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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ LUIZ GUSTAVO ROMAGNOLI DE OLIVEIRA A FOTOGRAFIA NA ESCOLA LUIZ GUSTAVO ROMAGNOLI DE OLIVEIRA CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

LUIZ GUSTAVO ROMAGNOLI DE OLIVEIRA

A FOTOGRAFIA NA ESCOLA

LUIZ GUSTAVO ROMAGNOLI DE OLIVEIRA

CURITIBA

2011

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LUIZ GUSTAVO ROMAGNOLI DE OLIVEIRA

A FOTOGRAFIA NA ESCOLA

Monografia apresentada ao curso de Especialização em Ensino das Artes Visuais: Práticas pedagógicas e linguagens contemporâneas da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Artes Visuais.

Orientador: Prof.Ms Renato Torres

CURITIBA

2011

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“ Dedico aos mestres, familiares e

amigos...”

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo em minha vida;

Aos colegas pela amizade e companheirismo

Aos mestres pela dedicação nos ensinamentos de excelência, em especial Prof°

Renato Torres;

A minha família, pelo incentivo de hoje e sempre.

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RESUMO Tem-se como objeto de pesquisa, analisar as possibilidades de se trabalhar com fotografias na escola como parte dos conteúdos de artes visuais. Desta forma o primeiro capítulo traz o significado da arte na educação, como forma de objeto e aprendizado. No segundo capítulo elenca o ensino da fotografia na escola e o papel dos educadores neste contexto. No terceiro capítulo apresenta-se uma pesquisa de campo com as melhores fotografias feitas pelos alunos da 7ª série, sendo que a fotografia na escola pode tornar-se uma nova maneira de ampliar o conhecimento dos alunos, no sentido de conhecerem a linguagem da fotografia como meio artístico entre outros meios Palavras- Chave: Ensino da arte, fotografia, arte.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................06

1 A ARTE NA EDUCAÇÃO.............................. ........................................................07

2 A FOTOGRAFIA NA ESCOLA........................... ....................................................12

2.1 O ENSINO DA FOTOGRAFIA NA ESCOLA.......................................................13

2.2 O PAPEL DOS EDUCADORES NO ENSINO DA FOTOGRAFIA.......................15

3 PESQUISA DE CAMPO................................ ..........................................................19

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................. .......................................................23

REFERÊNCIAS..........................................................................................................25

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INTRODUÇÃO

Este estudo tem como objetivo geral apresentar quais as possibilidades de se

trabalhar com fotografias na escola como parte dos conteúdos de artes visuais,

partindo-se do fato de que a criança/ adolescente usa com intensidade sua

inteligência, pois mescla sonho e realidade, sem perder a noção do real. Ela usa de

sua imaginação de maneira intuitiva, entretanto reúne situações imaginárias com

exploração racional.

Cita-se que a arte é indispensável na vida individual e social, com a arte o ser

humano desenvolve maior fluência (capacidade de expressão) originalidade

(capacidade de comunicar - se por meio de linguagens não - verbais, além da

verbal) enfim, uma infinidade de condições para viver (auto - conhecimento) e

conviver (conhecimento do outro), melhorando desta forma seu processo de

humanização.

Assim sendo pretende-se estudar a importância do ensino da Fotografia na

escola tendo como parâmetro de estudo alunos da 7ª série do ensino fundamental.

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1 A ARTE NA EDUCAÇÃO

Este capítulo tratará da busca pela compreensão da arte na educação para

em seguida contribuir para uma reflexão sobre a fotografia na escola com alunos de

7ª série.

Primeiramente será tratado o desenho na escola para apontar como é o olhar

da criança sobre sua produção visual. Em seguida será abordado relação entre

fotografia e comunicação visual. E para finalizar o capítulo serão apresentados os

resultados de um projeto em que foi utilizada a fotografia na escola.

De acordo com Ferraz e Fusari ( 1999, p.16):

[...] é a importância devida à função indispensável que a arte ocupa na vida das pessoas e na sociedade desde os primórdios da civilização, o que a torna um dos fatores essenciais de humanização. O fundamental, portanto, é entender que a arte se constitui de modos específicos de manifestação da atividade criativa dos seres humanos ao interagirem com o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ao conhecê-lo.

Para Canclini (1984, p.207-209) a arte:

[...] é uma atividade de expressão que evoca o criativo e engloba todas aquelas atividades ou aqueles aspectos de atividade de uma cultura em que se trabalha o sensível e o imaginário, com premissa em alcançar o prazer e desenvolver a identidade simbólica de um povo uma classe social, em função de uma práxis transformadora.

Segundo SANS (1994, p. 13) “a arte é a criação do homem, nasce de sua

ação. Com o passar dos anos recebeu conotações diferentes, assim como o artista,

que, diante da sociedade, foi sendo visto conforme os conceitos da época e os

ditames da história”.

A criança sempre é tida como esperança de inovação; através dela e por

meio dela poderão surgir novas perspectivas para o futuro. A criança é, portanto,

herdeira natural da cultura universal, que desde os primórdios da arte até os dias

atuais ela vive em meio a arte do mundo. Recebe informações de modo

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multifacetado; a ela cabe adaptar-se. E, é nesse adaptar-se que ela constrói e

reconstrói seus códigos de comunicação, de comportamento, baseados em seus

desejos, necessidades, fantasias e sensações. (SANS, 1994)

Seja por meio da linguagem da arte, ou da especificidade da educação – o

ensinar e o aprender – recebe influência de diversas culturas: cultura erudita, cultura

popular tradicional, indústria cultural (FORQUIN 1993)

A criança é um ser sociável, quer se comunicar, quer ser livre, no entanto,

quando entra em contato com o mundo escolar, há profissionais que causam

bloqueios irreparáveis na expressão infantil, levando os pequeninos à insegurança

criativa e prejudicando a naturalidade imaginativa da mesma. Desta forma, segundo

CARDOSO e VALSASSINA (1988, p. 37) “os adultos (em geral) são os

representantes da limitação das liberdades da criança e não podem esperar que

estas ponham a claro seus íntimos problemas e desejos”, após sofrerem essa

influência da limitação de sua liberdade.

As crianças devem ser orientadas pelos adultos com ética e respeito. O

diálogo é essencial para o relacionamento. A criança precisa compreender o porquê

de obedecer ao adulto, às regras da sociedade, e a aquele cabe, através do diálogo,

esclarecer a esta o porquê das coisas.

O canal de comunicação da criança com o mundo exterior é o lúdico, o

brincar, o desenhar. A criança aprimora seus desenhos e registros a medida que ela

é estimulada, num processo gradativo de avanço e aprimoramento. Geralmente por

volta dos seis anos de idade, a criança começa a representar graficamente uma

escala afetiva de valores em relação aos seus desenhos. Desenha, principalmente,

o que sente. O que importa para ela é o significado que atribui ao desenho.

(SANS,1994)

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Ao chegar à adolescência, geralmente perdem a inocência e a naturalidade

de antes, o que muitas vezes leva ao abandono da habilidade do desenhar. Em seus

primeiros anos desenha espontaneamente seguindo seus próprios critérios de

observação e de análise. Isso ela faz instintivamente, ou seja, não pára para refletir

sobre antes de executar o desenho, simplesmente o faz. Ela desenha somente o

que considerar de mais importante, independente de ser fácil ou não o fazê-lo.

A criança não desenha no sentido abstrato, o que ela representa provém da

realidade e costumeiramente é a sua própria realidade. Ou seja, ela vive os

desenhos que faz. Para provar isso basta que pergunte a alguma criança para que

ela descreva o que acabou de desenhar e ela, certamente, relatará algo que diga

respeito a si própria ou que lhe seja cara. (SANS, 1994)

A criança faz tudo com muito sentimento e afeto, até mesmo nos pormenores

de seus desenhos. Ela usa com intensidade sua inteligência, pois mescla sonho e

realidade, sem perder as noções do real. Ela usa de sua imaginação com

propriedade, pois reúne nas situações imaginárias suas fantasias e sua exploração

racional. O desenho da criança é uma interpretação, uma recriação na linguagem

gráfica daquilo que lhe é mais representativo, ou seja, leva-a a evocar a forma, a

estrutura, a essência dos objetos e dá forma à lembranças, sonhos, emoções. Em

seus desenhos, visam representar, reconstruir visualmente suas vivências

socializando experiências próprias, particulares e individuais. Essa facilidade em

“fantasiar” coloca-a numa situação privilegiada, sobre a qual DALLARI (1986, p.61)

comenta:

A criança sem sonhos está limitada ao mundo da razão, a executar rotinas com maior ou menor dificuldade, a resolver problemas do dia-a-dia de olhos no chão. Essa criança poderá conseguir usar a razão com toda a falta de graça de que são capazes os extremamente racionais, ou poderá ser limitada também como os racionais, mas, nunca terá o encanto, o mistério, a emoção e a ousadia dos sonhadores. A criança sem sonhos é uma águia sem asas.

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Desta forma, atenta-se que tantos adultos possuem tanta dificuldade de

expressar-se naturalmente e de forma lúdica, e, às crianças isso é algo tão banal.

Que possa-se, adultos, aprender isso com elas.

Segundo Barbosa (1999, p.19):

A produção de arte faz a criança pensar inteligentemente acerca da criação de imagens visuais, mas somente a produção não é suficiente para a leitura e o julgamento de qualidade das imagens produzidas por artistas ou do mundo cotidiano que nos cerca.

Desta forma Barbosa (1999), ainda cita que este mundo cotidiano está cada

vez mais sendo dominado pela imagem. Há uma pesquisa na Franca mostrando que

82% da nossa aprendizagem informal se faz através da imagem a 55% desta

aprendizagem é feita inconscientemente.

Torna-se necessário alfabetizar para a leitura da imagem, elenca-se que por

meio da leitura das obras de artes plásticas estaremos preparando a criança para a

decodificação da gramática visual, da imagem fixa e, através da leitura do cinema e

da televisão, a prepararemos para aprender a gramática da imagem em movimento.

Esta decodificação precisa ser associada ao julgamento da qualidade do que está

sendo visto aqui e agora e em relação ao passado. (BARBOSA, 1999)

Ressalta os PCN,s ( 1998, p.67):

Reconhecimento da variedade de significados expressivos, comunicativos e de valor simbólico nas formas visuais e suas conexões temporais, geográficas e culturais.Conhecimento e competência de leitura das formas visuais em diversos meios de comunicação da imagem: fotografia, cartaz, televisão, vídeo, histórias em quadrinhos, telas de computador, publicações, publicidade, design, desenho animado etc.Discussão, reflexão e comunicação sobre o trabalho de apreciação das imagens por meio de fala, escrita ou registros (gráfico, sonoro, dramático, videográfico etc.), mobilizando a troca de informações com os colegas e outros jovens.

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Porém ao que tange “a metodologia de análise é de escolha do professor, o

notável é que obras de arte sejam analisadas para que se aprenda a ler a imagem e

avaliá-la; esta leitura é enriquecida pela informação histórica” (BARBOSA, 1999p.39)

Não adota-se como método um critério de história da arte objetivo e

significante que seja apenas prescritivo, eliminando a subjetividade. Sabe-se que em

história da arte o importante é “conhecer as características das classificações de

estilo, a relação de uma forma de expressão”. (BARBOSA, 1999, p.39)

Desta forma, atenta-se que as operações acima referidas se integram na

busca de significações e o limite entre a história da arte e a leitura da obra é muito

tênue.

Como podemos observar, hoje em dia tem-se um contato grande com imagens,

cores e luzes em quantidades inigualáveis na história. A criação tecnológica expõe às

múltiplas manifestações visuais que gera a necessidade de uma educação para saber

ver e perceber, distinguindo sentimentos, sensações, ideias e qualidades contidas nas

formas e nos ambientes. Por isso é importante que essas reflexões sejam trabalhadas

na escola, nas aulas de Arte e, principalmente, nas de Artes Visuais. A aprendizagem

de Artes Visuais que parte desses princípios pode favorecer compreensões mais

amplas sobre conceitos acerca do mundo e de posicionamentos críticos. (PCN, 1998)

As artes visuais, além das formas tradicionais — pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, objetos, cerâmica, cestaria, entalhe—, incluem outras modalidades que resultam dos avanços tecnológicos e transformações estéticas do século XX: fotografia, moda, artes gráficas, cinema, televisão, vídeo, computação, performance, holografia, desenho industrial, arte em computador. Cada uma dessas modalidades artísticas tem a sua particularidade e é utilizada em várias possibilidades de combinações entre elas, por intermédio das quais os alunos podem expressar-se e comunicar-se entre si e com outras pessoas de diferentes maneiras. (PCN, 1998)

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2 A FOTOGRAFIA NA ESCOLA

A palavra fotografia, em um contexto mais técnico, vem do grego: foto que significa

“luz”, e grafia, que significa “escrever”, “gravar”, ou seja, o registro de imagens

produzidas pela ação da luz sobre papel sensível. Esse material fotossensível pode

ser, como nos primórdios da fotografia, “uma placa iodada, única, rara e cara como

uma jóia” (ROSANE DE ANDRADE, 2002, p. 34)

Segundo Kossoy ( 2002, p.52):

[...] imagem fotográfica não é um simples registro físico-químico ou eletrônico do objeto fotografado: qualquer que seja o objeto da documentação não se pode esquecer que a fotografia é sempre uma representação a partir do real intermediada pelo fotógrafo que a produz segundo sua forma particular de compreensão daquele real, seu repertório, sua ideologia. (...) Temos portanto uma fantasia que é tornada realidade concreta uma vez que veiculada pela mídia e consumida enquanto produto.

Por mais que uma fotografia tenha esse aspecto de reflexo preciso de um

instante real, em geral, sempre existe, um interesse específico, uma intenção, tanto

no registro quanto na interpretação da imagem.( KOSSOY, 2005)

Uma fotografia vai muito além da realidade que lhe deu razões para existir,

podendo gerando inesperadas interpretações do sujeito. Com a o período moderno

da imprensa e o rápido desenvolvimento tecnológico, esse fator credibilidade veio

abrir um espaço para que surja uma imagem de caráter mais ilustrativo, à modo

artístico, tendo um maior questionamento acerca da maneira de se produzir e de se

receber a notícia. ( KOSSOY, 2005)

Para Vernaglia Junior(2011,s/p):

A associação entre imagem fotográfica e realidade é o ponto forte da fotografia que permite passar conceitos tangíveis e intangíveis, e que serão diretamente associados àquilo que veremos ao pegar o produto em mãos, experimentar o serviço ou visitar uma empresa. Desta forma, se existe algo real que deva ser comunicado sobre uma empresa, produto ou serviço, a

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fotografia é a primeira fonte de representação que deve ser pensada, e mesmo para questões intangíveis, como por exemplo o conceito de seriedade, a fotografia pode mostrar nitidamente quando uma empresa quer mostrar sobriedade, ou quando ao contrário quer mostrar descontração e leveza.( VERNAGLIA JUNIOR, 2011, s/p)

O autor cita ainda que a fotografia, “por outro lado, apesar de sua aparente

credibilidade, nela também ocorrem omissões intencionais, acréscimos e

manipulações de toda ordem.

Portanto, Kossoy (2005, p.40) , entende:

Quando apreciamos determinadas fotografias nos vemos, quase sem perceber mergulhando no seu conteúdo e imaginando a trama dos fatos e as circunstâncias que envolveram o assunto ou a própria representação (o documento fotográfico) no contexto em que foi produzido: trata-se de um exercício mental de reconstituição quase que intuitivo.

Assim sendo, cita-se que as fotografias sobrevivem após até o

desaparecimento físico dos seus representados, o que fica é um elo afetivo na

memória ao passo que seu momento registrado é único e não será repetido jamais e

mesmo que os personagens envelheçam ou mesmo morram, e os cenários

desapareçam, a fotografia é peça única que sobrevive ao tempo. (KOSSOY, 2005)

2.1 O ENSINO DA FOTOGRAFIA NA ESCOLA

Segundo dados de KODAK (2011, p.01), a fotografia, é de forma abrangente

“identificada, na mente do homem comum, com o lazer; fotografia, para quase todo

mundo, muitas vezes é identificada somente como hobby, passatempo ou eventos

especiais”. Porém esquece-se assim, “da participação fundamental da fotografia em

quase todos os momentos da vida do ser humano...”

Segundo Felizardo (2000, p. 13):

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Fotografar é conferir importância e o olhar é uma forma de conhecimento. [...] Palavra e imagem, por sua vez, sempre andam juntas, ora se completando, ora brigando, ora se separando, ora se juntando. Não impor ta. As duas formas de expressão são necessárias para o relato, para as histórias que queremos contar. E quando uma vem para enaltecer a outra, é per feito.

Dados do site Kodak (2011), relatam que:

Na sociedade atual , ao contrário dessa imagem tão amplamente difundida, a fotografia é parte integrante da ciência, da indústria, das comunicações, das pesquisas de desenvolvimento, da previsão de acontecimentos e das experiências mais arrojadas. Da geologia à astrofísica, da cirurgia à agricultura, da estamparia a frio de tecidos ao desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos – em tudo a fotografia está presente, colaborando com o progresso e a felicidade do homem.

Em uma situação de ensino-aprendizagem é essencial o professor saber

escolher o momento ideal para o trabalho com imagens. Assim, as orientações

didáticas deveriam ser conduzidas pelo tema abordado no projeto pedagógico,

levando em consideração os objetivos e a problematização selecionada de acordo

com o diagnóstico inicial da turma: faixa etária, maturidade emocional e intelectual,

além do conhecimento prévio que os alunos trazem.

[...] a fotografia, ao possibilitar múltiplas simbologias à arte da conversação, adquire um caráter que redimensiona o ofício do historiador, o papel de professor e de pesquisador. Ao contrário da historiografia estruturalista ou pós-estruturalista que defende uma história concentrada no texto e dependente do discurso, os estudos contemporâneos ganham outro fôlego durante o século anterior, ao estabelecer relações entre textos e contextos.( CALDEIRA, 2007, p.345)

Para Fabricio (2007, p.104):

A comunicação visual, assim como outras formas de comunicação, só é possível por meio da concretização da linguagem imagética (neste caso, através da fotografia). O processo de construção da comunicação visual pode ser dividido em três fases básicas: observação/ apreciação, reconhecimento e habilidade de comunicar.

Fabricio ( 2007, p.104) cita que “ a pessoa observa mensagens visuais nos

jornais, televisão, artes plásticas e no cotidiano”. Atenta-se assim que a apreciação

visual das mais distintas imagens instiga, mesmo que de maneira implicita, a

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atribuição de valores, “de forma a dar subsídios para que possam produzir

interpretações imagéticas da realidade”. Porém é a mesma “lógica usada no ensino

tradicional, em que o aluno interpreta textos escritos e redige sua própria

mensagem, de forma a condicionar suas concepções, percepções, criatividade e

expressividade no texto imagético”. Fabrício (2007, p.104), relata que a fase do

reconhecimento, ou seja, a segunda, é quando o educando desenvolve a habilidade

de identificar o que exatamente é necessário codificar, por meio da fotografia, para

tornar possível a comunicação visual. Aborda-se que nessa fase também que o

aluno interpreta como determinados elementos podem se tornar expressivos, ou

seja, como ele capta as suas impressões visuais e subjetivas. (FABRICIO, 2007,

p.104).

Para Kossoy (2002, p.83):

Será somente através da sensibilidade, do constante esforço de compreensão dos documentos e do conhecimento multidisciplinar do momento histórico fragmentariadamente (ou seja, através da fotografia) retratado que poderemos ultrapassar o plano iconográfico: o outro lado da imagem além do registro fotográfico.

Ao trabalhar com documentos, os alunos poderão perceber que “ele(s) não

fala(m) por si mesmo(s), isto é, ele precisa ser interrogado a partir do problema

estudado, construindo na relação presente-passado” (PCNs, 1997, p.86).

2.2 O PAPEL DOS EDUCADORES NO ENSINO DA FOTOGRAFIA

Entende-se que estudando as artes na educaçãol, em especial a fotografia

se faz necessário que os profissionais da educação propiciem o desenvolvimento de

todas as percepções, pois, todas são usadas para conhecer e ler o mundo que nos

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cerca. Quando a criança desenha, ela busca firmar sua posição de estar no mundo,

de se relacionar com ele e transpor, graficamente, aquilo que ela consegue ou como

ela consegue entender o que a cerca.

Como já abordado anteriormente, ela o faz dando mais valor e atenção ao

processo do registro gráfico na hora em que o está fazendo do que depois de

pronto, mas sempre ela irá relatar algo pessoal ou muito próximo a ela em todos os

registros que fizer.

Sica (2002, p.39-40) deixa a todos os profissionais um alerta:

“Temos que buscar mais conhecimento, muita observação e paciência para acompanhar o desenvolvimento dos alunos sem queimar etapas, apressando o aparecimento do desenho figurativo para que possamos ter a sensação de que eles já produzem algo apreciável. Isto não é verdade. Temos que valorizar a garatuja e a rabiscação e oferecer ao aluno muitas oportunidades de desenhar, modificando as relações do corpo com a superfície a ser desenhada. [...] O professor deve ter o prazer de acompanhar cada aluno no seu tempo, e perceber as conquistas individuais e do grupo, podendo encontrar no grafismo um documento concreto do desenvolvimento da turma. Essa é uma possibilidade de acompanhar o caminho trilhado por cada aluno, percebendo que, através do desenho, ele se mostra no que diz respeito tanto ao seu emocional quanto ao seu nível de desenvolvimento geral.”

A arte fotografia, com certeza é uma facilitadora do trabalho transdisciplinar;

ela tem o papel de junção, de integração, de transversalidade em todos os espaços

da educação, especialmente os de educação infantil, pois, ela está ligada a todas as

áreas do conhecimento e à leitura de mundo. (SCHULTZE, 2001)

Para que haja um ensino qualitativo de artes nas escolas é necessário que o

arte educador saiba arte e saiba ser professor de arte com conhecimentos

consistentes, como também com propostas e projetos que aproximem “o aluno do

legado cultural e artístico da humanidade, permitindo acesso aos aspectos mais

significativos da cultura, em suas mais diversas manifestações”. (FUSARI E

FERRAZ, 1993, p.49)

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Ele é o co-responsável do melhoramento e desenvolvimento da sensibilidade

e dos saberes práticos e teóricos de seus discentes. Eis o grande desafio à todos os

profissionais que se dedicam a esse tipo de aula: encontrar uma maneira de

organizar o trabalho para desenvolver esses quesitos em seus alunos.

Um dos caminhos que auxilia no clareamento de como organizar o trabalho é

participando de grupos de estudo, cursos, discussões, buscar e trocar informações,

aprofundar reflexões e práticas com outros colegas da mesma área. É importante

salientar ainda, que é necessária uma constante atualização para garantir uma

possibilidade maior de sucesso. (FUSARI E FERRAZ, 1993)

Aborda-se que outra possibilidade é a criação ou ampliação de acervos

bibliográficos para estudos, tanto do professor quanto dos alunos; recursos

audiovisuais que poderão ser usados para as aulas de música, teatro, dança, artes

plásticas, ...; bibliografias sobre a história da arte, além de outras matérias que

contribuam para o acesso e desenvolvimento das aulas de arte em nossas escolas,

tais como textos teatrais, livros sobre o folclore do país, resgatando, especialmente,

as rodas infantis. (FUSARI E FERRAZ, 1993)

Além dessas, há a possibilidade de visitação à museus, monumentos

históricos e centros culturais da própria região ou não, o que amplia ainda mais o

leque de oportunidades e de assuntos a serem tratados e abordados.

Fabrício elenca que a fotografia no meio escolar pode tornar-se uma nova

maneira de ampliar o conhecimento dos alunos, no sentido de conhecerem a

linguagem da fotografia como meio artístico entre outros meios. (FABRÍCIO, 2007)

O material didático deve ser feito através de apostilas, apresentação de slides

e fotos, e principalmente aulas práticas, com saídas fotográficas pela comunidade,

abordando que o ideal seria que cada aluno possuísse sua própria câmera

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fotográfica, porém não sendo possível, indica-se o uso de rodízio do mesmo material

de estudo.

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3 PESQUISA DE CAMPO

Segue abaixo parte de fotografias escolhidas feitas por alunos da 7° série,

com fotografias tiradas usando o recurso tecnológico de celulares e câmeras digitais;

como fundamento prático para este trabalho de pesquisa interdisciplinar à Língua

Inglesa.

Abaixo das fotos os comentários de seus respectivos significados

comentados com alunos em trabalho de campo.

Foto 1 Pôr do sol

Cada aluno optou por expressar a sua arte de uma forma, e a foto escolhida

como melhor apresentação foi o por do sol, por retratar tão bem o sentido da

fotografia, com suas cores e singeleza de iluminação, uma fotografia marcante.

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Foto 2: Estádio de Futebol

Optou-se por uma diversificação, esta foto foi feita por aluno adepto de

esportes o que pode-se notar é que os alunos escolheram cenários que mais

agradavam o seu dia a dia, o gosto pelo seu time e o estar presente dentro do

estádio.

Foto 3: Musica e Arte

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Aqui um detalhe bem curioso como já visto os alunos optam por seus objetos

de preferência e este veio fotografar a arte de sua arte: a música, fenômeno

curioso, a alegria!

Foto 4: Carros

Nesta apresentação fotográfica elenca-se a opção como arte colorida, pois o

aluno é adepto de automobilismo e opta por cores fortes como sua preferência

fotográfica.

Foto 5: ônibus Lotado na cidade de Curitiba- Pr

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Teve também quem resolveu expressar um fato real no uso da fotografia, o

aluno fotógrafo decidiu mostrar o caos vivido por ele nos ônibus lotados em horários

de entrada e saída de escolas.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se com este estudo que o uso da fotografia na escola que mobiliza

buscas, assimilações, transformações, ampliações sensíveis e cognitivas, individuais

e coletivas, trazendo melhores qualidades na humanização dos aprendizes, tanto

professores como os alunos.

O professor tem que ser um permanente observador, ou seja o mestre deverá

construir o saber, buscando sempre novas alternativas ao ensino para prender a

atenção dos seus alunos.

O saber precisa ser construído em consonância professor aluno, de forma

permanente, dinâmica e horizontal, permitindo o desenvolvimento de indivíduos

conscientes de seu papel de cidadãos, do seu lugar na sociedade e sua capacidade

de transformação.

Assim sendo, independente das condições de trabalho, o educador sempre

deverá buscar desenvolver a sensibilidade, a espiritualidade, tentando tornar os

alunos menos mecânicos e com um olhar mais apurado para a realidade que o

cerca, sendo possível o resgate do lado humanitário de cada um deles que está tão

entorpecido pela competitividade e mecanicismo que a sociedade atual nos impõe.

O objetivo básico e maior foi o de despertar capacidades de iniciativa, de

discernimento, auto-determinação e capacitação à solução de problemas, não

esquecendo que, ao estimular a construção do olhar, a criticidade, a escola estará

também fortalecendo a capacidade de buscar conteúdos, avaliá-los e substituí-los,

se necessário. É a educação atrelada à mutabilidade, sem dicotomia, ou seja é um

objetivo que viu-se concluído com a apresentação das fotografias.

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Frisa-se assim que com este projeto de fotografia na escola, os alunos podem

vivenciar diversas situações, tendo na fotografia uma forma de retratar as

experiências vividas no aprendizado em sala de aula e no mundo que os cercam.

Com a fotografia os alunos encontram formas de catalogar as cenas que mais lhe

interessam.

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REFERENCIAS

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