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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexandre Marcon ESTUDO COMPARATIVO DOS CURRÍCULOS ACADÊMICOS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PILOTOS PROFISSIONAIS DE AERONAVES CIVIS CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Alexandre Marcon

ESTUDO COMPARATIVO DOS CURRÍCULOS ACADÊMICOS DOS

CURSOS DE FORMAÇÃO DE PILOTOS PROFISSIONAIS DE

AERONAVES CIVIS

CURITIBA

2010

Alexandre Marcon

ESTUDO COMPARATIVO DOS CURRÍCULOS ACADÊMICOS DOS

CURSOS DE FORMAÇÃO DE PILOTOS PROFISSIONAIS DE

AERONAVES CIVIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Pilotagem Profissional de Aeronaves da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo.

Orientador: Marco Antonio Couto do Nascimento

CURITIBA

2010

RESUMO

A comparação entre os currículos acadêmicos de formação de pilotos civis foi efetuada com o objetivo de verificar se existe diferença substantiva entre a formação em nível de segundo grau, realizada em aeroclubes e escolas de aviação, e a formação em nível de terceiro grau, conduzida em faculdades e universidades brasileiras. As conclusões apontam no sentido de que sim, há diferença, tanto em abrangência dos assuntos estudados, quanto na profundidade das disciplinas que compõem o currículo mínimo preconizado pela Agência de Aviação Civil – ANAC.

Palavras-Chave: piloto profissional, formação de piloto, grade curricular, entidades de ensino.

ABSTRACT

Academic programs for qualification of civil aviation pilot were compared in order to evaluate weather academic programs conducted by traditional aviations schools at secondary education level are substantively different from academic programs conducted by colleges and universities at tertiary level. It was found that there are substantive differences not only in respective to the number of subjects offered, but also in respective to the depth and the breadth of the subjects that comprise the minimum core required by Brazilian National Aviation Agency.

.

Key-words: professional pilot, pilot qualification, academic program, aviation schools and undergraduate courses.

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – COMPOSIÇÃO DA PARTE TEÓRICA DO CURSO DE FORMAÇÃO

DE PILOTO PRIVADO ................................................................................................ 8

QUADRO 2 – INSTITUIÇÕES DE ENSINO DO CURSO TEÓRICO DE PILOTO

PRIVADO .................................................................................................................... 9

QUADRO 3 – COMPOSIÇÃO DA PARTE TEÓRICA DO CURSO DE FORMAÇÃO

DE PILOTO COMERCIAL ......................................................................................... 10

QUADRO 4 – INSTITUIÇÕES DE ENSINO DO CURSO TEÓRICO DE PILOTO

COMERCIAL ............................................................................................................. 13

QUADRO 5 – COMPARAÇÃO DO CURSO TEÓRICO DO CURSO PP-A ............... 14

QUADRO 6 – COMPARAÇÃO DO CURSO TEÓRICO PC-A ................................... 15

QUADRO 7 - COMPARAÇÃO DAS GRADES CURRICULARES DAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ................................................................. 16

17

18

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6

2 A FORMAÇÃO DE PILOTOS CIVIS NO BRASIL ................................................... 6

2.1 CURSO DE PILOTO PRIVADO – AVIÃO (PP-A) ................................................. 7

2.1.1 Parte Teórica ...................................................................................................... 8

2.1.2 As Instituições de Ensino ................................................................................... 9

2.2 CURSO DE PILOTO COMERCIAL – AVIÃO (PC-A) ............................................ 9

2.2.1 Parte Teórica .................................................................................................... 10

2.2.2 As Instituições de Ensino ................................................................................. 12

3 A FORMAÇÃO EM ESCOLAS DE AVIAÇÃO/AEROCLUBES ............................. 13

3.1 CURSO DE PILOTO PRIVADO – AVIÃO ........................................................... 14

3.2 CURSO DE PILOTO COMERCIAL – AVIÃO ...................................................... 14

4 A FORMAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. ............................. 15

5 RESULTADO E DISCUSÃO .................................................................................. 18

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 20

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, no Brasil, a formação de pilotos civis pode ser realizada tanto em

instituições de nível médio, no caso das escolas de aviação e aeroclubes, como de

nível superior, em faculdades e universidades.

Observa-se, também, que algumas empresas aéreas dão preferência de

contratação a pilotos possuidores de formação superior. A TAM, por exemplo,

estipula como requisito para a contratação de co-pilotos o total de mil horas de voo

para candidatos que possuírem curso superior completo, contra o mínimo de mil e

quinhentas horas para aqueles que possuírem apenas o ensino médio ou superior

incompleto (disponível em https://www.elancers.net/frames/tam/frame_geral.asp). Da

mesma forma, a NHT, uma empresa aérea regional, exige do candidato a co-piloto a

formação como Bacharel ou Tecnólogo em Ciências Aeronáuticas (disponível em:

http://www.voenht.com.br/formcoman.php).

Neste trabalho, foi feita uma investigação com o intuito de verificar se existe

diferença substantiva entre a formação de pilotos em nível superior em relação à

realizada em nível médio. Para tanto, currículos acadêmicos de algumas instituições

formadoras de pilotos profissionais de aeronaves civis foram analisados e

comparados.

2. A FORMAÇÃO DE PILOTOS CIVIS NO BRASIL

A regulamentação da formação de pilotos civis no Brasil é da competência da

Agência de Aviação Civil (ANAC). Em linhas gerais, a formação é dividida em duas

partes: teórica e prática.

7

Os currículos mínimos da instrução teórica das diversas especializações de

pilotos constam dos Manuais de Curso da Superintendência de Estudos, Pesquisas

e Capacitação - SEPC (antigo Instituto de Aviação Civil - IAC). Neste trabalho, foram

analisados apenas os currículos de formação de piloto privado e de piloto comercial,

ambos na modalidade avião. As demais categorias não foram analisadas porque

fogem ao objetivo do trabalho.

2.1 CURSO DE PILOTO PRIVADO – AVIÃO (PP-A)

O Curso de Piloto Privado – Avião (PP-A) constitui o primeiro passo na

carreira de piloto, o qual, mesmo possuindo pouca experiência de voo, em algum

momento poderá estar conduzindo sua aeronave por um espaço aéreo ou aeroporto

de grande movimento.

Devido a esse motivo, é de grande importância que todos os envolvidos no

trabalho de formação busquem proporcionar a mais completa formação possível,

transmitindo de forma doutrinária os conhecimentos técnicos e operacionais,

principalmente no que se refere à segurança de voo e à prevenção de acidentes

aeronáuticos. (MCA58-3/2004 Manual do Curso Piloto Privado Avião)

O Curso de Piloto Privado – Avião é dividido em duas partes, como

comentado antes: a chamada parte teórica (também conhecida como instrução

teórica) e a parte prática (ou instrução prática), buscando assegurar a plena

capacidade para operar uma aeronave monomotora simples, atendendo, ao mesmo

tempo, às normas de segurança de voo. (MCA58-3/2004 Manual do Curso Piloto

Privado – Avião). Devido ao fato de que este trabalho tem por objetivo analisar os

currículos acadêmicos apenas, ou seja, a parte teórica, não será discutida a parte

prática da formação.

8

2.1.1 Parte Teórica

Segundo o MCA 58-3 Manual do Curso Piloto Privado – Avião, o currículo

mínimo da parte teórica do curso é composto por uma palestra e dez disciplinas, que

se distribuem pelas três áreas curriculares (básica, técnica e complementar), como

mostradas no Quadro 1:

QUADRO 1- COMPOSIÇÃO DA PARTE TEÓRICA DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PILOTO PRIVADO

Áreas Curriculares Palestra/Disciplinas Carga Horária

Horas-aula Horas de voo

Básica

Palestra "O Piloto Privado-Avião" 3 -

A Aviação Civil 3 -

Regulamentação da Aviação Civil 9 -

Segurança de Voo 12 -

Técnica

Conhecimentos Técnicos das Aeronaves 33 -

Meteorologia 42 -

Teoria de Voo 48 -

Regulamentos de Tráfego Aéreo 39 -

Navegação Aérea 66 -

Complementar Medicina de Aviação 12 -

Combate ao Fogo em Aeronave 3 -

TOTAL DA PARTE TEÓRICA 270 -

FONTE: MCA 58-3/2004 Manual do Curso Piloto Privado Avião

A área básica, como pode ser inferido do Quadro 1, é composta por uma

palestra sobre o exercício da atividade de piloto privado e por disciplinas que tratam

da regulamentação e funcionamento da aviação civil, e da estrutura e do

funcionamento do sistema de segurança de voo.

A área técnica engloba as disciplinas voltadas diretamente para a atividade de

voo, com o objetivo de desenvolver a capacitação operacional, bem como a

preparação operativa dos futuros pilotos privados.

9

Por fim, a área complementar contém as disciplinas exclusivamente voltadas

para a proteção e preservação da saúde do piloto, ao mesmo tempo em que é

desenvolvida a conscientização e a preparação do aluno para que possa agir de

forma correta diante de situações adversas.

2.1.2 As instituições de ensino que ministram o Curso Teórico de Piloto Privado –

Avião (PP-A)

Segundo dados adquiridos junto à Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC,

existem atualmente, no Brasil, cerca de cento e oitenta e duas instituições

homologadas para prestar o Curso Teórico de Piloto Privado – Avião, estando

distribuídas em sete Gerências Regionais (GER), como pode ser constatado no

Quadro 2.

QUADRO 2 – INSTITUIÇÕES DE ENSINO DO CURSO TEÓRICO DE PILOTO PRIVADO-AVIÃO

Tipo da

Instituição GER 1 GER 2 GER 3 GER 4 GER 5 GER 6 GER 7 Total

Aeroclubes 3 7 8 29 34 7 2 90 Departamento de Ensino de Empresas Aéreas

- - 1 1 - - - 2

Escolas 1 5 14 21 17 8 1 67

Organizações Militares

- - 2 1 1 1 - 5

Universidades 1 2 5 2 2 5 - 17

Outros - - - - 1 - - 1

Soma 182

FONTE: ANAC, atualizado até maio de 2010.

2.2 CURSO PILOTO COMERCIAL - AVIÃO (PC-A)

O Curso de Piloto Comercial – Avião (PC-A), assim como o Curso de PP-A, é

regido por um manual, o Manual do Curso Piloto Comercial DAC/15 Dez 90, sendo

10

também desenvolvido em duas partes: a instrução teórica e a instrução prática, com

a diferença de que, no caso do Curso PC-A, a instrução teórica pode ser

desenvolvida concomitantemente aos exercícios previstos para a instrução de voo,

após o domínio, por parte dos alunos, dos conceitos teóricos básicos necessários

para o início das atividades de voo. (Manual do Curso Piloto Comercial – Avião

DAC/15 Dez 90)

2.2.1 Parte Teórica

O Quadro 3 apresenta a grade curricular contendo as três áreas de

concentração (básica, técnica e complementar), as matérias que as compõem,

assim como suas respectivas cargas horárias.

QUADRO 3 - COMPOSIÇÃO DA PARTE TEÓRICA DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PILOTO COMERCIAL (FONTE: Manual do Curso Piloto Comercial – Avião DAC/15 Dez 90)

ÁREAS CURRICULARES

MATÉRIAS

CARGA HORÁRIA

Horas-aula

Horas / simulador

Horas de voo

BÁSICA

O Piloto Comercial-Avião: preparação e atividade

2

Matemática 15

Física 15

Segurança de Voo 6

Inglês Técnico 30

TÉCNICA

Conhecimentos Técnicos das Aeronaves 40

Meteorologia 40

Teoria de Voo 40

Regulamentos de Tráfego Aéreo 50

Navegação Aérea 60

COMPLEMENTAR

A Aviação Civil 4

Segurança da Aviação Civil contra Atos de Interferência Ilícita

4

Regulamentação da Aviação Civil 4

Regulamentação da Profissão do Aeronauta 6

Instrução Aeromédica 4

TOTAL 320

11

De acordo com o Manual do Curso PC-A DAC / 15 Dez 90, além das matérias

propostas para o Curso de PP-A, o currículo mínimo contém mais as seguintes

matérias:

- Inglês Técnico: necessário para a comunicação e compreensão dos

manuais das aeronaves mais complexas que, muitas vezes, não possuem tradução

para o Português.

- Segurança da Aviação Civil contra Atos de Interferência Ilícita: tem como

meta dar aos pilotos os conhecimentos básicos necessários para a tomada de

providências na hipótese de que atos dessa natureza aconteçam.

- Regulamentação da Profissão do Aeronauta: está inclusa, obviamente, por

tratar-se de um curso destinado à preparação de profissionais.

É interessante observar que o curso de PP- A não contém, explicitamente, as

matérias Matemática e Física em sua grade, porém, quando analisado o conteúdo

programático de Teoria de Voo, percebe-se que a primeira subunidade desta

disciplina é idêntica à de Conhecimentos Básicos de Física do PC-A, diferindo

apenas que esta, no PC-A, está acrescida de mais duas unidades didáticas:

Eletrostática e Raios X, e Raios Cósmicos. No que se refere à Matemática, o item

8.11.1 PAPEL DA DISCIPLINA NO CURSO, do Manual do Curso de PP-A, quando

trata da matéria de Navegação Aérea, ressalta a importância da memorização dos

conceitos básicos de Matemática necessários para a aprendizagem de outros novos

conceitos, desenvolvidos posteriormente na disciplina.

Mesmo sabendo que os alunos que iniciam o PC-A já completaram o 2º Grau,

que é requisito mínimo exigido pela ANAC, o Manual do Curso PC-A DAC / 15 Dez

12

90 determina que seja realizado um pré-teste para medir o nível de conhecimento

prévio de cada um.

Já as matérias da área técnica, incluem praticamente os mesmos conteúdos

do curso de PP-A, mas que devem ser desenvolvidos em maior profundidade, de

modo a atender à maior complexidade da instrução de voo, em consonância com a

prática profissional. (Manual do Curso Piloto Comercial Avião DAC/15 Dez 90)

A entidade de ensino pode, ainda, realizar a adição de outras matérias à sua

grade curricular, bem como ampliar os mínimos de conteúdo programático e carga

horária das matérias do currículo, devendo apenas informar à Superintendência de

Estudos, Pesquisas e Capacitação (SEPC) as modificações desejadas, observando

a forma de apresentação da grade curricular e os planos de matéria adotados no

Manual do Curso. (Manual do Curso Piloto Comercial – Avião DAC/15 Dez 90)

2.2.2 As instituições de ensino que ministram o Curso Teórico de Piloto Comercial -

Avião

De acordo com a ANAC, existem atualmente cerca de duzentos e quarenta e

oito entidades de ensino homologadas para prestar o Curso de Piloto Comercial –

Avião. No quadro 4 é apresentado o número de instituições, distribuídas por regiões

administrativas (GER) da ANAC.

13

QUADRO 4 - INSTITUIÇÕES DE ENSINO DO CURSO TEÓRICO DE PILOTO COMERCIAL-AVIÃO

Tipo da Instituição

GER 1 GER 2 GER 3 GER4 GER 5 GER 6 GER 7 Total

Aeroclubes 4 8 14 34 31 6 2 99 Departamento de Ensino de Empresas Aéreas

- - 1 1 1 - - 3

Escolas 1 6 21 47 21 12 - 108

Organizações Militares

- - 2 1 1 1 - 5

Universidades 1 2 7 2 6 7 - 25

Outros 1 - 1 3 3 - - 8

Soma 248

FONTE: ANAC, atualizado até maio de 2010.

Para tentar identificar se existe diferença substantiva na formação das

Escolas de Aviação/Aeroclube (formação de segundo grau) em relação à formação

feita em Instituições de Ensino Superior, foram selecionadas quatro Instituições de

Ensino Superior, uma Escola de Aviação Civil e um Aeroclube.

A razão pela qual apenas uma escola de aviação e um aeroclube foram

selecionados é a grande similaridade das grades curriculares desse tipo de

instituição, não havendo, desta forma, perda de generalidade.

3. A FORMAÇÃO EM ESCOLA DE AVIAÇÃO/AEROCLUBE

O Quadro 5 contém as grades curriculares da Escola de Aviação (aqui

identificada por “X, para preservar sua identidade), do Aeroclube (chamado aqui de

“Y”) e da ANAC.

Inicialmente, será feita a comparação entre a grade do Curso de Teórico de

Piloto Privado – Avião das três instituições.

14

3.1 CURSO DE PILOTO PRIVADO – AVIÃO

QUADRO 5 – COMPARAÇÃO DO CURSO TEÓRICO DE PILOTO PRIVADO – AVIÃO. (Devido ao fato de cada instituição possuir uma forma de designação diferente para algumas matérias, foram usados números sobrescritos para facilitar a associação da disciplina à instituição que a ministra).

Matérias Carga Horária

"X" "Y" ANAC

O Piloto Privado-Avião: preparação e atividade 2 3 3

Segurança de Voo 8 12 12

Conhecimentos Técnicos das Aeronaves 33 33 33

Meteorologia 40 42 42

Teoria de Voo 50 48 48

Regulamentos de Tráfego Aéreo 40 39 39

Navegação Aérea 65 66 66

A Aviação Civil 4 3 3

Regulamentação da Aviação Civil 8 9 9

Instrução Aeromédica ¹ / Medicina de Aviação ² 10 ¹ 12 ² 12 ²

Combate ao Fogo em Aeronaves - 3 3

Total de Horas 260 270 270

Pode-se perceber no quadro que existe, em algumas matérias, pequena

diferença entre as três grades no que se refere ao número de horas-aula e não há

nos currículos da escola de aviação nem do aeroclube matérias adicionais ao

currículo mínimo exigido pela ANAC. Em relação ao Aeroclube, a grade está

exatamente igual ao que preconiza a ANAC no Manual do Curso PP-A; já a Escola

de Aviação apresenta, em algumas disciplinas, um número de horas ligeiramente

diferente, geralmente para menos.

Constata-se, assim, que as escolas de aviação e os aeroclubes restringem-se

ao currículo mínimo preconizado pela ANAC.

3.2 CURSO PILOTO COMERCIAL – AVIÃO

QUADRO 6 – COMPARAÇÃO DO CURSO TEÓRICO DE PC-A

15

Matérias Carga Horária

"X" "Y" ANAC

O Piloto Comercial-Avião: preparação e atividade 2 2 2

Matemática 15 15 15

Física 15 15 15

Segurança de Voo 6 6 6

Inglês Técnico 30 30 30

Conhecimentos Técnicos de Aeronaves 40 40 40

Meteorologia 40 40 40

Teoria de Voo 40 40 40

Regulamentos de Tráfego Aéreo 50 50 50

Navegação Aérea 60 60 60

A Aviação Civil 4 4 4

Segurança da Aviação Civil contra Atos de Interferência Ilícita

4 4 4

Regulamentação da Aviação Civil 4 4 4

Regulamentação da Profissão de Aeronauta 6 6 6

Instrução Aeromédica 4 4 4

Total de Horas 320 320 320

Percebe-se no Quadro 6 a absoluta identidade de matérias e de carga horária

em relação ao padrão da ANAC. Ou seja, também em relação ao curso Teórico de

Piloto Comercial - Avião os aeroclubes e as escolas de aviação ministram apenas o

currículo mínimo preconizado pela ANAC.

Analisadas as grades curriculares das instituições que ministram o Curso

Teórico de Piloto privado – Avião e o Curso Teórico de Piloto Comercial – Avião em

nível de segundo grau, o passo seguinte consiste em realizar análise similar em

relação às instituições de ensino superior.

4. A FORMAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

As quatro Instituições de Ensino Superior pesquisadas para a realização do

trabalho foram identificadas pelas letras “A”, “B”, “C” e “D”, aqui também com o

objetivo de preservar suas identidades.

16

Devido ao fato de que, em alguns casos, matérias similares aparecem com

nomes ligeiramente diferentes nas instituições, foram usados números sobrescritos

para facilitar a identificação da entidade de ensino que adotou o respectivo

designativo da matéria.

QUADRO 7 – COMPARAÇÃO DAS GRADES CURRICULARES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Matérias Carga Horária

"A" "B" "C" "D" ANAC

Matemática ¹/Fundamentos de Mat.²/Matemática para Ciências Aeronáuticas ³/ Mat. Aplicada4

54 ¹ 80 ² 60 ³ 108 4 15

Física ¹/Física Aplicada ²/Física para Aeronáutica ³ 36 ¹ 80 ² 180 ³ 72 ² 15

Segurança de Voo 72 80 180 90 6

Gerenciamento de Segurança 36 - - - -

Segurança da Aviação Civil contra atos de interferência Ilícita

- - - - 4

Inglês 144 240 180 216 30

Conhecimentos Técnicos de Aeronaves 108 80 60 108 40

Motores a Reação - - - 54 -

Motores Aeronáuticos - - 30 - -

Sistemas de Aeronaves - 80 75 108 -

Estruturas de Aeronaves - 40 - - -

Aviônica e Automação de Aeronaves - 80 - - -

Aviônica - - 60 36 -

Estrutura de Operações e Manutenção 54 - 30 - -

Manutenção de Aeronaves - 40 - 108 -

Meteorologia 108 - 90 108 40

Espaço Geográfico e Meteorologia - 40 - - -

Geografia Aplicada - - 30 - -

Teoria de Voo 108 80 105 108 40

Aerodinâmica - - - 36 -

Laboratório de Performance e Aerodinâmica - 80 - - -

Performance, Peso e Balanceamento - 40 75 54 -

Regulamentos de Tráfego Aéreo 108 40 60 108 50

Tráfego Aéreo Internacional - 40 45 54 -

Fraseologia e Tráfego Aéreo Internacional 72 - - - -

Fraseologia Aeronáutica Internacional - - 30 - -

Fraseologia - - - 108 -

Fraseologia Aeronáutica Nacional - - 30 - -

Fraseologia Aeronáutica - Voo Simulado - - 60 - -

Comunicação Aeronáutica - 80 30 - -

17

Terminologia Técnica Aeronáutica - - 60 - -

Navegação Aérea 108 80 75 108 60

Aviação Civil - - - - 4

Regulamentação da Aviação Civil - - - - 4

Sistema de Aviação Civil 36 - - - -

Regulamentação da Profissão do Aeronauta - - - - 6

Introdução ao Estudo da Aviação Civil - 40 - - -

O Piloto-Comercial Avião: preparação e atividade - - - - 2

História da Aviação e Ciências Sociais - 80 - - -

História da Aviação - - 60 54 -

Introdução às Ciências Aeronáuticas - - - 54 -

Eletiva em Ciências Aeronáuticas - - 120 - -

Aviação Geral - - 30 - -

Legislação Aeronáutica / RBHA ¹ - - 30 36 ¹ -

Direito Aeronáutico / Aeroespacial ¹ 36 80 30 ¹ 54 -

Planejamento do Transporte Aéreo 72 - - - -

Organização do Transporte Aéreo - - 30 - -

Sistema de Gestão de Segurança Operacional - 80 - - -

Gestão de Empresa aérea - 80 - - -

Administração aplicada à Empresa Aérea - 80 - - -

Administração e Organização de Empresa Aérea - - - 72 -

Marketing Aplicado ao Transporte Aéreo - - 30 - -

Familiarização de Empresa Aérea - - 15 - -

Logística de Transporte Aéreo e Infra-Estrutura Aeroportuária

- - - 54 -

CRM 36 - 60 54 -

Função Administrativa do Comandante 36 40 - - -

Procedimentos Operacionais de Cockpit - - 30 - -

Procedimentos de Cabine - - - 54 -

Filosofia e Estrutura de Operações de Voo - - 30 - -

Psicologia do Trabalho - - - 54 -

Psicologia Aplicada e Acompanhamento - 160 - - -

Psicologia Aeronáutica e Acompanhamento - - 45 - -

Sociologia - - - 54 -

Filosofia e Ética - 80 - - -

Ética e Cidadania - - 60 - -

Humanismo e Cultura Religiosa - - 60 - -

Comunicação Empresarial 72 - - 54 -

Comunicação e Linguagem - 40 - - -

Comunicação e Expressão - - - 72 -

Fator Humano na Aviação 54 - - - -

Medicina Aeroespacial 36 80 45 54 -

Instrução Aeromédica - - - - 4

Emergência e Sobrevivência 36 40 54 - -

18

Emergência, Segurança e Sobrevivência - - 60 - -

Prática Laboratorial 36 - - - -

Atividades Complementares 72 - 120 306 -

Estágio Supervisionado - - - 180 -

Est. Sup. Em Ciências Aeronáuticas - 90 - - -

Acompanhamento e Desenvolvimento Profissional - - 45 - -

Projeto Interdisciplinar 72 - - - -

Disciplinas Optativas 36 - - 108 -

Trabalho de Conclusão de Curso 36 20 30 - -

Metodologia Científica 36 - - - -

Métodos e Técnicas de Pesquisa - 40 - - -

Tópicos Especiais - 40 - - -

Seminários Avançados do Transporte Aéreo - - 15 - -

Seminário de Leitura - - - 54 -

Química Tecnológica - 40 - - -

Introdução a Ciência da Computação - - - 54 -

Instrutor de Voo – INVA - - 60 - -

Técnica de Operação de Jato - - 45 - -

Prática de Voo em Simulador Obrigatória, PVSO - MILTI/LOFT

- - 60 - -

Prática de Voo em Simulador Obrigatória, PVSO - IFR/MONO

- - 60 - -

Prática de Voo em Simulador Obrigatória, PVSO - JET TRAINER

- - 45 - -

Total de Horas 1710 2390 2814 3006 320

A título de informação complementar, é interessante ressaltar que em três das

instituições pesquisadas (“A”, “C” e “D”) é necessária a apresentação do Certificado

de Habilitação Técnica de Piloto Comercial – Avião para a colação de grau. Segundo

a instituição “B”, este requisito não é necessário devido ao fato de seu curso não se

destinar apenas à formação de pilotos, sendo válida para a formação de outros

profissionais da aviação.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Efetuando uma análise do material obtido em relação à escola de aviação e o

aeroclube, o resultado observado é o nítido foco por parte destas instituições na

formação mais básica, restringindo-se apenas ao currículo mínimo proposto pela

19

ANAC, como pôde ser constatado nos Quadros 5, referente ao PP-A, e Quadro 6,

referente ao PC-A.

Já no que se refere às Instituições de Ensino Superior, observa-se no quadro

7, que compara os currículos das quatro instituições, que as disciplinas do currículo

mínimo da ANAC não são apresentadas organizadas por Curso PP- A e PC- A. Uma

possível explicação para isso é que a ANAC aboliu a obrigatoriedade do candidato

ao PP-A de cursar escola homologada para esse nível de habilitação, podendo o

candidato preparar-se de forma autodidata.

Por conseguinte, é razoável supor que as instituições de ensino superior

consideram que a carga horária maior que praticam, em relação à mínima estipulada

pela ANAC para o PC - A, atende às duas habilitações, até porque a maioria dos

tópicos do conteúdo programático das cinco disciplinas avaliadas nas “bancas” da

ANAC (Conhecimentos Técnicos das Aeronaves, Teoria de Voo, Navegação Aérea,

Meteorologia e Regulamentos de Tráfego Aéreo) são praticamente os mesmos,

tanto no MCA58-3/2004 Manual do Curso Piloto Privado – Avião quanto no Manual

do Curso Piloto Comercial – Avião.

Outro aspecto que pode ser inferido do Quadro 7 é que o maior número de

horas-aula da maioria das disciplinas do currículo mínimo da ANAC sugere maior

grau de aprofundamento em relação ao que é ensinado nos aeroclubes e escolas de

aviação.

Por outro lado, as instituições de ensino superior ministram uma série de

outras matérias, como seria de esperar de cursos de maior duração e submetidos às

regras do MEC. Embora não haja uma padronização de disciplinas entre as

instituições de ensino superior, constata-se a preocupação de ampliar a formação

20

técnica específica, com disciplinas como CRM, Função Administrativa do

Comandante, Fator Humano em Aviação, Aviônica e Automação de Aeronaves,

Tráfego Aéreo Internacional e Fraseologia Aeronáutica Internacional, entre outras.

O “raciocínio do tipo predominantemente matemático e lógico-dedutivo”,

estabelecido na seção 7 do Manual do Curso Piloto Comercial – Avião como aptidão

intelectual a ser observada na seleção de candidatos a piloto comercial, também é

exigida nas instituições de ensino superior, como se constata pela alta carga horária

das disciplinas Matemática e Física.

6. CONCLUSÃO

A comparação entre os currículos acadêmicos das instituições de formação

de pilotos civis foi realizada com o objetivo de verificar se é possível identificar uma

diferença substantiva entre a formação realizada em nível de segundo grau, pelos

aeroclubes e escolas de aviação, em relação à formação feita em instituições de

ensino superior.

Nesse sentido, foram colocados lado a lado o currículo mínimo de formação

estipulado pela ANAC e os praticados nas instituições formadoras selecionadas.

Como primeira conclusão, percebeu-se que existem diferenças significativas

entre os currículos das escolas de aviação e de aeroclubes em relação aos das

instituições de ensino superior, a começar pelo número de horas-aulas das matérias

que compõem o currículo mínimo da ANAC, as quais são maiores nas instituições de

ensino superior quando comparadas ao currículo da ANAC e aos currículos das

instituições de segundo grau.

21

O fato das instituições de ensino superior ministrarem maior número de horas-

aula nas matérias propostas pela ANAC remete à idéia de que, talvez, exista um

maior grau de aprofundamento e, conseqüentemente, uma maior retenção de

conhecimento, quando comparado ao curso ministrado nas escolas de aviação e

nos aeroclubes.

Um segundo aspecto que sobressaiu da análise foi o fato de que aeroclubes e

escolas de aviação praticamente restringem-se às disciplinas do currículo mínimo da

ANAC, enquanto as instituições de ensino superior oferecem uma gama mais

diversificada, passando por disciplinas vinculadas à formação profissional, como

CRM, Função Administrativa do Comandante, Fator Humano em Aviação, Aviônica e

Automação de Aeronaves, Tráfego Aéreo Internacional e Fraseologia Aeronáutica

Internacional, e envolvendo também a área de gestão organizacional e de relações

humanas.

A formação mais abrangente propiciada pelas instituições de ensino superior

parece estar mais bem sintonizada com a rápida evolução tecnológica

experimentada pela aviação em tempos recentes e pela introdução, no meio

aeronáutico, de novos e sofisticados sistemas gerenciais. No dizer de Maurício

Lanza, “devido à evolução da tecnologia aeronáutica, à globalização e à

implementação de sistemas de qualidade nas empresas, tornou-se necessária uma

formação mais completa no que se refere aos profissionais da aviação, sejam

pilotos, comissários de bordo, despachante de voo e mecânicos, entre outros. O

resultado disso é a adição de novas matérias nos currículos, voltadas, por exemplo,

para as áreas de administração, legislação, psicologia e medicina. (LANZA,

Maurício. Ensino Aeronáutico no Brasil. Revista Asas, São Paulo, ano VIII, n.48, p.

80-84, Abril/Maio 2009).

22

E conclui Maurício Lanza no mesmo artigo: “A tarefa do piloto não se resume

apenas à pilotagem, devendo, também, possuir noções de custo operacional da

aeronave e de gestão de empresas, assim como, um conhecimento razoável de

relações interpessoais. Graças a fatores como estes, a formação humana acabou

por se tornar imprescindível no que se refere à capacidade de gerenciar situações

emergenciais, tomadas de decisões e no relacionamento com passageiros e

usuários. Ou seja, é requerido atualmente que o profissional da aviação tenha a

capacidade de realizar as mais variadas funções”.

Talvez seja pelas conclusões aqui destacadas que as empresas aéreas

tendem a priorizar a formação de nível superior em relação à de segundo grau.

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GLOSSÁRIO

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil

CRM – Crew Resource Management (Gerenciamento dos Recursos da Tripulação)

DAC – Departamento de Aviação Civil (Atual ANAC)

GER – Gerência Regional

IAC – Instituto de Aviação Civil

IFR - Instrument Flight Rules (Voo por Instrumentos)

INVA – Instrutor de Voo

LOFT - Line Oriented Flight Training

MEC – Ministério da Educação

MLTI – Multimotor

MONO – Monomotor

PC-A – Piloto Comercial - Avião

PP-A – Piloto Privado – Avião

SEPC – Superintendência de Estudos, Pesquisas e Capacitação

REFERÊNCIAS

ANAC. Agência Nacional de Aviação Civil.

Brasil. Portaria DAC Nº 954/DGAC, 27 de Agosto de 2004. Aprova a terceira edição

do Manual do Curso “Piloto Privado-Avião”.

LANZA, Maurício. Ensino Aeronáutico no Brasil. Revista Asas, São Paulo, ano VIII,

n.48, p. 80-84, Abril/Maio 2009.

Manual do Curso Piloto Comercial – Avião DAC/15 Dez 90.

Superintendência de Segurança Operacional. Formação de Pilotos. Disponível em:

http://www.anac.gov.br/habilitacao/Pilotos1.asp. Acesso em: 20 abr. 2010.

TAM Linhas Aéreas. Trabalhe Conosco. Co piloto Airbus A319/A320. Disponível em:

https://www.elancers.net/frames/tam/frame_geral.asp. Acesso em 29 maio 2010.

Trabalhe Conosco. Norma de Admissão. Norma 001/2008. Departamento de

Operações/Departamento de Recursos Humanos. Disponível em:

http://www.voenht.com.br/formcoman.php. Acesso em 29 maio 2010.