UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU · Ângela Tobosa, Geraldo José Medeiros Fernandes, Selma Marina...
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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós –Graduação Stricto Sensu em Educação Física
Jurema Carmona Sattin Cury
ESTUDO HISTOMORFOMÉTRICO DOS CARDIOMÓCITOS
VENTRICULARES DE RATOS SUBMETIDOS À
DESNUTRIÇÃO PROTEICA PRÉ E PÓS-NATAL
SÃO PAULO
2006
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós –Graduação Stricto Sensu em Educação Física
Jurema Carmona Sattin Cury
ESTUDO HISTOMORFOMÉTRICO DOS CARDIOMÓCITOS
VENTRICULARES DE RATOS SUBMETIDOS À
DESNUTRIÇÃO PROTEICA PRÉ E PÓS-NATAL
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade
São Judas Tadeu como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação
Física.
Área de Concentração: Bases Biodinâmicas da
Atividade Física. Orientadora:
Profa.Dra.Eliane Florêncio Gama
SÃO PAULO
2006
Cury, Jurema Carmona Sattin
Estudo histomorfométrico pré e pós -natal dos cardiomócitos ventriculares de ratos submetidos à desnutrição protéica. / Jurema Carmona Sattin Cury. - São Paulo, 2006.
Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2006.
Orientador: Dra. Eliane Florêncio Gama
1. Desnutrição. 2. Coração – Ratos. 3. Ventrículo esquerdo. I. Título CDD- 796
Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Gílio Sattin (in memorian) e Maria Carmona Sattin
por me ensinarem a valorizar o conhecimento e, através dele, escolher o
caminho a seguir.
Ao meu marido e parceiro de vida, Paulo Eduardo Cury, por todo o
amor, companheirismo e alegria que sempre dedicou ao nosso
relacionamento.
Aos meus filhos, Bruno Sattin Cury e Pedro Luiz Sattin Cury, por me
permitirem conhecer o amor incondicional.
Só é útil o conhecimento que nos torna melhores.
(Sócrates)
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Eliane Florêncio Gama, pela orientação segura,
competente, criteriosa, pelo incentivo, compreensão, paciência, grandeza de
conduta e espírito cativante . A quem dedico minha admiração como
pesquisadora e minha gratidão como pessoa.
Ao Prof. Dr. Francisco das Chagas Valle (in memorian), por ter plantado
em minha formação as primeiras sementes da pesquisa. A quem serei
eternamente grata.
À Profa. Dra. Vilma Leni Nista Picollo, Coordenadora do Programa de
Pós Graduação Stricto- Sensu em Educação Física da Universidade São Judas
Tadeu, pelo incentivo e empenho na viabilização deste trabalho.
À Universidade São Judas Tadeu pela concessão da bolsa de estudos e
de todos os subsídios necessários para a realização deste trabalho.
Ao Pró-Reitor de Graduação Prof. José Reinaldo Altenfelder Silva
Mesquita, pela compreensão e apoio.
Ao Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Prof. Mário
Natal, pelo apoio e incentivo.
Aos Coordenadores de curso das Faculdades de Ciências Biológicas e
da Saúde da Universidade São Judas Tadeu, pela compreensão e apoio.
Ao Prof. Dr. Cláudio A. Ferraz de Carvalho, pelas preciosas orientações,
incentivo e por sua brilhante personalidade.
Ao Prof. Dr. Edson Aparecido Liberti, pela especial colaboração no
desenvolvimento deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Romeu Rodrigues de Souza, pela amizade, apoio, incentivo
e valiosa colaboração durante este trabalho, em especial por interceder junto
ao Prof. Dr. Francisco Javier Hernandez Blazquez quanto à utilização de
equipamentos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São
Paulo.
À Profa. Dra. Laura Beatriz Messiano Maifrino, pela amizade, carinho e
grandes contribuições ao longo de todo este trabalho.
Ao Prof. Ailton Pereira da Costa, pela amizade, parceria, paciência e
importantes colaborações em várias etapas deste trabalho.
Aos professores do Departamento de Pós Graduação Stricto-Sensu em
Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, pelo empenho e
dedicação.
Às secretárias do Departamento de Pós Graduação Stricto-Sensu em
Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, Simone Sevilha Riva e
Selma Alencar da Silva, pela assessoria prestada.
Aos funcionários do Departamento de Áudio – Visual da Universidade
São Judas Tadeu, pelos serviços prestados.
Aos funcionários da Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu, pelos
serviços prestados.
Aos funcionários do Laboratório de Informática da Universidade São
Judas Tadeu, pelos serviços prestados.
Ao Supervisor dos Laboratórios da Área da Saúde da Universidade São
Judas Tadeu, André Hahne, pelo interesse e apoio na realização deste
trabalho.
Aos funcionários do Laboratório de Biologia da Universidade São Judas
Tadeu, pelo apoio e estímulo.
Aos colegas professores Roberto Ferraboli, Ivao Takayama, Nair Maria
Cipresso Zerio, Rosely Zifirino e Rosana A. R. G.Vieira pela dedicação e
empenho.
Ao Prof. Jonas Joaquim, pela compreensão e apoio.
Aos Professores Drs. José Carlos Prates e Serafim Vincenzo Cricenti,
da Universidade Federal de São Paulo, pelo exemplo de conduta docente,
Aos colegas de Pós Graduação da Universidade São Judas Tadeu pelo
companheirismo.
Aos colegas de Pós Graduação da Universidade Federal de São Paulo,
Ângela Tobosa, Geraldo José Medeiros Fernandes, Selma Marina Petrella e
Carla Gabrielli pela amizade e empenho.
Aos responsáveis técnicos do Laboratório de Anatomia da Universidade
São Judas Tadeu, Leandro Gonçalves e José Humberto de Jesus Santos, pela
amizade, apoio e ajuda neste trabalho.
RESUMO ESTUDO HISTOMORFOMÉTRICO DOS CARDIOMIÓCTOS VENTRICULARES DE RATOS SUBMETIDOS À DESNUTRIÇÃO PROTEICA PRÉ E PÓS-NATAL A desnutrição afeta diretamente o desempenho de vários sistemas orgânicos. Porém, o efeito pode ser diverso em cada órgão ou tecido, de acordo com a importância do mesmo para o organismo. Os miócitos cardíacos podem sofrer alterações estruturais sob essas condições, modulando a performance cardíaca durante a atividade física. O objetivo do presente trabalho foi analisar as alterações morfométricas dos miócitos ventriculares esquerdos em nível nuclear, a partir do cálculo do volume nuclear ponderado médio, bem como o coeficiente peso cardíaco/corporal e a distribuição das fibras colágenas na matriz extra celular do ventrículo esquerdo em animais submetidos a uma dieta hipoproteica. Para tanto utilizamos ratos Wistar Albino, machos e fêmeas, nascidos de ratas nutridas e desnutridas, divididos em: grupo controle (N): animais (n=5) mantidos em dieta protéica e o grupo desnutrido (D): animais (n=5) mantidos em dieta de baixa caloria (5% proteína) e eutanasiados aos 21 dias de idade. Os animais e seus respectivos corações foram pesados e seus ventrículos preparados para análise sob microscopia de luz segundo protocolo histomorfométrico e estereológico. As imagens foram obtidas através do programa Axiovision e analisadas pelo método proposto por GUNDERSEN (1988) . Os pesos corporais e cardíacos mostraram-se diminuídos nos desnutridos porém o coeficiente peso corporal/peso cardíaco não apresentou diferença significante entre os 2 grupos. A análise histomorfométrica revelou um aumento nuclear nos animais desnutridos em relação aos controles e não houve diferença significante das porcentagens do colágeno entre eles. Os dados obtidos denotam uma interferência direta da dieta de baixa caloria na massa corporal e cardíaca, entretanto a relação entre peso corporal e peso cardíaco não foi alterada, assim como não houve alteração na distribuição do colágeno por área da matriz extra celular. Acreditamos que em conjunto, esses achados apontem para uma preservação da função cardíaca nos animais desnutridos.
ABSTRACT HISTOMORFOMETRIC STUDY PRE AND POSTNATAL OF VENTRICULAR CARDIOMYOCITES IN RATS SUBMITTED TO A LOW PROTEIC DIET The malnutrition affects the acting of several organic systems directly however, the effect can be several in each organ or tissues, in agreement with the importance of the same for the organism. The heart myocites can suffer structural alterations under those conditions, modulating the heart performance during the physical activity. The objective of the present work was to analyze the morphometric alterations of the ventricular myocites in nuclear level, starting from the calculation of the nuclear volume medium pondered, as well as the coefficient cardiac weight/body weight and the collagen fibers distribuition in the interstitial matrix of the left ventricle of animals submitted to a low proteic diet. We used Wistar Albino rats, males and female, born of nourished female and undernourished female rats, divided in: control group (N): animals (n=5) maintained in proteic diet and the undernourished group (D): animals (n=5) maintained in low proteic diet (5% protein) and killed to the 21 days of age. The animals and their respective hearts were weighted and their ventricles were prepared for histomorphometric analysis under light microscopy. The images were obtained through the program Axiovision and analyzed by the method proposed by GUNDERSEN (1988). The body and heart weights decreased in the undernourished rats however the coefficient heart weight /body weight had not presented statistically significant difference among the 2 groups. The histomorphometrical analysis revealed a nuclear increase in the undernourished animals in relation to the controls and there was not significant difference of the percentages of the collagen among them. The obtained data denote a direct interference of the low proteic diet in the body and heart mass; however the relationship between body weight and heart weight was not altered, as well as there was not alteration in the distribuition of the collagen area of the interstitial matrix. We believe that, together, those alterations are related to a preservation of the heart function.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 Desnutrição 3
1.2 Tipos de desnutrição 5
1.3 Desnutrição proteica 8
1.4 Efeitos da desnutrição proteica nos diferentes órgãos 10
1.5 Efeitos da desnutrição proteica no coração 14
1.6 Esterelogia 19
2. OBJETIVOS 21
2.1 Objetivo geral 21
2.2 Objetivos específicos 21
3. MATERIAIS E MÉTODOS 22
3.1 Procedimentos 23
4. RESULTADOS 28
5. DISCUSSÃO 35
6. CONCLUSÃO 38
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
1
INTRODUÇÃO
Fatores biológicos associados às interferências do meio ambiente,
modulam o metabolismo corpóreo, determinando sua eficácia funcional. Sob
essa óptica, as condições de oferta de nutrientes são de fundamental
importância para o desempenho dos vários sistemas do nosso organismo. Os
nutrientes assimilados a partir da digestão dos alimentos são utilizados pelo
organismo, de modo a suprir necessidades específicas de acordo com a
demanda imposta.
A desnutrição, definida como uma deficiência de nutrientes essenciais,
podendo estar relacionada à ingestão inadequada de nutrientes devida a uma
dieta restrita, determina um desequilíbrio entre a necessidade corpórea e a
ingestão desses nutrientes.
A desnutrição protéico-calórica é reconhecidamente o maior problema
de saúde pública em populações pediátricas, principalmente em países em
desenvolvimento. É também um importante fator adverso complicador, que
afeta o curso de muitas doenças em pacientes hospitalizados em várias
populações (FIORETTO et al, 2001).
Apesar de promover alterações de âmbito corpóreo geral, o impacto da
desnutrição não se processa da mesma maneira nos vários órgãos e tecidos
do organismo. Isto se deve a uma condição especial que assinala uma certa
seletividade (FREITAS et al, 1994), privilegiando órgãos indispensáveis à
sobrevivência (TAMARIM, 1963).
2
O coração não é imune aos efeitos catabólicos da desnutrição, mas está
sujeito aos mesmos efeitos depressores do músculo esquelético quando
submetido a tais condições (DROTT & LUNDHOLM, 1992).
Devido à estreita relação existente entre o coração e o exercício físico,
torna-se interessante o conhecimento das adaptações realizadas por esse
órgão, em situação de debilitação nutricional proteica, já que a mesma
promove alterações de âmbito bioquímico que influenciam diretamente em sua
performance.
3
1.1. DESNUTRIÇÃO
Na língua portuguesa, os termos desnutrição ou desnutrição proteico-
calórica, são tidos como sinônimos de subnutrição. Porém, desnutrição
significa um estado nutricional inadequado, quando comparado à um padrão,
podendo ser um excesso (obesidade) ou uma debilitação (subnutrição).
Diferentes métodos (clínicos, laboratoriais e antropométricos) categorizam os
casos de desnutrição em leves, moderados e graves ou severos.
A capacidade de um órgão ou de um sistema desempenhar sua função
depende da distribuição do fluxo sangüíneo, do fornecimento de oxigênio e do
aporte de substâncias nutritivas adequadas. Sendo assim, vários tecidos,
órgãos e sistemas ficam comprometidos quando o organismo é submetido à
carência alimentar, como salientam MADI & CAMPOS, (1975).
A necessidade de nutrientes pelo organismo é variável de acordo com
os períodos da vida. Assim, durante as primeiras etapas do desenvolvimento,
na vida intra-uterina, na primeira e segunda infância, na adolescência, bem
como na gravidez e durante a amamentação, um maior aporte nutricional é
solicitado. Após a maturação, as quantidades necessárias dessas substâncias,
se comparadas às fases anteriores, sofrem certa redução e ainda, no
envelhecimento a diminuição mostra-se mais acentuada, decorrente da
redução no metabolismo e na atividade física. Percebe-se então que, no
desenvolvimento inicial, os efeitos adversos e permanentes da desnutrição são
mais pronunciados (GOBATTO,1993).
Trabalhos experimentais em animais como os de ZEMAN,(1967) ; SIMA,
(1974); NASCIMENTO et al,(1990); FREITAS,et al, (1994); SILVA,et al, (1999)
4
e NUNES, et al, (2002), constatam a dependência direta do desenvolvimento
e da dieta, salientando transtornos mais severos nas etapas iniciais.
Eventos celulares subordinados ao fator tempo, em ratos expostos a 21
dias de restrição calórica ao nascer, no desmame, aos 65 dias de idade e até a
adolescência foram objeto de estudo de WINICK & NOBLE (1966). Seus dados
sugerem que os efeitos celulares da desnutrição dependem da fase de
crescimento do animal e do tempo de desnutrição.
Essa carência de nutrientes essenciais se desenvolve a partir dos
seguintes eventos:
- alterações na concentração de nutrientes no sangue e nos
tecidos.
- alterações nos níveis enzimáticos.
- mal funcionamento de órgãos e tecidos do corpo podendo
acarretar a morte.
A carência nutricional grave conduz a uma mobilização das reservas
endógenas, e desequilíbrio nos tecidos, induzindo à uma adaptação dos vários
órgãos (DROTT & LUNDHOLM, 1992).
Embora seja considerada uma condição freqüente em países em
desenvolvimento, as desordens nutricionais, em vários graus têm sido
relatadas em pacientes internados em hospitais de países industrializados
(BALINT, 1998).
5
1.2 . TIPOS DE DESNUTRIÇÃO
Entre os parâmetros extremos da inanição e da nutrição adequada,
existem vários graus de nutrição inadequada, entre eles, a desnutrição
protéico-calórica apontada como principal causa de mortalidade infantil nos
países em desenvolvimento. Esse tipo de desnutrição é promovido pelo
consumo inadequado de calorias , tendo como conseqüência uma deficiência
de proteínas e micronutrientes. A desnutrição protéico-calórica compreende
uma série de condições mórbidas que potencializam processos infecciosos e
aumentam o número de óbitos (GRAHAM & MORALES, 1963; CHANDRA,
1999).
Nosso país é um bom representante desses aspectos onde, a carência
protéico-calórica desencadeia perturbações de ordem médica, comprometendo
o desenvolvimento do indivíduo, levando-o muitas vezes a estados de
morbidade e de mortalidade (NASCIMENTO et al, 1990).
Caso haja a retomada do suporte nutricional adequado, a queda de
crescimento do organismo, promovida pela ingestão calórica insuficiente, pode
ser revertida (KELTS et al, 1979), embora em alguns casos, a recuperação
nutricional seja apenas parcial (SILVA et al, 1999), mantendo-se ainda o déficit
ponderal.
Clinicamente, a desnutrição grave pode ser diferenciada em 2 grupos:
Marasmus e Kwashiorkor (ALMEIDA & RICCO, !998).
O termo Marasmus foi descrito pela primeira vez por Pearson em 1925,
como “um estado crônico de desnutrição de grau severo” resultante de uma
deficiência de proteínas e calorias (BALINT, 1998).
6
Devido ao baixo aporte de calorias e de nutrientes, o indivíduo
marasmático passa a usar como fonte, os próprios tecidos do corpo
(TRINDADE et al, 1986). Os autores apontam essa depleção nutricional
prolongada como fator de imposição de adaptações ao organismo, como a
mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo e de aminoácidos do tecido
muscular. Esses aminoácidos são responsáveis pela manutenção dos níveis
normais das proteínas plasmáticas
A deficiência essencialmente proteica foi definida em 1935, quando
Cicely D. Williams descreveu a síndrome nutricional em seu segundo filho. A
síndrome apresentava-se, quando o aleitamento materno era interrompido, e
substituído por uma dieta a base de milho. Essa síndrome foi denominada
Kwashiorkor, cuja tradução significa “a enfermidade das crianças
desmamadas” (WATERLOW, 1996).
A desnutrição protéico-calórica também é definida no trabalho de
CUNHA et al (1998), como um desvio alimentar, sendo do tipo marasmo,
aquela decorrente de insuficiência nutricional básica para as necessidades
energéticas e protéicas do organismo. É caracterizada por emagrecimento
progressivo, diminuição do peso corporal e das reservas de gordura e de
massa muscular. A do tipo kwashiorkor relaciona-se com hipoalbuminemia e
edema, evoluindo mais rapidamente, podendo ser desencadeada por infecção,
trauma ou cirurgia. No homem, a desnutrição causa hipotrofia de vários órgãos
por depleção da musculatura e do tecido adiposo.
Esses quadros de debilitações nutricionais acarretam vários distúrbios
metabólicos e endócrinos no organismo, impondo então a necessidade de
ajustes visando à manutenção do mesmo. Tais ajustes, não ocorrem da
7
mesma maneira no tipo kwashiorkor em relação ao marasmo, devido a melhor
manutenção do tecido adiposo e muscular verificado no kwashiorkor
(TRINDADE et al, 1986).
8
1.3. DESNUTRIÇÃO PROTEICA
Dentre os nutrientes constituintes da nutrição e alimentação humanas,
não se pode eleger nenhum deles como o mais importante, já que todos
contribuem para um equilíb rio dinâmico normal. Porém a ausência de
determinados substratos, em detrimento de outros, produz efeitos mais
intensos nesse equilíbrio, denotando assim uma espécie de hierarquia
bioquímica. Nesse contexto, destacam-se as proteínas, que desempenham
importante papel na síntese enzimática, na composição estrutural de órgãos e
tecidos, e ainda atuam nas reações metabólicas (TRINDADE et al, 1986).
A redução da disponibilidade proteica na dieta , promove falhas nos
tecidos conjuntivos, determinando alterações no crescimento e recuperação.
Devido ao colágeno ser a maior proteína em grande parte dos tecidos, sua
produção fica comprometida acentuando desequilíbrios no organismo em geral
(SPANHEIMER et al, 1991).
Quanto mais essencial for o nutriente, maiores serão os efeitos adversos
de sua ausência (NUNES, 1998).
Assim sendo, vários órgãos e tecidos do corpo tendem a sofrer
comprometimentos decorrentes da desnutrição proteica.
De acordo com SANCHES-QUINTANA et al (1999), o componente mais
freqüente na matriz do tecido conjuntivo intramiocárdico, é o colágeno e então,
alterações em sua estrutura podem promover mudanças nesse tecido.
O adequado trabalho do sistema cardiovascular depende diretamente da
forma e da função do músculo cardíaco. Assim, modificações na estrutura do
9
mesmo podem acarretar falhas, comprometendo outros sistemas relacionados
ao coração e dessa forma, o organismo (BENEDICTO & BOMBONATO, 2003).
FRANK & LANGER (1974), num estudo em corações de coelhos,
verificaram que o colágeno do miocárdio pode sofrer modificações em certas
doenças miocárdicas, possivelmente afetando as propriedades do músculo
cardíaco.
DEBESSA et al (2001) apontam que o aumento do colágeno no
miocárdio humano no envelhecimento pode promover a redução da
elasticidade ventricular.
O aumento do colágeno nos músculos cardíacos em animais de
experimentação, também foram apontados por CICOGNA et al (1999), como
uma das alterações morfológicas, quando os mesmos são submetidos à
desnutrição proteica, além de danos no sistema circulatório.
Mudanças nos tecidos são resultantes de alterações quantitati vas e
qualitativas na composição celular e subcelular, as quais podem ser estudadas
morfometricamente em vários níveis. Nessas bases, as alterações e
modulações induzidas pela desnutrição proteica em nível nuclear e de
distribuição do colágeno na matriz, foram estudadas.
10
1.4. EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO PROTEICA NOS DIVERSOS ÓRGÃOS
Numerosos estudos têm sido realizados sobre os efeitos da desnutrição
proteica em vários órgãos e tecidos (WHARTON, 1991; COTRAN et al, 1994;
BALINT,1998).
Em nível microscópico, a desnutrição inicial impede a divisão celular e o
animal não pode retomar essa etapa. Num estágio mais tardio do crescimento,
tal condição reduz o tamanho das células, processo que pode ser revertido.
Embora sejam dados inteiramente qualitativos, eles sugerem que o falho
crescimento observado na desnutrição pode ser de 2 tipos: um dependente da
idade e outro da capacidade de recuperação, que pode depender do tipo
celular produzido pelo crescimento falho. A redução no número celular resulta
em dano permanente, enquanto que a redução no tamanho celular, resulta
quase sempre em recuperação após a reabilitação nutricional.
Ainda que dados similares não tenham sido avaliados em humanos
subnutridos, evidências clínicas sugerem que essa recuperação também seja
dependente do tempo. Isso é possível pois, o comprometimento permanente
em crianças jovens desnutridas, e a recuperação em subnutridos mais velhos,
podem ser explicados similarmente pelos diferentes efeitos em divisões
celulares e tamanhos celulares (WINICK & NOBLE, 1966).
Os efeitos da restrição proteica materna em ratos jovens foram
estudados por ZEMAN (1967), verificando que a ninhada produzida
apresentava redução no peso corpóreo total, no comprimento do animal,
diminuição no peso do fígado e dos rins e aumento do peso cardíaco, do
11
cérebro e do timo, em relação ao peso corpóreo total. A ninhada foi dividida em
2 grupos: um amamentado pela mãe original, desnutrida, e outro por ratas sem
restrição de dieta. Registrou que os efeitos pós-natais da restrição proteica pré-
natal são, portanto, a soma dos efeitos observados em recém-nascidos e suas
seqüelas, mais as conseqüências da inabilidade da amamentação adequada
pós-natal, demonstrando assim, que a restrição proteica afeta a lactação nos
ratos.
Em relação ao sistema nervoso, os efeitos da desnutrição podem ser
comprometedores, pois sua organização tem início na embriogênese,
finalizando seu desenvolvimento no período de 2 a 4 anos de vida. Dessa
maneira, as lesões nutricionais podem afetar a estrutura histológica e
bioquímica dos órgãos desse sistema, interferindo em sua maturação e suas
funções (GALANOPOULO & MOSHÉ, 2002).
A deficiência no crescimento e no calibre das fibras do nervo isquiático e
de suas raízes foi verificada experimentalmente por SIMA (1974), em ratos
desnutridos, desde a vida intra-uterina. Embora após a reabilitação dos
animais, o calibre das fibras e das raízes tenha sido parcialmente revertido, a
redução no crescimento das mesmas, foi mantido.
A condução nervosa também pode ser afetada, como constataram
KUMAR et al (1977), avaliando 93 crianças indianas subnutridas. Elas
apresentaram uma diminuição da condução nervosa, em especial nos
membros inferiores.
Através do estudo da velocidade de condução nervosa e da
eletromiografia, SACHDEV et al (1971), analisaram o envolvimento neuro-
12
muscular também em crianças indianas subnutridas, apontando uma origem
neurogênica para as alterações musculares.
Crianças jamaicanas que morreram de desnutrição protéico-calórica,
foram estudadas por MONTEGOMERY (1962), em relação à morfologia do
músculo sartório. Seus resultados apontaram grande redução no calibre das
fibras musculares e aumento do tecido conjuntivo interfascicular, chegando a
ser compatível à dimensões relativas às fetais..
Uma atrofia muscular foi identificada por HANSEN-SMITH et al (1977),
em seu estudo com 25 crianças jamaicanas subnutridas. Essa condição
mostrou-se de difícil reversão, mesmo com dieta adequada.
“A desnutrição pré e pós-natal agem sobre os músculos estriados
esqueléticos, causando hipoplasia e não hipertrofia muscular” afirmam
NASCIMENTO et al (1990), após verificar um desenvolvimento muscular
insuficiente desde a fase intra-uterina nos animais desnutridos estudados. A
atrofia muscular só é referida quando o animal foi desnutrido após a maturação
do sistema muscular. Constataram também que animais desnutridos com 30
dias apresentaram quadro de fibras musculares sugestivo de denervação,
indicando todo o envolvimento da unidade motora. Quanto à performance
motora, os animais experimentais mostraram-se mais ágeis, mais ativos (talvez
devido ao menor peso) e até mais agressivos que os controles, porém, menos
resistentes à fadiga.
Diferentes graus de desnutrição proteica foram aplicados em animais
experimentais por FREITAS et al (1994). Nesse estudo morfológico e
morfométrico das alterações em glândulas parótidas, os autores que dividiram
os animais em categorias de nutridos, subnutridos e desnutridos, de acordo
13
com dietas específicas, constataram que no grupo subnutrido houve aumento
no tamanho das células acinosas e, no desnutrido, diminuição, quando
comparado ao grupo controle. Constataram, portanto, uma atrofia das
glândulas parótidas nos animais desnutridos.
O nível de restrição nutricional, bem como a duração dessa condição,
foram apontadas por DROTT & LUNDHOLM (1992), como principais fatores de
arritmias cardíacas.
14
1.5. EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO PROTEICA NO CORAÇÃO
A perda da musculatura cardíaca e as alterações nos níveis hormonais
causados pela subnutrição influencia a bioquímica e a performance do coração.
Como os tecidos musculares são a principal fonte imediata de proteína, o
comprometimento do muscular representa uma forma adapta tiva à redução da
entrada do nutriente (DROTT & LUNDHOLM, 1992).
Embora não tenha registrado diferenças estatísticas entre o peso
cardíaco dos desnutridos e dos animais do grupo controle, CUNHA et al (1998),
verificaram que a relação peso cardíaco/peso corporal foi estatisticamente
maior nos desnutridos.
Estudando os efeitos da restrição calórica e os riscos potenciais no
coração, DROTT & LUNDHOLM (1992), realçam que, se a performance
cardíaca é danificada paralelamente ao enfraquecimento progressivo do
miocárdio, ocorre diminuição da demanda circulatória, promovendo uma
situação de risco. Apesar do coração, aparentemente não perder sua
capacidade funcional na mesma proporção da perda miocárdica, a depleção na
dieta é tida como causa de bradicardia, hipotensão, redução na ejeção
cardíaca, redução na disponibilidade da energia corpórea e hipotrofia cardíaca.
Os autores destacam um aumento da resposta cardíaca frente a estímulos
adrenérgicos, potencializando uma resposta máxima às demandas
circulatórias, o que aumentaria a susceptibilidade do coração à arritmias, o que
15
poderia explicar os eventuais casos de morte súbita decorrentes da perda de
peso abrupta. Mesmo com todas essas alterações no coração, não existem
sinais de insuficiência circulatória, denotando assim uma especial proteção
funcional do órgão. Pacientes desnutridos apresentam melhoria da
performance cardíaca global e da contractibilidade ventricular esquerda,
sugerindo que a hipotrofia do coração não se limita somente à perda
quantitativa muscular, mas impõe mudanças qualitativas que envolvem
adaptações na composição e bioquímica do miocárdio como a regulação
neuro-hormonal do processo contráctil.
Observando ratos submetidos à restrição alimentar de 50% durante 60
dias, CICOGNA et al (2000), verificaram perda de peso desproporcional,
aumentando a relação ventrículo esquerdo/ corpo, sem entretanto afetar a
mecânica cardíaca. Essa desproporção no peso corpóreo também foi verificada
por ZEMAN (1967).
As modificações no miocárdio também foram estudadas por
VANDEWOUDE (1995), quanto a microvascularização e mecanismo de
adaptação dos miócitos desnutridos. Mudanças nos tecidos são resultantes de
alterações quantitativas e qualitativas na composição celular e subcelular, as
quais podem ser estudadas morfometricamente em diferentes níveis. Nessas
bases, as alterações e modulações induzidas pela desnutrição foram
analisadas, verificando-se um aumento na densidade capilar junto a uma
diminuição do lúmen dos capilares, durante a desnutrição. A proporção no
número de capilares por miócito não mudou, como também a fração de volume
e densidade de superfície dos capilares. Houve diminuição significante da
distância máxima de difusão dos metabólitos no ventrículo esquerdo, com
16
influência direta no metabolismo de corações desnutridos. Esse importante fato
contribui para a idéia de preservação da função ventricular, apesar das
alterações morfológicas.
Em adultos humanos desnutridos e nutridos, necropsiados, analisados
por CUNHA et al (1998), utilizando como método morfométrico a análise de
imagens realizadas em porções do ventrículo esquerdo, verificou-se uma
menor espessura dos cardiomiócitos nos desnutridos, em concordância com
uma hipotrofia miofibrilar constatada nos animais analisados por
VANDEWOUDE (1995), decorrente da redução da síntese dos componentes
das miofibrilas. Em relação aos parâmetros nucleares, a proximidade dos
resultados, aponta para a manutenção do potencial recuperativo do coração,
sugerindo que na adaptação cardíaca à desnutrição, ocorreria hipotrofia dos
cardiomiócitos associada à preservação de outros componentes estruturais,
como o aumento do tecido conjuntivo e da densidade capilar.
As massas e funções ventriculares esquerdas de crianças saudáveis e
desnutridas, entre 1 e 5 anos de idade, foram avaliadas por KOTHARI et al
(1992), verificando que a massa ventricular esquerda foi menor nos desnutridos
do que nos controles, porém a relação massa ventricular esquerda/ peso
corpóreo mostrou-se significativamente aumentada nos desnutridos, sugerindo
uma relativa preservação cardíaca nesse grupo, além da preservação das
funções sistólicas nos corações atróficos.
A proteção funcional apresentada pelo coração também foi confirmada
por FIORETTO et al (2001), num estudo experimental realizado em ratos
jovens desnutridos desde o nascimento, e avaliado quanto à função ventricular,
após 10 semanas. Apesar da constatação da perda de peso cardíaco e
17
corpóreo e da perda da massa ventricular nesses animais, a função sistólica
mostrou-se preservada, indicando que o coração parece não ser afetado pelos
efeitos adversos da desnutrição em relação à função cardíaca. Verificaram
também que o ventrículo esquerdo apresenta uma remodelação excêntrica,
determinada pela desproporcional redução da massa em relação ao volume.
Refletindo sobre todos esses achados, verifica-se que o organismo
submetido à desnutrição proteica, sofre alterações de âmbito geral em todos os
órgãos e tecidos. Porém, objetivando a sobrevivência do mesmo, certos órgãos
são poupados, apresentando um direcionamento de nutrientes e constituintes,
visando a manutenção de suas funções. O coração encontra-se nesse
privilegiado grupo, especialmente com relação ao ventrículo esquerdo,
cavidade responsável pela ejeção da maior quantidade de sangue que passa
pelo coração e que suprirá todo o corpo.
O exercício físico sem dúvida solicita o organismo como um todo,
aumentando a demanda energética. O coração, assim como os vários tecidos
musculares esqueléticos, têm sua capacidade de execução da tarefa imposta,
modulada pela distribuição do fluxo sangüíneo, pelo fornecimento de oxigênio e
pelo aporte nutricional adequado (WEINECK, 1991).
Apesar da desnutrição apresentar-se como um fator de desequilíbrio nas
fases iniciais do desenvolvimento, a posterior recuperação nutricional revela
uma inalteração nas respostas bioquímicas e gerais em animais submetidos ao
exercício físico (SILVA et al, 1999), indicando assim, uma possível aplicação da
atividade física específica associada à reabilitação nutricional, como
coadjuvante no tratamento da desnutrição infantil. Os autores sugerem uma
18
maior ampliação no conhecimento dos efeitos nutricionais em relação às
respostas metabólicas ao exercício.
Assim como eles, DROTT & LUNDHOLM (1992), alertam para os riscos
potenciais advindos da prescrição de exercícios físicos em organismos
submetidos a restrições alimentares.
Devido à direta dependência das condições morfofuncionais das células
constituintes dos tecidos, para seu desempenho funcional, a pesquisa sobre
esses parâmetros no tecido cardíaco pode contribuir para a elucidação do
comportamento biológico e bioquímico desse órgão fundamental na realização
de exercícios físicos, considerando que, a aplicação dos mesmos funciona
como importante complemento no tratamento da desnutrição infantil.
19
1.6. ESTEREOLOGIA
Estudando as proporções de certos minérios constituintes das rochas, o
geólogo Delesse, em 1848 criou a base metodológica da estereologia que,
atualmente é aplicada a partir de grades estereológicas ou sistemas-testes
(LOPES-PAULO, 2002).
Apesar de alguns autores (AHERNE & DUNNILL, 1982; LOPES-PAULO,
2002) considerarem os termos morfometria e estereologia como similares, o
método estereológico não utiliza uma medição direta a partir da observação
microscópica, e sim um sistema–teste, usualmente constituído por pontos e/ou
linhas, sobre a porção a ser analisada (MANDARIM-de-LACERDA, 2003).
A estereologia é a ciência que permite a estimativa quantitativa de uma
estrutura tridimensional a partir de informações bidimensionais apresentadas.
Os sistemas-testes utilizados pela estereologia servem tanto para figuras
macroscópicas, como para microscópicas e apresentam-se sobre vários tipos: -
graticulados, de linhas e pontos, ciclóides, entre outros. São selecionados para
sua aplicação, de acordo com a estrutura estudada. Por exemplo: estruturas
isotrópicas (aquelas que apresentam um determinado componente distribuído
ao acaso) podem ser analisadas pelos sistemas-testes graticulados, enquanto
que estruturas anisotrópicas (aquelas que apresentam componentes
distribuídos por polarização em um determinado segmento) como as estruturas
celulares, exigem outros tipos de sistemas-testes.
20
Métodos estereológicos têm sido utilizados em trabalhos experimentais em
vários órgãos (APFEL et al, 2002; BABINSKI et al, 2002; GODOY et al, 2005) e
no coração (ÁGUILA et al, 1998; CUNHA et al, 1998; SOUZA et al, 2002:
WULFSOHN et al, 2004; ALMEIDA & MANDARIM-DE-LACERDA, 2005; PIRES
& MANDARIM-DE-LACERDA, 2005).
A esterologia mostra-se portanto, um importante instrumento na avaliação
de trabalhos experimentais, permitindo a realização de estudos quantitativos
menos extenuantes, com eficiência e precisão, reforçando os conceitos de
imparcialidade e eficiência referentes aos procedimentos estereológicos,
citados por GUNDERSEN et al (1988).
A aplicação do método esterológico em nosso trabalho contribui para uma
melhor análise quantitativa das possíveis alterações estruturais, possibilitando
uma comparação estatística confiável entre os grupos estudados.
21
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Avaliar as possíveis alterações morfológicas e morfométricas
decorrentes da desnutrição proteica nos miócitos cardíacos e suas relações
com, as fibras colágenas, bem como as prováveis alterações na massa
corporal.
2.2 . OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar em ratos submetidos à dieta hipoproteica pré e pós-natal, os
seguintes parâmetros:
- coeficiente do peso corpóreo e o peso cardíaco
- volume nuclear ponderado médio dos cardiomiócitos do
ventrículo esquerdo, através da análise estereológica.
- distribuição das fibras colágenas na matriz extra celular do
ventrículo esquerdo.
22
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Foram utilizados ratos da linhagem Wistar, com 21 dias de idade, machos e
fêmeas, distribuídos em 2 grupos de acordo com a dieta consumida:- o grupo
controle (N) constituído por 5 animais (n=5) cuja mãe foi mantida em dieta
normoproteica, e o grupo desnutrido (D) constituído também por 5 animais,
cuja mãe foi mantida em dieta hipoproteica.
Para obtenção de mães nutridas e desnutridas, realizaram-se os seguintes
procedimentos:- ratos da linhagem Wistar, fêmeas, adultas, com idade variando
entre 90 e 120 dias, pesando entre 240 e 280 gramas, provenientes do Biotério
do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB./USP),
foram acondicionados em gaiolas e mantidos sob condições ideais tendo
alimentação e água ad libitum e regime de 12hs claro/ 12hs escuro. Ao final do
período de adaptação, os animais foram acasalados na proporção de 2 fêmeas
para cada macho, da mesma procedência, ocupando cada trio uma gaiola,
onde era introduzida a dieta específica a cada grupo: normoproteica – 17% de
proteína e hipoproteica- 5% de proteína, preparadas sob responsabilidade do
Laboratório Rhoster, baseando-se em dados técnicos do AMERICAN
INSTITUTE OF NUTRITION (1993).
Após o período de acasalamento, de aproximadamente uma semana, as
fêmeas foram separadas dos machos, permanecendo juntas de seu grupo por
mais uma semana. Posteriormente, cada fêmea passou a ocupar uma gaiola
23
individual. Ao final de 19 dias, fêmeas nutridas e desnutridas geraram seus
respectivos filhotes que, após 21 dias do nascimento, foram separados das
mães, pesados e eutanasiados.
3.1. PROCEDIMENTOS
Após a eutanásia, foi realizada a toracotomia e a retirada em bloco do
coração. Posteriormente à dissecação superficial, os corações foram pesados.
O coração foi seccionado frontalmente, tomando como eixo de referência o
maior eixo do órgão. O material coletado foi fixado em solução de Bouin e
posteriormente emblocado em parafina, procedendo-se a realização da
microtomia, obtendo-se cortes de aproximadamente 7 µm, que foram corados
pela técnica da hematoxilina–eosina, seguindo dessa forma os protocolos
histológicos, visando observação dos núcleos à microscopia de luz.
Para a análise morfométrica, baseada em SORENSEN (1989), foram
utilizadas imagens digitalizadas do material, obtidas através do programa de
análise de imagem AxioVision, acoplado a um microscópio de luz ZEISS,
utilizando aumento de 100x.
A captura das imagens, abrangeu uma seqüência de 3 níveis de secção
histológica da área ventricular esquerda:
Nível A- terço ventricular superior
Nível B- terço ventricular médio
Nível C- ápice ventricular
De cada animal dos grupos controle e experimental, foram obtidas 5
imagens ventriculares, aleatórias, de cada nível citado, perfazendo um total de
15 imagens por animal.
24
O volume ponderado nuclear médio dos miócitos ventriculares foi
estimado pelo método proposto por GUNDERSEN (1988), pois seu trabalho
utiliza uma técnica específica para preparados celulares que apresentam
disposição anisotrópica. Para tanto, foram realizadas as seguintes etapas:
1) Sobre a imagem na tela do computador do campo a ser analisado
(figura 1), sobrepõe-se o 1º sistema teste -de ângulos - (figura 2), que possui
numeração de 1 a 97.
2) Sorteia-se um nº entre 1 e 97 e, no ângulo sorteado é então
sobreposto o 2º sistema teste -de linhas - (figura 3), orientando as linhas do
mesmo, de modo a cobrir toda a imagem. São executados 5 posicionamentos
de ângulos em cada uma das imagens, alternando-se de em dois em dois a
partir do primeiro sorteado. Dessa forma, cada um dos grupos (N e D)
apresenta 75 análises.
3) Com auxílio da régua logarítmica (figura 4) as intersecções da régua
com o núcleo são medidas (figura 5) e registradas em uma planilha.
25
Fig. 1- Fotografia da imagem na tela do computador do campo a ser analisado.
Fig. 2- Fotografia do campo a ser analisado com o sistema teste de ângulos
sobreposto.
26
Fig. 3- Fotografia da imagem do campo a ser analisado com sobreposição do sistema teste de ângulos e, sobre ele, o sistema teste de linhas.
Fig. 4- Régua logarítmica utilizada para medida das intersecções entre as linhas do sistema teste e os núcleos dos cardiomiócitos.
Fig. 5- Fotografia da imagem ampliada do núcleo do cardiomiócito sendo medido com a régua logarítmica.
27
4) Os resultados das freqüências das dimensões nucleares obtidos são
tabulados em planilha própria, desenvolvida a pelo Prof. Dr. Mandarim de
Lacerda, a partir do trabalho de SORENSEN (1989),e gentilmente cedido pelo
Prof. Dr. Cláudio Antonio Ferraz de Carvalho (comunicação pessoal).
Os dados obtidos foram tabulados e analisados estatisticamente através
do teste t de Student, com grau de significância aceito de p = 0,05. A amostra
foi submetida ao teste de normalidade.
Para a quantificação das fibras colágenas presentes na matriz, utilizou-
se a coloração de Picrosírius red nos preparos histológicos, e observação das
lâminas com auxílio do microscópio Axioscópio Zeiss. Os resultados foram
analisados em um microcomputador acoplado a um programa de análise de
imagens, KS400, no Departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
3.2. Análise estatística
Os dados obtidos referentes às dimensões nucleares foram tabulados e
analisados estatisticamente através do teste t de Student, com grau de
significância aceito de p = 0,05. A amostra foi submetida ao teste de
normalidade.
Para a análise estatística das porcentagens do colágeno intersticial foi
utilizado o teste t de Student no software SPSS versão 12.0 com grau de
significância aceito de p = 0,05.
28
4. RESULTADOS
I. Em relação ao peso corporal, o grupo D apresentou um retardo severo
no ganho de peso, comparado ao grupo controle (p=<0,0001).
II. O peso médio dos corações apontou uma diminuição nos animais do
grupo D em relação ao grupo N (p=0,0003).
III. A proporção peso corporal/ peso cardíaco não apresentou diferença
significante entre os animais dos grupos N e D – Tabela 1
Os pesos médios dos animais de cada grupo e dos corações estão
listados na Tabela 1.
Tabela 1 – Peso corporal, peso do coração e relação peso do coração/peso
corporal dos animais nutridos de 21dias (N) e desnutridos de 21 dias(D)
Grupos
Peso corporal
Peso do coração
Relação peso do coração/peso corporal
(%)
N (11) 48,44 ± 5,54 0,44 ± 0,05 0,89 ± 0,05
D (9) 14,19 ± 0,98 0,14 ± 0,01 1 ± 0,09
Valor de p >0,001 0,001 NS
Os resultados são expressos pela média ± erro padrão da média, mais o número de animais.NS=nãosignificante
IV. A observação direta das secções cardíacas revelou grande
diminuição nas dimensões cardíacas no grupo D – figura 6 A e 6 B.
29
Figura 6 A- Animal nutrido, B- animal desnutrido. Fotografia do coração de rato nutrido de 21 dias em corte frontal corado com H/E ao lado de régua graduada em centímetros. Observar as câmaras cardíacas: ventrículo direito (1) e ventrículo esquerdo (2) e a dimensão total do coração.
nutrido
2 1
2 1
desnutrido
A
B
30
V. A análise dos núcleos dos cardiomiócitos dos ventrículos esquerdos
através da microscopia de luz apontou um aparente aumento do tamanho
nuclear, no grupo D, resultado esse confirmado nos dados obtidos através da
análise estereológica (figura 7 A e 7 B).
VI. O volume ponderado médio dos núcleos nos animais nutridos de 21
dias foi de 8,59 µm3 e dos animais desnutridos de 21 dias foi de 10,8 µm3.
VII. A observação das imagens obtidas pela microscopia de luz realça
núcleos menores, mais arredondados (1) e dispostos numa matriz pouco
homogênea (2) no grupo N (figura 8). Nos animais do grupo D (figura 9), os
núcleos dos cardiomiócitos ventriculares esquerdos apresentam-se mais
alongados, maiores (3) e com uma matriz (4) aparentemente mais uniforme.
Neste grupo, os nucléolos e as granulações nucleares (5) estão mais
evidenciados.
VIII. Em relação à análise da porcentagem do colágeno intersticial nos 2
grupos, os dados estatísticos não apontaram diferença significativa entre os
animais nutridos e desnutridos (gráfico1), embora as distribuições de área
ocupada pelo colágeno se mostrem ligeiramente maiores (figura 10).
31
Figura 7. Fotomicrografia de corte histológico de ventrículo esquerdo de rato nutrido (A) e desnutrido (B) de 21dias onde se observa a disposição dos miócitos na matriz, com aparente aumento no tamanho nuclear, exibido no animal desnutrido.
A
B
32
Figura 8 – Fotomicrografia de corte histológico de ventrículo esquerdo de rato nutrido de 21dias, onde se observam miócitos com núcleos arredondados (1) e uma matriz (2) pouco homogênea.
Figura 9 – Fotomicrografia de corte histológico de ventrículo esquerdo de rato desnutrido de 21 dias onde se pode notar miócitos com núcleos maiores, alongados (3), dispostos em uma matriz (4) mais homogênea e apresentando nucléolos e granulações nucleares mais evidentes (5), quando comparados ao animal do grupo controle.
1
2
3
4
5
33
nutridos desnutridos
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
% d
e co
lág
eno
po
r ár
ea
2518
Gráfico 1 – Porcentagem da distribuição do colágeno por área na matriz intersticial do ventrículo esquerdo nos animais nutridos e desnutridos de 21 dias.
34
Figura 10 – Fotomicrografia de corte histológico de ventrículo esquerdo de rato nutrido (A) e de ventriculo esquerdo de rato desnutrido (B) – 21 dias, com coloração de picrosirius red e utilização de luz polarizada, evidenciando a distribuição das fibras colágenas (setas) por área da matriz intersticial. Observar uma maior predominância das fibras colágenas no animal desnutrido (B).
A
B
A
B
35
5. DISCUSSÃO
A oferta de nutrientes é um fator limitante e regulador da performance
dos órgãos e sistemas do corpo. A carência nutricional promove um
desenvolvimento muscular insuficiente desde a fase intra-uterina nos animais
(NASCIMENTO et al, 1990). Como os tecidos musculares são a principal fonte
imediata de proteína, o comprometimento do músculo esquelético representa
uma forma adaptativa eficiente à redução da entrada do nutriente (DROTT &
LUNDHOLM ,1992).
Assim como os vários tecidos e órgãos do nosso corpo, o coração é
afetado pela depleção nutricional, promovendo alterações morfológicas,
morfométricas e bioquímicas, que podem modificar sua performance.
Em nosso estudo, verificamos uma redução na musculatura cardíaca
dos animais desnutridos, embora o coeficiente peso cardíaco/peso corporal
não apresentasse diferença significativa. Essa constatação é contrária aos
dados de CUNHA et al (1998), onde o estudo em humanos adultos
necropsiados apontou coeficiente estatisticamente maior nos desnutridos.
Talvez, a explicação para tal fato, seja a fase de desenvolvimento do
organismo, na qual a desnutrição foi imposta, pois, WINICK (1989) aponta que
a deficiência no crescimento, determinada pela depleção na dieta é
dependente da idade e da capacidade de recuperação do organismo. Ele
salienta que a desnutrição inicial impede a divisão celular e o animal não pode
retomar essa etapa, enquanto que num estágio mais avançado do crescimento,
ocorre a redução no tamanho das células, processo que pode ser retomado.
36
Da mesma maneira como em nossos achados, a massa ventricular
esquerda foi reduzida nos desnutridos, comparados aos controles dos estudos
de KOTHARI et al (1992). Mesmo assim, ele verificou que a relação massa
ventricular esquerda/ peso corpóreo foi significativamente aumentada no grupo
experimental.
É sabido que o organismo prioriza os órgãos e tecidos de sobrevivência
na distribuição dos nutrientes no corpo (FREITAS et al, 1994). No tecido
cardíaco, ocorre uma diminuição significativa da distância máxima de difusão
dos metabólitos, melhorando o abastecimento energético celular e oferecendo
uma relativa proteção no metabolismo em miócitos desnutridos
(VANDEWOUDE, 1995).
Quanto à análise do volume nuclear ponderado médio, verificamos um
relativo aumento no grupo desnutrido, diferentemente do apontado por CUNHA
et al (1998), aparentemente porque este não tenha utilizado um método de
análise estereológico, como o aplicado nesse trabalho. O aumento do volume
nuclear ponderado médio coincide com os conceitos de adaptação bioquímica
e de composição cardíaca já citados, que em conjunto, visam à preservação da
função cardíaca. Realçando tais conceitos, KOTHARI et al (1992) conclui que a
preservação cardíaca ocorre em pacientes com desnutrição proteica energética
severa, havendo manutenção das funções sistólicas nos corações atróficos
desnutridos.
Apesar de não ter havido significância quanto aos dados referentes à
porcentagem de colágeno nos grupos estudados, a distribuição dos valores
mostra-se mais concentrada no grupo de animais nutridos, enquanto que nos
desnutridos, os valores encontram-se numa distribuição mais abrangente.
37
De acordo com a literatura, no animal desnutrido adulto ocorre aumento
do colágeno intersticial (CICOGNA et al,1999). Nossos dados apontam essa
tendência, embora devido à etapa de desenvolvimento do animal, ela ainda
não esteja consolidada.
38
7. CONCLUSÃO
A deficiência proteica na dieta promove múltiplas alterações
morfológicas e funcionais em vários tecidos e órgãos do corpo, impondo
desequilíbrios que afetam seu desempenho, podendo até comprometer sua
sobrevivência .
O coração como órgão fundamental à manutenção do organismo,
também sofre os efeitos da depleção proteica da dieta, embora lance mão de
mecanismos de preservação funcional.
Em nosso trabalho verificamos que existe uma relação direta entre uma
dieta hipoproteica e a massa corporal e cardíaca do animal, em especial
quanto a massa ventricular. Entretanto, a relação peso corporal/peso cardíaco
não se mostrou alterada. Houve também um aumento expressivo nas
dimensões nucleares dos indivíduos desnutridos. Em relação à porcentagem
do colágeno intersticial, os dados estatísticos não apresentaram diferença
significativa entre os dois grupos avaliados. Esses dados apontam para uma
preservação na função cardíaca, garantindo a performance do coração nos
indivíduos submetidos à desnutrição proteica.
39
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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