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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Nathalie Zamagni Bessa COMPARAÇÃO DOS POLIMORFISMOS DO GENE MC1R EM INDIVÍDUOS CAUCASIANOS E NEGROS São Paulo 2014

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Nathalie Zamagni Bessa

COMPARAÇÃO DOS POLIMORFISMOS DO GENE MC1R EM

INDIVÍDUOS CAUCASIANOS E NEGROS

São Paulo

2014

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

NATHALIE ZAMAGNI BESSA

COMPARAÇÃO DOS POLIMORFISMOS DO GENE MC1R EM

INDIVÍDUOS CAUCASIANOS E NEGROS

Monografia apresentada ao Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde, da

Universidade Presbiteriana Mackenzie

como parte dos requisitos exigidos para a

conclusão do Curso de Ciências

Biológicas.

Orientadora Externa: Drª Cintia Fridman

Orientadora Interna: Drª Ana Paula Pimentel Costa

São Paulo

2014

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NATHALIE ZAMAGNI BESSA

COMPARAÇÃO DOS POLIMORFISMOS DO GENE MC1R EM

INDIVÍDUOS CAUCASIANOS E NEGROS

Monografia apresentada ao Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde, da

Universidade Presbiteriana Mackenzie

como parte dos requisitos exigidos para a

conclusão do Curso de Ciências

Biológicas.

Aprovada em: ___________

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________

Drª Ana Paula Pimentel Costa

_______________________________________________________________

Drª Cintia Fridman

_______________________________________________________________

Drª Fernada de Toledo Gonçalves

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A minha mãe Agnes Zamagni, por todo

amor, carinho, confiança e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao Centro de Ciências Biológicas e da

Saúde pela formação de qualidade a mim oferecida;

A minha orientadora, Dra. Cintia Fridman, um agradecimento especial pela

oportunidade de estágio, disponibilidade, paciência, incentivo e ensinamentos

oferecidos durante todo o processo;

A Dra. Ana Paula Pimentel Costa por ter aceito o pedido de ser minha orientadora

interna, por toda ajuda, boa vontade e disponibilidade;

Aos professores do curso de Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana

Mackenzie, que são grandes pessoas, pela dedicação e boa vontade de repassar

seus conhecimentos;

A Doutora Fernanda de Toledo Gonçalves, pela boa vontade, apoio e

conhecimentos compartilhados;

As meninas do laboratório, Mari Cardena, Felícia Lima e Bruna Gabriela Tanzi,

pessoas maravilhosas e companheiras que tive o privilégio de conhecer, estando

sempre presentes e disponíveis, me ajudando e me incentivando. Obrigada pelos

ótimos momentos e ensinamentos que tanto contribuíram para minha formação

profissional e pessoal;

A minha mãe Agnes Zamagni, que acreditou na minha capacidade, me apoiando e

incentivando a todo momento. Sem você nada disso seria possível. Obrigada por ser

uma mãe maravilhosa, por todo amor, orgulho e carinho que tem por mim. Espero

um dia me tornar uma mulher tão impressionante e forte quanto você;

Ao meu pai, Mario Cesar Bessa, por acreditar na minha capacidade e me amar e

incentivar sempre. A você todo meu amor e respeito;

Aos meus familiares por estarem sempre presentes e me apoiando;

Aos meus amigos, Gabriela Wittner, Flávia Credidio e Alfredo Silva, por toda

paciência que tiveram comigo, me ajudando a todo momento, me fazendo acreditar

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que eu era capaz e que no final tudo daria certo. Obrigada pelos momentos incríveis

que passei com vocês, e sem dúvida que vocês tornam meu dia muito mais alegre;

Por fim, a todos doadores voluntários desse projeto.

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A mente que se abre a uma nova ideia

jamais voltará ao seu tamanho original.

(Albert Einstein)

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RESUMO

A pigmentação humana é muito diversificada, podendo ser modificada por fatores

internos e externos. Os fatores internos responsáveis por esse controle são os

genes de pigmentação. Um dos principais genes é o receptor de melanocortina 1

(MC1R) que codifica uma proteína de mesmo nome, do tipo receptor acoplado a

proteína G (GPCR), que é expressa por melanócitos da pele desencadeando

respostas que ativam as vias determinantes no processo da pigmentação. O MC1R

responde a dois ligantes: ao agonista α-MSH que leva à síntese de eumelanina,

responsável pelo fenótipo escuro, e ao antagonista ASIP, que desencadeia a síntese

de feomelanina, associada ao fenótipo claro. A ocorrência de SNPs no gene MC1R

causa alterações no fenótipo, pois promovem modificações no receptor que alteram

a via da melanogênese. Estudos tem demostrado que a análise genotípica dos

polimorfismos dos genes de pigmentação pode ser útil nas ciências forenses, pois

pode permitir a predição de fenótipos como cor de pele, olhos e cabelo, auxiliando

na identificação humana. O objetivo desse trabalho foi verificar se há diferença de

frequência dos polimorfismos do gene MC1R em indivíduos brancos e negros da

população brasileira, e verificar a ocorrência de associações com a cor de pele.

Nesse estudo foram analisados 8 SNPs do gene MC1R em 41 indivíduos brasileiros,

20 autodeclarados brancos e 21 negros. Todas as variáveis estudadas mostraram

estar em equilíbrio de Hardy-Weinberg e foi encontrada uma forte associação entre

o polimorfismo V60L e a cor de pele clara (OR: 10,77; IC: 1,18 - 98,00), em

heterozigose. Para os outros 7 SNPs estudados não foram encontradas associações

estaticamente significativas. O resultado analisado está de acordo com outros

estudos realizados em populações homogêneas, que verificaram alta frequência da

variante V60L em indivíduos europeus. Os resultados sugerem que futuramente, as

análises dos SNPs do gene MC1R podem servir como ferramenta para práticas

forenses, possibilitando a predição fenotípica. Porém é necessária a realização de

estudos adicionais em populações miscigenadas para que se estabeleça um padrão

que possibilite o uso prático e confiável.

Palavras-chave: MC1R, SNP, pigmentação, cor de pele, população Brasileira

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ABSTRACT

Human pigmentation is very variable and can be modified by internal and external

factors. Pigmentation genes are the internal factors responsible for this control. One

of the major genes is the melanocortin 1 receptor (MC1R) encoding a protein of the

same name, which is a G-protein-coupled receptor (GPCR), expressed by

melanocytes in the skin, triggering responses that activate determinants pathways in

the pigmentation process. MC1R responds to two ligands: the agonist, α-MSH that

leads to the synthesis of eumelanin, responsible for the dark phenotype, and the

antagonist ASIP, which triggers the synthesis of pheomelanin, related to light

phenotype. The occurrence of SNPs in MC1R gene causes changes in phenotype,

because they promote changes in the receptor that alter the path of melanogenesis.

Studies have shown that genotypic analysis of polymorphisms in pigmentation genes

may be useful in forensic, since it may allow the prediction of phenotypes, such as

skin, eyes and hair color, helping human identification. The aim of this study was to

observe the differences in frequencies of polymorphisms of the MC1R gene in

individuals of Brazilian population with white and black skin color, and to verify the

occurrence of associations with the skin color. In this study, eight SNPs in the MC1R

gene were analyzed in 41 Brazilians, 20 self-declared as white and 21 as black. For

all the variants, no deviation was observed in the Hardy-Weinberg Proportions and a

strong association was found between the V60L heterozygous polymorphism and

light skin color (OR: 10.77; CI: 1.18 to 98.00). For the other seven SNPs studied, no

statistically significant associations were found. The results are in agreement with

other studies in homogeneous populations that found a high frequency of the variant

V60L in European individuals. The results suggest that future analysis of SNPs for

the MC1R gene may serve as a tool for forensic practice, allowing phenotypic

prediction. However additional studies in admixed populations in order to establish a

standard that enables the practical and reliable usage are required.

Key-words: MC1R, SNP, pigmentation, skin color, Brazilian population

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Alterações que ocorrem no receptor em relação às variantes genéticas do

MC1R ....................................................................................................................... 15

Tabela 2. Distribuição das frequências da ancestralidade de pais e avós informadas

pelos indivíduos autodeclarados brancos e negros ................................................. 24

Tabela 3. Distribuição das frequências dos pais brasileiros por regiões de

nascimento informadas pelos indivíduos autodeclarados brancos e negros ........... 25

Tabela 4. Distribuição das frequências genotípicas e alélicas dos polimorfismos do

gene MC1R em indivíduos brancos ......................................................................... 26

Tabela 5. Distribuição das frequências genotípicas e alélicas dos polimorfismos do

gene MC1R em indivíduos negros ........................................................................... 27

Tabela 6. Análise dos polimorfismos do gene MC1R em relação à cor de pele ..... 28

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASIP – proteína sinalizadora de Agouti

cAMP – AMP cíclico ou monofosfato cíclico de adenosina

DNA - ácido desoxirribonucleico

DMSO - dimetilsulfóxido

dNTP - desoxirribonucleotídeos fosfatados

EDTA - ácido etilenodiamino tetra-acético

ELS – laços extracelulares

GPCR – receptor acoplado a proteína G

IC – intervalo de confiança

ILS – laços intracelulares

MC – melanocortinas

MC1R – receptor de melanocortina 1

MgCl2 – cloreto de magnésio

MITF – fator de transcrição associado à microfitalmia

ml – mililitro

mM - milimolar

ng/μl – nanograma por microlitro

nm - nanómetro

OR – Odds Ratio

pb – pares de base

PCR – reação em cadeia da polimerase

POMC – pró-opiomelanocortina

SNP – polimorfismo de base única

TE – tampão Tris-EDTA ou tampão hidroximetilaminometano - ácido etilenodiamino

tetra-acético

TYR – enzima tirosinase

UV – radiação ultravioleta

α-MSH – hormônio estimulante de α-melanócito

μl - microlitro

°C- graus Celsius

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 19

3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 20

3.1. Casuística .............................................................................................. 20

3.2. Questionário ........................................................................................... 20

3.3. Extração de DNA .................................................................................... 21

3.4. Amplificação dos polimorfismos do gene MC1R ................................... 21

3.5. Reação de sequenciamento .................................................................. 22

3.6. Análise dos polimorfismos do gene MC1R ............................................ 22

3.7. Análise estatística .................................................................................. 22

4. RESULTADOS .................................................................................................... 24

5. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 29

6. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 32

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 33

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1. INTRODUÇÃO

A pigmentação humana é muito diversificada, podendo ser modificada por

fatores como idade, drogas, medicação, ambiente, e também pela pressão

evolutiva gerada pelos diferentes níveis de radiação ultravioleta (UV) que incide nas

várias latitudes geográficas (PNEUMAN et al., 2012; PÓSPIECH et al., 2014).

Como consequência, indivíduos negros apresentam o pigmento da pele de forma

concentrada, no qual confere proteção à radiação UV, e nos indivíduos de pele

clara houve um relaxamento da pressão evolutiva, fazendo com que os níveis de

vitamina D se mantivessem adequados, mesmo em regiões de alta latitude, onde

há menor incidência de raios UV para estimular a síntese dessa vitamina (SULEM

et al., 2007).

A coloração da pele se dá, principalmente, devido à presença do pigmento

melanina, que é produzida continuamente nos melanossomos, dentro dos

melanócitos. Os melanócitos são células dendríticas especializadas, derivadas da

crista neural durante o desenvolvimento embrionário, estando localizados na

camada basal da epiderme e rodeados por queratinócitos. Os melanossomos são

organelas compostas por membranas altamente especializadas produzidas pelo

complexo de Golgi e pelo retículo endoplasmático (SCHERER; KUMAR, 2010). A

síntese de melanina, denominada melanogênese, é controlada por uma cascata de

reações que envolvem várias enzimas, receptores, fatores de transcrição,

transportadores de canal iônico e genes que codificam ligantes (SCHERER;

KUMAR, 2010).

Um desses genes é o receptor de melanocortina 1 (MC1R), composto por 1

éxon de 951pb que codifica 317 aminoácidos (RANA et al., 1999), localizado no

cromossomo 16 (16q24.3) (IRA et al., 1994). O MC1R codifica uma proteína de

mesmo nome cuja resposta é mediada por ações fisiológicas dos seus ligantes, as

melanocortinas (MCs), pertencentes ao grupo de hormônios peptídicos sintetizados

na pituitária e pele (DOYLE et al., 2012), tendo como precursor a pró-

opiomelanocortina (POMC), que é clivado em α-MSH (hormônio estimulante de α-

melanócito) que age como agonista de MC1R (DOYLE et al., 2012).

O MC1R codifica uma proteína do tipo receptor acoplado a proteína G

(GPCR), expressa por melanócitos na pele (GARCÍA-BORRÓN; OLIVARES, 2013;

SWITONSKI et al., 2013) e destinada a receber mensagens químicas, como a luz,

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e desencadear respostas que ativam as vias determinantes no processo de

pigmentação (GARCÍA-BARRÓN; SÁNCHEZ-LAORDEN; JIMÉNEZ-CERVANTES,

2005). Essa proteína possui características estruturais específicas dos GPCRs,

como a presença de N-terminal extracelular, sete domínios transmembrana (TM),

estando conectados por três laços extracelulares (ELS) e intracelulares (ILS) e um

C-terminal intracelular (GARCÍA-BARRÓN; SÁNCHEZ-LAORDEN; JIMÉNEZ-

CERVANTES, 2005; HITOSHI, 2013).

O receptor de melanocortina 1 responde a dois ligantes de moléculas

sinalizadoras, o agonista α-MSH e o antagonista ASIP (proteína sinalizadora de

Agouti) (HITOSHI, 2013). Ao se ligar ao α-MSH ocorre um acoplamento positivo

desencadeando a adenil ciclase e, subsequentemente, o aumento do nível

intracelular do cAMP (DOYLE et al., 2012) e ativação do fator de transcrição

associado à microftalmia (MITF). Dentro dos melanócitos várias enzimas são

ativadas, dentre elas a tirosinase (TYR), que é limitante da velocidade da reação

que cataliza a conversão da tirosina em dopaquinona. O produto dessa reação é

transportado para os melanossomos e oxidado, que devido ao maior estimulo

realizado pela TYR leva à síntese de eumelanina, sendo esse um pigmento

insolúvel e escuro (TULLY, 2007). Quando o MC1R interage com o ASIP ocorre

redução no nível de cAMP e, consequentemente, menor atividade da tirosinase,

que resulta na produção de cistenildopa devido a conjugação da dopaquinona com

o aminoácido cisteína, gerando um pigmento solúvel e avermelhado, a feomelanina

(SCHERER; KUMAR, 2010; HITOSHI, 2013).

A síntese de eumelanina resulta em um fenótipo escuro, ou seja, cor de pele,

olhos e cabelo preto/marrom (SCHERER; KUMAR, 2010). Já a produção de

feomelanina, gera um fenótipo claro, estando associado a indivíduos de pele

branca, cabelo vermelho ou loiro, baixa capacidade de bronzeamento em resposta

a radiação UV, e a presença de sardas (SCHERER; KUMAR, 2010; GARCÍA-

BORRÓN; OLIVARES, 2013; PUIG-BUTILLÉ et al., 2013).

Devido à ocorrência de polimorfismos de base única (SNPs) no MC1R

(HITOSHI, 2013), suas variantes alélicas podem afetar o fénotipo, pois podem

resultar em diversos eventos como a perda da função do receptor (SWOPE et al.,

2012); prejudicar ou inibir a ligação do agonista (α-MSH) ao receptor; promover a

redução da resposta após o estímulo; diminuir a eficiência do acoplamento;

interferir no tráfego intracelular; e gerar a retenção intracelular ou redução da

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expressão do receptor (GARCÍA-BARRÓN; SÁNCHEZ-LAORDEN; JIMÉNEZ-

CERVANTES, 2005, SCHERER; KUMAR, 2010; MARANO, 2011), o que culmina

na falta de estímulo da via do cAMP levando a síntese de feomelanina (DOYLE et

al., 2012). As alterações ocorridas no receptor, em relação às variantes genéticas

que as causam estão listadas na Tabela 1.

Tabela 1: Alterações que ocorrem no receptor em relação às variantes genéticas do MC1R.

Alterações no receptor Polimorfimos Referências

Diminuição da afinidade de

ligação com o agonista

D84E, R142H,

R151C, R160W

GARCÍA-BARRÓN; SÁNCHEZ-

LAORDEN; JIMÉNEZ-CERVANTES,

2005

Retenção intracelular, ou

reduzida, da expressão do

receptor

V60L D84E,

R151C, I155T,

R160W

GARCÍA-BARRÓN; SÁNCHEZ-

LAORDEN; JIMÉNEZ-CERVANTES,

2005; MARANO, 2011; DOYLE et al,

2012

Redução da resposta após

estímulo do agonista

V92M, R151C,

R160W

GARCÍA-BARRÓN; SÁNCHEZ-

LAORDEN; JIMÉNEZ-CERVANTES,

2005

Diminuição da eficiência do

acoplamento R163Q MARANO, 2011

Tráfego intracelular

prejudicado R151C, R160W

GARCÍA-BARRÓN; SÁNCHEZ-

LAORDEN; JIMÉNEZ-CERVANTES,

2005

Perda da função do receptor R151C, R160W SWOPE et al., 2012

Os polimorfismos do MC1R descritos como possuindo associação genética

com o fenótipo claro são: V60L (rs1805005), D84E (rs1805006), V92M (rs2228479),

R142H (rs11547464), R151C (rs1805007), I155T (rs1110400) e R160W

(rs1805008) (BRANICKI et al., 2007; RAIMONDI et al., 2008; PÓSPIECH et al.,

2014).

O SNP V60L (Val60Leu) é caracterizado pela mudança da base nitrogenada

G (guanina) para T (timina) (GTG > TTG), que acarreta a alteração do aminoácido

valina para o aminoácido leucina na posição 60 da proteína. O polimorfismo D84E

(Asp84Glu) é a mudança, na posição 84 da cadeia proteica, do aminoácido

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aspartato para o aminoácido glutamato, que ocorre devido a troca da base citosina

(C) para adenina (A) (CCT > ACT). A variante V92M (Val92Met) promove a

mudança da base nitrogenada guanina para adenina (GTG > ATG), que ocasiona a

alteração do aminoácido valina para o aminoácido metiolina, na posição 92 da

proteína.

O polimorfismo R142H (Arg142His) é caracterizado pela modificação da base

nitrogenada guanina para adenina (GCA > ACA), que acarreta, na posição 142 da

proteína, a substituição do aminoácido arginina pelo aminoácido histidina. A variante

R151C (Arg151Cys) gera, na posição 151 da cadeia proteica, a alteração do

aminoácido arginina para o aminoácido cisteina, sendo promovida pela troca da

base citosina para timina (CGC > TGC). O SNP I155T (Ile155Thr) é ocasionado pela

mudança do aminoácido isoleucina para o aminoácido treonina, causada pela troca

da base nitrogenada timina pela citosina (TCG > CCG), na posição 155 da proteína.

A variante R160W (Arg160Trp) é a modificação, na posição 160 da cadeia

proteica, da base citosina pela timina (CGG > TGG), que promove a substituição do

aminoácido arginina pelo aminoácido triptofano. O SNP R163Q (Arg163Gln) causa a

alteração do aminoácido arginina pelo aminoácido glutamato, na posição 163 da

proteína, ocasionada pela mudança da base nitrogenada guanina pela adenina

(GAG > AAG).

Acredita-se que as populações humanas ancestrais habitavam a região da

África, estando próximas à linha do Equador, apresentando pele, olhos e cabelos

escuros, pois esse tipo de pigmentação exerce função de proteção contra os raios

UV (SULEM et al., 2007; HOCHBERG; TEMPLETON, 2010). A migração de

indivíduos para regiões de maiores latitudes culminou no aumento gradual do

clareamento da pele (HOCHBERG; TEMPLETON, 2010; SCHERER; KUMAR,

2010), com os indivíduos de ascendência europeia e do Leste Asiático (SULEM et

al., 2007). Atualmente, pode-se notar também um padrão diferenciado da cor no

Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul (SCHERER; KUMAR, 2010).

O clareamento da pele foi uma resposta adaptativa positiva, pois a síntese de

vitamina D é estimulada pela radiação UV (SCHERER; KUMAR, 2010), que devido

as variações nos genes de pigmentação, permitiu o nível adequado da síntese

mesmo em baixas quantidades de exposição à UV (SULEM et al., 2007). A

importância dessa vitamina se dá pelo fato do seu receptor ser um fator de

transcrição muito variável e potente, estando relacionado à absorção de cálcio,

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desenvolvimento e mineralização do esqueleto, regulação do crescimento celular e

a inibição do crescimento de células cancerígenas (HOCHBERG; TEMPLETON,

2010).

A diferenciação geográfica da pigmentação humana nos dias atuais reflete

uma história adaptativa (SULEM et al., 2007), sendo interessante para avaliar

possíveis cenários evolutivos, que permite a compreensão do desenvolvimento

natural à partir das forças seletivas que atuam a longo prazo, tornando-se útil para

entender a natureza da adaptação, onde alterações moleculares como a alteração

de um aminoácido e da expressão gênica causam mudanças funcionais (HITOSHI,

2013).

É notada a ocorrência elevada de polimorfismos presentes no gene MC1R

em populações de origem caucasiana, o que causa impacto significativo no fenótipo

de pigmentação desse grupo (BRANICKI et al., 2007; PÓSPIECH, et al., 2014).

Na população do Norte da Europa os polimorfismos mais frequentemente

observados são: R142H, R151C e R160W, estando relacionados a 60% do fenótipo

claro sendo que, pelo menos um deles é encontrado em 30% dos indivíduos dessa

região (SCHERER; KUMAR, 2010). Na Europa Central, região da Polônia, as

variantes R151C e R160W são as mais significativas para as características de

cabelo ruivo e pele clara, presentes em 97,5% dos indivíduos com esse fenótipo

(BRANICKI et al., 2007). No Sul e Norte da Europa, assim como nos Estados

Unidos, o SNP mais significativo descrito é o V60L (SAVAGE et al., 2008). A maior

frequência do polimorfismo R142H também foi observada em indivíduos ruivos na

Polônia, Reino Unido e Estados Unidos. Já na Austrália, a maior frequência

observada foi da variante D84E (BRANICKI et al., 2007; SAVAGE et al., 2008).

Na região do Mediterrâneo os polimorfismos mais significativos são os

mesmos observados no Norte da Europa, com ocorrência de pelo menos uma

dessas variantes em 89% dos indivíduos de cabelo ruivo; também nessa população

foi analisada a associação do alelo R142H à cor de olhos verdes ou azuis (PUIG-

BUTILLÉ et al., 2013). Em populações de origem asiática a frequência da variante

R163Q é mais elevada quando comparada à indivíduos europeus, (PUIG-BUTILLÉ

et al., 2013), sendo identificada em 70% dos indivíduos do Leste/Sudestes asiático

(DOYLE et al., 2012).

Tem sido demonstrado, por meio de estudos, que a predição fenotípica a

partir da análise genotípica de polimorfismos existentes em genes de pigmentação,

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como o MC1R, pode ser útil na ciência forense, permitindo a predição de

características físicas como, cor de olhos, pele e cabelo, de um indivíduo

(BRANICKI et al., 2007; CERQUEIRA et al., 2014). Desta maneira, torna possível o

direcionamento nas buscas de um suspeito de crime, podendo também auxiliar na

identificação de um agressor, vítima, corpo desconhecido, ou a diminuir o número

de indivíduos suspeitos (PÓSPIECH et al., 2014).

Considerando-se que a população brasileira é altamente miscigenada e

apresenta diferentes níveis de contribuições de grupos ancestrais (ameríndios,

europeus e africanos), são necessários estudos adicionais para averiguar possíveis

associações também nessa população.

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2. OBJETIVO

O presente projeto teve por objetivo verificar se há diferença de frequência

entre polimorfismos no gene MC1R em indivíduos de pele clara e indivíduos de

pele negra da população brasileira e, portanto, avaliar se há associação desses

polimorfismos com a caracteristica cor de pele, para que possa ser usado como

parâmetro em casos de identificação humana.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Casuística

Nesse estudo foram analisados 41 indivíduos, sendo 20 caucasianos e 21

negros segundo autodeclaração em relação à cor de pele, todos voluntários sadios,

sem parentesco, de ambos os sexos, maiores de 18 anos e provenientes do

complexo HC-FMUSP e Fundação Faculdade de Medicina. Esse é um sub-projeto

de um projeto maior que consiste em avaliar diversos genes de pigmentação em

600 indivíduos da população brasileira para finalidade de identificação humana e

predição fenotípica, desenvolvido no Departamento de Medicina Legal, Ética

Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da USP.

Os voluntários assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

aprovado pela Comissão de Ética do Hospital das Clínicas.

3.2. Questionário

Os participantes responderam a um questionário que incluía questões sobre

informações sociodemográficas (sexo, idade, local de nascimento, grau de

escolaridade e renda), uso de cigarro e de álcool, de medicamentos, uso de filtro

solar e bronzeador, cor dos olhos, pele e cabelo, sensibilidade da pele ao sol e a

presença de sardas.

A classificação da coloração da pele foi realizada por meio da

autodeclaração, e também por meio da aferição da densidade de melanina, com

uso de espectrofotômetro na face interna do braço, por ser uma região com menor

capacidade de bronzeamento, mais acessível e por sofrer menos influência de

fatores externos. Antes de cada medição foi feita a calibração do equipamento

usando-se uma superfície de referência, uma preta e outra branca.

A densidade de melanina na pele foi medida pela refletância nos

comprimentos de onda de 400 e 420 nm, segundo a relação:

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21

Na equação, testada em indivíduos caucasianos por Dwyer et al. (1998),

DM400 é uma estimativa da porcentagem da epiderme que contém melanina, e

R400 e R420 denotam a média de três medidas da refletância a 400 e a 420 nm

feitas nessa área anatômica.

Para obter o padrão da coloração do cabelo, os voluntários foram

questionados sobre a coloração original dos fios aos 15 anos de idade e,

posteriormente, foi apresentada uma grade de possíveis cores de cabelo para que

fosse apontada a cor mais próxima da que possuía dentre as opções.

Para obtenção da cor de olhos, os voluntários apontaram a cor de seus olhos

naturais em uma grade apresentada, retirada de um estudo que estabeleceu um

sistema de SNPs para predição de cor de olhos para finalidade forense (WALSH et

al., 2011). Após a classificação da coloração pelo voluntário, foi tirada uma

fotografia com câmera digital, apenas da região dos olhos, para que uma análise

posterior fosse realizada por dois pesquisadores envolvidos no estudo, uma vez

que a autoanálise pode apresentar subjetividade.

Para a finalidade desse trabalho, foram utilizados apenas os dados de

autodeclaração de cor de pele.

3.3. Extração de DNA

Foram coletadas amostras de sangue periférico (4ml) dos voluntários em

tubos contendo EDTA. A extração do DNA foi realizada pelo processo de Salting-

out, de acordo com o protocolo de Muller et al. (1988). O DNA extraído foi eluído

em tampão TE (Tris-EDTA), quantificado em espectrofotômetro Nanodrop 2000

(Thermo Scientific), aliquotado e armazenado em tubos do tipo eppendorf em

freezer -20°C para posterior genotipagem e análise de polimorfismos.

3.4. Amplificação dos polimorfismos do gene MC1R

As amostras de DNA foram amplificadas para a totalidade do gene MC1R,

para posterior análise dos polimorfismos nele presentes por meio de uma reação de

PCR, utilizando sequências de oligonucleotídeos descritas por Preising et. al

(2011). Os primers utilizados para amplificação dos 951pb do gene MC1R foram

MC1R-F 5′ ACTTAAAGCCGCGTGCACCG 3′ para a fita foward e MC1R-R 5′

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22

AGGCCTCCAACGACTCCTTCCT 3′ para a fita reverse (PRESING et al., 2011) . As

reações de PCR foram conduzidas em um volume total de 25μl, sendo 2μl de DNA

genômico a 50ng/μl, 1,25μl de cada primer (10mM) e 0,5μl dNTP (10mM), 2,5μl de

buffer, 0,75μl de MgCl2, 5 unidades de Taq polimerase, 2,5μl de DMSO e 14μl de

água ultra pura. A ciclagem térmica foi realizada em termociclador Veriti da marca

Applied Biosystems, com condições de desnaturação inicial de 94°C por 5 minutos,

seguido de 35 ciclos de desnaturação de 94°C por 1 minuto, anelamento de 60°C

por 1 minuto e extensão de 72°C por 2 minutos. A extensão final foi de 72°C por 10

minutos.

3.5. Reação de sequenciamento

Os produtos de PCR foram sequenciados com a utilização do BigDye

Terminator Cycle Sequencing Kit (Applied Biosystems, Foster City, CA), conforme

protocolo do fabricante. Para sequenciamento do gene MC1R foi usado o mesmo

primer foward utilizado na reação de PCR (PRESING et al., 2011).

Após sequenciamento e precipitação das amostras com EDTA e etanol, foi

realizada eletroforese capilar com a utilização do sequenciador ABI3130 (Applied

Biosystems, Foster City, CA) e os resultados foram analisados em software

específico denominado BioEdit (http://www.mbio.ncsu.edu/BioEdit/BioEdit.html).

3.6. Análise dos polimorfismos do gene MC1R

Foram avaliados oito polimorfismos do gene MC1R que já foram descritos na

literatura sendo relacionados com variações de pigmentação, sendo eles: V60L

(rs1805005), D84E (rs1805006), V92M (rs2228479), R142H (rs11547464), R151C

(rs1805007), I155T (rs1110400), R160W (rs1805008) e R163Q (rs885479).

3.7. Análise estatística

Foi calculado o equilíbrio de Hardy-Weinberg para cada SNP avaliado e a

existência de desequilíbrio de ligação entre os sítios polimórficos analisados,

utilizando-se Monte Carlo’s Goodness-of-fit test. Visando assim verificar se as

variantes estavam, ou não, sofrendo pressão seletiva.

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23

Para estimar as associações entre as características fenotípicas e genotípicas,

foram calculadas a Odds Ratio (OR) com intervalos de confiança de 95% (IC 95%).

O Odds Ratio é um parâmetro aplicado para estudos de associação, que

representa o risco de uma pessoa apresentar um determinado fenótipo considerado

quando possui o genótipo em questão. Nele é calculada a razão entre a

probabilidade de um indivíduo apresentar um fenótipo estabelecido ao possuir um

determinado genótipo, e a probabilidade desse fenótipo não ocorrer mesmo na

presença do genótipo.

A associação de cada SNP estudado com a cor de pele foi avaliada pelo Teste

exato de Fisher, com uso do sofware STATA 9.1 (StataCorp, College Station.

Texas, EUA).

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24

4. RESULTADOS

Foi estudada uma amostra total de 41 indivíduos, dentre eles 20

autodeclarados como brancos e 21 como negros, com idade média de 35,44 (±

11,50) anos. Da amostra com pele clara, foram avaliados 14 indivíduos do sexo

feminino (70,0%) e 6 do sexo masculino (30,0%); nos indivíduos negros foram

analisadas 6 mulheres (28,57%) e 15 homens (71,43%).

Por meio da verificação dos dados informados pelos indivíduos estudados, foi

possível evidenciar a ancestralidade dos mesmos por meio do local de nascimento

de seus familiares (pais e avós). Salientamos que nem todos os indivíduos

estudados sabiam relatar a origem de seus pais e avós e, portanto, esses dados

foram avaliados em uma amostra com número diferente para cada categoria. Em

relação aos pais, os indivíduos negros possuem na sua totalidade pais de origem

brasileira (100%), sendo esses 48,78% provenientes da região Nordeste, 41,46% do

Sudeste, 4,88% do Centro-Oeste e 4,88% da região Sul (Tabelas 2 e 3).

Dos indivíduos brancos, 92,1% dos pais apresentam nacionalidade brasileira

e 7,9% europeia, sendo um proveniente da Itália, um de Portugal e um da Espanha.

Os pais brasileiros são 72,22% oriundos da região Sudeste, 11,11% do Nordeste,

11,11% do Sul e 5,56% da região Centro-Oeste. Não foram observados indivíduos

nativos da região Norte, tanto na amostra de pele escura quando na de pele clara

(Tabelas 2 e 3).

Ao analisar os avós da amostra autorreferida de negros, verificou-se que

98,57% dos avós possuem nacionalidade brasileira e 1,43% são de origem europeia

(Portugal). Já na amostra de brancos, 72,60% dos avós são brasileiros e 27,40%

são europeus, sendo provenientes da Itália (45%) Portugal (35%) e Espanha (20%)

(Tabela 2).

Tabela 2: Distribuição das frequências da ancestralidade de pais e avós informadas pelos

indivíduos autodeclarados brancos e negros.

Autodeclaração Parentesco Ancestralidade

Brasileiros n(%) Europeus n(%)

Brancos Pais 36 (92,1) 3 (7,9)

Avós 53 (72,6) 20 (27,4)

Negros Pais 41 (100) 0 (0,0)

Avós 69 (98,57) 1 (1,43)

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25 Tabela 3: Distribuição das frequências dos pais brasileiros por regiões de nascimento

informadas pelos indivíduos autodeclarados brancos e negros.

Região do Brasil Autodeclaração

Brancos n(%) Negros n(%)

Norte 0 (0,0) 0 (0,0)

Nordeste 4 (11,11) 20 (48,48)

Centro-oeste 2 (5,56) 2 (4,88)

Sudeste 26 (72,22) 17 (41,46)

Sul 4 (11,11) 2 (4,88)

Dos loci analisados, foi observada a ocorrência de indivíduos negros

heterozigotos para os SNPs: V60L, V92M, R151C e R163Q. Na amostra de brancos,

as variantes em heterozigose foram: V60L, V92M, R160W, R163Q. Na população de

estudo, tanto de brancos quanto de negros, não ocorreu a presença de indivíduos

homozigotos com a variante.

A análise do Equilíbrio de Hardy-Weimberg, realizada para cada um dos oito

polimorfismos do gene MC1R, mostrou que todos os polimorfismos estão em

equilíbrio, não apresentando diferenças significativas dos valores estatísticos

encontrados em relação a frequência do genótipo esperado (Tabela 4 e 5).

Não foram verificadas associações estaticamente significativas dos loci

analisados em relação a característica de cor de pele, entre a amostra de indivíduos

brancos e negros, com exceção da variante V60L. O polimorfismo V60L (rs1805005)

demonstrou forte associação à cor de pele clara, quando em heterozigose (OR:

10,77; IC: 1,18 - 98,00) quando comparada ao observado em indivíduos de pele

escura (Tabela 6).

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26 Tabela 4: Distribuição das frequências genotípicas e alélicas dos polimorfismos do gene

MC1R em indivíduos brancos.

Frequências genotípicas Frequências alélicas

Polimorfismo Genótipo Observado Esperado X2 p Alelo Indivíduos Frequência

MC1R GG 13 (0,65) 13,61 (0,68) G 16,5 0,825

rs1805005 GT 7 (0,35) 5,77 (0,29) 0,044 0,834 T 3,5 0,175

(V60L) TT 0 0,61 (0,03)

rs1805006

(D84E)

CC 20 (1,0) 20 (1,0) C 20 1

CA 0 0 --- --- A 0 0

AA 0 0

rs2228479

(V92M)

GG 15 (0,75) 15,31 (0,76) G 17,5 0,875

GA 5 (0,25) 4,37 (0,22) 0,014 0,905 A 2,5 0,125

AA 0 0,31 (0,01)

rs11547464

(R142H)

GG 20 (1,0) 20 (1,0) G 20 1

GA 0 0 --- --- A 0 0

AA 0 0

rs1805007

(R151C)

CC 20 (1,0) 20 (1,0) C 20 1

CT 0 0 --- --- T 0 0

TT 0 0

rs1110400

(I155T)

TT 20 (1,0) 20 (1,0) T 20 1

TC 0 0 --- --- C 0 0

CC 0 0

rs1805008

(R160W)

CC 19 (0,95) 19,01 (0,95) C 19,5 0,975

CT 1 (0,05) 0,975 (0,05) 0,0001 0,992 T 0,5 0,025

TT 0 0,01 (0,0001)

rs885479

(R163Q)

GG 19 (0,95) 19,01 (0,95) G 19,5 0,975

GA 1 (0,05) 0,975 (0,05) 0,0001 0,992 A 0,5 0,025

AA 0 0,01 (0,0001)

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27 Tabela 5: Distribuição das frequências genotípicas e alélicas dos polimorfismos do gene

MC1R em indivíduos negros.

Frequências genotípicas Frequências alélica

Polimorfismo Genótipo Observado Esperado X2 p Alelo Indivíduos Frequência

MC1R GG 20 (0,95) 18,95 (0,90) G 20,5 0,976

rs1805005 GT 1 (0,05) 1,99 (0,09) 0,022 0,881 T 0,5 0,024

(V60L) TT 0 0,05 (0,002)

rs1805006

(D84E)

CC 21 (1,0) 21 (1,0) C 21 1

CA 0 0 --- --- A 0 0

AA 0 0

rs2228479

(V92M)

GG 20 (0,95) 18,95 (0,90) G 20,5 0,976

GA 1 (0,05) 1,99 (0,09) 0,022 0,881 A 0,5 0,024

AA 0 0,05 (0,002)

rs11547464

(R142H)

GG 21 (1,0) 21 (1,0) G 21 1

GA 0 0 --- --- A 0 0

AA 0 0

rs1805007

(R151C)

CC 20 (0,95) 18,95 (0,90) C 20,5 0,976

CT 1 (0,05) 1,99 (0,09) 0,022 0,881 T 0,5 0,024

TT 0 0,05 (0,002)

rs1110400

(I155T)

TT 21 (1,0) 21 (1,0) T 21 1

TC 0 0 --- --- C 0 0

CC 0 0

rs1805008

(R160W)

CC 21 (1,0) 21 (1,0) C 21 1

CT 0 0 --- --- T 0 0

TT 0 0

rs885479

(R163Q)

GG 17 (0,81) 17,2 (0,82) G 19 0,905

GA 4 (0,19) 3,61 (0,17) 0,011 0,915 A 2 0,095

AA 0 0,19 (0,009)

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28 Tabela 6: Análise dos polimorfismos do gene MC1R em relação à cor de pele

Polimorfismo Genótipo Negros Brancos OR (IC) P

(ref) (%)

MC1R GG 20 (95,24) 13 (65,00) 1

rs1805005 GT 1 (4,76) 7 (35,00) 10,77 (1,18 - 98,00) 0,02

(V60L) TT 0 0 --- ---

rs1805006

(D84E)

CC 21 (100) 20 (100) 1

CA 0 0 --- ---

AA 0 0 --- ---

rs2228479

(V92M)

GG 20 (95,24) 15 (75,00) 1

GA 1 (4,76) 5 (25,00) 6,67 (0,70 - 63,22) 0,09

AA 0 0 --- ---

rs11547464

(R142H)

GG 21 (100) 20 (100) 1

GA 0 0 --- ---

AA 0 0 --- ---

rs1805007

(R151C)

CC 20 (95,24) 20 (100) 1

CT 1 (4,76) 0 --- ---

TT 0 0 --- ---

rs1110400

(I155T)

TT 21 (100) 20 (100) 1

TC 0 0 --- ---

CC 0 0 --- ---

rs1805008

(R160W)

CC 21 (100) 19 (95,00) 1

CT 0 1 (5,00) 3,31 (0,13 - 86,13) 0,49

TT 0 0 --- ---

rs885479

(R163Q)

GG 17 (80,95) 19 (95,00) 1

GA 4 (19,05) 1 (5,00) 0,22 (0,02 - 2,20) 0,34

AA 0 0 --- ---

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5. DISCUSSÃO

O gene MC1R, relacionado à pigmentação da pele, possui um padrão

geoespacial de variação genética que está atrelado às distribuições geográficas,

sendo principalmente evidenciado em populações da Europa e Ásia. Já nas

populações africanas, é mantido em maior frequência o alelo ancestral, devido à

pressão ambiental existente na região equatorial (SHARON et al., 2008; MARTÍNES-

CANADES et al., 2013).

A análise dos 8 SNPs estudados revelou que apenas o polimorfismo V60L

(rs1805005) apresentou associação entre a presença da variante no genótipo com a

ocorrência do fenótipo claro. Nesse polimorfismo, a mudança do aminoácido valina

para o aminoácido leucina, na cadeia proteica, promove a retenção intracelular,

parcial ou total, dos receptores no retículo endoplasmático, fazendo com que a

concentração desses receptores esteja reduzida na superfície, o que resulta na

diminuição do acoplamento com o agonista e, consequentemente, ocorre a

produção de feomelanina, devido a queda do cAMP e da enzima tirosinase

(MARANO et al., 2013). Em indivíduos negros esse SNP apresentou-se estável,

sendo raramente observada a ocorrência dessa variante.

O resultado obtido está de acordo com os apresentados por Savage et al.,

(2008), que mostraram maior frequência da variante V60L em populações do Norte

(10,69%) e Sul (15,72%) da Europa, assim como nos Estados Unidos (13,21%),

sendo essas populações identificadas como de origem caucasiana.

O nosso achado também corrobora com o estudo realizado por Martines-

Canades et al. (2013), no qual a variante V60L foi observada com uma frequência de

aproximadamente 27,3% em populações europeias, evidenciando uma seleção

positiva, visto a necessidade de ajuste na síntese da vitamina D. Na pesquisa por

ele realizada, foi observada a associação desse polimorfismo com a ocorrência da

pele clara, cabelo ruivo e maior risco de desenvolver melanoma. É de conhecimento

que o melanoma ocorre, na grande maioria, em indivíduos de pele clara e com baixa

capacidade de bronzeamento (MARTÍNES-CANADES et al., 2013). Essa correlação

existente entre pele clara e o melanoma é causada pela diminuição da produção de

eumelanina, reduzindo a proteção da pele tornando-a mais suscetível à alterações

pelos raios UV (LYONS; BASTIAN; MCCORMICK, 2013).

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É interessante notar a concordância entre o resultado encontrado da

associação da variante V60L com a pele clara e o fato de que 27,4% (n=20) dos

avós dos indivíduos brancos serem de origem européia, enquanto que apenas 1

indivíduo negro referiu um dos avós com essa origem.

A miscigenação da população brasileira foi iniciada no período colonial como

consequência dos cruzamentos inter étnicos entre europeus, africanos e índios, que

resultou na incorporação das novas características genotípicas e fenotípicas na

população, fazendo com que hoje seja uma das populações mais heterogêneas do

mundo. Devido ao extenso território, a distribuição desses grupos não ocorreu de

forma uniforme, evidenciando as diferenças das características físicas atuais que

são observadas nas diversas regiões do território nacional (CARDENA, 2013).

A partir dos dados informados quanto à nacionalidade de pais e avós, foi

observado que nas duas amostras, a grande maioria dos pais é de origem brasileira,

92,1% na amostra de brancos e 100% na amostra de negros. Em relação aos avós,

observou-se 27,4% de origem européia na amostra de indivíduos brancos, enquanto

que nos indivíduos negros, apenas 1,43% dos avós era dessa mesma origem. Em

relação aos pais brasileiros, foram analisados os dados geográficos de acordo com

a região de nascimento, tendo sido observado que os indivíduos brancos possuem a

maior parte dos pais vindos da região sudeste (72,22%), enquanto que os indivíduos

de pele escura, apresentaram pais provenientes, predominantemente, das regiões

nordeste (48,48%) e sudeste (41,46%). Esse evento pode ser explicado a partir dos

padrões de migração populacional que ocorreram ao longo do território brasileiro,

concentrando indivíduos brancos no Sul do país, e negros no Nordeste.

É de conhecimento que há dúvidas sobre a precisão da autodeclaração,

fazendo com que possam ocorrer erros nessa inferência. A incerteza ocorre

primeiramente devido ao grande número de opções de cores intermediárias

existentes entre o branco e o negro que é dada para a classificação, além da

autoreferência sofrer influência de variáveis como: posição social, percepção

subjetiva da cor, variações regionais, entre outros (CARDENA, 2013), sendo

necessários cálculos de densidade de melanina para comprovar qual a real cor da

pele.

Os resultados apresentados sugerem que a análise dos polimorfismos do

gene MC1R pode servir futuramente como ferramenta para aplicações forenses,

sendo útil como instrumento para predição de fenótipos. São necessários estudos

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adicionais, com um número maior de indivíduos e SNPs analisados, para confirmar a

associação observada e detectar outras possíveis associações não vistas aqui,

possivelmente, devido ao baixo número de indivíduos analisados.

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6. CONCLUSÃO

Esse estudo teve como objetivo avaliar as frequências dos polimorfismos do

gene MC1R em indivíduos brancos e negros e as possíveis associações entre essas

variantes e cor de pele. Esses resultados preliminares são os primeiros a mostrar um

resultado estatisticamente significativo da associação do SNP V60L com a

ocorrência da cor de pele clara, em indivíduos caucasianos da população brasileira.

Dado esse consistente com outros estudos realizados em populações homogêneas,

como a europeia, onde essa variação é comumente observada.

Tanto para a variante V60L, quanto para os outros 7 polimorfismos que não

mostraram associação na nossa amostra, são necessários estudos adicionais com

maior número de indivíduos analisados para que haja certeza da associação

encontrada, e também tornar possível a identificação de novos SNPs significativos,

uma vez que possam não ter sido suficientemente representados nessa amostra.

Seriam interessantes estudos com esses mesmos SNPs em outras regiões do

Brasil, visto que a miscigenação não ocorre de forma homogênea em todo território

nacional, podendo ser encontradas diferentes frequências dos polimorfismos nas

diferentes regiões. A partir disso, seria importante estabelecer um padrão que

possibilitasse o uso prático para fins forenses, em casos de buscas de suspeitos,

identificação de agressores, corpos desconhecidos, entre outros.

Esse estudo preliminar está inserido em um projeto maior, no qual tem por

objetivo a análise de diversos polimorfismos existentes em diferentes genes como:

ASIP, TRY, SLC24A5, SLC45A2 e o próprio MC1R, que estão relacionados a

variedade da pigmentação da pele, olhos e cabelo, em uma amostra de 600

indivíduos da população brasileira.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Estou ciente do conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso “Comparação dos

polimorfismos do gene MC1R em indivíduos caucasianos e negros”

Dra. Ana Paula Pimentel Costa – Universidade Presbiteriana Mackenzie

Dra. Cintia Fridman – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Nathalie Zamagni Bessa – TIA: 3116764-0

Trabalho a ser apresentado em dezembro de 2014.