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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

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CURITIBA

2009

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

SIMONE COLASSO DE MENDONÇA SEBASTIÃO

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“A ATUAL RELAÇÃO PAIS E FILHOS:

UM CAMINHO PARA O SEU FORTALECIMENTO

CURITIBA

2009

RESUMO

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O presente trabalho tem como premissa esclarecer ações dirigidas em prol da compreensão do papel da família para o fortalecimento de suas relações interiores e também para o desenvolvimento saudável dos seus membros. De modo a alcançar este propósito tem como norte a melhoria nas relações entre pais e filhos. Dentro deste contexto o trabalho foi construído sobre três pilares: a justificativa da necessidade de corroborar com as bases de apoio familiares por meio da interligação dos principais meios de formação do indivíduo: “família, escola e sociedade”, de modo a destacar paralelamente o impacto sofrido através das transformações sociais nestas esferas; a delimitação do papel social da instituição “família’, com o intuito de especificar o quão é indispensável o comprometimento dos pais no que se refere a comunicação e interação com os filhos, além disso tece sobre a fragilidade da educação familiar nos tempos atuais em face às constantes nuances sociais e por fim demonstra com base em um estágio institucional atuações diretas realizadas com famílias de uma comunidade localizada no Bairro Santa Cândida, na cidade de Curitiba-PR.

Palavras-Chave: Família; Relação pais e filhos; Sociedade.

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INTRODUÇÃO

O tema foi definido através de sua relevância no contexto atual de sociedade e de educação, visto que é fundamental a

ação ativa e a interferência da família no ciclo de vida dos seus membros, seja na escola ou na vida social.

Neste sentido este estudo busca contribuir com a melhoria do relacionamento familiar e da educação em modo geral.

Tendo como ponto de partida as experiências da pós-graduanda do curso de Psicopedagogia, em estágio institucional, com as famílias

do Centro Municipal de Educação Infantil Vila Califórnia, localizado no Bairro Santo Cândida. O CMEI é mantido pela Prefeitura

Municipal de Curitiba – PR e coordenado pela Secretaria Municipal de Educação – Departamento de Educação Infantil. O estágio pelo

qual este trabalho se baseia foi resultado de ações realizadas em conjunto com a referida instituição formadora, sendo a prática e a

rotina das famílias desta comunidade o foco norteador.

Contribui para a minimização do fracasso escolar, das dificuldades de aprendizagem e para o desenvolvimento cognitivo

e psicossocial das crianças inseridas nas famílias trabalhadas. Uma vez que atua no enfrentamento das situações de relacionamento

familiar, de modo a traçar práticas parentais inovadoras no que se refere à atual relação pais e filhos. Não somente tendo resultados

na efetiva produção da aprendizagem das crianças, como também levando as famílias orientadas à conscientização do seu papel de

educadores na formação dos cidadãos da nossa sociedade.

Favorece socialmente à medida que os membros destas famílias repercutam o fortalecimento de suas relações pessoais

e familiares em sua vida social. Ainda busca contribuir para uma sociedade mais 'saudável', uma vez que a família é o principal núcleo

na qual se estabelecem os vínculos afetivos.

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1.0 A ATUAL FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

1.1 SOCIEDADE:

Atualmente as complexas transformações sociais, políticas, econômicas e culturais decorrentes também do impacto

tecnológico provocaram diversas mudanças na dinâmica social e em específico na vida familiar e abalaram a estrutura desta instituição

tão imprescindível para a organização social.

Para Laing a sociedade atual perdeu a sua organização, pois segundo o autor a sociedade é um grupo que tem

fundamento e início no sistema de relações nos quais se constituem as famílias. Deste ponto de vista, não tem como conceber

organização social sem estrutura familiar.

A sociedade enquanto instituição também se desorganiza e nenhuma das esferas assume ou toma para si as

consequências das mudanças ocorridas.

1.2 ESCOLA:

Todas as consequências levantadas geram outros estigmas, mas o último em especial é o que considero mais grave do

ponto de vista social, pois crianças cada vez mais novas estão saindo do seio da família e sendo iniciadas nas escolas com uma

quantidade de carga horária muito extensa. É quando as ‘tias’ tornam-se quase mães, sem ser esta a sua função e/ou formação.

Seguindo esta perspectiva Gomide (2004) comenta que:

A família ainda é o lugar privilegiado para a promoção da educação infantil. Embora a escola, os clubes, os companheiros e a televisão exerçam grande influência na formação da criança, os valores morais e os padrões de conduta são adquiridos

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essencialmente através do convívio familiar. Quando a família deixa de transmitir estes valores adequadamente, os demais veículos formativos ocupam seu papel. Nestes casos, a função educativa que deveria ser apenas secundária, muitas vezes passa a ser a principal na formação dos valores da criança.

Toda esta transformação na família também gera uma mudança no papel da escola. Porém, ignora-se o fato dos

profissionais não serem ao menos preparados para assumirem esta responsabilidade. O fato é que quando a escola se compromete

ou obriga-se a cumprir este papel ela perde a sua essência, ou seja, não dá conta de efetivar o papel de família e também o papel de

escola. É onde ocorre a interferência na aprendizagem;

1.3 FAMÍLIA:

O atual contexto social que configura-se na desestruturação familiar em combinação com a perda da família nuclear

(patriarcal) torna este um fenômeno cíclico, uma vez que é nesta dinâmica que surgem novas gerações de famílias.

Em função da perda da família nuclear estas novas gerações de famílias não possuem critérios de divisão dos seus

papéis familiares internos, que são representados pelas funções que cada membro exerce na vida familiar. Ou seja, em virtude de

todas as mudanças pelas quais esta instituição tem passado no decorrer do tempo, hoje, estes papéis são definidos não mais por

escolha dos seus membros, mas sim por obrigação, por exemplo, uma mãe separada que tem a guarda de seu filho deve exercer o

papel de mãe e também de provedora deste lar e desta criança, porém, ambos não deixam de constituir uma família.

As consequências destes fatores são diversas e facilmente percebidas pelos profissionais da educação, as levantadas

nesta pesquisa são:

- Atualmente uma das maiores causas das dificuldades de aprendizagem é a desestrutura familiar, por ter grande impacto no

aprendizado escolar de crianças e adolescentes;

- A posição dos pais perante a educação dos filhos, no que se refere a despreparo para educá-los, uma vez que pertencem a uma

geração que não possuiu modelos de educação em decorrência de não possuírem também divisão dos papéis familiares, o que gera

desordem e confusão na rotina familiar;

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- Pais muito jovens que acabam delegando esta responsabilidade a outros, muitas vezes sem saber a quais estigmas que estão

expondo a criança e sua educação;

- Quando os pais seja por necessidade, falta de orientação ou por não darem a devida importância para a educação de seus filhos

repassam esta responsabilidade para a escola e seus profissionais. Confiando a esta instituição muito mais que a aprendizagem

formal, mas também a inserção de regras, limites e valores em seus filhos.

A criança enquanto ser em formação é o resultado de todas as transformações sociais, familiares e escolares. É o sujeito

que acaba sofrendo todos os efeitos das mudanças ocorridas. Porém, se apresenta alguma reação, como, por exemplo, dificuldade de

aprendizagem é vista como o problema e não como uma vítima do contexto em que está inserida.

A repercussão do conjunto destes fatores representa nossa confusa sociedade moderna: sem papéis e responsabilidades

pré-estabelecidas, que tenta organizar-se em meio ao caos. Perante este cenário o desenvolvimento de um trabalho com base na

educação e/ou reeducação familiar é facilmente justificável. Uma vez que estas crianças ditas problemáticas e as quais a educação foi

outorgada a todos e ao mesmo tempo a ninguém, necessitam de uma base familiar fortalecida que compreenda a carência de cada

fase do seu desenvolvimento e que possa auxiliá-la para o enfrentamento social.

2.0 EM ESPECÍFICO: A FAMÍLIA

A família representa um grupo social que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É um grupo de

pessoas unidas por descendência a partir de um ponto em comum, seja laços sanguíneos, matrimoniais, afetivos (por exemplo no caso

de adoção), etc...

Cada família tem sua singularidade, sua história e um vínculo que a mantém unida durante gerações. Pode-se então,

definir família como um conjunto de exigências funcionais que organiza a interação dos membros da mesma.

Assim, a família se organiza internamente, constituindo subsistemas, podendo cada membro assumir um papel de

obrigações a serem realizadas em prol do bem comum, de acordo com suas características (sexo, geração, interesses). Gerando

níveis de poder, nos quais os comportamentos de um membro afetam e influenciam os outros membros.

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Ou seja, as famílias assumem uma estrutura que compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições , posições e

com uma interação socialmente aprovada. Podendo assumir a estrutura nuclear (pai, mãe e filhos) ou então assumir outras e atuais

estruturas, como por exemplo, a família ampliada, que adiciona-se ao modelo nuclear demais membros e/ou parentes. Existem

támbém as famílias denominadas alternativas, que são comunitárias e homossexuais. Enfim,

atualmente as famílias assumiram novos formatos e com isso foram criados novos papéis de organização familiar.

Assim como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias. As famílias como agregações sociais, ao

longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos seus membros, como resposta às necessidades da

sociedade pertencente. Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de nível interno, como a

proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão. A família deve

então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade,

proporcionando sempre um esquema de referência para os seus membros. Existe conseqüentemente, uma dupla responsabilidade,

isto é, a de dar resposta às necessidades quer dos seus membros, quer da sociedade.

É no seio da família que é constituído o núcleo central de formação do indivíduo. Neste ambiente as pessoas adquirem

valores, afeto, regras, princípios, desenvolvem seu caráter, a auto-estima entre outras capacidades. Na família adquirem

conhecimentos sobre sua história de vida, experiência na resolução de problemas cotidianos internos e reproduzem hábitos formais e

informais. É esta instituição que vai desenvolver no indivíduo as capacidades primordiais que serão passadas de geração em geração.

Ou seja, o ato de educar é bem mais amplo do que a escola, ele na verdade é realizado dentro de cada família, que tem a incumbência

de formar seus cidadãos para a vida em sociedade. Esta é uma tarefa complexa para a qual as famílias e os pais precisam estar

preparados, pois é necessário compreender cada etapa do desenvolvimento da criança e ser flexível as mudanças de conduta e as

necessidades que o crescimento e o desenvolvimento impõem.

3.0 EXPERIÊNCIA PRÁTICA COM AS FAMÍLIAS: ESTÁGIO IN STITUCIONAL

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3.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO:

O CMEI Vila Califórnia situa-se na Rua Lauro Dromlewicz, 176, Bairro Santa Cândida, foi fundado em 12/11/1987, por

intermédio de uma iniciativa popular, cujos moradores manifestavam o interesse da construção da creche para atender necessidades

específicas da comunidade local.

A atual capacidade é para o atendimento de 130 crianças. Possui 05 turmas, sendo:

• Berçário com 18 crianças matriculadas e 03 educadores, sendo a faixa etária das crianças: de 03 meses até 1,6 meses;

• Maternal I com 22 crianças e 03 educadores, sendo a faixa etária das crianças: de 1,6 meses até 2,6 meses;

• Maternal II com 26 crianças e 02 educadoras, sendo a faixa etária das crianças: de 2,6 meses até 3,6 meses;

• Maternal III com 02 educadoras e 01 professora (manhã), sendo a faixa etária das crianças: de 3, 6 até 4,6 meses;

• Pré com 01 educadora e 02 professoras (manhã e tarde), sendo a faixa etária das crianças: de 4,6 meses até completar 05

anos.

Ainda, contam com educadoras de apoio para cobrir as permanências das turmas do CMEI, estas perfazem um total de

04 educadoras.

Segundo levantamento realizado em documentação pedagógica o CMEI Vila Califórnia busca efetivar uma gestão

compartilhada, através dos diferentes segmentos (família, crianças, profissionais da educação). Para viabilizar estes acessos fazem

parte da rotina do CMEI dois órgãos que contribuem para este formato de gestão: a Associação de Pais, Professores e Funcionários

(APPF) e o Conselho do CMEI.

O CMEI tem como compromisso responsabilizar seus segmentos para que participem ativamente da comunidade

institucional na definição de diretrizes para o planejamento, a aprovação de planos e a fiscalização da aplicação de recursos públicos.

Além de oportunizar o aprendizado da participação democrática, cuja ação permite escolher infinitos caminhos para a resolução dos

problemas e a busca de alternativas significativas dos mesmos.

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Dessa forma, o trabalho de gestão incita a participação dos pais em diferentes situações do cotidiano do CMEI. Porém,

percebe-se que muitas famílias ainda não participam ativamente das ações de cunho educativo e pedagógico que são desenvolvidas

em função da criança. Porém, se faz necessário fortalecer a participação no processo coletivo.

3.2 QUEIXA DA INSTITUIÇÃO:

A fim de delinear o trabalho e fornecer o suporte necessário foram realizados vários encontros com a Direção e com a

Equipe Pedagógica Administrativa do CMEI. Nestes momentos o grupo buscou refletir qual tema teria maior relevância para ser

trabalhado com as famílias da instituição e comunidade local. Tendo também a preocupação em definir a melhor estratégia de

abordagem a ser utilizada para o estudo garantir a efetiva contribuição, conforme o proposto.

Diante deste contexto a equipe responsável do CMEI chegou à conclusão que o trabalho com as famílias deveria atender

as seguintes necessidades da instituição (conforme plano de ações institucional em anexo):

a) Fortalecer as bases de apoio familiares das crianças atendidas no CMEI (público);

b) Aproximar a instituição educativa e a comunidade;

3.3 DESCRIÇÃO DA PRÁTICA INICIAL:

O estágio institucional teve início na data de 22 de junho do corrente ano e ocorreu a partir desta data até o recesso

escolar do mês de julho. Foram realizados contatos com a Direção e equipe Pedagógica em prol do desenvolvimento de um trabalho

com as famílias, em específico com os pais a fim de atender as demandas colocadas pela instituição (queixas).

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Desse modo os interessados desta ação pautaram-se nos seguintes questionamentos:

− De que forma revelar aos pais que o relacionamento (intra) - familiar interfere de modo a dificultar o desenvolvimento psicossocial e

provocar dificuldades de aprendizagem em seus filhos?

− Qual metodologia é a mais apropriada para intervir na reintegração familiar no que se refere à educação?

Em discussão com a equipe técnica pedagógica estabeleceu-se que seria criado um programa local de orientação a pais

e famílias em geral sobre educação familiar, visto todas as justificativas já mencionadas no corpo desta pesquisa. Que teve como

primeira sugestão e denominação: Programa de Orientação e de troca de experiências das famílias do CMEI, cujo foco, como o próprio

nome menciona seria a orientação e troca de experiências sobre as características da educação familiar mantida na comunidade local.

Possuindo como diferencial a profissional/estagiária cuja função era trazer informações técnicas sobre o ato educativo e mediar às

diversas situações advindas do grupo. Sendo toda esta dinâmica realizada no interior do CMEI, ressaltando aos participantes a

importância da participação na educação de seus filhos em conjunto com a instituição de ensino. Dessa forma o projeto atenderia as

duas queixas colocadas pela instituição.

Novamente em discussão com a equipe percebeu-se que este nome não seria muito atraente para a adesão dos pais ao

Programa e foi alterado então para o projeto: “PAIS E FILHOS: COMPANHEIROS DE VIAGEM”, (nome baseado no livro de Roberto

Shinyashiki, ressalta-se que as atividades realizadas não têm base somente neste referencial). Porém, os objetivos, a metodologia e o

foco do trabalho não foram alterados, apenas a denominação.

Para a execução do trabalho ser validada formalmente foi também foi estabelecido contato com a Secretaria Municipal de

Educação – Departamento de Educação Infantil do município para obtenção de uma autorização, conforme consta em anexo.

Após o recesso escolar de mês de julho do ano de 2009, que foi prolongado em virtude da gripe contagiosa H1 N1 e

alerta da Secretaria de Saúde, iniciou-se novamente o trabalho. Foi então elaborado um plano de ação para o cumprimento do projeto

(em anexo) que foi entregue as instâncias interessadas.

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Iniciaram-se os contatos com a comunidade educativa a fim de divulgar os eventos e foi de fundamental importância a

parceria ocorrida entre as partes integrantes desta prática, de um lado a instituição educativa, de outro a Universidade, representada

ora pela estagiária em questão. Ambas as partes unidas, cada qual com seus instrumentos procurando a melhor maneira para

colaborar com a organização social e aprendizagem, tecendo ações planejadas e complementares. Segue explicações de como este

trabalho se deu na prática.

3.4 METODOLOGIA:

A estratégia usada para a concretização do trabalho com as famílias foi realizada por meio de encontros, com cerca de

uma hora de duração, tendo como foco principal a orientação familiar, uma vez que a comunidade local é carente não apenas

financeiramente, mas também de informações técnicas a respeito do desenvolvimento de suas crianças.

Inicialmente os intrumentos de coleta de dados planejados para a pesquisa além das observações, era de entrevistas e

questionários por meio de formulários escritos, mas por orientação do CMEI não aconteceram desta forma. A equipe da instituição

colocou que o público que atende não tem como costume participar de pesquisas realizadas deste modo, correndo o risco de não

realizarem a devolução dos formulários e comprometer o andamento do trabalho. Então restou a alternativa de fazer entrevistas e

sondagens pessoais com os pais, nos horários de saída das crianças possibilitando maior participação. Este instrumento foi usado com

o objetivo de obter maior adesão dos pais e levantou os seguintes aspectos:

• Nome e sala da criança;

• Nome do responsável pela criança (interessado em participar das palestras);

• Disponibilidade de horários e datas para a participação;

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• Temas de maior interesse;

Vale ressaltar que o projeto desenvolvido foi divulgado para a comunidade por meio de abordagem pessoal e visual,

através de cartazes explicativos que foram fixados na instituição. Além disso foi realizada uma sensibilização com as educadoras com

o intuito de também divulgarem o propósito deste projeto às famílias, visto o maior contato que as mesmas tem com os pais das

crianças. Os temas pré-definidos pela estagiária em conjunto com a equipe do CMEI também foram divulgados através de cartazes,

sendo que considerou-se fundamental abrir um espaço para sugestões de temas e demais estratégias de trabalho.

Os temas das palestras foram pré-definidos de acordo com a necessidade das famílias da comunidade (dados fornecidos

pelo CMEI) e também de acordo com a faixa etária das crianças, de modo a buscar consonância com a intenção deste trabalho

institucional, no sentido de propiciar as famílias a compreensão das etapas de desenvolvimento de seus filhos. Ainda buscou combinar

as etapas de desenvolvimento com a classificação de faixa etária realizada no próprio CMEI, através das divisões de salas, nas quais

são matriculadas as crianças. Foram divulgados os seguintes temas:

• Tema 1: “Como a criança aprende”;

• Tema 2: “Regras e Limites”;

• Tema 3: “Afetividade e Diálogo na Família”;

• Tema 4: “A Família compartilhando momentos”;

• Tema 5: “Agressividade e Violência Doméstica”;

• Tema 6: “O Desenvolvimento da criança de 4 meses a 1 ano e meio”;

• Tema 7: “O Desenvolvimento da criança de 1 ano e meio a 2 anos e meio”;

• Tema 8: “O Desenvolvimento da criança de 2 anos e meio a 3 anos e meio”;

• Tema 9: “O Desenvolvimento da criança de 4 anos”;

• Tema 10: “O Desenvolvimento da criança de 5 anos e os preparativos para a inserção escolar”;

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O gráfico abaixo demonstra estatisticamente a adesão dos pais em relação aos temas pré-definidos para a realização das

palestras:

Elaborou-se um ciclo de palestras e foram convidados os pais, as famílias e todos aqueles que tinham contato com as

crianças do CMEI, inclusive as educadoras que participaram em seus momentos de folga. Foram realizados encontros de orientação,

trocas de experiências, estudos e reflexões, baseados em diversos autores que tratam a respeito do tema “família e educação familiar”,

de modo a atender as necessidades trazidas pelos participantes.

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Dentre os temas divulgados na pesquisa de coleta de dados houve maior interesse pelas orientações acerca de “Regras

e Limites” (Tema 2 - 55%); “Agressividade e Violência Doméstica” (Tema 5 – 5%); “O Desenvolvimento da criança de 4 meses a 1 ano

e meio” (Tema 6 – 5%); “O Desenvolvimento da criança de 2 anos e meio a 3 anos e meio” (Tema 8 – 5%); “O Desenvolvimento da

criança de 5 anos e os preparativos para a inserção escolar” (Tema 10 – 30%).

Sendo que para os demais temas não houve interesse por parte dos pais e também o espaço que foi aberto para

sugestões em relação ao projeto não foi utilizado pela comunidade local.

A equipe da instituição percebeu na comunidade local a necessidade da realização das palestras sobre “Afetividade” e

“A Família compartilhando momentos”, embora os pais não tenham votado nestas como ponto de interesse.

Além dos trabalhos em grupo muitas famílias buscaram orientação individual, cada qual com sua história de vida, mas a

maioria das queixas tinham situações em comum, típicas da comunidade. Como por exemplo, a queixa de famílias com muitos

membros morando juntos ou no mesmo terreno, o que significa um fator gerador de conflitos. Os pais buscavam orientação sobre a

exposição das crianças a esta agressividade e possíveis consequências futuras, algumas destas situações também foram discutidas

em grupo.

Um dos aspectos interessantes deste projeto se dá por ele atender ao plano de ação (de atividades educacionais) do

próprio CMEI. Isso significa que pode ser continuado e/ou retomado com as famílias a qualquer momento pela equipe técnica-

pedagógica da instituição e pelas próprias educadoras que pelo fato de também terem participado deste primeiro ciclo de orientações

podem agir como multiplicadoras.

Os objetivos que foram almejados a alcançar no decorrer desta atuação foram:

GERAL: Oferecer um programa psicoeducacional, de apoio às famílias, com o intuito de promover a reorganização da rotina familiar e

a reintegração dos membros da família, com vista ao desenvolvimento cognitivo e psicossocial das criança(s) nela(s) inserida(s).

ESPECÍFICOS:

a) Fortalecer as relações pessoais, familiares e sociais na comunidade local;

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b) Contribuir para o sucesso escolar e /ou cognitivo das crianças através de ações diretas na família;

c) Desenvolver ações centradas na família, por ser esta a principal instituição na qual se estabelecem os vínculos afetivos, de modo a

informar e apoiar os pais para desempenharem seus respectivos papéis com competência;

d) Conscientizar a família de que a criança tem seu papel no seio familiar e que precisa ter espaço para usufruir desta condição com

autonomia.

e) Fortalecer as bases de apoio familiares das crianças atendidas no CMEI;

f) Contribuir para estreitar os laços entre instituição educativa e comunidade.

g) Contribuir para a efetivação da melhoria do convívio diário das famílias da comunidade.

3.5 AVALIAÇÃO DE RESULTADOS:

Mesmo perante os bons resultados da aplicação da coleta de dados, houveram muitas mudanças do projeto original para

o que realmente se efetivou na prática. A primeira delas foi pelo fato de um número minoritário de pais aderirem ao projeto e

perceberem sua relevância, visto que a instituição atende atualmente cento e trinta famílias a adesão foi em torno de 10%.

Isso resultou na diminuição do número de palestras e encontros planejados. Estavam previstas a realização de sete

palestras, de acordo com os temas de interesses levantados na coleta de dados, porém, por falta de participantes foram realizadas

apenas três, foram elas: “Regras e Limites”; “Afetividade” e “A família compartilhando momentos”, sendo que as duas últimas foram

sugeridas pela equipe do CMEI.

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Embora tenha faltado público para a concretização de todas as palestras previstas e divulgadas, muitos pais solicitaram

orientação individual. E ainda assim a experiência mostrou-se válida, pois nos encontros que foram realizados os poucos participantes

mostraram-se interessados e engajados na proposta.

No total a carga horária destinada a estudos e concretização deste projeto foi de 60h, sendo 15h de supervisão e 45h de

trabalho prático para o CMEI. Sendo que 44h foram destinadas a visitas à instituição, as horas restantes foram destinadas ao trâmite

da documentação na Secretaria Municipal de Educação – Departamento de Educação Infantil para a oficialização e efetivação do

estágio.

Percebeu-se através de comentários que os pais passaram a dar maior importância para as atividades que ocorrem no

CMEI, uma vez que desconheciam que toda ação da instituição possui objetivos educacionais.

Sendo assim, o programa atendeu parcialmente as queixas da instituição e ao objetivo geral, embora estivesse no

caminho correto o fator ‘carga horária’ não possibilitou que a proposta fosse concluída com total sucesso.

Ressalto ainda a importância fundamental que tiveram os integrantes da equipe pedagógica - administrativa do CMEI nas

decisões pertinentes ao projeto e também na divulgação. O que motivou parte das educadoras em conhecer e participar do projeto,

fator que contribuiu muito nas trocas de experiências e na interação dos pais com as profissionais da educação.

O estudo do tema família a história aponta claramente que a própria sociedade tirou a responsabilidade da família na

educação de suas crianças, ou seja, os pais ‘modernos’ foram destituídos da formação dos filhos. Conclui-se que se faz necessário

restituir esta incumbência da família e para isso se efetivar boas intenções não bastam. É preciso um engajamento maior entre as

instituições responsáveis pela formação do indivíduo, porém, cada qual exercendo de forma consciente os seus respectivos papéis de

educadores.

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4. REFERÊNCIAS

CARTER, Betty. As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Porto Alegre. Artmed. 2ª ed., 1.995.

ZAGURY, Tania. O Adolescente por ele mesmo. Rio de Janeiro. Record. 15ºª ed., 2.006.

SHINYASHIKI, Roberto. Pais e Filhos: Companheiros de Viagem. São Paulo. Ed. Gente. 1ª ed., 1.992.

GOMIDE, Paula Inez Cunha. Pais Presentes-Pais Ausentes: Regras e Limites. Petrópolis, RJ. Vozes. 2.004.

NINICUCCI, Agostinho. Dinâmica de grupo: teorias e sistemas. São Paulo. Atlas, 4ª ed. – 1997 – Obs.: cita Laing pg. 4.

ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro. LTC, 2ª Ed. – 1981.

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RECORTE: PLANO DE AÇÃO DO CMEI VILA CALIFÓRNIA PARA O ANO DE 20091

1 Este documento se caracteriza pelo plano das atividades educacionais a serem desenvolvidas na instituição no corrente ano. Os

itens 'recortados' referem-se apenas às atividades que envolvem as famílias e a comunidade local. Esta aqui inserido pelo fato da

pesquisa colaborar com estas ações a serem realizadas pela instituição.

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Gestão Pedagógica: Formar com as famílias a consciência de participação na organização do trabalho pedagógico de forma coletiva.

Direção EPA Conselho do CMEI (segmentos)

a) Verificar por intermédio de pesquisa o desejo das famílias em relação aos desejos de aprendizagens significativas voltadas ao desenvolvimento da criança; b) Convidar as famílias para participar de oficinas lúdicas e de aprendizagens no local;

Nas dependências do CMEI. No local em que serão estabelecidas propostas de trabalho com a Equipe Pedagógica.

- A família precisa ser co-responsável no processo de educação de seus filhos, bem como entender e acompanhar o processo de formação e desenvolvimento da criança em todos os momentos. Percebemos que ações devem estar voltadas para fortalecer e agregar o maior número possível de pais junto ao

Segundo semestre;

Meta: Aumentar a participação das famílias na exper iência de vivência coletiva e do trabalho desenvolv ido no CMEI. Assim poderão contribuir de forma significativa na vida de seu fi lhos, além de conhecer as experiências de trabalho realizados no cotidiano da Educação Infantil.

Medida Quem Como Onde Por que Quando

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Gestão de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil: Encaminhar e acompanhar casos específicos de saúde da criança que exijam um olhar criterioso (cuidadoso) em relação ao desenvolvimento saudável da criança.

Direção EPA Profissionais da Educação

Zelar pela saúde da criança, através de: orientações às famílias; encaminhamentos para programas específicos (de acordo com a necessidade de cada caso em particular).

Espaço físico do CMEI

- Constata-se que muitas famílias não acompanham a saúde de seus filhos de forma integral. Com isso, o desenvolvimento da criança fica prejudicado em função da falta de cuidados específicos em relação a sua saúde física, mental e intelectual.

Sempre que se fizer necessário

3 Gestão de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil: Direcionar ações de cuidado corporais e estéticos inerentes à aparência e auto-imagem positiva da criança

Direção, EPA, professores, Educadores, famílias e demais profissionais

a) Acompanhar as permanências e orientar os profissionais sobre a importância dos cuidados com os aspectos físicos da criança, bem como sua aparência e auto-imagem. b) Orientar as famílias no sentido de contribuir com ações que enfatizem os cuidados com os aspectos físicos da criança, bem como sua aparência e auto-imagem b) Organizar grupos de estudos sobre os Parâmetros de Qualidade Nacionais da Educação InfantiI.

Sala da pedagoga Turmas do CMEI

- Se faz necessário fortalecer ações de cunho educativo que visem o desenvolvimento integral da criança em todos os aspectos de cuidados corporais e estéticos relacionados à aparência, higiene, cuidados com os pertences e objetos pessoais. Nesse sentido, será enfatizado o estudo sobre os PQNEI que abordam a apropriação cognitiva da criança em relação ao conhecimento e seus direitos, tendo em vista que dependem do adulto para sua sobrevivência. Assim sendo, precisam ser garantidas as ações indissociáveis de cuidado e educação.

Mensalmente

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Gestão Pedagógica: Formar com as famílias a consciência de participação na organização do trabalho pedagógico de forma coletiva.

Direção EPA Conselho do CMEI (segmentos)

a) Verificar por intermédio de pesquisa o desejo das famílias em relação aos desejos de aprendizagens significativas voltadas ao desenvolvimento da criança; b) Convidar as famílias para participar de oficinas lúdicas e de aprendizagens no local; c) Fazer o registro em vídeo do evento e mostrar para outras famílias, com isso serão instigadas a participar.

Nas dependências do CMEI. No local em que serão estabelecidas propostas de trabalho com a Equipe Pedagógica.

- A família precisa ser co-responsável no processo de educação de seus filhos, bem como entender e acompanhar o processo de formação e desenvolvimento da criança em todos os momentos. Percebemos que ações devem estar voltadas para fortalecer e agregar o maior número possível de pais junto ao processo de acompanhamento da criança.

Segundo semestre;

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Gestão de Pessoas: Promover a valorização do pensamento infantil através da escuta.

Direção EPA Conselho do CMEI

a) Convidar as famílias para realizar um momento de Interação por meio da Roda de Conversa, utilizada com as crianças; b) Mostrar que no CMEI a criança é valorizada na sua forma de pensar, de ser e de agir; c) Promover a escuta ativa nos lares e realizar o acompanhamento dessa estratégia por meio de registros elaborados pelas famílias

Espaço físico do CMEI; Espaço de convivência da criança.

- Muitas famílias desconhecem as estratégias de trabalho utilizadas com as crianças. No sentido de promoção da escuta ativa. Percebemos que ainda existe uma cultura de “calar” os anseios da criança. Por sua vez encontramos famílias com dificuldades para dar limites aos seus filhos. Diante disso, pretendemos contribuir com as famílias e mostrar a condução do trabalho no CMEI que envolve o ato de escutar a criança e de oferecer alternativas para que tenha escolhas e autonomia em sua vida.

- Mensalmente - Trimestralmente

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ESTÁGIO INSTITUCIONAL de PSICOPEDAGOGIA

PLANO DE AÇÃO 2

EXECUÇÃO DO PROJETO “PAIS E FILHOS: COMPANHEIROS DE VIAGEM”

NO CMEI VILA CALIFÓRNIA

DIAGNÓSTICO A partir do diagnóstico realizado e do motivo da intervenção trazido pela equipe técnica-pedagógica percebeu-se a necessidade de fortalecer as bases de apoio familiares das crianças atendidas no CMEI e desse modo contribuir também para estreitar os laços entre instituição educativa e comunidade. Para tanto, torna-se necessário um plano de ação que envolva os pais e a comunidade local no que tange a questão de relacionamento humano e/ou familiar, dando assim, significado às estratégias que serão tomadas no desenvolvimento deste projeto, possibilitando a sua continuidade pela própria equipe da instituição. OBJETIVOS Geral: Oferecer um programa psicoeducacional, de apoio às famílias, com o intuito de promover a reorganização da rotina

2 Este documento se caracteriza pelo planejamento das ações da estagiária em

questão no que se refere ao desenvolvimento do Projeto Pais e Filhos: Companheiros de

Viagem. Tratou-se de uma exigência da instituição e também da Secretaria Municipal de

Educação (foi entregue para ambas na ocasião do estágio).

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familiar e reintegração dos membros da família, com vista ao desenvolvimento cognitivo e psicosocial das criança(s) nela(s) inserida(s). Específicos:

a) Fortalecer as relações pessoais, familiares e sociais na comunidade local; b) Contribuir para o sucesso escolar e /ou cognitivo das crianças através de ações diretas na família; c) Levantar as principais dificuldades que os pais sentem ao educar seus filhos; d) Desenvolver ações centradas na família, por ser esta a principal instituição na qual se estabelecem os vínculos afetivos, de modo a informar e apoiar os pais para desempenharem seus respectivos papéis com competência; e) Conscientizar a família de que a criança tem seu papel no seio familiar e que precisa ter espaço para usufruir desta condição com autonomia. f) Fortalecer as bases de apoio familiares das crianças atendidas no CMEI; g) Contribuir para estreitar os laços entre instituição educativa e comunidade. h) Contribuir para a efetivação da melhoria do convívio diário das famílias da comunidade.

ESTRATÉGIAS Serão realizados encontros de orientação, troca de

experiências, estudos e reflexões, baseados em autores que tratam a respeito do tema, de modo a atender as necessidades trazidas pelos participantes;

AVALIAÇÃO

A avaliação irá constituir-se de observações contínuas das

práticas desenvolvidas pelos pais em prol de seus filhos.

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Os encontros e as reflexões vão subsidiar as ações das famílias, na busca pela qualidade no convívio diário. Estas ações serão discutidas em grupo com a finalidade de originar intervenções qualitativas nas questões apresentadas, ou seja, a avaliação também acontecerá através de depoimentos dos participantes. CRONOGRAMA

O plano de ação se efetivará no 2º semestre de 2009, entre os meses de setembro e outubro com a execução do projeto e o trabalho realizado com os pais. Porém, a estagiária em questão já possui prévio conhecimento da rotina da instituição por meio das observações realizadas em estágio anterior.

Ressalta-se que este projeto atende ao plano de ação do CMEI e pode ser continuado e/ou retomado com as famílias a qualquer momento pela equipe técnica-pedagógica da instituição, conforme se pode observar no documento em anexo (em específico os itens 2, 3, 20 e 25).

Simone Colasso de Mendonça Sebastião