UNIVERSIDADE TUTUTIDO PARANÁ FACULDADE DE...

37
UNIVERSIDADE TUTUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA INCLUSÃO DA DISCIPLINA DE PRIMEIROS SOCORROS NO CURRÍCULO DO CURSO DE FISIOTERAPIA CURITIBA 2003

Transcript of UNIVERSIDADE TUTUTIDO PARANÁ FACULDADE DE...

UNIVERSIDADE TUTUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE FISIOTERAPIA

INCLUSÃO DA DISCIPLINA DE PRIMEIROS SOCORROS NO CURRÍCULO

DO CURSO DE FISIOTERAPIA

CURITIBA

2003

RENATA OLIVEIRA

INCLUSÃO DA DISCIPLINA DE PRIMEIROS SOCORROS NO

CURRÍCULO DO CURSO DE FISIOTERAPIA

Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia

da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Tuiuti da Paraná, como quesito

parcial para a obtenção do título de Fisioterapeuta.

Orientadora:

Prot;!. Patricia Novo

Oricnladon ...'S Metodológicos:

Pror Luiz Antônio Ncgrão Dias

Prof. Frederico Luiz 8urigo

CURITIBA

2003

DEDICA TÓRrA

Dedico este trabalho a todos aqueles que dedicam suas vidas a salvar e reabilitar

vidas.

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço à cima de tudo a Deus, quem

me criou, me sustentou, e me trouxe até

aqui. Sem Ele nada disto seria possível.

Agradeço aos meus pais, pelo apoio e

por entenderem que, em alguns

momentos não era possível estar com

eles para que eu pudesse chegar ao final.

Agradeço à minha orientadora, Prof"

Patrícia Novo pela orientação,

dedicação e paciência, bem como aos

professores Regina Ferrari e Gustavo

Buck pela colaboração.

Por fim agradeço a todos os professores

que em algum momento me auxiliaram

na realização deste trabalho, e aos

amigos e colegas pela cooperação e

apOIo.

Obrigada!

IV

SUMÁRIO

Dedicatória ........................•..•....................................•....•.••••..........•....••.....••......iii

Agradecimentos .....................................•...•.•..•.•.••.•....••............................•........iv

Lista de Quadros .......•.•.•....•....................................•....•....•....•........................... vi

Lista de Gráficos .••••••.•.•.•.•.•................................•.•..•....•.•.........•.......................vii

Resumo ..............•........•.•••..........•.............................................•.•.•..••.••••.••••...••.viii

Abstract .....................•...................•.•.•.•.•....•.•..•.........•.................•......................ix

1 lNTRODUÇÃO .....•.•...............................................................•..•.•.......•.....••.•10

1.1 DEFINIÇÃO DE TRAUMA 10

1.2 PRIMEIROS SOCORROS 12

1.3 EMERGÊNCIAS CLINICAS 13

1.4 TRAUMA, PRIMEIROS SOCORROS, EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

E FISIOTERAPIA 15

1.5 CURRÍCULO DE FISIOTERAPIA 17

1.5.1 O CURRÍCULO SEGUNDO A PORTARIA MINISTERIAL

W 511164 18

1.5.2 O CURRÍCULO DE FISIOTERAPIA SEGUNDO RESOLUÇÃO W 4,

DE 28 DE FEVEREIRO DE 1983 19

2 METODOLOGIA ............................................................................•........•.•.. 23

3 ANÁLISE DE DADOS ...................•...•..•.........•............................................. 25

4 DISCUSSÃO ..............•.•......•.•.•.•.•.•.••.•.•.•...••.•....................•...........................33

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...•.•....•...•......•...•.•........•.••.•.......•.•..•.•..•.•..••.........34

BffiLIOGRAFIA .•.•..................................•......................................•••.••••.....•...35

ANEXO ................•.•.•.....••••••••...•......•...•..••.••.•.••...•.••••.•...••.•....••...••••....•.............37

LISTA DE QUADROS

Quadro I - Artigos da Portaria Ministerial n° 511/64 que Fixam os

Currículos Mínimos dos Cursos de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional . ..................... 18

Quadro 2 - Artigos da resolução nO4, de 28 de Fevereiro de 1983, do

Conselho Federal de Educação, que fixam os mínimos de

Conteúdo e Duração dos Cursos de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional... 19

Quadro 3 - Art. 4°, da Resolução nO4, de 28 de fevereiro de 1983, do

Conselho Federal de Educação, que fixa os mínimos de

"conteúdo" e duração dos cursos de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional 20

Quadro 4 - Art. 5°da Resolução nO4, do Conselho Federal de Educação,

de 28 de Fevereiro de 1983, que fixa os mínimos de

"conteúdo" e duração dos cursos de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional . . 21

VI

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO I - Número de alunos entrevistados que têm conhecimento do

que são Primeiros-socorros 2S

GRÁFICO 2 - Freqüência de Alunos que já Foram Chamados para Prestar

Primeiros-socorros em Alguma Situação.. . 26

GRÁFICO 3 - Freqüência de Entrevistados que Souberam como Proceder

Numa Situação de Emergência Médica . 27

GRÁFICO 4 - Modo como o Entrevistado Procedeu Quando Chamado a

Prestar os Primeiros-socorros 28

GRÁFICO S - Freqüência do Conhecimento do que é o Suporte

Básico de Vida 28

GRÁFICO 6 - Freqüência do Número de Entrevistados que Têm

Conhecimento de que a Omissão de Socorro é Crime 29

GRÁFICO 7 - Quantidade de Alunos que Têm Interesse em Aprender a

Prestar os Primeiros-socorros 30

GRÁFICO 8 - Freqüência de Alunos que Acham que há Necessidade

da Inclusão da Disciplina de Primeiros-socorros no

Currículo do Curso de Fisioterapia 30

VII

RESUMO

Trauma, definido como injúria ao corpo humano, é a terceira causa de

morte no Brasil. O trauma incorpora também as emergências clínicas (parada

cardíaca, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, etc ..) e pelos

seus efeitos deve ser considerado uma "doença".

Sendo dever do Fisioterapeuta zelar pela saúde, ele deve estar preparado

para o atendimento do paciente, caso este se encontre em situação de emergência.

Para tanto, é necessário o ensino dos Primeiros-Socorros, ou Suporte Básico de

Vida no curso de Fisioterapia.

Este estudo observacional analítico tem como objetivo conscientizar os

alunos da necessidade de se saber prestar os primeiros-socorros e de que há

necessidade da inclusão da Disciplina de Primeiros-Socorros na grade curricular

do curso de Fisioterapia.

Após análise dos dados obtidos através de um questionário aplicado aos

acadêmicos de 3° e 4° anos do Curso de Fisioterapia da Universidade Tuiuti do

Paraná, verificou-se que existe a consciência da necessidade de se saber prestar

os primeiros-socorros, e que há interesse dos alunos em aprender como fazê-lo, o

que justifica tomar os primeiros-socorros uma disciplina integrante do currículo

do curso de Fisioterapia.

Palavras-chaves: Trauma, Primeiros-Socorros (Suporte Básico de Vida),Emergências Clinicas, Currículo.

VIII

ABSTRACT

Trauma, defined as an injury to the human body, is the third death cause in

BraziL Trauma assimilates also clinicai emergency (cardiac arrest, myocardic

acute infarction, brain stroke, etc.) and due to its effects shall be considerated as

an "illness".

Being caring for the patient's health a duty of the Physical Therapist, he

shall be trained to attend the patient, in emergency situations. Therefore, it is

necessary the adding of the First aids, or Basic Life Support in the Physical

Therapy course curriculum.

This analitc-observational study objectives to aware the students of the

needing of knowing the First-Aids, and that the adding of the First-Aids subject

at the PhysicalTherapy Course Curriculum is needed.

After analizing the data obtained from a form applied to Physical Therapy

students ofthe 3,d and 4th grades from the Universidade Tuiuti do Paraná, it was

verified that there's the concience ofthe needing of knowing the First-Aids, and

that there's the interest from the students of learning it, what justifies to make the

First-Aids Subject an integrant part ofthe PhysicalTherapy Course Curriculum.

Key words: Trauma, First Aids (Basic Life Support), and Clinicai emergencies,Curriculum.

IX

lO

1 INTRODUÇÃO

A realidade médica dos nossos dias mostra que o trauma assumiu

proporções endêmicas e, em muitas faixas etárias, tomou-se a principal causa de

mortalidade, retirando da força produtiva da população um numeroso

contingente, com prejuízo incalculável para a sociedade. As emergências

clínicas, particularmente as cardiovasculares, também vêm ceifando muitas vidas

em nosso meio, obrigando que medidas preventivas eficientes e eficazes sejam

implementadas com muita presteza (SANTOS, 1999).

Sendo o Trauma um problema de Saúde Pública, se faz necessáno

capacitar pessoas para prestação dos Primeiro Socorros, não com o objetivo de

formar Profissionais Responsáveis pela Segurança (Socorristas), mas com o

objetivo de diminuir o número de pessoas que chegam ao Pronto-Socorro dos

Hospitais para tratar problemas que poderiam ser resolvidos me modo simples, e

lou também para que, em situações de emergência clinica (convulsão, acidente

vascular crânio-encefálico, parada cardíaca, etc...), se possa oferecer suporte a

vitima até a chegada de socorro especializado, ou â chegada ao hospital

(SANTOS, 1999)

Assim, sabendo que o Fisioterapeuta tem em suas mãos diariamente seres

humanos em condições mais ou menos graves de saúde, que emergências e

urgências clínicas ou ainda acidentes acontecem a qualquer instante, este estudo

será direcionado no sentido de alertar para a necessidade da inclusão da

disciplina de Primeiros Socorros no curso de Fisioterapia.

1.1DEFINIÇÃO DE TRAUMA

Traumatismo (trauma) é definido pelo Diccionário de Medicina Oceáno-

MOSBY como lesão física produzida por uma ação violenta ou pela introdução

de uma substância tóxica no organismo, e ainda, lesão ou dano psíquico

11

resultante de um grave choque emocional. Podemos observar que a palavra

"Trauma" tem um significado mais amplo, envolvendo lesões, machucadas,

fraturas, acidentes em geral, decorrentes da violência urbana e interpessoal.

Segundo o Comitê de Trauma do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e o

Ministério da Saúde, o trauma é um problema de Saúde Pública, sendo a segunda

causa de morte em geral no Brasil, a primeira causa de morte de indivíduos entre

11 a 40 anos de vida, e portanto, deve ser encarado como "doença" e não como

"acidente" ou "fatalidade"

(http://www.hc.unicamp.br/especialidades_medicas/trauma/dobre.thm).

No Brasil, e quase na totalidade dos outros países, o trauma é a principal

causa de morte do indivíduo jovem. Mais de 120.000 brasileiros morrem por ano

em conseqüência de acidentes e estima-se de quatro a cinco vítimas com seqüelas

permanentes para cada óbito (OLIVEIRA, 2001).

Na maior parte do mundo o trauma ocupa a primeira causa de morte na

infância. (...) Para cada óbito, outras três crianças ficarão com seqüelas graves de

suas lesões (SANTOS, 1999).

Lesões torácicas são responsáveis por uma em cada quatro mortes de

origem traumática e são causa de aproximadamente 25% das mortes nos

pacientes politraumatizados. Cerca de 60% dos politraumatizados que evoluem

para o óbito apresentam lesões torácicas. Boa parte dessa mortalidade poderia ser

evitada havendo melhor compreensão dos diferentes padrões de lesão que

acometem esse segmento (OLIVEIRA, 200 I).

O trauma de abdome ocorre em 20 a40% dos politraumatizados, causando

50% das mortes evitáveis por trauma (SANTOS, 1999).

O trauma é a principal causa não obstétrica de mortalidade matemo-fetal.

Aproximadamente 6 a 7% das gestações são complicadas por traumas; os

acidentes automobilísticos graves representam 7,2% da mortalidade materna e

15% da fetal (SANTOS, 1999).

Lesões de coluna vertebral mal conduzidas podem ocasionar a morte ou

incapacidade permanente. Aproximadamente 10% das lesões medulares ocorrem

por manipulação incorreta das vítimas de trauma (SANTOS, 1999).

12

o traumatismo cranioencefálico (TCE) é a principal causa de morte em

uma população jovem. Suas causas mais freqüentes são o acidente

automobilístico, quedas e agressões interpessoais. Aproximadamente 50% das

mortes de causa traumática são associadas a TCE e mais de 60% de mortes

devidas a trauma por acidente automobilístico são decorrência do traumatismo

cranioencefálico. Estima-se que ocorra no mundo um TCE a cada 15 segundos e

a cada 5 minutos uma dessas vítimas morra e outra fique com seqüela

permanente (OLTVEIRA,2001).

Epidemiológicamente o Brasil apresenta uma das maiores incidências de

traumatismo craniano do mundo, representando um importante problema de

saúde pública pelos altos custos envolvidos e por atingir uma parcela

economicamente ativa da nossa sociedade

(http://www.saudebrasilnet.com.br/premio_2202_arquivo/trabaIh045.asp).

Cerca de 150.000 pessoas morrem por ano em conseqüência de

afogamento. É a terceira causa mais comum de morte acidental; 40% ocorrem

com crianças abaixo de 4 anos de idade. Entre estas, os locais mais comuns de

afogamento são as piscinas e banheiras (OLIVEIRA, 2001).

Ferimento vem a ser a lesão ou a perturbação em qualquer tecido, como

resultado de um trauma. A perda da integridade da pele, considerado o maior

órgão do corpo, constitui ameaça pelo risco de sangramento, infecção e trauma

secundário, podendo ser fator determinante de sobrevida (OLIVEIRA, 2001).

Pela extensão de seus efeitos, o trauma (...) é passível de prevenção,

devendo ser conclamada toda a sociedade a mobilizar-se na responsabilidade de

controlar suas causas externas (SANTOS, 2001).

1.2 PRIMEIROS -SOCORROS

A Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública define primeiros socorros

como "procedimentos simples utilizados no tratamento imediato e provisório

dado á vítima no local do acidente ou próximo a este, até a chegada de socorro

médico especializado" tendo por objetivos "evitar o agravamento das lesões e

13

colocar a vítima em melhores condições para o transporte dando conforto fisico

e psicológico" (http://pessoal.educacional.com.br/up/580001/476451/t91.asp).

Primeiros-Socorros é a definição de todo procedimento correto de suporte

básico de vida (http://www.bombeiros.com.br). Por sua vez, o SBV consiste em

oxigenação e perfusão de órgãos vitais, através de medidas simples

(http://apm.org.br)

Para OLIVEIRA (2001), o objetivo do atendimento inicial à vítima de

trauma (suporte básico de vida) é identificar rapidamente situações que

coloquem a vida em risco e que demandem atenção imediata pela equipe de

socorro. Deve ser ràpido, organizado e eficiente, de forma que permita decisões

quanto ao atendimento e ao transporte adequados, assegurando maiores chances

de sobrevida.

1J EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

O dicionàrio médico ilustrado de Dorland define emergência como uma

"ocasião inesperada ou súbita; um acidente; uma necessidade urgente ou

pressionada". Para DELISA e GANS (2002), esta definição precisa ser ampliada

dentro do contexto da reabilitação em que, emergências médicas incluem

elementos que ameaçam a vida e outros que interferem nas intervenções

reabilitadoras e no progresso funcional do indivíduo.

Para OLIVEIRA (2001), são definidas como emergências médicas: doenças

coronarianas, angina de peito, infarto agudo do miocàrdio, dispnéia, síncope ou

desmaio, coma, AVC, crise convulsiva, Diabetes (crise hipoglicêmica) e abdome

agudo.

DEUSA & GANS (2002) listaram algumas condições patológicas mais

comuns entre pacientes da reabilitação. São elas: disreflexia autonômica;

doenças tromboembólicas; doenças cardiovasculares; amputação; aspiração e

emergências psiquiàtricas.

A disreflexia autonômica em lesados medulares quando se apresenta em

sua forma mais grave da crise hipertensiva é o protótipo e uma condição

14

comórbida que precisa ser tratada como emergência na reabilitação pelas

conseqüências que apresenta, tais como convulsões, Trombose Venosa Profunda

(TPVP) e AVC (DELISA; GANS, 2002).

Atualmente, o infarto do miocárdio é a causa de morte mais comum em

países desenvolvidos. Na maioria dos casos, resulta da ruptura de placa

aterosclerótica, com desenvolvimento de trombose e oclusão total da artéria

(BALLINGER; PATCHET,1999)

Para BALLINGER e PATCHET (1999), o AVC é a terceira causa de

morte no Reino Unido, e a causa mais comum de deficiência fisica em adultos.

Pacientes que sofreram ou sofrem de doenças tromboembólicas, tais como o

AVC e os TVPs que estão em reabilitação, se acham em risco muito maior de

sofrerem quedas (DELISA; GANS, 2002).

Segundo DELISA & GANS (2002), a doença cardiovascular tem grande

impacto deletério sobre a reabilitação. Em um paciente com AVC, por exemplo,

os eventos cardiovasculares podem não somente interromper ou anular os

esforços da reabilitação, como também a própria doença cardíaca poderá

comprometer a função.

No geral, 75% das amputações ocorrem em pessoas com mias de 65 anos

e 60% delas estão associadas com doença vascular periférica, de acordo com uma

revisão de Clark e associados sobre a demografia das amputações. A literatura da

Reabilitação confirma as observações de que, quanto mais alto o nível de

amputação, e mais membros forem amputados, maior o consumo de energia

cardíaca pela distância percorrida durante a deambulação (DELISA; GANS,

2002).

Pneumonia por aspiração é um problema bastante reconhecido que

freqüentemente coloca em risco a vida dos pacientes hospitalizados, levando á

bacteremia septe, parada respiratória e morte. Está associada com a disfunção de

deglutição e os distúrbios gastrintestinais altos secundários a doenças

neurológicas centrais e periféricas e doenças periféricas mecânicas e obstrutivas.

A aspiração, como sua forma completa dando um quadro de pneumonite, é um

problema dispendioso que coloca a vida em risco, ás vezes exigindo ventilação

15

mecânica e estadas em unidades de terapia intensiva. E relatada uma taxa de

mortalidade acima de 40% em pacientes com pneumonite por aspiração, com

mais de 50% destes pacientes requerendo ventilação mecânica (DEUSA; GANS,

2002)

1.4 TRAUMA, PRIMEIROS-SOCORROS, EMERGÊNCIAS CLÍNICAS E A

FISIOTERAPIA

Confirmando uma tendência mundial, o trauma vem sendo considerado

grave problema de saúde pública em nosso país. Ele é a terceira causa de

mortalidade, depois das doenças cardiovasculares e do câncer (SANTOS, 1999).

Toda vítima de trauma deve ser manuseada com o máximo cuidado, a fim

de não agravar suas lesões e/ou ferimentos. Isto é particularmente importante nas

vítimas com suspeitas de lesão da coluna vertebral ou confirmadas com

traumatismo raquimedular (OLIVEIRA, 2001).

Considerando que essa vítima necessita ser removida do local do acidente,

atendida com medidas pré-hospitalares básicas e/ou avançadas e transportada ao

local de tratamento definitivo (OUVEIRA, 2001); se faz necessária a preparação

de indivíduos que possam manter a vítima em condições estáveis até a chegada e

socorro especializado.

Observações demográficas e epidemiológicas dão suporte á expectativa de

que normalmente, emergências médicas ocorrem nos locais de reabilitação,

segundo DEUSA e GANS (2002). Para eles, mais pessoas idosas estão

participando da reabilitação: embora a taxa de expectativa de vida encontra-se na

faixa etária de 65 anos, há um crescimento na incidência de indivíduos que se

encontram na faixa etária de maior de 85 anos. Sabe-se que o idoso possui

diminuição da plasticidade adaptiva em resposta a estressores como

enfermidades agudas e intervenções da reabilitação e de que há prevalência da

comorbidade e incapacidade funcional associada aumentando com a idade.

DEUSA E GANS (2002) afirmam ainda que mais pessoas doentes e

pacientes cirúrgicos estão participando da reabilitação. A intervenção da equipe

16

de reabilitação na faze aguda da doença reduz a estadia no hospital, promove

melhora no resultado funcional e contribui para a contensão de gastos com a

saúde.

Assim, DEUSA e GANS (2002) concluem que a probabilidade de

existirem comorbidades com maior magnitude e gravidade nos pacientes de

reabilitação indica que emergências médicas ocorrerão. Se compormetimensots

tais como acidente vascular cerebral (AVC) , Trauma raqui-medular (TRM),

amputação, neuropatias periféricas forem vistas como manifestações de

processos terminais das doenças, pode-se esperar que estes se manifestem como

emergências médicas.

O Ministério da Saúde considera como nível pré-hospitalar na área de

urgência-emergência aquele atendimento que procura chegar à vítima nos

primeiros minutos após ter ocorrido o agravo à sua saúde eu possa levar à

deficiência fisica ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, a prestação de

atendimento adequado (primeiros-socorros) e transporte a um hospital

devidamente hierarquizado.

A Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de

1998, assegura, no art. 196° que "a saúde é direito de todos e dever do Estado", e

também prevê, no art. 5° que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa senão em virtude da lei".

O Código de Trânsito Brasileiro, em seu art. 304 prevê que a omissão de

socorro, além de ser uma irresponsabilidade, é crime. No entanto, nem todos os

cidadãos estão preparados para prestar os primeiros socorros.

O Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, nos

arts. 1°, 2° e 3° prevê, respectivamente que: O Fisioterapeuta presta assistência

ao homem, participando da promoção, tratamento e recuperação de sua saúde;

zela pela provisão e manutenção de adequada assistência ao cliente e; avaliam

sua competência e somente aceitam atribuição ou assumem encargo, quando

capazes de desempenho seguro para o cliente.

Ainda, em seu art. 7°, cita que, entre outros, são deveres do Fisioterapeuta:

exercer sua atividade com zelo; respeitar a vida humana desde a concepção até a

17

morte, jamais cooperando em ato em que voluntariamente se atente contra ela, ou

coloque em risco a integridade fisica ou psíquica do ser humano; prestar

assistência ao indivíduo, respeitados a dignidade e os direitos da pessoa humana;

utilizar todos os conhecimentos técnicos e científicos a seu alcance para prevenir

ou minorar o sofrimento do ser humano e evitar seu extermínio.

Por fim, em seu art. 8°, veda ao Fisioterapeuta negar assistência, em caso

de indubitável urgência.

Assim, conclui-se que, ao contrário do que se pensa, a prestação de

primeiros-socorros é também dever do Fisioterapeuta no pleno exercício de sua

função.

1.5 CURRÍCULO DO CURSO DE FISIOTERAPIA

A formação profissional universitária no Brasil, de certa forma é dirigida

pelos currículos estabelecidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). O

currículo, na medida em que determina o que precisa ser apresentado a cada tipo

de profissional e durante quanto tempo o futuro profissional precisa ser exposto a

determinados tipos de informações ou aprendizagens, sendo "projeto" desse

futuro profissional e , conseqüentemente da profissão (REBELLATO e

BOTOMÉ, 1999)

As estruturas curriculares dos cursos de formação supenor são os

microorganismos que compõem a dinâmica organizacional macroscópica da

universidade no que diz respeito ao ensino e á formação de profissionais,

influenciando o tipo e a forma de funcionamento da instituição (REBELLATO e

BOTOMÉ, 1999)

Até o final da década de 1990, as duas propostas curriculares existentes na

história da Fisioterapia do Brasil, como profissão de nível superior, obedeceram

às leis vigentes do País, no que atinge à forma de estabelecimento e divulgação, e

foram estabelecidas pelo Conselho Federal de Educação, no entanto, os

procedimentos adotados para a elaboração das propostas não foram coincidentes

(REBELLATO e BOTOMÉ, 1999)

18

A primeira, tomada pública pela Portaria Ministerial nO511, de 1964, foi

elaborada com base no Parecer n° 388, de 1963, no qual o relator decidiu que a

aprendizagem dos então denominados técnicos em Fisioterapia deveria se basear

em um esquema exeqüível. A Resolução nO4, de 28 de fevereiro de 1983,

emitida pelo Conselho Federal de Educação, alterou o documento anterior,

estabelecendo um currículo mínimo para os profissionais de Fisioterapia

(REBELLATO e BOTOMÉ, 1999).

ISI O currículo segundo a Portaria Ministerial nO511164

O quadro a seguir, extraído do livro Fisioterapia no Brasil (REBELATTO

e BOTOMÉ, 1999) mostra a transcrição dos artigos desta portaria que

estabeleceu as matérias a serem desenvolvidas nos curso de Fisioterapia e seu

período de duração.

QUADRO I

ARTIGOS DA PORTARIA MINISTERIAL W 511/64 QUE FIXAM OS CURRÍCULOS

MÍNIMOS DOS CURSOS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL *ArL la - O currículo mínimo dos cursos de Fisioterapia e terapia Ocupacional para a formação

de Técnico em Fisioterapia e de Técnico em Terapia Ocupacional compreende matérias comuns

e matérias especí ficas, como segue:

a) Matérias comuns: Fundamentos de Fisioterapia e Terapia Oeupacional, Ética e

História da Reabilitação e Administração Aplicada.

b) Matérias específicas do curso de Fisioterapia: Fisioterapia Geral e Fisioterapia

Aplicada.

c) Matérias específicas do curso de Terapia Ocupacional: Terapêutica Ocupacional Geral

e Terapêutica Ocupacional Aplicada

Art. 20- A duração dos <1,rsos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional será de 3 anos letivos.

* Os destaques apresentados não constam na Portaria.

Fonte: REBELLATO, José Rubens; BOTOMÉ, Sílvio Paulo. Fisioterapia no Brasil, 2'. ed.

São Paulo: Manole, 1999.

19

1.5.2 O Currículo segundo a Resolução nO4, de 28 de fevereiro de 1983

A portaria ministerial nO511/64 foi substituída, em 28 de fevereiro de

1983, pela resolução nO4, do Conselho Federal de Educação, e fixou os mínimos

de "conteúdo" e duração dos cursos de Fisioterapia no Brasil. Os quadros

seguintes demonstram os 3 primeiros artigos desta resolução; o ciclo de matérias

pré-profissionalizantes; e a transcrição do art. 5° que trata das matérias

profissionalizantes, respectivamente (REBELLATO e BOTOMÉ, 1999).

QUADRO 2

ARTIGOS DA RESOLUÇÃO W4, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1983, DO CONSELHO

FEDERAL DE EDUCAÇÃO, QUE FIXAM OS MÍNIMOS DE CONTEÚDO E DURAÇÃO

DOS CURSOS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL •

Art. 1° - O curriculo núnimo dos cursos de Fisioterapia e terapia Ocupacional será dividido em

4 (quarto) ciclos, a saber:

I. Ciclo de Matérias Biológicas

11. Ciclo de Matérias de Formação Geral

UI. Ciclo de Matérias Pré-profissionalizantes

IV. Ciclo de Matérias Profissionalizantes

Parágrafo único - Com pequenas complementações os ciclos I e 11poderão ser usados

como tronco para ambas as profissões.

Art. 2° - O Ciclo de Mate'rias Biológicas constará de:

a) Biologia

b) Ciências MOIfológicas, compreendendo Anatomia Humana e Histologia.

c) Ciências Fisiológicas, compreendendo Bioquímica, Fisio;ogia e Bio}/Sica.

d) Patologias, compreendendo Patologia Geral e Patologia de órgãos e Sistemas.

Art. 3° - O Ciclo de Matérias de Formação Geral constará de:

a) Ciências do Comportamento, comprcendendo Sociologia, Antropologia,

Psicologia, Ética e Deontologia.

b) Introdução à Saúde Humana, compreendendo Saúde Pública.

c) Metodologia de Pesquisa Cientifica, incluindo Estatística,

• Os destaques apresentados não constam na Resolução

Fonte: REBELLATO, José Rubens; BOTOMÉ, Silvio Paulo. FisiotCnlllia no Brasil, 2". cd.

São Paulo: Manole, 1999.

20

Segundo Botomé & colaboradores (1979), o ponto de partida para as

decisões sobre o que precisa ser ensinado aos aprendizes de uma determinada

área são as necessidades reais da comunidade. Partindo de um "diagnóstico" e

do processamento das necessidades da sociedade, há maior solidez para se

decidir o que o futuro profissional precisa estar apto a fazer e o que é necessário

ensinar ao aprendiz para se garantir o aprendizado destas aptidões que o tomarão

capaz de atuar na sociedade e resolver os problemas com os quais ela se defronta

(REBELLATO e BOTOMÉ, 1999).

QUADRO 3

ART. 4°, DA RESOLUÇÃO W 4, DE 28 DE FEVERE[RO DE [983, DO CONSELHO

FEDERAL DE EDUCAÇAO, QUE FIXA OS MíNIMOS DE "CONTEÚDO" E DURAÇÃO

DOS CURSOS DE F[SIOTERAPIA E TERAPIA OCPACIONAL *Art. 4° - O Ciclo de Matérias Pré-profissionalizantes para a formação do Fisioterapeuta constará

de:

a) Fundamentos de Fisioterapia, compreendendo História da Fisiolerapia e

Administração em Fisoterapia.

b) Avaliação Funcional,eompreendendo Cinesiologia, Bases de Mélodos e Técnicas de

Avaliação em Fisioterapia.

c) FisiOlerapia Geral. compreendendo Eletroterapia, Termolerapia, FOlOlerapia,

Hidrolel'apia e Mecanolerapia.

d) Cinesiologia, compreendendo Exercício terapeutico e Reeducação Funcional.

e) Recursos Terapê/llicoS Manuais. compreendendo Massoterapia e Manipulação.

* Os destaques apresentados não constam na resolução

Fonte: REBELLATO, José Rubens; BOTOMÉ, Sílvio Paulo. Fisioterapia no Brasil, 2". ed.

São Paulo: Manole, 1999.

A Fisioterapia, como profissão da área da Saúde, deveria possuir

profissionais que fossem capazes de lidar com as condições de saúde da

população. E, nesse contexto, "lidar" significa ir além de uma atuação que

objetive somente curar doenças ou auxiliar na recuperação de indivíduos já

lesados, ou seja, executar um trabalho cujo objetivo maior consiste em propiciar

um "estado" de condições de saúde que permita um elevado grau de conforto e

segurança á população. Para isso, são necessárias promoção de saúde,

21

manutenção de boas condições de saúde e prevenção de problemas com a saúde,

além da assistência curativa e reabilitadora (REBELATIO e BOTOMÉ, 1999).

QUADRO 4

ART. 5° DA RESOLUÇÃO W4, DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, DE 28 DE

FEVERElRO DE 1983, QUE FIXA O MíNIMO DE "CONTEÚDO" E DURAÇÃO DOS

CURSOS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL

Art. 5° - O Ciclo de Matérias Profissionalizantes para a formação do Fisioterapeuta constará de:

a) Fisioterapia Aplicada às Condições Neuro-lIllÍsclllo-esqueléticas, compreendendo

Fisioterapia Aplicada à Ortopedia e tral/matologia, à Neurologia e à

Reumalologia.

b) Fisioterapia Aplicada às Condições Cárdio-PlIllIlonares, compreendendo

Fisioterapia Aplicada à Cardiologia e à Pneulllologia.

c) Fisioterapia Aplicada às Condições Gineco-obstétricas e pediátricas,

compreendendo: Fisioterapia Aplicada à Ginecologia e Obstetricia e Fisioterapia

Aplicada à Pediatria.

d) Fisioteropia Aplicada às Condições Sanitárias, compreendendo: Fisioterapia

Preventiva

e) Estágio Supervisionado, constando de Prática de Fisioterapia Supervisionada.

* Os destaques apresentados não constam da Resolução

Fonte: REBELLATO, José Rubens; BOTOMÉ, Sílvio Paulo. Fisioterapia no Brasil, 2". ed,

São Paulo: Manole, J 999.

O plano de ensino de uma disciplina é o documento que contém as

infonnações sobre o que é a disciplina e por quais parcelas do conhecimento ela

é responsável. (...) Nesse documento (...) deverá estar especificado aquilo que a

disciplina propiciará como resultado de sua aplicação ou aquilo que o aprendiz

deverá ser capaz de fazer após ter sido submetido ao processo de aprendizagem

de responsabil idade da disciplina (REBELATTO e BOTOMÉ, 1999).

Para REBELLATO e BOTIOMÉ, parece não existir uma proposta básica,

um eixo central, em tomo do qual se desenvolvam as aprendizagens necessárias

para a formação do fisioterapeuta como profissional da área da Saúde. Aquilo

que os professores propõem ensinar, por meio de suas disciplinas, nos diversos

cursos parece estar mais vinculado ás concepções sobre o que é a Fisioterapia,

particulares de cada instituição, ou dos profissionais que trabalham nela, do que

22

uma formação profissional voltada para as necessidades da população. A

ausência de objetivos comuns entre os diversos cursos do País parece demonstrar

que os problemas (. ..) não foram superados.

Não há um sistema ou um procedimento que permita decisões coletivas

sobre o que é preciso ensinar para formar um profissional preparado para atender

ás necessidades da população do país. É muito diferente ensinar o que se gosta,

sabe ou prefere do que ensinar o que é necessário ou importante para a sociedade

e os aprendizes (REBELLATO e BOTOMÉ, 1999).

Um modo de se começar a encaminhar a profissão é a elaboração

adequada daquilo que o futuro profissional deve ser capaz de fazer ao final de sua

formação, o que compõe o currículo do curso de graduação (REBELLATO e

BOTOMÉ, 1999)

Para REBELLATO e BOTOMÉ (1999), para que o profissional esteja

apto a lidar com os múltiplos níveis ou estados das condições de saúde de um

organismo, ele necessita de uma formação diferente do que apenas dominar as

técnicas de tratamento das patologias, o que se acentua quando fica clara a

necessidade de lidar com as condições de saúde de populações inteiras do que

atuar em relação a condições de saúde de organismos isolados.

A transformação da Fisioterapia de campo de atuação (entendido como

modo de atuar que se caracteriza por uma intervenção direta em relação aos

problemas da população para assisti-Ia) para uma profissão da área da Saúde

depende da capacitação dos Fisioterapeutas para lidarem com o contexto global

de inserção dos problemas da área e com seus múltiplos determinantes

(REBELLATO e BOTOMÉ, 1999).

23

2 METODOLOGIA

Este estudo observacional analítico, baseado em dados bibliográficos que

fundamentem a necessidade da inclusão da disciplina de primeiros-socorros no

curso de Fisioterapia da Universidade Tuiuti do Paraná, pretende demonstrar que

há necessidade da inclusão da Disciplina de Primeiros Socorros no currículo do

curso de Fisioterapia.

Para tanto, foi aplicado um questionário (vide anexo) composto por 8

questões de variáveis qualitativas objetivando analisar perfil do candidato à

Fisioterapia em relação ao conhecimento sobre a prestação de primeiros-

socorros e verificar se há interesse dos acadêmicos em aprender os primeiros-

socorros e sua opinião sobre a necessidade da inclusão de uma matéria de

"primeiros-socorros" no currículo do curso de Fisioterapia.

Para o cálculo da amostragem, foi utilizada a seguinte fónnula:

N= Z2 X P xq

d2

A atribuição de valores foi a seguinte: Z = 1,96; P e q = 50; d = 5%.

Aplicando-se os valores à fonnula, obteve-se um resultado de aproximadamente

384.

A margem de erros foi calculada pela seguinte fonnula:

A atribuição de valores foi a seguinte: Z = 1,96; P e q = 50; N = 44.

Aplicando-se os valores à fonnula, obteve-se um resultado de aproximadamente

15%.

24

A pesquisa foi realizada na Universidade Tuiuti do Paraná, sito à Rua

Marcelino Champagnat, nO 505, Bairro Mercês, Curitiba - Paraná. O

questionário poderia ser respondido apenas por acadêmicos de 3° (que

houvessem realizado o estágio em Fisioterapia Hospitalar) e 4° anos do curso de

Fisioterapia da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade

Tuiuti do Paraná, que visto que estes tiveram contato com pacientes mais

propensos à enfrentar situações de emergência clínica, e conhecem a necessidade

de se saber prestar os primeiros-socorros.

Responderam ao questionário, 44 alunos, sendo 8 alunos do 3° ano, 7 dos

quais pertencentes ao sexo feminino e I ao sexo masculino; e 36 alunos do 4°

ano, 4 dos quais pertencentes ao sexo masculino e 32 ao feminino.

As questões foram escolhidas de modo a traçar um perfil do conhecimento

do acadêmico de Fisioterapia em relação ao seu conhecimento sobre primeiros-

socorros. Assim, a primeira questão, "Sabe o que são Primeiros-socorros?"

objetiva fazer com que o entrevistado reflita sobre seus conhecimentos,

lembrando que, saber o que são primeiros-socorros não significa que este saiba

prestá-los.

A quinta questão, "Sabe em que consiste o Suporte Básico de Vida?"

poderia ter sido colocada em segunda posição, e tem o objeti vo de verificar se o

entrevistado, ao responder" sim" à questão anterior, sabe prestar atendimento ou

apenas tem conhecimento de que existem técnicas de primeiros-socorros. Isso,

por que o termo Suporte Básico de Vida é utilizado nos cursos de Primeiros-

socorros, e consiste de uma das técnicas de suporte á vítima de trauma. É bom

lembrar mais uma vez de que o entrevistado pode ter conhecimento do termo

"Suporte Básico de Vida" e ainda assim, não saber ofertar o suporte.

A segunda questão, "Já se deparou com uma situação em que foi chamado

para prestar Primeiros-Socorros a alguém?", visa verificar a freqüência em que

profissionais da saúde são chamados em situações de emergência. Enfatiza-se

que, para a sociedade em geral, o fato de estar vestido com roupas brancas denota

que este é um profissional da areada saúde, e, portanto, sabe prestar atendimento.

25

A terceira ("Se sim, soube como proceder?") e a quarta ("Como procedeu?)

questões objetivam fazer com que o entrevistado reflita mais uma vez se está ou

não apto para prestar atendimento de emergência caso necessário. Para que não

houvesse variedades de respostas de modo a dificultar a análise de resultados,

todas as questões tinham como opção apenas as variáveis "sim" e "não", com

exceção da quarta questão, na qual as opções ofertadas eram as que poderiam

ocorrer com mais freqüência: "prestou atendimento"; "não soube como

proceder" e "chamou o SIATE".

A sexta questão, "Tem conhecimento de que a omissão de socorro é crime?",

foi escolhida no intuito de fazer com que o entrevistado reflita sobre a

necessidade de se saber prestar os primeiros socorros. Talvez coubesse aí mais

uma questão, com o objetivo de conscientizar que o Fisioterapeuta, como

profissional da saúde deve saber prestar os primeiros-socorros: "Tem consciência

de que o Código de Ética de Fisioterapia e Terapia Ocupacional em seu artigo 7°

veda ao Fisioterapeuta negar assistência ao paciente em caso de indubitável

urgência ?".

A sétima questão, "Tem interesse em aprender como prestar Primeiros-

Socorros?" foi escolhida para verificar se há interesse dos acadêmicos em

aprender a prestar os primeiros-socorros, e indica que existe a consciência da

necessidade de se saber estas técnicas.

Por fim, a oitava questão, "Acha que há necessidade de inclusão da

disciplina de Primeiros-Socorros na grade curricular do curso de Fisioterapia?"

busca saber a opinião dos alunos quanto à adição de mais uma matéria no

currículo do curso de Fisioterapia, o que implica em um aumento de carga

horária e da mensalidade, mas diminui a relação custolbeneficio, pois o aluno não

terá que dispor de mais tempo e dinheiro para complementar sua formação. Isto

justifica a implantação da Matéria de Primeiros-Socorros no Currículo do Curso

de Fisioterapia.

3 ANÁLISE DE DADOS

26

Sendo o objetivo deste trabalho conscientizar os alunos do curso de

Fisioterapia sobre a necessidade da prestação de primeiros-socorros, e de

verificar o interesse em se aprender a prestar o atendimento, se fez necessária a

aplicação de um questionário aos alunos de 3° e 4° anos do curso de Fisioterapia,

visto que estes estão diariamente em contato com pacientes, e assim, mais

propensos á vivencia situações em que se fez necessária a prestação de primeiros-

socorros.

o questionário foi constituído de 8 questões de variáveis quantitativas, e

seus dados tabulados e comentados á seguir.

socorros.

GRÁFICO I - Número de Alunos Entrevistados que têm Conhecimento do que são Primeiros-

Sem resposta0%

o SabeDNão Sabe

oNula

O Sem resposta

Sabe95%

Fonte: Pesquisa de Campo.

Ao verificarmos este primeiro gráfico, é perceptível que a maioria dos

alunos entrevistados têm conhecimento do que são primeiros-socorros. No

entanto, saber o que é não significa saber como agir.

A segunda questão, sobre quantos dos entrevistados passaram por

situações em que foram chamados para prestar atendimento numa situação de

27

emergência tem por objetivo mostrar a freqüência com que profissionais da saúde

são requisitados para este tipo de atendimento.

GRÁFICO 2 - Freqüência de Alunos que já Foram Chamados para Prestar Primeiros-socorros

em Alguma Situação.

Nulo

o Já foi chamado

[] Não foi chamado

oNuloO Sem resposta

Não foichamado

77%

Fonte: Pesquisa de Campo.

Verifica-se que apenas 23%, contra 77% dos entrevistados foram

chamados para prestar atendimento. Isso não significa que situações de

emergência não ocorram com freqüência, mas pode significar, que, na existência

de um médico ou acadêmico de medicina ou enfermagem próximo ao local,

estes são chamados preferencialmente para prestar atendimento.

As questões 3 e 4 deste questionário deveriam ser respondidas apenas por

aqueles que tivessem respondido "sim" à questão anterior, conforme foram

instruídos antes de responder ao questionário.

28

GRÁFICO 3 - Freqüência de Entrevistados que Souberam como Proceder Numa Situação de

Emergência Médica.

emresJXlsta61%

o Sem resposta

Soube comoproceder

18%

Não soube

o Soube comoproceder

[] Não soube comoproceder

DNulo

16%

Fonte: Pesquisa de Campo.

Foram anuladas 18% das respostas à esta questão por serem consideradas

inadequadas, visto que , como dito anteriormente, somente aqueles que

respondessem "sim" à questão anterior, deveriam responder à essa questão.

Portanto, justifica-se a alta freqüência de entrevistados que não responderam à

questão.

Dos restantes 23%, 18% afirmam que souberam como proceder numa

situação de emergência. Assim, justifica-se a quarta questão, que objetiva saber

como o entrevistado procedeu.

Observando o gráfico abaixo, mais uma vez se fez necessária a anulação

de algumas respostas, mas desta vez também por que alguns entrevistados

responderam a mais do que um item.

Da mesma forma que anteriormente, justifica-se a alta freqüência de

pessoas que não responderam à questão.

Conforme orientação prévia, ao responder "prestou atendimento", os

entrevistados estariam inferindo que eles mesmos ofereceram o suporte básico de

vida ao paciente. Isto não significa que estes saibam como faze-lo de forma

adequada, o que será provado nas questões que se seguem.

29

GRÁFICO 4 - Modo como o Entrevistado Procedeu Quando Chamado a Prestar os Primeiros-

socorros.

Prestou

Não soube comoproceder

0%

__ --,"'-_Chumou o SIATE7%

o Prestou atendimento[JNão soube como procederDChamou o SIATEO Nuloli:! Sem resposta

11%

Nulo20%

Sem resposta

62%

Fonte: Pesquisa de Campo.

Um fator interessante é que 7% dos entrevistados afirmam terem chamado

o SIATE , ao invés de prestar atendimento. Aqui, subentende-se que poucos

sabem que ao chamar o SIATE estão prestando socorro à vítima Prestar socorro

não se traduz em tocar, remover ou transportar a vítima de forma adequada, e em

alguns casos, inadequadamente, mas sim em oferecer condições para que a

vítima esteja segura até a chegada de um profissional capacitado a oferecer o

suporte básico de vida e transportá-Ia para o hospital.

GRÁFICO 5 - Freqüência do Conhecimento do que é o Suporte Básico de Vida.

Nulo

Não sabe oque é50010

o Sabe o que é

C Não sabe o que é

ONuloD Sem resposta

Sabe o que é50%

Fonte: Pesquisa de Campo.

30

À partir desta questão, todos os entrevistados voltam à responder o

questionàrio. Dos 44 alunos entrevistados 22 afirmam saber em que consiste o

SBV, e a outra metade não. Cabe aqui uma análise conjunta dos resultados das

questões 1,4 e 5.

Em resposta à primeira questão: "sabe o que são Primeiros-socorros?", 42

pessoas responderam "sim", no entanto, apenas 8 destes poderiam responder à 4"

questão. Neste ponto parece existir um erro, pois entende-se que aqueles que

sabem o que são primeiros-socorros devem saber em que consiste o SBV, pois

são a mesma coisa em usa essência.

Aqui está o ponto fundamental deste trabalho: quantos alunos realmente

sabem o que são primeiros-socorros e em que consiste o SBV? E ainda, quantos

destes realmente sabem como proceder adequadamente,ou seja, quantos estão

preparados para oferecer o SBV caso um dos seus pacientes ou alguém próximo

necessite? Como é visto pela sociedade um profissional da Saúde, e , neste caso,

um Fisioterapeuta que não sabe prestar os primeiros-socorros a alguém que

necessite? Qual o papel da faculdade na formação deste profissional? Não seria

ela responsàvel por esta deficiência de conhecimentos deste profissional?

GRÁFICO 6 - Freqüência do Número de Entrevistados que Têm Conhecimento de que a

Omissão de Socorro é Crime.

Nulo

Nãolem 0% Sem resposta OTcm conhecimento_.~16% CNãotemconhecimento

oNulo

Tem O Sem respostaconhecimento

84%

Fonte: Pesquisa de Campo.

31

Como citado anterionnente: "O Código de Trânsito Brasileiro, em seu art.

304 prevê que a omissão de socorro, além de ser uma irresponsabilidade, é

crime". No entanto, pelo que se observa por este gráfico, nem todos os cidadãos

têm consciência desta responsabilidade.

GRÁFICO 7 - Quantidade de Alunos que Têm Interesse em Aprender a Prestar os Primeiros-

socorros.

Não tem NuloSem

resposta0%

oTem interesse[J Não tem interesseoNuloO Sem resposta

Teminteresse89%

Fonte: Pesquisa de Campo.

Mesmo sabendo na necessidade de se saber prestar os primeiros-socorros,

e cientes de que a omissão de socorro é crime, J J% dos alunos entrevistados não

têm interesse em aprender a prestar os primeiros-socorros.

GRÁFICO 8 - Freqüência de AlwtOS que Acham que há Necessidade da Inclusão da Disciplina

de Primeiros-socorros no Currículo do Curso de Fisioterapia.

Semresposta O Há necessidade

Não há 0% NulonecesSidadg O Não há

7% necessidadeO Nulo

Hánecessidade O Sem resposta

93%

Fonte: Pesquisa de Campo.

32

A maioria dos alunos entrevistados considera importante a existência de

uma disciplina de primeiros-socorros na grade curricular do curso de

Fisioterapia. Se compararmos este resultado ao da questão anterior, mais uma vez

verificamos uma discrepância nos resultados. Observou-se que cinco, dos 44

alunos entrevistados não têm interesse em aprender a prestar os primeiros-

socorros, mas apenas 3 não acham necessário o curso de primeiros-socorros ser

tomado parte da grade curricular.

33

4 DISCUSSÃO

Após análise dos dados obtidos pela pesquisa de campo é possível

observar que ainda não existe uma conscientização do Fisioterapeuta como

prestador de Primeiros-socorros.

Entende-se que a maioria dos entrevistados são conscientes da necessidade

de se saber prestar o atendimento inicial a uma vítima de trauma, mas ainda não

existe a consciência de que pode ocorrer que um dia seu paciente possa ser a

vítima de trauma dentro do local de trabalho do Fisioterapeuta, e portanto,

responsável por ele.

monografia:

Aí retomamos alguns parágrafos anteriores desta

"O Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, nos arts.

1°, 2° e 3° prevê, respectivamente que: O Fisioterapeuta presta assistência ao homem,

participando da promoção, tratamento e recuperação de sua saúde; zela pela provisão e

manutenção de adequada assistência ao cliente e; avaliam sua competência e somente

aceitam atribuição ou asswnem encargo, quando capazes de desempenho seguro para o

clientc.

Ainda, em seu art. 7°, cita que, entre outros, são deveres do Fisioterapeuta:

exercer sua atividade com zelo; respeitar a vida hwnana desde a concepção até a morte,

jamais cooperando em ato em que volwltariamcnte se atente contra ela, ou coloque em

risco a integridade fisica ou psíquica do ser humano; prestar assistência ao indivíduo,

respeitados a dignidade e os direitos da pessoa hwnana; utilizar todos os conhecimentos

técnicos c cientificas a seu alcance para prevenir ou minorar o sofrimento do ser

humano e evitar seu extermínio.

Por fim, em seu art. 8°, veda ao Fisioterapeuta negar assistência, em caso de

indubitável urgência."

Assim sendo, verifica-se que entre outros fatores que influenciam a

formação do Fisioterapeuta como Profissional da Saúde, ou seja, aquele que está

preparado para lidar com todos os problemas pertinentes à sua profissão e que

atendam às necessidades reais da comunidade (problemas de Saúde Pública) que

estejam dentro do sue campo de atuação, falta a formação de uma consciência

voltada para tal atitude.

34

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste trabalho, considerou-se necessário o desenvolvimento de

um programa de conscientização do Fisioterapeuta de que ele é um profissional

que deve atuar e incluir em suas atividades o atendimento de questões de Saúde

Pública, tais qual o Trauma.

Neste contexto, a melhor forma de se começar a criar esta consciência da

problemática do trauma, principalmente estando a vítima sobre a

responsabilidade do Fisioterapeuta, é dentro da Universidade, onde o candidato à

Fisioterapia recebe o conteúdo necessário para sua formação como tal. Para

tanto, é necessário que Coordenadores e Professores entendam que o currículo do

curso é o espelho da Filosofia da Fisioterapia, e assim, agreguem a este currículo

questões de interesse público que venha a acrescentar e aumentar a credibilidade

do Fisioterapeuta como Profissional da Área da Saúde, neste caso, tornando os

"Primeiros-socorros" uma matéria integrante do currículo do curso de

Fisioterapia.

35

BffiLIOGRAFIA

BALLINGER, Anne; PATCHETI, Sthephen. Manual de Fundamentos da

Clínica Médica. 2a. ed. São Paulo: Santos, 1999.

Código de Ética do Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. 2001

Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.

São Paulo: Atlas, 1991.

Diccionario de Medicina de Mosby. Barcelona: Océano.

DELISA, Joel A; GANS, Bruce M. Tratado de Medicina de Reabilitação. 3a.

ed. São Paulo: Manole, 2002.

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ; DETRAN. Manual de Habilitação,

4a. ed. Ministério da Cultura, 1999.

OLIVEIRA, Beatriz Ferreira Monteiro; PAROLIN, Mônica Koncke Fiúza;

JÚNIOR, Edison Vale Teixeira. Trauma - Atendimento pré-hospitalar. São

Paulo: Atheneu, 2001.

REBELLATO, José Rubens; BOTOMÉ, Sílvio Paulo. Fisioterapia no Brasil,

2a• ed. São Paulo: Manole, 1999.

SANTOS, Raimundo Rodrigues; et. a!. Manual de Socorro de Emergência.

São Paulo: Atheneu, 1999.

http://apm.org.br/cursos/rcc/default.asp,em24/09/03,11 :40

36

http://www.aph.com.br. em 07/01/03,00: 13

http://www.bombeiros.com.br/primeiros_socorros.php.em24/09/03.11;30

http://pessoal.educaciona1.com.br/up/580001/47645I1t91.asp, em 05/01103, 23:45

http://www.hc.unicamp.br/especialidades _medicas/trauma/dobre. thm, em

07/01/03,23:07

http://www.saudebrasilnet.com.br/premio _2202_ arquivo/trabalho45.asp, em

05/01/03,23 :28

37

ANEXO

Questionário aplicado ao Corpo Discente

I. Sabe o que são Primeiros-socorros?

)sim ()não

2. Já se deparou com uma situação em que foi chamado para prestar Primeiros-

Socorros a alguém?

()sim ()não

3. Se sim, soube como proceder?

)sim ()não

4. Como procedeu?

)prestou atendimento ()não soube como proceder ( )chamou o SIATE

5. Sabe em que consiste o Suporte Básico de Vida?

)sim ()não

6. Tem conhecimento de que a omissão de socorro é crime?

()sim ()não

7. Tem interesse em aprender como proceder em situações de emergência (prestar

Primeiros-Socorros)?

()sim ()não

8. Acha que há necessidade de inclusão da disciplina de Primeiros-Socorros na grade

curricular do curso de Fisioterapia?

()sim ()não