UNIVERSIDADE PAULISTA - PAULA...capacidade de relacionamento interpessoal, desânimo e desinteresse...

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UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO PAULA DA GUARDA GONSALVES ANDRADE NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE AMBULANCIA DE SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MACEIÓ AL 2013

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UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

PAULA DA GUARDA GONSALVES ANDRADE

NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE AMBULANCIA DE

SERVIÇO DE EMERGÊNCIA

MACEIÓ – AL

2013

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PAULA DA GUARDA GONSALVES ANDRADE

NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE AMBULANCIA DE SERVIÇO DE

EMERGÊNCIA

Monografia apresentada a Universidade Paulista/UNIP como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de pós-graduação latu senso em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva

MACEIÓ – AL

2013

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PAULA DA GUARDA GONSALVES ANDRADE

NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE AMBULANCIA DE SERVIÇO DE

EMERGÊNCIA

Monografia apresentada a Universidade Paulista/UNIP como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de pós-graduação latu senso em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

_______________________________________________

PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA

ORIENTADOR:

_______________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

A minha família, minha avó, tios e primos;

A meu esposo, Julival Júnior;

A meu filho – anjo, Lucas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela grande oportunidade de lidar diariamente com a

Psicologia, observar, compreender e ajudar o outro com o pouco de sabedoria que

esta ciência promove.

Também gostaria de agradecer a meu marido pelo companheirismo, apoio e

torcida por cada vitória. E a meu pequeno Lucas que só me traz inspiração.

E a todos os professores da FACIMA pelos ensinamentos e disponibilidade

constantes.

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar o nível de estresse dos condutores de ambulância do SAMU em município do interior da Bahia. Participaram 12 condutores, sendo 11 homens e 1 mulher. Foi utilizado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp. Verificou-se que 33,3% dos participantes encontravam-se estressados, estando todos na fase de resistência e houve predominância de sintomas físicos (75%). A única mulher participante apresentou estresse,este dado é compatível com outras pesquisas que mostram que as mulheres são mais susceptíveis ao estresse que os homens.É possível que o estressedesses profissionais esteja associado ao fato de trabalharem junto ao público e em contato como sofrimento alheio. Sugerem-se estudos mais aprofundados com número maior de participantes e implantação de programas de controle do estressea fim de se obter melhoria na qualidade de vida. Palavras-chave: saúde; stress; condutores de ambulância.

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ABSTRACT

The objective of the study was to evaluate the stress of the SAMU ambulance drivers

in interior city of Bahia. Participants were 12 drivers, 11 men and 1 woman. The

Lipp’s Stress Symptoms Inventory for Adults was used. It was found that 33.3% of

participants were stressed, and they were all the strength and predominance of

physical symptoms (75%). The only female participant had stress, this finding is

consistent with other research showing that women are more susceptible to stress

than men. It is possible that the stress of these professionals is associated with the

fact of working with the public and in touch as others suffer. We suggest further

studies with larger number of participants and implementation of stress management

programs in order to achieve improvement in quality of life.

Keywords: health, stress, ambulance drivers.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixa Etária dos Condutores do SAMU. .................................................. 30

Tabela 2 – Sexo dos Condutores do SAMU .............................................................. 30

Tabela 3 – Escolaridade dos condutores do SAMU. ................................................. 30

Tabela 4 – Relação entre sexo e estresse ................................................................ 31

Tabela 5 – Relação entre idade e estresse ............................................................... 32

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sintomas físicos apresentados pelos condutores do SAMU com mais

frequência ................................................................................................... 33

Figura 2: Sintomas psicológicos apresentados pelos condutores do SAMU com

mais freqüência. ......................................................................................... 35

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13

2.1 O Estresse ......................................................................................................... 13

2.1.1 História e Definição ....................................................................................... 13

2.1.2 Fases do Estresse ......................................................................................... 15

2.2 Estresse Ocupacional ...................................................................................... 17

2.2.1 O Mundo do Trabalho ................................................................................... 17

2.2.2 Teorias do Estresse Ocupacional ................................................................ 20

2.2.3 Pesquisas sobre Estresse Ocupacional ...................................................... 21

2.3 O Condutor de Ambulância .............................................................................. 23

2.3.1 A Saúde do Motorista Profissional .............................................................. 26

3 MATERIAS E MÉTODOS ..................................................................................... 27

3.1 Ética ................................................................................................................... 27

3.2 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 27

3.3 Universo ............................................................................................................ 27

3.4 Sujeitos da Amostra ......................................................................................... 27

3.5 Instrumento de Coleta de Dados .................................................................... 28

3.6 Plano para Coleta dos Dados .......................................................................... 28

3.7 Plano para Análise dos Dados ........................................................................ 28

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 30

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 37

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38

ANEXOS ................................................................................................................... 42

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1 INTRODUÇÃO

O cotidiano submete o ser humano a diversas modificações em diversos

setores de sua vida. A reação a essas transformações exige que indivíduo disponha

de uma eficaz capacidade adaptativa. Esta resposta mobiliza energia física, mental e

social, porém pode ocorrer incoerência entre a capacidade de adaptação e a rapidez

das mudanças. Quando isto ocorre o indivíduo encontra-se em situação de

desordem e desequilíbrio, é neste momento que o estresse instala-se.

Dessa forma, o modo de vida atual é uma dos principais geradores de

adoecimento físico e mental, gerando elevados níveis de estresse. É importante

lembrar que esse mecanismo de resposta dos indivíduos, estresse, é corriqueiro e

constitutivo de todos, a sua manifestação excessiva que é um problema do mundo

moderno. O estresse em excesso afeta diretamente a qualidade de vida do ser

humano, alguns prejuízos são: problemas na interação social e familiar, falta de

motivação para as atividades cotidianas, doenças físicas, psicológicas e também no

trabalho (LIPP; MALAGRIS, 2001).

O indivíduo que apresenta quadro de estresse manifesta alguns sintomas

físicos como sudorese nas mãos e pés, taquicardia, falta de ar, cefaleia, dores

estomacais, falta de apetite. Também existem outros mais sutis que envolvem a

capacidade de relacionamento interpessoal, desânimo e desinteresse (LIPP;

MALAGRIS, 2001). Uma avaliação possível ocorre através do Inventário de

Sintomas de Stress para Adultos de Lipp. Este instrumento permite identificar se há

ou não um quadro de doença, além de determinar o tipo de sintoma presente,

somático ou psicológico, e em fase de estresse o indivíduo se encontra (LIPP,

2000).

Atualmente, pesquisas sobre estresse são desenvolvidas em diversos

contextos e associadas a diferentes variáveis. E entre esses estudos existem os que

buscam a relação entre estresse e ambiente de trabalho. Há indicativos que o

exercício de uma atividade profissional gerem tensões e conflitos no trabalhador,

são os estressores ocupacionais. (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001). Já foram

realizadas pesquisas no Brasil sobre o estresse ocupacional de profissões como:

policiais militares, executivos, psicólogos, bancários, médicos, motoristas de ônibus,

professores, jornalistas entre outros. Contudo, pouco se sabe do estresse em

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motoristas profissionais e consequentemente, sobre os motoristas de ambulâncias

de serviço de emergência.

O motorista de ambulância exerce sua atividade profissional no ambiente

público: o trânsito. Logo, não há um local físico definido e restrito, ele trabalha na rua

e está submisso as intempéries como as condições do tráfego e trajeto, o clima,

além de lidar diretamente com vítimas de acidente. Sabe-se que as condições de

trabalho interveem na saúde física e psíquica do motorista, as situações no trânsito

podem gerar irritabilidade, insônia e os distúrbios de atenção (BATTISTON, CRUZ,

HOFFMANN, 2006). Portanto, esta pesquisa investigou qual o nível de estresse dos

motoristas de ambulância de serviço de emergência médica, SAMU. Os condutores

foram submetidos a aplicação do Inventário de Sintomas de Stress de adultos e os

resultados analisados qualitativamente e demonstrado em tabelas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O Estresse

2.1.1 História e Definição

A palavra estresse tem origem latina, origina do verbo “stringo” que significa

comprimir, restringir, reduzir, diminuir, espreitar apertar, cerrar. E o termo começou a

ser utilizado já no século XVII, na Inglaterra, e significava aflição, adversidade,

angústia, opressão e injustiça. Posteriormente, no século XVIII, um fisiologista

francês, Claude Bernard utilizou para referir as reações que produziam um

esgotamento nos mecanismos de homeostase orgânica. Em 1914, Walter Cannon

elaborou a “teoria de luta ou fuga”, segundo esta proposição em momentos de

emergência o individuo se prepara para reagir ao que surgir, isto é, lutar ou fugir. Os

experimentos foram realizados com humanos e animais (MALACH, LEITE, 1999).

A expressão estresse foi utilizada pela primeira vez na área da saúde por

Selye, médico endocrinologista, em 1956. Ele observou que muitas pessoas com

doenças físicas diversas reclamavam dos mesmos sintomas, então desenvolveu

pesquisas para investigar estes sintomas e descreveu o estresse como uma

resposta inespecífica do corpo e o efeito pode ser mental ou somática. A partir daí

usou a palavra estresse para citar a Síndrome Geral de Adaptação (SGA) que seria

decorrente de um fato (presença de dor, fome, ameaça física ou a interpretação que

a pessoa dá ao evento) que obriga o sujeito a adaptar-se a nova situação. Mas nem

sempre este ajustamento ocorre, então há o que se conhece como estresse. Este

agente promove o desequilíbrio da homeostase interna e altera a capacidade de um

organismo manter a sua constância (SELYE, 1958 apud SANTOS; CARDOSO,

2010). Sabe-se que ocorre homeostase quando um organismo consegue manter os

sistemas em equilíbrio dinâmico entre suas partes e também consegue o

autocontrole ou auto- regulação.

E segundo Lipp e Malagris o estresse, sob uma abordagem cognitivo-

comportamental, pode ser definido como:

Uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos,causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorremquando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a

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irrite, amedronte, excite ouconfunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz (2001, p.477).

De acordo com este ponto de vista, existe um nível de estresse que é

excessivo ou insuficiente, o distresse e um que é necessário para o bom

desempenho da pessoa, eustresse. Então o distresse e o eustresse surgem a partir

das características reais dos estímulos e a interpretação que o sujeito dá aos

mesmos. Estão envolvidos neste processo o sistema metabólico, o sensorial, além

dos componentes de aprendizagem, os mecanismos cerebrais interpretativos, o

repertório de condicionamento de respostas que o sujeito acumulou durante a vida.

Outra definição de estresse foi proposta por Molina (1996) que diz que o

estresse envolve qualquer situação de tensão aguda ou recorrente que ocasione

uma mudança no comportamento físico, estado emocional, com isto ocorre uma

resposta de adaptação psicofisiológicas que pode ser positiva ou negativa para o

sujeito. Sendo assim, tanto aspectos comportamentais e fisiológicos são afetados.

Há também uma definição para o estresse baseado no modelo

biopsicossocial, que afirma que: "uma relação particular entre uma pessoa, seu

ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa

como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou

recursos e que põe em perigo o seu bem-estar" (RODRIGUES,1997, p.24). Neste

modelo, os estressores tem origem interna (sentimentos, emoções, pensamentos) e

externa (ambiente social, trabalho). Para este autor o adoecimento ocorre de acordo

como o individuo avalia e enfrenta o estímulo, assim como depende também de sua

vulnerabilidade orgânica.

Neste processo de avaliação dos estímulos estressores, há uma parte da

atividade mental que é racional e outra que é emocional. Então o tipo de

enfrentamento depende do repertório de experiências, suas crenças, valores. Além

destes elementos, há os componentes situacionais que são: se o estímulo é

novidade, previsível, sua intensidade. O autor também ressalta que uma certa

quantidade de estresse traz benefício ao indivíduo, deixa-o mais produtivo e criativo.

Outra abordagem baseada na psicanálise, a Escola de Psicossomática de

Paris (EPP) dará destaque ao aspecto subjetivo do adoecer. Segundo esta teoria

cada sujeito apresenta uma diferença fundamental que faz com que alguns sejam

mais propensos a adoecer que outros, mesmo tendo as mesmas condições de vida

ou história familiar. Desse modo, há sujeitos que apresentam maior resistência as

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somatizações porque possuem uma estrutura psíquica melhor aparelhada para

enfrentar os estressores, porém não existe humano imune as doenças. A diferença

principal entre esta abordagem e as demais é a não dicotomia do humano em ser

psicológico e ser biológico, considera a dinâmica do sujeito (FIGUEIRAS,

HIPPERT,1999).

O estresse também está inserido na Classificação Internacional das Doenças

(CID -10), que o classifica na categoria F-43, que é reações ao stress e transtornos

de adaptação.

Observa-se que as várias definições de estresse são coerentes sobre o seu

conceito, já que todas as explicações convergem para a necessidade do sujeito se

adaptar a situações de tensão e sobre o processo que envolve alterações tanto

físicas quanto psicológicas.

As reações ao estresse podem ser manifestadas em nível físico e/ ou

psicológicos. As manifestações físicas são: náuseas, hipertensão arterial, aumento

da sudorese, tensão muscular, bruxismo e hiperacidez estomacal. Já as

manifestações psicológicas são: angústia, ansiedade, dificuldade de concentração,

preocupação e hipersensibilidade excessiva. (LIPP, 1984).

2.1.2 Fases do Estresse

O processo de estresse foi dividido em três fases: fase de alerta, fase de

resistência e fase de exaustão. A fase de alerta se refere ao momento em que o

indivíduo é exposto a uma situação que gera tensão, seu corpo se prepara para uma

reação. Há alterações físicas e ele se prepara para lutar ou fugir, ou seja, é uma

reação de alerta que prepara o indivíduo para mudança, há ativação de mecanismos

homeostáticos. É o momento em que o indivíduo se depara com a fonte estressora e

o enfrentamento provoca um desequilíbrio interno a as sensações mais comuns são:

sudorese excessiva, taquicardia, hipertensão, tensão muscular e respiração

ofegante. Se não há eliminação do agente estressor, o organismo passa ao estágio

de resistência (SILVA, MARTINEZ, 2005).

A segunda fase, segundo Silva e Martinez (2005), refere-se ao processo de

tentar restabelecer o equilíbrio interno através de uma ação reparadora e há gasto

de energia nesta adaptação. Se há sucesso neste processo, os sinais bioquímicos

desaparecem e o sujeito nota melhora, porém é comum nesta fase a sensação de

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desgaste generalizado e o indivíduo não consegue identificar a causa. Os sintomas

são problemas de memória, cansaço fácil e dúvidas sobre si mesmo.

Já a terceira fase é assinalada pela exaustão física e psicológica, a adaptação

não é eficaz, o equilíbrio não é readquirido e as doenças surgem neste momento por

haver grande comprometimento físico, em alguns casos até a morte pode ocorrer.

(SANTOS; CARDOSO, 2010). As doenças psicológicas mais comuns nesta etapa

são: depressão, ansiedade aguda, vontade de fugir, incapacidade de tomar

decisões. Também existe a presença de doenças físicas como: úlcera gástrica,

doenças dermatológicas (vitiligo e psoríase), hipertensão arterial e diabete. É

importante ressaltar que o estresse não é o elemento patogênico das doenças, na

verdade ele promove um enfraquecimento psíquico e somático e com isto as

doenças que já estavam programadas geneticamente se manifestam devido ao

estado de exaustão (LIPP, MALAGRIS, 2001).

Posteriormente, Lipp (2000) acrescentou uma fase, a de quase exaustão, que

está entre a fase de resistência e exaustão. Nesta nova fase, há uma atenuação do

sujeito que não consegue se adaptar nem resistir ao estressor, então fica vulnerável

a doenças. Nesta fase a produtividade é comprometida, há dificuldade para executar

suas atividades laborais e concentrar-se. Algumas doenças típicas desta fase são:

picos de hipertensão, herpes simples e diabetes.

Segundo Lipp e Malagris (2001) a origem do estresse pode ser interna e

externa. As fontes internas referem-se a tudo que faz parte de mundo interno, seus

valores, crenças, padrões de comportamento, características pessoais, sua

ansiedade e vulnerabilidade. Já os estímulos externos são os acontecimentos na

vida de cada um, fatos que fogem ao controle do indivíduo como: desemprego,

dificuldade financeira, doença, morte, conflitos, acidentes, problemas de

relacionamento familiar ou social. A junção dos estímulos internos e externos

associados às estratégias de defesa de cada sujeito originará o estresse excessivo

ou não.

O estresse excessivo é determinado principalmente pela interpretação

inadequada que os indivíduos dão aos eventos. Porém, existem alguns

acontecimentos que são intrinsecamente estressantes, como frio, calor, fome e dor

(STRAUB, 2005).

É importante ressaltar que a ocorrência do estressedepende de quanto o

indivíduo foi afetado. Um pouco de estressedesencadeia um movimento do

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organismo para ação, de modo que haja energia para lidar com as situações, neste

caso é positivo e benéfico ao indivíduo. Contudo, quando o estresseatua por um

longo período de tempo, ou é muito intenso, o organismo tem que despender muita

energia, provocando um desequilíbrio, podendo assim se tornar vulnerável às

doenças.

2.2 Estresse Ocupacional

2.2.1 O Mundo do Trabalho

Ao longo dos anos o processo de trabalho passou por sucessivas mudanças.

No início havia só a economia de subsistência onde o homem produzia somente o

que era necessário para o seu próprio consumo. Em seguida, começaram os

trabalhos artesanais que eram produzidos manualmente e vendidos em uma escala

menor, até chegar ao mercado capitalista que vivemos em nossos tempos atuais.

Outro fato a ser considerado foi a desenvolvimento das cidades, milhares de

pessoas abandonaram a vida do campo, e migram para as cidades em busca de

melhores condições de vida através de sua entrada no mercado de trabalho

(ROCHA, 2005).

No início do século passado, momento de produção industrial intensa, Henry

Ford irá propor a aplicação de uma teoria voltada para a eficiência e controle da

produção do trabalhador. Este momento é marcado pela produção de carros em

grande escala e pelo consumo desenfreado. Este modelo organizacional irá perdurar

até a década de 70, quando o mercado de trabalho apresentar mudanças com o

aumento da competição, queda nos lucros da empresa, mão-de-obra excedente

gerando desemprego, principalmente devido à implantação de novas tecnologias no

setor industrial, ou seja, a substituição do homem pela máquina. As mudanças, a

partir daí, irão aparecer não só na área econômica e social, mas também irão refletir

na saúde do trabalhador (ROCHA, 2005).

O trabalho tem papel central na vida da maior parte dos indivíduos. É no

trabalho que se passa boa parte da vida, onde se cria a identidade, são construídas

as relações interpessoais, as situações mais diversas são vivenciadas, mas também

é no trabalho que se adoece.

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O modelo capitalista organiza o sistema de produção de maneira a reduzir a

iniciativa do trabalhador, no que se refere ao seu processo de trabalho, organização

e em algumas situações o próprio ambiente de trabalho. Neste modelo não há

processo criativo por parte do trabalhador, tudo já está pronto e ele deverá se

encaixar. Baseado nesse padrão houve o desenvolvimento do conceito de

penosidade que pode ser conferido abaixo:

irá propor o conceito de penosidade relacionado a falta de controle no processo de trabalho levando o trabalhador ao sofrimento, não sendo permitido questionar as alterações feitas no processo de trabalho. (Leny Satto 1994, p. 169).

Para que o trabalhador tenha um controle sobre suas condições de saúde é

necessário que suas necessidades básicas sejam atendidas. Tanto no trabalho,

quanto em função do que este mesmo trabalho pode oferecer a sua vida privada.

Assim, o trabalho deve proporcionar uma alimentação saudável, moradia adequada,

meios de transportes, saúde e educação eficientes, direitos básicos à condição

humana (FREITAS, 1994).

A saúde do trabalhador fica comprometida, quando este começa a exercer um

papel de multifuncionalidade dentro da empresa ou quando este trabalhador não

consegue identificar sua função gerando a fadiga e o desgaste profissional. Estes

sintomas alienam o trabalhador do processo produtivo o que pode ocasionar danos

psicológicos (ROCHA, 2005).

A partir dessa nova configuração das organizações capitalistas, o trabalhador

teve que lidar com as diversas doenças provocadas pela exigencia de adaptação ao

modelo de trabalho. Este ambiente é uma situação anormal a qual o sujeito emprega

muito esforço para se habituar, é nesta situação que a(s) doença(s) se instalam

(SIVIERI, 1994).

Essas exigências afetam o ritmo físico, psíquico e psicológico do indivíduo

provocando as doenças de trabalho, pois são cobrados demasiadamente, sempre

no intuito de superar a capacidade de adaptação profissional.

Freitas et all (1994) observaram que atualmente o mercado de trabalho sofre

mudanças radicais, reduzindo o emprego regular em favor do trabalho temporário ou

terceirizado. Assim, atualmente as relações de trabalho incluem: empregados, em

tempos parciais, empregados casuais, pessoal com contrato por tempo determinado,

temporários, etc.

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Diante da situação atual, os trabalhadores são submetidos a situações que

levam ao adoecimento e morte decorre de patologias cardiovasculares, além das

doenças crônico-degenerativas como as osteomusculares e, mais recentemente

houve registros de morte súbita por excesso de trabalho (SOUSA, 2005). Afora as

doenças físicas, foram identificados os sintomas psíquicos como a síndrome da

fadiga crônica, burnout e outros disturbios inespecíficos e pouco conhecidos

(FRANCO, 2003).

A relação entre a saúde e o trabalho tem sido objeto de estudo de vários

autores que relatam sobre a modificação que houve no processo de trabalho na era

moderna. Segundo Dejours (1987) o trabalhador perdeu a visão de totalidade do seu

trabalho devido a organização científica do trabalho que tem seus instrumentos de

controle, disciplina e fragmentação das tarefas. Este modelo promove um estado de

alienação, pois o sentido sensível do trabalho é perdido e o trabalho se torna

penoso, o retorno financeiro não é suficiente.

Segundo pesquisas recentes (Robbins, 1993, apud Doublet, 1998), o estresse

está relacionado às queixas de aproximadamente dois terços das consultas médicas

realizadas nos Estados Unidos. Além disso, a ele é atribuído um elevado índice de

absenteísmo e de licenças médicas nas organizações. No Brasil, dados do INSS

demonstram que os transtornos mentais ocupam o terceiro lugar entre as causas de

benefícios previdenciários de auxílio-doença, por incapacidade temporária ou

definitiva para o trabalho (BRASIL, 2002).

Já a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que as doenças

relacionadas ao trabalho são ocasionadas por diversos fatores como a saúde física,

fatores organizacionais, individuais e socioculturais. A interação entre esses

elementos, que podem ser denominados fatores psicossociais, referem-se às

interações entre ambiente de trabalho e as variáveis não físicas relativas ao

indivíduo como a personalidade, estilo de vida, apoio social, vulnerabilidade e

resistência ao estresse, são estas interações que contribuem para a situação da

saúde do trabalhador (VILLALOBOS, 1999). E segundo este autor o enfoque mais

comum para abordar as relações entre ambiente psicológico laboral e a saúde do

trabalhador tem sido através do conceito de estresse ocupacional.

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2.2.2 Teorias do Estresse Ocupacional

Observa-se que pesquisas têm sido desenvolvidas com o objetivo de

identificar os fatores que influenciam o estresse ocupacional, esta patologia está

associada à saúde do trabalhador e ao desempenho organizacional. Este fenômeno

pode ser definido quando os fatores do trabalho, os estressores organizacionais,

extrapolam a capacidade de enfrentamento do sujeito ou nas respostas fisiológicas,

psicológicas e comportamentais dos indivíduos (JONES, KINMAM, 2001).

Estas definições têm recebido bastantes críticas por serem reduzidas e

restritas a fatores isolados, em um sistema de estimulo e resposta. Portanto,

pesquisadores, como Beehr (1998), por exemplo, apontam que o estresse

ocupacional ocorre através de diversas variáveis interligadas, ou seja, os estímulos

do ambiente de trabalho, as respostas não saudáveis dos indivíduos e a relação

entre ambiente de trabalho e sujeito.

Existe a teoria cibernética cujo princípio básico é o feedback negativo, isto é,

o sujeito ao receber informações do ambiente as compara com os seus critérios de

referência, que leva em consideração sua percepção social e seus aspectos

pessoais. Se essa comparação mostra uma discrepância entre o ambiente e o

critério de referencia, ele tenta modificar o ambiente ou mudar seus critérios para

eliminar essa diferença (PASCHIAL, TAMAYO apud EDUARD, 2005).

Pode-se perceber que o estresse ocupacional, na teoria cibernética, pode ser

entendido como uma discrepância entre uma situação percebida pelo empregado e

uma situação desejada, desde que a presença da discrepância seja considerada

importante pelo empregado.

Outra teoria foi proposta por Lazarus (1995) que determina que o estresse

ocupacional seja instalado quando a auto avaliação de cada indivíduo indica que

não se tem recursos suficientes para o enfrentamento das demandas excessivas do

trabalho. Nesta teoria deve haver uma combinação de ambiente de trabalho com um

tipo de pessoa para a patologia laboral acontecer. Este pesquisador afirma que

algumas situações podem ser estressoras para um tipo de sujeito e não afetar

outros.

Já Edwards e Cooper estabeleceram a teoria de ajustamento pessoa –

ambiente, que estabelece que o estresse ocupacional seja produzido através da

discrepância entre o que o indivíduo deseja e percebe como sendo real.

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Observa-se que há muitas teorias sobre estresse ocupacional, em maioria,

conceituam que esta patologia é um processo e enfocam seu caráter relacional. Há

também um consenso em considerar as percepções do trabalhador como

mediadoras do impacto do ambiente de trabalho sobre as respostas do indivíduo.

Existe também a síndrome de burnout que se refere à reação emocional

crônica que o indivíduo manifesta quando tem contato direto e excessivo com outros

indivíduos. A situação torna-se mais grave quando estes sujeitos passam por

problemas ou estão preocupados com algo, em situações de trabalho que exigem

muita atenção e grande responsabilidade (FRANCO, 2003).

2.2.3 Pesquisas sobre Estresse Ocupacional

Considerando a importância do tema para a saúde, várias pesquisas foram

desenvolvidas com trabalhadores de áreas diferentes. Uma dessas pesquisas foi

realizada por Camelo e Angerami (2004) com profissionais da área de saúde

(médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, psicólogos). Este estudo foi

realizado com 37 trabalhadores e foi constatado que 23 (62%) apresentavam

estresse, sendo que 19 sujeitos estavam na fase de resistência e 4 na fase de quase

exaustão.

Também foi possível observar a prevalência de sintomas estressores na

área psicológica (48%), os sintomas físicos representaram 39% e 13%

apresentaram ambos sintomas. Esses dados sugerem que maior incidência de

sintomas psicológicos podem estar relacionados a percepção que estes profissionais

tem de sua situação de trabalho (o trabalho é realizado diretamente na comunidade

e os profissionais lidam com situações diversas)

Outra pesquisa realizada foi com profissionais da polícia federal. Verificou-se

que 61,6% da amostra não apresentaram sintomas de estresse e 38,4%

apresentaram os sintomas, ressaltando um nível mais elevado de estresse na fase

da resistência.

Também foram realizadas pesquisas utilizando o ISSL, entre elas está o

estudo de Moraes, Marques e Pereira (2000) realizado com 1.152 militares de minas

Gerais. Toda a amostra apresentava níveis de estresse e as mulheres tinham mais

manifestações físicas. Houve também avaliação de estresse ocupacional de

magistrados da justiça do trabalho e foi notado que as mulheres apresentaram níveis

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de estresse mais elevados que os homens e os estressores atribuídos foram

sobrecarga de trabalho e a interferência na vida familiar (LIPP, TANGANELLI, 2002).

Calais, Andrade e Lipp (2003) em uma pesquisa sobre escolaridade e estresse,

descobriram que as mulheres eram mais afetadas pelo estresse do que os homens

em todas as faixas etárias pesquisadas. pesquisou fontes de estresse em 107 juízes

e servidores públicos da cidade de Campinas, utilizando o ISSL. Os participantes

eram de ambos os sexos, com idade variando entre 30 e 50 anos, casados, com

filhos e a prevalência de nível superior. Foi observada a incidência de estresse

elevado em 72% dos participantes com uma frequência de estresse em 79% das

mulheres em comparação com o sexo masculino. A análise estatística entre os

gêneros mostrou que não houve diferença significativa na frequência das fases no

ISSL, mas constatou que na fase de quase-exaustão, as mulheres obtiveram um

percentual maior (30%), quando comparados com os homens (12%) (OLIVEIRA,

2004).

Outra pesquisa, o ISSL foi utilizado em militares, 3.193 oficiais com o objetivo

de diagnosticar qual fase do estresse, que sintomas prevalecem e a relação com o

cargo, sexo, escolaridade, idade, estado civil, tempo de serviço e faixa salarial. Foi

observado que 52,6% não apresentaram sintomas de estresse, enquanto 47,4%

apresentaram. Destes com estresse, 3,8% estavam na fase de quase exaustão,

39,8% na fase de resistência, 3,4% na fase de alerta e 0,4% na fase de exaustão.

Houve prevalência de sintomas psicológicos em 76% e 24% apresentaram sintomas

físicos. Dentre as variáveis que foram investigadas, foi visto que as mulheres

apresentam mais sintomas que os homens (COSTA, ACCIOLY, OLIVEIRA & MAIA,

2007).

Elpes, Lourenço e Baracho (2009) realizaram um estudo avaliativo do nível de

estresse e consumo de álcool em garis de Juiz de Fora – MG. Esta pesquisa

apontou presença de estresse em 52% da amostra, sendo que a maioria que

apresentou estresse estava na fase de resistência (75%). E houve a prevalência de

sintomas psicológicos, 66,7% e 33,3% com sintomas físicos. Os pesquisadores não

constataram relação entre estresse e consumo de álcool.

Um outro estudo que considerou que a idade e o gênero estão relacionados

com o estresse, pois foi visto que mulheres entre 18 e 45 anos apresentaram níveis

de estresse mais elevados que as mulheres mais velhas de 46 a 66 anos. Tal

resultado se deve as demandas sociais, como: esposa, mãe, profissional entre

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outras atividades (KENNEY, 2000). É importante ressaltar que os indivíduos mais

velhos ampliam seu repertório de enfrentamento de dificuldades e com isto

aumentam seu senso de auto-eficácia (OLIVEIRA & CUPERTINO, 2005). Outro

pesquisador que estudou a relação entre estresse e idade foi Goldstein (1995) que

afirmou que cada fase da vida há diferentes demandas, portanto a probabilidade de

um indivíduo se confrontar com alguns tipos de estressores variam de acordo com o

estágio em que se encontra.

Goulart Junior e Lipp (2008) utilizaram o ISSL para averiguar a presença

estresse, a sintomatologia e as fases apresentadas pelos professores de 1ª a 4ª

série do Ensino Fundamental atuantes em escolas públicas estaduais de uma

cidade do Interior de São Paulo. A pesquisa revelou que 56,6% dos professores

estão experimentando estresse, cujos principais sintomas presentes são: sensação

de desgaste físico constante, cansaço constante, tensão muscular, problemas com a

memória, irritabilidade excessiva, cansaço excessivo, angústia/ansiedade diária,

pensar constantemente em um só assunto e irritabilidade sem causa aparente.

Quanto aos motoristas profissionais, existem pesquisas que indicam

comprometimentos na saúde dessa categoria profissional, problemas como perda

auditiva, hipertensão, estresse, câncer, doenças do sono, refluxo, doenças

cardiovasculares, além do envolvimento em acidentes de transito (SILVA e

MENDES, 2005).

2.3 O Condutor de Ambulância

No ano de 2003, o Ministério da Saúde instituiu a política nacional de atenção

às urgências através da Portaria nº 1.863. Esta ação decorre dos elevados índices

de mortalidade causados tanto pelas doenças do aparelho circulatório, que ocupam

a primeira causa de morte no Brasil, quanto pelas mortes provocadas por traumas,

que são provenientes da violência, acidentes de trânsito dentre outros (BRASIL,

2003a). Outro fato considerado foi a insatisfação com o atendimento nas

emergências hospitalares, as filas e a superlotação. Há um acúmulo de doentes nos

serviços de emergência tanto no setor público como privado (O´DWYER et al., 2008)

O SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi criado para efetivar

a política de atenção às urgências e emergências através da Portaria nº 1.864. Foi o

primeiro componente da Política Nacional de Atenção ás Urgências a ser

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implantado. (BRASIL, 2003b). É caracterizado por um serviço de socorro pré-

hospitalar móvel, no qual o usuário solicita atendimento através de ligação telefônica

gratuita pelo 192. É constituído por uma Central de Regulação e uma equipe nas

ambulâncias. Na regulação a TARM (Telefonista Auxiliar de Regulação Médica)

atende ao telefone, faz a identificação e localização do paciente. Posteriormente é

passado ao médico regulador que registra o diagnóstico e decide o destino do

paciente. Orientam e decidem qual o tipo de ambulância que prestará atendimento.

A USB (Unidade de Suporte Básica) opera com um técnico de enfermagem e tem

recursos mais simples e a USA (Unidade de Suporte Avançado) tem como

profissionais um médico, um enfermeiro e recursos tecnológicos mais sofisticados.

Os RO (Rádio – operadores) são responsáveis pelo contato com as ambulâncias e

pelo acompanhamento do atendimento. E dentre os profissionais que compõe a

equipe do SAMU está o condutor/ socorrista de ambulância.

O condutor do SAMU pode dirigir veículos terrestres, aquáticos e aéreos.

Segundo o manual de atenção a emergência e urgência, o motorista de ambulância

é considerado um profissional de nível básico e ele deve estar habilitado a conduzir

veículos de urgência e capacitado para tal, ou seja, os condutores realizam um

curso chamado SBV – Suporte Básico de Vida. A função do condutor não é limitada

apenas pelo transporte de passageiro, mas ele também é socorrista. O condutor

auxilia a equipe de saúde nos gestos básicos de suporte a vítima: auxilia a equipe

nas imobilizações e transporte das vítimas, realiza medidas de reanimação

cardiorespiratória básica, identifica todos os tipos de materiais existentes no veículo

de socorro e sua utilidade, de modo que ajuda a equipe de saúde (BRASIL, 2006).

Segundo a Política Nacional de Emergência e Urgência é competência/

atribuição do motorista conduzir o veículo terrestre de atendimento de urgência,

conhecer integralmente o veículo e realizar a manutenção básica do mesmo,

estabelecer contato radiofônico com a central de regulação médica e seguir suas

orientações, conhecer a malha viária local, conhecer todos os estabelecimentos de

assistência à saúde (BRASIL, 2006).

Outros requisitos exigidos é ter mais de vinte e um anos, e, apresentar

disposição pessoal para a atividade, ter equilíbrio emocional e autocontrole,

disposição para cumprir ações orientadas, habilitação profissional como motorista de

veículos de transporte de pacientes de acordo com a legislação em vigor (Código

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Nacional de Trânsito), capacidade de trabalhar em equipe, realizar capacitação

periódica.

Nas unidades do SAMU existem três tipos de ambulância: ambulância de

transporte, ambulância de suporte básico (USB – Unidade de Suporte Básico) e

ambulância de suporte avançado (USA – Unidade de Saúde Avançada) que

funcionam como UTI – Unidade de Terapia Intensiva. A primeira é um veículo

destinado ao transporte em decúbito horizontal de pacientes que não apresentam

risco de vida, são usadas para remoções simples e de caráter eletivo. O segundo

tipo é um transporte inter – hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e ao

atendimento pré-hospitalar de pacientes com risco desconhecido, mas não

classificado com potencial de necessitar de intervenção médica local e/ ou durante o

transporte até o serviço de destino (neste tipo de condução há o condutor e o

técnico em enfermagem). O terceiro tipo é destinado ao atendimento e transporte de

paciente de alto risco em emergências pré-hospitalares e/ ou transporte inter –

hospitalar que necessitam de cuidados médicos intensivos. A tripulação desse tipo

de ambulância é composta por pelo menos três membros: um médico, um

enfermeiro e um condutor que é capacitado para ser socorrista. (BRASIL, 2006).

Esse modelo de serviço pré-hospitalar garante assistência a todas as pessoas

fora do ambiente hospitalar, atendendo a maioria das emergências e urgências,

sejam clínicas ou de origem traumática, nas 24 horas do dia. O SAMU é acionado

através do telefone 192 e a ligação é gratuita de qualquer telefone fixo ou celular. É

controlado por uma central de regulação constituída por técnicos de atendimento em

regulação médica (TARMs) e médicos reguladores que atendem as ligações e,

conforme a necessidade de cada caso, o regulador enviará ao local solicitado uma

ambulância de Suporte Básico ou de Suporte Avançado de Vida (SANCHES,

DUARTE, PONTES, 2009).

Os profissionais que trabalham na ambulância estão expostos às condições

do trânsito, assim como as situações desconhecidas de resgate. A imprevisibilidade

e os fatores do trânsito são elementos potencialmente estressantes. Apesar da

importância do serviço do SAMU, existem poucas pesquisas envolvendo condutores

de ambulâncias. Há pesquisas sobre os profissionais de saúde; os tipos de

ocorrência mais comuns; sobre o sistema organizacional do serviço. Porém, sabe-se

que as condições e o ambiente de trabalho influenciam na saúde dos motoristas.

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2.3.1 A Saúde do Motorista Profissional

Não foram encontradas informações sobre a saúde do condutor de

ambulância, mas há vasta literatura sobre os profissionais como motorista de

passageiros e de cargas.

Observa-se que o risco de adoecer entre os motoristas profissionais é

aumentado devido às condições de trabalho. As doenças mais comuns são as

cardiovasculares e músculo – esqueléticas (NERI SOARES; SOARES, 2005)

O excesso de atividade de trabalho na categoria dos motoristas também é

considerado risco para doenças como os distúrbios do sono, varizes, hérnia de disco

e hemorróidas, em função da intensa jornada de trabalho (Mello e col., 2000). Essa

diversidade de agravos da saúde dos motoristas profissionais tem um impacto

negativo na sua qualidade de vida, entendida como um conceito amplo que abrange

a complexidade de um construto social, cultural, subjetivo e multidimensional,

composto de elementos de avaliação tanto positivos quanto negativos. (RAMÍREZ,

2001).

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3 MATERIAS E MÉTODOS

3.1 Ética

Esta pesquisa segue as normas científicas e exigências éticas determinadas

pelo Conselho Nacional de Saúde, CNS nº 196/96 do decreto n° 93933 de 14 de

janeiro de 1987, que determina as diretrizes e normas regulamentadoras de

pesquisas envolvendo seres humanos. Foi assegurado o sigilo quanto a identidade

dos sujeitos, seguindo a Resolução 196/96 do CNS-MS.

A autorização do procedimento de coleta de dados foi realizado pelo contato

da autora com o chefe de condutores do SAMU. Neste encontro foi apresentado o

projeto de pesquisa, após este momento foi autorizado o início de coleta de dados

com os condutores. A totalidade de condutores recebeu positivamente o projeto e

autorizou o uso dos dados. Para tanto os participantes assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, explicitando os objetivos e procedimentos da

pesquisa e cuidados éticos para sua realização.

3.2 Tipo de Pesquisa

A pesquisa de configurou em estudo exploratório-descritivo em que os dados

obtidos foram analisados quantitativamente assim como qualitativamente.

3.3 Universo

A pesquisa foi realizada em uma cidade do interior da Bahia, na sede do

SAMU com os condutores de ambulância da instituição.

3.4 Sujeitos da Amostra

Os participantes foram doze condutores (11 homens e 1 mulher) de

ambulância do SAMU de uma cidade do interior da Bahia. Estes profissionais

apresentam vinculo de trabalho através do REDA. E todos concordaram em assinar

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

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3.5 Instrumento de Coleta de Dados

O instrumento utilizado foi o Inventário de Sintomas de Estresse para Adulto

de Lipp (ISSL) que foi validado no Brasil em 1994 por Lipp e Guevara e é utilizado

com frequência em pesquisas e trabalhos na área do estresse. Este instrumento

fornece uma medida objetiva da sintomatologia do estresse, se é

predominantemente física ou psicológica, bem como a especificação da fase em que

se encontra (alerta, resistência, quase exaustão e exaustão). Pode ser aplicado em

jovens acima de 15 anos e adultos. Sua aplicação ocorre em aproximadamente 10

minutos e pode ser realizada individualmente ou em grupos de até 20 pessoas. Não

é preciso ser alfabetizado, pois os itens podem ser lidos para a pessoa.

O instrumento é formado por três quadros referentes às fases do estresse. O

primeiro quadro tem quinze itens que se refere aos sintomas físicos e psicológicos

que a pessoa tenha experimentado nas últimas 24 horas. O segundo apresenta dez

sintomas físicos e cinco psicológicos vivenciados na última semana. E o terceiro é

composto de doze sintomas físicos e 11 psicológicos que se referem a sintomas

experimentados no último mês. Existem alguns sintomas do quadro 1 que voltam a

reaparecer no quadro 3, mas com intensidade diferente. Então, o ISSL contém 37

itens de natureza somática e 19 psicológicas, sendo que há alguns sintomas que

são repetidos, diferindo apenas na intensidade e gravidade.

3.6 Plano para Coleta dos Dados

A coleta de dados ocorreu no mês de dezembro de 2012. Os inventários

foram entregues, individualmente pela pesquisadora (psicóloga) a cada profissional

da amostra. Foram respondidos integralmente na presença da pesquisadora que os

recolhia imediatamente após o término. Ressalta-se que os participantes foram

informados da não obrigatoriedade de participação na pesquisa e assegurados

quanto ao sigilo e demais questões éticas.

3.7 Plano para Análise dos Dados

Os dados obtidos foram tabulados, registrados na forma de banco de dados

(Excel) e analisados de acordo com o objetivo da pesquisa. O objetivo geral desta

pesquisa foi identificar a presença do estresse, a sintomatologia e as fases do

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estresse apresentadas pelos condutores de ambulância de serviço de emergência,

SAMU.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo 66,7% (n=12) dos 18 condutores do SAMU de um

município do interior da Bahia. E desses todos responderam ao ISSL.

As tabelas 1 a 3 possibilitam identificar as faixas etárias, sexo e escolaridade

dos condutores participantes.

Tabela 1 – Faixa Etária dos Condutores do SAMU.

Faixa Etária Quantidade Percentagem

20 – 29 anos 1 8,33%

30 – 39 anos 4 33,33%

40 – 49 anos 6 50%

50 – 59 anos 1 8,33%

Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.

Tabela 2 – Sexo dos Condutores do SAMU

Gênero Quantidade Percentagem

Sexo Masculino 11 91,67%

Sexo Feminino 1 8,33%

Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.

Tabela 3 – Escolaridade dos condutores do SAMU.

Escolaridade Quantidade Percentagem

Ensino Médio 11 91,67%

Ensino Superior 1 8,33%

Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.

Através dos dados expostos acima, nota-se que os condutores do SAMU têm

idade entre 30 e 49 anos na sua maioria (83,33%), há um condutor na faixa dos 20 a

29 anos (8,33%) e outro na faixa de 50 a 59 anos (8,33%). Outro fator é a

escolaridade, todos têm o ensino médio, sendo que um deles concluiu o ensino

superior, mas não atua na área de formação. É importante ressaltar que todos têm

curso de socorrista. Outro fator que chama atenção é a presença de uma condutora

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(8,33%), não é comum encontrar mulheres neste tipo de profissão, pois para dirigir

ambulâncias é necessário ter habilitação da categoria D.

Ao analisar a presença de estresse e as características da população

pesquisada, tabela 4, identifica-se que a única mulher participante apresentou

estresse. Quanto aos demais condutores homens, nota-se que 27,23%

apresentaram estresse. Os participantes que apresentaram tal sintomatologia tinham

ensino médio completo. Este dado é compatível com outras pesquisas que mostram

que as mulheres são mais susceptíveis ao estresse que os homens.

Tabela 4 – Relação entre sexo e estresse

Gênero Tem Estresse

n %

Não tem estresse

n %

Sexo masculino 3 27,23% 8 72,77%

Sexo feminino 1 100% 0 0%

Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.

Percebem-se diferenças significativas entre os sexos quanto ao estresse,

porém essas particularidades precisam ser analisadas metodicamente uma vez que

para a prevenção dos efeitos negativos do estresse na vida do sujeito devem ser

analisados outros fatores como idade, escolaridade, trabalho, situação social. Esta é

uma área nova e ainda controvertida (CALAIS, ANDRADE, LIPP, 2003).

A indicação de que mulheres talvez experienciem mais stress do que os

homens vêm de várias fontes. Em uma dessas pesquisas Calais, Andrade e Lipp

(2003) avaliaram a manifestação de estresse em adultos jovens considerando a

escolaridade e o sexo. Neste estudo foi possível verificar que 79,3% das mulheres

possuíam sintomas significativos de estresse enquanto os participantes do sexo

masculino a percentagem com sintomas de estresse era 51,72%.

Já outros autores focam as diferenças de sexo do ponto de vista biológico,

estudam como essas diferenças favorecem o desenvolvimento de algumas

psicopatologias em homens e mulheres. Há estudos com estrogênio que são

neuroproteínas femininas que tem como função proteger os neurônios contra

disfunções de desenvolvimento, como a esquizofrenia, e disfunções degenerativas,

como a doença de Alzheimer. Mas também devem-se considerar que as flutuações

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cíclicas de estrogênio e progesterona aumentam as resposta de estresse (SEEMAN,

1997).

Há muitas razões para se acreditar que o desenvolvimento evolutivo comporte

uma neuroproteção especial, mas também uma sensibilidade ao stress mediante o

papel dos hormônios femininos (especialmente por sua ciclicidade), os quais

consequentemente conferem vantagens e desvantagens para as mulheres. Durante

os anos de juventude, as mulheres parecem estar comparativamente mais

protegidas de doenças psicóticas severas e mais vulneráveis que homens para

depressão e ansiedade (CALAIS, ANDRADE, LIPP, 2003).

Em relação a faixa etária, constata-se que há um número maior de

condutores com estresse entre aqueles que têm entre 30 e 39 anos, 75% quando

comparados com grupos de menor idade, 20 a 29 anos de idade (não teve

ocorrência de estresse) e maior idade, acima de 40 anos, 14, 28% dos condutores

apresentaram estresse (ver tabela 5). É pertinente notar que a porcentagem de

sintomas de estresse diminui nos grupos com o avanço da idade, o que para Oliveira

e Cupertino (2005) ocorre porque participantes mais velhos ampliam seu repertório

sobre enfrentamento de dificuldades e aumentam o senso de auto-eficácia.

Tabela 5 – Relação entre idade e estresse

Faixas etárias Tem estresse

n %

Não tem estresse

n %

20 a 29 anos 0 0% 1 100%

30 a 39 anos 3 75% 1 25%

40 a 49 anos 1 16,6% 5 83,34%

50 a 59 anos 0 1 100%

Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.

Dentre os 4 condutores pesquisados que apresentam estresse, todos

encontram-se na fase de resistência. Esta fase é conceituada por Selye (1956) como

aquela em que a pessoa utiliza suas reservas de energia para se reequilibrar, ou

seja, nela ocorre uma ação reparadora do organismo que tenta restabelecer o

equilíbrio interno. No nível fisiológico, muitas mudanças ocorrem principalmente em

termos do funcionamento das glândulas supra renais, ou seja, a medula diminui a

sua produção de adrenalina e seu córtex produz mais corticosteroide o que afeta o

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sistema imunológico e assim, aumenta a probabilidade da pessoa adoecer. Vale

ressaltar o significado da fase de resistência na saúde do indivíduo, pois a busca

pela homeostase pode torna-lo vulnerável a infecções e as doenças, tendo em vista

a hiperatividade córtico-suprarenal e dispêndio excessivo de energia (LIPP, 2005).

Os condutores avaliados tinham, portanto uma probabilidade de virem a

adoecer devido ao gasto de energia envolvido para lidarem com os estressores do

momento.

Em 25% dos profissionais predominam os sintomas psicológicos e os outros

75% estão mais vulneráveis a problemas relacionados aos sintomas físicos. A

Figuras 1 apresenta os principais sintomas físicos manifestados pelos motoristas

que se encontram na fase de resistência.

Figura 1: Sintomas físicos apresentados pelos condutores do SAMU com mais frequência

Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.

Em relação aos sintomas físicos que estão sendo manifestados destacam-se:

tensão muscular, sensação de desgaste físico constante, cansaço constante,

insônia, problemas de memória e ranger de dentes. Os três primeiros sintomas

indicam que, possivelmente, as atividades originadas da função estudada podem

caracterizar-se como atividades desgastantes no que se refere às exigências físicas

e resistência do organismo dos condutores.

Esses sintomas também são característicos da síndrome da fadiga que

segundo França e Rodrigues é definida como um “desgaste da energia física ou

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mental, que pode ser recuperada por meio de repouso, alimentação ou orientação

clínica específica” (p.41, 1999). Sabe-se que a fadiga pode trazer consequências a

vários sistemas do organismo, gerando múltiplas alterações de funções, que levam a

uma diminuição do desempenho no trabalho em graus variáveis, desde o

absenteísmo até uma série de distúrbios psicológicos, familiares e sociais.

Já o sintoma físico problemas de memória, que aparece em 75% da

população que tem estresse, cogita-se que pode trazer consideráveis problemas

para aqueles que o experimentam, uma vez que a memorização é intrínseca as

exigências da função de condutor. Sabe-se que o motorista da ambulância deve

conhecer endereços (ruas, praças...), além de conhecer as medicações e

equipamentos usados pela equipe de saúde.

Em relação à insônia que é manifestada por todos os participantes de

estresse, que demonstra que os trabalhadores não conseguem realizar suas

necessidades pessoais e/ ou profissionais e que, diante de situações estressantes, a

reação orgânica será sempre a de colocar em funcionamento todo um sistema que

permita preservar a autonomia do sujeito, preparando-o para luta ou fuga.

Sabe-se que a insônia é o transtorno de sono mais frequente na população

em geral, sendo reconhecida pela OMS como um problema de saúde pública, pois

causa impactos negativos a saúde física e mental, atividade social, capacidade para

o trabalho e qualidade de vida dos indivíduos (WALSH; USTURN, 1999).

Segundo Monti (2000), a insônia primária (que é aquela cuja origem não está

relacionada a outro transtorno mental, outra doença física ou dependência de

substancias psicoativas), pode ser induzida por situações de estresse tanto na vida

privada como na sua atividade laboral.

Em relação aos sintomas psicológicos, figura 2, vontade súbita de iniciar

novos projetos, pensar constantemente em um só assunto, dúvidas quanto a si

mesmo e irritabilidade excessiva, destacam-se como os sintomas psicológicos mais

presentes na população pesquisada que se encontra na fase de resistência.

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Figura 2: Sintomas psicológicos apresentados pelos condutores do SAMU com mais

freqüência.

Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.

Estes sintomas podem dificultar o acesso as habilidades cognitivas

necessárias aos condutores, pois eles assumem atividades que envolvem memória

e concentração de esforços voltados para uma situação de emergência. A sua

atividade pode se tornar uma fonte de estímulos estressores.

Outros sintomas citados foram: sensibilidade emotiva, vontade de fugir de

tudo, diminuição da libido, formigamento das extremidades e gastrite são sintomas

que também aparecem, embora em grau menor.

A incidência de sintomas na área psicológica sugere que a fase de estresse

apresentada pelos participantes pode estar relacionada à percepção da sua

situação, considerando-se que o trabalho direto com a comunidade é um estressor

de grande magnitude, pelos problemas e situações de risco que podem encontrar. O

motorista de ambulância do SAMU trabalha nas mais variadas situações.

Também se faz necessária a avaliação dos principais sintomas apresentados

pelos demais condutores que não apresentaram o diagnóstico de estresse (aqueles

que apresentam alguns sintomas, mas a quantidade não caracteriza a patologia).

Os dados e argumentos até expostos evidenciam que o suporte aos

trabalhadores da população estudada constitui uma alternativa relevante para

gerenciar o estresse presente, assim pode-se trazer benefícios tanto para a equipe

quanto para a comunidade assistida.

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As pessoas propensas a reagirem de forma intensa aos estímulos estressores

no ambiente de trabalho devem receber atenção especial, através de programas

sistemáticos de educação sobre os perigos, principalmente sobre os riscos a que

estão expostas em função de sua atividade e do desenvolvimento de programas

para a detecção de estresse. E diagnosticado o estresse, a instituição deve oferecer

ao seu funcionário acompanhamento médico e psicológico se necessário.

As autoras Lipp e Maligaris (2001) fizeram um estudo sobre os efeitos do

estresse na população e constataram que uma sociedade saudável e desenvolvida

requer pessoas habilitadas a lidar com as situações do dia-a-dia. Porém se o

estresse for excessivo no ambiente de trabalho, os condutores podem se tornar

frágeis e sem resistência para enfrentar os problemas laborais, assim como de sua

vida privada.

A avaliação do estresse na população torna-se relevante uma vez que os

programas de prevenção e tratamento podem se basear nessas informações para a

sua elaboração e planejamento. De acordo com essa informação, o presente estudo

colaborou com uma parcela de informações a respeito de estresse nos condutores

de ambulância de programa de assistência a emergência e urgência em saúde, além

de esclarecer e orientar os participantes quanto ao estresse e seus sintomas. No

entanto, recomenda-se que sejam elaborados programas específicos para essa

população que busca atendimento comunitário.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que o estresse excessivo interfere em diversas funções cognitivas

como a memória e raciocínio lógico, além da habilidade em tomar decisões (LIPP;

MALAGRIS, 2000), desse modo, torna-se de grande importância para a sociedade

que trabalhos de prevenção do estresse excessivo sejam realizados com condutores

de ambulância do SAMU, a fim de garantir que o atendimento ao usuário do serviço

não reflitam as complicações do estresse ocupacional.

Qualquer profissão que seja capaz de criar níveis de estresse em quem as

exerça exige uma atenção especial por parte dos profissionais de saúde a fim de

que o bem estar não só destes profissionais seja preservado, mas também para que

a sociedade seja protegida das consequências que o estresse excessivo pode

acarretar.

Há de se considerar a necessidade de uma avaliação profunda e identificação

de possíveis mudanças das demandas que se inserem no atendimento de

emergência e urgência, SAMU, a fim de que melhores condições de trabalho sejam

alcançadas por esta classe ocupacional.

Também deve ser levada em consideração a importância que a satisfação no

trabalho causa na autoestima de uma pessoa, pois um indivíduo com estresse

ocupacional poderá levar problemas para seu ambiente familiar e vice-versa. Logo,

as áreas afetiva, social, de saúde debilitam-se como que transmitidas pelo estresse

laboral, assim, há alteração na sua qualidade de vida.

O presente estudo torna-se relevante quando se verifica que há poucos

estudos sobre estresse e condutores de ambulância. A necessidade da comunidade

acadêmica acompanhar, monitorar e fornecer apoio a estes profissionais é visível.

Pode-se perceber que a realização deste tipo se ação pode colaborar para um

serviço de atendimento ao usuário de melhor qualidade.

No presente estudo, a incidência de estresse e os principais sintomas

expostos pelos participantes apresentaram-se como uma variável importante e

sistemática. Novos estudos devem investigar as fontes de estresse, seus efeitos no

ambiente e na produtividade de seu trabalho.

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ANEXOS

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