atinge, nesta zona, 60 m
a 65 m.
o maciço rochoso a atravessar pelo tunel,e
constituido essencialmente por xistos e grauvaques em sé-
ries alternantes (IIflysh ll ), pertencentes à grande mancha
carbónica que ocupa praticamente todo o Baixo Alentejo. A
superfície, o maciço exibe estados de alteração variando
entre medianamente alterado a muito alterado, por vezes
mesmo decomposto, revelando-se já pouco alterado a são a
partir dos 8-12 m de profundidade.
Pode dizer-se que a orientação geral das fo!
mações geológicas presentes na área do estudo segue, IIgro~
so-modo" a orientação que lhes é conhecida regionalmente,
isto é, NW-SE, sensivelmente normais ao tunel e inclinan-
do para NE. As várias determinações de atitude efectuadas
forneceram para a xistosidade direcções entre N{60o _70o )W
e inclinações entre (25 0 -55 0 )N.
A superfície do maciço as diaclases apresen-
tam-se, em geral, próximas (F4) a muito próximas (F5). As
determinações efectuadas levaram a considerar, como mais
importantes, as famílias com as seguintes atitudes:
168
N53°E; V
N23 OE; V
N43°W; v
N18°W; 450S
N58°W; 24°s
Para além das mencionadas, ocorre uma ~amília,
que é a dominante, associada à xistosidade.
Dada a sua natureza litológica, a permeabil!
dade do material rochoso que compõe o maciço é baixa. Em
termos gerais, a percolação processa-se através da rede
de descontinuidades existentes, o que con~ere ao maciço
características de permeabilidade "em grande". Mesmo assim,
a percolação tem lugar até pro~undidades relativamente r~
duzidas não ultrapassando, normalmente, as duas dezenas
de metros.
As redes de ~ilonetes quartzosos em geral e~
magados, que é vulgar encontrar cortando o maciço, const!
tuem vias pre~erenciais para a percolação que pode, deste
modo, processar-se até maiores pro~undidades. O mesmo se
passa relativamente a acidentes tectónicos importantes (~a
lhas, esmagamentos) que possam ocorrer. A intersecção da
queles ~ilonetes ou destes acidentes por parte da escava
ção, pode ~azer a~luir ao tunel caudais apreciáveis.
Visando o reconhecimento geotécnico do maci
ço rochoso em pro~undidade, ~oi programada e executada uma
campanha de prospecção constituida por perfis sísmicos de
169
refracção, sondagens de f~ação à rotação e ensaios de
absorção de água sob pressão.
Como complemento desses trabalhos foram co
lhidas amostras dos tarolos das sondagens sendo executados,
em laboratório, ensaios para caracterização mecânica, no
meadamente, ensaios de resistência à compressão uniaxial.
A partir da informação obtidà:~atravésdos e~
tudos geológicos e geotécnicos realizados, foi elaborado
um zonamento geotécnico do maciço. Estabeleceram-se,em pr~
fundidade, três zonas geotécnicas, para as quais foram
adoptadas as características indicadas no QUADRO 7.10.
Para cada uma das zonas geotécnicas conside
radas no maciço, e com base nos elern~ntos disponíveis, fo
ram elaboradas as classificações geotécnicas segundo os
critérios propostos por WICKHAM et aI. (1974), BIENIAWSKI
(1979) e ROCHA (1976). Os valores utilizados para cada c~
so e os resultados obtidos são apresentados respectivame~
te nos QUADROS 7.11, 7.12 e 7.13.
7.4 - Reforço do Abastecimento de Agua à Região de Lisboa
Tunel do Castelo do Bode
Integrado no programa de abastecimento de
água à Região de Lisboa, a partir da albufeira do Castelo
do Bode, previa-se, na sua parte inicial, junto à barragem
do Castelo do Bode, a execução de um trecho em tunel, com
QUADRO 7.10
TUNEL DO DESVIO DA BARRAGEM DEODELEITE
Zonamento Geotécnico
RESISTENCIA ANGULO DE
ALTERAÇAol-IÚDULO DE A COHPRESSÃOFRACTURAÇÃO RQD PERMEABILIDADE ATRITO DAS
DEFORMABILlDADE UNIAXIAL FRACTURAS·
(W) (F) (%) (l/min.m) OIPa) OlPa) (graus)
ZGl W4
_5
F4
_5
< 25 < 10000 < 25 20°
> 10
ZG2 W F4
_5 25-75 10000-50000 25-50 30°
J
F3
ZGJ Wl
_2 ) 75 < 10 > 50000 > 50 35°
Fl
_2
c.> Valores estimados
....'!'o.Io
QUADRO 7.11
TUNEL DE DESVIO DA BARRAGEM DE ODELEITE
Classificação segundo WICKHAM (1974)
ESTIlUTlnU CARACTEntSTICASCAIlACTERtSTICAS
GEOLOGICA DOFtSlCAS DAS FIlAC SO~IA DOS TIPO IIE
GEmlETRICAS DASTURA.S E PEnCOl,A- PESOS SlJPORTE
MACIÇO FRACTlIIlAS
(A) (B) ç1io DE AGUA (IlSIl)(C)
Rochas metassedimen ~Iac iço intensamente Fracturas muito al-aracteristicas tarea dobradaa e in fracturado c/familias teradas ou abertas
adoptadaa tei.aamente fractura de fracturas subver Percolnc;lIo: 50 1/111:111 HédI0
das tIcais para )00 m de tunel aZGl )11
PesadoPeso 8 17 9
flochaa metassedimen Hac iço muito fractu
Caracteristicas tares dobradas rado familias Fracturas mediana-e Com
mui to fracturadas de fracturas subver mente alteradas.adoptadas l'ercolac;lIo: )OOI/minticais
para )00 m de tunel
ZG2Ijlj H'dio
Peao 11 20 I)
Rochaa metaaaedimen Haciço pouco fractu Fracturas fechadas e
Caracteriaticaa tares dobradas e rado com familias POtlCO alteradas.
pouco fracturadaa de fracturas subver Percolac;ão:7 0 0 l/minadoptadas
ticais para )00 m de tunel.
66 LigeiroZG)
Peao 22 25 19
I-'"'II-'
QUADRO 7.12
TUNEL DE DESVIO DA BARRAGEM DE ODELEITE
Classificação segundo BIENIASWKI (1979)
nESISTENCIA ESPAÇAHENTO CAIlACTEntsTICAS PERCOLAÇ/i.O ORIENTAÇÃO SO~lA DOS CLASSE TIPO
" C01-lI'nJ~SSÃO RQD DAS FISICAS DAS DE llAS pF.sas DO DE
UNIAX[AL DIACLASES F'nACTUllAS AGUA F'IlACTUIlAS Il 1-m HACIÇO SUI'OIlTE
HI'II (cm)
VAl.On Enchiltlontos Soco II
ADOPTAVO < 25 < 25 < 6 < 5 mm húmido F'llvornvol
ZGl 28 IV Pe"odo
pr,SO 2 , 5 10 10 - 2
Lip;oiromente AguaVAI.on 25-50 50-75 6-20 rup;o/On ..
Favorl,velAIlOI'TAOO Aborturn intorsti-
< 1 mm cinl
ZG2 /'5 III Hédio
PI~SO /. 1) 8 15 7 - 2
Agun com
Ilugosns profl"fio m2VAI,OIl > 50 75-90 20-200 dcrndn II Favorávele
AOOPTADO Cech"dns intersti-
cilllLigeiro
7.G' 62 II II
PESO 7 17 12 2' 5 - 2 1-1édio...........l\J
QUADRO 7.13
TUNEL DE DESVIO DA BARRAGEM DE ODELEITE
C1assificação segundo ROCHA (1976)
ESPAÇAHENTO SISTEt-1A RESISTtNCIA PERCOLAÇÁO SOMA DOS CLASSE TIPO
DAS DE AO DE PESOS DO DE
FRACTURAS FRACTURAS CORTE AGUA RMR MACIÇO SUPORTE
(Pe) (Ps) (Pr> (Pp)
VALOR < 6 cmTrês fami1ias e ti = 20
0 Enchimentos
ADOPTADO uma aleatória erodiveis Muito
ZG1 24 V Pesado
PESO :3 5 10 6
Três familias eFracturas
VALOR6-20 uma aleatória ti = 30
0 nloADOPTADO erodiveis
ZG2 48 IV Pesado
PESO 10 5 21 12
Três fami1ias eFracturas
VALOR 20-200 ti = 350 não
uma aleatória PesadoADOPTADO erodiveis
ZG359 III a
PESO 17 5 25 12t-Iédio
J-I--J\.N
174
cerca de 4500 m de comprimento e 4,0 m de diâmetro de es
cavação, sendo ° recobrimento máximo de cerca de 100 m.
O reconhecimento geológico de superfície,ev!
denciou a ocorrência de formações gnaisso-migmatiticas,de
tom acinzentado que se encontram, nos poucos afloramentos
que foi possível detectar, medianamente alteradas a muito
alteradas. O maciço rochoso encontra-se cortado por inúme
ros filões e filonetes de pegmatito, aplito e quartzo,com
uma possança máxima da ordem da dezena de centíme±ros,que
não só foi possível observar "in situ", como igualmente
através dos inúmeros calhaus de quartzo que nalgumas zo
nas se encontram disseminados à superfície.
A análise estatística das fracturas mostra a
ocorrência de quatro famílias principais de atitude:
N(100 -40o)w; 200 E a subvertical (gnaissosidade)
N(500_ 1200 )E; 500 N a 500 S
N(20o- 1000 )E; (15 0 -75 0 )SW
Sub-horizontal
As formações interessadas pela abertura do tu
nel são caracterizadas por aquíferos, que correspondem a
zonas superficiais de permeabilidade em pequeno, resulta~
tes de meteorização das formações respectivas, que pouco
irão influenciar a abertura do tunel, à excepção dos lo
cais em que este passa mais próximo da superfície,e a zo
nas de permeabilidade em grande, correspondendo à percol!
ção de água em descontinuidades (falhas e diaclases) do
maciço rochoso.
175
Para avaliar as condições geológicas do maci
ço rochoso, que serão de esperar às cotas de atravessame~
to pelo tunel, bem como as condições geotécnicas a consi
derar na elaboração do projecto da obra, foi programada a
realização de uma campanha de prospecção geofísica, cons
tando de alguns perfis sísmicos e de uma campanha de pro~
pecção mecânica constituida por sondagens de rotação,e de
ensaios, quer- "in situ" quer de laboratório.
Com base nos resultados obtidos procedeu-se
ao zonamento geotécnico do maciço, tendo em atenção o es
tado de alteração e fracturação, a velocidade de propaga
ção de ondas sísmicas longitudinais, o RQD, a resistência
à compressão uniaxial da rocha, o modulo dilatométrico do
maciço, e ainda a permeabilidade, o qual vai indicado no
QUADRO 7.14.
Após o zonamento geotécnico e a partir das
características atribuidas a cada uma da~ zonas, procede~
-se à sua classificação segundo os critérios propostos por
WICKHAM (1974), BIENIAWSKI (1979) e ROCHA (1976). O resul
tado obtido vai nos QUADROS 7.15, 7.16 e 7.17.
7.5 - Plano de Rega do Alentejo
Tunel de ligação entre a barragem de Alamos e a
barragem de Algueva
Com a finalidade de fazer a ligação entre as
albufeiras das barragens de Alqueva e Álamos, prevê-se a
QUADRO 7.14
TUNEL DO CASTELO DO BODE
Zonamento Geotécnico
VELOCIDADE HACIÇO RESISTENCIA A.
ALTERAÇÃO FRACTURAÇÃO RQD PROPAGAÇÁO CONPRESSÃO
ONDAS S1SMICAS Hódulo dila Permeabilidade UNIAXIAL
(W) (F) (%) (mIl')·tométrico (MPa)
(HPa) (11m x min)
ZGl W4
_5
F5 < 25 < 1500 < 2000 > 10 < 10
ZG2 WJ FJ
_4 50-75 1500-)000 2000-5000 5-10 10-)0
ZGJ Wl
_2
F2
_J 75-90 ) )000 ) 5000 > 5 > )0
I-'-.....J0'\
QUADRO 7.15
TUNEL DO CASTELO DO BODE
C1assificação segundo WICKHAM (1974)
ESTRUTURA CARACTERíSTICAS CARACTERíSTICAS SOMA DOS TIPO
GEOLOGICA GEO~TRICAS DAS FíSICAS DAS FRACTURAS DE
DO MACIÇO FRACTURAS E PERCOLAÇÃO DE AGUA PESOS SUPORTE
(A) (B) (C)(RSR)
Rochas metamórficas Maciço muito frac- Fracturas alteradasCaracteristicas brandas intensamen- turado com fractu- ou abertas; percol~
Hédioadoptadas te falhadas ou do- ras subverticais ção de água entre
bradas 900 e 4500 l/mino )6 a
ZG Pesado
Pesos i' 17 12
"aracteristicasRochas metamórficas Maciço moderadame~ Fracturas medianamen-
medianamente duras, te fracturado, com te alteradas; percol~
adoptadas moderadamente falha fracturas subverti ção de água inferior
das ou dobradas cais a 900 l/min 50 Hédio
ZG2
Pesos I) 22 15
Rochas metamórficas Maciço moderadame~ Fracturas medianamen-aracteristicas duras, pouco falha- te a pouco fractu- te alteradas; percol~
adoptadas das ou dobradas rado com fracturas ção de água inferior
subverticais a 900 l/mino69 Ligeiro
ZG)
Pesos 22 28 19 ,..."'I"'I
QUADRO 7.16
TUNEL DO CASTELO DO BODE
Classificação segundo BIENIAWSKI (1979)
TENSÃO DE PERCENTZGEN ESPAÇAHENTO CARACTERISTICAS PERCOLAÇÃO ORIENTAÇÃO smlA DOS CLASSIFICAÇÃO TIPOROTURA E~l DE RECUPERAÇÃO DE FISICAS DAS DE DAS PESOS DOS DO ~IACIÇO
O~IPRESSÃO DE~IODIFICADA DIACLASES FRACTUltAs AGUA FRACTURAS PARANETROS ROCHOSO
UNIA.:UAL SUPORTE(NPa) RQD
or
Enchimento
< 5 mmVALOR )-10 < 25~~ < 5 cm Abertura <25 l/min/lOm Razoável
ADOPTADO 1-5 mm Muito
Continuas 17 VPesado
ZGl
peSOS 1 ) 5 6 7 - 5
Abertura
< 1 mm 2.5-125VALOR 10-25 50";-75% 5-)0 cm superfícies Razoável
ADOPTADO l/min/l0mrugosas e
brandas)6 IV Pesado
ZG2
PESOS ~ I) 10 12 4 - 5
AberturaVALOI! < 1 mm
ADOPTADO 25-50 75~~-90% )Ocm-lcm Superfícies 2.5-125 RazoávelMédio
rugosBs e l/nlin/l0m
duras60
aIII
ZG) Ligeiro
PESOS 4 17 20 20 4 - 5
....~
00
QUADRO 7.17
TUNEL DO CASTELO DO BODE
Classificação segundo ROCHA (1976)
ESPAÇAMENTO SISTEHA RESISTENCIA PERCOLAÇÃO SOMA DOS CLASSIFICAÇÃO TIPÕ
DE DE AO DE PESOS DOS DO DE
FRACTURAS FRACTURAS CORTE AGUA PARA1-fETROS MACIÇO SUPORTE
(Pe) (Ps) (Pr) (Pp) o-m) ROCHOSO
Três f'ami1ias EnchimentosVALOR < 15 cm ~ = 200 erodiveise f'racturas
ADOPTAD(aleatórias pressão
1 Kg/cm21-fuito
ZGl 25 V Pesado
PESOS J 5 11 6
Enchimentos
VALOR o erodiveis10 cm Três f'ami1ias ~ = 30
t-Iédiopressão
ADOPTADO1 Kg/cm2 a
ZG2 45 IV Pesado
PESO 10 10 21 4
~ = 350
FracturasVALOR > 25 Cm Três Camilias nAo erodiveis t-Iédio
ADOPTADO Pressão
1 Kg/cm2 a
ZGJ 60 III Ligeiro
PESO 17 10 24 9
...."'-J\.O
180
execução de um tunel com cerca de 1 Km de comprimento e
um diâmetro de aproximadamente 4 m.
As formações interessadas são, na sua parte
inicia1, junto à a1bufeira de Â1amos, constituidas por r~
chas verdes do comp1exo crista1ofi1ino e no restante tra
çado por fi1ádios acinzentados a averme1hados.
As formações apresentam uma xistosidade de
atitude média N40ow;(J5 0 _500 )NE tendo sido determinadas
por estudo estatístico três famí1ias de diaclases de ati
tude:
N-S; Verte
N800 E; Verte
N40 o E; 65 0 NW
Visando o estudo do maciço rochoso às cotas
de atravessamento, previu-se na fase de estudo prévio a
execução de três sondagens ao 10ngo do traçado, acompanh~
das de ensaios de absorção do tipo "Lugeon" e de uma ga1~
ria junto ao emboquilhamento de jusante.
Apesar de nesta fase de estudos os e1ementos
disponíveis serem muito escassos, procurou zonar-se geote~
nicamente o maciço, tendo em conta não só os resu1tados ob
tidos com os traba1hos executados, mas igua1mente o conh~
cimento que se possui dê trabalhos de prospecção e ensaios
rea1izados em maciços idênticos.
Os parâmetros-base disponíveis e tidos em
conta para o zonamento geotécnico foram:
181
- Estado de alteração
- Fracturação
- Permeabilidade
Embora o tipo litológico do maciço não seja
especialmente adequado à utilização do índice RQD, visan
do a aplicação da classi~icação de BIENIAWSKI, ele ~oi es
timado. Igualmente se procedeu à estimativa do valor de
tensão de ruptura em compressão uniaxial do material rocha.
O QUADRO 7.18 mostra o zonamento geotécnico
adoptado e os QUADROS 7.19, 7.20 e 7.21 a· classi~icação
das di~erentes zonas geotécnicas segundo as classi~icações
propostas por WICKHAM (1974), BIENIAWSKI (1979) e ROCHA
(1976).
7.6 - Comparação entre as classi~icações utilizadas
A partir das classi~icações atribuidas às zo
nas geotécnicas dos cinco casos estudados, procurou obter
-se correlações entre as di~erentes classi~icações e tipos
de suporte.
Começou por comparar-se as classi~icações ob
tidas pelo método proposto por BIENIASWKI(RMR) com as ob
tidas pelo método de WICKHAM (RSR). A análise mostra que
existe uma boa correlação (FIG. 7.1) sendo esta de~inida
pela seguinte equação:
RSR = 0,699 RMR + 2),471
QUADRO 7.18
TUNEL DE LIGAÇÃO ÂLANOS-ALQUEVA
Zonamento Geotécnico
R . t" . li!esl.S enCl.a
_ _ * . . à compressãoAlteraçao Fracturaçao RQD Permeabl.ll.dade
unirocial
(w) (F) (%) (l/mxmin) (HPa)
ZGl W4 _5
F4 _5
20 > 10 < 25
ZG2 WJ FJ
40 2 - 10 25 a 50
ZGJ Wl F 2 _J
60 < 2 50 a 100
* Valor estimado
.,.:..o:>I.\J
QUADRO 7.19
TUNEL DE LIGAÇÃO ALAMOS-ALQUEVA
C1assi~icação segundo WICKHAM (1974)
TIPO UEPARAHETRO A PAIlMIETIlO B PARUIETRO C RSR
SUPORTE
Rocha metamórfica decom Espaçamento entre 1"rac Fracturas abertas e
Caracterfsticas posta e muito 1"ractura- turas 3 a 15cm, escava pequeno caudal
da ção contra a xistosida Pesadoadoptadas
de e inclinando 550
aZeil 34
HédioPesos 6 19 9
Ilocha metamórCica média Espaçamento (15 a 2Bch') Fracturas abertas e
Caracteristicas medianamente frac turada escavação contra a xis pequeno caudal
adoptadas tosidade e inclinando
55 050 Hédio
ZG2
Pesos I) 28 9
Ilocha metamórfica dura Espaçamento (28 a 5ltcm) Fracturas fechadas e
Caracterlsticas medianamente fractura- escavação contra a xis caudal nulo
adoptadas da tosidade e ine li l1a ndo
55 076 Ligeiro
ZG).
Peso" 15 36 25
1-'.CXlW
QUADRO 7.20
TUNEL DE LIGAÇÃO ÁLAMOS-ALQUEVA
Classificação segundo BIENIAWSKI (1979)
TENSÃO DE ESPAÇAJIIENTO ABERTURA S01-IA CLASSE TIPOIRUPTURA EM ENTRE E
CONDIÇÕES DOS DO DECOMPRESSÃO RQD FRACTURAS ENCHHIENTO HIDROGEOLOGICAS AJUSTAMENTO PESOS P-IACIÇO SUPORTE
UNIAXIAL (mm)(MPa)
-VALOR < 2.5 < 2.5 < 60 .Zona Razo&vel P-Iuito
SecoADOPTADO esmagada Pesado
ZGl 20 V a
PESOS 2 , .5 O 1.5 - .5Pesado
VALOR Rugosas
ADOPTADO 2.5-.50 2.5-.50 60-200 paredes Húmido Razolive1 Médio am.a1terad
4.5 III PesadoZG2
PESOS 4 8 8 20 10 - .5
VALOR Rugosa
ADOPTADO .50-100 .50-7.5 200-600 Parede Seco Razoável Ligeirop.a1terad
ZG3 6.5 II a
PESOS 7 13 10P-Iédio
2.5 1.5 - .5
I-"CPoj::-
QUADRO 7.21
TUNEL DE LIGAÇÃO ALAMOS-ALQUEVA
Classificação segundo ROCHA (1976)
ESPAÇAHENTO SISTE~I'\ IlESlSTENCIA I'EHCOLAÇÃO '>OHA DOS CLASSE TIPO
UAS UE AO UE PESOSUO DE
rnACTlIllAS rnACTlJnAS conTE AGUA ~IACIÇO SUPOHTE
(Pel (PsI (Prl (Pp) ~m
VALon < 6 cm T.-ês Cemi1iasEnchimentos Erodiveis
AUOI'TADO argilosas 1'=1 kg/cm 2 Huito
ZG1 25 IV pesado
a
PESO " 10 7 6 Pesado
Hugosas eVALOll 6-20 cm Trê" Cornl1ias paredes m.
Erod t '-e i s .,AUOPIAUO alteradas
p=2.5kg/cm~
ZG2 lO IV Pesado
PESO lO ln 20 J
VALOUnllgosas e
AUOPTAUO 20-60 cm Trê .. t"n'1\1110s paredes p. 111,permeável
alteradas7,(1 J 67 II ~Iédio
PESO 17 10 25 15
....CD\J1
RSR
186
100 NOVA RECTA (RSR = 0,699 RMR +23,471)
80
60
40
20
•
•
•
•
(RSR = 0,77 aMR + 12,4)
20 40 60 80 100 RMR
FIG. 7.1 - Comparação entre os valores de RMR e RSR
para os casos estudados e recta de RUTLEDGE
sendo o coeficiente de determinação de 0,8055 e o desvio
padrão da estimativa de 5,936.
Uma correlação deste tipo, não indicando no
entanto o autor qual o coeficiente de determinação, havia
já sido encontrada por RUTLEDGE (1978), baseada em exper!
ência pessoal de tuneis na Nova Zelandia. No entanto, a
recta obtida por este autor é definida pela equação (FIG.
7.1):
RSR = 0,77 RMR + 12,4
A análise da FIG. 7.1 mostra que apesar de di
ferentes, as duas rectas apresentam cer~as semelhanças:: e
pena é não se dispor do coeficiente de determinação obti
do por RUTLEDGE, para assim se ver qual a que melhor se
adapta.
Procurou-se a seguir obter correlações entre
as classificações de BIENIAWSKI e ROCHA para os casos es
tudados, tendo-se igualmente obtido uma recta de correla
ção com a seguinte equação:
MR = 0,947 RMR + 5,4)
com um coeficiente de determinação de 0,9225 e um desvio
padrão da estimativa de 4,742.
Uma correlação deste tipo que se pensa não
ter sido anteriormente tentada, mostra bem a boa correla-
ção entre as duas classificações.
Na FIG. 7.2 comparam-se as várias classifica
ções usadas e a sua análise sugere-nos:
- A classificação de WICKHAM é menos conservativa
para maciços de fraca qualidade, é idêntica,as
classificações de BIENIAWSKI e ROCHA para maciços
de média e boa qualidade, e mais conservativa,e~
bora com pouco significado, para maciços de mui-
to boa qualidade.
- As classificações propostas por BIENIAWSKI e RO-
CHA são idênticas, embora a de ROCHA seja menos
conservativa para maciços de qualidade muito fra
ca.
Procurou-se a seguir fazer uma outra compar~
ção, através dos tipos de suporte recomendados pelos três
autores, para as três zonas geotécnicas em que se dividi-
ram os maciços, e tendo como base o QUADRO 7.1.
a) Zona Geotécnica 1
Para as cinco secções classificadas, WICKHAM
considera necessário que o suporte a utilizar seja Médio
a Pesado, enquanto que BIENIAWSKI considera que em dois ca
sos deverá ser Muito Pesado e em três casos Pesado.Por sua
vez ROCHA considera que o suporte deverá ser Muito Pesado
nos cinco casos.
100
80
40
20
189
20 40 60 80 100 RMR
FIG. 7.2 - Comparação dos valores de RMR com RSR e MR
para os 15 casos estudados
190
b) Zona Geotécnica 2
Para esta zona WICKHAM considera que nos cin
co casos o suporte deverá ser Médio, BIENIAWSKI recomenda
em três situações suporte Médio a Pesado, em uma um supo~
te Médio e noutra um suporte Pesado, ROCHA considera que
em quatro secções o suporte recomendado é Pesado e numa
Médio a Pesado.
c) Zona Geotécnica 3
WICKHAM recomenda para as secções estudadas,
suporte Médio a Ligeiro em um dos casos e suporte Ligeiro
em quatro casos. Por sua vez BIENIAWSKI recomenda em qua
tro casos suporte Médio a Ligeiro e em um dos casos supo~
te Ligeiro. ROCHA considera que em dois casos o suporte
deverá ser Pesado a Médio, em dois casos deverá ser Médio
e no caso restante Médio a Ligeiro.
Essa análise levou à elaboração da FIG. 7.3
que justifica os seguintes comentários:
- As divisões propostas pelos diferentes autores
para as diferentes classes de maciços e os respe~
tivos suportes, leva a que as considerações qua~
to ao caracter conservativo relativa das classi
ficações sejam ligeiramente diferentes para as
três classificações e para as secções estudadas,
MUITO00+++++
PESADO
PESADO 000 ++++0
~ xxxxx 000+ ++E-4~O MEDIOo.. XXXXXo ++::Jrt.l
~Xoooo
Cl
rt.l LIGEIR xxxxo+Oo..HE-4
MUITO
LIGEIR
1 2 .3
ZONAS GEOT:E:CNICAS
FIG. 7.3 - Comparação dos suportes recomendados por
WICKHAM (x), BIENIAWSKI (o) e ROCHA (+)
para as secções estudadas
191
192
quer se considere os pesos ou os suportes.
Assim, para maciços de qualidade muito má a má,
os suportes propostos por ROCHA são os mais con
servativos, seguindo-se os de BIENIAWSKI que no
entanto em alguns casos são idênticos aos de RO
CHA. Os suportes propostos por WICKHAM são em to
dos os casos menos pesados.
Para maciços de qualidade média e boa os suportes
aconselhados pelos três autores aproximam-se ch~
gando a ser idênticos, no entanto os suportes
propostos por ROCHA são sempre mais conservativos
que os propostos por BIENIAWSKI que por sua vez
são mais conservativos que os propostos por WICK
HAM.
Para maciços de muito boa qualidade as classifi
cações ainda se deverão aproximar mais e como na
maior parte dos casos, nesses maciços não são ne
cessários suportes a comparação é irrelevante.
193
8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
Como balanço geral do que ~oi dito ao longo
do trabalho e de algumas das conclusões já apresentadas,
constata-se:
I - A grande importância da exist~ncia nas equipas
encarregadas do projecto de obras subterrâneas,
de especialistas em geologia de engenharia com
conhecimentos dos ~enomenos envolvidos.
2 - Que a elaboração de projectos de tuneis é tar~
~a di~ícil sendo isto bem patente pela multipl!
cidade de métodos de dimensionamento, o que r~
sulta essencialmente da de~iciente caracteriza
ção do maciço rochoso interessado.
J - A exist~ncia de grandes di~iculdades em obter
dados quantitativos relativamente a caracterí~
ticas geotécnicas dos maciços tais como o esta
do de tensão e a de~ormabilidade, para além
do ~acto de as técnicas de ensaio disponíveis
serem morosas e dispendiosas.
As limitações atrás enunciadas que originam
que, na maior parte das obras subterrâneas, com especial i~
cid~ncia nos tuneis, os valores para muitas das caracterís
ticas geotécnicas sejam estimados, e a classi~icação dos
maciços quanto à sua aptidão para tais obras, bem como o
dimensionamento dos suportes, sejam baseados em métodos em
piricos.
A diversidade de critérios dos diversos auto
res, o peso atribuido a cada uma das características con
sideradas, e ainda a subjectividade na estimativa dessas
características., leva a que se obtenham "diferentes" qua
lidades geotécnicas para os maciços, conforme o critério
com que estes são classificados.
No capítulo 7 procurou mostrar-se esse facto,
e apresentou-se uma tentativa de correlação entre três das
diferentes classificações mais utilizadas (WICKHAM, BIENIA
WSKI e ROCHA).
Para além de se ter verificado que de entre
aqueles três critérios de classificação uns são mais con
servativos que outros, a comparação da "qualidade" do ma
ciço calculada com base nesses critérios com a realidade,
feita através da observação directa do maciço, como ocor
reu no caso do Tunel do Castelo do Bode, mostra que os re
sultados das classificações são no geral mais conservati-
vos.
Este facto leva a admitir que os parâmetros
utilizados nas classificações já de si são conservativos,
o que poderá ser devido ao facto de serem baseados em obras
realizadas (casos históricos) e nestas, terem sido utili
zados suportes mais fortes que os necessários.
Uma outra explicação para o facto poderá ser
a má qualidade da amostragem do maciço (sondagens mal exe
195
cutadas, ensaios pouco representativos e observações de su
perfície extrapoladas para profundidade) que leva ao esta
belecimento de pesos conservativos.
Considera-se que o caminho a seguir dever'
ser o de classificar os maciços utilizando três ou quatro
critérios após o que se adoptará um resultado pela envol
vente das classificações.
Embora as técnicas da classificação geotécn!
ca de maciços apresentadas, e o método de dimensionamento
empirico de suportes, não seja ainda totalmente . aceite,
considera-se que é o meio mais adequado para a análise do
maciço, na fase de projecto, tendo em conta que na maior
parte dos casos, as disponibilidades de tempo e de verba
para a execução dos estudos são escassas.
Para além das desvantagens que estas classi
ficações possam apresentar, elas têm o mérito de serem ba
seadas em parâmetros geotécnicos de f'cil obtenção e per
mitirem ao projectista fazer um pré-dimensionamento de d!
ferentes secções do tunel, antes de se iniciar a escavação.
Cada vez mais se vem aceitando a filosofia de
considerar como suficiente, a nível de projecto de tuneis,
um pré-dimensionamento que permita estimar quais os tipos
de suportes a serem utilizados, quantificando-os, por fo~
ma a que o Empreiteiro se possa apetrechar com o equipame~
to e materiais adequados para a fase de obra e possibili
te ao Dono da Obra a comparação das diferentes propostas.
196
De notar, no entanto, que as classificações
pressupõem um zonamento geotécnico, que pela sua natureza
se refere a grandes volumes, podendo assim, dentro de ca
da zona, os parâmetros variarem rapidamente e numa escala
que não é, no geral, contemplada pelo estudo. Esta varia
ção das condições geo~ecânicas do maciço em pequenas dis
tâncias, vêm chamar à atenção para a necessidade de uma
continua observação do maciço durante a escavação, de mo
do a permitir ao projectista, uma igualmente continua adap
tação do projecto às condições reais encontradas.
197
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AGRADECIMENTO
Ao Dr. Ricardo Alberto Matos Oliveira orienta
dor desta dissertação, pelas criticas construtivas que mui
to contribuiram para o seu conteudo.
A Maria da Piedade Santos Fernandes que com a
sua paciência e atenção se encarregou da dactilografia.
A todos quantos com o seu apoio, e discussão
de alguns temas concorreram para a elaboração deste traba
lho.
Lisboa, Julho de 1985