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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CAMPUS SÃO PAULO FERNANDA GONÇALVES MIELE AVALIAÇÃO DA SOBRECARGA E QUALIDADE DE VIDA DE MÃES DE CRIANÇAS COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO São Paulo 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CAMPUS SÃO PAULO

FERNANDA GONÇALVES MIELE

AVALIAÇÃO DA SOBRECARGA E QUALIDADE DE VIDA DE MÃES DE CRIANÇAS COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

São Paulo 2017

   

 

FERNANDA GONÇALVES MIELE

AVALIAÇÃO DA SOBRECARGA E QUALIDADE DE VIDA DE MÃES DE CRIANÇAS COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Presbiteriana Mackenzie – Campus São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Cibelle Albuquerque de la Higuera Amato.

São Paulo 2017

   

 

M631a Miele, Fernanda Gonçalves.

Avaliação da sobrecarga e qualidade de vida de mães de crianças com o Transtorno do Espectro do Autismo / Fernanda Gonçalves Miele ; orientadora Cibelle Albuquerque la Higueira Amato – São Paulo, 2017.

73 f. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2017.

Bibliografia: f. 37-44.

1. Transtorno do Espectro do Autismo. 2. Sobrecarga. 3. Qualidade de vida. I. Amato, Cibele Albuquerque la Higueira. II. Título.

CDD 616.8982

   

 

   

 

“Só há duas maneiras de viver a vida. Uma é pensar que nada é um milagre. A outra é pensar que tudo é um milagre.”

– Albert Einstein (1879-1955).

   

 

AGRADECIMENTOS

A Deus, manifesto minha gratidão pela dádiva da vida.

Agradeço à Universidade Presbiteriana Mackenzie a formação e a

oportunidade de recomeço.

Registro meus agradecimentos à Diretoria Acadêmica e ao corpo docente,

técnico e administrativo da Universidade Mackenzie – Campus São Paulo, envolvido

com o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da instituição e com o processo

da minha formação, no Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento realizado no

período 2015-2017.

Aos Membros da Comissão Julgadora da Banca Examinadora desta

dissertação de mestrado, estendo meus agradecimentos com relação à contribuição

ao meu aprimoramento científico, técnico e profissional.

À Prof.ª Dr.ª Cibelle Albuquerque de la Higuera Amato, docente orientadora

desta dissertação de mestrado, agradeço por abraçar o meu trabalho com carinho.

Aos professores Dr.ª Joyce Maria de Araújo e Dr. Paulo Roberto do

Nascimento, pelo incentivo e contribuições acadêmicas relevantes.

Apresento agradecimentos ao Centro Terapêutico Educacional – LUMI, por

ter acolhido o projeto com todo amor e carinho e pelo suporte apresentado à

realização da pesquisa de campo.

Às queridas mães, participantes deste estudo, expresso minha gratidão,

carinho e respeito por compartilharem comigo um pouco de suas vidas.

Meus agradecimentos à querida amiga, Prof.ª Carla Franzolin, pois recebeu

com amor a minha proposta de trabalho e iluminou o meu caminho, por meio do seu

amor ao projeto.

Ao meu pai, apresento meu reconhecimento pela educação recebida,

exemplo de vida e agradeço, principalmente, a ajuda e incentivo durante o

desenvolvimento desta dissertação de mestrado.

À minha mãe, meu reconhecimento pelas conversas, incentivo e ajuda com

as netas, a fim de que esta investigação pudesse ser concretizada.

Às minhas queridas filhas, expresso gratidão ao seu amor infinito, carinho e,

de modo especial, pelo entendimento e compreensão.

Ao meu querido irmão Rafael, agradeço por ter dedicado horas do seu tempo

em me ajudar e porque abrilhantou e incentivou o desenvolvimento desta pesquisa.

   

 

À minha querida vó Maria, meus agradecimentos, pois o seu exemplo de

amor e fé iluminou a minha vida.

Expresso gratidão ao meu companheiro George, por acreditar no meu

potencial e me incentivar sempre a ir além.

Aos meus irmãos, Juliana e Alexandre, agradeço a convivência e os ótimo

momentos juntos.

Aos colegas e às colegas deste Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento,

realizado no período 2015-2017 estendo meus agradecimentos com relação ao

convívio de aprendizado e ao apoio recebido no decorrer da realização do mestrado.

Aos meus queridos amigos e amigas, agradeço pelo amor.

   

 

RESUMO

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do

neurodesenvolvimento caracterizado por prejuízos na comunicação, interação social

e comportamento. Comportamentos atípicos, repetitivos e estereotipados podem ser

observados, embora não sejam preditores exclusivos de TEA. Famílias e cuidadores

de crianças com TEA apresentam elevado nível de estresse, se comparados às

famílias e cuidadores de crianças com o desenvolvimento típico. A exposição a essa

sobrecarga influencia a qualidade de vida familiar de familiares e cuidadores. Na

responsabilização pelos cuidados da criança com TEA, as mulheres, especialmente

as mães, são descritas como o principal cuidador familiar. Na presente investigação,

buscou-se qualificar e discutir variáveis que podem influenciar o nível de sobrecarga

e a qualidade de vida de mães de crianças com TEA. Desenvolveu-se um estudo

exploratório, com suporte de elementos da inferência estatística da abordagem

quantitativa de pesquisa científica. Foi realizada uma pesquisa de campo com mães

de crianças com TEA, por meio da aplicação dos instrumentos de Avaliação de

Qualidade de Vida (WHOQOL-bref) e Escala Burden Interview (sobrecarga). O

estudo de campo foi realizado em 2016 em um Centro Terapêutico Educacional

especializado no atendimento de crianças com TEA, no município de São Paulo,

com um grupo de 45 mães de crianças com TEA, do qual foram obtidas 20

participantes. Segundo indicaram os resultados da aplicação do instrumento

WHOQOL-bref, os participantes apresentaram uma qualidade de vida considerada

regular em todos os domínios estudados. A Escala de Burden Interview permitiu

evidenciar sobrecarga em 85% dos participantes. Quando comparado a Escala de

Burden Interview e o Questionário de Qualidade de Vida, para 50 % dos

participantes do estudo, não foi possível observar a relação existente entre os

instrumento estudados.

Palavras-chave: Transtorno do Espectro do Autismo, Sobrecarga, Qualidade de

vida.

   

 

ABSTRACT

Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder characterized by

impairment in communication, social interaction and behavior. Atypical, repetitive and

stereotyped behaviors can be observed, although they are not exclusive predictors of

ASD. Families and caregivers of children with ASD present a high level of stress,

compared to families and caregivers of children with typical development; Exposure

to this overload influences the quality of family life of family members and caregivers.

In accountability for the care of the child with ASD, women, especially mothers, are

described as the main family caregiver. In the present investigation, we sought to

qualify and discuss variables that may influence the level of overload and the quality

of life of mothers of children with ASD. An exploratory study was developed,

supported by elements of statistical inference from the quantitative approach of

scientific research. A field survey was conducted with mothers of children with ASD,

through the application of the Quality of Life Assessment (WHOQOL-bref) and

Burden Interview Scale instruments (overload). The field study was conducted in

2016 at a Therapeutic Educational Center specialized in the care of children with

ASD, in the city of São Paulo, with a group of 45 mothers of children with ASD, from

which 20 participants were obtained. According to the results of the application of the

WHOQOL-bref instrument, participants presented a quality of life considered regular

in all domains studied. The Burden Interview Scale allowed overloading in 85% of the

participants. When comparing the Burden Interview Scale and the Quality of Life

Questionnaire, it was not possible to observe the relationship between the studied

instruments and 50% of the study participants. Keywords: Autism Spectrum Disorder, Overload, Quality of life.

   

 

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação do número de filhos.

Tabela 2. Classificação do nível socioeconômico, de acordo com o número de

salários mínimo.

Tabela 3. Classificação do nível de escolaridade.

Tabela 4. Classificação da situação dos participantes da pesquisa no mercado de

trabalho.

Tabela 5. Pontuação e classificação de acordo com os critérios propostos pela

OMS.

Tabela 6. Questões, médias dos scores dos participantes por questão e frequência,

de acordo com a Escala de Burden Interview.

Tabela 7. Questões respondidas pelo grupo amostral com as maiores pontuações.

Tabela 8. Coeficiente de correlação entre as variáveis NF, NS, ES, SMT e S. Tabela 9. Pontuação individual dos participantes P4, P5 e P8 que não apresentaram

sobrecarga.

Tabela 10. Média dos 20 participantes nas questões 1 (Q1), 2 (Q2) e nos domínios

físico (FIS), psíquico (PSI), social (RS) e meio ambiente (MA).

Tabela 11. Coeficientes de correlação de Spearman entre os domínios do

WHOQOL-bref.

Tabela 12. Comparação entre fatores sociodemográficos e os domínios da Escala

de Qualidade de vida.

Tabela 13. Comparação entre a Escala de Burden Interview e o questionário de

Qualidade de vida.

   

 

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Domínios do Questionário de Qualidade de vida (WHOQOL – bref).

Quadro 2. Escala de pontuação para cada questão, segundo a Escala de Burden

Interview.

Quadro 3. Escala de pontuação e classificação presente na Escala de Burden

Interview.

Quadro 4. Perfil dos participantes da amostra.

   

 

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS AMA – Associação Amigos dos Autistas

CAPS – Centro de Atenção Psicossocial

CAPSi – Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil

CID – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados

à Saúde

CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

DSM – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

MA – Meio Ambiente

ONU – Organização das Nações Unidas

OMS – Organização Mundial da Saúde

PTS – Projeto Terapêutico Singular

TEA – Transtorno do Espectro do Autismo

WHO – World Health Organization

WHOQOL – World Health Organization Quality of Life

     

   

 

LISTA DE SÍMBOLOS BI – Escala de Burden Interview

ES – Escolaridade

FIS – Domínio Físico

MA – Meio Ambiente

NF – Número de Filhos

NS – Nível Socioeconômico

PIS – Domínio Psíquico

RS – Relações Sociais

S – Sobrecarga

SMT – Situação no Mercado de Trabalho

   

 

SUMÁRIO   1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA..........................................................................1 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA DO ESTUDO..........................................................1

1.2 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................4

2.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO .................................................4

2.2 QUALIDADE DE VIDA EM FAMILIARES E/OU MÃES DE CRIANÇAS COM

TEA..............................................................................................................................8

2.3 FAMILIARES E CUIDADORES: TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

...................................................................................................................................11

3. OBJETIVO.............................................................................................................14

3.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................14

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO.....................................................................................14

4. METODOLOGIA....................................................................................................15

4.1 QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO..........................................................15

4.2 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA.......................................................16

4.3 ESCALA DE BURDEN INTERVIEW....................................................................18

4.4 MODALIDADE DE ANÁLISE NA INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS........20

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................21

5.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO.........................................................................21

5.2 ESCALA DE BURDEN INTERVIEW....................................................................22

5.3 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA.......................................................27

5.4 COMPARAÇÃO ENTRE A ESCALA DE BURDEN INTERVIEW E O

QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA.............................................................31

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................34 7. REFERÊNCIAS......................................................................................................36 8. ANEXOS................................................................................................................44 ANEXO 1: CARTA DA APRESENTAÇÃO DE PESQUISA A INSTITUIÇÃO............44

ANEXO 2: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – SUJEITO

DE PESQUISA...........................................................................................................45

ANEXO 3: QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO..............................................47

ANEXO 4: QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA –

WHOQOL – bref – VERSÃO EM PORTUGUÊS........................................................49

   

 

ANEXO 5: ESCALA DE BURDEN INTERVIEW – BI – VERSÃO BRASILEIRA DA

ESCALA DE SOBRECARGA DO CUIDADOR..........................................................54

ANEXO 6: DOMÍNIOS E PERGUNTAS DO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE

QUALIDADE DE VIDA...............................................................................................55

ANEXO 7: COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – PARECER CONSUBSTANCIADO

DO CEP......................................................................................................................56

1  

 

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA DO ESTUDO

O Transtorno do Espectro do Autismo – TEA é um transtorno do

neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na interação social,

comunicação, comportamentos repetitivos e interesses restritos. Essas

características são comuns entre as pessoas com TEA porém não podem ser

considerado um fator exclusivo para a caracterização do transtorno.

A realização de um diagnóstico precoce é fundamental, pois, dessa forma,

serão ampliadas as possibilidades de desenvolvimento das habilidades sociais,

cognitivas, motoras e linguísticas dos indivíduos com TEA. O diagnóstico ocorre por

meio da observação de comportamentos atípicos e do histórico de desenvolvimento

da criança (BARBARO, 2009; DALEY, 2004; HOWLING, MAGEATI & CHARMAN,

2009; REICHOW, 2012).

Portanto, faz-se necessário que pais e familiares sejam orientados e

capacitados a identificar os sinais e sintomas apresentados pela criança

(COONROD & STONE, 2004).

Os manuais de Classificação Estatística Internacional de Doenças e de

Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana (Diagnostic and

Statistical Manual of Mental Disorders of American Psychiatric Association – DSM-V)

são indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como critérios

classificatórios para a identificação do TEA (OMS, 2017).

No Brasil, o sistema oficial de saúde adota os manuais CID-10 e o Manual da

Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) como

critério de classificação sintomatológica do Transtorno do Espectro do Autismo e de

demais patologias (BRASIL, 2014), com fundamentação técnica em referenciais

teóricos produzidos no âmbito da Organização Mundial de Saúde – OMS (World

Health Organization – WHO). (WHO, s/d; WHO, 2013; WHO, 2016). O referencial

teórico a respeito do transtorno, endossado pela OMS, proporciona embasamento

aos instrumentos do marco legal-normativo, instituídos pelo órgão federal de saúde

do país: leis, decretos, portarias, resoluções, normas técnicas e outros, emanados

2  

 

na instância do Ministério da Saúde e reproduzidos na esfera estadual e municipal

do sistema público de saúde.

O substrato teórico referendado pela OMS também fornece subsídios ao

arcabouço institucional, desenvolvido pelo órgão gestor de saúde e consubstanciado

na forma de programas, projetos, planos e outros, por meio dos quais são

estruturados serviços e ações de saúde, nas três esferas de governo: federal,

estadual e municipal, com vistas à abordagem do TEA como problema de saúde e à

redução de seus efeitos para os indivíduos, na sociedade brasileira.

Os cuidados demandados por uma criança com TEA e as mudanças

requeridas na rotina familiar, social e profissional podem ser percebidos, pelos

familiares, como um evento estressor. Essas demandas de cuidados apresentam

condições potenciais de acarretar uma sobrecarga física e mental e alterar a

percepção da qualidade de vida, por parte dessa família. (BOSA, 2001; FAVERO,

2005; MARTINS et al., 2003).

A família é considerada um agente importante no tratamento do paciente. O

apoio psicológico aos pais e cuidadores, bem como o desenvolvimento de técnicas

com o objetivo de obter uma melhor instrumentalização no tratamento diário da

criança com TEA são recursos técnicos e científicos imprescindíveis pois,

possibilitam a redução dos níveis de estresse decorrentes do processo de

demandas por cuidados, em caráter constante e sistemático (ZAIDMAN-ZAIT et al.,

2016).

As mulheres, em sua grande maioria, são as responsáveis pelos cuidados

familiares de crianças com TEA (THIENGO et al., 2015; SANTOS, 2010; CAMPOS e

SOARES, 2005). Dessa maneira, recomenda-se manter uma atenção diferenciada

quanto à realidade na qual essas mulheres estão inseridas, de forma a direcionar o

desenvolvimento de políticas públicas mais adequadas a esta realidade.

Programas educacionais propiciadores de conforto emocional, com foco no

manejo do estresse e das emoções, são essenciais ao bem-estar e saúde materno e

familiar. Grupos de orientação, em condição de oferecer o suporte imprescindível a

essas mães e familiares, são considerados um recurso altamente eficaz, pois a

disponibilidade de informações relacionadas ao TEA subsidia a promoção e

conscientização dos familiares a respeito da relevância em dispor de tal apoio.

Grupos de apoio à família representam uma intervenção com potencial de reduzir o

estresse, uma vez que favorecem a coesão e a integração dentro do grupo familiar

3  

 

(MOXOTÓ E MALAGRIS, 2015; SEMENSATO, SCHMIDT & BOSA, 2010; SÃO

PAULO, 2013).

Grupos, associações e outras organizações da sociedade civil, a exemplo, da

Associação Amigos do Autista (AMA), oferecem conhecimento e informações sobre

o transtorno, na forma de artigos científicos, cursos, palestras, debates e convívio,

no sentido de apoiar o fortalecimento institucional do indivíduo com Transtorno do

Espectro do Autismo, na instância social coletiva e participativa.

Neste estudo investigou-se o perfil socioeconômico, a sobrecarga e a

qualidade de vida de mães de crianças com TEA, por meio da aplicação de

questionário de condições socioeconômicas, do instrumento de Avaliação de

Qualidade de Vida da OMS (WHOQOL-bref) e da Escala Burden Interview (BI), o

que permitiu identificar as variáveis atuantes relativas à sobrecarga, fornecendo

subsídios à elaboração e ao desenvolvimento de políticas públicas.

1.2 JUSTIFICATIVA

A realização do presente estudo se justifica devido a identificação de um

número ainda reduzido de investigações científicas sobre a caracterização da

sobrecarga em mães cuidadoras de crianças com o Transtorno do Espectro do

Autismo – TEA. O volume de artigos a respeito da temática se reduz

substancialmente ao tratar de ocorrências pesquisadas no quadro sanitário

brasileiro.

4  

 

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio do

neurodesenvolvimento de origem multifatorial, caracterizado por apresentar

alterações qualitativas e quantitativas na comunicação, interação social e no

comportamento em diferentes graus de severidade (APA, 2013; SCHWARTZMAN,

2003, 2011; SÃO PAULO, 2013).

Segundo a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo (2013), sabe-se

que, dentre as possíveis causas do TEA estão os fatores biológicos como alterações

genéticas congênitas, idades materna e paterna e fatores ambientais, tais como a

exposição materna a agentes químicos, infecções maternas, entre outros (SÃO

PAULO, 2013; SCHWARTZMAN, 2011 ).

Comportamentos atípicos, repetitivos e estereotipados, obsessão por

determinados objetos em movimento, dissimetria na motricidade, desenvolvimento

da fala tardio, são alguns dos possíveis sintomas que podem ser observados nos

indivíduos com TEA. Porém, os sintomas devem ser analisados com cautela, pois a

sua existência não é exclusiva ao diagnóstico do TEA, fazendo-se necessária

portanto, uma avaliação profissional (REICHOW, 2012; BRASIL, 2014; SÃO PAULO,

2013).

A sensibilidade exagerada a determinados sons, dificuldades alimentares,

ecolalias (imediatas ou tardias), expressividade emocional limitada ou pouco

frequente, passividade ao contato corporal também são alguns dos sinais e sintomas

que indivíduos com TEA podem apresentar (SÃO PAULO, 2013; SCHWARTZMA,

2011).

Observa-se em alguns casos a existência de comorbidades relacionadas ao

TEA. Como exemplo, destaca-se a Deficiência Intelectual, caracterizada pela

presença de déficit na área social, cognitiva e adaptativa, que pode incluir alterações

comportamentais e estereotipias (CHAWARKA et. al 2007; BRASIL, 2014).

Encontra-se no TEA uma grande variabilidade, intensidade e forma de

expressão sintomatológica. A classificação dentro do espectro do TEA considera o

impacto do transtorno diante do grau de interação social e comunicação do paciente

(RUTTER, 2011).

5  

 

A identificação precoce dos sinais e sintomas apresentados no quadro do

TEA é fundamental pois melhores resultados poderão ser alcançados, promovendo

um melhor desenvolvimento cognitivo, social e da linguagem. Portanto, deve-se

aproveitar o período onde a plasticidade cerebral tem um importante destaque,

potencializando os efeitos positivos da intervenção realizada (LAMPREIA, 2007;

REICHOW, 2012; HOWLING, MAGEATI & CHARMAN, 2009; REICHOW, 2012).

Os sinais e sintomas podem ser observados por volta dos 12 aos 24 meses

de vida da criança, em que a mesma pode apresentar algum problema de

desenvolvimento. Desenvolvimento atípico da fala é um dos possíveis sintomas

presentes nessa fase, podendo apresentar-se tardiamente ou pouco desenvolvida.

Não é incomum alguns casos apresentarem regressões (CHAKRABART, 2009;

CHAWARKA et. al 2007; NOTERDAEME & HUTZELMEYER-NICKELES, 2010;

BRASIL, 2014).

De maneira geral, são os pais e familiares que identificam os primeiros sinais

e sintomas do transtorno. O diagnóstico é realizado por meio da observação de

comportamentos apresentados pelo indivíduo e pela descrição histórica do

desenvolvimento da criança, realizada pelos pais e cuidadores (anamnese)

(COONROD & STONE, 2004).

A identificação de desvios no desenvolvimento, a realização do diagnóstico

diferencial, a identificação de potencialidades e comprometimentos, são alguns dos

passos a serem observados durante uma avalição diagnóstica. Para tanto, se faz

necessário o estabelecimento de uma equipe interdisciplinar composta por

psiquiatras, neurologistas, pediatras, psicólogos e fonoaudiólogos, com o objetivo de

avaliar o quadro clínico e promover o tratamento adequado (BRASIL, 2014).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta a utilização dos manuais

CID-10 ou DSM-V como critério classificatório para o TEA e demais doenças e

enfermidades. (OMS, 2017).

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e de Problemas

Relacionados à Saúde, (CID-10), é a versão em português da International

Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems (décima revisão,

da Organização Mundial da Saúde). O manual é utilizado para auxiliar a

classificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde, incluindo a

análise de causas de óbito, auxiliando no registro e compilação de dados estatísticos

de mortalidade e morbidade populacional (OMS, 2017).

6  

 

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação

Psiquiátrica Americana (DSM) foi criado pela Associação Americana de Psiquiatria

(APA) a fim de orientar profissionais da área de saúde acerca de diagnósticos de

transtornos mentais, auxiliando na elaboração do quadro sintomatológico. Desde a

sua primeira publicação, o DSM passou por cinco revisões, a última realizada em

2013 (AMA, 2013; ARAUJO & NETO, 2014).

No Brasil, os sistemas de classificação adotados pelo Ministério da Saúde

para o diagnóstico de TEA são os manuais da CID e de Classificação Internacional

de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) (BRASIL, 2014). Segundo

Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, o DSM pode ser utilizado como uma

ferramenta alternativa para a classificação de doenças (SÃO PAULO, 2013).

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF),

elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma classificação

internacional desenvolvida para a aplicação em vários aspectos da área da saúde,

por meio da unificação e padronização de terminologias de forma a permitir uma

comunicação mais eficiente entre os profissionais da área da saúde (OMS, 2017).

Particularmente, a CIF proporciona ao profissional da saúde uma ampla visão

a respeito da funcionalidade do indivíduo, qualificando o desempenho e capacidade

do paciente, podendo ser uma ferramenta complementar a ser utilizada no

diagnóstico do TEA (BRASIL, 2014).

No Brasil, o CAPS foi criado com o objetivo de oferecer cuidados clínicos as

pessoas que sofrem com transtornos mentais severos e persistentes, oferecendo

cuidados clínicos e reabilitação psicossocial ao indivíduo e sua família (BRASIL,

2004).

Segundo MIRANDA e colaboradores, a função do CAPS é garantir ao

individuo acometido por algum tipo de doença mental o suporte necessário para a

sua integração social garantindo a sua singularidade e bem estar (MIRANDA, 2013).

O Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi) é responsável pelo

atendimento das crianças e jovens com transtornos mentais até os 21 anos de

idade. Preferencialmente, atendem pessoas com transtornos mentais severos ou

persistentes, transtornos relacionados ao abuso de álcool ou drogas e crianças e

adolescentes com transtornos mentais (BRASIL, 2004; 2011).

7  

 

Paralelamente a Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 2008, o

Dia Mundial da Conscientização do Autismo, decretando o mês de abril como o mês

do autismo no planeta (ONU, 2008).

Em 2009, o Estado Brasileiro promulgou a Convenção sobre os Direitos da

Pessoa com Deficiência por meio do decreto n˚ 6.949/2009, que resultou em um

redirecionamento na conduta e entendimento a respeito da pessoa com deficiência.

Esta convenção promoveu mudanças significativas que garantiu ao deficiente o

direito individual por meio da promoção da acessibilidade (BRASIL, 2009).

Nesse contexto, em consonância com a Convenção sobre os Direitos da

Pessoa com Deficiência, o governo brasileiro instituiu a Política Nacional de

Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (BRASIL,

2012b), em que os indivíduos com TEA foram considerados deficientes no âmbito

legal (BRASIL, 2014).

Outro importante exemplo na estruturação de políticas públicas envolvendo o

indivíduo com TEA foi a remodelação feita no Cartão de Vacinação, substituído pela

Caderneta de Saúde da Criança pelo Ministério da Saúde em 2005 (BRASIL, 2016).

Esta remodelação ocorreu por meio da contribuição de vários profissionais

da área da saúde, com o objetivo de agrupar dados importantes a respeito do

desenvolvimento da criança e reunindo importantes eventos relacionados a saúde

infantil. Foi destinada a todos os nascidos vivos em território brasileiro com o

objetivo de acompanhar e promover a saúde, visando uma diminuição da

mortalidade infantil (BRASIL, 2016).

Os benefícios concedidos pelo governo brasileiro são informados aos pais e

cuidadores visando a promoção e a proteção da criança, de forma a garantir à

criança o direito à vida, liberdade, segurança, dignidade e proteção (BRASIL, 1990).

Os benefícios como o Passe livre do transporte, Prestação Continuada da

Assistência Social (BPC) são alguns dos apontados pela Caderneta (BRASIL, 2016).

O Beneficio da Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social é

concedido a pessoas acima de 65 anos ou a cidadãos com deficiência física, mental,

intelectual ou sensorial de longo prazo que lhes impossibilite de participar de forma

igualitariamente da sociedade.

Esse direito é concedido apenas para pessoas com renda familiar menor que

um quarto do salário mínimo vigente na época (BRASIL, 2015). Portanto, é um

benefício assegurado por lei, pago pelo Governo Federal, destinado a pessoas com

8  

 

deficiência que apresentam tais características ou a pessoas com mais de 65 anos.

(SÃO PAULO, 2016).

Em 2013, o Estado de São Paulo desenvolveu um protocolo de orientação e

tratamento a indivíduos com TEA, elaborado de maneira conjunta com a Secretaria

de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e da Saúde, com o objetivo de

orientar e difundir conceitos atualizados sobre o TEA, ressaltando a importância do

diagnóstico precoce, e apontando as principais abordagens de atendimento

utilizados pelo profissionais da saúde (SÃO PAULO, 2013).

Neste manual, sugere-se o desenvolvimento de um Projeto Terapêutico

Singular (PTS) elaborado por uma equipe multiprofissional cujo desenvolvimento

individualizado pretende avaliar a necessidade individual objetivando uma melhora

na qualidade de vida, autonomia e inserção social da criança, adolescente e adulto

com TEA (SÃO PAULO, 2013).

O estabelecimento dos objetivos é fundamental para guiar a equipe

multidisciplinar ao longo do processo terapêutico bem como a realização de

avaliações periódicas para uma melhor adequação do indivíduo frente às novas

necessidades (SÃO PAULO, 2013).

Os pais e cuidadores são inseridos no programa de tratamento proposto, de

forma a torná-los agentes ativos no processo. O manual propõe orientações

frequentes com o objetivo de proporcionar novas situações de aprendizado e

possibilitar a replicação dos comportamentos aprendidos em outros contextos de

vida (SÃO PAULO, 2013).

2.2 QUALIDADE DE VIDA EM FAMILIARES, PAIS E/OU MÃES DE CRIANÇAS

COM TEA.

A severidade, frequência, bem como, o impacto e o comprometimento que as

doenças causam nas atividade diárias, percepção de saúde e medida funcional e

disfuncional da doença foram percebidos como fatores influenciadores no processo

de saúde e qualidade de vida (FLECK, 2000)

O olhar dos profissionais acerca dos aspectos da qualidade de vida, segundo

DINIZ E SCHOR (2005), sofreu influências de fatores como a longevidade e

mudanças epidemiológicas (DINIZ E SCHOR, 2005).

9  

 

Alguns autores consideram a existência de um “conceito universal” para

qualidade de vida que, independente da época, cultura ou nacionalidade, visa o

bem-estar psíquico, físico e social (BULLINGE; MACKENSEN, 2003).

Para MINAYO, HARTZ & BUSS o conceito de qualidade de vida é marcado

por uma relatividade cultural, pois seus inúmeros significados refletem experiências,

valores e conhecimentos dos indivíduos em variadas épocas, contextos históricos e

culturais. Dessa forma, a percepção de qualidade de vida varia de acordo com as

circunstâncias vividas pelo indivíduo (MINAYO, HARTZ & BUSS, 2000; PASCHOAL,

2002).

Os fatores socioeconômicos, sociodemográficos, sentimentais, relacionais e

condições de saúde, podem afetar a percepção do indivíduo frente a qualidade de

vida experimentada (CHEPP, 2006).

A avaliação da qualidade de vida deve considerar as condições de vida

individuais, as mudanças ocorridas ao longo do tempo, bem como a expectativa que

o indivíduo tem a respeito da mesma, comparando a vida passada com a que

futuramente deseja ter (NERI, 2004).

Em 1995, a OMS propôs um constructo teórico acerca da qualidade de vida

que pudesse abranger os aspectos físicos, psíquicos e sociais que compõem o

conceito de qualidade de vida (FLECK, 2000; OMS, 2017).

Assim, segundo a OMS, a qualidade de vida é a percepção que o indivíduo

tem de sua posição na vida, no contexto cultural e sistemas de valores nos quais ele

vive, em relação aos seus objetivos, preocupações, padrões e expectativas (OMS,

1996).

A partir dessa definição, a OMS incluiu um olhar multidimensional sobre o

indivíduo. A percepção da qualidade de vida percebida pelo indivíduo varia de

acordo com o contexto cultural, socioeconômico e psicológico, sendo portanto,

considerado único e individual (OMS, 1996).

Os estudos desenvolvidos pelo Grupo de Qualidade de Vida da OMS,

demostraram, por meio da elaboração do instrumento World Health Organization

Quality of Life-100 (WHOQOL-100), a possibilidade de desenvolver medidas

qualitativas e quantitativas acerca da qualidade de vida do indivíduo

(KLUTHCOVSKY e col. 2007).

Vários centros culturais distintos foram selecionados para a elaboração do

WHOQOL-100, de forma a incluir países com diferentes níveis de industrialização,

10  

 

disponibilidade de serviços de saúde, questões religiosas e familiares, dentre outros

aspectos (FLECK, 2000).

Devido ao seu caráter multicultural, o instrumento WHOQOL valoriza a

percepção individual da qualidade de vida em populações saudáveis ou mesmo em

populações acometidas por doenças crônicas (OMS, 1998).

O instrumento WHOQOL-100 é composto por cem questões, que indagam

acerca da percepção da qualidade de vida do indivíduo. As questões são divididas

em seis domínios, contemplando aspectos físicos, psicológicos, ambientais, nível de

independência, relações sociais e questões religiosas. Por ser um instrumento

considerado, em alguns casos, muito extenso para determinadas aplicações, a OMS

desenvolveu a versão WHOQOL-bref. Ambos instrumentos foram validados e

adaptados para o contexto brasileiro. (KLUTHCOVSKY e col. 2007).

A utilização de instrumentos adequados para a avaliação da percepção da

qualidade de vida do indivíduo auxilia o desenvolvimento de políticas públicas,

verificação da efetividade de tratamentos e avaliações clinicas (FLECK, 2000).

A presença de patologias e quadros clínicos crônicos ocasiona mudanças na

estrutura familiar devido aos novos desafios impostos. Estes acontecimentos, se

percebidos como eventos estressores, podem gerar na família, paciente e cuidador

maior sobrecarga física e mental, devido as necessidades apresentadas (FAVERO,

2005; MARTINS et al., 2003).

Segundo HOEFMAN, quanto maior a sobrecarga sentida pelos familiares

menor será a qualidade de vida experimentada por eles (HOEFMAN et. al., 2014).

Uma maior dedicação e renúncia de atividades pessoais e de trabalho por

parte do cuidador, conduzem a uma mudança de vida, podendo intervir na qualidade

de vida experimentada. A mudança estrutural familiar aponta para a necessidade de

um maior envolvimento do cuidador durante a sistemática de atendimento do

individuo. (LEE et al, 2008; BRASIL, 2014).

No contexto familiar, a mulher é vista como sendo a principal responsável por

todos os cuidados a serem prestados e pelo acompanhamento do tratamento da

criança com TEA. (THIENGO et. al., 2015; SANTOS, 2010; CAMPOS E SOARES,

2005).

Segundo OIEN, a dificuldade de comunicação e interesse restrito

apresentado pelas crianças com TEA são outros fatores que impactam na qualidade

de vida experimentada pelas mães (OIEN et. al., 2016).

11  

 

Outros fatores impactantes na percepção da qualidade de vida materna,

segundo DARDAS e colaboradores, são a renda familiar, a dificuldade

comportamental apresentada pela criança, e a angústia paterna frente aos

obstáculos a serem enfrentados pela criança. A aceitação dos pais também é outro

fator importante, sendo mediador entre o estresse e a qualidade de vida materna

(DARDAS, et. al., 2014, 2015).

A qualidade de vida dos membros familiares poderá sofrer influências de

acordo com a presença ou ausência de serviços de saúde prestados com qualidade,

uma rede de apoio competente, recursos econômicos que possam suprir as

necessidades destes membros, entre outros fatores (KOEGEL et al., 1996).

WISESSATHORN aponta o otimismo como sendo mediador entre a

severidade do quadro apresentado pela criança e a qualidade de vida percebida

pelos pais (WISESSATHORN et. al., 2013).

2.3 FAMILIARES E CUIDADORES: TRANSTORNO DO ESPECTRO DO

AUTISMO

O estudo desenvolvido por CADMAN e col. aponta para um elevado nível de

estresse apresentado pelas famílias e cuidadores de crianças com TEA se

comparados ao níveis de estresse de famílias de crianças com o desenvolvimento

típico, influenciando desta forma a qualidade de vida familiar (CADMAN et al., 2012).

É importante, portanto, investigar quais são os fatores responsáveis pelo

estresse da família e também, como a família e o cuidador direcionam ações para a

diminuição do estresse (JONES, BREMER, LLOYD, 2016).

A reestruturação familiar, bem como a expectativa de ter um filho saudável,

são alguns dos fatores colaborativos para o aumento do estresse familiar

(BRADFORD, 1997; CASTRO & PICCINNI, 2002; MOXOTÓ E MALAGRIS, 2015).

A demanda de cuidados que uma criança com TEA necessita e as mudanças

na rotina dos familiares tais como, hábitos, gastos financeiros, relações sociais e

profissionais, podem ser percebidas como um evento estressor para os membros da

família, cuidadores e pessoas mais próximas, podendo acarretar em uma

sobrecarga física e mental. (BOSA, 2001; FAVERO, 2005; MARTINS et al., 2003;

SANINI et al., 2010).

12  

 

Segundo KOEGEL e cols., famílias que possuem crianças com o Transtorno

do Espectro do Autismo apresentam um elevado nível de preocupação em relação

ao bem-estar de seus filhos, principalmente quando não puderem mais suprir suas

necessidades. (KOEGEL et al., 1996).

A gravidade sintomatológica da criança com TEA é um dos fatores que

podem influenciar na percepção da qualidade de vida do cuidador e dos membros

familiares (JONES, BREMER, LLOYD, 2016, KONSTANTAREAS, 1991).

Para FERNANDES e colaboradores, a existência de um número maior de

trabalhos voltados aos processos de intervenção familiar, auxiliaria em um melhor

entendimento e desenvolvimento de técnicas e políticas públicas na área

(FERNANDES, 2009).

Durante o processo de reestruturação e adaptação familiar são as mães que

apresentam níveis de estresse mais elevados se comparados aos pais,

independente do contexto cultural (BENDIXEN et al., 2011; BILGIN & KUCUK,

2010).

As dificuldades relacionais, expectativas maternas e o aumento dos cuidados

voltados a criança com TEA são alguns dos fatores que podem gerar um estresse

crônico. Portanto, observar a relação entre mãe e filho auxilia na identificação dos

possíveis fatores estressores experimentados por elas, possibilitando o

desenvolvimento de técnicas assertivas para o manejo e diminuição do estresse

(SANINI et al., 2010; MOXOTÓ E MALAGRIS, 2015).

Segundo POZO E SARRIÁ algumas das variáveis responsáveis pelo elevado

estresse materno são: problemas de comportamento das crianças, suporte social, o

senso de coerência como medida de percepção do problema e comportamentos não

funcionais (POZO et. al., 2016; ZAIDMAN-ZAIT et al., 2016).

O acumulo de funções e a responsabilidade pelo encaminhamento e

andamento do tratamento realizado pela criança com TEA, também são

considerados agentes estressores que atuam diretamente sobre estresse materno

(MOXOTÓ E MALAGRIS, 2015).

Segundo LOVELL, MOSS E WETHERELL o estresse é responsável pelo

desenvolvimento de doenças físicas e psicológicas nas mães de crianças com TEA.

Portanto, Programas educacionais que proporcionem conforto emocional focado no

manejo do estresse e das emoções são de grande valia para o bem estar e saúde

13  

 

materno bem como para o desenvolvimento e suporte dado a esse filho (LOVELL,

MOSS E WETHERELL, 2012; MOXOTÓ E MALAGRIS, 2015).

A forma com que a família aceita, lida e interpreta os possíveis fatores

estressores apresentados pelo meio irá refletir na forma como a mesma se adapta

as mudanças impostas aos membros familiares devido a presença de um indivíduo

com TEA no contexto familiar (ASSUMPCAO E SPROVIERI, 2001; MARQUES,

2010; YUNES, 2003).

Para KULOGLU-AKSAZ o esclarecimento dos pais acerca das possibilidades

e limites da criança com TEA pode auxiliar na diminuição do estresse, gerando uma

melhor aceitação e otimismo nas interações sociais e familiares (KULOGLU-AKSAZ,

1994).

Grupos de orientação são de grande valia no manejo do estresse, pois

instrumentalizam as mães para um melhor enfrentamento das situações estressoras

e promove um melhor entendimento e conhecimento acerca dos direitos da criança

com TEA (MOXOTÓ E MALAGRIS, 2015; SÃO PAULO, 2013).

Segundo ZAIDMAN-ZAIT e colaboradores, um suporte social adequado

possibilita um menor nível nos índices de estresse apresentado pelos membros

familiares, auxiliando, portanto, em uma melhor adaptação (ZAIDMAN-ZAIT et al.,

2016).

14  

 

3. OBJETIVOS DO ESTUDO

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo da presente investigação consistiu em investigar a sobrecarga e

qualidade de vida de mães cuidadoras de crianças com Transtorno do Espectro do

Autismo – TEA.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliar a qualidade de vida de mães cuidadoras de crianças com TEA.

• Avaliar a sobrecarga de mães cuidadoras de crianças com TEA.

• Identificar elementos estressores específicos da sobrecarga associada à

atividade de cuidar de uma criança com TEA.

15  

 

4. METODOLOGIA

Foi obtida a autorização da Comissão de Ética para Pesquisa na instituição

sede (protocolo número: 54276516.3.0000.0084, ANEXO 7), para a realização do

estudo em uma associação civil, localizada na Zona Sul da cidade de São Paulo,

responsável pelo atendimento terapêutico educacional a pessoas com TEA.

Durante a realização do estudo, a instituição prestava atendimento a 45

crianças com TEA. Foi encaminhada a todas as mães das 45 crianças, cujos filhos

estavam matriculados, uma carta explicativa da Instituição, contendo os objetivos

deste estudo, termo de anuência para a participação e orientações para a devolução

dos formulários a serem preenchidos no prazo de uma semana (ANEXO 1). Vinte

mães participaram da aplicação do instrumental.

Com o intuito de esclarecer possíveis dúvidas em relação ao objetivo da

pesquisa e aos instrumentos que seriam utilizados, como também de possíveis

implicações a respeito da participação no estudo, foi realizado um encontro

presencial com as 20 mães participantes. Foram feitos os esclarecimentos e, após a

concordância das mães, estas assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (ANEXO 2).

4.1 QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO

Desenvolveu-se um questionário sociodemográfico com o objetivo de

caracterizar as mães participantes quanto a renda familiar, faixa etária, número de

filhos, idade, estado civil, escolaridade, profissão, a existência ou ausência de outro

filho com comprometimento de saúde e a existência ou ausência de

acompanhamento psicológico (ANEXO 3).

Este questionário teve como objetivo estudar o perfil dos participantes da

pesquisa e investigar as possíveis variáveis que podem interferir na sobrecarga e na

percepção da qualidade de vida dessas mães.

Os critérios sociodemográficos adotados na elaboração do questionário

respondido pelas mães, foram: o número de filhos, nível socioeconômico,

escolaridade e situação no mercado de trabalho, apresentados nas Tabelas 1, 2, 3 e

4, respectivamente.

16  

 

Tabela 1. Classificação do número de filhos.

Número de Filhos - NF

1 1 2 2

Tabela 2. Classificação do nível socioeconômico, de acordo com o número de salários mínimos.

Nível Socioeconômico - NS

1 até 1 2 1 até 2 3 2 até 3 4 3 até 4 5 4 até 5 6 acima de 5

*salários mínimos

Tabela 3. Classificação do nível de escolaridade.

Escolaridade - ES 1 2 grau incompleto 2 2 grau completo 3 superior completo 4 pós-graduação

Tabela 4. Classificação da situação dos participantes da pesquisa no mercado de trabalho.

Situação no mercado de trabalho - SMT

Empregado/autônomo 1

Desempregado/Do lar 2

4.2 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA (WHOQOL – bref)

O Questionário de Qualidade de vida (Word Health Organization Quality of

Life – WHOQOL, sigla em inglês), desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde

(OMS), tem como objetivo elaborar uma definição unificada e transcultural dos

aspectos que compõem o conceito de qualidade de vida, bem como, o

desenvolvimento de um método para avaliá-la (BERLIM; FLECK, 2003). O

17  

 

Instrumento foi desenvolvido em duas versões: WHOQOL-100 (versão longa) e

WHOQOL-bref (versão abreviada).

O WHOQOL – 100 é constituído por seis domínios (físico, psicológico, nível

de dependência, relações sociais, meio ambiente e aspectos espirituais). Cada

domínio é composto por 24 facetas, totalizando 100 questões.

A necessidade de um instrumento mais breve que demandasse um menor

tempo de aplicação, mas com as mesmas características, fez com que a OMS

desenvolvesse a versão abreviada (WHOQOL – bref), que foi utilizada nesse estudo

(OMS, 1998).

O WHOQOL – bref contempla todas as áreas abordadas pelo instrumento

original. É constituído por 4 domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio

ambiente), totalizando 26 questões (ANEXO 4).

As duas primeiras questões abordadas pelo instrumento são perguntas a

respeito de aspectos gerais sobre a percepção da qualidade de vida. Para estas

perguntas, quanto maior for a pontuação apresentada pelo participante, melhor será

a qualidade de vida por ele sentida. O escore atribuído às respostas variam de 1 a 5

conforme a percepção do participante.

As demais perguntas representam as 24 facetas (perguntas) que compõem o

instrumento original, conforme detalhamento apresentado no Quadro 1. De acordo

com o critério de pontuação adotado pela OMS, os resultados numéricos de cada

pergunta são somados e agrupados conforme o domínio ao qual pertencem.

Posteriormente, o valor resultante de cada domínio é dividido pelo número de

perguntas que o compõem (OMS, 1998) (TABELA 5).

Tabela 5. Pontuação e classificação de acordo com os critérios propostos pela OMS.

Pontuação Classificação 1 a 2,9 Melhorar 3 a 3,9 Regular 4 a 4,9 Boa

5 Muito boa

A utilização do WHOQOL é bastante abrangente, pois permite desde a

realização de avaliação clinica de tratamento até a prevenção por meio da

realização do diagnóstico. Sua abrangência permite a associação deste instrumento

a outros instrumentos de coleta de dados, possibilitando relacionar possíveis fatores

18  

 

responsáveis pela alteração ou não dos índices de qualidade de vida apresentados

pelo grupo pesquisado (BERLIM; FLECK, 2003). Quadro 1. Domínios do Questionário de Qualidade de vida (WHOQOL – bref).

DESIGNAÇÃO DO DOMÍNIO PERGUNTAS

I. Domínio Físico

1. Dor e desconforto; 2. Energia e fadiga; 3. Sono e Repouso; 4. Mobilidade; 5. Atividades da vida cotidiana; 6. Dependência de medicação ou de tratamentos; 7. Capacidade de trabalho.

II. Domínio Psicológico

8. Sentimento positivos; 9. Pensar, aprender, memória e concentração; 10. Auto-estima; 11. Imagem corporal e aparência; 12. Sentimentos negativos; 13. Espiritualidade, religião e crenças pessoais.

III. Domínio Relações Sociais

14. Relações pessoais; 15. Suporte social 16. Atividade sexual.

IV. Domínio Meio Ambiente

17. Segurança física e proteção; 18. Lar; 19. Recursos financeiros; 20. Cuidado de saúde e sociais; 21. Oportunidade e habilidades; 22. Lazer; 23. Ambiente físico; 24. Transporte.

4.3 ESCALA DE BURDEN INTERVIEW

A Escala de Burden Interview (BI) foi desenvolvida nos Estados Unidos com o

objetivo de avaliar a percepção da sobrecarga sentida por parte de cuidadores de

pacientes com transtornos mentais.

19  

 

Composta por 22 perguntas (ANEXO 5) que indagam o sentimento e/ou

sensação que a pessoa tem ao cuidar da outra. Essas perguntas contemplam

questões referentes a área da saúde, vida social e individual, situação financeira,

estabilidade emocional e relações interpessoais.

As perguntas de número 1 ao 21, são organizadas de acordo com a

frequência da sensação e/ou sentimento experimentado por ele e classificados em

nunca, raramente, algumas vezes e frequentemente.

A questão número 22 aborda especificamente a questão da sobrecarga,

indagando ao cuidador, o quanto o mesmo sente-se sobrecarregado. Esta questão

avalia a intensidade de sobrecarga vivida pelo cuidador. Para esta questão, as

respostas apresentadas pelo participante variam entre: nem um pouco, um pouco,

moderadamente, muito ou extremamente.

Todas as respostas foram pontuadas em uma escala de 0 a 4, de acordo com

a intensidade da percepção da sua presença/ocorrência (0- nunca, 1- raramente, 2-

algumas vezes, 3- frequentemente, 4- sempre).

Apenas a questão 22 apresentou um método diferente de avaliação, de

acordo com a seguinte forma: 0- nem um pouco, 1- um pouco, 2-moderadamente, 3-

muito, 4- extremamente.

De acordo com os critérios propostos pela Escala de Burden Interview, o

escore apresentado pelo participante será proveniente da somatória da pontuação

obtida em cada uma das questões. A pontuação apresentada pelo participante será

classificada de acordo com os critérios de correção propostos pela escala (ausência

de sobrecarga, sobrecarga moderada, moderada a severa e severa) (Quadro 3).

Quadro 3. Escala de pontuação e classificação presente na Escala de Burden Interview.

ESCALA PONTUACAO TOTAL Ausente < 21

Moderada 21 ≤ S ≤ 40 Moderada a severa 41 ≤ S ≤ 60

Severa ≥ 61

20  

 

4.4 MODALIDADE DE ANÁLISE ADOTADA NA INTERPRETAÇÃO DOS

RESULTADOS

Os dados obtidos por meio da aplicação do questionário sociodemográfico

foram interpretados com suporte de elementos da estatística descritiva da

abordagem qualitativa de pesquisa cientifica.

A interpretação dos resultados obtidos com a aplicação dos instrumentos

Questionário de Qualidade de vida e Escala de Burden Interview foi realizada de

acordo com os parâmetros propostos pelos próprios instrumentos.

Após as correções, foram desenvolvidas escalas de pontuação, na tentativa

de uniformizar os resultados para a realização à posteriori de uma análise

qualitativa.

Com o objetivo de verificar a possível correlação estatística entre os diferentes

domínios presentes no Questionário de Qualidade de Vida e estudar o grau de

relacionamento entre as variáveis - número de filhos, nível socioeconômico,

escolaridade e os domínios contidos no questionário -, aplicou-se o teste estatístico

de Análise de Correlação de Spearman.

O coeficiente de correlação de Spearman não apresenta restrições quanto à

distribuição das amostras, podendo esta ser do tipo normal ou assimétrica.

A análise estatística dos dados coletados foi realizada por meio do software

SPSS. Adotou-se o nível de significância de 5 % (p ≤ 0,05) para a aplicação dos

testes estatísticos.

21  

 

5. RESULTADO E DISCUSSÃO

5.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO

A média de idade das 20 mães de crianças com TEA que participaram da

pesquisa era de 41 anos. O número de participantes corresponde a 44 % do total de

mães que tem seus filhos assistidos pelo Centro Terapêutico especializado. Cerca

de 70 % das mães possuem nível superior completo, 80 % são casadas, 70 % são

desempregadas ou do lar, com renda familiar acima de 5 salários mínimos (70%).

A maior parte das mães pesquisadas possuem casa própria (95%) e apenas

um filho (60%). Apenas 10 % dos participantes faziam acompanhamento psicológico

semanal durante o período em que a pesquisa foi realizada. Tais características

contribuíram para o estabelecimento do perfil amostral apresentado na Quadro 4.

Quadro 4. Perfil dos participantes da amostra.

Questões Porcentagem

1. Escolaridade 70 % superior completo

2. Estado civil 80 % casada

3. Situação no mercado de trabalho 70 % desempregado / do lar

4. Renda familiar aproximada 70 % acima de 5 salários mínimos

5. Tipo de moradia 95 % casa / apartamento próprio

6. Quantos filhos possui 60 % possuem 1 filho

7. Outro filho com algum tipo de

comprometimento?

100 % não possui outro filho com algum tipo

de comprometimento

8. Você passa por atendimento

psicológico?

90 % não passam por atendimento

psicológico

9. Com que frequência? 100 % semanal

O grupo amostral apresenta renda média familiar de R$ 4.400,00, portanto,

semelhante à renda média per capita familiar do Estado de São Paulo, de R$

1.482,00 que está entre uma das maiores rendas per capitas do pais (IBGE, 2013).

Ao compararmos o número de filhos e a escolaridade dos participantes de

pesquisa apresentada no Quadro 4 com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística em 2014/2015, a média do número de filhos apresentada

pela população do Estado de São Paulo é de 1,74 filhos muito próximo aos dados

apresentados pelo grupo pesquisado enquanto, apenas 20,99% da população do

22  

 

Estado de São Paulo apresenta nível Superior Completo enquanto 70 % do grupo

amostral estudado apresenta tal condição (IBGE 2015).

O número de filhos apresentado tanto pelo grupo amostral estudado quanto

pela média populacional do Estado de São Paulo pode indicar a interferência de

fatores sociais e econômicos originando a queda no número de filhos apontada pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2015).

Outro fator apresentado pelo grupo amostral estudado foi o baixo índice de

atendimento psicológico ( 10% ). Segundo MOXOTÓ E MALAGRIS, grupos de

orientação promovem a instrumentalização (entendimento e enfrentamento) de

mães frente as possíveis situações estressoras experimentadas provenientes da

mudança na rotina familiar proveniente da presença de um individuo com TEA.

(BOSA, 2001; FAVERO, 2005; MARTINS et al., 2003; SANINI et al., 2010; MOXOTÓ

E MALAGRIS, 2015).

5.2 ESCALA DE BURDEN INTERVIEW

A pontuação média geral dos participantes da pesquisa foi de 38 pontos,

sendo o escore mais baixo apresentado 16 pontos e o mais alto 59 pontos. Cerca de

85 % dos participantes pontuaram acima dos 21 pontos, indicando a presença de

sobrecarga. As questões que obtiveram as maiores pontuações foram as questões 7

e 8, que se referem ao receio quanto ao futuro e a dependência da criança frente

aos cuidados prestados pela mãe ou responsável.

Segundo KOEGEL e cols., famílias que possuem crianças com o transtorno

do espectro do autismo apresentam um elevado nível de preocupação em relação

ao bem-estar de seus filhos, principalmente quando não puderem mais suprir suas

necessidades. (KOEGEL et al., 1996).

As questões 2 e 20, referentes ao tempo que a mãe (cuidador) tem para si e a

sensação/sentimento que poderia estar fazendo mais pelo indivíduo cuidado

(criança), apresentaram uma elevada pontuação, indicando uma possível

sobrecarga de pais e cuidadores frente `as questões apresentadas. Segundo

THIENGO e cols., SANTOS e cols., CAMPOS E SOARES, as mulheres, em sua

grande maioria, são responsáveis pelos cuidados familiares das crianças com TEA

(THIENGO et. al., 2015; SANTOS, 2010; CAMPOS E SOARES, 2005).

23  

 

A demanda de cuidados os quais uma criança com TEA necessita e as

mudanças na rotina dos familiares tais como, hábitos, gastos financeiros, relações

sociais e profissionais, podem ser percebidas como um evento estressor para os

membros da família, cuidadores e pessoas mais próximas, podendo acarretar em

uma sobrecarga física e mental. (BOSA, 2001; FAVERO, 2005; MARTINS et al.,

2003).

O apoio psicológico aos pais e cuidadores, a promoção e o desenvolvimento

de técnicas de abordagem e o esclarecimento sobre os limites da criança com o

transtorno do espectro do autismo, são necessários para se obter uma melhor

instrumentalização do dia a dia e diminuição no nível de estresse. (KULOGLU-

AKSAZ 1994, SÃO PAULO, 2013).

A Tabela 7 apresenta a média dos escores de todos os participantes,

considerando individualmente cada questão.

Tabela 7. Questões, médias dos scores dos participantes por questão e frequência, de acordo com a

Escala de Burden Interview.

Questão Média Frequência

Q1 2,1 Algumas vezes Q2 2,4 Algumas vezes Q3 2,1 Algumas vezes Q4 1,5 Algumas vezes Q5 0,5 Nunca Q6 0,9 Raramente Q7 3,4 Frequentemente Q8 3,4 Frequentemente Q9 0,6 Raramente

Q10 0,9 Raramente Q11 1,5 Algumas vezes Q12 2,1 Algumas vezes Q13 0,9 Raramente Q14 1,6 Algumas vezes Q15 2,2 Algumas vezes Q16 1,5 Raramente Q17 1,1 Raramente Q18 0,5 Nunca Q19 1,8 Algumas vezes Q20 2,6 Frequentemente Q21 2,3 Algumas vezes Q22 2,2 Algumas vezes

24  

 

Considerando os scores apresentados pela Tabela 8, as questões 2, 7, 8, 20,

21 e 22 apresentaram os maiores valores referentes à percepção da sobrecarga por

parte dos participantes.

As respostas mais pontuadas pelo grupo amostral pesquisado pode ser

semelhantes as respostas apresentadas por mães de crianças com o

desenvolvimento típico. Não são perguntas especificas que enfatizam o aumento da

demanda / cuidado voltados aos indivíduos com TEA e outros tipos de transtornos.

Contudo, sabe-se que a demanda de cuidados cujo uma criança com TEA

apresenta, a preocupação em relação ao futuro dessa criança (independência), são

alguns dos fatores que colaboram para o aumento da sobrecarga física e mental

(KOEGEL et al., 1996; SANINI et al., 2010).

A Tabela 8, apresenta as questões de maior pontuação média, referentes à

Escala de Burden Interview.

Tabela 8. Questões respondidas pelo grupo amostral com as maiores pontuações.

Questões Média Frequência 2. O Sr/ Sra. sente que por causa do tempo que o Sr/ Sra. gasta com o

S, o Sr/ Sra. não tem tempo suficiente para si mesmo?

2,4 Algumas vezes

7. O Sr/ Sra. sente receio pelo futuro de S? 3,4 Frequentemente

8. O Sr/ Sra. sente que S depende do Sr/ Sra.? 3,4 Frequentemente

20. O Sr/ Sra. sente que deveria estar fazendo mais por S? 2,6 Frequentemente

21. O Sr/ Sra. sente que poderia cuidar melhor de S? 2,3 Algumas vezes

22. De maneira geral, quanto o Sr/ Sra se sente sobrecarregado (a) por cuidar de S? 2,2 Algumas vezes

Destaca-se a questão 22, que se refere à percepção da sobrecarga sentida

frente aos cuidados prestados. A análise desta questão revelou que 100 % das

mães participantes responderam sentir-se algumas vezes sobrecarregadas, de

acordo com os critérios de pontuação da Escala de Burden Interview.

A sobrecarga advinda dos cuidados prestados é intensa pois há um aumento

considerável dos agentes estressores (rotina de cuidados) se comparados aos

cuidados voltados aos indivíduos com desenvolvimento típico. (SANINI et al., 2010).

25  

 

Para verificar a existência de correlações entre as variáveis NF, NS, ES, SMT

e S, realizou-se teste de correlação de Spearman, considerando p < 0,05, conforme

apresenta a Tabela 9.

Tabela 9. Coeficiente de correlação entre as variáveis NF, NS, ES, SMT e S.

NF NS ES SMT S

NF 1,00 0,34 0,12 0,04 -0,34

NS 0,34 1,00 0,12 0,12 -0,27

ES 0,12 0,12 1,00 0,29 -0,32

SMT 0,04 0,12 0,29 1,00 -0,09

S -0,34 -0,27 -0,32 -0,09 1,00

Não foi possível verificar nenhuma correlação não-linear estatisticamente

significante (p < 0,05) entre a sobrecarga (S) e o número de filhos (NF), nível

socioeconômico (NS), escolaridade (ES) e situação no mercado de trabalho (SMT).

No entanto, DARDAS E KOEGEL e col., ressaltam que a renda familiar, a

dificuldade comportamental da criança e a existência de redes de apoio competente

capazes de suprir as necessidades dos membros familiares são fatores que

influenciam a percepção da qualidade de vida e sobrecarga dos familiares e

cuidadores (DARDAS, et. al., 2014, 2015; KOEGEL et al., 1996).

Dos 20 participantes deste estudo, apenas 3 (P4, P5, e P8) não apresentaram

na somatória da sua pontuação sobrecarga, de acordo com os critérios de correção

da Escala de Burden Interview.

A Tabela 10 apresenta a pontuação individual dos participantes P4, P5 e P8

(não apresentaram sobrecarga), a média da pontuação de P4, P5 e P8 e a média da

pontuação dos demais participantes (que apresentaram sobrecarga).

26  

 

Tabela 10. Pontuação individual dos participantes P4, P5 e P8 que não apresentaram sobrecarga.

P4 P5 P8 Q1 1 1 2 Q2 0 1 2 Q3 0 2 0 Q4 2 2 0 Q5 0 1 0 Q6 0 0 0 Q7 2 3 2 Q8 2 3 3 Q9 0 1 0

Q10 0 0 0 Q11 0 0 2 Q12 0 1 2 Q13 0 0 0 Q14 0 0 0 Q15 0 1 1 Q16 0 0 0 Q17 0 0 0 Q18 0 0 0 Q19 2 2 2 Q20 2 0 0 Q21 3 1 0 Q22 2 1 1

SOMA 16 19 17

A ausência de sobrecarga pode estar relacionada a uma melhor organização

social, indicando uma possível relação entre a organização familiar, o apoio

oferecido pelos membros da família, o suporte social oferecido e as expectativas das

mães em relação à situação do indivíduo com TEA. O nível socioeconômico também

pode ter influenciado o resultado apresentado (MARQUES et al, 2010; YUNES,

2003; BOSA, 2013; BRASIL, 2016; MCSTAY, et al, 2014)). Não observou-se nenhuma correlação estatística significante entre a situação

no mercado de trabalho (SMT) e a sobrecarga (S) apresentada pelos participantes

da pesquisa.

Dos participantes da pesquisa, apenas 10 % faziam acompanhamento

psicológico semanal. Quando analisada separadamente a pontuação apresentada

por estes participantes durante a correção da Escala de Burden Interview pode-se

perceber que o nível de sobrecarga apresentado foi considerado moderado a

severo, segundo os critérios de correção da escala de Burden Interview.

27  

 

Segundo BOSA, as características familiares e o contexto estressor são

alguns dos fatores que atuam no desenvolvimento familiar e adequação frente ao

novo contexto familiar (BOSA, 2013).

A inclusão da família é importante não apenas para o tratamento da criança

mas para que o núcleo familiar possa desenvolver recursos de enfrentamento e

colaboração mútua entre os membros familiares, tornando-os parceiros ativos no

processo do tratamento, tendo em vista uma melhor adaptação das partes

envolvidas (BRASIL, 2004).

5.3 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA

Este questionário permitiu a avaliar a percepção da qualidade de vida

(Questão 1), a satisfação com a saúde (Questão 2) e as percepções relativas aos

domínios físicos (FIS), psíquicos (PSI), relações sociais (RS) e meio ambiente (MA).

As questões que constituem cada um desses domínios são agrupadas

conforme critérios específicos, tendo em vista avaliar a qualidade de vida do

indivíduo frente aos fatores físicos, psíquicos, sociais e ambientais.

A Tabela 6, apresentada na metodologia, traz os critérios de pontuação

estabelecidos pela OMS. A Tabela 11 apresenta a média da pontuação dos 20

participantes nas Questões 1 (Q1), 2 (Q2) e nos domínios físico (FIS), psíquico

(PSI), social (RS) e meio ambiente (MA) e a porcentagem desses valores em

relação à pontuação máxima (5,0 pontos).

Tabela 11. Média dos 20 participantes nas questões 1 (Q1), 2 (Q2) e nos domínios físico (FIS), psíquico (PSI), social (RS) e meio ambiente (MA).

Média dos 20 participantes

Q1 Q2 Domínio

Físico (FIS)

Domínio Psicológico

(PSI)

Relações Sociais (RS)

Meio Ambiente

(MA)

3,75 3,25 3,39 3,16 3,13 3,33

Porcentagem

(%) 75 65 68 63 63 67

Q1 = Questão 1; Q2 = Questão 2. Valor significante: p < 0,05.

28  

 

Considerando os dados apresentados pela Tabela 11, observa-se que a

pontuação média dos participantes da pesquisa, segundo os critérios de correção

estabelecidos pela OMS, foi considerada regular.

A média dos valores dos 20 participantes para as Questões 1 (Q1) e 2 (Q2)

foram de 3,75 e 3,25 pontos, respectivamente. As questões Q1 e Q2 referem-se à

qualidade de vida geral do participante. A partir dos valores encontrados, o perfil

sociodemográfico pode ter contribuído de maneira determinante para uma melhor

percepção da qualidade de vida do indivíduo.

A média dos valores dos 20 participantes, para o Domínio físico (FIS), foi de

3,39 pontos, situando-se na faixa de classificação como sendo regular. Foram

abordadas questões referentes à percepção do participante frente aos seguintes

tópicos: dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades

da vida cotidiana, dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de

trabalho.

O nível de assistência e conforto aos familiares pode estar relacionado ao

contexto socioeconômico ao qual o indivíduo está inserido. Dessa forma,

considerando a realidade socioeconômica dos participantes deste estudo, observa-

se que alguns aspectos contemplados pelas questões, tais como, mobilidade,

conforto, fadiga, sono, entre outros, podem estar sob influência do nível de renda

dos entrevistados, promovendo uma melhora na percepção da qualidade de vida.

DARDAS e AHMAD, ao investigar a qualidade de vida em pais de crianças

com TEA, não observaram nenhuma diferença significativa em relação ao sexo se

comparados a saúde física, psicológica, social e assistência à saúde. Porém,

observou existência de uma possível correlação entre a qualidade de vida,

estratégias de enfrentamento e características sociodemográficas independente do

sexo. (DARDAS e AHMAD, 2014).

No Domínio Psíquico (PSI), a média apresentada pelos participantes da

pesquisa foi de 3,16 pontos, situando-se na faixa de classificação como sendo

regular. Questões como: memória, concentração, autoestima, imagem corporal,

sentimentos e crenças compõem são alguns tópicos que compõem este domínio.

Os fatores tais como escolaridade, nível socioeconômico e renda familiar

podem ter influenciado nos dados obtidos pelo questionário de qualidade de vida.

Segundo CHEPP, fatores socioeconômicos podem afetar na percepção da

qualidade de vida experimentada pelo indivíduo (CHEPP, 2006).

29  

 

O Domínio Relações Sociais (RS), contempla questões relacionadas ao

suporte social oferecido, relações pessoais e sexualidade. A média apresentada

pelos participantes da pesquisa foi de 3,13 pontos, situando-se na faixa de

classificação como sendo regular.

Fatores como o estado civil, renda, suporte familiar e suporte social podem ter

contribuído para o resultado deste estudo. Segundo DARDAS e AHMAD, a

aceitação por parte dos pais frente à mudança estrutural familiar e às possíveis

limitações apresentadas pela criança com TEA pode influenciar a qualidade de vida,

como também, a anulação paterna e ausência de suporte social (DARDAS e

AHMAD, 2014).

A sobrecarga advinda dos cuidados voltados à criança com TEA exige por

parte da família maior comprometimento frente as necessidades desse individuo.

Portanto, um suporte social e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento,

podem proporcionar uma diminuição no nível de estresse e melhores índices de

qualidade de vida (SANINI et al., 2010; ZAIDMAN-ZAIT et al., 2016).

O Domínio Meio Ambiente (MA) contempla questões relativas a: segurança,

recursos financeiros, cuidados de saúde, informações e habilidades, lazer, ambiente

físico, ambiente no lar e transporte. A média apresentada pelos participantes da

pesquisa foi de 3,33 pontos. É considerado, de acordo com os métodos de

classificação da OMS, uma qualidade de vida regular.

A renda familiar e a escolaridade média dos participantes deste estudo

promoveram a melhoria do acesso à informação e às redes de apoios por parte dos

familiares e da criança com TEA. Segundo BOSA, a renda familiar e a escolaridade

melhoram o acesso a informação e ampliam o acesso a redes de apoios, a

qualidade nos serviços voltados à saúde da criança e dos familiares, podem

contribuir para o desenvolvimento familiar de forma a reduzir o contexto estressor

(BOSA, 2013).

A Tabela 12 apresenta os coeficientes de correlação entre os domínios físico

(FIS), psíquico (PSI), relações sociais (RS) e meio ambiente (MA) dos participantes.

30  

 

Tabela 12. Coeficientes de correlação de Spearman entre os domínios do WHOQOL-bref.

DOMÍNIOS

FIS PSI RS MA FIS 1,00 0,80 0,56 0,80 PSI 0,80 1,00 0,49 0,73 RS 0,56 0,49 1,00 0,70 MA 0,80 0,73 0,70 1,00

Legenda: FIS = domínio físico; PSI = Domínio psicológico; RS = Relações sociais; MA = Meio

ambiente. Valor significante: p < 0,05. Todos os domínios apresentaram correlação estatística positiva indicando

que todas as variáveis interferem mutuamente nesse grupo amostral. Devido a não

linearidade dos dados apresentados, escolheu-se como método de análise

estatística o Teste Análise de Correlação de Spearman para amostras não lineares.

A correlação estatística positiva entre os domínios indica que, como apontado

por FLECK, aspectos que compõem o conceito de qualidade de vida (aspectos

físicos, psíquicos e sociais) interferem-se mutuamente (FLECK, 2000).

A Tabela 13 apresenta a comparação entre cada um dos domínios (físico,

psíquico, relações sociais e meio ambiente) e as variáveis sociodemográficas

(número de filhos, nível socioeconômico e escolaridade).

Tabela 13. Comparação entre fatores sociodemográficos e os domínios da Escala de Qualidade de vida.

Variável Estatística FIS PSI RS MA NF coeficiente de correlação 0,02 0,09 0,15 0,20 NS coeficiente de correlação -0,17 -0,04 0,15 0,23 ES coeficiente de correlação -0,31 -0,29 -0,27 -0,17

_______________________________________________________________________ Legenda: NF = número de filhos; NS = nível socioeconômico; ES = escolaridade; FIS = domínio

físico; PSI = domínio psíquico; RS = relações sociais; MA = meio ambiente; N = número de participantes / tamanho da amostra.

Apenas a variável Número de Filhos (NF) apresentou o coeficientes de

correlação positivo ( p < 0,05) com o Domínio Físico (FIS), indicando que os

resultados estão situados em um intervalo de confiança de 95 %. Dentro do domínio

experimental estudado, o número de filhos exerce maior influência sobre o domínio

físico.

31  

 

Como apontado por DARDAS et. al., o número de filhos é um dos fatores que

podem influenciar na percepção da qualidade de vida materna juntamente com a

renda familiar e as possíveis dificuldades comportamentais apresentadas pela

criança com TEA. (DARDAS e col., 2014).

As demais variáveis estudadas (NS, ES, PSI, RS e MA) não apresentaram

correlação estatística positiva. O número amostral pode ter influenciado no resultado

apresentado devido a sua pouca variabilidade.

5.4 COMPARAÇÃO ENTRE A ESCALA DE BURDEN INTERVIEW E O

QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA

As escalas de Burden Interview e de Qualidade de Vida, fornecem subsídios

para avaliar a qualidade de vida e a sobrecarga de mães e cuidadores de crianças

com TEA, apesar de serem ferramentas gerais.

São instrumentos com objetivos e métodos de avaliação diferentes, mas que

permitem uma avalição qualitativa e quantitativa a respeito dos resultados

apresentados e, permitindo assim, verificar a possível relação entre a qualidade de

vida e a sobrecarga.

A qualidade de vida é diretamente afetada pela sobrecarga, que sofre

influências físicas, psíquicas e sociais, podendo ocasionar o adoecimento e

diminuição de estratégias de enfrentamento frente aos estímulos estressores (BOSA

et. al., 2008).

Segundo os critérios de correção propostos pela OMS, 95 % dos participantes

da pesquisa apresentaram alteração na percepção da qualidade de vida

experimentada, enquanto apenas 85 % apresentaram sobrecarga .

Os participantes que não apresentaram sobrecarga corresponde a 15 % da

amostra, no entanto apresentaram alterações na percepção da qualidade de vida em

um ou mais domínio do questionário de Qualidade de vida. Fatores como uma

melhor coesão familiar, maior disponibilidade de recursos financeiros, numero de

filho, são algum dos fatores que podem ter colaborado para ausência de sobrecarga

apresentada por essa parcela amostral.

32  

 

Todos os 50 % dos participantes pontuaram, de acordo com os critérios de

correção da Escala de Burden Interview uma sobrecarga considerada moderada a

severa enquanto 35 % classificaram a sobrecarga como moderada.

Quando comparado os resultados apresentados pelo Questionário de

Qualidade de Vida estes participantes, 20 % dos participantes avaliaram a sua

qualidade de vida regular, enquanto, 30 % indicou uma necessidade de melhora.

Devido a dificuldade de análise quantitativa devido aos diferentes critérios de

correção propostos pelos instrumentos, a Tabela 14 mostra a comparação

qualitativa realizada entre as Escalas de Burden Interview e o Questionário de

Qualidade de Vida.

Tabela 14. Comparação entre a Escala de Burden Interview e o questionário de Qualidade de vida.

Participante S Classificação BI Média QV Classificação QV P4 0 Ausente 2,60 Melhorar P5 0 Ausente 3,94 Regular P8 0 Ausente 3,84 Regular P1 1 Moderada 3,63 Regular P2 1 Moderada 2,38 Melhorar P7 1 Moderada 4,26 Boa

P11 1 Moderada 3,06 Regular P15 1 Moderada 3,66 Regular P18 1 Moderada 3,61 Regular P19 1 Moderada 3,61 Regular P3 2 Moderada a severa 2,64 Melhorar P6 2 Moderada a severa 3,30 Regular P9 2 Moderada a severa 1,71 Melhorar

P10 2 Moderada a severa 3,35 Regular P12 2 Moderada a severa 2,79 Melhorar P13 2 Moderada a severa 2,76 Melhorar P14 2 Moderada a severa 3,25 Regular P16 2 Moderada a severa 2,66 Melhorar P17 2 Moderada a severa 3,05 Regular P20 2 Moderada a severa 2,86 Melhorar

Legenda: S = Sobrecarga; BI = Burden Interview; QV = Qualidade de Vida.

Para 50 % dos participantes da pesquisa, não foi possível observar a

correlação existente entre a sobrecarga e a alteração na percepção da qualidade de

vida.

Os resultados apresentados devem ser utilizados de maneira complementar,

de modo a fornecer subsídios para que seja feita uma avaliação mais adequada

33  

 

acerca das necessidades e dos fatores que influenciam a sobrecarga e qualidade de

vida.

Segundo EAPEN e cols. ressaltam, em seu estudo, o do desenvolvimento e

contextualização de uma escala especifica para pais e cuidadores de crianças com

TEA, para avaliar a qualidade de vida e a sobrecarga no contexto diário desses

indivíduos (EAPEN et. al., 2014).

34  

 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do perfil sociodemográfico dos participantes deste estudo, é possível

concluir que, o perfil socioeconômico da amostra analisada apresenta condições

socioeconômicas parecidas quando comparadas a população do Estado de São

Paulo. Quando comparados os níveis de escolaridade e moradia, essa distinção

torna-se clara entre os participantes deste estudo e a maior parte da população do

Estado.

Pode-se concluir que o perfil sociodemográfico dos participantes deste estudo

não pôde ser considerado representativo e homogêneo em relação ao universo de

mães de crianças com TEA considerando o número de participantes, faixa de renda

familiar e escolaridade e a localização geográfica da escola pesquisada. A coleta

dos dados foi realizada em uma instituição particular especializada no atendimento

de crianças com TEA, podendo ser um dos fatores responsáveis pelo delineamento

do perfil amostral.

A Escala de Burden Interview revelou que 85 % dos participantes

apresentaram sobrecarga, apenas variando o nível de intensidade apresentado.

A comparação realizada entre os dados obtidos no questionário

sociodemográfico e na Escala de Burden Interview permite inferir que, dentro do

domínio experimental estudado, as variáveis tais como, número de filhos (NF), nível

sócio econômico (NS), escolaridade (ES) e situação no mercado de trabalho (SMT)

não apresentaram correlação linear estatisticamente significante com a variável

sobrecarga (S), medida pela Escala de Burden Interview.

Considera-se que a disponibilidade de recursos financeiros não foi

determinante para a ausência da sobrecarga, indicando que fatores sociais e

questões familiares, atendimento especializado, também são variáveis a serem

consideradas. O desenvolvimento de políticas públicas bem como o atendimento às

famílias e integração das mesmas no processo de atendimento a criança com TEA,

pode proporcionar uma melhora na qualidade de vida e consequentemente uma

diminuição na sobrecarga.

Os resultados apresentados pela análise do Questionário de Qualidade de

vida indicaram que, segundo os critérios de classificação estabelecidos pela

Organização Mundial da Saúde, os participantes deste estudo apresentaram uma

35  

 

qualidade de vida considerada regular nos domínios físico (FIS), psíquico (PSI), relações sociais (RS) e meio ambiente (MA).

A comparação entre os grupos de variáveis NF, NS, ES e FIS, PSI, RS e MA

indicou a existência de correlação positiva entre a variável Número de Filhos (NF) e

o Domínio Físico (FIS) indicando que dentro do grupo amostral estudado, o número

de filhos exerceu maior influência sobre o domínio físico.

Quando comparado a Escala de Burden Interview e o Questionário de

Qualidade de Vida, pode-se observar que para 50 % dos participantes da pesquisa a

não correlação entre estes dois instrumentos estudados.

Propõem-se que futuros estudos, ao analisar estes instrumentos identifiquem

as semelhanças e especificidades do grupo amostral a ser estudado para que possa

verificar a sua influência no contexto estudado.

Visando-se uma análise mais adequada acerca da sobrecarga sentida por

parte de mães e cuidadores de crianças com TEA, propõe-se o desenvolvimento de

uma nova ferramenta de análise, combinando-se as ferramentas de qualidade de

vida e de sobrecarga anteriormente desenvolvidas e consolidadas.

Considerando os resultados obtidos por este estudo, sugere-se que futuros

estudos sejam desenvolvidos em diferentes centros de atendimentos ou escolas,

com o objetivo de se averiguar se os resultados obtidos por este estudo refletem as

situações vividas em outros centros de atendimento.

36  

 

7. REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – APA. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5. ed.). Arlington: American Psychiatric Publishing, 2013. ARAUJO, Álvaro Cabral; LOTUFO NETO, Francisco. A nova classificação americana para os transtornos mentais: o DSM-5. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 67-82, abr. 2014. BARBARO, Josephine; DISSANAYAKE, Cheryl. Autism Spectrum Disorders in infancy and toddlerhood: a review of the evidence on early signs, early identification tool, and early diagnosis. Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics, Baltimore, v. 30, n. 5, p. 447-459, Oct. 2009. BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística aplicada às ciências sociais. 9. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2014. BENDIXEN, Roxanna M.; ELDER, Jennifer H.; DONALDSON, Susan; KAIRALLA, John A.; VALCANTE, Greg; FERDIG, Richard E. Effects of a father-based in-home intervention on perceived stress and a Family dynamics in parents of children with autism. American Journal of Occupational Therapy, Boston, v. 65, n. 6, p. 679-687, Nov./Dec. 2011. BILGIN, H.; KUCUK, L. Raising an autistic child: perspectives form Turkish mother. Journal of Child an Adolescent Psychiatric, England. v. 23, n. 2, p. 92-99, May 2010. BORBA, Letícia de Oliveira; SCHWARTZ, Eda; KANTORSKI, Luciane Prado. A sobrecarga da família que convive com a realidade do transtorno mental. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 588-594, jul. 2008. BOSA, Cleonice Alves. As relações entre o autismo, comportamento social e função executiva. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.14, n. 2, p. 281-287, mai. 2001. ___________. Autismo: atuais interpretações para antigas observações. In: BAPTISTA, Claudio Roberto; BOSA, Cleonice Alves (Eds.). Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção. Porto Alegre: Editora ARTMED, 2002. p. 21-39. BRADFORD, R. Children, families and chronic disease: psychological models and methods of care. London: Routledge, 1997. BRASIL. Câmara dos Deputados. Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência [recurso eletrônico]. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, Decreto Legislativo nº 186, de 2008 e o texto da Convenção sobre os direitos das Pessoas com deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. (5. ed). Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015.

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44  

 

ANEXO 1

CARTA DE APRESENTAÇÃO DA PESQUISA À INSTITUIÇÃO

A pesquisa intitulada “Avaliação da sobrecarga e qualidade de vida de mães

de crianças com o transtorno do espectro do autismo tem por objetivo investigar o

nível da qualidade de vida e a sobrecarga das mães de crianças com o Transtorno

do Espectro do Autismo.

Para a sua realização, serão realizadas coletas de dados de mães de

crianças com o espectro de TEA, por meio da aplicação de 3 questionários, a saber:

1) Questionário de Perfil Socioeconômico: caracterizará a amostra estudada e fará

perguntas como: idade, grau de escolaridade, perfil socioeconômico, dentre outras.

2) Questionário de Qualidade de vida abreviado, desenvolvido pela Organização

Mundial da Saúde e adaptado à realidade brasileira e, por último, 3) Escala de

Burder Interview (escala de sobrecarga).

Em qualquer etapa da pesquisa, a pessoa entrevistada terá acesso ao

pesquisador para esclarecimento de eventuais dúvidas, sendo garantido sigilo da

coleta de dados realizada na Instituição e resguardado sigilo dos participantes de

pesquisa.

Ainda, fica assegurado o direito de manutenção e devolutiva dos resultados

obtidos por meio do estudo.

Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo.

Também não haverá compensação financeira relacionada a sua participação.

Por fim, a aluna-pesquisadora se compromete a utilizar os dados e o material

coletado nesta pesquisa exclusivamente para análise de dados em pesquisas

científico-acadêmicas.

Pesquisador: Fernanda Gonçalves Miele [email protected] (11) 999643402 Centro Lumi – Responsável: ______________________Função:___________

Ciente e de acordo.

45  

 

ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – SUJEITO DE PESQUISA

Convidamos a participar da pesquisa “Avaliação da sobrecarga e qualidade

de vida de mães de crianças com o transtorno do espectro do autismo, na qual se

propõe a avaliar a qualidade de vida e a sobrecarga de mães de crianças com TEA.

Os dados do estudo serão coletados por meio do preenchimento de uma ficha de

identificação (realizada com a mãe), seguida da aplicação do questionário de

avaliação de qualidade de vida WHOQOL-bref e da versão brasileira da Escala

Burden Interview.

  Os instrumentos serão aplicados pelo Pesquisador Responsável e tanto os

instrumentos de coleta quanto o contato interpessoal oferecem riscos mínimos

psicológicos aos participantes. Apesar de ser uma pesquisa cujas perguntas se

referem a questões pessoais, podendo suscitar sentimentos de invasão de

privacidade e desconforto, a colaboração dos participantes de pesquisa será útil na

análise de seus dados coletados, para uma possível reflexão a respeito dos

sentimentos vividos e medidas para o alívio do estresse e sobrecarga.

  Durante o estudo, em qualquer momento o pesquisado terá acesso ao

Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais dúvidas, como

também terá o direito de se retirar do estudo em qualquer momento, sem qualquer

prejuízo. As informações coletadas serão analisadas e será garantido o sigilo e

privacidade das questões respondidas, bem como o nome do participante e a

identificação do local da coleta. Apenas o Pesquisador responsável terá acesso a

esses dados.

Caso tenha alguma dúvida a respeito dos aspectos éticos da pesquisa,

poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - térreo

Universidade Presbiteriana Mackenzie – Rua da Consolação, 896 – Ed. João

Calvino – térreo.

Agradecemos a colaboração.

46  

 

Afirmo que li e entendi os objetivos do estudo e que todas as dúvidas foram

esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente de que a participação é

voluntária e que, a qualquer momento, tenho o direito de obter outros

esclarecimentos, bem como me retirar da pesquisa sem qualquer prejuízo.

Nome do Sujeito da Pesquisa: ___________________________________________

Assinatura do Sujeito da Pesquisa: _______________________________________

Declaro que expliquei ao Sujeito da Pesquisa todos os procedimentos a serem

realizados neste estudo e seus possíveis riscos, como também a possibilidade de

retirar-se sem qualquer prejuízo. Foram também esclarecidas, as possíveis dúvidas

apresentadas pelo sujeito.

São Paulo, ______ de _____________________ de 20_____.

___________________________________________

Fernanda Gonçalves Miele

Contato:(11) 999643402

Email: [email protected]

___________________________________________

Cibelle Albuquerque la H. Amato

Universidade Presbiteriana Mackenzie/ Rua da Consolação, 896

[email protected]

47  

 

ANEXO 3

QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO

Prezado Participante,

O presente questionário é instrumento de coleta de dados de uma pesquisa

de Mestrado do curso de Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade

Presbiteriana Mackenzie. A pesquisa tem por objetivo investigar através os índices

de qualidade de vida e sobrecarga em mães de crianças com o Transtorno do

Espectro do Autismo. Agradecemos a sua colaboração e informamos que todos os

dados coletados serão utilizados apenas para uso acadêmico sendo mantido o sigilo

não havendo necessidade de identificação.

Obrigada pela colaboração.

Número: ______

1. Escolaridade: 2. Profissão: 3. Idade: 4. Estado Civil: ( ) Solteira; ( ) Casada; ( ) Amasiada; ( ) Separada; ( ) Divorciada; ( ) Viúva; ( ) Outros: ______________________________________________

48  

 

5. Situação no mercado de trabalho: ( ) Empregado; ( ) Do lar; ( ) Autônomo; ( ) Desempregado; ( ) Aposentado ou pensionista. ( ) Outros: ______________________________________________ 6. Renda familiar aproximada: ( ) Até 1 salário mínimo; ( ) De 1 a 2 salários mínimos; ( ) De 2 a 3 salários mínimos; ( ) De 3 a 4 salários mínimos; ( ) De 4 a 5 salários mínimos; ( ) Acima de 5 salários mínimos.

7. Tipo de moradia: ( ) Casa/ apartamento próprio; ( ) Casa/ apartamento alugado; ( ) Pais e ou familiares; ( ) Outros: ______________________________________________

8. Os seus outros filhos apresentam algum outro comprometimento de saúde. Em caso afirmativo, qual? 9. Você possui algum atendimento psicológico? Se sim, qual? ( ) Sim; ( ) Não. 10. Em caso afirmativo, com que frequência? ( ) Semanal; ( ) Quinzenal; ( ) Mensal; ( ) Outros.

49  

 

ANEXO 4

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA – WHOQOL-bref – VERSÃO EM PORTUGUÊS

Instruções

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas, semanas, uma questão poderia ser:

Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

Você recebe

dos outros o

que necessita?

Você devera circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o numero 4 se você recebeu “muito” apoio como abaixo.

Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

Você recebe

dos outros o

que necessita?

Você deve circular o numero 1 se você não recebeu “nada” de apoio.

4

50  

 

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule o número que lhe parece a melhor

resposta.

Muito ruim Ruim Nem ruim nem boa

Boa Muito boa

1

Como você avaliaria

sua qualidade de

vida?

1

2

3

4

5

Muito

insatisfeito

Insatisfeito

Nem satisfeito

nem insatisfeito

Satisfeito

Muito satisfeito

2

Quão satisfeito (a) você

está com a sua saúde?

1

2

3

4

5

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas semanas.

Nada

Muito pouco

Mais ou menos

Bastante

Extremamente

3

Em que medida você

acha que sua dor (física) impede você de fazer o

que você precisa?

1

2

3

4

5

4

O quanto você precisa de algum tratamento

médico para levar sua vida diária?

1

2

3

4

5

5

O quanto você aproveita

a vida?

1

2

3

4

5

51  

 

6

Em que medida você

acha que a sua vida tem sentido?

1

2

3

4

5

7

O quanto você consegue

se concentrar?

1

2

3

4

5

8

Quão seguro (a) você se

sente em sua vida diária?

1

2

3

4

5

9

Quão saudável é o seu ambiente físico (clima,

barulho, poluição, atrativos)?

1

2

3

4

5

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas ultimas duas semana.

Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

10

Você tem energia

suficiente para o seu dia-a-dia?

1

2

3

4

5

11

Você é capaz de aceitar

sua aparência física?

1

2

3

4

5

12

Você tem dinheiro

suficiente para satisfazer suas necessidades?

1

2

3

4

5

13

Quão disponíveis para

você estão as informações que precisa

no seu dia-a-dia?

1

2

3

4

5

14

Em que medida você tem oportunidades de

atividade de lazer?

1

2

3

4

5

52  

 

As questões seguintes perguntam sobre o quão bem ou satisfeito você se sente a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.

Muito ruim

Ruim

Nem ruim nem bom

Bom

Muito bom

15

Quão bem você é capaz

de se locomover?

1

2

3

4

5

Muito insatisfeito

Insatisfeito

Nem satisfeito nem

insatisfeito

Satisfeito

Muito satisfeito

16

Quão satisfeito (a) você está com o seu sono?

1

2

3

4

5

17

Quão satisfeito (a) você

está com sua capacidade de

desempenhar as atividades do seu dia-a-

dia?

1

2

3

4

5

18

Quão satisfeito (a) você

está com sua capacidade para o

trabalho?

1

2

3

4

5

19

Quão satisfeito (a) você está consigo mesmo?

1

2

3

4

5

20

Quão satisfeito (a) você está com suas relações

pessoais (amigos, parentes, conhecidos,

colegas)?

1

2

3

4

5

21

Quão satisfeito (a) você

está com sua vida sexual?

1

2

3

4

5

22

Quão satisfeito (a) você está com o apoio que você recebe de seus

amigos?

1

2

3

4

5

53  

 

23

Quão satisfeito (a) você está com as condições

do local onde mora?

1

2

3

4

5

24

Quão satisfeito (a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?

1

2

3

4

5

25

Quão satisfeito (a) você está com o seu meio de

transporte?

1

2

3

4

5

As questões seguintes referem-se a com que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.

Nunca

Algumas vezes

Frequentemente

Muito frequentemente

Sempre

26

Com que frequência

você tem sentimentos

negativos tais como

mau humor, desespero,

ansiedade, depressão.

1

2

3

4

5

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário? ___________________________

Quanto tempo você levou para preencher este questionário? ___________________

Você tem algum comentário sobre o questionário?

___________________________________________________________________

OBRIGADO PELA SUA COLABORACAO.

54  

 

ANEXO 5

ESCALA DE BURDEN INTERVIEW – BI – VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE SOBRECARGA DO CUIDADOR.

INSTRUÇÕES: A seguir encontra-se uma lista de afirmativas que reflete como as pessoas algumas vezes sentem-se quando cuidam da outra pessoa. Depois de cada afirmativa, indique com que frequência o Sr/Sra. se sente daquela maneira:

0- nunca, 1- raramente, 2- algumas vezes, 3- frequentemente, 4- sempre. Não existem respostas certas ou erradas. 1. O Sr/ Sra. sente que S pede mais ajuda do que ele/ela necessita? _______. 2. O Sr/ Sra. sente que por causa do tempo que o Sr/ Sra. gasta com o S, o Sr/ Sra. não tem tempo suficiente para si mesmo? ________. 3. O Sr/ Sra. se sente estressado (a) entre cuidar de S e suas outras responsabilidades com a família e trabalho? ________. 4. O Sr/ Sra. se sente envergonhado (a) com o comportamento de S? ________. 5. O Sr/ Sra. se sente irritado (a) quando S esta por perto? _______. 6. O Sr/ Sra. sente que S afeta negativamente seus relacionamentos com outros membros da família ou amigos? ______. 7. O Sr/ Sra. sente receio pelo futuro de S? ______. 8. O Sr/ Sra. sente que S depende do Sr/ Sra.? ______. 9. O Sr/ Sra. se sente tenso (a) quando S esta por perto? ______. 10. O Sr/ Sra. sente que a sua saúde foi afetada por causa de seu envolvimento com S? ______. 11. O Sr/ Sra. sente que o Sr/ Sra. não tem tanta privacidade como gostaria, por causa de S? ______. 12. O Sr/ Sra. sente que a sua vida social tem sido prejudicada porque o Sr/ Sra. é a única pessoa de que ele/ ela pode depender? ______. 13. O Sr/ Sra. não se sente a vontade de ter visitas em casa por causa de S? _____. 14. O Sr/ Sra. sente que S espera que o Sr/ Sra. cuide dele/ dela, como se fosse o Sr/ Sra. a única pessoa de quem ele/ ela pode depender? ______. 15. O Sr/ Sra. sente que não tem dinheiro suficiente para cuidar de S, somando-se as suas outras despesas? ______. 16. O Sr/ Sra. sente que será incapaz de cuidar de S por muito tempo? ______. 17. O Sr/ Sra. sente que perdeu o controle da sua vida desde a doença de S? ____. 18. O Sr/ Sra. gostaria de simplesmente deixar que outra pessoa cuidasse de S? ______. 19. O Sr/ Sra. se sente em dúvida sobre o que fazer por S? ______. 20. O Sr/ Sra. sente que deveria estar fazendo mais por S? ______. 21. O Sr/ Sra. sente que poderia cuidar melhor de S? ______. 22. De maneira geral, quanto o Sr/ Sra se sente sobrecarregado (a) por cuidar de S? * No texto S refere-se ao nome da pessoa cuidada.

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ANEXO 6

DOMÍNIOS E PERGUTAS DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA – WHOQOL-bref

Avaliação Questões

Percepção da qualidade de vida

1. Como você avaliaria sua qualidade de vida?

Satisfação com a

saúde

2. Quão satisfeito (a) você está com a sua saúde?

Domínio Físico (FIS)

3. Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa? 4. O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária? 10. Você tem energia suficiente para o seu dia-a-dia? 15. Quão bem você é capaz de se locomover? 16. Quão satisfeito (a) você está com o seu sono? 17. Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia? 18. Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade para o trabalho?

Domínio Psicológico (PSI)

5. O quanto você aproveita a vida? 6. Em que medida você acha que a sua vida tem sentido? 7. O quanto você consegue se concentrar? 11. Você é capaz de aceitar sua aparência física? 19. Quão satisfeito (a) você está consigo mesmo? 26. Com que frequência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão?

Relações Sociais (RS)

20. Quão satisfeito (a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)? 21. Quão satisfeito (a) você está com sua vida sexual? 22. Quão satisfeito (a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos?

Meio Ambiente (MA)

8. Quão seguro (a) você se sente em sua vida diária? 9. Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)? 12. Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades? 13. Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia? 14. Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer? 23. Quão satisfeito (a) você está com as condições do local onde mora? 24. Quão satisfeito (a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde? 25. Quão satisfeito (a) você está com o seu meio de transporte?

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ANEXO 7 COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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