UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na...

32
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Milena Martins Andrade ANÁLISES FÍSICAS DE SOLO CONTAMINADO POR PETRÓLEO Londrina 2004

Transcript of UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na...

Page 1: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

Milena Martins Andrade

ANÁLISES FÍSICAS DE SOLO CONTAMINADO POR PETRÓLEO

Londrina

2004

Page 2: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

ANÁLISES FÍSICAS DE SOLO CONTAMINADO POR PETRÓLEO

Relatório de conclusão do Estágio Supervisionado em Química A apresentado por Milena Martins Andrade ao Departamento de Química como parte dos requisitos para a obtenção do grau de bacharel em Química.

Supervisor(a): Carmen Luisa Barbosa Guedes

Orientador(a): Ricardo Ralisch

Londrina 2004

Page 3: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

BANCA EXAMINADORA

Carmen Luisa Barbosa Guedes

Ricardo Ralisch

João Tavares Filho

Londrina, 16 de novembro de 2004.

Page 4: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

AGRADECIMENTOS

À minha mãe Lenira, meu pai Oswaldo, que mesmo de longe me deram o

apoio que precisava para não desistir.

Aos mestres que me apoiaram todos estes anos e aos que me criticaram, pois

dessa forma contribuíram para o meu crescimento.

À Carmen por toda atenção, compreensão e paciência, e por me fazer acreditar

que sou capaz.

Ao Ralisch por todo o aprendizado e ajuda neste trabalho.

A todos os amigos, àqueles que passaram rapidamente por esta trajetória e

àqueles que permaneceram por todo o caminho. Em especial: Karina, Lízia,

Cristiane e Ana por todos os ótimos momentos. Thiago Fernandes pelos

conselhos e ajuda fundamental prestada. Thiago Kussano por ter trazido

ótimas notícias este ano.

Ao meu grande amigo Álex que durante todos esses anos esteve ao meu lado

me apoiando, incentivando e que sem ele nada disso seria possível.

Page 5: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................... 1

2.1 O solo.............................................................................................................. 1

2.2 O petróleo........................................................................................................ 7

2.3 Contaminação do solo por petróleo................................................................. 10

3 PARTE EXPERIMENTAL................................................................................... 13

3.1 Amostras de solo............................................................................................. 14

3.2 Materiais e reagentes...................................................................................... 15

3.2.1 Materiais....................................................................................................... 15

3.2.2 Reagentes .................................................................................................... 16

3.3 Procedimentos ................................................................................................ 16

3.3.1 Análise Textural............................................................................................ 16

3.3.2 Densidade de partículas............................................................................... 17

3.3.3 Densidade do solo........................................................................................ 18

3.3.4 Matéria orgânica ou carbono orgânico ......................................................... 18

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 19

5 CONCLUSÔES .................................................................................................. 23

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 25

Page 6: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

ANDRADE, Milena M. Análises físicas de solo contaminado por petróleo. 2004. Relatório (Graduação em Química – Habilitação Bacharelado) – Universidade Estadual de Londrina.

RESUMO Atualmente vêm ocorrendo muitos acidentes ambientais envolvendo o petróleo como contaminante. Este tipo de contaminação ameaça recursos minerais importantes, poluindo a água, o solo e o ar. Os produtos de petróleo, geralmente consistem de misturas complexas, apresentando diferentes características, tanto físicas como químicas. O solo tem a capacidade de filtrar, reter ou liberar hidrocarbonetos de petróleo. Essa capacidade do solo é fundamental para se determinar o tipo e a extensão da contaminação ambiental. Análises físicas de solo, como granulometria, densidade real, densidade aparente foram realizadas em solo contaminado por petróleo e estudadas as alterações em suas propriedades. Foi verificado que os hidrocarbonetos alteram o comportamento das partículas do solo, alterando os resultados da granulometria, pois o elevado teor de matéria orgânica prejudica a dispersão da argila. As associações fortes entre superfícies minerais, matéria orgânica e petróleo podem severamente limitar o sucesso de processos físico-químicos e biológicos convencionais. Palavras-chave: petróleo; solo; propriedades físicas; matéria orgânica.

Page 7: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

1 INTRODUÇÃO

O derramamento de petróleo no solo, seja por rompimento de dutos

ou problemas na manutenção de poços, traz risco para o meio ambiente e para

a população pela contaminação do solo e da água.

Em 16 de julho de 2000, ocorreu um grande vazamento de 4 milhões

de litros de petróleo na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em

Araucária-PR. O derramamento foi considerado o maior ocorrido em rio no

Brasil.

Parte do óleo foi removido com auxilio de mantas absorventes, de

barreiras flutuantes que contem o avanço da mancha e ainda técnicas

utilizando bombas a vácuo ou sistema de canalização. Muitas técnicas de

remediação na área ainda são desenvolvidas.

O solo frequentemente serve como o local do derrame e cabe a ele a

capacidade de filtrar, reter ou liberar os hidrocarbonetos. Conhecer

características do solo é fundamental para se determinar o tipo e a extensão da

contaminação ambiental, assim como definir estratégias de redução destes

impactos.

Este trabalho objetivou coletar solo contaminado pelo derramamento

em Araucária e verificar quais são os efeitos em suas características e

propriedades físicas.

2 REVISÃO BIBLIGRÁFICA

2.1 O solo

Page 8: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

Provavelmente, é a conceituação agronômica do solo a mais

abrangente e complexa, abordando suas propriedades e as interações entre

elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na

porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

litosfera, da atmosfera, da biosfera e de suas respectivas matérias através da

combinação de dois processos fundamentais: a alteração da rocha-mãe ou do

material original e por contribuição da matéria orgânica dos seres vivos. O

mecanismo de formação dos solos se dá a partir de processos físico-químicos

de fragmentação e decomposição das rochas e através do transporte,

sedimentação e evolução pedogênica.

Derisio (1992) classifica os solos em quatro grupos principais:

solos residuais: aqueles em que o produto do processo de

decomposição permanece no próprio local em que se deu o fenômeno

formação;

solos transportados: aqueles que, em seguida à sua formação, são

carregados pela ação fluvial, eólica, marinha, etc;

solos coluvionais: formados pela movimentação lenta da parte mais

superficial do manto de intemperismo sob a ação de agentes diversos,

principalmente da gravidade e;

solos orgânicos: aqueles formados pela fração mineral argilosa

adicionada de uma proporção variada de matéria orgânica.

Page 9: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

O solo é constituído por matérias mineral e orgânica, umidade

(água) e ar. A fração mineral do solo contém fragmentos da rocha originais, de

tamanhos variados, elementos coloidais de partículas muito finas, as quais

correspondem às argilas, silicatos de alumínio hidratados e íons minerais

essenciais à nutrição mineral dos vegetais.

A natureza e as propriedades gerais de um solo dependem de suas

características físicas, químicas e biológicas. As características físicas do solo

dependem essencialmente do tamanho relativo dos elementos (textura) e do

arranjo dos mesmos

(estrutura). Destacam-se ainda a permeabilidade e a capacidade de absorção

do solo, sendo estes aspectos de interesse na análise de poluição.

A textura é caracterizada a partir de análise granulométrica do

tamanho dos grãos e da porcentagem de ocorrência de partículas de tamanhos

diversos. A partir da porcentagem de cada fração (argila, silte e areia) é

possível definir se o solo é argiloso, arenoso ou siltoso. A Figura 1 mostra um

diagrama triangular usado para a classificação granulométrica de um solo.

FIGURA 1: diagrama textural segundo Reineck e Siefert (1980)

Page 10: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

Segundo Prevedello (1996) o aspecto físico do solo pode ser

assumido como um sistema multicomponente, integrado pelas fases: sólida,

liquida e gasosa. As duas últimas são complementares, sendo que a máxima

presença de uma implica na ausência da outra. Assim, a porção do espaço

poroso, não ocupado pela fase líquida, é completada pela fase gasosa. A fase

sólida é composta de partículas minerais, em sua grande maioria, e de

substancias orgânicas, que assim como os minerais sólidos, podem variar em

relação à forma, tamanho e composição química, constituindo o que se chama

matriz do solo.

As partículas sólidas minerais que compõem o solo podem ser

divididas em três frações, chamadas frações estruturais, sendo estas a areia, o

silte e a argila. Algumas são suficientemente grandes para serem vistas a olho

nu, enquanto outras são extremamente pequenas a ponto de apresentarem

propriedades coloidais. Dentre as escalas de classificação adotadas para

definir o tamanho dessas partículas estão: a escala proposta pelo

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) (Tabela 1) e a escala

proposta pela Sociedade Internacional de ciência do Solo (ISSC), que adota a

escala desenvolvida por Attenberg (Tabela 2). Sendo que as diferentes classes

texturais do solo serão resultantes das diferentes proporções de areia, silte e

argila que o compõem (Prevedello, 1996).

TABELA 1: Escalas de classificação adotadas para definir o tamanho (mm) das partículas segundo USDA.

Argila Silte Areia Cascalho Muito

fina Fina Média Grossa Muito grossa

0,002 0,05 0,1 0,25 0,5 1,0 2,0 > 2,0

.

Page 11: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

TABELA 2: Escalas de classificação adotadas para definir o tamanho (mm) das partículas segundo ISSC.

A fase liquida, isoladamente, caracteriza a umidade do solo e é

representada pela água ou solução do solo, contendo íons como H2PO4-, SO4

2-,

NO3-, Na+, K+, Cl-, Ca2+, H+, NH4+, etc. A fase líquida pode estar presente

completa ou parcialmente no solo. No primeiro caso, todos os poros do sistema

poroso estarão preenchidos por água e o solo é dito saturado de água; no

segundo caso, somente parte do sistema poroso total apresenta água e o solo

é dito não saturado de água.

A fase gasosa caracteriza a porosidade de aeração do solo ou

porosidade livre de água, a qual contém gases como CO2, O2, N2, NH3 e vapor

de água.

Segundo Kutílek (1994) a caracterização da porosidade de um solo é

determinada pela capacidade dos sólidos, de diferentes tamanhos e formas,

em formarem agregados. O arranjo complexo das partículas sólidas em

unidades estruturais forma um sistema heteroporoso, isto é, poros de

diferentes tamanhos e formas. E são nesses espaços porosos, ocupados pelas

fases líquidas, gasosa e raízes, que ocorrem todos os processos físicos de

transporte de água, solutos e gases, além das alterações no regime térmico do

solo A forma, o tamanho e a origem dos poros têm papel na classificação

detalhada do sistema poroso do solo. Visto que o transporte de compostos e o

armazenamento da água ocorrem no sistema poroso do solo.

Argila Silte Areia Cascalho

Fina Grossa

0,002 0,02 0,2 2,0 > 2,0

Page 12: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

Ainda segundo este autor, novos minerais são criados em

conseqüência do tempo, de reações bioquímicas, reestruturação e cristalização

das partículas sólidas constituintes do solo. Entre eles, os minerais da argila

são os mais importantes visto que, constituem a fração da argila dos solos, dão

forma freqüentemente a complexos com substâncias orgânicas e influenciam

fortemente as propriedades físicas e químicas do solo (por exemplo,

inchamento, capacidade de troca do cátion e módulos da ruptura).

Mencionando a contribuição da atividade biológica de organismos do solo para

a transformação de componentes inorgânicos dos solos, nota-se que os

resíduos das plantas se transformam gradualmente em substâncias orgânicas

novas. Estas substâncias tais como os ácidos húmico e fúlvico contribuem e

modificam a capacidade de troca catiônica (CTC) e a capacidade de

amortecedor dos solos e são agentes dominantes da fixação e agregação do

solo. A extensão da influência da atividade biológica à transformação de

componentes inorgânicos dos solos depende, principalmente, da qualidade e

do grau de polimerização da matéria orgânica de solo, assim como das

circunstâncias ambientais que dão forma ao regime da água e da temperatura

dos solos.

A matéria orgânica é representada pelos restos animais

(excrementos e carcaça) e restos vegetais (folhas, galhos, raízes mortas e

restos de cultura) em todos seus estágios de decomposição, sendo que os

restos vegetais têm um significado muito maior como fonte de matéria orgânica

para o solo. A matéria orgânica encontra-se principalmente na camada

superficial do solo, e seu teor pode sofrer um acréscimo em função da adição

feita pelo homem. A matéria orgânica decompõe-se até constituir o húmus, que

Page 13: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

é a matéria orgânica na forma coloidal, com características benéficas e atribui

ao solo uma coloração mais escura. No clima tropical, como é o nosso caso, a

matéria orgânica decompõe-se rapidamente, porém, de uma maneira geral,

seu teor não sofre muita alteração, uma vez que, enquanto ela sofre

decomposição, mais matéria orgânica é adicionada ao solo. Em solos agrícolas

o teor de matéria orgânica varia de 2 a 3% em peso, porém quando os valores

são muito altos (acima de 30%), o solo é considerado solo orgânico. A matéria

orgânica coloidal (húmus) possui propriedades físicas e químicas próprias, e

propiciam ao solo uma melhoria em suas propriedades físicas (estruturação,

porosidade, retenção de água, etc.) e químicas (aumenta a retenção de

nutrientes).

2.2 O petróleo

O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a

água, com cheiro característico e de cor variando entre o negro e o castanho

escuro.

Embora objeto de muitas discussões no passado, hoje se tem como

certa a sua origem orgânica, sendo uma combinação de moléculas de carbono

e hidrogênio.

Admite-se que esta origem esteja ligada à decomposição dos seres

que compõem o plâncton - organismos em suspensão nas águas doces ou

salgadas tais como protozoários, celenterados e outros - causados pela pouca

oxigenação e pela ação de bactérias.

Page 14: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

Estes seres decompostos foram, ao longo de milhões de anos, se

acumulando no fundo dos mares e dos lagos, sendo pressionados pelos

movimentos da crosta terrestre e transformaram-se na substância oleosa que é

o petróleo. Ao contrário do que se pensa o petróleo não permanece na rocha

que foi gerado - a rocha matriz - mas desloca-se até encontrar um terreno

apropriado para se concentrar.

Estes terrenos são denominados bacias sedimentares, formadas por

camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou calcários. O petróleo aloja-se

ali, ocupando os poros rochosos como forma de "lagos". Ele acumula-se,

formando jazidas. Ali é encontrado o gás natural, na parte mais alta, e petróleo

e água nas mais baixas.

Devido a essas condições, cada óleo formado apresentará diferentes

características, tanto físicas como químicas. Assim, uma definição precisa da

composição do petróleo é impossível, uma vez que não existem dois óleos

exatamente iguais (Speers e Whithehead, 1969; Tissot e Welt 1984).

Quimicamente falando, o petróleo apresenta milhares de compostos

diferentes, formando uma mistura muito complexa. Entre os principais

componentes estão os hidrocarbonetos que chegam a atingir 98% da

composição total (Clark e Brown, 1970). Enxofre, nitrogênio e oxigênio são os

constituintes menores mais importantes. Há ainda metais traço como vanádio,

níquel, sódio, cálcio, cobre e urânio (Posthuma,1977).

Os hidrocarbonetos do petróleo compreendem os n-alcanos,

isoalcanos, cicloalcanos, e aromáticos. Entre esses os predominantes são os

n-alcanos e os alcanos com cadeia ramificada. Esses compostos contêm

Page 15: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

quantidades de carbono que variam de 1 até 78 átomos em alguns tipos de

petróleo (Ludwig, 1965).

Algumas propriedades do petróleo são:

Volatilidade: a volatilidade de um óleo é caracterizada pela sua

destilação. Conforme a temperatura de um óleo aumenta, diferentes

componentes atingem seu ponto de ebulição. As características de

destilação são expressas pela proporção do óleo original que se destila

a uma dada temperatura.

Viscosidade: é a resistência ao fluxo. Depende diretamente da

temperatura e quantidade de frações leves na mistura. Influencia a taxa

de espalhamento e espessura das manchas de óleo bem como seu

comportamento no ambiente.

Pour Point ou Fluidez: é a temperatura abaixo da qual o óleo não fluirá.

Resultado da formação de uma estrutura micro cristalina que amplia a

viscosidade e tensão superficial do produto. Tensão superficial

geralmente varia entre 32°C a -57 °C; óleos leves e menos viscosos,

apresentam ponto de pureza mais baixos.

Tensão superficial: é a força de atração entre as moléculas de superfície

de um líquido. Esta, juntamente com a viscosidade determina a taxa de

espalhamento das manchas de óleo. Tensão superficial decresce com

aumento da temperatura. Óleos leves apresentam menos tensão

superficial.

Ponto de ignição ou "Flash Point":temperatura em que os vapores de um

produto irão ignizar quando em contato com uma fonte de ignição.

Constitui um importante fator de segurança durante operações de

Page 16: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

limpeza. Óleos leves e produtos refinados podem ignizar facilmente, ao

passo que óleos pesados e/ou intemperizados não causam sérios riscos

de incêndio.

Solubilidade: Processo em que uma substância pode se dissolver em

um dado solvente; no caso, a dissolução do óleo em água. A

solubilidade de um óleo em água é muito baixa. Nos óleos menos

densos, a fração hidrossolúvel é geralmente maior se comparada à dos

óleos mais densos.

Embora de pouca utilização em estado natural, o petróleo, quando

refinado, fornece combustíveis, lubrificantes, solventes, material de

pavimentação e muitos outros produtos. Os combustíveis derivados do petróleo

respondem por mais da metade do suprimento total de energia do mundo.

Tanto pela combustão direta quanto pela geração de eletricidade, o petróleo

fornece iluminação para muitos povos do mundo. Seus subprodutos são

também utilizados para a fabricação de tecidos sintéticos, borracha sintética,

sabões, detergentes, tinta, plásticos, medicamentos, inseticidas, fertilizantes,

etc. Por exigir vultosos investimentos iniciais e contínuos reinvestimentos,

apenas companhias de grande porte asseguram o desenvolvimento da

indústria petrolífera.

2.3 A contaminação do solo por petróleo

A contaminação do solo e das águas subterrâneas pelos produtos de

petróleo ameaça recursos importantes dos sistemas ecológicos. Devido à

Page 17: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

predominância de hidrocarbonetos no petróleo, são esses os compostos

utilizados como indicadores deste tipo de poluição.

A contaminação ambiental extensiva por hidrocarbonetos implica na

importância de compreender a dinâmica da distribuição dos hidrocarbonetos

em compartimentos ambientais diferentes. Estes produtos consistem

geralmente em misturas complexas de hidrocarbonetos com diferentes

pressões de vapor e solubilidades em água. As diferenças nestas propriedades

físicas e químicas conduzirão à distribuição diferencial de componentes

liberados do hidrocarboneto no ar, no solo e na água.

A maioria de hidrocarbonetos encontrados em produtos de petróleo

é classificada como os líquidos não aquosos, menos densos que a água e

geralmente imiscíveis em água. Na liberação ao ambiente o líquido não aquoso

penetra até uma zona insaturada, dando origem a um sistema trifásico com

solo, água e ar, até que alcance a zona capilar. A fração dissolvida do

hidrocarboneto é considerada mais problemática do que o produto livre pois

tem uma mobilidade maior e pode ser transportada a grandes distâncias da

fonte. O transporte de um contaminador dissolvido em águas subterrâneas é

controlado pelos componentes físicos e por propriedades químicas. Também

são controlados pelos processos físicos, abióticos e bióticos que agem abaixo

da superfície (Wiedemeier, 1995).

Os processos abióticos ocorrem dentro dos meios porosos, sendo

os poros, importantes instrumentos de controle na distribuição dos

hidrocarbonetos. Dentre os processos podemos citar: a sorção, a volatilização

a transformação e o transporte. A sorção de moléculas de hidrocarbonetos na

superfície pode ocorrer através do líquido não aquoso, do vapor, ou das fases

Page 18: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

aquosas. A vaporização do líquido não aquoso e a dessorção de moléculas

anteriormente sorvidas ao vapor, ou de fases aquosas, podem também ter um

papel importante na redistribuição dos hidrocarbonetos no solo. Portanto, os

hidrocarbonetos são transportados no volume do solo, como um líquido não

aquoso, no vapor, ou em concentrações baixas na fase aquosa.

Os produtos de petróleo podem ser retidos por sólidos dos solos,

pelas armadilhas, por capilares ou poros do solo ou pela sorção em superfícies

das partículas da matéria mineral e orgânica. As propriedades físicas e

químicas da fase do solo, incluindo a capacidade de hidratação e textura,

controlam o índice da matéria orgânica e o grau de captura e de sorção do

hidrocarboneto.

A fração mais volátil se transformará em um gás que pode ser

perdida para a atmosfera, sorvidas pela parte sólida do solo ou dissolvida em

águas subterrâneas. Os componentes menos voláteis serão transportados pela

fase não aquosa para o meio poroso. As diferentes solubilidades resultarão

num diferencial de dissolução e transporte no solo.

A armadilha é um meio de retenção físico de não adsorção de

líquidos não aquosos nos solos. Os líquidos imiscíveis (água e líquidos não

aquosos) são transportados através do solo até que um mínimo de saturação

seja alcançado. Estes líquidos então, são capturados nos poros da zona

insaturada por tempo indefinido, servindo como uma fonte da contaminação

que diminui assim que se volatiliza, se dissolve na água ou se degrada. O grau

de saturação do solo, para um líquido imiscível na água, pode ser expresso

como a proporção do espaço do poro ocupado por uma fase líquida dada, ou

como o índice de líquido contido em um volume por unidade de peso de solo.

Page 19: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

3 PARTE EXPERIMENTAL

O solo da região estudada é classificado como Latossolo Vermelho-

Amarelo. Este solo tem como propriedades, alta porosidade, baixos teores de

silte e relação silte/argila também baixos. A textura predominante é a argilosa.

A região possui também alto teor de areia. Os teores de carbono orgânico

costumam ser altos na superfície, com índices de até 4%,considerando uma

profundidade de até 30cm e aproximadamente 2% entre 30 e 80cm de

profundidade segundo levantamento realizado pela EMBRAPA na região.

Análises texturais, densidade de partículas, densidade do solo e teor

de matéria orgânica foram executadas em solos contaminados com

hidrocarbonetos de petróleo coletados na área da Refinaria Presidente Getúlio

Vargas (Repar), em Araucária-PR. atingida pelo derrame de petróleo.

A análise textural baseia-se na velocidade de queda das partículas

que compõem o solo. Assim, fixa-se o tempo para o deslocamento vertical na

suspensão do solo com água, após a adição de um dispersante químico que

pode ser NaOH ou calgon. Pipeta-se um volume da suspensão, para

determinação da argila que depois de seca em estufa é pesada. As frações

grosseiras (areia fina e grossa) são separadas, secas e pesadas para obtenção

dos respectivos percentuais. O silte corresponde ao complemento dos

percentuais para 100%. É obtido por diferença das outras frações em relação à

amostra original. As fórmulas usadas para obtenção de argila, silte e areia,

foram respectivamente, Pa% = Pa x 500 – 2, Ps% = Ps+a x 500 – 2 – Pa e %areia

= 100 – Pa% - Ps% (EMBRAPA). As análises foram realizadas em duplicatas e

a média dos resultados obtidos são apresentados na TABELA 5.

Page 20: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

A densidade de partículas é compreendida pela determinação do

volume de álcool necessário para completar a capacidade de um balão

volumétrico, contendo solo seco em estufa. Os cálculos foram feitos através da

seguinte fórmula: densidade real (g/cm3) = peso da amostra seca (20g) /50 –

V.gasto (EMBRAPA). A análise foi feita em duplicata e calculada a média

(TABELA 6).

A densidade do solo baseia-se no método de coleta de amostras de

solo com estrutura indeformada, através de um anel de aço (Kopecky) de

bordas cortantes e volume interno a determinar. A fórmula adotada foi da =

msolo seco/Vanel (EMBRAPA). A média das repetições esta apresentada na

TABELA 7.

Para obtenção da matéria orgânica do solo, utilizou-se o método de

oxidação pelo Cr2O72- no meio ácido, sendo a reação acelerada pelo

aquecimento gerado pela adição de ácido sulfúrico concentrado. O excesso de

Cr2O72- é titulado com FeSO4 e o teor de matéria orgânica é calculado pela

quantidade de Cr2O72- reduzido. O carbono orgânico foi obtido pela fórmula

%C = (V2 – V1) x f x 0,3896/g, sendo f = 0,99 e V2 = 10,2 (Oliveira et al). A

média dos resultados obtidos na duplicata esta apresentada na TABELA 8.

3.1 Amostras de solo

Foram coletadas amostras de solo contaminado na subárea 7 do

Banhado 3.

Page 21: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

Os indexadores das amostras estão apresentados nas TABELAS 3 e

4. Estas características foram usadas para as análises texturais, densidade de

partícula e teor matéria orgânica.

TABELA 3: indexadores das amostras do solo na área demarcada na subárea 7 do Banhado 3

Área cercada

Número de indicação da amostra Profundidade cm

1 2 3

0 – 10

10 – 15 > 15

TABELA 4: indexadores das amostras do solo na região mobilizada na subárea 7 do Banhado 3.

Área mobilizada Número de indicação da amostra Profundidade

cm

4 5 6

0 – 10

20 – 40 > 60

3.2 Materiais e reagentes

3.2.1 Materiais

• Anéis de aço, Kopecky

• Balança analítica, Marte A200

• Balões de 50mL

• Bureta

Page 22: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

• Copos e garrafas plásticas

• Erlenmeyers de 250mL

• Estufa

• Mesa agitadora, TE-140 TECNAL

• Pipetador automático

• Pipetas de 10mL

• Placas de vidro

• Provetas de 1L

• Provetas de 50 mL

3.2.2 Reagentes

• Hidróxido de sódio, grau P.A. ACS Quimex

• Álcool etílico 96°GL.

• Ácido sulfúrico concentrado, grau P.A. Quimex.

• Dicromato de potássio, grau P.A. Biotec Reagentes Analíticos.

• Ácido fosfórico concentrado, grau P.A.

• Difenilamina, grau P.A. Nuclear.

• Sulfato Ferroso heptahidratado, grau P.A. Nuclear

3.3 Procedimentos

3.3.1 Análise textural

Page 23: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

Pesou-se 20g de amostras de solo, seco previamente em estufa a

105°C por 24 horas, em copos plásticos e transferidos para garrafas plásticas,

onde foi acrescentado 10mL de NaOH 1N e um volume de água de

aproximadamente 150mL. Essa mistura foi deixada no agitador de agitação

lenta durante 15 minutos. Após esse processo, a mistura foi deixada em

repouso por 16 horas.

Passado o período de repouso, a mistura foi colocada no agitador

novamente por 1 hora, e diluído o conteúdo das garrafas com água em

provetas de 1L. Para a obtenção da mistura silte e argila foi realizada uma

agitação por 30 segundos, seguida de repouso por 4 minutos e coleta com uma

pipeta de 10mL da solução a 10cm de profundidade. A solução foi depositada

numa placa de vidro. Após ficar em repouso por 4 horas, foi pipetado

mais 10mL da solução a 5cm de profundidade e depositada numa placa de

vidro. As placas permaneceram em estufa aquecida a 105°C por 24 horas.

Após esse intervalo foram pesadas e as proporções de silte, argila e areia

calculadas.

3.3.2 Densidade de partículas

Foi pesado 20g de solo seco em estufa aquecida a 105°C e transferido

para um balão de 50mL. Adicionou-se álcool etílico 96°GL, aos poucos, com o

auxílio de uma bureta e sob agitação para evitar a formação de bolhas. E

Page 24: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

assim, foi anotado a quantidade de álcool etílico para completar o volume em

cada balão.

3.3.3 Densidade do solo

O volume dos cilindros utilizados (Kopecky) foi determinado através

de sua altura e seu diâmetro.

Primeiramente, foi pesado somente os cilindros sem as amostras. As

amostras de solo coletadas com os cilindros foram colocadas em estufa

aquecida a 105°C por aproximadamente 30 horas. Após este tempo, foram

retiradas, resfriadas e pesadas.

3.3.4 Matéria orgânica ou carbono orgânico

Pesou-se 1g de cada amostra, transferido-as para erlenmeyers de

250mL, e adicionando 10mL da solução de K2Cr2O7 1N e 10mL de H2SO4

concentrado. Após deixar a solução em repouso por 30 minutos, para esfriar,

foram adicionados 50mL de água deionizada e 3mL de H3PO4 concentrado.

Para a titulação foi usado como indicador 0,5mL de definilamina 1% e solução

de FeSO4 1N.

Para a prova do branco, foram pipetados 10mL da solução de

K2Cr2O7 1N, adicionou-se 10mL de H2SO4, deixando a solução esfriar. Após

este intervalo, adicionou-se 50mL de água deionizada à solução, e por fim,

Page 25: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

H3PO4 concentrado. Para a titulação também foi usado 0,5mL do indicador e a

solução de FeSO4 1N.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises de textura das amostras de solo

contaminado por petróleo da subárea 7 e da área mobilizada se encontram na

TABELA 5.

TABELA 5: proporções de areia, silte e argila nas amostras de solo contaminado por petróleo.

AMOSTRA Pa% Pa (g/kg) Ps% Ps (g/kg) %areia

1 30 300 18,75 188 51,25

2 45 450 23,25 232,5 31,75

3 49,75 497,5 32,75 327,5 17,5

4 13 130 24,5 245 62,5

5 43,75 438 44,75 447,5 11,5

6 31,75 317,5 10,5 105 57

Segundo a EMBRAPA (1984), as quantidades de areia, silte e argila

para essa região em porcentagem, são respectivamente, 10, 41 e 49.

A quantidade de argila encontrado na superfície da subárea 7 foi

baixo em relação a um solo da região não contaminado e teve seu amento com

Page 26: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

a profundidade. Foi encontrado valores de silte baixos, tanto na superfície

quanto em camadas mais profundas. A areia na superfície apresentou um teor

elevado.

Na área mobilizada, a argila se concentrou mais abundantemente

nas camadas inferiores e a areia na superfície.

As análise de densidade de partículas das amostras de solo

contaminado por petróleo da subárea 7 e da área mobilizada se encontram na

TABELA 6.

TABELA 6: densidade de partículas das amostras de solo contaminado por petróleo

AMOSTRA dreal (g/cm3) 1 2,31 2 2,33 3 2,44 4 2,50 5 2,41 6 2,17

Os valores de densidade de partículas encontrados foram baixos em

relação a um solo não contaminado, o que pode ser explicado pela ação dos

hidrocarbonetos adsorvidos nas partículas do solo, reduzindo sua densidade e

alterando as características naturais do solo.

Os valores de densidade do solo encontrados nas amostras de solo

contaminado por petróleo da subárea 7 estão na TABELA 7.

TABELA 7: densidade dês solo das amostras de solo contaminado por petróleo

Amostra Profundidade(cm) Densidade (g/cm3) 1 0 – 6 3,60 2 11 – 15 2,70 3 > 16 3,20

Page 27: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

Os valores se densidade do solo encontrados foram altos em

relação a um solo não contaminado. Para a densidade de solo na região de

Araucária, espera-se um valor de aproximadamente 2,70 g/cm3, segundo

levantamento da EMBRAPA.

Os valores de matéria orgânica encontrados nas amostras de solo

contaminado por petróleo da subárea 7 e da área mobilizada estão na TABELA

8.

TABELA 8: teores de matéria orgânica das amostras de solo contaminado por petróleo

AMOSTRA %C/gsolo 1 0,174 2 3,41 3 1,77 4 2,39 5 0,810 6 1,39

O teor de matéria orgânica encontrado na superfície da subárea 7,

apresentou valor inferior e um valor elevado nas camadas inferiores em relação

ao solo não contaminado da região, que é de 2,49 %, segundo a EMBRAPA.

Já na área mobilizada seu alto teor foi na superfície.

As análises texturais, mostraram que a proporção da argila

aumentou com a profundidade, aumentando assim o teor de matéria orgânica

devido à afinidade com a argila. Isto pode explicar o fato da matéria orgânica

estar presente mais abundantemente nas camadas inferiores e não na

superfície. Os resultados sugerem que a matéria orgânica tem um papel

Page 28: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

importante na extensão e na intensidade da associação dos hidrocarbonetos

com o solo.

Os hidrocarbonetos alteram o comportamento das partículas do solo,

alterando os resultados da textura, pois o elevado teor de matéria orgânica

prejudica a dispersão da argila. Portanto não se tem uma distribuição uniforme

da argila, resultando na modificação do teor de areia.

Em relação à área mobilizada, nota-se que os hidrocarbonetos

conseguem penetrar mais facilmente. Este fato é devido à alteração da camada

intermediária do solo, visto que esta camada é responsável em grande parte

pela retenção dos hidrocarbonetos, devido à presença de maior quantidade de

argila. Portanto, com a mobilização, a superfície e a camada intermediária,

tornam-se praticamente uma única camada, facilitando que os poluentes

alcancem o lençol freático.

Segundo um estudo realizado por Fine et. al (1997), o índice de

matéria orgânica do solo foi implicado como o fator preliminar que governa as

interações entre contaminantes e partículas orgânicas do solo. Neste artigo,

também é citado que a areia é responsável por reter altas concentrações do

contaminante, por não apresentar uma superfície lisa e sim, com

irregularidades como cumes, calhas e cavidades. Foi notado que a distribuição

do carbono está relacionada fortemente à distribuição do ferro na superfície da

areia, pois a presença de óxidos desse metal, pode exercer um controle

significativo na extensão em que a matéria orgânica, ou os contaminantes

orgânicos aderem à partícula do solo. Exercendo uma influência direta ou

criando regiões com elevados índices de matéria orgânica, onde os

hidrocarbonetos de petróleo se alojam.

Page 29: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

Estudos desenvolvidos por Büchler e Diaz (2002) do Departamento

de Engenharia de Materiais e Metalurgia da Escola Politécnica (Poli) da USP

sugerem que a argila tem capacidade de fixação e retenção de contaminantes

como o petróleo. As pesquisas estão em fase inicial e utilizam argilas como

adsorvente de materiais e resíduos que afetam a natureza. Esta propriedade

da argila é devido sua alta afinidade com hidrocarbonetos de petróleo.

5 CONCLUSÕES

Através das análises foi possível verificar que os valores de

densidade de partículas, densidade do solo, textura e matéria orgânica foram

modificados devido à presença dos hidrocarbonetos de petróleo.

Nas amostras contaminadas tanto da subárea 7 e da área

mobilizada foi possível observar:

• Aumento de argila com a profundidade;

• Afinidade de hidrocarbonetos com a argila, devido ao

aumento da matéria orgânica;

• Alteração na distribuição uniforme da argila;

• Área mobilizada, hidrocarbonetos penetram mais facilmente.

As associações fortes entre superfícies minerais, matéria orgânica e

petróleo podem severamente limitar o sucesso de processos físico-químicos e

biológicos convencionais para remediação de solos impactados, pois suas

Page 30: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

características ficam alteradas, impossibilitando assim, que o solo seja

analisado de forma convencional.

Page 31: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BHANDARI, A.; NOVAK, J.T.; DOVE, D.C. Effect of soil washing on petroleum-hydrocarbon distribution on sand surfaces. Journal of Hazardous Substance Research. v 2, p. 1-13, 2000. CAMARGO, M.N.; KLAMT, E; KAUFFAN, J. H. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Boletim Informativo. v. 12, n. 1. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1987, p. 11-33. CARVALHO, A. P. Conceituação de Latossolo Bruno. In: EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Conceituação sumária de algumas classes de solos recém conhecidos no levantamento e estudos de correlação do SNLCS. Rio de Janeiro, p. 16-18, 1982. DERISIO, J.C. Introdução ao Controle de Poluição Ambiental. São Paulo: CETESB, 1992. p. 161-174. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. ver. atual. Rio de Janeiro, 1997. 212 p.

FINE, P., GRABER, E.R.; YARON, B. Soil interactions with petroleum hydrocarbons: Abiotic Processes. Soil Technology, v. 10, p. 133-153, 1997.

KUTÍLEK, M.; NIELSEN, D. R. Soil Hidrology. Textbook for students of soil science, agriculture, foresty, geoecology, hydrology, geomorpholy or other related disciplines. Catena-Verlag: Cremlingen Destedt. p 3-20, 1994.

LIBBRIZZI, W.J.; CHAIR, J. Harzordous Waste Treatment Process. 2 ed. Alexandria: Waste Environment Federation, 1999. p. 88-90. MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. Banco de Desenvolvimento do Paraná. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1968.

Page 32: UNIVERSIDADE - uel.br · elas. Nesta abordagem, o solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. É formado a partir da interação da

OLIVEIRA, A. J.; GARRIDO, W. E.; ARAUJO, J. D.; LOURENÇO, S. Métodos de pesquisa em fertilidade do solo. Brasília: EMBRAPA-SEA, 1991. PAVAN, M. A.; BLOCH, M. F.; ZEMPULSKI, H. C.; MIYAZAWA, M.; ZOCOLER, D. C. Manual de análise química de solo e controle de qualidade. Londrina: Instituto Agronômico do Paraná, 1992. PREVEDELLO, C. L. Física do Solo. Com problemas resolvidos. Curitiba: SAEAFS, 1996. p. 8-49.

WIEDEMEIER, T.H.; SWANSON, M.A.; WILSON, J.T.; KAMPBELL, D.H.; MILLER, R.N.; HANSEN, J.E. Approximation of Biodegradation Rate Constants for Monoaromatic Hydrocarbons (BTEX) in Ground Water. GWMR, vol 16, p. 186-194, 1996.

.