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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS DE PONTA GROSSA DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO PPGEP HERUS PONTES A INCIDÊNCIA DA LOMBALGIA EM INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO: UM ESTUDO DE CASO SOB A ÓTICA DA ERGONOMIA PONTA GROSSA 2005

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS DE PONTA GROSSA

DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO

PPGEP

HERUS PONTES

A INCIDÊNCIA DA LOMBALGIA EM INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO:

UM ESTUDO DE CASO SOB A ÓTICA DA ERGONOMIA

PONTA GROSSA 2005

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HERUS PONTES

A INCIDÊNCIA DA LOMBALGIA EM INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO:

UM ESTUDO DE CASO SOB A ÓTICA DA ERGONOMIA

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, da UTFPR, Campus de Ponta Grossa. Orientador: Prof. Antonio Augusto de Paula Xavier, Dr.

PONTA GROSSA 2005

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TERMO DE APROVAÇÃO

Título de Dissertação Nº 009

“A Incidência da Lombalgia em Indústria de Fundição: um estudo de caso sob a ótica da ergonomia”

Por

HERUS PONTES

Esta dissertação foi apresentada às quatorze horas do dia 04 de novembro

de 2005 como requisito parcial para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, Linha de Pesquisa em Produção e Manutenção, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. O candidato foi argüido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier Prof. Dr. Eduardo Concepción Batiz UTFPR UFSC Orientador

Prof. Dr. Antonio Carlos de Francisco Prof. Dr. Osni Hoss

UTFPR UTFPR

Visto do coordenador

Prof.º Dr. Kazuo Hatakeyama Coordenador do PPGEP

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DEDICATÓRIA

à minha esposa

Roseli de Fátima;

a meus filhos

Kleber Augusto e Herus Junior;

a minhas noras

Luiza e Priscila;

à minha netinha

Amanda;

à minha mãe

Izaura

que souberam viver comigo as dificuldades pelas quais, juntos passamos, o

cumprimento de mais esta jornada, nos momentos de ausência e alienação e pelo

incentivo dado para que este sonho se tornasse realidade.

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AGRADECIMENTOS

Ao Grande Arquiteto do Universo, por me ter oportunizado a vida e estar ao meu lado em todos os momentos;

ao orientador, Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier,

pela sabedoria na orientação e por sua amizade ao longo desses anos;

aos professores, Dr. Osni Hoss e Sittilo Voltolini, pela dedicação, amizade, companheirismo e

colaboração no desenvolvimento deste trabalho;

ao professor, Dr. João Luiz Kovaleski,

pela oportunidade, crédito dispensados e pela sua perseverança;

a Fersul – Manufaturados de Ferro Ltda. por ter facilitado a realização desta pesquisa.

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RESUMO

Esta pesquisa teve origem na verificação da incidência de lombalgia nos empregados de uma indústria de fundição de ferro cinzento e nodular. Para o estudo, foram fundamentais a aplicação dos conceitos ergonômicos ao trabalho. Utilizaram-se como instrumento de pesquisa e coleta de dados, a observação direta, entrevistas informais, questionários com questões estruturadas, filmagens e fotografias. Como base da pesquisa, a metodologia aplicada foi a Análise Ergonômica do Trabalho (A.E.T.), desenvolvida em suas três etapas: análise da demanda; análise da tarefa e a análise da atividade. Procurou-se ainda, pesquisar sobre as dores sentidas pelos empregados na região lombar, o que determinou estudo mais profundo das posturas adotadas na empresa pelos empregados. Para análise postural, foi utilizado o método WinOWAS. Seus resultados foram compatibilizados e analisados para as devidas recomendações. Com esses resultados, mais os obtidos na pesquisa de campo, através da aplicação de questionários e observações, foram calculadas as correlações existentes entre os afastamentos totais do trabalho e os afastamentos pelas lombalgias, ocorridos entre os anos de 2001 e 2005. Buscou-se calcular estatisticamente, através dos cálculos da correlação linear, as dores percebidas pelos empregados, durante a jornada de trabalho, bem como seu prolongamento após o término dela. Com a análise dos resultados obtidos, podem-se efetuar recomendações para o setor de fundição, visando à melhor qualidade de vida destes trabalhadores e diminuição dos constrangimentos lombares, bem como melhorar o processo produtivo da empresa.

Palavras-chave: Ergonomia, postura, lombalgia, indústria de fundição.

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ABSTRACT

This research had its origin in the verification of the incidence of lombalgy in employees of a foundry industry of gray and nodular iron. For the study, were fundamental the application of the ergonomic concepts to work. It was used as an instrument of research and collection of data, the direct observation, informal interviews, questionnaires with structured questions, videos and photographs. As the base of the research, the applied methodology was the Ergonomic Analysis of Work (A.E.T.), developed in its three stages: analysis of the demand; analysis of the task and the analysis of the activity. It was still sought, to research on the pains felt by the employees in the lumbar area what determined a deeper study of the postures adopted in the company by the employees. For the postural analysis, the method WinOWAS was used. Their results were calculated and analyzed for the due recommendations. With these results, beyond the obtained in the field research (through the application of questionnaires and observations), the existent correlations were calculated between the total removals from work and the removals by the lombalgies, occurred among the years of 2001 and 2005. It was aimed at calculating statistically, through the calculations of the linear correlation, the pains noticed by the employees, during the work day, as well as, its prolongation after its end. With the analysis of the obtained results, recommendations can be made for the foundry section, seeking the best quality of life for these workers and the decrease of lumbar embarrassaments, as well as to improve the productive process of the company.

Key-words: Ergonomics, posture, lombalgy, foundry industry.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Gráfico do pessoal ocupado no Brasil, jan/03 a fev/05. ................... 19

Figura 02 – Gráfico de produção da indústria de fundição por região do Brasil ... 23

Figura 04 – Estrutura da coluna vertebral humana .............................................. 49

Figura 05 - Estrutura das vértebras humanas ...................................................... 50

Figura 06 - Quadro de classificação de lombalgias comuns – QTFSD. ............... 52

Figura 07 - Quadro de classificação de lombalgias comuns – PTFBP................ 52

Figura 08 - Gráfico de estudos comparativos da produção brasileira – ton. ........ 63

Figura 09 - Preparo das formas para receber o metal fundido............................. 70

Figura10 - Fases da análise da demanda ............................................................ 72

Figura 11 – Gráfico demonstrativo do hábito de fumar. ....................................... 79

Figura 12 – Gráfico demonstrativo do hábito de beber. ....................................... 79

Figura 13 - Gráfico das atividades físicas dos empregados. ................................ 80

Figura 14 - Gráfico dos cuidados com a saúde dos empregados. ....................... 81

Figura 15 - Gráfico da situação física dos empregados, após o expediente. ....... 82

Figura 16 - Gráfico da situação mental dos empregados, após o expediente...... 82

Figura 17 - Gráfico da situação de sono dos empregados. .................................. 83

Figura 18 - Gráfico do sentimento de dor na região lombar. ................................ 84

Figura 19 – Gráfico de afastamentos por dores lombares. .................................. 84

Figura 20 – Gráfico dos afastamentos por menos de 30 dias. ............................. 85

Figura 21 – Gráfico da diminuição da capacidade profissional. .......................... 85

Figura 22 – Gráfico da diminuição da capacidade de lazer.................................. 86

Figura 23 – Gráfico do tempo do sentimento de dores lombares......................... 86

Figura 24 – Gráfico dos acidentes na região lombar............................................ 87

Figura 25 – Gráfico da procura médica por dores lombares. ............................... 88

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Figura 26 – Gráfico troca de setor por dores lombares. ....................................... 88

Figura 27 – Gráfico do tempo do sentimento doloroso......................................... 89

Figura 28 – Postura na movimentação da forma.................................................100

Figura 29 - Compactação do molde. ...................................................................101

Figura 30 – Abertura da forma após a compactação. .........................................102

Figura 31 – Preparação da areia.........................................................................103

Figura 32 - Gráfico de ação de todas as categorias............................................105

Figura 33 - Gráfico de dores sentidas durante o expediente de trabalho............106

Figura 34 - Gráfico de dores sentidas, após o expediente de trabalho. ..............107

Figura 35 - Análise de regressão linear entre o sentimento de dor durante o

expediente e a permanência da dor após o expediente. ..................110

Figura 36 – Gráfico dos afastamentos totais e os afastamentos por dores

lombares – ano 2001. .......................................................................112

Figura 37 – Análise de regressão linear entre os afastamentos totais e por dores

lombares - ano 2001. .......................................................................113

Figura 38 - Gráfico dos afastamentos totais e por dores lombares–ano 2002. ...114

Figura 39 – Análise de regressão linear entre os afastamentos gerais e por dores

lombares - ano 2002. .......................................................................115

Figura 40 - Gráfico dos afastamentos gerais e por dores lombares–ano 2003. ..117

Figura 41 – Análise de regressão linear entre os afastamentos gerais e por dores

lombares - ano 2003. .......................................................................118

Figura 42 - Gráfico dos afastamentos gerais e por dores lombares–ano 2004. ..119

Figura 43 - Análise de regressão linear entre os afastamentos gerais e por dores

lombares - ano 2004. .......................................................................120

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Pessoal empregado na indústria de fundição.................................... 18

Tabela 02 - Produção brasileira de fundidos em ton. ........................................... 22

Tabela 03 - Etapas da análise ergonômica de uma situação de trabalho ............ 36

Tabela 04 – Estudos comparativos da produção brasileira de fundidos em ton... 62

Tabela 05 - Caracterização de posturas - método OWAS ................................... 67

Tabela 06 - Respostas de sentimentos de dor ....................................................109

Tabela 07 - Sumário da análise de regressão.....................................................110

Tabela 08 - Sumário da análise de regressão – ano 2001. .................................114

Tabela 09 - Sumário da análise de regressão – ano 2002. .................................116

Tabela 10 - Sumário da análise de regressão – ano 2003. .................................118

Tabela 11 - Sumário da análise de regressão – ano 2004. .................................121

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................16

1.1 Contextualização...............................................................................................18

1.1.1 Definição do tema ............................................................................................20

1.1.2 Importância do tema.........................................................................................21

1.1.3 Justificativa do trabalho ....................................................................................23

1.1.4 Definição do problema......................................................................................24

1.2 Objetivos............................................................................................................25

1.2.1 Objetivo geral ...................................................................................................25

1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................26

1.3 Delimitação e limitação da pesquisa ...............................................................26

1.4 Estrutura da dissertação ..................................................................................27

2. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................29

2.1 Ergonomia..........................................................................................................29

2.1.1 Análise ergonômica do trabalho .......................................................................32

2.1.2 A qualidade ergonômica do posto de trabalho .................................................36

2.1.3 A Responsabilidade social da Ergonomia e da qualidade................................39

2.2 O Controle da qualidade do posto de trabalho...............................................41

2.3 Fadiga.................................................................................................................43

2.3.1 A Fadiga na manufatura ...................................................................................44

2.3.2 Controle ergonômico da fadiga ........................................................................46

2.4 Lombalgia ..........................................................................................................48

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2.5 Bem-estar no trabalho ......................................................................................53

2.6 Riscos ambientais.............................................................................................55

2.6.1 Gestão dos riscos ambientais ..........................................................................56

2.6.2 Identificação dos fatores de riscos ...................................................................57

2.7 Setor industrial da fundição .............................................................................62

2.8 Método OWAS ...................................................................................................65

3. METODOLOGIA ...................................................................................................69

3.1 Análise ergonômica do trabalho......................................................................71

3.1.1 Análise da demanda.........................................................................................71

3.1.2 Análise da tarefa ..............................................................................................72

3.1.3 Análise das atividades......................................................................................73

3.2 Aplicação do método OWAS............................................................................73

3.3 Análise de correlação .......................................................................................75

4. RESULTADOS......................................................................................................77

4.1 Resultados gerais e sociais da empresa.........................................................77

4.1.1. Dados pessoais...............................................................................................78

4.1.2. Quanto à saúde...............................................................................................78

4.1.3. Problemas lombares........................................................................................83

4.1.4. Quanto aos fatores ergonômicos ....................................................................89

4.1.5. Quanto aos fatores psicossociais....................................................................91

4.2 Resultados da análise ergonômica do trabalho (A.E.T.)................................93

4.2.1 Análise da demanda.........................................................................................93

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4.2.2 Análise da tarefa ..............................................................................................93

4.2.2.1 Moldagem......................................................................................................94

4.2.2.2 Fusão ............................................................................................................95

4.2.2.3 Análise da atividade ......................................................................................95

4.2.2.4 Condições posturais ......................................................................................96

4.3 Resultados da avaliação postural, determinados pela metodologia OWAS 97

4.3.1 Descritivo..........................................................................................................97

4.3.2 Transporte do cadinho......................................................................................98

4.3.3 Fusão ...............................................................................................................99

4.3.4 Confecção do molde e colocação da areia.......................................................99

4.3.5 Compactação do molde..................................................................................100

4.3.6 Abertura da forma, após a compactação do molde........................................101

4.3.7 Preparação da areia.......................................................................................102

4.3.8 Desforma........................................................................................................103

4.4 Análise dos resultados obtidos pelo método OWAS...................................104

4.5 Resultados das análises de regressão..........................................................105

4.6 Considerações do Capítulo ............................................................................121

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ...............................................................124

5.1 Conclusão ........................................................................................................124

5.2 Recomendações para futuros trabalhos .......................................................126

REFERÊNCIAS.......................................................................................................127

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO 1 ........................................................................132

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO 2 ........................................................................136

APÊNDICE C - AFASTAMENTOS TOTAIS E POR LOMBALAGIAS....................137

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1. INTRODUÇÃO

O estudo da Ergonomia apresenta-se dinâmico e vem provocando

alterações no mundo empresarial e na preservação da saúde do trabalhador.

Eliminaram-se as restrições de tempo e espaço, passando de uma

economia de manufatura e commodites para outra que valoriza mais as

informações, os serviços, a assistência, a distribuição e o conhecimento. Sendo

esses essencialmente intangíveis — aspectos nos quais se baseia a economia, já

que o mundo está, cada vez mais, caminhando para uma fábrica de serviços

(BOTELHO, 1991).

Depois do final da década de 1980, entra-se na era da informação e as

empresas começam a travar uma batalha em busca da competitividade. A

estratégia de mudanças e a eficiência são os dois pilares da geração de valor no

mundo atual, onde o Capital Humano aparece como o novo Ativo das

organizações (CHIAVENATO, 2003).

A discussão acerca das conseqüências dos riscos à saúde dentro das

organizações vem causando impactos no que se refere ao seu tratamento

técnico-legal. Como o sistema de produção convencional contempla mais o

processo produtivo e menos o homem, a implantação de um Sistema de Gestão

Ergonômica adequado e eficiente, que visualize os riscos ambientais e o

trabalhador em seu posto de trabalho, dará novos rumos ao processo produtivo

das empresas e a criação de ambientes de trabalho mais confiáveis e seguros.

A partir do final do século passado, autores como F. W. Taylor e o casal

Gilbreth dedicaram-se a estudar e analisar os movimentos e os tempos gastos

pelos operários em suas tarefas cotidianas industriais, para que, associando

conhecimentos científicos e administrativos às necessidades de produtividade

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operacional, pudessem os profissionais trabalhar melhor e com mais eficiência.

(SILVA, 2001)

Com o advento da globalização da economia, não só o cliente se tornou

mais exigente, como também as pessoas se apresentam com maior qualificação

profissional e cultural. O nível de escolaridade e cultura exige, cada vez mais,

ambiente de trabalho saudável que traduza conforto e segurança. Atender estes

padrões é dar condições de aumento de produtividade e qualidade aos produtos.

O estudo da Ergonomia, como ciência multidisciplinar, colabora

intensamente com os aspectos produtivos, preservando a saúde do trabalhador,

melhorando a produtividade, adequando os postos de trabalho aos seus

operadores. Esse estudo, por sua vez, tem a função de estabelecer avaliações e

alguns modelos para avaliar a associação de distúrbios com a saúde do

trabalhador e a atividade por ele executada na empresa.

A proposta desta pesquisa é estudar os distúrbios musculoesqueléticos

relacionados à atividade de fundição de uma empresa situada na cidade de Pato

Branco-PR, a qual tem, como atividade principal, a fundição de ferro cinzento e

nodular.

Sabe-se que não são apenas os trabalhadores das empresas de fundição

que são acometidos por esses males. No entanto, a partir de análises realizadas,

buscou-se entender os fatores de constrangimentos que agridem esses

trabalhadores, devido à postura exigida pelo trabalho, buscando recomendações

efetivas que definem maior conforto para as pessoas, melhorando a produtividade

e diminuindo os efeitos provocados pelos constrangimentos musculoesqueléticos

típicos da atividade industrial estudada.

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1.1 Contextualização

As empresas de fundição se caracterizam pelo trabalho braçal, pesado,

com atividades estressantes e ambientes inóspitos. Por esta razão os acidentes

de trabalho podem ocorrer com certa freqüência, quando não observados os

riscos que o ambiente oferece.

Segundo a Associação Brasileira de Fundição (ABIFA), o setor, no Brasil,

emprega 56.590 trabalhadores, conforme demonstra, a tabela 01, um estudo

comparativo entre fevereiro de 2004 e fevereiro de 2005.

Tabela 01 - Pessoal empregado na indústria de fundição PERIODO/REGIÃO FEV/05 JAN/05 FEV/04 1- CENTRO/MG 10.347 10.289 8.475 2- NORTE/NE 1.118 1.117 1.048 3- RIO DE JANEIRO 4.369 4.229 3.663 4- SÃO PAULO 23.833 23.937 21.218 5- SUL 16.923 16.924 14.768 6- TOTAL 56.590 56.496 49.172

Fonte: ABIFA – Associação Brasileira de Fundição, fev/2005.

A figura 01, abaixo, demonstra a evolução do pessoal empregado no setor

de fundição, tendo, como base, o período de janeiro de 2003 a janeiro de 2005,

evidenciando o crescimento do setor. Com o crescimento do emprego, nos

últimos anos, apresentado pelo seguimento, evidencia-se a necessidade de

maiores cuidados que devem ser dispensados à saúde destes trabalhadores,

pois, além do aumento do contingente empregado, este, cada vez mais, se torna

importante na economia nacional.

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19

38000

4000042000

44000

4600048000

50000

52000

5400056000

58000

jan/03

marmai jul se

tnov

jan/04

marmai jul se

tnov

jan/05

Figura 01 – Gráfico do pessoal ocupado no Brasil, jan/03 a fev/05.

Fonte: ABIFA – fev/2005.

Devido ao esforço físico e à postura adotada, são freqüentes as queixas de

dores nas costas. Isso ocorre pela razão de que o desgaste físico, durante o

processo produtivo, gera certas patologias específicas a cada tipo de atividade.

Além de diferentes modalidades de acidentes que podem ocorrer, cujas

características encontram-se diretamente relacionadas com a particularidade de

cada trabalho executado. (FERNANDES, 2000)

Já a “postura pode ser definida como a posição e a orientação espacial

global do corpo e seus membros relativamente uns aos outros, sendo necessária

para execução bem sucedida de um determinado movimento”. (SILVA, 2001, p.

30).

Há, no entanto, vários fatores de risco oferecidos pela atividade da

empresa estudada, como trabalho repetitivo, monotonia, peso deslocado e

manuseio de metal fundido incandescente. Neste caso, pode-se convencionar que

este é local de referência para desenvolver vários estudos ergonômicos pela

característica dos postos de trabalho e suas particularidades.

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Para tanto, foram concentrados os estudos voltados ao ambiente do

trabalho e à postura dos empregados em seu cotidiano, já que se observou forte

pressão sobre a coluna vertebral daqueles trabalhadores.

E “qualquer desvio na forma da coluna vertebral, pode gerar solicitações

funcionais prejudiciais que ocasionam um aumento de fadiga no trabalhador e

leva ao longo do tempo a lesões graves” (SILVA, 2001, p. 31). Sendo que esse

fato determinou a delimitação deste trabalho de pesquisa.

Para Duarte, M. (2001), a simplicidade da tarefa e o controle da postura é

um grande desafio para o corpo do homem, pois o sistema postural deve ser

capaz de regular o equilíbrio em situações instantâneas e ser suficientemente

versátil para dar início aos movimentos.

O aparecimento de doenças relacionadas às atividades laborais, conforme

Brandimiller (1997) e Dejours (2003), tem se apresentado como fator

determinante ao número de afastamentos do trabalho, por problemas físicos ou

psicopatológico, e que necessitam de tratamento e acompanhamento adequado,

para se evitar sua cronificação.

Tratando-se das lombalgias, estudos revelaram ainda que, em doentes

acompanhados num período de seis meses a dois anos, apresentaram taxas de

cronificação da dor lombar entre 40% a 44%. (KSAM, 2003).

Esse fato gera ainda prejuízos financeiros, perda de competitividade, perda da

qualidade, queda na produção das organizações e prejuízos à economia nacional.

1.1.1 Definição do tema

As pessoas que trabalham na atividade de fundição na Região Sul do Brasil

totalizam 16.923, (30%) de um total nacional de 56.590 trabalhadores no setor

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(tabela 01), sendo um dos problemas nesse universo a incidência de males

lombares que afetam este contingente de trabalhadores. Diante disso, a relação

entre as lombalgias e a atividade de fundição de ferro cinzento e nodular tornou-

se objeto desta pesquisa.

Através de visitas técnicas realizadas em empresas do setor, detectou-se a

similaridade e homogeneidade das atividades desenvolvidas pelas pessoas

nessas organizações.

Na cidade de Pato Branco, trabalham aproximadamente duzentos e

cinqüenta empregados nesse setor, distribuídos em duas empresas. Uma de

grande porte, hoje empregando 1.400 pessoas, das quais 200 no setor de

fundição; outra, de pequeno porte, empregando 50 pessoas, a qual foi escolhida

para realização da presente pesquisa.

Para tanto, definiu-se como tema de estudos, a incidência da lombalgia e

os afastamentos no posto de trabalho, na indústria de fundição.

Este estudo avaliou as incidências dos distúrbios musculoesqueléticos que

levam os empregados aos afastamentos constantes, correlacionando-os ainda

com as atividades da indústria de fundição, limitando-se ao setor de fusão e

moldagem da empresa, onde se identificou o maior número de queixas dessa

patologia.

1.1.2 Importância do tema

A indústria da fundição no Brasil se destaca pelo crescimento e importância

que vem tomando no cenário nacional. Em doze meses (nov. 2003 a nov. 2004),

apresentou variação positiva de produção de 45.121 toneladas. Estudos

comparativos realizados pela ABIFA demonstram a importância desse segmento

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

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para o desenvolvimento sustentável do país, conforme demonstra abaixo a tabela

02.

Tabela 02 - Produção brasileira de fundidos em ton. PERÍODO/METAL NOV/04 OUT/04 NOV/03

1- FERRO TOTAL 208.059 206.875 175.047 2- AÇO TOTAL 19.499 19.563 11.438 3- NÃO FERROSOS 19.194 19.294 15.146 3.1- COBRE 1.457 1.484 1.263 3.2- ZINCO 533 522 439 3.3- ALUMÍNIO 16.758 16.821 13.056 3.4- MAGNÉSIO 446 467 388 4. TOTAL GERAL 246.752 245.732 201.631 TON/DIA 12.338 12.287 10.082

Fonte: ABIFA; Associação Brasileira de Fundição

No contexto nacional, percebe-se que, na produção de fundidos, a Região

Sul é a terceira maior do Brasil e é onde a empresa em estudo está inserida.

Para o crescimento contínuo do setor, há a necessidade de se

estabelecerem estudos voltados à preservação da integridade física e mental de

seus trabalhadores, que são os elementos responsáveis pelo crescimento

quantitativo e qualitativo do setor.

Para a Associação Brasileira de Fundição (ABIFA) a Região Sul do Brasil

emprega 16.923 (30%) trabalhadores (Tabela 01) e produz 28,1% de fundidos do

total da produção nacional, conforme mostra a Figura 02.

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34%

2,3%

6,3% 28,1%

29,3%

Centro Sul/MG Sul RJ Norte/NE SP

Figura 02 – Gráfico de produção da indústria de fundição por região do Brasil Fonte: Associação Brasileira de Fundição.

Pelo crescimento apresentado e importância econômica que o setor vem

conquistando no cenário nacional, o tratamento ergonômico das atividades

industriais de fundição tem, como base, o tempo e o espaço. Tempo, pelo que diz

respeito à velocidade com que evolui o mercado nacional e internacional; espaço

pelo mercado que cabe a cada organização.

Por se tratar de processo industrial de importância no contexto nacional, o

ramo da fundição deve dar ao trabalhador especial atenção às freqüentes queixas

de dores nas costas, não apenas pelo lado social e humano, mas também pelo

lado do crescimento da produção e da inserção cada vez maior no contexto

comercial do setor.

1.1.3 Justificativa do trabalho

As doenças ocupacionais podem advir da inadequação ergonômica, tais

como as lombalgias que se caracterizam pela prática de posturas incorretas,

repetitividade dos movimentos, carga de trabalho excessiva e fatores psicológicos

que podem acarretar problemas lombares e outras patologias (PEREIRA, 2001).

Por outro lado, estudos que correlacionem os afastamentos por doenças

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lombares com os afastamentos totais do trabalho em indústria de fundição

necessitam ser mais bem explorados, para se mensurar esses constrangimentos,

e de forma que se obtenham compromissos dos gestores da empresa, levando

em conta o potencial dos empregados e seu comprometimento, reduzindo as

despesas, aumentando a produtividade e criando fatores ergonômicos e

humanos. (HENDRICK, 2005).

Embora vários profissionais se dediquem a atividades prevencionistas em

pequenas e médias empresas onde a produção é totalmente manual e

estressante, a incidência da lombalgia pode ser considerada constrangedora,

devido à postura que deve ser adotada, durante as operações de fusão e

moldagem.

Este estudo se justifica também por se propor a colaborar na prevenção ou

minimização dos constrangimentos da coluna a que empregados do setor

especificado estão submetidos no seu dia-a-dia de trabalho, através de

recomendações analisadas de forma empírica, estatística, prática e metodológica,

as quais irão possibilitar a readequação dos postos de trabalho e estimular

sugestões de melhorias.

1.1.4 Definição do problema

A empresa pesquisada apresenta preocupação constante no que se refere

à saúde de seus trabalhadores. Esta pesquisa vem ao encontro a esses anseios e

se propôs levantar as causas que levam os empregados a constantes

afastamentos, com queixas de dores nas costas. A figura 03 abaixo, mostra a

condição de trabalho no setor de moldagem.

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Figura 03 – Postura de um dos operadores do setor de moldagem

Pelas características operacionais da empresa, são encontrados

constrangimentos posturais permanentes pela própria exigência do trabalho, pelos

quais se pode definir o problema: Qual a correlação existente entre incidência

de lombalgia e afastamentos no posto de trabalho na indústria de fundição?

Diante do exposto no parágrafo precedente, evidencia-se a relevância do

tema e o problema levantado. Parte-se da premissa de que mister se faz a

realização do estudo de caso, para se conhecerem as reais causas que levam os

empregados da indústria de fundição a serem acometidos constantemente pelas

lombalgias, para o que se definem os objetivos a serem alcançados.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a ocorrência de lombalgias em atividade de fundição e

correlacioná-las com os afastamentos totais do trabalho, para fins de se detectar

as causas e propor recomendações em relação às patologias.

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1.2.2 Objetivos específicos

São objetivos específicos da presente pesquisa:

a) levantar referencial teórico sobre lombalgias e práticas ergonômicas;

b) diagnosticar as condições de trabalho em relação à incidência de

lombalgias;

c) analisar as lombalgias e os motivos dos afastamentos da empresa objeto

do estudo de caso;

d) oferecer recomendações ergonômicas, visando a minimização dos

sofrimentos lombares.

1.3 Delimitação e limitação da pesquisa

Diversos são os fatores que contribuem para o aparecimento das

dorsolombalgias. Na empresa em estudo, o manuseio de carga é tão freqüente e

elevado que podem surgir complicações patológicas no presente e no futuro,

devido à carga recebida frequentemente nas costas (GRANDJEAN, 1998). Ainda

fatores psicológicos também podem agravar e/ou contribuir para essa patologia

(DEJOURS, 2003).

Este estudo limita-se a desenvolver uma abordagem ao surgimento de

doenças dorsolombares em uma empresa de fundição de ferro cinzento e

nodular, onde 57,89% dos trabalhadores queixam-se de dores nas costas, nas

atividades de manuseio e operações de rotina, em seus postos de trabalho.

Limita-se, ainda, à atividade de fundição onde o processo é pesado e

repetitivo. Os resultados alcançados poderão ser comparados futuramente com

situações semelhantes e posterior continuidade dos estudos ergonômicos.

Esta pesquisa foi desenvolvida dentro de uma empresa específica. Objetiva

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estudar profunda e exaustivamente as causas que estão levando um número

elevado de empregados a serem afastados de suas atividades com dores nas

costas. Dores caracterizadas como lombalgia, dor que ocorre nas regiões

lombares inferiores, lombossacrais ou sacroilíacas da coluna lombar. (MSD,

DOENÇAS REUMÁTICAS, 2004).

1.4 Estrutura da dissertação

Esta dissertação está estruturada em cinco capítulos. Apresenta

abordagem ergonômica quanto às incidências das lombalgias em empresa de

fundição de ferro cinzento e nodular. O trabalho ficou organizado da seguinte

forma:

Capítulo 1 - refere-se à introdução do trabalho, à contextualização, à

definição do tema, à sua importância e à justificativa da realização deste estudo.

Os objetivos da pesquisa, tanto na sua forma geral quanto na específica. A

limitação e a delimitação da pesquisa.

Capítulo 2 – apresenta a fundamentação teórica, a Ergonomia, o controle

da qualidade do posto de trabalho, a fadiga, a lombalgia, o bem-estar no trabalho,

os riscos ambientais, a manutenção do posto de trabalho, o setor industrial de

fundição, a produtividade e o método OWAS.

Capítulo 3 – aborda o sistema metodológico que foi utilizado na realização

do trabalho.

Capítulo 4 – define o resultado do estudo realizado em empresa de

fundição situada na cidade de Pato Branco – PR, onde se buscou analisar a

postura corporal que os empregados mantêm para o desenvolvimento de seus

trabalhos cotidianos. Definiram-se estatisticamente os dados, correlacionando-se

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os dias de afastamento pelas incidências das lombalgias e os dias de

afastamentos totais do trabalho na empresa.

Capítulo 5 – apresenta as conclusões e as recomendações estabelecidas

nos instrumentos da pesquisa, as quais apresentam sugestões que poderão

determinar diminuição do número de afastamentos, bem como estabelecer melhor

bem-estar para os trabalhadores.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

A palavra “trabalho” origina-se do latim popular tripalium que designava um

aparelho de tortura de ocasionar constrangimentos ao ser humano. Por outro

lado, o verbo trabalhar tem mesma a origem, porém, da palavra tripaliare que

quer dizer torturar com o tripalium (FIALHO e SANTOS, 1997).

Com a evolução da humanidade, evolui também o trabalho e com este

aparecem os precursores das primeiras máquinas utilizadas em escala quase que

industrial, criadas pelo homem, e que remontam à Idade Média, (MOREIRA,

1998), o que veio facilitar o trabalho, deixando-o menos penoso que em seu

princípio.

2.1 Ergonomia

Com o advento da revolução industrial do século XVIII e com ela, a

descoberta da máquina a vapor por James Watt, tem início o processo de

substituição da força humana pela força da máquina. Os artesãos, que até então

trabalhavam em suas próprias oficinas, começam a se agrupar, dando início às

primeiras fábricas, caracterizando nova postura de trabalho (MARTINS,

LAUGENI, 2005).

No decorrer dos tempos, começam a aparecer teorias administrativas como

as de Taylor, Maslow, Herzberg, objetivando estudar a melhoria do processo de

produção, buscando entender o homem em seu posto de trabalho.

Os trabalhadores da época prestavam serviço, até então, sob regime de

semi-escravidão em oficinas sujas, barulhentas, perigosas, sem direito a qualquer

benefício social, por até 16 horas diárias (IIDA, 2002).

Com a decadência da produção artesanal, o advento da Revolução

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Industrial e o surgimento das primeiras fábricas, uma série de necessidades

começam surgir, entre tantas, a adaptação do Trabalho a seus operadores para

obtenção de melhoria na produção industrial e a conquista de novos mercados.

As relações sócio-econômicas geradas, a princípio, dão origem a novo

elemento no contexto industrial, enfocando o homem como elemento integrante

da economia manufatureira, onde, até então, eram meros operadores e semi-

escravos do processo (IIDA, 2002). Esta necessidade acena para os primeiros

passos da Ergonomia, como uma ciência multidisciplinar.

O termo ergonomia tem sua origem na junção das palavras gregas, ergon,

que significa trabalho, e nomos, que significa regras, leis naturais (IIDA, 2002;

DUL e WEERDMEESTER 2001; MERINO, 1999; CARVALHO e NASCIMENTO,

1998).

Para a Ergonomics Research Society (Inglaterra), ergonomia é o estudo

da relação existente entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, a

aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia, psicologia e da biomecânica

na solução dos problemas surgidos desse relacionamento em seu cotidiano.

A Ergonomia constitui-se no processo que busca a elaboração de projetos

que têm como finalidade diminuir, ao máximo possível, o esforço do empregado

no manuseio de seus instrumentos de trabalho, suas máquinas, seus

equipamentos, ferramentas e mobiliários (CARVALHO e NASCIMENTO, 1998).

Merino (1999) define Ergonomia como sendo o conjunto de conhecimentos

a respeito do desempenho do homem no posto de trabalho, com a finalidade de

aplicá-los à concepção das tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos

sistemas de produção, de forma a garantir a produtividade, bem como, o bem-

estar do trabalhador. O autor afirma ainda que não se conhece profundamente o

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histórico claro e específico da Ergonomia, já que os conhecimentos e estudos

relativos ao homem no seu trabalho, têm sido pesquisados mais profundamente

nos últimos 50 anos.

Assim sendo, o nascimento da Ergonomia não pode ser definido com

precisão. Começou provavelmente com o homem pré-histórico que escolheu uma

pedra num formato ideal, que melhor se adaptasse à forma e movimento de suas

mãos, para usá-la como arma para sua defesa, ou utensílio de qualquer natureza

(IIDA, 2002).

A necessidade de defesa do homem deu a origem prática da Ergonomia,

associada à necessidade de guerra, basicamente ligada à construção de aviões

mais adaptados às características médias das pessoas e, portanto, mais

facilmente adaptável a uma quantidade maior de pilotos (RIO e PIRES, 2001).

Pode-se dizer então que a Ergonomia tem seus passos firmados na

solução para melhorar as condições do homem no trabalho, criando metodologias

com este objetivo (SOUZA, 2002).

Com o advento da II Guerra Mundial, para se evitarem erros e acidentes,

foram utilizados conhecimentos científicos e tecnológicos para construir

instrumentos e equipamentos bélicos, relativamente complexos, como

submarinos, tanques, radares e aviões.

Os erros e acidentes, muitos com conseqüências fatais, eram freqüentes.

Tudo isso fez aumentar as pesquisas para adaptar esses instrumentos bélicos às

características e capacidades do operador, melhorando o desempenho, reduzindo

a fadiga, o estresse e os acidentes (IIDA, 2002).

Literalmente, considera-se que o ser humano é um dos assuntos mais

importantes na Engenharia dos Fatores Humanos e, neste contexto, os dados

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antropométricos podem ajudar no projeto das ferramentas e equipamentos para

melhorar a eficiência e redução da fadiga humana (MOHAMMAD, 2005).

Atualmente a Ergonomia encontra-se difundida praticamente em todos os

países do mundo, envolvendo profissionais das mais diversas áreas de interesse

comum, como Administradores, Engenheiros, Médicos, Fisioterapeutas, entre

outros. Existindo, ainda, inúmeras instituições de ensino e pesquisa envolvidas

com a Ergonomia, sendo realizados eventos de caráter nacional e internacional

(MERINO, 1999).

Ressalta-se que a Ergonomia visa garantir a saúde e o bem-estar dos

trabalhadores em seu ambiente de trabalho e, assim, contribuir para o alcance

dos resultados planejados e esperados pela alta administração da empresa

(BALBINOTTI, 2003).

2.1.1 Análise ergonômica do trabalho

A Análise Ergonômica do Trabalho (A.E.T.) abrange fatores que

oportunizam identificar situações que levam a melhorar ou, pelo menos, a

amenizar as condições de trabalho, otimizando a produção, satisfazendo o

trabalhador, melhorando o conforto oferecido e aumentando a produtividade da

organização.

A análise ergonômica é ferramenta básica no funcionamento e gestão de

uma empresa. Seus resultados permitem ajudar na concepção efetiva dos meios

materiais, organizacionais e de formação, auxiliando o alcance dos objetivos

planejados, com a preservação do estado físico, psíquico e vida social do

trabalhador. (BALBINOTTI, 2003).

A concepção do trabalho não se resume especificamente em fatores

ergonômicos, mas também em fatores sociais, de segurança, econômicos, de

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máquinas e equipamentos, da satisfação pelo próprio trabalho, entre outros

fatores, que devem ser analisados para a preservação da saúde do trabalhador

(FIALHO e SANTOS, 1997).

Essa preservação depende de fatores que devem ser contemplados pelos

ergonomistas, como a diversidade dos objetos da ação ergonômica, que pode

envolver um campo de demanda extremamente restrito, ou extremamente amplo

e pode tratar de:

1) Uma demanda ligada a uma questão específica num escritório ou num setor a respeito, por exemplo, de uma redistribuição do espaço em função da implantação de uma nova máquina. 2) Um conselho sobre funcionalidade de um programa de computador. 3) Uma ação destinada a melhorar compreender as razões de uma disfunção. (GUÉRIN et al, 2001, p.82).

Os autores complementam ainda dizendo que “em certos casos, a ação

ergonômica se amplia e acaba envolvendo o conjunto da empresa, ou mesmo

toda uma categoria profissional”, e que para a aplicação de uma A. E. T. há a

necessidade de se definir claramente a demanda existente, bem como a ação

participativa, pois,

é fundamental que o ergonomista participe ativamente da situação real do trabalho, se possível vivenciá-lo, realizando o que é considerado como “ergonomia participativa”. O envolvimento dos trabalhadores também é importante para, desta forma, conhecer ao certo a realidade. (PEREIRA, 2001, p. 39 a 40)

As identificações dos problemas ergonômicos organizacionais estão nos

resultados obtidos, a partir da Análise Ergonômica do Trabalho. E esta,

operacionalizada com a identificação da demanda, respeitando-se seus princípios

fundamentais e conhecendo-se profundamente o objeto da demanda.

Para Fialho e Santos (1997, p. 78) “Os problemas que formam o objeto da

demanda são, em geral, apenas uma parte dos problemas ergonômicos que se

apresentam numa situação real de trabalho”, e a necessidade de conhecer as

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reais atividades às quais o empregado está exposto.

Devem, ainda, ser levantada pelo ergonomista a demanda real e quais são

seus fatores que influenciam na atividade laboral de cada ocupante dos postos de

trabalho analisados.

Evidencia-se, no entanto, que o ergonomista conheça o projeto do trabalho.

Ele orienta, esclarece e diferencia cada processo, facilitando os resultados de

uma A.E.T., porém, outros aspectos devem ser levados em consideração, como

custo operacional, absenteísmo, produtividade e disponibilidades.

O projeto de um trabalho pode conduzir a mais de uma alternativa de

execução e ter mais de uma alternativa disponível é desejável, na medida em que

se leva em consideração quais os custos envolvidos em cada alternativa, qual a

produtividade esperada a alcançar e quais as implicações sobre o conforto e o

bem estar do funcionário que fará o trabalho (MOREIRA, 1998).

O conhecimento do projeto, a influência no conforto dos trabalhadores e os

fatores de risco relacionados à Ergonomia estão ligados ao ambiente de trabalho

e à interferência entre a harmonia, processo de trabalho e o homem já que:

os fatores de risco relacionados à ergonomia são aqueles que interferem na relação harmônica entre o trabalho e ser humano, podendo provocar danos à saúde do trabalhador por alterações fisiológicas no organismo e estado emocional, como também comprometer a segurança no ambiente de trabalho e a produtividade da empresa. (SESI-SP, 2003, p. 43).

Para a aplicação de análise ergonômica que contemple os objetivos

propostos pelo ergonomista ou pela necessidade da própria situação existente no

local de trabalho, deve-se obedecer a uma metodologia e a fatores operacionais a

partir das hipóteses teóricas.

Estas, por sua vez, devem ser confrontadas com os devidos ensaios

técnicos, como observações, experimentação, levando em consideração ainda

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que a Ergonomia, enquanto ciência, tenha comportamento como ciência social,

biológica e exata (FIALHO e SANTOS, 1997).

Por outro lado, na pesquisa ergonômica, alguns fatores particulares devem

ser levados em consideração, por tratar de análise de atividade de trabalho. Este

processo envolve também uma ação que não se apresenta em nenhum momento

em forma totalmente padronizada, pois depende da situação social ou do quadro

organizacional em que se aplicam os procedimentos e a ordenação das etapas,

que podem variar de acordo com cada tarefa ou atividade analisada.

(BALBINOTTI, 2003)

Fialho e Santos (1997, p. 49) propõem metodologia para se estabelecer

correspondência entre os procedimentos de pesquisa ergonômica e suas

respectivas etapas em situação de trabalho, conforme mostra a tabela 03.

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Tabela 03 - Etapas da análise ergonômica de uma situação de trabalho PROCEDIMENTOS DE PESQUISA EM ERGONOMIA

ETAPAS DE UMA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

1. Quadro teórico de referência

1. Formulação da demanda. 2. Análise das referências bibliográficas sobre o homem em atividade de trabalho. 3. Questão de pesquisa.

2. Análise ergonômica da situação de trabalho

4. Análise ergonômica da demanda: definição do problema (entrevistas exploratórias e problemática da pesquisa). 5. Análise ergonômica da tarefa: análise das condições de trabalho (elaboração do modelo de análise das atividades). 6. Análise ergonômica das atividades de trabalho: a análise dos comportamentos do homem no trabalho (observações).

3. Síntese ergonômica da situação de trabalho

7. Diagnóstico em ergonomia: a análise e tratamento dos dados (Termos de Referência da situação analisada). 8. Caderno de Encargos de Recomendações Ergonômicas as conclusões da pesquisa 9. Avaliação dos resultados: Memorial Descritivo dos avanços dos conhecimentos científicos em ergonomia

Fonte: Fialho e Santos, 1997, p. 49

A observação retrata os aspectos operacionais e técnicos; aproxima a

A.E.T. da realidade das operações, oferecendo resultados mais confiáveis. Para

Moura e Amaral (2002), a observação é parte importante da A.E.T. Ela visa a

permitir ao analista o entendimento do processo de fabricação pelo homem e a

utilização de todos os dispositivos e ferramentas que são usados neste processo.

Ainda os autores afirmam que outros recursos podem ser usados, se

disponíveis, como leitura das planilhas de operação de processo, prescrição das

tarefas, filmagens, catálogos e fotos e entrevistas.

2.1.2 A qualidade ergonômica do posto de trabalho

As empresas, na atualidade, necessitam ser reestruturadas, reformuladas e

adequadas tecnologicamente para enfrentarem a concorrência que, cada vez, se

apresenta com mais agressividade e competência, num mundo globalizado e

competitivo. Para isso se faz necessário quadro de colaboradores competente,

eficiente, eficaz e postos de trabalho técnica e qualitativamente adaptados aos

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seus operadores e a suas respectivas funções. Iida (2002) considera o posto de

trabalho como sendo a menor unidade produtiva de uma organização, geralmente

envolvendo um homem e seu local de trabalho e considerando as adversidades

nele existente.

Rio e Pires (2001, p. 151) consideram que “o posto de trabalho é

constituído pelo conjunto de componentes que constituem o ambiente físico

imediato no qual a pessoa trabalha e com a qual interage diretamente”.

Considerando-se que “as pessoas passam a maior parte de seu tempo

vivendo ou trabalhando dentro das organizações” (CHIAVENATO, 1999, p. 11),

necessário se faz que elas ocupem cada vez mais postos de trabalhos com

qualidade, como também há a necessidade de adequá-los ao homem, para que

se obtenham melhores resultados.

Para Mello et. al. (2002), com o crescimento da globalização, a gestão da

qualidade tornou-se fundamental para a liderança e para o aperfeiçoamento

contínuo de todas as organizações, das pessoas e dos produtos. Para tanto, os

fatores operacionais e humanos devem receber atenção especial, no que se

refere à reestruturação de seus postos de trabalho.

Para se obter produtividade com o menor custo possível, são necessários

máquinas e equipamentos adequados, pessoal treinado, satisfeito e

ergonomicamente adaptado, com uma política voltada para o bem-estar e a

qualidade de vida do trabalhador.

Um enfoque ergonômico do posto de trabalho tende a desenvolver postos

de trabalho que reduzam as exigências biomecânicas. Para tanto, procura-se

colocar o operador em boa postura de trabalho, os objetos dentro dos alcances

dos movimentos, respeitando-se a antropometria corporal e que haja facilidade de

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percepção de informações, nos mais diversos canais de comunicação da

empresa. (IIDA, 2002).

A antropometria mostra, através das dimensões humanas, se o homem

está em harmonia com seu ambiente de trabalho ou se o ambiente comporta este

homem trabalhando, procurando proporcionar o seu bem-estar físico e mental.

(SEGURA, et al, 2004).

A redução das exigências biomecânicas requer estudos detalhados das

operações relacionados aos movimentos exigidos pelo cargo, onde o tratamento

do trabalhador se sobreponha a todos os aspectos produtivos. Esta sobreposição

fará com que máquinas e equipamentos sejam projetados, ou mesmo instalados,

dentro de um padrão de qualidade, oferecendo o máximo conforto possível ao

trabalhador. Para Uriarte Neto (2005), possuir o melhor equipamento por si só,

não é garantia de uma situação favorável de trabalho.

Este conforto associado à qualidade do equipamento, resultará em retorno

positivo à empresa, não só no tocante aos resultados financeiros, como também

diminuindo o nível de estresse e minimizando a monotonia do trabalho.

Fatores estes tratados com especial atenção por parte dos especialistas

em prevenção de acidentes do trabalho, dando ao homem maior qualidade de

vida, aumentando a satisfação pelo trabalho, resultando, em conseqüência,

produtos dentro de suas especificações, com confiabilidade e satisfação do

cliente.

Paladini (2000, p. 69), afirma que, “se o processo de produção não pode

desenvolver um produto conforme suas especificações, automaticamente a

qualidade estará comprometida”. Para o autor, um produto, além de atender suas

especificações, deve estar isento de defeitos, erros e falhas.

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Esta colocação deixa clara a necessidade de se ter pessoas altamente

qualificadas, satisfeitas e postos de trabalhos adaptados às necessidades de cada

operador ou ocupante.

Colaboradores não adaptados e insatisfeitos podem gerar custos de falhas,

reduzem os lucros, geram o não-alcance dos resultados do planejamento da

qualidade, e comprometer a boa imagem da empresa, quando detectada pelo

cliente.

2.1.3 A Responsabilidade social da Ergonomia e da qualidade

A preocupação com a Ergonomia é um dos fatores preponderantes da

gestão da qualidade de uma empresa, devido ao fator social relacionado com a

saúde e bem-estar do trabalhador que ela representa.

Para Dul, Weerdmeester (2001, p. 15), “A Ergonomia pode contribuir para

solucionar um grande número de problemas sociais relacionados com a saúde,

segurança, conforto e eficiência”. Ao questionar o fator social da Ergonomia, os

autores deixam clara a relação entre conforto e eficiência, estando estes dois

objetos, ligados à qualidade do ambiente e à qualidade do produto.

Ambos devem proporcionar resultado positivo de processo e qualidade,

objetivando reflexos satisfatórios no cliente, pois a Ergonomia pode ajudar a evitar

erros, melhorar processos e aprimorar desempenho, (DUL, WEERDMEESTER,

2001).

Chiavenato (1999, p.36) afirma que existe,

outra maneira interessante de abordar um sistema social é tomar como referência o processo de transformação, pois as organizações estão, de uma forma ou de outra, envolvidas com transformação e conversão de recursos em resultados, como produto ou serviços.

A gestão da qualidade nos postos de trabalho caracteriza importante passo

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para o desenvolvimento organizacional, pois, ao se planejar uma nova empresa

ou um novo processo se faz necessária, a implantação de novas tecnologias e

isto, por sua vez, requer novas posturas gerenciais e novos postos de trabalho,

principalmente no que se refere às pessoas frente à execução das novas tarefas.

Para Cardella (1999, p. 41), “Equipamentos e materiais são necessários

para exercer a missão e outras funções vitais, mas o que caracteriza a

organização, inclusive como sistema vivo, são as pessoas”.

É importante que se dê qualidade ao ambiente e às pessoas que compõem

o elemento vivo da organização. O desempenho da empresa depende

diretamente de seus colaboradores, que estão inseridos individualmente em seus

postos de trabalho em particular e como estes serão adequados.

Para que se alcance a maior interação homem/máquina, as pessoas não

devem trabalhar em uma única posição o dia todo, podendo isto acarretar fadiga,

estresse ou mesmo algum tipo de doença psicológica, que, em muitos momentos,

só podem ser reveladas por técnicas mais aprimoradas e particulares, como a

psicanálise individual (DEJOURS, 2003).

A repetitividade de operações exige estudos especiais e busca de

alternativas prevencionista, promovendo a interação homem/máquina, onde se

pode evitar não só a fadiga, mas também a monotonia no trabalho, que é

característica destas operações. No entanto,

é necessário fazer distinção entre um sistema homem-máquina e um sistema homens-máquinas, uma vez que o primeiro, resume-se na interação operador-posto de trabalho, em um esquema estímulo-organismo-resposta, e o segundo reúne grupos humanos e máquinas, bem como as interações entre eles, e um esquema estímulo-resposta que não é tão simples como parece. (SOARES, JESUS e STEFFEN, 1994 p. 85).

Os autores posicionam-se com relação à adaptação do posto de trabalho

ao homem. Isto exige qualidade de projeto, de lay-out e de gestão, ou seja, a

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quebra de padrões ultrapassados, buscando a adaptabilidade aos padrões atuais,

em busca do aprimoramento do processo produtivo.

Ainda, segundo Soares, Jesus e Steffen (1994), o objetivo da Ergonomia,

enquanto ciência multidisciplinar é elevar ao máximo o nível de competência do

trabalho humano, visando à execução das tarefas, diminuindo-se os erros

dispondo-se do menor esforço possível.

Para atender os estudos dos autores, observa-se que, com um plano de

qualidade adequado do posto de trabalho, evita-se uma série de transtornos

operacionais, como alta do moral do trabalhador, obtenção de melhor resultado

funcional possível, aumento da produtividade e da qualidade de produtos.

2.2 O Controle da qualidade do posto de trabalho

O controle da qualidade do posto de trabalho pode se tornar incógnita para

o gestor. Normalmente ele pensa mais no produto do que no processo, porém, os

dois fatores devem ser levados em consideração. Para isso, os gestores da

qualidade devem lançar mão das ferramentas do controle de qualidade que

tiverem à sua disposição.

A eficácia e a eficiência de um processo de produção podem ser

diagnosticadas mediante processos de análises criticas internas e externas e

podem ser avaliadas por uma escala de prioridade e maturidade. (MELLO, et al

2002). A escala de maturidade pode sofrer grau de variação maior ou menor,

porém, o encontro das não-conformidades deve ser tratado com rigor, não

deixando para mais tarde as que forem definidas como menos importantes,

principalmente as que se referirem ao fator ergonômico e/ou ao de estresse, sob

pena de prejuízos, muitas vezes, irreparáveis para as pessoas e à qualidade do

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produto.

Para Rio, Pires, (2001, p. 74), o tratamento da Ergonomia, “no aspecto

quantitativo são medidos em número de refugos, absenteísmo, danos materiais,

número de acidentes de trabalho”. Os autores chamam a atenção pelo fato de

que a inobservância ergonômica não traz prejuízos apenas no aspecto do

produto, mas também envolve quesitos operacionais que, não tratados

tecnicamente, poderão promover sérios desajuntes financeiros, materiais e

humanos, dentro do processo.

Um dimensionamento do posto de trabalho poderá amenizar esta situação.

Iida (2002 p. 155) recomenda que:

diversos fatores devem ser considerados no correto dimensionamento do posto de trabalho, como postura adequada do corpo, movimentos corporais necessários, alcances dos movimentos, antropometria dos ocupantes do cargo, necessidades de iluminação, ventilação, dimensão das máquinas, equipamentos e ferramentas, e interação com outros postos de trabalho e o ambiente externo.

O autor sugere ferramenta adequada que, por sua vez, ofereça perfeito

ambiente de trabalho, atendendo o cliente interno da empresa, que deve

corresponder aos anseios da organização, já que ela lhe está proporcionando

todas as ferramentas de qualidade e preservando sua integridade física e mental.

A qualidade no posto de trabalho é a soma de esforços dos gestores da

empresa, ergonomistas e colaboradores, com o objetivo comum de atender bem e

melhor o cliente, que, a cada dia, se torna mais exigente, num mercado cada vez

mais agressivo e competitivo.

A Ergonomia, no contexto atual, objetiva sofrer tratamento adequado pelos

gestores da empresa. Não se trata apenas de dar conforto ao trabalhador, mas

sim oferecer produtos de primeira qualidade.

Com o aumento do nível cultural, as pessoas que compõem o quadro

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funcional da empresa tornam-se mais exigentes e buscam adaptação naquelas

empresas que lhes oferecerem melhor qualidade de trabalho, as que menos

comprometam sua integridade física e mental, pois isto se tornou fator

preponderante à vida funcional dos trabalhadores.

A Ergonomia e a qualidade do ambiente de trabalho são fatores que devem

ser observados e implementados, para o crescimento da empresa e da economia

nacional, através de rigoroso controle técnico operacional, adequado a cada

organização e a seu processo.

2.3 Fadiga

A indústria vem experimentando uma transformação sem limites, tanto no

campo da competitividade, quanto na evolução do potencial humano.

O aumento da cultura, a evolução dos equipamentos e a exigência do

mercado consumidor, tudo tem contribuído, para o repensar na adequação

homem/máquina. Com a automação dos processos industriais e o aumento da

repetitividade das operações, o trabalhador passou a exercer menor número de

operações, porém, com maior velocidade de produção.

Para se implantar sistemas automatizados nos processos, busca-se

equilíbrio incansável e harmônico entre o operador e seus equipamentos de

trabalho, pois é necessário o aumento da produtividade e da eficiência do

trabalhador, para se atingir a competitividade no mercado.

Para tanto, procura-se discutir o comparativo entre a produção moderna e

automatizada e suas conseqüências biomecânicas, antropométricas, fisiológicas e

psicológicas impostas aos talentos humanos, já que é necessário obter o máximo

rendimento das pessoas, sem ocasionar-lhes traumas.

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Com a globalização da economia, as empresas precisam estar mais

automatizadas em seus processos, ser mais rápidas, se utilizar da linha de

montagem, das células de produção, para se tornarem mais competitivas no

mercado.

Esta automatização exige, no entanto, trabalhadores mais preparados e

exercendo tarefas repetitivas e de alta concentração física e mental,

desencadeando com isto uma série de perturbações funcionais no trabalhador,

entre elas a fadiga, que é a diminuição da capacidade funcional de um ou mais

órgãos, quando submetidos a trabalhos acima dos seus limites.

2.3.1 A Fadiga na manufatura

Os avanços tecnológicos impostos às organizações nas últimas décadas

exigem novas máquinas e equipamentos de alta performance. Essas máquinas e

equipamentos, por sua vez, requerem pessoas mais habilitadas e capazes de

desempenhar operações cada vez mais complexas, repetitivas e estressantes,

considerando que, “numa organização e nas relações que ela mantém com o

meio ambiente ocorrem fenômenos físicos, biológicos, culturais e sociais”

(CARDELLA, 1999, p. 31).

Neste ambiente, o homem representa o fator mais preocupante, pois os

fatores internos e externos que influenciam no processo de manufatura,

determinam fenômenos que podem interferir na competitividade da empresa, bem

como, o acidente de trabalho e/ou as doenças ocupacionais venham gerar

problemas sociais pelas suas conseqüências óbvias.

Cabe salientar que, para se manter a competitividade em manufatura, é

necessário que se tenha um sequenciamento de tarefas planejado, um

balanceamento de linha bem estruturado e que se distribua eqüitativamente a

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carga de trabalho entre os postos.

Para Rios e Pires (2001, p.84), “carga de trabalho representa o nível de

atividade física e psíquica exigido das pessoas na execução das suas atividades”.

Para os autores, esta distribuição diminui o impacto advindo do meio interno e

externo, denominados de astreinte e contrainte, respectivamente, os quais

dependem das características individuais de cada pessoa.

A carga de trabalho pode ainda desenvolver, no trabalhador, a fadiga que

se constitui de um agravante ainda maior, tornando o homem descontente,

diminuindo sua capacidade de trabalho, ocasionando a perda da produtividade,

aumentando o índice de rejeitos e, em conseqüência, o aumento dos custos de

produção.

Para Grandjean (1998, p.135) fadiga representa “uma capacidade de

produção diminuída e uma perda de motivação para qualquer atividade”.

Já para Iida (2002, p. 284), “fadiga é o efeito de um trabalho continuado,

que provoca uma redução reversível da capacidade do organismo e uma

degradação qualitativa desse trabalho”.

Ao se compararem as definições dos dois autores, verifica-se que ambos

se preocupam com perda sensível da capacidade para o trabalho e isto refletirá

na competitividade da empresa.

Este conjunto complexo de fatores deve ser tratado dentro de padrões

técnicos, objetivando dar ao trabalhador o conforto exigido pelo seu posto,

respeitando-se a compleição física de cada indivíduo em seus cargos em

particular e respeitando-se o descanso natural exigido pelo corpo humano.

Para Grandjean (1998, p. 143), “[...] o conjunto de processos de descanso

deve corresponder à soma das exigências de trabalho”, pois cada indivíduo tem

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uma capacidade orgânica, psicológica e até mesmo de auto confiança, que

devem ser levadas em consideração quando se trata das atividades mais

fatigantes do processo produtivo.

O autor destaca ainda que os sintomas da fadiga são de natureza subjetiva

e objetiva, sendo os mais importantes:

-a sonolência, lassidão e falta de disposição para o trabalho; -dificuldade para pensar; -diminuição da atenção; -lentidão e amortecimento das percepções; -diminuição da força de vontade; -perdas de produtividade em atividades físicas e mentais. (GRANDJEAN, 1998, p. 143).

Esses sintomas, por sua vez, se refletem no processo produtivo da

organização, alterando a capacidade do trabalhador, diminuindo a produtividade

e, em conseqüência, afetando a competitividade da empresa, sendo que seus

reflexos, não tratados em tempo hábil poderão afetar o cliente o que tornará mais

complexo seu tratamento, quando não, irreversível.

2.3.2 Controle ergonômico da fadiga

Os fatores ergonômicos deverão ser controlados para a manutenção da

saúde dos empregados, através do controle dos riscos que o ambiente de

trabalho oferece, já que este é de competência e de decisão gerencial nas

organizações.

A fadiga é um dos principais fatores que concorrem para a redução da

qualidade, da produtividade e da competitividade de uma empresa.

O controle técnico das atividades operacionais transforma-se em fator de

importância para se amenizar os efeitos fatigantes, tanto de caráter mental como

físico, devido à exposição do trabalhador a longas jornadas de trabalho.

Isso merece por parte dos administradores cuidado especial para se detectar

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onde estão residindo os problemas, para poder dominá-los e solucioná-los em

tempo hábil.

Para Guérin et al. (2001), o conjunto dos dados sobre a qualidade da

produção nem sempre é perfeitamente dominado pela empresa e seu corpo

diretivo. A qualidade é, muitas vezes, considerada como conseqüência da

produção e, raramente, relacionada com o que condiciona a atividade dos

operadores.

A administração deve estar sempre atenta para a ocorrência da fadiga. Com assessoramento de médicos, psicólogos industriais, e engenheiros de produção, deve-se selecionar, treinar e alocar os trabalhadores adequadamente, para reduzir a fadiga, previamente, ou fazer correções dos casos mais agudos, encaminhando-os para tratamentos adequados. (IIDA, 2002, p. 288).

Para o autor, não basta apenas reduzir os pontos de fadiga. É necessário

preparar o trabalhador para o desempenho de suas funções. É necessário treiná-

lo, desenvolver habilidades e dar-lhe as informações necessárias para o seu bom

desempenho.

É ainda necessário buscar assessoramento de profissionais habilitados e

competentes e ainda dar a devida importância que cada indivíduo tem para com a

organização. Pois, o fator motivacional faz parte da redução da fadiga e do

aumento da produtividade da empresa, obtendo-se trabalhadores mais satisfeitos

e produtivos. Isso requer controle constante e estabelecimento de metas,

oferecendo-se ambiente confortável, boa liderança e, principalmente, mantendo

os trabalhadores bem treinados e capacitados em seus postos de trabalho.

O controle e a postura ergonômica em manufatura reduz sensivelmente os

problemas sociais relacionados com a saúde do trabalhador, fazendo com que ele

experimente sensação de conforto e segurança, se torne mais eficiente, se

relacione melhor com suas tarefas e com seu ambiente de trabalho, aumentando

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sua produtividade e diminuindo o risco de acidentes e a fadiga.

2.4 Lombalgia

A empresa manufatureira emprega, em seus parques industriais, pessoas

que estão sujeitas a grande carga de trabalho e, com esta, uma série de doenças

lombares afetam os trabalhadores em suas atividades laborais.

Para Monticone e Negrini, (2004) do Gruppo di Studio della Scoliosi e delle

Patologie Vertebrali (Itália), 80 a 90% das pessoas adultas já sofreram do “Mal de

Schiena”, (lombalgia), em sua vida e 75% destas pessoas, na fase mais produtiva

entre os 40 e 50 anos.

A lombalgia e a dorsologia são dores que se apresentam na região costal

do indivíduo, sendo que a lombalgia se localiza na parte inferior da coluna

vertebral, região lombar, e a dorsologia na região dorsal. As dorsolombalgias

podem apresentar amplo espectro de intensidade dolorosa, que vai desde

dolorimento facilmente suportável, até a quadros de dor grave e incapacidade por

longo tempo (RIO e PIRES, 2001).

Ksam (2003, p. 27), afirma que “os distúrbios da coluna vertebral têm uma

incidência relevante na população em geral, mormente a dor lombar, considerada

a principal causa de absenteísmo ocupacional”.

Furtado (2002), diz que, tanto a lombalgia, quanto a lombociatalgia não são

doenças e sim síndromes ou sintomas e que existem mais de 50 causas para

essas síndromes e que, aparecem de acordo com a idade e o sexo do indivíduo.

A coluna vertebral, formada por blocos ósseos empilhados um sobre os

outros, totaliza trinta e três vértebras: sete cervicais, doze dorsais ou torácicas,

cinco lombares, cinco sacras, estas fundidas uma as outras e quatro vértebras

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coccítas, também frequentemente fundidas.

Um ligamento formado por cartilagens e músculos age, com precisão

cinegética e anatômica, para manter essas vértebras unidas e evitar o colapso

dessa cadeia, “a coluna vertebral normal apresenta três regiões flexíveis –

cervical, torácica e lombar – e uma região rígida, o sacro e cóccix” (ESTIVALET,

et al, 2004). A figura 04 abaixo, apresenta a estrutura da coluna vertebral

humana.

Figura 04 – Estrutura da coluna vertebral humana

Fonte: http://www.corpohumano.hpg.com.br

Conforme demonstrado na figura 05 abaixo, a coluna vertebral tem a forma

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de S ao inverso, formada por vértebras ligadas pelos discos intervertebrais os que

são os primeiros afetados pelas doenças degenerativas.

Figura 05 - Estrutura das vértebras humanas Fonte: http://www.corpohumano.hpg.com.br

A carga recebida sobre a coluna aumenta de cima para baixo, tendo como

conseqüência uma grande pressão nas últimas cinco vértebras da coluna lombar

(GRANDJEAN, 1998).

No entanto, Portich (2001) afirma que, em caso de movimentação de

carga, a auto-seleção psicofísica da coluna lombar, amplia sensivelmente a

margem de segurança da coluna, e aumenta a proteção biomecânica de

segurança do sistema.

A dor lombar pode ter origem em diferentes processos patológicos, como

nos terminais nervosos das cápsulas das articulações, ligamentos espinhais,

periósteo do corpo vertebral, tecido adiposo epidural, fibras aferentes da raiz

posterior ou ramos, espasmos dos músculos paravertebrais e ainda, alguns

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receptores dolorosos localizados nas víceras. (FONSECA, 2004).

As doenças da coluna lombar se apresentam, na maioria das vezes, com

dor que pode ser súbita ou não e relacionada a certos movimentos do indivíduo e

quase sempre a partir de espasmo de dor, com piora gradativa.

A dor é localizada na região lombar e torna-se mais intensa com os movimentos,

podendo perdurar por alguns dias ou semanas.

As queixas de parestesias, alterações de motricidade e sensibilidade

podem ser identificadas por duas classes de causas: a primeira representa menos

de 15% dos indivíduos com lombalgias, resultantes de espondilolistese, estenose

de canal raquiano, espinha bífida, fraturas, hérnia discais, sendo a história de

ciática a principal queixa desta nosologia; a segunda são as que representam ou

possuem as causas anatômicas ou a neurofisiológica não identificável (KSAM,

2003).

Não existe consenso internacional, quanto à forma de se classificarem as

doenças da coluna vertebral, resultando em diferentes critérios que são utilizados

nos mais diversos centros, (RADU, 2002). Como exemplo, a Quebec Task Force

on Spinal Diseases (QTFSD) utiliza 11 diagnósticos diferentes para classificação

de lombalgias comuns. Conforme pode se visto na figura 06.

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CLASSIFICAÇÃO DE LOMBALGIAS COMUNS 1. Dor sem irradiação

2. Dor mais irradiação proximal

3. Dor mais irradiação distal

4. Dor mais irradiação neurológica

5. Suspeita de compressão radicular ao RX (instabilidade ou fratura)

6. Compressão radicular confirmada por CT, RX, mielograma ou ENMG

7. Estenose do canal

8. Status pós-cirúrgico < 6 meses da intervenção

9. Status pós-cirúrgico > 6 meses da intervenção

10. Síndrome dolorosa crônica

11. Outros diagnósticos

Figura 06 - Quadro de classificação de lombalgias comuns – QTFSD. Fonte: Adaptado (RADU, 2002, p. 134).

Já para a Paris Task Force on Back Pain (PTFBP), a classificação se resume em quatro diagnósticos, conforme apresentado na figura 07.

CLASSIFICAÇÃO DE LOMBALGIA COMUM

1. Lombalgia sem irradiação

2. Dor irradiada até no máximo o joelho

3. Dor irradiada abaixo do joelho sem sinais neurológicos

4. Dor irradiada precisamente e completamente no dermátomo, com ou sem

sinais neurológicos

Figura 07 - Quadro de classificação de lombalgias comuns – PTFBP. Fonte: Adaptado (RADU, 2002, p. 134).

Entre as duas classificações apresentadas acima a Quebec Task Force on

Spinal Diseases (QTFSD) figura 06, apresenta uma classificação mais completa

para a análise, pois oferece maiores áreas corporais e sintomáticas a serem

observadas e diagnosticadas.

Vale salientar que as “algias” em sua grande maioria se apresentam por

fatores diversos, não só pela postura do trabalhador como se imagina, nem tão

pouco apenas pela carga de trabalho, mas podem surgir também pela fadiga,

nível de estresse e outros motivos, como o fator psicológico, que podem estar

associados ou não ao processo doloroso da coluna vertebral, (BRITO, 2003).

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Leva-se em consideração ainda o peso deslocado pelo trabalhador, como

um fator de incidência das lombalgias, onde o máximo recomendado pelo método

NIOSH é de 23 kg. Recomenda-se ainda que, quando a manipulação de carga for

inevitável, igual ou acima do recomendado, se criem condições favoráveis para

essa operação, para amenizar a situação existente. (DUL e WEERDMEESTER,

2001).

Iida (2002, p. 139) citou Adry (1743) quando fez diversas recomendações

para corrigir más posturas, na sua obra Orthopedia. O autor define ainda que

“estas más posturas causam fadiga, dores lombares e câimbras que, se não

forem corrigidas, podem provocar anomalidades permanente na coluna”.

2.5 Bem-estar no trabalho

A modernização vem trazendo às empresas número de padrões que

desafiam os mais diversos modelos organizacionais, seja no campo da qualidade,

da produtividade, seja na aplicação dos talentos humanos. A satisfação deste

último porém, é um dos desafios enfrentados pelo Administrador, já que “o

desenvolvimento tecnológico da atualidade, fator irreversível e irrefutável, tem

lançado no ambiente empresarial uma dose cada vez maior de desafios”

(BERGAMINI, 1980, p. 18). Fatores de desenvolvimento esbarram em situações

desafiadoras e isso pode ocasionar descontentamentos para determinados

grupos, afetando o bem-estar profissional dos indivíduos.

Nesse contexto, as diferenças individuais fazem com que as pessoas

tenham as suas próprias características de personalidades individualizadas, suas

aspirações, seus valores, suas atitudes, suas motivações, suas aptidões. Cada

pessoa é um fenômeno impar sujeito às influências de variáveis (CHIAVENATO,

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1999).

Essas aspirações, quando afetadas, poderão desencadear uma série de

descontentamentos que, por sua vez, afetarão sensivelmente o processo

produtivo, sendo que, nos dias atuais, “o ser humano, na busca da satisfação de

suas necessidades e como um ser histórico e social, produz seus próprios bens

através do trabalho” (DETONI, 2001, p. 31).

Entender o trabalho traduz-se na plena aplicação do significado do bem-

estar social e individual. Isto inclui o conhecimento e o entendimento do trabalho

como um todo, não só o próprio posto de trabalho, mas também o dos outros.

Resulta disso a satisfação pessoal, contribuindo para a não-discórdia e atritos

GÉRIN et al, (2001, p. 61) argumentam que deve:

Conhecer suficientemente a organização geral do trabalho de seu ou seus colegas, as diferentes fases de sua ação, os constrangimentos aos quais ele(s) está (ão) submetido(s). Dispor de informações que permitam avaliar num dado momento em que parte do desenrolar de sua ação estão os outros.

Este estado de conhecimento proporciona ao empregado a sensação de

bem-estar, já que expõe ao individuo a valorização de seu trabalho. Desperta

ainda o interesse pela organização, o que resulta em empregados mais eficientes

e eficazes.

O sentimento de inutilidade ou de discriminação, em termos de integração

homem/organização, poderá ocasionar no trabalhador a insatisfação, que pode

resultar em baixa produtividade, maior número de rejeitos, mais acidentes de

trabalho, queda na qualidade e competitividade. Botelho (1991, p. 65) define

empresa ideal como sendo: “aquela que produz o máximo possível, ao menor

custo possível, gerando satisfação para seus clientes e realizações para seus

funcionários”.

Num tratamento gerencial para se oportunizar o bem-estar dos

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empregados, propõe-se atender novos paradigmas, “é preciso que as

organizações tratem pessoas como pessoas, e não mais como recursos, tal qual

equipamentos, prédios, mesas e cadeiras” (BOOG, 1991, p. 215). Isto pode gerar

o bem-estar nas organizações, já que os tempos mudaram e com eles uma

mudança significativa de cultura, escolaridade e necessidades vêm se

apresentando de diferentes formas e novas posturas administrativas são tomadas

frente aos novos padrões exigidos pelo mercado.

2.6 Riscos ambientais

A discussão acerca das conseqüências dos riscos ambientais dentro das

organizações vem causando uma série de impactos, no que se refere ao seu

tratamento técnico-legal. Como os sistemas de produção convencionais

contemplam mais o processo produtivo e menos o homem em seus postos de

trabalho, a implantação de um Sistema de Gestão de Riscos adequado e

eficiente, que visualize efetivamente os riscos ambientais, dará novos rumos ao

processo produtivo das empresas.

Para Cardella (1999, p. 69) “O Sistema de Gestão de Riscos é um conjunto

de instrumentos que a organização utiliza para planejar, operar e controlar suas

atividades no exercício da Função Controle de Riscos”.

Com o advento da globalização da economia, não só o cliente se tornou

mais exigente, como também a mão-de-obra se apresenta com maior qualificação

profissional, maior nível de escolaridade e cultura. Assim, se busca cada vez mais

ambiente de trabalho saudável que traduza conforto e segurança. Atender este

novo padrão é dar condições de aumentar a produtividade e a qualidade dos

produtos.

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Para se obter esses resultados é necessário que os gestores tenham

interesse em melhorar os ambientes de trabalho, procurem efetivamente

promover a Gestão dos Riscos de Ambientes, identificando-os, eliminando-os,

atenuando-os, deixando os mesmos abaixo dos valores tolerados (CARDELLA,

1999), através de decisões que possam atender os interesses das empresas em

particular.

Identificar e dar o tratamento adequado aos riscos ambientais na

organização é evitar prejuízos que afetam centenas de empresas e afeta

trabalhadores.

2.6.1 Gestão dos riscos ambientais

Eliminar riscos de acidentes dentro da organização é questão de bom

senso e respeito às pessoas. Isso requer não só um gerenciamento efetivo, mas

também o reconhecimento, a avaliação da freqüência e da conseqüência do

evento perigoso. A identificação desses fatores de risco requer análises que, em

algum momento, não se apresentam confiáveis, exigindo para isto, uma série de

dados técnicos e modelos matemáticos para simulação destes fenômenos,

requerendo disponibilidade de tempo, recursos materiais e financeiros, não sendo,

portanto, interessante e nem prioridade para algumas organizações, (CARDELLA,

1999).

O gerenciamento dos riscos ambientais deve ser uma combinação de

esforços entre a empresa e seus colaboradores. Isso requer dos gestores o

conhecimento das políticas da empresa, da missão, do poder de decisão, do alto

espírito de liderança e colaboradores qualificados, treinados, conscientes e

conhecedores de seus postos de trabalho.

A implantação de programas de prevenção de riscos ambientais deve

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passar por processo de conscientização, orientado por pessoal altamente

qualificado. É responsabilidade do gerente o sucesso dos programas

implementados na empresa, assim como o alcance das metas de desempenho da

organização, já que, a análise e o controle das condições de trabalho na empresa

constituem algumas das variáveis que influenciam decisivamente o

comportamento humano, (SOARES, JESUS e STEFFEN, 1994).

Outro fator que exige competência gerencial na organização é a

elaboração de planejamento adequado. Poderá ele eliminar uma série de riscos

no ambiente de trabalho, desde que a hierarquização dos riscos seja bem

definida, seu tratamento priorizado e a sua execução seja bem coordenada. Para

Robbins (2000, p. 116),

planejamento compreende a definição das metas de uma organização, o estabelecimento de uma estratégia global para alcançar essas metas e o desenvolvimento de uma hierarquia de planos abrangente para integrar e coordenar atividades.

Cabe ao gerente da organização, em seu planejamento, contemplar o

índice de satisfação dos empregados no trabalho, pois impacta no sucesso da

implantação de um programa de eliminação de riscos. Pode exigir mudanças e

encontrar resistências. Wagner III e Hollenbeck (2000, p. 121) afirmam que “A

maioria das tentativas de medir a satisfação do trabalhador recorre a relatos

pessoais”. Estes relatos poderão subsidiar os gestores, oferecendo ferramentas

para o tratamento dos ambientes da organização, eliminando riscos de acidentes,

diminuindo o índice de absenteísmo e stress, aumentando o nível de satisfação

pelo trabalho, elevando os resultados e o cumprimento das metas operacionais.

2.6.2 Identificação dos fatores de riscos

Para Iida (2002, p. 232) “Uma grande fonte de tensão no trabalho são as

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condições ambientais desfavoráveis, [...] esses fatores causam desconforto,

aumentam o risco de acidentes e podem provocar danos consideráveis a saúde”.

Conhecer os fatores de riscos ambientais dentro da organização, buscar

amenizar ao máximo a exposição do trabalhador a acidentes e adotar medidas

prevencionistas é trabalho que requer uma série de estudos técnicos. Os

profissionais devem ter conhecimento técnico da produção e referentes à

prevenção de acidentes do trabalho. Dul e Weerdmeester (2001, p. 85)

recomendam três tipos de medidas que podem ser aplicadas para reconhecer,

reduzir ou eliminar os efeitos nocivos dos fatores ambientais:

na fonte – eliminar ou reduzir a emissão de poluentes; na programação entre a fonte e o receptor – isolar a fonte e/ou a pessoa; no nível individual – reduzir o tempo de exposição ou usar equipamento de proteção individual.

As recomendações procuram levar em consideração diretamente o homem

em seu posto de trabalho. Isso, porém, requer esforços e conhecimentos

necessários da parte da gerência industrial, dos técnicos em segurança, das

máquinas e equipamentos, das características das tarefas prejudiciais ao

trabalhador, dos projetos dos postos de trabalho e do conhecimento das

limitações das variáveis ambientais.

Segundo Iida (2002, p. 232): “Cabe ao projetista conhecer essas limitações

e, na medida do possível, tomar as providências necessárias para manter os

trabalhadores fora dessas faixas de risco”.

Para o autor, não basta apenas identificar o risco que o ambiente oferece.

É necessário criar ambiente sadio, a partir de projetos adequados das fábricas, de

máquinas e equipamentos. Deve-se visualizar o homem em seu posto de trabalho

e buscar aumento da produtividade. Além disso, buscar respeitar a integridade

física e mental do trabalhador alcançar o menor custo, com maior resultado

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operacional.

O reconhecimento dos riscos ambientais, bem como o seu tratamento

técnico e eficiente, busca eliminar, nos postos de trabalho, as condições

inseguras, tanto as decorrentes do ambiente de trabalho, como as de operações.

Entende-se por condições inseguras todos os agentes perigosos presentes no

ambiente de trabalho, os quais possam comprometer a segurança do trabalhador,

perturbando sua capacidade funcional para o trabalho.

Além do reconhecimento dos fatores de riscos ambientais, é necessária a

implantação de um programa de Segurança do Trabalho que venha satisfazer os

anseios da empresa, bem como atender a legislação que protege o trabalhador

quanto aos acidentes. Segundo Chiavenato (1989, p. 100),

Segurança do Trabalho é um conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas de implantação de práticas preventivas.

Para o autor não basta apenas eliminar os riscos que se apresentam no

ambiente do trabalho. É necessário ir além, implantar um programa de

treinamento aos colaboradores, envolvendo profissionais qualificados em

prevenção de acidente, que possam conscientizar as pessoas da necessidade

prevencionista e estabelecer metas a ser atingidas, eliminando os agentes

agressivos e atendendo a legislação em vigor.

Para Cardella (1999, p.107): ”O fato de que o dano é produzido pelo agente

agressivo, mas isso só ocorre se existir um alvo e se esse alvo for exposto”. Isso

confirma que, a eliminação de um dos alvos pode evitar um número significativo

de acidentes, pois a afirmação vem corroborar a necessidade de se desenvolver

ambiente de trabalho saudável e espírito prevencionista, eliminando o tempo de

exposição dos trabalhadores a esses agentes, aliado a um programa de

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treinamento bem elaborado, dentro de uma política didática e pedagógica

eficiente e eficaz, é capaz de eliminar os acidentes e preservar vidas humanas.

Cardella complementa ainda, dizendo que “O dano não ocorre na ausência

do agente, do alvo ou da exposição”.

A inobservância da eliminação desses elementos agressores, ou de seu

adequado tratamento, inevitavelmente, contribui para agravar não só a situação

dos trabalhadores, como também a população em geral, no que diz respeito à

exposição a vários agentes ambientais prejudiciais.

Outro fator que pode melhorar o ambiente de trabalho é se fazer uma

análise detalhada dos componentes físicos que compõem o posto de trabalho,

fazendo-se a observação das características que estão associadas aos

trabalhadores.

Essa associação pode se tornar uma ferramenta de indicação dos setores

ou tarefas de maiores riscos ao ambiente de trabalho.

Para Carvalho e Nascimento (1998, p. 303), “tanto o operário como o

componente físico de suas tarefas têm características e que exigem tratamento

diferenciado para cada situação de trabalho”.

O tratamento diferenciado, citado pelos autores, faz parte de uma série de

decisões prevencionistas a ser tomadas no aspecto ambiental e ergonômico.

Essas merecem a atenção especial dos gestores, principalmente quando a gestão

está voltada para o setor industrial, que é o mais afetado, por apresentar número

elevado de tarefas repetitivas de características insalubres e perigosas.

Eliminar os acidentes dentro de uma organização industrial é questão

política de gestão. Não basta, apenas, implementar programas prevencionistas.

É necessário criar programas de conscientização dos trabalhadores, mudar

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conceitos, quebrar paradigmas, esclarecer a importância que o homem tem para

a empresa e, principalmente, dar clareza e objetividade da implementação do

programa, no contexto homem versus empresa. Segundo Soares, Jesus e Steffen

(1994, p. 24).

Do conhecimento que temos a respeito das causas de acidentes vai depender o sucesso dos programas de prevenção que possamos implementar, visando à erradicação dos acidentes do trabalho e doenças ocupacionais.

Ao se analisar a citação dos autores, observa-se que não basta apenas

criar programas de prevenção. É necessário o conhecimento de suas causas, a

eliminação de seus efeitos, a busca da resposta para suas conseqüências e o

estudo do conjunto de fatores que poderão afetar os trabalhadores e/ou suas

tarefas.

As causas de acidentes não são isoladas e sim uma combinação de fatores

de riscos que merece a atenção de seus gestores. Isso exige decisão política e

administrativa da empresa, para, então, poder implementar um programa que

elimine os riscos e as causas de acidentes no ambiente de trabalho, tornando-o

mais seguro e saudável para os ocupantes dos diversos cargos da empresa.

O conhecimento das causas de acidentes presentes no ambiente de

trabalho está intimamente ligado aos fatores políticos e gerenciais de cada

organização. Esses merecem tratamentos adequados visando a melhorar o

desempenho do trabalhador, obtendo maior rendimento e segurança, resultando

em qualidade de trabalho, como também em qualidade de vida dos componentes

das equipes de trabalho da empresa. Para tanto as causas devem ser conhecidas

e analisadas (REHN, et al, 2005).

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2.7 Setor industrial da fundição

A indústria de fundidos brasileira passou momentos em que a produção

era dirigida apenas para os consumidores internos. Cada siderúrgica produzia

seus produtos, sem se preocupar com padrões internacionais.

Com o advento da globalização, da concorrência, da exigência de

produtos padronizados e mesmo pela exigência da qualidade, houve a

necessidade de se estabelecer padrões internacionais para a produção do aço.

Experimentou ainda, o setor, crescimento na produção que se avoluma a

cada ano, como demonstram os estudos comparativos realizados pela ABIFA,

apresentados na Tabela 04.

Tabela 04 – Estudos comparativos da produção brasileira de fundidos em ton. PERÍODO/METAL FEV/05 (A) JAN/05 (B) FEV/04 A/B% A/C%

1- FERRO TOTAL 196.209 182.809 185.788 7,3 5,6

2-AÇO TOTAL 17.164 21.113 14.782 (18,7) 16,1

3-NÃO FERROSOS 19.945 19.160 16.812 4,1 18,6

3.1 – COBRE 1.675 1.483 1.254 12,9 33,6

3.2 - ZINCO 560 562 559 (0,4) 0,2

3.3 - ALUMINIO 17.224 16.731 14.564 2,9 18,3

3.4 - MAGNÉSIO 486 384 435 26,6 11,7

TOTAL GERAL 233.318 223.082 217.382 4,6 7,3

TON/DIA 12.280 10.623 11.441 15,6 7,3

Fonte:ABIFA–Associação Brasileira de Fundição.

Os estudos porém, demonstram ainda que o crescimento é constante na

produção nacional de fundidos de 2003 a 2005. Estas variações são

demonstradas na figura 08.

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120000130000140000150000160000170000180000190000200000210000220000230000240000250000260000

jan/03

MarMai Ju

lSet

Novjan

/04Mar

Mai Jul

SetNov

jan/05

Figura 08 - Gráfico de estudos comparativos da produção brasileira – ton.

Fonte: ABIFA – Associação Brasileira de Fundição.

As exigências, perante a degradação do meio ambiente, fizeram com que

essas empresas procurassem meios tecnológicos avançados para desenvolver

padrões que, por si sós, fizeram dessas corporações modelos de segurança e

dinamismo, já que carregam em suas estruturas originais cargas de depredação

do solo, das matas, dos mananciais da água e da atmosfera.

A evolução criou multimeios tecnológicos de preservação e troca de

equipamentos que protegem o meio ambiente e dinamizam o processo de

produção.

Segundo a Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais, as usinas

estão substituindo a produção de aço BOF (Basic Oxigen Furnace), diminuindo

em 50% o número de altos-fornos deste tipo, pelo moderno sistema FEAs (Fornos

Elétricos a Arco), com isto, concentrando a produção em usinas integradas, mais

modernas e eficientes.

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A indústria de fundidos não pode ficar a margem desta evolução, porem, ainda pequenas empresas do ramo encontram dificuldades técnicas e financeiras para evoluírem o processo produtivo e preservação ambiental, já que o volume de resíduos e sistema de filtragem é ainda um desafio para que possam cumprir com suas metas de transformação de metais e ligas metálicas, quer para uso em seus próprios processos ou para atender seus clientes especificamente. A transformação dos metais e ligas metálicas em peças de uso industrial pode ser realizada por intermédio de inúmeros processos, a maioria dos quais tendo como de partida o metal líquido ou fundido, que é derramado no interior de uma forma, cuja cavidade é formada de acordo com a peça que se deseja produzir. Essa forma é chamada molde (CHIAVERINI, 1977, p. 01).

Callister, Jr (2002), divide o processo de fundição em quatro técnicas ou

métodos diferentes, cada um com sua especificidade e necessidade de uso:

a) fundição contínua;

b) fundição de precisão;

c) fundição com matriz;

d) fundição com molde de areia.

Por ser este,

o método de fundição mais comumente utilizado, a areia comum é utilizada como material de molde. Um molde em duas partes é formado mediante a compactação de areia ao redor de um molde que possui a forma da peça que se deseja fundir. Além disso, um sistema de canais de alimentação é geralmente incorporado ao molde para acelerar o escoamento do metal fundido para dentro da cavidade e para minimizar defeitos internos de fundição (CALLISTER, JR, 2002, p. 246).

O processo de fundição, como qualquer técnica ou método empregado,

requer dos operadores cuidados específicos quanto a acidentes e controle efetivo

do ambiente, pelo desprendimento de gases e altas temperaturas proveniente do

processo de fundição.

Smith (1996) apresenta alguns valores da temperatura de solidificação de

alguns metais como: chumbo 327 ºC; alumínio 660 ºC; cobre 1083 ºC; níquel

1453 ºC; ferro 1535 ºC.

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Com esses valores, pode-se analisar que, na fundição de metais ou ligas

metálicas, as temperaturas são superiores às apresentadas principalmente

quando se leva em consideração o volume de produção.

Por conseguinte, afetam sensivelmente a temperatura do ambiente de

trabalho, podendo oferecer danos à saúde do trabalhador, bem como elevar o

nível de fadiga, se não tiverem um controle efetivo, levando em consideração o

ambiente de trabalho, o tempo de exposição e as pausas necessárias exigidas

pela atividade.

Pesquisas realizadas em mina de carvão, Bredford e Vernon (1922) Apud

Iida (2002) demonstraram que o tempo necessário às pausas aumenta a partir de

19 ºC, havendo crescimento acentuado a partir de 24 ºC, e a freqüência relativa

de acidentes também tende a crescer depois 20 ºC.

Para Iida (2002, p. 232), “A eficiência do trabalho a 28 ºC era cerca de 41%

menor que a 19 ºC”. Isso sugere atenção e cuidado especiais no trabalho ora em

pesquisa, levando-se em consideração a adaptação do trabalhador, segundo as

suas características e necessidades orgânicas, relacionadas para cada região e

atividade.

Para Xavier (2000), aqueles ambientes aceitáveis tecnicamente pelas

características individuais das pessoas e suas percepções e ou sentimentos com

relação ao ambiente térmico são significativa, ou seja, a quantidade de pessoas

insatisfeitas com o ambiente aceitável pode ser diferente de uma situação para

outra.

2.8 Método OWAS

O método OWAS, (Ovako Working Posture Analysing System), foi proposto

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por três cientistas finlandeses Karku, Kansi e Kuorinka em1977, com o objetivo de

analisar as posturas dos empregados da indústria siderúrgica daquele país (IIDA,

2002).

O método permite que a atividade possa ser subdividida em várias fases e

posteriormente categorizada, em seus diversos momentos, para a análise das

posturas no trabalho (SILVA, 2001).

O método tem como objetivo principal analisar as posturas de trabalho que

se apresentam inadequadas nas mais diversas atividades industriais, sendo que

demonstra benefícios no monitoramento das operações que impõem certos

constrangimentos. Possibilita ainda identificar as posturas mais prejudiciais e

identificar as regiões que são mais atingidas. (RIBEIRO, SOUTO e ARAUJO

JUNIOR, 2004)

Para tanto, são necessários instrumentos de medição adequados na coleta

de dados, para posteriormente serem lançadas no programa. Tais registros

devem ser feitos através de fotografia, observações diretas, filmagens e

entrevistas com os envolvidos, para que o pesquisador possa inteirar-se, o

máximo possível, dos constrangimentos exigidos pelo cargo.

O sistema OWAS engloba ainda análise das atividades, bem como as

respectivas atividades em intervalos variáveis ou constantes, levando-se em

consideração a freqüência e o tempo despendido em cada postura observada.

(SILVA, 2001)

Este método objetiva estudar e avaliar a postura do homem durante o

trabalho e pode ser aplicado em

-desenvolvimento de postos de trabalho ou método de trabalho, reduzindo a carga musculoesquelética e tornando o trabalho mais seguro e produtivo; - planejamento de novo posto de trabalho ou método; - pesquisas ergonômicas;

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- pesquisas de saúde ocupacional; - pesquisa e desenvolvimento. (MANUAL, WinOWAS, p. 02, SD).

A classificação do método se apresenta dependendo do grau de esforço

físico exigido em cada atividade específica. Para tanto, os autores do programa

classificaram quatro categorias de ação:

a) Categoria 1 – Não necessita de ação corretiva – Postura normal;

b) Categoria 2 - Serão necessárias ações corretivas no futuro – Carga física

da postura levemente prejudicial ao trabalhador;

c) Categoria 3 – Serão necessárias ações corretivas o mais rápido possível –

Carga física da postura prejudicial;

d) Categoria 4 – Serão necessárias correções imediatas – Carga física da

postura extremamente prejudicial.

O método OWAS é uma ferramenta de amostra que permite que os dados posturais sejam analisados: 1) para catalogar as posturas combinadas entre as costas, braços, pernas e forças exercidas e determinar o efeito resultante sobre o sistema musculoesquelético; 2) para examinar o tempo relativo gasto em uma postura específica para cada região corporal e determinar o efeito resultante sobre o sistema musculoesquelético. (GUIMARÃES e PORTICH, 2002).

O método permite analisar a combinação da postura entre costas, braços,

pernas e o emprego de força, caracterizando, através de um sistema de

codificação, as posturas relativas à análise. O método caracteriza 4 posições para

as costas, 3 para os braços, 7 para as pernas, 3 categorias ou opções de carga,

conforme tabela 05, e apresenta as fases do trabalho ou atividade e a contagem

de tempo a cada postura analisada.

Tabela 05 - Caracterização de posturas - método OWAS

COSTAS BRAÇOS PERNAS CARGA ATIVIDADE

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1. Ereta 2. Dobrada 3. Ereta e torcida 3. Torcida 4. Dobrada e torcida

1. Ambos abaixo dos ombros 2. Um acima dos ombros ou no nível 3. Ambos acima dos ombros ou no nível

1. Sentado 2. De pé com as duas pernas esticadas 3. De pé e uma das pernas esticada 4. De pé com os dois joelhos curvados 5. De pé com um dos joelhos curvados 6. Ajoelhado 7. Caminhando

1. Força empregada igual ou menos que 10 kg 2. Força empregada maior que 10 kg e menor que 20 kg 3. Força empregada maior que 20 kg

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Fonte: Adaptado do método WinOWAS.

A ação a ser tomada depende dos resultados das combinações entre estes

membros. A freqüência das diferentes posturas e a proporção que as

representam, durante o tempo de atividade, se determinam pela observação da

atividade que se analisa em intervalos de tempos iguais e em atividade normal de

trabalho.

Silva (2001), observa que para se registrar as posturas, o procedimento

correto é observar o trabalho de forma global verificando-se a postura, força e

fase do trabalho, posteriormente desviar o olhar para então proceder o registro. Ai

então, fazer estimativas da proporção do tempo durante o qual as forças são

exercidas e as posturas assumidas pelos empregados em seus postos de

trabalho.

O intervalo de tempo considerado deve ser entre 30 e 60 segundos, porém,

não deve ser menor que a duração da tarefa. Para se evitarem falhas na

observação, é interessante que não ultrapasse a 30 minutos sem um intervalo,

para descanso de 10 minutos, isto evita que o observador cometa algum tipo de

notação incorreta.

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3. METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada em empresa de fundição de ferro cinzento e

nodular, situada na cidade de Pato Branco, limitando-se ao setor de fundição e

moldagem, onde o trabalho se apresenta como estressante, monótono, repetitivo

e com significativo índice de queixas de dores nas costas por parte dos

trabalhadores.

A primeira parte foi concentrada em pesquisa bibliográfica que, para

Andrade (2002, p. 51), “toda a pesquisa seja de laboratório ou de campo, deve ter

o apoio e o respaldo de uma pesquisa bibliográfica preliminar”, em que se busca a

fundamentação teórica, para tratar o tema e o problema da pesquisa.

A pesquisa bibliográfica tratou do levantamento da bibliografia, subsídios

valiosos para o conhecimento científico dos assuntos que serão identificados na

empresa, bem como conhecimentos sobre o homem em atividade de trabalho e

os problemas que afetam a saúde dos trabalhadores.

Foram utilizadas publicações sobre o assunto em forma de livros,

periódicos, revistas especializadas, publicações avulsas, imprensa escrita,

internet e outras publicações de confiança do pesquisador. (MARCONI e

LAKATOS, 2001).

Numa segunda etapa, foi realizado “Estudo de Caso” que é um método

caracterizado por ser um estudo intensivo, profundo e exaustivo de um ou de

poucos objetos. Foi levada em consideração, principalmente, a compreensão

como um todo do assunto investigado, (FACHIN, 2001), (GIL, 1996). Essa

compreensão tomou por base o ambiente de trabalho e do processo de fundição,

onde são preparadas as formas ou modelos para receber o material líquido e em

alta temperatura, onde também está o homem em sua atividade laboral. A figura

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09 apresenta a situação de trabalho na preparação das formas.

Figura 09 - Preparo das formas para receber o metal fundido

Fonte: Foto tirada no interior da empresa

Foi utilizada a pesquisa descritiva, tanto a análise qualitativa, quanto a

quantitativa. Aquela, através da observação que, para Fachin (2001), trabalha

com o universo de significativos, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes,

ou seja, um espaço mais profundo das relações que não pode ser reduzido pura e

simplesmente em operacionalizações de variáveis; e a quantitativa, através de

medições e compatibilizarão dos resultados, ou seja, em espaço mais profundo e

quantificável, traduzindo em números opiniões e informações dos resultados das

variáveis encontradas no processo de pesquisa. (FACHIN, 2001).

A pesquisa do tipo descritiva tem como objetivo apresentar as

características de determinada população ou fenômeno e ainda estabelecer

relações entre variáveis, envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coletas

de dados, assumindo a forma de levantamento, pois envolve ainda a utilização da

técnica da observação direta e questionário. (GIL, 1996). O questionário utilizado

na pesquisa é o que se apresenta no apêndice A.

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3.1 Análise ergonômica do trabalho

A elaboração de uma Análise Ergonômica do Trabalho (A.E.T.) foi outra

ferramenta aplicada para o levantamento das condições de trabalho dos

empregados da indústria em questão. A A.E.T. está dividida em três fases que

foram observadas e aplicadas na empresa, para obtenção de resultados mais

profundos na pesquisa: análise da demanda; análise da tarefa e análise das

atividades. (FIALHO e SANTOS, 1997).

3.1.1 Análise da demanda

A empresa em estudo apresentou demanda que merece atenção por parte

do analista. A incidência crítica de queixas de dores nas costas por parte dos

empregados, que se presumiu ser, pelas características do trabalho, lombalgia.

Buscou-se com a pesquisa a identificação dessa patologia, já que, “a análise da

demanda visa identificar os elementos que afetam a eficiência da empresa

através de levantamento dos problemas que a empresa enfrenta, delimitando o

campo de estudo”. (BALBINOTTI, 2003, p. 105).

Através da análise da demanda, procurou-se identificar os constantes

afastamentos do trabalho por parte dos empregados. A pesquisa procurou buscar

recomendações ergonômicas, para a implantação de nova postura para o sistema

de produção, que contribua para a integração na concepção do projeto industrial e

nos conhecimentos relativo ao homem em sua atividade laboral. (FIALHO e

SANTOS, 1997). Para tanto se fez necessário a atender três fases básicas,

conforme demonstra a figura 10.

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Figura10 - Fases da análise da demanda

Fonte: adaptado (BALBINOTTI, 2003, p. 106)

3.1.2 Análise da tarefa

Nesta fase, foram analisadas as tarefas desempenhadas pelos operadores

em seu posto de trabalho. Levantou-se a concepção global que permitiu identificar

os diversos subsistemas existentes, dentro de determinada situação de trabalho.

(FIALHO e SANTOS, 1997).

Na empresa em estudo foram analisadas as situações que envolvem os

operários no processo de fundição, como a postura do operador, a repetitividade

das tarefas, as dificuldades que os operários encontram ao executá-las.

A análise foi realizada envolvendo o processo da entrada até à saída de trabalho,

numa interação homem-máquina-ambiente.

Definiu-se então a distinção claramente entre três realidades para se analisar a

tarefa dentro da organização, segundo Guérin et al (2001, p. 15):

a) a tarefa como resultado antecipado, fixado em condições determinadas;

b) a atividade de trabalho, como realização da tarefa; c) o trabalho, como unidade da atividade de trabalho, das

condições reais e dos resultados efetivos dessa atividade.

FASE1: Análise da demanda

FASE 2: Identificação da demanda prioritária

FASE 3: Definição precisa da demanda

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73

3.1.3 Análise das atividades

A análise das atividades de trabalho consistiu em verificar efetivamente as

condições reais de trabalho. Compreendeu a observação de duas fases

importantes para atingir o objetivo pretendido que consistiu em relacionar os

determinantes da tarefa com a atividade e analisar a situação real de trabalho.

Nesta fase, procurou-se entender como o trabalho estava sendo feito na situação

atual da demanda que consistiu em determinar o problema. Neste ponto, a

análise exigiu rigor na coleta de dados, nas observações e nos levantamentos

necessários, para se ter boa compreensão do problema. (BALBINOTTI, 2003).

Para compreender as atividades de trabalho sob a ótica ergonômica o

analista deve ser objetivo, evitar qualquer tipo de suposições, preconceitos,

estereótipos ou qualquer representação antecipada que possa introduzir

subjetividade na análise efetuada. (FIALHO e SANTOS, 1997).

Durante a pesquisa, foram efetuadas medições em relação ao ambiente de

trabalho, buscou-se verificar as reais condições em que se encontra o trinômio

homem/máquina/ambiente.

Foram feitas avaliações posturais dos empregados em função da carga de

trabalho existente. Para tanto, utilizou-se o SOFTWARE FOR OWAS ANALYSIS,

para se obter maior confiabilidade nos dados, objetivando dar a maior fidelização

aos resultados.

3.2 Aplicação do método OWAS

Para se obter resultados confiáveis, através da aplicação do método

OWAS, as observações devem transcorrer em situação normal de trabalho,

dispensando-se os casos excepcionais que poderão ocorrer na atividade laboral

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74

de cada organização. Para tanto, é importante que as observações sejam

acompanhadas de gravação para análises posteriores e possíveis correções que

se fizerem necessárias.

Essa metodologia permitiu, sob os aspectos ergonômicos, estudos sobre o

perfil dos empregados, da particularidade dos postos de trabalho, da forma em

que apresentam as condições funcionais, da carga de trabalho percebida pelos

empregados e seus reflexos no processo de produção. Para tanto, esses estudos,

devem determinar grau de confiança da representatividade das posturas que

acontecem dentro das ocupações para suas devidas avaliações. (BRUIJN,

ENGELS e GULDEN, 1998).

Os dados para análise foram obtidos através da utilização de filmadora,

onde se buscaram imagens que pudessem fornecer dados concretos das

posturas adotadas pelos empregados do setor analisado. As imagens foram

tomadas desde o início do processo, ou seja, desde a preparação da areia até o

processo de desforma do produto industrializado pela empresa.

Para melhor exploração dos dados, complementaram-se as informações

necessárias pelo método da observação direta, fase que permitiu acompanhar,

por várias horas, o processo de produção da empresa, aliado às posturas

adotadas pelos empregados.

Após a análise dos dados fornecidos pela observação direta e das imagens

obtidas, lançaram-se os dados no programa WinOWAS, onde se pode analisar as

diversas fases posturais, bem como a individualização de cada uma dessas

posturas.

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

75

3.3 Análise de correlação

Para obtenção dos resultados foi utilizada a Análise de Correlação Linear.

Permite ela visualizar as diferenças “quanto à força de correlação, por meio de um

diagrama de dispersão, que é um gráfico capaz de mostrar a maneira pelos quais

os valores das duas variáveis, X e Y, distribuem-se ao longo da faixa dos

possíveis resultados” (LEVIN, 1985, p. 276).

Quando da aplicação dessa metodologia, se caracteriza ela pelo interesse

da busca da associação entre dois conjuntos de resultados, referente ao grupo de

variáveis em análise, onde os parâmetros de medidas são o coeficiente de

determinação (R2). Este, por sua vez, representa o grau de associatividade entre

as variáveis analisadas. (VIEIRA, 1999).

O teste de significância do (R) é dado pelo coeficiente de correlação

(linear) de Pearson, onde se fornece medida precisa da força e do sentido da

correlação existente entre as variáveis, isto é, na amostra estudada. (LEVIN,

1985).

Essa análise procurou fornecer as informações sobre as relações entre a

variável resposta, associada a uma ou a mais de uma variável independente, o

que determinou a estratificação da amostra do banco de dados analisado.

Para se obter os resultados esperados, foi calculada a correlação existente

entre os afastamentos totais do trabalho com os afastamentos por lombalgias, no

período entre 2001 e 2004, onde se obtiveram os coeficientes de determinação

(R2) do período considerado e o percentual de incidência entre as variáveis.

Levin (1985, p. 279 a 280) classifica os coeficientes de correlação como

-1,00 e +1,00, conforme segue:

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-1,00 – correlação negativa perfeita; -0,95 – correlação negativa forte; -0,50 – correlação negativa moderada; -0,10 – correlação negativa fraca; 0,00 – ausência de correlação; +0,10 – correlação positiva fraca; +0,50 – correlação positiva moderada; +0,95 – correlação positiva forte; +1,00 – correlação perfeita.

A operacionalização da pesquisa deu-se através de estudo de caso e se

justificou para identificar a correlação existente entre os afastamentos totais do

trabalho e os afastamentos pelas lombalgias, na empresa pesquisada.

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77

4. RESULTADOS

A empresa em estudo apresenta-se dinâmica e em fase de expansão. Tem

a produção voltada para atender o mercado interno e externo e, atualmente,

encontra-se instalando uma linha de produção semi-automática, pela qual busca

minimizar o trabalho manual, oferecendo melhor conforto aos seus trabalhadores

e melhoria no processo de produção.

A partir dos resultados da análise, buscou-se dar recomendações

ergonômicas necessárias para cada caso analisado.

No setor de modelagem, local onde foi realizada a pesquisa, observou-se

que os empregados ficam grande parte do tempo com o corpo dobrado para

frente, já que o trabalho é realizado na altura dos tornozelos.

Quanto à pesquisa realizada, 57,89% dos trabalhadores pesquisados

sofrem dores na região lombar e deles 42,11% já sofreram afastamento do

trabalho por esses constrangimentos.

4.1 Resultados gerais e sociais da empresa

Para conhecimento da população pesquisada, bem como do dinamismo da

corporação, buscaram-se dados que contribuíssem definitivamente com a

pesquisa. Esses, por sua vez, foram encontrados através da aplicação de

questionário, junto aos empregados da empresa.

Foram distribuídos 25 questionários. Apêndice B - tendo retornado 19,

obtendo-se aproveitamento de 76% do universo pesquisado.

Com os dados levantados, buscaram-se conhecimentos quanto a saúde

dos trabalhadores; aos problemas lombares percebidos, durante as atividades de

trabalho e após; aos fatores ergonômicos e aos fatores psicossociais.

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Com os dados levantados, obtiveram-se, de início, o conhecimento da

empresa e suas dificuldades percebidas pelos operários. Outro objetivo foi buscar

conhecimento quanto ao perfil dos empregados, seus hábitos, costumes, queixas,

percepções e sentimentos quanto ao trabalho individual e quanto à empresa.

Estes dados, após analisados e quantificados, apresentaram os seguintes

resultados:

4.1.1. Dados pessoais

Quanto aos dados pessoais dos empregados obtive-se a seguinte média:

altura média: 1,71 m;

peso médio: 74,89 kg;

tempo de serviço na empresa: 3 anos e 5 meses;

atividade na empresa: 73,70% dos entrevistados são moldadores, 26,30%

exercem também outras atividades;

grau de instrução: 89,47% possuem 1º grau incompleto; 5,26% 1º grau

completo e 5,26% 3º grau completo.

4.1.2. Quanto à saúde

4.1.2.1 Hábito de fumar

Pelos dados obtidos, observou-se que 63,16% dos empregados da

empresa nunca tiveram o hábito de fumar. 21,05% já fumaram, porém deixaram

desse hábito e 15,79% fumam habitualmente, conforme demonstrado na figura 11

abaixo.

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

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0 10 20 30 40 50 60 70

Nunca fumou

Já fumou

Fuma

Háb

ito d

e fu

mar

Número de empregados (%)

Figura 11 – Gráfico demonstrativo do hábito de fumar.

4.1.2.2 Hábito de beber

Pelas respostas obtidas no questionário, observou-se que 57,89% dos

empregados afirmaram que bebem socialmente, ou seja, apenas em ocasiões

especiais. 15,79% que bebem diariamente. 10,53% nunca beberam e 15,79%

bebem somente nos finais de semana, conforme demonstração gráfica da figura

12 abaixo.

0 10 20 30 40 50 60

Bebesocialmente

Bebediariamente

Nunca bebeu

Bebe nos f inaisde semana

Háb

ito d

e be

ber

Número de empregados (%)

Figura 12 – Gráfico demonstrativo do hábito de beber.

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

80

4.1.2.3. Atividade física

Mediante as respostas, observou-se que 52,63% dos empregados não

praticam nenhum tipo de esporte ou atividade física. 26,32%, somente nos finais

de semana praticam algum tipo de esporte e 21,05 % praticam algum tipo de

esporte regularmente, conforme demonstra a figura 13.

0 10 20 30 40 50 60

Pratica esportes regularmente

Não pratica nenhum esporte

Pratica esporte somente nosfinais de semana

Ativ

idad

es fí

sica

s

Número de empregados (%)

Figura 13 - Gráfico das atividades físicas dos empregados.

4.1.2.4. Cuidados com a saúde

Quanto aos cuidados com a saúde, observou-se que 31,58% dos

empregados não vão ao médico regularmente. 26,32% já sofreram algum tipo de

cirurgia. 10,53% vão ao médico regularmente. 5,26% sofrem de algum tipo de

alergia. E 26,32% não responderam as questões, conforme demonstrado na

figura 14.

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

81

0 10 20 30 40

Não vai ao médico regularmente

Já sofreu algum tipo de cirurgia

Vai ao médico regularmente

Sofre de algum tipo de alergia

Não responderam

Cui

dado

s co

m a

saú

de

Número de empregados (%)

Figura 14 - Gráfico dos cuidados com a saúde dos empregados.

4.1.2.5. Sentimento após a jornada de trabalho

Com esta questão, buscou-se conhecer os sintomas esgotamento

percebido pelos empregados após a jornada de trabalho, tanto no sentimento

físico, quanto no mental.

Fisicamente, 47,37% dos empregados alegaram cansaço. 10,53%

alegaram sentirem-se extremamente cansados, após o término do expediente.

36,84%, porém, afirmaram que, após o término da jornada de trabalho, ainda

sentem disposição de realizar atividades extras. Entretanto, 5,26% afirmaram que

sentem dificuldades para dormir, devido ao cansaço físico. Estes dados estão

demonstrados na figura 15, abaixo.

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

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0 10 20 30 40 50

Sente-se cansado

Sente-se muito cansado

Tem disposição de fazeroutras coisas

Sente dificuldades paradormir

Sent

e-se

fisi

cam

ente

Número de empregados (%)

Figura 15 - Gráfico da situação física dos empregados, após o expediente.

Quanto ao esgotamento mental dos empregados, pôde-se observar que

73,68% sentem-se bem após o término do expediente. 15,79% alegaram que se

sentem extremamente esgotados mentalmente e 10,53% alegaram que se

sentem apenas cansados, após a jornada de trabalho, isto se deve a situação

lógica do trabalho, ambiente de cor preta, movimentação constante e repetitiva,

alta temperatura do ambiente. A situação encontra-se representada graficamente

na figura 16 abaixo.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Sente-se bem

Sente-seesgotado

Sente-secansado

Sent

e-se

men

talm

ente

Número de empregados (%)

Figura 16 - Gráfico da situação mental dos empregados, após o expediente.

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83

4.1.2.6. Sono

Quanto à situação de repouso, 42,11% dos empregados alegaram que, ao

se levantarem sentem dores no corpo. 47,37% afirmaram que dormem bem

durante a noite. 5,26% afirmaram que se levantam bem descansados, no entanto,

outros 5,26% alegaram que não conseguem dormir. Devido a grande

movimentação e trabalho estressante pode contribuir para a perda do sono

desses trabalhadores. Os dados são apresentados na figura 17.

0 10 20 30 40 50

Levanta-se c/dores no corpo

Dorme bem

Levantadescansado

Não conseguedormir

Qua

nto

ao s

ono

Número de empregados (%)

Figura 17 - Gráfico da situação de sono dos empregados.

4.1.3. Problemas lombares

Devido à situação do trabalho pesquisado, buscou-se entender o

sentimento das dores acusadas pelos empregados, na região lombar. Esses

sentimentos foram divididos em pontos estratégicos de sentimentos percebidos

pelos empregados, conforme segue.

4.1.3.1. Dor na região lombar

Quanto ao sentimento de dor na região lombar, 57,89% dos empregados

afirmaram este sentimento e 42,11% deles afirmaram não sentir nenhuma dor

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lombar, conforme apresentado graficamente na figura 18.

0 10 20 30 40 50 60

Sim

Não

Sent

e do

r na

regi

ão lo

mba

r

Número de empregados (%)

Figura 18 - Gráfico do sentimento de dor na região lombar.

4.1.3.2. Afastamento por dores lombares

Quanto aos afastamentos por dores lombares, 42,11% dos empregados

disseram que já sofreram afastamentos por esses constrangimentos e 57,89%

afirmaram que nunca sofreram afastamento por essas dores, conforme figura 19.

0 10 20 30 40 50 60

Sim

Não

Sofr

eu a

fast

amen

to p

or d

ores

lo

mba

res

Número de empregados (%)

Figura 19 – Gráfico de afastamentos por dores lombares.

4.1.3.3. Afastamentos por mais de 30 dias

Quanto aos afastamentos por constrangimentos lombares, 73,68% dos

empregados afirmam que não o fizeram por mais de 30 dias e 26,68% não

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

85

responderam a questão, conforme apresentado na figura 20.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Menos de 30dias

Nãoresponderam

Afa

stam

ento

s po

r men

os d

e 30

di

as

Número de empregados (%)

Figura 20 – Gráfico dos afastamentos por menos de 30 dias.

4.1.3.4. As dores lombares e a capacidade profissional

73,68% dos empregados afirmam que as dores lombares não afetam a

capacidade profissional, ou seja, não diminuem a capacidade para o trabalho.

Todavia, 26,32% dizem que as dores diminuem sensivelmente a capacidade

ativa, conforme figura 21.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Sim

Não

As

dore

s di

min

uem

a c

apac

idad

e pr

ofis

sion

al

Número de empregados (%)

Figura 21 – Gráfico da diminuição da capacidade profissional.

4.1.3.5. Dores lombares e a atividade de lazer

Quanto à atividade de lazer, 31,58% dos empregados responderam que as

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dores lombares diminuem esta capacidade. 47,37% afirmaram que as dores não

afetam o lazer e 21,05% não responderam a questão, conforme figura 22, abaixo.

0 10 20 30 40 50

Sim

Não

Nãoresponderam

As

dore

s di

min

uem

o la

zer

Número de empregados (%)

Figura 22 – Gráfico da diminuição da capacidade de lazer.

4.1.3.6. Duração das dores lombares

Quanto ao sentimento de dor lombar, 26,32% disseram que as sentem, a

menos de um ano. 21,05% que são percebidas entre um e dois anos. 5,26%

disseram que são percebidas há dois a três anos. 5,26% alegam que sentem a

mais de três anos e 42,11% dos empregados pesquisados não responderam a

questão, conforme apresentado na figura 23, abaixo.

0 10 20 30 40 50

Menos de um ano

De um a dois anos

De dois a três anos

Mais de três anos

Não responderam

Tem

po d

e do

res

lom

bare

s

Número de empregados (%)

Figura 23 – Gráfico do tempo do sentimento de dores lombares.

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4.1.3.7. Acidente na região lombar

Na pesquisa realizada, 10,53% dos empregados afirmaram ter sofrido

acidente durante a vida profissional, que lhes afetou a região lombar e 89,47%

nunca sofreram acidente nessa região do corpo, conforme demonstrado na figura

24.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Sim

Não

Sofr

eu a

cide

nte

que

afet

ou a

re

gião

lom

bar

Número de empregados (%)

Figura 24 – Gráfico dos acidentes na região lombar.

4.1.3.8. Tratamento médico por dores lombares

Quanto à visita médica por constrangimentos lombares, 47,37% dos

empregados disseram que nunca necessitaram de tal atendimento. 31,58%

necessitaram de atendimento médico por esses constrangimentos, uma única

vez. 15,79% afirmaram que, por duas vezes, necessitaram de atendimento

médico e 5,26% procuraram esses profissionais, por mais de três vezes,

conforme apresentado graficamente na figura 25 abaixo.

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

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0 10 20 30 40 50

Nunca

Uma vêz

Duas vezes

Mais de trêsvezes

Já fo

i ao

méd

ico

por d

ores

lo

mba

res

Número de empregados (%)

Figura 25 – Gráfico da procura médica por dores lombares.

4.1.3.9. Troca de setor devido a dores lombares

Os sofrimentos lombares obrigaram a 15,79% dos empregados a mudarem

de setor de trabalho. Já 84,21% disseram que nunca houve esta necessidade,

conforme demonstrado na figura 26.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Sim

Não

As

dore

s lo

mba

res

já o

brig

aram

a

troc

a de

set

or

Número de empregados (%)

Figura 26 – Gráfico troca de setor por dores lombares.

4.1.3.10. Sentimento de dores lombares recentemente

Buscou-se conhecer o tempo em que os sentimentos dolorosos são

percebidos pelos empregados, sendo que, 15,79% afirmaram que sentiram dores

nos, últimos sete dias. 5,26% afirmaram que sentiram as dores, nos últimos

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89

quinze dias. 10,53% sentiram-nas nos últimos 30 dias. 5,26% nos últimos 60 dias.

26,32% sentem-nas todos os dias e 36,84% não responderam a questão,

conforme a figura 27.

0 10 20 30 40

Sete dias

Quinze dias

Trinta dias

Sessenta dias

Todos os dias

Não responderam

Setiu

dor

es lo

mba

res

nos

ultim

os...

Número de empregados (%)

Figura 27 – Gráfico do tempo do sentimento doloroso.

4.1.4. Quanto aos fatores ergonômicos

4.1.4.1. Ambiente de trabalho

4.1.4.1.1 A iluminação do ambiente de trabalho é adequada?

52,63% dos empregados responderam sim, enfatizando que a iluminação é

adequada e 47,37% não.

Observa-se no ambiente, que a iluminação é natural devido as grandes

aberturas existente na parte superior do prédio, ligeiramente abaixo da cobertura

e auxiliada por holofotes. Porém o ambiente, é de cor preta devido ao material

usado na produção.

4.1.4.1.2. A temperatura do ambiente é adequada?

36,84% dos empregados responderam que a temperatura do ambiente é

adequada, e 63,16% alegam que a temperatura é muito elevada. Esta ùltima

afirmação se justifica, pelas próprias características do trabalho, calor emanado

do forno cubilô, das formas que recebem material a 1500ºC e da movimentação

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

90

constante dos trabalhadores.

4.1.4.1.3. O nível de ruído é muito alto?

Quanto ao nível de ruído, 47,37% dos empregados afirmaram que é alto e

52,63% disseram que o ruído é normal. Observou-se, através de medições, que o

ruído se apresenta em determinadas operações ficando a menos de 80 db, em

seu pico.

4.1.4.1.4. A área de circulação é adequada?

Quanto às áreas para circulação, 68,42% afirmaram serem adequadas e

outros 31,58 disseram que não.

Pela observação do pesquisador, as áreas de circulação são bem definidas

numa largura ideal para a circulação dos operadores.

4.1.4.1.5. A cor do ambiente é estressante?

Quanto à cor do ambiente 26,32% responderam que sim e 73,68%

responderam não.

Conforme citado acima, o ambiente é de cor preta e a visualização de

materiais incandescentes é uma constante. Por esse fato, pode-se deduzir que a

cor apresentada pode eventualmente provocar estresse aos operadores.

4.1.4.2. Carga de trabalho

4.1.4.2.1. As exigências do trabalho são muito difíceis para você?

Quanto à exigência do trabalho 10,53% dos trabalhadores afirmaram ser

difícil e 89,47% alegaram que não.

O trabalho observado é desgastante e estressante para o ser humano,

porém, aparentemente, não oferece grandes dificuldades para operacionalização.

4.1.4.2.2. O trabalho executado é muito pesado?

68,42% afirmaram que o trabalho se apresenta pesado para execução e

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31,58% dos empregados acham que o trabalho é normal.

4.1.4.2.3. O trabalho exige muita atenção e raciocínio?

Quanto à atenção e raciocínio 94,74% dos empregados acham que o

trabalho exige muito e 5,26% disseram que não.

Quanto à observação do pesquisador, o trabalho exige grande atenção dos

operadores devido aos riscos de acidentes que o ambiente oferece, porém quanto

ao raciocínio a exigência não se apresenta como acentuada.

4.1.4.2.4. Existe algum tipo de pressão que torna o trabalho mais pesado?

Quanto à pressão no trabalho, 26,32% dos empregados afirmaram que sim

e 73,68% disseram que não.

A afirmação positiva possivelmente esteja calcada em cima das metas de

produção que são estabelecidas pela empresa.

4.1.4.2.5. As horas-extras são freqüentes?

Quanto às horas extras 10,53% asseguram que essas são freqüentes e

89,47% afirmaram que não

4.4.1.2.6. Recebeu algum tipo de treinamento para tornar o trabalho mais leve?

Quanto ao treinamento 31,58% dos empregados afirmaram que receberam

treinamento e 68,42% disseram não ter recebido qualquer tipo desse.

Este assunto foi comentado nas recomendações feitas pelo pesquisador.

4.1.5. Quanto aos fatores psicossociais

4.1.5.1. Sugestões para melhoria do ambiente de trabalho

Quanto às sugestões para melhoria do processo, obteve-se as seguintes

sugestões: que não haja exigência de metas; não abrir as caixas; não arrumar

areia; melhorar a limpeza; diminuir o ruído; diminuir o pó; melhorar a iluminação

(dias de chuva); eliminar a insalubridade; mais colaboração dos colegas de

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trabalho.

4.1.5.2. Como você se sente no seu trabalho?

Quanto ao sentimento no trabalho obtiveram-se as seguintes repostas: à

vontade: 63,16%; muito bem: 31,58%; pressionado: 5,26%.

4.1.5.3. Você se acha respeitado como bom profissional?

89,47% dos empregados alegaram que são respeitados com profissionais

e 5,26% disseram que não, 5,26 não responderam à questão.

4.1.5.4. O que prende mais a atenção no seu trabalho?

Quanto o que mais prende a atenção das pessoas na empresa obteve-se o

seguinte posicionamento: as pessoas: 10,53%; as máquinas: 31,58%; o risco de

acidente: 57,89%.

Dos resultados obtidos, buscou-se o enquadramento desses nos mais

diversos momentos do trabalho, onde o conhecimento global da corporação se

tornou importante, tanto pelo lado quantitativo, quanto pelo cunho social e

organizacional da empresa e seus colaboradores.

Pelos dados, pode-se entender o sentimento dos constrangimentos

percebido pelo trabalhador, as dores sentidas, sua localização e a visão do

empregado quanto ao seu posto de trabalho.

Número elevado dos empregados, porém, queixam-se de dores na região

lombar, o que deixa evidenciada a necessidade da implantação de programa

ergonômico na empresa, com a finalidade de se prevenirem as doenças

ocupacionais, que afetam um número elevado de trabalhadores. Com a gestão

ergonômica podem-se reduzir sensivelmente esses constrangimentos, oferecendo

melhor qualidade de vida aos trabalhadores e, com o resultado, obter-se sensível

melhoria da produção da empresa analisada.

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4.2 Resultados da análise ergonômica do trabalho (A.E.T.)

A aplicação da análise ergonômica do trabalho teve como objetivo

mensurar as condições em que as tarefas são executadas, o conforto dos

operadores, as condições de riscos a que esses estão expostos dentro de seus

postos de trabalho.

Na análise, evidenciou-se o estudo da postura dos empregados, a qual

merece atenção especial para proporcionar-lhes melhor qualidade de vida evitar

prejuízos nesse setor produtivo.

4.2.1 Análise da demanda

O Supervisor de Produção demonstrou-se preocupado com as queixas

constantes dos empregados de dores lombares e constantes afastamentos que

ocorrem na empresa.

Apesar de a empresa estar comprometida em melhorar o posto de

trabalho, implantando, atualmente, uma linha automatizada, a posição para a

realização das operações é comprometedora para a coluna vertebral, já que a

postura exigida a coloca em posição totalmente curvada e, muitas vezes, torcidas

por um longo período de tempo.

Após definida a demanda, a empresa oportunizou a realização deste

trabalho, objetivando buscar respostas para melhoria da situação de trabalho dos

seus empregados, procurando atenuar as disfunções apresentadas pelos

diversos postos de trabalho.

4.2.2 Análise da tarefa

Para análise, as tarefas dividiram-se em duas partes distintas: moldagem e

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fusão.

Ambas exigem posturas que comprometem visivelmente a coluna vertebral.

Colocam o operador com a coluna completamente curvada sustentando pesos

variáveis e demandando tempo também variável.

Na fusão o comprometimento não se caracteriza por tempo integral, já que

existe a parte do transporte do cadinho (recipiente onde se transporta o material

liquefeito) que é executado caminhando. A moldagem, por sua vez, exige quase

que o tempo integral do trabalhador com a coluna vertebral dobrada e, em

algumas ocasiões, torcida ao mesmo tempo.

4.2.2.1 Moldagem

Esta tarefa consiste em preparar o modelo em areia e compactá-la. O

modelo ou forma, encontram-se no chão, numa altura máxima de 30 cm,

confeccionado em metal leve (alumínio), é preenchido totalmente com areia

especial, utilizando pás. Posteriormente se compactada com os pés numa

espécie de “dança”, utilizando o peso do próprio corpo e muita movimentação das

pernas. Em segundo lugar, é utilizado uma espécie de socador que consiste em

um tubo de 11/2”, com uma base retangular de 0,20 cm X 0,20 cm com espessura

de 10 mm, em aço, pesando aproximadamente 5 kg, dependendo do

comprimento do cabo, que é variável de uma ferramenta para outra (figura 29).

Após essa operação, ocorre a retirada do produto da forma de metal,

limpa-se o molde, prepara-se o local para receber a próxima forma. Os

procedimentos são feitos com a coluna completamente curvada. As formas são

preparadas no chão, à altura dos tornozelos, e estas operações demandam o

maior tempo de constrangimento postural.

O peso levantado é variável, em função dos tamanhos das peças, 10 a

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100 quilos. Quando o produto é pequeno como panelas, pés e argolas tem-se

uma operação individual. Tratando-se de chapas para fogão ou contra peso para

elevadores, a tarefa é feita em dupla, onde, muitas vezes, os indivíduos são de

estaturas diferentes.

4.2.2.2 Fusão

A fusão é procedimento que consiste em abastecer o cadinho na bica do

Forno Cubilô, transportá-lo até as formas e finalmente fazer a vazão do cadinho

para os moldes já preparados. Esta tarefa é realizada com extremo cuidado, pois

os cadinhos são transportados com metal incandescente, a uma temperatura

aproximada de 1.500ºC. O transporte do cadinho varia em termos de tempo,

dependendo o local da fábrica onde está se fazendo a fusão, sendo, em média,

30 segundos a duração da caminhada.

No processo de fusão o operador curva ambos os joelhos, deixando o

corpo totalmente curvado para frente e torcido para a esquerda ou para a direita,

dependendo o lado em que o empregado esteja operando o cadinho. Essa

operação tem uma variação de tempo, também para cada produto a ser vazado.

Para o contrapeso de elevador a duração é de 1 minuto e 32 segundos e para a

chapa pequena de fogão a lenha é de 42 segundos. O peso de cada cadinho

cheio é de 50 kg, operado por dois trabalhadores, cabendo para cada empregado

um peso aproximado de 25 kg de transporte e sustentação.

4.2.2.3 Análise da atividade

No início das atividades, os empregados participam da ginástica laboral,

programa, implantado em meados de 2003 e que tem amenizado muito os

problemas de saúde na empresa, segundo o supervisor de produção da empresa.

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Os empregados da empresa apresentam perfil da seguinte ordem:

altura média: 1,71 m;

peso médio: 74,89 kg;

tempo médio de serviço na empresa: 3 anos e 5 meses;

atividades na empresa: 73,70% são moldadores e 26,30% exercem

também outras atividades;

grau de instrução: 89,47% 1º grau incompleto; 5,26% 1º grau completo;

5,26 3º grau completo.

As condições de trabalho foram estudas separadamente, para se dar

melhor entendimento, facilitação da análise e obtenção dos resultados quanto às

condições posturais e de ambiente de trabalho.

Quanto ao transporte do material liquefeito, o cadinho possui um cabo

duplo de um lado e um simples do lado posterior. Esta disposição faz com que um

dos operadores o transporte, dividindo o peso em dois braços e o outro operador

apenas com um dos braços, o que determina desequilíbrio no transporte. A razão

de esta ferramenta ter esta característica é para que, na hora da fusão, apenas

um dos operadores possa comandar a vazão do material líquido para o molde.

4.2.2.4 Condições posturais

As atividades laborais são desenvolvidas, na maior parte do tempo, na

posição em pé, corpo curvado para frente, torcido, braços a nível do ombro e

joelhos ligeiramente dobrados, tanto na operação de moldagem, como na de

fusão.

Na operação de moldagem os empregados não utilizam da postura correta,

ou seja, baixar o corpo totalmente, deixando a coluna reta e, ao levantar, utilizar

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os músculos das pernas, com isto, poupariam desnecessário esforço da coluna

vertebral.

Apesar da análise do Método OWAS, classificar o transporte do cadinho na

categoria 01, isto é, não requer nenhum tipo de procedimento preventivo ou

corretivo, pode-se calcular a carga efetiva através da equação CE = P x D, onde

CE = carga efetiva;

P = peso transportado;

D = distância do operador ao peso transportado.

No entanto, o peso transportado é igual a 50 kg; dividido por 2 operadores

= 25 kg; comprimento do cabo do cadinho, do operador ao peso transportado

=1,50 m, temos:

CE = 25 kg x 1,50 m;

CE = 37,50 kg.

Diante dessa análise, pode-se afirmar que os trabalhadores apresentam

desconforto na operação e sofrem pressão elevada na coluna vertebral, já que o

peso máximo recomendado, segundo Dul e Weerdmeester (2001), é de 23 kg. E

que, segundo os autores, quando a manipulação de carga for inevitável, igual ou

acima do recomendado, será necessário criar condições favoráveis para essa

operação, para amenizar a situação existente.

4.3 Resultados da avaliação postural, determinados pela metodologia OWAS

4.3.1 Descritivo

Os dados para alimentação do método OWAS foram obtidos através de

observações realizadas dentro dos respectivos postos de trabalho, auxiliados por

fotografias e filmagens. Esses dados foram confrontados para se obter as

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situações reais de trabalho e identificar as posturas mais constrangedoras das

diversas tarefas dos operadores. Para tanto, dividiu-se o trabalho em sete fases:

a) transporte do cadinho;

b) fusão, que é a colocação do metal liquefeito nos moldes;

c) confecção do molde que é a preparação da superfície e colocação da

areia;

d) compactação do molde;

e) abertura da forma, após o molde ser compactado;

f) preparação da areia para reaproveitamento;

g) desforma, que consiste na retirada do produto após resfriado (semi-

acabado).

4.3.2 Transporte do cadinho

Observou-se que, no Transporte do Cadinho, os empregados, apesar do

peso 50 kg, a postura é reta da coluna vertebral. O transporte é constante com

período de descanso de 3 a 5 minutos, dependendo da vasão do forno e a

quantidade de cadinhos a serem reabastecidos na fila de espera.

Outro aspecto observado é que, junto às formas, existe um operador que

assume o comando na hora da vazão. Nesse período, um dos transportadores

fica em descanso.

Observaram-se ainda alguns operadores imprudentes, pisando em cima

das formas, com material em alta temperatura. Nesse caso, verificou-se a

existência de risco de rompimento e de queimaduras nos pés, pelo material

líquido incandescente.

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4.3.3 Fusão

Na fusão, os operadores suportam o peso do cadinho por período de

tempo medido entre 20 e 30 segundos, tendo a coluna vertebral dobrada e os

joelhos flexionados, comprometendo a coluna vertebral.

Observou-se que, após 2 horas de trabalho, os operadores começam a

colocar as mãos na altura da cintura, fazendo alongamento, sinalizando que a

coluna vertebral já apresenta algum tipo de sofrimento.

4.3.4 Confecção do molde e colocação da areia

Esta operação consiste em colocar a forma na posição ideal no chão da

fábrica, preparando-a para ser moldada. A areia é colocada com uso de pás,

sendo a operação feita com a coluna vertebral totalmente curvada para frente e

torcida para um dos lados do corpo. Essa postura depende da posição em que o

operador se encontra, lado esquerdo ou direito, não existindo, portanto,

uniformidade na torção do corpo. Como na fusão, após algumas horas de

trabalho, é visível o cansaço e os gestos de desconforto da coluna dos

trabalhadores.

Outra operação desgastante que faz parte deste trabalho é o processo de

fundição da chapa de fogão a lenha. Pelas suas dimensões e sistema de

produção, é confeccionada um lado e, após essa operação, a forma é virada para

se repetir o processo do outro. Como a forma é grande, são necessários dois

operadores para virá-la, momento em que eles deixam a coluna completamente

curvada para frente e os joelhos levemente flexionados, fazendo da coluna uma

espécie de alavanca que suporta todo o peso da forma para levantá-la, conforme

apresenta a figura 28.

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100

Figura 28 – Postura na movimentação da forma.

Esta operação, pode-se observar, é bastante desgastante para a coluna.

Consiste também em se retirar a forma que se divide em duas partes, deixando

somente o molde no chão.

4.3.5 Compactação do molde

Na compactação, apesar dos movimentos constantes, não se pode

observar tanto sofrimento na coluna vertebral, pois apesar de ligeiramente

curvada, não sofre a influência de peso em excesso e sim movimentos vibratórios

com o uso da ferramenta de compactação a que não tem peso exagerado para o

homem, conforme demonstrado na figura 29, abaixo.

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Figura 29 - Compactação do molde.

4.3.6 Abertura da forma, após a compactação do molde

Esta operação, pode-se observar, que também é bastante desgastante

para a coluna. Consiste na retirada da forma, que se divide em duas partes

deixando-se somente o molde no chão. A operação é realizada com a coluna

totalmente curvada para frente, os joelhos ligeiramente flexionados e a força é

feita para cima, para a retirada do equipamento.

Essa operação raramente é realizada com dois operadores, geralmente o

esforço é individual e exige postura comprometedora para a coluna vertebral. A

operação ocorre quando as peças a serem fundidas são de menor tamanho, o

que ocontece na maioria das peças confeccionadas pela empresa. Essa postura é

representada na figura 30, abaixo.

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Figura 30 – Abertura da forma após a compactação.

4.3.7 Preparação da areia

A areia utilizada, na moldagem, é reaproveitada para confecção de outros

moldes. É uma operação que passa por processo de descompactação por

máquina, tipo trator, que a transforma em grãos novamente. A areia fica

espalhada pelo chão, havendo então a necessidade de se junta-la em diversos

montes, para facilitar a nova operação de moldagem.

Observou-se que essa operação é extremamente desgastante, pois o

trabalho é feito manualmente com a utilização de pás. O trabalho é realizado em

grandes extensões e o operador trabalha também com a coluna vertebral

totalmente curvada, pois a ação ocorre na altura dos tornozelos e sua cabeça fica

aproximadamente a 1 metro do chão, conforme figura 31 abaixo.

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Figura 31 – Preparação da areia.

Nesta operação, após 20 minutos, observam-se movimentos de

desconforto do operador, como se já estivesse sentindo dores nas costas, sendo

o fato objeto de queixas no questionário aplicado pela pesquisa.

4.3.8 Desforma

É processada pelo operador, usando uma marreta de 5 kg e o material

trabalhado se apresenta ainda com temperatura elevada com mais de 50ºC. Além

do calor, o trabalho é realizado com a coluna vertebral totalmente curvada em

várias situações, torcida e levantando peso constantemente. As pernas ficam em

diversas posições e flexões, pois a prática é feita em cima dos resíduos da forma

que sofreu apenas um rompimento por impacto, tornando este piso irregular e de

difícil posicionamento.

Nesta operação não foram observadas queixas dos empregados apenas

relato do supervisor de produção que a classificou como penosa para os

operadores.

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4.4 Análise dos resultados obtidos pelo método OWAS

As observações foram lançadas no sistema WinOWAS, sendo que cada

fase teve seu tratamento individualizado e analisado os dados no sistema,

levando em conta o código postural.

As análises da postura, durante as operações realizadas, apresentaram os

resultados que se enquadraram como:

- 72% na categoria 4 – necessitam ações corretivas imediatas;

- 14% na categoria 2 – necessitam ações corretivas no futuro;

- 14% na categoria 1 – não necessitam ações corretivas.

a) Observou-se que as operações de fusão, moldagem, abertura das formas,

preparação da areia e a desforma se enquadraram na categoria 4, isto é

necessitam de providências imediatas;

b) que a compactação do molde enquadrou-se na categoria 2 e requer

providências futuras;

c) o transporte do cadinho, na categoria 1, não necessita de providências.

O resultado da análise apresentou a categoria de cada operação

executada, seu enquadramento e providências a serem tomadas, conforme

determina o sistema, apresentado na figura 32.

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Figura 32 - Gráfico de ação de todas as categorias.

Fonte: Sistema WinOWAS.

Após a análise dos resultados oferecidos pelo método OWAS, pode-se

concluir que 72% das posturas adotadas nas operações analisadas requerem

providencias imediatas, pois comprometem a coluna vertebral dos operadores,

tendo em vista a freqüência das operações que, de acordo com o método, aponta

sofrimento postural elevado, podendo acarretar em desordem

musculoesquelética, tendo, como conseqüência, não só o desencadeamento de

lombalgias, como também de outras patologias comprometedoras da coluna

vertebral.

Por outro lado, a compactação do molde que apesar do movimento

constante ser de pernas e braços, necessita de atenção para o futuro que venha

amenizar a movimentação e a postura da coluna.

4.5 Resultados das análises de regressão

A finalidade desta análise é investigar a existência de dores lombares

durante o expediente de trabalho e seu prolongamento após este, bem como a

presença ou ausência de correlação entre os afastamentos totais do trabalho e os

afastamentos por lombalgias na indústria em estudo.

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Para obtenção desses dados, foram distribuídos 25 questionários.

Apêndice B - tendo retornado 21, obtendo-se aproveitamento de 84% do universo

pesquisado.

Num primeiro momento, buscou-se conhecer a intensidade dolorosa

sentida pelos empregados, durante o expediente normal de trabalho, onde

obtiveram os seguintes resultados:

a) 42,86% dos empregados entrevistados sentem, durante o expediente de

trabalho, fortes dores na região da coluna vertebral;

b) 38,10% sentem alguma sensação dolorosa na região da coluna, durante o

expediente;

c) 14,29%, responderam que, durante seu expediente de trabalho, sentem

algum tipo de dor, porém, suportável;

d) 4,75% dos empregados declaram que não percebem nenhum tipo de dor,

durante seu expediente de trabalho.

A figura 33 demonstra a situação apresentada pelos empregados

pesquisados.

38,10%

4,75%

42,86%

14,29%

Fortes Algum tipo Pequena sensação Nenhum tipo

Figura 33 - Gráfico de dores sentidas durante o expediente de trabalho.

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Em outro momento, buscou-se conhecer a intensidade da dor

percebida pelos empregados, após o término do expediente, isto é, se, terminado

o expediente de trabalho, as dores persistiam e em que intensidade, eram

percebidas:

a) 38,10% dos entrevistados afirmaram que, após o expediente de trabalho,

pequena sensação dolorosa é sentida na região lombar;

b) 23,80% disseram que, após o término do expediente, sentem algum tipo de

dor na região lombar;

c) 19,05% afirmaram que, mesmo após o expediente, continuam sentindo

fortes dores na região lombar;

d) 19,05% afirmaram que, após o término do expediente, não sentem

qualquer tipo de sensação dolorosa na região lombar.

O resultado está demonstrado na figura 34, que segue:

23,80%

38,10%

19,05% 19,05%

Fortes Algum tipo Pequena sensação Nenhum tipo

Figura 34 - Gráfico de dores sentidas, após o expediente de trabalho.

Com os dados obtidos dos questionários, pôde-se também evidenciar,

pelas próprias respostas, correlação existente entre a sensação de dores

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108

ocorridas durante o expediente e a permanência da dor, mesmo após o

encerramento deste.

Quantificando-se as respostas apresentadas nas figuras 33 e 34 anteriores,

trabalhou-se com a seguinte convenção:

a) fortes dores = 4;

b) algum tipo de dor = 3;

c) pequena sensação de dor = 2;

d) nenhum tipo de dor = 1

Desse modo, a tabela 06, abaixo, apresenta as respostas de 21

funcionários que devolveram os questionários, com as devidas respostas onde

foram aplicadas as convenções acima:

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Tabela 06 - Respostas de sentimentos de dor Dores após expediente Dores durante o

expediente Empregado A 3 4 Empregado B 1 2 Empregado C 4 4 Empregado D 1 2 Empregado E 2 2 Empregado F 1 2 Empregado G 4 4 Empregado H 1 1 Empregado I 4 4 Empregado J 2 2 Empregado L 4 4 Empregado M 2 4 Empregado N 3 4 Empregado O 2 2 Empregado P 2 3 Empregado Q 2 3 Empregado R 2 2 Empregado S 3 4 Empregado T 2 2 Empregado U 3 3 Empregado V 3 4

Observa-se também, pelas figuras 33 e 34, que a sensação de dor, desde

a pequena sensação dolorosa até à dor mais forte, acomete 95,25% dos

funcionários, durante o expediente, e 80,95% dos funcionários, também após o

término do expediente. Diante dessa constatação, conclui-se que na atividade

pesquisada, aproximadamente 88% dos funcionários que possuem

constrangimento lombar em atividade, apresentam a continuidade da dor, ou seja,

a mesma é sentida durante o desempenho da atividade e prolonga-se também

para após o término desta.

A figura 35, abaixo, mostra graficamente esta correlação, com os dados

extraídos da tabela anterior:

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110

Dores durante o expediente vs. Dores após o expedienteDores após o expediente = -0,0273+0,8318xDores durante o expediente

Correlação: R = 0,8281; Coeficiente de determinação: R² = 0,6857

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

Dores durante o expediente 95% confiança

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5D

ores

apó

s o

expe

dien

te

Figura 35 - Análise de regressão linear entre o sentimento de dor durante o expediente e

a permanência da dor após o expediente.

Com a respectiva análise de regressão linear, observa-se que a variação

do sentimento de dor percebida pelo funcionário durante o expediente é

relativamente significativa para a variação da permanência da dor após o

expediente, devido à carga física sobre a coluna, à qual está submetido o

funcionário.

O sumário da regressão, apresentado na tabela 07 abaixo, mostra esta

significância:

Tabela 07 - Sumário da análise de regressão. Número de casos N = 21

Sumário de Regressão para a variável dependente: Dores após o expediente R= 0,82806278 R²= 0,68568796 R² Ajustado= 0,66914522 F(1,19)=41,449 p<0,000004 Std.Erro de estimativa: 0,59141

Correlação Erro padrão da correlaçã

o

Coeficiente Erro padrão do

coeficiente

t(19) p-nível

Intercepto

-0,027273 0,402693 -0,067726 0,946712

Dores durante o

expediente

0,828063 0,128619 0,831818 0,12902 6,438127 0,000004

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PPGEP – Produção e Manutenção 2005

111

Se ignorássemos o intercepto, o qual é insignificante estatisticamente,

poderíamos expressar o sentimento de dor após o expediente de trabalho como:

Dores após = 0,8318 x dores durante o expediente, o que corresponde dizer que

a minimização do processo doloroso com o encerramento das atividades é de

aproximadamente 17%, pois como mostrou o sumário da tabela 07, o coeficiente

0,8318 é significativo na análise.

Para o estudo da correlação entre os afastamentos totais e afastamentos

por lombalgias, foram analisados o número de dias de afastamentos totais do

trabalho e os dias de afastamentos provocados pelas lombalgias. Foram

considerados ainda, os dias de afastamentos do trabalho acontecidos nos quatro

últimos anos, 2001 a 2004, de acordo com os dados constantes do apêndice C.

Buscou-se analisar o número total de dias de afastamentos, para se

determinar quantitativamente seus valores correspondentes e melhor visualização

e interpretação destes dados.

Dos 139 dias de afastamentos (100%), ocorridos no ano de 2001, 106 dias

(76%) foram por queixas de dores na região lombar e 33 dias (24%) tiveram

outras causas, como motivo de afastamento do trabalho, conforme demonstrado

na figura 36.

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112

24%

76%

Afastamentos por lombalgias Afastamentos por outras causas

Figura 36 – Gráfico dos afastamentos totais e os afastamentos por dores lombares – ano 2001.

As análises foram feitas mês a mês, levando-se em consideração o

número de dias de afastamentos totais do trabalho e o número de dias de

afastamentos pelas lombalgias, conforme dados levantados na pesquisa. Sendo

que os resultados foram correlacionados entre si.

Ao se comparar e analisar a influência dos dias de afastamentos do

trabalho por lombalgias sobre os dias de afastamentos totais, observou-se

correlação moderada entre as variáveis em estudo.

Essa influência ficou definida pelo coeficiente de determinação (R²) igual a

0,8176. Verificou-se então a significância de 99,99% (p-nível), dos dias de

afastamentos por lombalgias, sobre os dias de afastamentos totais ocorridos no

ano considerado, ou seja, os números de dias totais perdidos por afastamentos

do trabalho no ano de 2001 sofreram influência significativa dos dias de

afastamentos pelas lombalgias.

Este estudo comparativo é apresentado graficamente na figura 37, abaixo.

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Afastamentos por lombalgias (dias) vs. Afastamentos totais (dias)Afatamentos totais (dias) = 1,1074+1,186*x Afastamentos por lombalgias (dias)

Correlação: R = 0,9042; coeficiente de determinação: R² = 0,8176

2 4 6 8 10 12 14 16

Afastamentos por lombalgias (dias) 95% confiança

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20A

fata

men

tos

tota

is (d

ias)

Figura 37 – Análise de regressão linear entre os afastamentos totais e por dores

lombares - ano 2001.

Para o ano de 2001, a influência ficou definida pela análise de regressão

linear, onde se observou que os dias de afastamentos do trabalho por lombalgias

exerceram significância considerável sobre os dias de afastamentos totais da

empresa, no ano de 2001. E que, naquele ano, a empresa teve elevados

problemas com os referidos afastamentos e os empregados sérios problemas de

saúde da coluna vertebral.

O sumário da regressão, apresentado na tabela 08 abaixo apresenta esta

significância.

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114

Tabela 08 - Sumário da análise de regressão – ano 2001. Número de casos N = 12

Sumário de Regressão para a variável dependente: Afastamentos totais 2001 R= 0,90421354 R²= 0,81760213 R² Ajustado= 0,79936235 F(1,10)=44,825 p<0,00005 Std.Erro de estimativa: 2,5155

Correlação Erro padrão da correlaçã

o

Coeficiente Erro padrão do

coeficiente

t(10) p-nível

Intercepto

1,107438 1,724987 0,641998 0,535314

Dores durante o

expediente

0,904214 0,135055 1,185950 0,177135 6,695163 0,000054

No ano de 2002, observou-se redução significativa dos afastamentos por

dores lombares em relação aos afastamentos por outras causas, considerando-se

o ano anterior, já analisado.

Apesar dos números totais (101 dias) terem diminuído em relação ao ano

anterior, sendo 80 dias por dores lombares (79%) e 21 dias por outras causas

(21%), o período apresentou crescimento, em percentual, das doenças lombares

relacionados ao mesmo período do ano anterior. O que determinou aumento

proporcional no número de dias de afastamento por este constrangimento,

conforme demonstra a figura 38.

21%

79%

Afastamentos por lombalgias Afastamentos por outras causas

Figura 38 - Gráfico dos afastamentos totais e por dores lombares–ano 2002.

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115

Ao se analisar a predominância dos dias de afastamentos por dores na

região lombar dos empregados da empresa em estudo, sobre os dias de

afastamentos por outras causas, verificou-se que aqueles tiveram maior influência

sobre estes, porém com significância a ser considerada. Isso ficou comprovado

pelo coeficiente de determinação de (R²) 0,6302, apresentados graficamente na

figura 39.

Afastamentos por lombalgias (dias) vs. Afastamentos totais (dias)Afatamentos totais (dias) = 2,6466+0,8655*x Afastamentos por lombalgias (dias)Coeficiente de correlação: R = 0,7938; Coeficiente de determinação: R² = 0,6302

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Afastamentos por lombalgias (dias) 95% confiança

2

4

6

8

10

12

14

16

Afa

tam

ento

s to

tais

(dia

s)

Figura 39 – Análise de regressão linear entre os afastamentos gerais e por dores

lombares - ano 2002.

Na análise de regressão linear, observa-se, no entanto, que os

afastamentos por lombalgias, apresentaram significância acentuada sobre os

outros afastamentos, conforme demonstrado na figura 39.

Pelo sumário apresentado na tabela 09, verifica-se que os afastamentos

por lombalgias são significativos com relação aos afastamentos totais, haja visto o

seu coeficiente, 0,8655, e apresentar uma significância de 99,80% de ser

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116

verdadeiro (p-nível). A significância do termo independente, ou intercepto, já cai

significativamente, pois seu coeficiente 2,6466 apresenta uma significância de

88,80%, de ser verdadeiro.

Tabela 09 - Sumário da análise de regressão – ano 2002. Número de casos N = 12

Sumário de Regressão para a variável dependente: Afastamentos totais 2002 R=0,79382100 R²= 0,63015178 R² Ajustado=0,59316696 F(1,10)=17,038 p< 0,00205 Std.Erro de estimativa:2,0616

Correlação Erro padrão da correlaçã

o

Coeficiente Erro padrão do

coeficiente

t(10) p-nível

Intercepto

2,646552 1,519304 1,741951 0,112131

Afastamentos por

lombalgias (dias)

0,793821 0,192314 0,865517 0,209684 4,127726 0,002052

No ano de 2003, pode-se observar o retorno do crescimento dos fatores

em análise, subindo os números de 101 dias de afastamentos em 2002, para 115

em 2003. Deste total, 84 dias de afastamentos (73%), foram por

constrangimentos lombares e 31 dias de afastamentos (27%) ocorreram por

outras causas.

Nesse ano, a empresa deu início ao programa de Ginástica Laboral, na

esperança da diminuição dos índices das doenças dorsolombares.

Na figura 40, observa-se a situação, em número de dias de afastamento,

apresentada pela empresa, no ano de 2003.

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117

27%

73%

Afastamentos por lombalgias Afastamentos por outras causas

Figura 40 - Gráfico dos afastamentos gerais e por dores lombares–ano 2003.

Ao se analisar a correlação existente entre os afastamentos totais

ocorridos no período de janeiro a dezembro de 2003 e os afastamentos por

lombalgias, verificou-se, no ano considerado, a predominância (73%) destes

constrangimentos, conforme demonstrado na figura 40.

Pela constatação, conclui-se que os afastamentos por lombalgias tiveram

significância considerável sobre os afastamentos totais conforme demonstrado

graficamente na figura 41.

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Afastamentos por lombalgias (dias) vs. Afastamentos totais (dias)Afatamentos totais (dias) = 3,5872+0,8566*xAfastamentos por lombalgias (dias)Coeficiente de corelação: R = 0,8238; Coeficiente de determinação: R² = 0,6787

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Afastamentos por lombalgias (dias) 95% confiança

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20A

fata

men

tos

tota

is (d

ias)

Figura 41 – Análise de regressão linear entre os afastamentos gerais e por dores

lombares - ano 2003.

Com a análise de regressão linear, observa-se que os afastamentos por

lombalgias apresentaram significância moderada sobre os afastamentos totais.

Conclui-se, entretanto, que, do total de dias de afastamentos por

lombalgias, 0,098% podem ter leve significância nos afastamentos totais, como

demonstra o sumário da regressão, constante da tabela 10, abaixo apresentada.

Tabela 10 - Sumário da análise de regressão – ano 2003. Número de casos N = 12

Sumário de Regressão para a variável dependente: Afastamentos totais 2003 R=0,82384439 R²= 0,67871958 R² Ajustado=0,64659153 F(1,10)=21,125 p< 0,00099 Std.Erro de estimativa: 2,9935

Correlação Erro padrão da correlaçã

o

Coeficiente Erro padrão do

coeficiente

t(10) p-nível

Intercepto

3,587209 1,564819 2,292412 0,044829

Afastamentos por

lombalgias (dias)

0,823844 0,179243 0,856589 0,186367 4,596244 0,000986

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119

Em 2004, observou-se redução significativa dos afastamentos totais - 60

dias de janeiro a dezembro, chegando a zero, nos meses de janeiro, março, junho

e setembro. Os dias de afastamentos por lombalgias, porém, em número de 32,

mantiveram-se em níveis elevados (53%) em relação aos 28 dias de

afastamentos por outras causas (47%), conforme demonstrado na figura 42.

47%

53%

Afastamentos por lombalgias Afastamentos por outras causas

Figura 42 - Gráfico dos afastamentos gerais e por dores lombares–ano 2004.

Embora os índices de afastamentos tenham diminuído sensivelmente em

relação aos anos anteriores comparados, os dias de afastamentos por lombalgias

mantiveram-se em níveis mais elevados, porém exercendo pouca influência nos

dados levantados, conforme demonstrado na figura 43, abaixo.

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Afastamentos por lombalgias (dias) vs. Afastamentos totais (dias)Afatamentos totais (dias) = 2,2903+1,0161*x Afastamentos por lombalgias (dias)Coeficiente de correlação: R = 0,5521; Coeficiente de determinação: R² = 0,8176

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5

Afastamentos por lombalgias (dias) 95% confiança

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10A

fata

men

tos

tota

is (d

ias)

Figura 43 - Análise de regressão linear entre os afastamentos gerais e por dores lombares - ano 2004.

No sumário apresentado na tabela 11, verifica-se que os afastamentos

pelas lombalgias são levemente significantes em relação aos afastamentos totais,

apresentando coeficiente de determinação R2 de 0,3048, com significância de

93,73% de ser verdadeiro (p-nível).

Conclui-se, entretanto, que, do total de afastamentos por lombalgias,

6,27% pode ter leve significância nos afastamentos totais, como demonstra o

sumário da regressão, constante da tabela 11.

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Tabela 11 - Sumário da análise de regressão – ano 2004. Número de casos N = 12

Sumário de Regressão para a variável dependente: Afastamentos totais 2004 R=0, 55212201 R²= 0,30483871 R² Ajustado=0,23532258 F(1,10)= 4,3852 p< 0, 06270 Std.Erro de estimativa:2,2059

Correlação Erro padrão da correlaçã

o

Coeficiente Erro padrão do

coeficiente

t(10) p-nível

Intercepto

2,290323 1,442178 1,588100 0,143348

Afastamentos por

lombalgias (dias)

0,552122 0,263659 1,016129 0,485240 2,094075 0,062698

4.6 Considerações do Capítulo

A postura do trabalhador influi na melhoria do processo industrial e no bem-

estar do ser humano. Nesse sentido, afirma-se que a satisfação pelo trabalho

evita acidentes e doenças profissionais que, a priori, melhoram o processo e a

lucratividade da empresa. Guérin et al (2001 p. 122) afirmam que “a análise de

uma situação de trabalho pressupõe um conhecimento global do processo de

produção”. Conhecimento este necessário para o desenvolvimento da

organização e a preservação da integridade física e mental do corpo de

funcionários da organização.

Ao se analisar a situação existente entre os afastamentos totais com os

afastamentos por lombalgias, observa-se que praticamente não há um

correlacionamento acentuado, isto é, as duas variáveis têm certa independência

entre si. O que determina que se deve dar especial atenção aos multifatores,

objetivando a diminuição de tais incidências constrangedoras.

No sentido de se encaminharem recomendações quanto aos aspectos

posturais objetivo deste estudo, levaram-se em consideração os resultados

obtidos nas análises, bem como os aspectos observados no acompanhamento

das atividades e desenvolvimento do trabalho pelo pesquisador, na seguinte

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ordem:

a) evitar a curvatura da coluna, dobrando-se as pernas, deixando que a força

seja feita com os músculos dos membros inferiores que são mais fortes e

resistentes;

b) os treinamentos recomendados devem ser ministrados por pessoal

preparado pedagógica e didaticamente, para que se atinja o melhor do

desempenho do treinamento e, com isto, o maior aproveitamento por parte

dos trabalhadores;

c) efetuar treinamento introdutório com todos os empregados, objetivando os

primeiros contatos com as atividades que serão por eles desempenhadas e

a conscientização dos riscos do respectivo posto de trabalho;

d) efetuar reciclagem periódica com todos os empregados envolvidos com o

processo analisado, no sentido de que pequenos procedimentos

prevencionistas não venham a ser esquecidos ou atrapalhados pela rotina

de trabalho;

e) inserir, na ginástica laboral, mais alongamentos da coluna e braços, para

prevenir lesões na coluna vertebral, pois, deste modo, dar-se-ia maior

resistência a estes grupos musculares;

f) contratação dos serviços profissionais de um fisioterapeuta, para trabalhar

junto com professor de Educação Física que aplica a ginástica laboral. Isto

possibilita a aplicação dos exercícios físicos e direcionados aos grupos

musculares corretos, evitando-se o número elevado dos casos de

lombalgias;

g) as pessoas que fazem a fusão deverão ter a mesma estatura e compleição

física, visando ao equilíbrio e melhor distribuição do peso transportado;

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123

h) Inserir, na ginástica laboral, exercícios de relaxamento, pois alguns

empregados queixaram-se de problemas de sono e cansaço mental;

i) prever pequenas pausas no trabalho para os moldadores, devido ao peso

deslocado, bem como as altas temperaturas do ambiente de trabalho, para

recompor as energias e dar alívio à coluna vertebral.

j) efetuar rodízio com os moldadores e pessoal de fusão, para que estes não

tenham sofrimentos advindos de esforços repetitivos, atitude pela qual

podem prevenir os constrangimentos de coluna e aumentar a motivação

para o trabalho, apresentando menor índice de acidentes e possível

melhoria da produção;

k) auxiliar os empregados no cuidado com a saúde, enviando os mesmos a

exames periódicos;

l) incentivar os empregados a praticarem atividades físicas, já que muitos

declararam que não praticam nenhum tipo de esporte;

m) quando da persistência das dores lombares por período considerado longo,

fazer a troca de atividade, até que as dores estejam controladas.

Essas recomendações objetivam reduzir o número elevado de

afastamentos do trabalho pela incidência de lombalgias, desenvolvendo o bem-

estar no trabalho e melhorando o processo de produção.

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124

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

No setor metal mecânico, o segmento de fundição expõe, com freqüência,

os empregados a risco de acidentes. Assim sendo, a exigência de posturas

constrangedoras fica evidente nas pequenas empresas, já que não possuem

automatização de linha, que exige menos esforço físico de seus empregados.

5.1 Conclusão

Ao iniciar este estudo, buscou-se analisar as causas das ocorrências de

lombalgias em atividade de fundição, bem como analisar a correlação existente

entre os afastamentos totais do trabalho e os afastamentos por lombalgias.

Buscou-se, então, analisar e interpretar estatisticamente os fatores que

levaram os empregados da empresa a se afastarem do posto de trabalho pelos

constrangimentos lombares e por outras causas.

Outro fator observado foi a constante movimentação exigida pelo trabalho

que compromete seriamente o corpo e a postura normal de cada operador. Isto

determinou a realização de uma Análise Ergonômica do Trabalho.

O método OWAS foi utilizado para avaliação da postura dos empregados e

análise das condições posturais de trabalho que pudessem contribuir para as

incidências das lombalgias.

O método, no entanto, não se apresentou como ferramenta ideal e

determinante, já que, em algumas operações, o método não analisa o esforço

feito com os braços abaixo dos ombros, com sérios constrangimentos para a

coluna vertebral e a análise de vibrações. Sendo que esta pode causar problemas

de saúde, risco que depende da intensidade e duração da exposição, do tempo

de exposição e das condições do trabalho.

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125

No entanto, o foco deste trabalho foi de analisar as condições posturais dos

empregados da empresa e não a relação de cargas, que podem ser analisadas

pela equação de NIOSH, o que não foi objeto da pesquisa.

As avaliações foram realizadas e verificadas visualmente, através da

observação das tarefas para o andamento do estudo.

A análise de regressão permitiu avaliar as queixas dos empregados,

quanto às dores sentidas na coluna vertebral, durante o expediente de trabalho, e

a persistência das dores, após o término deste.

Com os cálculos, concluiu-se que praticamente as mesmas dores sentidas

durante o expediente perduram após o término, ou seja, os empregados, muito

embora já estejam fora das atividades de trabalho, continuam sentindo a mesma

dor na coluna, pois esta transcende para o período de descanso.

Ao se analisar a ocorrência das lombalgias na empresa, buscou-se base

nos dias de afastamentos do trabalho ocorrido nos anos de 2001 a 2004. Nesse

caso, pôde se verificar a correlação existente entre os dias de afastamentos

totais, no período considerado, e os dias de afastamentos acontecidos pelas

lombalgias.

Pelos índices obtidos, os constrangimentos lombares apresentam

significância sobre os outros tipos de afastamentos por diversas enfermidades ou

acidentes. No entanto, pode-se observar que o maior agravante que contribui

para esta enfermidade é a postura exigida no trabalho, que por sua vez, é de

difícil solução, já que, na maior parte do tempo, o empregado tem que manter a

coluna dobrada. Sendo este fator o maior motivo dos afastamentos do trabalho

experimentado pela da empresa.

Portanto, conclui-se que os afastamentos sofridos pelos empregados da

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126

empresa são de ordem postural associada à forma errada de se processar o

levantamento de peso. Isto define lesões na coluna vertebral, levando os

operadores a doenças lombares e a afastamentos constantes do trabalho.

5.2 Recomendações para futuros trabalhos

Recomendam-se para o futuro, estudos quanto à aplicação máxima de

cargas (equação de NIOSH), a aplicação do método RULA para melhor avaliação

postural dos empregados dos membros superiores e determinação do conforto

térmico do ambiente para se determinar o nível de estresse térmico existente, a

que estão submetidos todos os operadores da empresa, já que esses fatores não

tiveram tratamento particularizado nesta pesquisa.

Tal estudo se justifica pela necessidade de se obter até que ponto os

empregados estão trabalhando com sua capacidade máxima produtiva, e se a

resistência do organismo humano se adapta à situação atual oferecida pelo

trabalho realizado.

Diante dos resultados do estudo, oferecer recomendações que venham

melhorar o ambiente de trabalho e evitar acidentes devido às características do

setor para com isto, implantar de vez a melhoria da produção e da qualidade de

vida do trabalhador, deve ser desafio, cuja solução não pode aguardar por muito

tempo.

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REFERÊNCIAS

ABIFA - Associação Brasileira de Fundição. Disponível em:

http://abifa.org.br/mercado.asp . Acesso em 28/04/05

ANDRADE, M. M. de. Como Preparar Trabalhos para Cursos de Pós-Graduação – Noções Práticas. São Paulo: Atlas, 2002.

ANSOFF, H. I. e McDONNELL, E. J. Implantando a Administração Estratégica. São Paulo: Atlas, 1993.

BALBINOTTI, G. Ergonomia como Princípio e Prática nas Empresas. Curitiba: Genesis, 2003.

BERGAMINI, C. W. Desenvolvimento de Recursos Humanos – Uma Estratégia de Desenvolvimento Organizacional. São Paulo: Atlas, 1980.

BIO, S. R. Sistemas de Informações – Um Enfoque Gerencial. São Paulo: Atlas, 1996.

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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO 1

Prezado Funcionário (a) Este questionário tem a finalidade de buscar conhecimentos quanto às

suas atividades profissionais e melhorar suas condições de trabalho e a da produção. Solicito, se possível, que você o responda, usando a maior sinceridade possível, já que se trata de pesquisa científica que procura estudar os problemas de lombalgias que afetam grande número de pessoas em sua empresa. _________________________________________________________________ Data: __________________

1. DADOS PESSOAIS

Sexo: masculino ( ) Feminino( ) Idade:_______________altura:___________________peso:________________ Tempo de trabalho na empresa: ______________________________________ Tempo de trabalho na função atual: ___________________________________ Horário de trabalho: _____________________horas por dia: _______________ Sua atividade na empresa: __________________________________________ Estado civil: casado ( ) solteiro ( ) viúvo ( ) outros ( ) Escolaridade: ( ) 1º grau incompleto ( ) 1º grau completo

( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) 3º grau incompleto ( ) 3º grau completo

Número de filhos: _ ___________________dependentes: _________________

2. QUANTO A SUA SAÚDE

2.1 Hábito de fumar ( ) Fuma ( ) Fuma mais de 10 cigarros por dia ( ) Já fumou ( ) Parou há mais de 1 ano ( ) Nunca fumou

2.2 Hábito de beber ( ) Bebe ( ) Antes de cada refeição ( ) Todos os dias após o expediente ( ) Somente nos finais de semana ( ) Bebe destilados diariamente ( ) Bebe cerveja diariamente ( ) Bebe socialmente ( ) Nunca bebeu

2.2. Atividades físicas ( ) Pratica esportes regularmente ( ) Não pratica nenhum esporte ( ) Joga futebol nos finais de semana ( ) Pratica ciclismo diariamente ( ) Não pratica nenhum tipo de atividade física

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2.3. Doenças ( ) Já sofreu algum tipo de cirurgia ( ) Teve doença infectocontagiosa ( ) Tem problemas de pressão arterial ( ) Tem problemas de coração ( ) Sofre de alergia (renite, outras) ( ) Tem problemas de colesterol ( ) Vai ao médico freqüentemente ( ) Nunca vai ao médico

2.4. Após a jornada de trabalho você se sente fisicamente você: ( ) Cansado ( ) Muito cansado ( ) Dorme bem ( ) Com dificuldades para dormir ( ) Tem disposição para fazer outras coisas

Mentalmente, você está: ( ) Bem ( ) Muito bem ( ) Cansado ( ) Muito cansado ( ) Sem disposição nenhuma ( ) Esgotado

2.5. Sono ( ) Dorme bem, a noite toda ( ) Não consegue dormir bem ( ) Dorme mais de 6 horas por noite ( ) Dorme menos de 6 h. por noite ( ) Quando levanta ainda esta cansado ( ) Levanta descansado ( ) Levanta com dores no corpo ( ) Levanta preocupado com o trabalho

3. PROBLEMAS LOMBARES

Obs.: As dores lombares se localizam nas costas (coluna), mais precisamente na região acima dos quadris.

3.1. Você sente algum tipo de dor ou desconforto na região lombar? ( ) Sim ( )Não 3.2. Você já ficou afastado do trabalho por dores lombares? ( ) Sim ( ) Não 3.3. Em caso afirmativo, o afastamento foi por mais de 30 dias? ( ) Sim ( ) Não 3.4. As dores lombares diminuem sua atividade profissional? ( ) Sim ( )Não 3.5. As dores lombares diminuem suas atividades de lazer? ( ) Sim ( )Não 3.6 Há quanto tempo você sente dores lombares? ( ) menos de 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 2 a 3 anos ( ) mais de 3 anos 3.7. Você já sofreu algum tipo de acidente que afetou a região lombar? ( ) Sim ( )Não 3.8. Você já foi ao médico por problemas de dores lombares? ( ) Nunca ( ) 1 vez ( ) 2 vezes ( ) Mais de três vezes 3.9. As dores lombares já obrigaram você a trocar de setor na empresa? ( ) Sim ( )Não

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3.10. Você sente ou sentiu dores lombares nos últimos: ( ) 7 dias ( ) 15 dias ( ) 30 dias ( ) 60 dias ( ) todos os dias.

4. FATORES ERGONÔMICOS DO TRABALHO

4.1 Ambiente de trabalho 4.1.1. Você considera a iluminação do ambiente de trabalho adequado? ( ) Sim ( )Não 4.1.2. Você considera a temperatura do ambiente adequada? ( ) Sim ( )Não 4.1.3. Você considera o nível de ruído no seu posto de trabalho muito alto? ( ) Sim ( )Não 4.1.4. Você considera a área de circulação adequada? ( ) Sim ( )Não 4.1.5. A cor do ambiente de trabalho é estressante para você? ( ) Sim ( )Não 4.2. Carga de trabalho 4.2.1) As exigências impostas pelo trabalho são muito difíceis para você? ( ) Sim ( )Não 4.2.2. O trabalho que você executa diariamente é muito pesado? ( ) Sim ( )Não 4.2.3. O trabalho que você executa exige muita atenção e raciocínio? ( ) Sim ( )Não 4.2.3. Existe algum tipo de pressão que você recebe que torna seu trabalho mais pesado? (horário, tempo de fusão,supervisão, etc...) ( ) Sim ( )Não 4.2.4. As horas extras são freqüentes na sua atividade? ( ) Sim ( )Não 4.2.4. Você recebeu algum tipo de treinamento que tornou seu trabalho mais leve operacionalmente? ( ) Sim ( )Não

4.3. Manutenção do posto de trabalho 4.3.1. A empresa tem um setor específico para manutenção em geral? ( ) Sim ( )Não 4.3.2. Você auxilia na manutenção do seu posto de trabalho? ( ) Sim ( )Não 4.3.3. A manutenção e a limpeza do posto de trabalho são compartilhadas com todos os seus colegas? ( ) Sim ( )Não 4.3.4. Você recebeu treinamento para fazer reparos no seu posto de trabalho, incluindo máquinas e equipamento? ( ) Sim ( )Não 4.3.5) Você considera a manutenção do posto de trabalho como um dos componentes para se evitarem doenças como a lombalgia, por exemplo? ( ) Sim ( )Não

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5. FATORES PSICOSSOCIAIS

5.1. Qual sua sugestão para que se possa melhorar o ambiente de seu trabalho? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5.2. Como você se sente dentro de seu trabalho? ( ) À vontade ( ) muito bem ( ) retraído ( ) pressionado 5.3. Você se acha respeitado como um bom profissional em sua empresa? ( ) Sim ( )Não 5.4. O que lhe prende a maior atenção no seu trabalho? ( ) As pessoas ( ) as máquinas ( ) o risco de acidentes 5.5. Como você vê seu chefe imediato ( ) Cordial ( ) Exigente ( ) Muito exigente ( ) Indiferente

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO 2

Prezado Funcionário

Este questionário tem a finalidade de buscar conhecimentos quanto às suas atividades profissionais; de melhorar suas condições de trabalho e da produção, complementando dados anteriores já analisados. Solicito, se possível, que você o responda, usando a maior sinceridade possível, já que se trata de uma pesquisa científica, para estudar os problemas de lombalgias que afetam grande número de pessoas em sua empresa.

Data: ______________________________________________ Setor onde trabalha: __________________________________ 01) Durante o seu expediente normal de trabalho você sente: ( ) fortes dores na coluna; ( ) algum tipo de dor na coluna, porém suportável; ( ) uma pequena sensação dolorosa na coluna; ( ) nenhuma dor na coluna.

02) Após o término do expediente você sente: ( ) fortes dores na coluna; ( ) algum tipo de dor na coluna, porém suportável; ( ) uma pequena sensação dolorosa na coluna; ( ) nenhuma dor na coluna.

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APÊNDICE C - AFASTAMENTOS TOTAIS E POR LOMBALAGIAS

Ano e mês

Afastamentos totais (dias)

Afastamentos por

lombalgias (dias)

Ano e mês

Afastamentos totais (dias)

Afastamentos por

lombalgias (dias)

2001 2003 Jan. 18 13 Jan. 06 05 Fev. 11 10 Fev. 04 03 Mar. 19 15 Mar. 17 14 Abr. 10 05 Abr. 18 18 Mai. 12 12 Mai. 05 04 Jun. 04 04 Jun. 08 03 Jul. 18 10 Jul. 13 05 Ago. 05 03 Ago. 10 10 Set. 06 06 Set. 02 02 Out. 19 15 Out. 08 07 Nov. 08 05 Nov. 11 08 Dez. 09 08 Dez. 13 05

2002 2004 Jan. 03 03 Jan. 02 02 Fev. 09 05 Fev. 02 01 Mar. 14 11 Mar. 03 03 Abr. 09 04 Abr. 07 02 Mai. 08 08 Mai. 07 05 Jun. 10 10 Jun. 05 05 Jul. 05 04 Jul. 07 03 Ago. 03 03 Ago. 07 02 Set. 10 05 Set. 01 01 Out. 10 08 Out. 05 02 Nov. 10 09 Nov. 05 02 Dez. 10 10 Dez. 09 04