UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Joseli Quintana...

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9 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Joseli Quintana Tramujas A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAacute

Joseli Quintana Tramujas

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

CURITIBA

2010

10

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

CURITIBA

2010

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Joseli Quintana Tramujas

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (ou Dissertaccedilatildeo) apresentada ao Curso de Psicopedagogia da Faculdade de Ciecircncias Humanas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau (ou tiacutetulo) de Psicopedagoga Orientador Maacutercia Maria Loss de Carvalho

CURITIBA 2010

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TERMO DE APROVACcedilAtildeO

Joseli Quintana Tramujas

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em

Psicopedagogia no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paranaacute

Curitiba 18 de setembro de 2010

____________________________________

Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paranaacute

Orientadora Prof Maacutercia Maria Loss de Carvalho

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a

acreditar e a desenvolver minhas habilidades

Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me

ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim

como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e

tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu

universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me

deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador

Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que

sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao

tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para

desenvolver minha pesquisa

E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda

certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu

conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias

fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda

paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e

concordacircncia

A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa

conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria

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ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo

Gayle M Clegg

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SUMAacuteRIO

RESUMO8

1INTRODUCcedilAtildeO9

2HISTOacuteRICO11

3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17

31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)28

41 O QUE Eacute ABA 28

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM

AUTISMO30

421 Qual a maneira correta de usa a ABA30

4211Comportamento Verbal 31

4212 Generalizaccedilatildeo 33

43 O QUE Eacute DTT 33

44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34

441 Curriacuteculo 34

442 Programas 35

443 Estiacutemulos 36

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40

CONCLUSAtildeO42

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43

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LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

TEA - Transtorno do Espectro Autista

ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)

ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

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1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

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muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

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2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

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sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

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de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

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autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

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Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

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3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

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aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

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pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

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Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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53

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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

10

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

CURITIBA

2010

11

Joseli Quintana Tramujas

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (ou Dissertaccedilatildeo) apresentada ao Curso de Psicopedagogia da Faculdade de Ciecircncias Humanas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau (ou tiacutetulo) de Psicopedagoga Orientador Maacutercia Maria Loss de Carvalho

CURITIBA 2010

12

TERMO DE APROVACcedilAtildeO

Joseli Quintana Tramujas

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em

Psicopedagogia no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paranaacute

Curitiba 18 de setembro de 2010

____________________________________

Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paranaacute

Orientadora Prof Maacutercia Maria Loss de Carvalho

13

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a

acreditar e a desenvolver minhas habilidades

Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me

ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim

como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e

tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu

universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me

deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador

Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que

sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao

tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para

desenvolver minha pesquisa

E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda

certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu

conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias

fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda

paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e

concordacircncia

A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa

conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria

14

ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo

Gayle M Clegg

15

SUMAacuteRIO

RESUMO8

1INTRODUCcedilAtildeO9

2HISTOacuteRICO11

3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17

31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)28

41 O QUE Eacute ABA 28

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM

AUTISMO30

421 Qual a maneira correta de usa a ABA30

4211Comportamento Verbal 31

4212 Generalizaccedilatildeo 33

43 O QUE Eacute DTT 33

44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34

441 Curriacuteculo 34

442 Programas 35

443 Estiacutemulos 36

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40

CONCLUSAtildeO42

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43

16

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

TEA - Transtorno do Espectro Autista

ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)

ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children

17

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

11

Joseli Quintana Tramujas

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (ou Dissertaccedilatildeo) apresentada ao Curso de Psicopedagogia da Faculdade de Ciecircncias Humanas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau (ou tiacutetulo) de Psicopedagoga Orientador Maacutercia Maria Loss de Carvalho

CURITIBA 2010

12

TERMO DE APROVACcedilAtildeO

Joseli Quintana Tramujas

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em

Psicopedagogia no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paranaacute

Curitiba 18 de setembro de 2010

____________________________________

Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paranaacute

Orientadora Prof Maacutercia Maria Loss de Carvalho

13

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a

acreditar e a desenvolver minhas habilidades

Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me

ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim

como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e

tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu

universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me

deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador

Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que

sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao

tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para

desenvolver minha pesquisa

E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda

certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu

conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias

fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda

paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e

concordacircncia

A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa

conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria

14

ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo

Gayle M Clegg

15

SUMAacuteRIO

RESUMO8

1INTRODUCcedilAtildeO9

2HISTOacuteRICO11

3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17

31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)28

41 O QUE Eacute ABA 28

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM

AUTISMO30

421 Qual a maneira correta de usa a ABA30

4211Comportamento Verbal 31

4212 Generalizaccedilatildeo 33

43 O QUE Eacute DTT 33

44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34

441 Curriacuteculo 34

442 Programas 35

443 Estiacutemulos 36

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40

CONCLUSAtildeO42

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43

16

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

TEA - Transtorno do Espectro Autista

ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)

ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children

17

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12

ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

12

TERMO DE APROVACcedilAtildeO

Joseli Quintana Tramujas

A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS

DO ESPECTRO AUTISTA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em

Psicopedagogia no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paranaacute

Curitiba 18 de setembro de 2010

____________________________________

Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paranaacute

Orientadora Prof Maacutercia Maria Loss de Carvalho

13

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a

acreditar e a desenvolver minhas habilidades

Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me

ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim

como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e

tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu

universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me

deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador

Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que

sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao

tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para

desenvolver minha pesquisa

E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda

certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu

conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias

fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda

paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e

concordacircncia

A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa

conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria

14

ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo

Gayle M Clegg

15

SUMAacuteRIO

RESUMO8

1INTRODUCcedilAtildeO9

2HISTOacuteRICO11

3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17

31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)28

41 O QUE Eacute ABA 28

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM

AUTISMO30

421 Qual a maneira correta de usa a ABA30

4211Comportamento Verbal 31

4212 Generalizaccedilatildeo 33

43 O QUE Eacute DTT 33

44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34

441 Curriacuteculo 34

442 Programas 35

443 Estiacutemulos 36

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40

CONCLUSAtildeO42

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43

16

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

TEA - Transtorno do Espectro Autista

ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)

ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children

17

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

13

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a

acreditar e a desenvolver minhas habilidades

Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me

ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim

como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e

tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu

universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me

deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador

Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que

sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao

tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para

desenvolver minha pesquisa

E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda

certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu

conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias

fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda

paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e

concordacircncia

A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa

conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria

14

ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo

Gayle M Clegg

15

SUMAacuteRIO

RESUMO8

1INTRODUCcedilAtildeO9

2HISTOacuteRICO11

3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17

31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)28

41 O QUE Eacute ABA 28

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM

AUTISMO30

421 Qual a maneira correta de usa a ABA30

4211Comportamento Verbal 31

4212 Generalizaccedilatildeo 33

43 O QUE Eacute DTT 33

44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34

441 Curriacuteculo 34

442 Programas 35

443 Estiacutemulos 36

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40

CONCLUSAtildeO42

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43

16

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

TEA - Transtorno do Espectro Autista

ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)

ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children

17

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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53

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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

14

ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo

Gayle M Clegg

15

SUMAacuteRIO

RESUMO8

1INTRODUCcedilAtildeO9

2HISTOacuteRICO11

3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17

31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)28

41 O QUE Eacute ABA 28

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM

AUTISMO30

421 Qual a maneira correta de usa a ABA30

4211Comportamento Verbal 31

4212 Generalizaccedilatildeo 33

43 O QUE Eacute DTT 33

44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34

441 Curriacuteculo 34

442 Programas 35

443 Estiacutemulos 36

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40

CONCLUSAtildeO42

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43

16

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

TEA - Transtorno do Espectro Autista

ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)

ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children

17

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

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15

SUMAacuteRIO

RESUMO8

1INTRODUCcedilAtildeO9

2HISTOacuteRICO11

3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17

31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)28

41 O QUE Eacute ABA 28

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM

AUTISMO30

421 Qual a maneira correta de usa a ABA30

4211Comportamento Verbal 31

4212 Generalizaccedilatildeo 33

43 O QUE Eacute DTT 33

44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34

441 Curriacuteculo 34

442 Programas 35

443 Estiacutemulos 36

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40

CONCLUSAtildeO42

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43

16

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

TEA - Transtorno do Espectro Autista

ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)

ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children

17

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

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16

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES

TEA - Transtorno do Espectro Autista

ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)

ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children

17

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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17

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA

18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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18

1INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por

parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao

comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer

como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)

Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de

aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade

de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento

comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto

como um detetive assim afirma Edith Rubinstein

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)

Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no

conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta

forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA

Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por

fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario

dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam

atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes

Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns

meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos

profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em

praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os

portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social

19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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19

muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo

pela sociedade

Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por

objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no

processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no

relacionamento social no meio em que vive

O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das

coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes

possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu

Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o

psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se

dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos

portadores do TEA

20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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20

2 HISTOacuteRICO

O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O

Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem

sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas

Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar

a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie

Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila

considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos

diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por

terapeutas durante algum tempo

Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em

Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo

intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective

Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se

relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam

falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a

manutenccedilatildeo da mesmice

Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente

intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees

humanas

Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento

dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas

semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no

entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)

21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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21

Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes

pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento

possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um

rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner

Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca

trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como

autismo infantil

Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo

esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da

esquizofrenia

O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e

Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma

siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes

caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios

nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades

cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e

objetos

Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber

que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes

desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza

sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da

imaginaccedilatildeo

Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do

TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que

foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia

22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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22

sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com

autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave

famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em

sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo

Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo

(ASA)

O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)

Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro

verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito

Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem

Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas

Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo

Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado

Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo

usados de maneira devida

Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado

com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie

imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de

desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de

comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos

Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal

23

de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)

O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute

ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do

autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como

Siacutendrome de Asperger

Siacutendrome X Fraacutegil

Siacutendrome de Rett

Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo

Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc

O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um

quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista

demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias

alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de

retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo

Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma

pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto

antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados

Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e

descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros

estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo

comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em

relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como

o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis

Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas

causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes

24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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24

autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro

caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias

Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo

deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento

Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do

desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de

alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal

Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute

desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores

sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki

(2007 p18) como sendo

A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo

Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos

instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente

e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada

Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos

com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar

dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou

seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o

autismo passa a ser visto como um transtorno

Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar

fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus

familiares ajudaacute-los

25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

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25

Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os

TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas

crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o

eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute

atingido Segundo Elias (2007 p271)

Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista

Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de

TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud

Elias 2007) afirma ser

impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo

Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila

de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e

limitaccedilotildees dela seja feliz

Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida

estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na

sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave

relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem

26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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26

3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA

Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em

investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode

configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos

psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse

profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma

aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia

preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma

situaccedilatildeo concretardquo

Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da

crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que

venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais

de seus clientes

Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa

profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo

bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos

disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de

conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode

se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo

menos pra ele

Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o

significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa

que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa

entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador

27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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27

aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a

expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada

Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do

profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo

tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos

elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de

relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo

indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-

se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam

Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise

e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a

estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos

relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do

momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de

construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores

muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos

desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de

terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao

indiviacuteduo

Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de

fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz

ela

ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma

28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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28

pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma

esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta

investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de

aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a

necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento

aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter

conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e

desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do

autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do

organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as

caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos

aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a

participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que

amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico

A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da

aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de

construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de

toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo

29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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29

Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas

educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos

comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo

Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de

cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo

afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu

proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero

aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados

significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes

uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta

Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento

eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos

em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo

significa trabalhar sem metas a serem cumpridas

As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes

aspectos Bastos

bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)

30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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30

E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de

cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA

Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na

organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato

apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que

desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na

compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA

Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)

ldquoPrezados Senhores

Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze

anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino

especial e tem aprendido a fazer muitas coisas

Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num

tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na

maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os

cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-

cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites

poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode

dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de

papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para

lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer

biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num

cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome

das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino

quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma

nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo

consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com

comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de

fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a

oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo

Lewis P (1987)

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

31

Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de

noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees

semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a

uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam

Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)

Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos

proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do

que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios

Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e

aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com

certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos

chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)

ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para

crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH

Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes

podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do

TEA

32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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32

31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA

Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou

um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer

um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o

processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo

um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas

Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de

desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto

consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum

podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que

Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)

Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila

eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de

desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo

Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila

pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de

saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio

estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque

passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)

1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade

33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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33

4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto

5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo

6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos

Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo

a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia

que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase

corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como

ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do

desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima

fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia

Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da

crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades

especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como

A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)

Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse

que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta

forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas

mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no

desenvolvimento humano

Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo

pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de

apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num

permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a

maturaccedilatildeo

34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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34

A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo

fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que

precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste

justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo

Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas

mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se

movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas

modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que

muda

No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas

transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai

aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e

ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir

um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades

de agir sobre ele

Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento

adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento

com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito

percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais

destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los

e preparaacute-los para tais mudanccedilas

Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de

uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes

conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas

accedilotildees com o que vem do exterior

35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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35

Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita

uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo

Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura

que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira

simples e autosuficiente

O autor (2010) afirma que

O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)

Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem

dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio

de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista

comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no

que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais

Para o autor ainda

Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)

Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e

ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos

metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo

dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos

36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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36

tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos

miacutenimos detalhes

Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais

especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em

trecircs grupos

Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)

As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de

Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI

O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo

no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo

fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento

entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento

motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se

um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa

consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias

Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas

do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas

autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a

capacidade de pensar

Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica

pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo

Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH

satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes

melhores resultados e eficaacutecia comprovada

37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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37

4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO

APLICADA)

Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute

a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o

individuo aprenderdquo

41 O QUE Eacute ABA

De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por

Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada

(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo

cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o

ambiente o comportamento humano e a aprendizagem

Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser

implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se

na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por

exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso

comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)

Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os

pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo

Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo

O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O

comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o

Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou

modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem

38

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um

estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele

comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que

vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a

probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por

exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o

motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc

provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento

de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista

Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute

ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo

as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos

provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo

resultado ou consequumlecircncia

Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os

termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador

(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)

Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)

Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de

comportamentos humanos

ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que

pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos

diferentes de intervenccedilotildees

Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo

eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia

39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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39

42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO

Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para

instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja

um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo

ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para

crianccedilas com autismo

Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute

muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica

tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e

curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA

normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees

precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40

horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na

premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido

depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as

habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de

brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo

para o seu sucesso

421 Qual a maneira correta de usar a ABA

Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para

ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas

contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA

continua a evoluir

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

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BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T

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53

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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

40

Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais

eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no

Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)

Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem

consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-

las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia

que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma

somente a maneira de aplicaacute-la varia

Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc

aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem

variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees

musicais aceitas por todos

4211Comportamento Verbal

Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo

(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que

descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano

influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem

atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de

balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por

um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do

bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner

acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando

vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala

reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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53

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AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

41

trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a

comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse

autogerativardquo e inata

Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes

unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido

alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por

Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees

para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem

realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante

notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal

Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de

linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal

Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em

oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora

fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento

Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do

Comportamento Aplicada

Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James

Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais

respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e

ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children

with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para

crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem

traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na

estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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2008 587 p

42

ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment

of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de

linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo

e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades

4212 Generalizaccedilatildeo

A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de

um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e

da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do

aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de

ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou

conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees

individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de

aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um

bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de

mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de

terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de

professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades

fique mais faacutecil

43 O QUE Eacute DTT

O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma

das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado

comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de

aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

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060920010

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PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

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In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

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2008 587 p

43

de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo

(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja

alcanccedilado

Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um

uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente

comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que

desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem

ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para

praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe

ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse

necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)

Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado

como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui

muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo

comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA

44 Visatildeo geral de um programa de ABA

Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um

programa de ABA

441 Curriacuteculo

O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo

tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de

linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de

maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM

060920010

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades

Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e

Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41

Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)

httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender

Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p

BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE

TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia

Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria

Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131

BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia

e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p

BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T

OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem

Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64

BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3

ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76

ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil

Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282

53

GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434

CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004

HttpPTshvoongcomsocial-sciencieseducation1780139-processo-

aprendizagem Acesso em 04092010

LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual

Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p

PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do

desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975

PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem

In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42

RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO

Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12

ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

44

para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para

trabalhar formam seu curriacuteculo

a) Programa de Linguagem Receptiva

bull Aponta para objetos quando solicitado

bull Segue instruccedilotildees de um passo

bull Aponta para partes do corpo

b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo

bull Imita accedilotildees motoras amplas

bull Imita accedilotildees motoras finas

bull Imita accedilotildees com objetos

c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais

bull Tira as roupas

bull Usa colher e garfo

bull Usa o toalete

442 Programas

Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que

todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser

usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada

para ajudar nisso

a) Estiacutemulo SD

bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo

bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado

bull Tambeacutem conhecido como o antecedente

bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais

b) Tentativa

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

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Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41

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TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia

Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria

Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131

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e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p

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ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76

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ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil

Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282

53

GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434

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PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

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In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42

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ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

45

bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando

quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta

bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a

sessatildeo

c) Resposta

bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)

d) Reforccedilador

bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo

bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia

bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila

e) Ajudas Dicas

bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor

bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento

443 Estiacutemulos

Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que

estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais

lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)

a) Aula

bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa

bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem

terapecircutica

b) Domiacutenio

bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e

estaacute pronta para seguir em frente

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM

060920010

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades

Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e

Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41

Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)

httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender

Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p

BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE

TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia

Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria

Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131

BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia

e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p

BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T

OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem

Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64

BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3

ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76

ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil

Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282

53

GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434

CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004

HttpPTshvoongcomsocial-sciencieseducation1780139-processo-

aprendizagem Acesso em 04092010

LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual

Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p

PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do

desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975

PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem

In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42

RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO

Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12

ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

46

bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto

e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal

bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou

melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo

c) Dados

bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta

de uma crianccedila a cada SD pode ser

- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)

- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)

- sem resposta (indicada por um NR SR)

- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar

bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)

bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc

natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco

de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar

para um novo programa

d) Meacutetodo

bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura

usada

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM

060920010

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades

Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e

Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41

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httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010

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Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p

BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE

TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia

Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria

Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131

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e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p

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Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64

BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3

ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76

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ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil

Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282

53

GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434

CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004

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Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p

PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do

desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975

PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem

In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42

RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO

Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12

ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

47

5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED

COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO

PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave

COMUNICACcedilAtildeO)

Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a

legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e

portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em

Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi

inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com

problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o

esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo

de problemas

A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi

montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do

Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose

infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo

psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para

tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de

seus distuacuterbios

Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a

crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua

capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada

como ldquointestaacutevelrdquo

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM

060920010

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades

Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e

Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41

Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)

httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender

Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p

BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE

TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia

Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria

Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131

BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia

e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p

BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T

OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem

Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64

BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3

ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76

ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil

Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282

53

GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434

CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004

HttpPTshvoongcomsocial-sciencieseducation1780139-processo-

aprendizagem Acesso em 04092010

LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual

Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p

PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do

desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975

PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem

In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42

RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO

Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12

ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

48

Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo

soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o

niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus

problemas de comportamento

Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados

obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder

testar as suas ideacuteias

Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes

de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e

os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem

diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino

contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que

ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas

(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)

Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo

realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo

um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de

coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos

direitos de seus filhos

O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento

nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um

modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia

Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo

Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre

distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM

060920010

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades

Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e

Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41

Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)

httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender

Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p

BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE

TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia

Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria

Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131

BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia

e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p

BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T

OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem

Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64

BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3

ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76

ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil

Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282

53

GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434

CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004

HttpPTshvoongcomsocial-sciencieseducation1780139-processo-

aprendizagem Acesso em 04092010

LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual

Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p

PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do

desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975

PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem

In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42

RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO

Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12

ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

49

A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua

ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia

descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas

autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da

Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa

modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares

O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto

para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento

51 OS OBJETIVOS DO TEACCH

O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu

desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de

autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes

da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com

outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de

acordo com suas proacuteprias necessidades

A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da

independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta

para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente

O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por

Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas

portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes

aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia

O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os

problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

52

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM

060920010

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades

Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e

Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41

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httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender

Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p

BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE

TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia

Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria

Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131

BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia

e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p

BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T

OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem

Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64

BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3

ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76

ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil

Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282

53

GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434

CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004

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aprendizagem Acesso em 04092010

LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual

Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p

PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do

desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975

PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem

In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42

RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO

Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12

ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

50

causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas

eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois

proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de

trabalhos

Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo

ndash Com objetos

ndash Com figuras (desenhos ou fotos)

ndash Figuras e descriccedilotildees

ndash Por Escrito

Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a

capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo

causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem

informar ao estudante

Qual eacute a atividade

O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)

Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a

tarefa

O que vem depois

Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar

domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente

51

CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS

httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM

060920010

ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades

Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e

Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41

Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)

httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender

Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p

BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE

TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia

Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria

Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131

BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia

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BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T

OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem

Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64

BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3

ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76

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GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L

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Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434

CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004

HttpPTshvoongcomsocial-sciencieseducation1780139-processo-

aprendizagem Acesso em 04092010

LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual

Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)

Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p

PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do

desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975

PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees

D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria

2001 p14-16

RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem

In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e

Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42

RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO

Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12

ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139

SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con

ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p

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CONCLUSAtildeO

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra

totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita

uma conclusatildeo clara e objetiva

Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees

para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a

desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro

ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter

sucesso algum

No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e

investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e

consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida

Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu

paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)

confirma esse conceito quando diz que

O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem

Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo

atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos

atentos as necessidades advindas por nossos pacientes

A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que

fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas

necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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2008 587 p

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SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do

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ceito-e-classificacao Acesso em 27082010

STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed

2008 587 p