UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Joseli Quintana...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAacute
Joseli Quintana Tramujas
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
CURITIBA
2010
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A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
CURITIBA
2010
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Joseli Quintana Tramujas
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (ou Dissertaccedilatildeo) apresentada ao Curso de Psicopedagogia da Faculdade de Ciecircncias Humanas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau (ou tiacutetulo) de Psicopedagoga Orientador Maacutercia Maria Loss de Carvalho
CURITIBA 2010
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TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Joseli Quintana Tramujas
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em
Psicopedagogia no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paranaacute
Curitiba 18 de setembro de 2010
____________________________________
Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paranaacute
Orientadora Prof Maacutercia Maria Loss de Carvalho
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a
acreditar e a desenvolver minhas habilidades
Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me
ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim
como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e
tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu
universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me
deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador
Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que
sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao
tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para
desenvolver minha pesquisa
E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda
certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu
conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias
fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda
paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e
concordacircncia
A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa
conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria
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ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo
Gayle M Clegg
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SUMAacuteRIO
RESUMO8
1INTRODUCcedilAtildeO9
2HISTOacuteRICO11
3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17
31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)28
41 O QUE Eacute ABA 28
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM
AUTISMO30
421 Qual a maneira correta de usa a ABA30
4211Comportamento Verbal 31
4212 Generalizaccedilatildeo 33
43 O QUE Eacute DTT 33
44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34
441 Curriacuteculo 34
442 Programas 35
443 Estiacutemulos 36
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40
CONCLUSAtildeO42
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43
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LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
TEA - Transtorno do Espectro Autista
ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)
ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children
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RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
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1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
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muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
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2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
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Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
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sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
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de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
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autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
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Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
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3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
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aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
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pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
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Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
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E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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10
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
CURITIBA
2010
11
Joseli Quintana Tramujas
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (ou Dissertaccedilatildeo) apresentada ao Curso de Psicopedagogia da Faculdade de Ciecircncias Humanas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau (ou tiacutetulo) de Psicopedagoga Orientador Maacutercia Maria Loss de Carvalho
CURITIBA 2010
12
TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Joseli Quintana Tramujas
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em
Psicopedagogia no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paranaacute
Curitiba 18 de setembro de 2010
____________________________________
Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paranaacute
Orientadora Prof Maacutercia Maria Loss de Carvalho
13
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a
acreditar e a desenvolver minhas habilidades
Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me
ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim
como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e
tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu
universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me
deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador
Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que
sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao
tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para
desenvolver minha pesquisa
E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda
certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu
conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias
fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda
paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e
concordacircncia
A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa
conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria
14
ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo
Gayle M Clegg
15
SUMAacuteRIO
RESUMO8
1INTRODUCcedilAtildeO9
2HISTOacuteRICO11
3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17
31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)28
41 O QUE Eacute ABA 28
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM
AUTISMO30
421 Qual a maneira correta de usa a ABA30
4211Comportamento Verbal 31
4212 Generalizaccedilatildeo 33
43 O QUE Eacute DTT 33
44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34
441 Curriacuteculo 34
442 Programas 35
443 Estiacutemulos 36
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40
CONCLUSAtildeO42
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43
16
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
TEA - Transtorno do Espectro Autista
ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)
ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children
17
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
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aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
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pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
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Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
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E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
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Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
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31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
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4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
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A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
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Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
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tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
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4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
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42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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2008 587 p
11
Joseli Quintana Tramujas
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (ou Dissertaccedilatildeo) apresentada ao Curso de Psicopedagogia da Faculdade de Ciecircncias Humanas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau (ou tiacutetulo) de Psicopedagoga Orientador Maacutercia Maria Loss de Carvalho
CURITIBA 2010
12
TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Joseli Quintana Tramujas
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em
Psicopedagogia no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paranaacute
Curitiba 18 de setembro de 2010
____________________________________
Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paranaacute
Orientadora Prof Maacutercia Maria Loss de Carvalho
13
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a
acreditar e a desenvolver minhas habilidades
Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me
ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim
como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e
tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu
universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me
deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador
Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que
sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao
tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para
desenvolver minha pesquisa
E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda
certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu
conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias
fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda
paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e
concordacircncia
A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa
conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria
14
ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo
Gayle M Clegg
15
SUMAacuteRIO
RESUMO8
1INTRODUCcedilAtildeO9
2HISTOacuteRICO11
3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17
31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)28
41 O QUE Eacute ABA 28
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM
AUTISMO30
421 Qual a maneira correta de usa a ABA30
4211Comportamento Verbal 31
4212 Generalizaccedilatildeo 33
43 O QUE Eacute DTT 33
44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34
441 Curriacuteculo 34
442 Programas 35
443 Estiacutemulos 36
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40
CONCLUSAtildeO42
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43
16
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
TEA - Transtorno do Espectro Autista
ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)
ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children
17
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
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autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
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Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
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pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
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E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
12
TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Joseli Quintana Tramujas
A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO AUTISTA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em
Psicopedagogia no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paranaacute
Curitiba 18 de setembro de 2010
____________________________________
Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paranaacute
Orientadora Prof Maacutercia Maria Loss de Carvalho
13
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a
acreditar e a desenvolver minhas habilidades
Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me
ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim
como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e
tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu
universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me
deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador
Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que
sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao
tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para
desenvolver minha pesquisa
E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda
certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu
conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias
fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda
paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e
concordacircncia
A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa
conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria
14
ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo
Gayle M Clegg
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SUMAacuteRIO
RESUMO8
1INTRODUCcedilAtildeO9
2HISTOacuteRICO11
3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17
31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)28
41 O QUE Eacute ABA 28
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM
AUTISMO30
421 Qual a maneira correta de usa a ABA30
4211Comportamento Verbal 31
4212 Generalizaccedilatildeo 33
43 O QUE Eacute DTT 33
44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34
441 Curriacuteculo 34
442 Programas 35
443 Estiacutemulos 36
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40
CONCLUSAtildeO42
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43
16
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
TEA - Transtorno do Espectro Autista
ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)
ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children
17
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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13
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo ao ldquoSenhorrdquo meu Pai Eterno que me ajudou a
acreditar e a desenvolver minhas habilidades
Agradeccedilo tambeacutem por Ele ter colocado em meu caminho pessoas que me
ajudaram e me apoiaram Pessoas essas que fazem parte do meu dia a dia assim
como minha famiacutelia minhas filhas que aguumlentaram o meu mau humor meu stress e
tambeacutem as corridas a biblioteca para pegar livros dos quais natildeo fazem parte do seu
universo Ao meu esposo que em dias ensolarados abriu matildeo de sair para natildeo me
deixar sozinha mesmo que eu estivesse atraacutes do computador
Agradeccedilo a minha parceira de trabalho minha coordenadora e amiga que
sem exitar em momento algum me cedeu todo o material que possuiacutea referente ao
tema escolhido e me permitiu sair algumas vezes mais cedo do trabalho para
desenvolver minha pesquisa
E por fim agradeccedilo a minha querida amiga e orientadora que com toda
certeza foi um anjo que caiu em meu caminho abriu as portas para o meu
conhecimento me dando oportunidades maravilhosas de compartilhar experiecircncias
fantaacutesticas no mundo maravilhoso do Transtorno do Espectro Autista Teve toda
paciecircncia do mundo em me orientar e corrigir meus erros de ortografia e
concordacircncia
A todos vocecircs o meu muito obrigada por fazerem parte de mais essa
conquista da qual jamais achei que alcanccedilaria
14
ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo
Gayle M Clegg
15
SUMAacuteRIO
RESUMO8
1INTRODUCcedilAtildeO9
2HISTOacuteRICO11
3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17
31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)28
41 O QUE Eacute ABA 28
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM
AUTISMO30
421 Qual a maneira correta de usa a ABA30
4211Comportamento Verbal 31
4212 Generalizaccedilatildeo 33
43 O QUE Eacute DTT 33
44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34
441 Curriacuteculo 34
442 Programas 35
443 Estiacutemulos 36
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40
CONCLUSAtildeO42
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43
16
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
TEA - Transtorno do Espectro Autista
ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)
ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children
17
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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14
ldquoTemos que continuar a escrever caminhar servir e aceitar novos desafios ateacute o fim de nossa proacutepria histoacuteriardquo
Gayle M Clegg
15
SUMAacuteRIO
RESUMO8
1INTRODUCcedilAtildeO9
2HISTOacuteRICO11
3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17
31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)28
41 O QUE Eacute ABA 28
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM
AUTISMO30
421 Qual a maneira correta de usa a ABA30
4211Comportamento Verbal 31
4212 Generalizaccedilatildeo 33
43 O QUE Eacute DTT 33
44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34
441 Curriacuteculo 34
442 Programas 35
443 Estiacutemulos 36
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40
CONCLUSAtildeO42
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43
16
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
TEA - Transtorno do Espectro Autista
ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)
ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children
17
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
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pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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15
SUMAacuteRIO
RESUMO8
1INTRODUCcedilAtildeO9
2HISTOacuteRICO11
3AATUACcedilAtildeOPSICOPEDAGOacuteGICA17
31DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA23
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)28
41 O QUE Eacute ABA 28
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM
AUTISMO30
421 Qual a maneira correta de usa a ABA30
4211Comportamento Verbal 31
4212 Generalizaccedilatildeo 33
43 O QUE Eacute DTT 33
44 Visatildeo geral de um programa de ABA 34
441 Curriacuteculo 34
442 Programas 35
443 Estiacutemulos 36
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED HILDRENhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH 40
CONCLUSAtildeO42
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS43
16
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
TEA - Transtorno do Espectro Autista
ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)
ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children
17
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
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A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS
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LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES
TEA - Transtorno do Espectro Autista
ASA - Autism Society of American (Assoc Americana de Autismo)
ABA - Applied Behavioral Analysis (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children
17
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
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pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
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Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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17
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo atraveacutes de uma revisatildeo literaacuteria discorrer como se processa a aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) Trata-se de um estudo qualitativo por meio de literatura pertinente ao tema Foram pesquisados autores que abordam o Desenvolvimento Infantil a Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) Eacute abordada a atuaccedilatildeo do psicopedagogo diante de um processo investigativo de aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) e os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento comportamental e cognitivo dessas crianccedilas Recursos esses apresentados e descritos como a ABA e o TEACCH que tem como objetivo analisar e explicar a associaccedilatildeo entre o ambiente o comportamento humano e a aprendizagem O TEACCH apoacuteia o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de acordo com suas proacuteprias necessidades Desta forma compreende-se que o psicopedagogo atraveacutes de capacitaccedilatildeo e orientaccedilatildeo encontra-se apto a atuar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores TEA
18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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18
1INTRODUCcedilAtildeO
O transtorno do espectro autista tem sido motivo de grande preocupaccedilatildeo por
parte de profissionais de diferentes aacutereas por depender de fatores relacionados ao
comportamento e sociabilidade A pesquisa realizada teve o objetivo de discorrer
como se processa a aprendizagem nos portadores do espectro autista (TEA)
Como o psicopedagogo atua diante de um processo investigativo de
aprendizagem nos Transtornos do Espectro Autista (TEA) percebe-se a necessidade
de verificar quais os recursos que podem ser utilizados no desenvolvimento
comportamental e cognitivo dessas crianccedilas uma vez que o psicopedagogo eacute visto
como um detetive assim afirma Edith Rubinstein
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem (2009 p 128)
Desta forma pode-se perceber a importacircncia do psicopedagogo no
conhecimento da aprendizagem e desenvolvimento da crianccedila para que desta
forma tenha condiccedilotildees para atuar diretamente com os portadores do TEA
Vale ressaltar que o desenvolvimento da crianccedila acontece passando por
fases ou estaacutegios estes com crianccedilas tiacutepicas acontece normalmente ao contrario
dos portadores do TEA que necessitam da orientaccedilatildeo e direccedilatildeo para que possam
atuar e desenvolver suas habilidades tornando-os mais auto-suficientes
Pensando nesse processo foram apresentados nesta pesquisa alguns
meacutetodos os quais jaacute satildeo comprovados empiricamente sua eficaacutecia Cabe aos
profissionais habilitados estudarem e capacitar-se o suficiente para colocar em
praacutetica o processo de investigaccedilatildeo que assim os compete uma vez que os
portadores do TEA possuem um distuacuterbio da comunicaccedilatildeo e da interaccedilatildeo social
19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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19
muito intenso dificultando desta forma sua aceitaccedilatildeo por profissionais e ateacute mesmo
pela sociedade
Contudo o meacutetodo ABA como jaacute mencionado eacute um programa que tem por
objetivo trabalhar o comportamento dos portadores de TEA ajudando-os no
processo de orientaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das tarefas diaacuterias assim como no
relacionamento social no meio em que vive
O programa TEACCH apresenta sua proposta dando um referencial das
coisas que iratildeo acontecer e o que jaacute aconteceu pois se tratando de TEA estes
possuem muita dificuldade em perceber o que acontece do que jaacute aconteceu
Tendo essa proposta como ferramenta de trabalho percebe-se o
psicopedagogo apto a trabalhar com portadores do TEA uma vez que este se
dedique e tenha o desejo de conhecer como se daacute o processo de aprendizagem dos
portadores do TEA
20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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20
2 HISTOacuteRICO
O termo autismo vem do Grego Autoacutes significa algo como ldquopor si mesmordquo O
Autismo eacute conhecido como um distuacuterbio do desenvolvimento humano que vem
sendo estudado haacute pelo menos seis deacutecadas
Em 1911 Bleuler usou pela primeira vez a expressatildeo ldquoautismordquo para apontar
a perda de contato da realidade que decorria na comunicaccedilatildeo Em 1929 Melanie
Klein apresenta para a psicanaacutelise o ldquoCaso Dickrdquo que descreve uma crianccedila
considerada esquizofrecircnica na eacutepoca mas que apresentava sintomas autiacutesticos
diferenciados da esquizofrenia a descriccedilatildeo foi considerada como referecircncia por
terapeutas durante algum tempo
Em 1943 o psiquiatra americano Leo Kanner americano que trabalhava em
Baltimore nos Estados Unidos descreveu um grupo de crianccedilas em sua publicaccedilatildeo
intitulada ldquoDistuacuterbios Autiacutesticos do Contato Afetivordquo (Autistic Disturbances of Affective
Contact) As crianccedilas investigadas por Kanner apresentavam dificuldades para se
relacionarem com outras pessoas e situaccedilotildees desde muito pequenas Possuiacuteam
falha no uso da linguagem e apresentavam um desejo obsessivo e ansioso para a
manutenccedilatildeo da mesmice
Kanner acreditava que o autismo fosse causado por pais altamente
intelectualizados pessoas emocionalmente frias e com pouco interesse nas relaccedilotildees
humanas
Em 1944 o pediatra austriacuteaco Hans Asperger sem ter nenhum conhecimento
dos estudos de Kanner descreve um artigo sobre crianccedilas com caracteriacutesticas
semelhantes ao autismo ou seja muita dificuldade na comunicaccedilatildeo social no
entanto possuiacuteam inteligecircncia normal (GADIA 2006 p 423)
21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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21
Ao contraacuterio de Kanner que via um prognoacutestico mais sombrio para estes
pacientes Asperger acreditava que eles responderiam melhor ao tratamento
possivelmente em funccedilatildeo de que os pacientes descritos por ele apresentavam um
rendimento superior ao daqueles descritos por Kanner
Coincidecircncia ou natildeo os dois autores escreveram na mesma eacutepoca
trabalhando isoladamente os sintomas da doenccedila que hoje conhecemos como
autismo infantil
Discordando do proposto por Kanner Bender em 1947 usou o termo
esquizofrenia infantil pois ele considerava o autismo como a forma mais precoce da
esquizofrenia
O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianccedilas e
Adultos com Autismo dos Estados Unidos (salle et al) define o autismo como uma
siacutendrome que aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes
caracteriacutesticas distuacuterbios nas taxas e sequumlecircncias do desenvolvimento distuacuterbios
nas respostas a estiacutemulos sensoriais distuacuterbios na fala linguagem e capacidades
cognitivas distuacuterbios na capacidade de relacionarem-se com pessoas eventos e
objetos
Contudo mais tarde com a evoluccedilatildeo de pesquisas cientiacuteficas pode-se saber
que o autismo eacute considerado uma siacutendrome definida por alteraccedilotildees presentes
desde muito cedo tipicamente antes dos trecircs anos de idade e que se caracteriza
sempre por dificuldades na comunicaccedilatildeo na interaccedilatildeo social e no uso da
imaginaccedilatildeo
Hoje existem instituiccedilotildees de amparo e assistencialismo aos portadores do
TEA uma delas e conhecida como a AMA ndash Associaccedilatildeo de Amigos do Autista que
foi fundada em 1983 pelos pais de crianccedilas autistas que ateacute entatildeo mal se conhecia
22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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22
sobre a doenccedila A associaccedilatildeo teve e tem a missatildeo de proporcionar agrave pessoa com
autismo uma vida digna trabalho sauacutede lazer e integraccedilatildeo agrave sociedade Oferece agrave
famiacutelia da pessoa com autismo instrumentos para a convivecircncia no lar e em
sociedade e tende a promover e incentivar pesquisas sobre o autismo
Segundo a Autism Society of American Associaccedilatildeo Americana de Autismo
(ASA)
O autismo eacute uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida Eacute incapacitante e aparece tipicamente nos trecircs primeiros anos de vida Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e eacute quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino Eacute encontrado em todo o mundo e em famiacutelias de qualquer configuraccedilatildeo racial eacutetnica e social Natildeo se conseguiu ateacute agora provar qualquer causa psicoloacutegica no meio ambiente dessas crianccedilas que possa causar a doenccedila (ASA 1978)
Os sintomas geralmente satildeo causados por disfunccedilotildees fiacutesicas no ceacuterebro
verificado pela anamnese ou presente nos exames e entrevista com o sujeito
Segundo a ASA (1978) esses sintomas incluem
Distuacuterbios no ritmo de aparecimentos de habilidades fiacutesicas sociais e linguumliacutesticas
Reaccedilotildees anormais agraves sensaccedilotildees As funccedilotildees ou aacutereas mais afetadas satildeo visatildeo audiccedilatildeo tato dor equiliacutebrio olfato gustaccedilatildeo e maneira de manter o corpo
Fala e linguagem ausentes ou atrasadas Certas aacutereas especiacuteficas do pensar presentes ou natildeo Ritmo imaturo da fala restrita compreensatildeo de ideacuteias Uso de palavras sem associaccedilatildeo com o significado
Relacionamento anormal com os objetivos eventos e pessoas Respostas natildeo apropriadas a adultos e crianccedilas Objetos e brinquedos natildeo
usados de maneira devida
Segundo Dr Schwartzman o autismo eacute muito amplo podendo ser comparado
com ldquoa deficiecircncia mental outro conjunto de sinais e sintomas presentes numa seacuterie
imensa de pessoasrdquo para ele ainda natildeo existe o autismo mas um ldquoespectro de
desordens autiacutesticasrdquo onde aparecem as mesmas dificuldades mas em graus de
comprometimento diferentes Ele caracteriza o autismo por trecircs aspectos
Primeiro satildeo crianccedilas que parecem natildeo tomar consciecircncia da presenccedila do outro como pessoa Segundo apresentam muita dificuldade de comunicaccedilatildeo Natildeo eacute que natildeo falem natildeo conseguem estabelecer um canal
23
de comunicaccedilatildeo eficiente Terceiro tecircm um padratildeo de comportamento muito restrito e repetitivo (Acesso em 2010)
O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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O Diagnoacutestico deve ser uma investigaccedilatildeo detalhada onde a crianccedila deveraacute
ser acompanhada por um profissional competente e que entenda da siacutendrome do
autismo O autismo poderaacute estar associado a diversas siacutendromes como
Siacutendrome de Asperger
Siacutendrome X Fraacutegil
Siacutendrome de Rett
Distuacuterbio Obsessivo ndash Compulsivo
Deficiecircncia mental - leve moderada ou severa etc
O diagnoacutestico ainda eacute uma etapa muito difiacutecil pois eacute feito com base em um
quadro de comportamentos Aleacutem desses aspectos especiacuteficos a crianccedila autista
demonstra uma seacuterie de outros problemas natildeo especiacuteficos como medos fobias
alteraccedilotildees do sono alimentaccedilatildeo e ataques de birra e agressatildeo Na ocorrecircncia de
retardo mental grave associado eacute bastante comum a auto-agressatildeo
Natildeo existem exames que possam determinar objetivamente que uma
pessoa eacute autista Pode manifestar-se desde os primeiros anos de vida e quanto
antes se iniciar o tratamento do autismo melhor seratildeo os resultados
Conforme jaacute mencionado anteriormente o autismo foi estudado e
descoberto atraveacutes de pesquisas realizadas por Kanner (assim como outros
estudiosos) O que mais chamou a atenccedilatildeo desses pesquisadores foi a questatildeo
comportamental apresentada pelas crianccedilas pesquisadas sua dificuldade em
relacionamento e comunicaccedilatildeo Desta forma novos estudos foram realizados como
o intuito de compreender melhor essa siacutendrome e seus sintomas variaacuteveis
Assumpccedilatildeo e Kuczynki (2007) relatam estudos das anormalidades geneacuteticas
causadas pelo autismo Atraveacutes das pesquisas apresentadas por Kanner estes
24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
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bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
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bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
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Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
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A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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24
autores comeccedilam um estudo mais aprofundado com relaccedilatildeo ao quadro
caracterizado como o isolamento extremo obsessividade estereotipias e ecolalias
Novas alteraccedilotildees surgem associam-se ao autismo o deacuteficit cognitivo
deixando de ser considerado uma psicose para um distuacuterbio do desenvolvimento
Assim sendo o trabalho formulado define-se como transtorno global do
desenvolvimento ocorrendo antes dos trecircs anos de idade com criteacuterios de
alteraccedilotildees significativas na interaccedilatildeo social comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal
Mesmo com as pesquisas realizadas a etiologia do autismo ainda hoje eacute
desconhecida por mais que muitos estudos tentem desvendaacute-la Alguns fatores
sugerem as provaacuteveis causas sendo estes apontados por Assumpccedilatildeo e Kuczynki
(2007 p18) como sendo
A alta associaccedilatildeo com a deficiecircncia mental a alta incidecircncia de convulsotildees nessa populaccedilatildeo os niacuteveis seacutericos aumentados de serotonina o tamanho aumentado do enceacutefalo e a diminuiccedilatildeo de neurocircnios e sinapses em amiacutegdala hipocampo e cerebelo
Segundo pesquisadores a investigaccedilatildeo de fatores bioloacutegicos como um dos
instrumentos em busca da compreensatildeo da siacutendrome autiacutestica jaacute se tornou evidente
e deve continuar sendo exaustivamente pesquisada
Desde as descobertas realizadas por Leo Kanner as atitudes e tratamentos
com as crianccedilas autistas mudaram muito Novos pensamentos comeccedilaram a ganhar
dimensotildees Na visatildeo deles o autismo era visto como uma desordem neuroloacutegica ou
seja uma psicose Com o passar do tempo e o aprimoramento das pesquisas o
autismo passa a ser visto como um transtorno
Verifica-se que a crianccedila autista tem grande dificuldade em reproduzir e criar
fatos que natildeo faccedilam parte da sua realidade tornando difiacutecil para eles e para seus
familiares ajudaacute-los
25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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25
Tendo essa preocupaccedilatildeo verifica-se a necessidade de perceber como os
TEA respondem a qualidade de vida Estudos apontam que a qualidade de vida nas
crianccedilas eacute algo muito significativo pois permite a eles condiccedilotildees de reconhecer o
eu e ao seu redor Fator esse que com as crianccedilas portadoras do TEA natildeo eacute
atingido Segundo Elias (2007 p271)
Qualidade de vida eacute algo bastante significativo na vida das crianccedilas pois permite a apreensatildeo dos significados de sua vida Poreacutem o que se observa eacute que a sauacutede global das crianccedila ainda recebe avaliaccedilotildees pouco satisfatoacuterias satildeo escassos estudos sobre qualidade de vida na infacircncia ainda mais gritante no que se refere agrave qualidade de vida na crianccedila autista
Em raros momentos foi estudada a qualidade de vida dos portadores de
TEA pelo fato de em muitos casos a comunicaccedilatildeo ser ausente Person (2000 apud
Elias 2007) afirma ser
impossiacutevel estudar a qualidade de vida de modo direto em pessoas com autismo especialmente em grupos nas quais a compreensatildeo da fala estaacute limitada ou ausente Assim para ele medidas indiretas satildeo essenciais para identificar a qualidade de vida nesse grupo
Quando se fala de qualidade de vida fala-se do desenvolvimento da crianccedila
de forma que ela tenha situaccedilotildees de vida saudaacutevel e que dentro das possibilidades e
limitaccedilotildees dela seja feliz
Partindo do pressuposto que a crianccedila precisa de uma qualidade de vida
estaacutevel e que permita a eles condiccedilotildees apropriadas para viverem inseridas na
sociedade propotildeem apresentar na pesquisa realizada alguns aspectos referentes agrave
relaccedilatildeo que a crianccedila do TEA possui com aprendizagem
26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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26
3 A ATUACcedilAtildeO PSICOPEDAGOGICA
Pode-se afirmar que a Psicopedagogia eacute uma aacuterea interessada em
investigar a relaccedilatildeo da crianccedila com a aprendizagem Sendo assim esta relaccedilatildeo pode
configurar-se como problemaacutetica em relaccedilatildeo aos aspectos pedagoacutegicos
psicoloacutegicos afetivos e cognitivos Por se tratar de uma aacuterea investigativa esse
profissional deve criar condiccedilotildees para que o indiviacuteduo desenvolva uma
aprendizagem mais significativa Bossa (1994 p62) ressalta que ldquoa psicopedagogia
preventiva se baseia principalmente na observaccedilatildeo e anaacutelise profunda de uma
situaccedilatildeo concretardquo
Neste caso compete ao Psicopedagogo conhecer as caracteriacutesticas da
crianccedila com o TEA para que este tenha condiccedilotildees de planejar uma intervenccedilatildeo que
venha atingir as necessidades e os aspectos afetivos cognitivos e comportamentais
de seus clientes
Talvez esse profissional natildeo tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissatildeo que aleacutem de ajudar no quesito aprendizagem esse possui uma funccedilatildeo
bem especial que segundo Bossa (1994 p 66) eacute ldquoa de socializar os conhecimentos
disponiacuteveis promover o desenvolvimento cognitivo e a construccedilatildeo de regras de
conduta dentro de um projeto social mais amplordquo Desta forma esse indiviacuteduo pode
se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente novo pelo
menos pra ele
Visto que a psicopedagogia usa muito a palavra intervenccedilatildeo buscou-se o
significado desta no sentido de esclarecer melhor sua funccedilatildeo O dicionaacuterio informa
que eacute o ldquoato de interporrdquo consequentemente interpor quer dizer ldquopor uma coisa
entre outrardquo Com isso fica claro que a psicopedagogia tem o papel de mediador
27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
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A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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27
aquele que estaacute entre a dificuldade de aprendizagem e ou comportamento com a
expectativa de aprender e ter uma vida mais estruturada
Tratando de um sentido mais especifico a intervenccedilatildeo eacute a interferecircncia do
profissional onde realiza o processo de desenvolvimento do indiviacuteduo A intervenccedilatildeo
tem como objetivo ajudar na compreensatildeo assimilaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
comportamentais no caso dos portadores do TEA introduzindo esse sujeito a novos
elementos que poderatildeo levaacute-lo a quebra de paradigmas
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tem o objetivo de revelar um padratildeo de
relacionamento com o mundo diferente daquela vivenciada ateacute o momento pelo
indiviacuteduo que consequentemente poderaacute ser lanccedilado ao aprendizado e integrando-
se a sociedade conforme suas condiccedilotildees o permitam
Vendo a psicopedagogia por essa perspectiva ela nos projeta a uma anaacutelise
e a uma reflexatildeo da necessidade de perceber as anguacutestias ali apresentadas a
estudar e pesquisar as condiccedilotildees que estatildeo sendo requeridas nos aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo eou comportamental A partir do
momento em que o psicopedagogo percebe a aprendizagem como um processo de
construccedilatildeo onde se geram hipoacuteteses reformulaccedilotildees e a complexidade de fatores
muacuteltiplos surgem inquietaccedilotildees e insatisfaccedilotildees que nos permitem aceitar novos
desafios convidando-os a sair da posiccedilatildeo fria de mero expectador para a de
terapeuta que interage e busca maior entendimento e conhecimento referente ao
indiviacuteduo
Bossa (1994 p 76) faz uma comparaccedilatildeo ao psicopedagogo com um jogo de
fichas onde se requer atitude do profissional frente ao problema ali apresentado diz
ela
ldquoSei que a ficha simboliza um jogador ndash mas necessito negar ndash (para poder jogar) e entatildeo a ficha converte-se em um jogador e vejo na ficha uma
28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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28
pessoa ndash natildeo vejo mais a ficha ndash esqueccedilo-me da noccedilatildeo de fichardquo (apud Fernandez 1990 p 124)
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
cliente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128) confirma
esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Quando o psicopedagogo perceber a importacircncia de ser um terapeuta
investigativo e participativo ao desvendar o misterioso mundo das dificuldades de
aprendizagem ou se tratando aqui especificamente do TEA verifica-se a
necessidade cada vez maior deste investir na parceria da dinacircmica do atendimento
aos portadores do TEA Ao se pensar na educaccedilatildeo da crianccedila autista eacute preciso ter
conhecimento sobre o padratildeo normal de desenvolvimento das demais crianccedilas e
desta forma ser capaz de diferenciar o comportamento que seja decorrente do
autismo Sabendo que o indiviacuteduo para aprender utiliza-se das estruturas do
organismo corpo estrutura simboacutelica e estrutura cognitiva eacute importante abordar as
caracteriacutesticas da accedilatildeo psicopedagoacutegica de natildeo focar a patologia mas os muacuteltiplos
aspectos que convergem na aprendizagem do indiviacuteduo o que se daraacute com a
participaccedilatildeo de conhecimentos proacuteprios e a de outros campos do saber o que
amplia possibilidades deste olhar psicopedagoacutegico
A psicopedagogia se destaca desta forma por apresentar a questatildeo da
aprendizagem vista sob a oacutetica do indiviacuteduo que aprende na sua forma peculiar de
construir o seu conhecimento Essa afirmaccedilatildeo torna-se o ponto mais importante de
toda essa pesquisa pois eacute onde podemos unir a psicopedagogia ao autismo
29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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29
Pelo grau de comprometimento que muitos apresentam agraves propostas
educativas para os indiviacuteduos com TEA estatildeo mais focadas na modificaccedilatildeo dos
comportamentos como se nada mais fosse possiacutevel ser feito para sua educaccedilatildeo
Vendo por essa perspectiva a abordagem a ser aplicada vai depender de
cada caso na medida em que a problemaacutetica aparece ldquocada situaccedilatildeo eacute uacutenicardquo
afirma Bossa (1994 p 61) uma vez que a aprendizagem do indiviacuteduo tem seu
proacuteprio contexto E com certeza o terapeuta que se restringir a ser um mero
aplicador de teacutecnicas natildeo seraacute suficientemente educativo para conseguir resultados
significativos e eficientes na sua atuaccedilatildeo porque os autistas podem ser diferentes
uns dos outros desta forma cada caso exige uma adequaccedilatildeo especiacutefica e concreta
Por se tratar de um trabalho com aspectos diferentes em seu procedimento
eacute necessaacuterio ter metas norteadoras para que os terapeutas natildeo se sintam perdidos
em seus planejamentos e avaliaccedilotildees pois respeitar essa individualidade natildeo
significa trabalhar sem metas a serem cumpridas
As metas propostas para o atendimento devem considerar os seguintes
aspectos Bastos
bull Promover o bem-estar emocional da pessoa autista diminuindo suas experiecircncias negativas de medo ansiedade frustraccedilatildeo incrementando possibilidades de emoccedilotildees positivas de serenidade alegria e auto-estima bull Promover a autonomia pessoal e as competecircncias de auto-cuidado diminuindo assim sua dependecircncia de outras pessoas bull Aumentar suas possibilidades de comunicaccedilatildeo autoconsciecircncia e controle do proacuteprio comportamento bull Desenvolver habilidades cognitivas e de atenccedilatildeo que permitam uma relaccedilatildeo mais rica com o seu meio ambiente bull Aumentar a liberdade espontaneidade e flexibilidade de suas accedilotildees assim que estiver preparado bull Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interaccedilotildees com outras pessoas assim como sua capacidade de interpretar as intenccedilotildees dos demais bull Desenvolver teacutecnicas de aprendizagem baseadas na imitaccedilatildeo aprendizagem de observaccedilatildeo bull Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o proacuteprio sujeito e para os que o rodeiam como as auto-agressotildees accedilotildees destrutivas bull Desenvolver suas competecircncias comunicativas (apud Rivieacutere 1997 p128)
30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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30
E para atingir essas metas o terapeuta deve atentar-se na individualidade de
cada um e permear-se no processo terapecircutico dessas crianccedilas portadoras do TEA
Vejo o trabalho psicopedagoacutegico como uma ferramenta para ajudar na
organizaccedilatildeo e estrutura cognitiva e comportamental desses indiviacuteduos O relato
apresentado no quadro abaixo nos faz refletir no perfil de profissionais que
desejamos ser aquele que simplesmente faz por fazer ou aquele capaz de ajudar na
compreensatildeo das simples tarefas do dia a dia dos portadores do TEA
Quadro 1 ldquoParticipar De Um Processo Educativo Extrapola A Aquisiccedilatildeo De Conhecimentos Acadecircmicosrdquo(BASTOS 2005 p129)
ldquoPrezados Senhores
Meu irmatildeo Daryl 18 anos portador de deficiecircncia mental severa frequumlenta escola haacute doze
anos Nunca foi atendido em nenhum outro ambiente Recebe haacute vaacuterios anos atendimento no ensino
especial e tem aprendido a fazer muitas coisas
Daryl pode agora fazer muitas coisas que antes natildeo conseguia pode colocar 100 pinos num
tabuleiro em menos de dez minutos com 95 de exatidatildeo poreacutem natildeo consegue colocar moedas na
maacutequina de refrigerantes diante de instruccedilatildeo verbal pode tocar o nariz o ombro a perna o peacute os
cabelos a orelha poreacutem natildeo consegue assoar o nariz quando necessaacuterio pode armar um quebra-
cabeccedila de 12 peccedilas com 100 de precisatildeo e colorir um desenho sobre a Paacutescoa dentro dos limites
poreacutem prefere muacutesica mas nunca o ensinaram a usar um radio de pilhas ou um toca disco pode
dobrar papeacuteis em 4 partes iguais poreacutem natildeo consegue dobrar a sua roupa pode ordenar blocos de
papel por cor em dez cores diferentes poreacutem natildeo pode separar a roupa branca da roupa colorida para
lavar pode fazer bonitos trabalhos com argila poreacutem natildeo pode amassar a massa de patildeo e fazer
biscoitos pode enfiar contas coloridas alternadamente num fio conforme o modelo apresentado num
cartatildeo poreacutem natildeo consegue amarrar os seus proacuteprios sapatos pode repetir o alfabeto e dizer o nome
das letras quando lhe eacute pedido poreacutem natildeo consegue distinguir o banheiro masculino do feminino
quando vamos ao McDonaldrsquos pode responder se um dia estaacute nublado e ateacute desenhar no quadro uma
nuvem cinza poreacutem sai na chuva sem um abrigo ou guarda-chuva pode contar ateacute 100 poreacutem natildeo
consegue contar o dinheiro para pagar o cachorro-quente pode sentar-se num ciacuterculo com
comportamento adequado e cantar canccedilotildees infantis poreacutem nada mais proacuteprio de sua idade eacute capaz de
fazer Espero sinceramente que algueacutem que se encontre na mesma situaccedilatildeo de Daryl tenha tido a
oportunidade de aprender coisas diferentesrdquo
Lewis P (1987)
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
31
Como esse irmatildeo natildeo compreende o comportamento de Daryl muitos de
noacutes tambeacutem ficamos boquiabertos quando nos deparamos com situaccedilotildees
semelhantes Para natildeo sermos surpreendidos os autores abaixo nos remetem a
uma reflexatildeo de nossos conhecimentos e atitudes quando eles afirmam
Fica evidente que ao trabalharmos com crianccedilas portadoras do TEA devemos ter a preocupaccedilatildeo com a generalizaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das condutas aprendidas deve nortear os procedimentos pedagoacutegicos que tambeacutem deve considerar a individualizaccedilatildeo dos processos de aprendizagem atraveacutes das sequumlecircncias naturais desses processos adequando as instruccedilotildees verbais simples e de faacutecil compreensatildeo para aquela situaccedilatildeo Natildeo se pode tambeacutem esquecer da ldquoliteralidaderdquo que normalmente os acompanha As condutas satildeo aprendidas quando usadas efetivamente numa variedade de situaccedilotildees onde sejam adequadas Praticar uma conduta aprendida contribui para assegurar que o que aprendemos faraacute parte do nosso repertoacuterio comportamental Portanto basear o planejamento pedagoacutegico nas necessidades do dia a dia que se repetem no ambiente natural da crianccedila ou do jovem eacute vital para conseguirmos algum sucesso (BASTOS apud Bereohff Leppos e Freire 2005 p 131)
Diante de tantas informaccedilotildees e orientaccedilotildees de profissionais familiares e dos
proacuteprios portadores do TEA compete a noacutes profissionais uma profunda reflexatildeo do
que temos do que somos e do que queremos ser ao trabalhar com novos desafios
Inicialmente com a Psicopedagogia apoacutes um reconhecimento e
aproximaccedilatildeo junto ao nosso paciente temos dois recursos que nos auxiliam e com
certeza ajudam na estrutura comportamental dos TEA Satildeo esses recursos
chamados de APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (Anaacutelise Aplicada do Comportamento)
ndash ABA e o TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN (Tratamento e Educaccedilatildeo para
crianccedilas autistas eou com problemas relacionados com a comunicaccedilatildeo) ndash TEACCH
Na sequecircncia iremos apresentar os programas e de que maneira estes
podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos portadores do
TEA
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31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
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4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
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A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
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Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
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tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
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4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
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Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
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42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
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Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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32
31 DESENVOLVIMENTO DA CRIANCcedilA
Uma vez visto que o papel do psicopedagogo eacute o de ser um investigador ou
um mediador parte-se do pressuposto que para tal funccedilatildeo eacute necessaacuterio conhecer
um pouco mais sobre o desenvolvimento da crianccedila para entatildeo compreender o
processo de desenvolvimento da aprendizagem da crianccedila com TEA construindo
um trabalho terapecircutico direcionado agraves suas necessidades mais especificas
Piaget apresenta em seus estudos como se daacute o processo de
desenvolvimento da crianccedila como pensa aprende e se diferencia do adulto
consequentemente tendo necessidades diferentes e que em momento algum
podem ser tratados da mesma forma Piaget afirma que
Deste ponto de vista o desenvolvimento mental eacute uma construccedilatildeo contiacutenua comparaacutevel agrave edificaccedilatildeo de um grande preacutedio que agrave medida que se acrescenta algo ficaraacute mais soacutelido ou a montagem de um mecanismo delicado cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peccedilas tanto maiores quanto mais estaacutevel se tornasse o equiliacutebrio (PIAGET 2001 p 14)
Eacute portanto importante ressaltar que para o bom desenvolvimento da crianccedila
eacute necessaacuterio respeitar sua estrutura para que essa construccedilatildeo natildeo corra o risco de
desmoronar no meio do caminho e venha a ter problemas no processo evolutivo
Falando da diferenccedila entre a crianccedila e o adulto Piaget diz que a crianccedila
pode ser uma ldquopequena personalidaderdquo mas para isso acontecer esta jaacute eacute capaz de
saber bem o que quer e como pode agir podendo ser vista como esse edifiacutecio
estruturado e soacutelido Contudo para que essa crianccedila chegue a esse niacutevel eacute porque
passou pelos estaacutegios de desenvolvimento descritos por Piaget (2001 p 15)
1 O estaacutegio dos reflexos ou mecanismos hereditaacuterios assim como tambeacutem das primeiras tendecircncias instintivas e das primeiras emoccedilotildees 2 O estaacutegio dos primeiros haacutebitos motores e das primeiras percepccedilotildees organizadas como tambeacutem dos primeiros sentimentos diferenciados 3 O estaacutegio da inteligecircncia sensoacuterio-motora ou praacutetica das regulaccedilotildees afetivas elementares e das primeiras fixaccedilotildees exteriores da afetividade
33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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33
4 O estaacutegio da inteligecircncia intuitiva dos sentimentos interindividuais espontacircneos e das relaccedilotildees sociais de submissatildeo ao adulto
5 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperaccedilatildeo
6 O estaacutegio das operaccedilotildees intelectuais na sociedade dos adultos
Estes seis estaacutegios de desenvolvimento dividem-se em quatro fases sendo
a primeira composta dos trecircs primeiros estaacutegios compatiacuteveis aos niacuteveis de lactacircncia
que corresponde a um ano e meio ateacute dois anos de idade A segunda fase
corresponde ao quarto estaacutegio que abrange a idade de dois ateacute sete anos ou como
ele classifica ldquoprimeira infacircnciardquo A terceira fase corresponde ao quinto estaacutegio do
desenvolvimento que abrange as crianccedilas de sete ateacute onze - doze anos E a uacuteltima
fase estaacute presente no sexto estaacutegio que eacute a adolescecircncia
Cada estaacutegio significa uma evoluccedilatildeo na estrutura do desenvolvimento da
crianccedila fazendo desta forma alterar seus comportamentos e necessidades
especiacuteficas Piaget pontua a seguinte questatildeo como
A crianccedila como o adulto soacute executa alguma accedilatildeo exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse uma pergunta etc) (2001 p 16)
Ou seja a crianccedila evolui conforme surge o desequiliacutebrio desequiliacutebrio esse
que permite a maturaccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do indiviacuteduo Desta
forma nas fases iniciais do desenvolvimento podem-se considerar as estruturas
mentais como formas de equiliacutebrio onde cada accedilatildeo eacute um avanccedilo significativo no
desenvolvimento humano
Assim natildeo eacute possiacutevel definir um limite para o desenvolvimento nem tatildeo
pouco da pessoa pois dependem das condiccedilotildees oferecidas pelo meio e do grau de
apropriaccedilatildeo que o sujeito fizer delas As funccedilotildees psiacutequicas podem prosseguir num
permanente processo de especializaccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo mesmo atingindo a
maturaccedilatildeo
34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
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bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
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A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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34
A crianccedila precisa realizar no seu desenvolvimento a conquista do mundo
fiacutesico com o social O mundo eacute percebido como uma sucessatildeo de estiacutemulos que
precisa ser organizado para ser entendido E o trabalho da aprendizagem consiste
justamente em construir procedimentos que o levem a organizar esse mundo
Mesmo porque o mundo sofre mudanccedilas constantes mas dentro dessas
mudanccedilas haacute uma determinada permanecircncia como por exemplo um carro se
movimenta mas continua sendo o mesmo carro soacute mudou de posiccedilatildeo Todas essas
modificaccedilotildees mantecircm alguma coisa sem mudar enquanto existe outra parte que
muda
No desenvolvimento da crianccedila um aspecto importante eacute entender essas
transformaccedilotildees e ser capaz de encontrar um ponto de equiliacutebrio Assim a crianccedila vai
aprendendo a formar categorias e classificaacute-las de acordo com suas semelhanccedilas e
ordenaacute-las em funccedilatildeo de suas diferenccedilas Desta forma a crianccedila comeccedila a adquirir
um sentido cada vez mais precioso e paralelamente aumentam as possibilidades
de agir sobre ele
Esse pode ser considerado o processo normal do desenvolvimento
adquirido por um individuo sem limitaccedilotildees na sua aprendizagem e relacionamento
com o outro Nesse caso os portadores do TEA se diferenciam no quesito
percepccedilatildeo porque esses natildeo conseguem compreender as mudanccedilas ditas naturais
destas fases do desenvolvimento eles precisam de ajuda no sentido de orientaacute-los
e preparaacute-los para tais mudanccedilas
Enquanto o desenvolvimento e aprendizagem do indiviacuteduo tiacutepico passa de
uma fase para outra sem grandes traumas os portadores do TEA sofrem grandes
conflitos pela incapacidade de sozinhos associarem o que dependem de suas
accedilotildees com o que vem do exterior
35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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35
Segundo um autor desconhecido a ldquoeducaccedilatildeo eacute um processo que possibilita
uma articulaccedilatildeo das capacidades de agir intelectualmente e pensar produtivamenterdquo
Neste sentido a missatildeo do ensino eacute transmitir natildeo o mero saber mas uma cultura
que permita compreender a condiccedilatildeo do ser humano e o ajude a viver de maneira
simples e autosuficiente
O autor (2010) afirma que
O processo de aprender eacute bastante complexo envolve vaacuterios fatores variaacuteveis cognitivas afetivas sociais econocircmicas e ateacute poliacuteticas O ensinar envolve tambeacutem inuacutemeras variaacuteveis e pode ser considerado como uma aprendizagem de construccedilatildeo permanente do conhecimento A capacidade de aprender estaacute presente em todos os indiviacuteduos sendo que para alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de seu conhecimento ligando o processo de absorccedilatildeo daquilo que se quer aprender a fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que eacute ensinado Assim entende-se que o processo de aprendizagem eacute desencadeado a partir da motivaccedilatildeo onde o mesmo se daacute no interior do indiviacuteduo estando entretanto intimamente ligado agraves relaccedilotildees de troca que o mesmo estabelece com o meio em que vive (p 3)
Para poder compreender melhor como se daacute o processo de aprendizagem
dos portadores do TEA eacute preciso ficar bem claro que (esses) possuem ldquoum distuacuterbio
de desenvolvimento complexo que eacute definido como um ponto de vista
comportamentalrdquo segundo Gadia (2006) Esses indiviacuteduos possuem dificuldades no
que diz respeito ao comportamento e habilidades sociais
Para o autor ainda
Os comportamentos que definem o autismo incluem deacuteficits qualitativos na interaccedilatildeo social e na comunicaccedilatildeo padrotildees de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertorio restrito de interesses sociais (GADIA 2006 p 423)
Desta forma eacute alterada toda a maneira desses indiviacuteduos se relacionarem e
ateacute mesmo em sua aprendizagem natildeo podendo assim usar os mesmos recursos
metodoloacutegicos com eles Podemos sim atingir os mesmos objetivos na educaccedilatildeo
dos TEA mas eacute necessaacuterio perceber que enquanto trabalhamos com indiviacuteduos
36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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36
tiacutepicos de forma simples e objetiva com os TEA precisamos nos atentar aos
miacutenimos detalhes
Como jaacute mencionado acima os TEA necessitam de uma intervenccedilatildeo mais
especifica Segundo o autor os meacutetodos de intervenccedilatildeo podem ser subdivididos em
trecircs grupos
Aquelas que usam modelos de analise aplicada do comportamento os que satildeo fundamentados em teorias de desenvolvimento e aqueles que satildeo fundamentados em teorias de ensino estruturado (GADIA 2006 p 429)
As teorias do desenvolvimento satildeo conhecidas como Floor Time e o de
Intervenccedilatildeo do Desenvolvimento de Relaccedilotildees eacute conhecido como RDI
O Floor Time foi desenvolvido por Stanley Greenspan que utiliza o modelo
no qual os pais familiares e terapeutas fazem o mesmo que as crianccedilas estatildeo
fazendo Ele acredita que as crianccedilas autistas teriam um deacuteficit no processamento
entre afeto e intenccedilatildeo consequentemente afetando as habilidades de planejamento
motor processamento auditivo e capacidade da linguagem Nesse meacutetodo exige-se
um extenso tempo de dedicaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos familiares pois o programa
consiste em brincadeiras e interaccedilotildees com a crianccedila por cerca de 3 - 5 horas diaacuterias
Em contrapartida o RDI trabalha com os pais baseando-se em pesquisas
do desenvolvimento socioemocional Este meacutetodo parte do princiacutepio que as crianccedilas
autistas teriam disfunccedilotildees nas habilidades em compartilhar experiecircncias e a
capacidade de pensar
Ambos os meacutetodos satildeo usados mas necessitam da comprovaccedilatildeo empiacuterica
pois indiacutecios levam a crer que estes apresentam efeito placebo
Jaacute o meacutetodo da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e o TEACCH
satildeo os meacutetodos dos quais seratildeo mencionados no capitulo seguinte tendo estes
melhores resultados e eficaacutecia comprovada
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
37
4 ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006 p 430) a ABA eacute ldquoo foco de terapia comportamental eacute
a conduta mais observada na crianccedila eacute o que nos permite compreender como o
individuo aprenderdquo
41 O QUE Eacute ABA
De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por
Margarida Hofmann Windholz e colaboradores Anaacutelise do Comportamento Aplicada
(Applied Behavior Analysis abreviando ABA) eacute um termo advindo do campo
cientiacutefico do Behaviorismo que observa analisa e explica a associaccedilatildeo entre o
ambiente o comportamento humano e a aprendizagem
Uma vez que um comportamento eacute analisado um plano de accedilatildeo pode ser
implementado para modificar aquele comportamento O Behaviorismo concentra-se
na anaacutelise objetiva do comportamento observaacutevel e mensuraacutevel em oposiccedilatildeo por
exemplo agrave abordagem psicanaliacutetica que assume que muito do nosso
comportamento deve-se a processos inconscientes (Lembre-se de Freud)
Ivan Pavlov John B Watson Edward Thorndike e BF Skinner foram os
pioneiros que pesquisaram e descobriram os princiacutepios cientiacuteficos do Behaviorismo
Satildeo considerados os ldquoPais do Behaviorismordquo
O livro de BF Skinner lanccedilado em 1938 ldquoThe Behavior of Organismsrdquo (O
comportamento dos organismos) descrevia sua mais importante descoberta o
Condicionamento Operante que eacute o que usamos atualmente para mudar ou
modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem
38
Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um
estiacutemulo reforccedilador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro Em portuguecircs isso significa que agrave medida que
vocecirc vai levando a vida vatildeo lhe acontecendo coisas que vatildeo aumentar ou diminuir a
probabilidade de que vocecirc adote determinado comportamento no futuro Por
exemplo se durante seu caminho para o trabalho vocecirc acena e sorri para o
motorista do carro ao lado e ele deixa que vocecirc atravesse na sua frente vocecirc
provavelmente vai tentar a mesma estrateacutegia no dia seguinte Seu comportamento
de acenar e sorrir ficaratildeo mais frequumlentes porque foi reforccedilado pelo outro motorista
Todos noacutes aprendemos atraveacutes de associaccedilotildees e nosso comportamento eacute
ldquomodificadordquo atraveacutes das consequumlencias Tentamos coisas e elas funcionam entatildeo
as fazemos novamente Tentamos coisas e elas natildeo funcionam entatildeo eacute menos
provaacutevel que as faccedilamos novamente Nosso comportamento foi ldquomodificadordquo pelo
resultado ou consequumlecircncia
Ao lado do Condicionamento Operante Skinner pesquisou e descreveu os
termos SD (Estiacutemulo Discriminativo = Discriminative Stimulus) Reforccedilador
(Reinforcer) Controle de Estiacutemulo (Stimulus Control) Extinccedilatildeo (Extinction)
Esquemas de Reforccedilamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping)
Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de
comportamentos humanos
ABA eacute um termo ldquoguarda-chuvardquo descreve uma abordagem cientiacutefica que
pode ser usada para tratar muitas questotildees diferentes e cobrir muitos tipos
diferentes de intervenccedilotildees
Educaccedilatildeo especificamente Educaccedilatildeo Especial para crianccedilas com autismo
eacute uma das aplicaccedilotildees dessa ciecircncia
39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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39
42 COMO A ABA Eacute USADA PARA ENSINAR CRIANCcedilAS COM AUTISMO
Para ensinar crianccedilas com autismo ABA eacute usada como base para
instruccedilotildees intensivas e estruturadas em situaccedilatildeo de um-para-um Embora ABA seja
um termo ldquoguarda-chuvardquo que englobe muitas aplicaccedilotildees as pessoas usam o termo
ldquoABArdquo como abreviaccedilatildeo para referir-se apenas agrave metodologia de ensino para
crianccedilas com autismo
Um programa de ABA frequentemente comeccedila em casa quando a crianccedila eacute
muito pequena A intervenccedilatildeo precoce eacute importante mas esse tipo de teacutecnica
tambeacutem pode beneficiar crianccedilas maiores e adultos A metodologia teacutecnicas e
curriacuteculo do programa tambeacutem podem ser aplicados na escola A sessatildeo de ABA
normalmente eacute individual em situaccedilatildeo de um-para-um e a maioria das intervenccedilotildees
precoces seguem uma agenda de ensino em periacuteodo integral ndash algo entre 30 a 40
horas semanais O programa eacute natildeo aversivo ndash rejeita puniccedilotildees concentrando-se na
premiaccedilatildeo do comportamento desejado O curriacuteculo a ser efetivamente seguido
depende de cada crianccedila em particular mas geralmente eacute amplo cobrindo as
habilidades acadecircmicas de linguagem sociais de cuidados pessoais motoras e de
brincar O intenso envolvimento da famiacutelia no programa eacute uma grande contribuiccedilatildeo
para o seu sucesso
421 Qual a maneira correta de usar a ABA
Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para
ensinar crianccedilas com autismo desde entatildeo muitos psicoacutelogos vecircm fazendo muitas
contribuiccedilotildees e refinamentos a essa abordagem Como com qualquer ciecircncia a ABA
continua a evoluir
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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53
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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
40
Muitas teacutecnicas tecircm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais
eficiente e efetivo ainda Essas ldquopraacuteticas melhoradasrdquo seratildeo incorporadas no
Programa ldquoAjude-nos a aprenderrdquo (ldquoHelp Us Learnrdquo)
Haacute muitas escolas organizaccedilotildees e indiviacuteduos que usam ou oferecem
consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito proacuteprio de aplicaacute-
las mas todos usam os mesmos conceitos baacutesicos (ou deveriam usar) A ciecircncia
que apoacuteia a intervenccedilatildeo ndash a Anaacutelise do Comportamento Aplicada ndash eacute a mesma
somente a maneira de aplicaacute-la varia
Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano Quando vocecirc
aprende a tocar pode tocar rock muacutesica claacutessica blues ou jingles Os sons podem
variar mas todos eles usam a mesma metodologia baacutesica e seguem convenccedilotildees
musicais aceitas por todos
4211Comportamento Verbal
Em 1958 Skinner publicou um livro chamado ldquoO Comportamento Verbalrdquo
(ediccedilatildeo brasileira lanccedilada pelas editoras CultrixEDUSP 1978 esgotada) que
descreveu a aquisiccedilatildeo de linguagem como outro tipo de comportamento humano
influenciado pelo reforccedilamento Skinner acreditava que noacutes aprendemos linguagem
atraveacutes de associaccedilotildees e reforccedilamento Por exemplo um bebecirc que emite sons de
balbucio e gorjeio ao acaso pode emitir o som ldquomaardquo que seraacute entatildeo reforccedilado por
um sorriso e um abraccedilo da matildee Isso serviria para aumentar a probabilidade do
bebecirc fazer o som ldquomaardquo de novo esperando a mesma reaccedilatildeo da matildee Skinner
acreditava que vocecirc associou o item ldquobalardquo com a palavra ldquobalardquo porque quando
vocecirc fez aquele determinado som (bala) frequumlentemente apareceria uma bala
reforccedilando assim a associaccedilatildeo entre o som ldquobalardquo e o objeto concreto Assim
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
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53
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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
41
trabalha o Condicionamento Operante Isso foi uma virada e tanto para a
comunidade cientiacutefica cuja crenccedila ateacute entatildeo era que ldquoa linguagem fosse
autogerativardquo e inata
Skinner criou um novo conjunto de termos para descrever as diferentes
unidades funcionais da linguagem ndash ldquooperantes verbaisrdquo (Vocecirc pode ter ouvido
alguns desses termos ndash Mando Tato Intraverbal que foram todos cunhados por
Skinner) Skinner acreditava que as pessoas precisariam aprender as associaccedilotildees
para palavras em todas as suas categorias funcionais antes que pudessem
realmente entender e usar a palavra como parte da sua linguagem Eacute interessante
notar que embora Skinner tenha usado o termo Comportamento Verbal (Verbal
Behavior ndash VB) ele tambeacutem eacute aplicaacutevel para pessoas que usam sistemas de
linguagem de sinais ou comunicaccedilatildeo aumentativa em vez de linguagem vocal
Hoje em dia vocecirc pode ouvir pessoas dizendo que estatildeo fazendo ldquoVBrdquo em
oposiccedilatildeo agrave ldquoABArdquo como no exemplo a seguir ldquonoacutes faziacuteamos ABA mas agora
fazemos VBrdquo Por favor lembre-se que eles natildeo satildeo diferentes Comportamento
Verbal refere-se ao ensino da linguagem seguindo os princiacutepios da Anaacutelise do
Comportamento Aplicada
Comportamento Verbal eacute ABA Jack Michael Mark Sundberg James
Partington Vince Carbone e Patrick McGreevy satildeo atualmente alguns dos mais
respeitados psicoacutelogos e pesquisadores no campo do Comportamento Verbal e
ABA Sundberg e Partington satildeo coautores do livro ldquoTeaching Language to Children
with Autism or Other Developmental Disabilitiesrdquo (Ensinando linguagem para
crianccedilas com autismo ou outras deficiecircncias de desenvolvimento ainda sem
traduccedilatildeo em portuguecircs) que eacute amplamente usado para orientar pessoas na
estruturaccedilatildeo de programas de Comportamento Verbal O suplemento desse livro eacute o
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
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bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
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5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
42
ldquoABLLSrdquo (pronunciado como ldquoablesrdquo em inglecircs) que eacute a abreviatura de ldquoAssessment
of Basic Language and Learning Skillsrdquo (Avaliaccedilatildeo de habilidades baacutesicas de
linguagem e aprendizagem) O ABLLS eacute um guia curricular um meacutetodo de avaliaccedilatildeo
e um instrumento para monitorar a aquisiccedilatildeo de habilidades
4212 Generalizaccedilatildeo
A meta do ensino eacute obviamente que o aprendizado adquirido na sessatildeo de
um-para-um seja generalizado para situaccedilotildees mais cotidianas como as de casa e
da escola Um bom programa de ABA sempre inclui a generalizaccedilatildeo do
aprendizado Agrave medida que a crianccedila progride pode tornar-se mais capaz de
ldquoaprender incidentalmenterdquo o que significa simplesmente assimilar linguagem ou
conceitos ou habilidades que natildeo satildeo ensinadas diretamente em sessotildees
individuais Neste ponto ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de
aula ou em uma brincadeira em grupo onde haveraacute contato com outras crianccedilas Um
bom curriacuteculo de ABA deve ter algum equiliacutebrio entre as atividades ndash trabalho de
mesa brincar motora ampla motora fina etc uma variedade de locaccedilotildees ndash sala de
terapia casa da famiacutelia quarto de dormir carro etc e uma variedade de
professores ou terapeutas Tudo isso ajudaraacute que a generalizaccedilatildeo das habilidades
fique mais faacutecil
43 O QUE Eacute DTT
O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching ndash DTT) eacute uma
das metodologias de ensino usadas pela ABA Tem um formato estruturado
comandado pelo professor e caracteriza-se por dividir sequumlecircncias complicadas de
aprendizado em passos muito pequenos ou ldquodiscretosrdquo (separados) ensinados um
43
de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T
OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem
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53
GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L
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PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees
D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
2001 p14-16
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem
In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42
RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
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de cada vez durante uma seacuterie de ldquotentativasrdquo junto com o reforccedilamento positivo
(precircmios) e o grau de ldquoajuda 2rdquo que for necessaacuterio para que o objetivo seja
alcanccedilado
Pense em aprender a jogar futebol ndash vocecirc natildeo comeccedilou colocando um
uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante Provavelmente
comeccedilou aprendendo como chutar e controlar a bola com os peacutes Entatildeo depois que
desenvolveu essas habilidades comeccedilou a chutar a gol Se foi sortudo teve algueacutem
ndash pai matildee um irmatildeo mais velho ndash que lhe proporcionou muitas oportunidades para
praticar (ldquotentativasrdquo) muito encorajamento (ldquoreforccedilamento positivordquo) e que lhe
ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse
necessaacuterio (ldquodando ajudasrdquo)
Eacute importante notar que apesar do termo ldquoDTTrdquo ser frequentemente usado
como sinocircnimo de ldquoABArdquo ele natildeo o eacute A ABA eacute muito mais abrangente e inclui
muitos tipos diferentes de intervenccedilotildees estrateacutegias de ensino e manejo
comportamental DTT eacute um meacutetodo dentro do campo da ABA
44 Visatildeo geral de um programa de ABA
Apresentamos aqui uma raacutepida visatildeo geral dos elementos que compotildeem um
programa de ABA
441 Curriacuteculo
O curriacuteculo usado seraacute dividido em uma seacuterie de categorias ou ldquoprogramasrdquo
tais como habilidades de cuidados pessoais habilidades sociais habilidades de
linguagem habilidades acadecircmicas etc organizadas em niacuteveis de dificuldade de
maneira que vocecirc comece com habilidades baacutesicas muito simples e depois as use
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS
httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM
060920010
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades
Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e
Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41
Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)
httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender
Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p
BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE
TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia
Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria
Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131
BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia
e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p
BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T
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Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64
BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3
ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76
ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil
Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282
53
GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L
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Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434
CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004
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aprendizagem Acesso em 04092010
LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual
Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p
PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do
desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975
PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees
D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
2001 p14-16
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem
In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42
RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
44
para desenvolver as mais complexas Os programas que vocecirc seleciona para
trabalhar formam seu curriacuteculo
a) Programa de Linguagem Receptiva
bull Aponta para objetos quando solicitado
bull Segue instruccedilotildees de um passo
bull Aponta para partes do corpo
b) Programa Habilidades de Imitaccedilatildeo
bull Imita accedilotildees motoras amplas
bull Imita accedilotildees motoras finas
bull Imita accedilotildees com objetos
c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais
bull Tira as roupas
bull Usa colher e garfo
bull Usa o toalete
442 Programas
Uma vez selecionados os programas seratildeo estabelecidos de maneira que
todos saibam quais instruccedilotildees dar como apresentar os materiais que podem ser
usados e qual resposta eacute aceitaacutevel Haacute uma terminologia que geralmente eacute usada
para ajudar nisso
a) Estiacutemulo SD
bull Conhecido e chamado de ldquoSDrdquo ou ldquoEstiacutemulo Discriminativordquo
bull A instruccedilatildeo inicial a exigecircncia ou comando a ser dado
bull Tambeacutem conhecido como o antecedente
bull Especifica a fala eou a apresentaccedilatildeo dos materiais
b) Tentativa
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
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Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS
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Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e
Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41
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BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender
Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p
BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE
TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia
Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria
Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131
BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia
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ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil
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53
GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L
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Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434
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Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
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desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975
PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees
D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
2001 p14-16
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem
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RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
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SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
45
bull A sequumlecircncia completa de apresentar um SD obter uma resposta (usando
quantas dicasajudas forem necessaacuterias) e o reforccedilar da resposta
bull Unidade baacutesica de um programa individual que eacute praticada durante a
sessatildeo
c) Resposta
bull A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitaacutevel(is)
d) Reforccedilador
bull ldquoEstiacutemulo reforccediladorrdquo abreviado para ldquoSR+rdquo
bull Tambeacutem conhecido como reforccedilamento ou consequumlencia
bull A consequumlencia que segue imediatamente a resposta da crianccedila
e) Ajudas Dicas
bull Estiacutemulos ou dicas suplementares dadas pelo professor
bull Usadas antes ou durante a execuccedilatildeo do comportamento
443 Estiacutemulos
Uma lista de palavras ou accedilotildees uma coleccedilatildeo de materiais itens etc que
estatildeo sendo usados para determinado programa (por exemplo figuras de animais
lista de palavras para praticar conjunto de blocos de montar cartotildees de pistas)
a) Aula
bull O tempo de atividade gasto trabalhando com a crianccedila no seu programa
bull Tambeacutem chamada ldquosessatildeordquo por pessoas que preferem usar linguagem
terapecircutica
b) Domiacutenio
bull Os criteacuterios que determinam quando a crianccedila aprendeu a habilidade e
estaacute pronta para seguir em frente
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS
httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM
060920010
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades
Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e
Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41
Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)
httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender
Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p
BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE
TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia
Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria
Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131
BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia
e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p
BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T
OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem
Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64
BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3
ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76
ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil
Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282
53
GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434
CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004
HttpPTshvoongcomsocial-sciencieseducation1780139-processo-
aprendizagem Acesso em 04092010
LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual
Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p
PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do
desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975
PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees
D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
2001 p14-16
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem
In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42
RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
46
bull A maioria das pessoas estaacute adotando o criteacuterio de ldquofluecircnciardquo (100 correto
e raacutepido) das pesquisas de Comportamento Verbal
bull Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional ldquo80 ou
melhor em trecircs sessotildees sucessivas de dez tentativas cadardquo
c) Dados
bull Registrar simplesmente como a crianccedila age em cada tentativa A resposta
de uma crianccedila a cada SD pode ser
- correta (indicada por um bdquo+‟ou um bdquoV‟)
- incorreta (indicada por bdquo-bdquo ou um ldquoxrdquo)
- sem resposta (indicada por um NR SR)
- Aproximaccedilatildeo muito proacutexima (indicada por um bdquoA‟ ou vocecirc pode encontrar
bdquoS‟ para Aproximaccedilatildeo Sucessiva)
bull Anotar dados e monitorar o progresso eacute uma parte vital da ABA Se vocecirc
natildeo tiver uma visatildeo clara e acurada de como a crianccedila estaacute vocecirc pode correr o risco
de frustrar e aborrecer a crianccedila e vocecirc natildeo vai saber quando estaacute na hora de mudar
para um novo programa
d) Meacutetodo
bull Descreve qualquer apresentaccedilatildeo especial de material lugar ou estrutura
usada
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN ndash (TRATAMENTO E EDUCACcedilAtildeO
PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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060920010
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Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e
Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41
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BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender
Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p
BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE
TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia
Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria
Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131
BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia
e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p
BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T
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ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil
Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282
53
GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434
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PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees
D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
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In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42
RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
47
5 TEACCH ndash TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
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PARA AUTISTAS E CRIANCcedilAS COM DEacuteFICITS RELACIONADOS Agrave
COMUNICACcedilAtildeO)
Em 1972 a Assembleacuteia da Carolina do Norte nos Estados Unidos aprovou a
legislaccedilatildeo que criava a Divisatildeo para o tratamento e educaccedilatildeo de crianccedilas autistas e
portadoras de problemas de comunicaccedilatildeo correlatos dentro do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em
Chapel Hill Estados Unidos Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi
inicialmente um programa estadual de serviccedilos para crianccedilas autistas e com
problemas de comunicaccedilatildeo correlatos e seus familiares visando tambeacutem o
esclarecimento da comunidade local para a compreensatildeo de pessoas com este tipo
de problemas
A origem do TEACCH remonta ao iniacutecio da deacutecada de 60 quando foi
montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do
Norte em Chapel Hill para atender crianccedilas portadoras de autismo ou psicose
infantil como era mais comum na eacutepoca Este grupo atuava a partir da de uma visatildeo
psicanaliacutetica oferecendo liberdade total agraves crianccedilas e terapia aos pais destas para
tentar modificar sua relaccedilatildeo com os filhos que segundo eles seria a causadora de
seus distuacuterbios
Esta era a visatildeo que se tinha de autismo na eacutepoca acreditando-se que a
crianccedila autista devido a problemas causados pelos pais embora tivesse toda sua
capacidade intacta se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada
como ldquointestaacutevelrdquo
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS
httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM
060920010
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades
Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e
Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41
Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)
httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender
Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p
BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE
TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia
Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria
Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131
BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia
e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p
BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T
OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem
Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64
BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3
ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76
ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil
Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282
53
GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434
CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004
HttpPTshvoongcomsocial-sciencieseducation1780139-processo-
aprendizagem Acesso em 04092010
LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual
Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p
PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do
desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975
PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees
D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
2001 p14-16
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem
In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42
RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
48
Em 1967 Alpern comprovou atraveacutes de suas investigaccedilotildees cientiacuteficas natildeo
soacute que as crianccedilas eram testaacuteveis mas tambeacutem que agrave medida que baixava-se o
niacutevel de dificuldade dos testes aplicados diminuiacutea o negativismo da crianccedila e seus
problemas de comportamento
Quando Eric Schopler se juntou ao grupo descontente com os resultados
obtidos solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Sauacutede Mental para poder
testar as suas ideacuteias
Schopler acreditava na base neuroloacutegica do autismo Natildeo encontrou atraveacutes
de seus estudos nenhuma diferenccedila substancial entre os pais de crianccedilas autistas e
os demais pais (Schopler e Reichler 1972) portanto propotildee uma abordagem
diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino
contando com os pais como co-terapeutas Schopler tambeacutem demonstrou que
ambientes estruturados eram mais positivos na adaptaccedilatildeo destas crianccedilas
(Schopler Bhehm Kinsbourne e Reichler 1971)
Na medida em que a ciecircncia foi avanccedilando e mais estudos foram sendo
realizados as teorias que culpavam os pais foram caindo a educaccedilatildeo foi assumindo
um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais aleacutem de
coterapeutas foram tambeacutem ocupando um papel poliacutetico importante na luta pelos
direitos de seus filhos
O programa TEACCH nos Estados Unidos tem recebido reconhecimento
nacional e internacional e eacute visto por um grande nuacutemero de pessoas como um
modelo de serviccedilos treinamento e pesquisa de excelecircncia
Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associaccedilatildeo
Americana de Psiquiatria ldquopelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre
distuacuterbios de desenvolvimento e implementaccedilatildeo de sua efetiva aplicaccedilatildeo cliacutenicardquo
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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060920010
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Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e
Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41
Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)
httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender
Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p
BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE
TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia
Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria
Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131
BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia
e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p
BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T
OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem
Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64
BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3
ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76
ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil
Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282
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GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434
CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004
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aprendizagem Acesso em 04092010
LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual
Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p
PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do
desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975
PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees
D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
2001 p14-16
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem
In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42
RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
49
A publicaccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Mental Families Today em sua
ediccedilatildeo para a Conferecircncia Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a famiacutelia
descreveu o TEACCH como o programa de abrangecircncia estadual para crianccedilas
autistas mais efetivo dos Estados Unidos A divisatildeo de patologias da infacircncia da
Associaccedilatildeo Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa
modelo nacional em serviccedilos dirigidos a crianccedilas e seus familiares
O TEACCH tem sido agraciado com um grande nuacutemero de premiaccedilotildees tanto
para os serviccedilos de atendimento quanto aos de treinamento
51 OS OBJETIVOS DO TEACCH
O objetivo maacuteximo do TEACCH eacute apoiar o portador de autismo em seu
desenvolvimento para ajudaacute-lo a conseguir chegar agrave idade adulta com o maacuteximo de
autonomia possiacutevel Isto inclui ajudaacute-lo a compreender o mundo que o cerca atraveacutes
da aquisiccedilatildeo de habilidades de comunicaccedilatildeo que lhe permitam relacionar-se com
outras pessoas oferecendo-lhes ateacute onde for possiacutevel condiccedilotildees de escolher de
acordo com suas proacuteprias necessidades
A meta fundamental eacute o desenvolvimento da comunicaccedilatildeo e da
independecircncia e o meio principal para isto eacute a educaccedilatildeo A avaliaccedilatildeo eacute a ferramenta
para a seleccedilatildeo de estrateacutegias que deveratildeo ser estabelecidas individualmente
O TEACCH desenvolveu o PEP ndash Perfil Psicoeducacional em 1976 por
Schopler e Reichler com a finalidade de avaliar habilidades e deacutefictis de crianccedilas
portadoras de autismo assim como seu niacutevel de desenvolvimento em 9 diferentes
aacutereas funcionais e comportamentos incomuns em 4 aacutereas de patologia
O TEACCH ao contraacuterio de meacutetodos comportamentais natildeo ataca os
problemas de comportamento diretamente mas tenta analisar e eliminar as suas
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS
httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM
060920010
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades
Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e
Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41
Autism Society of American = Associaccedilatildeo Americana de Autismo ASA (1978)
httpwwwautismocombrsitehtm Acesso em 26082010
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia e o momento do aprender
Satildeo Joseacute dos Campos Pulso 2006 140 p
BASTOS A M B P A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AOS PORTADORES DE
TID In CAMARGOS Jr Walter (coord) Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento 3o Milecircnio Walter Camargos Jr e colaboradores -Brasiacutelia
Presidecircncia da Repuacuteblica secretaria Especial dos Direitos Humanos Coordenadoria
Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia 2005 p127-131
BRANSFORD John D Como as pessoas aprende Ceacuterebro mente experiecircncia
e escola Satildeo Paulo Editora Senac 2007 381 p
BAU Claiton Henrique Dotto Geneacutetica da AprendizagemIn ROTTA N T
OHLWEILER L RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem
Neurobioloacutegica e MultidisciplinarPorto Alegre Artmed 2006 P59-64
BOSSA N A A psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da praacutetica 3
ed Porto Alegre Artmed 1994 p 61- 76
ELIAS Alexandra Vieira Qualidade de Vida de Portadores de Autismo Infantil In
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Autismo Infantil
Novas Tendecircncias e Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p267-282
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GADIA Carlos Aprendizagem e Autismo In ROTTA N T OHLWEILER L
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P423-434
CLEGG Gayle M A Histoacuteria Terminada A Liahona Satildeo Paulo p14 maio 2004
HttpPTshvoongcomsocial-sciencieseducation1780139-processo-
aprendizagem Acesso em 04092010
LEAR K Help Us Learn A Self-Paced Training Program for ABA Training Manual
Um Programa de Treinamento em ABA (Anaacutelise do Comportamento Aplicada)
Toronto Ontaacuterio ndash Canadaacute 2a ediccedilatildeo 2004 152p
PIAGET J A equilibraccedilatildeo das estruturas cognitivas-problema central do
desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975
PIAGET J Seis estudos de Psicologia Traduccedilatildeo Maria Alice Magalhatildees
D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
2001 p14-16
RIESGO RS Transtornos da Aprendizagem Anatomia da aprendizagem
In_________ Transtornos da Aprendizagem Abordagem Neurobioloacutegica e
Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2006 P21-42
RUBINSTEIN Edith A Especificidade do Diagnoacutestico Psicopedagoacutegico In SISTO
Fermino Fernandes et al Atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica e aprendizagem escolar 12
ediccedilatildeo Editora Vozes 2009 p127-139
SCHWARTZMAN Joseacute Salomatildeo Entrevista Conceito e Classificaccedilatildeo do
AutismohttpwwwdrauziovarellacombrExibirConteudo642autismopagina1con
ceito-e-classificacao Acesso em 27082010
STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
50
causas procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas seratildeo realizadas
eacute o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes o que acontece depois
proporcionando o planejamento de accedilotildees e seu encadeamento numa sequumlecircncia de
trabalhos
Este pode ser apresentado com diversas formas por exemplo
ndash Com objetos
ndash Com figuras (desenhos ou fotos)
ndash Figuras e descriccedilotildees
ndash Por Escrito
Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a
capacidade para realizar atividades de forma independenteestabelecer relaccedilatildeo
causa-efeito noccedilatildeo de sequecircncia(iniacutecio meio fim) Satildeo individuais e devem
informar ao estudante
Qual eacute a atividade
O quanto deve trabalhar (quantas vezes quanto tempo)
Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a
tarefa
O que vem depois
Satildeo ensinados primeiramente nas sessotildees individuais e apoacutes apresentar
domiacutenio na realizaccedilatildeo passaraacute a fazecirc-los de forma sistemaacutetica e independente
51
CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
52
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AMA ndash ASSOCIACcedilAtildeO DE AMIGOS DOS AUTISTAS
httpwwwamaorgbrhtmlapre_cursphpmodo=func|offl ACESSO EM
060920010
ASSUMPCcedilAtildeO JUNIOR Francisco Baptista KUCZYNSKI Evelyn Anormalidades
Geneacuteticas e Autismo Infantil In ______ Autismo Infantil Novas Tendecircncias e
Perspectivas Satildeo Paulo Atheneu 2007 p17-41
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aprendizagem Acesso em 04092010
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desenvolvimento Rio de Janeiro Zahar 1975
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D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
2001 p14-16
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STERNBERG Robert J Psicologia Cognitiva 4 ediccedilatildeo Porto Alegre Artmed
2008 587 p
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CONCLUSAtildeO
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa e descritiva esta natildeo se encontra
totalmente concluiacuteda uma vez que faltam alguns dados e informaccedilotildees que permita
uma conclusatildeo clara e objetiva
Por hora pode-se afirmar que todos noacutes psicopedagogos temos condiccedilotildees
para trabalhar com os portadores do TEA uma vez que estejamos aptos a
desenvolver nosso instinto investigativo pois nunca um TEA vai ser igual ao outro
ou seja o que pode resultar positivamente para um para o outro pode natildeo obter
sucesso algum
No entanto compete aos psicopedagogos natildeo desistir mas sim explorar e
investigar todas essas diferenccedilas permitindo a esses indiviacuteduos mais autonomia e
consequentemente uma interaccedilatildeo social suficiente para uma boa qualidade de vida
Se o terapeuta atuar dessa maneira no jogo teraacute condiccedilotildees de perceber seu
paciente e ajudaacute-lo a vencer seus obstaacuteculos Edith Rubinstein (2009 p 128)
confirma esse conceito quando diz que
O psicopedagogo eacute visto como um detetive que busca pistas procurando selecionaacute-las pois algumas podem ser falsas outras irrelevantes mas a sua meta eacute fundamentalmente investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideraccedilatildeo a totalidade dos fatores nele envolvidos para valendo-se desta investigaccedilatildeo entender a constituiccedilatildeo da dificuldade de aprendizagem
Acredito natildeo ter ouvido definiccedilatildeo melhor do que estaacute para o psicopedagogo
atuante e perseverante Podemos sim fazer a diferenccedila desde que estejamos
atentos as necessidades advindas por nossos pacientes
A Psicopedagogia ainda natildeo eacute reconhecida no Brasil como gostariacuteamos que
fosse mas nada nos impede de atuar com conhecimento e fundamentados nas
necessidades relatados por indiviacuteduos que buscam por esse auxiacutelio
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D‟Aacutemorim e Paulo Seacutergio Lima Silva 24 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria
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