UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA -...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
Virginia Colombo Gon!;alves
A GESTAO DEMOcRATICA SEGUNDO PARO
Curitiba2005
A GESTAO DEMOcRATICA SEGUNDO PARO
Curitiba2005
Virginia Colombo Gon!;alves
A GESTAO DEMOcRATICA SEGUNDO PARO
Monogrefia apresentada ao Curse de Pedagogieda Facuklade de Ci6ncias Humanes, Latras eMes de Universidade Tuiuti do Parana, comorequisito para obtenr;Ao do Ululo de Pedagogs.
Orientadora: Mailde A. Casagrande
Curitiba2005
I~ Universidade Tuiuti do Parana..- y
FACULDADE DE CI~NCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
Curso de Pedagogia
TERMO DE APROVA<;AO
NOME DO ALUNO: VIRGINIA COLOMBO GON<;ALVES
TITULO: A gestao democratica segundo Paro
TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL
PARA A OBTEN<;AO DO GRAU DE LlCENCIADO EM PEDAGOGIA, DO CURSO DE
PEDAGOGIA, DA FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS' LETRAS E ARTES, DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA.
MEMBRQS DA COMISSAO AVALIADORA:
~~~~UA~GRANDE
DATA: 16/12/0S
MEDIA: J_-2 _CURITIBA - PARANA
2005
DEDICATORIA
Dedico este Trabalho de Conclusao de Curso a duas
pessoas que tanto amo e que sempre farao parte da minha
vida. Por primeiro a minha mae que tanto me ajudou e me deu
forc;aspara que eu nunca pensasse em desistir, mesmaquando 0 caminho ficava dificil e complicado para n6s duas. E
em segundo 0 meu pai que infelizmente nao esta presente
entre n6s para me ver conquistando mais essa vit6ria, mas eusei que ele deve estar muito oryulhoso da 'sua cayulinha" que
tanto oama.
AGRADECIMENTO
Agradeyo primeiramente a Deus par eu eslar aqui com
vida, salide e ter me dado forc;as no momenta em que tanto
precisei. E tambem agrad~o a todas as pessoas que me
apoiaram e ajudaram para que eu conseguisse realizar mais
uma etapa da minha vida dentre muitas outras que virilo, mas
em especial a quatro "meninas" no qual sempre me ajudaram
com as minhas dificuldades e apoiaram as minhas decisoes,
sendo elas: Francielle, Graziele, Gisele e lzabel.
SUMARIO
RESUMO 07
. 081 INTRODUCAO ...
2 A GESTAO DEMOCRATICA... . 10
2.1 0 QUE Eo GESTAO PARTICIPATIVA 14
2.2 A PARTICIPACAo DA COMUNIDADE 17
2.3 PARTICIPACAo DA POPULACAO NA ESCOLA DEMOcRATICA 18
3. CONCLUSAO DO AUTOR ..
4 CONSIDERACOES FINAlS ....
REFERENCIAS ...
. 19
. 21
. 22
RESUMO
o problema levantado no presente trabalho e de gestao democnitica que S9 refere aideia de participa<;ao, no trabalho associado das pessoas, analisando Sit.u8<;oesdecidindo sobre seu encaminhamento e agindo em conjunto. Objetivo do estudo ede esclarecer a funcionamento desse processo, que aborda tanto as fundamentoste6ricos da gestao participativo-democratica, como tambem as tende!ncias globaisnos sistemas de ensina. A revisao bibliografica foi feita mediante [eitura sistematica,com fichamento de cada obra, ressaltando os pontos abordados pelos autorespertinentes ao assunta em quest~o.Deve-se t8r em mente que se querern individuoscriticos, autonomos, participativos, deve-se orientar nas taorias e 896eseducacionais pelo princfpia da refletividade, pois necessita-se urgentemente desistemas educacionais concretos capazes de fazer parte da realidade e influencia-Iaprodutivamente, estando ista numa estreita relayao com as projetos educacionais.
Palavras-chave: Gestao democratica; participa¢o da comunidade; autonomia.
1 INTRODUCAO
Tomando a geslao democratica da escola como ponlo de partida para uma
mudan<;aqualilativa do ensino publico, analisa-se a dificuldade e sua implanta9iio
como: cultura aulorih,ria do ensino, ausancia de recursos financeiros e a falla de
uma estrulura que favore<;aa participa9iio dos pais.
Este conjunlo de medidas, que passou a configurar 0 modele denominado
Gestao Democratica, deveria subslituir 0 modelo lradicional fundado em uma cultura
administrativa e politica caracteristicamente autoritilria e centralizadora.
A gestao participativa exige a participa9iio de toda a comunidade escolar.
Nesta perspectiva, deve-se romper com a rotina autoritaria de apenas dar ordens,
tornando-se um lider do processo educativo. 0 administrador deve conhecer as
dimensoes politica e revolucionaria de sua fun9iio quer pela transmissao de um
saber objetivo, quer pela promo9iio de uma consciencia crltica a realidade social
visando, precisamente, servir de instrumento de supera9iio e da explora9iio vigente
da sociedade.
A administra9iio no Brasil, principalmente a escolar, ainda se apresenta
conformada com a situa9iio de gestao autoritaria, focando em imposi<;oese coa9iio-
legal e burocratica, de acordo com os interesses das classes dominantes.
Na dimensao pedag6gica reside a possibilidade da efetiva9iio da
intencionalidade da escola, que e a fonma9iio do cidadao participativo, responsavel,
compromissado, critico e criativo. Pedagogico, no sentido de se definir as a<;oes
educativas e as caracteristicas necessarias as escolas de cumprirem seus
prop6sitos e sua intencionalidade.
Os objetivos do presente estudo incluem, entre tantos, a verifica9iio na
bibliografia pertinente uma gestao democratica na visao de Paro na escola a partir
do grau de participa9iio da comunidade externa e dos docentes da escola no
referido processo de gestao.
Metodologicamente, 0 presente estudo e realizado atraves de pesquisa
bibliografica, onde foram selecionadas fontes de informa<;oes em livros, revistas,
teses, bibliotecas publicas e particulares, Internet e 0 estudo do caso.
A leitura foi sistematica, com fichamento de cada obra, ressaltando os pontos
abordados pelos autores pertinentes ao assunto em questao.
Tem-se por hip6tese que para que a escola seja realmente urn espac;o
democratico e nao se limite a naproduzir a naalidades6cio-econ6mica em que esta
inserida, cumprindo ordens e normas a ela impostas por orgaos centrais da
educa9Bo, deve-se criar urn espac;opara a participa9Bo e reflexiio coletiva sobna 0
seu papel junto a comunidade:
Nilo se pretende esgotar 0 assunto, mas tem-se por alvo provocar uma
reflexao-ac;ao no sentido de reconhecer a necessidade de conquistar a autonomia,para estabelecer uma identidade propria da escola, na superac;lio dos problemas da
comunidade a que pertence e conhece bern, mais do que 0 proprio sistema de
ensina.Essa autonomia, porem, nao deve ser confundida com apologia a urn trabalho
isolado, marcado por uma liberdade ilimitada, que transforma a escola numa ilha de
procedimentos sem fundamenta9Bo nas considera,oes legais de todo 0 sistema de
ensino, perdendo, assim, a perspectiva da sociedada como urn todo.
10
2 A GESTAO DEMOCRATICA.
A gestao democnitica e 0 processo em que se criam condic;6es para que os
membros de uma coletividade, nao apenas tomem parte, de forma regular e continua
de suas decisoes, mas que as pessoas se envolvam de forma consciente na
construQiioda unidade social e de seu processo como um todo.
Paro (2000), assume como premissa 0 fato de que dos grupos dominantes
nao se pode esperar nenhuma iniciativa de transformaQiio em favor das camadas
dominadas (e, no que se refere it escola), sem pressao p~r parte dos interessados.
a gestao democratica pode ser explicada a partir da noQiiode autoridade.
Alem dessa premissa, Paro (ibid) coloca como horizonte a transformaQiio do
esquema de autoridade no interior da escola. Cita que a utopia escolar a que se
refere se coloca como um resultado que pressup6e obviamente um processo. Amedida que 0 horizonte se articular com os interesses dominados, 0 processo de
transfonmaQiioda autoridade deve constituir-se no proprio processo de conquista da
escola pelas camadas trabalhadoras.
Esla oonstetayAo darive de urne visAo nAo muito otimi5ta 8 respeito defun~ desempenhada pele escola n8 sociedade hoje. Nao hi! duvida deque podemos pensar na escola como instituiyAo que pede oontribuir para atrsnsformeyOO social. Mal uma coiss e falar de suas polencialidadss ...Urna coise e falar...emlese, falar daquilo que a escola poderia ser. Urnscoisa it expressar a ~ de que, na medida em que consiga, na forma eno conteUdo, levar as camada5 trabillhedoras a S8 apropriarem de umsaber historicamente acumulado e desenvolver a consciAncia crltica, aascola pede concorrer para a transfonnacAo sodal; outra coisa berndiferente it considersr que a escola que ai esla jil esteja cumprindo essafi.JnyAo. Infelizrnente essa escola • sim reprodulora de certa ideologiadominante", it sim nsgadora dos valores dominados e mera chanceladorade injustica social, na medide em que recol0C8 as pes-soas nos Jugaresreservados pelas rela~s que sa d!io no ambito de estrutura econ6mica.(PARO, ibid, p. 10)
Em outras palavras, S9 queremos urna escola transforrnadora, precisa-se
transformar a escola que se tem. E a transfonmaQiio dessa escola passa
necessariamente sua apropriaQiio p~r parte das camadas trabalhadoras. ~ nesse
sentido qua precisam ser transfonmados0 sistema de autoridade e a distribuiQiio do
proprio trabalho no interior da ascola.
II
Na realidade, Paro (ibid) chama a aten9Ao para a fato de que a que se tem
hoje e um sistema hierlirquico que pretensamente coloca todo a poder nas maos de
um diretor. Nao e possivel falar das estrategias para se transformar a sistema de
autoridade no interior da escola, em dire"ao a uma efetiva participa"ao de seus
diversos setores, sem levar em conta a dupla contradiyao que viva 0 diretor de
escola hoje.
Esse diretor, por urn lado, it oonsideradss a auloridade mWtima no interiorda BSrois, e i55o, pretenaamente, the daria urn grande poder e autonomia;mas, per outro lado, ele acabs sa oonstituindo, de fato, em vil1ude de suacondir;Ao de responsitvet ultimo pelo cumprimento da Lei e de Ordern n8escola, em mera preposto do Estado. Esta e 8 primeil'B contradi<;ao. Asagunda advem do fato de que, por urn lado, ale dave deter urnacompet~nci8 temtca e urn conhecimento dos principios e metodasnecessarias a urns modeme e adequada administra~ des recursos deescots, mas, por outro, sua falta de autonomil! em relsylio 80S escalOessuperiorS! e a precariedade des condi¢es concretes em que 58
desenvolvem as atiYidades no interior da escola lomam urns quimera autilizacao dos belo. metodo. e tecnicas adquiridos (pelo menossupostamente) ern ~a formacao de administrador escolar, jii que 0problem8da escolapublica no pais 000 e, na verdade, 0 da admini5tr~de recursos, mas 0 da falta de recursos. (PARO, 2000, p. 11)
Para a autor citado, essa impotencia e falta de autonomia do diretor
sintetizam a impotencia e falta de autonomia da pr6pria escola. E se a escola nao
tem autonomia, se a escola Ii impotente, e 0 proprio trabalhador enquanto usuario
que fica privado de uma das instAncias par meio des quais ele poderia apropriar-se
do saber e da consciencie critica. Significa que conferir autonomia 11escola deve
consistir em conferir poder e condic;Oes concretas para que ela alcance objetivos
educacionais articulados com os interesses das camadas trabalhadoras. E isso nao
acontecerli jamais por concessiio espontanea dos grupos no poder. Essa
autonomia, esse poder, s6 se darli como conquista das camadas trabalhadoras. Par
isso e preciso, com elas, buscar a reorganiza"ao da autoridade no interior da escola.
A esse respeito, a maior obstaculo para esse autor e precisamente a fun"ao
atual do diretor que a coloca como autoridade ultima no interior da escola. Esta
regra, astutamente mantida pelo Estado, confere um carliter autoritario ao diretor, na
medida em que estabelece uma hierarquia na qual ele deve ser a chefe de quem
emanam todas as ordens na institui"ao escolar. Esta caracteristica impede a
12
forma<;ilo de uma escola democratica e gera a necessidade premente de uma
reform a no sistema escolar.Segundo Paro (ibid) e preciso, pois, come(:8r por lutar contra esse papel do
diretor (nao, entretanto, contra a pessoa do diretor). A esse respeito, e precise
aprofundar as reftexoes de modo que se perceba que, ao sa distribuir a autoridade
entre os varios setores da escola, 0 diretor nao estaril perdando poder - ja qua ni!lo
se pode perder 0 qua ni!lo se tem -, mas dividindo responsabilidade. E, ao acontecer
iSso,quem estaril ganhando poder e a propria escola.
Na opiniao de Paro (2000), na medida em que se conseguir a participa<;ilode
todos os setores da escola tais como: educadores, alunos, funcionarios e pais, nas
decisoes sobre seus objetivos e seu funcionamento, havera melhores condi~oes
para pressionar as escaloes superiores a dotar a escola de autonomia e de recursos.A esse respeito, contempla-se no conselho de escola uma potencialidade a ser
explorada.
E bem verdade que 0 conselho de escola ainda e um instrumento imperfeito,
ja que existem problemas institucionais para sua instala<;ilode modo satisfat6rio nas
escolas. Mas, de qualquer forma, e um instrumento que existe e precisa ser
aperfei~oado com vistas a que se tome 0 embriao de uma verdadeira gestao
colegiada que esteja articulada com os interesses populares na escola. Hoje,
quando 0 diretor reivindica, e facil dizer-Ihe "nao". Tomar-se-a muito mais dificil dizer
"nBo", entretanto, quando a reivindica<;ilonao for de uma pessoa, mas de um grupo,
que represente outros grupos e esteja instrumentalizado pela conscientiza<;ilo que
sua propria organiza<;ilopropicia.
Assim, cada escola deveril constituir-se em um nucleo de pressao a exigir 0
atendimento dos direitos das camadas trabalhadoras e defender seus interesses em
termos educacionais. Quando se falam em nucleo de pressao nao se esta
imaginando nucleos isolados, sem liga<;ilocom outros, com associa¢es educativas
mais amplas e outras entidades da sociedade civil. Seu proprio carater de
reivindica<;ilo de direitos que silo comuns a amplas camadas da popula<;ilo deve
conferir-Ihe urna tendencia a relacionar-se e a agir em sintonia com urn elanco cadavez maior de entidades reivindicativas. Mas, de qualquer forma, masma pensando
apenas em termos de cada uma dessas entidades, acredita-se ser procedente uma
sugestiio de medida a ser tomada em nivel de Congresso Nacional Constituinte .
. Seria a de contemplar um principio que garantisse as institui¢es da sociedade civil
13
defender seus interesses diante do Estado, colocando-se em um nivel de
igualdade para argGir os atos autoritarios deste sem esquecer que 0 autoritarismo
assume variadas formas. Ele n§o ocorre apenas quando 0 Estado se utiliza da
maquina burocratica para exercer seu poder ou quando ha abuso da autoridade
administrativa de modo direto. 0 autoritarismo se da tambem, e em especial, quando
o Estado deixa de prover a escola de recursos necessarios a realizac;ao de seus
objetivos.
Portanto, segundo Paro (2000), uma medida constitucional de carater geral
paderia concorrer para que a escola, enquanto instituic;ao articulada com os
interesses dominados tivesse facilitada sua atividade de pressilo junto ao Estado, na
medida em que, por meio de uma associa9ao de pais au entidade semelhante,
pudesse defender mais efetivamente seus direitos com relac;aoao ensino.
Outro aspecto importantissimo do problema da participac;ao da comunidade
na escola, e que requer medidas corajosas, refere-se ao provimento da condic;Oes
para que os membros das camadas exploradas participem da vida escolar. Nilo
basta parmitir formalmente que os pais da alunos participem da administrac;ao da
escola; e preciso que haja condic;Oesmatariais propiciadoras dessa participac;ao.A
este respaito, uma medida que os autores am geral acreditam que deva sar tomada
palo Congresso Constituinte e a institui~o de dispositiv~ constitucional que facilite a
participac;aodos pais na vida da escola, par meio da progressiva isanc;aode horas
da trabalho nas empresas. Tal dispositivo poderia sar imaginado, a principio, na
forma de liberac;aodo trabalhador com filho em idade escolar de um detarminado
numero de horas de trabalho, sam prejuizo de seus vencimentos, nos dias em que
tivesse que comparecer a escola para participar de assembleias ou tratar de
problemas relacionados a escolarizac;aodo filho. Estabelecido 0 principio, a materia
seria depois regulamentada por meio de lei complementar.
Paro (ibid), considera uma providencia dessa natureza de fundamental
importancia na medida em que rompe com a ideia de que os problemas escolares
podem ser resolvidos nos estritos limites da escola e procura, ao mesmo tempo,
propiciar condic;Oes concretas de participa960 das camadas trabalhadoras nos
destin~s da educac;ao escolar. E assim que se pensa a utopia de uma escola
participativa. Ou seja, no sentido de que, aceita a necessidade, ou a
imprescindibilidade, da participac;ao efetiva dos trabalha.ld~.r ",~'j,~Cisoes quedizem respeito a educac;ao de seus filhos, procura-se idr'@tillearas :.;;di90es de
\ t~\I?;[YA~;~,,.,~ ..... ,
14
possibilidade dessa participas:ao e buscam-se as mecanismos necessarios adistribui<;iioda autoridade no interior da escola, de modo a adequa-Ia ao mister de,
ao mesmo tempo que procura formas democraticas de alcance dos objetivos
educacionais a ela inerentes, constituir-se em mecanismo de presseo junto ao
Estado e aos grupos detentores do poder, para que sajam propiciadas as condi¢es
que possibilitam 0 seu funcionamento e autonomia.
Paro (2000) cita que, se a transforma<;iio da autoridade no interior da escola
for entendida como uma quimera, se a participa<;iio efetiva das camadas
trabalhadoras nos destinos da educa<;iio escolar for uma utopia no sentido apenas
de um sonho irrealiz8vel, e neo no sentido que se deu a palavra desde 0 inicio,
entao de nada adianta continuar falando de escola como algo que possa contribuir
para a transformay8o social a, definitivamente, dave-sa deb(ar cair as mascaras
com relac;ao it ascola que ai esta e partir para outras solut;;oes, au entao cruzar as
brayos e aspersr passivamente que as grupos dominantes, par meio de suss
"reformas" e "acomoday68s" de interesses, continuem fazendo angelir as SOIU¢8S
paliativas que os mantem perenemente no poder.
2.1 0 QUE E GESTAO PARTICIPATIVA
A gestao participativa e normalmente entendida como uma forma regular e
significante de envolvimento dos funcionarios de uma organiza<;iio no seu processo
decis6rio.Segundo Luck et al.(1998), em organiza.,oes democraticamente
administradas - inclusive escolas - os funcionarios sao envolvidos no
estabelecimento de objetivos, na solu<;iiode problemas, na tomada de decisoes, no
estabelecimento e manuten<;iiode padrees de desempenho e na garantia de que
sua organiza<;iioesta atendendo adequadamente as necessidades do cliente. Ao se
refeflr a.Bscolas e sistemas de ensina, 0 conceito de gestao participativa envolve,
alem dos professores e outros funciomlrios, as pais, as alunos e qualquer Dutro
representante da comunidade que esteja interessado na esoola e na melhoria do
processo pedag6gioo.
o entendimento do oonceito de gestao js pressupoe, em si, a ideia de
participa<;iio, isto e, do trabalho associado de pessoas analisando situa¢es,
decidindo sobre sau encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. 1550 porque
15
o exito de uma organiza9iio depende da a9iio construtiva conjunta de seus
componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um "todo"orientado por uma vontade caletiva (LOCK, 1998).
Sob a designa9iio de participa9iio, experiencias sao promovidas, muitas das
quais, algumas vezes, com resultados mais negativos do que positiv~s, do ponto de
vista de considerar a legitimidade do envolvimento das pessoas na determina9iio de
ayiies e sua efetiva9iio. Isto porque, em nome da construyilo de uma sociedade
democratiea ou da promo9iio de maior envolvimento das pessoas nas organizayiies,
promove--sea realiza9aO de atividades que possibilitem e ate condicionem a sua
participa9iio. No entanto, existe a possibilidade de se pratiear a gestao escolar pura
e simplesmente como uma administra9iio modernizada, atualizada em seus
aspectos externos, mas mantendo-se a antiga 6tica de controle sobre pessoas e
processos. Esta e a razeo de se analisar a questao da participa9iio em destaque,
Mesmo porque jil se tern nolicias de pmtieas de "gestao participativa" pelas quais os
participantes do contexte organizacional sao apenas convidados a simplesmente
pratiear a participa9iio elementar de verbaliza9iio e discusseo em grupo sobre
quest6es ja definidas anteriormente e que passam a ser legitimadas por essa
discusseo (PARO: 1998).
A abordagem participativa na gestao escolar demanda maior participa9iio de
todos os interessados no processo decis6rio da escola, envolvendo-os tamMm na
realiza9iio das multiplas tarelas de gestao. Esta abordagem tamMm amplia a fonte
de habilidades e de experiancias que podem ser aplieadas na gestao das escolas.
Por nao haver uma uniea maneira de se implantar urn sistema participativo de
gestao escolar, identifieam-se alguns principios gerais da abordagem participativa.
Nos mais bem-sucedido exemplo de gestao escolar participativa, observou-se que
os diretores dedieam uma quantidade considerilvel de tempo Ii eapacita9iio
profissional e ao desenvolvimento de urn sistema de acampanhamento escolar e de
experiencias pedag6gicas earacterizadas pela reflexao-a9iio.
Segundo LOcket al. (1998), a participa9iio, em seu sentido pleno, earacteriza-
se por uma fo'98 de atua9iio consciente, pelas quais os membros de uma unidade
social reconhecem e assumem seu poder de exercer influencia na determina9iio da
dinamiea dessa unidade social, de sua cultura e de seus resultados, poder esse
resultante de sua campetencia e vontade de compreender, decidir e agir em torno de
questCiesque Ihe sao afetadas.
16
Sabe-se que, dada a tendl!ncia burocratica a cantralizadora ainda vigente na
cultura organizacional ascolar a do sistema de ensino brasileiro que a refort;a, a
participa,ao, em sau sentido dinflmico de intar-apoio e integra,ao, visando construir
urna realidade mais significativa, nao sa constitui em urna pratica comum nas
escolas, 0 mais comum e a quaixa de diretores escolares, de que "tem qua fazer
tudo sozinho', que nlio ancontram nem apoio, nem eco' para 0 trabalho da escola
como um todo, limitando-se os professores as suas responsabilidades de sala de
aula" e muitas vezes, "nem mesma assumem responsabilidade par fazer bern seu
trabalho de sala de aula", (LOCK, 1998, p, 17)
Os diretores sentem-se, por certo, sozinhos em seu trabalho e e possivel
supor que os professores, por sua vez, sentindo-se "parte de um outro gnupo",
percebem a situa~o da mesma forma, isto e, como isolados.Quante aDs paiS, a sua participayao e, na majaria das vezes, apenas
desejada para tratar de quest6es perifericas da vida escolar como, par exemplo,
aspectos fisicos e materiais da escola.Segundo LOcket at (1998), essa situac;lio, no entanto, nao sera mudada por
simples vontade de dirigentes ou par exorta<;6es dos mesmos para que os
professores participem. Sao comuns dirigentes indicarem que as professores
reclamam de nao poderem participar da determina"ao do curriculo escolar, mas que,
quando Ihes e dado espa~o para iSso, nlio querem colaborar, omitem sua
contribui,ao. Pode-se, parem, afirmar que, se essa situa,ao existe, e porque a
compraensao do significado de participa~ao nao esta clara nem mesmo para 0
dirigente. E fundamental que este examine seu entandimento sobre a questao a que
alargue seus horizontes sabre a masma.
Eo necessario ter em mente que uma cultura nao e mudada apenas por
desejo, faz-s9 necessaria 0 alargamento da consciencia e da competlmcia tecnicapara tanto. Eo importante reconhecer que, mesmo que as pessoas desejem participar
de furmula,ao e constnu,ao dos destin~s de uma unidade social, nao querem aceitar
rapidamente 0 onus de faze-Io, dai porque, ap6s manifestarem esse interesse,
demonstram, pDr meio de comportamentos evasivos. resist~ncia80 envolvimento
nas a<;6esnecessarias a mudan~ desejada.
Esse processo de resistlincia se explica pela desestabilizac;lio da ordem
vigente de poder provocado pale mudan~ da pratica social e que motivam rea<;6es
de desaoomoda,ao geral (LOCK et al. 1998).
17
Aos responsaveis pela gestao escolar compete, portanto, promover a
cria~o e a sustentayiio de um ambiente proplcio a participayiio plena, no processo
social escolar, dos seus profissionais, de alunos e de seus pais, uma vez que se
entende que e por essa participayiio que os mesmos desenvolvem consciencia
social critica e sentido de cidadania.
Neste contexto, devemos.
-expressar a reflexAo e a trabalho realizado em conjunto por todes os
profi5sionais da &SCOla,no senlido de atender As diretrizes do sistemanscionsl de EdUCfH;lK>, bem como ils neces5idades locais e especificas daclientele de escola e a ~concretiza<;Ao da identidade da escola e do
oferecimento de garanties para um enlino de qualidade" (ANDR~,2001, p.
188)
22 A PARTICIPAc;:AoDA COMUNIDADE
De acordo com Paro (2000), a situa~o precaria em que se encontra 0 ensino
publico, em especial 0 Fundamental, no Brasil, e fato incontestavel, cujo
conhecimento extrapola 0 limite dos meios academicos, expandindo-se p~r toda a
populayiio. A situayiio tambem nao e nova, vem sa anrastando por decadas, com
tandencia de agravamento dos problemas e carencias, sem que 0 Estado tome
medidas efetivas visando a sua supera~o.
Esse fate leva a se colocarem serias duvidas a respeito do real interesse do
Estado em dotar a populayiio, em especial as amplas camadas trabalhadoras, de
um mlnimo de escolaridade, expresso na pr6pria Constituiyiio, mas que nao
encontra correspondente em termos de sua concretizayiio. Parece, assim, que 0
caso da educayiio escolar constitui apenas mais um dos exemplos do descaso do
poder publico para com os servi9Qsessenciais a que a populayiio tem direito, como
saude, saneamento, moradia, etc.Paro (ibid) cita ainda que se, alem de dever do Estado, a universaliza~ao do
saber e considerada algo desejavel do ponto de vista social, no sentido da melhoria
da qualidade de vida da populayiio, trata-se, enta~, de 59 buscarem alternativas que
apontem para 0 oferecimento de um ensino de boa qualidade para todos os
cidadAos. Tal busca, entretanto, nAo pode restringir-se apenas as f6rrnulas magicas
18
que, colocadas em pratica, conseguiriam solucionar de vez a problema da carencia
de escolaridade em nosso meio. Os discursos de nossas autoridades educacionais
estao repletos de belas propostas que nunca chegam a se concretizar inteiramente
porque, no momenta de sua execuyiio, faltam a vontade politica e as recursos (tao
abundantes para outros misteres) capazes de leva-las efetivamente a bom termo.
o autor va pouca probabilidade de a Estado empregar esforyos para a
democratizayiio do saber sem que a isso seja compelida pela sociedade civil. No
ambito da unidade escolar, esta constatayiio aponta para a necessidade de a
comunidade participar efetivamente da gestao da escola de modo a que esta ganhe
autonomia em relayiio aos interesses dominantes representados pelo Estado. E isso
s6 tera ccndi<;i5es de acontecer "na medida em que aqueles que mais se
beneficiarao de uma democratizayiio da esccla puderem participar ativamente das
decis6es que dizem respeito a seus objetivos e as fonmasde alcanc;a-Ios"(PARO et
ai, 1988, p. 228). Neo basta, entretanto, ter presente a necessidade de participayiio
da populayiio na escola. E preciso verificar em que condi<;i5esessa participayiio
pode tornar-se realidade.
2.3 PARTICIPACAo DA POPULACAO NA ESCOLA DEMOcRATICA
Paro (2001) fala das potencialidades e obstaculos da participayiio da
populayiio na gestao da esccla publica, paiS isto implica em elucidar as
determinantes imediatos de tal participayiio que se enccntram dentro e fora da
esccla.Diante da atual organizayiio formal da escola publica, da distribuiyiio da
autoridade, que visa a estabelecer relacees verticais, de mando e submissiio, em
prejuizo de rela<;i5es hOrizontais, favoraveis ao envolvimento democr;3tico e
participativo, percebe-se, ao mesmo tempo, a natureza monocratica da direyiio da
escola publica estadual paulista, com mandata "vitalicio" do diretor, que e provido
por concurso, sem a referenda dos usuarios da escola que dirige. Aiem disso, a
diretor aparece, diante do Estado, como responsavel ultimo pelo funcionamento da
escola e, diante dos usuarios e do pessoal escolar, como autoridade maxima. Seu
provimento apenas a partir de requisitos "tecnicos", aferidos em concurso publico,
encobre a canMer politico de sua funyiio, dando foro de "neutralidade" a sua ayiio.
19
Assim, tendo de fato que prestar contas apenas ao Estado, acaba,
independentemente de sua vontade, servindo de preposto deste diante da escola e
da comunidade.
E com respeito a diversidade de interesses dos grupos que se relacionam no
interior da escola, ha que se reconhecer, preliminarmente, a identidade de interesses
sociais estrategicos por parte de professores, demais funcionarios, alunos e pais, ja
que, na escola publica que atende as camadas populares, todos sao trabalhadores,
no sentido mais amplo do tenmo. Todavia, isto nAo significa que OS atos e rela¢es
no interior da instituiyao escclar se deem de forma harmoniosa e sem ccnfiitos, ja
que a consciencia de tais interesses mais amplos nao se da de forma frequente nem
imediata. Em sua pratica diaria, as pessoas S8 ariantam par seus interessesimediatos e estes sao conflituosos entre as diversos grupos atuantes na eseela.
Com um processo de democratizayao da administrayao da escola, 0 que nao
acontece na escola publica, e de se esperar que a explicitayao dessas conflitos sa
de de forma mais radical.
3. CONCLUSAO DO AUTOR
Buscando ccntribuir para a reflexao acerca da situayao e perspectiva da
administrayao da educayao no Brasil. e tendo como faco de preocupayao a
atendimento a populayao prestado pela ascola publica fundamental, considero
imperioso que se comece por determinar claramente objetivos para esta escola que
atendam aos interesses das camadas trabalhadoras, seus usuarios atuais. a quem
ela realmente precisa servir. Alem disso, e urgente que se estabeleyam padrOes
minimos de qualidade a serem alcan9Bdos por maio do oferecimento de conteudo
relevante e de metodos pedag6gicos consentimeos com as objetivos democraticos
da escola, ao mesmo tempo am que se desenvolvam processos coletivos de
avaliayao de todo a processo escolar que permitam subsidiar e controlar a efetiva
busca desses objetivos. No que concerne a qualidade da for9B de trabalho
empregada na escola, e indispensavel que sa etente para os determinantes s6cia-
eccnomicos, politicos e culturais que condicionam a baixa qualificayao do pessoal
docente, as precarias condi¢es em que estes tem de desempenhar seu trabalho e
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a inadequayao de suas praticas pedag6gicas aos interesses populares.
Finalmente, mas n~o de menor importancia, he que se pensar numa transfonmeyao
radical no modo como a escola organiza suas atividades, dotandO-8 de uma
estnutura administrativa que, sendo pnopicia a realizayao dos fins sociais da
educayao, favorec;aa participa9Ao em sua gesrno dos diferentes grupos e pessoas
envolvidas nas atividades escoleres, deixando-se perpassar pela sociedade civil em
sua fun9ilo de controle de democratico do Estado.
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CONSIDERA(:OES FINAlS
Conciuindo as reflexOes, acredita-se que 0 papel social da escola e atusr
frente as profundas desigualdades s6cio-economicas, que excluem da escola uma
parcela da popula<;iio, marginalizada pelas concep¢es e praticas de carater
conservador, inspiradas no neoliberalismo.A questao que se podena aventar diante da necessidade de se superarem
esses condicionantes do autontarismo na escola e que tal supera<;iio depende de
urn esfo'90 coletivo de todos os envolvidos na situa<;iio escolar - dire9ao,
professores, demais funcionanos, alunos e pais -, ao mesmo tempo em que essa
participac;aocoletiva depende da supera<;iiodos condicionantes do autontansmo.
Na medida em que a transforma<;iioe um processo contradit6rio, a questao edialetica. pois a luta pela participa<;iiocoletiva e pela superac;aodos condicionantes
deve compor um s6 pracesso, de modo que avan9Qsem um dos campos levem a
avan9Qsno outro, de forma contfnua e interdependente.
Tendo-se realizado 0 presente estudo, compreendeu-se a necessidade da
realizac;aode novas investiga96es para que se tenha uma ViSBOmais aproximada
dos fatores especificos que levam os movimentos a essa especie de alheamento da
questBo da participa<;iio na escola publica, parece nBo haver duvidas de que os
condicionantes da participa<;iioda popula9ao em geral, tanto os externos, quanto os
intemos a unidade escolar, identificados nesta pesquisa, exercem sua influencia
tambem no interior desses movimentos.
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